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ANÁLISE

A seguinte análise é composta por duas notícias:

 do Correio do Povo (CP) – “População de rua aumenta em Porto Alegre e políticas


públicas falharam, diz Fasc” de 16/05/2015. Esta notícia chama a atenção para o
elevado índice de pessoas em situação de rua na cidade de Porto Alegre. Segundo a
Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) são 1,3 mil pessoas que vivem
nas ruas na Capital. Ainda, a notícia aponta para uma suposta falha das políticas
públicas.
 do Zero Hora (ZH) – “Novo Plano da prefeitura não atende às principais queixas
da população de rua” de 26/06/2015. O texto trata do lançamento de alguns
programas como o Atenção Pop Rua, que não atende a demanda das pessoas em
situação de rua e algumas delas relataram as suas reinvindicações. Representantes
de várias instâncias políticas compareceram ao evento, como defensores públicos e
representantes da Secretaria de Direitos Humanos.

Quanto à representação de agentes sociais na notícia do Correio do Povo percebemos na


fala de Marcelo Soares, presidente da Fasc, que os funcionários das instituições atuam
“Entramos em ação porque as políticas públicas falharam” e as pessoas em situação de rua são
beneficiadas por tal atividade “[...] foi o que me salvou das drogas”. É dado destaque aos
funcionários, pois os mesmos são nomeados e categorizados, enquanto um cidadão em
situação de rua é apenas nomeado como “Daniel”. O mesmo acontece na notícia do Zero
Hora, como no trecho “[...] o prefeito José Fortunati”.

Observando o gênero discursivo nas duas notícias, nota-se que não houve muitas
mudanças do que é habitual, ambas apresentam título, lead e corpo do texto com algumas
imagens. A intertextualidade é trabalhada a partir das fundamentações propostas por
(Fairclough, 2003, p.218) que diz que “A intertextualidade de um texto é a presença de
elementos de outros textos dentro dele (e então potencialmente outras vozes além da voz do/a
autor/a), os quais podem estar relacionados (discutidos, assumidos, rejeitados) de várias
maneiras”.

Desse modo, para analisar essas marcas intertextuais, é preciso identificar quais textos e
vozes estão excluídas ou inclusas, além de observar essas vozes por meio dos discursos
diretos e indiretos. A relação que tais exercem a voz original também é analisada. Considera-
se que um texto sempre é resultado de outros e as marcas desses textos podem estar explícitas
ou implícitas.

Os intertextos aparecem na notícia do Zero Hora por meio de relatos indiretos


“Entendemos que a falta de moradia dificulta o acesso a outras políticas e ao emprego – disse
o defensor”. Nessa notícia, há ausência de vozes, tanto das pessoas em situação de rua quanto
dos representantes das instituições, o que é um problema. Já na do CP aparece relatos diretos
e indiretos: “Vivemos um caos social. Entramos em ação porque as políticas públicas
falharam, mas o nosso desejo é ter todas entrelaçadas para ressocializar essas pessoas”, afirma
o presidente Marcelo Soares; “Foi dessa forma que o menino que pedia comida e dinheiro na
rua cresceu e foi buscar a sobrevivência”.
Várias palavras aparecem na notícia, entre elas, destacamos as expressões “morador de
rua” e “filho da rua”. Tais escolhas sustentam o estigma e carregam um valor semântico de
preconceito às pessoas em situação de rua. O grande problema está no efeito negativo de dizer
“morador de rua” em vez do termo mais adequado “pessoas em situação de rua”. Segundo
Silva (2009) essa expressão tem o sentido de situação fixa, como se fosse algo comum e
natural utilizar a rua como moradia. A segunda expressão da o sujeito a condição de ser filho
da rua, como se os logradouros públicos fossem algo inerente à ele, familiar. A notícia fala
que ele “tornou-se”, ou seja, transforma-se em um filho da rua.
Analisando a interdiscursividade verificamos o discurso de “assistência”, pois ambas as
notícias falam do cumprimento de serviços assistenciais para as pessoas em situação de rua.
Também há o discurso da violência, uma vez que há relatos de remoções nas praças de Porto
Alegre com a força policial.
Situação de rua

No Brasil, apesar dos últimos avanços no âmbito do amparo social e da atenção à


assistência, há problemas que ainda persistem e geram outros problemas relacionadas à
efetivação de políticas, e programas assistenciais, como a falta de acesso à saúde, educação,
igualdade, moradia, entre outros. Tais problemas, suscitam a necessidade e a relevância de
reconhecer a existência de grupos historicamente excluídos com demandas reprimidas.
Segmentos populacionais, tais como pobres, lésbicas, gays e pessoas em situação de rua ainda
estão passando por um processo de inclusão social e continuam sendo referenciadas em
pontos de pautas de movimentos sociais.
Silva (2009) diz que o fenômeno população em situação de rua está vinculado as
transformações que aconteceram no campo do trabalho, viabilizada pela propagação do
capitalismo contemporâneo. Quando analisamos a situação de rua, estamos diante de uma
problemática com causas históricas, seu surgimento se dá desde a revolução industrial na
Europa entre os séculos XVIII e XIX, quando o desenvolvimento do capitalismo e a expansão
das indústrias passaram a compor os cenários das cidades.
Com o surgimento das indústrias, diversas pessoas sofreram com a exploração da mão
de obra, em razão de serem submetidas a más condições de trabalho e salário baixo. Várias
pessoas migraram do campo para a cidade, em busca de oportunidade no mundo do trabalho,
entretanto o alto índice populacional da Inglaterra e a falta de estrutura faz com que essas
pessoas utilizem a rua como espaço de abrigo e sobrevivência. O capitalismo surge por meio
da separação entre os trabalhadores e a propriedade dos meios de produção, e a produção
capitalista se dá só após o fato da transformação de dinheiro, estar garantido. Portanto, o fim
da servidão e a coerção corporativa aqueles que moram em área rural transformou
trabalhadores rurais em camponeses assalariados.

De acordo pesquisa realizada pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) o


número de pessoas em situação de rua na cidade subiu 75% em oito anos. Em levantamento
realizado em 2008, os dados registravam 1.203 pessoas em situação de rua, já em uma nova
pesquisa realizada em 2016, constatou-se que esse número subiu para 2.115, tendo em cinco
anos um aumento de 57%. Ainda mostra que os principais motivos de viverem nas ruas são
por conta de instabilidade familiar e uso de drogas ilícitas e lícitas, como drogas e álcool. A
maioria ocupam lugares de risco e com exposição às condições climáticas.

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