Está en la página 1de 13

Scientia Agropecuaria 6 (1): 69 – 81 (2015)

Facultad de Ciencias

Scientia Agropecuaria Agropecuarias

Universidad Nacional de
Sitio Web: http://revistas.unitru.edu.pe/index.php/scientiaagrop Trujillo

ARTÍCULO DE REVISIÓN
Galactooligossacarídeos: produção, benefícios à saúde,
aplicação em alimentos e perspectivas
Galactooligosaccharides: production, health benefits, application to
foods and perspectives
Galactooligosacáridos: producción, beneficios para la salud,
aplicación en alimentos y perspectivas
Ana Elizabeth Cavalcante Fai1, 2, *; Gláucia Maria Pastore1
1
Departamento de Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas/SP, Brasil.
2
Departamento de Tecnologia de Alimentos, Escola de Nutrição, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.

Recibido 05 diciembre 2014. Aceptado 25 enero 2015.

Resumo
Sintetizados a partir da transgalactosilação da lactose, os galactooligossacarídeos são carboidratos não
digeríveis, sendo classificados como ingredientes prebióticos de alto valor agregado. Estudos recentes
atribuem a estes oligossacarídeos uma série de potenciais benefícios à saúde e de prevenção de doenças. Esta
revisão envolve os aspectos de produção destes compostos e aborda as suas propriedades físico-químicas,
relacionando-as com aplicação na indústria de alimentos. Buscou-se apresentar, ainda, alguns dos efeitos
fisiológicos e as perspectivas vislumbradas para estes açúcares não convencionais a partir do panorama atual.
Palavras-chave: Alimento funcional; fibras da dieta; β-galactosilase; reação de transgalactosilação;
oligossacarídeos transgalactosilados; ingredientes bioativos.

Resumen
Sintetizados a partir de la transgalactosilación de la lactosa, los galactooligosacáridos son carbohidratos no
digeribles, siendo clasificados como ingredientes prebióticos de alto valor añadido. Estudios recientes
atribuyen a estos oligosacáridos una serie de potenciales beneficios para la salud y prevención de
enfermedades. Esta revisión aborda aspectos de la producción de estos compuestos y sus propiedades físicas y
químicas, relacionándolos con su aplicación en la industria alimentaria. Más aún, se presentan los efectos
fisiológicos y las perspectivas previstas para estos azúcares no convencionales desde la situación actual.
Palabras clave: Alimentos funcionales; fibra dietaria; β-galactosidasa; reacción de transgalactosilación;
oligosacáridos transgalactosilados; ingredientes bioactivos.

Abstract
Synthesized from lactose transgalactosylation, galactooligosaccharides are non-digestible carbohydrates
classified as prebiotic ingredients of high added value. Recently studies associate potential health benefits and
disease prevention properties to these oligosaccharides. This review involves production aspects and
physicochemical properties of these compounds, correlated to their physiological effects and application in
food industry. It was also presented some of the physiological effect and the perspectives for these non-
conventional sugars from current viewpoint.
Keywords: Functional food; dietary fibers; β-galactosilase; transgalactosylation reaction; transgalacto-
oligosaccharides; bioactive ingredient.

_________

* Autor para correspondencia © 2015 Todos los Derechos Reservados


E-mail: bethfai@yahoo.com.br (A.E.C. Fai). DOI: 10.17268/sci.agropecu.2015.01.07

- 69 -
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

1. Introdução galactose é isomerizada a um resíduo de


A correlação entre alimentos e saúde é frutose (Ait-Aissa e Aider, 2014). Os α-
indubitável e atualmente os alimentos galactooligossacarídeos, por sua vez, são
funcionais constituem uma importante área obtidos naturalmente da soja, incluindo a
de pesquisa em todo o mundo (Turgeon e rafinose, estaquiose, melibiose e
Rioux, 2011; Granato et al., 2010). Um verbascose, os quais consistem em
alimento pode ser considerado funcional se resíduos de galactose ligados a moléculas
for satisfatoriamente demonstrado que este de sacarose por ligações do tipo α-1,6 e
apresenta um efeito benéfico em uma ou tampouco são digeríveis, devido à ausência
mais funções fisiológicas alvo, além do de α-galactosidase entre as enzimas
valor nutricional inerente à sua digestivas, sendo fermentados pela
composição química, relevante para microflora gastrointestinal (Tungland e
melhorar, manter e reforçar a saúde Meyer, 2002). Esta revisão visa abordar
(Blundell, 2010). somente os GOS obtidos via
Nesta perspectiva, os alimentos funcionais, trasgalactosilação por ação da β-
especialmente os oligossacarídeos, com galactosidase.
efeito prebiótico são conceitos novos e Os GOS são caracterizados como
estimulantes (Rastall, 2013; Delgado et al., ingredientes seguros para o consumo ou
2010; Roberfroid, 2002). Oligossacarídeos GRAS (Generally Recognized as Safe),
são açúcares encontrados como compo- uma vez que são componentes do leite
nentes naturais em alimentos como frutas, humano e tradicionalmente de iogurtes,
vegetais, leite e mel, podendo ser sinte- sendo ainda produzidos no intestino por
tizados enzimaticamente via biotecnógica micro-organismos produtores de β-
(Jovanovic-Malinovska et al., 2015; galactosidase a partir da lactose ingerida.
Dwivedi et al., 2014; García-Cayuela et São naturalmente encontrados na soja e
al., 2014). Muitos destes oligossacarídeos não apresentam toxicidade, somente
apresentam efeito prebiótico, proporcio- diarréia é relatada como efeito adverso
nando efeito positivo na composição da quando este açúcar não convencional é
microbiota intestinal, sendo resistentes às consumido em excesso (Rodriguez-Colinas
ações das enzimas salivares e intestinais et al., 2014; Otieno, 2010).
(Rastall e Gibson, 2015; Whelan, 2014; Neste contexto, esta revisão bibliográfica
Vitetta et al., 2014). contempla os aspectos relacionados à
Entre os prebióticos, destacam-se os produção microbiana de GOS e os
galactooligossacarídeos (GOS) os quais benefícios à saúde creditados aos
são produzidos a partir de soluções com
mesmos. Aponta-se ainda algumas
altas concentrações de lactose por
ativividade de transgalactosilação, pela β-
aplicações dos GOS na indústria de
galactosidase, previamente extraída de alimentos e quais são as perspectivas
diversas fontes, sendo a microbiana a mais de mercado para estes ingredientes
usual (Fai et al., 2014; Intanon et al., 2014; funcionais nos próximos anos.
Michelon et al., 2014; Park e Oh, 2010).
Convém mencionar que outro tipo de 2. Produção
oligossacarídeo não transgalactosilado e Os GOS são formados a partir de
não digerível também pode ser formado a substratos ricos em lactose via
partir da lactose por síntese química: a transgalactosilação, e para tanto podem-se
lactulose é um dissacarídeo composto por utilizar células viáveis a partir da
uma molécula de galactose e outra de fermentação de substratos ricos em
frutose, unidas por ligação do tipo β-1,4 e lactose, bem como fazer uso de β-
resulta de um processo álcali de galactosidase extraída previamente, sendo
isomerização da lactose, na qual a uma das formas interessantes de processo a

