Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Obras de Santa Catalina de Siena, Fray Jose Salvador y Conde OP-BAC PDF
Obras de Santa Catalina de Siena, Fray Jose Salvador y Conde OP-BAC PDF
SANTA CATALINA
DE SIENA
El Diálogo • Oraciones y Soliloquios
www.traditio-op.org
OBRAS DE SANTA
CATALINA DE SIENA
El Diálogo • Oraciones y Soliloquios
I N T R O D U C C I O N E S Y T R A D U C C I Ó N POR
TERCERA EDICIÓN
Págs.
Bibliografía xxvn
Introducción general 3
EL «DIALOGO*
PROEMIO
1. El a l m a c o n o c e a D i o s p o r la o r a c i ó n . — E l a l m a
d e q u e a q u í se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a -
ción, hizo a Dios c u a t r o peticiones 55
2. E l d e s e o d e a q u e l l a a l m a c r e c i ó al m o s t r a r l e
D i o s las n e c e s i d a d e s d e l m u n d o 56
LA DOCTRINA DE LA PERFECCIÓN
3. L a s o b r a s f i n i t a s , d e p o r sí, n o s o n s u f i c i e n t e s
p a r a c a s t i g a r o p r e m i a r sin el a f e c t o c o n t i n u o
d e la c a r i d a d 58
4. El d e s e o , j u n t o c o n la c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n ,
s a t i s f a c e p o r la c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y
t a m b i é n p o r la d e los d e m á s . — A l g u n a s veces
s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r la p e n a 59
5. El d e s e o d e s u f r i r p o r El e s m u y g r a t o a D i o s 63
6. T o d a virtud y pecado tienen realización m e -
d i a n d o el p r ó j i m o 64
7. L a s v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó -
j i m o . — P o r q u é son t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r -
sas c r i a t u r a s 66
8. L a s v i r t u d e s se p o n e n a p r u e b a y se f o r t a l e c e n
p o r sus contrarios 69
9. (Aquí comienza el tratado de la discreción.) No debe
p o n e r s e e l a f e c t o p r i n c i p a l m e n t e e n la p e n i t e n -
X Indice general
Pagi.
cia, s i n o e n las v i r t u d e s . — L a d i s c r e c i ó n r e c i b e
v i d a d e la h u m i l d a d y d a a c a d a u n o lo q u e le e s
debido 71
10. S e m e j a n z a d e c ó m o la c a r i d a d , h u m i l d a d y d i s -
c r e c i ó n e s t á n í n t i m a m e n t e u n i d a s . — A e s t a se-
m e j a n z a d e b e a c o m o d a r s e el a l m a . — ( E l árbol de
la virtud) 73
11. La p e n i t e n c i a y d e m á s i n s t r u m e n t o s c o r p o r a l e s
d e b e n t o m a r s e c o m o m e d i o p a r a l l e g a r a la vir-
t u d y n o c o m o finalidad p r i n c i p a l . — L a l u z d e la
discreción es m a n i f e s t a d a p o r d i v e r s o s m o d o s y
obras 74
12. R e p e t i c i ó n d e a l g u n a s c o s a s ya d i c h a s . — D i o s
p r o m e t e c o n s u e l o a s u s s e r v i d o r e s y la r e f o r m a
d e la s a n t a I g l e s i a p o r m e d i o d e a b u n d a n t e s s u -
frimientos 78
«EL DIÁLOGO»
13. A e s t a a l m a se le a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a la v e z
la a m a r g u r a . — H a c e o r a c i ó n a D i o s p o r s u s a n t a
I g l e s i a y p o r su p u e b l o 81
14. D i o s se q u e j a d e l p u e b l o c r i s t i a n o , y p r i n c i p a l -
m e n t e d e sus m i n i s t r o s . — A l g o s o b r e el sacra-
m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o y el b e n e f i c i o d e la
encarnación 83
15. U n a vez r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , el p e c a d o
es m á s c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i -
s e r i c o r d i a al m u n d o y a la I g l e s i a si m e d i a n la
o r a c i ó n y el s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i d o r e s . . 87
16. Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a la b o n d a d d i v i n a ,
n o se c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o
c r i s t i a n o y p o r la s a n t a Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a
p o r el m u n d o e n t e r o 89
17. D i o s se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y
del m o d o especial del a m o r propio q u e reina e n
e l l a s . — A n i m a a d i c h a a l m a a la o r a c i ó n y a las
lágrimas 89
18. N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e
está e n ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia 90
19. E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e -
s e a b a s u d a r s a n g r e . — A la vez q u e se r e p r e n d e
Indice general XI
Págs.
a sí m i s m a , h a c e u n a o r a c i ó n p o r s u P a d r e e s p i -
ritual 91
20. Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se
p u e d e a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a
su P a d r e espiritual a sufrir c o n v e r d a d e r a p a -
ciencia 92
21. E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la
desobediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n
puente para poder pasar 93
22. D i o s i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a
d e e s t e p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al
cielo 94
23. T o d o s somos trabajadores enviados p o r Dios a
t r a b a j a r e n la v i ñ a d e la s a n t a I g l e s i a . — C a d a
u n o t i e n e la v i ñ a d e sí m i s m o . — N o s o t r o s , s a r -
m i e n t o s , d e b e m o s e s t a r u n i d o s a la v i d v e r d a -
d e r a : el Hijo d e D i o s 95
24. Dios p o d a los s a r m i e n t o s u n i d o s a esa vid, o sea,
s u s s e r v i d o r e s . — L a v i ñ a d e c a d a u n o e s t á d e tal
m o d o u n i d a a la d e l p r ó j i m o , q u e n a d i e p u e d e
c u l t i v a r l a o e c h a r l a a p e r d e r sin c u l t i v a r y e c h a r
a p e r d e r la d e l p r ó j i m o 97
El p u e n t e , c a m i n o d e la v e r d a d
Págs.
t e s . — Q u i e n s i g u e p o r e l p u e n t e l l e g a a la
v i d a . — E l q u e v a p o r d e b a j o d e é l , p o r el r í o , va
a la p e r d i c i ó n y a la m u e r t e 102
D o s c a m i n o s : la verdad y la mentira
28. C a d a u n o d e l o s c a m i n o s , e l d e l p u e n t e y el d e l
río, t i e n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e
c a m i n a p o r el p u e n t e 104
El c a m i n o d e la doctrina d e Cristo
29. E s t e p u e n t e , a u n q u e s u b i ó al c i e l o el d í a d e la
A s c e n s i ó n , n o p o r e s o s e a p a r t ó d e la t i e r r a 105
E l o g i o d e la misericordia
30. E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e
Dios, e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s
c o n c e d i d o s p o r e l l a al g é n e r o h u m a n o 108
31. I n d i g n i d a d d e los q u e v a n p o r el r í o , b a j o el
p u e n t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a
Dios á r b o l d e m u e r t e . — S u s raíces están princi-
p a l m e n t e e n c u a t r o vicios 110
32. Los frutos d e este árbol son tan variados c o m o
los p e c a d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e 112
33. El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e
d e ella p r o c e d e n 112
34. L a i n j u s t i c i a e s el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n
mando 114
35. P o r e s t o s y o t r o s v i c i o s se l l e g a al j u i c i o
f a l s o . — I n d i g n i d a d e n q u e se c a e p o r e l l o 114
36. S o b r e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á -
c l i t o , q u e a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o
falso».—Una d e estas acusaciones es constante 116
37. L a s e g u n d a a c u s a c i ó n e s a c a u s a d e la i n j u s t i c i a
y d e l falso j u i c i o e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r 117
38. C u a t r o t o r m e n t o s p r i n c i p a l e s d e los c o n d e n a -
d o s . — A é s t o s s i g u e n o t r o s , y, d e m o d o e s p e c i a l ,
la f e a l d a d d e l d e m o n i o 119
39. L a t e r c e r a a c u s a c i ó n se h a r á e n el d í a d e l j u i c i o 120
Indice general xm
Págs.
43. U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a
d e la m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o ,
v e s u d e s t i n o , e s d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e v a a
revivir 128
44. El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el
p r e t e x t o d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r e l río y n o
p o r el p u e n t e v a n e n g a ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r
d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s . — V i s i ó n d e
u n árbol q u e u n a vez tuvo esta a l m a 130
45. El m u n d o p r o d u c e e s p i n a s y a b r o j o s a c a u s a d e l
p e c a d o . — A q u i é n e s n o hacen d a ñ o esas espi-
n a s . — N a d i e p a s a e s t a vida sin trabajos 132
46. M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i -
miento.—Las obras buenas, no hechas e n es-
t a d o d e g r a c i a , c a r e c e n d e v a l o r p a r a la v i d a
eterna 135
47. N o se p u e d e n o b s e r v a r los m a n d a m i e n t o s sin
s e g u i r los c o n s e j o s . — E n c u a l q u i e r e s t a d o e n
q u e s e h a l l e e l a l m a , si t i e n e b u e n a v o l u n t a d , e s
a g r a d a b l e a Dios 137
48. L o s h u m a n o s n o p u e d e n s a c i a r s e c o n lo q u e p o -
s e e n . — P e n a s q u e l e s p r o p o r c i o n a la v o l u n t a d
a u n en esta vida 139
49. El t e m o r servil n o e s s u f i c i e n t e p a r a c o n s e g u i r
la v i d a e t e r n a . — E j e r c i t a n d o e s t e t e m o r s e l l e g a
a la v i r t u d 141
D o l o r d e Catalina p o r la c e g u e r a h u m a n a
50. E s t a a l m a t u v o g r a n a m a r g u r a p o r la c e g u e r a
d e l o s q u e se a h o g a b a n e n el r í o 144
51. L o s t r e s e s c a l o n e s f i g u r a d o s e n el p u e n t e , e s d e -
cir, e n el H i j o d e D i o s , s i m b o l i z a n las t r e s p o -
tencias del alma 144
XIV Indice general
Págs.
52. Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s ,
n o se p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n e l l a , n a -
die p u e d e alcanzar su fin 147
53. E x p o s i c i ó n d e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « Q u i e n
tenga sed, venga a mí y beba» 147
54. M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s
p a r a s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e -
ferido puente 148
R e c a p i t u l a c i ó n sobre la caridad c o m ú n
56. Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los
tres escalones del santo p u e n t e , son significados
e n p a r t i c u l a r p o r los tres e s t a d o s del
a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a
c o n t e m p l a r esta v e r d a d 153
57. Esta a l m a , m i r a n d o e n e l espejo d i v i n o , veía a
las c r i a t u r a s a n d a r d e m o d o s d i s t i n t o s 154
58. E l t e m o r s e r v i l , s i n a m o r a la v i r t u d , n o e s s u f i -
c i e n t e p a r a p r o p o r c i o n a r la v i d a e t e r n a . — L a ley
d e l t e m o r y la d e l a m o r e s t á n u n i d a s e n t r e sí 154
59. E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r servil, q u e e s e s t a d o
d e i m p e r f e c c i ó n (lo c u a l se e n t i e n d e c o m o p r i -
m e r e s c a l ó n ) , se llega al s e g u n d o , q u e es e s t a d o
de perfección 155
60. I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s
por propio provecho, p o r deleite y consuelo • 156
61. M o d o e n q u e se m a n i f i e s t a D i o s al a l m a q u e le
ama 159
62. P o r q u é n o dijo C r i s t o : «Yo m a n i f e s t a r é a mi
Padre», sino: «Me manifestaré a mí mismo» 160
63. M o d o d e s u b i r el a l m a el s e g u n d o e s c a l ó n d e l
s a n t o p u e n t e u n a vez a l c a n z a d o el p r i m e r o . 161
64. A m a n d o a Dios p e r f e c t a m e n t e , imperfecta-
m e n t e s e a m a al p r ó j i m o . — S i g n o s d e e s t e a m o r
imperfecto 164
65. M o d o q u e t i e n e el a l m a d e l l e g a r al a m o r p u r o
y l i b r e . (Aquí comienza el tratado de la oración.) 165
66. A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e
C r i s t o . — D o c t r i n a s o b r e e l p a s o d e la o r a c i ó n
índice general XV
Págs,
v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n q u e e n u n a o c a s i ó n
tuvo este alma 166
67. E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y
sirven a Dios por propio consuelo y deleite . 172
68. E n g a ñ o d e los s e r v i d o r e s d e D i o s q u e lo a m a n
con amor imperfecto 173
69. Los q u e n o a b a n d o n a n su paz y c o n s u e l o , n o
s o c o r r e n al p r ó j i m o e n s u s n e c e s i d a d e s 175
70. E n g a ñ o d e los q u e h a n p u e s t o su afecto e n los
consuelos y visiones espirituales 176
71. L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s
e s p i r i t u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al
demonio transfigurado en luz.—Señales para
c o n o c e r c u á n d o u n a visión viene d e Dios o del
demonio 177
72. E l a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí
m i s m a evita los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s 179
73. M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y al-
c a n z a r el a m o r p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo 180
74. S e ñ a l e s p o r l a s q u e s e c o n o c e si s e h a l l e g a d o al
a m o r perfecto 181
75. L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al
P a d r e , p e r o l o s p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i -
s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a . — S e h a b l a d e los b a u -
tismos diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles 182
76. El a l m a , h a b i e n d o s u b i d o al t e r c e r e s c a l ó n d e l
p u e n t e , l l e g a n d o a la b o c a , c u m p l e c o n e l o f i c i o
d e é s t a . — L a señal d e h a b e r llegado a ella es te-
n e r m u e r t a la v o l u n t a d p r o p i a 185
77. Las o b r a s del a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o
el t e r c e r e s c a l ó n 187
78. S o b r e el c u a r t o e s t a d o , q u e n o e s t á s e p a r a d o
del tercero.—Las obras del alma q u e ha llegado
a é l . — D i o s , p o r la p r e s e n c i a c o n s t a n t e , n u n c a s e
aparta del alma 190
79. D i o s n o se a p a r t a d e e s t o s p e r f e c t í s i m o s ni p o r
p e r f e c c i ó n n i p o r g r a c i a , p e r o sí p o r u n i ó n . 193
80. L o s m u n d a n o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a D i o s , lo
quieran o no 196
81. H a s t a los d e m o n i o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a
Dios ' 197
82. D e s p u é s d e h a b e r p a s a d o d e e s t a v i d a , el a l m a
v e p e r f e c t a m e n t e la g l o r i a y a l a b a n z a d e l n o m -
b r e d e D i o s e n t o d a c r i a t u r a . — S e le t e r m i n a e l
s u f r i m i e n t o , p e r o n o el d e s e o 197
XVI Indice general
Págs.
83. D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o -
ria d e l o s b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a s e r l i b e r a d o
d e su c u e r p o . — E s t o o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e
h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s t e r c e r o y c u a r t o
grados 199
84. R a z o n e s p o r las q u e e l a l m a d e s e a b a s e r l i b e -
r a d a d e l c u e r p o . — A l n o p o d e r s e r así, n o p o r
e s o d i s i e n t e d e la v o l u n t a d d e D i o s . — M á s b i e n
se g l o r í a e n e s t e y e n c u a l q u i e r o t r o s u f r i m i e n t o
en h o n o r a Dios 201
85. L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n
i l u m i n a d a la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a -
t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a c i a . — E s m e j o r q u e e l
a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n t a c o n -
ciencia q u e n o d e u n sabio soberbio 202
R e c a p i t u l a c i ó n d e la doctrina d e l p u e n t e
Págs.
94. L o s m u n d a n o s q u e l l o r a n s o n s a c u d i d o s p o r los
cuatro vientos 223
95. F r u t o s d e las s e g u n d a s y t e r c e r a s l á g r i m a s 225
96. F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e u n i ó n 228
97. l i s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x -
p l i c a c i ó n d e los e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e
tres peticiones 232
LA DOCTRINA DE LA VERDAD
98. L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a
q u e d e veras quiera servir a Dios.—Primero,
s o b r e la l u z g e n e r a l 234
99. L o s q u e h a n p u e s t o m á s su d e s e o e n m o r t i f i c a r
e l c u e r p o q u e e n m a t a r la v o l u n t a d p r o -
p i a . - — E s t a e s u n a l u z m á s p e r f e c t a q u e la g e n e -
r a l . — M a t a r la v o l u n t a d p r o p i a e s l a s e g u n d a l u z 236
100. La tercera y más perfecta luz del cora-
z ó n . — O b r a s q u e h a c e el a l m a q u e h a l l e g a d o a
e l l a . — H e r m o s a visión q u e u n a vez t u v o esta
a l m a d e v o t a . — M o d o d e c o n s e g u i r la p e r f e c t a
p u r e z a . — N o se d e b e n e m i t i r j u i c i o s 238
101. L o s q u e h a n l l e g a d o a la t e r c e r a y p e r f e c t í s i m a
l u z r e c i b e n l a s p r i m i c i a s d e la v i d a e t e r n a . . 242
T r e s c o s a s para n o c a e r e n e n g a ñ o
R e c a p i t u l a c i ó n s o b r e las tres c o s a s
105. R e s u m e n d e las t r e s c o s a s p r e c e d e n t e s . — A n e x o
s o b r e la c o r r e c c i ó n d e l p r ó j i m o 248
XVIII Indice general
Págs.
C ó m o d i s t i n g u i r las v i s i o n e s
106. S e ñ a l e s p a r a c o n o c e r c u á n d o las v i s i t a s y v i s i o -
nes espirituales son d e Dios o del d e m o n i o . 250
Invitación a p e d i r
108. Esta a l m a d e v o t a se h u m i l l a y d a g r a c i a s a
D i o s . — O r a p o r t o d o el m u n d o , y e s p e c i a l m e n t e
p o r e l c u e r p o m í s t i c o d e la I g l e s i a . — T a m b i é n
p o r sus hijos espirituales y p o r sus d o s P a d r e s
e s p i r i t u a l e s . — P i d e o í r h a b l a r a D i o s d e los d e -
f e c t o s d e los m i n i s t r o s d e la s a n t a I g l e s i a .. 253
109. D i o s a n i m a a e s t a a l m a a la o r a c i ó n . — R e s p u e s t a
a a l g u n a d e sus peticiones 255
E L C U E R P O M Í S T I C O D E LA IGLESIA
E x c e l e n c i a d e l ministerio sacerdotal
110. D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l
cuerpo de Cristo.—Los que comulgan digna e
indignamente 257
111. L o s s e n t i d o s c o r p o r a l e s se e n g a ñ a n e n e l s a c r a -
m e n t o , n o los d e l a l m a . — C o n q u é s e n t i d o s h a y
q u e m i r a r , g u s t a r y t o c a r . — H e r m o s a visión d e
esta a l m a sobre este t e m a 261
112. E x c e l e n c i a e n q u e se e n c u e n t r a e l a l m a q u e r e -
cibe e n gracia este s a c r a m e n t o 263
113. S e h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o
p a r a q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los
s a c e r d o t e s . — D i o s exige m a y o r p u r e z a e n ellos
q u e e n los d e m á s 264
114. L o s s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r n i c o m -
Indice general xix
Págs,
p r a r . — L o s q u e los r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los
m i n i s t r o s e n lo t e m p o r a l . — R e p a r t o d e l o s b i e -
n e s m a t e r i a l e s d e los s a c e r d o t e s 266
115. D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — L a eficacia d e los
s a c r a m e n t o s n o d i s m i n u y e p o r c u l p a d e los q u e
los a d m i n i s t r a n o d e los q u e los r e c i b e n . — D i o s
n o q u i e r e q u e los s e g l a r e s se m e t a n a c o r r e g i r -
les 267
116. D i o s e s t i m a h e c h a c o n t r a E l la p e r s e c u c i ó n c o n -
t r a la I g l e s i a o c o n t r a s u s m i n i s t r o s . — E s u n p e -
cado de más gravedad que cualquier otro . . 268
117. S e h a b l a d e los p e r s e g u i d o r e s d e la s a n t a I g l e s i a
y d e sus ministros 272
118. R e s u m e n d e l o d i c h o s o b r e la I g l e s i a y s u s m i -
nistros 274
121. D e f e c t o s y m a l a v i d a d e los s a c e r d o t e s v m i n i s -
tros ' 285
122. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e -
c i a l m e n t e p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b -
ditos 288
123. M u c h o s otros defectos de esos ministros.—Las
t a b e r n a s , el j u e g o y las c o n c u b i n a s 289
124. E n los m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o « c o n t r a n a -
t u r a » . — V i s i ó n q u e t u v o el a l m a s o b r e e s t a m a -
teria 291
125. L o s d e f e c t o s d e los s u b d i t o s n o s o n c o r r e g i -
d o s . — D e f e c t o s d e los r e l i g i o s o s . — A e s o s m a l e s
s u c e d e n m u c h o s o t r o s p o r falta d e c o r r e c c i ó n 295
126. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o d e la l u -
juria 299
127. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s -
t a n c o n u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los b e n e f i -
XX Indice general
Págs.
c i o s y p r e l a c i a s . — M a l e s q u e s e s i g u e n a la s a n t a
Iglesia 302
128. E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a
c i e g a a la i n t e l i g e n c i a . — L o s q u e s i m u l a n c o n s a -
grar y con consagran 307
129. O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e se c o m e t e n a c a u s a
d e la s o b e r b i a y d e l a m o r p r o p i o 311
130. O t r o s d e f e c t o s q u e c o m e t e n los m a l o s m i n i s t r o s 317
131. D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s
p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e 319
132. L a m u e r t e d e los p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la
h o r a d e la m u e r t e 323
R e c a p i t u l a c i ó n y n u e v a invitación al llanto
1 33. R e s u m e n d e lo a n t e r i o r . — D i o s p r o h i b e e n a b s o -
l u t o q u e los s e g l a r e s p o n g a n las m a n o s e n los
s a c e r d o t e s . — I n v i t a c i ó n a llorar p o r esos infeli-
ces sacerdotes 329
LA PROVIDENCIA DIVINA
P r o v i d e n c i a general
Págs.
1!57. D i o s p r o v e y ó e n e l A n t i g u o T e s t a m e n t o p o r la
ley v los p r o f e t a s . — D e s p u é s , e n v i a n d o a s u
V e r b o ; d e s p u é s c o n los a p ó s t o l e s , m á r t i r e s y
o t r o s s a n t o s . — N a d a o c u r r e a las c r i a t u r a s q u e
n o sea p o r p r o v i d e n c i a d e Dios 341
Providencia particular
Págs.
E l o g i o de la pobreza
151. E x c e l e n c i a d e los p o b r e s i n t e n c i o n a d a m e n t e
p o b r e s e n el e s p í r i t u . — C r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o -
b r e z a n o sólo d e p a l a b r a , s i n o c o n el e j e m -
p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a b r a z a n
la p o b r e z a v o l u n t a r i a 381
R e c a p i t u l a c i ó n sobre la P r o v i d e n c i a
152. R e s u m e n s o b r e la P r o v i d e n c i a 388
Alabanza de la caridad d i v i n a . — P e t i c i ó n
d e saber sobre la o b e d i e n c i a
153. E s t a a l m a , m i e n t r a s a l a b a y d a g r a c i a s a D i o s , le
p i d e q u e le h a b l e d e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a 389
LA OBEDIENCIA
La o b e d i e n c i a e n general
155. L a o b e d i e n c i a es llave q u e a b r e el c i e l o . — D e b e
t e n e r s e e n la c i n t u r a , a t a d a a u n c o r d e l i t o . — S u
excelencia 394
156. M i s e r i a d e los d e s o b e d i e n t e s y e x c e l e n c i a d e los
obedientes 397
La o b e d i e n c i a e n particular
157. L o s q u e t i e n e n t a n t o a m o r a la o b e d i e n c i a q u e
n o se c o n t e n t a n c o n la g e n e r a l d e l o s m a n d a -
m i e n t o s , s i n o q u e a b r a z a n la p a r t i c u l a r 399
158. P a s o d e la o b e d i e n c i a g e n e r a l a l a p a r t i c u -
l a r . — E x c e l e n c i a d e las ó r d e n e s r e l i g i o s a s 400
159. E x c e l e n c i a d e l o s o b e d i e n t e s e i n f i d e l i d a d d e los
d e s o b e d i e n t e s q u e viven e n religión 406
160. P e r v e r s i d a d , m i s e r i a s y t r a b a j o s d e los d e s o b e -
d i e n t e s . — M a l a s c o n s e c u e n c i a s d e la d e s o b e -
diencia 412
Indice general XXIII
Págs.
161. E x c e l e n c i a d e los p o b r e s d e e s p í r i t u . — J e s u c r i s t o
n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a c o n la p a l a b r a y c o n e l
e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e
a b r a z a n la p o b r e z a 414
162. I m p e r f e c c i ó n d e l o s q u e v i v e n t i b i o s e n la r e l i -
g i ó n a u n q u e e v i t e n el p e c a d o m o r t a l . R e m e d i o
p a r a s a l i r d e la t i b i e z a 418
E l o g i o d e la o b e d i e n c i a y d e l o b e d i e n t e
163. E x c e l e n c i a d e la o b e d i e n c i a y b i e n e s q u e p r o -
p o r c i o n a a q u i e n e s la a b r a z a n d e v e r d a d 420
164. D i s t i n c i ó n e n t r e d o s o b e d i e n c i a s : la d e l r e l i g i o s o
y la q u e s e p r e s t a a a l g u n a p e r s o n a f u e r a d e la
religión 422
165. D i o s n o p r e m i a s e g ú n el t r a b a j o ni el e s p a c i o ,
s i n o e n c o n f o r m i d a d c o n la g r a n d e z a d e s u c a -
r i d a d . — P r o n t i t u d d e los v e r d a d e r o s o b e d i e n -
t e s . — M i l a g r o d e Dios e n r a z ó n d e esta vir-
t u d . — L a d i s c r e c i ó n e n la o b e d i e n c i a . — O b r a s y
p r e m i o al v e r d a d e r o o b e d i e n t e 424
CONCLUSIÓN
R e c a p i t u l a c i ó n d e t o d o el l i b r o
A g r a d e c i m i e n t o . — A l a b a n z a a la T r i n i d a d . — A l a b a n z a a la
f e . — O r a c i ó n ú l t i m a : la v e r d a d e n la fe
Págs.
Introducción 437
1. El e n v í o d e l V e r b o 445
2. P o r l o s m i n i s t r o s d e la I g l e s i a 448
( 1 - 2 ) . R e s u m e n d e las d o s p r i m e r a s o r a c i o n e s ... 449
3. Cristo, n u e s t r a salvación 452
4 . El a m o r q u e v e n c e t o d o o b s t á c u l o 455
5. Las p l a n t a s j ó v e n e s 458
6. E n la C á t e d r a d e S a n P e d r o 460
7. F o r t a l e z a d e la v o l u n t a d 461
8. L a l u z q u e s a l v a 465
9. Fragilidad y fortaleza 470
10. El i n j e r t o 472
11. E n el d í a d e la A n u n c i a c i ó n 475
12. V a l o r d e la p a s i ó n 479
13. C r i s t o , n u e s t r a r e s u r r e c c i ó n 484
14. E n la C i r c u n c i s i ó n d e l S e ñ o r 486
1 5 . El d o n d e la v e r d a d 489
16. L a v i d a q u e v e n c e a la m u e r t e 490
17. L a i m a g e n d i v i n a 491
18. Luz y tinieblas 492
19. L o s c a m i n o s d e la m i s e r i c o r d i a d i v i n a 494
20. P o r la s a n t i f i c a c i ó n d e la I g l e s i a 497
21. Los d o s vestidos 500
22. El f u e g o d i v i n o e n el a l m a h u m a n a 504
23. E n la C o n v e r s i ó n d e S a n P a b l o 507
24. I n v o c a c i ó n a la T r i n i d a d 509
25. Al E s p í r i t u S a n t o 510
26. El a l f a r e r o y la a r c i l l a 511
27. Al h a c e r el v o t o d e v i r g i n i d a d 512
28. Para vencer u n a tentación 512
29. Después de una tentación 512
30. Sufrir y morir por Jesús 513
31. Deseos de muerte 513
32. La p u r e z a 513
33. P o r los p e c a d o r e s y p o r sus d i s c í p u l o s 514
34. «Me haces enloquecer» 516
3 5 . C ó m o r e s p o n d e r a la g r a c i a 517
36. A la b e l l e z a e t e r n a 518
Indice general XXV
Págs.
Manuscritos
«El Diálogo»
C ó d i c e s C a s a n a t e n s e ( R o m a ) , Estense, S e n e n s e , Felele, Corsi-
niano, Riscioniniano, Magliabechiano, Graidente, Vaticano,
Ricardiano, Vienense.
Cartas
C ó d i c e s d e las B i b l i o t e c a s C o m u n a l e ( S i e n a ) , C a s a n a t e n s e
( R o m a ) , Vaticana, Vittorio E m m a n u e l e , Palatina (Floren
cia), Ricardiana, British M u s e u m ( L o n d r e s ) , Palatina
(Viena).
Incunables
Libro della divina Providentia, e d . Baldasare Azzoguidi (Bolonia
1472 y 1475).
El libro della doctrina revellata a quella gloriosa el sanctissima vergine
Sánela Caterina de Siena, e d . Kartl B o n e b a c h ( Ñ a p ó l e s 1 4 7 8 ) .
«Dialogo» della seraphica..., e d . M a t e o C a p c a s a ( V e n e c i a 1 4 9 4 ) .
«Dialogus» seraphice dive Catharine..., ed. Bernardinus de Misen-
tis ( B r e s c i a 1 4 9 6 ) .
Epistole utili e divote de la beata e seraphica Sánela Catheina..., ed.
G i o v a n n i J a c o m o Fontanisi ( B o l o n i a 1492).
Epistole devotissime de la Santa Catherina da Siena, e d . A l d o M a n u
zio (1500).
En español
Obras, epístolas y oraciones sa la bienaventurada virgen Santa Cala-
lina de Sena, de la Orden de Predicadores, trad. d e l P. P e ñ a , О . Р.
(Alcalá 1512).
Diálogos que tratan de la divina Providencia, e d . Р. L. L o a r t e , O . P.
(Madrid 1668).
«Diálogos» de Santa Catalina de Sena, t r a d . D o m i n i c o s d e l c o n
vento d e Atocha (Madrid 1797).
«El Diálogo, de Santa Catalina de Sena», e d . Р. J. M a s i p ( r e p r o d u c
c i ó n d e la t r a d u c c i ó n d e A t o c h a ) (Avila 1 9 2 5 ) .
«El Diálogo», e d . R i a l p ( r e p r o d u c c i ó n d e la trad. A t o c h a )
(Madrid 1955).
XXVIII Bibliografia
T e m a s catal ini a n o s
E s q u e m a d e la v i d a d e
Santa Catalina d e Siena
F o r m a c i ó n doctrinal
Es n a t u r a l q u e este t e m a h a y a p r e o c u p a d o y p r e o c u p e
a los q u e e s t u d i a n la p e r s o n a l i d a d d e u n a s a n t a d e c l a r a -
d a D o c t o r a d e la Iglesia e n a t e n c i ó n al valor d e su d o c -
t r i n a espiritual. De ahí la n e c e s i d a d d e e s t u d i a r d e t e n i -
d a m e n t e el t e m a .
T o d o s s o m o s , e n b u e n a p a r t e , hijos y h e r e d e r o s d e l
siglo e n q u e vivimos. E n n o s o t r o s se m a n i f i e s t a n las
i d e a s d e n u e s t r o s c o e t á n e o s y d e los q u e n o s h a n p r e c e -
d i d o e n el t i e m p o . N a d i e es t a n s u p e r d o t a d o q u e n o
d e b a la m a y o r p a r t e d e ellas al a m b i e n t e espiritual, so-
cial y científico e n q u e h a c r e c i d o , sea p o r a s e n t i m i e n t o
a ellas o p o r u n a r e a c c i ó n y r e p u l s a .
E n estos principios g e n e r a l e s d e b e m o s e n m a r c a r , e n
p r i m e r l u g a r , la f o r m a c i ó n d o c t r i n a l d e la D o c t o r a d e la
Iglesia S a n t a C a t a l i n a d e Siena. R e c o r d e m o s , a d e m á s ,
q u e esto vale e s p e c i a l m e n t e p a r a ella, q u e n o t u v o a p e -
n a s o t r a f o r m a c i ó n c u l t u r a l q u e la d e su a m b i e n t e fami-
liar y social. P a r a ella n o e x i s t i e r o n las u n i v e r s i d a d e s , ni
s i q u i e r a las escuelas d e p r i m e r a s letras. A p r e n d i ó a leer
c u a n d o ya e r a terciaria. Su finalidad al h a c e r l o fue la d e
p o d e r asociarse a la recitación d e las h o r a s y funciones
litúrgicas.
N o e r a e n su siglo u n a n e c e s i d a d i m p e r i o s a el s a b e r
leer, y m e n o s a ú n el escribir. Esto o c u r r í a , e n m u c h a
m a y o r p r o p o r c i ó n , c o n las m u j e r e s . C a t a l i n a a p r e n d i ó a
leer, p e r o n o m u y e x p e d i t a m e n t e . N o sabía s e p a r a r bien
las sílabas, lo q u e e n aquellos t i e m p o s , sin i m p r e n t a y con
la c o s t u m b r e d e a h o r r a r papel a costa d e n u m e r o s a s
a b r e v i a t u r a s , a veces d e m a s i a d o a r b i t r a r i a s y c a p r i c h o -
sas, revestía u n a dificultad especial.
E n c u a n t o a escribir, h a y d u d a s b i e n f u n d a d a s d e q u e
s u p i e r a h a c e r l o . A l g u n o s d e sus discípulos a s e g u r a n q u e
a p r e n d i ó m i l a g r o s a m e n t e , y citan u n a b r e v e o r a c i ó n
c o m p u e s t a y escrita p o r ella y a l g u n a s c a r t a s . P e r o la crí-
tica n i e g a esta r e a l i d a d . D e h e c h o , ella se valía d e a m a -
n u e n s e s o secretarios, t a r e a e n la q u e e m p l e a b a a algu-
n o s d e sus discípulos o s e g u i d o r e s m á s c o n s t a n t e s . Caf-
farini fue q u i e n p u s o m a y o r e m p e ñ o e n d e m o s t r a r q u e
C a t a l i n a llegó a s a b e r escribir; p e r o , g e n e r a l m e n t e , es
d e s a u t o r i z a d o su t e s t i m o n i o .
6 Introducción general
1 a
R A I M U N D O DE C A P U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p . l .
c.2 (se h a c e n las citas d e esta obra por partes y capítulos para hacer
más fácil su verificación e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o extranjera).
8 Introducción general
2
Ibid.. I c.8.
Introducción general I 1
3
Ibid., I c . l .
12 Introducción general
Arrobamientos y éxtasis
E n c o n f o r m i d a d c o n estas d o s a c e p c i o n e s , p o d e m o s
d i s t i n g u i r d o s clases d e éxtasis: el n a t u r a l , al q u e a q u í
l l a m a r e m o s a r r o b a m i e n t o , y el s o b r e n a t u r a l , p a r a el q u e
r e s e r v a r e m o s la p a l a b r a éxtasis.
La elevación d e l e s p í r i t u h a c e a u n a p e r s o n a p r e s c i n -
d i r d e t o d o lo e x t e r n o , y p u e d e t e n e r tal f u e r z a , q u e los
s e n t i d o s e n r e a l i d a d n o p e r c i b a n e n v i r t u d d e ella. D e
estas e l e v a c i o n e s h a b l a n los discípulos d e C a t a l i n a . T e -
n í a estos a r r o b a m i e n t o s c o n m u c h í s i m a f r e c u e n c i a , p r o -
d u c i d o s p o r la c o n t e m p l a c i ó n d e u n a flor, d e u n a t a r d e -
c e r , d e u n a c o n v e r s a c i ó n y d e la m a y o r p a r t e d e sus o r a -
c i o n e s , e n las q u e se a b s t r a í a t o t a l m e n t e d e t o d o lo q u e
la r o d e a b a . E n e s t e s e n t i d o lato d e éxtasis o a r r o b a m i e n -
t o p o d e m o s e n t e n d e r m u c h a s d e las m a n i f e s t a c i o n e s e n
las q u e a p a r e c í a C a t a l i n a a b s t r a í d a d e los s e n t i d o s . Es
u n p r i n c i p i o d e t e o l o g í a n o a c u d i r a lo s o b r e n a t u r a l
c u a n d o p u e d e e n c o n t r a r s e u n a explicación natural.
Á n g e l M o r t a , e n su i n t r o d u c c i ó n a la t r a d u c c i ó n d e
El Diálogo, s e ñ a l a a l g o m u y c i e r t o : « N o es fácil d e t e r m i -
n a r , p o r la aplicación d e estos c r i t e r i o s , c u á n t o s y c u á l e s
s o n los pasajes d i c t a d o s c o n p r o b a b i l i d a d e n e s t a d o e x t á -
tico». Se r e f i e r e a la i n t e r v e n c i ó n d i r e c t a d e Dios e n la
e n s e ñ a n z a d e las v e r d a d e s d i v i n a s a C a t a l i n a . Y u n p o c o
d e s p u é s a ñ a d e : «El t e s t i m o n i o d e sus b i ó g r a f o s o b l i g a a
c r e e r q u e su d i c t a d o se verificaba *en a b s t r a c c i ó n d e los
sentidos'; e n cierta abstracción añadiríamos, p a r a inter-
p r e t a r l a c o n u n a c i e r t a a m p l i t u d d e s e n t i d o , sin coinci-
4
d i r c o n el éxtasis p r o p i a m e n t e d i c h o » .
El caso d e C a t a l i n a n o es ú n i c o . L a s b i o g r a f í a s d e m u -
chos, s a n t o s n o s a s e g u r a n q u e Dios les h a b l a b a y d e s c u -
b r í a c i e r t o s h e c h o s y d o c t r i n a s e n los éxtasis y visiones.
U n e j e m p l o lo e n c o n t r a m o s e n S a n t a B r í g i d a d e Suecia,
n o t a b l e p o r sus visiones y r e v e l a c i o n e s s o b r e t e m a s reli-
giosos. N a d i e i g n o r a q u e m u c h o s d e s u s éxtasis y visiones
h a n s i d o m u y d i s c u t i d o s y h a s t a n e g a d o s p o r investiga-
d o r e s y e s t u d i o s o s d e g r a n solvencia.
H a y e n la v i d a d e C a t a l i n a n u m e r o s o s t e s t i m o n i o s so-
b r e los éxtasis e n q u e f r e c u e n t e m e n t e caía, c o n m a n i f e s -
t a c i ó n e x t e r n a d e la p é r d i d a d e t o d a s e n s i b i l i d a d . D e
4
M O R T A , Á n g e l , Obras de Santa Catalina de Siena: el «Diálogo», ed.
B A C ( M a d r i d 1955); Introducción 89-91.
14 Introducción general
Las o b r a s d e Catalina c o m e n z a r o n a c i r c u l a r m a n u s -
critas — n o existía a ú n la i m p r e n t a — c o n r a p i d e z p o r to-
das p a r t e s . D u r a n t e su vida sabemos q u e u n libro suyo,
n o especificado, estuvo e n m a n o s d e u n a c o n d e s a y d e
G i u s e p p e di Pipino, sastre y h o s p e d e r o d e la Santa en
Florencia e n 1378. La c o n d e s a tuvo el m a n u s c r i t o p a r a
su l e c t u r a y edificación espiritual; Pipino, acaso p o r q u e
16 Introducción general
libros, en p a r e d e s ; grabada e n m a d e r a , y a n d a e n m a n o s
d e fieles, q u e h a n m a n d a d o m u c h a s d e V e n e c i a a Ale-
x a n d r í a . U n a p e r s o n a q u e t i e n e g r a n d e v o c i ó n a la sier-
va d e Dios h a h e c h o pintar en láminas de papel sus h e c h o s
principales [cuadros], d e suerte q u e en el día de su fiesta
pueden proveerse los devotos de sus imágenes. Son colocadas en
las iglesias y a d o r n a d a s d e r a m o s y g u i r n a l d a s d e flores,
c o m o también en las casas, p a r a c o n s u e l o y d e v o c i ó n d e
sus m o r a d o r e s . Se h a n h e c h o y se h a c e n c a d a día milla-
res de estampas, las cuales son r e p a r t i d a s e n V e n e c i a y p o r
los m e n c i o n a d o s países. De aquí tuvo origen la costumbre de
divulgar en papel las imágenes de otros santos, c o n q u e se
a u m e n t a la d e v o c i ó n d e los fieles a ellos». P o r lo citado se
ve q u e los«encatalinados» s e g u í a n fieles a su M a d r e espi-
ritual y p r e t e n d í a n «encatalinar» al m u n d o cristiano.
P o r si f u e r a n p o c o s los d a t o s a p o r t a d o s , sigue la Decla-
ración: «Dieciséis a ñ o s h a c e q u e la b i e n a v e n t u r a d a Cata-
lina es celebrada e n el c o n v e n t o d e San J u a n y San Pablo
[de V e n e c i a ] . En su día [se c e l e b r a b a el d o m i n g o d e s -
p u é s d e la fecha d e su m u e r t e ) , desde la mañana hay ale-
gría g r a n d e y m u c h a m ú s i c a ; a d ó r n a s e el altar c o n las
m á s ricas alhajas y t o d a la iglesia es e n g a l a n a d a c o n
g u i r n a l d a s y m a c e t a s d e flores. Asiste la Escuela d e la
M i s e r i c o r d i a y se canta misa solemme; por la tarde t a m b i é n
hay vísperas s o l e m n e s , s e r m ó n , y después una gran comida
pública, e n q u e r e i n a la m á s d u l c e alegría... Los hermanos
y hermanas de la Tercera Orden sirven a la m e s a c o n su
p r i o r [de la O r d e n T e r c e r a ) , S u p e r a n c i o d e Venecia.
Allí se lee algo d e la historia d e Catalina, se c a n t a n sus
alabanzas y se c o n v e r s a d e sus p r o d i g i o s y virtudes...
U n a j o v e n casada... al m o r i r d e j ó en testamento una suma
de dinero para la comida del día de Catalina... A ñ a d i ó s e a
esto la costumbre de hacer regalos a la iglesia o al c o n v e n t o
en dicho día, s e g ú n las f a c u l t a d e s y gustos d e c a d a u n o ,
c o m o son flores, g u i r n a l d a s , imágenes de Catalina, meda-
llas de plata y de cobre, p a n , v i n o , frutas, etc. Otras ofrecen
sus servicios personales p a r a a d o r n a r la iglesia o servir a
d i c h o convite, e n t r e los cuales se d i s t i n g u e A n t o n i o Su-
p e r a n c i o y su m u j e r , M a r i n a C o n t a r i n i s , terciaria d o m i -
nica, y o t r o s m u c h o s m á s d e la m i s m a T e r c e r a O r d e n » .
C o n r a z ó n se a l a r m ó el o b i s p o d e V e n e c i a , Francisco
B e m b o , c o n el título d e o b i s p o d e Castello, e hizo q u e
18 Introducción general
o b r a . Hay a l g u n a s e x a g e r a c i o n e s fáciles d e c o m p r o b a r .
P o d e m o s d u d a r si a l g u n a s intervenciones d e Catalina
e n la vida pública t u v i e r o n t a n t a relevancia c o m o él les
d a . Por estas y otras r a z o n e s , u n «encatalinado» m o d e r -
n o se h a visto obligado a escribir: « N i n g u n a vida d e san-
to c h o c a m á s con las ideas a d m i t i d a s e n n u e s t r o s días
12
q u e la d e Catalina d e Siena» .
Las obras aparecidas sobre Santa Catalina d e Siena
hasta los p r i m e r o s años del p r e s e n t e siglo adolecían, sal-
vo raras excepciones, d e falta d e crítica histórica. Se se-
g u í a n r e p i t i e n d o las m i s m a s afirmaciones s o b r e las exce-
lencias d e la Santa, su g r a n valor e n la política p o r sus
actuaciones e n algunas repúblicas italianas y e n la c o r t e
papal d e A v i ñ ó n , y a p e n a s se a t e n d í a a la f u e n t e y valo-
ración d e las fuentes y testimonios t r a d i c i o n a l m e n t e
aducidos.
E n 1921 apareció e n París u n e s t u d i o q u e i n t e n t ó ser
crítico y objetivo. Su a u t o r e r a el francés R o b e r t Faw-
| 3
tier . E n él se n e g a b a n m u c h a s cosas t r a d i c i o n a l m e n -
te a d m i t i d a s . T a m b i é n la a u t e n t i c i d a d d e las cartas. E n
la s e g u n d a p a r t e d e su trabajo p u b l i c a d o e n 1930, cla-
r a m e n t e a d m i t i ó q u e las cartas n o p o d í a m e n o s d e r e -
conocerlas c o m o d e Catalina.
Fawtier acusa a Fr. T o m á s d e Siena, Caffarini, d e ha-
b e r h e c h o el Suplemento a la biografía d e Fr. R a i m u n d o
d e C a p u a a base d e los m a n u s c r i t o s del c o n f e s o r d e la
Santa, Fr. T o m á s della F o n t e , y n o h a b e r l o s p r e s e n t a d o
al proceso iniciado e n la diócesis d e Castello. E n la se-
g u n d a p a r t e a s e g u r a : «De las Cartas, d e El Diálogo y d e
las Oraciones se d e s p r e n d e u n a i m a g e n d i f e r e n t e d e la
q u e n o s p r e s e n t a n sus hagiógrafos, y esa diferencia ha-
bría sido, sin d u d a , a ú n m á s c o n s i d e r a b l e si esas « b r a s
h u b i e r a n p o d i d o escapar a la acción d e los artífices d e la
14
canonización d e la terciaria d e Siena» .
A m b a s o b r a s c a y e r o n mal a los «encatalinados» m o -
d e r n o s , y bien p r o n t o p u s i e r o n a su a u t o r la etiqueta d e
1 2
LECLERQ, Jacques, Santa Catalina de Siena, trad. y e d . Patmos
(Madrid 1955) p . 2 3 3 .
1 3
FAWTIER, Robert, Sainte Catharine de Sienne. Essai de critique de
sources. I: Sources hagiographiques, e d . Boccard (París 1921); II: Les
Oeuvres de Sainte Catharine de Sienne, Ed. Boccard (París 1930).
1 4
Ibid., Les Oeuvres... p . 3 6 1 .
22 Introducción general
Doctrina espiritual
1 5
Ibid., La double expérience de Catharine Benincasa (París 1948)
p.34-35.
Introducción general 23
papa Pablo VI ha v e n i d o a d a r m a y o r i m p o r t a n c i a a su
d o c t r i n a . T e n g a m o s e n c u e n t a , sin e m b a r g o , q u e la p r o -
clamación d e u n a s a n t a c o m o Doctora d e la Iglesia no
implica la obligación d e s e g u i r su d o c t r i n a , sino sólo la
proposición d e esa d o c t r i n a a la c o n s i d e r a c i ó n del p u e -
blo cristiano, y al Doctor, c o m o d i g n o d e ser t e n i d o
c o m o m a e s t r o ; e n el caso d e Catalina d e Siena, c o m o
m a e s t r a d e la vida espiritual. Es m á s , y l l e g a n d o al lími-
te, p u e d e ser q u e en u n Doctor d e la Iglesia se e n c u e n -
t r e n d o c t r i n a s n o c o n f o r m e s con a l g u n a s d e las acepta-
das hoy c o m ú n m e n t e p o r la Iglesia.
A Pablo VI le p r e c e d i e r o n e n c o n d e c o r a c i o n e s a la
Santa d e Siena varios r o m a n o s pontífices, c o m o , p o r
ejemplo, Pío IX, d e c l a r á n d o l a C o p a t r o n a d e R o m a el 13
d e abril d e 1866, y Pío X I I , n o m b r á n d o l a P a t r o n a pri-
m a r i a d e Italia el 15 d e m a y o d e 1940 y P a t r o n a d e las
e n f e r m e r a s italianas el 15 d e s e p t i e m b r e d e 1943.
En los g r a b a d o s y p i n t u r a s m u y poco p o s t e r i o r e s a su
m u e r t e se la r e p r e s e n t a con u n libro en la m a n o , signo
del magisterio, y d e s p u é s , con la figura del P a d r e Eter-
n o i n s p i r á n d o l e su d o c t r i n a .
U n p a p a ya r e n a c e n t i s t a , Pío I I , Eneas Silvio Piccolo-
mini, la elevó a los altares p o r bula, q u e c o m i e n z a con
las p a l a b r a s Misericordias Domini, f i r m a d a el 28 d e j u n i o
d e 1 4 6 1 . En ella se e x p r e s a del siguiente m o d o : «Nadie
se le acercó n u n c a sin volver m á s i n s t r u i d o o mejor. Su
d o c t r i n a fue infusa, n o a d q u i r i d a . Ella apareció c o m o
u n m a e s t r o , sin h a b e r sido discípulo. Los d o c t o r e s en
ciencias s a g r a d a s , los obispos d e las g r a n d e s iglesias, le
p r o p o n í a n las c u e s t i o n e s m á s difíciles s o b r e la divini-
d a d ; sobre ellas recibían las respuestas m á s sabias, m a r -
chándose como corderos después de haber venido como
orgullosos leones y lobos a m e n a z a d o r e s » .
El e n t u s i a s m o del g r a n papa r e n a c e n t i s t a aludía a los
e x á m e n e s d e su espíritu e n el capítulo g e n e r a l d e la O r -
d e n d o m i n i c a n a (1374): d o c t o r e s y c a r d e n a l e s d e la cor-
te papal d e Aviñón, el franciscano P. M a e s t r o Lazarini,
etc., a q u e hacen r e f e r e n c i a Fr. R a i m u n d o d e C a p u a y
las declaraciones d e varios testigos. T o d o s , s e g ú n ellos,
h a b í a n q u e d a d o maravillados d e la ciencia espiritual d e
aquella j o v e n terciaria d o m i n i c a y d e sus a c e r t a d a s res-
puestas, libres s i e m p r e d e o r g u l l o o p r e s u n c i ó n .
24 Introducción general
1 7
MARRACCI, Ippolito, Vindicatio S. Catharinae Senensis a Commentitia
Revelatione eidem S. Catharinae adscripta contra immaculatam Conceptionem
Beatissimae Virginis Mariae (Puteoli 1663).
28 Introducción general
La escritora
1 8
BÉZINE, P., La divine miséricorde (París 1954) p.6.
Introducción general 29
1 9
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida II c.6.
2 0
Ibid., c.10.
30 Introducción general
21
Ibid., c.5.
Introducción general 31
2S
hay más que una: Catalina de Siena» , y tanto G. Papi-
ni (1937) como G. Petrochi (1965) le han prodigado ala-
26
banzas en sus respectivas historias de la literatura .
El Diálogo es la obra que más se presta a juzgar del va-
lor literario de los escritos de la Santa, por ser una expo-
sición más sistemática y completa de sus ideas y senti-
mientos. En él se advierte la concatenación de elemen-
tos, que se van completando unos a otros hasta poner
ante nuestra vista una visión global de las relaciones de
Dios con el hombre y la correspondencia que éste debe
tener con Dios. No se encuentra la lógica de las grandes
escuelas filosóficas y teológicas, pero sí la lógica interna
de sentires místicos muy personales. No siempre se en-
cuentra formado el historiador d e la literatura para
comprender estas materias, y por eso no se fija más que
en la corteza, en el ropaje que cubre esas ideas.
Sin embargo, acaso abuse Catalina de las bellas expre-
siones. Es notable la sobresaturación de imágenes y me-
táforas. Estas son, en ella, un elemento literario de difí-
cil compresión por tratarse de modos y modas en los
escritores d e hace seis siglos. La mayoría de las veces,
esas imágenes o metáforas son explicadas por sí mismas
al ser empleadas nuevamente unas páginas después.
Las frecuentes repeticiones se deben, en parte, al siste-
ma de dictado y a que la escritora intenta recalcar ideas
ya propuestas. Este sistema de subrayar ciertos puntos
era común en la mayor parte de los escritores de los si-
glos pasados. Queremos destacar una repetición fre-
cuente: la dificultad de expresar con palabras las ideas y
sentimientos del corazón, así como las experiencias mís-
ticas. Fray Raimundo se hace eco de ella cuando pone
en labios de Catalina: «Pero aquí me falta la memoria, y
la pobreza del lenguaje me impide una descripción ade-
cuada de esas cosas. Sin embargo, le daré lo que pue-
27
da» .
Ella utilizaba todos los medios a su alcance. Recuerda
los desafíos y torneos, tan en boga en su tiempo, para
hablarnos de la lucha sostenida por Cristo con el demo-
2 5
BLASI, I., Le crittici itaüane dalle origini al 1800 (Florencia) p.32.
2 6
PAPINI, Giovanni, Storia della letteratura italiana (Florencia 1937);
PETROCHI, Historia della letteratura.
2 7
RAIMUNDO DF. CAPUA, Vida II c.5.
Introducción general 35
n i o : « H a v e n i d o c o m o c a p i t á n n u e s t r o , y c o n la m a n o
sin a r m a s , sujeto y c l a v a d o e n la c r u z , h a d e r r o t a d o a
n u e s t r o s e n e m i g o s ; y la s a n g r e h a q u e d a d o e n el c a m p o
p a r a d a r n o s á n i m o a n o s o t r o s , c a b a l l e r o s , a c o m b a t i r vi-
2 8
r i l m e n t e , sin t e m o r a l g u n o » .
L o visto y m e d i t a d o f o r m a e n ella u n t o d o p a r a n u e s -
t r a vida espiritual. C o m o b u e n a m e r i d i o n a l , h a b l a a r á -
fagas d e i n t u i c i ó n e i m a g i n a c i ó n . Su estilo l i t e r a r i o p u e -
d e calificarse d e f o s f o r e s c e n t e , l u m i n o s o . C o m p a r a la
c o m p e n e t r a c i ó n e n t r e D i o s y el a l m a c o n la d e l p e z e n el
2 9
a g u a d e l m a r ; el a l m a se p a r e c e a u n r e c i p i e n t e , q u e ,
c u a n d o se llena, n o d e s e a m á s , n o p u e d e r e c i b i r m á s ,
3 0
cosa q u e o c u r r e e n los b i e n a v e n t u r a d o s e n el cielo ; las
ó r d e n e s religiosas s o n c o m o navecillas d o n d e e n c u e n -
3 1
t r a n cobijo las a l m a s c o n t r a el oleaje d e l m u n d o ; la
c o n c i e n c i a es el p e r r o q u e a d v i e r t e al a l m a d e la p r e s e n -
cia d e l e n e m i g o ; los religiosos s o n m o v i d o s p o r las velas
al v i e n t o d e las e m b a r c a c i o n e s , sin n e c e s i t a r a p e n a s t r a -
bajar r e m a n d o c o n sus b r a z o s e n el m o m e n t o d e la t e n -
tación; C r i s t o es el y u n q u e s o b r e el q u e g o l p e a la j u s t i c i a
d i v i n a a c a u s a d e n u e s t r o s p e c a d o s ; El o b r a y c o r r e
c o m o u n e n a m o r a d o h a c i a la a m a d a , q u e es el a l m a ; es
c o m o u n b o r r a c h o , e b r i o d e a m o r , m o v i d o sólo p o r la
f u e r z a d e l a m o r ; se m a n i f i e s t a c o m o e n l o q u e c i d o d e
a m o r ; el h o m b r e d e b e t e n e r h a m b r e d e a l m a s , c o m e r
a l m a s . P o d r í a m o s e x t e n d e r n o s m u c h o m á s e n el r e -
cuento d e imágenes y alegorías, q u e envidiarían muchos
r e c o n o c i d o s literatos.
D e b e m o s a ñ a d i r a e s t o las p e c u l i a r i d a d e s d e la l e n g u a
italiana-toscana, q u e s o n m e n o s p e r c e p t i b l e s e n u n a t r a -
d u c c i ó n . Son f r e c u e n t e s e n C a t a l i n a los c a r i ñ o s o s d i m i -
n u t i v o s , e l « b a b b o m i ó » , q u e p o d e m o s t r a d u c i r p o r «pa-
d r e c i t o m í o » ; la aplicación d e l calificativo «dulce» a t o d o
lo q u e a m a o le m e r e c e r e s p e t o , p o r lo q u e aplica la p a -
l a b r a «dulce» al t a n p o c o d u l c e U r b a n o V I ; el d e
«viejecito», aplicado a S a n P e d r o , etc.
T i e n e t a m b i é n e x p r e s i o n e s m o d e l o d e p r e c i s i ó n lite-
2 8
C a r t a a F r . R a i m u n d o , e d . T o m m a s e o - M i s c i a t e l l i , y Diálogo c.20
y 100.
2 9
C a r t a 3 7 3 , a F r . R a i m u n d o , y Diálogo.
3 0
C a r t a s 4 9 , 5 2 y 5 5 y Diálogo c . 1 2 .
3 1
C a r t a 3 5 y Diálogo.
36 Introducción general
Nuestra e d i c i ó n
El título
Catalina puso t o d a su dedicación y c a r i ñ o e n lo q u e
ella llamaba «mi libro». N u n c a le llamó d é o t r o m o d o .
P a r a sus discípulos e r a el libro d e su « m a d r e espiritual»,
q u e , m o v i d a p o r el Espíritu S a n t o , había e x p u e s t o el ca-
m i n o p a r a u n a m á s alta perfección.
E n el s e g u n d o p r ó l o g o q u e F r . R a i m u n d o d e C a p u a
escribió p a r a la biografía q u e c o m p u s o d e su d i r i g i d a ,
d e s p u é s d e p r o p o n e r el p l a n g e n e r a l d e su o b r a y testifi-
car, e n n o m b r e d e «la inefable V e r d a d » , q u e c u a n t o e n
esta biografía se halla e r a c o n f o r m e a la v e r d a d , sin fic-
ción ni m e n t i r a , escribe: « A ñ a d i r é l u e g o el libro a d m i r a -
ble d e su d o c t r i n a , q u e c o n t i e n e sus diálogos y v e i n t i u n a
oraciones» '.
De a q u í p a r t e n los títulos c o n q u e d e s p u é s se le
c o n o c e r í a : El libro de los Diálogos o El Diálogo, así c o m o
t a m b i é n «El libro d e la divina d o c t r i n a » . El biógrafo d e
la Santa n o p r e t e n d i ó d a r l e título, sino explicar el m o d o
literario e n q u e se n o s p r e s e n t a (el diálogo) y su c o n t e n i -
d o . Son, p o r t a n t o , estos u'tulos s o l a m e n t e u n calificativo
d e su f o r m a y c o n t e n i d o .
E n el t r a n s c u r s o d e l t i e m p o se le f u e r o n d a n d o o t r o s
títulos, c o m o Tratado de la Providencia, Libro de la Miseri-
cordia, e t c . Más q u e n i n g ú n o t r o , se h a g e n e r a l i z a d o y
a d m i t i d o c o m ú n m e n t e el título d e El Diálogo de Santa
Catalina de Siena, q u e es el q u e m a n t e n g o a q u í , a u n q u e
crea más apropiado «Los Diálogos» p o r ser m u c h o s y di-
versos e n el t i e m p o .
Fecha d e c o m p o s i c i ó n
E n el epistolario d e Catalina e n c o n t r a m o s i m á g e n e s ,
m e t á f o r a s y frases e n t e r a s q u e se hallan r e p e t i d a s e n El
Diálogo.
1
R A I M U N D O DE C A F U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p r ó l .
2 í s e h a c e n las citas d e esta o b r a Dor Dartes v capítulos para d u e resul-
— » • 1 " ! / 1 * 1
t e m á s fácil la v e r i f i c a c i ó n e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o e x t r a n j e r a ) .
42 El Diálogo
2
La carta n ú m e r o 272 sorprende p o r encontrarse en
ella u n boceto de la doctrina de Cristo-Puente. Fue es-
crito después del 10 de octubre de 1377. Hay una rela-
ción íntima e n t r e ella y el libro; luego es como u n es-
q u e m a que después se desarrollará. Anterior no p u e d e
ser, puesto que todos los documentos nos llevan a ase-
g u r a r que fue escrito e n t r e 1377 y 1378, en que se con-
cluyó. Por lo tanto, el libro se comenzó a escribir des-
pués d e haberse escrito esa carta. La terminación del
libro aparece concretada en el colofón del códice de
Siena con estas palabras: «Aquí termina el libro hecho y
c o m p i l a d o p o r la v e n e r a n d í s i m a v i r g e n , fidelísima
sierva y esposa de Jesucristo crucificado, Catalina de
Siena, del hábito de Santo Domingo, e n el a ñ o del Se-
ñ o r 1378, en el mes de octubre».
Precisada la fecha d e la conclusión d e la obra, se han
dedicado los investigadores a fijar la d e su comienzo.
N u e v a m e n t e hay que acudir a la biografía d e Fr. Rai-
m u n d o . En ella leemos: «A pesar de todas estas amenazas
y persecuciones, ella nunca quiso abandonar el territorio
de esta república [de Florencia] hasta que Urbano VI,
sucesor d e Gregorio XI, hubo hecho la paz con los
florentinos. Después d e la publicación d e esta paz, Cata-
lina volvió a Siena y se ocupó más diligentemente de la
composición d e u n libro que dictó en lengua vulgar bajo
la inspiración del Espíritu Santo. Ella tenía amanuenses
para escribir las cartas que enviaba a diversos países. Les
rogó q u e estuvieran atentos, observándola d u r a n t e los
éxtasis q u e tenía con frecuencia, y de los que hemos ha-
blado, y que después escribiesen con cuidado en este
m o m e n t o lo q u e ella les había de dictar. Ellos desempe-
ñ a r o n escrupulosamente esta tarea, y compusieron así
un libro lleno d e muy grandes y muy útiles pensamien-
tos q u e el Señor revelaba a Catalina, y que la voz de la
Santa dictaba en lengua vulgar. Lo que aquí hay d e sin-
gular y maravilloso es que ella hizo este dictado c u a n d o
su espíritu a r r o b a d o no dejaba a los sentidos actividad
3
alguna q u e les fuera propia» .
2
CARTAS. Se citan por la edición de Niccolo Tommaseo-Piero Mis-
ciatelli (Florencia 1970).
3
R A I M U N D O DE C A P L A , Vida III c.l.
Introducción 43
D e este l a r g o p á r r a f o se d e d u c e q u e b u e n a p a r t e del
libro fue escrito d e s p u é s del a c u e r d o d e p a z e n t r e el
papa y Florencia. Sabemos q u e ésta tuvo d o s partes: p o r
p a r t e d e Florencia, d e sus e m b a j a d o r e s , se c o n c l u y ó el
18 d e j u l i o , y p o r p a r t e d e l p a p a fue ratificado el 1.° d e
o c t u b r e d e 1378. ¿ D e s p u é s d e cuál d e estas d o s fechas
r e g r e s ó Catalina a Siena?
U n a c a r t a escrita a su h o s p e d e r o F r a n c i s c o d e Pipino,
s a s t r e e n Florencia, n o s a s e g u r a q u e ella se había m a r -
c h a d o ya, p u e s e n ella le p i d e el l i b r o y los o r i g i n a l e s d e
los privilegios q u e el p a p a h a b í a c o n c e d i d o a la S a n t a .
L u e g o e n esa fecha, q u e es d e la p r i m e r a m i t a d d e agos-
to, n o se hallaba ella e n Florencia, y a d e m á s d e b i ó d e sa-
lir d e la c i u d a d u n p o c o p r e c i p i t a d a m e n t e , p u e s d e j ó n o
sólo el libro, sino los privilegios. El t e x t o d e esta c a r t a ,
d e s c u b i e r t o e n 1914 p o r R o b e r t F a w t i e r y e s t u d i a d o
4
d e s p u é s p o r D u p r é - T h e s e i d e r , dice así: «Dad a F r a n -
cisco el libro..., p o r q u e q u i e r o escribir a l g u n a cosa».
L u e g o se d e d u c e t a m b i é n q u e el l i b r o existía ya, a u n q u e
n o t e r m i n a d o . P o r lo cual n o r e s u l t a a v e n t u r a d o afir-
m a r q u e R a i m u n d o al escribir dijo v e r d a d a s e g u r a n d o
q u e e n Siena «se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e d e la c o m -
posición d e u n libro». El « m á s d i l i g e n t e m e n t e » es u n
comparativo q u e tiene que hacer relación a u n época
a n t e r i o r ; l u e g o se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e q u e a n t e s ;
l u e g o a n t e s se h a b í a o c u p a d o ya d e escribir su libro.
R e t r o c e d i e n d o e n el t i e m p o , d e s p u é s d e c o n o c e r q u e
el libro estaba ya escrito, e n p a r t e , a p r i m e r o s d e agosto
d e 1378, descubrimos, asimismo, su existencia antes del
2 3 d e j u n i o d e l m i s m o a ñ o , p u e s t o q u e se hallaba e n
m a n o s d e u n a condesa, sin d u d a p a r a q u e se aprovechara
d e él e s p i r i t u a l m e n t e , y d e b i ó d e t e n e r l o e n su p o d e r
m á s t i e m p o d e l c a l c u l a d o p o r C a t a l i n a , q u e se impacien-
ta p o r ello. Esta es la r a z ó n del s i g u i e n t e e n c a r g o d e la
S a n t a a E s t e b a n M a c o n i , a q u i e n e n la c a r t a 3 6 5 d i c e :
« M a n d a d a p e d i r a la c o n d e s a m i l i b r o ; lo h e e s p e r a d o
a l g u n o s días y n o viene. Y p o r e s o , si vas allá, dile q u e lo
4
FAWTIER, R o b e r t , Meìanges d'Archeologie et d'Histoire, a n o 1 9 1 4 ;
D U P R É - T H E S E I D E R , E u g è n e , Bulletino dell'Istituto Storico Italiano, ano
1941, n.47.
44 El Diálogo
R e d a c c i ó n del libro
De la d o c u m e n t a c i ó n a n t e r i o r , c o n n o ser m u y a b u n -
d a n t e , se d e d u c e q u e es insostenible la a n t i g u a teoría d e
q u e El Diálogo fue d i c t a d o y r e d a c t a d o e n cinco días. El
t e x t o d e Fr. R a i m u n d o e n q u e se a p o y a r o n p a r a afir-
m a r l o n o s dice q u e , d e s p u é s d e la paz d e Florencia c o n
el p a p a , C a t a l i n a r e g r e s ó a Siena, y allí «se o c u p ó m á s di-
l i g e n t e m e n t e d e la c o m p o s i c i ó n d e l libro». C o m o la paz
p o r p a r t e d e Florencia se hizo el 18 d e j u l i o d e 1378 y
C a t a l i n a se había a u s e n t a d o ya e n a g o s t o , se sigue q u e
t o d o el t i e m p o q u e t r a n s c u r r e d e s d e esas fechas h a s t a el
13 d e o c t u b r e se d e d i c ó la S a n t a m á s d i l i g e n t e m e n t e a
su o b r a .
Caffarini n o s h a b l a d e i n t e r r u p c i o n e s e n el d i c t a d o
q u e d u r a b a n días, lo q u e r e a f i r m a la i r r e a l i d a d d e ha-
b e r sido d i c t a d o e n cinco días.
Los e l e m e n t o s constitutivos d e l c o n t e n i d o d e l libro n o
son otros q u e la doctrina espiritual dispersa en sus Cartas
6
Processo castellano, e n Fontes vi toe S. Catharinae Senensis historia; IX:
Processo..., e d . P. Laurent e n 1 9 4 2 , p . 5 1 .
46 El Diálogo
se t r a t a d e la d o c t r i n a d e la discreción, t e m a q u e se
a b o r d a t a m b i é n e n las n ú m e r o s 67 y 2 1 3 ; la carta 21
c o n t i e n e la d o c t r i n a q u e c o r r e s p o n d e a los capítulos 31
al 3 3 ; las 93 y 94 son fáciles d e r e c o n o c e r t a m b i é n e n el
libro.
S i g u i e n d o la b ú s q u e d a d e posibles influencias d e los
a m a n u e n s e s y secretarios e n la redacción d e El Diálogo,
8
n o p o d e m o s m e n o s d e citar la carta escrita a Fr. Rai-
m u n d o el 15 d e f e b r e r o d e 1380, e n q u e le hace u n a se-
rie d e e n c a r g o s y r e c o m e n d a c i o n e s . U n a d e ellas es la si-
g u i e n t e : « T a m b i é n os r u e g o q u e el libro y t o d o escrito
mío, vos, y Fr. B a r t o l o m é [Dominici], y Fr. T o m á s [della
F o n t e ] , y el M a e s t r o [Tantucci] lo toméis e n vuestras
m a n o s y haced d e él lo q u e veáis q u e sirva m á s p a r a el
h o n o r d e Dios, j u n t a m e n t e con micer T o m á s [ B u o n -
conti 1; e n el cual [libro ] yo h e e n c o n t r a d o a l g ú n placer».
Catalina p r e s e n t í a q u e n o viviría m u c h o t i e m p o .
Esta r e c o m e n d a c i ó n d e su libro e r a d e j a r práctica-
m e n t e las m a n o s libres a Fr. R a i m u n d o p a r a r e t o c a r l o si
había d e servir « p a r a el h o n o r d e Dios», p a l a b r a s q u e
parecen indicar u n a profesión d e fe, es decir, q u e podía
c o r r e g i r e n él aquello q u e p u d i e r a estar a m b i g u a o e r r ó -
n e a m e n t e escrito. L o q u e ella p r e t e n d í a , e n su h u m i l -
d a d , e r a q u e su libro sirviera p a r a el h o n o r d e Dios y
p r o v e c h o d e las almas.
N o consta e n d o c u m e n t o a l g u n o q u e e n él se hiciera
c a m b i o o corrección a l g u n a , y n o c o m p r e n d e m o s las ra-
zones e n q u e se f u n d a ( n i n g u n a alega) el a u t o r d e la
t r a d u c c i ó n francesa, Louis-Paul G u i g u e s , p a r a a s e g u r a r
e n el Prefacio: «Los capítulos 115 a 118 m e p a r e c e n par-
t i c u l a r m e n t e r e t o c a d o s con mala f o r t u n a y u n a ausencia
9
total d e gusto» . Son capítulos d e d i c a d o s a p o n e r d e re-
lieve la vida d e los malos ministros d e la Iglesia. Si ésa es
la r a z ó n , n o tiene f u n d a m e n t o , p u e s Catalina conocía
m u y bien el e s t a d o d e la sociedad eclesiástica y seglar d e
su t i e m p o , y e n sus Cartas y Oraciones se e n c u e n t r a n ves-
tigios claros d e q u e los fustigaba hasta d o n d e p o d í a .
E n el códice C a s a n a t e n s e a d v i e r t e G. Cavallini la su-
p r e s i ó n d e las palabras «a mí» c u a n d o h a b l a el P a d r e
« Carta 3 7 3 .
9
Le livre des Dialogues, suivi de Lettres, Éd. Seuil, Préface par Louis-
Paul Guigues (París 1953) p . 1 9 nt.6.
48 El Diálogo
Su división y contenido
sí la h e c h a e n capítulos. Las p r i m e r a s e d i c i o n e s i m p r e s a s
c o n s t a b a n d e u n a i n t r o d u c c i ó n y seis t r a t a d o s . M u c h o s
f r a n c e s e s d i v i d i e r o n la o b r a e n c u a t r o t r a t a d o s . Los
d o m i n i c o s d e A t o c h a a b a n d o n a r o n la p a l a b r a « t r a t a d o »
y la s u s t i t u y e r o n p o r «diálogo», p o n i e n d o el n ú m e r o d e
o n c e . O t r o s franceses m á s m o d e r n o s se fijaron e n las
c u a t r o p r e g u n t a s q u e a p a r e c e n e n el p á r r a f o final d e l
capítulo p r i m e r o , q u e v i e n e a ser u n a especie d e b o c e t o
d e lo q u e s e r í a n las r e s p u e s t a s q u e d a r í a el S e ñ o r a ellas.
