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2
RODOLFO KUSCH,
NUESTRA AMÉRICA Y NUESTROS DOLORES

3
DIRECCIÓN EDITORIAL: Willames Frank

El estándar ortográfico, el sistema de citas y referencias bibliográficas


son prerrogativas del autor. Asimismo, el contenido de la obra es respon-
sabilidad única y exclusiva de su autor.
Todos los libros publicados por Editora Phillos están
bajo los derechos de Creative Commons 4.0
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR

2020 Editora PHILLOS ACADEMY


Av. Santa Maria, Parque Oeste, 601.
Goiânia-GO
www.phillosacademy.com
phillosacademy@gmail.com

Datos de catalogación de publicaciones internacionales (CIP)

S85p

COSTA, Breno Augusto da; LÓPEZ, Silvia.

Rodolfo Kusch, nuestra américa y nuestros dolores. [recurso


digital]/ Breno Augusto da Costa, Silvia López (Coordinadores) –
Goiânia-GO: Editora Phillos Academy, 2022.

ISBN: 978-65-88994-93-1

Disponível em: http://www.phillosacademy.com


1. América Latina. 2. Rodolfo Kusch. 3. Filosofía.
4. Filosofía Política. 5. Politica.
I. Título.

CDD: 100

Índices para catálogo sistemático:


Filosofía 100

4
Breno Augusto da Costa
Silvia López
Coordinadores

RODOLFO KUSCH,
NUESTRA AMÉRICA Y NUESTROS DOLO-
RES

5
SUMÁRIO
Prefácio ............................................................................................. 8
Giselle Moura Schnorr
Introducción .................................................................................... 16
Breno y Silvia
¡Cuidemos la casa de Kusch! Espacio de memoria, magia y
cultura americana: carta abierta...................................................... 17
Sentipensares de los adherentes a la Carta Abierta ..................... 24
Acerca de la necesidad de preservar la materialidad
de los símbolos ................................................................................ 25
Alejandro Godoy - Anahí Llanes - Jeremías Dos Santos - Milagros
Labriola - Rodolfo Fabián Cabrera - Marcelo Ferrari
La casa de Rodolfo Kusch ............................................................. 28
Taller “Kusch en Juego”
¿Cómo resguardar de la intemperie-olvido el corpus kuschiano?
........................................................................................................... 32
El Hedor de América
Cuándo viajes................................................................................... 33
B3astie80
Cura................................................................................................... 34
Matías Ahumada
O fogo e o novo.............................................................................. 35
Breno Augusto da Costa
Gestación orgánica.......................................................................... 41
Felipe Malicchio de Castelar
Hemos perdido el olfato muchas veces ....................................... 44
Carolina Wajnerman
La Herida.......................................................................................... 45
Usha

6
Kusch................................................................................................ 48
Miguel Angel Ahumada
Un legado ancestral entre cenizas y ruinas: a propósito del
incendio de la casa de Rodolfo Kusch ......................................... 49
Juliana Diaz Quintero
El mandamiento de volver fasto el mundo ................................. 54
Cabrera Florencia
Gonzalez Gastón Leonel
La negación que afirma .................................................................. 56
Dyan
PANegírico al hombre-maíz .......................................................... 58
Natalia Lentino
Pensamento-chão............................................................................ 60
Adilbênia Freire Machado
Siempre el fuego .............................................................................. 61
Guillermo Cagliolo
Somos Sementera............................................................................ 62
Lina Constanza Boada/Elena Miguel/Cecilia Fiel/Dora Assissi-
Carmen Velázquez/Magalí Chiocchetti/ Sol Villanueva/ Fátima
Cabrera/Amanda Rodríguez y Silvia López
Visita a la casa de Kusch en Maimará ........................................... 63
Ricardo Rodríguez
Conversatorio en honor a la obra de Rodolfo Kusch ................ 65
Registros fotográficos ..................................................................... 66

7
Prefácio

“Rodolfo Kusch, Nuestra América Y Nuestros Dolores”,


organizado por Breno Augusto da Costa & Silvia López,
é tecido em prosa e verso por mãos semeadoras em
continuidade do desejo do mestre: “Se trata de descobrir
un nuevo horizonte humano, menos colonial, más
autentico y más americano.”1
A escrita deste prefácio gestou um sentir-pensar
embalado em memórias. Lembramos que Rodolfo Kusch
foi um exilado em seu próprio país. Que fixou residência em
Maimará, com sua esposa, Elizabeth Lanata de Kusch, e
filhos, após ser impedido com o Golpe Militar de exercer a
docência na universidade. Inquieto e insubmisso diante do
fazer filosófico instituído mergulhou nos signos, nas raízes
étnicas, nos saberes populares – indígena – negro - da
América Profunda. Seguiu sua intuição e produziu mais de
70 obras, além de inúmeros registros em fotografias e
áudios, propondo um filosofar com estar, sem sacralização
da cultura, enfatiza que na América que se pode dar a luta
contra o apagamento do humano, no re-conhecimento
do mero-estar contra o extermínio da vida promovida pelo ser-
alguém do ocidente.
Em América Profunda2 e outros escritos Kusch
argumenta que duas raízes opostas constituem nosso
continente: Ser e Estar. Ambos são modos de compreender
o mundo e nele existir. Neste misto do Estar e do Ser, do
americano e do europeu, emerge a ambiguidade dos

1 KUSCH, Rodolfo. La negación en el pensamiento popular.


Bueno Aires: Editorial Las cuarenta, 2008, p.16.
2KUSCH, Rodolfo. America Profunda. Editorial Bonum: Buenos

Aires, Argentina, 1975.

8
símbolos, das linguagens e das dinâmicas de enfrentamento
e de dominação econômica, política e cultural. A filosofia
como geocultura adotada por Kusch é escavação,
desentranhamento, escuta e registro acerca da América
vivida, sentida, ou seja, do estar como ontologia que
cumpriria o importante papel na superação da identidade do
ser ocidental, dominador e opressor que se impôs: “o
problema da América em matéria de filosofia é saber quem
é o sujeito do filosofar (...) O discurso filosófico tem um só
sujeito e este será um sujeito cultural. (...) A filosofia é o
discurso de uma cultura que encontra seu sujeito"3
A escrita afiada de Rodolfo Kusch chega até nós
no âmbito de um grupo de estudos na década de noventa
do século passado4. À época o assombro e a inquietude
de nós jovens estudantes de filosofia, juntamente com
alguns professores, mobilizou estudos, pesquisas e
atitudes em torno dos desafios de filosofar desde nosso
solo. Assombro diante da centralidade no currículo do
curso de filosofia de pensadores europeus e a inquietude
acerca da questão: existe filosofia latino-americana? Se
existe, por que não está em nossos currículos?
À época tivemos contato com parte da rica

3 KUSCH, Rodolfo. Geocultura do Homem Americano, Bueno


Aires, 1976, p. 123.
4 O grupo de estudos “Subjetividade e Movimentos Sociais: Os

Desafios da Práxis” se desenvolveu na cidade de Curitiba na década


de noventa, final do século XX, com a participação de Alécio Doni-
zete da Silva, André Ribeiro Luska, Andréia Márcia Zattoni, Eduardo
David de Oliveira, Euclides André Mance, Geraldo Bernardo da
Silva, Giselle Moura Schnorr e Vanderlei Luís Trindade. Esta iniciati-
va esteve articulada a rede de pesquisadores das cidades de Curitiba,
Campo Grande, Porto Alegre, Novo Hamburgo e Passo Fundo e
está nas origens do Instituto de Filosofia da Libertação (IFiL), com
sede em Curitiba, fundado em 1995.

9
produção, acerca da autenticidade, da originalidade e dos
desafios do filosofar em “Nuestra America”, com escritos de
José Martí, José Carlos Mariátegui, Salazar Bondy, Leopoldo
Zea, Arturo Andrés Roig, Orlando Fals Borda, Enrique
Dussel, Juan Carlos Scannone, Raúl Fornet-Betancourt,
Mauricio Langon, Hugo Assmann, Paulo Freire, entre
outros. A leitora e o leitor podem questionar: E onde
estavam as mulheres filósofas? Ainda que timidamente,
naquele momento, tivemos o encontro com escritos de
Flora Tristán, Ofelia Schutte, Dina Picotti, Cecília Pinto
Pires e Neusa Vaz e Silva5
Os testemunhos, manifestos e versos que
encontramos nas páginas que se seguem tem um tema
gerador6: a casa incendiada. Sob os escombros um acervo de
valor inestimável para a cultura popular latino-americana. O
que pode a escrita diante das chamas que queima um
patrimônio do povo latino-americano? Recorremos a
força do poder das palavras que lutam como nos ensinou
Eduardo Galeano7:

5Sobre este tema indicamos: SCHNORR, Giselle Moura Schnorr;


MATOS, Sousa Costa Rejane, MENESES, Magali Mendes de. Alin-
havos de Pensamentos e Vida: filosofia, feminismos e libertação. In:
Filosofia Latino-Americana. Semana Acadêmica do Curso de
Filosofia da PUCRS. Organizadores: CASTRO, Fabio Caprio Leite
de; SERPA, Valentinne. Porto Alegre, RS: Editora Fundação Fênix,
2020, Capítulo 3, p. 61 a 84. E: FORNET-BETANCOURT, Raúl.
Mulher e Filosofia no Pensamento ibero-americano: momentos
de uma relação difícil. São Leopoldo: Oikos/Nova Harmonia,
2008.
6FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1987.
7GALEANO, Eduardo. A descoberta da América (que ainda não

houve). Porto Alegre, Ed. da Universidade, UFRGS, 1990.

10
Escrevendo é possível oferecer, apesar da
perseguição e da censura, o testemunho de
nosso tempo e da nossa gente - para agora e
para depois. Pode-se escrever como dizendo, de
certo modo: "Estamos aqui, aqui estivemos;
somos assim, assim fomos". Lentamente vai
ganhando força e forma, na América Latina,
uma literatura que não ajuda os demais a
dormir, mas que lhes tira sono: que não se
propõe a enterrar os nossos mortos, mas a
perpetuá-los; que se nega a varrer as cinzas e
procura, em lugar disso, acender o fogo. Essa
literatura continua e enriquece uma formidável
tradição de palavras lutadoras

Com dezenas de assinaturas o livro se inicia


conclamando: “¡Cuidemos la casa de Kusch! Espacio
de memoria, magia y cultura americana: carta aber-
ta”. Temos aqui um livro-manifesto. Um testemunho do
quefazer kuscheano para tirar o sono. Denúncia e de ação.
Como diz a escritora brasileira Conceição Evaristo8, nossas
escrevivências não são para adormecer a casa grande e,
sim, se trata de gerar incomodo diante das injustiças.
Como enuncia “Acerca de la necesidad de
preservar la materialidad de los símbolos” assinado
por Joaquín V. González, Alejandro Godoy, Anahí Lla-
nes, Jeremías Dos Santos, Milagros Labriola, Rodolfo
Fabián Cabrera e Marcelo Ferrari: o legado deste filóso-
fo deve ser preservado, cuidado e seus ensinamentos
cultivados de geração em geração: “la memoria es aquella
herramienta que nos permite re-crear desde el presente,

8 EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pa-


llas, 2017.