-70-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

imobilização do biocatalizador (Bicas et rídeos, têm mais chances de atuarem como


al., 2010; Panesar et al., 2010). aceptores do complexo enzima-galactosil,
A reação de transgalactosilação, e a formando, assim, os GOS (Michelon et al.,
consequente formação de GOS, foi obser- 2014; Torres et al., 2010).
vada no início dos anos 50 (Wallenfels, Não se elucidou, todavia, se a interação no
1951). Goslin et al. (2010); Torres et al. sítio ativo da enzima é diferente de quando
(2010) e Mahoney (1998) descreveram o aceptor é água ou é um sacarídeo.
minuciosamente as características e Contudo, sabe-se que β-galactosidases
cinética desta reação. Nesta revisão serão oriundas de fontes distintas, diferem
enfatizados alguns dos aspectos mais quanto a seletividade à água e à moléculas
importantes abordados na literatura de açúcar e que mesmo em concentrações
especializada, visando colaborar para o iguais de lactose inicial, resultam em
entendimento da produção de GOS através rendimentos de GOS, estruturas e tipos de
de diversos processos biotecnológicos. ligações glicosídicas diferentes (Goslin et
A conversão da lactose em GOS por ação al., 2010; Otieno et al., 2010). Para β-
da enzima β-galactosidase é uma reação galactosidase tem sido estabelecido que as
cineticamente controlada e responde a um reações hidrolítica, sintética e de trans-
modelo de competição entre a reação de ferência são catalisadas pela mesma
transgalactosilação e hidrólise. O mecanis- enzima (Becerra et al., 2001; Huber et al.,
mo bioquímico de síntese de GOS é 1976; Wallenfels e Malhotra, 1961).
complexo e pode ser resumido da seguinte A relação entre a concentração inicial de
forma: o primeiro passo é a formação de lactose e a quantidade de GOS formada em
um complexo enzima-galactosil e a simul- um sistema, é constatada, na maioria dos
tânea liberação da glicose. Em uma estudos, como diretamente proporcional,
segunda etapa o complexo enzima- pois esta elevaria a quantidade de
galactosil é transferido para um aceptor sacarídeos no meio e diminuiria a
que contenha um grupo hidroxil. Em uma disponibilidade de água (Goslin et al.,
solução com baixa concentração de 2010). Contudo, é interessante ressalvar
lactose, água, ao invés de outros açúcares é que alguns estudos de otimização da
mais competitiva para ser o aceptor deste síntese de GOS observaram que a lactose
complexo, sendo liberada, neste caso, a não foi uma variável significativa na faixa
galactose. de estudo analisada (Chen et al., 2002;
Rustom et al., 1998). Goslin et al. (2010)
sugerem que estes resultados podem
apontar deficiências no modelo proposto e
atualmente aceito para a reação de
transgalactosilação. A formação de GOS a
partir da lactose é influenciada por outros
fatores como a fonte e concentração de
enzima, pH, temperatura, tipo de processo,
entre outros (Frenzel et al., 2015; Intanon
et al., 2014). Os monossacarídeos glicose
Figura 1. Mecanismo de reação proposto de β-
galactosidase em lactose. E: enzima; LAC:
e, principalmente, galactose são reconhe-
lactose; GAL: galactose; GLC: glicose; ROH: cidos como inibidores da reação de
aceptor de açúcar; GAL-OR: açúcar galactosil transgalactosilação.
(galactooligossa-carídeo) (Mahoney, 1998). A inibição da galactose parece ser
resultado de uma competição com a lactose
Por outro lado, se a concentração de pelo sítio ativo da β-galactosidase, uma
lactose no sistema for alta, as moléculas de vez que esta enzima pode formar o
lactose e demais mono, di e oligossaca- complexo enzima-galactosil.

-71-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Tabela 1
Principais estruturas químicas dos GOS formados a partir da lactose pela ação da enzima β-
galactosidase. Gal: galactose; Glc: glicose (Mahoney, 1998).
β-D-Gal (1→6)-D-Glc Alolactose
β-D-Gal (1→6)-D-Gal Galactobiose
Dissacarídeos β-D-Gal (1→3)-D-Glc
β-D-Gal (1→2)-D-Glc
β-D-Gal (1→3)-D-Gal
Trissacarídeos β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→6)-D-Glc 6’dilactosil-glicose
β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→4)-D-Glc 6’galactosil-lactose
β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→6)-D-Gal 6’galactotriose
β-D-Gal (1→3)-β-D-Gal (1→4)-D-Glc 3’galactosil-lactose
β-D-Gal (1→4)-β-D-Gal (1→4)-D-Glc 4’galactosil-lactose
Tetrassacarídeos β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→6)- β-D-Gal (1→4)-D-Glc 6’digalactosil-lactose
β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→3)- β-D-Gal (1→4)-D-Glc
β-D-Gal (1→3)-β-D-Gal (1→6)- β-D-Gal (1→4)-D-Glc
Pentassacarídeos β-D-Gal (1→6)-β-D-Gal (1→6)- β-D-Gal (1→6)- β-D-Gal (1→4)-D-Glc 6’trigalactosil-lactose

O mecanismo de inibição pela glicose é maior formação de di, tri e tetrassacarideos


mais complexo e, dependendo da fonte da em comparação com oligômeros maiores.
enzima, pode ser competitivo ou não A Tabela 1 apresenta as principais
competitivo (Park e Oh, 2010; Goslin et estruturas dos GOS.
al., 2010). Em termos de estrutura química, os GOS
Quimicamente os GOS são formados por podem diferir em relação à seguintes
moléculas de galactose ligadas à glicose, características: composição, regioquímica,
sendo formados de tri a decassacarídeos ligação glicosídica e grau de polimerização
com 2 a 9 unidades de galactose, (Figura 2).
respectivamente (Li et al., 2008). Embora Estas propriedades são dependentes do
relatado que possam ser formados produtos mecanismo do biocatalisador utilizado e
transgalactosilados decassacarídeos, não é das demais condições reacionais do
usual serem produzidos GOS com cadeias processo (Frenzel et al., 2015; Goslin et
tão extensas (Mussatto e Mancilha, 2007). al., 2010).
De acordo com Mahoney (1998), a baixa É comum encontrar dissacarídeos
efetividade da β-galactosidase em produzir transgalactosilados, consistindo em galac-
GOS de maior peso molecular é explicada tose e glicose com ligações β-glicosídicas
pela competitividade da reação de transga- diferentes da lactose ou com duas unidades
lactosilação com a de hidrólise. de galactose (Park e Oh, 2010; Sako et al.,
Entende-se assim, que o tempo de reação é 1999).
um parâmetro crítico e tem direta É válido ressaltar que todos os tipos de
influência na quantidade máxima e GOS, incluindo os dissacarídeos transga-
rendimento de GOS, uma vez que estes lactosilados, são considerados oligossaca-
oligossacarídeos são simultâneamente rídeos não digeríveis e apresentam
sintetizados e degradados pela ação da β- propriedades fisiológicas similares, apesar
galactosidase. Este autor afirma ainda, que de algumas particularidades e especifi-
a transgalactosilação será menos efetiva cidades em relação a alguns probióticos
quanto maior o peso molecular do terem sido relatadas (Cardelle-Cobas et al.,
oligossacarideo aceptor, o que explicaria a 2011).