Catalina d e b i ó h a c e r su e s q u e m a , acaso r u d i m e n t a r i o ,
d e c a d a escrito suyo. Al r e u n i r l o s y o r d e n a r l o s se siguió
u n p l a n . T r a s d e él a n d a n los i n v e s t i g a d o r e s . C r e e m o s ,
sin e m b a r g o , q u e n i n g u n o lo h a e n c o n t r a d o satisfacto-
r i a m e n t e , p o r q u e éste fue u n libro q u e se fue escri-
b i e n d o p o c o a p o c o , al q u e se le fue a ñ a d i e n d o n u e v o
m a t e r i a l . El m a n u s c r i t o estaba e n m a n o s d e u n a c o n -
d e s a , n o tal c o m o a p a r e c e a n u e s t r a vista, e n la p r i m a -
v e r a d e 1378, y C a t a l i n a lo r e c l a m ó , sin d u d a p a r a c o m -
p l e t a r l o . D e s p u é s se lo volvió a r e c l a m a r a F r a n c i s c o d e
Pipino, p u e s lo h a b í a d e j a d o e n F l o r e n c i a , y d i o la r a z ó n
d e s e g u i r e s c r i b i e n d o e n él. D e s d e el m e s d e a g o s t o
hasta la c o n c l u s i ó n definitiva e n el m e s d e o c t u b r e se
aplicó la e s c r i t o r a a r e d a c t a r l e y d a r l e f o r m a definitiva
«más d i l i g e n t e m e n t e » , c o m o a s e g u r a Fr. R a i m u n d o . El
e s q u e m a inicial se d e b i ó ir a m p l i a n d o y c o m p l i c a n d o d e
agosto a o c t u b r e y acaso m o d i f i c a n d o , ya e n Siena, c o n
m a y o r t r a n q u i l i d a d . H a y u n a frase e n la biografía es-
crita p o r Fr. R a i m u n d o q u e p a r e c e a s e g u r a r n o s q u e Ca-
talina n o escribió al a z a r , s e g ú n le venía e n g a n a o e r a
i n s p i r a d a p o r el espíritu, sino q u e llevaba intencionali-
d a d , su p l a n . Es ésta: « T a m b i é n e n el libro q u e escribió
no olvidó c o n s a g r a r a este t e m a u n l a r g o t r a t a d o y varios
, 0
capítulos bien c o n o c i d o s d e los q u e leen esta o b r a » . Se
r e f i e r e al t e m a d e la p r o v i d e n c i a .
1 0
R A I M U N D O DE C A F U A , Vida I c.10.
50 El Diálogo
11
CAVALLINI, Giuliana, // Dialogo ( R o m a 1968); ¡ntroduzione p.xiv.
Introducción 51
L a división a d o p t a d a nos a h o r r a d e h a b l a r d e l c o n t e -
n i d o d e l libro. H a b l a r d e él sería p o c o m á s q u e r e p e t i r
el Índice.
H e m o s i n d i c a d o e n la Introducción generai q u e los in-
v e s t i g a d o r e s d e s e a r í a n hallar la idea s o b r e la q u e g i r a n
t o d a s las d e m á s c o m o c o n s e c u e n c i a s lógicas, c o m o pla-
n e t a s a l r e d e d o r d e l sol. P e r o ésta n o la e n c o n t r a r á n ,
p u e s son m u c h a s las luces q u e a l u m b r a n a Catalina inte-
r i o r m e n t e , y p o r eso pasa d e u n a a o t r a c o n g r a n facili-
d a d , s a b i e n d o q u e e n c u a l q u i e r caso n u n c a se p u e d e sa-
lir d e l círculo d e la e t e r n a V e r d a d , p o r s e g u i r u n a ale-
g o r í a u s a d a p o r la S a n t a . Dios lo es t o d o e n ella, c o m o la
g r a n c i r c u n f e r e n c i a q u e la r o d e a , y lo m i s m o le d a vol-
v e r a u n a p a r t e o a o t r a : s i e m p r e se e n c o n t r a r á c o n El,
la s u p r e m a V e r d a d . L o d e m á s son r e s a b i o s academicis-
tas, e n m o d o a l g u n o aplicables a q u i e n n o s u p o d e aca-
d e m i a s , d e u n i v e r s i d a d e s , ni o t r a lógica q u e la d e l co-
r a z ó n m o v i d o p o r el a m o r .
La p r e s e n t e t r a d u c c i ó n
P a r a la t r a d u c c i ó n d e El Diálogo h e m o s e l e g i d o la e d i -
ción p r e p a r a d a p o r G i u l i a n a Cavallini, q u e r e p r o d u c e
f i e l m e n t e el t e x t o d e l c ó d i c e 2 9 2 d e la Biblioteca Casa-
n a t e n s e , d e R o m a . Es u n copia d e l o r i g i n a l p e r d i d o .
Está escrito e n p a p e l d e l siglo x i v , a p á g i n a e n t e r a , d e
14 x 21 c e n t í m e t r o s , e n letra m i n ú s c u l a gótica italiana
d e fácil l e c t u r a , c o n iniciales a p l u m a , e n tinta n e g r a .
Es i n t e r e s a n t e la fijación d e la fecha d e esta copia, q u e
está a c o m p a ñ a d a d e u n a colección d e c a r t a s escritas p o r
C a t a l i n a . P o r las c a r t a s d e esta colección se p u e d e d e d u -
cir la fecha e n q u e fue escrito el c ó d i c e . E n t r e ellas hay
d o s : u n a a P i e r o C a n i g l i a n i , e n F l o r e n c i a , c o n la aposti-
lla, « m í o p a d r e s e g ú n la c a r n e » ; la s e g u n d a va d i r i g i d a a
m i c e r Ristoro C a n i g i a n i , « h e r m a n o m í o s e g ú n la car-
n e » . D e esta r e f e r e n c i a se infiere q u e la t r a n s c r i p c i ó n d e
estas c a r t a s está h e c h a p o r u n o d e los s e c r e t a r i o s d e la
S a n t a , B a r d u c c i o C a n i g i a n i , a q u i e n h e m o s h e c h o refe-
r e n c i a c o m o u n o d e los tres a m a n u e n s e s d e El Diálogo.
B a r d u c c i o sobrevivió a C a t a l i n a u n o s d o s a ñ o s . La fecha
d e l c ó d i c e , p o r t a n t o , d a t a d e esa fecha. L u e g o el códice
52 El Diálogo
* * *
1 2
Ibid., p . x x x v i - x x x v n .
Introducción 53
b i e n p o c o s a ñ o s d e s p u é s d e la m u e r t e d e su a u t o r a . N o
h e q u e r i d o h a c e r c o n El Diálogo lo q u e t a n t o se h a h e -
c h o c o n los c u e r p o s d e los santos, d e s p e d a z a r l o s p o r d e -
v o c i ó n p a r a d i s t r i b u i r s u s r e l i q u i a s . El l e c t o r se e n c o n -
t r a r á m e n o s d e s o r i e n t a d o q u e si se le p u s i e r a n divisio-
nes y subdivisiones q u e n o esclarecen d e m a s i a d o . Para
ello v a l e m e j o r el í n d i c e a n a l í t i c o , q u e h e p r o c u r a d o h a -
c e r lo m á s c o m p l e t o p o s i b l e .
C r e o q u e la d i v i s i ó n a c e p t a d a d e C a v a l l i n i n o e s t o r b a
n u e s t r o p r o p ó s i t o , s i n o q u e lo p e r f e c c i o n a .
L a d i s p o s i c i ó n t i p o g r á f i c a s e ñ a l a , c o m o lo h a c e C a -
vallini, el c a m b i o d e i n t e r l o c u t o r e n el d i á l o g o p o r m e -
d i o d e u n a l í n e a g r u e s a al p r i n c i p i o y fin d e c a d a p a r l a -
mento.
M a d r i d , 29 d e abril d e 1980.
S e g ú n t e s t i m o n i o d e sus discí-
pulos, Catalina de Siena dic-
t a b a sin dificultad a t r e s a m a -
n u e n s e s a la vez; e n o c a s i o n e s ,
sobre temas diferentes.
P R O E M I O
1 [El a l m a c o n o c e a D i o s p o r l a o r a c i ó n . — E s t a a l m a d e q u e
aquí se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a c i ó n , hizo a Dios c u a t r o
peticiones. ]
C u a n d o u n a l m a se e l e v a a Dios c o n a n s i a s d e a r d e n -
tísimo d e s e o d e h o n o r a El y d e la salvación d e las al-
m a s , se ejercita p o r a l g ú n t i e m p o e n la v i r t u d . Se a p o -
s e n t a e n la c e l d a d e l c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a y se h a -
b i t ú a a ella p a r a m e j o r e n t e n d e r la b o n d a d d e Dios;
p o r q u e al c o n o c i m i e n t o s i g u e el a m o r , y, a m a n d o , p r o -
c u r a ir e n p o s d e la v e r d a d y r e v e s t i r s e d e ella.
Y p o r q u e d e n i n g ú n o t r o m o d o g u s t a y es i l u m i n a d a
t a n t o d e e s a v e r d a d c o m o p o r la o r a c i ó n h u m i l d e y c o n -
t i n u a d a , f u n d á n d o s e e n el c o n o c i m i e n t o d e sí y d e Dios,
al e j e r c i t a r s e e n ella d e l m o d o d i c h o , e s e a l m a se u n e a
Dios s i g u i e n d o las h u e l l a s d e C r i s t o c r u c i f i c a d o . D e e s t a
m a n e r a , p o r el d e s e o p e r f e c t o y la u n i ó n d e a m o r , h a c e
d e El u n « o t r o yo». E s t o p a r e c e q u e significaba C r i s t o
c u a n d o dijo: «A q u i e n m e a m e y a t i e n d a m i s p a l a b r a s , a
ése m e m a n i f e s t a r é yo m i s m o , y s e r á u n a cosa c o n m i -
g o , y yo c o n él» '. E n o t r o s l u g a r e s e n c o n t r a m o s p a l a -
b r a s s e m e j a n t e s . P o r ellas p o d e m o s v e r q u e es c i e r t o
q u e , p o r el afecto d e l a m o r , el a l m a se c o n v i e r t e e n o t r o
El. P a r a v e r l o c o n m á s c l a r i d a d , r e c u e r d o h a b e r o í d o d e
2
u n a s i e r v a d e Dios , h a l l á n d o s e e n altísima o r a c i ó n , c o n
g r a n e l e v a c i ó n d e su e s p í r i t u , q u e Dios n o o c u l t a b a a los
ojos d e su i n t e l i g e n c i a el a m o r q u e t i e n e a s u s s e r v i d o -
r e s , s i n o , m á s b i e n , se lo m a n i f e s t a b a . L e d e c í a e n t r e
o t r a s cosas:
A b r e los ojos d e la i n t e l i g e n c i a y m i r a a d e n t r o d e
m í , y v e r á s la d i g n i d a d y belleza d e m i c r i a t u r a , la r a c i o -
n a l . E n t r e la b e l l e z a q u e h e d a d o al a l m a al c r e a r l a a
i m a g e n y s e m e j a n z a m í a , o b s e r v a q u e se halla v e s t i d a
c o n la v e s t i d u r a n u p c i a l d e la c a r i d a d , a d o r n a d a d e m u -
c h a s y v e r d a d e r a s v i r t u d e s : está u n i d a c o n m i g o p o r el
1
Jn 14,23.
2
M o d o d i s c r e t o d e referirse a sí m i s m a .
56 El Diálogo
3
Símil b i e n l o g r a d o p a r a i n d i c a r la p r e s e n c i a d e Dios e n el a l m a y
la m o r a d a d e l a l m a e n Dios p o r la c a r i d a d .
4
«Día d e M a r í a » , es d e c i r , s á b a d o d e d i c a d o a la V i r g e n .
N a c i m i e n t o d e Catalina y d e su
h e r m a n a gemela.
LA D O C T R I N A DE LA P E R F E C C I Ó N
E n t o n c e s la V e r d a d e t e r n a a r r e b a t ó y atrajo hacia sí
con m á s fuerza los a n h e l o s del alma, o b r a n d o c o m o e n
el A n t i g u o T e s t a m e n t o ', p o r q u e e n t o n c e s c u a n d o se
ofrecían sacrificios a Dios, bajaba fuego y atraía hacia sí
la o f r e n d a q u e le e r a a g r a d a b l e . La d u l c e V e r d a d hizo
lo m i s m o con aquel alma, d e m o d o q u e envió el fuego
c l e m e n t e del Espíritu Santo y recogió el sacrificio d e los
deseos q u e ella tenía y le dijo:
¿ N o sabes, hija mía, q u e todas las p e n a s q u e p u e -
d e sufrir el a l m a e n esta vida n o son suficientes p a r a p o -
d e r ser castigo d e u n a p e q u e ñ a culpa? P o r q u e la ofensa
q u e se hace a mí, Bien infinito, requiere u n a satisfacción
infinita. Por eso quiero que sepas q u e n o todos los sufri-
m i e n t o s s o b r e v i e n e n e n esta vida p o r vía d e castigo, sino
p a r a facilitar la e n m i e n d a y avisar al hijo q u e peca. La
v e r d a d es ésta: q u e se satisface con el d e s e o del alma,
esto es, c o n la v e r d a d e r a contrición y a b o r r e c i m i e n t o
del p e c a d o . La contrición v e r d a d e r a satisface p o r la cul-
p a y p o r la p e n a ; n o p o r el d o l o r finito q u e se sufre, sino
p o r el d e s e o infinito. Dios, q u e es infinito, q u i e r e a m o r
y d o l o r infinitos.
Por dos motivos q u i e r e el d o l o r infinito: u n o , p o r la
propia ofensa c o m e t i d a c o n t r a su c r e a d o r ; el o t r o , p o r
la ofensa q u e se h a c e al p r ó j i m o . E n c u a n t o a los q u e
tienen d e s e o infinito, es decir, q u e se hallan u n i d o s a mí
p o r afecto d e a m o r —por eso se d u e l e n c u a n d o pecan o
ven pecar—, la p e n a q u e sufren, espiritual o c o r p o r a l ,
1
1 Crón 18,28.
La doctrina de la perfección 59
v e n g a d e d o n d e v e n g a , t i e n e m é r i t o infinito y satisface
p o r la c u l p a , q u e m e r e c í a p e n a infinita, a u n p r e s u p o -
n i e n d o q u e sus o b r a s s e a n finitas, h e c h a s e n t i e m p o fini-
to. P e r o p o r s e r p r a c t i c a d a la v i r t u d y s u f r i d a la p e n a
c o n g u s t o y c o n a b o r r e c i m i e n t o infinito d e l p e c a d o , p o r
e s o t i e n e t a n t o valor.
E s t o lo d e m o s t r ó P a b l o c u a n d o dijo: «Si t u v i e s e l e n -
g u a d e á n g e l e s , c o n o c i e s e las cosas f u t u r a s , d i e s e lo m í o
a los p o b r e s y m i c u e r p o a la h o g u e r a , si n o t u v i e r e c a r i -
2
d a d , d e n a d a m e valdría» . E n s e ñ a el g l o r i o s o A p ó s t o l
q u e las o b r a s finitas, sin el c o n d i m e n t o d e l afecto d e la
c a r i d a d n o son suficientes ni p a r a e x p i a r ni p a r a r e -
compensar.
4 [El d e s e o , j u n t o c o n l a c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , s a t i s f a c e
p o r l a c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y t a m b i é n p o r la d e l o s d e
m á s . — A l g u n a s v e c e s s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r l a
pena. 1
T e h e m o s t r a d o , c a r í s i m a hija, c ó m o la c u l p a n o se
e x p í a e n este t i e m p o finito p o r n i n g u n a p e n a q u e se
s u f r a , p o r ser p e n a . Se e x p í a c o n la p e n a q u e se s u f r e
j u n t o c o n el d e s e o , a m o r y c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , n o
e n r a z ó n d e la p e n a , s i n o d e l d e s e o d e l a l m a ; lo m i s m o
q u e el d e s e o y t o d a v i r t u d t i e n e n v a l o r y vida e n sí p o r
m e d i o de C r i s t o , m i Hijo u n i g é n i t o , e n c u a n t o q u e el
a l m a se h a g a n a d o su a m o r y p o r m e d i o d e la v i r t u d si-
g u e s u s h u e l l a s . D e e s t e m o d o t i e n e n valor, y n o d e
o t r o . P o r la m i s m a r a z ó n , las p e n a s satisfacen p o r la c u l -
p a a c a u s a d e l a m o r d u l c e y u n i t i v o , a d q u i r i d o e n el d u l -
ce c o n o c i m i e n t o d e m i b o n d a d y e n la a m a r g u r a y c o n -
t r i c i ó n d e m i c o r a z ó n , c o n o c i é n d o s e u n o a sí m i s m o y
c o n o c i e n d o sus p r o p i a s c u l p a s . E s t e c o n o c i m i e n t o e n -
g e n d r a o d i o y a b o r r e c i m i e n t o d e l p e c a d o y d e los p r o -
pios s e n t i d o s , p o r lo q u e se j u z g a d i g n o d e las p e n a s e
i n d i g n o d e la r e c o m p e n s a . P o r c o n s i g u i e n t e — d e c í a la
d u l c e V e r d a d — , m i r a c ó m o p o r la c o n t r i c i ó n d e l c o r a -
z ó n , c o n a m o r a la v e r d a d e r a p a c i e n c i a y c o n la v e r d a -
d e r a h u m i l d a d , j u z g á n d o s e p o r ella d i g n o s d e la p e n a e
i n d i g n o s d e la r e c o m p e n s a , s u f r e n c o n p a c i e n c i a . Así
c o m p r e n d e s el m o d o d e satisfacer.
2
1 Cor 13,1-3.
60 El Diálogo
s u f r i m i e n t o s , el p r e m i o d e la v i d a y ya n o m e a c o r d a r é
m á s d e q u e m e h a b é i s o f e n d i d o ; para otros: p o r los mis-
m o s s u f r i m i e n t o s d a r é lo q u e se h a satisfecho p o r v u e s -
t r a c a r i d a d y v u e s t r o a f e c t o , y lo d a r é e n c o n f o r m i d a d
c o n la d i s p o s i c i ó n c o n q u e lo r e c i b a n .
E n c o n c r e t o : a q u i e n e s se d i s p o n g a n h u m i l d e m e n t e y
c o n r e v e r e n c i a a r e c i b i r la d o c t r i n a d e m i s s e r v i d o r e s ,
les p e r d o n a r é la c u l p a y la p e n a . ¿ C ó m o ? P o r la a c e p t a -
c i ó n l l e g a r á n al v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o y c o n t r i c i ó n d e
sus p e c a d o s , d e m o d o q u e a t r a v é s d e l i n s t r u m e n t o d e la
o r a c i ó n y d e s e o d e m i s s e r v i d o r e s r e c i b i r á n los f r u t o s d e
g r a c i a al a c e p t a r l o s c o n h u m i l d a d ; m á s o m e n o s s e g ú n
q u i e r a n utilizar la g r a c i a p a r a la v i r t u d . C u i d a n o sea
t a n t a su o b s t i n a c i ó n q u e q u i e r a n s e r r e p r o b a d o s p o r mí
a c a u s a d e la d e s e s p e r a c i ó n , m e n o s p r e c i a n d o la s a n g r e ,
p o r la q u e c o n t a n t a d u l z u r a h a n sido n u e v a m e n t e c o m -
prados.
¿ Q u é r e c o m p e n s a r e c i b i r á n ? L a r e c o m p e n s a es q u e yo
e s p e r o p o r ellos, o b l i g a d o p o r la o r a c i ó n d e mis s e r v i d o -
r e s , y les d o y luz; h a g o q u e d e s p i e r t e el p e r r o d e su c o n -
ciencia, les h a g o p e r c i b i r el p e r f u m e d e la v i r t u d y e n -
c o n t r a r p l a c e r e n el t r a t o c o n m i s s e r v i d o r e s . T a m b i é n
a l g u n a s veces p e r m i t o q u e se les p r e s e n t e el m u n d o tal
c u a l es, s i n t i e n d o d i v e r s a s y v a r i a d a s aficiones p a r a q u e
c o n o z c a n la p o c a firmeza d e l m u n d o y se l e v a n t e n a
b u s c a r su p a t r i a , la v i d a e t e r n a . P o r e s t o s y m u c h o s
o t r o s m o d o s q u e a la m i r a d a h u m a n a r e s u l t a difícil
c o m p r e n d e r y ni l e n g u a p u e d e n a r r a r ni c o r a z ó n p e n -
sar c o n o c e n c u á n t o s s o n los c a m i n o s y m o d o s q u e , p o r
p u r o a m o r , utilizo p a r a llevarles a la g r a c i a a fin d e q u e
m i v e r d a d t e n g a e n ellos p l e n i t u d .
M e e n c u e n t r o o b l i g a d o a h a c e r l o p o r la i n e s t i m a b l e
c a r i d a d c o n q u e los c r e é y p o r la o r a c i ó n d e m i s s e r v i d o -
r e s , p u e s n o m e n o s p r e c i o las l á g r i m a s , s u d o r e s y o r a -
c i ó n h u m i l d e , sino q u e las a c e p t o , p o r q u e soy yo m i s m o
q u i e n les h a g o a m a r y d o l e r s e d e l d a ñ o d e las a l m a s . A
estos tales n o se les c o n c e d e satisfacción d e la p e n a e n
g e n e r a l ; p e r o sí d e la c u l p a , p o r n o h a l l a r s e , p o r su p a r -
te, p r e p a r a d o s p a r a a c o m o d a r s e c o n a m o r p e r f e c t o al
a m o r m í o y d e mis s e r v i d o r e s y p o r n o llevar su d o l o r
1
1 Cor 2,9.
62 El Diálogo
2
En la E d a d Media, c o m ú n m e n t e se a t r i b u í a u n especial p o d e r es-
piritual a la s a n g r e (cf. VICENTE DE BEALVAIS, Speculvm naturale L 8).
La doctrina de la perfección 63
Este es el p a t r i m o n i o q u e os d i , q u e d e b e volver a m i
P a d r e . H a b i é n d o l o v e n d i d o y d a d o d e b a r a t o al d e m o -
nio, a éste n o le i m p o r t a q u e a la m u e r t e lleven lo q u e
e n esta vida a d q u i r i e r o n c u a n d o l l e n a b a n la m e m o r i a
d e delicias y r e c u e r d o s d e d e s h o n e s t i d a d , soberbia, ava-
ricia, a m o r a sí m i s m o s , o d i o y m e n o s p r e c i o d e l p r ó j i m o
y la p e r s e c u c i ó n a mis s e r v i d o r e s . O f u s c a d o el e n t e n d i -
m i e n t o p o r la v o l u n t a d d e s o r d e n a d a , r e c i b e n e n estas
miserias, c o n el t u f o d e l i n f i e r n o , su p e n a e t e r n a , infini-
ta, p o r n o h a b e r satisfecho la culpa c o n la c o n t r i c i ó n y
a b o r r e c i m i e n t o del p e c a d o .
Y así tienes c ó m o se satisface la culpa p o r m e d i o d e la
c o n t r i c i ó n del c o r a z ó n , n o p o r las p e n a s t e m p o r a l e s ; y
n o sólo la c u l p a , sino la p e n a q u e le sigue se satisface e n
los q u e llegan a esta p e r f e c c i ó n . E n g e n e r a l , c o m o se h a
d i c h o , se satisface la culpa; esto es, los q u e n o t i e n e n pe-
c a d o m o r t a l reciben la. gracia; p e r o , si n o t i e n e n c o n t r i -
ción y a m o r suficientes p a r a satisfacer p o r la p e n a , van a
los s u f r i m i e n t o s del p u r g a t o r i o u n a vez p a s a d a la s e g u n -
d a y ú l t i m a m i t a d d e su vida.
Así ves q u e p o r el d e s e o d e l a l m a u n i d a a mí, q u e soy
bien infinito, se satisface e n p r o p o r c i ó n a la perfección
del a m o r del q u e p r e s e n t a la o r a c i ó n y el d e s e o , y t a m -
b i é n e n c o n f o r m i d a d c o n la d e a q u e l p o r q u i e n se ofre-
ce. La m e d i d a e n q u e u n o m e d a y el o t r o acepta, ésa
3
será la m e d i d a d e m i b o n d a d . De m o d o q u e a c r e c i e n t a
el fuego d e tu d e s e o y n o dejes p a s a r u n m o m e n t o sin
q u e p o r ellos c l a m e n c o n voz h u m i l d e y c o n t i n u a d a tus
o r a c i o n e s a n t e mí. Así, os d i g o , a ti y al P a d r e d e tu
a l m a q u e te he d a d o e n la tierra, q u e sufráis varonil-
m e n t e y q u e m u r á i s a v u e s t r o s p r o p i o s sentidos.
Me es m u y g r a t a la v o l u n t a d d e q u e r e r sufrir hasta la
m u e r t e c u a l q u i e r p e n a o fatiga p o r la salud d e las almas.
C u a n t o m á s sufre el h o m b r e , m á s m u e s t r a q u e m e a m a ;
al a m a r m e , c o n o c e m á s d e mi v e r d a d , y c u a n t o m á s co-
n o c e , m á s siente p e n a y d o l o r i n s o p o r t a b l e s a c a u s a d e
las o f e n s a s q u e m e h a c e n .
3
Le 6 , 3 8 .
64 El Diálogo
7 [Las v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó j i m o . — P o r q u é
s o n t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r s a s c r i a t u r a s . ]
c a r i d a d y el a m o r al p r ó j i m o , es el f u n d a m e n t o d e t o d o
m a l . T o d o e s c á n d a l o , o d i o , c r u e l d a d y c u a l q u i e r dificul-
t a d t i e n e n raíz e n el a m o r p r o p i o . T o d o lo h a e n v e n e n a -
d o e n el m u n d o y h a p u e s t o e n f e r m o el c u e r p o místico
d e la s a n t a Iglesia y el c u e r p o u n i v e r s a l d e la religión
l
c r i s t i a n a , p u e s ya te dije, y es la r e a l i d a d , q u e e n el
p r ó j i m o , o sea, e n su c a r i d a d , se b a s a n t o d a s las v i r t u -
d e s . T e dije t a m b i é n q u e la c a r i d a d d a vida a t o d a vir-
t u d , y así e s , p u e s n o se p u e d e t e n e r n i n g u n a sin la c a r i -
d a d ; es d e c i r , q u e la c a r i d a d se a d q u i e r e sólo p o r el
a m o r a m í . D e s p u é s q u e el a l m a se h a c o n o c i d o a sí mis-
m a , h a e n c o n t r a d o la h u m i l d a d y el m e n o s p r e c i o a la
p a s i ó n sensitiva, p o r c o n o c e r la p e r v e r s a inclinación q u e
se h a l l a p e g a d a a s u s m i e m b r o s . Ella l u c h a s i e m p r e c o n -
2
t r a el espíritu . P o r esta r a z ó n , el a l m a se h a r e b e l a d o
c o n o d i o y d e s p r e c i o a la p a r t e sensitiva, s o m e t i é n d o l a a
la r a z ó n c o n g r a n c u i d a d o , y h a e n c o n t r a d o d e n t r o d e sí
la g r a n d e z a d e m i b o n d a d e n los m u c h o s beneficios q u e
d e m í h a r e c i b i d o . T o d o s los vuelve a c o n t e m p l a r el
a l m a d e n t r o d e sí m i s m a .
El c o n o c i m i e n t o d e sí h a l o g r a d o q u e m e lo a t r i b u y a
p o r h u m i l d a d , p u e s c o m p r e n d e q u e p o r b e n e v o l e n c i a la
h e s a c a d o d e las tinieblas y l l a m a d o al v e r d a d e r o c o n o c i -
m i e n t o . U n a vez q u e h a c o n o c i d o mi b o n d a d , la a m a
c o n o sin i n t e r m e d i a r i o . Digo sin i n t e r m e d i a r i o , o sea,
d i r e c t a m e n t e , sin p e n s a r e n la p r o p i a u t i l i d a d . L a a m a
p o r i n t e r m e d i a r i o p o r q u e , u n a vez c o n c e b i d a la v i r t u d
e n r e l a c i ó n a m í , e n t i e n d e q u e n o m e sería g r a t a ni
a c e p t a si n o concibiese a b o r r e c i m i e n t o al p e c a d o y a m o r
a la v i r t u d . D e s p u é s , c o n c e b i d o el i n t e r m e d i a r i o e n la
v i r t u d p o r afecto d e a m o r , i n m e d i a t a m e n t e h a c e q u e
nazca e n su p r ó j i m o , ya q u e d e o t r o m o d o n o sería ver-
d a d q u e la h u b i e s e t e n i d o e n sí m i s m a . P e r o c o m o m e
a m a d e veras, d e aquí q u e sea d e utilidad p a r a el próji-
m o . N o p u e d e s e r d e o t r a m a n e r a , p o r q u e yo y el próji-
m o s o m o s u n a sola cosa, y e n la m e d i d a e n q u e m e a m a ,
1
C a t a l i n a d i s t i n g u e e n El Diálogo e n t r e « c u e r p o m í s t i c o d e la s a n t a
Iglesia» y « c u e r p o g e n e r a l d e la r e l i g i ó n c r i s t i a n a » . El p r i m e r o se r e f i e -
r e a lo q u e h o y l l a m a m o s « j e r a r q u í a eclesiástica»; el s e g u n d o a b a r c a a
t o d o s los fieles c r i s t i a n o s . T é n g a s e b i e n e n c u e n t a e s t a n o m e n c l a t u r a
p a r a evitar inexactitudes.
2
Gal 5 , 1 7 .
68 El Diálogo
3
1 Cor 12,4-6.
La doctrina de ta perfección 69
la fe viva; a u n o s , la p r u d e n c i a o la paciencia, y a o t r o s ,
la fortaleza.
Estas y m u c h a s o t r a s las d o y d e m o d o d i f e r e n t e a
c r i a t u r a s distintas, si b i e n u n a d e ellas sea d a d a c o m o
fin p r i n c i p a l , y p o r ello el a l m a se e n t r e g a m á s a su p r á c -
tica q u e a las o t r a s . El a f e c t o a esta v i r t u d a t r a e h a c i a sí
a las d e m á s , q u e , c o m o se h a d i c h o , se h a l l a n í n t i m a -
m e n t e u n i d a s e n u n t o d o p o r el afecto d e la c a r i d a d .
. Y así, m u c h o s d o n e s y gracias d e v i r t u d y o t r a s cosas
espirituales y corporales —digo corporales r e f i r i é n d o m e
a las cosas n e c e s a r i a s a la vida d e l h o m b r e — , t o d o lo h e
d a d o t a n d i v e r s i f i c a d a m e n t e , q u e n o lo h e c o n c e d i d o
t o d o a u n o , p a r a q u e p o r f u e r z a os veáis o b l i g a d o s a
ejercitar la c a r i d a d u n o s c o n o t r o s . B i e n p u d e d o t a r al
h o m b r e d e t o d o lo q u e n e c e s i t a b a p a r a el a l m a y p a r a el
c u e r p o , p e r o q u i s e q u e u n o s t u v i e r a n n e c e s i d a d d e los
o t r o s y f u e r a n m i s a d m i n i s t r a d o r e s e n el r e p a r t o d e las
gracias y d o n e s q u e h a n r e c i b i d o d e m í . D e m o d o q u e ,
q u i e r a o n o , n o p u e d e m e n o s el h o m b r e d e ejercitar la
c a r i d a d . Y c i e r t a m e n t e q u e , si n o se la ejercita, y se
h a c e y se o t o r g a p o r a m o r a m í , e s a o b r a n o t i e n e v a l o r
e n c u a n t o a la g r a c i a .
Así ves q u e p a r a q u e ejercite la v i r t u d d e la c a r i d a d
h e instituido mis ministros y establecido u n a diversa
g r a d a c i ó n . Eso m u e s t r a q u e m i casa t i e n e m u c h a s m a n -
4
siones y q u e n o q u i e r o o t r a cosa q u e a m o r . P o r q u e ,
p o r el a m o r a m í , se p o n e e n m a r c h a el a m o r al próji-
m o ; p r a c t i c á n d o l o , se h a o b s e r v a d o la ley; es d e c i r , si lo
h a c e así, p u e d e h a c e r el b i e n e n favor d e q u i e n se le h a -
lla u n i d o p o r este a m o r , e n c o n f o r m i d a d c o n las cir-
cunstancias.
T e h e e n s e ñ a d o c ó m o el h o m b r e es útil al p r ó j i m o
y c ó m o sus o b r a s s o n m a n i f e s t a c i ó n d e l a m o r q u e m e
tiene.
A h o r a t e d i g o q u e la v i r t u d d e la paciencia se p r u e b a
e n el h o m b r e e n el t i e m p o d e la injuria q u e se r e c i b e d e l
4
Jn 14,2.
70 El Diálogo
1
R o m 12,17-20.
La doctrina de la perfección 71
Si c o n t e m p l a s las v i r t u d e s d e la f o r t a l e z a y p e r s e v e -
r a n c i a , v e r á s q u e éstas q u e d a n p a t e n t e s e n el m u c h o s u -
frir las injurias y d e t r a c c i o n e s d e los h o m b r e s , q u e a
m e n u d o c o n injurias y lisonjas le q u i e r e n a p a r t a r d e l ca-
m i n o y d e la d o c t r i n a d e la v e r d a d . El es f u e r t e y p e r s e -
v e r a n t e e n t o d o si la v i r t u d d e la f o r t a l e z a h a n a c i d o e n
él. E n ese caso, la m a n i f i e s t a al e x t e r i o r , e n el p r ó j i m o .
c i ó n , lo q u e d e b e n h a c e r u n o s p a r a c o n o t r o s . A l próji-
m o le d a n la d e b i d a d o c t r i n a y la e j e m p l a r i d a d d e su
s a n t a y h o n e s t a vida, a c o n s e j á n d o l e y a y u d á n d o l e a la sal-
vación d e su a l m a , c o n f o r m e a su n e c e s i d a d .
E n c u a l q u i e r s i t u a c i ó n e n q u e el h o m b r e se h a l l e , sea
s e ñ o r , p r e l a d o o s u b d i t o , si p o s e e e s t a v i r t u d , t o d o lo
h a c e y d a a su p r ó j i m o c o n d i s c r e c i ó n y afecto d e cari-
d a d , p o r q u e se h a l l a n u n i d o s e i n j e r t a d o s j u n t o s y p l a n -
t a d o s e n la t i e r r a d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , q u e t i e n e
su o r i g e n e n el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o s .
¿Sabes c u á l es la p o s i c i ó n q u e o c u p a n estas v i r t u d e s ?
I m a g i n a u n c í r c u l o r o d e a n d o la t i e r r a y q u e d e la m i t a d
d e él sale u n á r b o l c o n u n r e t o ñ o l a t e r a l u n i d o a él. El
á r b o l se n u t r e d e la t i e r r a c o n t e n i d a e n la a n c h u r a d e l
c í r c u l o . Si el á r b o l se h a l l a s e f u e r a d e la t i e r r a d e ese
c í r c u l o , se m o r i r í a y n o d a r í a f r u t o h a s t a q u e n o fuese
p l a n t a d o e n él. D e m o d o s e m e j a n t e , p i e n s a q u e el á r b o l
d e la v i r t u d h a n a c i d o e n el c í r c u l o d e l a m o r , y p o r ello
n o p u e d e vivir sino d e l a m o r .
Es, p u e s , c i e r t o q u e , si el a l m a n o t i e n e a m o r d i v i n o
d e v e r d a d e r a y perfecta caridad, n o p r o d u c e frutos de
vida, sino d e m u e r t e . E s d e n e c e s i d a d q u e la raíz d e este
á r b o l , es d e c i r , el a f e c t o d e l a l m a , e s t é y b r o t e d e l círcu-
lo d e l v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e sí. E s t e c o n o c i m i e n t o ,
d e p o r sí, está u n i d o a m í , q u e n o t e n g o p r i n c i p i o ni fin,
c o m o el c í r c u l o , p u e s c u a n d o t ú vas d a n d o v u e l t a s d e n -
t r o d e él, n o e n c u e n t r a s n i fin n i p r i n c i p i o y te hallas
s i e m p r e e n su i n t e r i o r . El c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o y
d e m í e n él se e n c u e n t r a y r e p o s a s o b r e la t i e r r a d e la
v e r d a d e r a h u m i l d a d , la c u a l es t a n g r a n d e c u a n t o lo es
la a m p l i t u d d e l c í r c u l o , e s t o es, d e l c o n o c i m i e n t o q u e h a
t e n i d o d e sí p o r la u n i ó n c o n m i g o . D e o t r a m a n e r a n o
s e r í a c í r c u l o sin p r i n c i p i o , s i n o q u e lo t e n d r í a al h a b e r
c o m e n z a d o a c o n o c e r s e a sí m i s m o , y t e r m i n a r í a e n la
c o n f u s i ó n si este c o n o c i m i e n t o n o se h a l l a s e u n i d o a m í .
P o r t a n t o , el á r b o l d e la c a r i d a d se a l i m e n t a d e la h u -
m i l d a d , h a c i e n d o b r o t a r d e su i n t e r i o r el r e t o ñ o , c o m o
74 El Diálogo
Q u i e r o q u e las o b r a s d e p e n i t e n c i a y d e m á s ejercicios,
p o r s e r c o r p o r a l e s , s e a n utilizados c o m o i n s t r u m e n t o y
n o c o m o p r i n c i p a l o b j e t i v o . P u e s , si f u e s e n t o m a d o s
c o m o objetivo p r i n c i p a l , se m e o f r e c e r í a u n a cosa finita
y o b r a r í a n sólo las p a l a b r a s , q u e t i e n e n i n f l u e n c i a s o b r e
los q u e se h a l l a n f u e r a d e la b o c a y n o m á s , si es q u e
esas p a l a b r a s n ó s a l e n d e l afecto d e l a l m a . Este afecto
c o n c i b e y h a c e n a c e r la v i r t u d d e v e r d a d , o sea, q u e las
o b r a s finitas, q u e h e d e n o m i n a d o « p a l a b r a s » , h a n d e es-
t a r u n i d a s al efecto d e la c a r i d a d . E n t o n c e s m e s e r á g r a -
ta y p l a c e n t e r a el a l m a , p o r q u e n o se h a l l a r á sola, sino
a c o m p a ñ a d a d e la v e r d a d e r a d i s c r e c i ó n , u s a n d o las
o b r a s c o r p o r a l e s c o m o i n s t r u m e n t o y n o c o m o objetivo
fundamental.
N o es p r e c i s o q u e el p r i n c i p i o y f u n d a m e n t o se b a s e n
sólo e n la p e n i t e n c i a o e n c u a l q u i e r acto c o r p o r a l e x t e -
r i o r , p u e s s o n o b r a s finitas. L o s o n t a n t o p o r s e r realiza-
d a s e n el t i e m p o c o m o p o r q u e a l g u n a s veces es d e n e c e -
s i d a d q u e la c r i a t u r a las a b a n d o n e o q u e ellas m i s m a s
exijan s e r a b a n d o n a d a s , c o m o c u a n d o se d e j a n p o r la
i m p o s i b i l i d a d d e p r o s e g u i r lo c o m e n z a d o p o r c i r c u n s -
tancias diversas q u e le s o b r e v i e n e n o p o r o b e d i e n c i a
q u e p r o v i e n e d e l p r e l a d o ; p o r q u e h a c i é n d o l a s , n o sólo
n o m e r e c e r í a , sino q u e p e c a r í a . V e s , p o r t a n t o , q u e s o n
finitas. H a y q u e t o m a r esas o b r a s c o r p o r a l e s c o m o ins-
t r u m e n t o y n o c o m o a l g o f u n d a m e n t a l . Si se las t o m a r a
d e este m o d o , p o r n e c e s i d a d l l e g a r á u n t i e m p o e n q u e
h a y a q u e d e j a r l a s , y e n e s e caso el a l m a q u e d a r á vacía.
Esto lo m o s t r ó el g l o r i o s o S a n P a b l o c u a n d o dijo e n
su c a r t a q u e mortificaseis el c u e r p o y dieseis m u e r t e a la
p r o p i a v o l u n t a d , es d e c i r , sepáis t e n e r a r a y a al c u e r p o ,
m a c e r a n d o la c a r n e c u a n d o ésta q u i s i e r e a s a l t a r al espí-
2
r i t u ; p e r o q u i e r e q u e la v o l u n t a d sea m a t a d a e n t o d o ,
a h o g a d a y s o m e t i d a a m i v o l u n t a d . A esta v o l u n t a d se la
h a c e m o r i r p o r la d e u d a q u e t e dije q u e la v i r t u d d e la
d i s c r e c i ó n salda c o n e l a l m a , o sea, p o r el a b o r r e c i m i e n -
t o y d e s p r e c i o d e l p e c a d o y d e la p a r t e sensitiva p r o p i a .
El a b o r r e c i m i e n t o lo a d q u i r i ó p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí
m i s m o . Este es el c u c h i l l o q u e m a t a y a p a r t a t o d o a m o r
• p r o p i o f u n d a d o e n la v o l u n t a d p r o p i a .
2 Gal 8,12.
76 El Diálogo
RECAPITULACIÓN Y PROMESA DE
MISERICORDIA
1
Jn 16,20.
2
Jn 17,14.
80 El Diálogo
C a t a l i n a r e c i b e el h á b i t o de
Terciaria Dominica.
«EL DIALOGO»
13 [ A e s t a a l m a s e l e a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a l a v e z la a m a r -
g u r a . — H a c e o r a c i ó n a Dios p o r su s a n t a Iglesia y p o r su p u e -
blo.]
C o m o consecuencia d e esto, el a l m a se a n g u s t i a b a y
sofocaba e n a r d e n t í s i m o d e s e o , n a c i d o d e l a m o r d e la
i n m e n s a b o n d a d al c o n o c e r y ver la g r a n d e z a d e la cari-
d a d divina, q u e con tanta d u l z u r a se había d i g n a d o ac-
c e d e r a su petición d á n d o l e e s p e r a n z a . A la a m a r g u r a
nacida d e las ofensas a Dios, d e los males d e la santa
Iglesia y d e su propia miseria —fruto del c o n o c i m i e n t o
d e sí m i s m a — , la veía ella d i s m i n u i r y crecer—. P o r q u e ,
al e n s e ñ a r l e el s u m o y e t e r n o P a d r e el c a m i n o d e la per-
fección, n u e v a m e n t e le manifestaba las ofensas q u e le
hacían, así c o m o el d a ñ o a las almas, c o m o m á s abajo se
dirá p o r extenso.
Por el c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a a d q u i e r a d e sí, cono-
ce m e j o r a Dios. R e c o n o c i e n d o la b o n d a d d e Dios d e n -
tro d e ella misma y en el espejo d e Dios, e n la c r i a t u r a ,
conoce t a m b i é n la d i g n i d a d y la i n d i g n i d a d p r o p i a s , es
decir, la d i g n i d a d d e la c r i a t u r a al ver q u e es i m a g e n d e
Dios, y q u e esto lo es p o r gracia, n o p o r q u e se le debie-
ra, y la i n d i g n i d a d a q u e h a llegado p o r la culpa la cono-
ce m i r a n d o al espejo d e Dios.
C o m o en el espejo se ven m e j o r las m a n c h a s q u e e n la
c a r a del h o m b r e q u e se refleja e n él, así el a l m a q u e con
v e r d a d e r o conocimiento d e sí eleva p o r el d e s e o los ojos
del e n t e n d i m i e n t o p a r a m i r a r e n el espejo d u l c e d e
Dios. P o r la limpieza q u e ve e n él conoce mejor las m a n -
chas d e su cara.
C o m o la luz y el c o n o c i m i e n t o son m a y o r e s e n ella, la
82 El Diálogo
1
Ex 3 2 , 1 1 .
2
Ex 22,31-32.
3
Gen 1,26.
Misericordia para et pueblo de Dios 83
1
Para Catalina, cuerpo místico significa jerarquía eclesiástica.
Misericordia para el pueblo de Dios 85
e i n m u n d i c i a , y p o r la g r a n d í s i m a c r u e l d a d q u e h a teni-
d o p a r a consigo y con su p r ó j i m o . La t u v o consigo pri-
v á n d o s e d e la gracia, p o n i e n d o bajo los pies d e sus incli-
n a c i o n e s el fruto d e la s a n g r e q u e a d q u i r i ó e n el bautis-
m o , c u a n d o le fue b o r r a d a la m a n c h a original e n virtud
d e la s a n g r e , m a n c h a q u e se a d q u i e r e al ser c o n c e b i d o
p o r su p a d r e y p o r su m a d r e .
P o r esta r a z ó n os di al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o ,
p u e s la m a s a del g é n e r o h u m a n o estaba c o r r o m p i d a p o r
el p e c a d o del p r i m e r h o m b r e , A d á n . Y así, t o d o s voso-
t r o s , h e c h o s d e la m i s m a masa, estabais c o r r o m p i d o s y
n o aptos p a r a o b t e n e r la vida e t e r n a . Yo, lo Alto, m e u n í
a la bajeza d e vuestra h u m a n i d a d p a r a p o n e r r e m e d i o a
la c o r r u p c i ó n y m u e r t e d e l g é n e r o h u m a n o al devolver-
le la gracia q u e p e r d i ó p o r el p e c a d o '.
Al n o p o d e r sufrir yo la p e n a —mi divina justicia exi-
gía q u e a la culpa siguiese la p e n a — , a u n q u e el h o m b r e
h u b i e s e satisfecho p o r algo, n o satisfaría p o r o t r o , sino
p o r sí m i s m o , y n o p o r las c r i a t u r a s . A d e m á s , esta culpa
n o p o d í a satisfacerse ni e n favor suyo ni d e o t r o s , p o r -
q u e se h a b í a c o m e t i d o c o n t r a mí, q u e soy infinita B o n -
d a d . Q u e r i e n d o yo, sin e m b a r g o , restituir p o r el h o m -
b r e , q u e se hallaba e n d e u d a y n o p o d í a p a g a r p o r la ra-
zón d i c h a y p o r hallarse m u y d e b i l i t a d o , envié al V e r b o
d e mi Hijo revestido con la m i s m a n a t u r a l e z a q u e voso-
t r o s , m a s a c o r r o m p i d a d e A d á n , p a r a q u e sufriese el
castigo e n aquella m i s m a n a t u r a l e z a q u e h a b í a p e c a d o :
s u f r i e n d o e n su c u e r p o hasta la a f r e n t o s a m u e r t e d e la
c r u z , aplacaría mi ira.
D e este m o d o c u m p l í c o n mi justicia y sacié m i divina
m i s e r i c o r d i a , q u e q u i s o satisfacer p o r el h o m b r e y p r e -
p a r a r l o p a r a el bien p a r a el q u e lo había c r e a d o . Así, la
n a t u r a l e z a h u m a n a , u n i d a a la divina, fue suficiente
p a r a satisfacer p o r t o d o el g é n e r o h u m a n o ; n o p o r la
p e n a q u e sufre e n la n a t u r a l e z a finita, es decir, e n la
m a s a d e A d á n , sino p o r r a z ó n d e la d i v i n i d a d e t e r n a , d e
la n a t u r a l e z a divina infinita. U n i d a s u n a y o t r a n a t u r a -
leza, recibí y acepté el sacrificio d e la s a n g r e d e mi Hijo
u n i g é n i t o , e n t r e m e z c l a d a y h e c h a u n a m a s a c o n la n a t u -
raleza divina a través d e l fuego d e m i c a r i d a d , q u e fue
1
Gal 4,4-5 y 1 J n 4 , 9 .
86 El Diálogo
15 [ U n a v e z r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , e l p e c a d o e s m á s
c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i s e r i c o r d i a al m u n d o y
a la I g l e s i a si m e d i a n la o r a c i ó n y e l s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i -
dores. I
16 [Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a l a b o n d a d d i v i n a , n o s e
c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o c r i s t i a n o y p o r la s a n t a
Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a p o r el m u n d o e n t e r o . ]
E n t o n c e s aquel a l m a , c o n m a y o r c o n o c i m i e n t o y
g r a n d í s i m a alegría y c o n s u e l o , se levantó y se p u s o a n t e
la divina Majestad, t a n t o p o r m e d i o d e la confianza e n
la divina misericordia c o m o p o r el inefable a m o r q u e
sentía al ver el a m o r y d e s e o q u e Dios t e n í a d e practicar
su m i s e r i c o r d i a con los h o m b r e s , a u n q u e fuesen e n e m i -
gos suyos. H a b í a i n d i c a d o el m o d o y c a m i n o a sus servi-
d o r e s p a r a q u e p u d i e r a n forzar a su b o n d a d a aplacar
su ira. Se alegraba y p e r d í a t o d o t e m o r a las persecucio-
nes del m u n d o v i e n d o a Dios en su favor. Crecía el fue-
go del s a n t o d e s e o . N o satisfecha a ú n , a p e s a r d e t o d o ,
p e d í a p o r el m u n d o e n t e r o c o n santa confianza.
A u n q u e la s e g u n d a petición c o n t e n í a el bien y la utili-
d a d d e los cristianos y d e los infieles, es d e c i r , la refor-
m a d e la santa Iglesia, sin e m b a r g o , c o m o El m i s m o se
lo h a b í a p e d i d o , c o m o h a m b r i e n t a , hacía extensiva al
m u n d o e n t e r o su o r a c i ó n , c l a m a n d o :
Dios e t e r n o , ¡misericordia p a r a tus ovejuelas,
c o m o p a s t o r b u e n o q u e e r e s ! N o d u d e s e n o t o r g a r mise-
ricordia al m u n d o , p u e s t o q u e ya p a r e c e q u e casi n o
a g u a n t a m á s , p o r q u e p a r e c e p r i v a d o t o t a l m e n t e d e la
u n i ó n e n la c a r i d a d p a r a contigo, V e r d a d e t e r n a . Mise-
r i c o r d i a p a r a c o n ellos, p u e s n o se a m a n u n o s a otros
c o n a m o r f u n d a d o e n ti.
17 [Dios se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y d e m o d o
especial del a m o r p r o p i o q u e r e i n a e n e l l a s . — A n i m a a d i c h a
a l m a a la o r a c i ó n y a las l á g r i m a s . I
Dios, e b r i o d e a m o r p o r n u e s t r a salvación, e n c o n t r a b a
m o d o d e e n c e n d e r m a y o r a m o r y d o l o r e n aquella a l m a
90 El Diálogo
18 [ N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e e s t á e n
ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia. ]
19 [ E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e s e a b a s u -
d a r s a n g r e . — A la v e z q u e s e r e p r e n d e a sí m i s m a , h a c e u n a
o r a c i ó n p o r su P a d r e e s p i r i t u a l . ]
20 [Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se p u e d e
a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a s u P a d r e e s p i r i t u a l a
sufrir con v e r d a d e r a paciencia. ]
21 i E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la d e s -
obediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n p u e n t e p a r a p o -
der pasar. |
22 [Dios i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a d e e s t e
p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al cielo.T
C o n esta palabras m a n i f e s t ó la V e r d a d e t e r n a q u e El
n o s h a c r e a d o sin n o s o t r o s , p e r o n o nos salvará sin n o -
sotros '. Q u i e r e q u e n o s o t r o s p o n g a m o s e n ello la libre
v o l u n t a d , e m p l e a n d o el t i e m p o e n las v e r d a d e r a s virtu-
d e s . Por eso a ñ a d i ó :
A todos es n e c e s a r i o serviros d e este p u e n t e b u s -
c a n d o la gloria y alabanza d e m i n o m b r e e n la salvación
d e las almas, s u f r i e n d o m u c h a s p e n a l i d a d e s , siguien-
d o las huellas d e este d u l c e y a m o r o s o V e r b o . De o t r o
m o d o n o p o d r é i s v e n i r a mí.
Vosotros sois t r a b a j a d o r e s míos, a q u i e n e s h e p u e s t o a
2
trabajar e n la viña d e la santa Iglesia . T r a b a j a d e n el
c a m p o universal d e la religión cristiana, e n c a r g a d o s p o r
la gracia c u a n d o os di la luz del santo b a u t i s m o , q u e re-
cibisteis e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia p o r
m a n o d e los ministros q u e d e s i g n é p a r a trabajar c o n vo-
sotros.
Pertenecéis al c u e r p o universal, y ellos al c u e r p o mís-
tico, colocados p a r a a l i m e n t a r vuestras almas, d á n d o o s
la s a n g r e q u e recibís e n los s a c r a m e n t o s a d m i n i s t r a d o s
p o r ellos, s a c a n d o d e vosotros las espinas del p e c a d o
m o r t a l y p l a n t á n d o o s la gracia. Ellos son los t r a b a j a d o -
res e n la viña d e v u e s t r a s almas, u n i d o s a la viña d e la
santa Iglesia.
T o d a c r i a t u r a racional tiene su p r o p i a viña, la d e su
alma, d e la q u e c a d a u n o es v i ñ a d o r c o n su v o l u n t a d y
libre a l b e d r í o e n el t i e m p o , esto es, m i e n t r a s se vive.
Mas d e s p u é s d e p a s a d o este t i e m p o n o se p u e d e h a c e r
trabajo a l g u n o , ni b u e n o ni m a l o ; p e r o , m i e n t r a s se
vive, se p u e d e trabajar la viña a la q u e le h e e n v i a d o . El
t r a b a j a d o r del alma h a recibido t a n t a fortaleza, q u e ni el
d e m o n i o ni c r i a t u r a a l g u n a p u e d e a r r e b a t á r s e l a , si él n o
q u i e r e ; p o r q u e , al recibir el santo b a u t i s m o , se fortaleció
y dio el cuchillo del a m o r a la virtud y aborrecimiento
1
S A N A G U S T Í N , Serm. 169 n . 3 .
2
Mt 2 0 , 1 - 1 6 .
96 El Diálogo
> Jn 15,1.
4
J n 15,6.
Misericordia para el pueblo de Dios 97
¿Sabes lo q u e h a g o d e s p u é s q u e mis s e r v i d o r e s se h a -
llan u n i d o s e n el s e g u i m i e n t o d e l d u l c e y a m o r o s o V e r -
bo? Los p o d o p a r a q u e d e n m u c h o f r u t o y sea m á s ex-
quisito y las p l a n t a s n o se v u e l v a n salvajes. L o m i s m o
o c u r r e c o n el s a r m i e n t o u n i d o a la vid, al q u e el labra-
d o r p o d a p a r a q u e d é mejor y mayor cantidad d e vino;
y al q u e n o d a f r u t o lo c o r t a y lo e c h a al f u e g o . Así lo
h a g o t a m b i é n yo, b u e n L a b r a d o r . A los s e r v i d o r e s míos
los p o d o c o n m u c h a s t r i b u l a c i o n e s p a r a q u e d e n m á s y
m e j o r f r u t o y q u e d e e n ellos p u r i f i c a d a la v i r t u d . Los
q u e n o d a n f r u t o s o n c o r t a d o s y e n v i a d o s al f u e g o .
S o n b u e n o s t r a b a j a d o r e s los q u e t r a b a j a n bien su
a l m a , a p a r t a n d o d e ella t o d o a m o r p r o p i o , e c h a n d o so-
b r e m í la t i e r r a d e su a f e c t o . A l i m e n t a n y h a c e n c r e c e r
la semilla d e la g r a c i a q u e r e c i b i e r o n e n el s a n t o bautis-
m o . Al t r a b a j a r la suya, t r a b a j a n t a m b i é n la d e l p r ó j i m o :
5
Jn 10,30.
98 El Diálogo
E n t o n c e s el a l m a r e s p o n d i ó c o n a m o r a n g u s t i a d o :
¡ O h i n e s t i m a b l e , d u l c í s i m a c a r i d a d ! ¿ Q u i é n n o se
e n a r d e c e c o n t a n t o a m o r ? ¿ Q u é c o r a z ó n p u e d e resistir
sin desfallecer? T ú , a b i s m o d e c a r i d a d , p a r e c e q u e e n l o -
q u e c e s p o r t u s c r i a t u r a s , c o m o si n o p u d i e s e s vivir sin
ellas, a u n q u e seas u n Dios q u e n o p r e c i s a d e n o s o t r o s .
P o r n u e s t r a s b u e n a s o b r a s n o c r e c e tu g r a n d e z a , p o r q u e
n o p u e d e sufrir m u t a c i ó n ; d e n u e s t r o m a l n o se te sigue
d a ñ o , p o r q u e e r e s el s u m o y e t e r n o B i e n . ¿ Q u i é n te
m u e v e a t a n t a m i s e r i c o r d i a ? El a m o r n o f o r z a d o n i n e -
c e s a r i o q u e nos t i e n e s , ya q u e s o m o s c u l p a b l e s y malva-
dos deudores.
Si yo lo e n t i e n d o b i e n , s u m a y e t e r n a V e r d a d , y o soy
u n l a d r ó n y t ú e r e s el c o l g a d o p o r m í , p u e s v e o al V e r -
b o , a t u Hijo, c o s i d o y c l a v a d o a la c r u z , d e la q u e h a s
h e c h o p u e n t e , s e g ú n h a s m a n i f e s t a d o a tu m i s e r a b l e es-
clava.
R e c u e r d o q u e d e s e a b a s m o s t r a r m e q u i é n e s s o n los
q u e c a m i n a n y los q u e n o c a m i n a n p o r e s e p u e n t e . P o r
ello, si p l a c e a tu b o n d a d m a n i f e s t á r m e l o , lo v e r é y escu-
c h a r é d e ti d e b u e n g r a d o .
26 [ E s t e p u e n t e t i e n e t r e s e s c a l o n e s . — I n d i c a n los t r e s e s t a -
d o s d e l a l m a . — E s a l t o , p e r o n o s e p a r a d o d e la t i e r r a . — C ó m o
s e e n t i e n d e la f r a s e d e C r i s t o : « C u a n d o s e a c o l o c a d o e n a l t o ,
t o d o lo a t r a e r é a m í » . l
ya q u e d e vosotros n i n g u n a le p u e d e venir, p u e s t o q u e
son u n a cosa c o n m i g o . El alma se llena d e a m o r vién-
d o s e tan a m a d a . A q u í se e n c u e n t r a ya e n el s e g u n d o es-
calón. Subido el s e g u n d o p e l d a ñ o , se pasa al t e r c e r o , es
decir, a la boca, d o n d e halla la paz e n m e d i o d e aquella
g r a n g u e r r a q u e antes había sostenido p o r sus pecados.
P o r el p r i m e r escalón, l e v a n t a n d o los pies del afecto
t e r r e n o , se despoja del vicio; p o r el s e g u n d o se viste del
a m o r a la virtud y e n el t e r c e r o goza la paz.
C o m o el p u e n t e tiene tres escalones, s u b i e n d o el pri-
m e r o y "el s e g u n d o , podéis alcanzar el t e r c e r o . C o m o se
halla tan elevado el p u e n t e , el a g u a n o le molesta, por-
2
q u e e n Cristo n o se d a el v e n e n o del p e c a d o .
Este p u e n t e está e l e v a d o , y, sin e m b a r g o , n o carece d e
contacto con la tierra. ¿Sabes c u á n d o se elevó tanto?
C u a n d o fue l e v a n t a d o e n el m a d e r o d e la c r u z santísi-
m a , sin a p a r t a r s e p o r ello la n a t u r a l e z a divina d e la baje-
za d e la tierra d e v u e s t r a h u m a n i d a d . P o r eso te dije
q u e , siendo elevado, n o había p e r d i d o contacto c o n la
tierra, p o r hallarse u n i d o y h e c h o u n a masa con ella.
N a d i e h u b i e r a p o d i d o c a m i n a r p o r el p u e n t e m i e n t r a s
n o fuera edificado, y p o r ello dijo Cristo: « C u a n d o sea
3
e l e v a d o , t o d o lo a t r a e r é a mí» .
V i e n d o mi B o n d a d q u e los h o m b r e s n o p o d í a n ser
atraídos d e o t r o m o d o , le m a n d é q u e se elevase sobre el
m a d e r o d e la cruz, h a c i e n d o d e El y u n q u e e n q u e t o m a -
se f o r m a el hijo del g é n e r o h u m a n o p a r a q u i t a r l e la
m u e r t e y restituir el h o m b r e a la vida. Así, t o d a s las co-
sas las atrajo a sí, p a r a m a n i f e s t a r el indecible a m o r q u e
os tenía, p u e s el c o r a z ó n h u m a n o es s i e m p r e a t r a í d o p o r
el a m o r , si es q u e , c o m o i g n o r a n t e , n o hace resistencia a
dejarse atraer.
Dijo, p u e s , q u e , c u a n d o fuera p u e s t o e n alto, t o d o lo
a t r a e r í a a sí, y es v e r d a d . Esto se e n t i e n d e d e dos m a n e -
ras.
U n a es q u e , h a b i e n d o a t r a í d o el c o r a z ó n del h o m b r e
p o r el afecto del a m o r , c o m o te h e d i c h o , es a t r a í d o con
todas las potencias d e su alma, esto es, con la m e m o r i a ,
el e n t e n d i m i e n t o y la v o l u n t a d . De a c u e r d o estas tres
2
Jn 3,5.
3
Jn 12,32.
102 El Diálogo
27 (El p u e n t e e s t á e d i f i c a d o c o n p i e d r a s , q u e s i g n i f i c a n las
v i r t u d e s . — E n el p u e n t e h a y u n a t i e n d a , d o n d e se p r o p o r c i o -
n a c o m i d a a los c a m i n a n t e s . — Q u i e n s i g u e p o r el p u e n t e l l e g a
a la v i d a . — E l q u e va p o r d e b a j o d e él, p o r el r í o , va a la p e r d i -
c i ó n y a la m u e r t e . 1
v i r t u d e s s o b r e el m i s m o C r i s t o , y d e El r e c i b e n vida to-
d a s las d e m á s . P o r eso n i n g u n o p o s e e v i r t u d e s q u e d e n
vida d e gracia si éstas n o p r o c e d e n d e El y d e su d o c t r i -
n a , es d e c i r , sin s e g u i r sus h u e l l a s . Las h a p u e s t o e n o r -
d e n , c o m o a las p i e d r a s e n u n m u r o . L a s h a c o l o c a d o
c o m o p i e d r a s vivas, p a r a q u e t o d o s los fieles p u e d a n a n -
d a r c o n facilidad y sin t e m o r servil a l g u n o a la lluvia d e
la justicia divina, p o r hallarse el p u e n t e r e c u b i e r t o p o r la
m i s e r i c o r d i a . Esta vino d e l cielo p o r la e n c a r n a c i ó n d e
m i Hijo.
¿ C o n q u é fue a b i e r t o el cielo? C o n su s a n g r e . Así ves
q u e el p u e n t e se halla c o n s t r u i d o y c u b i e r t o p o r la mise-
r i c o r d i a . E n él se e n c u e n t r a la t i e n d a d e l j a r d í n d e la
s a n t a Iglesia. Ella t i e n e y a d m i n i s t r a el p a n d e v i d a y la
b e b i d a d e la s a n g r e , p a r a q u e mis c r i a t u r a s , c a n s a d a s ,
v i a n d a n t e s y p e r e g r i n o s , n o desfallezcan e n el c a m i n o .
P o r ello h a o r d e n a d o q u e p o r m i c a r i d a d os sea a d m i -
n i s t r a d a la s a n g r e y el c u e r p o d e m i u n i g é n i t o Hijo, a la
vez Dios en t o d o y h o m b r e e n t o d o .
P a s a d o el p u e n t e , se llega a la p u e r t a , q u e e s , a la vez,
p u e r t a y p u e n t e . P o r eso dijo: «Yo soy el c a m i n o , la
v e r d a d y la vida; q u i e n pasa p o r mí n o va a las tinieblas,
sino a la luz». Y e n o t r o l u g a r dijo mi V e r d a d q u e n a d i e
2
p u e d e v e n i r a mí si n o es p o r El ; y así es.
Si r e c u e r d a s b i e n , te lo dije y d e m o s t r é al q u e r e r t e
e n s e ñ a r el c a m i n o . P o r lo q u e , si dice q u e es el c a m i n o ,
dice t a m b i é n q u e es la V e r d a d , y te h e d e m o s t r a d o q u e
es el c a m i n o e n f o r m a p r u d e n t e . Dice q u e es la V e r d a d ,
y lo es, p o r q u e se halla u n i d o a mí. Q u i e n le sigue recibe
la vida d e la gracia y n o p u e d e p e r e c e r d e h a m b r e , p o r -
q u e la V e r d a d se h a h e c h o c o m i d a p a r a él. T a m p o c o
p u e d e c a e r e n las tinieblas, p o r q u e El es la L u z , sin
m e n t i r a a l g u n a ; a n t e s bien, la V e r d a d p u s o c o n f u s i ó n y
d e s t r u y ó la m e n t i r a , q u e el d e m o n i o e n s e ñ ó a Eva. Esta
m e n t i r a c o r t ó el c a m i n o del cielo, y la V e r d a d lo h a res-
t a u r a d o y r e h e c h o c o n la s a n g r e .
Los q u e s i g u e n este c a m i n o son hijos d e la v e r d a d ,
p o r q u e la s i g u e n y p a s a n p o r la p u e r t a y c a m i n o d e m i
Hijo, V e r d a d e t e r n a , M a r e n t r a n q u i l i d a d .
Q u i e n n o m a n t i e n e este c a m i n o t i e n e d e b a j o d e él al
2
J n 14,6.
104 El Diálogo
28 [ C a d a u n o d e los c a m i n o s , el d e l p u e n t e y el d e l r í o , t i e -
n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e c a m i n a p o r el p u e n -
te.]
a c a d a u n o lo q u e e n justicia m e r e c e : q u e t o d o lo b u e n o
es p r e m i a d o y c a s t i g a d o t o d o p e c a d o .
T u l e n g u a n o será capaz d e p o d e r explicar, ni tu o í d o
1
d e percibir, ni tu e n t e n d i m i e n t o d e c o m p r e n d e r el
gozo d e j q u e va p o r e s t e c a m i n o , ya q u e , a d e m á s , gusta
y participa e n esta vida d e l bien q u e le está p r e p a r a d o
p a r a la vida e t e r n a .
P o r c o n s i g u i e n t e , está loco q u i e n se c a n s a d e t a n t o
bien y p r e f i e r e p r o b a r e n esta vida lo q u e son a r r a s p a r a
el i n f i e r n o , a d o n d e llega c o n fatigas, sin c o n s u e l o algu-
n o y sin n a d a b u e n o , p u e s t o q u e se h a p r i v a d o d e mí,
q u e soy el s u m o y e t e r n o Bien.
T i e n e s r a z ó n , y q u i e r o q u e tú y los o t r o s servidores
míos p e r m a n e z c á i s e n c o n t i n u a a m a r g u r a p o r las ofen-
sas q u e m e h a c e n , c o n c o m p a s i ó n p o r la i g n o r a n c i a c o n
q u e m e o f e n d e n p a r a su d a ñ o y perjuicio.
H a s visto y o í d o c ó m o está el p u e n t e . L o h e explicado
p a r a esclarecer lo q u e te dije: q u e el p u e n t e es m i Hijo
u n i g é n i t o . A d v i e r t e q u e r e a l m e n t e está c o n s t r u i d o
c o m o te h e d i c h o , es decir, e n la u n i ó n d e lo Alto y lo
bajo.
1
l Cor 2,9.
1
Act 1,11.
106 El Diálogo
2
J n 16,8.
La doctrina del puente 107
m o d o q u e , c i e r t a m e n t e , su d o c t r i n a es v e r d a d e r a y h a
p e r m a n e c i d o c o m o navecilla p a r a sacar las a l m a s d e l
m a r t e m p e s t u o s o y llevarlas a la salvación.
P r i m e r a m e n t e os e d i f i q u é el p u e n t e d e mi Hijo, y e n
la a c t u a l i d a d lo h a g o t r a t a n d o c o n los h o m b r e s . Desapa-
r e c i d o el p u e n t e t e m p o r a l , p e r m a n e c i ó el p u e n t e y ca-
m i n o d e la d o c t r i n a , p o r e s t a r la d o c t r i n a u n i d a c o n mi
p o d e r a la s a b i d u r í a del Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Es-
píritu S a n t o .
El p o d e r d a la v i r t u d d e la fortaleza a q u i e n sigue este
c a m i n o , la s a b i d u r í a d a luz p a r a c o n o c e r el c a m i n o d e la
v e r d a d y el Espíritu S a n t o d a u n a m o r q u e c i e r r a y
a p a r t a al a l m a d e t o d o a m o r sensitivo, q u e d a n d o sólo el
a m o r a la v i r t u d . Así, d e t o d o s m o d o s , p o r p r e s e n c i a ac-
tual o p o r d o c t r i n a , Cristo es c a m i n o , v e r d a d y vida: el
p u e n t e q u e n o s lleva a las a l t u r a s d e l cielo.
Esto q u i s o significar c u a n d o dijo: «Yo v i n e d e l P a d r e
3
y vuelvo al P a d r e » ; y: «Volveré a vosotros» . Es d e c i r ,
mi P a d r e m e e n v i ó a vosotros y m e h a h e c h o v u e s t r o
p u e n t e p a r a q u e salgáis d e l río y p o d á i s a l c a n z a r la vida
e t e r n a . A c o n t i n u a c i ó n dijo: «Y volveré a v o s o t r o s ; n o os
4
d e j a r é h u é r f a n o s , sino q u e os e n v i a r é el Paráclito» .
C o m o si mi V e r d a d dijera: « I r é al P a d r e y volveré; y
c o m o envío el Espíritu S a n t o , l l a m a d o Paráclito, El os lo
m a n i f e s t a r á c o n m á s c l a r i d a d y os h a r á firmes e n mí,
c a m i n o d e la v e r d a d , o sea, e n la d o c t r i n a q u e os h e
dado».
Dijo q u e volvería y volvió, p o r q u e el Espíritu S a n t o n o
v i n o solo, sino c o n su p o d e r , el d e l P a d r e ; c o n la s a b i d u -
ría d e l Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o . Mira,
p u e s , q u e volvió n o e n p r e s e n c i a m a t e r i a l , sino c o n la
v i r t u d , f o r t a l e c i e n d o el c a m i n o d e la d o c t r i n a . Este a n -
c h o c a m i n o n o p u e d e ser e m p e q u e ñ e c i d o ni i m p e d i d o a
q u i e n d e s e e s e g u i r l o , p o r q u e es firme y estable y p r o c e -
d e d e m í , q u e soy i n m u t a b l e .
Debéis, p o r t a n t o , s e g u i r el c a m i n o c o n i n t r e p i d e z , sin
o s c u r i d a d a l g u n a ; c o n la luz d e la fe, q u e se os h a d a d o
c o m o la v e s t i d u r a d e m á s i m p o r t a n c i a e n el s a n t o b a u -
tismo.
3
Jn 16,28 y 1 4 , 8 .
4
Jn 14,18 y 26.
108 El Diálogo
ELOGIO DE LA MISERICORDIA
30 [ E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e D i o s ,
e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s c o n c e d i d o s p o r e l l a
al g é n e r o h u m a n o . 1
a p a r t a n d e l p e c a d o y vuelven a ti: « N o m e a c o r d a r é d e
q u e a l g u n a vez m e h a s o f e n d i d o » '. ¡ O h m i s e r i c o r d i a
inefable! N o m e maravillo q u e digas esto a los q u e salen
d e l p e c a d o , c u a n d o dices d e los q u e te p e r s i g u e n :
« Q u i e r o q u e oréis p o r ellos, p a r a q u e yo les o t o r g u e mi-
sericordia».
¡Oh m i s e r i c o r d i a , q u e p r o c e d e d e tu d i v i n i d a d , P a d r e
e t e r n o , y q u e g o b i e r n a c o n tu p o d e r el m u n d o e n t e r o !