11
es aquella que nos permite generar bases sólidas para
nuestros pensamientos.
Adentremos, então, em “La casa de Rodolfo
Kusch”. Incendiada. As palavras e as imagens semeadas
por “Taller “Kusch en Juego” ardem aos olhos. A escrita
relata a dor diante do patrimônio praticamente destruído
e conclama: “Que tu casa, tus obras, tus libros, tus objetos
que fueron tu manera de ser en el mundo puedan volver a
encontrar el horizonte que aprendimos a mirar contigo.”
Com poéticas de indignação, dor e denuncia o
colectivo artivista pergunta: ¿Cómo resguardar de la
intemperie-olvido el corpus kuschiano? Como não
cuidar? Seguido dos versos intitulados “Cuándo viajes”
(B3astie80) e de Matías Ahumada em “Cura” que nos
indagam: ¿Quién(es) puede(n) curar, hoy, no ya a la dis-
tancia, sino cara a cara, una Quemadura por la dejadez de
Ser Alguien?
Sim, vivemos num mundo doente e somando as
palavras lutadoras “O fogo e o novo” de Breno Augusto
da Costa, escancara que o incêndio da casa de Rodolfo Ku-
sch não é um fato isolado de nossa tradição colonial e auto-
ritária:

“Estou longe de ser oriundo de um país ino-


cente de um ponto de vista histórico: o Museu
Nacional exemplifica isso tão bem que me deixa
sem vidro e sem teto. [...] Tampouco minha in-
tenção é acusar uma pessoa em particular ou
coletividade. Mas eu, como um dos represen-
tantes de nós, nós latinoamericanos, nós do Sul
Global, nós, os condenados da terra, os habi-
tantes do vale de lágrimas, os esfarrapados do
mundo, eu chamo à atenção o fato de que o pa-
trimônio daqueles que lutaram antes de nós pela
liberdade está ameaçado.”

12
A casa de Rodolfo Kusch em ruínas é signo da
colonialidade do poder, do saber e do ser 9 que segue as
políticas de morte, de epistemicídio, de perda de memó-
rias e de pertencimentos. Mas as palavras lutadoras se-
guem dando corpo ao livro-manifesto-testemunho num
potente registro memorial de resistência como em “Ges-
tación orgânica” de Felipe Malicchio de Castelar, que
nos conduz a um lugar quase sem vida e conclama: “En
sentido contrario, cuidar de aquel recinto es asegurar la
fluencia de la vida, los libros y textos en su templo origi-
nario, siendo puras semillas, de las que quedan muchos
frutos por madurar para comprender —un poquito
más— nuestra profundidad americana.” Em “Hemos
perdido el olfato muchas veces” de Carolina Wajner-
man, que surge com a lembrança de que o sagrado so-
brevive aos incêndios e que: “Los libros sobreviven a
quienes los escriben, a quienes los destruyen y a quienes los
olvidan.”
Aqui temos múltiplas vozes que convocando as
instituições, a sociedade e o Estado a agirem pela
preservação, conservação, defesa e restauração do
patrimônio e memória. Pois, justo no centenário do nas-
cimento de Kusch sua casa queima em Maimará depõe Usha
em “La Herida”!
Com Miguel Angel Ahumada em “Kusch” e Ju-
liana Diaz Quintero em “Un legado ancestral entre
cenizas y ruinas: a propósito del incendio de la casa
de Rodolfo Kusch” sentimos Kusch a força ancestral

9 QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e


América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do
saber. Eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latino-
Americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

13
do mestre. Homem que viveu como pensou, ligado à sua
terra, ao povo e sua ancestralidade. “El mandamiento de
volver fasto el mundo” Cabrera Florencia significa o
legado de kuscheano como frutos que alimentam o saber
latino-americano.
Este poderia ser apenas um livro em tributo ao
mestre de America Profunda não fosse um incêndio em sua
casa, na Rua Lavalle al 300, Maimará (Jujuy), Argentina,
ocorrido em 2022. Mas o que temos aqui é um livro, mani-
festo, testemunho, fruto e semente, ao estilo próprio Kusch,
tecido com força insurgente e poética da coletividade. Cada
página expressa a farta semeadura do mestre em múltiplas
vozes que seguem brotando. Como em “Siempre el fue-
go” de Guillermo Cagliolo. Como do DYAN (Colectivo
de Animadoras socio-comunitarias) - “Del yo al Nosotros”,
que se define como netas de Rodolfo Kusch em “La nega-
ción que afirma” reafirmando: “Seguiremos entonces
aplicando la negación kuscheana, para poder afirmar
todo lo que es esencial a la vida, en nuestra gran aventura
planetaria.”
Seja em prosas e em versos, como em
“PANegírico al hombre-maíz” de Natalia Lentino e
em “Pensamento-chão”, de Adilbênia Freire Machado, o
leitor e a leitora sentirá mais um pouquinho da força deste
pensador que gestou a si mesmo desde onde teve os pés.
Cuidar e preservar e a obra de Rodolfo Kusch
representa somar no contínuo esforço para que nosso
continente se encontre consigo mesmo, como afirmam
“Somos Sementera”, de Colectiva de pensamiento
decolonial representada por Lina Constanza Boada;
Elena Miguel; Cecilia Fiel- Dora Assissi; Carmen
Velázquez; Magalí Chiocchetti; Sol Villanueva; Fátima

14
Cabrera; Amanda Rodríguez y Silvia López: “Por más
que nuestra Abya Yala sea tierra fértil, sabíamos que si
queríamos tener las mejores posibilidades, teníamos que
ayudar al “suelo” a recuperarse de los “cultivos” que le
habían sido impuestos.”
Por fim e não menos relevante, chegamos ao final
da tessitura com “Visita a la casa de Kusch en
Maimará” por Ricardo Rodríguez que depõe sobre seu
encontro com escritos do mestre de América Profunda, a
visita que realizou em sua casa quando recebido por
Elizabeth Lanata Kusch em 2005, o assombro com sua
biblioteca naquela ocasião que aprofundou seu desejo em
torno de “los inéditos posibles, de un nuevo pensar, un
nuevo vivir, un estar siendo en los caminos polvorientos de
nuestra tierra.”
“Rodolfo Kusch, Nuestra América Y Nuestros
Dolores” precisa ser lido e semeado somando ao desejo
deste mestre que segue atual, de que nosso filosofar
encontre seu sujeito, pois: “El problema de la filosofía es
el problema de la liberación.” 10

Giselle Moura Schnorr 11


União da Vitória/PR – Brasil
Território Contestado
Primavera de 2022

10 KUSCH, Rodolfo. La negación en el pensamiento popular.


Bueno Aires: Editorial Las cuarenta, 2008, p.105.
11Professora Adjunta da Universidade Estadual do Paraná
(UNESPAR), campus de União da Vitória/PR, Brasil. Doutora em
Educação pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em
Educação e graduada em Filosofia pela Universidade Federal do
Paraná (UFPR). E-mail: giselle.schnorr@unespar.edu.br

15
Introducción

Este libro es fruto de la preocupación y dolor de quiénes


estudiamos, trabajamos, investigamos y aprendemos co-
tidianamente con la obra de Rodolfo Kusch. Su obra no
se encuentra solamente en las páginas de sus libros o las
cintas radiofónicas y videos…también habita el espacio
sagrado que fue su vivienda. Ella es su gran “Pa’mi” por
la que hoy penamos.
Queremos que ella esté siempre viva, alegre y dispuesta a
albergar a tode aquél que se acerque a ella en busca de
respuestas. Así lo querría Rodolfo Kusch, así lo quere-
mos nosotres.
Lo que buscamos, en definitivo, es equilibrar opuestos,
resolver antagonismos “…a fin de que la vida (su legado
está vivo), no sea una víctima exclusiva del mundo”, co-
mo él nos enseña en América Profunda.

Breno12 y Silvia13

12 Profesor del Instituto Federal do Paraná (IFPR/Brasil), doctoran-


do en Filosofía por la Universidad Federal de Uberlândia
(UFU/Brasil). Miembro de la coordinación de la Asociación de Filo-
sofía y Liberación - Brasil.
13 Docente tutora de la Diplomatura en Filosofía de la Liberación de

la USI y miembra de la Asociación de Filosofía y Liberación - Argen-


tina.

16
¡Cuidemos la casa de Kusch! Espacio de memoria,
magia y cultura americana: carta abierta

A quienes tienen la responsabilidad del cuidado y preser-


vación de la obra de Rodolfo Kusch;
Al campo académico e intelectual argentino, en particular
a quienes representan al pensamiento nacional y popular;
A les interesades en el patrimonio científico, social y cul-
tural del país.

En los últimos meses, la casa de Rodolfo


Kusch, ubicada en Maimará, provincia de Jujuy, pronta a
ser declarada patrimonio histórico nacional, sufrió in-
cendios provocando pérdidas materiales relacionadas a
la obra del pensador nuestro americano.
Interesades en la conservación, lograron retirar
material bibliográfico valioso y llevarlo a un res-
guardo; sin embargo, por problemas burocráticos, casi
como una maldición sobre el Maestro, nadie pudo hacer-
se cargo de los daños edilicios de una casa referente de
estudiosos pero sobre todo, bastión del pueblo que ama
lo nuestro como lo amaba Kusch.
Las pérdidas sufridas, y las que pueden darse
en un futuro, de no ser protegido lo que queda, im-
plica un daño irreparable para la ciencia, la cultura
argentina y nuestro americana.
Quienes seguimos desde hace muchos años la
obra de Kusch, sabemos que la misma ha ido cobrando
cada vez mayor relevancia e importancia, principalmente
en el ámbito académico y artístico, y que esta relevancia
se da en un contexto histórico determinado. Seguramen-

17
te no sea casualidad que Kusch comience a ser recupera-
do después de que se cumplan los 500 años de la “con-
quista de América”, donde se da un giro importantísimo
sobre la mirada de lo indígena en nuestro país.
Con el paso del tiempo, el pensamiento de Kusch
cobra cada vez más importancia. No hay dudas de que es
un pensador del futuro. En el momento en que Rodolfo
Kusch escribe, flota en el continente una pregunta abier-
ta por el ser nacional, el pensamiento popular y “lo pro-
pio” latinoamericano, pero la negación por lo indígena,
principalmente en la Argentina, era determinante. La
búsqueda de Kusch, ese encuentro efectivo y afectivo
con el “otro” marcó un sendero de lo posible, el encuen-
tro con el “indio”, ese que hoy también es presidente.
El pensamiento de Rodolfo Kusch es reserva
y patrimonio de nuestro continente, en tiempos de
reconfiguración mundial, la necesidad de nuestra américa
de bucear en su propia identidad y consolidar lazos es
tarea prioritaria y fundamental del escenario actual. Des-
cuidar el patrimonio de un pensador y cientista del tama-
ño de Rodolfo Kusch, habla del desdén propio de las
prácticas coloniales y racistas. Descuidar su legado, es
descuidar el futuro.
Ocuparse y no preocuparse, estar y no ser, creer
que aquel lugar donde se gestó un pensamiento que nos
da identidad y por lo tanto, cobijo, debe ser cuidado.
Estamos dispuestes a ir al lugar y acomodar cada ado-
quín que lo recuerde pero deben llamarnos antes de que
sea una ruina.
Llamamos a la acción urgente de quienes diri-
gen las universidades nacionales y a los funcionarios na-
cionales para evitar que sigamos perdiendo este patrimo-

18
nio americano. Ese espacio tiene magia. Llegar, tocar los
libros, ver el patio largo de las casas típicas de nuestro
norte andino y recordarlo a él sobre sus libros o llegando
a los mates de Elizabeth después de entrevistar a sus
hermanes informantes, se vuelve una necesidad de quie-
nes lo tenemos en el corazón agradecido.
Confiamos en que hoy, el Estado argentino, re-
presentado por un gobierno nacional y popular, sea ga-
rante y principal interesado en la conservación del patri-
monio cultural del pueblo argentino.
Solicitamos la pronta intervención sobre el mate-
rial, que se ponga a resguardo y se garanticen todos los
medios de protección de lo que queda.