-72-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Figura 2. Exemplos de diferentes estruturas de GOS. (A) composição; (B) regioquímica; (C) grau
de polimerização (adaptado de Goslin et al., 2010).

Um ponto interessante é abordado por usualmente chamada de lactase uma vez


Rastall (2004), o qual sugere que a que esta catalisa a hidrólise da lactose em
biotecnologia de produção de GOS seja seus açúcares constituintes (Park e Oh,
aperfeiçoada sintetizando estes oligossaca- 2010). Ressalta-se que todas as enzimas
rídeos a partir de β-galactosidases dos denominadas genericamente como lactases
próprios micro-organismos probióticos, são β-galactosidases, mas o inverso não é
partindo do princípio de que o prebiótico verdadeiro. Determinadas β-galactosidases,
formado seria um substrato com uma incluindo algumas de células vegetais e de
especificidade e biodisponbilidade maior órgãos de mamíferos, que não as do
para este grupo microbiano. intestino, têm baixa ou até mesmo
Considerando que tanto a estrutura do nenhuma atividade de hidrólise da lactose
oligossacarídeo, como a espécie probiótica, uma vez que a função catalítica das
são fatores importantes e sinérgicos para o mesmas é a quebra de outros grupos
equilíbrio da microbiota intestinal, tem-se galactosil, tais como glicolipídios,
investigado a produção de oligossaca- glicoproteínas e mucopolissacarídeos
rídeos alvo a partir de culturas probióticas. (Mahoney, 2003).
Como resultado, geram-se simbióticos de Apesar de ocorrer em plantas como
alta eficiência baseados no binômio micro- amêndoas, damascos, pêssegos, pêras,
organismo-substrato ideal (Fai et al., 2014; entre outros, (Mahoney, 2003; Dwevedi e
García-Cayuela et al., 2014; Goulas et al., Kayastha, 2009) a fonte preferida de β-
2007). galactosidase para aplicações biotecnoló-
gicas é a microbiana, incluindo fungos (Fai
2.1. β-galactosidase et al., 2014; Santos et al., 2009), leveduras
A enzima β-galactosidase (β-D-galacto- (Fai et al., 2014; Petrova e Kujumdzieva,
sideo-galactohidrolase, E.C.3.2.1.23) é 2010) e bactérias (Goslin et al., 2009); as

-73-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

condições ótimas do processo variam de em células microbianas. Ressalta-se aqui


acordo com o micro-organismo em que que a escolha de um sistema enzimático
esta foi extraída (Frenzel et al., 2015; adequado depende tanto das propriedades
Rodriguez-Colinas et al., 2014). do biocatalizador quanto da finalidade de
Esta enzima apresenta uma importância uso do mesmo. Por exemplo, β-galactosi-
comercial relevante, uma vez que, além da dases extraídas de leveduras são geral-
propriedade de produzir GOS, ao catalisar mente utilizadas na hidrólise de leite e soro
a hidrólise da lactose, sana problemas doce, enquanto as de fungos são mais
associados com a eliminação do soro, adequadas para aplicação em soro ácido.
cristalização deste dissacarídeo em alimen- Comparada com β-galactosidases sintetiza-
tos congelados e o consumo de leite e das por leveduras as de fungo são mais
derivados por indivíduos com intolerância termoestáveis, por outro lado, são mais
à lactose (Marín-Navarro et al., 2014; sensíveis frente aos inibidores do produto
Dwevedi e Kayastha, 2009; Grosová et al., final, principalmente a galactose (Grosová
2008). et al., 2008).
Gaur et al. (2006) compararam três
2.2. Produção enzimática de GOS: técnicas distintas de imobilização de β-
enzima solúvel ou imobilizada galactosidase de Aspergillus oryzae: por
Existem basicamente duas formas de adsorção em celite, por ligação covalente
utilização de β-galactosidase, seja para em quitosana e por formação de agregados
hidrólise da lactose ou síntese de GOS: na com ligações cruzadas. Os autores
forma solúvel (livre) e imobilizada, concluíram que a formação de ligação
normalmente operando em processos de covalente da enzima em quitosana foi mais
batelada e contínuo, respectivamente apropriada para a síntese de oligossa-
(Haider e Husain, 2009). carídeos, enquanto a adsorção e formação
A opção de imobilização é principalmente de agregados foram mais adequadas para a
induzida pela facilidade de controle da hidrólise de lactose.
reação e possibilidade de reutilização do Uma técnica para produção de não-
sistema, além de aumentar a estabilidade monossacarídeos e galactooligossacarídeos
do biocatalizador em questão e permitir o de alta pureza, a partir de lactose, foi
escalonamento industrial (Carvalho et al., desenvolvida utilizando β-galactosidase de
2006; Neri et al., 2009). Penicillium expansum imobilizada em
Verifica-se na literatura um grande número alginato de cálcio juntamente com células
de publicações visando a produção de GOS de Saccharomyces cerevisiae ou
e hidrólise da lactose, contemplando Kluyveromyces lactis neste suporte. Neste
diferentes matrizes e técnicas, tais como: caso, o GOS sintetizado, a partir da enzima
cross-linking (Zhang et al., 2006), imobilizada, ficava disponível para
adsorção (Gaur et al., 2006), ligação fermentação pelas leveduras, as quais
covalente (Fai et al., 2014; Marín-Navarro consumiam a glicose e galactose remanes-
et al., 2014), ligação iônica (Pessela et al., cente, resultando em aumento de pureza do
2003), encapsulamento (Wu et al., 2010), GOS produzido em até 97,5% (Li et al.,
ultrafiltração (Ebrahimi et al., 2010), e, até 2008).
mesmo, a combinação entre esses métodos Becerra et al. (2001) desenvolveram um
(Ansari e Husain, 2010; Haider e Husain, sistema de biocatálise a partir de células de
2009). Kluyveromyces lactis imobilizada em
Panesar et al. (2010) revisaram de forma alginato de cálcio e constataram que a
abrangente este assunto e ressaltam o atual atividade de β-galactosidase por unidade
interesse e importância em se encontrar um de biomassa celular foi maior com células
método adequado para a imobilização de imobilizadas do que com células livres, no
β-galactosidase, extraída previamente ou mesmo meio de cultura. Estas células

