Está en la página 1de 565

Obras de

SANTA CATALINA
DE SIENA
El Diálogo • Oraciones y Soliloquios

EDICIÓN PREPARADA POR

JOSE SALVADOR Y CONDE

www.traditio-op.org
OBRAS DE SANTA
CATALINA DE SIENA
El Diálogo • Oraciones y Soliloquios

I N T R O D U C C I O N E S Y T R A D U C C I Ó N POR

JOSE SALVADOR Y CONDE

TERCERA EDICIÓN

BIBLIOTECA DE AUTORES CRISTIANOS


MADRID • MCMXCVI
© Biblioteca de Autores Cristianos
D o n Ramón de la Cruz, 57. Madrid 1996
Depósito Legal: BU-393. - 1996
ISBN: 84-7914-024-0
Impreso en España. Printed in Spain
INDICE GENERAL

Págs.

Bibliografía xxvn
Introducción general 3

EL «DIALOGO*

Introducción a «El Diálogo» 41

PROEMIO

1. El a l m a c o n o c e a D i o s p o r la o r a c i ó n . — E l a l m a
d e q u e a q u í se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a -
ción, hizo a Dios c u a t r o peticiones 55
2. E l d e s e o d e a q u e l l a a l m a c r e c i ó al m o s t r a r l e
D i o s las n e c e s i d a d e s d e l m u n d o 56

LA DOCTRINA DE LA PERFECCIÓN

Excelencia del deseo

3. L a s o b r a s f i n i t a s , d e p o r sí, n o s o n s u f i c i e n t e s
p a r a c a s t i g a r o p r e m i a r sin el a f e c t o c o n t i n u o
d e la c a r i d a d 58
4. El d e s e o , j u n t o c o n la c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n ,
s a t i s f a c e p o r la c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y
t a m b i é n p o r la d e los d e m á s . — A l g u n a s veces
s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r la p e n a 59
5. El d e s e o d e s u f r i r p o r El e s m u y g r a t o a D i o s 63
6. T o d a virtud y pecado tienen realización m e -
d i a n d o el p r ó j i m o 64
7. L a s v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó -
j i m o . — P o r q u é son t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r -
sas c r i a t u r a s 66
8. L a s v i r t u d e s se p o n e n a p r u e b a y se f o r t a l e c e n
p o r sus contrarios 69
9. (Aquí comienza el tratado de la discreción.) No debe
p o n e r s e e l a f e c t o p r i n c i p a l m e n t e e n la p e n i t e n -
X Indice general

Pagi.

cia, s i n o e n las v i r t u d e s . — L a d i s c r e c i ó n r e c i b e
v i d a d e la h u m i l d a d y d a a c a d a u n o lo q u e le e s
debido 71
10. S e m e j a n z a d e c ó m o la c a r i d a d , h u m i l d a d y d i s -
c r e c i ó n e s t á n í n t i m a m e n t e u n i d a s . — A e s t a se-
m e j a n z a d e b e a c o m o d a r s e el a l m a . — ( E l árbol de
la virtud) 73
11. La p e n i t e n c i a y d e m á s i n s t r u m e n t o s c o r p o r a l e s
d e b e n t o m a r s e c o m o m e d i o p a r a l l e g a r a la vir-
t u d y n o c o m o finalidad p r i n c i p a l . — L a l u z d e la
discreción es m a n i f e s t a d a p o r d i v e r s o s m o d o s y
obras 74

Recapitulación y promesa de misericordia

12. R e p e t i c i ó n d e a l g u n a s c o s a s ya d i c h a s . — D i o s
p r o m e t e c o n s u e l o a s u s s e r v i d o r e s y la r e f o r m a
d e la s a n t a I g l e s i a p o r m e d i o d e a b u n d a n t e s s u -
frimientos 78

«EL DIÁLOGO»

13. A e s t a a l m a se le a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a la v e z
la a m a r g u r a . — H a c e o r a c i ó n a D i o s p o r s u s a n t a
I g l e s i a y p o r su p u e b l o 81
14. D i o s se q u e j a d e l p u e b l o c r i s t i a n o , y p r i n c i p a l -
m e n t e d e sus m i n i s t r o s . — A l g o s o b r e el sacra-
m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o y el b e n e f i c i o d e la
encarnación 83
15. U n a vez r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , el p e c a d o
es m á s c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i -
s e r i c o r d i a al m u n d o y a la I g l e s i a si m e d i a n la
o r a c i ó n y el s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i d o r e s . . 87
16. Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a la b o n d a d d i v i n a ,
n o se c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o
c r i s t i a n o y p o r la s a n t a Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a
p o r el m u n d o e n t e r o 89
17. D i o s se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y
del m o d o especial del a m o r propio q u e reina e n
e l l a s . — A n i m a a d i c h a a l m a a la o r a c i ó n y a las
lágrimas 89
18. N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e
está e n ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia 90
19. E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e -
s e a b a s u d a r s a n g r e . — A la vez q u e se r e p r e n d e
Indice general XI

Págs.

a sí m i s m a , h a c e u n a o r a c i ó n p o r s u P a d r e e s p i -
ritual 91
20. Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se
p u e d e a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a
su P a d r e espiritual a sufrir c o n v e r d a d e r a p a -
ciencia 92
21. E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la
desobediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n
puente para poder pasar 93
22. D i o s i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a
d e e s t e p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al
cielo 94
23. T o d o s somos trabajadores enviados p o r Dios a
t r a b a j a r e n la v i ñ a d e la s a n t a I g l e s i a . — C a d a
u n o t i e n e la v i ñ a d e sí m i s m o . — N o s o t r o s , s a r -
m i e n t o s , d e b e m o s e s t a r u n i d o s a la v i d v e r d a -
d e r a : el Hijo d e D i o s 95
24. Dios p o d a los s a r m i e n t o s u n i d o s a esa vid, o sea,
s u s s e r v i d o r e s . — L a v i ñ a d e c a d a u n o e s t á d e tal
m o d o u n i d a a la d e l p r ó j i m o , q u e n a d i e p u e d e
c u l t i v a r l a o e c h a r l a a p e r d e r sin c u l t i v a r y e c h a r
a p e r d e r la d e l p r ó j i m o 97

Elogio del amor divino

25. Esta alma, d e s p u é s d e algunas alabanzas a Dios,


p i d e q u e le m u e s t r e q u i é n e s p a s a n p o r e l m e n -
cionado puente y quiénes no 99

LA DOCTRINA DEL PUENTE

El p u e n t e , c a m i n o d e la v e r d a d

26. Este p u e n t e t i e n e t r e s e s c a l o n e s . — I n d i c a n los


tres estados del a l m a . — E s alto, p e r o n o sepa-
r a d o d e la t i e r r a . — C ó m o s e e n t i e n d e la f r a s e d e
C r i s t o ; « C u a n d o s e a c o l o c a d o e n lo a l t o , t o d o lo
a t r a e r é a mí» 100
27. El p u e n t e e s t á e d i f i c a d o c o n p i e d r a s , q u e s i g n i -
fican las v i r t u d e s . — E n el p u e n t e h a y u n a t i e n d a ,
d o n d e se p r o p o r c i o n a c o m i d a a los c a m i n a n -
XII Indice general

Págs.

t e s . — Q u i e n s i g u e p o r e l p u e n t e l l e g a a la
v i d a . — E l q u e v a p o r d e b a j o d e é l , p o r el r í o , va
a la p e r d i c i ó n y a la m u e r t e 102

D o s c a m i n o s : la verdad y la mentira

28. C a d a u n o d e l o s c a m i n o s , e l d e l p u e n t e y el d e l
río, t i e n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e
c a m i n a p o r el p u e n t e 104

El c a m i n o d e la doctrina d e Cristo

29. E s t e p u e n t e , a u n q u e s u b i ó al c i e l o el d í a d e la
A s c e n s i ó n , n o p o r e s o s e a p a r t ó d e la t i e r r a 105

E l o g i o d e la misericordia

30. E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e
Dios, e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s
c o n c e d i d o s p o r e l l a al g é n e r o h u m a n o 108

Los que van por el río

31. I n d i g n i d a d d e los q u e v a n p o r el r í o , b a j o el
p u e n t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a
Dios á r b o l d e m u e r t e . — S u s raíces están princi-
p a l m e n t e e n c u a t r o vicios 110
32. Los frutos d e este árbol son tan variados c o m o
los p e c a d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e 112
33. El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e
d e ella p r o c e d e n 112
34. L a i n j u s t i c i a e s el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n
mando 114
35. P o r e s t o s y o t r o s v i c i o s se l l e g a al j u i c i o
f a l s o . — I n d i g n i d a d e n q u e se c a e p o r e l l o 114
36. S o b r e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á -
c l i t o , q u e a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o
falso».—Una d e estas acusaciones es constante 116
37. L a s e g u n d a a c u s a c i ó n e s a c a u s a d e la i n j u s t i c i a
y d e l falso j u i c i o e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r 117
38. C u a t r o t o r m e n t o s p r i n c i p a l e s d e los c o n d e n a -
d o s . — A é s t o s s i g u e n o t r o s , y, d e m o d o e s p e c i a l ,
la f e a l d a d d e l d e m o n i o 119
39. L a t e r c e r a a c u s a c i ó n se h a r á e n el d í a d e l j u i c i o 120
Indice general xm

Págs.

40. Los c o n d e n a d o s n o p u e d e n desear bien alguno 121


41. L a gloria d e los b i e n a v e n t u r a d o s 122
42. D e s p u é s d e l j u i c i o g e n e r a l , la p e n a d e l o s c o n -
d e n a d o s será m a y o r 125

Elección del camino

43. U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a
d e la m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o ,
v e s u d e s t i n o , e s d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e v a a
revivir 128
44. El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el
p r e t e x t o d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r e l río y n o
p o r el p u e n t e v a n e n g a ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r
d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s . — V i s i ó n d e
u n árbol q u e u n a vez tuvo esta a l m a 130
45. El m u n d o p r o d u c e e s p i n a s y a b r o j o s a c a u s a d e l
p e c a d o . — A q u i é n e s n o hacen d a ñ o esas espi-
n a s . — N a d i e p a s a e s t a vida sin trabajos 132
46. M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i -
miento.—Las obras buenas, no hechas e n es-
t a d o d e g r a c i a , c a r e c e n d e v a l o r p a r a la v i d a
eterna 135
47. N o se p u e d e n o b s e r v a r los m a n d a m i e n t o s sin
s e g u i r los c o n s e j o s . — E n c u a l q u i e r e s t a d o e n
q u e s e h a l l e e l a l m a , si t i e n e b u e n a v o l u n t a d , e s
a g r a d a b l e a Dios 137
48. L o s h u m a n o s n o p u e d e n s a c i a r s e c o n lo q u e p o -
s e e n . — P e n a s q u e l e s p r o p o r c i o n a la v o l u n t a d
a u n en esta vida 139
49. El t e m o r servil n o e s s u f i c i e n t e p a r a c o n s e g u i r
la v i d a e t e r n a . — E j e r c i t a n d o e s t e t e m o r s e l l e g a
a la v i r t u d 141

D o l o r d e Catalina p o r la c e g u e r a h u m a n a

50. E s t a a l m a t u v o g r a n a m a r g u r a p o r la c e g u e r a
d e l o s q u e se a h o g a b a n e n el r í o 144

L o s t r e s e s c a l o n e s figuran las tres p o t e n c i a s


del a l m a : la c a r i d a d c o m ú n

51. L o s t r e s e s c a l o n e s f i g u r a d o s e n el p u e n t e , e s d e -
cir, e n el H i j o d e D i o s , s i m b o l i z a n las t r e s p o -
tencias del alma 144
XIV Indice general

Págs.

52. Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s ,
n o se p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n e l l a , n a -
die p u e d e alcanzar su fin 147
53. E x p o s i c i ó n d e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « Q u i e n
tenga sed, venga a mí y beba» 147
54. M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s
p a r a s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e -
ferido puente 148

R e c a p i t u l a c i ó n sobre la caridad c o m ú n

55. Resumen d e las c o s a s ya d i c h a s 151

Los e s c a l o n e s c o m o estados del alma: Subida


a la caridad perfecta

56. Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los
tres escalones del santo p u e n t e , son significados
e n p a r t i c u l a r p o r los tres e s t a d o s del
a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a
c o n t e m p l a r esta v e r d a d 153
57. Esta a l m a , m i r a n d o e n e l espejo d i v i n o , veía a
las c r i a t u r a s a n d a r d e m o d o s d i s t i n t o s 154
58. E l t e m o r s e r v i l , s i n a m o r a la v i r t u d , n o e s s u f i -
c i e n t e p a r a p r o p o r c i o n a r la v i d a e t e r n a . — L a ley
d e l t e m o r y la d e l a m o r e s t á n u n i d a s e n t r e sí 154
59. E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r servil, q u e e s e s t a d o
d e i m p e r f e c c i ó n (lo c u a l se e n t i e n d e c o m o p r i -
m e r e s c a l ó n ) , se llega al s e g u n d o , q u e es e s t a d o
de perfección 155
60. I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s
por propio provecho, p o r deleite y consuelo • 156
61. M o d o e n q u e se m a n i f i e s t a D i o s al a l m a q u e le
ama 159
62. P o r q u é n o dijo C r i s t o : «Yo m a n i f e s t a r é a mi
Padre», sino: «Me manifestaré a mí mismo» 160
63. M o d o d e s u b i r el a l m a el s e g u n d o e s c a l ó n d e l
s a n t o p u e n t e u n a vez a l c a n z a d o el p r i m e r o . 161
64. A m a n d o a Dios p e r f e c t a m e n t e , imperfecta-
m e n t e s e a m a al p r ó j i m o . — S i g n o s d e e s t e a m o r
imperfecto 164
65. M o d o q u e t i e n e el a l m a d e l l e g a r al a m o r p u r o
y l i b r e . (Aquí comienza el tratado de la oración.) 165
66. A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e
C r i s t o . — D o c t r i n a s o b r e e l p a s o d e la o r a c i ó n
índice general XV

Págs,

v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n q u e e n u n a o c a s i ó n
tuvo este alma 166
67. E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y
sirven a Dios por propio consuelo y deleite . 172
68. E n g a ñ o d e los s e r v i d o r e s d e D i o s q u e lo a m a n
con amor imperfecto 173
69. Los q u e n o a b a n d o n a n su paz y c o n s u e l o , n o
s o c o r r e n al p r ó j i m o e n s u s n e c e s i d a d e s 175
70. E n g a ñ o d e los q u e h a n p u e s t o su afecto e n los
consuelos y visiones espirituales 176
71. L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s
e s p i r i t u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al
demonio transfigurado en luz.—Señales para
c o n o c e r c u á n d o u n a visión viene d e Dios o del
demonio 177
72. E l a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí
m i s m a evita los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s 179
73. M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y al-
c a n z a r el a m o r p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo 180
74. S e ñ a l e s p o r l a s q u e s e c o n o c e si s e h a l l e g a d o al
a m o r perfecto 181
75. L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al
P a d r e , p e r o l o s p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i -
s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a . — S e h a b l a d e los b a u -
tismos diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles 182
76. El a l m a , h a b i e n d o s u b i d o al t e r c e r e s c a l ó n d e l
p u e n t e , l l e g a n d o a la b o c a , c u m p l e c o n e l o f i c i o
d e é s t a . — L a señal d e h a b e r llegado a ella es te-
n e r m u e r t a la v o l u n t a d p r o p i a 185
77. Las o b r a s del a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o
el t e r c e r e s c a l ó n 187
78. S o b r e el c u a r t o e s t a d o , q u e n o e s t á s e p a r a d o
del tercero.—Las obras del alma q u e ha llegado
a é l . — D i o s , p o r la p r e s e n c i a c o n s t a n t e , n u n c a s e
aparta del alma 190
79. D i o s n o se a p a r t a d e e s t o s p e r f e c t í s i m o s ni p o r
p e r f e c c i ó n n i p o r g r a c i a , p e r o sí p o r u n i ó n . 193
80. L o s m u n d a n o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a D i o s , lo
quieran o no 196
81. H a s t a los d e m o n i o s d a n g l o r i a v a l a b a n z a a
Dios ' 197
82. D e s p u é s d e h a b e r p a s a d o d e e s t a v i d a , el a l m a
v e p e r f e c t a m e n t e la g l o r i a y a l a b a n z a d e l n o m -
b r e d e D i o s e n t o d a c r i a t u r a . — S e le t e r m i n a e l
s u f r i m i e n t o , p e r o n o el d e s e o 197
XVI Indice general

Págs.

83. D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o -
ria d e l o s b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a s e r l i b e r a d o
d e su c u e r p o . — E s t o o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e
h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s t e r c e r o y c u a r t o
grados 199
84. R a z o n e s p o r las q u e e l a l m a d e s e a b a s e r l i b e -
r a d a d e l c u e r p o . — A l n o p o d e r s e r así, n o p o r
e s o d i s i e n t e d e la v o l u n t a d d e D i o s . — M á s b i e n
se g l o r í a e n e s t e y e n c u a l q u i e r o t r o s u f r i m i e n t o
en h o n o r a Dios 201
85. L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n
i l u m i n a d a la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a -
t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a c i a . — E s m e j o r q u e e l
a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n t a c o n -
ciencia q u e n o d e u n sabio soberbio 202

R e c a p i t u l a c i ó n d e la doctrina d e l p u e n t e

86. R e p e t i c i ó n útil d e m u c h a s cosas ya di-


c h a s . — D i o s i n v i t a a e s t a a l m a d e v o t a a q u e le
p i d a p o r t o d a s c r i a t u r a s y p o r la s a n t a I g l e s i a 205

Petición de mayor conocimiento

87. E s t a a l m a d e v o t a p i d e c o n o c e r las clases d e lá-


grimas y sus frutos 207

LA DOCTRINA DE LAS LÁGRIMAS

88. C i n c o clases d e l á g r i m a s 209


89. D i f e r e n c i a d e las l á g r i m a s , r e f i r i é n d o l a s a d o s
estados del alma 210
90. B r e v e r e c a p i t u l a c i ó n d e lo a n t e r i o r . — E l d e m o -
n i o h u y e d e l o s q u e h a n l l e g a d o a l e s t a d o d e las
quintas lágrimas.—Las tentaciones son u n ver-
d a d e r o c a m i n o p a r a l l e g a r a tal e s t a d o 215
91. Los q u e se d e s e a n las l á g r i m a s d e los ojos y n o
p u e d e n t e n e r l a s , t i e n e n las d e l f u e g o . — R a z ó n
p o r la q u e D i o s p r i v a d e l a s l á g r i m a s c o r p o r a l e s 217
92. C u a t r o e s t a d o s d e l a s l á g r i m a s , d e los c i n c o d i -
chos, p r o d u c e n variedad' infinita d e lágri-
m a s . — D i o s q u i e r e ser s e r v i d o d e m a n e r a infi-
nita y n o finita 219
93. El f r u t o d e l a s l á g r i m a s d e l o s m u n d a n o s .. 220
Indice general XVII

Págs.

94. L o s m u n d a n o s q u e l l o r a n s o n s a c u d i d o s p o r los
cuatro vientos 223
95. F r u t o s d e las s e g u n d a s y t e r c e r a s l á g r i m a s 225
96. F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e u n i ó n 228

Alabanza a Dios por el d o n del amor y petición


de m á s l u z sobre tres p u n t o s

97. l i s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x -
p l i c a c i ó n d e los e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e
tres peticiones 232

LA DOCTRINA DE LA VERDAD

Tres luces necesarias

98. L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a
q u e d e veras quiera servir a Dios.—Primero,
s o b r e la l u z g e n e r a l 234
99. L o s q u e h a n p u e s t o m á s su d e s e o e n m o r t i f i c a r
e l c u e r p o q u e e n m a t a r la v o l u n t a d p r o -
p i a . - — E s t a e s u n a l u z m á s p e r f e c t a q u e la g e n e -
r a l . — M a t a r la v o l u n t a d p r o p i a e s l a s e g u n d a l u z 236
100. La tercera y más perfecta luz del cora-
z ó n . — O b r a s q u e h a c e el a l m a q u e h a l l e g a d o a
e l l a . — H e r m o s a visión q u e u n a vez t u v o esta
a l m a d e v o t a . — M o d o d e c o n s e g u i r la p e r f e c t a
p u r e z a . — N o se d e b e n e m i t i r j u i c i o s 238
101. L o s q u e h a n l l e g a d o a la t e r c e r a y p e r f e c t í s i m a
l u z r e c i b e n l a s p r i m i c i a s d e la v i d a e t e r n a . . 242

T r e s c o s a s para n o c a e r e n e n g a ñ o

102. M o d o d e c o r r e g i r al p r ó j i m o sin c a e r e n falsos


juicios 244
103. A u n q u e Dios manifestase a q u i e n ora p o r o t r o
q u e éste tiene su espíritu en tinieblas, n o p o r
e l l o d e b e j u z g a r q u e se h a l l a e n p e c a d o . . . . 245
104. El a f e c t o y el a m o r a la v i r t u d d e b e n s e r t o m a -
d o s c o m o f i n a l i d a d p r i n c i p a l ; n o la p e n i t e n c i a 247

R e c a p i t u l a c i ó n s o b r e las tres c o s a s

105. R e s u m e n d e las t r e s c o s a s p r e c e d e n t e s . — A n e x o
s o b r e la c o r r e c c i ó n d e l p r ó j i m o 248
XVIII Indice general

Págs.

C ó m o d i s t i n g u i r las v i s i o n e s

106. S e ñ a l e s p a r a c o n o c e r c u á n d o las v i s i t a s y v i s i o -
nes espirituales son d e Dios o del d e m o n i o . 250

Invitación a p e d i r

107. Dios c u m p l e los d e s e o s d e sus s e r v i d o r e s . — L e


a g r a d a m u c h o q u e p i d a n y l l a m e n a la p u e r t a
d e su V e r d a d c o n p e r s e v e r a n c i a 252

Alabanza a D i o s por la verdad manifestada.—De la


fidelidad a la verdad y d e l c o n o c i m i e n t o d e l o s
d e f e c t o s d e l o s ministros

108. Esta a l m a d e v o t a se h u m i l l a y d a g r a c i a s a
D i o s . — O r a p o r t o d o el m u n d o , y e s p e c i a l m e n t e
p o r e l c u e r p o m í s t i c o d e la I g l e s i a . — T a m b i é n
p o r sus hijos espirituales y p o r sus d o s P a d r e s
e s p i r i t u a l e s . — P i d e o í r h a b l a r a D i o s d e los d e -
f e c t o s d e los m i n i s t r o s d e la s a n t a I g l e s i a .. 253

Promesa d e respuesta y amonestación

109. D i o s a n i m a a e s t a a l m a a la o r a c i ó n . — R e s p u e s t a
a a l g u n a d e sus peticiones 255

E L C U E R P O M Í S T I C O D E LA IGLESIA

E x c e l e n c i a d e l ministerio sacerdotal

110. D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l
cuerpo de Cristo.—Los que comulgan digna e
indignamente 257
111. L o s s e n t i d o s c o r p o r a l e s se e n g a ñ a n e n e l s a c r a -
m e n t o , n o los d e l a l m a . — C o n q u é s e n t i d o s h a y
q u e m i r a r , g u s t a r y t o c a r . — H e r m o s a visión d e
esta a l m a sobre este t e m a 261
112. E x c e l e n c i a e n q u e se e n c u e n t r a e l a l m a q u e r e -
cibe e n gracia este s a c r a m e n t o 263
113. S e h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o
p a r a q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los
s a c e r d o t e s . — D i o s exige m a y o r p u r e z a e n ellos
q u e e n los d e m á s 264
114. L o s s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r n i c o m -
Indice general xix

Págs,

p r a r . — L o s q u e los r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los
m i n i s t r o s e n lo t e m p o r a l . — R e p a r t o d e l o s b i e -
n e s m a t e r i a l e s d e los s a c e r d o t e s 266
115. D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — L a eficacia d e los
s a c r a m e n t o s n o d i s m i n u y e p o r c u l p a d e los q u e
los a d m i n i s t r a n o d e los q u e los r e c i b e n . — D i o s
n o q u i e r e q u e los s e g l a r e s se m e t a n a c o r r e g i r -
les 267
116. D i o s e s t i m a h e c h a c o n t r a E l la p e r s e c u c i ó n c o n -
t r a la I g l e s i a o c o n t r a s u s m i n i s t r o s . — E s u n p e -
cado de más gravedad que cualquier otro . . 268
117. S e h a b l a d e los p e r s e g u i d o r e s d e la s a n t a I g l e s i a
y d e sus ministros 272
118. R e s u m e n d e l o d i c h o s o b r e la I g l e s i a y s u s m i -
nistros 274

LOS BUENOS MINISTROS

119. E x c e l e n c i a d e las v i r t u d e s y o b r a s d e los b u e n o s


y v i r t u o s o s m i n i s t r o s . — T i e n e n las p r o p i e d a d e s
del sol.—Corrección d e sus subditos 274
120. R e s u m e n del capítulo anterior.—Reverencia
q u e se d e b e p r e s t a r a los s a c e r d o t e s , b u e n o s o
malos 283

Los malos ministros

121. D e f e c t o s y m a l a v i d a d e los s a c e r d o t e s v m i n i s -
tros ' 285
122. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e -
c i a l m e n t e p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b -
ditos 288
123. M u c h o s otros defectos de esos ministros.—Las
t a b e r n a s , el j u e g o y las c o n c u b i n a s 289
124. E n los m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o « c o n t r a n a -
t u r a » . — V i s i ó n q u e t u v o el a l m a s o b r e e s t a m a -
teria 291
125. L o s d e f e c t o s d e los s u b d i t o s n o s o n c o r r e g i -
d o s . — D e f e c t o s d e los r e l i g i o s o s . — A e s o s m a l e s
s u c e d e n m u c h o s o t r o s p o r falta d e c o r r e c c i ó n 295
126. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a el p e c a d o d e la l u -
juria 299
127. E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s -
t a n c o n u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los b e n e f i -
XX Indice general

Págs.

c i o s y p r e l a c i a s . — M a l e s q u e s e s i g u e n a la s a n t a
Iglesia 302
128. E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a
c i e g a a la i n t e l i g e n c i a . — L o s q u e s i m u l a n c o n s a -
grar y con consagran 307

Invitación al llanto, q u e atrae la m i s e r i c o r d i a

129. O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e se c o m e t e n a c a u s a
d e la s o b e r b i a y d e l a m o r p r o p i o 311
130. O t r o s d e f e c t o s q u e c o m e t e n los m a l o s m i n i s t r o s 317
131. D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s
p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e 319
132. L a m u e r t e d e los p e c a d o r e s . — S u s p e n a s e n la
h o r a d e la m u e r t e 323

R e c a p i t u l a c i ó n y n u e v a invitación al llanto

1 33. R e s u m e n d e lo a n t e r i o r . — D i o s p r o h i b e e n a b s o -
l u t o q u e los s e g l a r e s p o n g a n las m a n o s e n los
s a c e r d o t e s . — I n v i t a c i ó n a llorar p o r esos infeli-
ces sacerdotes 329

Alabanza a D i o s : Luz y Fuego.—Caridad s u p r e m a .


C u m p l i d o r d e los d e s e o s . — P e t i c i ó n p o r e l
m u n d o y p o r la Iglesia
s t a
134. E alma devota, alabando y bendiciendo a
D i o s , o r a p o r la s a n t a I g l e s i a 330

LA PROVIDENCIA DIVINA

P r o v i d e n c i a general

135. (Aquí comienza el tratado de la providencia de


Dios.)—La p r o v i d e n c i a e n g e n e r a l y la c r e a c i ó n
del h o m b r e a su i m a g e n y s e m e j a n z a . — D i o s
p r o v e e c o n la e n c a r n a c i ó n d e s u H i j o . — P u e r t a
d e l p a r a í s o c e r r a d a p o r el p e c a d o de
Adán.—Providencia d á n d o s e en comida conti-
n u a m e n t e e n el s a c r a m e n t o d e l a l t a r 335
136. D i o s p r o v e y ó d a n d o la e s p e r a n z a a l a s c r i a t u -
ras.—^Quien tiene e s p e r a n z a m a y o r , gusta m á s
p e r f e c t a m e n t e d e su p r o v i d e n c i a 338
Indice general xxi

Págs.

1!57. D i o s p r o v e y ó e n e l A n t i g u o T e s t a m e n t o p o r la
ley v los p r o f e t a s . — D e s p u é s , e n v i a n d o a s u
V e r b o ; d e s p u é s c o n los a p ó s t o l e s , m á r t i r e s y
o t r o s s a n t o s . — N a d a o c u r r e a las c r i a t u r a s q u e
n o sea p o r p r o v i d e n c i a d e Dios 341

Providencia particular

138. Lo q u e Dios p e r m i t e es sólo p a r a n u e s t r o bien v


s a l v a c i ó n . — C i e g o s y e q u i v o c a d o s los q u e p i e n -
s a n lo c o n t r a r i o 342
139. D i o s p r o v e y ó m u y p a r t i c u l a r m e n t e a la s a l v a -
ción del alma en un caso q u e o c u r r i ó 345
140. D i o s se l a m e n t a d e los d i v e r s o s m o d o s d e infi-
d e l i d a d d e las c r i a t u r a s . — U n a a l e g o r í a d e l A n -
tiguo Testamento explica una e n s e ñ a n z a m u y
útil 346
111. P r o v i d e n c i a d i v i n a a t r a v é s d e las t r i b u l a c i o -
n e s . — D e s g r a c i a d e l o s q u e c o n f í a n e n sí y n o e n
la P r o v i d e n c i a . — E x c e l e n c i a d e l o s q u e c o n f í a n
en ella 349
142. D i o s p r o v e y ó a las a l m a s c o n los s a c r a m e n -
t o s . — A sus s e r v i d o r e s h a m b r i e n t o s s o c o r r e c o n
el c u e r p o d e C r i s t o . — M á s d e u n a vez s o c o r r i ó a
un a l m a h a m b r i e n t a de este s a c r a m e n t o 353
143. P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e e s t á n e n p e -
cado mortal 357
144. P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a ú n se e n c u e n -
t r a n e n el a m o r i m p e r f e c t o 360
145. P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n l o s q u e se h a l l a n e n la
caridad perfecta 364
146. R e s u m e n d e lo d i c h o . — I n t e r p r e t a c i ó n d e l a s
p a l a b r a s d e C r i s t o a S a n P e d r o : « E c h a la r e d a
la d e r e c h a d e la n a v e » 369
147. E l q u e e c h a la r e d c o n m á s p e r f e c c i ó n , c o g e m á s
peces.—Excelencia d e estos perfectos 371
148. P r o v i d e n c i a q u e u s a D i o s e n g e n e r a l c o n las
• c r i a t u r a s e n e s t a v i d a y e n la o t r a 373
149. Providencia d e Dios c o n sus servidores pobres,
s o c o r r i é n d o l e s e n las c o s a s t e m p o r a l e s 376
150. Males que proceden de poseer y desear desor-
d e n a d a m e n t e las r i q u e z a s t e m p o r a l e s 379
XXII Indice general

Págs.

E l o g i o de la pobreza

151. E x c e l e n c i a d e los p o b r e s i n t e n c i o n a d a m e n t e
p o b r e s e n el e s p í r i t u . — C r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o -
b r e z a n o sólo d e p a l a b r a , s i n o c o n el e j e m -
p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e a b r a z a n
la p o b r e z a v o l u n t a r i a 381

R e c a p i t u l a c i ó n sobre la P r o v i d e n c i a

152. R e s u m e n s o b r e la P r o v i d e n c i a 388

Alabanza de la caridad d i v i n a . — P e t i c i ó n
d e saber sobre la o b e d i e n c i a

153. E s t a a l m a , m i e n t r a s a l a b a y d a g r a c i a s a D i o s , le
p i d e q u e le h a b l e d e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a 389

LA OBEDIENCIA

154. (Aquí se comienza el tratado de la obedien-


cia.)—Dónde se e n c u e n t r a la o b e d i e n c i a . — Q u é
n o s la q u i t a . — S e ñ a l d e si la t i e n e e l h o m b r e o
n o . — S u c o m p a ñ e r a . — Q u i é n la f o m e n t a 391

La o b e d i e n c i a e n general

155. L a o b e d i e n c i a es llave q u e a b r e el c i e l o . — D e b e
t e n e r s e e n la c i n t u r a , a t a d a a u n c o r d e l i t o . — S u
excelencia 394
156. M i s e r i a d e los d e s o b e d i e n t e s y e x c e l e n c i a d e los
obedientes 397

La o b e d i e n c i a e n particular

157. L o s q u e t i e n e n t a n t o a m o r a la o b e d i e n c i a q u e
n o se c o n t e n t a n c o n la g e n e r a l d e l o s m a n d a -
m i e n t o s , s i n o q u e a b r a z a n la p a r t i c u l a r 399
158. P a s o d e la o b e d i e n c i a g e n e r a l a l a p a r t i c u -
l a r . — E x c e l e n c i a d e las ó r d e n e s r e l i g i o s a s 400
159. E x c e l e n c i a d e l o s o b e d i e n t e s e i n f i d e l i d a d d e los
d e s o b e d i e n t e s q u e viven e n religión 406
160. P e r v e r s i d a d , m i s e r i a s y t r a b a j o s d e los d e s o b e -
d i e n t e s . — M a l a s c o n s e c u e n c i a s d e la d e s o b e -
diencia 412
Indice general XXIII

Págs.

161. E x c e l e n c i a d e los p o b r e s d e e s p í r i t u . — J e s u c r i s t o
n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a c o n la p a l a b r a y c o n e l
e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n los q u e
a b r a z a n la p o b r e z a 414
162. I m p e r f e c c i ó n d e l o s q u e v i v e n t i b i o s e n la r e l i -
g i ó n a u n q u e e v i t e n el p e c a d o m o r t a l . R e m e d i o
p a r a s a l i r d e la t i b i e z a 418

E l o g i o d e la o b e d i e n c i a y d e l o b e d i e n t e

163. E x c e l e n c i a d e la o b e d i e n c i a y b i e n e s q u e p r o -
p o r c i o n a a q u i e n e s la a b r a z a n d e v e r d a d 420
164. D i s t i n c i ó n e n t r e d o s o b e d i e n c i a s : la d e l r e l i g i o s o
y la q u e s e p r e s t a a a l g u n a p e r s o n a f u e r a d e la
religión 422
165. D i o s n o p r e m i a s e g ú n el t r a b a j o ni el e s p a c i o ,
s i n o e n c o n f o r m i d a d c o n la g r a n d e z a d e s u c a -
r i d a d . — P r o n t i t u d d e los v e r d a d e r o s o b e d i e n -
t e s . — M i l a g r o d e Dios e n r a z ó n d e esta vir-
t u d . — L a d i s c r e c i ó n e n la o b e d i e n c i a . — O b r a s y
p r e m i o al v e r d a d e r o o b e d i e n t e 424

CONCLUSIÓN

R e c a p i t u l a c i ó n d e t o d o el l i b r o

166. R e s u m e n d e casi t o d o el p r e s e n t e l i b r o 429

A g r a d e c i m i e n t o . — A l a b a n z a a la T r i n i d a d . — A l a b a n z a a la
f e . — O r a c i ó n ú l t i m a : la v e r d a d e n la fe

167. Esta alma devotísima, a g r a d e c i e n d o y a l a b a n d o


a D i o s , r u e g a p o r t o d o e l m u n d o y p o r la s a n t a
I g l e s i a . — R e c o m e n d a n d o la f e , d a f i n a e s t a
obra 431
ORACIONES Y SOLILOQUIOS

Págs.

Introducción 437
1. El e n v í o d e l V e r b o 445
2. P o r l o s m i n i s t r o s d e la I g l e s i a 448
( 1 - 2 ) . R e s u m e n d e las d o s p r i m e r a s o r a c i o n e s ... 449
3. Cristo, n u e s t r a salvación 452
4 . El a m o r q u e v e n c e t o d o o b s t á c u l o 455
5. Las p l a n t a s j ó v e n e s 458
6. E n la C á t e d r a d e S a n P e d r o 460
7. F o r t a l e z a d e la v o l u n t a d 461
8. L a l u z q u e s a l v a 465
9. Fragilidad y fortaleza 470
10. El i n j e r t o 472
11. E n el d í a d e la A n u n c i a c i ó n 475
12. V a l o r d e la p a s i ó n 479
13. C r i s t o , n u e s t r a r e s u r r e c c i ó n 484
14. E n la C i r c u n c i s i ó n d e l S e ñ o r 486
1 5 . El d o n d e la v e r d a d 489
16. L a v i d a q u e v e n c e a la m u e r t e 490
17. L a i m a g e n d i v i n a 491
18. Luz y tinieblas 492
19. L o s c a m i n o s d e la m i s e r i c o r d i a d i v i n a 494
20. P o r la s a n t i f i c a c i ó n d e la I g l e s i a 497
21. Los d o s vestidos 500
22. El f u e g o d i v i n o e n el a l m a h u m a n a 504
23. E n la C o n v e r s i ó n d e S a n P a b l o 507
24. I n v o c a c i ó n a la T r i n i d a d 509
25. Al E s p í r i t u S a n t o 510
26. El a l f a r e r o y la a r c i l l a 511
27. Al h a c e r el v o t o d e v i r g i n i d a d 512
28. Para vencer u n a tentación 512
29. Después de una tentación 512
30. Sufrir y morir por Jesús 513
31. Deseos de muerte 513
32. La p u r e z a 513
33. P o r los p e c a d o r e s y p o r sus d i s c í p u l o s 514
34. «Me haces enloquecer» 516
3 5 . C ó m o r e s p o n d e r a la g r a c i a 517
36. A la b e l l e z a e t e r n a 518
Indice general XXV

Págs.

37. « N o sólo d e pan...» 520


38. P o r su p a d r e m o r i b u n d o 521
39. Por «suor Palmerina», enemiga suya 521
40. C o n ocasión de una grave calumnia 522
41. « N o he v e n i d o a discutir...» 523
42. Por dos condenados a muerte 524
43. P o r su m a d r e , e n peligro d e p e r d i c i ó n 525
44. P a r a h a c e r c e s a r el m i l a g r o d e l v i n o 525
45. Q u i e r o vilipendios y oprobios 526
46. «¡Oh A m o r ! ¡Te he vencido...!» 526
47. « M e tratas c o m o vacilante e incrédula» 527
48. Ultima oración de Catalina 528
ÍNDICE LITERARIO 531
ÍNDICE DE MATERIAS 533
BIBLIOGRAFIA

Manuscritos

«El Diálogo»
C ó d i c e s C a s a n a t e n s e ( R o m a ) , Estense, S e n e n s e , Felele, Corsi-
niano, Riscioniniano, Magliabechiano, Graidente, Vaticano,
Ricardiano, Vienense.

Cartas
C ó d i c e s d e las B i b l i o t e c a s C o m u n a l e ( S i e n a ) , C a s a n a t e n s e
( R o m a ) , Vaticana, Vittorio E m m a n u e l e , Palatina (Floren­
cia), Ricardiana, British M u s e u m ( L o n d r e s ) , Palatina
(Viena).

Incunables
Libro della divina Providentia, e d . Baldasare Azzoguidi (Bolonia
1472 y 1475).
El libro della doctrina revellata a quella gloriosa el sanctissima vergine
Sánela Caterina de Siena, e d . Kartl B o n e b a c h ( Ñ a p ó l e s 1 4 7 8 ) .
«Dialogo» della seraphica..., e d . M a t e o C a p c a s a ( V e n e c i a 1 4 9 4 ) .
«Dialogus» seraphice dive Catharine..., ed. Bernardinus de Misen-
tis ( B r e s c i a 1 4 9 6 ) .
Epistole utili e divote de la beata e seraphica Sánela Catheina..., ed.
G i o v a n n i J a c o m o Fontanisi ( B o l o n i a 1492).
Epistole devotissime de la Santa Catherina da Siena, e d . A l d o M a n u ­
zio (1500).

En español
Obras, epístolas y oraciones sa la bienaventurada virgen Santa Cala-
lina de Sena, de la Orden de Predicadores, trad. d e l P. P e ñ a , О . Р.
(Alcalá 1512).
Diálogos que tratan de la divina Providencia, e d . Р. L. L o a r t e , O . P.
(Madrid 1668).
«Diálogos» de Santa Catalina de Sena, t r a d . D o m i n i c o s d e l c o n ­
vento d e Atocha (Madrid 1797).
«El Diálogo, de Santa Catalina de Sena», e d . Р. J. M a s i p ( r e p r o d u c ­
c i ó n d e la t r a d u c c i ó n d e A t o c h a ) (Avila 1 9 2 5 ) .
«El Diálogo», e d . R i a l p ( r e p r o d u c c i ó n d e la trad. A t o c h a )
(Madrid 1955).
XXVIII Bibliografia

Obras de Santa Catalina de Siena: «El Diàlogo», trad. e i n t . d e


A n g e l M o r t a ( c o n t i e n e e n a p é n d i c e las Oraciones y elevacio-
nes), e d . BAC (Madrid 1 9 5 5 ) .
Obras de Santa Catalina de Siena (El Diálogo-Oraciones y Solilo-
quios). Trad. e I n t r o d u c c i o n e s , n o t a s e í n d i c e t e m á t i c o p o r P.
J . S a l v a d o r y C o n d e , O . P. E d . B A C ( M a d r i d 1 9 8 0 , p á g s .
539).
Epistolario de Santa Catalina de Siena, Espíritu y Doctrina. T r a d .
I n t r o d u c c i ó n , n o t a s e I n d i c e s a n a l í t i c o s p o r e l P. J. Salvador
y C o n d e , O . P. ( E d . S a n E s t e b a n , S a l a m a n c a 1 9 8 2 , p á g s .
1332, e n d o s v o l s . ) .
Enseñanzas de Vida Espiritual. Carlas de Santa Catalina. (Selec­
c i ó n d e las 75 m á s n o t a b l e s y a l g u n o s t r o z o s d e otras varia­
das). P r e c e d e u n a biografía c r o n o l ó g i c a d e la Santa D o c t o r a
y c o n c l u y e c o n u n í n d i c e T e m á t i c o . P o r e l P. J. S a l v a d o r y
C o n d e , O. P. (Ed. OPE. Caleruega 1983, págs. 3 2 8 ) .

T e m a s catal ini a n o s

ALVAREZ, Paulino, O. P , Santa Catalina de Sena (Vergara 1926).


A S T U R A T O , A . , Caterina da Siena. Osservazioni psicopatologiche
(Ñapóles 1881).
BATTISTI A., La parlata seríense e S. Caterina: A r c h i v i u m R o m a n i -
c u m l l (1935).
BERNARDOT, V., O. P., Au service de l'Eglise. S. Catherine de Sienne:
La Vie Spirituelle XVIII (1928) p. 129-60.
BEZINE, S., O. P., Mystique de Sainte Catherine de Sienne. Extraits de
ses lettres. Ed. Sapience (Paris 1947).
La divine miséricorde. Présentation du «Dialogue» (Paris 1954).
Bula de Gregorio XI a Catalina: B u l l a r i u m O . FF. P r a e d i c a t o r u m
( R o m a 1730).
BERTONI, G i u l i o , Il linguaggio mistico de Santa Catarina da Siena:
Studi Cateriniani IV (1927) p.51-69.
BITELLI, La Santa degli italiani (Turin 1938).
B O N E L L I , L u i g i , / / linguaggio cateriniano: S t u d i C a t e r i n i a n i IX
(1932p.l-16).
B U O N C O M P A G N I , Il Papato a l'Italina in S. Caterina da Siena
( R o m a 1925).
CAFFARINI, (Fr. T h o m a s A n t o n i i d e S e n i s ) , Libellus de Suplemento
Legende prolixe virginis beatae Catherine de Senis, e d . G. Ca­
vallini (Roma 1974).
Vita di S. C. da Siena, scritta da un divoto della medesima, con il
«suplemento» alla vulgata leggenda di detta Santa, scritto in
lingua latina dal B. Tommaso Naca Caffarini, e r i d o t t o nell'ita­
l i a n o d e l P. M. A n s a n o T a n t u c c i , s e n e s e , d e l l ' O r d i n e d e i
Pred. Ed. Bindi (Siena 1765).
Bibliografìa XXIX

C A P E C E L A T R O , A l f o n s o , Storia di S. Caterina da Siena e del Papato


del suo tempo. E d . B a r b e r a B i a n c h i ( F i r e n z e 1 8 5 8 ) .
C A P U A , B e a t o R a i m u n d o d e , O . P . , Legenda maior (Colonia
1553).
Vita di S. Caterina da Siena, t r a d . G . T i n a g l i ( S i e n a 1 9 3 4 ) .
a
CARTIER, O . , O . P., Lettres de Sainte Catherine de Sienne, 2 . e d . ( 4
vols.) ( P a r í s 1 8 8 6 ) .
C A R T O T T I O D D A S S O , A d r i a n a , Caterina da Siena, Dottore della
Chiesa. E d . S a n S i s t o V e c h i o ( R o m a 1 9 7 0 ) .
CASTAGNESI, E . , Studio sulla psiche di S. Caterina da Siena ( T o r i n o
1903).
C E N C E T T O , G., La «Leggenda maggiore» di S. Caterina da Siena e il
suo volarizzamento. (Piacenza 1939).
CHIRAT, A . H . , Sainte Catherine de Sienne ( L y o n 1 8 8 8 ) .
e
C H U Z E V I L L E , J u a n . Les mistiques allemands du Xllfau XIX siècles.
(París 1935).
Lés mystiques italiens ( P a r i s 1 9 4 2 ) .
C U L M O N T , C a r l o s , Le Verger, le Temple et la Cellule ( P a r i s 1 9 1 2 ) .
D E N I S - B O U L E T , N o ë l e M . , La carrière politique de Sainte Catherine
de Sienne. Etude historique, E d . D e s c l é e ( P a r i s 1 9 3 9 ) .
D R A N E , A. T . , The History of S. Catherine of Siena ( L o n d r e s 1 8 8 7 ) .
D U P R É - T H E S E I D E R , E u g è n e , La cronologia delle lettere politiche di
Caterina e la critica moderna: S t u d i C a t e r i n i a n i I ( 1 9 2 3 ) p . 1 1 3 -
136.
Un codice inèdito del «Epistolario di S. Catalina da Siena»: B u l l e t i n o
dell'Instituto storico italiano X L V I I ( 1 9 3 1 ) .
DUPRÉ-THESEIDER, E u g è n e , Sono autentiche le lettere di S. Caterina da
Siena?: A n n a l i d e l l a I n s t r u z i o n e M e d i a V I I ( 1 9 3 1 ) p . 2 1 2 - 4 8 .
Epistolario cateriniano vol. 1 ( 8 8 c a r t a s ) ( R o m a 1 9 4 0 ) .
Sulla composizione del «Dialogo» della divina Providenza: Giornale
Storico della Letteratura italiana CXVII (1941) p.161-202.
D ' U R S O , G i a c i n t o , O . P , In valore autografico nell linguaggio cateri-
niano: S. C a t e r i n a d a S i e n a ( a b r i l - s e p t i e m b r e 1 9 5 1 ) p . 5 6 - 7 7 .
La via della verità, e d . D o m e n i c a n e I t a l i a n e ( N a p o l i 1 9 7 0 ) .
Il genio di Santa Caterina. Studi sulla sua dottrina e personalità
( R o m a 1971).
FAWTIER, R o b e r t o , Sainte Catherine de Sienne. Essai de critique des sour-
ces I: Sources hagiographiques. E d . B o c c a r d ( P a r i s 1 9 2 1 ) Il Les
oeuvres de Sainte Catherine de Sienne. E d . B o c c a r d ( P a r i s 1 9 3 0 ) .
Leggenda minore ( e d . l a t i n a d e R. R a w t i e r ) : M é l a n g e s d ' A r c h é o -
logie et d'Histoire (Paris 1913).
La double expérience de Catherine Benincasa ( P a r i s 1 9 4 8 ) .
F E S T A , N . , LO stile nelle epistole caterianiane: Studi Cateriniani:
(1939) p.6-37.
F O L G H E R A , J . D . , O . P., Chefs d'oeuvre ascétiques et mystiques. Sainte
Catherine de Sienne. Pensées extraites de ses Lettres, de son «Dialo-
gue» de sa «Vie» ( S a i n t - M a x i m i n [Var] 1 9 2 3 ) .
XXX Bibliografìa

FRANCESCHINI, E., Leggenda minore di S. Caterina (Milano 1942).


GARDEIL, O. P., Les dons du Saint-Esprit dans le saints dominicains.
(Paris 1903).
G A R R I G O U - L A G R A N G E , R e g i n a l d , O . P., La prima conversione
secondo S. Caterina da Siena: Vita Cristiana (1933) p.257-71.
La unione mistica in S. Caterina da Siena (Firenze 1938).
GEBHART, E m i l e , Moines et papes. Essais de psychologie historique.
(Paris 1909).
G E T T O , G i o v a n n i , Saggio letterario su S. Caterina da Siena, 4 vols.
(Roma 1946)
GIGLI, Girolamo, Vocabolario cateriniano (Roma 1717).
Opera della serafica vergine Santa Caterina da Siena, 4 vols. (Roma 1723).
GllXET, M a r t i n E . , O . P., La missione di S. Caterina de Siena.
(Firenze 1946).
GIORDANI, Iginio, Caterina da Siena (Torino 1954).
GISBERT, O. P., Vida portentosa de santa Catalina de Sena.
B R I O N , A l v a r o , O . P., Santa Caterina da Siena: dottrina e fonti.
(Brescia 1953).
HURTAUD, J . , O . P., «Le Dialogue» de S. C, trad. e t préface du....
Ed. Lethielleux (Paris 1913).
JORDAN, E., O. P., La date de naissance de S. Catherine de Sienne et
la critique historique: L ' A n n é e D o m i n i c a i n e ( e n e r o - f e b r e r o
1923).
JETTE, Henri, Catherine d e Sienne. Ed. France-Empire (Paris 1961).
JOERGENSEN, J. Sainte Catherine de Sienne (Paris 1919).
LAURENT, O . P., S. Caterina da Siena e il B. Raimondo da Capua,
ambasciatore della S. Sede presso Carlo V: Studi Cateriniani XII
(1936) p.1-51.
S. Catherinae Senensis: Legenda minor. Ed. S e r g u i s - M o n c h o . Fontes
Vitae S. Catharinae Senensis historia:
I. Documenti ( 1 9 3 6 ) , por Laurent-Valli.
IV. Il miracolo di Caterina da Jacopo da Siena di Ano-
nimo Fiorentino ( 1 9 4 2 ) , por Laurent-Valli.
IX. Il Processo castellano ( 1 9 4 2 ) .
X. S. Catharine Senensis: Legenda minor ( 1 9 4 2 ) .
XV. Leggenda abreviata di S. Caterina da Siena di Fra.
Antonio della Rocca, p o r B a t a g l i a - L a u r e n t
(1939).
XX. / necrologi di S. Domenico in Corregió ( 1 9 3 7 ) .
XXI. Tractatus de Ordine Fratrum Praedicatorum de
Penitentia S. Domenici, di Siena ( 1 9 3 8 ) .
LAZZARESDHI, E., Santa Caterina in Val d'Orda (Firenze 1915).
LECLERQ, J a c q u e s , Santa Catalina de Siena. Trad. d e Ed. Patmos
(Madrid 1955).
Bibliografía XXXI

LEMONYER, A., O . P . , Notre vie spirituelle à l'école de Sainte Catherine


de Sienne (Paris 1 9 3 4 ) .
L E V A S T I , A . , Spiritualità cateriana: Vita Cristiana XII ( 1 9 4 0 )
p.p. 154-83.
La vie de Sainte Catherine de Sienne. T r a d . d e l a e d . d e T u r i n d e
1 9 4 7 (París 1 9 5 3 ) .
M A N D O N N E T , O . P., Sainte Catherine de Sienne et la critique histori-
que: L A n n é e D o m i n i c a i n e ( e n e r o - f e b r e r o 1 9 2 3 ) .
M A R T I N , F e l i p e , O . P., Santa Teresa de Jesús y la Orden de Predica-
dores (Avila 1 9 0 9 ) .
M A R T Í N E Z D E P R A D O , J . , O . P., Opusculum de stygmatibus S. Catha-
rinae Senensis (Alcalá 1 6 5 2 ) .
M A U X , J u a n , Sainte Catherine de Sienne, Reformadrice et Diplomate
(Gante 1921).
M E E R E M A N , G. G., Gli amici spirituali di S. Caterina a Roma nell
1378 alla luce del primo manifesto urbanista: B u l l e t i n o s e n e s e di
storia patria L X I X ( 1 9 6 2 ) p . 8 3 - 1 2 3 .
M I S C I A T E L L I , P i e r o , Caterina Benincasa: l'attività mistica: Mistici
senensi (Siena 1913) p.162-81.
La regola del Terzo Ordine de S. Domenico e il ruolo delle Mantellate
nel Trecento: Studi C a t e r i n i a n i III p.35-65.
M O N L E Ó N , A l f o n s o , O . P. Un alma de Acción Católica: Santa
Catalina de Sena ( M o n t e v i d e o 1 9 3 9 ) .
M O R T I E R , A . , O . P., Histoire des Maîtres Généraux de l'Ordre des Frè-
res Prêcheurs (Paris 1 9 0 7 ) .
M O T Z O , B . R., Per una edizione critica della opera di S. Caterina da
Siena: A n n a l i d e l l a F a c o l t à d i F i l o s o f i a e L e t t e r e d e l l a U n i v e r ­
sità di Cagliari ( 1 9 3 0 - 1 9 3 1 ) .
O R S I N I , 5. Caterina e la poesia ( B e r g a m o 1 9 3 9 ) .
PAPINI, G i o v a n n i , Storia della letteratura italiana ( F i r e n z e 1 9 3 7 ) .
P E R R I N , J. M . , O . P., Catherine de Sienne, Comtemplative dans l'ac-
tion (Marsella 1 9 6 1 ) .
Sous l'égide de S. Catherine de Sienne (Marsella 1 9 6 1 ) .
P E T I T O T , H . , O . P., La formation spirituelle: La vie spirituelle
(abril 1 9 2 3 ) p.7-65.
P U C E T T I , A . , O . P., La dottrina della fede in S. Caterina: V i t a Cristia­
n a XII ( 1 9 4 0 ) p . 1 3 0 - 5 3 .
R I C H E , M a r i e - L o u i s e , Audacieuse Catherine de Sienne. Ed. La
C o l o m b e (Paris 1 9 6 0 ) .
SALVADOR y C O N D E , O . P.: Doctrina Espiritual de Catalina de Siena,
Doctora de la Iglesia ( E s t u d i o t e o l o g i c o c o n u n í n d i c e t e m á t i c o ) .
Salamanca 1984, p.310.
T A U R I S A N O , I n o c e n c i o , O . P., S. Caterina da Siena ( R o m a 1 9 4 8 ) .
TERESA DE J E S U S , Santa, Obras completas. Ed. B A C . ( M a d r i d 1 9 5 1 ) .
T O M M A S E O , M i s c i a t e l l i , Le «Lettere» di S. Caterina da Siena, 6 v o l s .
(Florencia 1970).
XXX11 Bibliografìa

TOMMASEO, N i c c o l ò , Lo spirito, il cuore, la parola di S. Caterina da


Siena, Misciatelli (Siena 1922).
UNDSET, Sigrid, Catherine de Sienne, E d . Stock (Paris 1952).
VALLI, F., L'infanzia e la puerizia di S. Caterina da Siena. Esame cri-
tico delle fonti ( S i e n a 1931 ).
// sangue di Cristo nell'opera di Caterina da Siena: S t u d i C a t e r i n i a n i
I X (1932) p . 17-38.
L'adolescenza di S. Caterina da Siena. Esame critico delle fonti
(Siena 1 9 2 1 ) .
VALOIS, N , La France et le grand schisme.
WALZ, A n g e l u s , O . P , / / segreto del cuore di Cristo nella spiritualità
cateriniana: S t u d i D o m i n i c a i n ( R o m a 1 9 3 9 ) .
WEBER, F., S. I., Santa Caterina da Siena vista dalle sue lettere: L a
Civiltà Cattolica (1947) p.236-47.
WILBOLS, J o s e p h , S. Catherine de Sienne: L'actualité de son message
(Tournai-Paris 1948).
OBRAS DE SANTA CATALINA
DE SIENA
E s t a m p a d e l siglo x v n , t o m a d a d e l l i b r o a l e m á n Hae sunt
Feriae Domini sanctae, c o m p u e s t o sólo d e g r a b a d o s d e S a n t o s d e
la O r d e n d e P r e d i c a d o r e s .
INTRODUCCIÓN GENERAL

E s q u e m a d e la v i d a d e
Santa Catalina d e Siena

1347: N a c i m i e n t o e n Siena el 2 5 d e m a r z o , hija


d e J a c o b o B e n i n c a s a y L a p a , su m u j e r .
H e r m a n o s n a c i d o s a n t e s q u e ella, 2 3 . La
g e m e l a d e C a t a l i n a vive s o l a m e n t e u n o s
d í a s . P o s t e r i o r m e n t e le n a c e u n h e r m a n o ,
E s t e b a n , q u e h a c e el n ú m e r o 2 5 d e la fa-
milia.
1 3 5 0 : Se instala e n R o m a S a n t a B r í g i d a d e S u e -
cia, famosa p o r sus c é l e b r e s r e v e l a c i o n e s .
1 3 5 3 : C o n cinco o seis a ñ o s t i e n e la p r i m e r a vi-
sión, y a c o n s e c u e n c i a d e ella h a c e el voto
de virginidad.
1 3 5 4 - 1 3 6 2 : D e d i c a sus a ñ o s d e n i ñ a a la vida espiri-
tual, e n t r e dificultades p r o v e n i e n t e s d e la
familia; p r i n c i p a l m e n t e , d e su m a d r e , q u e
la q u i e r e p a r a c a s a d a .
1 3 6 3 : I n g r e s o e n la O r d e n d o m i n i c a n a c o m o
terciaria o « m a n t e l l a t a » . I n f l u e n c i a d e las
terciarias e n su vida, y d e ella e n el g r u p o
d e terciarias.
1367-1370: T r a s l a d o del papa U r b a n o V d e Aviñón a
Italia.
1 3 6 8 : M u e r t e d e su p a d r e . C o m i e n z a a f o r m a r -
se e n t o r n o a ella u n g r u p o d e e s p i r i t u a -
les. I r r a d i a c i ó n d e su vida espiritual, c o n -
secuencia d e su vida e j e m p l a r y d e algu-
n a s c o n v e r s i o n e s q u e se e f e c t ú a n p o r su
intervención.
1 3 7 1 - 1 3 7 2 : I n f l u e n c i a e n la s o c i e d a d y vida política.
Primeras cartas a personajes de relevancia
e n su t i e m p o . I n c i t a a u n a c r u z a d a .
1373: Muerte de Santa Brígida en Roma.
1374: G r e g o r i o X I e x p i d e e n su favor u n a b u l a
c o n c e d i é n d o l e i n d u l g e n c i a s . Es p o r t a d o r
4 Introducción general

de la bula el amigo y confesor de Santa


Brígida.
Comparece ante el capítulo general de la
O r d e n dominicana en Florencia. Se
aprueba a su grupo de espirituales y se
nombra como responsable de él a Fr. Rai-
m u n d o de Capua (beatificado), que pasa a
ser su principal Padre espiritual y discípu-
lo. Después será nombrado general de la
O r d e n de la fracción urbanista, su primer
biógrafo y gran promotor de su canoniza-
ción.
Peste en Siena, en la que pierde varios so-
brinos. Dedicación a los enfermos.
1375: Viajes a Pisa y Lucca en favor de la paz y
predicación de la cruzada.
1376: Entredicho papal contra Florencia. Con-
tactos con el gobierno de Florencia para el
restablecimiento de la concordia entre el
papa y aquella república. Cartas a Grego-
rio XI. Viaje a Aviñón e intervención en
el traslado del papa a Roma.
1377: Misión de paz y apostolado en Val d'Or-
cia. Intervención con el papa para que
otorgue perdón a Siena.
¿Comienza a componer su «libro», o El
Diálogo?
1378: Por disposición de Gregorio XI pasa a
Florencia para promover la paz.
Muere el papa y es elegido Urbano VI.
Florencia hace el 18 de julio la paz con
Roma.
Elección del antipapa Clemente VII el 20
de septiembre.
T e r m i n a de escribir su «libro».
1379: A petición de Urbano VI, se traslada a
Roma, y comienza allí la campaña en fa-
vor de la legitimidad del papa Urbano.
1380: Muere en Roma el 29 de abril, domingo
anterior a la fiesta de la Ascensión.
Introducción general 5

F o r m a c i ó n doctrinal

Es n a t u r a l q u e este t e m a h a y a p r e o c u p a d o y p r e o c u p e
a los q u e e s t u d i a n la p e r s o n a l i d a d d e u n a s a n t a d e c l a r a -
d a D o c t o r a d e la Iglesia e n a t e n c i ó n al valor d e su d o c -
t r i n a espiritual. De ahí la n e c e s i d a d d e e s t u d i a r d e t e n i -
d a m e n t e el t e m a .
T o d o s s o m o s , e n b u e n a p a r t e , hijos y h e r e d e r o s d e l
siglo e n q u e vivimos. E n n o s o t r o s se m a n i f i e s t a n las
i d e a s d e n u e s t r o s c o e t á n e o s y d e los q u e n o s h a n p r e c e -
d i d o e n el t i e m p o . N a d i e es t a n s u p e r d o t a d o q u e n o
d e b a la m a y o r p a r t e d e ellas al a m b i e n t e espiritual, so-
cial y científico e n q u e h a c r e c i d o , sea p o r a s e n t i m i e n t o
a ellas o p o r u n a r e a c c i ó n y r e p u l s a .
E n estos principios g e n e r a l e s d e b e m o s e n m a r c a r , e n
p r i m e r l u g a r , la f o r m a c i ó n d o c t r i n a l d e la D o c t o r a d e la
Iglesia S a n t a C a t a l i n a d e Siena. R e c o r d e m o s , a d e m á s ,
q u e esto vale e s p e c i a l m e n t e p a r a ella, q u e n o t u v o a p e -
n a s o t r a f o r m a c i ó n c u l t u r a l q u e la d e su a m b i e n t e fami-
liar y social. P a r a ella n o e x i s t i e r o n las u n i v e r s i d a d e s , ni
s i q u i e r a las escuelas d e p r i m e r a s letras. A p r e n d i ó a leer
c u a n d o ya e r a terciaria. Su finalidad al h a c e r l o fue la d e
p o d e r asociarse a la recitación d e las h o r a s y funciones
litúrgicas.
N o e r a e n su siglo u n a n e c e s i d a d i m p e r i o s a el s a b e r
leer, y m e n o s a ú n el escribir. Esto o c u r r í a , e n m u c h a
m a y o r p r o p o r c i ó n , c o n las m u j e r e s . C a t a l i n a a p r e n d i ó a
leer, p e r o n o m u y e x p e d i t a m e n t e . N o sabía s e p a r a r bien
las sílabas, lo q u e e n aquellos t i e m p o s , sin i m p r e n t a y con
la c o s t u m b r e d e a h o r r a r papel a costa d e n u m e r o s a s
a b r e v i a t u r a s , a veces d e m a s i a d o a r b i t r a r i a s y c a p r i c h o -
sas, revestía u n a dificultad especial.
E n c u a n t o a escribir, h a y d u d a s b i e n f u n d a d a s d e q u e
s u p i e r a h a c e r l o . A l g u n o s d e sus discípulos a s e g u r a n q u e
a p r e n d i ó m i l a g r o s a m e n t e , y citan u n a b r e v e o r a c i ó n
c o m p u e s t a y escrita p o r ella y a l g u n a s c a r t a s . P e r o la crí-
tica n i e g a esta r e a l i d a d . D e h e c h o , ella se valía d e a m a -
n u e n s e s o secretarios, t a r e a e n la q u e e m p l e a b a a algu-
n o s d e sus discípulos o s e g u i d o r e s m á s c o n s t a n t e s . Caf-
farini fue q u i e n p u s o m a y o r e m p e ñ o e n d e m o s t r a r q u e
C a t a l i n a llegó a s a b e r escribir; p e r o , g e n e r a l m e n t e , es
d e s a u t o r i z a d o su t e s t i m o n i o .
6 Introducción general

La formación d e u n a persona comienza con el naci-


miento. Va percibiendo con los sentidos lo que le rodea.
Naturalmente, es la familia la que deja sus primeras y
principales huellas en ella. La familia d e Catalina era
muy numerosa a u n para su siglo; para el nuestro resulta
inimaginable. Si ella hacía el n ú m e r o 24, quiere esto de-
cir que, cuando nació, algunos de sus hermanos sobrepa-
saban los veinte años, independizados por el matrimo-
nio y por necesidades de la vida. Los tenía de todas las
edades. Esteban, el último de la familia Benincasa, era
el más p e q u e ñ o , y no p u d o , p o r su e d a d , c o m p r e n d e r
bien lo que le había pasado a su h e r m a n a a los cinco o
seis años de e d a d cuando la vio absorta en la primera vi-
sión.
En una familia numerosa, siempre hay m u c h o q u e
hacer y cada uno ayuda en conformidad con su edad y
facultades. Catalina se vio obligada a trabajar en la casa
desde muy niña. Después h u b o d e hacerlo más d u r a -
mente por imposición d e su m a d r e , Lapa, que la amaba
con cariño singular y llevaba muy a mal que su hija se
entregara a las prácticas religiosas, en el afán por alcan-
zar u n a mayor perfección espiritual.
La familia Benincasa era muy cristiana. En ella era
natural hablar de temas religiosos, d e vidas de santos.
C o m o lectura familiar se señalan las vidas d e los santos
anacoretas y la Legenda áurea, del dominico Jacobo da
Varazze, el Vorágine castellanizado.
La casa se hallaba cercana a la iglesia de Santo Do-
mingo, y a ella acudía Catalina diariamente desde su in-
fancia. Los dominicos eran visita frecuente de la familia.
La asistencia a los oficios litúrgicos y frecuentes predi-
caciones proporcionaron a la niña y a la joven u n a am-
plia cultura religiosa. En la iglesia dominicana, día tras
día y año tras año, en ciclos y en circunstancias diversas,
oía la historia d e la redención, anécdotas d e los santos
propuestas para ejemplo d e los fieles, principios morales
y orientación cristiana. Muchos textos que ella repetiría
y dictaría después, sin precisar su ubicación en la Sagra-
da Escritura, los había oído repetidas veces en la iglesia,
en las conversaciones con los religiosos y otras personas,
a sus confesores, y, ya terciaria, en las reuniones que
Introducción general 7

m e n s u a l m e n t e t e n í a n las terciarias, a las q u e asistía c o n


t a n t o placer.
El influjo d e t o d o s estos e l e m e n t o s y d e l a m b i e n t e la
l l e v a r o n , s i e n d o n i ñ a , a la i d e a d e h a c e r s e ella m i s m a
l
a n a c o r e t a . P o r e s o salió u n a m a ñ a n a b u s c a n d o n o sa-
bía q u é , y n o r e g r e s ó h a s t a la n o c h e , c u a n d o n o sabía
q u é h a c e r p a r a llevar a efecto su p r o p ó s i t o . N o v e a m o s
e n e s t o m á s s i n g u l a r i d a d q u e la q u e e n c o n t r a m o s c u a n -
d o e n n u e s t r o s días u n n i ñ o sale d e casa solo o c o n u n
a m i g o e n b u s c a d e a v e n t u r a s i n c i t a d o p o r lo q u e h a vis-
to e n la televisión. La vida d e los s a n t o s t e n í a , e n a q u e l l a
s o c i e d a d p r o f u n d a m e n t e cristiana, la m i s m a a t r a c c i ó n
q u e h o y las películas d e l O e s t e . Sus p a d r e s n a d a s u p i e -
r o n , y c r e y e r o n q u e h a b í a p a s a d o el d í a e n casa d e su
h e r m a n a B u e n a v e n t u r a , ya c a s a d a , a la q u e visitaba c o n
frecuencia.
Siena, Italia y E u r o p a e n t e r a e r a n u n a p u r a c o n t r a -
dicción. P o r u n a p a r t e , la fe cristiana e r a u n e l e m e n t o
indiscutible e n la vida del p u e b l o , y, p o r o t r a , d e s d e los
países d e l N o r t e a los m á s m e r i d i o n a l e s , l u c h a b a n e n u n
e n r e d o difícil d e explicar, u n a serie d e facciones y p a r t i -
d o s q u e se discutían el p o d e r y d o m i n i o t e m p o r a l . L a
m a n i f e s t a c i ó n e x t e r n a se a d v e r t í a e n r e v o l u c i o n e s , crí-
menes, matanzas, sublevaciones, g u e r r a s y venganzas.
E n t r e los m i e m b r o s d e u n a familia se e n c o n t r a b a n p a r -
tidarios d e los b a n d o s m á s irreconciliables, c o m o o c u -
r r í a e n la m i s m a familia B e n i n c a s a .
C a t a l i n a , p o r r e a c c i ó n a ese e s t a d o p e r m a n e n t e d e so-
bresaltos, se c o n s t i t u y ó e n p r e g o n e r a d e la paz. P o r ella
trabajó d e n o d a d a m e n t e t o d a la vida. C o m o mensajera e n -
t r e d i v e r s o s b a n d o s , r e c o r r i ó diversas c i u d a d e s : Pisa,
Lucca, Florencia, A v i ñ ó n y R o m a , c o m o m á s p r i n c i p a -
les. E n misión d e p a z se i n t e r n ó e n Val d ' O r c i a . U n a
c a n t i d a d r e s p e t a b l e d e c a r t a s t i e n e n esa m i r a d e instau-
r a c i ó n d e la paz. R e c h a z a la g u e r r a c o m o m e d i o p a r a
o b t e n e r l a , a u n q u e signifique u n b i e n i n m e d i a t a m e n t e
d i r e c t o p a r a el p a p a , a q u i e n d e f i e n d e s i e m p r e . A las
c o m p a ñ í a s d e g u e r r e r o s m e r c e n a r i o s , q u e h a c í a n d e la

1 a
R A I M U N D O DE C A P U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p . l .
c.2 (se h a c e n las citas d e esta obra por partes y capítulos para hacer
más fácil su verificación e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o extranjera).
8 Introducción general

guerra su medio de subsistencia corporal, a disposición


d e quien más pagara, les pide q u e abandonen su actua-
ción en las ciudades europeas y les propone «il santo
passagio», la cruzada en Tierra Santa en defensa de la
cristiandad. La paz en ella era u n a d e las razones q u e
alegaba en sus predicaciones y cartas cuando recomen-
daba la cruzada, sueño que nunca vería realizado.
La vieja lucha de güelfos y gibelinos (partidarios del
poder temporal del papa y contradictores de él) seguía
en su siglo, manifestándose de los más variados modos.
No era otra la razón de las sublevaciones de las repúbli-
cas italianas contra el p o d e r papal. Sin titubeos, ella es-
tuvo siempre de parte de los papas, pero a ellos les pedía
clemencia y comprensión con los sublevados y contra-
rios. Esta rivalidad había llevado a los papas a abando-
nar Italia y establecerse en Aviñón, terreno oficialmente
neutral, pues primeramente perteneció al reino de Ña­
póles. Después los papas lo compraron y establecieron
en él su señorío. Pero, el ser Aviñón u n enclave en tie-
rra francesa, les tenía esclavizados y sometidos a los ca-
prichos y política de los reyes de Francia. De él quiso sa-
lir Urbano V, regresando a Italia, pero e l regreso fue
un fracaso, y los papas hubieron de establecerse de nue-
vo en Aviñón; en parte, por los disturbios en Italia y, en
parte, por la influencia de los cardenales, en su inmensa
mayoría franceses.
La jerarquía eclesiástica, de la más alta a la más infe-
rior, se hallaba también dividida. No hablamos de los
partidos políticos, que también los había, sino d e las as-
piraciones espirituales de unas y otras tendencias. Una
deseaba y se esforzaba en conseguir la prosecución en la
vida relajada a q u e el clero había llegado por diversos
caminos a lo largo de decenios, mientras que otra pro-
pugnaba la reformación de la jerarquía, en la q u e se in-
cluía tanto al clero secular como al regular. Léase en El
Diálogo la parte dedicada al cuerpo místico de la Iglesia,
y se comprenderá la relajación a que se había llegado.
Se suele culpar de ella casi exclusivamente a la gran pes-
te, «la peste negra» de 1348, c u a n d o Catalina tenía un
año de edad. Sin negar el influjo que tuvo en la relaja-
ción del clero y en los religiosos, hemos d e tomar las co-
sas de m u c h o más atrás. Cualquier manual d e historia
Introducción general 9

eclesiástica n o s p o n d r á e n la pista d e ella ya d u r a n t e la


s e g u n d a m i t a d del siglo X I I I c u a n d o m e n o s .
J u n t o a los r e l a j a d o s vivían a l m a s c o n s c i e n t e s d e sus
d e b e r e s religiosos, f u e r a del c l e r o y d e n t r o d e él. P e r o
t a m b i é n e n esto se llegó a la e x a g e r a c i ó n , f o r m á n d o s e
g r u p o s d e p a r t i d a r i o s d e la r e f o r m a a u l t r a n z a , q u e ter-
m i n a r o n e n g r u p o s h e r é t i c o s , c o m o el d e los «fratri-
celli».
A ellos n o s v e m o s o b l i g a d o s a d e d i c a r u n a s líneas p o r
ser c o n t e m p o r á n e o s d e C a t a l i n a .
Los «fratricelli» o « h e r m a n o s d e la vida p o b r e » f u e r o n
p r o d u c t o e s e n c i a l m e n t e italiano n a c i d o d e la O r d e n
f r a n c i s c a n a e n la M a r c a d e A n c o n a . D e s p u é s d e varias
peripecias, persecuciones y destierro, fueron reconoci-
d o s c o m o familia franciscana a u t ó c t o n a e n 1294 p o r C e -
lestino V, q u e q u i s o volverlos al b u e n c a m i n o . E r a n ul-
t r a c o n s e r v a d o r e s , e n r e a c c i ó n c o n t r a la relajación fran-
ciscana. N o a d m i d a n las i n t e r p r e t a c i o n e s d e los capítu-
los g e n e r a l e s d e la O r d e n ni las d e l m i s m o p a p a , t e r m i -
n a n d o e n visionarios y s e u d o p r o f e t a s q u e a n u n c i a b a n
la d e s t r u c c i ó n d e la Iglesia, la g r a n B a b i l o n i a , y la del
m u n d o e n t e r o , a la q u e s e g u i r í a el t r i u n f o del m o n a -
q u i s i n o e n el g o b i e r n o d e la Iglesia y d e l m u n d o p o r
m e d i o d e la p o b r e z a evangélica. L a c o n f u s i ó n o r i g i n a d a
c o n el cisma d e O c c i d e n t e les favoreció m u c h o , p a r e -
c i é n d o l e s q u e llegaba la h o r a d e l c u m p l i m i e n t o d e sus
profecías. C o n d e n a b a n c u a l q u i e r injerencia d e la Iglesia
e n a s u n t o s t e m p o r a l e s . G o z a r o n d e la simpatía d e G u i -
l l e r m o d e O c c a m y d e M i g u e l d e C e s e n a , g e n e r a l d e los
franciscanos, q u e e n t a b l ó la l u c h a c o n el p a p a J u a n
X X I I , al q u e d e s t i t u y ó Luis I V d e B a v i e r a . U n a fracción
q u e a p o y a b a a Luis d e B a v i e r a y a los «fratricelli» l o g r ó
se eligiera al franciscano P e d r o d e C o r b a r a c o m o p a p a
c o n el n o m b r e d e Nicolás V, q u e se s o m e t i ó d o s a ñ o s
d e s p u é s . T o d o esto o c u r r í a e n el p o n t i f i c a d o d e l p a p a
J u a n X X I I (1316-1334).
Paralelos a estos m o v i m i e n t o s espiritualistas s u r g i e r o n
los d e los «flagelantes», q u e b r o t a b a n p o r d o q u i e r , f e n ó -
m e n o a n ó n i m o , social y colectivo, y los d e J u a n Wyclif,
p r o f e s o r e n O x f o r d ( 1 3 2 4 - 1 3 8 4 ) , y u n p o c o d e s p u é s , su
seguidor J u a n Huss, en Bohemia (1369-1415).
O t r o s g r u p o s l u c h a r o n c o n a r m a s m u y distintas q u e
10 Introducción general

las de la desobediencia en pro de la reforma de la Igle-


sia. Uno de ellos fue el formado en torno a Catalina de
Siena. En todo caso, la O r d e n dominicana, pues perte-
necía a ella como terciaria, quiso asegurarse de que iba
y seguiría por el buen camino. Esa fue la razón de ser
citada a d a r cuenta de sí y de su grupo ante el capítulo
general de la O r d e n que se reunió en Florencia en
1374. Allí se dirigió Catalina con un grupo de discípu-
los, y dio pruebas de su buena orientación, por lo que se
le dio paso, nombrándose como responsable del grupo a
Fr. Raimundo de Capua, que era lector de teología y de
virtud bien probada, a la vez experimentado director es-
piritual por haberlo sido antes del monasterio dominica-
no de Montepulciano, fundado no hacía mucho tiempo
por Santa Inés de Montepulciano.
A Fr. Raimundo de Capua, que sucedía a Fr. Tomás
della Fonte, debió mucho la formación doctrinal de Ca-
talina, si bien él, a su vez, recibió mucho del espíritu de
Catalina, de la que no fue sólo Padre espiritual, sino dis-
cípulo e hijo muy querido.
Fray Raimundo se hizo cargo de la dirección de Cata-
lina y de su grupo, así como de una serie de manuscri-
tos redactados por Fr. T o m á s della Fonte. En ellos ha-
bía anotado su primer confesor los dones y gracias que
2
iba recibiendo Catalina. Fray Raimundo nos dice que
recibió toda esta serie de informes con una cierta reti-
cencia.
Los investigadores, intentando llegar a las fuentes es-
critas de d o n d e p u d o recibir Catalina su formación espi-
ritual, se han fijado en que cita ella misma la Vida de los
Padres (El Diálogo c.141 y 145). Esta obra había sido tra-
ducida por el dominico Fr. Domingo Cavalca. Era autor
también de una obrita titulada Specchio di Croce, que leyó
u oyó leer, sin d u d a , muchas veces, pues en las Cartas y
en El Diálogo hay vestigios de ello. Lo mismo podemos
asegurar de Legenda áurea, de Jacobo da Varazze, de la
que cita algunos pasajes, si bien pudo oír su narración
muchas veces en las predicaciones. Rebuscando más
—acaso excesivamente—, podríamos señalar la influen-
cia de las Coüationes, de Casiano; de la Escala espiritual,

2
Ibid.. I c.8.
Introducción general I 1

d e San J u a n Clímaco, y d e San G r e g o r i o . E n t o d o caso,


d e b e m o s ser parcos en atribuciones d e u n a influencia
d i r e c t a y c r e e r m á s e n la c e r t e z a d e u n a i n f l u e n c i a i n d i -
r e c t a a t r a v é s d e las f u n c i o n e s l i t ú r g i c a s , d e las p r e d i c a -
c i o n e s , d e las o r i e n t a c i o n e s d e los c o n f e s o r e s y d e o t r o s
religiosos, así c o m o d e l t r a t o c o n o t r a s p e r s o n a s d e v o t a s .
P u e d e p a r e c e r d e m a s i a d o p e q u e ñ o e s t e influjo c u l t u -
ral religioso p a r a u n a C a t a l i n a q u e es a d m i r a d a p o r sus
o b r a s m á s q u e p o r su i n t e n s a a c t i v i d a d . P e r o d e b e m o s
r e c o n o c e r q u e n o t o d o s los q u e o y e n u n a explicación o
lección la r e t i e n e n d e l m i s m o m o d o ; u n a s veces, p o r el
p o c o i n t e r é s q u e se p r e s t a , y o t r a s , p o r falta d e capaci-
d a d n a t u r a l . E n el i n t e r é s va i n c l u i d a la r e f l e x i ó n o m e -
d i t a c i ó n s o b r e lo q u e se lee u o y e . P o r los discípulos d e
C a t a l i n a s a b e m o s q u e leía p o c o y q u e lo hacía d e s p a c i o ,
r u m i a n d o las frases, r e p e n s a n d o las p a l a b r a s , y q u e ,
c u a n d o e n c o n t r a b a a l g o q u e l l a m a b a su a t e n c i ó n , se d e -
t e n í a e n ello l a r g o t i e m p o . Su m i s m a o r a c i ó n n o t e n í a
n a d a d e la m e c á n i c a d e p r o n u n c i a r p a l a b r a s , s i n o q u e
era meditada. ¡Cuántas personas iletradas saben más d e
las v e r d a d e s cristianas q u e o t r a s c o n d i p l o m a s a c a d é m i -
cos q u e leen p o r a l t o , s u p e r f i c i a l m e n t e !
A q u í l l e g a m o s a la p l e n a c o m p r e n s i ó n d e lo q u e dijo
Catalina en u n a ocasión a Fr. R a i m u n d o d e Capua: «Te-
n e d la s e g u r i d a d , P a d r e , q u e n a d a d e lo q u e sé c o n c e r -
n i e n t e a los c a m i n o s d e la salvación m e h a s i d o e n s e ñ a -
d o p o r u n m e r o h o m b r e . F u e m i S e ñ o r y M a e s t r o , el es-
p o s o d e m i a l m a , n u e s t r o S e ñ o r J e s u c r i s t o , q u i e n m e lo
r e v e l ó m e d i a n t e s u s i n s p i r a c i o n e s y a p a r i c i o n e s . El m e
h a h a b l a d o lo m i s m o q u e y o o s h a b l o a h o r a » -\
E n esta d e c l a r a c i ó n e n c o n t r a m o s d o s e l e m e n t o s , d o s
f u e n t e s d o n d e ella b e b i ó la ciencia d e la salvación: inspi-
raciones y apariciones.
I n s p i r a c i o n e s d e Dios las r e c i b e c u a l q u i e r p e r s o n a q u e
i n t e n t e d e veras s e g u i r l e ; s o b r e t o d o e n la r e f l e x i ó n y
m e d i t a c i ó n d e las v e r d a d e s c r i s t i a n a s . S e r á n t a n t o m á s
a b u n d a n t e s , p r o f u n d a s y eficaces c u a n t o m á s i n t e n s a y
d u r a d e r a sea esa r e f l e x i ó n . Y c o n t o d a r a z ó n se las p u e -
d e calificar d e i n s p i r a c i o n e s d e Dios.
L a s e g u n d a f u e n t e d e q u e n o s h a b l a s o n las a p a r i c i o -

3
Ibid., I c . l .
12 Introducción general

nes, la enseñanza más directa de Dios. Ellas pueden ser


sensibles o m e r a m e n t e intelectuales. Dios puede hablar
y enseñar en ellas.
La frontera entre las inspiraciones, producto d e la re-
flexión y meditación, y las apariciones o visiones es fre-
cuentemente difícil de delimitar, sobre todo c u a n d o se
trata de visiones intelectuales, como el paso de un color
a otro en la gama de colores.
Pero Catalina asegura más, según el testimonio d e
Fr. R a i m u n d o : «El [Jesucristo] me ha hablado lo mismo
que yo os hablo ahora»; es decir, de modo que lo pue-
den percibir los sentidos.
La conclusión d e este apartado es que la formación
doctrinal h u m a n a , procedente de u n ambiente religioso
de amplio espectro y d e las lecturas que p u d o hacer u
oír, se perfeccionó con gracias, en forma d e apariciones
y visiones, provenientes d e Dios; es decir, que a la for-
mación m e r a m e n t e h u m a n a debemos añadir la forma-
ción sobrenatural.

Arrobamientos y éxtasis

Hablando de la producción literaria d e Catalina d e


Siena, es necesario tocar este p u n t o , puesto que, según
su biógrafo y confesor Beato R a i m u n d o de Capua, bue-
na parte fue dictada fuera d e los sentidos, es decir, es-
tando ella en arrobamientos o en éxtasis, bajo u n a in-
fluencia divina. La cita que hemos visto en el apartado
anterior a propósito de su doctrina recibida en aparicio-
nes y visiones viene a significar lo mismo.
La palabra éxtasis tiene dos acepciones que conviene
señalar. La más estricta y ceñida nos indica un estado
del alma caracterizado interiormente por u n a unión con
Dios tan íntima y fuerte mediante la contemplación y el
amor, que causa la suspensión más o menos acusada de
la actividad fisiológica y percepción por parte de los sen-
tidos. En una definición o explicación más amplia, es un
estado del alma d o m i n a d a por el intenso y grato senti-
miento d e admiración; en este sentido, decimos que u n a
persona se halla extasiada contemplando un paisaje o la
profundidad d e u n a verdad.
Introducción general 13

E n c o n f o r m i d a d c o n estas d o s a c e p c i o n e s , p o d e m o s
d i s t i n g u i r d o s clases d e éxtasis: el n a t u r a l , al q u e a q u í
l l a m a r e m o s a r r o b a m i e n t o , y el s o b r e n a t u r a l , p a r a el q u e
r e s e r v a r e m o s la p a l a b r a éxtasis.
La elevación d e l e s p í r i t u h a c e a u n a p e r s o n a p r e s c i n -
d i r d e t o d o lo e x t e r n o , y p u e d e t e n e r tal f u e r z a , q u e los
s e n t i d o s e n r e a l i d a d n o p e r c i b a n e n v i r t u d d e ella. D e
estas e l e v a c i o n e s h a b l a n los discípulos d e C a t a l i n a . T e -
n í a estos a r r o b a m i e n t o s c o n m u c h í s i m a f r e c u e n c i a , p r o -
d u c i d o s p o r la c o n t e m p l a c i ó n d e u n a flor, d e u n a t a r d e -
c e r , d e u n a c o n v e r s a c i ó n y d e la m a y o r p a r t e d e sus o r a -
c i o n e s , e n las q u e se a b s t r a í a t o t a l m e n t e d e t o d o lo q u e
la r o d e a b a . E n e s t e s e n t i d o lato d e éxtasis o a r r o b a m i e n -
t o p o d e m o s e n t e n d e r m u c h a s d e las m a n i f e s t a c i o n e s e n
las q u e a p a r e c í a C a t a l i n a a b s t r a í d a d e los s e n t i d o s . Es
u n p r i n c i p i o d e t e o l o g í a n o a c u d i r a lo s o b r e n a t u r a l
c u a n d o p u e d e e n c o n t r a r s e u n a explicación natural.
Á n g e l M o r t a , e n su i n t r o d u c c i ó n a la t r a d u c c i ó n d e
El Diálogo, s e ñ a l a a l g o m u y c i e r t o : « N o es fácil d e t e r m i -
n a r , p o r la aplicación d e estos c r i t e r i o s , c u á n t o s y c u á l e s
s o n los pasajes d i c t a d o s c o n p r o b a b i l i d a d e n e s t a d o e x t á -
tico». Se r e f i e r e a la i n t e r v e n c i ó n d i r e c t a d e Dios e n la
e n s e ñ a n z a d e las v e r d a d e s d i v i n a s a C a t a l i n a . Y u n p o c o
d e s p u é s a ñ a d e : «El t e s t i m o n i o d e sus b i ó g r a f o s o b l i g a a
c r e e r q u e su d i c t a d o se verificaba *en a b s t r a c c i ó n d e los
sentidos'; e n cierta abstracción añadiríamos, p a r a inter-
p r e t a r l a c o n u n a c i e r t a a m p l i t u d d e s e n t i d o , sin coinci-
4
d i r c o n el éxtasis p r o p i a m e n t e d i c h o » .
El caso d e C a t a l i n a n o es ú n i c o . L a s b i o g r a f í a s d e m u -
chos, s a n t o s n o s a s e g u r a n q u e Dios les h a b l a b a y d e s c u -
b r í a c i e r t o s h e c h o s y d o c t r i n a s e n los éxtasis y visiones.
U n e j e m p l o lo e n c o n t r a m o s e n S a n t a B r í g i d a d e Suecia,
n o t a b l e p o r sus visiones y r e v e l a c i o n e s s o b r e t e m a s reli-
giosos. N a d i e i g n o r a q u e m u c h o s d e s u s éxtasis y visiones
h a n s i d o m u y d i s c u t i d o s y h a s t a n e g a d o s p o r investiga-
d o r e s y e s t u d i o s o s d e g r a n solvencia.
H a y e n la v i d a d e C a t a l i n a n u m e r o s o s t e s t i m o n i o s so-
b r e los éxtasis e n q u e f r e c u e n t e m e n t e caía, c o n m a n i f e s -
t a c i ó n e x t e r n a d e la p é r d i d a d e t o d a s e n s i b i l i d a d . D e

4
M O R T A , Á n g e l , Obras de Santa Catalina de Siena: el «Diálogo», ed.
B A C ( M a d r i d 1955); Introducción 89-91.
14 Introducción general

ellos nos habla la biografía escrita p o r su confesor y bió-


grafo, Fr. R a i m u n d o d e Capua, c u a n d o nos dice que
« d u r a n t e estos éxtasis, f r e c u e n t e m e n t e se elevaba del
suelo, c o m o si el c u e r p o fuese p e r s i g u i e n d o al alma, y
d e m o s t r a n d o el p o d e r del espíritu sobre la materia al
5
ser a r r a s t r a d a ella p o r aquél» . De la frecuencia con
q u e caía en ellos nos d a testimonio la siguiente frase:
«Millares d e veces h e m o s sido testigos de ello; hemos
visto y tocado sus brazos y m a n o s tan fuertemente con-
traídos q u e e r a más fácil romperlos q u e hacerles cam-
biar d e posición. T e n í a los ojos c o m p l e t a m e n t e cerra-
dos, sus oídos no percibían los sonidos, por g r a n d e s que
fuesen, y todos sus d e m á s sentidos corporales cesaban
6
en su función natural» .
Muchos d e sus éxtasis d u r a r o n dos y más horas, lle-
g a n d o en alguna ocasión a tenerla p o r m u e r t a . En el
mismo capítulo dice Fr. R a i m u n d o : «Si fuese a d a r
cuenta d e todos los éxtasis d e Catalina, el tiempo m e fal-
taría antes q u e los materiales».
La abstracción d e los sentidos y la falta d e sensibilidad
no era igual en todos los casos. De u n caso d e absoluta
insensibilidad t e n e m o s noticia, y o c u r r i ó en Aviñón des-
pués d e la c o m u n i ó n . F u e llamada p a r a q u e lo presen-
ciara u n a h e r m a n a del papa G r e g o r i o X I , y fue acompa-
ñada, e n t r e otras personas, p o r u n a s e ñ o r a casada con
u n sobrino del papa. «La h e r m a n a se condujo devota-
m e n t e ; p e r o la o t r a miserable, al Fin d e la misa, simulan-
d o q u e besaba los pies d e la Santa, los p u n z ó varias ve-
ces c r u e l m e n t e con u n a aguja. N a d a sintió entonces la
sierva d e Dios, ni hizo movimiento a l g u n o ; mas después
q u e todos se fueron y ella volvió a sus sentidos sintió tan
g r a n d e s dolores en el pie, q u e n o podía a n d a r , y sus
c o m p a ñ e r a s vieron las p u n z a d a s y la sangre q u e tenía,
7
con q u e reconocieron la malicia d e aquella mujer» .
En la misma Carta-declaración d e Maconi asegura éste
q u e él fue testigo d e sus éxtasis c u a n d o se elevaba sobre
el suelo. «En q u é m a n e r a p u e d e ser esto, se escribe en el
libro q u e la virgen c o m p u s o , p a r t e del cual escribí yo,
5
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida II c.2.
• Ibid., II c.5.
7
MACONI, Esteban d e C o r r a d o , e n Santa Catalina de Siena, e d . P.
Paulino Alvarez, O . P . ( V e r g a r a 1926); C a r t a - d e c l a r a c i ó n 4 6 5 - 6 6 .
Introducción general 15

d i c t á n d o l o ella p o r su boca virginal». El pasaje a q u e se


refiere Maconi p u e d e verlo el lector e n el capítulo 79 d e
El Diálogo, d o n d e se dice q u e los sentidos e n esos éxtasis
se hallan i m p e d i d o s ; p e r o , p o r d i s p e n s a c i ó n divina, la
l e n g u a q u e d a e x p e d i t a . P o r eso e n Catalina se p o d í a d a r
el f e n ó m e n o d e hallarse e n éxtasis y d i c t a r d u r a n t e
ellos.
Al fin d e la. o r a c i ó n q u e s e ñ a l a m o s c o n el n ú m e r o 1-2
se lee c ó m o se realizó el éxtasis e n q u e esta o r a c i ó n fue
d i c t a d a . S e g ú n la a n o t a c i ó n , p e r m a n e c i ó Catalina e n la
m i s m a p o s t u r a , c o n las m a n o s e x t e n d i d a s , p e r o c o n los
b r a z o s e n f o r m a d e c r u z , d u r a n t e u n a h o r a poco m á s o
m e n o s . «Después, r o c i a d a su c a r a con a g u a b e n d i t a , in-
v o c a d o J e s ú s varias veces y f u e r t e m e n t e s a c u d i d a , poco
a poco c o m e n z ó a palpitar su espiritu, d i c i e n d o e n voz
baja varias veces: ' A l a b a d o sea Dios a h o r a y s i e m p r e ' . Y
d e s p u é s , r e c o n f o r t a d o su espíritu, c o m e n z ó a h a b l a r c o n
m á s c l a r i d a d , y se l e v a n t ó a l a b a n d o y b e n d i c i e n d o a
Dios, sin saber q u é h o r a e r a » . T e r m i n a la a n o t a c i ó n con
los n o m b r e s d e n u e v e testigos v a r o n e s , i n d i c a n d o q u e
había p r e s e n t e s m á s , e n t r e los cuales se hallaban «tres
c o m p a ñ e r a s d e la m i s m a s e ñ o r a [Catalina!».
T a n t o Fr. R a i m u n d o c o m o m u c h o s o t r o s discípulos
d e C a t a l i n a a s e g u r a n q u e d u r a n t e estos éxtasis recibía
las e n s e ñ a n z a s divinas y ella dictaba. E n c o n c r e t o , se ha-
bla del d i c t a d o e n éxtasis, d e El Diálogo, y d e las Oracio-
nes y Soliloquios, i n d i c a n d o q u e a veces o c u r r í a t a m b i é n
c o n las cartas.
D ó n d e t e r m i n a b a lo n a t u r a l y c o m e n z a b a lo s o b r e n a -
tural e n estos éxtasis y d i c t a d o s , es p r á c t i c a m e n t e i m p o -
sible precisarlo a m á s d e seiscientos a ñ o s d e distancia.

La crítica y las obras d e Santa Catalina

Las o b r a s d e Catalina c o m e n z a r o n a c i r c u l a r m a n u s -
critas — n o existía a ú n la i m p r e n t a — c o n r a p i d e z p o r to-
das p a r t e s . D u r a n t e su vida sabemos q u e u n libro suyo,
n o especificado, estuvo e n m a n o s d e u n a c o n d e s a y d e
G i u s e p p e di Pipino, sastre y h o s p e d e r o d e la Santa en
Florencia e n 1378. La c o n d e s a tuvo el m a n u s c r i t o p a r a
su l e c t u r a y edificación espiritual; Pipino, acaso p o r q u e
16 Introducción general

se le olvidara a la Santa en su marcha a Siena —cosa im-


probable, pues se trataba de su «libro», con que tan
encariñada estaba— o, más probablemente, para que él
lo siguiera leyendo.
Las copias de sus obras se multiplicaron bien pronto.
Para que se difundieran con mayor facilidad fueron tra-
ducidas —en concreto, El Diálogo y las Oraciones— a la
lengua internacional de entonces, al latín. Conocemos el
nombre de uno de los traductores: Cristóbal Chiani.
Bien pronto fue traducida también la biografía o Legen-
da, escrita por Fr. Raimundo de Capua. Al procurar la
difusión de sus obras y de la historia de su vida, se daba
a conocer la doctrina y la personalidad de Catalina.
La declaración de Fr. Tomás de Siena o Tomás Nacci,
conocido por el nombre de Caffarini, nos dice a este
respecto: «Esteban Maconi mandó al rey de Inglaterra su
Vida, que se la había pedido; y al rey de Hungría, a
quien además envió el libro de los Diálogos. Otras varias
copias fueron enviadas al rey de Ñapóles; a Praga, en
Bohemia; a Tréveris, en Alemania; a Prusia, en los con-
fínes de Polonia, y a la cartuja de Roma. En todas las
piezas relativas a la Santa se dan los nombres, que mues-
tran muy bien cuan digna la creen [los que las escriben)
H
de ser canonizada» .
Traduciendo el párrafo anterior al lenguaje de hoy,
podemos asegurar que existían uno o varios centros de
propaganda que promovían la devoción a Catalina, algo
así como las oficinas que por todas partes se extienden
para mover la devoción a una persona a la que se juzga
santa, fundando uno o varios centros «pro canonización
de...».
Que nadie se extrañe, porque tiene aún que enterarse
de más. «Su vida y sus obras circulan por todos los paí-
ses, menos por España [tampoco cita a Francia], a causa
del cisma. Sus imágenes se han multiplicado aún más, y la
representan como a los beatos que aún no están canoni-
zados. Hállanse en Polonia, en Hungría, en Dalmacia,
en Toscana, en Lombardía, en Venecia sobre todo, en
Roma y en el reino de Ñapóles. Está pintada en tela, en

" CAFFARINI (Fr. T o m á s de San Antonio Nacci o Fr. T o m á s de Sie-


na), en Santo Catalina de Siena (Vergara 1926); Declaraciones 440-42. v
Introducción general 17

libros, en p a r e d e s ; grabada e n m a d e r a , y a n d a e n m a n o s
d e fieles, q u e h a n m a n d a d o m u c h a s d e V e n e c i a a Ale-
x a n d r í a . U n a p e r s o n a q u e t i e n e g r a n d e v o c i ó n a la sier-
va d e Dios h a h e c h o pintar en láminas de papel sus h e c h o s
principales [cuadros], d e suerte q u e en el día de su fiesta
pueden proveerse los devotos de sus imágenes. Son colocadas en
las iglesias y a d o r n a d a s d e r a m o s y g u i r n a l d a s d e flores,
c o m o también en las casas, p a r a c o n s u e l o y d e v o c i ó n d e
sus m o r a d o r e s . Se h a n h e c h o y se h a c e n c a d a día milla-
res de estampas, las cuales son r e p a r t i d a s e n V e n e c i a y p o r
los m e n c i o n a d o s países. De aquí tuvo origen la costumbre de
divulgar en papel las imágenes de otros santos, c o n q u e se
a u m e n t a la d e v o c i ó n d e los fieles a ellos». P o r lo citado se
ve q u e los«encatalinados» s e g u í a n fieles a su M a d r e espi-
ritual y p r e t e n d í a n «encatalinar» al m u n d o cristiano.
P o r si f u e r a n p o c o s los d a t o s a p o r t a d o s , sigue la Decla-
ración: «Dieciséis a ñ o s h a c e q u e la b i e n a v e n t u r a d a Cata-
lina es celebrada e n el c o n v e n t o d e San J u a n y San Pablo
[de V e n e c i a ] . En su día [se c e l e b r a b a el d o m i n g o d e s -
p u é s d e la fecha d e su m u e r t e ) , desde la mañana hay ale-
gría g r a n d e y m u c h a m ú s i c a ; a d ó r n a s e el altar c o n las
m á s ricas alhajas y t o d a la iglesia es e n g a l a n a d a c o n
g u i r n a l d a s y m a c e t a s d e flores. Asiste la Escuela d e la
M i s e r i c o r d i a y se canta misa solemme; por la tarde t a m b i é n
hay vísperas s o l e m n e s , s e r m ó n , y después una gran comida
pública, e n q u e r e i n a la m á s d u l c e alegría... Los hermanos
y hermanas de la Tercera Orden sirven a la m e s a c o n su
p r i o r [de la O r d e n T e r c e r a ) , S u p e r a n c i o d e Venecia.
Allí se lee algo d e la historia d e Catalina, se c a n t a n sus
alabanzas y se c o n v e r s a d e sus p r o d i g i o s y virtudes...
U n a j o v e n casada... al m o r i r d e j ó en testamento una suma
de dinero para la comida del día de Catalina... A ñ a d i ó s e a
esto la costumbre de hacer regalos a la iglesia o al c o n v e n t o
en dicho día, s e g ú n las f a c u l t a d e s y gustos d e c a d a u n o ,
c o m o son flores, g u i r n a l d a s , imágenes de Catalina, meda-
llas de plata y de cobre, p a n , v i n o , frutas, etc. Otras ofrecen
sus servicios personales p a r a a d o r n a r la iglesia o servir a
d i c h o convite, e n t r e los cuales se d i s t i n g u e A n t o n i o Su-
p e r a n c i o y su m u j e r , M a r i n a C o n t a r i n i s , terciaria d o m i -
nica, y o t r o s m u c h o s m á s d e la m i s m a T e r c e r a O r d e n » .
C o n r a z ó n se a l a r m ó el o b i s p o d e V e n e c i a , Francisco
B e m b o , c o n el título d e o b i s p o d e Castello, e hizo q u e
18 Introducción general

ante él comparecieran Fr. Bartolomé d e Ferrara, inqui-


sidor d e la fe, y Fr. T o m á s de Siena, Caffarini, prior del
convento d e dominicos d e Venecia. Ellos justificaron su
conducta, a s e g u r a n d o que ni la misa ni el oficio se dedi-
caban a Catalina, a u n q u e a esas funciones litúrgicas se
les diera mayor solemnidad, y que en el s e r m ó n no se la
proponía como santa, sino como a persona digna d e ser
imitada, proclamando sus virtudes. Creían q u e e r a dig-
na d e ser canonizada y estaban dispuestos a probarlo
con testimonios d e personas q u e a ú n vivían y d e otras
que habían fallecido ya.
T o d o esto ocurría en 1411, y como resultado d e las
acusaciones llegadas ante el obispo d e Castello comenza-
ron a recoger documentos y declaraciones, iniciándose
d e este m o d o el Proceso castellano, o d e la diócesis d e
Castello, q u e fue cerrado el 5 d e e n e r o de 1413.
El fogoso Caffarini había conocido a Catalina, siendo
ya religioso, muy joven. En u n a ocasión le regaló u n a
cruz hecha con flores recogidas por ella. En su Declara-
ción —también propagandista— especifica d ó n d e se en-
c u e n t r a n los manuscritos y reliquias de la sierva d e
Dios, quiénes fueron sus amanuenses, su confesores fi-
j o s y algunos d e los eventuales, las gracias recibidas d e
los papas Gregorio XI y U r b a n o VI, la devoción q u e se
le tiene en diversas ciudades italianas, los intentos d e ca-
nonización en los pontificados d e Bonifacio IX, Inocen-
cio VII y Gregorio X I I , así como las fiestas que en ho-
nor a Catalina se celebraban en Venecia, Genova, Pisa,
Orvieto, Siena «y otros lugares d e Italia». T o d o ello
constituye un buen alegato y defensa de la veneración
a Catalina.
N o era. sólo Caffarini quien por todas partes predica-
ba sus virtudes y prodigios, sino que lo hacían muchos
otros discípulos d e la sierva de Dios, como se deduce del
análisis del Proceso castellano. Mención especial merece
Fr. R a i m u n d o d e Capua, cuya Vida recomiendan y di-
funden «los encatalinados», y a la que criticaron, p o r q u e
se quedaba corto en alabanzas.
La biografía escrita por Fr. Raimundo tenía como fina-
lidad primordial defender el nombre de Catalina contra
los ataques que se hacían, o imaginaba que se hacían, a su
memoria, y demostrar que era digna de ser canonizada.
Introducción general 19

Esta p r i m e r a biografía d e la Santa t e r m i n a así: « T o d o lo


escrito d e m u e s t r a q u e Catalina, virgen y mártir, [en el d e -
seo] es d i g n a d e ser inscrita p o r la Iglesia militante e n el
catálogo d e los santos. Q u e la felicidad d e la vida e t e r n a
9
m e sea c o n c e d i d a a mí y a sus d e m á s hijos espirituales» .
E n la biografía d e R a i m u n d o se r e p i t e c o n f r e c u e n c i a
y p o n e p o r testigo d e su v e r a c i d a d a Dios y a m u c h o s
discípulos d e C a t a l i n a , u n o s m u e r t o s y o t r o s v i v i e n d o
a ú n c u a n d o él escribía. Es m á s , alega su p r o p i a posición
r e s p e c t o a la S a n t a c u a n d o t o m ó él las r i e n d a s d e su d i -
r e c c i ó n e s p i r i t u a l : « E n el p r i n c i p i o d e m i r e l a c i ó n c o n
ella h a b í a o í d o t a n t a s cosas maravillosas r e f e r e n t e s a su
vida, q u e vacilé b a s t a n t e a n t e s d e c r e e r l a s . Dios p e r m i t i ó
q u e así fuese p a r a m a y o r b i e n . I n t e n t é d e t o d a s las m a -
n e r a s posibles d e s c u b r i r los m e d i o s d e a s e g u r a r m e d e si
los f e n ó m e n o s e x t r a o r d i n a r i o s q u e se o p e r a b a n e n ella
p r o v e n í a n d e Dios o d e c u a l q u i e r o t r a c a u s a ; es d e c i r , si
e r a n v e r d a d e r o s o falsos. H e e n c o n t r a d o , e s p e c i a l m e n t e
e n t r e las m u j e r e s , m u c h a s p e r s o n a s d e fantasía d e s b o r -
9
d a d a , c a b e z a s q u e se t r a s t o r n a n c o n facilidad...» . L a
p a u t a q u e siguió F r . R a i m u n d o fue la d e crítico e x p e r i -
m e n t a d o e n el t r a t o c o n p e r s o n a s e s p i r i t u a l e s y c o n fal-
sos e s p i r i t u a l e s .
La fecha d e su b i o g r a f í a la s e ñ a l a él m i s m o c u a n d o
dice: « H a c e diecisiete a ñ o s , es d e c i r , p o r los a ñ o s d e
1 3 7 3 ó 1374, la o b e d i e n c i a religiosa m e l l a m ó a Siena,
d o n d e d e s e m p e ñ é el p u e s t o d e lector e n el c o n v e n t o d e
I 0
m i O r d e n » ; l u e g o F r . R a i m u n d o escribía ese c a p í t u l o
e n 1390 ó 1 3 9 1 . E n el c a p í t u l o 10 d e la s e g u n d a p a r t e
r e f i e r e la fiesta d e la traslación d e la c a b e z a d e la sierva
d e Dios al c o n v e n t o d e S a n t o D o m i n g o d e S i e n a y u n
m i l a g r o d e q u e f u e r o n testigos t o d o s los religiosos d o -
m i n i c o s q u e e n t o n c e s se e n c o n t r a b a n e n él. «Yo h a b í a
ido a p a s a r a l g u n o s d í a s a este c o n v e n t o h a c e c i n c o a ñ o s
p a r a q u e m e llevaran a t o m a r b a ñ o s d e a g u a s minerales,
q u e los m é d i c o s h a b í a n a c o n s e j a d o , y, a instancia d e los
hijos espirituales d e C a t a l i n a , h a b í a c o m e n z a d o la r e d a c -
M
ción d e esta historia d e su vida» . P o r e s t e t e x t o d e d u -
c i m o s q u e la b i o g r a f í a d e C a t a l i n a n o fue escrita d e u n
tirón, sino q u e Fr. R a i m u n d o la fue h a c i e n d o poco a
9
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida III c.6.
1 0 11
Ibid., Vida II c.7. Ibid., Vida II c . l l .
20 Introducción general

poco, d u r a n d o bastante más d e cinco años. Esto se ad-


vierte t a m b i é n p o r el análisis d e su escrito. Se ve tam-
bién q u e él fue u n o d e los principales propagandistas d e
la devoción a Catalina, c o m o se d e m u e s t r a p o r lo q u e
n a r r a a continuación.
Hay u n a cuestión q u e no h e visto t r a t a d a e n n i n g u n o
de los trabajos publicados sobre la Santa. Me refiero a la
importancia e influencia q u e los escritos d e Catalina tu-
v i e r o n e n la r e d a c c i ó n d e la b i o g r a f í a escrita p o r
Fr. R a i m u n d o . El nos habla d e testigos vivos y difun-
tos, p e r o n o d e la producción literaria, c o m o testigo d e
la vida d e su protagonista. Sabemos q u e Fr. R a i m u n d o
conocía muy bien tanto las o b r a s d e Catalina c o m o los
volúmenes d e anotaciones tomados por Fr. T o m á s della
Fonte. A u n q u e estos datos nos faltaran, habríamos d e
p r e s u p o n e r l o s , ya q u e en la biografía e n c o n t r a m o s fre-
cuentes detalles, frases, imágenes y razonamientos q u e po-
d e m o s leer e n El Diálogo y e n su epistolario. Si nosotros
p o d e m o s señalar, a seiscientos años d e distancia, las n u -
merosas alusiones autobiográficas, ¡cuan más n o le se-
rían conocidas a él! Sin d u d a q u e esos escritos le decían
m u c h o más q u e lo q u e nosotros p o d e m o s d e d u c i r d e u n
análisis p o r minucioso q u e sea, puesto q u e los escritos
d e Catalina son el reflejo d e su vida e n lo más íntimo,
así c o m o del ambiente e n q u e se desenvolvió.
Por eso, n e g a r la a u t o r i d a d d o c u m e n t a l d e Fr. Rai-
m u n d o es peligroso d e s d e el p u n t o d e vista histórico. Es
más, nos vemos obligados a c r e e r q u e esa biografía se
hizo t e n i e n d o e n cuenta y t o m a n d o datos d e sus escri-
tos. Hay, sin e m b a r g o , q u e t e n e r e n c u e n t a q u e nos ha-
llamos ante u n a biografía escrita con fines propagandís-
ticos, y p o r eso e n ella se s u b r a y a n p u n t o s a los q u e u n
historiador m o d e r n o n o daría importancia alguna.
R a i m u n d o d e C a p u a es, a n t e todo, u n hagiógrafo, es-
critor d e vidas d e santos. A n t e r i o r m e n t e había escrito la
vida d e Santa Inés d e Montepulciano. Lo q u e a u n ha-
giógrafo d e la baja E d a d Media interesaba e r a la santi-
d a d , manifestada e n ayunos, penitencias, virtudes, mila-
gros y profecías. Lo q u e él omite, acaso por eso mismo,
suscita e n nosotros u n a m a y o r curiosidad. Quisiéramos
u n a b u e n a noticia, bien detallada, d e la cronología d e la
vida d e Catalina, d e la q u e se nota la falta e n toda la
Introducción general 21

o b r a . Hay a l g u n a s e x a g e r a c i o n e s fáciles d e c o m p r o b a r .
P o d e m o s d u d a r si a l g u n a s intervenciones d e Catalina
e n la vida pública t u v i e r o n t a n t a relevancia c o m o él les
d a . Por estas y otras r a z o n e s , u n «encatalinado» m o d e r -
n o se h a visto obligado a escribir: « N i n g u n a vida d e san-
to c h o c a m á s con las ideas a d m i t i d a s e n n u e s t r o s días
12
q u e la d e Catalina d e Siena» .
Las obras aparecidas sobre Santa Catalina d e Siena
hasta los p r i m e r o s años del p r e s e n t e siglo adolecían, sal-
vo raras excepciones, d e falta d e crítica histórica. Se se-
g u í a n r e p i t i e n d o las m i s m a s afirmaciones s o b r e las exce-
lencias d e la Santa, su g r a n valor e n la política p o r sus
actuaciones e n algunas repúblicas italianas y e n la c o r t e
papal d e A v i ñ ó n , y a p e n a s se a t e n d í a a la f u e n t e y valo-
ración d e las fuentes y testimonios t r a d i c i o n a l m e n t e
aducidos.
E n 1921 apareció e n París u n e s t u d i o q u e i n t e n t ó ser
crítico y objetivo. Su a u t o r e r a el francés R o b e r t Faw-
| 3
tier . E n él se n e g a b a n m u c h a s cosas t r a d i c i o n a l m e n -
te a d m i t i d a s . T a m b i é n la a u t e n t i c i d a d d e las cartas. E n
la s e g u n d a p a r t e d e su trabajo p u b l i c a d o e n 1930, cla-
r a m e n t e a d m i t i ó q u e las cartas n o p o d í a m e n o s d e r e -
conocerlas c o m o d e Catalina.
Fawtier acusa a Fr. T o m á s d e Siena, Caffarini, d e ha-
b e r h e c h o el Suplemento a la biografía d e Fr. R a i m u n d o
d e C a p u a a base d e los m a n u s c r i t o s del c o n f e s o r d e la
Santa, Fr. T o m á s della F o n t e , y n o h a b e r l o s p r e s e n t a d o
al proceso iniciado e n la diócesis d e Castello. E n la se-
g u n d a p a r t e a s e g u r a : «De las Cartas, d e El Diálogo y d e
las Oraciones se d e s p r e n d e u n a i m a g e n d i f e r e n t e d e la
q u e n o s p r e s e n t a n sus hagiógrafos, y esa diferencia ha-
bría sido, sin d u d a , a ú n m á s c o n s i d e r a b l e si esas « b r a s
h u b i e r a n p o d i d o escapar a la acción d e los artífices d e la
14
canonización d e la terciaria d e Siena» .
A m b a s o b r a s c a y e r o n mal a los «encatalinados» m o -
d e r n o s , y bien p r o n t o p u s i e r o n a su a u t o r la etiqueta d e

1 2
LECLERQ, Jacques, Santa Catalina de Siena, trad. y e d . Patmos
(Madrid 1955) p . 2 3 3 .
1 3
FAWTIER, Robert, Sainte Catharine de Sienne. Essai de critique de
sources. I: Sources hagiographiques, e d . Boccard (París 1921); II: Les
Oeuvres de Sainte Catharine de Sienne, Ed. Boccard (París 1930).
1 4
Ibid., Les Oeuvres... p . 3 6 1 .
22 Introducción general

«hipercrítico», palabra con la q u e se pretende desautori-


zar en historia a quienes abren u n a brecha en conclusio-
nes estereotipadas, hasta el m o m e n t o generalmente ad-
mitidas.
Según mi m a n e r a de ver, esos olímpicamente despre-
ciados «hipercríticos» hacen un bien inmenso si en ellos
hay honestidad histórica. Fawtier la demostró varias ve-
ces, reconociendo en 1930 los e r r o r e s en que había in-
c u r r i d o en la publicación de 1921 y después en 1948 al
revalorizar la autoridad histórica d e Fr. R a i m u n d o d e
Capua, q u e había q u e d a d o malparada en las obras ante-
riores. Dice así: «La Legenda maior debe considerarse
como texto importante para la historia de Santa Catali-
na; n o es u n d o c u m e n t o al q u e se p u e d a d a r d e
ls
lado» .
Las reacciones a la obra d e Fawtier no tardaron en
aparecer, a partir ya de su primera obra. Se han multi-
plicado los estudios serios sobre Catalina d e Siena, y su
figura ha salido más real, beneficiada a los ojos d e los
buenos historiadores. Se publican constantemente tra-
bajos más científicos sobre su figura, menos panegiris-
tas. Con ello no ha m e r m a d o su importancia, a p a r t a n d o
d e ella mitificaciones que la hacían inaccesible e incom-
prensible, c u a n d o ella fue siempre u n corazón abierto,
cualidad q u e encatalinaba a quienes se le acercaban.
Aún q u e d a n temas imperfectamente tratados, como
son u n a cronología más perfecta para su vida íntima y
para su acción exterior, el influjo real con los papas Gre-
gorio XI y U r b a n o VI, sus enfermedades, etc. Espera-
mos q u e con el tiempo se vayan abriendo nuevos hori-
zontes. Los temas mejor tratados son los q u e se refieren
a su grupo o familia espiritual, estudiados a través d e
sus escritos y comparativamente con otras producciones
literarias y espirituales d e la época.

Doctrina espiritual

La proclamación d e Santa Catalina d e Siena como


Doctora d e la Iglesia el 4 d e octubre d e 1970 por el

1 5
Ibid., La double expérience de Catharine Benincasa (París 1948)
p.34-35.
Introducción general 23

papa Pablo VI ha v e n i d o a d a r m a y o r i m p o r t a n c i a a su
d o c t r i n a . T e n g a m o s e n c u e n t a , sin e m b a r g o , q u e la p r o -
clamación d e u n a s a n t a c o m o Doctora d e la Iglesia no
implica la obligación d e s e g u i r su d o c t r i n a , sino sólo la
proposición d e esa d o c t r i n a a la c o n s i d e r a c i ó n del p u e -
blo cristiano, y al Doctor, c o m o d i g n o d e ser t e n i d o
c o m o m a e s t r o ; e n el caso d e Catalina d e Siena, c o m o
m a e s t r a d e la vida espiritual. Es m á s , y l l e g a n d o al lími-
te, p u e d e ser q u e en u n Doctor d e la Iglesia se e n c u e n -
t r e n d o c t r i n a s n o c o n f o r m e s con a l g u n a s d e las acepta-
das hoy c o m ú n m e n t e p o r la Iglesia.
A Pablo VI le p r e c e d i e r o n e n c o n d e c o r a c i o n e s a la
Santa d e Siena varios r o m a n o s pontífices, c o m o , p o r
ejemplo, Pío IX, d e c l a r á n d o l a C o p a t r o n a d e R o m a el 13
d e abril d e 1866, y Pío X I I , n o m b r á n d o l a P a t r o n a pri-
m a r i a d e Italia el 15 d e m a y o d e 1940 y P a t r o n a d e las
e n f e r m e r a s italianas el 15 d e s e p t i e m b r e d e 1943.
En los g r a b a d o s y p i n t u r a s m u y poco p o s t e r i o r e s a su
m u e r t e se la r e p r e s e n t a con u n libro en la m a n o , signo
del magisterio, y d e s p u é s , con la figura del P a d r e Eter-
n o i n s p i r á n d o l e su d o c t r i n a .
U n p a p a ya r e n a c e n t i s t a , Pío I I , Eneas Silvio Piccolo-
mini, la elevó a los altares p o r bula, q u e c o m i e n z a con
las p a l a b r a s Misericordias Domini, f i r m a d a el 28 d e j u n i o
d e 1 4 6 1 . En ella se e x p r e s a del siguiente m o d o : «Nadie
se le acercó n u n c a sin volver m á s i n s t r u i d o o mejor. Su
d o c t r i n a fue infusa, n o a d q u i r i d a . Ella apareció c o m o
u n m a e s t r o , sin h a b e r sido discípulo. Los d o c t o r e s en
ciencias s a g r a d a s , los obispos d e las g r a n d e s iglesias, le
p r o p o n í a n las c u e s t i o n e s m á s difíciles s o b r e la divini-
d a d ; sobre ellas recibían las respuestas m á s sabias, m a r -
chándose como corderos después de haber venido como
orgullosos leones y lobos a m e n a z a d o r e s » .
El e n t u s i a s m o del g r a n papa r e n a c e n t i s t a aludía a los
e x á m e n e s d e su espíritu e n el capítulo g e n e r a l d e la O r -
d e n d o m i n i c a n a (1374): d o c t o r e s y c a r d e n a l e s d e la cor-
te papal d e Aviñón, el franciscano P. M a e s t r o Lazarini,
etc., a q u e hacen r e f e r e n c i a Fr. R a i m u n d o d e C a p u a y
las declaraciones d e varios testigos. T o d o s , s e g ú n ellos,
h a b í a n q u e d a d o maravillados d e la ciencia espiritual d e
aquella j o v e n terciaria d o m i n i c a y d e sus a c e r t a d a s res-
puestas, libres s i e m p r e d e o r g u l l o o p r e s u n c i ó n .
24 Introducción general

En este a p a r t a d o n o se intenta hacer siquiera u n bos-


quejo d e la d o c t r i n a d e esta nueva Doctora d e la Iglesia.
N o es t e m a d e u n a introducción. Q u e r e m o s , sin e m b a r -
go, señalar algunas d e sus características, sin p r e t e n d e r
a g o t a r el t e m a .
Lo q u e destaca p r i m e r a m e n t e , u n a vez leídas sus
obras, principalmente El Diálogo, es la solidez d e su doc-
trina, su claridad y la conexión d e ideas. Si alguna vez
desaparece esa conexión, si se repiten temas y concep-
tos, se d e b e a q u e el libro es u n a recopilación d e escritos
de Catalina. Es f e n ó m e n o del que se libran pocas re-
fundiciones.
Característica suya es también su espontaneidad y
a p a r e n t e facilidad en los temas q u e aborda. Esta provie-
n e d e q u e sus escritos, su producción literaria, son u n a
r e p r o d u c c i ó n d e las v e r d a d e s q u e ella tan a r d o r o s a m e n -
te vivía; habla d e cuestiones y verdades m u c h a s veces
m e d i t a d a s . Fray Bartolomé Dominici, en su declaración
p a r a el Proceso castellano, asegura q u e «no se preocupaba
tanto d e leer o d e o r a r [vocalmente] como d e r u m i a r
cada u n a d e las palabras. C u a n d o hallaba u n a q u e d e
m o d o especial le a g r a d a b a , se paraba en ella hasta q u e
l6
el e n t e n d i m i e n t o se n u t r í a d e ella con gozo» . Es decir,
q u e su d o c t r i n a no era m e r a m e n t e especulativa, sino
fruto d e su reflexión y meditación.
Por mujer, p o r italiana y p o r tener —como ella d e -
cía— u n c o r a z ó n d e fuego, Catalina era intuitiva, abar-
c a n d o con la m i r a d a d e su espíritu horizontes q u e la
mayoría n o p o d í a n alcanzar. Su t e m p e r a m e n t o d e fuego
la llevaba a exigirse m u c h o , t o d o , en su vida cristiana.
T a m b i é n lo exigía a sus discípulos; pero con tan persua-
siva d u l z u r a , q u e se veían obligados a hacer lo q u e ella
deseaba. Su característico «yo quiero» se lo decía a sí
misma, a los q u e enviaba sus cartas, al papa y al m i s m o
Dios. El «yo q u i e r o » , q u e tanto nos choca, n o es reflejo
d e u n a voluntad suya, voluntad propia, sino consecuen-
cia d e la voluntad d e Dios, q u e ella quería cumplir y
q u e r í a q u e se cumpliese en cada m o m e n t o . L u e g o el ra-
z o n a m i e n t o e r a claro: debéis hacer tal o cual cosa por-
q u e «yo lo q u i e r o » , y yo lo q u i e r o p o r q u e es la voluntad
16
Processo castellano, e n Fontes Sanctae Catharinae Senensis historici;
I X : Processo... p . 3 0 3 , e d . P. L a u r e n t (Milano 1942).
Introducción general 25

d e Dios. Al m i s m o Dios le a r g ü í a en su peticiones: « T ú


eres el q u e p o n e este d e s e o en mi c o r a z ó n ; luego d e b e s
satisfacer ese deseo mío, q u e n o es o t r a cosa q u e el c u m -
p l i m i e n t o d e lo q u e tú m e pides q u e yo q u i e r a » .
Su libro, El Diálogo, n o p r e t e n d e ser u n a a u t o b i o g r a -
fía espiritual, p e r o e n r e a l i d a d lo es. Es su vida espiri-
tual, su experiencia mística vivida, la historia d e sus de-
seos y relaciones con Dios y con su prójimo, con el m u n -
d o . Es el c o m p e n d i o d e lo q u e h a m e d i t a d o , a n h e l a d o y
escrito m u c h a s veces t a m b i é n e n sus cartas.
E n t r e la d o c t r i n a d e £ / Diálogo y la d e las Cartas y Ora-
ciones hay c o r r e s p o n d e n c i a perfecta. P o d e m o s leer pri-
m e r a m e n t e u n a b u e n a porción d e sus cartas d e diversas
épocas, leer d e s p u é s las o r a c i o n e s , y a c o n t i n u a c i ó n su
libro, o invertir el o r d e n , y siempre h a l l a r e m o s u n i d a d
d e p e n s a m i e n t o , d e frases, d e expresiones, d e i m á g e n e s
y m e t á f o r a s . Esto q u i e r e decir q u e Catalina «tenía esas
ideas» muy en lo íntimo d e su espíritu, que vivían en ella
y q u e ella las servía.
Se ha q u e r i d o e n c o n t r a r e n las o b r a s d e Santa Catali-
na, y m á s en c o n c r e t o en El Diálogo, u n a idea-eje sobre
la q u e giren todas las d e m á s . Los q u e lo i n t e n t a n n o
acaban d e c o m p r e n d e r q u e no nos hallamos a n t e trata-
dos sistemáticos d e teología, sino q u e p o d r í a m o s califi-
car a su o b r a d e enciclopedia d e la divina d o c t r i n a , y
q u e p o r ello n o p o d e m o s p e n s a r en un e s q u e m a g e o m é -
trico, c e r r a d o .
B u s c a n d o la idea-eje, u n o s piensan q u e es la divina
misericordia; o t r o s , el a m o r ; otros, la v e r d a d ; otros,
Cristo R e d e n t o r , la oración, el a m o r a la Iglesia e n el
más amplio sentido d e la palabra, el c u e r p o místico.
A c e p t e m o s la realidad c o m o es y veamos q u e la d o c t r i n a
d e Catalina es c o m o u n a fuente d e varios caños, proce-
dentes todos del mismo manantial, q u e es Dios en su rela-
ción con el h o m b r e , y del h o m b r e e n sus relaciones con
Dios. El estudioso t o m a r á el a g u a d e u n c a ñ o o d e o t r o ,
se inclinará m á s p o r u n t e m a q u e p o r o t r o ; p e r o esta d e -
cisión p r o c e d e d e sí m i s m o , n o d e la escritora.
La d o c t r i n a d e Catalina se halla e n m a r c a d a e n la m e -
j o r teología d e su t i e m p o , c u a n d o tantos e r r o r e s pulula-
b a n , sin las sutilezas d e c á t e d r a ni los e s q u e m a s d e los
t r a t a d o s d e especialistas. N o p r e t e n d e d e m o s t r a r n a d a
26 Introducción general

con argumentos. Apenas hay un silogismo más o menos


expreso. Lo único que hace es exponer para que el enten-
dimiento comprenda, el corazón ame y la voluntad ma-
nifieste ese amor en su conducta y relaciones con Dios.
Este es el único razonamiento q u e repite una y otra vez.
Catalina muestra tener una visión global de la doctri-
na espiritual desde el misterio d e la Trinidad hasta las
últimas derivaciones en los dones de Dios y en las virtu-
des cristianas. Podemos hablar d e la concepción vertical
descendente y ascendente, ambas paralelas. En vertical
descendente vendrían las gracias y dones de Dios al
h o m b r e y en la vertical ascendente irían los frutos de
esas gracias y dones, que son fruto de la respuesta del
hombre.
Para exponer sus ideas, la Santa se vale de las imáge-
nes y metáforas que considera más apropiadas e inteligi-
bles de su tiempo, no siempre coincidentes con nuestro
m o d o actual de expresión. Por eso, algunas veces nos
resultan difíciles y hasta poco apropiadas. La dificultad
inicial suele quedar resuelta por sí misma cuando nos
hemos adentrado en sus escritos; por ejemplo, en El
Diálogo, por ser su obra más extensa, y por ello la que
mejor se presta al desarrollo d e las ideas.
Encontramos, principalmente en El Diálogo, algunas
imprecisiones teológicas hoy inadmisibles. No se trata
de imprecisiones propiamente suyas, sino de la teología
de su tiempo. Merece la pena señalar algunas con que
tropezará el lector.
Para Catalina, el cuerpo místico de la Iglesia se identi-
fica con la jerarquía eclesiástica, desde el vicario de J e -
sucristo hasta el clérigo de categoría más inferior. El
cuerpo místico de la santa Iglesia lo constituyen los ad-
ministradores de los sacramentos. Los demás fieles for-
man el cuerpo general de la religión cristiana o univer-
sal (c.7 y 14, entre otros).
En cuanto al pecado, hace la distinción entre pecado
grave, que viene a identificarse con el venial deliberado,
y el pecado mortal, cuya definición coincide con la de
pecado mortal adoptada por el concilio d e T r e n t o . A los
pecados mortales les llama también pecados capitales.
Hablando de los grados d e la perfección, no hace la
clásica distinción de incipientes, progredientes y perfec-
introducción general 27

tos, sino q u e los llama imperfectos, m á s perfectos y per-


fectísimos. Es obvio q u e esta d e n o m i n a c i ó n importa
poco p a r a la d e b i d a c o m p r e n s i ó n d e su d o c t r i n a .
T a m p o c o tiene i m p o r t a n c i a la distinción q u e hace en-
tre criaturas y cosas c r e a d a s p o r Dios. P a r a ella, la cria-
t u r a es el h o m b r e , el ser racional, y las cosas c r e a d a s se
identifican c o n t o d o lo q u e no es racional, lo q u e n o es
el h o m b r e .
De m a y o r importancia hoy es su d o c t r i n a sobre el pe-
c a d o original e n su relación con María, la M a d r e d e J e -
sús. Ella sostiene, en la o r a c i ó n n ú m e r o 16, la tesis, co-
m ú n a m u c h o s teólogos d e su tiempo y a n t e r i o r e s , c o m o
S a n t o T o m á s d e A q u i n o , d e q u e la Virgen contrajo pe-
c a d o original c o m o t o d a c r i a t u r a y q u e en c u a n t o el
alma le fue i n f u n d i d a (hacia los tres meses d e la concep-
ción) fue liberada d e él. Sólo u n o s q u i n i e n t o s años des-
p u é s se e n c o n t r ó la f ó r m u l a «ex praevisis meritis», q u e
ponía d e a c u e r d o a maculistas e inmaculistas. El b a r n a -
1 7
bita P. Hipólito Marracci publicó en 1663 u n o p ú s c u l o
en q u e p r e t e n d e d e m o s t r a r q u e el largo p á r r a f o final d e
la citada oración fue u n a adición posterior p a r a contra-
decir las Revelaciones d e Santa Brígida d e Suecia, q u e
e r a inmaculista. P e r o esta oración se e n c u e n t r a , tal
c o m o la d a m o s p o r p r i m e r a vez en castellano, en los
m á s antiguos manuscritos y sólo se c o m e n z ó a s u p r i m i r
a p a r t i r d e la edición d e Gigli.
Nadie tiene que admirarse d e q u e en las obras d e San-
ta Catalina se e n c u e n t r e n tales imprecisiones q u e hoy
nos chocan. P o d e m o s hallarlas semejantes y d e m a y o r
importancia en Santos P a d r e s y Doctores d e la Iglesia.
A n t e s d e concluir este a p a r t a d o , d e b e m o s tocar u n
p u n t o i n t e r e s a n t e : la originalidad d e Santa Catalina
c o m o a u t o r a d e literatura espiritual, las ideas propias,
exclusivas, q u e a p o r t ó a la teología d e la vida espiritual.
U n poco lo ha p o d i d o d e d u c i r el lector d e las páginas
a n t e r i o r e s , sobre t o d o d e las d e d i c a d a s a su formación
doctrinal.
Catalina recibe d e su a m b i e n t e espiritual, lee poco, r e -

1 7
MARRACCI, Ippolito, Vindicatio S. Catharinae Senensis a Commentitia
Revelatione eidem S. Catharinae adscripta contra immaculatam Conceptionem
Beatissimae Virginis Mariae (Puteoli 1663).
28 Introducción general

flexiona y medita m u c h o . Después comunica por escrito


y de palabra a sus discípulos lo q u e sabe y percibe. Es
original en el m o d o d e la exposición; ése es su mérito
principal. Su doctrina es de la Sagrada Escritura, espe-
cialmente del Evangelio, y l a c o m ú n a los mejores teólo-
gos. Destaca las ideas q u e le parecen más importantes, y
lo hace con singular acierto. C o m o escritora, adopta tres
géneros literarios bien diferenciados: el epistolar, el diá-
logo y el soliloquio. Los tres tienen u n d e n o m i n a d o r co-
m ú n , q u e p o d e m o s formular d e la siguiente m a n e r a :
Dios es el a u t o r d e su doctrina; ella la expone, no la in-
venta, sino q u e es m e r a transmisora. En su obra princi-
pal, El Diálogo, en q u e se presenta al Padre Eterno, éste
cita a los evangelios, a San Pablo, la Vida de los Padres y
hasta las mismas experiencias místicas d e Catalina. La
v e r d a d divina es p r o b a d a por el Padre con el testimonio
d e autoridades h u m a n a s . A la inversa, podríamos decir
q u e Catalina d e m u e s t r a la doctrina q u e expone p o r los
testimonios de la Sagrada Escritura y d e los autores q u e
cita. Su doctrina es, p o r tanto, doctrina divina y hu-
mana.
Concluimos con unas líneas del P. Bézine: «Donde in-
terviene lo sobrenatural es al d a r valor a la ciencia ad-
quirida. N u n c a la Santa habría podido sacar tan gran
provecho p o r sí misma, y, sobre todo, para los demás,
18
sin u n a gracia muy particular» .

La escritora

Catalina tenía u n excelente d o n d e palabra y de con-


versación. Era particularmente atrayente por su inge-
n u i d a d y p o r el a r d o r de su corazón, q u e ponía colorido
e n sus expresiones. B u e n a p r u e b a de ello es el grupo de
incondicionales, d e encatalinados, q u e relativamente
p r o n t o se formó a su alrededor.
Recordemos sus pocos años c u a n d o comienza a hacer
sentir su presencia e n t r e sus h e r m a n a s terciarias. No to-
das, sin e m b a r g o , se dejaron encatalinar, y surgió u n a
oposición tenaz y prolongada en algunas de ellas, así

1 8
BÉZINE, P., La divine miséricorde (París 1954) p.6.
Introducción general 29

c o m o e n los religiosos del c o n v e n t o d e S a n t o D o m i n g o y


d e otras ó r d e n e s religiosas. Pero su h u m i l d e personali-
d a d se fue a b r i e n d o c a m i n o , l o g r a n d o cautivar p a r a su
m o v i m i e n t o espiritual p r i m e r a m e n t e a p e r s o n a s fácil-
m e n t e impresionables, y d e s p u é s , a m u c h o s d e los q u e
la criticaban, y a q u i e n e s resultaba sospechosa ella o su
movimiento.
Los e x á m e n e s d e espíritu q u e sufrió e n el capítulo ge-
n e r a l d e los dominicos e n Florencia, a n t e los curiales d e
G r e g o r i o XI y p o r p a r t e del franciscano Maestro Lazari-
ni, así c o m o la conversión d e m u c h o s p e c a d o r e s , son
u n a m u e s t r a de su espíritu persuasivo, y e x t e n d i e r o n su
fama. T a n t o s e r a n los q u e se a r r e p e n t í a n c o m o conse-
cuencia d e sus conversaciones, q u e el p a p a le c o n c e d i ó
q u e la a c o m p a ñ a r a n tres confesores q u e p u d i e r a n absol-
ver d e los p e c a d o s r e s e r v a d o s .
Fray R a i m u n d o d e C a p u a escribe en su biografía:
«Necesitaría m u c h o s v o l ú m e n e s p a r a r e f e r i r t o d o lo q u e
el S e ñ o r realizó p o r intercesión d e su fiel esposa p a r a la
conversión d e los p e c a d o r e s , a d e l a n t a m i e n t o espiritual,
9
consuelo d e los afligidos, etc.» > .
Su palabra a r d i e n t e los dejaba maravillados, «encatali-
nados», c o m o se c o m e n z ó a decir e n t o n o despectivo, y
d e s p u é s con u n cierto orgullo. C o m e n z a r o n a llamarla
«la M a d r e » , «la M a m m a » , p o r serlo d e u n n u t r i d o g r u p o
espiritual d e incondicionales. B u e n a p a r t e d e su nueva
familia espiritual la seguía c o n s t a n t e m e n t e , y así, los e n -
c o n t r a m o s en Florencia, Aviñón y R o m a , e n t r e otros lu-
gares. H a b l a n d o d e su estancia en R o m a d e s d e 1379
hasta la m u e r t e , dice Fr. R a i m u n d o : «Al principio d e su
llegada sólo tenía con ella unas veimicuatro c o m p a ñ e r a s ,
p e r o el n ú m e r o fue a u m e n t a n d o c o n s i d e r a b l e m e n t e . E n
casa d o n d e se h o s p e d ó con t o d o su séquito, estableció
u n o r d e n a d m i r a b l e : u n a d e sus asociadas e r a designa-
2 0
da semanalmente»...
Este texto p u e d e i n d u c i r n o s a c r e e r q u e a su g r u p o
p e r t e n e c í a n ú n i c a m e n t e m u j e r e s . La d o c u m e n t a c i ó n y
los mismos escritos d e la Santa nos dicen c l a r a m e n t e
q u e e n el g r u p o figuraban varones; n o sólo c o m o secre-

1 9
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida II c.6.
2 0
Ibid., c.10.
30 Introducción general

tarios o a m a n u e n s e s , sino como asistentes a las reunio-


nes del grupo. En sus Oraciones y Soliloquios los tiene
presentes para pedir por ellos, lo mismo en muchas pá-
ginas d e su libro. Ella se consideraba su «madre espiri-
tual» y ellos e r a n los hijos singularmente amados por
voluntad del Señor.
U n o d e esos discípulos, Esteban d e C o r r a d o Maconi,
cartujo después d e la muerte d e Catalina por m a n d a t o
suyo, confirma en su declaración la fluidez e incansable
palabra d e aquella directora de g r u p o . T a m b i é n nos lo
asegura Fr. R a i m u n d o por estas palabras: «Algunas ve-
ces m e hablaba de los profundos misterios d e Dios, y
como ella no se cansaba nunca, yo, q u e no poseía la su-
blime elevación d e su espíritu, me dormía. Ella, absorta
en Dios, n o se daba cuenta y seguía h a b l a n d o . C u a n d o
se percataba d e que yo me había d o r m i d o , m e desperta-
ba elevando la voz, r e c o r d á n d o m e q u e estaba p e r d i e n d o
preciosas verdades y consideraciones al dejarla q u e ha-
2 I
blase a las paredes» .
De esta facilidad de palabra sobre las cosas d e Dios al
dictado n o hay gran distancia. Desconocemos cuáles
h a n sido sus primeras cartas. Sin d u d a , algunas se h a n
extraviado, a pesar d e que las q u e se conservan forman
u n rico epistolario, que hoy consta d e 385.
Fray R a i m u n d o , habiendo e m p r e n d i d o la tarea d e re-
coger datos p a r a exaltar la figura d e su dirigida, en el
p r i m e r o d e los dos prólogos d e su biografía nos dice:
«Yo la vi muchas veces dictar, a dos escribientes a la vez,
diversas cartas a personas distintas y d e distintas mate-
rias... De lo cual, como yo quedase g r a n d e m e n t e mara-
villado, m e dijeron muchos... q u e algunas veces dictaba
a tres y cuatro escribientes... y con la misma rapidez y fi-
jeza d e memoria»...
Para ella, t e n e r amanuenses era u n a necesidad y n o
u n a c o m o d i d a d , pues no sabía escribir. Se valía d e los
discípulos más aptos y de mayor confianza. T r e s fueron
los principales y más constantes: Barduccio Canigiani,
Esteban Maconi y Neri Pagliaresi. H u b o , sin d u d a , otras
personas q u e eventualmente le hicieron d e secretarios.
Entre otros destacan Fr. Bartolomé Dominici y Cristó-

21
Ibid., c.5.
Introducción general 31

bal G h i a n i , q u e t r a d u j o al latín su libro El Diálogo, r e u -


nió m u c h a s d e sus cartas y c o m p u s o u n p o e m a e n su h o -
2 2
nor .
La p r o d u c c i ó n literaria q u e n o s h a llegado d e Catali-
na d a t a casi exclusivamente d e los a ñ o s 1370 a 1380,
a ñ o d e su m u e r t e , s i e n d o los a ñ o s 1376 a 1379 los d e
m a y o r actividad literaria. Estas fechas son c o n f i r m a d a s
p o r la fecha y c o n t e x t o d e sus cartas, la d a t a c i ó n d e las
Oraciones y Soliloquios y la composición d e su libro. T a m -
bién e n esto es preciso Fr. R a i m u n d o : «Dos a ñ o s antes
de su m u e r t e , Dios d e r r a m ó t a n t a luz s o b r e su alma,
q u e se vio obligada a i r r a d i a r l a e x t e r i o r m e n t e , y, e n
consecuencia, ordenó a sus secretarios q u e pusiesen p o r
2 3
escrito c u a n t o ella dijese d u r a n t e sus éxtasis» .
Si e r a incansable h a b l a n d o d e Dios, n o lo fue m e n o s
e n sus dictados. En su epistolario e n c o n t r a m o s pocas
cartas q u e o c u p e n m e n o s d e u n a página i m p r e s a c o n las
características d e este v o l u m e n . Su c o n t e n i d o es, n a t u -
r a l m e n t e , m u y variado, e n c o n f o r m i d a d c o n las perso-
nas y circunstancias q u e le movían a escribirlas. H a y e n
ellas u n a temática c o n s t a n t e , q u e constituye el núcleo d e
casi todas ellas: h a b l a r d e las cosas d e Dios.
Las Cartas tienen m a y o r e s p o n t a n e i d a d q u e El Diálo-
go, c o m o es n a t u r a l . E n ellas se e n c u e n t r a n alusiones,
m á s o m e n o s explícitas, a sus experiencias místicas. Las
Oraciones y Soliloquios t i e n e n t a m b i é n g r a n n a t u r a l i d a d :
son u n a conversación o interpelación a Dios h e c h a en
presencia d e sus discípulos con la finalidad d e instruir-
los. El Diálogo participa d e estas dos características. En
los tres g r u p o s d e su p r o d u c c i ó n literaria hay a b u n d a n -
tes alusiones a las i n t i m i d a d e s d e su alma; m e n o s , e n las
Oraciones.
En la carta 2 7 2 , d i r i g i d a a Fr. R a i m u n d o , e n c o n t r a -
m o s esta frase: « P e r d o n a d m e q u e escriba d e m a s i a d o ,
p e r o es q u e las m a n o s y la l e n g u a a n d a n d e a c u e r d o »
La d e m a s i a d a extensión d e algunas cartas ha h e c h o
suscitar e n algunos historiadores la sospecha d e si las di-
rigidas a p e r s o n a s tan poco i n t e r e s a d a s e n la vida d e
2 2
C A F F A R I M , en Santa Catalina de Siena (Vergara 1 9 2 6 ) ; Declaracio-
nes p.434.
2 3
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida c.9.
32 Introducción general

piedad c o m o la r e i n a d e Ñapóles interesarían a sus d e s -


tinatarios, sobre t o d o al o b s e r v a r q u e e n ellas a p e n a s se
hacía referencia a noticias y asuntos h u m a n o s y q u e
eran u n a serie d e consejos y avisos doctrinales apropia-
dos casi sólo para personas m u y d e Dios. Supongamos
q u e , efectivamente, esas p e r s o n a s las d e j a r a n a u n lado,
cansados p o r n o e n t e n d e r ni interesarse e n tales t e m a s .
Para n u e s t r o caso, poco nos i m p o r t a el h e c h o . Esas car-
tas ahí están, con t o d o su valor doctrinal.
Se nos o c u r r e u n a ligera observación a propósito d e
las Cartas. Las q u e c o n s e r v a m o s , ¿son las auténticas en-
viadas o s o n copias o b o r r a d o r e s d e las mismas? P o r q u e
p o d e m o s d a r p o r cierto q u e El Diálogo se c o m p u s o con
sus escritos y teniéndolos en c u e n t a , y existe la posibili-
d a d de q u e o c u r r i e r a lo m i s m o con la biografía del
Beato R a i m u n d o d e C a p u a . N o parece creíble q u e sus
discípulos p u d i e r a n rescatarlas tan p r o n t o de sus desti-
natarios, ya en vida d e la misma Catalina.
S u p u e s t o lo a n t e r i o r sobre la p r o d u c c i ó n literaria d e
la Santa, veamos a h o r a c ó m o la valoran los historiado-
res d e la l i t e r a t u r a italiana. N o i n t e n t e m o s a v e r i g u a r lo
q u e p e n s a b a n d e ella sus coetáneos a propósito d e su va-
lor literario. A u n q u e ya se h u b i e r a iniciado el renaci-
m i e n t o y a d m i r a c i ó n p o r el b u e n decir y escribir, los lec-
tores d e o b r a s semejantes a t e n d í a n m e n o s al ropaje y
a d o r n o literario q u e a las ideas q u e se e x p o n í a n e n los
escritos. H a s t a el siglo X V I I I , salvo a l g u n a r a r a excep-
c i ó n , las alabanzas a Catalina r e c a e n sobre el valor d e su
d o c t r i n a espiritual.
El sienes J e r ó n i m o Gigli d e d i c ó b u e n a p a r t e d e su
vida al e s t u d i o d e las o b r a s d e su paisana. La conclusión
a q u e llegó y quiso llevar a sus lectores fue q u e el len-
guaje u s a d o p o r Catalina, el dialecto toscano, es m á s
p u r o , d e mejor factura, más italiano q u e el florentino
u s a d o p o r D a n t e , Petrarca y Boccaccio.
U n a d e las finalidades d e Gigli al publicar las o b r a s d e
Catalina fue, c i e r t a m e n t e , ésa. Bajo su dirección a p a r e -
cieron c u a t r o v o l ú m e n e s e n folio: el p r i m e r o , d e d i c a d o
a la Legenda, d e Fr. R a i m u n d o d e C a p u a ; los s e g u n d o y
tercero, al epistolario, y el c u a r t o , a El Diálogo y a las
Oraciones. A ú n a ñ a d i ó o t r o v o l u m e n , titulado Vocabulario
cateriniano, e n el q u e justifica las palabras e m p l e a d a s p o r
Introducción general 33

la virgen d e Siena; según él, más correctas q u e las usadas


e n el dialecto florentino.
Así c o m i e n z a a c o n s i d e r a r s e a Catalina c o m o u n a glo-
ria d e la l i t e r a t u r a italiana. Los e d i t o r e s p o s t e r i o r e s y los
q u e e s t u d i a r o n su p e r s o n a l i d a d y d o c t r i n a n o p u d i e r o n
ya p r e s c i n d i r del e s t u d i o d e n u e s t r a e s c r i t o r a d e s d e
el p u n t o d e vista d e su valor literario. P o r el m i s m o
t i e m p o nació u n a r a m a d e la historia, q u e a h o r a llama-
m o s historia d e la l i t e r a t u r a . T a m p o c o e n ella se h a p o -
d i d o d e j a r d e t o m a r l a e n c u e n t a , a u n q u e n o t o d o s los
a u t o r e s coinciden e n la valoración literaria. D e ahí la
publicación del índice literario al final d e este volu-
men.
Francisco d e Sanctis, e n su Storia della letteratura italia-
24
na , o b r a clásica, a ú n e n vigencia e n g r a n p a r t e d e sus
afirmaciones, d e d i c ó u n a s c u a n t a s p á g i n a s a Catalina
d e Siena c o m o escritora. D e ella e s p i g a m o s a l g u n a s fra-
ses q u e p u e d e n i n t e r e s a r al lector. E n ella l e e m o s ha-
b l a n d o d e los escritores del siglo X I V : « P e r o h e aquí, e n -
t r e t a n t a s vidas d e s a n t o s , el s a n t o e n p e r s o n a y p i n t o r
d e sí m i s m o : Catalina d e Siena... T i e n e la visión d e lo
abstracto, y lo hace corporal, hace d e lo corpóreo la luz.
D e s p u é s , u n lenguaje figurado y m e t a f ó r i c o ; m u c h a s
veces, tedioso; o t r a s , llevado a lo a b s u r d o . Participa del
estilo bíblico y del mal g u s t o d e los t i e m p o s ; p e r o , c o n
t o d o , es la f o r m a n a t u r a l d e su m e n t e . . . La c l a r i d a d d e
intuición, a c o m p a ñ a d a c o n exquisita sensibilidad, y la
perfecta s i n c e r i d a d d e la fe, !a h a c e n e n c o n t r a r delica-
d a s y p e r e g r i n a s f o r m a s d i g n a s d e u n artista. P e r o las
f r e c u e n t e s r e p e t i c i o n e s , la exposición didáctica, esa u r -
gencia d e consejos, d e e x h o r t a c i o n e s , d e p r e c e p t o s sin
t r e g u a ni reposo, h a c e n al libro tedioso y m o n ó t o n o » . El
c o n o c i d o crítico p r e s c i n d e , c o m o t a n t o s o t r o s , del valor
intrínseco y expositivo d e u n a d o c t r i n a q u e m u y p r o b a -
b l e m e n t e t r a n s c e n d i e r a a sus c o n o c i m i e n t o s , fijándose
ú n i c a m e n t e en la f o r m a , lo q u e es v a l o r a r a m e d i a s . De
t o d o s m o d o s , p o r las frases transcritas v e m o s q u e el ba-
lance es, e n g e n e r a l , positivo, si bien destaca el tedio q u e
le p r o d u c í a n tantos consejos y avisos espirituales.
I. Blasi h a escrito: « G r a n d e s escritoras e n Italia n o
2 4
S A N C T I S , F r a n c i s c o , Storia della letteratura italiana, ed. Sansoni
( F l o r e n c i a 1965), c.5 p . 1 0 7 .
34 Introducción general

2S
hay más que una: Catalina de Siena» , y tanto G. Papi-
ni (1937) como G. Petrochi (1965) le han prodigado ala-
26
banzas en sus respectivas historias de la literatura .
El Diálogo es la obra que más se presta a juzgar del va-
lor literario de los escritos de la Santa, por ser una expo-
sición más sistemática y completa de sus ideas y senti-
mientos. En él se advierte la concatenación de elemen-
tos, que se van completando unos a otros hasta poner
ante nuestra vista una visión global de las relaciones de
Dios con el hombre y la correspondencia que éste debe
tener con Dios. No se encuentra la lógica de las grandes
escuelas filosóficas y teológicas, pero sí la lógica interna
de sentires místicos muy personales. No siempre se en-
cuentra formado el historiador d e la literatura para
comprender estas materias, y por eso no se fija más que
en la corteza, en el ropaje que cubre esas ideas.
Sin embargo, acaso abuse Catalina de las bellas expre-
siones. Es notable la sobresaturación de imágenes y me-
táforas. Estas son, en ella, un elemento literario de difí-
cil compresión por tratarse de modos y modas en los
escritores d e hace seis siglos. La mayoría de las veces,
esas imágenes o metáforas son explicadas por sí mismas
al ser empleadas nuevamente unas páginas después.
Las frecuentes repeticiones se deben, en parte, al siste-
ma de dictado y a que la escritora intenta recalcar ideas
ya propuestas. Este sistema de subrayar ciertos puntos
era común en la mayor parte de los escritores de los si-
glos pasados. Queremos destacar una repetición fre-
cuente: la dificultad de expresar con palabras las ideas y
sentimientos del corazón, así como las experiencias mís-
ticas. Fray Raimundo se hace eco de ella cuando pone
en labios de Catalina: «Pero aquí me falta la memoria, y
la pobreza del lenguaje me impide una descripción ade-
cuada de esas cosas. Sin embargo, le daré lo que pue-
27
da» .
Ella utilizaba todos los medios a su alcance. Recuerda
los desafíos y torneos, tan en boga en su tiempo, para
hablarnos de la lucha sostenida por Cristo con el demo-
2 5
BLASI, I., Le crittici itaüane dalle origini al 1800 (Florencia) p.32.
2 6
PAPINI, Giovanni, Storia della letteratura italiana (Florencia 1937);
PETROCHI, Historia della letteratura.
2 7
RAIMUNDO DF. CAPUA, Vida II c.5.
Introducción general 35

n i o : « H a v e n i d o c o m o c a p i t á n n u e s t r o , y c o n la m a n o
sin a r m a s , sujeto y c l a v a d o e n la c r u z , h a d e r r o t a d o a
n u e s t r o s e n e m i g o s ; y la s a n g r e h a q u e d a d o e n el c a m p o
p a r a d a r n o s á n i m o a n o s o t r o s , c a b a l l e r o s , a c o m b a t i r vi-
2 8
r i l m e n t e , sin t e m o r a l g u n o » .
L o visto y m e d i t a d o f o r m a e n ella u n t o d o p a r a n u e s -
t r a vida espiritual. C o m o b u e n a m e r i d i o n a l , h a b l a a r á -
fagas d e i n t u i c i ó n e i m a g i n a c i ó n . Su estilo l i t e r a r i o p u e -
d e calificarse d e f o s f o r e s c e n t e , l u m i n o s o . C o m p a r a la
c o m p e n e t r a c i ó n e n t r e D i o s y el a l m a c o n la d e l p e z e n el
2 9
a g u a d e l m a r ; el a l m a se p a r e c e a u n r e c i p i e n t e , q u e ,
c u a n d o se llena, n o d e s e a m á s , n o p u e d e r e c i b i r m á s ,
3 0
cosa q u e o c u r r e e n los b i e n a v e n t u r a d o s e n el cielo ; las
ó r d e n e s religiosas s o n c o m o navecillas d o n d e e n c u e n -
3 1
t r a n cobijo las a l m a s c o n t r a el oleaje d e l m u n d o ; la
c o n c i e n c i a es el p e r r o q u e a d v i e r t e al a l m a d e la p r e s e n -
cia d e l e n e m i g o ; los religiosos s o n m o v i d o s p o r las velas
al v i e n t o d e las e m b a r c a c i o n e s , sin n e c e s i t a r a p e n a s t r a -
bajar r e m a n d o c o n sus b r a z o s e n el m o m e n t o d e la t e n -
tación; C r i s t o es el y u n q u e s o b r e el q u e g o l p e a la j u s t i c i a
d i v i n a a c a u s a d e n u e s t r o s p e c a d o s ; El o b r a y c o r r e
c o m o u n e n a m o r a d o h a c i a la a m a d a , q u e es el a l m a ; es
c o m o u n b o r r a c h o , e b r i o d e a m o r , m o v i d o sólo p o r la
f u e r z a d e l a m o r ; se m a n i f i e s t a c o m o e n l o q u e c i d o d e
a m o r ; el h o m b r e d e b e t e n e r h a m b r e d e a l m a s , c o m e r
a l m a s . P o d r í a m o s e x t e n d e r n o s m u c h o m á s e n el r e -
cuento d e imágenes y alegorías, q u e envidiarían muchos
r e c o n o c i d o s literatos.
D e b e m o s a ñ a d i r a e s t o las p e c u l i a r i d a d e s d e la l e n g u a
italiana-toscana, q u e s o n m e n o s p e r c e p t i b l e s e n u n a t r a -
d u c c i ó n . Son f r e c u e n t e s e n C a t a l i n a los c a r i ñ o s o s d i m i -
n u t i v o s , e l « b a b b o m i ó » , q u e p o d e m o s t r a d u c i r p o r «pa-
d r e c i t o m í o » ; la aplicación d e l calificativo «dulce» a t o d o
lo q u e a m a o le m e r e c e r e s p e t o , p o r lo q u e aplica la p a -
l a b r a «dulce» al t a n p o c o d u l c e U r b a n o V I ; el d e
«viejecito», aplicado a S a n P e d r o , etc.
T i e n e t a m b i é n e x p r e s i o n e s m o d e l o d e p r e c i s i ó n lite-
2 8
C a r t a a F r . R a i m u n d o , e d . T o m m a s e o - M i s c i a t e l l i , y Diálogo c.20
y 100.
2 9
C a r t a 3 7 3 , a F r . R a i m u n d o , y Diálogo.
3 0
C a r t a s 4 9 , 5 2 y 5 5 y Diálogo c . 1 2 .
3 1
C a r t a 3 5 y Diálogo.
36 Introducción general

raria y doctrinal: al papa le llama «cristo en la tierra»; a


los ministros d e la Iglesia, «ángeles en la tierra:»; a los
c o n d e n a d o s , «mártires del d e m o n i o » .
Son frecuentes en ella las contraposiciones en frases y
capítulos p a r a q u e la idea q u e d e mejor subrayada. Así,
p o r ejemplo: las primicias o a r r a s del cielo las contrapo-
n e a las arras o primicias del infierno; contra la negli-
gencia p r o p o n e el trabajo, p o r q u e el tiempo no espera;
el agua viva es lo contrario del a g u a m u e r t a del pecado;
el temor servil lo c o n t r a p o n e al t e m o r santo de o f e n d e r
al Padre; hay u n a p u e r t a q u e lleva a Cristo y u n a p u e r t a
q u e es la del d e m o n i o ; u n árbol q u e da frutos d e vida y
o t r o q u e da frutos de m u e r t e ; los bienaventurados son
gustadores del cielo, y los c o n d e n a d o s , gustadores del
infierno, etc.
La naturaleza la transportaba a la contemplación d e
las cosas del cielo. Las flores le e n c a n t a b a n , pues, como
escribe Fr. R a i m u n d o , «era m u y aficionada a esta poesía
32
d e la naturaleza» . En la declaración d e Fr. Bartolomé
Dominici se nos completa esta noticia: «En los m o m e n -
tos desocupados lavaba cuanta r o p a encontraba en casa,
o bien recogía azucenas, rosas, violetas y otras flores, y
con ellas hacía cruces y preciosos ramilletes. Acompañá-
banla jóvenes piadosas q u e llevaban el mismo hábito
[terciarias] y tenían los mismos deseos, y j u n t a s canta-
33
ban devotos cánticos» .
Esteban Maconi escribió en su Carta-declaración q u e el
contacto con la naturaleza la llevaba a alabar a Dios:
«Me a c u e r d o d e q u e c u a n d o veía flores en u n p r a d o , en
las q u e recibía m u c h o placer, luego nos convidaba con
santa alegría, diciendo: " ¿ N o veis c ó m o todas las cosas
alaban y p r e g o n a n a Dios? Estas flores rojas nos mues-
tran las llagas d e Jesucristo"; y c u a n d o veía u n a multi-
3 4
t u d de hormigas...»
Las mismas obras d e los h o m b r e s la llevaban a la me-
ditación y a sacar provecho para su alma. Su imagina-
ción trabajaba, y p r o c u r a b a sacar d e la contemplación
3 2
R A I M U N D O DE C A P U A , Vida II c.10.
3 3
DOMINICI, Fr. Bartolomé, en Santa Catalina de Siena (Vergara
1926) p.491.
3 4
MACONI, Esteban, en Santa Catalina de Siena (Vergara 1926)
p.468.
Introducción general 37

d e ellas a l g ú n fruto p a r a su espíritu. H a c e símiles c o n


faenas d e la a g r i c u l t u r a , y, s o b r e todo, d e la albañilería
y del p u e n t e . C r e o q u e la doctrina del «puente», aplica-
d a a Cristo, m e d i a d o r e n t r e Dios y los h o m b r e s , h a sido
r e d o n d e a d a con la contemplación del «ponte Vecchio», d e
Florencia, o d e a l g ú n otro d e las m i s m a s características
existentes e n Siena o e n a l g u n a otra c i u d a d italiana d e
su tiempo. El «ponte Vecchio» d e Florencia conserva a ú n
su f o r m a medieval: u n i ó n d e l c a m p o ( h o y barrios) c o n
la c i u d a d a m u r a l l a d a , e n l o s a d o , t i e n d a s e n las aceras.
C o m u n i c a b a c o n la c i u d a d p o r m e d i o d e u n a p u e r t a d e
m u r a l l a , q u e tenía, c o m o e r a c o s t u m b r e y d e necesidad,
u n a p u e r t e c i t a o postigo. M u y p r o b a b l e m e n t e , existía a
la e n t r a d a del p u e n t e u n c r u c e r o o crucifijo g r a n d e d e
p i e d r a s o b r e u n a p e a n a c o n tres escalones, c o m o p u e -
d e n verse a ú n m u c h o s p o r t o d a s p a r t e s . D e la c o n t e m -
plación d e este p u e n t e u o t r o s e m e j a n t e sacó ella t o d a
u n a aplicación a Cristo m e d i a d o r , paso o b l i g a d o d e íos
v i a n d a n t e s q u e d e s e a b a n llegar a la c i u d a d , símbolo e n
este caso d e la felicidad y la gloria del cielo. N o es preci-
so, c o m o hace el P. Bézine, a c u d i r al f a m o s o p u e n t e d e
A v i ñ ó n , p u e s los tenía e n Italia.
R e s u m i e n d o : e n c o n t r a m o s e n los escritos d e Catalina
t o d o s los e l e m e n t o s q u e se p u e d e n exigir a u n a b u e n a
escritora, a u t o r a d e u n a o b r a literaria d e p r i m e r o r d e n ,
t a n t o m á s d i g n a d e ser ensalzada c u a n t o q u e e n la anti-
g ü e d a d e r a n m u y escasas las m u j e r e s q u e t u v i e r a n y
m a n i f e s t a r a n sus c u a l i d a d e s literarias.

Nuestra e d i c i ó n

C o n t i e n e c o m o base la t r a d u c c i ó n d e l libro d e Catali-


n a , su libro, c o m o ella se complacía e n llamarlo: El Diá-
logo. Le siguen sus Oraciones y Soliloquios. La traducción
d e a m b a s o b r a s se h a h e c h o s o b r e las respectivas edicio-
nes ( 1 9 6 8 y 1978), a c a r g o d e Giuliana Cavallini. Son las
mejores publicadas hasta el m o m e n t o .
H e m o s q u e r i d o ser ñeles al t e x t o e n t o d o lo posible,
p e r o es u n a necesidad p o n e r l o s e n b u e n castellano, apto
p a r a u n a lectura fácil, sacrificando sólo a l g u n a vez el es-
tilo a la claridad d e las ideas. H a sido preciso p a r a ello
38 Introducción general

suprimir frases q u e nada añaden al sentido, que vienen


a ser algunas veces no otra cosa q u e muletillas o refe-
rencias innecesarias, como, por ejemplo, la frase «como
q u e d a dicho», que se repite decenas y decenas de veces.
Hemos procurado ser parcos en las notas, no omitién-
dolas nunca c u a n d o las hemos creído necesarias para
que el texto aparezca más claro. Hemos omitido tam-
bién las citas de las cartas que se pudieran aducir para
comparar las ideas d e El Diálogo y de las Oraciones y de-
mostrar q u e lo q u e Catalina asegura en cualquiera de
estas dos obras se halla también en las cartas de la San-
ta.
El índice de materias al final del volumen será de mu-
cha utilidad para los estudiosos q u e deseen conocer el
pensamiento de Catalina sobre u n p u n t o determinado.
C u a n d o se publique el Epistolario y el índice analítico q u e
le seguirá, permitirá ver la doctrina espiritual de la san-
ta Doctora de m o d o global. N o conocemos ninguna edi-
ción que haya hecho este esfuerzo tan necesario. Las car-
tas sobre las que se trabaja ordinariamente en el estudio
de la doctrina espiritual de Catalina son muy limitadas,
sin poder asegurarse nunca que se haya llegado a abar-
carlas en su totalidad.
Hemos considerado, para mejor comprensión de la
casuística sobre los escritos de la Santa de Siena, redac-
tar tres introducciones. Primeramente, u n a introduc-
ción general a todas las obras y u n a especial para cada
obra. Esto permite evitar repeticiones y d a r u n a idea
más clara de cada obra, sin olvidar el aspecto general.
Por eso aparecen en este volumen las introducciones a
El Diálogo y a las Oraciones inmediatamente antes d e
cada una d e estas obras.
En cuanto a la bibliografía, citamos la q u e parece más
importante, omitiendo en ella numerosos artículos apa-
recidos en diversas revistas y publicaciones, prefiriendo
las obras de mayor extensión, a no ser q u e algún artícu-
lo, aunque relativamente breve, sea de una importancia
especial y no se encuentre recogido en publicaciones pos-
teriores del mismo autor.
¡Quiera Dios que hayamos acertado en todo!

Madrid, 29 de abril de 1980.


EL DIALOGO
Santa Catalina d e Siena e n t r e g a sus escritos a sus discípulas.
( T o m a d o d e / / Dialogo, e d i t a d o p o r M . d e C o d e c a e n V e n e c i a
e n 1494.)
INTRODUCCIÓN A «EL DIALOGO

El título
Catalina puso t o d a su dedicación y c a r i ñ o e n lo q u e
ella llamaba «mi libro». N u n c a le llamó d é o t r o m o d o .
P a r a sus discípulos e r a el libro d e su « m a d r e espiritual»,
q u e , m o v i d a p o r el Espíritu S a n t o , había e x p u e s t o el ca-
m i n o p a r a u n a m á s alta perfección.
E n el s e g u n d o p r ó l o g o q u e F r . R a i m u n d o d e C a p u a
escribió p a r a la biografía q u e c o m p u s o d e su d i r i g i d a ,
d e s p u é s d e p r o p o n e r el p l a n g e n e r a l d e su o b r a y testifi-
car, e n n o m b r e d e «la inefable V e r d a d » , q u e c u a n t o e n
esta biografía se halla e r a c o n f o r m e a la v e r d a d , sin fic-
ción ni m e n t i r a , escribe: « A ñ a d i r é l u e g o el libro a d m i r a -
ble d e su d o c t r i n a , q u e c o n t i e n e sus diálogos y v e i n t i u n a
oraciones» '.
De a q u í p a r t e n los títulos c o n q u e d e s p u é s se le
c o n o c e r í a : El libro de los Diálogos o El Diálogo, así c o m o
t a m b i é n «El libro d e la divina d o c t r i n a » . El biógrafo d e
la Santa n o p r e t e n d i ó d a r l e título, sino explicar el m o d o
literario e n q u e se n o s p r e s e n t a (el diálogo) y su c o n t e n i -
d o . Son, p o r t a n t o , estos u'tulos s o l a m e n t e u n calificativo
d e su f o r m a y c o n t e n i d o .
E n el t r a n s c u r s o d e l t i e m p o se le f u e r o n d a n d o o t r o s
títulos, c o m o Tratado de la Providencia, Libro de la Miseri-
cordia, e t c . Más q u e n i n g ú n o t r o , se h a g e n e r a l i z a d o y
a d m i t i d o c o m ú n m e n t e el título d e El Diálogo de Santa
Catalina de Siena, q u e es el q u e m a n t e n g o a q u í , a u n q u e
crea más apropiado «Los Diálogos» p o r ser m u c h o s y di-
versos e n el t i e m p o .

Fecha d e c o m p o s i c i ó n
E n el epistolario d e Catalina e n c o n t r a m o s i m á g e n e s ,
m e t á f o r a s y frases e n t e r a s q u e se hallan r e p e t i d a s e n El
Diálogo.
1
R A I M U N D O DE C A F U A , B e a t o , Vida de Santa Catalina de Siena p r ó l .
2 í s e h a c e n las citas d e esta o b r a Dor Dartes v capítulos para d u e resul-
— » • 1 " ! / 1 * 1

t e m á s fácil la v e r i f i c a c i ó n e n c u a l q u i e r e d i c i ó n e s p a ñ o l a o e x t r a n j e r a ) .
42 El Diálogo

2
La carta n ú m e r o 272 sorprende p o r encontrarse en
ella u n boceto de la doctrina de Cristo-Puente. Fue es-
crito después del 10 de octubre de 1377. Hay una rela-
ción íntima e n t r e ella y el libro; luego es como u n es-
q u e m a que después se desarrollará. Anterior no p u e d e
ser, puesto que todos los documentos nos llevan a ase-
g u r a r que fue escrito e n t r e 1377 y 1378, en que se con-
cluyó. Por lo tanto, el libro se comenzó a escribir des-
pués d e haberse escrito esa carta. La terminación del
libro aparece concretada en el colofón del códice de
Siena con estas palabras: «Aquí termina el libro hecho y
c o m p i l a d o p o r la v e n e r a n d í s i m a v i r g e n , fidelísima
sierva y esposa de Jesucristo crucificado, Catalina de
Siena, del hábito de Santo Domingo, e n el a ñ o del Se-
ñ o r 1378, en el mes de octubre».
Precisada la fecha d e la conclusión d e la obra, se han
dedicado los investigadores a fijar la d e su comienzo.
N u e v a m e n t e hay que acudir a la biografía d e Fr. Rai-
m u n d o . En ella leemos: «A pesar de todas estas amenazas
y persecuciones, ella nunca quiso abandonar el territorio
de esta república [de Florencia] hasta que Urbano VI,
sucesor d e Gregorio XI, hubo hecho la paz con los
florentinos. Después d e la publicación d e esta paz, Cata-
lina volvió a Siena y se ocupó más diligentemente de la
composición d e u n libro que dictó en lengua vulgar bajo
la inspiración del Espíritu Santo. Ella tenía amanuenses
para escribir las cartas que enviaba a diversos países. Les
rogó q u e estuvieran atentos, observándola d u r a n t e los
éxtasis q u e tenía con frecuencia, y de los que hemos ha-
blado, y que después escribiesen con cuidado en este
m o m e n t o lo q u e ella les había de dictar. Ellos desempe-
ñ a r o n escrupulosamente esta tarea, y compusieron así
un libro lleno d e muy grandes y muy útiles pensamien-
tos q u e el Señor revelaba a Catalina, y que la voz de la
Santa dictaba en lengua vulgar. Lo que aquí hay d e sin-
gular y maravilloso es que ella hizo este dictado c u a n d o
su espíritu a r r o b a d o no dejaba a los sentidos actividad
3
alguna q u e les fuera propia» .

2
CARTAS. Se citan por la edición de Niccolo Tommaseo-Piero Mis-
ciatelli (Florencia 1970).
3
R A I M U N D O DE C A P L A , Vida III c.l.
Introducción 43

D e este l a r g o p á r r a f o se d e d u c e q u e b u e n a p a r t e del
libro fue escrito d e s p u é s del a c u e r d o d e p a z e n t r e el
papa y Florencia. Sabemos q u e ésta tuvo d o s partes: p o r
p a r t e d e Florencia, d e sus e m b a j a d o r e s , se c o n c l u y ó el
18 d e j u l i o , y p o r p a r t e d e l p a p a fue ratificado el 1.° d e
o c t u b r e d e 1378. ¿ D e s p u é s d e cuál d e estas d o s fechas
r e g r e s ó Catalina a Siena?
U n a c a r t a escrita a su h o s p e d e r o F r a n c i s c o d e Pipino,
s a s t r e e n Florencia, n o s a s e g u r a q u e ella se había m a r -
c h a d o ya, p u e s e n ella le p i d e el l i b r o y los o r i g i n a l e s d e
los privilegios q u e el p a p a h a b í a c o n c e d i d o a la S a n t a .
L u e g o e n esa fecha, q u e es d e la p r i m e r a m i t a d d e agos-
to, n o se hallaba ella e n Florencia, y a d e m á s d e b i ó d e sa-
lir d e la c i u d a d u n p o c o p r e c i p i t a d a m e n t e , p u e s d e j ó n o
sólo el libro, sino los privilegios. El t e x t o d e esta c a r t a ,
d e s c u b i e r t o e n 1914 p o r R o b e r t F a w t i e r y e s t u d i a d o
4
d e s p u é s p o r D u p r é - T h e s e i d e r , dice así: «Dad a F r a n -
cisco el libro..., p o r q u e q u i e r o escribir a l g u n a cosa».
L u e g o se d e d u c e t a m b i é n q u e el l i b r o existía ya, a u n q u e
n o t e r m i n a d o . P o r lo cual n o r e s u l t a a v e n t u r a d o afir-
m a r q u e R a i m u n d o al escribir dijo v e r d a d a s e g u r a n d o
q u e e n Siena «se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e d e la c o m -
posición d e u n libro». El « m á s d i l i g e n t e m e n t e » es u n
comparativo q u e tiene que hacer relación a u n época
a n t e r i o r ; l u e g o se o c u p ó m á s d i l i g e n t e m e n t e q u e a n t e s ;
l u e g o a n t e s se h a b í a o c u p a d o ya d e escribir su libro.
R e t r o c e d i e n d o e n el t i e m p o , d e s p u é s d e c o n o c e r q u e
el libro estaba ya escrito, e n p a r t e , a p r i m e r o s d e agosto
d e 1378, descubrimos, asimismo, su existencia antes del
2 3 d e j u n i o d e l m i s m o a ñ o , p u e s t o q u e se hallaba e n
m a n o s d e u n a condesa, sin d u d a p a r a q u e se aprovechara
d e él e s p i r i t u a l m e n t e , y d e b i ó d e t e n e r l o e n su p o d e r
m á s t i e m p o d e l c a l c u l a d o p o r C a t a l i n a , q u e se impacien-
ta p o r ello. Esta es la r a z ó n del s i g u i e n t e e n c a r g o d e la
S a n t a a E s t e b a n M a c o n i , a q u i e n e n la c a r t a 3 6 5 d i c e :
« M a n d a d a p e d i r a la c o n d e s a m i l i b r o ; lo h e e s p e r a d o
a l g u n o s días y n o viene. Y p o r e s o , si vas allá, dile q u e lo

4
FAWTIER, R o b e r t , Meìanges d'Archeologie et d'Histoire, a n o 1 9 1 4 ;
D U P R É - T H E S E I D E R , E u g è n e , Bulletino dell'Istituto Storico Italiano, ano
1941, n.47.
44 El Diálogo

m a n d e pronto; y m a n d a a quien vaya para que se lo


5
diga y que lo deje» .
Con esta documentación se demuestra que el libro
existía, a u n q u e incompleto, en la primavera. Por otra
parte, u n códice existente en la Biblioteca Vaticana nos
dice que el libro se compuso en tiempos de Grego-
rio XI; luego antes de abril d e 1378, pues murió el 21 de
marzo, noticia q u e le llegó a Catalina c u a n d o se hallaba
ya en Florencia enviada por el papa difunto. Urbano VI
fue elegido el 12 d e abril.
Sabemos que Catalina m a r c h ó d e Siena a Florencia,
enviada por Gregorio XI, e n t r e e n e r o y marzo del mis-
mo año. T a m b i é n que, c u a n d o escribió la carta 272, se
hallaba en Val d'Orcia en misión d e pacificación y apos-
tolado, en otoño d e 1377. Según Dupré-Theseider, po-
dría darse como fecha del comienzo del libro, más o
menos, el mes de diciembre de ese año; que lo siguió
escribiendo en los meses posteriores, para encontrarse
en buena parte hecho en la primavera de 1378, fecha en
que es ya llamado libro en manos d e la condesa. Sin em-
bargo, no lo daba Catalina por concluido en el mes de
agosto, puesto que lo reclama d e Francisco d e Pipino
para escribir más en él.
Un indicio d e q u e se desarrolló así su composición es
que en su texto no se hace la más mínima alusión al cis-
ma producido por la elección del anti-papa Clemen-
te VII, hecho que le hubiera venido muy bien p a r a inser-
tarlo como u n a prueba más de la relajación del clero y
necesidad d e reforma c u a n d o trata el tema d e la necesi-
dad d e la reforma en la j e r a r q u í a eclesiástica. La elec-
ción de Clemente VII tuvo lugar en 20 d e septiembre.
La noticia se extendió rápidamente por toda la cristian-
dad, y, antes que en otro lugar, por Italia. Es inconcebi-
ble que ella no la conociera el día 9 d e octubre, fecha en
que algunos dicen que comenzaron los éxtasis d e Catali-
na en los que habría comenzado a dictar el libro.
Se ha pensado, para concordar d o c u m e n t o s , pero sólo
como u n a posibilidad, en dos redacciones distintas del
libro. Nosotros conoceríamos la segunda. Esta suposi-
ción es válida para mí. La no inclusión de alusiones al
cisma se debería al propósito de no tocar huevos temas y
5
Carta 3 6 5 .
Introducción 45

a u n a m á s fácil r e m o d e l a c i ó n del m a t e r i a l q u e se tenía a


mano.
La actividad d e Catalina e n Val d ' O r c i a , su t r a s l a d o a
Florencia, sus días azarosos en esta c i u d a d , n o son óbice
p a r a q u e ella d i c t a r a su libro. S a b e m o s q u e se hallaba
d o t a d a d e u n g r a n p o d e r d e abstracción, afirmación
q u e se c o r r o b o r a r e p a s a n d o la c a n t i d a d d e c a r t a s dicta-
d a s e n la m i s m a época.
Fray T o m á s d e Siena, Caffarini, dice e n su declara-
ción: «En cuanto a la composición d e su libro, e n t r e otras
cosas, había esto d e a d m i r a b l e e n esta v i r g e n : a u n q u e
h u b i e s e n pasado algunos días sin d i c t a r p o r a l g u n a cir-
c u n s t a n c i a especial, al r e e m p r e n d e r el d i c t a d o t a n p r o n -
to c o m o le e r a posible, recogía el hilo del p u n t o e n q u e
lo había d e j a d o , c o m o si n o h u b i e r a h a b i d o i n t e r r u p -
ción. A d e m á s , c o m o a p a r e c e p a t e n t e e n el libro, a u n
d e s p u é s d e h a b e r d i c t a d o varias hojas, r e s u m e las ideas
principales c o m o si las cosas dichas o p o r d e c i r h u b i e r a n
e s t a d o i g u a l m e n t e p r e s e n t e s e n su m e n t e , c o m o real-
6
m e n t e lo estaban» .

R e d a c c i ó n del libro
De la d o c u m e n t a c i ó n a n t e r i o r , c o n n o ser m u y a b u n -
d a n t e , se d e d u c e q u e es insostenible la a n t i g u a teoría d e
q u e El Diálogo fue d i c t a d o y r e d a c t a d o e n cinco días. El
t e x t o d e Fr. R a i m u n d o e n q u e se a p o y a r o n p a r a afir-
m a r l o n o s dice q u e , d e s p u é s d e la paz d e Florencia c o n
el p a p a , C a t a l i n a r e g r e s ó a Siena, y allí «se o c u p ó m á s di-
l i g e n t e m e n t e d e la c o m p o s i c i ó n d e l libro». C o m o la paz
p o r p a r t e d e Florencia se hizo el 18 d e j u l i o d e 1378 y
C a t a l i n a se había a u s e n t a d o ya e n a g o s t o , se sigue q u e
t o d o el t i e m p o q u e t r a n s c u r r e d e s d e esas fechas h a s t a el
13 d e o c t u b r e se d e d i c ó la S a n t a m á s d i l i g e n t e m e n t e a
su o b r a .
Caffarini n o s h a b l a d e i n t e r r u p c i o n e s e n el d i c t a d o
q u e d u r a b a n días, lo q u e r e a f i r m a la i r r e a l i d a d d e ha-
b e r sido d i c t a d o e n cinco días.
Los e l e m e n t o s constitutivos d e l c o n t e n i d o d e l libro n o
son otros q u e la doctrina espiritual dispersa en sus Cartas
6
Processo castellano, e n Fontes vi toe S. Catharinae Senensis historia; IX:
Processo..., e d . P. Laurent e n 1 9 4 2 , p . 5 1 .
46 El Diálogo

y Oraciones y Soliloquios. La doctrina d e Cristo-Puente


aparece bien especificada en la carta 272, con u n prece-
d e n t e lejano y vago en Fr. Domingo Cavalca, que p u d o
tomarla d e algún escritor anterior, pues él era, más
bien, compilador. Catalina elaboró sobre esa idea una
h e r m o s a doctrina, que constituye una d e sus más her-
mosas características.
En cuanto a la inspiración del texto, hemos dicho lo
suficiente e n la Introducción general bajo el epígrafe « For-
mación doctrinal».
Me sería fácil anotar aquí muchas frases, párrafos y
capítulos q u e rechazan o hacen innecesaria la inspira-
ción. Pero sería alargar demasiado esta introducción.
Confío q u e p r o n t o saldrá a luz un trabajo mío en q u e se
a b o r d e esta cuestión. Se trata fundamentalmente de
aquellos elementos introducidos en el m o m e n t o d e ha-
cerse la recopilación, como son los resúmenes, cierre d e
temas y planteamiento d e nuevas cuestiones. Catalina
dirigió la refundición; p e r o debieron llevarla a cabo los
a m a n u e n s e s o secretarios d u r a n t e los famosos cinco días
(9 al 13 de octubre de 1378) en que dicen se compuso El
Diálogo, q u e yo traduciría por «se dio forma al libro».
Estos fueron principalmente tres: Barduccio Canigia-
ni, Esteban d e C o r r a d o Maconi y Neri Pagliaresi, los
tres seglares y discípulos d e la Santa. Maconi escribe d e
sus relaciones con Catalina: «... después de Dios y de la
Virgen María, nuestra Señora, estoy más obligado a la
santa virgen [Catalina] q u e a otra criatura alguna del
m u n d o ; y si alguna cosa d e virtud hay en mí, todo lo
atribuyo a ella después d e Dios. De todo lo cual se sigue
h a b e r tenido yo por algunos años particular conversa-
ción con ella más familiarmente que otros muchos, es-
cribiendo sus cartas y parte de su libro, y sabiendo sus
secretos, p o r q u e siempre m e a m ó con caridad de ma-
7
dre» .
N o hay q u e excluir la intervención de los escribientes
en la redacción, pues ella no sabía escribir. Ellos repasaron
los escritos y revisaron las cartas que tenían a mano,
originales o e n b o r r a d o r . Anteriores a la composición d e
El Diálogo e n c o n t r a m o s , por ejemplo, la carta 141, en q u e
7
MACONI, Esteban d e C o r r a d o , Carta-declaración, en Santa Catalina
de Siena, e d . P. Paulino Alvarez, O.P. (Vergara 1926) p.464.
Introducción 47

se t r a t a d e la d o c t r i n a d e la discreción, t e m a q u e se
a b o r d a t a m b i é n e n las n ú m e r o s 67 y 2 1 3 ; la carta 21
c o n t i e n e la d o c t r i n a q u e c o r r e s p o n d e a los capítulos 31
al 3 3 ; las 93 y 94 son fáciles d e r e c o n o c e r t a m b i é n e n el
libro.
S i g u i e n d o la b ú s q u e d a d e posibles influencias d e los
a m a n u e n s e s y secretarios e n la redacción d e El Diálogo,
8
n o p o d e m o s m e n o s d e citar la carta escrita a Fr. Rai-
m u n d o el 15 d e f e b r e r o d e 1380, e n q u e le hace u n a se-
rie d e e n c a r g o s y r e c o m e n d a c i o n e s . U n a d e ellas es la si-
g u i e n t e : « T a m b i é n os r u e g o q u e el libro y t o d o escrito
mío, vos, y Fr. B a r t o l o m é [Dominici], y Fr. T o m á s [della
F o n t e ] , y el M a e s t r o [Tantucci] lo toméis e n vuestras
m a n o s y haced d e él lo q u e veáis q u e sirva m á s p a r a el
h o n o r d e Dios, j u n t a m e n t e con micer T o m á s [ B u o n -
conti 1; e n el cual [libro ] yo h e e n c o n t r a d o a l g ú n placer».
Catalina p r e s e n t í a q u e n o viviría m u c h o t i e m p o .
Esta r e c o m e n d a c i ó n d e su libro e r a d e j a r práctica-
m e n t e las m a n o s libres a Fr. R a i m u n d o p a r a r e t o c a r l o si
había d e servir « p a r a el h o n o r d e Dios», p a l a b r a s q u e
parecen indicar u n a profesión d e fe, es decir, q u e podía
c o r r e g i r e n él aquello q u e p u d i e r a estar a m b i g u a o e r r ó -
n e a m e n t e escrito. L o q u e ella p r e t e n d í a , e n su h u m i l -
d a d , e r a q u e su libro sirviera p a r a el h o n o r d e Dios y
p r o v e c h o d e las almas.
N o consta e n d o c u m e n t o a l g u n o q u e e n él se hiciera
c a m b i o o corrección a l g u n a , y n o c o m p r e n d e m o s las ra-
zones e n q u e se f u n d a ( n i n g u n a alega) el a u t o r d e la
t r a d u c c i ó n francesa, Louis-Paul G u i g u e s , p a r a a s e g u r a r
e n el Prefacio: «Los capítulos 115 a 118 m e p a r e c e n par-
t i c u l a r m e n t e r e t o c a d o s con mala f o r t u n a y u n a ausencia
9
total d e gusto» . Son capítulos d e d i c a d o s a p o n e r d e re-
lieve la vida d e los malos ministros d e la Iglesia. Si ésa es
la r a z ó n , n o tiene f u n d a m e n t o , p u e s Catalina conocía
m u y bien el e s t a d o d e la sociedad eclesiástica y seglar d e
su t i e m p o , y e n sus Cartas y Oraciones se e n c u e n t r a n ves-
tigios claros d e q u e los fustigaba hasta d o n d e p o d í a .
E n el códice C a s a n a t e n s e a d v i e r t e G. Cavallini la su-
p r e s i ó n d e las palabras «a mí» c u a n d o h a b l a el P a d r e
« Carta 3 7 3 .
9
Le livre des Dialogues, suivi de Lettres, Éd. Seuil, Préface par Louis-
Paul Guigues (París 1953) p . 1 9 nt.6.
48 El Diálogo

e t e r n o refiriéndose al misterio eucarístico, lo que sería


una impropiedad puestas en boca de Dios-Padre. Es una
de las razones por las q u e Cavallini piensa que este códi-
ce es el d e mayor antigüedad, ya q u e el original desapa-
reció.