Julio de 2022

Les abajo firmantes apoyamos este pedido y nos


mantenemos en alerta a las resoluciones y acciones:

Nayla Yamila Ayala- Maria Garro- Florencia


Noemí Cabrera -Javier Rio-Mercedes Juárez -Raúl Emilio
Vera- Juan Carlos Aguiar- Francisco Paco Olveira-
Nancy Osses- Franco Mirenghi- Gonzalez Gastón Leo-
nel- Carlos Juncos -Emanuel Ruiz-Ana Edith Jara- Vale-
ria Braido- Hernán Ortiz - Gaston Ibañez - Nadia Ville-
gas- Carolina Wajnerman - Diego Nieva - Carla
Wainsztok - Damián Andrés Ferrari- Gabriel Rouede-
Ayelen Anibalini- Martin Bolaños - Nuñez Soledad -
Silvia López - María José Jorge - Yamil Alasia - Daniel
Moure - Agustina Garay - Micaela Aguiar - Raúl Pérez
Verdi - Maria Inés Bilbao - Blanco Liliana - Christian
Burgues - Andrea Diaz - Hernán Diego Zelaya -Cristina

19
Palacios -Rodolfo Kaufmann -Inés Vera- Eland Vera -
Mónica Fernández Braga -Antonella Zóccali - Ortiz Cris-
tina - Marcelo Cosnard - Damián Ariel Lucero - Nicolas
Mazzella - Daniela Arroyo - Carla Elizabeth López - Cu-
ria Alba - María del Carmen Barcia - Mercedes Miró -
Gaston Churrupit - Ana Parafioriti - Sofía Parafioriti -
Oriana Mauriño - Humberto Toriglia - Claudia Falvo -
Manuel Mársico - Florencia Fernandez Frank -Alicia
Susana Torroija - Ana Lucila Lencina - Julia Lombardi
Mayan - Dora Assisi - Claudia Angeles Pérez Gaona -
Maria Guadalupe Matute - Gerónima Martínez - Juliana
Klein - Cecilia Turoldo - Mary Pellucchi - Claudia Lien-
dro - Natalia Castro - Anabel Orellana - Hugo Cesar
Villarreal - Julia López Dabat - Silvina Ledesma - Adria-
na Ramos -Giannina Zerr - Elvira Martínez - Agustina
Sanguinetti - Alicia Olivares - Irene Luparia - Maria So-
lange Martinez -Ariel Hartlich - Carina Murua - Roberto
Damián Sicari - Boris Meza - Tamara Stahl Burger - Al-
berto Careri - Teresa Urquiza - Ricardo Arano - Sergio
Adrian Rotela - Norberto Rodríguez - Gabriela Alejandra
Insua Alves de Oliveira - Lucia de Jesús - Ramiro Garcia
- Pablo Andres Guardia - Luciano Eiriz - Alicia Sastra-
da - Sandra Serena - Guillermo Carlos Paolino - Clau-
dio Héctor Abal -Vanesa Solange Giner - Nazareno
Zampa - María Agustina Villalba - Ruben Sassano -
Alejandra Leyes - Patricia Curcio - Néstor Olivera - Ma-
riel Reber - Maria Inés Camps - Claudia Valente - Nora
Gomez Zaffini - Esther Rodriguez - Alberto Morales -
Silva José Luis - Alberto Raul Hilal - Karina Maidana -
Alicia Rodríguez - Maria Estela Nieto - Maria Andrea
Berro - Ana Claudia Almeyda - Eduardo César Areso -
Candela Areso - Enrique Horacio García - Galo Rafael

20
Oliva - Marta Mercedes Rocha - Sofia Ighina - Silvana
Andrea Vignolo - Patricia Barilari - Carolina María Cer-
vantes - Marcela Campana Piarrou - Gisela Lewin -
Marcela Seoane - Marta Badano - Gladys Abitante -
Prof. Dr. Raúl Montenegro - Hilda Leonor Olivera -
Domingo Ighina - Gloria Rodriguez - Llaves Herlinda -
Maria Ines Ferrari - Andrés Bestard - Claudia Baigorria -
Patricia Rosales - Ruth Gómez - María Ocampo - Maria-
na Laura Barzola - Ana Maria Borges Diniz - Ana Teresa
Santarelli - Alicia de Sa Torres - Valeria Pascale - Guil-
lermo Conde - María del Carmen Armana - Paula Tresols
- Tessy Beiguel - Maria Clara Tagliafico - Graciela Ton-
nier - Etel Anahi Tuchin - Liliana Medela - Elvio Nilo
Fernandez - Mariana Hoffmann - Carmen Mariscotti -
Adriana Lavagna - Carlos Brzozowski - Iglesias Floren-
cia - Susana Pettinati - Cecilia Casamajor - Marcela Di
Matteo - Maria Karina Lucero - Virginia Cetrångolo -
María Inés Montenegro - Gabriel Moscovici - Julio Cin-
cioni - Pamela Ayelen Funes - Hugo Luis Ferreira Olaso
- Estela Sicardi - Carlos Franchimont - Marcela Olea -
Eugenia Parjomchuk - Lilia Garcen - Verónica Contardi
- Dario Miguel Romero Belén - Milena Villegas - Mario
De Salvo - Sandra Hojman - Daniela Villegas - Aranda
Soledad - Agustina Caballero - Viviana De Salvo - Alfre-
do Rando - Silvia Puccini - Elena Faivovich - Cynthia
Sandoval - Silvana Fernández - Natalia Lentino - Eduar-
do Molinari - Horacio Cárdenas - Daniela Navarrete -
Nora Longo - Daniel Acosta - Anabel Gimenez - Maria
Veja - Ana Marina Gualchi - Nora Manca - Romina Bar-
rionuevo - Carlos Molina - Carla Bettino -Remo Leaño -
Reina Escofet - Ignacio Moñino - Maria Eugenia Castillo
- Marcelo Iommi - Carina Circosta – Edgardo - Ana

21
Maria Catania Maldonado - Gabriela Sennes - Cristina
Art - Victor Martinez - Osvaldo Alonso - Gabriela Sa-
gristani - Carolina Menke - Roberto Crespo - Laura Della
Fonte - Analía Laura Gaguin - Florencia Conti - Victo-
ria Biagiola - Verónica P. Verdier - Nelda Ramos - Sergio
Langer - Victor Giusto - Marisa Lopez - Diana Dreyfus
- Patricia Báez - Ruth Gandara - Juan José María Tirigall
- Mecha Falke - Daniel Vázquez - Juan Miceli - Claudia
Sandra Rodrigues - Sara Elisabeth González - Cecilia
Gros - Elena Zambonini - Gaston Siniscalco - Maria
Alvarez Rivera - Martha Jacubovich - Grupo de Pedago-
gías del Sur - Virginia Henry - Francisco Depetris - Lucía
Acebo - German Ruccella - Martha Rosa Gutierrez -
César Belcic - Diego Giani Vico - Marcia Herce - Violeta
Manoukian - Ethel Agostino - Sabina Andrada - Mónica
Magdalena Melián - Çlaris Misrahi - Beatriz Hedelscoff -
Olga Lichtenstein - Luis Contreras - María Socas - Pe-
dro Lanteri - Nicolás Tisselli - Strunz Luis Alejandro -
Verónica del Val - Frias Silvia Monica - Maria Cristina
Martin - Delfina Ester Ceballos - Sergio Gustavo - Fer-
nández Santiago - Maia Kozow - Manuel Salas - Matias
Rebecca - Beatriz Susana Torres - Antonio Daniel Fe-
noy - Luciano Rebecca - Mario Sorsaburu - Julián Sor-
saburu - Celia Pagán - Adriana Fuchs - Diego Keser -
Lidia Mabel Garnelo - Ana Maria Roca - Laura Riganti -
Cecilia Grassi - Sergio Cejas - García Norberto Dario -
Pablo Adolfo Diotto - Patricia Susana Falbo - Sánchez
Marcela - Fernanda Carrera - Sara Miriam Zayat - Mar-
cela Sánchez - Marcelo Arbillaga - Fatima Cabrera - Guil-
lermo Cagliolo - Juan Eduardo Garcia - Francisco Bo -
Silvia María Kelly - Dora Assisi - Hector M Gallardo -

22
Luisa Vivanco - Silvia Vidal - Juan Lichtenstein - Hebe
Muñoz - Federico Restifo - Adriana Pellerino

23
Sentipensares de los adherentes a la Carta Abierta

La siguiente nube de ideas expresa los sentipensa-


res de todos aquellos y todas aquellas que adhirieron a la
Carta Abierta

24
Acerca de la necesidad de preservar la materiali-
dad de los símbolos

Quizá la novedad de lo occidental


estriba en la constitución de las co-
sas, pero en tanto esta constitución
impide ver el límite simbólico de la
cultura. Se ve hasta la cosa
(Kusch, 1975:127).

