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A Implosao de Nuno Judice Narrativa Est
A Implosao de Nuno Judice Narrativa Est
Número 8 / 2014
2014
Limite. Revista de Estudios Portugueses y de la Lusofonía
CONSEJO DE REDACCIÓN
Director - Juan M. Carrasco González - direccion@revistalimite.es
Secretaría – Maria Luísa Leal - secretaria@revistalimite.es
Vocales
Carmen Mª Comino Fernández de Cañete (Universidad de Extremadura)
Christine Zurbach (Universidade de Évora)
Iolanda Ogando (Universidad de Extremadura)
Luisa Trias Folch (Universidad de Granada)
Mª da Conceição Vaz Serra Pontes Cabrita (Universidad de Extremadura)
Mª Jesús Fernández García (Universidad de Extremadura)
Salah J. Khan (Universidad de Extremadura)
Teresa Araújo (Universidade de Lisboa)
Teresa Nascimento (Universidade da Madeira)
COMITÉ CIENTÍFICO
Ana Maria Martinho (Universidade Nova de Lisboa)
António Apolinário Lourenço (Universidade de Coimbra)
Carlos Cunha (Universidade do Minho)
Cristina Almeida Ribeiro (Universidade de Lisboa)
Dieter Messner (Universität Salzburg)
Gerardo Augusto Lorenzino (Temple University, Philadelphia)
Gilberto Mendonça Teles (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
Hélio Alves (Universidade de Évora)
Isabel Leiria (Universidade de Lisboa)
Ivo Castro (Universidade de Lisboa)
José Augusto Cardoso Bernardes (Universidade de Coimbra)
José Camões (Universidade de Lisboa)
Maria Carlota Amaral Paixão Rosa (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Mª Filomena Candeias Gonçalves (Universidade de Évora)
Mª da Graça Sardinha (Universidade da Beira Interior)
Mª Graciete Besse (Université de Paris IV-La Sorbonne)
Maria Helena Araújo Carreira (Université de Paris 8)
Nuno Júdice (Universidade Nova de Lisboa)
Olívia Figueiredo (Universidade do Porto)
Otília Costa e Sousa (Instituto Politécnico de Lisboa)
Paulo Osório (Universidade da Beira Interior)
Xosé Manuel Dasilva (Universidade de Vigo)
Limite
Revista de Estudios Portugueses y de la Lusofonía
Coordinación
María Jesús Fernández García
Maria Luísa Leal
Bases de datos y sistemas de categorización donde está incluida la
revista:
ISOC y DICE (Consejo Superior de Investigaciones Científicas),
Dialnet, Latindex, CIRC (Clasificación Integrada de Revistas
Científicas).
UNIÓN EUROPEA
Fondo Europeo de Desarrollo
Regional
SUMARIO
María Jesús Fernández García – Imagología: leyendo
imágenes e imaginarios desde la Península Ibérica 9-18
Eloy Navarro Domínguez – Portugal en la obra de Carmen de
Burgos 19-35
Ângela Fernandes – Retratos de Portugal na narrativa de
Ramón Gómez de la Serna 37-49
Maria João Simões – Imagologia e Transnacionalismo:
heteroimagens e autoimagens em Myra de Maria Velho da
Costa e Livro de José Luís Peixoto 51-67
José Cândido de Oliveira Martins – A Implosão de Nuno
Júdice: narrativa “estática” e filiação na auto-imagem da
decadência de Portugal 69-91
José Alberto Ferreira – O caso do teatro inexistente, ou do
teatro como imagem de nós 93-126
Fernando Venâncio – O castelhano como vernáculo do
português 127-146
Iolanda Ogando González / Enrique Santos Unamuno – Con
la nación sí se juega: Quinto Império como board game
cartográfico y geopolítico 147-184
Tobias Brandenberger – Olhar Moçambique: A sombra dos
dias de Guilherme de Melo 185-206
Varia
Isabel Soler – Una maestra sin lengua o el viaje a Roma de
Francisco de Holanda 209-238
Xosé Manuel Dasilva – Veinticuatro poemas de Rosalía de
Castro traducidos al portugués en el siglo XIX 239-266
Amélia Maria Correia – Castro Alves, leitor de Hugo. Da luta
social ao Antiesclavagismo 267-288
Nicolás Extremera Tapia – João Cabral de Melo Neto y la
