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CARTA CONSTITUCIONAL a aplicaco de melhoramentos téenicos im- portantes 4 montagem dos carros, junta- mento com a construcao de estradas provi- das de infra-estrutura, 4 volta de Lisboa (estas tiltimas comecando a ser construidas no final do século xvitt), é que o carreiro toma importancia préxima da do almocreve. Os célculos de resisténcia da estrada per- mitiam também estimular o transporte em viaturas de 2 ou 3 cavalos, numa carga util de 500 arrobas, em regime de «locomogao acelerada> (16 km por hora — clculos registados em 1849), Aumenta assim a importancia do carro, Numa estatistica do 1867 aparecem-nos 9272 alugadores de carros propriamente ditos, nao. incluindo portanto os veiculos ligados a lavoura: cons- tituem assim mais de metade dos elementos transportadores (18 332). Estes «melhora- mentos» s6 tém importancia para as deslo- cacées a longa distancia, ficando todo o trabalho regional (de lavoura e outro) entre- gue aos carros tradicionais. Mais tarde, 0 aparecimento da galera, sobretudo no Sul (Ribatejo e Alentejo), continuou a nao des- tronar 0 predominio’do carro, cujo baixo custo, facilidade de manobra e especializa- ¢éo de fabrico relativantente reduzida se ajustavam melhor As condigées técnicas econémicas portuguesas, muito embora o papel daquelo novo elemento nfo seja para desprezar, sobretudo a partir de 1890, Os alugadores de carros continuam assim a aumentar de importancia e no principio do século xx (1903 e 1911) atingem a cifra de 15000. Mas o predominio de qualquer meio de tracefio animal foi completamente anulado pela camionagem, cujo desenvolvi- mento se inicia em Portugal por volta de 1927, (J.B. oe M.] CARTA CONSTITUCIONAL. Lei funda- mental outorgada A nacéo portuguesa por D, Pedro IV*, em 29 de Abril de 1826, no Brasil, cinco dias apés ter. recebido a noti- cia da morte de seu pai, D. Joao VI*. Hist6ria e periodos de vigéncia. A Carta foi trazida para Portugal por Lorde Stuart, que chegou a Lisboa a 2 de Julho de 1826. O acolhimento que teve nao foi dos mais auspiciosos, embora tenha acabado por ser aceite por todos, incluindo o proprio D. Mi- guel*, que a jurou em Viena de Austria. A Carta representa um compromisso entre a doutrina da soberania nacional, adoptada sem restrigdes pela Constituigéo* de 1822, € 0 desejo de reafirmar e defender as prer: rogativas régias. Assim, pela sua natureza moderada, descontentow o Partido Demo- cratico, em que prédominava o radicalismo vintista, e igualmente os partiddrios do ve- Iho regime, o qual tinha ainda, entre nés, fundas raizes, sendo-lhe, alids, favoravel a 494 conjuntura da politica europeia, dominada pelo espirito da Santa Alianca. Em 16 de Julho de 1826 0 general Saldanha*, entio governador interino das armas do’ Porto, dirigiu a infanta-regente uma representacao para que a Carta fosse jurada. Dizia ele: (op. cit. Pp. 222). O segundo periodo de vigéncia ini- ciou-se com a vitéria do Partido Liberal e a saida do Reino de D. Miguel, assente na Convencio de fvora Monte*, de 27 de Maio de 1834. A 15 de Agosto de 1834 reuni- ram-se pela primeira vez as Cortes e a vida constitucional portuguesa comecou a decorrer normalmente, isto 6, segundo as prescricdes da Carta. Este periodo de efectiva vigéncia, porém, durou pouco: terminou com a revo- lugdo de Setembro (9-9-1836), que procla- mou de novo a Constituigio de 1822 como lei fundamental do Pais até se elaborar nova