Siempre dice Carlos Cullen, que Kusch fue un in-


vestigador furtivo. Será porque se las arregló para eludir
con astucia las reglas impuestas por la academia, muchas
veces esterilizantes, y se adelantó a los métodos etnográ-
ficos que hoy utilizamos para dar cuenta de nuestras ex-
periencias sentipensantes. Qué tristeza ver destruido su
otrora entorno de trabajo…
Recientemente afirmábamos que los desafíos para
filosofar intergeneracionalmente, desde el suelo que pi-
samos, nos convocan a interrogarnos constantemente
como profesores y estudiantes, intentando cada año
aportar páginas de escritura formativa orientadas a desci-
frar los signos de nuestra cultura en construcción (Ca-
miolo-Ferrari, 2021:1). Son los símbolos revisitados des-
de una perspectiva kuscheana, los que nos permiten re-
cuperar “otros sentidos” invisibilizados por la hegemonía
cultural, y de esa manera inaugurar otra manera de perci-
bir las relaciones intersubjetivas y aportar a la construc-
ción de un nosotros.
Hoy queremos hacer memoria sobre aquel grupo
de argentinos que presentó los avances de su investiga-
ción sobre el nosotros pueblo, sujeto de la experiencia
sapiencial, cuya intencionalidad es el símbolo; en el “Co-

25
loquio de París”, los días 26, 27 y 28 de marzo de 1981,
bajo el auspicio de la Fundación Fritz Thyssen de Köln,
evento del que estuvo ausente Rodolfo Kusch por su
prematuro fallecimiento el 30 de septiembre de 1979,
pero que contó con sus aportes (cf. Scannone, 1984). En
esa oportunidad Cullen explicó (op.cit:46) que el noso-
tros no es meramente nosotros, sino el "nosotros-que-
experimenta-el-símbolo".
Impedir que se destruya el legado material y sim-
bólico de Kusch es evitar el olvido de sus aportes para
potenciar una de las claves interpretativas de lo que pre-
tendía señalar el grupo argentino, con esta dimensión
más originaria de la racionalidad que es la inteligencia
simbólica de la razón como razón de los pueblos. Según
Kusch, nuestra principal dificultad para erigirnos en suje-
tos filosofantes se debe a que estamos sometidos a un
patio de objetos que carece de sujeto; esto no sucede al
pueblo, ya que éste se mantiene en una autenticidad cul-
tural por cuanto subordina la importancia de los objetos
a su cultura (cf. Kusch III:187). Asimismo, ¿cómo darle
entidad al sujeto que debe agenciar el discurso latinoame-
ricano si seguimos borrando de nuestra memoria aquello
que nos impulsa a construir ese horizonte simbólico lati-
noamericano? “Recordar no es una operación de simple
nostalgia: consiste en dar de nuevo vida a lo que ha deja-
do de tenerla”, cita Fernández-Savater (2020:36) a Trías,
en su reciente libro post-pandémico. Párrafos previos
manifiesta que los movimientos sin memoria corren el
riesgo de ser inconsistentes y demasiado flotantes. Es
decir, la memoria es aquella herramienta que nos permite
re-crear desde el presente, es aquella que nos permite
generar bases sólidas para nuestros pensamientos. Final-

26
mente, ¿cómo vamos a revisitar nuestra tradición cultural
para la construcción de un nosotros si no preservamos
aquellos símbolos que mantienen viva la memoria?
Camiolo, S. – Ferrari, M. (2021) Fugas del pen-
samiento (de)colonial y horizontes de comprensión des-
de el nosotros latinoamericano hacia un proyecto
(post)humano. Rev. Fil. Lat. Y Cs. Soc. Año XLVI
(2021) N° 31 (81–95).
Fernández-Savater, A. (2020) Habitar y gobernar:
Inspiraciones para una concepción política. España: Edi-
ciones Ned.
Kusch Rodolfo (1975) “Una reflexión filosófica
en torno al trabajo de campo”. Revista de Filosofía Lati-
noamericana y Ciencias Sociales N° 1 - Enero/Junio –
1975.
Kusch, R.: Obras Completas, cuatro tomos, Ro-
sario, Editorial Fundación Ross, 1998-2003
Scannone, J. C. (ed.) (1984) Sabiduría Popular,
Símbolo y Filosofía. Diálogo internacional en torno de
una interpretación latinoamericana, Buenos Aires: Gua-
dalupe.

Instituto Superior del Profesorado


“Dr. Joaquín V. González”
Profesorado de Educación Superior en Filosofía
Seminario de Filosofía Moderna y Contemporánea

Alejandro Godoy - Anahí Llanes - Jeremías Dos


Santos - Milagros Labriola - Rodolfo Fabián Cabrera -
Marcelo Ferrari

27
La casa de Rodolfo Kusch

Llegue a Maimará a fines de abril de este año, mi


objetivo era conocer la ruta de Kusch en esa localidad, la
percepción de la gente, ver su casa, y dónde estaban sus
restos. Al llegar, era el medio día de un sábado, me dirijo
a la Sec. de Turismo. Allí me informan sobre la dirección
de su casa, Calle Lavalle al 300, que queda a 4 cuadras de
la avenida principal Av. Belgrano. Y también que hacía
una semana que, debido a un desperfecto eléctrico se
había producido un incendio y que una parte estaba muy
deteriorada.
Voy al lugar, y observo que faltaba una ventana,
pequeña, por la que pude con el celular tomar imágenes
de las condiciones en la que se encontraba. No se podía
acceder.
Cerca de las 14 hs. En la quebrada la gente cierra
los negocios, también los lugares de comidas, y los veci-
nos permanecen dentro de sus casas, se aquieta la activi-
dad. Me hubiese gustado charlar con sus vecinos.
Con Selene, maimareña, recorrimos el camino
hasta el cementerio. En el camino ella me relataba que
Lina Mamani es la encargada de la casa, y que la UN-
TREF la responsable de ponerla en condiciones. Al prin-
cipio cuando llegó Kusch, le decían “el gringo”. El con-
versaba, entrevistaba, interactuaba con las comunidades y
se interesó por las vivencias de los que habitaban ese
pueblo, y por darle una continuidad a sus preguntas so-
bre la cosmovisión Andina, la cultura.

28
La cultura tiene un sentido biológico, orgánico, constituye una
complementación orgánica para el individuo. No es solo su cuerpo,
sino que se haya conectado a una totalidad simbólica que le ofrece
abrigo y sentido a su vida.
Un hombre es su manera de alimentarse, sus costumbres, su forma
de pensar. Los utensilios no son solamente objetos, sino su manera
de ser.
La cultura no es algo que se tiene, sino algo que se ES. El hom-
bre es un ser en la cultura, un ser arraigado en un tejido especifico,
sin el cual no podría existir. No hay ser sin estar, la cultura es el
suelo que caminamos y habitamos, ese suelo nos sostiene e impide
que caigamos en la nada, nos hace tener raíces en algo, pertenecer a
algo, si no la vida carecería de sentido.
La cultura cumple la función existencial de concretar mis proyec-
tos, me hace ver el horizonte…
El sentido de la cultura es que puebla de signos y símbolos al
mundo y este poblamento es para lograr un domicilio en el mundo
a los efectos de no estar demasiado desnudos y desvalidos en él.
La cultura es como la prolongación del cordón umbilical que une al
hombre con la naturaleza y que le ha permitido sobrevivir (Kusch,
2007).

Los escritos originales están en la biblioteca que


quedó casi intacta, ellos no se han quemado.
Así la encontré…

29
30
Que tu casa, tus obras, tus libros, tus objetos que
fueron tu manera de ser en el mundo puedan volver a
encontrar el horizonte que aprendimos a mirar contigo.

Kusch, Rodolfo. América Profunda. Obras completas To-


mo III. 2007. Editorial Fundación Ross.

Taller “Kusch en Juego”


Arrecifes/Bs As/ Argentina
Agosto de 2022

31
¿Cómo resguardar de la intemperie-olvido el cor-
pus kuschiano?

¿Dónde alojar
sentires
pensares
espacios
escritos
rituales
memorias
si arrasa el fuego?
¿Dónde encontrarse
recordando
estar siendo
cuidando
preservando
si no hay casa?

El Hedor de América
colectivo artivista

32
Cuándo viajes

Mi vecino se fue de vacaciones un día de verano


y no quiso dejar su casa sola
entonces, me compartió su llave y me pidió que la cuide.
sus mascotas debían comer y sus plantas beber.
No fue una tarea compleja y sin embargo,
sentía que si él estuviera allí
su olor y su amor le sentaría mejor al lugar.
Mientras preparo unos mates,
recorro los rincones y descubro un espíritu nuevo,
su intimidad,
su decir hacia sí mismo…
la expresión del orden y el desorden me invitan a inter-
pretar su soledad
y su vitalidad seminal en sus cosas inanimadas, aunque
parlanchinas.
¿Quién podría mirar allí?
¿A quién le abrimos la puerta de nuestro hogar?
Tal vez a todes, o unos pocos…
pero lo cierto es que nuestro lugar sagrado, allí descansa.
¿Cómo no cuidarlo?
¿Cómo no acompañar, desde pequeños actos de amistad
y cuidado?
Algo tan pequeño, a cambio de algo tan enorme…¡como
una amistad!

B3astie80
Temperley- Argentina
Invierno de
Septiembre 2022

33
Cura

"Buenas tardes, señora; mire estábamos bus-


cando una persona que pudiera curarnos..." (R. Kusch -
Esbozo de una antropología filosófica americana)

Anastasio Quiroga hablaba de esa gente que


tiene el don de curar, incluso por teléfono. El don, el
regalo efectuado a la distancia. La cura de (por la) pala-
bra.

Gente que cura de palabra nuestros empachos


de soluciones, digitaciones, membresías...

¿Quién(es) puede(n) curar, hoy, no ya a la dis-


tancia, sino cara a cara, una Quemadura por la dejadez de
Ser Alguien?

"¿Ve?... y a ese curandero pa'que lo han, eh... lo


han echado preso... preso, ese que... que curaba" (Sebas-
tiana, en EAFA).

Matías Ahumada
Gran Bs As
(Filosofía-UBA)

34
O fogo e o novo

Atahualpa Yupanqui disse em um de seus recitais


que a morte de um paisano argentino é similar à queima
de uma biblioteca. Ele faz esta analogia utilizando uma
imagem impressionante para se referir à ida de um sábio
ao silêncio. Ali, porém, onde se cala a voz da sabedoria,
permanece o som das palavras semeadas, a lembrança do
ensinamento despretensioso, a verdade talhada no decor-
rer dos séculos e que só agora é compreendida – um
agora que se repete infinitas vezes, através das semeadu-
ras que a tradição passa de geração a geração.
Essa imagem, porém, de uma biblioteca consu-
mida pelo fogo, a destruição do patrimônio, da memória,
a desolação e a devastação, representa não apenas uma
metáfora, mas a realidade viva que nos flagela impiedo-
samente. O incêndio na casa de Rodolfo Kusch em
Maimará, Argentina, compõe mais um dos inúmeros
dolorosos acontecimentos que marcam a história da filo-
sofia na América Latina. Tanto o extermínio dos amautas
pela selvageria dos conquistadores espanhóis, quanto a
criança tapuia privada do seio materno – seio que dá
alimento, mãe que ensina a cultura – para penar na es-
cravidão, às escâncaras ou às escondidas sob o véu da
catequização; passando pelas reformas pombalinas que,
no Brasil, foram responsáveis por reduzir a pó a obra de
nosso Bartolomeu de las Casas; quanto, mais recente-
mente, a destruição do Museu Nacional como resultado
da homeostase do neoliberalismo vendepatria que nos
assola: todos esses eventos compartilham entre si e com
o incêndio de Maimará algo que cabe à reflexão filosófica
elucidar.