Su división y contenido

En los escritores anteriores a la invención de la im-


prenta, y aun por espacio d e m u c h o s años más, era co-
rriente la presentación d e los códices y libros sin divi-
sión alguna. Seguía el texto sin interrupción folios y fo-
lios, algunas veces desde la cabecera al colofón de la
obra. A h o r a esto nos parece inexplicable. La mejor pre-
sentación y la comodidad para el lector obligaron a la
división en capítulos y párrafos. La puntuación solía ser
insuficiente, prestándose la lectura a diversas y aun con-
trarias interpretaciones. A ñ á d a s e la proliferación abusi-
va de las abreviaturas, algunas veces muy caprichosas y
personales, y t e n d r e m o s el c u a d r o completo de la pre-
sentación externa de u n códice o d e u n incunable.
El libro d e Catalina de Siena y sus copias siguió con
estas características descritas. Pero muy poco después de
la m u e r t e de la escritora se hizo la primera división, que
fue en capítulos. Estos n o siempre coinciden en las di-
versas copias que se c o m e n z a r o n a difundir. No tardó,
sin embargo, en adoptarse la hecha en 167 capítulos.
Esta división ha sido muy criticada por artificiosa y por-
que algunos capítulos llevan u n a titulación de poca rela-
ción con su contenido.
A la división en capítulos sucedió la división en «trata-
dos» ya en las primeras ediciones impresas. Influyeron
en ella las referencias que aparecen en El Diálogo a los
tratados d e la resurrección (c.62), d e la oración (c.72),
de las lágrimas (c.154), etc. Hacen notar los críticos que
también esta división carece de fundamento real en la
obra y q u e la palabra «tratado» que en ella se emplea
debe ser traducida por «lo tratado». Creo, sin embargo,
que recupera su v e r d a d e r o sentido al reconocer que el
libro es una recopilación d e tratados.
Ninguna división en tratados ha tenido fortuna, pero
Introducción 49

sí la h e c h a e n capítulos. Las p r i m e r a s e d i c i o n e s i m p r e s a s
c o n s t a b a n d e u n a i n t r o d u c c i ó n y seis t r a t a d o s . M u c h o s
f r a n c e s e s d i v i d i e r o n la o b r a e n c u a t r o t r a t a d o s . Los
d o m i n i c o s d e A t o c h a a b a n d o n a r o n la p a l a b r a « t r a t a d o »
y la s u s t i t u y e r o n p o r «diálogo», p o n i e n d o el n ú m e r o d e
o n c e . O t r o s franceses m á s m o d e r n o s se fijaron e n las
c u a t r o p r e g u n t a s q u e a p a r e c e n e n el p á r r a f o final d e l
capítulo p r i m e r o , q u e v i e n e a ser u n a especie d e b o c e t o
d e lo q u e s e r í a n las r e s p u e s t a s q u e d a r í a el S e ñ o r a ellas.
Catalina d e b i ó h a c e r su e s q u e m a , acaso r u d i m e n t a r i o ,
d e c a d a escrito suyo. Al r e u n i r l o s y o r d e n a r l o s se siguió
u n p l a n . T r a s d e él a n d a n los i n v e s t i g a d o r e s . C r e e m o s ,
sin e m b a r g o , q u e n i n g u n o lo h a e n c o n t r a d o satisfacto-
r i a m e n t e , p o r q u e éste fue u n libro q u e se fue escri-
b i e n d o p o c o a p o c o , al q u e se le fue a ñ a d i e n d o n u e v o
m a t e r i a l . El m a n u s c r i t o estaba e n m a n o s d e u n a c o n -
d e s a , n o tal c o m o a p a r e c e a n u e s t r a vista, e n la p r i m a -
v e r a d e 1378, y C a t a l i n a lo r e c l a m ó , sin d u d a p a r a c o m -
p l e t a r l o . D e s p u é s se lo volvió a r e c l a m a r a F r a n c i s c o d e
Pipino, p u e s lo h a b í a d e j a d o e n F l o r e n c i a , y d i o la r a z ó n
d e s e g u i r e s c r i b i e n d o e n él. D e s d e el m e s d e a g o s t o
hasta la c o n c l u s i ó n definitiva e n el m e s d e o c t u b r e se
aplicó la e s c r i t o r a a r e d a c t a r l e y d a r l e f o r m a definitiva
«más d i l i g e n t e m e n t e » , c o m o a s e g u r a Fr. R a i m u n d o . El
e s q u e m a inicial se d e b i ó ir a m p l i a n d o y c o m p l i c a n d o d e
agosto a o c t u b r e y acaso m o d i f i c a n d o , ya e n Siena, c o n
m a y o r t r a n q u i l i d a d . H a y u n a frase e n la biografía es-
crita p o r Fr. R a i m u n d o q u e p a r e c e a s e g u r a r n o s q u e Ca-
talina n o escribió al a z a r , s e g ú n le venía e n g a n a o e r a
i n s p i r a d a p o r el espíritu, sino q u e llevaba intencionali-
d a d , su p l a n . Es ésta: « T a m b i é n e n el libro q u e escribió
no olvidó c o n s a g r a r a este t e m a u n l a r g o t r a t a d o y varios
, 0
capítulos bien c o n o c i d o s d e los q u e leen esta o b r a » . Se
r e f i e r e al t e m a d e la p r o v i d e n c i a .

C r e o q u e hay q u e a c e p t a r q u e e n El Diálogo hay zonas


de interferencia e n t r e sus d i v e r s a s p a r t e s y q u e la c o n e -
xión y paso de u n a s a o t r a s es a veces artificiosa, u n a
p r u e b a más de hallarse r e u n i d o s t e m a s d i v e r s o s ya r e -
dactados, unas veces u t i l i z a n d o las r e c a p i t u l a c i o n e s , y

1 0
R A I M U N D O DE C A F U A , Vida I c.10.
50 El Diálogo

otras por las p r e g u n t a s q u e se hacen en las acciones d e


gracias p o r las enseñanzas recibidas.
La división que aceptamos en la presentación d e esta
edición española es la q u e nos d a Giuliana Cavallini en
su edición d e R o m a de 1968. La q u e ella p r o p o n e es to-
talmente nueva, f u n d a m e n t a d a en la estructura d e la
obra. Nos parece la mejor, y hasta posiblemente la presi-
dió la reorganización de materiales para la redacción
definitiva del libro, si bien no siempre es coincidente
con los tres elementos q u e han llevado a Cavallini a esta
conclusión. Ella explica así su teoría:
«Debo confesar q u e el " d e s c u b r i m i e n t o " del e s q u e m a
d e El Diálogo lo he hecho, por decirlo así, casualmente.
Repasaba el índice d e los capítulos, c u a n d o m e llamó la
atención la sucesión de tres elementos: petición, res-
puesta, agradecimiento. Fue como u n rayo d e luz re-
pentino: vi q u e aquélla e r a la clave del auténtico esque-
m a de £7 Diálogo. Y así era lógico: ¿cómo debería articu-
larse u n a obra en forma dialogada a no ser a l t e r n a n d o
los interlocutores, p r o p o n i e n d o el a r g u m e n t o , expo-
niéndolo y agradeciendo la respuesta y, a la vez, e m p e -
zar u n a nueva cuestión? Esto parecía tan evidente, que
se hacía casi imposible pensar q u e a nadie se le hubiera
o c u r r i d o antes» " .
Cavallini se dio cuenta de q u e cada cuestión d e im-
portancia se concluye con u n a recapitulación o resu-
m e n . Advirtió también q u e el códice Casanatense con-
tiene, dibujadas en n e g r o , unas grandes iniciales, q u e se
hallan al principio d e cada parte: indicativo de su divi-
sión.
El esquema d e Cavallini la ha llevado a la división de
la obra en diez g r a n d e s apartados, q u e van del p r o e m i o
a la conclusión. N o la r e p r o d u c i m o s aquí por hallarse
bien claros, con sus títulos generales y subdivisiones en el
índice que precede a esta edición. Encuentra ella que esta
división se adapta perfectamente a la carta 272, esbozo
de El Diálogo, y q u e se halla conforme con los estudios
del gran especialista Dupré-Theseider. Según mi pare-
cer, éste es en general el esquema que presidió la reco-
pilación de los escritos d e la Santa.

11
CAVALLINI, Giuliana, // Dialogo ( R o m a 1968); ¡ntroduzione p.xiv.
Introducción 51

L a división a d o p t a d a nos a h o r r a d e h a b l a r d e l c o n t e -
n i d o d e l libro. H a b l a r d e él sería p o c o m á s q u e r e p e t i r
el Índice.
H e m o s i n d i c a d o e n la Introducción generai q u e los in-
v e s t i g a d o r e s d e s e a r í a n hallar la idea s o b r e la q u e g i r a n
t o d a s las d e m á s c o m o c o n s e c u e n c i a s lógicas, c o m o pla-
n e t a s a l r e d e d o r d e l sol. P e r o ésta n o la e n c o n t r a r á n ,
p u e s son m u c h a s las luces q u e a l u m b r a n a Catalina inte-
r i o r m e n t e , y p o r eso pasa d e u n a a o t r a c o n g r a n facili-
d a d , s a b i e n d o q u e e n c u a l q u i e r caso n u n c a se p u e d e sa-
lir d e l círculo d e la e t e r n a V e r d a d , p o r s e g u i r u n a ale-
g o r í a u s a d a p o r la S a n t a . Dios lo es t o d o e n ella, c o m o la
g r a n c i r c u n f e r e n c i a q u e la r o d e a , y lo m i s m o le d a vol-
v e r a u n a p a r t e o a o t r a : s i e m p r e se e n c o n t r a r á c o n El,
la s u p r e m a V e r d a d . L o d e m á s son r e s a b i o s academicis-
tas, e n m o d o a l g u n o aplicables a q u i e n n o s u p o d e aca-
d e m i a s , d e u n i v e r s i d a d e s , ni o t r a lógica q u e la d e l co-
r a z ó n m o v i d o p o r el a m o r .

La p r e s e n t e t r a d u c c i ó n

P a r a la t r a d u c c i ó n d e El Diálogo h e m o s e l e g i d o la e d i -
ción p r e p a r a d a p o r G i u l i a n a Cavallini, q u e r e p r o d u c e
f i e l m e n t e el t e x t o d e l c ó d i c e 2 9 2 d e la Biblioteca Casa-
n a t e n s e , d e R o m a . Es u n copia d e l o r i g i n a l p e r d i d o .
Está escrito e n p a p e l d e l siglo x i v , a p á g i n a e n t e r a , d e
14 x 21 c e n t í m e t r o s , e n letra m i n ú s c u l a gótica italiana
d e fácil l e c t u r a , c o n iniciales a p l u m a , e n tinta n e g r a .
Es i n t e r e s a n t e la fijación d e la fecha d e esta copia, q u e
está a c o m p a ñ a d a d e u n a colección d e c a r t a s escritas p o r
C a t a l i n a . P o r las c a r t a s d e esta colección se p u e d e d e d u -
cir la fecha e n q u e fue escrito el c ó d i c e . E n t r e ellas hay
d o s : u n a a P i e r o C a n i g l i a n i , e n F l o r e n c i a , c o n la aposti-
lla, « m í o p a d r e s e g ú n la c a r n e » ; la s e g u n d a va d i r i g i d a a
m i c e r Ristoro C a n i g i a n i , « h e r m a n o m í o s e g ú n la car-
n e » . D e esta r e f e r e n c i a se infiere q u e la t r a n s c r i p c i ó n d e
estas c a r t a s está h e c h a p o r u n o d e los s e c r e t a r i o s d e la
S a n t a , B a r d u c c i o C a n i g i a n i , a q u i e n h e m o s h e c h o refe-
r e n c i a c o m o u n o d e los tres a m a n u e n s e s d e El Diálogo.
B a r d u c c i o sobrevivió a C a t a l i n a u n o s d o s a ñ o s . La fecha
d e l c ó d i c e , p o r t a n t o , d a t a d e esa fecha. L u e g o el códice
52 El Diálogo

fue escrito e n t r e el o t o ñ o d e 1378 (conclusión d e £ ¿ Diá-


logo) y el 8 de diciembre d e 1382, fecha d e la m u e r t e d e
Barduccio. Es probable, por tanto, q u e el códice fuera
escrito e n t r e 1379 y 1382, lo q u e hace posible que la es-
critora tuviera en sus m a n o s esta copia, sin que se p u e d a
decir n a d a más sobre el particular.
El códice fue escrito p o r varias m a n o s , pero todas
c o n t e m p o r á n e a s d e Barduccio. En la misma colección
de cartas se e n c u e n t r a n otras tres más a Ristoro, q u e no
llevan la referencia d e ser h e r m a n o suyo, sino la d e
12
«doctor en decretales»; son las 8, 18 y 20 , lo q u e indi-
ca q u e fueron transcritas p o r o t r o a m a n u e n s e .
Estas conclusiones históricas h a n inducido a Cavallini
a c r e e r q u e ésta es la copia más antigua. Ella ha hecho la
transcripción italiana con toda minuciosidad y la publica
con u n a serie d e notas comparativas con los otros tres
códices más autorizados q u e se conservan d e El Diálogo:
Senense, Estense y Fedele. Las notas le p o n e n u n sello
de garantía, de m o d o q u e p o d e m o s pensar que nos ha-
llamos frente a un texto muy p r ó x i m o al original per-
dido.

* * *

N o soy yo q u i e n d e b e valorar mi trabajo. Lo q u e sí


p u e d o a s e g u r a r es q u e lo he realizado con cariño y no
poco esfuerzo, i n t e n t a n d o u n a versión clara y fiel.
H e p r o c u r a d o ser parco en notas; p e r o n o tanto q u e
dejen de señalarse las alusiones autobiográficas, citas d e
la Sagrada Escritura y otros detalles q u e p u e d e n ser d e
utilidad al lector o al investigador.
T e n g o g r a n respeto a los q u e h a n trabajado antes q u e
yo sobre esta o b r a . Por ello he conservado no sólo la di-
visión en capítulos, sino los títulos, q u e d e o t r o m o d o
habría q u e colocar en apéndice. Por o t r a parte, j u z g o
que esos mismos títulos, por lo general, r e s p o n d e n al
contenido, a u n q u e haya algunos q u e carezcan d e esta
cualidad. C o n ello h e p r e t e n d i d o q u e el lector se vea
más p r ó x i m o al texto d e El Diálogo como se presentó

1 2
Ibid., p . x x x v i - x x x v n .
Introducción 53

b i e n p o c o s a ñ o s d e s p u é s d e la m u e r t e d e su a u t o r a . N o
h e q u e r i d o h a c e r c o n El Diálogo lo q u e t a n t o se h a h e -
c h o c o n los c u e r p o s d e los santos, d e s p e d a z a r l o s p o r d e -
v o c i ó n p a r a d i s t r i b u i r s u s r e l i q u i a s . El l e c t o r se e n c o n -
t r a r á m e n o s d e s o r i e n t a d o q u e si se le p u s i e r a n divisio-
nes y subdivisiones q u e n o esclarecen d e m a s i a d o . Para
ello v a l e m e j o r el í n d i c e a n a l í t i c o , q u e h e p r o c u r a d o h a -
c e r lo m á s c o m p l e t o p o s i b l e .
C r e o q u e la d i v i s i ó n a c e p t a d a d e C a v a l l i n i n o e s t o r b a
n u e s t r o p r o p ó s i t o , s i n o q u e lo p e r f e c c i o n a .
L a d i s p o s i c i ó n t i p o g r á f i c a s e ñ a l a , c o m o lo h a c e C a -
vallini, el c a m b i o d e i n t e r l o c u t o r e n el d i á l o g o p o r m e -
d i o d e u n a l í n e a g r u e s a al p r i n c i p i o y fin d e c a d a p a r l a -
mento.

M a d r i d , 29 d e abril d e 1980.

S e g ú n t e s t i m o n i o d e sus discí-
pulos, Catalina de Siena dic-
t a b a sin dificultad a t r e s a m a -
n u e n s e s a la vez; e n o c a s i o n e s ,
sobre temas diferentes.
P R O E M I O

1 [El a l m a c o n o c e a D i o s p o r l a o r a c i ó n . — E s t a a l m a d e q u e
aquí se habla, h a l l á n d o s e e n c o n t e m p l a c i ó n , hizo a Dios c u a t r o
peticiones. ]

C u a n d o u n a l m a se e l e v a a Dios c o n a n s i a s d e a r d e n -
tísimo d e s e o d e h o n o r a El y d e la salvación d e las al-
m a s , se ejercita p o r a l g ú n t i e m p o e n la v i r t u d . Se a p o -
s e n t a e n la c e l d a d e l c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a y se h a -
b i t ú a a ella p a r a m e j o r e n t e n d e r la b o n d a d d e Dios;
p o r q u e al c o n o c i m i e n t o s i g u e el a m o r , y, a m a n d o , p r o -
c u r a ir e n p o s d e la v e r d a d y r e v e s t i r s e d e ella.
Y p o r q u e d e n i n g ú n o t r o m o d o g u s t a y es i l u m i n a d a
t a n t o d e e s a v e r d a d c o m o p o r la o r a c i ó n h u m i l d e y c o n -
t i n u a d a , f u n d á n d o s e e n el c o n o c i m i e n t o d e sí y d e Dios,
al e j e r c i t a r s e e n ella d e l m o d o d i c h o , e s e a l m a se u n e a
Dios s i g u i e n d o las h u e l l a s d e C r i s t o c r u c i f i c a d o . D e e s t a
m a n e r a , p o r el d e s e o p e r f e c t o y la u n i ó n d e a m o r , h a c e
d e El u n « o t r o yo». E s t o p a r e c e q u e significaba C r i s t o
c u a n d o dijo: «A q u i e n m e a m e y a t i e n d a m i s p a l a b r a s , a
ése m e m a n i f e s t a r é yo m i s m o , y s e r á u n a cosa c o n m i -
g o , y yo c o n él» '. E n o t r o s l u g a r e s e n c o n t r a m o s p a l a -
b r a s s e m e j a n t e s . P o r ellas p o d e m o s v e r q u e es c i e r t o
q u e , p o r el afecto d e l a m o r , el a l m a se c o n v i e r t e e n o t r o
El. P a r a v e r l o c o n m á s c l a r i d a d , r e c u e r d o h a b e r o í d o d e
2
u n a s i e r v a d e Dios , h a l l á n d o s e e n altísima o r a c i ó n , c o n
g r a n e l e v a c i ó n d e su e s p í r i t u , q u e Dios n o o c u l t a b a a los
ojos d e su i n t e l i g e n c i a el a m o r q u e t i e n e a s u s s e r v i d o -
r e s , s i n o , m á s b i e n , se lo m a n i f e s t a b a . L e d e c í a e n t r e
o t r a s cosas:
A b r e los ojos d e la i n t e l i g e n c i a y m i r a a d e n t r o d e
m í , y v e r á s la d i g n i d a d y belleza d e m i c r i a t u r a , la r a c i o -
n a l . E n t r e la b e l l e z a q u e h e d a d o al a l m a al c r e a r l a a
i m a g e n y s e m e j a n z a m í a , o b s e r v a q u e se halla v e s t i d a
c o n la v e s t i d u r a n u p c i a l d e la c a r i d a d , a d o r n a d a d e m u -
c h a s y v e r d a d e r a s v i r t u d e s : está u n i d a c o n m i g o p o r el
1
Jn 14,23.
2
M o d o d i s c r e t o d e referirse a sí m i s m a .
56 El Diálogo

amor. Y, sin embargo, te digo que, si me preguntases


quiénes son, contestaría —decía el dulce y amoroso Ver-
bo— que son «otro yo», ya que han perdido y ahogado
su propia voluntad y la han vestido, unido y acomodado
a la mía.
Es cierto, por tanto, que el alma se une a Dios por
afecto de amor. Como ella quería conocer y seguir la
verdad más resueltamente, dio ella misma impulso a su
primer deseo, considerando que no puede ser útil al
prójimo en la doctrina, el ejemplo y oración si primero
no es útil a sí misma, es decir, sin primero tener y ad-
quirir la virtud d e n t r o de sí; e hizo al sumo y eterno Pa-
dre cuatro peticiones.
La primera era por sí misma.
La segunda, por la reforma de la santa Iglesia.
La tercera, por todo el m u n d o en general, y particu-
larmente por la pacificación de los cristianos rebeldes,
con gran falta de reverencia y persecución de la santa
3
Iglesia .
En la cuarta pedía a la divina Providencia que soco-
rriese de modo general a todos, y en particular en cierto
caso que había sucedido.

2 [El d e s e o d e a q u e l l a a l m a creció al m o s t r a r l e Dios las n e c e -


sidades del m u n d o . ]

Grande y continuo era el deseo, pero creció más


1
cuando la Verdad primera le mostró las necesidades
del m u n d o y la confusión y ofensas a Dios en que el
m u n d o incurría. También lo había comprendido por
2
una carta del Padre de su alma en la que le manifesta-
ba pena y dolor insufribles por las ofensas a Dios, d u e ñ o
de las almas, y la persecución a la santa Iglesia. T o d o
esto le encendía el fuego del santo deseo, con dolor por
3
Se refiere a las turbulencias y matanzas d e los seguidores y con-
tradictores d e U r b a n o VI. En el cisma h u b o m u c h a parte d e política
mundana.
1
«Verdad primera» es sinónimo de Dios en el lenguaje d e Catalina.
2
«Padre del alma» significa aquí confesor habitual. Posteriormente
se le llamaría «director espiritual».
Proemio 57

las ofensas y con e s p e r a n z a d a alegría, p o r la q u e confia-


ba q u e Dios había d e s o c o r r e r tantos m a l e s .
Y c o m o p a r e c e q u e e n la c o m u n i ó n se u n e m á s d u l c e -
m e n t e a Dios y c o n o c e m e j o r su v e r d a d —ya q u e e n t o n -
ces el alma está e n Dios y Dios e n el a l m a al m o d o q u e el
3
pez está e n el m a r y el m a r está e n el pez — , le vino p o r
ello el d e s e o d e q u e llegase la m a ñ a n a p a r a ir a la santa
4
misa. A q u é l e r a el día d e María .
L l e g a d a la m a ñ a n a y la h o r a d e la misa, le invadió
u n a g r a n ansia y u n g r a n r e c o n o c i m i e n t o d e lo q u e e r a ,
avergonzándose d e su imperfección. Le parecía ser ella la
causa d e t o d o el mal q u e se hacía p o r t o d o el m u n d o ,
c o n c i b i e n d o o d i o y disgusto d e sí misma, j u n t o c o n d e -
seos d e q u e se hiciera justicia. Por aquel r e c o n o c i m i e n -
to, o d i o y justicia d e s e a d o s purificaba las m a n c h a s y cul-
pas q u e le parecían existir. C i e r t a m e n t e q u e ese r e c o n o -
c i m i e n t o le invadía el a l m a c u a n d o decía.
¡Oh P a d r e e t e r n o ! , yo m e vuelvo a ti p a r a q u e
castigues las ofensas e n este t i e m p o p e r e c e d e r o . Y, p u e s -
to q u e soy la causa d e las p e n a s q u e m i p r ó j i m o d e b e su-
frir e n r a z ó n d e mis p e c a d o s , te suplico b e n i g n a m e n t e
q u e las castigues e n mí.

3
Símil b i e n l o g r a d o p a r a i n d i c a r la p r e s e n c i a d e Dios e n el a l m a y
la m o r a d a d e l a l m a e n Dios p o r la c a r i d a d .
4
«Día d e M a r í a » , es d e c i r , s á b a d o d e d i c a d o a la V i r g e n .

N a c i m i e n t o d e Catalina y d e su
h e r m a n a gemela.
LA D O C T R I N A DE LA P E R F E C C I Ó N

EXCELENCIA DEL DESEO

prójimo. —El pecado. —Las virtudes. —El árbol de la virtud. —La


discreción. ]

3 [Las obras finitas, de por sí, no son suficientes para casti-


gar o premiar sin el afecto continuo de la caridad.]

E n t o n c e s la V e r d a d e t e r n a a r r e b a t ó y atrajo hacia sí
con m á s fuerza los a n h e l o s del alma, o b r a n d o c o m o e n
el A n t i g u o T e s t a m e n t o ', p o r q u e e n t o n c e s c u a n d o se
ofrecían sacrificios a Dios, bajaba fuego y atraía hacia sí
la o f r e n d a q u e le e r a a g r a d a b l e . La d u l c e V e r d a d hizo
lo m i s m o con aquel alma, d e m o d o q u e envió el fuego
c l e m e n t e del Espíritu Santo y recogió el sacrificio d e los
deseos q u e ella tenía y le dijo:
¿ N o sabes, hija mía, q u e todas las p e n a s q u e p u e -
d e sufrir el a l m a e n esta vida n o son suficientes p a r a p o -
d e r ser castigo d e u n a p e q u e ñ a culpa? P o r q u e la ofensa
q u e se hace a mí, Bien infinito, requiere u n a satisfacción
infinita. Por eso quiero que sepas q u e n o todos los sufri-
m i e n t o s s o b r e v i e n e n e n esta vida p o r vía d e castigo, sino
p a r a facilitar la e n m i e n d a y avisar al hijo q u e peca. La
v e r d a d es ésta: q u e se satisface con el d e s e o del alma,
esto es, c o n la v e r d a d e r a contrición y a b o r r e c i m i e n t o
del p e c a d o . La contrición v e r d a d e r a satisface p o r la cul-
p a y p o r la p e n a ; n o p o r el d o l o r finito q u e se sufre, sino
p o r el d e s e o infinito. Dios, q u e es infinito, q u i e r e a m o r
y d o l o r infinitos.
Por dos motivos q u i e r e el d o l o r infinito: u n o , p o r la
propia ofensa c o m e t i d a c o n t r a su c r e a d o r ; el o t r o , p o r
la ofensa q u e se h a c e al p r ó j i m o . E n c u a n t o a los q u e
tienen d e s e o infinito, es decir, q u e se hallan u n i d o s a mí
p o r afecto d e a m o r —por eso se d u e l e n c u a n d o pecan o
ven pecar—, la p e n a q u e sufren, espiritual o c o r p o r a l ,
1
1 Crón 18,28.
La doctrina de la perfección 59

v e n g a d e d o n d e v e n g a , t i e n e m é r i t o infinito y satisface
p o r la c u l p a , q u e m e r e c í a p e n a infinita, a u n p r e s u p o -
n i e n d o q u e sus o b r a s s e a n finitas, h e c h a s e n t i e m p o fini-
to. P e r o p o r s e r p r a c t i c a d a la v i r t u d y s u f r i d a la p e n a
c o n g u s t o y c o n a b o r r e c i m i e n t o infinito d e l p e c a d o , p o r
e s o t i e n e t a n t o valor.
E s t o lo d e m o s t r ó P a b l o c u a n d o dijo: «Si t u v i e s e l e n -
g u a d e á n g e l e s , c o n o c i e s e las cosas f u t u r a s , d i e s e lo m í o
a los p o b r e s y m i c u e r p o a la h o g u e r a , si n o t u v i e r e c a r i -
2
d a d , d e n a d a m e valdría» . E n s e ñ a el g l o r i o s o A p ó s t o l
q u e las o b r a s finitas, sin el c o n d i m e n t o d e l afecto d e la
c a r i d a d n o son suficientes ni p a r a e x p i a r ni p a r a r e -
compensar.

4 [El d e s e o , j u n t o c o n l a c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , s a t i s f a c e
p o r l a c u l p a y p o r la p e n a p r o p i a s , y t a m b i é n p o r la d e l o s d e ­
m á s . — A l g u n a s v e c e s s a t i s f a c e p o r la c u l p a , p e r o n o p o r l a
pena. 1

T e h e m o s t r a d o , c a r í s i m a hija, c ó m o la c u l p a n o se
e x p í a e n este t i e m p o finito p o r n i n g u n a p e n a q u e se
s u f r a , p o r ser p e n a . Se e x p í a c o n la p e n a q u e se s u f r e
j u n t o c o n el d e s e o , a m o r y c o n t r i c i ó n d e l c o r a z ó n , n o
e n r a z ó n d e la p e n a , s i n o d e l d e s e o d e l a l m a ; lo m i s m o
q u e el d e s e o y t o d a v i r t u d t i e n e n v a l o r y vida e n sí p o r
m e d i o de C r i s t o , m i Hijo u n i g é n i t o , e n c u a n t o q u e el
a l m a se h a g a n a d o su a m o r y p o r m e d i o d e la v i r t u d si-
g u e s u s h u e l l a s . D e e s t e m o d o t i e n e n valor, y n o d e
o t r o . P o r la m i s m a r a z ó n , las p e n a s satisfacen p o r la c u l -
p a a c a u s a d e l a m o r d u l c e y u n i t i v o , a d q u i r i d o e n el d u l -
ce c o n o c i m i e n t o d e m i b o n d a d y e n la a m a r g u r a y c o n -
t r i c i ó n d e m i c o r a z ó n , c o n o c i é n d o s e u n o a sí m i s m o y
c o n o c i e n d o sus p r o p i a s c u l p a s . E s t e c o n o c i m i e n t o e n -
g e n d r a o d i o y a b o r r e c i m i e n t o d e l p e c a d o y d e los p r o -
pios s e n t i d o s , p o r lo q u e se j u z g a d i g n o d e las p e n a s e
i n d i g n o d e la r e c o m p e n s a . P o r c o n s i g u i e n t e — d e c í a la
d u l c e V e r d a d — , m i r a c ó m o p o r la c o n t r i c i ó n d e l c o r a -
z ó n , c o n a m o r a la v e r d a d e r a p a c i e n c i a y c o n la v e r d a -
d e r a h u m i l d a d , j u z g á n d o s e p o r ella d i g n o s d e la p e n a e
i n d i g n o s d e la r e c o m p e n s a , s u f r e n c o n p a c i e n c i a . Así
c o m p r e n d e s el m o d o d e satisfacer.
2
1 Cor 13,1-3.
60 El Diálogo

Me pides sufrimientos para satisfacer las ofensas q u e


m e hacen las criaturas y que te c o n c e d a el deseo de co-
n o c e r q u e soy la s u p r e m a V e r d a d , y el d e s e o d e
a m a r m e . El camino p a r a desear la consecución del ver-
d a d e r o conocimiento y de a m a r m e a mí, Vida eterna, es
éste: q u e n o te apartes nunca del conocimiento de ti
m i s m a ; / q u e bajes al valle de la h u m i l d a d y]me reconoz-
cas a m í e n ti. De este conocimiento deducirás lo q u e te
es preciso y necesario.
N i n g u n a virtud p u e d e tener vida e n sí si no p r o c e d e
de la caridad. La h u m i l d a d es su a m a y nodriza. Por el
conocimiento d e ti misma te humillarás al ver q u e «de
por ti» no eres, y conocerás q u e tu ser viene de mí, q u e
os he a m a d o antes de que existieseis. Por el inexplicable
a m o r q u e os tuve, q u e r i e n d o crearos d e nuevo por la
gracia, os he lavado y vuelto a c r e a r en la sangre de mi
Hijo unigénito, d e r r a m a d a con tanto fuego de a m o r .
Esta s a n g r e hace conocer la v e r d a d a quien se le haya
quitado la n u b e del a m o r propio p o r el conocimiento de
sí mismo, p u e s d e otro m o d o n o la p o d r í a alcanzar. En-
tonces el alma se e n c e n d e r á en u n a m o r inefable a cau-
sa d e este conocimiento sobre mí. Por él se halla en con-
tinuo sufrimiento; no aflictivo, q u e a t o r m e n t e o le p r o -
duzca aridez, sino el que hace p r o g r e s a r . Pero c o m o ha
conocido mi V e r d a d , su propia culpa y la ingratitud y
c e g u e r a del prójimo, padece t o r t u r a s intolerables, y,
consiguientemente, sufre, p o r q u e ama, pues, si no ama-
se, no sentiría dolor.
En c u a n t o tú y los otros servidores míos hayáis cono-
cido mi verdad por este medio, p a r a gloria y alabanza
d e mi n o m b r e , tendréis que sufrir hasta la m u e r t e mu-
chas tribulaciones, injurias, improperios de palabra y d e
obra. Por tanto, sufrirás y padecerás penalidades.
Sufrid, pues, tú y los demás servidores míos, con ver-
d a d e r a paciencia, dolor de la culpa y a m o r a la virtud,
por la gloria y alabanza de mi n o m b r e . O b r a n d o así
q u e d a r á n satisfechas tus culpas y las de los d e m á s servi-
dores míos, de m o d o q u e las penas q u e habéis d e sopor-
tar serán suficientes, por medio d e la virtud de la cari-
dad, p a r a satisfacer y merecer el p r e m i o para vosotros y
para otros. Para vosotros: una vez b o r r a d a s las m a n c h a s
originadas p o r vuestras ignorancias, recibiréis, p o r los
La doctrina de la perfección 61

s u f r i m i e n t o s , el p r e m i o d e la v i d a y ya n o m e a c o r d a r é
m á s d e q u e m e h a b é i s o f e n d i d o ; para otros: p o r los mis-
m o s s u f r i m i e n t o s d a r é lo q u e se h a satisfecho p o r v u e s -
t r a c a r i d a d y v u e s t r o a f e c t o , y lo d a r é e n c o n f o r m i d a d
c o n la d i s p o s i c i ó n c o n q u e lo r e c i b a n .
E n c o n c r e t o : a q u i e n e s se d i s p o n g a n h u m i l d e m e n t e y
c o n r e v e r e n c i a a r e c i b i r la d o c t r i n a d e m i s s e r v i d o r e s ,
les p e r d o n a r é la c u l p a y la p e n a . ¿ C ó m o ? P o r la a c e p t a -
c i ó n l l e g a r á n al v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o y c o n t r i c i ó n d e
sus p e c a d o s , d e m o d o q u e a t r a v é s d e l i n s t r u m e n t o d e la
o r a c i ó n y d e s e o d e m i s s e r v i d o r e s r e c i b i r á n los f r u t o s d e
g r a c i a al a c e p t a r l o s c o n h u m i l d a d ; m á s o m e n o s s e g ú n
q u i e r a n utilizar la g r a c i a p a r a la v i r t u d . C u i d a n o sea
t a n t a su o b s t i n a c i ó n q u e q u i e r a n s e r r e p r o b a d o s p o r mí
a c a u s a d e la d e s e s p e r a c i ó n , m e n o s p r e c i a n d o la s a n g r e ,
p o r la q u e c o n t a n t a d u l z u r a h a n sido n u e v a m e n t e c o m -
prados.
¿ Q u é r e c o m p e n s a r e c i b i r á n ? L a r e c o m p e n s a es q u e yo
e s p e r o p o r ellos, o b l i g a d o p o r la o r a c i ó n d e mis s e r v i d o -
r e s , y les d o y luz; h a g o q u e d e s p i e r t e el p e r r o d e su c o n -
ciencia, les h a g o p e r c i b i r el p e r f u m e d e la v i r t u d y e n -
c o n t r a r p l a c e r e n el t r a t o c o n m i s s e r v i d o r e s . T a m b i é n
a l g u n a s veces p e r m i t o q u e se les p r e s e n t e el m u n d o tal
c u a l es, s i n t i e n d o d i v e r s a s y v a r i a d a s aficiones p a r a q u e
c o n o z c a n la p o c a firmeza d e l m u n d o y se l e v a n t e n a
b u s c a r su p a t r i a , la v i d a e t e r n a . P o r e s t o s y m u c h o s
o t r o s m o d o s q u e a la m i r a d a h u m a n a r e s u l t a difícil
c o m p r e n d e r y ni l e n g u a p u e d e n a r r a r ni c o r a z ó n p e n -
sar c o n o c e n c u á n t o s s o n los c a m i n o s y m o d o s q u e , p o r
p u r o a m o r , utilizo p a r a llevarles a la g r a c i a a fin d e q u e
m i v e r d a d t e n g a e n ellos p l e n i t u d .
M e e n c u e n t r o o b l i g a d o a h a c e r l o p o r la i n e s t i m a b l e
c a r i d a d c o n q u e los c r e é y p o r la o r a c i ó n d e m i s s e r v i d o -
r e s , p u e s n o m e n o s p r e c i o las l á g r i m a s , s u d o r e s y o r a -
c i ó n h u m i l d e , sino q u e las a c e p t o , p o r q u e soy yo m i s m o
q u i e n les h a g o a m a r y d o l e r s e d e l d a ñ o d e las a l m a s . A
estos tales n o se les c o n c e d e satisfacción d e la p e n a e n
g e n e r a l ; p e r o sí d e la c u l p a , p o r n o h a l l a r s e , p o r su p a r -
te, p r e p a r a d o s p a r a a c o m o d a r s e c o n a m o r p e r f e c t o al
a m o r m í o y d e mis s e r v i d o r e s y p o r n o llevar su d o l o r

1
1 Cor 2,9.
62 El Diálogo

con a m a r g u r a y contrición perfecta p o r el pecado co-


metido, sino d e u n a m a n e r a imperfecta. Por eso no ob-
tienen ni reciben la satisfacción d e la p e n a c o m o los
otros, a u n q u e sí d e la culpa, puesto q u e se requiere p r e -
paración d e u n a y o t r a p a r t e , es decir, d e quien d a y d e
quien recibe. C o m o son imperfectos, reciben d e m o d o
imperfecto la perfección del deseo d e los q u e presentan
sus sufrimientos p o r ellos ante mi presencia.
¿Por qué dije que recibían satisfacción y hasta que se les
había concedido? Así es en efecto, p u e s del m o d o q u e te
he dicho y p o r los medios ya e n u m e r a d o s d e la luz d e la
conciencia y p o r otras cosas, q u e d a satisfecha la culpa;
es decir, c u a n d o comienzan a conocerse, vomitan la po-
d r e d u m b r e d e sus pecados, y así reciben el d o n d e la
gracia.
Estos son los q u e se hallan e n la caridad común. Si h a n
aceptado p a r a su e n m i e n d a lo q u e se le ha d a d o y no
han hecho resistencia a la clemencia del Espíritu Santo,
adquieren p o r ello la vida d e la gracia y salen d e la
culpa.
Pero si, c o m o ignorantes, son desagradecidos y olvi-
dadizos para c o n m i g o y con los sufrimientos de mis ser-
vidores, se les convierte bien p r o n t o en r u i n a y motivo
de juicio aquello mismo q u e imploraba misericordia
para el ingrato; solamente a causa d e su miseria y d u r e -
za. Esos tales, con la m a n o d e su libertad, p o n e n en su
corazón la p i e d r a d i a m a n t e , q u e , si n o se r o m p e con la
2
sangre, no se p u e d e r o m p e r d e otro m o d o .
T e digo más: q u e , a pesar d e su d u r e z a , mientras ten-
gan tiempo y p u e d a n usar d e su libre albedrío, si t o m a n
con esa misma m a n o la sangre d e mi Hijo y la p o n e n so-
bre la d u r e z a d e su corazón, lo q u e b r a n t a r á n y recibirán
el premio d e la sangre p a g a d a p o r ellos. Pero, si se
abandonan, u n a vez pasado el tiempo, n o hay ya r e m e -
dio alguno, pues n o h a n devuelto el patrimonio otorga-
do por mí al darles la memoria, p a r a q u e recordasen mis
beneficios; el entendimiento, p a r a q u e viesen y conociesen
la verdad, y la voluntad, p a r a q u e m e a m a s e n a mí, Ver-
dad eterna, conocida p o r el e n t e n d i m i e n t o .

2
En la E d a d Media, c o m ú n m e n t e se a t r i b u í a u n especial p o d e r es-
piritual a la s a n g r e (cf. VICENTE DE BEALVAIS, Speculvm naturale L 8).
La doctrina de la perfección 63

Este es el p a t r i m o n i o q u e os d i , q u e d e b e volver a m i
P a d r e . H a b i é n d o l o v e n d i d o y d a d o d e b a r a t o al d e m o -
nio, a éste n o le i m p o r t a q u e a la m u e r t e lleven lo q u e
e n esta vida a d q u i r i e r o n c u a n d o l l e n a b a n la m e m o r i a
d e delicias y r e c u e r d o s d e d e s h o n e s t i d a d , soberbia, ava-
ricia, a m o r a sí m i s m o s , o d i o y m e n o s p r e c i o d e l p r ó j i m o
y la p e r s e c u c i ó n a mis s e r v i d o r e s . O f u s c a d o el e n t e n d i -
m i e n t o p o r la v o l u n t a d d e s o r d e n a d a , r e c i b e n e n estas
miserias, c o n el t u f o d e l i n f i e r n o , su p e n a e t e r n a , infini-
ta, p o r n o h a b e r satisfecho la culpa c o n la c o n t r i c i ó n y
a b o r r e c i m i e n t o del p e c a d o .
Y así tienes c ó m o se satisface la culpa p o r m e d i o d e la
c o n t r i c i ó n del c o r a z ó n , n o p o r las p e n a s t e m p o r a l e s ; y
n o sólo la c u l p a , sino la p e n a q u e le sigue se satisface e n
los q u e llegan a esta p e r f e c c i ó n . E n g e n e r a l , c o m o se h a
d i c h o , se satisface la culpa; esto es, los q u e n o t i e n e n pe-
c a d o m o r t a l reciben la. gracia; p e r o , si n o t i e n e n c o n t r i -
ción y a m o r suficientes p a r a satisfacer p o r la p e n a , van a
los s u f r i m i e n t o s del p u r g a t o r i o u n a vez p a s a d a la s e g u n -
d a y ú l t i m a m i t a d d e su vida.
Así ves q u e p o r el d e s e o d e l a l m a u n i d a a mí, q u e soy
bien infinito, se satisface e n p r o p o r c i ó n a la perfección
del a m o r del q u e p r e s e n t a la o r a c i ó n y el d e s e o , y t a m -
b i é n e n c o n f o r m i d a d c o n la d e a q u e l p o r q u i e n se ofre-
ce. La m e d i d a e n q u e u n o m e d a y el o t r o acepta, ésa
3
será la m e d i d a d e m i b o n d a d . De m o d o q u e a c r e c i e n t a
el fuego d e tu d e s e o y n o dejes p a s a r u n m o m e n t o sin
q u e p o r ellos c l a m e n c o n voz h u m i l d e y c o n t i n u a d a tus
o r a c i o n e s a n t e mí. Así, os d i g o , a ti y al P a d r e d e tu
a l m a q u e te he d a d o e n la tierra, q u e sufráis varonil-
m e n t e y q u e m u r á i s a v u e s t r o s p r o p i o s sentidos.

5 [El d e s e o d e s u f r i r p o r E l e s m u y grato a Dios.)

Me es m u y g r a t a la v o l u n t a d d e q u e r e r sufrir hasta la
m u e r t e c u a l q u i e r p e n a o fatiga p o r la salud d e las almas.
C u a n t o m á s sufre el h o m b r e , m á s m u e s t r a q u e m e a m a ;
al a m a r m e , c o n o c e m á s d e mi v e r d a d , y c u a n t o m á s co-
n o c e , m á s siente p e n a y d o l o r i n s o p o r t a b l e s a c a u s a d e
las o f e n s a s q u e m e h a c e n .
3
Le 6 , 3 8 .
64 El Diálogo

Me pediste sufrir y q u e castigase en ti los defectos d e


los demás, y n o entendías q u e lo q u e pedías era amor,
luz y conocimiento d e la verdad. P o r q u e ya te dije q u e
cuanto m a y o r es el amor, tanto más crece el dolor y el
sufrimiento: a quien le crece el a m o r , le a u m e n t a el do-
lor. A lo q u e pediste, r e s p o n d o q u e pidáis, y os será
d a d o '. Yo no n e g a r é a quien m e pida d e veras. Piensa
q u e el a m o r d e la divina caridad está tan u n i d o a la pa-
ciencia perfecta, q u e u n a y otra n o se p u e d e n separar.
Por eso, c u a n d o el alma se decide a a m a r m e , debe deci-
dirse también a sufrir por mí penas d e toda clase y del
m o d o q u e yo quiera proporcionárselas. La paciencia no
se manifiesta sino en los sufrimientos y se halla u n i d a a
la caridad, c o m o q u e d a dicho. Así, pues, sufrid esforza-
d a m e n t e ; d e otro m o d o , ni demostraréis ni seréis espo-
sos fieles e hijos d e mi V e r d a d , ni q u e tuvisteis gusto en
mi h o n o r y en la salvación d e las almas.

6 [Toda virtud y pecado tienen realización mediando el


prójimo.]

T e hago saber q u e toda virtud y todo defecto se ejer-


cen p o r m e d i o del prójimo. Q u i e n m e menosprecia hace
d a ñ o al prójimo y a sí mismo, q u e es el prójimo principal.
Le causa d a ñ o en general y en particular.
En general, p o r q u e estáis obligados a a m a r al prójimo
como a vosotros mismos. Si le amáis, debéis socorrerlo
espiritualmente con la oración, ayudarle espiritual y
t e m p o r a l m e n t e , según sea preciso en razón d e sus nece-
sidades; al m e n o s , con la voluntad, a no p o d e r hacerlo
de otro m o d o . Si no se m e ama, n o se le a m a a él; si no
se le ama, n o se le socorre. Más bien se d a ñ a u n o a sí
mismo, p o r q u e se priva de la gracia, y se causa per-
juicio al prójimo, pues se le quita la ayuda q u e está u n o
obligado a prestarle: no se la d a la oración y deseo q u e
se debe p r e s e n t a r en mi presencia en su favor. T o d o lo
q u e se le dé ha de provenir del a m o r q u e se le d e b e por
a m o r a mí.
De la misma m a n e r a , todo mal se lleva a cabo por me-
dio del prójimo, es decir, q u e n o a m á n d o m e , tampoco
1
Me 11,24.
La doctrina de la perfección 65

se le a m a , t o d o mal p r o c e d e d e q u e el a l m a se halla pri-


v a d a d e la c a r i d a d p a r a c o n m i g o y p a r a c o n su p r ó j i m o .
Si n o se o b r a el bien, se sigue q u e se o b r a mal, y e n este
caso, ¿ c o n t r a q u i é n se o b r a ? E n p r i m e r l u g a r , c o n t r a sí
m i s m o y c o n t r a el p r ó j i m o . N o c o n t r a mí, a q u i e n n a d i e
p u e d e h a c e r d a ñ o , a n o s e r e n c u a n t o q u e j u z g o q u e se
m e h a c e a mí lo q u e se h a c e al p r ó j i m o . Peca u n o c o n t r a
sí, y ese p e c a d o le priva d e la gracia; p e o r n o se p u e d e
o b r a r . Al p r ó j i m o se le p e r j u d i c a al n o d a r l e lo q u e se
d e b e p o r la c a r i d a d y el a m o r c o n q u e hay q u e s o c o r r é r -
sele p o r m e d i o d e la o r a c i ó n y s a n t o d e s e o ofrecidos p o r
él a n t e m i presencia. Esta es u n a a y u d a g e n e r a l q u e se
d e b e p r e s t a r a t o d a c r i a t u r a racional.
L a utilidad particular es la q u e se refiere a los q u e se
hallan m á s cerca d e n u e s t r o s ojos. Debéis a y u d a r o s u n o s
a o t r o s c o n la p a l a b r a , d o c t r i n a y e j e m p l o d e b u e n a s
o b r a s y e n las d e m á s cosas e n q u e se a d v i e r t e t i e n e n n e -
cesidad, a c o n s e j a n d o a los d e m á s c o m o a vosotros mis-
m o s , c o n sinceridad y sin i n t e r é s d e a m o r p r o p i o . Q u i e n
así n o lo hace es q u e se halla p r i v a d o del a m o r al próji-
m o , p u e s al n o a c t u a r hace u n d a ñ o c o n c r e t o , y n o sólo
c a u s a perjuicio al n o realizar el bien q u e se p u e d e c o n
perfección, sino q u e o b r a m a l y ocasiona u n d a ñ o conti-
n u o . ¿ C ó m o ? Del m o d o siguiente.
El p e c a d o p u e d e ser d e o b r a y d e p e n s a m i e n t o . El d e
p e n s a m i e n t o se h a c o m e t i d o e n c u a n t o q u e se h a senti-
d o p l a c e r e n el p e c a d o y m e n o s p r e c i o d e la v i r t u d ; es
d e c i r , es u n efecto del a m o r p r o p i o . Este le h a p r i v a d o
del afecto d e la c a r i d a d q u e m e d e b e t e n e r a mí y a su
p r ó j i m o . D e aquí q u e c o n s e n t i r el p e c a d o es h a c e r u n
p e c a d o e n pos d e o t r o c o n t r a su p r ó j i m o d e diversos
m o d o s , s e g ú n la mal inclinada v o l u n t a d sensitiva. Ve-
m o s q u e a l g u n a s veces e n g e n d r a c r u e l d a d e s e n g e n e r a l
o e n particular. E n g e n e r a l , p u e s se ve a sí y a las criatu-
ras e n peligro d e c o n d e n a c i ó n y d e m u e r t e p o r hallarse
p r i v a d o s d e la gracia. Es u n p e c a d o tan c r u e l , q u e n o se
s o c o r r e a sí m i s m o ni s o c o r r e a los d e m á s con el a m o r a
la v i r t u d y a b o m i n a c i ó n del vicio, a n t e s b i e n , c o m o
c r u e l , se e x t i e n d e m á s c o n o b r a s d e c r u e l d a d , o sea, n o
sólo n o d a ejemplo d e v i r t u d , sino q u e , c o m o m a l v a d o ,
lUllld ti U11L1U UV- UV.I11U1UV7, a p a i i a n u w , bii V.MMI*I.V J/WV-UV.,

a las c r i a t u r a s d e la v i r t u d y llevándolas al vicio.


66 El Diálogo

Esta es crueldad para con el alma, pues se ha lleva-


do a cabo con intención de quitarle la vida y darle la
muerte.
Ejerce la crueldad corporal por su codicia, pues no
sólo no socorre al prójimo, sino que quita lo ajeno ro-
bando a los pobres; unas veces, por abuso de dominio, y
otras, con engaño y fraude, comerciando con las cosas
del prójimo y muchas veces con las personas.
¡Oh miserable crueldad, que serás privada de mi mi-
sericordia si no cambias en piedad y benevolencia con
el prójimo! Algunas veces da origen a palabras injurio-
sas, a las que no rara vez sucede el homicidio. Otras
hace nacer deshonestidades en la persona del prójimo,
con lo que se convierte en un animal abominable, malo-
liente; contamina no sólo a u n o o a dos, sino que quien
se le acerca por el amor y trato queda inficionado.
¿Contra quién va la soberbia? Únicamente contra el
prójimo, originada por la reputación que tiene de sí mis-
mo. De d o n d e se sigue el desprecio al prójimo, creyén-
dose más que él, y de este modo le injuria. Si tiene auto-
ridad, hace que siga la injusticia y la crueldad, y se con-
vierte en revendedor de la carne de los hombres.
¡Oh hija queridísima!, duélete de las ofensas que me
hacen y llora sobre estos muertos para que por la
oración sea destruida su muerte. Advierte que ves cómo
por todas partes y por toda clase de gentes se traman
pecados contra el prójimo o los cometen por su media-
ción. De otro modo no habría pecado alguno, ni oculto
ni descubierto. Es oculto cuando no se da al prójimo lo
que le es debido, y descubierto cuando origina otros vi-
cios, como te he dicho.
Es verdad patente que toda ofensa hecha a mí se hace
a través del prójimo.

7 [Las v i r t u d e s se e j e r c i t a n p o r m e d i o d e l p r ó j i m o . — P o r q u é
s o n t a n d i f e r e n t e s e n las d i v e r s a s c r i a t u r a s . ]

T e he mostrado cómo todos los pecados se cometen


por medio del prójimo, según el principio enunciado,
que es el hallarse privados d e la caridad, la cual da vida
a toda virtud. Por ello el amor propio, que destruye la
La doctrina de la perfección 67

c a r i d a d y el a m o r al p r ó j i m o , es el f u n d a m e n t o d e t o d o
m a l . T o d o e s c á n d a l o , o d i o , c r u e l d a d y c u a l q u i e r dificul-
t a d t i e n e n raíz e n el a m o r p r o p i o . T o d o lo h a e n v e n e n a -
d o e n el m u n d o y h a p u e s t o e n f e r m o el c u e r p o místico
d e la s a n t a Iglesia y el c u e r p o u n i v e r s a l d e la religión
l
c r i s t i a n a , p u e s ya te dije, y es la r e a l i d a d , q u e e n el
p r ó j i m o , o sea, e n su c a r i d a d , se b a s a n t o d a s las v i r t u -
d e s . T e dije t a m b i é n q u e la c a r i d a d d a vida a t o d a vir-
t u d , y así e s , p u e s n o se p u e d e t e n e r n i n g u n a sin la c a r i -
d a d ; es d e c i r , q u e la c a r i d a d se a d q u i e r e sólo p o r el
a m o r a m í . D e s p u é s q u e el a l m a se h a c o n o c i d o a sí mis-
m a , h a e n c o n t r a d o la h u m i l d a d y el m e n o s p r e c i o a la
p a s i ó n sensitiva, p o r c o n o c e r la p e r v e r s a inclinación q u e
se h a l l a p e g a d a a s u s m i e m b r o s . Ella l u c h a s i e m p r e c o n -
2
t r a el espíritu . P o r esta r a z ó n , el a l m a se h a r e b e l a d o
c o n o d i o y d e s p r e c i o a la p a r t e sensitiva, s o m e t i é n d o l a a
la r a z ó n c o n g r a n c u i d a d o , y h a e n c o n t r a d o d e n t r o d e sí
la g r a n d e z a d e m i b o n d a d e n los m u c h o s beneficios q u e
d e m í h a r e c i b i d o . T o d o s los vuelve a c o n t e m p l a r el
a l m a d e n t r o d e sí m i s m a .
El c o n o c i m i e n t o d e sí h a l o g r a d o q u e m e lo a t r i b u y a
p o r h u m i l d a d , p u e s c o m p r e n d e q u e p o r b e n e v o l e n c i a la
h e s a c a d o d e las tinieblas y l l a m a d o al v e r d a d e r o c o n o c i -
m i e n t o . U n a vez q u e h a c o n o c i d o mi b o n d a d , la a m a
c o n o sin i n t e r m e d i a r i o . Digo sin i n t e r m e d i a r i o , o sea,
d i r e c t a m e n t e , sin p e n s a r e n la p r o p i a u t i l i d a d . L a a m a
p o r i n t e r m e d i a r i o p o r q u e , u n a vez c o n c e b i d a la v i r t u d
e n r e l a c i ó n a m í , e n t i e n d e q u e n o m e sería g r a t a ni
a c e p t a si n o concibiese a b o r r e c i m i e n t o al p e c a d o y a m o r
a la v i r t u d . D e s p u é s , c o n c e b i d o el i n t e r m e d i a r i o e n la
v i r t u d p o r afecto d e a m o r , i n m e d i a t a m e n t e h a c e q u e
nazca e n su p r ó j i m o , ya q u e d e o t r o m o d o n o sería ver-
d a d q u e la h u b i e s e t e n i d o e n sí m i s m a . P e r o c o m o m e
a m a d e veras, d e aquí q u e sea d e utilidad p a r a el próji-
m o . N o p u e d e s e r d e o t r a m a n e r a , p o r q u e yo y el próji-
m o s o m o s u n a sola cosa, y e n la m e d i d a e n q u e m e a m a ,

1
C a t a l i n a d i s t i n g u e e n El Diálogo e n t r e « c u e r p o m í s t i c o d e la s a n t a
Iglesia» y « c u e r p o g e n e r a l d e la r e l i g i ó n c r i s t i a n a » . El p r i m e r o se r e f i e -
r e a lo q u e h o y l l a m a m o s « j e r a r q u í a eclesiástica»; el s e g u n d o a b a r c a a
t o d o s los fieles c r i s t i a n o s . T é n g a s e b i e n e n c u e n t a e s t a n o m e n c l a t u r a
p a r a evitar inexactitudes.
2
Gal 5 , 1 7 .
68 El Diálogo

así ama al prójimo, ya que el amor a él procede del


amor a mí.
Este es el intermediario que os he puesto para que
ejercitéis y deis prueba d e la virtud en vosotros; puesto
que ya que no podéis hacerme el bien a mí, debéis ha-
cérselo al prójimo. Q u e vosotros me tenéis en el alma
por la gracia, se manifiesta en que le dais el fruto d e
vuestras santas y frecuentes oraciones, buscando mi ho-
nor y la salvación de las almas.
Enamorada el alma de mi verdad, no se contenta con
ser de provecho a todo el m u n d o en general y en parti-
cular, en el poco y en el mucho, contando con la disposi-
ción de quien recibe esa ayuda y con lo ardiente que
sea el deseo de quien la da, como queda demostrado
arriba al declararte que la mera pena, sin el deseo, no es
suficiente para expiar la culpa.
Después d e haber obrado el bien por el amor unitivo
que me tiene —razón por la que ama al prójimo— y de
haber extendido el afecto a la salvación del m u n d o en-
tero por la ayuda en las necesidades, después de haber-
se hecho bien a sí por el nacimiento de la virtud en él
—de ella procede la vida de la gracia—, después de ha-
ber mostrado que, en general, tiene amor a toda criatu-
ra racional a causa del afecto de la caridad, se dedica a
fijar su atención en las necesidades del prójimo en parti-
cular. Por eso socorre a quienes se hallan más cercanos,
de acuerdo con las gracias que le he concedido adminis-
3
trar : unos, con la palabra cargada de doctrina, aconse-
j a n d o con sinceridad, sin miramiento alguno; otros, con
el ejemplo d e vida. Esto deben hacerlo todos, edificando
al prójimo con buena, santa y honesta vida.
Éstas y muchas otras virtudes que no podría e n u m e -
rar son las que nacen en el amor al prójimo. Las he re-
partido tan diversamente, que las he dado no todas a la
misma persona: a uno doy una y a otro otra particular,
si bien nadie puede tener una sola, sino todas en gene-
ral, porque entre todas forman un todo. Las doy, pues,
de muchos modos para que se constituyan en principio
de las demás; es decir, a uno le daré con principalidad
la caridad; a otro, la justicia; a u n o , la humildad; a otro,

3
1 Cor 12,4-6.
La doctrina de ta perfección 69

la fe viva; a u n o s , la p r u d e n c i a o la paciencia, y a o t r o s ,
la fortaleza.
Estas y m u c h a s o t r a s las d o y d e m o d o d i f e r e n t e a
c r i a t u r a s distintas, si b i e n u n a d e ellas sea d a d a c o m o
fin p r i n c i p a l , y p o r ello el a l m a se e n t r e g a m á s a su p r á c -
tica q u e a las o t r a s . El a f e c t o a esta v i r t u d a t r a e h a c i a sí
a las d e m á s , q u e , c o m o se h a d i c h o , se h a l l a n í n t i m a -
m e n t e u n i d a s e n u n t o d o p o r el afecto d e la c a r i d a d .
. Y así, m u c h o s d o n e s y gracias d e v i r t u d y o t r a s cosas
espirituales y corporales —digo corporales r e f i r i é n d o m e
a las cosas n e c e s a r i a s a la vida d e l h o m b r e — , t o d o lo h e
d a d o t a n d i v e r s i f i c a d a m e n t e , q u e n o lo h e c o n c e d i d o
t o d o a u n o , p a r a q u e p o r f u e r z a os veáis o b l i g a d o s a
ejercitar la c a r i d a d u n o s c o n o t r o s . B i e n p u d e d o t a r al
h o m b r e d e t o d o lo q u e n e c e s i t a b a p a r a el a l m a y p a r a el
c u e r p o , p e r o q u i s e q u e u n o s t u v i e r a n n e c e s i d a d d e los
o t r o s y f u e r a n m i s a d m i n i s t r a d o r e s e n el r e p a r t o d e las
gracias y d o n e s q u e h a n r e c i b i d o d e m í . D e m o d o q u e ,
q u i e r a o n o , n o p u e d e m e n o s el h o m b r e d e ejercitar la
c a r i d a d . Y c i e r t a m e n t e q u e , si n o se la ejercita, y se
h a c e y se o t o r g a p o r a m o r a m í , e s a o b r a n o t i e n e v a l o r
e n c u a n t o a la g r a c i a .
Así ves q u e p a r a q u e ejercite la v i r t u d d e la c a r i d a d
h e instituido mis ministros y establecido u n a diversa
g r a d a c i ó n . Eso m u e s t r a q u e m i casa t i e n e m u c h a s m a n -
4
siones y q u e n o q u i e r o o t r a cosa q u e a m o r . P o r q u e ,
p o r el a m o r a m í , se p o n e e n m a r c h a el a m o r al próji-
m o ; p r a c t i c á n d o l o , se h a o b s e r v a d o la ley; es d e c i r , si lo
h a c e así, p u e d e h a c e r el b i e n e n favor d e q u i e n se le h a -
lla u n i d o p o r este a m o r , e n c o n f o r m i d a d c o n las cir-
cunstancias.

8 [Las virtudes se ponen a prueba y se fortalecen por sus


contrarios.]

T e h e e n s e ñ a d o c ó m o el h o m b r e es útil al p r ó j i m o
y c ó m o sus o b r a s s o n m a n i f e s t a c i ó n d e l a m o r q u e m e
tiene.
A h o r a t e d i g o q u e la v i r t u d d e la paciencia se p r u e b a
e n el h o m b r e e n el t i e m p o d e la injuria q u e se r e c i b e d e l
4
Jn 14,2.
70 El Diálogo

prójimo, c o m o la h u m i l d a d p o r m e d i o del soberbio; la


fe, p o r el q u e no la tiene; la v e r d a d e r a esperanza, p o r el
q u e n o espera; la justicia, p o r el injusto; la piedad, por
el cruel, y la m a n s e d u m b r e y b e n i g n i d a d , p o r medio del
iracundo.
T o d a s las virtudes se p r u e b a n y cobran vida en rela-
ción con el prójimo, lo mismo q u e los malvados d a n el
ser a todos los vicios en relación con el prójimo. Si lo
analizas bien, la h u m i l d a d es p r o b a d a p o r la soberbia,
esto es, q u e el h u m i l d e mata la soberbia, razón p o r la
cual el soberbio no le p u e d e hacer d a ñ o espiritual; tam-
poco la infidelidad del inicuo, q u e ni m e a m a ni espera
en mí, al q u e es fiel le disminuye la fe; ni la esperanza,
q u e h a nacido en él p o r a m o r a mí, sino q u e , más bien,
las fortalece y deja todas c o m p r o b a d a s p o r la dilección
del a m o r al prójimo. Y, a u n q u e se le vea sin fe y sin es-
peranza ni en mí ni en sí mismo —pues el q u e no ama
n o p u e d e t e n e r esperanza en mí, sino q u e la pone en los
propios sentidos, a los que ama—, siempre q u e d a la es-
peranza d e q u e busque en mí la salvación. Así ves q u e
en su infidelidad y falta d e esperanza se p r u e b a la vir-
tud d e la fe. En esto y no en otras cosas da pruebas d e la
fe, las da p o r sus obras y las q u e hace p o r el prójimo.
La justicia n o se e m p e q u e ñ e c e con la injusticia, sino,
más bien, intenta d a r pruebas d e ella, es decir, desen-
mascara al injusto p o r la virtud d e la paciencia; lo mis-
m o q u e la benignidad y m a n s e d u m b r e se manifiestan
en el tiempo d e la ira p o r medio d e la dulce paciencia; y
e n la envidia, el desprecio y el o d i o m u e s t r a n la dilec-
ción d e la caridad en c u a n t o al h a m b r e y deseo d e la sal-
vación d e las almas.
A d e m á s te digo q u e no sólo se p r u e b a la virtud en los
q u e devuelven bien p o r mal, sino q u e frecuentemente
p o n d r á carbones encendidos en el fuego d e la caridad.
Ese fuego r e d u c e a la n a d a el odio y rencor del corazón
y del espíritu del i r a c u n d o , y, en consecuencia, el odio
se convierte, a veces, en benevolencia. Esto o c u r r e en
razón d e la virtud d e la caridad y perfecta paciencia q u e
hay en el q u e sufre la ira del malvado, p o r sufrir y so-
p o r t a r sus defectos '.

1
R o m 12,17-20.
La doctrina de la perfección 71

Si c o n t e m p l a s las v i r t u d e s d e la f o r t a l e z a y p e r s e v e -
r a n c i a , v e r á s q u e éstas q u e d a n p a t e n t e s e n el m u c h o s u -
frir las injurias y d e t r a c c i o n e s d e los h o m b r e s , q u e a
m e n u d o c o n injurias y lisonjas le q u i e r e n a p a r t a r d e l ca-
m i n o y d e la d o c t r i n a d e la v e r d a d . El es f u e r t e y p e r s e -
v e r a n t e e n t o d o si la v i r t u d d e la f o r t a l e z a h a n a c i d o e n
él. E n ese caso, la m a n i f i e s t a al e x t e r i o r , e n el p r ó j i m o .

9 [Aquí comienza el tratado de la discreción. No debe ponerse el


afecto principalmente en la penitencia, sino en las virtudes.
La discreción recibe vida de la humildad y da a cada uno lo
que le es debido

Estas s o n las s a n t a s y d u l c e s o b r a s q u e p i d o a mis ser-


v i d o r e s , e s t o es, q u e d e n . p r u e b a s d e estas v i r t u d e s i n t e -
r i o r e s d e l a l m a ; n o sólo d e las q u e se e j e r c i t a n c o n el
c u e r p o c o m o i n s t r u m e n t o , o sea, c o n actos e x t e r n o s o
d i v e r s a s y v a r i a d a s p e n i t e n c i a s , s i n o c o n actos v i r t u o s o s
i n t e r n o s , p u e s t o q u e , si sólo f u e s e n e x t e r i o r e s , m e a g r a -
d a r í a n p o c o . E n m á s , m u c h a s veces, si el a l m a n o hiciese
la p e n i t e n c i a c o n d i s c r e c i ó n , e s t o es, si p u s i e s e su afecto
p r i n c i p a l m e n t e e n la p e n i t e n c i a c o m e n z a d a , i m p e d i r í a
su p e r f e c c i ó n . D e b e p o n e r l o e n el a f e c t o d e l a m o r , e n
las d e m á s v i r t u d e s i n t e r i o r e s d e l a l m a , c o n h a m b r e y
d e s e o d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s , c o n
s a n t o o d i o hacia sí y c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d y p e r f e c t a
p a c i e n c i a . Las v i r t u d e s d e m u e s t r a n q u e la v o l u n t a d p r o -
pia e s t á m u e r t a , y c o n t i n u a m e n t e d a n m u e r t e a la p a r t e
sensitiva c o m o c o n s e c u e n c i a d e l a m o r a ellas.
C o n esta d i s c r e c i ó n d e b e h a c e r su p e n i t e n c i a , es d e c i r ,
p o n i e n d o el afecto p r i n c i p a l m á s e n la v i r t u d q u e e n la
p e n i t e n c i a . Esta d e b e s e r v i r d e i n s t r u m e n t o p a r a a c r e -
c e n t a r la v i r t u d s e g ú n se p r e c i s e y se v e a q u e se p u e d e
llevar a c a b o , e n c o n f o r m i d a d c o n sus p o s i b i l i d a d e s .
D e o t r o m o d o , o sea, e s t a b l e c i e n d o el f u n d a m e n t o e n
la p e n i t e n c i a , se i m p e d i r í a su p e r f e c c i ó n , p o r q u e n o se-
ría h e c h a c o n d i s c r e c i ó n , a la luz d e l c o n o c i m i e n t o d e sí
1
C o m o se ve, la división q u e p o s t e r i o r m e n t e se h a h e c h o d e la obra
e n tratados tiene su raíz e n los manuscritos m á s a n t i g u o s , a u n q u e se la
p u e d a discutir y haya s i d o la m e n o s r e s p e t a d a . «Discreción» aquí se
identifica c o n d i s c e r n i m i e n t o , valoración o clasificación d e valores e n
la vida espiritual.
72 El Diálogo

misma y de mi bondad, y no se acomodaría a mi ver-


d a d , sino que se haría sin descreción, sin a m a r lo que yo
a m o , sin odiar lo que yo odio. Pues discreción no es otra
cosa que el verdadero conocimiento que el alma debe tener de sí
y de mí; en este conocimiento tiene sus raíces. Es un hijo
injertado y u n i d o por la caridad.
Cierto que tiene muchos hijos, como el árbol tiene
muchas ramas; pero lo que d a vida al árbol y a las ramas
es la raíz, si se halla plantada en la tierra de la humil-
dad, que es el alma y nodriza de la caridad, en d o n d e se
halla injertado este hijo y árbol de la discreción. Pues d e
otro m o d o , si no estuviese plantado en la humildad, no
sería virtud d e discreción ni produciría frutos de vida,
ya que la humildad procede del conocimiento que tiene
el alma de sí, y ya te dije que la discreción es un verda-
d e r o conocimiento de sí y de mi bondad, por lo cual en
seguida se atribuye a cada cual lo que le es debido.
Principalmente me lo atribuye a mí, d a n d o gloria y
alabanza a mi n o m b r e , y m e devuelve las gracias y do-
nes que ve y reconoce haber recibido de mí. A sí misma
da lo que ve que tiene merecido, reconociendo que
por sí misma no existe y q u e el ser que tiene lo ha reci-
bido gratuitamente de mí y no de sí misma. Le parece
ser ingrata a tantos beneficios, y negligente, por no ha-
ber usado el tiempo y las gracias recibidas. Le parece
q u e por ello es digna de las penas.
Entonces se entrega al aborrecimiento y desprecio d e
su culpas. Esto lo realiza la virtud de la discreción, fun-
d a d a en el conocimiento de sí a través de la verdadera
humildad.
Si ésta no se hallase en el alma, se hallaría ésta sin dis-
creción, fundada en la soberbia, mientras que la discre-
ción verdadera se basa en la humildad. Sin discreción,
por tanto, m e robaría el h o n o r y se lo atribuiría a sí mis-
m a para su propia reputación; y lo suyo me lo atribuiría
a mí, quejándose y m u r m u r a n d o de los misterios que se
obran en ella y en las otras criaturas mías. Se escandali-
zaría de mí y del prójimo en todo; lo contrario de lo que
hacen los que poseen la virtud de la discreción, q u e ,
después de haber rendido el referido h o n o r a mí y a sí
mismos, pagan al prójimo la importantísima d e u d a del
afecto d e la caridad y de la humilde y perseverante ora-
La doctrina de la perfección 73

c i ó n , lo q u e d e b e n h a c e r u n o s p a r a c o n o t r o s . A l próji-
m o le d a n la d e b i d a d o c t r i n a y la e j e m p l a r i d a d d e su
s a n t a y h o n e s t a vida, a c o n s e j á n d o l e y a y u d á n d o l e a la sal-
vación d e su a l m a , c o n f o r m e a su n e c e s i d a d .
E n c u a l q u i e r s i t u a c i ó n e n q u e el h o m b r e se h a l l e , sea
s e ñ o r , p r e l a d o o s u b d i t o , si p o s e e e s t a v i r t u d , t o d o lo
h a c e y d a a su p r ó j i m o c o n d i s c r e c i ó n y afecto d e cari-
d a d , p o r q u e se h a l l a n u n i d o s e i n j e r t a d o s j u n t o s y p l a n -
t a d o s e n la t i e r r a d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , q u e t i e n e
su o r i g e n e n el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o s .

1 0 [Semejanza de cómo la caridad, humildad y discreción


están íntimamente unidas.—A esta semejanza debe acomo-
darse el alma.—El árbol de la virtud. ]

¿Sabes c u á l es la p o s i c i ó n q u e o c u p a n estas v i r t u d e s ?
I m a g i n a u n c í r c u l o r o d e a n d o la t i e r r a y q u e d e la m i t a d
d e él sale u n á r b o l c o n u n r e t o ñ o l a t e r a l u n i d o a él. El
á r b o l se n u t r e d e la t i e r r a c o n t e n i d a e n la a n c h u r a d e l
c í r c u l o . Si el á r b o l se h a l l a s e f u e r a d e la t i e r r a d e ese
c í r c u l o , se m o r i r í a y n o d a r í a f r u t o h a s t a q u e n o fuese
p l a n t a d o e n él. D e m o d o s e m e j a n t e , p i e n s a q u e el á r b o l
d e la v i r t u d h a n a c i d o e n el c í r c u l o d e l a m o r , y p o r ello
n o p u e d e vivir sino d e l a m o r .
Es, p u e s , c i e r t o q u e , si el a l m a n o t i e n e a m o r d i v i n o
d e v e r d a d e r a y perfecta caridad, n o p r o d u c e frutos de
vida, sino d e m u e r t e . E s d e n e c e s i d a d q u e la raíz d e este
á r b o l , es d e c i r , el a f e c t o d e l a l m a , e s t é y b r o t e d e l círcu-
lo d e l v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e sí. E s t e c o n o c i m i e n t o ,
d e p o r sí, está u n i d o a m í , q u e n o t e n g o p r i n c i p i o ni fin,
c o m o el c í r c u l o , p u e s c u a n d o t ú vas d a n d o v u e l t a s d e n -
t r o d e él, n o e n c u e n t r a s n i fin n i p r i n c i p i o y te hallas
s i e m p r e e n su i n t e r i o r . El c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o y
d e m í e n él se e n c u e n t r a y r e p o s a s o b r e la t i e r r a d e la
v e r d a d e r a h u m i l d a d , la c u a l es t a n g r a n d e c u a n t o lo es
la a m p l i t u d d e l c í r c u l o , e s t o es, d e l c o n o c i m i e n t o q u e h a
t e n i d o d e sí p o r la u n i ó n c o n m i g o . D e o t r a m a n e r a n o
s e r í a c í r c u l o sin p r i n c i p i o , s i n o q u e lo t e n d r í a al h a b e r
c o m e n z a d o a c o n o c e r s e a sí m i s m o , y t e r m i n a r í a e n la
c o n f u s i ó n si este c o n o c i m i e n t o n o se h a l l a s e u n i d o a m í .
P o r t a n t o , el á r b o l d e la c a r i d a d se a l i m e n t a d e la h u -
m i l d a d , h a c i e n d o b r o t a r d e su i n t e r i o r el r e t o ñ o , c o m o
74 El Diálogo

te he dicho. La médula d e ese árbol, o sea, el afecto de


la caridad q u e se halla en el alma, es la paciencia. Esta es
una señal que manifiesta que se halla en el alma y que
ésta se halla unida a mí.
Este árbol tan dulcemente plantado echa flores perfu-
madas de virtud con muchos y variados colores. Da fru-
tos d e gracia al alma y de utilidad p a r a el prójimo, se-
gún la disposición con que quiera recibir los frutos de
mis servidores. A mí me da el perfume de la gloria y
alabanza de mi n o m b r e , y así cumple la finalidad para
que lo creé y consigue su objetivo, llegar a mí, q u e soy
vida perdurable, y no puedo ser apartado de él si él no
quiere.
T o d o s los frutos producidos por el árbol se hallan sa-
zonados con la discreción, p o r q u e todos se hallan uni-
dos e n t r e sí, como te he dicho.

11 [La penitencia y demás instrumentos corporales deben


tomarse como medio para llegar a la virtud y no como finali-
dad principal.—La luz de la discreción es manifestada por di-
versos modos y obras.]

Estos son los frutos y obras q u e exijo del alma: la


comprobación d e las virtudes en el m o m e n t o en q u e se
precise. Si te acuerdas bien, hace bastante tiempo, cuan-
do deseabas hacer grandes penitencias p o r mí, diciendo:
«¿Qué podría yo hacer para sufrir penas por ti?», res-
pondí a tu espíritu: «Yo soy quien m e deleito en pocas
palabras y muchas obras», para mostrarte que no quiero
que sólo me llamen con el sonido d e las palabras: «Se-
ñor, Señor, quisiera hacer p o r ti» '; ni que deseen y
quieran mortificar su cuerpo con muchas penitencias,
sin matar la propia voluntad. Q u i e r o muchas obras, su-
friendo animosamente y con paciencia, y quiero las
otras virtudes q u e te he e n u m e r a d o , las interiores del
alma, todas las cuales obran y p r o d u c e n frutos d e gra-
cia.
Cualquier otra obra basada en principio distinto d e
éste, la j u z g o ser únicamente clamor de palabras, por-
que se trata sólo d e obras finitas, y yo, que soy infinito,
pido obras infinitas, es decir, d e afecto infinito de amor.
1
Mt 7,21.
La doctrina de la perfección 75

Q u i e r o q u e las o b r a s d e p e n i t e n c i a y d e m á s ejercicios,
p o r s e r c o r p o r a l e s , s e a n utilizados c o m o i n s t r u m e n t o y
n o c o m o p r i n c i p a l o b j e t i v o . P u e s , si f u e s e n t o m a d o s
c o m o objetivo p r i n c i p a l , se m e o f r e c e r í a u n a cosa finita
y o b r a r í a n sólo las p a l a b r a s , q u e t i e n e n i n f l u e n c i a s o b r e
los q u e se h a l l a n f u e r a d e la b o c a y n o m á s , si es q u e
esas p a l a b r a s n ó s a l e n d e l afecto d e l a l m a . Este afecto
c o n c i b e y h a c e n a c e r la v i r t u d d e v e r d a d , o sea, q u e las
o b r a s finitas, q u e h e d e n o m i n a d o « p a l a b r a s » , h a n d e es-
t a r u n i d a s al efecto d e la c a r i d a d . E n t o n c e s m e s e r á g r a -
ta y p l a c e n t e r a el a l m a , p o r q u e n o se h a l l a r á sola, sino
a c o m p a ñ a d a d e la v e r d a d e r a d i s c r e c i ó n , u s a n d o las
o b r a s c o r p o r a l e s c o m o i n s t r u m e n t o y n o c o m o objetivo
fundamental.
N o es p r e c i s o q u e el p r i n c i p i o y f u n d a m e n t o se b a s e n
sólo e n la p e n i t e n c i a o e n c u a l q u i e r acto c o r p o r a l e x t e -
r i o r , p u e s s o n o b r a s finitas. L o s o n t a n t o p o r s e r realiza-
d a s e n el t i e m p o c o m o p o r q u e a l g u n a s veces es d e n e c e -
s i d a d q u e la c r i a t u r a las a b a n d o n e o q u e ellas m i s m a s
exijan s e r a b a n d o n a d a s , c o m o c u a n d o se d e j a n p o r la
i m p o s i b i l i d a d d e p r o s e g u i r lo c o m e n z a d o p o r c i r c u n s -
tancias diversas q u e le s o b r e v i e n e n o p o r o b e d i e n c i a
q u e p r o v i e n e d e l p r e l a d o ; p o r q u e h a c i é n d o l a s , n o sólo
n o m e r e c e r í a , sino q u e p e c a r í a . V e s , p o r t a n t o , q u e s o n
finitas. H a y q u e t o m a r esas o b r a s c o r p o r a l e s c o m o ins-
t r u m e n t o y n o c o m o a l g o f u n d a m e n t a l . Si se las t o m a r a
d e este m o d o , p o r n e c e s i d a d l l e g a r á u n t i e m p o e n q u e
h a y a q u e d e j a r l a s , y e n e s e caso el a l m a q u e d a r á vacía.
Esto lo m o s t r ó el g l o r i o s o S a n P a b l o c u a n d o dijo e n
su c a r t a q u e mortificaseis el c u e r p o y dieseis m u e r t e a la
p r o p i a v o l u n t a d , es d e c i r , sepáis t e n e r a r a y a al c u e r p o ,
m a c e r a n d o la c a r n e c u a n d o ésta q u i s i e r e a s a l t a r al espí-
2
r i t u ; p e r o q u i e r e q u e la v o l u n t a d sea m a t a d a e n t o d o ,
a h o g a d a y s o m e t i d a a m i v o l u n t a d . A esta v o l u n t a d se la
h a c e m o r i r p o r la d e u d a q u e t e dije q u e la v i r t u d d e la
d i s c r e c i ó n salda c o n e l a l m a , o sea, p o r el a b o r r e c i m i e n -
t o y d e s p r e c i o d e l p e c a d o y d e la p a r t e sensitiva p r o p i a .
El a b o r r e c i m i e n t o lo a d q u i r i ó p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí
m i s m o . Este es el c u c h i l l o q u e m a t a y a p a r t a t o d o a m o r
• p r o p i o f u n d a d o e n la v o l u n t a d p r o p i a .

2 Gal 8,12.
76 El Diálogo

Los q u e así actúan n o m e d a n ú n i c a m e n t e palabras,


sino obras, y d e esto m e alegro. Por eso te dije q u e yo
q u e r í a pocas palabras y m u c h a s o b r a s . Diciendo «mu-
chas» n o te señalo n ú m e r o , p o r q u e el afecto del alma
f u n d a d o e n la c a r i d a d , q u e d a vida a toda virtud, d e b e
p r o g r e s a r hasta el infinito. Sin e m b a r g o , n o desprecio
las palabras; p e r o dije q u e deseaba pocas p a r a m o s t r a r t e
q u e t o d a o b r a efectuada e n el tiempo es finita, y p o r eso
dije «pocas». M e complacen, sin e m b a r g o , c u a n d o son
i n s t r u m e n t o d e la virtud y n o consideradas virtud prin-
cipal.
Por esto, al e x t r e m a d o p e n i t e n t e , q u e se dedica a m a -
tar su c u e r p o , n i n g u n o lo d e b e c r e e r d e m a y o r perfec-
ción q u e el q u e hace m e n o s penitencias, p o r q u e , c o m o
te h e dicho, n o consiste en ellas ni la virtud ni su m é r i t o .
C o n s i g u i e n t e m e n t e , n o o b r a r í a mal q u i e n p o r legítimas
razones n o p u e d a hacer obras y penitencias corporales y
sólo se e n t r e g a a la virtud d e la c a r i d a d sazonada con la
luz d e la v e r d a d e r a discreción, ya q u e d e otro m o d o n o
t e n d r í a n valor. Este a m o r m e lo d a la discreción sin lí-
mite ni m e d i d a . C o m o soy s u m a y e t e r n a V e r d a d , n o
p o n g o ley ni límites al a m o r con q u e m e tiene q u e a m a r ,
p e r o sí e n c u a n t o al m o d o y a la caridad o r i e n t a d a al
prójimo.
La luz d e la discreción, q u e , c o m o te h e dicho, proce-
d e d e la c a r i d a d , d a al prójimo el a m o r o r d e n a d o , esto
es, la caridad o r d e n a d a , q u e n o c o m e t e u n pecado p o r
hacer bien al prójimo. P o r q u e si, p a r a salvar al m u n d o
e n t e r o del infierno o p a r a ejercitar u n a g r a n virtud, co-
metiese u n o , n o sería caridad o r d e n a d a p o r la discre-
ción, sino c a r i d a d indiscreta, pues n o es lícito realizar
u n a g r a n virtud o a y u d a r al prójimo valiéndose del pe-
cado. La santa discreción está d e tal m o d o o r d e n a d a ,
q u e el alma o r i e n t a todas sus potencias a servirme con
t o d o c u i d a d o , y a m a al prójimo con afecto d e a m o r , y
mil veces e x p o n d r í a la vida del c u e r p o p o r la salvación
d e las almas, sufriendo penas y t o r m e n t o s p a r a q u e ten-
gan la vida d e la gracia, y e x p o n e su existencia temporal
p o r socorrer el c u e r p o del prójimo.
Esto es lo q u e hace la luz d e la discreción derivada d e
la caridad. Y así, ves q u e toda alma q u e desea la gracia
m e d a y d e b e d a r m e a m o r ilimitado, sin m e d i d a . Al
La doctrina de la perfección 11

prójimo debe amarle con medida y caridad ordenada


p o r el a m o r ilimitado q u e m e d e b e t e n e r , n o h a c i é n d o s e
d a ñ o a sí m i s m o p o r h a c e r el b i e n a o t r o . Esto n o s lo
aconseja San Pablo al d e c i r q u e la c a r i d a d d e b e c o m e n -
zar e n u n o m i s m o ; d e o t r o m o d o , t a m p o c o sería útil a
los d e m á s con u t i l i d a d p e r f e c t a .
N o sería c o n v e n i e n t e q u e p o r salvar a las c r i a t u r a s ,
q u e son finitas y c r e a d a s p o r m í , fuese o f e n d i d o yo, q u e
soy B i e n infinito. Este p e c a d o sería m á s g r a v e y m a y o r .
El ú n i c o p r o v e c h o sería c o m e t e r l o , y p o r n a d a se d e b e
c o m e t e r u n p e c a d o ; la v e r d a d e r a c a r i d a d lo sabe, p o r -
q u e ella lleva c o n s i g o la luz d e la s a n t a discreción.
Esta es la luz q u e disipa t o d a o s c u r i d a d , q u i t a t o d a ig-
n o r a n c i a ; es el c o n d i m e n t o d e t o d a v i r t u d , y t o d o ins-
t r u m e n t o es s a z o n a d o p o r ella. Ella p o s e e u n a p r u d e n -
cia q u e n o p u e d e ser e n g a ñ a d a , u n a fortaleza q u e n o
p u e d e ser vencida, u n p e r s e v e r a n c i a h a s t a el fin q u e lle-
ga d e l cielo a la t i e r r a , es d e c i r , d e l c o n o c i m i e n t o d e sí,
d e la c a r i d a d p a r a c o n m i g o , h a s t a la c a r i d a d c o n el p r ó -
j i m o a través d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Esquiva y se li-
b r a d e t o d o s los lazos del d e m o n i o y d e las c r i a t u r a s c o n
su p r u d e n c i a , sin a r m a s e n la m a n o , o sea, q u e p o r el su-
f r i m i e n t o h a v e n c i d o al d e m o n i o y la c a r n e . C o n esta
d u l c e y gloriosa luz c o n o c e su fragilidad, y c o n o c i é n d o l a
la a b o r r e c e . H a c o n c u l c a d o el m u n d o y lo h a p u e s t o
bajo los pies d e su afecto, d e s p r e c i á n d o l o y t e n i é n d o l o
p o r vil; se h a h e c h o s e ñ o r d e él y d e él se b u r l a .
P o r e s o , los h o m b r e s del m u n d o s o n incapaces d e pri-
var al a l m a d e la v i r t u d , y t o d a s las p e r s e c u c i o n e s sirven
p a r a a c r e c e n t a r l a y m a n i f e s t a r l a , p u e s se halla e n g e n -
d r a d a p o r el afecto d e a m o r ; y se m u e s t r a y nace d e él
el a m o r al p r ó j i m o . T e h e e n s e ñ a d o q u e , si la discreción
n o se m a n i f e s t a s e y b r i l l a r a a n t e los h o m b r e s e n el
tiempo d e la p r u e b a , n o sería cierto q u e la virtud es u n a
r e a l i d a d . P o r eso te dije q u e n o p u e d e existir v i r t u d p e r -
fecta, q u e d é frutos, sino m e d i a n t e el p r ó j i m o . Es c o m o
la m u j e r q u e h a c o n c e b i d o u n hijo, si n o lo d a a luz y lo
p o n e a n t e los ojos d e los d e m á s , al e s p o s o le p a r e c e q u e
n o t i e n e hijo. Así yo, q u e soy el esposo d e l a l m a . Si ésta
n o d a a luz al hijo d e la v i r t u d p o r m e d i o d e la c a r i d a d
con el p r ó j i m o , m o s t r á n d o l a c o m o es m e n e s t e r , e n g e -
neral y en particular, aseguro q u e en verdad n o ha
78 El Diálogo

e n g e n d r a d o la virtud en sí. Lo mismo digo de las faltas,


pues todas se c o m e t e n m e d i a n d o el prójimo.

RECAPITULACIÓN Y PROMESA DE
MISERICORDIA

12 [Repetición d e a l g u n a s cosas ya dichas.—Dios p r o m e t e


c o n s u e l o a s u s s e r v i d o r e s y la r e f o r m a d e la s a n t a I g l e s i a p o r
medio de a b u n d a n t e s sufrimientos.)

Has visto q u e yo, la V e r d a d , te he e n s e ñ a d o la doctri-


n a para a d q u i r i r y conservar la g r a n perfección, y hasta
te he explicado en q u é m o d o se satisface p o r la culpa y
la pena, en ti y en el prójimo, al hablarte de los sufri-
mientos q u e la criatura soporta mientras se halla en
cuerpo mortal; q u e no son suficientes por sí solos p a r a
satisfacer p o r la culpa y por la p e n a si es q u e el alma no
se halla u n i d a c o n el afecto d e la caridad y con aborreci-
miento del p e c a d o .
Sin e m b a r g o , el sufrimiento la satisface c u a n d o está
unida con la caridad; no en virtud d e sufrimiento tem-
poral alguno, sino en virtud d e la caridad y dolor del
pecado cometido. Esta caridad es adquirida con la luz
d e la inteligencia, con corazón p u r o y generoso, en
atención a mí, q u e soy la caridad misma.
T o d o esto te lo he dicho p o r q u e m e pedías sufrimien-
tos. T a m b i é n a fin de q u e tú y mis servidores sepáis en
q u é m e d i d a y c ó m o me debéis hacer el sacrificio d e vo-
sotros mismos a mí. Hablo del sacrificio temporal y espi-
ritual a la vez, c o m o el vaso con el agua q u e se ofrece al
señor; p o r q u e el agua no se podría ofrecer sola, y n o le
agradaría el vaso si no iba con el agua. Por eso os digo
q u e debéis ofrecerme el vaso d e los muchos padeci-
mientos temporales tal como yo los envíe, sin elegir vo-
sotros ni el l u g a r ni el tiempo; ni sufrir a vuestro m o d o ,
sino al mío. El vaso d e b e estar lleno, es decir, soportán-
dolos todos con afecto de a m o r y v e r d a d e r a paciencia,
sufriendo y a g u a n t a n d o los defectos d e vuestro próji-
mo, pero con odio y aborrecimiento del pecado.
Entonces, las penalidades q u e tenéis puestas en el
vaso se e n c o n t r a r á n llenas del agua d e mi gracia, la cual
La doctrina de la perfección 79

d a vida al alma. Recibiré el p r e s e n t e d e mis dulces espo-


sas, o sea, d e t o d a alma q u e m e sirva; recibiré, d i g o , sus
a n g u s t i a d o s deseos d e lágrimas y suspiros, sus h u m i l d e s
y c o n t i n u a d a s o r a c i o n e s , cosas q u e , p o r el a m o r q u e ten-
go a esas esposas, son i n s t r u m e n t o p a r a aplacar m i ira
c o n t r a mis e n e m i g o s , los malvados h o m b r e s del m u n d o ,
q u e tanto me ofenden.
Sufrid, p u e s , e s f o r z a d a m e n t e hasta la m u e r t e , y esto
será la señal d e q u e m e amáis d e veras. N o debéis volver
la m i r a d a atrás ni p o r t e m o r a c r i a t u r a ni p o r las tribula-
ciones, a n t e s bien alegraos en ellas. El m u n d o se alegra
i n j u r i á n d o m e , y vosotros os entristecéis al ver las inju-
rias q u e m e h a c e n ; o f e n d i é n d o m e , os o f e n d e n , y c u a n -
d o os o f e n d e n a vosotros, m e o f e n d e n a mí, p o r q u e m e
h e h e c h o u n o con vosotros.
Bien ves q u e , h a b i é n d o o s d a d o mi i m a g e n y semejan-
za y h a b i e n d o vosotros p e r d i d o la gracia p o r el p e c a d o ,
p a r a devolveros la vida d e la gracia uní a vosotros mi
n a t u r a l e z a , c u b r i é n d o l a c o n el velo d e vuestra h u m a n i -
d a d . S i e n d o vosotros m i i m a g e n , t o m é la vuestra al to-
m a r f o r m a h u m a n a . D e m o d o q u e soy u n o c o n vosotros
si el a l m a no se a p a r t a d e mí p o r la culpa del p e c a d o
m o r t a l , p u e s q u i e n m e a m a está en mí, y yo en él '. El
m u n d o os p e r s i g u e p o r q u e n o tiene semejanza c o n m i g o ,
y p o r eso persiguió a mi Hijo u n i g é n i t o hasta la afrento-
sa m u e r t e d e la c r u z ; y lo mismo hace con vosotros. O s
p e r s i g u e y p e r s e g u i r á hasta la m u e r t e , p o r q u e no m e
2
a m a . Si el m u n d o m e a m a r a , os a m a r í a a vosotros .
P e r o alegraos, p o r q u e vuestra alegría será completa en
el cielo.
Más te d i g o : q u e c u a n t o más a b u n d e n a h o r a las tribu-
laciones e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, t a n t o
m á s a b u n d a r á e n ella la d u l z u r a y el consuelo. La dulzu-
r a consistirá en esto: e n la r e f o r m a d e los santos y b u e -
n o s pastores, q u e son flores d e gloria, es decir, q u e d a n
gloria y alaban mi n o m b r e o f r e c i é n d o m e los p e r f u m e s
d e la v i r t u d f u n d a d a en la v e r d a d . Esta es la r e f o r m a d e
las p e r f u m a d a s flores d e mis ministros y pastores. N o es
q u e haya necesidad d e r e f o r m a r los frutos d e esta Espo-

1
Jn 16,20.
2
Jn 17,14.
80 El Diálogo

sa, ya que nunca disminuyen ni se echan a perder por


los defectos de los ministros. Por eso, d e n t r o de la
3
amargura, alegraos tú, el Padre de tu alma y los demás
servidores míos, pues yo, Verdad eterna, he prometido
daros alivio; después de la amargura y de muchos sufri-
mientos, os daré consuelo en la reforma de la Igle-
sia.
J
«Padre del alma»: valga, de una vez para siempre, la equivalencia
con confesor habitual o director espiritual.

C a t a l i n a r e c i b e el h á b i t o de
Terciaria Dominica.
«EL DIALOGO»

[/. Misericordia para el pueblo de Dios y para el cuerpo místico de


la Iglesia. —La sangre redentora de Cristo y la responsabilidad del
hombre. —2. Misericordia para el mundo. —-El amor propio, veneno
del mundo. —Dominio de Dios sobre buenos y malos. -—Agradecimien-
to. —3. Seguir la verdad. —El camino de la verdad - el puente - la
viña y los trabajadores.}

13 [ A e s t a a l m a s e l e a u m e n t ó y d i s m i n u y ó a l a v e z la a m a r -
g u r a . — H a c e o r a c i ó n a Dios p o r su s a n t a Iglesia y p o r su p u e -
blo.]

C o m o consecuencia d e esto, el a l m a se a n g u s t i a b a y
sofocaba e n a r d e n t í s i m o d e s e o , n a c i d o d e l a m o r d e la
i n m e n s a b o n d a d al c o n o c e r y ver la g r a n d e z a d e la cari-
d a d divina, q u e con tanta d u l z u r a se había d i g n a d o ac-
c e d e r a su petición d á n d o l e e s p e r a n z a . A la a m a r g u r a
nacida d e las ofensas a Dios, d e los males d e la santa
Iglesia y d e su propia miseria —fruto del c o n o c i m i e n t o
d e sí m i s m a — , la veía ella d i s m i n u i r y crecer—. P o r q u e ,
al e n s e ñ a r l e el s u m o y e t e r n o P a d r e el c a m i n o d e la per-
fección, n u e v a m e n t e le manifestaba las ofensas q u e le
hacían, así c o m o el d a ñ o a las almas, c o m o m á s abajo se
dirá p o r extenso.
Por el c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a a d q u i e r a d e sí, cono-
ce m e j o r a Dios. R e c o n o c i e n d o la b o n d a d d e Dios d e n -
tro d e ella misma y en el espejo d e Dios, e n la c r i a t u r a ,
conoce t a m b i é n la d i g n i d a d y la i n d i g n i d a d p r o p i a s , es
decir, la d i g n i d a d d e la c r i a t u r a al ver q u e es i m a g e n d e
Dios, y q u e esto lo es p o r gracia, n o p o r q u e se le debie-
ra, y la i n d i g n i d a d a q u e h a llegado p o r la culpa la cono-
ce m i r a n d o al espejo d e Dios.
C o m o en el espejo se ven m e j o r las m a n c h a s q u e e n la
c a r a del h o m b r e q u e se refleja e n él, así el a l m a q u e con
v e r d a d e r o conocimiento d e sí eleva p o r el d e s e o los ojos
del e n t e n d i m i e n t o p a r a m i r a r e n el espejo d u l c e d e
Dios. P o r la limpieza q u e ve e n él conoce mejor las m a n -
chas d e su cara.
C o m o la luz y el c o n o c i m i e n t o son m a y o r e s e n ella, la
82 El Diálogo

a m a r g u r a le crece dulcemente y a la vez se disminuye.


Disminuye p o r la esperanza que le d a la Verdad prime-
ra, y a u m e n t a como el fuego c u a n d o se le echa leña; de
m o d o semejante crece el fuego en el alma, hasta el p u n -
to d e que no es posible al cuerpo h u m a n o p o d e r impe-
dir que el alma se separe de él. De d o n d e , si no estu-
viese r o d e a d a d e quien es la suma fortaleza, no le sería
posible ponerse más en pie.
Purificada el alma por el fuego d e la caridad divina
que e n c o n t r ó en el conocimiento d e sí y d e Dios y au-
mentándosele el h a m b r e con la esperanza d e la salva-
ción del m u n d o e n t e r o y de la reforma d e la santa
Iglesia, se elevó con firmeza al e t e r n o Padre mostrán-
dole la lepra d e la santa Iglesia, diciendo casi con las pa-
labras de Moisés ':
Señor mío, vuelve los ojos d e la misericordia ha-
cia tu pueblo y hacia el cuerpo místico d e la santa Igle-
sia, pues serás más glorificado si p e r d o n a s a tantas cria-
turas y les das la luz del conocimiento; y no lo hagas
sólo conmigo, miserable, q u e tanto te he ofendido y soy
causa e i n s t r u m e n t o de todo mal. Ellas te tributarán ala-
banzas al ver q u e por tu infinita b o n d a d se levantan d e
las tinieblas del pecado mortal y d e la eterna condena-
ción. Por eso, te r u e g o , caridad eterna, que tomes ven-
2
ganza en mí y hagas misericordia al pueblo ; no m e
apartaré d e tu presencia hasta q u e vea yo que haces mi-
sericordia.
¿Qué m e aprovecharía que viese que yo tenía vida
eterna y tu pueblo la m u e r t e , y q u e , principalmente p o r
mis defectos y los d e otras criaturas, vinieran las tinie-
blas a tu Esposa, la Iglesia, que es luz? Q u i e r o , pues, y te
pido como gracia q u e tengas misericordia d e tu pueblo
por la increada caridad que te movió a crear al h o m b r e
a tu imagen y semejanza, diciendo: «Hagamos al h o m -
3
b r e a nuestra imagen y semejanza» . Y p o r q u e tú lo
quisiste, T r i n i d a d e t e r n a y altísima, hiciste que el hom-
bre participara plenamente d e ti. Razón por la que le
diste el e n t e n d i m i e n t o , para que, viendo tu voluntad,

1
Ex 3 2 , 1 1 .
2
Ex 22,31-32.
3
Gen 1,26.
Misericordia para et pueblo de Dios 83

conociese y participase d e la sabiduría d e tu Hijo; y le


diste la voluntad, p a r a q u e p u d i e s e e n t e n d e r lo q u e el
e n t e n d i m i e n t o ve y c o n o c e d e tu v e r d a d , p a r t i c i p a n d o
d e la clemencia del Espíritu S a n t o .
¿Cuál fue la r a z ó n d e q u e colocases al h o m b r e e n tan-
ta d i g n i d a d ? El a m o r inestimable con q u e c o n t e m p l a s t e
d e n t r o d e ti a tu c r i a t u r a . Y te e n a m o r a s t e d e ella. L u e -
go la creaste y le diste el ser p o r a m o r , a fin d e q u e pala-
d e a s e tu s u m o y e t e r n o bien.
Veo q u e p o r el p e c a d o c o m e t i d o p e r d i ó la d i g n i d a d
en q u e la pusiste. A causa d e la rebelión q u e llevó a
cabo, se p u s o en g u e r r a con tu clemencia, es decir, nos
c o n v e r t i m o s en e n e m i g o s tuyos.
T ú , m o v i d o p o r el m i s m o a r d o r con q u e nos creaste,
quisiste establecer el r e m e d i o p a r a reconciliar al g é n e r o
h u m a n o llegado a esta e n o r m e g u e r r a , p a r a q u e a ella
siguiese la g r a n paz; p o r ello nos diste el V e r b o de tu
Hijo unigénito, q u e fue i n t e r m e d i a r i o e n t r e nosotros
y tú.
El fue n u e s t r a justicia, q u e castigó e n sí m i s m o n u e s -
tras injusticias, y c u m p l i ó c o n tu obediencia, P a d r e eter-
no, la q u e le impusiste al vestirle d e n u e s t r a h u m a n i d a d ,
cuando tomó nuestra imagen y naturaleza humana.
¡Oh insondable c a r i d a d ! ¿ Q u é c o r a z ó n p u e d e ser tan
f u e r t e q u e no se q u i e b r e al ver lo Alto c a í d o tan abajo
c o m o lo está n u e s t r a h u m a n i d a d ? N o s o t r o s s o m o s tu
i m a g e n , y tú la i m a g e n n u e s t r a p o r la u n i ó n q u e has he-
c h o con el h o m b r e , o c u l t a n d o la e t e r n a divinidad c o n la
n u b e miserable y la c o r r o m p i d a masa d e A d á n .
¿Cuál fue la causa? T ú , Dios, te has h e c h o h o m b r e , y
el h o m b r e ha sido h e c h o Dios. P o r este a m o r inefable,
te a p r e m i o y te r u e g o q u e tengas misericordia d e tus
criaturas.

14 iDios se q u e j a del p u e b l o cristiano, y p r i n c i p a l m e n t e d e


s u s m i n i s t r o s . — A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o
y el b e n e f i c i o d e la e n c a r n a c i ó n . |

Volviendo Dios e n t o n c e s los ojos d e su misericordia


hacia ellos y d e j á n d o s e p r e s i o n a r p o r las lágrimas y ci-
ñ é n d o s e el cíngulo del santo d e s e o , dijo l a m e n t á n d o s e :
84 El Diálogo

Hija dulcísima, las lágrimas me fuerzan, porque


están unidas a mi caridad y son d e r r a m a d a s por a m o r a
mí. Vuestros dolorosos deseos me atan. Pero mira y
considera lo sucia que mi Esposa tiene su cara, cómo es
leprosa a causa de las inmundicias y del amor propio,
inflada por la soberbia y codicia que se alimentan a sus
pechos, es decir, la religión cristiana, cuerpo universal, y
hasta el cuerpo místico d e la santa Iglesia '. Digo esto de
mis ministros, que son quienes se alimentan y están a
sus pechos. Y no sólo se alimentan, sino que tienen que
alimentar y m a n t e n e r a esos pechos el cuerpo universal
de la religión cristiana y a cualquier otro que quisiera
salir de las tinieblas de la infidelidad y unirse a mi Igle-
sia como miembro suyo.
Mira con cuánta ignorancia, cuántas tinieblas y cuánta
ingratitud es repartida por manos inmundas la leche y
la sangre de esta Esposa y con cuánta presunción e irre-
verencia son recibidas por los fíeles. Por eso, lo que da
vida, frecuentemente les da la m u e r t e por defecto suyo.
. La preciosa sangre de mi Hijo es lo que hizo desapare-
cer la muerte y las tinieblas, lo que dio la luz y la ver-
dad, y dejó confundida a la mentira.
Esta sangre dio y realizó todo lo referente a la perfec-
ción del h o m b r e que se dispone a recibirla. Igual que da
vida y dota al alma d e toda gracia, así da la muerte al
que vive en la maldad, poco o m u c h o conforme a la dis-
posición y afecto de quien las recibe. De modo que por
parte de quien las acepta, si las recibe indignamente en
las tinieblas del pecado mortal, a éste se le da la muerte
y no la vida. No ocurre esto por defecto del ministro,
aunque se hallase en pecado igual o mayor, ya que su
pecado no echa a p e r d e r ni ensucia la sangre, ni dismi-
nuye su gracia y virtud. Por ello no hace mal a quien le
da la sangre, sino a sí mismo por el pecado, al que segui-
rá la pena si no se corrige con verdadera contrición y
aborrecimiento de la culpa.
Digo, pues, que esta sangre perjudica al que la recibe
indignamente; no por defecto d e la sangre ni del minis-
tro, sino por la mala preparación y por defecto suyo, ya
que tiene su espíritu y su cuerpo sucios d e tanta miseria

1
Para Catalina, cuerpo místico significa jerarquía eclesiástica.
Misericordia para el pueblo de Dios 85

e i n m u n d i c i a , y p o r la g r a n d í s i m a c r u e l d a d q u e h a teni-
d o p a r a consigo y con su p r ó j i m o . La t u v o consigo pri-
v á n d o s e d e la gracia, p o n i e n d o bajo los pies d e sus incli-
n a c i o n e s el fruto d e la s a n g r e q u e a d q u i r i ó e n el bautis-
m o , c u a n d o le fue b o r r a d a la m a n c h a original e n virtud
d e la s a n g r e , m a n c h a q u e se a d q u i e r e al ser c o n c e b i d o
p o r su p a d r e y p o r su m a d r e .
P o r esta r a z ó n os di al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o ,
p u e s la m a s a del g é n e r o h u m a n o estaba c o r r o m p i d a p o r
el p e c a d o del p r i m e r h o m b r e , A d á n . Y así, t o d o s voso-
t r o s , h e c h o s d e la m i s m a masa, estabais c o r r o m p i d o s y
n o aptos p a r a o b t e n e r la vida e t e r n a . Yo, lo Alto, m e u n í
a la bajeza d e vuestra h u m a n i d a d p a r a p o n e r r e m e d i o a
la c o r r u p c i ó n y m u e r t e d e l g é n e r o h u m a n o al devolver-
le la gracia q u e p e r d i ó p o r el p e c a d o '.
Al n o p o d e r sufrir yo la p e n a —mi divina justicia exi-
gía q u e a la culpa siguiese la p e n a — , a u n q u e el h o m b r e
h u b i e s e satisfecho p o r algo, n o satisfaría p o r o t r o , sino
p o r sí m i s m o , y n o p o r las c r i a t u r a s . A d e m á s , esta culpa
n o p o d í a satisfacerse ni e n favor suyo ni d e o t r o s , p o r -
q u e se h a b í a c o m e t i d o c o n t r a mí, q u e soy infinita B o n -
d a d . Q u e r i e n d o yo, sin e m b a r g o , restituir p o r el h o m -
b r e , q u e se hallaba e n d e u d a y n o p o d í a p a g a r p o r la ra-
zón d i c h a y p o r hallarse m u y d e b i l i t a d o , envié al V e r b o
d e mi Hijo revestido con la m i s m a n a t u r a l e z a q u e voso-
t r o s , m a s a c o r r o m p i d a d e A d á n , p a r a q u e sufriese el
castigo e n aquella m i s m a n a t u r a l e z a q u e h a b í a p e c a d o :
s u f r i e n d o e n su c u e r p o hasta la a f r e n t o s a m u e r t e d e la
c r u z , aplacaría mi ira.
D e este m o d o c u m p l í c o n mi justicia y sacié m i divina
m i s e r i c o r d i a , q u e q u i s o satisfacer p o r el h o m b r e y p r e -
p a r a r l o p a r a el bien p a r a el q u e lo había c r e a d o . Así, la
n a t u r a l e z a h u m a n a , u n i d a a la divina, fue suficiente
p a r a satisfacer p o r t o d o el g é n e r o h u m a n o ; n o p o r la
p e n a q u e sufre e n la n a t u r a l e z a finita, es decir, e n la
m a s a d e A d á n , sino p o r r a z ó n d e la d i v i n i d a d e t e r n a , d e
la n a t u r a l e z a divina infinita. U n i d a s u n a y o t r a n a t u r a -
leza, recibí y acepté el sacrificio d e la s a n g r e d e mi Hijo
u n i g é n i t o , e n t r e m e z c l a d a y h e c h a u n a m a s a c o n la n a t u -
raleza divina a través d e l fuego d e m i c a r i d a d , q u e fue

1
Gal 4,4-5 y 1 J n 4 , 9 .
86 El Diálogo

el lazo d e unión q u e le tiene sujeto y clavado en cruz.


Sólo en virtud d e la naturaleza divina fue de este
m o d o capaz d e satisfacer p o r la culpa d e la naturaleza
h u m a n a . Así q u e d ó limpia la m a n c h a del pecado d e
A d á n , p e r m a n e c i e n d o ú n i c a m e n t e la cicatriz, esto es, la
inclinación al pecado, a todo afecto corporal; al m o d o
q u e q u e d a la cicatriz después d e haber c u r a d o el hom-
bre d e u n a llaga.
Después del pecado d e A d á n , q u e produjo la mortal
mancha, llegado el gran médico, mi Hijo unigénito,
c u r ó al e n f e r m o bebiendo El la a m a r g a medicina que
no podía beber el h o m b r e por hallarse muy debilitado.
O b r ó como la nodriza, q u e toma la medicina, en vez del
niño, p o r q u e es mayor y fuerte, y el niño no tiene forta-
leza poder soportar tanta a m a r g u r a . El hizo de nodriza,
sufriendo con la grandeza y fortaleza d e la divinidad,
unida a vuestra naturaleza, la a m a r g a medicina de la
dolorosa m u e r t e d e cruz para sanaros y daros vida a vo-
sotros, niños debilitados.
Q u e d ó ú n i c a m e n t e la cicatriz del pecado original, he-
r e d a d o del p a d r e y d e la m a d r e c u a n d o sois concebidos.
Esta cicatriz se quita del alma, a u n q u e no del todo. Eso
se hace por el santo bautismo, q u e tiene eficacia y da la
vida d e la gracia en virtud d e esta gloriosa y preciosa
sangre.
En c u a n t o el alma ha recibido el santo bautismo, se le
quita el pecado original y se le infunde la gracia. T a m -
bién la inclinación al pecado, q u e es la cicatriz que que-
da del pecado original y q u e debilita, p u e d e el alma ate-
nuarla si quiere, como q u e d a dicho.
Así q u e d a dispuesto el vaso del alma para recibir y au-
m e n t a r la gracia d e n t r o d e sí m u c h o o poco, según quie-
ra prepararse a sí misma para a m a r m e y servirme con
afecto y deseo. Puede prepararse para el mal y para el
bien a u n q u e haya recibido la gracia del santo bautismo;
por lo q u e , llegado el uso d e la razón, por la libertad
p u e d e o b r a r el bien o el mal, según plazca a su volun-
tad.
Es tan g r a n d e la libertad d e q u e goza el hombre y se
ha hecho tan fuerte por la eficacia d e esta gloriosa san-
gre, que ni el d e m o n i o ni criatura alguna pueden for-
zarle al más p e q u e ñ o pecado más allá d e lo que él quie-
Misericordia para el pueblo de Dios 87

ra. F u e liberado d e la esclavitud y convertido en h o m -


b r e libre p a r a q u e d o m i n a s e sus propios sentidos y al-
canzase el fin p a r a el q u e había sido c r e a d o .
¡Oh h o m b r e miserable, q u e e n c u e n t r a placer en el
lodo, c o m o le o c u r r e al animal, y q u e no reconoce tan-
tos beneficios c o m o ha recibido d e mí! Más no podía
recibir la miserable criatura, llena d e tanta ignorancia.

15 [ U n a v e z r e a l i z a d a la p a s i ó n d e C r i s t o , e l p e c a d o e s m á s
c a s t i g a d o q u e a n t e s . — D i o s p r o m e t e m i s e r i c o r d i a al m u n d o y
a la I g l e s i a si m e d i a n la o r a c i ó n y e l s u f r i m i e n t o d e s u s s e r v i -
dores. I

Q u i e r o q u e sepas, hija mía, q u e , h a b i e n d o c r e a d o d e


n u e v o al h o m b r e p o r la s a n g r e d e mi Hijo unigénito y
h a b i e n d o d e v u e l t o a la gracia al g é n e r o h u m a n o , si el
h o m b r e n o lo a g r a d e c e , va d e mal en p e o r , d e pecado
en p e c a d o , p u e s considera despreciable la gracia q u e le
h e h e c h o y le h a g o . Y no sólo n o lo considera gracia,
sino q u e a l g u n a s veces le parece q u e recibe d e mí inju-
rias, ni m á s ni m e n o s q u e si yo quisiese o t r a cosa q u e su
santificación. A s e g u r o q u e p a r a estos tales será más
d u r o el j u i c i o y serán dignos d e m a y o r castigo. U n a vez
recibida la r e d e n c i ó n p o r m e d i o d e la s a n g r e de mi
Hijo, s e r á n m á s castigados q u e antes d e q u e fuese bo-
r r a d a la m a n c h a del p e c a d o d e A d á n >.
Es r a z o n a b l e q u e q u i e n reciba más, devuelva, y se
sienta m á s obligado el q u e m á s recibe. El h o m b r e m e es-
taba m u y obligado, p o r el ser q u e yo le había d a d o al
c r e a r l o a mi imagen y semejanza. Estaba obligado a dar-
m e gloria, y él m e la quitó y volvió a dársela a sí mismo.
Por ello q u e b r a n t ó la obediencia q u e le había puesto y
se c o n v i r t i ó e n e n e m i g o mío. Yo, con h u m i l d a d , destruí
su soberbia, h u m i l l á n d o m e y t o m a n d o vuestra h u m a n i -
d a d , s a c á n d o o s d e la esclavitud del d e m o n i o , y os hice
libres. N o sólo os di la libertad, sino q u e —si lo piensas
b i e n — el h o m b r e ha sido h e c h o Dios, y Dios se ha he-
c h o h o m b r e p o r la u n i ó n d e la naturaleza divina con la
humana.
Esta es la d e u d a q u e el h o m b r e ha c o n t r a í d o , es decir,
p o r el t e s o r o d e la s a n g r e , e n él ha vuelto a ser c r e a d o
1
Jn 15,22.
88 El Diálogo

para la gracia. Ves, pues, cómo están más obligados a


d a r m e gloria después d e la redención que antes de ella.
Están obligados a d a r m e gloria y alabanza siguiendo las
huellas de la Palabra hecha carne, y de este m o d o , con
virtudes verdaderas y reales, debe pagar la d e u d a de
amor a mí y al prójimo.
El no hacerlo, puesto q u e debe a m a r m e mucho, es
causa de mayor ofensa, y, por ello, yo, conforme a la
justicia divina, le castigo con sufrimientos mayores, dán-
dole la condenación eterna. Por eso, en justicia divina,
u n falso cristiano tendrá mayores penas q u e un pagano
y le consumirá más el fuego que no se apaga, o sea, le
afligirá, y con ello se sentirá consumir por el gusano de
la conciencia, que, a pesar de todo, no lo termina d e
2
consumir , p o r q u e los condenados no pierden el ser
por mucho t o r m e n t o q u e reciban. Por eso, te aseguro
q u e pedirán la m u e r t e , y no la t e n d r á n , al no poder per-
d e r el ser. Por el pecado perdieron el ser de la gracia,
pero no su existencia.
Así, pues, el pecado es m u c h o más castigado después
de la redención q u e antes, por h a b e r recibido más. Pero
parece que no se d a n cuenta d e ello ni advierten su des-
gracia. Se han hecho enemigos míos, habiéndolos yo re-
conciliado p o r medio de la sangre de mi Hijo.
Hay un remedio con el que aplacaré mi ira, y es que
mis servidores sean solícitos en hacerme presión con las
lágrimas y a t a r m e con las ligaduras d e su deseo. T ú ves
que me tienes sujeto con estos lazos; los q u e yo mismo te
di, p o r q u e quería hacer misericordia al m u n d o . Por eso
doy a mis servidores h a m b r e y deseo de h o n r a r m e y de
la salvación de las almas, a fin de que, forzado por sus
lágrimas, mitigue yo el furor de mi divina justicia.
T o m a , pues, tus lágrimas, tu sudor; sacadlos de la
fuente de mi divina caridad tú y los otros servidores
míos; lavad con ellos la cara de mi Esposa. Yo te p r o m e -
to que por este medio le será devuelta su belleza. No re-
cobrará su h e r m o s u r a con cuchillos, ni con guerras, ni
3
con crueldades , sino con la paz, la humilde y continua-
2
Me 9,43.
3
C o n cuchillos, g u e r r a s y c r u e l d a d e s se intentaba p o n e r final al
cisma, olvidando f r e c u e n t e m e n t e los r e m e d i o s espirituales q u e procla-
m a Catalina.
Misericordia para el pueblo de Dios 89

d a o r a c i ó n ; con los s u d o r e s y las lágrimas d e r r a m a d a s y


c o n el a n g u s t i a d o d e s e o d e mis s e r v i d o r e s .
C u m p l i r é tu d e s e o d e sufrir m u c h o , d e r r a m a n d o la luz
d e v u e s t r a paciencia p o r e n t r e las tinieblas d e los h o m -
b r e s m a l v a d o s del m u n d o . N o temáis q u e el m u n d o os
persiga, q u e yo estaré c o n vosotros y e n n a d a os faltará
mi providencia.

16 [Al c o n o c e r m e j o r e s t a a l m a l a b o n d a d d i v i n a , n o s e
c o n t e n t a b a c o n o r a r s ó l o p o r e l p u e b l o c r i s t i a n o y p o r la s a n t a
Iglesia, s i n o q u e lo h a c í a p o r el m u n d o e n t e r o . ]

E n t o n c e s aquel a l m a , c o n m a y o r c o n o c i m i e n t o y
g r a n d í s i m a alegría y c o n s u e l o , se levantó y se p u s o a n t e
la divina Majestad, t a n t o p o r m e d i o d e la confianza e n
la divina misericordia c o m o p o r el inefable a m o r q u e
sentía al ver el a m o r y d e s e o q u e Dios t e n í a d e practicar
su m i s e r i c o r d i a con los h o m b r e s , a u n q u e fuesen e n e m i -
gos suyos. H a b í a i n d i c a d o el m o d o y c a m i n o a sus servi-
d o r e s p a r a q u e p u d i e r a n forzar a su b o n d a d a aplacar
su ira. Se alegraba y p e r d í a t o d o t e m o r a las persecucio-
nes del m u n d o v i e n d o a Dios en su favor. Crecía el fue-
go del s a n t o d e s e o . N o satisfecha a ú n , a p e s a r d e t o d o ,
p e d í a p o r el m u n d o e n t e r o c o n santa confianza.
A u n q u e la s e g u n d a petición c o n t e n í a el bien y la utili-
d a d d e los cristianos y d e los infieles, es d e c i r , la refor-
m a d e la santa Iglesia, sin e m b a r g o , c o m o El m i s m o se
lo h a b í a p e d i d o , c o m o h a m b r i e n t a , hacía extensiva al
m u n d o e n t e r o su o r a c i ó n , c l a m a n d o :
Dios e t e r n o , ¡misericordia p a r a tus ovejuelas,
c o m o p a s t o r b u e n o q u e e r e s ! N o d u d e s e n o t o r g a r mise-
ricordia al m u n d o , p u e s t o q u e ya p a r e c e q u e casi n o
a g u a n t a m á s , p o r q u e p a r e c e p r i v a d o t o t a l m e n t e d e la
u n i ó n e n la c a r i d a d p a r a contigo, V e r d a d e t e r n a . Mise-
r i c o r d i a p a r a c o n ellos, p u e s n o se a m a n u n o s a otros
c o n a m o r f u n d a d o e n ti.

17 [Dios se l a m e n t a d e s u s c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , y d e m o d o
especial del a m o r p r o p i o q u e r e i n a e n e l l a s . — A n i m a a d i c h a
a l m a a la o r a c i ó n y a las l á g r i m a s . I

Dios, e b r i o d e a m o r p o r n u e s t r a salvación, e n c o n t r a b a
m o d o d e e n c e n d e r m a y o r a m o r y d o l o r e n aquella a l m a
90 El Diálogo

de esta m a n e r a : mostrándole con cuánto a m o r había


creado al h o m b r e . Le dijo:
¿No ves q u e todos m e maltratan, habiéndoles yo
c r e a d o con a r d o r o s o a m o r y dotado d e la gracia y d e
otros d o n e s casi infinitos, y habiéndoselos concedido
por gracia y no por obligación? Considera ahora, hija
mía, cómo esos mismos m e golpean con tantos y tan di-
versos pecados, y especialmente con el miserable y abo-
minable a m o r a sí mismos, de d o n d e nace todo mal.
Con el a m o r propio han envenenado al m u n d o e n t e -
ro. P o r q u e así como el a m o r a mí contiene en sí toda
virtud nacida p a r a a y u d a r al prójimo, así el a m o r propio
sensitivo contiene en sí todo mal, por p r o c e d e r de la so-
beranía, c o m o el mío procede de la caridad.
Este mal lo cometen por medio de la criatura, separa-
dos y alejados del prójimo, porque ni m e h a n a m a d o a
mí ni al prójimo, q u e u n o y otro amor se hallan estre-
c h a m e n t e unidos e n t r e sí. Por eso te dije q u e todo bien
y todo mal son hechos por medio del prójimo, como te
expliqué arriba.
Mucho m e p u e d o quejar del hombre, q u e , no habien-
d o recibido d e mí sino bien, me devuelve odio, o b r a n d o
toda clase d e mal. T e dije que con las lágrimas d e mis
servidores suavizaréis mi ira, y te lo vuelvo a decir: vo-
sotros, mis servidores, preparaos y poneos ante mí con
muchas oraciones, anhelantes deseos y con dolor por las
ofensas q u e se m e hacen, y por la condenación d e ellos.
Así mitigaréis mi ira en el juicio divino.

18 [ N a d i e p u e d e e s c a p a r a las m a n o s d e D i o s . — S e e s t á e n
ellas p a r a m i s e r i c o r d i a o p a r a justicia. ]

Sabe q u e n i n g u n o p u e d e escapar a mis manos, por-


q u e yo soy el q u e soy ', y vosotros no tenéis existencia
por vosotros mismos, sino que habéis sido creados p o r
mí, q u e soy el C r e a d o r de todo lo q u e tiene ser, excepto
2
del pecado, pues éste no tiene propiamente existencia
al no h a b e r sido creado por mí. El pecado n o existe d e n -
1
Ex 3,14.
2
Sobre el p e c a d o c o m o negación, como la n a d a , insiste la Santa en
todos sus escritos d e las m á s diversas m a n e r a s .
Misericordia para el pueblo de Dios 91

tro d e m í , y p o r eso n o es d i g n o d e ser a m a d o . La cria-


t u r a m e o f e n d e , p o r q u e a m a lo q u e n o se d e b e a m a r ,
esto es, al p e c a d o ; m e odia, e s t a n d o o b l i g a d a a a m a r m e
a mí, q u e soy s u m a m e n t e b u e n o y le h e d a d o el ser con
tan a r d i e n t e a m o r . N o p u e d e , sin e m b a r g o , a p a r t a r s e d e
mí. Se halla en p o d e r m í o , p a r a justicia p o r sus culpas o
p a r a mi misericordia.
A b r e , p u e s , los ojos del e n t e n d i m i e n t o y m i r a a mi
m a n o , y verás q u e es cierto lo q u e te h e d i c h o .
L e v a n t a n d o ella la vista p o r o b e d e c e r al g r a n P a d r e ,
vio en su m a n o c e r r a d a a t o d o el u n i v e r s o . Dios dijo:
A h o r a ves y sabes q u e n i n g u n o d e ellos m e p u e -
d e ser q u i t a d o , p o r q u e t o d o s se hallan a q u í , sea p a r a
justicia o p a r a su m i s e r i c o r d i a . Y, p u e s t o q u e son míos y
c r e a d o s p o r mí, los a m o d e m o d o indecible. Por ello, a
pesar d e su m a l d a d , les h a r é m i s e r i c o r d i a p o r m e d i o d e
mis s e r v i d o r e s y c u m p l i r é la petición q u e c o n t a n t o
a m o r y d o l o r m e has p r e s e n t a d o .

19 [ E s t a a l m a , c r e c i e n d o e n el f u e g o a m o r o s o , d e s e a b a s u -
d a r s a n g r e . — A la v e z q u e s e r e p r e n d e a sí m i s m a , h a c e u n a
o r a c i ó n p o r su P a d r e e s p i r i t u a l . ]

E n t o n c e s , aquel alma, c o m o e b r i a y casi fuera d e sí,


c r e c i é n d o l e el a r d o r , se sintió feliz p o r la u n i ó n q u e te-
nía c o n Dios, s a b o r e a n d o su g r a n d e z a y b o n d a d , t o d a
s u m e r g i d a en su m i s e r i c o r d i a y llena d e d o l o r al ver
o f e n d e r a t a n t a b o n d a d . Dio gracias a la divina Majes-
tad, c o m o d á n d o s e c u e n t a d e q u e El le había manifesta-
d o los defectos d e las c r i a t u r a s p a r a verse o b l i g a d a a le-
vantarse con más esmero y mayor deseo.
A d v i r t i e n d o q u e se le r e n o v a b a el s e n t i m i e n t o en la
e t e r n a d i v i n i d a d , creció t a n t o el s a n t o y a m o r o s o fuego,
q u e s u d a b a a causa d e la fuerza q u e el alma hacía sobre
el c u e r p o . S u d a b a p o r la fuerza y a r d o r del a m o r , p u e s
e r a m á s c o m p l e t a la u n i ó n e f e c t u a d a e n t r e ella y Dios
q u e la e x i s t e n t e e n t r e el alma y el c u e r p o . P e r o ella tenía
en n a d a aquel s u d o r p o r el g r a n d e s e o q u e tenía d e ver
salir d e su c u e r p o s u d o r d e s a n g r e . Se decía a sí m i s m a :
¡ O h alma mía! Ó y e m e : has p e r d i d o el t i e m p o d e
tu vida, y p o r eso h a n s o b r e v e n i d o t a n t o s males y d a ñ o s
al m u n d o y a la santa Iglesia; m u c h o s e n g e n e r a l y en
92 El Diálogo

particular. Por eso q u i e r o q u e a h o r a los remedies con


sudor de sangre.
C i e r t a m e n t e q u e esta alma había r e t e n i d o en la me-
m o r i a la doctrina q u e le había c o m u n i c a d o la V e r d a d
d e conocerse a sí misma y a la b o n d a d d e Dios en El
m i s m o , y el r e m e d i o p a r a el m u n d o e n t e r o p a r a aplacar
la ira y el juicio divino, es decir, las humildes, continua-
das y santas oraciones.
E n consecuencia, aguijoneada p o r el santo deseo, se
elevaba m u c h o , especialmente a b r i e n d o los ojos d e la in-
teligencia y m e d i t a n d o sobre la divina caridad. Veía y
saboreaba la d o c t r i n a d e q u e estamos obligados a a m a r
y buscar la gloria y alabanza del n o m b r e d e Dios en la
salvación d e las almas. A esto creía llamados a los servi-
d o r e s d e Dios. Singularmente la V e r d a d e t e r n a había
llamado y elegido al P a d r e d e su alma, a quien ella pre-
sentaba ante la b o n d a d divina, p i d i e n d o infundiese en
él luz d e gracia p a r a q u e r e a l m e n t e siguiera a esta Ver-
dad.

20 [Sin t r i b u l a c i o n e s s u f r i d a s c o n p a c i e n c i a n o se p u e d e
a g r a d a r a D i o s . — D i o s la a n i m a a e l l a y a s u P a d r e e s p i r i t u a l a
sufrir con v e r d a d e r a paciencia. ]

R e s p o n d i e n d o a la tercera petición, es decir, al h a m -


b r e d e la salvación, dijo:
Hija, esto q u i e r o : q u e busques a g r a d a r m e a mí, la
V e r d a d , por m e d i o del h a m b r e d e la salvación d e las al-
m a s . Pero ni él ni otro alguno la p o d r á poseer sin m u -
chas persecuciones, e n la m e d i d a en q u e yo se las conce-
diere.
P o r q u e deseáis ver mi h o n o r en la santa Iglesia, p o r
eso debéis concebir a m o r al d e s e o d e sufrir con verda-
d e r a paciencia. De este m o d o e n t e n d e r é q u e él, tú y los
o t r o s servidores míos buscáis mi h o n o r d e v e r d a d . En-
tonces será él u n hijo mío muy q u e r i d o , y él y los otros
r e p o s a r á n sobre el pecho d e mi Hijo unigénito, del q u e
h e h e c h o p u e n t e para q u e todos podáis alcanzar vuestro
fin y recibir el fruto d e cada u n o d e los trabajos sufridos
p o r mi a m o r . Por tanto, sufrid v a r o n i l m e n t e .
Misericordia para el pueblo de Dios 9:5

21 i E s t a n d o c o r t a d o el c a m i n o p a r a ir al c i e l o p o r la d e s -
obediencia d e A d á n , Dios hizo d e su Hijo u n p u e n t e p a r a p o -
der pasar. |

Y p u e s t o q u e te dije q u e mi u n i g é n i t o Hijo había sido


h e c h o p u e n t e , c o m o efectivamente lo es, q u i e r o q u e se-
páis, hijos míos, q u e el c a m i n o q u e d ó c o r t a d o p o r el pe-
c a d o y desobediencia d e A d á n ; d e m o d o q u e n i n g u n o
podía alcanzar la vida v e r d a d e r a . N i n g u n o m e d a b a glo-
ria del m o d o q u e debía, p u e s n o participaba del bien
p a r a el q u e lo había c r e a d o , y así n o se c u m p l í a mi ver-
dad.
La v e r d a d es q u e había c r e a d o a los h o m b r e s a mi
imagen y semejanza p a r a q u e gozasen vida e t e r n a y tu-
viesen p a r t e c o n m i g o y p a r a q u e gustasen d e mi e t e r n a
d u l z u r a y b o n d a d . Por r a z ó n del p e c a d o , el h o m b r e n o
alcanzaba este fin y n o se c u m p l í a mi v e r d a d . Esto suce-
día p o r q u e el p e c a d o había c e r r a d o el cielo y la p u e r t a
d e mi misericordia.
El p e c a d o hizo q u e b r o t a s e n espinas y tribulaciones,
j u n t o con m u c h a s molestias. La c r i a t u r a se e n c o n t r ó con
la rebelión e n sí misma, p u e s en c u a n t o el h o m b r e se re-
beló c o n t r a mí, se halló e n rebelión c o n t r a sí m i s m o .
La c a r n e se soliviantó i n m e d i a t a m e n t e c o n t r a el espí-
ritu, p e r d i e n d o el e s t a d o d e inocencia. El h o m b r e se
convirtió en animal i n m u n d o , y todas las c r i a t u r a s le
f u e r o n rebeldes, c u a n d o , más bien, le h a b r í a n e s t a d o
sometidas si él se h u b i e r a m a n t e n i d o e n el e s t a d o en
q u e lo p u s e . Al n o p e r m a n e c e r en él y t r a n s g r e d i r mi
obediencia, m e r e c i ó m u e r t e e t e r n a en el a l m a y en el
cuerpo.
E n c u a n t o h u b o p e c a d o , s u r g i ó u n río t e m p e s t u o s o ,
q u e c o n t i n u a m e n t e lo z a r a n d e a b a con sus olas, sufrien-
d o fatigas y molestias, q u e p r o v i e n e n d e sí m i s m o , del
d e m o n i o o del m u n d o . T o d o s os h u n d í a i s , p o r q u e nin-
g u n o , a p e s a r d e sus b u e n a s o b r a s , p o d í a alcanzar la vida —
eterna.
Por eso, yo, d e s e a n d o p o n e r r e m e d i o a tantos males,
os h e d a d o el p u e n t e d e mi Hijo, p a r a q u e al atravesar
el río n o os a h o g u é i s . El río es el m a r t e m p e s t u o s o d e la
vida p r e s e n t e .
Mira hasta q u é p u n t o m e está obligada la c r i a t u r a y
94 El Diálogo

qué ignorante es, pues a u n q u e se vuelva a hundir, no se


aprovecha del remedio que le he d a d o .

22 [Dios i n d u c e al a l m a a c o n t e m p l a r la g r a n d e z a d e e s t e
p u e n t e , q u e s e t i e n d e d e la t i e r r a al cielo.T

Abre los ojos d e tu entendimiento y verás los ciegos e


ignorantes; verás a los imperfectos y los perfectos que de
veras me siguen, para q u e te duelas d e la condenación
de los ignorantes y te alegres de la perfección d e mis
amados hijos. Verás también cómo a n d a n los que cami-
nan en la luz y los q u e van por las tinieblas.
Pero antes quiero q u e contemples el puente d e mi
Hijo unigénito y te fijes en su dimensión: se tiende del
cielo a la tierra, es decir, mira cómo la grandeza d e la
divinidad se halla unida con la tierra d e vuestra h u m a -
nidad. Por eso digo q u e va del cielo a la tierra: por la
unión que yo he hecho con el h o m b r e .
Para q u e alcanzaseis la vida y superaseis las amargu-
ras del m u n d o , fue necesario rehacer el camino que es-
taba cortado. Un p u e n t e tan largo, capaz d e salvar el río
y daros la vida eterna, no se podía conseguir solamente
con la tierra d e la naturaleza del h o m b r e , que no era su-
ficiente para satisfacer por la culpa y raer la mancha del
pecado d e Adán, q u e corrompió a todo el género huma-
no y trajo la pestilencia, como arriba te dije. Fue preciso
unirla con la grandeza d e mi naturaleza, eterna Divini-
dad, para que pudiese satisfacer p o r todo el género hu-
m a n o , y así la naturaleza h u m a n a sufriese la pena, y la
naturaleza divina, unida con la h u m a n a , aceptase el sa-
crificio d e mi Hijo, ofrecido por vosotros para libraros
d e la m u e r t e y daros la vida.
Así, lo Alto bajó a la tierra d e vuestra h u m a n i d a d , y,
unidas u n a y otra, se hizo p u e n t e con ambas y q u e d ó
restablecido el camino. ¿Para q u é se hizo este camino?
Para que v e r d a d e r a m e n t e vinieseis a gozar con los án-
geles. Pero para obtener la vida e t e r n a no os basta que
mi Hijo sea puente, sino que lo utilicéis.
Misericordia para el pueblo de Dios 95

23 [Todos somos trabajadores enviados p o r Dios a trabajar


e n l a v i ñ a d e l a s a n t a I g l e s i a . — C a d a u n o t i e n e l a v i ñ a d e sí
m i s m o . — N o s o t r o s , s a r m i e n t o s , d e b e m o s e s t a r u n i d o s a la v i d
v e r d a d e r a , el H i j o d e D i o s . 1

C o n esta palabras m a n i f e s t ó la V e r d a d e t e r n a q u e El
n o s h a c r e a d o sin n o s o t r o s , p e r o n o nos salvará sin n o -
sotros '. Q u i e r e q u e n o s o t r o s p o n g a m o s e n ello la libre
v o l u n t a d , e m p l e a n d o el t i e m p o e n las v e r d a d e r a s virtu-
d e s . Por eso a ñ a d i ó :
A todos es n e c e s a r i o serviros d e este p u e n t e b u s -
c a n d o la gloria y alabanza d e m i n o m b r e e n la salvación
d e las almas, s u f r i e n d o m u c h a s p e n a l i d a d e s , siguien-
d o las huellas d e este d u l c e y a m o r o s o V e r b o . De o t r o
m o d o n o p o d r é i s v e n i r a mí.
Vosotros sois t r a b a j a d o r e s míos, a q u i e n e s h e p u e s t o a
2
trabajar e n la viña d e la santa Iglesia . T r a b a j a d e n el
c a m p o universal d e la religión cristiana, e n c a r g a d o s p o r
la gracia c u a n d o os di la luz del santo b a u t i s m o , q u e re-
cibisteis e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia p o r
m a n o d e los ministros q u e d e s i g n é p a r a trabajar c o n vo-
sotros.
Pertenecéis al c u e r p o universal, y ellos al c u e r p o mís-
tico, colocados p a r a a l i m e n t a r vuestras almas, d á n d o o s
la s a n g r e q u e recibís e n los s a c r a m e n t o s a d m i n i s t r a d o s
p o r ellos, s a c a n d o d e vosotros las espinas del p e c a d o
m o r t a l y p l a n t á n d o o s la gracia. Ellos son los t r a b a j a d o -
res e n la viña d e v u e s t r a s almas, u n i d o s a la viña d e la
santa Iglesia.
T o d a c r i a t u r a racional tiene su p r o p i a viña, la d e su
alma, d e la q u e c a d a u n o es v i ñ a d o r c o n su v o l u n t a d y
libre a l b e d r í o e n el t i e m p o , esto es, m i e n t r a s se vive.
Mas d e s p u é s d e p a s a d o este t i e m p o n o se p u e d e h a c e r
trabajo a l g u n o , ni b u e n o ni m a l o ; p e r o , m i e n t r a s se
vive, se p u e d e trabajar la viña a la q u e le h e e n v i a d o . El
t r a b a j a d o r del alma h a recibido t a n t a fortaleza, q u e ni el
d e m o n i o ni c r i a t u r a a l g u n a p u e d e a r r e b a t á r s e l a , si él n o
q u i e r e ; p o r q u e , al recibir el santo b a u t i s m o , se fortaleció
y dio el cuchillo del a m o r a la virtud y aborrecimiento
1
S A N A G U S T Í N , Serm. 169 n . 3 .
2
Mt 2 0 , 1 - 1 6 .
96 El Diálogo

del pecado. El amor a la virtud y aborrecimiento del pe-


cado los encuentra en la sangre, pues por amor a voso-
tros y odio al pecado murió mi Hijo unigénito, dándoos
la sangre; por ella recibís la vida en el santo bautismo.
Tenéis, pues, el cuchillo, que debéis usar con libertad
para arrancar las espinas de los pecados mortales y plan-
tar las virtudes mientras tenéis tiempo. De otro m o d o
no recibiréis el fruto de la sangre por medio de los tra-
bajadores que he enviado a la santa Iglesia, de los que te
dije que quitan el pecado mortal de la vida del alma y os
dan la gracia al administraros la sangre de los sacra-
mentos.
Tenéis, por tanto, que levantaros, en primer lugar,
con la contrición del corazón, aborreciendo el pecado y
a m a n d o la virtud; entonces recibiréis el fruto de esa
sangre. De otro m o d o no podréis recibirla, por falta de
preparación en lo que de vosotros dependa, al m o d o
que la reciben los sarmientos unidos a la vid de mi Hijo
unigénito, que dijo: «Yo soy la verdadera vid, y vosotros
sois los sarmientos, y mi Padre el viñador» \
Así, es en verdad que yo soy el labrador, puesto q u e
todo lo que tiene ser ha procedido y procede de mí. Mi
poder es incomprensible, y con él y la virtud gobierno el
m u n d o entero: ninguna cosa ha sido creada sin mí. Soy
el labrador que plantó la verdadera vid de mi Hijo en la
tierra de vuestra h u m a n i d a d a fin de que vosotros, los
sarmientos, unidos a la vid, dieseis fruto.
Por ello, el q u e no dé fruto de santas y buenas obras
será separado de esta vid y se secará. Separado de esa
vid, pierde la vida de la gracia y es enviado al fuego
eterno, como el sarmiento que no da fruto es separado
de la vid y enviado al fuego, por no valer para otra
4
cosa . Lo mismo a los separados por sus pecados, si mue-
ren en la culpa de pecado mortal, la divina justicia los
envía al fuego que d u r a e t e r n a m e n t e , por no ser buenos
para otra cosa.
Los q u e no han cultivado su viña han echado a per-
der la suya y la de los demás. No sólo no han plantado
la buena planta de la virtud, sino q u e han arrancado la

> Jn 15,1.
4
J n 15,6.
Misericordia para el pueblo de Dios 97

semilla d e la gracia, r e c i b i d a p o r la luz d e l s a n t o b a u t i s -


m o al p a r t i c i p a r d e la s a n g r e d e m i Hijo, q u e fue el vino
q u e p r o d u j o esta vid v e r d a d e r a . H a n a r r a n c a d o esta se-
milla y la h a n d a d o a c o m e r a los a n i m a l e s , es d e c i r , a
los m u c h o s y d i v e r s o s p e c a d o s , y la h a n p u e s t o bajo los
pies d e l afecto d e s o r d e n a d o . C o n este afecto m e h a n
o f e n d i d o y h e c h o d a ñ o al p r ó j i m o .
Mis s e r v i d o r e s , sin e m b a r g o , n o o b r a n d e este m o d o .
L o m i s m o d e b é i s h a c e r v o s o t r o s , esto es, p e r m a n e c e r
u n i d o s e i n j e r t a d o s a e s t a vid. E n t o n c e s d a r é i s m u c h o
f r u t o , p u e s p a r t i c i p a r é i s d e l a m o r d e esta vid: e s t a n d o
u n i d o s al V e r b o d e m i H i j o , lo estáis a m í , p o r q u e yo
5
soy u n o c o n El, y El c o n m i g o . P e r m a n e c i e n d o e n El,
seguiréis su d o c t r i n a , y s i g u i é n d o l a participáis d e la sus-
t a n c i a d e l V e r b o , es d e c i r , d e la d i v i n i d a d e t e r n a u n i d a
a la h u m a n i d a d , s a c a n d o d e ello a m o r d i v i n o q u e e m -
b r i a g a el a l m a . P o r eso t e m a n d é p a r t i c i p a r d e la savia
d e la vid.

2 4 [Dios poda los sarmientos unidos a esa vid, o sea, a sus


servidores.—La viña de cada u n o está de tal modo unida a la
del prójimo, que nadie puede cultivarla o echarla a perder sin
cultivar y echar a perder la del prójimo.]

¿Sabes lo q u e h a g o d e s p u é s q u e mis s e r v i d o r e s se h a -
llan u n i d o s e n el s e g u i m i e n t o d e l d u l c e y a m o r o s o V e r -
bo? Los p o d o p a r a q u e d e n m u c h o f r u t o y sea m á s ex-
quisito y las p l a n t a s n o se v u e l v a n salvajes. L o m i s m o
o c u r r e c o n el s a r m i e n t o u n i d o a la vid, al q u e el labra-
d o r p o d a p a r a q u e d é mejor y mayor cantidad d e vino;
y al q u e n o d a f r u t o lo c o r t a y lo e c h a al f u e g o . Así lo
h a g o t a m b i é n yo, b u e n L a b r a d o r . A los s e r v i d o r e s míos
los p o d o c o n m u c h a s t r i b u l a c i o n e s p a r a q u e d e n m á s y
m e j o r f r u t o y q u e d e e n ellos p u r i f i c a d a la v i r t u d . Los
q u e n o d a n f r u t o s o n c o r t a d o s y e n v i a d o s al f u e g o .
S o n b u e n o s t r a b a j a d o r e s los q u e t r a b a j a n bien su
a l m a , a p a r t a n d o d e ella t o d o a m o r p r o p i o , e c h a n d o so-
b r e m í la t i e r r a d e su a f e c t o . A l i m e n t a n y h a c e n c r e c e r
la semilla d e la g r a c i a q u e r e c i b i e r o n e n el s a n t o bautis-
m o . Al t r a b a j a r la suya, t r a b a j a n t a m b i é n la d e l p r ó j i m o :
5
Jn 10,30.
98 El Diálogo

no p u e d e n cultivar la u n a sin la otra. Ya sabes q u e te


dije q u e todo mal y todo bien se hacen mediando el pró-
jimo. Vosotros sois mis trabajadores, salidos de mí,
sumo y e t e r n o Trabajador, que os ha unido e injertado
en la vid por la unión q u e he establecido con vosotros.
Recuerda q u e todas las criaturas racionales tienen su
propia viña, por estar unidas al prójimo sin intermedia-
rio alguno. T a n íntimamente unidos están, que ninguno
p u e d e hacer bien a sí sin hacerlo a su prójimo, y lo mis-
m o ocurre con el mal que se hace u n o a sí mismo.
De todos vosotros, es decir, de toda la congregación
cristiana, se ha hecho u n a viña universal. Estáis unidos
en la viña del cuerpo místico d e la santa Iglesia, de la
q u e recibís la vida. En esta viña se halla plantada la vid
de mi Hijo unigénito, en quien debéis estar injertados '.
Si no lo estáis en El, pronto os volveréis rebeldes contra
la santa Iglesia, y seréis como miembros separados del
cuerpo, q u e p r o n t o se p u d r e n .
Mientras tenéis tiempo, podéis levantaros de la pesti-
lencia del pecado por el aborrecimiento a él, recurrien-
d o a sus ministros, que son los trabajadores q u e tienen
la llave del vino, es decir, de la sangre q u e ha salido de
esta vid. Ella es u n vino tan logrado y de tal perfección
su eficacia, q u e no puede ser estropeado por ningún de-
fecto del ministro.
El lazo d e la caridad adquirida en el conocimiento de
sí y de mí es lo q u e os u n e a través de la verdadera hu-
mildad. Ves q u e a todos os he hecho trabajadores. Os
invito de nuevo ahora, c u a n d o el m u n d o declina, a ser
trabajadores, pues son tantas las espinas que han ahoga-
do la semilla c u a n d o no quieren los hombres hacer
2
obras de gracia .
Q u i e r o , pues, q u e seáis trabajadores de veras; q u e
ayudéis con gran solicitud a labrar el alma en el cuerpo
místico de la Iglesia. Os elijo para ello, porque quiero
hacer misericordia al m u n d o , por el que tanto supli-
cas.
1
Rom 11,17-24.
2
Mt 13,7; Le 8,7; Me 4,7.
Misericordia para el pueblo de Dios 99

ELOGIO DEL AMOR DIVINO

25 [Esta alma, después de algunas alabanzas a Dios, pide


que le muestre quiénes pasan por el mencionado puente y
quiénes no.]

E n t o n c e s el a l m a r e s p o n d i ó c o n a m o r a n g u s t i a d o :
¡ O h i n e s t i m a b l e , d u l c í s i m a c a r i d a d ! ¿ Q u i é n n o se
e n a r d e c e c o n t a n t o a m o r ? ¿ Q u é c o r a z ó n p u e d e resistir
sin desfallecer? T ú , a b i s m o d e c a r i d a d , p a r e c e q u e e n l o -
q u e c e s p o r t u s c r i a t u r a s , c o m o si n o p u d i e s e s vivir sin
ellas, a u n q u e seas u n Dios q u e n o p r e c i s a d e n o s o t r o s .
P o r n u e s t r a s b u e n a s o b r a s n o c r e c e tu g r a n d e z a , p o r q u e
n o p u e d e sufrir m u t a c i ó n ; d e n u e s t r o m a l n o se te sigue
d a ñ o , p o r q u e e r e s el s u m o y e t e r n o B i e n . ¿ Q u i é n te
m u e v e a t a n t a m i s e r i c o r d i a ? El a m o r n o f o r z a d o n i n e -
c e s a r i o q u e nos t i e n e s , ya q u e s o m o s c u l p a b l e s y malva-
dos deudores.
Si yo lo e n t i e n d o b i e n , s u m a y e t e r n a V e r d a d , y o soy
u n l a d r ó n y t ú e r e s el c o l g a d o p o r m í , p u e s v e o al V e r -
b o , a t u Hijo, c o s i d o y c l a v a d o a la c r u z , d e la q u e h a s
h e c h o p u e n t e , s e g ú n h a s m a n i f e s t a d o a tu m i s e r a b l e es-
clava.
R e c u e r d o q u e d e s e a b a s m o s t r a r m e q u i é n e s s o n los
q u e c a m i n a n y los q u e n o c a m i n a n p o r e s e p u e n t e . P o r
ello, si p l a c e a tu b o n d a d m a n i f e s t á r m e l o , lo v e r é y escu-
c h a r é d e ti d e b u e n g r a d o .

Catalina pide y consigue la cu-


ración de su madre.
LA DOCTRINA DEL PUENTE

EL PUENTE, CAMINO DE LA VERDAD '

[Los escalones - la altura - piedras - llave - tienda - la puerta. \

26 [ E s t e p u e n t e t i e n e t r e s e s c a l o n e s . — I n d i c a n los t r e s e s t a -
d o s d e l a l m a . — E s a l t o , p e r o n o s e p a r a d o d e la t i e r r a . — C ó m o
s e e n t i e n d e la f r a s e d e C r i s t o : « C u a n d o s e a c o l o c a d o e n a l t o ,
t o d o lo a t r a e r é a m í » . l

El Dios e t e r n o , para más e n a m o r a r a aquella alma de


la salvación d e las almas, le respondió:
Antes de q u e te manifieste lo q u e te deseo ense-
ñar y d e q u e m e preguntes, quiero decirte cómo está
hecho este p u e n t e . T e manifesté q u e va del cielo a la tie-
rra, es decir, por la unión q u e Dios ha realizado con el
hombre, a quien formé del barro d e la tierra.
Este p u e n t e , mi Hijo unigénito, tiene tres escalones,
de los cuales dos fueron hechos sobre el m a d e r o de la
cruz. En el tercero sentí la gran a m a r g u r a al d a r m e a
beber hiél y vinagre.
En estos tres peldaños reconocerás los tres estados del
alma d e q u e te hablaré después.
El primer escalón son los pies, q u e significan el afecto.
Como los pies soportan el cuerpo, así el afecto soporta al
alma. Los pies sujetos constituyen el peldaño para llegar
al costado, d o n d e se manifiesta el secreto del corazón.
Porque, subido u n o a los pies del afecto, comienza el
alma a saborear el afecto del corazón, poniendo los ojos
de la inteligencia en el corazón d e mi Hijo, d o n d e halla
consumado e indecible amor.
Digo c o n s u m a d o p o r q u e no nos ama por utilidad suya,
1
Esta doctrina del «puente» es característica de Catalina, que la tra­
ta no sólo en esta parte, sino en sus elevaciones, oraciones y cartas. La
imagen material la vivió ella, sin duda, al contemplar algunos antiguos
puentes italianos de su época; por ejemplo, el «ponte Vecchio» de Flo­
rencia. El puente da acceso a la ciudad. U n extremo se une con una
puerta de la muralla, con puente levadizo, hoy desaparecido, y tiendas
en las aceras del puente.
La doctrina del puente 101

ya q u e d e vosotros n i n g u n a le p u e d e venir, p u e s t o q u e
son u n a cosa c o n m i g o . El alma se llena d e a m o r vién-
d o s e tan a m a d a . A q u í se e n c u e n t r a ya e n el s e g u n d o es-
calón. Subido el s e g u n d o p e l d a ñ o , se pasa al t e r c e r o , es
decir, a la boca, d o n d e halla la paz e n m e d i o d e aquella
g r a n g u e r r a q u e antes había sostenido p o r sus pecados.
P o r el p r i m e r escalón, l e v a n t a n d o los pies del afecto
t e r r e n o , se despoja del vicio; p o r el s e g u n d o se viste del
a m o r a la virtud y e n el t e r c e r o goza la paz.
C o m o el p u e n t e tiene tres escalones, s u b i e n d o el pri-
m e r o y "el s e g u n d o , podéis alcanzar el t e r c e r o . C o m o se
halla tan elevado el p u e n t e , el a g u a n o le molesta, por-
2
q u e e n Cristo n o se d a el v e n e n o del p e c a d o .
Este p u e n t e está e l e v a d o , y, sin e m b a r g o , n o carece d e
contacto con la tierra. ¿Sabes c u á n d o se elevó tanto?
C u a n d o fue l e v a n t a d o e n el m a d e r o d e la c r u z santísi-
m a , sin a p a r t a r s e p o r ello la n a t u r a l e z a divina d e la baje-
za d e la tierra d e v u e s t r a h u m a n i d a d . P o r eso te dije
q u e , siendo elevado, n o había p e r d i d o contacto c o n la
tierra, p o r hallarse u n i d o y h e c h o u n a masa con ella.
N a d i e h u b i e r a p o d i d o c a m i n a r p o r el p u e n t e m i e n t r a s
n o fuera edificado, y p o r ello dijo Cristo: « C u a n d o sea
3
e l e v a d o , t o d o lo a t r a e r é a mí» .
V i e n d o mi B o n d a d q u e los h o m b r e s n o p o d í a n ser
atraídos d e o t r o m o d o , le m a n d é q u e se elevase sobre el
m a d e r o d e la cruz, h a c i e n d o d e El y u n q u e e n q u e t o m a -
se f o r m a el hijo del g é n e r o h u m a n o p a r a q u i t a r l e la
m u e r t e y restituir el h o m b r e a la vida. Así, t o d a s las co-
sas las atrajo a sí, p a r a m a n i f e s t a r el indecible a m o r q u e
os tenía, p u e s el c o r a z ó n h u m a n o es s i e m p r e a t r a í d o p o r
el a m o r , si es q u e , c o m o i g n o r a n t e , n o hace resistencia a
dejarse atraer.
Dijo, p u e s , q u e , c u a n d o fuera p u e s t o e n alto, t o d o lo
a t r a e r í a a sí, y es v e r d a d . Esto se e n t i e n d e d e dos m a n e -
ras.
U n a es q u e , h a b i e n d o a t r a í d o el c o r a z ó n del h o m b r e
p o r el afecto del a m o r , c o m o te h e d i c h o , es a t r a í d o con
todas las potencias d e su alma, esto es, con la m e m o r i a ,
el e n t e n d i m i e n t o y la v o l u n t a d . De a c u e r d o estas tres

2
Jn 3,5.
3
Jn 12,32.
102 El Diálogo

potencias y unidas en mi nombre, son atraídas con pla-


cer y unidas a mí por el afecto del amor las tres opera-
ciones del hombre: temporales y espirituales, pues el
hombre se ha elevado al amor crucificado. Por eso dijo
con justeza mi Verdad: «Cuando sea puesto en lo alto,
atraeré a mí todas las cosas»; es decir, que, arrastrando
el corazón y las potencias del alma, lo serán también sus
obras.
La segunda manera es porque todo ha sido creado
para servicio del hombre. Las cosas creadas están he-
chas para que sirvan y ayuden a las necesidades de las
criaturas racionales y no para que las sirvan a ellas, y
para que las criaturas racionales, a su vez, me sirvan con
todo su corazón y todo su afecto. Y así, ves que, siendo
atraído el h o m b r e a mí, lo son las cosas creadas para él.
Fue, pues, necesario que fuese levantado este puente
y que tenga escalones para que se p u e d a subir con facili-
dad a él.

27 (El p u e n t e e s t á e d i f i c a d o c o n p i e d r a s , q u e s i g n i f i c a n las
v i r t u d e s . — E n el p u e n t e h a y u n a t i e n d a , d o n d e se p r o p o r c i o -
n a c o m i d a a los c a m i n a n t e s . — Q u i e n s i g u e p o r el p u e n t e l l e g a
a la v i d a . — E l q u e va p o r d e b a j o d e él, p o r el r í o , va a la p e r d i -
c i ó n y a la m u e r t e . 1

Este puente está construido con piedras, para que,


cuando llegue la lluvia, el viandante no encuentre impe-
dimento. ¿Sabes qué piedras son ésas? Son las virtudes
reales y verdaderas. Estas piedras no se habían cortado
antes de la pasión de este Hijo mío, y por eso había im-
pedimento para que se pudiera llegar al final aunque se
anduviese por el camino de la virtud. Aún no se había
abierto el cielo con la llave de la sangre y la lluvia de la
justicia no dejaba pasar.
Pero las piedras fueron cortadas y colocadas sobre el
cuerpo del Verbo de mi dulce Hijo ', a quien te he pre-
sentado como puente. Para ensamblarlas utiliza la cal de
su sangre; esto es, la sangre está metida en la cal de la
divinidad, mezclada con la fuerza y fuego de la caridad.
Con mi poder se hallan trabadas estas piedras de las
1
Sal 128,3 y 1 C o r 3 , 1 1 .
La doctrina del puente 103

v i r t u d e s s o b r e el m i s m o C r i s t o , y d e El r e c i b e n vida to-
d a s las d e m á s . P o r eso n i n g u n o p o s e e v i r t u d e s q u e d e n
vida d e gracia si éstas n o p r o c e d e n d e El y d e su d o c t r i -
n a , es d e c i r , sin s e g u i r sus h u e l l a s . Las h a p u e s t o e n o r -
d e n , c o m o a las p i e d r a s e n u n m u r o . L a s h a c o l o c a d o
c o m o p i e d r a s vivas, p a r a q u e t o d o s los fieles p u e d a n a n -
d a r c o n facilidad y sin t e m o r servil a l g u n o a la lluvia d e
la justicia divina, p o r hallarse el p u e n t e r e c u b i e r t o p o r la
m i s e r i c o r d i a . Esta vino d e l cielo p o r la e n c a r n a c i ó n d e
m i Hijo.
¿ C o n q u é fue a b i e r t o el cielo? C o n su s a n g r e . Así ves
q u e el p u e n t e se halla c o n s t r u i d o y c u b i e r t o p o r la mise-
r i c o r d i a . E n él se e n c u e n t r a la t i e n d a d e l j a r d í n d e la
s a n t a Iglesia. Ella t i e n e y a d m i n i s t r a el p a n d e v i d a y la
b e b i d a d e la s a n g r e , p a r a q u e mis c r i a t u r a s , c a n s a d a s ,
v i a n d a n t e s y p e r e g r i n o s , n o desfallezcan e n el c a m i n o .
P o r ello h a o r d e n a d o q u e p o r m i c a r i d a d os sea a d m i -
n i s t r a d a la s a n g r e y el c u e r p o d e m i u n i g é n i t o Hijo, a la
vez Dios en t o d o y h o m b r e e n t o d o .
P a s a d o el p u e n t e , se llega a la p u e r t a , q u e e s , a la vez,
p u e r t a y p u e n t e . P o r eso dijo: «Yo soy el c a m i n o , la
v e r d a d y la vida; q u i e n pasa p o r mí n o va a las tinieblas,
sino a la luz». Y e n o t r o l u g a r dijo mi V e r d a d q u e n a d i e
2
p u e d e v e n i r a mí si n o es p o r El ; y así es.
Si r e c u e r d a s b i e n , te lo dije y d e m o s t r é al q u e r e r t e
e n s e ñ a r el c a m i n o . P o r lo q u e , si dice q u e es el c a m i n o ,
dice t a m b i é n q u e es la V e r d a d , y te h e d e m o s t r a d o q u e
es el c a m i n o e n f o r m a p r u d e n t e . Dice q u e es la V e r d a d ,
y lo es, p o r q u e se halla u n i d o a mí. Q u i e n le sigue recibe
la vida d e la gracia y n o p u e d e p e r e c e r d e h a m b r e , p o r -
q u e la V e r d a d se h a h e c h o c o m i d a p a r a él. T a m p o c o
p u e d e c a e r e n las tinieblas, p o r q u e El es la L u z , sin
m e n t i r a a l g u n a ; a n t e s bien, la V e r d a d p u s o c o n f u s i ó n y
d e s t r u y ó la m e n t i r a , q u e el d e m o n i o e n s e ñ ó a Eva. Esta
m e n t i r a c o r t ó el c a m i n o del cielo, y la V e r d a d lo h a res-
t a u r a d o y r e h e c h o c o n la s a n g r e .
Los q u e s i g u e n este c a m i n o son hijos d e la v e r d a d ,
p o r q u e la s i g u e n y p a s a n p o r la p u e r t a y c a m i n o d e m i
Hijo, V e r d a d e t e r n a , M a r e n t r a n q u i l i d a d .
Q u i e n n o m a n t i e n e este c a m i n o t i e n e d e b a j o d e él al

2
J n 14,6.
104 El Diálogo

río, q u e n o es camino sólido, hecho d e piedra, sino d e


agua, y c o m o el agua no sostiene a nadie, nadie p u e d e
a n d a r por ella sin ahogarse.
Lo mismo o c u r r e con las obras, afectos y situaciones
h u m a n a s , p o r q u e no las f u n d ó sobre la piedra, sino con
el a m o r d e s o r d e n a d o a las criaturas y cosas creadas,
amándolas y a p e g á n d o s e a ellas sin p e n s a r en mí. Por
eso siguen el camino de ellas, q u e son como el agua, q u e
c o n t i n u a m e n t e c o r r e y desaparece. Si bien el h o m b r e
sabe q u e las cosas creadas desaparecen, las ama, a u n q u e
c o r r a n sin p a r a r hacia el fin, q u e es la m u e r t e . Quisiera
él q u e se detuvieran y q u e las cosas q u e a m a no corrie-
r a n ni le faltaran, bien p o r la m u e r t e —le dejan s o l o — o
p o r disposición mía, q u e les priva d e ellas; pero n o p u e -
de conseguirlo.
Esos van p o r el camino e n pos d e lo engañoso y son
hijos del d e m o n i o , p a d r e d e la mentira. Al pasar por la
p u e r t a , como no p u e d e n t o m a r la p u e r t a de lo e n g a ñ o -
so, reciben la e t e r n a condenación eterna.
Ya ves q u e te he m o s t r a d o la verdad y la mentira, es
decir, u n camino q u e es la v e r d a d , y el del d e m o n i o ,
q u e es la mentira.

DOS CAMINOS: LA VERDAD Y LA MENTIRA

28 [ C a d a u n o d e los c a m i n o s , el d e l p u e n t e y el d e l r í o , t i e -
n e s u s d i f i c u l t a d e s . — G o z o d e l a l m a q u e c a m i n a p o r el p u e n -
te.]

Estos son dos caminos, y en cada u n o d e ellos se en-


c u e n t r a n dificultades.
Mira c u á n t a es la ignorancia y ceguera del h o m b r e ,
q u e , teniendo u n camino firme, quiere ir por el agua. El
camino v e r d a d e r o es tan agradable a los que van p o r él,
q u e cualquier a m a r g u r a les parece dulce, y cualquier
peso, ligero. En la oscuridad del cuerpo e n c u e n t r a n luz,
y, siendo mortales, e n c u e n t r a n la vida inmortal, sabo-
r e a n d o , p o r el afecto del a m o r , con la luz d e la fe, la
V e r d a d eterna, q u e p r o m e t e refrigerio a quien se fatiga
p o r mí, q u e soy agradecido, compasivo y justo; que doy
La doctrina del puente 105

a c a d a u n o lo q u e e n justicia m e r e c e : q u e t o d o lo b u e n o
es p r e m i a d o y c a s t i g a d o t o d o p e c a d o .
T u l e n g u a n o será capaz d e p o d e r explicar, ni tu o í d o
1
d e percibir, ni tu e n t e n d i m i e n t o d e c o m p r e n d e r el
gozo d e j q u e va p o r e s t e c a m i n o , ya q u e , a d e m á s , gusta
y participa e n esta vida d e l bien q u e le está p r e p a r a d o
p a r a la vida e t e r n a .
P o r c o n s i g u i e n t e , está loco q u i e n se c a n s a d e t a n t o
bien y p r e f i e r e p r o b a r e n esta vida lo q u e son a r r a s p a r a
el i n f i e r n o , a d o n d e llega c o n fatigas, sin c o n s u e l o algu-
n o y sin n a d a b u e n o , p u e s t o q u e se h a p r i v a d o d e mí,
q u e soy el s u m o y e t e r n o Bien.
T i e n e s r a z ó n , y q u i e r o q u e tú y los o t r o s servidores
míos p e r m a n e z c á i s e n c o n t i n u a a m a r g u r a p o r las ofen-
sas q u e m e h a c e n , c o n c o m p a s i ó n p o r la i g n o r a n c i a c o n
q u e m e o f e n d e n p a r a su d a ñ o y perjuicio.
H a s visto y o í d o c ó m o está el p u e n t e . L o h e explicado
p a r a esclarecer lo q u e te dije: q u e el p u e n t e es m i Hijo
u n i g é n i t o . A d v i e r t e q u e r e a l m e n t e está c o n s t r u i d o
c o m o te h e d i c h o , es decir, e n la u n i ó n d e lo Alto y lo
bajo.

EL CAMINO DE LA DOCTRINA DE CRISTO

2 9 [Este puente, aunque subió al cielo el día de la Ascen-


sión, no por eso se apartó de la tierra.]

C u a n d o mi Hijo u n i g é n i t o volvió a mí c u a r e n t a días


d e s p u é s d e la r e s u r r e c c i ó n , este p u e n t e se l e v a n t ó d e la
t i e r r a , esto es, del t r a t o c o n los h o m b r e s , y subió al cielo
p o r la v i r t u d d e mi n a t u r a l e z a divina y se halla s e n t a d o
a la d e r e c h a d e mí, el e t e r n o P a d r e . Así lo dijo el á n g e l
a los discípulos, q u e e s t a b a n c o m o m u e r t o s el día d e la
ascensión, p o r q u e su c o r a z ó n se h a b í a e l e v a d o a lo alto y
s u b i d o al cielo c o n la S a b i d u r í a d e m i Hijo. Dijo: «No
p e r m a n e z c á i s m á s a q u í , p u e s El está s e n t a d o a la d e r e -
c h a del P a d r e » '.
L e v a n t a d o a lo alto y vuelto al P a d r e , yo envié al

1
l Cor 2,9.
1
Act 1,11.
106 El Diálogo

Maestro, es decir, al Espíritu Santo, q u e llegó con mi po-


der, y con la sabiduría d e mi Hijo, y con su propia cle-
mencia, la del Espíritu Santo. El forma u n todo conmi-
go, el Padre, y con el Hijo. De esta m a n e r a consolidó el
camino de la doctrina q u e dejó mi Verdad en el m u n d o ,
y con ello, cesando la presencia del Hijo, no desapareció
la verdad ni la virtud, verdaderas piedras fundadas so-
bre esta doctrina, q u e es el camino q u e nos ha prepara-
d o este dulce y glorioso p u e n t e . Antes d e nada, El se
puso a o b r a r , y con sus acciones hizo el camino, dán-
doos la doctrina más con el ejemplo q u e con las pala-
bras, pues actuó más q u e habló.
Esa doctrina la confirmó el Espíritu Santo, robuste-
ciendo el espíritu de los discípulos para q u e confesaran
la verdad y anunciaran este camino, r e p r o c h a n d o , por
2
medio de ellos, las injusticias y falsos juicios , injusticias
y juicios, de q u e hablaré después más por extenso.
T e he dicho esto para que nadie p u e d a caer en las ti-
nieblas que oscurecen la m e n t e c u a n d o lo oigan, es de-
cir, c u a n d o alguien intentase decir q u e este cuerpo de
Cristo no hizo de puente por la naturaleza divina u n i d a
a la h u m a n a —que e n t i e n d o que esto es la v e r d a d — y
q u e este puente se nos fue c u a n d o subió al cielo. El era
u n camino que enseñaba la verdad a quien viera sus
ejemplos y costumbres. ¿Y qué ha q u e d a d o ahora? T e lo
diré, mejor, se lo diré a quien sufriere esta ignorancia.
El camino de la doctrina que te he e n s e ñ a d o se halla
confirmado p o r los apóstoles, manifestado con la sangre
de los mártires, iluminado por la luz d e los doctores, re-
conocido por los confesores y d e él tratan los escritos de
los evangelistas. T o d o s están de a c u e r d o en afirmar la
verdad del cuerpo místico de la santa Iglesia. Ellos son
como la luz colocada sobre el c a n d e l e r o para mostrar el
camino d e la verdad, el cual lleva a la vida p o r medio de
u n a iluminación perfecta.
¿Y cómo te la explican? Por la experiencia, puesto q u e
han p r o b a d o esa iluminación en sí mismos. De m o d o
q u e cada persona es iluminada p a r a q u e conozca la ver-
dad, si lo quiere; esto es, a n o ser q u e quiera alejar la
luz de la razón con el a m o r propio d e s o r d e n a d o . De

2
J n 16,8.
La doctrina del puente 107

m o d o q u e , c i e r t a m e n t e , su d o c t r i n a es v e r d a d e r a y h a
p e r m a n e c i d o c o m o navecilla p a r a sacar las a l m a s d e l
m a r t e m p e s t u o s o y llevarlas a la salvación.
P r i m e r a m e n t e os e d i f i q u é el p u e n t e d e mi Hijo, y e n
la a c t u a l i d a d lo h a g o t r a t a n d o c o n los h o m b r e s . Desapa-
r e c i d o el p u e n t e t e m p o r a l , p e r m a n e c i ó el p u e n t e y ca-
m i n o d e la d o c t r i n a , p o r e s t a r la d o c t r i n a u n i d a c o n mi
p o d e r a la s a b i d u r í a del Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Es-
píritu S a n t o .
El p o d e r d a la v i r t u d d e la fortaleza a q u i e n sigue este
c a m i n o , la s a b i d u r í a d a luz p a r a c o n o c e r el c a m i n o d e la
v e r d a d y el Espíritu S a n t o d a u n a m o r q u e c i e r r a y
a p a r t a al a l m a d e t o d o a m o r sensitivo, q u e d a n d o sólo el
a m o r a la v i r t u d . Así, d e t o d o s m o d o s , p o r p r e s e n c i a ac-
tual o p o r d o c t r i n a , Cristo es c a m i n o , v e r d a d y vida: el
p u e n t e q u e n o s lleva a las a l t u r a s d e l cielo.
Esto q u i s o significar c u a n d o dijo: «Yo v i n e d e l P a d r e
3
y vuelvo al P a d r e » ; y: «Volveré a vosotros» . Es d e c i r ,
mi P a d r e m e e n v i ó a vosotros y m e h a h e c h o v u e s t r o
p u e n t e p a r a q u e salgáis d e l río y p o d á i s a l c a n z a r la vida
e t e r n a . A c o n t i n u a c i ó n dijo: «Y volveré a v o s o t r o s ; n o os
4
d e j a r é h u é r f a n o s , sino q u e os e n v i a r é el Paráclito» .
C o m o si mi V e r d a d dijera: « I r é al P a d r e y volveré; y
c o m o envío el Espíritu S a n t o , l l a m a d o Paráclito, El os lo
m a n i f e s t a r á c o n m á s c l a r i d a d y os h a r á firmes e n mí,
c a m i n o d e la v e r d a d , o sea, e n la d o c t r i n a q u e os h e
dado».
Dijo q u e volvería y volvió, p o r q u e el Espíritu S a n t o n o
v i n o solo, sino c o n su p o d e r , el d e l P a d r e ; c o n la s a b i d u -
ría d e l Hijo y c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o . Mira,
p u e s , q u e volvió n o e n p r e s e n c i a m a t e r i a l , sino c o n la
v i r t u d , f o r t a l e c i e n d o el c a m i n o d e la d o c t r i n a . Este a n -
c h o c a m i n o n o p u e d e ser e m p e q u e ñ e c i d o ni i m p e d i d o a
q u i e n d e s e e s e g u i r l o , p o r q u e es firme y estable y p r o c e -
d e d e m í , q u e soy i n m u t a b l e .
Debéis, p o r t a n t o , s e g u i r el c a m i n o c o n i n t r e p i d e z , sin
o s c u r i d a d a l g u n a ; c o n la luz d e la fe, q u e se os h a d a d o
c o m o la v e s t i d u r a d e m á s i m p o r t a n c i a e n el s a n t o b a u -
tismo.

3
Jn 16,28 y 1 4 , 8 .
4
Jn 14,18 y 26.
108 El Diálogo

T e he declarado y manifestado plenamente este


puente y esta doctrina, que forma un todo con él; y he
mostrado al ignorante que él es la verdad, y quiénes
son, y d ó n d e se encuentran los q u e la enseñan. Dije q u e
eran los apóstoles y evangelistas, los mártires, los confe-
sores, los santos doctores, como faros colocados en la
santa Iglesia.
T e he manifestado y dicho cómo, viniendo a mí, vol-
vió a vosotros, no con su presencia material, sino por la
virtud, es decir, al venir el Espíritu Santo sobre los após-
toles. N o volverá en presencia material hasta el día del
juicio final, c u a n d o llegue con mi majestad y potencia
divinas a j u z g a r al m u n d o , y a hacer el bien a los buenos
y a premiarles por sus trabajos —al alma y al cuerpo
j u n t a m e n t e — , y a d a r el mal de pena eterna a los que
han obrado en el m u n d o con iniquidad.
Ahora quiero cumplirte lo que yo, la Verdad, te pro-
meü', es decir, mostrarte a los q u e caminan imperfecta-
mente, a los q u e lo hacen perfectamente y a otros q u e lo
hacen con u n a perfección especialísima. T e enseñaré la
m a n e r a como caminan. Finalmente, a los malos, los q u e
se ahogan en el río de su maldad y llegan a horrorosos
tormentos.
A vosotros, hijos queridísimos míos, os amonesto a
q u e os mantengáis sobre este puente y no debajo de él.
El de abajo no es camino d e verdad, sino de engaño,
a d o n d e van los pecadores malvados. Por eso os ruego
que oréis. Para ellos os pido de nuevo lágrimas y sudo-
res, a fin de q u e reciban misericordia de mí.

ELOGIO DE LA MISERICORDIA

30 [ E s t a a l m a , m a r a v i l l á n d o s e d e la m i s e r i c o r d i a d e D i o s ,
e n u m e r a los a b u n d a n t e s d o n e s y g r a c i a s c o n c e d i d o s p o r e l l a
al g é n e r o h u m a n o . 1

Entonces aquel alma, como si estuviera ebria, no po-


día tenerse en pie; pero, estando en la presencia d e
Dios, dijo:
¡Oh misericordia eterna, que ocultas los defectos
de tus criaturas! No me maravillo q u e digas a los q u e se
La doctrina del puente 109

a p a r t a n d e l p e c a d o y vuelven a ti: « N o m e a c o r d a r é d e
q u e a l g u n a vez m e h a s o f e n d i d o » '. ¡ O h m i s e r i c o r d i a
inefable! N o m e maravillo q u e digas esto a los q u e salen
d e l p e c a d o , c u a n d o dices d e los q u e te p e r s i g u e n :
« Q u i e r o q u e oréis p o r ellos, p a r a q u e yo les o t o r g u e mi-
sericordia».
¡Oh m i s e r i c o r d i a , q u e p r o c e d e d e tu d i v i n i d a d , P a d r e
e t e r n o , y q u e g o b i e r n a c o n tu p o d e r el m u n d o e n t e r o !
E n tu m i s e r i c o r d i a fuimos c r e a d o s , e n tu m i s e r i c o r d i a
fuimos c r e a d o s d e n u e v o p o r la s a n g r e d e tu Hijo; tu
m i s e r i c o r d i a n o s c o n s e r v a ; tu m i s e r i c o r d i a hizo q u e tu
Hijo u s a r a sus b r a z o s e n el m a d e r o d e la c r u z p a r a la lu-
c h a d e la m u e r t e c o n la vida y d e la vida c o n la m u e r -
2
te . E n t o n c e s la vida se liberó d e la m u e r t e d e n u e s t r a
culpa y d e la m u e r t e , secuela d e la culpa. Q u i t ó la vida
c o r p o r a l al C o r d e r o i n m a c u l a d o . ¿ Q u i é n q u e d ó venci-
do? La m u e r t e . ¿Cuál fue la c a u s a d e ello? T u miseri-
c o r d i a d a vida, d a luz p a r a c o n o c e r t u c l e m e n c i a p a r a
con t o d a c r i a t u r a : c o n los j u s t o s y c o n los p e c a d o r e s . E n
las a l t u r a s del cielo brilla tu m i s e r i c o r d i a , esto es, e n tus
santos. Si fijo m i m i r a d a e n la t i e r r a , la veo r e b o s a r d e
tu misericordia. E n las tinieblas del i n f i e r n o brilla tu mi-
sericordia al n o i m p o n e r a los c o n d e n a d o s tantas p e n a s
c o m o se m e r e c e n .
C o n tu m i s e r i c o r d i a mitigas la justicia; p o r ella n o s
has p u r i f i c a d o e n la s a n g r e ; p o r m i s e r i c o r d i a quisiste
t r a t o c o n las c r i a t u r a s . ¡Oh loco d e a m o r ! ¿ N o te c o n -
t e n t a s t e c o n t o m a r la c a r n e h u m a n a , q u e hasta quisiste
m o r i r ? ¿ N o fue suficiente la m u e r t e , q u e h a s t a bajaste al
i n f i e r n o , l i b e r a n d o a los santos p a d r e s p a r a c u m p l i r la
v e r d a d y m i s e r i c o r d i a c o n ellos? C o m o tu b o n d a d p r o -
m e t i ó el b i e n a t o d o s los q u e te sirven, p o r eso bajaste al
l i m b o p a r a liberar d e las p e n a s a q u i e n e s te h a b í a n ser-
vido y p a r a d a r l e s el fruto d e sus trabajos.
V e o q u e la m i s e r i c o r d i a te obliga a d a r a ú n m á s al
h o m b r e , o sea, q u e d á n d o t e c o m o c o m i d a , p a r a q u e n o -
sotros, débiles, t u v i é r a m o s a l i m e n t o , y p a r a q u e los ig-
n o r a n t e s , d e s m e m o r i a d o s , n o p e r d i e r a n el r e c u e r d o d e
tus beneficios. P o r esto se lo d a s al h o m b r e t o d o s los

1
Ez 1 8 , 2 1 - 2 2 .
2
Catalina habla e n u n a carta d e un g r a n t o r n e o o lucha.
110 El Diálogo

días, h a c i é n d o t e p r e s e n t e en el s a c r a m e n t o del altar,


d e n t r o del c u e r p o místico d e la santa Iglesia. ¿Quién ha
sido la causa d e esto? T u misericordia.
¡Oh misericordia! El corazón se sofoca p e n s a n d o e n
ti, pues d o n d e q u i e r a q u e intente fijar mi p e n s a m i e n -
to n ó e n c u e n t r o m á s q u e misericordia. ¡Oh P a d r e eter-
no!, p e r d o n a mi ignorancia, p e r o el a m o r a tu-miseri-
cordia m e excusa a n t e tu benevolencia.

LOS QUE VAN POR EL RIO

[Arboles de muerte con frutos de muerte: lujuria - avaricia - injusti-


cia - juicios falsos - ceguera del que no se cuida de la propia digni-
dad - tormentos de los condenados - quienes han ido por el río y
quienes por el puente - la resurrección. ]

31 [ I n d i g n i d a d d e l o s q u e v a n p o r e l río, b a j o e l p u e n -
t e . — A l a l m a q u e v a p o r d e b a j o la l l a m a D i o s á r b o l d e m u e r t e .
S u s raíces e s t á n p r i n c i p a l m e n t e e n c u a t r o vicios.]

Después d e h a b e r e x p a n s i o n a d o aquel alma u n poco


su corazón con las palabras sobre la misericordia ', espe-
raba h u m i l d e m e n t e q u e le fuera c u m p l i d a la p r o m e s a .
Dios t o m ó n u e v a m e n t e la palabra y dijo:
Hija queridísima, has a p e l a d o a mi misericordia
ante mi presencia, p o r q u e te la di a p r o b a r y e n t e n d e r
p o r mis palabras al decirte: «Estos son aquellos p o r los
q u e os p i d o q u e oréis»; p e r o ten p o r cierto q u e , sin com-
paración, es m a y o r mi misericordia p a r a con vosotros d e
lo q u e p u e d e s c o m p r e n d e r . C o m o tu c o m p r e n s i ó n es
imperfecta y finita, y mi misericordia es perfecta e infi-
nita, la c o m p a r a c i ó n q u e se p u e d e establecer n o es sino
e n t r e lo finito y lo infinito.
H e q u e r i d o q u e saboreases esta misericordia y la dig-
n i d a d del h o m b r e p a r a q u e conozcas mejor la c r u e l d a d
y la i n d i g n i d a d d e los p e c a d o r e s , q u e van p o r el c a m i n o
d e abajo. A b r e los ojos d e tu inteligencia y m i r a a los
q u e v o l u n t a r i a m e n t e se a h o g a n y con c u á n t a indignidad
h a n caído p o r sus pecados.

1
Is 60,5 y Sal 118,32.
La doctrina del puente 11 1

P r i m e r a m e n t e c a y e r o n e n f e r m o s . Sucedió q u e , c u a n -
d o concibieron el p e c a d o mortal en sus m e n t e s , lo lleva-
r o n d e s p u é s a la práctica y p e r d i e r o n la vida d e la gra-
cia.
C o m o el m u e r t o , q u e no p u e d e e m p r e n d e r movi-
m i e n t o a l g u n o ni p o r sí m i s m o se m u e v e , sino p o r o t r o ,
así éstos, a h o g a d o s e n el río del a m o r d e s o r d e n a d o del
m u n d o , se e n c o n t r a r o n m u e r t o s a la gracia. Por estar
m u e r t o s , la m e m o r i a n o ha c o n s e r v a d o el r e c u e r d o d e
mi misericordia, los ojos del e n t e n d i m i e n t o n o vieron ni
c o n o c i e r o n la v e r d a d , es decir, su e n t e n d i m i e n t o n o
tuvo a n t e sí más q u e a sí mismos y el a m o r a sus propios
sentidos. Por esto, su v o l u n t a d se e n c o n t r ó m u e r t a a mi
v o l u n t a d y n o a m ó m á s q u e cosas m u e r t a s .
Al hallarse m u e r t a s las tres potencias, todas sus o b r a s ,
t e m p o r a l e s y espirituales, están m u e r t a s en c u a n t o a la
gracia, y ya n o se p u e d e n d e f e n d e r d e sus e n e m i g o s ni
socorrerse a sí mismos sino e n c u a n t o son a y u d a d o s p o r
mí. Es cierto q u e cada vez q u e u n o se halla m u e r t o y m e
p i d e a y u d a , p u e d e o b t e n e r l a ; p e r o n u n c a p o r sí m i s m o
m i e n t r a s está e n el c u e r p o , en el cual n o ha q u e d a d o
m á s q u e la libertad.
Se h a h e c h o insoportable a sí m i s m o , y, q u e r i e n d o d o -
m i n a r al m u n d o , es d o m i n a d o p o r lo q u e es negativo, es
decir, p o r el p e c a d o . El p e c a d o es la n a d a , y ellos se ha-
cen sus esclavos.
Yo les hice árboles d e a m o r p o r la vida d e la gracia
q u e recibieron e n el santo b a u t i s m o , y ellos se h a n con-
v e r t i d o e n árboles d e m u e r t e , p o r q u e se hallan m u e r t o s .
¿Sabes d ó n d e tiene sus raíces este árbol? E n el e n g r e i -
m i e n t o d e la soberbia, a la q u e a l i m e n t a el m i s m o a m o r
p r o p i o sensitivo. Su m é d u l a es la impaciencia, y su hija,
la indiscreción. Estos son los c u a t r o vicios principales
q u e del t o d o m a t a n al alma d e aquellos q u e dije q u e
e r a n árbol d e m u e r t e , p o r q u e h a n q u i t a d o d e él la vida
d e la gracia.
D e n t r o d e este árbol se alimenta el g u s a n o d e la con-
ciencia, el cual, m i e n t r a s el h o m b r e vive e n p e c a d o m o r -
tal, está c e g a d o p o r el a m o r p r o p i o , y, p o r t a n t o , n o se le
siente m u c h o . Los frutos d e este árbol son mortales,
p o r q u e su j u g o h a salido d e la raíz d e la soberbia. La
miserable alma se e n c u e n t r a llena d e i n g r a t i t u d , d e
112 El Diálogo

d o n d e p r o c e d e todo mal. Si fuese agradecida a los bene-


ficios recibidos, m e conocería, y, al c o n o c e r m e , se cono-
cería a sí misma y p e r m a n e c e r í a e n mi a m o r . Pero ella,
c o m o ciega, se va a p e g a n d o más al río y n o ve q u e el
agua n o espera por ella.

32 [ L o s f r u t o s d e e s t e á r b o l s o n t a n v a r i a d o s c o m o los p e c a -
d o s . — E l p e c a d o d e la c a r n e . 1

Los frutos d e este árbol son tan variados c o m o lo son


los pecados. Algunas personas no ven q u e son frutos
propios p a r a animales: son los q u e viven en la i n m u n d i -
cia, h a c i e n d o con su c a r n e y con su espíritu lo q u e el
p u e r c o , q u e se revuelca en el lodo d e la carnalidad. Es
tal su miseria, q u e ni los soporto yo, s u m a Pureza, ni los
demonios, d e quienes se han hecho tan amigos y escla-
vos, que n o p u e d e n ver cometer tanta inmundicia. ¡Oh
alma embrutecida! ¿ D ó n d e has dejado tu dignidad?
¡Eras h e r m a n a d e los ángeles, y te has convertido en
u n a bestia!
N o hay pecado tan abominable y q u e prive al h o m b r e
tanto de la luz del e n t e n d i m i e n t o c o m o éste. Esto lo
c o m p r e n d i e r o n los filósofos n o p o r la luz d e la gracia,
q u e no tenían, sino q u e la naturaleza les iluminó, es de-
cir, les decía q u e este pecado vuelve ciego al entendi-
miento. Por eso g u a r d a b a n continencia, p a r a dedicarse
mejor al estudio, y hasta echaban d e sí las riquezas, p a r a
q u e la preocupación p o r ellas no les llenase el corazón.
N o o b r a así el falso cristiano, i g n o r a n t e , q u e ha p e r d i d o
la gracia p o r su culpa.

33 [El f r u t o d e a l g u n o s e s la a v a r i c i a . — M a l e s q u e d e e l l a
proceden.]