E n tu m i s e r i c o r d i a fuimos c r e a d o s , e n tu m i s e r i c o r d i a
fuimos c r e a d o s d e n u e v o p o r la s a n g r e d e tu Hijo; tu
m i s e r i c o r d i a n o s c o n s e r v a ; tu m i s e r i c o r d i a hizo q u e tu
Hijo u s a r a sus b r a z o s e n el m a d e r o d e la c r u z p a r a la lu-
c h a d e la m u e r t e c o n la vida y d e la vida c o n la m u e r -
2
te . E n t o n c e s la vida se liberó d e la m u e r t e d e n u e s t r a
culpa y d e la m u e r t e , secuela d e la culpa. Q u i t ó la vida
c o r p o r a l al C o r d e r o i n m a c u l a d o . ¿ Q u i é n q u e d ó venci-
do? La m u e r t e . ¿Cuál fue la c a u s a d e ello? T u miseri-
c o r d i a d a vida, d a luz p a r a c o n o c e r t u c l e m e n c i a p a r a
con t o d a c r i a t u r a : c o n los j u s t o s y c o n los p e c a d o r e s . E n
las a l t u r a s del cielo brilla tu m i s e r i c o r d i a , esto es, e n tus
santos. Si fijo m i m i r a d a e n la t i e r r a , la veo r e b o s a r d e
tu misericordia. E n las tinieblas del i n f i e r n o brilla tu mi-
sericordia al n o i m p o n e r a los c o n d e n a d o s tantas p e n a s
c o m o se m e r e c e n .
C o n tu m i s e r i c o r d i a mitigas la justicia; p o r ella n o s
has p u r i f i c a d o e n la s a n g r e ; p o r m i s e r i c o r d i a quisiste
t r a t o c o n las c r i a t u r a s . ¡Oh loco d e a m o r ! ¿ N o te c o n -
t e n t a s t e c o n t o m a r la c a r n e h u m a n a , q u e hasta quisiste
m o r i r ? ¿ N o fue suficiente la m u e r t e , q u e h a s t a bajaste al
i n f i e r n o , l i b e r a n d o a los santos p a d r e s p a r a c u m p l i r la
v e r d a d y m i s e r i c o r d i a c o n ellos? C o m o tu b o n d a d p r o -
m e t i ó el b i e n a t o d o s los q u e te sirven, p o r eso bajaste al
l i m b o p a r a liberar d e las p e n a s a q u i e n e s te h a b í a n ser-
vido y p a r a d a r l e s el fruto d e sus trabajos.
V e o q u e la m i s e r i c o r d i a te obliga a d a r a ú n m á s al
h o m b r e , o sea, q u e d á n d o t e c o m o c o m i d a , p a r a q u e n o -
sotros, débiles, t u v i é r a m o s a l i m e n t o , y p a r a q u e los ig-
n o r a n t e s , d e s m e m o r i a d o s , n o p e r d i e r a n el r e c u e r d o d e
tus beneficios. P o r esto se lo d a s al h o m b r e t o d o s los
1
Ez 1 8 , 2 1 - 2 2 .
2
Catalina habla e n u n a carta d e un g r a n t o r n e o o lucha.
110 El Diálogo
31 [ I n d i g n i d a d d e l o s q u e v a n p o r e l río, b a j o e l p u e n -
t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a D i o s á r b o l d e m u e r t e .
S u s raíces e s t á n p r i n c i p a l m e n t e e n c u a t r o vicios.]
1
Is 60,5 y Sal 118,32.
La doctrina del puente 11 1
P r i m e r a m e n t e c a y e r o n e n f e r m o s . Sucedió q u e , c u a n -
d o concibieron el p e c a d o mortal en sus m e n t e s , lo lleva-
r o n d e s p u é s a la práctica y p e r d i e r o n la vida d e la gra-
cia.
C o m o el m u e r t o , q u e no p u e d e e m p r e n d e r movi-
m i e n t o a l g u n o ni p o r sí m i s m o se m u e v e , sino p o r o t r o ,
así éstos, a h o g a d o s e n el río del a m o r d e s o r d e n a d o del
m u n d o , se e n c o n t r a r o n m u e r t o s a la gracia. Por estar
m u e r t o s , la m e m o r i a n o ha c o n s e r v a d o el r e c u e r d o d e
mi misericordia, los ojos del e n t e n d i m i e n t o n o vieron ni
c o n o c i e r o n la v e r d a d , es decir, su e n t e n d i m i e n t o n o
tuvo a n t e sí más q u e a sí mismos y el a m o r a sus propios
sentidos. Por esto, su v o l u n t a d se e n c o n t r ó m u e r t a a mi
v o l u n t a d y n o a m ó m á s q u e cosas m u e r t a s .
Al hallarse m u e r t a s las tres potencias, todas sus o b r a s ,
t e m p o r a l e s y espirituales, están m u e r t a s en c u a n t o a la
gracia, y ya n o se p u e d e n d e f e n d e r d e sus e n e m i g o s ni
socorrerse a sí mismos sino e n c u a n t o son a y u d a d o s p o r
mí. Es cierto q u e cada vez q u e u n o se halla m u e r t o y m e
p i d e a y u d a , p u e d e o b t e n e r l a ; p e r o n u n c a p o r sí m i s m o
m i e n t r a s está e n el c u e r p o , en el cual n o ha q u e d a d o
m á s q u e la libertad.
Se h a h e c h o insoportable a sí m i s m o , y, q u e r i e n d o d o -
m i n a r al m u n d o , es d o m i n a d o p o r lo q u e es negativo, es
decir, p o r el p e c a d o . El p e c a d o es la n a d a , y ellos se ha-
cen sus esclavos.
Yo les hice árboles d e a m o r p o r la vida d e la gracia
q u e recibieron e n el santo b a u t i s m o , y ellos se h a n con-
v e r t i d o e n árboles d e m u e r t e , p o r q u e se hallan m u e r t o s .
¿Sabes d ó n d e tiene sus raíces este árbol? E n el e n g r e i -
m i e n t o d e la soberbia, a la q u e a l i m e n t a el m i s m o a m o r
p r o p i o sensitivo. Su m é d u l a es la impaciencia, y su hija,
la indiscreción. Estos son los c u a t r o vicios principales
q u e del t o d o m a t a n al alma d e aquellos q u e dije q u e
e r a n árbol d e m u e r t e , p o r q u e h a n q u i t a d o d e él la vida
d e la gracia.
D e n t r o d e este árbol se alimenta el g u s a n o d e la con-
ciencia, el cual, m i e n t r a s el h o m b r e vive e n p e c a d o m o r -
tal, está c e g a d o p o r el a m o r p r o p i o , y, p o r t a n t o , n o se le
siente m u c h o . Los frutos d e este árbol son mortales,
p o r q u e su j u g o h a salido d e la raíz d e la soberbia. La
miserable alma se e n c u e n t r a llena d e i n g r a t i t u d , d e
112 El Diálogo
32 [ L o s f r u t o s d e e s t e á r b o l s o n t a n v a r i a d o s c o m o los p e c a -
d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e . 1
33 [El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e d e e l l a
proceden.]
m i s e r i c o r d i a . Si la t u v i e s e n c o n s i g o m i s m o s , n o s e r í a n
c r u e l e s ni consigo ni c o n el p r ó j i m o , a n t e s b i e n u s a r í a n
d e p i e d a d y m i s e r i c o r d i a e n su p r o v e c h o , p r a c t i c a n d o la
v i r t u d e n su vida, y e n el p r ó j i m o , a t e n d i é n d o l e caritati-
vamente.
¡ C u á n t o s males v i e n e n p o r este m a l d i t o p e c a d o !
¡Cuántos homicidios, hurtos, rapiñas, j u n t o con ganan-
cias ilícitas y c r u e l d a d d e c o r a z ó n e injusticia c o n el p r ó -
j i m o ! La avaricia m a t a al a l m a y la h a c e c o n v e r t i r s e e n
esclava d e las r i q u e z a s , p o r lo q u e n o se p r e o c u p a d e
g u a r d a r los m a n d a m i e n t o s d e Dios. N o a m a n a n a d i e ,
sino a su p r o p i a u t i l i d a d .
Este vicio p r o c e d e d e la s o b e r b i a y la a l i m e n t a . Lo
u n o p r o c e d e d e lo o t r o , p o r q u e lleva s i e m p r e consigo la
p r o p i a r e p u t a c i ó n , d e m o d o q u e b i e n p r o n t o se p a s a al
o t r o vicio, y así va d e m a l e n p e o r , a c a u s a d e la misera-
ble s o b e r b i a , q u e está l l e n a d e a p a r i e n c i a s . Es u n f u e g o
q u e siempre produce h u m o de vanagloria y vanidad de
c o r a z ó n , p r e s u m i e n d o d e lo q u e n o es s u y o . Es raíz d e
la q u e salen m u c h a s r a m a s . La principal es la p r o p i a
r e p u t a c i ó n , d e d o n d e se sigue el q u e r e r ser m á s q u e el
p r ó j i m o . H a c e e n g a ñ o s o el c o r a z ó n ; n o s i n c e r o ni libe-
r a l , sino c o n d o b l e z , p u e s manifiesta u n a cosa c o n la len-
g u a y o t r a t i e n e e n el c o r a z ó n . O c u l t a la v e r d a d y dice
m e n t i r a s p o r utilidad p r o p i a . E n g e n d r a la envidia, q u e
es u n g u s a n o q u e r o e sin c e s a r y n o le d e j a g o z a r su
b i e n ni el d e los d e m á s . ¿ C ó m o estos m a l v a d o s , q u e se
h a l l a n e n t a n t a miseria, van a d a r sus b i e n e s a los p o -
b r e s , si ellos m i s m o s se los q u i t a n a o t r o s ? ¿ C ó m o saca-
r á n su a l m a a s q u e r o s a d e la i n m u n d i c i a e n q u e ellos la
h a n m e t i d o ? A l g u n a s veces son t a n a n i m a l e s , q u e n o
m i r a n p o r sus hijos y p a r i e n t e s , sino q u e son c a u s a d e
q u e se e n c u e n t r e n e n m u c h a infelicidad. A p e s a r d e
t o d o , m i m i s e r i c o r d i a los sufre, y n o m a n d o a la t i e r r a
q u e los t r a g u e p a r a q u e se c o n v i e r t a n d e sus p e c a d o s .
¿ C ó m o d a r á n la vida p o r la salvación d e las a l m a s , si
n o d a n sus bienes? ¿ C ó m o d a r á n a m o r , si se c o m e n d e
envidia?
¡ O h miserables vicios, q u e c o n v i e r t e n e n t i e r r a el cielo
del alma! La llamo «cielo»; es cielo d o n d e yo h a b i t o p o r
la gracia, o c u l t á n d o m e d e n t r o d e ella y h a c i é n d o l a mi
m a n s i ó n p o r afecto d e a m o r . P e r o se h a m a r c h a d o d e
114 El Diálogo
34 [La i n j u s t i c i a es el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n m a n d o . )
35 [ P o r e s t o s y o t r o s vicios se l l e g a al j u i c i o f a l s o . — I n d i g n i -
d a d e n q u e se c a e p o r e l l o . ]
s i e m p r e d e mis o b r a s , q u e s o n t o d a s j u s t a s y e n r e a l i d a d
están hechas todas p o r a m o r y misericordia.
C o n esta falsa i n t e r p r e t a c i ó n , c o n el v e n e n o d e la e n -
vidia y la s o b e r b i a , f u e r o n i n j u s t a m e n t e c a l u m n i a d a s las
acciones d e mi Hijo c o n m e n t i r a s al d e c i r : «Las h a c e e n
v i r t u d d e Belzebù» K Así, a q u e l l o s m a l v a d o s , b a s a d o s e n
el a m o r p r o p i o , e n la i n m u n d i c i a , e n la s o b e r b i a , la ava-
ricia y la e n v i d i a , f u n d a d o s e n p e r v e r s a d i s c r e c i ó n , p o r
la i m p a c i e n c i a y o t r o s m u c h o s p e c a d o s q u e c o m e t e n , se
e s c a n d a l i z a n s i e m p r e d e mí y d e mis s e r v i d o r e s , j u z g a n -
d o q u e éstos p r a c t i c a n la v i r t u d p o r hipocresía. P o r q u e
su c o r a z ó n está p o d r i d o y t i e n e n e s t r a g a d o el p a l a d a r ,
ya q u e las cosas b u e n a s les p a r e c e n m a l a s , m i e n t r a s q u e
les p a r e c e bien u n vivir d e s o r d e n a d o .
¡ O h h u m a n a c e g u e r a ! T ú n o c o n s i d e r a s tu p r o p i a d i g -
n i d a d . D e g r a n d e , t e has h e c h o p e q u e ñ o ; d e s e ñ o r ,
c o n v e r t i d o e n esclavo d e l p e o r s e ñ o r q u e se p u e d e te-
n e r , p u e s te has c o n v e r t i d o e n siervo y esclavo d e l peca-
d o , y te c o n v i e r t e s e n a q u e l l o a q u e sirves, el p e c a d o .
Este es la n a d a , y p o r ello te c o n v i e r t e s e n n a d a . Así,
q u i t a d a la vida, se o s d a la m u e r t e .
L a v i d a y s e ñ o r í o o s fue d a d a p o r el V e r b o d e mi Hijo
u n i g é n i t o , glorioso p u e n t e ; s i e n d o siervos d e l d e m o n i o ,
os a r r a n c ó d e su s e r v i d u m b r e . Hice al Hijo esclavo p a r a
l i b r a r o s d e la e s c l a v i t u d y le p u s e bajo o b e d i e n c i a p a r a
t e r m i n a r c o n la d e s o b e d i e n c i a d e A d á n , h u m i l l á n d o s e
h a s t a la a f r e n t o s a m u e r t e e n la c r u z p a r a c o n f u n d i r la
s o b e r b i a . D e s t r u y ó l o s vicios c o n su m u e r t e p a r a q u e n a -
die p u d i e s e d e c i r : « T a l p e c a d o q u e d ó sin s e r c a s t i g a d o ,
m a c h a c a d o p o r el s u f r i m i e n t o » , c o m o te dije al explicar
q u e d e l c u e r p o d e C r i s t o h a b í a h e c h o y u n q u e . Se h a n
p u e s t o t o d o s los m e d i o s p a r a salvar a los h o m b r e s d e la
m u e r t e e t e r n a , y e l l o s d e s p r e c i a n la s a n g r e y la h a n pi-
s o t e a d o c o n los p i e s d e sus d e s o r d e n a d o s afectos.
E s t a es la injusticia y falsa i n t e r p r e t a c i ó n d e la q u e es
a c u s a d o el m u n d o , y lo s e r á t a m b i é n e n el ú l t i m o d í a
d e l j u i c i o . Esto q u i s o significar mi V e r d a d c u a n d o dijo:
« E n v i a r é al Paráclito, q u e a c u s a r á al m u n d o p o r la injus-
2
ticia y el falso juicio» . F u e a c u s a d o c u a n d o e n v i é el Es-
p í r i t u S a n t o s o b r e los apóstoles.
1
Mt 12,24.
2
Jn 16,8.
116 El Diálogo
36 [ S o b r e la p a l a b r a d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á c l i t o , q u e
a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o f a l s o » . — U n a d e e s t a s
acusaciones es c o n s t a n t e . ]
ni p u e d e d i s m i n u i r s e . P o r eso p u e d o , q u i e r o y sé soco-
r r e r a los q u e d e s e a n ser a y u d a d o s p o r mí. Desean ser
socorridos p o r mí los q u e , s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi
V e r d a d , salen del río y c a m i n a n p o r el p u e n t e .
P o r t a n t o , n o t i e n e n excusa, p u e s son avisados y se les
m u e s t r a la v e r d a d c o n t i n u a m e n t e . Por lo q u e , si mien-
tras t i e n e n tiempo n o se e n m i e n d a n , s e r á n c o n d e n a d o s
e n la s e g u n d a a d m o n i c i ó n , q u e t e n d r á l u g a r e n el m o -
m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o mi justicia g r i t a r á : «Surgi-
te, m o r t u i , venite ad iudicium!», o sea, tú q u e te hallas
m u e r t o a la gracia y llegas m u e r t o a la m u e r t e c o r p o r a l ,
p o n t e e n pie y ven a n t e el j u e z s u p r e m o c o n tu falsa j u s -
ticia, con tu falsa i n t e r p r e t a c i ó n y con la luz d e la fe apa-
g a d a , la q u e sacaste e n c e n d i d a del santo b a u t i s m o y apa-
gaste con el viento d e la soberbia - y d e la v a n i d a d del
c o r a z ó n , al q u e pusiste velas d e vientos c o n t r a r i o s a tu
salvación; el viento d e la p r o p i a estimación se a l i m e n t ó
con el velamen del a m o r p r o p i o . C o n él corriste p o r el
río d e las delicias, h o n o r e s del m u n d o ; con la v o l u n t a d
propia, s i g u i e n d o la c a r n e p e r e c e d e r a y las incitaciones
y tentaciones del d e m o n i o . El a m o r p r o p i o , con las velas
d e tu p r o p i a v o l u n t a d , te h a llevado p o r el c a m i n o d e
abajo, q u e es río t o r r e n t o s o , y e n su c o m p a ñ í a has sido
c o n d u c i d o a la condenación eterna.
39 i L a t e r c e r a a c u s a c i ó n s e h a r á e n el d í a d e l j u i c i o . ]
dejé p a d e c e r c o m o h o m b r e p a r a satisfacer p o r t o d o s
vuestros pecados.
N o v e n d r á así a h o r a , e n este ú l t i m o m o m e n t o , sino
con a u t o r i d a d , p a r a r e p r e n d e r El m i s m o e n p e r s o n a ; y
no habrá criatura alguna q u e n o tiemble. D a r á a cada
u n o su m e r e c i d o '.
E n los infelices c o n d e n a d o s , su p r e s e n c i a p r o d u c i r á
t a n t o t o r m e n t o y t e r r o r , q u e n i n g u n a l e n g u a será capaz
d e c o n t a r l o . E n los j u s t o s p r o d u c i r á t e m o r r e v e r e n c i a l ,
j u n t o c o n g r a n alegría. N o es q u e se le c a m b i e la c a r a ,
p u e s es i n m u t a b l e , p o r ser u n o c o n m i g o . E s t a m b i é n in-
m u t a b l e d e s d e q u e t i e n e la gloria d e la r e s u r r e c c i ó n , se-
g ú n la n a t u r a l e z a d i v i n a e i g u a l m e n t e s e g ú n la n a t u r a l e -
za h u m a n a . A los ojos d e l c o n d e n a d o , sin e m b a r g o , le
a p a r e c e r á c o n aquella m i r a d a terrible y t e n e b r o s a , la
q u e tiene el m i s m o c o n d e n a d o e n sí m i s m o . Así llegará.
C o m o el ojo e n f e r m o , q u e d e p o r sí ve b i e n , n o perci-
be m á s q u e tinieblas, y el ojo s a n o ve la l u z —esto n ó
p o r q u e la luz sea distinta p a r a el ciego q u e p a r a el s a n o ,
2
sino p o r defecto del ojo q u e está e n f e r m o , así los c o n -
d e n a d o s le ven e n tinieblas, e n c o n f u s i ó n y e n o d i o ; n o
p o r d e f e c t o d e mi divina Majestad, con la q u e v e n d r é a
j u z g a r al m u n d o , sino p o r d e f e c t o d e e l l o s .
Es t a n t o el o d i o q u e t i e n e n , q u e n o p u e d e n d e s e a r
b i e n a l g u n o , y c o n t i n u a m e n t e b l a s f e m a n d e m í . ¿Sabes
p o r q u é n o p u e d e n d e s e a r el bien? A c a b a d a la vida d e l
h o m b r e q u e d a p r e s a su l i b e r t a d , p o r lo q u e n o p u e d e n
m e r e c e r u n a vez q u e se les h a p a s a d o el t i e m p o .
Si m u e r e n e n o d i o , c o n culpa d e p e c a d o m o r t a l , e n
r a z ó n d e la justicia divina, p e r m a n e c e el a l m a a t a d a
p a r a s i e m p r e con el lazo d e l o d i o , o b s t i n a d a p a r a siem-
p r e e n el m a l e n q u e se halla, r e c o m i é n d o s e a sí m i s m a .
Se le a c r e c i e n t a n las p e n a s c o n t i n u a m e n t e p o r a l g ú n p e -
c a d o p a r t i c u l a r q u e h a sido la c a u s a d e su c o n d e n a c i ó n .
Así os lo e n s e ñ ó aquel rico c o n d e n a d o c u a n d o pedía la
1
Mt 24,30.
2
Oficio d e la fiesta d e S a n Agustín.
122 El Diálogo
41 [La g l o r i a d e los b i e n a v e n t u r a d o s . )
a m o r , y p o r c u y o a m o r c r e c í a n e n gracia c o n a u m e n t o
d e la v i r t u d . Lo u n o e r a c a u s a d e lo o t r o , a d e m á s d e
m a n i f e s t a r la gloria y a l a b a n z a d e m i n o m b r e e n ellos y
el p r ó j i m o . D e m o d o q u e l u e g o , e n la vida q u e s i e m p r e
d u r a , n o p i e r d e n el a m o r , sino q u e , p o r el c o n t r a r i o ,
p a r t i c i p a n d e él m á s í n t i m a m e n t e y c o n m a y o r a b u n -
d a n c i a u n o s d e o t r o s , a ñ a d i é n d o l e s a esto el b i e n d e la
felicidad g e n e r a l .
N o quisiera, sin e m b a r g o , q u e c r e y e r a s q u e la felici-
d a d p a r t i c u l a r q u e te h e d i c h o q u e p o s e e n la t i e n e n ú n i -
c a m e n t e p o r ellos. N o es así, sino q u e es p a r t i c i p a d a p o r
t o d o s los b i e n a v e n t u r a d o s c i u d a d a n o s d e l cielo, p o r mis
a m a d o s hijos y p o r los á n g e l e s . Así, c u a n d o el a l m a al-
c a n z a la v i d a e t e r n a , t o d o s p a r t i c i p a n d e ella, y ella d e l
bien d e los d e m á s . N o es q u e la c a p a c i d a d receptiva d e
esa alma y d e las d e m á s p u e d a acrecentar ni q u e tenga
precisión d e llenarse, sino q u e se halla llena, y p o r eso
n o p u e d e a u m e n t a r . G o z a d e satisfacción, j ú b i l o y ale-
gría, q u e reavivan al s a b e r ellos q u e se h a n e n c o n t r a d o
c o n a q u e l l a a l m a . V e n q u e p o r m i m i s e r i c o r d i a h a sido
e l e v a d a a la p l e n i t u d d e la gracia, y se a l e g r a n c o n m i g o
p o r el b i e n q u e ella h a r e c i b i d o d e m i b o n d a d .
Esa a l m a goza e n m í , e n las a l m a s y e n los espíritus
b i e n a v e n t u r a d o s al ver y e x p e r i m e n t a r e n ellos la d u l -
z u r a d e mi c a r i d a d , y sus d e s e o s c l a m a n a m í p o r la
salvación d e l m u n d o e n t e r o . Su vida, q u e t e r m i n ó e n la
c a r i d a d c o n el p r ó j i m o , n o la h a p e r d i d o , sino q u e c o n
la c a r i d a d p a s ó p o r la p u e r t a d e mi Hijo u n i g é n i t o >,
c o m o d e s p u é s te d i r é . Ves, p o r t a n t o , q u e p o r t o d a la
e t e r n i d a d p e r m a n e c e n c o n el m i s m o lazo d e a m o r c o n
q u e t e r m i n ó su existencia e n la tierra.
Se h a l l a n t a n identificados c o n m i v o l u n t a d , q u e n o
p u e d e n q u e r e r sino lo q u e yo q u i e r o , p o r q u e su libertad
está tan a t a d a p o r el lazo d e la c a r i d a d , q u e , l l e g á n d o l e
el fin, si m u e r e e n e s t a d o d e gracia, n o p u e d e p e c a r
m á s . T a n u n i d a s están su v o l u n t a d y la m í a , q u e , si ve al
p a d r e , a la m a d r e o a su hijo e n el i n f i e r n o , o su hijo a
la m a d r e , n o les d a c u i d a d o , y hasta están c o n t e n t o s d e
verles castigados p o r ser e n e m i g o s míos. Sin d i s c r e p a r
d e m í , sus d e s e o s se h a l l a n c u m p l i d o s .
' Jn 10,7-9.
124 El Diálogo
2
Mt 25,14-30.
La doctrina del puente 125
T e h e h a b l a d o d e l b i e n q u e t e n d r á el c u e r p o glorifi-
c a d o e n la h u m a n i d a d g l o r i f i c a d a d e m i Hijo u n i g é n i t o .
El o s d a la s e g u r i d a d d e v u e s t r a r e s u r r e c c i ó n . E n ella
r e b o s a n d e a l e g r í a s u s llagas frescas, c o n s e r v a d a s a ú n
las cicatrices e n su c u e r p o , q u e p o r v o s o t r o s i m p l o r a n
sin c e s a r m i s e r i c o r d i a a m í , s u p r e m o y e t e r n o P a d r e .
T o d o se h a l l a r á d e a c u e r d o c o n El e n g o z o y a l e g r í a : el
ojo c o n el ojo, la m a n o c o n la m a n o ; t o d o s os a s e m e j a -
réis e n t o d o al c u e r p o d e l d u l c e V e r b o , m i H i j o . P e r m a -
n e c i e n d o e n m í , p e r m a n e c e r é i s e n El, p o r q u e es u n o
c o n m i g o . Los ojos d e v u e s t r o c u e r p o , c o m o te h e d i c h o ,
se a l e g r a r á n e n la h u m a n i d a d glorificada d e l V e r b o , m i
Hijo u n i g é n i t o .
¿ P o r q u é esto? P o r q u e su vida t e r m i n a e n h o n o r d e
m i c a r i d a d ; p o r eso d u r a e t e r n a m e n t e . N o es q u e p u e -
d a n r e a l i z a r b u e n a s o b r a s , p e r o se g o z a n e n lo q u e h a n
s u f r i d o ; es d e c i r , n o p u e d e n r e a l i z a r u n a c t o m e r i t o r i o ,
ya q u e sólo e n e s t a v i d a se m e r e c e y se p e c a , s e g ú n place
a la p r o p i a v o l u n t a d p o r el l i b r e a l b e d r í o .
Estos n o e s p e r a n el j u i c i o d i v i n o c o n t e m o r , s i n o c o n
a l e g r í a ; la c a r a d e Dios n o les p a r e c e r á l l e n a d e ira, p o r -
q u e h a n m u e r t o e n m i c a r i d a d y dilección y c o n b e n e v o -
lencia p a r a c o n el p r ó j i m o .
V e s , p o r t a n t o , q u e la m u t a c i ó n e n el s e m b l a n t e n o se
e f e c t u a r á e n El c u a n d o v e n g a a j u z g a r c o n m i M a j e s t a d ,
s i n o e n los q u e h a n d e s e r j u z g a d o s . A los c o n d e n a d o s
les a p a r e c e r á c o n o d i o y j u s t i c i a ; a los s a l v a d o s , c o n
a m o r y misericordia.
T e h e h a b l a d o d e la g l o r i a d e los j u s t o s p a r a q u e c o -
nozcas m e j o r la m i s e r i a d e los c o n d e n a d o s . E s t e es o t r o
d e los suplicios: v e r la felicidad d e los j u s t o s . E s t a visión
les sirve p a r a a c r e c e n t a r sus p e n a s , c o m o a los j u s t o s la
c o n d e n a c i ó n d e los p e c a d o r e s les sirve p a r a a l e g r a r s e a
c a u s a d e m i b o n d a d , p o r q u e m e j o r se c o n o c e la luz c o n -
t r a s t á n d o l a c o n la o s c u r i d a d , y é s t a c o m p a r á n d o l a c o n
la luz. D e m o d o q u e la visión d e los b i e n a v e n t u r a d o s les
c a u s a r á t o r m e n t o . E s p e r a n c o n d o l o r el ú l t i m o d í a d e l
j u i c i o , p r e v i e n d o q u e a él se s e g u i r á a u m e n t o d e p e n a s .
126 El Diálogo
1
Mt 25,41.
2
Jn 14,6.
128 El Diálogo
43 [ U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a d e la
m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o , v e su d e s t i n o , es
d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e va a r e c i b i r . ]
m á s p e r f e c c i ó n e n el t i e m p o d e la t e n t a c i ó n , p o r q u e e n -
tonces v e m o s q u e el h o m b r e , d e p o r sí, n a d a es, ya q u e
n o p u e d e evitar los trabajos y s u g e r e n c i a s d e q u e d e s e a -
ría e s c a p a r . M e c o n o c e p o r la v o l u n t a d , q u e se halla
fortalecida c o n m i b o n d a d , q u e n o c o n s i e n t e tales p e n -
s a m i e n t o s , y p o r q u e h a visto q u e m i c a r i d a d le a y u d a ,
p o r q u e el d e m o n i o es d é b i l , y p o r sí m i s m o n o p u e d e
sino lo q u e yo le p e r m i t o . Yo se las p e r m i t o p o r a m o r o
p o r o d i o , p a r a q u e venzáis y n o seáis v e n c i d o s y p a r a
q u e lleguéis al c o n o c i m i e n t o p e r f e c t o d e m í y d e voso-
t r o s , a fin d e q u e la v i r t u d q u e d e p a t e n t e , ya q u e u n
c o n t r a r i o p u e d e c o n o c e r s e m e j o r p o r su c o n t r a r i o .
Ves, p u e s , q u e los d e m o n i o s son m i n i s t r o s m í o s p a r a
a t o r m e n t a r e n el i n f i e r n o y p a r a p r o b a r y ejercitar la
v i r t u d del a l m a e n esta vida.
N o es q u e la i n t e n c i ó n d e ellos sea p o n e r d e m a n i f i e s -
to la v i r t u d , p u e s n o p o s e e n la c a r i d a d , sino p a r a a r r e b a -
t a r o s la v i r t u d , lo q u e n o p u e d e n h a c e r si n o q u e r é i s .
A h o r a c o m p r e n d e s c u á n t a es la i m b e c i l i d a d d e l h o m -
b r e q u e se m u e s t r a débil e n a q u e l l o e n q u e yo le h e h e -
c h o f u e r t e . El m i s m o se p o n e e n m a n o s d e los d e m o -
nios. P o r eso q u i e r o se s e p a s q u e e n el m o m e n t o d e la
m u e r t e , h a b i e n d o p u e s t o los p e c a d o r e s su vida bajo el
señorío del d e m o n i o — n o forzados, p o r q u e n o p u e d e n
ser o b l i g a d o s , sino v o l u n t a r i a m e n t e — * si llegan a la
m u e r t e bajo este p e r v e r s o d o m i n i o , n o e s p e r a n o t r o j u i -
cio, sino q u e ellos m i s m o s son los j u e c e s p o r su c o n c i e n -
cia, y, c o m o d e s e s p e r a d o s , se v a n a la c o n d e n a c i ó n e t e r -
n a , c o n o d i o se a p e g a n m á s al i n f i e r n o , y a n t e s d e l j u i c i o
se c o n d e n a n ellos m i s m o s y v a n c o n sus s e ñ o r e s los d e -
monios.
Los j u s t o s , q u e h a n vivido y m u e r e n e n c a r i d a d , c u a n -
d o les llega la m u e r t e , si h a n vivido e n p e r f e c c i ó n d e
v i r t u d , i l u m i n a d o s e n t o n c e s p o r la luz d e la fe, c o n espe-
r a n z a c o m p l e t a e n la s a n g r e d e l C o r d e r o , v e n el b i e n
q u e yo les h e p r e p a r a d o y lo e s t r e c h a n c o n los b r a z o s
del a m o r . Se u n e n a m í , s u m o y e t e r n o B i e n , m á s a r d o -
r o s a m e n t e a ú n e n el m o m e n t o d e la m u e r t e . Y así s a b o -
r e a n la vida e t e r n a a n t e s d e h a b e r a b a n d o n a d o el c u e r -
p o m o r t a l , o sea, a n t e s d e q u e se h a y a n s e p a r a d o d e l
cuerpo.
Los q u e h a n p a s a d o su v i d a e n c a r i d a d c o m ú n y e n
130 El Diálogo
44 [El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el p r e t e x t o
d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r el r í o , y n o p o r el p u e n t e , v a n e n g a -
ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s .
Visión d e u n á r b o l q u e u n a vez t u v o esta a l m a . ]
1
Alusión autobiográfica.
132 El Diálogo
esta vida sin cruz, a excepción d e los que van por el ca-
mino d e arriba. No es que ellos vayan sin trabajos, sino
que se les convierten en consuelo. Y como por el pecado
produjo el m u n d o espinas y abrojos y surgió este río,
m a r tempestuoso, por eso os di el p u e n t e , para q u e no
os ahogaseis».
T e he manifestado c ó m o se equivocan con u n t e m o r
d e s o r d e n a d o y c ó m o soy vuestro Dios, q u e ni cambio ni
hago distinción d e personas, si n o es teniendo en cuenta
su santo deseo. Esto es lo q u e te he explicado con la ale-
goría del árbol.
c o n o c e , y, c o n o c i e n d o y a m a n d o , d i s f r u t a d e m í , s u m o
y e t e r n o B i e n ; d i s f r u t a n d o sacia y llena su v o l u n t a d , es
d e c i r , el d e s e o q u e t i e n e d e v e r m e y c o n o c e r m e ; d e -
s e a n d o y t e n i e n d o , d e s e a . C o m o t e dije, la p e n a se halla
l
lejos d e l d e s e o y el hastío, p r o d u c t o d e la h a r t u r a .
Ves, p o r t a n t o , q u e mis s e r v i d o r e s e n c u e n t r a n la feli-
c i d a d e s p e c i a l m e n t e e n v e r m e y c o n o c e r m e . Esta visión
y c o n o c i m i e n t o satisface su v o l u n t a d d e t e n e r lo q u e d e -
s e a n , y así q u e d a n saciados. P o r eso t e dije q u e , e n c o n -
c r e t o , g u s t a r la v i d a e t e r n a es p o s e e r lo q u e la v o l u n t a d
d e s e a . T e n e n c u e n t a q u e el a l m a se sacia v i é n d o m e y
c o n o c i é n d o m e . E n e s t a v i d a e x p e r i m e n t a las a r r a s d e la
v i d a e t e r n a c u a n d o g u s t a lo q u e t e h e d i c h o q u e la sacia.
¿ C ó m o p o s e e esas primicias d e la v i d a e t e r n a ? T e lo
voy a d e c i r : v i e n d o m i b o n d a d e n sí m i s m a y c o n o c i e n -
d o m i v e r d a d . Este c o n o c i m i e n t o lo t i e n e el e n t e n d i -
m i e n t o ai e s t a r i l u m i n a d o p o r la fe, q u e es el ojo d e l
a l m a . Este ojo p o s e e la p u p i l a d e la s a n t í s i m a fe, y le
p e r m i t e d i s t i n g u i r , c o n o c e r y s e g u i r el c a m i n o y la d o c -
t r i n a d e mi V e r d a d , d e l V e r b o h e c h o c a r n e . Sin esta p u -
pila d e la fe n o v e r á sino c o m o el h o m b r e q u e t i e n e la
f i g u r a d e u n ojo, p e r o q u e lo t i e n e t a p a d o c o n u n p a ñ o ,
q u e i m p i d e q u e el ojo vea. L o m i s m o o c u r r e c o n el ojo
d e l e n t e n d i m i e n t o . Su p u p i l a es la fe, y n o ve c u a n d o
d e l a n t e d e sí t i e n e c o l o c a d o el p a ñ o d e la i n f i d e l i d a d ,
q u e p r o c e d e d e l a m o r a sí m i s m o ; t i e n e f o r m a d e ojo,
p e r o n o . d a luz, p o r q u e el p a ñ o se la h a q u i t a d o .
C o m p r e n d e s , p u e s , q u e , v i e n d o , c o n o c e n , y, a m a n d o ,
a h o g a n y p i e r d e n la v o l u n t a d p r o p i a .
U n a vez p e r d i d a su v o l u n t a d , se visten d e la m í a , q u e
n o q u i e r e o t r a cosa q u e v u e s t r a santificación. I n m e d i a -
t a m e n t e se d e d i c a n a a p a r t a r su m i r a d a d e l c a m i n o d e
abajo, c o m i e n z a n a s u b i r p o r el p u e n t e y p a s a n s o b r e las
e s p i n a s . C o m o t i e n e n los pies descalzos d e su afecto res-
p e c t o d e m i v o l u n t a d , las e s p i n a s n o les h a c e n d a ñ o . P o r
ello te dije q u e s u f r í a n c o r p o r a l y n o e s p i r i t u a l m e n t e ,
p u e s está m u e r t a su v o l u n t a d sensitiva, la q u e p r o d u c e
p e n a y aflige el espíritu d e las c r i a t u r a s . Q u i t a d a e s t a vo-
l u n t a d , está q u i t a d a la p e n a . T o d o lo s o p o r t a n c o n r e v e -
1
A p 7,16-17.
134 El Diálogo
46 [ M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i m i e n t o .
Las obras b u e n a s , n o h e c h a s e n e s t a d o d e gracia, c a r e c e n d e
v a l o r p a r a la v i d a e t e r n a . ]
T e h e d i c h o esto p a r a q u e e n t i e n d a s m e j o r c ó m o g u s -
t a n las primicias d e l i n f i e r n o aquellos d e c u y o e n g a ñ o te
hablé.
A h o r a te voy a explicar d e d ó n d e p r o c e d e el e m b a u -
c a m i e n t o y p o r q u é h a n c e g a d o los ojos d e l e n t e n d i -
m i e n t o c o n la falta, q u e t i e n e su o r i g e n e n el a m o r p r o -
pio.
L o m i s m o q u e t o d a v e r d a d se a d q u i e r e p o r la luz d e
la fe, así se i n c u r r e e n la m e n t i r a y e n g a ñ o p o r c a r e n c i a
d e fe. H a b l o d e c a r e n c i a d e ella e n los q u e la h a n recibi-
d o e n el s a n t o b a u t i s m o , e n el c u a l se d i o la p u p i l a d e la
fe a la inteligencia. L l e g a d o el u s o d e la r a z ó n , si se ejer-
citan e n la v i r t u d , c o n s e r v a n la luz d e la fe, y n a c e n e n
ellos las v i r t u d e s vivas h a c i e n d o b i e n al p r ó j i m o ; c o m o
la m u j e r q u e d a a luz al hijo vivo y vivo se lo e n t r e g a a
su e s p o s o , así éstos m e o f r e c e n v i r t u d e s vivas a m í , Es-
poso del alma.
L o c o n t r a r i o h a c e n esos m i s e r a b l e s q u e , l l e g a d o el
t i e m p o d e la d i s c r e c i ó n , c u a n d o d e b e n ejercitar la luz d e
la fe y d a r a luz las v i r t u d e s c o n la vida d e la gracia, las
d a n a luz m u e r t a s . Están m u e r t a s , c o m o h e c h a s e n peca-
d o m o r t a l , al e n c o n t r a r s e p r i v a d o s d e la fe. C i e r t a m e n t e
m a n t i e n e n la f o r m a d e l s a n t o b a u t i s m o , p e r o n o la luz,
al h a l l a r s e p r i v a d o s d e ella a c a u s a d e la n u b e d e l peca-
d o c o m e t i d o p o r a m o r p r o p i o , q u e t a p a la p u p i l a c o n
q u e veían.
D e los q u e t i e n e n fe sin o b r a s se d i c e q u e t i e n e n
m u e r t a su fe. I g u a l q u e el m u e r t o n o ve, así t a m p o c o el
ojo, p o r e s t a r t a p a d a la pupila. N o v e n n i r e c o n o c e n q u e
p o r sí m i s m o s n o e x i s t e n ; t a m p o c o las faltas q u e h a n co-
m e t i d o , ni m i b o n d a d , d e la q u e recibió el s e r y c u a l -
q u i e r gracia r e c i b i d a c o n la existencia.
Al n o c o n o c e r m e a mí ni a sí m i s m o s , n o o d i a n a sus
s e n t i d o s , sino q u e los a m a n , b u s c a n d o satisfacer su a p e -
tito. D a n a luz hijos q u e p r o c e d e n d e sus m u c h o s peca-
d o s m o r t a l e s . N o m e a m a n , y p o r ello n o a m a n lo q u e
yo a m o , es decir, a su p r ó j i m o . N o se d e l e i t a n h a c i e n d o
lo q u e m e a g r a d a , e s t o es, las r e a l e s y v e r d a d e r a s virtu-
136 El Diálogo
1
G e n 2,26.
La doctrina del puente 137
y c o n el a m o r p r o p i o y d e s o r d e n a d o . T i e n e n la m i s m a
figura d e l e s c o r p i ó n q u e t e m o s t r é al p r i n c i p i o , d e s p u é s
d e la a l e g o r í a d e l á r b o l , c u a n d o t e dije q u e p o r d e l a n t e
m o s t r a b a n el o r o y q u e el v e n e n o lo t e n í a n e n la cola, y
q u e n o se d a b a el o r o sin el v e n e n o , ni el v e n e n o sin el
2
o r o ; p e r o q u e lo q u e p r i m e r o a p a r e c í a e r a el o r o . Y
n i n g u n o se d e f e n d í a d e l v e n e n o , a n o s e r los q u e se h a -
llaban i l u m i n a d o s p o r la luz d e la fe.
1
Mt 19,16-22.
La doctrina del puente 139
s i e n t a c a p a c i t a d o p a r a a l c a n z a r tal p e r f e c c i ó n , p u e s su
f r a g i l i d a d n o lo p e r m i t e , p u e d e p e r m a n e c e r e n e s t e e s -
t a d o c o m ú n d e c a r i d a d , c a d a c u a l s e g ú n su e s t a d o . E s t o
lo h a d i s p u e s t o m i b o n d a d p a r a q u e n i n g u n o t e n g a ex-
c u s a e n el p e c a d o , e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e sea.
V e r d a d e r a m e n t e n o t i e n e n d i s c u l p a , p o r q u e h e tole-
r a d o e x c u s a s y d e b i l i d a d e s , h a s t a el p u n t o d e q u e , si
q u i e r e n p e r m a n e c e r e n el m u n d o , lo p u e d e n , y t a m b i é n
p o s e e r r i q u e z a s , y m a n t e n e r su p o s i c i ó n c o m o g o b e r -
n a n t e s , c o n t r a e r m a t r i m o n i o , t e n e r hijos y a f a n a r s e p o r
ellos. P u e d e n p e r m a n e c e r e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e d e -
s e e n , si d e v e r a s a p a r t a n el v e n e n o d e los p r o p i o s senti-
d o s , q u e c a u s a n la m u e r t e e t e r n a .
Los sentidos son v e r d a d e r a m e n t e u n v e n e n o . C o m o
é s t e d a ñ a al c u e r p o , y al fin c a u s a la m u e r t e si el h o m -
b r e n o se i n g e n i a p a r a v o m i t a r l o y t o m a r u n a m e d i c i n a ;
lo m i s m o q u e o c u r r e c o n el a l a c r á n d e los d e l e i t e s d e l
m u n d o . H a b l o d e l v e n e n o d e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a d e l
h o m b r e , n o d e las cosas t e m p o r a l e s , p u e s ya te h e d i c h o
q u e s o n b u e n a s y c r e a d a s p o r m í , q u e soy s u m a B o n -
d a d , y p o r ello p u e d e n u s a r d e ellas c o m o les plazca,
d e n t r o del santo a m o r y del v e r d a d e r o t e m o r . Repito
q u e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a e n v e n e n a al a l m a y le c a u s a
la m u e r t e si n o v o m i t a p o r m e d i o d e la s a n t a c o n f e s i ó n ,
a l e j a n d o d e ella el c o r a z ó n y el a f e c t o . L a c o n f e s i ó n es
medicina q u e cura d e este veneno, a u n q u e parezca
a m a r g a a los s e n t i d o s .
¡Mira, p u e s , q u é e n g a ñ a d o s e s t á n ! P o r q u e p u e d e n p o -
s e e r lo t e r r e n o y a la vez t e n e r m e a m í ; p u e d e n h u i r d e
la t r i s t e z a y t e n e r a l e g r í a y c o n s u e l o , y, sin e m b a r g o ,
p r e f i e r e n el m a l bajo la a p a r i e n c i a d e b i e n y se e n t r e g a n
a c o g e r el o r o c o n a m o r d e s o r d e n a d o . P e r o c o m o e s t á n
c i e g o s , c o n m u c h a falta d e fe, n o r e c o n o c e n el v e n e n o ;
se v e n e m p o n z o ñ a d o s y n o t o m a n el r e m e d i o .
E s t o s llevan la c r u z d e l d e m o n i o , g u s t a n d o e n esta
vida las a r r a s d e l i n f i e r n o .
T e dije a r r i b a q u e sólo la v o l u n t a d c a u s a s u f r i m i e n t o s
e n el h o m b r e , y p u e s m i s s e r v i d o r e s e s t á n p r i v a d o s d e
140 El Diálogo
A h o r a te d i g o q u e a l g u n o s se s i e n t e n e s t i m u l a d o s p o r
las t r i b u l a c i o n e s del m u n d o . Las doy p a r a q u e el a l m a
c o n o z c a q u e su fin n o está e n esta vida y q u e estas cosas
son i m p e r f e c t a s y t r a n s i t o r i a s y p a r a q u e m e d e s e e n a
m í , q u e soy el fin q u e d e b e n a l c a n z a r . A l g u n o s c o m i e n -
zan a a p a r t a r esa n u b e q u e t i e n e n a n t e los ojos c o n los
142 El Diálogo
c o n la p e r f e c t a paciencia y v e r d a d e r a h u m i l d a d , p r o d u -
ce u n o d i o santo E n g e n d r a d a s las virtudes, ellas se m u l -
tiplican p e r f e c t a e i m p e r f e c t a m e n t e e n la m e d i d a e n q u e
c a d a a l m a ejercita la perfección, c o m o diré más abajo.
Si el afecto sensitivo, p o r el c o n t r a r i o , se inclina a q u e -
r e r más las cosas sensibles, hacia ese afecto se inclina el
ojo del e n t e n d i m i e n t o y se p r o p o n e c o m o m e t a sólo las
cosas sensibles, c o n a m o r propio, d e s a g r a d o d e la v i r t u d
y a m o r al vicio. A esto sigue la soberbia y la impaciencia.
La m e m o r i a , e n ese caso, n o se llena sino con aquello a
q u e la lleva el afecto.
Este a m o r h a c e g a d o el ojo d e tal m o d o , q u e n o dis-
t i n g u e ni ve sino algunos clarores sensibles. Su ilumina-
ción es la siguiente: q u e el e n t e n d i m i e n t o ve deleite
d o n d e n o existe y el afecto a m a lo q u e tiene aparencia
d e bien.
Ya te dije q u e los deleites del m u n d o son todos espi-
nas llenas d e v e n e n o . Q u e el e n t e n d i m i e n t o es e n g a ñ a -
d o al ver; la v o l u n t a d , al a m a r lo q u e n o d e b e , y la m e -
m o r i a , al r e c o r d a r l o . El e n t e n d i m i e n t o hace c o m o el la-
d r ó n , q u e r o b a lo q u e n o es suyo, y la m e m o r i a m a n t i e -
n e el r e c u e r d o c o n t i n u o d e las cosas q u e se hallan fuera
d e mí, y d e este m o d o q u e d a el a l m a p r i v a d a d e la gra-
cia.
T a l es la u n i ó n d e estas tres potencias del alma, q u e
n o p u e d o ser o f e n d i d o p o r u n a sin q u e las otras m e
o f e n d a n , p o r q u e u n a lleva a la o t r a al bien o al m a l , se-
g ú n place al libre albedrío. Este se halla u n i d o al afecto,
y p o r eso lo inclina, según le place c o n la luz d e la r a z ó n
o sin ella. Vosotros tenéis la r a z ó n u n i d a a mí siempre
q u e la libertad n o os separa d e mí y os sostenéis d u r a n t e
la lucha q u e la inclinación p e r v e r s a m a n t i e n e s i e m p r e
c o n t r a el espíritu '.
Hay, p u e s , d o s partes e n vosotros: los sentidos y la ra-
zón. Los sentidos son siervos y h a n sido establecidos
p a r a q u e sirvan al alma, p a r a q u e c o n el i n s t r u m e n t o del
2
c u e r p o manifestéis y ejercitéis las virtudes . El a l m a es
libre, l i b e r a d a del pecado" p o r la s a n g r e d e mi Hijo, y n o
p u e d e estar bajo d o m i n i o a l g u n o si ella n o lo q u i e r e
' R o m 7,23.
2 Gal 4,22-23.
La doctrina del puente 147
52 (Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s , n o s e
p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n ella, n a d i e p u e d e a l c a n z a r su
fin.)
T o d o s , e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , fuisteis invitados
p o r mi V e r d a d c u a n d o c l a m a b a e n el t e m p l o con a n g u s -
148 El Diálogo
54 [ M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s p a r a
s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e f e r i d o p u e n t e . )
1
Mt 18,20.
150 El Diálogo
y al e n t e n d i m i e n t o a m á n d o m e y d e s e á n d o m e c o m o a su
fin q u e soy.
C u a n d o estas tres potencias del alma se hallan j u n t a s ,
yo estoy en m e d i o d e ellas p o r la gracia, y, al hallarse el
h o m b r e lleno d e caridad p a r a c o n m i g o y con el prójimo,
i n m e d i a t a m e n t e se e n c u e n t r a a c o m p a ñ a d o d e m u c h a s y
v e r d a d e r a s virtudes.
El apetito del alma se dispone entonces a t e n e r sed;
digo sed d e la virtud, d e mi h o n o r y d e la salvación d e
las almas. C o n él desaparece cualquier o t r a sed y cami-
na con s e g u r i d a d , sin t e m o r servil alguno, u n a vez subi-
d o el p r i m e r p e l d a ñ o del afecto. P o r q u e , d e s p r e n d i d o
del a m o r propio, se levanta p o r encima d e sí mismo y d e
las cosas transitorias, a m á n d o l a s y poseyéndolas, si es
q u e desea p o r mí y n o sin mí, o sea, con santo y verda-
d e r o t e m o r y a m o r a la virtud.
Se e n c u e n t r a entonces ya subido al s e g u n d o escalón,
es decir, al d e la luz del e n t e n d i m i e n t o , q u e contempla
mi cordial a m o r e n Cristo crucificado, q u e m e ha servi-
d o d e i n s t r u m e n t o p a r a manifestároslo. En ese m o m e n -
to e n c u e n t r a el alma la paz y q u i e t u d , p o r q u e la m e m o -
ria está llena d e mi caridad, n o vacía. Sabes q u e u n reci-
piente vacío s u e n a al golpearlo y n o c u a n d o está lleno.
Lo mismo, c u a n d o la m e m o r i a se halla llena d e la luz
del e n t e n d i m i e n t o y del afecto del a m o r , al golpearla las
tribulaciones y delicias del m u n d o , n o s u e n a con desor-
d e n a d a alegría, ni con la impaciencia, p o r hallarse llena
d e mí, q u e soy el bien completo.
C u a n d o h a subido el alma al tercer peldaño, n o se ve
sola, pues h a u n i d o e n mi n o m b r e la razón y las tres po-
tencias del alma. Unidos a m b o s , es decir, el a m o r a mí y
al prójimo, lo están también la m e m o r i a para r e c o r d a r ,
el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o m p r e n d e r y la voluntad p a r a
a m a r . El alma se ve a c o m p a ñ a d a p o r mí, q u e soy su for-
taleza y s e g u r i d a d , y e n c u e n t r a la c o m p a ñ í a d e las virtu-
des. Así c a m i n a segura, p o r q u e yo estoy en m e d i o d e
ellas.
A n d a entonces el alma con angustiado deseo p o r te-
n e r q u e seguir el c a m i n o d e la V e r d a d . En ese c a m i n o
e n c u e n t r a la fuente d e a g u a viva. A causa d e la sed q u e
tiene del a m o r d e mi n o m b r e , d e su salvación y del p r ó -
j i m o , e m p r e n d e con gusto el camino, pues fuera d e él n o
La doctrina del puente 151
T e h e m o s t r a d o el m o d o q u e , en g e n e r a l , h a d e ob-
servar t o d a c r i a t u r a racional p a r a p o d e r salir del piélago
del m u n d o y no a h o g a r s e ni llegar a la c o n d e n a c i ó n .
T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o los tres escalones c o m u n e s ,
q u e son las tres potencias del alma, y c ó m o n o se p u e d e
subir u n o si n o se s u b e n los tres. Antes te r e c o r d é la fra-
se p r o n u n c i a d a p o r m i V e r d a d : « C u a n d o d o s , o tres, o
más están c o n g r e g a d o s e n mi n o m b r e » . H e aquí la
conexión d e los tres escalones, es decir, d e las tres p o -
tencias del alma. Ellas se relacionan con los d o s m a n -
d a m i e n t o s principales d e la ley, mi c a r i d a d y la del p r ó -
j i m o , esto es, a m a r m e sobre todas las cosas, y al p r ó -
jimo c o m o a ti misma.
Subidos los p e l d a ñ o s , o sea, u n i d o s e n mi n o m b r e ,
p r o n t o se siente el deseo del a g u a viva. L u e g o se p o n e
en m o v i m i e n t o , y pasa p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la doctri-
n a d e mi V e r d a d , q u e es el m i s m o p u e n t e . Entonces co-
rréis tras la voz q u e os llama. C l a m a n d o en el t e m p l o , os
invitaba a decir: «Quien tenga sed, venga a mí y beba,
p u e s soy la fuente d e a g u a viva» '.
' J n 7,37.
152 El Diálogo
56 [ Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los t r e s e s c a -
l o n e s d e l s a n t o p u e n t e , s o n s i g n i f i c a d o s e n p a r t i c u l a r p o r los
t r e s e s t a d o s d e l a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a
c o n t e m p l a r esta v e r d a d . )
59 [ E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r s e r v i l , q u e e s e s t a d o d e i m -
p e r f e c c i ó n (lo c u a l s e e n t i e n d e c o m o p r i m e r e s c a l ó n ) , s e l l e g a
al s e g u n d o , q u e e s e s t a d o d e p e r f e c c i ó n . ]
60 [ I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s p o r p r o -
vecho propio, p o r deleite y consuelo.]
O b r a n c o m o imperfectos, q u e todavía n o h a n q u i t a d o
bien la v e n d a del a m o r p r o p i o espiritual del ojo d e su
santísima fe; p o r q u e , si d e v e r d a d la h u b i e s e n q u i t a d o ,
verían q u e todo p r o c e d e d e mí y q u e ni u n a hoja d e ár-
bol cae sin mi providencia, y q u e lo q u e d o y y p e r m i t o ,
lo doy p a r a su santificación, p a r a q u e alcancen el bien
y el fin p a r a q u e los h e c r e a d o .
D e b e n ver y r e c o n o c e r q u e n o q u i e r o sino su bien en
la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , p o r la q u e son purifica-
dos d e su m a l d a d . En esta s a n g r e p u e d e n r e c o n o c e r mi
v e r d a d ; q u e p a r a darles la vida e t e r n a los h e c r e a d o a
i m a g e n y semejanza m í a y q u e d e n u e v o los h e c r e a d o
p a r a la gracia p o r la s a n g r e del propio Hijo, p a r a ser hi-
j o s adoptivos. Pero, al ser imperfectos, m e sirven p o r su
propia utilidad y se entibian e n el a m o r al p r ó j i m o .
Los p r i m e r o s d e s m a y a b a n p o r el t e m o r a sufrir traba-
j o s ; éstos, q u e son los s e g u n d o s , languidecen p o r privar-
se del bien q u e hacían al p r ó j i m o . Se r e t a r d a n e n su ca-
r i d a d si se c o n s i d e r a n perjudicados en el p r o p i o prove-
c h o o en algún consuelo q u e habían e n c o n t r a d o e n sí
mismos. Esto sucede p o r q u e su a m o r n o e r a p l e n o , sino
c o m o la imperfección c o n q u e m e a m a n , esto es, p o r
a m a r m e p o r propia utilidad, p o r el a m o r con q u e se
a m a n a sí mismos.
Si n o r e c o n o c e n su imperfección con u n d e s e o d e ver-
d a d e r a perfección, será imposible q u e n o vuelvan la vis-
ta atrás. Es d e necesidad q u e q u i e r a n la vida e t e r n a , q u e
m e a m e n sin c o n d i c i o n a m i e n t o s . N o basta h u i r del pe-
cado p o r t e m o r al castigo, q u e a b r a c e n la virtud p o r la
propia utilidad, pues esto n o es suficiente p a r a o b t e n e r
la vida e t e r n a , sino q u e hay q u e elevarse sobre el peca-
d o , p o r q u e éste m e d e s a g r a d a ; h a n d e a m a r la virtud
p o r a m o r a mí.
Es cierto q u e casi la p r i m e r a y general respuesta d e
todas las p e r s o n a s es ésta, p o r ser p r i m e r a m e n t e el alma
imperfecta y d e s p u é s perfecta. De la imperfección hay
q u e pasar a la perfección m i e n t r a s se vive, o b r a n d o vir-
t u o s a m e n t e , con corazón sincero y libre p a r a a m a r sin
condiciones, o en la m u e r t e llegar a r e c o n o c e r su imper-
fección, con el propósito d e q u e , si tuviese tiempo, m e
servirían sin tenerse en c u e n t a a sí mismos.
C o n este a m o r imperfecto a m a b a San P e d r o al dulce
158 El Diálogo
1
Prov 8,17.
2
Jn 15,15.
3
J n 14,21-23.
La doctrina del puente 159
ello dijo m i V e r d a d : « V e n d r é y m o r a r e m o s j u n t o s » ; y,
e f e c t i v a m e n t e , así es.
¿Sabes c ó m o m e manifiesto al a l m a q u e m e a m a d e
veras, s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e este d u l c e y a m o r o s o
Verbo? Lo hago de muchas maneras, en conformidad
c o n los d e s e o s q u e ella t e n g a .
Mis principales m a n i f e s t a c i o n e s son tres. La p r i m e r a
es p o r m i afecto y mi c a r i d a d , m e d i a n t e el V e r b o d e m i
Hijo u n i g é n i t o . Este afecto y esta c a r i d a d se manifiestan
e n la s a n g r e d e r r a m a d a c o n tan a r d i e n t e a m o r . La cari-
d a d se manifiesta d e d o s m a n e r a s . U n a es g e n e r a l , co-
m ú n p a r a t o d o s , es decir, p a r a los q u e se h a l l a n e n la ca-
r i d a d c o m ú n ; se les manifiesta al verla y r e c o n o c e r l a e n
los m u c h o s y diversos beneficios q u e d e m í r e c i b e n . La
o t r a m a n e r a es p a r t i c u l a r , p a r a c o n los q u e se h a n h e -
c h o a m i g o s . A d e m á s d e la m a n i f e s t a c i ó n c o m ú n , ellos
g u s t a n , r e c o n o c e n , e x p e r i m e n t a n y s i e n t e n esta c a r i d a d
e n las a l m a s .
La s e g u n d a p r u e b a d e la c a r i d a d t i e n e i g u a l m e n t e lu-
g a r e n sí m i s m o s c u a n d o m e manifiesto p o r afecto d e
a m o r . Yo n o h a g o distinción d e p e r s o n a s , sino e n c u a n -
to a sus santos d e s e o s , h a c i é n d o m e p r e s e n t e e n el a l m a
c o n la m i s m a perfección c o n q u e ellos m e b u s c a n . A l g u -
nas veces lo h a g o , y ésta es la m i s m a s e g u n d a manifesta-
ción, m o s t r á n d o l e s las cosas v e n i d e r a s . Esto o c u r r e d e
m u c h o s y diversos m o d o s , s e g ú n la n e c e s i d a d q u e veo
e n ellos y e n las d e m á s c r i a t u r a s .
A l g u n a s veces, y ésta es la t e r c e r a , f o r m o e n su espíri-
tu la p r e s e n c i a d e m i V e r d a d , d e m i Hijo u n i g é n i t o , d e
muchos modos, según apetece o quiere. O t r a s m e bus-
can e n la o r a c i ó n q u e r i e n d o c o n o c e r m i p o d e r , y yo les
satisfago el d e s e o p o n i é n d o l e p o r objeto a n t e la m i r a d a
d e su e n t e n d i m i e n t o . O t r a s m e b u s c a n e n la c l e m e n c i a
d e l Espíritu S a n t o , y e n t o n c e s m i b o n d a d les h a c e g u s t a r
el f u e g o d e mi divina c a r i d a d , e n g e n d r a n d o v e r d a d e r a s
y reales v i r t u d e s , f u n d a d a s e n la p u r a c a r i d a d c o n el
prójimo.
160 El Diálogo
2
' Jn 14,8-9. Jn 7,17. > Jn 10,30 y 14,21.
4
Esta y otras expresiones originaron, sin duda, la posterior división
en tratados.
La doctrina del puente 161
1
Mt 26,75 y Le 22,62.
2
1 J n 4,18.
5
J n 14,28.
La doctrina del puente 163
4
Rom 5,8.
164 El Diálogo
C u a n d o el a l m a h a p e n e t r a d o e n su i n t e r i o r c a m i n a n -
d o p o r la d o c t r i n a d e C r i s t o , vivificada c o n v e r d a d e r o
1
Act 9 , 4 . .
166 El Diálogo
66 [ A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o . — D o c -
t r i n a s o b r e el p a s o d e la o r a c i ó n v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n
q u e en u n a ocasión tuvo esta alma.l
1
R e c u é r d e s e la existencia d e tiendas e n los p u e n t e s m e d i e v a l e s ita
lianos.
168 El Diálogo
2
Col 3,17.—Alusión autobiográfica.
170 El Diálogo
n o c e . Q u i e n más c o n o c e , m á s a m a , y a m a n d o m á s , sabo-
rea más.
Ves, p o r t a n t o , q u e la o r a c i ó n p e r f e c t a n o se a d q u i e r e
c o n las m u c h a s p a l a b r a s , sino c o n afecto d e d e s e o , ele-
v á n d o s e a mí p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a , c o n d i -
m e n t a d o lo u n o c o n lo o t r o . Así p o s e e r á , a la vez, la o r a -
c i ó n vocal y la m e n t a l , p o r q u e a m b a s se h a l l a n u n i d a s ,
lo m i s m o q u e la vida activa y la c o n t e m p l a t i v a , a u n q u e
se i n t e n t e la o r a c i ó n vocal o se q u i e r a la m e n t a l d e m u -
c h o s y diversos m o d o s . P o r q u e el s a n t o d e s e o , la b u e n a
y s a n t a v o l u n t a d , es o r a c i ó n . La v o l u n t a d y el d e s e o se
elevan a mí e n el l u g a r y t i e m p o o r d e n a d o s y se u n e n e n
la o r a c i ó n c o n t i n u a d e l s a n t o d e s e o . Así, p e r m a n e c i e n d o
el a l m a e n ese d e s e o y v o l u n t a d , se m a n t i e n e e n conti-
n u a o r a c i ó n , y h a r á la vocal e n el t i e m p o p r e s c r i t o , y al-
g u n a s veces f u e r a d e él, s e g ú n lo exija la c a r i d a d , e n
b i e n d e l p r ó j i m o , e n c o n f o r m i d a d c o n las n e c e s i d a d e s y
s e g ú n el e s t a d o e n q u e la h e c o l o c a d o .
C a d a u n o , s e g ú n su e s t a d o , d e b e t r a b a j a r p o r la salva-
ción d e las a l m a s , c o n f o r m e al p r i n c i p i o d e la s a n t a vo-
luntad. Lo q u e se hace, d e palabra o p o r obra, p o r la salud
3
d e l p r ó j i m o es u n a v e r d a d e r a o r a c i ó n , s u p o n i e n d o
q u e la h a g a e n el t i e m p o p r e s c r i t o . E x c e p t o a la o r a c i ó n
a q u e está o b l i g a d o , lo q u e h a c e p o r c a r i d a d al p r ó j i m o
o p o r sí m i s m o , sea lo q u e sea, t o d o es o r a c i ó n . C o m o
dijo el glorioso h e r a l d o Pablo, q u i e n n o d e j a d e o r a r , n o
d e j a d e h a c e r el b i e n . P o r esta r a z ó n dije q u e la o r a c i ó n
vocal se h a c e d e m u c h o s m o d o s u n i d a a la m e n t a l , p u e s -
to q u e la vocal, h e c h a d e l m o d o d i c h o , se h a c e c o n el
afecto d e 'la c a r i d a d y c o n s e c u e n c i a d e la c a r i d a d es la
4
continua oración .
T e h e explicado c ó m o se llega a la o r a c i ó n m e n t a l , es
decir, p o r la práctica d e la p e r s e v e r a n c i a , y c ó m o se h a
d e d e j a r la o r a c i ó n vocal p o r la m e n t a l c u a n d o yo visito
al a l m a . T e h e d i c h o t a m b i é n cuál es la o r a c i ó n c o m ú n y
la vocal c o m ú n f u e r a d e los t i e m p o s p r e s c r i t o s y c ó m o es
la o r a c i ó n d e la b u e n a y s a n t a v o l u n t a d y su p r á c t i c a p o r
sí y p o r el p r ó j i m o .
D e b e , p u e s , el a l m a e s f o r z a r s e v a r o n i l m e n t e a sí mis-
m a c o n esta o r a c i ó n , q u e es c o m o u n a m a d r e . E s t o es lo
3
Rom 8,26. 4
Ibid.
172 El Diálogo
67 [ E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y sirven a
Dios p o r p r o p i o c o n s u e l o y deleite.]
T e h e h a b l a d o del e n g a ñ o e n q u e i n c u r r e n los q u e
q u i e r e n g u s t a r y recibir bienes e n el espíritu s e g ú n su
m o d o de pensar.
A h o r a te voy a explicar el s e g u n d o e n g a ñ o , el d e los
q u e h a n p u e s t o todo su deleite e n el c o n s u e l o del espí-
ritu.
V e r á n con frecuencia al p r ó j i m o e n necesidad espiri-
tual o t e m p o r a l y n o le s o c o r r e r á n bajo el p r e t e x t o d e
v i r t u d , d i c i e n d o : «Con eso p i e r d o la paz y t r a n q u i l i d a d
d e mi espíritu y n o recito mis h o r a s a su d e b i d o
tiempo».
Al verse privados d e consuelo les parece q u e m e ofen-
d e n y ellos son e n g a ñ a d o s p o r el placer espiritual p r o p i o .
Más m e o f e n d e n al n o a c u d i r a la necesidad del prójimo
a b a n d o n a n d o sus consuelos '. P o r q u e t o d a práctica vocal
y m e n t a l se halla o r d e n a d a p o r mí a q u e el a l m a sea u n a
c a r i d a d perfecta a mí y al prójimo, y a p e r m a n e c e r e n
ella.
D e m o d o q u e m e o f e n d e n m á s o m i t i e n d o la c a r i d a d
con el p r ó j i m o p o r la práctica y q u i e t u d e n lo espiritual
q u e d e j á n d o l o s p o r el p r ó j i m o . En la c a r i d a d con él m e
e n c u e n t r a n a mí, m i e n t r a s q u e al b u s c a r m e en su delei-
te son privados d e él. P o r n o s o c o r r e r al p r ó j i m o dismi-
n u y e n en la caridad p a r a con él, y, d i s m i n u i d a ésta, se
a m i n o r a mi afecto hacia él, y, e n consecuencia, q u e d a
d i s m i n u i d o el consuelo. Así, q u e r i e n d o g a n a r , p i e r d e n ,
y g a n a n c u a n d o se hallan dispuestos a p e r d e r ; esto es,
c o n s i n t i e n d o p e r d e r el c o n s u e l o p r o p i o p o r la salvación
1
Mt 25,45.
176 El Diálogo
71 [ L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s espiri-
t u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al d e m o n i o t r a n s f i g u -
r a d o e n luz.—Señales p a r a c o n o c e r c u á n d o u n a visión es d e
Dios o del d e m o n i o . 1
A d e m á s d e esto, e x p e r i m e n t a n m u c h a s veces o t r o e n -
g a ñ o del d e m o n i o , es decir, la t r a n s f o r m a c i ó n del mis-
m o e n luz. P o r q u e en c u a n t o advierte el d e m o n i o q u e el
espíritu está codicioso d e recibir, cae sobre él y se trans-
f o r m a aquel espíritu en f o r m a d e luz. T i e n t a a las almas
c o n aquello en q u e ve a las almas dispuestas a d e s e a r y
aceptar, p u e s ve al espíritu e n g o l o s i n a d o , y su d e s e o fijo
ú n i c a m e n t e en las consolaciones y visiones espirituales.
N o d e b e r í a a p e g a r s e a ellas, sino sólo a las v i r t u d e s , y,
p o r h u m i l d a d , c o n s i d e r a r s e i n d i g n a de ellas y buscar
sólo consuelos en mi a m o r . C o m o n o es así, se les p r e -
senta el d e m o n i o e n f o r m a d e luz d e diversas m a n e r a s ;
u n a s veces, bajo las apariencias d e ángel, y o t r a s , c o m o
si fuera mi V e r d a d o a l g u n o d e mis santos. Esto lo hace
178 El Diálogo
72 l El a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí m i s m a e v i t a
los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s . I
73 [ M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y a l c a n z a r el
p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo. |
De m u c h a s m a n e r a s te h e m o s t r a d o hasta a h o r a c ó m o
el alma s u p e r a la imperfección y alcanza el a m o r perfec-
to y lo q u e hace d e s p u é s d e h a b e r alcanzado el d e amis-
tad y el filial.
T e dije, y lo repito, q u e lo alcanza p o r la p e r s e v e r a n -
cia, e n c e r r á n d o s e en la casa del c o n o c i m i e n t o d e sí. El
p o r sí m i s m o d e b e estar f u n d a d o en el c o n o c i m i e n t o d e
mí p a r a n o caer e n confusión. Por él a d q u i r i r á el o d i o a
la t e n d e n c i a d e los sentidos al goce d e las propias conso-
laciones. Del o d i o , b a s a d o en la h u m i l d a d , sacará la pa-
ciencia. E n ella se h a r á más fuerte c o n t r a los e m b a t e s
del d e m o n i o , c o n t r a las persecuciones d e los h o m b r e s y
c o n t r a mí c u a n d o p o r su bien r e t i r o el deleite d e su es-
píritu. Esta virtud h a r á llevaderas a las d e m á s .
Si sus sentidos, p o r su mala inclinación, quisieren le-
v a n t a r la cabeza c o n t r a la razón, el j u e z d e la conciencia
d e b e levantarse sobre sí mismo y a t e n e r s e a la r a z ó n con
e n e r g í a y n o d a r paso a movimientos q u e n o sean co-
rrectos, si bien el alma q u e tiene esa e n e r g í a c o r r i g e y
r e p r e n d e en t o d o m o m e n t o n o sólo los q u e van c o n t r a
la razón, sino m u c h a s veces aquellos d e q u e soy yo la
causa.
Esto quiso decir mi servidor G r e g o r i o c u a n d o e n s e ñ ó
q u e la santa y p u r a conciencia e n c u e n t r a p e c a d o d o n d e
n o lo hay, o sea, q u e , p o r la p u r e z a d e la conciencia, ve
culpa d o n d e n o existe.