35
Se é verdade que esses eventos elencados, apa-
rentemente tão díspares no espaço e no tempo, são ex-
pressão imediata de âmbitos distintos da realidade, al-
guns referindo-se à nossa história social, outro às deci-
sões políticas que nos eram impostas por uma nação
colonizadora, o outro um evento patrimonial-
arquitetônico que, “por acidente”, revela algumas das
características do neoliberalismo – isto é, seu descaso
pelo público e por aquilo que é cultural e que não foi
subsumido à lógica de mercado –, também é verdade que
todos esses eventos estão unidos por uma mesma coisa:
a dominação.
Várias são as formas como as coisas, seres e fe-
nômenos se correlacionam: este causa aquele, isto age
reciprocamente com aquilo, fulana ama beltrano. Por sua
vez, dominação indica a relação cuja característica essen-
cial é o exercício do poder de um polo sobre o outro,
sendo que o dominador possui vantagens e benefícios
em detrimento do dominado. Ela não é uma relação es-
sencial, ou seja, constitutiva da essência desses polos,
mas instaura-se por meio de uma ação, violenta na maio-
ria das vezes, a partir da qual um é favorecido pela sub-
missão do outro. A relação de dominação pode ser enta-
bulada tanto entre pessoas quanto entre povos, tanto
entre nações quanto correntes filosóficas, e assim suces-
sivamente.
Aludimos acima a vários eventos, alguns exempli-
ficando claramente a dominação: Pombal, representante
que era dos interesses colonizadores portugueses, des-
bastava a ferro e fogo a presença jesuítica no Brasil-
colônia para agarrar com ainda mais segurança os povos
e territórios dominados, como expressão do domínio

36
português sobre os protobrasileiros; o extermínio dos
amautas, a erradicação de artes, ciências, filosofias e téc-
nicas milenares, como a leitura dos quipus, por exemplo,
como expressão da frente cultural na guerra pela con-
quista do império dos incas. Por sua vez, como o episó-
dio da casa de Kusch representaria uma forma de domi-
nação?
Ora, se o filósofo Julio Cabrera tem razão, em
Nossa América a filosofia não pode surgir, apenas surgir,
pura e simplesmente surgir, mas deverá sempre insurgir.
Isto é, considerando as condições sociais, políticas, eco-
nômicas e culturais que marcam nossas nações, que são
dominadas, o exercício filosófico aqui deve sempre rebe-
lar-se à dominação que nos manieta. As expressões dessa
dominação vão desde o policiamento eurocêntrico que
abafa e sufoca até aniquilar toda reflexão filosófica que
almeja respirar ares não-colonizados, passando pela leitu-
ra eurodogmática dos autores ou autoras do Sul Global,
até o solapamento político e econômico das bases que
permitiriam aos acadêmicos e acadêmicas interessadas no
pensamento Outro – brasileiro, latinoamericano, africa-
no, feito por mulheres etc. – prosseguirem na difícil tare-
fa da produção filosófica crítica. Por leitura eurodogmá-
tica entendemos a atitude da consciência ingênua de tan-
tos quanto entendem que sua função principal, enquanto
leitor de um autor ou uma autora do Sul, consiste em
remeter o pensar deste ou desta a alguma suposta matriz
europeia. Assim, Álvaro Vieira Pinto não tem um pen-
samento próprio, senão é um marxista que leu ou enten-
deu mal Marx ou um hegeliano que aplicou mal o pen-
samento de Hegel, enquanto Paulo Freire é visto como
expressão da democracia cristã ou de um marxismo dilu-

37
so. Por sua vez, o solapamento das bases dos acadêmicos
e acadêmicas se refere à crescente dificuldade que en-
frentam em seu processo formativo ou laboral em mo-
mentos de tensão social em Nossa América. Seja através
da diminuição do número de bolsas disponíveis ou do
coetâneo enfraquecimento de seu poder de compra, seja
a inexistência de condições institucionais para seu desen-
volvimento no sentido crítico, isto é, o oferecimento de
linhas de pesquisa e de orientadores que não impeçam
seu desenvolvimento etc., seja através da diminuição das
oportunidades de trabalho em sua área de formação,
temos alguns exemplos do aludido solapamento.
Se há a dominação de Nossa América pela Euro-
pa e seu sucedâneo estadunidense, então essa dominação
se especificará, no plano cultural, pela dominação eu-
rocêntrica e, ato contínuo, constituirá aquilo que alguns
chamam de dominação euronidense, termo que conjuga
o papel opositor ao nosso ser livre desempenhado tanto
pelos europeus quanto pelos ianques. Essa conjugação de
interesses se mostra patente no recente conflito que es-
pocou no leste europeu, a partir do momento em que
cada vez mais a Europa apequena-se ante ao protago-
nismo geopolítico dos Estados Unidos.
Bartolomeu de las Casas reagiu teórica e pratica-
mente à dominação que desenvolvia-se a pleno vapor na
Mesoamérica; Padre Antônio Vieira desempenhou o pa-
pel de acólito da dominação portuguesa no Brasil-
colônia, aumentando a carga do padecimento do preto
africano e aliviando – ainda que filosoficamente apenas –
o sofrer do indígena; Nísia Floresta Brasileira exilou-se,
acuada por uma sociedade conservadora, machista e
agressiva; Roland Corbisier amargou a perseguição polí-

38
tico-policial instaurada pela ditadura imperialista-militar
de 1964; Enrique Dussel teve sua casa avariada por uma
bomba: esses são alguns exemplos da dominação e sua
expressão na vida e na obra dos filósofos e filósofas lati-
noamericanos. Temos agora um percurso reflexivo que
nos habilita a compreender como estão interligados to-
dos esses dolorosos episódios que marcam a história da
filosofia em Nossa América.
O descaso que marca o tratamento do legado e
patrimônio kuscheano é inversamente proporcional ao
esmero que recebe Hegel na Argentina. O descuido com
seus bens materiais cresce em razão inversa à conserva-
ção da obra de Sartre. Estou longe de ser oriundo de um
país inocente de um ponto de vista histórico: o Museu
Nacional exemplifica isso tão bem que me deixa sem
vidro e sem teto. Tampouco minha intenção é acusar
uma pessoa em particular ou coletividade. Mas eu, como
um dos representantes de nós, nós latinoamericanos, nós
do Sul Global, nós, os condenados da terra, os habitantes
do vale de lágrimas, os esfarrapados do mundo, eu
chamo à atenção o fato de que o patrimônio daqueles
que lutaram antes de nós pela liberdade está ameaçado.
Não bastando sofrerem com a perseguição, a ameaça e a
violência em vida, seu legado se vê em perigo depois de
sua morte. Isso ocorre com Álvaro Vieira Pinto, cujos
manuscritos ninguém sabe onde estão – ou pelo menos
não se tem uma informação oficial. Pode ser que estejam
guardados com alguém que espera um momento mais
oportuno para publicá-los; pode ser que estejam esqueci-
dos em uma caixa que recebe água da chuva; pode ser
que alguém se apoderou das obras e destruiu ou então
publicou-as como se fossem suas próprias; pode ser que

39
viraram cinzas no incêndio do Museu Nacional –. Isso
ocorre também com Kusch, ainda que os perigos que seu
legado enfrenta sejam outros. Mais do que acusar, nosso
intuito é conclamar à ação.
Se o fogo já foi tomado como a arché de todas as
coisas, que ele seja também o princípio de uma nova
consciência de coletividade latinoamericana, que cuida de
seus sábios e de seus legados. Se hoje lutamos pela liber-
tação de Nossa América, é preciso buscar o auxílio e
aprender com tantos quanto nos precederam nessa impi-
edosa luta que terá como resultado ou a manutenção do
pauperismo e da mortificação durante a vida em Nossa
América ou o prenúncio da verdadeira vida, com bem-
viver e felicidade autêntica como direitos de nossos po-
vos.

Breno Augusto da Costa (UFU/CAPES)


Minas Gerais, Brasil

40
Gestación orgánica

Cuando visité la casa de Rodolfo Kusch por pri-


mera vez, todo me parecía misterioso y nuevo; en cada
paso y recoveco inauguraba sensaciones. Quería hallar
eso que no había ingresado en ningún libro, buscaba lo
excepcional (que en estas visitas suele ser un escritorio,
una máquina de escribir, un libro subrayado con lápiz).
Hasta que observé un punto perdido en la pared. Allí, lo
novedoso se diluía en una curiosa repetición: teñido por
la paleta cálida del tiempo, se encontraba un dibujito
colgado. Aquel, era ni más ni menos que el esquema del
indio Pachacuti yamqui Salcamayhua, producto del en-
cuentro a unas cuantas leguas al sur del Cuzco —cerca
del año 1600— con el padre Ávila, donde este le solicitó
un manuscrito con las creencias de sus antepasados in-
cas. Lo había reconocido; tiempo atrás, recorriendo otro
de los recintos que le debemos a Kusch, su libro América
Profunda, descubrí los saberes expuestos en esos mismos
trazos que el autor analiza durante una gran porción de
aquella obra. Supe entonces que colocó tanto en la inti-
midad de su hogar como en una producción literaria,
cuyo fin opuesto es lo público, el mismo dibujo.
Como un libro inconcluso, cada casa va siendo
escrita por su habitante y cada visitante puede jugar a ser
lector en ella. El fenómeno cotidiano de las casas implica
contener una vida dándose, existiendo, y por eso solo se
convierte en un punto de atracción donde terminan ins-
talándose dispares objetos: libros, fotografías, imanes,
cuadros, afiches, muebles, de muy distintos orígenes, que
se mantienen congregados por el capricho del habitante.

41
Al encontrarme con el dibujo de Pachacuti se me
tornaron libro y hogar, profundamente semejantes. Las
palabras de Kusch me develaron la comunión secreta
entre estos dos sitios, que el humilde dibujo anticipaba:
“una idea, un sueldo, una casa, un libro, una plataforma
política, todo se engendra, madura y muere” 14, es decir,
ambos son gestaciones orgánicas. Siguen las leyes de la
vida como lo hace una manzana, que primero es semilla,
madura y luego se desprende del árbol, para reintegrarse
al suelo. Y el dibujito desdoblado, hacia el afuera en pá-
ginas y hacia el adentro enmarcado, delataba los pulsos
de un escritor/habitante que fue madurando los espacios
de su vida con los símbolos que le importaban; un hom-
bre-árbol con sus frutos de aroma similar.
Visitar una casa sin habitante (sin Rodolfo, ni
Elizabeth, ni sus hijxs) implica presenciar la última ins-
tancia de este proceso, donde el fruto caído ya no bebe
de la vida. Se está frente a su reintegración al suelo, ya
lejos del árbol. Entonces todo parece paralizado. Ser
visitante en esta instancia es ser testigo de la orfandad de
los objetos de la casa, que se han quedado sin habitantes,
quienes conocen los porqués de sus destinos comparti-
dos. Pero ocurre que de esta caída ha resurgido otro ár-
bol, que ya no le cabe la condición de domicilio, sino que
ha mutado. Me refiero a la Biblioteca y Archivo Rodolfo
Kusch.
Este año, un desperfecto provocó incendios en la
casa. Además, la estructura edilicia está comenzando a
ceder. Parece que la muerte o la pudrición están próxi-

14 Rodolfo Kusch, América Profunda (1999). Ed. Biblios, Buenos Aires,


p. 162.