-74-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

imobilizadas foram capazes de hidrolisar, utilizando células viáveis e apresentaram


sem produção simultânea de etanol, rendimento máximo de 14,01 e 15,71% de
aproximadamente 99,5% de lactose a 30 ºC GOS, respectivamente, a partir de 400 g/L
em 30 h. de lactose em pH 7,0 a 30 °C/24 h (Fai et
al., 2014).
2.3. Utilização de células para a Onishi et al. (1995) produziram GOS por
produção de GOS fermentação da lactose a partir de culturas
Assim como a maioria dos compostos de Bacillus circulans, Rhizobium meliloti,
provenientes de processos biotecnológicos, Rhodotorula minuta, Sirobasidium
os GOS podem ser sintetizados de diversas magnum, Sterigmatomyces elviae, entre
maneiras, sendo a fermentação uma opção outros, e obtiveram 57; 42; 67; 63 e 74 g/L
interessante. Neste caso, a síntese destes de GOS total sintetizado, respectivamente,
oligossacarídeos é levada a cabo utilizando partindo de uma concentração inicial de
diretamente micro-organismos (sem extra- lactose de 300g/L à 30 °C/16 h.
ção prévia da β-galactosidase) que Roy et al. (2002) otimizaram a síntese de
produzam esta enzima por fermentação de GOS fermentado por Bifidobacterium
substratos com alta concentração de infantis, a partir da lactose, utilizando
lactose (Goslin et al., 2010; Kim et al., metodologia de superfície de resposta e
2001). alcançaram um máximo de 43% de
A fermentação apresenta como vantagens, rendimento de GOS em relação a concen-
em relação à utilização de enzimas isoladas tração inicial de lactose de 400 g/L. Onishi
em processos biotecnológicos, o fato de e Tanaka (1998) desenvolveram um méto-
não necessitar das etapas de isolamento e do de reciclo celular de Sterigmatomyces
purificação da enzima, as quais podem ser elviae no qual a cultura se manteve viável
onerosas, fastidiosas e demandar muito e estável por 6 ciclos, alcançando um alto
tempo (Goslin et al., 2010; Goulas et al., rendimento de GOS, em torno de 60%, a
2007). partir de uma concentração inicial de
Além do mais, o uso de células viáveis lactose de 360 g/L.
neste tipo de processo pode contribuir com
interessantes funções metabólicas adicio- 2.4. Utilização de células permeabili-
nais, como o consumo dos monossaca- zadas
rídeos glicose e galactose provenientes da Em alguns micro-organismos a β-
reação de transgalactosilação e hidrólise. galactosidase é uma enzima intracelular, o
Estes monômeros não apresentam efeito que resulta em algumas limitações na sua
prebiótico, aumentam o aporte calórico aplicação. Para a obtenção de extratos
deste ingrediente e sua remoção resultam livres destas células faz-se necessário a
em GOS com mair teor de pureza (Park e ruptura das mesmas, o que pode levar à
Oh, 2010; Goulas et al., 2007). inativação enzimática. A permeabilização
Em contrapartida, há a necessidade de se celular é apontada como um método
manter o processo em condições estéreis alternativo neste caso; esta técnica
para que não haja contaminação no sistema modifica a estrutura da membrana do
e o produto de interesse seja efetivamente micro-organismo, diminuindo o conteúdo
acumulado (Goslin et al., 2010; Lee et al., de fosfolipídios e facilitando assim, a
2004). entrada e saída de solutos, tais como a
Contudo, existem poucos estudos na lactose e seus produtos reacionais, ou seja,
literatura nos quais estes oligosscarídeos aumenta a permeabilidade da célula. Outro
transgalactosilados tenham sido produzi- aspecto interessante é que as enzimas
dos por fermentação. Pichia kluyveri e intracelulares, das células permeabilizadas,
Pseudozyma tsukubaensis foram testadas podem ser consideradas “naturalmente”
quanto à capacidade de produção de GOS imobilizadas (Manera et al., 2010; Park e

-75-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Oh, 2010). Kaur et al. (2009) estudaram as mam a sua classificação no conceito atual
variáveis que afetam o processo de de fibras da dieta (Vitetta et al., 2014;
hidrólise da lactose com células permea- Kaur e Gupta, 2002; Roberfroid, 2002).
bilizadas de Kluyveromyces marxianus, Os benefícios da ingestão de galacto-
utilizando brometo de cetiltrimetil amônio oligossacarídeos são o aumento da
como agente permeabilizante, e alcança- população de bifidobactérias no cólon e
ram um máximo de 90,5% de hidrólise por efeito antagônico, supressão da
após 90 minutos à 40 °C. Manera et al. atividade de bactérias putrefativas
(2010) utilizaram uma estratégia sequen- reduzindo a formação de metabólitos
cial de planejamentos para produção de tóxicos (Montilla et al., 2015; Neri et al,
GOS a partir de células de Kluyveromyces 2009).
marxianus permeabilizadas com isopro- A mudança da microflora intestinal é
panol. Nas condições otimizadas, com uma apontada como responsável pela dimi-
concentração de lactose de 50% (p/v), os nuição de produtos putrefativos nas fezes,
autores constataram rendimento e produti- por diminuir o conteúdo de colesterol no
vidade de 16,5% e 27,6 g/L.h, respecti- sangue e reduzir a incidência de câncer
vamente. Onishi et al. (1996) investigaram colorretal (Bruno-Barcena e Azcarate-
a produção de GOS empregando células de Peril, 2015; Chong et al., 2014; Vitetta et
Sirobasidium magnum, permeabilizadas al., 2014). Também demonstram benefí-
com tolueno, obtendo rendimento de 37% cios derivados da sua atividade antiade-
a partir de uma solução de lactose de 360 siva, visto que inibem infecções por
g/L em 42 h à 50 °C. patógenos entéricos impedindo a adesão
destes micro-organismos às células
3. Efeitos benéficos à saúde epiteliais gastrointestinais (Rastall e
A característica prebiótica dos GOS é Gibson, 2015; Giese et al., 2011). É
amplamente estudada e corroborada na relatado, ainda, efeito protetor contra
literatura sob diversas condições experi- infecções no trato urogenital (Sousa et al.,
mentais in vitro e in vivo (Ooi e Liong, 2011; Mussatto e Mansilha, 2007).
2010; Veereman-Wauters, 2005; Tzortzis Vários relatos sugerem também que os
et al., 2005). O critério para se definir um GOS, dentre outros carboidratos não
prebiótico são: resistência à digestão no digeríveis, estimulam e aumentam a
intestino delgado, hidrólise e fermentação absorção de cálcio e minerais no intestino.
pelas bactérias desejáveis no cólon e Este efeito consiste na produção de ácidos
estimulação seletiva do crescimento desta graxos de cadeia curta, resultante da
mesma microflora, ou efeito bifidogênico fermentação no intestino grosso, uma vez
(Chong, 2014; Péris e Gimeno, 2008; que eles estimulam a proliferação de
Barreteau et al., 2006). células do epitélio do intestino e reduzem o
O mecanismo de atuação fisiológica dos pH luminal (Rastall, 2013; Santos et al.,
prebióticos ocorre da seguinte maneira: 2011; Scholz-Ahrens et al., 2007).
assim como as demais fibras da dieta, são
resistentes à digestão na parte superior do 4. Propriedades e aplicação na indústria
trato intestinal, sendo subsequentemente Os GOS disponíveis comercialmente são
fermentados no cólon (Michelon et al., compostos por vários tipos de misturas de
2014; Rastall, 2013; Tungland e Meyer, oligossacarídeos transgalactosilados mes-
2002). Exercem, então, um efeito de clados à lactose, glicose e galactose
aumento de volume, como consequência resultantes do processo de síntese e
do aumento da biomassa microbiana hidrólise (Li et al., 2008). De forma geral,
resultante de sua fermentação, promo- os oligossacarídeos são solúveis em água,
vendo, ainda, um aumento na frequência levemente doces e equivalem de 30 a 60%
de evacuações, efeitos estes que confir- à doçura da sacarose. O grau de doçura é