Así d e b e o b r a r y o b r a el alma q u e q u i e r e s u p e r a r la
imperfección e s p e r a n d o en la casa del c o n o c i m i e n t o d e
sí, c o n la luz d e la fe, mi d e t e r m i n a c i ó n al m o d o q u e lo
hicieron los discípulos, q u e p e r m a n e c i e r o n en casa y n o
se m o v i e r o n , sino q u e p e r s e v e r a r o n , hasta la llegada del
La doctrina del puente 181
Me q u e d a a h o r a p o r decirte e n q u é se n o t a q u e el
alma ha alcanzado el a m o r perfecto. Es la m i s m a señal
a p a r e c i d a e n los discípulos d e s p u é s d e h a b e r recibido el
Espíritu Santo, p u e s salieron d e casa y, p e r d i d o t o d o te-
m o r , a n u n c i a b a n mi palabra, p r e d i c a n d o la d o c t r i n a del
V e r b o , d e mi Hijo u n i g é n i t o ; n o t e m í a n los castigos;
más bien se gloriaban e n ellos '; n o sufrían p r e o c u p a -
ción p o r hallarse a n t e los tiranos del m u n d o ni p o r e n -
señarles la v e r d a d p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e .
Así o c u r r e con el alma q u e h a t e n i d o la confianza q u e
p r o v i e n e del c o n o c i m i e n t o d e sí, p o r q u e yo h e vuelto a
ella con el fuego d e mi c a r i d a d . E n ésta, m i e n t r a s per-
manecéis e n casa, n a c e n las virtudes con la p e r s e v e r a n -
cia p o r afecto del a m o r . C o n él y la virtud vence la in-
clinación d e los propios sentidos.
C o n igual c a r i d a d participáis d e la sabiduría d e mi
Hijo. P o r ella veis y conocéis con los ojos del e n t e n d i -
m i e n t o t a n t o mi V e r d a d c o m o las argucias del a m o r es-
piritual sensitivo, es decir, el a m o r imperfecto del con-
suelo p r o p i o ; conocéis la malicia y falsía q u e el d e m o n i o
p o n e e n el alma a p e g a d a al a m o r imperfecto, y p o r ello
se h a l e v a n t a d o con o d i o a la imperfección y c o n a m o r
a la perfección.
Por esta c a r i d a d , q u e es el Espíritu Santo, h a c e partí-
cipe al a l m a d e su v o l u n t a d , d á n d o l e fuerza p a r a sufrir
1
A c t 1,13-14.
1
Act 2,4 y 5 , 4 1 .
182 El Diálogo
75 [ L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al P a d r e ,
p e r o los p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a .
Se habla d e b a u t i s m o s diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles. [
1
Alusión autobiográfica. Respetamos el entrecomillado hasta el fin
del capítulo no por ser palabras exactas del Hijo, sino en atención al
original.
184 El Diálogo
y a n t a r s e d e su culpa si este b a u t i s m o d e la s a n g r e n o se
h u b i e r a d a d o d e m o d o infinito, o sea, si n o f u e r a infini-
to su f r u t o .
»Esto es lo q u e os m o s t r é con la a b e r t u r a d e m i costa-
d o , d o n d e halláis los s e c r e t o s d e l c o r a z ó n al m o s t r a r o s
q u e os a m o m á s d e lo q u e p u e d o m a n i f e s t a r c o n los su-
f r i m i e n t o s finitos. T e lo m o s t r é infinito. ¿ C ó m o ? P o r el
b a u t i s m o d e la s a n g r e u n i d a al b a u t i s m o c o m ú n d a d o a
los c r i s t i a n o s q u e lo q u i e r a n recibir: el a g u a u n i d a c o n
la s a n g r e y el f u e g o , e n q u e el a l m a se e m p a p a d e mi
s a n g r e . Y p a r a certificároslo, q u i s e q u e d e l c o s t a d o salie-
se a g u a y s a n g r e .
»Con esto te h e r e s p o n d i d o a lo q u e m e p r e g u n t a s t e » .
T e h e r e p e t i d o a la l e t r a lo q u e te c o n t e s t ó m i V e r d a d
p a r a q u e conozcas la excelencia e n q u e se halla el a l m a
q u e h a s u b i d o el s e g u n d o escalón. E n él se c o n o c e y a d -
q u i e r e t a n a r d i e n t e a m o r , q u e e n s e g u i d a se s u b e al t e r -
c e r o , o sea, a la boca, c o n lo q u e m a n i f i e s t a h a b e r llega-
d o al e s t a d o p e r f e c t o .
¿ P o r d ó n d e pasó? P o r el c o r a z ó n , es d e c i r , p o r el r e -
c u e r d o d e la s a n g r e e n q u e se r e b a u t i z ó , a b a n d o n a n d o
el a m o r i m p e r f e c t o e n r a z ó n d e l c o n o c i m i e n t o q u e sacó
del a m o r del c o r a z ó n c u a n d o g u s t ó y m a n i f e s t ó el f u e g o
d e m i c a r i d a d . Q u e éstos l l e g a r o n a la boca, lo d e m u e s -
t r a n p o n i é n d o l a e n acción. La b o c a h a b l a y g u s t a c o n la
l e n g u a q u e está e n ella, t o m a los a l i m e n t o s y los e m p u j a
al e s t ó m a g o . Los d i e n t e s los t r i t u r a n , ya q u e d e o t r o
modo no podrían tragarse.
Así o c u r r e con el a l m a . P r i m e r a m e n t e m e h a b l a c o n
la l e n g u a , q u e está e n la boca d e l s a n t o d e s e o , es d e c i r ,
c o n la l e n g u a s a n t a y c o n t i n u a o r a c i ó n . H a b l a c o r p o r a l y
espiritualmente: espiritualmente, c u a n d o m e ofrece dul-
ces y a m o r o s o s d e s e o s e n bien d e las a l m a s , y c o r p o r a l -
m e n t e , a n u n c i a n d o la d o c t r i n a d e m i Verdad, a m o n e s -
t a n d o , a c o n s e j a n d o y c o n f e s á n d o l a sin t e m o r a l g u n o al
s u f r i m i e n t o q u e el m u n d o le q u i e r a p r o c u r a r . Lo h a c e
186 El Diálogo
1
J n 4,34.
2
El beso d e paz se d a b a e n la misa a n t e s d e la recepción d e la euca-
ristía, simbolizando el p e r d ó n y paz f r a t e r n a .
La doctrina del puente 187
p o r h a b e r p e r d i d o y a h o g a d o su voluntad, q u e , c u a n d o
ha m u e r t o , le p r o d u c e paz y q u i e t u d .
Estos d a n a luz la virtud sin q u e sufra su prójimo. N o
es q u e los sufrimientos dejen e n sí d e serlo, sino q u e ya
n o son sufrimiento p a r a la voluntad - m u e r t a , ya q u e
t o d o lo soportan d e b u e n g r a d o p o r mi n o m b r e .
C o r r e n sin negligencia p o r la doctrina d e Cristo cruci-
ficado y n o aflojan la m a r c h a p o r injuria q u e se les
haga, ni p o r persecución alguna, ni p o r placer q u e en-
c u e n t r e n , es decir, placer q u e el m u n d o les q u i e r a p r o -
porcionar. T o d o esto lo sufren con v e r d a d e r a fortaleza
y perseverancia, revestido su afecto con el d e mi cari-
d a d , g u s t a n d o el alimento d e la salvación d e las almas
con v e r d a d e r a y perfecta paciencia. Este es u n signo d e -
mostrativo d e q u e a m a n con perfección y sin considera-
ción alguna, ya q u e , si p o r propio provecho m e amasen,
a n d a r í a n impacientes y con m e n o s p r o n t i t u d .
Pero p o r q u e m e a m a n a mí p o r mí, en c u a n t o q u e soy
s u m a B o n d a d y d i g n o d e ser a m a d o , y p o r mi causa
a m a n al prójimo p a r a d a r gloria y alabanza a mi n o m -
bre, p o r eso son pacientes y perseverantes.
77 [ L a s o b r a s d e l a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o el ter-
cer escalón. |
2
la c r u z y te creeremos!» , c o m o t a m p o c o se volvió atrás,
d e m o d o q u e n o perseverase en la obediencia q u e yo le
había impuesto, sino q u e lo hizo con tanta paciencia,
q u e sus quejas n o significaron recriminación a l g u n a .
Los queridísimos y fidelísimos hijos míos siguen la
d o c t r i n a y ejemplo d e mi V e r d a d . A u n q u e con halagos
q u i e r a el m u n d o volverlos d e su c a m i n o , n o vuelven su
vista p a r a m i r a r al a r a d o , sino ú n i c a m e n t e a lo íntimo
del objeto d e mi V e r d a d . N o q u i e r e n a b a n d o n a r el cam-
po d e lucha p a r a r e g r e s a r a las faldas propias [signo d e
f e m i n i d a d ] q u e d e j a r o n , y con ello a g r a d a r y t e m e r más
a las c r i a t u r a s q u e a mí, su C r e a d o r ; antes bien, se m a n -
tienen en la batalla c o n t r a el deleite llenos y e m b r i a g a -
dos p o r la s a n g r e d e Cristo crucificado. O s h e colocado
d e l a n t e esta s a n g r e , en la t i e n d a d e la c a r i d a d del cuer-
po místico d e la santa Iglesia, p a r a d a r á n i m o s a los q u e
d e v e r d a d q u i e r e n ser caballeros y g u e r r e r o s c o n t r a sus
propios sentidos y la frágil c a r n e , c o n t r a el m u n d o y
c o n t r a el d e m o n i o . D e b e n c o m b a t i r c o n t r a esos e n e m i -
gos con el cuchillo del o d i o y con el a m o r a la virtud.
Este a m o r es u n a r m a q u e los p r o t e g e d e los golpes q u e
p u e d a n llegar a su c a r n e si n o llevan las a r m a s e n c i m a y
el cuchillo en la m a n o . Las e n t r e g a n si las p o n e n e n ma-
nos d e los e n e m i g o s , o sea, si d a n las a r m a s con la m a n o
del libre albedrío, r i n d i é n d o s e v o l u n t a r i a m e n t e a ellos.
N o a c t ú a n así los q u e se hallan e m b r i a g a d o s con la san-
gre, sino q u e p e r s e v e r a n hasta la m u e r t e , en la q u e q u e -
d a n vencidos todos sus e n e m i g o s .
¡Oh virtud gloriosa, c u a n grata m e eres y c ó m o brillas
en el m u n d o a n t e los ojos e n t e n e b r e c i d o s d e los igno-
r a n t e s , q u e n o p u e d e n t o m a r p a r t e en la luz d e mis ser-
vidores! En su o d i o resplandece la clemencia q u e mis
servidores tienen respecto d e su salvación; e n la envidia
refulge la a m p l i t u d d e la c a r i d a d ; e n la c r u e l d a d , la pie-
d a d , p u e s el m u n d o es cruel p a r a con ellos, y, p o r el
c o n t r a r i o , ellos son piadosos; e n la injuria brilla la pa-
ciencia, reina q u e tiene el señorío y g o b i e r n a t o d a vir-
t u d , p o r ser la esencia d e la c a r i d a d . Ella manifiesta las
virtudes del alma: d e m u e s t r a si son virtudes f u n d a d a s
en mí, B o n d a d e t e r n a , o n o . Vence y n u n c a es vencida;
2 M t 27,40-42 y Me 15,32.
190 El Diálogo
m u n d o , lo m i s m o q u e la r e v e r e n c i a q u e les g u a r d a n im-
pelidos p o r m i d i v i n a b o n d a d . N o m e n o s p r e c i a n el c o n -
s u e l o , el d o n y m i gracia, sino el d e l e i t e q u e halla el
a l m a y el d e s e o d e tal consolación.
Esto o c u r r e e n r a z ó n d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d a d -
q u i r i d a e n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o . Ella, a m a y n o d r i z a
d e la c a r i d a d , es a d q u i r i d a p o r el v e r d a d e r o conoci-
m i e n t o d e mí y d e sí. Ves, p u e s , q u e la v i r t u d r e s p l a n d e -
ce e n sus c u e r p o s y e n su espíritu c o n los signos d e Cris-
to crucificado.
A éstos les es d a d o n o s e n t i r s e s e p a r a d o s d e m í , c o m o
te dije d e los o t r o s , d e los q u e m e a p a r t o y vuelvo; h a -
c i é n d o l o n o e n c u a n t o a la gracia, sino e n c u a n t o a las
p e r c e p c i o n e s sensibles. N o h a g o lo m i s m o c o n los p e r -
fectísimos, los q u e h a n a l c a n z a d o la perfección m á x i m a ,
m u e r t o s t o t a l m e n t e a su v o l u n t a d , sino q u e c o n t i n u a -
m e n t e r e p o s o e n sus a l m a s p o r la gracia y m e dejo s e n t i r
e n ellos. Es decir, q u e c a d a vez q u e p o r a m o r d e s e a n
u n i r s e e n espíritu c o n m i g o , lo p u e d e n h a c e r , p u e s su
d e s e o h a c o n s e g u i d o tal u n i ó n p o r afecto d e a m o r , q u e
n a d a les p u e d e a p a r t a r , sino q u e t o d o l u g a r es a p t o p a r a
h a c e r l o y t o d o t i e m p o es p a r a ellos t i e m p o d e o r a c i ó n .
Su t r a t o está p o r e n c i m a d e la t i e r r a y p u e s t o e n el cielo,
o sea, q u e su afecto t e r r e n o y a m o r sensible les h a sido
e r r a d i c a d o . U n a vez s u b i d o s los tres escalones q u e te
m o s t r é c o m o alegoría e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i -
to, se h a n e l e v a d o a las a l t u r a s celestiales p o r la escala
d e la v i r t u d .
E n el p r i m e r o d e s c a l z a r o n los pies d e l afecto d e l a m o r
al vicio; e n el s e g u n d o p r o b a r o n los secretos y afectos
d e l c o r a z ó n , d o n d e c o n c i b i e r o n la v i r t u d ; e n el t e r c e r o
e x p e r i m e n t a r o n la v i r t u d e n sí m i s m o s y, e l e v á n d o s e del
a m o r i m p e r f e c t o , a d q u i r i e r o n la m á x i m a perfección.
Así h a n e n c o n t r a d o el d e s c a n s o e n la d o c t r i n a d e m i
V e r d a d , y t a m b i é n la c o m i d a y el c a m a r e r o . El m a n j a r
lo s a b o r e a n m e d i a n t e la d o c t r i n a d e C r i s t o c r u c i f i c a d o ,
m i Hijo u n i g é n i t o .
Yo soy p a r a ellos l e c h o y m e s a . El d u l c e y a m o r o s o
V e r b o es su m a n j a r , t a n t o p o r q u e los r e c i b e n d e este
glorioso V e r b o c o m o p o r q u e El es la c o m i d a q u e se os
d a . Su c a r n e y su s a n g r e , Dios y h o m b r e v e r d a d e r o , las
recibís e n el s a c r a m e n t o d e l altar, p r e p a r a d o y d a d o p o r
192 El Diálogo
a v a n z a n . A l g u n a s veces, a c a u s a d e la a b u n d a n c i a d e l
c o r a z ó n , se p e r m i t i r á q u e la l e n g u a h a b l e , p a r a q u e se
d e s a h o g u e el c o r a z ó n y p a r a a l a b a n z a y g l o r i a d e mi
n o m b r e . T o d o s los m i e m b r o s se h a l l a n e n t o r p e c i d o s y
o c u p a d o s p o r el s e n t i m i e n t o d e l a m o r . P o r estos lazos
e s t á n s o m e t i d o s a la r a z ó n y u n i d o s p o r el afecto d e l
a l m a , y casi c o n t r a su n a t u r a l e z a , u n a vez q u e m e p i d e n
a m í , el P a d r e e t e r n o , ser s e p a r a d o s d e l a l m a , y ésta d e l
c u e r p o . C l a m a n a n t e mí c o n el g l o r i o s o San P a b l o :
«¡Desventurado d e mí!; ¿quién m e desligará del cuerpo?
P o r q u e t e n g o u n a ley p e r v e r s a q u e l u c h a c o n t r a el espí-
ritu»
San Pablo n o h a b l a sólo d e la l u c h a d e lo sensible c o n -
t r a el e s p í r i t u , p u e s p o r mis p a l a b r a s se lo h a b í a a s e g u r a -
2
d o c u a n d o le dije: «Pablo, b á s t e t e m i gracia» . ¿ P o r q u é
lo decía? P o r q u e se sentía l i g a d o al vaso d e l c u e r p o , q u e
le i m p e d í a v e r m e p o r u n espacio d e t i e m p o , es d e c i r ,
h a s t a la h o r a d e la m u e r t e . L a vista le i m p e d í a v e r m e a
m í , T r i n i d a d e t e r n a , c o n la visión d e los i n m o r t a l e s bie-
n a v e n t u r a d o s , q u e c o n t i n u a m e n t e d a n gloria y a l a b a n z a
a m i n o m b r e , y se e n c o n t r a b a e n t r e los m o r t a l e s , q u e d e
c o n t i n u o m e o f e n d e n ; p r i v a d o d e m i visión, es d e c i r , d e
v e r m e e n m i esencia.
N o es q u e él y los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o m e v e a n
y g u s t e n , n o e n la esencia, sino d e m o d o s d i v e r s o s , c o n
el afecto d e la c a r i d a d , s e g ú n place a mi b o n d a d p r e s e n -
t a r m e a v o s o t r o s , sino q u e t o d o lo q u e ve el a l m a m i e n -
t r a s está e n el c u e r p o es o s c u r i d a d e n c o m p a r a c i ó n c o n
lo q u e ve c u a n d o está s e p a r a d a d e él. P o r e s t o p a r e c í a a
S a n P a b l o q u e su vista, c o m o s e n t i d o , le i m p e d í a el v e r
del e s p í r i t u , es d e c i r , q u e la e x p e r i e n c i a h u m a n a d e la
p e s a d e z d e l c u e r p o o b s t a c u l i z a b a t a n t o al e n t e n d i m i e n -
to, q u e n o le d e j a b a v e r m e c a r a a c a r a . L e p a r e c í a q u e la
v o l u n t a d h u m a n a se hallaba i m p e d i d a p a r a p o d e r a m a r
t a n t o c o m o d e s e a b a , p u e s t o q u e t o d o a m o r e n esta vida
es i m p e r f e c t o h a s t a q u e c o n s i g u e la p e r f e c c i ó n .
El a m o r d e Pablo y d e los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o
e r a i m p e r f e c t o e n gracia y c a r i d a d , sino p e r f e c t o . E r a
i m p e r f e c t o e n c u a n t o q u e n o se saciaba e n su a m o r , p o r
1
R o m 7.24 y a l u s i ó n autobiográfica.
2 2 Cor 12,9.
196 El Diálogo
n o m b r e . P o r e s o , lo q u i e r a o n o el m a l v a d o , a u n q u e su
móvil sea m á s b i e n i n j u r i a r m e , m e d a gloria, p o r el
m o d o d e r e a c c i o n a r mis s e r v i d o r e s .
¿ Q u i é n ve y p e r c i b e q u e e n t o d o lo c r e a d o , e n los d e -
m o n i o s y e n las c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , se p u e d a c o n t e m -
198 El Diálogo
83 [ D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o r i a d e los
b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a ser l i b e r a d o d e su c u e r p o . — E s t o
o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s
tercero y cuarto grados. I
1 2 Cor 12,2-4.
2
Act 2 2 , 1 0 .
' 2 C o r 12,7.
200 El Diálogo
4
2 Cor 12,19.
5
Rom 7,24.
La doctrina del puente 201
Estos tales n o c o n s i d e r a n m a l a a la m u e r t e , p o r q u e
t i e n e n d e s e o s d e ella. H a n c o m b a t i d o a su c u e r p o c o n
a b o r r e c i m i e n t o p e r f e c t o , p o r lo q u e h a n p e r d i d o la sua-
v i d a d e x i s t e n t e e n t r e él y el a l m a . H a n d a d o u n a t a q u e
decisivo al a m o r n a t u r a l , c o n a b o r r e c i m i e n t o d e la vida
c o r p o r a l y c o n a m o r a m í . D e s e a n la m u e r t e , y p o r ello
d i c e n : « ¿ Q u i é n m e d e s l i g a r á d e mi c u e r p o ? D e s e o ser
l
d e s l i g a d o d e l c u e r p o y e s t a r c o n Cristo» . Y c o n el m i s -
m o P a b l o a ñ a d e n : « T e n g o la m u e r t e e n el d e s e o y llevo
la vida c o n paciencia»; p o r q u e , e l e v a d a el a l m a a la p e r -
fecta u n i ó n , d e s e a c o n t e m p l a r m e y v e r q u e se m e d a
gloria y a l a b a n z a . P o r eso, al volver a la n u b e d e su
c u e r p o , al t e n e r c o n c i e n c i a d e él, yo m e s e p a r o d e l a l m a ;
p e r o sin r e t i r a r l e m i g r a c i a ni la s e n s a c i ó n d e m i p r e s e n -
cia, c o m o te dije e n el s e g u n d o y t e r c e r e s t a d o s . La p e r -
c e p c i ó n e n el c u e r p o a t r a í d o hacia m í se d e b e al afecto
d e l a m o r , p u e s t o d a s las sensaciones d e l c u e r p o p r o c e -
d e n d e la fuerza d e l afecto d e l a l m a , u n i d a a mí m á s
p e r f e c t a m e n t e q u e lo e s t á n él y el a l m a . Ya te dije q u e el
c u e r p o n o es capaz d e s o p o r t a r d e c o n t i n u o la u n i ó n d e
Dios y el a l m a , r a z ó n p o r la q u e la i n t e r r u m p o . P e r o
s i e m p r e vuelvo c o n m á s a b u n d a n c i a d e g r a c i a y m á s
p e r f e c t a u n i ó n , m á s p r o f u n d i d a d e n la v e r d a d y m á s co-
n o c i m i e n t o e n el a l m a m a n i f e s t á n d o m e a ellos. C u a n d o
m e r e t i r o d e la m a n e r a d i c h a , vuelve el c u e r p o a sentir-
se a sí m i s m o . El a l m a se c a n s a d e vivir al v e r d e s a p a r e -
c i d a su u n i ó n c o n m i g o , y c o m o cesa el t r a t o c o n los in-
m o r t a l e s q u e m e d a n g l o r i a , se e n c u e n t r a c o n los m o r t a -
les, a q u i e n e s ve o f e n d e r m e t a n m i s e r a b l e m e n t e .
Este es el a t o r m e n t a d o d e s e o q u e s u f r e n : el v e r m e
o f e n d i d o p o r m i s c r i a t u r a s . P o r e s t o y p o r el ansia d e
v e r m e se h a h e c h o u n a cosa c o n m i g o p o r el afecto d e
a m o r , n o p u e d e n q u e r e r ni d e s e a r s i n o lo q u e yo q u i e -
r o . A n s i a n v e n i r a m í ; p e r o , si q u i e r o q u e p e r m a n e z c a n
c o n sus trabajos p a r a m a y o r gloria y a l a b a n z a d e mi
1
Flp 1,13.
202 El Diálogo
n o m b r e y salvación d e l a l m a , e s t á n c o n t e n t o s d e p e r m a -
n e c e r e n el m u n d o .
E n n a d a d i s c u e r d a n d e m i v o l u n t a d , sino q u e c o r r e n
c o n a n h e l a n t e d e s e o , vestidos d e Cristo crucificado, p o r
el p u e n t e d e su d o c t r i n a , g l o r i á n d o s e e n los o p r o b i o s y
p e n a s . Se a l e g r a n t a n t o c o m o v e n q u e s u f r e n ; es m á s ,
sufrir m u c h a s t r i b u l a c i o n e s les es u n alivio e n el d e s e o
d e la m u e r t e , ya q u e m u c h a s veces, p o r ansia y v o l u n t a d
d e sufrir, se m i t i g a la p e n a q u e t i e n e n d e verse libres
del cuerpo.
N o sólo o b r a n c o n paciencia, c o m o e n el t e r c e r esta-
d o , sino q u e se g l o r í a n d e p a d e c e r p o r m i n o m b r e m u -
c h a s t r i b u l a c i o n e s . E n p a d e c e r e n c u e n t r a n gozo, y p e n a
e n n o t e n e r l a s , p o r t e m o r a q u e n o q u i e r a yo g a l a r d o -
n a r las b u e n a s d e esta v i d a y q u e n o m e sea a g r a d a b l e el
sacrificio d e sus d e s e o s . S u f r i e n d o , se a l e g r a n d e q u e yo
p e r m i t a sus t r i b u l a c i o n e s , p o r verse revestidas d e las p e -
nas y o p r o b i o s d e C r i s t o crucificado. P o r lo q u e , si les
fuese posible la v i r t u d sin trabajos, n o la q u e r í a n , p u e s
d e s e a n m á s a l e g r a r s e e n la c r u z d e Cristo y a d q u i r i r las
v i r t u d e s c o n s u f r i m i e n t o q u e o b t e n e r la vida e t e r n a d e
otro modo.
¿Y p o r q u é ? P o r q u e se hallan i n m e r s o s y a n e g a d o s e n
la s a n g r e , d o n d e e n c u e n t r a n m i a r d i e n t e c a r i d a d . Esta
es f u e g o q u e p r o c e d e d e m í , q u e a r r o b a su c o r a z ó n y su
m u e r t e , a c e p t a n d o el sacrificio d e sus d e s e o s . Así se ele-
va el e n t e n d i m i e n t o , m i r á n d o s e e n m i d i v i n i d a d , e n la
q u e se a l i m e n t a y u n e el afecto, d e j a n d o a t r á s el e n t e n -
d i m i e n t o . Esta visión se e f e c t ú a p o r m e d i o d e la gracia
infusa q u e d o y al a l m a q u e d e veras m e a m a y m e sirve.
85 [ L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n i l u m i n a d a
la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a -
c i a . — E s m e j o r q u e el a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n -
ta c o n c i e n c i a q u e d e u n s a b i o s o b e r b i o . I
n a t u r a l ; n o p o r d e f e c t o d e la E s c r i t u r a , sino d e l q u e la
i n t e n t a b a c o m p r e n d e r . P o r eso e n v i é yo estas l u m b r e r a s
q u e i l u m i n a r a n a las ciegas y t o r p e s inteligencias. Esos
d o c t o r e s e l e v a b a n el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o n o c e r la ver-
d a d e n las tinieblas, y y o , f u e g o , a c e p t a n d o su sacrificio,
les a r r o b a b a , d á n d o l e s luz n o n a t u r a l , sino s o b r e n a t u r a l ,
y r e c i b í a n e n la o s c u r i d a d la luz, y así c o n o c í a n la v e r -
dad.
P o r e s o , lo q u e p a r e c í a o s c u r o , a p a r e c e a h o r a c o n luz
clarísima, ya a los t o r p e s , ya a los inteligentes. C a d a u n o
r e c i b e esa luz s e g ú n su c a p a c i d a d y s e g ú n se q u i e r a c a d a
u n o p r e p a r a r p a r a c o n o c e r m e , p o r q u e yo n o m e n o s p r e -
cio su disposición. Ves, p u e s , q u e el e n t e n d i m i e n t o h a
r e c i b i d o la luz infusa p o r m e d i o d e la gracia, luz s o b r e -
n a t u r a l p o r la q u e los d o c t o r e s y d e m á s s a n t o s v i e r o n la
luz e n las tinieblas, y d e éstas se hizo luz, p u e s la inteli-
g e n c i a existió a n t e s q u e la E s c r i t u r a , y d e la inteligencia
v i e n e la ciencia, el v e r y el d i s c e r n i r .
D e este m o d o d i s t i n g u i e r o n y v i e r o n c o n precisión los
s a n t o s p a d r e s y los p r o f e t a s q u e p r e d i j e r o n la v e n i d a y
m u e r t e d e m i Hijo. L a m i s m a precisión p o s e y e r o n los
apóstoles d e s p u é s d e la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e
a ñ a d i ó esta luz a su luz n a t u r a l . La t u v i e r o n los e v a n g e -
listas, los d o c t o r e s , los q u e c o n f e s a r o n la fe, las v í r g e n e s
y los m á r t i r e s . T o d o s f u e r o n i l u m i n a d o s p o r esta luz
p e r f e c t a . C a d a u n o la t u v o d e m o d o d i s t i n t o , s e g ú n fue-
r a n e c e s a r i a p a r a su salvación y p a r a las c r i a t u r a s . E n
c u a n t o a la explicación d e la s a n t a E s c r i t u r a , la h i c i e r o n
los d o c t o r e s p o r la ciencia, e x p l a n a n d o la d o c t r i n a d e m i
V e r d a d p o r la p r e d i c a c i ó n d e los apóstoles y las exposi-
ciones e x i s t e n t e s s o b r e los evangelios. Los m á r t i r e s lo
h i c i e r o n d a n d o t e s t i m o n i o c o n su s a n g r e d e la luz santí-
s i m a d e la fe y d e l f r u t o y t e s o r o d e la s a n g r e d e l C o r d e -
r o . Las v í r g e n e s , c o n el afecto d e la c a r i d a d , la p u r e z a y
o b e d i e n c i a . Los o b e d i e n t e s d a n t e s t i m o n i o d e la o b e -
d i e n c i a d e l V e r b o , es decir, d e la p e r f e c c i ó n d e la o b e -
d i e n c i a q u e brilla e n m i V e r d a d , ya q u e p o r la o b e d i e n -
cia q u e le i m p u s e c o r r i ó a la a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z .
T o d a esta luz q u e a p a r e c e e n el A n t i g u o y N u e v o
T e s t a m e n t o — e n el A n t i g u o p o r las profecías d e los
s a n t o s p r o f e t a s — fue vista y r e c o n o c i d a p o r el e n t e n d í -
204 El Diálogo
1
Mt 5,17.
La doctrina del puente 205
y u n i d o p o r el c o n o c i m i e n t o d e mí d e n t r o de ti. E n él
has e n c o n t r a d o la h u m i l d a d , el aborrecimiento y desa-
g r a d o d e ti m i s m a y el fuego d e mi caridad. En razón
del conocimiento q u e tuviste d e mí d e n t r o d e ti, llegaste
al a m o r y dilección del prójimo, siéndole d e utilidad con
la d o c t r i n a y con el ejemplo d e u n a vida santa y honesta.
T e h e m o s t r a d o t a m b i é n el p u e n t e tal c o m o es y los
tres escalones c o m u n e s colocados p o r las tres potencias
d e l alma, y c ó m o n a d i e p u e d e t e n e r la vida d e la gracia
si n o sube los tres, es decir, q u e los tres, las tres poten-
cias del alma, h a n d e estar j u n t o s . T e los m o s t r é , a d e -
m á s , e n particular p o r m e d i o d e los tres estados del
alma, figurados e n el c u e r p o d e mi Hijo u n i g é n i t o . T e
dije q u e d e su c u e r p o había h e c h o escalera, m o s t r á n d o -
lo e n los pies traspasados, e n la a b e r t u r a del costado y
e n la boca, d o n d e el alma saborea la paz y q u i e t u d del
m o d o q u e te h e explicado.
T e he m o s t r a d o la imperfección del t e m o r servil y la
del a m o r c u a n d o se a m a b u s c a n d o sólo la d u l z u r a ;
igualmente,, la perfección d e l tercer estado, la d e los q u e
h a n alcanzado la paz e n la boca, h a b i e n d o corrido con
anheloso d e s e o p o r el p u e n t e d e Cristo crucificado y su-
bido los tres p e l d a ñ o s c o m u n e s , es decir, d e s p u é s d e ha-
b e r puesto las tres potencias del alma j u n t a s , e n las q u e
se u n e n sus operaciones e n mi n o m b r e , c o m o arriba te
expliqué m á s c l a r a m e n t e . T e m o s t r é también los tres
p e l d a ñ o s c o m u n e s , q u e , u n a vez subidos, hacen pasar
del estado imperfecto al perfecto. Así has visto c o r r e r d e
veras, y te h e h e c h o g u s t a r la perfección del alma c o n el
o r n a t o d e las virtudes, y has e n t e n d i d o los e n g a ñ o s q u e
sufre antes d e alcanzar su perfección si n o o c u p a su
tiempo e n el conocimiento d e sí y d e mí.
Asimismo, te h e d e c l a r a d o la miseria d e los q u e van a
h u n d i r s e p o r el río p o r n o t o m a r el p u e n t e d e la doctri-
n a d e mi v e r d a d , el q u e p u s e p a r a q u e n o os ahogarais.
P e r o ellos, c o m o locos, h a n q u e r i d o h u n d i r s e e n las mi-
serias y pestilencias del m u n d o .
T o d o esto te lo h e d e c l a r a d o p a r a hacer crecer e n ti el
a r d o r d e santo d e s e o y la c o m p a s i ó n y d o l o r p o r la con-
d e n a c i ó n d e las almas, p a r a q u e el d o l o r y el t e m o r te
obliguen a a b r a z a r m e e n t r e lágrimas y s u d o r e s . Me r e -
fiero a las lágrimas d e la h u m i l d e y p e r s e v e r a n t e o r a -
La doctrina del puente 207
E n t o n c e s dijo la d u l c e y p r i m e r a V e r d a d d e Dios:
¡Oh dilectísima y q u e r i d í s i m a hija! M e pides sa-
b e r las causas d e las lágrimas, y yo n o m e n o s p r e c i o tu
d e s e o . A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o , y te m o s t r a r é ,
p o r m e d i o d e los estados d e l a l m a q u e te h e r e f e r i d o , las
lágrimas imperfectas, f u n d a d a s e n el t e m o r .
P r i m e r a m e n t e , las l á g r i m a s d e los h o m b r e s m a l v a d o s
del m u n d o son l á g r i m a s d e c o n d e n a c i ó n .
Las s e g u n d a s son las del t e m o r , las d e los q u e se le-
v a n t a n del p e c a d o p o r t e m o r a la p e n a , y p o r t e m o r llo-
ran.
Las t e r c e r a s son las d e aquellos q u e , l e v a n t a d o s del
p e c a d o , c o m i e n z a n a t e n e r g u s t o e n mí, y lloran con
d u l z u r a y c o m i e n z a n a s e r v i r m e ; p e r o c o m o el a m o r es
i m p e r f e c t o , p o r eso lo es el llanto, c o m o te d i r é .
Él c u a r t o e s t a d o es el d e q u i e n e s h a n a l c a n z a d o la
perfección e n la c a r i d a d con el p r ó j i m o , a m á n d o m e sin
n i n g ú n interés p r o p i o ; éstos lloran, y su llanto es p e r -
fecto.
El q u i n t o , q u e se halla u n i d o al c u a r t o , es el d e las lá-
g r i m a s d e d u l z u r a , d e r r a m a d a s c o n g r a n s u a v i d a d , tal
c o m o abajo te d i r é p o r e x t e n s o .
T e h a b l a r é t a m b i é n d e las lágrimas d e f u e g o , sin lá-
g r i m a s d e los ojos, p a r a c o n s o l a r a los q u e m u c h a s veces
d e s e a n las lágrimas y n o las p u e d e n t e n e r .
Q u i e r o q u e sepas q u e todas estas diversas situaciones
p u e d e n d a r s e e n el a l m a , e l e v á n d o s e d e l t e m o r y del
a m o r imperfecto p a r a alcanzar la c a r i d a d perfecta y el
e s t a d o unitivo.
A h o r a te c o m i e n z o a h a b l a r d e estas l á g r i m a s .
210 El Diálogo
89 [ D i f e r e n c i a d e las l á g r i m a s , r e f i r i é n d o l a s a d o s e s t a d o s
del alma.l
1
P r i m e r a m e n t e habla d e las lágrimas de vida; d e s p u é s , d e las lágri-
mas de muerte. Si se p r e s c i n d e del capítulo 88, evitará el lector la confu-
sión y alteración d e n ú m e r o s q u e se a d v i e r t e n e n el texto. Este capí-
tulo 88 n o es del estilo d e Catalina, sino d e u n a p e r s o n a s letrada.
La doctrina de las lágrimas 211
a p a r t a d o , c o m o se ha d i c h o . Se trata d e u n a m o r espiri-
tual. Por él apetece el a l m a los consuelos espirituales e n
sí, d e los q u e te hablé p o r e x t e n s o , o d e los espirituales
e n relación con a l g u n a c r i a t u r a a m a d a con a m o r espiri-
tual. C u a n d o el a l m a es p r i v a d a d e lo q u e a m a , es decir,
d e los consuelos interiores o e x t e r i o r e s — i n t e r i o r e s p a r a
el c o n s u e l o q u e tenía p o r m e d i o d e aquella c r i a t u r a — , si
le sobreviniesen tentaciones o p e r s e c u c i o n e s d e los h o m -
bres, el c o r a z ó n se d o l e r á . Bien p r o n t o los ojos, q u e sien-
ten la p e n a del c o r a z ó n y el d o l o r , c o m i e n z a n a llorar
con t i e r n o y compasivo llanto p a r a consigo m i s m a , con
c o m p a s i ó n d e a m o r p r o p i o espiritual, p o r q u e la volun-
tad p r o p i a a ú n n o se halla p i s o t e a d a y c o m p l e t a m e n t e
a h o g a d a . Por esta r a z ó n d e r r a m a l á g r i m a s sensitivas,
esto es, d e pasión espiritual.
P e r o , si crece y se ejercita e n ella la luz del conoci-
m i e n t o d e sí, concibe a b o r r e c i m i e n t o d e sí m i s m a , d e
d o n d e o b t i e n e el c o n o c i m i e n t o d e mi b o n d a d con ar-
d i e n t e a m o r y c o m i e n z a a u n i r s e y acoplar su v o l u n t a d a
la mía. Así empieza a sentir alegría y c o m p a s i ó n : alegría
e n sí m i s m a , p o r m e d i o del afecto del a m o r , y c o m p a -
sión hacia el prójimo, tal c o m o te conté en el tercer estado.
Pronto los ojos q u e quieren d a r gusto al corazón, gimen
p o r a m o r a mí y al p r ó j i m o . N o lo h a c e n p o r la p e n a o
d a ñ o sufridos e n sí m i s m a , sino sólo p o r d a r gloria y
alabanza a mi n o m b r e . C o n a n h e l a n t e d e s e o se goza e n
t o m a r el a l i m e n t o d e la m e s a d e la santísima cruz, o sea,
c o n f o r m á n d o s e al h u m i l d e , p a c i e n t e e i n m a c u l a d o C o r -
d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o , del q u e hice p u e n t e .
D e s p u é s d e q u e el a l m a h a c a m i n a d o t a n d u l c e m e n t e
p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi d u l c e V e r d a d
y c u a n d o ha p a s a d o p o r este V e r b o s u f r i e n d o c o n ver-
d a d e r a y d u l c e paciencia t o d a clase d e p e n a s y trabajos,
p u e s t o q u e lo h e p r o m e t i d o p a r a su salvación, ella las h a
recibido con e n t e r e z a , n o e l i g i e n d o a su g u s t o , sino al
m í o . Y n o s o l a m e n t e las lleva c o n paciencia, sino q u e las
sufre con alegría, y se le convierte e n gloria la per-
secución p o r causa d e mi n o m b r e , a u n q u e t e n g a q u e
p a d e c e r . E n t o n c e s llega el a l m a a tal deleite y t r a n q u i -
lidad d e espíritu, q u e n o hay l e n g u a capaz d e p o d e r l o
contar.
C u m p l i d a esta c o n d i c i ó n , es decir, d e la d o c t r i n a d e
212 El Diálogo
2 Cf. c.74.
3 R o m 12,15.
La doctrina de las lágrimas 213
Así q u e es necesario q u e se a y u d e n u n o al o t r o ; d e o t r o
m o d o se llegaría a la p r e s u n c i ó n , e n la q u e e n t r a r í a el
viento sutil d e la p r o p i a e s t i m a c i ó n , y caería d e las altu-
ras a lo bajo del p r i m e r v ó m i t o .
P o r eso es preciso sufrir y m a n t e n e r c o n t i n u a m e n t e la
caridad con el prójimo p o r m e d i o del conocimiento d e sí
m i s m o . Así a l i m e n t a r á el f u e g o d e mi c a r i d a d e n ella
m i s m a , p o r q u e la c a r i d a d c o n el p r ó j i m o p r o c e d e d e la
mía, es decir, del c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a tiene c o n o -
c i é n d o s e a sí y a mi b o n d a d a c t u a n d o e n ella, p u e s ve
q u e es a m a d a p o r mí d e m o d o inefable. P o r eso, e n la
m e d i d a e n q u e ve q u e es a m a d a , a m a ella a t o d a criatu-
r a racional, y e n la m e d i d a e n q u e m e c o n o c e , se dispo-
n e a a m a r al p r ó j i m o . De d o n d e , p o r q u e c o n o c e esto,
a m a al p r ó j i m o i n e f a b l e m e n t e : lo a m a m á s c u a n t o m á s
ve q u e yo lo a m o .
C o m o a p r e n d i ó q u e a mí n o se m e p u e d e h a c e r bien
a l g u n o ni d a r m e el a m o r p u r o c o n q u e se siente a m a d a
p o r mí, se d e d i c a a d a r m e a m o r del m o d o q u e os h e e n -
s e ñ a d o , es decir, p o r m e d i o d e v u e s t r o p r ó j i m o , q u e es
el i n t e r m e d i a r i o , a q u i e n d e b é i s a y u d a r al m o d o q u e te
dije, esto es, p r a c t i c a n d o c u a l q u i e r v i r t u d valiéndoos del
p r ó j i m o . T a m b i é n debéis h a c e r l o a t o d a c r i a t u r a e n ge-
n e r a l y e n p a r t i c u l a r , e n c o n f o r m i d a d c o n las diversas
gracias d e mí recibidas, p u e s os las h e d a d o p a r a q u e las
a d m i n i s t r é i s . Debéis a m a r c o n el a m o r p u r o c o n q u e yo
os a m o , y esto p o r q u e os a m é sin ser a m a d o y sin interés
a l g u n o . C o m o os h e a m a d o a n t e s d e q u e existieseis, sin
ser a m a d o p o r vosotros —el a m o r m e m o v i ó a c r e a r o s a
mi i m a g e n y semejanza—, y c o m o u n a m o r d e este gé-
n e r o n o m e lo podéis t e n e r , p o r eso debéis o t o r g á r s e l o a
las c r i a t u r a s racionales, a m á n d o l a s sin ser a m a d o s p o r
ellas, y h a c e r l o sin el i n t e r é s del p r o p i o p r o v e c h o espiri-
tual o t e m p o r a l , sólo p o r la gloria y a l a b a n z a d e mi
n o m b r e , p u e s t o q u e son a m a d a s p o r mí. Así cumpliréis
el m a n d a m i e n t o d e la ley d e a m a r m e m á s q u e a todas
las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a vosotros m i s m o s .
Bien es v e r d a d q u e esas a l t u r a s n o se p u e d e n alcanzar
sin este s e g u n d o e s t a d o , q u e v i e n e a ser el t e r c e r o y el
s e g u n d o e n la u n i ó n ; ni d e s p u é s d e h a b e r l o a l c a n z a d o
se p u e d e c o n s e r v a r si se a b a n d o n a s e el afecto, p o r el
214 El Diálogo
4
q u e se llegó a las segundas lágrimas descritas ; lo mis-
m o q u e n o p u e d e cumplirse la ley respecto a mí, Dios
eterno, sin cumplirla con vuestro prójimo, porque éstos
son los dos pies del afecto con los q u e se observan los
m a n d a m i e n t o s y consejos q u e os dio mi Verdad, Cristo
crucificado.
Así, estos dos estados, d e los q u e he hecho u n o , ase-
g u r a n al alma en las virtudes y en el estado unitivo. N o
es que cambien a otro estado u n a vez alcanzado éste,
sino q u e a este mismo lo acrecienta la riqueza d e la gra-
cia con nuevos dones y elevaciones del espíritu, con u n
conocimiento d e la verdad q u e , siendo mortal, parece
inmortal, p o r q u e la percepción d e los sentidos se en-
cuentra d o m i n a d a y la voluntad está m u e r t a p o r la
unión realizada conmigo.
¡Oh, cuan dulce es esta unión al alma q u e la experi-
menta! P o r q u e , al experimentarla, ve mis secretos, p o r
lo cual m u c h a s veces recibe el espíritu d e profecía para
que conozca las cosas venideras. Esto lo hace mi bon-
dad; pero el alma debe tenerlo en poco; n o al afecto d e
la caridad d e doy, sino al apetito d e las propias consola-
ciones, j u z g á n d o s e indigna d e la paz y quietud d e espíri-
tu para fortalecer la virtud interior d e su alma. Y n o
5
p e r m a n e c e ya de fijo en el s e g u n d o estado , sino q u e
vuelve al valle del conocimiento d e sí misma.
Esta iluminación la doy gratuitamente a fin d e q u e
siempre a u m e n t e , p o r q u e el alma no es tan perfecta en
esta vida q u e n o p u e d a crecer en perfección, es decir,
en perfección d e a m o r . Sólo mi amadísimo Hijo, vuestra
Cabeza, n o podía a u m e n t a r en perfección, p o r q u e El es-
taba conmigo y yo con El: su alma era bienaventurada
por la unión con mi naturaleza divina. Pero vosotros sus
miembros, peregrinos, sois siempre capaces d e mayor
4
Según el P . J . H u r t a u d , estas lágrimas n o se refieren al s e g u n d o
estado (las p r o c e d e n t e s del t e m o r servil), sino al c u a r t o y al q u i n t o ,
q u e son lágrimas d e perfección. Estas lágrimas d e perfección son d e
d u l z u r a (provenientes d e la alegría c a u s a d a por la u n i ó n con Dios) y
lágrimas p o r los pecados d e los d e m á s . Esta s e g u n d a clase, la q u e se re-
fiere a los p e c a d o s del prójimo, es la q u e la Santa llama aquí «segundas
lágrimas» ( J . H L R T A L D , Le Dialogue I p.311 n t . l ) .
5
« S e g u n d o estado»: n u e v a m e n t e se refiere aquí a la s e g u n d a clase
d e lágrimas perfectas e n q u e se divide el c u a r t o estado, c o m o observa-
mos e n la n o t a a n t e r i o r .
La doctrina de las lágrimas 215
90 [ B r e v e r e c a p i t u l a c i ó n d e lo a n t e r i o r . — E l d e m o n i o h u y e
d e los q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o d e las q u i n t a s l á g r i m a s . — L a s
t e n t a c i o n e s s o n u n v e r d a d e r o c a m i n o p a r a a l c a n z a r tal esta-
do.)
91 [ L o s q u e d e s e a n las l á g r i m a s d e l o s o j o s , y n o p u e d e n t e -
n e r l a s , t i e n e n las d e l f u e g o . — R a z ó n p o r la q u e D i o s p r i v a d e
las l á g r i m a s c o r p o r a l e s . )
d e ellas y las c o n s u m e c o m o el a g u a e n el h o r n o . N o es
q u e el a g u a se halle fuera del h o r n o , sino q u e el calor
del fuego la c o n s u m e y la t r a e hacia sí. Así s u c e d e al
a l m a c u a n d o está u n i d a . G u s t a el fuego d e mi divina ca-
r i d a d c u a n d o ha salido d e esta vida con el afecto d e la
c a r i d a d a mí y a su prójimo y c o n el a m o r unitivo c o n
q u e d e r r a m a las lágrimas. Mis servidores n u n c a dejan d e
o f r e c e r c o n t i n u a m e n t e sus santos d e s e o s y sus lágrimas
sin s u f r i m i e n t o . O f r e c e n n o l á g r i m a s d e los ojos, sino lá-
g r i m a s del fuego del Espíritu S a n t o .
H a s visto, p u e s , c ó m o son infinitas, a u n q u e e n esta
vida n o hay l e n g u a q u e p u e d a n a r r a r la variedad d e
llantos q u e se d a n e n este e s t a d o . P e r o te h e explicado la
diferencia e n t r e los c u a t r o estados d e las lágrimas.
m i s e r a b l e m e n t e la h a n p l a n t a d o e n el m o n t e d e la so-
berbia. Y c o m o está mal p l a n t a d o , d e ahí q u e p r o d u z c a
n o frutos d e vida, sino d e m u e r t e . Los frutos son sus
o b r a s , q u e se hallan e m p o n z o ñ a d a s con m u c h o s y diver-
sos p e c a d o s , y, si d a n a l g ú n fruto d e b u e n a s o b r a s ,
c o m o la raíz se halla c o r r o m p i d a , se e c h a n a p e r d e r ,
esto es, q u e el a l m a e n p e c a d o n o efectúa o b r a b u e n a
q u e le valga p a r a la vida e t e r n a , p o r n o h a c e r l a s e n gra-
cia.
N a d i e , sin e m b a r g o , d e b e d e j a r d e h a c e r o b r a s b u e -
nas, p o r q u e t o d o bien es r e m u n e r a d o , y t o d a culpa cas-
tigada. El bien q u e hace sin la gracia n o es suficiente ni
vale p a r a la vida e t e r n a ; p e r o mi b o n d a d y la justicia di-
vina les c o n c e d e r e m u n e r a c i ó n imperfecta. A l g u n a s ve-
ces les es p r e m i a d o c o n cosas t e m p o r a l e s , o t r a s veces les
doy t i e m p o , c o m o te dije en o t r o l u g a r s o b r e esta m a -
teria, d á n d o l e s espacio p a r a q u e se p u e d a n e n m e n d a r .
Otras veces hasta les d a r é la vida d e la gracia p o r medio
d e mis s e r v i d o r e s , q u e m e son gratos, tal c o m o hice c o n
el glorioso apóstol San Pablo, q u i e n p o r las o r a c i o n e s d e
San E s t e b a n salió d e la i n c r e d u l i d a d y p e r s e c u c i o n e s
q u e hacía c o n t r a los cristianos. Así ves c l a r o q u e el h o m -
b r e , c u a l q u i e r a q u e sea su e s t a d o , n o d e b e d e j a r d e h a -
c e r el b i e n .
T e dije i g u a l m e n t e q u e las flores están p o d r i d a s , y es
la v e r d a d . Las flores son los pestilentes p e n s a m i e n t o s
del c o r a z ó n , q u e m e son d e s a g r a d a b l e s , c o m o t a m b i é n
el o d i o y d e s a g r a d o con el p r ó j i m o . C o m o l a d r ó n , m e
h a n r o b a d o mi h o n o r a mí, su C r e a d o r , y hasta se lo
h a n a t r i b u i d o a sí m i s m o s .
Estas flores d e mal olor, d e los falsos y miserables j u i -
cios, son d e d o s clases: u n a p a r a c o n m i g o , i n t e r p r e t a n d o
mis ocultos juicios y t o d o misterio c o n malevolencia y
o d i o , y t o d o lo q u e yo h e h e c h o lo t i e n e n c o m o n o reali-
zado p o r a m o r ; lo q u e h e h e c h o p o r v e r d a d lo i n t e r p r e -
tan c o m o m e n t i r a , y c o m o m u e r t e lo q u e d o y p a r a q u e
sea vida. C o n d e n a n y enjuician t o d a s las cosas s e g ú n su
e n f e r m o p a r e c e r , p o r q u e el a m o r p r o p i o d e los sentidos'
ha c e g a d o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o y t a p a d o la p u -
pila d e la santísima fe, p o r lo q u e n o les d e j a ver ni co-
n o c e r la v e r d a d .
La o t r a clase se basa en la i n t e r p r e t a c i ó n d e la con-
222 El Diálogo
seo d e l a l m a , b a s a d o e n el a b o r r e c i m i e n t o , q u e es finito.
L a v e r d a d es q u e , si h u b i e s e n q u e r i d o , h a b r í a n salido
d e ese t e m o r servil m e d i a n t e la gracia c o n c e d i d a e n el
t i e m p o e n q u e e r a n libres, a u n q u e yo dijese q u e e r a in-
finito; infinito e n c u a n t o al afecto y ser d e l a l m a , p e r o
n o e n c u a n t o al a b o r r e c i m i e n t o y al a m o r q u e h u b i e r a
e n ella, ya q u e m i e n t r a s estáis e n esta vida p o d é i s abo-
r r e c e r y a m a r , s e g ú n o s plazca.
Si c o n c l u y e la vida e n el a m o r d e la v i r t u d , r e c i b e n u n
bien infinito, y, si t e r m i n a o d i a n d o la v i r t u d , p e r m a n e -
c e r á e n el o d i o , r e c i b i e n d o la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , c o m o
te dije al h a b l a r t e d e los q u e se a h o g a b a n e n el río,
p u e s t o q u e ya n o p u e d e n d e s e a r el bien p o r hallarse pri-
v a d o s d e m i m i s e r i c o r d i a y d e la c a r i d a d f r a t e r n a . Esta
la d i s f r u t a n mis santos u n o s con o t r o s , así c o m o la cari-
d a d d e vosotros, p e r e g r i n o s y c a m i n a n t e s d e esta vida,
colocados p o r mí p a r a a l c a n z a r v u e s t r o fin e n mí, V i d a
eterna.
N o les valen ni las o r a c i o n e s , ni las l i m o s n a s , ni n i n -
g u n a o t r a o b r a . Son m i e m b r o s s e p a r a d o s d e l c u e r p o d e
m i divina c a r i d a d , p o r q u e m i e n t r a s vivieron n o quisie-
r o n estar u n i d o s e n la o b e d i e n c i a d e mis s a n t o s m a n d a -
m i e n t o s , e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia y e n la
d u l c e o b e d i e n c i a , d e d o n d e sacáis la s a n g r e del i n m a c u -
lado C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . P o r eso r e c i b e n el fru-
to d e la c o n d e n a c i ó n e t e r n a con llanto y r e c h i n a r d e
dientes.
Estos son los m á r t i r e s del d e m o n i o d e q u e te h a b l é ,
d e m o d o q u e el d e m o n i o les d a los frutos q u e t i e n e r e -
s e r v a d o s p a r a sí. V e s , p u e s , q u e estas l á g r i m a s d a n fru-
tos d e s u f r i m i e n t o s e n este t i e m p o p e r e c e d e r o , y e n el
ú l t i m o t i e m p o les d a u n t r a t o sin t é r m i n o c o n los d e m o -
nios.
1
«Segundo estado»: indica n u e v a m e n t e la segunda clase d e lágri-
mas en q u e se divide el c u a r t o estado del alma (véanse notas del c.89).
La doctrina de las lágrimas 227
d e las a l m a s , con a b o r r e c i m i e n t o y d i s g u s t o d e l p e c a d o .
Ese a l i m e n t o m u e s t r a el a m o r a mí, el P a d r e , y a la sal-
vación d e v u e s t r a s a l m a s , p o r las c u a l e s fue a b i e r t o el
c u e r p o d e mi Hijo, d á n d o s e o s e n c o m i d a .
¿ Q u é p r o v e c h o recibe el a l m a e n este t e r c e r e s t a d o d e
l á g r i m a s ? T e lo d i r é . Recibe la fortaleza, b a s a d a e n el
a b o r r e c i m i e n t o d e los p r o p i o s s e n t i d o s , c o n el f r u t o
a g r a d a b l e d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , c o n la paciencia,
q u e q u i t a t o d o e s c á n d a l o y priva d e t o d o s u f r i m i e n t o ,
p o r q u e el cuchillo d e l a b o r r e c i m i e n t o d i o m u e r t e a la
v o l u n t a d p r o p i a , d o n d e r e s i d e t o d o s u f r i m i e n t o . Sólo la
v o l u n t a d sensitiva se e x t r a ñ a d e las injurias y p e r s e c u -
c i o n e s y d e la privación d e c o n s u e l o s espirituales y c o r -
p o r a l e s , y así llega a la impaciencia. P e r o , u n a vez m u e r -
ta la v o l u n t a d , c o m i e n z a c o n lloroso y d u l c e d e s e o a e x -
p e r i m e n t a r el f r u t o d e las l á g r i m a s d e la d u l c e pacien-
cia.
¡Oh f r u t o suavísimo! ¡ Q u é d u l c e e r e s a q u i e n te g u s -
ta, q u é g r a t o a mí, ya q u e , p e r m a n e c i e n d o e n la a m a r g u -
r a , e x p e r i m e n t a s la d u l z u r a ! En el t i e m p o d e las injurias
recibes la paz. C u a n d o e s t á n e n el m a r t e m p e s t u o s o ,
c u a n d o vientos p e l i g r o s o s s a c u d e n c o n g r a n d e s olas la
navecilla del a l m a , tú p e r m a n e c e s pacífica y t r a n q u i l a ,
sin d a ñ o a l g u n o , p r o t e g i d a la navecilla c o n la d u l c e vo-
l u n t a d d e Dios. P o r esta v o l u n t a d h a s r e c i b i d o el vestido
d e la v e r d a d e r a y a r d e n t í s i m a c a r i d a d p a r a q u e el a g u a
no p u e d a penetrar.
¡ O h q u e r i d í s i m a hija! Esta paciencia es la r e i n a colo-
c a d a s o b r e la r o c a d e la fortaleza; v e n c e y n u n c a es v e n -
cida; n o está sola, sino a c o m p a ñ a d a d e la p e r s e v e r a n c i a ;
es la m é d u l a d e la c a r i d a d ; es la q u e d e s c u b r e si el vesti-
d o d e esa c a r i d a d es n u p c i a l o n o ; si se halla r o t o p o r la
i m p e r f e c c i ó n , ella lo d e s c u b r e , s i n t i e n d o e n s e g u i d a lo
c o n t r a r i o , es decir, la impaciencia.
T o d a s las v i r t u d e s p u e d e n d i s f r a z a r s e a l g u n a vez d e
p e r f e c t a s , s i e n d o i m p e r f e c t a s ; p e r o a ti n o te p u e d e n e n -
g a ñ a r . Si esta d u l c e paciencia r e s i d e e n el a l m a , eso d e -
m u e s t r a q u e t o d a s las v i r t u d e s son vivas y p e r f e c t a s , y,
d e lo c o n t r a r i o , m a n i f i e s t a q u e son i m p e r f e c t a s y q u e n o
ha l l e g a d o a ú n a la m e s a d e la s a n t í s i m a c r u z , d o n d e
esa paciencia fue e n g e n d r a d a p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí
y el d e m i b o n d a d e n ella y d o n d e h a n a c i d o el s a n t o
228 El Diálogo
96 [ F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e unión.|
q u i l o e n los p e c h o s d e la m a d r e , y, t e n i e n d o e n su boca
la teta, e x t r a e la l e c h e a través d e la c a r n e . Así, el a l m a ,
l l e g a d a a este ú l t i m o e s t a d o , d e s c a n s a e n los p e c h o s d e
m i d i v i n a c a r i d a d , d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , es d e c i r , si-
g u i e n d o su d o c t r i n a y sus e j e m p l o s . E n el t e r c e r e s t a d o
c o n o c i ó p e r f e c t a m e n t e q u e n o le c o n v e n í a c a m i n a r p o r
m í , el P a d r e e t e r n o , ya q u e e n m í n o p u e d e d a r s e sufri-
m i e n t o , p e r o sí e n m i a m a d o Hijo, el d u l c e y a m o r o s o
V e r b o . V o s o t r o s n o p o d é i s a n d a r sin s u f r i m i e n t o s , p e r o
c o n m u c h o e s f u e r z o p o d é i s l l e g a r a las v i r t u d e s r e a l e s ;
p o r e s o , el a l m a se p o n e a los p e c h o s d e C r i s t o , q u e es la
c a r i d a d , y saca d e él la leche d e la v i r t u d , e n la q u e halla
la v i d a d e la gracia, g u s t a n d o e n m i n a t u r a l e z a d i v i n a la
d u l z u r a d e t o d a s las v i r t u d e s . P o r eso es v e r d a d q u e las
v i r t u d e s , n o s i e n d o d u l c e s e n sí, h a n l l e g a d o a serlo p o r
e s t a r u n i d a s a m í , A m o r d i v i n o ; es d e c i r , q u e el a l m a n o
p r e s t a i n t e r é s a su p r o p i o p r o v e c h o ni a o t r a cosa q u e a
m i h o n o r y a la salvación d e las a l m a s .
C o n s i d e r a a h o r a , hija m í a , c u a n d u l c e y g l o r i o s o es el
e s t a d o d e l a l m a q u e p o r t a n g r a n u n i ó n h a l l e g a d o a los
p e c h o s d e la d i v i n a c a r i d a d . Su b o c a n o se s i e n t e a g u s t o
sin el p e c h o , ni el p e c h o sin la l e c h e . Así, esta a l m a n o se
halla sin C r i s t o c r u c i f i c a d o n i sin m í , P a d r e e t e r n o , a
q u i e n e n c u e n t r a al g u s t a r la s u m a y e t e r n a d i v i n i d a d .
¡ O h , q u i é n viese c ó m o se sacian las p o t e n c i a s d e a q u e l
a l m a ! La m e m o r i a se llena d e l c o n j u n t o r e c u e r d o d e
m í , a r r a s t r a d a p o r los beneficios r e c i b i d o s d e m i a m o r
— n o sólo p o r la r e a l i d a d d e los beneficios, sino p o r el
afecto c o n q u e m i c a r i d a d se los h a o t o r g a d o — , y s i n g u -
l a r m e n t e p o r el d e la c r e a c i ó n , c u a n d o ve q u e h a sido
c r e a d a a m i i m a g e n y s e m e j a n z a . P o r este beneficio, e n
el p r i m e r e s t a d o m e n c i o n a d o , c o n o c i ó el castigo q u e se-
g u i r í a a la i n g r a t i t u d , y p o r e s o , g r a c i a s a la s a n g r e d e
C r i s t o , se l e v a n t ó d e las m i s e r i a s , r a z ó n p o r la q u e volví
a c r e a r o s p o r m e d i o d e la gracia, l i m p i a n d o la c a r a d e
v u e s t r a s a l m a s d e la l e p r a d e l p e c a d o . A q u í se e n c o n t r ó
el a l m a , e n el s e g u n d o e s t a d o , la d u l z u r a , c u a n d o g u s t ó
la d u l z u r a d e m i a m o r , y c o n c i b i ó d e s a g r a d o d e l p e c a d o
al c o n o c e r c u á n t o m e e n o j a , p u e s t o q u e lo h a b í a castiga-
d o e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i t o . D e s p u é s h a r e c o r -
d a d o la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e le explicó y le e x -
plica la v e r d a d .
230 El Diálogo
2
1 C o r 2,9.
232 El Diálogo
97 [ E s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x p l i c a c i ó n d e
l o s e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e t r e s p e t i c i o n e s . I
1
Alusión autobiográfica.
La doctrina de las lágrimas 233
u n o c a m i n a con g r a n penitencia y el o t r o n o , ¿ d e b o
c r e e r q u e tiene m a y o r perfección el q u e hace m a y o r e s
penitencias q u e el otro? T e r u e g o q u e d e t a l l a d a m e n t e
m e aclares lo q u e m e has d i c h o e n g e n e r a l , p a r a q u e n o
sea e n g a ñ a d a en mi c o r t o e n t e n d e r .
Lo s e g u n d o q u e te p i d o es q u e especifiques mejor la
señal q u e m e dijiste recibe el a l m a c u a n d o es visitada en
el espíritu: si es d a d a p o r ti, P a d r e e t e r n o , o n o .
Si lo r e c u e r d o bien, P a d r e e t e r n o , m e dijiste q u e el es-
píritu p e r m a n e c e con alegría y con á n i m o p a r a la v i r t u d .
Q u i s i e r a saber si esta alegría p u e d e ser e n g a ñ o s a a cau-
sa d e la pasión espiritual p r o p i a . Estas son las p r e g u n t a s
q u e te h a g o a fin d e q u e p u e d a servirte a ti y a mi próji-
m o d e veras y n o c a e r e n u n a falsa apreciación d e las
c r i a t u r a s y d e tus servidores, p o r q u e m e p a r e c e q u e la
apreciación, es decir, enjuiciar aleja al a l m a d e ti, y p o r
ello n o quisiera c a e r en tal inconveniente.——
98 [ L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a q u e d e
v e r a s q u i e r a s e r v i r a D i o s . — P r i m e r o , s o b r e la l u z g e n e r a l . ]
m u n d o y q u i e r e n la perfección. A d e m á s d e esto, te e x -
plicaré lo q u e m e h a s p r e g u n t a d o , r e s p o n d i é n d o t e e n
c o n c r e t o a lo q u e te i n t e r e s a s o b r e la i l u m i n a c i ó n g e n e -
ral.
Sabes q u e te dije q u e sin luz n a d i e p u e d e a n d a r p o r el
c a m i n o d e la v e r d a d , es d e c i r , sin la luz d e la r a z ó n . Esta
la recibís d e mí, v e r d a d e r a L u z , p o r el e n t e n d i m i e n t o y
p o r la luz d e la fe q u e o s h e d a d o e n el s a n t o b a u t i s m o ,
si n o la quitáis p o r v u e s t r o s p e c a d o s . E n el b a u t i s m o ,
m e d i a n t e y e n v i r t u d d e la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o ,
recibisteis la f o r m a d e esta fe. Ella, ejercitada e n la vir-
t u d p o r la luz d e la r a z ó n —la c u a l se halla i l u m i n a d a
p o r la luz d e la fe—, os d a vida y os h a c e a n d a r p o r el
c a m i n o d e la v e r d a d . C o n ella m e c o n s e g u í s a mí, v e r d a -
d e r a L u z , y sin ella c o n s e g u i r é i s las tinieblas.
O s son n e c e s a r i a s d o s luces p r o c e d e n t e s d e esta luz, y
a u n a esas d o s luces a ñ a d i r é u n a t e r c e r a .
La p r i m e r a es p a r a q u e seáis i l u m i n a d o s e n el conoci-
m i e n t o d e las cosas t r a n s i t o r i a s d e l m u n d o , q u e p a s a n
c o m o el v i e n t o . P e r o n o las p o d é i s c o n o c e r b i e n si a n t e s
n o conocéis v u e s t r a p r o p i a fragilidad y lo i n c l i n a d a q u e
se halla a r e b e l a r s e c o n t r a m í , v u e s t r o C r e a d o r , d e b i d o
a u n t e n d e n c i a p e r v e r s a q u e está u n i d a a v u e s t r o s
m i e m b r o s . N o es q u e p o r esta inclinación se vea u n o
o b l i g a d o a c o m e t e r el m e n o r p e c a d o si n o lo q u i e r e ,
p e r o ella l u c h a c o n t r a el espíritu. N o p u s e yo esta incli-
n a c i ó n p a r a q u e m i c r i a t u r a r a c i o n a l fuese v e n c i d a , sino
p a r a q u e a u m e n t a s e y m a n i f e s t a s e la v i r t u d del a l m a ,
p o r q u e la v i r t u d n o se p u e d e m a n i f e s t a r si n o hay algo
q u e la c o n t r a d i g a . Los s e n t i d o s son c o n t r a r i o s al espíri-
t u , y p o r ellos p r u e b a el a l m a el a m o r q u e m e t i e n e a m í ,
su c r e a d o r . ¿ C u á n d o lo p r u e b a ? C u a n d o se l e v a n t a c o n -
t r a los sentidos c o n a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o .
T a m b i é n le d i esta inclinación p a r a c o n s e r v a r l a e n la
v e r d a d e r a h u m i l d a d . P o r d o n d e ves q u e , al c r e a r al
alma a mi imagen y semejanza, colocándola en tanta
d i g n i d a d y belleza, le di p o r c o m p a ñ e r o lo m á s vil q u e
existe, p u e s le d i la m a l a inclinación, esto es, p e g á n d o s e -
la al c u e r p o , f o r m a d o d e lo m á s vil d e la t i e r r a , p a r a
q u e , c u a n d o viera su belleza, n o l e v a n t a s e la c a b e z a d e
la s o b e r b i a c o n t r a m í . P o r lo c u a l , el frágil c u e r p o , e n el
q u e r e s i d e esta luz, es r a z ó n q u e se h u m i l l e , y n o tiene
236 El Diálogo
m a t a r la v o l u n t a d q u e e n matar y mortificar el c u e r p o ;
p e r o n o p o r efecto principal, sino c o m o i n s t r u m e n t o
p a r a a y u d a r a m a t a r la propia voluntad, tal c o m o te dije
al explicar aquella frase de q u e yo q u e r í a pocas palabras
y m u c h a s o b r a s . Y así debéis o b r a r , p o r q u e la intención
principal d e b e ser d a r m u e r t e a la voluntad y n o buscar
ni q u e r e r sino mi dulce V e r d a d , Cristo crucificado, p o r
el h o n o r y gloria de mi n o m b r e y la salvación d e las al-
mas.
Los q u e se hallan e n esta dulce luz o b r a n así, y p o r
ello se e n c u e n t r a n siempre e n paz y q u i e t u d , y n o hay
q u i e n los escandalice, p o r q u e h a n s u p r i m i d o lo q u e p r o -
d u c e escándalo, es decir, la voluntad propia. T o d a s las
persecuciones q u e el m u n d o y el d e m o n i o p u e d e n p r o -
m o v e r se hallan a sus pies. Están e n el a g u a d e m u c h a s
tribulaciones y tentaciones; p e r o n o les hacen d a ñ o , p o r
estar asidos a la r a m a d e l a r d o r o s o deseo '.
Gozan d e t o d o y n o se e r i g e n e n j u e c e s d e mis servi-
d o r e s ni d e n i n g u n a c r i a t u r a racional, sino q u e se ale-
g r a n d e t o d o lo q u e ven, diciendo: «Gracias a ti, P a d r e ,
2
p o r q u e e n tu casa hay m u c h a s mansiones» . T a n t o m á s
gozan c u a n t o s m á s m o d o s ven d e servirme; más q u e si
e n c o n t r a s e n q u e iban todos p o r el m i s m o c a m i n o , p u e s
ven q u e así se manifiesta la g r a n d e z a d e su b o n d a d . De
todo sacan la fragancia d e la rosa; n o sólo del bien, sino
q u e n o j u z g a n d e los q u e ven q u e c i e r t a m e n t e h a n peca-
d o , antes bien tienen santa compasión, r o g a n d o p o r
ellos, y dicen c o n perfecta h u m i l d a d : «Hoy te toca a ti,
m a ñ a n a m e tocaría a mí, si n o fuera p o r la gracia, q u e
m e preserva».
¡Oh hija queridísima! E n a m ó r a t e d e este dulce y ex-
celente estado y c o n t e m p l a a los q u e c o r r e n con esta luz
y su excelencia, p u e s tienen santos pensamientos, c o m e n
a la mesa d e los santos deseos y h a n logrado alimentarse
d e las almas con a r d o r o s a caridad p o r h o n o r a mí, Pa-
d r e e t e r n o , vestidos del dulce C o r d e r o , mi Hijo u n i g é -
nito, o sea, d e su doctrina.
N o p i e r d e n el tiempo e n falsos juicios acerca del m u n -
d o ni d e mis servidores y n o escandalizan p o r m u r m u -
r a c i ó n a l g u n a acerca d e sí m i s m o s ni d e o t r o s . E n
1 2
C a n t 8,7 y J n 15,5. J n 14,2.
La doctrina de la verdad 241
3
Alusión autobiográfica.
242 El Diálogo
102 [ M o d o d e c o r r e g i r al p r ó j i m o s i n c a e r e n f a l s o s j u i c i o s . I
A h o r a te h a b l a r é d e la s e g u n d a , q u e consiste e n lo si-
g u i e n t e : si a l g u n a vez te o c u r r i e s e o r a r p o r a l g u i e n e n
p a r t i c u l a r — d e esto m e p e d i s t e explicación— y e n tu
o r a c i ó n vieses e n a q u e l p o r el q u e o r a s a l g u n a luz d e
gracia y e n o t r o n o , y los d o s son s e r v i d o r e s m í o s , p e r o
te p a r e c i e r e ver a u n o c o n espíritu e n t o r p e c i d o y o s c u r o ,
n o d e b e s ni p u e d e s j u z g a r l e e n p e c a d o , p o r q u e m u c h a s
veces tu i n t e r p r e t a c i ó n sería falsa. Q u i e r o q u e sepas q u e
a l g u n a s veces, en la o r a c i ó n p o r u n a m i s m a p e r s o n a ,
u n a s la verás c o n luz y c o n santo d e s e o a n t e mí, d e
m o d o q u e p a r e c e r á q u e su a l m a p r o g r e s a e n el bien
(como pide el afecto d e la c a r i d a d el q u e participéis u n o
246 El Diálogo
p u e s , c o r r e g i r e n g e n e r a l y n o e n particular, a n o ser
q u e p o r e x p r e s a revelación te lo m a n d a r a yo; y s i e m p r e
con h u m i l d a d , r e p r e n d i é n d o t e a ti j u n t o c o n los d e m á s .