42
mas. Pero si este es nuestro diagnóstico, será porque
pensamos en términos de objetos. En verdad, la vida
sigue colándose en la casa de Kusch. La Biblioteca y el
Archivo enraizaron en ese mismo sitio y ya están provo-
cando la llegada de pensadores y pensadoras en búsqueda
de material; turistas en búsqueda de asombros. Ya no se
trata de un hogar, ya no pertenece a aquel árbol que le
dio vida, sino que ya se ha vuelto otro árbol madurando
otros frutos. Descuidar este espacio es actuar bajo una
lógica inmobiliaria: pensar que su función ya fue cubier-
ta, la herencia y el papelerío firmado, entonces bueno, si
no se habita problema del propietario, y si se llegase a
derrumbar, coincidiendo tantos años de impuestos impa-
gos según estipula la cláusula número no-sé-cuánto, po-
dría alzarse un rascacielos en algún momento. En sentido
contrario, cuidar de aquel recinto es asegurar la fluencia
de la vida, los libros y textos en su templo originario,
siendo puras semillas, de las que quedan muchos frutos
por madurar para comprender - un poquito más - nuestra
profundidad americana.

Felipe Malicchio de Castelar (Pcia. Bs.As)


Argentina

43
Hemos perdido el olfato muchas veces

Hemos perdido el olfato muchas veces. Algunas,


con los cuellos perfumados en dirección noreste, hacia
donde nació la filosofía y se eclipsó el pensamiento.
Otras veces, faltó olfato en las formas de narrar la histo-
ria, las formas de comer, enfermar y sonar nuestra nariz.
Síntomas de época: que cunda el pánico y se destierren
los aromas de lo nuestro.
Es que hay alguien para quien el monte y el yuyo
son nada. Por eso dejamos que se incendien los montes,
mientras la decadencia del olfato aumenta nuestro peli-
gro de extinción.
Sin embargo, cuando se incendia el monte con su
hedor medicinal, también suelen nacer brotes, señalizan-
do el suelo de la memoria. Porque lo sagrado encuentra,
después de todo, cómo sobrevivir a los incendios. La
tierra sobrevive al ser humano. El polvo y el hedor so-
breviven al olfato. Los libros sobreviven a quienes los
escriben, a quienes los destruyen y a quienes los olvidan.
Es necesario que después de sobrevivir, llegue al-
guien que abra los libros y adentre su nariz en ellos otra
vez, para oler profundo. Es la búsqueda de la sabiduría
guardada en las hojas. Una esperanza de la vida y su
fuerza, más allá de la desidia, prendiendo fuego nuestra
anosmia.

Carolina Wajnerman
Caba / Argentina

44
La Herida

Seba tiene 8 años, como mi hijo. Vive en la villa y


asiste a la escuelita donde soy educador popular. Es hijo
de Pau que tiene 33. Ella tiene 8 hijxs, yo solo uno. Se
ligó las trompas. El otro día, pasé por su casa a buscar a
Seba y sus hermanxs para llevarlos a un evento musical:
"Estación Otoño". Ese mismo día Pau me dijo emocio-
nada con su beba en brazos y sus pocos dientes: "Profe,
este es el último". Ando pensando seguido en los últi-
mos. De hecho hoy Seba miraba animales extintos que
vivieron hace 12 mil años y me decía entre risas que el
tigre dientes de sable era “un turbio” porque en el dibujo
estaba cerca de los genitales del megaterio. También me
decía que el megaterio estaba parado de manos. Seba
vive en un lugar con historias, él mismo a veces encarna
las historias más maravillosas que puedo contar. Hace
muchos años su barrio era un lugar lleno de rieles y tre-
nes que llevaban y traían mercancías. Con mis compa-
ñerxs educadorxs notamos que aún se conservan algunos
topónimos de aquellos tiempos. Por ejemplo, suponemos
que "la carbonilla" sería un posible lugar donde se lleva-
ba o traía el carbón. Nuestra propia escuelita parece que
fue una estación de tren hace aproximadamente 100
años. Hoy ya no pasa el tren. Hace menos de un año, el
último tren de carga que atravesaba las vías -un espec-
táculo para la vista- surcaba despacito por entre las casi-
tas hasta que atropelló y asesinó a una adolescente. Aho-
ra esos rieles andan de a poco quedando sepultados en el
barro, en el barrio. Con Seba igual jugamos con trenes,
nos interesa mucho trabajar este año sobre las historias
locales. Pero lo hacemos en maquetas. Ahí también ocu-

45
rren tragedias pero en chiquito, con papelitos-monigotes
de niños que se trepan a los vagones de carga y a veces
caen en las vías y se lastiman y vuelven a intentarlo. Vol-
viendo a hoy, Seba andaba con una herida y no había tre-
nes. Estuvimos jugando a restaurar antiguas piezas de ce-
rámica que nos trajeron unos arqueólogos. Cuando entré a
la dirección con Lucila, una compañerita que se había las-
timado un dedo, vi los ojos de Seba. Uno de los profes
intentaba darle un abrazo. Le propuse ponerle una curita a
él también, le pregunté: dónde? Y con una sonrisa pícara,
ofreció su mano. Luego, fue como hacer lo mismo pero
con las piezas arqueológicas. Entre los dos pudimos re-
montar una cerámica y hasta hubo aplausos. Me encontré
sonriendo con él. Después, volviendo a mi casa pensaba
un poco triste, en la herida. La que andaba por los ojos de
Seba y también la otra, la de la memoria del barrio y sus
historias y fragmentos sepultados. Pensaba en aquello que
consideramos valioso y olvidamos con insistencia. Pensaba
en las repercusiones de lo valioso en estos tiempos de re-
des, los reconocimientos efímeros y los homenajes tardíos.
Y me preguntaba, casi casi diría a mi mismo, desde el fon-
do del anonimato diario en las villas y de tantos otrxs
compas, pibes como Seba o el de las vías sepultadas ¿dón-
de entra la repercusión de nuestro sentir? Maypi kanki ¿de
qué materialidad está constituido lo valioso, lo que debe-
ríamos enseñar o aprender o cuidar o estudiar? Preservar
ciertos legados en vitrinas, atender a la cantidad de megustas
o visualizaciones de alguna publicación en redes o leer el
decir de alguna persona exitosa en vida o no, hacer un
museo o un patio con objetos para mirar, parecieran ser
mecanismos contra el olvido. Pero sospecho que algo se
nos debe andar escapando entre cosas y redes que las co-

46
nectan. Hoy, por ejemplo, vi una nota donde comentaban
sobre el filósofo preferido del Papa Francisco. Resulta que
era Rodolfo Kusch. Y, qué extraño. En la nota no se men-
cionaba la pieza de cerámica remontada por Seba, tampoco
había fotografías registrando la herida en sus ojos o algún
epígrafe mencionando la curita en la que ofreció su mano.
Y miren que yo leí mucho a ese filósofo y aún no lo en-
tiendo. Pero sé que se cumplieron 100 años de su naci-
miento, que se quemó su casita de Maimara, qué aun andan
las cenizas sin juntar, y que aunque lo anden homenajean-
do en diarios y universidades con palabras que solo algu-
nos pocos entienden, nos gustaría mucho decirle a Seba,
que sabe, que nos señale dónde está la herida, así entre
todos ponemos la curita. Qué coincidencia, 100 años. Hace
poco izaron una bandera en honor de Rodolfo, en Maima-
rá, hubo funcionarios, promesas y aplausos. Pusieron un
tango y una placa en Buenos Aires, donde murió. Tal vez
también Rodolfo andaba triste remontando piezas ances-
trales, mientras todavía pasaban los trenes en lo que ahora
es villa. Siento a veces que su filosofía señala algo indeci-
ble, algo imposible de repostear o megustear o cuantificar
o izar. En cambio, ojalá izaran una bandera en las vías
donde falleció la piba, o pusieran en la tumba del filósofo
una foto de la cerámica antigua que dijera: “Cerámica re-
montada por Seba de 8 años”. Sería casi como que nadie
viera la cerámica antigua remontada sino apenas ese fondo
pequeño y enorme, lleno de amor, que nos encuentra co-
mo pueblo en la herida.

Por Usha, Viento del oeste


Ushuaia, 22 de Julio de 2022

47
Kusch

Rodolfo Günter Kusch fue un pensador de Nuestramé-


rica que dedicó gran parte de su vida a indagar en y sobre las
profundidades de nuestro ser y estar. Americano en las alturas
de las tierras andinas, entregó su cuerpo, su pensamiento y su
espíritu al desafiante intento de entender, razonar, descubrir y
penetrar esos senderos más ocultos del saber popular, formu-
lando una antropología y una filosofía, partiendo del transcurrir
profundo y silencioso de nuestro pueblo, de sus discursos, sus
sentires, sus maneras de estar en el mundo.
Su legado se hace así, sustancia esencial de la cultura del
continente, dejando, desde su tarea ya cumplida, estelas de inspi-
ración para continuar en el sendero de una comprensión mayor
de la vida. En su obra, la existencia y el pensar popular adquieren
la particular solidez de la construcción identitária y la inteligencia
y reflexión situada.
En este y desde este marco, abogamos y apoyamos toda
acción que interprete su obra y su legado, como un aporte fun-
dante al pensar nuestroamericano, su memoria, su verdad y su
justicia.
Habiendo tomado conocimiento de la situación real de
deterioro de su vivienda en la localidad Jujeña de Maimará, ins-
tamos, solicitamos y exigimos que el Estado implemente todos
aquellos aspectos que en su competencia permita preservar,
conservar, defender y restaurar, todo objeto material y simbólico
que nos remita a su memoria, señalando atención, cuidados y
exigencias que deben cumplir las instituciones, la sociedad y el
Estado Nacional para concretar tales objetivos.
Miguel Angel Ahumada
Sta. Fé/ Argentina