Hay otros cuyo fruto es t e r r e n o . Son los codiciosos y


avaros, q u e hacen c o m o el topo, q u e se alimenta d e tie-
r r a hasta la m u e r t e , y, llegada ésta, ya no tienen r e m e -
dio. Por la avaricia desprecian mi generosidad, vendien-
d o su tiempo al prójimo. Así son los u s u r e r o s , q u e se
convierten e n crueles y ladrones del prójimo, y q u e ,
c u a n d o d e b e n t e n e r misericordia, no se a c u e r d a n d e mi
La doctrina del puente 113

m i s e r i c o r d i a . Si la t u v i e s e n c o n s i g o m i s m o s , n o s e r í a n
c r u e l e s ni consigo ni c o n el p r ó j i m o , a n t e s b i e n u s a r í a n
d e p i e d a d y m i s e r i c o r d i a e n su p r o v e c h o , p r a c t i c a n d o la
v i r t u d e n su vida, y e n el p r ó j i m o , a t e n d i é n d o l e caritati-
vamente.
¡ C u á n t o s males v i e n e n p o r este m a l d i t o p e c a d o !
¡Cuántos homicidios, hurtos, rapiñas, j u n t o con ganan-
cias ilícitas y c r u e l d a d d e c o r a z ó n e injusticia c o n el p r ó -
j i m o ! La avaricia m a t a al a l m a y la h a c e c o n v e r t i r s e e n
esclava d e las r i q u e z a s , p o r lo q u e n o se p r e o c u p a d e
g u a r d a r los m a n d a m i e n t o s d e Dios. N o a m a n a n a d i e ,
sino a su p r o p i a u t i l i d a d .
Este vicio p r o c e d e d e la s o b e r b i a y la a l i m e n t a . Lo
u n o p r o c e d e d e lo o t r o , p o r q u e lleva s i e m p r e consigo la
p r o p i a r e p u t a c i ó n , d e m o d o q u e b i e n p r o n t o se p a s a al
o t r o vicio, y así va d e m a l e n p e o r , a c a u s a d e la misera-
ble s o b e r b i a , q u e está l l e n a d e a p a r i e n c i a s . Es u n f u e g o
q u e siempre produce h u m o de vanagloria y vanidad de
c o r a z ó n , p r e s u m i e n d o d e lo q u e n o es s u y o . Es raíz d e
la q u e salen m u c h a s r a m a s . La principal es la p r o p i a
r e p u t a c i ó n , d e d o n d e se sigue el q u e r e r ser m á s q u e el
p r ó j i m o . H a c e e n g a ñ o s o el c o r a z ó n ; n o s i n c e r o ni libe-
r a l , sino c o n d o b l e z , p u e s manifiesta u n a cosa c o n la len-
g u a y o t r a t i e n e e n el c o r a z ó n . O c u l t a la v e r d a d y dice
m e n t i r a s p o r utilidad p r o p i a . E n g e n d r a la envidia, q u e
es u n g u s a n o q u e r o e sin c e s a r y n o le d e j a g o z a r su
b i e n ni el d e los d e m á s . ¿ C ó m o estos m a l v a d o s , q u e se
h a l l a n e n t a n t a miseria, van a d a r sus b i e n e s a los p o -
b r e s , si ellos m i s m o s se los q u i t a n a o t r o s ? ¿ C ó m o saca-
r á n su a l m a a s q u e r o s a d e la i n m u n d i c i a e n q u e ellos la
h a n m e t i d o ? A l g u n a s veces son t a n a n i m a l e s , q u e n o
m i r a n p o r sus hijos y p a r i e n t e s , sino q u e son c a u s a d e
q u e se e n c u e n t r e n e n m u c h a infelicidad. A p e s a r d e
t o d o , m i m i s e r i c o r d i a los sufre, y n o m a n d o a la t i e r r a
q u e los t r a g u e p a r a q u e se c o n v i e r t a n d e sus p e c a d o s .
¿ C ó m o d a r á n la vida p o r la salvación d e las a l m a s , si
n o d a n sus bienes? ¿ C ó m o d a r á n a m o r , si se c o m e n d e
envidia?
¡ O h miserables vicios, q u e c o n v i e r t e n e n t i e r r a el cielo
del alma! La llamo «cielo»; es cielo d o n d e yo h a b i t o p o r
la gracia, o c u l t á n d o m e d e n t r o d e ella y h a c i é n d o l a mi
m a n s i ó n p o r afecto d e a m o r . P e r o se h a m a r c h a d o d e
114 El Diálogo

mí como una adúltera, amándose a sí misma, a las cria-


turas y a las cosas creadas más que a mí. Hasta se ha he-
cho «dios», y me persigue con muchos y diversos peca-
dos. T o d o esto porque no piensa en el beneficio de la
sangre d e r r a m a d a con tanto fuego de amor.

34 [La i n j u s t i c i a es el f r u t o d e a l g u n o s q u e t i e n e n m a n d o . )

Hay otros q u e llevan su cabeza muy erguida porque


tienen m a n d o . En ella llevan la bandera de la injusticia;
injusticia que cometen al obrar contra Dios y contra el
prójimo, a la vez que contra sí mismos.
Contra sí, porque no pagan la d e u d a de la virtud, y
contra mí, porque no me pagan la de d a r m e honor,
d a n d o gloria y h o n o r a mi nombre, como están obliga-
dos. Al contrario, como ladrones, roban lo que es mío y
se lo dan a la esclava d e sus propios sentidos. De m o d o
que éstos cometen injusticia contra mí y contra ellos
mismos, como ciegos e ignorantes, n o conociéndome a
mí ni a sí mismos.
Esto lo hacen por amor propio, como los judíos y mi-
nistros d e la ley, que se cegaron por la envidia y el amor
propio, y por ello no reconocieron la verdad de mi Hijo
unigénito, ni cumplieron el deber de reconocer la Vida
eterna q u e se hallaba entre ellos, como lo expresó mi
Verdad al decir: «El reino de Dios está entre vosotros» '.
Pero ellos no lo conocieron. ¿Por qué? Porque, por el
modo dicho, habían perdido la luz de la razón y no me
pagan la d e u d a de honor y gloria, ni a mí ni a mi Hijo,
que es u n a cosa conmigo. Por eso, como ciegos, come-
tieron la injusticia, persiguiéndolo con muchos opro-
bios, hasta la muerte en la cruz.
Estos cometen injusticia contra mí, contra sí y contra
el prójimo. Revenden injustamente la carne de sus sub­
ditos y a cualquier otra persona que les venga a mano.

35 [ P o r e s t o s y o t r o s vicios se l l e g a al j u i c i o f a l s o . — I n d i g n i -
d a d e n q u e se c a e p o r e l l o . ]

Por este y otros defectos caen en falsa interpretación,


como luego te explicaré extensamente. Se escandalizan
1
Le 17,21.
La doctrina del puente 115

s i e m p r e d e mis o b r a s , q u e s o n t o d a s j u s t a s y e n r e a l i d a d
están hechas todas p o r a m o r y misericordia.
C o n esta falsa i n t e r p r e t a c i ó n , c o n el v e n e n o d e la e n -
vidia y la s o b e r b i a , f u e r o n i n j u s t a m e n t e c a l u m n i a d a s las
acciones d e mi Hijo c o n m e n t i r a s al d e c i r : «Las h a c e e n
v i r t u d d e Belzebù» K Así, a q u e l l o s m a l v a d o s , b a s a d o s e n
el a m o r p r o p i o , e n la i n m u n d i c i a , e n la s o b e r b i a , la ava-
ricia y la e n v i d i a , f u n d a d o s e n p e r v e r s a d i s c r e c i ó n , p o r
la i m p a c i e n c i a y o t r o s m u c h o s p e c a d o s q u e c o m e t e n , se
e s c a n d a l i z a n s i e m p r e d e mí y d e mis s e r v i d o r e s , j u z g a n -
d o q u e éstos p r a c t i c a n la v i r t u d p o r hipocresía. P o r q u e
su c o r a z ó n está p o d r i d o y t i e n e n e s t r a g a d o el p a l a d a r ,
ya q u e las cosas b u e n a s les p a r e c e n m a l a s , m i e n t r a s q u e
les p a r e c e bien u n vivir d e s o r d e n a d o .
¡ O h h u m a n a c e g u e r a ! T ú n o c o n s i d e r a s tu p r o p i a d i g -
n i d a d . D e g r a n d e , t e has h e c h o p e q u e ñ o ; d e s e ñ o r ,
c o n v e r t i d o e n esclavo d e l p e o r s e ñ o r q u e se p u e d e te-
n e r , p u e s te has c o n v e r t i d o e n siervo y esclavo d e l peca-
d o , y te c o n v i e r t e s e n a q u e l l o a q u e sirves, el p e c a d o .
Este es la n a d a , y p o r ello te c o n v i e r t e s e n n a d a . Así,
q u i t a d a la vida, se o s d a la m u e r t e .
L a v i d a y s e ñ o r í o o s fue d a d a p o r el V e r b o d e mi Hijo
u n i g é n i t o , glorioso p u e n t e ; s i e n d o siervos d e l d e m o n i o ,
os a r r a n c ó d e su s e r v i d u m b r e . Hice al Hijo esclavo p a r a
l i b r a r o s d e la e s c l a v i t u d y le p u s e bajo o b e d i e n c i a p a r a
t e r m i n a r c o n la d e s o b e d i e n c i a d e A d á n , h u m i l l á n d o s e
h a s t a la a f r e n t o s a m u e r t e e n la c r u z p a r a c o n f u n d i r la
s o b e r b i a . D e s t r u y ó l o s vicios c o n su m u e r t e p a r a q u e n a -
die p u d i e s e d e c i r : « T a l p e c a d o q u e d ó sin s e r c a s t i g a d o ,
m a c h a c a d o p o r el s u f r i m i e n t o » , c o m o te dije al explicar
q u e d e l c u e r p o d e C r i s t o h a b í a h e c h o y u n q u e . Se h a n
p u e s t o t o d o s los m e d i o s p a r a salvar a los h o m b r e s d e la
m u e r t e e t e r n a , y e l l o s d e s p r e c i a n la s a n g r e y la h a n pi-
s o t e a d o c o n los p i e s d e sus d e s o r d e n a d o s afectos.
E s t a es la injusticia y falsa i n t e r p r e t a c i ó n d e la q u e es
a c u s a d o el m u n d o , y lo s e r á t a m b i é n e n el ú l t i m o d í a
d e l j u i c i o . Esto q u i s o significar mi V e r d a d c u a n d o dijo:
« E n v i a r é al Paráclito, q u e a c u s a r á al m u n d o p o r la injus-
2
ticia y el falso juicio» . F u e a c u s a d o c u a n d o e n v i é el Es-
p í r i t u S a n t o s o b r e los apóstoles.
1
Mt 12,24.
2
Jn 16,8.
116 El Diálogo

36 [ S o b r e la p a l a b r a d e C r i s t o : « E n v i a r é al P a r á c l i t o , q u e
a c u s a r á al m u n d o d e i n j u s t i c i a y j u i c i o f a l s o » . — U n a d e e s t a s
acusaciones es c o n s t a n t e . ]

Existen tres reproches o admoniciones. U n a tuvo


efecto c u a n d o vino el Espíritu Santo sobre los discípu-
los. Ellos, fortalecidos con mi p o d e r , fueron iluminados
con la sabiduría d e mi a m a d o Hijo. T o d o lo recibieron
con plenitud del Espíritu Santo. Entonces, El, q u e es
u n o conmigo y con mi Hijo, r e p r o c h ó al m u n d o p o r
boca d e los discípulos con la doctrina d e mi V e r d a d .
Ellos, y todos los q u e han seguido en la verdad y la han
a n u n c i a d o , r e p r e n d i e r o n al m u n d o .
Esta es la continua admonición q u e hago al m u n d o
p o r boca d e la Sagrada Escritura y de mis servidores,
poniéndose el Espíritu Santo e n sus lenguas para q u e
anuncien la v e r d a d ; c o m o el d e m o n i o se p o n e en la
boca d e sus servidores, es decir, d e los q u e pasan el río
en su m a l d a d .
Esta es la dulce reprensión incesante, hecha con g r a n -
dísimo afecto d e a m o r por la salvación d e las almas.
Luego no p u e d e n decir: «No tuve quién m e lo advirtie-
se», p o r q u e se les ha p r e s e n t a d o ya la verdad al mostrar-
les el vicio, y la virtud, al hacerles ver el fruto de la vir-
tud y el d a ñ o del pecado, a fin d e procurarles a m o r y
santo temor, con aborrecimiento del pecado y a m o r a la
virtud. Ya no se les enseña esta doctrina y verdad p o r
medio de u n ángel, p a r a q u e no p u e d a n decir: «El ángel
es espíritu b i e n a v e n t u r a d o , y n o siente las tentaciones
de la c a r n e ni el peso del c u e r p o c o m o nosotros». Se ha
eliminado esta excusa y no la p u e d e n alegar, p o r q u e
esta doctrina les ha sido c o m u n i c a d a p o r mi V e r d a d , el
Verbo hecho c a r n e en vuestra c a r n e mortal.
¿Quiénes son los q u e han seguido al Verbo? Criaturas
mortales y pasibles c o m o vosotros, en lucha de la c a r n e
c o n t r a el espíritu, como la tuvo mi glorioso p r e g o n e r o
Pablo y otros m u c h o s santos, q u e fueron afligidos d e
u n a u otra m a n e r a . Las pasiones las permití y las permi-
to en las almas p a r a el a u m e n t o d e la gracia y d e la vir-
tud. T a m b i é n ellos nacieron en pecado c o m o vosotros, y
se alimentaron d e los mismos manjares, y tan Dios soy
yo a h o r a c o m o entonces, y mi p o d e r n o ha disminuido
La doctrina del puente 117

ni p u e d e d i s m i n u i r s e . P o r eso p u e d o , q u i e r o y sé soco-
r r e r a los q u e d e s e a n ser a y u d a d o s p o r mí. Desean ser
socorridos p o r mí los q u e , s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi
V e r d a d , salen del río y c a m i n a n p o r el p u e n t e .
P o r t a n t o , n o t i e n e n excusa, p u e s son avisados y se les
m u e s t r a la v e r d a d c o n t i n u a m e n t e . Por lo q u e , si mien-
tras t i e n e n tiempo n o se e n m i e n d a n , s e r á n c o n d e n a d o s
e n la s e g u n d a a d m o n i c i ó n , q u e t e n d r á l u g a r e n el m o -
m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o mi justicia g r i t a r á : «Surgi-
te, m o r t u i , venite ad iudicium!», o sea, tú q u e te hallas
m u e r t o a la gracia y llegas m u e r t o a la m u e r t e c o r p o r a l ,
p o n t e e n pie y ven a n t e el j u e z s u p r e m o c o n tu falsa j u s -
ticia, con tu falsa i n t e r p r e t a c i ó n y con la luz d e la fe apa-
g a d a , la q u e sacaste e n c e n d i d a del santo b a u t i s m o y apa-
gaste con el viento d e la soberbia - y d e la v a n i d a d del
c o r a z ó n , al q u e pusiste velas d e vientos c o n t r a r i o s a tu
salvación; el viento d e la p r o p i a estimación se a l i m e n t ó
con el velamen del a m o r p r o p i o . C o n él corriste p o r el
río d e las delicias, h o n o r e s del m u n d o ; con la v o l u n t a d
propia, s i g u i e n d o la c a r n e p e r e c e d e r a y las incitaciones
y tentaciones del d e m o n i o . El a m o r p r o p i o , con las velas
d e tu p r o p i a v o l u n t a d , te h a llevado p o r el c a m i n o d e
abajo, q u e es río t o r r e n t o s o , y e n su c o m p a ñ í a has sido
c o n d u c i d o a la condenación eterna.

3 7 [La segunda acusación es causa de la injusticia y del fal-


so juicio en general y en particular. I

La s e g u n d a acusación, carísima hija, es decisiva, he-


cha e n el último m o m e n t o , c u a n d o n o p u e d e h a b e r r e -
m e d i o , p o r q u e h a llegado el fin d e la m u e r t e . El g u s a n o
d e la conciencia d e q u e te h a b l é había sido h e c h o ciego
p o r el a m o r p r o p i o , y c o m i e n z a e n t o n c e s a ver, y p o r
ello r o e , c u l p á n d o s e a sí m i s m o al c o n s i d e r a r q u e p o r
culpa suya h a llegado a t a n t a desgracia y q u e n o p u e d e
escapar d e mis m a n o s .
Esta a l m a hallaría a ú n misericordia si tuviese la luz
q u e reconociese y l a m e n t a s e su culpa n o p o r la p e n a del
infierno q u e se le sigue, sino p o r q u e m e h a o f e n d i d o a
mí, s u p r e m a y e t e r n a B o n d a d .
P e r o , si pasa el m o m e n t o d e la m u e r t e sin esa luz, sólo
118 El Diálogo

con el g u s a n o d e la conciencia y sin la confianza en la


sangre, o con sola compasión d e sí misma, doliéndose
d e su mal más q u e d e la ofensa a mí, irá a la condena-
ción e t e r n a , y e n t o n c e s es c r u e l m e n t e acusada p o r mi
justicia a causa d e su injusticia y d e sus falsas interpreta-
ciones. Se le r e p r o c h a r á n o sólo la injusticia y m o d o d e
j u z g a r q u e o r d i n a r i a m e n t e h a u s a d o con el m u n d o e n
todas sus acciones, sino a ú n m á s p o r las injusticias y m o -
dos d e j u z g a r en casos particulares, especialmente e n la
misma m u e r t e , es decir, p o r h a b e r creído q u e es m a y o r
su miseria q u e mi misericordia '.
Este es el pecado q u e n o se p e r d o n a ni aquí ni allá,
2
p u e s por m e n o s p r e c i o n o ha d e s e a d o mi misericordia ,
ya q u e p a r a mí éste es más grave q u e todos los d e m á s
pecados q u e haya c o m e t i d o . Por lo q u e la desesperación
d e J u d a s m e d e s a g r a d ó más y fue más grave p a r a mi
Hijo q u e la traición q u e le hizo. Y así, son r e c r i m i n a d o s
d e falso j u z g a r , p o r h a b e r c o n s i d e r a d o mayor su p e c a d o
q u e mi misericordia. Por ello son castigados con los d e -
monios y con ellos e t e r n a m e n t e a t o r m e n t a d o s .
T a m b i é n son acusados d e injusticia por dolerse m á s
d e su mal q u e d e mi ofensa. C o m e t e n e n este caso injus-
ticia, p o r q u e no m e d a n lo q u e es mío y ellos se atri-
buyen lo q u e es suyo. A mí d e b e n d a r m e a m o r y a m a r -
g u r a con contrición d e corazón y ofrecérmela p o r la
ofensa cometida. Ellos hacen lo c o n t r a r i o , pues se d a n a
sí mismos el a m o r compasivo p o r el castigo q u e esperan
a causa d e sus pecados.
Ves q u e en esto c o m e t e n injusticia, y p o r eso son cas-
tigados a la vez p o r u n a y o t r a causa. Al menospreciar
mi misericordia, yo, con t o d a justicia, les m a n d o con la
esclava cruel —la sensualidad— y con el cruel tirano
—el d e m o n i o — , d e q u i e n se hicieron siervos p o r m e d i o
d e sus propios sentidos. Son, pites, j u n t a m e n t e castiga-
dos, ya q u e m e h a n o f e n d i d o j u n t o s . Digo q u e serán
a t o r m e n t a d o s p o r mis agentes los d e m o n i o s . Mi justicia
les h a n e n c a r g a d o d e d a r t o r m e n t o a quienes h a n obra-
d o mal.
1
Gen 4,13.
2
Mt 12,31-32.
La doctrina del puente 119

3 8 [Cuatro tormentos principales de los condenados.—


A éstos siguen otros, y, de modo especial, la fealdad del de-
monio.]

Hija, la l e n g u a n o es capaz d e h a b l a r sobre estas infe-


lices almas y sus p e n a s .
L o m i s m o q u e hay tres p e c a d o s principales, esto es, el
a m o r p r o p i o d e d o n d e p r o c e d e el s e g u n d o , q u e es la va-
nagloria, y d e ésta el t e r c e r o , q u e es la soberbia con fal-
sa injusticia, c r u e l d a d y otras m a l d a d e s y p e c a d o s in-
m u n d o s q u e le siguen. P o r eso te digo q u e en el in-
fierno los c o n d e n a d o s s u f r e n c u a t r o t o r m e n t o s princi-
pales, a los q u e siguen t o d o s los d e m á s .
El p r i m e r o es verse privados d e mí, lo cual les es tan
d o l o r o s o , q u e , si les fuera posible, antes q u e estar libres
d e las p e n a s y d e n o v e r m e , elegirían el fuego y atroces
t o r m e n t o s con tal d e v e r m e .
Este d o l o r reaviva u n o s e g u n d o , q u e es el d o l o r p r o -
d u c i d o p o r el g u s a n o d e la conciencia, q u e c o n s t a n t e -
m e n t e r o e , p u e s p o r su p r o p i a culpa se ven privados d e
mí y del trato con los ángeles y se hicieron d i g n o s del
t r a t o con los d e m o n i o s y d e su visión.
La visión del d e m o n i o , q u e es el tercer t o r m e n t o , les
r e d o b l a t o d o s sus sufrimientos. P o r q u e c o m o mis santos
se a l e g r a n c o n s t a n t e m e n t e v i é n d o m e , y su alegría se
reaviva p o r el fruto d e los trabajos, q u e h a n s o p o r t a d o
p o r m í con tanta a b u n d a n c i a d e a m o r y d e s p r e c i o d e sí
mismos, así, p o r el c o n t r a r i o , e n estos d e s g r a c i a d o s se
r e n u e v a n los t o r m e n t o s c o n la visión d e los d e m o n i o s ,
p u e s viéndolos se c o n o c e n m á s a sí mismos, esto es, co-
n o c e n q u e p o r culpa suya son d i g n o s d e ellos. Y d e este
m o d o el g u s a n o r o e m á s , y n u n c a cesa d e a r d e r el fuego
d e su conciencia.
T i e n e n m á s p e n a a ú n , p o r q u e ven su p r o p i a figura
tan h o r r i b l e , q u e n o la p u e d e i m a g i n a r c o r a z ó n h u m a -
n o . Si te a c u e r d a s bien ', sabes q u e , c u a n d o te m o s t r é al
d e m o n i o en su figura p o r u n b r e v e espacio d e t i e m p o
— q u e a p e n a s fue u n m o m e n t o ' — , al volver e n ti prefe-
rías c a m i n a r p o r u n c a m i n o d e fuego q u e h u b i e r a d e
1
Alusión autobiográfica.
120 El Diálogo

d u r a r hasta el día del juicio antes q u e verlo de nuevo. A


pesar de lo q u e viste, aún no sabes lo horroroso q u e es,
porque, por justicia divina, al alma q u e se halla privada
de mí le aparece más horrible en conformidad con la
gravedad de sus culpas.
El cuarto t o r m e n t o es el fuego, que a r d e y nunca se
acaba. El alma, por su propio ser, no se p u e d e consumir,
por no ser algo material, sino incorpórea. Pero yo, por
justicia divina, he permitido q u e la q u e m e sufriendo,
que la aflija y no la consuma. La q u e m a y hace sufrir
con penas grandísimas, de modos diversos según la di-
versidad de los pecados, a unos más y a otros menos en
conformidad con la gravedad de la culpa.
De estas cuatro clases de tormentos proceden los de-
más, con frío, calor, rechinar de dientes. Así reciben la
m u e r t e eterna, tan miserablemente, después de las ad-
moniciones que les he hecho en razón de su m o d o de
j u z g a r y de las injusticias de su vida, por no e n m e n d a r s e
en la primera admonición ni tampoco en la segunda, o
sea, la de la m u e r t e , y por no haberse arrepentido de la
ofensa hecha a mí, sino sólo de las penas.

39 i L a t e r c e r a a c u s a c i ó n s e h a r á e n el d í a d e l j u i c i o . ]

Me queda p o r hablarte de la tercera acusación, es


decir, la del último día del juicio. T e he hablado de las
dos: Ahora, para q u e veas cómo se e n g a ñ a el h o m b r e ,
te hablaré d e la tercera, de la del juicio universal. En-
tonces será reavivada y a u m e n t a d a la pena en aquella
desgraciada alma por causa de la unión del alma con el
cuerpo. T a n intolerable acusación le causará confusión
y vergüenza.
Sabe que, en el último día del juicio, el Verbo, mi
Hijo, c u a n d o llegue, no vendrá como un pobrecillo,
como c u a n d o nació, saliendo del vientre de la Virgen,
naciendo en un establo entre los animales y m u r i e n d o
después e n t r e dos ladrones.
Entonces oculté en El mi poder, dejándole sufrir pe-
nas y tormentos, como h o m b r e . No es q u e mi naturale-
za divina estuviese separada de la h u m a n a , sino que le
La doctrina del puente 121

dejé p a d e c e r c o m o h o m b r e p a r a satisfacer p o r t o d o s
vuestros pecados.
N o v e n d r á así a h o r a , e n este ú l t i m o m o m e n t o , sino
con a u t o r i d a d , p a r a r e p r e n d e r El m i s m o e n p e r s o n a ; y
no habrá criatura alguna q u e n o tiemble. D a r á a cada
u n o su m e r e c i d o '.
E n los infelices c o n d e n a d o s , su p r e s e n c i a p r o d u c i r á
t a n t o t o r m e n t o y t e r r o r , q u e n i n g u n a l e n g u a será capaz
d e c o n t a r l o . E n los j u s t o s p r o d u c i r á t e m o r r e v e r e n c i a l ,
j u n t o c o n g r a n alegría. N o es q u e se le c a m b i e la c a r a ,
p u e s es i n m u t a b l e , p o r ser u n o c o n m i g o . E s t a m b i é n in-
m u t a b l e d e s d e q u e t i e n e la gloria d e la r e s u r r e c c i ó n , se-
g ú n la n a t u r a l e z a d i v i n a e i g u a l m e n t e s e g ú n la n a t u r a l e -
za h u m a n a . A los ojos d e l c o n d e n a d o , sin e m b a r g o , le
a p a r e c e r á c o n aquella m i r a d a terrible y t e n e b r o s a , la
q u e tiene el m i s m o c o n d e n a d o e n sí m i s m o . Así llegará.
C o m o el ojo e n f e r m o , q u e d e p o r sí ve b i e n , n o perci-
be m á s q u e tinieblas, y el ojo s a n o ve la l u z —esto n ó
p o r q u e la luz sea distinta p a r a el ciego q u e p a r a el s a n o ,
2
sino p o r defecto del ojo q u e está e n f e r m o , así los c o n -
d e n a d o s le ven e n tinieblas, e n c o n f u s i ó n y e n o d i o ; n o
p o r d e f e c t o d e mi divina Majestad, con la q u e v e n d r é a
j u z g a r al m u n d o , sino p o r d e f e c t o d e e l l o s .

40 [Los c o n d e n a d o s no pueden desear bien alguno.]

Es t a n t o el o d i o q u e t i e n e n , q u e n o p u e d e n d e s e a r
b i e n a l g u n o , y c o n t i n u a m e n t e b l a s f e m a n d e m í . ¿Sabes
p o r q u é n o p u e d e n d e s e a r el bien? A c a b a d a la vida d e l
h o m b r e q u e d a p r e s a su l i b e r t a d , p o r lo q u e n o p u e d e n
m e r e c e r u n a vez q u e se les h a p a s a d o el t i e m p o .
Si m u e r e n e n o d i o , c o n culpa d e p e c a d o m o r t a l , e n
r a z ó n d e la justicia divina, p e r m a n e c e el a l m a a t a d a
p a r a s i e m p r e con el lazo d e l o d i o , o b s t i n a d a p a r a siem-
p r e e n el m a l e n q u e se halla, r e c o m i é n d o s e a sí m i s m a .
Se le a c r e c i e n t a n las p e n a s c o n t i n u a m e n t e p o r a l g ú n p e -
c a d o p a r t i c u l a r q u e h a sido la c a u s a d e su c o n d e n a c i ó n .
Así os lo e n s e ñ ó aquel rico c o n d e n a d o c u a n d o pedía la

1
Mt 24,30.
2
Oficio d e la fiesta d e S a n Agustín.
122 El Diálogo

gracia de q u e Lázaro fuese a sus hermanos, q u e habían


q u e d a d o en el m u n d o , para que les anunciara lo q u e él
sufría. Esto no lo hacía por caridad, pues estaba privado
de ella y no podía desear el bien; ni p o r h o n r a r m e ni
por su salvación, puesto que, como te he dicho, no pue-
den hacer bien al prójimo y me maldicen y él había ter-
minado su vida o d i á n d o m e a mí y a la virtud.
Entonces, ¿por q u é lo hacía? Porque había sido el
mayor de los h e r m a n o s y les había alimentado en las
miserias en q u e él mismo había vivido, d e m o d o que se-
ría él la causa d e la condenación de ellos. Veía q u e por
ello se le aumentaría la pena c u a n d o ellos se le unieran
en los tormentos, y en ella se roerían con odio, pues en
ella terminarían sus vidas.

41 [La g l o r i a d e los b i e n a v e n t u r a d o s . )

De m o d o semejante, el alma justa, que termina la vida


en afecto d e caridad y unida al amor, tampoco p u e d e
crecer en virtud terminada su vida. Puede, sin embargo,
amar siempre con la misma dilección con que camina
hacia mí, y será premiada en proporción a ella. Siempre
me desea y siempre me posee, por lo que su deseo no es
inútil, sino que, teniendo hambre, es saciada. Esta hartura
le produce más h a m b r e , y está lejos del tedio que pro-
duce la saciedad, y también del sufrimiento que causa el
hambre.
Gozan, en amor, eternamente d e mi presencia. Del
bien q u e yo poseo les hago partícipes, a cada u n o según
proporción; es decir, que con la medida del amor con
q u e ellos han llegado a mí, con la misma reparto yo. Por
haber permanecido e n mi caridad y en la del prójimo,
unidos j u n t a m e n t e por la caridad general y la particu-
lar, se gozan y alegran, participando u n o del otro por el
afecto de la caridad, además d e la felicidad universal
q u e todos disfrutan en común. Gozan y se alegran con
los ángeles, entre los que se e n c u e n t r a n los santos, se-
gún las diversas y variadas virtudes q u e practicaron de
m o d o especial en el m u n d o .1 Estando unidos todos por
el lazo de la caridad, tienen u n a participación especial
con aquellos q u e se amaron en el m u n d o con singular
La doctrina del puente 123

a m o r , y p o r c u y o a m o r c r e c í a n e n gracia c o n a u m e n t o
d e la v i r t u d . Lo u n o e r a c a u s a d e lo o t r o , a d e m á s d e
m a n i f e s t a r la gloria y a l a b a n z a d e m i n o m b r e e n ellos y
el p r ó j i m o . D e m o d o q u e l u e g o , e n la vida q u e s i e m p r e
d u r a , n o p i e r d e n el a m o r , sino q u e , p o r el c o n t r a r i o ,
p a r t i c i p a n d e él m á s í n t i m a m e n t e y c o n m a y o r a b u n -
d a n c i a u n o s d e o t r o s , a ñ a d i é n d o l e s a esto el b i e n d e la
felicidad g e n e r a l .
N o quisiera, sin e m b a r g o , q u e c r e y e r a s q u e la felici-
d a d p a r t i c u l a r q u e te h e d i c h o q u e p o s e e n la t i e n e n ú n i -
c a m e n t e p o r ellos. N o es así, sino q u e es p a r t i c i p a d a p o r
t o d o s los b i e n a v e n t u r a d o s c i u d a d a n o s d e l cielo, p o r mis
a m a d o s hijos y p o r los á n g e l e s . Así, c u a n d o el a l m a al-
c a n z a la v i d a e t e r n a , t o d o s p a r t i c i p a n d e ella, y ella d e l
bien d e los d e m á s . N o es q u e la c a p a c i d a d receptiva d e
esa alma y d e las d e m á s p u e d a acrecentar ni q u e tenga
precisión d e llenarse, sino q u e se halla llena, y p o r eso
n o p u e d e a u m e n t a r . G o z a d e satisfacción, j ú b i l o y ale-
gría, q u e reavivan al s a b e r ellos q u e se h a n e n c o n t r a d o
c o n a q u e l l a a l m a . V e n q u e p o r m i m i s e r i c o r d i a h a sido
e l e v a d a a la p l e n i t u d d e la gracia, y se a l e g r a n c o n m i g o
p o r el b i e n q u e ella h a r e c i b i d o d e m i b o n d a d .
Esa a l m a goza e n m í , e n las a l m a s y e n los espíritus
b i e n a v e n t u r a d o s al ver y e x p e r i m e n t a r e n ellos la d u l -
z u r a d e mi c a r i d a d , y sus d e s e o s c l a m a n a m í p o r la
salvación d e l m u n d o e n t e r o . Su vida, q u e t e r m i n ó e n la
c a r i d a d c o n el p r ó j i m o , n o la h a p e r d i d o , sino q u e c o n
la c a r i d a d p a s ó p o r la p u e r t a d e mi Hijo u n i g é n i t o >,
c o m o d e s p u é s te d i r é . Ves, p o r t a n t o , q u e p o r t o d a la
e t e r n i d a d p e r m a n e c e n c o n el m i s m o lazo d e a m o r c o n
q u e t e r m i n ó su existencia e n la tierra.
Se h a l l a n t a n identificados c o n m i v o l u n t a d , q u e n o
p u e d e n q u e r e r sino lo q u e yo q u i e r o , p o r q u e su libertad
está tan a t a d a p o r el lazo d e la c a r i d a d , q u e , l l e g á n d o l e
el fin, si m u e r e e n e s t a d o d e gracia, n o p u e d e p e c a r
m á s . T a n u n i d a s están su v o l u n t a d y la m í a , q u e , si ve al
p a d r e , a la m a d r e o a su hijo e n el i n f i e r n o , o su hijo a
la m a d r e , n o les d a c u i d a d o , y hasta están c o n t e n t o s d e
verles castigados p o r ser e n e m i g o s míos. Sin d i s c r e p a r
d e m í , sus d e s e o s se h a l l a n c u m p l i d o s .

' Jn 10,7-9.
124 El Diálogo

El deseo d e los bienaventurados es ver mi h o n o r en


vosotros, caminantes, peregrinos, q u e sin cesar os acer-
cáis a la m u e r t e . Al desear el h o n o r , desean vuestra sal-
vación, y p o r eso r u e g a n p o r vosotros. Por mi parte, este
deseo se halla cumplido si vosotros no resistís, como ig-
norantes, a mi misericordia.
2
Las almas tienden a volver a poseer su cuerpo , p e r o
no sufren al no tenerlo en aquel m o m e n t o . Gozan sabo-
r e a n d o la certeza d e q u e su deseo les será plenamente
satisfecho. N o sufren, p o r q u e el n o tenerlo no les priva
d e la felicidad, y por eso no tienen p e n a .
N o pienses q u e la bienaventuranza del cuerpo, des-
pués d e la resurrección, ha d e p r o p o r c i o n a r mayor feli-
cidad al alma. Si así fuese, se seguiría q u e la bienaventu-
ranza sería imperfecta hasta q u e el alma se hallase uni-
da a él. Esto no p u e d e darse, p u e s a los bienaventurados
n o les falta perfección alguna. N o es el cuerpo el q u e d a
la felicidad al alma, sino q u e ésta se la d a r á al cuerpo.
Ella le d a r á d e su abundancia c u a n d o en el último día
del juicio vuelva a vestir la vestidura d e la misma c a r n e
que abandonó.
C o m o el alma h a sido creada inmortal, firme y asen-
tada en mí, así el cuerpo, p o r la n u e v a u n i ó n , se hará in-
mortal, y, p e r d i d a la gravedad, se hará sutil y ligero.
T e n en c u e n t a q u e el c u e r p o glorificado p u e d e atra-
vesar u n a p a r e d y q u e ni el fuego ni el agua le p u e d e n
molestar, no p o r sí mismo, sino p o r su unión con el
alma. Esta facultad proviene d e mí, d a d a gratuitamente
por el inenarrable a m o r con q u e lo he creado a imagen
y semejanza mías.
Ni tu e n t e n d i m i e n t o p u e d e c o m p r e n d e r , ni tu oído
oír, ni tu lengua n a r r a r , ni tu corazón pensar esa felici-
dad.
¡Cuánto gozo experimentan viéndome a mí, q u e soy
la felicidad c o m p l e t a ! ¡Qué d i c h a s e n t i r á n c u a n d o
tengan el c u e r p o glorioso! N o sufren p o r q u e no p u e d e n
poseer este bien hasta el juicio universal, pues no les fal-
ta la bienaventuranza, ya q u e el alma se halla llena en sí
misma. De esta plenitud, c o m o te he dicho, participará
el cuerpo.

2
Mt 25,14-30.
La doctrina del puente 125

T e h e h a b l a d o d e l b i e n q u e t e n d r á el c u e r p o glorifi-
c a d o e n la h u m a n i d a d g l o r i f i c a d a d e m i Hijo u n i g é n i t o .
El o s d a la s e g u r i d a d d e v u e s t r a r e s u r r e c c i ó n . E n ella
r e b o s a n d e a l e g r í a s u s llagas frescas, c o n s e r v a d a s a ú n
las cicatrices e n su c u e r p o , q u e p o r v o s o t r o s i m p l o r a n
sin c e s a r m i s e r i c o r d i a a m í , s u p r e m o y e t e r n o P a d r e .
T o d o se h a l l a r á d e a c u e r d o c o n El e n g o z o y a l e g r í a : el
ojo c o n el ojo, la m a n o c o n la m a n o ; t o d o s os a s e m e j a -
réis e n t o d o al c u e r p o d e l d u l c e V e r b o , m i H i j o . P e r m a -
n e c i e n d o e n m í , p e r m a n e c e r é i s e n El, p o r q u e es u n o
c o n m i g o . Los ojos d e v u e s t r o c u e r p o , c o m o te h e d i c h o ,
se a l e g r a r á n e n la h u m a n i d a d glorificada d e l V e r b o , m i
Hijo u n i g é n i t o .
¿ P o r q u é esto? P o r q u e su vida t e r m i n a e n h o n o r d e
m i c a r i d a d ; p o r eso d u r a e t e r n a m e n t e . N o es q u e p u e -
d a n r e a l i z a r b u e n a s o b r a s , p e r o se g o z a n e n lo q u e h a n
s u f r i d o ; es d e c i r , n o p u e d e n r e a l i z a r u n a c t o m e r i t o r i o ,
ya q u e sólo e n e s t a v i d a se m e r e c e y se p e c a , s e g ú n place
a la p r o p i a v o l u n t a d p o r el l i b r e a l b e d r í o .
Estos n o e s p e r a n el j u i c i o d i v i n o c o n t e m o r , s i n o c o n
a l e g r í a ; la c a r a d e Dios n o les p a r e c e r á l l e n a d e ira, p o r -
q u e h a n m u e r t o e n m i c a r i d a d y dilección y c o n b e n e v o -
lencia p a r a c o n el p r ó j i m o .
V e s , p o r t a n t o , q u e la m u t a c i ó n e n el s e m b l a n t e n o se
e f e c t u a r á e n El c u a n d o v e n g a a j u z g a r c o n m i M a j e s t a d ,
s i n o e n los q u e h a n d e s e r j u z g a d o s . A los c o n d e n a d o s
les a p a r e c e r á c o n o d i o y j u s t i c i a ; a los s a l v a d o s , c o n
a m o r y misericordia.

42 [Después del juicio general, la pena de los condenados


será mayor.)

T e h e h a b l a d o d e la g l o r i a d e los j u s t o s p a r a q u e c o -
nozcas m e j o r la m i s e r i a d e los c o n d e n a d o s . E s t e es o t r o
d e los suplicios: v e r la felicidad d e los j u s t o s . E s t a visión
les sirve p a r a a c r e c e n t a r sus p e n a s , c o m o a los j u s t o s la
c o n d e n a c i ó n d e los p e c a d o r e s les sirve p a r a a l e g r a r s e a
c a u s a d e m i b o n d a d , p o r q u e m e j o r se c o n o c e la luz c o n -
t r a s t á n d o l a c o n la o s c u r i d a d , y é s t a c o m p a r á n d o l a c o n
la luz. D e m o d o q u e la visión d e los b i e n a v e n t u r a d o s les
c a u s a r á t o r m e n t o . E s p e r a n c o n d o l o r el ú l t i m o d í a d e l
j u i c i o , p r e v i e n d o q u e a él se s e g u i r á a u m e n t o d e p e n a s .
126 El Diálogo

Así sucederá, pues, c u a n d o se les diga aquella frase


terrible: «Surgite, m o r t u i , venite ad iudicium!», y vuelva
el alma al c u e r p o . Este será glorificado en los justos, y
en los c o n d e n a d o s , e t e r n a m e n t e a t o r m e n t a d o . Recibi-
r á n éstos g r a n v e r g ü e n z a y afrenta en presencia d e mi
V e r d a d y d e todos los b i e n a v e n t u r a d o s . El gusano d e la
conciencia r o e r á entonces la m é d u l a del árbol, o sea, del
alma, y también su corteza, es decir, el cuerpo.
Les será r e p r o c h a d a la sangre q u e les sirvió d e pago,
así como los actos d e misericordia q u e tuve con ellos p o r
mediación de mi Hijo: los espirituales y los temporales,
y lo q u e ellos d e b i e r o n hacer p o r el prójimo, tal como se
contiene en el santo Evangelio. Serán r e p r e n d i d o s p o r
la crueldad q u e h a n tenido con el prójimo por soberbia
y a m o r propio, c u a n d o vean la misericordia q u e de mí
h a n recibido. La inmundicia y la avaricia h a r á n más viva
la reprensión.
En el m o m e n t o d e la m u e r t e es sólo el alma quien re-
cibe la reprensión; mas en el juicio final la recibirá j u n -
t a m e n t e con el c u e r p o , pues él h a sido c o m p a ñ e r o e ins-
t r u m e n t o p a r a o b r a r el bien y el mal, según haya com-
placido a la propia voluntad.
T o d a o b r a b u e n a o mala se hace m e d i a n t e el c u e r p o ;
p o r eso, con toda justicia, hija mía, se da a mis elegidos
la gloria y felicidad infinitas, y, j u n t a m e n t e , al c u e r p o
glorificado, r e m u n e r á n d o l e p o r los trabajos q u e soportó
c o n j u n t a m e n t e con el alma. I g u a l m e n t e , a los malvados
se les d a r á la p e n a e t e r n a en el c u e r p o , q u e les sirvió
como i n s t r u m e n t o del mal.
Se les r e n o v a r á n y acrecentarán las penas al t e n e r
n u e v a m e n t e el c u e r p o en presencia d e mi Hijo. Los sen-
tidos, con su inmundicia, recibirán reprensión al ver su
naturaleza, es decir, la h u m a n i d a d d e Cristo u n i d a a la
pureza de mi divinidad. Ven ensalzada la masa d e
A d á n , vuestra naturaleza, sobre todos los coros de los
ángeles, mientras q u e ellos, p o r sus defectos, se encuen-
tran h u n d i d o s en lo p r o f u n d o del infierno.
Ven resplandecer también la generosidad y misericor-
dia en mis b i e n a v e n t u r a d o s , q u e reciben el fruto de la
sangre del C o r d e r o . Ven las penas q u e han sufrido y
cómo todas sirven para o r n a m e n t o de sus cuerpos, a
m o d o de b o r d a d o s sobre u n p a ñ o ; esto n o p o r atención
La doctrina del puente 127

al c u e r p o , sino sólo p o r la p l e n i t u d del a l m a . La pleni-


t u d refleja e n el e x t e r i o r , e n el c u e r p o , el fruto d e sus
trabajos, c o m o c o m p a ñ e r o suyo e n la práctica d e la vir-
t u d . C o m o el espejo refleja la c a r a del h o m b r e , así e n el
c u e r p o el fruto d e las fatigas.
V i e n d o los q u e m o r a n e n las tinieblas t a n t a prestancia
d e q u e ellos se hallan p r i v a d o s , se les a u m e n t a n las pe-
nas y confusión, p u e s e n sus c u e r p o s a p a r e c e n las seña-
les d e las penas y t o r m e n t o s c o m o m u e s t r a s d e la mal-
d a d q u e c o m e t i e r o n . De d o n d e , al oír aquella voz terri-
ble: « ¡ M a r c h a d , malditos, al fuego eterno!» ', su a l m a y
su c u e r p o irán a vivir c o n los d e m o n i o s , sin g é n e r o al-
g u n o d e c o n s u e l o f u n d a d o e n la e s p e r a n z a . Se verán
e n v u e l t o s e n t o d a pestilencia d e la tierra, c a d a u n o p o r
sí y a su m o d o , s e g ú n las diversas m a n e r a s con q u e h a n
realizado sus malas o b r a s : el a v a r o , con la i n m u n d i c i a
d e la avaricia, se verá e n v u e l t o , a r d i e n d o e n el fuego,
con los bienes del m u n d o q u e a m ó d e s o r d e n a d a m e n t e ;
el c r u e l , e n v u e l t o e n la c r u e l d a d ; el i n m u n d o , con la in-
m u n d i c i a y miserable concupiscencia; el injusto, c o n sus
injusticias; el envidioso, c o n la envidia; el q u e t u v o o d i o
y r e n c o r al prójimo, con el o d i o ; el q u e fue d e s o r d e n a -
d o e n el a m o r p r o p i o , p o r ser c o m p a ñ e r o d e la soberbia
y principio d e t o d o mal. T o d o s s e r á n castigados d e u n a
m a n e r a d i f e r e n t e e n el c u e r p o y e n el a l m a conjunta-
mente.
Así, p u e s , llegan a su fin los q u e van p o r el c a m i n o d e
abajo, p o r el río, sin r e t r o c e d e r p a r a r e c o n o c e r sus cul-
pas ni p a r a suplicar misericordia. Se a c e r c a n a la p u e r t a
d e la m e n t i r a , p o r q u e siguieron la d o c t r i n a del d e m o -
nio, q u e es el p a d r e d e la m e n t i r a ; ésta es su p u e r t a , y
p o r ella llegan a la c o n d e n a c i ó n .
Mis elegidos e hijos míos, q u e se m a n t i e n e n e n el ca-
m i n o d e arriba, o sea, e n el p u e n t e , siguen y van p o r el
c a m i n o d e la v e r d a d . P o r eso dijo m i V e r d a d : « N i n g u n o
2
p u e d e ir al P a d r e si n o es p o r m e d i o d e mí» . El es la
p u e r t a y el c a m i n o p o r d o n d e llegan a mí, m a r d e t r a n -
quilidad.
Lo c o n t r a r i o o c u r r e a los q u e h a n ido p o r el c a m i n o

1
Mt 25,41.
2
Jn 14,6.
128 El Diálogo

de la mentira, que les proporciona agua putrefacta. A


éstos llama el demonio —ciegos y locos, que no advier-
ten, porque han perdido la luz d e la fe— con palabras
muy semejantes: «Quien tenga sed de agua putrefacta,
que venga a mí, que yo se la daré».

ELECCIÓN DEL CAMINO

[Valor de la prueba - el engaño del placer - el árbol entre espinas -


necesidad de los trabajos - fe y falta de fe - las obras - estados de la
vida - el temor como primer impulso para una vida buena. ]

43 [ U t i l i d a d d e las t e n t a c i o n e s . — E l a l m a e n la h o r a d e la
m u e r t e , a n t e s d e s e r s e p a r a d a d e l c u e r p o , v e su d e s t i n o , es
d e c i r , la p e n a o g l o r i a q u e va a r e c i b i r . ]

El demonio ha sido designado verdugo de mi justicia


para atormentar a las almas que miserablemente me
han ofendido. En esta vida lo he puesto para tentar,
causando molestias a mis criaturas; no para que sean
vencidas, sino para que triunfen y reciban d e mí la glo-
ria de la victoria por la manifestación de sus virtudes.
Nadie debe temer combate alguno, ni las tentaciones
que les vengan del demonio, pues yo os he dado fortale-
za con la sangre de mi Hijo. Ni el demonio ni criatura
alguna puede cambiar vuestra voluntad, por ser vuestra
y dada por mí con el libre albedrío.
Por lo tanto, la podéis seguir y a b a n d o n a r según os
plazca. Es el a r m a que ponéis en manos del demonio;
concretamente, u n cuchillo con que os hiere y mata.
Pero, si el h o m b r e no pone el cuchillo de su voluntad en
manos del demonio, o sea, no consiente sus tentaciones
y sugerencias, j a m á s será herido por la culpa del pecado
en tentación alguna, antes bien lo fortalecerán cuando
abra los ojos de la inteligencia para contemplar la cari-
dad, la cual permite que seáis tentados sólo para llegar a
la virtud y manifestarla '.
La virtud no se consigue sino por el conocimiento de
sí mismo y de mí. Este conocimiento se adquiere con
1
Tob 12,13.
La doctrina del puente 129

m á s p e r f e c c i ó n e n el t i e m p o d e la t e n t a c i ó n , p o r q u e e n -
tonces v e m o s q u e el h o m b r e , d e p o r sí, n a d a es, ya q u e
n o p u e d e evitar los trabajos y s u g e r e n c i a s d e q u e d e s e a -
ría e s c a p a r . M e c o n o c e p o r la v o l u n t a d , q u e se halla
fortalecida c o n m i b o n d a d , q u e n o c o n s i e n t e tales p e n -
s a m i e n t o s , y p o r q u e h a visto q u e m i c a r i d a d le a y u d a ,
p o r q u e el d e m o n i o es d é b i l , y p o r sí m i s m o n o p u e d e
sino lo q u e yo le p e r m i t o . Yo se las p e r m i t o p o r a m o r o
p o r o d i o , p a r a q u e venzáis y n o seáis v e n c i d o s y p a r a
q u e lleguéis al c o n o c i m i e n t o p e r f e c t o d e m í y d e voso-
t r o s , a fin d e q u e la v i r t u d q u e d e p a t e n t e , ya q u e u n
c o n t r a r i o p u e d e c o n o c e r s e m e j o r p o r su c o n t r a r i o .
Ves, p u e s , q u e los d e m o n i o s son m i n i s t r o s m í o s p a r a
a t o r m e n t a r e n el i n f i e r n o y p a r a p r o b a r y ejercitar la
v i r t u d del a l m a e n esta vida.
N o es q u e la i n t e n c i ó n d e ellos sea p o n e r d e m a n i f i e s -
to la v i r t u d , p u e s n o p o s e e n la c a r i d a d , sino p a r a a r r e b a -
t a r o s la v i r t u d , lo q u e n o p u e d e n h a c e r si n o q u e r é i s .
A h o r a c o m p r e n d e s c u á n t a es la i m b e c i l i d a d d e l h o m -
b r e q u e se m u e s t r a débil e n a q u e l l o e n q u e yo le h e h e -
c h o f u e r t e . El m i s m o se p o n e e n m a n o s d e los d e m o -
nios. P o r eso q u i e r o se s e p a s q u e e n el m o m e n t o d e la
m u e r t e , h a b i e n d o p u e s t o los p e c a d o r e s su vida bajo el
señorío del d e m o n i o — n o forzados, p o r q u e n o p u e d e n
ser o b l i g a d o s , sino v o l u n t a r i a m e n t e — * si llegan a la
m u e r t e bajo este p e r v e r s o d o m i n i o , n o e s p e r a n o t r o j u i -
cio, sino q u e ellos m i s m o s son los j u e c e s p o r su c o n c i e n -
cia, y, c o m o d e s e s p e r a d o s , se v a n a la c o n d e n a c i ó n e t e r -
n a , c o n o d i o se a p e g a n m á s al i n f i e r n o , y a n t e s d e l j u i c i o
se c o n d e n a n ellos m i s m o s y v a n c o n sus s e ñ o r e s los d e -
monios.
Los j u s t o s , q u e h a n vivido y m u e r e n e n c a r i d a d , c u a n -
d o les llega la m u e r t e , si h a n vivido e n p e r f e c c i ó n d e
v i r t u d , i l u m i n a d o s e n t o n c e s p o r la luz d e la fe, c o n espe-
r a n z a c o m p l e t a e n la s a n g r e d e l C o r d e r o , v e n el b i e n
q u e yo les h e p r e p a r a d o y lo e s t r e c h a n c o n los b r a z o s
del a m o r . Se u n e n a m í , s u m o y e t e r n o B i e n , m á s a r d o -
r o s a m e n t e a ú n e n el m o m e n t o d e la m u e r t e . Y así s a b o -
r e a n la vida e t e r n a a n t e s d e h a b e r a b a n d o n a d o el c u e r -
p o m o r t a l , o sea, a n t e s d e q u e se h a y a n s e p a r a d o d e l
cuerpo.
Los q u e h a n p a s a d o su v i d a e n c a r i d a d c o m ú n y e n
130 El Diálogo

ella llegaron al fin, los que no tuvieron tan gran perfec-


ción, abrazan mi misericordia con la misma luz de la fe
y esperanza con q u e tuvieron la perfección; pero es im-
perfecta. A u n q u e sean imperfectos, se u n e n a la miseri-
cordia, teniendo por mayor mi misericordia que sus
culpas.
Los pecadores hacen lo contrario. Viendo que su lu-
gar es el infierno, se apegan a él, como te he dicho. De
m o d o que ni unos ni otros esperan a ser juzgados, sino
q u e cada u n o , al partirse d e esta vida, acepta el lugar
que le es propio. Lo experimentan y poseen antes de sa-
lir del cuerpo en el m o m e n t o de la m u e r t e : los condena-
dos, con odio y desesperación, y los perfectos, con amor,
luz de la fe y esperanza en la sangre; los imperfectos,
con la misericordia y con la misma fe, van al lugar del
purgatorio.

44 [El d e m o n i o e n g a ñ a s i e m p r e a las a l m a s b a j o el p r e t e x t o
d e l b i e n . — L o s q u e v a n p o r el r í o , y n o p o r el p u e n t e , v a n e n g a -
ñ a d o s . — Q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n e l l o s .
Visión d e u n á r b o l q u e u n a vez t u v o esta a l m a . ]

T e he dicho q u e el demonio brinda a los hombres el


agua pútrida, a la q u e él posee por sí mismo, cegándoles
con las delicias y honores del m u n d o . Con el anzuelo
del placer los pesca bajo la apariencia de felicidad, pues
d e otro m o d o n o los podría atrapar, pues no se dejarían
si no hallaran algún bien o gozo particular, ya q u e el
alma, p o r su p r o p i a naturaleza, apetece siempre el
bien.
Ella, cegada por el a m o r propio, no concede ni distin-
gue el v e r d a d e r o bien que es d e provecho para el cuer-
po y el alma. Por ello, el d e m o n i o , como malvado, vién-
dola cegada por el a m o r propio sensitivo, le propone di-
versos y variados pecados. Lo hace con el pretexto d e al-
gún provecho y bien. A cada u n o lo hace según su esta-
d o y según los vicios a q u e cree q u e está más inclinado:
u n o p r o p o n e al seglar y otro al religioso, u n o a los pre-
lados y otro a los señores; a cada u n o según los diversos
estados en que se e n c u e n t r a n .
T e he dicho esto p o r q u e te voy a hablar ahora d e los
q u e se ahogan e n el río, d e los que no tienen considera-
La doctrina del puente 131

ción a l g u n a con los d e m á s , sino c o n s i g o m i s m o s , es d e -


cir, se a m a n a sí m i s m o s c o n o f e n s a a m í . De su fin ya te
he h a b l a d o . Q u i e r o m o s t r a r t e c ó m o se e n g a ñ a n , ya q u e ,
q u e r i e n d o h u i r d e los s u f r i m i e n t o s , c a e n e n ellos. Les
p a r e c e q u e seguir, llevar el c a m i n o del p u e n t e d e l V e r -
b o d e m i Hijo, es u n g r a n trabajo. P o r ello se e c h a n
a t r á s , t e m i e n d o el s u f r i m i e n t o . Les o c u r r e esto p o r q u e
e s t á n ciegos, y n o ven ni c o n o c e n la v e r d a d al m o d o q u e
1
sabes q u e te m o s t r é al p r i n c i p i o d e tu vida , c u a n d o m e
r o g a b a s q u e tuviese m i s e r i c o r d i a c o n el m u n d o sacán-
d o l o d e las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l .
R e c u e r d a q u e e n t o n c e s m e p r e s e n t é a ti e n f i g u r a d e
á r b o l *, d e l q u e n o se veía ni el principio ni el fin, p e r o sí
la raíz, h u n d i d a e n la t i e r r a d e v u e s t r a h u m a n i d a d . Al
pie d e l á r b o l , si te a c u e r d a s b i e n , h a b í a a l g u n o s e s p i n o s .
De ese á r b o l se alejaban t o d o s los q u e a m a b a n los senti-
d o s . C o r r í a n a u n c a m p o d e trigo sin g r a n o , e n el q u e se
f i g u r a n t o d o s los p l a c e r e s y goces del m u n d o . A q u e l tri-
gal p a r e c í a t e n e r g r a n o , p e r o n o e r a así. P o r eso, c o m o
viste, m u c h a s almas p e r e c í a n d e h a m b r e . M u c h o s , al c o -
n o c e r el e n g a ñ o del m u n d o , volvían al á r b o l y p i s a b a n
los e s p i n o s , es d e c i r , la v o l u n t a d p r o p i a . Esta v o l u n t a d
p r o p i a es u n e s p i n o q u e se e n c u e n t r a e n el c a m i n o d e la
v e r d a d . La conciencia, d e u n l a d o , y los s e n t i d o s , d e
o t r o , se h a l l a n s i e m p r e e n l u c h a . P e r o e n c u a n t o la vo-
luntad delibera con energía, diciendo con odio y des-
p r e c i o d e l p e c a d o : « Q u i e r o s e g u i r a C r i s t o crucificado»,
s ú b i t a m e n t e se r o m p e el e s p i n o , y se halla u n a d u l z u r a
i n e s t i m a b l e , c o m o e n t o n c e s te m o s t r é ; q u i é n m á s , q u i é n
m e n o s , s e g ú n su a r r a n q u e y solicitud.
Sabes q u e e n t o n c e s te dije: «Yo soy v u e s t r o Dios in-
m u t a b l e , q u e n o c a m b i o ; n o esquivo a n i n g u n a c r i a t u r a
q u e q u i e r a venir a mí.
»Les h e manifestado la v e r d a d h a c i é n d o m e visible a
ellos, s i e n d o yo invisible; le h e e n s e ñ a d o q u é es a m a r
algo q u e n o sea yo. P e r o ellos, c e g a d o s p o r la n u b e del
a m o r d e s o r d e n a d o , ni m e c o n o c e n a m í ni a sí m i s m o s .
M i r a lo e q u i v o c a d o s q u e e s t á n , q u e p r e f i e r e n el h a m b r e
a n t e s q u e pisar u n a s e s p i n a s .
»No p u e d e n escapar d e t e n e r trabajos, p u e s nadie pasa

1
Alusión autobiográfica.
132 El Diálogo

esta vida sin cruz, a excepción d e los que van por el ca-
mino d e arriba. No es que ellos vayan sin trabajos, sino
que se les convierten en consuelo. Y como por el pecado
produjo el m u n d o espinas y abrojos y surgió este río,
m a r tempestuoso, por eso os di el p u e n t e , para q u e no
os ahogaseis».
T e he manifestado c ó m o se equivocan con u n t e m o r
d e s o r d e n a d o y c ó m o soy vuestro Dios, q u e ni cambio ni
hago distinción d e personas, si n o es teniendo en cuenta
su santo deseo. Esto es lo q u e te he explicado con la ale-
goría del árbol.

4 5 [El mundo produce espinas y abrojos a causa del peca-


do.—A quiénes no hacen daño esas espinas.—Nadie pasa esta
vida sin trabajos.]

A h o r a quiero enseñarte a quién hacen d a ñ o estas es-


pinas q u e la tierra produjo por el pecado y a quién no.
Hasta a h o r a te h e hablado d e la condenación, a la vez
q u e d e mi b o n d a d , y te he dicho c ó m o se hallan engaña-
dos los h o m b r e s por sus propios sentidos. A h o r a quiero
explicarte cómo únicamente son éstos los que serán he-
ridos por las espinas.
Nadie pasa esta vida sin trabajos corporales o espiri-
tuales. Mis servidores soportan los corporales, pero su
espíritu está libre, o sea, no se cansan con los trabajos,
p o r q u e han puesto en consonancia su voluntad con la
mía. Es la voluntad la que hace sufrir al h o m b r e . Sufri-
mientos d e espíritu y de cuerpo los tienen esos d e q u e te
hablé, los cuales en esta vida gozan las primicias del in-
fierno, mientras q u e mis servidores saborean las arras
de la vida eterna.
¿Sabes cuál es la felicidad específica d e los bienaven-
turados? El tener su voluntad totalmente llena d e aque-
llo que desean. Me desean a mí, y con ello me tienen sin
obstáculo alguno, pues han alejado d e sí la pesantez del
cuerpo, q u e era u n a ley q u e luchaba contra el espíritu.
El cuerpo era u n intermediario q u e n o les permitía co-
nocer perfectamente la verdad ni v e r m e cara a cara.
Después d e q u e el alma se ha liberado d e la pesantez
del cuerpo, tiene libre su voluntad, y, deseándolo, ella
m e ve. En esta visión consiste vuestra felicidad. Al ver,
La doctrina del puente 133

c o n o c e , y, c o n o c i e n d o y a m a n d o , d i s f r u t a d e m í , s u m o
y e t e r n o B i e n ; d i s f r u t a n d o sacia y llena su v o l u n t a d , es
d e c i r , el d e s e o q u e t i e n e d e v e r m e y c o n o c e r m e ; d e -
s e a n d o y t e n i e n d o , d e s e a . C o m o t e dije, la p e n a se halla
l
lejos d e l d e s e o y el hastío, p r o d u c t o d e la h a r t u r a .
Ves, p o r t a n t o , q u e mis s e r v i d o r e s e n c u e n t r a n la feli-
c i d a d e s p e c i a l m e n t e e n v e r m e y c o n o c e r m e . Esta visión
y c o n o c i m i e n t o satisface su v o l u n t a d d e t e n e r lo q u e d e -
s e a n , y así q u e d a n saciados. P o r eso t e dije q u e , e n c o n -
c r e t o , g u s t a r la v i d a e t e r n a es p o s e e r lo q u e la v o l u n t a d
d e s e a . T e n e n c u e n t a q u e el a l m a se sacia v i é n d o m e y
c o n o c i é n d o m e . E n e s t a v i d a e x p e r i m e n t a las a r r a s d e la
v i d a e t e r n a c u a n d o g u s t a lo q u e t e h e d i c h o q u e la sacia.
¿ C ó m o p o s e e esas primicias d e la v i d a e t e r n a ? T e lo
voy a d e c i r : v i e n d o m i b o n d a d e n sí m i s m a y c o n o c i e n -
d o m i v e r d a d . Este c o n o c i m i e n t o lo t i e n e el e n t e n d i -
m i e n t o ai e s t a r i l u m i n a d o p o r la fe, q u e es el ojo d e l
a l m a . Este ojo p o s e e la p u p i l a d e la s a n t í s i m a fe, y le
p e r m i t e d i s t i n g u i r , c o n o c e r y s e g u i r el c a m i n o y la d o c -
t r i n a d e mi V e r d a d , d e l V e r b o h e c h o c a r n e . Sin esta p u -
pila d e la fe n o v e r á sino c o m o el h o m b r e q u e t i e n e la
f i g u r a d e u n ojo, p e r o q u e lo t i e n e t a p a d o c o n u n p a ñ o ,
q u e i m p i d e q u e el ojo vea. L o m i s m o o c u r r e c o n el ojo
d e l e n t e n d i m i e n t o . Su p u p i l a es la fe, y n o ve c u a n d o
d e l a n t e d e sí t i e n e c o l o c a d o el p a ñ o d e la i n f i d e l i d a d ,
q u e p r o c e d e d e l a m o r a sí m i s m o ; t i e n e f o r m a d e ojo,
p e r o n o . d a luz, p o r q u e el p a ñ o se la h a q u i t a d o .
C o m p r e n d e s , p u e s , q u e , v i e n d o , c o n o c e n , y, a m a n d o ,
a h o g a n y p i e r d e n la v o l u n t a d p r o p i a .
U n a vez p e r d i d a su v o l u n t a d , se visten d e la m í a , q u e
n o q u i e r e o t r a cosa q u e v u e s t r a santificación. I n m e d i a -
t a m e n t e se d e d i c a n a a p a r t a r su m i r a d a d e l c a m i n o d e
abajo, c o m i e n z a n a s u b i r p o r el p u e n t e y p a s a n s o b r e las
e s p i n a s . C o m o t i e n e n los pies descalzos d e su afecto res-
p e c t o d e m i v o l u n t a d , las e s p i n a s n o les h a c e n d a ñ o . P o r
ello te dije q u e s u f r í a n c o r p o r a l y n o e s p i r i t u a l m e n t e ,
p u e s está m u e r t a su v o l u n t a d sensitiva, la q u e p r o d u c e
p e n a y aflige el espíritu d e las c r i a t u r a s . Q u i t a d a e s t a vo-
l u n t a d , está q u i t a d a la p e n a . T o d o lo s o p o r t a n c o n r e v e -

1
A p 7,16-17.
134 El Diálogo

rencia, teniendo como u n a gracia el ser atribulados por


mi causa, y no desean sino lo q u e yo deseo.
Si les doy aflicciones por medio d e los demonios, per-
mitiéndoles muchas tentaciones, es para probarlos en la
virtud. Ellos resisten con la voluntad, que es fortalecida
por mí; se humillan y juzgan indignos d e la paz y quie-
tud del espíritu, y así q u e d a n con alegría y conocimiento
de sí mismos, sin p e n a q u e los aflija.
Si les vienen las tribulaciones d e los hombres o d e en-
fermedad, pobreza, reveses d e fortuna, privación de hi-
jos o d e otras criaturas muy amadas —que son espinas
que produce la tierra por el pecado—, las soportan con
la luz de la razón y d e la santa fe, con la mirada puesta
en mí, que soy suprema B o n d a d y no quiero sino el
bien. Para bien suyo se las concedo; p o r a m o r y no por
odio.
En cuanto han conocido el a m o r en mí y se miran a sí
mismos, c o m p r e n d e n sus defectos y ven con la luz d e la
fe que el bien debe ser r e m u n e r a d o y el pecado castiga-
d o . Entienden q u e el pecado más p e q u e ñ o merecería
pena infinita, p o r q u e se ha cometido contra el infinito
bien, y se acogen a la gracia de que yo los castigue en
esta vida, en este tiempo finito. Así, y j u n t a m e n t e con la
contrición d e corazón, b o r r a n el pecado y merecen con
perfecta paciencia, y sus trabajos son premiados con u n
bien infinito.
Conocen seguidamente que todo trabajo, por la bre-
vedad de esta vida, es p e q u e ñ o : el tiempo no es mayor
que la punta d e u n a aguja, y, terminado y pasado el su-
frimiento, se ve lo pequeño q u e es. Sufren, pues, con
paciencia y pasan p o r las espinas presentes sin afectarles
al espíritu, p o r q u e se hallan lejos en cuanto a amor sen-
sitivo y están en mí por afecto de amor.
Por esto es cierto q u e gustan la vida eterna, recibien-
do las primicias d e ella en esta vida. Si están en el agua,
no se mojan, y, si pisan las espinas, no se punzan, por-
q u e me han conocido a mí, Bien supremo. Han buscado
el bien allí d o n d e se encuentra, es decir, en el Verbo de
mi Hijo unigénito.
La doctrina del puente 135

46 [ M a l e s q u e p r o c e d e n d e la c e g u e r a d e l e n t e n d i m i e n t o .
Las obras b u e n a s , n o h e c h a s e n e s t a d o d e gracia, c a r e c e n d e
v a l o r p a r a la v i d a e t e r n a . ]

T e h e d i c h o esto p a r a q u e e n t i e n d a s m e j o r c ó m o g u s -
t a n las primicias d e l i n f i e r n o aquellos d e c u y o e n g a ñ o te
hablé.
A h o r a te voy a explicar d e d ó n d e p r o c e d e el e m b a u -
c a m i e n t o y p o r q u é h a n c e g a d o los ojos d e l e n t e n d i -
m i e n t o c o n la falta, q u e t i e n e su o r i g e n e n el a m o r p r o -
pio.
L o m i s m o q u e t o d a v e r d a d se a d q u i e r e p o r la luz d e
la fe, así se i n c u r r e e n la m e n t i r a y e n g a ñ o p o r c a r e n c i a
d e fe. H a b l o d e c a r e n c i a d e ella e n los q u e la h a n recibi-
d o e n el s a n t o b a u t i s m o , e n el c u a l se d i o la p u p i l a d e la
fe a la inteligencia. L l e g a d o el u s o d e la r a z ó n , si se ejer-
citan e n la v i r t u d , c o n s e r v a n la luz d e la fe, y n a c e n e n
ellos las v i r t u d e s vivas h a c i e n d o b i e n al p r ó j i m o ; c o m o
la m u j e r q u e d a a luz al hijo vivo y vivo se lo e n t r e g a a
su e s p o s o , así éstos m e o f r e c e n v i r t u d e s vivas a m í , Es-
poso del alma.
L o c o n t r a r i o h a c e n esos m i s e r a b l e s q u e , l l e g a d o el
t i e m p o d e la d i s c r e c i ó n , c u a n d o d e b e n ejercitar la luz d e
la fe y d a r a luz las v i r t u d e s c o n la vida d e la gracia, las
d a n a luz m u e r t a s . Están m u e r t a s , c o m o h e c h a s e n peca-
d o m o r t a l , al e n c o n t r a r s e p r i v a d o s d e la fe. C i e r t a m e n t e
m a n t i e n e n la f o r m a d e l s a n t o b a u t i s m o , p e r o n o la luz,
al h a l l a r s e p r i v a d o s d e ella a c a u s a d e la n u b e d e l peca-
d o c o m e t i d o p o r a m o r p r o p i o , q u e t a p a la p u p i l a c o n
q u e veían.
D e los q u e t i e n e n fe sin o b r a s se d i c e q u e t i e n e n
m u e r t a su fe. I g u a l q u e el m u e r t o n o ve, así t a m p o c o el
ojo, p o r e s t a r t a p a d a la pupila. N o v e n n i r e c o n o c e n q u e
p o r sí m i s m o s n o e x i s t e n ; t a m p o c o las faltas q u e h a n co-
m e t i d o , ni m i b o n d a d , d e la q u e recibió el s e r y c u a l -
q u i e r gracia r e c i b i d a c o n la existencia.
Al n o c o n o c e r m e a mí ni a sí m i s m o s , n o o d i a n a sus
s e n t i d o s , sino q u e los a m a n , b u s c a n d o satisfacer su a p e -
tito. D a n a luz hijos q u e p r o c e d e n d e sus m u c h o s peca-
d o s m o r t a l e s . N o m e a m a n , y p o r ello n o a m a n lo q u e
yo a m o , es decir, a su p r ó j i m o . N o se d e l e i t a n h a c i e n d o
lo q u e m e a g r a d a , e s t o es, las r e a l e s y v e r d a d e r a s virtu-
136 El Diálogo

des q u e me agrada ver en vosotros; no para mi prove-


cho, pues no me p u e d e n beneficiar, por ser yo el q u e
soy ', y nada se hace sin mí, a no ser el pecado, que es la
negación. Este priva al alma de todo bien al arrebatarle
la gracia. Si m e a g r a d a n , es por su provecho, para q u e
tenga motivos para recompensaros conmigo mismo, q u e
soy Vida perdurable.
Ya ves q u e la fe de éstos está muerta, p o r ser fe sin
obras. Sus acciones no les valen para la vida eterna, por
n o tener la vida d e la gracia. Las obras buenas, sin em-
bargo, no deben por ello abandonarse, estén con gracia
o sin ella, porque toda obra buena es p r e m i a d a y toda la
q u e es mala es castigada. Lo bueno que realiza en gra-
cia, sin pecado mortal, tiene valor para la vida eterna;
pero lo q u e se hace en pecado mortal, n a d a vale para
ella, si bien es recompensado de diversas maneras. Por
eso algunas veces doy tiempo a los pecadores y pongo
en el corazón de mis servidores oraciones constantes,
por las q u e aquéllos salen del pecado y de sus miserias.
Otras veces, al no aceptar ni el tiempo ni las oraciones
para prepararlos a la gracia, los he p r e m i a d o en lo tem-
poral, haciendo con ellos lo que con los animales, a los
q u e se ceba para llevarlos al matadero. Ellos han recalci-
trado siempre ante mi bondad, a u n q u e ejecutan algunas
obras buenas, si bien no estando en gracia, sino en peca-
do. En ellas no han querido aceptar ni el tiempo, ni las
oraciones, ni otras maneras diversas con q u e les he lla-
m a d o . Por eso, al ser reprobados por mí a causa de sus
pecados, les pago en bienes temporales, y así se ceban,
ya q u e mi b o n d a d quiere premiar cualquier pequeño
servicio q u e me hayan prestado; pero, si no se corrigen,
irán al fuego eterno.
Ves, pues, cómo se hallan equivocados. ¿Quién les ha
embaucado? Ellos mismos, porque se han privado de la
luz d e la fe viva. Van como ciegos, agarrándose a aque-
llo que palpan. C o m o no ven sino con los ojos ciegos,
poniendo su afecto en las cosas transitorias, por eso se
e n g a ñ a n y o b r a n como tontos, que ven sólo el oro y no
el veneno. Por esta razón entienden q u e las cosas de
este m u n d o , sus deleites y placeres, se consiguen sin mí

1
G e n 2,26.
La doctrina del puente 137

y c o n el a m o r p r o p i o y d e s o r d e n a d o . T i e n e n la m i s m a
figura d e l e s c o r p i ó n q u e t e m o s t r é al p r i n c i p i o , d e s p u é s
d e la a l e g o r í a d e l á r b o l , c u a n d o t e dije q u e p o r d e l a n t e
m o s t r a b a n el o r o y q u e el v e n e n o lo t e n í a n e n la cola, y
q u e n o se d a b a el o r o sin el v e n e n o , ni el v e n e n o sin el
2
o r o ; p e r o q u e lo q u e p r i m e r o a p a r e c í a e r a el o r o . Y
n i n g u n o se d e f e n d í a d e l v e n e n o , a n o s e r los q u e se h a -
llaban i l u m i n a d o s p o r la luz d e la fe.

47 [No se pueden observar los mandamientos sin seguir los


consejos.—En cualquier estado en que se halle el alma, si tie-
ne buena voluntad, es agradable a Dios.]

T e h a b l é d e los q u e c o n el cuchillo d e d o s filos, esto


es, el o d i o al vicio y el a m o r a la v i r t u d , c o r t a b a n el ve-
n e n o d e los p r o p i o s s e n t i d o s p o r m i a m o r y m a n t e n í a n y
a d q u i r í a n el o r o d e las cosas m u n d a n a s q u e d e s e a b a n
p o s e e r u s a n d o la luz d e la r a z ó n . P e r o los q u e q u e r í a n
llegar a la g r a n p e r f e c c i ó n las d e s p r e c i a b a n t e m p o r a l y
e s p i r i t u a l m e n t e . T e dije c ó m o éstos o b s e r v a b a n los c o n -
sejos t e m p o r a l e s y espirituales q u e les h a d a d o y d e j a d o
m i V e r d a d . Los q u e p o s e e n son los q u e g u a r d a n mis
m a n d a m i e n t o s y consejos e n su e s p í r i t u , p e r o n o e n
aquel m o m e n t o .
C o m o los consejos están u n i d o s a los m a n d a m i e n t o s ,
n a d i e p u e d e o b s e r v a r éstos sin s e g u i r los consejos; ni d e
o b r a ni d e p e n s a m i e n t o . Al p o s e e r las r i q u e z a s d e l m u n -
d o , d e b e n hacerlo con h u m i l d a d y n o con soberbia,
c o m o d a d a s p o r m i b o n d a d p a r a v u e s t r o u s o , c o m o algo
p r e s t a d o y n o p r o p i o . L u e g o t a n t o tenéis c u a n t o yo os
d o y , y t a n t o poseéis c u a n t o yo p e r m i t o , y p e r m i t o t a n t o
c u a n t o v e o q u e os a y u d a a v u e s t r a salvación. Este es el
m o d o d e usarlas.
Si el h o m b r e las u s a así, o b s e r v a el m a n d a m i e n t o d e
a m a r m e s o b r e t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a sí
m i s m o ; vive c o n el c o r a z ó n d e s n u d o ; q u e las e c h e d e sí
p o r afecto a m í , q u e n o p o s e a sino s e g ú n m i v o l u n t a d .
A u n q u e p o s e a r i q u e z a s , p r a c t i q u e el c o n s e j o p o r m e d i o
d e l d e s e o , y así q u i t a el v e n e n o d e l a m o r d e s o r d e n a d o .
2
U n a clase d e e s c o r p i o n e s q u e t i e n e s u cola d e c o l o r d e o r o . A l u d e
aquí a algo escrito e n este libro, o e n o t r o lugar, p e r o q u e n o aparece.
138 El Diálogo

Los q u e o b r a n de este m o d o p e r m a n e c e n en la carb


d a d común.' Los q u e g u a r d a n los m a n d a m i e n t o s y con-
sejos en obra y en espíritu, se hallan en caridad perfec-
ta. Con sencillez v e r d a d e r a g u a r d a n el consejo q u e mi
Verdad, el Verbo hecho carne, dio al joven q u e le pre-
g u n t ó : «¿Qué p o d r é hacer, Maestro, p a r a tener la vida
eterna?» El le contestó: «Guarda los m a n d a m i e n t o s d e la
ley»; y él, r e s p o n d i e n d o , dijo: «Los observo»; y El
contestó n u e v a m e n t e : «Bien, si quieres ser perfecto,
vete, vende lo q u e tienes y dáselo a los pobres» '.
Entonces, el j o v e n se entristeció p o r las riquezas, q u e
poseía con demasiado amor. Los perfectos, por el con-
trario, observan el consejo, a b a n d o n a n d o el m u n d o con
todas sus delicias, m a c e r a n d o su cuerpo con la peniten-
cia y vigilias y con h u m i l d e oración.
Los q u e viven en la caridad c o m ú n , al n o elevarse so-
bre lo temporal, n o por ello pierden la vida eterna, por-
q u e n o están obligados a la renuncia. P u e d e n poseer las
riquezas, si así lo quieren, del m o d o q u e te he dicho. N o
pecan por poseerlas, p o r q u e todas las cosas son buenas,
perfectas y creadas por mí, que soy B o n d a d suprema.
H a n sido creadas para q u e sirvan a mis criaturas racio-
nales y n o para q u e éstas se hagan siervas y esclavas d e
las delicias del m u n d o . Si n o aspiran a tan g r a n d e per-
fección, p u e d e n poseerlas; pero no como señores, sino
como criados administradores. Deben d a r m e el deseo
d e a m a r m e y a m a r y poseer las cosas n o como suyas,
sino como prestadas.
Yo n o hago distinción d e personas y d e posesiones en
el m u n d o , p e r o sí tengo e n cuenta los santos deseos. En
cada estado en q u e la persona se halle, tenga b u e n a y
santa voluntad, y m e será grata.
¿Quién h a poseído las riquezas d e este modo? Los q u e
han roto violentamente con el veneno de u n a desorde-
n a d a afición y las han puesto en o r d e n con a m o r y te-
m o r a mí. Ellos p u e d e n elegir y poseer el estado q u e
quieran y cada u n o es apto para alcanzar la vida eterna.
Dejemos sentado, sin e m b a r g o , q u e m e es más grata la
perfección mayor, q u e consiste en elevarse mental y es-
piritualmente sobre las cosas del m u n d o . Quien no se

1
Mt 19,16-22.
La doctrina del puente 139

s i e n t a c a p a c i t a d o p a r a a l c a n z a r tal p e r f e c c i ó n , p u e s su
f r a g i l i d a d n o lo p e r m i t e , p u e d e p e r m a n e c e r e n e s t e e s -
t a d o c o m ú n d e c a r i d a d , c a d a c u a l s e g ú n su e s t a d o . E s t o
lo h a d i s p u e s t o m i b o n d a d p a r a q u e n i n g u n o t e n g a ex-
c u s a e n el p e c a d o , e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e sea.
V e r d a d e r a m e n t e n o t i e n e n d i s c u l p a , p o r q u e h e tole-
r a d o e x c u s a s y d e b i l i d a d e s , h a s t a el p u n t o d e q u e , si
q u i e r e n p e r m a n e c e r e n el m u n d o , lo p u e d e n , y t a m b i é n
p o s e e r r i q u e z a s , y m a n t e n e r su p o s i c i ó n c o m o g o b e r -
n a n t e s , c o n t r a e r m a t r i m o n i o , t e n e r hijos y a f a n a r s e p o r
ellos. P u e d e n p e r m a n e c e r e n c u a l q u i e r e s t a d o q u e d e -
s e e n , si d e v e r a s a p a r t a n el v e n e n o d e los p r o p i o s senti-
d o s , q u e c a u s a n la m u e r t e e t e r n a .
Los sentidos son v e r d a d e r a m e n t e u n v e n e n o . C o m o
é s t e d a ñ a al c u e r p o , y al fin c a u s a la m u e r t e si el h o m -
b r e n o se i n g e n i a p a r a v o m i t a r l o y t o m a r u n a m e d i c i n a ;
lo m i s m o q u e o c u r r e c o n el a l a c r á n d e los d e l e i t e s d e l
m u n d o . H a b l o d e l v e n e n o d e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a d e l
h o m b r e , n o d e las cosas t e m p o r a l e s , p u e s ya te h e d i c h o
q u e s o n b u e n a s y c r e a d a s p o r m í , q u e soy s u m a B o n -
d a d , y p o r ello p u e d e n u s a r d e ellas c o m o les plazca,
d e n t r o del santo a m o r y del v e r d a d e r o t e m o r . Repito
q u e la v o l u n t a d p e r v e r t i d a e n v e n e n a al a l m a y le c a u s a
la m u e r t e si n o v o m i t a p o r m e d i o d e la s a n t a c o n f e s i ó n ,
a l e j a n d o d e ella el c o r a z ó n y el a f e c t o . L a c o n f e s i ó n es
medicina q u e cura d e este veneno, a u n q u e parezca
a m a r g a a los s e n t i d o s .
¡Mira, p u e s , q u é e n g a ñ a d o s e s t á n ! P o r q u e p u e d e n p o -
s e e r lo t e r r e n o y a la vez t e n e r m e a m í ; p u e d e n h u i r d e
la t r i s t e z a y t e n e r a l e g r í a y c o n s u e l o , y, sin e m b a r g o ,
p r e f i e r e n el m a l bajo la a p a r i e n c i a d e b i e n y se e n t r e g a n
a c o g e r el o r o c o n a m o r d e s o r d e n a d o . P e r o c o m o e s t á n
c i e g o s , c o n m u c h a falta d e fe, n o r e c o n o c e n el v e n e n o ;
se v e n e m p o n z o ñ a d o s y n o t o m a n el r e m e d i o .
E s t o s llevan la c r u z d e l d e m o n i o , g u s t a n d o e n esta
vida las a r r a s d e l i n f i e r n o .

48 [Los mundanos no pueden saciarse con lo que poseen.


Penas q u e les proporciona la voluntad aun en esta vida.]

T e dije a r r i b a q u e sólo la v o l u n t a d c a u s a s u f r i m i e n t o s
e n el h o m b r e , y p u e s m i s s e r v i d o r e s e s t á n p r i v a d o s d e
140 El Diálogo

ella y revestidos d e la mía, no sienten trabajos q u e les


aflijan, sino q u e están saciados al s e n t i r m e en sus almas
p o r la gracia. Si n o poseyeran, no p o d r í a n sentirse sacia-
dos a u n q u e f u e r a n d u e ñ o s d e todas las riquezas del
m u n d o , ya q u e éstas h a n sido creadas p a r a el h o m b r e y
no éste p a r a ellas. Por eso no p u e d e n ser saciados p o r
ellas. Sólo yo los p u e d o llenar. P e r o los miserables, caí-
d o s e n tanta c e g u e r a , a n d a n s i e m p r e h a m b r i e n t o s , n u n -
ca se h a r t a n , y d e s e a n lo q u e n o p u e d e n conseguir, p o r -
q u e n o m e a m a n a mí, q u e soy q u i e n les p u e d e llenar.
¿Quieres q u e te diga c ó m o sufren? Sabes q u e el a m o r
c o m p o r t a s i e m p r e sufrimiento c u a n d o se p i e r d e aquello
con q u e la c r i a t u r a se halla identificada. Por a m o r , éstos
se hallan identificados con la t i e r r a d e diversos m o d o s ;
p o r eso se h a n c o n v e r t i d o en tierra.
A l g u n o s se identifican con las riquezas; otros, c o n su
posición social; otros, con los hijos; u n o s m e p i e r d e n p o r
servir a las c r i a t u r a s , otros hacen d e su c u e r p o u n ani-
mal b r u t o , lleno d e inmundicias. Así, d e distintas m a n e -
ras, apetecen la tierra y se a l i m e n t a n d e ella. Q u i s i e r a n
q u e esos bienes fueran d u r a d e r o s , y n o lo son: p a s a n
c o m o el viento y d e s a p a r e c e n con la m u e r t e , o se v e n
privados, p o r disposición mía, d e aquello q u e a m a n . E n -
tonces sufren u n a p e n a h o r r o r o s a y c o n d o l o r p i e r d e n
c u a n t o h a n poseído con d e s o r d e n a d o a m o r . Si lo h u b i e -
r a n t e n i d o c o m o algo p r e s t a d o , lo dejarían sin pena. La
sufren p o r q u e n o tienen lo q u e d e s e a n , p u e s , c o m o te
dije, el m u n d o n o les p u e d e llenar; d e ahí su sufrimiento.
¡Cuan g r a n d e s son las aflicciones a causa del r e m o r d i -
m i e n t o d e la conciencia! ¡Qué g r a n d e s las penas d e los
q u e apetecen la venganza! Se r e c o m e n sin cesar y se m a -
tan al m a t a r a su e n e m i g o ; el p r i m e r m u e r t o es el q u e
m a t a c o n el cuchillo del odio.
¡Qué sufrimiento tan g r a n d e tiene el avaro, q u e a u n
e n lo necesario lleva la avaricia a sus últimas c o n s e c u e n -
cias! ¡Qué t o r m e n t o el del envidioso, q u e se r o e el cora-
zón! El gozo del prójimo n o le deja gozar a él. De t o d o
lo q u e a m a con los sentidos le vienen sufrimientos,
a c o m p a ñ a d o s d e n u m e r o s o s t e m o r e s . H a t o m a d o la
cruz del d e m o n i o , g u s t a n d o e n esta vida las primicias
del infierno. Vive alejado d e diversos m o d o s ; d e a q u í le
viene la m u e r t e e t e r n a .
La doctrina del puente 141

Estos son los a t o r m e n t a d o s p o r a b u n d a n t e s tribulacio-


n e s , t o r t u r á n d o s e a sí m i s m o s c o n su d e s o r d e n a d a vo-
l u n t a d p r o p i a . Llevan la c r u z e n el c o r a z ó n y e n su c u e r -
p o , es d e c i r , q u e el a l m a y el c u e r p o s u f r e n sin m é r i t o
a l g u n o , p o r n o llevar las t r i b u l a c i o n e s c o n paciencia,
sino c o n impaciencia; p o r h a b e r p o s e í d o y a d q u i r i d o el
o r o y las delicias del m u n d o c o n a m o r d e s o r d e n a d o .
P r i v a d o s d e la vida d e la gracia y del afecto d e la cari-
d a d , se h a n h e c h o á r b o l e s d e m u e r t e ; p o r e s o t o d a s sus
o b r a s s o n m u e r t a s . E n t r e s u f r i m i e n t o s se van a h o g a n d o
p o r el r í o y se llegan a las a g u a s p ú t r i d a s , p a s a n d o con
o d i o p o r la p u e r t a d e l d e m o n i o p a r a recibir la c o n d e n a -
ción.
H a s visto c ó m o se e n g a ñ a n y c o n c u á n t o s s u f r i m i e n -
tos v a n al i n f i e r n o , h a c i é n d o s e m á r t i r e s d e l d e m o n i o .
L o q u e les p r o d u c e la c e g u e r a es la n u b e d e l a m o r p r o -
p i o , c o l o c a d a s o b r e la p u p i l a d e la luz d e la fe. H a s visto
t a m b i é n c ó m o y d e d ó n d e v i e n e n las t r i b u l a c i o n e s del
m u n d o . Estas h a c e n d a ñ o c o r p o r a l a mis s e r v i d o r e s , q u e
son p e r s e g u i d o s p o r el m u n d o , p e r o n o les h a c e n d a ñ o
espiritual, p o r hallarse identificados c o n mi v o l u n t a d .
P o r e s o están c o n t e n t o s e n sufrir p o r m í .
Los s e r v i d o r e s del m u n d o son t o r t u r a d o s i n t e r i o r y
e x t e r i o r m e n t e . De m o d o especial e n su i n t e r i o r , p o r el
t e m o r q u e t i e n e n d e p e r d e r lo q u e p o s e e n , y p o r el
a m o r , al d e s e a r lo q u e n o p u e d e n o b t e n e r . Los o t r o s su-
f r i m i e n t o s q u e s i g u e n a estos d o s , q u e son los principa-
les, n o sería tu l e n g u a capaz d e c o n t a r l o s . C o n s i d e r a ,
p u e s , q u e e n esta m i s m a vida t i e n e n los j u s t o s m e j o r
p a r t i d o q u e los p e c a d o r e s .
H a s visto, p o r t a n t o , su c a m i n o y su fin.

49 [El temor servil no es suficiente para conseguir la vida


eterna.—Ejercitando este temor, se llega a la virtud.]

A h o r a te d i g o q u e a l g u n o s se s i e n t e n e s t i m u l a d o s p o r
las t r i b u l a c i o n e s del m u n d o . Las doy p a r a q u e el a l m a
c o n o z c a q u e su fin n o está e n esta vida y q u e estas cosas
son i m p e r f e c t a s y t r a n s i t o r i a s y p a r a q u e m e d e s e e n a
m í , q u e soy el fin q u e d e b e n a l c a n z a r . A l g u n o s c o m i e n -
zan a a p a r t a r esa n u b e q u e t i e n e n a n t e los ojos c o n los
142 El Diálogo

sufrimientos propios actuales y p o r q u e prevén los q u e


seguirán c o m o consecuencia del pecado.
Por t e m o r servil empiezan a salir del río y a vomitar el
v e n e n o inyectado p o r el escorpión en forma de o r o , q u e
les había m o r d i d o d e s m e s u r a d a m e n t e , p o r lo que se ha-
llaban e m p o n z o ñ a d o s . Al darse c u e n t a d e ello, comien-
zan a elevarse y dirigirse a la orilla p a r a a g a r r a r s e al
puente.
C o m o c a m i n a n sólo movidos p o r el t e m o r servil, esto
no les es suficiente p a r a limpiar la casa de estorbos, p a r a
b a r r e r el pecado mortal. Hay q u e llenar esa casa d e vir-
tudes, q u e se hallan fundadas en el a m o r y no sólo e n el
temor. Ellas d a n la vida e t e r n a c u a n d o se p o n e n ambos
pies e n el p r i m e r escalón del p u e n t e , o sea, en el afecto
del deseo. Esos pies m a n t i e n e n al alma e n el afecto de mi
V e r d a d , de la q u e he hecho p u e n t e .
Este es el p r i m e r escalón que hay q u e subir c o m o te
dije al explicarte c ó m o Cristo había h e c h o escalera d e su
propio c u e r p o . Bien es verdad q u e este m o d o de levan-
tarse los servidores del m u n d o es casi c o m ú n , haciéndolo
p r i m e r a m e n t e p o r t e m o r a las penas. Algunas veces, las
tribulaciones del m u n d o los llevan al cansancio de sí mis-
mos; p o r eso, el m u n d o les comienza a d e s a g r a d a r , y si
ejercitan ese t e m o r , con la luz d e la fe pasarán al a m o r d e
las virtudes.
Hay algunos, sin e m b a r g o , q u e c a m i n a n con tanta ti-
bieza, q u e con frecuencia quieren d a r la vuelta, después
d e h a b e r llegado a la orilla, c u a n d o les soplan vientos
contrarios, q u e los sacuden con las olas del m a r tempes-
tuoso d e esta vida tenebrosa.
Y, si les sopla el viento de la prosperidad sin h a b e r su-
bido al p r i m e r escalón p o r negligencia, es decir, sin lle-
gar al efecto y a m o r d e la virtud, vuelven la m i r a d a
atrás, a las delicias, con deleite d e s o r d e n a d o .
Si llega el viento d e la adversidad, m i r a n también
atrás con impaciencia. N o h a n o d i a d o su pecado p o r la
ofensa hecha a mí, sino p o r el t e m o r a las penas q u e se
h a n d e seguir, motivo p o r el q u e se habían levantado d e
él, votamitándolo. T o d a o b r a virtuosa requiere perseve-
rancia, y, si n o existe, no lleva a cabo lo d e s e a d o , es d e -
cir, alcanzar el fin p a r a el q u e se c o m e n z ó . Sin perseve-
La doctrina del puente 143

rancia, n u n c a lo alcanzará. Por ello es precisa la p e r s e v e -


rancia.
T e h e d i c h o q u e se vuelven atrás e n c o n f o r m i d a d con
los diversos impulsos q u e e x p e r i m e n t a n e n sí m i s m o s a
causa d e la lucha d e los sentidos c o n t r a el espíritu; p o r
las c r i a t u r a s a las q u e vuelven; p o r sí m i s m o s , c o m o c o n -
secuencia d e u n a m o r d e s o r d e n a d o , sin t e n e r m e en
:
c u e n t a a mí; p o r la impaciencia e n las injurias q u e r e c i
b e n o p o r los m u c h o s y variados c o m b a t e s con los d e -
monios, y algunas veces p o r el desprecio, apartándolos d e
la confesión, diciendo: «Esto b u e n o q u e has c o m e n z a d o
n o te vale a causa d e tus p e c a d o s y faltas». Esto lo hace
el d e m o n i o , i n t e n t a n d o q u e vuelvan atrás y h a c i é n d o l e s
d e j a r poco a poco lo e m p r e n d i d o . O t r a s veces lo h a c e
con deleites, e n la confianza d e q u e o b t e n d r á n miseri-
cordia, d i c i e n d o : «¿Para q u é q u i e r e s fatigarte? G o z a esta
vida, y al final d e ella, a r r e p i n t i é n d o t e , recibirás miseri-
cordia». De este m o d o , el d e m o n i o les hace p e r d e r el te-
m o r con q u e h a b í a n c o m e n z a d o .
Por estas y o t r a s m u c h a s causas, vuelven la vista a t r á s
y n o son c o n s t a n t e s ni p e r s e v e r a n t e s . O c u r r e así p o r q u e
la raíz del a m o r p r o p i o n o está d e s a r r a i g a d a e n ellos, y
p o r eso n o son p e r s e v e r a n t e s , sino q u e reciben la miseri-
c o r d i a con p r e s u n c i ó n y sin ilusión; recibiéndola n o
c o m o d e b e n , sino i g n o r a n t e m e n t e . Y, c o m o son p r e s u n -
tuosos, confían e n mi misericordia, la cual es c o n s t a n t e -
m e n t e o f e n d i d a p o r ellos.
A ésos les h e c o n c e d i d o o les c o n c e d o misericordia
no para q u e p e q u e n con ella, sino para que con ella se
d e f i e n d a n d e la malicia del d e m o n i o y d e la d e s o r d e -
n a d a confusión d e espíritu. P e r o ellos h a c e n t o d o lo
c o n t r a r i o , p u e s p e c a n u t i l i z a n d o la m i s m a misericordia.
Esto les o c u r r e p o r q u e n o h a n p r o s e g u i d o la p r i m e r a
c o n v e r s i ó n , q u e iniciaron al levantarse p o r el t e m o r a las
p e n a s y al ser c o m b a t i d o s p o r las espinas d e n u m e r o s a s
tribulaciones y p o r la miseria del p e c a d o m o r t a l . P o r lo
q u e la conversión n o llega al a m o r d e las v i r t u d e s , y p o r
ello n o h a n p e r s e v e r a d o .
El a l m a n o p u e d e p e r m a n e c e r i n m u t a b l e , y p o r eso, si
n o avanza, r e t r a s a . Si ellos n o p r o g r e s a n e n la v i r t u d
e l e v á n d o s e sobre la imperfección del t e m o r y u n i é n d o s e
al a m o r , es d e necesidad q u e r e t r o c e d a n .
144 El Diálogo

DOLOR DE CATALINA POR LA CEGUERA


HUMANA

5 0 [Esta alma tuvo gran amargura por la ceguera de los


que se ahogaban en el río.l

Se angustió entonces el alma en su deseo al ver a los


h o m b r e s ir a la condenación e t e r n a y considerar su im-
perfección y la d e los d e m á s . Se dolía al oír y ver tan
g r a n c e g u e r a e n las criaturas, p o r h a b e r c o m p r e n d i d o
c u a n g r a n d e es la b o n d a d d e Dios, pues El n a d a había
puesto en el m u n d o q u e fuese i m p e d i m e n t o p a r a la sal-
vación del h o m b r e en cualquier estado q u e fuese, sino
q u e todo valía p a r a ejercitar y d a r p r u e b a s d e virtud, y
q u e , sin e m b a r g o , p o r a m o r propio y d e s o r d e n a d o afec-
to, a pesar d e ello, a ú n c a m i n a b a n p o r el río sin e n m e n -
darse.
Muchos d e los q u e se hallaban e n el río e iniciaban la
subida, se volvían atrás por las razones q u e había oído
d e la dulce b o n d a d d e Dios, q u e se había d i g n a d o mani-
festarle. Por eso se hallaba en a m a r g u r a . Fijando el en-
t e n d i m i e n t o e n el e t e r n o P a d r e , dijo:
¡Oh a m o r inestimable!: g r a n d e es el e n g a ñ o d e
las criaturas. Quisiera q u e , c u a n d o plazca a tu b o n d a d ,
m e explicases más d e t a l l a d a m e n t e los tres escalones, re-
p r e s e n t a d o s e n el c u e r p o d e tu Hijo unigénito, y el
m o d o q u e d e b e n e m p l e a r esas almas p a r a salir d e u n a
vez del abismo y a n d a r por el c a m i n o d e la verdad y
quiénes son los q u e suben los peldaños.

LOS TRES ESCALONES FIGURAN LAS TRES


POTENCIAS DEL ALMA: LA CARIDAD COMÚN

[Exigencias del amor: unidad de las tres potencias - sentidos, razón y


libre albedrío \ la perseverancia
: - Cristo, fuente viva de gracia y per-
severancia - en la unión de las tres potencias - la caridad. ]

5 1 [Los tres escalones figurados en el puente, es decir, en el


Hijo de Dios, simbolizan las tres potencias del alma.]

Entonces, m i r a n d o la b o n d a d infinita d e su misericor-


dia el deseo y el h a m b r e d e aquella alma, dijo:
La doctrina del puente 145

Q u e r i d í s i m a hija, y o n o desprecio los santos d e -


seos, sino q u e los satisfago, y p o r eso te q u i e r o explicar y
m a n i f e s t a r lo q u e me p i d e s .
Me p i d e s q u e te e x p l i q u e la alegoría d e los tres escalo-
nes y q u e t e e n s e ñ e el m o d o d e p o d e r salir del río y su-
bir al p u e n t e . S u p u e s t o lo d i c h o arriba, al h a b l a r t e del
e n g a ñ o y c e g u e r a d e los h o m b r e s y c ó m o e n esta vida
g u s t a n las primicias d e l i n f i e r n o y, c o m o m á r t i r e s del
d e m o n i o , r e c i b e n la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , te hablé del
fruto d e s u s o b r a s y te dije las cosas y m o d o s q u e d e b í a n
c u m p l i r . A h o r a te las e x p l i c a r é a m p l i a m e n t e , satisfa-
ciendo tus deseos.
Sabes q u e t o d o mal está f u n d a m e n t a d o e n el a m o r
p r o p i o y q u e este a m o r t i e n e u n a n u b e q u e priva d e la
luz a la r a z ó n . Esta tiene e n sí la luz de la fe, y n o se
p i e r d e la luz si n o se p i e r d e la fe.
Yo c r e é el alma a mi i m a g e n y semejanza, d á n d o l e
m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y v o l u n t a d . El e n t e n d i m i e n t o
es la p a r t e m á s noble del a l m a ; es m o v i d o p o r el afec-
to, y el e n t e n d i m i e n t o , a su vez, alimenta el afecto. La
m a n o del a m o r , esto es, el afecto, llena la m e m o r i a del
r e c u e r d o d e m í y d e los beneficios recibidos. Este re-
c u e r d o la h a c e solícita y n o n e g l i g e n t e , la hace agradeci-
d a y n o o l v i d a d i z a . De este m o d o , u n a potencia acerca a
la o t r a , y así se alimenta el a l m a e n la vida d e la gracia.
El a l m a n o p u e d e vivir sin a m o r . S i e m p r e t i e n d e a
a m a r algo, p o r q u e está h e c h a d e l a m o r , p u e s p o r a m o r
la c r e é . P o r eso te dije q u e el afecto m u e v e la inteligen-
cia, c o m o e x p r e s a n d o : « Q u i e r o a m a r , p o r q u e la c o m i d a
d e q u e m e a l i m e n t o es el a m o r » . La inteligencia e n t o n -
ces, s i n t i é n d o s e d e s p e r t a r p o r el afecto, se levanta c o m o
d i c i e n d o : «Si q u i e r e s a m a r , yo t e d a r é u n bien q u e p u e -
das a m a r » . Y s e g u i d a m e n t e se eleva p o r la considera-
ción d e la d i g n i d a d del a l m a y de la i n d i g n i d a d a q u e
p o r su c u l p a ha llegado. E n la d i g n i d a d d e su existencia
aprecia mi inestimable b o n d a d y caridad e t e r n a s p o r
las q u e c r e c e , y, al ver su miseria, e n c u e n t r a y experi-
m e n t a mi misericordia, p u e s p o r ella le ha d a d o tiempo
p a r a c o n o c e r l a s y la h e s a c a d o d e las tinieblas.
El afecto, p u e s , se a l i m e n t a del a m o r , a b r i e n d o la
boca del s a n t o d e s e o , con la q u e c o m e el o d i o y d e s p r e -
cio d e los p r o p i o s sentidos. C o n d i m e n t a d a esta c o m i d a
146 El Diálogo

c o n la p e r f e c t a paciencia y v e r d a d e r a h u m i l d a d , p r o d u -
ce u n o d i o santo E n g e n d r a d a s las virtudes, ellas se m u l -
tiplican p e r f e c t a e i m p e r f e c t a m e n t e e n la m e d i d a e n q u e
c a d a a l m a ejercita la perfección, c o m o diré más abajo.
Si el afecto sensitivo, p o r el c o n t r a r i o , se inclina a q u e -
r e r más las cosas sensibles, hacia ese afecto se inclina el
ojo del e n t e n d i m i e n t o y se p r o p o n e c o m o m e t a sólo las
cosas sensibles, c o n a m o r propio, d e s a g r a d o d e la v i r t u d
y a m o r al vicio. A esto sigue la soberbia y la impaciencia.
La m e m o r i a , e n ese caso, n o se llena sino con aquello a
q u e la lleva el afecto.
Este a m o r h a c e g a d o el ojo d e tal m o d o , q u e n o dis-
t i n g u e ni ve sino algunos clarores sensibles. Su ilumina-
ción es la siguiente: q u e el e n t e n d i m i e n t o ve deleite
d o n d e n o existe y el afecto a m a lo q u e tiene aparencia
d e bien.
Ya te dije q u e los deleites del m u n d o son todos espi-
nas llenas d e v e n e n o . Q u e el e n t e n d i m i e n t o es e n g a ñ a -
d o al ver; la v o l u n t a d , al a m a r lo q u e n o d e b e , y la m e -
m o r i a , al r e c o r d a r l o . El e n t e n d i m i e n t o hace c o m o el la-
d r ó n , q u e r o b a lo q u e n o es suyo, y la m e m o r i a m a n t i e -
n e el r e c u e r d o c o n t i n u o d e las cosas q u e se hallan fuera
d e mí, y d e este m o d o q u e d a el a l m a p r i v a d a d e la gra-
cia.
T a l es la u n i ó n d e estas tres potencias del alma, q u e
n o p u e d o ser o f e n d i d o p o r u n a sin q u e las otras m e
o f e n d a n , p o r q u e u n a lleva a la o t r a al bien o al m a l , se-
g ú n place al libre albedrío. Este se halla u n i d o al afecto,
y p o r eso lo inclina, según le place c o n la luz d e la r a z ó n
o sin ella. Vosotros tenéis la r a z ó n u n i d a a mí siempre
q u e la libertad n o os separa d e mí y os sostenéis d u r a n t e
la lucha q u e la inclinación p e r v e r s a m a n t i e n e s i e m p r e
c o n t r a el espíritu '.
Hay, p u e s , d o s partes e n vosotros: los sentidos y la ra-
zón. Los sentidos son siervos y h a n sido establecidos
p a r a q u e sirvan al alma, p a r a q u e c o n el i n s t r u m e n t o del
2
c u e r p o manifestéis y ejercitéis las virtudes . El a l m a es
libre, l i b e r a d a del pecado" p o r la s a n g r e d e mi Hijo, y n o
p u e d e estar bajo d o m i n i o a l g u n o si ella n o lo q u i e r e

' R o m 7,23.
2 Gal 4,22-23.
La doctrina del puente 147

c o n s e n t i r con la voluntad, la cual se halla u n i d a al libre


a l b e d r í o , y éste se hace u n o con la voluntad p o n i é n d o s e
d e a c u e r d o con ella. El libre a l b e d r í o se halla colocado
e n m e d i o , e n t r e los sentidos y la r a z ó n ; p u e d e inclinarse
a quien quiera.
Es cierto q u e si q u i e r e c o n g r e g a r sus potencias e n mi
n o m b r e con la m a n o libre del a l b e d r í o , e n t o n c e s todas
las acciones se hallan u n i d a s e n t r e sí e n la c r i a t u r a : las
espirituales y las t e m p o r a l e s . Si el libre a l b e d r í o se desli-
ga d e los propios sentidos y se u n e a la r a z ó n , e n t o n c e s
yo m e coloco e n m e d i o d e ellos p o r la gracia. Esta es la
r e a l i d a d . Ya te dije q u e n a d i e p o d í a venir a mí sino p o r
mi Hijo, y q u e p o r ello h a b í a h e c h o d e El u n p u e n t e con
tres escalones. Los tres simbolizan los tres estados del
alma, c o m o más abajo te explicaré.

52 (Si l a s t r e s p o t e n c i a s d e l a l m a n o e s t á n u n i d a s , n o s e
p u e d e t e n e r p e r s e v e r a n c i a . — S i n ella, n a d i e p u e d e a l c a n z a r su
fin.)

T e h e explicado la alegoría d e los tres escalones, e n


g e n e r a l , p o r m e d i o d e las t r e s potencias del a l m a . Son
c o m o tres g r a d a s . N o se p u e d e subir a u n a sin la o t r a
p a r a a n d a r p o r la d o c t r i n a y p u e n t e d e m i V e r d a d , ni
p u e d e el a l m a t e n e r p e r s e v e r a n c i a si las tres potencias
n o se hallan u n i d a s e n t r e sí.
De la p e r s e v e r a n c i a te h a b l é a r r i b a , c u a n d o m e p r e -
g u n t a s t e c ó m o d e b e r í a n a c t u a r los q u e q u i e r a n salir del
río y m e pediste te explicase m e j o r los tres escalones. T e
contesté q u e , sin la p e r s e v e r a n c i a , n i n g u n o alcanzaba su
meta.
Dos son las m e t a s , y a m b a s r e q u i e r e n p e r s e v e r a n c i a ,
es decir, el vicio y la v i r t u d . Si q u i e r e s u n i r t e a la vida, te
es necesario p e r s e v e r a r e n la v i r t u d , y el q u e q u i e r a con-
seguir la m u e r t e e t e r n a h a d e p e r s e v e r a r e n el vicio. De
m o d o q u e con la p e r s e v e r a n c i a se llega a mí, q u e soy
Vida, o al d e m o n i o , p a r a g u s t a r el a g u a p u t r e f a c t a .

53 [Exposición d e las p a l a b r a s d e C r i s t o : « Q u i e n t e n g a sed,


venga a mí y beba».!

T o d o s , e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , fuisteis invitados
p o r mi V e r d a d c u a n d o c l a m a b a e n el t e m p l o con a n g u s -
148 El Diálogo

tiado deseo: «Quien tenga sed, venga a mí y beba, por-


que soy fuente d e agua viva» '. N o dijo: «Vaya al Pa-
dre», sino «Venga a mí». ¿Por qué? Porque en mí, el
Padre, no p u e d e darse el sufrimiento, p e r o sí en el Hijo.
Y vosotros, mientras sois peregrinos y caminantes en
esta vida mortal, no podéis caminar sin sufrimientos,
p o r q u e la tierra produjo espinas por el pecado.
¿Y por q u é dijo: «Venga a mí y beba»? Porque, si-
guiendo su doctrina por el camino d e sus mandatos y
consejos espirituales o por el de los m a n d a t o s y consejos
temporales, es decir, al caminar por la caridad perfecta
o por la c o m ú n , p o r cualquier m o d o q u e os determinéis
ir a El, al seguir su doctrina hallaréis qué beber, encon-
t r a n d o y g u s t a n d o el fruto de la sangre por la unión d e
la naturaleza divina y d e la h u m a n a . Encontrándoos en
El, os encontráis en mí, q u e soy Mar d e paz, por ser u n o
con El, y El conmigo. Así, pues, estáis invitados a la
fuente del agua viva d e la gracia.
Hay que seguir con perseverancia por El, que se os ha
hecho p u e n t e , sin que ni espinas, ni vientos, ni prosperi-
d a d , ni adversidad, ni cualquier otra pena que tengáis
q u e soportar, os obligue a volver la vista atrás. Debéis
perseverar hasta q u e m e encontréis a mí, q u e soy agua
viva por la unión d e la naturaleza divina con la h u m a n a .
¿Por qué dije: «Venga a mí y beba»? Porque no podéis
pasar sin trabajos y en mí no cabe sufrimiento, pero sí
en El, y como lo h e hecho p u e n t e , n i n g u n o p u e d e venir
a mí sino por El; y así dijo: «Ninguno p u e d e ir al Padre
2
sino por mí» . De este m o d o , mi V e r d a d expresó la ver-
dad.
Has visto el camino que debéis llevar y el m o d o , es
decir, con perseverancia. Si no es así, no beberéis, por-
q u e ésta es la virtud q u e recibe la gloria y la corona en
mí, vida p e r d u r a b l e .

54 [ M o d o q u e , e n g e n e r a l , d e b e n t e n e r los h o m b r e s p a r a
s a l i r d e l m a l d e l m u n d o y p a s a r p o r el r e f e r i d o p u e n t e . )

A h o r a volvemos a los tres escalones por los que hay


que pasar al salir del río sin ahogarse, para alcanzar el
2
1
J n 4,7 y 7,37. J n 14,6.
La doctrina del puente 149

a g u a viva a q u e estáis invitados y p a r a q u e yo esté e n


m e d i o d e vosotros; p o r q u e , c a m i n a n d o así, yo estoy e n
m e d i o d e vosotros, viviendo p o r gracia e n v u e s t r a s al-
mas.
P a r a q u e r e r a n d a r es n e c e s a r i o t e n e r s e d , p o r q u e sólo
los q u e la t e n g a n son invitados al decir: « Q u i e n t e n g a
sed, v e n g a a mí y b e b a » . Q u i e n n o tiene sed n o p e r s e v e -
r a e n el c a m i n o , p o r q u e se d e t i e n e p o r la fatiga o p o r el
deleite y n o se p r e o c u p a ni d e llevar u n vaso p a r a alcan-
zar el a g u a ni t e n e r c o m p a ñ í a , y solo n o p u e d e a n d a r .
P o r eso vuelve la cabeza a t r á s c u a n d o n o t a q u e llega al-
g u n a p u n z a d a d e las p e r s e c u c i o n e s , q u e se le h a n c o n -
v e r t i d o e n e n e m i g o . T e m e p o r q u e se halla solo; si fuese
a c o m p a ñ a d o , n o t e m e r í a . Si h u b i e s e s u b i d o los tres pel-
d a ñ o s estaría s e g u r o , p u e s n o se hallaría solo.
Es n e c e s a r i o , p u e s , t e n e r sed y, c o m o dije, q u e os r e u -
náis d o s , tres o m á s . ¿ P o r q u é dijo d o s o tres? P o r q u e n o
hay d o s sin tres. Si es u n o solo, está e x c l u i d o q u e yo esté
e n m e d i o d e él, p o r q u e n o lleva c o n s i g o c o m p a ñ e r o
p a r a q u e yo p u e d a e s t a r e n m e d i o . El solo sería la n a d a ,
p o r q u e q u i e n se halla e n el a m o r a sí m i s m o está solo,
p u e s se halla s e p a r a d o d e mi gracia y d e la c a r i d a d p a r a
con el p r ó j i m o ; y, e s t a n d o p r i v a d o d e m í , se c o n v i e r t e
e n n a d a p o r culpa suya, ni es t e n i d o e n c u e n t a p o r mi
V e r d a d ni m e es g r a t o . Dijo, p o r t a n t o : «Si están d o s , o
tres, o m á s c o n g r e g a d o s e n m i n o m b r e , yo e s t a r é e n
m e d i o d e ellos» '. T e dije q u e n o había d o s sin tres, y así
es. Sabes q u e los m a n d a m i e n t o s d e la ley se r e s u m e n e n
d o s , y sin estos d o s n o se observa n i n g u n o ; es decir,
a m a r m e s o b r e t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a ti
m i s m a . H e aquí el p r i n c i p i o , el m e d i o y el fin d e los
m a n d a m i e n t o s d e la ley.
Estos d o s n o p u e d e n e s t a r c o n g r e g a d o s e n mi n o m b r e
sin ser t r e s , esto es, sin la u n i ó n d e las tres potencias del
a l m a : m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y v o l u n t a d . La m e m o r i a
r e t i e n e mis beneficios y mi b o n d a d ; el e n t e n d i m i e n t o
e s c u d r i ñ a e n el a m o r inefable q u e os h e m o s t r a d o p o r
m e d i o d e mi Hijo u n i g é n i t o , a q u i e n p u s e c o m o objeto
d e la m i r a d a del e n t e n d i m i e n t o p a r a q u e e n él veáis el
fuego d e m i c a r i d a d ; y la v o l u n t a d se u n e a la m e m o r i a

1
Mt 18,20.
150 El Diálogo

y al e n t e n d i m i e n t o a m á n d o m e y d e s e á n d o m e c o m o a su
fin q u e soy.
C u a n d o estas tres potencias del alma se hallan j u n t a s ,
yo estoy en m e d i o d e ellas p o r la gracia, y, al hallarse el
h o m b r e lleno d e caridad p a r a c o n m i g o y con el prójimo,
i n m e d i a t a m e n t e se e n c u e n t r a a c o m p a ñ a d o d e m u c h a s y
v e r d a d e r a s virtudes.
El apetito del alma se dispone entonces a t e n e r sed;
digo sed d e la virtud, d e mi h o n o r y d e la salvación d e
las almas. C o n él desaparece cualquier o t r a sed y cami-
na con s e g u r i d a d , sin t e m o r servil alguno, u n a vez subi-
d o el p r i m e r p e l d a ñ o del afecto. P o r q u e , d e s p r e n d i d o
del a m o r propio, se levanta p o r encima d e sí mismo y d e
las cosas transitorias, a m á n d o l a s y poseyéndolas, si es
q u e desea p o r mí y n o sin mí, o sea, con santo y verda-
d e r o t e m o r y a m o r a la virtud.
Se e n c u e n t r a entonces ya subido al s e g u n d o escalón,
es decir, al d e la luz del e n t e n d i m i e n t o , q u e contempla
mi cordial a m o r e n Cristo crucificado, q u e m e ha servi-
d o d e i n s t r u m e n t o p a r a manifestároslo. En ese m o m e n -
to e n c u e n t r a el alma la paz y q u i e t u d , p o r q u e la m e m o -
ria está llena d e mi caridad, n o vacía. Sabes q u e u n reci-
piente vacío s u e n a al golpearlo y n o c u a n d o está lleno.
Lo mismo, c u a n d o la m e m o r i a se halla llena d e la luz
del e n t e n d i m i e n t o y del afecto del a m o r , al golpearla las
tribulaciones y delicias del m u n d o , n o s u e n a con desor-
d e n a d a alegría, ni con la impaciencia, p o r hallarse llena
d e mí, q u e soy el bien completo.
C u a n d o h a subido el alma al tercer peldaño, n o se ve
sola, pues h a u n i d o e n mi n o m b r e la razón y las tres po-
tencias del alma. Unidos a m b o s , es decir, el a m o r a mí y
al prójimo, lo están también la m e m o r i a para r e c o r d a r ,
el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o m p r e n d e r y la voluntad p a r a
a m a r . El alma se ve a c o m p a ñ a d a p o r mí, q u e soy su for-
taleza y s e g u r i d a d , y e n c u e n t r a la c o m p a ñ í a d e las virtu-
des. Así c a m i n a segura, p o r q u e yo estoy en m e d i o d e
ellas.
A n d a entonces el alma con angustiado deseo p o r te-
n e r q u e seguir el c a m i n o d e la V e r d a d . En ese c a m i n o
e n c u e n t r a la fuente d e a g u a viva. A causa d e la sed q u e
tiene del a m o r d e mi n o m b r e , d e su salvación y del p r ó -
j i m o , e m p r e n d e con gusto el camino, pues fuera d e él n o
La doctrina del puente 151

p o d r í a c o n s e g u i r lo d e s e a d o . E n consecuencia, lleva va-


cío d e t o d o afecto y a m o r d e s o r d e n a d o del m u n d o el
vaso del c o r a z ó n . En s e g u i d a se llena lo vacío, p o r q u e
n a d a p u e d e estar c o m p l e t a m e n t e vacío, p o r lo q u e
a r r a s t r a hacia él las cosas p e r e c e d e r a s c o n a m o r d e s o r - ,
d e n a d o , lo llena d e aire. El c o r a z ó n , p u e s , es c o m o u n a
vasija, q u e n o p u e d e estar vacía. E n c u a n t o d e él se h a n
sacado las cosas p e r e c e d e r a s d e a m o r p r o p i o d e s o r d e n a -
d o , se llena d e aire, o sea, del celestial y dulce a m o r divi-
n o , p o r el q u e alcanza el a g u a d e la gracia. U n a vez lo-
g r a d a ésta, pasa p o r la p u e r t a d e Cristo crucificado y sa-
b o r e a el a g u a viva, e n c o n t r á n d o s e en mí, q u e soy océa-
n o d e paz.

RECAPITULACIÓN SOBRE LA CARIDAD COMÚN

55 [ R e s u m e n d e algunas cosas ya dichas. I

T e h e m o s t r a d o el m o d o q u e , en g e n e r a l , h a d e ob-
servar t o d a c r i a t u r a racional p a r a p o d e r salir del piélago
del m u n d o y no a h o g a r s e ni llegar a la c o n d e n a c i ó n .
T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o los tres escalones c o m u n e s ,
q u e son las tres potencias del alma, y c ó m o n o se p u e d e
subir u n o si n o se s u b e n los tres. Antes te r e c o r d é la fra-
se p r o n u n c i a d a p o r m i V e r d a d : « C u a n d o d o s , o tres, o
más están c o n g r e g a d o s e n mi n o m b r e » . H e aquí la
conexión d e los tres escalones, es decir, d e las tres p o -
tencias del alma. Ellas se relacionan con los d o s m a n -
d a m i e n t o s principales d e la ley, mi c a r i d a d y la del p r ó -
j i m o , esto es, a m a r m e sobre todas las cosas, y al p r ó -
jimo c o m o a ti misma.
Subidos los p e l d a ñ o s , o sea, u n i d o s e n mi n o m b r e ,
p r o n t o se siente el deseo del a g u a viva. L u e g o se p o n e
en m o v i m i e n t o , y pasa p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la doctri-
n a d e mi V e r d a d , q u e es el m i s m o p u e n t e . Entonces co-
rréis tras la voz q u e os llama. C l a m a n d o en el t e m p l o , os
invitaba a decir: «Quien tenga sed, venga a mí y beba,
p u e s soy la fuente d e a g u a viva» '.

' J n 7,37.
152 El Diálogo

T e he explicado lo q u e quería decir y cómo se d e b e


e n t e n d e r para q u e conozcas mejor la abundancia de mi
caridad y la confusión d e los q u e parece q u e corren p o r
el camino del d e m o n i o , q u e les invitaba al agua putre-
facta.
Has visto y oído lo q u e m e p r e g u n t a b a s , o sea, el
m o d o que se debe t e n e r para no ahogarse, y te he dicho
q u e esto es subiendo al p u e n t e . En esta subida se han
c o n g r e g a d o y u n i d o por la p e r m a n e n c i a en el a m o r al
prójimo, a t r a y é n d o m e el corazón y el afecto como u n a
vasija. Yo doy a beber a quien m e lo pide, si va p o r el ca-
m i n o de Cristo crucificado con perseverancia hasta la
muerte.
Este es el m o d o q u e debéis t e n e r todos en cualquier
estado en q u e os halléis. Por ello, en n i n g ú n estado se
p u e d e u n o excusar d e q u e no le p u e d e g u a r d a r , ni del
d e b e r de obrar. A esto está obligada toda criatura ra-
cional. Nadie se p u e d e echar atrás, diciendo: «Yo tengo
obligaciones, t e n g o hijos y o t r o s i m p e d i m e n t o s del
m u n d o , y por ello m e retraigo en seguir este camino»;
ni tampoco p o r las dificultades con q u e tropiece. N o lo
p u e d e n alegar, pues ya te dije q u e todo estado era grato
y acepto a mí m i e n t r a s se le m a n t e n g a con santa y
b u e n a voluntad, p o r q u e todo es perfecto y b u e n o por
ser creado p o r mí, q u e soy la suma B o n d a d . N o han
sido creadas ni d a d a s las cosas p o r mí para que vayáis a
la m u e r t e , sino para q u e por ellas tengáis vida.
Esto es fácil, ya q u e nada es tan factible y d e tanto de-
leite como el a m o r . Lo q u e os pido no es más que a m o r
y dilección a mí y al prójimo. Esto se p u e d e hacer en
todo m o m e n t o , en todo lugar y en todo estado, amán-
dolo y poseyéndolo todo para alabanza y gloria de mi
nombre.
Sabes q u e te dije q u e , por equivocación, los h o m b r e s
no a n d a n con la luz, sino vistiéndose del a m o r propio,
a m a n d o y poseyendo las criaturas y cosas creadas, sin
pensar en mí. Pasan la vida t o r t u r a d o s , haciéndose inso-
portables a sí mismos. Y, si no se levantan del m o d o q u e
te he dicho, llegan a la e t e r n a condenación. Así te he
explicado el m o d o d e actuar q u e debe t e n e r el h o m b r e
en general.
La doctrina del puente 153

LOS ESCALONES COMO ESTADOS DEL ALMA.


SUBIDA A LA CARIDAD PERFECTA

i P r i m e r e s c a l ó n : imperfección en el temor - imperfección en el


amor. —Medios para la subida: la conciencia - el prójimo - la oración.
—impedimentos en la subida: el engaño en las consolaciones predilec-
tas - en el puro servicio de Dios - en el servicio del prójimo - en la ac-
ción de Dios en el alma - el engaño del demonio. — S e g u n d o e s c a -
l ó n : la perfección en la caridad - el secreto del corazón - los tres bau-
tismos. — T e r c e r e s c a l ó n : el amor a Dios y a las almas - el oficio de
la boca.—Cuarto e s t a d o : alegría de sufrir - unión y descanso en
Dios - la iluminación del entendimiento - deseo de la vida eterna -
gloria de las penas - testimonios de la doctrina - excelencia del cuarto
estado.}

56 [ Q u e r i e n d o D i o s m o s t r a r a e s t a a l m a d e v o t a los t r e s e s c a -
l o n e s d e l s a n t o p u e n t e , s o n s i g n i f i c a d o s e n p a r t i c u l a r p o r los
t r e s e s t a d o s d e l a l m a . — D i c e q u e s e e l e v e s o b r e sí m i s m a p a r a
c o n t e m p l a r esta v e r d a d . )

U n a vez explicado c ó m o d e b e n c a m i n a r y c a m i n a n los


q u e se hallan en la c a r i d a d c o m ú n , esto es, los q u e ob-
s e r v a n los m a n d a m i e n t o s y consejos c o n su intención,
q u i e r o h a b l a r t e d e los q u e h a n c o m e n z a d o a s u b i r la es-
calera y d e s e a n a n d a r p o r el c a m i n o p e r f e c t o , es decir,
p o r la o b s e r v a n c i a d e los m a n d a m i e n t o s e n la r e a l i d a d ,
en los tres estados q u e te m o s t r a r é . A h o r a te explicaré
e n p a r t i c u l a r los tres g r a d o s y e s t a d o s d e l a l m a y los tres
escalones q u e te e x p u s e d e m o d o g e n e r a l p o r la c o m p a -
ración con las tres potencias del alma. De ellos, u n o es
i m p e r f e c t o ; el o t r o , m á s p e r f e c t o , y el t e r c e r o , perfectísi-
m o . U n o m e es siervo m e r c e n a r i o ; el o t r o , siervo fiel, y
el t e r c e r o es d e hijo m í o , es decir, del q u e m e a m a sin
interés a l g u n o .
Estos son los tres e s t a d o s e n q u e p u e d e n hallarse y se
hallan m u c h a s c r i a t u r a s . Se d a n y p u e d e n d a r s e en u n a
m i s m a c r i a t u r a c u a n d o c o n p e r f e c t a solicitud c o r r e p o r
la vida a p r o v e c h a n d o su t i e m p o , p u e s d e l e s t a d o d e sier-
vo pasa al d e libre, y d e libre, al e s t a d o d e hijo.
Elévate s o b r e ti m i s m a y a b r e los ojos d e tu inteligen-
cia. M i r a a esos p e r e g r i n o s v i a n d a n t e s c ó m o c a m i n a n :
u n o s , i m p e r f e c t a m e n t e ; o t r o s , c o n p e r f e c c i ó n , p o r el ca-
m i n o d e los m a n d a m i e n t o s , y a l g u n o s pocos, c o n t o d a
154 El Diálogo

perfección, m a n t e n i e n d o y ejercitando la vida d e los


consejos. Verás el origen d e q u e procede la perfección y
la imperfección y cuan g r a n d e es el e n g a ñ o q u e el alma
recibe en sí misma por no haber a r r a n c a d o el a m o r pro-
pio de raíz. En cualquier estado en q u e se halle el h o m -
bre, tiene necesidad d e m a t a r su a m o r propio.

57 [Esta alma, mirando en el espejo divino, veía a las cria-


turas andar de modos distintos. |

El alma, con las angustias de u n ardiente deseo, mi-


r á n d o s e en el dulce espejo divino, veía a las criaturas se-
guir distintos modos y con diversos sentimientos en el
deseo d e conseguir su fin.
Veía a muchos q u e comenzaban a subir estimulados
por el t e m o r servil, es decir, por t e m o r al castigo. Algu-
nos, siguiendo la p r i m e r a llamada, alcanzaban el segun-
do peldaño; p e r o veía q u e pocos conseguían la perfec-
ción e x t r e m a d a .

58 [El temor servil, sin amor a la virtud, no es suficiente


para proporcionar la vida eterna.—La ley del temor y la del
amor están unidas entre sí. I

La b o n d a d d e Dios, q u e r i e n d o satisfacer el deseo de


aquel alma, le decía:
Ves q u e éstos se han levantado con t e m o r servil
del vómito del pecado mortal; p e r o , si no se elevan p o r
a m o r a la virtud, no es suficiente p a r a darles la vida per-
d u r a b l e . El a m o r , j u n t o con el santo temor, no es sufi-
ciente, p o r q u e la ley está f u n d a d a en el a m o r y santo te-
mor.
La ley del t e m o r , q u e era la ley antigua, d a d a por
Moisés, estaba f u n d a d a en el t e m o r , pues sufrían el cas-
tigo, cometida la ofensa.
La ley del a m o r es la única d a d a p o r el Verbo d e mi
Hijo unigénito. Está f u n d a d a en el a m o r . No se anuló
por ella la ley antigua, antes bien se cumplió, y así dijo
mi V e r d a d : «Yo no vine a a n u l a r la ley, sino a cumplir-
la» i, y unió la del t e m o r con la del a m o r . Por éste le fue
1
Mt 5,17.
La doctrina del puente 155

quitada la imperfección del t e m o r y p e r m a n e c i ó la per-


fección del santo temor, es decir, sólo t e m o r d e ofen-
der; n o p o r el d a ñ o propio, sino p o r o f e n d e r m e a mí,
q u e soy la s u m a B o n d a d . De m o d o q u e la ley imperfecta
se convirtió en perfecta p o r la ley del a m o r .
Después q u e vino el c a r r o d e fuego d e mi Hijo unigé-
nito, q u e trajo el fuego d e la caridad a vuestra h u m a n i -
dad con la abundancia d e la misericordia, fue suprimi-
do el m é t o d o d e castigar en esta vida los pecados q u e se
cometen, c o m o a n t i g u a m e n t e se hallaba establecido en
la ley de Moisés, d o n d e había q u e castigar el pecado en
cuanto era cometido. A h o r a no es así; p o r tanto, no es
preciso el t e m o r servil. N o es q u e las culpas dejen d e ser
castigadas. Si la persona no las castiga con la perfecta
contrición, lo serán en la otra vida, u n a vez separada el
alma del c u e r p o . Mientras vive, tiene tiempo para la mi-
sericordia, p e r o con la m u e r t e llegará el tiempo d e la
justicia.
Debe, pues, elevarse sobre el t e m o r servil y alcanzar el
a m o r y santo t e m o r a mí. Es el único medio p a r a n o vol-
ver a caer en el río, d o n d e la e n c o n t r a r á n las tribulacio-
nes y las espinas d e los placeres, q u e todo son espi-
nas q u e p u n z a n el alma q u e a m a y posee d e s o r d e n a d a -
mente.

59 [ E j e r c i t á n d o s e e n el t e m o r s e r v i l , q u e e s e s t a d o d e i m -
p e r f e c c i ó n (lo c u a l s e e n t i e n d e c o m o p r i m e r e s c a l ó n ) , s e l l e g a
al s e g u n d o , q u e e s e s t a d o d e p e r f e c c i ó n . ]

Ya te dije q u e nadie podía c a m i n a r p o r el p u e n t e y sa-


lir del río a no ser subiendo los tres peldaños. En efecto
es así, pues u n o s suben imperfectamente; otros, perfec-
tamente, y otros, con g r a n perfección.
Los movidos por el t e m o r servil han subido y h a n he-
cho en las potencias del alma u n a unión imperfecta. Es
q u e el alma, h a b i e n d o visto la p e n a q u e seguía a la cul-
pa, sube y congrega j u n t a m e n t e la m e m o r i a p a r a traerle
el r e c u e r d o del pecado; el e n t e n d i m i e n t o , p a r a ver el
castigo q u e p o r esa culpa espera, y p o r ello la voluntad
se mueve a odiarlo.
A u n q u e ésta sea la p r i m e r a ascensión y u n i ó n , convie-
ne ejercitarla con la luz del e n t e n d i m i e n t o en la pupila
156 El Diálogo

d e la fe santísima; no m i r a n d o solamente la pena, sino


el fruto d e la virtud y el a m o r q u e yo le traigo, a fin d e
q u e suban con a m o r , con los pies despojados del t e m o r
servil. O b r a n d o así, se convierten en servidores fieles y
n o infieles, pues sirven por a m o r y n o p o r temor. Lo
consiguen si con aborrecimiento logran a r r a n c a r las raí-
ces d e a m o r propio. Si son p r u d e n t e s , lo alcanzan.
Pero son m u c h o s lo q u e e m p r e n d e n la subida tan des-
pacio, y con tanta mezquindad, negligencia e ignorancia
m e d a n lo q u e m e es debido, q u e en seguida se desani-
m a n . El más p e q u e ñ o viento los arrastra y les hace vol-
ver la vista atrás, p o r q u e han alcanzado el p r i m e r pelda-
ñ o d e Cristo crucificado d e m o d o imperfecto; pero n o
llegan al s e g u n d o , q u e es el del corazón.

60 [ I m p e r f e c c i ó n d e los q u e a m a n y s i r v e n a D i o s p o r p r o -
vecho propio, p o r deleite y consuelo.]

Hay algunos q u e se han h e c h o mis servidores fieles


sin temor servil —no sólo sin t e m o r servil—, sino con
a m o r . El a m o r d e servir p o r propio interés y gusto, o p o r
el placer q u e en mí e n c u e n t r a n , es imperfecto. ¿Conoces
la p r u e b a d e q u e es imperfecto? La privación del con-
suelo que e n c u e n t r a n en mí. Con el mismo a m o r imper-
fecto a m a n a su prójimo, y p o r ello ese a m o r ni es sufi-
ciente ni d u r a d e r o . Se hace remiso y m u c h a s veces ter-
m i n a en nada. Se hace remiso conmigo c u a n d o algunas
veces yo, para ejercitarlos en la virtud y elevarles d e la
imperfección, les retiro los consuelos del espíritu y per-
mito los combates y trabajos.
Esto lo hago para q u e con más perfecto conocimiento
d e sí mismos lleguen y conozcan su «no ser» y q u e de
ellos no procede gracia alguna. En el tiempo d e los com-
bates vienen a mí, buscándome y reconociéndome como
a su bienhechor, b u s c á n d o m e sólo a mí con v e r d a d e r a
h u m i l d a d . Y p o r eso lo hago y les retiro la consolación,
p e r o no la gracia.
Ellos se desalientan, r e t r o c e d i e n d o con impaciencia
d e espíritu. Algunas veces, al sentirse privados del con-
suelo de su espíritu, a b a n d o n a n de m u c h a s maneras sus
prácticas; con frecuencia, bajo pretexto d e virtud, di-
ciéndose a sí mismos: «Esta o b r a n o te vale».
La doctrina del puente 157

O b r a n c o m o imperfectos, q u e todavía n o h a n q u i t a d o
bien la v e n d a del a m o r p r o p i o espiritual del ojo d e su
santísima fe; p o r q u e , si d e v e r d a d la h u b i e s e n q u i t a d o ,
verían q u e todo p r o c e d e d e mí y q u e ni u n a hoja d e ár-
bol cae sin mi providencia, y q u e lo q u e d o y y p e r m i t o ,
lo doy p a r a su santificación, p a r a q u e alcancen el bien
y el fin p a r a q u e los h e c r e a d o .
D e b e n ver y r e c o n o c e r q u e n o q u i e r o sino su bien en
la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , p o r la q u e son purifica-
dos d e su m a l d a d . En esta s a n g r e p u e d e n r e c o n o c e r mi
v e r d a d ; q u e p a r a darles la vida e t e r n a los h e c r e a d o a
i m a g e n y semejanza m í a y q u e d e n u e v o los h e c r e a d o
p a r a la gracia p o r la s a n g r e del propio Hijo, p a r a ser hi-
j o s adoptivos. Pero, al ser imperfectos, m e sirven p o r su
propia utilidad y se entibian e n el a m o r al p r ó j i m o .
Los p r i m e r o s d e s m a y a b a n p o r el t e m o r a sufrir traba-
j o s ; éstos, q u e son los s e g u n d o s , languidecen p o r privar-
se del bien q u e hacían al p r ó j i m o . Se r e t a r d a n e n su ca-
r i d a d si se c o n s i d e r a n perjudicados en el p r o p i o prove-
c h o o en algún consuelo q u e habían e n c o n t r a d o e n sí
mismos. Esto sucede p o r q u e su a m o r n o e r a p l e n o , sino
c o m o la imperfección c o n q u e m e a m a n , esto es, p o r
a m a r m e p o r propia utilidad, p o r el a m o r con q u e se
a m a n a sí mismos.
Si n o r e c o n o c e n su imperfección con u n d e s e o d e ver-
d a d e r a perfección, será imposible q u e n o vuelvan la vis-
ta atrás. Es d e necesidad q u e q u i e r a n la vida e t e r n a , q u e
m e a m e n sin c o n d i c i o n a m i e n t o s . N o basta h u i r del pe-
cado p o r t e m o r al castigo, q u e a b r a c e n la virtud p o r la
propia utilidad, pues esto n o es suficiente p a r a o b t e n e r
la vida e t e r n a , sino q u e hay q u e elevarse sobre el peca-
d o , p o r q u e éste m e d e s a g r a d a ; h a n d e a m a r la virtud
p o r a m o r a mí.
Es cierto q u e casi la p r i m e r a y general respuesta d e
todas las p e r s o n a s es ésta, p o r ser p r i m e r a m e n t e el alma
imperfecta y d e s p u é s perfecta. De la imperfección hay
q u e pasar a la perfección m i e n t r a s se vive, o b r a n d o vir-
t u o s a m e n t e , con corazón sincero y libre p a r a a m a r sin
condiciones, o en la m u e r t e llegar a r e c o n o c e r su imper-
fección, con el propósito d e q u e , si tuviese tiempo, m e
servirían sin tenerse en c u e n t a a sí mismos.
C o n este a m o r imperfecto a m a b a San P e d r o al dulce
158 El Diálogo

y buen Jesús, mi Hijo unigénito, por la gran dulzura


que sentía en el trato con El. Pero, llegado el tiempo de
la tribulación, desfalleció. A tanto llegó, que, aun no ha-
biendo sufrido, cayó ante el t e m o r al peligro y le negó,
diciendo que nunca le había conocido.
El alma q u e ha subido este escalón sólo con el temor
servil y a m o r mercenario, se encuentra ante muchos
peligros. Deben, pues, elevarse, ser hijos y servirme, sin
tenerse en cuenta a sí mismos, si bien yo, q u e soy remu-
n e r a d o r d e todo trabajo, doy a cada u n o según su esta-
do y según sus obras.
Si no a b a n d o n a n el ejercicio d e la oración y demás
buenas obras, sino q u e con perseverancia van acrecen-
tando la virtud, llegarán al amor d e hijos. Les amaré en-
tonces con a m o r paternal, pues corresponderé al amor
con que soy a m a d o '; es decir, que, a m á n d o m e como el
siervo, yo, como Señor, te doy lo q u e te corresponde y
según lo que hayas merecido; pero no me manifiesto a
ti, porque las cosas secretas se manifiestan al amigo que
2
se ha hecho u n a cosa con su amigo .
Por tanto, es cierto que el siervo p u e d e crecer por me-
dio de la virtud y del a m o r q u e ofrece al Señor, y así se
convertirá en amigo queridísimo. Es lo que ocurre con
éstos: mientras permanecen en el amor mercenario, yo
no me manifiesto a ellos; pero si, por el desagrado d e
sus imperfecciones y por el amor d e las virtudes, con
aborrecimiento y a r r a n c a n d o las raíces del amor propio
espiritual de sí mismos, cuidan q u e a su corazón no pa-
sen los movimientos del amor servil y del amor merce-
nario para no apartarse d e la luz d e la fe, entonces me
serán tan gratos, que llegarán al a m o r d e amigo.
Me manifestaré entonces a ellos, como significó mi
Verdad c u a n d o dijo: «Quien me ame será u n a cosa con-
3
migo, y yo con él, y tendremos m o r a d a común» . La
condición d e amigo querido es ésta: q u e son dos cuer-
pos, pero por el afecto del a m o r son u n a sola alma, por-
que el amor hace d e él la cosa amada. Si ambos se han
hecho un alma, n i n g u n a cosa p u e d e serles secreta, y por

1
Prov 8,17.
2
Jn 15,15.
3
J n 14,21-23.
La doctrina del puente 159

ello dijo m i V e r d a d : « V e n d r é y m o r a r e m o s j u n t o s » ; y,
e f e c t i v a m e n t e , así es.

61 [Modo en que se manifiesta Dios al alma que.le ama.]

¿Sabes c ó m o m e manifiesto al a l m a q u e m e a m a d e
veras, s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e este d u l c e y a m o r o s o
Verbo? Lo hago de muchas maneras, en conformidad
c o n los d e s e o s q u e ella t e n g a .
Mis principales m a n i f e s t a c i o n e s son tres. La p r i m e r a
es p o r m i afecto y mi c a r i d a d , m e d i a n t e el V e r b o d e m i
Hijo u n i g é n i t o . Este afecto y esta c a r i d a d se manifiestan
e n la s a n g r e d e r r a m a d a c o n tan a r d i e n t e a m o r . La cari-
d a d se manifiesta d e d o s m a n e r a s . U n a es g e n e r a l , co-
m ú n p a r a t o d o s , es decir, p a r a los q u e se h a l l a n e n la ca-
r i d a d c o m ú n ; se les manifiesta al verla y r e c o n o c e r l a e n
los m u c h o s y diversos beneficios q u e d e m í r e c i b e n . La
o t r a m a n e r a es p a r t i c u l a r , p a r a c o n los q u e se h a n h e -
c h o a m i g o s . A d e m á s d e la m a n i f e s t a c i ó n c o m ú n , ellos
g u s t a n , r e c o n o c e n , e x p e r i m e n t a n y s i e n t e n esta c a r i d a d
e n las a l m a s .
La s e g u n d a p r u e b a d e la c a r i d a d t i e n e i g u a l m e n t e lu-
g a r e n sí m i s m o s c u a n d o m e manifiesto p o r afecto d e
a m o r . Yo n o h a g o distinción d e p e r s o n a s , sino e n c u a n -
to a sus santos d e s e o s , h a c i é n d o m e p r e s e n t e e n el a l m a
c o n la m i s m a perfección c o n q u e ellos m e b u s c a n . A l g u -
nas veces lo h a g o , y ésta es la m i s m a s e g u n d a manifesta-
ción, m o s t r á n d o l e s las cosas v e n i d e r a s . Esto o c u r r e d e
m u c h o s y diversos m o d o s , s e g ú n la n e c e s i d a d q u e veo
e n ellos y e n las d e m á s c r i a t u r a s .
A l g u n a s veces, y ésta es la t e r c e r a , f o r m o e n su espíri-
tu la p r e s e n c i a d e m i V e r d a d , d e m i Hijo u n i g é n i t o , d e
muchos modos, según apetece o quiere. O t r a s m e bus-
can e n la o r a c i ó n q u e r i e n d o c o n o c e r m i p o d e r , y yo les
satisfago el d e s e o p o n i é n d o l e p o r objeto a n t e la m i r a d a
d e su e n t e n d i m i e n t o . O t r a s m e b u s c a n e n la c l e m e n c i a
d e l Espíritu S a n t o , y e n t o n c e s m i b o n d a d les h a c e g u s t a r
el f u e g o d e mi divina c a r i d a d , e n g e n d r a n d o v e r d a d e r a s
y reales v i r t u d e s , f u n d a d a s e n la p u r a c a r i d a d c o n el
prójimo.
160 El Diálogo

62 [Por q u é n o dijo Cristo: «Yo m a n i f e s t a r é a m i P a d r e » ,


sino: «Me manifestaré a mí mismo».)

Ves, p u e s , q u e es cierto lo q u e dijo mi V e r d a d :


«Quien me a m e será u n o conmigo». Siguiendo su doc-
trina, estaréis unidos a El por el afecto de amor. Al es-
tar unidos a El, lo estáis a Mí, p o r q u e somos u n o ; y así
me manifiesto a vosotros, p o r q u e vosotros y yo también
somos u n o . Por lo que, al decir mi V e r d a d : «Me mani-
festaré a vosotros», declaró una realidad, pues me ma-
nifestaba a mí c u a n d o se manifestaba a sí mismo.
¿Pero por qué n o dijo: «Yo os mostraré a mi Padre»?
Por tres razones especiales.
Una, p o r q u e quiso significar q u e no estoy separado
d e El, ni El d e mí. Así, a San Felipe, c u a n d o le pidió:
«Muéstranos al Padre y nos es suficiente», le respondió:
«Quien m e ve a mí, ve al Padre, y quien ve al Padre, me
ve a mí» '. Dijo esto p o r q u e era u n o conmigo, y lo q u e
tenía lo había recibido d e mí, y no yo d e El. Por lo mis-
m o dijo a los judíos: «Mi doctrina no es mía, sino d e mi
2
P a d r e , q u e m e ha enviado» , p o r q u e mi Hijo procede
de mí y no yo d e El. C o m o soy u n a cosa con El, y El
conmigo, por eso n o dijo: «Yo mostraré al Padre», sino:
«Yo me mostraré», es decir, «porque soy u n a cosa con el
3
Padre» .
La segunda fue porque, manifestándose a vosotros,
n o ofrecía otra cosa sino lo que había recibido d e mí, el
Padre. C o m o si quisiera decir: «El Padre se ha manifes-
tado a mí p o r q u e yo soy u n o con El, y yo me manifesta-
ré a vosotros, y, por medio d e mí, le manifestaré a El».
La tercera, p o r q u e yo, invisible, no p u e d o ser visto
por vosotros, q u e sois visibles, sino c u a n d o estéis separa-
dos d e vuestros cuerpos. Entonces m e veréis cara a cara
a mí, Dios, y al Verbo de mi Hijo unigénito, espiritual-
m e n t e . De aquí q u e , en el m o m e n t o d e la resurrección
general, vuestra h u m a n i d a d se conformará y gozará en
la h u m a n i d a d del Verbo, como te he explicado arriba al
4
tratar de la resurrección .

2
' Jn 14,8-9. Jn 7,17. > Jn 10,30 y 14,21.
4
Esta y otras expresiones originaron, sin duda, la posterior división
en tratados.
La doctrina del puente 161

Vosotros n o m e p o d é i s ver tal c o m o soy; p o r eso en-


cubrí la n a t u r a l e z a divina c o n el velo d e v u e s t r a h u m a -
n i d a d , a fin d e q u e m e pudieseis ver. Yo, invisible, m e
hice casi visible, d á n d o o s el V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o
c u b i e r t o c o n el velo d e v u e s t r a h u m a n i d a d . El m e m a n i -
fiesta a vosotros, y p o r ello n o dijo: «Yo os m o s t r a r é al
P a d r e » , sino: «Me m a n i f e s t a r é a vosotros»; c o m o si dije-
ra: «Según lo q u e el P a d r e m e h a d i c h o , m e m a n i f e s t a r é
a vosotros».
Mira, p u e s , c ó m o esta manifestación d e sí m e m a n i -
festaba a mí. H a s o í d o q u e n o dijo: «Os m a n i f e s t a r é al
P a d r e » , p o r q u e a vosotros n o os es posible v e r m e y por-
q u e El es u n a cosa c o n m i g o .

6 3 (Modo de subir el alma el segundo escalón del santo


puente una vez alcanzado el primero.]

Acabas d e ver e n q u é excelencia se halla el q u e h a lle-


g a d o al a m o r d e a m i g o . Este se h a l e v a n t a d o s o b r e los
pies d e la v o l u n t a d y a l c a n z a d o el secreto del c o r a z ó n ,
esto es, s u b i d o al s e g u n d o d e los tres escalones, q u e se
hallan p r e f i g u r a d o s e n el c u e r p o d e mi Hijo. T e h e ex-
plicado el significado d e las tres potencias, y a h o r a m e
voy a servir d e ellas p a r a explicar los tres e s t a d o s del
alma.
P e r o , a n t e s d e h a b l a r t e del t e r c e r o , te q u i e r o e n s e ñ a r
el m o d o d e llegar a s e r a m i g o , lo q u e h a c e n los amigos,
e n q u é se advierte la amistad y c ó m o d e ser a m i g o se
pasa a ser hijo, c o n s i g u i e n d o el a m o r d e b i d o al hijo.
T e explicaré p r i m e r o c ó m o se h a llegado a la amistad.
Al principio, el alma es i m p e r f e c t a p o r hallarse c o n el te-
m o r servil. Por la práctica y la p e r s e v e r a n c i a llega a
a m a r el deleite y p r o p i o p r o v e c h o , e n c o n t r a n d o e n mí
a m b a s cosas. Este es el c a m i n o q u e a n d a el q u e d e s e a
llegar al a m o r perfecto, es decir, al a m o r d e a m i g o y d e
hijo.
Digo q u e el a m o r d e hijo es perfecto p o r q u e en él r e -
cibe la c r i a t u r a la h e r e n c i a d e mí, P a d r e e t e r n o . C o m o
el a m o r d e hijo n o se d a sin a m o r d e a m i g o , p o r eso te
162 El Diálogo

dije q u e d e amigo había pasado a ser hijo. Pero ¿cómo


podéis alcanzarlo? T e lo voy a decir.
T o d a perfección y toda virtud p r o c e d e de la caridad.
Esta es alimentada p o r la h u m i l d a d , q u e , a su vez, tiene
su origen en el conocimiento y desprecio de sí mismo,
esto es, d e los propios sentidos. Q u i e n esto alcanza ha
debido ser perseverante y estar en la celda de conoci-
miento d e sí. Por él reconocerá mi misericordia en la
sangre d e mi Hijo, o b t e n i e n d o mi caridad en beneficio
suyo, ejercitándose en extirpar todo afecto malo, tempo-
ral o espiritual, p o r la reclusión en su intimidad. Así lo
hicieron P e d r o y los otros discípulos. P e d r o , después d e
n e g a r a mi Hijo, lloró '. Su llanto e r a todavía imperfec-
to, y siguió tal por c u a r e n t a días, es decir, hasta después
d e la ascensión.
Después q u e mi V e r d a d volvió a mí c o m o h o m b r e ,
P e d r o y los otros lo reconocieron y se escondieron en la
casa, e s p e r a n d o la venida del Espíritu Santo, tal como
mi V e r d a d se lo había p r o m e t i d o . Se hallaban encerra-
dos por miedo, pues siempre lo tiene el alma hasta q u e
ha alcanzado el a m o r v e r d a d e r o . Perseveraron en vigi-
lia, en h u m i l d e y c o n t i n u a d a oración hasta q u e tuvieron
la abundancia del Espíritu Santo. Entonces, p e r d i d o el
2
temor, predicaron a Cristo crucificado .
I g u a l m e n t e , el alma q u e ha q u e r i d o y quiere alcanzar
la perfección, después d e la culpa q u e sigue al pecado
mortal, se eleva, se reconoce a sí misma, y comienza a
llorar por temor al castigo. Después se levanta a la consi-
deración de mi misericordia, en la q u e e n c u e n t r a delei-
te y provecho. Esto es aún imperfecto, y por ello, yo,
para hacerla llegar a la perfección, después d e c u a r e n t a
días —es decir, después d e estos dos estados—, poco a
poco m e retiro del alma, no en c u a n t o a la gracia, sino
en cuanto a lo sensible.
Esto os manifestó mi V e r d a d c u a n d o dijo a los discí-
3
pulos: «Marcharé y volveré a vosotros» . Lo dijo en con-
creto a los discípulos, y de m o d o general y c o m ú n , a to-
dos los presentes y venideros. Dijo: «Marcharé y volveré

1
Mt 26,75 y Le 22,62.
2
1 J n 4,18.
5
J n 14,28.
La doctrina del puente 163

a vosotros», y lo hizo así, p u e s volvió a ellos al venir el


Espíritu S a n t o s o b r e los discípulos. P o r q u e éste n o vino
solo, sino c o n m i p o d e r y la s a b i d u r í a d e m i Hijo, q u e es
u n o c o n m i g o , y c o n la c l e m e n c i a del Espíritu S a n t o , q u e
p r o c e d e d e mí, d e l P a d r e , y d e l Hijo. T e d i g o , p u e s ,
q u e , p a r a l e v a n t a r el a l m a d e la imperfección, la a p a r t o
d e lo sensible, p r i v á n d o l a p r i m e r a m e n t e del c o n s u e l o .
C u a n d o ella se hallaba e n la c u l p a d e p e c a d o , se a p a r -
tó d e mí, y yo le q u i t é el sol d e la gracia a c a u s a d e su
p e c a d o , p o r h a b e r c e r r a d o ella la p u e r t a d e l d e s e o . La
gracia salió d e allí n o p o r defecto d e l sol, sino p o r defec-
to d e la c r i a t u r a , q u e c e r r ó la p u e r t a d e l d e s e o .
Al c o n o c e r s e a sí m i s m a y ver q u e se halla e n oscuri-
d a d , a b r e la v e n t a n a , v o m i t a la p o d r e d u m b r e p o r m e d i o
d e la s a n t a confesión. E n t o n c e s vuelvo al a l m a p o r la
gracia, y n o m e a p a r t o d e ella c o n la gracia, sino e n lo
sensible. H a g o esto p a r a obligarla a h u m i l l a r s e y a q u e
i n t e n t e b u s c a r m e d e v e r a s y p a r a p r o b a r l a c o n la luz d e
la fe, a fin d e q u e a d q u i e r a la p r u d e n c i a . E n t o n c e s , si
a m a sin t e n e r s e e n c u e n t a a sí m i s m a , goza c o n fe viva y
tiene a b o r r e c i m i e n t o d e sí en el t i e m p o d e los trabajos,
c o n s i d e r á n d o s e i n d i g n a d e la paz y q u i e t u d d e l espíritu.
Esta es la s e g u n d a d e las tres cosas q u e te h a b l a b a , o sea,
del m o d o d e c o n s e g u i r la perfección y q u é es lo q u e
h a c e c u a n d o se llega a ella.
O b r a d e esta m a n e r a : n o vuelve la vista a t r á s p o r q u e
c r e a q u e m e a p a r t o d e ella, sino q u e c o n h u m i l d a d p e r -
severa e n sus prácticas y m a n t i e n e c e r r a d a la m o r a d a
del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a . Allí e s p e r a c o n fe viva el
a d v e n i m i e n t o d e l Espíritu S a n t o , es decir, a mí, q u e soy
fuego d e c a r i d a d . ¿ C ó m o espera? N o ociosa, sino e n vi-
gilia y c o n t i n u a d a y s a n t a o r a c i ó n . Vela n o sólo e n lo
c o r p o r a l , sino e n lo espiritual; esto es, q u e n o se c i e r r a n
los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , sino q u e ven c o n la luz d e
la fe, e x t i r p a n d o c o n e m p e ñ o los p e n s a m i e n t o s d e l cora-
zón, m i r a n d o al afecto d e m i c a r i d a d , r e c o n o c i e n d o q u e
n o q u i e r o o t r a cosa q u e su santificación. Esto os lo h a
4
p r o b a d o la s a n g r e d e m i Hijo .
D e s p u é s q u e la m i r a d a del e n t e n d i m i e n t o se fija e n el
c o n o c i m i e n t o d e mí y d e sí, o r a c o n t i n u a d a m e n t e , esto

4
Rom 5,8.
164 El Diálogo

es, con oración d e santa y b u e n a voluntad. Es más, me-


dita d u r a n t e la oración temporal, la q u e se hace en
tiempos establecidos p o r disposición d e la santa Iglesia.
Esto es lo q u e hace el alma q u e ha a b a n d o n a d o la im-
perfección y conseguido la perfección. Me alejé p a r a
q u e ella la alcanzase; no en cuanto a la gracia, sino en
c u a n t o a los sentidos. Lo hice, p o r tanto, p a r a q u e viese
y conociese sus defectos; p a r a q u e , al sentirse privada d e
consuelo, e x p e r i m e n t e dolor aflictivo y se sienta débil y
n o firme ni perseverante. Entonces e n c u e n t r a la raíz del
a m o r a sí misma, y p o r eso e n c u e n t r a razón para reco-
nocerlo y elevarse sobre sí misma, subiendo al tribunal
d e su conciencia. N o d a cabida a sentimientos q u e n o se
hallen corregidos p o r el reproche, a r r a n c a n d o la raíz
del a m o r propio con el cuchillo del odio a semejante
a m o r y p o r a m o r a la virtud.

6 4 [Amando a Dios imperfectamente se ama al prójimo.


Signos de este amor imperfecto. 1

Q u i e r o q u e sepas q u e toda perfección y toda imper-


fección se p o n e n d e manifiesto y se a d q u i e r e n e n mí.
Esto se advierte p o r medio del prójimo. Bien lo conoce
la gente sencilla, q u e m u c h a s veces a m a a las criaturas
con a m o r espiritual. Si h a n recibido el a m o r g e n u i n o sin
cortapisas, beben con pureza el a m o r del prójimo. Al
m o d o q u e la vasija se llena en la fuente y, si no se saca y
se bebe d e ella, n u n c a q u e d a vacía, lo mismo, si se bebe
en mí, n o q u e d a el alma vacía, sino siempre llena. De
igual m o d o , el a m o r espiritual y temporal al prójimo
d e b e ser bebido en mí sin interés personal.
Repito q u e m e améis con el a m o r q u e yo os a m o . Esto
n o podréis lograrlo completamente, p o r q u e yo os a m o
sin ser a m a d o . El a m o r q u e me dais es u n a m o r d e obli-
gación, n o u n favor; p o r q u e es d e b e r hacerlo, mientras
q u e yo os a m o p o r m e r a gracia, n o p o r obligación. De
m o d o q u e n o m e podéis a m a r c o m o os pido. Por este
motivo os h e puesto c o m o medio al prójimo, para q u e
hagáis con él lo q u e conmigo n o podéis, esto es, amarlo
sin contar con su agradecimiento y sin esperar provecho
alguno. Lo q u e a él hagáis lo consideraré como hecho a
mí.
La doctrina del puente 165

E s t o significó m i V e r d a d c u a n d o dijo a Pablo, q u e m e


p e r s e g u í a : «Saulo, S a u l o , ¿ p o r q u é m e persigues?»
c o n s i d e r a n d o q u e Pablo m e p e r s e g u í a c u a n d o p e r s e g u í a
a m i s fieles. El a m o r ai p r ó j i m o d e b e , p u e s , ser p u r o .
C o n el a m o r c o n q u e m e a m á i s , d e b é i s a m a r l e a él. ¿Sa-
b e s e n q u é se c o n o c e q u e n o es p e r f e c t o el q u e m e a m a
c o n a m o r espiritual? E n q u e se aflige c u a n d o c r e e q u e
u n a c r i a t u r a q u e a m a n o le c o r r e s p o n d e c o n t a n t o a m o r
c o m o a él le p a r e c e q u e la a m a , o q u e la ve a p a r t a r s e d e
su t r a t o , o q u e le priva d e c o n s u e l o , o q u e a m a a o t r o
m á s q u e a él.
E n e s t o y e n o t r a s m u c h a s cosas se p o d r á a d v e r t i r q u e
el a m o r a mí y al p r ó j i m o es a ú n i m p e r f e c t o y b e b i d o e n
el vaso f u e r a d e la f u e n t e , a u n s u p o n i e n d o q ú l T s e a u n
amor q u e procede d e mí.
C o m o m e a m a i m p e r f e c t a m e n t e , p o r eso t i e n e a m o r
i m p e r f e c t o el q u e a m a con a m o r p r o p i o espiritual.
T o d o viene d e q u e la raíz d e l a m o r p r o p i o espiritual
n o h a sido a r r a n c a d a . P o r ello, m u c h a s veces p e r m i t o
q u e t e n g a tal a m o r , p a r a q u e se c o n o z c a a sí y su i m p e r -
fección.
V u e l v o d e s p u é s a él c o n la luz y c o n o c i m i e n t o d e m i
v e r d a d , d e m o d o q u e considere u n a gracia p o d e r matar
la p r o p i a v o l u n t a d p o r m i c a u s a . C o n s i g u i e n t e m e n t e , n o
cesa d e p o d a r la viña d e su a l m a , d e a r r a n c a r las espinas
d e los p e n s a m i e n t o s y d e colocar las p i e d r a s d e las virtu-
d e s e n la s a n g r e d e C r i s t o . Estas las h a n e n c o n t r a d o al
c a m i n a r p o r el p u e n t e d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , m i Hijo
u n i g é n i t o . C o m o te dije, si lo r e c u e r d a s b i e n , s o b r e el
p u e n t e , o sea, e n la d o c t r i n a d e m i V e r d a d , e s t a b a n las
p i e d r a s d e las v i r t u d e s , f u n d a d a s e n la eficacia d e su
s a n g r e , p o r q u e p o r ellas os h e d a d o la vida p o r la fuerza
d e esta s a n g r e .

65 [Modo que tiene el alma de llegar al amor puro y libre.


(Aquí comienza el tratado de la oración.) \

C u a n d o el a l m a h a p e n e t r a d o e n su i n t e r i o r c a m i n a n -
d o p o r la d o c t r i n a d e C r i s t o , vivificada c o n v e r d a d e r o
1
Act 9 , 4 . .
166 El Diálogo

a m o r a la virtud, odio al pecado y v e r d a d e r a perseve-


rancia, llega a la casa del conocimiento d e sí, p e r m a n e -
ciendo e n c e r r a d a en vigilia y continua oración, separada
totalmente del trato con el m u n d o .
¿Por q u é se encierra? Por temor, al reconocer su im-
perfección, y por el deseo q u e tiene d e conseguir el
a m o r p u r o y libre, pues bien ve y conoce q u e de otro
m o d o no podría llegar a él. Por eso espera con fe viva
mi llegada, p a r a el acrecentamiento de la gracia en ella.
¿En q u é se conoce la fe viva? En la perseverancia en
la virtud, sin volver la vista atrás por motivo alguno, sin
a b a n d o n a r la oración, a no ser p o r la obediencia o por
la caridad. De o t r o m o d o no debe dejar la oración. Por-
q u e muchas veces llega el d e m o n i o con asaltos y traba-
jos en el tiempo destinado a la oración, precisamente en
el tiempo establecido para la oración más que c u a n d o la
persona no se e n c u e n t r a en ella. Esto la lleva a caer en
el tedio d e la santa oración, diciéndole muchas veces:
«Esta oración no te vale, p o r q u e no puedes a t e n d e r a
otra cosa q u e a lo q u e pronuncias». Esto se lo pone el
d o m o n i o delante para q u e , caída en el tedio y confusión
de espíritu, deje el ejercicio d e la oración. Esta es el
a r m a defensiva con q u e el alma lucha contra cualquier
adversario, si la e m p u ñ a con la m a n o del a m o r y el bra-
zo d e la libre voluntad, defendiéndose con ella median-
te la luz de la santísima fe.

66 [ A l g o s o b r e el s a c r a m e n t o d e l c u e r p o d e C r i s t o . — D o c -
t r i n a s o b r e el p a s o d e la o r a c i ó n v o c a l a la m e n t a l . — V i s i ó n
q u e en u n a ocasión tuvo esta alma.l

Sabe, queridísima hija, q u e en la oración humilde,


continua y fiel adquiere el alma toda virtud por la ver-
d a d e r a perseverancia. Por eso debe perseverar y nunca
dejarla p o r ilusiones del d e m o n i o ; ni por propia fragili-
dad, es decir, por pensamientos o movimientos q u e ven-
gan de la propia c a r n e ; ni por lo q u e otros digan, pues
muchas veces se p o n e el d e m o n i o sobre la lengua, ha-
ciéndoles decir cosas para impedir su oración. T o d o lo
debe sufrir con la virtud de la perseverancia.
¡Qué dulce es al alma y grato a mí la santa oración en
la m o r a d a del reconocimiento d e lo q u e ella es y lo q u e
La doctrina del puente 167

yo soy, a b r i e n d o los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o c o n la luz


d e la fe y el afecto e n la a b u n d a n c i a d e m i c a r i d a d ! Esta
se os h a h e c h o visible p o r lo visible d e mi Hijo u n i g é n i -
to, p u e s t o q u e la h a m a n i f e s t a d o c o n su s a n g r e . Ella e m -
b r i a g a al a l m a , la viste c o n el fuego d e la d i v i n a c a r i d a d
y le d a el a l i m e n t o del s a c r a m e n t o q u e os h a p u e s t o en
la t i e n d a del c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia, es decir,
el c u e r p o y la s a n g r e , p a r a q u e d a r a disposición d e to-
d o s los h o m b r e s . La d a p o r las m a n o s d e mi vicaxio, q u e
t i e n e la llave d e esta s a n g r e .
Esta es la t i e n d a q u e dije q u e estaba e n el p u e n t e p a r a
r e p a r t i r u n a l i m e n t o q u e c o n f o r t a s e a los c a m i n a n t e s y
p e r e g r i n o s q u e p a s a n p o r la d o c t r i n a d e mi V e r d a d , a
fin d e q u e no desfallezcan p o r d e b i l i d a d '.
Este a l i m e n t o , escaso o suficiente, r o b u s t e c e d e cual-
q u i e r m a n e r a q u e se t e n g a , sea s a c r a m e n t a l o espiritual-
m e n t e , s e g ú n el d e s e o del q u e lo c o m e . S a c r a m e n t a l es
c u a n d o se c o m u l g a , y espiritual c u a n d o se t o m a c o n el
s a n t o d e s e o , ya p o r d e s e o d e c o m u l g a r , ya p o r la m e d i -
tación en la s a n g r e d e C r i s t o crucificado; es decir, c u a n -
d o se c o m u l g a s a c r a m e n t a l m e n t e p o r el afecto d e la ca-
r i d a d q u e ha e n c o n t r a d o y g u s t a d o e n la s a n g r e , p u e s
c o n o c e q u e fue d e r r a m a d a p o r a m o r . P o r esto se e m -
b r i a g a , e n c i e n d e y sacia p o r el s a n t o d e s e o , e n c o n t r á n -
d o s e llena d e mi c a r i d a d y d e la del p r ó j i m o .
¿ D ó n d ^ h a a d q u i r i d o el a l m a este a m o r ? E n la m o r a -
d a del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a p o r la s a n t a o r a c i ó n ,
en la se h a d e s p o j a d o d e la imperfección, al m o d o q u e
los discípulos y P e d r o p e r d i e r o n la suya p e r m a n e c i e n d o
en vela y o r a c i ó n y a d q u i r i e r o n la perfección. ¿ C o n q u é
la a d q u i r i e r o n ? C o n la p e r s e v e r a n c i a c o n d i m e n t a d a p o r
la santísima fe.
P e r o n o pienses q u e se recibe tan g r a n a r d o r y ali-
m e n t o sólo con la o r a c i ó n vocal, c o m o p i e n s a n m u c h a s
almas, cuya o r a c i ó n es d e p a l a b r a s m á s q u e d e afecto,
d e m o d o q u e no p a r e c e q u e a t i e n d a n a o t r a cosa q u e a
r e c i t a r m u c h o s salmos y p a d r e n u e s t r o s . Satisfecho el
n ú m e r o q u e se h a n d e t e r m i n a d o r e z a r , p a r e c e q u e n o
p i e n s a n en o t r a cosa; c o m o si la finalidad d e la o r a c i ó n

1
R e c u é r d e s e la existencia d e tiendas e n los p u e n t e s m e d i e v a l e s ita­
lianos.
168 El Diálogo

fuera sólo la recitación vocal. N o debe ser así, pues no


haciendo más q u e esto, sacan poco fruto, y esto me
agrada poco.
Si me p r e g u n t a s : «¿Se debe a b a n d o n a r ésta, puesto
q u e parece q u e todos están llamados a la oración m e n -
tal?» No, sino que debe a n d a r con c u i d a d o , pues bien sé
yo q u e el alma es p r i m e r a m e n t e imperfecta y después
perfecta; y así es su oración. Debe, pues, no caer en la
pereza c u a n d o a ú n es imperfecta; debe usar la oración
vocal, pero no debe hacerla sin la mental, es decir, que
mientras recita las oraciones debe ingeniarse para levan-
tar y dirigir su m e n t e a mi afecto en general, con la con-
sideración d e sus defectos y d e la sangre de mi Hijo uni-
génito, para que el conocimiento de sí y la consideración
d e sus defectos la hagan reconocer mi b o n d a d tal como
es y c o n t i n u a r su ejercicio con v e r d a d e r a h u m i l d a d .
N o quiero q u e los pecados sean considerados al deta-
lle, para q u e el espíritu no se contamine con el r e c u e r d o
de ellos, concretos y sucios; ni q u e te sientas en la obli-
gación de considerar los pecados en c o m ú n o en parti-
cular sin la meditación y m e m o r i a de la sangre y d e la
generosidad d e la misericordia, para q u e no incurras en
turbación. Pues si el conocimiento d e sí y la considera-
ción del pecado no estuviesen animados con la m e m o r i a
de la sangre y la esperanza de la misericordia, caerías en
turbación, y por ella irías a la condenación con el d e m o -
nio, q u e la ha p r o c u r a d o bajo la apariencia de contri-
ción, dolor y repulsa del pecado. Y no sólo p o r esto, sino
p o r q u e te vendría la desesperación, y caerías en ella al
no apoyarte en el brazo de mi misericordia.
Este es u n o de los sutiles engaños a q u e induce el de-
monio a mis servidores. Por ello conviene, para utilidad
vuestra, p a r a vencer las argucias del d e m o n i o y para
a g r a d a r m e , q u e siempre, con v e r d a d e r a h u m i l d a d , ajus-
téis el corazón y el afecto a la m e d i d a d e mi misericor-
dia. Ya sabes q u e la soberbia del d e m o n i o no p u e d e su-
frir al espíritu humilde, ni la turbación p u e d e sufrir la
generosidad d e mi b o n d a d y misericordia, en lo q u e d e
veras tiene esperanza el alma.
Por lo q u e , si te acuerdas bien, c u a n d o el d e m o n i o
quería atemorizarte p o r medio d e la turbación, c u a n d o
te quería demostrar que tu vida se hallaba en un engaño
La doctrina del puente 169

y q u e n o había seguido mi voluntad, tu hiciste entonces lo


q u e debías y mi b o n d a d te c o n c e d i ó llevar a c a b o —esta
b o n d a d n o se e s c o n d e a q u i e n la q u i e r e recibir—, y p o r
eso te dirigiste c o n h u m i l d a d a m i m i s e r i c o r d i a , dicien-
d o : «Yo confieso a n t e m i C r e a d o r q u e m i vida estuvo
s i e m p r e e n o s c u r i d a d ; p e r o m e e s c o n d e r é e n las llagas
d e Cristo crucificado y m e b a ñ a r é e n su s a n g r e , y así ha-
b r é t e r m i n a d o c o n mi m a l d a d y m e a l e g r a r é d e s e a n d o a
2
mi Creador» .
R e c u e r d a c ó m o el d e m o n i o e n t o n c e s h u y ó . Y, yol-
v i e n d o con o t r o c o m b a t e , te quiso llevar al m o n t e d e la
soberbia, d i c i e n d o : «Eres perfecta y a g r a d a b l e a Dios;
n o necesitas satisfacer m á s ni q u e llores tus pecados».
E n t o n c e s yo te di luz, y viste el c a m i n o q u e te convenía
seguir, esto es, h u m i l l a r t e ; y, r e s p o n d i e n d o al d e m o n i o ,
le dijiste: «¡Miserable d e mí! J u a n Bautista n o c o m e t i ó
p e c a d o , y fue santificado e n el s e n o d e su m a d r e , y, con
t o d o , hizo g r a n d e s penitencias; y yo h e c o m e t i d o tantos
p e c a d o s , y n u n c a h e c o m e n z a d o a r e c o n o c e r l o con llan-
to y v e r d a d e r a contrición v i e n d o a Dios q u e está o f e n d i -
d o p o r mí y yo soy q u i e n le ofendo!»
E n t o n c e s , el d e m o n i o , n o p u d i e n d o t o l e r a r la h u m i l -
d a d ni la e s p e r a n z a e n m i b o n d a d , r e s p o n d i ó : «¡Maldita
seas!, q u e n o e n c u e n t r o m a n e r a d e v e n c e r t e . Si te h u m i -
llo p o r la t u r b a c i ó n , tú te elevas a la misericordia, y si te
ensalzo, te humillas, l l e g a n d o hasta el i n f i e r n o , y e n él
m e p e r s i g u e s . D e m o d o q u e n o volveré m á s a ti, p o r q u e
m e castigas c o n la v a r a d e la c a r i d a d » .
D e b e , p u e s , el alma c o n d i m e n t a r el c o n o c i m i e n t o d e
m i b o n d a d con el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a y c o n el co-
n o c i m i e n t o d e mí. Así será p r o v e c h o s a la o r a c i ó n vocal a
q u i e n la h a g a y a mí será a g r a d a b l e ; y d e la o r a c i ó n vo-
cal i m p e r f e c t a p a s a r á a la m e n t a l p e r f e c t a si p e r s e v e r a
e n su práctica.
P e r o si ú n i c a m e n t e a t i e n d e a c u m p l i r c o n el n ú m e r o
d e o r a c i o n e s o si p o r la vocal a b a n d o n a s e la m e n t a l ,
n u n c a alcanzará la perfección. A l g u n a s veces será el
a l m a t a n i g n o r a n t e , q u e , h a b i é n d o s e p r o p u e s t o recitar
cierto n ú m e r o d e o r a c i o n e s si yo visito su espíritu d e
c u a l q u i e r m o d o q u e sea, ella, p o r recitarlas t o d a s , n o

2
Col 3,17.—Alusión autobiográfica.
170 El Diálogo

hace caso d e mi visita ni la siente en su espíritu, y le pa-


recerá cuestión de conciencia a b a n d o n a r las oraciones
comenzadas. Mi visita al alma es d e diversos modos:
unas veces con u n a luz especial para el conocimiento d e
sí misma; otras, por la generosidad de mi b o n d a d , hasta
con contrición de sus pecados; otras, poniéndole d e n t r o
de su espíritu la presencia d e mi V e r d a d , d e modos di-
versos según m e place y el deseo q u e han tenido.
No debe el alma hacer caso omiso de mi visita, p o r q u e
es e n g a ñ o del d e m o n i o . En cuanto q u e el espíritu se ha-
lla p r e p a r a d o para recibirla del m o d o q u e sea, d e b e
a b a n d o n a r la oración vocal. Después, pasado el tiempo
de la mental, si tiene tiempo, p u e d e r e e m p r e n d e r lo que
se había propuesto rezar. Si no tiene tiempo, no debe
preocuparse ni admitir el tedio o la turbación en su espí-
ritu. T e n en cuenta q u e no o c u r r a esto con el oficio di-
vino, que los clérigos están obligados a rezar, y pecan si
no lo rezan. Estos d e b e n rezarlo hasta q u e m u e r a n . Si
este f e n ó m e n o se sintiese en la hora señalada para el
oficio, el espíritu, atraído y elevado por el deseo, debe
preverlo y recitarlo antes o después, de m o d o q u e no
q u e d e el oficio divino, obligatorio, sin ser satisfecho.
Cualquier o t r a oración que el alma comience q u e no
sea el oficio, d e b e c o m e n z a r vocalmente, para t e r m i n a r
en la oración mental. Y, en c u a n t o el espíritu se halle
p r e p a r a d o , debe a b a n d o n a r la vocal por la mental, por
la razón expuesta.
La oración hecha d e este m o d o lleva a la perfección.
Por ello, la vocal, d e cualquier m o d o q u e se haga, no
debe ser descuidada, sino perfeccionada, según se ha di-
cho. Así, con la práctica y la perseverancia, gustará d e
veras el alma de la oración y del alimento de la sangre
d e mi Hijo unigénito. Por eso te dije q u e algunos co-
mulgaban en su vida con el c u e r p o y la sangre de Cris-
to, a u n q u e no sacramentalmente; es decir, haciéndolo
por el afecto de la caridad, la cual se experimenta por
m e d i o de la oración, poco o m u c h o según el afecto del
q u e ora.
Q u i e n a n d a con poca p r u d e n c i a y sin mesura, en-
c u e n t r a poco; quien con mucha, e n c u e n t r a m u c h o . Por-
q u e cuanto más se afana el alma en d a r libertad a su
afecto y unirlo a mí por la luz del deseo, tanto más co-
La doctrina del puente 171

n o c e . Q u i e n más c o n o c e , m á s a m a , y a m a n d o m á s , sabo-
rea más.
Ves, p o r t a n t o , q u e la o r a c i ó n p e r f e c t a n o se a d q u i e r e
c o n las m u c h a s p a l a b r a s , sino c o n afecto d e d e s e o , ele-
v á n d o s e a mí p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m a , c o n d i -
m e n t a d o lo u n o c o n lo o t r o . Así p o s e e r á , a la vez, la o r a -
c i ó n vocal y la m e n t a l , p o r q u e a m b a s se h a l l a n u n i d a s ,
lo m i s m o q u e la vida activa y la c o n t e m p l a t i v a , a u n q u e
se i n t e n t e la o r a c i ó n vocal o se q u i e r a la m e n t a l d e m u -
c h o s y diversos m o d o s . P o r q u e el s a n t o d e s e o , la b u e n a
y s a n t a v o l u n t a d , es o r a c i ó n . La v o l u n t a d y el d e s e o se
elevan a mí e n el l u g a r y t i e m p o o r d e n a d o s y se u n e n e n
la o r a c i ó n c o n t i n u a d e l s a n t o d e s e o . Así, p e r m a n e c i e n d o
el a l m a e n ese d e s e o y v o l u n t a d , se m a n t i e n e e n conti-
n u a o r a c i ó n , y h a r á la vocal e n el t i e m p o p r e s c r i t o , y al-
g u n a s veces f u e r a d e él, s e g ú n lo exija la c a r i d a d , e n
b i e n d e l p r ó j i m o , e n c o n f o r m i d a d c o n las n e c e s i d a d e s y
s e g ú n el e s t a d o e n q u e la h e c o l o c a d o .
C a d a u n o , s e g ú n su e s t a d o , d e b e t r a b a j a r p o r la salva-
ción d e las a l m a s , c o n f o r m e al p r i n c i p i o d e la s a n t a vo-
luntad. Lo q u e se hace, d e palabra o p o r obra, p o r la salud
3
d e l p r ó j i m o es u n a v e r d a d e r a o r a c i ó n , s u p o n i e n d o
q u e la h a g a e n el t i e m p o p r e s c r i t o . E x c e p t o a la o r a c i ó n
a q u e está o b l i g a d o , lo q u e h a c e p o r c a r i d a d al p r ó j i m o
o p o r sí m i s m o , sea lo q u e sea, t o d o es o r a c i ó n . C o m o
dijo el glorioso h e r a l d o Pablo, q u i e n n o d e j a d e o r a r , n o
d e j a d e h a c e r el b i e n . P o r esta r a z ó n dije q u e la o r a c i ó n
vocal se h a c e d e m u c h o s m o d o s u n i d a a la m e n t a l , p u e s -
to q u e la vocal, h e c h a d e l m o d o d i c h o , se h a c e c o n el
afecto d e 'la c a r i d a d y c o n s e c u e n c i a d e la c a r i d a d es la
4
continua oración .
T e h e explicado c ó m o se llega a la o r a c i ó n m e n t a l , es
decir, p o r la práctica d e la p e r s e v e r a n c i a , y c ó m o se h a
d e d e j a r la o r a c i ó n vocal p o r la m e n t a l c u a n d o yo visito
al a l m a . T e h e d i c h o t a m b i é n cuál es la o r a c i ó n c o m ú n y
la vocal c o m ú n f u e r a d e los t i e m p o s p r e s c r i t o s y c ó m o es
la o r a c i ó n d e la b u e n a y s a n t a v o l u n t a d y su p r á c t i c a p o r
sí y p o r el p r ó j i m o .
D e b e , p u e s , el a l m a e s f o r z a r s e v a r o n i l m e n t e a sí mis-
m a c o n esta o r a c i ó n , q u e es c o m o u n a m a d r e . E s t o es lo

3
Rom 8,26. 4
Ibid.
172 El Diálogo

q u e hace el alma recluida en la casa del conocimiento d e


sí misma, llegada ya al a m o r de amigo y d e hijo. Si esa
alma no g u a r d a las n o r m a s descritas, p e r m a n e c e r á
siempre en su tibieza e imperfección y a m a r á lo q u e en-
c u e n t r e d e provecho en mí o en el prójimo.

67 [ E n g a ñ o d e los h o m b r e s m u n d a n o s . — A m a n y sirven a
Dios p o r p r o p i o c o n s u e l o y deleite.]

De este a m o r imperfecto te q u i e r o hablar, y no pasar


por alto u n e n g a ñ o en q u e p u e d e n incurrir por a m a r m e
en razón del consuelo q u e sienten. Por eso quiero q u e
sepas q u e el servidor mío q u e m e a m a imperfectamente
busca más el consuelo q u e a m a r m e .
Esto se p u e d e c o m p r o b a r p o r q u e , faltando el consue-
lo espiritual, es decir, el de la m e n t e o el temporal,
a b a n d o n a lo poco b u e n o que hacía en cuanto sobre-
viene la tribulación q u e les envío p a r a su bien. Esto su-
cede con los q u e viven u n tanto virtuosamente mientras
tienen prosperidad. Q u i e n les p r e g u n t a s e : «¿Por q u é te
turbas?», recibiría esta respuesta: «Porque he tenido u n a
tribulación, y me parece q u e son en vano las pocas obras
q u e hago, pues no las hago con el gusto d e antes, cuan-
d o m e parecía hacer más y con más paz en el corazón
q u e ahora». Estos tales son e n g a ñ a d o s por su propio
gusto.
N o es verdad q u e la causa d e ello sea la tribulación,
c o m o tampoco d e q u e aflojen ni q u e hagan menos; es
decir, q u e las obras hechas en tiempo d e la tribulación
tienen tanto valor como antes, en tiempo d e consuelo, y
hasta podrían valer más si las llevaran con paciencia.
Esto les o c u r r e p o r q u e se deleitaban en la prosperidad.
En ella m e a m a b a n con u n p e q u e ñ o acto d e virtud. En
ella encontraban paz para su espíritu con lo poco q u e
hacían, y, al ser privados de aquello en q u e se apoyaban,
les parece q u e se les ha ido la paz en sus acciones; pero
no es así.
Les o c u r r e lo q u e al h o m b r e q u e se halla en un j a r d í n
en q u e e n c u e n t r a placer y paz trabajando en él. Le pare-
ce descansar mientras trabaja, y es q u e siente paz en el
placer q u e le viene del j a r d í n . Se advierte q u e es así en
q u e se deleita más en el j a r d í n q u e en el trabajo, pues
La doctrina del puente 173

q u e p r i v a d o del j a r d í n , se siente p r i v a d o del placer.


P e r o si su deleite principal estuviese b a s a d o e n el traba-
j o , n o lo h a b r í a p e r d i d o , sino q u e lo conservaría, p o r q u e
la práctica d e las b u e n a s o b r a s n o se p i e r d e si n o se
q u i e r e , a u n q u e le sea q u i t a d o e l a g r a d o , c o m o a este
del j a r d í n .
Se equivocan, p o r t a n t o , al o b r a r p o r el p r o p i o gusto.
A c o s t u m b r a n a decir: «Yo lo hacía mejor y c o n más con-
suelo antes d e t e n e r la tribulación q u e a h o r a y m e ale-
g r a b a d e h a c e r el bien; a h o r a , sin e m b a r g o , ni m e ale-
g r o ni e n c u e n t r o el m e n o r placer». Su m o d o d e ver y d e
h a b l a r es falso, p o r q u e , si se h u b i e r a n d e l e i t a d o e n lo
b u e n o p o r a m o r a la v i r t u d , no lo h a b r í a n p e r d i d o ni les
h u b i e r a faltado, sino q u e se les h a b r í a a u m e n t a d o . P e r o
c o m o sus b u e n a s o b r a s se apoyaban en su p r o p i o bien
sensible, p o r ello les falta y d e c r e c e .

6 8 [Engaño de los servidores de Dios que le aman con


amor imperfecto.]

A los servidores míos q u e se e n c u e n t r a n a ú n en a m o r


imperfecto y m e buscan y a m a n p o r a p e g o al c o n s u e l o y
deleites q u e e n c u e n t r a n e n mí, p o r ser yo r e m u n e r a d o r
d e t o d a o b r a b u e n a , poco o m u c h o s e g ú n la m e d i d a del
a m o r del q u e los recibe, les doy p o r esa r a z ó n consuelos
espirituales, d e u n m o d o o d e o t r o , d u r a n t e el tiempo
d e la o r a c i ó n . N o lo h a g o p a r a q u e el a l m a reciba con-
suelo e n g a ñ o s o , es decir, p a r a q u e se fijen más e n lo
q u e les doy q u e en mí m i s m o , sino p a r a q u e m i r e n m á s
al afecto d e la c a r i d a d c o n q u e les regalo y a la indigni-
d a d d e q u i e n e s reciben q u e n o al consuelo m i s m o . Si
ellos, en cambio, c o m o i g n o r a n t e s , t o m a n sólo el deleite,
sin fijarse e n mi afecto hacia ellos, se perjudican con ese
consuelo y con otros males d e q u e hablaré.
Lo u n o , p o r q u e , e n g a ñ a d o s c o n la p r o p i a consolación,
la buscan y se deleitan e n ella. Más d e u n a vez, advir-
t i e n d o en algún m o d o mi consuelo y mi visita, irán p a r a
atrás p o r el c a m i n o p o r el q u e lo h a l l a r o n p a r a buscarlo
d e n u e v o . P e r o yo n o lo doy s i e m p r e d e la misma manie-
ra, p u e s p o d r í a p a r e c e r q u e estoy o b l i g a d o a eüo. Lo
h a g o d e diversos m o d o s , s e g ú n place a mi voluntad y se-
g ú n la necesidad. Por ser i g n o r a n t e s , b u s c a r á n , p u e s , el
174 El Diálogo

mismo modo, como si quisiesen poner leyes al Espíritu


Santo.
No deben obrar así, sino seguir con valor por el puen-
te de la doctrina de Cristo crucificado y aceptar el
modo, el momento y el lugar en que place a mi bondad
el darlo. Y, si nada les doy, no es por falta de amor o
por odio, sino para que me busquen de veras y no me
amen sólo por el deleite, para que reciban con humildad
más mi caridad que el deleite que encuentran. Si no lo
hacen así y van sólo por el deleite, a su modo y no al
mío, recibirán pena y confusión intolerables cuando se
les prive de ese q u e se les presenta ante los ojos de su in-
teligencia.
Los que eligen los consuelos a su modo, es decir, en-
contrando en mí deleite espiritual en alguna medida,
querrán seguir con él. Algunas veces son tan ignoran-
tes que, cuando yo los visito de otra manera, me harán
resistencia y no me aceptarán, prefiriendo lo que se han
imaginado.
Este fallo procede de la propia inclinación y del delei-
te que hallaron en mí. Están equivocados, pues sería im-
posible permanecer continuamente en el mismo estado,
porque el alma no puede estar sin movimiento, ya que
ha de adelantar en las virtudes o retroceder. Por ello no
pueden q u e d a r anclados en un deleite; porque mi bon-
dad no se lo sigue d a n d o . Les doy muchos y variados:
unas veces, el de la alegría de espíritu; otras, la contri-
ción y aborrecimiento del pecado; cuándo parecerá que
se hallan interiormente turbados en su espíritu; otras
estaré dentro de su misma alma y no me sentirán; otras
pondré mi Verdad, el Verbo encarnado, d e modos dis-
tintos ante los ojos de su entendimiento, y, sin embar-
go, no ló percibirán, pues no lo sienten con el ardor y
placer que deberían; otras veces no tendrán ni experi-
mentarán deleite de significación.
Esto lo hago por amor y para conservarlos y hacerlos
crecer en la virtud de la humildad y perseverancia y
para enseñarles a que no quieran imponerme sus leyes
ni decirme cuándo ha de terminar el consuelo, sino que
quieran sólo la virtud basada en mí. Reciban con humil-
dad, con afecto de amor, el afecto mío en un tiempo o
en otro y crean con viva fe que yo doy según la necesi-
La doctrina del puente 175

d a d d e su salvación o s e g ú n la necesidad p a r a hacerlos


llegar a la g r a n perfección.
D e b e n , p u e s , p e r m a n e c e r h u m i l d e s , p o n i e n d o el prin-
cipio y el fin e n el afecto d e mi c a r i d a d , y con ella el d e -
leite o n o , e n c o n f o r m i d a d con m i v o l u n t a d y n o c o n la
suya. Este es el m o d o d e n o dejarse e n g a ñ a r : recibirlo
t o d o p o r a m o r a mí, q u e soy v u e s t r o fin, b a s a d o s e n mi
dulce v o l u n t a d .