T e h e d i c h o a d e m á s , y te repito, q u e p o r n i n g u n a ra-
zón del m u n d o te es lícito j u z g a r a n a d i e ni e n c o m ú n ni
en particular/, ni t a m p o c o las intenciones d e mis servido-
res, te parezcan b u e n a s o malas.
T e di la razón p o r la q u e n o p u e d e s j u z g a r , y, si j u z -
garas, te e n g a ñ a r í a s e n tus juicios. Por el c o n t r a r i o , d e -
bes t e n e r compasión tú y los d e m á s y d e j a r q u e j u z -
g u e yo.
T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o la d o c t r i n a y la r a z ó n princi-
pal q u e d e b e s d a r a q u i e n e s se llegan a ti p i d i e n d o con-
sejo y q u e quisieran salir d e las tinieblas d e l p e c a d o
m o r t a l y seguir el c a m i n o d e las virtudes. Debes p r o p o -
nerles c o m o finalidad principal el afecto y a m o r a la vir-
t u d e n el c o n o c i m i e n t o d e sí mismos y d e mi b o n d a d e n
ellos y q u e m a t e n y a h o g u e n su p r o p i a v o l u n t a d p a r a
q u e n a d a se rebele contra mí '. Dales la penitencia como
i n s t r u m e n t o y n o c o m o afecto principal; n o a t o d o s d e
igual m o d o , sino s e g ú n sus posibilidades y e s t a d o p a r a
s o p o r t a r l a : a u n o s poco y a o t r o s m u c h o , s e g ú n p u e d a n
tolerar este i n s t r u m e n t o del f u r o r divino.
Y p o r q u e te dije q u e la r e p r e n s i ó n n o e r a lícita sino
e n g e n e r a l , n o quisiera q u e creyeses q u e , si ves u n peca-
d o manifiesto, n o p u e d a s hacer la corrección e n t r e ti y
el q u e lo comete. La p u e d e s hacer y hasta, si fuese obstina-
d o e n c o r r e g i r s e , lo p u e d e s decir a d o s o a tres, y, si esto
n o a y u d a , hacerlo manifiesto al c u e r p o místico d e la
2
Iglesia . T e he dicho que, sin e m b a r g o , no es lícito por-
q u e a ti te parezca así o lo percibas d e n t r o d e tu espíritu.
T a m p o c o , si lo ves p o r ti m i s m a , d e b e s c a m b i a r d e opi-
nión. Si n o vieres c l a r a m e n t e la v e r d a d o tu espíritu n o
lo conociese p o r e x p r e s a revelación mía, n o d e b e s u s a r
la r e p r e n s i ó n sino del m o d o q u e te h e d i c h o . Esto es
m á s s e g u r o p a r a ti y n o te p o d r á e n g a ñ a r el d e m o n i o
con el p r e t e x t o d e c a r i d a d p a r a c o n el p r ó j i m o .
H e a c a b a d o con esto, carísima hija, d e explicarte esta
p a r t e necesaria p a r a c o n s e r v a r y a c r e c e n t a r la perfec-
ción d e tu alma.
1
Alusión autobiográfica. 2 Mt 15,17.
250 El Diálogo
INVITACIÓN A PEDIR
T e h e explicado p l e n a m e n t e , q u e r i d í s i m a hija, y h e
i l u m i n a d o tu e n t e n d i m i e n t o acerca d e los e n g a ñ o s a
q u e el d e m o n i o te p u e d e inducir. H e satisfecho tu d e s e o
e n lo q u e m e p r e g u n t a s t e , p o r q u e yo n o t e n g o en poco
el deseo d e mis servidores, sino, m á s bien, lo satisfago e
invito a p e d i r . Me d e s a g r a d a m u c h o aquel q u e n o llama
con e n e r g í a a la p u e r t a d e la sabiduría d e m i Hijo u n i -
génito siguiendo su doctrina. Seguirla es l l a m a r m e a al-
d a b o n a z o s con la voz del santo d e s e o , con h u m i l d e y
c o n t i n u a d a oración a mí, P a d r e e t e r n o . Yo soy el P a d r e
q u e os d a el p a n d e la gracia p o r m e d i o d e esta p u e r t a
d e m i V e r d a d . A l g u n a vez, p a r a p r o b a r vuestros deseos
y perseverancia, h a g o c o m o q u e n o os oigo; p e r o os e n -
t i e n d o y doy aquello d e q u e tenéis necesidad, p u e s doy
el h a m b r e y la voz p a r a que llaméis, y yo, al ver vuestra
La doctrina de la verdad 253
constancia, c u m p l o v u e s t r o s deseos c u a n d o e s t á n o r d e -
n a d o s y dirigidos a mí.
A l l a m a r os invitó m i V e r d a d c u a n d o dijo: « L l a m a d , y
se os r e s p o n d e r á ; g o l p e a d , y se os abrirá; p e d i d , y se os
dará» i. Y lo m i s m o q u i e r o q u e h a g a s t ú : q u e n u n c a
aflojes el paso e n el d e s e o d e p e d i r mi a y u d a , ni bajes la
voz p a r a l l a m a r m e , p u e s yo h a g o m i s e r i c o r d i a al m u n -
d o . N o dejes d e d a r golpes a la p u e r t a d e m i V e r d a d si-
g u i e n d o sus huellas. A l é g r a t e con El, c o m i e n d o el p a n
d e las almas p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e . G i m e
c o n a n s i e d a d sobre el c u e r p o m u e r t o del hijo del g é n e -
r o h u m a n o , al q u e h e visto llegado a t a n t a miseria, q u e
tu l e n g u a sería incapaz d e n a r r a r .
P o r este g e m i d o y grito h a r é misericordia al m u n d o .
Esto es lo q u e p i d o a mis siervos y esto será p a r a mí sig-
n o d e q u e m e a m a n d e veras. Y n o m e n o s p r e c i a r é sus
deseos, c o m o te h e d i c h o .
E n t o n c e s , a q u e l alma, v e r d a d e r a m e n t e c o m o ebria,
parecía f u e r a d e sí y c o n los sentidos e n a j e n a d o s p o r la
u n i ó n realizada con su C r e a d o r . E l e v a n d o el espíritu y
m i r a n d o d e n t r o d e la e t e r n a v e r d a d con los ojos d e su
e n t e n d i m i e n t o , y h a b i e n d o c o n o c i d o la v e r d a d , se halla-
ba e n a m o r a d a d e ella y decía:
¡Oh s u m a y e t e r n a b o n d a d d e Dios! ¿Y q u i é n soy
yo, m i s e r a b l e , p a r a q u e tú, s u m o y e t e r n o P a d r e , m e
hayas m a n i f e s t a d o tu v e r d a d y las ocultas e s t r a t a g e m a s
del d e m o n i o ; y el e n g a ñ o d e los propios sentidos, d e
m o d o q u e yo y los d e m á s p o d a m o s recibir tu visita en
' M t 7 , 7 y Le 1 1 , 9 .
254 El Diálogo
1
J n 17,15 y alusión autobiográfica.
La doctrina de la verdad 255
T e h a g o a ú n o t r a p e t i c i ó n p o r las d o s c o l u m n a s , los
2
d o s P a d r e s q u e m e h a s p u e s t o e n la t i e r r a d e s d e el
p r i n c i p i o d e m i c o n v e r s i ó n h a s t a a h o r a c o n el fin d e
g u a r d a r m e y a d o c t r i n a r m e a mí, miserable enferma.
Q u e t ú les u n a s y d e d o s c u e r p o s h a g a s u n solo e s p í r i t u
y q u e n i n g u n o a t i e n d a a o t r a cosa q u e a c u m p l i r , e n sí
m i s m o y e n los m i s t e r i o s q u e h a s p u e s t o e n sus m a n o s ,
la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e e n p r o v e c h o d e las al-
m a s . Y y o , i n d i g n a , m i s e r a b l e esclava y n o hija, g u a r d e
p a r a c o n ellos la m e s u r a j u n t o c o n la d e b i d a r e v e r e n c i a
y s a n t o t e m o r p o r a m o r a ti, p a r a q u e tu h o n o r les sea
paz y edificación d e l p r ó j i m o .
Estoy c i e r t a , V i d a e t e r n a , q u e n o d e s o i r á s m i s d e s e o s
ni las p e t i c i o n e s q u e te h e h e c h o , p u e s c o n o z c o p o r mis
p r o p i o s ojos, p o r q u e te h a p l a c i d o m a n i f e s t á r m e l o d e
3
m o d o especial p o r la e x p e r i e n c i a , q u e r e c i b e s c o n
a g r a d o los s a n t o s d e s e o s . Yo, sierva i n d i g n a , m e i n g e -
n i a r é , c o n la g r a c i a q u e m e d e s , p a r a g u a r d a r t u s m a n -
datos y doctrina.
¡ O h P a d r e e t e r n o ! M e h e a c o r d a d o d e algo q u e m e
dijiste c u a n d o m e h a b l a s t e s o b r e el m i n i s t e r i o d e la s a n -
ta Iglesia. M e p r o m e t i s t e h a b l a r m á s d e t a l l a d a m e n t e e n
o t r o l u g a r d e los d e f e c t o s q u e h o y c o m e t e n [los m i n i s -
t r o s d e la Iglesia]. P o r lo c u a l , si es d e l a g r a d o d e tu
b o n d a d d e c i r m e a l g o s o b r e esto p a r a t o m a r l o c o m o m a -
teria p a r a a u m e n t a r mi dolor, compasión y anhelante
d e s e o d e su salvación, te lo suplico, p a r a q u e a u m e n t e n
e n m í estos s e n t i m i e n t o s . R e c u e r d o q u e m e h a s d i c h o
a n t e r i o r m e n t e q u e c o n los s u f r i m i e n t o s , l á g r i m a s , d o l o -
res, s u d o r y continua oración d e tus servidores nos da-
rías c o n s u e l o , r e f o r m a n d o la s a n t a Iglesia c o n b u e n o s y
santos ministros.
1
«Ultima» hace referencia aquí n o a las peticiones q u e a p a r e c e n en
el capítulo 2 d e El Diálogo, sino a las q u e a p a r e c e n e n el capítulo 9.
2 J n 15,5.
C a t a l i n a r e c i b e la E u c a r i s t í a .
EL C U E R P O M I S T I C O DE LA IGLESIA
110 [ D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l c u e r -
po d e Cristo.—Los q u e comulgan digna e indignamente.]
T e r e s p o n d o a h o r a a lo q u e m e has p r e g u n t a d o
acerca d e los ministros d e la santa Iglesia. P a r a q u e m e -
j o r p u e d a s c o n o c e r la v e r d a d , a b r e los o í d o s d e tu e n t e n -
d i m i e n t o y c o n s i d e r a su excelencia y e n q u é d i g n i d a d
los h e c o l o c a d o . Y c o m o las cosas se c o n o c e n m e j o r p o r
m e d i o d e sus c o n t r a r i o s , te voy a m o s t r a r la d i g n i d a d d e
los q u e ejercitaron v i r t u o s a m e n t e el tesoro q u e les puse
e n las m a n o s . Por este m e d i o verás la m i s e r i a d e los q u e
hoy se alimentan a los pechos d e esta esposa [la Iglesia)
y son malos.
E n t o n c e s , aquella a l m a , p o r o b e d i e n c i a , c o n t e m p l ó la
V e r d a d , d o n d e vio brillar la v i r t u d d e los v e r d a d e r o s
c a t a d o r e s [de la virtud!. Y Dios e t e r n o le dijo:
——Carísima hija, q u i e r o explicarte p r i m e r a m e n t e la
d i g n i d a d en q u e los h a colocado mi b o n d a d , a d e m á s del
a m o r g e n e r a l q u e h e t e n i d o a mis c r i a t u r a s , c r e á n d o o s a
i m a g e n y semejanza mía y n u e v a m e n t e c r e a d o s p o r la
gracia e n la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o . P o r este a m o r
g e n e r a l adquiristeis t a n t a excelencia, p o r la u n i ó n q u e
hice d e la divinidad con la n a t u r a l e z a h u m a n a . D e aquí
p r o v i e n e q u e tengáis u n a excelencia y d i g n i d a d m a y o r
q u e la d e los ángeles, p o r q u e yo t o m é v u e s t r a n a t u r a l e - -
za y n o la suya. Por lo q u e , c o m o te dije, m e hice H o m -
bre-Dios p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina c o n la
vuestra.
Esta g r a n d e z a se d a , e n g e n e r a l , a t o d a c r i a t u r a racio-
nal; p e r o d e e n t r e éstas h e elegido a mis m i n i s t r o s p a r a
258 El Diálogo
t a m p o c o el c u e r p o ni la s a n g r e sin el a l m a del V e r b o ; ni
el a l m a ni el c u e r p o sin mi divinidad, Dios e t e r n o , p o r -
q u e la u n a n o se p u e d e d a r sin la o t r a , igual q u e la n a t u -
raleza divina n o se s e p a r ó d e la h u m a n a p o r la m u e r t e ,
ni p o r o t r a causa c u a l q u i e r a p o d í a s e p a r a r s e . D e m o d o
q u e bajo la b l a n c u r a del p a n recibís t o d a la esencia divi-
n a e n el dulcísimo s a c r a m e n t o .
Igual q u e el sol n o se p u e d e dividir, t a m p o c o se p u e -
d e n s e p a r a r Dios y el h o m b r e e n la b l a n c u r a d e la hostia.
S u p o n g a m o s q u e ésta fuese dividida: si se p u d i e r a n ha-
c e r d e ella millares d e millares d e trocitos, e n c a d a u n o
estaría t o d o Dios y t o d o h o m b r e , c o m o te h e d i c h o ;
c o m o el espejo q u e se q u i e b r a , y, a pesar d e t o d o , n o se
p a r t e la i m a g e n q u e se ve e n él, así, al dividir la hostia,
n o se s e p a r a a Dios y al h o m b r e , sino q u e c a d a p a r t e lo
contiene todo.
T a m p o c o se le d i s m i n u y e e n sí m i s m o , al m o d o del
fuego, es decir, q u e , si tuvieses u n a luz y t o d o el m u n d o
viniese a t o m a r d e ella, n o p o r eso se d i s m i n u y e esa luz,
y, sin e m b a r g o , c a d a u n o la t e n d r í a . Es cierto q u e u n o s
participan más d e ella q u e o t r o s , s e g ú n la m a t e r i a q u e se
llevan p a r a t o m a r d e ella. P a r a q u e lo e n t i e n d a s mejor,
te p o n g o el ejemplo siguiente: si h u b i e r a m u c h o s q u e
llevan velas y u n o lleva la c a n t i d a d d e u n a o n z a y o t r o
lleva d o s o seis o n z a s , y se a c e r c a n a la luz y e n c i e n d e n
las velas, s u p o n i e n d o q u e c a d a u n o t o m a d e ella, u n o s
m u c h o y o t r o s poco, m i r a la luz, el calor y el color, y ve-
rás la m i s m a ; y n o j u z g a r á s , a pesar d e t o d o , q u e tiene
m e n o s el d e la vela d e o n z a q u e el q u e la lleva d e a libra.
Así o c u r r e con los q u e reciben este s a c r a m e n t o , p o r q u e
c a d a u n o lleva su vela, es decir, el s a n t o d e s e o . La vela
se halla a p a g a d a y se e n c i e n d e al recibir el s a c r a m e n t o .
Digo a p a g a d a p o r q u e vosotros n a d a sois. C i e r t o es q u e
yo os h e d a d o la m a t e r i a c o n q u e podéis a l i m e n t a r e n
vosotros esta luz y recibirla. V u e s t r a m a t e r i a es el a m o r ,
p o r q u e os h e c r e a d o p o r a m o r , y p o r ello n o p o d é i s vivir
sin él.
El ser q u e se os h a d a d o p o r a m o r h a sido p r e p a r a d o
p o r el s a n t o b a u t i s m o , q u e recibís e n virtud d e la s a n g r e
del V e r b o . De o t r o m o d o n o podríais participar d e esta
luz, a n t e s bien seríais c o m o vela sin pabilo d e n t r o : n o
p u e d e a r d e r ni recibir la luz. Eso o c u r r i r í a con vosotros
260 El Diálogo
1 2
Alusión autobiográfica. Ibid.
El cuerpo místico de la Iglesia 263
113 [Se h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o p a r a
q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — D i o s
e x i g e m a y o r p u r e z a e n e l l o s q u e e n los d e m á s . I
a l m a . N o sólo n o m e o f e n d e r í a n a m í y a su d i g n i d a d ,
sino q u e , si d i e s e n su c u e r p o al f u e g o , les p a r e c e r í a n o
p o d e r satisfacer a t a n t a s gracias y beneficios c o m o h a n
recibido, p o r q u e no p u e d e n llegar a dignidad mayor en
esta vida.
Ellos s o n mis u n g i d o s y les l l a m o mis «cristos», p u e s
les h e c o n c e d i d o q u e m e a d m i n i s t r e n p a r a vuestro bien
y, c o m o a flores fragantes, lo h e colocado e n el c u e r p o
místico d e la s a n t a Iglesia. Esta d i g n i d a d n o la h e c o n c e -
d i d o a los ángeles, sino al h o m b r e . A ellos los h e elegido
p o r m i n i s t r o s m í o s , y a los q u e h e c o l o c a d o c o m o á n g e -
les d e b e n serlo e n la t i e r r a d u r a n t e esta vida. D e b e n ,
p o r t a n t o , s e r c o m o los á n g e l e s .
A t o d a a l m a le p i d o p u r e z a y c a r i d a d p o r a m o r a mí y
a su p r ó j i m o y q u e le a y u d e n e n lo q u e p u e d a n , o f r e -
c i e n d o o r a c i o n e s p o r él y p e r m a n e c i e n d o e n la dilección
d e la c a r i d a d . M á s p u r e z a p i d o a ú n a m i s m i n i s t r o s y
m á s a m o r a m í y a su p r ó j i m o , d e b i e n d o a d m i n i s t r a r el
c u e r p o y la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o c o n a r d o r d e
c a r i d a d y h a m b r e d e la salvación d e las a l m a s p a r a glo-
ria y p o r a m o r d e m i n o m b r e .
C o m o los m i n i s t r o s q u i e r e n l i m p i e z a e n el cáliz d o n d e
se c e l e b r a este sacrificio, así exijo yo l i m p i e z a y p u r e z a
d e c o r a z ó n , d e su a l m a y d e su e s p í r i t u . Q u i e r o q u e el
c u e r p o , c o m o i n s t r u m e n t o d e su a l m a , se c o n s e r v e e n
p e r f e c t a p u r e z a . N o q u i e r o q u e se a l i m e n t e n d e la in-
m u n d i c i a y se r e v u e l q u e n e n ella, ni se e n c u e n t r e n h i n -
c h a d o s d e s o b e r b i a , b u s c a n d o los g r a n d e s c a r g o s ; ni q u e
sean c r u e l e s c o n s i g o y c o n el p r ó j i m o . P o r q u e , si s o n
c r u e l e s c o n s i g o m i s m o s p o r la c u l p a , son c r u e l e s c o n las
a l m a s d e sus p r ó j i m o s , ya q u e n o les d a n e j e m p l o d e
vida, ni se p r e o c u p a n d e a r r a n c a r las a l m a s d e las m a -
n o s d e l d e m o n i o , ni d e a d m i n i s t r a r el c u e r p o y la s a n -
g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o y m i v e r d a d e r a L u z e n los sa-
c r a m e n t o s d e la s a n t a Iglesia. Y así, s i e n d o c r u e l e s c o n -
sigo, son c r u e l e s c o n los d e m á s .
266 El Diálogo
114 [Los s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r ni c o m p r a r .
L o s q u e r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los m i n i s t r o s e n lo t e m p o -
r a l . — R e p a r t o d e los b i e n e s t e m p o r a l e s d e los s a c e r d o t e s . ]
1
Act 8,18-20.
2
1 Cor 9,11.
El cuerpo místico de la Iglesia 267
116 [Dios e s t i m a h e c h a c o n t r a El la p e r s e c u c i ó n c o n t r a la
santa Iglesia o sus ministros.—Es u n p e c a d o d e m á s g r a v e d a d
que cualquier otro.]
Si m e p r e g u n t a s e s por q u é te a s e g u r é q u e e r a más
grave la culpa d e los q u e p e r s e g u í a n a la Iglesia q u e to-
das las d e m á s y p o r q u é n o q u e r í a yo q u e por los defec-
tos d e los ministros d i s m i n u y e r a la reverencia hacia
ellos, te r e s p o n d e r í a y te r e s p o n d o : p o r q u e toda reve-
2
Alusión a u t o b i o g r á f i c a .
' Sal 1 0 4 , 1 5 .
El cuerpo místico de la Iglesia 269
1
Le 10,16.
1
J n 19,12.
El cuerpo místico de la Iglesia 271
1
Este y los dos capítulos anteriores responden a la intromisión de
los seglares en los asuntos eclesiásticos, que culminó en la cuestión de
«las Investiduras» que, aunque solucionada oficialmente, dejó sus se
cuelas largo tiempo.
El cuerpo místico de la Iglesia 273
r o n a sí m i s m o s el a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o d e los
sentidos, d e s p r e c i a n d o los vicios y a b r a z a n d o la virtud
con la c a r i d a d mía y la d e su prójimo. Pisotearon la so-
berbia c o n la h u m i l d a d , y, c o m o ángeles, c a m i n a r o n a la
mesa del altar. C e l e b r a r o n la misa, a r d i e n d o e n el hor-
no d e la c a r i d a d con p u r e z a d e c o r a z ó n y del c u e r p o y
con s i n c e r i d a d d e espíritu. Y c o m o antes se h a b í a n he-
c h o justicia a sí m i s m o s , p o r eso hicieron justicia a sus
subditos c u a n d o vieron q u e vivían v i r t u o s a m e n t e . Los
c o r r e g í a n sin t e m o r servil a l g u n o , p o r q u e n o se fijaban
en sí mismos, sino sólo e n mi h o n o r y en la salvación d e
las almas, c o m o b u e n o s pastores, i m i t a d o r e s del b u e n
Pastor, mi V e r d a d . Yo les c o n c e d í g o b e r n a r o s a voso-
tros, ovejuelas, y quise q u e ofreciesen su vida p o r voso-
tros '.
Ellos h a n s e g u i d o sus huellas, y p o r eso c o r r i g i e r o n y
n o d e j a r o n p u d r i r a los m i e m b r o s p o r falta d e llamarles
la a t e n c i ó n . Lo hicieron c a r i t a t i v a m e n t e , c o n el u n -
g ü e n t o d e la b e n i g n i d a d y la 'aspereza del fuego, q u e -
m a n d o la llaga del vicio con la r e p r e s i ó n y penitencia,
m a y o r o m e n o r s e g ú n la g r a v e d a d del p e c a d o . Y p o r co-
rregirlos y decir la v e r d a d n o se p r e o c u p a r o n d e la
muerte.
F u e r o n v e r d a d e r o s h o r t e l a n o s , q u e c o n solicitud y
s a n t o t e m o r a r r a n c a r o n las espinas d e los p e c a d o s m o r -
tales y p u s i e r o n las plantas fragantes d e v i r t u d . C o n
ello, los subditos c o n s i g u i e r o n el s a n t o t e m o r d e Dios y
c r e c i e r o n c o m o flores olorosas e n el c u e r p o místico d e
la santa Iglesia, p o r q u e c o r r e g í a n sin t e m o r servil, p o r
n o ser p a n i a g u a d o s d e n i n g ú n s e ñ o r . C o m o e n ellos n o
había v e n e n o d e c u l p a d e p e c a d o , p o r eso p r a c t i c a r o n la
s a n t a justicia, r e p r e n d i e n d o v a r o n i l m e n t e y sin t e m o r
a l g u n o . Esta e r a aquella j o y a e n la q u e brilla la justicia,
p u e s d a la paz y la luz a las m e n t e s d e las c r i a t u r a s y les
hacía p e r m a n e c e r e n el s a n t o t e m o r e s t a n d o los corazo-
nes u n i d o s . P o r esto q u i e r o q u e sepas q u e p o r n i n g u n a
o t r a causa h a n venido tantas tinieblas y divisiones al
m u n d o e n t r e los seculares y religiosos, clérigos y pasto-
res d e la santa Iglesia, q u e p o r h a b e r faltado la luz d e la
justicia y h a b e r llegado la injusticia.
i Jn 10,11.
278 El Diálogo
2
Mt 15,14; Le 6,39.
El cuerpo místico de la Iglesia 279
3
Mt 7,2; Me 4 , 2 4 ; Le 6 , 3 8 .
4
Sal 1 2 6 , 1 .
El cuerpo místico de la Iglesia 281
5
e n p r e s e n c i a d e t o d a la m u c h e d u m b r e . C r e í a c o n fe
viva q u e , e s t a n d o yo e n favor d e él, n i n g u n o p o d r í a
6
c o n t r a él . Del m i s m o m o d o , los d e m á s p e r d í a n el m i e -
d o , p o r q u e n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s ,
p u e s e s t a n d o e n la dilección d e la c a r i d a d , e s t a b a n e n
7
m í . D e mí recibían la l u z d e la s a b i d u r í a d e m i Hijo
u n i g é n i t o , d e mí recibían el p o d e r p a r a ser f u e r t e s y p o -
d e r o s o s f r e n t e a los p r í n c i p e s y t i r a n o s d e l m u n d o y d e
m í recibían el fuego d e l Espíritu S a n t o , p a r t i c i p a n d o d e
su c l e m e n c i a y a r d i e n t e a m o r . Este estaba a c o m p a ñ a d o
y a c o m p a ñ a a q u i e n q u i e r e participar d e él c o n la luz d e
ía fe, c o n la e s p e r a n z a , fortaleza, v e r d a d e r a paciencia y
g r a n p e r s e v e r a n c i a h a s t a el fin d e la m u e r t e . P o r lo t a n -
to, ves c ó m o n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s , y
p o r esta r a z ó n n o t e n í a n t e m o r .
Ú n i c a m e n t e se siente solo el q u e confía e n sí m i s m o .
P r i v a d o d e la dilección d e la c a r i d a d , t e m e ; c u a l q u i e r
p e q u e ñ a cosa le d a m i e d o , p o r q u e se e n c u e n t r a solo, sin
m í , q u e soy s e g u r i d a d s u m a p a r a q u i e n m e p o s e e p o r el
afecto d e l a m o r . Bien e x p e r i m e n t a r o n esto aquellos glo-
riosos a m a d o s míos, p u e s n a d a p o d í a h a c e r d a ñ o a su
a l m a , a n t e s bien, ellos h a c í a n d a ñ o a los h o m b r e s y a los
d e m o n i o s , y m u c h a s veces los t u v i e r o n s o m e t i d o s p o r la
v i r t u d y p o d e r q u e yo les h a b í a d a d o s o b r e ellos. Así
r e s p o n d í a yo a la fe y c o n f i a n z a q u e h a b í a n p u e s t o e n
mí.
T u l e n g u a n o p o d r í a n a r r a r sus v i r t u d e s , ni los ojos
d e tu e n t e n d i m i e n t o v e r el p r e m i o q u e r e c i b e n e n la
vida p e r d u r a b l e y el q u e r e c i b i r á n los q u e sigan sus h u e -
llas. Son c o m o p i e d r a s preciosas, y se hallan e n m i p r e -
sencia p o r q u e les h e a c e p t a d o sus trabajos, la luz q u e
p r o y e c t a r o n y el p e r f u m e d e v i r t u d q u e d e r r a m a r o n e n
el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia. P o r eso los h e colo-
c a d o e n la vida e t e r n a c o n g r a n d í s i m a d i g n i d a d , y reci-
b e n felicidad y gloria d e m i visión p o r h a b e r d a d o ejem-
plo d e vida h o n e s t a y s a n t a y p o r q u e c o n la luz r e p a r t i e -
r o n la luz del c u e r p o y s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , lo
m i s m o q u e p o r m e d i o d e los d e m á s s a c r a m e n t o s . P o r
5
L a d i s p u t a d e S a n Silvestre c o n los j u d í o s es n a r r a d a e n la Legenda
áurea c.12.
6
Rom 8,31.
7
J n 4,16.
282 El Diálogo
8
Mt 2 5 , 1 4 - 3 0 ; Le 19,12-27.
9
1 C o r 9,22.
1 0
R o m 12.15.
El cuerpo místico de la Iglesia 283
c o n c e b i d o d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s .
C o r r í a n a t o m a r l o e n la m e s a d e la santísima c r u z , sin
r e h u s a r trabajos. C o m o d e f e n s o r e s celosos d e las a l m a s
y d e la s a n t a fe, se m e t í a n e n t r e las e s p i n a s d e n u m e r o -
sas t r i b u l a c i o n e s y se e x p o n í a n a c u a l q u i e r p e l i g r o c o n
v e r d a d e r a paciencia, o f r e c i é n d o m e el incienso d e los
f r a g a n t e s y férvidos d e s e o s y d e la c o n t i n u a o r a c i ó n .
C o n l á g r i m a s y s u d o r e s u n g í a n las llagas d e la c u l p a d e
los p e c a d o s m o r t a l e s , c o n lo q u e o b t e n í a n la c o m p l e t a
c u r a c i ó n si esos p e c a d o r e s a c e p t a b a n ese u n g ü e n t o c o n
humildad.
T e h e m o s t r a d o , hija q u e r i d í s i m a , u n a b r i z n a d e su
excelencia —brizna, d i g o , e n c o m p a r a c i ó n c o n lo g r a n -
d e q u e e s — . T e h e h a b l a d o d e la d i g n i d a d a q u e les h e
e l e v a d o al elegirlos y h a c e r l o s mis m i n i s t r o s .
E n r a z ó n d e la d i g n i d a d y a u t o r i d a d q u e les h e d a d o ,
n o q u i e r o q u e sean castigados, p o r c a u s a d e sus peca-
d o s , p o r m a n o s d e seglares, y, si lo h a c e n , m e o f e n d e n
m i s e r a b l e m e n t e . Q u i e r o q u e les t e n g a n r e v e r e n c i a n o
p o r sí m i s m o s , sino e n a t e n c i ó n a mí, o sea, p o r la a u t o -
r i d a d q u e les h e d a d o . Esta n u n c a d e b e d e c r e c e r , p o r -
q u e e n t o n c e s d i s m i n u i r á la v i r t u d e n q u i e n e s los afli-
g e n . T e h e h a b l a d o d e la v i r t u d d e los b u e n o s m i n i s t r o s
y te los h e d e s i g n a d o c o m o a d m i n i s t r a d o r e s d e l sol, es
decir, d e l c u e r p o y d e la s a n g r e d e m i Hijo y d e los d e -
m á s s a c r a m e n t o s . Esta d i g n i d a d c o r r e s p o n d e a los b u e -
n o s y a los malos; t o d o s d e b e n a d m i n i s t r a r l o s : los buer
n o s y los m a l o s .
T e dije q u e los perfectos p o s e e n las p r o p i e d a d e s del
sol, o sea, las d e i l u m i n a r y c a l e n t a r p o r m e d i o d e la di-
lección d e la c a r i d a d y d e sus p r ó j i m o s , y q u e c o n este
calor h a c e n fructificar y g e r m i n a r las v i r t u d e s e n las al-
m a s d e sus subditos. T e los he p r e s e n t a d o c o m o á n g e -
les, y lo son d e v e r d a d . O s son d a d o s p o r m í p a r a vues-
t r a p r o t e c c i ó n , p a r a q u e os g u a r d e n y os i n s p i r e n b u e -
n o s d e s e o s e n v u e s t r o s c o r a z o n e s p o r m e d i o d e la s a n t a
o r a c i ó n y d o c t r i n a , s i e n d o e j e m p l o d e vida, y p a r a q u e
os sirvan p o r la a d m i n i s t r a c i ó n d e los s a n t o s s a c r a m e n -
284 El Diálogo
n o d e p e n d e d e m i v o l u n t a d q u e ellos os r e p a r t a n el sol
p e r m a n e c i e n d o ellos e n tinieblas, ni q u e e s t é n d e s n u d o s
del vestido d e la v i r t u d , ni sucios p o r su vida d e s h o n e s -
ta; a n t e s b i e n , los h e p u e s t o p a r a q u e sean p a r a vosotros
sol y á n g e l e s e n la t i e r r a . Si n o lo son, d e b é i s p e d i r m e
p o r ellos y n o c o n d e n a r l o s ; d e j a d m e el j u i c i o a m í , y yo
les h a r é m i s e r i c o r d i a p o r m e d i o d e vuestras o r a c i o n e s y
su v o l u n t a d d e r e c i b i r m e . Si n o e n d e r e z a n su vida, la
d i g n i d a d q u e t i e n e n s e r á c a u s a d e su r u i n a , con g r a n r e -
p r e n s i ó n p o r p a r t e m í a , s u m o J u e z , e n el ú l t i m o m o -
m e n t o d e la m u e r t e . P e r o p o r n o e n m e n d a r s e y a c o g e r -
se a m i g e n e r o s i d a d y m i s e r i c o r d i a s e r á n e n v i a d o s al
fuego e t e r n o .
A t i e n d e a h o r a , hija q u e r i d í s i m a , p o r q u e te q u i e r o h a -
b l a r d e la vida p e r v e r t i d a d e a l g u n o s , p a r a q u e t ú y los
o t r o s s e r v i d o r e s míos t e n g á i s m á s m o t i v o d e o f r e c e r m e
p o r ellos h u m i l d e s y c o n t i n u a s o r a c i o n e s . A c u a l q u i e r
l a d o a q u e dirijas tu vista, n o v e r á s m á s q u e p e c a d o s ; e n
los seglares y e n los religiosos, e n clérigos y p r e l a d o s , e n
p e q u e ñ o s y g r a n d e s , e n j ó v e n e s y viejos, y e n t o d a clase
d e g e n t e . T o d o s m e a r r o j a n la pestilencia d e l p e c a d o
m o r t a l . Ella n o m e h a c e d a ñ o a m í , sino a sí m i s m o s .
H a s t a a q u í te h e h a b l a d o d e la excelencia d e mis m i -
nistros y d e la v i r t u d d e los b u e n o s , t a n t o p a r a d a r c o n -
suelo a tu a l m a c o m o p a r a q u e conozcas m e j o r la mise-
ria d e estos d e s g r a c i a d o s y p a r a q u e veas c u a n d i g n o s
son d e reprensión y d e sufrir las p e n a s m á s intolerables y
c ó m o mis elegidos y a m a d o s son d i g n o s d e l m a y o r p r e -
m i o y d e ser colocados a n t e mí c o m o m a r g a r i t a s p o r h a -
b e r u s a d o v i r t u o s a m e n t e el t e s o r o q u e se les d i o . Lo
c o n t r a r i o son estos m i s e r a b l e s ; q u e r e c i b i r á n p e n a c r u e l
p o r ello.
286 El Diálogo
1
Mt 9,36; Me 6,34.
2
Act 8,20.
El cuerpo místico de la Iglesia 287
3
Eclo 2 1 , 2 9 .
4
Flp 3 , 1 9 .
288 El Diálogo
122 [ E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e c i a l m e n -
te p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b d i t o s . )
ven e n i n i q u i d a d e i n m u n d i c i a . Sin la m e n o r v e r g ü e n z a
las h a r á n ir, p a r a r s e y volver m i e n t r a s los m í s e r o s « d e -
m o n i o s » [malos m i n i s t r o s ! se h a l l a r á n c e l e b r a n d o e n el
altar, y n o se c u i d a n d e q u e esa m i s e r a b l e «diabla» vaya
c o n sus hijos d e la m a n o a h a c e r la o f r e n d a c o n el r e s t o
del pueblo.
¡ O h d e m o n i o s y m á s q u e d e m o n i o s ! ¡Si al m e n o s
v u e s t r a m a l d a d e s t u v i e r a o c u l t a a los ojos d e v u e s t r o s
subditos! Porque haciéndolo ocultamente m e ofendéis y
os hacéis d a ñ o , p e r o n o se lo hacéis al p r ó j i m o , p o n i e n -
do v u e s t r a p e r v e r s i ó n a n t e sus ojos, s i e n d o con
v u e s t r o e j e m p l o m o t i v o y c a u s a d e q u e ellos n o salgan
d e sus p e c a d o s , sino d e q u e c a i g a n e n iguales o m a y o r e s
p e c a d o s q u e los v u e s t r o s . ¿Es ésta la p u r e z a q u e exijo a
mis m i n i s t r o s c u a n d o v a n al altar a c e l e b r a r ? L a p u r e z a
q u e llevan es ésta: se l e v a n t a r á n a m a i t i n e s c o n su c u e r -
p o c o r r o m p i d o , p o r h a b e r e s t a d o e n c a m a c o n el in-
m u n d o p e c a d o m o r t a l , y m a r c h a r á n a c e l e b r a r e n ese
e s t a d o . ¡Oh t a b e r n á c u l o d e l d e m o n i o ! ¿ D ó n d e está la vi-
gilia n o c t u r n a c o n el s o l e m n e y d e v o t o oficio? ¿ D o n d e
está la c o n t i n u a y d e v o t a o r a c i ó n ? E n ese t i e m p o d e la
n o c h e te d e b e s p r e p a r a r , p a r a el m i n i s t e r i o q u e d e b e s
realizar p o r la m a ñ a n a , p o r el c o n o c i m i e n t o d e ti, c o n f e -
sándote indigno d e tan g r a n misterio y c o n o c i é n d o m e a
m í , q u e te h e h e c h o d i g n o d e él p o r m i b o n d a d , n o p o r
t u s m é r i t o s ; te h e h e c h o m i m i n i s t r o p a r a q u e p r o v e a s a
las d e m á s c r i a t u r a s .
1
G e n 19,24-25.
2
Se refiere a la peste d e 1374, llamada «de los niños», en q u e p e r e -
ció la tercera p a r t e d e la población d e Siena. En ella m u r i e r o n u n
h e r m a n o , lina h e r m a n a y ocho sobrinos d e Catalina. Casi t o d o el capí-
tulo es autobiográfico.
El cuerpo místico de la Iglesia 293
h a l l a b a n c o n t a m i n a d o s p o r esta maldición. T e lo m a n i -
festé en g e n e r a l ; n o lo hice con los p a r t i c u l a r e s q u e p o r
excepción n o se c o n t a m i n a r o n , p u e s e n t r e los m a l o s h e
g u a r d a d o a l g u n o s b u e n o s . La santidad d e éstos d e t i e n e
a m i justicia p a r a q u e n o m a n d e a las p i e d r a s q u e se
vuelvan c o n t r a ellos, ni a la tierra q u e se los t r a g u e , ni a
los a n i m a l e s q u e los d e v o r e n , ni a los d e m o n i o s q u e les
s a q u e n el alma del c u e r p o . Más bien voy e n c o n t r a n d o
c a m i n o s y m o d o s p a r a p o d e r h a c e r misericordia, esto es,
p a r a q u e se e n m i e n d e n , y c o m o i n s t r u m e n t o s t o m o a
mis servidores, q u e están sanos y leprosos, p a r a q u e in-
t e r c e d a n p o r ellos.
A l g u n a vez m o s t r a r é a éstos, c o m o u n a vez hice conti-
go y c o m o tú sabes, estos miserables p e c a d o s , p a r a q u e
sean m á s solícitos en b u s c a r la salvación y m e ofrezcan
o r a c i o n e s p o r ellos c o n m a y o r c o m p a s i ó n y d o l o r p o r los
p e c a d o s y p o r la ofensa q u e m e h a c e n . Si te a c u e r d a s
bien, u n a b o c a n a d a d e esta pestilencia te afectó t a n t o ,
q u e n o podías m á s , c o m o m e dijiste: «¡Oh P a d r e eter-
n o ! , ten misericordia d e m í y d e tus c r i a t u r a s . S á c a m e el
a l m a del c u e r p o , p o r q u e p a r e c e q u e n o lo sufro m á s , o
d a m e refrigerio y e n s é ñ a m e el l u g a r d e los o t r o s servi-
d o r e s , los tuyos, d o n d e p o d a m o s d e s c a n s a r , p a r a q u e
esta lepra no nos p u e d a d a ñ a r ni q u i t a r la limpieza d e
n u e s t r a alma y d e n u e s t r o s c u e r p o s » .
Y o te contesté v o l v i é n d o m e hacia ti c o n ojos d e pie-
d a d , y te dije y repito: «Hijita mía: sea v u e s t r o r e p o s o
d a r gloria y alabanza a m i n o m b r e e i n c e n s a r m e con la
o r a c i ó n c o n t i n u a p o r estos pobrecillos q u e se hallan en
t a n t a miseria, h a c i é n d o s e d i g n o s del j u i c i o d i v i n o p o r
sus p e c a d o s . El l u g a r d o n d e os cobijéis sea Cristo cruci-
ficado, m i Hijo u n i g é n i t o , h a b i t a n d o y e s c o n d i é n d o o s
en la c a v e r n a d e mi c o s t a d o , d o n d e gozaréis, p o r afecto
d e a m o r , en la n a t u r a l e z a h u m a n a d e Cristo, mi n a t u r a -
leza divina. E n a q u e l c o r a z ó n abierto e n c o n t r a r é i s m i
c a r i d a d y la del p r ó j i m o , p u e s p o r h o n o r a mí, el P a d r e
e t e r n o , y p o r la o b e d i e n c i a q u e le i m p u s e p a r a v u e s t r a
salvación, sufrió la a f r e n t o s a m u e r t e en la santísima
c r u z . V i e n d o y e x p e r i m e n t a n d o este a m o r , seguiréis sus
e n s e ñ a n z a s a l i m e n t a d o s e n la mesa d e la c r u z , es decir,
soportanto por caridad a vuestro prójimo con verdadera
paciencia: en p e n a s , t o r m e n t o s y fatigas, v e n g a n d e
294 El Diálogo
3
Este y los p á r r a f o s a n t e r i o r e s son a u t o b i o g r á f i c o s .
4
Mt 5 , 1 5 - 1 6 . 5 Cf. c.85.
El cuerpo místico de la Iglesia 295
' Le 4 , 2 3 .
296 El Diálogo
2
El texto resulta ambiguo, no pudiendo asegurarse que se trate de
una visión de Catalina; sin embargo, el contexto parece indicarlo.
El cuerpo místico de la Iglesia 297
d e l d e m o n i o q u e c o n sus pestilencias e n v e n e n a n d e n t r o
y fuera: fuera, e n los seglares, y d e n t r o , e n la vida reli-
giosa. Se e n c u e n t r a n p r i v a d o s d e la c a r i d a d f r a t e r n a y
c a d a u n o q u i e r e ser m á s principal y b u s c a r p o s e e r bie-
n e s . O b r a n c o n t r a el m a n d a m i e n t o y c o n t r a el voto q u e
han hecho.
H i c i e r o n la p r o m e s a d e o b s e r v a r la regla, y la q u e -
b r a n t a n . N o sólo n o la o b s e r v a n ellos, sino q u e a c t u a r á n
c o m o lobos h a m b r i e n t o s con los c o r d e r o s q u e q u i s i e r a n
o b s e r v a r l a , b e f á n d o s e d e ellos y e s c a r n e c i é n d o l o s . Los
miserables c r e e n q u e c o n las b u r l a s y escarnios q u e ha-
c e n a los b u e n o s religiosos o b s e r v a n t e s d e la regla, e n -
c u b r e n sus p e c a d o s , y los d e s c u b r e n m u c h o m á s . A tan-
to h a l l e g a d o el m a l e n las ó r d e n e s religiosas, es decir,
h a n llegado a tal e s t a d o p o r lo m a l q u e se les c o r r i g e . Y
se t i e n e p o r malos s u b d i t o s a los q u e , c u m p l i e n d o la r e -
gla c o n e x a c t i t u d , p a r e c e q u e la q u e b r a n t a n p o r n o se-
g u i r las c o s t u m b r e s q u e los relajados h a n establecido y
q u e éstos o b s e r v a n a los ojos d e los seglares, q u e r i e n d o
a g r a d a r l e s p a r a e n c u b r i r sus p r o p i o s p e c a d o s . Las ó r d e -
nes religiosas son s a n t a s y f u n d a d a s c o n la inspiración
del Espíritu S a n t o . P o r eso, la r e g l a , e n sí, n o p u e d e ser
e c h a d a a p e r d e r , ni c o r r o m p i d a p o r el p e c a d o d e los
s u b d i t o s . Él q u e d e s e e i n g r e s a r e n la vida religiosa n o
d e b e m i r a r a los q u e son malos, sino n a v e g a r e n los b r a -
zos d e la regla, q u e n o está e n f e r m a ni p u e d e e n f e r m a r ,
y d e b e n o b s e r v a r l a hasta la m u e r t e . Ves q u e el p r i m e r
voto, el d e o b e d i e n c i a , d e c u m p l i r la regla, n o lo c u m -
p l e n . De la o b e d i e n c i a te h a b l a r é e n o t r o l u g a r .
H a c e n t a m b i é n el voto d e o b s e r v a r la p o b r e z a volun-
taria y d e g u a r d a r c o n t i n e n c i a . ¿ C ó m o los g u a r d a n ?
M i r a las posesiones y el d i n e r o q u e t i e n e n e n p a r t i c u l a r ,
e s t a n d o alejados d e la c a r i d a d c o m ú n , del d e b e r d e r e -
p a r t i r c o n sus h e r m a n o s los bienes t e m p o r a l e s y espiri-
tuales, tal c o m o lo exige el p r e c e p t o d e la c a r i d a d y d e la
o r d e n . Q u i e r e n e n g o r d a r n o m e n o s q u e sus a n i m a l e s , y
3
u n a bestia a l i m e n t a a la o t r a y su p o b r e h e r m a n o
m u e r e d e frío y h a m b r e . Bien vestidos y c o n b u e n a co-
m i d a , n o p i e n s a n e n el p o b r e ni se q u i e r e n e n c o n t r a r
c o n él e n la m e s a del refectorio. Su deleite consiste e n
1
Crón 21,133-134.
298 El Diálogo
126 [ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a e l p e c a d o d e la l u j u r i a . ]
1
Mt 7 , 1 5 .
300 El Diálogo
2
Ap 1,5. 3
Flp 3,19.
El cuerpo místico de la Iglesia 301
T o d o lo q u e se hace c o n t u s m a n o s está c o r r o m p i d o y
d i r i g i d o al d e m o n i o . ¡Oh m i s e r a b l e ! T e h e c o l o c a d o e n
tan g r a n d i g n i d a d p a r a q u e m e sirvas ú n i c a m e n t e a mí y
a t o d a c r i a t u r a racional.
Yo quise q u e le f u e r a n t r a s p a s a d o s los pies y abierto
el c o s t a d o , h a c i e n d o d e su c u e r p o escalera, p a r a q u e vie-
ses el secreto del c o r a z ó n . O s lo h e p u e s t o c o m o b o d e g a
abierta d o n d e p o d á i s ver y g u s t a r el inefable a m o r q u e
os t e n g o c u a n d o halláis y veis m i n a t u r a l e z a divina u n i -
d a a la vuestra, q u e es h u m a n a . A q u í veis la s a n g r e q u e
vosotros a d m i n i s t r á i s , la q u e h e d a d o c o m o b a ñ o p a r a
limpiar vuestras m a l d a d e s . T ú has h e c h o d e tu c o r a z ó n
t e m p l o del d e m o n i o . T u afecto, simbolizado e n los pies,
n o tiene ni ofrece o t r a cosa q u e c o r r u p c i ó n y vituperio.
Los pies d e tu afecto n o llevan al a l m a a o t r o l u g a r q u e
a los l u g a r e s del d e m o n i o . De m o d o q u e t o d o tu c u e r p o
h i e r e al d e mi Hijo, p o r q u e haces lo c o n t r a r i o d e lo q u e
El h a h e c h o y d e lo q u e t o d a s las c r i a t u r a s estáis obliga-
das a hacer.
Los m i e m b r o s d e tu c u e r p o h a n recibido su castigo,
p o r q u e las tres potencias se hallan u n i d a s e n él e n el
n o m b r e del d e m o n i o , c u a n d o d e b e r í a n e s t a r r e u n i d a s
en mi nombre.
T u m e m o r i a d e b e r í a e s t a r llena d e los beneficios q u e
d e mí h a s recibido, y lo está d e d e s h o n e s t i d a d e s . C o n la
luz d e la fe d e b e r í a s p o n e r lo ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o
e n Cristo crucificado, d e q u i e n te h e h e c h o m i n i s t r o , y
tú los has p u e s t o e n las delicias, posición social y r i q u e -
zas d e l m u n d o , c o n m í s e r a v a n i d a d . T u afecto d e b e r í a
a m a r m e sin i n t e r m e d i a r i o a l g u n o , y t ú lo h a s p u e s t o mi-
s e r a b l e m e n t e e n a m a r a las c r i a t u r a s y e n tu c u e r p o , y
h a s t a a m a s a tus a n i m a l e s m á s q u e a mí. ¿ Q u é m e lo d e -
m u e s t r a ? La impaciencia q u e tienes c o n m i g o si te q u i t o
lo q u e a m a s , el d e s a g r a d o q u e e n c u e n t r a s e n el p r ó j i m o
c u a n d o te p a r e c e recibir a l g ú n perjuicio t e m p o r a l d e él.
C u a n d o lo odias y maldices, te a p a r t a s d e m i a m o r y del
suyo. ¡ D e s v e n t u r a d o d e ti si, h e c h o m i n i s t r o del fuego
d e m i c a r i d a d , tú, p o r tus p r o p i o s y d e s o r d e n a d o s place-
res, p i e r d e s esa c a r i d a d p o r el p e q u e ñ o d a ñ o q u e reci-
bes d e tu p r ó j i m o !
¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! Esta es u n a d e las tres misera-
bles c o l u m n a s d e q u e h a b l é .
302 El Diálogo
127 [ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s t a n c o n
u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los beneficios y p r e l a c i a s . — M a l e s
q u e s e s i g u e n a la s a n t a I g l e s i a . ]
T e hablaré a h o r a d e la s e g u n d a c o l u m n a , q u e es la
avaricia. Puesto q u e mi Hijo unigénito ha d a d o con tan-
ta generosidad, no seas tú tacaño. T ú ves su costado,
c o m p l e t a m e n t e abierto en el m a d e r o de la cruz, y la
sangre, vertida p o r todas partes. N o ha c o m p r a d o la li-
bertad ni con o r o ni con plata, sino con la sangre, p o r
largueza d e su a m o r '. N o redimió a u n a parte del m u n -
d o , sino a todo el g é n e r o h u m a n o , tanto a los h o m b r e s
q u e existieron c o m o a los presentes y venideros. N o os
ha d a d o la r e d e n c i ó n con sangre, sino con fuego, por-
q u e os ha d a d o el fuego del a m o r . N o la hizo con fuego
y sangre, sin mi naturaleza divina, puesto q u e se halla
u n i d a p e r f e c t a m e n t e a la h u m a n a . De esta sangre, uni-
da con el a m o r g e n e r o s o a ti, miserable, te he hecho ad-
ministrador, y tú, con avaricia y codicia, d e lo q u e mi
Hijo adquirió e n la cruz —las almas, redimidas con tan-
to amor—, eres avaro; con tan e x t r e m a d a tacañería p o r
avaricia, q u e te d e t e r m i n a s a v e n d e r la gracia del Espíri-
tu Santo, eso q u e te ha d a d o al ser h e c h o a d m i n i s t r a d o r
2
d e la sangre . Q u i e r e s q u e tus subditos se c o m p r e n d e
n u e v o a sí mismos c u a n d o te piden lo q u e has recibido
3
c o m o regalo .
N o tienes tu boca p r e p a r a d a p a r a alimentarte d e al-
mas p o r mi h o n o r , sino p a r a engullir d i n e r o . T e has he-
c h o tan m e z q u i n o e n la caridad con lo q u e tan g e n e r o -
samente has recibido, q u e no t e n g o cabida en ti p o r la
gracia, ni tampoco cabe tu prójimo. Ni los bienes t e m p o -
rales, q u e con g e n e r o s i d a d recibes en virtud d e la san-
g r e , ni tú, avaro miserable, sois b u e n o s más q u e p a r a ti
mismo. C o m o l a d r ó n d i g n o de m u e r t e e t e r n a , has roba-
d o lo d e los pobres y lo d e la santa Iglesia y lo has gasta-
d o e n lujurias con mujeres, con h o m b r e s deshonestos y
con tus parientes. Lo has gastado e n placeres y e n el cui-
d a d o d e tus hijos.
1
1 Pe 1,18-10.
2 Act 8,18-20.
J Mt 10,8.
El cuerpo místico de la Iglesia 303
4
Mt 21,13.
El cuerpo místico de ¡a Iglesia 305
5
Cf. c.15.
6
Is 56,7; J e r 7 , 1 1 ; Mt 2 1 , 1 3 ; Me 11,17; Le 19,46.
306 El Diálogo
7
Mt 8,22.
El cuerpo mistico de la Iglesia 307
128 [ E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a c i e g a a la
inteligencia.—Los q u e simulan consagrar y n o consagran.)
T e q u i e r o h a b l a r a h o r a d e la t e r c e r a c o l u m n a , o sea,
d e la soberbia. A u n q u e n o m b r a d a la última, es la ú l t i m a
y la p r i m e r a , ya q u e t o d o s los vicios se hallan f u n d a d o s
en ella, c o m o , p o r el c o n t r a r i o , las v i r t u d e s lo e s t á n en la
c a r i d a d y d e ella r e c i b e n la vida.
La soberbia nace d e l a m o r p r o p i o sensitivo y es fo-
m e n t a d a p o r él. T e dije d e éste q u e e r a f u n d a m e n t o d e
las tres c o l u m n a s , c o m o d e t o d o s los p e c a d o s q u e c o m e -
ten las c r i a t u r a s . Por ello, q u i e n se a m a c o n a m o r d e s o r -
d e n a d o , q u e d a p r i v a d o d e m i a m o r , p o r q u e en r e a l i d a d
n o m e a m a , y, al n o a m a r m e , m e o f e n d e p o r n o o b s e r -
var el m a n d a m i e n t o d e la ley, esto es, d e a m a r m e s o b r e
t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o . P o r esta
r a z ó n , al a m a r s e c o n a m o r sensitivo, n o m e sirven ni m e
a m a n , sino q u e sirven y a m a n al m u n d o , p u e s el a m o r
sensitivo y el m u n d o n o se hallan e n c o n f o r m i d a d c o n -
m i g o . Si les falta la c a r i d a d , se sigue q u e a m a n al m u n -
d o c o n a m o r sensitivo, q u e le sirven a él y m e o d i a n a
mí. P o r eso dijo mi V e r d a d q u e n a d i e p u e d e servir a
d o s s e ñ o r e s q u e son e n e m i g o s , p u e s , si sirve a u n o , será
m e n o s p r e c i a n d o al o t r o '. T a l c o m o ves, el a m o r p r o p i o
priva al a l m a d e m i c a r i d a d y la viste c o n el p e c a d o d e la
soberbia, d e la q u e n a c e t o d o p e c a d o p o r m e d i o del
principio del a m o r p r o p i o .
M e d u e l o y l a m e n t o d e t o d a c r i a t u r a racional q u e se
halla en este p e c a d o , p e r o e s p e c i a l m e n t e d e mis u n g i -
d o s , q u e d e b e n ser h u m i l d e s , t a n t o p o r q u e c a d a u n o
d e b e p o s e e r la v i r t u d d e la h u m i l d a d q u e f o m e n t a la ca-
r i d a d , c o m o p o r h a b e r sido h e c h o s m i n i s t r o s del h u m i l -
d e e i n m a c u l a d o C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . N o se
a v e r g ü e n z a n , ni ellos ni el g é n e r o h u m a n o , d e e n s o b e r -
becerse c u a n d o m e ven a mí, Dios, h u m i l l a d o al h o m -
b r e , d á n d o l e s el V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o e n v u e s t r a
c a r n e . Ellos lo ven c o r r e r y h u m i l l a r s e a la a f r e n t o s a
2
c r u z e n r a z ó n d e la o b e d i e n c i a q u e yo le i m p u s e .
T i e n e la cabeza inclinada, p a r a s a l u d a r t e , y la c o r o n a
1
Mt 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 .
2
F l p 2,8.
308 El Diálogo
129 [ O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e s e c o m e t e n a c a u s a d e la
soberbia y del a m o r propio. I
' Is 9,3.
2
Mt 15,14.
El cuerpo místico de la Iglesia 313
3
Alusión autobiográfica.
El cuerpo místico de la Iglesia 315
c u e r p o s ? Y tú te m e t e s e n ellos. ¿ N o ves q u e la s e g u r
d e la d i v i n a justicia se halla ya colocada a la raíz d e
tu árbol? T e a s e g u r o q u e los p e c a d o s se a c u m u l a n c o m o
los intereses e n la u s u r a , y e n su l u g a r y t i e m p o , si t ú
m i s m o n o castigas tus m a l d a d e s c o n la p e n i t e n c i a y c o n -
trición d e c o r a z ó n , n o se te t e n d r á en c o n s i d e r a c i ó n el
ser s a c e r d o t e , a n t e s bien serás m i s e r a b l e m e n t e castiga-
d o , y sufrirás p e n a s p o r ti y p o r ellos, y serás a t o r m e n t a -
d o m á s c r u e l m e n t e q u e los d e m á s .
¡ T e v e n d r á e n t o n c e s al p e n s a m i e n t o el a r r o j a r al d e -
m o n i o c o n el d e m o n i o d e la concupiscencia! ¿Y q u é s e r á
d e la d e s g r a c i a d a cómplice q u e a c u d e a la c r i a t u r a p a r a
q u e la libere, y será ligada a él m á s f u e r t e m e n t e c o n u n
p e c a d o m a y o r y c a e r á p o r n u e v o s m o d o s y c a m i n o s ? Si
t e a c u e r d a s bien, tú viste c o n tus p r o p i o s ojos a q u i é n
4
esto o c u r r i ó . H e aquí u n p a s t o r sin p e r r o d e la c o n -
ciencia, q u e n o sólo a h o g a su conciencia, sino la d e los
demás.
Yo h e p u e s t o a los m i n i s t r o s p a r a q u e c a n t e n y salmo-
d i e n p o r la n o c h e e n el oficio divino, y ellos h a n p r o c u -
r a d o h a c e r m a l d a d e s y p r o d u c i r e n c a n t a m i e n t o e n las
«demonias», haciéndolas q u e vengan, por e n g a ñ o , a me-
d i a n o c h e — a l g u n a vez p a r e c e r á q u e van a llegar y n o lo
h a r á n — . ¿ T e h e h e c h o s a c e r d o t e p a r a q u e tu vigilia d e
la n o c h e la gastes e n esto? C i e r t a m e n t e , n o ; sino p a r a
q u e la e m p l e e s e n o r a c i ó n , a fin d e q u e p o r la m a ñ a n a
vayas p r e p a r a d o p a r a c e l e b r a r y d e s al p u e b l o la f r a g a n -
cia d e la v i r t u d y n o el h e d o r d e l p e c a d o . Estáis coloca-
d o s e n el e s t a d o angélico p a r a q u e podáis t r a t a r c o n los
á n g e l e s p o r m e d i o d e la s a n t a m e d i t a c i ó n en esta vida y
d e s p u é s , al final, gustéis c o n ellos d e mi e t e r n a visión;
tú, sin e m b a r g o , te deleitas e n s e r d e m o n i o y t e n e r t r a t o
con ellos a n t e s d e q u e llegue el m o m e n t o d e la m u e r t e .
Los c u e r n o s d e la soberbia h a n h e r i d o los ojos d e tu
e n t e n d i m i e n t o , en la pupila d e la santísima fe, y has p e r -
d i d o la luz; p o r eso n o ves en c u á n t a miseria te hallas.
N o c r e e s d e veras q u e la c u l p a es castigada y t o d a b u e n a
o b r a r e m u n e r a d a . Si d e veras lo creyeses, n o o b r a r í a s
así y n o buscarías ni q u e r r í a s t a n f r e c u e n t e m e n t e t r a t o ,
sino q u e , m á s bien, vivirías c o n t e r r o r a p r o n u n c i a r su
4
Alusión autobiográfica.
316 El Diálogo
n o m b r e . P e r o c o m o sigues su voluntad, e n c u e n t r a s d e -
leite e n el d e m o n i o y en sus o b r a s . ¡Ciego, más q u e cie-
go! Q u i s i e r a q u e p r e g u n t a s e s al d e m o n i o q u é p r e m i o se
te sigue d e servirle c o n t o d o lo q u e haces. El te r e s p o n -
dería q u e te d a r á n el p r e m i o q u e ellos tienen y q u e n o
te p u e d e n d a r o t r a cosa q u e eso: h o r r o r o s o s t o r m e n t o s
y fuego e n q u e a r d e n c o n t i n u a m e n t e , e n el q u e caye-
r o n , por su soberbia, d e s d e las alturas del cielo. Y tú,
ángel en la tierra, caes d e tu altura p o r la soberbia; d e la
dignidad del sacerdote y del tesoro d e la virtud, a la po-
breza más miserable, y, si n o te e n m i e n d a s , caerás en el
infierno.
Al m u n d o y a ti mismo los has h e c h o dios y s e ñ o r
p a r a ti. T e h e colocado en el estado sacerdotal p a r a q u e
te monospreciases a ti mismo y al m u n d o en lo material
sensible. Di a h o r a al m u n d o , con todas las delicias, q u é
has sacado e n esta vida, y a los sentidos c ó m o has u s a d o
las cosas del m u n d o ; diles q u e te justifiquen ante mí, su-
p r e m o J u e z . T e r e s p o n d e r á n q u e n o te p u e d e n ayu-
d a r , y se b u r l a r á n , diciendo: «Arriésgate tú, pues es con-
veniencia tuya». Y te dejarán confuso y b u r l a d o a n t e mí
y ante el m u n d o .
T o d o este d a ñ o n o lo ves, p o r q u e los c u e r n o s d e tu
soberbia te h a n c e g a d o ; p e r o lo verás en el último m o -
m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o n o p o d r á s t o m a r c o m o r e -
m e d i o n i n g u n a virtud tuya, p o r q u e n o la hay, sino sólo
mi misericordia, confiando en aquella dulce sangre d e
la q u e fuiste ministro. Ni a ti ni a n a d i e se le privará d e
confiar e n ella y e n mi misericordia, si bien n i n g u n o
d e b e ser tan m e n t e c a t o ni tan ciego q u e a g u a r d e hasta
el último m o m e n t o .
Piensa q u e , e n ese instante, al h o m b r e q u e ha vivido
p e c a m i n o s a m e n t e le acusan los d e m o n i o s , el m u n d o y la
propia fragilidad. N o les a g r a d a ni ven deleite allí d o n -
d e se e n c o n t r a b a lo a m a r g o , ni ven lo perfecto d o n d e
había imperfección, ni luz d o n d e había oscuridad, tal
c o m o les o c u r r í a d u r a n t e su vida, sino q u e le p r e s e n t a n
la v e r d a d tal c o m o es. El p e r r o d e la conciencia, q u e e r a
débil, c o m i e n z a a l a d r a r con t a n t o ahínco, q u e casi lleva
al alma a la desesperación, a u n q u e algunas veces n o lle-
ga a ella, sino a la esperanza en la s a n g r e , a pesar d e los
pecados c o m e t i d o s , puesto q u e , sin comparación, la mi-
El cuerpo místico de la Iglesia 317
131 [ D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s p e c a -
d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e . ]
T e h e r e f e r i d o c ó m o el m u n d o , los d e m o n i o s y los
p r o p i o s s e n t i d o s los a c u s a b a n , y ésa es la v e r d a d . De
esto te q u i e r o h a b l a r a h o r a m á s p o r e x t e n s o ; d e estos
m i s e r a b l e s , p a r a q u e les t e n g a s m a y o r c o m p a s i ó n . ¡ C u a n
distintos son los a t a q u e s q u e recibe el a l m a d e l j u s t o d e
los d e l p e c a d o r y c u a n d i f e r e n t e su m u e r t e ! ¡En c u á n t a
paz se p r o d u c e la m u e r t e del j u s t o , m a y o r o m e n o r se-
g ú n la perfección d e su a l m a !
P o r eso q u i e r o q u e sepas q u e t o d a s las p e n a s q u e su-
fren las c r i a t u r a s racionales se e n c u e n t r a n e n la v o l u n -
t a d , p u e s si la v o l u n t a d estuviese e n o r d e n y a c o r d e c o n
la m í a , n o sufrirían p e n a . N o se le q u i t a r í a n los sufri-
m i e n t o s , sino q u e la v o l u n t a d los s o p o r t a r í a d e b u e n
g r a d o p o r a m o r a mí y ya n o le c a u s a r í a p e n a sobrelle-
varlos c o n g u s t o , c o n s i d e r a n d o q u e ésa es m i v o l u n t a d .
P o r el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o q u e se t i e n e n a sí m i s m o s
se e n c u e n t r a n e n g u e r r a c o n el m u n d o , el d e m o n i o y
los p r o p i o s s e n t i d o s , p o r lo q u e , al llegar la h o r a d e la
m u e r t e , ésta es recibida e n paz, p u e s los e n e m i g o s h a n
sido ya d e r r o t a d o s d u r a n t e la vida. El m u n d o n o los
p u e d e acusar, p o r q u e c o n o c i e r o n sus a r g u c i a s , y p o r eso
r e n u n c i a r o n a t o d a s sus delicias. Los frágiles s e n t i d o s y
el c u e r p o n o les acusan, p o r q u e los t i e n e n c o m o esclavos
c o n el f r e n o d e la r a z ó n , m a c e r a n d o la c a r n e c o n la p e -
nitencia, c o n la vigilia y la o r a c i ó n c o n t i n u a . A la v o l u n -
tad sensitiva la m a t a r o n c o n el a b o r r e c i m i e n t o al vicio y
c o n el a m o r a la v i r t u d , h a b i e n d o p e r d i d o las c o n d e s -
c e n d e n c i a s c o n su c u e r p o . El m i m o y a m o r q u e hay e n -
t r e el c u e r p o y el a l m a es c a u s a d e q u e el h o m b r e t e m a ,
n a t u r a l m e n t e , la m u e r t e .
P e r o c o m o e n el perfecto y j u s t o la v i r t u d s o b r e p u j a a
la n a t u r a l e z a , es decir, la h a c e d e s a p a r e c e r , se s o b r e p o -
n e él c o n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o y el d e s e o d e volver a
320 El Diálogo
' Mt 7,2.
322 El Diálogo
2
Act 9,15.
El cuerpo místico de la Iglesia 323
¡Hija q u e r i d í s i m a ! N o es t a n g r a n d e la excelencia d e
éstos c o m o lo es la m i s e r i a d e los d e s v e n t u r a d o s d e q u e
te h e h a b l a d o . ¡ Q u é t e r r i b l e y llena d e o s c u r i d a d es su
m u e r t e ! P o r q u e , e n el ú l t i m o m o m e n t o , los d e m o n i o s
les a c u s a n c o n t e r r o r y o s c u r i d a d , m o s t r á n d o l e s su figu-
r a , q u e sabes lo h o r r i b l e q u e es. Si la c r i a t u r a p u d i e r a
elegir e n esta vida, p r e f e r i r í a s u f r i r c u a l q u i e r d o l o r a n -
tes q u e t e n e r la visión d e l d e m o n i o .
Se r e n u e v a , a d e m á s , el r e m o r d i m i e n t o d e la c o n c i e n -
cia, q u e r o e al a l m a m i s e r a b l e m e n t e . La a c u s a n las d e -
s o r d e n a d a s delicias y los p r o p i o s s e n t i d o s , d e los q u e
hizo su s e ñ o r , esclavizando su r a z ó n a ellos. Es c u a n d o
ve la v e r d a d d e lo q u e a n t e s d e s c o n o c í a , d e d o n d e le
viene u n a g r a n c o n f u s i ó n p o r c a u s a d e sus equivocacio-
n e s . E n la vida vivió c o m o u n i n c r é d u l o y n o c o m o fiel a
m í , p o r q u e el a m o r p r o p i o le t a p ó la p u p i l a d e la luz
s a n t í s i m a d e la fe; y el d e m o n i o le t i e n t a c o n ese p e c a d o
c o m e t i d o p a r a h a c e r l e c a e r e n la d e s e s p e r a c i ó n .
¡ Q u é d u r o le es este a t a q u e ! Se halla d e s a r m a d o y n o
e n c u e n t r a las a r m a s d e la c a r i d a d , p o r q u e , c o m o m i e m -
b r o d e l d i a b l o , está p r i v a d o d e t o d o . N o t i e n e ni la luz
s o b r e n a t u r a l ni la d e la ciencia, p o r n o h a b e r l a e n t e n d i -
d o , p u e s los c u e r n o s d e la s o b e r b i a n o le d e j a r o n c o m -
324 El Diálogo
p o r n o e n c o n t r a r deleite a l g u n o ni o t r a cosa q u e u n a
p e n a intolerable. P o r ella d e s p r e c i a n m i m i s e r i c o r d i a al
c o n s i d e r a r m a y o r su p e c a d o q u e m i m i s e r i c o r d i a y mi
b o n d a d . P o r lo q u e , caídos e n este p e c a d o , n o se a r r e -
p i e n t e n ni t i e n e n d o l o r v e r d a d e r o p o r m i ofensa, c o m o
d e b e r í a n t e n e r l o . Se d u e l e n d e su d a ñ o , p e r o n o d e la
o f e n s a h e c h a a m í , y d e este m o d o r e c i b e n la e t e r n a
condenación.
Ves, p u e s , q u e sólo este p e c a d o les lleva al i n f i e r n o ,
d o n d e son a t o r m e n t a d o s p o r este y o t r o s p e c a d o s c o m e -
tidos. Si se h u b i e r a n d o l i d o y a r r e p e n t i d o d e la ofensa
h e c h a a m í y h u b i e r a n e s p e r a d o e n m i m i s e r i c o r d i a , la
h a b r í a n h a l l a d o . C o m o , sin c o m p a r a c i ó n a l g u n a , es
m a y o r m i m i s e r i c o r d i a q u e t o d o s los p e c a d o s q u e p u e d e
c o m e t e r u n a c r i a t u r a , p o r eso m e d e s a g r a d a q u e d e n
m á s i m p o r t a n c i a a sus p e c a d o s , y éste es el p e c a d o q u e
n o es p e r d o n a d o ni a q u í ni allí. C o m o e n el m o m e n t o
• d e la m u e r t e , l u e g o d e h a b e r p a s a d o su vida e n ofensas,
m e d e s a g r a d a s o b r e m a n e r a la d e s e s p e r a c i ó n y q u i s i e r a
q u e se a g a r r a s e n a m i m i s e r i c o r d i a , p o r esto e n la vida
u s o c o n ellos la e s t r a t a g e m a d e h a c e r l e s c o n f i a r amplia-
m e n t e en mi misericordia, pues c u a n d o interiormente
se hallan fortalecidos c o n ella, al llegar la m u e r t e , n o
son t a n inclinados a a b a n d o n a r l a a c a u s a d e las graves
acusaciones q u e c o n t r a ellos o y e n , c o m o h a r í a n si n o
e s t u v i e r a n i n t e r i o r m e n t e fortalecidos.
