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BARROCO
Introdução
O Barroco foi o estilo artístico dominante na Europa durante o século XVII e a primeira metade do
século XVIII. Houve, no Brasil colonial, dois Barrocos: o baiano, com manifestações literárias e artísticas no
século XVII, e o mineiro, predominantemente na arquitetura e nas artes plásticas, no século XVIII.
Situação Histórica
Em 1580, ano da morte de Camões, ocorre a unificação ibérica, e Portugal passa a ser dominado pelos
espanhóis. Felipe II, da Espanha, era o herdeiro mais próximo do rei D. Sebastião, morto em 1578.
O domínio espanhol durou até 1640. Por 60 anos Portugal experimentou um descompasso com o que
ocorria no resto da Europa, pois não acompanhou as descobertas científicas ocorridas entre os séculos XVII e
XVIII. O país permaneceu mergulhado no obscurantismo medieval e, por extensão, também o Brasil, que, como
colônia portuguesa, se pautava pelo modelo da metrópole. O Barroco brasileiro foi “crioulizado”, isto é,
misturou a tendência europeia com a visão local, nativista.
No Brasil, o panorama que se desenrola no século XVII é o das transformações econômicas
provocadas pela atividade açucareira. As invasões holandesas na região Nordeste também apontam grande
mudanças culturais.
a) Cultismo –– jogo de palavras visando à valorização da forma do texto. Observe o extremo cuidado formal
que leva o poeta a engendrar um esquema no qual o final de cada verso repete-se no início do seguinte:
Ofendi-vos, Meu deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinquido, hei delinquido: pequei.
Delinquido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade. delinquir: cometer falta, delito.
(Gregório de Matos)
b) Conceptismo –– ocorre sobretudo na prosa; corresponde ao jogo de ideias, à organização da frase com
uma lógica que visa a convencer e a ensinar.
Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e
é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelhos e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz.
Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.
(Pe. Antônio Vieira)
Temas mais frequentes da literatura barroca
a) fugacidade da vida e das coisas;
b) morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
c) concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
d) castigo, como decorrência do pecado;
e) arrependimento;
f) narração de cenas trágicas;
g) erotismo;
h) sobrenatural;
i) misticismo;
j) apelo à religião.
O BARROCO BRASILEIRO
O Barroco entre nós iniciou-se em 1601, com o poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira (1560-
1618). Atingiu o seu apogeu com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira. No
século XVIII, entrou em decadência, terminando em 1768 com a publicação das Obras, de Cláudio Manuel da
Costa.
AUTORES POESIA
GREGÓRIO DE MATOS
(SALVADOR, 1636-1696)
Gregório de Matos Guerra passou para a história da literatura brasileira como poeta maldito.
Conhecido na Bahia como o “Boca do Inferno”, fez jus a esse apelido devido à ácida crítica que fazia à sociedade
de seu tempo por meio de sua poesia satírica, não poupando nem aristocratas, nem o clero, nem mulheres.
Coexistem em sua obra tendências bastante variadas:
poemas satíricos de crítica ao meio social
poemas líricos resultantes de paixões momentâneas
lírica sacra, resultante da reflexão religiosa
Mesmo na diversidade em que navegou esse poeta – muitas vezes acusado de plagiador dos espanhóis
Quevedo e Gôngova – , é considerado o verdadeiro fundador da nossa literatura.
POESIA SATÍRICA
A poesia satírica de Gregório de Matos valeu-lhe o apelido “Boca do Inferno”. O poeta dirigiu-se,
principalmente, à sociedade baiana: seus governantes, corruptos, padres, aproveitadores etc.
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa.
SONETO
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
POESIA LÍRICO-AMOROSA
A poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é fortemente marcada pelo contraste, a identificação
entre os opostos, característico do Barroco. A noção de pecado é muito forte; a mulher é, por um lado, um anjo
e, por outro, demoníaca. Ele insiste na imagem imposta pela ideologia católica, confundindo o amor e o encanto
com sedução pecaminosa.
Pondera agora com mais atenção a
formosura de D. Ângela
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida, me incitava e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi, por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:
POESIA SACRA
O senso do pecado foi o que mais se ressaltou na obra sacra de Gregório de Matos. Um terror
permanente em face da morte e da fragilidade do homem se revela. A poesia sacra segue uma trajetória
autobiográfica. Inicialmente, zombou da Igreja. Estando próximo da morte, arrependeu-se e retornou à doutrina
cristã.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
OBRAS PRINCIPAIS:
SERMÕES
Sermão da Sexagésima.
Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda.
Sermão de Santo Antônio aos peixes
Sermão do Bom Ladrão.
Sermão da Quarta-Feira de Cinzas
PROFECIAS
Histórias do Futuro
Esperanças de Portugal
(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos [a causa de não frutificar a palavra de Deus?]
um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda a parte
e a toda a natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar ao semear, porque
o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte. Nas outras artes tudo é arte; na música tudo se faz
por compasso, na arquitetura tudo se faz por regra, na aritmética tudo se faz por conta, na geometria tudo se faz
por medida. O semear não é assim. É uma arte sem arte; caia onde cair... Ia o trigo caindo e nascendo.
Assim há de ser o pregar. Hão de cair as coisas e hão de nascer, tão naturais que vão caindo, tão
próprias que venham nascendo(...)
Quem semeia ventos, colhe tempestades. Se os pregadores semeiam ventos, se o que se prega é
vaidade, se não se prega a palavra de Deus, como não há a Igreja de Deus de correr tormenta, em vez de colher
fruto?
Desenvolvendo Competências
1. (Enem)
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil
tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do
Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas, (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente
religiosa, sua obra revela
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidade do reinado nas obras divinas.
2. Leia:
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te".
Conforme sugere o excerto acima, o poeta barroco não raro expressa:
a) medo de ser infeliz; uma imensa angústia em face da vida, a que não consegue dar sentido; a desilusão
diante da falência de valores terrenos e divinos.
b) consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o sentimento de nulidade diante do poder divino.
c) a percepção de que não há saídas para o homem; a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça
espiritual.
d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela à vontade de fruir até as últimas consequências o lado
material da vida.
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu destino e à vida na terra.
3. Leia:
“Filhós, fatias, sonho, mal assadas,
Galinhas, porco, vara e mais carneiro,
Os perus em poder do Pasteleiro,
Esguichar, deitar pulhas1, laranjadas. 1 - zombarias
4. (Enem)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
5. (FUVEST-SP)
"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria."
Gabarito
1. D
2. B
3. B
4. C
5. C
6. D