6 9 [Los que no abandonan su paz y consuelo, no socorren


al prójimo en sus necesidades. I

T e h e h a b l a d o del e n g a ñ o e n q u e i n c u r r e n los q u e
q u i e r e n g u s t a r y recibir bienes e n el espíritu s e g ú n su
m o d o de pensar.
A h o r a te voy a explicar el s e g u n d o e n g a ñ o , el d e los
q u e h a n p u e s t o todo su deleite e n el c o n s u e l o del espí-
ritu.
V e r á n con frecuencia al p r ó j i m o e n necesidad espiri-
tual o t e m p o r a l y n o le s o c o r r e r á n bajo el p r e t e x t o d e
v i r t u d , d i c i e n d o : «Con eso p i e r d o la paz y t r a n q u i l i d a d
d e mi espíritu y n o recito mis h o r a s a su d e b i d o
tiempo».
Al verse privados d e consuelo les parece q u e m e ofen-
d e n y ellos son e n g a ñ a d o s p o r el placer espiritual p r o p i o .
Más m e o f e n d e n al n o a c u d i r a la necesidad del prójimo
a b a n d o n a n d o sus consuelos '. P o r q u e t o d a práctica vocal
y m e n t a l se halla o r d e n a d a p o r mí a q u e el a l m a sea u n a
c a r i d a d perfecta a mí y al prójimo, y a p e r m a n e c e r e n
ella.
D e m o d o q u e m e o f e n d e n m á s o m i t i e n d o la c a r i d a d
con el p r ó j i m o p o r la práctica y q u i e t u d e n lo espiritual
q u e d e j á n d o l o s p o r el p r ó j i m o . En la c a r i d a d con él m e
e n c u e n t r a n a mí, m i e n t r a s q u e al b u s c a r m e en su delei-
te son privados d e él. P o r n o s o c o r r e r al p r ó j i m o dismi-
n u y e n en la caridad p a r a con él, y, d i s m i n u i d a ésta, se
a m i n o r a mi afecto hacia él, y, e n consecuencia, q u e d a
d i s m i n u i d o el consuelo. Así, q u e r i e n d o g a n a r , p i e r d e n ,
y g a n a n c u a n d o se hallan dispuestos a p e r d e r ; esto es,
c o n s i n t i e n d o p e r d e r el c o n s u e l o p r o p i o p o r la salvación

1
Mt 25,45.
176 El Diálogo

del prójimo, el alma m e recibe, y c o m o ganancia m e


tiene a mí y al prójimo, p o r socorrerlo y servirle caritati-
2
vamente .
Siguiendo esta práctica, gustarán en t o d o m o m e n t o
d e mi c a r i d a d ; d e lo c o n t r a r i o p e r m a n e c e r á n en pecado,
ya q u e algunas veces será necesario a c u d i r al prójimo
p o r obligación, p o r a m o r o p o r e n f e r m e d a d corporal o
espiritual en q u e se halle. Si le a y u d a n con desgana, con
tedio espiritual o r e m o r d i m i e n t o d e conciencia, se ha-
cen insoportables a sí mismos y a los d e m á s . Si alguien
les p r e g u n t a s e : «¿Por q u é sientes pena?», r e s p o n d e r í a n :
«Porque m e p a r e c e h a b e r p e r d i d o la paz y q u i e t u d del
espíritu y h e d e j a d o las cosas q u e acostumbraba a hacer,
y en ello creo o f e n d e r a Dios». Y n o es ésa la razón, sino
q u e su opinión se f u n d a e n el deleite p r o p i o , p o r lo q u e
no saben distinguir ni reconocer d e v e r d a d en q u é con-
siste su p e c a d o . Si lo conocieran e n t e n d e r í a n q u e la
ofensa n o se halla e n n o t e n e r consuelo espiritual ni en
dejar el ejercicio d e la oración en m o m e n t o s de la nece-
sidad de prójimo; más bien consiste e n verse sin caridad
con el prójimo, a q u i e n hay q u e a m a r y servir p o r a m o r
a mí.
Así, ves c ó m o se equivocan sólo p o r causa del a m o r
propio espiritual p a r a consigo mismos.

7 0 [Engaño de los que han puesto su afecto en los consue-


los y visiones espirituales.]

Algunas veces, a causa d e u n a m o r d e esta clase, reci-


ben u n d a ñ o m a y o r . Q u e si su afecto sólo se p o n e y bus-
ca e n los consuelos y visiones q u e algunas veces o t o r g o a
mis servidores, c u a n d o se ven sin ellos caen en a m a r g u -
r a y tedio espiritual, p o r parecerles q u e se hallan priva-
dos d e la gracia c u a n d o algunas veces m e aparto del
alma. C o m o te dije, yo voy y vengo a ella, a p a r t á n d o m e
n o e n c u a n t o a la gracia, sino e n c u a n t o a la percepción,
a fin d e hacerla más perfecta. Y así caen e n la tristeza, y
les parece hallarse en el infierno p o r sentir q u e se les ha
q u i t a d o el gusto y p o r la p e n a e n los trabajos y molestias
d e las a b u n d a n t e s tentaciones.
2
Mt 16,26; Me 8,35; Le 9,24.
La doctrina del puente 177

N o d e b e el alma ser i g n o r a n t e , ni dejarse equivocar


p o r el a m o r propio espiritual d e tal m o d o q u e n o reco-
nozca q u e r e a l m e n t e soy yo, el s u m o Bien, q u i e n está
con ella y la conservo en la b u e n a disposición d u r a n t e el
t i e m p o d e la lucha a fin d e q u e n o c o r r a tras el gusto.
D e b e humillarse, j u z g á n d o s e i n d i g n a d e la paz y quie-
t u d espiritual. P o r esta r a z ó n , p u e s , m e a p a r t o d e ella:
p a r a q u e se h u m i l l e y reconozca mi c a r i d a d e n sí misma,
e n c o n t r á n d o l a e n la firmeza d e la benevolencia, q u e le
c o n s e r v o e n el t i e m p o d e las dificultades. Me a p a r t o d e
ella p a r a q u e n o reciba s o l a m e n t e la leche d e la d u l z u r a
e x t e n d i d a p o r su cara, sino p a r a q u e se u n a al p e c h o d e
m i V e r d a d y reciba la leche j u n t a m e n t e c o n la c a r n e ; es
decir, p a r a llevar hacia sí la leche d e mi c a r i d a d p o r m e -
dio d e la c a r n e d e Cristo crucificado, o sea, d e su doctri-
n a , d e la q u e h e h e c h o p u e n t e q u e la u n a a mí.
C a m i n a n d o c o n p r u d e n c i a y n o con ignorancia, reci-
b i e n d o n o sólo la leche, vuelvo a ella c o n m á s deleite y
fortaleza, c o n luz y a r d o r d e c a r i d a d . Pero, si reciben
c o n hastío, tristeza y t u r b a c i ó n d e espíritu la privación
d e la d u l z u r a espiritual, poco g a n a n y siguen e n su ti-
bieza.

71 [ L o s q u e se d e l e i t a n e n los c o n s u e l o s y v i s i o n e s espiri-
t u a l e s p u e d e n s e r e n g a ñ a d o s a c e p t a n d o al d e m o n i o t r a n s f i g u -
r a d o e n luz.—Señales p a r a c o n o c e r c u á n d o u n a visión es d e
Dios o del d e m o n i o . 1

A d e m á s d e esto, e x p e r i m e n t a n m u c h a s veces o t r o e n -
g a ñ o del d e m o n i o , es decir, la t r a n s f o r m a c i ó n del mis-
m o e n luz. P o r q u e en c u a n t o advierte el d e m o n i o q u e el
espíritu está codicioso d e recibir, cae sobre él y se trans-
f o r m a aquel espíritu en f o r m a d e luz. T i e n t a a las almas
c o n aquello en q u e ve a las almas dispuestas a d e s e a r y
aceptar, p u e s ve al espíritu e n g o l o s i n a d o , y su d e s e o fijo
ú n i c a m e n t e en las consolaciones y visiones espirituales.
N o d e b e r í a a p e g a r s e a ellas, sino sólo a las v i r t u d e s , y,
p o r h u m i l d a d , c o n s i d e r a r s e i n d i g n a de ellas y buscar
sólo consuelos en mi a m o r . C o m o n o es así, se les p r e -
senta el d e m o n i o e n f o r m a d e luz d e diversas m a n e r a s ;
u n a s veces, bajo las apariencias d e ángel, y o t r a s , c o m o
si fuera mi V e r d a d o a l g u n o d e mis santos. Esto lo hace
178 El Diálogo

p a r a atraparlas con el anzuelo del gusto espiritual q u e


tiene puesto en las visiones y deleites del espíritu. Y, si
esas almas n o se elevan con h u m i l d a d v e r d a d e r a p o r el
desprecio a cualquier deleite, q u e d a n presas en este an-
zuelo, en m a n o s del d e m o n i o . Pero, si desprecian el d e -
leite con h u m i l d a d y m e abrazan con a m o r a mí y no al
d o n , pues soy yo el q u e d a , el d e m o n i o n o p u e d e sufrir,
p o r su soberbia, ese espíritu h u m i l d e .
Si m e p r e g u n t a s : «¿En q u é se p u e d e conocer q u e la vi-
sita es, más bien, del d e m o n i o q u e tuya?», yo te contesto
q u e la señal es ésta, q u e si es el d e m o n i o el q u e ha ve-
nido al espíritu para visitarlo en forma de luz, el alma, de
inmediato, recibe alegría con su visita; p e r o c u a n t o más
tiempo p e r m a n e c e , más p i e r d e esa alegría, y llega el te-
dio, la oscuridad, el desasosiego d e espíritu y la ofusca-
ción interior. En cambio, si v e r d a d e r a m e n t e es visitada
p o r mí, Vida e t e r n a , recibe el alma, en el p r i m e r m o -
m e n t o , santo t e m o r , y con él alegría y seguridad, j u n t o
con u n a dulce p r u d e n c i a ; d e m o d o q u e , d u d a n d o , no
d u d a , sino q u e , reconociéndose indigna d e sí misma,
dirá: «No soy d i g n a de recibir tu visita, y, no siendo dig-
na, ¿cómo p u e d e o c u r r i r esto?» Entonces se vuelve a la
generosidad d e mi caridad, reconoce y ve q u e soy yo el
q u e p u e d e d a r y q u e no m e fijo en la indignidad, pues
yo mismo la h a g o d i g n a d e recibir la gracia y d e adver-
tir mi presencia, pues no desoigo el deseo con q u e ella
llama. Por eso m e recibe h u m i l d e m e n t e , diciendo: «Ecce
ancilla tua»: tu voluntad sea hecha en mí. Entonces sale
del c a m i n o d e la oración y d e mi visita con alegría y
gozo del espíritu, con h u m i l d a d , j u z g á n d o s e indigna, y
con caridad, reconociéndola c o m o venida d e mí.
Esta es la señal d e q u e el alma es visitada p o r mí o p o r
el d e m o n i o : si la visito yo, en el p r i m e r m o m e n t o , al me-
dio y al fin siente t e m o r , alegría y h a m b r e d e virtud; si
es el d e m o n i o , la p r i m e r a apariencia es la alegría, y des-
pués q u e d a t u r b a d a y en oscuridad d e espíritu. Así lo he
dispuesto p a r a q u e os sirva d e signo y p a r a q u e el alma,
si q u i e r e a n d a r h u m i l d e y p r u d e n t e , n o p u e d a ser enga-
ñ a d a . Sufre e n g a ñ o la q u e prefiere navegar sólo con el
a m o r imperfecto d e las propias consolaciones antes q u e
con mi afecto.
La doctrina del puente 179

72 l El a l m a q u e v e r d a d e r a m e n t e s e c o n o c e a sí m i s m a e v i t a
los e n g a ñ o s a n t e s d i c h o s . I

N o q u i e r o ocultar el e n g a ñ o q u e en el bien o b r a r reci-


ben la g e n e r a l i d a d d e las p e r s o n a s en el a m o r sensible,
o sea, los d e poca virtud, mis servidores q u e actúan sólo
en el tiempo d e la consolación, los q u e siguen el a m o r
p r o p i o d e los consuelos espirituales. Se equivocan, por-
q u e el a m o r propio n o les deja r e c o n o c e r la realidad d e
mi afecto, ni apreciar el p e c a d o en q u e se hallan. T a m -
poco q u i e r o olvidar la a r t i m a ñ a q u e el d e m o n i o usa, p o r
culpa d e sí mismos, c u a n d o n o g u a r d a n el m o d o antes
dicho.
T e lo h e e n s e ñ a d o p a r a q u e tú y los o t r o s servidores
míos vayáis tras la v i r t u d p o r a m o r a mí y n o p o r o t r a
r a z ó n . En todos estos e n g a ñ o s p u e d e n caer, y caen con
frecuencia, q u i e n e s se hallan e n el a m o r imperfecto,
esto es, c u a n d o a m a n e n atención al d o n y n o a mí, q u e
soy el q u e lo h a g o . Sin e m b a r g o , el alma q u e ha e n t r a d o
d e veras e n la casa d e c o n o c i m i e n t o d e sí, ejercitándose
en la perfecta oración y s u p e r a n d o la imperfecta, al
m o d o q u e te expliqué e n el t r a t a d o d e la o r a c i ó n , m e r e -
cibe con a m o r perfecto, b u s c a n d o a p a r t a r d e sí la leche
d e mi d u l z u r a y el apetito d e la d o c t r i n a d e Cristo cruci-
ficado.
Llegada el alma al t e r c e r estado, el del a m o r d e a m i g o
y d e hijo, ya n o tiene el a m o r m e r c e n a r i o , sino el d e
a m i g o m u y q u e r i d o . A c t u a r á c o m o u n a m i g o con o t r o
al recibir u n o b s e q u i o . Su m i r a d a n o se fija sólo e n el
p r e s e n t e , sino e n el c o r a z ó n y el afecto d e q u i e n lo d a , y
a m a el r e g a l o sólo p o r el afecto del a m i g o . Así, el alma,
llegada al t e r c e r e s t a d o del a m o r perfecto, al recibir mis
d o n e s y gracias, n o a t i e n d e a ellas ú n i c a m e n t e , sino q u e
con el ojo del e n t e n d i m i e n t o m i r a al afecto d e mi cari-
d a d , al q u e las d a .
A fin d e q u e el alma n o p u e d a t e n e r disculpa p a r a ac-
t u a r d e esta m a n e r a , es decir, p a r a fijarse e n mi afecto,
he d e t e r m i n a d o u n i r al d o n y al d o n a n t e p o r la u n i ó n
d e la n a t u r a l e z a divina c o n la h u m a n a c u a n d o os di a mi
V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o , q u e es u n a cosa c o n m i g o , y
yo con El. Por esta u n i ó n n o podéis fijaros e n el d o n sin
q u e veáis al d o n a n t e .
180 El Diálogo

Mira, p u e s , con q u é afecto debéis a m a r y d e s e a r al


d o n y al d o n a n t e . O b r a n d o así, os hallaréis en el a m o r
p u r o y a u t é n t i c o y n o e n el m e r c e n a r i o , al m o d o q u e lo
hacen los q u e se hallan en la m o r a d a d e su p r o p i o c o n o -
cimiento.

73 [ M o d o s d e a p a r t a r s e d e l a m o r i m p e r f e c t o y a l c a n z a r el
p e r f e c t o d e a m i g o y d e hijo. |

De m u c h a s m a n e r a s te h e m o s t r a d o hasta a h o r a c ó m o
el alma s u p e r a la imperfección y alcanza el a m o r perfec-
to y lo q u e hace d e s p u é s d e h a b e r alcanzado el d e amis-
tad y el filial.
T e dije, y lo repito, q u e lo alcanza p o r la p e r s e v e r a n -
cia, e n c e r r á n d o s e en la casa del c o n o c i m i e n t o d e sí. El
p o r sí m i s m o d e b e estar f u n d a d o en el c o n o c i m i e n t o d e
mí p a r a n o caer e n confusión. Por él a d q u i r i r á el o d i o a
la t e n d e n c i a d e los sentidos al goce d e las propias conso-
laciones. Del o d i o , b a s a d o en la h u m i l d a d , sacará la pa-
ciencia. E n ella se h a r á más fuerte c o n t r a los e m b a t e s
del d e m o n i o , c o n t r a las persecuciones d e los h o m b r e s y
c o n t r a mí c u a n d o p o r su bien r e t i r o el deleite d e su es-
píritu. Esta virtud h a r á llevaderas a las d e m á s .
Si sus sentidos, p o r su mala inclinación, quisieren le-
v a n t a r la cabeza c o n t r a la razón, el j u e z d e la conciencia
d e b e levantarse sobre sí mismo y a t e n e r s e a la r a z ó n con
e n e r g í a y n o d a r paso a movimientos q u e n o sean co-
rrectos, si bien el alma q u e tiene esa e n e r g í a c o r r i g e y
r e p r e n d e en t o d o m o m e n t o n o sólo los q u e van c o n t r a
la razón, sino m u c h a s veces aquellos d e q u e soy yo la
causa.
Esto quiso decir mi servidor G r e g o r i o c u a n d o e n s e ñ ó
q u e la santa y p u r a conciencia e n c u e n t r a p e c a d o d o n d e
n o lo hay, o sea, q u e , p o r la p u r e z a d e la conciencia, ve
culpa d o n d e n o existe.
Así d e b e o b r a r y o b r a el alma q u e q u i e r e s u p e r a r la
imperfección e s p e r a n d o en la casa del c o n o c i m i e n t o d e
sí, c o n la luz d e la fe, mi d e t e r m i n a c i ó n al m o d o q u e lo
hicieron los discípulos, q u e p e r m a n e c i e r o n en casa y n o
se m o v i e r o n , sino q u e p e r s e v e r a r o n , hasta la llegada del
La doctrina del puente 181

Espíritu Santo ', e n vela h u m i l d e y e n c o n t i n u a d a o r a -


ción.
L o m i s m o hace el a l m a q u e se h a l e v a n t a d o d e la im-
perfección y se e n c i e r r a p a r a alcanzar la perfección. Si-
g u e e n vela, m i r a n d o con los ojos del e n t e n d i m i e n t o a la
d o c t r i n a d e mi V e r d a d con h u m i l d a d , p o r q u e se h a co-
nocido e n la c o n t i n u a o r a c i ó n , es decir, e n el santo y
v e r d a d e r o d e s e o , p o r q u e e n sí reconoció el afecto d e mi
caridad.

7 4 [Señales por las que conoce el alma si ha llegado al amor


perfecto. ]

Me q u e d a a h o r a p o r decirte e n q u é se n o t a q u e el
alma ha alcanzado el a m o r perfecto. Es la m i s m a señal
a p a r e c i d a e n los discípulos d e s p u é s d e h a b e r recibido el
Espíritu Santo, p u e s salieron d e casa y, p e r d i d o t o d o te-
m o r , a n u n c i a b a n mi palabra, p r e d i c a n d o la d o c t r i n a del
V e r b o , d e mi Hijo u n i g é n i t o ; n o t e m í a n los castigos;
más bien se gloriaban e n ellos '; n o sufrían p r e o c u p a -
ción p o r hallarse a n t e los tiranos del m u n d o ni p o r e n -
señarles la v e r d a d p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e .
Así o c u r r e con el alma q u e h a t e n i d o la confianza q u e
p r o v i e n e del c o n o c i m i e n t o d e sí, p o r q u e yo h e vuelto a
ella con el fuego d e mi c a r i d a d . E n ésta, m i e n t r a s per-
manecéis e n casa, n a c e n las virtudes con la p e r s e v e r a n -
cia p o r afecto del a m o r . C o n él y la virtud vence la in-
clinación d e los propios sentidos.
C o n igual c a r i d a d participáis d e la sabiduría d e mi
Hijo. P o r ella veis y conocéis con los ojos del e n t e n d i -
m i e n t o t a n t o mi V e r d a d c o m o las argucias del a m o r es-
piritual sensitivo, es decir, el a m o r imperfecto del con-
suelo p r o p i o ; conocéis la malicia y falsía q u e el d e m o n i o
p o n e e n el alma a p e g a d a al a m o r imperfecto, y p o r ello
se h a l e v a n t a d o con o d i o a la imperfección y c o n a m o r
a la perfección.
Por esta c a r i d a d , q u e es el Espíritu Santo, h a c e partí-
cipe al a l m a d e su v o l u n t a d , d á n d o l e fuerza p a r a sufrir

1
A c t 1,13-14.
1
Act 2,4 y 5 , 4 1 .
182 El Diálogo

los trabajos y salir d e casa en mi n o m b r e para ejercitar


la virtud e n favor del prójimo. N o es que salga d e la
casa del conocimiento de sí, sino que d e la casa del alma
salen e n g e n d r a d a s las virtudes por el afecto del a m o r y
las hace brotar d e muchos y variados modos c u a n d o el
prójimo lo necesita. C o m o ha p e r d i d o el temor a verse
privada de sus consuelos, como arriba te dije, c u a n d o ha
llegado al a m o r perfecto y libre, sale olvidándose d e sí
misma.
Esto los u n e con el cuarto estado, esto es, q u e en el
tercero, que es u n estado perfecto, en q u e gusta y da a
luz la caridad con el prójimo, recibe el último g r a d o d e
perfecta u n i ó n conmigo. Ambos estados se hallan uni-
dos, y n o se d a u n o sin el otro, igual q u e mi caridad y la
que se tiene con el prójimo, que no p u e d e hallarse sepa-
rada de la mía.
Estos dos estados no se d a n u n o sin el otro, como te
iré explicando y m o s t r a n d o al hablar del tercer grado.

75 [ L o s i m p e r f e c t o s q u i e r e n s e g u i r s o l a m e n t e al P a d r e ,
p e r o los p e r f e c t o s s i g u e n al H i j o . — V i s i ó n q u e t u v o e s t a a l m a .
Se habla d e b a u t i s m o s diversos y d e o t r a s cosas bellas y útiles. [

T e he dicho q u e el alma ha salido d e la casa, lo que es


signo d e haberse levantado d e la imperfección y u n i d o a
la perfección.
Abre los ojos del e n t e n d i m i e n t o y mira cómo corren
por el p u e n t e d e la doctrina d e Cristo, q u e para vosotros
fue regla y camino. El q u e se halla en a m o r imperfecto,
no quiere sufrir trabajos, y como en mí no puede haber-
los, m e sigue a mí; pero no a mí, sino al deleite q u e en
mí e n c u e n t r a n . No lo hacen así los q u e quieren la per-
fección, los cuales n o ponen los ojos d e su entendimien-
to en mí, sino q u e , como ebrios y a r d i e n d o en amor, su-
ben los tres escalones comunes q u e puse como alegoría
d e las tres potencias del alma, y q u e prefiguran aquí los
tres peldaños del cuerpo d e Cristo crucificado, mi Hijo
unigénito. Subidos a los pies por el afecto del alma, al-
canzan el costado, en q u e e n c u e n t r a n los secretos del
corazón y conocen el bautismo del agua, que tiene valor
d e sangre. En ella e n c o n t r ó el alma la gracia del santo
La doctrina del puente 183

b a u t i s m o u n a vez q u e ella tiene p r e p a r a d o su receptácu-


lo p a r a recibir la gracia, e m p a p a d a d e la s a n g r e .
¿ D ó n d e conoció el a l m a la d i g n i d a d d e verse u n i d a y
e m p a p a d a en la s a n g r e del C o r d e r o c u a n d o recibe el
santo bautismo en virtud d e la s a n g r e ? En el costado co-
noció el fuego d e la c a r i d a d divina. Así te lo m o s t r ó mi
V e r d a d , si te a c u e r d a s bien, c u a n d o le p r e g u n t a s t e :
«Dulce e i n m a c u l a d o C o r d e r o , tú estabas m u e r t o c u a n -
d o te a b r i e r o n el c o s t a d o ; ¿por q u é quisiste q u e fuese
1
h e r i d o y p a r t i d o tu corazón?»
Si lo r e c u e r d a s bien, El r e s p o n d i ó q u e había m u c h a s
razones p a r a ello. T e d i r é la principal: p o r q u e mi a m o r
al g é n e r o h u m a n o e r a infinito, y el acto d e sufrir penas
y t o r m e n t o s era finito, y p o r lo finito p o d í a m a n i f e s t a r
t o d o el a m o r con q u e a m a b a , q u e e r a infinito. P o r eso
quise q u e vieseis el secreto d e mi c o r a z ó n m o s t r á n d o t e l o
abierto, p a r a q u e vieses q u e yo a m a b a m á s q u e lo q u e
p o d í a n d e m o s t r a r o s mis sufrimientos finitos. D e r r a -
m a n d o s a n g r e y a g u a , os m o s t r é el santo b a u t i s m o del
agua, el cual recibís en virtud d e la s a n g r e .
« T a m b i é n os m o s t r é el b a u t i s m o d e la s a n g r e d e d o s
m o d o s : u n o es aquel en q u e son bautizados en la s a n g r e
d e r r a m a d a p o r mí. C u a n d o n o p u e d e n recibir o t r o bau-
tismo, ése tiene valor en virtud d e m i s a n g r e . O t r o s se
bautizan con el fuego, d e s e a n d o el b a u t i s m o con afecto
d e a m o r , y n o lo p u e d e n recibir. N o hay b a u t i s m o d e
fuego sin s a n g r e , p u e s t o q u e ésta se halla e n t r e m e z c l a d a
y e m p a p a d a con el fuego d e la divina c a r i d a d , ya q u e
fue d e r r a m a d a p o r a m o r .
«Hablando figuradamente, recibe el alma d e o t r o
m o d o el b a u t i s m o d e la s a n g r e . De éste p r o v e e la cari-
d a d , p o r q u e conoce la e n f e r m e d a d y la fragilidad del
h o m b r e , p u e s p o r ellas p i e r d e la gracia, q u e recibió en
el b a u t i s m o en virtud d e la s a n g r e . (No es q u e el h o m -
b r e se vea forzado, p o r su fragilidad o p o r o t r a causa, a
c o m e t e r p e c a d o en c o n t r a d e su v o l u n t a d , sino q u e ,
c o m o frágil, cae en la culpa d e p e c a d o mortal.) Por eso
fue necesario q u e la c a r i d a d divina d e t e r m i n a r a dejarles

1
Alusión autobiográfica. Respetamos el entrecomillado hasta el fin
del capítulo no por ser palabras exactas del Hijo, sino en atención al
original.
184 El Diálogo

un perenne bautismo de sangre, que se recibe con la


contrición de corazón y con la santa confesión, decla-
rando, c u a n d o se puede, los pecados a mis ministros,
q u e tienen la llave de la sangre. Con ella rocía el sacer-
dote la cara del alma por la absolución.
»Si u n o no se puede confesar, basta la contrición de
corazón. Entonces, la mano de mi clemencia os da el
fruto de esta preciosa sangre; pero, pudiendo confesa-
ros, quiero que lo hagáis. Quien lo pueda hacer y no
quiera, será privado del fruto de la sangre. Cierto que
en el último m o m e n t o de la muerte, si quiere el h o m b r e
confesarse y no puede, también recibirá la sangre. Pero
ninguno sea tan insensato que por esta razón se deje lle-
var de la confianza para poner en o r d e n sus acciones en
el último extremo de la muerte, p o r q u e no es seguro,
en razón de su obstinación, que yo, en mi divina justicia,
no diga: «Tú no te acordaste de mí en la vida, cuando te
fue posible; yo no me acuerdo de ti en la muerte». Por
ello, nadie se abandone, y, si alguno lo ha hecho, no
debe dejar para el último m o m e n t o el confesarse pre-
textando la confianza en la sangre.
»Ves, por tanto, que este bautismo es perenne, por lo
q u e el alma debe bautizarse en él continuamente. Por él
conoce q u e mi obra, esto es, el sufrimiento en la cruz,
fue finita, pero el fruto que de él habéis recibido por
medio d e mí es infinito. Esto ocurre en virtud de la na-
turaleza divina, infinita, unida a la h u m a n a , finita, que
sufre en mí, el Verbo, que me hallo vestido de vuestra
h u m a n i d a d . Pero, porque se hallan entremezcladas y
fundidas u n a en otra, no porque sea infinito el sufri-
miento del cuerpo ni del deseo q u e tenía de terminar
vuestra redención, la eterna divinidad atrajo hacia sí la
pena que sufrí yo con tan ardoroso amor.
«Por eso puede llamarse infinita a esta operación; no
porque lo sea el sufrimiento del cuerpo ni la pena de
deseo que debía satisfacer por vuestra redención, sino
p o r q u e ella terminó en la cruz c u a n d o el alma se apartó
del cuerpo. Pero el fruto que produjo el sufrimiento y el
deseo de vuestra salvación es infinito, y por ello lo reci-
bís de m o d o infinito. Si no hubiese sido infinito, el gé-
nero h u m a n o no hubiera sido restaurado, es decir, el
presente y el porvenir. Tampoco el pecador podría le-
La doctrina del puente 185

y a n t a r s e d e su culpa si este b a u t i s m o d e la s a n g r e n o se
h u b i e r a d a d o d e m o d o infinito, o sea, si n o f u e r a infini-
to su f r u t o .
»Esto es lo q u e os m o s t r é con la a b e r t u r a d e m i costa-
d o , d o n d e halláis los s e c r e t o s d e l c o r a z ó n al m o s t r a r o s
q u e os a m o m á s d e lo q u e p u e d o m a n i f e s t a r c o n los su-
f r i m i e n t o s finitos. T e lo m o s t r é infinito. ¿ C ó m o ? P o r el
b a u t i s m o d e la s a n g r e u n i d a al b a u t i s m o c o m ú n d a d o a
los c r i s t i a n o s q u e lo q u i e r a n recibir: el a g u a u n i d a c o n
la s a n g r e y el f u e g o , e n q u e el a l m a se e m p a p a d e mi
s a n g r e . Y p a r a certificároslo, q u i s e q u e d e l c o s t a d o salie-
se a g u a y s a n g r e .
»Con esto te h e r e s p o n d i d o a lo q u e m e p r e g u n t a s t e » .

7 6 [El alma, habiendo subido al tercer escalón del santo


puente, llegando a la boca, cumple con el oficio de ésta.—La
señal de haber llegado a ella es tener muerta la voluntad pro-
pia.]

T e h e r e p e t i d o a la l e t r a lo q u e te c o n t e s t ó m i V e r d a d
p a r a q u e conozcas la excelencia e n q u e se halla el a l m a
q u e h a s u b i d o el s e g u n d o escalón. E n él se c o n o c e y a d -
q u i e r e t a n a r d i e n t e a m o r , q u e e n s e g u i d a se s u b e al t e r -
c e r o , o sea, a la boca, c o n lo q u e m a n i f i e s t a h a b e r llega-
d o al e s t a d o p e r f e c t o .
¿ P o r d ó n d e pasó? P o r el c o r a z ó n , es d e c i r , p o r el r e -
c u e r d o d e la s a n g r e e n q u e se r e b a u t i z ó , a b a n d o n a n d o
el a m o r i m p e r f e c t o e n r a z ó n d e l c o n o c i m i e n t o q u e sacó
del a m o r del c o r a z ó n c u a n d o g u s t ó y m a n i f e s t ó el f u e g o
d e m i c a r i d a d . Q u e éstos l l e g a r o n a la boca, lo d e m u e s -
t r a n p o n i é n d o l a e n acción. La b o c a h a b l a y g u s t a c o n la
l e n g u a q u e está e n ella, t o m a los a l i m e n t o s y los e m p u j a
al e s t ó m a g o . Los d i e n t e s los t r i t u r a n , ya q u e d e o t r o
modo no podrían tragarse.
Así o c u r r e con el a l m a . P r i m e r a m e n t e m e h a b l a c o n
la l e n g u a , q u e está e n la boca d e l s a n t o d e s e o , es d e c i r ,
c o n la l e n g u a s a n t a y c o n t i n u a o r a c i ó n . H a b l a c o r p o r a l y
espiritualmente: espiritualmente, c u a n d o m e ofrece dul-
ces y a m o r o s o s d e s e o s e n bien d e las a l m a s , y c o r p o r a l -
m e n t e , a n u n c i a n d o la d o c t r i n a d e m i Verdad, a m o n e s -
t a n d o , a c o n s e j a n d o y c o n f e s á n d o l a sin t e m o r a l g u n o al
s u f r i m i e n t o q u e el m u n d o le q u i e r a p r o c u r a r . Lo h a c e
186 El Diálogo

con audacia, a n t e todos, d e m o d o s distintos y a cada


u n o según su estado.
Digo q u e come t o m a n d o el alimento del alma, p o r
a m o r a mí, en la mesa d e la santísima cruz '. De o t r a
m a n e r a o en o t r a mesa n o p o d r í a c o m e r tan perfecta-
m e n t e . T r i t u r a el alimento, p u e s , si no, no lo podría de-
glutir. Lo hace con los dientes, esto es, con el odio y con
el a m o r , con dos hileras d e dientes e n la boca del santo
deseo, q u e retiene la comida, t r i t u r á n d o l a con el odio
d e sí y con el a m o r a la virtud en sí mismo y en su próji-
m o . Por a m o r a las almas d e s m e n u z a toda injuria, villa-
nía, escarnio y los improperios d e las muchas persecu-
ciones, sufriendo h a m b r e , sed, calor y frío, con penosas
ganas d e llorar y con sudores. T o d o lo machaca p o r mi
h o n o r , s o p o r t a n d o y sufriendo al prójimo. Después d e
haberlo d e s m e n u z a d o , el paladar lo gusta, s a b o r e a n d o
el fruto del sufrimiento y el deleite d e las almas por me^
dio d e la caridad p a r a conmigo y p a r a con su prójimo.
Así llega este manjar al estómago q u e se halla dispuesto
a recibirlo con a m o r cordial, deleite y dilección de la ca-
ridad con su prójimo, por el deseo y h a m b r e d e las al-
mas, r u m i a n d o d e m o d o q u e p i e r d e la b l a n d u r a d e la
vida corporal p a r a t o m a r el manjar d e la doctrina d e
Cristo crucificado e n la mesa d e la cruz.
Entonces crece el alma en las v e r d a d e r a s virtudes; y
tanto se llena p o r la a b u n d a n c i a d e la comida, q u e el
vestido d e los propios sentidos, o sea, el c u e r p o q u e re-
c u b r e al alma, revienta en c u a n t o a la inclinación d e los
sentidos. Q u i e n revienta m u e r e , así la voluntad sensitiva
q u e d a m u e r t a . Esto sucede p o r q u e la o r d e n a d a volun-
tad del alma se halla viva en mí, vestida d e mi e t e r n a vo-
luntad, y p o r eso la sensitiva e n c u e n t r a la m u e r t e .
Esto lo e x p e r i m e n t a el alma q u e d e veras ha llegado
al tercer escalón. La señal d e haberlo subido es q u e h a
m a t a d o la propia voluntad al p r o b a r el afecto d e mi ca-
ridad, y por eso e n c o n t r ó paz y q u i e t u d en la boca. Sabe
2
q u e en la boca se d a la paz . Así, en el tercer estado en-
c u e n t r a la paz en tal g r a d o , q u e n a d a la p u e d e t u r b a r

1
J n 4,34.
2
El beso d e paz se d a b a e n la misa a n t e s d e la recepción d e la euca-
ristía, simbolizando el p e r d ó n y paz f r a t e r n a .
La doctrina del puente 187

p o r h a b e r p e r d i d o y a h o g a d o su voluntad, q u e , c u a n d o
ha m u e r t o , le p r o d u c e paz y q u i e t u d .
Estos d a n a luz la virtud sin q u e sufra su prójimo. N o
es q u e los sufrimientos dejen e n sí d e serlo, sino q u e ya
n o son sufrimiento p a r a la voluntad - m u e r t a , ya q u e
t o d o lo soportan d e b u e n g r a d o p o r mi n o m b r e .
C o r r e n sin negligencia p o r la doctrina d e Cristo cruci-
ficado y n o aflojan la m a r c h a p o r injuria q u e se les
haga, ni p o r persecución alguna, ni p o r placer q u e en-
c u e n t r e n , es decir, placer q u e el m u n d o les q u i e r a p r o -
porcionar. T o d o esto lo sufren con v e r d a d e r a fortaleza
y perseverancia, revestido su afecto con el d e mi cari-
d a d , g u s t a n d o el alimento d e la salvación d e las almas
con v e r d a d e r a y perfecta paciencia. Este es u n signo d e -
mostrativo d e q u e a m a n con perfección y sin considera-
ción alguna, ya q u e , si p o r propio provecho m e amasen,
a n d a r í a n impacientes y con m e n o s p r o n t i t u d .
Pero p o r q u e m e a m a n a mí p o r mí, en c u a n t o q u e soy
s u m a B o n d a d y d i g n o d e ser a m a d o , y p o r mi causa
a m a n al prójimo p a r a d a r gloria y alabanza a mi n o m -
bre, p o r eso son pacientes y perseverantes.

77 [ L a s o b r a s d e l a l m a d e s p u é s d e h a b e r a l c a n z a d o el ter-
cer escalón. |

Estas son las tres gloriosas virtudes, basadas e n la ver-


d a d e r a caridad, q u e se hallan e n la cima del árbol d e la
misma caridad: la paciencia, la fortaleza y la perseveran-
cia, q u e se halla n i m b a d a con la santísima luz d e la fe.
C o n ella caminan sin oscuridad por el c a m i n o d e la ver-
d a d . La caridad está colocada e n lo más alto p o r el santo
deseo, y p o r eso nadie la p u e d e perjudicar: ni el d e m o -
nio con sus tentaciones, p o r q u e teme al alma q u e a r d e
en el h o r n o d e la caridad; ni las difamaciones e injurias
d e los h o m b r e s . A pesar d e lo q u e el m u n d o las persi-
gue, el m u n d o t e m e estas virtudes.
Ellas p e r m i t e n a mi b o n d a d hacerlos fuertes y g r a n -
des ante mí y ante el m u n d o por haberse e m p e q u e ñ e c i -
d o con la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Bien lo adviertes tú en
mis santos, q u e por mí se a n o n a d a r o n . Los hice g r a n d e s
ante mí, Vida p e r d u r a b l e , y a n t e el c u e r p o místico d e la
santa Iglesia, en q u e se les r e c u e r d a siempre por estar
188 El Diálogo

sus n o m b r e s escritos en mí, q u e soy el libro d e la vida.


De m o d o q u e el m u n d o los reverencia p o r h a b e r d e s -
preciado al m u n d o .
Ellos no ocultan la virtud p o r t e m o r , sino por humil-
d a d , y, si es necesario p a r a servir al prójimo, no la d a n
d e lado p o r t e m o r a los trabajos ni a p e r d e r el propio
consuelo, sino q u e varonilmente la sirven en perjuicio
propio, sin p r e o c u p a r s e d e sí mismos. Emplean su vida y
tiempo en mi h o n o r p o r todos los m o d o s , y se alegran y
e n c u e n t r a n la paz y q u i e t u d d e espíritu.
¿Por qué? P o r q u e no eligen servirme a su m o d o , sino
según el mío. Por ello tiene p a r a ellos tanto peso el tiem-
po d e la tribulación c o m o el del consuelo, tanto la pros-
p e r i d a d c o m o la adversidad. Les es d e tanta importancia
u n a cosa c o m o la otra, p o r q u e en todo ven mi voluntad,
y n o piensan m á s q u e en c o n f o r m a r s e con ella d o n d e
q u i e r a q u e la e n c u e n t r e n .
H a n c o m p r e n d i d o q u e n a d a se hace sin mí, ni sin
misterio y providencia divina, a excepción del pecado,
q u e es la n a d a , y p o r eso o d i a n el p e c a d o y reverencian
todo lo d e m á s . Esta es la razón d e ser tan firmes y per-
severantes e n su camino hacia la verdad y d e q u e n o se
d e s a n i m e n , sino q u e sirvan fielmente a su prójimo, sin
t e n e r en cuenta su ignorancia e ingratitud, ni q u e u n a s
veces el p e c a d o r le injurie y r e p r o c h e sus buenas obras.
A pesar d e t o d o suplican ante mí en la oración, dolién-
dose más d e la ofensa q u e me hace y del perjuicio p a r a
su alma q u e d e la injuria q u e reciben.
Estos dicen con el apóstol San Pablo, mi a b a n d e r a d o :
«El m u n d o nos maldice, y nosotros bendecimos; nos
persigue, y d a m o s gracias; somos arrojados c o m o in-
mundicia y b a s u r a del m u n d o , y lo soportamos pacien-
temente» '.
Ves, queridísima hija, las dulces señales, y especial-
m e n t e la d e la paciencia. Por ella m u e s t r a el alma q u e
se ha elevado d e v e r d a d del a m o r imperfecto y ha con-
seguido el perfecto, siguiendo al dulce e inmaculado
C o r d e r o , mi Hijo unigénito. E s t a n d o El colgado en la
cruz, sostenido p o r los clavos del a m o r , no se volvió
atrás p o r lá frase d e los j u d í o s , q u e gritaban: «¡Baja d e
1
1 Cor 4,13.
La doctrina del puente 189

2
la c r u z y te creeremos!» , c o m o t a m p o c o se volvió atrás,
d e m o d o q u e n o perseverase en la obediencia q u e yo le
había impuesto, sino q u e lo hizo con tanta paciencia,
q u e sus quejas n o significaron recriminación a l g u n a .
Los queridísimos y fidelísimos hijos míos siguen la
d o c t r i n a y ejemplo d e mi V e r d a d . A u n q u e con halagos
q u i e r a el m u n d o volverlos d e su c a m i n o , n o vuelven su
vista p a r a m i r a r al a r a d o , sino ú n i c a m e n t e a lo íntimo
del objeto d e mi V e r d a d . N o q u i e r e n a b a n d o n a r el cam-
po d e lucha p a r a r e g r e s a r a las faldas propias [signo d e
f e m i n i d a d ] q u e d e j a r o n , y con ello a g r a d a r y t e m e r más
a las c r i a t u r a s q u e a mí, su C r e a d o r ; antes bien, se m a n -
tienen en la batalla c o n t r a el deleite llenos y e m b r i a g a -
dos p o r la s a n g r e d e Cristo crucificado. O s h e colocado
d e l a n t e esta s a n g r e , en la t i e n d a d e la c a r i d a d del cuer-
po místico d e la santa Iglesia, p a r a d a r á n i m o s a los q u e
d e v e r d a d q u i e r e n ser caballeros y g u e r r e r o s c o n t r a sus
propios sentidos y la frágil c a r n e , c o n t r a el m u n d o y
c o n t r a el d e m o n i o . D e b e n c o m b a t i r c o n t r a esos e n e m i -
gos con el cuchillo del o d i o y con el a m o r a la virtud.
Este a m o r es u n a r m a q u e los p r o t e g e d e los golpes q u e
p u e d a n llegar a su c a r n e si n o llevan las a r m a s e n c i m a y
el cuchillo en la m a n o . Las e n t r e g a n si las p o n e n e n ma-
nos d e los e n e m i g o s , o sea, si d a n las a r m a s con la m a n o
del libre albedrío, r i n d i é n d o s e v o l u n t a r i a m e n t e a ellos.
N o a c t ú a n así los q u e se hallan e m b r i a g a d o s con la san-
gre, sino q u e p e r s e v e r a n hasta la m u e r t e , en la q u e q u e -
d a n vencidos todos sus e n e m i g o s .
¡Oh virtud gloriosa, c u a n grata m e eres y c ó m o brillas
en el m u n d o a n t e los ojos e n t e n e b r e c i d o s d e los igno-
r a n t e s , q u e n o p u e d e n t o m a r p a r t e en la luz d e mis ser-
vidores! En su o d i o resplandece la clemencia q u e mis
servidores tienen respecto d e su salvación; e n la envidia
refulge la a m p l i t u d d e la c a r i d a d ; e n la c r u e l d a d , la pie-
d a d , p u e s el m u n d o es cruel p a r a con ellos, y, p o r el
c o n t r a r i o , ellos son piadosos; e n la injuria brilla la pa-
ciencia, reina q u e tiene el señorío y g o b i e r n a t o d a vir-
t u d , p o r ser la esencia d e la c a r i d a d . Ella manifiesta las
virtudes del alma: d e m u e s t r a si son virtudes f u n d a d a s
en mí, B o n d a d e t e r n a , o n o . Vence y n u n c a es vencida;

2 M t 27,40-42 y Me 15,32.
190 El Diálogo

se halla a c o m p a ñ a d a d e la fortaleza y d e la perseveran-


cia; vuelve a casa con la victoria; h a b i e n d o ido al campo
d e batalla, vuelve a mí, el Padre e t e r n o , q u e premio sus
trabajos, y d e mí reciben la corona de la gloria.

7 8 [Sobre el cuarto estado, que no está separado del terce-


ro.—Las obras del alma que ha llegado a él.—Dios, por la pre-
sencia constante, nunca se aparta del alrha.l

No quiero dejar a h o r a d e expresarte cuan gratos m e


son estos servidores míos, ya c u a n d o se hallan en cuer-
po mortal, por h a b e r llegado al tercer estado; en ese
mismo a d q u i e r e n el cuarto. Este no se e n c u e n t r a sepa-
r a d o del tercero, sino u n i d o con él, d e m o d o que no
p u e d e darse el u n o sin el otro, igual q u e mi caridad y la
del prójimo, pues es u n fruto del estado tercero, q u e
consiste en la u n i ó n conmigo. En él recibe fortaleza so-
bre fortaleza; n o p o r q u e sufra con paciencia, sino por el
ardiente deseo con q u e quiere sufrir por la gloria y ala-
banza d e mi n o m b r e .
Ellos se glorían en los oprobios d e mi Hijo unigénito
como el glorioso San Pablo, mi heraldo: «Me glorío en
las tribulaciones de Cristo crucificado» '. En otro lugar
dice: «Llevo las señales d e Cristo crucificado en mi cuer-
2
po» . C o m o e n a m o r a d o s de mi a m o r y hambrientos del
alimento q u e son las almas, corren a la mesa d e la cruz
santísima, q u e r i e n d o ser útiles al prójimo y conservar y
adquirir las virtudes llevando las señales d e Cristo en
sus cuerpos con penas y m u c h o sufrir. Esto indica q u e
en su cuerpo brilla el a m o r ardiente, manifestándolo
con el desprecio de sí mismos y con el placer en los
oprobios, sufriendo las penas y trabajos que les envío
por todas partes y d e todas las m a n e r a s .
A estos hijos míos queridísimos, las penas les resultan
deleites, y la fatiga todo consuelo y placer que a veces el
m u n d o les p u e d e proporcionar. P o r q u e no sólo los da el
m u n d o por dispensación mía, sino q u e hasta reciben
consuelo d e mí, el Padre. En su espíritu menosprecian
las ayudas q u e a veces les otorgan los servidores del
1
2 Cor 12,19-20.
2
Gal 6,17.
La doctrina del puente 191

m u n d o , lo m i s m o q u e la r e v e r e n c i a q u e les g u a r d a n im-
pelidos p o r m i d i v i n a b o n d a d . N o m e n o s p r e c i a n el c o n -
s u e l o , el d o n y m i gracia, sino el d e l e i t e q u e halla el
a l m a y el d e s e o d e tal consolación.
Esto o c u r r e e n r a z ó n d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d a d -
q u i r i d a e n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o . Ella, a m a y n o d r i z a
d e la c a r i d a d , es a d q u i r i d a p o r el v e r d a d e r o conoci-
m i e n t o d e mí y d e sí. Ves, p u e s , q u e la v i r t u d r e s p l a n d e -
ce e n sus c u e r p o s y e n su espíritu c o n los signos d e Cris-
to crucificado.
A éstos les es d a d o n o s e n t i r s e s e p a r a d o s d e m í , c o m o
te dije d e los o t r o s , d e los q u e m e a p a r t o y vuelvo; h a -
c i é n d o l o n o e n c u a n t o a la gracia, sino e n c u a n t o a las
p e r c e p c i o n e s sensibles. N o h a g o lo m i s m o c o n los p e r -
fectísimos, los q u e h a n a l c a n z a d o la perfección m á x i m a ,
m u e r t o s t o t a l m e n t e a su v o l u n t a d , sino q u e c o n t i n u a -
m e n t e r e p o s o e n sus a l m a s p o r la gracia y m e dejo s e n t i r
e n ellos. Es decir, q u e c a d a vez q u e p o r a m o r d e s e a n
u n i r s e e n espíritu c o n m i g o , lo p u e d e n h a c e r , p u e s su
d e s e o h a c o n s e g u i d o tal u n i ó n p o r afecto d e a m o r , q u e
n a d a les p u e d e a p a r t a r , sino q u e t o d o l u g a r es a p t o p a r a
h a c e r l o y t o d o t i e m p o es p a r a ellos t i e m p o d e o r a c i ó n .
Su t r a t o está p o r e n c i m a d e la t i e r r a y p u e s t o e n el cielo,
o sea, q u e su afecto t e r r e n o y a m o r sensible les h a sido
e r r a d i c a d o . U n a vez s u b i d o s los tres escalones q u e te
m o s t r é c o m o alegoría e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i -
to, se h a n e l e v a d o a las a l t u r a s celestiales p o r la escala
d e la v i r t u d .
E n el p r i m e r o d e s c a l z a r o n los pies d e l afecto d e l a m o r
al vicio; e n el s e g u n d o p r o b a r o n los secretos y afectos
d e l c o r a z ó n , d o n d e c o n c i b i e r o n la v i r t u d ; e n el t e r c e r o
e x p e r i m e n t a r o n la v i r t u d e n sí m i s m o s y, e l e v á n d o s e del
a m o r i m p e r f e c t o , a d q u i r i e r o n la m á x i m a perfección.
Así h a n e n c o n t r a d o el d e s c a n s o e n la d o c t r i n a d e m i
V e r d a d , y t a m b i é n la c o m i d a y el c a m a r e r o . El m a n j a r
lo s a b o r e a n m e d i a n t e la d o c t r i n a d e C r i s t o c r u c i f i c a d o ,
m i Hijo u n i g é n i t o .
Yo soy p a r a ellos l e c h o y m e s a . El d u l c e y a m o r o s o
V e r b o es su m a n j a r , t a n t o p o r q u e los r e c i b e n d e este
glorioso V e r b o c o m o p o r q u e El es la c o m i d a q u e se os
d a . Su c a r n e y su s a n g r e , Dios y h o m b r e v e r d a d e r o , las
recibís e n el s a c r a m e n t o d e l altar, p r e p a r a d o y d a d o p o r
192 El Diálogo

mi b o n d a d , mientras sois peregrinos y caminantes, p a r a


q u e no desfallezcáis p o r la debilidad y p a r a q u e no per-
dáis la m e m o r i a d e beneficio d e la sangre d e r r a m a d a
p o r vosotros con tan ardiente a m o r , y p a r a q u e siem-
p r e os halléis fuertes y contentos d u r a n t e vuestro cami-
n a r . El Espíritu Santo, esto es, el afecto d e mi caridad,
es el c a m a r e r o q u e r e p a r t e los d o n e s y las gracias.
Este dulce c a m a r e r o trae y lleva: trae y m e ofrece sus
dulces y amorosos deseos y lleva al alma el fruto d e la
caridad divina y de sus trabajos, gustando y alimentándo-
se d e la d u l z u r a d e mi caridad. Por eso, yo soy la mesa;
mi Hijo, la comida, y el Espíritu Santo, q u e procede d e
mí y del Hijo, el servidor.
Advierte, pues, cómo m e sienten c o n t i n u a m e n t e en
su espíritu. C u a n t o más h a n despreciado el deleite y
a m a d o el sufrimiento, más carecen d e él, y por ello en-
c u e n t r a n gozo. ¿Por qué? P o r q u e se hallan encendidos y
a r d i e n d o en mi caridad, en la q u e su voluntad es r e d u -
cida a cenizas. Por eso, el d e m o n i o teme el báculo d e la
caridad, y lanza las flechas d e lejos y no se atreve a acer-
cárseles. El m u n d o golpea la corteza d e su c u e r p o
c r e y e n d o hacerles d a ñ o , y se lo hace a sí mismo; p o r q u e
la flecha q u e no e n c u e n t r a d ó n d e p e n e t r a r , se vuelve
c o n t r a el q u e la arroja. Esto sucede al m u n d o con las
saetas d e sus injurias, persecuciones y m u r m u r a c i o n e s :
c u a n d o las lanza c o n t r a mis perfectísimos servidores, no
e n c u e n t r a lugar alguno por d o n d e hacerlas entrar, por-
q u e está c e r r a d o el h u e r t o d e su alma, y las saetas, enve-
n e n a d a s con la ponzoña del pecado, rebotan contra el
q u e las ha arrojado.
Mira c ó m o por n i n g u n a parte se les p u e d e herir, por-
q u e , hiriendo al c u e r p o , no se hiere al alma. Por el con-
trario, ésta se e n c u e n t r a feliz y a la vez afligida: afligida,
p o r el pecado del prójimo, y feliz, p o r la unión y afecto
d e la caridad q u e ha recibido.
Estos imitan al C o r d e r o inmaculado, mi Hijo unigéni-
to, q u e , estando en la cruz, se hallaba feliz y afligido:
afligido, al soportar la cruz, sufriendo en el cuerpo los
trabajos y el deseo d e satisfacer p o r el pecado del géne-
ro h u m a n o , y feliz p o r q u e la naturaleza divina, u n i d a a
la h u m a n a , n o podía sufrir, y c o n s t a n t e m e n t e hacía feliz
a aquella naturaleza h u m a n a al mostrársele sin velo al-
La doctrina del puente 193

g u n o . Y p o r esto se h a l l a b a feliz y afligido, p u e s la c a r n e


sufría, m i e n t r a s q u e la d i v i n i d a d n o p o d í a p a d e c e r . L o
m i s m o o c u r r e al a l m a e n c u a n t o a la p a r t e s u p e r i o r d e l
entendimiento.
D e ía m i s m a m a n e r a , e s t o s hijos q u e r i d o s , los q u e h a n
l l e g a d o al t e r c e r o y c u a r t o g r a d o s , se e n c u e n t r a n afli-
g i d o s p o r llevar la c r u z t e m p o r a l y espiritual, e s t o es,
s u f r i e n d o t e m p o r a l m e n t e las p e n a s e n su c u e r p o e n la
m e d i d a e n q u e y o lo p e r m i t o ; t a m b i é n la c r u z d e l d e s e o ,
es d e c i r , el t o r t u r a n t e d o l o r p o r el p e c a d o c o n t r a m í y
e n perjuicio d e l p r ó j i m o . R e p i t o q u e s o n felices p o r el
d e l e i t e d e la c a r i d a d , q u e les h a c e b i e n a v e n t u r a d o s y n o
les p u e d e s e r a r r e b a t a d a , p o r lo q u e r e c i b e n a l e g r í a y fe-
licidad. P o r esta r a z ó n n o se l l a m a a e s t e d o l o r « d o l o r
aflictivo», q u e e m p o b r e c e al a l m a , sino « d o l o r a u m e n t a -
tivo», p o r q u e la h a c e c r e c e r e n el afecto d e la c a r i d a d ,
p u e s las p e n a s a u m e n t a n , fortifican, a c r e c i e n t a n y p o -
n e n d e m a n i f i e s t o la v i r t u d .
Así q u e la p e n a es a u m e n t a t i v a y n o aflictiva, ya q u e
n i n g ú n d o l o r ni p e n a la p u e d e n a p a r t a r d e l f u e g o .
C o m o el t i z ó n , c u a n d o se halla h e c h o b r a s a e n el h o r n o ,
n o h a y q u i e n lo p u e d a c o g e r p a r a a p a g a r l o , p o r q u e t o d o
él es f u e g o , así las a l m a s , p u e s t a s e n el h o r n o d e m i cari-
d a d , n o q u e d a n f u e r a d e m í ; n i n g u n a q u e d a c o n su vo-
l u n t a d p r o p i a , sino h e c h a c o m p l e t a m e n t e f u e g o e n m í .
N a d i e las p u e d e a g a r r a r y a p a r t a r l a s d e m i gracia, p o r -
q u e se h a n h e c h o u n a cosa c o n m i g o y yo c o n ellas. N u n -
ca m e a p a r t o d e su p r e s e n c i a , su espíritu m e s i e n t e d e n -
t r o d e sí, m i e n t r a s , c o m o te dije, d e los o t r o s m e a p a r t o
y v u e l v o , d e s a p a r e c i e n d o a su p e r c e p c i ó n , a u n q u e n o e n
c u a n t o a la gracia. E s t o lo h a g o p a r a q u e c o n s i g a n la
p e r f e c c i ó n . L l e g a d o s a ella, a b a n d o n o el j u e g o d e l
a m o r , ese m a r c h a r y v o l v e r q u e se l l a m a «juego d e
a m o r » , p o r q u e p o r a m o r d e s a p a r e z c o y p o r a m o r vuel-
vo. N o soy yo p r e c i s a m e n t e q u i e n d e s a p a r e c e , p u e s soy
i n m u t a b l e , sino la\ p e r c e p c i ó n q u e p o n e m i c a r i d a d e n el
a l m a ; ella es la q u e va y v u e l v e .

7 9 [Dios no se aparta de estos perfectísimos ni por perfec-


ción ni por gracia, pero sí por unión.)
Decía q u e los p r i v a d o s p o r mí d e la p e r c e p c i ó n n u n c a
p i e r d e n m i p r e s e n c i a . E n a l g ú n m o d o , sin e m b a r g o , m e
194 El Diálogo

aparto d e ellos, p o r q u e el alma q u e se halla unida al


cuerpo no es capaz d e recibir d e m o d o p e r m a n e n t e la
unión q u e verifico en ella, y, por no ser apta, me retiro;
no por causa de la percepción o d e la gracia, sino por la
unión. Se elevan las almas con anhelante deseo, corren
con brío por el p u e n t e d e la doctrina d e Cristo crucifica-
d o , alcanzan la p u e r t a por la elevación d e su espíritu ha-
cia mí. Empapadas y embriagadas d e sangre, arden con
fuego d e a m o r y saborean en mí la eterna divinidad,
que en ellas es m a r d e paz, d o n d e han logrado tan per-
fecta unión q u e el espíritu no tiene movimiento alguno
que se halle fuera d e mí. A pesar d e ser mortales, expe-
rimentan los bienes inmortales, y, soportando la pesadez
del cuerpo, reciben la agilidad del espíritu. Por eso, mu-
chas veces el cuerpo es elevado d e la tierra, a causa d e la
unión efectuada conmigo; algo así como si u n c u e r p o
pesado se hiciese volátil.
No por ello pierde su gravedad, sino que la unión q u e
el alma ha hecho conmigo es más completa que la exis-
tente e n t r e el alma y el cuerpo, y por eso la fuerza del
espíritu u n i d o a mí levanta d e la tierra el peso del cuer-
po, y éste q u e d a inmóvil, completamente d e s p r e n d i d o
por el afecto del alma, a la vez q u e , como recordarás ha-
ber oído d e algunas personas, le sería imposible vivir si
mi b o n d a d no lo r o d e a r a d e fortaleza.
Por eso quiero q u e sepas q u e es mayor milagro ver
q u e el alma no se separa del c u e r p o d u r a n t e esta unión,
q u e ver m u c h o s cuerpos resucitados. Y así, yo, por al-
gún tiempo, la privo d e la unión, haciendo volver al
alma al vaso d e su cuerpo; es decir, q u e el cuerpo, total-
m e n t e enajenado por el afecto del alma, recobra su sen-
sibilidad. No es q u e el alma se aparte del cuerpo, lo q u e
n o hace sino por la m u e r t e , sino q u e sus potencias la
a b a n d o n a n , y también el afecto, por el a m o r unido a mí.
Por lo q u e la m e m o r i a no se e n c u e n t r a llena sino d e mí;
el e n t e n d i m i e n t o es sublimado al contemplar mi Ver-
d a d ; la voluntad, q u e sigue al entendimiento, ama y se
u n e a lo que el e n t e n d i m i e n t o ve.
J u n t a s y unidas estas potencias, sumergidas y anega-
das en mí, pierde el cuerpo su sensibilidad, de m o d o
que el ojo, viendo, no ve; la lengua, hablando, no habla;
la m a n o , palpando, no toca, y los pies, c a m i n a n d o , no
La doctrina del puente 195

a v a n z a n . A l g u n a s veces, a c a u s a d e la a b u n d a n c i a d e l
c o r a z ó n , se p e r m i t i r á q u e la l e n g u a h a b l e , p a r a q u e se
d e s a h o g u e el c o r a z ó n y p a r a a l a b a n z a y g l o r i a d e mi
n o m b r e . T o d o s los m i e m b r o s se h a l l a n e n t o r p e c i d o s y
o c u p a d o s p o r el s e n t i m i e n t o d e l a m o r . P o r estos lazos
e s t á n s o m e t i d o s a la r a z ó n y u n i d o s p o r el afecto d e l
a l m a , y casi c o n t r a su n a t u r a l e z a , u n a vez q u e m e p i d e n
a m í , el P a d r e e t e r n o , ser s e p a r a d o s d e l a l m a , y ésta d e l
c u e r p o . C l a m a n a n t e mí c o n el g l o r i o s o San P a b l o :
«¡Desventurado d e mí!; ¿quién m e desligará del cuerpo?
P o r q u e t e n g o u n a ley p e r v e r s a q u e l u c h a c o n t r a el espí-
ritu»
San Pablo n o h a b l a sólo d e la l u c h a d e lo sensible c o n -
t r a el e s p í r i t u , p u e s p o r mis p a l a b r a s se lo h a b í a a s e g u r a -
2
d o c u a n d o le dije: «Pablo, b á s t e t e m i gracia» . ¿ P o r q u é
lo decía? P o r q u e se sentía l i g a d o al vaso d e l c u e r p o , q u e
le i m p e d í a v e r m e p o r u n espacio d e t i e m p o , es d e c i r ,
h a s t a la h o r a d e la m u e r t e . L a vista le i m p e d í a v e r m e a
m í , T r i n i d a d e t e r n a , c o n la visión d e los i n m o r t a l e s bie-
n a v e n t u r a d o s , q u e c o n t i n u a m e n t e d a n gloria y a l a b a n z a
a m i n o m b r e , y se e n c o n t r a b a e n t r e los m o r t a l e s , q u e d e
c o n t i n u o m e o f e n d e n ; p r i v a d o d e m i visión, es d e c i r , d e
v e r m e e n m i esencia.
N o es q u e él y los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o m e v e a n
y g u s t e n , n o e n la esencia, sino d e m o d o s d i v e r s o s , c o n
el afecto d e la c a r i d a d , s e g ú n place a mi b o n d a d p r e s e n -
t a r m e a v o s o t r o s , sino q u e t o d o lo q u e ve el a l m a m i e n -
t r a s está e n el c u e r p o es o s c u r i d a d e n c o m p a r a c i ó n c o n
lo q u e ve c u a n d o está s e p a r a d a d e él. P o r e s t o p a r e c í a a
S a n P a b l o q u e su vista, c o m o s e n t i d o , le i m p e d í a el v e r
del e s p í r i t u , es d e c i r , q u e la e x p e r i e n c i a h u m a n a d e la
p e s a d e z d e l c u e r p o o b s t a c u l i z a b a t a n t o al e n t e n d i m i e n -
to, q u e n o le d e j a b a v e r m e c a r a a c a r a . L e p a r e c í a q u e la
v o l u n t a d h u m a n a se hallaba i m p e d i d a p a r a p o d e r a m a r
t a n t o c o m o d e s e a b a , p u e s t o q u e t o d o a m o r e n esta vida
es i m p e r f e c t o h a s t a q u e c o n s i g u e la p e r f e c c i ó n .
El a m o r d e Pablo y d e los d e m á s s e r v i d o r e s m í o s n o
e r a i m p e r f e c t o e n gracia y c a r i d a d , sino p e r f e c t o . E r a
i m p e r f e c t o e n c u a n t o q u e n o se saciaba e n su a m o r , p o r

1
R o m 7.24 y a l u s i ó n autobiográfica.
2 2 Cor 12,9.
196 El Diálogo

lo cual sufría. Si hubiese estado s a t u r a d o del deseo d e lo


q u e amaba, n o habría tenido pena; p e r o como el amor,
mientras se está en el cuerpo, n o es completo en quien
ama, d e ahí la pena.
U n a vez separada el alma del cuerpo, su deseo se en-
c u e n t r a satisfecho, y por ello a m a sin sufrir. Se encuen-
tra saciada, y no sufre el hastío d e la saciedad. A u n sa-
ciada, tiene h a m b r e , pero no la sufre, p o r q u e su capaci-
d a d receptiva se halla d e verdad d e s b o r d a d a y tan firme
y estable, q u e no p u e d e ya desear cosa q u e no tenga: si
desea verme, m e ve cara a cara; si quisiere ver la gloria
y alabanza d e mi n o m b r e , la ve en mis santos, en los án-
geles y en los h o m b r e s .

80 [Los m u n d a n o s d a n gloria y alabanza a Dios, lo quieran


o no.]

La visión del alma perfecta es tan completa, que ve la


gloria y alabanza d e mi n o m b r e n o sólo en los ciudada-
nos q u e están en la vida eterna, sino también en las cria-
turas mortales. Lo quiera el m u n d o o n o , ellos m e d a n
gloria.
Ciertamente q u e no m e la d a n g r a n d e como debe-
rían, a m á n d o m e sobre todas las cosas; pero, por mi par-
te, yo recibo d e su gloria y alabanza lo q u e en ellos brilla
d e mi misericordia y d e la abundancia d e mi caridad,
pues les concedo tiempo y n o m a n d o a la tierra q u e los
trague, sino q u e espero y o r d e n o que la tierra les dé sus
frutos; el sol, q u e les caliente, la luz y el calor, y q u e el
cielo se siga moviendo. En todas las cosas creadas, he-
chas para vosotros, ejercito mi misericordia y caridad,
no privándoles d e ellas p o r sus pecados, sino que tanto
doy al pecador como al j u s t o . Muchas veces doy más al
pecador, p o r q u e los justos se hallan más dispuestos a su-
frir, y les quito los bienes d e la tierra para darles con
más abundancia los del cielo.
De este m o d o brillan en ellos mi misericordia y mi ca-
ridad; unas veces, en las persecuciones q u e los servido-
res del m u n d o les p r o c u r a r á n , dándoles ocasión para
ejercitar en ellos las virtudes d e la paciencia y d e la cari-
d a d . C u a n d o u n servidor mío sufre, ofrece oraciones
humildes y continuas, y con ello me da gloria y alaba mi
La doctrina del puente 197

n o m b r e . P o r e s o , lo q u i e r a o n o el m a l v a d o , a u n q u e su
móvil sea m á s b i e n i n j u r i a r m e , m e d a gloria, p o r el
m o d o d e r e a c c i o n a r mis s e r v i d o r e s .

81 [Hasta los demonios dan gloria y alabanza a Dios.]

Los m a l o s se h a l l a n e n esta vida p a r a a u m e n t a r la vir-


t u d d e m i s s e r v i d o r e s , al m o d o q u e los d e m o n i o s e s t á n
e n el i n f i e r n o c o m o v e r d u g o s e i n s t r u m e n t o s m í o s , o
sea, e j e r c i e n d o la j u s t i c i a c o n los c o n d e n a d o s y c o m o es-
tímulo p a r a t o d a s las c r i a t u r a s q u e a n d a n y p e r e g r i n a n
p o r e s t a vida, q u e e s t á n h e c h a s p a r a u n i r s e a m í , su fin.
Ellos h a c e n c r e c e r a m i s s e r v i d o r e s e j e r c i t á n d o l o s e n la
v i r t u d c o n m u c h o s trabajos y t e n t a c i o n e s d e diversos
m o d o s : h a c i e n d o q u e se i n j u r i e n u n o s a o t r o s , se r o b e n
u n o s a o t r o s ; y n o sólo p o r m e d i o d e las cosas e injurias,
sino p r i v á n d o l o s d e la c a r i d a d . C r e y e n d o p e r j u d i c a r l e s
c o n ello, los h a c e n f u e r t e s y q u e e n ellos se m a n i f i e s t e n
las v i r t u d e s d e la paciencia, fortaleza y p e r s e v e r a n c i a .
D e e s t e m o d o d a n g l o r i a y a l a b a n z a a m i n o m b r e y se
c u m p l e m i v e r d a d e n los q u e c r e é p a r a gloria y a l a b a n -
za d e m í , P a d r e e t e r n o , y p a r a q u e p a r t i c i p e n d e m i h e r -
m o s u r a . Al r e b e l a r s e los d e m o n i o s c o n t r a m í p o r la so-
b e r b i a , c a y e r o n y f u e r o n p r i v a d o s d e m i visión. N o m e
d a n g l o r i a e n dilección d e a m o r ; p e r o yo, V e r d a d e t e r -
na, los h e d e s t i n a d o a ser i n s t r u m e n t o p a r a ejercitar a
mis s e r v i d o r e s e n la v i r t u d y c o m o v e r d u g o s d e los q u e
p o r sus p e c a d o s van a la e t e r n a c o n d e n a c i ó n , lo m i s m o
q u e d e los q u e v a n al p u r g a t o r i o . Ves, p u e s , q u e m i ver-
d a d se realiza e n ellos, es decir, q u e m e d a n gloria n o
c o m o c i u d a d a n o s d e la v i d a e t e r n a , p u e s se h a l l a n priva-
d o s d e ella p o r sus p e c a d o s , sino c o m o e j e c u t o r e s d e la
justicia, q u e se m a n i f i e s t a c o n los c o n d e n a d o s y c o n los
del purgatorio.

8 2 [Después de haber pasado de esta vida, el alma ve per-


fectamente la gloria y alabanza del nombre de Dios en toda
criatura.—Se le termina el sufrimiento, pero no el deseo.]

¿ Q u i é n ve y p e r c i b e q u e e n t o d o lo c r e a d o , e n los d e -
m o n i o s y e n las c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , se p u e d a c o n t e m -
198 El Diálogo

piar la gloría y alabanza d e mi n o m b r e ? £1 alma despo-


j a d a del c u e r p o y u n i d a a mí, su fin, lo ve con precisión,
y con su m i r a d a conoce la verdad. V i é n d o m e a mí, Pa-
d r e e t e r n o , ama; a m a n d o , q u e d a saciada; ya saciada, co-
noce la verdad; conociendo la verdad, su voluntad se
hace firme en la mía. Así q u e d a a s e g u r a d a y estable d e
tal forma, q u e en n i n g u n a m a n e r a p u e d e sufrir, p o r q u e
tiene lo q u e deseaba t e n e r antes d e v e r m e y d e ver la
gloria y h o n r a d e mi n o m b r e .
Esto lo ve con plenitud en mis santos, e n los espíritus
bienaventurados, en las d e m á s criaturas y en los d e m o -
nios, c o m o te h e dicho. Y, a u n q u e ven ellos las ofensas
q u e m e hacen, p o r las q u e antes sufrían, ahora n o pue-
d e n tener dolor, sino compasión sin dolor, a m a n d o a los
pecadores y suplicándome con afecto d e caridad q u e
haga misericordia al m u n d o .
H a concluido su sufrimiento, p e r o n o su caridad,
c o m o sucedió con el V e r b o d e mi Hijo unigénito en lo
alto d e la cruz. En la dolorosa m u e r t e terminó la pena
1
d e su t o r t u r a d o deseo d e la cruz] pues había sufrido por
vuestra salvación d e s d e el principio, en que le envié al
m u n d o , hasta el último m o m e n t o d e la m u e r t e . Con ella
n o terminó el deseo d e vuestra salvación, p e r o sí los su-
frimientos; p o r q u e , si hubiese cesado el afecto d e mi ca-
ridad q u e os mostré por El, entonces ya no existiríais.
Pero mi a m o r os creó y os conserva. Y como yo soy u n o
con mi V e r d a d , el Verbo e n c a r n a d o , y El conmigo, di
fin al sufrimiento del deseo, p e r o n o al a m o r del deseo.
Observa cómo todos los santos y almas q u e se hallan
e n la vida e t e r n a tienen el deseo d e la salvación d e las
almas, sin sufrimiento. Este concluyó con su m u e r t e ,
p e r o n o el afecto d e la caridad; más bien, como embria-
gados en la sangre del C o r d e r o inmaculado, vestidos
con la caridad p a r a con el prójimo, atravesaron la puer-
ta estrecha. Están bañados en la sangre d e Cristo cruci-
ficado y en mí, Mar d e paz; se vieron elevados d e la im-
perfección y d e la insatisfacción a la perfección y sacia-
dos d e todo bien.
La doctrina del puente 199

83 [ D e s p u é s q u e S a n P a b l o f u e l l e v a d o a v e r la g l o r i a d e los
b i e n a v e n t u r a d o s , d e s e a b a ser l i b e r a d o d e su c u e r p o . — E s t o
o c u r r e t a m b i é n c o n los q u e h a n l l e g a d o a los m e n c i o n a d o s
tercero y cuarto grados. I

San Pablo h a b í a visto y e x p e r i m e n t a d o este bien c u a n -


d o lo elevé al t e r c e r cielo ', es decir, a las a l t u r a s d e la
T r i n i d a d . E n t o n c e s g u s t ó y c o n o c i ó m i V e r d a d . Allí r e -
cibió el Espíritu S a n t o c o n p l e n i t u d y a p r e n d i ó la d o c t r i -
n a d e m i V e r d a d , el V e r b o e n c a r n a d o , y se revistió su
a l m a d e la p e r c e p c i ó n y u n i ó n a m í , P a d r e e t e r n o
— c o m o los b i e n a v e n t u r a d o s d e la vida p e r d u r a b l e — ,
c o n la excepción d e q u e el a l m a n o salió d e l c u e r p o .
O c u r r i ó esto p o r q u e fue d e l a g r a d o d e m i b o n d a d ha-
cerlo vaso d e elección e n el a b i s m o d e m í , T r i n i d a d
e t e r n a . Lo despojé d e mí, p o r q u e e n m í n o c a b e sufri-
m i e n t o , y yo q u e r í a q u e sufriese a c a u s a d e m i n o m b r e .
C o m o finalidad p u s e a n t e los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o
a su Cristo crucificado, r e v i s t i é n d o l e d e su d o c t r i n a , ata-
d o y e n c a d e n a d o c o n la c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o ,
f u e g o d e c a r i d a d . C o m o a vaso e l e g i d o , r e f o r m a d o p o r
mi b o n d a d p o r n o h a c e r resistencia, fue h e r i d o p o r mí,
y m e dijo: «Señor m í o , ¿ q u é q u i e r e s q u e h a g a ? D i m e lo
2
q u e t e n g o q u e h a c e r y lo h a r é » . C u a n d o le p u s e a n t e
los ojos a Cristo crucificado, le instruí, o t o r g á n d o l e la
doctrina de mi Verdad. Iluminado perfectísimamente
p o r la luz d e la v e r d a d e r a c o n t r i c i ó n , f u n d a d a e n m i ca-
r i d a d , c o n la q u e lo rescaté d e su p e c a d o , se vistió d e la
d o c t r i n a d e Cristo c r u c i f i c a d o . El la e s t r e c h ó c o n t r a sí,
d e m o d o q u e , c o m o m a n i f e s t ó , j a m á s le fue a r r e b a t a d a
ni p o r t e n t a c i ó n d e los d e m o n i o s ni p o r el aguijón d e la
c a r n e , q u e m u c h a s veces lo c o m b a t í a . N i las tribulacio-
nes ni p o r c a u s a a l g u n a q u e le o c u r r i e s e a b a n d o n a b a la
3
v e s t i d u r a d e Cristo crucificado , es decir, la p e r s e v e r a n -
cia e n su d o c t r i n a , sino, m á s b i e n , la hacía c a r n e suya.
Mi b o n d a d lo a b a n d o n ó a sí m i s m o p a r a a c r e c e n t a r l o e n
gracia y e n m é r i t o p o r la h u m i l l a c i ó n , p u e s él h a b í a g u s -
t a d o las a l t u r a s d e la T r i n i d a d . A b r a z ó esta d o c t r i n a d e

1 2 Cor 12,2-4.
2
Act 2 2 , 1 0 .
' 2 C o r 12,7.
200 El Diálogo

tal m a n e r a , q u e por ella dio la vida, y con esa vestidura


volvió a mí, Dios eterno.
Así aprendió San Pablo qué es gustar a Dios libre de
la pesadez del cuerpo, haciéndoselo experimentar yo
por la percepción de la unión y no por la separación.
Después, vuelto en sí, vestido de Cristo crucificado, su
amor le parecía imperfecto comparado con la perfección
que había visto en mí y en los santos separados del cuer-
po. Por eso juzgaba que la pesantez del cuerpo se le opo-
nía, esto es, le impedía la gran perfección y saturación
q u e adquiere el alma después de la m u e r t e . Creía que la
memoria, tal como es, era imperfecta, por lo cual se le
impedía el r e c o r d a r y el ser apto para recibirme y gus-
t a r m e de veras con la perfección con q u e me reciben los
santos. Por eso juzgaba que todas las cosas, mientras
permanecieran en su cuerpo, eran u n a inclinación per-
versa que luchaba y se rebelaba contra el espíritu. No
tuvo lucha con el pecado, pues ya te dije cómo se lo ase-
4
guré: «Pablo, te basta mi gracia» , sino la lucha con lo
que le impedía la perfección total de su espíritu, es de-
cir, de verme en mi esencia. Esta visión le era estorbada
por la inclinación y pesantez del cuerpo, y por ello cla-
maba: «¡Hombre desventurado!; ¿quién me desligará de
mi cuerpo?; pues tengo una inclinación perversa pegada
5
a mis miembros q u e lucha contra el espíritu» . Y era la
realidad, pues la memoria era contradicha por la imper-
fección corporal; el entendimiento, obstaculizado y ata-
do por la pesadez del cuerpo para q u e no viera cómo
soy en mi esencia, y la voluntad, a m a r r a d a , pues por el
peso del cuerpo podía con dificultad llegar a a g r a d a r m e
a mí, Dios e t e r n o . Pablo decía verdad: tenía atada al
cuerpo u n a ley que luchaba contra su espíritu.
Igualmente, los servidores míos, de los q u e te dije q u e
habían alcanzado el tercero y cuarto estados de la per-
fecta unión conmigo, claman con él, q u e r i e n d o ser des-
ligados y separados del cuerpo.

4
2 Cor 12,19.
5
Rom 7,24.
La doctrina del puente 201

8 4 (Razones por las que el alma deseaba ser liberada del


cuerpo.—Al no poder ser así, no por eso disiente de la volun-
tad de Dios.—Más bien se gloría en este y en cualquier otro
sufrimiento en honor a Dios.l

Estos tales n o c o n s i d e r a n m a l a a la m u e r t e , p o r q u e
t i e n e n d e s e o s d e ella. H a n c o m b a t i d o a su c u e r p o c o n
a b o r r e c i m i e n t o p e r f e c t o , p o r lo q u e h a n p e r d i d o la sua-
v i d a d e x i s t e n t e e n t r e él y el a l m a . H a n d a d o u n a t a q u e
decisivo al a m o r n a t u r a l , c o n a b o r r e c i m i e n t o d e la vida
c o r p o r a l y c o n a m o r a m í . D e s e a n la m u e r t e , y p o r ello
d i c e n : « ¿ Q u i é n m e d e s l i g a r á d e mi c u e r p o ? D e s e o ser
l
d e s l i g a d o d e l c u e r p o y e s t a r c o n Cristo» . Y c o n el m i s -
m o P a b l o a ñ a d e n : « T e n g o la m u e r t e e n el d e s e o y llevo
la vida c o n paciencia»; p o r q u e , e l e v a d a el a l m a a la p e r -
fecta u n i ó n , d e s e a c o n t e m p l a r m e y v e r q u e se m e d a
gloria y a l a b a n z a . P o r eso, al volver a la n u b e d e su
c u e r p o , al t e n e r c o n c i e n c i a d e él, yo m e s e p a r o d e l a l m a ;
p e r o sin r e t i r a r l e m i g r a c i a ni la s e n s a c i ó n d e m i p r e s e n -
cia, c o m o te dije e n el s e g u n d o y t e r c e r e s t a d o s . La p e r -
c e p c i ó n e n el c u e r p o a t r a í d o hacia m í se d e b e al afecto
d e l a m o r , p u e s t o d a s las sensaciones d e l c u e r p o p r o c e -
d e n d e la fuerza d e l afecto d e l a l m a , u n i d a a mí m á s
p e r f e c t a m e n t e q u e lo e s t á n él y el a l m a . Ya te dije q u e el
c u e r p o n o es capaz d e s o p o r t a r d e c o n t i n u o la u n i ó n d e
Dios y el a l m a , r a z ó n p o r la q u e la i n t e r r u m p o . P e r o
s i e m p r e vuelvo c o n m á s a b u n d a n c i a d e g r a c i a y m á s
p e r f e c t a u n i ó n , m á s p r o f u n d i d a d e n la v e r d a d y m á s co-
n o c i m i e n t o e n el a l m a m a n i f e s t á n d o m e a ellos. C u a n d o
m e r e t i r o d e la m a n e r a d i c h a , vuelve el c u e r p o a sentir-
se a sí m i s m o . El a l m a se c a n s a d e vivir al v e r d e s a p a r e -
c i d a su u n i ó n c o n m i g o , y c o m o cesa el t r a t o c o n los in-
m o r t a l e s q u e m e d a n g l o r i a , se e n c u e n t r a c o n los m o r t a -
les, a q u i e n e s ve o f e n d e r m e t a n m i s e r a b l e m e n t e .
Este es el a t o r m e n t a d o d e s e o q u e s u f r e n : el v e r m e
o f e n d i d o p o r m i s c r i a t u r a s . P o r e s t o y p o r el ansia d e
v e r m e se h a h e c h o u n a cosa c o n m i g o p o r el afecto d e
a m o r , n o p u e d e n q u e r e r ni d e s e a r s i n o lo q u e yo q u i e -
r o . A n s i a n v e n i r a m í ; p e r o , si q u i e r o q u e p e r m a n e z c a n
c o n sus trabajos p a r a m a y o r gloria y a l a b a n z a d e mi
1
Flp 1,13.
202 El Diálogo

n o m b r e y salvación d e l a l m a , e s t á n c o n t e n t o s d e p e r m a -
n e c e r e n el m u n d o .
E n n a d a d i s c u e r d a n d e m i v o l u n t a d , sino q u e c o r r e n
c o n a n h e l a n t e d e s e o , vestidos d e Cristo crucificado, p o r
el p u e n t e d e su d o c t r i n a , g l o r i á n d o s e e n los o p r o b i o s y
p e n a s . Se a l e g r a n t a n t o c o m o v e n q u e s u f r e n ; es m á s ,
sufrir m u c h a s t r i b u l a c i o n e s les es u n alivio e n el d e s e o
d e la m u e r t e , ya q u e m u c h a s veces, p o r ansia y v o l u n t a d
d e sufrir, se m i t i g a la p e n a q u e t i e n e n d e verse libres
del cuerpo.
N o sólo o b r a n c o n paciencia, c o m o e n el t e r c e r esta-
d o , sino q u e se g l o r í a n d e p a d e c e r p o r m i n o m b r e m u -
c h a s t r i b u l a c i o n e s . E n p a d e c e r e n c u e n t r a n gozo, y p e n a
e n n o t e n e r l a s , p o r t e m o r a q u e n o q u i e r a yo g a l a r d o -
n a r las b u e n a s d e esta v i d a y q u e n o m e sea a g r a d a b l e el
sacrificio d e sus d e s e o s . S u f r i e n d o , se a l e g r a n d e q u e yo
p e r m i t a sus t r i b u l a c i o n e s , p o r verse revestidas d e las p e -
nas y o p r o b i o s d e C r i s t o crucificado. P o r lo q u e , si les
fuese posible la v i r t u d sin trabajos, n o la q u e r í a n , p u e s
d e s e a n m á s a l e g r a r s e e n la c r u z d e Cristo y a d q u i r i r las
v i r t u d e s c o n s u f r i m i e n t o q u e o b t e n e r la vida e t e r n a d e
otro modo.
¿Y p o r q u é ? P o r q u e se hallan i n m e r s o s y a n e g a d o s e n
la s a n g r e , d o n d e e n c u e n t r a n m i a r d i e n t e c a r i d a d . Esta
es f u e g o q u e p r o c e d e d e m í , q u e a r r o b a su c o r a z ó n y su
m u e r t e , a c e p t a n d o el sacrificio d e sus d e s e o s . Así se ele-
va el e n t e n d i m i e n t o , m i r á n d o s e e n m i d i v i n i d a d , e n la
q u e se a l i m e n t a y u n e el afecto, d e j a n d o a t r á s el e n t e n -
d i m i e n t o . Esta visión se e f e c t ú a p o r m e d i o d e la gracia
infusa q u e d o y al a l m a q u e d e veras m e a m a y m e sirve.

85 [ L o s q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o u n i t i v o t i e n e n i l u m i n a d a
la i n t e l i g e n c i a p o r u n a l u z s o b r e n a t u r a l i n f u n d i d a p o r la g r a -
c i a . — E s m e j o r q u e el a l m a se a c o n s e j e d e u n h u m i l d e d e s a n -
ta c o n c i e n c i a q u e d e u n s a b i o s o b e r b i o . I

C o n esta luz e n el e n t e n d i m i e n t o m e vio T o m á s d e


A q u i n o ; c o n ella, San A g u s t í n a d q u i r i ó la c l a r i d a d d e su
ciencia. A g u s t í n , J e r ó n i m o y o t r o s santos d o c t o r e s , ilu-
minados p o r mi Verdad, entendieron y conocieron mi
v e r d a d e n la o s c u r i d a d , es decir, e n la santa E s c r i t u r a .
Les p a r e c í a o s c u r a p o r n o ser c o m p r e n s i b l e d e m o d o
La doctrina del puente 203

n a t u r a l ; n o p o r d e f e c t o d e la E s c r i t u r a , sino d e l q u e la
i n t e n t a b a c o m p r e n d e r . P o r eso e n v i é yo estas l u m b r e r a s
q u e i l u m i n a r a n a las ciegas y t o r p e s inteligencias. Esos
d o c t o r e s e l e v a b a n el e n t e n d i m i e n t o p a r a c o n o c e r la ver-
d a d e n las tinieblas, y y o , f u e g o , a c e p t a n d o su sacrificio,
les a r r o b a b a , d á n d o l e s luz n o n a t u r a l , sino s o b r e n a t u r a l ,
y r e c i b í a n e n la o s c u r i d a d la luz, y así c o n o c í a n la v e r -
dad.
P o r e s o , lo q u e p a r e c í a o s c u r o , a p a r e c e a h o r a c o n luz
clarísima, ya a los t o r p e s , ya a los inteligentes. C a d a u n o
r e c i b e esa luz s e g ú n su c a p a c i d a d y s e g ú n se q u i e r a c a d a
u n o p r e p a r a r p a r a c o n o c e r m e , p o r q u e yo n o m e n o s p r e -
cio su disposición. Ves, p u e s , q u e el e n t e n d i m i e n t o h a
r e c i b i d o la luz infusa p o r m e d i o d e la gracia, luz s o b r e -
n a t u r a l p o r la q u e los d o c t o r e s y d e m á s s a n t o s v i e r o n la
luz e n las tinieblas, y d e éstas se hizo luz, p u e s la inteli-
g e n c i a existió a n t e s q u e la E s c r i t u r a , y d e la inteligencia
v i e n e la ciencia, el v e r y el d i s c e r n i r .
D e este m o d o d i s t i n g u i e r o n y v i e r o n c o n precisión los
s a n t o s p a d r e s y los p r o f e t a s q u e p r e d i j e r o n la v e n i d a y
m u e r t e d e m i Hijo. L a m i s m a precisión p o s e y e r o n los
apóstoles d e s p u é s d e la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e
a ñ a d i ó esta luz a su luz n a t u r a l . La t u v i e r o n los e v a n g e -
listas, los d o c t o r e s , los q u e c o n f e s a r o n la fe, las v í r g e n e s
y los m á r t i r e s . T o d o s f u e r o n i l u m i n a d o s p o r esta luz
p e r f e c t a . C a d a u n o la t u v o d e m o d o d i s t i n t o , s e g ú n fue-
r a n e c e s a r i a p a r a su salvación y p a r a las c r i a t u r a s . E n
c u a n t o a la explicación d e la s a n t a E s c r i t u r a , la h i c i e r o n
los d o c t o r e s p o r la ciencia, e x p l a n a n d o la d o c t r i n a d e m i
V e r d a d p o r la p r e d i c a c i ó n d e los apóstoles y las exposi-
ciones e x i s t e n t e s s o b r e los evangelios. Los m á r t i r e s lo
h i c i e r o n d a n d o t e s t i m o n i o c o n su s a n g r e d e la luz santí-
s i m a d e la fe y d e l f r u t o y t e s o r o d e la s a n g r e d e l C o r d e -
r o . Las v í r g e n e s , c o n el afecto d e la c a r i d a d , la p u r e z a y
o b e d i e n c i a . Los o b e d i e n t e s d a n t e s t i m o n i o d e la o b e -
d i e n c i a d e l V e r b o , es decir, d e la p e r f e c c i ó n d e la o b e -
d i e n c i a q u e brilla e n m i V e r d a d , ya q u e p o r la o b e d i e n -
cia q u e le i m p u s e c o r r i ó a la a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z .
T o d a esta luz q u e a p a r e c e e n el A n t i g u o y N u e v o
T e s t a m e n t o — e n el A n t i g u o p o r las profecías d e los
s a n t o s p r o f e t a s — fue vista y r e c o n o c i d a p o r el e n t e n d í -
204 El Diálogo

miento p o r m e d i o d e la luz infundida por gracia, añadi-


d a a la luz n a t u r a l , c o m o te he dicho.
¿Cómo es explicada a los fieles cristianos en el N u e v o
T e s t a m e n t o , el d e la vida evangélica? Por la misma luz.
Y c o m o tenían el mismo origen ambos T e s t a m e n t o s , la
nueva ley -no q u e b r a n t ó la antigua, sino q u e se u n i ó a
ella; le quitó, sin e m b a r g o , la imperfección, pues la anti-
gua se fundaba ^ólo e n el temor.
Al llegar el V e r b o d e mi Hijo unigénito con la ley del
a m o r , q u i t a d o el t e m o r d e la p e n a , la perfeccionó d á n -
dole el a m o r y dejándole el t e m o r santo. Mi V e r d a d ,
p a r a d e m o s t r a r q u e no era transgresor de la ley, dijo a
los discípulos: «Yo no he venido a a n u l a r la ley, sino a
darle cumplimiento» '; c o m o si mi V e r d a d les dijese:
«La ley, a h o r a imperfecta, la h a r é perfecta con mi san-
gre, y así d a r é cumplimiento a lo q u e le falta, e c h a n d o
fuera el t e m o r d e la pena y f u n d á n d o l a e n el a m o r y
santo temor».
¿Quién declaró q u e ella era la verdad? La luz, q u e ,
d a d a p o r la gracia, se a ñ a d e a la luz n a t u r a l d e los q u e
la q u i e r e n recibir; d e m o d o q u e t o d a la luz de la santa
Escritura p r o c e d e y ha salido d e esta luz. Por ello, los ig-
n o r a n t e s y soberbios científicos se ciegan a n t e esta luz,
p o r q u e la soberbia y la n u b e del a m o r propio ha tapado
e impedido t o d a esta luz. Así e n t i e n d e n la Escritura más
literalmente q u e con la v e r d a d e r a inteligencia, y, revol-
viendo libros, se complacen sólo e n la letra y no e n la
m é d u l a d e la Escritura, pues p r e s c i n d e n d e la luz con
q u e fue d e c l a r a d a y f o r m a d a . Estos se maravillan y
m u r m u r a n al ver q u e m u c h o s torpes, desconocedores
d e la ciencia escriturística, están, sin e m b a r g o , tan ilumi-
nados en el conocimiento d e la verdad c o m o si h u b i e r a n
estudiado largo tiempo. N o es d e a d m i r a r , p o r q u e tie-
n e n c o m o razón más i m p o r t a n t e la luz d e q u e proviene
la ciencia. Los soberbios han p e r d i d o esta luz; n o ven ni
conocen mi b o n d a d , ni la luz d e la gracia infundida e n
mis servidores.
T e aseguro q u e es más fácil a u n h u m i l d e ignorante,
con santa y recta conciencia, c a m i n a r siguiendo el con-
sejo d e la salvación del alma, q u e a u n letrado soberbio,

1
Mt 5,17.
La doctrina del puente 205

e s t u d i a n t e e n m u c h a ciencia; p o r q u e éste n o d a sino lo


q u e lleva e n sí —vida d e o s c u r i d a d — , y m u c h a s veces la
luz d e la S a g r a d a Escritura le e m p u j a r á a las tinieblas.
L o c o n t r a r i o se verá en mis servidores, p u e s la luz q u e
poseen la c o m u n i c a n a las criaturas con h a m b r e y d e s e o
d e su salvación.
T e h e d i c h o esto, dulcísima hija mía, p a r a h a c e r t e co-
n o c e r la perfección d e este e s t a d o unitivo, d o n d e el en-
t e n d i m i e n t o es a r r e b a t a d o p o r el fuego d e mi c a r i d a d ,
d e la q u e reciben la luz s o b r e n a t u r a l . C o n ella m e a m a n ,
p o r q u e el a m o r sigue al c o n o c i m i e n t o , y c u a n t o m á s sé
conoce, m á s se a m a , y m á s se c o n o c e ; así, u n o a y u d a a
lo o t r o . C o n esta luz llegan a mi e t e r n a visión, e n la q u e
m e c o n t e m p l a n y gustan d e veras c u a n d o el a l m a está
s e p a r a d a del c u e r p o , c o m o te dije al h a b l a r t e d e la bie-
n a v e n t u r a n z a q u e el a l m a recibe d e mí.
Este es aquel estado excelentísimo e n q u e , siendo a ú n
m o r t a l , se goza e n t r e los inmortales. Por lo q u e a veces
se llega a t a n g r a n u n i ó n , q u e a p e n a s se sabe si está en
el c u e r p o o fuera d e él, y e n ese estado gozan las p r i m i -
cias d e la vida e t e r n a t a n t o p o r la u n i ó n c o n m i g o c o m o
p o r q u e la voluntad ha m u e r t o a sí m i s m a . Por esta
m u e r t e hizo la u n i ó n c o n m i g o , p u e s d e o t r o m o d o n o la
podría lograr.
P o r t a n t o , gozan u n a vida e t e r n a privados del infier-
n o d e la v o l u n t a d propia, q u e o t o r g a las primicias del
infierno al h o m b r e q u e vive e n la v o l u n t a d sensitiva.

RECAPITULACIÓN DE LA DOCTRINA DEL


PUENTE

8 6 [Repetición útil de muchas cosas ya dichas.—Dios invi-


ta a esta alma devota a que le pida por todas las criaturas y
por la santa Iglesia.!

C o n los ojos del e n t e n d i m i e n t o has visto y o í d o d e mí,


V e r d a d e t e r n a , c ó m o d e b e s aplicarte a ser d e p r o v e c h o
p a r a ti m i s m a y p a r a tu prójimo p o r el c o n o c i m i e n t o d e
mi d o c t r i n a y d e mi v e r d a d , c o m o te dije al principio:
q u e al c o n o c i m i e n t o d e la v e r d a d se llega p o r el d e sí
misma; n o p o r m e r o c o n o c i m i e n t o d e sí, sino s a z o n a d o
206 El Diálogo

y u n i d o p o r el c o n o c i m i e n t o d e mí d e n t r o de ti. E n él
has e n c o n t r a d o la h u m i l d a d , el aborrecimiento y desa-
g r a d o d e ti m i s m a y el fuego d e mi caridad. En razón
del conocimiento q u e tuviste d e mí d e n t r o d e ti, llegaste
al a m o r y dilección del prójimo, siéndole d e utilidad con
la d o c t r i n a y con el ejemplo d e u n a vida santa y honesta.
T e h e m o s t r a d o t a m b i é n el p u e n t e tal c o m o es y los
tres escalones c o m u n e s colocados p o r las tres potencias
d e l alma, y c ó m o n a d i e p u e d e t e n e r la vida d e la gracia
si n o sube los tres, es decir, q u e los tres, las tres poten-
cias del alma, h a n d e estar j u n t o s . T e los m o s t r é , a d e -
m á s , e n particular p o r m e d i o d e los tres estados del
alma, figurados e n el c u e r p o d e mi Hijo u n i g é n i t o . T e
dije q u e d e su c u e r p o había h e c h o escalera, m o s t r á n d o -
lo e n los pies traspasados, e n la a b e r t u r a del costado y
e n la boca, d o n d e el alma saborea la paz y q u i e t u d del
m o d o q u e te h e explicado.
T e he m o s t r a d o la imperfección del t e m o r servil y la
del a m o r c u a n d o se a m a b u s c a n d o sólo la d u l z u r a ;
igualmente,, la perfección d e l tercer estado, la d e los q u e
h a n alcanzado la paz e n la boca, h a b i e n d o corrido con
anheloso d e s e o p o r el p u e n t e d e Cristo crucificado y su-
bido los tres p e l d a ñ o s c o m u n e s , es decir, d e s p u é s d e ha-
b e r puesto las tres potencias del alma j u n t a s , e n las q u e
se u n e n sus operaciones e n mi n o m b r e , c o m o arriba te
expliqué m á s c l a r a m e n t e . T e m o s t r é también los tres
p e l d a ñ o s c o m u n e s , q u e , u n a vez subidos, hacen pasar
del estado imperfecto al perfecto. Así has visto c o r r e r d e
veras, y te h e h e c h o g u s t a r la perfección del alma c o n el
o r n a t o d e las virtudes, y has e n t e n d i d o los e n g a ñ o s q u e
sufre antes d e alcanzar su perfección si n o o c u p a su
tiempo e n el conocimiento d e sí y d e mí.
Asimismo, te h e d e c l a r a d o la miseria d e los q u e van a
h u n d i r s e p o r el río p o r n o t o m a r el p u e n t e d e la doctri-
n a d e mi v e r d a d , el q u e p u s e p a r a q u e n o os ahogarais.
P e r o ellos, c o m o locos, h a n q u e r i d o h u n d i r s e e n las mi-
serias y pestilencias del m u n d o .
T o d o esto te lo h e d e c l a r a d o p a r a hacer crecer e n ti el
a r d o r d e santo d e s e o y la c o m p a s i ó n y d o l o r p o r la con-
d e n a c i ó n d e las almas, p a r a q u e el d o l o r y el t e m o r te
obliguen a a b r a z a r m e e n t r e lágrimas y s u d o r e s . Me r e -
fiero a las lágrimas d e la h u m i l d e y p e r s e v e r a n t e o r a -
La doctrina del puente 207

ción ofrecidas a mí con a r d e n t í s i m o fuego d e d e s e o . N o


sólo lo he h e c h o p o r ti, sino p o r m u c h a s o t r a s p e r s o n a s
y servidores míos, q u e al oírlo se verán obligadas p o r mi
c a r i d a d a o r a r y p r e s i o n a r sobre mí p a r a q u e c o n c e d a
misericordia al m u n d o y al c u e r p o místico d e la santa
Iglesia, p o r la q u e t a n t o intercedes.
P o r q u e ya te dije, si bien lo r e c u e r d a s , q u e satisfaría
vuestros deseos d á n d o o s alivio en los trabajos, es decir,
c u m p l i e n d o vuestros dolorosos deseos, c o n c e d i e n d o la
r e f o r m a d e la santa Iglesia y b u e n o s y santos pastores;
n o con la g u e r r a ni con el cuchillo y c r u e l d a d , sino con
paz y q u i e t u d , con las lágrimas y s u d o r e s d e mis servi-
d o r e s . A vosotros os h e p u e s t o c o m o trabajadores d e
vuestras almas y d e las d e vuestro prójimo e n el c u e r p o
místico d e la santa Iglesia. Cultivad la virtud e n voso-
tros, e n el p r ó j i m o y e n la santa Iglesia con el ejemplo
d e la d o c t r i n a y c o n t i n u a d a oración dirigida a mí p o r
ella y p o r t o d a criatura, h a c i e n d o q u e la virtud nazca en
el prójimo, p u e s ya te dije q u e t o d a virtud y t o d o defec-
to se a u m e n t a n p o r m e d i o d e él, y p o r eso q u i e r o q u e le
seáis útiles, y así daréis d e los frutos d e vuestra viña.
N o dejéis d e o f r e c e r m e el lloroso incienso d e las o r a -
ciones p o r la salvación d e las almas, p u e s q u i e r o o t o r g a r
misericordia al m u n d o y lavar la c a r a d e mi esposa, esto
es, la santa Iglesia, con las oraciones, s u d o r e s y lágri-
m a s . Ya te la m o s t r é en forma d e doncella, con su cara
sucia y casi leprosa. Esto sucede p o r los p e c a d o s d e los
ministros y d e t o d a la c o m u n i d a d cristiana, los cuales to-
d o s se a l i m e n t a n a los pechos d e mi esposa.

PETICIÓN DE MAYOR CONOCIMIENTO

87 [Esta a l m a d e v o t a p i d e c o n o c e r las clases d e l á g r i m a s y


sus frutos.]

Entonces', aquel alma, a n g u s t i a d a p o r u n g r a n d í s i m o


deseo, se elevó c o m o e m b r i a g a d a tanto p o r la u n i ó n q u e
había h e c h o con Dios c o m o por lo q u e había oído y ex-
p e r i m e n t a d o d e la p r i m e r a y dulce V e r d a d , t r a n s i d a d e
d o l o r p o r ignorancia d e las criaturas, q u e no reconocen
a su b i e n h e c h o r , y p o r el afecto d e la c a r i d a d d e Dios.
208 El Diálogo

Levantó los ojos del e n t e n d i m i e n t o hacia la dulce Ver-


d a d a q u e se hallaba u n i d a y quiso saber algo acerca d e
los sobredichos estados del alma d e q u e Dios le había
h a b l a d o . Al ver q u e el alma llega a esos estados con lá-
grimas, quiso saber d e la V e r d a d la diferencia q u e exis-
te e n t r e ellas, c ó m o se consiguen y cuáles son sus causas.
Sentía alegría, c o n f i a n d o en la p r o m e s a q u e la V e r d a d
d e Dios le había h e c h o d e e n s e ñ a r l e el m o d o q u e ella y
los otros servidores míos debían usar p a r a conseguir
q u e El hiciese misericordia. P o r q u e el conocimiento d e
la v e r d a d n o se p u e d e o b t e n e r sino d e la misma Ver-
d a d . N a d a se conoce en la v e r d a d q u e n o se vea e n los
ojos del e n t e n d i m i e n t o . Sin e m b a r g o , es d e necesidad a
q u i e n la q u i e r e alcanzar q u e se eleve con el deseo d e co-
n o c e r p o r la luz d e la fe, a b r i e n d o los ojos del e n t e n d i -
m i e n t o con la pupila d e la fe, p o n i é n d o l o en el objeto d e
la v e r d a d .
Esto le había v e n i d o sólo del espíritu d e la doctrina
q u e le e n s e ñ ó la V e r d a d , es decir, d e Dios, p u e s p o r
o t r o m e d i o n o p o d r í a saber lo q u e deseaba acerca d e los
estados y d e los frutos d e las lágrimas. Después d e ha-
berlo conocido, se elevó sobre sí m i s m a con ardentísimo
deseo, y con la luz d e la fe viva o r i e n t ó su e n t e n d i m i e n -
to a la V e r d a d e t e r n a . E n ella conoció y vio la v e r d a d
q u e d e El d i m a n a b a p o r la manifestación del m i s m o
Dios, es decir, q u e , p o r su b e n i g n i d a d y c o n d e s c e n d e n -
cia con el a n h e l a n t e deseo d e aquel alma, le satisfacía su
petición.

Catalina atormentada por los


demonios.
LA D O C T R I N A D E LAS L A G R I M A S

[División de las lágrimas. —Su origen. —Lágrimas de vida. —Su va-


lor. —Lágrimas de fuego. —El santo deseo: fuente vital de las lágri-
mas. —5 us frutos de vida. \

88 [Cinco clases de lágrimas.)

E n t o n c e s dijo la d u l c e y p r i m e r a V e r d a d d e Dios:
¡Oh dilectísima y q u e r i d í s i m a hija! M e pides sa-
b e r las causas d e las lágrimas, y yo n o m e n o s p r e c i o tu
d e s e o . A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o , y te m o s t r a r é ,
p o r m e d i o d e los estados d e l a l m a q u e te h e r e f e r i d o , las
lágrimas imperfectas, f u n d a d a s e n el t e m o r .
P r i m e r a m e n t e , las l á g r i m a s d e los h o m b r e s m a l v a d o s
del m u n d o son l á g r i m a s d e c o n d e n a c i ó n .
Las s e g u n d a s son las del t e m o r , las d e los q u e se le-
v a n t a n del p e c a d o p o r t e m o r a la p e n a , y p o r t e m o r llo-
ran.
Las t e r c e r a s son las d e aquellos q u e , l e v a n t a d o s del
p e c a d o , c o m i e n z a n a t e n e r g u s t o e n mí, y lloran con
d u l z u r a y c o m i e n z a n a s e r v i r m e ; p e r o c o m o el a m o r es
i m p e r f e c t o , p o r eso lo es el llanto, c o m o te d i r é .
Él c u a r t o e s t a d o es el d e q u i e n e s h a n a l c a n z a d o la
perfección e n la c a r i d a d con el p r ó j i m o , a m á n d o m e sin
n i n g ú n interés p r o p i o ; éstos lloran, y su llanto es p e r -
fecto.
El q u i n t o , q u e se halla u n i d o al c u a r t o , es el d e las lá-
g r i m a s d e d u l z u r a , d e r r a m a d a s c o n g r a n s u a v i d a d , tal
c o m o abajo te d i r é p o r e x t e n s o .
T e h a b l a r é t a m b i é n d e las lágrimas d e f u e g o , sin lá-
g r i m a s d e los ojos, p a r a c o n s o l a r a los q u e m u c h a s veces
d e s e a n las lágrimas y n o las p u e d e n t e n e r .
Q u i e r o q u e sepas q u e todas estas diversas situaciones
p u e d e n d a r s e e n el a l m a , e l e v á n d o s e d e l t e m o r y del
a m o r imperfecto p a r a alcanzar la c a r i d a d perfecta y el
e s t a d o unitivo.
A h o r a te c o m i e n z o a h a b l a r d e estas l á g r i m a s .
210 El Diálogo

89 [ D i f e r e n c i a d e las l á g r i m a s , r e f i r i é n d o l a s a d o s e s t a d o s
del alma.l

Q u i e r o q u e sepas q u e toda lágrima procede del cora-


zón, pues no hay m i e m b r o en el cuerpo que tanto quie-
r a d a r gusto al corazón como los ojos. Si tiene dolor, los
ojos lo manifiestan. Si el dolor tiene origen en los senti-
dos, d e r r a m a n lágrimas q u e e n g e n d r a n la m u e r t e , p o r
p r o c e d e r d e u n corazón q u e a m a d e s o r d e n a d a m e n t e ,
sin tener relación conmigo. Por ser d e s o r d e n a d o , con
ofensa a mí, recibe el dolor y las lágrimas d e m u e r t e . La
gravedad d e la culpa y del llanto es mayor en relación
con lo d e s o r d e n a d o del a m o r . Ellos son aquellos prime-
ros q u e tienen lágrimas d e m u e r t e , d e q u e te hablé y te
hablaré '.
Fíjate ahora en las lágrimas que comienzan a dar vida, es
decir, d e los q u e , reconociendo sus culpas, comienzan a
llorar p o r t e m o r a la pena. Son las del corazón y d e los
sentidos, es decir, q u e no siendo a ú n perfectísimo el
aborrecimiento d e la culpa cometida por la ofensa a mí,
p r o c e d e n del dolor del corazón p o r la pena q u e sigue al
pecado cometido, y p o r eso los ojos lloran, pues quieren
d a r satisfacción a ese dolor del corazón.
Si el alma se ejercita en la virtud, comienza a p e r d e r
el temor, p o r q u e conoce q u e el solo t e m o r no es sufi-
ciente p a r a darle vida eterna, tal c o m o sucede en el se-
g u n d o estado del alma, d e q u e te hablé. Por eso se le-
vanta con a m o r a conocerse a sí misma y a mi b o n d a d
manifestada en ella. El corazón siente alegría en esa
consideración, mezclándose el d o l o r d e la culpa con la
esperanza d e mi divina misericordia.
C o m i e n z a n entonces los ojos a llorar, saliendo las lá-
grimas de la fuente del corazón, p o r q u e a ú n no ha al-
canzado la g r a n perfección, ya q u e d e r r a m a m u c h a s ve-
ces lágrimas según los sentidos. Si m e preguntas por
q u é , te r e s p o n d o : p o r causa d e la raíz del a m o r a sí mis-
m o , no p o r causa de su a m o r sensitivo, del q u e se h a

1
P r i m e r a m e n t e habla d e las lágrimas de vida; d e s p u é s , d e las lágri-
mas de muerte. Si se p r e s c i n d e del capítulo 88, evitará el lector la confu-
sión y alteración d e n ú m e r o s q u e se a d v i e r t e n e n el texto. Este capí-
tulo 88 n o es del estilo d e Catalina, sino d e u n a p e r s o n a s letrada.
La doctrina de las lágrimas 211

a p a r t a d o , c o m o se ha d i c h o . Se trata d e u n a m o r espiri-
tual. Por él apetece el a l m a los consuelos espirituales e n
sí, d e los q u e te hablé p o r e x t e n s o , o d e los espirituales
e n relación con a l g u n a c r i a t u r a a m a d a con a m o r espiri-
tual. C u a n d o el a l m a es p r i v a d a d e lo q u e a m a , es decir,
d e los consuelos interiores o e x t e r i o r e s — i n t e r i o r e s p a r a
el c o n s u e l o q u e tenía p o r m e d i o d e aquella c r i a t u r a — , si
le sobreviniesen tentaciones o p e r s e c u c i o n e s d e los h o m -
bres, el c o r a z ó n se d o l e r á . Bien p r o n t o los ojos, q u e sien-
ten la p e n a del c o r a z ó n y el d o l o r , c o m i e n z a n a llorar
con t i e r n o y compasivo llanto p a r a consigo m i s m a , con
c o m p a s i ó n d e a m o r p r o p i o espiritual, p o r q u e la volun-
tad p r o p i a a ú n n o se halla p i s o t e a d a y c o m p l e t a m e n t e
a h o g a d a . Por esta r a z ó n d e r r a m a l á g r i m a s sensitivas,
esto es, d e pasión espiritual.
P e r o , si crece y se ejercita e n ella la luz del conoci-
m i e n t o d e sí, concibe a b o r r e c i m i e n t o d e sí m i s m a , d e
d o n d e o b t i e n e el c o n o c i m i e n t o d e mi b o n d a d con ar-
d i e n t e a m o r y c o m i e n z a a u n i r s e y acoplar su v o l u n t a d a
la mía. Así empieza a sentir alegría y c o m p a s i ó n : alegría
e n sí m i s m a , p o r m e d i o del afecto del a m o r , y c o m p a -
sión hacia el prójimo, tal c o m o te conté en el tercer estado.
Pronto los ojos q u e quieren d a r gusto al corazón, gimen
p o r a m o r a mí y al p r ó j i m o . N o lo h a c e n p o r la p e n a o
d a ñ o sufridos e n sí m i s m a , sino sólo p o r d a r gloria y
alabanza a mi n o m b r e . C o n a n h e l a n t e d e s e o se goza e n
t o m a r el a l i m e n t o d e la m e s a d e la santísima cruz, o sea,
c o n f o r m á n d o s e al h u m i l d e , p a c i e n t e e i n m a c u l a d o C o r -
d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o , del q u e hice p u e n t e .
D e s p u é s d e q u e el a l m a h a c a m i n a d o t a n d u l c e m e n t e
p o r el p u e n t e s i g u i e n d o la d o c t r i n a d e mi d u l c e V e r d a d
y c u a n d o ha p a s a d o p o r este V e r b o s u f r i e n d o c o n ver-
d a d e r a y d u l c e paciencia t o d a clase d e p e n a s y trabajos,
p u e s t o q u e lo h e p r o m e t i d o p a r a su salvación, ella las h a
recibido con e n t e r e z a , n o e l i g i e n d o a su g u s t o , sino al
m í o . Y n o s o l a m e n t e las lleva c o n paciencia, sino q u e las
sufre con alegría, y se le convierte e n gloria la per-
secución p o r causa d e mi n o m b r e , a u n q u e t e n g a q u e
p a d e c e r . E n t o n c e s llega el a l m a a tal deleite y t r a n q u i -
lidad d e espíritu, q u e n o hay l e n g u a capaz d e p o d e r l o
contar.
C u m p l i d a esta c o n d i c i ó n , es decir, d e la d o c t r i n a d e
212 El Diálogo

mi Hijo u n i g é n i t o , fijo el e n t e n d i m i e n t o en mí, dulce y


p r i m e r a V e r d a d , la contempla, y, c o n t e m p l á n d o l a , la
a m a . A r r a s t r a d o el afecto al e n t e n d i m i e n t o , gusta d e mi
divinidad, en la q u e conoce y ve la naturaleza divina
u n i d a a vuestra h u m a n i d a d . Descansa entonces en mí,
M a r d e t r a n q u i l i d a d . El corazón se halla u n i d o a mí p o r
el afecto del a m o r , igual q u e e n el c u a r t o estado unitivo
2
q u e te dije . Al s e n t i r m e a mí, e t e r n a D e i d a d , c o m i e n z a
a d e r r a m a r lágrimas d e d u l z u r a , q u e c i e r t a m e n t e son
leche q u e alimenta al alma en la v e r d a d e r a paciencia.
Estas son el u n g ü e n t o oloroso q u e d e r r a m a u n perfu-
m e d e g r a n suavidad.
¡Oh queridísima hija! ¡Qué gloriosa se e n c u e n t r a el
alma q u e d e v e r d a d ha sabido p a s a r c o n m i g o del m a r
tempestuoso al m a r d e tranquilidad llegado a mí, y d e
mí, s u m a y e t e r n a b o n d a d , ha llenado el vaso d e su co-
razón! P o r ello, los ojos q u e están bien o r i e n t a d o s se
ingenian p a r a satisfacer lo q u e p r o c e d e del corazón, y
así d e r r a m a n lágrimas.
Este es el último estado. E n él se e n c u e n t r a feliz y afli-
gida: feliz, p o r la u n i ó n q u e ha realizado c o n m i g o , m e -
d i a n t e la percepción, al gustar del a m o r divino; afligida,
p o r las ofensas q u e ve q u e se h a c e n a mi b o n d a d y g r a n -
deza, ambas c o n t e m p l a d a s y gozadas en el conocimiento
d e sí, p o r cuyo conocimiento d e sí y d e mí alcanza el úl-
timo estado. El estado unitivo, q u e d a las lágrimas d e
d u l z u r a , n o es e s t o r b a d o p o r e} conocimiento d e sí en la
caridad con el prójimo. En la c a r i d a d e n c o n t r ó el llanto
p o r a m o r a mi divina misericordia y p o r el d o l o r d e las
ofensas del prójimo, l l o r a n d o con los q u e lloran y go-
3
z a n d o con los q u e gozan . Estos son los q u e viven en
caridad, cuya alma goza al ver q u e mis servidores m e
d a n gloria y alabanza.
De m o d o q u e el llanto s e g u n d o (es decir, el tercero)
n o impide al último (es decir, al c u a r t o ) , sino q u e , m á s
bien, se favorecen u n o al o t r o . P o r q u e si el último llan-
to, d o n d e el alma h a e n c o n t r a d o tan g r a n d e u n i ó n , n o
hubiese p r o c e d i d o del s e g u n d o , es decir, del tercer esta-
d o d e la c a r i d a d p a r a con el p r ó j i m o , n o sería perfecto.

2 Cf. c.74.
3 R o m 12,15.
La doctrina de las lágrimas 213

Así q u e es necesario q u e se a y u d e n u n o al o t r o ; d e o t r o
m o d o se llegaría a la p r e s u n c i ó n , e n la q u e e n t r a r í a el
viento sutil d e la p r o p i a e s t i m a c i ó n , y caería d e las altu-
ras a lo bajo del p r i m e r v ó m i t o .
P o r eso es preciso sufrir y m a n t e n e r c o n t i n u a m e n t e la
caridad con el prójimo p o r m e d i o del conocimiento d e sí
m i s m o . Así a l i m e n t a r á el f u e g o d e mi c a r i d a d e n ella
m i s m a , p o r q u e la c a r i d a d c o n el p r ó j i m o p r o c e d e d e la
mía, es decir, del c o n o c i m i e n t o q u e el a l m a tiene c o n o -
c i é n d o s e a sí y a mi b o n d a d a c t u a n d o e n ella, p u e s ve
q u e es a m a d a p o r mí d e m o d o inefable. P o r eso, e n la
m e d i d a e n q u e ve q u e es a m a d a , a m a ella a t o d a criatu-
r a racional, y e n la m e d i d a e n q u e m e c o n o c e , se dispo-
n e a a m a r al p r ó j i m o . De d o n d e , p o r q u e c o n o c e esto,
a m a al p r ó j i m o i n e f a b l e m e n t e : lo a m a m á s c u a n t o m á s
ve q u e yo lo a m o .
C o m o a p r e n d i ó q u e a mí n o se m e p u e d e h a c e r bien
a l g u n o ni d a r m e el a m o r p u r o c o n q u e se siente a m a d a
p o r mí, se d e d i c a a d a r m e a m o r del m o d o q u e os h e e n -
s e ñ a d o , es decir, p o r m e d i o d e v u e s t r o p r ó j i m o , q u e es
el i n t e r m e d i a r i o , a q u i e n d e b é i s a y u d a r al m o d o q u e te
dije, esto es, p r a c t i c a n d o c u a l q u i e r v i r t u d valiéndoos del
p r ó j i m o . T a m b i é n debéis h a c e r l o a t o d a c r i a t u r a e n ge-
n e r a l y e n p a r t i c u l a r , e n c o n f o r m i d a d c o n las diversas
gracias d e mí recibidas, p u e s os las h e d a d o p a r a q u e las
a d m i n i s t r é i s . Debéis a m a r c o n el a m o r p u r o c o n q u e yo
os a m o , y esto p o r q u e os a m é sin ser a m a d o y sin interés
a l g u n o . C o m o os h e a m a d o a n t e s d e q u e existieseis, sin
ser a m a d o p o r vosotros —el a m o r m e m o v i ó a c r e a r o s a
mi i m a g e n y semejanza—, y c o m o u n a m o r d e este gé-
n e r o n o m e lo podéis t e n e r , p o r eso debéis o t o r g á r s e l o a
las c r i a t u r a s racionales, a m á n d o l a s sin ser a m a d o s p o r
ellas, y h a c e r l o sin el i n t e r é s del p r o p i o p r o v e c h o espiri-
tual o t e m p o r a l , sólo p o r la gloria y a l a b a n z a d e mi
n o m b r e , p u e s t o q u e son a m a d a s p o r mí. Así cumpliréis
el m a n d a m i e n t o d e la ley d e a m a r m e m á s q u e a todas
las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a vosotros m i s m o s .
Bien es v e r d a d q u e esas a l t u r a s n o se p u e d e n alcanzar
sin este s e g u n d o e s t a d o , q u e v i e n e a ser el t e r c e r o y el
s e g u n d o e n la u n i ó n ; ni d e s p u é s d e h a b e r l o a l c a n z a d o
se p u e d e c o n s e r v a r si se a b a n d o n a s e el afecto, p o r el
214 El Diálogo

4
q u e se llegó a las segundas lágrimas descritas ; lo mis-
m o q u e n o p u e d e cumplirse la ley respecto a mí, Dios
eterno, sin cumplirla con vuestro prójimo, porque éstos
son los dos pies del afecto con los q u e se observan los
m a n d a m i e n t o s y consejos q u e os dio mi Verdad, Cristo
crucificado.
Así, estos dos estados, d e los q u e he hecho u n o , ase-
g u r a n al alma en las virtudes y en el estado unitivo. N o
es que cambien a otro estado u n a vez alcanzado éste,
sino q u e a este mismo lo acrecienta la riqueza d e la gra-
cia con nuevos dones y elevaciones del espíritu, con u n
conocimiento d e la verdad q u e , siendo mortal, parece
inmortal, p o r q u e la percepción d e los sentidos se en-
cuentra d o m i n a d a y la voluntad está m u e r t a p o r la
unión realizada conmigo.
¡Oh, cuan dulce es esta unión al alma q u e la experi-
menta! P o r q u e , al experimentarla, ve mis secretos, p o r
lo cual m u c h a s veces recibe el espíritu d e profecía para
que conozca las cosas venideras. Esto lo hace mi bon-
dad; pero el alma debe tenerlo en poco; n o al afecto d e
la caridad d e doy, sino al apetito d e las propias consola-
ciones, j u z g á n d o s e indigna d e la paz y quietud d e espíri-
tu para fortalecer la virtud interior d e su alma. Y n o
5
p e r m a n e c e ya de fijo en el s e g u n d o estado , sino q u e
vuelve al valle del conocimiento d e sí misma.
Esta iluminación la doy gratuitamente a fin d e q u e
siempre a u m e n t e , p o r q u e el alma no es tan perfecta en
esta vida q u e n o p u e d a crecer en perfección, es decir,
en perfección d e a m o r . Sólo mi amadísimo Hijo, vuestra
Cabeza, n o podía a u m e n t a r en perfección, p o r q u e El es-
taba conmigo y yo con El: su alma era bienaventurada
por la unión con mi naturaleza divina. Pero vosotros sus
miembros, peregrinos, sois siempre capaces d e mayor
4
Según el P . J . H u r t a u d , estas lágrimas n o se refieren al s e g u n d o
estado (las p r o c e d e n t e s del t e m o r servil), sino al c u a r t o y al q u i n t o ,
q u e son lágrimas d e perfección. Estas lágrimas d e perfección son d e
d u l z u r a (provenientes d e la alegría c a u s a d a por la u n i ó n con Dios) y
lágrimas p o r los pecados d e los d e m á s . Esta s e g u n d a clase, la q u e se re-
fiere a los p e c a d o s del prójimo, es la q u e la Santa llama aquí «segundas
lágrimas» ( J . H L R T A L D , Le Dialogue I p.311 n t . l ) .
5
« S e g u n d o estado»: n u e v a m e n t e se refiere aquí a la s e g u n d a clase
d e lágrimas perfectas e n q u e se divide el c u a r t o estado, c o m o observa-
mos e n la n o t a a n t e r i o r .
La doctrina de las lágrimas 215

perfección. U n a vez llegados al último e s t a d o , n o p o r


ello pasáis a o t r o , p e r o podéis crecer e n él con aquella
perfección q u e más os plazca p o r m e d i o d e m i gracia.

90 [ B r e v e r e c a p i t u l a c i ó n d e lo a n t e r i o r . — E l d e m o n i o h u y e
d e los q u e h a n l l e g a d o al e s t a d o d e las q u i n t a s l á g r i m a s . — L a s
t e n t a c i o n e s s o n u n v e r d a d e r o c a m i n o p a r a a l c a n z a r tal esta-
do.)

Acabas d e conocer los estados d e las lágrimas y su dis-


tinción, tal c o m o mi V e r d a d ha t e n i d o a bien satisfacer
tus deseos.
Las p r i m e r a s son las d e aquellos q u e se e n c u e n t r a n en
p e c a d o m o r t a l . O r d i n a r i a m e n t e p r o c e d e n del c o r a z ó n .
C o m o la raíz del afecto d e d o n d e vienen las lágrimas es-
taba c o r r o m p i d a , p o r eso el llanto sale c o r r o m p i d o y mi-
serable, c o m o todas sus o b r a s .
Las s e n g u n d a s son las d e los q u e c o m i e n z a n a cono-
cer sus males p o r m e d i o d e la propia p e n a q u e sigue a la
culpa. Es éste u n b u e n principio d a d o p o r mí a los frági-
les q u e , c o m o i g n o r a n t e s , ya se h u n d e n e n el río d e s d e -
ñ a n d o la d o c t r i n a d e mi V e r d a d ; p e r o son m u c h í s i m o s
los q u e se conocen a sí m i s m o s sin t e n e r t e m o r servil.
Esto es, sin t e m o r al castigo, se a p a r t a n d e los pecados, y
bien p r o n t o , algunos con sencillez bien i n t e n c i o n a d a , se
e n t r e g a n a servirme a mí, su C r e a d o r . Se d u e l e n d e las
ofensas q u e m e h a n h e c h o , con g r a n a b o r r e c i m i e n t o d e
sí mismos p o r j u z g a r s e d i g n o s del castigo. C i e r t a m e n t e ,
los q u e a n d a n con ese g r a n a b o r r e c i m i e n t o son m á s ap-
tos p a r a alcanzar el e s t a d o d e perfección q u e los o t r o s ,
a u n q u e , si a m b o s se ejercitan e n el llanto, u n o s y o t r o s
lo alcanzan. Deben los p r i m e r o s p r o c u r a r n o q u e d a r s e
en el t e m o r servil, y los o t r o s , n o p r o s e g u i r en su tibieza,
es decir, ejercitar la perfección con sencillez a fin d e n o
entibiarse i n t e r i o r m e n t e . Esta es advertencia válida p a r a
todos.
Las terceras y cuartas lágrimas son las d e aquellos q u e
h a n s u p e r a d o el t e m o r , h a n alcanzado el a m o r y la espe-
r a n z a , g u s t a n d o la divina misericordia, r e c i b i e n d o d e mí
m u c h o s d o n e s y consuelos, p o r los q u e lloran los ojos, sa-
tisfaciendo el sentimiento del corazón. P e r o c o m o a ú n
son imperfectos, mezclados con lo sensitivo espiritual,
216 El Diálogo

ejercitándose en la virtud, consiguen llegar al cuarto es-


tado. En él, a u m e n t a n d o sus deseos, se u n e y configura
el alma con mi voluntad. N o p u e d e desear si no lo que
yo quiero, por estar revestido ese estado d e la caridad
con el prójimo. De aquí procede el llanto d e a m o r por sí
mismo a causa del dolor d e mi ofensa y del perjuicio
para su prójimo.
Esta perfección se halla u n i d a con las quintas y últi-
mas lágrimas, en las que se u n e la verdad y en las que
ha crecido en fuego del santo deseo. De esta perfección
huye el d e m o n i o , q u e no p u e d e herir al alma por inju-
rias que le haga, ni por medio de consuelos espirituales,
puesto q u e se ha hecho paciente en las injurias y des-
d e ñ a y aborrece los consuelos con verdadera humildad.
Cierto es que el demonio, por su parte, nunca duer-
me, sino q u e a vosotros, negligentes, os instiga a q u e en
tiempo d e favor os detengáis y d u r m á i s . Pero sus astu-
cias no les p u e d e n hacer d a ñ o , p o r q u e no p u e d e arreba-
tarles el a r d o r de su caridad, y, en verdad, huye como
las moscas d e la olla hirviendo, por el miedo que tiene al
fuego. T a m p o c o p u e d e soportar el olor d e la unión q u e
el alma ha efectuado conmigo, Mar d e paz, d o n d e el
alma no p u e d e ser e n g a ñ a d a mientras esté unida a mí.
Si fuese tibia, el demonio n o temería, sino q u e entraría
en ella, a u n q u e muchas veces perece allí por encontrar
más calor del q u e imaginaba. Así sucede en el alma, ya
q u e , antes d e q u e llegue al estado perfecto, el d e m o n i o
e n t r a en ella con variadas tentaciones, p o r q u e le parece
q u e es tibia; pero como ella ha adquirido gran conoci-
miento, calor y desagrado d e la culpa, por medio de los
lazos del odio al pecado y con a m o r a la virtud, obliga a
la voluntad a n o consentir.
Alégrese toda alma q u e sienta dificultades grandes,
p o r q u e ellas son el camino para llegar a este dulce y glo-
rioso estado. Porque ya te dije q u e por el conocimiento
y odio a vosotros mismos y p o r el de mi b o n d a d llega-
réis a la perfección. En n i n g ú n tiempo advierte tan per-
fectamente el alma q u e estoy en ella como en el d e los
muchos combates. ¿De q u é modo? T e lo diré.
Viéndose en los cambates, conoce perfectamente q u e
n o p u e d e librarse d e tenerlos. Ella p u e d e resistirse a
consentirlos, lo q u e no p o d r á hacer en caso d e no tener-
La doctrina de las lágrimas 217

los. Por ellos p u e d e conocer q u e p o r sí misma n o es


n a d a , ya q u e , si valiese algo por sí misma, se liberaría d e
esos combates q u e n o desea. De este m o d o se humilla
p o r el v e r d a d e r o conocimiento d e sí y viene c o r r i e n d o a
mí, Dios e t e r n o , con la luz de su santísima fe. P o r esa
b u e n a disposición se d a c u e n t a d e q u e conserva la b u e -
na y santa voluntad, q u e n o consiente ir tras las tenta-
ciones d e q u e se siente molestada en el tiempo d e los
combates.
T e n é i s , p o r t a n t o , motivo, y lo tiene el alma, p a r a ha-
cernos fuertes con la doctrina del dulce y a m o r o s o Ver-
bo d e mi Hijo unigénito en el tiempo d e los sufrimien-
tos y aflicciones, adversidades y tentaciones d e los h o m -
bres y del d e m o n i o , p u e s ellos a u m e n t a n las ocasiones
d e h a c e r n o s alcanzar la perfección.

91 [ L o s q u e d e s e a n las l á g r i m a s d e l o s o j o s , y n o p u e d e n t e -
n e r l a s , t i e n e n las d e l f u e g o . — R a z ó n p o r la q u e D i o s p r i v a d e
las l á g r i m a s c o r p o r a l e s . )

T e he hablado d e las lágrimas perfectas e imperfectas y


de c ó m o todas p r o c e d e n del corazón. De esta vasija sale
toda lágrima, d e cualquier clase q u e sea, y p o r eso a to-
das se las p u e d e llamar «lagrimas d e corazón». La única
diferencia consiste en el a m o r o r d e n a d o o d e s o r d e n a d o
y e n el perfecto e imperfecto.
Para satisfacer el deseo q u e m e manifestaste, m e q u e -
d a p o r decirte q u e algunos quisieran la perfección d e las
lágrimas, y parece q u e n o la p u e d e n o b t e n e r . ¿Hay o t r a
clase q u e las d e los ojos? Sí. Hay u n a s llamadas lágrimas
d e fuego, esto es, d e v e r d a d e r o y santo deseo, el cual se
realiza p o r m e d i o del afecto del a m o r . Q u i s i e r a n d e r r e -
tir su vida en llanto p o r m e d i o del a b o r r e c i m i e n t o a sí y
a la salvación d e las almas, y les parece q u e n o p u e d e n .
Digo q u e éstos tienen lágrimas d e fuego, e n las q u e el
Espíritu Santo llora en mi presencia p o r ellos y p o r su
prójimo, es decir, mi divina caridad e n c i e n d e al alma
con su llama p a r a q u e ofrezca a n h e l a n t e s deseos en mi
presencia, sin lágrimas en los ojos. Las llamo lágrimas
d e fuego, y por eso dije q u e el Espíritu Santo llora. N o
p u d i e n d o hacerlo con las lágrimas, ofrece los deseos del
218 El Diálogo

llanto q u e su voluntad tiene p o r a m o r a mí. A u n q u e , si


a b r e n los ojos del e n t e n d i m i e n t o , verán q u e el Espíritu
Santo llora p o r m e d i o d e todo servidor mío q u e d e r r a -
m a el p e r f u m e del santo deseo y d e h u m i l d e y continua-
d a oración a n t e mí. A esta clase parece referirse el glo-
rioso San Pablo c u a n d o dijo q u e el Espíritu Santo llora
p o r vosotros a n t e mí, el P a d r e , «con llanto i n e n a r r a -
ble» ',
Ves, p u e s , q u e n o es m e n o r el fruto d e las lágrimas d e
fuego q u e las d e agua, sino q u e m u c h a s veces es mayor,
e n c o n f o r m i d a d con la m e d i d a del a m o r . Por eso, tales
almas n o d e b e n llegar a la turbación d e espíritu ni les
d e b e p a r e c e r estar privadas d e mí, ya q u e q u i e r e n las lá-
grimas, y n o las p u e d e n t e n e r d e la clase q u e d e s e a n .
D e b e n desearlas con su voluntad c o n c o r d a d a con la
mía, dispuesta al sí y al n o , según plazca a mi voluntad.
Algunas veces p e r m i t o q u e no t e n g a n las lágrimas cor-
porales p a r a obligarlas a estar d e c o n t i n u o humilladas
ante mí, s a b o r e á n d o m e con perseverante oración y d e -
seo. P o r q u e , si obtuvieran lo q u e piden, no sacarían el
provecho q u e c r e e n , sino q u e se hallarían alegres de te-
n e r lo d e s e a d o y disminuiría el afecto y deseo con q u e
m e lo pedían. Así q u e yo, p a r a q u e a u m e n t e n y no p a r a
q u e decrezcan, m e niego a darles las lágrimas corpora-
les y les doy las espirituales, es decir, sólo las d e corazón,
llenas d e fuego d e mi divina caridad; d e m o d o q u e en
cualquier situación y m o m e n t o serán gratas a mí, a fin
de q u e el e n t e n d i m i e n t o , p o r el afecto y a m o r al objeto
d e mi V e r d a d e t e r n a , no se cierre a la luz de la fe. Por
eso soy yo el médico, y vosotros los e n f e r m o s , y doy a
todos lo q u e es d e necesidad e imprescindible p a r a vues-
tra salvación y p a r a a u m e n t a r la perfección en vuestra
2
alma .
Esta es la v e r d a d y declaración d e los cinco estados de
las lágrimas, hija mía. S u m é r g e t e , p u e s , e n la sangre d e
Cristo crucificado, h u m i l d e , t o r t u r a d o e inmaculado
C o r d e r o , mi Hijo unigénito, creciendo en virtud perse-
verante p a r a q u e en ti se fortalezca el fuego d e mi divi-
na caridad.
1
R o m 8,26.
2
Sobre la Providencia divina y la perfección cristiana h a b l a d e t e n i -
d a m e n t e en los capítulos 142-144.
La doctrina de las lágrimas 219

9 2 [Cuatro estados de las lágrimas, de los cinco dichos, pro-


ducen variedad infinita de lágrimas.—Dios quiere ser servido
de manera infinita y no finita.)

Estos cinco estados referidos son c o m o cinco canales


principales, d e los q u e c u a t r o d a n infinita a b u n d a n c i a y
v a r i e d a d d e lágrimas. T o d a s d a n vida si son d e r r a m a -
d a s en la virtud. ¿Por q u é infinitas? N o digo q u e en esta
vida seáis infinitos en lágrimas; las llamo infinitas p o r el
infinito d e s e o del alma.
T e h e d i c h o q u e todas p r o c e d e n del c o r a z ó n ; éste las
p r e s e n t a a los ojos, habiéndolas recogido del a r d i e n t e
d e s e o . C o m o la m a d e r a v e r d e q u e está en el fuego llora
a g u a a causa del calor, p o r q u e está v e r d e —si estuviera
seca, n o lloraría—, así el corazón, r e v e r d e c i d o p o r la re-
novación q u e p r o c e d e d e la gracia, a r r a n c a d e sí la se-
q u e d a d del a m o r propio, q u e hace á r i d a al alma. El fue-
go, o a r d o r o s o deseo, y las lágrimas se hallan u n i d o s . Y
c o m o el d e s e o n u n c a t e r m i n a ni se sacia en esta vida,
sino q u e c u a n t o más a m a , m e n o s le parece q u e a m a , así
o b r a el santo deseo f u n d a d o en la c a r i d a d ; a causa d e él
lloran los ojos.
S e p a r a d a el alma del c u e r p o y u n i d a a mí, su fin, n o
p o r eso deja el d e s e o d e a n s i a r m e , e i g u a l m e n t e a la ca-
r i d a d con el prójimo, a u n q u e ésta h a e n t r a d o en el alma
c o m o s e ñ o r a , llevando consigo el fruto d e las d e m á s vir-
t u d e s . Cierto q u e el sufrimiento t e r m i n a ; sin e m b a r g o ,
si el alma m e desea, m e t e n d r á d e v e r d a d , sin t e m o r al-
g u n o a p e r d e r lo q u e t a n t o tiempo h a d e s e a d o . De este
m o d o se f o m e n t a el h a m b r e y q u e d a el hastío alejado d e
la saciedad y d e sufrimiento p o r el h a m b r e , p o r q u e allí
n o falta perfección a l g u n a .
V u e s t r o deseo es infinito, p u e s d e o t r o m o d o n o ten-
dría valor, y n i n g u n a virtud t e n d r í a vida si yo fuese ser-
vido ú n i c a m e n t e p o r u n a causa finita, ya q u e yo, Dios
infinito, q u i e r o ser servido p o r vosotros con algo infini-
to y n o t e n e r vosotros n a d a q u e yo n o posea, a excep-
ción del afecto y d e s e o del alma. Por eso decía yo q u e la
clase d e lágrimas es infinita, y esto es cierto p o r el deseo
infinito u n i d o a las lágrimas.
Las q u e salen del alma y del corazón q u e d a n fuera,
p e r o el afecto d e la c a r i d a d ha t o m a d o p a r a sí el fruto
220 El Diálogo

d e ellas y las c o n s u m e c o m o el a g u a e n el h o r n o . N o es
q u e el a g u a se halle fuera del h o r n o , sino q u e el calor
del fuego la c o n s u m e y la t r a e hacia sí. Así s u c e d e al
a l m a c u a n d o está u n i d a . G u s t a el fuego d e mi divina ca-
r i d a d c u a n d o ha salido d e esta vida con el afecto d e la
c a r i d a d a mí y a su prójimo y c o n el a m o r unitivo c o n
q u e d e r r a m a las lágrimas. Mis servidores n u n c a dejan d e
o f r e c e r c o n t i n u a m e n t e sus santos d e s e o s y sus lágrimas
sin s u f r i m i e n t o . O f r e c e n n o l á g r i m a s d e los ojos, sino lá-
g r i m a s del fuego del Espíritu S a n t o .
H a s visto, p u e s , c ó m o son infinitas, a u n q u e e n esta
vida n o hay l e n g u a q u e p u e d a n a r r a r la variedad d e
llantos q u e se d a n e n este e s t a d o . P e r o te h e explicado la
diferencia e n t r e los c u a t r o estados d e las lágrimas.

93 [El fruto de las lágrimas de los mundanos.]

Me q u e d a p o r h a b l a r t e del fruto q u e p r o d u c e n las lá-


g r i m a s u n i d a s con el d e s e o y d e su efecto e n el alma.
C o m e n z a r é p r i m e r o p o r las q u i n t a s lágrimas, d e las
q u e te hice m e n c i ó n , es decir, d e los q u e viven misera-
b l e m e n t e e n el m u n d o , h a c i e n d o u n dios d e las criatu-
ras, d e las cosas c r e a d a s y d e sus propios sentidos, d e
d o n d e viene t o d o el mal al alma y al c u e r p o .
T e dije q u e las lágrimas p r o c e d e n d e l c o r a z ó n , y es la
v e r d a d , p o r q u e el c o r a z ó n se d u e l e tanto c u a n t o a m a .
Los h o m b r e s del m u n d o lloran c u a n d o el c o r a z ó n siente
dolor, es decir, c u a n d o están p r i v a d o s d e lo q u e a m a n ;
p e r o son m u c h o s y m u y distintos sus llantos. ¿Sabes
cuántos? T a n t o s c u a n t o son d i f e r e n t e s las clases d e
a m o r . Y c o m o la raíz está c o r r o m p i d a p o r el a m o r p r o -
pio sensitivo, p o r eso t o d o lo q u e d e ella sale está co-
rrompido. '
El a m o r p r o p i o es u n árbol q u e n o d a m á s q u e frutos
d e m u e r t e , flores p o d r i d a s , hojas m a n c h a d a s y r a m a s
inclinadas hacia la tierra, sacudidas p o r todos los vien-
tos: así es t a m b i é n el árbol del a l m a . T o d o s sois árboles
d e a m o r , y sin él n o podéis vivir, p o r q u e sois h e c h o s p o r
mí, m o v i d o p o r el a m o r .
El alma q u e vive v i r t u o s a m e n t e p o n e la raíz d e su ár-
bol en el valle d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y los q u e viven
La doctrina de las lágrimas 221

m i s e r a b l e m e n t e la h a n p l a n t a d o e n el m o n t e d e la so-
berbia. Y c o m o está mal p l a n t a d o , d e ahí q u e p r o d u z c a
n o frutos d e vida, sino d e m u e r t e . Los frutos son sus
o b r a s , q u e se hallan e m p o n z o ñ a d a s con m u c h o s y diver-
sos p e c a d o s , y, si d a n a l g ú n fruto d e b u e n a s o b r a s ,
c o m o la raíz se halla c o r r o m p i d a , se e c h a n a p e r d e r ,
esto es, q u e el a l m a e n p e c a d o n o efectúa o b r a b u e n a
q u e le valga p a r a la vida e t e r n a , p o r n o h a c e r l a s e n gra-
cia.
N a d i e , sin e m b a r g o , d e b e d e j a r d e h a c e r o b r a s b u e -
nas, p o r q u e t o d o bien es r e m u n e r a d o , y t o d a culpa cas-
tigada. El bien q u e hace sin la gracia n o es suficiente ni
vale p a r a la vida e t e r n a ; p e r o mi b o n d a d y la justicia di-
vina les c o n c e d e r e m u n e r a c i ó n imperfecta. A l g u n a s ve-
ces les es p r e m i a d o c o n cosas t e m p o r a l e s , o t r a s veces les
doy t i e m p o , c o m o te dije en o t r o l u g a r s o b r e esta m a -
teria, d á n d o l e s espacio p a r a q u e se p u e d a n e n m e n d a r .
Otras veces hasta les d a r é la vida d e la gracia p o r medio
d e mis s e r v i d o r e s , q u e m e son gratos, tal c o m o hice c o n
el glorioso apóstol San Pablo, q u i e n p o r las o r a c i o n e s d e
San E s t e b a n salió d e la i n c r e d u l i d a d y p e r s e c u c i o n e s
q u e hacía c o n t r a los cristianos. Así ves c l a r o q u e el h o m -
b r e , c u a l q u i e r a q u e sea su e s t a d o , n o d e b e d e j a r d e h a -
c e r el b i e n .
T e dije i g u a l m e n t e q u e las flores están p o d r i d a s , y es
la v e r d a d . Las flores son los pestilentes p e n s a m i e n t o s
del c o r a z ó n , q u e m e son d e s a g r a d a b l e s , c o m o t a m b i é n
el o d i o y d e s a g r a d o con el p r ó j i m o . C o m o l a d r ó n , m e
h a n r o b a d o mi h o n o r a mí, su C r e a d o r , y hasta se lo
h a n a t r i b u i d o a sí m i s m o s .
Estas flores d e mal olor, d e los falsos y miserables j u i -
cios, son d e d o s clases: u n a p a r a c o n m i g o , i n t e r p r e t a n d o
mis ocultos juicios y t o d o misterio c o n malevolencia y
o d i o , y t o d o lo q u e yo h e h e c h o lo t i e n e n c o m o n o reali-
zado p o r a m o r ; lo q u e h e h e c h o p o r v e r d a d lo i n t e r p r e -
tan c o m o m e n t i r a , y c o m o m u e r t e lo q u e d o y p a r a q u e
sea vida. C o n d e n a n y enjuician t o d a s las cosas s e g ú n su
e n f e r m o p a r e c e r , p o r q u e el a m o r p r o p i o d e los sentidos'
ha c e g a d o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o y t a p a d o la p u -
pila d e la santísima fe, p o r lo q u e n o les d e j a ver ni co-
n o c e r la v e r d a d .
La o t r a clase se basa en la i n t e r p r e t a c i ó n d e la con-
222 El Diálogo

ducta del prójimo. De ella nace con frecuencia m u c h o


mal, p o r q u e el h o m b r e miserable, q u e no se conoce a sí
mismo, quiere conocer el corazón y el afecto de la criatu-
ra racional, y por algo que ven u oyen q u e r r á n j u z g a r el
afecto del corazón. Mis servidores, sin e m b a r g o , siem-
pre piensan bien, p o r q u e se fundan en mí, s u m o Bien.
Los otros j u z g a n mal, como fundados en el miserable
mal. De tales juicios nacen con frecuencia odio, homici-
dios y enemistades con el prójimo, y a b a n d o n o de la
virtud.
El mismo camino siguen las hojas, es decir, las pala-
bras que salen d e la boca con vituperio para mí y mi
Hijo unigénito y p a r a el prójimo. Sólo se ocupan de de-
cir mal d e mis obras, d e condenarlas, d e blasfemar y ha-
blar mal d e toda criatura racional como se les o c u r r e ,
según su parecer. No se fijan —¡desventurados d e
ellos!— en q u e la lengua ha sido c r e a d a para d a r m e ho-
nor, reconocer sus pecados y trabajar por a m o r d e la
virtud y por la salvación del prójimo. Estas son las hojas
m a n c h a d a s por la miserable culpa, pues el corazón de
d o n d e h a n salido no era p u r o , sino c o n t a m i n a d o d e do-
blez y m u c h a miseria.
¡Cuan g r a n d e es el peligro en d a ñ o s temporales, ade-
más del d a ñ o espiritual, por la privación de la gracia
concedida al alma! Pues habéis visto y oído q u e por las
palabras vienen los cambios en situaciones, ruina de ciu-
dades, homicidios y otros muchos males, ya que la pala-
bra e n t r ó en lo íntimo del corazón, a d o n d e no hubiera
llegado el cuchillo.
Este árbol tiene siete ramas, q u e se inclinan hacia la
tierra. De ellas nacen las flores y hojas d e la m a n e r a re-
ferida. Son los siete pecados mortales, que se hallan re-
pletos d e otros diversos y muy n u m e r o s o s pecados, uni-
dos a la raíz y al tronco del a m o r propio y de la sober-
bia, la cual p r i m e r a m e n t e ha p r o d u c i d o las ramas y las
flores d e los pensamientos. Después sale la hoja d e las
palabras y el fruto d e las malas obras. Están inclinadas
hacia la tierra, es decir, q u e las r a m a s d e los pecados
mortales no se dirigen más que a la tierra de la fragili-
dad y d e s o r d e n a d a sustancia del m u n d o . Además, como
no p u e d e n alimentarse d e la tierra, n u n c a se sacian, y
d e ahí su insatisfacción. Son insaciables e insoportables
La doctrina de las lágrimas 223

a sí m i s m a s . S i e m p r e se h a n d e hallar inquietas, inclina-


das a d e s e a r , a q u e r e r las cosas q u e c a u s a n insatisfac-
ción.
Esta es la razón p o r la q u e n o se p u e d e n saciar: p o r -
q u e s i e m p r e apetecen las cosas finitas, y ellas son infini-
tas e n c u a n t o al ser, p u e s n o concluye p o r la culpa del
p e c a d o m o r t a l a u n q u e t e r m i n e la gracia. Y c o m o el
h o m b r e está s o b r e todas las cosas y todas las c r i a t u r a s , y
n o las cosas c r e a d a s s o b r e él, p o r eso n o p u e d e saciarse
ni hallar q u i e t u d sino e n cosas s u p e r i o r e s a él. Mayores
q u e él n o hay m á s q u e yo, Dios e t e r n o , y p o r eso sólo yo
los p u e d o saciar. C o m o están p r i v a d o s d e mí p o r la cul-
pa c o m e t i d a , p o r eso se e n c u e n t r a n e n t o r m e n t o y su-
f r i m i e n t o c o n t i n u o s . A las p e n a s sigue el llanto. C u a n d o
los vientos le alcanzan, s a c u d e n el árbol del a m o r d e sus
sentidos, sobre los q u e lo h a n f u n d a d o t o d o .

9 4 [Los mundanos que lloran son sacudidos por los cuatro


vientos.]

Estos vientos son c u a t r o : p r o s p e r i d a d , a d v e r s i d a d , te-


m o r y conciencia.
El viento d e la p r o s p e r i d a d a l i m e n t a la soberbia con
m u c h a p r e s u n c i ó n , c o n e n g r a n d e c i m i e n t o d e sí m i s m o y
envilecimiento d e su p r ó j i m o . Si d e u n s e ñ o r se trata,
d o m i n a con e n o r m e injusticia y v a n i d a d d e c o r a z ó n ,
con i n m u n d i c i a d e c u e r p o y espíritu, c o n interés p o r la
r e p u t a c i ó n propia.
¿Se halla c o r r o m p i d o e n sí m i s m o el viento d e la p r o s -
p e r i d a d ? N o ; ni él ni n i n g u n o . . . La c o r r o m p i d a es la
raíz d e l árbol, p o r lo q u e se c o r r o m p e la p r o s p e r i d a d .
P o r q u e yo, q u e envío y doy todas las cosas, soy s u m a -
m e n t e b u e n o , y p o r ello el viento es b u e n o . A la p r o s p e -
r i d a d sigue el llanto p o r n o p o d e r saciar el c o r a z ó n , q u e
quisiera o b t e n e r lo q u e n o p u e d e . Esto le p r o p o r c i o n a
dolor, y e n él llora, p u e s , c o m o te dije, los ojos n o quie-
r e n sino seguir al c o r a z ó n .
Sigue d e s p u é s el viento d e l t e m o r servil, p o r el q u e se
tiene m i e d o a la p r o p i a s o m b r a , p o r t e m e r la p é r d i d a d e
lo q u e se a m a . Se t e m e p e r d e r la vida m i s m a , la d e los
hijos o las d e m á s c r i a t u r a s ; se t e m e p e r d e r la posición
social u o t r a s cosas. Este t e m o r p r o c e d e del a m o r a sí, al
224 El Diálogo

h o n o r o a las riquezas. El le impide tener su gozo en


paz, p o r q u e o r d i n a r i a m e n t e n o lo posee d e conformi-
d a d con mi voluntad, y d e ahí el t e m o r servil y el m i e d o ,
convirtiéndolo en miserable esclavo del pecado, q u e
c o m o a tal se le p u e d e calificar a causa d e aquello q u e
sirve. El pecado es la n a d a , y él ha t e r m i n a d o en la
nada.
Mientras los sacude el viento del temor, les llega el d e
la tribulación y adversidad, q u e les priva d e lo q u e te-
nían; m u c h a s veces, d e t o d o , y otras, d e u n a parte. De
todo, c u a n d o es privado d e la vida, pues la m u e r t e se lo
arrebata todo. De parte, quitándole u n a s veces u n a cosa
y otras veces otra: la salud, los hijos, las riquezas, la posi-
ción social, los h o n o r e s ; según yo, dulce Médico, veo
q u e es necesario p a r a vuestra salvación. Para ella os h e
d a d o todas esas cosas. Pero c o m o vuestra frágil natura-
leza se halla c o r r o m p i d a y sin conocimiento alguno, per-
déis la paciencia, y surge la impaciencia, el escándalo, la
m u r m u r a c i ó n , el odio, el cansancio d e mí y del prójimo.
Lo q u e le he d a d o para vida, lo ha recibido como si fue-
r a p a r a m u e r t e . Se halla en p e n a , llanto y a m a r g u r a
continuos, c o m o te he dicho.
A h o r a llegan las lágrimas aflictivas d e impaciencia,
q u e resecan el alma y la m a t a n p o r quitarle la vida d e la
gracia. Espiritual y c o r p o r a l m e n t e resecan y c o n s u m e n
el cuerpo, lo ciegan, lo privan d e todo deleite, y por eso
lloran. De tales lágrimas vienen no sólo estos males, sino
el afecto d e s o r d e n a d o y el dolor d e corazón q u e las p r o -
d u c e n , pues las lágrimas d e los ojos no causan d e por sí
la m u e r t e y los sufrimientos, sino la raíz d e d o n d e pro-
c e d e n , o sea, del d e s o r d e n a d o a m o r propio del corazón.
P o r q u e , si éste se hallara en o r d e n y tuviera la vida d e la
gracia, las lágrimas serían o r d e n a d a s , y me obligarían a
mí, Dios e t e r n o , a otorgarles misericordia. ¿Por q u é las
llamé lágrimas d e muerte? P o r q u e son un medio para
mostraros la m u e r t e o la vida q u e hubiere en el cora-
zón.
Si no se corrigen mientras tienen tiempo para usar
del libre albedrío, pasan d e este llanto, p r o d u c i d o en
tiempo finito, al llanto infinito; y así, lo finito se convier-
te en infinito, p o r q u e las lágrimas fueron d e r r a m a d a s
con aborrecimiento infinito d e la virtud, o sea, con el d e -
La doctrina de las lágrimas 225

seo d e l a l m a , b a s a d o e n el a b o r r e c i m i e n t o , q u e es finito.
L a v e r d a d es q u e , si h u b i e s e n q u e r i d o , h a b r í a n salido
d e ese t e m o r servil m e d i a n t e la gracia c o n c e d i d a e n el
t i e m p o e n q u e e r a n libres, a u n q u e yo dijese q u e e r a in-
finito; infinito e n c u a n t o al afecto y ser d e l a l m a , p e r o
n o e n c u a n t o al a b o r r e c i m i e n t o y al a m o r q u e h u b i e r a
e n ella, ya q u e m i e n t r a s estáis e n esta vida p o d é i s abo-
r r e c e r y a m a r , s e g ú n o s plazca.
Si c o n c l u y e la vida e n el a m o r d e la v i r t u d , r e c i b e n u n
bien infinito, y, si t e r m i n a o d i a n d o la v i r t u d , p e r m a n e -
c e r á e n el o d i o , r e c i b i e n d o la c o n d e n a c i ó n e t e r n a , c o m o
te dije al h a b l a r t e d e los q u e se a h o g a b a n e n el río,
p u e s t o q u e ya n o p u e d e n d e s e a r el bien p o r hallarse pri-
v a d o s d e m i m i s e r i c o r d i a y d e la c a r i d a d f r a t e r n a . Esta
la d i s f r u t a n mis santos u n o s con o t r o s , así c o m o la cari-
d a d d e vosotros, p e r e g r i n o s y c a m i n a n t e s d e esta vida,
colocados p o r mí p a r a a l c a n z a r v u e s t r o fin e n mí, V i d a
eterna.
N o les valen ni las o r a c i o n e s , ni las l i m o s n a s , ni n i n -
g u n a o t r a o b r a . Son m i e m b r o s s e p a r a d o s d e l c u e r p o d e
m i divina c a r i d a d , p o r q u e m i e n t r a s vivieron n o quisie-
r o n estar u n i d o s e n la o b e d i e n c i a d e mis s a n t o s m a n d a -
m i e n t o s , e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia y e n la
d u l c e o b e d i e n c i a , d e d o n d e sacáis la s a n g r e del i n m a c u -
lado C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . P o r eso r e c i b e n el fru-
to d e la c o n d e n a c i ó n e t e r n a con llanto y r e c h i n a r d e
dientes.
Estos son los m á r t i r e s del d e m o n i o d e q u e te h a b l é ,
d e m o d o q u e el d e m o n i o les d a los frutos q u e t i e n e r e -
s e r v a d o s p a r a sí. V e s , p u e s , q u e estas l á g r i m a s d a n fru-
tos d e s u f r i m i e n t o s e n este t i e m p o p e r e c e d e r o , y e n el
ú l t i m o t i e m p o les d a u n t r a t o sin t é r m i n o c o n los d e m o -
nios.

95 [Frutos de las segundas y terceras lágrimas.]

M e q u e d a p o r h a b l a r t e d e los frutos q u e o b t i e n e n los


q u e c o m i e n z a n a l e v a n t a r s e d e la culpa p o r t e m o r a las
p e n a s y p a r a a d q u i r i r la gracia. H a y a l g u n o s q u e salen
d e la m u e r t e del p e c a d o m o r t a l p o r t e m o r a las p e n a s .
Esto es lo q u e o c u r r e d e m o d o o r d i n a r i o .
226 El Diálogo

¿Qué frutos reciben éstos? Comienzan a vaciar la casa


de su alma de la inmundicia utilizando el libre albedrío
como mensajero del temor al castigo. Después d e haber
purificado el alma de la culpa, reciben la paz de la con-
ciencia, comienzan a preparar el afecto y a abrir los ojos
del entendimiento para ver su espacio, pues antes de es-
tar libres de inmundicia no veían otra cosa que la pesti-
lencia de muchos y diversos pecados. Comienzan a reci-
bir consuelos, porque el gusano de la conciencia se halla
en paz, como esperando la comida de la virtud.
Así obra el hombre que, después de haber curado el
estómago y sacado de él los malos humores, orienta el
apetito a tomar alimento. Del mismo modo, éstos espe-
ran que la mano de libre albedrío les prepare con el
amor la comida de la virtud, porque después d e la pre-
paración espera comer.
Y ocurre así porque el alma, ejercitando primeramen-
te el temor, vacía ya de su afecto a los pecados, recibe
por ello el segundo fruto, esto es, el segundo estado de
las lágrimas en el que el alma, por el afecto del amor,
comienza a amueblar la casa con virtudes. Aunque sea
aún imperfecta, supongamos que se ha levantado por el
temor, recibe consuelos y deleites por haber recibido
el amor de su alma, el deleite de mi Verdad, que soy el
amor mismo. Porque encuentra deleites y consuelos, y
comienza a amarme muy tiernamente, experimentando
la dulzura de ellos y de mis criaturas a causa de mí.
Ejercitando el amor en la casa de su alma, por haberla
purificado el temor, empieza a recibir los frutos de mi
divina bondad, d o n d e encontró morada para su alma.
Cuando el amor ha tomado posesión, comienza a recibir
y experimentar los distintos modos de consuelo. Si per-
severa, recibe el fruto de preparar la mesa; es decir,
cuando el alma ha pasado del temor al amor de la vir-
tud es cuando se prepara la mesa.
Alcanzadas las terceras lágrimas, pone la mesa de la
santísima cruz en el corazón y en su alma. Una vez pre-
parada, encuentra en ella el manjar del dulce y amoroso
Verbo, y empieza a comer en h o n o r a mí y la salvación
#

1
«Segundo estado»: indica n u e v a m e n t e la segunda clase d e lágri-
mas en q u e se divide el c u a r t o estado del alma (véanse notas del c.89).
La doctrina de las lágrimas 227

d e las a l m a s , con a b o r r e c i m i e n t o y d i s g u s t o d e l p e c a d o .
Ese a l i m e n t o m u e s t r a el a m o r a mí, el P a d r e , y a la sal-
vación d e v u e s t r a s a l m a s , p o r las c u a l e s fue a b i e r t o el
c u e r p o d e mi Hijo, d á n d o s e o s e n c o m i d a .
¿ Q u é p r o v e c h o recibe el a l m a e n este t e r c e r e s t a d o d e
l á g r i m a s ? T e lo d i r é . Recibe la fortaleza, b a s a d a e n el
a b o r r e c i m i e n t o d e los p r o p i o s s e n t i d o s , c o n el f r u t o
a g r a d a b l e d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , c o n la paciencia,
q u e q u i t a t o d o e s c á n d a l o y priva d e t o d o s u f r i m i e n t o ,
p o r q u e el cuchillo d e l a b o r r e c i m i e n t o d i o m u e r t e a la
v o l u n t a d p r o p i a , d o n d e r e s i d e t o d o s u f r i m i e n t o . Sólo la
v o l u n t a d sensitiva se e x t r a ñ a d e las injurias y p e r s e c u -
c i o n e s y d e la privación d e c o n s u e l o s espirituales y c o r -
p o r a l e s , y así llega a la impaciencia. P e r o , u n a vez m u e r -
ta la v o l u n t a d , c o m i e n z a c o n lloroso y d u l c e d e s e o a e x -
p e r i m e n t a r el f r u t o d e las l á g r i m a s d e la d u l c e pacien-
cia.
¡Oh f r u t o suavísimo! ¡ Q u é d u l c e e r e s a q u i e n te g u s -
ta, q u é g r a t o a mí, ya q u e , p e r m a n e c i e n d o e n la a m a r g u -
r a , e x p e r i m e n t a s la d u l z u r a ! En el t i e m p o d e las injurias
recibes la paz. C u a n d o e s t á n e n el m a r t e m p e s t u o s o ,
c u a n d o vientos p e l i g r o s o s s a c u d e n c o n g r a n d e s olas la
navecilla del a l m a , tú p e r m a n e c e s pacífica y t r a n q u i l a ,
sin d a ñ o a l g u n o , p r o t e g i d a la navecilla c o n la d u l c e vo-
l u n t a d d e Dios. P o r esta v o l u n t a d h a s r e c i b i d o el vestido
d e la v e r d a d e r a y a r d e n t í s i m a c a r i d a d p a r a q u e el a g u a
no p u e d a penetrar.
¡ O h q u e r i d í s i m a hija! Esta paciencia es la r e i n a colo-
c a d a s o b r e la r o c a d e la fortaleza; v e n c e y n u n c a es v e n -
cida; n o está sola, sino a c o m p a ñ a d a d e la p e r s e v e r a n c i a ;
es la m é d u l a d e la c a r i d a d ; es la q u e d e s c u b r e si el vesti-
d o d e esa c a r i d a d es n u p c i a l o n o ; si se halla r o t o p o r la
i m p e r f e c c i ó n , ella lo d e s c u b r e , s i n t i e n d o e n s e g u i d a lo
c o n t r a r i o , es decir, la impaciencia.
T o d a s las v i r t u d e s p u e d e n d i s f r a z a r s e a l g u n a vez d e
p e r f e c t a s , s i e n d o i m p e r f e c t a s ; p e r o a ti n o te p u e d e n e n -
g a ñ a r . Si esta d u l c e paciencia r e s i d e e n el a l m a , eso d e -
m u e s t r a q u e t o d a s las v i r t u d e s son vivas y p e r f e c t a s , y,
d e lo c o n t r a r i o , m a n i f i e s t a q u e son i m p e r f e c t a s y q u e n o
ha l l e g a d o a ú n a la m e s a d e la s a n t í s i m a c r u z , d o n d e
esa paciencia fue e n g e n d r a d a p o r el c o n o c i m i e n t o d e sí
y el d e m i b o n d a d e n ella y d o n d e h a n a c i d o el s a n t o
228 El Diálogo

aborrecimiento y h a sido u n g i d a por la v e r d a d e r a hu-


mildad.
A esta paciencia n o se le niega el manjar del h o n o r a
mí y d e la salvación d e las almas, sino q u e lo recibe d e
continuo. Contémplala, queridísima hija, en los dulces y
gloriosos mártires, q u e con sus sufrimientos comían el
manjar d e las almas. Su m u e r t e les daba vida: resucita-
ban los m u e r t o s y arrojaban las tinieblas d e los pecados
mortales. El m u n d o , con todas sus grandezas, y los se-
ñores, con su poderío, no se podían deshacer d e ellos en
razón d e esta reina, la dulce paciencia. Esta virtud se ha-
lla colocada como luz en el c a n d e l e r a .
Este es el glorioso fruto q u e p r o d u j e r o n las lágrimas
d e la caridad con el prójimo, c o m i e n d o el inmaculado
C o r d e r o degollado, mi Hijo unigénito, con t o r t u r a d o y
anhelante deseo y con dolor p o r las ofensas a mí, su
C r e a d o r . N o era p e n a aflictiva, pues el a m o r , por la ver-
d a d e r a paciencia, dio m u e r t e a todo t e m o r y a m o r pro-
pio, q u e son los q u e p r o d u c e n el dolor. Es p e n a consola-
dora, sólo d e b i d a a la ofensa q u e m e hacían y al d a ñ o al
prójimo, f u n d a d o en la caridad. Se goza en sí misma,
p o r q u e es u n a señal manifiesta d e q u e estoy en el alma
p o r la gracia.

96 [ F r u t o d e las c u a r t a s l á g r i m a s , q u e s o n d e unión.|

T e he hablado del fruto d e las terceras lágrimas. Si-


gue el c u a r t o y el último estado: el d e las lágrimas uniti-
vas '. N o se halla separado del tercero, sino q u e están
unidos e n t r e sí, c o m o mi caridad está u n i d a con la del
prójimo, pues u n a ayuda a la otra. Pero llegada el alma
a este c u a r t o estado ha crecido tanto, q u e no sólo sufre
con paciencia, sino que desea el sufrimiento con alegría,
a la vez q u e menosprecia todo lo c r e a d o , venga d e d o n -
d e venga, y busca conformarse con mi verdad, Cristo
crucificado.
El alma recibe el fruto d e la quietud d e espíritu, la
unión lograda p o r la percepción d e mi dulce naturaleza
divina. En ella gusta la leche, c o m o el niño reposa tran-
1
Según el análisis del P. Hurtaud, estas lágrimas equivalen a las
quintas.
La doctrina de las lágrimas 229

q u i l o e n los p e c h o s d e la m a d r e , y, t e n i e n d o e n su boca
la teta, e x t r a e la l e c h e a través d e la c a r n e . Así, el a l m a ,
l l e g a d a a este ú l t i m o e s t a d o , d e s c a n s a e n los p e c h o s d e
m i d i v i n a c a r i d a d , d e C r i s t o c r u c i f i c a d o , es d e c i r , si-
g u i e n d o su d o c t r i n a y sus e j e m p l o s . E n el t e r c e r e s t a d o
c o n o c i ó p e r f e c t a m e n t e q u e n o le c o n v e n í a c a m i n a r p o r
m í , el P a d r e e t e r n o , ya q u e e n m í n o p u e d e d a r s e sufri-
m i e n t o , p e r o sí e n m i a m a d o Hijo, el d u l c e y a m o r o s o
V e r b o . V o s o t r o s n o p o d é i s a n d a r sin s u f r i m i e n t o s , p e r o
c o n m u c h o e s f u e r z o p o d é i s l l e g a r a las v i r t u d e s r e a l e s ;
p o r e s o , el a l m a se p o n e a los p e c h o s d e C r i s t o , q u e es la
c a r i d a d , y saca d e él la leche d e la v i r t u d , e n la q u e halla
la v i d a d e la gracia, g u s t a n d o e n m i n a t u r a l e z a d i v i n a la
d u l z u r a d e t o d a s las v i r t u d e s . P o r eso es v e r d a d q u e las
v i r t u d e s , n o s i e n d o d u l c e s e n sí, h a n l l e g a d o a serlo p o r
e s t a r u n i d a s a m í , A m o r d i v i n o ; es d e c i r , q u e el a l m a n o
p r e s t a i n t e r é s a su p r o p i o p r o v e c h o ni a o t r a cosa q u e a
m i h o n o r y a la salvación d e las a l m a s .
C o n s i d e r a a h o r a , hija m í a , c u a n d u l c e y g l o r i o s o es el
e s t a d o d e l a l m a q u e p o r t a n g r a n u n i ó n h a l l e g a d o a los
p e c h o s d e la d i v i n a c a r i d a d . Su b o c a n o se s i e n t e a g u s t o
sin el p e c h o , ni el p e c h o sin la l e c h e . Así, esta a l m a n o se
halla sin C r i s t o c r u c i f i c a d o n i sin m í , P a d r e e t e r n o , a
q u i e n e n c u e n t r a al g u s t a r la s u m a y e t e r n a d i v i n i d a d .
¡ O h , q u i é n viese c ó m o se sacian las p o t e n c i a s d e a q u e l
a l m a ! La m e m o r i a se llena d e l c o n j u n t o r e c u e r d o d e
m í , a r r a s t r a d a p o r los beneficios r e c i b i d o s d e m i a m o r
— n o sólo p o r la r e a l i d a d d e los beneficios, sino p o r el
afecto c o n q u e m i c a r i d a d se los h a o t o r g a d o — , y s i n g u -
l a r m e n t e p o r el d e la c r e a c i ó n , c u a n d o ve q u e h a sido
c r e a d a a m i i m a g e n y s e m e j a n z a . P o r este beneficio, e n
el p r i m e r e s t a d o m e n c i o n a d o , c o n o c i ó el castigo q u e se-
g u i r í a a la i n g r a t i t u d , y p o r e s o , g r a c i a s a la s a n g r e d e
C r i s t o , se l e v a n t ó d e las m i s e r i a s , r a z ó n p o r la q u e volví
a c r e a r o s p o r m e d i o d e la gracia, l i m p i a n d o la c a r a d e
v u e s t r a s a l m a s d e la l e p r a d e l p e c a d o . A q u í se e n c o n t r ó
el a l m a , e n el s e g u n d o e s t a d o , la d u l z u r a , c u a n d o g u s t ó
la d u l z u r a d e m i a m o r , y c o n c i b i ó d e s a g r a d o d e l p e c a d o
al c o n o c e r c u á n t o m e e n o j a , p u e s t o q u e lo h a b í a castiga-
d o e n el c u e r p o d e m i Hijo u n i g é n i t o . D e s p u é s h a r e c o r -
d a d o la v e n i d a d e l Espíritu S a n t o , q u e le explicó y le e x -
plica la v e r d a d .
230 El Diálogo

¿Cuándo recibe el alma esta iluminación? Después d e


haber conocido mis beneficios en ella misma por el pri-
m e r o y segundo estados. Entonces recibe la luz perfecta,
conociendo la verdad sobre mí, Padre eterno; es decir,
q u e p o r a m o r la había creado para darle la vida eterna.
Esta es la verdad que demostré con la sangre d e Cristo
crucificado. Después de haberla conocido, la ama, y,
amándola, la manifiesta a m a n d o en concreto lo que yo
amo y aborreciendo lo q u e aborrezco. Así se encuentra
en medio de la caridad para con el prójimo.
La memoria se sacia a estos pechos u n a vez superada
toda imperfección, p o r q u e ha recordado y tenido pre-
sentes mis beneficios. El entendimiento ha recibido la
luz, mirando d e n t r o d e la memoria. Conoció la verdad
y perdió la ceguera del a m o r propio, permaneciendo en
el sol del objeto d e Cristo crucificado, en el q u e recono-
ció a Dios y al h o m b r e .
Además de este conocimiento, por la unión realizada
se eleva a u n a luz adquirida, no conseguida por la natu-
raleza ni por la propia virtud, sino por la gracia otorga-
da por mí, dulce V e r d a d , que no menosprecia los de-
seos ni los trabajos q u e han ofrecido ante mí. Entonces
el afecto, que sigue al entendimiento, se u n e con perfec-
tísimo y ardentísimo amor; y a quien me preguntase
quién es esta alma, le diría: «Un " o t r o yo"», realizado
por la unión con mi amor.
¿Qué lengua podría n a r r a r la excelencia de este últi-
m o estado unitivo y cuáles los diversos y variados frutos
q u e recibe c u a n d o las potencias del alma se hallan en
plenitud? Esta es aquella dulce unión a que te hice refe-
rencia en los escalones comunes, explicada por las pala-
bras de mi V e r d a d . N o es capaz lengua alguna de na-
rrarla, pero bien la muestran los doctores iluminados
por esta gloriosa luz, con la que explicaron la santa Es-
critura.
De d o n d e tenéis q u e el glorioso T o m á s de Aquino ad-
quirió su ciencia más por la dedicación a la oración, ele-
vación de la m e n t e y luz del entendimiento que por el
estudio h u m a n o . El fue u n a lumbrera q u e puse en el
cuerpo místico d e la Iglesia, extinguiendo las tinieblas
del error. Y si te vuelves al glorioso San J u a n Evangelis-
ta, ¡cuánta luz adquirió en el precioso pecho de Cristo,
La doctrina de las lágrimas 231

mi V e r d a d ! C o n esa luz adquirida evangelizó desde


aquel m o m e n t o p o r tiempo tan largo.
Y, p r o s i g u i e n d o así, verás q u e todos los santos os la
h a n m o s t r a d o ; q u i é n d e u n m o d o , quién d e o t r o . Pero
la percepción interior, la inefable d u l z u r a y perfecta
u n i ó n n o la p o d r á s explicar con tu lengua, p o r ser la
lengua algo finito. Esto parece q u e quiso significar San
Pablo c u a n d o dijo: «Ni el ojo p u e d e ver, ni el oído p u e -
de oír, ni el corazón p u e d e pensar cuánta d u l z u r a y bien
reciben y está p r e p a r a d o a las almas q u e m e sirven d e
2
verdad» . ¡Qué dulce —dulce más q u e toda d u l z u r a —
la p e r m a n e n c i a lograda p o r la perfecta u n i ó n q u e el
alma h a realizado conmigo! P o r q u e ya no está e n t r e los
dos la voluntad propia del alma, puesto q u e se ha hecho
u n a cosa conmigo. Esta u n i ó n d e r r a m a p e r f u m e p o r
todo el m u n d o : el fruto d e las continuas y humildes
oraciones. La fragancia del deseo clamó p o r la salvación
d e las almas con u n a voz q u e n o es h u m a n a , g r i t a n d o
ante la presencia d e mi divina majestad.
Estos son los frutos d e la u n i ó n , q u e c o m e con m u -
chas lágrimas y sudores en el último estado. Así, pasa
con v e r d a d e r a perseverancia d e esta u n i ó n , a ú n imper-
fecta, a la perfecta p o r la gracia. Pero m i e n t r a s está uni-
da al c u e r p o , p o r q u e en esta vida no se p u e d e saciar d e
lo q u e desea, es llamada «unión imperfecta»; también li-
gada a la inclinación perversa, q u e se halla a d o r m e c i d a
p o r el afecto d e la virtud. N o está m u e r t a , y p o r eso
p u e d e despertarse si desapareciese la influencia d e la
virtud imperfecta, q u e la hace d o r m i r . La u n i ó n imper-
fecta lleva a recibir la perfección d u r a d e r a , la cual n o
p u e d e ser quitada p o r n a d a , c o m o te dije h a b l a n d o d e
los b i e n a v e n t u r a d o s . Por ella gusta en mí, Vida eterna,
el s u m o y e t e r n o bien, q u e n u n c a t e r m i n a e n los verda-
deros gustadores [los b i e n a v e n t u r a d o s ] . Estos h a n reci-
bido la vida e t e r n a ; lo contrario d e los q u e recibieron la
m u e r t e e t e r n a , fruto d e su llanto. Pasan del llanto a la
alegría; al recibir vida sempiterna con el fruto d e las lá-
grimas y con la ardiente caridad, m e la d a n a mí p o r
m e d i o d e vosotros.
H e t e r m i n a d o d e hablarte d e los grados d e las lágri-

2
1 C o r 2,9.
232 El Diálogo

mas, d e su perfección y del fruto q u e el alma recibe por


ellas: q u e los perfectos reciben vida e t e r n a , y los malos,
condenación e t e r n a .

ALABANZA A DIOS POR EL DON DEL AMOR


Y PETICIÓN DE MAS LUZ SOBRE TRES PUNTOS

97 [ E s t a a l m a d e v o t a , a g r a d e c i e n d o a D i o s la e x p l i c a c i ó n d e
l o s e s t a d o s d e las l á g r i m a s , h a c e t r e s p e t i c i o n e s . I

Entonces, aquel alma, angustiada por grandísimo de-


seo a causa d e la explicación y p o r q u e la V e r d a d había
satisfecho su p r e g u n t a acerca de los estados d e las lágri-
mas, dijo c o m o e n a m o r a d a :
Gracias, gracias a ti, s u m o y e t e r n o Padre, c u m -
plidor d e los santos deseos y a m a d o r d e nuestra salva-
ción por m e d i o d e tu Hijo unigénito, q u e por a m o r nos
has d a d o el a m o r en el tiempo e n q u e nos hallábamos
en g u e r r a contigo. Por la p r o f u n d i d a d d e tu ardorosa
caridad, te pido la gracia y misericordia de q u e , P a d r e
e t e r n o , antes d e t e r m i n a r estos tres estados, m e los ex-
pliques, a fin d e q u e p u e d a ir a ti con p u r e z a y camine
p o r la luz, y no en tinieblas, por m e d i o d e la doctrina d e
tu V e r d a d , q u e m e has m o s t r a d o con claridad p a r a q u e
p u e d a ver los dos e n g a ñ o s en que p o d e m o s estar o nos
p u e d a n sobrevenir.
El p r i m e r o es q u e , si ocurriese alguna vez que alguien
q u e quisiese servirte viniese a mí o a o t r o servidor tuyo,
desearía yo saber qué debo enseñarle ' . B i e n sé, dulce
Dios e t e r n o , q u e antes m e aclaraste aquella frase: «Yo
soy el q u e se deleita en pocas palabras y m u c h a s obras».
Sin e m b a r g o , m e servirá d e gran consuelo, si place a tu
voluntad, q u e m e digas algo sobre esto.
Y también q u e , si alguna vez, c u a n d o hago oración
p o r tus criaturas, y especialmente p o r tus servidores, e n
esa oración encontrase en a l g u n o el espíritu dispuesto o
creyera q u e esto te a g r a d a y q u e otro tiene el espíritu
t u r b a d o , ¿debo o p u e d o , P a d r e e t e r n o , pensar q u e u n o
se halla con la luz y el o t r o en tinieblas? O si viese q u e

1
Alusión autobiográfica.
La doctrina de las lágrimas 233

u n o c a m i n a con g r a n penitencia y el o t r o n o , ¿ d e b o
c r e e r q u e tiene m a y o r perfección el q u e hace m a y o r e s
penitencias q u e el otro? T e r u e g o q u e d e t a l l a d a m e n t e
m e aclares lo q u e m e has d i c h o e n g e n e r a l , p a r a q u e n o
sea e n g a ñ a d a en mi c o r t o e n t e n d e r .
Lo s e g u n d o q u e te p i d o es q u e especifiques mejor la
señal q u e m e dijiste recibe el a l m a c u a n d o es visitada en
el espíritu: si es d a d a p o r ti, P a d r e e t e r n o , o n o .
Si lo r e c u e r d o bien, P a d r e e t e r n o , m e dijiste q u e el es-
píritu p e r m a n e c e con alegría y con á n i m o p a r a la v i r t u d .
Q u i s i e r a saber si esta alegría p u e d e ser e n g a ñ o s a a cau-
sa d e la pasión espiritual p r o p i a . Estas son las p r e g u n t a s
q u e te h a g o a fin d e q u e p u e d a servirte a ti y a mi próji-
m o d e veras y n o c a e r e n u n a falsa apreciación d e las
c r i a t u r a s y d e tus servidores, p o r q u e m e p a r e c e q u e la
apreciación, es decir, enjuiciar aleja al a l m a d e ti, y p o r
ello n o quisiera c a e r en tal inconveniente.——

Catalina libera del d e m o n i o a


u n a posesa.
LA D O C T R I N A DE LA V E R D A D

TRES LUCES NECESARIAS


[a) Luz general sobre las cosas del mundo, b ) Luz perfecta sobre el
abandono del mundo, c) Luz perfectísima sobre la presencia de Dios
en el mundo. —La doctrina de la pureza. \

98 [ L a l u z d e la r a z ó n e s n e c e s a r i a a c u a l q u i e r a l m a q u e d e
v e r a s q u i e r a s e r v i r a D i o s . — P r i m e r o , s o b r e la l u z g e n e r a l . ]

Entonces, el Dios se alegró d e la sed y h a m b r e d e


aquel alma y d e la rectitud d e corazón, y q u e r i e n d o
a t e n d e r al favor q u e le pedía, volvió sus ojos d e p i e d a d y
misericordia hacia ella, diciendo:
¡Oh amadísima y queridísima hija y esposa mía!
Levántate sobre ti misma y abre los ojos del e n t e n d i -
m i e n t o p a r a v e r m e a mí, B o n d a d infinita, y el a m o r ine-
fable q u e te t e n g o a ti y a los d e m á s servidores míos.
A b r e el oído d e tu deseo, p o r q u e d e o t r o m o d o , si n o
vieses, n o podrías oír, o sea, q u e el alma q u e no m i r a
con su e n t e n d i m i e n t o en el objeto d e mi v e r d a d , n o
p u e d e oír ni conocer mi v e r d a d . Por eso, p a r a q u e la co-
nozcas mejor, q u i e r o q u e te levantes sobre todo lo sensi-
ble, y yo, q u e m e deleito e n tu petición y deseo, te c o m -
placeré. N o es q u e el deleite p u e d a crecer en mí p o r
vuestra intervención, p u e s t o q u e yo soy quien lo hace
crecer en vosotros, sino q u e m e gozo e n el mismo gozo
q u e doy a las criaturas.
Entonces aquel alma obedeció, y, elevándose sobre sí
m i s m a p a r a conocer la v e r d a d d e lo q u e le p r e g u n t a b a ,
Dios e t e r n o le dijo:
Para q u e mejor p u e d a s e n t e n d e r lo q u e voy a d e -
cir, volveré al principio d e lo q u e p r e g u n t a s : a las tres
luces q u e salen d e mí, v e r d a d e r a Luz.
La p r i m e r a es u n a luz c o m ú n q u e se halla en los q u e
están en caridad c o m ú n . A u n q u e te he dicho q u e tienes
d e u n a y o t r a luz [natural y s o b r e n a t u r a l ) , te repetiré
m u c h a s cosas ya dichas p a r a q u e tu p o b r e e n t e n d i m i e n -
to e n t i e n d a mejor lo q u e quisiere saber. Las otras dos
c o r r e s p o n d e n a aquellos q u e se h a n elevado sobre el
La doctrina de la verdad 235

m u n d o y q u i e r e n la perfección. A d e m á s d e esto, te e x -
plicaré lo q u e m e h a s p r e g u n t a d o , r e s p o n d i é n d o t e e n
c o n c r e t o a lo q u e te i n t e r e s a s o b r e la i l u m i n a c i ó n g e n e -
ral.
Sabes q u e te dije q u e sin luz n a d i e p u e d e a n d a r p o r el
c a m i n o d e la v e r d a d , es d e c i r , sin la luz d e la r a z ó n . Esta
la recibís d e mí, v e r d a d e r a L u z , p o r el e n t e n d i m i e n t o y
p o r la luz d e la fe q u e o s h e d a d o e n el s a n t o b a u t i s m o ,
si n o la quitáis p o r v u e s t r o s p e c a d o s . E n el b a u t i s m o ,
m e d i a n t e y e n v i r t u d d e la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o ,
recibisteis la f o r m a d e esta fe. Ella, ejercitada e n la vir-
t u d p o r la luz d e la r a z ó n —la c u a l se halla i l u m i n a d a
p o r la luz d e la fe—, os d a vida y os h a c e a n d a r p o r el
c a m i n o d e la v e r d a d . C o n ella m e c o n s e g u í s a mí, v e r d a -
d e r a L u z , y sin ella c o n s e g u i r é i s las tinieblas.
O s son n e c e s a r i a s d o s luces p r o c e d e n t e s d e esta luz, y
a u n a esas d o s luces a ñ a d i r é u n a t e r c e r a .
La p r i m e r a es p a r a q u e seáis i l u m i n a d o s e n el conoci-
m i e n t o d e las cosas t r a n s i t o r i a s d e l m u n d o , q u e p a s a n
c o m o el v i e n t o . P e r o n o las p o d é i s c o n o c e r b i e n si a n t e s
n o conocéis v u e s t r a p r o p i a fragilidad y lo i n c l i n a d a q u e
se halla a r e b e l a r s e c o n t r a m í , v u e s t r o C r e a d o r , d e b i d o
a u n t e n d e n c i a p e r v e r s a q u e está u n i d a a v u e s t r o s
m i e m b r o s . N o es q u e p o r esta inclinación se vea u n o
o b l i g a d o a c o m e t e r el m e n o r p e c a d o si n o lo q u i e r e ,
p e r o ella l u c h a c o n t r a el espíritu. N o p u s e yo esta incli-
n a c i ó n p a r a q u e m i c r i a t u r a r a c i o n a l fuese v e n c i d a , sino
p a r a q u e a u m e n t a s e y m a n i f e s t a s e la v i r t u d del a l m a ,
p o r q u e la v i r t u d n o se p u e d e m a n i f e s t a r si n o hay algo
q u e la c o n t r a d i g a . Los s e n t i d o s son c o n t r a r i o s al espíri-
t u , y p o r ellos p r u e b a el a l m a el a m o r q u e m e t i e n e a m í ,
su c r e a d o r . ¿ C u á n d o lo p r u e b a ? C u a n d o se l e v a n t a c o n -
t r a los sentidos c o n a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o .
T a m b i é n le d i esta inclinación p a r a c o n s e r v a r l a e n la
v e r d a d e r a h u m i l d a d . P o r d o n d e ves q u e , al c r e a r al
alma a mi imagen y semejanza, colocándola en tanta
d i g n i d a d y belleza, le di p o r c o m p a ñ e r o lo m á s vil q u e
existe, p u e s le d i la m a l a inclinación, esto es, p e g á n d o s e -
la al c u e r p o , f o r m a d o d e lo m á s vil d e la t i e r r a , p a r a
q u e , c u a n d o viera su belleza, n o l e v a n t a s e la c a b e z a d e
la s o b e r b i a c o n t r a m í . P o r lo c u a l , el frágil c u e r p o , e n el
q u e r e s i d e esta luz, es r a z ó n q u e se h u m i l l e , y n o tiene
236 El Diálogo

d e q u é ensoberbecerse, sino de q u é humillarse v e r d a d e -


r a y p e r f e c t a m e n t e . De m o d o q u e esta inclinación no
fuerza al pecado p o r causa d e la lucha, sino q u e es causa
d e haceros conocer a vosotros mismos y la poca consis-
tencia del m u n d o .
Esto d e b e verlo el e n t e n d i m i e n t o con la luz d e la san-
tísima fe, a la q u e califiqué c o m o pupila d e los ojos del
e n t e n d i m i e n t o ; es la luz necesaria q u e toda criatura ra-
cional precisa, p o r lo general, para participar d e la vida
d e la gracia en cualquier estado en q u e se halle, si quie-
r e favorecerse del fruto d e la sangre del C o r d e r o inma-
culado; es la luz c o m ú n , o sea, la q u e c o m ú n m e n t e d e b e
t e n e r toda criatura, d e m o d o q u e quien n o la tuviera se
hallaría en estado d e condenación. Por n o hallarse en
estado d e gracia, pues entonces no tienen esta luz, y
quien n o la tiene no conoce el mal d e la culpa y cuál es
su raíz, no p u e d e a m a r m e ni d e s e a r m e a mí, q u e soy el
Bien; ni a la virtud, q u e le he d a d o c o m o i n s t r u m e n t o
p a r a o t o r g a r s e la gracia.
Ves, p o r t a n t o , lo necesaria q u e os es esta luz, p o r q u e
d e o t r o m o d o con vuestros pecados amáis lo q u e yo odio
y odiáis lo que yo amo. Yo a m o la virtud y odio el vicio, y
quien ama el vicio y no ama.la virtud m e ofende y es pri-
vado de mi gracia. Es como u n ciego, sin conocer la
causa del pecado, es decir, el a m o r propio sensitivo. N o
se odia a sí m i s m o ni conoce el pecado, ni el mal q u e se
le sigue en razón del pecado. N o conoce ni a la virtud ni
a mí, q u e soy el origen d e la virtud q u e le da la gracia,
ni la dignidad en q u e se e n c u e n t r a , ni c ó m o se llega a la
gracia p o r m e d i o d e la virtud.
Ves, pues, q u e la falta d e conocimiento es la causa d e
su mal; luego tenéis necesidad d e esta luz.