Constitui¢do, 0 que veio a suceder em 1838. O terceiro perfodo de viréncia da Carta iniciou-se com o golpe de Estado do ministro Costa Cabral* que. no Porto. pro- clamou a restauracio da Carta, a 27 de Janeiro de 1842. O decreto que mandou por em vigor a Carta Constitucional é datado de 10 de Fevereiro de 1842 e subscrito pela rainha D. Maria II, com a referenda do duque da Terceira*, de Luis da Silva Mou- zinho de Albuquerque* e de José Jorge Loureiro*, Este terceiro periodo s6 termi- nou com a revolugao republicana de 1910, que aboliu a Carta, &, pois, 0 mais longo lapso de tempo —68 anos— em que um texto constitucional esteve em vigor entre nés. Durante ele a Carta Constitucional sofreu trés revisdes profundas—os Actos ‘Adicionais de 1852, 1885 e 1896. Pode di- zer-se que a Carta Constitucional, com todos os seus defeitos, marcou profundamente a vida constitucional portuguesa, Como escre- veu. Joaquim de Carvalho, ; titulo rt ; titulo vir ‘Da Administracio e Economia das Provin- cias>; titulo vit «Das Disposigdes Ge- rais ¢ Garantias dos Direitos Civis e Poli- ticos dos Cidaddos Portugueses>. Diz-se no preimbulo da Carta: (artigo 4.°) e indica que «continua a Dinastia Reinante da Serenissima Casa de Braganca na Pessoa da Senhora Princesa Dona Maria da Gloria pela abdicacdo e cessao do Seu Augusto Pai o Senhor D, Pedro I imperador do Brasil, Legitimo Herdeiro e Sucessor do Senhor Dom Joao VI» (artigo 5."). Quanto a reli- giao, preceitua que «a Religiao Catélica Apos- télica Romana continuaré a ser a Religiao do Reino» (artigo 6.°). Relativamente aos pode- res e a representacdo nacional, estabelece que (artigo 10.°). & a doutrina célebre, de Montesquieu, da separacao dos poderes como fundamento das garantias individuais. E, quanto aos poderes politicos, introduz a novidade, claramente inspirada em Benja- min Constant, do poder moderador, Diz o artigo 11.°: (repare-se que neste artigo, como, de resto, em varios outros, se chama «Cons- tituicio» a Carta Constitucional!), Eo artigo 12.° refere: Aqui aparece a afirmacdo inequi- voea da soberania exclusiva da Nacio, da qual se deriva 0 proprio poder do rei; na Carta Constitucional o rei aparece como Tepresentante da Nagao por direito proprio 496 e original. Segundo a Carta, «o Poder Le- gislativo compete Ais Cortes com a Sancio do Rei» (artigo 13.°) e é exercido por duas Camaras: a dos Pares e a dos Deputados (artigo 14.°). «A Camara dos Deputados 6 electiva e temporaria» (artigo 34."), sendo os deputados eleitos por (artigo 39.°). Indica’ o artigo 71.°: «O Poder Moderador é a chave de toda a organizacio politica e compete privativa- mente ao Rei, como Chefe Supremo da Na- cdo, para que incessantemente vele sobre a manuten¢do da independéncia, equilibrio e harmonia dos mais Poderes Politicos.» De resto, ) ; 0 direito de seguranca é garantido pelos §§ 6.°, 7.°, 8°, 9°, 10°, 11°, 17.2 e 18.2 do artigo 145. (ex.: <§ 7.° Ninguém poderé ser preso sem culpa formada [...]; ¢ 0 direito de pro- priedade & garantido pelos §§ 21.°, 22.*, 24.°, 25." e 26.° (ex.: «§ 21.° & garantido o direito de propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem piblico, legalmente verificado, exigir o uso, e emprego da propriedade do cidadao, seré ele préviamente indemnizado do valor dela. A lei marcara os casos, em que ter lugar esta dnica excepcdo, e dard ag regras para se determinar a indemniza- ¢Go.2), Além destes direitos originais e ba- sicos, 0 citado artigo 145.