T o d o esto lo p r o d u c e el fuego y la p r o f u n d i d a d d e mi
c a r i d a d . P e r o c o m o h a n u s a d o las tinieblas d e l a m o r
propio, de d o n d e ha nacido todo pecado, no han cono-
cido d e veras m i c a r i d a d , y, c o n s i g u i e n t e m e n t e , se les h a
i m p u t a d o m á s a su g r a n p r e s u n c i ó n q u e a su d e f e c t o la
d u l z u r a d e la m i s e r i c o r d i a . Esta es o t r a acusación q u e
les h a c e la conciencia e n p r e s e n c i a d e los d e m o n i o s , r e -
p r o c h á n d o l e s q u e el t i e m p o y la a m p l i t u d d e la miseri-
c o r d i a e n q u e c o n f i a b a n d e b i e r a n h a b e r sido e m p l e a d o s
e n a u m e n t a r la c a r i d a d y a m o r a la v i r t u d y e n gastar
v i r t u o s a m e n t e lo q u e p o r a m o r les di, m i e n t r a s ellos m e
o f e n d e n m i s e r a b l e m e n t e c o n ese t i e m p o y la excesiva
confianza e n la misericordia.
¡ O h ciego y m á s q u e ciego! E n t e r r a b a s la m a r g a r i t a y
el t a l e n t o q u e os p u s e e n las m a n o s p a r a q u e tuvierais
g a n a n c i a s con él, y, c o m o p r e s u n t u o s o , n o quisiste h a c e r
326 El Diálogo
2
1
Mt 25,14-30. Is 66,24; Me 9,43-47.
El cuerpo místico de la Iglesia 327
• Sal 1 0 4 , 1 5 .
330 El Diálogo
¡Oh s u m o y e t e r n o B i e n ! ¿ Q u i é n te h a m o v i d o , Dios
infinito, a i l u m i n a r m e a mí, u n a c r i a t u r a tuya, finita,
c o n la luz d e tu v e r d a d ? T ú , el m i s m o f u e g o d e a m o r ,
e r e s la causa, p o r q u e s i e m p r e el a m o r es el q u e h a obli-
g a d o y te obliga a c r e a r n o s a i m a g e n y s e m e j a n z a tuya y
a hacernos misericordia, o t o r g a n d o infinitas e i n c o n m e n -
s u r a b l e s gracias a tus c r i a t u r a s racionales.
¡Oh B o n d a d s o b r e t o d a b o n d a d ! T ú solo e r e s s u m a -
m e n t e b u e n o , y h a s t a nos diste al V e r b o d e tu u n i g é n i t o
Hijo p a r a q u e t r a t a r a c o n n o s o t r o s , q u e s o m o s h e d o r y
p l e n i t u d d e tinieblas. ¿Cuál fue la c a u s a d e esto? El
amor, p o r q u e nos amaste antes d e que existiéramos.
¡Oh B o n d a d y e t e r n a G r a n d e z a ! T e hiciste bajo y p e -
q u e ñ o p a r a h a c e r g r a n d e al h o m b r e . A c u a l q u i e r p a r t e
q u e m e vuelvo, n o e n c u e n t r o o t r a cosa q u e el a b i s m o y
fuego d e tu c a r i d a d .
¿Y seré yo la m i s e r a b l e q u e p u e d a r e s p o n d e r a las
gracias y a la a r d i e n t e c a r i d a d q u e has m a n i f e s t a d o y
manifiestas con tan a r d i e n t e a m o r e n p a r t i c u l a r , a d e m á s
d e la c a r i d a d c o m ú n y a m o r q u e manifiestas a las c r i a t u -
ras? N o , sino ú n i c a m e n t e tú, dulcísimo y a m o r o s o Pa-
d r e , serás lo q u e te p u e d e a g r a d a r a ti e n l u g a r m í o , es
decir, q u e el afecto d e m i s m a c a r i d a d te d a r á gracias,
p u e s t o q u e yo soy la q u e soy n a d a . Si dijese q u e e r a algo
p o r m í m i s m a , m e n t i r í a d e pies a cabeza, sería m e n t i r o -
sa e hija d e l d e m o n i o , q u e es p a d r e d e la m e n t i r a . P e r o
c o m o t ú e r e s el q u e es, m i ser, t o d a la gracia q u e m e h a s
o t o r g a d o la t e n g o d e ti y m e la has d a d o p o r a m o r y n o
p o r q u e debieras hacerlo.
¡ O h dulcísimo P a d r e ! C u a n d o el g é n e r o h u m a n o ya-
1
cía e n f e r m o a c a u s a d e l p e c a d o m o r t a l , tú le enviaste
2
el m é d i c o , el d u l c e y a m o r o s o V e r b o . A h o r a , c u a n d o
yo yacía e n f e r m a d e n e g l i g e n c i a y m u c h a i g n o r a n c i a , tú,
suavísimo y d u l c í s i m o M é d i c o , Dios e t e r n o , m e h a s
d a d o u n a suave m e d i c i n a , d u l c e y a m a r g a p a r a q u e c u r e
y m e l e v a n t e d e mi e n f e r m e d a d . Suave m e es, p u e s c o n
s u a v i d a d y c a r i d a d te h a s m a n i f e s t a d o a m í . M e es d u l c e
s o b r e t o d a d u l z u r a , p o r q u e has i l u m i n a d o los ojos d e mi
e n t e n d i m i e n t o c o n la luz d e la santísima fe. P o r esa luz,
' C r ó n 6,28
2
Le 5 , 3 1 .
332 El Diálogo
es la s a n g r e q u e , a la p u e r t a , te p i d e n tus servidores
c o m o h a m b r i e n t o s . Por ella te p i d e n q u e concedas mise-
ricordia al m u n d o y q u e vuelva a florecer la santa Igle-
sia con las fragantes flores d e b u e n o s y santos pastores y
con su p e r f u m e desvanezca la pestilencia d e los inicuos
y podridos.
P a d r e e t e r n o : tú dijiste q u e p o r el a m o r q u e has teni-
d o a tus c r i a t u r a s racionales harías misericordia al m u n -
d o , r e f o r m a r í a s la santa Iglesia, y así nos darías alivio
m e d i a n t e la o r a c i ó n y los sufrimientos d e los n o culpa-
bles. N o te retrases e n volver los ojos d e tu misericordia,
sino r e s p o n d e con la voz d e ella antes d e q u e llamemos.
A b r e la p u e r t a d e la inestimable c a r i d a d q u e nos diste
5
m e d i a n t e la p u e r t a del V e r b o . Sí; yo sé q u e abres antes
d e q u e l l á m e n o s , p a r a q u e con el afecto del a m o r q u e
has d a d o a tus servidores golpeen y te llamen con fuer-
za, b u s c a n d o tu h o n o r y la salvación d e las almas. Dales,
p u e s , el p a n d e vida, es decir, el f r u t o d e la s a n g r e d e tu
Hijo u n i g é n i t o , el q u e te p i d e n p a r a gloria y h o n o r d e
tu n o m b r e y la salvación d e las almas. P o r q u e p a r e c e
q u e te d a n m á s gloria y alabanza al salvar a las criaturas
q u e en dejarlas, obstinadas, p e r m a n e c e r e n la d u r e z a d e
su corazón. P a d r e e t e r n o , a ti te es posible t o d o . A u n -
q u e nos creaste sin nosotros, n o nos quieres salvar sin
nosotros; sin e m b a r g o , te r u e g o q u e fuerces su v o l u n t a d
y los dispongas p a r a q u e q u i e r a n lo q u e a h o r a n o quie-
r e n . Esto te p i d o p o r tu infinita misericordia. Nos creas-
te d e la n a d a ; p o r lo tanto, a h o r a q u e existimos, haznos
misericordia; r e s t a u r a los vasos q u e has c r e a d o y forma-
d o a tu i m a g e n y s e m e j a n z a y vuelve a f o r m a r l o s
en la gracia p o r tu misericordia y p o r la sangre d e tu
Hijo.
» J n 10,7.
LA P R O V I D E N C I A DIVINA
PROVIDENCIA GENERAL
E n t o n c e s , el s u m o y e t e r n o P a d r e , c o n i n e f a b l e d i g n i -
d a d , volvió los ojos d e su c l e m e n c i a hacia ellos, q u e r i e n -
d o c o m o m o s t r a r q u e su p r o v i d e n c i a n o falta n u n c a e n
las cosas d e los h o m b r e s , c o n tal d e q u e el h o m b r e la
quiera aceptar. Lo manifestó quejándose dulcemente
del h o m b r e , h a b l a n d o d e e s t e m o d o :
¡ O h q u e r i d í s i m a hija mía! C o m o te h e d i c h o e n
o t r o s l u g a r e s , q u i e r o ser m i s e r i c o r d i o s o c o n el m u n d o y
tener providencia d e mi criatura racional en toda nece-
s i d a d . P e r o el h o m b r e , i g n o r a n t e , c o n v i e r t e e n m u e r t e
lo q u e yo le doy p a r a vida, v o l v i é n d o s e c r u e l consigo
m i s m o . Yo s i e m p r e t e n g o p r o v i d e n c i a , y te h a g o s a b e r
q u e lo q u e h e d a d o al h o m b r e es d e u n a g r a n p r o v i d e n -
cia. P o r ella lo c r e é . C u a n d o m e m i r é a m í m i s m o , m e
e n a m o r é de mi criatura. Me plugo crearla a imagen y
s e m e j a n z a m í a c o n g r a n solicitud. D e t e r m i n é d a r l e m e -
m o r i a p a r a q u e se a c o r d a s e d e mis beneficios, h a c i é n d o -
la p a r t í c i p e d e m i p o d e r ; d e mí, el P a d r e e t e r n o . L e p r o -
p o r c i o n é inteligencia p a r a q u e e n la s a b i d u r í a d e m i
Hijo u n i g é n i t o e n t e n d i e s e y conociese la v o l u n t a d m í a ,
del e t e r n o P a d r e q u e le h a d a d o gracias c o n t a n t o a m o r .
Le d i la v o l u n t a d p a r a a m a r , p a r t i c i p a n d o d e l Espíritu
S a n t o , p a r a q u e p u d i e s e a m a r lo q u e la inteligencia ha-
x
bía visto y c o n o c i d o .
» Cf. c . 5 1 .
336 El Diálogo
2
Cf. c.21-28.
La providencia divina 337
t a n t o c o m o h u b i e s e o f e n d i d o el h o m b r e , o t r o t a n t o en-
c o n t r a s e satisfacción, si q u e r í a volverse a m í d u r a n t e su
vida. P o r esa u n i ó n d e a m b a s n a t u r a l e z a s habéis recibi-
d o satisfacción p e r f e c t a . Esto hizo mi p r o v i d e n c i a , p u e s
c o n la o b r a finita —finita e n el s u f r i m i e n t o d e l V e r b o
e n la c r u z — habéis r e c i b i d o f r u t o infinito e n v i r t u d d e
la d i v i n i d a d .
Esta infinita y e t e r n a p r o v i d e n c i a mía, d e Dios, vues-
t r o P a d r e , T r i n i d a d e t e r n a , d e t e r m i n ó q u e se vistiese d e
h o m b r e . Este había p e r d i d o la v e s t i d u r a d e la inocencia,
y, d e s n u d o d e t o d a v i r t u d , p e r e c í a d e h a m b r e y m o r í a
d e frío e n esta vida d e su p e r e g r i n a c i ó n . Se e n c o n t r a b a
s o m e t i d o a t o d a miseria, c o n la p u e r t a del cielo c e r r a d a .
H a b í a p e r d i d o t o d a e s p e r a n z a d e él. Si h u b i e r a p o d i d o
alcanzar esta e s p e r a n z a , h a b r í a t e n i d o a l g ú n r e f r i g e r i o
e n esta vida; p e r o n o la poseía, y p o r ello se hallaba e n
g r a n aflicción. P e r o yo, p r o v i d e n c i a s u p r e m a , a t e n d í a
esta n e c e s i d a d , p o r lo cual, n o o b l i g a d o p o r v u e s t r a j u s -
ticia y v i r t u d , sino p o r m i b o n d a d , os di el vestido p o r
m e d i o d e este d u l c e y a m o r o s o Hijo m í o u n i g é n i t o , q u e ,
d e s p o j á n d o s e d e l a ' v i d a , os vistió d e g r a n inocencia y
gracia. Estas las recibió e n el b a u t i s m o p o r la eficacia d e
la s a n g r e , l a v a n d o la m a n c h a d e l p e c a d o o r i g i n a l e n q u e
habéis s i d o c o n c e b i d o s , h e r e d a d o d e v u e s t r o p a d r e y d e
3
vuestra m a d r e .
P o r e s o d e c r e t ó satisfacer n o c o n s u f r i m i e n t o del
c u e r p o , tal c o m o se a c o s t u m b r a b a e n el A n t i g u o T e s t a -
m e n t o al ser c i r c u n c i d a d o s , sino c o n la d u l z u r a del san-
to b a u t i s m o . D e este m o d o h a r e c i b i d o el h o m b r e u n
n u e v o vestido. T a m b i é n le h a d a d o c a l o r el fuego d e
mi c a r i d a d , q u e se halla o c u l t o bajo las cenizas d e vues-
t r a h u m a n i d a d , a través d e las llagas d e su c u e r p o . ¿Es
q u e n o d i yo este calor al frío c o r a z ó n del h o m b r e ? Sí, a
n o s e r q u e éste se halle o b s t i n a d o y c e g a d o p o r el a m o r
p r o p i o y n o c o m p r e n d a q u e es a m a d o p o r mí t a n inefa-
blemente.
Mi p r o v i d e n c i a le h a d a d o a l i m e n t o p a r a r e c o n f o r t a r -
lo m i e n t r a s es c a m i n a n t e y p e r e g r i n o e n esta vida y h a
d e b i l i t a d o a sus e n e m i g o s , p u e s n i n g u n o p u e d e p e r j u d i -
136 [ D i o s p r o v e y ó d a n d o la e s p e r a n z a a l a s c r i a t u r a s .
Q u i e n t i e n e e s p e r a n z a m a y o r g u s t a m á s p e r f e c t a m e n t e d e su
providencia. ]
«Señor, S e ñ o r » , te a s e g u r o q u e , si n o a c u d e n a mí c o n
o t r a s v i r t u d e s , n o s e r á n r e c o n o c i d o s p o r m i misericor-
2
dia . T e a s e g u r o , p u e s , q u e mi p r o v i d e n c i a n o faltará a
los q u e d e veras confían e n mí, sino a los q u e d e s c o n -
fían y t i e n e n confianza e n sí m i s m o s .
Sabes q u e n o se p u e d e p o n e r la e s p e r a n z a e n d o s co-
sas c o n t r a r i a s . Esto q u i s o significar mi V e r d a d e n el san-
to E v a n g e l i o c u a n d o dijo: « N i n g u n o p u e d e servir a d o s
s e ñ o r e s , p o r q u e , si sirve a u n o , es c o n m e n o s p r e c i o del
3
otro» . Él servir n o se d a sin e s p e r a n z a ; p o r lo q u e el
siervo q u e sirve, lo h a c e c o n e s p e r a n z a d e a g r a d a r a su
s e ñ o r o p o r el p r e m i o y utilidad q u e d e ello p u e d e sacar.
Al e n e m i g o d e su s e ñ o r n o le serviría e n a b s o l u t o . N o
p o d r í a h a c e r el servicio sin e s p e r a n z a a l g u n a y se vería
p r i v a d o d e lo q u e e s p e r a b a d e su s e ñ o r . A h o r a piensa,
carísima hija, lo q u e o c u r r e al a l m a y si es p r e c i s o q u e
m e sirva y e s p e r e e n mí, o m á s bien sirva al m u n d o y es-
p e r e e n él y e n sí m i s m a . Se sirve al m u n d o sin c o n t a r
c o n m i g o c u a n d o se sirve y a m a a los p r o p i o s s e n t i d o s .
D e este servicio y a m o r se e s p e r a t e n e r el placer y el
p r o v e c h o sensitivo. P e r o c o m o su e s p e r a n z a se fija e n lo
finito, v a n o y t r a n s i t o r i o , p o r ello se rebaja y n o alcanza
e n r e a l i d a d lo q u e d e s e a . M i e n t r a s e s p e r a e n sí y e n el
m u n d o , n o lo h a c e e n mí, p o r q u e el m u n d o , o sea, los
d e s e o s m u n d a n o s , q u e yo o d i o , t a n a b o m i n a b l e s m e h a n
sido, q u e di a mi Hijo u n i g é n i t o la a f r e n t o s a m u e r t e d e
c r u z . El m u n d o n o está c o n f o r m e c o n m i g o , ni yo c o n él.
El a l m a q u e t o t a l m e n t e confía e n mí y m e sirve c o n t o d o
su c o r a z ó n y t o d o su afecto, d e n e c e s i d a d tiene q u e p e r -
d e r la confianza e n ella m i s m a y e n el m u n d o , p o r q u e
4
esto se basa e n la p r o p i a fragilidad .
Esta v e r d a d e r a y p e r f e c t a confianza es m á s o m e n o s
perfecta e n c o n f o r m i d a d c o n el a m o r q u e el a l m a m e
t i e n e . P o r ello, i m p e r f e c t a o perfecta, e x p e r i m e n t a m i
p r o v i d e n c i a . Más p e r f e c t a m e n t e la s i e n t e n y r e c i b e n
q u i e n e s m e sirven y d e s e a n a g r a d a r m e sólo a mí q u e
q u i e n e s lo h a c e n con la m i r a p u e s t a e n el p r e m i o y el
deleite q u e e n mí h a l l a r á n .
2 M t 7 , 2 1 - 2 3 ; Le 6 , 4 6 .
» M t 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 .
* Mt 6,25-34.
340 El Diálogo
s Cf. c.58-80.
' Mt 5,45.
La providencia divina 341
' Le 1 6 , 1 9 - 3 1 .
342 El Diálogo
PROVIDENCIA PARTICULAR
138 [Lo que Dios permite es sólo para nuestro bien y salva-
ción.—Ciegos y equivocados los que piensan lo contrario.]
La providencia divina 343
Q u i e r o q u e e n t i e n d a s , hija q u e r i d í s i m a , c o n q u é pa-
ciencia t e n g o q u e a g u a n t a r a mis c r i a t u r a s , las q u e yo
creé a mi imagen y semejanza con tanta dulzura d e
amor.
A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o y m i r a d e n t r o d e m í .
Y, p o n i é n d o t e e n aquel caso c o n c r e t o o c u r r i d o , si te
acuerdas bien, c u a n d o m e pediste q u e interviniera para
q u e , sin p e l i g r o d e m u e r t e , a q u e l h o m b r e r e c u p e r a s e su
posición social y yo lo hice. Y c o m o en este caso p a r t i c u -
lar, así o c u r r e con t o d o '.
E n t o n c e s , aquel a l m a , a b r i e n d o los ojos d e l e n t e n d i -
m i e n t o , c o n la luz d e la santísima fe p u e s t a e n su d i v i n a
Majestad, c o n a n h e l a n t e d e s e o , p u e s p o r las p a l a b r a s di-
c h a s conoció m e j o r la v e r d a d s o b r e la d u l c e p r o v i d e n -
cia, p a r a o b e d e c e r a su m a n d a t o , m i r ó e n el espejo d e su
i n m e n s a c a r i d a d , y c o m p r e n d i ó q u e El e r a s u m a y eter-
n a B o n d a d y q u e nos h a b í a c r e a d o y vuelto a c o m p r a r
con la s a n g r e d e su Hijo sólo p o r a m o r . C o n el m i s m o
a m o r d a b a el a l m a lo q u e recibía d e Dios y El le p e r m i -
tía. Las tribulaciones, los c o n s u e l o s y t o d o lo d e m á s e r a
d a d o p o r a m o r y p a r a a y u d a r a la salvación d e l h o m b r e
y n o c o n o t r o fin. La s a n g r e d e r r a m a d a , q u e veía t a n ar-
d i e n t e e n a m o r , manifiesta q u e así e r a d e v e r d a d .
E n t o n c e s dijo el s u m o y e t e r n o P a d r e :
Estos se hallan c o m o c e g a d o s p o r el a m o r q u e se
t i e n e n a sí m i s m o s , q u e j á n d o s e c o n g r a n impaciencia.
T e h a b l o e n p a r t i c u l a r y e n g e n e r a l v o l v i e n d o s o b r e lo
q u e explicaba. I n t e r p r e t a n c o m o m a l y d a ñ o , r u i n a y
o d i o , lo q u e yo h a g o p o r a m o r y p a r a su b i e n , p a r a li-
b r a r l o s d e las p e n a s e t e r n a s , p a r a su g a n a n c i a y p a r a ,
d a r l e s la vida e t e r n a . ¿Por q u é , p u e s , se q u e j a n d e mí?
P o r q u e n o c o n f í a n e n mí, sino e n sí m i s m o s ; y ya te h e
d i c h o q u e p o r eso llegan a la o s c u r i d a d y n o c o m p r e n -
d e n . P o r eso a b o r r e c e n a q u i e n e s d e b e n r e v e r e n c i a r , y
c o m o s o b e r b i o s , q u i e r e n j u z g a r mis ocultas d e t e r m i n a -
ciones, q u e s i e m p r e son r e c t a s . P e r o ellos h a c e n c o m o el
ciego, q u e , p a l p a n d o c o n la m a n o , u n a s veces c o n el sa-
b o r d e su p a l a d a r y o t r a s p o r el t o n o d e voz, q u e r r á n
d e t e r m i n a r lo b u e n o y lo m a l o s e g ú n su bajo, e n f e r m o y
e x i g u o saber. N o q u e r r á n a t e n e r s e a lo q u e q u i e r o yo,
1
Alusión autobiográfica.
344 El Diálogo
2
J n 8,12 y 14,16. 3
Jn 10,30.
La providencia divina 345
139 [ D i o s p r o v e y ó m u y p a r t i c u l a r m e n t e a la s a l v a c i ó n del
alma e n u n caso q u e ocurrió.]
' 2 Crón 4 , 2 7 - 3 5 .
348 El Diálogo
2
Jn 1,17.
La providencia divina 349
dio los siete dones del Espíritu Santo a aquel hijo muer
to, dando aliento a la boca del deseo de su alma, arran
cándole la muerte en el santo bautismo. Respiró dando
señales de vida, arrojando así los siete pecados mortales.
Así ha sido convertido en jardín adornado con dulces y
suaves frutos.
Es cierto que el hortelano de este jardín, o sea, el libre
albedrío, puede dejarle que se vuelva salvaje o cultivar
le, según le plazca. Si siembra el veneno del amor a sí
mismo, de donde nacen los siete pecados principales y
los demás que de él se derivan, entonces arroja los siete
dones del Espíritu Santo y se priva de la virtud. En él no
habrá ya fortaleza, por hallarse debilitado; ni templanza
ni prudencia, por haber perdido la luz que usaba la ra
zón; no tendrá ni fe, ni esperanza, ni justicia, porque se
ha hecho injusto; se fiará de las criaturas y no de mí, su
Creador; carecerá de caridad y piedad, por haberla
echado de sí con el amor a la propia fragilidad¿ se habrá
hecho cruel consigo mismo, y por eso no podrá ser cari
tativo con el prójimo; se hallará privado de todo lo bue
no y habrá caído en el mal supremo.
¿Cómo reanimará su vida? Por el mismo Eliseo, o sea,
en el Verbo encarnado, mi Hijo unigénito. ¿De qué
modo? Este hortelano debe arrancar los cardos con
energía —si no la tuviere, no lo podrá conseguir— y
debe correr con amor a conformarse con la doctrina de
mi Verdad, regándola con la sangre. Esta se la derrama
el ministro sobre la cabeza en la confesión acompañada
de la contrición de corazón, penitencia y propósito de
no pecar más.
Así puede cultivar el jardín del alma mientras vive,
pues terminada esta vida, no hay remedio alguno, como
en otros lugares te he dicho.
1
R o m 10,12.
La providencia divina 351
g r a n d e z a d e mi c a r i d a d c o n la m a y o r y m á s perfecta
p r o v i d e n c i a . P e r o n o la ve, p o r q u e se h a alejado d e la
luz, y n o se e n t r e t i e n e e n p e n s a r e n ello. P o r eso lo in-
t e r p r e t a m a l , r e g a t e a la c a r i d a d con el p r ó j i m o y con
avaricia piensa e n el m a ñ a n a , lo cual le fue p r o h i b i d o
p o r mi V e r d a d , d i c i e n d o : «No q u e r á i s p e n s a r e n el día
2
d e m a ñ a n a ; basta a c a d a d í a su p r e o c u p a c i ó n » . C o m o
si dijera: « N o penséis e n a q u e l l o e n q u e n o estáis segu-
ros q u e vais a t e n e r ; basta c o n el día p r e s e n t e . O s ense-
ñ é a q u e pidierais p r i m e r o el r e i n o d e los cielos, es d e -
cir, la vida santa y b u e n a , p u e s las cosas d e p o c a i m p o r -
tancia ya sé yo, v u e s t r o P a d r e d e l cielo, q u e se necesitan,
y p o r eso las h e c r e a d o y m a n d a d o a la t i e r r a q u e d é sus
3
frutos» .
El miserable q u e p o r su desconfianza h a r e d u c i d o
su c o r a z ó n y sus m a n o s e n la c a r i d a d con el p r ó j i m o , n o
h a leído esta e n s e ñ a n z a q u e le h a d a d o el V e r b o d e mi
V e r d a d , p u e s t o q u e n o s i g u e sus huellas. Se h a c e inso-
p o r t a b l e a sí m i s m o . D e a q u í p r o c e d e t o d o mal y el n o
fiarse d e sí ni e s p e r a r e n m í . Se h a c e n j u e c e s d e la vo-
l u n t a d d e los h o m b r e s . N o ven q u e yo soy q u i e n les h a
d e j u z g a r ; yo y n o ellos. N o e n t i e n d e n ni i n t e r p r e t a n mi
v o l u n t a d b i e n , a n o ser q u e h a y a p r o s p e r i d a d , deleite o
placer m u n d a n o . Si estas cosas van e n baja, p o r q u e su
afecto y e s p e r a n z a e s t á n p u e s t o s c o m p l e t a m e n t e e n
ellas, n o les p a r e c e percibir ni recibir mi p r o v i d e n c i a ni
n a d a b u e n o . C r e e n e n t o n c e s hallarse p r i v a d o s d e t o d o
bien. C o m o se h a n c e g a d o con la p r o p i a inclinación, n o
r e c o n o c e n la r i q u e z a q u e llevan d e n t r o , ni el fruto d e la
v e r d a d e r a paciencia, a n t e s bien les causa la m u e r t e , y
g u s t a n e n esta vida las primicias del infierno.
A p e s a r d e t o d o esto, n o dejo d e s o c o r r e r l o s , y o r d e -
n o a la t i e r r a q u e d é c a d a día frutos t a n t o al p e c a d o r
c o m o al j u s t o , y al sol y a la lluvia p a r a sus c a m p o s , y
4
m u c h a s veces t e n d r á m á s el p e c a d o r q u e el j u s t o .
Esto lo h a c e mi b o n d a d p a r a d a r más p l e n a m e n t e ri-
quezas espirituales al a l m a del j u s t o , q u e p o r a m o r a mí
se h a d e s p o j a d o d e las cosas t e m p o r a l e s , r e n u n c i a n d o al
2
Mt 6,34.
J Mt 6,31-33.
4
Mt 5 , 4 5 .
352 El Diálogo
5
Alusión autobiográfica.
La providencia divina 353
6
Ez 3 1 , 1 1 .
354 El Diálogo
m i e n t o p o r mi p o d e r , el del P a d r e , e n la sabiduría d e mi
Hijo u n i g é n i t o y e n la clemencia del Espíritu Santo, q u e
los tres s o m o s u n o . T a n p e r f e c t a m e n t e se u n i ó a q u e l
alma, q u e el c u e r p o q u e d ó suspenso s o b r e la tierra,
p u e s , c o m o te c o n t é , e n el e s t a d o unitivo del alma e r a
más perfecta la u n i ó n q u e ella había h e c h o c o n m i g o p o r
m e d i o d e l a m o r q u e n o la u n i ó n q u e t e n í a c o n el
c u e r p o . En este g r a n abismo recibió d e mí la santa co-
m u n i ó n p a r a satisfacer su d e s e o . Y, e n señal d e q u e e n
v e r d a d se había c u m p l i d o a q u e l deseo, le concedí q u e
sintiera a d e m á s , d e m o d o a d m i r a b l e , el gusto, sabor y
olor d e la s a n g r e y c u e r p o d e Cristo crucificado, mi
V e r d a d . C o n lo q u e ella se r e a f i r m ó e n la luz d e mi
providencia h a b i é n d o l a e x p e r i m e n t a d o tan d u l c e m e n t e .
T o d o esto le fue a ella visible, p e r o invisible a los ojos d e
la c r i a t u r a .
El s e g u n d o , sin e m b a r g o , fue visto p o r el s a c e r d o t e a
3
q u e se refiere el caso . E s t a n d o aquel alma con g r a n
d e s e o d e oír misa y recibir la c o m u n i ó n , n o había p o d i -
d o llegar a la h o r a precisa p o r indisposición c o r p o r a l .
F u e , con t o d o , a la última, y llegó e n el m o m e n t o e n q u e
el ministro c o n s a g r a b a . Estaba él e n u n e x t r e m o d e la
iglesia, y ella en o t r o p o r q u e la obediencia n o le p e r m i -
4
tía q u e ella estuviera cerca del altar . C o m e n z ó ella a
llorar m u c h o , d i c i e n d o : «¡Oh d e s g r a c i a d a alma mía!
¿ N o ves c u á n t a gracia has recibido p o r estar e n el tem-
plo santo d e Dios y h a b e r visto al ministro, siendo d i g n a
d e vivir e n el infierno p o r tus pecados?» C o n t o d o , n o se
aquietaba el d e s e o , sino q u e c u a n t o m á s se h u n d í a e n el
valle d e la h u m i l d a d , t a n t o m á s e r a elevada, d á n d o l e a
c o n o c e r mi b o n d a d c o n fe y e s p e r a n z a , c o n f i a n d o q u e el
servidor, el Espíritu Santo, saciase su h a m b r e . Entonces
le concedí lo q u e ella n o e r a capaz d e d e s e a r d e aquel
modo.
F u e éste el siguiente. L l e g a n d o el s a c e r d o t e a p a r t i r la
hostia p a r a c o m u l g a r él, al partirla se d e s p r e n d i ó d e ella
u n a partícula. P o r disposición mía, [-el trocito d e hostia
q u e había d e s a p a r e c i d o - ] salió del altar y fue al o t r o ex-
3
F u e el B e a t o R a i m u n d o d e C a p u a .
4
Su p r i m e r c o n f e s o r , Fr. T o m á s della F o n t e , le h a b í a m a n d a d o c o -
locarse e n u n e x t r e m o d e la iglesia p a r a n o l l a m a r la a t e n c i ó n d e los
fieles c o n sus l á g r i m a s , suspiros y a r r o b a m i e n t o s .
La providencia divina 357
El a l m a se halla en e s t a d o d e p e c a d o m o r t a l o e n esta-
d o d e gracia perfecta o i m p e r f e c t a m e n t e . E n c a d a u n o
d e esos estados t i e n d o y doy mi a y u d a c o n g r a n sabidu-
ría, a u n q u e d e distintos m o d o s , s e g ú n veo q u e la nece-
sita.
A los h o m b r e s del m u n d o q u e yacen e n la m u e r t e del
p e c a d o les d e s p e r t a r é con el r e m o r d i m i e n t o d e la con-
ciencia o con trabajos q u e sentirá e n el i n t e r i o r d e su co-
r a z ó n d e n u e v a s y diversas m a n e r a s . Estas son tantas
s
C u e n t a t a m b i é n el h e c h o el B e a t o R a i m u n d o d e C a p u a (Vida p.2
c.12).
358 El Diálogo
1
Ez 3 , 1 1 .
La providencia divina 359
2 Flp 3 , 1 9 .
3
Sal 6 1 , 1 3 .
360 El Diálogo
d o s , c o n lo q u e éstos se e c h a n a p e r d e r a c a u s a d e sus
o b r a s , y p o r ello se c o n t a m i n a n .
La vista n o ofrece m á s q u e cosas d e m u e r t e , p o r q u e
se d e d i c a a ver las cosas m u e r t a s c o n d e s o r d e n a d a s mi-
r a d a s aquí y allí, c o n v a n i d a d d e c o r a z ó n , c o n ligereza,
c o n m o d a l e s y m i r a d a s d e s h o n e s t a s ; es causa d e m u e r t e
p a r a sí y p a r a o t r o s . ¡ O h d e s g r a c i a d o tú! L o q u e h e
d a d o p a r a q u e m i r e s al cielo y t o d o lo c r e a d o , la belleza
d e las c r i a t u r a s e n relación c o n m i g o y p a r a q u e c o n t e m -
ples mis misterios, lo usas p a r a m i r a r al l o d o y a la mise-
ria, y así, p o r ello, h a s l l e g a d o a la m u e r t e .
T a m b i é n el o í d o se deleita e n cosas d e s h o n e s t a s y e n
escucharlas a p r o p ó s i t o d e l p r ó j i m o p a r a j u z g a r d e él,
c u a n d o yo le di ese o í d o p a r a q u e a t e n d i e r a a m i pala-
b r a y a las n e c e s i d a d e s d e su p r ó j i m o .
H e d a d o la l e n g u a p a r a q u e p r o c l a m e mis e n s e ñ a n z a s
y confiese sus p e c a d o s y p a r a q u e trabaje p o r la salva-
ción d e las almas. El la utiliza p a r a b l a s f e m a r d e m í , q u e
soy su C r e a d o r , y p a r a la r u i n a del p r ó j i m o , a l i m e n t á n -
d o s e d e sus c a r n e s , m u r m u r a n d o e i n t e r p r e t a n d o las
b u e n a s o b r a s c o m o malas y las malas c o m o b u e n a s , blas-
f e m a n d o y d a n d o testimonios falsos. C o n p a l a b r a s lasci-
vas se p o n e en p e l i g r o y p o n e a los d e m á s ; p r e f i e r e pala-
b r a s injuriosas q u e t r a s p a s a n el c o r a z ó n d e los prójimos
c o m o u n cuchillo, p a l a b r a s q u e p r o v o c a n ira. ¡ C u á n t o s
males y homicidios, c u á n t a s d e s h o n e s t i d a d e s , c u á n t a
ira, o d i o y p é r d i d a d e t i e m p o p r o c e d e d e este m i e m -
b r o ! '.
Si se trata del olfato, o f e n d e i g u a l m e n t e p o r d e s o r d e -
n a d o placer; si d e l g u s t o , c o n insaciable gula, con d e s o r -
d e n a d o apetito, q u e r i e n d o m u c h o s y v a r i a d o s m a n j a r e s ,
n o m i r a n d o sino a l l e n a r el v i e n t r e , n o a d v i r t i e n d o esa
d e s g r a c i a d a a l m a q u e a b r e la p u e r t a al p e c a d o y q u e d e l
ansia d e c o m e r le v i e n e el a r d o r d e su frágil c a r n e , y
c o n el d e s o r d e n a d o apetito se c o r r o m p e a sí m i s m a .
Las m a n o s p e c a n t o m a n d o las cosas d e l p r ó j i m o y con
feos y miserables t o c a m i e n t o s . Están h e c h a s p a r a servir
al p r ó j i m o c u a n d o le ve e n e n f e r m e d a d , s o c o r r i é n d o l o
c o n la l i m o s n a e n su n e c e s i d a d . Los pies se h a n d a d o
p a r a q u e sirvan y lleven al c u e r p o a l u g a r e s santos y úti-
1
J n 15,1-5.
La providencia divina 365
2
J n 15,2.
' Cf. c. 6 . 7 . 2 2 - 2 4 y 6 4 , e n t r e otros.
366 El Diálogo
q u i e r b u e n a o b r a q u e se haga t o m a n d o c o m o instru-
4
m e n t o al prójimo , p o r q u e n a d a p u e d e hacerse bien he-
c h o sino d e n t r o d e mi caridad y la del prójimo, a u n ad-
mitiendo q u e los actos sean virtuosos e n sí. T a m b i é n el
mal se hace p o r este m e d i o , d e b i d o a la falta d é la cari-
d a d . Ves q u e en este m e d i o q u e os h e d a d o d e m u e s t r a n
su perfección y el a m o r g e n u i n o q u e m e tienen, procu-
r a n d o siempre la salvación del prójimo p o r el m u c h o su-
frimiento. Los purifico, a d e m á s , con m u c h a s tribulacio-
nes p a r a q u e d e n mejor y más suave fruto. Gran fragan-
cia m e ofrece su paciencia.
¡Oh, cuan suave y dulce es este fruto y d é cuánta utili-
d a d p a r a el alma q u e sufre sin culpa! Si ella lo entendie-
se, n o habría n a d a q u e con celo y alegría no lo intentase
sufrir. Para p r o p o r c i o n a r l e este g r a n tesoro, la proveo
del peso d e m u c h o s trabajos p a r a q u e a la virtud d e la
paciencia n o le e n t r e h e r r u m b r e , d e m o d o q u e , c u a n d o
llegue el m o m e n t o e n q u e sea necesaria la d e m o s t r a -
ción, n o la e n c u e n t r e n h e r r u m b r o s a y p a r a q u e no os
encontréis con la impaciencia q u e c o r r o e el alma p o r n o
haberla ejercitado.
A l g u n a vez, p a r a conservarlos e n la h u m i l d a d , empleo
con ellos u n a agradable astucia. H a r é q u e se les ador-
mezca la percepción hasta p a r e c e r q u e ni la voluntad ni
los sentidos la n o t a n , c o m o si se hallaran d o r m i d o s , n o
digo m u e r t o s . La percepción sensitiva d u e r m e en ef
alma perfecta, p e r o no m u e r e , pues si d e p r o n t o dismi-
nuyese la práctica y el santo fuego del deseo, éste des-
pertaría más vivo q u e n u n c a . P e r o q u e nadie se confíe,
sea lo perfecto q u e se quiera. Le es preciso m a n t e n e r s e
en mi santo t e m o r , p o r q u e m u c h o s , p o r confiarse, caen
miserablemente, y d e otra m a n e r a n o caerán. Digo q u e
la percepción parece q u e d u e r m e : al sufrir y soportar
los g r a n d e s pesos, n o lo sienten. Poco a poco, u n a cosa
insignificante, q u e será u n a bagatela d e q u e después el
alma misma se reirá, la hace volver en sí, d e tal m o d o
q u e q u e d a r á maravillada. Esto lo hace mi providencia
p a r a q u e crezca y vaya p o r el c a m i n o d e la h u m i l d a d ,
p o r q u e entonces, c o m o p r u d e n t e , se d e s p r e n d e d e sí
misma sin miramientos, con aborrecimiento y r e p r o c h e
4
Cf. c.78.
La providencia divina 367
5
2 C o r 12,7.
« H e b 4,15 y 5,2-3.
368 El Diálogo
• J n 21,6.
2 Le 5,4-8; J n 21,1-8.
370 El Diálogo
sin p e s c a r n a d a ; p e r o a ñ a d i ó : « P o r q u e lo m a n d a s , p o r tu
p a l a b r a , la e c h a r é » . Y h a c i é n d o l o , p e s c ó t a n t a a b u n d a n -
cia d e ellos, q u e él solo n o p o d í a s a c a r la r e d , y l l a m ó a
los o t r o s discípulos p a r a q u e le a y u d a s e n . E s t a figura la
e n c o n t r a r á s a p r o p i a d a a ti, a u n q u e p r o p i a m e n t e n o s e a
f i g u r a , s i n o r e a l i d a d . T e h a g o s a b e r q u e t o d o s los m i s t e -
rios y m o d o s d e o b r a r m i V e r d a d e n el m u n d o e r a n fi-
g u r a t i v o s e n t o d a clase d e g e n t e p a r a el a l m a d e m i s ser-
v i d o r e s , a fin d e q u e t o d o p u d i e s e t e n e r r e g l a y d o c t r i -
n a , m i r á n d o o s c o n la luz d e la r a z ó n ; los t o r p e s y sutiles
d e i n g e n i o y los d e p o c a y m u c h a i n t e l i g e n c i a , t o d o s
p u e d e n t o m a r p a r t e , c o n tal d e q u e q u i e r a n .
T e dije q u e P e d r o e c h ó la r e d p o r m a n d a t o d e l V e r -
b o . F u e o b e d i e n t e , c r e y e n d o c o n fe viva q u e p o d í a c o -
g e r los p e c e s , y p o r ello p e s c ó m u c h o s , p e r o n o p o r la
n o c h e . ¿Sabes el s i g n i f i c a d o d e esta « n o c h e » ? Se t r a t a d e
la n o c h e o s c u r a d e l p e c a d o , c u a n d o el a l m a se h a l l a p r i -
v a d a d e la g r a c i a . D u r a n t e e s a n o c h e n o p e s c a n n a d a ,
p o r q u e e c h a n su a f e c t o n o al a m o r d e v i d a , s i n o al d e
m u e r t e , d o n d e e n c u e n t r a n la c u l p a , q u e es lo vacío.
I n ú t i l m e n t e s u f r e n g r a n d e s e i n t o l e r a b l e s p e n a s : se c o n -
v i e r t e n e n m á r t i r e s d e l d e m o n i o y n o d e C r i s t o crucifi-
c a d o . E n c u a n t o a m a n e c e el d í a e n q u e s a l e n d e la c u l p a
y v u e l v e n al e s t a d o d e la g r a c i a , r e a p a r e c e n e n su espíri-
tu los m a n d a m i e n t o s d e la ley c o n el p r e c e p t o d e q u e
e c h e n la r e d e n n o m b r e d e m i V e r b o , a m á n d o m e s o b r e
t o d a s las c o s a s , y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o s . E n t o n c e s ,
c o n la o b e d i e n c i a y c o n la luz d e la fe, c o n firme c o n -
fianza, la e c h a n e n su n o m b r e , s i g u i e n d o la d o c t r i n a y
las h u e l l a s d e e s t e d u l c e y a m o r o s o V e r b o y d e los discí-
p u l o s . C ó m o p e s c a y a q u i é n e s l l a m a , t e lo dije a r r i b a , y
p o r ello n o te lo r e p i t o .
147 [El que echa la red con más perfección, coge más per-
ces.—Excelencia de estos perfectos.]
T e h e d i c h o e s t o p a r a q u e c o n o z c a s c o n la luz d e l e n -
t e n d i m i e n t o con c u á n t a p r o v i d e n c i a o b r ó Cristo e n sus
actos y s a n t o s m i s t e r i o s d u r a n t e el t i e m p o q u e e s t u v o
c o n v o s o t r o s p a r a q u e c o n o z c a el a l m a lo q u e d e b e h a -
cer en este perfectísimo estado. T e n en c u e n t a q u e u n o s
o b r a n c o n m á s p e r f e c c i ó n q u e o t r o s , s e g ú n q u e la o b e -
372 El Diálogo
1
D e la a r m o n í a y sintonía e n t r e las potencias d e l a l m a habla con
frecuencia. Cf. cs.50-55.
La providencia divina 373
za se le d a r á riqueza. A ese s o b e r b i o se lo r e p r o c h a r á mi
b o n d a d c o n g r a n r e p r e n s i ó n si n o se e n m i e n d a , c o m o se
c u e n t a e n el santo Evangelio, d i c i e n d o : « T u v e h a m b r e ,
y n o m e disteis d e c o m e r ; tuve sed y n o m e disteis d e
b e b e r ; e s t u v e d e s n u d o , y n o m e vestísteis; e n la cárcel, y
1
n o m e visitasteis» . Y en aquel m o m e n t o n o valdrá excu-
sarse, d i c i e n d o : «Yo n u n c a te vi; q u e , si te h u b i e s e visto
e n n e c e s i d a d , lo h u b i e r a h e c h o » . El d e s v e n t u r a d o sabe
bien, y así se lo dije, q u e lo q u e hacía a los p o b r e s , m e lo
hacía a m í . Por eso será j u s t a m e n t e e n t r e g a d o al e t e r n o
suplicio c o n los d e m o n i o s .
Ves, p u e s , c ó m o h e t e n i d o p r o v i d e n c i a p a r a q u e n o
vayan al d o l o r e t e r n o .
Si d e s d e a r r i b a miras a m i interior, a m í , V i d a p e r d u -
rable, verás q u e h e d i s p u e s t o c o n o r d e n la c a r i d a d d e
los q u e se hallan en n a t u r a l e z a angélica o son c i u d a d a -
nos del cielo, q u e h a n recibido la vida e t e r n a e n v i r t u d
d e la s a n g r e del c o r d e r o ; es decir, q u e n o h e h e c h o q u e
c a d a u n o gozase en p a r t i c u l a r la b i e n a v e n t u r a n z a , sin
q u e o t r o s p u e d a n p a r t i c i p a r d e ella. N o lo h e q u e r i d o
así, antes bien tan o r d e n a d a y perfecta se halla su cari-
d a d , q u e el g r a n d e goza c o n el bien del p e q u e ñ o , y el
p e q u e ñ o con el del g r a n d e . P e q u e ñ o e n c u a n t o a la m e -
d i d a ; n o q u e el p e q u e ñ o n o esté t a n lleno c o m o el g r a n -
2
d e , c a d a u n o s e g ú n su g r a d o , c o m o te dije e n o t r o l u g a r .
¡Qué f r a t e r n a es esta c a r i d a d y c u á n t o los u n e a mí y
u n o s a o t r o s , p o r q u e la t i e n e n y r e c o n o c e n c o m o provi-
n i e n d o d e mí, c o n el s a n t o t e m o r y r e v e r e n c i a d e b i d o s ,
al ver q u e se s u m e r g e n e n mí, y e n mí v e n y r e c o n o c e n
la d i g n i d a d e n q u e les h e colocado! El á n g e l se c o m u n i -
ca c o n el h o m b r e , es d e c i r , c o n el alma d e los b i e n a v e n -
t u r a d o s , y éstos c o n los á n g e l e s . Así, t o d o s , e n esta dilec-
ción d e c a r i d a d , g o z a n d o c a d a u n o del b i e n del o t r o , se
a l e g r a n c o n mi j ú b i l o , y e n alegría sin tristeza, e n d u l z u -
r a sin a m a r g u r a a l g u n a , p o r q u e d u r a n t e su vida y e n su
m u e r t e m e g u s t a r o n p o r m e d i o del afecto d e a m o r e n la
c a r i d a d c o n el p r ó j i m o . ¿ Q u i é n h a o r d e n a d o la c a r i d a d
d e este m o d o ? Mi s a b i d u r í a con u n a a d m i r a b l e y d u l c e
providencia.
' Mt 25,42-46.
2
Cf. c . 4 1 .
376 El Diálogo
1
Este m i l a g r o , o c u r r i d o e n el c o n v e n t o d e San Sixto, d e R o m a , fue
r e c o g i d o p o r la B e a t a Cecilia, hija e s p i r i t u a l d e S a n t o D o m i n g o d e
Guzmán.
- Se r e f i e r e a I n é s S e g n i , S a n t a I n é s d e M o n t e p u l c i a n o , f u n d a d o r a
d e u n c o n v e n t o d e religiosas d o m i n i c a s e n esta c i u d a d , d o n d e m u r i ó
en 1317. Catalina d e Siena visitó su sepulcro y monasterio varias veces,
v en esas visitas recibió c o n s u e l o s y g r a c i a s del S e ñ o r , s e g ú n n a r r a n
sus b i ó g r a f o s . T e n í a en este m o n a s t e r i o u n a s o b r i n a .
378 El Diálogo
míos q u e s o n v e r d a d e r a m e n t e p o b r e s , y n o sólo v o l u n -
t a r i a m e n t e , sino p o r móvil espiritual, p u e s t o q u e sin la
intención d e l espíritu n o les valdría, al m o d o q u e los fi-
lósofos, p o r a m o r a la ciencia y con el d e s e o d e alcanzar-
la, se h a c í a n v o l u n t a r i a m e n t e p o b r e s , p o r c o n o c e r con
luz n a t u r a l q u e la p r e o c u p a c i ó n d e las r i q u e z a s del
m u n d o les h a b í a d e i m p e d i r alcanzar el objeto d e esa
ciencia e n q u e p o n í a n su finalidad y su inteligencia.
C o m o , sin e m b a r g o , el a n h e l o d e la p o b r e z a d e éstos n o
e r a s o b r e n a t u r a l , p o r el d e s e o d e la gloria y a l a b a n z a d e
mi n o m b r e , d e ahí q u e n o o b t u v i e r a n la vida d e la gra-
cia ni la perfección, sino la m u e r t e e t e r n a .
ELOGIO DE LA POBREZA
151 [ E x c e l e n c i a d e los p o b r e s i n t e n c i o n a d a m e n t e p o b r e s
e n el e s p í r i t u . — C r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a n o s ó l o d e p a l a -
b r a , s i n o c o n el e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n l o s q u e
a b r a z a n la p o b r e z a v o l u n t a r i a . ]
* M t 19,24; Me 2 0 , 2 5 ; Le 1 8 , 2 5 .
' Mt 1 8 , 1 3 - 1 4 .
382 El Diálogo
1
Alusión autobiográfica dudosa.
La providencia divina 383
mí a b r a z a r o n a la esposa, la v e r d a d e r a p o b r e z a c o n las
d e m á s v i r t u d e s - s i e r v a s q u e le s i g u e n . ¿Sabes c u á l e s son
las v i r t u d e s - s i e r v a s d e la p o b r e z a ? El v e r s e viles y d e s -
p r e c i a b l e s j u n t o c o n la v e r d a d e r a h u m i l d a d , lo c u a l sir-
ve y f o m e n t a el afecto y el a m o r a la p o b r e z a e n el a l m a .
C o n esta fe y e s p e r a n z a , a r d i e n d o e n el f u e g o d e la ver-
d a d , se e l e v a b a n y e l e v a n mis v e r d a d e r o s s e r v i d o r e s so-
b r e las r i q u e z a s y s o b r e los s e n t i d o s . Así d e j ó el g l o r i o s o
apóstol M a t e o las g r a n d e s r i q u e z a s , a b a n d o n a n d o la
2
b a n c a d e los i m p u e s t o s , y siguió a m i V e r d a d . Ella os
e n s e ñ ó el m o d o y la r e g l a p a r a a m a r y p r a c t i c a r la p o -
b r e z a . N o os la e n s e ñ ó s o l a m e n t e c o n p a l a b r a s , s i n o c o n
el e j e m p l o , p u e s d e s d e su n a c i m i e n t o h a s t a el fin d e su
vida os p r e d i c ó esta d o c t r i n a . Y o soy la e t e r n a r i q u e z a y
El, s i e n d o la s u m a r i q u e z a p o r la u n i ó n c o n la n a t u r a -
leza d i v i n a , t o m ó p o r e s p o s a la v e r d a d e r a p o b r e z a e n
atención a vosotros.
Si le q u i e r e s v e r h u m i l l a d o y e n g r a n p o b r e z a , m i r a
c ó m o Dios se h a c e h o m b r e v i s t i é n d o s e d e la r u i n d a d d e
vuestra humildad.
V e s al d u l c e y a m o r o s o V e r b o n a c e r e n u n e s t a b l o , es-
t a n d o M a r í a d e viaje, p a r a m a n i f e s t a r o s a v o s o t r o s , ca-
m i n a n t e s , q u e d e b é i s v e n c e r s i e m p r e e n el establo d e l
c o n o c i m i e n t o d e v o s o t r o s m i s m o s . Allí m e e n c o n t r a r é i s
n a c i d o p o r g r a c i a d e n t r o d e v u e s t r a a l m a . L e ves p e r -
m a n e c e r e n m e d i o d e los a n i m a l e s e n t a n g r a n p o b r e z a ,
q u e M a r í a n o t e n í a c o n q u é c u b r i r l o ; p e r o , s i e n d o tiem-
p o frío, se c a l e n t a b a c o n el h e n o y el a l i e n t o d e los a n i -
3
males .
S i e n d o f u e g o d e c a r i d a d , q u i s o s u f r i r el frío e n su h u -
m a n i d a d . M i e n t r a s vivió e n el m u n d o , d u r a n t e t o d a la
vida q u i s o sufrir sin discípulos y c o n ellos. Estos d e s g r a -
4
n a b a n las espigas y c o m í a n los g r a n o s .
Al fin d e su vida, d e s n u d o y f l a g e l a d o a la c o l u m n a ,
s e d i e n t o , se e n c u e n t r a e n el m a d e r o d e la c r u z e n p o -
b r e z a tal, q u e le faltan el s u e l o y el m a d e r o , n o t e n i e n d o
d ó n d e r e c l i n a r la c a b e z a . C o m o e b r i o d e a m o r , t e n i e n -
2
M t 9 , 9 ; Me 2 , 1 4 ; L e 5,27.
3
Le 2 , 4 - 8 .
4
M t 1 2 , 1 ; Me 2 , 2 2 ; Le 6 , 1 .
384 El Diálogo
d o este C o r d e r o d e s p e d a z a d o el c u e r p o , os p r e p a r a u n
s
b a ñ o con la s a n g r e q u e vierte p o r todas p a r t e s .
E s t a n d o El e n la miseria, os d a la g r a n riqueza; ha-
llándose e n el estrecho m a d e r o d e la cruz, e x t i e n d e su
m a g n a n i m i d a d a todos los h o m b r e s ; p r o b a n d o la a m a r -
g u r a d e la hiél, os d a u n a perfectísima d u l z u r a ; m i e n -
tras se halla en tristeza, os d a el consuelo; t r a s p a s a d o y
clavado e n la cruz, os despoja del b a r r o del p e c a d o m o r -
tal; c o n v e r t i d o e n siervo, os h a h e c h o libres y os h a
a r r a n c a d o d e la esclavitud del d e m o n i o ; s i e n d o v e n d i -
d o , os h a vuelto a c o m p r a r con la s a n g r e ; e n t r e g á n d o s e
a la m u e r t e , os h a d a d o la vida.
Os h a p r e s e n t a d o , p o r t a n t o , u n a b u e n a r e g l a d e
a m o r , m a n i f e s t á n d o o s l o m a y o r a vosotros q u e lo q u e
p u d i e r a i s h a c e r con vosotros m i s m o s al d a r la vida p o r
vosotros, q u e a n d a b a i s e r r a n t e s , h e c h o s e n e m i g o s d e mí,
s u m o y e t e r n o P a d r e . Esto n o lo r e c o n o c e el h o m b r e ig-
n o r a n t e , p u e s m e o f e n d e y tiene e n p o c o tan g r a n p r e -
cio. O s h a d a d o u n a regla d e v e r d a d e r a h u m i l d a d , en-
t r e g á n d o s e a la afrentosa m u e r t e d e cruz y c o n s i d e r á n -
d o s e vil al sufrir oprobios y g r a n d e s improperios. T a m -
bién os la h a d a d o d e v e r d a d e r a p o b r e z a c u a n d o habla
d e El e n la Escritura t e n i e n d o lástima d e su p e r s o n a :
«Las zorras tienen m a d r i g u e r a s , los pájaros tienen n i d o s
y el Hijo d e la V i r g e n n o tiene d ó n d e posar su ca-
6
beza» .
¿Quién tiene en c u e n t a esto? Los q u e poseen la luz d e
la santísima fe. ¿ D ó n d e se e n c u e n t r a esta fe? E n los p o -
bres d e espíritu, q u e h a n t o m a d o c o m o esposa a la reina,
a la p o b r e z a , p o r q u e h a n e c h a d o d e sí las riquezas, q u e
e r a n el o r i g e n d e las tinieblas p o r la falta d e fe.
Esta r e i n a , la p o b r e z a , tiene su r e i n o . En él n u n c a ten-
dréis g u e r r a , sino s i e m p r e paz y t r a n q u i l i d a d . A b u n d a
e n justicia, p o r q u e t o d o el q u e c o m e t e injusticia es sepa-
r a d o d e ella. Su c i u d a d tiene fuertes murallas, p o r q u e
los cimientos n o se hallan colocados sobre tierra o a r e -
na, en c u y o caso cualquier viento los d e r r i b a r í a , sino so-
7
bre la roca viva , q u e es el dulce Cristo Jesús, mi Hijo uni-
5
J n 19,34.
6
Mt 8,20; Le 9 , 5 8 .
7
Mt 7 , 2 4 - 2 9 ; Le 6 , 4 7 - 4 9 .
La providencia divina 385
g é n i t o . D e n t r o h a y luz y n o o s c u r i d a d ; tenéis f u e g o y n o
frío, p o r q u e la m a d r e d e esta r e i n a es el a b i s m o d e la ca-
r i d a d d i v i n a . El o r n a t o d e esta c i u d a d es la p i e d a d y la
m i s e r i c o r d i a , p o r q u e h a a r r o j a d o d e ella al t i r a n o , a las
r i q u e z a s , q u e t e n í a p o r c o s t u m b r e la c r u e l d a d . T a m b i é n
h a y d e n t r o b e n e v o l e n c i a c o n t o d o s los c i u d a d a n o s , o
sea, a m o r al p r ó j i m o . H a y allí g r a n p e r s e v e r a n c i a , j u n t a -
m e n t e c o n la p r u d e n c i a y el solícito c u i d a d o . P o r ello, el
a l m a t o m a a esta d u l c e r e i n a p o r esposa, a la p o b r e z a ; se
h a c e s e ñ o r a d e t o d o s estos b i e n e s , p u e s n o p u e d e p o s e e r
u n o s sin los o t r o s . ¡ C u i d a d o , p o r t a n t o , q u e el a p e t i t o d e
las riquezas, q u e es m u e r t e , n o venga al alma! E n t o n -
ces sería a p a r t a d a d e a q u e l b i e n y se e n c o n t r a r í a f u e r a
d e la c i u d a d , e n s u m a m i s e r i a . Si, p o r el c o n t r a r i o , p e r -
m a n e c e leal y fiel a esta esposa, le d a r á p a r a s i e m p r e los
d o n e s d e su r i q u e z a .
¿ Q u i é n c o m p r e n d e tan g r a n excelencia? El a l m a e n
q u e r e s p l a n d e c e la fe. Esta esposa viste a su esposo d e
p u r e z a , e c h a n d o f u e r a las r i q u e z a s , q u e lo h a c í a n in-
m u n d o ; lo a p a r t a d e l t r a t o c o n los m a l o s y se lo d a con
los b u e n o s ; q u i t a la p o d r e d u m b r e d e la n e g l i g e n c i a ,
a r r o j a n d o fuera las p r e o c u p a c i o n e s d e l m u n d o y d e las
r i q u e z a s ; e x t r a e lo a m a r g o y deja lo d u l c e ; c o r t a las es-
p i n a s y p e r m a n e c e n las r o s a s ; vacía el e s t ó m a g o d e l
a l m a , c a r g a d o d e c o r r o m p i d o s h o n o r e s del a m o r d e s o r -
d e n a d o , y lo deja aliviado. D e s p u é s q u e lo h a vaciado, lo
llena con el m a n j a r d e las v i r t u d e s , q u e d a n g r a n d í s i m a
s u a v i d a d . Ella d e s i g n a c o m o s e r v i d o r e s al a b o r r e c i m i e n -
t o y al a m o r p a r a q u e p u r i f i q u e n su l u g a r ; p o r lo q u e el
a b o r r e c i m i e n t o del vicio y d e los p r o p i o s s e n t i d o s b a r r e
el a l m a y la a d o r n a c o n el a m o r a la v i r t u d ; d e ella q u i t a
t o d a z o z o b r a p r o v e n i e n t e d e l t e m o r servil y le d a s e g u r i -
d a d c o n el t e m o r s a n t o .
T o d a s las v i r t u d e s , g r a c i a s , deleites y p l a c e r e s q u e ella
p u e d e d e s e a r , y m á s q u e ni se le o c u r r e n , los e n c u e n t r a
el a l m a q u e t o m a p o r esposa a la r e i n a p o b r e z a . N o
t e m e las q u e r e l l a s , p u e s n o h a y q u i e n le m u e v a g u e r r a ;
t a m p o c o el h a m b r e ni la carestía, p o r q u e la fe vio y es-
p e r ó e n m í a su C r e a d o r , d e d o n d e p r o c e d e t o d a r i q u e -
za y p r o v i d e n c i a , p u e s yo s i e m p r e a l i m e n t o y s u s t e n t o .
¿Se h a e n c o n t r a d o a l g u n a vez u n s e r v i d o r m í o , esposo
d e la p o b r e z a , q u e h a y a m u e r t o d e h a m b r e ? N o . P o r el
386 El Diálogo
c o n t r a r i o , se h a visto q u e q u i e n e s a b u n d a b a n e n g r a n -
d e s r i q u e z a s , c o n f i a d o s e n ellas y n o e n m í , m o r í a n . A
a q u é l l o s n o les faltó n a d a , p o r q u e n o les falta c o n f i a n z a ,
y p o r ello les p r o v e o c o m o b e n i g n o y p i a d o s o p a d r e ; y
¡con c u á n t a a l e g r í a y c o n f i a n z a h a n v e n i d o a m í al c o n o -
c e r p o r la fe q u e d e s d e el p r i n c i p i o h a s t a el fin del m u n -
d o h e u s a d o y u s a r é en t o d o mi providencia espiritual y
t e m p o r a l ! C i e r t o q u e los h a g o s u f r i r , tal c o m o te dije,
p a r a q u e c r e z c a n e n fe y e s p e r a n z a y p a r a p r e m i a r l e s
sus t r a b a j o s ; p e r o n u n c a íes faltó u n a cosa q u e les f u e r a
n e c e s a r i a . E n t o d o a d v i e r t e n c o n d u l z u r a la g r a n d e z a
d e esta p r o v i d e n c i a m í a , g u s t a n d o d e la l e c h e d e la divi-
n a m i e l , y p o r eso n o t e m e n la a m a r g u r a d e la m u e r t e ,
s i n o q u e c o n a n h e l o s o d e s e o c o r r e n , m u e r t o s a los p r o -
pios s e n t i d o s y a sus r i q u e z a s , y se a b r a z a n c o n la esposa
p o b r e z a c o m o e n a m o r a d o s , v i v i e n d o c o n fe e n m i vo-
l u n t a d . S u f r e n el frío, el calor, la d e s n u d e z , el h a m b r e ,
la s e d , las c o n g o j a s , las a f r e n t a s y h a s t a la m i s m a m u e r -
te, c o n d e s e o d e d a r la vida y la s a n g r e p o r a m o r a la
V i d a , es d e c i r , p o r a m o r a m í , q u e soy su v i d a .
M i r a a los p o b r e s a p ó s t o l e s y a o t r o s gloriosos m á r t i -
res: P e d r o , Pablo, Esteban y L o r e n z o . Este n o parecía
e n c o n t r a r s e s o b r e f u e g o , s i n o s o b r e flores d e g r a n d í s i -
m o p l a c e r . C o m o e n b r o m a s c o n el t i r a n o , le d e c í a :
«Este l a d o está ya a s a d o ; d a l e la v u e l t a y c o m i e n z a a co-
x
m e r » . C o n el f u e g o d e la c a r i d a d d i v i n a se a p a g a b a el
d o l o r d e su a l m a . L a s p i e d r a s d e S a n E s t e b a n p a r e c í a n
r o s a s . ¿ C u á l e r a la c a u s a ? El a m o r c o n q u e h a b í a t o m a -
d o p o r e s p o s a a la p o b r e z a . H a b í a d e j a d o el m u n d o p o r
la g l o r i a y a l a b a n z a d e m i n o m b r e y la h a b í a n t o m a d o
p o r e s p o s a c o n la luz d e la s a n t í s i m a fe, firme e s p e r a n z a
y p r o n t a o b e d i e n c i a ; se h a b í a n h e c h o o b e d i e n t e s a los
m a n d a t o s y consejos q u e les h a b í a d a d o mi V e r d a d :
o b e d i e n t e s e n la r e a l i d a d y e n c u a n t o al e s p í r i t u .
T i e n e n p o r d e s e o la m u e r t e , y la vida, c o m o a l g o d e -
s a g r a d a b l e y m o t i v o d e i m p a c i e n c i a ; n o p o r h u i r d e l tra-
bajo o d e los s u f r i m i e n t o s , s i n o p o r u n i r s e a m í , q u e soy
su fin. ¿Y c ó m o n o t e m e n la m u e r t e , a la q u e se t e m e
p o r s e n t i m i e n t o n a t u r a l ? P o r q u e la e s p o s a p o b r e z a q u e
h a n e l e g i d o les h a d a d o s e g u r i d a d , q u i t á n d o l e s el a m o r
a sí m i s m o s y a las r i q u e z a s , con lo q u e p o r la v i r t u d h a n
p i s o t e a d o el a m o r n a t u r a l y recibido la luz y el a m o r di-
v i n o , q u e son s o b r e n a t u r a l e s . Y ¿ c ó m o p o d r á u n alma
en esta situación d o l e r s e d e la m u e r t e ? Más bien d e s e a
a b a n d o n a r la vida, y s u f r e s o p o r t á n d o l a c u a n d o ve q u e
se p r o l o n g a m u c h o . ¿ P o d r á d o l e r s e d e d e j a r las delicias
y r i q u e z a s del m u n d o q u i e n las h a d e s p r e c i a d o c o n tan-
to a r d o r ? N o es g r a n cosa, p u e s q u i e n n o a m a n o sufre,
m á s bien se deleita c u a n d o deja lo q u e a b o r r e c e . De
m o d o q u e a cualquier lado q u e mires, encuentras en
ellos paz perfecta, q u i e t u d y c o m p l e t o b i e n e s t a r ; y e n los
miserables q u e p o s e e n c o n a m o r d e s o r d e n a d o , ves g r a n
d e s g r a c i a y sufrimientos intolerables; a u n q u e p o r la apa-
riencia e x t e r n a se crea lo contrario, en realidad es así.
¿ Q u i é n n o h u b i e s e p e n s a d o q u e el p o b r e L á z a r o se
hallaría e n la m a y o r d e s g r a c i a y q u e el rico, c o n d e n a d o ,
gozaría d e g r a n alegría y r e p o s o ? Sin e m b a r g o , ni e r a ni
fue así, p u e s sufría m a y o r p e n a el rico con las r i q u e z a s
q u e el p o b r e L á z a r o , q u e e r a a t o r m e n t a d o p o r la lepra;
p o r q u e la v o l u n t a d , d o n d e radica el s u f r i m i e n t o , estaba
viva e n el rico, m i e n t r a s q u e en L á z a r o se h a l l a b a m u e r -
ta y vivía sólo e n mí. E n el s u f r i m i e n t o , yo le d a b a refri-
g e r i o y c o n s u e l o . R e p e l i d o d e los h o m b r e s , d e m o d o es-
pecial p o r el rico c o n d e n a d o , n o a s e a d o ni a t e n d i d o p o r
n a d i e , p r o c u r a b a yo q u e u n a n i m a l le lamiese las llagas.
M i r a c o n la luz d e la fe el final d e la vida d e L á z a r o e n
9
la vida e t e r n a y al rico e n el i n f i e r n o .
D e m o d o q u e los ricos p e r m a n e c e n en tristeza, y mis
dulces pobrecitos en alegría. Yo les m a n t e n g o a mis p e -
c h o s , d á n d o l e s la leche d e a b u n d a n t e s c o n s u e l o s . Por-
q u e lo d e j a r o n t o d o , m e p o s e e n p l e n a m e n t e . El Espíritu
S a n t o se hace n o d r i z a d e las almas y d e sus c u e r p o s e n
c u a l q u i e r estado en q u e se e n c u e n t r e n . H a g o q u e los so-
c o r r a n los animales d e diversas m a n e r a s , s e g ú n t e n g a n
n e c e s i d a d . A los e n f e r m o s solitarios h a r é q u e o t r o soli-
tario salga d e su celda con el fin d e q u e lo s o c o r r a . T ú
sabes q u e m u c h a s veces te h a s u c e d i d o q u e te h e s a c a d o
d e la celda p a r a satisfacer a la necesidad d e pobrecitas
q u e lo necesitaban. A l g u n a vez hice q u e lo e x p e r i m e n t a -
ras en ti misma, e m p l e a n d o esta m i s m a p r o v i d e n c i a
» Le 16,19-22.
388 El Diálogo
152 [ R e s u m e n d e la d i v i n a p r o v i d e n c i a . ]
1 0
Alusión autobiográfica, recogida t a m b i é n p o r el Beato R a i m u n -
d o (Vida p.2 c/3).
La providencia diviva 389
T e h e m o s t r a d o t a m b i é n lo a g r a d a b l e q u e m e es y
c ó m o la q u i e r o y a t i e n d o c o n mi p r o v i d e n c i a . T e lo h e
d i c h o p a r a r e c o m e n d a r esta v i r t u d y la fe s a n t í s i m a , c o n
la q u e el a l m a c o n s i g u i ó este e x c e l e n t í s i m o e s t a d o , y
p a r a h a c e r t e c r e c e r e n la fe y e n la e s p e r a n z a y q u e lla-
m e s a la p u e r t a d e mi m i s e r i c o r d i a . M a n t e n c o n vida tu
d e s e o y el d e mis s e r v i d o r e s , y yo c u m p l i r é h a s t a la
m u e r t e . Sé f u e r t e y a l é g r a t e e n m í , p u e s soy tu d e f e n s o r
y consolador.
H a b l á n d o t e d e la P r o v i d e n c i a , h e satisfecho tus d e -
seos c u a n d o m e r o g a b a s q u e s o c o r r i e s e a las c r i a t u r a s
e n sus n e c e s i d a d e s . H a s visto q u e n o m e n o s p r e c i o los
santos y r a z o n a b l e s d e s e o s .
A q u e l a l m a , c o m o ebria, e n a m o r a d a d e la v e r d a d e r a
y s a n t a p o b r e z a , d i l a t a d o su c o r a z ó n e n la e t e r n a g r a n -
d e z a y t r a n s f o r m a d a e n el a b i s m o d e la s u m a e inesti-
m a b l e p r o v i d e n c i a , t u v o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o fi-
j o s e n la divina Majestad. Se hallaba d e n t r o del c u e r p o ,
p e r o se veía f u e r a d e él p o r la e n a j e n a c i ó n y el éxtasis
q u e h a b í a p r o d u c i d o e n ella el f u e g o d e su c a r i d a d . En-
tonces dijo al s u m o y e t e r n o P a d r e :
¡Oh P a d r e eterno, fuego y abismo d e caridad;
e t e r n a belleza, s a b i d u r í a e t e r n a , b o n d a d e t e r n a , c l e m e n -
cia, e s p e r a n z a y r e f u g i o d e los p e c a d o r e s ; g e n e r o s i d a d
i n e s t i m a b l e , e t e r n o e infinito b i e n ; a m o r loco! ¿Es q u e
necesitas d e la c r i a t u r a ? Eso m e p a r e c e , p u e s t o q u e
o b r a s c o m o si n o p u d i e r a s vivir sin ella, s i e n d o así q u e
tú e r e s la causa d e su vida, p u e s la vida d e t o d a s las co-
sas d e p e n d e d e ti y sin ti n a d i e vive ¿ C ó m o has enlo-
q u e c i d o d e este m o d o ? P o r q u e te h a s e n a m o r a d o d e lo
q u e h a s c r e a d o , te h a s c o m p l a c i d o y a l e g r a d o p o r c a u s a
1
Jn 1,3-4.
390 El Diálogo
d e ella. C o m o e m b r i a g a d o a n d a s b u s c a n d o su salvación,
c u a n d o ella te h u y e . T ú la vas c e r c a n d o ; ella se aleja y
tú te acercas a ella. N o podías acercarte más q u e t o m a n -
d o su h u m a n i d a d .