48
Un legado ancestral entre cenizas y ruinas: a pro-
pósito del incendio de la casa de
Rodolfo Kusch

Cuando le cuento a alguien que me radiqué definitivamen-


te en Maimará, siempre me responde con un gesto de asombro ¿Por
qué?
Hace pocos días supe del infortunado incendio
de la casa-biblioteca del pensador Argentino Rodolfo
Kusch ubicada en la localidad de Maimara, provincia de
Jujuy en Argentina. Las imágenes son abrumadoras, el
fuego no tuvo piedad alguna de lo que antaño fuera el
ágora, el suelo en el cual cultivara Kusch parte importan-
te de su prolija obra y a pesar de que lograron salvar en
su mayoría el material documental, libros, borradores y
otros, la casa quedó casi completamente destruida por las
llamas. Imaginar que se incendia un lar, ya es
motivo de tristeza, se reducen a cenizas invaluables re-
cuerdos, objetos que llevan impregnada la marca de sus
antiguos dueños, se borra la escenografía de lo cotidiano
y con ella parte del aura de quienes en algún momento
habitaron la casa.
De inmediato quise conocer detalles sobre el lu-
gar, sobre la casita, su geografía y sobre el porqué Kusch
había decidido instalarse en lo que para muchos es con-
siderada una frontera invivible. Entre otras cosas descu-
brí que Maimará quiere decir el otro año en lengua Aimara,
es además un territorio poblado por migrantes bolivianos
y de otras provincias de Argentina, un lugar de clima
agradable y de entorno tranquilo donde la mayoría de sus
habitantes se dedican a actividades de agricultura. Dadas
estas características podemos hacernos una idea del por-

49
qué el pensador latinoamericano y uno de los principales
precursores de la filosofía amerindia decidió existir cerca
de la frontera.
Observando luego imágenes de la casa antes de la
tragedia, se evidencia la sencillez del lugar, una vivienda
sustentable, típica de la puna, según Eduardo Soto: “los
diversos pueblos de la Región Puna jujeña de la Repúbli-
ca Argentina, son los precursores de un principio susten-
table a través de sus viviendas. Y de acuerdo a un marco
histórico-antropológico hace más de 400 años”. Las ca-
sas son hechas de la tierra tomada de las montañas, arena
y piedras extraídas del rio, agua, paja iru con la que pos-
teriormente realizan el proceso de adobe para la cons-
trucción. En esta simplicidad vivió, escribió y murió el
pensador, quien hasta el final de sus días creyó en el po-
der del pensamiento telúrico, al punto de querer habitar
absolutamente cada entraña de la tierra.
La extinta casa de tierra, estaba, además, poblada
de símbolos, cuadros grandes y pequeños con imágenes
de campesinos, indígenas, pequeñas esculturas de barro y
jarrones, mesitas decoradas con tejidos andinos, fotogra-
fías de montañas, sillas de madera, utensilios de paja, una
máquina de escribir y su biblioteca. Según un bello texto
de Felipe Melicchio (2021), de la profundidad de la casa
destacaba un dibujito “se trata del presunto altar de Co-
ricancha del Cuzco (Perú) dibujado por el indio Joan de
Santa Cruz Pachacuti, en el manuscrito que le entrega al
padre Ávila —cerca del año 1600— a unas cuantas le-
guas al sur del Cuzco. En él, Pachacuti esquematiza las
cualidades de Viracocha, un dios central en la cosmovi-
sión incaica. Es en América profunda donde Kusch pro-
duce páginas y páginas analizando este esquema, desme-

50
nuzándolo. Y es en ese mismo libro donde cuelga tam-
bién el dibujito”.
Y es que sin duda Kusch es un pensador que vi-
vió como pensó, que estaba ligado a su tierra, a su ances-
tralidad, queriendo entenderla experimentándola, como
lo deja entrever un bello texto intitulado “Vivir en Mai-
mara”, de 1979, en él se refiere a la pequeña localidad
como el otro lado, como el borde y como representación
de esa incesante frontera mental creada casi siempre por
los otros. Entonces el texto se manifiesta como una re-
flexión sobre el lugar, sobre lo singular y lo mítico, una
especie de elogio de la dificultad que a cada tanto nos
pone a prueba y nos fortalece. Kusch entra en defensa de
estos exiliados, habitantes que han elegido existir en este
lugar independiente de las penurias y contratiempos de
una geografía indeleble:

para dar este paso hubo que pasar de lo habitual


donde uno se siente cómodo a lo inhabitual
donde se vislumbra la incomodidad y la penuria.
¿La penuria de qué? Pues la verdadera penuria,
la de sentirse pleno pese al cambio, la de seguir
siendo fuerte, ser realmente uno mismo, pero
después de haber saltado la frontera, ésa que
uno se había creado. Al otro lado de la frontera
está uno mismo otra vez, pero ahora frente a la
montaña, en medio de la gente de Maimara, la
que, igual que uno crea su pequeño imperio pa-
ra vivir, pero para hacer esto con una mayor au-
tenticidad, ya que no alcanzan más las fronteras.

Más adelante pasa a describir su cotidiano deta-


llando cada espacio habitado de su casa y la experiencia
de un habitante privilegiado por la montaña:

51
mi cuarto donde escribo; afuera, en el patio, es-
tá un molde grande; enfrente vive el carpintero
Choque, y más allá, del otro lado del rio se le-
vanta la montaña (…) y yo sé que, si logro cru-
zarla alguna vez de ir del otro lado, encontraré,
como los héroes gemelos, del otro lado, toda la
vida, esa que aun no se ha desprendido de los
dedos divinos.

Parece que su lar, su casa y la puna contienen en


si mismas toda la belleza y el dolor propios de la América
profunda que tan fervorosamente estudió durante largos
años. Curiosamente en su libro América Profunda escri-
be: “una idea, un sueldo, una casa, un libro, una plata-
forma política, todo se engendra, madura y muere”.
Según la narrativa sobre el incendio, esto sucedió
por un desperfecto eléctrico, sin embargo, no ha llegado
la hora de partir, porque esta casa no es exclusivamente
la representación subjetiva del mundo de su dueño, y si,
un pluriverso plasmado en imágenes, objetos y la obra de
un pensador que caminó los rincones de la América pro-
funda inspirado por sus gentes.
¡Y entonces hoy parece que la casa quedó desti-
nada a ser sólo ruinas, cuando de ella se pretendía la
creación de un museo! ¡Y se hace evidente aquella facili-
dad y conveniencia para el olvido con la que responden
las instituciones, los gobiernos, las burocracias, es incon-
cebible tanta desidia! Es urgente que las autoridades, la
universidad y encargados del proceso de restauración de
la obra de Rodolfo Kusch presionen para que se levante
de las ruinas el legado material e inmaterial que represen-
ta esta este lugar para el campo de las ciencias sociales y
humanas. De nada valen las conmemoraciones sin una
praxis que la reafirme, y que mayor reafirmación sería la

52
de la reconstrucción y materialización de una casa-museo
abierta a los ciudadanos, para las gentes del común, para
el indígena y el mestizo, para los estudiantes, en la cual
puedan ver representadas su cultura y la belleza de nues-
tra ancestralidad latinoamericana.

Kusch, R. (1979). Obras completas. Editorial Fundación


Ross. Rosario, 2000.
Melicchio, F. La casa de Rodolfo Kusch: una escenografía de lo
cotidiano. Disponible en:
https://www.agenciapacourondo.com.ar/cultura/la-
casa-de-rodolfo-kusch-una-escenografia-de-lo-cotidiano.
Soto, E. (2016). Las viviendas Sustentables de la Puna Jujeña:
el caso de Cienega de Paicone. Disponible en:
https://www.plataformaurbana.cl/archive/2016/12/23/
las-viviendas-sustentables-de-la-puna-jujena-el-caso-de-
cienega-de-paicone/.

Juliana Diaz Quintero


Doctoranda en Filosofía de la Universidade Fe-
deral de Uberlândia. Becaria de la CAPES/Brasil. Filóso-
fa de la Universidad del Atlántico de Colombia.

53
El mandamiento de volver fasto el mundo

“La vida es un equilibrio entre orden y caos, en-


tre lo que es y lo que no es, porque no se puede impedir
que el opuesto no exista” (Kusch. 1999. P.179). Y
Kusch, como si por dentro llevase un pachakuti de 100
años, encuentra en el fuego la fuerza que arrasa con la
cosecha de su vida. La angustia del kuty que sufrimos, de
este vuelco hacia lo nefasto del viaje, de la vida, nos lleva
a nosotros y nosotras hacer el sacrificio para que lo nefasto
se vuelva fasto. ¡Y que mandamiento! Ese esfuerzo por
mantener el equilibrio es un mandamiento para nosotros,
aun sabiendo que la eternidad también se gasta, y que el
mundo es así.
¿Y qué pedimos por la casa-biblioteca de Rodolfo
Kusch? “Que sobre el caos se tienda el orden para obte-
ner el fruto. Es un mandamiento tal que permite que
haya vida y no más bien muerte” (Kusch. 1999. P.179). Y
es que las obras de Kusch son Fruto. Fruto esencial si
realmente consideramos a la patria como el núcleo vital
de la comunidad. Fruto noble que no es prohibido como
en el génesis, fruto que invita al convite, al encuentro,
fruto que alimenta desde el saber-nuestroamericano, que
nos une desde la raíz que lleva dentro de su propio pepa-
corazón. Fruto que merece volver a la tierra con nuestro
cuidado, que debe ser ofrendado para volver a ser semilla.
Esto solo es posible si volvemos fasto lo nefasto. “Cuando
se toma conciencia de este mandamiento tácito ya se
pasa al plano de la acción, porque entonces todo esto
que estamos pensando -y que es sacado de la sabiduría
indígena- irrumpe en nuestra cómoda vida que llevamos
en la ciudad” (Kusch. 1999. P.180). Y debemos tener

54
cuidado de nosotros y nosotras mismas, evitar el mayor
peligro; El peligro de aquellos que pretenden ser sin estar,
de aquellos que en su ser alguien: “Saben que existe un
mandamiento que consiste en salvar la vida, pero hacen
lo posible para que no se cumpla”. (Kusch. 1999. P.180).

Kusch, Rodolfo (1999). América Profunda. Editorial Biblos

Cabrera Florencia
Gonzalez Gastón Leonel
Embarcados. Filosofías de Nuestra América

55
La negación que afirma

Las Adultas mayores que conformamos el DYAN


(colectivo de Animadoras socio-comunitarias ) “Del yo al
Nosotros”, somos netamente kuscheanas: hemos mama-
do de Kusch lo que implica envejecer hediendo. Recogi-
mos el guante que Kusch arrojaba desde “El Hedor…” al
decirnos: “El problema está en que no debemos hacer como nues-
tros padres y buscar la solución exterior con la ciencia, la economía
o la política.(…) Para evitar eso cabe emprender un camino inte-
rior. Es curioso que después de tanto andar la humanidad espe-
cialmente la occidental, ha vuelto a comprender que todas las cosas
se dan con mayor evidencia en la intimidad. Sólo desde el fondo del
alma habremos de ver si todo eso que es tan hediento en América
tiene o no consistencia y valor para vivir.” (…) la verdad es que
no somos ni pulcros ni hedientos sino que estamos todos empeña-
dos en una salvación”. Salvación que no es en soledad, aun-
que allí inicie la reflexión profunda, sino que es con les
otres, si lo que queremos es atraer lo fasto y alejar lo
nefasto para lograr el mero estar de vivir, vivir, no más.
Y por ello nos sumamos a esta convocatoria, para luchar
juntes, por ese girón de Kusch que hiede en Maimará.
Se preguntaba Kusch en 1975: ¿Podemos idear
un método que se base en la negación y que consista en
invertir el sentido lógico y científico y parta de la nega-
ción para entrar en la pregunta total por la posibilidad de
ser? (“Una lógica de la negación para comprender a América”).
Nosotras como grupo, el DYAN, somos testigos andan-
tes de la importancia de esa teoría. Hemos aprendido así,
a construirnos un nuevo mundo que nos permite vivir
dignamente, en medio de la ciudad amurallada del ser en
que habitamos, que nos margina e invisibiliza.