9 9 [Los que han puesto más su deseo en mortificar el cuer-


po que en matar la voluntad propia.—Esta es una luz más
perfecta que la general.—Matar la voluntad propia es la se-
gunda luz.]

Después q u e el alma ha llegado a la luz c o m ú n y la ha


adquirido, n o d e b e d a r s e p o r satisfecha, p o r q u e mien-
tras sois peregrinos en esta vida sois capaces d e crecer, y
debéis hacerlo. Debéis crecer en la luz c o m ú n q u e ha-
La doctrina de ¡a verdad 237

béis a d q u i r i d o m e d i a n t e la gracia e i n t e n t a r c o n solici-


t u d c a m i n a r p o r la s e g u n d a luz, y d e lo i m p e r f e c t o p a -
sar a lo p e r f e c t o , p o r q u e sólo c o n la luz se llega a la p e r -
fección.
E n esta s e g u n d a luz p e r f e c t a se d a n d o s clases d e p e r -
fectos. Perfectos s o n los q u e se h a n l e v a n t a d o s o b r e el
c o m ú n vivir d e l m u n d o . E n esta perfección hay d o s g r a -
d o s . U n o s se d e d i c a n i n t e n s a m e n t e a castigar su c u e r p o
h a c i e n d o á s p e r a y g r a n d í s i m a p e n i t e n c i a p a r a q u e sus
s e n t i d o s n o se r e b e l e n c o n t r a la r a z ó n . H a n p u e s t o su
e m p e ñ o m á s e n la mortificación d e l c u e r p o q u e e n d a r
m u e r t e a la v o l u n t a d p r o p i a . Se a l i m e n t a n e n la m e s a d e
la p e n i t e n c i a , y s o n b u e n o s y p e r f e c t o s si su p e n i t e n c i a
está b a s a d a e n m í c o n la luz d e la discreción, es decir,
c o n u n v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o d e sí y d e m í , c o n g r a n
h u m i l d a d , c o m p l e t a m e n t e d e a c u e r d o e n s e r j u e c e s se-
g ú n m i v o l u n t a d y n o s e g ú n la d e los h o m b r e s .
Si n o f u e r a n así, esto es, c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d ,
vestidos d e m i v o l u n t a d , o b r a r í a n f r e c u e n t e m e n t e c o n -
t r a su p e r f e c c i ó n , e r i g i é n d o s e e n j u e c e s d e los q u e n o
van p o r el c a m i n o q u e ellos, p u e s h a n p u e s t o m á s c u i d a -
d o y d e s e o e n m o r t i f i c a r el c u e r p o q u e su p r o p i a v o l u n -
t a d . Q u i e r e n elegir s i e m p r e los t i e m p o s , los l u g a r e s , los
c o n s u e l o s y hasta las t r i b u l a c i o n e s d e l m u n d o y los c o m -
bates d e l d e m o n i o a su m o d o , tal c o m o te h e d i c h o d e l
s e g u n d o e s t a d o i m p e r f e c t o . E n g a ñ á n d o s e a sí m i s m o s y
e n g a ñ a d o s p o r la p r o p i a v o l u n t a d , q u e te califiqué d e
« v o l u n t a d espiritual», d i c e n : «Yo q u i s i e r a este c o n s u e l o y
n o este c o m b a t e ni molestias d e l d e m o n i o , y n o lo d i g o
p o r m í , sino p o r a g r a d a r m á s a Dios y t e n e r l o e n m i
a l m a m á s p o r la gracia, p o r q u e m e p a r e c e m e j o r p o -
s e e r l o y servirle d e este m o d o q u e n o d e l o t r o » .
P o r esta r a z ó n , m u c h a s veces c a e n e n tristeza y hastío,
h a c i é n d o s e i n s o p o r t a b l e s a sí m i s m o s y o f e n d i e n d o su
e s t a d o p e r f e c t o . N o se d a n c u e n t a d e q u e y a c e n e n la
pestilencia d e la s o b e r b i a , ya q u e , si n o e s t u v i e r a n e n
ella, sino q u e fuesen v e r d a d e r a m e n t e h u m i l d e s y n o
p r e s u n t u o s o s , v e r í a n c o n la luz q u e d o y yo, p r i m e r a y
dulce Verdad; doy también grado, tiempo y lugar, con-
suelos y t r i b u l a c i o n e s , s e g ú n sea n e c e s a r i o p a r a v u e s t r a
s a l u d y p a r a c o n c l u i r e n el a l m a la p e r f e c c i ó n a q u e les
h e e l e g i d o . V e r í a n q u e t o d o lo d o y p o r a m o r , y p o r eso
238 El Diálogo

todo lo recibirían con a m o r y reverencia. Así hacen los


s e g u n d o s , es decir, los q u e van acercándose al tercer
g r a d o , d e q u i e n e s te hablaré, p u e s estos dos g r a d o s se
hallan en esta luz perfectísima.

100 [La t e r c e r a y más perfecta luz d e l c o r a z ó n . — O b r a s


q u e h a c e el a l m a q u e h a l l e g a d o a e l l a . — H e r m o s a visión q u e
u n a v e z t u v o e s t a a l m a d e v o t a . — M o d o d e c o n s e g u i r la p e r f e c -
ta p u r e z a . — N o se d e b e n e m i t i r j u i c i o s . |

Los terceros, llegados a esta gloriosa luz, son perfec-


tos e n cualquier situación e n q u e se hallen. T o d o lo q u e
p e r m i t o respecto d e ellos, lo tienen en la d e b i d a reve-
rencia, igual q u e en el tercer estado del alma, el unitivo,
d e q u e te hablé. Se j u z g a n dignos d e los sufrimientos,
d e q u e el m u n d o se escandalice d e ellos y d e ser priva-
dos d e sus consuelos, d e cualquier clase q u e sean. C o m o
se c r e e n m e r e c e d o r e s d e sufrimientos, se j u z g a n tam-
bién indignos del fruto q u e les siguen. En esa luz h a n
conocido mi e t e r n a voluntad, q u e n o q u i e r e otra cosa
q u e vuestro bien y lo doy y p e r m i t o p a r a q u e seáis santi-
ficados e n mí.
C u a n d o el alma h a conocido mi voluntad, se h a reves-
tido d e ella, y n o atiende m á s q u e al m o d o d e conservar
y a u m e n t a r la perfección d e su estado p a r a gloria y ala-
b a n z a d e mi n o m b r e , d i r i g i e n d o mi e n t e n d i m i e n t o con
la luz d e Cristo crucificado, mi Hijo único, a m a n d o y si-
g u i e n d o su doctrina, q u e es la regla y c a m i n o p a r a los
perfectos y p a r a los imperfectos. V i e n d o q u e el e n a m o -
r a d o C o r d e r o , mi V e r d a d , les d a la d o c t r i n a d e la p e r -
fección, al c o n t e m p l a r l a se e n a m o r a d e ella. Esta es la
perfección q u e conoció al c o n t e m p l a r a este y a m o r o s o
V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o , q u e se alimenta a la mesa del
santo deseo, b u s c a n d o mi h o n o r , el del P a d r e e t e r n o , y
vuestra salvación. C o n este deseo corrió con g r a n solici-
t u d a la oprobiosa m u e r t e q u e le había sido impuesta
p o r mí, el P a d r e , n o e s q u i v a n d o trabajos ni ultrajes. N o
fue remiso en r e c o n o c e r tan g r a n d e s beneficios, o t o r g a -
d o s a pesar d e la ingratitud, d e la ignorancia y persecu-
ciones d e los j u d í o s ; p o r los escarnios, villanías o m u r -
m u r a c i o n e s y p o r los gritos hostiles del p u e b l o . T o d o lo
s u p e r ó , c o m o v e r d a d e r o capitán y caballero, el q u e yo
La doctrina de la verdad 239

había p u e s t o en el campo d e batalla a c o m b a t i r p a r a


a r r a n c a r o s d e las m a n o s d e los d e m o n i o s , y p a r a q u e os
enseñase su c a m i n o , su doctrina y su regla, y p a r a q u e
vosotros pudierais alcanzar mi p u e r t a , Vida e t e r n a , con
la llave d e la preciosa s a n g r e , d e r r a m a d a con tan a r d o -
roso a m o r y con a b o r r e c i m i e n t o d e vuestros pecados.
C o m o si os dijera este dulce y a m o r o s o V e r b o : « H e
aquí q u e os he p r e p a r a d o el camino y abierto la p u e r t a
con mi s a n g r e : p o r t a n t o , n o seáis perezosos e n seguirlo
s e n t á n d o o s sobre el a m o r a vosotros mismos, y con la ig-
n o r a n c i a d e n o r e c o n o c e r el c a m i n o y con la p r e s u n c i ó n
y el deseo d e elegir el servicio d e Dios a vuestro m o d o y
n o según el mío; p o r q u e os h e t r a z a d o u n c a m i n o d e r e -
cho p o r m e d i o d e mi e t e r n a V e r d a d , el q u e h a sido
abierto a golpes con la s a n g r e d e mi V e r b o e n c a r n a d o . »
«Levantaos, pues, y seguidlo, p u e s n a d i e p u e d e venir
a mí, el P a d r e , sino p o r El. El es el c a m i n o y la p u e r t a
p o r d o n d e tenéis q u e venir a mí, Mar d e paz.»
C u a n d o el alma ha l o g r a d o e x p e r i m e n t a r esta luz
— p o r q u e d u l c e m e n t e la ha visto y conocido, y p o r eso la
ha gustado—, corre, como enamorada y angustiada de
a m o r , a la mesa del santo d e s e o , y n o se ve a través d e sí
m i s m a ni busca el propio consuelo, sea espiritual o cor-
poral. C o m o quien t o d o lo confía e n esta luz y conoci-
m i e n t o , tiene a h o g a d a la voluntad propia. N o d e s d e ñ a
los sufrimientos, d e cualquier p a r t e q u e v e n g a n , sino
q u e , sufriendo con trabajo el o p r o b i o , las molestias del
d e m o n i o y las m u r m u r a c i o n e s d e los h o m b r e s , c o m e en
la mesa d e la santísima c r u z el alimento e n h o n o r a mí,
Dios e t e r n o , y d e la salvación d e las almas.
N o busca la r e m u n e r a c i ó n e n mí o en las criaturas,
p o r q u e se ha despojado del a m o r m e r c e n a r i o , es decir,
del a m o r p o r interés propio, y está vestida d e la luz per-
fecta, a m á n d o m e con p u r e z a y sin interés a l g u n o q u e
n o sea la gloria y alabanza d e mi n o m b r e ; n o sirviéndo-
m e p o r el deleite propio, ni al prójimo p o r utilidad, sino
sólo p o r a m o r .
Estos se h a n p e r d i d o a sí mismos, se h a n despojado
del h o m b r e viejo, es decir, d e los propios sentidos, y se
h a n vestido del h o m b r e n u e v o , Cristo, el dulce J e s ú s , mi
V e r d a d , siguiéndolo e s f o r z a d a m e n t e . Se p o n e n a la
mesa del santo deseo. H a n cifrado m á s su c u i d a d o en
240 El Diálogo

m a t a r la v o l u n t a d q u e e n matar y mortificar el c u e r p o ;
p e r o n o p o r efecto principal, sino c o m o i n s t r u m e n t o
p a r a a y u d a r a m a t a r la propia voluntad, tal c o m o te dije
al explicar aquella frase de q u e yo q u e r í a pocas palabras
y m u c h a s o b r a s . Y así debéis o b r a r , p o r q u e la intención
principal d e b e ser d a r m u e r t e a la voluntad y n o buscar
ni q u e r e r sino mi dulce V e r d a d , Cristo crucificado, p o r
el h o n o r y gloria de mi n o m b r e y la salvación d e las al-
mas.
Los q u e se hallan e n esta dulce luz o b r a n así, y p o r
ello se e n c u e n t r a n siempre e n paz y q u i e t u d , y n o hay
q u i e n los escandalice, p o r q u e h a n s u p r i m i d o lo q u e p r o -
d u c e escándalo, es decir, la voluntad propia. T o d a s las
persecuciones q u e el m u n d o y el d e m o n i o p u e d e n p r o -
m o v e r se hallan a sus pies. Están e n el a g u a d e m u c h a s
tribulaciones y tentaciones; p e r o n o les hacen d a ñ o , p o r
estar asidos a la r a m a d e l a r d o r o s o deseo '.
Gozan d e t o d o y n o se e r i g e n e n j u e c e s d e mis servi-
d o r e s ni d e n i n g u n a c r i a t u r a racional, sino q u e se ale-
g r a n d e t o d o lo q u e ven, diciendo: «Gracias a ti, P a d r e ,
2
p o r q u e e n tu casa hay m u c h a s mansiones» . T a n t o m á s
gozan c u a n t o s m á s m o d o s ven d e servirme; más q u e si
e n c o n t r a s e n q u e iban todos p o r el m i s m o c a m i n o , p u e s
ven q u e así se manifiesta la g r a n d e z a d e su b o n d a d . De
todo sacan la fragancia d e la rosa; n o sólo del bien, sino
q u e n o j u z g a n d e los q u e ven q u e c i e r t a m e n t e h a n peca-
d o , antes bien tienen santa compasión, r o g a n d o p o r
ellos, y dicen c o n perfecta h u m i l d a d : «Hoy te toca a ti,
m a ñ a n a m e tocaría a mí, si n o fuera p o r la gracia, q u e
m e preserva».
¡Oh hija queridísima! E n a m ó r a t e d e este dulce y ex-
celente estado y c o n t e m p l a a los q u e c o r r e n con esta luz
y su excelencia, p u e s tienen santos pensamientos, c o m e n
a la mesa d e los santos deseos y h a n logrado alimentarse
d e las almas con a r d o r o s a caridad p o r h o n o r a mí, Pa-
d r e e t e r n o , vestidos del dulce C o r d e r o , mi Hijo u n i g é -
nito, o sea, d e su doctrina.
N o p i e r d e n el tiempo e n falsos juicios acerca del m u n -
d o ni d e mis servidores y n o escandalizan p o r m u r m u -
r a c i ó n a l g u n a acerca d e sí m i s m o s ni d e o t r o s . E n

1 2
C a n t 8,7 y J n 15,5. J n 14,2.
La doctrina de la verdad 241

c u a n t o a ellos, e s t á n c o n t e n t o s d e sufrir algo p o r mí.


C u a n d o la m u r m u r a c i ó n se r e f i e r e a o t r o s , la sufren
p o r c o m p a s i ó n al p r ó j i m o y n o c o n crítica d e los q u e la
h a c e n , p o r q u e su a m o r n o se halla m a l d i r i g i d o , sino
o r i e n t a d o a m í , Dios e t e r n o , y al p r ó j i m o . C o m o e n ellos
ese a m o r está b i e n o r i e n t a d o , n o r e c i b e n e s c á n d a l o
n u n c a , carísima hija. N o se e x t r a ñ a n d e lo q u e aquéllos
a m a n ni d e c r i a t u r a a l g u n a racional, p u e s su p a r e c e r se
halla m u e r t o y n o vivo, y p o r eso n o p r e t e n d e n j u z g a r la
i n t e n c i ó n d e los h o m b r e s , sino la d e m i c l e m e n c i a .
O b s e r v a n la d o c t r i n a q u e sabes q u e te fue d a d a p o r
m i V e r d a d al c o m e n z a r tu vida, c u a n d o p e d i s t e c o n
g r a n d e s e o llegar a la p e r f e c t a p u r e z a d e espíritu. Si
p i e n s a s e n el m o d o e n q u e p o d é i s c o n s e g u i r l a , sabes lo
q u e te dije s o b r e este d e s e o c u a n d o estabas a r r o b a d a .
N o sólo e n el espíritu, sino e n la voz q u e s o n ó a tus oí-
3
d o s c u a n d o volviste a los s e n t i d o s , si bien te a c u e r d a s ,
c u a n d o m i V e r d a d te dijo: « ¿ Q u i e r e s llegar a la p e r f e c -
ta p u r e z a d e espíritu y v e r t e libre d e los e s c á n d a l o s y
q u e tu espíritu n o se escandalice p o r n a d a ? E n t o n c e s
h a z q u e s i e m p r e te u n a s a mí p o r afecto d e a m o r , p o r -
q u e yo soy s u m a y e t e r n a p u r e z a y f u e g o q u e purifica al
a l m a . P o r esto, c u a n t o el a l m a m á s se a c e r c a a mí, m á s
p u r a se h a c e , y c u a n t o m á s se a p a r t a , se h a c e m á s in-
m u n d a . Los h o m b r e s c a e n e n t a n t a s m a l d a d e s p o r ha-
llarse s e p a r a d o s d e mí, p e r o el a l m a q u e se u n e a mí, sin
cortapisas, participa d e mi p u r e z a
» O t r a cosa te c o n v i e n e h a c e r p a r a llegar a esta u n i ó n
y p u r e z a : q u e n u n c a j u z g u e s d e l h o m b r e , sino d e mi
i n t e n c i ó n p a r a con él y p a r a c o n t i g o e n lo q u e vieras
h a c e r o decir, sea p o r q u i e n sea, c o n t r a ti o c o n t r a los
demás.
»Y si vieses p e c a d o o d e f e c t o manifiesto, saca d e a q u e -
lla e s p i n a la rosa, es decir, o f r é c e m e l a c o n s a n t a c o m p a -
sión. E n las injurias q u e te h a g a n , p i e n s a e n q u e m i vo-
l u n t a d lo p e r m i t e p a r a p r o b a r tu v i r t u d y la d e mis sier-
vos, p e n s a n d o q u e lo h a c e n c o m o i n s t r u m e n t o s d e q u e
m e sirvo, j u z g a n d o q u e m u c h a s veces t e n d r á n b u e n a in-
t e n c i ó n . N a d i e h a y q u e p u e d a j u z g a r el c o r a z ó n escon-
d i d o d e los h o m b r e s .

3
Alusión autobiográfica.
242 El Diálogo

»Lo que veas q u e no es expresa y claramente pecado,


no lo debes interpretar sino como manifestación de mi
voluntad en ellos; y si tienes seguridad de que es peca-
d o , tampoco debes juzgar, sino tener compasión. De
este m o d o llegarás a la perfecta pureza, porque, hacién-
dolo así, tu espíritu no se escandalizará d e mí ni de tu
prójimo. El desdén hacia el prójimo proviene d e j u z g a r
en él mala intención y no ver la mía. Este desdén y es-
cándalo aparta al alma de mí e impide la perfección, y
en algunos casos quita la gracia, más o menos según la
gravedad del desdén y el aborrecimiento concebido ha-
cia el prójimo por su juicio.
»Lo contrario ocurre al alma que considera mi inten-
ción. Como está siempre en el a m o r al prójimo, perma-
nece siempre en mi amor, y por eso el alma sigue unida
a mí. Mi voluntad no quiere sino vuestro bien: lo q u e
doy o permito, lo doy para que tengáis ante vosotros el
fin para que os creé.
»Para llegar a la pureza que m e pides, te es preciso,
por consiguiente, hacer estas tres cosas principales:
unirte a mí por afecto de amor, g u a r d a n d o en la m e m o -
ria los beneficios que de mí has recibido; q u e r e r ver con
el entendimiento el afecto de mi caridad, que os ama
inestimablemente; y, en cuanto a la voluntad del hom-
bre, ver en ella la mía y no su mala voluntad, porque en
esto soy yo el juez; yo y no vosotros. De esto se te segui-
rá la perfección». Si te acuerdas, ésta fue la doctrina que
le dio mi Verdad.
T e digo ahora, hija queridísima, que los que te dije
que parecía q u e habían aprendido esta doctrina, gustan
las arras de la vida eterna en esta vida. Si la tienes en
cuenta, no caerás en las argucias del demonio, porque
las descubrirás; ni tampoco en el juzgar al prójimo. Sin
embargo, para satisfacer más concretamente tus deseos,
te diré y mostraré cómo no podéis emitir juicio alguno
para condenar, sino para compadecer.

101 [Los q u e h a n l l e g a d o a la t e r c e r a y perfecu'sima luz r e c i b e n


las p r i m i c i a s d e la vida e t e r n a . ]

¿Por qué te dije que recibían las arras de la vida eter-


na? Respondo q u e no las reciben como pago. Este espe-
La doctrina de la verdad 243

r a n recibirlo e n mí e n la vida p e r d u r a b l e , e n u n a vida


sin m u e r t e , e n saciedad sin hastío y e n h a m b r e sin sufri-
m i e n t o , p u e s t o q u e éste se halla lejos d e l h o m b r e , p u e s
tiene lo q u e d e s e a , y se halla alejado el hastío d e la sacie-
d a d , p o r q u e yo soy c o m i d a sin defecto a l g u n o .
Reciben las primicias y las e x p e r i m e n t a n d e esta ma-
nera: el alma comienza a tener h a m b r e del h o n o r a mí,
Dios e t e r n o y m a n j a r d e la salvación d e las a l m a s , p o r -
q u e el a l m a se a l i m e n t a y n u t r e d e la c a r i d a d del próji-
m o , d e q u e tiene h a m b r e y d e s e o . Es éste u n m a n j a r del
q u e , n u t r i é n d o s e , n u n c a se sacia, p o r ser incapaz d e sa-
ciar; p o r eso le q u e d a s i e m p r e h a m b r e . A u n q u e las
a r r a s son el principio d e u n a s e g u r i d a d q u e se d a al
h o m b r e a c u e n t a d e lo q u e e s p e r a recibir, con t o d o , el
a l m a e n a m o r a d a y vestida d e la d o c t r i n a d e mi V e r d a d ,
h a b i e n d o recibido ya las a r r a s d e m i c a r i d a d y del próji-
m o e n sí m i s m a e n esta vida, n o es a ú n perfecta e n sí,
sino q u e e s p e r a la perfección d e la vida i n m o r t a l , p u e s
ellas n o son perfectas e n sí, sino q u e la fe d a la seguri-
d a d d e alcanzar la p l e n i t u d r e c i b i e n d o la r e m u n e r a c i ó n .
Repito q u e n o son perfectas —lo q u e el a l m a experi-
m e n t a n o es a ú n perfección—, d e m o d o q u e n o t e n g a
s u f r i m i e n t o e n sí y e n los d e m á s . N o lo son e n sí p o r las
ofensas q u e m e h a c e n a causa d e la p e r v e r s a inclinación
q u e se halla ligada a sus m i e m b r o s c u a n d o ésta q u i e r e
luchar contra el espíritu; en los otros, p o r las ofensas del
p r ó j i m o . C i e r t a m e n t e es perfecta e n c u a n t o a la gracia,
p e r o n o c o n la perfección c o n q u e mis santos se hallan
u n i d o s a mí, V i d a p e r d u r a b l e . Los d e s e o s d e éstos los
t i e n e n sin sufrimientos, y los v u e s t r o s sí los t i e n e n . T e
dije e n o t r o l u g a r q u e se a l i m e n t a n a la m e s a d e este d e -
seo. Se hallan felices y dolientes, c o m o lo estaba m i Hijo
único e n el m a d e r o d e la cruz. Su carne estaba sufriendo
t o r m e n t o s , y el a l m a , sin e m b a r g o , e r a feliz p o r la u n i ó n
c o n la n a t u r a l e z a divina. Los perfectos son felices p o r la
u n i ó n d e su d e s e o e n m í ; vestidos d e m i d u l c e v o l u n t a d
y d o l i e n t e s p o r la c o m p a s i ó n p a r a c o n el p r ó j i m o y por-
q u e a p a r t a n d e sí las delicias y c o n s u e l o s d e lo sensible
afligiendo sus propios sentidos.
244 El Diálogo

TRES COSAS PARA NO CAER EN ENGAÑO


11. No juzgar los defectos - 2 . No juzgar del grado de virtud - 3 . No
querer que todos sigan el mismo camino. |

102 [ M o d o d e c o r r e g i r al p r ó j i m o s i n c a e r e n f a l s o s j u i c i o s . I

T e he h a b l a d o d e la luz c o m ú n , q u e todos podéis po-


seer en c u a l q u i e r estado en q u e os halléis, es decir, los
q u e tenéis la c a r i d a d c o m ú n . T e he h a b l a d o d e los q u e
tienen la luz perfecta, q u e te distinguí en dos: la d e los
q u e estaban levantados sobre el m u n d o y p r o c u r a b a n
mortificar su c u e r p o y la d e los q u e en t o d o d a b a n
m u e r t e a su v o l u n t a d propia. Estos e r a n los perfectos,
q u e se n u t r í a n en la mesa del d e s e o .
A h o r a te h a b l a r é a ti e n particular, y, al hacerlo a ti,
hablo a los d e m á s y satisfago tus deseos.
Q u i e r o q u e hagas tres cosas p a r a q u e la ignorancia n o
impida la perfección a q u e te llamo; p a r a q u e el d e m o -
nio, con la capa d e la virtud d e la caridad con el próji-
m o , n o f o m e n t e d e n t r o del alma la raíz d e la p r e s u n -
ción. C o n ella caerías en falsas interpretaciones, q u e te
h e p r o h i b i d o . C r e y e n d o q u e j u z g a s r e c t a m e n t e , lo haces
mal. C u a n d o , a tu m o d o d e ver, vas p a r a atrás, m u c h a s
veces te h a r á ver m u c h a s cosas c o m o v e r d a d e s p a r a in-
d u c i r t e al e r r o r . Esto lo conseguiría h a c i é n d o t e e n tu
m e n t e y e n tus intenciones ser j u e z d e las criaturas ra-
cionales, a las q u e , c o m o te h e d i c h o , sólo yo t e n g o q u e
juzgar.
Esta es u n a d e las cosas q u e tú y mis siervos u n i d o s a
ti debéis t e n e r e n c u e n t a , es decir, q u e tu juicio n o se
h a g a sin m e s u r a . La m e s u r a consiste e n lo siguiente: si
c o n c r e t a m e n t e ves, n o u n a o d o s veces, sino más, q u e
a n t e tu espíritu aparece el defecto del prójimo, n o le d e -
bes r e p r e n d e r e n particular, sino q u e , e n general, d e b e s
recriminar los vicios d e quienes te vienen a visitar ', sem-
b r a n d o la virtud caritativamente y con b e n i g n i d a d . C o n
esa b e n i g n i d a d d e b e s mezclar la aspereza c u a n d o lo
creas preciso. Si te parece q u e yo te he mostrado muchas
veces los defectos d e los d e m á s , si n o ves q u e sea p o r re-
velación expresa, c o m o te h e d i c h o , n o se lo digas e n
1
Alusión autobiográfica.
La doctrina de la verdad 245

p a r t i c u l a r , sino a t e n t e a los m á s s e g u r o , lo c u a l hace


h u i r la e s t r a t a g e m a y malicia del d e m o n i o . P u e s c o n el
a n z u e l o d e tu b u e n a intención te a t r a p a r í a , h a c i é n d o t e
j u z g a r m u c h a s veces e n el p r ó j i m o lo q u e n o se d e b e r í a ,
y m u c h a s veces lo escandalizaréis.
P o r t a n t o , g u a r d e silencio tu boca o h a g a u n a santa
e x h o r t a c i ó n e n r e p u l s a del p e c a d o . L o q u e te p a r e c e
m a l e n los d e m á s , a t r i b u y e t e l o a ti y a él e n c o n j u n t o ,
e j e r c i t a n d o la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Y si, e n v e r d a d ,
aquel p e c a d o se e n c u e n t r a e n a q u e l l a p e r s o n a , se c o r r e -
girá m e j o r viéndose d u l c e m e n t e p r e s i o n a d a , y se verá
o b l i g a d a a e n m e n d a r s e c o n aquella suave r e p r e n s i ó n .
Yo te d i r é lo q u e tú q u i e r a s decirle, y te hallarás s e g u r a
d e n o h a b e r i n c u r r i d o e n u n mal juicio y h a b r á s c o r t a d o
el c a m i n o al d e m o n i o , q u e n o te p o d r á e n g a ñ a r ni i m p e -
d i r la perfección d e tu a l m a .
Q u i e r o q u e sepas q u e n o d e b e s fiarte d e lo q u e ves.
Debes e c h á r t e l o a la e s p a l d a y m i r a r . Sólo d e b e s p e r m a -
n e c e r firme e n verte a ti m i s m a , c o n o c e r t e y r e c o n o c e r
m i g e n e r o s i d a d y b o n d a d . Así o b r a n los q u e h a n alcan-
zado el e s t a d o d e q u e te h a b l é , p u e s s i e m p r e volvían al
valle del c o n o c i m i e n t o d e sí mismos, y p o r ello n o se les
i m p e d í a la s u b i d a y la u n i ó n q u e h a b í a n h e c h o c o n m i g o .
Esta es u n a d e las tres cosas q u e te dije q u e r í a q u e hicie-
ras p a r a s e r v i r m e d e veras.

103 [ A u n q u e Dios manifestase a q u i e n o r a p o r o t r o q u e


éste tiene su espíritu e n tinieblas, n o p o r ello d e b e j u z g a r q u e
se h a l l a e n p e c a d o . ]

A h o r a te h a b l a r é d e la s e g u n d a , q u e consiste e n lo si-
g u i e n t e : si a l g u n a vez te o c u r r i e s e o r a r p o r a l g u i e n e n
p a r t i c u l a r — d e esto m e p e d i s t e explicación— y e n tu
o r a c i ó n vieses e n a q u e l p o r el q u e o r a s a l g u n a luz d e
gracia y e n o t r o n o , y los d o s son s e r v i d o r e s m í o s , p e r o
te p a r e c i e r e ver a u n o c o n espíritu e n t o r p e c i d o y o s c u r o ,
n o d e b e s ni p u e d e s j u z g a r l e e n p e c a d o , p o r q u e m u c h a s
veces tu i n t e r p r e t a c i ó n sería falsa. Q u i e r o q u e sepas q u e
a l g u n a s veces, en la o r a c i ó n p o r u n a m i s m a p e r s o n a ,
u n a s la verás c o n luz y c o n santo d e s e o a n t e mí, d e
m o d o q u e p a r e c e r á q u e su a l m a p r o g r e s a e n el bien
(como pide el afecto d e la c a r i d a d el q u e participéis u n o
246 El Diálogo

del bien del otro), y otras p a r e c e r á q u e su espíritu se


halla alejado d e mí y lleno d e tinieblas y tentaciones;
t a n t o q u e a ti misma te p a r e c e r á q u e te fatiga r o g a r ante
mí p o r ella.
Sucede esto, sin d u d a alguna, acaso p o r defecto d e
aquel por q u i e n has o r a d o ; p e r o la mayoría d e las veces
n o hay defecto, sino q u e yo, Dios e t e r n o , m e h a b r é
a p a r t a d o d e aquel alma. Lo h a g o m u c h a s veces p a r a ha-
cerla llegar a la perfección, tal c o m o te expliqué al ha-
blar d e los estados del alma '. Mi alejamiento será e n
c u a n t o a lo sensible, en c u a n t o a la percepción d e la dul-
z u r a y consuelos, p e r o n o e n c u a n t o a la gracia; por eso
p e r m a n e c e el espíritu c o m o estéril, seco y d o l o r i d o . Esto
lo h a g o p o r benevolencia y p o r el a m o r q u e tengo a esa
alma p o r la q u e se ora, p a r a q u e quien ora, j u n t a m e n t e
c o n la oración, la a y u d e a disipar la n u b e q u e hay e n su
espíritu.
Ves, p o r t a n t o , carísima y dulcísima hija, lo i g n o r a n t e
y d i g n a d e r e p r e n s i ó n q u e sería tal interpretación si tú u
o t r o lo atribuyese a pecado sólo p o r esa m a n e r a d e en-
juiciar c u a n d o te m o s t r é a esa alma e n oscuridad. Has
visto, p u e s , p o r ello q u e n o la h e privado d e la gracia,
sino d e la d u l z u r a q u e le concedía sentir.
Q u i e r o , p o r t a n t o , y lo d e b e s q u e r e r tú y los servido-
res míos, q u e os entreguéis al conocimiento perfecto d e
vosotros mismos p a r a q u e reconozcáis más perfectamen-
te mi b o n d a d con vosotros. L o d e m á s dejádmelo a mí,
2
p o r q u e el juicio es mío y n o vuestro . Dejad el juicio,
q u e es mío, y ateneos a la compasión, con h a m b r e d e mi
h o n o r y d e la salvación d e las almas. A n u n c i a d la virtud
c o n anheloso deseo y r e p r e n d e d el vicio en vosotros y
e n ellos del m o d o q u e te he dicho antes.
Así llegarás a mi verdad y te m o s t r a r é q u e te has
m a n t e n i d o y conservado d e n t r o del espíritu d e la doc-
trina q u e te ha d a d o mi V e r d a d , es decir, i n t e r p r e t a n d o
rrii voluntad y n o la d e los h o m b r e s . Así debes o b r a r si
quieres t e n e r p u r a la virtud y p e r m a n e c e r e n la última,
perfectísima y gloriosa luz, a l i m e n t á n d o t e en la mesa
d e l santo deseo del manjar d e las almas p a r a h o n o r y
alabanza d e mi n o m b r e .
1
Cf. c.60.70 y 7 8 . 2
Mt 7,1 y R o m 12,19.
La doctrina de la verdad 247

1 0 4 [El afecto y el amor a la virtud deben ser tomados


como finalidad principal; no la penitencia.]

Dicho esto, q u e r i d í s i m a hija, sobre las d o s n o r m a s , te


h a b l a r é a h o r a d e la t e r c e r a , a la q u e debes p r e s t a r aten-
ción. R e p r é n d e t e a ti m i s m a si a l g u n a vez el d e m o n i o y
tu i g n o r a n c i a te t e n t a r e n a obligar y q u e r e r q u e todos
mis servidores lleven el c a m i n o q u e tú has s e g u i d o , por-
q u e esto sería e n c o n t r a d e la d o c t r i n a q u e te h a e n s e ñ a -
d o mi V e r d a d . P o r q u e m u c h a s veces o c u r r e q u e , viendo
c a m i n a r a m u c h a s c r i a t u r a s p o r el c a m i n o d e las g r a n -
des penitencias, quisieran q u e todos llevaran el m i s m o
c a m i n o , y, si ven q u e n o lo llevan, se disgustan y escan-
dalizan, pareciéndoles q u e n o o b r a n bien. Mira q u é e n -
g a ñ a d o s se hallan, ya q u e c o n frecuencia o c u r r i r á q u e
p a r a ellos será mejor el q u e p a r e c e m a l o , p o r q u e hace
m e n o s penitencia, y será m á s virtuoso — s u p o n i e n d o
q u e n o h a g a n t a n t a p e n i t e n c i a — el q u e n o m u r m u r e
p o r ello.
Por eso te dije antes q u e los q u e se a l i m e n t a n e n la
m e s a d e la penitencia, si n o lo h a c e n c o n v e r d a d e r a h u -
m i l d a d y n o t o m a n su penitencia c o m o i n s t r u m e n t o d e
la virtud, sino c o m o fin p r i m o r d i a l , o f e n d e n con fre-
cuencia a su propia perfección c o n esa m u r m u r a c i ó n .
Por t a n t o , no d e b e n ser i g n o r a n t e s , sino v e r q u e la per-
fección n o consiste e n mortificar y m a t a r el c u e r p o , sino
en d a r m u e r t e a la p e r v e r s a voluntad p r o p i a . Por este
c a m i n o d e la v o l u n t a d , a n e g a d a y s o m e t i d a a m i d u l c e
voluntad, es p o r el q u e debéis d e s e a r y q u e r e r q u e
vayan todos.
Esta es la d o c t r i n a s o b r e la gloriosa iluminación, en la
q u e el alma c o r r e e n a m o r a d a y vestida d e mi V e r d a d .
N o d e s d e ñ o la penitencia, q u e es b u e n a p a r a mortificar
el c u e r p o , q u e q u i e r e c o m b a t i r al espíritu; p e r o , c o n
t o d o , hija queridísima, n o q u i e r o q u e se la i m p o n g a s a
todos p o r q u e n o todos los cuerpos son iguales ni tienen
la m i s m a fortaleza e n su c o m p l e x i ó n , ya q u e en u n o s la
n a t u r a l e z a es más fuerte q u e en o t r o s , y t a m b i é n p o r q u e
m u c h a s veces, c o m o te dije, o c u r r e q u e p o r m u c h a s ra-
zones hay q u e a b a n d o n a r u n a penitencia ya c o m e n z a d a .
Si t ú o los d e m á s hubieseis t o m a d o p o r finalidad princi-
1
Alusión autobiográfica.
248 El Diálogo

pal el hacer penitencia, vendríais a menos, seríais imper-


fectos, y os faltaría el consuelo y la virtud en el alma.
Al sentiros privados d e lo q u e amabais y d e lo q u e ha-
bía hecho vuestra finalidad, os parecería estar privados
d e mí, y al creeros privados d e mi Bondad llegaríais al
tedio, grandísima tristeza, a m a r g u r a y confusión. De
este m o d o perderíais la práctica d e la ferviente oración
q u e solíais hacer con la penitencia. A b a n d o n a d a ésta
por muchas circunstancias, ya n o os sabrá la oración con
aquel sabor q u e antes sentíais.
Esto ocurriría p o r q u e el fin se hallaba cifrado en el
afecto a la penitencia y n o en el anhelante deseo; deseo,
digo, de las verdaderas y reales virtudes.
Ves, p o r tanto, cuánto mal se seguiría d e p o n e r la pe-
nitencia c o m o f u n d a m e n t o . Seríais ignorantes y caeríais
en la m u r m u r a c i ó n acerca d e mis servidores. Con ello
llegaríais al tedio y gran a m a r g u r a y procuraríais hacer
sólo obras finitas por mí, q u e soy Bien infinito; p o r eso
os pido u n deseo infinito.
Es preciso, pues, tener como objetivo matar y a h o g a r
la voluntad propia, y con ella, sometida a la mía, m e
ofreceréis el dulce, insaciable e infinito deseo, buscando
mi h o n o r y la salvación d e las almas.
N o o b r a n así los desdichados q u e no siguen esta doc-
trina, el camino dulce y sin rodeos enseñado por mi
Verdad, sino todo lo contrario. Piensan con u n e n t e n d i -
miento ciego y e n f e r m o , y por eso caminan como locos,
y se privan d e los bienes d e la tierra y d e los del cielo.
C o m o te dije en o t r o lugar, gustan en esta vida las pri-
micias del infierno.

RECAPITULACIÓN SOBRE LAS TRES COSAS

105 [Resumen de las tres cosas precedentes.—Anexo sobre


la corrección del prójimo.)

T e acabo d e enseñar, hija queridísima, para satisfacer


tus deseos y explicarte lo que m e preguntaste, el m o d o
de r e p r e n d e r al prójimo, a fin d e q u e no seas e n g a ñ a d a
por el d e m o n i o ni por tu pobre inteligencia. Debes,
La doctrina de la verdad 249

p u e s , c o r r e g i r e n g e n e r a l y n o e n particular, a n o ser
q u e p o r e x p r e s a revelación te lo m a n d a r a yo; y s i e m p r e
con h u m i l d a d , r e p r e n d i é n d o t e a ti j u n t o c o n los d e m á s .
T e h e d i c h o a d e m á s , y te repito, q u e p o r n i n g u n a ra-
zón del m u n d o te es lícito j u z g a r a n a d i e ni e n c o m ú n ni
en particular/, ni t a m p o c o las intenciones d e mis servido-
res, te parezcan b u e n a s o malas.
T e di la razón p o r la q u e n o p u e d e s j u z g a r , y, si j u z -
garas, te e n g a ñ a r í a s e n tus juicios. Por el c o n t r a r i o , d e -
bes t e n e r compasión tú y los d e m á s y d e j a r q u e j u z -
g u e yo.
T a m b i é n te h e e n s e ñ a d o la d o c t r i n a y la r a z ó n princi-
pal q u e d e b e s d a r a q u i e n e s se llegan a ti p i d i e n d o con-
sejo y q u e quisieran salir d e las tinieblas d e l p e c a d o
m o r t a l y seguir el c a m i n o d e las virtudes. Debes p r o p o -
nerles c o m o finalidad principal el afecto y a m o r a la vir-
t u d e n el c o n o c i m i e n t o d e sí mismos y d e mi b o n d a d e n
ellos y q u e m a t e n y a h o g u e n su p r o p i a v o l u n t a d p a r a
q u e n a d a se rebele contra mí '. Dales la penitencia como
i n s t r u m e n t o y n o c o m o afecto principal; n o a t o d o s d e
igual m o d o , sino s e g ú n sus posibilidades y e s t a d o p a r a
s o p o r t a r l a : a u n o s poco y a o t r o s m u c h o , s e g ú n p u e d a n
tolerar este i n s t r u m e n t o del f u r o r divino.
Y p o r q u e te dije q u e la r e p r e n s i ó n n o e r a lícita sino
e n g e n e r a l , n o quisiera q u e creyeses q u e , si ves u n peca-
d o manifiesto, n o p u e d a s hacer la corrección e n t r e ti y
el q u e lo comete. La p u e d e s hacer y hasta, si fuese obstina-
d o e n c o r r e g i r s e , lo p u e d e s decir a d o s o a tres, y, si esto
n o a y u d a , hacerlo manifiesto al c u e r p o místico d e la
2
Iglesia . T e he dicho que, sin e m b a r g o , no es lícito por-
q u e a ti te parezca así o lo percibas d e n t r o d e tu espíritu.
T a m p o c o , si lo ves p o r ti m i s m a , d e b e s c a m b i a r d e opi-
nión. Si n o vieres c l a r a m e n t e la v e r d a d o tu espíritu n o
lo conociese p o r e x p r e s a revelación mía, n o d e b e s u s a r
la r e p r e n s i ó n sino del m o d o q u e te h e d i c h o . Esto es
m á s s e g u r o p a r a ti y n o te p o d r á e n g a ñ a r el d e m o n i o
con el p r e t e x t o d e c a r i d a d p a r a c o n el p r ó j i m o .
H e a c a b a d o con esto, carísima hija, d e explicarte esta
p a r t e necesaria p a r a c o n s e r v a r y a c r e c e n t a r la perfec-
ción d e tu alma.
1
Alusión autobiográfica. 2 Mt 15,17.
250 El Diálogo

COMO DISTINGUIR LAS VISIONES

106 [ S e ñ a l e s p a r a c o n o c e r c u á n d o las \ ¡sitas y v i s i o n e s e s p i -


rituales son d e Dios o del d e m o n i o . ]

A h o r a te explicaré lo q u e m e p r e g u n t a s t e sobre la se-


ñal q u e te dije q u e d a b a yo al alma p a r a reconocer la vi-
sita q u e recibe o por visiones o p o r otros consuelos q u e
le parezca recibir. Preguntaste p o r la señal por la q u e el
alma p u e d e reconocer c u á n d o p r o c e d e d e mí y c u a n d o
n o . La señal d e p r o c e d e r d e mí es la alegría q u e persiste
e n ella después d e la visita, el h a m b r e por la virtud, un-
gida especialmente por la v e r d a d e r a h u m i l d a d y el ar-
d e r en el fuego d e la v e r d a d e r a caridad.
Pero c o m o n o m e p r e g u n t a s si en la alegría p u e d e ha-
b e r algún e n g a ñ o , te diré el q u e se p u e d e t e n e r y en
q u é se p u e d e descubrir si la alegría es o n o v e r d a d e r a .
El e n g a ñ o p u e d e d a r s e del siguiente m o d o . Q u i e r o
q u e sepas q u e lo q u e la c r i a t u r a racional a m a y desea te-
n e r , le p r o d u c e alegría poseerlo. C u a n t o más a m a lo
q u e posee, p r u d e n t e m e n t e t a n t o m e n o s mira e inves-
tiga d e d ó n d e viene, p o r causa del deleite q u e h a re-
cibido e n este m u n d o . Por ello, la alegría d e recibir lo
q u e a m a n o la deja ver ni se interesa e n descubrirlo.
Así, los q u e m u c h o se deleitan y a m a n el consuelo espi-
ritual, buscan visiones y h a n puesto más el afecto princi-
pal en el deleite d e los consuelos q u e e n mí, tal c o m o te
dije d e los q u e se hallan a ú n e n el estado imperfecto:
q u e m i r a n más al d o n d e las consolaciones q u e reciben
d e mí, el q u e da, q u e al afecto d e la caridad con q u e lo
doy.
Aquí p u e d e n recibir e n g a ñ o , o sea, e n su alegría, ade-
m á s d e los otros e n g a ñ o s a q u e c o n c r e t a m e n t e m e referí
e n otro lugar. ¿De q u é m o d o los reciben? T e lo d i r é . En
c u a n t o h a n concebido el g r a n a m o r a las consolaciones
o las visiones, al recibirlas, sea d e la m a n e r a q u e sea,
sienten alegría viendo q u e tienen lo q u e a m a n y desea-
b a n poseer. Muchas veces p o d r í a n venir del d e m o n i o , y
lo mismo sentirían esta alegría, d e la q u e te dije q u e ,
c u a n d o la visita e r a del d e m o n i o , venía la alegría, p e r o
q u e d a b a n con p e n a y r e m o r d i m i e n t o d e conciencia y
vacíos del deseo d e la virtud.
La doctrina de la verdad

A h o r a te digo q u e a l g u n a vez p o d r á o c u r r i r q u e con


esta alegría se levantará el a l m a d e la o r a c i ó n u n a vez
t e r m i n a d a . Si la e x p e r i m e n t a sin el d e s e o d e la v i r t u d ,
sin h u m i l d a d y sin a r d e r e n el h o r n o d e mi divina cari-
d a d , la visita, c o n s u e l o y visión q u e h a recibido p r o c e d e
del d e m o n i o y n o d e mí, a p e s a r d e t e n e r el signo d e la
alegría. C o m o ésta n o se halla u n i d a al afecto d e la vir-
t u d , p u e d e s e n t e n d e r q u e es alegría p r o d u c i d a p o r el
a m o r q u e tenía al p r o p i o c o n s u e l o del espíritu, y p o r
ello goza y siente alegría al ver q u e posee lo q u e desea-
ba, p u e s es condición del a m o r , d e c u a l q u i e r g é n e r o q u e
sea, sentir alegría al recibir lo q u e se a m a .
De m o d o q u e n o te p o d r á s fiar d e la sola alegría, a u n
s u p o n i e n d o q u e d u r a s e m i e n t r a s tienes la consolación y
a ú n m á s largo t i e m p o . El a m o r i g n o r a n t e n o r e c o n o c e r á
el e n g a ñ o del d e m o n i o e n ella si n o a n d a con p r u d e n -
cia; p e r o , si la tiene, se d a r á c u e n t a si la alegría va acom-
p a ñ a d a del afecto a la virtud o n o . En esto c o n o c e r á si la
visita q u e recibe en su espíritu p r o c e d e d e mí o del d e -
monio.
Esta es la señal q u e te di p a r a q u e p u d i e r a s r e c o n o c e r
c u á n d o e r a s visitada p o r mí: si iba u n i d a con la v i r t u d .
C i e r t a m e n t e es u n signo d e m o s t r a t i v o q u e te d e c l a r a lo
q u e es e n g a ñ o y lo q u e n o lo es; es decir, lo q u e c o n cer-
teza llega a tu espíritu d e mí y lo q u e p r o c e d e del a m o r
propio espiritual, del afecto b a s a d o e n el c o n s u e l o p r o -
pio. Mi visita está u n i d a con la virtud, y la del d e m o n i o
siente sólo la alegría, y, c u a n d o se la analiza, se e n c u e n -
tra con la m i s m a virtud q u e a n t e s , sin a u m e n t o . Es q u e
le viene del a m o r a la p r o p i a consolación.
Q u i e r o q u e sepas q u e n o todos son e n g a ñ a d o s p o r
esta alegría, sino sólo los imperfectos, los q u e buscan d e -
leites o consuelos y m i r a n m á s al d o n q u e al q u e lo hace.
Los perfectos, l i m p i a m e n t e y sin interés p r o p i o , m i r a n
c o m o e n a r d e c i d o s el afecto hacia mí; n o al d o n q u e
o t o r g o , sino sólo a mí y no a su propio c o n s u e l o , e n el
q u e p o d r í a n ser e n g a ñ a d o s p o r esta alegría.
Para ello tienen p r o n t a esta señal: c u a n d o a l g u n a vez
el d e m o n i o con sus argucias quisiere t r a n s f o r m a r s e e n
ángel d e luz y p r e s e n t a r s e a su espíritu c o n s i g u i e n d o en
s e g u i d a g r a n alegría, los q u e n o se hallan apasionados
p o r la afición a los consuelos r e c o n o c e n d e veras el en-
252 El Diálogo

g a ñ o con la p r u d e n c i a , y, p a s a n d o p r o n t o la alegría, ven


q u e p e r m a n e c e n en tinieblas. P o r eso r e c o n o c e n y m e -
nosprecian t o d o consuelo y a b r a z a n y e s t r e c h a n la d o c -
t r i n a d e m i V e r d a d . El d e m o n i o , c o n f u n d i d o , r a r a vez,
o n u n c a , volverá d e esta m a n e r a .
Los q u e , p o r el c o n t r a r i o , a m a n los propios consuelos,
los t e n d r á n y n o r e c o n o c e r á n el e n g a ñ o ; es decir, al e n -
c o n t r a r la alegría sin la virtud, n o salen d e aquella situa-
ción con h u m i l d a d y v e r d a d e r a c a r i d a d y ansia del h o -
n o r a mí, Dios e t e r n o , y d e la salvación d e las almas.
Esto lo h a provisto m i b o n d a d con vosotros, perfectos
e imperfectos, e n cualquier e s t a d o e n q u e os halléis,
p a r a q u e n o podáis recibir e n g a ñ o a l g u n o m i e n t r a s p e r -
manezcáis e n la luz del e n t e n d i m i e n t o , q u e os h e d a d o
con la pupila d e la santísima fe, y p a r a q u e no os dejéis
oscurecer p o r el d e m o n i o ni os c u b r a el velo del a m o r
propio; p o r q u e , si vosotros n o apartáis esa luz, n a d i e os
la p u e d e quitar.

INVITACIÓN A PEDIR

107 [Dios c u m p l e los d e s e o s d e sus s e r v i d o r e s . — L e a g r a d a


m u c h o q u e p i d a n y l l a m e n a la p u e r t a d e su V e r d a d c o n p e r -
severancia. I

T e h e explicado p l e n a m e n t e , q u e r i d í s i m a hija, y h e
i l u m i n a d o tu e n t e n d i m i e n t o acerca d e los e n g a ñ o s a
q u e el d e m o n i o te p u e d e inducir. H e satisfecho tu d e s e o
e n lo q u e m e p r e g u n t a s t e , p o r q u e yo n o t e n g o en poco
el deseo d e mis servidores, sino, m á s bien, lo satisfago e
invito a p e d i r . Me d e s a g r a d a m u c h o aquel q u e n o llama
con e n e r g í a a la p u e r t a d e la sabiduría d e m i Hijo u n i -
génito siguiendo su doctrina. Seguirla es l l a m a r m e a al-
d a b o n a z o s con la voz del santo d e s e o , con h u m i l d e y
c o n t i n u a d a oración a mí, P a d r e e t e r n o . Yo soy el P a d r e
q u e os d a el p a n d e la gracia p o r m e d i o d e esta p u e r t a
d e m i V e r d a d . A l g u n a vez, p a r a p r o b a r vuestros deseos
y perseverancia, h a g o c o m o q u e n o os oigo; p e r o os e n -
t i e n d o y doy aquello d e q u e tenéis necesidad, p u e s doy
el h a m b r e y la voz p a r a que llaméis, y yo, al ver vuestra
La doctrina de la verdad 253

constancia, c u m p l o v u e s t r o s deseos c u a n d o e s t á n o r d e -
n a d o s y dirigidos a mí.
A l l a m a r os invitó m i V e r d a d c u a n d o dijo: « L l a m a d , y
se os r e s p o n d e r á ; g o l p e a d , y se os abrirá; p e d i d , y se os
dará» i. Y lo m i s m o q u i e r o q u e h a g a s t ú : q u e n u n c a
aflojes el paso e n el d e s e o d e p e d i r mi a y u d a , ni bajes la
voz p a r a l l a m a r m e , p u e s yo h a g o m i s e r i c o r d i a al m u n -
d o . N o dejes d e d a r golpes a la p u e r t a d e m i V e r d a d si-
g u i e n d o sus huellas. A l é g r a t e con El, c o m i e n d o el p a n
d e las almas p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e . G i m e
c o n a n s i e d a d sobre el c u e r p o m u e r t o del hijo del g é n e -
r o h u m a n o , al q u e h e visto llegado a t a n t a miseria, q u e
tu l e n g u a sería incapaz d e n a r r a r .
P o r este g e m i d o y grito h a r é misericordia al m u n d o .
Esto es lo q u e p i d o a mis siervos y esto será p a r a mí sig-
n o d e q u e m e a m a n d e veras. Y n o m e n o s p r e c i a r é sus
deseos, c o m o te h e d i c h o .

ALABANZA A DIOS POR LA VERDAD


MANIFESTADA. PIDE LA FIDEUDAD
A LA VERDAD Y CONOCIMIENTO
DE LOS DEFECTOS DE LOS MINISTROS

108 [Esta a l m a d e v o t a se h u m i l l a y d a gracias a D i o s . — O r a


p o r t o d o e l m u n d o , y e s p e c i a l m e n t e p o r el c u e r p o m í s t i c o d e
la I g l e s i a . — T a m b i é n p o r s u s hijos e s p i r i t u a l e s y p o r s u s d o s
P a d r e s e s p i r i t u a l e s . — P i d e o í r h a b l a r a Dios d e los d e f e c t o s d e
los m i n i s t r o s d e la s a n t a I g l e s i a . )

E n t o n c e s , a q u e l alma, v e r d a d e r a m e n t e c o m o ebria,
parecía f u e r a d e sí y c o n los sentidos e n a j e n a d o s p o r la
u n i ó n realizada con su C r e a d o r . E l e v a n d o el espíritu y
m i r a n d o d e n t r o d e la e t e r n a v e r d a d con los ojos d e su
e n t e n d i m i e n t o , y h a b i e n d o c o n o c i d o la v e r d a d , se halla-
ba e n a m o r a d a d e ella y decía:
¡Oh s u m a y e t e r n a b o n d a d d e Dios! ¿Y q u i é n soy
yo, m i s e r a b l e , p a r a q u e tú, s u m o y e t e r n o P a d r e , m e
hayas m a n i f e s t a d o tu v e r d a d y las ocultas e s t r a t a g e m a s
del d e m o n i o ; y el e n g a ñ o d e los propios sentidos, d e
m o d o q u e yo y los d e m á s p o d a m o s recibir tu visita en
' M t 7 , 7 y Le 1 1 , 9 .
254 El Diálogo

esta vida d e peregrinación y n o seamos e n g a ñ a d o s ni


p o r el d e m o n i o ni p o r nosotros mismos? ¿Quién te ha
movido? El a m o r , p u e s tú m e amaste sin haber sido
a m a d o p o r mí. ¡Oh fuego d e a m o r ! Gracias, gracias a ti,
Padre eterno.
Yo, imperfecta, llena d e oscuridades; tú, lleno d e luz,
m e has e n s e ñ a d o la perfección y el camino-luz d e la
doctrina d e tu Hijo unigénito. Estaba m u e r t a , y m e has
resucitado; e n f e r m a , y m e has p r o p o r c i o n a d o la medici-
na. Y no sólo m e diste la medicina d e la s a n g r e , q u e
proporcionaste al g é n e r o h u m a n o e n f e r m o p o r media-
ción de tu Hijo, sino la medicina c o n t r a u n a e n f e r m e -
d a d oculta q u e yo no conocía c u a n d o m e diste la doctri-
n a p a r a q u e e n cada caso p u e d a j u z g a r a la criatura ra-
cional, y especialmente a tus servidores, a los q u e con
frecuencia j u z g a b a c o m o ciega y e n f e r m a d e esta enfer-
medad.
Por eso te agradezco, s u p r e m a y e t e r n a B o n d a d , q u e ,
al manifestar tu v e r d a d y el e n g a ñ o del d e m o n i o y d e la
propia inclinación, m e hayas h e c h o conocer mi enfer-
m e d a d . Por ello te pido, c o m o gracia y misericordia,
q u e se p o n g a hoy t é r m i n o y Fin p a r a q u e n u n c a m e
aparte d e tu doctrina, la d a d a p o r tu b o n d a d y la q u e
otorgas a q u i e n la q u i e r a seguir, p u e s n a d a se ha hecho
sin ti.
A ti, pues, r e c u r r o y en ti m e refugio, P a d r e e t e r n o .
N o te pido esto p a r a mí sola, sino p a r a t o d o el m u n d o , y
principalmente p a r a el c u e r p o místico d e la santa Igle-
sia. Q u e esta v e r d a d y doctrina d a d a p o r ti, V e r d a d
e t e r n a , a mí, miserable, brille e n tus ministros.
T e pido también d e m o d o especial p o r todos aquellos
q u e m e has c o n c e d i d o [discípulos] q u e a m e con sigular
a m o r , los q u e has hecho u n a cosa c o n m i g o , p o r q u e ellos
serán mi refrigerio p a r a gloria y alabanza d e tu n o m b r e
si los veo c o r r e r p o r este dulce y recto camino libres y
m u e r t o s a su propia voluntad y a sus pareceres, sin
j u z g a r ni escandalizarse ni m u r m u r a r d e su prójimo. T e
r u e g o , A m o r dulcísimo, q u e n i n g u n o m e sea a r r e b a t a d o
p o r las m a n o s del d e m o n i o infernal, sino q u e en el últi-
m o m o m e n t o te consigan, P a d r e e t e r n o y fin suyo '.

1
J n 17,15 y alusión autobiográfica.
La doctrina de la verdad 255

T e h a g o a ú n o t r a p e t i c i ó n p o r las d o s c o l u m n a s , los
2
d o s P a d r e s q u e m e h a s p u e s t o e n la t i e r r a d e s d e el
p r i n c i p i o d e m i c o n v e r s i ó n h a s t a a h o r a c o n el fin d e
g u a r d a r m e y a d o c t r i n a r m e a mí, miserable enferma.
Q u e t ú les u n a s y d e d o s c u e r p o s h a g a s u n solo e s p í r i t u
y q u e n i n g u n o a t i e n d a a o t r a cosa q u e a c u m p l i r , e n sí
m i s m o y e n los m i s t e r i o s q u e h a s p u e s t o e n sus m a n o s ,
la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e e n p r o v e c h o d e las al-
m a s . Y y o , i n d i g n a , m i s e r a b l e esclava y n o hija, g u a r d e
p a r a c o n ellos la m e s u r a j u n t o c o n la d e b i d a r e v e r e n c i a
y s a n t o t e m o r p o r a m o r a ti, p a r a q u e tu h o n o r les sea
paz y edificación d e l p r ó j i m o .
Estoy c i e r t a , V i d a e t e r n a , q u e n o d e s o i r á s m i s d e s e o s
ni las p e t i c i o n e s q u e te h e h e c h o , p u e s c o n o z c o p o r mis
p r o p i o s ojos, p o r q u e te h a p l a c i d o m a n i f e s t á r m e l o d e
3
m o d o especial p o r la e x p e r i e n c i a , q u e r e c i b e s c o n
a g r a d o los s a n t o s d e s e o s . Yo, sierva i n d i g n a , m e i n g e -
n i a r é , c o n la g r a c i a q u e m e d e s , p a r a g u a r d a r t u s m a n -
datos y doctrina.
¡ O h P a d r e e t e r n o ! M e h e a c o r d a d o d e algo q u e m e
dijiste c u a n d o m e h a b l a s t e s o b r e el m i n i s t e r i o d e la s a n -
ta Iglesia. M e p r o m e t i s t e h a b l a r m á s d e t a l l a d a m e n t e e n
o t r o l u g a r d e los d e f e c t o s q u e h o y c o m e t e n [los m i n i s -
t r o s d e la Iglesia]. P o r lo c u a l , si es d e l a g r a d o d e tu
b o n d a d d e c i r m e a l g o s o b r e esto p a r a t o m a r l o c o m o m a -
teria p a r a a u m e n t a r mi dolor, compasión y anhelante
d e s e o d e su salvación, te lo suplico, p a r a q u e a u m e n t e n
e n m í estos s e n t i m i e n t o s . R e c u e r d o q u e m e h a s d i c h o
a n t e r i o r m e n t e q u e c o n los s u f r i m i e n t o s , l á g r i m a s , d o l o -
res, s u d o r y continua oración d e tus servidores nos da-
rías c o n s u e l o , r e f o r m a n d o la s a n t a Iglesia c o n b u e n o s y
santos ministros.

PROMESA DE RESPUESTA Y AMONESTACIÓN

109 [Dios anima a esta alma a la oración.—Respuesta a al-


guna de sus peticiones.]
E n t o n c e s , el Dios e t e r n o , v o l v i e n d o los ojos d e su m i -
s e r i c o r d i a y n o m e n o s p r e c i a n d o sus d e s e o s , s i n o a c e p -
2
P a r e c e a l u d i r a los d o s c o n f e s o r e s d e la S a n t a : F r . T o m á s d e l l a
3
Fonte y Fr. R a i m u n d o d a C a p u a . Alusión autobiográfica.
256 El Diálogo

t a n d o sus peticiones, quiso satisfacer a la última petición


1
hecha acerca d e su promesa, y le dijo:
¡Oh dilectísima y queridísima hija! Cumpliré tu
deseo en lo q u e m e has pedido. T ú , p o r tu parte, n o in-
curras en ignorancia o negligencia. Sería más grave en
ti y digno d e mayor reprensión a h o r a q u e antes, puesto
q u e has sabido más acerca d e m i verdad. Sé, pues, solíci-
ta en la oración p o r todas las criaturas racionales y p o r
el cuerpo místico de la santa Iglesia y por los q u e te he
concedido q u e ames con singular a m o r . N o cometas ne-
gligencia en ofrecer oraciones y ejemplo de vida y d e
doctrina por la palabra, r e p r e n d i e n d o el vicio y reco-
m e n d a n d o la virtud en lo q u e p u e d a s .
De las columnas q u e te he d a d o , d e las q u e me ha-
blaste, haz q u e tú seas i n s t r u m e n t o para otorgar a cada
u n o lo que necesita según su aptitud y según yo, tu Crea-
2
d o r , te iré proveyendo, pues sin mí n a d a podréis hacer .
Cumpliré tus deseos. No dejéis, ni tú ni ellos, de confiar
en mí, p o r q u e mi providencia n o os faltará. Cada u n o
d e b e recibir h u m i l d e m e n t e aquello para lo q u e es apto, y
cada ministro lo q u e yo le d é p a r a administrar, cada cual
a su modo, en conformidad con lo q u e han recibido y
reciban de mi b o n d a d .

1
«Ultima» hace referencia aquí n o a las peticiones q u e a p a r e c e n en
el capítulo 2 d e El Diálogo, sino a las q u e a p a r e c e n e n el capítulo 9.
2 J n 15,5.

C a t a l i n a r e c i b e la E u c a r i s t í a .
EL C U E R P O M I S T I C O DE LA IGLESIA

EXCELENCIA DEL MINISTERIO SACERDOTAL

[El «Sol» eucarístko.—El misterio eurarístico eleva la dignidad hu-


mana.—Dignidad de los ministros: pureza - caridad - liberalidad.
Ejemplo de los ministros santos.—La autoridad de los ministros no
disminuye a causa de sus defectos. —Culpabilidad de sus perseguido-
res.]

110 [ D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s y d e l s a c r a m e n t o d e l c u e r -
po d e Cristo.—Los q u e comulgan digna e indignamente.]

T e r e s p o n d o a h o r a a lo q u e m e has p r e g u n t a d o
acerca d e los ministros d e la santa Iglesia. P a r a q u e m e -
j o r p u e d a s c o n o c e r la v e r d a d , a b r e los o í d o s d e tu e n t e n -
d i m i e n t o y c o n s i d e r a su excelencia y e n q u é d i g n i d a d
los h e c o l o c a d o . Y c o m o las cosas se c o n o c e n m e j o r p o r
m e d i o d e sus c o n t r a r i o s , te voy a m o s t r a r la d i g n i d a d d e
los q u e ejercitaron v i r t u o s a m e n t e el tesoro q u e les puse
e n las m a n o s . Por este m e d i o verás la m i s e r i a d e los q u e
hoy se alimentan a los pechos d e esta esposa [la Iglesia)
y son malos.
E n t o n c e s , aquella a l m a , p o r o b e d i e n c i a , c o n t e m p l ó la
V e r d a d , d o n d e vio brillar la v i r t u d d e los v e r d a d e r o s
c a t a d o r e s [de la virtud!. Y Dios e t e r n o le dijo:
——Carísima hija, q u i e r o explicarte p r i m e r a m e n t e la
d i g n i d a d en q u e los h a colocado mi b o n d a d , a d e m á s del
a m o r g e n e r a l q u e h e t e n i d o a mis c r i a t u r a s , c r e á n d o o s a
i m a g e n y semejanza mía y n u e v a m e n t e c r e a d o s p o r la
gracia e n la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o . P o r este a m o r
g e n e r a l adquiristeis t a n t a excelencia, p o r la u n i ó n q u e
hice d e la divinidad con la n a t u r a l e z a h u m a n a . D e aquí
p r o v i e n e q u e tengáis u n a excelencia y d i g n i d a d m a y o r
q u e la d e los ángeles, p o r q u e yo t o m é v u e s t r a n a t u r a l e - -
za y n o la suya. Por lo q u e , c o m o te dije, m e hice H o m -
bre-Dios p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina c o n la
vuestra.
Esta g r a n d e z a se d a , e n g e n e r a l , a t o d a c r i a t u r a racio-
nal; p e r o d e e n t r e éstas h e elegido a mis m i n i s t r o s p a r a
258 El Diálogo

vuestra salvación, a fin d e que por ellos os sea adminis-


trada la sangre del humilde e inmaculado C o r d e r o , mi
Hijo unigénito. A ellos les he concedido administrar el
Sol, dándoles la luz d e la ciencia, el calor d e la divina ca-
ridad, el color u n i d o al calor y a la luz, es decir, la san-
gre y el c u e r p o de mi Hijo. Este c u e r p o es u n sol, por-
que es u n o conmigo, v e r d a d e r o Sol. Está u n i d o d e tal
m o d o , q u e n o p u e d e u n o separarse del otro, como el sol
tampoco se p u e d e dividir, ni el calor separarse de la luz,
ni ésta del color, debido a la perfección d e la unión.
Este sol, sin q u e su esfera se r o m p a , o sea, sin dividir-
se, d a luz a todo el m u n d o y a todos los que quieran ca-
lentarse. N o se m a n c h a con inmundicia alguna y a él se
halla unida la luz. Así, en el Verbo, mi Hijo, su dulcísi-
m a sangre es un sol, todo Dios y todo h o m b r e , por ser
la misma cosa conmigo y yo con El. Mi p o d e r no se en-
c u e n t r a separado d e su sabiduría, ni el calor —fuego
del Espíritu Santo— está separado d e mí, el Padre, ni
del Hijo, por ser u n o con nosotros, ya que el Espíritu
Santo procede d e mí, el Padre, y d e El, el Hijo, y somos
u n mismo sol.
Yo, Dios eterno, soy el sol de d o n d e han procedido el
Hijo y el Espíritu Santo. A éste se le atribuyen las pro-
piedades del fuego; al Hijo, la sabiduría. Por ella mis
ministros reciben u n a luz d e gracia, por tener que admi-
nistrar esta luz con la luz y agradecimiento por el bene-
ficio recibido de mí, el Padre e t e r n o , al seguir la doctri-
na d e esta Sabiduría, mi Hijo unigénito.
Esta es la luz q u e tiene en sí el color d e vuestra h u m a -
nidad, unidos u n o y otra. Por lo q u e la luz d e mi divini-
dad fue la u n i d a al color d e vuestra h u m a n i d a d . [ E s t e
color [naturaleza h u m a n a ] se hizo lúcido c u a n d o se con-
virtió en impasible en virtud d e la deidad, naturaleza di-
vina. Por este medio, o sea, del objeto d e este Verbo en-
carnado, entremezclado con la luz d e la divinidad y con
el calor y fuego del Espíritu Santo, habéis recibido la
luz. ¿A quién lo he d a d o para q u e lo administre? A mis
ministros en el c u e r p o místico d e la santa Iglesia, a fin
de q u e tengáis vida c u a n d o os d a n el c u e r p o de Cristo
como alimento, y su sangre como bebida.
T e . h e dicho q u e este cuerpo es sol, por lo que no os
p u e d e ser d a d o el c u e r p o sin q u e se os d é la sangre;
El cuerpo místico de la Iglesia 259

t a m p o c o el c u e r p o ni la s a n g r e sin el a l m a del V e r b o ; ni
el a l m a ni el c u e r p o sin mi divinidad, Dios e t e r n o , p o r -
q u e la u n a n o se p u e d e d a r sin la o t r a , igual q u e la n a t u -
raleza divina n o se s e p a r ó d e la h u m a n a p o r la m u e r t e ,
ni p o r o t r a causa c u a l q u i e r a p o d í a s e p a r a r s e . D e m o d o
q u e bajo la b l a n c u r a del p a n recibís t o d a la esencia divi-
n a e n el dulcísimo s a c r a m e n t o .
Igual q u e el sol n o se p u e d e dividir, t a m p o c o se p u e -
d e n s e p a r a r Dios y el h o m b r e e n la b l a n c u r a d e la hostia.
S u p o n g a m o s q u e ésta fuese dividida: si se p u d i e r a n ha-
c e r d e ella millares d e millares d e trocitos, e n c a d a u n o
estaría t o d o Dios y t o d o h o m b r e , c o m o te h e d i c h o ;
c o m o el espejo q u e se q u i e b r a , y, a pesar d e t o d o , n o se
p a r t e la i m a g e n q u e se ve e n él, así, al dividir la hostia,
n o se s e p a r a a Dios y al h o m b r e , sino q u e c a d a p a r t e lo
contiene todo.
T a m p o c o se le d i s m i n u y e e n sí m i s m o , al m o d o del
fuego, es decir, q u e , si tuvieses u n a luz y t o d o el m u n d o
viniese a t o m a r d e ella, n o p o r eso se d i s m i n u y e esa luz,
y, sin e m b a r g o , c a d a u n o la t e n d r í a . Es cierto q u e u n o s
participan más d e ella q u e o t r o s , s e g ú n la m a t e r i a q u e se
llevan p a r a t o m a r d e ella. P a r a q u e lo e n t i e n d a s mejor,
te p o n g o el ejemplo siguiente: si h u b i e r a m u c h o s q u e
llevan velas y u n o lleva la c a n t i d a d d e u n a o n z a y o t r o
lleva d o s o seis o n z a s , y se a c e r c a n a la luz y e n c i e n d e n
las velas, s u p o n i e n d o q u e c a d a u n o t o m a d e ella, u n o s
m u c h o y o t r o s poco, m i r a la luz, el calor y el color, y ve-
rás la m i s m a ; y n o j u z g a r á s , a pesar d e t o d o , q u e tiene
m e n o s el d e la vela d e o n z a q u e el q u e la lleva d e a libra.
Así o c u r r e con los q u e reciben este s a c r a m e n t o , p o r q u e
c a d a u n o lleva su vela, es decir, el s a n t o d e s e o . La vela
se halla a p a g a d a y se e n c i e n d e al recibir el s a c r a m e n t o .
Digo a p a g a d a p o r q u e vosotros n a d a sois. C i e r t o es q u e
yo os h e d a d o la m a t e r i a c o n q u e podéis a l i m e n t a r e n
vosotros esta luz y recibirla. V u e s t r a m a t e r i a es el a m o r ,
p o r q u e os h e c r e a d o p o r a m o r , y p o r ello n o p o d é i s vivir
sin él.
El ser q u e se os h a d a d o p o r a m o r h a sido p r e p a r a d o
p o r el s a n t o b a u t i s m o , q u e recibís e n virtud d e la s a n g r e
del V e r b o . De o t r o m o d o n o podríais participar d e esta
luz, a n t e s bien seríais c o m o vela sin pabilo d e n t r o : n o
p u e d e a r d e r ni recibir la luz. Eso o c u r r i r í a con vosotros
260 El Diálogo

si en vuestra alma no se hallase el pabilo que recibe esta


luz, es decir, si no tuvierais la fe santísima y, a la vez, la
gracia, q u e proviene del bautismo con el afecto d e vues-
tra alma, creada en disposición d e a m a r con tal capaci-
dad, que sin a m o r no podéis vivir, pues también el a m o r
es alimento.
¿En d ó n d e se enciende esta alma? En el fuego de mi
divina caridad, a m á n d o m e , t e m i é n d o m e y siguiendo la
doctrina d e mi V e r d a d . Se enciende más o menos según
se lleve y se d é materia a ese fuego. Pero, a u n q u e todos
tengáis la misma materia, o sea, todos estéis creados a
imagen y semejanza mía y los q u e sois cristianos tengáis
la luz del bautismo, a pesar d e todo, cada uno p u e d e
crecer en a m o r y virtud según me plazca a mí y a voso-
tros. No p o r q u e vosotros cambiéis la forma que yo os di,
sino q u e acrecentáis y aumentáis las virtudes por el
amor, por la práctica de las mismas y por el afecto a la
caridad u s a n d o del libre albedrío mientras tenéis tiem-
po, porque, t e r m i n a d o éste, ya no podéis crecer.
Este a m o r se acerca a recibir esta luz dulce y gloriosa
q u e os he d a d o por medio d e mis ministros para q u e la
utilicéis, y q u e os he d a d o como alimento, del que reci-
bís tanto cuanto es el a m o r y ardiente deseo que lleváis.
Supongamos q u e recibís la luz completa, tal como dije al
ponerte el ejemplo de las velas. Ellos la recibían en con-
formidad con el peso d e las velas, a u n q u e cada uno vie-
ra la luz entera, ya que no se p u e d e dividir ni a causa de
vuestras imperfecciones ni por las d e aquellos que la re-
parten. Así participáis vosotros d e esa luz, de la gracia
d e este sacramento, en la medida en que os halléis pre-
parados para recibirla por el santo deseo.
Quien vaya a este sacramento con la culpa de pecado
mortal, no recibe de mí la gracia a u n q u e en realidad me
reciba todo a mí, Dios y h o m b r e . Pero ¿sabes cómo que-
da el alma q u e lo recibe indignamente? Como la vela
que se os ha caído en el agua, q u e no hace otra cosa q u e
chisporrotear c u a n d o se la acerca al fuego. En cuanto
ése llega d e n t r o del pabilo, se apaga el fuego en el pabi-
lo y no q u e d a más que h u m o . Si esa vela no se ha calen-
tado por el fuego d e la contrición, confesando su culpa,
llega a la mesa del altar a recibir la luz materialmente,
pero no espiritualmente.
El cuerpo místico de la Iglesia 261

Esta luz v e r d a d e r a , si el a l m a no se halla p r e p a r a d a c o m o


se d e b e p a r a t a n t o s a n t o m i s t e r i o , n o p e r m a n e c e e n ella,
sino q u e d e s a p a r e c e , y q u e d a e n el a l m a m a y o r confu-
sión, o s c u r e c i d a p o r las tinieblas y g r a v a d a c o n su culpa.
D e este s a c r a m e n t o n o p e r c i b i ó sino el c h i s p o r r o t e o d e l
r e m o r d i m i e n t o d e la conciencia; n o p o r d e f e c t o d e la
luz, sino d e l a g u a q u e e n c o n t r ó e n el a l m a , lo c u a l impi-
d i ó el afecto p a r a q u e esta m i s m a a l m a r e c i b i e r a la luz.
Ves, p o r t a n t o , q u e esta luz, u n i d a a su c a l o r y color,
e n m o d o a l g u n o se p u e d e s e p a r a r : ni p o r q u e el a l m a r e -
ciba este s a c r a m e n t o c o n d e s e o p e q u e ñ o , ni p o r d e f e c t o
d e l a l m a q u e lo recibe, ni p o r el d e q u i e n lo a d m i n i s t r a ,
igual q u e te dije del sol, q u e , e s t a n d o s o b r e lo i n m u n d o ,
n o p o r eso se m a n c h a . La d u l c e luz d e este s a c r a m e n t o
n o se m a n c h a p o r r a z ó n a l g u n a , ni se d i v i d e ; ni dismi-
n u y e , ni se a p a r t a d e la esfera d e l sol a u n q u e t o d o s to-
m e n p a r t e d e la luz y c a l o r d e este sol. Del m i s m o m o d o ,
el V e r b o , el Sol, m i Hijo u n i g é n i t o , n o se s e p a r a d e m í ,
P a d r e e t e r n o , p o r q u e sea a d m i n i s t r a d o a q u i e n d e s e a
recibirlo e n el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia, sino
q u e p e r m a n e c e e n t e r o y lo recibís e n t e r o , Dios y h o m -
b r e , tal c o m o te e x p l i q u é p o r el e j e m p l o d e la luz, a u n -
q u e t o d o s f u e r a n a t o m a r d e esa luz, p u e s la r e c i b e n e n -
tera y permanece entera.

111 [Los sentidos corporales se engañan en el sacramento,


no los del alma.—Con qué sentidos hay que mirar, gustar y
tocar.—Hermosa visión de esta alma sobre este tema.]

Q u e r i d í s i m a hija: a b r e b i e n los ojos d e l e n t e n d i m i e n -


to p a r a m i r a r d e n t r o d e l a b i s m o d e m i c a r i d a d , p o r q u e
n o hay criatura racional q u e no encontrase motivo para
q u e su c o r a z ó n d e r r i t i e r a e n el afecto d e a m o r al consi-
d e r a r , e n t r e o t r o s beneficios, q u e h a b é i s r e c i b i d o d e mí
el d e v e r este s a c r a m e n t o p u e s t o a v u e s t r a disposición.
¿ C o n q u é ojos, q u e r i d í s i m a hija, d e b é i s t ú y los d e m á s
ver, y e s c u d r i ñ a r , y t r a t a r este misterio? N o t o c a n d o y
v i e n d o su c u e r p o ya q u e los s e n t i d o s n o son aptos p a r a
ello. Los ojos n o ven m á s q u e la b l a n c u r a d e l p a n , la
m a n o n o toca o t r a cosa, el g u s t o n o p e r c i b e sino el sabor
del p a n ; d e m o d o q u e los principales s e n t i d o s d e l c u e r -
p o se e q u i v o c a n ; p e r o n o los d e l a l m a , si ella q u i e r e ; es
262 El Diálogo

decir, si n o q u i e r e a p a r t a r la luz d e la le santísima p o r la


incredulidad.
¿Quién gusta, ve y toca este sacramento? Los sentidos
del alma. ¿Con q u é ojos lo ve? C o n los del e n t e n d i m i e n -
to, si d e n t r o d e ellos se e n c u e n t r a la pupila d e la santísi-
m a fe. Estos ojos ven en aquella blancura a todo Dios y
a todo h o m b r e , la naturaleza divina u n i d a a la h u m a n a :
al c u e r p o , al alma y sangre d e Cristo; la h u m a n i d a d ,
u n i d a al c u e r p o , y eí c u e r p o y el alma, unidos a la natu-
raleza divina, sin separarse d e mí, tal c o m o te manifesté
al principio d e tu vida, c o m o bien te acuerdas '. Y no sólo
los ojos del e n t e n d i m i e n t o , sino los d e tu c u e r p o , si bien
por la g r a n luz p e r d i e r o n la visión y q u e d ó sólo la del
entendimiento.
T e lo d e m o s t r é c u a n d o m e hablaste del embite q u e te
había d a d o el d e m o n i o en el s a c r a m e n t o , y d e ese m o d o
2
te hice yo crecer e n a m o r y e n la santísima fe . Sabes
q u e , y e n d o p o r la m a ñ a n a al a m a n e c e r a oír misa, ha-
llándote ya a t o r m e n t a d a p o r el d e m o n i o , te pusiste e n
pie ante el altar del crucifijo. El sacerdote había ido al
altar d e la Virgen. Estando allí c o n s i d e r a n d o tus peca-
dos, t e m i e n d o h a b e r m e o f e n d i d o , pues el d e m o n i o te
había t e n t a d o , y c o n s i d e r a n d o el afecto d e mi caridad,
q u e te había permitido acudir a la misa, pues te consi-
d e r a b a s indigna d e e n t r a r en mi santo templo, c u a n d o
el sacerdote iba a consagrar, d u r a n t e la consagración,
levantaste los ojos al ministro. Al decir las palabras d e la
consagración, yo m e manifesté a ti, viendo tú q u e d e mi
pecho salía u n a luz, c o m o u n rayo d e luz q u e p r o c e d i e r a
del sol sin salir d e ella. En esta luz venía u n a paloma,
u n i d a la p a l o m a con el rayo, y golpeaba e n la hostia e n
virtud d e las palabras d e la consagración q u e el ministro
p r o n u n c i a b a . P o r q u e tus ojos corporales n o podían tole-
r a r la luz, q u e d a s t e sólo con la visión d e los ojos intelec-
tuales. Allí viste y experimentaste el abismo d e la T r i n i -
d a d , a mí t o d o , Dios y h o m b r e , oculto y tapado bajo
aquella blancura. Ni la luz ni la presencia del Verbo q u e
viste intelectualmente en aquella blancura, sin q u e desa-
pareciera la b l a n c u r a del p a n ; ni el v e r m e Dios y h o m -
b r e en aquel pan, ni el pan e r a i m p e d i d o por mí, es d e -

1 2
Alusión autobiográfica. Ibid.
El cuerpo místico de la Iglesia 263

cir, q u e n o se le h a b í a q u i t a d o la posibilidad d e ser toca-


d o y saboreado; n i n g u n a d e estas cosas se i m p e d í a n u n a a
la o t r a .
Esto te fue m o s t r a d o p o r mi infinita b o n d a d . ¿A q u é
se r e d u j o la visión? A los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o c o n la
p u p i l a d e la santísima fe. D e m o d o q u e los ojos d e l e n -
t e n d i m i e n t o d e b e n ser lo principal p a r a ver, p u e s ellos
n o p u e d e n ser e n g a ñ a d o s . P o r lo t a n t o , c o n ellos d e b é i s
m i r a r a este s a c r a m e n t o .
¿ Q u i é n lo palpa? La m a n o d e l a m o r . C o n esta m a n o
se toca lo q u e los ojos h a n visto y c o n o c i d o e n este sacra-
m e n t o . P o r m e d i o d e la fe se palpa c o n la m a n o del
a m o r , c o m o c e r c i o r á n d o s e d e lo q u e se vio p o r la fe y
conoció intelectualmente.
¿ Q u i é n lo saborea? El p a l a d a r d e l s a n t o d e s e o . El pa-
l a d a r d e l c u e r p o p e r c i b e el s a b o r del p a n , y el d e l a l m a
m e s a b o r e a a mí, Dios y h o m b r e . Ves, p o r t a n t o , q u e los
s e n t i d o s del c u e r p o se e q u i v o c a n , p e r o n o los d e l a l m a ;
a n t e s b i e n , p o r ellos q u e d a c e r c i o r a d a e i l u m i n a d a e n sí
m i s m a , p u e s t o q u e los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o lo h a n vis-
to c o n la p u p i l a d e la santísima fe. P o r q u e lo vio y c o n o -
ció, p o r eso palpa c o n la m a n o d e l a m o r , p o r q u e lo q u e
ve lo toca c o n fe p o r m e d i o del a m o r . C o n el p a l a d a r d e l
a l m a lo s a b o r e a con a r d i e n t e d e s e o , esto es, c o n m i ar-
d i e n t e c a r i d a d , a m o r inefable. P o r ese a m o r la h e h e c h o
d i g n a d e recibir el g r a n m i s t e r i o d e este s a c r a m e n t o y la
gracia q u e se ve q u e se recibe e n este s a c r a m e n t o .
P o r c o n s i g u i e n t e , ves q u e n o sólo c o n los s e n t i d o s cor-
p o r a l e s debéis recibir y v e r este s a c r a m e n t o , sino c o n los
s e n t i d o s espirituales, p r e p a r á n d o l o s c o n afecto d e a m o r
p a r a recibirlo y p a l a d e a r l o .

112 [Excelencia en que se encuentra el alma que recibe en


gracia este sacramento. 1

C o n s i d e r a , hija carísima, e n c u á n t a excelencia se halla


el a l m a si recibe c o m o d e b e el p a n d e vida, m a n j a r d e los
á n g e l e s . R e c i b i e n d o este s a c r a m e n t o , está ella e n mí y
yo en ella. Al m o d o q u e el pez está e n el m a r y el m a r
en el pez, así estoy yo e n el a l m a y ella en mí, M a r d e
264 El Diálogo

paz '. En esa alma está la gracia, p o r q u e , si recibe este


pan d e vida en gracia, ésta p e r m a n e c e en el alma. Con-
s u m i d o el accidente d e p a n , dejo yo allí la i m p r o n t a d e
la gracia. C o m o el sello q u e se p o n e sobre la cera calien-
te: levantado el sello, allí q u e d a su huella. Del mismo
m o d o , la virtud de este sacramento p e r m a n e c e en el
alma, esto es, q u e d a allí el calor de la divina caridad,
clemencia del Espíritu Santo; q u e d a la luz d e la sabidu-
ría de mi Hijo unigénito, con los ojos del e n t e n d i m i e n t o
iluminados p o r esa sabiduría; p e r m a n e c e fuerte, partici-
p a n d o d e mi fortaleza y p o d e r , haciendo al alma robus-
ta y p o d e r o s a c o n t r a la tentación d e los propios sentidos,
contra el d e m o n i o y contra el m u n d o .
Ves, pues, q u e al alma le q u e d a la huella u n a vez le-
vantado el sello, c o n s u m i d a aquella materia, es decir, los
accidentes del p a n . Este v e r d a d e r o Sol vuelve a su esfe-
ra —no es q u e se hubiera a p a r t a d o , c o m o te he dicho,
pues siempre estuvo u n i d o conmigo—. El abismo d e mi
caridad, p a r a vuestra salvación y p a r a alimento en esta
vida, en q u e sois peregrinos y caminantes, y para q u e
tuvierais refrigerio y no perdierais la m e m o r i a del b e n e -
2
ficio de la sangre , os lo ha d a d o en comida por mi divi-
na dispensación y p o r providencia divina, socorriendo
vuestras necesidades, d á n d o o s l o en alimento esta mi
dulce V e r d a d .
Mira, pues, lo obligados q u e os halláis a devolverme
a m o r , puesto q u e os a m o tanto y soy s u m a y e t e r n a bon-
d a d , digno d e ser a m a d o por vosotros.

113 [Se h a h a b l a d o d e la e x c e l e n c i a d e l s a c r a m e n t o p a r a
q u e se c o n o z c a m e j o r la d i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — D i o s
e x i g e m a y o r p u r e z a e n e l l o s q u e e n los d e m á s . I

¡Oh hija queridísima! T e he dicho todo esto para q u e


conozcas mejor la dignidad en q u e he colocado a mis
ministros y te d u e l a n más sus miserias. Si ellos mismos
tuviesen en-cuenta esa dignidad suya, no yacerían en las
tinieblas del pecado mortal ni m a n c h a r í a n la cara de su
1
I m a g e n m u y u s a d a p o r Catalina, q u e indica su experiencia místi-
ca d e hallarse i n m e r s a e n Dios.
2
1 C o r 11,25-26.
El cuerpo místico de la Iglesia 265

a l m a . N o sólo n o m e o f e n d e r í a n a m í y a su d i g n i d a d ,
sino q u e , si d i e s e n su c u e r p o al f u e g o , les p a r e c e r í a n o
p o d e r satisfacer a t a n t a s gracias y beneficios c o m o h a n
recibido, p o r q u e no p u e d e n llegar a dignidad mayor en
esta vida.
Ellos s o n mis u n g i d o s y les l l a m o mis «cristos», p u e s
les h e c o n c e d i d o q u e m e a d m i n i s t r e n p a r a vuestro bien
y, c o m o a flores fragantes, lo h e colocado e n el c u e r p o
místico d e la s a n t a Iglesia. Esta d i g n i d a d n o la h e c o n c e -
d i d o a los ángeles, sino al h o m b r e . A ellos los h e elegido
p o r m i n i s t r o s m í o s , y a los q u e h e c o l o c a d o c o m o á n g e -
les d e b e n serlo e n la t i e r r a d u r a n t e esta vida. D e b e n ,
p o r t a n t o , s e r c o m o los á n g e l e s .
A t o d a a l m a le p i d o p u r e z a y c a r i d a d p o r a m o r a mí y
a su p r ó j i m o y q u e le a y u d e n e n lo q u e p u e d a n , o f r e -
c i e n d o o r a c i o n e s p o r él y p e r m a n e c i e n d o e n la dilección
d e la c a r i d a d . M á s p u r e z a p i d o a ú n a m i s m i n i s t r o s y
m á s a m o r a m í y a su p r ó j i m o , d e b i e n d o a d m i n i s t r a r el
c u e r p o y la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o c o n a r d o r d e
c a r i d a d y h a m b r e d e la salvación d e las a l m a s p a r a glo-
ria y p o r a m o r d e m i n o m b r e .
C o m o los m i n i s t r o s q u i e r e n l i m p i e z a e n el cáliz d o n d e
se c e l e b r a este sacrificio, así exijo yo l i m p i e z a y p u r e z a
d e c o r a z ó n , d e su a l m a y d e su e s p í r i t u . Q u i e r o q u e el
c u e r p o , c o m o i n s t r u m e n t o d e su a l m a , se c o n s e r v e e n
p e r f e c t a p u r e z a . N o q u i e r o q u e se a l i m e n t e n d e la in-
m u n d i c i a y se r e v u e l q u e n e n ella, ni se e n c u e n t r e n h i n -
c h a d o s d e s o b e r b i a , b u s c a n d o los g r a n d e s c a r g o s ; ni q u e
sean c r u e l e s c o n s i g o y c o n el p r ó j i m o . P o r q u e , si s o n
c r u e l e s c o n s i g o m i s m o s p o r la c u l p a , son c r u e l e s c o n las
a l m a s d e sus p r ó j i m o s , ya q u e n o les d a n e j e m p l o d e
vida, ni se p r e o c u p a n d e a r r a n c a r las a l m a s d e las m a -
n o s d e l d e m o n i o , ni d e a d m i n i s t r a r el c u e r p o y la s a n -
g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o y m i v e r d a d e r a L u z e n los sa-
c r a m e n t o s d e la s a n t a Iglesia. Y así, s i e n d o c r u e l e s c o n -
sigo, son c r u e l e s c o n los d e m á s .
266 El Diálogo

114 [Los s a c r a m e n t o s n o se d e b e n v e n d e r ni c o m p r a r .
L o s q u e r e c i b e n d e b e n a y u d a r a los m i n i s t r o s e n lo t e m p o -
r a l . — R e p a r t o d e los b i e n e s t e m p o r a l e s d e los s a c e r d o t e s . ]

Q u i e r o q u e sean generosos y no avaros, es decir, q u e


por codicia y avaricia n o vendan la gracia d e mi Espíritu
Santo '. N o d e b e n , no quiero q u e o b r e n así; antes bien,
puesto q u e los han recibido como d o n y generosidad d e
mi b o n d a d , así, como d o n y con corazón generoso, por
afecto d e a m o r a mi n o m b r e y a la salvación d e las al-
mas, d e b e n d a r caritativamente a toda criatura racional,
por caridad, a los q u e h u m i l d e m e n t e les piden. N o d e -
ben recibir cosa alguna como precio, p o r q u e no la han
c o m p r a d o , sino recibido gratuitamente d e mí para q u e
os sirvan; p e r o sí lo p u e d e n y deben hacer como limos-
na. De este m o d o d e b e n o b r a r los fieles q u e reciben al-
g ú n servicio: d e b e n darles limosna en c u a n t o p u e d a n ,
p o r q u e mis ministros deben ser sostenidos p o r vosotros
en las cosas temporales, a t e n d i e n d o a su necesidad, y
vosotros debéis ser alimentados p o r ellos en cuanto a la
gracia y a los d o n e s espirituales, es decir, los sacramen-
tos, q u e he puesto en la santa Iglesia para q u e los admi-
2
nistren en vuestro provecho espiritual .
Os hago saber q u e , sin comparación, os doy yo más a
vosotros q u e vosotros a ellos, puesto q u e las cosas finitas
y transitorias con q u e vosotros les ayudáis no p u e d e n
compararse conmigo, q u e sov infinito. Por mi providen-
cia y divina caridad, los he puesto para q u e os adminis-
tren, y no sólo e n este ministerio, sino en cualquier o t r a
cosa os sean repartidas las gracias espirituales, sea por la
oración o d e o t r o m o d o . C o n vuestros bienes tempora-
les no llegáis ni podéis llegar a c o r r e s p o n d e r a lo q u e re-
cibís espiritualmente, sin comparación alguna.
A h o r a te digo q u e los bienes q u e reciben d e vosotros
están obligados a distribuirlos d e tres modos, o sea, ha-
í-i#»ndo tr#»« narfps' lina narQ cí m i c m n c r»frQ r * 3 i * Q lr»c nn-

bres y otra para la Iglesia, en las cosas q u e sean necesa-


rias; y no d e otro m o d o . Me ofenderían usando de ellas
d e otra m a n e r a .

1
Act 8,18-20.
2
1 Cor 9,11.
El cuerpo místico de la Iglesia 267

115 I D i g n i d a d d e los s a c e r d o t e s . — L a eficacia d e los s a c r a -


m e n t o s n o d i s m i n u y e p o r c u l p a d e los q u e los a d m i n i s t r a n o
d e los q u e los r e c i b e n . — D i o s n o q u i e r e q u e los s e g l a r e s se
metan a corregirlos. I

Así o b r a b a n los d u l c e s y gloriosos m i n i s t r o s , c u y a ex-


celencia te pedí q u e c o n s i d e r a s e s , a m á s d e la d i g n i d a d
q u e les había d a d o al hacerles mis «cristos». C o m o ejercita-
r o n virtuosamente esta d i g n i d a d , se hallaban vestidos d e
este dulce y glorioso Sol q u e yo les di p a r a q u e lo adminis-
trasen.
Mira al d u l c e G r e g o r i o , a Silvestre y a los d e m á s a n t e -
cesores suyos en el d e c u r s o d e los t i e m p o s d e s d e el p r i n -
cipal pontífice, P e d r o , a q u i e n e s le f u e r o n d a d a s las lla-
ves d e mi v e r d a d , d i c i é n d o l e : « P e d r o , te d o y las llaves
d e l r e i n o d e los cielos; lo q u e d e s a t e s e n la t i e r r a e s t a r á
d e s a t a d o e n el cielo; lo q u e ates e n la t i e r r a e s t a r á a t a d o
e n el cielo» '.
T e n e n c u e n t a , hija q u e r i d í s i m a , q u e , al m a n i f e s t a r t e
la excelencia d e su v i r t u d , te m o s t r a r é m á s p l e n a m e n t e
la d i g n i d a d e n q u e h e c o l o c a d o a mis m i n i s t r o s . Esta es
la llave d e la s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , la q u e a b r i ó
la vida e t e r n a , q u e d u r a n t e l a r g o t i e m p o e s t u v o c e r r a d a
p o r el p e c a d o d e A d á n . P e r o d e s p u é s q u e yo os d i a m i
V e r d a d , o sea, al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o , s u f r i e n d o
m u e r t e y pasión, c o n su m u e r t e d e s t r u y ó v u e s t r a m u e r -
te, d á n d o o s u n b a ñ o d e s a n g r e . De m o d o q u e su s a n g r e
y su m u e r t e , e n v i r t u d d e m i n a t u r a l e z a d i v i n a u n i d a a
la h u m a n a , a b r i ó la vida e t e r n a .
¿A q u i é n dejó las llaves d e esta s a n g r e ? Al glorioso
apóstol San P e d r o y a los d e m á s q u e h a n v e n i d o y ven-
d r á n h a s t a el ú l t i m o d í a d e l j u i c i o . Ellos t i e n e n y ten-
d r á n la m i s m a a u t o r i d a d q u e P e d r o . P o r n i n g ú n defec-
to suyo se a m i n o r a esa a u t o r i d a d , ni se q u i t a la p e r f e c -
ción a la s a n g r e ni a n i n g ú n s a c r a m e n t o , p o r q u e , c o m o
te dije, este Sol n o se e n s u c i a c o n i n m u n d i c i a a l g u n a y
n o p i e r d e su luz p o r las tinieblas del p e c a d o m o r t a l q u e
h a y a e n los q u e los a d m i n i s t r a n o e n los q u e los r e c i b e n ,
p u e s su culpa n o p u e d e l e s i o n a r a los s a c r a m e n t o s d e la
santa Iglesia ni d i s m i n u i r su eficacia. Sin e m b a r g o , dis-
1
Mt 16,19.
268 El Diálogo

m i n u y e la gracia y a u m e n t a la culpa en los q u e los a d m i -


nistran o reciben i n d i g n a m e n t e .
De m o d o q u e Cristo en la tierra [el papal tiene la llave
d e la s a n g r e ; p a r a d a r t e a e n t e n d e r c u á n t a r e v e r e n c i a
d e b e n t e n e r los seglares a estos ministros, sean b u e n o s o
malos, y c u á n t o m e d e s a g r a d a la falta d e r e v e r e n c i a a
2
ellos. Sabes que te mostré el cuerpo místico de la Iglesia
en forma d e bodega en la que se hallaba la sangre d e mi
Hijo unigénito. Por esa sangre tienen valor y vida todos
los sacramentos.
A la p u e r t a d e esta b o d e g a estaba Cristo en la tierra, a
q u i e n se le había e n c a r g a d o a d m i n i s t r a r la s a n g r e . A él
competía n o m b r a r a d m i n i s t r a d o r e s q u e le a y u d a s e n a
repartirla p o r t o d o el c u e r p o d e la religión cristiana.
Q u i e n e r a a c e p t a d o y u n g i d o p o r el Cristo en la tierra,
q u e d a b a h e c h o ministro d e ella, y n o los d e m á s . De ellos
salió el o r d e n clerical, y a cada u n o lo puso en el oficio d e
administrador de esta sangre gloriosa.
C o m o él les h a n o m b r a d o p o r a y u d a n t e s suyos, a él le
c o r r e s p o n d e corregirles d e sus defectos. Así q u i e r o q u e
sea, pues p o r la excelencia y a u t o r i d a d q u e les he d a d o ,
los he e x i m i d o d e la s e r v i d u m b r e , esto es, d e la sujeción
al d o m i n i o d e los señores temporales. La ley civil n a d a
tiene q u e h a c e r e n c u a n t o a su castigo. C o r r e s p o n d e
ú n i c a m e n t e a q u i e n está d e s i g n a d o p a r a g o b e r n a r y ad-
ministrar s e g ú n la ley divina. Estos son mis u n g i d o s , y
p o r eso dijo la Escritura: «No q u e r á i s tocar a mis cris-
3
tos» ; p o r lo cual no p u e d e u n h o m b r e llegar a m a y o r
desgracia q u e a atreverse a castigarlos.

116 [Dios e s t i m a h e c h a c o n t r a El la p e r s e c u c i ó n c o n t r a la
santa Iglesia o sus ministros.—Es u n p e c a d o d e m á s g r a v e d a d
que cualquier otro.]

Si m e p r e g u n t a s e s por q u é te a s e g u r é q u e e r a más
grave la culpa d e los q u e p e r s e g u í a n a la Iglesia q u e to-
das las d e m á s y p o r q u é n o q u e r í a yo q u e por los defec-
tos d e los ministros d i s m i n u y e r a la reverencia hacia
ellos, te r e s p o n d e r í a y te r e s p o n d o : p o r q u e toda reve-
2
Alusión a u t o b i o g r á f i c a .
' Sal 1 0 4 , 1 5 .
El cuerpo místico de la Iglesia 269

rencia p a r a con ellos n o se hace a ellos, sino a mí, p o r


virtud d e la sangre q u e les h e e n c a r g a d o a d m i n i s t r a r . Si
no fuera por esto, les deberíais t e n e r la reverencia q u e a
los d e m á s h o m b r e s . P o r causa d e su ministerio estáis
obligados a la reverencia y a acercaros a ellos n o p o r lo
q u e son e n sí mismos, sino p o r el p o d e r q u e les he d a d o ,
si es q u e queréis recibir los santos s a c r a m e n t o s d e la
Iglesia. Si, p u d i é n d o l o s recibir, n o lo q u e r é i s , os halla-
réis y moriréis en e s t a d o d e c o n d e n a c i ó n .
Así, pues, no se la prestáis a ellos, sino a mí y a la san-
g r e , puesto q u e somos u n a m i s m a cosa p o r la u n i ó n d e
la n a t u r a l e z a divina y la h u m a n a . Lo m i s m o q u e la reve-
rencia se tiene a mí, así también la irreverancia, p u e s te
h e dicho q u e la reverencia n o debéis tenerla p o r ellos
mismos, sino p o r la a u t o r i d a d q u e yo les he d a d o . N o
d e b e n ser ofendidos, p o r q u e o f e n d i é n d o l e s m e o f e n d e n
a mí y n o p r o p i a m e n t e a ellos. Yo h e p r o h i b i d o q u e mis
«cristos» sean tocados.
Por eso, nadie se p u e d e disculpar, diciendo: «Yo n o
h a g o injuria ni soy r e b e l d e c o n t r a la Iglesia, sino q u e ac-
t ú o c o n t r a los defectos d e los malos pastores». Ese tal
m i e n t e y n o c o m p r e n d e , c e g a d o p o r el a m o r propio; o
ve m u y bien, pero hace c o m o si n o e n t e n d i e r a , p a r a di-
simular el r e m o r d i m i e n t o d e su conciencia; c o m p r e n d e
q u e persigue a la s a n g r e d e Cristo y no a ellos. A mí se
d a la injuria, c o m o se d a la reverencia, y p o r eso son
p a r a mí los escarnios, villanías, oprobios y vituperios q u e
les h a c e n . C o n s i d e r o h e c h o a mí lo q u e se h a h e c h o a
ellos, p o r q u e dije y repito q u e n o q u i e r o q u e mis cristos
sean tocados. Yo los castigaré; no d e b e n hacerlo ellos.
Pero ellos, los malvados, m u e s t r a n la falta d e r e v e r e n -
cia q u e tiene a la s a n g r e y q u e a m a n poco el tesoro q u e
les h e d a d o p a r a su salvación y vida d e su alma. N o po-
díais recibir más q u e el q u e yo me d é a vosotros e n co-
mida: Dios y h o m b r e , t o d o e n t e r o .
C o m o la reverencia q u e les es d e b i d a n o se hacía en
atención a mí, por eso la han ido d e s c u i d a n d o , persi-
guiéndoles y m i r a n d o a sus m u c h o s p e c a d o s y defectos,
d e los q u e te hablaré e n o t r o lugar. Si d e veras le hubie-
r a n g u a r d a d o esa r e v e r e n c i a p o r mi causa, n o se la per-
d e r í a n p o r n i n g u n o d e sus defectos, p o r q u e las faltas no
a m i n o r a n la eficacia d e este s a c r a m e n t o , y t a m p o c o d e -
270 El Diálogo

ben hacer q u e decrezca la reverencia; y, c u a n d o decre-


ce, me o f e n d e n .
Este pecado es más grave ante mí q u e todos los d e m á s
por muchas razones; pero te diré sólo las tres principa-
les.
Una es p o r q u e lo q u e hacen a ellos m e lo hacen a
mí '.
La segunda, p o r q u e q u e b r a n t a n el m a n d a m i e n t o ,
pues he prohibido q u e los toquen, y con ello menospre-
cian la eficacia d e la sangre de Cristo, q u e consiguieron
en el santo bautismo, no obedeciendo c u a n d o hacen lo
q u e les está prohibido. Son rebeldes contra esta sangre,
p o r q u e les h a n privado d e la reverencia y se han rebela-
do contra mis cristos con gran persecución. Son miem-
bros podridos, separados d e la santa Iglesia, por lo que,
mientras persistan obstinados en la rebelión e irreveren-
cia, si m u e r e n en este estado, van a la condenación eter-
na. Es cierto q u e , llegada la m u e r t e , si se humillan y re-
conocen su culpa y, queriéndose reconciliar con su cabe-
za, si no pueden hacerlo en aquel momento, reciben mise-
ricordia; esto suponiendo que tengan tiempo para ello, lo
que no es seguro.
La tercera razón es p o r q u e su culpa es más grave que
las otras, pues se funda en que han pecado por su pro-
pia malicia y con deliberación, conociendo que en b u e n a
conciencia no lo p u e d e n hacer y q u e pecan haciéndolo.
Es ofensa q u e procede de una perversa soberbia, sin
placer corporal, q u e más bien aniquila al alma y al cuer-
po. El alma se destruye al privarse de la gracia, y m u -
chas veces es roída por el gusano de la conciencia; los
bienes temporales se aniquilan en servicio del demonio,
por lo q u e los cuerpos m u e r e n como animales.
Este pecado se comete propiamente contra mí, no con
pretexto de propia utilidad o deleite, sino con malicia y
h u m o d e soberbia. Esta tiene su origen en el a m o r sen-
sitivo y en el t e m o r perverso q u e tuvo Pilato, que, por
temor a p e r d e r su cargo, mató a Cristo, mi Hijo unigé-
2
nito. Así h a n o b r a d o y obran éstos .
T o d o s los d e m á s pecados se cometen por simplicidad,

1
Le 10,16.
1
J n 19,12.
El cuerpo místico de la Iglesia 271

o p o r negligencia e n c o n o c e r , o p o r malicia, es decir,


c u a n d o se c o n o c e el m a l q u e se hace; p e r o p o r el deleite
d e s o r d e n a d o o el placer q u e halla e n el p e c a d o , o p o r
provecho q u e p u e d e seguirse pecando, m e o f e n d e n a mí,
a su alma y a la d e su prójimo. A mí, p o r q u e n o d a n glo-
ria y alabanza a mi n o m b r e , y al p r ó j i m o , p o r q u e n o le
d a n la dilección d e la caridad. Pero n o m e hieren propia-
m e n t e a mí, sino a la c a r a ; se o f e n d e n , sin e m b a r g o , a sí
m i s m o s , y esta ofensa m e d e s a g r a d a p o r el d a ñ o q u e se
hacen.
Esta ofensa va d i r e c t a m e n t e c o n t r a m í , sin i n t e r m e -
d i a r i o s . Los o t r o s p e c a d o s t i e n e n a l g u n a disculpa y son
h e c h o s i n t e r v i n i e n d o otros, p o r q u e ya te dije q u e t o d o
p e c a d o y t o d a v i r t u d se llevan a efecto m e d i a n d o el p r ó -
j i m o . El p e c a d o se h a c e p o r la privación d e la c a r i d a d d e
Dios y del p r ó j i m o , y la v i r t u d , c o n el a m o r d e la cari-
d a d . O f e n d i e n d o al p r ó j i m o , m e o f e n d e n a mí p o r m e -
d i o d e él.
D e e n t r e mis c r i a t u r a s racionales, h e e l e g i d o a estos
mis ministros, q u e son mis u n g i d o s , c o m o a d m i n i s t r a d o -
res d e l c u e r p o y d e la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o , car-
n e v u e s t r a u n i d a c o n mi n a t u r a l e z a divina. P o r eso,
c u a n d o c o n s a g r a n , se hallan e n l u g a r d e Cristo, mi
Hijo. Esos miserables p e r s i g u e n la s a n g r e , y se privan
del t e s o r o d e los frutos d e la s a n g r e . Ves, p o r t a n t o , q u e
esta ofensa es h e c h a al V e r b o , y, p o r t a n t o , a mí, p o r q u e
El y yo somos u n o . P o r lo cual esta o f e n s a es m á s grave,
h e c h a a mí y n o a los ministros, p u e s a éstos n o se les d a
el h o n o r ni la persecución, sino a mí, o sea, a esta glorio-
sa s a n g r e d e mi Hijo, con el q u e soy u n a m i s m a cosa.
Por eso te a s e g u r o q u e , si todos los d e m á s p e c a d o s q u e
h a n c o m e t i d o se p u s i e r a n d e u n lado y sólo éste del
3
o t r o , pesará m á s éste q u e los o t r o s , c o m o te manifesté
p a r a q u e tuvieses m o t i v o d e d o l e r t e d e mi ofensa y d e la
c o n d e n a c i ó n d e estos miserables y p a r a q u e c o n tu
a m a r g u r a y la d e los d e m á s servidores míos, p o r m i
b o n d a d y misericordia, se disipasen tan g r a n d e s tinie-
blas a q u e h a n llegado estos m i e m b r o s p o d r i d o s , separa-
d o s d e l c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia.
A p e n a s e n c u e n t r o , sin e m b a r g o , q u i é n se d u e l a d e la
3
Alusión autobiográfica.
272 El Diálogo

persecución q u e se hace a esta gloriosa y preciosa san-


gre, y sí quienes m e hieran c o n t i n u a m e n t e con las saetas
del a m o r d e s o r d e n a d o y t e m o r servil, con la propia
reputación; c o m o ciegos, t o m a n d o p o r h o n o r lo q u e es
vituperio, y vituperio lo q u e es h o n o r , c u a n d o d e b e n so-
meterse al q u e es su cabeza. Con estos vicios persiguen
la sangre.

117 iSe h a b l a d e los p e r s e g u i d o r e s de la s a n t a I g l e s i a y


d e sus ministros.! i

T e dije q u e m e herían, y es la v e r d a d . En su interior


m e persiguen c o m o p u e d e n . N o es q u e yo en mí p u e d a
recibir lesión alguna, ni ser h e r i d o por ellos, p e r o lo ha-
cen c o m o la piedra, q u e , arrojándola, no es recibida,
sino q u e se vuelve c o n t r a el q u e la arroja. Así, los heri-
dos p o r sus ofensas, los q u e arrojan la pestilencia, no m e
p u e d e n hacer d a ñ o , sino q u e vuelve contra ellos la saeta
e n v e n e n a d a d e la culpa. Esta les priva de la gracia en
esta vida, p e r d i e n d o el fruto d e la sangre, y en el último
m o m e n t o , si no se e n m i e n d a n con santa confesión y
contrición d e corazón, llegan a la condenación eterna,
separados d e mí y ligados al d e m o n i o . Esos malvados
han hecho u n a alianza con él, ya q u e bien p r o n t o el
alma q u e d a privada d e la gracia y u n i d a al pecado. Esta
unión es odio a la virtud y a m o r al vicio. La han hecho,
por medio del libre albedrío, en m a n o s del d e m o n i o , y
así los sujeta, q u e d e otro m o d o no p o d r í a n ser aprisio-
nados por él.
Por este lazo, los perseguidores d e la sangre se hallan
unidos con otros, y, c o m o m i e m b r o s ligados al d e m o n i o ,
han t o m a d o el oficio d e d e m o n i o s . Estos se ingenian
para pervertir a mis criaturas, arrebatarles la gracia y
reducirlas a la culpa d e pecado mortal p a r a que el mal
q u e ellos p a d e c e n lo padezcan también las criaturas.
O b r a n así, ni más ni m e n o s , p o r q u e , c o m o m i e m b r o s
del d e m o n i o , van p r o v o c a n d o la rebelión en los hijos d e

1
Este y los dos capítulos anteriores responden a la intromisión de
los seglares en los asuntos eclesiásticos, que culminó en la cuestión de
«las Investiduras» que, aunque solucionada oficialmente, dejó sus se­
cuelas largo tiempo.
El cuerpo místico de la Iglesia 273

la esposa d e Cristo, m i Hijo u n i g é n i t o , d e s l i g á n d o l o s del


lazo d e la c a r i d a d . S u j e t á n d o l o s c o n la m i s e r a b l e a t a d u -
r a . Privados d e l f r u t o d e la s a n g r e , c a u s a n c u a n t a t u r b a -
ción p u e d e n , u n a vez p r i v a d o s d e la d i g n i d a d d e la san-
g r e . Esta l i g a d u r a se halla a n u d a d a c o n la s o b e r b i a y la
p r o p i a r e p u t a c i ó n , c o n el t e m o r servil, p u e s p i e r d e n la
gracia p o r t e m o r a p e r d e r los c a r g o s . Esos lazos llevan el
sello d e las tinieblas, p o r q u e c o n o c e n en c u á n t o s males y
miserias h a n c a í d o y h a c e n c a e r a o t r o s . C o m o n o se co-
r r i g e n , p o r eso n o c o n o c e n , y, c o m o ciegos se g l o r í a n d e
la d e s t r u c c i ó n d e su a l m a y d e su c u e r p o .
¡ O h q u e r i d í s i m a hija! D u é l e t e i n f i n i t a m e n t e d e v e r
t a n t a c e g u e r a y miseria d e los q u e , c o m o t ú , e s t á n lava-
d o s e n la s a n g r e y se n u t r i e r o n y c r e c i e r o n c o n esa san-
g r e a los p e c h o s d e la s a n t a Iglesia. A h o r a , c o m o rebel-
d e s , p o r t e m o r y c o n el p r e t e x t o d e c o r r e g i r los vicios d e
mis m i n i s t r o s — a los q u e h e p r o h i b i d o q u e n a d i e t o -
q u e — , se h a n a p a r t a d o d e estos p e c h o s . Esto d e b e c a u -
s a r t e t e r r o r a ti y a los d e m á s s e r v i d o r e s míos, p u e s oyes
q u e se h a h e c h o esta m i s e r a b l e alianza. T u l e n g u a n o
sería capaz d e explicar n u n c a lo a b o m i n a b l e q u e es. L o
p e o r es q u e , bajo la c a p a d e los defectos d e mis minis-
t r o s , q u i e r e n cobijar y e n c u b r i r los suyos, y n o c o n s i d e -
r a n q u e n o hay c a p a q u e p u e d a i m p e d i r a m i vista q u e
yo los vea. P u e d e n o c u l t a r s e a los ojos d e las c r i a t u r a s ,
p e r o n o a mí, a q u i e n n o se o c u l t a n las cosas p r e s e n t e s
ni n i n g u n a o t r a . Yo os a m é y conocí a n t e s d e q u e exis-
tieseis.
U n a d e las r a z o n e s p o r las q u e n o se e n m i e n d a n los
d e s g r a c i a d o s h o m b r e s d e l m u n d o es q u e e n r e a l i d a d n o
c r e e n con fe viva q u e yo les veo; q u e , si d e veras c r e y e -
r a n q u e veo sus vicios y q u e t o d o vicio es c a s t i g a d o ,
como toda buena obra recompensada, no harían tanto
m a l , sino q u e se c o r r e g i r í a n d e lo q u e h a n h e c h o y h u -
m i l d e m e n t e i m p l o r a r í a n m i m i s e r i c o r d i a . Yo, p o r inter-
cesión d e la s a n g r e d e m i Hijo, se la o t o r g a r í a . P e r o es-
tán o b s t i n a d o s y r e p r o b a d o s p o r m i b o n d a d a c a u s a d e
sus vicios, caídos e n la m a y o r d e s g r a c i a a c a u s a d e ellos,
privados d e la luz, y, c o m o ciegos, son perseguidores d e la
s a n g r e . N i n g u n a p e r s e c u c i ó n d e b e llevarse a c a b o p o r
a l g ú n p e c a d o q u e se vea e n los m i n i s t r o s d e la s a n g r e .
274 El Diálogo

118 [Resumen de lo dicho sobre la Iglesia y sus ministros.]

Queridísima hija: te he dicho algo sobre la reverencia


q u e se d e b e t e n e r a mis ungidos a pesar d e sus vicios,
p o r q u e ésta n o se les tiene ni d e b e tenérsele p o r sí mis-
(

mos, sino p o r la autoridad q u e se les ha d a d o . Y c o m o ,


p o r sus defectos, el misterio del sacramento n o p u e d e
disminuir ni q u e d a r dividido, n o d e b e venir a m e n o s la
reverencia p a r a con ellos; no p o r ellos, como se ha di-
cho, sino p o r el tesoro d e la sangre.
A fin d e q u e te duelas más, te h e dicho algo sobre lo
q u e es la falta d e reverencia, la persecución d e la sangre
y la liga q u e los enemigos h a n h e c h o c o n t r a mí, unidos
en el servicio al d e m o n i o , lo m i s m o q u e te hablé d e lo
grave q u e es, c u á n t o m e d e s a g r a d a y el d a ñ o q u e se ha-
cen a sí mismos.
Este pecado es cometido especialmente mediante la
persecución a la santa Iglesia. E n general, todos los cris-
tianos q u e se hallan en pecado m o r t a l menosprecian la
sangre, y se privan d e la vida d e la gracia. Esto m e desa-
g r a d a , y su culpa es grave.

LOS BUENOS MINISTROS

[El deber de la corrección según justicia.—Vida de los buenos minis-


tros. —Recapitulación sobre su dignidad. ]

1 1 9 Excelencia de las virtudes y obras de los buenos y vir-


tuosos ministros.—Tienen las propiedades del sol.—Correc-
ción de sus subditos.]

A h o r a , p a r a d a r consuelo a tu alma y mitigar el d o l o r


p o r las tinieblas d e aquellos desgraciados subditos, abre
los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o y m i r a d e n t r o d e mí, Sol
d e justicia. Verás los gloriosos ministros que, habiendo
a d m i n i s t r a d o el Sol, h a n t o m a d o la condición d e sol.
T e dije d e ellos q u e habían recibido las propiedades
del sol, y así, con el olor d e su virtud, mitigan la pesti-
lencia, y con su luz disipan las tinieblas. A esta luz qui-
siera q u e tú vieras las tinieblas y defectos de mis mi-
nistros.
El cuerpo místico de la ¡glesm 275

C o m o te dije d e P e d r o , el príncipe d e los apóstoles,


q u e recibió las llaves del r e i n o , te r e p i t o lo m i s m o d e los
o t r o s q u e h a n sido m i n i s t r o s e n este j a r d í n d e la s a n t a
Iglesia, o sea, q u e h a n a d m i n i s t r a d o el c u e r p o y la san-
g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , Sol d e l m u n d o , n o d i v i d i d o , y
t o d o s los d e m á s s a c r a m e n t o s d e la s a n t a Iglesia. C a d a
s a c r a m e n t o , c o l o c a d o e n diversos g r a d o s s e g ú n su esta-
d o , vale p a r a d a r la g r a c i a del Espíritu S a n t o , y t o d o s
d a n vida e n v i r t u d d e la s a n g r e . ¿ C o n q u é la h a n d a d o ?
C o n la luz d e la gracia, q u e p r o c e d e d e la v e r d a d e r a
Luz.
Esta luz, ¿está ella sola? N o . N o p u e d e e n c o n t r a r s e
sola la luz d e la gracia ni p u e d e estar dividida, sino q u e ,
o se halla e n t e r a , o n o hay ni r a s t r o d e ella. Q u i e n se h a -
lla e n p e c a d o m o r t a l , está, p o r lo m i s m o , p r i v a d o d e la
luz d e la gracia. Q u i e n t i e n e la gracia, t i e n e i l u m i n a d o s
los ojos d e su inteligencia. C o n o c i é n d o m e , p u e s , aquel a
q u i e n h e d a d o la gracia y la v i r t u d q u e la c o n s e r v a (y
p o r esa luz c o n o c e la m i s e r i a y la c a u s a d e l p e c a d o , es
decir, el a m o r p r o p i o sensitivo), a b o r r e c e el p e c a d o . Al
h a c e r l o recibe el calor d e la c a r i d a d d i v i n a e n su afecto,
p o r q u e el afecto sigue al c o n o c i m i e n t o . Recibe el calor
d e esta gloriosa luz c u a n d o sigue la d o c t r i n a d e mi d u l -
ce V e r d a d , p o r lo q u e q u e d a llena la m e m o r i a c o n el r e -
c u e r d o d e l beneficio d e la s a n g r e .
Ves, p u e s , q u e n o se p u e d e recibir la luz sin recibir el
calor y el color, p o r hallarse í n t i m a m e n t e u n i d o s y ser
u n a m i s m a cosa. T a m p o c o p u e d e u n a p o t e n c i a d e l a l m a
e s t a r p r e p a r a d a p a r a r e c i b i r m e a mí, v e r d a d e r o Sol, sin
q u e las tres estén p r e p a r a d a s y u n i d a s e n m i n o m b r e .
P o r q u e e n seguida los ojos del e n t e n d i m i e n t o se elevan
c o n la luz d e la fe s o b r e lo sensible, m i r á n d o s e e n mí; y
el afecto va d e t r á s , a m a n d o lo q u e v i e r o n y c o n o c i e r o n
los ojos d e e n t e n d i m i e n t o , y la m e m o r i a se. llena d e
aquello q u e a m a el afecto. E n c u a n t o las tres potencias
están p r e p a r a d a s , el a l m a participa d e mí, Sol, i l u m i n á n -
d o l a con m i p o d e r y c o n la s a b i d u r í a d e m i Hijo u n i g é -
nito y la c l e m e n c i a d e l f u e g o d e l Espíritu S a n t o .
Estos ministros h a n a d q u i r i d o las p r o p i e d a d e s del sol;
es decir, h a l l á n d o s e vestidas y llenas las potencias del
a l m a c o n mi v e r d a d e r o Sol, h a c e n lo q u e el sol, q u e ca-
lienta, ilumina, y con el c a l o r h a c e g e r m i n a r la t i e r r a .
276 El Diálogo

Lo mismo o c u r r e con estos dulces ministros míos, elegi-


dos, ungidos y enviados al c u e r p o místico d e la santa
Iglesia para a d m i n i s t r a r m e a mí, Sol; es decir, el c u e r p o
y la sangre d e mi Hijo unigénito, j u n t o con los otros sa-
c r a m e n t o s , q u e tienen vida en esta sangre. Administran
temporal y espiritualmente, o sea, a l u m b r a n d o al cuer-
po místico d e la santa Iglesia: con la luz d e la ciencia so-
b r e n a t u r a l , con honesto color y santa vida, esto es, si-
g u i e n d o la doctrina d e mi verdad y r e p a r t i e n d o el calor
d e la ardentísima caridad. C o n su calor hicieron q u e
d i e r a n fruto las almas estériles, iluminándolas con la luz
d e la ciencia. C o n su vida santa y o r d e n a d a arrojaron
las tinieblas d e los pecados mortales y d e la m u c h a in-
credulidad y o r d e n a r o n la d e s o r d e n a d a vida en q u e vi-
vían por las tinieblas del pecado y p o r la frialdad causa-
d a p o r la falta d e caridad. Ves, p o r tanto, q u e son sol,
p o r q u e han t o m a d o de mí las p r o p i e d a d e s de él, pues
p o r afecto d e a m o r son u n a cosa c o n m i g o y yo con ellos.
C a d a u n o , según el estado p a r a q u e les h e elegido, na
iluminado la santa Iglesia: P e d r o , con la predicación,
doctrina y, al final, con su s a n g r e ; Gregorio, con su
ciencia y santos escritos y con el ejemplo d e su vida; Sil-
vestre, en la lucha con los infieles, y especialmente con
las disputas y p r u e b a s q u e dio d e la santa fe en palabras
y obras. Si vuelves tu m i r a d a a Agustín, al glorioso T o -
más, a J e r ó n i m o y a otros, verás c u á n t a luz h a n proyec-
tado sobre esta esposa, disipando e r r o r e s , c o m o luces
colocadas sobre el candelero, e n v e r d a d e r a y perfecta
humildad.
C o m o h a m b r i e n t o s d e mi h o n o r y d e la salvación d e
las almas, comían este alimento a la mesa d e la santísima
cruz: los mártires con su sangre, cuya fragancia subía a
mi presencia. C o n esa fragancia, y la d e la virtud y con
la d e la ciencia, hicieron f e c u n d a a esta esposa, difun-
d i e r o n la fe, y m u c h o s pasaron d e la oscuridad a la luz y
brilló en ellos la luz d e la fe. Los prelados, puestos en el
c a r g o del gobierno d e Cristo en la tierra, m e ofrecieron
el sacrificio d e la justicia con santa y honesta vida; la
m a r g a r i t a d e la justicia resplandeció e n ellos y en sus
subditos con v e r d a d e r a h u m i l d a d , ardentísima caridad
y con la luz d e la discreción. Me d i e r o n lo q u e debían en
justicia, o sea, la gloria y alabanza a mi n o m b r e . Se die-
El cuerpo mistico de la Iglesia 277

r o n a sí m i s m o s el a b o r r e c i m i e n t o y d e s a g r a d o d e los
sentidos, d e s p r e c i a n d o los vicios y a b r a z a n d o la virtud
con la c a r i d a d mía y la d e su prójimo. Pisotearon la so-
berbia c o n la h u m i l d a d , y, c o m o ángeles, c a m i n a r o n a la
mesa del altar. C e l e b r a r o n la misa, a r d i e n d o e n el hor-
no d e la c a r i d a d con p u r e z a d e c o r a z ó n y del c u e r p o y
con s i n c e r i d a d d e espíritu. Y c o m o antes se h a b í a n he-
c h o justicia a sí m i s m o s , p o r eso hicieron justicia a sus
subditos c u a n d o vieron q u e vivían v i r t u o s a m e n t e . Los
c o r r e g í a n sin t e m o r servil a l g u n o , p o r q u e n o se fijaban
en sí mismos, sino sólo e n mi h o n o r y en la salvación d e
las almas, c o m o b u e n o s pastores, i m i t a d o r e s del b u e n
Pastor, mi V e r d a d . Yo les c o n c e d í g o b e r n a r o s a voso-
tros, ovejuelas, y quise q u e ofreciesen su vida p o r voso-
tros '.
Ellos h a n s e g u i d o sus huellas, y p o r eso c o r r i g i e r o n y
n o d e j a r o n p u d r i r a los m i e m b r o s p o r falta d e llamarles
la a t e n c i ó n . Lo hicieron c a r i t a t i v a m e n t e , c o n el u n -
g ü e n t o d e la b e n i g n i d a d y la 'aspereza del fuego, q u e -
m a n d o la llaga del vicio con la r e p r e s i ó n y penitencia,
m a y o r o m e n o r s e g ú n la g r a v e d a d del p e c a d o . Y p o r co-
rregirlos y decir la v e r d a d n o se p r e o c u p a r o n d e la
muerte.
F u e r o n v e r d a d e r o s h o r t e l a n o s , q u e c o n solicitud y
s a n t o t e m o r a r r a n c a r o n las espinas d e los p e c a d o s m o r -
tales y p u s i e r o n las plantas fragantes d e v i r t u d . C o n
ello, los subditos c o n s i g u i e r o n el s a n t o t e m o r d e Dios y
c r e c i e r o n c o m o flores olorosas e n el c u e r p o místico d e
la santa Iglesia, p o r q u e c o r r e g í a n sin t e m o r servil, p o r
n o ser p a n i a g u a d o s d e n i n g ú n s e ñ o r . C o m o e n ellos n o
había v e n e n o d e c u l p a d e p e c a d o , p o r eso p r a c t i c a r o n la
s a n t a justicia, r e p r e n d i e n d o v a r o n i l m e n t e y sin t e m o r
a l g u n o . Esta e r a aquella j o y a e n la q u e brilla la justicia,
p u e s d a la paz y la luz a las m e n t e s d e las c r i a t u r a s y les
hacía p e r m a n e c e r e n el s a n t o t e m o r e s t a n d o los corazo-
nes u n i d o s . P o r esto q u i e r o q u e sepas q u e p o r n i n g u n a
o t r a causa h a n venido tantas tinieblas y divisiones al
m u n d o e n t r e los seculares y religiosos, clérigos y pasto-
res d e la santa Iglesia, q u e p o r h a b e r faltado la luz d e la
justicia y h a b e r llegado la injusticia.

i Jn 10,11.
278 El Diálogo

N i n g ú n estado p u e d e conservarse en estado d e gra-


cia, ni la ley civil ni la divina, sin la santa justicia; p o r q u e
el que no es corregido y no corrige, hace como el miem-
bro que ha c o m e n z a d o a gangrenarse. Si el mal médico
pone i n m e d i a t a m e n t e sobre ese m i e m b r o únicamente el
u n g ü e n t o y n o cauteriza, todo el c u e r p o se c o r r o m p e .
Así el prelado y otros señores q u e tienen subditos: si
ven que el m i e m b r o d e su subdito está g a n g r e n a d o por
la pestilencia del pecado mortal y pone lo p r i m e r o el un-
güento de la lisonja sin reprensión, n u n c a lo c u r a r á ,
sino que echará a p e r d e r a otros miembros que están
unidos al mismo cuerpo, es decir, en u n mismo pastor.
Pero, si es v e r d a d e r o y buen médico d e aquellas almas,
como lo fueron estos gloriosos pastores, no aplicará el
u n g ü e n t o sin el fuego de la reprensión. Si el m i e m b r o ,
a pesar d e todo, fuera obstinado en su mal obrar, lo se-
parará d e los d e m á s para que no los c o r r o m p a con la
culpa del pecado mortal.
Pero hoy los pastores no o b r a n así, sino que hacen
como que no ven. ¿Sabes por qué? Porque la raíz del
a m o r propio sigue viva en ellos, de d o n d e les viene el
perverso t e m o r servil. No corrigen por t e m o r a p e r d e r
cargos, bienes temporales y prelacias. Actúan como cie-
gos, y por ello n o conocen el m o d o d e conducirse en su
cargo. Si vieran cómo se consigue por la santa justicia, la
m a n t e n d r í a n ; pero, como se hallan privados de la luz,
no la conocen. C r e y e n d o conservar su estado con la in-
justicia, no r e p r e n d e n los vicios d e sus subditos, y son
e n g a ñ a d o s por su propia pasión sensitiva, por la apeten-
cia del d e m o n i o y por las prelaturas.
T a m p o c o corrigen p o r q u e se hallan con los mismos
defectos o mayores. Se sienten comprendidos en la culpa,
y pierden la audacia y firmeza, y, prisioneros del t e m o r
servil, hacen como que no ven. Ven, y, a pesar d e todo,
n o corrigen. Se dejan maniatar con palabras lisonjeras y
con regalos y ellos mismos buscan excusas para no casti-
garlos. En ellos se cumplen las palabras d e mi Verdad
c u a n d o dijo en el santo Evangelio: «Son ciegos y guías
d e ciegos; y si u n ciego guía a o t r o ciego, ambos caen en
2
la fosa» .

2
Mt 15,14; Le 6,39.
El cuerpo místico de la Iglesia 279

N o h a n o b r a d o ni o b r a n así —si hay a l g u n o — los q u e


h a n p e r m a n e c i d o c o m o dulces ministros míos, d e los
q u e te dije q u e tienen las potencias y condición del sol.
Lo son v e r d a d e r a m e n t e , p o r q u e en ellos no hay tinie-
blas ni d e pecado ni d e ignorancia, puesto q u e siguen la
d o c t r i n a d e mi dulce v e r d a d . N o son tibios, p u e s t o q u e
a r d e n en el h o r n o d e m i c a r i d a d ; desprecian las g r a n d e -
zas, posición social y placeres del m u n d o . Por esta r a z ó n
n o t e m e n corregir, p u e s q u i e n n o apetece d o m i n i o ni
p r e l a t u r a s , n o t e m e p e r d e r l a s . R e p r e n d e c o n energía,
p o r q u e n o t e m e q u i e n n o siente la conciencia prisionera
d e la culpa.
Por eso, esta m a r g a r i t a n o fue o s c u r a en mis u n g i d o s
y cristos míos, sino, m á s bien, refulgente. A b r a z a r o n la
p o b r e z a voluntaria y b u s c a r o n la humillación con p r o -
f u n d a sencillez. N o se p r e o c u p a r o n d e las villanías y ca-
l u m n i a s d e los h o m b r e s , ni d e las injurias y oprobios, ni
d e las p e n a s o t o r m e n t o s . E r a n maldecidos, y b e n d e -
cían, y con v e r d a d e r a paciencia sufrieron c o m o ángeles
e n la tierra; y m á s q u e ángeles, n o p o r la n a t u r a l e z a ,
sino p o r el c a r g o y gracia s o b r e n a t u r a l e s q u e les había
sido d a d o p a r a a d m i n i s t r a r la s a n g r e d e m i Hijo unigé-
nito.
Son v e r d a d e r a m e n t e ángeles, p o r q u e a éstos os los
doy p a r a g u a r d a r o s y p a r a q u e p r o m u e v a n en vosotros
las santas y b u e n a s inspiraciones; así lo d e b e n hacer
ellos, puestos p o r mi b o n d a d p a r a p r o t e g e r o s . P o r eso
tuvieron c o n t i n u a m e n t e los ojos en sus subditos c o m o
v e r d a d e r o s g u a r d i a n e s , p o n i e n d o en su c o r a z ó n santas
inspiraciones, esto es, p r e s e n t a n d o dulces y a m o r o s o s
deseos a n t e mí por m e d i o d e la c o n t i n u a o r a c i ó n con la
predicación y con el ejemplo d e vida. Ves, p u e s , q u e son
ángeles colocados p o r m i a r d o r o s a c a r i d a d c o m o lum-
b r e r a s en el c u e r p o místico d e la Santa Iglesia p a r a
vuestra protección, a fin d e q u e vosotros, ciegos, tengáis
guía q u e os dirija p o r el c a m i n o d e la v e r d a d , d á n d o o s
las b u e n a s inspiraciones p o r la oración, ejemplo y doc-
trina.
¡Con q u é h u m i l d a d g o b e r n a b a n y t r a t a b a n a sus sub­
ditos! ¡Con q u é e s p e r a n z a y con q u é fe tan viva! P o r q u e
n o se p r e o c u p a b a n ni temían sino d e q u e a sus subditos
les faltasen los bienes t e m p o r a l e s , y p o r ello distribuían
280 El Diálogo

e n t r e los pobres los bienes d e la santa Iglesia. Observa-


ban con perfección lo q u e estaban obligados a cumplir,
es decir, repartir los bienes temporales a los pobres con-
f o r m e a sus necesidades. N o los a c u m u l a b a n , y a su
m u e r t e no q u e d a b a m u c h o d i n e r o , y algunos hasta d e -
j a b a n a la Iglesia e n d e u d a s a causa d e los pobres. Esto
provenía d e su generosa caridad y d e la confianza q u e
tenían en mi providencia. Carecían d e t e m o r servil, y
p o r eso n o temían q u e les faltase algo, espiritual o tem-
poral.
La señal d e q u e la criatura confía e n mí, y n o en sí
misma, es n o t e n e r t e m o r servil. Los q u e tienen puesta la
confianza en sí mismos son los q u e t e m e n y tienen mie-
d o hasta d e su s o m b r a y a n d a n c o n la d u d a d e si les fal-
tará el cielo y la tierra. Con este t e m o r y confianza peca-
minosa t o m a n la desgraciada preocupación d e a d q u i r i r
y conservar las cosas temporales; q u e parece q u e se
echan las espirituales a la espalda y n o hablan sino d e
cuidados.
N o piensan los desgraciados, faltos d e fe y llenos d e
soberbia, q u e yo soy quien p r o p o r c i o n o todas las cosas
necesarias al alma y al c u e r p o . E n la m e d i d a en q u e con-
3
fiéis e n mí, e n la misma os d a r á mi providencia . Los
miserables p r e s u n t u o s o s n o m i r a n q u e soy yo aquel q u e
soy, y ellos los q u e son n a d a . Su existencia y todo lo q u e
sigue a ella lo h a n recibido d e mi b o n d a d , y p o r eso se
enorgullece e n vano d e su trabajo el q u e g u a r d a la ciu-
4
d a d si yo n o la g u a r d o ; vano será t o d o su trabajo si
p o r ella y p o r su solicitud cree g u a r d a r l a , ya q u e soy yo
quien la g u a r d a .
Q u i e r o q u e en el tiempo q u e h e d a d o a los seres ra-
cionales, y u s a n d o el libre albedrío, os ejercitéis en la
virtud, p o r q u e yo os creé sin vosotros, p e r o sin vosotros
n o os salvaré. Yo os a m é antes d e q u e existieseis.
Esto lo vieron y c o m p r e n d i e r o n aquellos mis hijos
a m a d o s , y p o r eso m e a m a b a n inefablemente, y p o r el
a m o r q u e m e tenían confiaban e n mí sin límites y n a d a
temían. N o temió Silvestre c u a n d o se hallaba ante el
e m p e r a d o r C o n s t a n t i n o d i s p u t a n d o con los doce j u d í o s

3
Mt 7,2; Me 4 , 2 4 ; Le 6 , 3 8 .
4
Sal 1 2 6 , 1 .
El cuerpo místico de la Iglesia 281

5
e n p r e s e n c i a d e t o d a la m u c h e d u m b r e . C r e í a c o n fe
viva q u e , e s t a n d o yo e n favor d e él, n i n g u n o p o d r í a
6
c o n t r a él . Del m i s m o m o d o , los d e m á s p e r d í a n el m i e -
d o , p o r q u e n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s ,
p u e s e s t a n d o e n la dilección d e la c a r i d a d , e s t a b a n e n
7
m í . D e mí recibían la l u z d e la s a b i d u r í a d e m i Hijo
u n i g é n i t o , d e mí recibían el p o d e r p a r a ser f u e r t e s y p o -
d e r o s o s f r e n t e a los p r í n c i p e s y t i r a n o s d e l m u n d o y d e
m í recibían el fuego d e l Espíritu S a n t o , p a r t i c i p a n d o d e
su c l e m e n c i a y a r d i e n t e a m o r . Este estaba a c o m p a ñ a d o
y a c o m p a ñ a a q u i e n q u i e r e participar d e él c o n la luz d e
ía fe, c o n la e s p e r a n z a , fortaleza, v e r d a d e r a paciencia y
g r a n p e r s e v e r a n c i a h a s t a el fin d e la m u e r t e . P o r lo t a n -
to, ves c ó m o n o se h a l l a b a n solos, sino a c o m p a ñ a d o s , y
p o r esta r a z ó n n o t e n í a n t e m o r .
Ú n i c a m e n t e se siente solo el q u e confía e n sí m i s m o .
P r i v a d o d e la dilección d e la c a r i d a d , t e m e ; c u a l q u i e r
p e q u e ñ a cosa le d a m i e d o , p o r q u e se e n c u e n t r a solo, sin
m í , q u e soy s e g u r i d a d s u m a p a r a q u i e n m e p o s e e p o r el
afecto d e l a m o r . Bien e x p e r i m e n t a r o n esto aquellos glo-
riosos a m a d o s míos, p u e s n a d a p o d í a h a c e r d a ñ o a su
a l m a , a n t e s bien, ellos h a c í a n d a ñ o a los h o m b r e s y a los
d e m o n i o s , y m u c h a s veces los t u v i e r o n s o m e t i d o s p o r la
v i r t u d y p o d e r q u e yo les h a b í a d a d o s o b r e ellos. Así
r e s p o n d í a yo a la fe y c o n f i a n z a q u e h a b í a n p u e s t o e n
mí.
T u l e n g u a n o p o d r í a n a r r a r sus v i r t u d e s , ni los ojos
d e tu e n t e n d i m i e n t o v e r el p r e m i o q u e r e c i b e n e n la
vida p e r d u r a b l e y el q u e r e c i b i r á n los q u e sigan sus h u e -
llas. Son c o m o p i e d r a s preciosas, y se hallan e n m i p r e -
sencia p o r q u e les h e a c e p t a d o sus trabajos, la luz q u e
p r o y e c t a r o n y el p e r f u m e d e v i r t u d q u e d e r r a m a r o n e n
el c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia. P o r eso los h e colo-
c a d o e n la vida e t e r n a c o n g r a n d í s i m a d i g n i d a d , y reci-
b e n felicidad y gloria d e m i visión p o r h a b e r d a d o ejem-
plo d e vida h o n e s t a y s a n t a y p o r q u e c o n la luz r e p a r t i e -
r o n la luz del c u e r p o y s a n g r e d e m i Hijo u n i g é n i t o , lo
m i s m o q u e p o r m e d i o d e los d e m á s s a c r a m e n t o s . P o r
5
L a d i s p u t a d e S a n Silvestre c o n los j u d í o s es n a r r a d a e n la Legenda
áurea c.12.
6
Rom 8,31.
7
J n 4,16.
282 El Diálogo

esta razón son p a r t i c u l a r m e n t e a m a d o s p o r mí, t a n t o


p o r la d i g n i d a d e n q u e los puse, ya q u e son mis ungidos
y ministros, c o m o p o r el tesoro q u e les p u s e en las ma-
nos, el q u e n o e n t e r r a r o n p o r negligencia o ignoran-
8
cia , sino q u e lo reconocieron c o m o venido d e mí, y lo
h a n t r a t a d o con solicitud y h u m i l d a d p r o f u n d a , con
v e r d a d e r a s y reales virtudes.
C o m o les h e colocado en tan g r a n excelencia p a r a la
salvación d e los d e m á s , n u n c a se h a n resistido, c o m o
b u e n o s pastores, a llevar las ovejuelas al redil d e la santa
Iglesia. Por a m o r y h a m b r e , las almas se e x p u s i e r o n a la
m u e r t e p o r a r r a n c a r l a s d e las g a r r a s d e los d e m o n i o s .
Ellos e n f e r m a b a n , es decir, se hacían débiles con los q u e
9
lo e r a n ; esto es, m u c h a s veces, p a r a q u e los subditos
no se ofuscaran con la desesperación y p a r a darles
m a y o r confianza en su debilidad, se les m o s t r a b a n débi-
les y les decían: «Yo soy débil c o m o tú». Lloraron con los
l 0
q u e lloraban y se a l e g r a r o n con los q u e se alegraban ,
y así, d u l c e m e n t e , sabían d a r a c a d a u n o su alimento:
los b u e n o s conservaban su virtud e n la alegría. N o se re-
comían d e envidia, sino q u e se a l e g r a b a n con la a b u n -
dancia d e la c a r i d a d del prójimo y d e sus subditos, y sa-
caban del p e c a d o a los pecadores, haciéndose pecadores
y débiles a n t e ellos. C o n v e r d a d e r a y santa compasión, y
con la corrección y penitencia p o r sus pecados cometi-
dos, hacían penitencia p o r c a r i d a d j u n t a m e n t e con ellos;
es decir, q u e , p o r el a m o r q u e les tenían, sufrían m a y o r
p e n a q u e la q u e les imponían. Algunas veces e r a n ellos
los q u e e n realidad la cumplían, y especialmente c u a n d o
veían q u e al subdito le parecía d u r a . Por lo q u e aquel
acto d e repulsa lo convertían en d u l z u r a .
¡Oh, mis a m a d o s ! Se hacían subditos, siendo prela-
dos; siervos, siendo señores, y e n f e r m o s , e s t a n d o sanos
y libres d e la e n f e r m e d a d y lepra del p e c a d o m o r t a l .
Siendo fuertes, se hacían débiles; con los tontos y sim-
ples se m o s t r a b a n sencillos y p e q u e ñ o s . Y así, con h u -
m i l d a d y c a r i d a d , sabían d a r a c a d a u n o su alimento.
¿ Q u é les movía a ello? El h a m b r e y deseo q u e habían

8
Mt 2 5 , 1 4 - 3 0 ; Le 19,12-27.
9
1 C o r 9,22.
1 0
R o m 12.15.
El cuerpo místico de la Iglesia 283

c o n c e b i d o d e m i h o n o r y d e la salvación d e las a l m a s .
C o r r í a n a t o m a r l o e n la m e s a d e la santísima c r u z , sin
r e h u s a r trabajos. C o m o d e f e n s o r e s celosos d e las a l m a s
y d e la s a n t a fe, se m e t í a n e n t r e las e s p i n a s d e n u m e r o -
sas t r i b u l a c i o n e s y se e x p o n í a n a c u a l q u i e r p e l i g r o c o n
v e r d a d e r a paciencia, o f r e c i é n d o m e el incienso d e los
f r a g a n t e s y férvidos d e s e o s y d e la c o n t i n u a o r a c i ó n .
C o n l á g r i m a s y s u d o r e s u n g í a n las llagas d e la c u l p a d e
los p e c a d o s m o r t a l e s , c o n lo q u e o b t e n í a n la c o m p l e t a
c u r a c i ó n si esos p e c a d o r e s a c e p t a b a n ese u n g ü e n t o c o n
humildad.

120 [Resumen del capítulo anterior.—Reverencia que se


d e b e p r e s t a r a los s a c e r d o t e s , s e a n b u e n o s o m a l o s . ]

T e h e m o s t r a d o , hija q u e r i d í s i m a , u n a b r i z n a d e su
excelencia —brizna, d i g o , e n c o m p a r a c i ó n c o n lo g r a n -
d e q u e e s — . T e h e h a b l a d o d e la d i g n i d a d a q u e les h e
e l e v a d o al elegirlos y h a c e r l o s mis m i n i s t r o s .
E n r a z ó n d e la d i g n i d a d y a u t o r i d a d q u e les h e d a d o ,
n o q u i e r o q u e sean castigados, p o r c a u s a d e sus peca-
d o s , p o r m a n o s d e seglares, y, si lo h a c e n , m e o f e n d e n
m i s e r a b l e m e n t e . Q u i e r o q u e les t e n g a n r e v e r e n c i a n o
p o r sí m i s m o s , sino e n a t e n c i ó n a mí, o sea, p o r la a u t o -
r i d a d q u e les h e d a d o . Esta n u n c a d e b e d e c r e c e r , p o r -
q u e e n t o n c e s d i s m i n u i r á la v i r t u d e n q u i e n e s los afli-
g e n . T e h e h a b l a d o d e la v i r t u d d e los b u e n o s m i n i s t r o s
y te los h e d e s i g n a d o c o m o a d m i n i s t r a d o r e s d e l sol, es
decir, d e l c u e r p o y d e la s a n g r e d e m i Hijo y d e los d e -
m á s s a c r a m e n t o s . Esta d i g n i d a d c o r r e s p o n d e a los b u e -
n o s y a los malos; t o d o s d e b e n a d m i n i s t r a r l o s : los buer
n o s y los m a l o s .
T e dije q u e los perfectos p o s e e n las p r o p i e d a d e s del
sol, o sea, las d e i l u m i n a r y c a l e n t a r p o r m e d i o d e la di-
lección d e la c a r i d a d y d e sus p r ó j i m o s , y q u e c o n este
calor h a c e n fructificar y g e r m i n a r las v i r t u d e s e n las al-
m a s d e sus subditos. T e los he p r e s e n t a d o c o m o á n g e -
les, y lo son d e v e r d a d . O s son d a d o s p o r m í p a r a vues-
t r a p r o t e c c i ó n , p a r a q u e os g u a r d e n y os i n s p i r e n b u e -
n o s d e s e o s e n v u e s t r o s c o r a z o n e s p o r m e d i o d e la s a n t a
o r a c i ó n y d o c t r i n a , s i e n d o e j e m p l o d e vida, y p a r a q u e
os sirvan p o r la a d m i n i s t r a c i ó n d e los s a n t o s s a c r a m e n -
284 El Diálogo

tos, c o m o el ángel q u e os sirve g u a r d a e inspira b u e n o s


y santos deseos en vosotros '.
Mira, p u e s , c ó m o , a d e m á s d e la d i g n i d a d en q u e he
colocado a mis ministros, son o r n a m e n t o d e las virtudes
a q u e están obligados, y, p o r t a n t o , son dignos d e ser
a m a d o s . Debéis tenerles e n g r a n reverencia p o r ser hi-
j o s a m a d o s , u n sol puesto en el c u e r p o místico d e la san-
ta Iglesia en razón d e su virtud. Si todo h o m b r e virtuo-
so es d i g n o d e ser a m a d o , m u c h o m á s lo son éstos p o r el
ministerio q u e he colocado en sus m a n o s ; d e m o d o q u e
p o r la virtud y d i g n i d a d del s a c r a m e n t o debéis amarlos
y a b o r r e c e r los pecados d e los q u e viven m i s e r a b l e m e n -
te. Pero no hagáis d e j u e c e s suyos, pues esto n o lo quie-
r o , p o r q u e son mis cristos. Debéis a m a r y r e v e r e n c i a r la
a u t o r i d a d q u e les he d a d o .
Sabéis bien q u e , si u n h o m b r e sucio y mal vestido os
trajese u n gran tesoro del q u e d e p e n d i e s e la vida, p o r
a m o r al tesoro y al señor q u e os lo envía n o a b o r r e c e -
ríais al q u e lo trae, a u n q u e estuviese andrajoso y sucio.
C i e r t a m e n t e q u e os desagradaría, y trataríais, p o r a m o r
a su señor, d e q u e se quitase la suciedad y se pusiese
o t r o s vestidos. Eso, pues, debéis hacer p o r obligación y
q u i e r o q u e lo hagáis, siguiendo las n o r m a s d e la c a r i d a d
con estos ministros míos q u e a n d a n poco o r d e n a d o s ,
q u e con la inmundicia y vestidos d e pecado, andrajosos
p o r su alejamiento d e ia c a r i d a d , os traen los g r a n d e s
tesoros, es decir, los sacramentos d e la santa Iglesia. De
esos sacramentos recibís la vida d e la gracia c u a n d o os
acercáis a ellos d i g n a m e n t e p o r a m o r a mí, Dios e t e r n o ,
a u n q u e los ministros t e n g a n g r a n d e s pecados. Yo os los
envío p a r a la vida d e la gracia q u e recibís en este g r a n
tesoro, Dios y h o m b r e , o sea, el c u e r p o y la sangre d e mi
Hijo, u n i d o con mi naturaleza divina. Sus pecados d e -
ben d e s a g r a d a r o s , y debéis aborrecerlos y tratar, con
afecto d e caridad y santa oración, d e ponerles vestido
n u e v o y lavar sus inmundicias con lágrimas, es decir,
o f r e c e r m e lágrimas y gran deseo d e q u e yo, e n mi b o n -
d a d , les vista d e n u e v o el vestido d e la caridad.
Sabéis bien q u e q u i e r o darles gracia, siempre q u e se
p r e p a r e n p a r a recibirme y vosotros oréis p o r ellos. Pero
1
Heb 1,14.
I cuerpo místico de la Iglesia 285

n o d e p e n d e d e m i v o l u n t a d q u e ellos os r e p a r t a n el sol
p e r m a n e c i e n d o ellos e n tinieblas, ni q u e e s t é n d e s n u d o s
del vestido d e la v i r t u d , ni sucios p o r su vida d e s h o n e s -
ta; a n t e s b i e n , los h e p u e s t o p a r a q u e sean p a r a vosotros
sol y á n g e l e s e n la t i e r r a . Si n o lo son, d e b é i s p e d i r m e
p o r ellos y n o c o n d e n a r l o s ; d e j a d m e el j u i c i o a m í , y yo
les h a r é m i s e r i c o r d i a p o r m e d i o d e vuestras o r a c i o n e s y
su v o l u n t a d d e r e c i b i r m e . Si n o e n d e r e z a n su vida, la
d i g n i d a d q u e t i e n e n s e r á c a u s a d e su r u i n a , con g r a n r e -
p r e n s i ó n p o r p a r t e m í a , s u m o J u e z , e n el ú l t i m o m o -
m e n t o d e la m u e r t e . P e r o p o r n o e n m e n d a r s e y a c o g e r -
se a m i g e n e r o s i d a d y m i s e r i c o r d i a s e r á n e n v i a d o s al
fuego e t e r n o .

LOS MALOS MINISTROS

[Su vida y sus defectos: la injusticia - mundanidad - impureza -


sodomía - soberbia que ciega. —Los malos religiosos. —Los tres prin-
cipales vicios de los ministros: impureza - avaricia - soberbia.]

121 [Defectos y mala vida de los sacerdotes y ministros.]

A t i e n d e a h o r a , hija q u e r i d í s i m a , p o r q u e te q u i e r o h a -
b l a r d e la vida p e r v e r t i d a d e a l g u n o s , p a r a q u e t ú y los
o t r o s s e r v i d o r e s míos t e n g á i s m á s m o t i v o d e o f r e c e r m e
p o r ellos h u m i l d e s y c o n t i n u a s o r a c i o n e s . A c u a l q u i e r
l a d o a q u e dirijas tu vista, n o v e r á s m á s q u e p e c a d o s ; e n
los seglares y e n los religiosos, e n clérigos y p r e l a d o s , e n
p e q u e ñ o s y g r a n d e s , e n j ó v e n e s y viejos, y e n t o d a clase
d e g e n t e . T o d o s m e a r r o j a n la pestilencia d e l p e c a d o
m o r t a l . Ella n o m e h a c e d a ñ o a m í , sino a sí m i s m o s .
H a s t a a q u í te h e h a b l a d o d e la excelencia d e mis m i -
nistros y d e la v i r t u d d e los b u e n o s , t a n t o p a r a d a r c o n -
suelo a tu a l m a c o m o p a r a q u e conozcas m e j o r la mise-
ria d e estos d e s g r a c i a d o s y p a r a q u e veas c u a n d i g n o s
son d e reprensión y d e sufrir las p e n a s m á s intolerables y
c ó m o mis elegidos y a m a d o s son d i g n o s d e l m a y o r p r e -
m i o y d e ser colocados a n t e mí c o m o m a r g a r i t a s p o r h a -
b e r u s a d o v i r t u o s a m e n t e el t e s o r o q u e se les d i o . Lo
c o n t r a r i o son estos m i s e r a b l e s ; q u e r e c i b i r á n p e n a c r u e l
p o r ello.
286 El Diálogo

¿Sabes, hija queridísima —atiende con dolor y a m a r -


g u r a d e corazón—, en q u é h a n puesto el principio y el
fin d e sí mismos? En el a m o r propio, d e d o n d e ha naci-
d o el árbol d e la soberbia, con su hija la indiscreción.
C o m o indiscretos, p o n e n e n sí mismos el h o n o r y la glo-
ria, b u s c a n d o las prelaturas d e importancia. Me vitupe-
r a n y o f e n d e n con los p e r f u m e s y delicadezas d e su
c u e r p o . Se g u a r d a n para sí lo q u e n o es suyo y a mí m e
d a n lo q u e n o es p a r a mí. A mí m e d e b e n d a r la gloria y
la alabanza d e mi n o m b r e , y a sí mismos se d e b e n el
aborrecimiento d e los sentidos con v e r d a d e r o conoci-
miento d e sí mismos, j u z g á n d o s e indignos d e tan g r a n
ministerio c o m o h a n recibido d e m í . Hacen ellos lo con-
trario; p o r q u e , c o m o hinchados d e soberbia, n o se can-
san d e r o e r la tierra d e las riquezas y delicias del m u n d o
y d e ser tacaños, codiciosos y avaros con los pobres.
H a n a b a n d o n a d o el c u i d a d o d e las almas por esta so-
berbia y avaricia, q u e h a nacido del a m o r propio sensiti-
vo. Se d a n sólo a m i r a r y t e n e r c u i d a d o d e las cosas tem-
porales y a b a n d o n a n a mis ovejas, a los q u e he puesto
en sus m a n o s , c o m o ovejas sin pastor '. N o las apacien-
tan y alimentan ni espiritual ni t e m p o r a l m e n t e . Espiri-
tualmente a d m i n i s t r a n los sacramentos d e la santa Igle-
sia, cuyos efectos n o se p u e d e n q u i t a r ni a m i n o r a r por
los pecados d e esos ministros. N o os apacientan con ora-
ciones del corazón, con h a m b r e y deseo d e vuestra sal-
vación, con honesta y santa vida; ni tampoco a sus s u b ­
ditos, a los pobres, e n las cosas temporales.
T e dije q u e d e estos bienes se d e b e n hacer tres partes:
u n a p a r a sus propias necesidades, o t r a p a r a los pobres, y
la tercera, p a r a utilidad d e la Iglesia. Pero ellos hacen lo
contrario, pues n o sólo n o d a n los bienes q u e están obli-
gados a repartir e n t r e los pobres, sino q u e se los quitan
a otros p o r la simonía y ansias d e d i n e r o , y v e n d e n la
2
gracia del Espíritu Santo . A l g u n o s son tan desgracia-
dos, q u e algunas veces n o quisieran d a r a quienes lo ne-
cesitan lo q u e g r a t u i t a m e n t e les h e d a d o si no les d a n a
m a n o s llenas o n o les hacen m u c h o s regalos. A m a n a
sus subditos tanto c u a n t o les p u e d e n saquear, y n o más.

1
Mt 9,36; Me 6,34.
2
Act 8,20.
El cuerpo místico de la Iglesia 287

N o g a s t a n los bienes d e la Iglesia sino e n vestidos p a r a


el c u e r p o , e n a n d a r c o n trajes delicados; n o c o m o cléri-
gos y religiosos, sino c o m o s e ñ o r e s y g a l a n e s d e c o r t e .
P r o c u r a n t e n e r b u e n o s caballlos y m u c h a vajilla d e o r o
y plata, o r n a t o s p a r a la casa, t e n i e n d o y p o s e y e n d o c o n
g r a n v a n i d a d d e c o r a z ó n lo q u e n o d e b e n t e n e r . Su c o -
3
r a z ó n h a b l a c o n d e s o r d e n a d a v a n i d a d y t o d o su afecto
se e n c u e n t r a e n los b a n q u e t e s , h a c i e n d o a su vientre u n
4
dios , c o m i e n d o y b e b i e n d o d e s o r d e n a d a m e n t e . Esto
les o c a s i o n a bien p r o n t o la i m p u r e z a y u n vivir lascivo.
¡Ay, ay d e su vida miserable! P o r q u e lo q u e eljdulce
V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o a d q u i r i ó c o n tantos trabajos
e n el m a d e r o d e la santísima c r u z , ellos lo gastan con
públicas m e r e t r i c e s . Son d e v o r a d o r e s d e las almas r e d i -
m i d a s p o r la s a n g r e d e Cristo, h a c i é n d o l o miserable-
m e n t e d e m u c h a s m a n e r a s . C o n lo q u e p e r t e n e c e a los
p o b r e s a l i m e n t a n a sus propios hijos. ¡Oh templos del
diablo! O s h e p u e s t o p a r a q u e seáis ángeles e n la tierra
d u r a n t e la vida, y sois d e m o n i o s y habéis t o m a d o el ofi-
cio d e los d e m o n i o s . Estos d a n d e las tinieblas q u e tie-
n e n p a r a sí y p r o p o r c i o n a n h o r r o r o s o s t o r m e n t o s ; apar-
tan d e la gracia a las almas c o n argucias y tentaciones
p a r a q u e caigan e n el p e c a d o m o r t a l , b u s c a n d o conse-
g u i r lo q u e p u e d e n , si bien e n n i n g ú n p e c a d o p u e d e in-
c u r r i r el alma si ella n o q u i e r e ; los d e m o n i o s , sin e m b a r -
go, h a c e n lo q u e p u e d e n . Así, estos miserables ministros
n o son d i g n o s d e ser l l a m a d o s así, sino d e m o n i o s h e -
c h o s c a r n e , p o r q u e p o r sus p e c a d o s o b r a n e n c o n f o r m i -
d a d c o n la v o l u n t a d d e los d e m o n i o s ; h a c e n su oficio
c u a n d o m e e n t r e g a n a sus subditos y a o t r a s c r i a t u r a s
racionales a mí, v e r d a d e r a Luz, con las tinieblas d e l p e -
c a d o m o r t a l a causa d e su vida d e s o r d e n a d a y criminal.
P r o d u c e n confusión y aflicción e n los espíritus d e las
c r i a t u r a s q u e les ven vivir d e s o r d e n a d a m e n t e . Son tam-
b i é n causa d e p e n a s y confusión d e conciencia e n los
q u e m u c h a s veces a p a r t a n del estado d e gracia y d e la
v e r d a d . Llevan al p e c a d o , haciéndolos a n d a r p o r el ca-
m i n o d e la m e n t i r a .
Q u i e n e s les siguen n o están, sin e m b a r g o , e x e n t o s d e

3
Eclo 2 1 , 2 9 .
4
Flp 3 , 1 9 .
288 El Diálogo

culpa, p o r q u e nadie es forzado a pecar ni por los d e m o -


nios visibles ni por los invisibles. N o hay q u e mirar a su
vida ni imitar lo q u e hacen, c o m o os advirtió mi V e r d a d
5
en el Evangelio . Debéis hacer lo q u e os digan, es decir,
seguir la doctrina q u e os d a n en el cuerpo místico d e la
santa Iglesia, contenida en la Escritura santa, por medio
d e mis heraldos, q u e son los predicadores dedicados a
anunciar mi palabra. No penséis en las aflicciones q u e
merecen ni les castiguéis por vosotros mismos, p o r q u e
m e ofenderíais. Dejad para ellos la mala vida y vosotros
recibid la enseñanza. Dejadme a mí el castigo, p o r q u e
yo soy el dulce Dios eterno, q u e premio todo bien y cas-
tigo toda culpa.
No escaparán a mi castigo a causa d e la dignidad q u e
tienen por ser mis ministros, antes bien serán castigados
más d u r a m e n t e q u e los d e m á s si no se e n m i e n d a n , por-
q u e han recibido más de mi b o n d a d , ya que, p e c a n d o
tan miserablemente, son dignos d e mayor castigo. Ves,
pues, q u e son demonios, mientras q u e de mis elegidos
te dije q u e son ángeles en la tierra, y p o r eso desempe-
ñ a r o n el oficio d e los ángeles.

122 [ E n los m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la i n j u s t i c i a , e s p e c i a l m e n -
te p o r la f a l t a d e c o r r e c c i ó n d e s u s s u b d i t o s . )

T e dije q u e en los buenos pastores brilla la perla de la


justicia. A h o r a te digo q u e estos miserables mezquinos
llevan en su pecho la injusticia c o m o broche. Ella pro-
cede del a m o r a sí mismos, y a ese a m o r se halla sujeta,
puesto q u e p o r él cometen injusticias con las almas y
conmigo a causa de las tinieblas de la indiscreción. N o
m e d a n gloria, ni u n a vida honesta y santa, ni deseo d e
la salvación d e las almas, ni h a m b r e d e la virtud. Consi-
g u i e n t e m e n t e , cometen injusticia con sus subditos y pró-
j i m o y no corrigen los vicios, sino q u e , como ciegos, n o
los ven a causa del d e s o r d e n a d o t e m o r a d e s a g r a d a r a
las criaturas, a las q u e dejan d o r m i r y p e r m a n e c e r en su
e n f e r m e d a d . No se dan cuenta de q u e , q u e r i e n d o agra-
d a r a las criaturas, me d e s a g r a d a n a mí, vuestro Crea-
dor.
5
Mt 23,3.
El cuerpo místico de la Iglesia 289

A l g u n a s veces c o r r i g e n , p a r a justificarse, c o n u n a pe-


q u e ñ a reprensión. La h a r á n n o al m a y o r , q u e t e n g a peca-
d o s d e m á s i m p o r t a n c i a q u e el m e n o r , p o r t e m o r a q u e
les m o l e s t e y prive d e su c a r g o o d e la vida; la h a r á n al
m e n o r , p o r q u e ven q u e éste n o les p u e d e h a c e r d a ñ o ni
quitarles su p u e s t o . Así c o m e t e n injusticia p o r m i s e r a b l e
a m o r a sí m i s m o s .
Este a m o r p r o p i o h a e n v e n e n a d o al m u n d o y al c u e r -
po místico d e la Iglesia y h a c o n v e r t i d o e n salvaje el j a r -
dín d e esta esposa; lo h a n s e m b r a d o d e flores p o d r i d a s .
El j a r d í n estuvo cultivado c u a n d o había v e r d a d e r o s tra-
b a j a d o r e s , es decir, m i n i s t r o s santos, p l a n t a d o d e m u -
chas y fragantes flores, p o r q u e la vida d e los subditos,
p o r m e d i o d e los b u e n o s pastores, n o e r a m a l a , sino vir-
tuosa, h o n e s t a y santa. H o y n o es así, sino lo c o n t r a r i o ,
p u e s a c a u s a d e los malos p a s t o r e s hay malos s u b d i t o s .
La esposa se halla llena d e t o d a clase d e espinas, d e m u -
c h o s y variados p e c a d o s .
Ella, e n sí, n o p u e d e recibir la pestilencia d e l p e c a d o ,
es decir, q u e la eficacia d e los s a c r a m e n t o s p u e d e q u e -
d a r lesionada, p e r o los q u e se a l i m e n t a n a los p e c h o s d e
esta esposa reciben la pestilencia, p r i v á n d o s e d e la d i g n i -
d a d en q u e yo los había p u e s t o . T a m p o c o la d i g n i d a d
d i s m i n u y e e n sí m i s m a , sino en ellos. L u e g o p o r sus d e -
fectos n o q u e d a la s a n g r e envilecida, es decir, p o r q u e
los seculares les p i e r d a n la reverencia q u e les d e b e n e n
r a z ó n d e la s a n g r e , cosa q u e n o d e b e n h a c e r . Y, si les
p i e r d e n esa r e v e r e n c i a , n o p o r eso es m e n o r la culpa d e
los p e c a d o s d e los pastores, a u n q u e estos miserables son
espejo d e miseria e n el m i s m o l u g a r e n q u e les h e p u e s -
to p a r a q u e sean espejo d e virtud.

123 [Muchos otros defectos d e esos ministros.—Las taber-


n a s , el j u e g o y las c o n c u b i n a s . )

¿De d ó n d e viene al alma t a n t a pestilencia? De los p r o -


pios sentidos. Estos, j u n t o con el a m o r propio, se h a n cons-
tituido e n señores, y a la p o d r e alma la han hecho esclava,
h a b i é n d o l e yo d a d o la libertad c o n la s a n g r e d e m i Hijo,
c o n u n a liberación g e n e r a l , al ser t o d o el g é n e r o h u m a -
n o a r r a n c a d o d e la s e r v i d u m b r e del d e m o n i o y d e su
p o d e r í o . Esta gracia la recibe t o d a c r i a t u r a racional,
290 El Diálogo

p e r o a los q u e he u n g i d o y liberado d e la esclavitud del


m u n d o los h e puesto p a r a servirme a mí solo, Dios eter-
no, a d m i n i s t r a n d o los sacramentos d e la santa Iglesia.
T a n libres les he hecho, q u e no h e q u e r i d o ni q u i e r o
q u e señor temporal alguno se constituya en j u e z suyo.
Y, carísima hija, ¿sabes q u é p r e m i o m e d a n por tan g r a n
beneficio? Es éste: m e persiguen d e c o n t i n u o con tan
variados y perversos pecados, q u e tu lengua no p o d r í a
expresar y desfallecerías si los oyeras. C o n todo, sobre
lo q u e te h e dicho, q u i e r o a ñ a d i r algo p a r a d a r t e más
motivo d e llanto y d e compasión.
Ellos d e b e n p e r m a n e c e r a la mesa de la cruz por m e -
dio del santo deseo, y allí alimentarse d e las almas p o r
h o n o r a mí. A u n q u e todas las criaturas tienen razones
p a r a hacerlo, m u c h o más están obligados los q u e yo h e
elegido p a r a q u e administren el c u e r p o y la sangre de
Cristo crucificado, mi Hijo unigénito, y p a r a q u e os d e n
ejemplo d e santa y b u e n a vida, y con sus trabajos y g r a n
deseo, siguiendo a mi V e r d a d , reciban el manjar d e
vuestras almas.
Sin e m b a r g o , ellos han t o m a d o p o r mesa las tabernas,
d o n d e j u r a n y perjuran en público y c o m e t e n m u c h o s y
miserables vicios, c o m o h o m b r e s cegados y sin la luz d e
la razón. Se han hecho animales p o r sus pecados y están
acostumbrados a obras y palabras lascivas. N o hay quien
acuda al oficio divino, y, si alguna vez lo recitan, lo ha-
cen con la lengua, p e r o su corazón está lejos d e mí '.
Son c o m o bribones y b u h o n e r o s , q u e , después q u e h a n
j u g a d o y puesto su alma en m a n o s de los d e m o n i o s , di-
lapidan los bienes de la Iglesia, y lo temporal q u e reci-
ben por su ministerio se lo j u e g a n y m a l b a r a t a n . De
d o n d e los pobres no reciben lo q u e se les debe y la Igle-
sia está desprovista d e las cosas q u e le son necesarias.
C o m o se h a n hecho templos del diablo, no se preocu-
pan de mi templo y del a d o r n o q u e d e b e n p o n e r en él y
en la Iglesia d e Dios en razón d e la reverencia d e la san-
gre; lo p o n e n e n las casas en q u e habitan. O b r a n c o m o
el esposo q u e a d o r n a a su esposa. Del mismo m o d o ha-
cen estos d e m o n i o s hechos c a r n e con los bienes d e la
Iglesia: a d o r n a n a su «diabla» [concubina], con la q u e vi-

' Is 2 9 , 1 3 ; Mt 15,8; Me 7,6.


El cuerpo místico de la Iglesia 291

ven e n i n i q u i d a d e i n m u n d i c i a . Sin la m e n o r v e r g ü e n z a
las h a r á n ir, p a r a r s e y volver m i e n t r a s los m í s e r o s « d e -
m o n i o s » [malos m i n i s t r o s ! se h a l l a r á n c e l e b r a n d o e n el
altar, y n o se c u i d a n d e q u e esa m i s e r a b l e «diabla» vaya
c o n sus hijos d e la m a n o a h a c e r la o f r e n d a c o n el r e s t o
del pueblo.
¡ O h d e m o n i o s y m á s q u e d e m o n i o s ! ¡Si al m e n o s
v u e s t r a m a l d a d e s t u v i e r a o c u l t a a los ojos d e v u e s t r o s
subditos! Porque haciéndolo ocultamente m e ofendéis y
os hacéis d a ñ o , p e r o n o se lo hacéis al p r ó j i m o , p o n i e n -
do v u e s t r a p e r v e r s i ó n a n t e sus ojos, s i e n d o con
v u e s t r o e j e m p l o m o t i v o y c a u s a d e q u e ellos n o salgan
d e sus p e c a d o s , sino d e q u e c a i g a n e n iguales o m a y o r e s
p e c a d o s q u e los v u e s t r o s . ¿Es ésta la p u r e z a q u e exijo a
mis m i n i s t r o s c u a n d o v a n al altar a c e l e b r a r ? L a p u r e z a
q u e llevan es ésta: se l e v a n t a r á n a m a i t i n e s c o n su c u e r -
p o c o r r o m p i d o , p o r h a b e r e s t a d o e n c a m a c o n el in-
m u n d o p e c a d o m o r t a l , y m a r c h a r á n a c e l e b r a r e n ese
e s t a d o . ¡Oh t a b e r n á c u l o d e l d e m o n i o ! ¿ D ó n d e está la vi-
gilia n o c t u r n a c o n el s o l e m n e y d e v o t o oficio? ¿ D o n d e
está la c o n t i n u a y d e v o t a o r a c i ó n ? E n ese t i e m p o d e la
n o c h e te d e b e s p r e p a r a r , p a r a el m i n i s t e r i o q u e d e b e s
realizar p o r la m a ñ a n a , p o r el c o n o c i m i e n t o d e ti, c o n f e -
sándote indigno d e tan g r a n misterio y c o n o c i é n d o m e a
m í , q u e te h e h e c h o d i g n o d e él p o r m i b o n d a d , n o p o r
t u s m é r i t o s ; te h e h e c h o m i m i n i s t r o p a r a q u e p r o v e a s a
las d e m á s c r i a t u r a s .

124 [En los malos ministros reina el pecado «contra natura».


Visión que tuvo el alma sobre esta materia.]

T e h a g o saber, queridísima hija, q u e a vosotros y a ellos


os exijo t a n t a limpieza e n e s t e s a c r a m e n t o c u a n t a es p o -
sible al h o m b r e e n esta vida. E n c u a n t o esté d e v u e s t r a
p a r t e , y d e la d e ellos, d e b é i s p r o c u r a r l a sin cansacio.
Debéis c o n s i d e r a r q u e si fuese posible q u e u n a n a t u r a l e -
za angélica se purificase p a r a este m i s t e r i o , sería necesa-
rio q u e lo hiciera d e n u e v o . N o es posible, p o r q u e u n
á n g e l es p u r o , p u e s n o p u e d e c a e r e n el v e n e n o d e l p e -
c a d o . T e indico esto p a r a q u e veas c u á n t a p u r e z a os exi-
j o e n este s a c r a m e n t o a v o s o t r o s y e s p e c i a l m e n t e a ellos.
P e r o h a c e n lo c o n t r a r i o , p o r q u e van c o m p l e t a m e n t e su-
292 El Diálogo

cios a este misterio; no sólo con la inmundicia y fragili-


d a d a q u e n a t u r a l m e n t e os halláis inclinados por vuestra
débil naturaleza. Ellos, desgraciados, no sólo no domi-
n a n esta fragilidad, a u n q u e la razón lo p u e d e hacer
c u a n d o lo q u i e r e el libre albedrío, sino q u e o b r a n a ú n
peor, p o r q u e cometen el maldito pecado q u e es contra
la naturaleza. C o m o ciegos y tontos, ofuscada la luz d e
su e n t e n d i m i e n t o , n o reconocen la pestilencia y miseria
en q u e se e n c u e n t r a n , pues no sólo m e es pestilente a
mí, sino q u e ese pecado d e s a g r a d a a los mismos d e m o -
nios, a los q u e esos desgraciados h a n hecho sus señores.
T a n abominable m e es ese pecado contra la naturaleza,
1
q u e sólo p o r él se h u n d i e r o n cinco ciudades como re-
sultado d e mi juicio, al no q u e r e r mi divina justicia su-
frirlas más; q u e tanto m e d e s a g r a d ó ese abominable pe-
cado. Es desagradable a los d e m o n i o s , no p o r q u e les d e -
sagrade el mal y se complazcan e n lo b u e n o , sino por-
q u e su naturaleza fue angélica, y esa naturaleza r e h u y e
ver cometer tan e n o r m e pecado en la realidad. Cierto es
q u e antes les ha arrojado la saeta e n v e n e n a d a por la
concupiscencia; pero, c u a n d o el pecador llega al acto d e
ese pecado, el d e m o n i o se m a r c h a por las razones di-
chas.
Si te acuerdas bien, sabes c ó m o antes d e la m o r t a n -
2
d a d te manifesté lo desagradable q u e m e resultaba
este pecado y cuan corrompido se hallaba el m u n d o por
él. Por lo q u e , elevándote sobre ti misma con santo de-
seo y con sublimación d e espíritu, te mostré el m u n d o
entero, y viste e n casi toda la gente este miserable peca-
do y cómo los demonios escapan d e él, como te he di-
cho. Y sabes q u e recibiste tanta pena, que te parecía es-
tar casi a la m u e r t e . N o encontrabais lugar d ó n d e refu-
giaros, tú y los otros servidores míos, p a r a q u e esta lepra
n o os contagiase. No encontraste q u e te pudieras cobijar
e n t r e los p e q u e ñ o s ni con los g r a n d e s , con los jóvenes ni
con los viejos, con los religiosos ni con los clérigos, con
los prelados ni con los subditos, p o r q u e sus espíritus se

1
G e n 19,24-25.
2
Se refiere a la peste d e 1374, llamada «de los niños», en q u e p e r e -
ció la tercera p a r t e d e la población d e Siena. En ella m u r i e r o n u n
h e r m a n o , lina h e r m a n a y ocho sobrinos d e Catalina. Casi t o d o el capí-
tulo es autobiográfico.
El cuerpo místico de la Iglesia 293

h a l l a b a n c o n t a m i n a d o s p o r esta maldición. T e lo m a n i -
festé en g e n e r a l ; n o lo hice con los p a r t i c u l a r e s q u e p o r
excepción n o se c o n t a m i n a r o n , p u e s e n t r e los m a l o s h e
g u a r d a d o a l g u n o s b u e n o s . La santidad d e éstos d e t i e n e
a m i justicia p a r a q u e n o m a n d e a las p i e d r a s q u e se
vuelvan c o n t r a ellos, ni a la tierra q u e se los t r a g u e , ni a
los a n i m a l e s q u e los d e v o r e n , ni a los d e m o n i o s q u e les
s a q u e n el alma del c u e r p o . Más bien voy e n c o n t r a n d o
c a m i n o s y m o d o s p a r a p o d e r h a c e r misericordia, esto es,
p a r a q u e se e n m i e n d e n , y c o m o i n s t r u m e n t o s t o m o a
mis servidores, q u e están sanos y leprosos, p a r a q u e in-
t e r c e d a n p o r ellos.
A l g u n a vez m o s t r a r é a éstos, c o m o u n a vez hice conti-
go y c o m o tú sabes, estos miserables p e c a d o s , p a r a q u e
sean m á s solícitos en b u s c a r la salvación y m e ofrezcan
o r a c i o n e s p o r ellos c o n m a y o r c o m p a s i ó n y d o l o r p o r los
p e c a d o s y p o r la ofensa q u e m e h a c e n . Si te a c u e r d a s
bien, u n a b o c a n a d a d e esta pestilencia te afectó t a n t o ,
q u e n o podías m á s , c o m o m e dijiste: «¡Oh P a d r e eter-
n o ! , ten misericordia d e m í y d e tus c r i a t u r a s . S á c a m e el
a l m a del c u e r p o , p o r q u e p a r e c e q u e n o lo sufro m á s , o
d a m e refrigerio y e n s é ñ a m e el l u g a r d e los o t r o s servi-
d o r e s , los tuyos, d o n d e p o d a m o s d e s c a n s a r , p a r a q u e
esta lepra no nos p u e d a d a ñ a r ni q u i t a r la limpieza d e
n u e s t r a alma y d e n u e s t r o s c u e r p o s » .
Y o te contesté v o l v i é n d o m e hacia ti c o n ojos d e pie-
d a d , y te dije y repito: «Hijita mía: sea v u e s t r o r e p o s o
d a r gloria y alabanza a m i n o m b r e e i n c e n s a r m e con la
o r a c i ó n c o n t i n u a p o r estos pobrecillos q u e se hallan en
t a n t a miseria, h a c i é n d o s e d i g n o s del j u i c i o d i v i n o p o r
sus p e c a d o s . El l u g a r d o n d e os cobijéis sea Cristo cruci-
ficado, m i Hijo u n i g é n i t o , h a b i t a n d o y e s c o n d i é n d o o s
en la c a v e r n a d e mi c o s t a d o , d o n d e gozaréis, p o r afecto
d e a m o r , en la n a t u r a l e z a h u m a n a d e Cristo, mi n a t u r a -
leza divina. E n a q u e l c o r a z ó n abierto e n c o n t r a r é i s m i
c a r i d a d y la del p r ó j i m o , p u e s p o r h o n o r a mí, el P a d r e
e t e r n o , y p o r la o b e d i e n c i a q u e le i m p u s e p a r a v u e s t r a
salvación, sufrió la a f r e n t o s a m u e r t e en la santísima
c r u z . V i e n d o y e x p e r i m e n t a n d o este a m o r , seguiréis sus
e n s e ñ a n z a s a l i m e n t a d o s e n la mesa d e la c r u z , es decir,
soportanto por caridad a vuestro prójimo con verdadera
paciencia: en p e n a s , t o r m e n t o s y fatigas, v e n g a n d e
294 El Diálogo

d o n d e vengan. De esta m a n e r a combatiréis la lepra y


huiréis d e ella.
Este es el r e m e d i o d a d o a ti y a los otros; p e r o , con
todo eso, n o se quitaba d e tu alma la sensación d e la
pestilencia y d e tiniebla d e los ojos del e n t e n d i m i e n t o .
Mi divina providencia, sin e m b a r g o , lo r e m e d i ó , d á n d o -
te del c u e r p o y d e la s a n g r e d e mi Hijo, Dios y h o m b r e
e n t e r o , tal c o m o lo recibís e n el s a c r a m e n t o del altar. En
señal d e q u e e r a v e r d a d , se q u i t ó el h e d o r p o r m e d i o d e
la fragancia q u e recibiste e n el s a c r a m e n t o , y las tinie-
blas desaparecieron p o r m e d i o d e la luz q u e e n él reci-
biste. De m o d o a d m i r a b l e , tal c o m o p l u g o a mi b o n d a d ,
q u e d a s t e con la fragancia d e la s a n g r e e n la boca y e n el
p a l a d a r d e tu c u e r p o d u r a n t e m u c h o s días, tal c o m o sa-
3
bes -
Ves, p o r tanto, hija mía, lo a b o m i n a b l e q u e es este pe-
c a d o a t o d a c r i a t u r a . Piensa a h o r a q u e lo es m u c h o m á s
en aquellos elegidos p o r mí p a r a q u e vivan e n estado d e
continencia, e n t r e los q u e se e n c u e n t r a n los sacados del
m u n d o p o r m e d i o d e ,1a vida religiosa, c o m o plantas
s e m b r a d a s e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia; e n t r e
ellos se e n c u e n t r a n los ministros del altar. N u n c a po-
dréis e n t e n d e r c u á n t o m e d e s a g r a d a ese p e c a d o e n t r e
ellos, a d e m á s del q u e recibo d e los p e c a d o r e s del m u n -
d o e n general, p o r q u e están puestos sobre el candele-
4
ra , son a d m i n i s t r a d o r e s míos, d e v e r d a d e r o Sol, p a r a
luz d e la v i r t u d y d e santa vida; y, sin e m b a r g o , lo a d m i -
nistran e s t a n d o ellos en tinieblas.
T a n llenos se e n c u e n t r a n d e ellas, q u e d e la S a g r a d a
Escritura n o ven ni e n t i e n d e n m á s q u e la corteza, la le-
tra, d e b i d o a la h i n c h a z ó n d e su soberbia. Por ser in-
m u n d o s y lascivos, a u n q u e tienen luz d e p o r sí, d e d o n -
d e la t o m a r o n mis elegidos p o r razón d e la luz sobrena-
tural q u e p r o c e d e d e mí, v e r d a d e r a Luz, tal c o m o te
s
dije en o t r o l u g a r , la reciben sin sacarle el gusto, p o r
n o estar e n o r d e n el p a l a d a r d e su alma. C o r r o m p i d o s
p o r el a m o r p r o p i o y la soberbia, c o n el e s t ó m a g o atibo-
r r a d o d e i n m u n d i c i a , d e s e a n d o d a r satisfacción a sus
d e s o r d e n a d o s deseos, repletos d e codicia y d e avaricia,

3
Este y los p á r r a f o s a n t e r i o r e s son a u t o b i o g r á f i c o s .
4
Mt 5 , 1 5 - 1 6 . 5 Cf. c.85.
El cuerpo místico de la Iglesia 295

c o m e t e n sin p u d o r sus pecados. C a e n e n el pecado d e la


u s u r a m u c h o s miserables, a u n q u e esté p r o h i b i d a p o r
mí.