¿Y q u é diré? H a r é c o m o u n balbuciente. Diré: «A, a
2
a», p o r q u e n o sé q u é o t r a cosa decir , p u e s la l e n g u a fi-
nita n o p u e d e e x p r e s a r el afecto del alma q u e infinita-
m e n t e te desea. Me p a r e c e q u e p u e d o repetir la frase d e
San Pablo, q u e dijo: «Ni l e n g u a p u e d e e x p r e s a r , ni o í d o
3
escuchar, ni ojo c o m p r e n d e r , ni corazón imaginar»
4
aquello q u e vi. ¿ Q u é viste? «Vi los secretos d e Dios» .
¿Y q u é digo yo? Nada, p o r q u e los sentidos son torpes; so-
lamente digo, alma mía, q u e has experimentado el abismo
d e la suma y eterna providencia.
A h o r a te doy gracias, s u m o y e t e r n o P a d r e , p o r la
b o n d a d fuera d e m e d i d a q u e m e has manifestado a mí,
miserable e i n d i g n a d e t o d a gracia.
P e r o c o m o veo q u e satisfaces los santos deseos y tu
V e r d a d n o p u e d e m e n t i r , p o r eso desearía q u e m e ha-
blases a h o r a u n poco d e la virtud y excelencia d e la obe-
diencia, tal c o m o tú, P a d r e e t e r n o , m e prometiste, a fin
d e q u e m e e n a m o r e d e esa virtud y n o m e a p a r t e d e tu
obediencia. Q u e plazca a tu infinita b o n d a d h a b l a r m e
d e su perfección, d ó n d e la p u e d o hallar, p o r q u é causa
se m e p u e d e q u i t a r , q u i é n m e la d a y la señal p a r a cono-
cer si yo la poseo.
2 3 4
J e r 1,6. 1 Cor 2,5. 2 C o r 12,4.
LA O B E D I E N C I A
E n t o n c e s , el s u m o , e t e r n o y p i a d o s o P a d r e volvió ha-
cia ella los ojos d e m i s e r i c o r d i a y c l e m e n c i a , d i c i e n d o :
¡ O h q u e r i d í s i m a y d u l c í s i m a hija! El s a n t o d e s e o
y j u s t a s peticiones d e b e n ser e s c u c h a d a s , y p o r eso yo,
s u m a V e r d a d , c o m p l i r é la p r o m e s a q u e hice a ti y a tu
d e s e o . Si m e p r e g u n t a s d ó n d e e n c u e n t r a s la o b e d i e n c i a ,
la r a z ó n d e p e r d e r l a y la señal d e si la g u a r d a s o n o , te
r e s p o n d o q u e la e n c u e n t r a s p e r f e c t a e n el d u l c e y a m o -
r o s o V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o . F u e t a n p r o n t a e n El
esta v i r t u d , q u e p o r c u m p l i r l a c o r r i ó a la a f r e n t o s a
m u e r t e d e cruz.
¿ Q u i é n te la quita? M i r a al p r i m e r h o m b r e , y verás lo
q u e le p r i v ó d e la o b e d i e n c i a i m p u e s t a p o r m í , el e t e r n o
P a d r e : la soberbia q u e siguió y t u v o o r i g e n e n el a m o r
p r o p i o y e n el d e s e o d e c o m p l a c e r a su c o m p a ñ e r a
[Eva]. Esta fue la c a u s a q u e le p r i v ó d e la perfección d e
la o b e d i e n c i a y el o r i g e n d e la d e s o b e d i e n c i a . Esta le
q u i t ó la vida d e la gracia y le c a u s ó la m u e r t e , y en con-
secuencia p e r d i ó la inocencia y cayó e n la i n m u n d i c i a y
en u n a g r a n d e s g r a c i a . Y n o sólo él, s i n o q u e e n ella in-
c u r r i ó t o d o el g é n e r o h u m a n o , c o m o te dije '.
La señal q u e t i e n e p a r a c o n o c e r esta v i r t u d es la pa-
ciencia, y la d e n o t e n e r l a te lo d e m u e s t r a la impacien-
cia. C u a n d o te h a y a h a b l a d o d e esta v i r t u d , v e r á s q u e es
así.
P e r o a ü e n d e : la o b e d i e n c i a se o b s e r v a d e d o s m o d o s .
U n a es m á s p e r f e c t a q u e o t r a , y, sin e m b a r g o , n o se ha-
llan s e p a r a d a s , sino u n i d a s , c o m o te dije d e los m a n d a -
2
m i e n t o s y consejos . U n o s son b u e n o s y p e r f e c t o s , los
1
Cf. c.14.21 y 1 3 5 .
2
Cf. c . 4 7 .
392 El Diálogo
3
J n 14,6.
4
Cf. c.115 y 116.
La obediencia 393
a m a o n o . P o r e s o , la m a d r e , la c a r i d a d , le h a d a d o p o r
h e r m a n a la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a . T a n p e r f e c t a m e n t e
u n i d a s se h a l l a n , q u e n o se p i e r d e u n a sin la o t r a , y, o
p o s e e s las d o s , o n o p o s e e s n i n g u n a .
Esta v i r t u d es la n o d r i z a q u e la a l i m e n t a , es d e c i r , la
v e r d a d e r a h u m i l d a d , p o r lo q u e c u a n t o se es m á s o b e -
diente, tanto más humilde, y tanto más humilde cuanto
m á s o b e d i e n t e . L a h u m i l d a d es el a l m a y n o d r i z a d e la
c a r i d a d , y p o r eso su l e c h e a l i m e n t a la v i r t u d d e la o b e -
d i e n c i a . El vestido q u e le d a esta n o d r i z a es e n v i l e c e r s e
a sí m i s m a , vestirse d e o p r o b i o s , e s c a r n i o s , villanías,
e n o j o d e sí y a g r a d a r m e a m í . ¿ D ó n d e e n c u e n t r a s ese
vestido? E n el d u l c e C r i s t o J e s ú s , m i H i j o u n i g é n i t o .
¿ Q u i é n se h a e n v i l e c i d o m á s q u e El? El se sació d e o p r o -
5
bios y villanías, se d e s a g r a d ó a sí m i s m o , es d e c i r , a su
vida c o r p o r a l , p o r a g r a d a r m e a m í . ¿ Q u i é n f u e m á s p a -
c i e n t e q u e El? N o se le o y ó u n a q u e j a ni c l a r n o r , s i n o
q u e c o n paciencia a b r a z ó las injurias. C o m o e n a m o r a d o
c u m p l i ó m i o b e d i e n c i a , la i m p u e s t a p o r m í , su P a d r e
eterno.
Así, p u e s , e n El e n c o n t r a r é i s la p e r f e c t a o b e d i e n c i a .
O s d e j ó esta r e g l a y d o c t r i n a , p e r o a n t e s la o b s e r v ó El
m i s m o . Ella d a v i d a p o r ser c a m i n o d e r e c h o . El es el ca-
m i n o , y p o r eso dijo q u e e r a « c a m i n o , v e r d a d y vida» y
q u e q u i e n a n d u v i e r a p o r él a n d a r í a p o r la luz, y q u e a n -
d a n d o p o r ella n o p u e d e o f e n d e r n i s e r o f e n d i d o sin
6
q u e e s t o se a d v i e r t a , p o r q u e h a a p a r t a d o d e sí las tinie-
blas d e l a m o r p r o p i o , p o r el q u e c a í a e n d e s o b e d i e n c i a ,
p u e s , c o m o te dije, la c o m p a ñ e r a d e d o n d e p r o c e d e la
o b e d i e n c i a es la h u m i l d a d . P o r eso t e dije y te d i g o q u e
la d e s o b e d i e n c i a p r o c e d e d e la s o b e r b i a , q u e , a su vez,
t i e n e o r i g e n e n el a m o r a sí m i s m o , a p a r t á n d o s e d e la
h u m i l d a d . L a h e r m a n a q u e se h a d a d o al a m o r p r o p i o
es la d e s o b e d i e n c i a . L a i m p a c i e n c i a y la s o b e r b i a las fo-
m e n t a n . C o n tinieblas d e falta d e fe c o r r e el a l m a p o r el
c a m i n o o s c u r o q u e la c o n d u c e a la m u e r t e e t e r n a .
T o d o s debéis leer e n este glorioso libro, d o n d e en-
c o n t r á i s e s t a y las d e m á s v i r t u d e s .
5
Flp 2 , 7 .
* Jn 14,6 y 8,12.
394 £7 Diálogo
LA OBEDIENCIA EN GENERAL
155 [ L a o b e d i e n c i a e s l l a v e q u e a b r e el c i e l o . — D e b e t e n e r s e
e n la c i n t u r a , a t a d a a u n c o r d e l i t o . — S u e x c e l e n c i a . J
1
Mt 22,37-40.
2 Rom 5,19.
La obediencia 395
3
Sal 1 2 8 , 3 .
396 El Diálogo
4
Is 11,5.
5
Is 3,24.
La obediencia 397
ees d e ella u n a m e s a d o n d e t o m a s el a l i m e n t o d e l a l m a
p e r m a n e c i e n d o e n la dilección d e l p r ó j i m o !
T ú te hallas u n g i d a c o n la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y p o r
eso n o a p e t e c e s las cosas d e tu p r ó j i m o q u e n o e s t á n
c o n f o r m e s c o n m i v o l u n t a d . E r e s recta, sin r e c o v e c o al-
g u n o , p o r q u e h a c e s al c o r a z ó n r e c t o y n o fingido,
a m a n d o a m i c r i a t u r a c o n n a t u r a l i d a d y sin s i m u l a c i ó n .
E r e s u n a a u r o r a q u e lleva c o n t i g o la g r a c i a d i v i n a ; u n
sol q u e calienta, p o r q u e n o te e n c u e n t r a s p r i v a d a d e l ca-
lor d e la c a r i d a d . H a c e s q u e la t i e r r a fructifique, esto es,
q u e los i n s t r u m e n t o s d e l a l m a y d e l c u e r p o p r o d u z c a n
u n f r u t o q u e t i e n e v i d a e n sí y e n el p r ó j i m o .
Estás c o m p l e t a m e n t e a l e g r e , p o r q u e t u r o s t r o n o se
h a t u r b a d o p o r la impaciencia; estás s e r e n a y c o n forta-
leza. E r e s g r a n d e e n la p r o l o n g a d a p e r s e v e r a n c i a ; t a n
g r a n d e q u e participas d e l cielo y d e la t i e r r a , p o r q u e c o n
ella se q u i t a el c e r r o j o d e l cielo. E r e s u n a m a r g a r i t a es-
c o n d i d a y d e s c o n o c i d a , p i s o t e a d a p o r el m u n d o , p u e s te
6
p r e s e n t a s c o m o vil, s o m e t i é n d o t e a las c r i a t u r a s .
T a n e x t e n s o s s o n tus d o m i n i o s , q u e n a d i e p u e d e s e r
tu s e ñ o r , p o r q u e te h a s l i b r a d o d e la m o r t a l s e r v i d u m -
b r e d e los p r o p i o s s e n t i d o s , q u e te p r i v a b a n d e tu d i g n i -
dad.
T e d i g o , q u e r i d í s i m a hija, q u e t o d o esto lo h a h e c h o
m i b o n d a d y p r o v i d e n c i a , q u e d e t e r m i n a r o n q u e el V e r -
b o a r r e g l a r a la llave d e esta o b e d i e n c i a . P e r o los h o m -
b r e s d e l m u n d o , p r i v a d o s d e t o d a v i r t u d , h a c e n t o d o lo
c o n t r a r i o . Ellos, c o m o a n i m a l e s sin f r e n o , p o r q u e les
falta la o b e d i e n c i a , v a n a p r e s u r a d o s d e m a l e n p e o r , d e
p e c a d o e n . p e c a d o , d e m i s e r i a e n miseria, d e o s c u r i d a d
e n o s c u r i d a d , d e m u e r t e e n m u e r t e , t a n t o q u e llegan al
b o r d e d e la fosa d e la m u e r t e c o n el g u s a n o d e la c o n -
ciencia q u e s i e m p r e les r o e . A u n q u e p u e d e n volver o t r a
vez a q u e r e r o b e d e c e r los m a n d a m i e n t o s d e la ley, si tie-
n e n t i e m p o p a r a ello y p a r a d o l e r s e d e h a b e r d e s o b e d e -
c i d o , les es, sin e m b a r g o , m u y fatigoso p o r la m u c h a
6
Mt 13,44-46 y 7,6.
398 El Diálogo
c o s t u m b r e d e pecar. N a d i e se confíe ni d e m o r e t o m a r
esta llave d e la obediencia en el último m o m e n t o d e la
m u e r t e , si bien c a d a u n o p u e d e y d e b e t e n e r e s p e r a n z a
m i e n t r a s t i e n e tiempo; n o se d e b e confiar en q u e , p o r
tenerlo, va a e n m e n d a r su vida.
¿Cuál es la causa d e su g r a n mal, d e tanta c e g u e r a ,
p a r a n o r e c o n o c e r este tesoro? La n u b e del a m o r p r o p i o
con la miserable soberbia, p o r la q u e se h a n a p a r t a d o d e
la obediencia y caído en la desobediencia. Al n o ser obe-
dientes, n o son pacientes, y en la impaciencia sufren in-
tolerables p e n a s . La desobediencia los h a sacado del ca-
m i n o d e la v e r d a d y los lleva p o r el d e la m e n t i r a , ha-
ciéndose esclavos y amigos d e los d e m o n i o s , y, si n o se
e n m i e n d a n , a causa d e la desobediencia van con sus se-
ñ o r e s los d e m o n i o s al suplicio e t e r n o . Por el c o n t r a r i o ,
los hijos q u e r i d o s , o b s e r v a d o r e s y o b e d i e n t e s a la ley,
gozan y se a l e g r a n v i é n d o m e j u n t o con el h u m i l d e e in-
m a c u l a d o C o r d e r o , h a c e d o r , c u m p l i d o r y d a d o r d e la
ley. O b s e r v a n d o la obediencia en esta vida, h a n g u s t a d o
la paz, y e n la vida b i e n a v e n t u r a d a reciben y se revisten
d e u n a perfectísima q u i e t u d ; paz sin c o m b a t e a l g u n o y
bien perfecto sin mal a l g u n o ; s e g u r i d a d sin n i n g ú n te-
m o r ; riqueza sin p r o b r e z a ; luz sin tinieblas; u n bien infi-
nito y n o p e r e c e d e r o , del q u e participan todos los biena-
venturados.
¿Quién la h a colocado en tanto bien? La s a n g r e del
C o r d e r o , en virtud d e la cual la llave d e la obediencia
p i e r d e la h e r r u m b r e , p a r a q u e con ella podáis a b r i r la
p u e r t a . D e m o d o q u e la obediencia te la h a abierto en
virtud d e la s a n g r e .
¡Oh necios y locos! N o tardéis más en salir d e las in-
m u n d i c i a s , p u e s p a r e c e q u e hacéis c o m o el p u e r c o , q u e
se revuelca en el l o d o . Así lo hacéis vosotros en el lodo
d e la c a r n a l i d a d . A b a n d o n a d las injusticias, homicidios,
odio, r e n c o r , calumnias, m u r m u r a c i o n e s , juicios atrevi-
dos y c r u e l d a d q u e usáis con vuestro p r ó j i m o ; h u r t o s ,
traiciones, pasiones d e s o r d e n a d a s y deleites m u n d a n o s .
C o r t a d los c u e r n o s a la soberbia, con lo q u e cortaréis y
extinguiréis el o d i o , en q u e g u a r d á i s en vuestro corazón
a los q u e os injurian. C o m p a r a d las injurias q u e m e ha-
béis h e c h o a mí y al prójimo con las q u e os h a n h e c h o , y
e n c o n t r a r é i s q u e , c o m p a r a d a s con las h e c h a s a mí, las
La obediencia 399
LA OBEDIENCIA EN PARTICULAR
157 [ L o s q u e t i e n e n t a n t o a m o r a la o b e d i e n c i a , q u e n o s e
c o n t e n t a n c o n lo g e n e r a l d e los m a n d a m i e n t o s , s i n o q u e a b r a -
z a n la o b e d i e n c i a p a r t i c u l a r . ]
En a l g u n o s , q u e r i d í s i m a hija, crecerá m u c h í s i m o el
d u l c e y a m o r o s o fuego d e a m o r a esta o b e d i e n c i a , y
c o m o el fuego n o se d a sin a b o r r e c i m i e n t o , al c r e c e r ese
fuego, a u m e n t a r á t a m b i é n el a b o r r e c i m i e n t o . C o m o
c o n s e c u e n c i a d e él y d e este a m o r , n o se e n c u e n t r a n
c o n t e n t o s con solos los m a n d a t o s g e n e r a l e s d e la ley, a
q u e t o d o s están obligados a o b e d e c e r si q u e r é i s t e n e r
vida, p u e s d e lo c o n t r a r i o t e n d r é i s la m u e r t e , sino q u e
se a t i e n e n a los m a n d a m i e n t o s e n p a r t i c u l a r , o sea, a
la o b e d i e n c i a particular, q u e busca u n a m a y o r perfec-
ción. P o r eso o b s e r v a n los consejos t e m p o r a l y espiritual-
mente.
Esos tales, p o r o d i o a sí m i s m o s , q u i e r e n m a t a r en
400 El Diálogo
158 [ P a s o d e la o b e d i e n c i a g e n e r a l a la p a r t i c u l a r . — E x c e -
l e n c i a d e las ó r d e n e s r e l i g i o s a s . ]
d o s p a s t o r e s , p r e l a d o s p u e s t o s p o r el p a t r ó n d e la n a v e .
Es ésta d e t a n t o d e l e i t e e n sí m i s m a , q u e t u l e n g u a n o
podría describirlo.
D i g o , p u e s , q u e esta a l m a , c r e c i d o el f u e g o d e l d e s e o
c o n s a n t o a b o r r e c i m i e n t o d e sí m i s m a , h a b i e n d o e n c o n -
t r a d o l u g a r c o n la luz d e la fe, e n t r a e n él ya m u e r t a si
es v e r d a d e r a m e n t e o b e d i e n t e , esto es, si h a o b s e r v a d o
p e r f e c t a m e n t e la o b e d i e n c i a g e n e r a l . Si e n t r a i m p e r f e c -
ta e n ese l u g a r , n o es q u e n o la p u e d a c o n s e g u i r , sino
q u e la l o g r a si q u i e r e ejercitar e n sí la v i r t u d d e la o b e -
d i e n c i a . L a m a y o r p a r t e d e los q u e i n g r e s a n e n u n a o r -
d e n son i m p e r f e c t o s : u n o s e n t r a n c o n p e r f e c c i ó n , o t r o s
c o m o niños, u n o s p o r temor, otros p o r dificultades,
o t r o s p o r h a l a g o s . T o d o consiste d e s p u é s e n ejercitarse
e n la v i r t u d y e n p e r s e v e r a r h a s t a la m u e r t e ; q u e s o b r e
su i n g r e s o n o se d e b e j u z g a r , s i n o sólo s o b r e su p e r s e v e -
rancia. Muchos parecía q u e ingresaban perfectos y des-
p u é s h a n v u e l t o la vista a t r á s y vivido e n la o r d e n c o n
g r a n i m p e r f e c c i ó n . D e m o d o q u e n o se p u e d e j u z g a r d e l
m o d o y decisión c o n q u e e n t r a n e n la navecilla, a la q u e
t o d o s se h a l l a n e n v i a d o s p o r m í , sino sólo p o r el m o d o
d e o b r a r d e los q u e p e r s e v e r a n d e n t r o c o n v e r d a d e r a
obediencia.
Esta es u n a n a v e rica, p o r q u e n o p r e c i s a el subdito
p e n s a r e n lo q u e es n e c e s a r i o ni espiritual ni t e m p o r a l -
m e n t e , p u e s t o q u e , si v e r d a d e r a m e n t e es o b e d i e n t e u
o b s e r v a n t e d e la r e g l a , es m a n t e n i d o p o r el p a t r o n o d e
la n a v e , el Espíritu S a n t o . C o m o sabes, t e dije al h a b l a r
d e m i p r o v i d e n c i a q u e mis s e r v i d o r e s s o n p o b r e s , p e r o
n o m e n d i g o s . L o m i s m o éstos, a los q u e s o c o r r o e n su
necesidad.
B i e n lo e x p e r i m e n t a b a n y e x p e r i m e n t a n los q u e e r a n
y s o n o b s e r v a n t e s d e la r e g l a . Así ves q u e e n los t i e m p o s
e n q u e las ó r d e n e s se r e g a b a n c o n la flor d e la v i r t u d ,
c o n v e r d a d e r a p o b r e z a y c a r i d a d f r a t e r n a , n o les falta-
b a n los b i e n e s t e m p o r a l e s , sino q u e t e n í a n d e lo q u e exi-
gía su n e c e s i d a d . P e r o c o m o e n ellas h a e n t r a d o la pesti-
lencia d e l a m o r p r o p i o , v i v i e n d o c a d a u n o d e p o r sí, y
p o r q u e falta la o b e d i e n c i a , v i e n e a faltar lo n e c e s a r i o ; y
c u a n t o m á s p o s e e n , e n m a y o r m e n d i c i d a d se e n c u e n -
t r a n . Es j u s t o q u e h a s t a e n las cosas m á s p e q u e ñ a s sien-
t a n q u é f r u t o les p r o d u c e la d e s o b e d i e n c i a . Si f u e r a n
402 El Diálogo
' Ez 3 3 , 1 1 .
La obediencia 405
go d e la c a r i d a d y d e la h u m i l d a d ; la impaciencia, c o n -
t r a r i a a la paciencia; la d e s o b e d i e n c i a , c o n t r a la v e r d a -
d e r a o b e d i e n c i a ; la infidelidad, c o n t r a r i a a la fe. P r e s u -
m i r y c o n f i a r e n sí m i s m o n o está a c o r d e c o n la v e r d a -
d e r a e s p e r a n z a q u e el a l m a d e b e t e n e r e n m í . L a injusti-
cia t a m p o c o c o n c u e r d a c o n la justicia, ni la n e c e s i d a d
c o n la p r u d e n c i a , ni la i n t e m p e r a n c i a c o n la t e m p l a n z a ,
ni la t r a n s g r e s i ó n d e las c o s t u m b r e s d e la o r d e n c o n la
o b s e r v a n c i a d e la regla. El t r a t o c o n los q u e viven e n p e -
c a d o es t a m b i é n e n e m i g o .
Estos son sus c r u e l e s e n e m i g o s : la ira, c o n t r a la b e n e -
volencia; la c r u e l d a d , c o n t r a la p i e d a d ; la i r a c u n d i a ,
c o n t r a la b e n i g n i d a d ; el a b o r r e c i m i e n t o d e la v i r t u d ,
c o n t r a el a m o r a ella; la i n m u n d i c i a , c o n t r a la p u r e z a ; la
n e g l i g e n c i a , c o n t r a la solicitud; la i g n o r a n c i a , c o n t r a el
c o n o c i m i e n t o ; el m u c h o d o r m i r , c o n t r a la vigilia y o r a -
ción c o n t i n u a .
P u e s t o q u e c o n la luz d e la fe conoció q u e t o d o s éstos
e r a n e n e m i g o s q u e i n t e n t a b a n c o n t a m i n a r a su esposa,
p o r ello la s a n t a o b e d i e n c i a m a n d ó al a b o r r e c i m i e n t o
q u e los arrojase f u e r a y q u e el a m o r i n t r o d u j e s e a sus
a m i g o s . P o r lo cual, el a b o r r e c i m i e n t o m a t ó a la p e r v e r -
sa v o l u n t a d p r o p i a c o n su cuchillo. Esa v o l u n t a d , favo-
r e c i d a p o r el a m o r p r o p i o , d a b a vida a t o d o s los e n e m i -
gos d e la o b e d i e n c i a v e r d a d e r a . C o r t a d a la c a b e z a al
principal, e n q u e se a p o y a n t o d o s los o t r o s e n e m i g o s , se
c o n v i e r t e e n libre, y, sin e n e m i g o a l g u n o , a d q u i e r e la
paz. N a d a hay q u e le p r o d u z c a a m a r g u r a ni tristeza,
p o r q u e el a l m a h a a r r o j a d o d e sí t o d o a q u e l l o q u e las
causaba.
¿ Q u é c o m b a t e sostiene el o b e d i e n t e ? ¿Le h a c e la g u e -
r r a la injuria? N o , p o r q u e es p a c i e n t e . La paciencia es
h e r m a n a d e la o b e d i e n c i a . ¿Son p e s a d a s las o b s e r v a n -
cias d e la o r d e n ? N o , p o r q u e él h a p i s o t e a d o su v o l u n -
tad, y n o q u i e r e a n a l i z a r ni enjuiciar la v o l u n t a d d e su
p r e l a d o , sino q u e c o n la luz d e la fe i n t e r p r e t a la v o l u n -
tad m í a e n él, c r e y e n d o d e veras q u e m i c l e m e n c i a le
obliga a m a n d a r y a n o m a n d a r , s e g ú n sea d e n e c e s i d a d
p a r a la salvación. ¿Se e n t r e g a al d e s a g r a d o o r e p u g a n c i a
d e h a c e r los oficios bajos d e la o r d e n , p o r sufrir las be-
fas, i m p r o p e r i o s , escarnios y villanías q u e os h a n h e c h o
m u c h a s veces o p o r ser t e n i d o p o r vil? N o , p o r q u e h a
410 El Diálogo
el e s p í r i t u , c o n r e p u l s a y o d i o d e sí, n o le p a r e c e q u e
p u e d a saciarse c o n las p e n a s , p o r n o faltarle la e s p e r a n -
za e n m i p r o v i d e n c i a . C o n la fe y la llave d e la o b e d i e n -
cia p a s a este m a r t e m p e s t u o s o e n el i n t e r i o r d e la n a v e -
cilla d e la o r d e n . D e este m o d o vive e n la c e l d a e v i t a n d o
el ocio, c o m o se h a d i c h o .
El o b e d i e n t e q u i e r e s e r el p r i m e r o e n e n t r a r e n el
c o r o y el ú l t i m o e n c o m e r . C u a n d o ve a u n h e r m a n o
m á s o b e d i e n t e y solícito q u e él, le t i e n e e n v i d i a s a n t a ,
q u e r i e n d o a p r o p i a r s e d e la v i r t u d , sin d e s e a r p o r ello
q u e d i s m i n u y a e n el h e r m a n o , p o r q u e , si lo q u i s i e r a , es-
taría s e p a r a d o d e la c a r i d a d c o n su p r ó j i m o .
El o b e d i e n t e n o a b a n d o n a el r e f e c t o r i o , s i n o , m á s
b i e n , lo visita c o n t i n u a m e n t e y se e x p a n s i o n a e n la m e s a
c o n los p o b r e s . E n señal d e q u e se d e l e i t a e n ello, p a r a
n o t e n e r d i s c u l p a d e q u e d a r s e f u e r a , h a a l e j a d o d e sí los
b i e n e s t e m p o r a l e s , o b s e r v a n d o el voto d e p o b r e z a c o n
tal p e r f e c c i ó n , q u e h a s t a lo n e c e s a r i o p a r a el c u e r p o lo
tiene c o m o d i g n o d e r e p r o c h e . Su c e l d a está llena d e l
p e r f u m e d e la p o b r e z a y n o d e cortinajes. N o se le pasa
p o r el p e n s a m i e n t o q u e l l e g u e n los l a d r o n e s p a r a r o b a r -
le ni q u e la h e r r u m b r e o polilla r o a n sus vestidos Si le
d a n a l g o , n o se le o c u r r e g u a r d a r l o p a r a sí, sino q u e li-
b r e m e n t e lo p o n e a d i s p o s i c i ó n d e los h e r m a n o s , n o
p e n s a n d o e n el d í a d e m a ñ a n a , sino q u e e n el d í a d e
h o y s o c o r r e su n e c e s i d a d , p e n s a n d o sólo e n el r e i n o d e l
cielo y d e q u é m o d o p o d r á o b s e r v a r m e j o r la o b e d i e n -
cia. Y c o m o p o r la vía d e la h u m i l d a d se o b s e r v a la r e g l a
m e j o r , se s o m e t e al p e q u e ñ o c o m o al m a y o r , al p o b r e
c o m o al rico; se h a c e s e r v i d o r d e t o d o s , sin r e h u s a r
n u n c a el trabajo; sirve a c a d a u n o c a r i t a t i v a m e n t e . El
o b e d i e n t e n o q u i e r e c u m p l i r la o b e d i e n c i a a su m o d o , ni
elegir el t i e m p o y l u g a r , sino s e g ú n lo r e g u l a d o p o r la
o r d e n y su p r e l a d o .
T o d o esto lo h a c e el v e r d a d e r o y p e r f e c t o o b e d i e n t e
sin p e n a o t e d i o del e s p í r i t u . Pasa c o n esta llave p o r el
p o s t i g o e s t r e c h o d e la o r d e n d e s a h o g a d a m e n t e y sin
violencia, p o r q u e h a o b s e r v a d o y o b s e r v a el voto d e la
p o b r e z a v o l u n t a r i a , d e la c o n t i n e n c i a v e r d a d e r a y d e la
p e r f e c t a o b e d i e n c i a . H a q u i t a d o el o r g u l l o d e la s o b e r -
1
Mt 6 , 1 9 - 2 0 ; Le 1 2 , 3 3 .
412 El Diálogo
160 [ P e r v e r s i d a d , m i s e r i a s y t r a b a j o s d e los d e s o b e d i e n t e s .
M a l a s c o n s e c u e n c i a s d e la desobediencia.!
2
Mt 10,14-15; 18,3 y 19,14; Le 18,16-17.
3
Mt 23,12; Le 14,11 y 18,14.
1
Mt 19,27-29; Me 10,28-30; Le 18,28-30.
La obediencia 413
161 [ E x c e l e n c i a d e los p o b r e s d e e s p í r i t u . — J e s u c r i s t o n o s
e n s e ñ ó la p o b r e z a c o n la p a l a b r a y c o n el e j e m p l o . — P r o v i d e n -
cia d e D i o s c o n l o s q u e a b r a z a n la p o b r e z a . ]
Lo c o n t r a r i o o c u r r e al miserable q u e es o b e d i e n t e p o r
la fuerza. E n c u e n t r a en la navecilla d e la o r d e n tanto
sufrimiento a causa d e sí m i s m o y d e los otros, q u e en
esta vida e x p e r i m e n t a las primicias del infierno; está
siempre triste y en confusión, con r e m o r d i m i e n t o d e
conciencia, con d e s a g r a d o d e la o r d e n y d e su p r e l a d o ;
se hace insufrible a sí mismo. Es d e ver, hija mía, a ese
q u e ha t o m a d o la llave d e la obediencia en la o r d e n d o -
m i n a d o p o r la desobediencia, d e la q u e se h a h e c h o es-
clavo y ella s e ñ o r a , a c o m p a ñ a d a d e la impaciencia, fo-
m e n t a d a p o r la soberbia j u n t o con el propio placer. La
soberbia, c o m o se h a dicho, p r o c e d e del a m o r a sí mis-
m o : es t o d o lo c o n t r a r i o a lo dicho sobre la obediencia.
¿Y c ó m o este miserable p u e d e vivir más q u e sufriendo,
pues se halla p r i v a d o d e la c a r i d a d ? Por fuerza tiene
q u e inclinar la cabeza d e su v o l u n t a d , y la soberbia se la
m a n t i e n e e r g u i d a . T o d o s los actos d e su voluntad dis-
c u e r d a n con la voluntad d e la o r d e n . Esta le m a n d a
o b e d e c e r , y él prefiere la desobediencia; la o r d e n m a n -
d a la p o b r e z a voluntaria, y tú, d e s o b e d i e n t e , huyes d e
ella p o s e y e n d o y d e s e a n d o la riqueza; q u i e r e ella la con-
tinencia, y tú la i n m u n d i c i a .
Q u e b r a n t a n d o estos votos, hija mía, cae el religioso
en la r u i n a y en tan miserables defectos, q u e p o r su as-
pecto n o parece religioso, sino d e m o n i o h e c h o c a r n e ,
c o m o más p o r extenso te dije en o t r o l u g a r '. N o dejaré,
sin e m b a r g o , d e h a b l a r t e d e su e n g a ñ o y del fruto q u e
sacan d e la desobediencia, c o m o r e c o m e n d a c i ó n y exal-
tación d e la obediencia.
Este miserable se halla e n g a ñ a d o p o r el a m o r propio,
p o r q u e los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o se h a n fijado, con
fe m u e r t a , en los placeres d e los sentidos y en las cosas
del m u n d o . H a salido del m u n d o con el c u e r p o y se ha
q u e d a d o con él en el afecto, y c o m o le parece fatigosa la
obediencia, q u i e r e d e s o b e d e c e r . Para evitar los trabajos
cae en otros mayores, pues, a p e s a r d e todo, tiene q u e
1
Cf. c . 1 2 5 .
La obediencia 415
o b e d e c e r d e b u e n o o mal g r a d o . Mejor y m e n o s d u r o le
fuera o b e d e c e r p o r a m o r q u e sin él.
¡Oh, c ó m o se equivoca! N a d i e le e n g a ñ a ; se e n g a ñ a él
a sí m i s m o . Q u e r i e n d o complacerse, q u e d a a disgusto,
d e s a g r a d á n d o l e lo q u e h a c e e n virtud d e la o b e d i e n c i a
q u e le es impuesta. Q u i e r e p e r m a n e c e r e n g r a n deleite
y h a c e r s e e n esta vida u n a vida e t e r n a p a r a sí, y la or-
d e n , sin e m b a r g o , q u i e r e q u e sea u n p e r e g r i n o , y conti-
n u a m e n t e se lo d e m u e s t r a ; p o r q u e , c u a n d o está a g u s t o
en a l g ú n l u g a r p o r el placer y deleite q u e e n él e n c u e n -
tra, es t r a s l a d a d o , y p o r ello sufre p e n a , p o r q u e su vo-
l u n t a d estaba e n c o n t r a . Si n o o b e d e c e , es o b l i g a d o a r e -
cibir disciplinas y fatigas en la o r d e n , y p o r eso se halla
en continuo tormento.
Mira, p o r tanto, c ó m o se e n g a ñ a : q u e r i e n d o evitar
trabajos, cae en ellos, p o r q u e su c e g u e r a n o le deja co-
n o c e r el c a m i n o d e la o b e d i e n c i a v e r d a d e r a , c a m i n o d e
v e r d a d f u n d a d o en el o b e d i e n t e C o r d e r o , mi Hijo uni-
génito, q u e le q u i t a el s u f r i m i e n t o . Y así va p o r el cami-
n o d e la m e n t i r a . C r e y e n d o hallar deleite en ese cami-
n o , e n c u e n t r a p e n a y a m a r g u r a . ¿ Q u i é n le lleva? El
a m o r q u e tiene a la p r o p i a inclinación d e d e s o b e d e c e r .
C o m o necios, q u i e r e n n a v e g a r p o r el m a r t e m p e s t u o -
so con sus brazos, fiándose d e la p r o p i a s a b i d u r í a y n o
d e los brazos d e la o r d e n y d e su p r e l a d o . P e r m a n e c e n ,
c i e r t a m e n t e , con el c u e r p o d e n t r o d e la navecilla d e la
o r d e n , p e r o e s p i r i t u a l m e n t e h a n salido d e ella p o r el d e -
seo d e n o o b s e r v a r sus o r d e n a c i o n e s y c o s t u m b r e s , ni
los tres votos q u e p r o m e t i e r o n g u a r d a r e n su profesión.
Se hallan sacudidos p o r el m a r d e la t e m p e s t a d , c o n
vientos m u y peligrosos y c o n t r a r i o s a la n a v e . E n ella se
hallan sólo en c u a n t o al h á b i t o q u e visten s o b r e su c u e r -
po, p e r o n o en el c o r a z ó n .
Este n o es u n h e r m a n o , sino u n h o m b r e con h á b i t o .
Es h o m b r e en la figura, p e r o e n su vida es p e o r q u e u n a
bestia. ¿ N o c o m p r e n d e q u e le es m á s difícil n a v e g a r con
sus brazos q u e con los d e otro? E n c u a n t o se s e p a r e d e
la o r d e n p o r la m u e r t e , ya n o t e n d r á r e m e d i o . N o es
q u e n o c o m p r e n d a esto, sino q u e con la n u b e del a m o r
p r o p i o , d e d o n d e h a n a c i d o su d e s o b e d i e n c i a , se h a pri-
v a d o d e la luz, lo q u e le i m p i d e d e s c u b r i r sus desgracias.
Se e n g a ñ a , p o r t a n t o , m i s e r a b l e m e n t e .
416 El Diálogo
a g r a d a d o su h e r m a n o ? P o r q u e se ha complacido a sí
mismo con los sentidos.
H u y e d e la celda c o m o si fuese u n v e n e n o , p o r q u e h a
salido d e la celda del conocimiento d e sí m i s m o , y llega
así a la desobediencia; p o r eso n o p u e d e p a r a r e n la cel-
d a material.
N o q u i e r e aparecer en el refectorio m i e n t r a s tenga
q u é gastar, pues si carece d e d i n e r o , lo lleva la necesi-
d a d . O b r a n bien, pues, los obedientes q u e q u i e r e n ob-
servar el voto d e pobreza, y así n a d a tienen q u e gastar,
p a r a q u e n o les aparte d e la dulce mesa del refectorio,
d o n d e el o b e d i e n t e alimenta en paz el alma y el c u e r p o .
N o tiene el p e n s a m i e n t o d e proveerse ni abastecerse,
c o m o el miserable desobediente, a cuyo gusto le p a r e c e
a m a r g o ir al refectorio, y p o r eso h u y e d e él.
En el coro q u i e r e ser siempre el último e n e n t r a r y el
p r i m e r o q u e sale. Con sus labios se m e acerca, p e r o se
2
aleja con el corazón .
3
Del capítulo escapa c u a n d o p u e d e , p o r t e m o r a la
penitencia. Estar allí es c o m o si estuviera a n t e u n e n e m i -
go mortal, con la v e r g ü e n z a y confusión d e espíritu q u e
n o tuvo al c o m e t e r sus culpas d e pecados mortales.
¿Cuál es la causa d e esto? La desobediencia.
Para él n o hay vigilia ni oración, y n o sólo la oración
mental, sino q u e con frecuencia n o recitará el oficio di-
vino a q u e se halla obligado. N o t e n d r á c a r i d a d frater-
na, pues n o a m a o t r a cosa q u e a sí mismo; y, si tiene
a m o r , n o es a m o r racional, sino c o m o el d e las bestias.
T a n t o s son los males q u e caen sobre la cabeza del deso-
b e d i e n t e y tan dolorosos sus frutos, q u e tu l e n g u a n o los
podría narrar.
¡Oh desobediencia, q u e despojas al alma d e toda vir-
tud y la vistes d e toda clase d e vicios! ¡Oh desobedien-
cia, q u e privas al alma d e la luz d e la obediencia, le qui-
2
Me 7,6.
3
Capítulo es la a s a m b l e a d e religiosos p e r t e n e c i e n t e s a u n a c o m u -
n i d a d . El l l a m a d o «capítulo d e culpas» a q u e aquí se a l u d e estaba
d e s t i n a d o a c o n s e r v a r la disciplina y observancia religiosas. E n él los
religiosos d e b í a n acusarse e n t r e la c o m u n i d a d d e las infracciones pú-
blicas c o n t r a la regla y o r d e n a c i o n e s c o m u n i t a r i a s , y p o r ellas se im-
p o n í a u n a p e q u e ñ a p e n i t e n c i a . Poco a poco se fue c o n v i r t i e n d o en
algo r u t i n a r i o y c a y e n d o e n d e s u s o , s i e n d o r a r a ya la c o m u n i d a d q u e
n o lo haya s u p r i m i d o .
418 El Diálogo
162 [ I m p e r f e c c i ó n d e l o s q u e v i v e n t i b i o s e n la r e l i g i ó n
a u n q u e e v i t e n el p e c a d o m o r t a l . — R e m e d i o p a r a s a l i r d e s u ti-
bieza. ]
E n t o d o caso es nocivo p e r m a n e c e r e n la o b e d i e n c i a
c o m ú n , es d e c i r , e n el frío c u m p l i m i e n t o d e la o b e d i e n -
cia, c o n m u c h o s trabajos y p e n a s . Al c o r a z ó n frío le pa-
r e c e trabajoso s o p o r t a r l o s , y p o r ello s u f r e n m u c h o , c o n
p o c o f r u t o . O f e n d e n al e s t a d o d e perfección e n q u e h a n
e n t r a d o y que están obligados a observar. A u n q u e no
o b r e n tan m a l c o m o los o t r o s d e q u e te h e h a b l a d o , con
t o d o , o b r a n mal, p u e s n o a b a n d o n a r o n el siglo p a r a
q u e d a r s e c o n la llave g e n e r a l d e la o b e d i e n c i a , sino p a r a
a b r i r el cielo c o n la llave d e la o b e d i e n c i a d e la o r d e n .
Esta llavecita d e b e t e n e r la c u e r d e c i t a d e l p r o p i o d e s p r e -
cio a sí m i s m o , j u n t o c o n el c e ñ i d o r d e la h u m i l d a d , y
m a n t e n e r l a m u y a p r e t a d a e n la m a n o del a r d o r o s o
amor.
Sabe, hija q u e r i d í s i m a , q u e éstos son m u y aptos p a r a
a l c a n z a r la perfección si ellos lo q u i e r e n , p o r q u e se ha-
llan m á s c e r c a n o s a ella q u e los o t r o s d e s g r a c i a d o s . P e r o
e n cierto s e n t i d o t i e n e n m a y o r dificultad q u e el malva-
d o p a r a l e v a n t a r s e d e su i m p e r f e c c i ó n . ¿Sabes p o r q u é ?
P o r q u e ven m a n i f i e s t a m e n t e q u e o b r a n m a l y la c o n -
ciencia se lo grita, y, c o n t o d o , el a m o r p r o p i o , q u e la h a
d e b i l i t a d o , n o se e s f u e r z a e n salir d e a q u e l l a culpa, a u n -
q u e vea c o n la luz n a t u r a l q u e lo q u e h a c e está m a l . Si
a l g u i e n le dijese: « N o o b r e s así», recibiría p o r r e s p u e s t a :
«Sí, p e r o es tal mi fragilidad, q u e p a r e c e q u e n o p u e d o
salir d e esto». C i e r t a m e n t e q u e n o d i c e n la v e r d a d ; lo
r e c o n o c e n , y, sin e m b a r g o , o b r a n m a l . P o r este conoci-
m i e n t o les es fácil salir d e la tibieza, si lo q u i e r e n .
Los tibios n o o b r a n m u y mal ni t a m p o c o m u y b i e n .
P o r ello n o se p r e o c u p a n d e salir d e su e s t a d o a u n q u e se
les a d v i e r t a , si a l g u i e n lo h a c e . P e r m a n e c e n sujetos a su
i n v e t e r a d a c o s t u m b r e a c a u s a d e la frialdad d e su cora-
zón.
¿ Q u é m o d o h a b r á p a r a q u e se levanten? Q u e t o m e n la
leña del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o s c o n el a g r a d e c i -
m i e n t o del p r o p i o a g r a d o y r e p u t a c i ó n y la e c h e n al fue-
go d e mi c a r i d a d divina; q u e c o m o si en a q u e l m o m e n t o
i n g r e s a s e n en la o r d e n , se d e s p o s e n c o n la v e r d a d e r a
o b e d i e n c i a a y u d a d o s p o r el anillo d e la s a n t í s i m a fe; q u e
n o d u e r m a n m á s e n este e s t a d o , q u e a mí m e d e s a g r a d a
y a ellos les perjudica. C o n t o d a justicia se les p o d r í a d e -
cir esta frase: «¡Malditos tibios! ¡Si al m e n o s fuerais
420 El Diálogo
163 [ E x c e l e n c i a d e la o b e d i e n c i a y b i e n e s q u e p r o p o r c i o n a a
q u i e n e s la a b r a z a n d e v e r d a d . )
1
Ap 3,15-16.
La obediencia 421
Este es el v e r d a d e r o r e m e d i o q u e t i e n e el o b e d i e n t e
d e v e r d a d , y lo t i e n e c a d a día d e n u e v o , a u m e n t a n d o la
o b e d i e n c i a con la luz d e la fe, d e s e a n d o escarnios y vi-
llanías y q u e su p r e l a d o le h a g a p e s a d o s e n c a r g o s p a r a
q u e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a y d e su h e r m a n a la pa-
ciencia n o se e n m o h e z c a n y e n el t i e m p o n e c e s a r i o e n
q u e d e b a n a c t u a r n o les falten ni les r e s u l t e n d e m a s i a d o
difíciles. P o r eso s u e n a c o n t i n u a m e n t e el i n s t r u m e n t o
del d e s e o , q u e n o deja p a s a r el t i e m p o , p o r q u e t i e n e
h a m b r e d e ello. Ella es u n a esposa solícita q u e n o q u i e r e
p e r m a n e c e r ociosa.
¡Oh o b e d i e n c i a deleitable, o h o b e d i e n c i a a g r a d a b l e ,
o b e d i e n c i a suave, l u m i n o s a , p o r q u e has d i s i p a d o las ti-
nieblas del a m o r p r o p i o ! ¡Oh o b e d i e n c i a vivificadora,
q u e d a s la vida d e la gracia al a l m a q u e te h a e l e g i d o
p o r esposa y te h a l i b r a d o d e la m u e r t e d e la v o l u n t a d
p r o p i a , q u e d a g u e r r a y m u e r t e al a l m a ! E r e s g e n e r o s a ,
haciéndote sumisa a toda criatura racional; benigna y
p i a d o s a ; con b e n i g n i d a d y m a n s e d u m b r e sufres cual-
q u i e r trabajo, p o r e s t a r a c o m p a ñ a d a d e la fortaleza y d e
la v e r d a d e r a paciencia. T e hallas c o r o n a d a c o n la c o r o -
n a d e la p e r s e v e r a n c i a ; n o d e c r e c e s p o r q u e el p r e l a d o
sea i n o p o r t u n o , ni p o r p e s a d e z e n las t a r e a s q u e sin dis-
creción te i m p o n g a , sino q u e t o d o lo s o p o r t a s a la luz d e
la fe. Estás tan u n i d a a la h u m i l d a d , q u e n i n g u n a c r i a t u -
r a la p u e d e a r r a n c a r d e la m a n o del s a n t o d e s e o d e l
a l m a q u e te p o s e e .
¿ Q u é d i r e m o s , c a r í s i m a hija, d e esta e x c e l e n t í s i m a vir-
t u d ? Q u e es u n bien sin mal a l g u n o . Ella p e r m a n e c e es-
c o n d i d a en la n a v e d e l m o d o q u e n i n g ú n v i e n t o la p u e -
d e d a ñ a r ; h a c e n a v e g a r al a l m a en los b r a z o s d e la or-
d e n y del p r e l a d o y n o e n los suyos, p o r q u e el v e r d a d e -
r o o b e d i e n t e n o tiene q u e d a r c u e n t a d e sí, sino d e l p r e -
l a d o d e q u i e n es s u b d i t o .
E n a m ó r a t e , hija q u e r i d í s i m a , d e esta gloriosa v i r t u d .
¿ Q u i e r e s ser a g r a d e c i d a a los beneficios recibidos d e m í ,
P a d r e e t e r n o ? Sé o b e d i e n t e . P o r la o b e d i e n c i a manifies-
tas q u e e r e s a g r a d e c i d a , ya q u e p r o c e d e d e la c a r i d a d .
Demuestras que no eres ignorante, puesto q u e procede
del c o n o c i m i e n t o d e m i V e r d a d . Es u n bien c o n o c i d o en
el V e r b o , el <:ual os e n s e ñ ó su c a m i n o , d á n d o l a c o m o r e -
gla p a r a vosotros, h a c i é n d o s e o b e d i e n t e h a s t a la afren-
422 El Diálogo
164 ( D i s t i n c i ó n e n t r e d o s o b e d i e n c i a s : la d e l r e l i g i o s o y la
q u e s e p r e s t a a a l g u n a p e r s o n a f u e r a d e la r e l i g i ó n . ]
1
Cf. c.154.
La obediencia 423
El os la d e j ó c o m o r e g l a y d o c t r i n a , d á n d o o s l a c o m o
llave p a r a a b r i r y c o n s e g u i r v u e s t r o fin. O s la d e j ó c o m o
m a n d a m i e n t o e n la o b e d i e n c i a g e n e r a l . P e r o , si d e s e á i s
c a m i n a r a la p e r f e c c i ó n , os r e c o m i e n d o q u e paséis p o r la
p u e r t a e s t r e c h a d e la vida religiosa. H a y o t r o s q u e n o
p e r t e n e c e n a n i n g u n a o r d e n , y q u e , sin e m b a r g o , se ha-
llan e n la navecilla d e la p e r f e c c i ó n , e s t o es, los q u e o b -
s e r v a n los consejos d e la perfección f u e r a d e u n a o r d e n .
H a n r e h u s a d o las r i q u e z a s y v a n i d a d e s del m u n d o t e m -
p o r a l y espiritual y o b s e r v a n c o n t i n e n c i a : u n o s e n esta-
d o virginal y o t r o s con la fragancia d e la c o n t i n e n c i a
al n o c o n s e r v a r la v i r g i n i d a d . O b s e r v a n la o b e d i e n -
cia, c o m o te dije e n o t r o l u g a r , s o m e t i é n d o s e a a l g u n a
c r i a t u r a , a la q u e se e s f u e r z a n p o r o b e d e c e r hasta la
m u e r t e c o n o b e d i e n c i a perfecta.
Si m e p r e g u n t a s e s q u i é n t i e n e m á s m é r i t o : el q u e está
e n u n a o r d e n o el q u e n o p e r t e n e c e a n i n g u n a , te r e s -
p o n d e r í a q u e el m é r i t o d e la o b e d i e n c i a n o se m i d e p o r
el acto e x t e r n o , el l u g a r o la p e r s o n a a q u e se o b e d e c e ,
si es m á s o m e n o s m a l o , si es secular o religioso, sino e n
c o n f o r m i d a d c o n la m e d i d a del a m o r q u e p o s e e q u i e n
o b e d e c e . Así es c o m o se m i d e .
Al v e r d a d e r o o b e d i e n t e n o le h a c e d a ñ o la i m p e r f e c -
ción del mal p r e l a d o , a n t e s bien le a y u d a , p u e s con la
persecución, y cargas indiscretamente pesadas, adquiere
la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a y d e la paciencia, su h e r m a n a .
Ni el l u g a r i m p e r f e c t o la p e r j u d i c a . Digo i m p e r f e c t o
p o r q u e m á s perfecta, m á s f i r m e y m á s estable es el esta-
d o religioso q u e c u a l q u i e r o t r o . P o r eso llamo i m p e r f e c -
to el l u g a r d e los q u e t i e n e n la llavecita d e la o b e d i e n c i a ,
o b s e r v a n d o los consejos f u e r a d e u n a o r d e n ; p e r o n o la
llamo i m p e r f e c t a ni d e m e n o s m é r i t o , p o r q u e t o d a o b e -
d i e n c i a y c u a l q u i e r o t r a v i r t u d es m e d i d a con la m e d i d a
del a m o r .
Es c i e r t o q u e e n m u c h a s o t r a s cosas la o b e d i e n c i a reli-
giosa es d e m á s m é r i t o , t a n t o p o r el v o t o q u e se h a c e e n
m a n o s del p r e l a d o c o m o p o r q u e se m a n t i e n e m e j o r así,
y es m e j o r p r o b a d a la v i r t u d e n la o r d e n q u e fuera, y
p o r q u e t o d o acto c o r p o r a l está u n i d o al y u g o y n o se
p u e d e s a c u d i r , c u a n d o se q u i e r e , sin culpa d e p e c a d o
m o r t a l , p o r estar el voto a p r o b a d o p o r la s a n t a Iglesia.
En los q u e se hallan f u e r a d e u n a o r d e n n o es así. Vo-
424 El Diálogo
l u n t a r i a m e n t e se h a n ligado p o r el a m o r q u e implica la
obediencia, p e r o n o con voto s o l e m n e ; d e m o d o q u e sin
culpa d e p e c a d o m o r t a l p o d r í a n a b a n d o n a r la o b e d i e n -
cia a aquella c r i a t u r a t e n i e n d o causas legítimas y sin cul-
pa p o r su p a r t e . Si la a b a n d o n a n p o r p r o p i a culpa, n o
sería sin gravísima culpa; n o sería, sin e m b a r g o , p e c a d o
m o r t a l el dejar esa obediencia.
¿Conoces la diferencia e n t r e u n p e c a d o y otro? La
q u e existe e n t r e el q u e quita lo ajeno y el q u e reclama
u n a cosa q u e h a b í a p r e s t a d o con a m o r y con intención
d e n o pedirla, p e r o sin d o c u m e n t o q u e le obligue. El re-
ligioso h a o t o r g a d o d o c u m e n t o p o r su profesión c u a n d o
en m a n o s del p r e l a d o h a r e n u n c i a d o a sí mismo y p r o -
m e t i d o o b s e r v a r la obediencia, continencia y pobreza
voluntaria; el p r e l a d o le p r o m e t e , si lo observa hasta la
m u e r t e , d a r l e la vida e t e r n a .
Así, p u e s , la observancia d e la obediencia, en c u a n t o
al lugar y m o d o , es más perfecta en u n a o r d e n . Es más
segura, y, si el subdito cae, tiene m á s facilidad y a y u d a
p a r a levantarse. La o t r a —la obediencia fuera d e u n a
o r d e n — es m á s d u d o s a y m e n o s segura; con más facili-
d a d vuelve la vista atrás, p o r q u e n o se siente ligado con
u n voto d e profesión; vuelve al e s t a d o en q u e se halla el
religioso antes d e h a b e r p r o f e s a d o , ya q u e hasta la p r o -
fesión p u e d e m a r c h a r s e y d e s p u é s n o .
P e r o el m é r i t o , te h e dicho y repito, d e p e n d e del
a m o r del v e r d a d e r o o b e d i e n t e , a fin d e q u e c a d a u n o ,
en cualquier e s t a d o en q u e se halle, p u e d a perfectamen-
te tenerlo, si lo h a h e c h o sólo p o r a m o r .
A u n o llamo yo a u n estado, y a o t r o a u n estado dis-
tinto, s e g ú n las aptitudes d e c a d a u n o p a r a recibir; p e r o
c a d a u n o es r e c o m p e n s a d o s e g ú n la m e d i d a del a m o r .
Si el seglar a m a más q u e el religioso, recibe más, y lo
m i s m o el religioso perfecto respecto del seglar, y así
o c u r r e t a m b i é n con todos los d e m á s estados.
165 [ D i o s n o p r e m i a s e g ú n el t r a b a j o n i el e s p a c i o , s i n o e n
c o n f o r m i d a d c o n la g r a n d e z a d e su c a r i d a d . — P r o n t i t u d d e
¡QC v e r d a d e r o s o b e d i e n t e s . — M i l a g r o d e D i o s e n r a z ó n d e esta
v i r t u d . — L a d i s c r e c i ó n e n l a o b e d i e n c i a . — O b r a s y p r e m i o al
verdadero obediente.).
La obediencia 425
i Mt 20,1-16.
426 El Diálogo
m e n c i a u n m i l a g r o , y t e r m i n ó la o t r a mitad escrita en
oro.
Esta gloriosa virtud m e es m á s g r a t a , p o r q u e en nin-
g u n a o t r a hay tantas señales y testimonios d e milagros
o b r a d o s p o r mí r e f e r e n t e s a ella, p o r q u e p r o c e d e d e la
luz d e la fe.
P a r a d e m o s t r a r c u a n a g r a d a b l e m e es esta v i r t u d , la
tierra y los animales son o b e d i e n t e s . El a g u a sostiene al
o b e d i e n t e , y, si te fijas e n la tierra, ésta o b e d e c e al obe-
d i e n t e , c o m o viste —si te a c u e r d a s h a b e r l o leído e n la
Vita Patrum— d e aquel discípulo al q u e , h a b i é n d o l e
d a d o su a b a d u n palo seco p a r a q u e lo p l a n t a r a en la tie-
r r a y q u e lo r e g a s e todos los días, con la luz d e la fe n o
se p u s o a decir: « ¿ C ó m o será posible?», sino q u e , sin
q u e r e r saber n a d a d e imposibilidades, cumplió lo q u e le
m a n d a b a n , h a s t a tal p u n t o q u e , e n v i r t u d d e su obe-
diencia y d e la fe, el palo seco r e v e r d e c i ó y dio fruto,
c o m o señal d e q u e el alma se había l e v a n t a d o sobre la
s e q u e d a d d e la desobediencia, y, r e v e r d e c i d a , d a b a el
fruto d e la o b e d i e n c i a ; p o r lo q u e el fruto d e aquel ár-
bol e r a l l a m a d o p o r los Santos P a d r e s «el fruto d e la
obediencia».
Y si m i r a s a los animales q u e n o tienen r a z ó n , o c u r r e
lo m i s m o . C o m o con aquel discípulo q u e , obligado p o r
la obediencia, a causa d e su p u r e z a y obediencia, apri-
sionó a u n d r a g ó n y lo llevó a su a b a d ; p e r o el abad,
c o m o v e r d a d e r o m é d i c o , p a r a q u e n o le viniera la ven-
tolera d e la vanagloria y p a r a p r o b a r l o e n la paciencia,
lo e c h ó , r e p r o c h á n d o l e : « T ú , bestia, has t r a í d o a t a d a a
la bestia».
Si c o n s i d e r a s el a r d o r , sucede lo m i s m o . Por lo q u e e n
la S a g r a d a Escritura tienes q u e m u c h o s , p o r n o q u e -
b r a n t a r mi o b e d i e n c i a o p o r o b e d e c e r m e con p r o n t i t u d ,
siendo colocados sobre el fuego, éste n o les hacía d a ñ o ,
c o m o o c u r r i ó con aquellos tres m u c h a c h o s q u e estaban
en el h o r n o y d e otros m u c h o s q u e se p o d r í a n n o m -
2
brar .
El a g u a sostuvo a M a u r o c u a n d o fue m a n d a d o p o r la
obediencia a salvar a aquel discípulo q u e se hallaba d e -
bajo d e ella. El n o p e n s ó e n sí, sino q u e con la luz d e la
2
Dan 3,12-24.
La obediencia 427
fe i n t e n t ó c u m p l i r el e n c a r g o d e su p r e l a d o . Se m e t i ó
bajo el a g u a c o m o si a n d u v i e s e p o r t i e r r a y salvó al discí-
pulo.
E n todas las cosas, si abres los ojos del e n t e n d i m i e n t o ,
hallarás d e s m o s t r a d a la excelencia d e esta v i r t u d .
T o d o d e b e a b a n d o n a r s e p o r la o b e d i e n c i a . Si te en-
c o n t r a r a s elevada a t a n g r a n c o n t e m p l a c i ó n y u n i ó n del
espíritu e n mí, q u e tu c u e r p o estuviera s u s p e n s o s o b r e la
tierra, si se te m a n d a p o r o b e d i e n c i a — h a b l á n d o t e e n
g e n e r a l y n o e n particular, p u e s t o q u e n o se sujeta a
leyes—, p u d i e n d o , d e b e s esforzarte p o r c u m p l i r i n m e -
d i a t a m e n t e la o b e d i e n c i a i m p u e s t a . Piensa q u e n o d e b e s
a b a n d o n a r la o r a c i ó n c u a n d o es su h o r a , a n o ser p o r ca-
r i d a d y p o r obediencia. T e d i g o esto p a r a q u e conside-
res c ó m o d e s e o q u e sea p r o n t a e n mis servidores y
cuánto m e agrada.
T o d o lo q u e hace el o b e d i e n t e tiene m é r i t o : si c o m e ,
lo h a c e p o r obediencia; si va o se q u e d a , si a y u n a o vela,
t o d o lo h a c e p o r obediencia; si está en el c o r o , o e n el
refectorio, o e n la celda, q u i e n le guía y h a c e e s t a r allí es
la o b e d i e n c i a con la luz d e la santísima fe. C o n ella q u e -
d a c o m o m u e r t a el a l m a a t o d o g é n e r o d e v o l u n t a d p r o -
pia, h u m i l l a d a y con a b o r r e c i m i e n t o , c o n los brazos d e
la o r d e n y d e su p r e l a d o .
C o n esta o b e d i e n c i a d e s c a n s a e n la nave, se deja g u i a r
d e su p r e l a d o , h a n a v e g a d o e n el m a r t e m p e s t u o s o d e
esta vida con g r a n b o n a n z a , espíritu s e r e n o y tranquili-
d a d del c o r a z ó n , p o r q u e p o r ella, a c o m p a ñ a d a d e la fe,
quita t o d a o s c u r i d a d . P e r m a n e c e fuerte y s e g u r a , p o r -
q u e , al d e s p r e n d e r s e d e la v o l u n t a d p r o p i a , d e la q u e
p r o c e d e t o d a debilidad y t e m o r d e s o r d e n a d o , h a arroja-
d o d e sí la debilidad y el t e m o r .
¿ Q u é c o m e y b e b e esta esposa, la obediencia? C o m e
c o n o c i m i e n t o d e sí y d e mí al c o n o c e r q u e d e p o r sí n o
existe, al r e c o n o c e r sus p e c a d o s y ver q u e yo soy el q u e
soy, en el q u e e x p e r i m e n t a y c o m e mi v e r d a d , q u e ella
la h a c o n o c i d o e n mi V e r d a d , el V e r b o e n c a r n a d o . ¿Y
q u é bebe? S a n g r e . P o r ella m i V e r b o h a m a n i f e s t a d o mi
v e r d a d y el a m o r inefable q u e le t e n g o . E n esta s a n g r e
se m u e s t r a la o b e d i e n c i a q u e a El le h e i m p u e s t o yo, el
P a d r e e t e r n o , p o r vosotros, y p o r eso se e m b r i a g a . U n a
vez ebria p o r la s a n g r e y la o b e d i e n c i a del V e r b o , p i e r d e
428 El Diálogo
AGRADECIMIENTO.—ALABANZA A LA
TRINIDAD—ALABANZA A LA FE.—ORACIÓN
ULTIMA: LA VERDAD EN LA FE
167 |Esta devotísima alma, agradeciendo y alabando a
D i o s , r u e g a p o r t o d o el m u n d o y p o r l a s a n t a Iglesia.—Reco-
m e n d a n d o la f e , d a fin a e s t a o b r a . |
432 El Diálogo
Manuscritos y e d i c i o n e s
La s e g u n d a p a r t e , y la m á s p e q u e ñ a d e este v o l u m e n ,
se halla d e d i c a d a a las O R A C I O N E S Y S O L I L O Q U I O S d e
Santa Catalina d e Siena. D e este m o d o s e g u i m o s u n a
tradición que se inicia con la edición launa d e El Diálogo
en Brescia e n 1496. D e s d e esta fecha es m u y f r e c u e n t e
colocar estas oraciones c o m o u n a p é n d i c e d e él. A la
edición d e Brescia s i g u i e r o n las d e C o l o n i a (1553 y
1569), I n g o l s t a d t (1583) y E s t r a s b u r g o (1601), e n t r e
las m á s a n t i g u a s d e esta característica.
E n t r e las ediciones españolas d e b e m o s r e c o r d a r la d e
Alcalá (1512), B a r c e l o n a (1698) y M a d r i d (ed. B A C ,
1955). C o m o se ve, las ediciones en l e n g u a española se
r e d u c e n a tres.
La p r i m e r a colección d e Oraciones se e n c u e n t r a e n el
archivo d e la O r d e n d e P r e d i c a d o r e s , u b i c a d o e n el con-
vento d e S a n t a Sabina, d e R o m a . El códice c o n t i e n e 2 2 .
Están en latín y h a n sido impresas d e n u e v o p o r Giulia-
n a Cavallini en R o m a (1978), j u n t o con el texto original
italiano del q u e se hizo la versión latina. C o n s i d e r o u n
v e r d a d e r o acierto la publicación d e los m a n u s c r i t o s ita-
liano y latino e n p á g i n a s c o n t r a p u e s t a s . D e su cotejo se
advierte la fidelidad d e la t r a d u c c i ó n latina, q u e es útil
p a r a la m á s perfecta fijación del s e n t i d o d e a l g u n a s pa-
labras italianas q u e p u e d e n r e s u l t a r d e d u d o s a i n t e r p r e -
tación castellana.
El texto italiano del q u e se hizo la citada versión se
e n c u e n t r a e n la Biblioteca C o m u n a l e d e g l ' I n t r o n a t i , d e
Siena. C o n t i e n e 17 o r a c i o n e s e n u n m a n u s c r i t o q u e es
d e fines del siglo x i v .
P a r a la t r a d u c c i ó n castellana q u e sigue t o m a m o s los
textos publicados p o r G. Cavallini.
Los colectores d e las oraciones se d i e r o n c u e n t a d e
q u e la colección q u e p r e s e n t a b a n e r a m u y p e q u e ñ a en
c o m p a r a c i ó n con las «casi infinitas».
T a n t o el códice italiano c o m o el latino a s e g u r a n q u e
438 Oraciones y Soliloquios
¿Oraciones o soliloquios?
s Ibid., p . 1 0 2 y 103.
Introducción 441
hijos p a r t i c i p a r a n d e la n a t u r a l e z a d i v i n a , a m á n d o s e
m u t u a m e n t e , etc.». H a s t a el «etcétera» p a r e c e i n d i c a r la
relativa p o c a i m p o r t a n c i a q u e el s e c r e t a r i o d a b a a la ple-
garia e n c o m p a r a c i ó n c o n la exposición d o c t r i n a l .
S e g ú n e s t o , n o s es p e r m i t i d o a s e g u r a r q u e estas o r a -
c i o n e s e r a n , m á s b i e n , i n s t r u c c i o n e s espirituales a sus
discípulos y q u e ésa fue la r a z ó n d e r e c o g e r l a s .
A ú n h a y o t r o e l e m e n t o q u e c o n f i r m a q u e estas p e -
q u e ñ a s p r o d u c c i o n e s t e n í a n d e o r a c i o n e s sólo la f o r m a
literaria. E n la o r a c i ó n 12, t a n t o e n el t e x t o italiano
c o m o e n la t r a d u c c i ó n l a t i n a a p a r e c e i n t e r c a l a d a la pala-
b r a Respuesta. Y es q u e C a t a l i n a se h a c e u n a p r e g u n t a
q u e ella m i s m a r e s p o n d e . Si se t r a t a r a d e u n a r e a l eleva-
ción d e su c o r a z ó n a D i o s , e n m o d o a l g u n o se p r e g u n t a -
ría y se r e s p o n d e r í a a sí m i s m a . U n a n o t a d e l c ó d i c e q u e
c o n t i e n e la t r a d u c c i ó n l a t i n a d e las o r a c i o n e s aclara:
« D o n d e q u i e r a q u e se e n c u e n t r e esta R. [ R e s p u e s t a ] , sig-
nifica q u e ella se s e n t a b a c o m o e s c u c h a n d o algo d e l Se-
6
ñ o r , lo c u a l , u n a vez o í d o , r e s p o n d í a ella a Dios» . Esa
R. [ R e s p u e s t a ] la v e m o s r e p e t i r s e e n el c ó d i c e l a t i n o , e n
la o r a c i ó n 2 2 . N o t e m o s t a m b i é n q u e e n esas d o s o r a c i o -
nes existe la p l e g a r i a .
E n b u e n a p a r t e d e estas o r a c i o n e s o soliloquios se a d -
vierte la p r e s e n c i a , n o s i e m p r e especificada, d e u n g r u -
p o d e discípulos.
P a r a r e a f i r m a r la tesis d e q u e estas o r a c i o n e s e r a n
m á s b i e n exposiciones d o c t r i n a l e s bajo la f o r m a literaria
d e p l e g a r i a s , h e m o s d e n o t a r q u e e n m u c h a s d e ellas,
a u n e n las r e l a t i v a m e n t e b r e v e s , nos e n c o n t r a m o s c o n la
frase « c o m o se h a d i c h o » , y e n la p l e g a r i a a Dios, la frase
« c o m o se h a d i c h o » es i n c o n c e b i b l e .
L a finalidad didáctica d e la o r a c i ó n n ú m e r o 6 a p a r e c e
c l a r a p o r esta frase: «Y v o s o t r o s , hijos m í o s d u l c í s i m o s ,
s i e n d o t i e m p o d e p o n e r m a n o s a la o b r a , es la h o r a d e
q u e os fatiguéis p o r la Iglesia d e Cristo...»
N o c a b e d u d a , p o r t a n t o , q u e la m a y o r p a r t e d e las
l l a m a d a s o r a c i o n e s son v e r d a d e r o s soliloquios o exposi-
c i o n e s d o c t r i n a l e s s o b r e t e m a s diversos. C a t a l i n a u s a b a
ese g é n e r o literario c o m o q u i e n p i e n s a e n alta voz p a r a
q u e los d e m á s se e n t e r e n .
• Ibid., p.152.
442 Oraciones y Soliloquios
Alusiones autobiográficas
inútil q u e e s p e r a n , n o e s t é n p e r d i e n d o m á s tiempo lo
que tienen.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
E s c u c h a a t u sierva. Y o , m i s e r a b l e , te p i d o q u e escu-
c h e s m i voz q u e te l l a m a . T a m b i é n te r u e g o p o r los hijos
q u e has q u e r i d o q u e yo a m e con singular a m o r a causa
d e t u i n e s t i m a b l e c a r i d a d , ¡oh s u m a , e t e r n a e i n e f a b l e
Bondad! Amén.
J e s ú s d a su c o r a z ó n a Catalina.
452 Oraciones y Soliloquios
t u o s a d e t e r m i n a c i ó n y p o r afecto c a r n a l , e n g a ñ a d o s p o r
el e n e m i g o , i m p i d e n tu v o l u n t a d y el f r u t o d e la salva-
ción y a p a r t a n a tu vicario e n la t i e r r a d e tu m i s i ó n sal-
vadora.
¡Oh A m o r e t e r n o ! Ellos j u z g a n s e g ú n sus s e n t i d o s y
n o s e g ú n el v e r d a d e r o j u i c i o y la p r o f u n d a s a b i d u r í a d e
tu Majestad.
T ú te h a s p u e s t o c o m o e j e m p l o y e r e s la p u e r t a p o r la
q u e todos tenemos q u e pasar. Por eso, c o m o has dicho,
n o s d e b e m o s a l e g r a r e n las fatigas y a n g u s t i a s , p o r q u e
p a r a esto h e m o s n a c i d o , y el m u n d o y n u e s t r a c a r n e m i -
s e r a b l e n o p r o d u c e n s i n o frutos d e a m a r g u r a a c a u s a d e
tu a d m i r a b l e p r o v i d e n c i a , p a r a q u e n o n o s a l e g r e m o s ni
c o n f i e m o s e n ellos, s i n o q u e n o s g l o r i e m o s e n el f r u t o
d e la salvación, e n la q u e n o s o t o r g a s los d o n e s celestia-
les.
Se d e b e , p u e s , a l e g r a r tu vicario c u m p l i e n d o tu v o l u n -
t a d y s i g u i e n d o la s a n t i d a d d e C r i s t o J e s ú s , q u e se d e -
s a n g r ó , a b r i ó y d e s p o j ó d e su s a n t í s i m o c u e r p o p o r n o -
sotros, q u e dio su s a n g r e p a r a p u r i f i c a r n u e s t r o s peca-
d o s y c o n su inefable p i e d a d volverá a c o m p r a r n u e s t r a
salvación. El h a d a d o a su vicario la llave p a r a a t a r y d e -
s a t a r n u e s t r a s a l m a s y p a r a q u e c u m p l i e s e tu v o l u n t a d y
siguiese t u s huellas. P o r lo cual r u e g o a tu santísima
c l e m e n c i a q u e lo p u r i f i q u e s d e m o d o q u e su c o r a z ó n
a r d a e n d e s e o s d e r e c u p e r a r los m i e m b r o s p e r d i d o s y
los r e c o b r e c o n la a y u d a d e tu g r a n d í s i m o p o d e r . Y si su
l e n t i t u d , ¡oh A m o r e t e r n o ! , te d e s a g r a d a , castígala e n
m i c u e r p o , q u e t e ofrezco y d o y p a r a q u e lo a t o r m e n t e s
c o n flagelos y p a r a q u e lo d e s t r u y a s s e g ú n tu v o l u n t a d .