danza flamenca 289-311
Friederike von Criegern – Violência e inocência: formas e
funções da perspetiva infantil em romances do Brasil e de
Angola 313-329
Ignacio Vázquez Diéguez – La subordinación portuguesa y el
modo verbal: una propuesta de clasificación 331-362
Xosé-Henrique Costas González – Um estranho caso de
ênclise pronominal na fala do vale do rio Elhas ou de Xalma 363-374
Vol. 8 – 2014
SUMMARY
María Jesús Fernández García – Imagology: Reading Images
and Imaginaries from the Spanish Peninsula 9-18
Eloy Navarro Domínguez – Portugal in the Work of Carmen de
Burgos 19-35
Ângela Fernandes – Portraits of Portugal in the narratives of
Ramón Gómez de la Serna 37-49
Maria João Simões – Imagology and transnationalism:
heteroimages and autoimages in Myra by Maria Velho da
Costa and Livro by José Luís Peixoto 51-67
José Cândido de Oliveira Martins – A Implosão de Nuno
Júdice: Static Narrative and Filiation in the Auto-image of
Portuguese Decadence 69-91
José Alberto Ferreira – The Case of Nonexistent Theatre or
Theatre as an Image of Ourselves 93-126
Fernando Venâncio – Castilian as a Portuguese Vernacular 127-146
Iolanda Ogando González / Enrique Santos Unamuno –
Playing around with the nation: Quinto Império as
cartographical and geopolitical board game 147-184
Tobias Brandenberger – Looking at Mozambique: Guilherme
de Melo's A sombra dos dias 185-206
Varia
Isabel Soler – A silent teacher or Francisco de Holanda´s
voyage to Rome 209-238
Xosé Manuel Dasilva – Twenty four poems by Rosalía de
Castro translated into Portuguese in the 19th century 239-266
Amélia Maria Correia – Castro Alves, Reader of Hugo. From
Social Struggle to Antislavery 267-288
Nicolás Extremera Tapia – João Cabral de Melo Neto and
flamenco dance 289-311
Friederike von Criegern – Violence and Innocence: Forms and
Functions of Childhood Perspectives in Novels of Brazil and
Angola 313-329
Ignacio Vázquez Diéguez – Portuguese Subordination and the
Verbal Mode: a Classification Proposal 331-362
Xosé-Henrique Costas González – A Strange Case of
Pronominal Enclisis in the Ellas Valley river’s or Xalma’s
“fala” 363-374
Resumo
A narrativa de Nuno Júdice A Implosão apresenta-se como um relato
ficcional manifestamente inspirado no contexto crítico do Portugal
contemporâneo. Contudo, no âmbito do diálogo intertextual que
estabelece, é possível ler esta narrativa integrada numa mundividência
que remonta pelo menos ao ideário da influente Geração de 70 e do
tema da decadência nacional. Sem esquecer a intertextualidade com
alguns textos de Guerra Junqueiro ou O Marinheiro de Fernando
Pessoa. Ao mesmo tempo, a escrita de Nuno Júdice e a tradição com
que dialoga configuram-se como auto-imagens culturais e literárias de
uma nação que sofre de hiperidentidade.
Palavras-chave: decadência nacional – imagiologia comparatista –
identidade cultural – intertextualidade – Nuno Júdice, A Implosão.
Abstract
Nuno Judice's narrative A Implosão is presented as a fictional work
clearly inspired by the actual critical context of contemporary
Portugal. However, within the intertextual dialogue it establishes, it is
possible to read this narrative integrated into a critical worldview that
dates back at least to the ideals of the influential Geração de 70 and
the theme of Portuguese decadence. Without forgetting the
intertextuality with some texts of Guerra Junqueiro or O Marinheiro
[The Sailor] by Fernando Pessoa. At the same time, Nuno Judice's
writing and the tradition with which it dialogues appear as cultural and
literary self-images of a nation that suffers from hyper-identity.