1 2 5 [Los defectos de los subditos no son corregidos.—De-


fectos de los religiosos.—A esos males suceden muchos otros
por falta de corrección. |

¿ C ó m o éstos, llenos d e tantos pecados, p o d r á n e x h o r -


tar a la justicia y r e p r e n d e r los pecados d e sus subditos?
N o lo p u e d e n , p o r q u e sus pecados les q u i t a n la audacia y
el celo p o r la santa justicia. Si alguna vez la ejerciesen, su
c o n d u c t a obligaría a decir a sus subditos, tan malvados
c o m o ellos: «Médico, c ú r a t e a ti mismo antes, y después
cúrame y yo t o m a r é la medicina q u e m e des. Se e n -
c u e n t r a él e n mayores pecados q u e yo, y ¿es él quien me
reprende?»
Actúa mal el q u e r e p r e n d e sólo con las palabras y n o
con b u e n a y o r d e n a d a vida. N o es q u e n o d e b a r e p r o -
c h a r los pecados del s u b d i t o , sea él mismo m a l o o b u e -
n o ; p e r o lo hará mal si n o corrige con santa y honesta
vida. P e o r a ú n o b r a el q u e , h a b i e n d o recibido ía r e p r e n -
sión del m o d o q u e sea, venga d e u n pastor b u e n o o
m a l o , n o la recibe con h u m i l d a d , r e f o r m a n d o su vida.
Se hace mal a sí y a n a d i e m á s , y p o r eso será él quien
sufrirá las penas p o r sus pecados.
T o d o s estos males, hija queridísima, sobrevienen p o r
n o c o r r e g i r con b u e n a y santa vida. ¿Por q u é n o corri-
g e n d e ese m o d o ? P o r q u e se hallan cegados p o r el a m o r
a sí mismos. T o d a s sus m a l d a d e s se hallan f u n d a d a s e n
el a m o r propio. No m i r a n sino a d a r satisfacción a sus
deleites y placeres, t a n t o e n los subditos c o m o en los
pastores, e n los clérigos c o m o e n los religiosos.
¿ D ó n d e , hija mía, d ó n d e está la obediencia d e los reli-
giosos? Se hallan colocados e n la santa c o m u n i d a d cris-
tiana c o m o ángeles, y son p e o r q u e d e m o n i o s . Puestos
p a r a q u e a n u n c i e n mi palabra con su vida y su e n s e ñ a n -
za, gritan el sonido d e las palabras, y n o p o r esto p r o d u -
cen frutos en el corazón d e los oyentes. Sus predicacio-
nes son hechas más p a r a a g r a d a r a los h o m b r e s y delei-

' Le 4 , 2 3 .
296 El Diálogo

tar sus oídos q u e para h o n r a r m e ; lo hacen no con vida


ejemplar, sino con lenguaje d e palabras elegantes.
En verdad, éstos no siembran mi semilla, pues no in-
tentan desarraigar los vicios y plantar las virtudes.
C o m o no han quitado los cardos d e su h u e r t o , no se
preocupan de quitarlos del huerto del prójimo. T o d o su
esfuerzo consiste en a d o r n a r el c u e r p o y sus celdas y an-
d a r vagando por la ciudad. Les sucede lo que al pez,
que si está fuera del agua muere; eso ocurre a estos reli-
giosos de vana y deshonesta vida: que, cuando están fue-
ra de la celda, mueren. Abandonan la celda, de la que
deben hacer un cielo, y van por el país buscando las casas
de los parientes y de otros seglares, según les place, mise-
rables subditos; acuden a los malos prelados, que les
han soltado la rienda y no les atan corto, y, como des-
graciados pastores, no se preocupan de ver a su herma-
no, al subdito, en manos de los demonios, y e n algunas
ocasiones les p o n e n en ellas. Hasta alguna vez, sabien-
d o que son demonios hechos carne, los envían por los
monasterios a las que son, como ellos, «demonias hechas
carne», y de este m o d o unos echan a p e r d e r a los otros
con muchos engaños y sutiles astucias. Al principio lo
harán con pretexto de devoción; pero, como su vida es
lasciva y miserable, no permanece disimulado el pretex-
to de la dovoción, y pronto aparecen los frutos de sus
devociones: p r i m e r o se ven las pestilentes flores de pen-
samientos deshonestos con las hojas de las palabras co-
rrompidas, y d e m a n e r a diversa satisfacen sus deseos.
Los frutos que d e ello se derivan —tú los conoces, por-
2
que los has visto— son los hijos . Muchas veces les lle-
van, a él y a ella, a a b a n d o n a r la santa vida religiosa. El
se ha convertido en un t r u h á n y ella en una meretriz.
De todos éstos y d e otros males son causa los prelados
por no vigilar a sus subditos. Les dieron rienda suelta y
ellos mismos m a n d a r o n hacer e hicieron como si no vie-
ran sus miserias. Y como el subdito no e n c o n t r ó deleite
en su celda, así, por el pecado de ambos, caen en la
m u e r t e . T u lengua no podrá n a r r a r tan grandes peca-
dos ni los muchos con que me ofenden. Se hacen armas

2
El texto resulta ambiguo, no pudiendo asegurarse que se trate de
una visión de Catalina; sin embargo, el contexto parece indicarlo.
El cuerpo místico de la Iglesia 297

d e l d e m o n i o q u e c o n sus pestilencias e n v e n e n a n d e n t r o
y fuera: fuera, e n los seglares, y d e n t r o , e n la vida reli-
giosa. Se e n c u e n t r a n p r i v a d o s d e la c a r i d a d f r a t e r n a y
c a d a u n o q u i e r e ser m á s principal y b u s c a r p o s e e r bie-
n e s . O b r a n c o n t r a el m a n d a m i e n t o y c o n t r a el voto q u e
han hecho.
H i c i e r o n la p r o m e s a d e o b s e r v a r la regla, y la q u e -
b r a n t a n . N o sólo n o la o b s e r v a n ellos, sino q u e a c t u a r á n
c o m o lobos h a m b r i e n t o s con los c o r d e r o s q u e q u i s i e r a n
o b s e r v a r l a , b e f á n d o s e d e ellos y e s c a r n e c i é n d o l o s . Los
miserables c r e e n q u e c o n las b u r l a s y escarnios q u e ha-
c e n a los b u e n o s religiosos o b s e r v a n t e s d e la regla, e n -
c u b r e n sus p e c a d o s , y los d e s c u b r e n m u c h o m á s . A tan-
to h a l l e g a d o el m a l e n las ó r d e n e s religiosas, es decir,
h a n llegado a tal e s t a d o p o r lo m a l q u e se les c o r r i g e . Y
se t i e n e p o r malos s u b d i t o s a los q u e , c u m p l i e n d o la r e -
gla c o n e x a c t i t u d , p a r e c e q u e la q u e b r a n t a n p o r n o se-
g u i r las c o s t u m b r e s q u e los relajados h a n establecido y
q u e éstos o b s e r v a n a los ojos d e los seglares, q u e r i e n d o
a g r a d a r l e s p a r a e n c u b r i r sus p r o p i o s p e c a d o s . Las ó r d e -
nes religiosas son s a n t a s y f u n d a d a s c o n la inspiración
del Espíritu S a n t o . P o r eso, la r e g l a , e n sí, n o p u e d e ser
e c h a d a a p e r d e r , ni c o r r o m p i d a p o r el p e c a d o d e los
s u b d i t o s . Él q u e d e s e e i n g r e s a r e n la vida religiosa n o
d e b e m i r a r a los q u e son malos, sino n a v e g a r e n los b r a -
zos d e la regla, q u e n o está e n f e r m a ni p u e d e e n f e r m a r ,
y d e b e n o b s e r v a r l a hasta la m u e r t e . Ves q u e el p r i m e r
voto, el d e o b e d i e n c i a , d e c u m p l i r la regla, n o lo c u m -
p l e n . De la o b e d i e n c i a te h a b l a r é e n o t r o l u g a r .
H a c e n t a m b i é n el voto d e o b s e r v a r la p o b r e z a volun-
taria y d e g u a r d a r c o n t i n e n c i a . ¿ C ó m o los g u a r d a n ?
M i r a las posesiones y el d i n e r o q u e t i e n e n e n p a r t i c u l a r ,
e s t a n d o alejados d e la c a r i d a d c o m ú n , del d e b e r d e r e -
p a r t i r c o n sus h e r m a n o s los bienes t e m p o r a l e s y espiri-
tuales, tal c o m o lo exige el p r e c e p t o d e la c a r i d a d y d e la
o r d e n . Q u i e r e n e n g o r d a r n o m e n o s q u e sus a n i m a l e s , y
3
u n a bestia a l i m e n t a a la o t r a y su p o b r e h e r m a n o
m u e r e d e frío y h a m b r e . Bien vestidos y c o n b u e n a co-
m i d a , n o p i e n s a n e n el p o b r e ni se q u i e r e n e n c o n t r a r
c o n él e n la m e s a del refectorio. Su deleite consiste e n

1
Crón 21,133-134.
298 El Diálogo

estar allí d o n d e se p u e d e n h a r t a r d e c a r n e y saciar su


gula.
Es imposible q u e éstos observen el tercer voto, el d e la
continencia, p o r q u e el vientre lleno n o hace al espíritu
casto, antes bien se convierten e n lascivos con vigor d e -
s o r d e n a d o ; y así caen d e u n mal e n o t r o . Muchos d e
esos males les vienen d e poseer, p o r q u e , si n o tuvieran
d e q u é gastar, n o vivirían tan d e s o r d e n a d a m e n t e , y n o
t e n d r í a n amistades raras, puesto q u e , n o t e n i e n d o q u é
d a r , no se m a n t i e n e el a m o r ni la amistad f u n d a d a en la
esperanza del regalo; y ese apetito y placer lleva al o t r o
y n o a la perfecta caridad.
¡Oh desgraciados, llegados a tal miseria p o r sus peca-
d o s , c u a n d o yo los había colocado en tan g r a n dignidad!
H u y e n del coro c o m o si fuese u n v e n e n o , y, si están en
él, gritan con la voz, p e r o el corazón está alejado d e mí.
H a n t o m a d o la c o s t u m b r e d e ir a la m e s a del altar sin
preparación a l g u n a , como si fueran a la mesa corporal.
T o d o s estos y otros m u c h o s males, d e q u e n o te quie-
ro hablar m á s p o r no apestar tus oídos, vienen p o r los
malos pastores, q u e n o corrigen ni castigan los defectos
d e los subditos. N o se p r e o c u p a n ni son celosos d e q u e
la regla se observe, p o r q u e ellos mismos n o la g u a r d a n .
C a r g a r á n p e s a d a m e n t e con g r a n d e s d e b e r e s a quienes
desean observar la regla, castigando culpas q u e n o h a n
cometido. Lo hacen p o r q u e en ellos n o resplandece la
m a r g a r i t a d e la justicia, sino la injusticia. Por eso repar-
ten con injusticia: a los q u e m e r e c e n gracia y benevolen-
cia les d a n penitencia y odio; a los q u e son m i e m b r o s
del diablo, c o m o lo son ellos, les d a n a m o r , complacen-
cia y cargos, señalándolos p a r a los oficios establecidos
e n la regla. Viven c o m o ciegos, y c o m o tales r e p a r t e n los
cargos y g o b i e r n a n a los subditos. Si n o se e n m i e n d a n ,
irán a las tinieblas d e la c o n d e n a c i ó n p o r su c e g u e r a y
t e n d r á n q u e d a r m e c u e n t a a mí, s u p r e m o J u e z , d e las
almas d e sus subditos. M a l a m e n t e lo p u e d e n hacer, y
p o r ello recibirán d e mí, con toda justicia, lo q u e tienen
merecido.
El cuerpo místico de la Iglesia 299

126 [ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a e l p e c a d o d e la l u j u r i a . ]

T e h e m o s t r a d o , q u e r i d í s i m a hija mía, u n a partecita


d e la vida d e los q u e viven e n religión, e n q u é miseria se
hallan e n la o r d e n , c o n el vestido d e ovejas s i e n d o lo-
bos '.
A h o r a vuelvo a los clérigos y ministros d e la s a n t a
Iglesia, l a m e n t á n d o m e c o n t i g o d e sus p e c a d o s , a d e m á s
d e los q u e te h e n a r r a d o , y d e las tres c o l u m n a s d e los
vicios d e q u e te hablé e n o t r a ocasión, q u e j á n d o m e c o n -
tigo d e ellos, o sea, d e la i n m u n d i c i a d e la inflada sober-
bia, p u e s p o r ella v e n d í a n la gracia d e Espíritu S a n t o .
C a d a u n o d e estos tres p e c a d o s d e p e n d e n u n o d e
o t r o . El f u n d a m e n t o d e las tres c o l u m n a s es el a m o r a sí
m i s m o s . M i e n t r a s ellas se hallen e n pie, son suficientes
p a r a m a n t e n e r al a l m a fija y o b s t i n a d a e n c u a l q u i e r o t r o
vicio. P o r eso te dije q u e todos los vicios t i e n e n su ori-
gen e n el a m o r p r o p i o , p u e s del a m o r a sí m i s m o s nace
el principal d e todos, q u e es la soberbia. El soberbio se
halla p r i v a d o d e la dilección d e la c a r i d a d , y d e la sober-
bia p r o c e d e n la i n m u n d i c i a y la avaricia.
A h o r a te digo, hija q u e r i d í s i m a : m i r a con c u á n t a in-
m u n d i c i a h a n m a n c h a d o su c u e r p o y su espíritu. A ú n te
q u i e r o d e c i r algo m á s p a r a q u e conozcas m e j o r la f u e n t e
d e mi misericordia y t e n g a s c o m p a s i ó n d e los miserables
a q u i e n e s se hace r e f e r e n c i a . Hay a l g u n o s t a n converti-
d o s e n d e m o n i o s , q u e n o sólo n o g u a r d a n r e v e r e n c i a al
s a c r a m e n t o ni e s t i m a n la excelencia del e s t a d o e n q u e
les h e p u e s t o p o r mi b o n d a d , sino q u e , c o m o t o t a l m e n t e
d e s m e m o r i a d o s a causa del a m o r q u e t i e n e n a u n a d e -
t e r m i n a d a c r i a t u r a , al n o p o d e r l o g r a r lo q u e d e s e a n , se
d a r á n a los e n c a n t a m i e n t o s d e m o n í a c o s . C o n el sacra-
m e n t o q u e os h e d a d o h a r á n brujerías p a r a satisfacer
sus miserables d e s e o s y p e n s a m i e n t o s d e s h o n e s t o s y los
p o n d r á n e n práctica. A mis ovejas, cuyas a l m a s d e b e n
g u a r d a r y a l i m e n t a r , las a t o r m e n t a n p o r estos y o t r o s
m e d i o s , q u e o m i t i r é p o r n o h a c e r t e sufrir. C o m o has
visto, las h a c e n a n d a r d e s c a r r i a d a s y fuera d e sí, llegan-
d o a q u e r e r h a c e r lo q u e n o q u i s i e r a n p o r m e d i o d e

1
Mt 7 , 1 5 .
300 El Diálogo

brujerías q u e aquel d e m o n i o d e la c a r n e les ha h e c h o , y,


p o r la resistencia q u e se hacen a sí mismas, sus c u e r p o s
sufren g r a n d í s i m o s trabajos. ¿ Q u i é n ha c a u s a d o estos y
otros miserables males q u e tú sabes y q u e n o es p r e -
ciso q u e te c u e n t e ? Su vida d e s h o n e s t a y miserable.
¡Oh carísima hija! ¡A la c a r n e , q u e está sobre los coros
d e los ángeles p o r la u n i ó n d e la n a t u r a l e z a divina con
vuestra n a t u r a l e z a h u m a n a , la e n t r e g a n a tanta miseria!
¡Oh h o m b r e a b o m i n a b l e y d e s g r a c i a d o ; n o h o m b r e ,
sino bestia! T u c a r n e , u n g i d a y c o n s a g r a d a a mí, la d a s
tú a las m e r e t r i c e s y a ú n a algo p e o r . T u c a r n e y la d e
t o d o el g é n e r o h u m a n o , la q u e A d á n había llagado con
su p e c a d o , fue librada d e la llaga e n el m a d e r o d e la
c r u z p o r el llagado c u e r p o d e mi Hijo u n i g é n i t o . ¡Oh
miserable! El te ha d a d o h o n o r , y ¡tú le p r o c u r a s ver-
güenza! T e h a s a n a d o p o r las llagas d e su c u e r p o , y a ú n
más, te ha h e c h o ministro, y ¡tú le hieres con lascivos y
d e s h o n e s t o s pecados! El b u e n Pastor ha b a ñ a d o las ove-
2
j u e l a s e n su s a n g r e , y ¡tú las m a n c h a s p a r a q u e n o es-
tén limpias y haces lo posible p a r a introducirlas e n el
cieno! ¡Debes ser ejemplo d e h o n e s t i d a d , y lo eres d e
deshonestidad!
Has inclinado todos los m i e m b r o s d e tu c u e r p o a q u e
o b r e n m i s e r a b l e m e n t e y a h a c e r lo c o n t r a r i o d e lo q u e
p o r ti ha h e c h o mi V e r d a d . Yo permití q u e le f u e r a n
v e n d a d o s los ojos p a r a i l u m i n a r t e , y tú, con los tuyos
lascivos, lanzas flechas e n v e n e n a d a s a tu a l m a y al cora-
zón d e aquellos a q u i e n e s miras c o n t a n t a malicia. Per-
mití q u e le d i e r a n hiél y vinagre, y tú, c o m o bestia indó-
mita, te complaces e n los alimentos delicados, h a c i e n d o
3
d e tu vientre u n dios . En tu l e n g u a d e s h o n e s t a hay pa-
labras i m p u r a s y vanas. C o n ella estás obligado a c o r r e -
gir al prójimo, a p r o c l a m a r mi p a l a b r a , a recitar el oficio
con el c o r a z ó n y la boca, y n o oigo m á s q u e pestilencia,
j u r a n d o y p e r j u r a n d o c o m o si fueses u n b u h o n e r o , y
m u c h a s veces b l a s f e m a n d o . Permití q u e le fueran ata-
das las m a n o s p a r a librarte d e las a t a d u r a s del p e c a d o a
ti y a t o d o el g é n e r o h u m a n o . T u s m a n o s están u n g i d a s
y c o n s a g r a d a s p a r a a d m i n i s t r a r el santísimo s a c r a m e n t o ,
y tú las usas t o r p e m e n t e e n miserables tocamientos.

2
Ap 1,5. 3
Flp 3,19.
El cuerpo místico de la Iglesia 301

T o d o lo q u e se hace c o n t u s m a n o s está c o r r o m p i d o y
d i r i g i d o al d e m o n i o . ¡Oh m i s e r a b l e ! T e h e c o l o c a d o e n
tan g r a n d i g n i d a d p a r a q u e m e sirvas ú n i c a m e n t e a mí y
a t o d a c r i a t u r a racional.
Yo quise q u e le f u e r a n t r a s p a s a d o s los pies y abierto
el c o s t a d o , h a c i e n d o d e su c u e r p o escalera, p a r a q u e vie-
ses el secreto del c o r a z ó n . O s lo h e p u e s t o c o m o b o d e g a
abierta d o n d e p o d á i s ver y g u s t a r el inefable a m o r q u e
os t e n g o c u a n d o halláis y veis m i n a t u r a l e z a divina u n i -
d a a la vuestra, q u e es h u m a n a . A q u í veis la s a n g r e q u e
vosotros a d m i n i s t r á i s , la q u e h e d a d o c o m o b a ñ o p a r a
limpiar vuestras m a l d a d e s . T ú has h e c h o d e tu c o r a z ó n
t e m p l o del d e m o n i o . T u afecto, simbolizado e n los pies,
n o tiene ni ofrece o t r a cosa q u e c o r r u p c i ó n y vituperio.
Los pies d e tu afecto n o llevan al a l m a a o t r o l u g a r q u e
a los l u g a r e s del d e m o n i o . De m o d o q u e t o d o tu c u e r p o
h i e r e al d e mi Hijo, p o r q u e haces lo c o n t r a r i o d e lo q u e
El h a h e c h o y d e lo q u e t o d a s las c r i a t u r a s estáis obliga-
das a hacer.
Los m i e m b r o s d e tu c u e r p o h a n recibido su castigo,
p o r q u e las tres potencias se hallan u n i d a s e n él e n el
n o m b r e del d e m o n i o , c u a n d o d e b e r í a n e s t a r r e u n i d a s
en mi nombre.
T u m e m o r i a d e b e r í a e s t a r llena d e los beneficios q u e
d e mí h a s recibido, y lo está d e d e s h o n e s t i d a d e s . C o n la
luz d e la fe d e b e r í a s p o n e r lo ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o
e n Cristo crucificado, d e q u i e n te h e h e c h o m i n i s t r o , y
tú los has p u e s t o e n las delicias, posición social y r i q u e -
zas d e l m u n d o , c o n m í s e r a v a n i d a d . T u afecto d e b e r í a
a m a r m e sin i n t e r m e d i a r i o a l g u n o , y t ú lo h a s p u e s t o mi-
s e r a b l e m e n t e e n a m a r a las c r i a t u r a s y e n tu c u e r p o , y
h a s t a a m a s a tus a n i m a l e s m á s q u e a mí. ¿ Q u é m e lo d e -
m u e s t r a ? La impaciencia q u e tienes c o n m i g o si te q u i t o
lo q u e a m a s , el d e s a g r a d o q u e e n c u e n t r a s e n el p r ó j i m o
c u a n d o te p a r e c e recibir a l g ú n perjuicio t e m p o r a l d e él.
C u a n d o lo odias y maldices, te a p a r t a s d e m i a m o r y del
suyo. ¡ D e s v e n t u r a d o d e ti si, h e c h o m i n i s t r o del fuego
d e m i c a r i d a d , tú, p o r tus p r o p i o s y d e s o r d e n a d o s place-
res, p i e r d e s esa c a r i d a d p o r el p e q u e ñ o d a ñ o q u e reci-
bes d e tu p r ó j i m o !
¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! Esta es u n a d e las tres misera-
bles c o l u m n a s d e q u e h a b l é .
302 El Diálogo

127 [ E n l o s m a l o s m i n i s t r o s r e i n a la a v a r i c i a . — P r e s t a n c o n
u s u r a . — V e n d e n y c o m p r a n los beneficios y p r e l a c i a s . — M a l e s
q u e s e s i g u e n a la s a n t a I g l e s i a . ]

T e hablaré a h o r a d e la s e g u n d a c o l u m n a , q u e es la
avaricia. Puesto q u e mi Hijo unigénito ha d a d o con tan-
ta generosidad, no seas tú tacaño. T ú ves su costado,
c o m p l e t a m e n t e abierto en el m a d e r o de la cruz, y la
sangre, vertida p o r todas partes. N o ha c o m p r a d o la li-
bertad ni con o r o ni con plata, sino con la sangre, p o r
largueza d e su a m o r '. N o redimió a u n a parte del m u n -
d o , sino a todo el g é n e r o h u m a n o , tanto a los h o m b r e s
q u e existieron c o m o a los presentes y venideros. N o os
ha d a d o la r e d e n c i ó n con sangre, sino con fuego, por-
q u e os ha d a d o el fuego del a m o r . N o la hizo con fuego
y sangre, sin mi naturaleza divina, puesto q u e se halla
u n i d a p e r f e c t a m e n t e a la h u m a n a . De esta sangre, uni-
da con el a m o r g e n e r o s o a ti, miserable, te he hecho ad-
ministrador, y tú, con avaricia y codicia, d e lo q u e mi
Hijo adquirió e n la cruz —las almas, redimidas con tan-
to amor—, eres avaro; con tan e x t r e m a d a tacañería p o r
avaricia, q u e te d e t e r m i n a s a v e n d e r la gracia del Espíri-
tu Santo, eso q u e te ha d a d o al ser h e c h o a d m i n i s t r a d o r
2
d e la sangre . Q u i e r e s q u e tus subditos se c o m p r e n d e
n u e v o a sí mismos c u a n d o te piden lo q u e has recibido
3
c o m o regalo .
N o tienes tu boca p r e p a r a d a p a r a alimentarte d e al-
mas p o r mi h o n o r , sino p a r a engullir d i n e r o . T e has he-
c h o tan m e z q u i n o e n la caridad con lo q u e tan g e n e r o -
samente has recibido, q u e no t e n g o cabida en ti p o r la
gracia, ni tampoco cabe tu prójimo. Ni los bienes t e m p o -
rales, q u e con g e n e r o s i d a d recibes en virtud d e la san-
g r e , ni tú, avaro miserable, sois b u e n o s más q u e p a r a ti
mismo. C o m o l a d r ó n d i g n o de m u e r t e e t e r n a , has roba-
d o lo d e los pobres y lo d e la santa Iglesia y lo has gasta-
d o e n lujurias con mujeres, con h o m b r e s deshonestos y
con tus parientes. Lo has gastado e n placeres y e n el cui-
d a d o d e tus hijos.

1
1 Pe 1,18-10.
2 Act 8,18-20.
J Mt 10,8.
El cuerpo místico de la Iglesia 303

¡ O h miserable! ¿ D ó n d e están los hijos d e las v e r d a d e -


ras v i r t u d e s q u e h a s d e b i d o t e n e r ? ¿ D ó n d e el celoso d e -
seo d e m i h o n o r y d e la salvación d e las almas? ¿ D ó n d e
el t o r t u r a d o d o l o r q u e debiste sufrir al v e r al lobo infer-
nal a r r e b a t a r tus ovejas? N a d a existe, p o r q u e e n t u mez-
q u i n o c o r a z ó n n o h a y a m o r p a r a ti ni p a r a ellos. T e
a m a s ú n i c a m e n t e a ti c o n a m o r p r o p i o sensitivo, y c o n él
te e n v e n e n a s y e n v e n e n a s a los d e m á s . E r e s el d e m o n i o
infernal q u e e n g u l l e las almas c o n a m o r d e s o r d e n a d o .
T u g a r g a n t a n o apetece o t r a cosa, y p o r ello n o te p r e o -
c u p a q u e el d e m o n i o invisible las lleve consigo. T ú , d e -
m o n i o visible, te h a s c o n v e r t i d o e n i n s t r u m e n t o p a r a
q u e vayan al infierno.
¿A q u i é n d a s vestido y e n g o r d a s c o n lo q u e p e r t e n e c e
a la Iglesia? A ti, a los o t r o s d e m o n i o s j u n t a m e n t e conti-
go y a los animales, es decir, a los caballos lustrosos q u e
tienes p a r a tu placer d e s o r d e n a d o y n o p o r necesidad;
tú los d e b e s t e n e r p o r necesidad y n o p o r g u s t o , p o r q u e
éstos s o n gustos d e los h o m b r e s d e l m u n d o . T u s gustos
d e b e n s e r los p o b r e s y la visita a los e n f e r m o s , soco-
r r i é n d o l o s e n sus n e c e s i d a d e s espiritual y t e m p o r a l m e n -
te, p u e s n o p a r a o t r a cosa te h e h e c h o m i n i s t r o ni te h e
d a d o t a n g r a n d i g n i d a d . P e r o c o m o te h a s c o n v e r t i d o
e n u n a n i m a l i n m u n d o , p o r e s o te complaces e n esos
a n i m a l e s . N o ves; p o r q u e , si vieses los suplicios q u e te
e s t á n p r e p a r a d o s si n o te e n m i e n d a s , n o o b r a r í a s así,
a n t e s bien te dolerías d e lo q u e h a s h e c h o e n el t i e m p o
p a s a d o y te corregirías e n el p r e s e n t e .
¿Ves, carísima hija, c u á n t a r a z ó n t e n g o p a r a q u e j a r m e
d e estos miserables y c u á n t a g e n e r o s i d a d h e u s a d o c o n
ellos y c ó m o m e h a n p a g a d o c o n t a n t a tristeza? C o m o te
dije, h a b r á q u i e n e s p r e s t e n c o n u s u r a , a u n q u e n o ten-
gan t i e n d a c o m o los públicos u s u r e r o s , sino q u e p o r m o -
d o s m u c h o m á s sutiles v e n d e r á n el t i e m p o a su prójimo
a c a u s a d e la codicia, la q u e a n a d i e es lícita e n el m u n -
d o . Si algo le regalasen y lo recibiesen c o n la intención
d e q u e fuera precio p o r el servicio q u e h a n p r e s t a d o ,
eso es u s u r a , y lo m i s m o p o r c u a l q u i e r cosa q u e se reci-
b a p o r el t i e m p o e m p l e a d o . Yo h e p u e s t o a ese misera-
Kl** n i r o n n p r»fr*ViíKo ¿»ctrt -} IAG c**orlíirí»« v é l ri»f#* l n m i s -

m o y más. Si alguien le va a p e d i r u n consejo sobre esta


m a t e r i a , c o m o él se halla e n p e c a d o s e m e j a n t e y h a p e r -
304 El Diálogo

d i d o la luz d e la razón, se lo d a oscuro y tendencioso a


causa d e la inclinación q u e tiene e n su espíritu.
Estos y m u c h o s otros defectos nacen d e su mezquino
corazón, codicioso y avaro. Se p u e d e repetir lo q u e dijo
mi V e r d a d c u a n d o e n t r ó e n el templo y e n c o n t r ó a la
g e n t e v e n d i e n d o y c o m p r a n d o . E c h á n d o l a fuera con el
látigo d e cuerdas, dijo: «De la casa d e mi P a d r e , q u e es
casa d e oración, habéis hecho u n a cueva d e ladro-
4
nes» .
Ves bien, dulcísima hija, q u e es así, pues d e mi Igle-
sia, q u e es lugar d e oración, se h a h e c h o cueva d e ladro-
nes. V e n d e n y c o m p r a n , y h a n hecho m e r c a d e r í a d e la
gracia del Espíritu Santo. Ves q u e los q u e q u i e r e n prela-
turas y beneficios d e la santa Iglesia, las c o m p r a n con
m u c h o s regalos a los q u e son ricos e n d i n e r o y posesio-
nes. Estos miserables n o m i r a n si es b u e n o o malo el q u e
solicita el beneficio, y p o r complacerle y p o r el a m o r al
regalo recibido, se ingenian p a r a s e m b r a r esta planta
p o d r i d a e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, y p o r esta razón
d a r á n , los miserables, b u e n o s informes al cristo en la
tierra. A m b o s usan la falsedad y el e n g a ñ o con cristo en
la tiera, a quien hay q u e ir limpios y con t o d a v e r d a d . Si
el vicario d e mi Hijo se e n t e r a r a d e u n o y del o t r o , los
debería castigar, y a ése quitarle el cargo, si no se en-
m i e n d a , y al q u e c o m p r a el cargo le estaría bien q u e se
le diese prisión c o m o r e c o m p e n s a hasta q u e se e n m i e n -
d e d e su pecado, a fin d e q u e los d e m á s t o m e n ejemplo
d e éste y t e m a n , d e m o d o q u e n i n g u n o intente hacerlo
más. Si Cristo e n la tierra lo hace, cumple con su d e b e r ,
y n o será castigado por este pecado c u a n d o venga a d a r
r a z ó n d e sus ovejas a n t e mí.
C r é e m e , hija mía, q u e hoy n o se o b r a así, y por ello
h a caído mi Iglesia e n tantos pecados y abominaciones.
C u a n d o se d a n las p r e l a t u r a s , n o se indaga e investiga la
vida d e los q u e las p r e t e n d e n , si son b u e n o s o malos; y,
si algo se p r e g u n t a , n o lo hacen ni se informan sino por
los malos, q u e no h a r á n sino d a r b u e n o s informes, por-
q u e los pecados q u e tienen son los mismos q u e los suyos
propios. N o se m i r a ni se a t i e n d e más q u e a su b u e n a
posición social, a su gallardía y riqueza, a q u e sepan ha-

4
Mt 21,13.
El cuerpo místico de ¡a Iglesia 305

blar m u c h o y elegantemente; y a ú n peor: alguien a r g u -


m e n t a r á q u e es d e b u e n a presencia. ¡Lenguaje de d e -
monios! ¡Cuando d e b e n p r e g u n t a r p o r el a d o r n o y be-
lleza d e la virtud, atienden a la belleza del cuerpo! De-
ben buscar a los humildes y a los pobres, quienes p o r su
humildad huyen de las prelaturas; pero eligen a los q u e
las buscan con vanidad y e n g r e í d a soberbia.
Se fijan en la ciencia. La ciencia es en sí b u e n a y per-
fecta c u a n d o el q u e la posee tiene la ciencia d e u n a vida
b u e n a y honesta j u n t o con la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Sin
e m b a r g o , la del soberbio, deshonesto y malvado en su
vida, es u n v e n e n o . De la Escritura no e n t i e n d e n más
q u e la letra, y oscuramente, p o r q u e han p e r d i d o la luz
de la razón y tienen su e n t e n d i m i e n t o ofuscado. C o n la
luz d e la razón, a ñ a d i d a la sobrenatural, se ha explicado
y e n t e n d i d o la Sagrada Escritura, c o m o te enseñé con
5
más claridad en o t r o lugar . Ves, p o r tanto, q u e la cien-
cia es b u e n a en sí, p e r o no en el q u e la usa indebida-
m e n t e ; antes bien le será para él fuego d e penas si n o
e n m i e n d a su vida. Por eso d e b e n fijarse más en la bue-
na y santa vida q u e en la ciencia q u e desoriente su vida.
Ellos hacen lo contrario; pues, a u n q u e los b u e n o s y vir-
tuosos se hallen cargados de ciencia, los consideran ton-
tos y son p o r ellos despreciados. Evitan a los pobres,
p o r q u e n a d a tienen q u e dar.
6
Ves, pues, mi casa, q u e debería ser casa de oración ,
d o n d e debería brillar la margarita d e la justicia y la luz
de la ciencia con honesta y santa vida, y d o n d e debería
sentirse la fragancia de la verdad, a b u n d a n d o en menti-
ra. Deben poseer la pobreza voluntaria y conservar las
almas con v e r d a d e r a solicitud y arrancarlas de los malos
demonios, y ellos apetecen las riquezas. Se han preocu-
pado tanto d e los bienes temporales, q u e han a b a n d o n a -
d o completamente el cuidado d e los espirituales. N o
atienden sino al j u e g o , a las risas y a acrecentar y multi-
plicar los bienes temporales. Los desgraciados no se d a n
cuenta d e q u e es el m o d o de perderlos, p o r q u e , si a b u n -
dasen en virtud y se c u i d a r a n , c o m o d e b e n , d e las cosas
espirituales, a b u n d a r í a n también en las temporales. Mu-

5
Cf. c.15.
6
Is 56,7; J e r 7 , 1 1 ; Mt 2 1 , 1 3 ; Me 11,17; Le 19,46.
306 El Diálogo

chas rebeliones ha habido, esposa mía, que los eclesiásti-


cos no deberían h a b e r fomentado. Deben dejar q u e los
7
muertos entierren a los muertos y seguir la doctrina
d e mi V e r d a d c u m p l i e n d o mi voluntad, es decir, aque-
llo para los q u e se les ha designado. Pero hacen todo lo
contrario, pues se o p o n e n a e n t e r r a r los muertos y cosas
transitorias con afecto y solicitud y quitan los cargos a
los hombres del m u n d o . Esto m e d e s a g r a d a y hace d a ñ o
a la santa Iglesia. Deben dejar esas cosas para ellos —un
m u e r t o q u e entierre al otro—, es decir, q u e gobiernen
las cosas del m u n d o los q u e están designados para ello.
¿Por q u é te h e dicho q u e «un m u e r t o entierre al otro»?
M u e r t o se e n t i e n d e d e dos m o d o s : u n o , c u a n d o se ad-
ministran y gobiernan las cosas temporales en pecado
mortal por el afecto y solicitud d e s o r d e n a d o s , y el otro,
p o r q u e se trata d e oficio del c u e r p o y cosas muertas,
q u e n o tienen más vida en sí q u e en cuanto tienen rela-
ción con el alma y participan d e la vida mientras el alma
está en el c u e r p o , y no más.
Deben, por tanto, estos ungidos míos, q u e han d e vi-
vir como ángeles, dejar las cosas m u e r t a s a los muertos
y g o b e r n a r ellos las almas, que son lo vivo, que nunca
m u e r e , dirigiéndolas y destribuyéndoles los sacramen-
tos, dones y gracias del Espíritu Santo y alimentándolas
con el manjar d e b u e n a y santa vida. De este m o d o sería
mi casa casa d e oración, a b u n d a n d o ellos en gracia y
virtud. C o m o no hacen sino lo contrario, puedo decir
que ha sido convertida en cueva d e ladrones, por haber-
se convertido en mercaderes por la avaricia, vendiendo
y c o m p r a n d o , como se ha dicho. Ha sido convertida
d e s h o n e s t a m e n t e en c u a d r a d e animales, se ha converti-
d o en establo, pues en ella se hallan t u m b a d o s en el
lodo d e la deshonestidad y tienen a sus «demonias» en
la Iglesia, como el esposo tiene en su casa a la esposa.
Lo q u e te h e c o n t a d o casi no tiene comparación con
lo que existe en la realidad. Ves, pues, cuánto mal se
apoya en estas dos columnas fétidas y pestilentes, esto
es, en la inmundicia y en la codicia y avaricia.

7
Mt 8,22.
El cuerpo mistico de la Iglesia 307

128 [ E n d i c h o s m i n i s t r o s r e i n a la s o b e r b i a . — E s t a c i e g a a la
inteligencia.—Los q u e simulan consagrar y n o consagran.)

T e q u i e r o h a b l a r a h o r a d e la t e r c e r a c o l u m n a , o sea,
d e la soberbia. A u n q u e n o m b r a d a la última, es la ú l t i m a
y la p r i m e r a , ya q u e t o d o s los vicios se hallan f u n d a d o s
en ella, c o m o , p o r el c o n t r a r i o , las v i r t u d e s lo e s t á n en la
c a r i d a d y d e ella r e c i b e n la vida.
La soberbia nace d e l a m o r p r o p i o sensitivo y es fo-
m e n t a d a p o r él. T e dije d e éste q u e e r a f u n d a m e n t o d e
las tres c o l u m n a s , c o m o d e t o d o s los p e c a d o s q u e c o m e -
ten las c r i a t u r a s . Por ello, q u i e n se a m a c o n a m o r d e s o r -
d e n a d o , q u e d a p r i v a d o d e m i a m o r , p o r q u e en r e a l i d a d
n o m e a m a , y, al n o a m a r m e , m e o f e n d e p o r n o o b s e r -
var el m a n d a m i e n t o d e la ley, esto es, d e a m a r m e s o b r e
t o d a s las cosas, y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o . P o r esta
r a z ó n , al a m a r s e c o n a m o r sensitivo, n o m e sirven ni m e
a m a n , sino q u e sirven y a m a n al m u n d o , p u e s el a m o r
sensitivo y el m u n d o n o se hallan e n c o n f o r m i d a d c o n -
m i g o . Si les falta la c a r i d a d , se sigue q u e a m a n al m u n -
d o c o n a m o r sensitivo, q u e le sirven a él y m e o d i a n a
mí. P o r eso dijo mi V e r d a d q u e n a d i e p u e d e servir a
d o s s e ñ o r e s q u e son e n e m i g o s , p u e s , si sirve a u n o , será
m e n o s p r e c i a n d o al o t r o '. T a l c o m o ves, el a m o r p r o p i o
priva al a l m a d e m i c a r i d a d y la viste c o n el p e c a d o d e la
soberbia, d e la q u e n a c e t o d o p e c a d o p o r m e d i o del
principio del a m o r p r o p i o .
M e d u e l o y l a m e n t o d e t o d a c r i a t u r a racional q u e se
halla en este p e c a d o , p e r o e s p e c i a l m e n t e d e mis u n g i -
d o s , q u e d e b e n ser h u m i l d e s , t a n t o p o r q u e c a d a u n o
d e b e p o s e e r la v i r t u d d e la h u m i l d a d q u e f o m e n t a la ca-
r i d a d , c o m o p o r h a b e r sido h e c h o s m i n i s t r o s del h u m i l -
d e e i n m a c u l a d o C o r d e r o , mi Hijo u n i g é n i t o . N o se
a v e r g ü e n z a n , ni ellos ni el g é n e r o h u m a n o , d e e n s o b e r -
becerse c u a n d o m e ven a mí, Dios, h u m i l l a d o al h o m -
b r e , d á n d o l e s el V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i t o e n v u e s t r a
c a r n e . Ellos lo ven c o r r e r y h u m i l l a r s e a la a f r e n t o s a
2
c r u z e n r a z ó n d e la o b e d i e n c i a q u e yo le i m p u s e .
T i e n e la cabeza inclinada, p a r a s a l u d a r t e , y la c o r o n a
1
Mt 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 .
2
F l p 2,8.
308 El Diálogo

en la cabeza, p a r a a d o r n a r t e ; los brazos extendidos,


para abrazarte; los pies clavados, p a r a p e r m a n e c e r con-
tigo. Y tú, h o m b r e miserable, q u e has sido hecho admi-
nistrador d e tanta generosidad y d e tanta h u m i l d a d ,
q u e debes abrazarte con la cruz, la rehuyes y te abrazas
con las criaturas malvadas e i n m u n d a s . Debes p e r m a n e -
cer firme y estable, siguiendo la doctrina d e mi V e r d a d ,
fijando tu corazón y tu espíritu en él, y te mueves c o m o
hoja al viento y te dejas llevar d e cualquier cosa. Si es
próspera, te mueves con alegría; si es adversa, con impa-
ciencia; y así sacas la médula d e la soberbia, el desasosie-
go, p o r q u e igual q u e la caridad tiene como m é d u l a la
paciencia, así la impaciencia lo es d e la soberbia. Por eso,
todo turba y p r o d u c e escándalo a los soberbios e iracun-
dos.
T a n desagradable me es la soberbia, q u e por ella cayó
del cielo aquel ángel que quiso ensoberbecerse. La so-
berbia a nadie lo lleva al cielo, sino q u e lo conduce a lo
p r o f u n d o del infierno. Por eso dijo mi V e r d a d : «Quien
se ensalza —esto es, por soberbia— será humillado y
3
quien se humilla será ensalzado» .
En toda clase d e gente me d e s a g r a d a la soberbia, pero
m u c h o más en estos ministros, p o r q u e les he puesto en
el cargo para administrar a mi h u m i l d e C o r d e r o ; ellos,
e m p e r o , hacen todo lo contrario. ¿Cómo no se aver-
güenza el desgraciado sacerdote d e ensoberbecerse
viendo q u e m e he humillado a vosotros al daros al Ver-
bo d e mi Hijo unigénito? Y a ellos los he hecho minis-
tros, ¡y el Verbo, por obediencia a mí, se ha humillado
hasta la afrentosa m u e r t e de cruz! El tiene la cabeza con
espinas, y este desgraciado levanta la cabeza frente a mí
y frente a su prójimo. De c o r d e r o h u m i l d e q u e debía
ser, se ha hecho un c a r n e r o , q u e con los cuernos d e la
soberbia embiste a todo el q u e se le aproxima.
¡Oh h o m b r e d e s v e n t u r a d o ! ¿No piensas que te es im-
posible escapar d e mí? ¿Te he d a d o p o r cometido el q u e
me hieras con los cuernos de la soberbia, injuriándome
a mí y a tu prójimo? ¿Lo tratas con injuria e ignorancia?
¿Es ésta la m a n s e d u m b r e con q u e debes ir a celebrar el
cuerpo y la sangre d e mi Hijo unigénito? T e has conver-
3
Mt 2 3 , 1 2 ; Le 14,11 y 18,14.
£7 cuerpo místico de la Iglesia 309

tido e n u n a bestia, sin t e m e r m e e n n a d a . Devoras a tu


p r ó j i m o y estás e n disensión c o n él. T e h a s c o n v e r t i d o
e n u n o q u e se m u e v e p o r favoritismos, a c e p t a n d o a los
q u e te sirven y se te h u m i l l a n y a los q u e te gusta q u e
lleven la m i s m a vida q u e t ú , a esos a q u i e n e s d e b e s co-
r r e g i r y cuyos p e c a d o s d e b e s a b o r r e c e r . H a c e s lo c o n -
t r a r i o , d a n d o ejemplo p a r a q u e ellos o b r e n p e o r . Si fue-
ses b u e n o , cumplirías tu d e b e r ; p e r o , c o m o e r e s m a l o ,
ni sabes r e p r e n d e r ni te d e s a g r a d a el p e c a d o d e los d e -
más.
Desprecias a los p o b r e s h u m i l d e s y virtuosos. H u y e s
d e ellos. T i e n e s r a z ó n p a r a h a c e r l o , a u n q u e n o lo d e b e -
rías h a c e r . H u y e s d e ellos p o r q u e el h e d o r del vicio n o
p u e d e sufrir la fragancia d e la v i r t u d . T e sientes vilipen-
d i a d o si ves a mis p o b r e s a tu p u e r t a ; r e h u y e s visitarles
e n sus n e c e s i d a d e s ; les ves m o r i r d e h a m b r e y n o les so-
c o r r e s . T o d o esto es o b r a d e los c u e r n o s d e la soberbia,
p u e s n o se q u i e r e n inclinar a ejercitar u n p e q u e ñ o acto
d e h u m i l d a d . ¿Por q u é n o se inclinan? P o r q u e el a m o r
p r o p i o , q u e f o m e n t a la soberbia, n o h a d e s a p a r e c i d o del
interior, y p o r ello n o q u i e r e r e p a r t i r a los p o b r e s bienes
t e m p o r a l e s ni espirituales, sino r e v e n d e r l o s .
¡ O h m a l d i t a soberbia, f u n d a d a e n el a m o r p r o p i o !
¡ C ó m o h a s c e g a d o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , d e
m o d o q u e , p a r e c i e n d o q u e los a m a s y e r e s t i e r n o , se
h a n c o n v e r t i d o e n c r u e l e s consigo m i s m o s : p a r e c i é n d o -
les g a n a r , p i e r d e n ; c r e y e n d o hallarse e n delicias, r i q u e -
zas y posición excelente, se e n c u e n t r a n e n t a n g r a n p o -
b r e z a y m i s e r i a p o r e s t a r p r i v a d o s d e la v i r t u d ; h a n caí-
d o d e las a l t u r a s d e la gracia al abismo d e l p e c a d o m o r -
tal! Son ciegos al c o m p r e n d e r l o ellos así y n o c o n o c e r s e
a sí m i s m o s ni a mí. N o r e c o n o c e n su situación, ni la
d i g n i d a d e n q u e les h e c o l o c a d o , ni la fragilidad del
m u n d o y su poca estabilidad, p o r q u e , si las r e c o n o c i e r a n
n o h a r í a n d e ellas su dios. ¿ Q u i é n les h a p r i v a d o del co-
n o c i m i e n t o ? La soberbia. P o r ella se h a n c o n v e r t i d o e n
d e m o n i o s , h a b i é n d o l o s yo e l e g i d o a ellos p a r a ángeles,
p a r a q u e f u e r a n ángeles t e r r e s t r e s e n esta vida. Ella
causa la c a í d a del cielo al p r o f u n d o d e las tinieblas. T a n -
to se h a n multiplicado éstas y su i n i q u i d a d , q u e c a e n en
el p e c a d o q u e te d i r é .
Hay a l g u n o s q u e son t a n d e m o n i o s , q u e a l g u n a s veces
310 El Diálogo

harán como q u e consagran, y no lo hacen por t e m o r a


mi juicio, liberándose d e todo freno y t e m o r del mal
obrar. Por la m a ñ a n a se h a b r á n levantado d e la i n m u n -
dicia, y por la t a r d e , del d e s o r d e n a d o comer y beber.
T e n d r á n que d a r gusto al pueblo, y, considerando sus
maldades, ven q u e no lo p u e d e n hacer en b u e n a con-
ciencia y que n o p u e d e n celebrar. Por eso tienen u n
poco de t e m o r a mi juicio; no por odio al pecado, sino
por el a m o r q u e se tienen a sí mismos.
¿Ves, queridísima hija, lo ciegos que son? No acuden
a la contrición d e corazón ni al aborrecimiento del peca-
d o , sino q u e toman como remedio el no consagrar.
C o m o ciegos, n o ven que el e r r o r y el pecado que se si-
gue es mayor q u e el primero, p o r q u e hacen al pueblo
idólatra poniéndoles a la adoración aquella hostia no
consagrada, c o m o si fuera el c u e r p o y la sangre de mi
Hijo unigénito, Dios y h o m b r e v e r d a d e r o , como o c u r r e
c u a n d o está consagrada. Y lo q u e les presentan es sólo
pan.
A h o r a ves cuan g r a n d e es esta abominación y cuánta
4
es mi paciencia sufriéndolos . Si no se e n m i e n d a n , toda
gracia se les convertirá en motivo d e juicio.
Pero ¿qué debería hacer el pueblo para no llegar a esa
situación? Debe o r a r bajo condición: «Si este ministro ha
pronunciado las palabras que debería decir, creo que
v e r d a d e r a m e n t e tú eres Cristo, Hijo d e Dios v e r d a d e r o
y vivo, y q u e m e ha sido d a d o en comida por el fuego
d e la inestimable caridad y el memorial d e la dulcísima
pasión y del inmenso beneficio d e la sangre que con
tanto fuego d e a m o r d e r r a m a s t e para limpiar nuestra
5
iniquidad» . Haciéndolo así, la ceguera de aquéllos n o
les producirá tinieblas c u a n d o a d o r a n u n a cosa por otra,
sino, más bien, la culpa de pecado es sólo del miserable
6
ministro y n o h a r á n ellos algo q u e n o debieran .
¡Oh dulcísima hija! ¿Quién detiene a la tierra para
* Crón 21,135
3
Le 22,19-20.
6
La ignorancia y falsos escrúpulos e n sacerdotes indignos llevaron
a estos abusos q u e r e c r i m i n a la Santa y e r a n causa d e escándalo d e los
fieles. Ella m i s m a lo e x p e r i m e n t ó c u a n d o , e s t a n d o e n f e r m a , en Luca,
u n sacerdote le llevó u n a hostia sin c o n s a g r a r p a r a q u e c o m u l g a r a . Al
parecer, i n t e n t a b a a q u e l sacerdote cerciorarse d e si Catalina podía dis-
tinguir u n a hostia sin c o n s a g r a r d e u n a c o n s a g r a d a .
El cuerpo místico de la Iglesia 311

q u e n o les trague? ¿ Q u i é n frena m i paciencia p a r a q u e


n o les h a g a q u e d a r inmóviles; c o m o estatuas a n t e el
p u e b l o p a r a confusión suya? La misericordia divina. M e
c o n t e n g o a mí m i s m o , esto es, con la misericordia r e t e n -
go a mi divina justicia a fin d e vencerles a fuerza d e mi-
sericordia. P e r o ellos, d e m o n i o s obstinados, n o la reco-
n o c e n ni la ven. O b r a n c o m o si c r e y e r a n recibirla por-
q u e se les d e b e , p o r q u e la soberbia les h a c e g a d o , y n o
ven q u e la tienen sólo p o r u n a gracia y n o p o r q u e se les
deba.

INVITACIÓN AL LLANTO, QUE ATRAE LA


MISERICORDIA

[Males derivados de los defectos de los ministros.—Castigo de los


malos.—Envileámiento de la dignidad sacerdotal. —La muerte del
justo: ciencia de verdad y bienaventuranza. —La muerte del pecador:
acusación de la conciencia. —Pregusto de las penas y del premio. ]

129 [ O t r o s m u c h o s d e f e c t o s q u e s e c o m e t e n a c a u s a d e la
soberbia y del a m o r propio. I

T e h e dicho t o d o esto p a r a q u e tengas m á s m a t e r i a


p a r a tu llanto y a m a r g u r a a causa d e su c e g u e r a , es d e -
cir, al verles en estado d e c o n d e n a c i ó n , y p a r a q u e co-
nozcas mejor mi misericordia, y e n ella e n c u e n t r e s con-
fianza y certeza plena, y a n t e mi presencia p o n g a s a es-
tos ministros d e la santa Iglesia y a t o d o el m u n d o , pi-
d i é n d o m e misericordia p a r a ellos. C u a n t o m á s d o l o r o -
sos y a m o r o s o s deseos m e ofrezcas p o r ellos, t a n t o m á s
m e m o s t r a r á s el a m o r q u e m e tienes, p u e s t o q u e , si ni tú
ni mis servidores podéis c a u s a r m e el bien, sí debéis ha-
cerlo y d e m o s t r a r l o p o r m e d i o d e ellos. E n t o n c e s yo m e
d e j a r é obligar p o r el d e s e o , las lágrimas y las oraciones
d e mis servidores, y h a r é misericordia a m i esposa, r e -
f o r m á n d o l a c o n b u e n o s y santos pastores.
U n a vez r e f o r m a d a , los subditos se e n m e n d a r á n , por-
q u e d e casi t o d o lo malo q u e h a c e n tienen la culpa los
malos pastores. Si éstos se corrigiesen y e n ellos brillase
la m a r g a r i t a d e la justicia p o r su h o n e s t a y santa vida,
n o o b r a r í a n los subditos d e ese m o d o .
312 El Diálogo

¿Sabes q u é sigue a todo esto? Q u e u n o s van en pos de


las huellas de los otros. Y así los subditos no son obe-
dientes p o r q u e , c u a n d o el prelado era subdito, tampoco
lo fue; por lo q u e recibe del subdito lo mismo q u e él
dio. C o m o fue mal subdito, es mal pastor.
De todo esto y d e cualquier otro pecado es causa la
soberbia, f u n d a d a en el a m o r propio. I g n o r a n t e y so-
berbio e r a de subdito, y m u c h o más lo es ahora q u e es
prelado. T a n g r a n d e es su ignorancia, q u e , como ciego,
hará sacerdote a u n h o m b r e inculto q u e apenas sabrá
leer, y no sabrá recitar el oficio divino; es su d e b e r ele-
gir h o m b r e s expertos y bien fundados en la virtud, q u e
sepan y e n t i e n d a n lo que dicen. Muchas veces, por no
saber bien las palabras sacramentales, no c o n s a g r a r á n ,
con lo q u e caen en el mismo pecado de no consagrar,
como lo hacían los otros p o r malicia, no haciendo sino
simular q u e consagran. Estos caen en lo contrario, por-
que no tienen en cuenta lo que los subditos saben, o no
lo averiguan a tiempo; parece q u e eligen a niños y no a
h o m b r e s m a d u r o s . T a m p o c o p r o c u r a n q u e sean de h o -
nesta y santa vida, ni los candidatos conocen la dignidad
a q u e son elevados ni el gran misterio q u e van a cele-
brar. Sólo p r o c u r a n multiplicar la gente, p e r o no la vir-
2
tud '. Son ciegos y guías d e ciegos . N o c o m p r e n d e n
q u e d e ésta y otras cosas les pediré c u e n t a en el último
e x t r e m o d e la m u e r t e . Después d e h a b e r o r d e n a d o
sacerdotes tan obtusos y d e haberles puesto a cuidar al-
mas, se d a n c u e n t a de q u e éstos no p u e d e n tener cuida-
d o ni de sí mismos.
Entonces, ¿cómo p o d r á n corregirse y c o r r e g i r los d e
los demás los que no conocen sus pecados? N o pueden ni
q u i e r e n actuar contra sí mismos; y las ovejas, q u e no tie-
nen pastor que se preocupe de ellas ni q u e las sepa guiar,
se descarrían fácilmente y con frecuencia son devoradas
y descuartizadas por los lobos. C o m o el pastor es malo, no
se p r e o c u p a d e t e n e r u n p e r r o q u e ladre c u a n d o vea ve-
nir el lobo, y tiene sólo u n o , q u e es c o m o ellos Ide des-
c u i d a d o |. Así, los ministros y pastores q u e no son solíci-
tos, no tienen ni el p e r r o d e la conciencia ni el cayado

' Is 9,3.
2
Mt 15,14.
El cuerpo místico de la Iglesia 313

d e la santa justicia p a r a c o r r e g i r con la v a r a y p a r a la-


d r a r s e a sí mismos c o n la conciencia. Al n o r e p r e n d e r
c u a n d o las ovejas se d e s c a r r í a n y n o m a n t e n e r el cami-
n o d e la v i r t u d , o sea, la observancia d e los m a n d a m i e n -
tos, el lobo infernal las d e v o r a . Si el p e r r o l a d r a r a y con
la v a r a d e la santa justicia castigaran e n sí sus p e c a d o s y
los d e aquéllos, l u c h a r í a n con las ovejas y éstas volverían
al redil.
P e r o c o m o es pastor sin c a y a d o y sin el p e r r o d e la
conciencia, las ovejuelas p e r e c e n . N o se p r e o c u p a n d e
esto, p o r q u e el p e r r o d e la conciencia se halla m u y debi-
litado p o r n o habérsele d a d o d e c o m e r , y n o tiene fuer-
zas p a r a l a d r a r . La c o m i d a q u e hay q u e d a r a este p e r r o
es la s a n g r e del C o r d e r o , mi Hijo. En c u a n t o la m e m o -
ria se halle llena d e la s a n g r e , se e n c i e n d e el a l m a e n
a b o r r e c i m i e n t o del vicio y e n a m o r a la virtud. Este abo-
r r e c i m i e n t o y este a m o r purifican al a l m a d e la m a n c h a
del p e c a d o m o r t a l y d a n t a n t o vigor a la conciencia, q u e
la d e f i e n d e n . Si, d e p r o n t o , a l g ú n e n e m i g o del alma, o
sea, el p e c a d o , q u i e r e e n t r a r e n ella — n o sólo p o r el
afecto, sino con el p e n s a m i e n t o — , i n m e d i a n t a m e n t e la
conciencia con el r e m o r d i m i e n t o , c o m o u n p e r r o , l a d r a
tan f u e r t e m e n t e , q u e hace d e s p e r t a r a la r a z ó n .
Estos malvados, q u e ni son d i g n o s d e ser llamados mi-
nistros ni siquiera racionales, e m b r u t e c i d o s p o r sus d e -
fectos, no tienen p e r r o , p u e s es tal la debilidad d e la
conciencia, q u e se p u e d e decir q u e n o la t i e n e n , y, con-
s i g u i e n t e m e n t e , t a m p o c o el c a y a d o d e la justicia. T a n t o
les h a n a t e m o r i z a d o sus p e c a d o s , q u e u n a s o m b r a les
causa m i e d o , n o p o r s a n t o t e m o r , sino p o r t e m o r servil.
Ellos d e b e n e x p o n e r s e a la m u e r t e p a r a a r r a n c a r las al-
mas d e las m a n o s d e los d e m o n i o s , y, p o r el c o n t r a r i o ,
se las p o n e n en las m a n o s , p o r q u e n o d a n la e n s e ñ a n z a
d e la b u e n a y santa vida y p o r n o q u e r e r sufrir ni u n a
p a l a b r a injuriosa p o r la causa d e la salvación.
M u c h a s veces se hallará el a l m a del s u b d i t o e n v u e l t a
e n gravísimos pecados. T e n d r á q u e p a g a r d e u d a s , y p o r
a m o r d e s o r d e n a d o a su familia, p o r n o e m p o b r e c e r l a ,
n o p a g a r á lo a d e u d a d o . Su vida será c o n o c i d a p o r g r a n
c a n t i d a d d e gente y hasta al m i s m o sacerdote le h a b r á n
h e c h o saber q u e , p u e s t o q u e es m é d i c o , q u e c u r e su
alma. El d e s v e n t u r a d o q u e r r á c u m p l i r con lo q u e d e b e ,
314 El Diálogo

y no le importará q u e le digan palabras injuriosas o le


echen malas miradas. Alguna vez le obsequiarán, por lo
que, e n t r e el regalo y el temor servil, consiente q u e el
alma siga en m a n o s d e los d e m o n i o s y les d a r á el sacra-
m e n t o d e Cristo, mi Hijo unigénito. Mira y tiene en
c u e n t a q u e aquel alma no se ha deshecho d e las tinie-
blas del pecado mortal, y, sin e m b a r g o , por complacer a
los h o m b r e s del m u n d o , por el d e s o r d e n a d o t e m o r y
p o r el regalo recibido, administrará a algunos el sacra-
m e n t o , le e n t e r r a r á en la iglesia con gran honor, cuan-
d o , como criminal y m i e m b r o separado del c u e r p o , de-
bería echarlo fuera.
¿Quién fue la causa d e esto? El a m o r propio y los
cuernos d e la soberbia, p o r q u e , si m e hubiese a m a d o so-
bre todas las cosas, y al alma de aquel pobrecillo, y se hu-
biese p o r t a d o con humildad y sin temor, habría buscado
la salvación d e aquella alma.
Mira, por tanto, c u á n t o mal sigue a estos vicios —so-
berbia, avaricia, inmundicia—, q u e te he colocado so-
bre tres columnas, de d o n d e p r o c e d e n los d e m á s peca-
dos del c u e r p o y del espíritu. T u s oídos no aguantarían
los males d e q u e son causantes como miembros del de-
monio. T ú conoces casos y sabes q u e a personas senci-
3
llas o c u r r i ó c a e r e n esos vicios sólo p o r m i e d o .
Estos e r a n d e b u e n a fe, y se dolerán d e sus pecados y se
verán a t o r m e n t a d o s d e escrúpulos. T e m i e n d o estar po-
seídos del d e m o n i o , van al indigno sacerdote c r e y e n d o
q u e les p o d r á librar d e él, y llegar para q u e u n diablo
arroje al o t r o . Y, c o m o ansioso d e recibir presentes y
c o m o deshonesto y lascivo, b r u t o y miserable, dirá a
esas pobrecillas: «Este pecado q u e tenéis no se p u e d e
quitar sino d e tal modo», y así, forzándolas, las hará
acostarse con él.
¡Oh d e m o n i o y más q u e d e m o n i o , q u e en todo se ha
hecho peor q u e el d e m o n i o ! Muchos demonios hay a
quienes ha r e p u g n a d o este pecado, y tú te has hecho
peor q u e ellos y te revuelcas en el lodo c o m o u n p u e r c o .
¡Oh animal i n m u n d o ! ¿Es esto lo q u e pido, y no q u e tú,
con la virtud d e la sangre d e la q u e te he hecho admi-
nistrador, arrojes a los demonios d e las almas y d e los

3
Alusión autobiográfica.
El cuerpo místico de la Iglesia 315

c u e r p o s ? Y tú te m e t e s e n ellos. ¿ N o ves q u e la s e g u r
d e la d i v i n a justicia se halla ya colocada a la raíz d e
tu árbol? T e a s e g u r o q u e los p e c a d o s se a c u m u l a n c o m o
los intereses e n la u s u r a , y e n su l u g a r y t i e m p o , si t ú
m i s m o n o castigas tus m a l d a d e s c o n la p e n i t e n c i a y c o n -
trición d e c o r a z ó n , n o se te t e n d r á en c o n s i d e r a c i ó n el
ser s a c e r d o t e , a n t e s bien serás m i s e r a b l e m e n t e castiga-
d o , y sufrirás p e n a s p o r ti y p o r ellos, y serás a t o r m e n t a -
d o m á s c r u e l m e n t e q u e los d e m á s .
¡ T e v e n d r á e n t o n c e s al p e n s a m i e n t o el a r r o j a r al d e -
m o n i o c o n el d e m o n i o d e la concupiscencia! ¿Y q u é s e r á
d e la d e s g r a c i a d a cómplice q u e a c u d e a la c r i a t u r a p a r a
q u e la libere, y será ligada a él m á s f u e r t e m e n t e c o n u n
p e c a d o m a y o r y c a e r á p o r n u e v o s m o d o s y c a m i n o s ? Si
t e a c u e r d a s bien, tú viste c o n tus p r o p i o s ojos a q u i é n
4
esto o c u r r i ó . H e aquí u n p a s t o r sin p e r r o d e la c o n -
ciencia, q u e n o sólo a h o g a su conciencia, sino la d e los
demás.
Yo h e p u e s t o a los m i n i s t r o s p a r a q u e c a n t e n y salmo-
d i e n p o r la n o c h e e n el oficio divino, y ellos h a n p r o c u -
r a d o h a c e r m a l d a d e s y p r o d u c i r e n c a n t a m i e n t o e n las
«demonias», haciéndolas q u e vengan, por e n g a ñ o , a me-
d i a n o c h e — a l g u n a vez p a r e c e r á q u e van a llegar y n o lo
h a r á n — . ¿ T e h e h e c h o s a c e r d o t e p a r a q u e tu vigilia d e
la n o c h e la gastes e n esto? C i e r t a m e n t e , n o ; sino p a r a
q u e la e m p l e e s e n o r a c i ó n , a fin d e q u e p o r la m a ñ a n a
vayas p r e p a r a d o p a r a c e l e b r a r y d e s al p u e b l o la f r a g a n -
cia d e la v i r t u d y n o el h e d o r d e l p e c a d o . Estáis coloca-
d o s e n el e s t a d o angélico p a r a q u e podáis t r a t a r c o n los
á n g e l e s p o r m e d i o d e la s a n t a m e d i t a c i ó n en esta vida y
d e s p u é s , al final, gustéis c o n ellos d e mi e t e r n a visión;
tú, sin e m b a r g o , te deleitas e n s e r d e m o n i o y t e n e r t r a t o
con ellos a n t e s d e q u e llegue el m o m e n t o d e la m u e r t e .
Los c u e r n o s d e la soberbia h a n h e r i d o los ojos d e tu
e n t e n d i m i e n t o , en la pupila d e la santísima fe, y has p e r -
d i d o la luz; p o r eso n o ves en c u á n t a miseria te hallas.
N o c r e e s d e veras q u e la c u l p a es castigada y t o d a b u e n a
o b r a r e m u n e r a d a . Si d e veras lo creyeses, n o o b r a r í a s
así y n o buscarías ni q u e r r í a s t a n f r e c u e n t e m e n t e t r a t o ,
sino q u e , m á s bien, vivirías c o n t e r r o r a p r o n u n c i a r su

4
Alusión autobiográfica.
316 El Diálogo

n o m b r e . P e r o c o m o sigues su voluntad, e n c u e n t r a s d e -
leite e n el d e m o n i o y en sus o b r a s . ¡Ciego, más q u e cie-
go! Q u i s i e r a q u e p r e g u n t a s e s al d e m o n i o q u é p r e m i o se
te sigue d e servirle c o n t o d o lo q u e haces. El te r e s p o n -
dería q u e te d a r á n el p r e m i o q u e ellos tienen y q u e n o
te p u e d e n d a r o t r a cosa q u e eso: h o r r o r o s o s t o r m e n t o s
y fuego e n q u e a r d e n c o n t i n u a m e n t e , e n el q u e caye-
r o n , por su soberbia, d e s d e las alturas del cielo. Y tú,
ángel en la tierra, caes d e tu altura p o r la soberbia; d e la
dignidad del sacerdote y del tesoro d e la virtud, a la po-
breza más miserable, y, si n o te e n m i e n d a s , caerás en el
infierno.
Al m u n d o y a ti mismo los has h e c h o dios y s e ñ o r
p a r a ti. T e h e colocado en el estado sacerdotal p a r a q u e
te monospreciases a ti mismo y al m u n d o en lo material
sensible. Di a h o r a al m u n d o , con todas las delicias, q u é
has sacado e n esta vida, y a los sentidos c ó m o has u s a d o
las cosas del m u n d o ; diles q u e te justifiquen ante mí, su-
p r e m o J u e z . T e r e s p o n d e r á n q u e n o te p u e d e n ayu-
d a r , y se b u r l a r á n , diciendo: «Arriésgate tú, pues es con-
veniencia tuya». Y te dejarán confuso y b u r l a d o a n t e mí
y ante el m u n d o .
T o d o este d a ñ o n o lo ves, p o r q u e los c u e r n o s d e tu
soberbia te h a n c e g a d o ; p e r o lo verás en el último m o -
m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o n o p o d r á s t o m a r c o m o r e -
m e d i o n i n g u n a virtud tuya, p o r q u e n o la hay, sino sólo
mi misericordia, confiando en aquella dulce sangre d e
la q u e fuiste ministro. Ni a ti ni a n a d i e se le privará d e
confiar e n ella y e n mi misericordia, si bien n i n g u n o
d e b e ser tan m e n t e c a t o ni tan ciego q u e a g u a r d e hasta
el último m o m e n t o .
Piensa q u e , e n ese instante, al h o m b r e q u e ha vivido
p e c a m i n o s a m e n t e le acusan los d e m o n i o s , el m u n d o y la
propia fragilidad. N o les a g r a d a ni ven deleite allí d o n -
d e se e n c o n t r a b a lo a m a r g o , ni ven lo perfecto d o n d e
había imperfección, ni luz d o n d e había oscuridad, tal
c o m o les o c u r r í a d u r a n t e su vida, sino q u e le p r e s e n t a n
la v e r d a d tal c o m o es. El p e r r o d e la conciencia, q u e e r a
débil, c o m i e n z a a l a d r a r con t a n t o ahínco, q u e casi lleva
al alma a la desesperación, a u n q u e algunas veces n o lle-
ga a ella, sino a la esperanza en la s a n g r e , a pesar d e los
pecados c o m e t i d o s , puesto q u e , sin comparación, la mi-
El cuerpo místico de la Iglesia 317

sericordia q u e recibís p o r la s a n g r e es m a y o r q u e todos


los p e c a d o s q u e se c o m e t e n en el m u n d o . Por t a n t o ,
n i n g u n o d e m o r e h a c e r penitencia, p o r q u e es m u y d u r o
al h o m b r e e n c o n t r a r s e c o n los e n e m i g o s d e s a r m a d o en
éT c a m p o d e batalla.

130 lOtros defectos que cometen los malos ministros. I

Q u e r i d í s i m a hija: estos miserables d e q u e te h e habla-


d o n o t i e n e n reflexión, p u e s t o q u e , si la t u v i e r a n , n o
c a e r í a n e n tan g r a n d e s p e c a d o s ni ellos ni o t r o s , sino
q u e o b r a r í a n c o m o los q u e viven v i r t u o s a m e n t e , y elegi-
rían a n t e s la m u e r t e q u e q u e r e r o f e n d e r m e , y m a n c h a r
la c a r a d e su alma y e m p e q u e ñ e c e r la d i g n i d a d e n q u e
les había c o l o c a d o ; más bien a c r e c e n t a r í a n la d i g n i d a d y
belleza d e su alma. N o es q u e la d i g n i d a d del s a c e r d o t e ,
la d i g n i d a d e n sí, p u e d a c r e c e r ni d i s m i n u i r a causa del
p e c a d o , sino q u e las v i r t u d e s son el a d o r n o y u n a d i g n i -
d a d q u e existe e n el a l m a a d e m á s d e la p u r a belleza del
alma, la q u e tiene d e s d e el m o m e n t o e n q u e la c r e é a
i m a g e n y semejanza mía.
C o n o c i e r o n la realidad d e mi b o n d a d , q u e es su belle-
za y d i g n i d a d , p o r q u e la soberbia y el a m o r p r o p i o n o
les h a b í a o f u s c a d o ni q u i t a d o la luz d e la r a z ó n p o r n o
estar p r i v a d o s d e ella, y m e a m a b a n a mí y q u e r í a n la
salvación d e las almas. Sin e m b a r g o , estos d e s g r a c i a d o s ,
p o r hallarse privados d e la luz, n o se p r e o c u p a n sino d e
ir d e vicio e n vicio hasta q u e caen e n la fosa. Y del t e m -
plo d e su a l m a y d e la s a n t a Iglesia, q u e es u n j a r d í n ,
h a c e n u n corral p a r a a n i m a l e s .
¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! ¡ Q u é a b o m i n a b l e m e es q u e sus
casas, q u e d e b e n ser refugio d e mis s e r v i d o r e s y d e los
p o b r e s , sean cobijo d e p e r s o n a s m a l v a d a s e i n m u n d a s !
D e b i e n d o t e n e r p o r esposa al breviario, y a los libros d e .
la S a g r a d a E s c r i t u r a p o r hijos, y deleitarse e n ellos p a r a
i m p a r t i r las e n s e ñ a n z a s al p r ó j i m o p a r a q u e e m p r e n d a n
santa vida, la esposa d e éstos n o es el b r e v i a r i o — m á s
bien, lo t r a t a n c o m o a esposa a d ú l t e r a — , sino u n a mise-
rable c o n c u b i n a , q u e vive c o n él e n i n m u n d i c i a ; sus li-
b r o s son la caterva d e hijos, y c o n ellos, t e n i d o s e n t a n t a
d e s h o n r a y m a l d a d , se d e l e i t a n sin v e r g ü e n z a a l g u n a .
E n Pascua y fiestas s o l e m n e s , e n las q u e d e b í a n d a r
318 El Diálogo

gloria y alabanza a mi n o m b r e con el oficio divino y


ofrecerme el incienso de las devotas y humildes oracio-
nes, se e n t r e g a n al j u e g o y solaz con sus mancebas, y se
j u n t a n con los seglares p a r a cazar y coger pájaros c o m o
si fuesen seglares o señores d e c o r t e .
¡Oh h o m b r e miserable! ¿A q u é has llegado? Debías ir
a la caza d e almas p a r a gloria y alabanza d e mi n o m b r e
y estar e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, y te vas a los bos-
ques. C o m o te has convertido e n bestia, llevas en tu
alma los animales d e m u c h o s pecados mortales, y p o r
eso te has h e c h o cazador d e bestias. El j a r d í n d e tu alma
se ha vuelto salvaje y lleno d e cardos, y p o r eso has en-
c o n t r a d o gozo e n ir p o r los lugares desiertos en busca
d e bestias salvajes.
A v e r g ü é n z a t e , h o m b r e , y analiza tus pecados p a r a
q u e tengas materia d e qué sonrojarte d e s d e cualquier
p u n t o d e m i r a q u e quieras. Pero tú n o te avergüenzas
p o r q u e has p e r d i d o el santo y v e r d a d e r o t e m o r , e, igual
q u e u n a meretriz, q u e carece d e v e r g ü e n z a , p r e s u m i r á s
de tu posición e n el m u n d o , d e t e n e r u n a h e r m o s a fa-
milia y u n a m a n a d a d e hijos; y, si n o los tienes, intentas
tenerlos p a r a q u e h e r e d e n tus bienes. Eres ladrón y sal-
teador, p o r q u e sabes q u e no se los p u e d e s dejar, p o r q u e
tus h e r e d e r o s son los pobres y la santa Iglesia.
¡Oh d e m o n i o hecho carne! Buscas sin luz lo q u e no
debes. T e precias y vanaglorias d e lo q u e p a r a ti debía
ser motivo d e g r a n confusión. T e avergüenzas ante mí,
q u e veo el interior d e tu corazón, así c o m o ante las cria-
turas. Estás t u r b a d o , p e r o los c u e r n o s de la soberbia no
te dejan c o m p r e n d e r tu confusión.
¡Oh carísima hija! H e colocado a mis ministros sobre
el p u e n t e d e la doctrina d e mi V e r d a d p a r a q u e a voso-
tros, peregrinos, os distribuyan los sacramentos de la
santa Iglesia, y ellos se e n c u e n t r a n e n el miserable río
d e allá abajo, y desde el río d e las delicias y miserias del
m u n d o os los administran ellos, y n o ven q u e les llega la
ola de la m u e r t e y van j u n t o s con sus señores los d e m o -
nios, a los q u e han servido y d e los q u e se han dejado
guiar p o r el c a m i n o del río sin freno alguno. Si no se
e n m i e n d a n , llegan a la c o n d e n a c i ó n e t e r n a con tal re-
presión y r e p r o c h e , q u e tu l e n g u a n o sería capaz de con-
tarlo. Y más fácilmente llegarán ellos q u e cualquier otro
El cuerpo mistico de la Iglesia 319

seglar p o r el oficio d e s a c e r d o t e , p u e s u n a m i s m a culpa


es m á s castigada e n ellos q u e e n los q u e se h a l l a n e n el
m u n d o , y c o n m a y o r r e p r o c h e se l e v a n t a r á n sus e n e m i -
gos e n el m o m e n t o d e la m u e r t e p a r a a c u s a r l o s , c o m o te
he dicho.

131 [ D i f e r e n c i a e n t r e la m u e r t e d e l o s j u s t o s y d e l o s p e c a -
d o r e s . — S u s p e n a s e n la h o r a d e la m u e r t e . ]

T e h e r e f e r i d o c ó m o el m u n d o , los d e m o n i o s y los
p r o p i o s s e n t i d o s los a c u s a b a n , y ésa es la v e r d a d . De
esto te q u i e r o h a b l a r a h o r a m á s p o r e x t e n s o ; d e estos
m i s e r a b l e s , p a r a q u e les t e n g a s m a y o r c o m p a s i ó n . ¡ C u a n
distintos son los a t a q u e s q u e recibe el a l m a d e l j u s t o d e
los d e l p e c a d o r y c u a n d i f e r e n t e su m u e r t e ! ¡En c u á n t a
paz se p r o d u c e la m u e r t e del j u s t o , m a y o r o m e n o r se-
g ú n la perfección d e su a l m a !
P o r eso q u i e r o q u e sepas q u e t o d a s las p e n a s q u e su-
fren las c r i a t u r a s racionales se e n c u e n t r a n e n la v o l u n -
t a d , p u e s si la v o l u n t a d estuviese e n o r d e n y a c o r d e c o n
la m í a , n o sufrirían p e n a . N o se le q u i t a r í a n los sufri-
m i e n t o s , sino q u e la v o l u n t a d los s o p o r t a r í a d e b u e n
g r a d o p o r a m o r a mí y ya n o le c a u s a r í a p e n a sobrelle-
varlos c o n g u s t o , c o n s i d e r a n d o q u e ésa es m i v o l u n t a d .
P o r el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o q u e se t i e n e n a sí m i s m o s
se e n c u e n t r a n e n g u e r r a c o n el m u n d o , el d e m o n i o y
los p r o p i o s s e n t i d o s , p o r lo q u e , al llegar la h o r a d e la
m u e r t e , ésta es recibida e n paz, p u e s los e n e m i g o s h a n
sido ya d e r r o t a d o s d u r a n t e la vida. El m u n d o n o los
p u e d e acusar, p o r q u e c o n o c i e r o n sus a r g u c i a s , y p o r eso
r e n u n c i a r o n a t o d a s sus delicias. Los frágiles s e n t i d o s y
el c u e r p o n o les acusan, p o r q u e los t i e n e n c o m o esclavos
c o n el f r e n o d e la r a z ó n , m a c e r a n d o la c a r n e c o n la p e -
nitencia, c o n la vigilia y la o r a c i ó n c o n t i n u a . A la v o l u n -
tad sensitiva la m a t a r o n c o n el a b o r r e c i m i e n t o al vicio y
c o n el a m o r a la v i r t u d , h a b i e n d o p e r d i d o las c o n d e s -
c e n d e n c i a s c o n su c u e r p o . El m i m o y a m o r q u e hay e n -
t r e el c u e r p o y el a l m a es c a u s a d e q u e el h o m b r e t e m a ,
n a t u r a l m e n t e , la m u e r t e .
P e r o c o m o e n el perfecto y j u s t o la v i r t u d s o b r e p u j a a
la n a t u r a l e z a , es decir, la h a c e d e s a p a r e c e r , se s o b r e p o -
n e él c o n el s a n t o a b o r r e c i m i e n t o y el d e s e o d e volver a
320 El Diálogo

lo que es su fin, d e m o d o que la debilidad y b l a n d u r a


no le p u e d e n d a r g u e r r a . La conciencia está quieta, por-
q u e en su vida hizo b u e n a guardia, l a d r a n d o c u a n d o los
enemigos querían arrebatarle la ciudad del alma. C o m o
el perro q u e está a la p u e r t a ladra c u a n d o ve a los ene-
migos, y así despiertan los centinelas, d e igual m a n e r a el
p e r r o d e la conciencia despertó al g u a r d i á n d e la razón,
y ésta, j u n t o con el libre albedrío, conoció por la luz del
e n t e n d i m i e n t o quién era amigo y quién enemigo. Al
amigo, o sea, a la virtud y a los santos pensamientos del
corazón, le proporcionó dilección y afecto de amor,
ejercitándolo con gran solicitud; al enemigo, o sea, al vi-
cio y pensamientos perversos, les dio odio y desagrado.
Con el cuchillo del odio y del amor, con la luz de la ra-
zón y con la m a n o del libre albedrío hirió al enemigo d e
tal m o d o , q u e después, en el m o m e n t o d e la m u e r t e , la
conciencia no se recome, pues fue b u e n centinela, y por
ello se e n c u e n t r a en paz.
V e r d a d es que el alma, por humildad, y p o r q u e e n el
m o m e n t o d e la m u e r t e conoce mejor el tesoro del tiem-
po y las piedras preciosas d e la virtud, se r e p r e n d e a sí
misma, pareciéndole haber aprovechado poco ese tiem-
po; pero ésta no es pena aflictiva, como tampoco pena
que a u m e n t e la perfección, ya q u e obliga al alma a reco-
gerse en sí misma, poniéndose ante la sangre del humil-
de C o r d e r o , mi Hijo. No se vuelve atrás para mirar las
virtudes, sino la sangre, d o n d e ha e n c o n t r a d o mi mise-
ricordia. C o m o ha vivido con la m e m o r i a en la sangre,
así en la m u e r t e se embriaga y sumerge en la sangre.
Los demonios, como no le p u e d e n argüir de pecado,
puesto que d u r a n t e su vida venció su malicia, se llegan
para ver si p u d i e r a n conseguir algo. Lo hacen con for-
mas h o r r e n d a s para producir miedo con su feísimo as-
pecto, con muchas y diversas fantasías, pero como en el
alma no existe el veneno del pecado, su aspecto no le d a
temor ni miedo, como ocurrirá al que ha vivido mala-
m e n t e en este m u n d o .
Viendo el d e m o n i o que el alma se ha sumergido en la
sangre con ardentísima caridad, n o le p u e d e soportar y
le arroja saetas desde lejos. N o d a ñ a n al alma sus ata-
ques y gritos, ya q u e comienza a gustar la vida eterna,
tal como te dije en otro lugar, puesto que con los ojos
El cuerpo místico de la Iglesia 321

del e n t e n d i m i e n t o , q u e p o s e e la pupila d e la santísima


fe, ve q u e soy su infinito y e t e r n o Bien, a q u e l a q u i e n
ella e s p e r a p o s e e r p o r gracia y n o p o r m é r i t o s u y o , e n
v i r t u d d e la s a n g r e d e C r i s t o , m i Hijo. P o r ellos t i e n d e
los b r a z o s d e la e s p e r a n z a y c o n las m a n o s del a m o r lo
a b r a z a , e n t r a n d o e n su posesión a n t e s d e e s t a r e n la glo-
ria. E n s e g u i d a , s u m e r g i d a e n la s a n g r e , e n t r a p o r la es-
t r e c h a p u e r t a d e l V e r b o , se llega a mí, M a r d e q u i e t u d ,
p o r p e r m a n e c e r j u n t a m e n t e u n i d o s yo, M a r , c o n la
P u e r t a , p o r q u e yo y m i V e r d a d s o m o s u n a m i s m a cosa.
¡ Q u é a l e g r í a recibe el a l m a q u e t a n d u l c e m e n t e se ve
u n i d a e n ese m o m e n t o ! P o r q u e e x p e r i m e n t a el bien d e
la n a t u r a l e z a angélica, y c o m o h a vivido e n c a r i d a d fra-
t e r n a c o n su p r ó j i m o , p o r e s o participa del bien d e t o d o s
los q u e v e r d a d e r a m e n t e la e x p e r i m e n t a n [los b i e n a v e n -
t u r a d o s ] , p o r la m i s m a c a r i d a d f r a t e r n a d e u n o s p a r a
c o n o t r o s . Los b i e n a v e n t u r a d o s r e c i b e n a los q u e t a n
d u l c e m e n t e e n t r a n . Mis m i n i s t r o s —los q u e te dije q u e
h a b í a n vivido c o m o á n g e l e s — son m u c h o m e j o r recibi-
d o s , p u e s e n esta vida vivieron c o n m u c h o m a y o r c o n o -
c i m i e n t o y h a m b r e d e m i h o n o r y d e la salvación d e las
a l m a s . N o h a b l o sólo d e la luz d e la v i r t u d , q u e , e n ge-
n e r a l , t o d o s p u e d e n t e n e r , sino d e la a l c a n z a d a p o r vivir
v i r t u o s a m e n t e [la luz s o b r e n a t u r a l ] , sino q u e m e r e f i e r o
a los q u e t u v i e r o n la luz d e la ciencia s a n t a , p o r la cual
c o n o c i e r o n m á s acerca d e m i V e r d a d . Q u i e n m á s c o n o -
ce, m á s a m a , y q u i e n m á s a m a , m á s recibe. V u e s t r o m é -
rito es m e d i d o c o n la m e d i d a del a m o r '.
Si m e p r e g u n t a s e s : «El q u e n o tiene la ciencia d e los
santos, ¿ p u e d e alcanzar este a m o r ? C l a r o q u e es posible
c o n s e g u i r l o ; p e r o , a u n q u e se p u e d e , u n caso p a r t i c u l a r
n o hace ley p a r a t o d o s , y yo te h a b l o e n g e n e r a l . Es m á s ,
reciben m a y o r d i g n i d a d e n el cielo p o r el e s t a d o d e
s a c e r d o t e , p o r q u e p r o p i a m e n t e les fue d a d o el oficio d e
a l i m e n t a r s e d e almas p o r a m o r a mí. S u p o n i e n d o q u e a
t o d o s sea d a d o p e r m a n e c e r e n la dilección d e la c a r i d a d
p a r a v u e s t r o p r ó j i m o , sin e m b a r g o , c o m o a éstos les es
d a d o a d m i n i s t r a r la s a n g r e y g o b e r n a r las a l m a s , si lo
h a c e n c o n solicitud y c o n afecto d e v i r t u d , r e c i b e n m á s
q u e los o t r o s .

' Mt 7,2.
322 El Diálogo

¡Qué feliz es su alma c u a n d o llega al m o m e n t o d e la


muerte! Como han sido los pregoneros y defensores de
la fe de su prójimo, se le ha hecho connatural en la mé-
dula de su misma alma; con esa fe m e ven a mí en el
prójimo. La esperanza con que han vivido, confiando en
mi providencia, ha hecho que la p i e r d a n en sí mismos,
es decir, en su ciencia. Tienen su confianza en mí, la
pierden en sí mismos, y no p o n e n el afecto desordena-
d a m e n t e en criatura o cosa alguna creadas en razón d e
su vida d e pobreza voluntaria.
Su corazón fue u n vaso d e elección que llevaba mi
2
nombre . Predicaban la caridad con el ejemplo d e una
vida santa y con la enseñanza verbal a su prójimo. Se
levantan, en consecuencia, con inefable a m o r y me
abrazan con afecto d e a m o r a mí, q u e soy su Fin,
trayéndome la margarita d e la justicia, que siempre tu-
vieron presente ante sí c u a n d o hacía justicia a cada u n o
y repartía con discreción lo que les e r a debido. Por eso
me ofrecen la justicia con v e r d a d e r a humildad y d a n
gloria y alabanza a mi n o m b r e . Me la d a n por haber ob-
tenido d e mí el d o n d e la gracia con p u r a y santa con-
ciencia en el tiempo o p o r t u n o . A sí mismos se d a n la in-
dignación, j u z g á n d o s e indignos d e haberla recibido, y
q u e sea e n tanta abundancia.
Su conciencia me d a buena p r u e b a d e ello, y yo les
doy con toda equidad la corona de la justicia, a d o r n a d a
de la margarita d e las virtudes; es decir, del fruto q u e la
caridad ha obtenido d e las virtudes.
¡Oh ángeles d e la tierra! Bienaventurados, que no ha-
béis sido ingratos a los beneficios recibidos d e mí y n o
habéis caído ni en negligencia ni en ignorancia. Solíci-
tos, con la v e r d a d e r a luz mantuvisteis los ojos abiertos
sobre vuestros subditos, y, como pastores fieles y valien-
tes, habéis seguido las enseñanzas del v e r d a d e r o y b u e n
Pastor, el dulce Cristo Jesús, mi Hijo unigénito. Con
ello pasasteis realmente p o r El, bañados y anegados e n
su sangre, con el rebaño de vuestras ovejas. Por medio
d e vuestras enseñanzas y de vuestra vida habéis c o n d u -
cido muchas de ellas a la vida p e r d u r a b l e y a muchas de
ellas las habéis dejado en estado d e gracia.

2
Act 9,15.
El cuerpo místico de la Iglesia 323

¡Oh hija q u e r i d í s i m a ! A éstos n o les p e r j u d i c a la vi-


sión d e los d e m o n i o s , p o r q u e m e ven a m í — m e ven p o r
la fe y m e p o s e e n p o r a m o r — , y c o m o e n ellos n o h a y
v e n e n o d e p e c a d o , tinieblas ni f e a l d a d , la vista d e los
d e m o n i o s n o les h a c e d a ñ o ni p r o d u c e t e m o r a l g u n o ,
p u e s t o q u e e n ellos n o existe t e m o r servil, s i n o t e m o r
s a n t o . N o t e m e n sus e n g a ñ o s , p o r q u e los r e c o n o c e n a la
luz d e la S a g r a d a E s c r i t u r a , d e m o d o q u e n o r e c i b e n
p o r ellos o s c u r i d a d ni t u r b a c i ó n e n el e s p í r i t u . Así, con
gloria t a n s i n g u l a r , p a s a n b a ñ a d o s e n la s a n g r e , c o n
h a m b r e d e la salvación d e las a l m a s , a r d i e n d o e n la cari-
d a d p a r a c o n el p r ó j i m o . P a s a n p o r la p u e r t a d e l V e r b o
y e n t r a n e n mí. P o r m i b o n d a d , c a d a u n o es c o l o c a d o e n
su e s t a d o , m e d i d o s e g ú n la m e d i d a q u e m e h a n t r a í d o
e n el afecto d e la c a r i d a d .

132 [La muerte de los pecadores.—Sus penas en la hora de


la muerte.]

¡Hija q u e r i d í s i m a ! N o es t a n g r a n d e la excelencia d e
éstos c o m o lo es la m i s e r i a d e los d e s v e n t u r a d o s d e q u e
te h e h a b l a d o . ¡ Q u é t e r r i b l e y llena d e o s c u r i d a d es su
m u e r t e ! P o r q u e , e n el ú l t i m o m o m e n t o , los d e m o n i o s
les a c u s a n c o n t e r r o r y o s c u r i d a d , m o s t r á n d o l e s su figu-
r a , q u e sabes lo h o r r i b l e q u e es. Si la c r i a t u r a p u d i e r a
elegir e n esta vida, p r e f e r i r í a s u f r i r c u a l q u i e r d o l o r a n -
tes q u e t e n e r la visión d e l d e m o n i o .
Se r e n u e v a , a d e m á s , el r e m o r d i m i e n t o d e la c o n c i e n -
cia, q u e r o e al a l m a m i s e r a b l e m e n t e . La a c u s a n las d e -
s o r d e n a d a s delicias y los p r o p i o s s e n t i d o s , d e los q u e
hizo su s e ñ o r , esclavizando su r a z ó n a ellos. Es c u a n d o
ve la v e r d a d d e lo q u e a n t e s d e s c o n o c í a , d e d o n d e le
viene u n a g r a n c o n f u s i ó n p o r c a u s a d e sus equivocacio-
n e s . E n la vida vivió c o m o u n i n c r é d u l o y n o c o m o fiel a
m í , p o r q u e el a m o r p r o p i o le t a p ó la p u p i l a d e la luz
s a n t í s i m a d e la fe; y el d e m o n i o le t i e n t a c o n ese p e c a d o
c o m e t i d o p a r a h a c e r l e c a e r e n la d e s e s p e r a c i ó n .
¡ Q u é d u r o le es este a t a q u e ! Se halla d e s a r m a d o y n o
e n c u e n t r a las a r m a s d e la c a r i d a d , p o r q u e , c o m o m i e m -
b r o d e l d i a b l o , está p r i v a d o d e t o d o . N o t i e n e ni la luz
s o b r e n a t u r a l ni la d e la ciencia, p o r n o h a b e r l a e n t e n d i -
d o , p u e s los c u e r n o s d e la s o b e r b i a n o le d e j a r o n c o m -
324 El Diálogo

p r e n d e r la d u l z u r a d e su esencia; p o r eso, a h o r a , en los


g r a n d e s combates, n o sabe q u é hacerse. N o se ha ali-
m e n t a d o d e la esperanza p o r no h a b e r confiado en mí
ni en la s a n g r e d e la q u e le hice ministro, sino sólo d e sí
mismo y d e su posición social y placeres del m u n d o . N o
veía el miserable d e m o n i o d e c a r n e q u e sus riquezas
provenían d e la u s u r a y q u e , c o m o d e u d o r , tenía q u e
d a r m e c u e n t a a mí. A h o r a se e n c u e n t r a d e s n u d o , sin
virtud alguna, y a cualquier lado d o n d e mire no oye
sino improperios e n m e d i o d e u n a g r a n confusión.
Su injusticia, la ejercida p o r él en la vida, le acusa la
conciencia, y n o se atreve más q u e a pedir justicia. T e
aseguro q u e su v e r g ü e n z a y turbación es grandísima, si
n o se h a a c o s t u m b r a d o en su vida a esperar en mi mise-
ricordia. Si c u a n d o llegue el m o m e n t o d e la m u e r t e r e -
conoce su p e c a d o y descarga la conciencia p o r la santa
confesión p a r a q u i t a r la presunción y n o o f e n d e r m e
más, entonces p r e d o m i n a la misericordia para éstos; sin
e m b a r g o , si se tiene en cuenta sus pecados, es u n a p r e -
sunción, p o r q u e o f e n d e n p e n s a n d o e n la misericordia, y
p o r esto es m á s bien abuso, a u n q u e se hayan figurado
q u e invocan la misericordia. Invocándola de verdad
p u e d e n r e c o b r a r la esperanza, si q u i e r e n , pues si n o
fuese p o r esto, n a d i e habría q u e n o desesperase, y p o r la
desesperación llegaría a la e t e r n a condenación.
Esto obliga a mi misericordia a hacerles confiar, si
bien no la c o n c e d o p a r a q u e m e o f e n d a n con esa con-
fianza, sino p a r a q u e a u m e n t e n e n caridad y en la consi-
deración d e mi b o n d a d . Pero ellos la utilizan para lo
contrario, p o r q u e m e o f e n d e n con su confianza en mi
misericordia. A pesar de todo, les m a n t e n g o en la espe-
ranza d e la misericordia a fin d e q u e e n el m o m e n t o de
la m u e r t e t e n g a n a q u é a g a r r a r s e , n o desfallezcan en la
reprensión y n o lleguen a la desesperación. Más desa-
gradable q u e todos los pecados cometidos m e es, y a
ellos les causa más d a ñ o , este último pecado de la deses-
peración. Se perjudican más y m e es más desagradable,
p o r q u e los otros pecados q u e c o m e t e n los hacen con al-
g ú n deleite d e los propios sentidos y de ellos se a r r e -
pienten algunas veces. A tanto p u e d e llegar su a r r e p e n -
timiento, q u e reciben misericordia. Pero al pecado de la
desesperación n o son inducidos p o r la fragilidad, sino
El cuerpo místico de la Iglesia 325

p o r n o e n c o n t r a r deleite a l g u n o ni o t r a cosa q u e u n a
p e n a intolerable. P o r ella d e s p r e c i a n m i m i s e r i c o r d i a al
c o n s i d e r a r m a y o r su p e c a d o q u e m i m i s e r i c o r d i a y mi
b o n d a d . P o r lo q u e , caídos e n este p e c a d o , n o se a r r e -
p i e n t e n ni t i e n e n d o l o r v e r d a d e r o p o r m i ofensa, c o m o
d e b e r í a n t e n e r l o . Se d u e l e n d e su d a ñ o , p e r o n o d e la
o f e n s a h e c h a a m í , y d e este m o d o r e c i b e n la e t e r n a
condenación.
Ves, p u e s , q u e sólo este p e c a d o les lleva al i n f i e r n o ,
d o n d e son a t o r m e n t a d o s p o r este y o t r o s p e c a d o s c o m e -
tidos. Si se h u b i e r a n d o l i d o y a r r e p e n t i d o d e la ofensa
h e c h a a m í y h u b i e r a n e s p e r a d o e n m i m i s e r i c o r d i a , la
h a b r í a n h a l l a d o . C o m o , sin c o m p a r a c i ó n a l g u n a , es
m a y o r m i m i s e r i c o r d i a q u e t o d o s los p e c a d o s q u e p u e d e
c o m e t e r u n a c r i a t u r a , p o r eso m e d e s a g r a d a q u e d e n
m á s i m p o r t a n c i a a sus p e c a d o s , y éste es el p e c a d o q u e
n o es p e r d o n a d o ni a q u í ni allí. C o m o e n el m o m e n t o
• d e la m u e r t e , l u e g o d e h a b e r p a s a d o su vida e n ofensas,
m e d e s a g r a d a s o b r e m a n e r a la d e s e s p e r a c i ó n y q u i s i e r a
q u e se a g a r r a s e n a m i m i s e r i c o r d i a , p o r esto e n la vida
u s o c o n ellos la e s t r a t a g e m a d e h a c e r l e s c o n f i a r amplia-
m e n t e en mi misericordia, pues c u a n d o interiormente
se hallan fortalecidos c o n ella, al llegar la m u e r t e , n o
son t a n inclinados a a b a n d o n a r l a a c a u s a d e las graves
acusaciones q u e c o n t r a ellos o y e n , c o m o h a r í a n si n o
e s t u v i e r a n i n t e r i o r m e n t e fortalecidos.
T o d o esto lo p r o d u c e el fuego y la p r o f u n d i d a d d e mi
c a r i d a d . P e r o c o m o h a n u s a d o las tinieblas d e l a m o r
propio, de d o n d e ha nacido todo pecado, no han cono-
cido d e veras m i c a r i d a d , y, c o n s i g u i e n t e m e n t e , se les h a
i m p u t a d o m á s a su g r a n p r e s u n c i ó n q u e a su d e f e c t o la
d u l z u r a d e la m i s e r i c o r d i a . Esta es o t r a acusación q u e
les h a c e la conciencia e n p r e s e n c i a d e los d e m o n i o s , r e -
p r o c h á n d o l e s q u e el t i e m p o y la a m p l i t u d d e la miseri-
c o r d i a e n q u e c o n f i a b a n d e b i e r a n h a b e r sido e m p l e a d o s
e n a u m e n t a r la c a r i d a d y a m o r a la v i r t u d y e n gastar
v i r t u o s a m e n t e lo q u e p o r a m o r les di, m i e n t r a s ellos m e
o f e n d e n m i s e r a b l e m e n t e c o n ese t i e m p o y la excesiva
confianza e n la misericordia.
¡ O h ciego y m á s q u e ciego! E n t e r r a b a s la m a r g a r i t a y
el t a l e n t o q u e os p u s e e n las m a n o s p a r a q u e tuvierais
g a n a n c i a s con él, y, c o m o p r e s u n t u o s o , n o quisiste h a c e r
326 El Diálogo

mi voluntad, antes bien lo escondiste bajo la tierra del


a m o r propio d e s o r d e n a d o para con vosotros mismos.
Ahora te d a él frutos de m u e r t e '.
¡Miserable de ti! ¡Qué grande es la p e n a que recibes en
este último m o m e n t o ! T u s miserias no te son desconoci-
das, y p o r eso el gusano de la conciencia no d u e r m e
2
ahora, antes bien te roe . Los demonios te gritan y d a n
el premio que suelen d a r a sus servidores: confusión y
reproche. Y para que en el m o m e n t o de la muerte no te
escapes d e sus manos, quieren que llegues a la desespera-
ción, y con ese fin te producen turbación, para q u e des-
pués, j u n t o con ellos, te den de lo q u e ellos tienen.
¡Oh miserable! La dignidad en q u e te coloqué se te
presenta resplandeciente, tal como es, para tu vergüen-
za, sabiendo q u e tú la has tenido y usado en las tenebro-
sidades del pecado. De los bienes de la santa Iglesia q u e
puse ante ti eres d e u d o r y ladrón; d e ellos debiste d a r lo
debido a los pobres y a la santa Iglesia. Ahora tu con-
ciencia te los representa y cómo los has gastado con me-
retrices públicas y con ellos has alimentado a los hijos,
enriquecido a los parientes; te los has comido y con ellos
has a d o r n a d o la casa y comprado vajilla de piata, cuan-
do debías vivir en pobreza voluntaria.
Ante tu conciencia se presenta el oficio divino, q u e
abandonaste, sin preocuparte de q u e cometías u n peca-
do mortal; y, si lo recitabas con la boca, el corazón se
hallaba lejos de mí. En cuanto a tus subditos, es decir,
en cuanto a la caridad y h a m b r e q u e acerca de ellos de-
biste tener, alimentándolos en la virtud, dándoles ejem-
plo de vida y el misericordioso castigo, o el d u r o de la
justicia, tú hiciste lo contrario, y te reprocha la concien-
cia ante la espantosa presencia de los demonios.
Y si tú, prelado, has d a d o cargos o c u r a de almas a al-
gún subdito con injusticia, es decir, q u e no has mirado
ni a quién ni cómo se los has d a d o , esto se te pone an-
te tu conciencia, porque los debiste d a r no en razón
de palabras aduladoras, ni por a g r a d a r a las criaturas, ni
por regalos, sino en atención a la virtud, por h o n o r mío
y por la salvación d e las almas. Como no lo has hecho,
eres acusado, y para mayor confusión tienes delante la

2
1
Mt 25,14-30. Is 66,24; Me 9,43-47.
El cuerpo místico de la Iglesia 327

conciencia y la luz d e la inteligencia a p r o p ó s i t o d e lo


q u e debiste h a c e r y d e lo q u e debiste evitar y lo h a s o m i -
tido.
Q u i e r o q u e sepas, q u e r i d í s i m a hija, q u e lo blanco se
ve, al l a d o d e lo n e g r o , y viceversa, m e j o r q u e n o c u a n -
d o a m b o s colores se hallan s e p a r a d o s . Así o c u r r e a estos
miserables e n p a r t i c u l a r , y e n g e n e r a l a t o d o s , p o r q u e
e n la m u e r t e , c u a n d o el a l m a c o m i e n z a a v e r m e j o r sus
d e s g r a c i a s y el j u s t o su b i e n a v e n t u r a n z a , a estos d e s g r a -
ciados se les r e p r e s e n t a su vida d e p e c a d o . N o necesitan
q u e o t r o s se la p o n g a n d e l a n t e , p u e s t o q u e la conciencia
lo h a c e t a n t o c o n los p e c a d o s c o m e t i d o s c o m o c o n las
v i r t u d e s q u e d e b i e r o n practicar. ¿Por q u é las v i r t u d e s ?
P a r a m a y o r v e r g ü e n z a suya, p o r q u e , e s t a n d o la v i r t u d
al l a d o d e l vicio, se r e c o n o c e m e j o r el p e c a d o , y c u a n t o
m á s lo c o n o c e n , m a y o r v e r g ü e n z a p a d e c e n . P o r sus p e -
c a d o s c o n o c e n m e j o r la perfección d e las v i r t u d e s , d e
« d o n d e les viene m a y o r d o l o r al ver q u e e n su vida h a n
e s t a d o alejados d e la v i r t u d .
Q u i e r o q u e sepas q u e e n el c o n o c i m i e n t o q u e t i e n e n
del vicio ven c o n perfección el b i e n q u e se s e g u i r á al
h o m b r e virtuoso y los s u f r i m i e n t o s q u e v e n d r á n al q u e
h a p e r m a n e c i d o e n las tinieblas d e l p e c a d o m o r t a l .
Les d o y este c o n o c i m i e n t o n o p a r a q u e l l e g u e n a la
d e s e s p e r a c i ó n , sino al p e r f e c t o c o n o c i m i e n t o d e sí y la
v e r g ü e n z a d e su p e c a d o ; p e r o c o n e s p e r a n z a , a fin d e
q u e c o n la v e r g ü e n z a y el c o n o c i m i e n t o e x p í e n sus p e -
c a d o s y a p l a q u e n m i ira, p i d i e n d o h u m i l d e m e n t e la m i -
sericordia. El virtuoso a c r e c i e n t a p o r ello su gozo y co-
n o c i m i e n t o d e mi c a r i d a d , p o r q u e a la gracia a t r i b u y e
h a b e r s e g u i d o la v i r t u d y c a m i n a d o p o r la d o c t r i n a d e
mi V e r d a d , d e b i é n d o l o a m í y n o a sí m i s m o ; p o r eso se
a l e g r a e n mí. C o n este v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o gusta y
recibe su fin d u l c e m e n t e , al m o d o q u e te dije e n o t r o lu-
g a r . fAsí c o m o el u n o se llena d e gozo, o sea, el j u s t o ,
q u e h a vivido e n a r d e n t í s i m a c a r i d a d , el o s c u r o p e c a d o r
se llena d e p e n o s a c o n f u s i ó n . Al j u s t o n o le h a c e n d a ñ o
las tinieblas ni la visión del d e m o n i o , ni t e m e , p o r q u e
sólo es el p e c a d o r q u i e n teme- y sale p e r j u d i c a d o . Los
q u e h a n llevado su vida c o n lascivia y m u c h a s m a l d a d e s
t i e n e n s u f r i m i e n t o s y t e m o r a n t e la p r e s e n c i a d e los d e -
m o n i o s . N o reciben el m a l d e la d e s e s p e r a c i ó n si n o
328 El Diálogo

quieren, p e r o sí el reproche y la reavivación de la con-


ciencia, miedo y t e m o r en su horrible presencia.
Ahora ves cuan diferente es, carísima hija, el sufri-
miento y el combate de la m u e r t e en u n o s y en otros y
cuan diferente es su fin. A los ojos d e tu e n t e n d i m i e n t o
he explicado y presentado una partecita muy pequeña.
Es tanta la diferencia entre ambos combates, q u e es
como c o m p a r a r el todo y la nada.
A h o r a c o m p r e n d e s cuan g r a n d e es la ceguera del
h o m b r e , y especialmente d e estos desventurados minis-
tros, p o r q u e todo lo han recibido d e mí, y cuanto más
iluminados se hallan por la Sagrada Escritura, tanto se
hallan más obligados, y, en consecuencia, incurren en
u n a g r a n d e e intolerable confusión. C o m o lo conocie-
ron mejor en la vida por la Sagrada Escritura, en la
m u e r t e conocen mejor los pecados cometidos y son
puestos en mayores tormentos q u e los demás, mientras
que los buenos son colocados en más alta dignidad.
Les o c u r r e lo q u e al mal cristiano, q u e tiene en el in-
fierno mayor t o r m e n t o que un p a g a n o , p o r q u e tuvo la
luz de la fe y renunció a ella, mientras q u e el otro no la
tuvo. De igual m o d o , estos ministros t e n d r á n mayor cas-
tigo por la misma culpa q u e los d e m á s cristianos, a causa
del ministerio q u e les otorgué c u a n d o los puse para q u e
administrasen el santo sacramento,y p o r q u e tuvieron la
luz d e la ciencia para p o d e r discernir la verdad en bene-
ficio suyo y d e los demás, si hubiesen q u e r i d o , y p o r esta
razón reciben con justicia mayores castigos.
Sin e m b a r g o , estos miserables n o se d a n cuenta d e
q u e , si h u b i e r a n tenido u n mínimo de consideración a
su estado, n o se verían en tantos males, sino que serían
lo que d e b e n ser y no son. Más bien están todos c o r r o m -
pidos, o b r a n d o peor q u e los seglares de su clase, p o r lo
q u e m a n c h a n la faz d e su alma con sus pestilencias, co-
r r o m p e n a sus subditos y c h u p a n la sangre d e mi espo-
sa, es decir, d e la santa Iglesia. C o n sus pecados la hacen
palidecer, esto es, q u e el a m o r y afecto q u e deben t e n e r
a esta esposa lo han puesto en sí mismos, y no buscan
sino arruinarla y conseguir prelaturas y grandes réditos,
c u a n d o deberían buscar las almas. Por su mala vida lle-
gan los seglares a la falta de reverencia y obediencia a la
El cuerpo mísHco de la Iglesia 329

s a n t a Iglesia, si b i e n ellos n o d e b e r í a n o b r a r así, ni p u e -


d e n d i s c u l p a r s e c o n los p e c a d o s d e sus m i n i s t r o s .

RECAPITULACIÓN Y NUEVA INVITACIÓN


AL LLANTO

133 [Resumen de lo anterior.—Dios prohibe en absoluto


que los seglares pongan las manos en los sacerdotes.—
Invitación a llorar por esos infelices sacerdotes.]

T e podría hablar d e más pecados, p e r o no quiero


a t o r m e n t a r t u s o í d o s . T e h e c o n t a d o e s t o p a r a satisfacer
t u s d e s e o s y p a r a q u e seas m á s solícita e n p r e s e n t a r a n t e
mí, p o r ellos, d u l c e s y a m o r o s o s d e s e o s . T e h e h a b l a d o
d e la excelencia e n q u e les h e c o l o c a d o y d e l t e s o r o q u e
os h e r e p a r t i d o p o r su m a n o , o sea, d e l s a n t o s a c r a m e n -
t o , t o d o Dios y t o d o h o m b r e . T e p u s e la s e m e j a n z a d e l
sol p a r a q u e vieses q u e p o r sus d e f e c t o s n o se m e n g u a la
eficacia d e este s a c r a m e n t o , y, p o r lo m i s m o , n o q u i e r o
q u e d i s m i n u y a la r e v e r e n c i a a mis m i n i s t r o s . T e h e m o s -
t r a d o la excelencia d e los v i r t u o s o s , e n los q u e r e l u c e la
m a r g a r i t a d e la v i r t u d y d e la s a n t a justicia. T e h e m a n i -
f e s t a d o c u á n t o m e d e s a g r a d a la o f e n s a q u e c o m e t e n los
p e r s e g u i d o r e s d e la s a n t a Iglesia y la i r r e v e r e n c i a q u e
t i e n e n a la s a n g r e , p u e s c o n s i d e r o su p e r s e c u c i ó n c o m o
h e c h a a la s a n g r e y n o a ellos, p o r q u e t e n g o p r o h i b i d o
l
q u e t o q u e n a «mis cristos» .
T e a c a b o d e e x p l i c a r su v i t u p e r a b l e c o n d u c t a , c u a n
m i s e r a b l e m e n t e viven, y c u á n t a p e n a y c o n f u s i ó n t i e n e n
e n la m u e r t e , y c u a n c r u e l m e n t e son t o r t u r a d o s — m á s
q u e los d e m á s — d e s p u é s d e ella. H e c u m p l i d o lo q u e te
h a b í a p r o m e t i d o , es d e c i r , h a b l a r t e algo d e su vida, y así
h e satisfecho tu p e t i c i ó n .
T e r e p i t o a h o r a q u e , a p e s a r d e t o d o s sus p e c a d o s y
a u n q u e t u v i e r a n m á s , n o q u i e r o q u e s e g l a r a l g u n o se
m e t a c o n a u t o r i d a d a c a s t i g a r l o s . Si lo h a c e n , n o q u e d a -
r á sin castigo su culpa, a n o s e r q u e la e x p í e n c o n la c o n -
trición d e c o r a z ó n y c o n la e n m i e n d a d e sus p e c a d o s .

• Sal 1 0 4 , 1 5 .
330 El Diálogo

T a n t o u n o s c o m o otros son d e m o n i o s con carne, y, p o r


la divina justicia, u n d e m o n i o castiga al otro, y pecan
tanto u n o c o m o el o t r o . El seglar n o se halla disculpado
por el p e c a d o d e su prelado, ni el p r e l a d o p o r el pecado
del seglar.
A h o r a te invito, carísima hija, a ti y a los otros servi-
dores míos, a llorar p o r estos m u e r t o s y a p e r m a n e c e r
e n el j a r d í n d e la santa Iglesia, a alimentaros con el san-
to deseo y c o n t i n u a d a s oraciones, ofreciéndomelas p o r
ellos, pues yo q u i e r o hacer misericordia al m u n d o . No
os apartéis d e este alimento a causa d e las injurias o
prosperidad, es decir, q u e no q u i e r o q u e mostréis sober-
bia, ni impaciencia, ni d e s o r d e n a d a alegría, sino q u e
atendáis con h u m i l d a d a mi h o n o r , a la salvación d e las
almas y a la r e f o r m a d e la santa Iglesia. Esto será p a r a
mí la señal d e q u e tú y los otros m e amáis de veras. Sa-
bes q u e te h e manifestado q u e quería q u e tú y los otros
fueseis ovejas q u e se alimentan siempre e n el j a r d í n d e
la santa Iglesia, sufriendo trabajos hasta el m o m e n t o de
la m u e r t e . Si obras así, satisfaré tus deseos.

ALABANZA A DIOS: LUZ Y FUEGO.—CARIDAD


SUPREMA.-CUMPUDOR DE LOS DESEOS.—
PETICIÓN POR EL MUNDO Y POR LA IGLESIA

134 [Esta a l m a d e v o t a , a l a b a n d o y b e n d i c i e n d o a Dios, o r a


p o r la s a n t a I g l e s i a . ]

Entonces, aquel alma, como ebria, angustiada y ar-


d i e n d o de a m o r , h e r i d o su corazón p o r u n a gran amar-
gura, se volvió a la s u m a y e t e r n a B o n d a d , diciendo:
¡Oh Dios e t e r n o , luz sobre toda luz, de quien
p r o c e d e toda iluminación! ¡Oh fuego sobre todo fuego,
q u e eres el único fuego q u e a r d e y n o se acaba! Consu-
m e t o d o pecado y a m o r propio q u e se halle en mi alma.
N o la c o n s u m a s aflictivamente, sino hazla crecer con in-
saciable a m o r , pues, c u a n d o la sacias, no se llena, sino
q u e te desea siempre; c u a n t o m á s te posee, más te bus-
ca, y c u a n t o más te busca, más te desea, y, al desearte
más, más te e n c u e n t r a y más gusta d e ti, s u m o y e t e r n o
fuego, abismo d e caridad.
El cuerpo místico de la Iglesia 331

¡Oh s u m o y e t e r n o B i e n ! ¿ Q u i é n te h a m o v i d o , Dios
infinito, a i l u m i n a r m e a mí, u n a c r i a t u r a tuya, finita,
c o n la luz d e tu v e r d a d ? T ú , el m i s m o f u e g o d e a m o r ,
e r e s la causa, p o r q u e s i e m p r e el a m o r es el q u e h a obli-
g a d o y te obliga a c r e a r n o s a i m a g e n y s e m e j a n z a tuya y
a hacernos misericordia, o t o r g a n d o infinitas e i n c o n m e n -
s u r a b l e s gracias a tus c r i a t u r a s racionales.
¡Oh B o n d a d s o b r e t o d a b o n d a d ! T ú solo e r e s s u m a -
m e n t e b u e n o , y h a s t a nos diste al V e r b o d e tu u n i g é n i t o
Hijo p a r a q u e t r a t a r a c o n n o s o t r o s , q u e s o m o s h e d o r y
p l e n i t u d d e tinieblas. ¿Cuál fue la c a u s a d e esto? El
amor, p o r q u e nos amaste antes d e que existiéramos.
¡Oh B o n d a d y e t e r n a G r a n d e z a ! T e hiciste bajo y p e -
q u e ñ o p a r a h a c e r g r a n d e al h o m b r e . A c u a l q u i e r p a r t e
q u e m e vuelvo, n o e n c u e n t r o o t r a cosa q u e el a b i s m o y
fuego d e tu c a r i d a d .
¿Y seré yo la m i s e r a b l e q u e p u e d a r e s p o n d e r a las
gracias y a la a r d i e n t e c a r i d a d q u e has m a n i f e s t a d o y
manifiestas con tan a r d i e n t e a m o r e n p a r t i c u l a r , a d e m á s
d e la c a r i d a d c o m ú n y a m o r q u e manifiestas a las c r i a t u -
ras? N o , sino ú n i c a m e n t e tú, dulcísimo y a m o r o s o Pa-
d r e , serás lo q u e te p u e d e a g r a d a r a ti e n l u g a r m í o , es
decir, q u e el afecto d e m i s m a c a r i d a d te d a r á gracias,
p u e s t o q u e yo soy la q u e soy n a d a . Si dijese q u e e r a algo
p o r m í m i s m a , m e n t i r í a d e pies a cabeza, sería m e n t i r o -
sa e hija d e l d e m o n i o , q u e es p a d r e d e la m e n t i r a . P e r o
c o m o t ú e r e s el q u e es, m i ser, t o d a la gracia q u e m e h a s
o t o r g a d o la t e n g o d e ti y m e la has d a d o p o r a m o r y n o
p o r q u e debieras hacerlo.
¡ O h dulcísimo P a d r e ! C u a n d o el g é n e r o h u m a n o ya-
1
cía e n f e r m o a c a u s a d e l p e c a d o m o r t a l , tú le enviaste
2
el m é d i c o , el d u l c e y a m o r o s o V e r b o . A h o r a , c u a n d o
yo yacía e n f e r m a d e n e g l i g e n c i a y m u c h a i g n o r a n c i a , tú,
suavísimo y d u l c í s i m o M é d i c o , Dios e t e r n o , m e h a s
d a d o u n a suave m e d i c i n a , d u l c e y a m a r g a p a r a q u e c u r e
y m e l e v a n t e d e mi e n f e r m e d a d . Suave m e es, p u e s c o n
s u a v i d a d y c a r i d a d te h a s m a n i f e s t a d o a m í . M e es d u l c e
s o b r e t o d a d u l z u r a , p o r q u e has i l u m i n a d o los ojos d e mi
e n t e n d i m i e n t o c o n la luz d e la santísima fe. P o r esa luz,

' C r ó n 6,28
2
Le 5 , 3 1 .
332 El Diálogo

s e g ú n te p l u g o m a n i f e s t a r m e , conocí la gracia y excelen-


cia q u e has d a d o al g é n e r o h u m a n o , r e p a r t i e n d o a t o d o
Dios y t o d o h o m b r e e n el c u e r p o místico d e la santa
Iglesia, y has o t o r g a d o t a m b i é n la d i g n i d a d a los minis-
tros q u e has p u e s t o p a r a q u e nos g o b i e r n e n .
Q u e r í a q u e satisficieses la p r o m e s a q u e m e hiciste, y
m e diste m á s al c o n c e d e r m e lo q u e ni yo misma sabía
p e d i r . Por eso conozco q u e , e n v e r d a d , el corazón h u -
m a n o n o sabe p e d i r ni d e s e a r t a n t o c o m o tú das," y así
c o m p r e n d o q u e tú eres el q u e e r e s , infinito y e t e r n o
Bien, y n o s o t r o s los q u e n o somos.
C o m o eres infinito y nosotros limitados, p o r eso con-
cedes lo q u e tu c r i a t u r a racional n o sabe ni siquiera d e -
sear, ni el m o d o con q u e tú sabes, p u e d e s y quieres d a r
gusto al alma y saciarla d e cosas q u e n o te p i d e , lo mis-
m o q u e d e s c o n o c e el m o d o tan suave y a g r a d a b l e con
q u e has d a d o tus bienes. Por eso h e recibido luz en tu
g r a n d e z a y c a r i d a d p o r el a m o r q u e h a s manifestado a
t o d o el g é n e r o h u m a n o , y s i n g u l a r m e n t e a tus u n g i d o s ,
q u e d e b e n ser ángeles terrestres e n esta vida. Has mos-
trado la virtud y bienaventuranza d e estos tus ungidos
q u e h a n vivido c o m o l á m p a r a s a r d i e n t e s con la m a r g a r i -
ta d e la justicia e n la santa Iglesia. D e este m o d o h e co-
nocido el p e c a d o d e los q u e viven m i s e r a b l e m e n t e , d e
d o n d e h e c o n c e b i d o g r a n d í s i m o d o l o r p o r la ofensa a ti
y el perjuicio p a r a el m u n d o e n t e r o , p u e s t o q u e h a c e n
d a ñ o al m u n d o c o m o espejos d e miseria, c u a n d o d e b e -
rían serlo d e v i r t u d . H e t e n i d o u n intolerable sufri-
m i e n t o p o r q u e m e lo has m a n i f e s t a d o a mí, miserable,
causa e i n s t r u m e n t o d e m u c h o s p e c a d o s , l a m e n t á n d o t e
d e sus i n i q u i d a d e s .
T u a m o r inestimable lo has m o s t r a d o d á n d o m e la
medicina dulce y a m a r g a p a r a q u e m e levante del t o d o
d e la e n f e r m e d a d d e la ignorancia y d e la negligencia,
p a r a q u e con solicitud y a n h e l a n t e d e s e o r e c u r r a a ti co-
n o c i é n d o m e a mí y a tu b o n d a d y p a r a q u e p o r las ofen-
sas q u e te h a n h e c h o , especialmente tus ministros, d e -
r r a m e yo ríos d e lágrimas p o r mí y p o r estos m u e r t o s
q u e tan m i s e r a b l e m e n t e viven, a t r a y é n d o l o s al conoci-
m i e n t o d e tu infinita b o n d a d . P o r eso n o q u i e r o , fuego
inefable, dilección d e c a r i d a d , P a d r e e t e r n o , q u e mi d e -
seo se d e t e n g a n u n c a e n el a n h e l o d e tu h o n o r y d e la
El cuerpo místico de la Iglesia 333

salvación d e las a l m a s , ni q u e mis ojos se c o n t e n g a n ,


sino q u e te p i d o , p o r gracia, q u e se c o n v i e r t a n e n d o s
ríos d e a g u a q u e p r o c e d e d e ti, M a r d e p a z . Gracias,
gracias a ti, P a d r e , q u e , satisfaciendo lo q u e te p r e g u n t é ,
m e h a s i n v i t a d o a p r e s e n t a r a n t e ti la o f r e n d a d e d u l c e s ,
a m o r o s o s y t o r t u r a n t e s d e s e o s con h u m i l d e y c o n t i n u a -
d a o r a c i ó n , d á n d o m e m a t e r i a p a r a el l l a n t o .
A h o r a te p i d o q u e t e n g a s m i s e r i c o r d i a d e l m u n d o y
d e tu s a n t a Iglesia. T e r u e g o q u e d e s c u m p l i m i e n t o a lo
q u e m e haces pedir. ¡Pobre, miserable, dolorida alma
m í a , r a z ó n d e t o d o mal! N o t a r d e s e n c o n c e d e r miseri-
c o r d i a al m u n d o ; c o n d e s c i e n d e y c u m p l e c o n el d e s e o
d e tus s e r v i d o r e s . ¡Ay d e mí! T ú e r e s q u i e n la obliga a
c l a m a r ; p o r t a n t o , e s c u c h a su voz. T u V e r d a d dijo q u e ,
si c l a m á s e m o s , se n o s c o n t e s t a r í a ; si l l a m á r a m o s , se n o s
3
a b r i r í a ; si p i d i é s e m o s , se n o s d a r í a . ¡Oh P a d r e e t e r n o !
T u s s e r v i d o r e s te p i d e n m i s e r i c o r d i a ; p o r t a n t o , r e s p ó n -
d e l e s . B i e n sé q u e el t e n e r m i s e r i c o r d i a te es c o n n a t u r a l ,
y p o r ello n o p u e d e s n e g a r t e a c o n c e d e r l a a q u i e n te la
p i d e . Ellos l l a m a n a la p u e r t a d e tu V e r d a d p o r q u e e n
ella, e n tu Hijo u n i g é n i t o , c o n o c e n el inefable a m o r q u e
tienes al h o m b r e ; p o r e s o g o l p e a n a tu p u e r t a . El f u e g o
d e tu c a r i d a d , p u e s , n o p u e d e sufrir q u e n o a b r a s a
q u i e n llama c o n p e r s e v e r a n c i a .
A b r e , p o r t a n t o . C o r r e el c e r r o j o y r o m p e los e n d u r e -
cidos c o r a z o n e s d e tus c r i a t u r a s . H a z l o p o r tu infinita
b o n d a d y p o r el a m o r a t u s s e r v i d o r e s q u e l l a m a n e n lu-
g a r d e ellos; n o p o r ellos, q u e n o l l a m a n . C o n c é d e l o , Pa-
d r e e t e r n o , p u e s ves q u e se e n c u e n t r a n a la p u e r t a d e tu
V e r d a d y p i d e n . ¿ Q u é p i d e n ? L a s a n g r e d e esta p u e r t a ,
tu V e r d a d . P o r ella tú les h a s l a v a d o d e la m a l d a d y q u i -
t a d o la m a n c h a del p e c a d o d e A d á n . La s a n g r e es n u e s -
t r a , p o r q u e d e ella hiciste b a ñ o p a r a n o s o t r o s . N o lo
p u e d e s n e g a r , n o lo q u i e r a s n e g a r a q u i e n d e v e r a s te lo
p i d e . Da, p o r t a n t o , el f r u t o d e la s a n g r e a t u s c r i a t u r a s .
P o n e n la b a l a n z a el p r e c i o d e la s a n g r e d e tu Hijo p a r a
q u e los d e m o n i o s i n f e r n a l e s n o se lleven t u s ovejuelas.
¡ O h ! Sé el P a s t o r b u e n o , p u e s n o s diste al v e r d a d e r o
P a s t o r , tu Hijo u n i g é n i t o , q u i e n p o r o b e d i e n c i a a ti d i o
4
la vida p o r sus o v e j a s y d e la s a n g r e hizo u n b a ñ o . Esta
5
M t 7,7.
4
J n 10,11.
334 El Diálogo

es la s a n g r e q u e , a la p u e r t a , te p i d e n tus servidores
c o m o h a m b r i e n t o s . Por ella te p i d e n q u e concedas mise-
ricordia al m u n d o y q u e vuelva a florecer la santa Igle-
sia con las fragantes flores d e b u e n o s y santos pastores y
con su p e r f u m e desvanezca la pestilencia d e los inicuos
y podridos.
P a d r e e t e r n o : tú dijiste q u e p o r el a m o r q u e has teni-
d o a tus c r i a t u r a s racionales harías misericordia al m u n -
d o , r e f o r m a r í a s la santa Iglesia, y así nos darías alivio
m e d i a n t e la o r a c i ó n y los sufrimientos d e los n o culpa-
bles. N o te retrases e n volver los ojos d e tu misericordia,
sino r e s p o n d e con la voz d e ella antes d e q u e llamemos.
A b r e la p u e r t a d e la inestimable c a r i d a d q u e nos diste
5
m e d i a n t e la p u e r t a del V e r b o . Sí; yo sé q u e abres antes
d e q u e l l á m e n o s , p a r a q u e con el afecto del a m o r q u e
has d a d o a tus servidores golpeen y te llamen con fuer-
za, b u s c a n d o tu h o n o r y la salvación d e las almas. Dales,
p u e s , el p a n d e vida, es decir, el f r u t o d e la s a n g r e d e tu
Hijo u n i g é n i t o , el q u e te p i d e n p a r a gloria y h o n o r d e
tu n o m b r e y la salvación d e las almas. P o r q u e p a r e c e
q u e te d a n m á s gloria y alabanza al salvar a las criaturas
q u e en dejarlas, obstinadas, p e r m a n e c e r e n la d u r e z a d e
su corazón. P a d r e e t e r n o , a ti te es posible t o d o . A u n -
q u e nos creaste sin nosotros, n o nos quieres salvar sin
nosotros; sin e m b a r g o , te r u e g o q u e fuerces su v o l u n t a d
y los dispongas p a r a q u e q u i e r a n lo q u e a h o r a n o quie-
r e n . Esto te p i d o p o r tu infinita misericordia. Nos creas-
te d e la n a d a ; p o r lo tanto, a h o r a q u e existimos, haznos
misericordia; r e s t a u r a los vasos q u e has c r e a d o y forma-
d o a tu i m a g e n y s e m e j a n z a y vuelve a f o r m a r l o s
en la gracia p o r tu misericordia y p o r la sangre d e tu
Hijo.

» J n 10,7.
LA P R O V I D E N C I A DIVINA

PROVIDENCIA GENERAL

\En la creación y redención. —En los sacramentos. —En el don de


la esperanza.—En la ley.]

135 [Aquí comienza el tratado de la providencia de Dios.—Ea


providencia en general y la creación del hombre a su imagen y
s e m e j a n z a . — D i o s p r o v e e c o n la e n c a r n a c i ó n d e su
H i j o . — P u e r t a d e l p a r a í s o c e r r a d a p o r el p e c a d o d e
Adán.—Providencia dándose en comida continuamente en el
sacramento del altar.]

E n t o n c e s , el s u m o y e t e r n o P a d r e , c o n i n e f a b l e d i g n i -
d a d , volvió los ojos d e su c l e m e n c i a hacia ellos, q u e r i e n -
d o c o m o m o s t r a r q u e su p r o v i d e n c i a n o falta n u n c a e n
las cosas d e los h o m b r e s , c o n tal d e q u e el h o m b r e la
quiera aceptar. Lo manifestó quejándose dulcemente
del h o m b r e , h a b l a n d o d e e s t e m o d o :
¡ O h q u e r i d í s i m a hija mía! C o m o te h e d i c h o e n
o t r o s l u g a r e s , q u i e r o ser m i s e r i c o r d i o s o c o n el m u n d o y
tener providencia d e mi criatura racional en toda nece-
s i d a d . P e r o el h o m b r e , i g n o r a n t e , c o n v i e r t e e n m u e r t e
lo q u e yo le doy p a r a vida, v o l v i é n d o s e c r u e l consigo
m i s m o . Yo s i e m p r e t e n g o p r o v i d e n c i a , y te h a g o s a b e r
q u e lo q u e h e d a d o al h o m b r e es d e u n a g r a n p r o v i d e n -
cia. P o r ella lo c r e é . C u a n d o m e m i r é a m í m i s m o , m e
e n a m o r é de mi criatura. Me plugo crearla a imagen y
s e m e j a n z a m í a c o n g r a n solicitud. D e t e r m i n é d a r l e m e -
m o r i a p a r a q u e se a c o r d a s e d e mis beneficios, h a c i é n d o -
la p a r t í c i p e d e m i p o d e r ; d e mí, el P a d r e e t e r n o . L e p r o -
p o r c i o n é inteligencia p a r a q u e e n la s a b i d u r í a d e m i
Hijo u n i g é n i t o e n t e n d i e s e y conociese la v o l u n t a d m í a ,
del e t e r n o P a d r e q u e le h a d a d o gracias c o n t a n t o a m o r .
Le d i la v o l u n t a d p a r a a m a r , p a r t i c i p a n d o d e l Espíritu
S a n t o , p a r a q u e p u d i e s e a m a r lo q u e la inteligencia ha-
x
bía visto y c o n o c i d o .

» Cf. c . 5 1 .
336 El Diálogo

Esto efectuó m i dulcísima providencia sólo p a r a q u e


fuese capaz d e c o m p r e n d e r m e , g u s t a r m e y gozar d e mi
b o n d a d e n mi e t e r n a visión. Y, c o m o e n m u c h o s l u g a r e s
2
te h e r e f e r i d o , p a r a q u e alcanzase este fin, hallándose
c e r r a d o el cielo p o r la culpa d e A d á n , q u e n o reconoció
su d i g n i d a d , y p a r a evitar el c a m i n o q u e lleva a la p e r d i -
ción, socorrí al h o m b r e , d á n d o o s al V e r b o d e mi Hijo
u n i g é n i t o c o n g r a n p r u d e n c i a y providencia en el soco-
r r o d e vuestras necesidades.
A d á n n o t u v o e n c u e n t a con q u é solicitud y a m o r ine-
fable lo había yo c r e a d o . Por desconocerlas cayó e n la
desobediencia, y d e ésta e n la i n m u n d i c i a con soberbia y
deseo d e a g r a d a r a la mujer. P o r a g r a d a r y c o n d e s c e n -
d e r con su c o m p a ñ e r a , a u n q u e acaso n o creyese lo q u e
le decía, consintió e n q u e b r a n t a r mi obediencia antes
q u e c o n t r a r i a r l a , y así, p o r esta desobediencia, llegaron
todos los males. T o d o s se c o n t a g i a r o n d e este v e n e n o .
T e h a b l a r é d e la desobediencia e n o t r o l u g a r y d e lo p e -
ligrosa q u e es y d e cuan r e c o m e n d a b l e es la obediencia.
Dije q u e mi Hijo a c t u ó con p r u d e n c i a p o r q u e c o n el
cebo d e vuestra h u m a n i d a d y el a n z u e l o d e mi divini-
d a d aprisioné al d e m o n i o , q u e n o p u d o c o n o c e r q u e El
e r a mi V e r d a d . Esta, el V e r b o e n c a r n a d o , vino a consu-
m i r y d e s t r u i r la m e n t i r a con q u e había e n g a ñ a d o al
hombre.
D e este m o d o u s ó mi p r u d e n c i a y providencia. Piensa,
q u e r i d í s i m a hija, q u e n o la p o d r í a t e n e r m a y o r q u e d á n -
d o o s al V e r b o d e mi Hijo u n i g é n i t o . A El le i m p u s e la
g r a n obediencia p a r a e x t i r p a r el v e n e n o d e la d e s o b e -
diencia e n q u e había caído el g é n e r o h u m a n o . C o m o
e n a m o r a d o y v e r d a d e r o o b e d i e n t e , corrió a la oprobiosa
m u e r t e d e la santísima cruz, y c o n la m u e r t e nos d i o la
vida; n o e n v i r t u d d e la h u m a n i d a d , sino d e mi divini-
d a d . Esta, p o r d e t e r m i n a c i ó n mía, d e c r e t ó satisfacer p o r
el p e c a d o c o m e t i d o c o n t r a mí, Bien infinito. El p e c a d o
r e q u e r í a satisfacción infinita, esto es, q u e la n a t u r a l e z a
h u m a n a , q u e había o f e n d i d o y e r a finita, fuese u n i d a a
algo infinito, p a r a q u e m e diese satisfacción a mí, Infini-
to, y a la n a t u r a l e z a h u m a n a , a los h o m b r e s q u e h a b í a n
p a s a d o , a los p r e s e n t e s y a los v e n i d e r o s , d e m o d o q u e

2
Cf. c.21-28.
La providencia divina 337

t a n t o c o m o h u b i e s e o f e n d i d o el h o m b r e , o t r o t a n t o en-
c o n t r a s e satisfacción, si q u e r í a volverse a m í d u r a n t e su
vida. P o r esa u n i ó n d e a m b a s n a t u r a l e z a s habéis recibi-
d o satisfacción p e r f e c t a . Esto hizo mi p r o v i d e n c i a , p u e s
c o n la o b r a finita —finita e n el s u f r i m i e n t o d e l V e r b o
e n la c r u z — habéis r e c i b i d o f r u t o infinito e n v i r t u d d e
la d i v i n i d a d .
Esta infinita y e t e r n a p r o v i d e n c i a mía, d e Dios, vues-
t r o P a d r e , T r i n i d a d e t e r n a , d e t e r m i n ó q u e se vistiese d e
h o m b r e . Este había p e r d i d o la v e s t i d u r a d e la inocencia,
y, d e s n u d o d e t o d a v i r t u d , p e r e c í a d e h a m b r e y m o r í a
d e frío e n esta vida d e su p e r e g r i n a c i ó n . Se e n c o n t r a b a
s o m e t i d o a t o d a miseria, c o n la p u e r t a del cielo c e r r a d a .
H a b í a p e r d i d o t o d a e s p e r a n z a d e él. Si h u b i e r a p o d i d o
alcanzar esta e s p e r a n z a , h a b r í a t e n i d o a l g ú n r e f r i g e r i o
e n esta vida; p e r o n o la poseía, y p o r ello se hallaba e n
g r a n aflicción. P e r o yo, p r o v i d e n c i a s u p r e m a , a t e n d í a
esta n e c e s i d a d , p o r lo cual, n o o b l i g a d o p o r v u e s t r a j u s -
ticia y v i r t u d , sino p o r m i b o n d a d , os di el vestido p o r
m e d i o d e este d u l c e y a m o r o s o Hijo m í o u n i g é n i t o , q u e ,
d e s p o j á n d o s e d e l a ' v i d a , os vistió d e g r a n inocencia y
gracia. Estas las recibió e n el b a u t i s m o p o r la eficacia d e
la s a n g r e , l a v a n d o la m a n c h a d e l p e c a d o o r i g i n a l e n q u e
habéis s i d o c o n c e b i d o s , h e r e d a d o d e v u e s t r o p a d r e y d e
3
vuestra m a d r e .
P o r e s o d e c r e t ó satisfacer n o c o n s u f r i m i e n t o del
c u e r p o , tal c o m o se a c o s t u m b r a b a e n el A n t i g u o T e s t a -
m e n t o al ser c i r c u n c i d a d o s , sino c o n la d u l z u r a del san-
to b a u t i s m o . D e este m o d o h a r e c i b i d o el h o m b r e u n
n u e v o vestido. T a m b i é n le h a d a d o c a l o r el fuego d e
mi c a r i d a d , q u e se halla o c u l t o bajo las cenizas d e vues-
t r a h u m a n i d a d , a través d e las llagas d e su c u e r p o . ¿Es
q u e n o d i yo este calor al frío c o r a z ó n del h o m b r e ? Sí, a
n o s e r q u e éste se halle o b s t i n a d o y c e g a d o p o r el a m o r
p r o p i o y n o c o m p r e n d a q u e es a m a d o p o r mí t a n inefa-
blemente.
Mi p r o v i d e n c i a le h a d a d o a l i m e n t o p a r a r e c o n f o r t a r -
lo m i e n t r a s es c a m i n a n t e y p e r e g r i n o e n esta vida y h a
d e b i l i t a d o a sus e n e m i g o s , p u e s n i n g u n o p u e d e p e r j u d i -

> Gal 3,27.


338 El Diálogo

carie, sino él a sí mismo. El camino está edificado sobre


la sangre d e mi V e r d a d para q u e p u e d a llegar al térmi-
no, al fin para q u e le he c r e a d o .
¿Qué alimento es éste? C o m o en otro lugar te dije, es
el cuerpo y la s a n g r e d e Cristo crucificado, q u e da vida;
todo Dios y todo h o m b r e , alimento d e ángeles. Es comi-
da que sacia y p r o d u c e deleite a todo el q u e tiene ham-
bre, p e r o no al q u e no la tiene, pues es d e tal condición,
q u e q u i e r e ser t o m a d a y a m o r o s a m e n t e gustada con la
boca del santo deseo. Ves, p o r tanto, q u e mi providencia
ha d e t e r m i n a d o apoyar al h o m b r e .

136 [ D i o s p r o v e y ó d a n d o la e s p e r a n z a a l a s c r i a t u r a s .
Q u i e n t i e n e e s p e r a n z a m a y o r g u s t a m á s p e r f e c t a m e n t e d e su
providencia. ]

T a m b i é n le he d a d o el alivio de la esperanza si mira


con la luz de la santísima fe el precio de la sangre que se
ha p a g a d o p o r él. Este precio le da esperanza firme y
certeza d e salvación. En los oprobios de Cristo crucifi-
cado es devuelto el h o n o r al h o m b r e , y, puesto q u e m e
o f e n d e con todos los miembros de su cuerpo, Cristo
bendito, mi dulcísimo Hijo, ha sufrido y sufre en todo su
c u e r p o grandísimos tormentos, y p o r su obediencia ha
desaparecido vuestra desobediencia. Por esa obediencia
habéis h e r e d a d o todos la gracia, como p o r la desobe-
diencia heredasteis la culpa '.
Esto os ha o t o r g a d o mi providencia, q u e desde el
principio del m u n d o al día d e hoy ha socorrido y soco-
r r e r á hasta el fin en las necesidades y p a r a la salvación
del h o m b r e . Lo ha hecho p o r m u c h o s y variados me-
dios; s e g ú n yo, perfecto y v e r d a d e r o Médico, veo q u e lo
necesita p a r a devolverle la salud completa y para restau-
rarlo.
Mi a y u d a n u n c a faltará a quien la quiera aceptar. Los
q u e confían p l e n a m e n t e en mí e x p e r i m e n t a r á n provi-
dencia. Q u i e n confía en mí llama a mi p u e r t a , y llama
d e veras; no sólo con las palabras, sino con el afecto y la
luz d e la santísima fe. Sin e m b a r g o , los q u e sólo apo-
r r e a n y llaman con el sonido d e las palabras, diciendo:
1
Rom 5,9.
La providencia divina 339

«Señor, S e ñ o r » , te a s e g u r o q u e , si n o a c u d e n a mí c o n
o t r a s v i r t u d e s , n o s e r á n r e c o n o c i d o s p o r m i misericor-
2
dia . T e a s e g u r o , p u e s , q u e mi p r o v i d e n c i a n o faltará a
los q u e d e veras confían e n mí, sino a los q u e d e s c o n -
fían y t i e n e n confianza e n sí m i s m o s .
Sabes q u e n o se p u e d e p o n e r la e s p e r a n z a e n d o s co-
sas c o n t r a r i a s . Esto q u i s o significar mi V e r d a d e n el san-
to E v a n g e l i o c u a n d o dijo: « N i n g u n o p u e d e servir a d o s
s e ñ o r e s , p o r q u e , si sirve a u n o , es c o n m e n o s p r e c i o del
3
otro» . Él servir n o se d a sin e s p e r a n z a ; p o r lo q u e el
siervo q u e sirve, lo h a c e c o n e s p e r a n z a d e a g r a d a r a su
s e ñ o r o p o r el p r e m i o y utilidad q u e d e ello p u e d e sacar.
Al e n e m i g o d e su s e ñ o r n o le serviría e n a b s o l u t o . N o
p o d r í a h a c e r el servicio sin e s p e r a n z a a l g u n a y se vería
p r i v a d o d e lo q u e e s p e r a b a d e su s e ñ o r . A h o r a piensa,
carísima hija, lo q u e o c u r r e al a l m a y si es p r e c i s o q u e
m e sirva y e s p e r e e n mí, o m á s bien sirva al m u n d o y es-
p e r e e n él y e n sí m i s m a . Se sirve al m u n d o sin c o n t a r
c o n m i g o c u a n d o se sirve y a m a a los p r o p i o s s e n t i d o s .
D e este servicio y a m o r se e s p e r a t e n e r el placer y el
p r o v e c h o sensitivo. P e r o c o m o su e s p e r a n z a se fija e n lo
finito, v a n o y t r a n s i t o r i o , p o r ello se rebaja y n o alcanza
e n r e a l i d a d lo q u e d e s e a . M i e n t r a s e s p e r a e n sí y e n el
m u n d o , n o lo h a c e e n mí, p o r q u e el m u n d o , o sea, los
d e s e o s m u n d a n o s , q u e yo o d i o , t a n a b o m i n a b l e s m e h a n
sido, q u e di a mi Hijo u n i g é n i t o la a f r e n t o s a m u e r t e d e
c r u z . El m u n d o n o está c o n f o r m e c o n m i g o , ni yo c o n él.
El a l m a q u e t o t a l m e n t e confía e n mí y m e sirve c o n t o d o
su c o r a z ó n y t o d o su afecto, d e n e c e s i d a d tiene q u e p e r -
d e r la confianza e n ella m i s m a y e n el m u n d o , p o r q u e
4
esto se basa e n la p r o p i a fragilidad .
Esta v e r d a d e r a y p e r f e c t a confianza es m á s o m e n o s
perfecta e n c o n f o r m i d a d c o n el a m o r q u e el a l m a m e
t i e n e . P o r ello, i m p e r f e c t a o perfecta, e x p e r i m e n t a m i
p r o v i d e n c i a . Más p e r f e c t a m e n t e la s i e n t e n y r e c i b e n
q u i e n e s m e sirven y d e s e a n a g r a d a r m e sólo a mí q u e
q u i e n e s lo h a c e n con la m i r a p u e s t a e n el p r e m i o y el
deleite q u e e n mí h a l l a r á n .

2 M t 7 , 2 1 - 2 3 ; Le 6 , 4 6 .
» M t 6 , 2 4 ; Le 1 6 , 1 3 .
* Mt 6,25-34.
340 El Diálogo

Los p r i m e r o s son aquellos q u e te dije q u e se hallaban


en el último g r a d o d e su perfección. Hay u n o s s e g u n d o s
y terceros, d e q u e te hablaré a h o r a , y son los imperfec-
tos, los q u e a n d a n con la esperanza del deleite y del p r e -
5
mio. De ellos te hablé al t r a t a r d e los estados del alma .
E n m o d o a l g u n o faltará mi providencia ni a los per-
fectos ni a los imperfectos, s i e m p r e q u e n o p r e s u m a n ni
confíen e n sí mismos. P r e s u m i r y confiar e n sí, p o r ser
cosa del a m o r p r o p i o , ofusca los ojos del e n t e n d i m i e n t o
y quita la luz d e la santísima fe, p o r lo q u e el q u e así
o b r a n o a n d a a la luz d e la razón, y p o r eso n o conoce
mi providencia. N o es q u e él n o la e x p e r i m e n t e , p o r q u e
n o hay n i n g u n o , ni j u s t o ni p e c a d o r , al q u e yo n o asis-
6
ta , p o r q u e todo h a sido creado y hecho p o r mi bondad,
ya q u e yo soy el q u e soy, y sin mí n a d a h a sido h e c h o , a
excepción del p e c a d o , q u e es la n a d a . P e r o n o la com-
p r e n d e n p o r n o conocerla, y al n o conocerla n o la
a m a n , y, c o n s i g u i e n t e m e n t e , n o reciben el fruto d e la
gracia. De m o d o q u e reciben el bien d e mi providencia,
p e r o n o lo r e c o n o c e n . T o d o lo ven torcido, c u a n d o t o d o
es d e r e c h o ; c o m o ciegos, ven luz e n las tinieblas, y tinie-
blas en la luz, y c o m o h a n p u e s t o su servicio y su espe-
r a n z a e n las tinieblas, caen e n lamentaciones e impa-
ciencias.
¿Y c ó m o son tan insensatos? ¿ C ó m o p u e d e n creer,
q u e r i d a hija, q u e yo, s u m a y e t e r n a B o n d a d , q u e lo h e
d a d o t o d o , p u e d a q u e r e r o t r a cosa q u e su salvación al
p e r m i t i r e n ellos p e q u e ñ o s sufrimientos, c u a n d o tienen
p r u e b a s d e q u e q u i e r o su santificación e n los sufrimien-
tos mayores? A p e s a r d e su c e g u e r a , con u n poco d e luz
n a t u r a l , n o p u e d e n m e n o s d e ver mi v o l u n t a d y los be-
neficios d e mi providencia, con la q u e se e n c u e n t r a n y
q u e no p u e d e n negar, como tampoco la nueva creación
q u e se h a realizado p o r la s a n g r e al devolver la gracia.
Es claro y manifiesto q u e n o p u e d e n n e g a r l a . Después
desfallecen y t e m e n hasta d e su s o m b r a , p o r q u e n o h a n
servido ni ejercitado la virtud. El h o m b r e , insensato, n o
ve q u e e n t o d o t i e m p o h e venido a y u d a n d o al m u n d o y
a cada h o m b r e s e g ú n su estado. Y c o m o n a d i e hay segu-

s Cf. c.58-80.
' Mt 5,45.
La providencia divina 341

ro en esta vida y cambia en todo tiempo hasta que alcan­


za el estado de seguridad, yo le proveo de todo lo que
necesita en el tiempo en que vive.

1 3 7 [Dios proveyó en el Antiguo Testamento por la ley y


los profetas; después, enviando a su Verbo; después, con los
apóstoles, mártires y otros santos.—Nada ocurre a las criatu­
ras que no sea por providencia de Dios.]

Manifesté mi providencia de modo general, por me­


dio de ley de Moisés y por muchos otros santos profetas
en el Antiguo Testamento '. Te hago saber también
que, antes de la venida de mi Verbo, mi Hijo unigénito,
encontraba el pueblo de los judíos profetas que fortale­
cían al pueblo con sus profecías, dándole la esperanza
de que mi Verdad, Profeta de profetas, les sacaría de la
esclavitud, les haría libres y quitaría el cerrojo del cielo,
tanto tiempo candado, por medio de su sangre. Pero,
después que vino el dulce y amoroso Verbo, ningún
profeta apareció entre ellos para de ese modo certificar­
les de que aquel a quien esperaban lo habían tenido ya;
por lo que no era preciso que lo anunciasen los profetas,
aunque ellos no lo reconocieran ni lo reconocen a causa
de su ceguera.
Después de ellos, mi providencia envió el Verbo, que
fue vuestro mediador entre mí, Dios eterno, y vosotros.
Le siguieron los apóstoles, márüres, doctores y confeso­
res, como te he dicho en otro lugar. Todo esto lo hizo
mi providencia, y te repito que del mismo modo provee­
rá hasta el fin. Ésto es común, dado a toda criatura ra­
cional que quiera recibir el fruto de la providencia.
En particular, todo lo doy a través de mi providencia: la
vida y la muerte, de cualquier manera que las dé: por el
hambre, la sed, la pérdida de posición social en el mun­
do, la desnudez, el frío, el calor, las injurias, los escar­
nios y las villanías. Todas estas cosas permito que las ha*
gan los hombres. No que yo sea autor del mal, de la
mala voluntad de lo que hacen mal y de las injurias,
sino que el tiempo y el ser lo han recibido de mí. Les di
el ser no para que me ofendiesen a mí ni a su prójimo,

' Le 1 6 , 1 9 - 3 1 .
342 El Diálogo

sino p a r a q u e a él y a mí m e sirviesen con dilección d e


c a r i d a d . P e r m i t o esos actos p a r a p r o b a r la virtud d e la
paciencia e n el alma d e quien los sufre o p a r a q u e se co-
nozcan a sí mismos.
A l g u n a vez p e r m i t i r é q u e t o d o el m u n d o esté e n con-
tra del j u s t o y q u e m u e r a , c a u s a n d o la admiración d e
todos. Les p a r e c e r á injusto ver p e r e c e r a u n j u s t o , ya e n
el agua, ya e n el fuego, d e v o r a d o p o r los animales, o
p e r d e r la vida p o r q u e se le cae la casa encima. ¡Cómo
p a r e c e n fuera d e r a z ó n estas cosas a los q u e n o ven el
interior a la luz d e la santísima fe! P e r o n o al q u e tiene
fe, p o r q u e h a e n c o n t r a d o y e x p e r i m e n t a d o mi provi-
dencia en tales acontecimientos p o r m e d i o del a m o r , y
e n t i e n d e y m a n t i e n e q u e t o d o lo q u e h a g o lo llevo a
cabo con providencia, b u s c a n d o ú n i c a m e n t e la salvación
del h o m b r e . Por eso lo acepta t o d o con reverencia, n o
recibe mal mis obras ni las d e su prójimo, sino q u e t o d o
lo sufre con v e r d a d e r a paciencia. A n i n g u n a criatura se
le priva d e mi providencia, sino q u e t o d o se halla sazo-
n a d o con ella.
Parecerá a l g u n a vez al h o m b r e q u e el granizo, la tem-
pestad, el r a y o q u e yo envío sobre u n a criatura, es u n a
c r u e l d a d , j u z g a n d o q u e n o h e m i r a d o p o r su salud; y lo
h e h e c h o p a r a librarle d e la m u e r t e e t e r n a , a u n q u e
piense lo c o n t r a r i o . Los h o m b r e s del m u n d o q u i e r e n
c o n d e n a r mi p r o c e d e r y e n t e n d e r l e con su bajo entendi-
miento.

PROVIDENCIA PARTICULAR

[Ciega incomprensión de los mundanos. —La Providencia en cierto


caso ocurrido. —Fidelidad a Dios en la finalidad de la creación e
ignorancia del hombre.—Función de las tribulaciones.—La Provi-
dencia es para todos los vivientes: en el alma y en el cuerpo - con los
pecadores - con los imperfectos - con los perfectos - en el apostolado -
la perfección es instrumento del apostolado - en función de la caridad
los voluntariamente pobres - el amor a ¡as riquezas causa de todo mal. ]

138 [Lo que Dios permite es sólo para nuestro bien y salva-
ción.—Ciegos y equivocados los que piensan lo contrario.]
La providencia divina 343

Q u i e r o q u e e n t i e n d a s , hija q u e r i d í s i m a , c o n q u é pa-
ciencia t e n g o q u e a g u a n t a r a mis c r i a t u r a s , las q u e yo
creé a mi imagen y semejanza con tanta dulzura d e
amor.
A b r e los ojos del e n t e n d i m i e n t o y m i r a d e n t r o d e m í .
Y, p o n i é n d o t e e n aquel caso c o n c r e t o o c u r r i d o , si te
acuerdas bien, c u a n d o m e pediste q u e interviniera para
q u e , sin p e l i g r o d e m u e r t e , a q u e l h o m b r e r e c u p e r a s e su
posición social y yo lo hice. Y c o m o en este caso p a r t i c u -
lar, así o c u r r e con t o d o '.
E n t o n c e s , aquel a l m a , a b r i e n d o los ojos d e l e n t e n d i -
m i e n t o , c o n la luz d e la santísima fe p u e s t a e n su d i v i n a
Majestad, c o n a n h e l a n t e d e s e o , p u e s p o r las p a l a b r a s di-
c h a s conoció m e j o r la v e r d a d s o b r e la d u l c e p r o v i d e n -
cia, p a r a o b e d e c e r a su m a n d a t o , m i r ó e n el espejo d e su
i n m e n s a c a r i d a d , y c o m p r e n d i ó q u e El e r a s u m a y eter-
n a B o n d a d y q u e nos h a b í a c r e a d o y vuelto a c o m p r a r
con la s a n g r e d e su Hijo sólo p o r a m o r . C o n el m i s m o
a m o r d a b a el a l m a lo q u e recibía d e Dios y El le p e r m i -
tía. Las tribulaciones, los c o n s u e l o s y t o d o lo d e m á s e r a
d a d o p o r a m o r y p a r a a y u d a r a la salvación d e l h o m b r e
y n o c o n o t r o fin. La s a n g r e d e r r a m a d a , q u e veía t a n ar-
d i e n t e e n a m o r , manifiesta q u e así e r a d e v e r d a d .
E n t o n c e s dijo el s u m o y e t e r n o P a d r e :
Estos se hallan c o m o c e g a d o s p o r el a m o r q u e se
t i e n e n a sí m i s m o s , q u e j á n d o s e c o n g r a n impaciencia.
T e h a b l o e n p a r t i c u l a r y e n g e n e r a l v o l v i e n d o s o b r e lo
q u e explicaba. I n t e r p r e t a n c o m o m a l y d a ñ o , r u i n a y
o d i o , lo q u e yo h a g o p o r a m o r y p a r a su b i e n , p a r a li-
b r a r l o s d e las p e n a s e t e r n a s , p a r a su g a n a n c i a y p a r a ,
d a r l e s la vida e t e r n a . ¿Por q u é , p u e s , se q u e j a n d e mí?
P o r q u e n o c o n f í a n e n mí, sino e n sí m i s m o s ; y ya te h e
d i c h o q u e p o r eso llegan a la o s c u r i d a d y n o c o m p r e n -
d e n . P o r eso a b o r r e c e n a q u i e n e s d e b e n r e v e r e n c i a r , y
c o m o s o b e r b i o s , q u i e r e n j u z g a r mis ocultas d e t e r m i n a -
ciones, q u e s i e m p r e son r e c t a s . P e r o ellos h a c e n c o m o el
ciego, q u e , p a l p a n d o c o n la m a n o , u n a s veces c o n el sa-
b o r d e su p a l a d a r y o t r a s p o r el t o n o d e voz, q u e r r á n
d e t e r m i n a r lo b u e n o y lo m a l o s e g ú n su bajo, e n f e r m o y
e x i g u o saber. N o q u e r r á n a t e n e r s e a lo q u e q u i e r o yo,

1
Alusión autobiográfica.
344 El Diálogo

que soy v e r d a d e r a Luz y el q u e los alimenta corporal y


espiritualmente. Sin mí nada p u e d e n poseer.
Si alguna vez soy servido por la criatura, soy yo quien
da ese deseo y aptitud, lo mismo q u e el p o d e r y el saber
para llevarlo a la práctica. Pero ella, como loca, quiere ir
d e la m a n o d e los sentidos, e n g a ñ a d a p o r el tacto, por-
q u e no tiene luz para distinguir el color. De este m o d o ,
el gusto se equivoca, p o r q u e no ve al animal i n m u n d o
q u e alguna vez se coloca sobre la comida. El oído es en-
gañado por el placer del sonido, p o r q u e no ve al que
canta, y con aquella melodía podría recibir la muerte a
causa d e ese placer, si no se defiende contra ella.
Así obran los que, como ciegos, p e r d i d a la luz d e la
razón, p a l p a n d o con la m a n o del apetito sensitivo los de-
leites del m u n d o , creen que éstos son buenos. C o m o no
ven, no advierten q u e es un p a ñ o tejido de muchas
púas, con m u c h a miseria y grandes afanes, tanto q u e el
corazón q u e pase esto sin cuidarse d e mí, se hace inso-
portable a sí mismo.
Eso ocurre a la boca del deseo q u e ama desordenada-
mente. Le parecen dulces y suaves d e tomar, p e r o enci-
m a se halla el animal i n m u n d o d e los muchos pecados
mortales, q u e hacen i n m u n d a al alma, la alejan d e mi
semejanza y la apartan d e la vida d e la gracia. De m o d o
que, si no van con la luz d e la santísima fe a purificarla
en la sangre, t e n d r á n la m u e r t e eterna por esa razón.
¿Por q u é les parece así? Porque el alma va corriendo al
a m o r d e los propios sentidos, y, como no Me, es engaña-
da por el sonido, y, como fue siguiéndolo con desorde-
n a d o deseo, se e n c u e n t r a conducida a la fosa, atada con
los lazos del pecado, llevada a las manos d e sus enemi-
gos, pues como ciega y con la confianza puesta en sí y en
su ciencia, no se acerca a mí, q u e soy su guía y su ca-
mino.
Ese camino fue trazado p o r el Verbo d e mi Hijo, q u e
dijo q u e era el Camino, la V e r d a d y la Vida. También
es Luz, y por eso quien va por El n o p u e d e ser engaña-
2
do ni caminar en tinieblas . N i n g u n o p u e d e venir a mí
3
si no es p o r mí, p o r q u e es u n o conmigo , y te dije que
d e El había h e c h o p u e n t e para q u e pudierais llegar a

2
J n 8,12 y 14,16. 3
Jn 10,30.
La providencia divina 345

vuestro fin. A pesar de todo esto no se fían de mí, que


4
no deseo otra cosa que su santificación , y todo lo doy
con gran amor con esta finalidad. Ellos se quejan siem­
pre de mí, y los tolero y sufro con paciencia, porque los
5
he amado sin ser amado por ellos , y ellos me persi­
guen continuamente con muchas impaciencias, odio,
murmuraciones e infidelidades, queriéndose poner a es­
cudriñar, en conformidad con su ciega manera de ver,
mis ocultas determinaciones, justas todas y tomadas por
amor. Ni siquiera se conocen a sí mismos, y por eso en­
tienden equivocadamente, porque, en verdad, ni se co­
nocen a sí mismos ni pueden conocerme a mí ni a mi
justicia.

139 [ D i o s p r o v e y ó m u y p a r t i c u l a r m e n t e a la s a l v a c i ó n del
alma e n u n caso q u e ocurrió.]

¿Quieres, hija, que te muestre lo equivocado que se


halla el mundo a propósito de mis designios? A b r e los
ojos del entendimiento y mira dentro de mí, y verás el
caso particular que te prometí contar. Y, como de éste,
te podría hablar de otros.——
Entonces, el alma, por obedecer a su eterno P a d r e ,
miró dentro de Dios con anhelante deseo. Dios le ense­
ñó la sentencia de condenación de aquel a quien había
sucedido el caso diciendo:
Quiero que sepas que, para librarlo de la conde­
nación en que ves que se hallaba incurso, permití este
hecho, para que con la sangre consiguiera la vida me­
diante la sangre de mi V e r d a d , mi Hijo unigénito. Yo
no había olvidado la reverencia y amor a la dulcísima
madre de mi Hijo, María, a quien él se había entregado
por reverencia al V e r b o de mi B o n d a d ; es decir, que
cualquier justo o pecador que le tenga la debida reve­
rencia, no será arrebatado ni devorado por el demonio
infernal. María es como el cebo puesto por mi bondad
para rescatar a las criaturas racionales. D e modo que
por misericordia he hecho aquello, es decir, he permiti-
4 5
1 Tes 4,3. 1 J n 4,10.
1
C a s o d i s t i n t o d e a q u e l a q u e se a l u d e e n el c . 1 3 8 . P o d r í a t r a t a r s e
d e la c o n v e r s i ó n d e Nicolás d i T u l d o .
346 El Diálogo

d o lo q u e la mala interpretación d e los hombres tiene


por crueldad. Tal interpretación p r o c e d e del a m o r a sí
mismos; él les h a privado d e la luz, y por eso n o cono-
cen mi v e r d a d . Pero, si quisiesen quitar la venda d e sus
ojos, la conocerían, amarían y todo lo acatarían con
gran reverencia, y en el tiempo d e la cosecha recibirían
el fruto d e sus trabajos.
N o d u d e s , hija mía, q u e en lo q u e pidas cumpliré tus
deseos y los d e mis servidores. Yo soy vuestro Dios, re-
m u n e r a d o r d e todo sacrificio y cumplidor d e los santos
deseos siempre q u e vea q u e d e veras llaman a la p u e r t a
d e mi misericordia con luz, para q u e n o se equivoquen
ni les falte la esperanza d e mi providencia.

140 [Dios se lamenta de los diversos modos de infidelidad


de las criaturas.—Una alegoría del Antiguo Testamento ex-
plica una enseñanza muy útil.]

T e h e hablado d e este caso particular; ahora vuelvo a


la providencia en general. Nunca has p o d i d o compren-
d e r cuan g r a n d e es la ignorancia del h o m b r e . Actúa sin
razones y sin conocimiento por haberse privado de él,
confiando en sí y en su propia sabiduría. ¡Oh h o m b r e
necio! ¿No ves que tu sabiduría no viene d e ti, sino q u e
te la h a d a d o mi b o n d a d , q u e provee a tus necesidades?
¿Quién te lo demuestra? Se p r u e b a por tí mismo, pues
en u n a ocasión quieres hacer algo q u e ni puedes ni sa-
brás hacer; en otra, sabrás hacerla y n o podrás, y en
otra, podrás y n o sabrás; u n a vez n o tienes tiempo y otra
te faltarán ganas. T o d o esto te lo doy para ayudar a tu
salvación, p o r q u e no reconoces «tu n o ser» y para q u e
tengas motivo d e humillación y d e no ensoberbecerte.
En todas las cosas encuentras mutación y carencias q u e
n o d e p e n d e n d e la libertad. Sólo mi gracia es estable, y
no te p u e d e ser quitada ni cambiada; p e r o , si abandonas
la gracia volviendo al pecado, tú mismo la cambias.
Por tanto, ¿cómo p u e d e s rebelarte contra mi bondad?
N o lo puedes si quieres seguir la razón, n o puedes espe-
rar en ti ni confiar en tu ciencia. T o d o se cambia, excep-
to la gracia. ¿Por qué n o confías en mí, q u e soy tu Crea-
dor? ¿Por q u e confías en ti? ¿Es q u e n o te soy fiel y leal?
La providencia divina 347

Cierto q u e sí, y n o se te oculta, p u e s tienes p r u e b a s d e


ello.
¡Oh dulcísima y q u e r i d í s i m a hija! El h o m b r e n o m e
fue fiel ni leal, q u e b r a n t a n d o la obediencia q u e le había
i m p u e s t o . P o r ello cayó e n la m u e r t e . Yo le fui fiel,
g u a r d á n d o l e aquello p a r a q u e le había c r e a d o , q u e r i e n -
d o d a r l e el s u m o y e t e r n o Bien '. Para realizar esta ver-
d a d m í a u n í la divinidad —lo m á s a l t o — con su h u m a -
n i d a d —lo m á s bajo—, s i e n d o r e d i m i d o y r e s t i t u i d o a la
gracia p o r m e d i o d e la s a n g r e d e mi Hijo u n i g é n i t o .
Esta h a sido la p r u e b a . M e p a r e c e , sin e m b a r g o , q u e n o
c r e e n q u e t e n g o p o d e r p a r a s o c o r r e r l e , ni fortaleza p a r a
a y u d a r l e y d e f e n d e r l e d e sus e n e m i g o s , ni s a b i d u r í a
p a r a i l u m i n a r los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o , ni c l e m e n -
cia p a r a q u e r e r d a r l e lo n e c e s a r i o p a r a su salvación, ni
r i q u e z a p a r a e n r i q u e c e r l o , ni h e r m o s u r a p a r a d a r l e be-
lleza, q u e n o t e n g o a l i m e n t o p a r a d a r l e , ni vestido p a r a
q u é se c u b r a . Su c o n d u c t a m e d e m u e s t r a q u e n o lo
cree, p u e s , si lo creyera, lo d e m o s t r a r í a con tantas y
buenas obras.
Los h o m b r e s , sin e m b a r g o , t i e n e n p r u e b a s c o n t i n u a s
d e q u e soy fuerte, p u e s los c o n s e r v o en el ser y los d e -
fiendo d e sus e n e m i g o s . C o m p r e n d e n q u e n a d i e p u e d e
l u c h a r c o n mi p o d e r y fortaleza, y, sin e m b a r g o , n o lo
entienden, porque no quieren.
C o n mi sabiduría h e o r d e n a d o y g o b i e r n o el m u n d o
e n t e r o c o n tal o r d e n , q u e n a d a falta; n a d i e p u e d e aña-
dirle m á s . Lo h e provisto t o d o en el a l m a y en el c u e r p o ;
n o obligado p o r v u e s t r a v o l u n t a d , p o r q u e n o existíais,
sino ú n i c a m e n t e p o r mi clemencia, o b l i g a d o p o r m í mis-
m o c u a n d o hice el cielo y la tierra, el m a r y el firma-
m e n t o ; es decir, el cielo, p a r a q u e d i e r a vueltas p o r enci-
m a d e vosotros; el aire, p a r a q u e respiraseis; el fuego y
el a g u a , p a r a q u e el u n o t e m p l a r a al o t r o ; el sol, p a r a
q u e n o estuvieseis en o s c u r i d a d : t o d o c o m p u e s t o y or-
d e n a d o p a r a a c u d i r a las n e c e s i d a d e s del h o m b r e . T o d o
lo h e h e c h o con g r a n d í s i m o o r d e n y p r o v i d e n c i a : el cie-
lo, a d o r n a d o con las aves; la tierra, q u e d a f r u t o y m u -
chos animales p a r a la vida d e l h o m b r e ; el m a r , provisto
d e peces.

' 2 Crón 4 , 2 7 - 3 5 .
348 El Diálogo

Después d e h a b e r hecho todas las cosas bien y perfec-


tamente y creado los seres racionales a imagen y seme-
janza mía, puse al h o m b r e en u n j a r d í n , que, a causa del
pecado d e Adán, produjo espinas d o n d e al principio ha-
bía flores fragantes, puras, d e inocencia y d e grandísima
suavidad. T o d o obedecía al h o m b r e , p e r o la culpa y la
desobediencia trajeron la rebelión a ellas y a las criatu-
ras. El m u n d o y el h o m b r e se volvieron salvajes. El
h o m b r e es otro m u n d o . Pero yo dispuse, enviando al
m u n d o mi V e r d a d , el Verbo e n c a r n a d o , que, desapare-
ciendo la maleza, se arrancasen las espinas del pecado
original, y le convertí en j a r d í n r e g a d o con la sangre d e
Cristo crucificado, p o n i e n d o en él las plantas d e los siete
dones del Espíritu Santo, desarraigando el pecado mor-
tal. Esto ocurrió después d e la m u e r t e d e mi Hijo, q u e
2
no antes .
Así q u e d ó prefigurado en el Antiguo T e s t a m e n t o
c u a n d o se pidió a Elíseo q u e resucitara al joven q u e es-
taba m u e r t o . Pero él n o fue, sino que m a n d ó a Giezi
con su cayado, o r d e n á n d o l e q u e lo pusiese sobre las es-
paldas del m u c h a c h o . Habiendo ido y cumplido lo q u e
Eliseo le había m a n d a d o , el m u e r t o no resucitó. C u a n d o
vio Eliseo q u e n o había resucitado, fue él en persona,
extendió sus miembros sobre los del m u c h a c h o y le in-
sufló siete veces en la boca. El m u c h a c h o respiró siete
veces en señal d e q u e había resucitado.
Esto fue figurado por Moisés, a quien m a n d é poner el
báculo d e la ley sobre el cadáver del g é n e r o h u m a n o ,
pero con ella n o p u d o obtener la vida. Envié enton-
ces, prefigurado en Eliseo, al V e r b o d e mi unigénito
Hijo, q u e extendió sus miembros sobre el hijo m u e r t o
por la unión d e la naturaleza divina u n i d a a vuestra na-
turaleza h u m a n a . Se unió con todos los miembros d e la
naturaleza divina, o sea, con mi p o d e r , con la sabiduría
de mi Hijo y con la clemencia del Espíritu Santo, todo
yo, Dios, abismo d e la T r i n i d a d , t o m a n d o la forma d e
vuestra naturaleza h u m a n a y uniéndose a ella.
Después d e esta unión que hizo el dulce y amoroso
Verbo, c o r r i e n d o como e n a m o r a d o a la afrentosa muer-
te d e cruz, se extendió sobre ella. Después d e esta u n i ó n

2
Jn 1,17.
La providencia divina 349

dio los siete dones del Espíritu Santo a aquel hijo muer­
to, dando aliento a la boca del deseo de su alma, arran­
cándole la muerte en el santo bautismo. Respiró dando
señales de vida, arrojando así los siete pecados mortales.
Así ha sido convertido en jardín adornado con dulces y
suaves frutos.
Es cierto que el hortelano de este jardín, o sea, el libre
albedrío, puede dejarle que se vuelva salvaje o cultivar­
le, según le plazca. Si siembra el veneno del amor a sí
mismo, de donde nacen los siete pecados principales y
los demás que de él se derivan, entonces arroja los siete
dones del Espíritu Santo y se priva de la virtud. En él no
habrá ya fortaleza, por hallarse debilitado; ni templanza
ni prudencia, por haber perdido la luz que usaba la ra­
zón; no tendrá ni fe, ni esperanza, ni justicia, porque se
ha hecho injusto; se fiará de las criaturas y no de mí, su
Creador; carecerá de caridad y piedad, por haberla
echado de sí con el amor a la propia fragilidad¿ se habrá
hecho cruel consigo mismo, y por eso no podrá ser cari­
tativo con el prójimo; se hallará privado de todo lo bue­
no y habrá caído en el mal supremo.
¿Cómo reanimará su vida? Por el mismo Eliseo, o sea,
en el Verbo encarnado, mi Hijo unigénito. ¿De qué
modo? Este hortelano debe arrancar los cardos con
energía —si no la tuviere, no lo podrá conseguir— y
debe correr con amor a conformarse con la doctrina de
mi Verdad, regándola con la sangre. Esta se la derrama
el ministro sobre la cabeza en la confesión acompañada
de la contrición de corazón, penitencia y propósito de
no pecar más.
Así puede cultivar el jardín del alma mientras vive,
pues terminada esta vida, no hay remedio alguno, como
en otros lugares te he dicho.

141 [Providencia divina a través de las tribulaciones.—Des-


gracia de los que confían en sí y no en la providencia.—Exce-
lencia de los que confían en ella.]

Ves, pues, que con mi providencia he reconciliado el


segundo mundo del hombre. Al primero no se le impi­
dió que produjese cardos de muchas tribulaciones y que
el hombre encontrase oposición en todo. Esto no se ha
350 El Diálogo

h e c h o sin previsión y sin p e n s a r e n v u e s t r o bien, sino


con m u c h a providencia y m u c h o p r o v e c h o p a r a a p a r t a r
del h o m b r e la e s p e r a n z a en el m u n d o y hacerlo c o r r e r y
dirigirse a mí, q u e soy su fin; d e m o d o q u e , al m e n o s
p o r la i m p o r t u n i d a d d e las dificultades, eleve su cora-
zón y su afecto. Es tan i g n o r a n t e p o r n o conocer la ver-
d a d y tan frágil p o r distraerse e n el m u n d o , q u e , a p e s a r
d e todos estos trabajos y espinas, n o p a r e c e q u e q u i e r a
levantarse ni se p r e o c u p e d e volver a su patria. I m a g i n a ,
hija, lo q u e h a r í a si e n c o n t r a s e perfecto el m u n d o y e n
él hallase reposo sin p e n a a l g u n a .
P r o v i d e n t e m e n t e , p e r m i t o q u e el m u n d o sea o r i g e n
d e tribulaciones p o r esa r a z ó n y p a r a p o n e r a p r u e b a su
virtud y p r e m i a r a los h o m b r e s p o r los sufrimientos, tra-
bajos y violencias q u e se p r o c u r a n a sí mismos. De m o d o
q u e mi providencia lo h a o r d e n a d o t o d o con sabiduría.
C o m o te h e d i c h o , le h e d a d o infinitas riquezas: p o r q u e
soy rico, p o d í a y p u e d o darlas, ya q u e t o d o está h e c h o
p o r mí, y sin mí n a d a p u e d e existir. Por lo q u e , si q u i e r e
belleza, yo soy la belleza; si q u i e r e b o n d a d , soy la b o n -
d a d , p o r ser infinitamente b u e n o . Yo soy Dios, sabio,
piadoso, j u s t o y misericordioso; g e n e r o s o y n o avaro, el
q u e d a a q u i e n p i d e , a b r e a q u i e n d e veras llama a la
p u e r t a y r e s p o n d e a q u i e n clama a mí. N o soy i n g r a t o ,
sino a g r a d e c i d o y dispuesto a p r e m i a r a quien p o r mí
lleve trabajos, es decir, p o r la gloria y alabanza d e m i
n o m b r e . Soy a l e g r e , y m a n t e n g o en alegría al alma q u e
se viste d e mi v o l u n t a d . Soy la providencia s u p r e m a ,
q u e n u n c a faltó, ni e n el alma ni e n el c u e r p o , a los servi-
d o r e s q u e confían e n mí '.
¿ C ó m o p u e d e sospechar el h o m b r e q u e m e ve alimen-
tar al g u s a n o en el interior d e u n m a d e r o seco,<apacen-
tar a los animales, d a r d e c o m e r a los peces del m a r , a
todos los animales d e la tierra y a los pájaros del aire;
q u e envío el sol s o b r e las plantas y el rocío q u e e m p a p a
la tierra, c ó m o c r e e r q u e n o le doy el alimento a él, q u e
es mi c r i a t u r a , la f o r m a d a a mi i m a g e n y semejanza?
A d e m á s d e q u e t o d o esto lo h a c r e a d o mi b o n d a d p a r a
su servicio. A cualquier p a r t e q u e m i r e , espiritual o tem-
p o r a l m e n t e , n o e n c u e n t r a o t r a cosa q u e el fuego y la

1
R o m 10,12.
La providencia divina 351

g r a n d e z a d e mi c a r i d a d c o n la m a y o r y m á s perfecta
p r o v i d e n c i a . P e r o n o la ve, p o r q u e se h a alejado d e la
luz, y n o se e n t r e t i e n e e n p e n s a r e n ello. P o r eso lo in-
t e r p r e t a m a l , r e g a t e a la c a r i d a d con el p r ó j i m o y con
avaricia piensa e n el m a ñ a n a , lo cual le fue p r o h i b i d o
p o r mi V e r d a d , d i c i e n d o : «No q u e r á i s p e n s a r e n el día
2
d e m a ñ a n a ; basta a c a d a d í a su p r e o c u p a c i ó n » . C o m o
si dijera: « N o penséis e n a q u e l l o e n q u e n o estáis segu-
ros q u e vais a t e n e r ; basta c o n el día p r e s e n t e . O s ense-
ñ é a q u e pidierais p r i m e r o el r e i n o d e los cielos, es d e -
cir, la vida santa y b u e n a , p u e s las cosas d e p o c a i m p o r -
tancia ya sé yo, v u e s t r o P a d r e d e l cielo, q u e se necesitan,
y p o r eso las h e c r e a d o y m a n d a d o a la t i e r r a q u e d é sus
3
frutos» .
El miserable q u e p o r su desconfianza h a r e d u c i d o
su c o r a z ó n y sus m a n o s e n la c a r i d a d con el p r ó j i m o , n o
h a leído esta e n s e ñ a n z a q u e le h a d a d o el V e r b o d e mi
V e r d a d , p u e s t o q u e n o s i g u e sus huellas. Se h a c e inso-
p o r t a b l e a sí m i s m o . D e a q u í p r o c e d e t o d o mal y el n o
fiarse d e sí ni e s p e r a r e n m í . Se h a c e n j u e c e s d e la vo-
l u n t a d d e los h o m b r e s . N o ven q u e yo soy q u i e n les h a
d e j u z g a r ; yo y n o ellos. N o e n t i e n d e n ni i n t e r p r e t a n mi
v o l u n t a d b i e n , a n o ser q u e h a y a p r o s p e r i d a d , deleite o
placer m u n d a n o . Si estas cosas van e n baja, p o r q u e su
afecto y e s p e r a n z a e s t á n p u e s t o s c o m p l e t a m e n t e e n
ellas, n o les p a r e c e percibir ni recibir mi p r o v i d e n c i a ni
n a d a b u e n o . C r e e n e n t o n c e s hallarse p r i v a d o s d e t o d o
bien. C o m o se h a n c e g a d o con la p r o p i a inclinación, n o
r e c o n o c e n la r i q u e z a q u e llevan d e n t r o , ni el fruto d e la
v e r d a d e r a paciencia, a n t e s bien les causa la m u e r t e , y
g u s t a n e n esta vida las primicias del infierno.
A p e s a r d e t o d o esto, n o dejo d e s o c o r r e r l o s , y o r d e -
n o a la t i e r r a q u e d é c a d a día frutos t a n t o al p e c a d o r
c o m o al j u s t o , y al sol y a la lluvia p a r a sus c a m p o s , y
4
m u c h a s veces t e n d r á m á s el p e c a d o r q u e el j u s t o .
Esto lo h a c e mi b o n d a d p a r a d a r más p l e n a m e n t e ri-
quezas espirituales al a l m a del j u s t o , q u e p o r a m o r a mí
se h a d e s p o j a d o d e las cosas t e m p o r a l e s , r e n u n c i a n d o al

2
Mt 6,34.
J Mt 6,31-33.
4
Mt 5 , 4 5 .
352 El Diálogo

m u n d o , a sus delicias y a su v o l u n t a d propia. Estos son


los q u e e n r i q u e c e n su alma, se gozan e n la g r a n d e z a d e
mi c a r i d a d y se d e s p r e o c u p a n del c u i d a d o d e sí mismos,
y n o sólo d e las riquezas del m u n d o , sino d e las propias
personas. E n t o n c e s yo m e constituyo e n su guía e n lo es-
piritual, y e n lo t e m p o r a l e m p l e o mi providencia parti-
cular, a d e m á s d e la g e n e r a l . Mi clemencia, el Espíritu
Santo, se convierte e n u n c r i a d o q u e les sirve. Esto lo sa-
bes, si te a c u e r d a s , p o r h a b e r l o leído e n los Santos Pa-
5
d r e s , p u e s h a b i e n d o e n f e r m a d o u n santo solitario q u e
t o d o lo había d e j a d o p o r la gloria y alabanza d e mi
n o m b r e , mi clemencia d e t e r m i n ó enviar u n ángel p a r a
q u e g o b e r n a s e su casa y socorriese su necesidad. El
c u e r p o estaba c u i d a d o e n lo necesario y su alma gozaba
d e a d m i r a b l e alegría y d u l z u r a p o r el t r a t o con el ángel.
El Espíritu Santo es m a d r e q u e los alimenta al p e c h o
d e mi divina c a r i d a d . Los h a h e c h o libres, c o m o seño-
res, a r r a n c á n d o l o s d e la esclavitud del a m o r p r o p i o ,
p o r q u e d o n d e está el fuego d e mi c a r i d a d n o p u e d e
p e r m a n e c e r el fuego d e ese a m o r q u e apaga el d u l c e
fuego del alma. Este servidor, el Espíritu S a n t o , q u e les
h e d a d o p o r disposición mía, viste, alimenta y e m b r i a g a
al alma d e d u l z u r a y le d a g r a n d e s riquezas. T o d o lo
q u e a b a n d o n ó lo vuelve a e n c o n t r a r : se despojó total-
m e n t e d e mí, y se e n c u e n t r a vestido d e mí; e n t o d o se
hizo siervo p o r h u m i l d a d , y es c o n v e r t i d o en s e ñ o r q u e
d o m i n a al m u n d o y a sus propios sentidos; c e r r ó los ojos
p a r a n o ver, y p e r m a n e c e en u n a luz clarísima; n o con-
fiando en sí, es c o r o n a d o d e fe viva y p l e n a esperanza.
Gusta la vida e t e r n a , sin p e n a a l g u n a o a m a r g u r a aflicti-
va; i n t e r p r e t a bien las cosas, p o r q u e q u i e n j u z g a es mi
voluntad; y ve con la luz d e la fe q u e n o q u i e r o o t r a
cosa q u e su santificación. P o r eso lo lleva t o d o con pa-
ciencia.
¡Cuan b i e n a v e n t u r a d a es el a l m a q u e , siendo a ú n
m o r t a l e n el c u e r p o , gusta el bien i n m o r t a l ! T o d o lo r e -
cibe con reverencia: le pesa t a n t o la m a n o izquierda
c o m o la d e r e c h a , t a n t o las tribulaciones c o m o el consue-
lo, tanto la aflicción c o m o el c o m e r y b e b e r , tanto el h o -
n o r c o m o el vituperio, tanto la aflicción c o m o el consue-

5
Alusión autobiográfica.
La providencia divina 353

lo. E n t o d o se e n c u e n t r a sólido, firme y estable, p o r q u e


se halla f u n d a d o sobre p i e d r a . C o n la luz d e la fe y c o n
firme esperanza h a c o n o c i d o q u e t o d o lo d o y con la mis-
m a intención d e vuestra salvación y q u e t o d o lo p r o v e o .
Por esta razón doy fortaleza en los g r a n d e s trabajos y
n o i m p o n g o más peso q u e el q u e se p u e d e llevar, c o n tal
d e q u e se disponga a s o p o r t a r l o p o r mi a m o r . P o r la
s a n g r e os h e manifestado q u e n o q u i e r o la m u e r t e del
6
p e c a d o r , sino q u e se c o n v i e r t a y viva .
El a l m a despojada d e sí m i s m a h a c o m p r e n d i d o esto,
y p o r esta r a z ó n se alegra en lo q u e ve y siente e n sí o e n
o t r o s . N o le vienen d u d a s p o r q u e le falten la cosas d e
poca importancia, p u e s p o r la luz d e la fe o b t i e n e la se-
g u r i d a d d e lo i m p o r t a n t e , d e q u e te hablé al principio
d e este t r a t a d o . ¡Cuan gloriosa es esta fe d e la santísima
fe, c o n la q u e conoció y c o n o c e a mi V e r d a d ! Esta luz es
del Espíritu Santo, su servidor, q u e yo le h e d a d o . El es
u n a luz s o b r e n a t u r a l q u e a d q u i e r e el alma p o r m e d i o d e
mi b o n d a d , utilizando la luz n a t u r a l q u e le he d a d o .

142 [Dios proveyó a las almas con los sacramentos.—A sus


servidores hambrientos socorre con el cuerpo de Cristo.—Más
de una vez socorrió a un alma hambrienta de este sacramen-
to.)