-76-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

dependente da estrutura química e da comercialmente disponíveis. Alimentos


massa molar dos oligossacarídeos, bem infantis e especiais para idosos e imuno-
como da concentração de mono e deficientes são também adequados para a
dissacarídeos presentes na mistura. Quanto aplicação de GOS, pois estes indivíduos
maior a peso molecular, menor a doçura são mais suscetíveis a alterações no
(Playne e Crittenden, 2009; Mussatto e equilíbrio intestinal (Montilla et al., 2015;
Mancilha, 2007). Sako et al., 1999).
Os GOS podem ser usados largamente na Geralmente, os GOS são comercializados
produção de doces, massas, pães e geléias, como xaropes transparentes ou em pó e se
haja vista que são termo e quimicamente apresentam como misturas com diversos
estáveis em uma ampla faixa de pH; graus de polimerização junto à lactose,
Resistem a 160 °C por 10 min em pH glicose e galactose residuais, porém,
neutro ou a 120 °C por igual tempo em pH informações detalhadas sobre o processo
3 e em pH 2 chegam a resistir até a 100 °C de fabricação destes oligossacarídeos são
por 10 min. Nesta condição adversa a escassas. Ainda que utilizem enzimas de
degradação da sacarose ulrapassaria 50% fontes microbianas distintas (Aspergillus
(Martins e Burkert, 2009; Sako et al., oryzae, Cryptococcus laurentii, B.
1999). Uma vez que os GOS estão circulans, Bifidobacterium bifidum, entre
presentes no leite humano algumas outros) o que é relatado acerca do
empresas têm utilizado estes oligossa- fluxograma de processamento de GOS por
carídeos como aditivos em formulações estas indústrias, é semelhante (Tzortzis e
infantis no intuito de mimetizar o efeito Vulevic, 2009). A concentração inicial de
bifidogênico comprovado no leite materno lactose varia entre 20 a 40% (w/v) a qual é
aos demais produtos para esta faixa etária incubada com a enzima em reator de
(Bruno-Barcena e Azcarate-Peril, 2015; batelada ou contínuo até o ponto ótimo de
Schwab e Ganzle, 2011). conversão de lactose em GOS ser
Ao contrário do amido e dos monossa- alcançado. A solução é então descolorida,
carídeos, os oligossacarídeos não são desmineralizada e submetida a uma etapa
fermentados pela microflora bucal para de separação dos monossacarídeos para
formar ácidos e poliglucanas, sendo então purificação do produto. A solução resul-
utilizados como açúcares de baixa cario- tante é concentrada usualmente até 67-75%
genicidade em confeitos, gomas de mascar, de sólidos totais. Parte destes processos e
iogurtes e bebidas (Mussatto e Mancilha, outros para a produção de GOS estão
2007). Como tampouco são digeríveis protegidos por patentes de invenção
pelas enzimas digestivas, são açúcares de (Playne e Crittenden, 2009).
baixo valor calórico e podem ser aplicados Apesar de apresentarem interessantes
em alimentos para diabéticos, podendo características físico-químicas, não há
ainda ser utilizados em conjunto com dúvidas de que o principal interesse do uso
edulcorantes artificiais, como aspartame e dos oligossacarídeos prebióticos como
fenilalanina, mascarando o sabor indese- ingredientes nos alimentos se deve às suas
jável produzido por alguns destes adoçan- propriedades fisiológicas. Assim, à medida
tes (Michelon et al., 2014; Playne e que os diversos efeitos benéficos dos GOS
Crittenden, 2009). Dentre muitos produtos são cientificamente esclarecidos e
nos quais é possível a adição de GOS, o deslocados para diante, uma maior
pão é um alimento extremamente demanda por estes produtos é evidenciada
apropriado, pois durante a fermentação e o (Roberfroid, 2007; Nakakuki, 2002).
cozimento os GOS não são degradados e
ainda favorecem o sabor e textura do 5. Perspectivas e avanços futuros
mesmo. Produtos lácteos fermentados são As recentes comprovações científicas
outros bons exemplos e estes já estão estreitando a relação entre dieta e saúde,