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
T ú , Dios e t e r n o , te h a s e n a m o r a d o d e t u s c r i a t u r a s
p o r g r a c i a inefable y p o r c l e m e n c i a t u y a . P o r eso o r d e -
n a s a tu vicario q u e las r e c u p e r e , p u e s p e r e c e n . P o r lo
cual, y o , i n d i g n a y m i s e r a b l e p e c a d o r a , te d o y gracias.
¡Oh infinita B o n d a d e i n e s t i m a b l e C a r i d a d , v e r d a d e r o
Dios! Q u e se a v e r g ü e n c e d e n o h a c e r tu v o l u n t a d el
h o m b r e , hijo d e A d á n , a q u i e n sólo p o r a m o r volviste a
c o m p r a r c o n la m u e r t e d e tu Hijo u n i g é n i t o , p o r q u e El
n o q u i e r e o t r a cosa q u e n u e s t r a salvación.
Ya q u e m a n d a s a tu vicario a d m i n i s t r a r las gracias es-
pirituales d e n u e s t r a santificación y r e c u p e r a r los hijos
454 Oraciones y Soliloquios
¡ O h alta, e t e r n a T r i n i d a d , A m o r inestimable! Si m e
llamas hija, yo te l l a m o s u m o y e t e r n o P a d r e . C o m o t ú
te d a s a m í , h a c i é n d o m e partícipe d e l c u e r p o y d e la
s a n g r e d e tu Hijo, d o n d e m e d a s a t o d o Dios y t o d o
h o m b r e , así, A m o r inestimable, te suplico q u e m e h a g a s
p a r t i c i p a n t e d e l c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia y d e l
c u e r p o universal d e la religión cristiana, p u e s e n el fue-
go d e tu c a r i d a d h e c o n o c i d o q u e el a l m a se deleita e n
este m a n j a r .
T ú , Dios e t e r n o , m e viste y conociste d e n t r o d e ti, y
p o r q u e m e viste e n tu luz, e n a m o r a d o d e tu c r i a t u r a , la
sacaste d e ti y la c r e a s t e a tu i m a g e n y semejanza. Sin
e m b a r g o , yo, criatura tuya, n o te reconocí d e n t r o d e mí,
sino e n c u a n t o veía e n m í tu i m a g e n y semejanza. P e r o
p a r a q u e te viese y reconociese e n m í y tuviese p e r f e c t o
c o n o c i m i e n t o d e ti, te u n i s t e a n o s o t r o s , b a j a n d o d e la
g r a n a l t u r a d e la d i v i n i d a d hasta el lodo d e n u e s t r a h u -
m a n i d a d , p o r q u e la bajeza d e m i inteligencia n o p o d í a
c o m p r e n d e r n i c o n t e m p l a r tu a l t u r a . P o r ello, p a r a q u e
c o n m i p e q u e n e z p u d i e s e yo ver tu g r a n d e z a , te e m p e -
q u e ñ e c i s t e , r e d u c i e n d o la g r a n d e z a d e la d i v i n i d a d a la
p e q u e n e z d e n u e s t r a h u m a n i d a d . Así te manifestaste a
n o s o t r o s e n el V e r b o d e tu Hijo u n i g é n i t o . D e esta m a -
n e r a , e n el V e r b o te h e c o n o c i d o e n m í c o m o a b i s m o d e
caridad.
¡Alta, e t e r n a T r i n i d a d , A m o r inestimable! T ú te m a -
nifiestas a n o s o t r o s , a ti y a tu V e r d a d , p o r m e d i o d e su
s a n g r e . P o r ello c o m p r e n d e m o s tu p o d e r , p u e s h a s p o d i -
d o l i m p i a r n o s d e los p e c a d o s c o n esa s a n g r e . N o s m o s -
traste tu s a b i d u r í a , y c o n el cebo d e n u e s t r a h u m a n i d a d ,
c o n q u e c u b r i s t e el a n z u e l o d e la d i v i n i d a d , a t r a p a s t e al
456 Oraciones y Soliloquios
1
Mt 7,7; Le 11,9.
El amor que vence todo obstáculo 457
Y a es h o r a d e l e v a n t a r s e d e l s u e ñ o . T ú , T r i n i d a d
e t e r n a , q u i e r e s q u e d e s p e r t e m o s . Si n o n o s l e v a n t a m o s
e n el t i e m p o d e la p r o s p e r i d a d , n o s m a n d a s la adversi-
d a d . C o m o p e r f e c t o m é d i c o , c a u t e r i z a s c o n el f u e g o d e
las t r i b u l a c i o n e s la llaga c u a n d o n o es s u f i c i e n t e el bálsa-
m o d e los c o n s u e l o s y d e la p r o s p e r i d a d .
¡ P a d r e e t e r n o , C a r i d a d i n c r e a d a ! Estoy l l e n a d e a d m i -
r a c i ó n , p o r q u e , a n t e s d e q u e n o s d i e r a s el s e r , m e viste y
m e c o n o c i s t e , c o m o a t o d a s las c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , e n
g e n e r a l y t o d o d e t a l l e . Viste al p r i m e r h o m b r e , A d á n , y
c o n o c i s t e la c u l p a e n q u e h a b í a d e i n c u r r i r p o r su d e s o -
b e d i e n c i a , y a los q u e h a b í a n d e v e n i r d e s p u é s d e él los
viste e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r . C o n o c i s t e la c u l p a q u e
h a b í a d e o b s t a c u l i z a r tu v e r d a d y q u e i m p e d i r í a a la
c r i a t u r a q u e tu v e r d a d se realizase e n ella y q u e n o p o -
d í a llegar al fin p a r a el q u e la h a b í a s c r e a d o . Viste t a m -
b i é n , P a d r e e t e r n o , los trabajos q u e se s e g u i r í a n a tu
Hijo p a r a r e s t a u r a r el g é n e r o h u m a n o y p a r a q u e tú
v e r d a d se c u m p l i e s e e n n o s o t r o s . C o n tu luz h e c o m -
p r e n d i d o q u e h a b í a s p r e v i s t o t o d a s estas cosas.
E n t o n c e s , P a d r e e t e r n o , ¿ p o r q u é c r e a s t e a tu c r i a t u -
ra? Estoy m u y m a r a v i l l a d a d e ello. E n r e a l i d a d , v e o ,
c o m o m e lo m o s t r a s t e , q u e n o h u b o o t r a r a z ó n sino q u e
te viste o b l i g a d o a d a r n o s el ser, a p e s a r d e las m a l d a d e s
q u e habíamos d e cometer contra ti,.Padre eterno, a cau-
sa d e l f u e g o d e tu c a r i d a d . El, p u e s , te o b l i g ó . ¡ O h a m o r
inefable! A u n q u e e n tu luz viste t o d a la m a l d a d q u e tu
c r i a t u r a h a b r í a d e c o m e t e r c o n t r a tu infinita b o n d a d , t ú
hiciste c o m o si n o vieras; es m á s , p u s i s t e tu m i r a d a e n la
belleza d e la c r i a t u r a , d e la q u e te e n a m o r a s t e c o m o u n
loco y u n b o r r a c h o , y p o r a m o r la sacaste d e ti, d á n d o l e
el s e r a tu i m a g e n y s e m e j a n z a . T ú , V e r d a d e t e r n a , m e
h a s e x p l i c a d o tu v e r d a d , es d e c i r , q u e el a m o r te f o r z ó a
c r e a r l a a u n q u e vieras q u e te h a b í a d e o f e n d e r . T u a m o r
n o q u i s o q u e tu m i r a d a se fijara e n esto, sino q u e levan-
taste los ojos d e las o f e n s a s q u e se s u c e d e r í a n y sólo te
fijaste e n su belleza. Si d e m o d o p r i m o r d i a l te h u b i e r a s
p a r a d o a v e r las o f e n s a s , te h a b r í a s o l v i d a d o d e l a m o r
q u e tuviste al c r e a r al h o m b r e . N o es q u e esto te estuvie-
r a e s c o n d i d o , sino q u e pusiste tu m i r a d a e n el a m o r ,
p o r q u e n o e r e s m á s q u e u n loco d e a m o r p o r lo q u e tú
mismo has creado.
458 Oraáones y Soliloquios
¡Oh D e i d a d , D e i d a d , e t e r n a D e i d a d , A m o r verda-
d e r o , q u e , p o r la u n i ó n d e la h u m a n i d a d d e tu V e r b o ,
n u e s t r o S e ñ o r J e s u c r i s t o , con tu divinidad o m n i p o t e n t e ,
a nosotros, d e s c a r r i a d o s , nos has d a d o la luz d e la santí-
sima fe, q u e es pupila d e los ojos d e n u e s t r a inteligen-
cia! Por ella v e m o s y c o n o c e m o s el v e r d a d e r o objeto d e
n u e s t r a alma, esto es, tu inestimable divinidad, y has he-
c h o d e tu Hijo, a n t e ti, sacrificio i n m a c u l a d o n u e s t r o ,
p o n i é n d o l o c o m o p i e d r a a n g u l a r y firmísima c o l u m n a
p a r a estabilidad d e la santa m a d r e Iglesia, única esposa
tuya. H a c e m u c h o d e t e r m i n a s t e r e n o v a r l a con nuevas y
fructíferas plantas; n a d i e h a p o d i d o torcer tu voluntad
santísima, q u e es e t e r n a e i n m u t a b l e ,
N o mires a n u e s t r o s pecados, p o r los q u e m e reconoz-
co i n d i g n a p a r a suplicarte. A p a r t a hoy esos pecados
nuestros p o r la virtud d e este apóstol Santo T o m á s . Pu-
Las plantas jóvenes 459
unigénito d e r r a m a d a p o r nosotros, p a r a q u e , m u e r t o s a
nosotros mismos, viviendo e n El, le d e m o s , a cambio d e
su pasión, u n rostro refulgente y u n á n i m o í n t e g r o .
Escúchanos también a nosotros q u e r o g a m o s p o r el
g u a r d i á n d e esta c á t e d r a tuya, cuya fiesta celebramos
hoy, esto es, p o r tu vicario, p a r a q u e le hagas tal c o m o
quieres q u e sea el sucesor d e tu «viejecillo» P e d r o y le
des lo q u e necesita p a r a el g o b i e r n o d e tu Iglesia. Afir-
m o q u e has p r o m e t i d o cumplir p r o n t o mis deseos. P o r
ello te r u e g o con la m a y o r confianza q u e n o t a r d e s e n
cumplir las p r o m e s a s , ¡oh Dios mío!
Y vosotros, hijos dulcísimos, p u e s es tiempo d e p o n e r -
se a la o b r a , ved q u e es el m o m e n t o d e esforzaros p o r la
Iglesia d e Cristo, v e r d a d e r a m a d r e d e vuestra fe. Por
ello os a n i m o a q u e , ya p l a n t a d o s e n la m i s m a Iglesia,
seáis c o m o c o l u m n a s d e ella, trabajéis e n este j a r d í n d e
fe salvadora con el fervor d e la oración y con las o b r a s ,
arrojados el a m o r p r o p i o y t o d a negligencia. C u m p l a -
mos a m p l i a m e n t e la voluntad del Dios e t e r n o , q u e n o s
h a l l a m a d o con este fin, p a r a n u e s t r a salvación, la d e los
d e m á s y p a r a la u n i d a d d e la Iglesia, e n la q u e se en-
c u e n t r a la salud d e las almas. A m é n .
FORTALEZA DE LA VOLUNTAD
taleza e n n u e s t r a v o l u n t a d , p u e s si a u n m i e m b r o insig-
nificante le has d a d o tal fortaleza, ¡cuan g r a n d e j u z g a -
r e m o s la tuya, siendo el c r e a d o r y g o b e r n a d o r d e todas
las cosas!
E n tu luz veo q u e p a r e c e q u e la libre v o l u n t a d q u e
nos has d a d o se fortalece c o n la luz d e la fe, p u e s con
ella c o n o c e tu e t e r n a v o l u n t a d , q u e n o q u i e r e o t r a cosa
q u e n u e s t r a salvación. Y c o m o la luz crece y se fortale-
ce la v o l u n t a d , n u t r i d a p o r la santísima fe, d a vida a las
o b r a s del h o m b r e , así ni la v e r d a d e r a v o l u n t a d ni la fe
viva p u e d e n d a r s e sin las o b r a s . Esa luz alimenta y h a c e
crecer el fuego del alma, p o r q u e n o p u e d e g u s t a r el fue-
go d e tu c a r i d a d si ella n o le m u e s t r a tu a m o r y dilec-
ción p a r a con n o s o t r o s . T ú , Luz, eres m a t e r i a del fuego,
p o r q u e lo haces crecer e n el alma. C o m o la l e ñ a a u m e n -
ta y hace crecer el fuego material, tú, Luz, eres lo q u e
hace c r e c e r la c a r i d a d del alma, p u e s le m u e s t r a s tu di-
vina b o n d a d . La c a r i d a d alimenta, p o r q u e d e s e a c o n o -
cer a su Dios y quieres d a r l e gusto.
¡Oh P r o v e e d o r excelentísimo! N o has q u e r i d o q u e el
h o m b r e a n d e en tinieblas ni esté e n g u e r r a , y p o r eso le
has d o t a d o d e la luz d e la fe, q u e nos e n s e ñ a el c a m i n o
del cielo y nos d a paz y q u i e t u d . Esta luz n o deja m o r i r
al alma d e h a m b r e , ni estar d e s n u d a , ni ser p o b r e , p o r -
q u e la alimenta con el m a n j a r d e la gracia, h a c i é n d o l e
g u s t a r e n el afecto d e la c a r i d a d el alimento del alma.
La viste con la vestidura nupcial d e la perfecta c a r i d a d y
d e la v o l u n t a d e t e r n a y le manifiesta las riquezas eter-
nas.
P e q u é , Señor; ten misericordia d e mí. P o r q u e las ti-
nieblas d e la inclinación p e r v e r s a , q u e yo s i e m p r e h e se-
g u i d o , h a n ofuscado los ojos d e mi inteligencia y n o te
h e conocido a ti, Luz v e r d a d e r a . C o n t o d o , tu c a r i d a d
h a q u e r i d o d a r m e d e tu luz.
¡Oh Dios e t e r n o , o h A m o r inestimable! T o d a la cria-
t u r a se halla h e c h a u n a m a s a contigo, y tú con ella, p o r
la creación, p o r la fuerza d e tu v o l u n t a d , p o r la luz na-
tural q u e le has d a d o . C o n esa luz te ve a ti, Luz v e r d a -
d e r a , y la ejercitas con h a m b r e d e las v e r d a d e r a s virtu-
des p a r a gloria y alabanza d e tu n o m b r e . ¡Oh Luz s o b r e
t o d a luz, o h B o n d a d s o b r e t o d a b o n d a d , o h S a b i d u r í a
sobre t o d a sabiduría, o h F u e g o q u e superas a t o d o fue-
464 Oraciones y Soliloquios
1
1 Cor 13,1-3.
La luz que salva 467
2
Jn 14,6.
La luz que salva 469
» Le 14,26.
470 Oraciones y Soliloquios
FRAGILIDAD Y FORTALEZA
lecidos c o n tu d o c t r i n a , si el h o m b r e la s i g u e d e v e r a s .
R e v i s t i é n d o s e d e ella p e r f e c t a m e n t e , se h a c e t a n f u e r t e
e i n c l i n a d o al bien, q u e casi d e s a p a r e c e la r e b e l i ó n d e la
c a r n e , q u e l u c h a c o n t r a el espíritu, p o r q u e el a l m a se
halla u n i d a p e r f e c t a m e n t e a ti, u n i d a a tu d o c t r i n a , y el
c u e r p o c o n el a l m a , y p o r ello q u i e r e s e g u i r el afecto d e l
alma.
Llega a t a n t o , q u e lo q u e a n t e s le p r o d u c í a p l a c e r ,
e s t o es, las miserias y deleites d e l m u n d o , le d e s a g r a d a n
p o r c o m p l e t o , y lo q u e a n t e s le p a r e c í a dificultoso y
d u r o , es decir, s e g u i r la v i r t u d , a h o r a le p a r e c e d u l c e y
d e l e i t o s o . Es, p o r t a n t o , c i e r t o q u e tú, V e r b o e t e r n o ,
q u i t a s t e la d e b i l i d a d d e n u e s t r a n a t u r a l e z a c o n la forta-
leza d e la divina q u e recibiste del P a d r e . Esta fortaleza
se n o s h a d a d o , c o m o se h a d i c h o , p o r m e d i o d e la san-
g r e y d e la d o c t r i n a .
¡Oh sangre eterna! Digo eterna por hallarse u n i d a a
la n a t u r a l e z a divina. El h o m b r e q u e c o n tu luz h a c o n o -
c i d o tu fortaleza, a b a n d o n a su d e b i l i d a d . Esa luz n o se
a d q u i e r e n u n c a sin el a b o r r e c i m i e n t o d e los p r o p i o s
s e n t i d o s , sino q u e p o r ellos se p i e r d e la luz n a t u r a l . ¡ O h
d u l c e s a n g r e q u e fortaleces al a l m a , la i l u m i n a s y la c o n -
viertes e n angélica! La p r o t e g e s d e tal m a n e r a c o n el
f u e g o d e la c a r i d a d , q u e se olvida d e sí y n o p u e d e mi-
r a r cosa a l g u n a sino a ti, y h a s t a la frágil c a r n e s i e n t e el
p e r f u m e d e las v i r t u d e s , a la vez q u e el c u e r p o , j u n t a -
m e n t e c o n el a l m a , te p a r e c e u n j a r d í n e n t o d a s sus
o b r a s . Esto o c u r r e m i e n t r a s el s a n t o d e s e o a u m e n t a
c o n t i n u a m e n t e , q u e , si aflojase, r e s u c i t a r í a la r e b e l i ó n
d e la c a r n e c o n m á s p u j a n z a q u e a n t e s .
¡ O h d o c t r i n a d e la v e r d a d ! Das t a n t a fortaleza al a l m a
r e v e s t i d a d e ti, q u e n a d a v i e n e a m e n o s ni p o r la a d v e r -
s i d a d ni p o r el s u f r i m i e n t o , sino q u e e n t o d o c o m b a t e
o b t i e n e la victoria. Es f u e r t e m i e n t r a s te s i g u e a ti, q u e
h a s v e n i d o d e la s u m a F o r t a l e z a . P a r a n a d a le v a l d r í a tu
fortaleza al a l m a si ella n o te s i g u e . Miserable d e m í , q u e
n u n c a te h e s e g u i d o a ti, v e r d a d e r a D o c t r i n a . P o r eso
m e e n c u e n t r o t a n débil, q u e desfallezco a la m e n o r tri-
bulación.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e m í .
EL INJERTO
d o tu d o c t r i n a . Y p o r q u e al P a d r e n o p o d e m o s ni d e b e -
m o s seguirle, p u e s en El n o cabe d o l o r , d e b e m o s con-
f o r m a r n o s e injertarnos e n ti. Se ve q u e t ú n o s c r e a s t e
sin n o s o t r o s , p e r o n o q u i e r e s salvarnos sin n o s o t r o s .
C u a n d o nos hallamos injertados e n ti, las r a m a s q u e
has d a d o a n u e s t r o árbol p r o d u c e n sus frutos: la m e m o -
ria se llena del c o n s t a n t e r e c u e r d o d e tus beneficios; el
e n t e n d i m i e n t o se m i r a e n ti p a r a c o n o c e r la v e r d a d , y la
v o l u n t a d q u i e r e a m a r y s e g u i r lo q u e el e n t e n d i m i e n t o
h a visto y c o n o c i d o . Así, u n a r a m a ofrece frutos a la
o t r a . P o r el c o n o c i m i e n t o q u e el h o m b r e t i e n e d e ti, se
c o n o c e m e j o r a sí m i s m o y o d i a a los p r o p i o s sentidos.
¡Oh A m o r , inestimable A m o r ! Son a d m i r a b l e s las
o b r a s q u e h a s realizado e n tu c r i a t u r a r a c i o n a l . Si tú,
Dios e t e r n o , c u a n d o el h o m b r e e r a árbol m o r t í f e r o lo
t r a n s f o r m a s t e e n árbol d e vida i n j e r t á n d o t e c o m o vida
e n el h o m b r e — a u n q u e m u c h o s p o r sus defectos n o
p r o d u c e n sino frutos d e m u e r t e p o r n o estar injertados
e n ti, V i d a e t e r n a — , del m i s m o m o d o p u e d e s p r o v e e r a
la salvación d e t o d o el m u n d o , al q u e veo q u e n o se in-
j e r t a e n ti, p e r o m á s b i e n p e r m a n e c e en la m u e r t e d e
sus p r o p i o s sentidos y n i n g u n o se acerca a la f u e n t e
d o n d e está la s a n g r e p a r a r e g a r su á r b o l .
¡Oh! E n nosotros hay vida e t e r n a n o conocida p o r nos-
otros. ¡Oh miserable, o h ciega alma mía! ¿ D ó n d e está
el clamor, d ó n d e las lágrimas q u e debes d e r r a m a r an-
te tu Dios, q u e d e continuo te llama? ¿ D ó n d e el dolor
d e c o r a z ó n d e los árboles q u e se hallan p l a n t a d o s e n la
m u e r t e ? ¿ D ó n d e los a n h e l a n t e s deseos e n p r e s e n c i a d e
tu p i e d a d ? N o está e n mí, p o r q u e a ú n n o m e h e n e g a d o
a mí m i s m a ; p o r q u e , si m e h u b i e s e n e g a d o y h u b i e s e
b u s c a d o sólo a Dios y la gloria y alabanza d e su n o m b r e ,
el c o r a z ó n m e saldría p o r la boca y mis h u e s o s r e z u m a -
r í a n sus t u é t a n o s . P e r o n o h e p r o d u c i d o sino frutos d e
m u e r t e p o r n o h a l l a r m e injertada e n ti.
¡ Q u é g r a n d e s son la luz y la d i g n i d a d q u e recibe el
a l m a v e r d a d e r a m e n t e i n j e r t a d a e n ti! ¡ O h i n c o n m e n s u -
rable g e n e r o s i d a d ! La m e m o r i a nos e m p u j a a s e n t i r n o s
obligados a a m a r t e y s e g u i r las huellas y d o c t r i n a d e
Cristo. P o r eso, el e n t e n d i m i e n t o se d e t i e n e e n la m i s m a
luz y c o n t e m p l a . Bien p r o n t o la v o l u n t a d a m a lo q u e el
474 Oraciones y Soliloquios
1
Le 3 4 .
476 Oraciones y Soliloquios
m e n c i a d e s e a b a y p o d í a , d e m o d o q u e e n n u e s t r a salva-
ción se hallan a u n a d o s , T r i n i d a d e t e r n a , el p o d e r , la sa-
b i d u r í a y la clemencia. C o n esta decisión q u e r í a tu g r a n
m i s e r i c o r d i a h a c e r misericordia a las c r i a t u r a s , y t ú , T r i -
n i d a d e t e r n a , realizar e n ella tu v e r d a d d e d a r l e la vida
e t e r n a , p u e s p a r a esto la habías c r e a d o , a fin d e q u e tu-
viera p a r t e y gozase d e ti. Esto n o c o n t r a d e c í a a tu j u s t i -
cia, q u e , c o m o la misericordia, te es p r o p i a . L a justicia
p e r m a n e c e p a r a s i e m p r e , p o r lo q u e ella n o deja falta al-
g u n a sin castigo, lo m i s m o q u e n a d a b u e n o sin ser p r e -
m i a d o . El h o m b r e n o se p o d í a satisfacer p o r su culpa.
¿Que medio encontraste, Trinidad eterna, para que
se c u m p l i e s e tu v e r d a d d e h a c e r m i s e r i c o r d i a al h o m b r e
y a la vez p u d i e s e satisfacerse tu justicia? ¿ Q u é r e m e d i o
nos has d a d o ? H e aquí el r e m e d i o o p o r t u n o : d e t e r m i -
n a s t e d a r n o s el V e r b o d e tu u n i g é n i t o Hijo y q u e toma-
se la m a s a d e n u e s t r a c a r n e q u e te h a b í a o f e n d i d o , p a r a
q u e , s u f r i e n d o e n esa h u m a n i d a d , se satisficiese tu justi-
cia; n o e n v i r t u d d e la h u m a n i d a d , sino d e la divinidad
unida a ella. Así se hizo, y se cumplió tu verdad, y q u e -
d a r o n c u m p l i d a s la justicia y la misericordia.
¡ O h M a r í a ! V e o q u e este V e r b o , d a d o a ti p a r a q u e e n
ti esté sin ser s e p a r a d o del P a d r e , al m o d o q u e la pala-
b r a q u e el h o m b r e tiene e n la m e n t e , a u n q u e p r o n u n -
ciada e x t e r i o r m e n t e y c o m u n i c a d a a los d e m á s , n o se se-
p a r a d e esa m e n t e ni del c o r a z ó n . E n t o d o esto se m u e s -
tra la d i g n i d a d del h o m b r e , p o r el cual h a h e c h o Dios
tan g r a n d e s cosas.
T a m b i é n se d e m u e s t r a hoy, ¡oh María!, la fortaleza y
libertad del h o m b r e , p o r q u e , d e s p u é s d e t a n maravillosa
d e t e r m i n a c i ó n , te fue e n v i a d o u n á n g e l p a r a a n u n c i á r -
tela e i n d a g a r tu v o l u n t a d . El Hijo d e Dios n o bajaría a
tu v i e n t r e antes d e q u e te c o n f o r m a s e s c o n ella. A g u a r -
d a b a a la p u e r t a d e tu v o l u n t a d a q u e abrieses al q u e d e -
seaba v e n i r a ti, y n u n c a h a b r í a e n t r a d o si n o la hubieses
3
a b i e r t o , d i c i e n d o : « H e aquí la sierva del S e ñ o r » .
M a n i f i e s t a m e n t e , p u e s , a p a r e c e la fortaleza y libertad
d e tu q u e r e r , ya q u e n i n g ú n bien ni mal se p u e d e n ha-
cer sin él y n o hay d e m o n i o ni c r i a t u r a q u e p u e d a obli-
garla a la culpa d e p e c a d o m o r t a l si ella n o q u i e r e , c o m o
> Le 1,38.
478 Oraciones y Soliloquios
q u é c o n t r a el S e ñ o r . T e n m i s e r i c o r d i a d e m í , d u l c í s i m o
e inestimable A m o r
¡ O h M a r í a ! B e n d i t a t ú e n t r e las m u j e r e s p o r los siglos
d e los siglos, p u e s h o y n o s h a s d a d o d e tu h a r i n a . H o y
la D i v i n i d a d se u n e y e n t r e m e z c l a t a n e s t r e c h a m e n t e
c o n n u e s t r a h u m a n i d a d , q u e n u n c a se p o d r á s e p a r a r n i
p o r m u e r t e ni p o r i n g r a t i t u d . S i e m p r e h a e s t a d o u n i d a
a la D i v i n i d a d c o n el a l m a , y c o n el c u e r p o e n C r i s t o :
c o n el s e p u l c r o y c o n el a l m a , e n el l i m b o . D e esta m a n e -
r a se h a c o n t r a í d o este p a r e n t e s c o q u e n u n c a h a d e s a p a -
recido y nunca desaparecerá. Amén.
VALOR DE LA PASIÓN
n o s o t r o s p a r a n u e s t r o p r o v e c h o , n o e n v i r t u d d e la h u -
m a n i d a d , s i n o d e t u d i v i n i d a d . P o r ella, T r i n i d a d
e t e r n a , p a r e c e n e s t a r c r e a d a s t o d a s las cosas q u e t i e n e n
ser y d e ti sale t o d a la f u e r z a espiritual y t e m p o r a l exis-
t e n t e e n el h o m b r e . Es c i e r t o q u e q u i e r e s q u e el h o m b r e
se e s f u e r c e e n ellas t r a b a j a n d o l i b r e m e n t e .
¡ O h T r i n i d a d e t e r n a , o h T r i n i d a d e t e r n a ! P o r tu luz
se c o n o c e q u e e r e s el s u m o y e t e r n o j a r d í n q u e t i e n e e n -
c e r r a d a s e n sí t o d a s las flores y t o d o s los f r u t o s , p o r q u e
e r e s la flor d e la gloria q u e d a gloria a ti m i s m o , te das
f r u t o a ti m i s m o , p u e s n o lo p u e d e s r e c i b i r d e n i n g ú n
o t r o . Si lo p u d i e r a s recibir d e o t r o , n o p a r e c e r í a q u e
e r a s e t e r n o y o m n i p o t e n t e Dios, p u e s lo q u e te diese pa-
r e c e r í a n o h a b e r v e n i d o d e ti. P e r o , c o m o q u e d a d i c h o ,
e r e s gloria y f r u t o d e ti m i s m o , y los f r u t o s q u e te d a la
c r i a t u r a p r o c e d e n d e ti y d e ti recibe la facultad d e p o -
d e r ofrecértelos.
E n el j a r d í n d e tu s e n o estaba e n c e r r a d o el h o m b r e ,
¡oh P a d r e e t e r n o ! T ú le sacaste d e tu s a n t o p e n s a m i e n t o
c o m o u n a flor d i v i d i d a e n tres p o t e n c i a s , y e n c a d a p o -
tencia has s e m b r a d o u n a p l a n t a p a r a q u e p u d i e r a fructi-
ficar e n tu j a r d í n , v o l v i e n d o a ti con el f r u t o q u e le dis-
te. T ú volviste al a l m a , l l e n á n d o l a d e tu felicidad, en la
c u a l esa a l m a está c o m o el pez e n el m a r , y el m a r e n el
p e z . Le has d a d o la m e m o r i a p a r a q u e p u e d a r e c o r d a r
tus beneficios, y c o n ello p r o d u z c a la flor d e la gloria a
tu n o m b r e y el f r u t o d e l p r o v e c h o p a r a ella. T a m b i é n le
has o t o r g a d o el e n t e n d i m i e n t o , p a r a q u e c o m p r e n d a tu
v e r d a d , y tu v o l u n t a d , q u e es sólo n u e s t r a santificación,
a fin d e q u e b r o t e la flor d e la gloria, y d e s p u é s el f r u t o
d e la v i r t u d . Le has d a d o la v o l u n t a d p a r a q u e p u e d a
a m a r lo q u e h a visto e n el e n t e n d i m i e n t o y r e t e n i d o e n
la m e m o r i a .
Si c o n s i d e r o la luz e n ti, T r i n i d a d e t e r n a , veo q u e el
h o m b r e h a b í a p e r d i d o esta flor, esto es, la gracia, a cau-
sa d e l p e c a d o c o m e t i d o . P o r ello n o e r a capaz d e d a r t e
la gloria del m o d o e s t a b l e c i d o p o r la V e r d a d . T u j a r d í n
estaba c e r r a d o , p o r lo c u a l ya n o p o d í a recibir tus fru-
tos. P o r eso hiciste p o r t e r o al V e r b o , o sea, a tu U n i g é -
n i t o . L e diste la llave d e la d i v i n i d a d , y la h u m a n i d a d
fue la m a n o . A m b a s las u n i s t e p a r a q u e a b r i e r a n la
p u e r t a d e tu gracia, p u e s la d i v i n i d a d n o p o d í a h a c e r l o
486 Oraciones y Soliloquios
¡Oh V e r d a d , V e r d a d ! ¿Y q u i é n soy yo p a r a q u e m e
des tu v e r d a d ? Yo soy la q u e n o soy.
P o r lo tanto, tu V e r d a d es la q u e hace, habla y o b r a to-
das las cosas, p u e s n o soy yo. T u V e r d a d es la q u e ofre-
ce la v e r d a d a las c r i a t u r a s d e m o d o s diversos. N o está
s e p a r a d a d e ti, antes bien, tú e r e s la m i s m a V e r d a d . T ú ,
e t e r n a D e i d a d , Hijo d e Dios, viniste d e Dios p a r a c u m -
plir la v e r d a d del P a d r e e t e r n o , y n a d i e p u e d e p o s e e r la
v e r d a d si n o la recibe d e ti, la V e r d a d . Q u i e n d e s e e po-
seerla n o p u e d e estar p r i v a d o d e n a d a d e tu v e r d a d ; d e
o t r o m o d o n o p o d r í a tenerla, p o r q u e la v e r d a d n o p u e -
d e tener ningún defecto.
Así la tienen los b i e n a v e n t u r a d o s , q u e la ven perfecta-
m e n t e , sin defecto a l g u n o , p o r m e d i o d e la e t e r n a visión
d e ti; la q u e tienen al participar d e la visión con q u e tú
m i s m o te ves. Y c o m o tú eres s i e m p r e aquella m i s m a luz
con la q u e ves y eres visto p o r la criatura, e n t r e ti y el q u e
te ve n o hay intermediario alguno para hacerte presente.
P o r eso, m i e n t r a s los b i e n a v e n t u r a d o s t i e n e n p a r t e con-
tigo, es u n a m i s m a cosa la luz y el m e d i o con q u e eres
visto. C o m o tú m i s m o eres s i e m p r e la m i s m a luz, el mis-
m o m e d i o y el m i s m o objeto, del q u e se h a c e n partícipes
p o r la u n i ó n contigo, p o r eso resulta u n a m i s m a cosa tu
visión y la visión d e tu c r i a t u r a en ti, a p e s a r d e q u e u n o
vea m e n o s p e r f e c t a m e n t e q u e o t r o , ya q u e la visión d e -
p e n d e d e la diversidad d e los q u e la reciben y n o d e la
visión m i s m a .
C o m o el alma q u e se halla en esta vida e n e s t a d o d e
gracia, recibe tu verdad p o r medio d e la luz d e la fe. C o n
ésta ve q u e las cosas q u e nos e n s e ñ a tu Iglesia son ver-
d a d e r a s . Las almas reciben d e m o d o distinto esta ver-
d a d , con m a y o r o m e n o r perfección s e g ú n la diversidad
d e su p r e p a r a c i ó n ; con t o d o , n o p o r eso la fe es distinta,
sino igual p a r a todos. De igual m o d o , los b i e n a v e n t u r a -
490 Oraciones y Soliloquios
i g n o r a n t e y bestial! Ya q u e Dios te h a h e c h o h o m b r e ,
¿ p o r q u é te c o n v i e r t e s t ú m i s m o e n bestia? ¿ N o sabes q u e
los h o m b r e s - b e s t i a s o n e n v i a d o s a las p e n a s e t e r n a s d e l
infierno? E n ellas, el h o m b r e se vuelve « n a d a » ; n o e n
c u a n t o al ser, sino e n c u a n t o a la gracia. Está c o m p l e t a
la n a t u r a l e z a ; p e r o las cosas, faltas d e la p e r f e c c i ó n d e
esta gracia, se p u e d e n l l a m a r « n a d a » .
El V e r b o e t e r n o n o s h a sido d a d o p o r m e d i o d e Ma-
ría, y p o r m e d i o d e la c a r n e d e M a r í a se vistió d e n u e s -
t r a n a t u r a l e z a sin m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e su
c o n c e p c i ó n n o fue p o r o b r a d e v a r ó n , sino d e l Espíritu
S a n t o . El p e c a d o o r i g i n a l se d i o e n M a r í a p o r q u e ella
p r o c e d e d e la m a s a d e A d á n ; n o p o r o b r a d e l Espíritu
S a n t o , sino d e l h o m b r e . C o m o t o d a a q u e l l a m a s a estaba
p o d r i d a y c o r r o m p i d a , p o r eso n o p o d í a i n f u n d i r e n
a q u e l a l m a m a t e r i a n o c o r r o m p i d a , ni p r o p i a m e n t e se
p o d í a p u r i f i c a r sino p o r la gracia d e l Espíritu S a n t o . Esa
gracia n o la p u d o recibir el c u e p o , sino el a l m a racional
e intelectual. P o r e s o , M a r í a n o p u d o e s t a r limpia d e la
m a n c h a sino d e s p u é s d e e s t a r el a l m a i n f u n d i d a e n el
c u e r p o . Esto se realizó p o r r e v e r e n c i a al V e r b o d i v i n o
q u e d e b í a e n t r a r e n a q u e l r e c e p t á c u l o . C o m o el h o r n o
c o n s u m e la g o t a d e a g u a e n p o c o t i e m p o , así hizo el Es-
píritu S a n t o c o n la m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e
d e s p u é s d e ser c o n c e b i d a fue i n m e d i a t a m e n t e purifica-
d a d e l p e c a d o y se le d i o la gracia.
T ú sabes, S e ñ o r , q u e ésta es la v e r d a d .
LA IMAGEN DIVINA
¡ O h h o m b r e i n g r a t o ! ¡ O h alta y e t e r n a D i v i n i d a d , in-
c o m p r e n s i b l e e i n e s t i m a b l e A m o r ! Dices, P a d r e e t e r n o ,
q u e el h o m b r e q u e se m i r a a sí m i s m o te e n c u e n t r a d e n -
t r o d e él, p u e s t o q u e h a sido c r e a d o a tu i m a g e n y s e m e -
492 Oraciones y Soliloquios
LUZ Y TINIEBLAS
1
J n 7,24.
Caminos de la misericordia divina 495
¡ O h V e r d a d e t e r n a ! ¿ C u á l es tu e n s e ñ a n z a y c u á l el
c a m i n o p o r el q u e q u i e r e s q u e v a y a m o s al P a d r e ? N o
a c i e r t o a v e r o t r o sino el q u e t ú h a s p a v i m e n t a d o c o n las
v e r d a d e r a s y r e a l e s v i r t u d e s d e l f u e g o d e tu c a r i d a d ,
V e r b o e t e r n o . L o h a s edificado c o n tu s a n g r e . E s t e es,
p u e s , el c a m i n o . N u e s t r o p e c a d o n o consiste sino e n
a m a r lo q u e tú h a s a b o r r e c i d o y e n a b o r r e c e r lo q u e h a s
a m a d o . C o n f i e s o , Dios e t e r n o , q u e yo h e a m a d o siem-
p r e lo q u e tú h a s o d i a d o , y o d i a d o lo q u e t ú a m a s . P e r o
h o y l l a m o a tu m i s e r i c o r d i a p a r a q u e m e c o n c e d a s se-
g u i r a tu V e r d a d c o n sencillo c o r a z ó n . D a m e f u e g o y
abismo d e caridad; d a m e h a m b r e continua d e sufrir pe-
n a s y t o r m e n t o s p o r ti; d a a mis ojos, P a d r e e t e r n o ,
f u e n t e s d e l á g r i m a s c o n las q u e incline t u m i s e r i c o r d i a
h a c i a el m u n d o e n t e r o , y s i n g u l a r m e n t e h a c i a tu esposa.
¡ O h i n e s t i m a b l e y d u l c í s i m a C a r i d a d ! Este es tu j a r -
d í n , f u n d a d o e n tu s a n g r e y r e g a d o c o n la d e los m á r t i -
r e s , q u e v a r o n i l m e n t e h a n c o r r i d o tras el o l o r d e t u s a n -
g r e . Seas t ú , p o r t a n t o , q u i e n lo g u a r d e . ¿Y q u i é n p o d r á
c o n t r a la c i u d a d q u e t ú g u a r d a s ? P o n f u e g o a n u e s t r o s
c o r a z o n e s y s u m é r g e l e s e n esta s a n g r e p a r a q u e m e j o r
p o d a m o s t e n e r h a m b r e d e tu h o n o r y d e la salvación d e
las a l m a s .
P e q u é , p e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¿Y q u é d i r e m o s d e ti? ¿ Q u é j u i c i o
nos f o r m a r e m o s d e ti? D i r e m o s y p e n s a r e m o s q u e e r e s
n u e s t r o d u l c e Dios, q u e n o q u i e r e sino n u e s t r a santifica-
ción. Esto a p a r e c e e v i d e n t e e n la s a n g r e d e tu Hijo. El,
c o m o e n a m o r a d o , c o r r i ó , p o r n u e s t r a salvación, a la
a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z . Q u e se a v e r g ü e n c e el h o m -
b r e d e l e v a n t a r la c a b e z a c o n s o b e r b i a v i é n d o t e , altísimo
Dios, h u m i l l a d o h a s t a el l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d .
¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¡ Q u é p r o p i a te es la m i s e r i c o r d i a !
L o es t a n t o , q u e t u s s e r v i d o r e s a p e l a n a ella c o n t r a la
j u s t i c i a q u e el m u n d o m e r e c e p o r sus p e c a d o s . T u mise-
r i c o r d i a n o s h a c r e a d o ; la m i s m a m i s e r i c o r d i a n o s r e d i -
mió d e la m u e r t e e t e r n a ; ella nos gobierna y ella contiene
a la j u s t i c i a p a r a q u e n o m a n d e a la t i e r r a q u e se a b r a y
n o s t r a g u e y q u e los a n i m a l e s n o s d e v o r e n , s i n o , p o r el
c o n t r a r i o , t o d a s las cosas n o s sirven y la t i e r r a n o s d a
sus f r u t o s . T o d o esto lo h a c e la m i s e r i c o r d i a . Ella n o s
c o n s e r v a y p r o l o n g a la vida, c o n c e d i é n d o n o s t i e m p o
496 Oraciones y Soliloquios
y sirva c o n c o r a z ó n sencillo y g e n e r o s o ? N o es p o r n u e s -
tra b o n d a d , p u e s somos d e m o n i o s h e c h o s c a r n e y e n e -
migos tuyos. P r o v i e n e esto ú n i c a m e n t e d e l f u e g o d e tu
c a r i d a d . A v e r g ü é n c e s e el h o m b r e d e n o vivir c o n t i n u a -
m e n t e e n ti con t o d o el c o r a z ó n , t e n i e n d o tú, T r i n i d a d
e t e r n a , la m o r a d a e n n o s o t r o s d e m o d o s tan diversos.
¡ O h a l m a mía! N u n c a te has a c o r d a d o d e Dios, y p o r
eso n o h a s c o n s o l i d a d o tu c o r a z ó n e n las v e r d a d e r a s vir-
tudes.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí.
E t e r n a D e i d a d : tú e r e s vida, y yo m u e r t e ; tú, sabidu-
ría, y yo n e c e d a d ; tú, luz, y yo tinieblas; tú, r e c t i t u d per-
fecta, y yo t o r t u o s i d a d ; tú, m é d i c o , y yo e n f e r m a .
¿ Q u i é n p o d r á u n i r s e a ti, s u m a Alteza, D e i d a d e t e r n a , y
a g r a d e c e r t e tantos y t a n infinitos beneficios c o m o nos
has o t o r g a d o ? T ú m i s m o te u n i r á s c o n la luz q u e infun-
d i r á s e n q u i e n q u i e r a recibirla y con tus l i g a d u r a s a t a r á s
a q u i e n se deje a t a r sin h a c e r resistencia a tu v o l u n t a d .
N o t a r d e s , P a d r e b e n i g n í s i m o ; vuelve hacia el m u n d o
los ojos d e misericordia. Serás m á s glorificado d á n d o l e s
la luz q u e si p e r m a n e c e n en la c e g u e r a y tinieblas d e l
p e c a d o m o r t a l , a u n q u e recibas d e t o d a s las cosas gloria
y a l a b a n z a p a r a tu n o m b r e . Por lo cual v e m o s q u e tu
gloria r e s p l a n d e c e e n los p e c a d o r e s p o r la misericordia
q u e les haces d e n o d e s e n v a i n a r la e s p a d a d e tu justicia
c o n t r a ellos, sino q u e les d a s t i e m p o p a r a q u e se con-
v i e r t a n . E n el infierno brilla tu gloria p o r la justicia q u e
se h a c e e n los c o n d e n a d o s , y a ú n les haces misericordia,
p u e s n o reciben tantos s u f r i m i e n t o s c o m o h a n mereci-
d o . P o r la misericordia y la justicia vuelve a tu n o m b r e
la gloria y la alabanza. E n t o d a s las c r i a t u r a s q u e h a n se-
g u i d o tu v o l u n t a d p a r a c o n s e g u i r el fin p a r a el q u e las
c r e a s t e , q u i e r o v e r yo la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e .
Q u i e r o q u e tu vicario sea «otro tú», p o r q u e necesita d e
luz m á s q u e los o t r o s , ya q u e d e b e a l u m b r a r a los d e -
más.
D a n o s , b e n i g n í s i m o y p i a d o s o P a d r e , tu d u l c e y eter-
na bendición. Amén.
500 Oraciones y Soliloquios
c u b r e s , sino q u e dejas d e s n u d a al a l m a . ¡ O h v o l u n t a d
d e s p o j a d a , o h primicia d e la vida e t e r n a ! E r e s fiel h a s t a
la m u e r t e a tu d u l c í s i m o C r e a d o r y n o al m u n d o . T ú
u n e s al a l m a c o n El, p o r q u e se h a d e s p o j a d o e n t o d o d e
sí m i s m a .
¿En q u é c o n o c e el a l m a q u e se halla c o m p l e t a m e n t e
l i b e r a d a d e sí m i s m a ? E n q u e n o elige t i e m p o , ni l u g a r ,
ni m o d o , sino q u e acepta el tuyo. Este es u n vestido re-
fulgente. P u e d e v e r d a d e r a m e n t e decirse q u e es u n sol,
p u e s c o m o el sol i l u m i n a , calienta y h a c e q u e g e r m i n e la
tierra, así esta v e r d a d e r a luz calienta a q u i e n la p o s e e
c o n el f u e g o d e la c a r i d a d ; la i l u m i n a , p o r q u e la luz le
h a c e c o n o c e r la v e r d a d y la luz d e tu s a b i d u r í a ; la h a c e
g e r m i n a r el f r u t o d e las v e r d a d e r a s y reales v i r t u d e s
m i e n t r a s está e n esta t i e r r a m o r t a l .
¿ Q u é es lo q u e h a c e q u e n o se despoje d e sí m i s m a ?
L a p r i v a c i ó n d e la luz, p o r q u e n o h a c o n o c i d o ni utiliza-
d o la luz principal q u e has d a d o a t o d a c r i a t u r a racional.
¿ P o r q u é n o la h a c o n o c i d o ? P o r q u e h a e n t e n e b r e c i d o el
e n t e n d i m i e n t o c o n el p e c a d o , p o r lo q u e la v o l u n t a d
q u e d ó p r i s i o n e r a . Ella es la q u e c o m e t e el p e c a d o .
¡ O h i g n o r a n t e a l m a mía! ¿ C ó m o n o p e r c i b e s la pesti-
lencia d e l p e c a d o ? ¿ C ó m o n o sientes el p e r f u m e d e la
v i r t u d y d e la gracia? P o r estar p r i v a d a d e la luz. P e q u é
c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r i d a d e mí.
¡Oh Dios e t e r n o ! E n tu luz h e visto c u a n s e m e j a n t e te
has h e c h o a tu c r i a t u r a . P o r eso veo q u e la h a s e n c e r r a -
d o e n u n círculo en el q u e , a c u a l q u i e r p a r t e q u e vaya,
la h e d e e n c o n t r a r . Si m e vuelvo a c o n o c e r el ser q u e
nos h a s d a d o , veo q u e n o s h a s h e c h o a tu i m a g e n y se-
mejanza, p a r t i c i p a n d o d e tu T r i n i d a d e n las tres p o t e n -
cias del a l m a ; si m i r o al V e r b o , p o r el q u e h e m o s recibi-
d o tu gracia, te veo s e m e j a n t e a n o s o t r o s , y n o s o t r o s se-
m e j a n t e s a ti p o r la u n i ó n q u e t ú , Dios e t e r n o , h a s h e -
c h o c o n el h o m b r e ; y si m e vuelvo al a l m a i l u m i n a d a
p o r ti, v e r d a d e r a Luz, veo q u e ella vive e n ti s i g u i e n d o
la d o c t r i n a d e tu v e r d a d e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , o
sea, en las v i r t u d e s p a r t i c u l a r e s , q u e son p r o b a d a s p o r el
a m o r q u e el a l m a h a a d q u i r i d o e n tu luz. T ú eres el
m i s m í s i m o a m o r . Ella, d e s p o j a d a d e su v o l u n t a d , se h a
vestido d e la tuya, d e m o d o q u e n o busca ni d e s e a sino
lo q u e t ú pides y q u i e r e s q u e esté e n el alma.
502 Oraciones y Soliloquios
d e s p o j a d o d e tu p e r v e r s a v o l u n t a d ni h a b e r t e vestido d e
la suya.
¿Y c ó m o q u i e r e s , A m o r d u l c í s i m o , q u e m e m i r e e n ti?
Q u i e r e s q u e c o n t e m p l e m i c r e a c i ó n , h e c h a p o r ti a tu
i m a g e n y s e m e j a n z a . C o n ella, t ú , s u m a y e t e r n a P u r e z a ,
te has u n i d o al l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d o b l i g a d o
p o r el f u e g o d e tu c a r i d a d , f u e g o c o n el q u e t a m b i é n
quisiste q u e d a r t e p a r a n o s o t r o s c o m o c o m i d a . ¿ Q u é co-
m i d a es ésta? M a n j a r d e á n g e l e s , s u m a y e t e r n a p u r e z a .
P o r eso exiges y q u i e r e s tal p u r e z a en el a l m a q u e te r e -
cibe e n el dulcísimo s a c r a m e n t o , q u e , si fuese posible a
la n a t u r a l e z a angélica p u r i f i c a r s e , sería p r e c i s o q u e lo
hiciera p a r a tan g r a n m i s t e r i o . ¿ C ó m o se purifica el
alma? E n el f u e g o d e tu c a r i d a d y l a v a n d o su r o s t r o c o n
la s a n g r e d e tu Hijo u n i g é n i t o . ¡Oh m i s e r a b l e a l m a mía!
A v e r g ü é n z a t e . Eres d i g n a d e h a b i t a r c o n las bestias y
c o n los d e m o n i o s , p o r q u e s i e m p r e has h e c h o o b r a s d e
bestias y s e g u i d o la v o l u n t a d d e l d e m o n i o .
B o n d a d e t e r n a : q u i e r e s q u e te c o n t e m p l e y vea q u e
m e a m a s y q u e lo haces g r a c i o s a m e n t e , p a r a q u e c o n
a m o r igual a m e yo a t o d a c r i a t u r a r a c i o n a l . P o r eso
q u i e r e s q u e a m e y sirva a m i p r ó j i m o sin i n t e r é s , es d e -
cir, s o c o r r i é n d o l e espiritual y c o r p o r a l m e n t e c u a n t o m e
sea posible, sin e s p e r a n z a a l g u n a d e p r o p i o p r o v e c h o o
d e placer. N o q u i e r e s q u e m e r e t r a i g a d e ello p o r su in-
g r a t i t u d , p e r s e c u c i ó n o p o r infamias q u e reciba d e él.
¿ Q u é h a r é , p u e s , p a r a c o m p r e n d e r esto? M e d e s p o j a r é
d e m i m a l o l i e n t e vestido y c o n la luz d e la santísima fe
m e veré a mí en ti y m e vestiré d e tu e t e r n a v o l u n t a d , y
c o n ello c o n o c e r é q u e tú, T r i n i d a d e t e r n a , eres p a r a n o -
sotros m e s a , c o m i d a y s e r v i d o r . T ú , P a d r e e t e r n o , eres
la m e s a q u e n o s d a s el m a n j a r d e l C o r d e r o d e tu Hijo
u n i g é n i t o . El es p a r a n o s o t r o s m a n j a r suavísimo, t a n t o
p o r la d o c t r i n a q u e nos sostiene en tu v o l u n t a d c o m o
p o r el s a c r a m e n t o q u e r e c i b i m o s en la s a n t a c o m u n i ó n ;
c o m i d a q u e a l i m e n t a y fortalece m i e n t r a s s o m o s p e r e -
g r i n o s y v i a n d a n t e s e n esta vida. C i e r t a m e n t e , el Espíri-
tu S a n t o es en n o s o t r o s n u e s t r o s e r v i d o r , p o r q u e n o s r e -
p a r t e esta d o c t r i n a , i l u m i n a n d o n u e s t r o e n t e n d i m i e n t o
e i n d u c i é n d o n o s a q u e le sigamos. I g u a l m e n t e , nos a d -
m i n i s t r a la c a r i d a d del p r ó j i m o y el h a m b r e d e l m a n j a r
d e las almas y d e la salvación d e t o d o el m u n d o p o r h o -
506 Oraáones y Soliloquios
¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , u n a Divinidad! T ú , D e i d a d ,
u n a e n esencia, t r i n a e n p e r s o n a s , eres u n a vid q u e tie-
n e tres s a r m i e n t o s ; valga esta c o m p a r a c i ó n . H a s h e c h o
al h o m b r e a i m a g e n y semejanza tuya p a r a q u e , p o r m e -
dio d e las tres potencias q u e tiene el alma, se p a r e z c a a
tu T r i n i d a d y a tu U n i d a d . C o m o t a m b i é n se asemeja si
se a ñ a d i e s e q u e p o r la m e m o r i a se p a r e c e al P a d r e , a
q u i e n se atribuye el p o d e r ; p o r el e n t e n d i m i e n t o se ase-
meja al Hijo, a q u i e n se a t r i b u y e la s a b i d u r í a , y p o r la
v o l u n t a d se asemeja al Espíritu Santo, a q u i e n se atri-
b u y e la clemencia, y q u e es a m o r del P a d r e y del Hijo.
T ú , ¡oh magnífico Pablo!; has m e d i t a d o bien e n esto
y has c o n o c i d o bien d e d ó n d e venías y a d ó n d e ibas; y
n o sólo a d ó n d e ibas, sino q u é c a m i n o llevabas, p o r q u e
has c o n o c i d o tu principio y tu Fin y p o r q u é c a m i n o lo
conseguirías. Así, has u n i d o las tres potencias d e tu
508 Oraciones y Soliloquios
1
1 Cor 2 , 1 - 3 .
INVOCACIÓN A LA TRINIDAD
2 4 Historia.—Compuesta en la Rocca de Tentennano el 28 de
octubre de 1378.
Ideas.—Invocación del poder de Dios Padre, de la sabiduría del
Hijo y de la clemencia del Espíritu Santo.--Pide a las tres personas
misericordia para el mundo y para la Iglesia.
AL ESPÍRITU SANTO
(Segunda Versión)
DESEOS DE MUERTE
LA PUREZA
(Más tarde:)
¡Oh miserable alma mía! ¿ T e atreverás a levantar con
soberbia tu frente c o n t r a Dios? Deseo y mil veces desea-
ría e n t r a r a h o r a mismo en el infierno, y no creo sufi-
ciente u n infierno solo p a r a castigar mi infinita miseria.
Señor: no llego a c o m p r e n d e r lo q u e digo. P e r m a n e -
ceré p e n d i e n t e con el pensamiento d e la delicada pro-
mesa q u e m e hiciste al a s e g u r a r m e q u e m e querías toda
conforme y c o n f o r m a d a contigo, y q u e p a r a esto ibas a
imprimir en mi cuerpo tus dulcísimas llagas.
A LA BELLEZA ETERNA
(Y añadía:)
Misericordiosísimo Señor: p o r toda tu b o n d a d y p o r
toda tu misericordia, te r u e g o q u e no permitas q u e el
alma d e mi h e r m a n a salga del c u e r p o hasta q u e reciba
tu gracia y tu misericordia. ¿Qué más debo decir?
(Entonces respondió:)
Señor mío: hace ya m u c h o tiempo q u e r e n u n c i é a mi
voluntad y decidí seguir la tuya, p o r lo cual n o m e co-
r r e s p o n d e elegir cosa alguna. Pero ya q u e deseas q u e
responda, te digo q u e elijo c o n f o r m a r m e siempre en
esta vida a tu beatísima pasión y, p a r a mi alivio, abrazar-
m e siempre al sufrimiento p o r a m o r tuyo.
vientre d e la p u r í s i m a V i r g e n M a r í a y q u e sufriste p o r
nosotros m u e r t e c r u e l n o p a r a castigar n u e s t r a s iniqui-
d a d e s , sino p a r a p e r d o n a r l a s . M e manifiestas, S e ñ o r , los
pecados d e u n h o m b r e y s o b r e ti, D u e ñ o m í o , has lleva-
d o todos los p e c a d o s . N o h e v e n i d o p a r a d i s p u t a r conti-
go s o b r e la justicia d e esto, sino a p e d i r tu misericordia,
¡oh S e ñ o r mío!, y tu misericordia es infinita. Si te acuer-
das, ¡oh mi Señor!, m e dijiste q u e querías fuese motivo
d e salvación p a r a m u c h a s almas. N o m e q u e d a en este
m u n d o m á s c o n s u e l o q u e el d e s a b e r q u e mis prójimos
se c o n v i e r t e n a ti. Sólo p o r este motivo p u e d o s o p o r t a r y
sufro c o n paciencia n o estar del t o d o u n i d a a ti. Si n o
m e c o n c e d e s , p u e s , esta alegría, ¿ p a r a q u é es necesaria
m i vida en este m u n d o ? N o m e a p a r t e s d e ti, d u l c e Se-
ñ o r ; d e v u é l v e m e a m i h e r m a n o caído en la obstinación
y en la c e g u e r a d e su espíritu.
1
Le 2 3 , 4 3 .
El milagro del vino 525
(Y añadía:)
No, Dios mío; si h e d e volver a mi cuerpo, n o quiero
para mí esa corona: quiero sólo vilipendios y oprobios
tales como los que sufrió vuestro dulcísimo Hijo. Me res-
pondéis, Señor, que n o podéis p o r ahora acceder a mis
súplicas y satisfacer mis deseos y suspiros, acaso inopor-
tunos; pero sabed que Vos mismo sois quien tan ar-
dientes deseos m e inspiráis con interiores estímulos d e
vuestra gracia y me forzáis a levantar mi voz, p r o m e -
tiéndome conceder a mi alma lo q u e tanto anhela. Cada
día, pues, clamaré a Vos, m e escuchéis o no. J a m á s os
dejaré ni m e apartaré d e Vos, ni cesaré d e cumplir vues-
tra santa voluntad.
(Replicó Catalina.)
¡Si con esas visiones misteriosas n o a u m e n t á i s en mí la
fe, inflamáis c a d a vez m á s en m i corazón vuestro a m o r y
m e siento desfallecer y m o r i r con tal violencia!
C a t a l i n a , M a e s t r a d e la vida
c o n s a g r a d a a Dios.
INDICE LITERARIO
A b a n d o n o del mundo 234. 164 392 445 446 456 457 472 475
Aborrecimiento de culpas 72. 482 486 506; y dolor 60 220; y sus
Absolución general 487. efectos 59 60 68 77 78 103 144; y
Absolución y sangre de Cristo 115 existencia 73; de hijos 158 161; im-
349. perfecto 153 157 165 167 173 179
Abuso: en la consagración 307 310' 180 196 206 360 361; imprescindi-
de la misericordia 143; del prójimo ble 220; infinito 58; y su juego 193;
66. y justicia divina 358; y lágrimas
Acción: de Dios 153; de gracias 432. 218: loco 389; y misericordia 99; y
Adán y desobediencia 93. obediencia 420; ordenado 217; y
Adulterio espiritual 114. paciencia 64; y perfección 77 179-
Adversidad 142 223 224 350 448 457 182 190; y perseverancia 148; al
496. prójimo 56 64 67 68 76-78 90 135
Afectos sensibles 112. 137 149 152 164 213 214 363 394
Aflicción de los malos 140. 502 505 506; propio 60 65-67 81 89
Agradecimiento 87. 97 111 114 115 117 119 130 135
Agua: muerta del demonio 128 130; 141 143 145 150 152 154 157 165
viva de Dios 147. 176 211 220-222 229 236 251 289
Agustín, San 202 276. 295 299 307 309 311 312 314 352
391 393 398 408 454 488 493 503
Alegría procedente de Dios o del de-
513; propio y consecuencias 91 144
monio 251.
178 344; santo 139 165; y satisfac-
Alimento del alma 148 186 191. ción 63; y seguir a Cristo 55 153;
Alma: su amargura 81; y amor 73 145 sensitivo 210 307; a sí mismo 179
260; y el bien 130 131 145; ciudad 210 447 450 480; y sufrimiento 63
cercada 362 390; y cuerpo 124; y 64; y temor 154; y unión con Dios
sus cuidados 95 96 98 350; ebria 55; y virtud 67 137-139 150 154
91; empobrecida 380; esclava 289; 157 162 392.
sus estados 100; y gozo 104 141; y
gracia 371; de los justos 357; libe- Anzuelo de Dios 130 178 455.
rada por Dios 146; ante la muerte Apetitos y sentidos 135.
128; su perdición 102 314; y pró- Apostolado 342 369 370 372 373 403
jimo 56; y Trinidad 54 145 201 515.
337; su valor 55 302 353. Armonía: de las potencias 372; de los
Amargura del alma 81 227. sentidos 372 373.
Amigo de Dios 161. Arras del infierno 108 139.
Amor: a las almas 109 153; de amigo Arrepentimiento 117 120.
158 161 172 174 180; y cielo 123; Ausencias de Dios 162-164 176 193.
sus c o n d i c i o n e s 157; y conoci- Autobiográficas (noticias) 55-57 77
miento 59 171; y correspondencia 100 119 131 181 255 262 264 268
101; y creación 145; deleite 152; 271 292 310 315 345 352 354 356
desinteresado 131 153 164 239 251; 357 377 378 382 388 402 447 448
desordenado 104 111 137 210 217; 450 464 487 496 511-516 519-528.
a Dios 135 137 150-153 157 159 Avaricia 100 112 113 140 285 286.
164 175 213 214 445-447 450 502 Ayuda: de Dios 338; al sacerdote 266
505; divino 54 60 82 90 91 97 156 (véase Providencia).
* R e c o m e n d a m o s q u e p a r a c u a l q u i e r e s t u d i o se c o n s i d e r e n los si-
n ó n i m o s y los a n t ó n i m o s d e los c o n c e p t o s a q u í e x p r e s a d o s .
534 índice de materias
Bautismo 85 86 95-97 107 111 117 Condenados 110 119 121 122 125
135 153 182-185 235 259 260 470 126 129.
493 500. Confesión 139 163 184 260 324 395
Belleza de Cristo 518. 462 487.
Benignidad en la corrección 244. Confianza en Dios 338 339 344 346
Benito, San 402. 352 354 524. .
Beso de paz 186. Conocimiento: y amor 55 59 170 171
Bien como pretexto 130. 205; de Dios 55 60 72 81 92 98 128
Bienaventurados 105 116 122-124 129 163 180 191 206 211 345 429
129 132 198 199 386. 504 505; de sí mismo 60 62 67 72
Bienes de ministros de la Iglesia 266 75 77 81 92 98 119 128 129 162
286 290. 163 179 180 191 205 206 211 345
Boca y su oficio 153 185 186. 429 504 505; del pecado 59 327; de
Bodega con la sangre 268. la verdad 60 202-205; y visión 205.
Bondad: de Dios 67; de lo creado Consagración eucarística y abusos 307
381. 310.
Breviario 317. Consejos: 304 399; y mandamientos
Brujerías y eucaristía 299. 137 138 148 154 372 391 399.
Constantino, emperador 280.
Consuelos 78 172 250; engañosos 153
Caballero y guerrero 189 239. 177; espirituales 156 163 173 176
Camarero: el E. Santo 192. 179 190 211.
Camino: de agua 104; del cielo 61 Continencia 112 297 404 407.
128 153 494-496; de la mentira 127 Contradicciones 58 59 62 142 155 184
128. 260 349 395.
Campo de batalla 190. Conversión 143 522; en tierra 140.
Capellanes de monjas 296. Corazón: duro 62; y lágrimas 217;
Capítulo conventual 417. podrido 115.
Cara: de Dios 125; de la Iglesia 88 Coro 298 417.
207. Corrección 244 245 248 267 274 278
Cardenales 458 459 461 498. 289 295 298.
Caridad 59 60 67 71 73 93 99 122 123 Cosas y el hombre 102 104 139 152
144 162 187 257 260 365 375 393 223 381.
413 506; común 62 129 135 139 Costado de Cristo 100.
144 148 151 234 244; divina 61 196 Creación 257 335 342 546; nueva 87
389; y perfección 148 153 364; y 109 257.
prójimo 66 67 76 78 151 175 365 Criatura y creador 55 81 83 152.
374. Cristiano malo 88 493.
Carne y espíritu 93 112 471. Cristo: y cuerpo místico 95 98 114
Castigo 87 88 113 123 127 311 315. 124 129 214 307 364; y su doctrina
Ceguera humana 110 144. 105 142; y gracia, y perseverancia
Celda: del conocimiento 162; del reli- 144; hombre 85 86 462; hoy 105
gioso 296 410 417. 106 115; para la humanidad 86 87
Celo por las almas 370. 93-95 99 103 120 121 142 308 486
Ceremonias y sus centinelas 418. 508; modelo 59 83-86 101 103 105
Cicatriz del pecado 86. 148 181 238 301 308 365 371 373
Cielo para su padre 521. 381 383 393 446 453 487; doliente
Círculo de Dios 73 503. 79 81 83-86 96 239 336 390 446
Clarores sensibles 146. 449 452; y voluntad del Padre 160
Clérigos 171 268 304. 238 390 393.
Codicia 66 111 112 139 142 266 304 Cruz del demonio 139 140.
379. Cuchillo: del amor 75 95 96 128 137;
Comida espiritual 520. del odio 140 189.
Compasión por el pecador 242. Cuerpo: atadura 200 201; en el in-
Comunidad cristiana 207. fierno 126; glorificado 124 125;
Comunión 57 123 167 257-265 375 místico de la Iglesia 67 79 95 167
488; espiritual 167 170. 187 225 254 256 257 265 268 289
Conciencia 61 111 117 119 140 131 374 429 455 459; universal de la
153 223 224 31 1-313 316 320 324. Iglesia 95 268 455; y obras del
Concubina del sacerdote 317. hombre 126; y visión de Dios 132.
Indice de materias 535
J
279-283 289 290 328; sus defectos
erónimo, San 202 276. 266 267 274 284 287-290 307 314;
uan Evangelista, San 230. indignos 269 284-318 323; y su mi
Juego de amor 193. sión 256-258 265 266 268 268 271
Juez de los hombres 116 125 240 246 274 277 286 290 306; ofensas a
351. ellos 268-274; orar por ellos 293
Juicio: falso 114-117 244 494 517 294 311; santos 275 319; y virtud
518; final 120 125 126. 305 307; reverencia a ellos 27 257
Justicia 71 83 85 274 311 460 477 264 276 283 299.
499. Misericordia divina 78 81-83 85 88 89
Justos: y sana felicidad 311 359; y pe 98 99 108-113 118 126 130 143 145
cadores 141. 168 196 207 293 S i l 335 465 468
469 477 494-496 498 509 524 525.
Monjas y capellanes 296.
Ladrones 112 146 221. Mortificación 74 235-237 240 247.
Lágrimas 84 90 207-211 218-224 228. Muerte: 63 66 101 111 117 118 122
Lecho y mesa 191. 125 128 129 222 311 316 319 329;
índice de materias 537
de Cristo 85; y su deseo 194 195 Pecadores 112 116 117 141 311 342
200 201 513. 358 359 373 524 525.
Mundanidad 139 285 303. Pedro, San 157 162 167 267 275
Mundo: y misericordia divina 8 1 ; y 369-371 386 412 461 524.
sus persecuciones 79. Pedro de Verona, San 405.
Murmuración sobre Dios 72. Penas por el pecado 58 125 153 311
414 414.
Penitencias 71 74-76 138 232 233 247
N a t u r a l e z a : divina 85 94 106 184 248.
490; humana 85-87 94 106 126 184 Perfección: 58 76 130 131 146 153
490. 155 170 189 194 196 198 202 219
Negligencia 96 142. 215 237 243 342 371 372; su creci-
Nodriza 72 86. miento 137 138 153 155 170 367
368 391 392; y tentaciones 129 363
364.
O b e d i e n c i a 115 189 336 338 372 Permisiones de Dios 137 518.
389-400 406 408-427. Persecución: y desaliento 77 149; a la
Obras: 59 74-76 99 101 104 106 128 Iglesia 257 268 270 272 273; del
135 136 171 221; de Dios 115. mundo 141; a los observantes 141
Observancia 297 298 401 418. 298.
Odio al pecado 137 142. Perseverancia 142 143 144 147 148
Ofensa a Dios 58 269. 152 168 187 189.
Oficio divino 170 290 417. Peticiones a Dios 252 253.
Oración: 54 55 63 68 87 89 149 153 Placer engañoso 128.
162 166-168 170 171 191 252 253 Pobreza 297 298 305 376 379-388
256 407 408; por la Iglesia 207 311 402-404 408.
330 333 334 432; mental 166 168 Potencias del alma 62 63 101 102 111
169 171; por el prójimo 61 63-65 90 144 145 147 149-151 153 155 206
176 206 207 252 284 293 294 311 209 230 372 445 449 467 473 485
329 330 333 334 417 429 432 462 492 501 506 507.
468 526; y unión con Cristo 55; vo- Predicación defectuosa 295 296.
cal 166 169. Prelado 296 312 313 326 327 421
Orden: benedictina 402; dominicana 423.
403-406; franciscana 402; en gene- Premio 136 221 281 311 413 424 427
ral 297 400-404 408. 428.
Oscuridad del alma 363. Presencia de Dios 190 193 496.
Otro yo 55 56. Presunción 244.
Primicias: del cielo 132 133 242 243;
del infierno 132 140 (véase Arras).
Pablo, San 59 75 165 171 188 190 Prójimo 58 64-70 77 79 97 126 153
195 199-201 218 221 231 255 367 176 242 374 375 498 522.
386 390 466 506 507 517. Prosperidad 223 224.
Paciencia 60 69 74 92 146 187 188 Providencia 89 103 335 341 342 347
227 366 391-393 406. 357 360 363 364 372 374 376 381
P a d r e : espiritual 56 91 92; mori- 387 453
bundo 521. Pruebas 97 128 141 165 166 216 365.
Palabras: groseras y ministros de la Pueblo cristiano 84 95.
Iglesia 222 300; y obras 74-76. Puente, Cristo lo es 81 94 100.
Pasión de Cristo 479 480 (véase San- Puerta: de la mentira 127; de la ver-
gre). dad 127.
Pecado: 55 58-65 69-71 79 83 87-94 Pureza 234 238 257 264 265 407 513
98 101 105 110-112 115 118 129 514; de intención 242.
132 134 136 139 149 155 168 188 Purgatorio 63 376.
200 219-224 235 245 246 260 268
271 274 289 295 313 335 336 347
348 361 362 379 380 424 446 467 Razón 144 146.
470 472 477 485 487 491 493 495 Rebelión: en el hombre 93; en la Igle-
496 501 506 518: de ministros de la sia 98; y malos ministros 306.
I. 268 270 271 285 286 291 292 317 Refectorio 417.
323-329. Redención 60 84 88 115 184 185 302
538 índice de materias
Vocación religiosa 401 406 407. 518 523; humana 477 494 496 503;
Voluntad: 62 63 83 137 139 202 227 propia 71 74 75 78 117 131 132 133
237; divina 56 75 78 82 123 132 139 141 165 185-187 192 205 214
133 137 140 141 188 201 202 218 218 227 236-240 247 248 360 372
237 238 247 341 421 448 451 453 400 407 422 447 448 451 479 500
454 477 494 501 502 504 505 516 501 504; santa 138 217.