¿Sabes, carísima hija, c ó m o p r o v e o a los servidores


q u e confían en mí? De dos m a n e r a s : la providencia q u e
uso c o n mis criaturas racionales es s o b r e el alma y s o b r e
el c u e r p o . Lo q u e con ella h a g o es el servicio d e su a l m a ,
p a r a q u e a u m e n t e la luz d e su fe, espere e n mí y p i e r d a
la confianza en sí, y p a r a q u e e n t i e n d a y conozca q u e yo
soy el q u e soy, q u e p u e d o , q u i e r o y sé a t e n d e r a sus ne-
cesidades y salvación.
Ves q u e h e d a d o al a l m a los s a c r a m e n t o s d e la s a n t a
Iglesia p a r a su salvación, p o r q u e soy su a l i m e n t o : n o es
p a n , q u e es alimento g r o s e r o y c o r p o r a l d e s t i n a d o al
c u e r p o , sino q u e , c o m o ella es incorpórea, se n u t r e d e
mi p a l a b r a . Por esto dijo mi V e r d a d en el s a n t o E v a n g e -
lio q u e n o sólo d e p a n vive el h o m b r e , sino d e t o d a pala-

6
Ez 3 1 , 1 1 .
354 El Diálogo

bra q u e p r o c e d e d e mí ', es decir, d e seguir con inten-


ción de espíritu la doctrina de mi Palabra hecha carne,
q u e , en virtud d e su sangre y d e los santos sacramentos,
os proporciona la vida eterna.
De m o d o q u e al alma le son d a d o s los sacramentos es-
pirituales. Demos p o r supuesto q u e esto se lleva a cabo
p o r m e d i o del c u e r p o . El acto, d e p o r sí, no daría al
alma la vida d e la gracia si ella n o los recibiese con la
preparación espiritual y santo y v e r d a d e r o deseo q u e
haya en ella y n o en el c u e r p o . Por eso te dije q u e e r a n
espirituales y q u e se d a b a n al alma p o r ser incorpórea,
a u n q u e esto se h a g a p o r medio del c u e r p o . Al deseo del
alma se le concede el p o d e r recibirlos.
Alguna vez, p a r a acrecentarle el h a m b r e y santo de-
seo, h a r é q u e lo quiera y no lo p u e d a conseguir. Al no
poderlos tener, crece el h a m b r e , y p o r ella el conoci-
miento d e sí, j u z g á n d o s e indigna d e ello p o r h u m i l d a d .
Entonces yo la h a g o digna, y m u c h a s veces le proporcio-
n o el sacramento d e diversos m o d o s .
Sabes q u e así sucede, si te acuerdas haberlo oído y ha-
2
berlo e x p e r i m e n t a d o en ti misma . P o r q u e mi clemen-
cia, del Espíritu Santo, q u e se ha dispuesto a servir
—fruto d e mi b o n d a d — , inspirará a algún ministro que
le d é este alimento obligado p o r el fuego d e la caridad del
Espíritu Santo, q u e p o n e en el sacerdote el r e m o r d i -
miento d e conciencia. H a r é q u e algunas veces se d e m o -
r e hasta el último m o m e n t o , y c u a n d o ha p e r d i d o toda
la esperanza, obtiene lo q u e desea.
¿No podía concedérselo yo al principio y no al fin?
Ciertamente; p e r o lo h a g o p a r a q u e crezca en la luz d e
la fe, a fin d e q u e n u n c a le falte la confianza en la divi-
n a b o n d a d , p a r a hacerla cauta y p r u d e n t e y p a r a q u e
i m p r u d e n t e m e n t e n o vuelva la m i r a d a atrás, a m i n o r a n -
d o el h a m b r e del santo deseo. Por eso lo retraso.
¿ T e acuerdas d e aquel alma q u e , llegando a la iglesia
con g r a n d e s deseos d e c o m u l g a r y acercándose al minis-
tro q u e estaba en el altar, p i d i e n d o ella el cuerpo d e
Cristo, todo Dios y todo h o m b r e , él respondió q u e no
1
Mt 4,4; Le 4,4.
2
Los h e c h o s q u e relata a c o n t i n u a c i ó n son autobiográficos. Los r e -
c o g e t a m b i é n su confesor y biógrafo B e a t o R a i m u n d o de C a p u a (Vida
p . 2 . c.12).
La providencia divina 355

q u e r í a ? C r e c i ó e n ella el llanto y el d e s e o , y e n el minis-


t r o , c u a n d o llegó el o f e r t o r i o del cáliz, el r e m o r d i m i e n -
to d e conciencia, o b l i g a d o p o r el s e r v i d o r , el Espíritu
S a n t o , q u e tenía c u i d a d o d e a q u e l a l m a Y, c o m o p r o c u -
r a b a y trabajaba d e n t r o d e a q u e l c o r a z ó n , el m i n i s t r o lo
m a n i f e s t ó p o r fuerza, d i c i e n d o al m o n a g u i l l o : « P r e g u n -
tadle si q u i e r e c o m u l g a r , q u e le d a r é la c o m u n i ó n d e
b u e n g r a d o » . Y si ella t e n í a u n a b r i z n a d e confianza y
a m o r , se a c r e c e n t a r o n e n g r a n d í s i m a a b u n d a n c i a c o n
t a n t o a n h e l o , q u e p a r e c í a q u e la vida q u e r í a a b a n d o n a r
el c u e r p o . P o r eso lo h a b í a p e r m i t i d o y o : p a r a h a c e r l a
c r e c e r e n fidelidad y e s p e r a n z a y q u e se le q u e d a s e seco
todo a m o r propio.
E n esa ocasión m e valí d e m i c r i a t u r a . O t r a vez p r o -
v e e r á sólo el Espíritu S a n t o , el s e r v i d o r , sin ese instru-
m e n t o , tal c o m o h a o c u r r i d o m u c h a s veces a m u c h a s
p e r s o n a s y c o n frecuencia o c u r r e a mis s e r v i d o r e s . E n -
t r e ellas te m e n c i o n a r é los d o s a d m i r a b l e s m o d o s q u e
c o n o c e s , a fin d e e n s a n c h a r tu fe y el elogio d e m i provi-
dencia.
A c u é r d a t e h a b e r o í d o tú m i s m a d e a q u e l l a a l m a q u e ,
e s t a n d o e n la iglesia el d í a d e la c o n v e r s i ó n del glorioso
San P a b l o , m i p r e g o n e r o , se hallaba c o n t a n t o d e s e o d e
recibir este s a c r a m e n t o , p a n d e vida, m a n j a r d e ángeles
d a d o a los h o m b r e s , q u e lo i n t e n t ó d e casi t o d o s los m i -
nistros q u e l l e g a r o n a c e l e b r a r , y q u e , p o r dispensación
mía, le f u e n e g a d o d e t o d o s , p o r q u e q u i s e q u e conocie-
r a q u e , faltándole los h o m b r e s , n o le faltaba yo, su
C r e a d o r . Y p o r ello e n la ú l t i m a misa o b r é del m o d o
q u e te d i r é , y u s é u n a d u l c e e s t r a t a g e m a p a r a h a c e r q u e
se e m b r i a g a r a d e m i p r o v i d e n c i a .
La e s t r a t a g e m a fue ésta: q u e , h a b i e n d o ella d i c h o al
m o n a g u i l l o q u e q u e r í a c o m u l g a r , él n o se lo q u i s o d e c i r
al m i n i s t r o . V i e n d o ella q u e n o le r e s p o n d í a q u e n o , es-
p e r a b a c o n g r a n d e s e o p o d e r c o m u l g a r . D i c h a la misa, y
e n c o n t r á n d o s e c o n el n o , creció t a n t o su h a m b r e y d e -
seo, q u e , j u z g á n d o s e i n d i g n a , c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d ,
se r e p r e n d i ó d e la presunción d e parecerle h a b e r creído
q u e recibiría t a n g r a n misterio. Yo, q u e ensalzo a los
h u m i l d e s , acepté el d e s e o y el afecto d e a q u e l a l m a ,
d á n d o l e c o n o c i m i e n t o d e mí e n el a b i s m o d e la T r i n i -
d a d , Dios e t e r n o , i l u m i n a n d o los ojos d e su e n t e n d í -
356 El Diálogo

m i e n t o p o r mi p o d e r , el del P a d r e , e n la sabiduría d e mi
Hijo u n i g é n i t o y e n la clemencia del Espíritu Santo, q u e
los tres s o m o s u n o . T a n p e r f e c t a m e n t e se u n i ó a q u e l
alma, q u e el c u e r p o q u e d ó suspenso s o b r e la tierra,
p u e s , c o m o te c o n t é , e n el e s t a d o unitivo del alma e r a
más perfecta la u n i ó n q u e ella había h e c h o c o n m i g o p o r
m e d i o d e l a m o r q u e n o la u n i ó n q u e t e n í a c o n el
c u e r p o . En este g r a n abismo recibió d e mí la santa co-
m u n i ó n p a r a satisfacer su d e s e o . Y, e n señal d e q u e e n
v e r d a d se había c u m p l i d o a q u e l deseo, le concedí q u e
sintiera a d e m á s , d e m o d o a d m i r a b l e , el gusto, sabor y
olor d e la s a n g r e y c u e r p o d e Cristo crucificado, mi
V e r d a d . C o n lo q u e ella se r e a f i r m ó e n la luz d e mi
providencia h a b i é n d o l a e x p e r i m e n t a d o tan d u l c e m e n t e .
T o d o esto le fue a ella visible, p e r o invisible a los ojos d e
la c r i a t u r a .
El s e g u n d o , sin e m b a r g o , fue visto p o r el s a c e r d o t e a
3
q u e se refiere el caso . E s t a n d o aquel alma con g r a n
d e s e o d e oír misa y recibir la c o m u n i ó n , n o había p o d i -
d o llegar a la h o r a precisa p o r indisposición c o r p o r a l .
F u e , con t o d o , a la última, y llegó e n el m o m e n t o e n q u e
el ministro c o n s a g r a b a . Estaba él e n u n e x t r e m o d e la
iglesia, y ella en o t r o p o r q u e la obediencia n o le p e r m i -
4
tía q u e ella estuviera cerca del altar . C o m e n z ó ella a
llorar m u c h o , d i c i e n d o : «¡Oh d e s g r a c i a d a alma mía!
¿ N o ves c u á n t a gracia has recibido p o r estar e n el tem-
plo santo d e Dios y h a b e r visto al ministro, siendo d i g n a
d e vivir e n el infierno p o r tus pecados?» C o n t o d o , n o se
aquietaba el d e s e o , sino q u e c u a n t o m á s se h u n d í a e n el
valle d e la h u m i l d a d , t a n t o m á s e r a elevada, d á n d o l e a
c o n o c e r mi b o n d a d c o n fe y e s p e r a n z a , c o n f i a n d o q u e el
servidor, el Espíritu Santo, saciase su h a m b r e . Entonces
le concedí lo q u e ella n o e r a capaz d e d e s e a r d e aquel
modo.
F u e éste el siguiente. L l e g a n d o el s a c e r d o t e a p a r t i r la
hostia p a r a c o m u l g a r él, al partirla se d e s p r e n d i ó d e ella
u n a partícula. P o r disposición mía, [-el trocito d e hostia
q u e había d e s a p a r e c i d o - ] salió del altar y fue al o t r o ex-
3
F u e el B e a t o R a i m u n d o d e C a p u a .
4
Su p r i m e r c o n f e s o r , Fr. T o m á s della F o n t e , le h a b í a m a n d a d o c o -
locarse e n u n e x t r e m o d e la iglesia p a r a n o l l a m a r la a t e n c i ó n d e los
fieles c o n sus l á g r i m a s , suspiros y a r r o b a m i e n t o s .
La providencia divina 357

t r e m o d e la iglesia d o n d e ella estaba. P e r c i b i e n d o h a b e r


c o m u l g a d o , p e n s ó q u e su g r a n d e y ansioso d e s e o lo ha-
bía satisfecho yo d e m o d o invisible, c o m o le había ocu-
r r i d o m u c h a s veces. N o le p a r e c i ó así al m i n i s t r o , q u i e n ,
al n o e n c o n t r a r el trocito d e hostia, sufría u n a p e n a in-
tolerable, hasta q u e el s e r v i d o r d e mi clemencia, el Espí-
ritu S a n t o , manifestó a su espíritu lo q u e h a b í a sucedi-
d o , d u d a n d o s i e m p r e , a pesar d e q u e n o h a b l ó con ella
5
s o b r e ello .
¿Es q u e n o p o d í a yo h a b e r l e q u i t a d o el i m p e d i m e n t o
c o r p o r a l y hacer q u e llegara a t i e m p o , e n c u y o caso h u -
b i e r a p o d i d o recibir el s a c r a m e n t o d e m a n o d e u n mi-
nistro? Sí, p e r o q u e r í a d a r l e p r u e b a s d e q u e , p o r m e d i o
d e la c r i a t u r a y sin ella, e n c u a l q u i e r situación y t i e m p o ,
del m o d o q u e lo d e s e e y del q u e ni se le o c u r r a d e s e a r -
lo, yo p u e d o , sé y q u i e r o satisfacerlo p o r c a m i n o s m a r a -
villosos.
Bástete, hija q u e r i d í s i m a , h a b e r t e h a b l a d o d e la provi-
d e n c i a q u e uso con las almas h a m b r i e n t a s d e este d u l c e
s a c r a m e n t o . Y lo m i s m o e m p l e o esta p r o v i d e n c i a con los
d e m á s s a c r a m e n t o s , s e g ú n la necesidad.
A h o r a te d i r é algo s o b r e c ó m o la ejercito e n el inte-
r i o r del alma. Lo h a g o sin v a l e r m e del c u e r p o , es decir,
sin i n s t r u m e n t o s e x t e r i o r e s . A u n q u e , al h a b l a r t e d e los
estados del alma, te h a b l é d e ello, sin e m b a r g o , te habla-
ré d e nuevo.

143 [ P r o v i d e n c i a d e Dios c o n los q u e e s t á n e n p e c a d o m o r -


tal. )

El a l m a se halla en e s t a d o d e p e c a d o m o r t a l o e n esta-
d o d e gracia perfecta o i m p e r f e c t a m e n t e . E n c a d a u n o
d e esos estados t i e n d o y doy mi a y u d a c o n g r a n sabidu-
ría, a u n q u e d e distintos m o d o s , s e g ú n veo q u e la nece-
sita.
A los h o m b r e s del m u n d o q u e yacen e n la m u e r t e del
p e c a d o les d e s p e r t a r é con el r e m o r d i m i e n t o d e la con-
ciencia o con trabajos q u e sentirá e n el i n t e r i o r d e su co-
r a z ó n d e n u e v a s y diversas m a n e r a s . Estas son tantas
s
C u e n t a t a m b i é n el h e c h o el B e a t o R a i m u n d o d e C a p u a (Vida p.2
c.12).
358 El Diálogo

q u e tu lengua no sería capaz d e narrarlas. Muchas veces


se apartan d e la culpa d e pecado mortal p o r razón d e la
duración d e las penas y del r e m o r d i m i e n t o d e concien-
cia q u e hay d e n t r o del alma. Alguna vez, p o r q u e yo
siempre saco alguna rosa d e e n t r e vuestras espinas, con-
cibiendo el corazón del h o m b r e a m o r al pecado mortal
o a la criatura p o r prescindir d e mi voluntad, le privaré
del lugar y del tiempo, d e m a n e r a q u e n o p o d r á hacer
su voluntad. Mientras tanto, p o r el cansancio d e la aflic-
ción d e corazón, a d q u i r i d o p o r deficiencia suya, n o pue-
d e satisfacer sus d e s o r d e n a d o s deseos, y vuelve en sí
con c o m p u n c i ó n d e corazón y r e m o r d i m i e n t o d e con-
ciencia y echa p o r tierra sus delirios. Se les p u e d e co-
r r e c t a m e n t e llamar «delirios», p o r q u e cree q u e p o n e n su
afecto en algo, y c u a n d o va a c o m p r o b a r l o s se encuen-
tra con la n a d a . Algo, sin e m b a r g o , había y hay en las
criaturas que él amaba con mísero a m o r ; p e r o lo q u e
d e ellas sacaba era el vacío, pues el p e c a d o es la n a d a .
De este vacío, q u e es u n a espina q u e p u n z a al alma, saco
yo esta rosa p a r a p r o v e e r a su salvación.
¿ Q u é m e obliga a hacerlo? N o él, q u e n o m e busca ni
m e pide a y u d a sino p a r a su p e c a d o , placeres, riqueza y
posición social; m e obliga el a m o r , p o r q u e os a m é antes
d e q u e existieseis; os a m é inefablemente, sin ser corres-
p o n d i d o p o r vosotros. Me ha obligado a hacerlo el a m o r
y la oración d e mis servidores. El Espíritu Santo, servi-
d o r y clemencia mía, les otorga el a m o r a mí y a su pró-
j i m o , y ellos buscan con inestimable caridad la salvación
d e los d e m á s , c u i d á n d o s e d e aplacar mi ira y atar las
manos d e mi justicia p a r a q u e n o d e s c a r g u e yo contra
él. ¿Quién les hace suplicar? Mi divina providencia, pues
atiendo a las necesidades d e aquel m u e r t o , p o r q u e he
dicho q u e n o q u i e r o la m u e r t e del pecador, sino q u e se
convierta y viva '.
E n a m ó r a t e , hija, d e mi providencia. Si abres los ojos
d e tu espíritu y d e tu c u e r p o , verás q u e los malos q u e
yacen en tanta miseria se h a n convertido en h e d o r d e
m u e r t e , oscurecido en tinieblas p o r la privación de la
luz. Ellos van c a n t a n d o y r i e n d o , p e r d i e n d o el tiempo
en vanidades, delicias y g r a n d e s deshonestidades; todos

1
Ez 3 , 1 1 .
La providencia divina 359

lascivos, b e b e d o r e s , c o m e d o r e s , m i e n t r a s q u e del vien-


2
t r e h a c e n su dios ; c o n o d i o y r e n c o r , s o b e r b i a y t o d a
clase d e miserias, d e las q u e sabes te h a b l é c o n c r e t a m e n -
te. N o c o n o c e n el e s t a d o e n q u e se h a l l a n . V a n p o r u n
c a m i n o q u e d a con ellos e n la m u e r t e e t e r n a si n o se en-
m i e n d a n . ¡Y van c a n t a n d o ! ¿ N o se j u z g a r í a g r a n idiotez
y l o c u r a si el c o n d e n a d o a m u e r t e q u e c a m i n a al patíbu-
lo f u e r a c a n t a n d o , y b a i l a n d o , y d e m o s t r a n d o g r a n ale-
gría? C i e r t a m e n t e q u e sí. E n esta imbecilidad se hallan
estos d e s g r a c i a d o s , y, sin c o m p a r a c i ó n a l g u n a , m a y o r ,
p o r recibir m a y o r d a ñ o y s u f r i m i e n t o p o r la m u e r t e del
a l m a q u e p o r la del c u e r p o . Aquéllos p i e r d e n la vida d e
la gracia; aquéllos y los o t r o s , la c o r p o r a l . Los q u e m u e -
r e n e n e s t a d o d e c o n d e n a c i ó n reciben castigo infinito, y
los ajusticiados, u n a p e n a finita. ¡Y van c a n t a n d o ! ¡Cie-
gos y m á s q u e ciegos, necios y locos e n el g r a d o m á s
acusado!
M i e n t r a s t a n t o , mis servidores se hallan e n llanto, e n
aflicción d e c u e r p o y contrición d e c o r a z ó n , e n vigilias y
o r a c i ó n c o n t i n u a , c o n suspiros y l a m e n t o s , m o r t i f i c a n d o
la c a r n e p a r a i m p e t r a r la salvación. ¡Y ellos h a c e n b u r -
las! P e r o éstas c a e n s o b r e sus cabezas, v i n i e n d o el casti-
g o del p e c a d o s o b r e el q u e lo d e b e recibir. El p r e m i o d e
los trabajos s o p o r t a d o s p o r mi a m o r se d a a q u i e n mi
b o n d a d se lo h a h e c h o m e r e c e r , p o r q u e yo soy el Dios
3
j u s t o , q u e d o y a c a d a u n o s e g ú n su m e r e c i d o . C o n
t o d o , mis servidores n o a m i n o r a n el p a s o e n r a z ó n d e
sus befas, p e r s e c u c i o n e s e i n q u i e t u d e s , a n t e s bien c r e -
c e n e n m a y o r solicitud y d e s e o . ¿ Q u i é n h a c e q u e c o n
t a n t a h a m b r e l l a m e n a la p u e r t a d e m i misericordia? Mi
p r o v i d e n c i a , p o r q u e i n t e n t o y p r o c u r o , a la vez, la salva-
ción d e esos d e s g r a c i a d o s y el a u m e n t o d e la virtud^ y
a c r e c i e n t o el f r u t o p o r m e d i o d e la dilección d e la cari-
d a d d e mis siervos.
Infinitas son las m a n e r a s d e p r o v i d e n c i a q u e e m p l e o
c o n el a l m a p e c a d o r a p a r a sacarla d e la c u l p a del p e c a d o
mortal.
A h o r a te h a b l a r é del m o d o q u e se sirve m i p r o v i d e n -
cia c o n los q u e se h a n l e v a n t a d o del p e c a d o y a ú n s o n

2 Flp 3 , 1 9 .
3
Sal 6 1 , 1 3 .
360 El Diálogo

imperfectos. N o lo h a r é r e c o r r i e n d o los estados del


alma, p o r q u e ya te los h e referido; p e r o te diré algo con
brevedad.

1 4 4 [Providencia de Dios con los que aún se encuentran en


el amor imperfecto.]

¿Sabes, queridísima hija, q u é m o d o empleo p a r a le-


vantar al alma d e su imperfección? A l g u n a vez le p r o -
porciono tentaciones con m u c h o s y variados pensamien-
tos, a c o m p a ñ a d a s d e sequedad d e espíritu. A ella le pa-
recerá q u e se e n c u e n t r a totalmente a b a n d o n a d a , sin
consuelo alguno; cree q u e no está en el m u n d o , y cierta-
m e n t e q u e n o lo está; le parece q u e tampoco está en mí,
pues no tiene sensación alguna d e ello, fuera d e q u e su
voluntad n o q u i e r e o f e n d e r m e .
La p u e r t a d e la voluntad está libre, p e r o no doy licen-
cia a los enemigos p a r a q u e la a b r a n . Sin e m b a r g o , doy
permiso a los demonios y a otros enemigos del h o m b r e
p a r a q u e llamen a o t r a p u e r t a ; p e r o n o a ésta, q u e es la
principal, pues g u a r d a la ciudad del alma. Es cierto q u e
el vigía q u e hay en esta p u e r t a , el libre albedrío, se
e n c u e n t r a libre p a r a decir q u e sí o q u e n o , según le
plazca.
Son m u c h a s las p u e r t a s d e esta ciudad. Las principa-
les son tres: u n a es la q u e , si ella quiere, es imposible d e
pasar, y es la q u e g u a r d a las otras p u e r t a s , es decir, la
m e m o r i a , el e n t e n d i m i e n t o y la voluntad. De d o n d e , si
la voluntad consiente, e n t r a el e n e m i g o del a m o r propio
y con él todos los enemigos q u e le siguen. En seguida el
e n t e n d i m i e n t o cae en tinieblas, pues el a m o r propio es
enemigo d e la luz. La m e m o r i a recibe al enemigo d e la
dilección d e la caridad a su prójimo; retiene el r e c u e r d o
d e los deleites y placeres del m u n d o en tan diversos mo-
dos como lo son los pecados, q u e son contrarios a la vir-
tud.
En c u a n t o están abiertas las p u e r t a s , se a b r e n los pos-
tigos d e los sentidos del c u e r p o , q u e son los instrumen-
tos q u e c o r r e s p o n d e n a las facultades del alma. Ves, por
tanto, q u e el afecto d e s o r d e n a d o del h o m b r e , q u e ha
abierto las p u e r t a s , admite estos engaños de los senti-
La providencia divina 361

d o s , c o n lo q u e éstos se e c h a n a p e r d e r a c a u s a d e sus
o b r a s , y p o r ello se c o n t a m i n a n .
La vista n o ofrece m á s q u e cosas d e m u e r t e , p o r q u e
se d e d i c a a ver las cosas m u e r t a s c o n d e s o r d e n a d a s mi-
r a d a s aquí y allí, c o n v a n i d a d d e c o r a z ó n , c o n ligereza,
c o n m o d a l e s y m i r a d a s d e s h o n e s t a s ; es causa d e m u e r t e
p a r a sí y p a r a o t r o s . ¡ O h d e s g r a c i a d o tú! L o q u e h e
d a d o p a r a q u e m i r e s al cielo y t o d o lo c r e a d o , la belleza
d e las c r i a t u r a s e n relación c o n m i g o y p a r a q u e c o n t e m -
ples mis misterios, lo usas p a r a m i r a r al l o d o y a la mise-
ria, y así, p o r ello, h a s l l e g a d o a la m u e r t e .
T a m b i é n el o í d o se deleita e n cosas d e s h o n e s t a s y e n
escucharlas a p r o p ó s i t o d e l p r ó j i m o p a r a j u z g a r d e él,
c u a n d o yo le di ese o í d o p a r a q u e a t e n d i e r a a m i pala-
b r a y a las n e c e s i d a d e s d e su p r ó j i m o .
H e d a d o la l e n g u a p a r a q u e p r o c l a m e mis e n s e ñ a n z a s
y confiese sus p e c a d o s y p a r a q u e trabaje p o r la salva-
ción d e las almas. El la utiliza p a r a b l a s f e m a r d e m í , q u e
soy su C r e a d o r , y p a r a la r u i n a del p r ó j i m o , a l i m e n t á n -
d o s e d e sus c a r n e s , m u r m u r a n d o e i n t e r p r e t a n d o las
b u e n a s o b r a s c o m o malas y las malas c o m o b u e n a s , blas-
f e m a n d o y d a n d o testimonios falsos. C o n p a l a b r a s lasci-
vas se p o n e en p e l i g r o y p o n e a los d e m á s ; p r e f i e r e pala-
b r a s injuriosas q u e t r a s p a s a n el c o r a z ó n d e los prójimos
c o m o u n cuchillo, p a l a b r a s q u e p r o v o c a n ira. ¡ C u á n t o s
males y homicidios, c u á n t a s d e s h o n e s t i d a d e s , c u á n t a
ira, o d i o y p é r d i d a d e t i e m p o p r o c e d e d e este m i e m -
b r o ! '.
Si se trata del olfato, o f e n d e i g u a l m e n t e p o r d e s o r d e -
n a d o placer; si d e l g u s t o , c o n insaciable gula, con d e s o r -
d e n a d o apetito, q u e r i e n d o m u c h o s y v a r i a d o s m a n j a r e s ,
n o m i r a n d o sino a l l e n a r el v i e n t r e , n o a d v i r t i e n d o esa
d e s g r a c i a d a a l m a q u e a b r e la p u e r t a al p e c a d o y q u e d e l
ansia d e c o m e r le v i e n e el a r d o r d e su frágil c a r n e , y
c o n el d e s o r d e n a d o apetito se c o r r o m p e a sí m i s m a .
Las m a n o s p e c a n t o m a n d o las cosas d e l p r ó j i m o y con
feos y miserables t o c a m i e n t o s . Están h e c h a s p a r a servir
al p r ó j i m o c u a n d o le ve e n e n f e r m e d a d , s o c o r r i é n d o l o
c o n la l i m o s n a e n su n e c e s i d a d . Los pies se h a n d a d o
p a r a q u e sirvan y lleven al c u e r p o a l u g a r e s santos y úti-

' Sant 3,6.


362 El Diálogo

les a sí m i s m o y al prójimo p a r a gloria y alabanza d e mi


n o m b r e , y él los utiliza p a r a llevar al c u e r p o a lugares d e
abominación d e m u c h a s y diversas m a n e r a s , p a r a aven-
turas y paseos, c o r r o m p i e n d o con ello a otras criaturas
d e m u c h o s m o d o s , s e g ú n le place a la miserable y desor-
denada voluntad.
T e h e d i c h o t o d o esto, queridísima hija, p a r a d a r t e
materia p a r a llorar c u a n d o veas a la noble ciudad del
alma llegar a t a n t a miseria y p a r a q u e adviertas c u á n t o
mal p r o c e d e d e la p u e r t a d e la voluntad, p o r la q u e n o
h e d a d o licencia q u e e n t r e n los e n e m i g o s del alma;
p e r o , c o m o te decía, sí la doy p a r a q u e llamen a otras
p u e r t a s . Por lo q u e p e r m i t o q u e el e n t e n d i m i e n t o sea
atacado por las tinieblas del espíritu y d e la memoria cuan-
d o p a r e c e q u e n o se p u e d e a c o r d a r d e mí. A l g u n a vez se
creerá q u e todos los d e m á s sentidos del c u e r p o se hallan
en c o m b a t e . L e p a r e c e r á q u e t o d o le provoca confusión,
hasta el m i r a r cosas santas, tocarlas, oírlas, olerías o
c u a n d o van hacia ellas.
Pero t o d o esto n o causa la m u e r t e ; q u e yo n o q u i e r o
su m u e r t e , s i e m p r e q u e n o sea tan necio q u e le a b r a la
p u e r t a d e la v o l u n t a d . P e r m i t o q u e los enemigos estén
fuera, p e r o n o q u e e n t r e n . N o p u e d e n pasar a d e n t r o si
n o lo q u i e r e la v o l u n t a d .
¿Por q u é t e n g o a esta alma r o d e a d a d e tantos enemi-
gos, en tanta p e n a y aflicción? N o p a r a q u e la t o m e n
prisionera ni p a r a q u e p i e r d a la riqueza d e la gracia; lo
h a g o p a r a d e m o s t r a r l e mi providencia, a fin d e q u e con-
fíe en mí y n o en sí, se levante d e la pereza y se refugie
e n mí, su d e f e n s o r . Soy p a d r e b e n i g n o q u e p r o c u r a su
salvación. Lo h a g o p a r a q u e se humille y vea q u e ella
p o r sí misma n o existe y q u e reconozca q u e su existencia
y t o d a la gracia q u e hay en su ser proviene d e mí, q u e
soy su vida. ¿ C ó m o reconoce esta vida y mi providencia
en los combates? Recibiendo la g r a n liberación, pues n o
la dejo q u e esté c o n t i n u a m e n t e en ellos, sino q u e van y
vienen s e g ú n veo q u e le son necesarios. U n a vez le p a r e -
cerá hallarse en el infierno, y, sin ella hacer n a d a , se
verá liberada y g u s t a r á d e vida e t e r n a . El alma p e r m a -
nece s e r e n a , t o d a inflamada d e a m o r o s o fuego. Lo q u e
ve le parece q u e p r o c l a m a a Dios p o r la consideración
q u e hace entonces sobre mi providencia al ver q u e , sin
La providencia divina 363

h a b e r ella h e c h o n a d a , sale n o sólo d e ese i n f i e r n o , sino


q u e , p o r mi inestimable c a r i d a d , m e volví a s o c o r r e r l a
e n su a n g u s t i a en el t i e m p o o p o r t u n o , c u a n d o ya casi n o
podía más.
¿ P o r q u é , c u a n d o se ejercitaba e n la o r a c i ó n y o t r a s
cosas necesarias, n o r e s p o n d í c o n la luz, l i b r á n d o l a d e la
o s c u r i d a d ? P a r a q u e , s i e n d o a ú n i m p e r f e c t a , n o atri-
b u y e s e a sus prácticas lo q u e n o e r a s u y o .
Ves, p u e s , q u e el i m p e r f e c t o , p o r el ejercicio e n los
c o m b a t e s , llega a la perfección al e x p e r i m e n t a r e n ellos
mi p r o v i d e n c i a . E n t o n c e s c r e e r á e n ella p a r a lo sucesivo.
Se lo h e m o s t r a d o con la experiencia, y d e ahí q u e h a y a
c o n c e b i d o el a m o r p e r f e c t o u n a vez c o n o c i d a m i b o n -
d a d y se h a y a e l e v a d o del a m o r i m p e r f e c t o .
Utilizo t a m b i é n o t r a s a n t a a r g u c i a p a r a levantarla d e
la i m p e r f e c c i ó n . H a r é q u e conciba u n a m o r p a r t i c u l a r a
las c r i a t u r a s , a d e m á s del a m o r espiritual c o m ú n . P o r
m e d i o d e este a m o r o r d e n a d o q u e le h e i n s p i r a d o , a r r o -
j a el d e s o r d e n a d o c o n q u e a m a b a a n t e s . Ves, p o r t a n t o ,
q u é es lo q u e e r r a d i c a la imperfección.
P e r o a t i e n d e a o t r o m e d i o a m o r o s o ; p o r él se m u e s t r a
si m e a m a o n o p e r f e c t a m e n t e . Se lo h e d a d o c o n esa fi-
n a l i d a d p a r a q u e lo tuviese c o m o señal d e c o n o c e r l o y
p a r a q u e lo d e m o s t r a s e . Si n o lo c o n o c i e r a , n o hallaría
d e s a g r a d o e n sí m i s m o y c r e e r í a q u e es s u y o lo q u e p r o -
c e d e d e mí. D e este m o d o lo c o n o c e , p u e s te h e d i c h o
q u e el a l m a es a ú n imperfecta. N o h a y d u d a d e q u e ,
s i e n d o i m p e r f e c t o el a m o r q u e m e t i e n e , lo es t a m b i é n
el q u e t i e n e a la c r i a t u r a racional, p o r q u e la c a r i d a d p e r -
fecta c o n el p r ó j i m o d e p e n d e d e la perfección d e su ca-
r i d a d p a r a c o n m i g o ; d e m o d o q u e e n la m e d i d a e n q u e
m e a m a perfecta o i m p e r f e c t a m e n t e , a m a , e n la m i s m a
m e d i d a , a la c r i a t u r a . ¿ C o m o lo c o n o c e ella p o r este m e -
dio? D e m u c h o s m o d o s . E n c u a n t o q u i e r a a b r i r los ojos
del e n t e n d i m i e n t o , n o p a s a r á m u c h o ü e m p o sin q u e lo
vea y e x p e r i m e n t e . C o m o te manifesté e s t o e n o t r o lu-
g a r , a h o r a te h a b l a r é p o c o d e ello.
La c r i a t u r a q u e a m a c o n a m o r s i n g u l a r siente p e n a si
ve d i s m i n u i r el deleite, el c o n s u e l o y el t r a t o a c o s t u m -
b r a d o s allí d o n d e e n c o n t r a b a g r a n d í s i m o s consuelos y
o t r a s m u c h a s cosas, o, si ve q u e tuviera m a y o r t r a t o con
o t r o s q u e c o n ella, esa p e n a la h a c e volver al conoci-
364 El Diálogo

miento d e sí misma. Si quiere c a m i n a r con luz y con


p r u d e n c i a , c o m o es su d e b e r , a m a r á con más afecto el
m e d i o establecido p o r mí, p o r q u e con el conocimiento
d e sí misma y el aborrecimiento, q u e h a b r á t o m a d o a los
propios sentidos, se quita la imperfección y se consigue
la perfección. Al ser más perfecta, sigue u n mayor y más
perfecto a m o r a la criatura en general y en particular y
al m e d i o utilizado p o r mi b o n d a d , q u e h a q u e r i d o ani-
marla con el aborrecimiento d e sí y el a m o r a la virtud
d u r a n t e esta peregrinación, siempre q u e no sea igno-
r a n t e , llegando d u r a n t e el tiempo del sufrimiento a la
turbación, al hastío espiritual, a la tristeza d e corazón y
a la falta d e esfuerzo p o r su p a r t e . Esto sería peligroso:
vendría a ser la r u i n a y la m u e r t e d e aquello q u e yo le
h e d a d o p a r a q u e viva. N o d e b e o b r a r d e esta m a n e r a ,
sino con m u c h a solicitud y h u m i l d a d , j u z g á n d o s e indig-
na d e lo q u e desea, es decir, sin t e n e r el consuelo q u e
ansiaba. E n t i e n d a , sin e m b a r g o , q u e la luz, p o r m e d i o
d e la q u e d e b e principalmente a m a r , no disminuye en
ella ni el h a m b r e y deseo d e q u e r e r sufrir la p e n a p o r la
gloria y alabanza d e mi n o m b r e , venga ella d e d o n d e
venga. Así cumplirá mi voluntad en sí misma, recibien-
d o el fruto d e la perfección. Para ello, p a r a q u e consiga
la luz d e la perfección, h e p e r m i t i d o los combates, el
m o d o e m p l e a d o y todas las d e m á s cosas.
Así ejercito mi providencia en los imperfectos, y tam-
bién p o r otros m u c h o s m o d o s q u e la l e n g u a sería inca-
paz d e n a r r a r .

1 4 5 [Providencia de Dios con los que se hallan en la cari-


dad perfecta.]

T e hablaré a h o r a d e los perfectos, d e quienes tengo


providencia p a r a conservarlos, p a r a p r o b a r su perfec-
ción y p a r a hacerla crecer c o n t i n u a m e n t e . En esta vida
n a d i e es tan perfecto c o m o desea, ni tanto q u e n o p u e d a
crecer e n perfección. Por eso empleo el o t r o m e d i o q u e
te e n s e ñ ó mi V e r d a d c u a n d o dijo: «Yo soy la v e r d a d e r a
vid; mi Padre, el viñador, y vosotros, los sarmientos» '. El
q u e p e r m a n e c e e n El, q u e es vid v e r d a d e r a , d a fruto. Y

1
J n 15,1-5.
La providencia divina 365

para que vuestro fruto crezca y sea perfecto, yo os


2
podo con muchas tribulaciones, infamias, escarnios, vi­
llanías y vituperios; con hambre y sed, en dichos y en
hechos, según place a mi voluntad concederlo a cada
uno y según sea apto para soportarlas. La tribulación es
signo demostrativo tanto de la perfecta caridad del alma
como de la imperfección en quien se da.
En las injurias y trabajos que permito se hagan a mis
servidores, se prueba la paciencia y aumenta el fuego de
la caridad en el alma por la compasión que tiene a quien
le hace la injuria, ya que se duele más de la ofensa que
me hace y del perjuicio que se hace a sí misma que de la
injuria misma. Esto hacen los que se hallan en gran per­
fección, y así crecen, y por eso permito las injurias y
otras cosas. Les dejo tal germen de hambre de la salva­
ción de las almas, que día y noche llaman a la puerta de
mi misericordia, a la vez que no se olvidan de sí mismos,
3
como te dije hablando del estado de los perfectos .
Cuanto más renuncian a sí mismos, más me encuentran.
¿Dónde me buscan? En mi Verdad, caminando con
perfección por su dulce doctrina. En este mi dulce y glo­
rioso libro han leído, y al leerlo han encontrado que,
queriendo cumplir con mi obediencia, demostraron que
amaban mi honor y al género humano. Corrieron, en­
tre sufrimientos y oprobios, a la mesa de la santísima
cruz, donde con sus trabajos conocieron el manjar del
género humano; de modo que por su sufrimiento y por
el amor al hombre me demostraron cuánto amaban mi
honor.
Digo que los hijos queridos que se hallan en perfectí-
simo estado, con perseverancia y penitencias, con humil­
des y continuas oraciones, demuestran que me aman de
veras y que han estudiado bien el libro de la caridad si­
guiendo esta santa doctrina de mi Verdad con sus penas
y trabajos, que soportan por la salvación de su prójimo,
porque no han encontrado otro medio mejor de demos­
trar el amor que me tienen. Cualquier otro medio de
demostrarlo, si hace referencia a la criatura racional,
como te dije en otro lugar, es bueno, lo mismo que cual-

2
J n 15,2.
' Cf. c. 6 . 7 . 2 2 - 2 4 y 6 4 , e n t r e otros.
366 El Diálogo

q u i e r b u e n a o b r a q u e se haga t o m a n d o c o m o instru-
4
m e n t o al prójimo , p o r q u e n a d a p u e d e hacerse bien he-
c h o sino d e n t r o d e mi caridad y la del prójimo, a u n ad-
mitiendo q u e los actos sean virtuosos e n sí. T a m b i é n el
mal se hace p o r este m e d i o , d e b i d o a la falta d é la cari-
d a d . Ves q u e en este m e d i o q u e os h e d a d o d e m u e s t r a n
su perfección y el a m o r g e n u i n o q u e m e tienen, procu-
r a n d o siempre la salvación del prójimo p o r el m u c h o su-
frimiento. Los purifico, a d e m á s , con m u c h a s tribulacio-
nes p a r a q u e d e n mejor y más suave fruto. Gran fragan-
cia m e ofrece su paciencia.
¡Oh, cuan suave y dulce es este fruto y d é cuánta utili-
d a d p a r a el alma q u e sufre sin culpa! Si ella lo entendie-
se, n o habría n a d a q u e con celo y alegría no lo intentase
sufrir. Para p r o p o r c i o n a r l e este g r a n tesoro, la proveo
del peso d e m u c h o s trabajos p a r a q u e a la virtud d e la
paciencia n o le e n t r e h e r r u m b r e , d e m o d o q u e , c u a n d o
llegue el m o m e n t o e n q u e sea necesaria la d e m o s t r a -
ción, n o la e n c u e n t r e n h e r r u m b r o s a y p a r a q u e no os
encontréis con la impaciencia q u e c o r r o e el alma p o r n o
haberla ejercitado.
A l g u n a vez, p a r a conservarlos e n la h u m i l d a d , empleo
con ellos u n a agradable astucia. H a r é q u e se les ador-
mezca la percepción hasta p a r e c e r q u e ni la voluntad ni
los sentidos la n o t a n , c o m o si se hallaran d o r m i d o s , n o
digo m u e r t o s . La percepción sensitiva d u e r m e en ef
alma perfecta, p e r o no m u e r e , pues si d e p r o n t o dismi-
nuyese la práctica y el santo fuego del deseo, éste des-
pertaría más vivo q u e n u n c a . P e r o q u e nadie se confíe,
sea lo perfecto q u e se quiera. Le es preciso m a n t e n e r s e
en mi santo t e m o r , p o r q u e m u c h o s , p o r confiarse, caen
miserablemente, y d e otra m a n e r a n o caerán. Digo q u e
la percepción parece q u e d u e r m e : al sufrir y soportar
los g r a n d e s pesos, n o lo sienten. Poco a poco, u n a cosa
insignificante, q u e será u n a bagatela d e q u e después el
alma misma se reirá, la hace volver en sí, d e tal m o d o
q u e q u e d a r á maravillada. Esto lo hace mi providencia
p a r a q u e crezca y vaya p o r el c a m i n o d e la h u m i l d a d ,
p o r q u e entonces, c o m o p r u d e n t e , se d e s p r e n d e d e sí
misma sin miramientos, con aborrecimiento y r e p r o c h e

4
Cf. c.78.
La providencia divina 367

y castiga sus s e n t i d o s , lo q u e es h a c e r l o s d o r m i r m á s ple-


namente.
A l g u n a vez d e t e r m i n o d e j a r u n a g u i j ó n e n mis m e j o -
res s e r v i d o r e s , c o m o hice c o n el apóstol S a n Pablo, vaso
d e elección, q u e h a b í a ya recibido la d o c t r i n a d e m i
V e r d a d e n mi g r a n d e z a , la del P a d r e e t e r n o . Sin e m b a r -
5
g o , le d e j é u n a g u i j ó n y la l u c h a c o n su c a r n e .
A P a b l o y a los q u e d e j o ese e s t í m u l o e n m o d o s diver-
sos, ¿ n o p o d r í a yo, n o p u e d o h a c e r q u e n o lo s u f r a n ? Sí.
¿ P o r q u é lo h a c e m i p r o v i d e n c i a ? P a r a h a c e r l e s q u e ad-
q u i e r a n m é r i t o s , p a r a c o n s e r v a r l e s e n el c o n o c i m i e n t o
d e sí m i s m o s . D e a q u í sacan la v e r d a d e r a h u m i l d a d . Así
se c o n v i e r t e n e n p i a d o s o s y n o c r u e l e s c o n su p r ó j i m o , y
t a m b i é n m á s compasivos e n sus trabajos d e éstos, sin-
tiendo u n a p i e d a d q u e d e o t r o m o d o n o t e n d r í a n . C r e -
c e n e n a m o r , c o r r e n a m í u n g i d o s p o r la h u m i l d a d y ar-
d e n e n el h o r n o d e la c a r i d a d . P o r estos y o t r o s i n n u m e -
rables m e d i o s a l c a n z a n la u n i ó n p e r f e c t a . L l e g a n a t a n t o
y a tal c o n o c i m i e n t o d e m i b o n d a d , q u e , e s t a n d o e n el
c u e r p o m o r t a l , e x p e r i m e n t a n el b i e n d e los c i u d a d a n o s
i n m o r t a l e s , y, p e r m a n e c i e n d o e n la cárcel d e l c u e r p o ,
les p a r e c e hallarse f u e r a d e él. P o r q u e h a n s a b i d o m u -
cho d e mí, m e a m a n m u c h o , y quien m u c h o m e ama,
m u c h o s u f r e , d e d o n d e a q u i e n le c r e c e el a m o r , le c r e -
6
ce el d o l o r .
A d e m á s d e esto, ¿ q u é d o l o r e s y p e n a s les q u e d a n ? N o
las injurias q u e les h i c i e r e n , ni las p e n a s c o r p o r a l e s , ni
las t e n t a c i o n e s d e l d e m o n i o , ni c u a l q u i e r o t r a cosa q u e
les afecte d i r e c t a m e n t e , p r o p o r c i o n á n d o l e s d o l o r . Sólo
s u f r e n las ofensas q u e se m e h a c e n v i e n d o y c o n o c i e n d o
q u e soy d i g n o d e s e r a m a d o y s e r v i d o ; lo m i s m o q u e el
perjuicio a las almas q u e v e n e n las tinieblas d e l m u n d o
y p e r m a n e c e n e n t a n t a c e g u e r a . P o r q u e e n la u n i ó n q u e
el a l m a h a h e c h o c o n m i g o p o r afecto d e a m o r , m i r ó y
conoció d e n t r o d e m í c ó m o a m o i n e f a b l e m e n t e a m i
c r i a t u r a , p u e s ven q u e ésta refleja m i i m a g e n . Se h a n
e n a m o r a d o d e su belleza p o r a m o r a m í . P o r eso s i e n t e n
d o l o r i n t o l e r a b l e c u a n d o la ven alejarse d e m i b o n d a d .

5
2 C o r 12,7.
« H e b 4,15 y 5,2-3.
368 El Diálogo

T a n g r a n d e s son estas p e n a s , q u e a m i n o r a n y hacen d e -


saparecer cualquier otra, tanto q u e las llevan como si no
las tuvieran.
Yo les a y u d o . ¿Con qué? C o n la manifestación d e mí
mismo a ellos, haciéndoles ver d e n t r o d e mí, con g r a n
a m a r g u r a , las m a l d a d e s y miserias del m u n d o y la con-
denación d e las almas en general y en particular. Las
ven según place a mi voluntad p a r a hacerlas crecer en
a m o r y e n dolor, a fin d e q u e , estimulados p o r el fuego
del deseo, clamen a mí con confianza firme y con la luz
d e la fe santísima, p i d i e n d o a y u d a y socorro en sus
grandes necesidades. Así, en conjunto, proveo al m u n d o
con mi a y u d a divina, d e j á n d o m e obligar p o r los p e n o -
sos, dulces y angustiosos deseos d e mis servidores, ali-
m e n t a n d o y h a c i e n d o crecer e n ellos, p o r el conoci-
m i e n t o d e mí, u n a más perfecta u n i ó n conmigo.
Ves, p u e s , q u e socorro a estos perfectos d e m u c h o s
m o d o s , p o r q u e mientras vivís sois capaces d e crecer y
m e r e c e r en el estado d e perfección. Por eso lo purifico
d e t o d o a m o r p r o p i o y a m o r espiritual y temporal, y los
p o d o con m u c h a s tribulaciones, p a r a q u e p r o d u z c a n
m a y o r y más perfecto fruto. C o n la g r a n tribulación q u e
sufren viendo a las almas o f e n d e r m e y privarse d e la
gracia, desaparece toda p e n a p o r o t r o sufrimiento me-
n o r , y p o d r í a n sufrir todos los trabajos en esta vida,
p u e s los consideran bagatelas. Por esto se p r e o c u p a n
tanto d e la tribulación c o m o d e los consuelos, p o r q u e no
los buscan, y n o m e a m a n con el a m o r m e r c e n a r i o del
propio deleite, sino q u e buscan el h o n o r , la gloria y la
alabanza d e mi n o m b r e .
Ves, p o r tanto, queridísima hija, q u e mi providencia
se extiende a t o d a criatura racional y q u e la ejercito en
i n n u m e r a b l e s lugares, d e m o d o s maravillosos n o cono-
cidos p o r los h o m b r e s , d o m i n a d o s p o r las tinieblas; por-
q u e éstas no p u e d e n c o m p r e n d e r la luz. Estos m o d o s
son conocidos sólo p o r los q u e tienen la luz perfecta o
imperfectamente, e n c o n f o r m i d a d con la perfección q u e
posean. Esta luz se a d q u i e r e p o r el conocimiento q u e
tiene el alma d e sí misma, p o r lo q u e se levanta con abo-
rrecimiento completo a las tinieblas.
La providencia divina 369

146 [Resumen de lo dicho.—Interpretación de las palabras


de Cristo a San Pedro: «Echa la red a la derecha de la nave».)

T e h e h a b l a d o y h a s visto c ó m o s o c o r r o a mis criatu-


ras e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r ; p e r o esto es c o m o u n a
b a g a t e l a e n c o m p a r a c i ó n c o n el m a r , m e n o r q u e el o l o r
d e u n a brizna. H a b l á n d o t e del sacramento, te h e dicho
c ó m o d i s p o n g o y h a g o c r e c e r el h a m b r e e n el a l m a y
c ó m o a c t ú o e n el i n t e r i o r del s e n t i m i e n t o del a l m a ,
o t o r g á n d o l e la g r a c i a p o r m e d i o del s e r v i d o r , d e l Espíri-
tu S a n t o : al m a l o , p a r a volverlo al e s t a d o d e gracia; al
i m p e r f e c t o , p a r a q u e alcance la p e r f e c c i ó n , y al p e r f e c t o ,
p a r a q u e la a u m e n t e y a c r e c i e n t e e n sí, ya q u e sois capa-
ces d e c r e c i m i e n t o ; t a m b i é n p a r a h a c e r a los b u e n o s y
p e r f e c t o s i n s t r u m e n t o s e n t r e el h o m b r e , q u e m e h a c e
g u e r r a , y yo. P o r q u e te dije, si b i e n te r e c u e r d a s , q u e
p o r m e d i a c i ó n d e mis s e r v i d o r e s h a r é m i s e r i c o r d i a al
m u n d o y r e f o r m a r é a m i esposa a b a s e del s u f r i m i e n t o
d e éstos.
V e r d a d e r a m e n t e , a éstos se les p u e d e l l a m a r « o t r o
cristo crucificado, m i Hijo u n i g é n i t o » , p o r q u e se h a d e -
c i d i d o a h a c e r su oficio. Él v i n o c o m o m e d i a d o r p a r a
t e r m i n a r la g u e r r a y p o n e r al h o m b r e e n p a z c o n m i g o a
b a s e d e m u c h o sufrir c o n la a f r e n t o s a m u e r t e e n la
c r u z . Estos a n d a n a t o r m e n t a d o s , h a c i e n d o d e i n t e r m e -
d i a r i o s p o r la o r a c i ó n , la p a l a b r a y b u e n a y s a n t a vida,
o f r e c i é n d o l a a n t e ellos c o m o e j e m p l o . E n ellos r e l u c e n
las p i e d r a s preciosas d e las v i r t u d e s , t o l e r a n d o y sufrien-
d o c o n paciencia los d e f e c t o s del p r ó j i m o . Son los a n -
zuelos c o n q u e se p e s c a n las a l m a s . E c h a n la r e d hacia la
p a r t e d e r e c h a y n o hacia la i z q u i e r d a , tal c o m o lo m a n -
1
d ó m i V e r d a d a P e d r o y a los o t r o s discípulos d e s p u é s
d e la r e s u r r e c c i ó n , p o r q u e la i z q u i e r d a d e l a m o r p r o p i o
está m u e r t a e n ellos, y la m a n o d e r e c h a se halla c o n el
v e r d a d e r o , g e n u i n o , dulce y divino a m o r , con q u e
e c h a n la r e d del s a n t o d e s e o d e n t r o d e m í , M a r d e p a z .
C o n f r o n t a n d o la h i s t o r i a d e la pesca d e a n t e s y d e d e s -
2
p u é s d e la r e s u r r e c c i ó n , sabes q u e , a r r a s t r a n d o la r e d
hacia ellos y e n c e r r á n d o s e e n el d e s e o d e l c o n o c i m i e n t o

• J n 21,6.
2 Le 5,4-8; J n 21,1-8.
370 El Diálogo

d e sí mismos, capturan tal abundancia de peces del


alma, que es necesario llamar a los compañeros para
q u e les ayuden a arrastrarla, p o r q u e solos no p u e d e n .
Porque en el tomar y tirar necesitaban la compañía d e la
verdadera humildad, llamando al prójimo por medio d e
la dilección, pidiendo que los ayudasen a sacar los peces,
o sea, las almas.
Y que esto es verdad lo ves en mis servidores y lo has
experimentado tú: que tanto peso les parece sacar de es-
tas almas en la red del santo deseo, q u e piden compa-
ñía, y quisieran que todas las criaturas racionales les
ayudasen, pues se juzgan h u m i l d e m e n t e incapaces. Por
eso te dije que pedían con humildad q u e la caridad del
prójimo les ayudase a sacar los peces. Arrastrando los
peces, traen grandísima abundancia d e ellos, a u n q u e
muchos no son sacados por no haber sido encerrados en
la red. La r e d del deseo les tiene bien sujetos, p o r q u e el
alma hambrienta d e mi amor no se contenta con pocos,
sino que los quiere todos. Piden que los buenos les ayu-
den a extender la red y a conservarse y crecer en per-
fección. Quisieran que los imperfectos fueran perfectos,
que los malos fueran buenos, y los q u e se hallan en la
oscuridad d e la falta d e fe, se volviesen a la luz d e su
bautismo. Los quieren todos, de cualquier estado y con-
dición q u e sean, p o r q u e a todos los ven en mí, creados
por m i b o n d a d con tan.aLdoxoso a m o r y vueltos a com-
prar con la sangre de Cristo crucificado, mi Hijo unigé-
nito.
A todos los han cogido en las redes d e su santísimo
deseo; pero muchos no salen como se ha dicho, pues se
apartan de la gracia por sus pecados: son los faltos de fe
y los que permanecen en pecado mortal. N o es que no
quepan en el deseo de la oración perseverante, sino que
el alma se aleja de mí por sus pecados, así como del
amor, trato y debida reverencia q u e deben tener a mis
servidores. No por eso se disminuye ni debe aminorarse
el afecto d e la caridad en ellos. De este m o d o echan la
dulce red a la derecha.
¡Oh dulcísima hija! Considera bien lo que hizo el glo-
rioso apóstol Pedro. Se cuenta en el Evangelio que,
cuando mi Verdad le m a n d ó que echase la red al mar,
le contestó que d u r a n t e toda la noche se había fatigado,
La providencia divina 371

sin p e s c a r n a d a ; p e r o a ñ a d i ó : « P o r q u e lo m a n d a s , p o r tu
p a l a b r a , la e c h a r é » . Y h a c i é n d o l o , p e s c ó t a n t a a b u n d a n -
cia d e ellos, q u e él solo n o p o d í a s a c a r la r e d , y l l a m ó a
los o t r o s discípulos p a r a q u e le a y u d a s e n . E s t a figura la
e n c o n t r a r á s a p r o p i a d a a ti, a u n q u e p r o p i a m e n t e n o s e a
f i g u r a , s i n o r e a l i d a d . T e h a g o s a b e r q u e t o d o s los m i s t e -
rios y m o d o s d e o b r a r m i V e r d a d e n el m u n d o e r a n fi-
g u r a t i v o s e n t o d a clase d e g e n t e p a r a el a l m a d e m i s ser-
v i d o r e s , a fin d e q u e t o d o p u d i e s e t e n e r r e g l a y d o c t r i -
n a , m i r á n d o o s c o n la luz d e la r a z ó n ; los t o r p e s y sutiles
d e i n g e n i o y los d e p o c a y m u c h a i n t e l i g e n c i a , t o d o s
p u e d e n t o m a r p a r t e , c o n tal d e q u e q u i e r a n .
T e dije q u e P e d r o e c h ó la r e d p o r m a n d a t o d e l V e r -
b o . F u e o b e d i e n t e , c r e y e n d o c o n fe viva q u e p o d í a c o -
g e r los p e c e s , y p o r ello p e s c ó m u c h o s , p e r o n o p o r la
n o c h e . ¿Sabes el s i g n i f i c a d o d e esta « n o c h e » ? Se t r a t a d e
la n o c h e o s c u r a d e l p e c a d o , c u a n d o el a l m a se h a l l a p r i -
v a d a d e la g r a c i a . D u r a n t e e s a n o c h e n o p e s c a n n a d a ,
p o r q u e e c h a n su a f e c t o n o al a m o r d e v i d a , s i n o al d e
m u e r t e , d o n d e e n c u e n t r a n la c u l p a , q u e es lo vacío.
I n ú t i l m e n t e s u f r e n g r a n d e s e i n t o l e r a b l e s p e n a s : se c o n -
v i e r t e n e n m á r t i r e s d e l d e m o n i o y n o d e C r i s t o crucifi-
c a d o . E n c u a n t o a m a n e c e el d í a e n q u e s a l e n d e la c u l p a
y v u e l v e n al e s t a d o d e la g r a c i a , r e a p a r e c e n e n su espíri-
tu los m a n d a m i e n t o s d e la ley c o n el p r e c e p t o d e q u e
e c h e n la r e d e n n o m b r e d e m i V e r b o , a m á n d o m e s o b r e
t o d a s las c o s a s , y al p r ó j i m o c o m o a sí m i s m o s . E n t o n c e s ,
c o n la o b e d i e n c i a y c o n la luz d e la fe, c o n firme c o n -
fianza, la e c h a n e n su n o m b r e , s i g u i e n d o la d o c t r i n a y
las h u e l l a s d e e s t e d u l c e y a m o r o s o V e r b o y d e los discí-
p u l o s . C ó m o p e s c a y a q u i é n e s l l a m a , t e lo dije a r r i b a , y
p o r ello n o te lo r e p i t o .

147 [El que echa la red con más perfección, coge más per-
ces.—Excelencia de estos perfectos.]

T e h e d i c h o e s t o p a r a q u e c o n o z c a s c o n la luz d e l e n -
t e n d i m i e n t o con c u á n t a p r o v i d e n c i a o b r ó Cristo e n sus
actos y s a n t o s m i s t e r i o s d u r a n t e el t i e m p o q u e e s t u v o
c o n v o s o t r o s p a r a q u e c o n o z c a el a l m a lo q u e d e b e h a -
cer en este perfectísimo estado. T e n en c u e n t a q u e u n o s
o b r a n c o n m á s p e r f e c c i ó n q u e o t r o s , s e g ú n q u e la o b e -
372 El Diálogo

diencia a esta Palabra sea más p r o n t a y con mayor luz,


p e r d i d a ya la esperanza en sí y c o n c e n t r a d a en mí, su
C r e a d o r . Echa la r e d más p e r f e c t a m e n t e el q u e obedece
o b s e r v a n d o los m a n d a m i e n t o s y consejos espiritual y
t e m p o r a l m e n t e q u e el q u e los g u a r d a sólo en el espíritu.
El q u e n o los g u a r d e en espíritu n o p u e d e hacerlo cor-
p o r a l m e n t e , p o r q u e siempre van j u n t o s , c o m o en o t r o
lugar te dije más d e t e n i d a m e n t e . Y así pesca d e m o d o
perfecto el q u e con perfección echa la r e d . Los perfectos
d e q u e te he h a b l a d o pescan e n a b u n d a n c i a y con g r a n
perfección.
¡Oh, c ó m o h a n o r d e n a d o sus sentidos p o r la b u e n a y
dulce g u a r d i a q u e hizo el libre albedrío e n la p u e r t a d e
la v o l u n t a d ! T o d o s los sentidos f o r m a n u n a suavísima
a r m o n í a q u e sale d e la ciudad del alma, puesto q u e las
p u e r t a s están c e r r a d a s y abiertas. C e r r a d a se halla la vo-
l u n t a d al a m o r p r o p i o , y abierta a d e s e a r y a m a r mi h o -
n o r y la dilección al prójimo. El e n t e n d i m i e n t o se halla
c e r r a d o p a r a m i r a r d e s o r d e n a d a m e n t e las delicias, vani-
d a d e s y miserias del m u n d o , y abierto con la luz enfoca-
d a al objeto d e mi voluntad. La m e m o r i a está c a n d a d a
al r e c u e r d o del m u n d o y d e sus sentidos y abierta p a r a
recibir y para q u e a ella vuelva el r e c u e r d o d e mis benefi-
cios. El afecto del alma e x p e r i m e n t a entonces júbilo,; y
p r o d u c e u n a melodía d e templadas y sintonizadas cuer-
das con la p r u d e n c i a y la luz, l o g r a n d o u n a música p a r a
la gloria y alabanza d e mi n o m b r e '.
E n esta música, e n q u e están sintonizadas las c u e r d a s
d e las potencias del alma, se hallan también acordes los
p e q u e ñ o s sentidos e i n s t r u m e n t o s corporales. Lo mismo
q u e te dije, h a b l á n d o t e d e los malos, q u e con ellos todas
las c u e r d a s tocaban a m u e r t o , p u e s recibían a los enemi-
gos, así éstas s u e n a n a vida recibiendo a los amigos, las
v e r d a d e r a s y reales virtudes: h a c e n uso d e los instru-
m e n t o s [de los sentidos] con b u e n a s y santas obras.
C a d a m i e m b r o lleva a cabo el trabajo q u e se le h a enco-
m e n d a d o , cada u n o con la perfección c o r r e s p o n d i e n t e a
su importancia: los ojos, en el suyo d e ver; los oídos,
o y e n d o ; el olfato, percibiendo el olor; el gusto, pala-

1
D e la a r m o n í a y sintonía e n t r e las potencias d e l a l m a habla con
frecuencia. Cf. cs.50-55.
La providencia divina 373

d e a n d o ; la l e n g u a , con el habla; el tacto, c o n las m a n o s


y las o b r a s ; y los pies, c a m i n a n d o . T o d o s c o n c u e r d a n e n
única a r m o n í a p a r a servir a la alabanza y gloria d e mi
n o m b r e , y al a l m a con b u e n a s , santas y virtuosas o b r a s ,
o b e d i e n t e s al alma, r e s p o n d i e n d o c o m o i n s t r u m e n t o s .
Me son a g r a d a b l e s , c o m o a los ángeles y a los b i e n a v e n -
t u r a d o s , q u e con g r a n g o z o y alegría e s p e r a n participar
e n c o n j u n t o d e la felicidad. Lo q u i e r a el m u n d o o n o ,
los m a l v a d o s n o p u e d e n m e n o s d e sentir complacencia
e n esta a r m o n í a , y son m u c h í s i m o s lo q u e q u e d a n p r e -
sos e n este a n z u e l o e i n s t r u m e n t o y se a p a r t a n d e la
m u e r t e y vienen a la vida.
T o d o s los santos h a n p e s c a d o a las almas p o r este m e -
dio. El p r i m e r o q u e se sirvió d e esta a r m o n í a fue el d u l -
ce y a m o r o s o V e r b o t o m a n d o v u e s t r a h u m a n i d a d , y con
ella, u n i d a a la divinidad, p r o d u j o la d u l c e música s o b r e
la c r u z , t o m ó a los hijos del g é n e r o h u m a n o , aprisionó
al d e m o n i o y le q u i t ó el d o m i n i o q u e p o r t a n t o tiempo
había t e n i d o a causa d e la culpa.
T o d o s vosotros c o m p o n é i s u n a música a p r e n d i e n d o
del M a e s t r o . D e El lo hicieron los apóstoles, s e m b r a n d o
su p a l a b r a p o r t o d o el m u n d o ; los m á r t i r e s , los confeso-
res, los d o c t o r e s y las v í r g e n e s , t o d o s p e s c a b a n con esa
música. Mira a la gloriosa virgen Ú r s u l a , q u e hizo s o n a r
tan d u l c e m e n t e su i n s t r u m e n t o , q u e sólo d e vírgenes
c a p t u r ó o n c e mil, y m u c h o s m á s , cautivados p o r la mis-
m a a r m o n í a . Y así t o d o s los d e m á s ; q u i é n d e u n m o d o ,
q u i é n d e o t r o . ¿Cuál fue la causa d e esto? Mi infinita
p r o v i d e n c i a , q u e d e t e r m i n ó d a r l e s los m e d i o s y el m o d o
d e p r o d u c i r esa a r m o n í a . Lo q u e yo d o y y p e r m i t o e n
esta vida les sirve p a r a p e r f e c c i o n a r el i n s t r u m e n t o , si
ellos lo q u i e r e n aceptar y se p r i v a n d e la luz del a m o r
p r o p i o , del placer y d e su p r o p i o p a r e c e r .

1 4 8 [Providencia que usa Dios en general con las criaturas


en esta vida y en la otra.J

E n s á n c h e s e , hija, tu c o r a z ó n . A b r e los ojos del e n t e n -


d i m i e n t o c o n la luz d e la fe p a r a v e r con c u á n t o a m o r y
p r o v i d e n c i a h e c r e a d o y o r d e n a d o al h o m b r e a fin d e
q u e goce e n mí, s u m o y e t e r n o Bien. T o d o lo d i s p o n g o
e n el a l m a y e n el c u e r p o : p a r a los imperfectos y p a r a
374 El Diálogo

los perfectos, p a r a los b u e n o s y p a r a los malos, espiritual


y c o r p o r a l m e n t e , en el cielo y en la tierra, en esta vida
mortal y en la inmortal.
En esta vida mortal, mientras sois viandantes, os h e
a t a d o con ligaduras d e caridad. Q u i e r a el h o m b r e o no,
se halla a t a d o . A u n q u e en el afecto se d e s p r e o c u p e d e la
caridad, a pesar d e todo, se halla ligado a ella p o r la ne-
cesidad. Para q u e participéis d e la caridad en afecto y en
realidad d e t e r m i n ó mi providencia no d a r al h o m b r e
todo lo necesario para la vida, d e m o d o q u e u n o carece
d e lo q u e tiene el o t r o , y así u n o se ve obligado a acudir
al otro, y, si p i e r d e la caridad en el afecto, se e n c u e n -
tra obligado a realizarla d e h e c h o , a u n q u e sea por p u r a
necesidad. Ves q u e el artista tiene q u e acudir al o b r e r o ,
y el o b r e r o al artista: u n o tiene necesidad del o t r o , por-
q u e n o sabe hacer lo q u e hace el o t r o . Lo mismo el cléri-
go y el religioso: el clérigo y el religioso tienen precisión
del seglar, y éste del religioso; n o p u e d e n prescindir
u n o del o t r o . Lo mismo o c u r r e con t o d o .
¿Y no se lo podía yo d a r todo a cada uno? Ciertamen-
te; p e r o quiso mi providencia q u e u n o se humillase al
o t r o y se vieran forzados a practicar c o n j u n t a m e n t e el
acto d e la caridad.
T e h e manifestado mi magnificencia, b o n d a d y provi-
dencia en ellos, y, con todo, se dejan c o n d u c i r a las ti-
nieblas d e la propia debilidad. Los m i e m b r o s d e vuestro
c u e r p o os a v e r g ü e n z a n p o r q u e ejercitan la caridad
unos con otros, y vosotros n o . C u a n d o la cabeza duele,
la m a n o la socorre: si u n d e d o está e n f e r m o , u n miem-
b r o tan p e q u e ñ o , la cabeza no r e h u s a ayudarle p o r q u e
ella sea mayor y más noble q u e cualquier o t r o m i e m b r o
del cuerpo; también le ayuda el oído, la vista, la lengua
y todo lo q u e tiene; lo mismo o c u r r e respecto d e los de-
más m i e m b r o s . N o obra así el soberbio, q u e , c u a n d o ve
a u n pobre, m i e m b r o suyo; a u n e n f e r m o , alguien en n e -
cesidad, no sólo n o le auxilia con lo q u e tiene, ni siquie-
ra con u n a palabra, sino q u e con improperios vuelve la
cabeza a o t r a p a r t e ; a b u n d a en riquezas y le deja m o r i r
d e h a m b r e . N o se d a cuenta, sin e m b a r g o , d e q u e su
miseria y c r u e l d a d m e p r o d u c e n h e d o r y q u e su pesti-
lencia llega hasta lo p r o f u n d o del infierno.
Yo socorro a aquel pobrecillo, y a causa d e su pobre-
La providencia divina 375

za se le d a r á riqueza. A ese s o b e r b i o se lo r e p r o c h a r á mi
b o n d a d c o n g r a n r e p r e n s i ó n si n o se e n m i e n d a , c o m o se
c u e n t a e n el santo Evangelio, d i c i e n d o : « T u v e h a m b r e ,
y n o m e disteis d e c o m e r ; tuve sed y n o m e disteis d e
b e b e r ; e s t u v e d e s n u d o , y n o m e vestísteis; e n la cárcel, y
1
n o m e visitasteis» . Y en aquel m o m e n t o n o valdrá excu-
sarse, d i c i e n d o : «Yo n u n c a te vi; q u e , si te h u b i e s e visto
e n n e c e s i d a d , lo h u b i e r a h e c h o » . El d e s v e n t u r a d o sabe
bien, y así se lo dije, q u e lo q u e hacía a los p o b r e s , m e lo
hacía a m í . Por eso será j u s t a m e n t e e n t r e g a d o al e t e r n o
suplicio c o n los d e m o n i o s .
Ves, p u e s , c ó m o h e t e n i d o p r o v i d e n c i a p a r a q u e n o
vayan al d o l o r e t e r n o .
Si d e s d e a r r i b a miras a m i interior, a m í , V i d a p e r d u -
rable, verás q u e h e d i s p u e s t o c o n o r d e n la c a r i d a d d e
los q u e se hallan en n a t u r a l e z a angélica o son c i u d a d a -
nos del cielo, q u e h a n recibido la vida e t e r n a e n v i r t u d
d e la s a n g r e del c o r d e r o ; es decir, q u e n o h e h e c h o q u e
c a d a u n o gozase en p a r t i c u l a r la b i e n a v e n t u r a n z a , sin
q u e o t r o s p u e d a n p a r t i c i p a r d e ella. N o lo h e q u e r i d o
así, antes bien tan o r d e n a d a y perfecta se halla su cari-
d a d , q u e el g r a n d e goza c o n el bien del p e q u e ñ o , y el
p e q u e ñ o con el del g r a n d e . P e q u e ñ o e n c u a n t o a la m e -
d i d a ; n o q u e el p e q u e ñ o n o esté t a n lleno c o m o el g r a n -
2
d e , c a d a u n o s e g ú n su g r a d o , c o m o te dije e n o t r o l u g a r .
¡Qué f r a t e r n a es esta c a r i d a d y c u á n t o los u n e a mí y
u n o s a o t r o s , p o r q u e la t i e n e n y r e c o n o c e n c o m o provi-
n i e n d o d e mí, c o n el s a n t o t e m o r y r e v e r e n c i a d e b i d o s ,
al ver q u e se s u m e r g e n e n mí, y e n mí v e n y r e c o n o c e n
la d i g n i d a d e n q u e les h e colocado! El á n g e l se c o m u n i -
ca c o n el h o m b r e , es d e c i r , c o n el alma d e los b i e n a v e n -
t u r a d o s , y éstos c o n los á n g e l e s . Así, t o d o s , e n esta dilec-
ción d e c a r i d a d , g o z a n d o c a d a u n o del b i e n del o t r o , se
a l e g r a n c o n mi j ú b i l o , y e n alegría sin tristeza, e n d u l z u -
r a sin a m a r g u r a a l g u n a , p o r q u e d u r a n t e su vida y e n su
m u e r t e m e g u s t a r o n p o r m e d i o del afecto d e a m o r e n la
c a r i d a d c o n el p r ó j i m o . ¿ Q u i é n h a o r d e n a d o la c a r i d a d
d e este m o d o ? Mi s a b i d u r í a con u n a a d m i r a b l e y d u l c e
providencia.

' Mt 25,42-46.
2
Cf. c . 4 1 .
376 El Diálogo

Si vuelves tu vista al p u r g a t o r i o , encontrarás en él mi


dulce e inestimable providencia en aquellas pobres al-
mas q u e p e r d i e r o n el tiempo p o r ignorancia. C o m o se
hallan separadas del c u e r p o , ya no les q u e d a espacio
p a r a merecer. Por eso las h e socorrido p o r medio d e vo-
sotros, q u e , a u n q u e estéis en u n a vida mortal, gozáis de
tiempo p a r a ello, o sea, q u e con las limosnas y oficio q u e
hagáis decir a mis ministros, con ayunos y oraciones he-
chas en estado d e gracia, les abreviáis el tiempo del cas-
tigo m e d i a n d o mi misericordia.
T e he hablado d e lo q u e se refiere al interior del alma
en cuanto a vuestra salvación, p a r a hacer q u e con firme
esperanza en mi providencia te entusiasmes, te vistas
con la luz d e la fe, te alejes d e ti misma y en lo q u e vayas
a hacer confíes en mí sin t e m o r servil alguno.

149 [Providencia d e Dios c o n sus servidores p o b r e s , soco-


r r i é n d o l e s e n las cosas t e m p o r a l e s . )

T e voy a explicar a h o r a algo sobre los m o d o s q u e ten-


go d e socorrer a mis servidores q u e confían en mí. Ellos
son objeto d e mi providencia, más o menos perfecta-
m e n t e según sean más o menos perfectos y estén más
d e s p r e n d i d o s del m u n d o . Sin e m b a r g o , los socorro a to-
dos. Por eso, los pobres d e b e n serlo en el espíritu y no
sólo pobres. Muchos lo son y no quisieran serlo. Son ri-
cos en c u a n t o a sus apetencias, y mendigos, p o r q u e no
esperan en mí ni sufren voluntariamente la pobreza q u e
les h e d a d o como medicina d e su alma, p u e s la riqueza
les habría hecho d a ñ o y llegarían a la condenación.
Mis servidores, sin e m b a r g o , son pobres y n o mendi-
gos. Carecen m u c h a s veces de lo q u e les es necesario.
El p o b r e , n o a b u n d a en bienes, p e r o tiene cubiertas sus
necesidades. Yo n u n c a les falto mientras sigan esperan-
d o en mí. Los llevo algunas veces hasta el límite para
q u e a p r e n d a n y reconozcan mejor q u e p u e d o y quiero
ayudarles y p a r a q u e se entusiasmen con mi providencia
y abracen a la esposa, la v e r d a d e r a pobreza. Por esto, su
servidor, el Espíritu Santo, mi Clemencia, viendo que
carecen d e lo q u e necesitan p a r a el cuerpo, encenderá,
j u n t o con el estímulo en el corazón, u n deseo en los q u e
les p u e d e n a y u d a r y les socorren en lo necesario. T o d a
La providencia divina 377

la vida d e estos mis dulces p o b r e s se g o b i e r n a d e este


m o d o con el c u i d a d o q u e p o n g o p a r a ello e n el c o r a z ó n
d e mis servidores q u e viven e n esta vida. V e r d a d es q u e ,
p a r a p r o b a r l e s la paciencia, la fe y la p e r s e v e r a n c i a , p e r -
mitiré q u e se les d i g a n i m p r o p e r i o s , injurias y villanías,
y, sin e m b a r g o , el m i s m o q u e las p r o f i e r e es o b l i g a d o
p o r mi clemencia a d a r l e s l i m o s n a y el s o c o r r o necesa-
rio.
A l g u n a vez u s a r é mi p r o v i d e n c i a con s e r v i d o r e s míos
sin q u e m e d i e la c r i a t u r a , sólo p o r mí m i s m o , c o m o lo
has sabido y o í d o d e tu glorioso P a d r e D o m i n g o al p r i n -
cipio d e la O r d e n , c u a n d o , h a l l á n d o s e los h e r m a n o s e n
necesidad, h a b i e n d o llegado la h o r a d e c o m e r y n o te-
n i e n d o q u é , mi a m a d o s e r v i d o r D o m i n g o , c o n f i a n d o
con la luz d e la fe e n mi p r o v i d e n c i a , dijo: «Hijos, p o -
neos a la mesa». O b e d e c i e n d o los h e r m a n o s a su
m a n d a t o , se p u s i e r o n a la mesa. E n t o n c e s , yo, q u e soco-
r r o a q u i e n confía e n mí, envié a dos ángeles c o n p a n
blanquísimo en tanta abundancia, q u e tuvieron para mu-
chas veces '.
A l g u n a s veces p r o v e o m u l t i p l i c a n d o u n a p e q u e ñ a
c a n t i d a d q u e n o alcanzaría p a r a ellos, c o m o sabes d e la
2
d u l c e virgen Santa Inés , q u e d e s d e su niñez hasta el
fin d e su vida m e sirvió c o n v e r d a d e r a h u m i l d a d y.fir-
m e e s p e r a n z a , sin p r e o c u p a r s e d e sí.ni d e su familia reli-
giosa. C o n fe viva, p o r m a n d a t o d e María, se d e t e r m i n ó
a h a c e r el m o n a s t e r i o , sin t e n e r , la pobrecilla, bien algu-
n o t e m p o r a l . Sabes q u e aquél e r a u n l u g a r d e p e c a d o -
ras. Ella n o p e n s ó : « ¿ C ó m o p o d r é h a c e r esto?», sino q u e
con su solicitud y mi divina p r o v i d e n c i a hizo d e aquel
l u g a r u n l u g a r s a n t o , u n m o n a s t e r i o d e d i c a d o a religio-
sas. E n el c o n g r e g ó al principio dieciocho doncellas sin
n a d a , sólo con mi p r o v i d e n c i a . U n a vez, e n t r e o t r a s ,
p e r m i t í q u e d u r a n t e tres días e s t u v i e r a n sin p a n ; única-

1
Este m i l a g r o , o c u r r i d o e n el c o n v e n t o d e San Sixto, d e R o m a , fue
r e c o g i d o p o r la B e a t a Cecilia, hija e s p i r i t u a l d e S a n t o D o m i n g o d e
Guzmán.
- Se r e f i e r e a I n é s S e g n i , S a n t a I n é s d e M o n t e p u l c i a n o , f u n d a d o r a
d e u n c o n v e n t o d e religiosas d o m i n i c a s e n esta c i u d a d , d o n d e m u r i ó
en 1317. Catalina d e Siena visitó su sepulcro y monasterio varias veces,
v en esas visitas recibió c o n s u e l o s y g r a c i a s del S e ñ o r , s e g ú n n a r r a n
sus b i ó g r a f o s . T e n í a en este m o n a s t e r i o u n a s o b r i n a .
378 El Diálogo

m e n t e con v e r d u r a s . Si m e preguntases: «¿Por q u é las


tuviste d e aquel m o d o , c u a n d o acabas d e decirme q u e
j a m á s faltas a tus siervos q u e esperan en ti y sufren ne-
cesidad?» (pues aquí parece q u e les faltó lo necesario,
p o r q u e con v e r d u r a s solas n o vive el c u e r p o d e las per-
sonas, h a b l a n d o en general d e los q u e no son muy per-
fectos), te respondería q u e lo hice y permití p a r a em-
briagarla d e mi providencia, y lo mismo para las q u e
eran aún imperfectas, a fin d e q u e p o r el milagro q u e
después siguió tuviesen materia p a r a p o n e r su principio
y f u n d a m e n t o en la luz d e la santísima fe. A quien ocu-
rriese algo semejante o distinto, sepa q u e en aquella ver-
d u r a , o en otra cosa, ponía, daba y doy u n a disposición
p a r a el c u e r p o h u m a n o , d e m o d o q u e se sentirá mejor
con ella, y algunas veces sin n a d a en absoluto, q u e lo es-
taba antes con el pan o con otras cosas q u e se d a n y es-
tán o r d e n a d a s a la vida del h o m b r e . Sabes q u e es así,
3
pues lo has e x p e r i m e n t a d o en ti misma .
Digo q u e ejercito mi providencia p o r la multiplica-
ción, pues estando Inés en el tiempo q u e te he dicho,
volviendo los ojos d e su espíritu hacia mí, con la luz d e
la fe, dijo: «Padre y Señor mío, esposo eterno: ¿me has
hecho sacar estas hijas d e las casas d e sus padres para
q u e m u e r a n d e h a m b r e ? Provee, Señor, a su necesi-
dad».
Yo mismo era quien la h a d a que pidiera. Me alegraba
c o m p r o b a n d o su fe, y su h u m i l d e oración m e era grata.
Extendí mi providencia a lo q u e m e pedía, y por inspira-
4
ción hice q u e u n a persona le llevase cinco panecillos .
Se lo manifesté al espíritu de Inés, y ella dijo volviéndo-
se a las h e r m a n a s : «Id, hijas mías; contestad al t o r n o y
tomad aquel pan». T r a y é n d o l o ellas, se sentaron a la
mesa. Le di tanto p o d e r al partir el p a n , q u e todas se sa-
ciaron, y recogieron tanto del q u e había en la mesa, q u e
tuvieron c u m p l i d a m e n t e para satisfacer con abundancia
la necesidad del cuerpo.
Estas son las providencias q u e uso con los servidores
3
T a m b i é n esta líneas son autobiográficas. Es conocida la dificultad
d e Catalina p a r a alimentarse n o r m a l m e n t e .
4
Estas maravillas las había o í d o la Santa e n sus visitas a M o n t e p u l -
ciano y acaso t a m b i é n a su confesor, Fr. R a i m u n d o d e C a p u a , q u e
escribió la vida d e Santa Inés d e Montepulciano.
La providencia divina 379

míos q u e s o n v e r d a d e r a m e n t e p o b r e s , y n o sólo v o l u n -
t a r i a m e n t e , sino p o r móvil espiritual, p u e s t o q u e sin la
intención d e l espíritu n o les valdría, al m o d o q u e los fi-
lósofos, p o r a m o r a la ciencia y con el d e s e o d e alcanzar-
la, se h a c í a n v o l u n t a r i a m e n t e p o b r e s , p o r c o n o c e r con
luz n a t u r a l q u e la p r e o c u p a c i ó n d e las r i q u e z a s del
m u n d o les h a b í a d e i m p e d i r alcanzar el objeto d e esa
ciencia e n q u e p o n í a n su finalidad y su inteligencia.
C o m o , sin e m b a r g o , el a n h e l o d e la p o b r e z a d e éstos n o
e r a s o b r e n a t u r a l , p o r el d e s e o d e la gloria y a l a b a n z a d e
mi n o m b r e , d e ahí q u e n o o b t u v i e r a n la vida d e la gra-
cia ni la perfección, sino la m u e r t e e t e r n a .

1 5 0 [Males que proceden de poseer y desear desordenada-


mente las riquezas temporales.]

Mira, p u e s , carísima hija, q u é v e r g ü e n z a p a r a los mi-


serables a m a d o r e s d e las riquezas p o r n o s e g u i r el c o n o -
c i m i e n t o a q u e les e m p u j a la n a t u r a l e z a p a r a q u e ad-
q u i e r a n el e t e r n o Bien. Esos filósofos lo hacían p o r a m o r
a la ciencia al r e c o n o c e r q u e les sería u n obstáculo, y p o r
ello las a r r o j a b a n d e sí. O t r o s h a c e n d e las riquezas u n
dios. Se d e m u e s t r a q u e es así al ver q u e les d u e l e m á s
p e r d e r l a s q u e p e r d e r m e a mí, q u e soy s u m a y e t e r n a Ri-
queza.
Si bien lo c o n s i d e r a s , d e este d e s o r d e n a d o d e s e o y vo-
l u n t a d d e las riquezas p r o c e d e t o d o p e c a d o '. D e él na-
cen la s o b e r b i a , q u e r i e n d o ser más i m p o r t a n t e ; la avari-
cia, p o r q u e al apetito del d i n e r o n o le i m p o r t a r o b a r a
u n h e r m a n o suyo, q u i t a r a la Iglesia aquello q u e se h a
a d q u i r i d o con la s a n g r e del V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o ;
las r e v e n t a s d e la c a r n e d e su p r ó j i m o y d e su t i e m p o
(como los u s u r e r o s , q u e , c o m o l a d r o n e s , v e n d e n lo q u e
n o es suyo); la gula d e m a n j a r e s a b u n d a n t e s y el c o m e r -
los d e s o r d e n a d a m e n t e ; la d e s h o n e s t i d a d , p u e s si n o tu-
vieran q u é gastar, m u c h a s veces n o a n d a r í a n en tan mi-
serables a m i s t a d e s .
¡ C u á n t o s homicidios, odios, r e n c o r e s con el p r ó j i m o ,
c r u e l d a d c o n infidelidad a mí, p r e s u n c i ó n d e sí m i s m o s ,
c o m o si t o d o se lo d e b i e r a n a sí, n o v i e n d o q u e p o r ellos
1
1 T i m 6,10.
380 El Diálogo

n a d a tienen ni n a d a consiguen sino sólo p o r mí! Pier-


d e n la confianza en mí y la p o n e n ú n i c a m e n t e en las ri-
quezas; p e r o su confianza es vana, p u e s c u a n d o m e n o s
piensan, éstas les faltan, ya q u e las p i e r d e n en esta vida
p o r disposición mía, p a r a su bien, o con su m u e r t e . En-
tonces c o n o c e n lo vanas e inestables q u e e r a n . La con-
fianza e n las riquezas e m p o b r e c e y m a t a al alma, hace al
h o m b r e cruel consigo mismo, le quita la dignidad d e lo
infinito y le hace finito, es decir, q u e su deseo, q u e d e b e
estar u n i d o a mí, Bien infinito, lo h a p u e s t o en u n a cria-
tura finita p o r afecto de amor. Los que se basan en ellas
p i e r d e n el gusto del sabor d e la virtud y el p e r f u m e d e
la pobreza, el d o m i n i o d e sí mismos y se hacen esclavos
2
d e ellas . Se hacen insaciables, p o r q u e a m a n las cosas
q u e son m e n o s q u e ellos, pues todas h a n sido creadas
3
p a r a el h o m b r e , p a r a q u e le sirvan y n o p a r a q u e le
conviertan en su esclavo. El h o m b r e d e b e servirme a mí,
q u e soy su fin.
¡A cuántos peligros, a cuántas p e n a s se e x p o n e el
h o m b r e p o r m a r y p o r tierra con el fin d e conquistar
g r a n d e s riquezas, p a r a volver después a su ciudad con
delicias y posición social, sin interesarse ni cuidarse d e
a d q u i r i r virtudes, ni sufrir algo p o r conseguirlas, ellas
q u e son las v e r d a d e r a s riquezas del alma! Se hallan to-
talmente inmersos en el p e n s a m i e n t o del d i n e r o ; lo h a n
puesto en las riquezas en vez d e servirme a mí. C a r g a n
sus conciencias con m u c h a s ganancias ilícitas. ¡Mira a
q u é miserias llegan los q u e se h a n h e c h o sus esclavos,
n o d e cosas firmes y estables, p u e s hoy son ricos y ma-
ñ a n a p o b r e s , a h o r a están en las alturas y luego abajo,
hoy son temidos y tenidos en reverencia p o r el m u n d o a
causa d e las riquezas, y después, c u a n d o las h a n perdi-
do, motivo de befas! Son tratados con oprobio y ver-
güenza y sin compasión, porque se h a d a n amar y eran
a m a d o s a causa d e las riquezas y n o p o r la virtud q u e
tuvieren. Si se h u b i e r a n h e c h o a m a r y fueran a m a d o s
p o r las virtudes y se h u b i e r a n reconocido en ellas, n o se
les p e r d e r í a la reverencia ni el a m o r p o r h a b e r p e r d i d o
los bienes temporales sin h a b e r p e r d i d o la riqueza d e la
virtud.
2
Gal 4,9.
3
Sal 8,7 y H e b 2,7-8.
La providencia divina 381

¡Qué difícil les es sobrellevar el peso d e la conciencia!


T a n d u r o les es, q u e e n este c a m i n o d e p e r e g r i n a c i ó n
n o p u e d e n c o r r e r a la p u e r t a e s t r e c h a ni p a s a r p o r ella.
Así, dice mi V e r d a d e n el s a n t o Evangelio q u e le es m á s
difícil a u n rico e n t r a r e n la vida e t e r n a q u e a u n c a m e -
4
llo p a s a r p o r el ojo d e u n a aguja . Estos s o n los q u e c o n
apetito d e s o r d e n a d o y afecto m i s e r a b l e p o s e e n o d e s e a n
la r i q u e z a . Por ello h a y m u c h o s p o b r e s , p u e s a causa del
afecto d e s o r d e n a d o p o s e e r í a n t o d o el m u n d o c o n su
afecto, si les f u e r a posible. N o p u e d e n p a s a r p o r la p u e r -
ta, p o r q u e es estrecha y baja, p o r lo q u e , si n o e c h a n a
tierra la c a r g a , y n o a m i n o r a n su afecto al m u n d o , y n o
a g a c h a n la cabeza con la h u m i l d a d , n o p o d r á n atrave-
5
sarla; y n o hay o t r a p u e r t a q u e lleve a la vida sino ésta .
H e a q u í la p u e r t a a n c h a , la q u e les lleva a la c o n d e n a -
ción. C o m o ciegos, p a r e c e q u e n o ven su r u i n a , p u e s e n
esta vida g u s t a n las a r r a s del i n f i e r n o . Reciben castigo
d e todas las m a n e r a s c u a n d o d e s e a n t e n e r m á s y resul-
tarles imposible. C o m o n o t i e n e n lo q u e d e s e a n , s u f r e n ,
y, si lo p i e r d e n , lo h a c e n c o n d o l o r . Sufren e n la m i s m a
p r o p o r c i ó n e n q u e p o s e í a n c o n a m o r . P i e r d e n la dilec-
ción al p r ó j i m o y n o se p r e o c u p a n d e c o n s e g u i r la vir-
tud.
¡Oh p o d r e d u m b r e del m u n d o ! Las cosas del m u n d o
n o lo s o n e n sí, p u e s yo las h e c r e a d o b u e n a s a todas.
Está p o d r i d o q u i e n las tiene y las busca c o n a m o r d e s o r -
denado.
Hija mía: tu l e n g u a n o p o d r í a c o n t a r c u á n t o s s o n los
males q u e d e aquí p r o c e d e n . Los ven y r e c o n o c e n c a d a
d í a y n o q u i e r e n c o m p r e n d e r y r e c o n o c e r su d a ñ o .

ELOGIO DE LA POBREZA

151 [ E x c e l e n c i a d e los p o b r e s i n t e n c i o n a d a m e n t e p o b r e s
e n el e s p í r i t u . — C r i s t o n o s e n s e ñ ó la p o b r e z a n o s ó l o d e p a l a -
b r a , s i n o c o n el e j e m p l o . — P r o v i d e n c i a d e D i o s c o n l o s q u e
a b r a z a n la p o b r e z a v o l u n t a r i a . ]

* M t 19,24; Me 2 0 , 2 5 ; Le 1 8 , 2 5 .
' Mt 1 8 , 1 3 - 1 4 .
382 El Diálogo

Para q u e mejor conozcas el tesoro d e la pobreza vo-


luntaria espiritual, te h e h a b l a d o u n poco d e ella.
¿Quién la p u e d e reconocer? Los q u e r i d o s servidores
míos q u e son p o b r e s . Ellos, p a r a p o d e r a n d a r este cami-
no y e n t r a r p o r la p u e r t a estrecha, h a n a r r o j a d o al suelo
el peso d e las riquezas.
Algunos las arrojan en realidad. Son los q u e observan
los m a n d a m i e n t o s y consejos material y espiritualmente.
O t r o s observan los consejos ú n i c a m e n t e en el espíritu,
despojándose del afecto a las riquezas p o r no tenerlas
con apego d e s o r d e n a d o , sino g u a r d a n d o o r d e n y santo
temor. Se h a n convertido no en posesores, sino en ad-
ministradores en favor d e los p o b r e s . Esto está bien,
p e r o lo anterior es más perfecto, con m a y o r provecho y
m e n o r e s dificultades. En ellos se ve brillar más clara-
m e n t e mi providencia, d e la q u e , j u n t o con la v e r d a d e r a
pobreza, t e r m i n a r é d e hablarte. U n o s y otros h a n incli-
n a d o la cabeza haciéndose p e q u e ñ o s , con v e r d a d e r a h u -
mildad. C o m o te he hablado d e estos segundos, si te
acuerdas ', p o r ello a h o r a te hablaré d e los p r i m e r o s , o
sea, d e los q u e se despojaron d e las riquezas material y
espiritualmente.
T e h e manifestado y dicho q u e todos los males y casti-
gos en esta vida y en la otra p r o c e d e n del a m o r a las ri-
quezas. A h o r a te digo q u e , p o r el c o n t r a r i o , todo bien,
paz, descanso y q u i e t u d p r o c e d e d e la pobreza. Fíjate en
la cara d e los pobres d e v e r d a d : con c u á n t a alegría y
gozo viven. N u n c a se entristecen, si no es p o r las ofen-
sas q u e se m e hacen. La tristeza no les aflige, sino q u e
fortalece su alma. Por medio d e la pobreza h a n adquiri-
d o la s u m a riqueza; p o r h a b e r a b a n d o n a d o las tinieblas,
se e n c u e n t r a n en u n a luz perfectísima; r e p u d i a n d o las
tristezas del m u n d o , poseen la alegría; y, d e j a n d o los
bienes p e r e c e d e r o s , e n c u e n t r a n los eternos y reciben
s u m o consuelo. Los trabajos y sufrimientos les son u n
refrigerio. T r a t a n a todo ser racional con justicia y cari-
d a d , sin distinción d e persona.
¿En quién reluce la santísima luz d e la fe y la verda-
d e r a esperanza? ¿ D ó n d e a r d e el fuego d e la divina cari-
dad? En aquellos q u e con la luz d e la fe q u e tuvieron en

1
Alusión autobiográfica dudosa.
La providencia divina 383

mí a b r a z a r o n a la esposa, la v e r d a d e r a p o b r e z a c o n las
d e m á s v i r t u d e s - s i e r v a s q u e le s i g u e n . ¿Sabes c u á l e s son
las v i r t u d e s - s i e r v a s d e la p o b r e z a ? El v e r s e viles y d e s -
p r e c i a b l e s j u n t o c o n la v e r d a d e r a h u m i l d a d , lo c u a l sir-
ve y f o m e n t a el afecto y el a m o r a la p o b r e z a e n el a l m a .
C o n esta fe y e s p e r a n z a , a r d i e n d o e n el f u e g o d e la ver-
d a d , se e l e v a b a n y e l e v a n mis v e r d a d e r o s s e r v i d o r e s so-
b r e las r i q u e z a s y s o b r e los s e n t i d o s . Así d e j ó el g l o r i o s o
apóstol M a t e o las g r a n d e s r i q u e z a s , a b a n d o n a n d o la
2
b a n c a d e los i m p u e s t o s , y siguió a m i V e r d a d . Ella os
e n s e ñ ó el m o d o y la r e g l a p a r a a m a r y p r a c t i c a r la p o -
b r e z a . N o os la e n s e ñ ó s o l a m e n t e c o n p a l a b r a s , s i n o c o n
el e j e m p l o , p u e s d e s d e su n a c i m i e n t o h a s t a el fin d e su
vida os p r e d i c ó esta d o c t r i n a . Y o soy la e t e r n a r i q u e z a y
El, s i e n d o la s u m a r i q u e z a p o r la u n i ó n c o n la n a t u r a -
leza d i v i n a , t o m ó p o r e s p o s a la v e r d a d e r a p o b r e z a e n
atención a vosotros.
Si le q u i e r e s v e r h u m i l l a d o y e n g r a n p o b r e z a , m i r a
c ó m o Dios se h a c e h o m b r e v i s t i é n d o s e d e la r u i n d a d d e
vuestra humildad.
V e s al d u l c e y a m o r o s o V e r b o n a c e r e n u n e s t a b l o , es-
t a n d o M a r í a d e viaje, p a r a m a n i f e s t a r o s a v o s o t r o s , ca-
m i n a n t e s , q u e d e b é i s v e n c e r s i e m p r e e n el establo d e l
c o n o c i m i e n t o d e v o s o t r o s m i s m o s . Allí m e e n c o n t r a r é i s
n a c i d o p o r g r a c i a d e n t r o d e v u e s t r a a l m a . L e ves p e r -
m a n e c e r e n m e d i o d e los a n i m a l e s e n t a n g r a n p o b r e z a ,
q u e M a r í a n o t e n í a c o n q u é c u b r i r l o ; p e r o , s i e n d o tiem-
p o frío, se c a l e n t a b a c o n el h e n o y el a l i e n t o d e los a n i -
3
males .
S i e n d o f u e g o d e c a r i d a d , q u i s o s u f r i r el frío e n su h u -
m a n i d a d . M i e n t r a s vivió e n el m u n d o , d u r a n t e t o d a la
vida q u i s o sufrir sin discípulos y c o n ellos. Estos d e s g r a -
4
n a b a n las espigas y c o m í a n los g r a n o s .
Al fin d e su vida, d e s n u d o y f l a g e l a d o a la c o l u m n a ,
s e d i e n t o , se e n c u e n t r a e n el m a d e r o d e la c r u z e n p o -
b r e z a tal, q u e le faltan el s u e l o y el m a d e r o , n o t e n i e n d o
d ó n d e r e c l i n a r la c a b e z a . C o m o e b r i o d e a m o r , t e n i e n -

2
M t 9 , 9 ; Me 2 , 1 4 ; L e 5,27.
3
Le 2 , 4 - 8 .
4
M t 1 2 , 1 ; Me 2 , 2 2 ; Le 6 , 1 .
384 El Diálogo

d o este C o r d e r o d e s p e d a z a d o el c u e r p o , os p r e p a r a u n
s
b a ñ o con la s a n g r e q u e vierte p o r todas p a r t e s .
E s t a n d o El e n la miseria, os d a la g r a n riqueza; ha-
llándose e n el estrecho m a d e r o d e la cruz, e x t i e n d e su
m a g n a n i m i d a d a todos los h o m b r e s ; p r o b a n d o la a m a r -
g u r a d e la hiél, os d a u n a perfectísima d u l z u r a ; m i e n -
tras se halla en tristeza, os d a el consuelo; t r a s p a s a d o y
clavado e n la cruz, os despoja del b a r r o del p e c a d o m o r -
tal; c o n v e r t i d o e n siervo, os h a h e c h o libres y os h a
a r r a n c a d o d e la esclavitud del d e m o n i o ; s i e n d o v e n d i -
d o , os h a vuelto a c o m p r a r con la s a n g r e ; e n t r e g á n d o s e
a la m u e r t e , os h a d a d o la vida.
Os h a p r e s e n t a d o , p o r t a n t o , u n a b u e n a r e g l a d e
a m o r , m a n i f e s t á n d o o s l o m a y o r a vosotros q u e lo q u e
p u d i e r a i s h a c e r con vosotros m i s m o s al d a r la vida p o r
vosotros, q u e a n d a b a i s e r r a n t e s , h e c h o s e n e m i g o s d e mí,
s u m o y e t e r n o P a d r e . Esto n o lo r e c o n o c e el h o m b r e ig-
n o r a n t e , p u e s m e o f e n d e y tiene e n p o c o tan g r a n p r e -
cio. O s h a d a d o u n a regla d e v e r d a d e r a h u m i l d a d , en-
t r e g á n d o s e a la afrentosa m u e r t e d e cruz y c o n s i d e r á n -
d o s e vil al sufrir oprobios y g r a n d e s improperios. T a m -
bién os la h a d a d o d e v e r d a d e r a p o b r e z a c u a n d o habla
d e El e n la Escritura t e n i e n d o lástima d e su p e r s o n a :
«Las zorras tienen m a d r i g u e r a s , los pájaros tienen n i d o s
y el Hijo d e la V i r g e n n o tiene d ó n d e posar su ca-
6
beza» .
¿Quién tiene en c u e n t a esto? Los q u e poseen la luz d e
la santísima fe. ¿ D ó n d e se e n c u e n t r a esta fe? E n los p o -
bres d e espíritu, q u e h a n t o m a d o c o m o esposa a la reina,
a la p o b r e z a , p o r q u e h a n e c h a d o d e sí las riquezas, q u e
e r a n el o r i g e n d e las tinieblas p o r la falta d e fe.
Esta r e i n a , la p o b r e z a , tiene su r e i n o . En él n u n c a ten-
dréis g u e r r a , sino s i e m p r e paz y t r a n q u i l i d a d . A b u n d a
e n justicia, p o r q u e t o d o el q u e c o m e t e injusticia es sepa-
r a d o d e ella. Su c i u d a d tiene fuertes murallas, p o r q u e
los cimientos n o se hallan colocados sobre tierra o a r e -
na, en c u y o caso cualquier viento los d e r r i b a r í a , sino so-
7
bre la roca viva , q u e es el dulce Cristo Jesús, mi Hijo uni-

5
J n 19,34.
6
Mt 8,20; Le 9 , 5 8 .
7
Mt 7 , 2 4 - 2 9 ; Le 6 , 4 7 - 4 9 .
La providencia divina 385

g é n i t o . D e n t r o h a y luz y n o o s c u r i d a d ; tenéis f u e g o y n o
frío, p o r q u e la m a d r e d e esta r e i n a es el a b i s m o d e la ca-
r i d a d d i v i n a . El o r n a t o d e esta c i u d a d es la p i e d a d y la
m i s e r i c o r d i a , p o r q u e h a a r r o j a d o d e ella al t i r a n o , a las
r i q u e z a s , q u e t e n í a p o r c o s t u m b r e la c r u e l d a d . T a m b i é n
h a y d e n t r o b e n e v o l e n c i a c o n t o d o s los c i u d a d a n o s , o
sea, a m o r al p r ó j i m o . H a y allí g r a n p e r s e v e r a n c i a , j u n t a -
m e n t e c o n la p r u d e n c i a y el solícito c u i d a d o . P o r ello, el
a l m a t o m a a esta d u l c e r e i n a p o r esposa, a la p o b r e z a ; se
h a c e s e ñ o r a d e t o d o s estos b i e n e s , p u e s n o p u e d e p o s e e r
u n o s sin los o t r o s . ¡ C u i d a d o , p o r t a n t o , q u e el a p e t i t o d e
las riquezas, q u e es m u e r t e , n o venga al alma! E n t o n -
ces sería a p a r t a d a d e a q u e l b i e n y se e n c o n t r a r í a f u e r a
d e la c i u d a d , e n s u m a m i s e r i a . Si, p o r el c o n t r a r i o , p e r -
m a n e c e leal y fiel a esta esposa, le d a r á p a r a s i e m p r e los
d o n e s d e su r i q u e z a .
¿ Q u i é n c o m p r e n d e tan g r a n excelencia? El a l m a e n
q u e r e s p l a n d e c e la fe. Esta esposa viste a su esposo d e
p u r e z a , e c h a n d o f u e r a las r i q u e z a s , q u e lo h a c í a n in-
m u n d o ; lo a p a r t a d e l t r a t o c o n los m a l o s y se lo d a con
los b u e n o s ; q u i t a la p o d r e d u m b r e d e la n e g l i g e n c i a ,
a r r o j a n d o fuera las p r e o c u p a c i o n e s d e l m u n d o y d e las
r i q u e z a s ; e x t r a e lo a m a r g o y deja lo d u l c e ; c o r t a las es-
p i n a s y p e r m a n e c e n las r o s a s ; vacía el e s t ó m a g o d e l
a l m a , c a r g a d o d e c o r r o m p i d o s h o n o r e s del a m o r d e s o r -
d e n a d o , y lo deja aliviado. D e s p u é s q u e lo h a vaciado, lo
llena con el m a n j a r d e las v i r t u d e s , q u e d a n g r a n d í s i m a
s u a v i d a d . Ella d e s i g n a c o m o s e r v i d o r e s al a b o r r e c i m i e n -
t o y al a m o r p a r a q u e p u r i f i q u e n su l u g a r ; p o r lo q u e el
a b o r r e c i m i e n t o del vicio y d e los p r o p i o s s e n t i d o s b a r r e
el a l m a y la a d o r n a c o n el a m o r a la v i r t u d ; d e ella q u i t a
t o d a z o z o b r a p r o v e n i e n t e d e l t e m o r servil y le d a s e g u r i -
d a d c o n el t e m o r s a n t o .
T o d a s las v i r t u d e s , g r a c i a s , deleites y p l a c e r e s q u e ella
p u e d e d e s e a r , y m á s q u e ni se le o c u r r e n , los e n c u e n t r a
el a l m a q u e t o m a p o r esposa a la r e i n a p o b r e z a . N o
t e m e las q u e r e l l a s , p u e s n o h a y q u i e n le m u e v a g u e r r a ;
t a m p o c o el h a m b r e ni la carestía, p o r q u e la fe vio y es-
p e r ó e n m í a su C r e a d o r , d e d o n d e p r o c e d e t o d a r i q u e -
za y p r o v i d e n c i a , p u e s yo s i e m p r e a l i m e n t o y s u s t e n t o .
¿Se h a e n c o n t r a d o a l g u n a vez u n s e r v i d o r m í o , esposo
d e la p o b r e z a , q u e h a y a m u e r t o d e h a m b r e ? N o . P o r el
386 El Diálogo

c o n t r a r i o , se h a visto q u e q u i e n e s a b u n d a b a n e n g r a n -
d e s r i q u e z a s , c o n f i a d o s e n ellas y n o e n m í , m o r í a n . A
a q u é l l o s n o les faltó n a d a , p o r q u e n o les falta c o n f i a n z a ,
y p o r ello les p r o v e o c o m o b e n i g n o y p i a d o s o p a d r e ; y
¡con c u á n t a a l e g r í a y c o n f i a n z a h a n v e n i d o a m í al c o n o -
c e r p o r la fe q u e d e s d e el p r i n c i p i o h a s t a el fin del m u n -
d o h e u s a d o y u s a r é en t o d o mi providencia espiritual y
t e m p o r a l ! C i e r t o q u e los h a g o s u f r i r , tal c o m o te dije,
p a r a q u e c r e z c a n e n fe y e s p e r a n z a y p a r a p r e m i a r l e s
sus t r a b a j o s ; p e r o n u n c a íes faltó u n a cosa q u e les f u e r a
n e c e s a r i a . E n t o d o a d v i e r t e n c o n d u l z u r a la g r a n d e z a
d e esta p r o v i d e n c i a m í a , g u s t a n d o d e la l e c h e d e la divi-
n a m i e l , y p o r eso n o t e m e n la a m a r g u r a d e la m u e r t e ,
s i n o q u e c o n a n h e l o s o d e s e o c o r r e n , m u e r t o s a los p r o -
pios s e n t i d o s y a sus r i q u e z a s , y se a b r a z a n c o n la esposa
p o b r e z a c o m o e n a m o r a d o s , v i v i e n d o c o n fe e n m i vo-
l u n t a d . S u f r e n el frío, el calor, la d e s n u d e z , el h a m b r e ,
la s e d , las c o n g o j a s , las a f r e n t a s y h a s t a la m i s m a m u e r -
te, c o n d e s e o d e d a r la vida y la s a n g r e p o r a m o r a la
V i d a , es d e c i r , p o r a m o r a m í , q u e soy su v i d a .
M i r a a los p o b r e s a p ó s t o l e s y a o t r o s gloriosos m á r t i -
res: P e d r o , Pablo, Esteban y L o r e n z o . Este n o parecía
e n c o n t r a r s e s o b r e f u e g o , s i n o s o b r e flores d e g r a n d í s i -
m o p l a c e r . C o m o e n b r o m a s c o n el t i r a n o , le d e c í a :
«Este l a d o está ya a s a d o ; d a l e la v u e l t a y c o m i e n z a a co-
x
m e r » . C o n el f u e g o d e la c a r i d a d d i v i n a se a p a g a b a el
d o l o r d e su a l m a . L a s p i e d r a s d e S a n E s t e b a n p a r e c í a n
r o s a s . ¿ C u á l e r a la c a u s a ? El a m o r c o n q u e h a b í a t o m a -
d o p o r e s p o s a a la p o b r e z a . H a b í a d e j a d o el m u n d o p o r
la g l o r i a y a l a b a n z a d e m i n o m b r e y la h a b í a n t o m a d o
p o r e s p o s a c o n la luz d e la s a n t í s i m a fe, firme e s p e r a n z a
y p r o n t a o b e d i e n c i a ; se h a b í a n h e c h o o b e d i e n t e s a los
m a n d a t o s y consejos q u e les h a b í a d a d o mi V e r d a d :
o b e d i e n t e s e n la r e a l i d a d y e n c u a n t o al e s p í r i t u .
T i e n e n p o r d e s e o la m u e r t e , y la vida, c o m o a l g o d e -
s a g r a d a b l e y m o t i v o d e i m p a c i e n c i a ; n o p o r h u i r d e l tra-
bajo o d e los s u f r i m i e n t o s , s i n o p o r u n i r s e a m í , q u e soy
su fin. ¿Y c ó m o n o t e m e n la m u e r t e , a la q u e se t e m e
p o r s e n t i m i e n t o n a t u r a l ? P o r q u e la e s p o s a p o b r e z a q u e
h a n e l e g i d o les h a d a d o s e g u r i d a d , q u i t á n d o l e s el a m o r

* O f i c i o d e S a n L o r e n z o y Legenda áurea c.112.


La providencia divina 387

a sí m i s m o s y a las r i q u e z a s , con lo q u e p o r la v i r t u d h a n
p i s o t e a d o el a m o r n a t u r a l y recibido la luz y el a m o r di-
v i n o , q u e son s o b r e n a t u r a l e s . Y ¿ c ó m o p o d r á u n alma
en esta situación d o l e r s e d e la m u e r t e ? Más bien d e s e a
a b a n d o n a r la vida, y s u f r e s o p o r t á n d o l a c u a n d o ve q u e
se p r o l o n g a m u c h o . ¿ P o d r á d o l e r s e d e d e j a r las delicias
y r i q u e z a s del m u n d o q u i e n las h a d e s p r e c i a d o c o n tan-
to a r d o r ? N o es g r a n cosa, p u e s q u i e n n o a m a n o sufre,
m á s bien se deleita c u a n d o deja lo q u e a b o r r e c e . De
m o d o q u e a cualquier lado q u e mires, encuentras en
ellos paz perfecta, q u i e t u d y c o m p l e t o b i e n e s t a r ; y e n los
miserables q u e p o s e e n c o n a m o r d e s o r d e n a d o , ves g r a n
d e s g r a c i a y sufrimientos intolerables; a u n q u e p o r la apa-
riencia e x t e r n a se crea lo contrario, en realidad es así.
¿ Q u i é n n o h u b i e s e p e n s a d o q u e el p o b r e L á z a r o se
hallaría e n la m a y o r d e s g r a c i a y q u e el rico, c o n d e n a d o ,
gozaría d e g r a n alegría y r e p o s o ? Sin e m b a r g o , ni e r a ni
fue así, p u e s sufría m a y o r p e n a el rico con las r i q u e z a s
q u e el p o b r e L á z a r o , q u e e r a a t o r m e n t a d o p o r la lepra;
p o r q u e la v o l u n t a d , d o n d e radica el s u f r i m i e n t o , estaba
viva e n el rico, m i e n t r a s q u e en L á z a r o se h a l l a b a m u e r -
ta y vivía sólo e n mí. E n el s u f r i m i e n t o , yo le d a b a refri-
g e r i o y c o n s u e l o . R e p e l i d o d e los h o m b r e s , d e m o d o es-
pecial p o r el rico c o n d e n a d o , n o a s e a d o ni a t e n d i d o p o r
n a d i e , p r o c u r a b a yo q u e u n a n i m a l le lamiese las llagas.
M i r a c o n la luz d e la fe el final d e la vida d e L á z a r o e n
9
la vida e t e r n a y al rico e n el i n f i e r n o .
D e m o d o q u e los ricos p e r m a n e c e n en tristeza, y mis
dulces pobrecitos en alegría. Yo les m a n t e n g o a mis p e -
c h o s , d á n d o l e s la leche d e a b u n d a n t e s c o n s u e l o s . Por-
q u e lo d e j a r o n t o d o , m e p o s e e n p l e n a m e n t e . El Espíritu
S a n t o se hace n o d r i z a d e las almas y d e sus c u e r p o s e n
c u a l q u i e r estado en q u e se e n c u e n t r e n . H a g o q u e los so-
c o r r a n los animales d e diversas m a n e r a s , s e g ú n t e n g a n
n e c e s i d a d . A los e n f e r m o s solitarios h a r é q u e o t r o soli-
tario salga d e su celda con el fin d e q u e lo s o c o r r a . T ú
sabes q u e m u c h a s veces te h a s u c e d i d o q u e te h e s a c a d o
d e la celda p a r a satisfacer a la necesidad d e pobrecitas
q u e lo necesitaban. A l g u n a vez hice q u e lo e x p e r i m e n t a -
ras en ti misma, e m p l e a n d o esta m i s m a p r o v i d e n c i a

» Le 16,19-22.
388 El Diálogo

p a r a socorrer a tu necesidad; y, a u n q u e falten las criatu-


10
ras no falto yo, tu C r e a d o r . Yo uso la providencia d e
todas las m a n e r a s . ¿De d ó n d e proviene q u e el h o m b r e ,
con tantas riquezas y c u i d a d o d e su c u e r p o , con m u c h o s
vestidos, haya d e a n d a r siempre e n f e r m u c h o ? ¿Y c ó m o
será q u e , si abraza la pobreza y desprecia el vestido q u e
tiene p a r a cubrir su c u e r p o , se conservará fuerte y
sano? Parece c o m o si n a d a le fuera tan perjudicial y
c o m o si a aquel c u e r p o ya n o le hicieran d a ñ o ni el frío,
ni el calor, ni las comidas vulgares. Esto le viene d e mi
providencia, q u e , p o r q u e todo lo dejó, le proveyó y tuvo
c u i d a d o d e él.
Ves, p o r tanto, queridísima hija, en c u á n t o reposo y
deleite se e n c u e n t r a n mis q u e r i d o s pobres.

RECAPITULACIÓN SOBRE LA PROVIDENCIA

152 [ R e s u m e n d e la d i v i n a p r o v i d e n c i a . ]

T e h e h a b l a d o u n poco d e mi providencia sobre toda


clase d e personas. T e h e dicho q u e al principio creé u n
p r i m e r m u n d o ; después, el s e g u n d o , el d e la criatura
racional, f o r m á n d o l a y d á n d o l e el ser a mi imagen y se-
mejanza; finalmente, lo q u e h a g o , p o r providencia, p a r a
vuestra salvación, p o r q u e quiero vuestra santificación, y
todo lo q u e os doy y existe, tiene esa finalidad. Esto no
lo e n t i e n d e n los malos del m u n d o p o r haberse privado
d e la luz, y p o r eso no lo reconocen y se quejan d e mi
m o d o d e o b r a r . Sin e m b a r g o , los soporto con paciencia,
esperándolos hasta el final, a t e n d i e n d o a sus necesida-
des, sean j u s t o s o pecadores, tanto en cosas manteriales
c o m o espirituales. T e h e h a b l a d o también d e la imper-
fección d e las riquezas, y algo d e la desgracia a la q u e
a r r a s t r a r á n a quienes las poseen con afecto d e s o r d e n a -
d o , y, finalmente, d e la excelencia d e la pobreza, o sea,
d e las riquezas q u e p r o p o r c i o n a al alma q u e la elige p o r
esposa, a c o m p a ñ a d a d e su h e r m a n a la h u m i l d a d . De
ésta, j u n t o con la obediencia, te hablaré.

1 0
Alusión autobiográfica, recogida t a m b i é n p o r el Beato R a i m u n -
d o (Vida p.2 c/3).
La providencia diviva 389

T e h e m o s t r a d o t a m b i é n lo a g r a d a b l e q u e m e es y
c ó m o la q u i e r o y a t i e n d o c o n mi p r o v i d e n c i a . T e lo h e
d i c h o p a r a r e c o m e n d a r esta v i r t u d y la fe s a n t í s i m a , c o n
la q u e el a l m a c o n s i g u i ó este e x c e l e n t í s i m o e s t a d o , y
p a r a h a c e r t e c r e c e r e n la fe y e n la e s p e r a n z a y q u e lla-
m e s a la p u e r t a d e mi m i s e r i c o r d i a . M a n t e n c o n vida tu
d e s e o y el d e mis s e r v i d o r e s , y yo c u m p l i r é h a s t a la
m u e r t e . Sé f u e r t e y a l é g r a t e e n m í , p u e s soy tu d e f e n s o r
y consolador.
H a b l á n d o t e d e la P r o v i d e n c i a , h e satisfecho tus d e -
seos c u a n d o m e r o g a b a s q u e s o c o r r i e s e a las c r i a t u r a s
e n sus n e c e s i d a d e s . H a s visto q u e n o m e n o s p r e c i o los
santos y r a z o n a b l e s d e s e o s .

ALABANZA DE LA CARIDAD DIVINA. —PETICIÓN


DE SABER SOBRE LA OBEDIENCIA

153 [Esta a l m a , m i e n t r a s a l a b a y d a g r a c i a s a Dios, le p i d e


q u e l e h a b l e d e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a . ]

A q u e l a l m a , c o m o ebria, e n a m o r a d a d e la v e r d a d e r a
y s a n t a p o b r e z a , d i l a t a d o su c o r a z ó n e n la e t e r n a g r a n -
d e z a y t r a n s f o r m a d a e n el a b i s m o d e la s u m a e inesti-
m a b l e p r o v i d e n c i a , t u v o los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o fi-
j o s e n la divina Majestad. Se hallaba d e n t r o del c u e r p o ,
p e r o se veía f u e r a d e él p o r la e n a j e n a c i ó n y el éxtasis
q u e h a b í a p r o d u c i d o e n ella el f u e g o d e su c a r i d a d . En-
tonces dijo al s u m o y e t e r n o P a d r e :
¡Oh P a d r e eterno, fuego y abismo d e caridad;
e t e r n a belleza, s a b i d u r í a e t e r n a , b o n d a d e t e r n a , c l e m e n -
cia, e s p e r a n z a y r e f u g i o d e los p e c a d o r e s ; g e n e r o s i d a d
i n e s t i m a b l e , e t e r n o e infinito b i e n ; a m o r loco! ¿Es q u e
necesitas d e la c r i a t u r a ? Eso m e p a r e c e , p u e s t o q u e
o b r a s c o m o si n o p u d i e r a s vivir sin ella, s i e n d o así q u e
tú e r e s la causa d e su vida, p u e s la vida d e t o d a s las co-
sas d e p e n d e d e ti y sin ti n a d i e vive ¿ C ó m o has enlo-
q u e c i d o d e este m o d o ? P o r q u e te h a s e n a m o r a d o d e lo
q u e h a s c r e a d o , te h a s c o m p l a c i d o y a l e g r a d o p o r c a u s a

1
Jn 1,3-4.
390 El Diálogo

d e ella. C o m o e m b r i a g a d o a n d a s b u s c a n d o su salvación,
c u a n d o ella te h u y e . T ú la vas c e r c a n d o ; ella se aleja y
tú te acercas a ella. N o podías acercarte más q u e t o m a n -
d o su h u m a n i d a d .
¿Y q u é diré? H a r é c o m o u n balbuciente. Diré: «A, a
2
a», p o r q u e n o sé q u é o t r a cosa decir , p u e s la l e n g u a fi-
nita n o p u e d e e x p r e s a r el afecto del alma q u e infinita-
m e n t e te desea. Me p a r e c e q u e p u e d o repetir la frase d e
San Pablo, q u e dijo: «Ni l e n g u a p u e d e e x p r e s a r , ni o í d o
3
escuchar, ni ojo c o m p r e n d e r , ni corazón imaginar»
4
aquello q u e vi. ¿ Q u é viste? «Vi los secretos d e Dios» .
¿Y q u é digo yo? Nada, p o r q u e los sentidos son torpes; so-
lamente digo, alma mía, q u e has experimentado el abismo
d e la suma y eterna providencia.
A h o r a te doy gracias, s u m o y e t e r n o P a d r e , p o r la
b o n d a d fuera d e m e d i d a q u e m e has manifestado a mí,
miserable e i n d i g n a d e t o d a gracia.
P e r o c o m o veo q u e satisfaces los santos deseos y tu
V e r d a d n o p u e d e m e n t i r , p o r eso desearía q u e m e ha-
blases a h o r a u n poco d e la virtud y excelencia d e la obe-
diencia, tal c o m o tú, P a d r e e t e r n o , m e prometiste, a fin
d e q u e m e e n a m o r e d e esa virtud y n o m e a p a r t e d e tu
obediencia. Q u e plazca a tu infinita b o n d a d h a b l a r m e
d e su perfección, d ó n d e la p u e d o hallar, p o r q u é causa
se m e p u e d e q u i t a r , q u i é n m e la d a y la señal p a r a cono-
cer si yo la poseo.
2 3 4
J e r 1,6. 1 Cor 2,5. 2 C o r 12,4.
LA O B E D I E N C I A

[La obediencia del Verbo contra la desobediencia de Adán. ]

154 [Aquí se comienza el tratado de la obediencia.—Dónde se


e n c u e n t r a la o b e d i e n c i a . — Q u é n o s la q u i t a . — S e ñ a l d e si la t i e -
n e el h o m b r e o n o . — S u c o m p a ñ e r a . — Q u i é n l a f o m e n t a . )

E n t o n c e s , el s u m o , e t e r n o y p i a d o s o P a d r e volvió ha-
cia ella los ojos d e m i s e r i c o r d i a y c l e m e n c i a , d i c i e n d o :
¡ O h q u e r i d í s i m a y d u l c í s i m a hija! El s a n t o d e s e o
y j u s t a s peticiones d e b e n ser e s c u c h a d a s , y p o r eso yo,
s u m a V e r d a d , c o m p l i r é la p r o m e s a q u e hice a ti y a tu
d e s e o . Si m e p r e g u n t a s d ó n d e e n c u e n t r a s la o b e d i e n c i a ,
la r a z ó n d e p e r d e r l a y la señal d e si la g u a r d a s o n o , te
r e s p o n d o q u e la e n c u e n t r a s p e r f e c t a e n el d u l c e y a m o -
r o s o V e r b o , mi Hijo u n i g é n i t o . F u e t a n p r o n t a e n El
esta v i r t u d , q u e p o r c u m p l i r l a c o r r i ó a la a f r e n t o s a
m u e r t e d e cruz.
¿ Q u i é n te la quita? M i r a al p r i m e r h o m b r e , y verás lo
q u e le p r i v ó d e la o b e d i e n c i a i m p u e s t a p o r m í , el e t e r n o
P a d r e : la soberbia q u e siguió y t u v o o r i g e n e n el a m o r
p r o p i o y e n el d e s e o d e c o m p l a c e r a su c o m p a ñ e r a
[Eva]. Esta fue la c a u s a q u e le p r i v ó d e la perfección d e
la o b e d i e n c i a y el o r i g e n d e la d e s o b e d i e n c i a . Esta le
q u i t ó la vida d e la gracia y le c a u s ó la m u e r t e , y en con-
secuencia p e r d i ó la inocencia y cayó e n la i n m u n d i c i a y
en u n a g r a n d e s g r a c i a . Y n o sólo él, s i n o q u e e n ella in-
c u r r i ó t o d o el g é n e r o h u m a n o , c o m o te dije '.
La señal q u e t i e n e p a r a c o n o c e r esta v i r t u d es la pa-
ciencia, y la d e n o t e n e r l a te lo d e m u e s t r a la impacien-
cia. C u a n d o te h a y a h a b l a d o d e esta v i r t u d , v e r á s q u e es
así.
P e r o a ü e n d e : la o b e d i e n c i a se o b s e r v a d e d o s m o d o s .
U n a es m á s p e r f e c t a q u e o t r a , y, sin e m b a r g o , n o se ha-
llan s e p a r a d a s , sino u n i d a s , c o m o te dije d e los m a n d a -
2
m i e n t o s y consejos . U n o s son b u e n o s y p e r f e c t o s , los
1
Cf. c.14.21 y 1 3 5 .
2
Cf. c . 4 7 .
392 El Diálogo

otros son perfectísimos. Nadie p u e d e alcanzar la vida


eterna sino el obediente, pues sin obediencia nadie en-
tra en la vida eterna, porque ésta fue abierta con la lla-
ve d e la obediencia, y con la desobediencia fue cerrada
con llave.
Después, obligado por mi infinita b o n d a d , viendo q u e
el h o m b r e , a quien tanto amaba, no volvía a mí, q u e soy
su fin, tomé la llave d e la obediencia y la puse en manos
del dulce y amoroso Verbo, mi V e r d a d , que, como por-
tero, abrió la p u e r t a del cielo. Sin esta llave y p o r t e r o ,
mi V e r d a d , n i n g u n o p u e d e caminar, y por eso dije en el
santo Evangelio q u e nadie p u e d e venir a mí, el Padre,
3
sino por El . C u a n d o triunfante subió al cielo, eleván-
dose del trato d e los hombres por la Ascensión, y volvió
a mí, dejó esta llave d e la obediencia. Como sabes, la
dejó a su vicario, Cristo en la tierra, a quien estáis obli-
gados a obedecer hasta la m u e r t e . Quien está fuera d e
la obediencia, se halla en estado d e condenación, como
4
te dije en otro lugar .
Ahora quiero q u e consideres y conozcas esta excelen-
tísima virtud en el h u m i l d e e inmaculado C o r d e r o y d e
d ó n d e procede.
¿De d ó n d e viene q u e el Verbo fuera tan obediente?
Del a m o r q u e tuvo a mi h o n o r y a vuestra salvación. ¿Y
d e d ó n d e p r o c e d e el amor? De la luz d e la clara visión
con q u e su alma veía con plena claridad a la esencia di-
vina y a la T r i n i d a d eterna, y así m e veía siempre a mí,
Dios e t e r n o .
Esta visión causaba d e m o d o perfecto en El la fideli-
dad q u e p r o d u c e en vosotros, d e m o d o imperfecto, la
luz de la fe. Fue fiel a mí, su e t e r n o Padre, y por eso co-
rrió con gloriosa luz, como e n a m o r a d o , por el camino
d e la obediencia. El a m o r no está solo, sino acompañado
d e todas las verdaderas y reales virtudes, ya q u e todas
tienen vida en razón del amor d e la caridad, a u n q u e
fuera distinta en El y en vosotros. E n t r e estas virtudes
se e n c u e n t r a la paciencia, que es la médula d e la cari-
dad. Ella es u n signo demostrativo d e q u e se encuentra
en el alma que v e r d a d e r a m e n t e se halla en gracia y d e si

3
J n 14,6.
4
Cf. c.115 y 116.
La obediencia 393

a m a o n o . P o r e s o , la m a d r e , la c a r i d a d , le h a d a d o p o r
h e r m a n a la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a . T a n p e r f e c t a m e n t e
u n i d a s se h a l l a n , q u e n o se p i e r d e u n a sin la o t r a , y, o
p o s e e s las d o s , o n o p o s e e s n i n g u n a .
Esta v i r t u d es la n o d r i z a q u e la a l i m e n t a , es d e c i r , la
v e r d a d e r a h u m i l d a d , p o r lo q u e c u a n t o se es m á s o b e -
diente, tanto más humilde, y tanto más humilde cuanto
m á s o b e d i e n t e . L a h u m i l d a d es el a l m a y n o d r i z a d e la
c a r i d a d , y p o r eso su l e c h e a l i m e n t a la v i r t u d d e la o b e -
d i e n c i a . El vestido q u e le d a esta n o d r i z a es e n v i l e c e r s e
a sí m i s m a , vestirse d e o p r o b i o s , e s c a r n i o s , villanías,
e n o j o d e sí y a g r a d a r m e a m í . ¿ D ó n d e e n c u e n t r a s ese
vestido? E n el d u l c e C r i s t o J e s ú s , m i H i j o u n i g é n i t o .
¿ Q u i é n se h a e n v i l e c i d o m á s q u e El? El se sació d e o p r o -
5
bios y villanías, se d e s a g r a d ó a sí m i s m o , es d e c i r , a su
vida c o r p o r a l , p o r a g r a d a r m e a m í . ¿ Q u i é n f u e m á s p a -
c i e n t e q u e El? N o se le o y ó u n a q u e j a ni c l a r n o r , s i n o
q u e c o n paciencia a b r a z ó las injurias. C o m o e n a m o r a d o
c u m p l i ó m i o b e d i e n c i a , la i m p u e s t a p o r m í , su P a d r e
eterno.
Así, p u e s , e n El e n c o n t r a r é i s la p e r f e c t a o b e d i e n c i a .
O s d e j ó esta r e g l a y d o c t r i n a , p e r o a n t e s la o b s e r v ó El
m i s m o . Ella d a v i d a p o r ser c a m i n o d e r e c h o . El es el ca-
m i n o , y p o r eso dijo q u e e r a « c a m i n o , v e r d a d y vida» y
q u e q u i e n a n d u v i e r a p o r él a n d a r í a p o r la luz, y q u e a n -
d a n d o p o r ella n o p u e d e o f e n d e r n i s e r o f e n d i d o sin
6
q u e e s t o se a d v i e r t a , p o r q u e h a a p a r t a d o d e sí las tinie-
blas d e l a m o r p r o p i o , p o r el q u e c a í a e n d e s o b e d i e n c i a ,
p u e s , c o m o te dije, la c o m p a ñ e r a d e d o n d e p r o c e d e la
o b e d i e n c i a es la h u m i l d a d . P o r eso t e dije y te d i g o q u e
la d e s o b e d i e n c i a p r o c e d e d e la s o b e r b i a , q u e , a su vez,
t i e n e o r i g e n e n el a m o r a sí m i s m o , a p a r t á n d o s e d e la
h u m i l d a d . L a h e r m a n a q u e se h a d a d o al a m o r p r o p i o
es la d e s o b e d i e n c i a . L a i m p a c i e n c i a y la s o b e r b i a las fo-
m e n t a n . C o n tinieblas d e falta d e fe c o r r e el a l m a p o r el
c a m i n o o s c u r o q u e la c o n d u c e a la m u e r t e e t e r n a .
T o d o s debéis leer e n este glorioso libro, d o n d e en-
c o n t r á i s e s t a y las d e m á s v i r t u d e s .

5
Flp 2 , 7 .
* Jn 14,6 y 8,12.
394 £7 Diálogo

LA OBEDIENCIA EN GENERAL

[Llave - vestido nupcial - alegre aurora de la gracia. \

155 [ L a o b e d i e n c i a e s l l a v e q u e a b r e el c i e l o . — D e b e t e n e r s e
e n la c i n t u r a , a t a d a a u n c o r d e l i t o . — S u e x c e l e n c i a . J

Después d e haberte manifestado d ó n d e puedes en-


contrar la obediencia, d e d ó n d e p r o c e d e , quién es su
compañera y por quién es alimentada, te hablaré a h o r a
d e los obedientes y d e los desobedientes a la vez y d e la
obediencia en general y en particular, o sea, de la q u e se
refiere a los m a n d a m i e n t o s y consejos.
T o d a vuestra fe se halla f u n d a d a en la obediencia y
p o r ella demostráis si sois fieles. Mi verdad os ha pro-
puesto a todos, en general, los mandamientos d e la ley.
El principal d e ellos es a m a r m e sobre todas las cosas, y
al prójimo como a vosotros mismos. Con este m a n d a -
miento se e n c u e n t r a n unidos los d e m á s tan perfecta-
mente, q u e no se p u e d e observar u n o sin q u e se obser-
ven todos, no se p u e d e a b a n d o n a r u n o sin hacerlo con
los demás '. Quien observa estos dos, observa todos los
demás, es fiel a mí y al prójimo, me ama a mí y pertene-
ce en el a m o r a mi criatura. Por eso, el obediente cum-
ple los mandamientos d e la ley respecto del prójimo en
atención a mí, y con humildad soporta los trabajos y ca-
lumnias q u e vienen del prójimo.
Esta obediencia es tan excelente, q u e p o r ella habéis
recibido todos la gracia, y, por el contrario, por la deso-
2
bediencia habéis obtenido la m u e r t e . Pero no sería su-
ficiente q u e la obediencia se diera sólo en el Verbo y
q u e vosotros a h o r a no la practicaseis. T e dije q u e era
u n a llave q u e abrió el cielo. Esa llave la puso Cristo en
manos d e su vicario; éste la p o n e en m a n o s de cada u n o
d e los q u e han recibido el santo bautismo, en el q u e se
p r o m e t e renunciar al demonio, al m u n d o , a las vanida-
des y delicias. C u a n d o p r o m e t e obedecer, recibe la llave
d e la obediencia. De m o d o q u e cada u n o la tiene en par-
ticular y es la misma llave del Verbo. Si el h o m b r e no

1
Mt 22,37-40.
2 Rom 5,19.
La obediencia 395

c a m i n a a la luz d e la fe y con la m a n o del a m o r p a r a


a b r i r c o n ella la p u e r t a del cielo, n u n c a e n t r a r á e n él,
a u n q u e h a y a sido a b i e r t a p o r el V e r b o , p o r q u e yo os h e
c r e a d o sin vosotros, sin q u e n u n c a lo h u b i e s e i s p e d i d o ,
p o r q u e os a m é a n t e s d e q u e existieseis, p e r o n o os salva-
r é sin vosotros.
P o r t a n t o , os es n e c e s a r i o llevar la llave e n la m a n o y
q u e c a m i n é i s y n o os sentéis; a n d a r p o r el c a m i n o d e mi
V e r d a d y n o s e n t a r s e , es decir, n o p o n e r el afecto e n las
cosas finitas, c o m o h a c e n los necios, q u e s i g u e n al h o m -
b r e viejo, su p r i m e r p a d r e , h a c i e n d o lo q u e él hizo, q u e
a r r o j ó la llave d e la o b e d i e n c i a al l o d o d e la i n m u n d i c i a ,
la hizo p e d a z o s con el m a r t i l l o d e la s o b e r b i a y p e r m i t i ó
q u e se l l e n a r a d e h e r r u m b r e c o n el a m o r p r o p i o . P e r o
d e s p u é s vino el V e r b o , m i Hijo u n i g é n i t o , q u e t o m ó esta
llave d e la o b e d i e n c i a e n su m a n o , la p u r i f i c ó e n el fue-
g o d e la c a r i d a d divina, la sacó del l o d o , la lavó c o n su
s a n g r e , la e n d e r e z ó c o n el cuchillo d e la justicia, colo-
c a n d o v u e s t r a s m a l d a d e s s o b r e el y u n q u e d e su p r o p i o
3
c u e r p o . T a n p e r f e c t a m e n t e la r e c o m p u s o , q u e tanto,
c o m o el h o m b r e la e s t r o p e e , t a n t o la p u e d e r e c o m p o n e r
c o n su libre a l b e d r í o , m e d i a n d o mi g r a c i a .
¡ O h h o m b r e ciego, m á s q u e ciego, q u e , u n a vez q u e
has e s t r o p e a d o la llave d e la o b e d i e n c i a , ni s i q u i e r a te
p r e o c u p a s d e a r r e g l a r l a ! ¿ C r e e s q u e la d e s o b e d i e n c i a ,
q u e c e r r ó el cielo, será la q u e te lo a b r a ? ¿ C r e e s q u e la
s o b e r b i a , q u e os h a c e c a e r del cielo, os va a h a c e r s u b i r a
él? ¿ C r e e s e n t r a r en las b o d a s c o n el vestido d e s g a r r a d o
y sucio? ¿Crees p o d e r c a m i n a r e s t a n d o s e n t a d o y m e -
t i é n d o t e e n el l é g a m o del p e c a d o m o r t a l , o q u e p u e d e s
a b r i r la p u e r t a sin llave? N o te lo i m a g i n e s , p o r q u e tu
i m a g i n a c i ó n q u e d a r í a f r u s t r a d a . Es preciso q u e te libe-
res del p e c a d o m o r t a l p o r la s a n t a c o n f e s i ó n , c o n t r i c i ó n
d e c o r a z ó n y satisfacción, c o n p r o p ó s i t o d e n o o f e n d e r
m á s . E n t o n c e s a r r o j a s a t i e r r a el vestido sucio y feo, co-
r r e s con el Vestido d e b o d a s , c o n la luz y c o n la llave d e
la o b e d i e n c i a e n m a n o p a r a a b r i r la p u e r t a . A t a , ata esta
llave con la c u e r d a d e la c o n s i d e r a c i ó n d e tu r u i n d a d y
d e s p r e c i o d e ti m i s m o y del m u n d o . Á t a l a a g r a d á n d o m e

3
Sal 1 2 8 , 3 .
396 El Diálogo

a mí, tu C r e a d o r , con quien debes hacer u n cíngulo y


4
ceñirte p a r a q u e n o la pierdas.
Sabe, hija mía, q u e son m u c h o s los q u e h a n t o m a d o la
llave d e la obediencia p o r q u e h a n visto con la luz de la
fe q u e d e o t r o m o d o n o p u e d e n combatir la e t e r n a con-
denación. P e r o tienen la llave en la m a n o sin el cíngulo
ceñido y sin c u e r d a , es decir, q u e no se visten completa-
m e n t e del deseo d e a g r a d a r m e , sino q u e se d a n gusto a
sí mismos. N o h a n puesto el cordón del deseo de que se les
5
tenga p o r viles , sino, más bien, se deleitan en la ala-
banza d e los h o m b r e s . Estos son a propósito p a r a p e r d e r
la llave, y, si n o tienen c u i d a d o , la p e r d e r á n muchas ve-
ces al aflojar la m a n o del deseo. La llave extraviada,
q u e r i e n d o e n c o n t r a r l a , la p o d r á n r e c o b r a r mientras vi-
van, y, n o q u e r i é n d o l o , no la r e c u p e r a r á n j a m á s .
¿ Q u i é n les m o s t r a r á q u e la h a n p e r d i d o ? La impacien-
cia, y c o m o la paciencia estaba u n i d a con la obediencia,
al n o ser paciente, q u e d a p a t e n t e q u e la obediencia n o
se halla en el alma.
¡Oh, c u a n dulce y gloriosa es esta virtud, en la q u e se
e n c u e n t r a n todas las d e m á s , p o r q u e es concebida y
d a d a a luz p o r la caridad! En ella está f u n d a d a la roca
d e la santísima fe. El q u e esté desposado con esta reina
n o siente mal alguno: percibe paz y q u i e t u d . N o le pue-
d e n d a ñ a r las olas del m a r tempestuoso ni tempestad al-
g u n a ; ni siente enojo en el tiempo d e la injuria, p o r q u e
q u i e r e o b e d e c e r y sabe q u e se le h a m a n d a d o p e r d o n a r ;
n o sufre si n o se satisfacen sus apetitos, p o r q u e la obe-
diencia le hace o r i e n t a r sus deseos a mí, q u e p u e d o , sé y
q u i e r o complacer sus deseos. Ella lo h a despojado d e las
alegrías m u n d a n a s . De este m o d o , en todas las cosas,
q u e llevaría largo tiempo en e n u m e r a r , e n c u e n t r a paz y
quietud, h a b i e n d o t o m a d o a esta r e i n a p o r esposa, la
q u e yo te h e d a d o c o m o llave.
¡Oh obediencia, q u e navegas sin trabajo y alcanzas sin
peligro el p u e r t o d e la salvación! ¡Te pareces al Verbo
d e mi unigénito Hijo: subes a la navecilla d e la santísima
cruz, disponiéndote a sufrir antes q u e transgredir la
obediencia del V e r b o o a b a n d o n a r sus enseñanzas; ha-

4
Is 11,5.
5
Is 3,24.
La obediencia 397

ees d e ella u n a m e s a d o n d e t o m a s el a l i m e n t o d e l a l m a
p e r m a n e c i e n d o e n la dilección d e l p r ó j i m o !
T ú te hallas u n g i d a c o n la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y p o r
eso n o a p e t e c e s las cosas d e tu p r ó j i m o q u e n o e s t á n
c o n f o r m e s c o n m i v o l u n t a d . E r e s recta, sin r e c o v e c o al-
g u n o , p o r q u e h a c e s al c o r a z ó n r e c t o y n o fingido,
a m a n d o a m i c r i a t u r a c o n n a t u r a l i d a d y sin s i m u l a c i ó n .
E r e s u n a a u r o r a q u e lleva c o n t i g o la g r a c i a d i v i n a ; u n
sol q u e calienta, p o r q u e n o te e n c u e n t r a s p r i v a d a d e l ca-
lor d e la c a r i d a d . H a c e s q u e la t i e r r a fructifique, esto es,
q u e los i n s t r u m e n t o s d e l a l m a y d e l c u e r p o p r o d u z c a n
u n f r u t o q u e t i e n e v i d a e n sí y e n el p r ó j i m o .
Estás c o m p l e t a m e n t e a l e g r e , p o r q u e t u r o s t r o n o se
h a t u r b a d o p o r la impaciencia; estás s e r e n a y c o n forta-
leza. E r e s g r a n d e e n la p r o l o n g a d a p e r s e v e r a n c i a ; t a n
g r a n d e q u e participas d e l cielo y d e la t i e r r a , p o r q u e c o n
ella se q u i t a el c e r r o j o d e l cielo. E r e s u n a m a r g a r i t a es-
c o n d i d a y d e s c o n o c i d a , p i s o t e a d a p o r el m u n d o , p u e s te
6
p r e s e n t a s c o m o vil, s o m e t i é n d o t e a las c r i a t u r a s .
T a n e x t e n s o s s o n tus d o m i n i o s , q u e n a d i e p u e d e s e r
tu s e ñ o r , p o r q u e te h a s l i b r a d o d e la m o r t a l s e r v i d u m -
b r e d e los p r o p i o s s e n t i d o s , q u e te p r i v a b a n d e tu d i g n i -
dad.

156 [Miseria de los desobedientes y excelencia de los obe-


dientes.]

T e d i g o , q u e r i d í s i m a hija, q u e t o d o esto lo h a h e c h o
m i b o n d a d y p r o v i d e n c i a , q u e d e t e r m i n a r o n q u e el V e r -
b o a r r e g l a r a la llave d e esta o b e d i e n c i a . P e r o los h o m -
b r e s d e l m u n d o , p r i v a d o s d e t o d a v i r t u d , h a c e n t o d o lo
c o n t r a r i o . Ellos, c o m o a n i m a l e s sin f r e n o , p o r q u e les
falta la o b e d i e n c i a , v a n a p r e s u r a d o s d e m a l e n p e o r , d e
p e c a d o e n . p e c a d o , d e m i s e r i a e n miseria, d e o s c u r i d a d
e n o s c u r i d a d , d e m u e r t e e n m u e r t e , t a n t o q u e llegan al
b o r d e d e la fosa d e la m u e r t e c o n el g u s a n o d e la c o n -
ciencia q u e s i e m p r e les r o e . A u n q u e p u e d e n volver o t r a
vez a q u e r e r o b e d e c e r los m a n d a m i e n t o s d e la ley, si tie-
n e n t i e m p o p a r a ello y p a r a d o l e r s e d e h a b e r d e s o b e d e -
c i d o , les es, sin e m b a r g o , m u y fatigoso p o r la m u c h a

6
Mt 13,44-46 y 7,6.
398 El Diálogo

c o s t u m b r e d e pecar. N a d i e se confíe ni d e m o r e t o m a r
esta llave d e la obediencia en el último m o m e n t o d e la
m u e r t e , si bien c a d a u n o p u e d e y d e b e t e n e r e s p e r a n z a
m i e n t r a s t i e n e tiempo; n o se d e b e confiar en q u e , p o r
tenerlo, va a e n m e n d a r su vida.
¿Cuál es la causa d e su g r a n mal, d e tanta c e g u e r a ,
p a r a n o r e c o n o c e r este tesoro? La n u b e del a m o r p r o p i o
con la miserable soberbia, p o r la q u e se h a n a p a r t a d o d e
la obediencia y caído en la desobediencia. Al n o ser obe-
dientes, n o son pacientes, y en la impaciencia sufren in-
tolerables p e n a s . La desobediencia los h a sacado del ca-
m i n o d e la v e r d a d y los lleva p o r el d e la m e n t i r a , ha-
ciéndose esclavos y amigos d e los d e m o n i o s , y, si n o se
e n m i e n d a n , a causa d e la desobediencia van con sus se-
ñ o r e s los d e m o n i o s al suplicio e t e r n o . Por el c o n t r a r i o ,
los hijos q u e r i d o s , o b s e r v a d o r e s y o b e d i e n t e s a la ley,
gozan y se a l e g r a n v i é n d o m e j u n t o con el h u m i l d e e in-
m a c u l a d o C o r d e r o , h a c e d o r , c u m p l i d o r y d a d o r d e la
ley. O b s e r v a n d o la obediencia en esta vida, h a n g u s t a d o
la paz, y e n la vida b i e n a v e n t u r a d a reciben y se revisten
d e u n a perfectísima q u i e t u d ; paz sin c o m b a t e a l g u n o y
bien perfecto sin mal a l g u n o ; s e g u r i d a d sin n i n g ú n te-
m o r ; riqueza sin p r o b r e z a ; luz sin tinieblas; u n bien infi-
nito y n o p e r e c e d e r o , del q u e participan todos los biena-
venturados.
¿Quién la h a colocado en tanto bien? La s a n g r e del
C o r d e r o , en virtud d e la cual la llave d e la obediencia
p i e r d e la h e r r u m b r e , p a r a q u e con ella podáis a b r i r la
p u e r t a . D e m o d o q u e la obediencia te la h a abierto en
virtud d e la s a n g r e .
¡Oh necios y locos! N o tardéis más en salir d e las in-
m u n d i c i a s , p u e s p a r e c e q u e hacéis c o m o el p u e r c o , q u e
se revuelca en el l o d o . Así lo hacéis vosotros en el lodo
d e la c a r n a l i d a d . A b a n d o n a d las injusticias, homicidios,
odio, r e n c o r , calumnias, m u r m u r a c i o n e s , juicios atrevi-
dos y c r u e l d a d q u e usáis con vuestro p r ó j i m o ; h u r t o s ,
traiciones, pasiones d e s o r d e n a d a s y deleites m u n d a n o s .
C o r t a d los c u e r n o s a la soberbia, con lo q u e cortaréis y
extinguiréis el o d i o , en q u e g u a r d á i s en vuestro corazón
a los q u e os injurian. C o m p a r a d las injurias q u e m e ha-
béis h e c h o a mí y al prójimo con las q u e os h a n h e c h o , y
e n c o n t r a r é i s q u e , c o m p a r a d a s con las h e c h a s a mí, las
La obediencia 399

v u e s t r a s son bagatelas. Veis q u e , p e r m a n e c i e n d o e n el


o d i o , m e injuriáis, p o r q u e t r a n s g r e d í s mi m a n d a m i e n t o
y hacéis injuria al p r ó j i m o , p r i v á n d o o s d e la c a r i d a d . O s
h e m a n d a d o q u e m e améis más q u e a t o d a s las cosas, y
al p r ó j i m o c o m o a vosotros mismos. N o h a y distinción
d i c i é n d o o s : «Si él te injuria, n o le a m e s » , sino q u e el
m a n d a t o se h a d a d o sencillo y escueto p o r m i V e r d a d ,
q u e lo o b s e r v ó y c u m p l i ó c o n exactitud. Así debéis c u m -
plirlo t a m b i é n vosotros. Si n o lo observáis, os hacéis
d a ñ o a vosotros e injuria a v u e s t r a alma p o r privarla d e
la vida d e la gracia.
T o m a d , p u e s , t o m a d la llave d e la o b e d i e n c i a , acom-
p a ñ á n d o l a d e la luz d e la fe. N o a n d é i s m á s con tanta
c e g u e r a y frialdad, sino m a n t e n e d con el fuego del
a m o r esta obediencia, a fin d e q u e , j u n t o con la obser-
vancia d e la ley, gustéis la vida e t e r n a .

LA OBEDIENCIA EN PARTICULAR

[Obserxiancia actual de los consejos.—La obediencia en las órdenes


religiosas - los fundadores de las órdenes - los religiosos santos - reli-
giosos observantes e inobservantes - vida obediente - vida desobedien-
te. - los tibios. ]

157 [ L o s q u e t i e n e n t a n t o a m o r a la o b e d i e n c i a , q u e n o s e
c o n t e n t a n c o n lo g e n e r a l d e los m a n d a m i e n t o s , s i n o q u e a b r a -
z a n la o b e d i e n c i a p a r t i c u l a r . ]

En a l g u n o s , q u e r i d í s i m a hija, crecerá m u c h í s i m o el
d u l c e y a m o r o s o fuego d e a m o r a esta o b e d i e n c i a , y
c o m o el fuego n o se d a sin a b o r r e c i m i e n t o , al c r e c e r ese
fuego, a u m e n t a r á t a m b i é n el a b o r r e c i m i e n t o . C o m o
c o n s e c u e n c i a d e él y d e este a m o r , n o se e n c u e n t r a n
c o n t e n t o s con solos los m a n d a t o s g e n e r a l e s d e la ley, a
q u e t o d o s están obligados a o b e d e c e r si q u e r é i s t e n e r
vida, p u e s d e lo c o n t r a r i o t e n d r é i s la m u e r t e , sino q u e
se a t i e n e n a los m a n d a m i e n t o s e n p a r t i c u l a r , o sea, a
la o b e d i e n c i a particular, q u e busca u n a m a y o r perfec-
ción. P o r eso o b s e r v a n los consejos t e m p o r a l y espiritual-
mente.
Esos tales, p o r o d i o a sí m i s m o s , q u i e r e n m a t a r en
400 El Diálogo

todo su v o l u n t a d y unirse más e s t r e c h a m e n t e a mí, so-


metiéndose al y u g o d e la obediencia e n u n a o r d e n reli-
giosa; o fuera d e ella, se someten a u n a criatura, suje-
t a n d o a ella su voluntad p a r a ir más libres a reposar en
el cielo. Estos son los que te dije q u e elegían la obedien-
cia perfecü'sima.
T e h e h a b l a d o d e la obediencia en general; p e r o
c o m o es tu voluntad q u e te hable d e la obediencia más
en particular, d e la perfecü'sima, p o r eso lo h a r é a h o r a
d e esta s e g u n d a , la cual n o se distingue d e la p r i m e r a
sino en q u e es más perfecta. P o r q u e ya te dije q u e se ha-
llan u n i d a s d e tal m a n e r a , q u e n o se p u e d e n separar.
T e h e dicho d e d ó n d e p r o c e d e y d ó n d e se e n c u e n t r a
la obediencia g e n e r a l y q u é es lo q u e la hace desapare-
cer. A h o r a te hablaré en particular, sin a p a r t a r t e del
mismo e s q u e m a .

158 [ P a s o d e la o b e d i e n c i a g e n e r a l a la p a r t i c u l a r . — E x c e -
l e n c i a d e las ó r d e n e s r e l i g i o s a s . ]

El alma q u e h a t o m a d o el yugo d e la obediencia d e


los m a n d a m i e n t o s con a m o r , siguiendo la doctrina d e
mi V e r d a d , practicándola del m o d o dicho, en virtud d e
esta obediencia general llegará a la s e g u n d a obediencia
con la misma luz con q u e llegó a la p r i m e r a . Por la luz
de la santísima fe h a b r á conocido mi V e r d a d en la san-
g r e del h u m i l d e C o r d e r o , esto es, el a m o r inefable q u e
le tengo y su fragilidad, p o r la q u e n o r e s p o n d e a la per-
fección con q u e d e b e . C o n esta luz va b u s c a n d o el m o d o
y lugar más a propósito p a r a devolverme lo q u e m e
d e b e , p a r a s o m e t e r la propia fragilidad y m a t a r su vo-
l u n t a d . M i r a n d o con la luz d e la fe ha e n c o n t r a d o el lu-
gar, es decir, u n a o r d e n religiosa. Esta es o b r a del Espí-
ritu Santo, colocada c o m o navecilla p a r a recibir a las al-
mas q u e q u i e r e n c o r r e r a la perfección y llevarlas al
p u e r t o d e salvación.
El p a t r ó n d e la navecilla es el Espíritu Santo, q u e en sí
n u n c a falla p o r el p e c a d o d e algún religioso q u e concul-
q u e las reglas d e su o r d e n ; p e r o el q u e lo hace se ofen-
d e a sí mismo. V e r d a d es, con t o d o , q u e u n defecto en
el q u e llevase el timón hace q u e la nave esté a m e r c e d
d e las olas, es decir, a causa d e los malos y desventura-
La obediencia 401

d o s p a s t o r e s , p r e l a d o s p u e s t o s p o r el p a t r ó n d e la n a v e .
Es ésta d e t a n t o d e l e i t e e n sí m i s m a , q u e t u l e n g u a n o
podría describirlo.
D i g o , p u e s , q u e esta a l m a , c r e c i d o el f u e g o d e l d e s e o
c o n s a n t o a b o r r e c i m i e n t o d e sí m i s m a , h a b i e n d o e n c o n -
t r a d o l u g a r c o n la luz d e la fe, e n t r a e n él ya m u e r t a si
es v e r d a d e r a m e n t e o b e d i e n t e , esto es, si h a o b s e r v a d o
p e r f e c t a m e n t e la o b e d i e n c i a g e n e r a l . Si e n t r a i m p e r f e c -
ta e n ese l u g a r , n o es q u e n o la p u e d a c o n s e g u i r , sino
q u e la l o g r a si q u i e r e ejercitar e n sí la v i r t u d d e la o b e -
d i e n c i a . L a m a y o r p a r t e d e los q u e i n g r e s a n e n u n a o r -
d e n son i m p e r f e c t o s : u n o s e n t r a n c o n p e r f e c c i ó n , o t r o s
c o m o niños, u n o s p o r temor, otros p o r dificultades,
o t r o s p o r h a l a g o s . T o d o consiste d e s p u é s e n ejercitarse
e n la v i r t u d y e n p e r s e v e r a r h a s t a la m u e r t e ; q u e s o b r e
su i n g r e s o n o se d e b e j u z g a r , s i n o sólo s o b r e su p e r s e v e -
rancia. Muchos parecía q u e ingresaban perfectos y des-
p u é s h a n v u e l t o la vista a t r á s y vivido e n la o r d e n c o n
g r a n i m p e r f e c c i ó n . D e m o d o q u e n o se p u e d e j u z g a r d e l
m o d o y decisión c o n q u e e n t r a n e n la navecilla, a la q u e
t o d o s se h a l l a n e n v i a d o s p o r m í , sino sólo p o r el m o d o
d e o b r a r d e los q u e p e r s e v e r a n d e n t r o c o n v e r d a d e r a
obediencia.
Esta es u n a n a v e rica, p o r q u e n o p r e c i s a el subdito
p e n s a r e n lo q u e es n e c e s a r i o ni espiritual ni t e m p o r a l -
m e n t e , p u e s t o q u e , si v e r d a d e r a m e n t e es o b e d i e n t e u
o b s e r v a n t e d e la r e g l a , es m a n t e n i d o p o r el p a t r o n o d e
la n a v e , el Espíritu S a n t o . C o m o sabes, t e dije al h a b l a r
d e m i p r o v i d e n c i a q u e mis s e r v i d o r e s s o n p o b r e s , p e r o
n o m e n d i g o s . L o m i s m o éstos, a los q u e s o c o r r o e n su
necesidad.
B i e n lo e x p e r i m e n t a b a n y e x p e r i m e n t a n los q u e e r a n
y s o n o b s e r v a n t e s d e la r e g l a . Así ves q u e e n los t i e m p o s
e n q u e las ó r d e n e s se r e g a b a n c o n la flor d e la v i r t u d ,
c o n v e r d a d e r a p o b r e z a y c a r i d a d f r a t e r n a , n o les falta-
b a n los b i e n e s t e m p o r a l e s , sino q u e t e n í a n d e lo q u e exi-
gía su n e c e s i d a d . P e r o c o m o e n ellas h a e n t r a d o la pesti-
lencia d e l a m o r p r o p i o , v i v i e n d o c a d a u n o d e p o r sí, y
p o r q u e falta la o b e d i e n c i a , v i e n e a faltar lo n e c e s a r i o ; y
c u a n t o m á s p o s e e n , e n m a y o r m e n d i c i d a d se e n c u e n -
t r a n . Es j u s t o q u e h a s t a e n las cosas m á s p e q u e ñ a s sien-
t a n q u é f r u t o les p r o d u c e la d e s o b e d i e n c i a . Si f u e r a n
402 El Diálogo

obedientes, observarían el voto d e pobreza y n a d a ten-


d r í a n propio y n o viviría cada u n o p o r su cuenta.
E n ella se basa la riqueza d e las santas reglas, estable-
cidas con tanto cuidado y tanta luz p o r los convertidos
en templo del Espíritu Santo.
Mira con c u á n t a discreción organizó Benito su nave-
cilla.
Mira a Francisco con q u é perfección y p e r f u m e d e po-
breza, con las margaritas d e la virtud, o r d e n ó la naveci-
lla d e su O r d e n , dirigiéndola p o r el camino d e la alta
perfección, d á n d o l e p o r esposa la v e r d a d e r a y santa po-
breza: él fue el p r i m e r o q u e hizo esto. Personalmente lo
había él hecho antes a b r a z a n d o la vida h u m i l d e '. Me-
nospreciándose a sí mismo, no deseaba a g r a d a r a criatu-
r a alguna, sino en c o n f o r m i d a d con mi voluntad; más
bien deseaba ser considerado vil p o r el m u n d o , mortifi-
c a n d o su c u e r p o y m a t a n d o su voluntad. Se vistió d e
oprobios, sufrimientos y vituperios p o r a m o r del humil-
d e C o r d e r o , con el cual se había clavado p o r afecto en la
2
cruz , mientras q u e , p o r singular gracia, en el c u e r p o
aparecían las llagas d e mi V e r d a d , m o s t r a n d o en la vasi-
j a del c u e r p o lo q u e se e n c o n t r a b a en el afecto d e su
alma. De este m o d o p r e p a r ó el camino.
P e r o m e dirás: «¿No se han f u n d a d o sobre la pobreza
las otras órdenes?» Sí; p e r o no en todas es primordial,
a u n q u e todas se f u n d e n en ella. Se la trata como a cual-
q u i e r o t r a virtud. T o d a s las virtudes reciben vida d e la
caridad, y, sin e m b a r g o , c o m o te he dicho en o t r o lugar,
a u n o c o r r e s p o n d e más u n a y a o t r o otra, y, sin embar-
go, todas se f u n d a n en la caridad. Así o c u r r e aquí. Al
pobrecillo Francisco le c o r r e s p o n d i ó la v e r d a d e r a po-
breza, p o n i e n d o el f u n d a m e n t o d e su navecilla en ella,
con m u c h a estrechez, con g e n t e perfecta y no c o m ú n ,
con pocos y b u e n o s . Digo «pocos» p o r q u e no son mu-
chos los q u e eligen esta perfección; mas p o r sus defectos
se h a n multiplicado en n ú m e r o y se ha disminuido la
virtud; n o p o r defecto d e la navecilla, sino p o r la deso-
1
Catalina a d m i r a y ensalza el espíritu d e d e s p r e n d i m i e n t o d e San
Francisco d e Asís, q u e eligió la p o b r e z a c o m o c a m i n o d e perfección
p a r a sí y p a r a sus hijos.
2
Alusión a los estigmas visibles recibidos p o r San Francisco en
1224.
La obediencia 403

b e d i e n c i a d e los subditos y p o r los malos g o b e r n a n t e s \


Y si te fijas e n la navecilla d e tu P a d r e D o m i n g o , m i
a m a d o hijo, él o r g a n i z ó la O r d e n c o n p e r f e c t o e s m e r o ,
p u e s quiso q u e los suyos a t e n d i e r a n sólo a m i h o n o r y a
la salvación d e las almas p o r m e d i o d e la ciencia. Par-
t i e n d o d e esta luz, quiso f u n d a r l a sin excluir la p o b r e z a
v o l u n t a r i a . T a m b i é n él la o b s e r v ó , y, e n señal d e ello y
d e q u e le d e s a g r a d a b a n las riquezas c o m o p r u e b a d e
4
q u e h a b í a elegido p o r esposa suya la r e i n a p o b r e z a ,
dejó p o r t e s t a m e n t o a sus hijos su maldición e n h e r e n c i a
si p o s e y e r a n o f u e r a n d u e ñ o s d e p e q u e ñ a s p r o p i e d a d e s
en p a r t i c u l a r o e n c o m ú n .
P e r o t o m ó la luz d e la ciencia c o m o finalidad m á s
p r o p i a suya p a r a e x t i r p a r los e r r o r e s q u e h a b í a n s u r g i d o
5
e n a q u e l t i e m p o . T o m ó el oficio d e mi Hijo u n i g é n i t o ,
el V e r b o . R e a l m e n t e parecía u n apóstol e n el m u n d o .
Esparcía mis e n s e ñ a n z a s c o n t a n t a v e r d a d y luz, q u e di-
sipaba las tinieblas y hacía q u e brillara la luz. El fue u n a
luz q u e yo ofrecí al m u n d o p o r m e d i o d e M a r í a , coloca-
d o e n el c u e r p o místico d e la Iglesia c o m o d e s t r u c t o r d e
herejías. ¿Por q u é dije «por m e d i o d e María»? P o r q u e
6
María le dio el h á b i t o e n c a r g a d a p o r m i b o n d a d .
¿En q u é m e s a hace c o m e r a sus hijos la luz d e la cien-
cia? E n la m e s a d e la c r u z . E n esta c r u z se halla colocada
la m e s a d e l santo d e s e o ; e n ella se c o m e n almas p o r h o -
n o r a m í . N o quiso q u e sus hijos a t e n d i e r a n a o t r a cosa
q u e a p e r m a n e c e r a esta m e s a c o n la luz d e la ciencia,
b u s c a n d o sólo m i gloria y alabanza y la salvación d e las
almas. P a r a q u e n o se d e s v i a r a n a o t r a s cosas les q u i t ó el
3
C o m o t o d a s las ó r d e n e s religiosas, lá d e S a n F r a n c i s c o s u f r i ó la
relajación, c o n s e c u e n c i a d e la l l a m a d a «peste n e g r a » .
4
S a n t o D o m i n g o d e G u z m á n n o eligió la p o b r e z a c o m o c a r a c t e r í s -
tica d e su O r d e n , a u n q u e él la o b s e r v ó y m a n d ó a sus hijos q u e la
g u a r d a r a n . C a t a l i n a c o n o c í a b i e n el e s p í r i t u d e la O r d e n a q u e p e r t e -
necía c o m o terciaria. A e x p o n e r l o d e d i c a las p á g i n a s s i g u i e n t e s , q u e
r e z u m a n a m o r y e n t u s i a s m o p o r su O r d e n .
s
. La n o t a c a r a c t e r í s t i c a d e la O r d e n d e S a n t o D o m i n g o h a s i d o
s i e m p r e la p r e d i c a c i ó n d o c t r i n a l .
6
D u r a n t e m u c h o t i e m p o se i n t e r p r e t ó la a p a r i c i ó n d e la V i r g e n al
B e a t o R e g i n a l d o d e O r l e á n s c o m o la e n t r e g a d e u n n u e v o h á b i t o o
m o d o d e vestir a los c o m p o n e n t e s d e la O r d e n . E n r e a l i d a d , la V i r g e n
n o d i o ni m o s t r ó u n n u e v o h á b i t o , sino q u e m o s t r ó a R e g i n a l d o el h á -
bito q u e d e b í a vestir, es d e c i r , la O r d e n religiosa e n q u e d e b í a i n g r e -
sar.
404 El Diálogo

c u i d a d o d e las cosas temporales y quiso q u e fueran po-


bres. ¿Es v e r d a d q u e n o le faltaba la fe t e m i e n d o n o
f u e r a n socorridos? N o le faltaba, p u e s se hallaba revesti-
d o d e la fe y con esperanza firme confiaba en mi provi-
dencia.
Quiso q u e observen la obediencia en hacer aquello
q u e se les había asignado. Y c o m o el vivir en la i n m u n -
dicia ofusca la visión del e n t e n d i m i e n t o , y n o sólo eso,
sino q u e este miserable vicio d i s m i n u y e hasta la visión
corporal, n o q u e r i e n d o q u e p o r esos pecados fuera im-
p e d i d a la luz, p o r esta razón puso el tercer voto, la con-
tinencia, y e n t o d o q u i e r e q u e la observen con v e r d a d e -
r a y perfecta obediencia, a u n q u e hoy día se g u a r d e mal,
pues más bien, en razón d e la soberbia, algunos convier-
ten la luz en tinieblas. N o es q u e esta luz reciba en sí las
tinieblas, sino q u e p r o d u c e oscuridad en sus almas.
D o n d e hay soberbia n o p u e d e h a b e r obediencia, y te
dije q u e el h o m b r e es tan h u m i l d e c u a n t o es o b e d i e n t e ,
y tan o b e d i e n t e c o m o h u m i l d e . Si se q u e b r a n t a el voto
d e obediencia, pocas veces se d a q u e no se traspasen los
d e continencia y v e r d a d e r a pobreza.
De m o d o q u e D o m i n g o dispuso q u e su navecilla esté
a m a r r a d a con tres c u e r d a s : obediencia, continencia y
v e r d a d e r a p o b r e z a . A la obediencia la hizo completa-
m e n t e práctica al n o hacerla obligatoria bajo p e c a d o
m o r t a l . I l u m i n a d o p o r mí, v e r d a d e r a Luz, socorría con
providencia a los m e n o s perfectos, p u e s a u n q u e todos
los q u e observan la regla sean perfectos, con t o d o , en
esta vida u n o es más perfecto q u e o t r o , y en esta naveci-
lla se hallan j u n t o s perfectos e imperfectos. El se hizo se-
m e j a n t e a mi V e r d a d , m o s t r a n d o n o q u e r e r la m u e r t e
7
del p e c a d o r , sino q u e se convierta y viva . El c a m i n o d e
la obediencia es a n c h o , alegre y p e r f u m a d o : u n j a r d í n
d e placeres e n sí misma.
Pero los miserables q u e n o la observan, sino q u e son
sus transgresores, la h a n d e j a d o convertirse en j a r d í n
salvaje, la h a n ampliado poco con el p e r f u m e d e la vir-
t u d y la luz d e la ciencia d e q u e se n u t r í a n a los pechos
d e la O r d e n . N o digo «por culpa d e la O r d e n » , q u e e n sí
tiene t o d a delicia. P e r o al principio n o e r a así; c u a n d o se

' Ez 3 3 , 1 1 .
La obediencia 405

hallaba e n flor, había h o m b r e s d e g r a n perfección. Se


p a r e c í a n a San Pablo; con tal c l a r i d a d e n su e n t e n d i -
m i e n t o , q u e n o se les p o n í a n d e l a n t e e r r o r e s q u e n o di-
sipasen.
8
Mira al glorioso T o m á s , q u e con los ojos d e su rele-
v a n t e inteligencia se veía e n mi V e r d a d c o m o e n u n es-
pejo, p o r lo q u e a d q u i r i ó la luz s o b r e n a t u r a l y ciencia
infusa p o r gracia, p o r lo cual o b t u v o él m á s p o r m e d i o
d e la o r a c i ó n q u e p o r el e s t u d i o h u m a n o . F u e u n a an-
t o r c h a brillantísima q u e i l u m i n a a su O r d e n y al c u e r p o
místico d e la santaTglesia, a h u y e n t a n d o la o s c u r i d a d d e
las herejías.
9
Mira a P e d r o virgen y m á r t i r , q u e con su s a n g r e ilu-
m i n ó las tinieblas d e m u c h a s herejías, a las q u e a b o r r e -
ció d e tal m o d o , q u e p o r ir c o n t r a ellas p e r d i ó la vida.
M i e n t r a s vivió n o hacía sino p r e d i c a r , d i s p u t a r con los
herejes, a n u n c i a r la v e r d a d y e x t e n d e r la fe sin t e m o r
a l g u n o . Y n o sólo a f i r m ó su fe d u r a n t e su vida, sino
hasta el ú l t i m o m o m e n t o d e su vida. P o r lo q u e e n el
m o m e n t o d e la m u e r t e , c u a n d o le faltaban la voz y la
tinta, h a b i e n d o recibido la p u ñ a l a d a , m o j ó el d e d o e n su
s a n g r e y, n o t e n i e n d o papel, este glorioso m á r t i r se in-
clinó y escribió e n la t i e r r a c o n f e s a n d o la fe: « C r e o en
10
Dios» . Su corazón ardía e n el h o r n o d e mi caridad, y
p o r eso n o aflojó el paso o volvió la vista atrás s a b i e n d o
q u e iba a m o r i r —antes d e q u e m u r i e s e le revelé q u e iba
a m o r i r — , sino q u e , c o m o v e r d a d e r o caballero, sin te-
m o r servil, salió al c a m p o d e batalla.
M u c h o s casos así te p o d r í a c o n t a r d e q u i e n e s n o su-
frieron el m a r t i r i o real, p e r o sí espiritual, c o m o lo t u v o
D o m i n g o . A t i e n d e a los l a d r o n e s q u e el p a d r e p u s o e n

* S a n t o T o m á s d e A q u i n o es c i t a d o varias veces e n El Diálogo. Ya


e n vida d e C a t a l i n a e r a a c e p t a d a la d o c t r i n a d e S a n t o T o m á s c o m o la
d o c t r i n a c o m ú n d e la Iglesia e n las ciencias teológicas. L a S a n t a la r e -
cibió a t r a v é s d e las p r e d i c a c i o n e s , p r i n c i p a l m e n t e d e los d o m i n i c o s y
d e a l g u n a s o b r a s d e vida e s p i r i t u a l a q u e t u v o acceso.
9
San P e d r o d e V e r o n a r e s p l a n d e c i ó p o r su c a s t i d a d y su d e d i c a -
ción a p r e d i c a r la v e r d a d a los h e r e j e s . M u r i ó a p u ñ a l a d o p o r u n o d e
ellos e n 1252 y fue c a n o n i z a d o al a ñ o s i g u i e n t e .
1 0
P e d r o d e V e r o n a r e a f i r m ó su fe e n el m o m e n t o d e m o r i r escri-
b i e n d o c o n su s a n g r e las p a l a b r a s « C r e o e n Dios», s e g ú n n o s c u e n t a la
h i s t o r i a . El asesino se c o n v i r t i ó e i n g r e s ó e n la O r d e n d o m i n i c a n a , la
m i s m a a la q u e p e r t e n e c í a su víctima.
406 El Diálogo

la viña p a r a trabajar, e x t i r p a n d o las espinas y vicios y


p l a n t a n d o virtudes.
V e r d a d e r a m e n t e , D o m i n g o y Francisco h a n sido dos
columnas d e la santa Iglesia: Francisco con la pobreza,
q u e d e m o d o principal le fue propia, y D o m i n g o con la
ciencia.

1 5 9 [Excelencia de los obedientes e infelicidad de los des-


obedientes que viven en religión.]

Después d e h a b e r t e h a b l a d o d e los lugares, o sea, d e


las navecillas o r d e n a d a s p o r el Espíritu Santo p o r m e d i o
d e sus p a t r o n o s , y d e h a b e r t e m o s t r a d o algunos d e esos
lugares y ó r d e n e s destinadas a la perfección, te hablaré
a h o r a d e la obediencia y d e la desobediencia d e los q u e
se hallan e n estas navecillas. T e dije q u e el Espíritu San-
to e r a el p a t r ó n d e esas navecillas f u n d a d a s a la luz d e la
santísima fe, c o n o c i e n d o p o r ella q u e mi clemencia, el
m i s m o Espíritu Santo, será el q u e las g o b i e r n e . T e ha-
blaré d e todas en general y n o e n particular, es decir,
sin hablarte m á s d e u n a o r d e n q u e d e otra. J u n t a m e n t e
te m o s t r a r é el p e c a d o del d e s o b e d i e n t e y la virtud del
o b e d i e n t e , a fin d e q u e mejor conozcas lo u n o y lo o t r o .
Después c ó m o debes a n d a r , es decir, el m o d o q u e ha d e
seguir el q u e q u i e r a e n t r a r en la navecilla, o en la or-
den.
¿ C ó m o d e b e p r o c e d e r el q u e q u i e r e e n t r e g a r s e a u n a
o r d e n en concreto? Debe seguir la luz d e la santísima fe,
p o r la q u e conoce q u e le es necesario m a t a r la voluntad,
la inclinación d e los propios sentidos, con el cuchillo del
a b o r r e c i m i e n t o , t o m a n d o la esposa q u e le d é la c a r i d a d .
Me refiero a la esposa d e la v e r d a d e r a y p r o n t a obe-
diencia con la h e r m a n a suya, la paciencia, y con la n o -
driza d e la h u m i l d a d . P o r q u e , si n o tuviera esta nodriza,
la obediencia perecería d e h a m b r e , p o r q u e en el alma
d o n d e n o reside esta p e q u e ñ a virtud, la h u m i l d a d , la
obediencia m u e r e p r o n t o .
La h u m i l d a d n o se e n c u e n t r a sola, sino q u e la acom-
p a ñ a la sierva del interés en a p a r e c e r c o m o vil, t e n i e n d o
desprecio del m u n d o y d e sí misma, lo q u e hace q u e el
alma se c o n s i d e r e r u i n . N o apetece h o n o r , sino afrentas.
M u e r t a d e este m o d o , d e b e ir a la navecilla, a la o r d e n ,
La obediencia 407

si tiene e d a d p a r a ello. C u a l q u i e r a q u e sea el m o t i v o d e


su i n g r e s o , p o r q u e te dije q u e yo llamo d e diversas m a -
n e r a s , d e b e a d q u i r i r y c o n s e r v a r e n sí esta p e r f e c c i ó n ,
t o m a r con generosidad y presteza la llave d e la obediencia
d e la o r d e n , la cual descorre el cerrojo del postigo q u e
hay e n la p u e r t a del cielo. C o m o las p u e r t a s q u e t i e n e n
postigo, así ellas h a n d e c i d i d o a b r i r l o m e t i e n d o la llave
g r a n d e c o m ú n d e la o b e d i e n c i a , q u e a b r e la p u e r t a d e l
cielo. E n esta p u e r t a hay u n a llave m á s p e q u e ñ a p a r a
a b r i r el postigo, q u e es bajo y e s t r e c h o . Este n o se halla
s e p a r a d o d e la p u e r t a , c o m o ves e n la p u e r t a m a t e r i a l .
Esta llave d e b e n c o n s e r v a r l a y n o tirarla u n a vez a d q u i -
rida.
C o m o los v e r d a d e r o s o b e d i e n t e s h a n visto q u e c o n la
c a r g a d e las riquezas y el p e s o d e la v o l u n t a d p r o p i a n o
p u e d e n p a s a r p o r ese p o s t i g o sin g r a n d e s dificultades y
p a r a n o d e j a r en ellas la vida ni a n d a r c o n la cabeza er-
g u i d a p a r a n o r o m p é r s e l a , q u i e r a n o n o , se ven obliga-
d o s a bajarla. P o r eso a r r o j a n d e sí la c a r g a d e las r i q u e -
zas y d e la v o l u n t a d p r o p i a , o b s e r v a n d o el voto d e la p o -
b r e z a v o l u n t a r i a , y n o q u i e r e n p o s e e r , p o r q u e con la luz
d e la fe ven en q u é r u i n a se e n c o n t r a r í a n : t r a s p a s a r í a n
la o b e d i e n c i a y n o o b s e r v a r í a n el voto d e la p o b r e z a vo-
luntaria.
C a e r í a n e n la soberbia si llevaran d e r e c h a la cabeza
d e su v o l u n t a d y, t e n i e n d o q u e d o b l e g a r s e a l g u n a vez,
n o lo h a r í a n con h u m i l d a d , sino q u e la p a s a r í a n c o n so-
berbia, d o b l e g a n d o la cabeza p o r fuerza. Esta r o m p e la
cabeza a la v o l u n t a d c u a n d o c u m p l e la o b e d i e n c i a c o n
d e s a g r a d o p a r a c o n la o r d e n y c o n su p r e l a d o .
Poco a p o c o se vería q u e c a e n en el o t r o voto, e n el d e
la c o n t i n e n c i a , p u e s q u i e n n o h a p u e s t o en o r d e n su
apetito ni se h a d e s p o j a d o d e los bienes t e m p o r a l e s , e m -
p r e n d e el t r a t o c o n m u c h o s y se h a c e c o n m u c h o s ami-
gos, q u e le a m a n p o r p r o p i a utilidad. D e ese t r a t o p a s a n
a a m i s t a d e s í n t i m a s . A su c u e r p o le p r o c u r a n placeres,
p o r q u e n o t i e n e n c o m o a m a a la h u m i l d a d , ni c o m o
h e r m a n o el c o n s i d e r a r s e viles. P o r eso p e r m a n e c e n en
la c o m p l a c e n c i a d e sí m i s m o s , viviendo d e s a h o g a d a y
d e l i c a d a m e n t e ; n o c o m o religiosos, s"íno c o m o s e ñ o r e s ,
sin vigilias ni o r a c i o n e s . P o r estas y o t r a s m u c h a s inci-
d e n c i a s , p o r q u e hay d e q u é gastar —si n o t u v i e r a n bie-
408 El Diálogo

nes, n o p o d r í a n gastar—, caen en la inmundicia corpo-


ral y espiritual. Y si alguna vez, por vergüenza o por no
tener ocasión, se abstienen d e ello corporalmente, n o lo
h a r á n en su espíritu, pues es imposible conservarlo p u r o
a quien se m a n t e n g a en estas amistades con cuerpo bien
atendido, c o m i e n d o d e s o r d e n a d a m e n t e y sin vigilia ni
oración.
El perfecto obediente ve d e lejos, con la santísima luz
d e la fe, el mal y perjuicio q u e le sobrevendría d e poseer
bienes temporales y caminar con el fardo d e la voluntad
propia. C o m p r e n d e muy bien q u e pasar este postigo le
es necesario y q u e ha d e hacerlo m u e r t o y no con vida,
si es que n o lo h a abierto con la llave d e la obediencia.
¿Por qué te dije q u e tiene q u e pasar p o r él? Porque, si
no a b a n d o n a la navecilla d e la o r d e n , también, quiera o
no, t e n d r á q u e pasar p o r la estrechez d e la obediencia a
su prelado.
Por eso, el perfecto obediente se levanta sobre sí mis-
m o y d o m i n a los propios sentidos. Haciéndolo con fe
viva, h a introducido el aborrecimiento en su casa con
criado para q u e arroje al enemigo, al a m o r propio, por-
que no quiere q u e su esposa la obediencia sea ofendida.
Esta le fue d a d a por la m a d r e , la caridad, desposada con
el anillo d e la fe. Por esto echa d e allí al enemigo y le d a
la c o m p a ñ e r a y nodriza d e su esposa. El aborrecimiento
ha arrojado al enemigo y el a m o r a la obediencia le
pone entre los amadores d e la esposa, los cuales aman la
obediencia, es decir, con las v e r d a d e r a s virtudes, cos-
tumbres y observancias d e la o r d e n ; p o r lo q u e esta dul-
ce esposa e n t r a en el alma con su h e r m a n a la paciencia y
su nodriza la h u m i l d a d , a c o m p a ñ a d a del desprecio y
despego d e sí misma. Después d e haber e n t r a d o posee
la paz y la quietud, p o r q u e ha arrojado d e su interior a
sus enemigos. P e r m a n e c e en el j a r d í n d e la v e r d a d e r a
continencia con el luminoso sol del e n t e n d i m i e n t o den-
tro d e la pupila d e la fe, p r o p o n i é n d o s e como finalidad
a mi V e r d a d , p o r q u e el objeto del e n t e n d i m i e n t o es u n a
verdad. T u v o el fuego q u e calienta a todos sus compa-
ñeros y criados, p o r q u e g u a r d a las observancias de la
o r d e n con ardoroso amor.
¿Cuáles son los enemigos q u e q u e d a n fuera? El prin-
cipal es el a m o r propio, q u e p r o d u c e la soberbia, enemi-
La obediencia 409

go d e la c a r i d a d y d e la h u m i l d a d ; la impaciencia, c o n -
t r a r i a a la paciencia; la d e s o b e d i e n c i a , c o n t r a la v e r d a -
d e r a o b e d i e n c i a ; la infidelidad, c o n t r a r i a a la fe. P r e s u -
m i r y c o n f i a r e n sí m i s m o n o está a c o r d e c o n la v e r d a -
d e r a e s p e r a n z a q u e el a l m a d e b e t e n e r e n m í . L a injusti-
cia t a m p o c o c o n c u e r d a c o n la justicia, ni la n e c e s i d a d
c o n la p r u d e n c i a , ni la i n t e m p e r a n c i a c o n la t e m p l a n z a ,
ni la t r a n s g r e s i ó n d e las c o s t u m b r e s d e la o r d e n c o n la
o b s e r v a n c i a d e la regla. El t r a t o c o n los q u e viven e n p e -
c a d o es t a m b i é n e n e m i g o .
Estos son sus c r u e l e s e n e m i g o s : la ira, c o n t r a la b e n e -
volencia; la c r u e l d a d , c o n t r a la p i e d a d ; la i r a c u n d i a ,
c o n t r a la b e n i g n i d a d ; el a b o r r e c i m i e n t o d e la v i r t u d ,
c o n t r a el a m o r a ella; la i n m u n d i c i a , c o n t r a la p u r e z a ; la
n e g l i g e n c i a , c o n t r a la solicitud; la i g n o r a n c i a , c o n t r a el
c o n o c i m i e n t o ; el m u c h o d o r m i r , c o n t r a la vigilia y o r a -
ción c o n t i n u a .
P u e s t o q u e c o n la luz d e la fe conoció q u e t o d o s éstos
e r a n e n e m i g o s q u e i n t e n t a b a n c o n t a m i n a r a su esposa,
p o r ello la s a n t a o b e d i e n c i a m a n d ó al a b o r r e c i m i e n t o
q u e los arrojase f u e r a y q u e el a m o r i n t r o d u j e s e a sus
a m i g o s . P o r lo cual, el a b o r r e c i m i e n t o m a t ó a la p e r v e r -
sa v o l u n t a d p r o p i a c o n su cuchillo. Esa v o l u n t a d , favo-
r e c i d a p o r el a m o r p r o p i o , d a b a vida a t o d o s los e n e m i -
gos d e la o b e d i e n c i a v e r d a d e r a . C o r t a d a la c a b e z a al
principal, e n q u e se a p o y a n t o d o s los o t r o s e n e m i g o s , se
c o n v i e r t e e n libre, y, sin e n e m i g o a l g u n o , a d q u i e r e la
paz. N a d a hay q u e le p r o d u z c a a m a r g u r a ni tristeza,
p o r q u e el a l m a h a a r r o j a d o d e sí t o d o a q u e l l o q u e las
causaba.
¿ Q u é c o m b a t e sostiene el o b e d i e n t e ? ¿Le h a c e la g u e -
r r a la injuria? N o , p o r q u e es p a c i e n t e . La paciencia es
h e r m a n a d e la o b e d i e n c i a . ¿Son p e s a d a s las o b s e r v a n -
cias d e la o r d e n ? N o , p o r q u e él h a p i s o t e a d o su v o l u n -
tad, y n o q u i e r e a n a l i z a r ni enjuiciar la v o l u n t a d d e su
p r e l a d o , sino q u e c o n la luz d e la fe i n t e r p r e t a la v o l u n -
tad m í a e n él, c r e y e n d o d e veras q u e m i c l e m e n c i a le
obliga a m a n d a r y a n o m a n d a r , s e g ú n sea d e n e c e s i d a d
p a r a la salvación. ¿Se e n t r e g a al d e s a g r a d o o r e p u g a n c i a
d e h a c e r los oficios bajos d e la o r d e n , p o r sufrir las be-
fas, i m p r o p e r i o s , escarnios y villanías q u e os h a n h e c h o
m u c h a s veces o p o r ser t e n i d o p o r vil? N o , p o r q u e h a
410 El Diálogo

querido que se le tenga por tal. Es displicente consigo,


con perfectísimo aborrecimiento; hasta goza con pacien-
cia, alegrándose en el gozo y contento de la esposa, la
verdadera obediencia. No se contrista sino por las ofen-
sas que ve que me hacen a mí, su Creador.
Su trato es con los que d e veras m e temen, y si, con
todo, lo conserva con los que se hallan apartados d e mi
voluntad, n o lo hace por asemejarse a ellos en los peca-
dos, sino que, por apartarles de su desgracia, quisiera
darles con caridad fraterna lo b u e n o que tiene, pensan-
do que más gloria y alabanza se daría a mi n o m b r e si
hay muchos q u e observan las reglas y no él solo. Por eso
se ingenia para atraer a los religiosos y a los seglares con
la palabra y la oración. Utiliza cualquier método para sa-
carlos del pecado mortal. El trato del verdadero obe-
diente es b u e n o y perfecto, sea con justos o con pecado-
res, por causa del o r d e n a d o afecto y de la amplitud de
la caridad.
De la celda hacen un cielo, gozándose en hablar y tra-
tar conmigo, sumo y eterno Padre; con afecto d e amor,
huyendo del ocio con humildad y continua oración. Y
cuando los pensamientos, por ilusión del demonio, se
acumulan en la celda de su alma, no se va a sentar o se
acuesta en la cama de la negligencia, abrazando la pere-
za, ni quiere investigar con la razón los pensamientos
del corazón ni su parecer. Huye del vicio, levantándose
sobre sí misma con aborrecimiento de las cosas sensi-
bles, con verdadera humildad y paciencia, disponiéndo-
se a soportar los sufrimientos q u e siente en su espíritu.
Resiste con vigilias y humildes oraciones, poniendo los
ojos del entendimiento en mí, viendo con la luz de la fe
que soy quien le ayuda, que p u e d o , sé y quiero ayudar-
le, que abro los brazos d e mi benignidad y que las cosas
que permito son para que mis subditos huyan de sí y
vengan a mí. Si la oración mental, por los grandes tra-
bajos y oscuridad del espíritu, parece que se les dismi-
nuye, toma él la vocal o el ejercicio corporal para huir
del ocio por estos medios. Con la luz contempla d e n t r o
de mí lo que le d o y p o r amor, de d o n d e surge la verda-
d e r a humildad, juzgándose indigno d e la paz y quietud
d e espíritu como los demás verdaderos servidores míos,
y sí digno de pena. Como se ha humillado a sí mismo en
La obediencia 411

el e s p í r i t u , c o n r e p u l s a y o d i o d e sí, n o le p a r e c e q u e
p u e d a saciarse c o n las p e n a s , p o r n o faltarle la e s p e r a n -
za e n m i p r o v i d e n c i a . C o n la fe y la llave d e la o b e d i e n -
cia p a s a este m a r t e m p e s t u o s o e n el i n t e r i o r d e la n a v e -
cilla d e la o r d e n . D e este m o d o vive e n la c e l d a e v i t a n d o
el ocio, c o m o se h a d i c h o .
El o b e d i e n t e q u i e r e s e r el p r i m e r o e n e n t r a r e n el
c o r o y el ú l t i m o e n c o m e r . C u a n d o ve a u n h e r m a n o
m á s o b e d i e n t e y solícito q u e él, le t i e n e e n v i d i a s a n t a ,
q u e r i e n d o a p r o p i a r s e d e la v i r t u d , sin d e s e a r p o r ello
q u e d i s m i n u y a e n el h e r m a n o , p o r q u e , si lo q u i s i e r a , es-
taría s e p a r a d o d e la c a r i d a d c o n su p r ó j i m o .
El o b e d i e n t e n o a b a n d o n a el r e f e c t o r i o , s i n o , m á s
b i e n , lo visita c o n t i n u a m e n t e y se e x p a n s i o n a e n la m e s a
c o n los p o b r e s . E n señal d e q u e se d e l e i t a e n ello, p a r a
n o t e n e r d i s c u l p a d e q u e d a r s e f u e r a , h a a l e j a d o d e sí los
b i e n e s t e m p o r a l e s , o b s e r v a n d o el voto d e p o b r e z a c o n
tal p e r f e c c i ó n , q u e h a s t a lo n e c e s a r i o p a r a el c u e r p o lo
tiene c o m o d i g n o d e r e p r o c h e . Su c e l d a está llena d e l
p e r f u m e d e la p o b r e z a y n o d e cortinajes. N o se le pasa
p o r el p e n s a m i e n t o q u e l l e g u e n los l a d r o n e s p a r a r o b a r -
le ni q u e la h e r r u m b r e o polilla r o a n sus vestidos Si le
d a n a l g o , n o se le o c u r r e g u a r d a r l o p a r a sí, sino q u e li-
b r e m e n t e lo p o n e a d i s p o s i c i ó n d e los h e r m a n o s , n o
p e n s a n d o e n el d í a d e m a ñ a n a , sino q u e e n el d í a d e
h o y s o c o r r e su n e c e s i d a d , p e n s a n d o sólo e n el r e i n o d e l
cielo y d e q u é m o d o p o d r á o b s e r v a r m e j o r la o b e d i e n -
cia. Y c o m o p o r la vía d e la h u m i l d a d se o b s e r v a la r e g l a
m e j o r , se s o m e t e al p e q u e ñ o c o m o al m a y o r , al p o b r e
c o m o al rico; se h a c e s e r v i d o r d e t o d o s , sin r e h u s a r
n u n c a el trabajo; sirve a c a d a u n o c a r i t a t i v a m e n t e . El
o b e d i e n t e n o q u i e r e c u m p l i r la o b e d i e n c i a a su m o d o , ni
elegir el t i e m p o y l u g a r , sino s e g ú n lo r e g u l a d o p o r la
o r d e n y su p r e l a d o .
T o d o esto lo h a c e el v e r d a d e r o y p e r f e c t o o b e d i e n t e
sin p e n a o t e d i o del e s p í r i t u . Pasa c o n esta llave p o r el
p o s t i g o e s t r e c h o d e la o r d e n d e s a h o g a d a m e n t e y sin
violencia, p o r q u e h a o b s e r v a d o y o b s e r v a el voto d e la
p o b r e z a v o l u n t a r i a , d e la c o n t i n e n c i a v e r d a d e r a y d e la
p e r f e c t a o b e d i e n c i a . H a q u i t a d o el o r g u l l o d e la s o b e r -

1
Mt 6 , 1 9 - 2 0 ; Le 1 2 , 3 3 .
412 El Diálogo

bia e inclinado la cabeza a la obediencia p o r h u m i l d a d , y


por eso no se r o m p e la cabeza con la impaciencia, sino
q u e es paciente con fortaleza y larga perseverancia, q u e
son las amigas d e la obediencia. Supera el a t a q u e d e los
demonios mortificando y m a c e r a n d o su c a r n e , despo-
j á n d o l a d e las delicias y deleites, y la viste d e los trabajos
d e la o r d e n con fe y sin desdén. C o m o párvulo, n o tiene
en cuenta los bofetones del p a d r e , ni la injuria q u e se le
ha hecho; este niño n o tiene en c u e n t a las injurias ni to-
dos los trabajos o castigos q u e haya recibido en la o r d e n
de parte d e su prelado, sino que, si éste lo llama, humil-
d e m e n t e se vuelve a él sin pasión d e odio o rencor, con
m a s e d u m b r e y benevolencia.
Estos son aquellos niños d e q u e habló mi V e r d a d a los
discípulos c u a n d o discutían e n t r e ellos q u i é n e r a el
mayor, y, haciendo venir a u n niño, dijo: «Dejad a los
niños venir a mí, q u e d e ellos es el reino del cielo; y
quien no se humille c o m o este niño (es decir, q u e n o
2
tenga su conducta), no e n t r a r á en el r e i n o del cielo» .
Por eso, «quien se humilla, queridísima hija, será ensal-
zado y quien se ensalza será humillado» 3.
Por tanto, con justicia, estos pobres, humildes y s u b d i ­
tos en la v e r d a d e r a obediencia, p o r n o o p o n e r s e a la or-
den ni a su prelado, son ensalzados p o r mí, s u m o y eter-
no Padre, j u n t o con los ciudadanos d e la vida bienaven-
turada, d o n d e son r e m u n e r a d o s p o r todos sus trabajos
y experimentan en esta vida la vida eterna.