-77-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

aliada à maior expectativa de vida e a otimização da síntese de GOS, estimula


valorização do consumidor por alimentos também o setor industrial a aplicar recur-
saudáveis trouxeram um novo desafio para sos para a produção destes compostos.
a indústria de alimentos: o de se adaptar à Assim, estima-se que haja um aumento
era da nutrição otimizada. expressivo da aplicação destes ingredientes
Consoantes aos aspectos acima mencio- bioativos, em alimentos de consumo usual
nados há uma ampla variedade de aplica- e em produtos específicos, em um futuro
ções para os GOS como ingredientes a próximo.
serem exploradas na indústria de alimen-
tos, permitindo agregar benefícios nutrício-
7. Referências bibliográficas
nais e sensoriais a alimentos já existentes e
Ait-Aissa, A.; Aider, M. 2014. Lactulose: production and
novos produtos. use in functional food, medical and pharmaceutical
A receita estimada do mercado global de applications. Practical and critical review. International
alimentos funcionais para o ano de 2013 Journal of Food Science and Technology 49: 1245-
1253.
foi de aproximadamente US$ 175,00 Ansari, S.A.; Husain, Q. 2010. Lactose hydrolysis by β-
bilhões de dólares. Com uma taxa de galactosidase immobilized on concanavalin A-
cellulose in batch and continuous mode. Journal of
crescimento médio anual de 15% do mer- Molecular Catalysis B: Enzymatic 63: 68-74.
cado mundial de alimentos funcionais, a Barreteau, H.; Delattre, C.; Michaud, P. 2006. Production
previsão é de que em 2015 os alimentos of oligosaccharides as promising new food additive
generation.Food Technology and Biotechnology 44(3):
funcionais movimentem US$ 230,00 323-333.
bilhões de dólares (Business Wire, 2014). Becerra, M.; Baroli, B.; Fadda, A.M.; Mendez, J.B.;
A projeção do segmento para ingredientes Gonzalez Siso, M I. 2001. Lactose bioconversion by
calcium-alginate immobilization of Kluyveromyces
prebióticos, elaborada nos Estados Unidos, lactis cells. Enzyme and Microbial Technology 29:
indica que este mercado está crescendo a 506-512.
Bicas, J.L.; Silva, J.C.; Dionísio, A.P.; Pastore, G. M.
uma taxa anual média de 5,2% de 2013 a 2010. Biotechnological production of bioflavors and
2019. O mercado foi avaliado em US$ functional sugars. Ciência e Tecnologiade Alimentos
11,16 bilhões de dólares em 2012, devendo 30(1): 7-18
Business Wire. 2014. Research and Markets: Global
alcançar US$ 15,90 bilhões em 2019 Functional Food and Nutraceuticals Market 2013-2018
(Transparency Market Research, 2014). - Analysis of the $175 Billion Industry, publicado on-
Alimentos, saúde e biotecnologia já se line em14 de abril de 2014. Disponível em:
http://www.businesswire.com/news/home/2014041400
apresentam no presente e assim persistirão, 5944/en/Research-Markets-Global-Functional-Food-
como um trinômio indissociável e essen- Nutraceuticals-Market#.VHvS-THF9qU.
Blundell, J. 2010. Making claims: functional foods for
cial para que a indústria atenda as managing appetite and weight. Nature Reviews
exigências de uma sociedade que busca por Endocrinology 6: 53-56.
uma alimentação mais saudável e novos Bruno-Barcena, J.M.; Azcarate-Peril, M.A. 2015. Galacto-
oligosaccharides and colorectal cancer: feeding our
modos de vida. intestinal probiome. Journal of Functional Foods 12:
92-108.
Carvalho, W.; Canilha, L.; Silva, S.S. 2006. Uso de
6. Considerações finais biocatalisadores imobilizados: uma alternativa para a
As forças condutoras que promovem a condução de bioprocessos. Revista Analytica 23: 60-
constante pesquisa por processos eficientes 70
Cardelle-Cobas, A.; Corzo, N.; Olano, A.; Peláez, C.;
para a produção de ingredientes bioativos Requena, T.; Ávila, M. 2011. Galactooligosaccharides
incluem as exigências de uma sociedade derived from lactose and lactulose: Influence of
que entende o papel primordial da structure on Lactobacillus, Streptococcus and
Bifidobacterium growth. International Journal of Food
alimentação na manutenção da saúde e Microbiology 149: 81-87.
prevenção de doenças. Os efeitos fisioló- Chen, C.S.; Hsu, C.K.; Chiang, B.H. 2002. Optimization of
gicos dos GOS, e demais oligossacarídeos, the enzymic process for manufacturing low-lactose
milk containing oligosaccharides. Process
certamente continuarão a ser elucidados Biochemistry 38: 801-808.
em ensaios in vitro e in vivo nos próximos Chong, E.S.L. 2014. A potential role of probiotics in
colorectal cancer prevention: review of possible
anos. A combinação desta acepção, aliada mechanisms of action. World Journal of Microbiology
ao crescente número de estudos visando a and Biotechnology 30: 351–374.