56
Kusch mismo, hecho semilla, nos responde hoy:
si lo que se intenta negar (con la desidia) es la herencia
kuscheana o su valor, sepamos que la negación, tomada
en su sentido semántico (y no matemático) implica sólo
la negación de su vigencia (la vigencia de la herencia) no
su existencia. Cuando niego, no niego su existencia
(ergo existe) sino su vigencia. No niego que exista, sino
que yo lo vea. Entonces, a través de la lógica de la nega-
ción, llegamos a la afirmación de la existencia de tal he-
rencia kuscheana. Fruto que debemos cuidar y sostener
para nosotres mismes y para las generaciones futuras.
Negación que no implica un cierre, sino una apertura a
muchas y distintas posibilidades simultáneas de “cuidar
la casita de Maimará”, cuidarla física y espiritualmente,
desde dónde cada una está siendo, en nuestra Abya Yala.
Seguiremos entonces aplicando la negación
kuscheana, para poder afirmar todo lo que es esencial a
la vida, en nuestra gran aventura planetaria. Igual que
Kusch… nos preguntamos: …¿es que el pensar en su totali-
dad encierra la negación como condicionante?

Dyan
“Del Yo al Nosotros”
Agosto 2022

57
PANegírico al hombre-maíz

“(…) De maíz amarillo y de maíz


blanco se hizo su carne; de masa de
maíz se hicieron los brazos y las
piernas del hombre”.
Popol-Vuh

“Biblioteca y archivo Rodolfo Kusch”: el objeto


del patio de los objetos.
Y frente a esto, del otro lado del escaparate:
“cómo se hace para sacralizar otra vez el alimento y unir-
lo al hombre nuevamente. ¿Será esa la tarea de Améri-
ca?” (Kusch).
Sacralizar el alimento: o de cómo la casa devino
patio de objetos.
Recordé emocionada las palabras del propio
Kusch en el prólogo a “La negación en el pensamiento
popular”. Señala allí nuestro hombre-maíz: “En cierto
modo intento una revolución copernicana, que en reali-
dad no depende de un solo autor, sino que será segura-
mente la resultante del esfuerzo de toda una generación,
sino de varias (…) A partir de aquí habrá que continuar.
Ojalá pueda yo concretar el camino, u ojalá puedan otros
concretarlo mejor” (Kusch).
Y es más: en una de esas, nos quedamos en el pa-
tio y olvidamos negar el pan. Es que negándolo, descu-
brimos al tipo que lo come. La negación transforma el
mundo de las cosas en símbolos. El mundo no es un
afuera objetual echado ante el sujeto, es decir, en pala-
bras de Kusch: un “patio de objetos”; sino el de una
realidad de trazos fastos y nefastos, conjurados bajo sím-
bolos y rituales, ya en un suelo sagrado.

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Negar el pan(egirico): y encontrarse con el hom-
bre-maíz. Nuestro Kusch.
Negar el archivo: y encontrarse con la rebelión
incendiada de los utensilios y las mazorcas de maíz, y volver
a unir el hombre con su alimento, como aquel relato en
el Popol Vuh.
Y así: “Danos hoy nuestro pan de cada día”.
Eso sólo basta….Nada más que un pan…
Nuestro pan…y asumir “concretarlo mejor”
(Kusch).

Kusch, R.; “El hombre y su alimento” en Charlas para


vivir en América, Tomo 1, Ed. Ross, p. 534.
Kusch, R.; “El hombre y su alimento” en Charlas para
vivir en América, Tomo 1, Ed. Ross, p. 534.
Kusch, R.; Cafetín, Tomo IV, ed. Ross, pág. 738.

Natalia Lentino
Filosofía-UBA
Paso del Rey, Moreno.

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Pensamento-chão

Percorreu mundos construindo pensamento-chão


E do chão ouviu, colheu, observou, anotou, desenhou...
Bom observador
com seu olhar teceu encontros e encantos
em busca de libertAÇÃO e pertencimento...

Pensamento-chão
de quem trilha caminhos com sagacidade e poesia

América profunda
cultura
poesia
olhar
sentir
ser-mais
fazer mais
libertação
pertencimento

Pensamento-chão
educação popular
Cultura enraizada

Perten-ser

Adilbênia Freire Machado


Filósofa do Ser-tão e Educadora

60
Siempre el fuego

Tantos años en la ciudad, sin una casa, sin un pa-


tio, que de él ya ni se acordaba.

Sus tíos y padres, le contaban de niño cuando fue


a buscarlo y lo tuvo en su mano.

¡La casa se ha quemado!, hoy oye de unos amigos


y recuerda las brasas de sus abuelos, las fogatas en los
inviernos.

¡Ahora minka juntes por una casa, por unos li-


bros, por tantos olores!

Hacer equilibrio entre todo lo que otros primero


impusieron opuestos.

Siempre el fuego

Guillermo Cagliolo
Septiembre 2022

61
Somos Sementera

Somos Sementera. Somos semilla, tierra, tiempo y es-


pacio, con el “afán de hacer crecer” diría Kusch, fruto o maleza
(pero pensando en el fruto). La vida que nos juntó, nos sabía
pluriversas, distintas, “otras” por dónde se nos mirara; pero
teníamos a Kusch en común. Y no es poco. Pero tampoco lo es
todo. Se requiere también el esfuerzo de conocer, apoyar, com-
prender y aprender de las muy diferentes experiencias, sentires,
saberes (técnicos o prácticos), costumbres, historias… que cada
una aporta a Sementera y que nos engloba a todas.
Pero todos esos mundos tenían una coincidencia: sa-
bíamos que veníamos de campos gastados, invadidos y saquea-
dos. Por más que nuestra Abya Yala sea tierra fértil, sabíamos
que si queríamos tener las mejores posibilidades, teníamos que
ayudar al “suelo” a recuperarse de los “cultivos” que le habían
sido impuestos. Para que las raíces que broten de las nuevas
semillas, no tengan dificultad en penetrar a profundidad y recibir
los nutrientes necesarios para afincarse. Y sabíamos que no es
tarea de una sola…
¿Será que el suelo de la casita de Kusch pensó lo mis-
mo? ¿Será que está preparando el terreno para la próxima tem-
porada? ¿Será que nos recuerda que debemos expandir esa sim-
ple cualidad que somos, de la piel para adentro y nos llama, a
unir nuestras manos y abrazarla?
Si así fuera, aquí estamos, éstas y éstos somos…

Sementera- Colectiva de pensamiento decolonial


Lina Constanza Boada- Elena Miguel- Cecilia Fiel-
Dora Assissi- Carmen Velázquez-
Magalí Chiocchetti- Sol Villanueva- Fátima Cabrera-
Amanda Rodríguez y Silvia López
Colombia/ Costa Rica/ Argentina

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Visita a la casa de Kusch en Maimará

Hace unos años a iniciativa de unos amigos y


compañeros conformamos un grupo de lectura de Ro-
dolfo Kusch. Para la mayoría de los integrantes, Kusch
era un desconocido absoluto. Sin embargo, uno de los
promotores del grupo lo había conocido en la escuela
secundaria y hablaba maravillas de ese pensador descen-
diente de alemanes, pero porteño hasta la médula. Lla-
mativamente para nosotros, jóvenes y veteranos, lo ubi-
caba a Kusch dentro de los pensadores nacionales y po-
pulares, específicamente dentro del peronismo. Nos
reunimos en distintos lugares a leer y discutir la obra de
Rodolfo Kusch.
De a poco, empezamos a leer el libro “De la mala
vida porteña” y a partir de allí intentamos recorrer la
mayor parte de su obra.
Más tarde, en el año 2005, viajamos al norte ar-
gentino, y según ahora sabemos, ese es “un viaje ritual, y
emprenderlo con simpatía ya implica algo así como una
expiación o iniciación en el caos”. Visitamos Maimará y
se nos ocurrió preguntar por la casa donde había vivido
Rodolfo Kusch, desconociendo todo lo relativo a su vida
allí. En la comisaría del pueblo nos dijeron: “acá a la
vuelta, nomás”, y hacia allí fuimos. Nos recibió Elizabeth
Lanata, su mujer. Le contamos lo que sabíamos de
Kusch y lo que estábamos haciendo en la ciudad porteña.
Nos hizo pasar, conocimos el lugar donde él escribía y
tenía sus utensilios para “estar nomás” allí en la quebra-
da, compartimos unas tortas fritas y unos mates disfru-
tando de la hospitalidad de Elizabeth, que nos contó
aspectos de sus vidas en su lugar en el mundo. Nosotros

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deslumbrados, mirábamos la casa con asombro, la biblio-
teca , sus libros, el escritorio, la maquina de escribir, el
grabador. Sus anteojos allí , acomodados dulcemente…
Fue así que ya no nos apartaríamos de Kusch. Ya
no habrá retorno al pensamiento único porque” es que
hay viajes que son como la vida misma”. Mientras tanto,
para nosotros, la visita a su casa en Maimará profundizó
la búsqueda de los inéditos posibles, de un nuevo pensar,
un nuevo vivir, un estar siendo en los caminos polvo-
rientos de nuestra tierra.

Ricardo Rodríguez
Lanus, Argentina

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Conversatorio en honor a la obra de
Rodolfo Kusch

Con el soporte de la Editora Phillos Academy


realizamos un conversatorio donde los autores presenta-
ron su contacto con Kush o con su obra y hablaron so-
bre la obra.

Link al video de Youtube:


https://youtu.be/1eIhT4IsqWs

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Registros fotográficos

1) Fotos originales de la casa, mientras vivía Kusch o


fotos antes del incendio

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2) Fotos del incendio

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3) Como está ahora, aclarando que el Instituto Rodolfo
Kusch de la UNJU (Universidad Nacional de Jujuy) Ar-
gentina, en Julio 2022 reparó la chapa del techo, removió
los escombros y pintó el frente. Pero estas medidas ur-
gentes y necesarias, no alcanzan; como ellos mismos lo
informaron en la reunión que realizaron con arquitectos
especializados el 26 de julio de este año.

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WWW.PHILLOSACADEMY.COM

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