° da Carta indica ainda outros direitos, digamos de contetido social, nos seus paragrafos, Sao eles: 0 di- reito A instrucdo ($§ 30." e 32.°); o direito aos socorros piblicos (§ 29.°); 0 direito de defesa (§§ 27.° e 28.°); e o direito A igual- dade (§§ 12°, 13.°, 14.°, 15.° e 16.°), ainda que o § 31.° garanta , pp, 230 e segs.). Marnoco e Sou reito Potitico, Coimbra, 1910. Luis de Magalhi dicionaliamo © Constituc:onalismo, Porto, 1927. "Trin- dads Coelho, Manual Po'ttico do Cidadéo Portugués 2.4 ed., Porto, 1908, José Tavares, O Poder Governa- mental no Direito’ Constituc:onal Portugués, Co:m- bra, 1910. Documentos para a Histéria das Cortes Gerais da Nagao Portuguesa, Lisboa, Imprensa Ni nal, 1884 (particularmente 6 t. 1). Anén'mo, Mani- fes.o dos Direitos de S. M. Fideiiesima @ Senhora Tra- CARTAGINESES Dona Maria II ¢ Exposi¢do da Questdo Portuguesa, Londres, 1829, Ezame da Conatituicdo de D. Pedro ¢ dos Direitos do D. Miguel, Lisboa, 1829. Inoctn Franeisco da Silva, Diciondr'o Bibliogrdfico Portugu Lisboa, 1859, vol. i, p, 38. CARTA DE FORAL, V. forais. CARTA DE QUITACAO. carta de. CARTAGINESES NO OCIDENTE DA PE- NENSULA. Com a decadéncia de Tiro ante a pressio assiria, Cartago, a colénia de estirpe real fundada no litoral africano em 814, adquire rapidamente a hegemonia politica do mundo fenicio ocidental. O des- cobrimento do empério tartéssico pelos Gre- gos, em fins do século vit, cria uma verda- deira rivalidade comercial, que se agrava com 0 aparecimento dos competidores focen- ses, 05 quais, porque empregam penteconto- ras (navios guerreiros rapidos) no comércio, destroem o tradicional equilfbrio comercial. Perante a expansdo grega, os Cartagineses reforcam as antigas feitorias fenicias na Sicilia e na Sardenha e fundam Ibiza (654 a, C.) com duplo objectivo: dificultar, dentro do possivel, as navegacées gregas pelo sul da Peninsula, para marter o seu monopélio com Tartesso, e assegurar as rotas de navegacao entre Cartago e a Htra- ria, sua melhor cliente. Apesar de todas as previsées, os Focenses entraram em contacto com os reis de Tartesso, que estimularam a concorréncia, Perante tal perigo, as cidades fenicias do Sul e Ocidente da Peninsula pro- curam pela primeira vez a protecedo de Car- tago. A rivalidade comercial culmina com a famosa batalha naval de Adalia (535 a. C.), na qual as frotas pinica e etrusca vencem © poderio naval grego, e, com a decadéncia de Tartesso, Cartago consolida o dominio politico no Ocidente, Cartago vai estimulé-lo com uma inteligente politica de exploracao e colonizacao nas costas atlanticas. Os almi- rantes cartagineses Hanon e Himilcon per- correm © exploram, respectivamente, as cos- tas africanas e as do Atlantico Norte, de uma maneira sistematica, assegurando-se 0 dominio das rotas maritimas a volta do ano 500 a, C. Até o século 1 néo conhecemos em pormenor o verdadeiro dominio carta- ginés, que se deve ter limitado ao aspecto meramente econémico. Durante dois séculos tropas de mercendrios peninsulares alimen- taram os exéreitos eartagineses e 0 ouro e a prata da Peninsula custearam os grandes gastos das dispendiosas aventuras militares cartaginesas na Sicilia, Com a derrota sofrida por Cartago na primeira guerra punica contra Roma vao mudar as condi- 6es do dominio cartaginés ocidental. Car- tago pretendera agora transformar o sev dominio num verdadeiro império territorial 497 V. quitacio,

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