-78-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Delgado, G.T.C.; Tamashiro, W.M.S.C.; Pastore, G.M. with calcium alginate entrapped enzyme. Chemical
2010. Immunomodulatory effects of fructans. Food Engineering and Processing 48: 576-580.
Research International 43: 1231-1236. Huber, R.E.; Kurz, G.; Wallenfels, K.A. 1976. Quantitation
Dwevedi, A.; Kayastha, A.M. 2009. Optimal of the factors which affect the hydrolase and
immobilization of β-galactosidase from Pea (PsBGAL) transgalactosylase activities of β-galactosidase (E.
onto Sephadex and chitosan beads using response coli) on lactose. Biochemistry 15(9): 1994–2001.
surface methodology and its applications. Bioresource Intanon, M.; Arreola, S.L.; Pham, N.H.; Kneifel, W.;
Technology 100: 2667-2675. Haltrich, D.; Nguyen, T.H. 2014. Nature and
Dwivedi, S.; Sahrawat, K.; Puppala, N.; Ortiz, R. 2014. biosynthesis of galacto-oligosaccharides related to
Plant prebiotics and human health: Biotechnology to oligosaccharides in human breast milk. FEMS
breed prebiotic-rich nutritious food crops. Electronic Microbiology Letters 353: 89-97.
Journal of Biotechnology 17: 238–245. Jovanovic-Malinovska, R.; Kuzmanova, S.; Winkelhausen,
Ebrahimi, M.; Placido, L.; Engel, L.; Ashaghi, K.S.; E. 2015. Application of ultrasound for enhanced
Czermak, P A. 2010. novel ceramic membrane reactor extraction of prebiotic oligosaccharides from selected
system for the continuous enzymatic synthesis of fruits and vegetables. Ultrasonics Sonochemistry 22:
oligosaccharides. Desalination 250: 1105-1108. 446-453.
Fai, A.E.C.; Silva, J.B.; Andrade, C.J.; Bution, M.L.; Kaur, G.; Panesar, P.S.; Bera, M.B.; Kumar, H. 2009.
Pastore, G.M. 2014. Production of prebiotic Hydrolysis of whey lactose using CTAB-
galactooligosaccharides from lactose by Pseudozyma permeabilized yeast cells. Bioprocess and Biosystems
tsukubaensis and Pichia kluyveri. Biocatalysis and Engineering 32: 63-67.
Agricultural Biotechnology 03: 343-350. Kaur, N.; Gupta, A.K. 2002. Applications of inulin and
Fai, A.E.C.; Stamford, T.C.M.; Stamford, T.L.M. ; oligofructose in health and nutrition. Journal of
Kawaguti, H.Y.; Thomazelli, I.; Pastore, G. M. 2014. Biosciences 27: 703-714.
Synthesis of galactooligosaccharides from lactose by Kim, J.H.; Lee, D.H.; Lee, J.S. 2001. Production of
β- galactosidase immobilized on glutaraldehyde- Galactooligosaccharide by β-Galactosidase from
treated chitosan. In: Campana Filho, S.C.; Beppu, Kluyveromyces maxianus var lactis OE-20.
M.M.; Fiamingo, A. (Editores.). Advances in Chitin Biotechnology and Bioprocess Engineering 6: 337-
Science XIV (1aed), editora IQSC, São Carlos. 340.
Frenzel, M.; Zerge, K.; Clawin-Radecker, I.; Lorenzen, Lee, Y.J.; Kim, C.S.; Oh, D.K. 2004. Lactulose production
P.C. 2015. Comparison of the galactooligosaccharide by β-galactosidase in permeabilized cells of
forming activity ofdifferent b-galactosidases. LWT - Kluyveromyces lactis. Applied Microbiology and
Food Science and Technology 60: 1068-1071. Biotechnology 64: 787-793.
García-Cayuela,T.; Díez-Municio, M.; Herrero, M. 2014. Li, Z.; Xiao, M.; Lu, L.; Li, Y. 2008. Production of non-
Selective fermentation of potential prebiotic lactose- monosaccharide and high-purity galactooligosaccha-
derived oligosaccharides by probiotic bacteria, rides by immobilized enzyme catalysis and
International Dairy Journal 38: 11-15. fermentation with immobilized yeast cells. Process
Gaur, R.; Pant, H.; Jain, R.; Khare, S.K. 2006. Galacto- Biochemistry 43: 896-899.
oligosaccharide synthesis by immobilized Aspergillus Mahoney, R. R. 1998. Galactosyl-oligosaccharide forma-
oryzae β-galactosidase. Food Chemistry 97: 426-430. tion during lactose hydrolysis: a review. Food
Giese, E.C.; Hirosi, T.; Silva, M.L.C.; Silva, R.; Barbosa, Chemistry 63: 147-154.
A.M. 2011. Produção, propriedades e aplicações de Mahoney, R.R. 2003. β-Galactosidase In: Whitaker, J.R.;
oligossacarídeos. Semina: Ciências Agrárias 32(2): Voragen, A.G.J.; Wong, D.W.S. (Eds). Handbook of
683-700. Food Enzymology, Edit. Marcel Dekker, Inc, NY.
Goslin, A.; Stevens, G.; Barber, A.R.; Kentish, S.E.; Gras, Manera, A. P.; Costa, F. A. A.; Rodrigues, M. I.; Kalil, S.
S.L. 2010. Recent advances refining galactooligo- J.; Maugeri Filho, F. 2010. Galacto-oligosaccharides
saccharide production from lactose. Food Chemistry Production using permeabilized cells of
121 (2): 307-318. Kluyveromyces marxianus. International Journal of
Gosling, A.; Alftrén, J.; Stevens, G.W.; Barber, A.R.; Food Engineering 6(6): 1556-3758.
Kentish, S.E.; Gras, S.L. 2009. Facile pretreatment of Marín-Navarro, N.; Talens-Perales, D.; Oude-Vrielink, A.;
Bacillus circulans β-Galactosidase increases the yield Cañada, F.J.; Polaina, J. 2014. Immobilization of
of galactosyl oligosaccharides in milk and lactose thermostable b-galactosidase on epoxy support and its
reaction systems. Journal of Agricultural and Food use for lactose hydrolysis and galactooligosaccharides
Chemistry 59(7): 3366-3372. biosynthesis. World Journal of Microbiology and
Goulas, A.; Tzortzis, G.; Gibson, G.R. 2007. Development Biotechnology 30: 989-998.
of a process for the production and purification of α- Martins, A; R, Burkert, C.A.V. 2009. Revisão galacto-
and β-galactooligosaccharides from Bifidobacterium oligossacarídeos (GOS) e seus efeitos prebióticos e
bifidum NCIMB 41171. International Dairy Journal bifidogênicos. Brazilian Journal of Food Technology
17: 648-656. 12(3): 230-240.
Granato, D.; Branco, G.F.; Nazzaro, F.; Cruz, A.G.; Faria, Michelon, M.; Manera, A.P.; Carvalho, A.L.; Filho, F.M.
J.A.F. 2010. Functional foods and nondairy probiotic 2014. Concentration and purification of galacto-
food development: trends, concepts, and products. oligosaccharides using nanofiltration membranes.
Comprehensive Reviews in Food Science and Food International Journal of Food Science and Technology
Safety 9: 292-302. 49: 1953-1961.
Grosová, Z.; Rosenberg, M.; Rebros, M. 2008. Montilla, A.; Megías-Pérez, R.; Olano, A.; Villamiel, M.
Perspectives and applications of immobilized β- 2015. Presence of galactooligosaccharides and
galactosidase in food industry – a review. Czech. furosine in special dairy products designed for elderly
Journal Food Sciences 26 (1): 1-14. people. Food Chemistry 172: 481-485.
Haider, T.; Husain, Q. 2009. Hydrolysis of milk/whey Mussatto, S.I.; Mancilha, I.M. 2007. Non-digestible
lactose by β-galactosidase: a comparative study of oligosaccharides: a review. Carbohydrate Polymers,
stirred batch process and packed bed reactor prepared 68(3): 587-597.
-79-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Nakakuki, T. 2002. Present status and future of functional Roberfroid, M.B. 2002. Functional food concept and its
oligosaccharide development in Japan. Pure and application to prebiotics. Digestive and Liver Disease
Applied Chemistry 74(7): 1245–1251. 34(2): 105-110.
Neri, D.F.M.; Balcão, V.M.; Costa, R.S.; Rocha, I.C.A.P.; Rodriguez-Colinas, B.; Fernandez-Arrojo, L.; Ballesteros,
Ferreira, E.M.F.C.; Torres, D.P.M.; Rodrigues, A.O.; Plou, F.J. 2014. Galactooligosaccharides
L.R.M.; Carvalho Júnior, L.B.; Teixeira, J.A. 2009. formation during enzymatic hydrolysis of lactose:
Galacto-oligosaccharides production during lactose Towards a prebiotic-enriched milk, Food Chemistry
hydrolysis by free Aspergillus oryzae β-galactosidase 145: 388–394.
and immobilized on magnetic polysiloxane-polyvinyl Roy, D.; Daoudi, L.; Azaola, A. 2002. Optimization of
alcohol. Food Chemistry 115: 92-99. galacto-oligosaccharide production by Bifidobacterium
Onishi, N., Yamashiro, A., Yokozeki, K. 1995. Production infantis RW-8120 using response surface
of galactooligosaccharide from lactose by methodology. Journal of Industrial Microbiology &
Sterigmatomyces elviae CBS8119. Applied and Biotechnology 29: 281-285.
Environmental Microbiology 61: 4022-4025. Rustom, I.Y.S; Foda, M.I.; López Leiva, M.H. 1998.
Onishi, N.; Kira, I.; Yokozeki, K. 1996. Galacto- Formation of oligosaccharides from whey UF-
oligosaccharide production from lactose by permeate by enzymatic hydrolysis: analysis of factors.
Sirobasidium magnum CBS6803.Letters in Applied Food chemistry 62(2): 141-147.
Microbiology 23: 253-256. Sako, T.; Matsumoto, K.; Tanaka, R. 1999. Recent
Onishi, N.; Tanaka, T. 1998. Galacto-oligosaccharide progress on research and applications of non-digestible
production using a recycling cell culture of galacto-oligosaccharides. International Dairy Journal
Sterigmatomyces elviae CBS8119. Letters in Applied 9: 69-80.
Microbiology 26: 136-139. Santos, E.F.; Tsuboi, K.H.; Araújo, M.R.; Andreollo, N.A.;
Ooi, L.G.; Liong, M.T. 2010. Cholesterol-lowering effects Miyasaka, C.K. 2011. Influência da dieta com
of probiotics and prebiotics: a review of in vivo and in galactooligossacarídeos sobre a absorção de cálcio em
vitro findings. International Journal of Molecular ratos normais e gastrectomizados. Revista do Colégio
Sciences 11: 2499-2522. Brasileiro de Cirurgiões 38(3): 186-191.
Otieno, D.O. 2010. Synthesis of β-galactooligosaccharides Santos, R.; Simiqueli, A.P.R.; Pastore, G.M. 2009.
from lactose using microbial β-galactosidases. Produção de galactooligossacarídeo por Scopulariopis
Comprehensive Reviews in Food Science and Food sp. Ciência e Tecnologia de Alimentos 29(3): 682-689.
Safety 9: 471-482. Scholz-Ahrens, K.E.; Ade, P.; Marten, B.; Weber, P.;
Panesar, S.; Kumari, S.; Panesar, R. 2010. Potential Timm, W.; Açil, Y.; Gluer, C.C.; Schrezenmeir, J.
applications of immobilized β-galactosidase in food 2007. Prebiotics, probiotics, and synbiotics affect
processing industries. Enzyme Research 2010: 473137, mineral absorption, bone mineral content, and bone
16p. doi:10.4061/2010/473137. structure. Journal of Nutrition 137: 838S-46S.
Park, A.R, Oh, D.K. 2010. Galacto-oligosaccharide Schwab, C.; Ganzle, M. 2011. Lactic acid bacteria
production using microbial β-galactosidase: current fermentation of human milk oligosaccharide
state and perspectives. Applied Microbiology and components, human milkoligosaccharides and
Biotechnology 85: 1279-1286. galactooligosaccharides. FEMS Microbiology Letters
Péris, P.G.; Gimeno, C.V. 2007. Evolución en el 315: 141-148.
conocimiento de la fibra. Nutrición Hospitalaria 22 Sousa, V.M.C.; Santos, E.F.; Sgarbieri, V.C. 2011. The
(2): 20-25. importance of prebiotics in functional foods and
Pessela, B.C.C.; Fernádez-Lafuente, R.; Fuentes, M.; Vián, clinical practice. Food and Nutrition Sciences 2: 133-
L.; García, J.L.; Carrascosa, A.V.; Mateo, C.; Guisánb, 144.
J.M. 2003. Reversible immobilization of a Torres, D.P.M.; Gonçalves, M.P.F.; Teixeira, J.A.;
thermophilic β-galactosidase via ionic adsorption on Rodrigues, L.R. 2010. Galacto-oligosaccharides:
PEI-coated Sepabeads. Enzyme and Microbial production, properties, applications, and significance
Technology 32: 369-374. as prebiotics. Comprehensive Reviews in Food
Petrova, V.Y.; Kujumdzieva, A.V. 2010. Thermotolerant Science and Food Safety 9: 438-454.
yeast strains producers of galactooligosaccharides. Transparency Market Research. 2014. Prebiotics Market
Biotechnology & Biotechnological Equipment 24(1): Will Flourish in the Forthcoming Years, publicado on-
1612-1619. line em 25 de novembro de 2014. Disponível em:
Playne, M.J.; Crittenden, R.G. 2009. Galacto- http://www.transparencymarketresearch.com/article/pr
oligosaccharides and other products derived from ebiotics.htm.
lactose. In: Lactose, Water, Salts and Minor Tungland, B. C.; Meyer, D. 2002. Nondigestibleoligo- and
Constituents. Editora: Springer, Nova York. polysaccharides (dietary fiber): their physiology and
Rastall, R. A. 2004. Bacteria in the gut: Friends and foes role in human health and food. Comprehensive
and how to alter the balance. Journal of Nutrition Reviews in Food Science and Food Safety 1(3): 90-
134(8): 2022S–2026. 109.
Rastall, R. A. 2013. Gluco and galacto-oligosaccharides in Turgeon, S.L.; Rioux, L.E. 2011. Food matrix impact on
food: update on health effects and relevance in healthy macronutrients nutritional properties. Food
nutrition. Current Opinion in Clinical Nutrition & Hydrocolloids 25: 1915-1924.
Metabolic Care: 16(6): 675-678. Tzortzis, G.; Goulas, A.K.; Gee, J.M.; Gibson, G.R. 2005.
Rastall, R. A.; Gibson G.R. 2015. Recent developments in A novel galactooligosaccharide mixture increases the
prebiotics to selectively impact beneficial microbes bifidobacterial population numbers in a continuous in
and promote intestinal health. Current Opinion in vitro fermentation system and in the proximal colonic
Biotechnology 32: 42-46. contents of pigs in vivo. J. of Nutrition 135: 726-1731.
Roberfroid, M. 2007. Prebiotics: The Concept Revisited. Tzortzis G., Vulevic J. 2009. Galacto-oligosaccharide
Journal of Nutrition 137: 830-837. prebiotics. Em: Prebiotics and probiotics science and
technology. Nova York: Springer.