Keywords: comparative imagology – cultural identity – intertextuality –
Nuno Júdice’s A Implosão – Portuguese decadence.
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70 Limite, nº 8, 69-91
A IMPLOSÃO DE NUNO JÚDICE: NARRATIVA… JOSÉ CÂNDIDO DE OLIVEIRA MARTINS
& Leerssen 2007: 27): “Images do not reflect identities, but constitute
possible identifications”. Imagem concebida como representação de
um imaginário colectivo, enquanto denominador comum de
identidade cultural.
É neste enquadramento crítico multidisciplinar – congregando
os estudos literários de orientação comparatista com a história da
cultura ou das ideias, pelo menos – que nos propomos ler crítica e
brevemente a narrativa de Nuno Júdice (2013), A Implosão. O nosso
ponto pode ser assim sumariado: não é possível, ou pelo menos
recomendável, interpretar esta novela de Nuno Júdice sem uma ampla
filiação histórico-contextual: i) no espaço político-social imediato do
Portugal contemporâneo, mais particularmente no país que vive
dramaticamente as sérias constrições económico-financeiras impostas
pela troika dos credores internacionais, no momento de assistência
externa; ii) no contexto cultural e ideológico do legado da Geração de
70, cujo ideário marcou definitivamente o pensamento e a literatura
contemporâneas de Portugal; iii) enfim, num certo contexto de
recepção literária, mais exactamente no diálogo intertextual entre a
narrativa de Nuno Júdice e outras obras da moderna literatura
portuguesa. Por outras palavras, a narrativa A Implosão de Júdice
patenteia uma imagem nuclear (ou conjunto de imagens) de Portugal
no início do séc. XXI indissociável de um legado ou de um imaginário
cultural que, crítica e dialogicamente, reescreve e actualiza.
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[...] chorámos por algo que nunca existira, um vazio pelo qual nos
sacrificáramos, que tínhamos sonhado, que nos empurrara para lutas
difíceis, e tudo em vão. A utopia era aquela caixa carregada de
explosivos que iriam servir para a implosão daquela velha igreja
(Júdice 2013: 116).
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sem paralelo recente e sem rosto; e, passando das ideias aos actos, a
imperiosa necessidade de intervir sobre essa realidade, em aguda crise
aos olhos de (quase) todos, desde um país pré-falido e depressivo, a
uma Europa descrente e exangue (cf. Júdice 2013: 33).
Neste sentido, a narrativa de Júdice é uma tomada de posição
crítica. Num momento em que parecem ruir ideais e utopias,
veiculados pela democracia portuguesa pós-salazarista, mas também
pelo sonho de felicidade prometido pela construção europeia, este
texto aparece sob a forma de metafórico libelo ou de “panfleto contra
a desagregação da Europa”, como declarado em entrevista pelo autor.
Um retrato cruel e desalentado, perpassado de compreensível
derrotismo e autocrítica.
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Bibliografia
Almeida (2013): São José Almeida, “Contra o fim”, Ipsilon / Público,
15.02.2013, pp. 20-22.
Beller & Leersen (2007): Manfred Beller & Joep Leersen, Imagology.
The cultural construction and literary representation of national
characters, Amesterdam & New York, Rodopi.
Coelho (1996): Mª Teresa Pinto Coelho, Apocalipse e regeneração: o
Ultimatum e a mitologia da Pátria na literatura finissecular,
Lisboa, Cosmos.
Correia (2013): Hélia Correia, A Terceira Miséria, Lisboa, Relógio
d’Água.
Denis (2000), Benoît Denis, Littérature et engagement: de Pascal à
Sartre, Paris, Seuil.
Júdice (2013): Nuno Júdice, Implosão, 3ª ed., Lisboa, D. Quixote.
Junqueiro (1980): Guerra Junqueiro, Obras de Guerra Junqueiro
(Poesia), Porto, Lello & Irmão – Editores (org. e introd. de
Amorim de Carvalho).
Lourenço (1982): Eduardo Lourenço, O Labirinto da saudade
(Psicanálise mítica do destino português), 2ª ed., Lisboa, D.
Quixote [1ª ed., 1978].
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