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Resumo - Penitencia
Resumo - Penitencia
Curso de Teologia
Disciplina: Unção e Penitência
Professor: Msc. Mons. Raimundo Silva (Pe. Gabriel)
Aluno: Mateus Machado de Abreu
Resumo
BUSCA, Gianmarco. A Reconciliação: “Irmã do Batismo”. Edições CNBB,
Brasília,2019, p. 159 - 165
INTRODUÇÃO
O sacramento da Reconciliação é uma fonte inesgotável da misericórdia de
Deus, instituído por Jesus e dado a Igreja como Dom para que os homens alcancem
a salvação através dela e experimentem de forma concreta o perdão dos pecados.
Porém, apesar de termos plena consciência da grandeza deste sacramento, faz-se
necessário um real aprofundamento de sua compreensão.
Neste sentido, propomos um resumo da obra “A Reconciliação: ‘irmã do
batismo’” publicada originalmente em Italiano no ano de 2011 pelo Bispo Gianmarco
Busca (na época da publicação era sacerdote do clero de Bréscia) e relançada em
Português pela Edições CNBB em 2019.
No geral podemos dizer que este livro é uma abordagem original sobre a
temática do sacramento da reconciliação, pois o mesmo tenta fugir de uma reflexão
meramente prática do sacramento e tenta aborda o sacramento da penitência
fazendo os links com o Batismo.
A obra está estruturada no formato que a reflexão percorra primeiramente
uma análise sobre o Batismo e o seu efeito de perdoar os pecados e como essa
realidade foi esquecida ao longo dos séculos, porém a reflexão não está no campo
meramente dogmática, mas sobretudo os aspectos eclesiológicos e antropológicos
do mesmo.
Isto posto, podemos dizer que o fio condutor desta obra está na relação entre
o Batismo e a Confissão e como essa relação tão significativa se perdeu ao longo
dos séculos, quase que colocando um abismo teológico entre estes sacramentos.
Vale logo sublinhar que, Batismo e a Reconciliação estão mais relacionados
do que imaginamos, há em ambos elementos de extrema conexões, não resumidos
apenas no fato de ambos perdoarem os pecados como efeitos de sua
administração, mas que os dois são sinais concretos da Misericórdia de Deus, como
que a faces da mesma moeda.
Deste modo, por uma delimitação metodológica, iremos nos debruçar apenas
sobre o ponto 5 do Cap. 3, colhendo deste trecho elementos que podem nos ajudar
em uma reflexão mais ampla do Sacramento da Reconciliação, deixando como
convite uma leitura geral da Obra. O capítulo 3 desta obra trata especificamente
sobre a Reconciliação, visto que já nos capítulos anteriores o autor abordou o
Batismo.
Neste ponto, tomemos a definição precisamente teológica que o autor faz da
confissão, ele escreve “a reconciliação é uma dessas estruturas sacramentais com a
qual a Trindade e o Homem entrelaçam novamente o seu diálogo no ambiente
divino-humano da Igreja” (BUSCA, 2019, p. 102). Neste trecho fica evidente a
formatação do pensamento teológico do autor e quais as balizas de sua reflexão.
Temos assim a compreensão de que os sacramentos, segundo Busca, são
pautados por uma dupla dimensão, um dualismo salutar, Deus e Homem, logo
qualquer reflexão teológica sobre os sacramentos carece de uma base sólida
antropológica, antes de uma boa teologia sacramental.
Além disso, o percurso reflexivo sobre os sacramentos deve vê-los como
lugar da ação de Deus em favor do homem na Igreja, assim o sacramento explicita
uma tríade, Deus-homem na Igreja. A dimensão eclesiológica é muito sublinhada
nesta obra. As Pessoas Divinas e a Pessoa Humana dialogam no sacramento, isso
mostra a dimensão comunitária que todo sacramento tem, essa dimensão fica
explicita na Igreja.
Um Ícone Bíblico Da Absolvição: A Ressureição De Lazaro
O número 5 do cap. 3, que tem como título a Absolvição Sacramental e o
subtítulo “um ícone bíblico da absolvição: a Ressureição de Lazaro”. Sobre a
escolha da Ressureição de Lazaro como ícone explica o autor, “o episódio da
ressureição de Lazaro (Jo 11,33-44) foi adotado desde o terceiro século qual figura
do perdão dos pecados... os comentários patrísticos cria um paralelo entre os atores
do episódio evangélico e aqueles implicados no sacramento” (BUSCA, 2019, p.
159).
Neste sentido, podemos tomar esse trecho do evangelho como fundamento
bíblico análogo ao que ocorre com a pessoa que se aproxima do sacramentos, os
Padres, em especial depois do século III, buscavam neste Evangelho um importante
fundamento para sua reflexão sacramental.
Busca explica,
Lázaro é o amigo de Jesus, é também o pecador em virtude do Batismo.
Lázaro morre, a alma pecadora é defunta. As irmãs de Lázaro choram
por ele, a Igreja derrama lágrimas sobre os penitentes. Jesus vai ao
lugar, orde- na que seja removida a pedra do sepulcro e chama os
discípulos como testemunhas da ressurreição de Lázaro. O
Ressuscitado vai à Igreja, que é o "lugar para renascer " e chama os
ministros como testemunhas da ressurreição dos pecadores. (BUSCA,
2019, p. 159).
Jesus Cristo ressuscita Lázaro com sua Palavra, chamando pelo nome, assim
a Palavra assume um papel de grande importância na reflexão sacramental, pois o
Pai age através de seu Filho que é a Palavra eterna, os sacramentos carregam em
si a Palavra eficaz de quem os instituiu. A voz de Cristo, sinal perceptível da graça,
Ressuscita Lazaro, mas como compreender isso?
A Teologia da Palavra é fundamental para a compreensão real dos
sacramentos, pois sem Palavra não há sacramento, não só por causa da formula
sacramental, mas porque ela é sinal da graça que age através da voz do ministro. A
Palavra que compõem o sacramento traz em si sua eficácia, dabhar, palavra
geradora e criadora, palavra potenciadora. Na voz de Deus não há distinção entre
Palavra e realidade, pelo contrário, a Palavra de Deus é força fundante da realidade,
ela traz em si aquilo que ela é e transforma aquilo que ela toca.
Em síntese podemos dizer que “a voz de Cristo alcança o homem que jaz no
túmulo do seu pecado”, ligando isso a epíclese sacramental, ou seja, assim como
Cristo com sua Palavra libertou Lazaro da morte, no sacramento somos libertos pela
mesma Palavra pronunciada de forma sacramental pelo ministro, a Palavra é a
mesma com a mesma força restauradora, na Pessoa de Cristo.
Neste sentido diz o autor, “na epíclese sacramental da Reconciliação, os
ministros da Igreja unem-se à oração que Jesus dirige ao Pai para a ressurreição
espiritual do pecador. ” (BUSCA, 2019, 159). Além disso, destacamos também a
relação que se faz com as faixas que enrolavam o corpo sepultado de Lázaro, elas
são vistas como os laços do pecado que aprisionam os homens, assim ao mandar
desenrola-lo Jesus dá a sua Igreja o poder de livrar os homens do pecado,
Juridicamente, faz-se referência também ao poder das chaves.
Nesta cena do Evangelho, destaca-se também a presença das mulheres que
choram a morte, aqui se une a imagem da Igreja que chora a morte do pecador e
reforça assim a dimensão comunitária do sacramento, mesmo que o dom seja dado
a pessoa individual, passa pela intercessão da Igreja que pede a Deus o perdão dos
seus filhos.