-80-
A.E.C. Fai y G.M. Pastore / Scientia Agropecuaria 6 (1) 69 – 81 (2015)

Veereman-Wauters, 2005. G. Application of prebiotics in Whelan, K. 2014. Prebiotics and gastrointestinal health. In
infant foods. British Journal of Nutrition 93: 57-60. Advanced Nutrition and Dietetics in Gastroenterology
Vitetta, L.; Briskey, D.; Alford, H.; Hall, S.; Coulson, S. (Ed. M. Lomer). John Wiley & Sons, Ltd., Oxford.
2014. Probiotics, prebiotics and the gastrointestinal Wu, Z.; Dong, M.; Lu, M.; Li, Z. 2010. Encapsulation of β-
tract in health and disease. Inflammopharmacol 22: galactosidase from Aspergillus oryzae based on “fish-
135–154. in-net” approach with molecular imprinting technique.
Wallenfels, K.; Malhotra, O. P. 1961. Galactosidases. J. of Molecular Catalysis B: Enzymatic 63: 75-80.
Advances in Carbohydrate Chemistry 16: 239-298. Zhang, J.; Zeng, J.; Zhang, Y.; Wang, Y.; Wang, Y. 2006.
Wallenfels, K. 1951. Enzymatische synthese von oligosa- Immobilization of ß-galactosidase on tamarind gum
cchariden aus disacchariden. Naturwissenschaften 38 and chitosan composite microspheres. Journal of
(13): 306-307. Bioactive and Compatible Polymers 21: 415-432.

-81-

También podría gustarte