160 [ P e r v e r s i d a d , m i s e r i a s y t r a b a j o s d e los d e s o b e d i e n t e s .
M a l a s c o n s e c u e n c i a s d e la desobediencia.!

Se cumple en ellos lo q u e dijo el dulce y a m o r o s o Ver-


bo, mi Hijo unigénito, c u a n d o respondió a P e d r o , q u e
le había p r e g u n t a d o : «Maestro, lo h e m o s dejado t o d o
por tu a m o r y te h e m o s seguido: ¿qué nos darás?» Mi
Verdad respondió: «Os d a r é por cada u n o ciento y po-
seeréis la vida eterna» '; como si mi V e r d a d quisiera d e -
cir: «Has hecho bien, P e d r o , pues d e o t r o m o d o no m e

2
Mt 10,14-15; 18,3 y 19,14; Le 18,16-17.
3
Mt 23,12; Le 14,11 y 18,14.
1
Mt 19,27-29; Me 10,28-30; Le 18,28-30.
La obediencia 413

p o d r í a s seguir; yo e n esta vida te d a r é , p o r c a d a u n o ,


ciento». ¿ Q u é es ese c i e n t o , q u e r i d í s i m a hija, al q u e se-
guirá la vida e t e r n a ? ¿A q u é se r e f e r í a m i V e r d a d ? ¿A
los bienes t e m p o r a l e s ? N o p r o p i a m e n t e , a u n q u e a l g u n a s
veces h e multiplicado al l i m o s n e r o los bienes t e m p o r a -
les. E n t o n c e s , ¿a cuáles? Se t r a t a del q u e e n t r e g a su p r o -
pia v o l u n t a d , q u e es u n a sola. Y o le d a r é ciento p o r esta
una.
¿Por q u é p o n g o el n ú m e r o ciento? P o r q u e es n ú m e r o
perfecto, y n o p u e d e a ñ a d i r s e m á s a él si n o se vuelve a
c o m e n z a r c o n el n ú m e r o u n o . Así, la c a r i d a d es perfec-
u'sima s o b r e todas las o t r a s v i r t u d e s ; t a n t o q u e n o se
p u e d e subir a v i r t u d m á s p e r f e c t a . P u e d e s volver a co-
m e n z a r p o r el c o n o c i m i e n t o d e ti m i s m o y a c r e c e n t a r
p o r c e n t e n a s tus m é r i t o s , p e r o s i e m p r e llegarás al n ú -
m e r o ciento. Este es a q u e l c i e n t o q u e se d a a los q u e
h a n ofrecido el u n o d e su v o l u n t a d t a n t o e n la o b e d i e n -
cia g e n e r a l c o m o e n la p a r t i c u l a r . C o n este ciento tenéis
la vida e t e r n a , p o r q u e sólo la c a r i d a d es la q u e e n t r a
c o m o s e ñ o r a , l l e v a n d o c o n s i g o a las d e m á s virtudes; las
otras p e r m a n e c e n f u e r a . Ella e n t r a e n mí, Vida d u r a d e -
ra, p o r q u e soy Vida e t e r n a . N o e n t r a la fe, p o r q u e ellos
ven p o r e x p e r i e n c i a y e n esencia lo q u e c r e y e r o n p o r la
fe; t a m p o c o la e s p e r a n z a , p o r q u e se hallan en posesión
d e lo q u e h a n e s p e r a d o ; y así las d e m á s v i r t u d e s . Sólo la
c a r i d a d e n t r a c o m o r e i n a y m e p o s e e a mí, q u e soy su
posesor.
Mira, p u e s , c ó m o estos p e q u e ñ i t o s reciben, p o r u n o ,
ciento y la vida e t e r n a , p o r h a b e r recibido aquí el fuego
d e mi divina c a r i d a d , simbolizada e n el n ú m e r o ciento.
Y p o r q u e lo h a n recibido d e m í , se e n c u e n t r a n en a d m i -
rable alegría d e c o r a z ó n , p u e s e n la c a r i d a d n o cabe tris-
teza, sino alegría: h a c e al c o r a z ó n amplio y liberal. El
alma h e r i d a p o r esta d u l c e saeta n o m u e s t r a e n su c a r a
o en sus palabras algo d i s t i n t o d e lo q u e hay e n el cora-
zón. N o sirve a su p r ó j i m o p o r interés o fingimiento,
p o r q u e la c a r i d a d está a b i e r t a a t o d a c r i a t u r a . Por eso,
el alma q u e la p o s e e n o cae e n p e n a ni e n tristeza aflicti-
va, ni olvida la o b e d i e n c i a , sino q u e sigue o b e d i e n t e has-
ta la m u e r t e .
414 El Diálogo

161 [ E x c e l e n c i a d e los p o b r e s d e e s p í r i t u . — J e s u c r i s t o n o s
e n s e ñ ó la p o b r e z a c o n la p a l a b r a y c o n el e j e m p l o . — P r o v i d e n -
cia d e D i o s c o n l o s q u e a b r a z a n la p o b r e z a . ]

Lo c o n t r a r i o o c u r r e al miserable q u e es o b e d i e n t e p o r
la fuerza. E n c u e n t r a en la navecilla d e la o r d e n tanto
sufrimiento a causa d e sí m i s m o y d e los otros, q u e en
esta vida e x p e r i m e n t a las primicias del infierno; está
siempre triste y en confusión, con r e m o r d i m i e n t o d e
conciencia, con d e s a g r a d o d e la o r d e n y d e su p r e l a d o ;
se hace insufrible a sí mismo. Es d e ver, hija mía, a ese
q u e ha t o m a d o la llave d e la obediencia en la o r d e n d o -
m i n a d o p o r la desobediencia, d e la q u e se h a h e c h o es-
clavo y ella s e ñ o r a , a c o m p a ñ a d a d e la impaciencia, fo-
m e n t a d a p o r la soberbia j u n t o con el propio placer. La
soberbia, c o m o se h a dicho, p r o c e d e del a m o r a sí mis-
m o : es t o d o lo c o n t r a r i o a lo dicho sobre la obediencia.
¿Y c ó m o este miserable p u e d e vivir más q u e sufriendo,
pues se halla p r i v a d o d e la c a r i d a d ? Por fuerza tiene
q u e inclinar la cabeza d e su v o l u n t a d , y la soberbia se la
m a n t i e n e e r g u i d a . T o d o s los actos d e su voluntad dis-
c u e r d a n con la voluntad d e la o r d e n . Esta le m a n d a
o b e d e c e r , y él prefiere la desobediencia; la o r d e n m a n -
d a la p o b r e z a voluntaria, y tú, d e s o b e d i e n t e , huyes d e
ella p o s e y e n d o y d e s e a n d o la riqueza; q u i e r e ella la con-
tinencia, y tú la i n m u n d i c i a .
Q u e b r a n t a n d o estos votos, hija mía, cae el religioso
en la r u i n a y en tan miserables defectos, q u e p o r su as-
pecto n o parece religioso, sino d e m o n i o h e c h o c a r n e ,
c o m o más p o r extenso te dije en o t r o l u g a r '. N o dejaré,
sin e m b a r g o , d e h a b l a r t e d e su e n g a ñ o y del fruto q u e
sacan d e la desobediencia, c o m o r e c o m e n d a c i ó n y exal-
tación d e la obediencia.
Este miserable se halla e n g a ñ a d o p o r el a m o r propio,
p o r q u e los ojos d e su e n t e n d i m i e n t o se h a n fijado, con
fe m u e r t a , en los placeres d e los sentidos y en las cosas
del m u n d o . H a salido del m u n d o con el c u e r p o y se ha
q u e d a d o con él en el afecto, y c o m o le parece fatigosa la
obediencia, q u i e r e d e s o b e d e c e r . Para evitar los trabajos
cae en otros mayores, pues, a p e s a r d e todo, tiene q u e

1
Cf. c . 1 2 5 .
La obediencia 415

o b e d e c e r d e b u e n o o mal g r a d o . Mejor y m e n o s d u r o le
fuera o b e d e c e r p o r a m o r q u e sin él.
¡Oh, c ó m o se equivoca! N a d i e le e n g a ñ a ; se e n g a ñ a él
a sí m i s m o . Q u e r i e n d o complacerse, q u e d a a disgusto,
d e s a g r a d á n d o l e lo q u e h a c e e n virtud d e la o b e d i e n c i a
q u e le es impuesta. Q u i e r e p e r m a n e c e r e n g r a n deleite
y h a c e r s e e n esta vida u n a vida e t e r n a p a r a sí, y la or-
d e n , sin e m b a r g o , q u i e r e q u e sea u n p e r e g r i n o , y conti-
n u a m e n t e se lo d e m u e s t r a ; p o r q u e , c u a n d o está a g u s t o
en a l g ú n l u g a r p o r el placer y deleite q u e e n él e n c u e n -
tra, es t r a s l a d a d o , y p o r ello sufre p e n a , p o r q u e su vo-
l u n t a d estaba e n c o n t r a . Si n o o b e d e c e , es o b l i g a d o a r e -
cibir disciplinas y fatigas en la o r d e n , y p o r eso se halla
en continuo tormento.
Mira, p o r tanto, c ó m o se e n g a ñ a : q u e r i e n d o evitar
trabajos, cae en ellos, p o r q u e su c e g u e r a n o le deja co-
n o c e r el c a m i n o d e la o b e d i e n c i a v e r d a d e r a , c a m i n o d e
v e r d a d f u n d a d o en el o b e d i e n t e C o r d e r o , mi Hijo uni-
génito, q u e le q u i t a el s u f r i m i e n t o . Y así va p o r el cami-
n o d e la m e n t i r a . C r e y e n d o hallar deleite en ese cami-
n o , e n c u e n t r a p e n a y a m a r g u r a . ¿ Q u i é n le lleva? El
a m o r q u e tiene a la p r o p i a inclinación d e d e s o b e d e c e r .
C o m o necios, q u i e r e n n a v e g a r p o r el m a r t e m p e s t u o -
so con sus brazos, fiándose d e la p r o p i a s a b i d u r í a y n o
d e los brazos d e la o r d e n y d e su p r e l a d o . P e r m a n e c e n ,
c i e r t a m e n t e , con el c u e r p o d e n t r o d e la navecilla d e la
o r d e n , p e r o e s p i r i t u a l m e n t e h a n salido d e ella p o r el d e -
seo d e n o o b s e r v a r sus o r d e n a c i o n e s y c o s t u m b r e s , ni
los tres votos q u e p r o m e t i e r o n g u a r d a r e n su profesión.
Se hallan sacudidos p o r el m a r d e la t e m p e s t a d , c o n
vientos m u y peligrosos y c o n t r a r i o s a la n a v e . E n ella se
hallan sólo en c u a n t o al h á b i t o q u e visten s o b r e su c u e r -
po, p e r o n o en el c o r a z ó n .
Este n o es u n h e r m a n o , sino u n h o m b r e con h á b i t o .
Es h o m b r e en la figura, p e r o e n su vida es p e o r q u e u n a
bestia. ¿ N o c o m p r e n d e q u e le es m á s difícil n a v e g a r con
sus brazos q u e con los d e otro? E n c u a n t o se s e p a r e d e
la o r d e n p o r la m u e r t e , ya n o t e n d r á r e m e d i o . N o es
q u e n o c o m p r e n d a esto, sino q u e con la n u b e del a m o r
p r o p i o , d e d o n d e h a n a c i d o su d e s o b e d i e n c i a , se h a pri-
v a d o d e la luz, lo q u e le i m p i d e d e s c u b r i r sus desgracias.
Se e n g a ñ a , p o r t a n t o , m i s e r a b l e m e n t e .
416 El Diálogo

¿ Q u é fruto p r o d u c e el árbol d e este desgraciado?


F r u t o d e m u e r t e , p o r q u e h a n p l a n t a d o la raíz del afecto
en la soberbia q u e h a sacado d e su placer y d e su a m o r
propio. Por ello, t o d o sale d e allí c o r r o m p i d o ; las flores,
las hojas, el fruto y las r a m a s del árbol, t o d o está e c h a d o
a p e r d e r . Las tres r a m a s d e este árbol se hallan podri-
das, es decir, la obediencia, la p o b r e z a y la continencia,
q u e son las tres r a m a s q u e c o n t i e n e n el t r o n c o del afec-
to, q u e , c o m o se h a d i c h o , está mal p l a n t a d o . Las hojas,
las palabras q u e p r o d u c e este árbol, están c o r r o m p i d a s
d e tal m o d o , q u e n o se o i r á n d e la boca d e u n bribón
del siglo; y, si tiene q u e a n u n c i a r mi palabra, se p o n e a
h a b l a r con elegancia, n o con sencillez, p r e o c u p á n d o s e
más d e su bien c o m p u e s t o discurso q u e d e d a r alimento
a las almas.
Si atiendes a las flores d e este árbol, exhalan h e d o r .
Son variados y distintos los p e n s a m i e n t o s q u e volunta-
r i a m e n t e recibe con deleite y complacencia. N o h u y e n
ni del lugar ni del camino q u e los p r o v o c a n , antes bien
los buscan p a r a conseguir la realización del p e c a d o , q u e
es u n fruto q u e mata, q u i t a n d o la vida d e la gracia y
p r o p o r c i o n a n d o la vida e t e r n a . ¡Qué h e d i o n d e z despide
este fruto e n g e n d r a d o p o r las flores del árbol! Despide
la pestilencia d e la desobediencia. C o n el p e n s a m i e n t o
del corazón q u i e r e analizar y j u z g a r mal la voluntad del
p r e l a d o . Despide inmundicia, deleitándose con m u c h a s
conversaciones con personas a quienes aplica el califica-
tivo d e «devotas».
¡Oh miserable! ¿ N o ves q u e bajo el p r e t e x t o d e la de-
voción saldrás con u n m o n t ó n d e hijos? Esto te lo p r o -
porciona la desobediencia. N o has t e n i d o los hijos al
m o d o del v e r d a d e r o o b e d i e n t e . Busca él, hija mía, en-
g a ñ a r a su p r e l a d o c u a n d o advierte q u e le niega lo q u e
su voluntad quisiera, e m p l e a n d o las hojas d e las pala-
bras, lisonjeras o ásperas; h a b l a n d o i r r e v e r e n t e m e n t e y
con r e p r o c h e . N o soporta a su h e r m a n o ni p u e d e sufrir
u n a ligera palabra d e r e p r e n s i ó n , sino q u e inmediata-
m e n t e manifiesta el e n v e n e n a d o fruto d e la impacien-
cia, ira y odio hacia su h e r m a n o , j u z g a n d o d e mala in-
tención lo q u e hizo con b u e n a , y así se lamenta y vive
sufriendo en el alma y en el cuerpo. ¿Por q u é le ha des-
La obediencia 417

a g r a d a d o su h e r m a n o ? P o r q u e se ha complacido a sí
mismo con los sentidos.
H u y e d e la celda c o m o si fuese u n v e n e n o , p o r q u e h a
salido d e la celda del conocimiento d e sí m i s m o , y llega
así a la desobediencia; p o r eso n o p u e d e p a r a r e n la cel-
d a material.
N o q u i e r e aparecer en el refectorio m i e n t r a s tenga
q u é gastar, pues si carece d e d i n e r o , lo lleva la necesi-
d a d . O b r a n bien, pues, los obedientes q u e q u i e r e n ob-
servar el voto d e pobreza, y así n a d a tienen q u e gastar,
p a r a q u e n o les aparte d e la dulce mesa del refectorio,
d o n d e el o b e d i e n t e alimenta en paz el alma y el c u e r p o .
N o tiene el p e n s a m i e n t o d e proveerse ni abastecerse,
c o m o el miserable desobediente, a cuyo gusto le p a r e c e
a m a r g o ir al refectorio, y p o r eso h u y e d e él.
En el coro q u i e r e ser siempre el último e n e n t r a r y el
p r i m e r o q u e sale. Con sus labios se m e acerca, p e r o se
2
aleja con el corazón .
3
Del capítulo escapa c u a n d o p u e d e , p o r t e m o r a la
penitencia. Estar allí es c o m o si estuviera a n t e u n e n e m i -
go mortal, con la v e r g ü e n z a y confusión d e espíritu q u e
n o tuvo al c o m e t e r sus culpas d e pecados mortales.
¿Cuál es la causa d e esto? La desobediencia.
Para él n o hay vigilia ni oración, y n o sólo la oración
mental, sino q u e con frecuencia n o recitará el oficio di-
vino a q u e se halla obligado. N o t e n d r á c a r i d a d frater-
na, pues n o a m a o t r a cosa q u e a sí mismo; y, si tiene
a m o r , n o es a m o r racional, sino c o m o el d e las bestias.
T a n t o s son los males q u e caen sobre la cabeza del deso-
b e d i e n t e y tan dolorosos sus frutos, q u e tu l e n g u a n o los
podría narrar.
¡Oh desobediencia, q u e despojas al alma d e toda vir-
tud y la vistes d e toda clase d e vicios! ¡Oh desobedien-
cia, q u e privas al alma d e la luz d e la obediencia, le qui-
2
Me 7,6.
3
Capítulo es la a s a m b l e a d e religiosos p e r t e n e c i e n t e s a u n a c o m u -
n i d a d . El l l a m a d o «capítulo d e culpas» a q u e aquí se a l u d e estaba
d e s t i n a d o a c o n s e r v a r la disciplina y observancia religiosas. E n él los
religiosos d e b í a n acusarse e n t r e la c o m u n i d a d d e las infracciones pú-
blicas c o n t r a la regla y o r d e n a c i o n e s c o m u n i t a r i a s , y p o r ellas se im-
p o n í a u n a p e q u e ñ a p e n i t e n c i a . Poco a poco se fue c o n v i r t i e n d o en
algo r u t i n a r i o y c a y e n d o e n d e s u s o , s i e n d o r a r a ya la c o m u n i d a d q u e
n o lo haya s u p r i m i d o .
418 El Diálogo

tas la paz y le das la g u e r r a ; se la quitas y le das la m u e r -


te! Sacándola d e la navecilla d e la observancia d e la or-
d e n , la ahogas en el m a r , haciéndola navegar c o n sus
propios brazos y n o con los d e la o r d e n . La vistes d e
t o d a clase d e miserias y la haces m o r i r d e h a m b r e , pri-
vándola del m é r i t o d e la obediencia. Le das c o n t i n u a
a m a r g u r a , la privas d e t o d o deleite d e d u l z u r a , d e t o d o
bien, y la haces persistir e n el mal. En esta vida la obli-
gas a soportar las primicias d e atroces t o r m e n t o s , y, si
n o se e n m i e n d a n antes d e q u e las lonas d e las velas se
d e s p r e n d a n d e la navecilla a causa d e la m u e r t e , tú, des-
o b e d i e n c i a , llevas al a l m a a la e t e r n a c o n d e n a c i ó n ,
a c o m p a ñ a n d o a los d e m o n i o s q u e caen del cielo, p o r q u e
m e fueron rebeldes, y fueron al abismo. Así, tú, desobe-
d i e n t e , p o r h a b e r sido r e b e l d e y a r r o j a d o d e ti la llave
con q u e debías abrir la p u e r t a del cielo, has abierto la
p u e r t a del infierno con la llave d e la desobediencia.

162 [ I m p e r f e c c i ó n d e l o s q u e v i v e n t i b i o s e n la r e l i g i ó n
a u n q u e e v i t e n el p e c a d o m o r t a l . — R e m e d i o p a r a s a l i r d e s u ti-
bieza. ]

¡Queridísima hija mía! ¿Cuántos hay así hoy q u e vi-


ven en esta navecilla? Muchos, y bien pocos los q u e ha-
cen lo c o n t r a r i o , o sea, los v e r d a d e r o s obedientes. Cier-
to es q u e e n t r e los p e r f e c t o s y estos d e s g r a c i a d o s
hay m u c h o s q u e viven e n la o r d e n d e u n a m a n e r a
c o r r i e n t e , q u e ni son lo perfectos q u e d e b e n ni son ma-
los; es decir, q u e conservan su conciencia y no pecan
m o r t a l m e n t e . Se hallan e n tibieza y frigidez d e corazón,
y, si n o ejercitan u n poco su vida en las observancias d e
la o r d e n , i n c u r r e n en u n g r a n peligro. Por eso les es ne-
cesaria m u c h a solicitud y n o d o r m i r s e , levantarse d e la
tibieza, pues si p e r m a n e c e n en ella, se hallan c o m o p r e -
p a r a d o s p a r a caer. A u n q u e no cayeran, seguirán con
sus gustos h u m a n o s con p r e t e x t o d e q u e es p a r a bien d e
la o r d e n , c u i d á n d o s e más d e observar las c e r e m o n i a s
q u e el espíritu d e la o r d e n . Muchas veces, p o r pocas lu-
ces, estarán predispuestos al p e c a d o d e c o n d e n a r a los
q u e g u a r d a n el espíritu con m a y o r perfección y n o lo
hacen tan p e r f e c t a m e n t e e n las ceremonias, d e las q u e
ellos se h a n constituido e n centinelas.
La obediencia 419

E n t o d o caso es nocivo p e r m a n e c e r e n la o b e d i e n c i a
c o m ú n , es d e c i r , e n el frío c u m p l i m i e n t o d e la o b e d i e n -
cia, c o n m u c h o s trabajos y p e n a s . Al c o r a z ó n frío le pa-
r e c e trabajoso s o p o r t a r l o s , y p o r ello s u f r e n m u c h o , c o n
p o c o f r u t o . O f e n d e n al e s t a d o d e perfección e n q u e h a n
e n t r a d o y que están obligados a observar. A u n q u e no
o b r e n tan m a l c o m o los o t r o s d e q u e te h e h a b l a d o , con
t o d o , o b r a n mal, p u e s n o a b a n d o n a r o n el siglo p a r a
q u e d a r s e c o n la llave g e n e r a l d e la o b e d i e n c i a , sino p a r a
a b r i r el cielo c o n la llave d e la o b e d i e n c i a d e la o r d e n .
Esta llavecita d e b e t e n e r la c u e r d e c i t a d e l p r o p i o d e s p r e -
cio a sí m i s m o , j u n t o c o n el c e ñ i d o r d e la h u m i l d a d , y
m a n t e n e r l a m u y a p r e t a d a e n la m a n o del a r d o r o s o
amor.
Sabe, hija q u e r i d í s i m a , q u e éstos son m u y aptos p a r a
a l c a n z a r la perfección si ellos lo q u i e r e n , p o r q u e se ha-
llan m á s c e r c a n o s a ella q u e los o t r o s d e s g r a c i a d o s . P e r o
e n cierto s e n t i d o t i e n e n m a y o r dificultad q u e el malva-
d o p a r a l e v a n t a r s e d e su i m p e r f e c c i ó n . ¿Sabes p o r q u é ?
P o r q u e ven m a n i f i e s t a m e n t e q u e o b r a n m a l y la c o n -
ciencia se lo grita, y, c o n t o d o , el a m o r p r o p i o , q u e la h a
d e b i l i t a d o , n o se e s f u e r z a e n salir d e a q u e l l a culpa, a u n -
q u e vea c o n la luz n a t u r a l q u e lo q u e h a c e está m a l . Si
a l g u i e n le dijese: « N o o b r e s así», recibiría p o r r e s p u e s t a :
«Sí, p e r o es tal mi fragilidad, q u e p a r e c e q u e n o p u e d o
salir d e esto». C i e r t a m e n t e q u e n o d i c e n la v e r d a d ; lo
r e c o n o c e n , y, sin e m b a r g o , o b r a n m a l . P o r este conoci-
m i e n t o les es fácil salir d e la tibieza, si lo q u i e r e n .
Los tibios n o o b r a n m u y mal ni t a m p o c o m u y b i e n .
P o r ello n o se p r e o c u p a n d e salir d e su e s t a d o a u n q u e se
les a d v i e r t a , si a l g u i e n lo h a c e . P e r m a n e c e n sujetos a su
i n v e t e r a d a c o s t u m b r e a c a u s a d e la frialdad d e su cora-
zón.
¿ Q u é m o d o h a b r á p a r a q u e se levanten? Q u e t o m e n la
leña del c o n o c i m i e n t o d e sí m i s m o s c o n el a g r a d e c i -
m i e n t o del p r o p i o a g r a d o y r e p u t a c i ó n y la e c h e n al fue-
go d e mi c a r i d a d divina; q u e c o m o si en a q u e l m o m e n t o
i n g r e s a s e n en la o r d e n , se d e s p o s e n c o n la v e r d a d e r a
o b e d i e n c i a a y u d a d o s p o r el anillo d e la s a n t í s i m a fe; q u e
n o d u e r m a n m á s e n este e s t a d o , q u e a mí m e d e s a g r a d a
y a ellos les perjudica. C o n t o d a justicia se les p o d r í a d e -
cir esta frase: «¡Malditos tibios! ¡Si al m e n o s fuerais
420 El Diálogo

fríos! Si n o os ccorregís, seréis v o m i t a d o s d e m i boca» ';


p o r q u e , c o m o se h a d i c h o , al n o l e v a n t a r s e , se h a c e n
proclives a c a e r , y c a y e n d o s e r á n r e p r o b a d o s p o r mí.
Más b i e n q u i s i e r a q u e fuerais fríos, esto es, q u e os halla-
rais e n el m u n d o c o n la o b e d i e n c i a c o m ú n , la c u a l , e n
c o m p a r a c i ó n c o n el a r d o r d e los v e r d a d e r o s o b e d i e n t e s ,
p a r e c e casi u n hilo. P o r eso dije: «¡Si al m e n o s fueseis
fríos!»
T e h e explicado esta frase p a r a q u e n o caigas e n el
e r r o r d e c r e e r q u e q u i e r o m á s la frialdad del p e c a d o
m o r t a l q u e la tibieza d e la imperfección. N o , p u e s yo n o
p u e d o q u e r e r el p e c a d o , ya q u e e n mí n o existe ese ve-
n e n o , y m e d e s a g r a d a t a n t o e n el h o m b r e , q u e n o c o n -
sentí q u e q u e d a s e sin castigo y, al n o ser el h o m b r e ca-
paz d e sufrir la p e n a q u e siguió a la culpa, m a n d é al
V e r b o d e m i u n i g é n i t o Hijo. El, p o r la o b e d i e n c i a , llevó
esa p e n a s o b r e su c u e r p o .
L e v á n t e n s e , p u e s , c o n santos ejercicios, vigilias, h u -
m i l d e y c o n t i n u a d a o r a c i ó n . M í r e n s e e n su o r d e n c o m o
e n u n espejo y m i r e n a los p a t r o n e s d e la navecilla, q u e
h a n sido, c o m o ellos, a l i m e n t a d o s con la m i s m a c o m i d a ,
nacidos del mismo m o d o . Yo soy el mismo Dios q u e an-
tes, m i p o d e r n o se h a d e b i l i t a d o , ni m i v o l u n t a d h a
d i s m i n u i d o e n q u e r e r v u e s t r a salvación, ni mi s a b i d u r í a
e n d a r o s la luz p a r a q u e conozcáis m i v e r d a d .
P u e d e n c o n s e g u i r l o , p o r t a n t o , s i e m p r e q u e lo q u i e -
r a n , s i e m p r e q u e d o b l e g u e n los ojos d e l e n t e n d i m i e n t o ,
p r i v á n d o s e d e la n u b e d e l a m o r p r o p i o y c o r r a n con la
luz d e los p e r f e c t o s o b e d i e n t e s . Así a l c a n z a r á n la o b e -
diencia; n o d e o t r o m o d o . A q u í t i e n e n el r e m e d i o .

ELOGIO DE LA OBEDIENCIA Y DEL OBEDIENTE

[La obediencia particular en la vida religiosa y fuera de ella. —La


obediencia tiene mérito proporcionado al amor - es la virtud más
agradable a Dios - al obediente todo le obedece - todo le sirve de méri-
to - tiene paz en la vida y en la muerte. ]

163 [ E x c e l e n c i a d e la o b e d i e n c i a y b i e n e s q u e p r o p o r c i o n a a
q u i e n e s la a b r a z a n d e v e r d a d . )
1
Ap 3,15-16.
La obediencia 421

Este es el v e r d a d e r o r e m e d i o q u e t i e n e el o b e d i e n t e
d e v e r d a d , y lo t i e n e c a d a día d e n u e v o , a u m e n t a n d o la
o b e d i e n c i a con la luz d e la fe, d e s e a n d o escarnios y vi-
llanías y q u e su p r e l a d o le h a g a p e s a d o s e n c a r g o s p a r a
q u e la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a y d e su h e r m a n a la pa-
ciencia n o se e n m o h e z c a n y e n el t i e m p o n e c e s a r i o e n
q u e d e b a n a c t u a r n o les falten ni les r e s u l t e n d e m a s i a d o
difíciles. P o r eso s u e n a c o n t i n u a m e n t e el i n s t r u m e n t o
del d e s e o , q u e n o deja p a s a r el t i e m p o , p o r q u e t i e n e
h a m b r e d e ello. Ella es u n a esposa solícita q u e n o q u i e r e
p e r m a n e c e r ociosa.
¡Oh o b e d i e n c i a deleitable, o h o b e d i e n c i a a g r a d a b l e ,
o b e d i e n c i a suave, l u m i n o s a , p o r q u e has d i s i p a d o las ti-
nieblas del a m o r p r o p i o ! ¡Oh o b e d i e n c i a vivificadora,
q u e d a s la vida d e la gracia al a l m a q u e te h a e l e g i d o
p o r esposa y te h a l i b r a d o d e la m u e r t e d e la v o l u n t a d
p r o p i a , q u e d a g u e r r a y m u e r t e al a l m a ! E r e s g e n e r o s a ,
haciéndote sumisa a toda criatura racional; benigna y
p i a d o s a ; con b e n i g n i d a d y m a n s e d u m b r e sufres cual-
q u i e r trabajo, p o r e s t a r a c o m p a ñ a d a d e la fortaleza y d e
la v e r d a d e r a paciencia. T e hallas c o r o n a d a c o n la c o r o -
n a d e la p e r s e v e r a n c i a ; n o d e c r e c e s p o r q u e el p r e l a d o
sea i n o p o r t u n o , ni p o r p e s a d e z e n las t a r e a s q u e sin dis-
creción te i m p o n g a , sino q u e t o d o lo s o p o r t a s a la luz d e
la fe. Estás tan u n i d a a la h u m i l d a d , q u e n i n g u n a c r i a t u -
r a la p u e d e a r r a n c a r d e la m a n o del s a n t o d e s e o d e l
a l m a q u e te p o s e e .
¿ Q u é d i r e m o s , c a r í s i m a hija, d e esta e x c e l e n t í s i m a vir-
t u d ? Q u e es u n bien sin mal a l g u n o . Ella p e r m a n e c e es-
c o n d i d a en la n a v e d e l m o d o q u e n i n g ú n v i e n t o la p u e -
d e d a ñ a r ; h a c e n a v e g a r al a l m a en los b r a z o s d e la or-
d e n y del p r e l a d o y n o e n los suyos, p o r q u e el v e r d a d e -
r o o b e d i e n t e n o tiene q u e d a r c u e n t a d e sí, sino d e l p r e -
l a d o d e q u i e n es s u b d i t o .
E n a m ó r a t e , hija q u e r i d í s i m a , d e esta gloriosa v i r t u d .
¿ Q u i e r e s ser a g r a d e c i d a a los beneficios recibidos d e m í ,
P a d r e e t e r n o ? Sé o b e d i e n t e . P o r la o b e d i e n c i a manifies-
tas q u e e r e s a g r a d e c i d a , ya q u e p r o c e d e d e la c a r i d a d .
Demuestras que no eres ignorante, puesto q u e procede
del c o n o c i m i e n t o d e m i V e r d a d . Es u n bien c o n o c i d o en
el V e r b o , el <:ual os e n s e ñ ó su c a m i n o , d á n d o l a c o m o r e -
gla p a r a vosotros, h a c i é n d o s e o b e d i e n t e h a s t a la afren-
422 El Diálogo

tosa m u e r t e d e cruz. En esta obediencia, q u e fue la llave


q u e abrió el cielo, está f u n d a d a la obediencia c o m ú n y
esta particular d a d a a vosotros, c o m o te aseguré al prin-
cipio del t r a t a d o d e la obediencia '.
Esta obediencia d a al alma u n a luz q u e indica q u e si-
g u e fiel a mí, a la o r d e n y a su p r e l a d o . En la luz d e la
santísima fe se ha olvidado d e sí, n o buscándose a sí
misma, p o r q u e en la a d q u i r i d a a la luz d e la fe ha mos-
t r a d o q u e ha m u e r t o a su voluntad propia, a todo senti-
m i e n t o p r o p i o . Esta percepción sensitiva n o examina las
cosas d e los d e m á s , sino las propias. En el caso del deso-
b e d i e n t e , éste q u i e r e d e s e n t r a ñ a r la voluntad d e quien
le m a n d a , y lo j u z g a según su bajo p a r e c e r y oscura vi-
sión. Lo hace con la voluntad propia, q u e le p r o d u c e la
muerte.
El v e r d a d e r o o b e d i e n t e j u z g a b e n é v o l a m e n t e la vo-
l u n t a d d e su p r e l a d o a la luz d e la fe, y p o r eso no busca
su voluntad, sino q u e dobla la cabeza y alimenta su alma
con el p e r f u m e d e la v e r d a d e r a y santa obediencia.
T a n t o crece en el alma esta virtud c u a n t o se e x t i e n d e en
la luz d e la fe, pues la c a r i d a d , q u e h a d a d o origen a la
obediencia, p r o c e d e d e la fe. C o n la luz q u e m e conoce
a mí, se conoce a sí misma d e n t r o d e mí; m e a m a y se
humilla, y c u a n t o más m e ama, más h u m i l d e y más obe-
diente se hace. La obediencia y su h e r m a n a la paciencia
manifiestan si d e veras se halla vestida con el vesti-
d o nupcial d e la caridad, con el q u e entráis en la vida
eterna.
Por eso, la obediencia a b r e el cielo y se q u e d a fuera, y
la caridad, q u e dio esta llave, e n t r a con el fruto d e la
obediencia. C o m o te dije, t o d a virtud se q u e d a fuera y
la caridad e n t r a . Lo propio d e la obediencia es la llave
q u e a b r e , pues con la desobediencia del p r i m e r h o m b r e
fue c a n d a d o el cielo y con la h u m i l d e y fiel desobedien-
cia del i n m a c u l a d o C o r d e r o , mi Hijo unigénito, fue
abierta la vida e t e r n a , tanto tiempo c e r r a d a .

164 ( D i s t i n c i ó n e n t r e d o s o b e d i e n c i a s : la d e l r e l i g i o s o y la
q u e s e p r e s t a a a l g u n a p e r s o n a f u e r a d e la r e l i g i ó n . ]

1
Cf. c.154.
La obediencia 423

El os la d e j ó c o m o r e g l a y d o c t r i n a , d á n d o o s l a c o m o
llave p a r a a b r i r y c o n s e g u i r v u e s t r o fin. O s la d e j ó c o m o
m a n d a m i e n t o e n la o b e d i e n c i a g e n e r a l . P e r o , si d e s e á i s
c a m i n a r a la p e r f e c c i ó n , os r e c o m i e n d o q u e paséis p o r la
p u e r t a e s t r e c h a d e la vida religiosa. H a y o t r o s q u e n o
p e r t e n e c e n a n i n g u n a o r d e n , y q u e , sin e m b a r g o , se ha-
llan e n la navecilla d e la p e r f e c c i ó n , e s t o es, los q u e o b -
s e r v a n los consejos d e la perfección f u e r a d e u n a o r d e n .
H a n r e h u s a d o las r i q u e z a s y v a n i d a d e s del m u n d o t e m -
p o r a l y espiritual y o b s e r v a n c o n t i n e n c i a : u n o s e n esta-
d o virginal y o t r o s con la fragancia d e la c o n t i n e n c i a
al n o c o n s e r v a r la v i r g i n i d a d . O b s e r v a n la o b e d i e n -
cia, c o m o te dije e n o t r o l u g a r , s o m e t i é n d o s e a a l g u n a
c r i a t u r a , a la q u e se e s f u e r z a n p o r o b e d e c e r hasta la
m u e r t e c o n o b e d i e n c i a perfecta.
Si m e p r e g u n t a s e s q u i é n t i e n e m á s m é r i t o : el q u e está
e n u n a o r d e n o el q u e n o p e r t e n e c e a n i n g u n a , te r e s -
p o n d e r í a q u e el m é r i t o d e la o b e d i e n c i a n o se m i d e p o r
el acto e x t e r n o , el l u g a r o la p e r s o n a a q u e se o b e d e c e ,
si es m á s o m e n o s m a l o , si es secular o religioso, sino e n
c o n f o r m i d a d c o n la m e d i d a del a m o r q u e p o s e e q u i e n
o b e d e c e . Así es c o m o se m i d e .
Al v e r d a d e r o o b e d i e n t e n o le h a c e d a ñ o la i m p e r f e c -
ción del mal p r e l a d o , a n t e s bien le a y u d a , p u e s con la
persecución, y cargas indiscretamente pesadas, adquiere
la v i r t u d d e la o b e d i e n c i a y d e la paciencia, su h e r m a n a .
Ni el l u g a r i m p e r f e c t o la p e r j u d i c a . Digo i m p e r f e c t o
p o r q u e m á s perfecta, m á s f i r m e y m á s estable es el esta-
d o religioso q u e c u a l q u i e r o t r o . P o r eso llamo i m p e r f e c -
to el l u g a r d e los q u e t i e n e n la llavecita d e la o b e d i e n c i a ,
o b s e r v a n d o los consejos f u e r a d e u n a o r d e n ; p e r o n o la
llamo i m p e r f e c t a ni d e m e n o s m é r i t o , p o r q u e t o d a o b e -
d i e n c i a y c u a l q u i e r o t r a v i r t u d es m e d i d a con la m e d i d a
del a m o r .
Es c i e r t o q u e e n m u c h a s o t r a s cosas la o b e d i e n c i a reli-
giosa es d e m á s m é r i t o , t a n t o p o r el v o t o q u e se h a c e e n
m a n o s del p r e l a d o c o m o p o r q u e se m a n t i e n e m e j o r así,
y es m e j o r p r o b a d a la v i r t u d e n la o r d e n q u e fuera, y
p o r q u e t o d o acto c o r p o r a l está u n i d o al y u g o y n o se
p u e d e s a c u d i r , c u a n d o se q u i e r e , sin culpa d e p e c a d o
m o r t a l , p o r estar el voto a p r o b a d o p o r la s a n t a Iglesia.
En los q u e se hallan f u e r a d e u n a o r d e n n o es así. Vo-
424 El Diálogo

l u n t a r i a m e n t e se h a n ligado p o r el a m o r q u e implica la
obediencia, p e r o n o con voto s o l e m n e ; d e m o d o q u e sin
culpa d e p e c a d o m o r t a l p o d r í a n a b a n d o n a r la o b e d i e n -
cia a aquella c r i a t u r a t e n i e n d o causas legítimas y sin cul-
pa p o r su p a r t e . Si la a b a n d o n a n p o r p r o p i a culpa, n o
sería sin gravísima culpa; n o sería, sin e m b a r g o , p e c a d o
m o r t a l el dejar esa obediencia.
¿Conoces la diferencia e n t r e u n p e c a d o y otro? La
q u e existe e n t r e el q u e quita lo ajeno y el q u e reclama
u n a cosa q u e h a b í a p r e s t a d o con a m o r y con intención
d e n o pedirla, p e r o sin d o c u m e n t o q u e le obligue. El re-
ligioso h a o t o r g a d o d o c u m e n t o p o r su profesión c u a n d o
en m a n o s del p r e l a d o h a r e n u n c i a d o a sí mismo y p r o -
m e t i d o o b s e r v a r la obediencia, continencia y pobreza
voluntaria; el p r e l a d o le p r o m e t e , si lo observa hasta la
m u e r t e , d a r l e la vida e t e r n a .
Así, p u e s , la observancia d e la obediencia, en c u a n t o
al lugar y m o d o , es más perfecta en u n a o r d e n . Es más
segura, y, si el subdito cae, tiene m á s facilidad y a y u d a
p a r a levantarse. La o t r a —la obediencia fuera d e u n a
o r d e n — es m á s d u d o s a y m e n o s segura; con más facili-
d a d vuelve la vista atrás, p o r q u e n o se siente ligado con
u n voto d e profesión; vuelve al e s t a d o en q u e se halla el
religioso antes d e h a b e r p r o f e s a d o , ya q u e hasta la p r o -
fesión p u e d e m a r c h a r s e y d e s p u é s n o .
P e r o el m é r i t o , te h e dicho y repito, d e p e n d e del
a m o r del v e r d a d e r o o b e d i e n t e , a fin d e q u e c a d a u n o ,
en cualquier e s t a d o en q u e se halle, p u e d a perfectamen-
te tenerlo, si lo h a h e c h o sólo p o r a m o r .
A u n o llamo yo a u n estado, y a o t r o a u n estado dis-
tinto, s e g ú n las aptitudes d e c a d a u n o p a r a recibir; p e r o
c a d a u n o es r e c o m p e n s a d o s e g ú n la m e d i d a del a m o r .
Si el seglar a m a más q u e el religioso, recibe más, y lo
m i s m o el religioso perfecto respecto del seglar, y así
o c u r r e t a m b i é n con todos los d e m á s estados.

165 [ D i o s n o p r e m i a s e g ú n el t r a b a j o n i el e s p a c i o , s i n o e n
c o n f o r m i d a d c o n la g r a n d e z a d e su c a r i d a d . — P r o n t i t u d d e
¡QC v e r d a d e r o s o b e d i e n t e s . — M i l a g r o d e D i o s e n r a z ó n d e esta
v i r t u d . — L a d i s c r e c i ó n e n l a o b e d i e n c i a . — O b r a s y p r e m i o al
verdadero obediente.).
La obediencia 425

A todos os h e p u e s t o a trabajar en la viña d e la o b e -


diencia d e m o d o s diversos. A c a d a u n o le será d a d o el
salario s e g ú n la m e d i d a del a m o r y n o s e g ú n la c a n t i d a d
d e trabajo o la d u r a c i ó n e n el t i e m p o ; es decir, q u e el
q u e llega t e m p r a n o reciba m á s q u e el q u e llega t a r d e ,
c o m o se c o n t i e n e en el s a n t o Evangelio al p o n e r o s m i
V e r d a d el ejemplo d e los q u e e s t a b a n ociosos y f u e r o n
e n v i a d o s p o r el S e ñ o r a trabajar a su viña. T a n t o d i o a
los q u e l l e g a r o n a la a u r o r a c o m o a los d e la h o r a p r i m a ,
m o s t r á n d o o s mi V e r d a d q u e seréis r e m u n e r a d o s n o se-
g ú n el t i e m p o ni lo t r a b a j a d o , sino s e g ú n la m e d i d a d e l
a m o r '. M u c h o s son e n v i a d o s e n la niñez a t r a b a j a r a
esta viña; o t r o s , m á s t a r d e , y a l g u n o s , e n su vejez. Estos
ú l t i m o s a n d a r á n a l g u n a s veces con tan a r d o r o s o a m o r ,
q u e c o n s i d e r a r á n la b r e v e d a d del t i e m p o y a l c a n z a r á n a
los q u e i n g r e s a r o n e n su infancia, p o r q u e éstos h a n ca-
m i n a d o a paso m á s l e n t o . P o r t a n t o , p o r el a m o r d e la
o b e d i e n c i a r e c i b e el a l m a su m é r i t o ; e n ella llena su va-
sija d e mí, M a r d e paz.

Hay m u c h o s q u e t i e n e n tan p r o n t a esta o b e d i e n c i a y


tan h e c h a u n a cosa c o n su a l m a , q u e n o se p o n e n a q u e -
r e r ver r a z o n e s ni el p o r q u é del m a n d a t o d e q u i e n lo
h a c e , sino q u e a p e n a s e s p e r a n q u e salga d e la boca,
c u a n d o ya con la luz d e la fe c o m p r e n d e n la i n t e n c i ó n
d e su p r e l a d o . Y así, el v e r d a d e r o o b e d i e n t e o b e d e c e
m á s a la intención q u e a las p a l a b r a s , i n t e r p r e t a n d o q u e
la v o l u n t a d del p r e l a d o es la mía y e n c a r g o m í o lo q u e él
m a n d a . P o r eso te dije q u e o b e d e c í a m á s a la i n t e n c i ó n
q u e a la p a l a b r a . O b e d e c i ó a las p a l a b r a s p o r q u e a n t e s lo
hizo en su v o l u n t a d con el afecto, v i é n d o l a con la luz d e
la fe y j u z g a n d o la v o l u n t a d del p r e l a d o c o m o si f u e r a la
mía.
Bien p a t e n t e q u e d ó e n lo q u e se lee e n la Vita Patrum
d e u n o q u e antes o b e d e c í a con el afecto, p u e s h a b i é n d o -
sele e n c a r g a d o algo c u a n d o h a b í a c o m e n z a d o a escribir
u n a «O», q u e es cosa tan p e q u e ñ a , n o se dio espacio d e
t i e m p o a sí m i s m o p a r a t e r m i n a r l a y c u m p l i ó i n m e d i a t a -
m e n t e a c u m p l i r el e n c a r g o . P a r a m a n i f e s t a r c u a n a g r a -
d a b l e m e h a b í a sido aquella p r o n t i t u d , hizo allí m i cle-

i Mt 20,1-16.
426 El Diálogo

m e n c i a u n m i l a g r o , y t e r m i n ó la o t r a mitad escrita en
oro.
Esta gloriosa virtud m e es m á s g r a t a , p o r q u e en nin-
g u n a o t r a hay tantas señales y testimonios d e milagros
o b r a d o s p o r mí r e f e r e n t e s a ella, p o r q u e p r o c e d e d e la
luz d e la fe.
P a r a d e m o s t r a r c u a n a g r a d a b l e m e es esta v i r t u d , la
tierra y los animales son o b e d i e n t e s . El a g u a sostiene al
o b e d i e n t e , y, si te fijas e n la tierra, ésta o b e d e c e al obe-
d i e n t e , c o m o viste —si te a c u e r d a s h a b e r l o leído e n la
Vita Patrum— d e aquel discípulo al q u e , h a b i é n d o l e
d a d o su a b a d u n palo seco p a r a q u e lo p l a n t a r a en la tie-
r r a y q u e lo r e g a s e todos los días, con la luz d e la fe n o
se p u s o a decir: « ¿ C ó m o será posible?», sino q u e , sin
q u e r e r saber n a d a d e imposibilidades, cumplió lo q u e le
m a n d a b a n , h a s t a tal p u n t o q u e , e n v i r t u d d e su obe-
diencia y d e la fe, el palo seco r e v e r d e c i ó y dio fruto,
c o m o señal d e q u e el alma se había l e v a n t a d o sobre la
s e q u e d a d d e la desobediencia, y, r e v e r d e c i d a , d a b a el
fruto d e la o b e d i e n c i a ; p o r lo q u e el fruto d e aquel ár-
bol e r a l l a m a d o p o r los Santos P a d r e s «el fruto d e la
obediencia».
Y si m i r a s a los animales q u e n o tienen r a z ó n , o c u r r e
lo m i s m o . C o m o con aquel discípulo q u e , obligado p o r
la obediencia, a causa d e su p u r e z a y obediencia, apri-
sionó a u n d r a g ó n y lo llevó a su a b a d ; p e r o el abad,
c o m o v e r d a d e r o m é d i c o , p a r a q u e n o le viniera la ven-
tolera d e la vanagloria y p a r a p r o b a r l o e n la paciencia,
lo e c h ó , r e p r o c h á n d o l e : « T ú , bestia, has t r a í d o a t a d a a
la bestia».
Si c o n s i d e r a s el a r d o r , sucede lo m i s m o . Por lo q u e e n
la S a g r a d a Escritura tienes q u e m u c h o s , p o r n o q u e -
b r a n t a r mi o b e d i e n c i a o p o r o b e d e c e r m e con p r o n t i t u d ,
siendo colocados sobre el fuego, éste n o les hacía d a ñ o ,
c o m o o c u r r i ó con aquellos tres m u c h a c h o s q u e estaban
en el h o r n o y d e otros m u c h o s q u e se p o d r í a n n o m -
2
brar .
El a g u a sostuvo a M a u r o c u a n d o fue m a n d a d o p o r la
obediencia a salvar a aquel discípulo q u e se hallaba d e -
bajo d e ella. El n o p e n s ó e n sí, sino q u e con la luz d e la

2
Dan 3,12-24.
La obediencia 427

fe i n t e n t ó c u m p l i r el e n c a r g o d e su p r e l a d o . Se m e t i ó
bajo el a g u a c o m o si a n d u v i e s e p o r t i e r r a y salvó al discí-
pulo.
E n todas las cosas, si abres los ojos del e n t e n d i m i e n t o ,
hallarás d e s m o s t r a d a la excelencia d e esta v i r t u d .
T o d o d e b e a b a n d o n a r s e p o r la o b e d i e n c i a . Si te en-
c o n t r a r a s elevada a t a n g r a n c o n t e m p l a c i ó n y u n i ó n del
espíritu e n mí, q u e tu c u e r p o estuviera s u s p e n s o s o b r e la
tierra, si se te m a n d a p o r o b e d i e n c i a — h a b l á n d o t e e n
g e n e r a l y n o e n particular, p u e s t o q u e n o se sujeta a
leyes—, p u d i e n d o , d e b e s esforzarte p o r c u m p l i r i n m e -
d i a t a m e n t e la o b e d i e n c i a i m p u e s t a . Piensa q u e n o d e b e s
a b a n d o n a r la o r a c i ó n c u a n d o es su h o r a , a n o ser p o r ca-
r i d a d y p o r obediencia. T e d i g o esto p a r a q u e conside-
res c ó m o d e s e o q u e sea p r o n t a e n mis servidores y
cuánto m e agrada.
T o d o lo q u e hace el o b e d i e n t e tiene m é r i t o : si c o m e ,
lo h a c e p o r obediencia; si va o se q u e d a , si a y u n a o vela,
t o d o lo h a c e p o r obediencia; si está en el c o r o , o e n el
refectorio, o e n la celda, q u i e n le guía y h a c e e s t a r allí es
la o b e d i e n c i a con la luz d e la santísima fe. C o n ella q u e -
d a c o m o m u e r t a el a l m a a t o d o g é n e r o d e v o l u n t a d p r o -
pia, h u m i l l a d a y con a b o r r e c i m i e n t o , c o n los brazos d e
la o r d e n y d e su p r e l a d o .
C o n esta o b e d i e n c i a d e s c a n s a e n la nave, se deja g u i a r
d e su p r e l a d o , h a n a v e g a d o e n el m a r t e m p e s t u o s o d e
esta vida con g r a n b o n a n z a , espíritu s e r e n o y tranquili-
d a d del c o r a z ó n , p o r q u e p o r ella, a c o m p a ñ a d a d e la fe,
quita t o d a o s c u r i d a d . P e r m a n e c e fuerte y s e g u r a , p o r -
q u e , al d e s p r e n d e r s e d e la v o l u n t a d p r o p i a , d e la q u e
p r o c e d e t o d a debilidad y t e m o r d e s o r d e n a d o , h a arroja-
d o d e sí la debilidad y el t e m o r .
¿ Q u é c o m e y b e b e esta esposa, la obediencia? C o m e
c o n o c i m i e n t o d e sí y d e mí al c o n o c e r q u e d e p o r sí n o
existe, al r e c o n o c e r sus p e c a d o s y ver q u e yo soy el q u e
soy, en el q u e e x p e r i m e n t a y c o m e mi v e r d a d , q u e ella
la h a c o n o c i d o e n mi V e r d a d , el V e r b o e n c a r n a d o . ¿Y
q u é bebe? S a n g r e . P o r ella m i V e r b o h a m a n i f e s t a d o mi
v e r d a d y el a m o r inefable q u e le t e n g o . E n esta s a n g r e
se m u e s t r a la o b e d i e n c i a q u e a El le h e i m p u e s t o yo, el
P a d r e e t e r n o , p o r vosotros, y p o r eso se e m b r i a g a . U n a
vez ebria p o r la s a n g r e y la o b e d i e n c i a del V e r b o , p i e r d e
428 El Diálogo

el a l m a su «yo», todos sus p a r e c e r e s y sabiduría, y m e


posee p o r gracia, g u s t á n d o m e , p o r el afecto del a m o r
con la luz d e la fe, en la santa obediencia.
D u r a n t e t o d a su vida clama p o r la paz y en la m u e r t e
recibe lo q u e le fue p r o m e t i d o p o r el p r e l a d o en su pro-
fesión, es decir, la vida e t e r n a , visión d e paz y d e s u m a
t r a n q u i l i d a d y r e p o s o , bien inestimable q u e nadie p u e d e
apreciar ni c o m p r e n d e r lo g r a n d e q u e es, p o r ser infini-
to. Por eso n o p u e d e ser c o m p r e n d i d o este bien infinito
p o r algo q u e sea finito, c o m o el vaso e c h a d o al m a r n o
c o n t i e n e e n sí a t o d o el m a r , sino la c a n t i d a d q u e corres-
p o n d e a su capacidad. El a m o r es lo q u e se abarca a sí
m i s m o , y p o r eso yo, M a r d e -paz, soy el único q u e m e
a b a r c o y q u e conozco el precio d e mí m i s m o , y p o r estas
dos acciones m e gozo en mí m i s m o . El gozo y el bien
q u e t e n g o e n mí lo c o m p a r t o con vosotros, con c a d a
u n o s e g ú n su capacidad. Yo la lleno y n o la tengo vacía.
C u a n d o le doy la perfecta b i e n a v e n t u r a n z a , c o m p r e n d e
y conoce d e m i v o l u n t a d tanto c o m o le h e d a d o a cono-
c e r mí m i s m o .
La obediencia, p u e s , c o n la luz d e la fe en la v e r d a d ,
a r d e en el h o r n o d e la c a r i d a d , u n g i d a p o r la h u m i l d a d ,
e m b r i a g a d a d e su s a n g r e , con la paciencia, su h e r m a n a ,
y con el i n t e n t o d e ser t e n i d a p o r r u i n en c u a n t o a sí
m i s m a , c o n fortaleza y amplia perseverancia y con las
o t r a s virtudes; es decir, con el fruto d e las virtudes ha
c o n s e g u i d o el fin y m e ha c o n s e g u i d o a mí, su Crea-
dor.

Catalina muere en Roma.


C O N C L U S I O N

RECAPITULACIÓN DE TODO EL LIBRO

166 [Resumen de casi todo el presente libro.]

Dilectísima y c a r í s i m a hija: h e satisfecho tu d e s e o d e


q u e te explicara la o b e d i e n c i a d e l p r i n c i p i o al fin. Si te
a c u e r d a s b i e n , al p r i n c i p i o m e p e d i s t e , c o n u n a n g u s t i a -
d o d e s e o , q u e yo m i s m o te d a b a , q u e p u d i e s e s h a c e r
c r e c e r el f u e g o d e m i c a r i d a d e n tu a l m a . Hiciste c u a t r o
peticiones.
U n a fue e n favor t u y o , a la q u e h e satisfecho ilumi-
n á n d o t e c o n m i v e r d a d , m o s t r á n d o t e el m o d o d e c o n o -
c e r esa v e r d a d , tal c o m o lo d e s e a b a s . T e la m a n i f e s t é
con el c o n o c i m i e n t o d e m í y d e ti y a la luz d e la fe al
e x p l i c a r t e el m o d o d e llegar al c o n o c i m i e n t o d e la ver-
dad.
L a s e g u n d a petición fue q u e tuviese m i s e r i c o r d i a d e l
mundo.
L a t e r c e r a fue p o r el c u e r p o místico d e la Iglesia, su-
p l i c á n d o m e q u e la librase d e las tinieblas y d e la p e r s e -
cución, q u e r i e n d o q u e el castigo se h i c i e r a e n ti. S o b r e
esto te m o s t r é c ó m o n i n g u n a p e n a s u f r i d a e n el t i e m p o
p e r e c e d e r o , p o r sola la p e n a , n o p u e d e satisfacer la cul-
p a c o m e t i d a c o n t r a mí, b i e n infinito; p e r o es satisfecha
si la p e n a se halla u n i d a al d e s e o d e l a l m a y a la c o n t r i -
ción d e c o r a z ó n . El m o d o ya te lo e x p l i q u é . T e h e r e s -
p o n d i d o t a m b i é n q u e q u i e r o h a c e r m i s e r i c o r d i a al m u n -
d o , m o s t r á n d o t e q u e ésta es u n a característica mía, d e
d o n d e , p o r la m i s e r i c o r d i a y p o r el a m o r i n e s t i m a b l e
q u e t u v e al h o m b r e , envié al V e r b o d e m i Hijo u n i g é n i -
to. P a r a h a c é r t e l o m á s c l a r o , te p u s e u n a alegoría, el
p u e n t e q u e viene d e l cielo a la t i e r r a p o r la u n i ó n d e la
n a t u r a l e z a divina c o n la v u e s t r a h u m a n a .
P a r a i l u m i n a r t e m á s s o b r e m i v e r d a d , te dije t a m b i é n
c ó m o a ese p u e n t e se a s c e n d í a p o r t r e s escalones, esto
es, p o r las tres p o t e n c i a s del a l m a . D e e s t e V e r b o y
p u e n t e q u e te h e m o s t r a d o te e n s e ñ é tres escalones e n
su c u e r p o , q u e son los pies, el c o s t a d o y la boca. E n ellos
430 El Diálogo

están figurados los tres estados del alma: imperfecto,


perfecto y perfectísimo. E n el último alcanza el alma la
excelencia del a m o r unitivo.
En cada u n o te h e señalado c l a r a m e n t e q u é es lo q u e
quita la imperfección y q u é hace q u e el alma alcance la
perfección y c ó m o se p i e r d e ésta, así c o m o los ocultos
e n g a ñ o s del d e m o n i o y d e l a m o r p r o p i o espiritual. En
estos estados te hablé d e las tres a d m o n i c i o n e s q u e hace
m i clemencia; u n a te la p u s e en esta vida; otra, e n la
m u e r t e , p u e s si m u e r e sin esperanza, m u e r e en p e c a d o
m o r t a l , y la tercera, en el juicio final. De los q u e estaban
e n la s e g u n d a te dije q u e los q u e a n d a n bajo el p u e n t e
se hallaban en el c a m i n o del d e m o n i o , y te hablé d e su
d e s v e n t u r a . T e hablé algo d e la p e n a d e los c o n d e n a d o s
y d e la gloria d e los b i e n a v e n t u r a d o s , c u a n d o cada u n o
haya recibido n u e v a m e n t e su c u e r p o .
T e p r o m e t í también, y te p r o m e t o , q u e , en virtud d e
los g r a n d e s sufrimientos d e mis servidores, r e f o r m a r é a
m i esposa, invitándoos a sufrir, l a m e n t á n d o m e contigo
d e su m a l d a d y m o s t r á n d o t e la excelencia d e los minis-
tros. Les h e p u e s t o en esta excelencia y reverencia q u e
exijo les t e n g a n los seglares, diciéndoos q u e p o r sus de-
fectos n o d e b e d i s m i n u i r la veneración a ellos y c u á n t o
m e d e s a g r a d a lo c o n t r a r i o . T e hablé d e la virtud d e los
q u e viven c o m o ángeles, d i c i é n d o t e también algo a p r o -
pósito del s a c r a m e n t o .
T e hablé, asimismo, d e dichos estados, p o r q u e q u e -
rías conocer los estados d e las lágrimas y su p r o c e d e n -
cia, y te los relacioné con éstos. T e h e dicho q u e todas
las lágrimas salen d e la fuente del corazón d e m o d o or-
d e n a d o . T e hablé también d e los c u a t r o estados d e lá-
g r i m a s y d e las quintas, q u e e n g e n d r a n la m u e r t e .
H e c o n t e s t a d o a la c u a r t a petición q u e m e hiciste, es
decir, q u e proveyese al caso particular o c u r r i d o . C o m o
sabes, yo lo proveí. A d e m á s te h e explicado sobre mi
providencia en g e n e r a l y en particular, m o s t r á n d o t e ,
d e s d e el principio d e la creación hasta el fin, c ó m o t o d o
lo h e h e c h o y lo h a g o con divina providencia, d a n d o y
p e r m i t i e n d o tribulaciones, consuelos espirituales y tem-
porales. T o d o se d a p a r a vuestro bien, p a r a q u e os santi-
fiquéis en mí y mi v e r d a d se c u m p l a en vosotros. La ver-
d a d fue ésta: q u e os creé p a r a q u e tuvierais vida e t e r n a .
Conclusión 431

Esto se manifiesta por la s a n g r e del V e r b o , mi Hijo uni-


génito.
F i n a l m e n t e , satisfice tu d e s e o y mi p r o m e s a d e expli-
c a r t e s o b r e la o b e d i e n c i a y s o b r e la imperfección p o r la
d e s o b e d i e n c i a , d e d ó n d e p r o c e d e y q u i é n la a r r e b a t a .
T e la p r e s e n t é c o m o llave, y eso es. T e h a b l é d e la o b e -
diencia particular, d e los perfectos y d e los imperfectos,
d e los religiosos y d e los q u e n o p e r t e n e c e n a n i n g u n a
o r d e n , d e c a d a cosa p o r s e p a r a d o ; d e la paz q u e p r o p o r -
c i o n a la o b e d i e n c i a y d e la g u e r r a q u e o r i g i n a la d e s o b e -
diencia y c ó m o se e n g a ñ a el d e s o b e d i e n t e , d á n d o t e a
e n t e n d e r q u e la m u e r t e vino al m u n d o p o r la d e s o b e -
diencia d e A d á n .
A h o r a , yo, P a d r e e t e r n o , s u m a y e t e r n a B o n d a d , con-
cluyo q u e p o r la obediencia del V e r b o , mi Hijo u n i g é -
nito, tenéis vida. T o d o s , d e s d e el p r i m e r h o m b r e , el
h o m b r e viejo, contrajisteis la m u e r t e . P o r eso, t o d o s los
q u e q u i e r e n llevar la llave d e la o b e d i e n c i a h a n recibido
la vida del h o m b r e n u e v o , el d u l c e Cristo J e s ú s , d e
q u i e n yo hice p u e n t e , p o r q u e el c a m i n o del cielo estaba
c o r t a d o . P a s a n d o vosotros p o r este d u l c e y r e c t o cami-
n o , q u e es u n a v e r d a d i l u m i n a d o r a , con la llave d e la
o b e d i e n c i a , cruzáis las tinieblas del m u n d o y n o os ha-
cen d a ñ o , y, al fin, con la llave abrís el cielo.
A h o r a te invito al llanto, a ti y a los o t r o s s e r v i d o r e s
míos. Por él y p o r la h u m i l d e y perseverante oración
q u i e r o ser misericordioso con el m u n d o . C o r r e p o r este
camino de la verdad m u e r t a , para q u e n o sea r e p r e n d i d a
d e a n d a r despacio. T e n c u i d a d o con salir d e la c e l d a del
c o n o c i m i e n t o d e ti y c o n s e r v a y gasta e n esta c e l d a el te-
soro q u e te h e d a d o . Esta es d o c t r i n a d e v e r d a d , funda-
d a s o b r e la roca viva, el d u l c e Cristo J e s ú s , v e r d a d e r a
luz q u e disipa las tinieblas. Vístete con ella d e veras,
q u e r i d í s i m a hija.

AGRADECIMIENTO.—ALABANZA A LA
TRINIDAD—ALABANZA A LA FE.—ORACIÓN
ULTIMA: LA VERDAD EN LA FE
167 |Esta devotísima alma, agradeciendo y alabando a
D i o s , r u e g a p o r t o d o el m u n d o y p o r l a s a n t a Iglesia.—Reco-
m e n d a n d o la f e , d a fin a e s t a o b r a . |
432 El Diálogo

E n t o n c e s , aquella alma, después d e h a b e r visto y co-


nocido c o n los ojos del e n t e n d i m i e n t o y con la luz d e la
fe santísima la v e r d a d y excelencia d e la obediencia y
haberla e s c u c h a d o con emoción y g u s t a d o p o r m e d i o
del afecto, con a n g u s t i a d o deseo, m i r á n d o s e c o m o en
u n espejo e n su divina majestad, le dio gracias, d i c i e n d o :
Gracias, gracias a ti, P a d r e e t e r n o , q u e , s i e n d o yo
c r i a t u r a tuya, n o m e has despreciado ni has a p a r t a d o tu
rostro d e mí, ni has m e n o s p r e c i a d o mis deseos. T ú ,
Luz, n o has t e n i d o e n c u e n t a mis tinieblas; tú, Vida, n o
has m i r a d o q u e estoy m u e r t a ; tú, Médico, n o te has
a p a r t a d o d e mí p o r mis e n f e r m e d a d e s ; tú, P u r e z a eter-
na, m e a t e n d i s t e a mí, q u e m e e n c u e n t r o llena d e mise-
rias; tú, Infinito, viniste a mí, q u e soy p e r e c e d e r a ; tú,
Sabiduría, llegaste a mí, q u e soy necia.
T ú , Sabiduría; tú, B o n d a d ; tu Clemencia, y tú, infini-
to Bien, n o m e has despreciado p o r todos estos y o t r o s
infinitos males y pecados q u e hay e n mí, sino q u e d e tu
luz m e has d a d o luz. H e conocido en tu sabiduría la ver-
d a d ; en tu clemencia h e e n c o n t r a d o tu c a r i d a d y el
a m o r al p r ó j i m o . ¿ Q u i é n te h a obligado? N o mis virtu-
des, sino sólo tu caridad.
Q u e este m i s m o a m o r te obligue a iluminar los ojos
d e mi e n t e n d i m i e n t o c o n la luz d e la fe a fin d e q u e co-
nozca la v e r d a d q u e m e has m a n i f e s t a d o . Haz q u e mi
m e m o r i a sea capaz d e r e t e n e r tus beneficios y la volun-
tad a r d a e n el fuego d e la c a r i d a d ; el fuego q u e hace
g e r m i n a r y a r r o j a r hacia mi c u e r p o mi s a n g r e y con ella,
d a d a p o r a m o r , y c o n la llave d e la obediencia, a b r a la
p u e r t a del cielo.
De c o r a z ó n te p i d o lo m i s m o p a r a t o d a c r i a t u r a racio-
nal en g e n e r a l y e n particular y p a r a el c u e r p o d e la san-
ta Iglesia. Confieso, n o lo niego, q u e m e amaste antes
d e existir yo y q u e m e a m a s i n e f a b l e m e n t e c o m o u n
loco p o r lo q u e h a c r e a d o .
¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , o h D e i d a d ! Esta, la n a t u r a l e z a
divina, d i o valor a la s a n g r e d e tu Hijo. T ú , T r i n i d a d
e t e r n a , e r e s u n m a r p r o f u n d o , d o n d e c u a n t o más m e
sumerjo, m á s e n c u e n t r o , y c u a n t o más e n c u e n t r o , m á s
te busco. E r e s insaciable, p u e s llenándose el alma e n tu
abismo, n o se sacia, p o r q u e s i e m p r e q u e d a h a m b r e d e
ti, T r i n i d a d e t e r n a , d e s e a n d o v e r t e con luz e n tu luz.
Conclusión 433

C o m o el ciervo d e s e a las fuentes d e a g u a q u e c o r r e n , así


m i a l m a d e s e a salir d e la cárcel d e l c u e r p o t e n e b r o s o y
v e r t e e n r e a l i d a d . ¡Oh! ¿ C u á n t o t i e m p o e s t a r á escondi-
d a tu c a r a a mis ojos?
¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , fuego y a b i s m o d e c a r i d a d ! Di-
sipa p a r a s i e m p r e la n u b e d e mi c u e r p o . El c o n o c i m i e n -
to q u e m e has d a d o d e tu v e r d a d m e obliga a d e s e a r ser
p r i v a d a d e la gracia d e m i c u e r p o y d a r la vida p o r glo-
ria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e . P o r h a b e r e x p e r i m e n t a d o
y visto con la luz del e n t e n d i m i e n t o la luz d e tu a b i s m o
y la belleza d e la c r i a t u r a , T r i n i d a d e t e r n a , p o r eso, mi-
r á n d o m e e n ti, h e visto q u e e r a i m a g e n tuya, partícipe
d e tu p o d e r , P a d r e e t e r n o , y d e tu s a b i d u r í a e n el en-
t e n d i m i e n t o . Esta s a b i d u r í a se a t r i b u y e a tu Hijo u n i g é -
n i t o . El Espíritu S a n t o , q u e p r o c e d e d e ti y d e tu Hijo,
m e h a d a d o la v o l u n t a d , p u e s soy capaz d e a m a r .
T ú , T r i n i d a d e t e r n a , e r e s el q u e o b r a , y yo, tu c r i a t u -
ra. H e c o n o c i d o q u e estás e n a m o r a d a d e la belleza d e tu
o b r a en la n u e v a c r e a c i ó n q u e hiciste d e mí p o r m e d i o
d e la s a n g r e d e tu Hijo.
¡Oh a b i s m o , o h D e i d a d e t e r n a , o h M a r p r o f u n d o !
¿ Q u é m á s podías d a r m e q u e d a r t e a ti m i s m o ?
E r e s fuego q u e s i e m p r e a r d e y n o se c o n s u m e : tú, el
F u e g o , c o n s u m e s en tu calor t o d o el a m o r p r o p i o del
a l m a ; e r e s el fuego q u e q u i t a el frío; tú i l u m i n a s , y c o n
tu luz n o s has d a d o a c o n o c e r tu V e r d a d ; e r e s L u z so-
b r e t o d a luz, q u e d a luz s o b r e n a t u r a l a los ojos del e n -
t e n d i m i e n t o con tal a b u n d a n c i a y perfección, q u e clari-
ficas la luz d e la fe. E n esta fe ves q u e mi a l m a tiene
vida y c o n esta luz recibe la luz.
P o r la luz d e la fe fue a d q u i r i d a la s a b i d u r í a del V e r -
b o , tu Hijo; en la luz d e la fe soy f u e r t e , c o n s t a n t e y per-
s e v e r a n t e ; p o r ella e s p e r o y ella n o m e p e r m i t e equivo-
c a r el c a m i n o . Esa luz m e lo e n s e ñ a , y sin ella a n d a r é a
o s c u r a s ; p o r eso dije: P a d r e e t e r n o , q u e m e i l u m i n e la
luz d e la santísima fe.
V e r d a d e r a m e n t e , esta fe es u n m a r , p o r q u e a l i m e n t a
el a l m a e n ti, M a r d e p a z , T r i n i d a d e t e r n a . El a g u a n o
está t u r b i a , y p o r ello n o t e m e , p u e s c o n o c e la v e r d a d .
Está destilada; tan clara, q u e manifiesta las cosas ocul-
tas, p o r los q u e a b u n d a la r e f u l g e n t e luz d e la fe, t a n t o
q u e casi h a c e c o m p r e n d e r al a l m a lo q u e c r e e . Es u n es-
434 El Diálogo

pejo p o r m e d i o del cual tú, T r i n i d a d e t e r n a , m e haces


e n t e n d e r . P a r a m i r a r m e e n él lo tengo con la m a n o del
a m o r . Me veo e n ti, p u e s soy criatura tuya, y a ti te veo
en mí p o r la u n i ó n q u e hiciste d e la divinidad con nues-
tra h u m a n i d a d .
En esta luz te conozco y te presentas a mí, tú, infinito
Bien, más excelso q u e cualquier o t r o ; bien feliz, incom-
prensible e inestimable. Eres Belleza sobre t o d a belleza,
Sabiduría sobre t o d a sabiduría; es más, eres la sabiduría
en sí misma. Eres alimento d e los ángeles; te has d a d o a
los h o m b r e s con a r d i e n t e fuego d e a m o r . Eres Vestido
q u e c u b r e t o d a d e s n u d e z ; alimentas con d u l z u r a a los
q u e tienen h a m b r e . Eres dulce, sin a m a r g u r a alguna.
¡Oh T r i n i d a d eterna! En la luz q u e m e diste, recibida
con la d e la santísima fe, h e conocido p o r m u c h a s y ad-
mirables explicaciones, allanando esa luz el camino d e la
perfección, a fin d e con ella y n o e n tinieblas te sirva,
sea espejo d e b u e n a y santa vida, pues siempre, p o r mi
culpa, te he servido e n tinieblas. N o he conocido tu Ver-
dad, y p o r ello n o la h e a m a d o . ¿Por q u é no te conocí?
P o r q u e n o te vi con la gloriosa luz d e la fe, ya q u e la
n u b e del a m o r propio ofuscó los ojos d e mi e n t e n d i -
miento. T u , T r i n i d a d e t e r n a , con la luz disipaste las ti-
nieblas.
¿Quién p o d r á llegar a tu altura p a r a d a r t e gracias p o r
tanto d e s m e d i d o d o n y g r a n d e s beneficios c o m o m e has
otorgado? La doctrina d e la v e r d a d q u e m e has c o m u n i -
cado es u n a gracia especial, a d e m á s d e la c o m ú n q u e
das a las otras criaturas. Quisiste c o n d e s c e n d e r con mi
necesidad y la d e las d e m á s criaturas semejantes a noso-
tros.
R e s p o n d e tú, Señor. T ú mismo lo diste y tú mismo
respondes y satisfaces infundiendo una luz de gracia en
mí, a fin d e q u e con esa luz yo te d é gracias. Vísteme,
vísteme d e ti, V e r d a d e t e r n a , p a r a q u e camine aprisa
p o r esta vida mortal con v e r d a d e r a obediencia y con la
luz d e la santísima fe, con la q u e parece q u e d e nuevo
embriagas al alma. Deo g r a d a s . A m é n .

Fin del libro compuesto por la bendita virgen, fiel esposa de


Jesucristo, Catalina de Siena, dictado en abstracción, vestida
con el hábito de Santo Domingo.
ORACIONES Y SOLILOQUIOS
C a s a d o n d e n a c i ó y vivió C a t a l i n a , c e n t r o d e r e u n i ó n d e su
g r u p o ele d i s c í p u l o s . ( G r a b a d o a n t i g u o . )
INTRODUCCIÓN

Manuscritos y e d i c i o n e s

La s e g u n d a p a r t e , y la m á s p e q u e ñ a d e este v o l u m e n ,
se halla d e d i c a d a a las O R A C I O N E S Y S O L I L O Q U I O S d e
Santa Catalina d e Siena. D e este m o d o s e g u i m o s u n a
tradición que se inicia con la edición launa d e El Diálogo
en Brescia e n 1496. D e s d e esta fecha es m u y f r e c u e n t e
colocar estas oraciones c o m o u n a p é n d i c e d e él. A la
edición d e Brescia s i g u i e r o n las d e C o l o n i a (1553 y
1569), I n g o l s t a d t (1583) y E s t r a s b u r g o (1601), e n t r e
las m á s a n t i g u a s d e esta característica.
E n t r e las ediciones españolas d e b e m o s r e c o r d a r la d e
Alcalá (1512), B a r c e l o n a (1698) y M a d r i d (ed. B A C ,
1955). C o m o se ve, las ediciones en l e n g u a española se
r e d u c e n a tres.
La p r i m e r a colección d e Oraciones se e n c u e n t r a e n el
archivo d e la O r d e n d e P r e d i c a d o r e s , u b i c a d o e n el con-
vento d e S a n t a Sabina, d e R o m a . El códice c o n t i e n e 2 2 .
Están en latín y h a n sido impresas d e n u e v o p o r Giulia-
n a Cavallini en R o m a (1978), j u n t o con el texto original
italiano del q u e se hizo la versión latina. C o n s i d e r o u n
v e r d a d e r o acierto la publicación d e los m a n u s c r i t o s ita-
liano y latino e n p á g i n a s c o n t r a p u e s t a s . D e su cotejo se
advierte la fidelidad d e la t r a d u c c i ó n latina, q u e es útil
p a r a la m á s perfecta fijación del s e n t i d o d e a l g u n a s pa-
labras italianas q u e p u e d e n r e s u l t a r d e d u d o s a i n t e r p r e -
tación castellana.
El texto italiano del q u e se hizo la citada versión se
e n c u e n t r a e n la Biblioteca C o m u n a l e d e g l ' I n t r o n a t i , d e
Siena. C o n t i e n e 17 o r a c i o n e s e n u n m a n u s c r i t o q u e es
d e fines del siglo x i v .
P a r a la t r a d u c c i ó n castellana q u e sigue t o m a m o s los
textos publicados p o r G. Cavallini.
Los colectores d e las oraciones se d i e r o n c u e n t a d e
q u e la colección q u e p r e s e n t a b a n e r a m u y p e q u e ñ a en
c o m p a r a c i ó n con las «casi infinitas».
T a n t o el códice italiano c o m o el latino a s e g u r a n q u e
438 Oraciones y Soliloquios

estas oraciones fueron oídas y recogidas palabra por pa-


labra p o r sus devotos discípulos estando ella en éxtasis,
fuera d e sus sentidos. Eran p r o n u n c i a d a s en lengua vul-
gar, en dialecto toscano, q u e era el q u e hablaba la San-
ta. Así consta antes d e comenzar la transcripción d e la
p r i m e r a oración.
La traducción latina fue hecha por los discípulos d e
Catalina, q u e conocían bien el pensamiento y m é t o d o
expositivo d e la virgen sienense.
E s t u d i a n d o la fecha d e composición d e las oraciones
recogidas, vemos q u e van d e s d e el año 1376 hasta su
m u e r t e en 1380; es decir, cuatro años. La mayoría, sin
e m b a r g o , corresponden a los años 1378 y 1379. N o deja
d e ser coincidencia q u e pertenezcan a los años en q u e se
escribía El Diálogo o c u a n d o se hallaba ya concluido.
El manuscrito latino, q u e contiene 19 oraciones, dice
en su presentación: «De orationibus autem suis quasi in-
n ú m e r a s fecit in Senis, in Florentia, in Pisis et in multis
alus Italiae locis nulla hic h a b e t u r » . Esta advertencia se
repite, con mínimas variaciones, en el manuscrito italia-
n o d e Siena.
A u n q u e Giuliana Cavallini declara q u e su edición no
es la edición crítica, definitiva, sino «punto d e partida
p a r a investigaciones posteriores», hay q u e reconocer
que es la mejor publicada hasta la fecha.

Cómo se hicieron las oraciones

Fray Bartolomé Dominici habla del tema del m o d o si-


guiente:
«Recibida la eucaristía..., su espíritu se elevaba a Dios
d e tal m o d o , q u e perdía el uso d e los sentidos, y d e este
m o d o permanecía insensible todos los días, totalmente
absorta e insensible d u r a n t e tres horas y más. Con fre-
cuencia también en éxtasis, h a b l a n d o con Dios, profería
con voz ciara profundas y devotas oraciones... las cuales,
en su m a y o r parte, fueron transcritas palabra por pala-
bra; algunas por mí y muchas p o r otros c u a n d o ella,
como se ha dicho, las p r o n u n c i a b a con voz clara y dis-
tinta. De su p r o f u n d i d a d no hablo en h o n o r a la breve-
dad. En m o d o alguno sus palabras y su sentido parecen
Introducción 439

ser d e u n a m u j e r , sino d o c t r i n a y sentencias d e u n g r a n


d o c t o r » '.
E n la o r a c i ó n ( r e s u m e n d e las n ú m e r o s 1 y 2 ) , inte-
r r u m p i e n d o el t e x t o , se lee: « d e s p u é s d e esto calló, ya-
c i e n d o e n t i e r r a , a b s t r a í d a e inmóvil c o m o a n t e s , d u r a n -
te u n a h o r a p o c o m á s o m e n o s . Y d e s p u é s , y a c i e n d o
2
t a m b i é n e n tierra, c o n t e s t ó a las cosas a n t e r i o r e s » .
Al c o n c l u i r esta o r a c i ó n (1-2), se dice q u e C a t a l i n a
p e r m a n e c i ó e n la m i s m a p o s t u r a , p e r o c o n las m a n o s
e x t e n d i d a s y c o n los b r a z o s e n f o r m a d e c r u z , « d u r a n t e
u n a h o r a p o c o m á s o m e n o s » . D e s p u é s le r o c i a r o n la
c a r a c o n a g u a b e n d i t a , i n v o c a n d o a J e s ú s varias veces.
Sacudieron a continuación fuertemente su cuerpo, y
p o c o a p o c o c o m e n z ó a p a l p i t a r su c o r a z ó n , d i c i e n d o
ella c o n voz baja varias veces: " A l a b a d o s e a Dios a h o r a
y s i e m p r e " . D e s p u é s , r e c o n f o r t a d o su espíritu, c o m e n z ó
a h a b l a r con m á s c l a r i d a d y se l e v a n t ó , a l a b a n d o y b e n -
3
d i c i e n d o a Dios sin s a b e r q u é h o r a era» .
A c o n t i n u a c i ó n se d a n los n o m b r e s d e n u e v e testigos
p r e s e n t e s , i n d i c a n d o q u e h a b í a m á s , e n t r e los cuales se
e n c o n t r a b a n «tres c o m p a ñ e r a s d e la m i s m a s e ñ o r a [Ca-
talina)».
Este a m b i e n t e , la d u r a c i ó n d e la o r a c i ó n y d e l éxtasis
y el m o d o d e sacarla d e él n o s r e s u l t a e x t r a ñ o ; p e r o r e -
c o r d e m o s q u e h u b o o t r o s éxtasis en q u e se la c r e y ó
muerta.
La o r a c i ó n n ú m e r o 3 , s e g ú n el códice l a t i n o , n o s ase-
g u r a q u e esta o r a c i ó n se hizo «para a p a r t a r al p a p a G r e -
gorio... d e l p r o p ó s i t o d e volverse a t r á s , ya d e t e r m i n a d o
en u n consistorio, a c a u s a d e las c o n t r a r i e d a d e s p a r a s u
4
l l e g a d a a la c i u d a d [Roma]» . Esto p o d í a p e d i r l o la San-
ta al S e ñ o r e n la o r a c i ó n ; p e r o tal c o m o ésta se halla r e -
d a c t a d a , m á s p a r e c e h a b e r sido escrita p a r a enviársela,
p u e s t o q u e t o d a ella es u n a e x h o r t a c i ó n a la fortaleza, a
r e c o r d a r al p a p a el c u m p l i m i e n t o d e su d e b e r , d á n d o l e
ánimos.
A l g o s e m e j a n t e p o d e m o s o b s e r v a r a p r o p ó s i t o d e la
1
Processo castellano, e n Fontes vitae S. Catharinae Senensis historia IX
p.328-29, e d . p o r P. L a u r e n t ( M i l a n o 1942).
2
C A V A L L I N I , Giuliana, Le orazioni (Roma 1978).
1
Ibid., p . 2 5 .
* Ibid., p . 2 6 .
440 Oraciones y Soliloquios

oración 14, compuesta a instancias d e u n cardenal d o -


minico.
De lo anterior parece d e s p r e n d e r s e q u e al menos al-
gunas oraciones tenían finalidad d e exhortación a tal o
cual p e r s o n a o g r u p o d e personas más q u e d e alabanza
o impetración, q u e son los elementos fundamentales d e
toda oración.

¿Oraciones o soliloquios?

En relación con lo a n t e r i o r m e n t e dicho, tenemos q u e


hacer la observación d e q u e u n a serie d e oraciones n o
contienen plegaria ni petición alguna; p o r ejemplo, las
n ú m e r o 13, 15, 18, 19 y 22 y las 32 y 3 5 , q u e n o apare-
cen en el códice sienense y m e h a parecido o p o r t u n o
añadir en esta edición.
Bien miradas y analizadas estas llamadas oraciones,
deberían recibir, con más p r o p i e d a d , la denominación
d e «soliloquios» tenidos en presencia d e algunos d e sus
discípulos, e n t r e los q u e se hallarían algunos q u e pudie-
ran hacer d e amanuenses o secretarios. Los discípulos
d e Catalina se hallaban tan «encatalinados», q u e reci-
bían toda palabra salida d e su boca como algo revelado
p o r Dios a ella. Muchas d e esas oraciones son u n a expo-
sición doctrinal sobre temas diversos, unas veces a p r o -
pósito d e u n a festividad litúrgica, y otras, expansión ló-
gica d e su alma e n u n a d e t e r m i n a d a circunstancia.
Q u e éste e r a el sentir al m e n o s d e alguno d e sus se-
cretarios, aparece patente en el texto italiano d e la ora-
ción n ú m e r o 9, q u e termina así: «Después o r ó p o r la
Iglesia, p o r el vicario d e Cristo y p o r todo el m u n d o , y
especialmente p o r sus hijos, del modo acostumbrado, con
5
dulcísimas, elevadas y hermosas palabras q u e omito» .
Luego, al m e n o s p a r a este secretario, lo importante d e
veras e r a la exposición doctrinal y ésa la finalidad d e la
oración. El mismo caso se repite e n la oración 17, en
cuyo texto italiano se lee c o m o colofón: «Después d e
esto, la misma bendita virgen [Catalina] o r ó para q u e los

s Ibid., p . 1 0 2 y 103.
Introducción 441

hijos p a r t i c i p a r a n d e la n a t u r a l e z a d i v i n a , a m á n d o s e
m u t u a m e n t e , etc.». H a s t a el «etcétera» p a r e c e i n d i c a r la
relativa p o c a i m p o r t a n c i a q u e el s e c r e t a r i o d a b a a la ple-
garia e n c o m p a r a c i ó n c o n la exposición d o c t r i n a l .
S e g ú n e s t o , n o s es p e r m i t i d o a s e g u r a r q u e estas o r a -
c i o n e s e r a n , m á s b i e n , i n s t r u c c i o n e s espirituales a sus
discípulos y q u e ésa fue la r a z ó n d e r e c o g e r l a s .
A ú n h a y o t r o e l e m e n t o q u e c o n f i r m a q u e estas p e -
q u e ñ a s p r o d u c c i o n e s t e n í a n d e o r a c i o n e s sólo la f o r m a
literaria. E n la o r a c i ó n 12, t a n t o e n el t e x t o italiano
c o m o e n la t r a d u c c i ó n l a t i n a a p a r e c e i n t e r c a l a d a la pala-
b r a Respuesta. Y es q u e C a t a l i n a se h a c e u n a p r e g u n t a
q u e ella m i s m a r e s p o n d e . Si se t r a t a r a d e u n a r e a l eleva-
ción d e su c o r a z ó n a D i o s , e n m o d o a l g u n o se p r e g u n t a -
ría y se r e s p o n d e r í a a sí m i s m a . U n a n o t a d e l c ó d i c e q u e
c o n t i e n e la t r a d u c c i ó n l a t i n a d e las o r a c i o n e s aclara:
« D o n d e q u i e r a q u e se e n c u e n t r e esta R. [ R e s p u e s t a ] , sig-
nifica q u e ella se s e n t a b a c o m o e s c u c h a n d o algo d e l Se-
6
ñ o r , lo c u a l , u n a vez o í d o , r e s p o n d í a ella a Dios» . Esa
R. [ R e s p u e s t a ] la v e m o s r e p e t i r s e e n el c ó d i c e l a t i n o , e n
la o r a c i ó n 2 2 . N o t e m o s t a m b i é n q u e e n esas d o s o r a c i o -
nes existe la p l e g a r i a .
E n b u e n a p a r t e d e estas o r a c i o n e s o soliloquios se a d -
vierte la p r e s e n c i a , n o s i e m p r e especificada, d e u n g r u -
p o d e discípulos.
P a r a r e a f i r m a r la tesis d e q u e estas o r a c i o n e s e r a n
m á s b i e n exposiciones d o c t r i n a l e s bajo la f o r m a literaria
d e p l e g a r i a s , h e m o s d e n o t a r q u e e n m u c h a s d e ellas,
a u n e n las r e l a t i v a m e n t e b r e v e s , nos e n c o n t r a m o s c o n la
frase « c o m o se h a d i c h o » , y e n la p l e g a r i a a Dios, la frase
« c o m o se h a d i c h o » es i n c o n c e b i b l e .
L a finalidad didáctica d e la o r a c i ó n n ú m e r o 6 a p a r e c e
c l a r a p o r esta frase: «Y v o s o t r o s , hijos m í o s d u l c í s i m o s ,
s i e n d o t i e m p o d e p o n e r m a n o s a la o b r a , es la h o r a d e
q u e os fatiguéis p o r la Iglesia d e Cristo...»
N o c a b e d u d a , p o r t a n t o , q u e la m a y o r p a r t e d e las
l l a m a d a s o r a c i o n e s son v e r d a d e r o s soliloquios o exposi-
c i o n e s d o c t r i n a l e s s o b r e t e m a s diversos. C a t a l i n a u s a b a
ese g é n e r o literario c o m o q u i e n p i e n s a e n alta voz p a r a
q u e los d e m á s se e n t e r e n .

• Ibid., p.152.
442 Oraciones y Soliloquios

Alusiones autobiográficas

En las oraciones encontramos, proporcionalmente a


su extensión, menos alusiones autobiográficas que en El
Diálogo y en las Cartas. Es natural, d a d a la finalidad d e
estas oraciones o instrucciones, sin gran conexión d e
unas con otras. Q u e r e m o s , con todo, citar algunas, si
bien d e p e q u e ñ a importancia en la biografía d e Catali-
na.
Una se halla en la oración 4, hacia el final. Se trata d e
u n acto d e agradecimiento al q u e le ha d a d o la sagrada
comunión. N o todos los sacerdotes se la daban siempre
q u e lo deseaba, pues era contra costumbre. Por eso pide
bendiciones p a r a él, que podía ser discípulo suyo y hasta
encontrarse en aquella reunión d e espirituales.
O t r a la encontramos hacia el final del soliloquio 19,
c u a n d o dice q u e , por misericordia divina, se le ha mos-
trado q u e no se d e b e j u z g a r ligeramente d e las intencio-
nes y actos d e los demás, a los q u e p u e d e Dios llevar por
diversos caminos, « d á n d o m e ejemplo en mí misma».
Ella reconocía, y lo expresa claramente en El Diálogo,
que ella seguía caminos distintos de otras almas.
La oración 26 es también buen ejemplo d e alusión au-
tobiográfica. Esta oración fue compuesta el lunes d e Se-
xagésima d e 1380, día 30 de e n e r o . Su salud estaba que-
brantadísima, y se la tuvo por m u e r t a . Al volver en sí re-
conoció la arcilla d e su cuerpo, menciona la falta d e
fuerzas y acata la voluntad de Dios. Son sus palabras: «Te
ofrezco y e n c o m i e n d o a mis queridísimos hijos, pues
son mi alma. Y, si agrada a tu b o n d a d que yo permanez-
ca en este vaso [cuerpo], tú, médico excelso, cúralo y
dispon d e él, pues se halla totalmente quebrantado».
Profundizando y rebuscando, podríamos hallar más
detalles autobiográficos, pues es sabido que toda ora-
ción y soliloquio espiritual es un desahogo del propio es-
píritu.

Contenido doctrinal y autenticidad

La doctrina espiritual de Catalina, como es natural,


no es otra que la que se contiene en las Cartas y en El
Introducción 443

Diálogo. Q u i e n haya leído este libro, o u n b u e n n ú m e r o


de cartas, se e n c o n t r a r á con i n n u m e r a b l e s expresiones y
frases conocidas. Este es u n signo más d e la autentici-
d a d d e estas oraciones y soliloquios.
A d e m á s d e las breves alusiones autobiográficas a q u e
nos h e m o s r e f e r i d o , e n c o n t r a m o s u n a serie d e detalles
q u e nos indican q u e , tras estas composiciones místicas,
se e n c u e n t r a la p e r s o n a l i d a d d e Catalina con sus pensa-
m i e n t o s y preocupaciones.
Salvo en las tres p r i m e r a s oraciones, en todas las d e -
más p o d e m o s adivinar y ver el trasfondo del g r a n p r o -
b l e m a q u e p r e o c u p a b a a Catalina: el e s t a d o d e la cris-
t i a n d a d en su tiempo. Se m e n c i o n a la rebelión d e ecle-
siásticos y seglares c o n t r a el vicario d e Jesucristo, Urba-
no V I ; la necesidad d e la r e f o r m a d e la Iglesia y j e r a r -
quía eclesiástica y su ofrecimiento p e r s o n a l c o m o vícti-
m a p o r los pecados y d e s ó r d e n e s d e su tiempo. Se hace
a l g u n a m e n c i ó n a sus e n f e r m e d a d e s , y c o n s t a n t e m e n t e ,
a la p r e o c u p a c i ó n p o r su g r u p o d e espirituales q u e capi-
taneaba.
A p a r t i r d e la oración 27 se advierte, sobre todo cono-
c i e n d o la historia d e la Santa, q u e las oraciones n o son
e s t r i c t a m e n t e auténticas, transcritas «palabra p o r pala-
b r a » . D e b i e r o n d e ser c o m p u e s t a s p o r R a i m u n d o o p o r
o t r o s discípulos p a r t i e n d o d e las reacciones q u e p r o d u -
cirían o p r o d u j e r o n d e t e r m i n a d o s hechos y circunstan-
cias de su vida. Entre ellas hemos d e notar las n ú m e r o s
27, 3 7 , 3 8 , 43 y 44 c o m o n o p r o n u n c i a d a s p o r Catalina
en esa forma.
El códice latino d e R o m a nos habla d e m u c h a s oracio-
nes n o recogidas, c o m o h e m o s visto. A éstas hay q u e
añadir muchas otras que se conservan en El Diálogo y en
las Cartas. En g e n e r a l , todas las intervenciones d e Cata-
lina en el supuesto diálogo con el P a d r e E t e r n o p u e d e n
ser catalogadas c o m o oraciones suyas. Al lector le resul-
tará fácil verificarlo.
El l u g a r en q u e se p r o n u n c i a r o n estas oraciones fue
m u y diverso. El g r u p o d e Catalina se r e u n í a o r d i n a r i a -
m e n t e en u n a capilla d e Siena, p e r o otras tuvieron p o r
escena o t r o lugar. La historia d e c a d a oración nos lo se-
ñala, más o m e n o s en Aviñón, Genova, Siena, Belcaro,
T e n t e n n a n o , Roma.
444 Oraciones y Soliloquios

La actual traducción y presentación

Hemos indicado q u e se ha hecho sobre el texto p r e -


sentado por la edición italiano-latina d e 1978, por Giu-
liana Cavallini, por creerla la mejor.
A partir d e la oración 27, para muchas m e h e servido
d e la traducción d e D. Angel Morta (BAC, 1955), modi-
ficando algunas expresiones.
Hemos añadido cuatro más, tomadas del Suplemento
de Caffarini, según la edición del mismo, aparecida en
Vergara en 1915, p r e p a r a d a por el P. Paulino Alvarez
bajo el título Santa Catalina de Siena.
Para la mejor comprensión de cada oración, después
d e cada título van unas líneas sobre el marco histórico
en que fue pronunciada y u n resumen d e sus principa-
les ideas.

Catalina d i c t a n d o a sus ama-


nuenses.
EL ENVIÓ DEL VERBO

1 Historia.—Compuesta en Aviñón entre el 18 de junio y 13 de


septiembre de 1376 (fechas de su estancia en la corte papal), cuando
Gregorio XI le pidió que rogase por él. El P. Taurisano especifica
más, señalando como fecha más precisa los primeros días de agosto.
Fue recogida por Tomás de Petra, escribiente de los breves papales, y
por el P. Raimundo de Capua, su confesor.
I d e a s . — S e m e j a n z a entre el hombre y la Trinidad.—Amor a Dios,
consecuencia de la redención. —Cristo, ejemplo de vida. —Súplica por
el vicario de Cristo, de quien depende nuestra salvación.—Ofrecí-
miento de sí misma por el papa y por la Iglesia.

¡Deidad, Deidad, inefable Deidad! ¡ B o n d a d s u m a


q u e sólo p o r a m o r n o s h a s h e c h o a i m a g e n y s e m e j a n z a
t u y a , n o d i c i e n d o al c r e a r al h o m b r e : «Sea h e c h o » , c o m o
c u a n d o c r e a s t e a las d e m á s cosas, s i n o : « H a g a m o s al
h o m b r e a n u e s t r a i m a g e n y s e m e j a n z a » ! L e h a s d a d o la
f o r m a d e la T r i n i d a d , ¡ o h D e i d a d e t e r n a ! , e n las p o t e n -
cias d e l a l m a . L e d i s t e m e m o r i a p a r a q u e s e p a r e c i e s e a
ti, P a d r e e t e r n o , q u e , c o m o p a d r e , m a n t i e n e s y c o n s e r -
vas t o d a s las cosas e n ti; l a m e m o r i a r e t i e n e y c o n s e r v a
lo q u e el e n t e n d i m i e n t o v e , e n t i e n d e y c o n o c e d e ti.
T a m b i é n p a r t i c i p a d e l a s a b i d u r í a d e t u Hijo u n i g é n i t o .
D e la d u l c e c l e m e n c i a d e l Espíritu S a n t o l e h a s d a d o la
v o l u n t a d . Esa v o l u n t a d s e eleva llena d e a m o r , y, c o m o
u n a m a n o , t o m a lo q u e el e n t e n d i m i e n t o c o n o c e d e t u
b o n d a d inefable. D e e s t e m o d o , p o r la v o l u n t a d y m a n o
f u e r t e d e l a m o r , se l l e n a d e ti la m e m o r i a y el afecto.
G r a c i a s , gracias t e s e a n d a d a s , alta y e t e r n a D i v i n i d a d ,
p o r t a n g r a n a m o r c o m o n o s h a s m o s t r a d o al c o n c e d e r -
n o s t a n d u l c e f i g u r a y las p o t e n c i a s d e l a l m a : el e n t e n d i -
m i e n t o , p a r a c o n o c e r t e ; la v o l u n t a d , p a r a a c o r d a r s e d e
ti, y el a m o r , p a r a a m a r t e s o b r e t o d a s las cosas.
Es lógico q u e c o n o c i é n d o t e , B o n d a d infinita, t e a m e .
T a n t a f u e r z a t i e n e e s t e a m o r , q u e ni el d e m o n i o n i cria-
t u r a a l g u n a n o s lo p u e d e n q u i t a r c o n t r a n u e s t r a v o l u n -
t a d . C o n r a z ó n d e b e a v e r g o n z a r s e el h o m b r e al v e r q u e
le a m a s t a n t o y q u e él n o t e a m a .
¡ O h D e i d a d e t e r n a ! V e o e n ti, A m o r i n e s t i m a b l e , q u e ,
ya q u e p o r n u e s t r a m i s e r i a y f r a g i l i d a d c a e m o s e n la
446 Oraciones y Soliloquios

fealdad del p e c a d o por la desobediencia d e n u e s t r o pri-


m e r p a d r e , el a m o r te obligó a abrir los ojos de tu pie-
d a d p a r a con nosotros, miserables. Por eso nos enviaste
al Verbo d e tu unigénito Hijo, V e r b o , Palabra hecha
carne, cubierto d e n u e s t r a c a r n e y revestido de nuestra
mortalidad.
T ú , Jesucristo, reconciliador, r e f o r m a d o r y r e d e n t o r
nuestro, te has convertido en Mediador, V e r b o , A m o r ,
y has c a m b i a d o en paz perfecta la g u e r r a q u e el h o m b r e
m a n t e n í a con Dios. Has castigado en tu cuerpo nuestras
maldades y la desobediencia q u e m a n t e n í a con Dios.
Has castigado en tu c u e r p o , siendo o b e d i e n t e hasta la
afrentosa m u e r t e d e cruz, nuestras maldades y la deso-
bediencia d e A d á n . En la cruz diste satisfacción, a la
vez, a la injuria hecha a tu P a d r e y a nuestra culpa, ven-
g a n d o en ti mismo la injuria hecha al Padre.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
A cualquier p a r t e a q u e m e vuelva, e n c u e n t r o u n
a m o r inefable. N o p o d e m o s m e n o s d e a m a r , p o r q u e
sólo tú, Dios y h o m b r e , amaste sin ser a m a d o por mí,
pues no existía c u a n d o m e creaste.
Lo q u e deseo a m a r , q u e es lo q u e tenga ser en sí mis-
m o , lo e n c u e n t r o en ti. El pecado no tiene existencia en
ti, y p o r ello no debe ser a m a d o .
Si q u e r e m o s a m a r a Dios, tenemos tu inefable Dei-
d a d ; si q u e r e m o s a m a r al h o m b r e , tú eres u n h o m b r e
en el q u e p u e d o conocerte, p u r e z a inestimable; si quiero
a m a r al Señor, tú eres Señor, y has p a g a d o el precio de
tu sangre sacándonos d e la s e r v i d u m b r e del pecado.
T ú eres Señor, Padre y H e r m a n o n u e s t r o por tu be-
nignidad y d e s m e d i d a caridad, Deidad eterna. El Ver-
bo, tu Hijo, c o n o c i e n d o y c u m p l i e n d o tu voluntad, qui-
so d e r r a m a r su preciosa sangre p o r nuestra miseria en
el salutífero m a d e r o d e la santísima cruz. T ú , Deidad
suma, eres sabiduría y e t e r n a b o n d a d . Yo soy m u e r t e , y
tú, vida; yo tinieblas, y tú, luz; yo necedad, y tú, sabidu-
ría; tú, infinito, y yo, caduca; yo, e n f e r m a , y tú, médico;
yo frágil p e c a d o r a q u e no te ama; tú, belleza sin m a n -
cha, y yo, sucia criatura. Con a m o r inefable m e sacaste
d e mí p a r a llevarme a ti, e igualmente a todos nosotros
nos llevas a ti graciosamente y no por obligación, siem-
El envío del Verbo 447

p r e q u e n o s d e j e m o s llevar a tí, es decir, si n u e s t r a vo-


l u n t a d n o sea rebelde a la tuya.
¡Ay d e mí! P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e
mí.
B o n d a d e t e r n a : n o m i r e s las culpas c o m e t i d a s p o r n o -
sotros c u a n d o n o s a p a r t a m o s d e tu i n c o n m e n s u r a b l e
b o n d a d y alejamos n u e s t r a s almas d e su p r o p i o fin. Más
bien te r u e g o , p o r tu infinita misericordia, q u e a b r a s los
ojos d e tu clemencia y p i e d a d . Mira a tu ú n i c a esposa y
a b r e los ojos d e tu vicario en la tierra p a r a q u e n o te
a m e m i r á n d o s e a sí m i s m o , ni se a m e a sí m i s m o , sino
p o r lo q u e tú e r e s . Si se m i r a a sí m i s m o , t o d o s p e r e c e r e -
m o s , p u e s él es n u e s t r a vida y n u e s t r a m u e r t e , ya q u e
tiene el c u i d a d o d e r e c o g e r n o s a n o s o t r o s , ovejas q u e
p e r e c e m o s . P e r o , si a m a e n atención a ti, p o r ti m i s m o ,
n o s o t r o s vivimos, p o r q u e recibimos e j e m p l o d e vida p o r
m e d i o del b u e n p a s t o r .
¡ O h s u m a e inefable Divinidad! H e p e c a d o , y n o soy
d i g n a d e suplicarte; p e r o tú tienes p o d e r p a r a h a c e r m e
d i g n a . Castiga, S e ñ o r m í o , mis p e c a d o s y n o tengas e n
c u e n t a m i miseria.
T e n g o u n c u e r p o . T e lo d o y y ofrezco. H e aquí la car-
n e , h e a q u í la s a n g r e . Si es tu v o l u n t a d , te p i d o q u e se
a b r a s e n y d e s t r u y a n mis h u e s o s p o r a q u e l a q u i e n te en-
c o m i e n d o . H a z q u e los h u e s o s y la m é d u l a d e ellos sean
t r i t u r a d o s p o r tu vicario e n la tierra, ú n i c o esposo d e tu
esposa. R u e g o q u e te d i g n e s e s c u c h a r m e : q u e tu vicario
c u m p l a tu v o l u n t a d , la a m e , la o b s e r v e , p a r a q u e n o p e -
r e z c a m o s . Dale u n n u e v o c o r a z ó n q u e c o n t i n u a m e n t e
a u m e n t e e n gracia, f u e r t e p a r a izar el p e n d ó n d e la
c r u z , p a r a q u e los infieles participen, c o m o n o s o t r o s , del
f r u t o d e la pasión y s a n g r e d e tu Hijo u n i g é n i t o , C o r d e -
r o i n m a c u l a d o , ¡oh e t e r n a , inefable y alta D e i d a d !
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e mí.
448 Oraciones y Soliloquios

POR LOS MINISTROS DE LA IGLESIA

2 H i s t o r i a . — E s t a oración parece ser continuación de la anterior.


Hay, por tanto, que enmarcarla en el mismo ambiente histórico y en la
misma fecha, o en fecha muy cercana a ella.
I d e a s . — L a unión con la voluntad divina fortalece al alma.—Se-
ñal es aceptar todos los acontecimientos como venidos de Dios, aun los
adversos. —Catalina se acusa de haber amado el pecado. —Ruega por
los ministros de la Iglesia y por sus discípulos.

¡Deidad, Deidad, e t e r n a Deidad! Confieso y n o nie-


go q u e eres m a r d e tranquilidad, d o n d e se alimenta y
n u t r e el alma q u e c o n f o r m a su voluntad con tu elevada
y e t e r n a voluntad, q u e n o desea sino nuestra santifica-
ción. Por eso, el alma q u e esto medita se despoja d e su
voluntad y se viste d e la tuya.
¡Oh A m o r dulcísimo! Me parece señal m u y cierta d e
q u e se hallan en ti los q u e siguen tu voluntad a tu m o d o
y no al suyo. El mejor indicio d e q u e se h a n revestido d e
tu voluntad es q u e la buscan, y n o la d e las criaturas ra-
cionales, y el n o alegrarse d e las cosas prósperas, sino d e
las adversas, a las q u e consideran o r d e n a d a s p o r tu vo-
luntad, q u e se mueve ú n i c a m e n t e p o r a m o r . Por eso
a m a n las cosas c o m o creadas p o r ti y a todas las j u z g a n
buenas, y, p o r lo tanto, dignas d e amor; excepto el peca-
d o , q u e n o p r o c e d e d e ti, y, p o r consiguiente, n o es dig-
n o d e ser a m a d o . Yo, miserable e n t r e los miserables, pe-
q u é a m a n d o al pecado.
Pequé contra el Señor; ten misericordia de mí.
Señor mío: castiga mis pecados. Purifícame, B o n d a d
eterna, inefable Deidad. Escucha a tu sierva; no mires la
multitud d e mis maldades.
T e r u e g o q u e dirijas p o r el camino d e la santísima
cruz, a tu m o d o y n o al suyo, el corazón y la voluntad d e
los ministros d e ia santa Iglesia, tu esposa. Q u e te sigan,
C o r d e r o degollado, p o b r e , h u m i l d e y manso; q u e sean
criaturas angelicales, ángeles terrestres en esta vida,
puesto q u e h a n d e administrar el cuerpo y la sangre d e
tu unigénito Hijo, C o r d e r o inmaculado; q u e no sean
c o m o los animales, p o r q u e éstos no gozan d e la razón y
n o son dignos d e mí. Reúnelos y báñalos, piedad divina,
en el m a r tranquilo d e tu b o n d a d , d e m o d o que, p o r lo
Las dos primeras oraciones 449

inútil q u e e s p e r a n , n o e s t é n p e r d i e n d o m á s tiempo lo
que tienen.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
E s c u c h a a t u sierva. Y o , m i s e r a b l e , te p i d o q u e escu-
c h e s m i voz q u e te l l a m a . T a m b i é n te r u e g o p o r los hijos
q u e has q u e r i d o q u e yo a m e con singular a m o r a causa
d e t u i n e s t i m a b l e c a r i d a d , ¡oh s u m a , e t e r n a e i n e f a b l e
Bondad! Amén.

RESUMEN DE LAS DOS PRIMERAS ORACIONES

1-2 Historia.—El texto original, tanto el italiano como su traduc-


ción al latín, hecha por los mismos discípulos de Santa Catalina, con-
tiene la siguiente oración, resumen de las dos primeras oraciones. Al
final de la traducción latina se nos dan interesantes detalles históricos,
siendo los más importantes los que se refieren a las personas que oye-
ron la oración de labios de Catalina. Nos aseguran que se hizo «en
Aviñón, en la casa de Juan de Regio, ante el altar de su capilla,
estando presentes Fr. Juan de Siena, maestro en sagrada teología; Fr.
Félix de Massa, su socio, de la Orden de San Agustín, y yo Fr.
Tomás, y Gerardo y Francisco de Buonaconti, hermanos de Pisa;
Nerio Landocci y Nicolás Mini Cicerchia y Esteban Corrado, sus fa-
miliares [de Catalina \ y tres compañeros de la misma señora [pata-
lina]». Añade la anotación que cada uno de ellos tomó esta oración
por fidedigna y todos certifican que la dijo por el orden en que apa-
rece.
Ideas.—Nada se añade, y se repiten no sólo los conceptos, sino
líneas enteras, como puede comprobar el lector.

¡Deidad, Deidad, inefable Deidad y s u m a Bondad!


Sólo p o r a m o r n o s h a s h e c h o a i m a g e n y s e m e j a n z a
t u y a , n o d i c i e n d o : «Sea h e c h o el h o m b r e » , s i n o : « H a g a -
m o s al h o m b r e a n u e s t r a i m a g e n y s e m e j a n z a » , p a r a
q u e t o m a s e p a r t e t o d a la T r i n i d a d . Le has d a d o la f o r m a
d e T r i n i d a d e n las potencias d e n u e s t r a alma, es decir, el
e n t e n d i m i e n t o , p a r a c o n o c e r ; la m e m o r i a , p a r a a c o r d a r -
se d e ti, y la v o l u n t a d y el a m o r , p a r a a m a r t e s o b r e to-
d a s las cosas. D e e s t e a m o r n o n o s p u e d e p r i v a r n i el d e -
m o n i o n i o t r a c r i a t u r a , si n o s o t r o s n o lo q u e r e m o s .
Después q u e p o r n u e s t r a miserable fragilidad caímos
e n la f e a l d a d d e l p e c a d o , a b r i s t e los ojos d e tu p i e d a d y
n o s e n v i a s t e a tu Hijo u n i g é n i t o , el V e r b o , J e s u c r i s t o ,
Reconciliador y R e d e n t o r nuestro, oculto por nuestra
450 Oraúones y Soliloquios

carne miserable y vestido d e nuestra mortalidad. En El,


si q u e r e m o s a m a r a Dios, tenemos su inefable Deidad,
y, si q u e r e m o s a m a r al h o m b r e y conocer tu p u r e z a
inestimable por m e d i o d e El, tenemos al Señor, al P a d r e
y a nuestro H e r m a n o , a causa d e su benignidad e incon-
mensurable caridad. El, conociendo y cumpliendo tu
voluntad, quiso d e r r a m a r su preciosa sangre misericor-
diosamente por nosotros en el salutífero m a d e r o d e la
santísima cruz.
T ú , Deidad, eres la suma sabiduría, y yo, ignorante y
miserable criatura; eres suma y e t e r n a b o n d a d , y yo,
frágil e ínfima criatura pecadora, pues n u n c a te amé.
T ú , p o r a m o r , m e sacaste a mí d e ti, y a todos nos has
sacado d e ti.
Pequé contra el Señor; ten misericordia d e mí.
Eterna B o n d a d : n o mires nuestras miserias, las q u e
tenemos p o r nosotros mismos c u a n d o nos apartamos d e
tu d e s m e s u r a d a b o n d a d y alejamos nuestras almas d e su
propio fin. T e r u e g o q u e abras los ojos d e tu clemencia
y mires a tu única esposa. A b r e los ojos d e tu Vicario en
la tierra p a r a q u e n o te a m e en atención a sí mismo ni se
a m e por sí mismo, sino q u e te a m e a ti por ti y se a m e a
sí mismo p o r ti. Porque, c u a n d o te a m a a ti y a sí en
atención a sí mismo, todos perecemos, ya que en él se
halla nuestra vida y nuestra m u e r t e . Y, si se ama a sí y
te a m a a ti en atención a ti, entonces vivimos nosotros.
¡Oh s u m a e inefable Deidad! H e pecado, y no soy dig-
na d e suplicarte, p e r o tú p u e d e s h a c e r m e digna.
Pequé contra el Señor; ten misericordia de mí.
Castiga, Señor mío, mis pecados y no tengas en cuen-
ta las miserias con q u e h e ofendido a tu Majestad. T e n -
go u n cuerpo, q u e doy y ofrezco con la carne y con la
sangre, con los nervios y con las venas, para q u e lo ha-
gas destruir y q u e b r a n t a r en favor d e aquellos por los
q u e te suplico, si es tu voluntad. Haz triturar los huesos
y su médula por tu vicario en la tierra, esposo único d e
tu esposa. T e suplico te dignes escucharme para q u e
g u a r d e tu voluntad, la a m e y la siga, a fin d e que no pe-
rezcamos. Créale, Señor, e t e r n a e inefable V e r d a d , u n
corazón nuevo y fuerte p a r a dirigir la enseña d e la santa
cruz, d e m o d o q u e los demás, c o m o nosotros, se h a g a n
Las dos primeras oraciones 451

partícipes del d e r r a m a m i e n t o d e tu Hijo u n i g é n i t o , C o r -


dero inmaculado.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e m í .
¡Deidad, D e i d a d , e t e r n a D e i d a d ! Confieso y n o n i e g o
q u e eres M a r d e t r a n q u i l i d a d en el q u e se s u m e r g e t o d o
el q u e c o n f o r m a su q u e r e r con tu e t e r n a v o l u n t a d . Esta
es u n a señal m u y cierta d e q u e se e n c u e n t r a n e n ti, es
decir, q u e s i g u e n tu v o l u n t a d a tu m o d o y n o al s u y o y
q u e la i n t e r p r e t a n y n o se a l e g r a n con las cosas p r ó s p e -
ras, sino en las a d v e r s i d a d e s . Estas p r o c e d e n d e tu santí-
sima v o l u n t a d , lo m i s m o q u e las d e m á s cosas c r e a d a s
p o r ti. T o d a s son b u e n a s y d i g n a s d e ser a m a d a s , excep-
to el p e c a d o , q u e n o p r o c e d e d e ti, y p o r eso n o es d i g n o
de amor.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí.
Castiga, S e ñ o r , mis p e c a d o s y p u r i f í c a m e , B o n d a d
e t e r n a e inefable D e i d a d . Escucha, S e ñ o r , a tu sierva y
r e f o r m a y d i r i g e la v o l u n t a d d e los ministros d e tu s a n t a
esposa p a r a q u e sigan al m o d o tuyo y n o al suyo. Q u e
sean c r i a t u r a s angelicales y d i g n a s d e a d m i n i s t r a r el
c u e r p o y la s a n g r e d e tu u n i g é n i t o Hijo, el C o r d e r o in-
m a c u l a d o , y n o sean c o m o animales irracionales. Así,
e t e r n a P i e d a d , s u m é r g e l e s en el m a r t r a n q u i l o d e tu vo-
luntad, d e m o d o que no esperen más tiempo, perdiendo
lo q u e t i e n e n p o r lo inútil q u e n o t i e n e n .
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí.
Escucha a tu sierva e n la petición p o r todos y p o r los
hijos q u e m e has d a d o p a r a q u e los a m e con singular
a m o r p o r tu inestimable c a r i d a d , p o r los cuales te d o y
gracias, s u m a e inefable D e i d a d .

J e s ú s d a su c o r a z ó n a Catalina.
452 Oraciones y Soliloquios

CRISTO, NUESTRA SALVACIÓN

3 Historia.—Compuesta a mediados de octubre de 1376 en Ge-


nova, cuando ella y Gregorio XI llegaron a la ciudad por distintos
caminos. El papa dudó si seguir a Roma, ante las enormes dificulta-
des, o regresar a Aviñón. Gregorio XI visitó a Catalina de incógnito,
por la noche, para comunicarle sus dudas y pedirle oraciones, según
cuenta Caffarini.
Ideas.—Cristo, Camino, vino a redimir la humanidad.—Su vica-
rio está encargado de reagrupar a todos los hijos, pero ellos se oponen
con su modo de pensar y de ser. —Debemos alegrarnos en los sufri-
mientos.—Que Dios encienda en su vicario deseo de almas y va-
lor. —Una muestra del amor de Dios es habernos dejado un vicario
suyo; en esto se basa la esperanza de salvación, pues eí tiene poder de
administrar la sangre de Cristo. —Pide que Dios conceda al papa for-
taleza para cumplir con su deber.

¡Oh P a d r e o m n i p o t e n t e , Dios e t e r n o ! ¡Oh inestima-


ble y dulcísima C a r i d a d ! Veo e n ti, y lo llevo en el cora-
zón, q u e eres el camino, la v e r d a d y la vida. Por ese ca-
m i n o h a d e c a m i n a r el q u e q u i e r a llegar a ti; el c a m i n o
q u e e n d e r e z a y f o r m a tu a m o r inefable p o r el v e r d a d e -
r o conocimiento d e la sabiduría d e tu Hijo unigénito,
n u e s t r o S e ñ o r Jesucristo. Eres Dios e t e r n o e incompren-
sible. E s t a n d o el g é n e r o h u m a n o m u e r t o a causa d e su
fragilidad, ú n i c a m e n t e movido p o r a m o r y clementísima
piedad, Dios nos h a enviado al v e r d a d e r o Dios y Señor
n u e s t r o , Jesucristo, tu Hijo, vestido d e n u e s t r a c a r n e
mortal. H a s q u e r i d o q u e n o viniese con deleites y vani-
d a d e s d e este m u n d o p e r e c e d e r o , sino con angustia, po-
breza y t o r m e n t o s , c o n o c i e n d o y c u m p l i e n d o tu volun-
tad p a r a r e d e n c i ó n nuestra, d e s p r e c i a n d o los peligros
del m u n d o y los obstáculos del e n e m i g o a fin d e q u e
venciese a la m u e r t e , siendo o b e d i e n t e hasta la cruelísi-
m a m u e r t e en la cruz.
¡Oh A m o r incomprensible! Eres el q u e , al m a n d a r a
tu vicario a r e c o b r a r los hijos m u e r t o s p o r haberse apar-
tado d e la obediencia d e la santa m a d r e Iglesia, tu única
esposa, le enviaste e n t r e angustias y peligros, al m o d o
q u e enviaste a tu Hijo, Salvador n u e s t r o , p a r a librar d e
la p e n a y d e la m u e r t e del p e c a d o a los hijos m u e r t o s
p o r la desobediencia. Pero los h o m b r e s , débiles criatu-
ras tuyas, piensan lo c o n t r a r i o , y con perversa y p r e s u n -
Cristo, nuestra salvación 453

t u o s a d e t e r m i n a c i ó n y p o r afecto c a r n a l , e n g a ñ a d o s p o r
el e n e m i g o , i m p i d e n tu v o l u n t a d y el f r u t o d e la salva-
ción y a p a r t a n a tu vicario e n la t i e r r a d e tu m i s i ó n sal-
vadora.
¡Oh A m o r e t e r n o ! Ellos j u z g a n s e g ú n sus s e n t i d o s y
n o s e g ú n el v e r d a d e r o j u i c i o y la p r o f u n d a s a b i d u r í a d e
tu Majestad.
T ú te h a s p u e s t o c o m o e j e m p l o y e r e s la p u e r t a p o r la
q u e todos tenemos q u e pasar. Por eso, c o m o has dicho,
n o s d e b e m o s a l e g r a r e n las fatigas y a n g u s t i a s , p o r q u e
p a r a esto h e m o s n a c i d o , y el m u n d o y n u e s t r a c a r n e m i -
s e r a b l e n o p r o d u c e n s i n o frutos d e a m a r g u r a a c a u s a d e
tu a d m i r a b l e p r o v i d e n c i a , p a r a q u e n o n o s a l e g r e m o s ni
c o n f i e m o s e n ellos, s i n o q u e n o s g l o r i e m o s e n el f r u t o
d e la salvación, e n la q u e n o s o t o r g a s los d o n e s celestia-
les.
Se d e b e , p u e s , a l e g r a r tu vicario c u m p l i e n d o tu v o l u n -
t a d y s i g u i e n d o la s a n t i d a d d e C r i s t o J e s ú s , q u e se d e -
s a n g r ó , a b r i ó y d e s p o j ó d e su s a n t í s i m o c u e r p o p o r n o -
sotros, q u e dio su s a n g r e p a r a p u r i f i c a r n u e s t r o s peca-
d o s y c o n su inefable p i e d a d volverá a c o m p r a r n u e s t r a
salvación. El h a d a d o a su vicario la llave p a r a a t a r y d e -
s a t a r n u e s t r a s a l m a s y p a r a q u e c u m p l i e s e tu v o l u n t a d y
siguiese t u s huellas. P o r lo cual r u e g o a tu santísima
c l e m e n c i a q u e lo p u r i f i q u e s d e m o d o q u e su c o r a z ó n
a r d a e n d e s e o s d e r e c u p e r a r los m i e m b r o s p e r d i d o s y
los r e c o b r e c o n la a y u d a d e tu g r a n d í s i m o p o d e r . Y si su
l e n t i t u d , ¡oh A m o r e t e r n o ! , te d e s a g r a d a , castígala e n
m i c u e r p o , q u e t e ofrezco y d o y p a r a q u e lo a t o r m e n t e s
c o n flagelos y p a r a q u e lo d e s t r u y a s s e g ú n tu v o l u n t a d .
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
T ú , Dios e t e r n o , te h a s e n a m o r a d o d e t u s c r i a t u r a s
p o r g r a c i a inefable y p o r c l e m e n c i a t u y a . P o r eso o r d e -
n a s a tu vicario q u e las r e c u p e r e , p u e s p e r e c e n . P o r lo
cual, y o , i n d i g n a y m i s e r a b l e p e c a d o r a , te d o y gracias.
¡Oh infinita B o n d a d e i n e s t i m a b l e C a r i d a d , v e r d a d e r o
Dios! Q u e se a v e r g ü e n c e d e n o h a c e r tu v o l u n t a d el
h o m b r e , hijo d e A d á n , a q u i e n sólo p o r a m o r volviste a
c o m p r a r c o n la m u e r t e d e tu Hijo u n i g é n i t o , p o r q u e El
n o q u i e r e o t r a cosa q u e n u e s t r a salvación.
Ya q u e m a n d a s a tu vicario a d m i n i s t r a r las gracias es-
pirituales d e n u e s t r a santificación y r e c u p e r a r los hijos
454 Oraciones y Soliloquios

extraviados, Dios e t e r n o , q u e te has h e c h o h o m b r e p o r


caridad divina y te has u n i d o a nosotros p o r a m o r , con-
c e d e q u e tu vicario cumpla tu voluntad, q u e n o h a g a
caso a los consejos d e la c a r n e , q u e j u z g a según los sen-
tidos y el a m o r propio, y q u e n o se atemorice p o r ningu-
na adversidad, p o r q u e le falle t o d o m e n o s tú, s u m o
Dios. N o mires a los pecados d e q u i e n te lo pide, sino es-
cucha a tu sierva p o r la clemencia d e tu inestimable cari-
dad.
C u a n d o te m a r c h a s t e d e e n t r e nosotros, n o nos dejas-
te h u é r f a n o s , sino q u e has dejado a tu Vicario, q u e nos
da el bautismo del Espíritu Santo, y n o sólo u n a vez,
como c u a n d o somos lavados p o r el bautismo del agua,
sino q u e nos lava siempre con su santo p o d e r y nos puri-
fica d e nuestros pecados. T ú has venido a nosotros con
improperios y nosotros, a p a r t á n d o n o s d e ti, j u z g a m o s
según la c a r n e y el a m o r propio. T u estás pálido p o r q u e
tus criaturas vacían las venas d e tus gracias c u a n d o des-
pojan a tu única esposa.
Haz, p u e s , Deidad e t e r n a , q u e tu vicario sea devora-
d o r d e las a l m a s , a r d i e n d o en el santo deseo d e tu h o n o r
y acercándose a ti sólo p o r q u e eres alta y e t e r n a bon-
d a d . Limpia, p o r m e d i o d e él, n u e s t r a s e n f e r m e d a d e s .
Restaura a tu esposa con saludables consejos y obras d e
virtud, y también, Dios e t e r n o , r e f o r m a la vida d e estos
siervos tuyos aquí presentes. Q u e te sigan, Dios único,
con corazón sencillo y voluntad perfecta. N o mires a mi
miseria. T e pido p o r ellos; plántalos e n el j a r d í n d e tu
voluntad. T e bendigo, e t e r n o P a d r e , p a r a q u e bendigas
tú a estos tus siervos; que se desprecien a sí mismos y si-
gan la p u r e z a d e tu voluntad, q u e es e t e r n a y perpetua.
Por ellos te doy gracias. A m é n .
EL AMOR QUE VENCE TODO OBSTÁCULO

4 Historia.—Compuesta en Roma el viernes 18 de febrero de


1379, después de comulgar.
I d e a s . — T o m a conciencia de ser hija de Dios.—El, por amor, nos
da el ser. —Para que le conozcamos nos ha enviado al Verbo, que con
su sangre nos ha manifestado su verdad. —Por amor creó al hombre y
por amor prescinde de las ofensas que habíamos de hacerle. —Cata-
lina, por sus defectos, no ha conocido a Dios, y ahora aspira a morir
por El.—Ruega por el sacerdote que le ha dado la comunión.

¡ O h alta, e t e r n a T r i n i d a d , A m o r inestimable! Si m e
llamas hija, yo te l l a m o s u m o y e t e r n o P a d r e . C o m o t ú
te d a s a m í , h a c i é n d o m e partícipe d e l c u e r p o y d e la
s a n g r e d e tu Hijo, d o n d e m e d a s a t o d o Dios y t o d o
h o m b r e , así, A m o r inestimable, te suplico q u e m e h a g a s
p a r t i c i p a n t e d e l c u e r p o místico d e la s a n t a Iglesia y d e l
c u e r p o universal d e la religión cristiana, p u e s e n el fue-
go d e tu c a r i d a d h e c o n o c i d o q u e el a l m a se deleita e n
este m a n j a r .
T ú , Dios e t e r n o , m e viste y conociste d e n t r o d e ti, y
p o r q u e m e viste e n tu luz, e n a m o r a d o d e tu c r i a t u r a , la
sacaste d e ti y la c r e a s t e a tu i m a g e n y semejanza. Sin
e m b a r g o , yo, criatura tuya, n o te reconocí d e n t r o d e mí,
sino e n c u a n t o veía e n m í tu i m a g e n y semejanza. P e r o
p a r a q u e te viese y reconociese e n m í y tuviese p e r f e c t o
c o n o c i m i e n t o d e ti, te u n i s t e a n o s o t r o s , b a j a n d o d e la
g r a n a l t u r a d e la d i v i n i d a d hasta el lodo d e n u e s t r a h u -
m a n i d a d , p o r q u e la bajeza d e m i inteligencia n o p o d í a
c o m p r e n d e r n i c o n t e m p l a r tu a l t u r a . P o r ello, p a r a q u e
c o n m i p e q u e n e z p u d i e s e yo ver tu g r a n d e z a , te e m p e -
q u e ñ e c i s t e , r e d u c i e n d o la g r a n d e z a d e la d i v i n i d a d a la
p e q u e n e z d e n u e s t r a h u m a n i d a d . Así te manifestaste a
n o s o t r o s e n el V e r b o d e tu Hijo u n i g é n i t o . D e esta m a -
n e r a , e n el V e r b o te h e c o n o c i d o e n m í c o m o a b i s m o d e
caridad.
¡Alta, e t e r n a T r i n i d a d , A m o r inestimable! T ú te m a -
nifiestas a n o s o t r o s , a ti y a tu V e r d a d , p o r m e d i o d e su
s a n g r e . P o r ello c o m p r e n d e m o s tu p o d e r , p u e s h a s p o d i -
d o l i m p i a r n o s d e los p e c a d o s c o n esa s a n g r e . N o s m o s -
traste tu s a b i d u r í a , y c o n el cebo d e n u e s t r a h u m a n i d a d ,
c o n q u e c u b r i s t e el a n z u e l o d e la d i v i n i d a d , a t r a p a s t e al
456 Oraciones y Soliloquios

d e m o n i o y le quitaste el d o m i n i o q u e tenía sobre noso-


tros. Esta s a n g r e nos m u e s t r a también tu a m o r y cari-
d a d , pues sólo con el fuego del a m o r nos redimiste, sin
tener necesidad d e nosotros. T u v e r d a d se nos mani-
fiesta también al c r e a r n o s p a r a d a r n o s la vida eterna.
Esta v e r d a d la h e m o s conocido p o r m e d i o del V e r b o .
Antes no la podíamos conocer p o r h a b e r entenebrecido
los ojos del e n t e n d i m i e n t o con el velo d e la culpa, c o m o
se h a dicho.
Avergüénzate, ciega criatura, tan ensalzada y h o n r a -
d a p o r tu Dios, d e n o reconocer q u e El, p o r su inestima-
ble caridad, ha descendido al lodo d e la h u m a n i d a d
p a r a q u e le reconocieses d e n t r o d e ti.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
¡Oh a d m i r a b l e cosa! C o n o c i e n d o a tu criatura antes
d e q u e existiese y p r e v i e n d o q u e había d e caer en la cul-
pa y q u e n o seguiría a tu v e r d a d , a pesar d e todo, la
creaste.
¡Oh A m o r inestimable, oh A m o r inestimable! ¿A
quién te diriges, alma mía? Me dirijo a ti, P a d r e e t e r n o .
T e suplico, Dios benignísimo, q u e a nosotros todos y a
tus servidores nos hagas partícipes del a r d o r d e tu cari-
d a d . Dispon tu alma p a r a recibir el fruto d e las oracio-
nes y d e la doctrina, q u e tienen y d e b e n tener tu expan-
sión por m e d i o d e la luz y caridad. T u V e r d a d dijo:
«Buscad, y encontraréis; pedid, y os será d a d o ; llamad, y
se os abrirá» '. Yo llamo a la puerta de tu verdad; busco
y grito ante tu divina Majestad y suplico misericordia a
los oídos d e tu clemencia p o r t o d o el m u n d o , y singular-
m e n t e p o r la santa Iglesia, p o r q u e h e conocido en la
doctrina del V e r b o q u e quieres q u e c o n t i n u a m e n t e m e
alimente d e este santo manjar. Puesto q u e lo quieres,
A m o r mío, n o m e dejes m o r i r d e h a m b r e .
¡Oh alma mía! ¿ Q u é haces? ¿No sabes q u e eres vista
por Dios en c a d a m o m e n t o ? Sabe q u e no te p u e d e s es-
c o n d e r a su m i r a d a , p o r q u e n a d a se le oculta. T e p u e -
des esconder algunas veces a las criaturas, p e r o n u n c a al
C r e a d o r . Pon, p u e s , fin y t é r m i n o a tus maldades y des-
pierta.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.

1
Mt 7,7; Le 11,9.
El amor que vence todo obstáculo 457

Y a es h o r a d e l e v a n t a r s e d e l s u e ñ o . T ú , T r i n i d a d
e t e r n a , q u i e r e s q u e d e s p e r t e m o s . Si n o n o s l e v a n t a m o s
e n el t i e m p o d e la p r o s p e r i d a d , n o s m a n d a s la adversi-
d a d . C o m o p e r f e c t o m é d i c o , c a u t e r i z a s c o n el f u e g o d e
las t r i b u l a c i o n e s la llaga c u a n d o n o es s u f i c i e n t e el bálsa-
m o d e los c o n s u e l o s y d e la p r o s p e r i d a d .
¡ P a d r e e t e r n o , C a r i d a d i n c r e a d a ! Estoy l l e n a d e a d m i -
r a c i ó n , p o r q u e , a n t e s d e q u e n o s d i e r a s el s e r , m e viste y
m e c o n o c i s t e , c o m o a t o d a s las c r i a t u r a s r a c i o n a l e s , e n
g e n e r a l y t o d o d e t a l l e . Viste al p r i m e r h o m b r e , A d á n , y
c o n o c i s t e la c u l p a e n q u e h a b í a d e i n c u r r i r p o r su d e s o -
b e d i e n c i a , y a los q u e h a b í a n d e v e n i r d e s p u é s d e él los
viste e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r . C o n o c i s t e la c u l p a q u e
h a b í a d e o b s t a c u l i z a r tu v e r d a d y q u e i m p e d i r í a a la
c r i a t u r a q u e tu v e r d a d se realizase e n ella y q u e n o p o -
d í a llegar al fin p a r a el q u e la h a b í a s c r e a d o . Viste t a m -
b i é n , P a d r e e t e r n o , los trabajos q u e se s e g u i r í a n a tu
Hijo p a r a r e s t a u r a r el g é n e r o h u m a n o y p a r a q u e tú
v e r d a d se c u m p l i e s e e n n o s o t r o s . C o n tu luz h e c o m -
p r e n d i d o q u e h a b í a s p r e v i s t o t o d a s estas cosas.
E n t o n c e s , P a d r e e t e r n o , ¿ p o r q u é c r e a s t e a tu c r i a t u -
ra? Estoy m u y m a r a v i l l a d a d e ello. E n r e a l i d a d , v e o ,
c o m o m e lo m o s t r a s t e , q u e n o h u b o o t r a r a z ó n sino q u e
te viste o b l i g a d o a d a r n o s el ser, a p e s a r d e las m a l d a d e s
q u e habíamos d e cometer contra ti,.Padre eterno, a cau-
sa d e l f u e g o d e tu c a r i d a d . El, p u e s , te o b l i g ó . ¡ O h a m o r
inefable! A u n q u e e n tu luz viste t o d a la m a l d a d q u e tu
c r i a t u r a h a b r í a d e c o m e t e r c o n t r a tu infinita b o n d a d , t ú
hiciste c o m o si n o vieras; es m á s , p u s i s t e tu m i r a d a e n la
belleza d e la c r i a t u r a , d e la q u e te e n a m o r a s t e c o m o u n
loco y u n b o r r a c h o , y p o r a m o r la sacaste d e ti, d á n d o l e
el s e r a tu i m a g e n y s e m e j a n z a . T ú , V e r d a d e t e r n a , m e
h a s e x p l i c a d o tu v e r d a d , es d e c i r , q u e el a m o r te f o r z ó a
c r e a r l a a u n q u e vieras q u e te h a b í a d e o f e n d e r . T u a m o r
n o q u i s o q u e tu m i r a d a se fijara e n esto, sino q u e levan-
taste los ojos d e las o f e n s a s q u e se s u c e d e r í a n y sólo te
fijaste e n su belleza. Si d e m o d o p r i m o r d i a l te h u b i e r a s
p a r a d o a v e r las o f e n s a s , te h a b r í a s o l v i d a d o d e l a m o r
q u e tuviste al c r e a r al h o m b r e . N o es q u e esto te estuvie-
r a e s c o n d i d o , sino q u e pusiste tu m i r a d a e n el a m o r ,
p o r q u e n o e r e s m á s q u e u n loco d e a m o r p o r lo q u e tú
mismo has creado.
458 Oraáones y Soliloquios

Y yo, p o r mis defectos, n u n c a te h e conocido. C o n


t o d o , A m o r dulcísimo, c o n c é d e m e la gracia d e q u e mi
c u e r p o d e r r a m e su s a n g r e en h o n o r y gloria d e tu n o m -
b r e y q u e n o m e e n c u e n t r e revestida d e mí. Recibe, Pa-
d r e e t e r n o , al q u e m e h a d a d o a c o m u l g a r el precioso
c u e r p o y s a n g r e d e tu Hijo. Sácalo d e sí m i s m o y revíste-
lo d e tu e t e r n a v o l u n t a d y ú n e l o a ti d e m o d o q u e n u n -
ca se separe, p a r a q u e sea planta f r a g a n t e e n el j a r d í n
d e la santa iglesia. Dale, P a d r e b e n i g n í s i m o , tu dulce y
e t e r n a bendición y lava n u e s t r a s almas e n la s a n g r e d e
tu Hijo.
A m o r , A m o r , te p i d o la m u e r t e . A m é n .

LAS PLANTAS JÓVENES

5 Historia.—«Las plantas jóvenes» simbolizan a los nuevos carde-


nales creados por Urbano Vi en septiembre de 1378. El mismo,
«nuevo esposo de la Iglesia», había sido elegido el 7 de abril del
mismo año. Ya se había consumado la rebelión de un grupo de carde-
nales contra el papa. A estos problemas se alude en esta oración, com-
puesta el 21 de diciembre de 1378; fiesta del apóstol Santo Tomás.
Ideas.—Consciente de sus pecados, vuelve su mirada a Dios, pi-
diéndole la reforma de la Iglesia. —Ruega por los nuevos cardenales y
por el papa.—Que sean modelo de virtudes.

¡Oh D e i d a d , D e i d a d , e t e r n a D e i d a d , A m o r verda-
d e r o , q u e , p o r la u n i ó n d e la h u m a n i d a d d e tu V e r b o ,
n u e s t r o S e ñ o r J e s u c r i s t o , con tu divinidad o m n i p o t e n t e ,
a nosotros, d e s c a r r i a d o s , nos has d a d o la luz d e la santí-
sima fe, q u e es pupila d e los ojos d e n u e s t r a inteligen-
cia! Por ella v e m o s y c o n o c e m o s el v e r d a d e r o objeto d e
n u e s t r a alma, esto es, tu inestimable divinidad, y has he-
c h o d e tu Hijo, a n t e ti, sacrificio i n m a c u l a d o n u e s t r o ,
p o n i é n d o l o c o m o p i e d r a a n g u l a r y firmísima c o l u m n a
p a r a estabilidad d e la santa m a d r e Iglesia, única esposa
tuya. H a c e m u c h o d e t e r m i n a s t e r e n o v a r l a con nuevas y
fructíferas plantas; n a d i e h a p o d i d o torcer tu voluntad
santísima, q u e es e t e r n a e i n m u t a b l e ,
N o mires a n u e s t r o s pecados, p o r los q u e m e reconoz-
co i n d i g n a p a r a suplicarte. A p a r t a hoy esos pecados
nuestros p o r la virtud d e este apóstol Santo T o m á s . Pu-
Las plantas jóvenes 459

rifica mi alma, A m o r mío, s u m o Dios. P o r tu clemencia


y p i e d a d escucha a tu sierva q u e te implora.
A u n q u e seas fuego q u e siempre a r d e , n u n c a consu-
mes lo q u e te es a g r a d a b l e , sino lo q u e se e n c u e n t r a fue-
r a d e ti. Q u e m a con el fuego del Espíritu y a r r a n c a d e
raíz t o d o a m o r y afecto carnal d e los corazones d e las
plantas nuevas q u e te has d i g n a d o injertar e n el c u e r p o
místico d e la santa Iglesia. De los afectos m u n d a n o s
trasplántalas al j a r d í n d e tu a m o r y dales u n corazón
n u e v o con el v e r d a d e r o conocimiento d e tu v o l u n t a d ,
p a r a q u e , d e s p r e c i a n d o al m u n d o , a sí mismos y al a m o r
p r o p i o , y llenos del v e r d a d e r o fervor d e tu a m o r , y celo-
sos d e la fe y d e la virtud, te sigan s o l a m e n t e a ti con p u -
reza limpísima y férvida caridad, h a b i e n d o a b a n d o n a d o
por ti los deseos falaces y las vanidades d e este m u n d o
enfermo.
Por tanto, r e s t a u r a d o r d e n u e s t r a salvación, q u e el
n u e v o esposo d e la Iglesia se dirija siempre p o r tu con-
sejo y q u e p r o m u e v a , acepte y escuche ú n i c a m e n t e a los
q u e son limpios y p u r o s . Q u e tus otras plantas novísi-
mas, c o m o los ángeles a n t e ti en el cielo, estén a n t e
n u e s t r o s e ñ o r tu vicario en la tierra, en la r e f o r m a d e la
santa m a d r e Iglesia, con corazón sencillo y obras perfec-
tas, en c o n f o r m i d a d con tu corazón; q u e , c o m o lo están,
se c o n s i d e r e n n u e v a m e n t e injertados en el c u e r p o d e
n u e s t r o S e ñ o r Jesucristo. De ese c u e r p o has p o d a d o ,
con tu a d m i r a b l e providencia y sin a y u d a d e los h o m -
bres, ciertas ramas superfluas y estériles. Q u e las nuevas
plantas, c o m o nacidos con el mismo J e s ú s , a d e l a n t e n en
virtudes; q u e d e n asimismo e n la Iglesia frutos con
ejemplos y virtuosas costumbres, p a r a q u e , c o m o las
plantas n u e v a m e n t e injertadas, p r o d u z c a n más fragan-
tes flores y frutos más olorosos y agradables e n virtud
d e la n a t u r a l disposición recibida d e ti, cortadas todas
las inclinaciones a t o d o afecto carnal p o r el d o n celestial
con q u e regaste a los apóstoles con el rocío d e l Espíritu
Santo. Q u e sean injertados en las nuevas virtudes p a r a
q u e te d e n la suavidad d e la fragancia y h a g a n atractiva
la santa Iglesia con actos virtuosos y obras fructíferas a
fin d e q u e tu esposa sea reforzada.
¡Oh a m o r eterno! Haz p u r o a este vicario p a r a q u e d é
a los d e m á s el b u e n ejemplo d e p u r e z a e inocencia,
460 Oraciones y Soliloquios

g u a r d e e n tu gracia e instruya al p u e b l o sujeto a él, y


p a r a q u e atraiga también a los infieles con enseñanzas
celestiales. Q u e ofrezca frutos d e salvación e t e r n a a tu
incomprensible Majestad. Por t o d o esto, p a r a q u e te
dignes e s c u c h a r m e , yo, miserable, te doy gracias, s u m a
B o n d a d , v e r d a d e r o Dios. A m é n .

EN LA CÁTEDRA DE SAN PEDRO

6 Historia.—Compuesta en Roma el 18 de enero de 1379, fiesta


de la Cátedra de San Pedro en Roma. Urbano VI había llamado a la
Urbe, por indicación de Catalina, a algunas personas consagradas a
Dios. A esta circunstancia y al estado de la Iglesia se hacen frecuentes
alusiones.
Ideas.—Pide socorro para la Iglesia por intercesión de San Pedro,
capitán de esta nave. —Cristo prometió ayudar a la Iglesia. —Anima a
los cardenales a ser columnas que la sostengan.

A ti, Médico inestimable d e m i alma, suspiro con


v e h e m e n c i a . ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a e infinita! Yo, finita,
a c u d o a ti e n el c u e r p o místico d e la santa Iglesia p a r a
q u e quites t o d a m a n c h a d e mi alma p o r m e d i o d e la
gracia. N o t a r d e s m á s , sino q u e p o r los méritos del capi-
tán d e tu navecilla, o sea, San P e d r o , a tu esposa, q u e es-
p e r a ayuda, socórrela con el fuego d e la caridad y la
p r o f u n d i d a d d e la e t e r n a sabiduría. N o desprecies los
deseos d e tus servidores, sino, más bien, guía la nave,
¡oh H a c e d o r d e la paz! Oriéntalos hacia ti, p a r a q u e ,
a p a r t a d o s del c a m i n o d e las tinieblas, aparezca la a u r o r a
d e la luz d e los q u e están plantados e n tu Iglesia con
p u r o deseo d e la salvación d e las almas.
Sea b e n d i t o el lazo q u e tú, ¡oh P a d r e benignísimo!,
nos has d a d o p a r a q u e p u d i é r a m o s atar las m a n o s d e tu
justicia, esto es, la h u m i l d e y fiel oración j u n t o con los
ardientes deseos d e tus servidores, p o r cuya mediación
p r o m e t e s t e n e r misericordia d e l m u n d o . T e doy gracias,
alta y e t e r n a D e i d a d , p o r q u e p r o m e t e s d a r p r o n t o alivio
a tu esposa. Yo e n t r a r é d e n u e v o e n su j a r d í n y n o sal-
d r é hasta q u e c u m p l a s tus p r o m e s a s , q u e siempre resul-
t a r o n realidades.
Aniquila,-«pues, n u e s t r o s pecados, ¡oh Dios v e r d a d e -
ro!, y limpia n u e s t r a s almas con la s a n g r e d e tu Hijo
Fortaleza de la voluntad 461

unigénito d e r r a m a d a p o r nosotros, p a r a q u e , m u e r t o s a
nosotros mismos, viviendo e n El, le d e m o s , a cambio d e
su pasión, u n rostro refulgente y u n á n i m o í n t e g r o .
Escúchanos también a nosotros q u e r o g a m o s p o r el
g u a r d i á n d e esta c á t e d r a tuya, cuya fiesta celebramos
hoy, esto es, p o r tu vicario, p a r a q u e le hagas tal c o m o
quieres q u e sea el sucesor d e tu «viejecillo» P e d r o y le
des lo q u e necesita p a r a el g o b i e r n o d e tu Iglesia. Afir-
m o q u e has p r o m e t i d o cumplir p r o n t o mis deseos. P o r
ello te r u e g o con la m a y o r confianza q u e n o t a r d e s e n
cumplir las p r o m e s a s , ¡oh Dios mío!
Y vosotros, hijos dulcísimos, p u e s es tiempo d e p o n e r -
se a la o b r a , ved q u e es el m o m e n t o d e esforzaros p o r la
Iglesia d e Cristo, v e r d a d e r a m a d r e d e vuestra fe. Por
ello os a n i m o a q u e , ya p l a n t a d o s e n la m i s m a Iglesia,
seáis c o m o c o l u m n a s d e ella, trabajéis e n este j a r d í n d e
fe salvadora con el fervor d e la oración y con las o b r a s ,
arrojados el a m o r p r o p i o y t o d a negligencia. C u m p l a -
mos a m p l i a m e n t e la voluntad del Dios e t e r n o , q u e n o s
h a l l a m a d o con este fin, p a r a n u e s t r a salvación, la d e los
d e m á s y p a r a la u n i d a d d e la Iglesia, e n la q u e se en-
c u e n t r a la salud d e las almas. A m é n .

FORTALEZA DE LA VOLUNTAD

7 Historia.—Compuesta en Roma el domingo de Quincuagésima


(domingo de carnaval), el día 20 de febrero de 1379.
Ideas.—Dios conoce la buena voluntad de su vicario y las dificul-
tades para llevarla a cabo.—Remedios del Señor para redimir y
guiar al hombre.—Uno es la oración y otro la fortaleza, contando
con la voluntad divina.—Catalina es pecadora.—Ruega para que sus
discípulos aumenten los buenos deseos.—Gracias a Dios, porque,
aunque pecadora, sigue siendo esposa del Señor.

Confieso, Dios e t e r n o ; confieso, Dios e t e r n o , alta y


e t e r n a T r i n i d a d , q u e m e ves y q u e m e conoces, y q u e
esto lo h e e n t e n d i d o e n tu luz. Dios e t e r n o , confieso y
e n t i e n d o q u e ves la necesidad d e tu esposa y la b u e n a
v o l u n t a d d e tu vicario. P e r o ¿qué le impide llevarla a la
práctica? En tu luz veo q u e todo lo conoces, p u e s n a d a
se halla escondido a tu m i r a d a .
462 Oraáones y Soliloquios

En la misma luz veo q u e has previsto el r e m e d i o q u e


luego diste a tus hijos m u e r t o s , es decir, el Verbo d e tu
Hijo unigénito. Previste también o t r o r e m e d i o al dejar
en el c u e r p o del V e r b o las cicatrices p a r a q u e d e conti-
n u o griten misericordia por nosotros ante ti. En tu luz
h e visto q u e , por a r d o r o s o a m o r , las conservas y q u e ni
ellas ni el color d e la s a n g r e son i m p e d i m e n t o a tu cuer-
p o glorificado.
T a m b i é n en ti m i s m o viste q u e , después d e la enfer-
m e d a d d e q u e nos has librado, el h o m b r e volvería a
caer en el pecado p o r culpa suya. Por eso pusiste el re-
m e d i o d e la santa penitencia, en la q u e el ministro de-
r r a m a sobre la cara del alma la sangre del h u m i l d e Cor-
d e r o . C o m o r e m e d i o principal p a r a reconciliarnos conti-
go, viste también otros medios necesarios a la salvación
del h o m b r e . Conozco en tu luz q u e todo lo has previsto.
Lo veo en esa luz. Sin ella andaría yo en tinieblas.
¡Oh A m o r dulcísimo! Has visto en ti las necesidades
d e la santa Iglesia y el r e m e d i o q u e necesita, y se lo has
d a d o en la oración d e tus servidores. Deseas que con
ellos se le haga u n m u r o d e apoyo. T u clemencia inspira
en ellos ardientes deseos d e r e f o r m a en ella.
Entiendo también q u e previste nuestra perversa incli-
nación, siempre dispuesta a rebelarse contra tu voluntad
y q u e nosotros la habíamos d e seguir. E n t i e n d o q u e ver-
d a d e r a m e n t e previste la fragilidad d e nuestra naturale-
za h u m a n a , lo frágil y miserable q u e es. Por eso, tú,
s u m o proveedor, q u e d e todo has d o t a d o a tu criatura;
tú, el mejor r e m e d i a d o r , q u e en todo has p r o c u r a d o re-
m e d i o , nos diste la roca y fortaleza d e tu voluntad y le
diste por c o m p a ñ e r a a la debilidad d e n u e s t r a carne.
Esta voluntad es tan fuerte, q u e ni el d e m o n i o ni criatu-
r a alguna la p u e d e n vencer si nosotros n o q u e r e m o s , o
sea, sin q u e consienta el libre albedrío, en cuyo p o d e r
está nuestra fortaleza.
¡Oh B o n d a d infinita! ¿De d ó n d e viene a la criatura
tanta fuerza d e voluntad? De ti, suma y e t e r n a fortaleza.
De d o n d e deduzco q u e participa d e ella, p o r q u e d e la
tuya diste a la nuestra. Concluyamos q u e n u e s t r a volun-
tad es fuerte en el g r a d o en q u e siga a la tuya y q u e es
débil tanto cuanto se aparte d e ella. T o d o esto lo he
c o m p r e n d i d o en tu luz. P a d r e e t e r n o ; d e m u e s t r a tu for-
Fortaleza de la voluntad 463

taleza e n n u e s t r a v o l u n t a d , p u e s si a u n m i e m b r o insig-
nificante le has d a d o tal fortaleza, ¡cuan g r a n d e j u z g a -
r e m o s la tuya, siendo el c r e a d o r y g o b e r n a d o r d e todas
las cosas!
E n tu luz veo q u e p a r e c e q u e la libre v o l u n t a d q u e
nos has d a d o se fortalece c o n la luz d e la fe, p u e s con
ella c o n o c e tu e t e r n a v o l u n t a d , q u e n o q u i e r e o t r a cosa
q u e n u e s t r a salvación. Y c o m o la luz crece y se fortale-
ce la v o l u n t a d , n u t r i d a p o r la santísima fe, d a vida a las
o b r a s del h o m b r e , así ni la v e r d a d e r a v o l u n t a d ni la fe
viva p u e d e n d a r s e sin las o b r a s . Esa luz alimenta y h a c e
crecer el fuego del alma, p o r q u e n o p u e d e g u s t a r el fue-
go d e tu c a r i d a d si ella n o le m u e s t r a tu a m o r y dilec-
ción p a r a con n o s o t r o s . T ú , Luz, eres m a t e r i a del fuego,
p o r q u e lo haces crecer e n el alma. C o m o la l e ñ a a u m e n -
ta y hace crecer el fuego material, tú, Luz, eres lo q u e
hace c r e c e r la c a r i d a d del alma, p u e s le m u e s t r a s tu di-
vina b o n d a d . La c a r i d a d alimenta, p o r q u e d e s e a c o n o -
cer a su Dios y quieres d a r l e gusto.
¡Oh P r o v e e d o r excelentísimo! N o has q u e r i d o q u e el
h o m b r e a n d e en tinieblas ni esté e n g u e r r a , y p o r eso le
has d o t a d o d e la luz d e la fe, q u e nos e n s e ñ a el c a m i n o
del cielo y nos d a paz y q u i e t u d . Esta luz n o deja m o r i r
al alma d e h a m b r e , ni estar d e s n u d a , ni ser p o b r e , p o r -
q u e la alimenta con el m a n j a r d e la gracia, h a c i é n d o l e
g u s t a r e n el afecto d e la c a r i d a d el alimento del alma.
La viste con la vestidura nupcial d e la perfecta c a r i d a d y
d e la v o l u n t a d e t e r n a y le manifiesta las riquezas eter-
nas.
P e q u é , Señor; ten misericordia d e mí. P o r q u e las ti-
nieblas d e la inclinación p e r v e r s a , q u e yo s i e m p r e h e se-
g u i d o , h a n ofuscado los ojos d e mi inteligencia y n o te
h e conocido a ti, Luz v e r d a d e r a . C o n t o d o , tu c a r i d a d
h a q u e r i d o d a r m e d e tu luz.
¡Oh Dios e t e r n o , o h A m o r inestimable! T o d a la cria-
t u r a se halla h e c h a u n a m a s a contigo, y tú con ella, p o r
la creación, p o r la fuerza d e tu v o l u n t a d , p o r la luz na-
tural q u e le has d a d o . C o n esa luz te ve a ti, Luz v e r d a -
d e r a , y la ejercitas con h a m b r e d e las v e r d a d e r a s virtu-
des p a r a gloria y alabanza d e tu n o m b r e . ¡Oh Luz s o b r e
t o d a luz, o h B o n d a d s o b r e t o d a b o n d a d , o h S a b i d u r í a
sobre t o d a sabiduría, o h F u e g o q u e superas a t o d o fue-
464 Oraciones y Soliloquios

g o , p o r q u e eres el q u e ú n i c a m e n t e existes por sí m i s m o


y nadie es algo sino en c u a n t o tiene el ser d e ti!
¡Oh alma mía, ciega y miserable! Eres indigna d e q u e
se h a g a m u r o p a r a sostener a la santa Iglesia contigo y
con los otros servidores tuyos, sino digna d e hallarte en
u n vientre d e animal, pues siempre has hecho o b r a s d e
animales. Gracias, gracias sean d a d a s a ti, q u e , a pesar
d e mi m a l d a d , te has d i g n a d o elegirme p a r a esta mi-
sión.
T e suplico, p u e s , q u e infundas en el espíritu d e tus
servidores deseos a n h e l a n t e s y e n c e n d i d o s d e la refor-
m a d e tu esposa. Hazles clamar con oración c o n t i n u a d a .
Escucha su clamor. C o n s e r v a y a u m e n t a la b u e n a volun-
tad d e tu vicario; q u e e n él se lleve a cabo la perfección
q u e tú exiges. T e pido lo m i s m o p o r todos los seres ra-
cionales, y d e m o d o especial p o r los q u e has c a r g a d o so-
b r e mis espaldas; los q u e yo, c o m o débil e incapaz, te
devuelvo. N o q u i e r o q u e mis p e c a d o s les estorben, p u e s
siempre h e seguido las perversas inclinaciones. Deseo y
te r u e g o q u e te sigan con perfección p a r a q u e las oracio-
nes q u e h a c e n , y d e b e n h a c e r p o r t o d o el m u n d o y p o r
la santa Iglesia, merezcan ser oídas.
P e q u é c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
P e r d o n a , P a d r e , p e r d ó n a m e a mí, miserable y des-
a g r a d e c i d a a las gracias infinitas recibidas d e ti. Confieso
q u e tu b o n d a d m e h a c o n s e r v a d o esposa tuya, a u n q u e ,
p o r mis defectos, te haya sido infiel.

Nupcias místicas de Catalina.


LA LUZ QUE SALVA

8 H i s t o r i a . — C o m p u e s t a en Roma el martes de carnaval, 22 de


febrero de 1379. En esta oración se encuentran alusiones claras a la
sensualidad que acompaña ordinariamente a los festejos profanos de
esos días.
I d e a s . — D i o s , misericordia y piedad, nos ha dado la gracia sin
quitarnos la libertad.—El hombre desconoce la piedad.—La luz di-
vina se halla siempre a la puerta, esperando que la dejen pasar para
iluminar al alma. —Petición por el papa y por la Iglesia. —Piedad y
crueldad piadosa. —Anticipo a los justos de la vida eterna. —Ruega
por sus discípulos.

¡Oh Dios eterno,- oh Dios eterno! T e n piedad de no-


sotros. Si dices, alta y e t e r n a T r i n i d a d , q u e la piedad
q u e tiene origen en la misericordia, te es algo propio,
puesto q u e te es propia y no p u e d e hallarse separada d e
la piedad, c o m o se ve p o r tu misericordia con nosotros,
también yo lo reconozco, ya q u e ú n i c a m e n t e p o r piedad
entregaste a tu Hijo a la m u e r t e p a r a n u e s t r a redención.
Esta piedad procedía d e la fuente del a m o r q u e tenías a
la criatura. C o m o ésta te e r a grata, c u a n d o p e r d i ó la
vestidura d e la inocencia, te decidiste a revestirla d e tu
gracia volviéndola al estado anterior. Sin e m b a r g o , no le
quitaste la facultad d e p o d e r t e o f e n d e r , sino q u e le con-
servaste la libertad y la perversa inclinación, q u e siem-
p r e lucha contra el espíritu. Siguiendo esa inclinación,
es u n o inducido a caer en la culpa del pecado.
Si tú, Dios e t e r n o , eres tan piadoso, ¿de d ó n d e viene
q u e el h o m b r e sea tan cruel consigo mismo? P o r q u e no
p u e d e usar mayor c r u e l d a d q u e matarse con la culpa
del pecado mortal. El es c o n d e s c e n d i e n t e con la sensua-
lidad. Por esa condescendencia trata con c r u e l d a d al
alma y al c u e r p o , pues el c u e r p o del c o n d e n a d o será
castigado j u n t a m e n t e con su alma.
Veo q u e esto no viene sino d e estar privado d e la luz,
pues no ha conocido tu piedad p a r a con nosotros; con lo
cual muestras q u e tu piedad d e n a d a aprovechará al
h o m b r e sin q u e él preste su ayuda, p o r q u e sin él n o lo
quieres salvar. Q u i e r e s , P a d r e misericordioso y piadoso,
que el h o m b r e piense en tu inconmensurable piedad con
nosotros p a r a q u e a p r e n d a a ser piadoso consigo, y des-
466 Oraciones y Soliloquios

pues con el prójimo, c o m o dice el glorioso San Pablo:


« T o d a caridad comienza p o r sí mismo» '. Para q u e se le-
vante d e su c r u e l d a d y t o m e el m a n j a r q u e la ha d e ali-
m e n t a r y d a r vida, quieres q u e el alma considere tu pie-
dad.
¡Oh Dios e t e r n o , fuego y abismo d e caridad! T u s ojos
están sobre n o s o t r o s . P a r a q u e tu c r i a t u r a vea q u e así es,
q u e has p u e s t o s o b r e nosotros los ojos d e tu p i e d a d y
misericordia, o los ojos d e tu justicia según n u e s t r a s
obras, le has d a d o inteligencia p a r a q u e c o m p r e n d a . Por
ello es manifiesto q u e t o d o mal nos viene d e estar priva-
dos d e la luz, y t o d o bien d e tenerla; p o r q u e n o se p u e -
d e a m a r lo q u e n o se conoce, y n a d a p u e d e conocerse
sin la luz. ¡Oh Dios e t e r n o , oh piadoso, o h misericordio-
so P a d r e ! Para q u e n o seamos ciegos, sin luz alguna, ten
p i e d a d y misericordia d e nosotros; p r i n c i p a l m e n t e d e
mí, miserable, y p o r eso cruel c o n m i g o misma. Mira la
necesidad d e l m u n d o y r e m é d i a l a con los ojos d e tu pie-
d a d , con la q u e nos has c r e a d o a nosotros y a todas las
criaturas. De la n a d a , t ú nos diste el ser. I l u m i n a , pues,
este ser q u e es tuyo. E n el t i e m p o d e la necesidad nos
diste la luz d e los apóstoles; a h o r a , en este tiempo, e n
q u e m a y o r m e n t e t e n e m o s necesidad d e luz, resucita a
u n Pablo q u e ilumine al m u n d o e n t e r o . C o n las velas d e
la misericordia cierra y c u b r e los ojos d e justicia y a b r e
los d e la p i e d a d . Á t a t e a ti m i s m o , y aplaca d e este m o d o
tu ira con el vínculo d e la c a r i d a d .
¡Oh d u l c e , o h suave luz, o h principio y f u n d a m e n t o
d e n u e s t r a salvación! P o r q u e con tu luz viste n u e s t r a ne-
cesidad, p o r ello c o n o c e m o s tu b o n d a d , y al conocerla la
a m a m o s . ¡Oh u n i ó n y a t a d u r a d e ti, C r e a d o r , con la
criatura, y d e la c r i a t u r a con el C r e a d o r ! La has a t a d o
con los lazos d e tu c a r i d a d y le has d a d o luz con la luz,
p o r lo q u e , si a b r e ella los ojos del e n t e n d i m i e n t o con
deseo d e c o n o c e r t e , te c o n o c e r á , ya q u e tu luz p e n e t r a
en t o d a a l m a q u e a b r e la p u e r t a d e la voluntad. La luz
se halla en la e n t r a d a , y e n t r a en c u a n t o se le abre,
c o m o el sol q u e cae sobre u n a v e n t a n a c e r r a d a : c u a n d o
está abierta, e n t r a en la casa. Por eso conviene q u e el
alma t e n g a v o l u n t a d d e conocer. C o n ella se a b r e n los

1
1 Cor 13,1-3.
La luz que salva 467

ojos del e n t e n d i m i e n t o , y e n t o n c e s , v e r d a d e r o Sol, pe-


n e t r a en el alma y le das d e tu luz.
U n a vez q u e has e n t r a d o , ¿qué haces d e n t r o del alma,
tú, luz d e piedad? Arrojas d e ella las tinieblas y le das la
luz; quitas d e ella lo h ú m e d o del a m o r p r o p i o y p e r m a -
nece el fuego d e tu c a r i d a d ; haces libre al c o r a z ó n , p o r -
q u e c o n tu luz h a c o n o c i d o c u á n t a libertad nos has d a d o
al sacarnos d e la esclavitud del d e m o n i o , a la cual había
llegado el g é n e r o h u m a n o p o r su p r o p i a c r u e l d a d . P o r
eso el a l m a a b o r r e c e la causa d e la c r u e l d a d , o sea, la
i n d u l g e n c i a p a r a con la p r o p i a s e n s u a l i d a d , y p o r eso se
c o n v i e r t e en i n d u l g e n t e con la r a z ó n y c r u e l c o n la sen-
sualidad, c e r r a n d o a ésta las potencias del alma. C i e r r a
la m e m o r i a a las miserias del m u n d o y a los vanos delei-
tes, a p a r t á n d o l o s v o l u n t a r i a m e n t e d e ella, y se a b r e a
tus beneficios, r e c o r d á n d o l o s c o n solicitud. C i e r r a la vo-
l u n t a d d e m o d o q u e n a d a a m e f u e r a d e ti, sino q u e te
a m e s o b r e todas las cosas, y a éstas e n c o n f o r m i d a d con
tu v o l u n t a d , p a r a q u e sólo d e s e e seguirte. E n t o n c e s es
u n o v e r d a d e r a m e n t e p i a d o s o consigo m i s m o , y siéndolo
consigo, también lo es c o n el p r ó j i m o , d e c i d i é n d o s e a
d a r la vida p o r la salvación d e las almas. E n t o d o u s a d e
la p i e d a d con p r u d e n c i a , p u e s h a s visto c o n c u á n t a p r u -
d e n c i a has o b r a d o e n t o d o s nosotros y e n tus misterios.
T ú , Luz, haces al c o r a z ó n sincero y sin doblez, amplio
y n o e s t r e c h o , t a n t o q u e cabe e n él t o d a c r i a t u r a racio-
nal a causa del afecto d e la c a r i d a d . Busca la salvación
d e t o d o s con o r d e n a d a c a r i d a d , y p o r q u e la luz n o está
sin la luz ni sin la p r u d e n c i a o la s a b i d u r í a , ofrece su
c u e r p o a la m u e r t e p o r la salvación del a l m a del próji-
m o . N o c o m e t e culpa, p o r q u e n o es lícito al h o m b r e la
m e n o r culpa p a r a salvar al m u n d o e n t e r o , si eso f u e r a
posible, p u e s t o q u e p o r el p r o v e c h o d e u n a c r i a t u r a q u e
p o r sí m i s m a n o es n a d a , n o se d e b e o f e n d e r al C r e a -
d o r , q u e es t o d o bien. Al c u e r p o , sin e m b a r g o , le d a los
bienes t e m p o r a l e s . T a n abierto se halla este c o r a z ó n ,
q u e n o finge con p e r s o n a a l g u n a , sino q u e todos le p u e -
d e n e n t e n d e r , p u e s n o m u e s t r a u n a cosa c o n la c a r a o
con las palabras, t e n i e n d o o t r a e n su interior. Esto d e -
m u e s t r a hallarse d e veras d e s p o j a d o del h o m b r e viejo y
revestido con el n u e v o d e tu v o l u n t a d . Así, P a d r e eter-
n o , n u e s t r a c r u e l d a d n a c e d e q u e n o e n t e n d e m o s la pie-
468 Oraciones y Soliloquios

dad q u e has usado con nuestras almas c u a n d o la volvis-


te a c o m p r a r con la preciosa sangre d e tu Hijo unigé-
nito.
Vuelve, P a d r e misericordioso, vuelve los ojos d e la
piedad a tu esposa y a tu vicario. Escóndelo bajo las alas
d e tu misericordia p a r a q u e los malvados soberbios no
le p u e d a n hacer d a ñ o y p a r a q u e m e conceda la gracia
d e d e r r a m a r la s a n g r e y entierre el tuétano d e mis hue-
sos en este j a r d í n d e la santa Iglesia. Si miro a ti, com-
p r e n d o q u e n a d a está escondido a tu mirada. Esto n o lo
entienden los h o m b r e s del m u n d o , ofuscados p o r la
n u b e del a m o r propio, p o r q u e , si lo e n t e n d i e r a n , n o se-
rían tan crueles con sus almas, sino piadosos en tu pie-
d a d . Por eso nos es necesaria la luz, q u e con todo afecto
te pido des a todas las criaturas racionales. En el V e r b o
usaste la piedad y la justicia: justicia con su cuerpo y pie-
dad con las criaturas.
¡Oh B o n d a d infinita! ¿Cómo n o se d e r r i t e el corazón
del h o m b r e y n o se m e sale el corazón por la boca? Por-
q u e la n u b e del a m o r propio h a entenebrecido los ojos
d e mi espíritu, d e m o d o que, alma mía, n o le deja ver
esta inefable piedad.¿Qué p a d r e h u b o n u n c a q u e entre-
gase a su propio hijo p o r su siervo? Sólo tú, Padre eter-
n o . La c a r n e nuestra, d e q u e vestiste al Verbo, sufrió, y
nosotros recibimos fruto p o r ello si es q u e lo deseamos.
Así, en c u a n t o a nosotros, q u e padezca nuestra sensuali-
dad para q u e el h o m b r e reciba fruto de ti.
¡Oh doctrina f u n d a d a en la verdad! T u Verdad dijo:
2
«Yo soy camino, verdad y vida» . Si q u e r e m o s seguir tu
piedad, es d e obligación q u e a n d e m o s el camino q u e tú
•anduviste p o r m e d i o d e tu voluntad. En c u a n t o a mí, yo
reclamo, V e r d a d eterna, q u e hagas justicia en mí, q u e
soy cruel con mi alma y piadosa con los propios senti-
dos.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
¡Oh piadosa crueldad, q u e conculcas los sentidos en
este tiempo p e r e c e d e r o p a r a elevar el alma a lo eterno!
¿De d ó n d e p r o c e d e la paciencia? ¿De d ó n d e la fe y la
caridad? De la piedad, q u e se n u t r e d e la misericordia.
¿Quién separa el alma d e sí misma y la u n e a ti? Esta

2
Jn 14,6.
La luz que salva 469

p i e d a d a d q u i r i d a con la luz. ¡Oh p i e d a d deleitable, pie-


d a d q u e e r e s b á l s a m o ! T ú e x t i n g u e s la ira y la c r u e l d a d
del alma. P a d r e p i a d o s o , te r u e g o q u e c o n c e d a s esta pie-
d a d a t o d a s las c r i a t u r a s , y p a r t i c u l a r m e n t e a los q u e m e
h a s d a d o p a r a q u e los a m e con s i n g u l a r a m o r . Hazlos
piadosos p a r a q u e u s e n la perfecta p i e d a d y la p e r f e c t a
c r u e l d a d , c o n la q u e m a t e n su v o l u n t a d p e r v e r t i d a . Pa-
r e c e q u e tu V e r d a d e n s e ñ ó esta piadosa c r u e l d a d c u a n -
d o dijiste: « Q u i e n viene a mí y n o a b o r r e c e a su p a d r e ,
m a d r e , m u j e r e hijos, a sus h e r m a n o s y h e r m a n a s y has-
3
ta su p r o p i a vida, n o p u e d e ser m i discípulo» . Esto últi-
m o p a r e c e difícil. Las o t r a s cosas las h a c e n con frecuen-
cia los servidores del m u n d o , a u n q u e n o p o r a m o r a la
v i r t u d , y n o les r e s u l t a difícil. Más le es al h o m b r e a b a n -
d o n a r su n a t u r a l e z a q u e seguirla. N u e s t r a n a t u r a l e z a es
racional; p o r t a n t o , d e b e m o s seguir la r a z ó n .
¡Oh V e r d a d e t e r n a ! E r e s p e r f u m e s o b r e t o d o p e r f u -
me, generosidad sobre toda generosidad, piedad sobre
t o d a p i e d a d , justicia s o b r e t o d a justicia. Más a ú n : e r e s
f u e n t e d e justicia q u e a c a d a u n o r e t r i b u y e s e g ú n sus
o b r a s . P o r eso p e r m i t e c o n justicia q u e el m a l v a d o se
h a g a i n s o p o r t a b l e a sí m i s m o , p o r q u e se p o n e a d e s e a r
lo q u e vale menos q u e él c u a n d o apetece los deleites m u n -
d a n o s y las r i q u e z a s , ya q u e todas las cosas son d e m e -
nos valor q u e el h o m b r e , h e c h a s p a r a su servicio y n o
p a r a q u e él se c o n v i e r t a en su esclavo. Sólo tú eres
m a y o r q u e n o s o t r o s , y p o r eso d e b e m o s d e s e a r t e , bus-
c a r t e y servirte. C o n r a z ó n haces g u s t a r al j u s t o la vida
e t e r n a e n esta vida, con p a z y q u i e t u d d e a l m a p o r ha-
b e r p u e s t o su afecto e n ti, q u e eres v e r d a d e r a y s u p r e -
m a q u i e t u d ; y a los q u e v a r o n i l m e n t e h a n c o r r i d o en
esta vida m o r t a l c o n justicia y m i s e r i c o r d i a , les d a Dios
la vida e t e r n a . N a d i e te p u e d e c o m p r e n d e r perfecta-
m e n t e sino en la m e d i d a e n q u e tú te d a s a c o n o c e r , y
esto los haces en t a n t o e n c u a n t o n o s o t r o s d i s p o n e m o s
el vaso d e n u e s t r a a l m a p a r a recibir.
¡ O h dulcísimo A m o r ! Yo n o te h e a m a d o d u r a n t e m i
vida. T e e n c o m i e n d o a mis hijos, a los q u e has c a r g a d o
s o b r e mis espaldas p a r a q u e d e s p i e r t e , q u e estoy siem-
p r e d o r m i d a . T ú , P a d r e p i a d o s o y b e n i g n o , despiértalos

» Le 14,26.
470 Oraciones y Soliloquios

para q u e los ojos d e su inteligencia vean siempre a tra-


vés d e ti.
Pequé contra el Señor; ten misericordia d e mí. Dios:
a c u d e en mi a y u d a . A p r e s ú r a t e , S e ñ o r ; no t a r d e s .
Amén.

FRAGILIDAD Y FORTALEZA

9 Historia.—Compuesta en Roma el lunes 1." de marzo de 1379.


En nota que sigue a la oración, en el manuscrito se indica que está
truncada y que al texto que aquí se da siguió la plegaria por el papa,
por el mundo y por sus discípulos «al modo acostumbrado».
Ideas.—Contraposición de la fortaleza del Verbo a la debilidad
humana.—Nuestra naturaleza es fortalecida por la unión con el
Verbo. —La sangre de Cristo y sus efectos en nosotros.

¡Trinidad eterna, oh alta y e t e r n a T r i n i d a d ! T ú ,


T r i n i d a d eterna, nos diste al dulce y amoroso Verbo.
¡Oh dulce y a m o r o s o Verbo, Hijo d e Dios! Nuestra na-
turaleza es débil y propensa a todo mal; la suya, fuerte e
inclinada a todo bien. El h o m b r e es débil, p o r q u e débil
es la naturaleza d e su p a d r e , q u e no p u e d e d a r al hijo
otra naturaleza q u e la q u e tiene. Es inclinada al mal por
la rebelión d e la frágil carne q u e h a recibido d e su pa-
d r e . Así, nuestra naturaleza es débil y propensa a todo
mal por p r o c e d e r y ser generación del p r i m e r p a d r e ,
A d á n , habiendo salido todos d e u n a misma masa. El se
apartó d e la suma fortaleza tuya, P a d r e eterno. Se hizo
débil, y, como rebelde a ti, e n c o n t r ó la rebelión en sí
mismo. Por eso, habiéndose separado d e la suma bon-
d a d y fortaleza, se halló debilitado e inclinado a todo
mal.
¡Oh Verbo, e t e r n o Hijo de Dios! T u naturaleza es
fuerte y dispuesta a todo bien, p o r q u e la has recibido d e
tu eterno y o m n i p o t e n t e Padre. El te ha d a d o su natura-
leza, es decir, la divinidad. En ti no existió ni p u e d e
existir mal alguno, p o r q u e la naturaleza que recibiste d e
la divinidad no p u e d e sufrir defecto alguno.
T ú , pues, dulce Verbo, has fortalecido nuestra débil
naturaleza por la unión q u e has hecho con nosotros.
Por ella es fortalecida la nuestra, pues en virtud d e tu
sangre desaparece la debilidad en el santo bautismo, y,
c u a n d o llegamos a la edad d e la discreción, somos forta-
Fragilidad y fortaleza 471

lecidos c o n tu d o c t r i n a , si el h o m b r e la s i g u e d e v e r a s .
R e v i s t i é n d o s e d e ella p e r f e c t a m e n t e , se h a c e t a n f u e r t e
e i n c l i n a d o al bien, q u e casi d e s a p a r e c e la r e b e l i ó n d e la
c a r n e , q u e l u c h a c o n t r a el espíritu, p o r q u e el a l m a se
halla u n i d a p e r f e c t a m e n t e a ti, u n i d a a tu d o c t r i n a , y el
c u e r p o c o n el a l m a , y p o r ello q u i e r e s e g u i r el afecto d e l
alma.
Llega a t a n t o , q u e lo q u e a n t e s le p r o d u c í a p l a c e r ,
e s t o es, las miserias y deleites d e l m u n d o , le d e s a g r a d a n
p o r c o m p l e t o , y lo q u e a n t e s le p a r e c í a dificultoso y
d u r o , es decir, s e g u i r la v i r t u d , a h o r a le p a r e c e d u l c e y
d e l e i t o s o . Es, p o r t a n t o , c i e r t o q u e tú, V e r b o e t e r n o ,
q u i t a s t e la d e b i l i d a d d e n u e s t r a n a t u r a l e z a c o n la forta-
leza d e la divina q u e recibiste del P a d r e . Esta fortaleza
se n o s h a d a d o , c o m o se h a d i c h o , p o r m e d i o d e la san-
g r e y d e la d o c t r i n a .
¡Oh sangre eterna! Digo eterna por hallarse u n i d a a
la n a t u r a l e z a divina. El h o m b r e q u e c o n tu luz h a c o n o -
c i d o tu fortaleza, a b a n d o n a su d e b i l i d a d . Esa luz n o se
a d q u i e r e n u n c a sin el a b o r r e c i m i e n t o d e los p r o p i o s
s e n t i d o s , sino q u e p o r ellos se p i e r d e la luz n a t u r a l . ¡ O h
d u l c e s a n g r e q u e fortaleces al a l m a , la i l u m i n a s y la c o n -
viertes e n angélica! La p r o t e g e s d e tal m a n e r a c o n el
f u e g o d e la c a r i d a d , q u e se olvida d e sí y n o p u e d e mi-
r a r cosa a l g u n a sino a ti, y h a s t a la frágil c a r n e s i e n t e el
p e r f u m e d e las v i r t u d e s , a la vez q u e el c u e r p o , j u n t a -
m e n t e c o n el a l m a , te p a r e c e u n j a r d í n e n t o d a s sus
o b r a s . Esto o c u r r e m i e n t r a s el s a n t o d e s e o a u m e n t a
c o n t i n u a m e n t e , q u e , si aflojase, r e s u c i t a r í a la r e b e l i ó n
d e la c a r n e c o n m á s p u j a n z a q u e a n t e s .
¡ O h d o c t r i n a d e la v e r d a d ! Das t a n t a fortaleza al a l m a
r e v e s t i d a d e ti, q u e n a d a v i e n e a m e n o s ni p o r la a d v e r -
s i d a d ni p o r el s u f r i m i e n t o , sino q u e e n t o d o c o m b a t e
o b t i e n e la victoria. Es f u e r t e m i e n t r a s te s i g u e a ti, q u e
h a s v e n i d o d e la s u m a F o r t a l e z a . P a r a n a d a le v a l d r í a tu
fortaleza al a l m a si ella n o te s i g u e . Miserable d e m í , q u e
n u n c a te h e s e g u i d o a ti, v e r d a d e r a D o c t r i n a . P o r eso
m e e n c u e n t r o t a n débil, q u e desfallezco a la m e n o r tri-
bulación.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e m í .

[£/ secretario ha omitido voluntariamente las peticiones. ]


472 Oraciones y Soliloquios

EL INJERTO

10 H i s t o r i a . — C o m p u e s t a en Roma el 3 de marzo de 1379.


Ideas.—Belleza del alma en inocencia. —Se pierde por el pecado, y
el alma da entonces malos frutos. —Por el injerto en Cristo se convier-
ten en buenos. —Muchos no se injertan en El y siguen las inclinacio-
nes de los sentidos.—Ruega para que sus discípulos se injerten en
Cristo.

¡Oh alta y eterna T r i n i d a d ! T r i n i d a d , eterna Dei-


dad, Amor: nosotros somos árboles d e m u e r t e y tú eres
árbol d e vida. ¡Oh eterna Divinidad! Hay q u e contem-
plar en tu luz el árbol p u r o salido d e ti, con suma p u r e -
za, con s u m a inocencia. La has u n i d o y colocado en la
h u m a n i d a d q u e creaste del limo d e la tierra. A este ár-
bol lo hiciste libre, le diste ramas, q u e son las potencias
del alma: la memoria, el entendimiento y la voluntad.
¿Qué pusiste en la memoria? El recordar. ¿En el enten-
dimiento? El fruto d e discernir. ¿Y en la voluntad? El
d e amar. ¡Oh árbol plantado con tanta pureza por tu
Redentor!
Pero este árbol cayó por la desobediencia, p o r q u e se
apartó de la inocencia, y d e árbol d e vida se hizo árbol
d e m u e r t e , por lo que no producía sino frutos d e muer-
te. Por eso, tú, alta y eterna T r i n i d a d , como ebrio y loco
d e amor por tu criatura, viendo q u e no podía sino d a r
frutos d e m u e r t e por hallarse separado d e ti, que eres
Vida, le diste el remedio con el mismo amor con que lo
habías creado, injertando tu divinidad en el árbol m u e r -
to d e nuestra h u m a n i d a d . ¡Oh dulce y suave injerto!
T ú , suma dulzura, te has d i g n a d o unirte a nuestra
a m a r g u r a : T ú , esplendor, con las tinieblas; T ú , sabidu-
ría, con la necedad; T ú , vida, con la m u e r t e ; T ú , infinito,
con lo finito. ¿Quién te obligó a esto para darle vida, ha-
biéndote esa misma criatura hecho tanta injuria? Sólo el
amor, como se ha dicho. Por este injerto desaparece la
muerte.
¿Bastó a tu caridad haber hecho esta unión con la
criatura? No. Por eso, tú, Verbo eterno, regaste este ár-
bol con tu sangre. Ella lo hace g e r m i n a r con su calor si
el h o m b r e , con el libre albedrío, se injerta en ti, se u n e
contigo y liga su corazón y su afecto, atando y envol-
viendo este injerto con la venda d e la caridad y siguien-
El injerto 473

d o tu d o c t r i n a . Y p o r q u e al P a d r e n o p o d e m o s ni d e b e -
m o s seguirle, p u e s en El n o cabe d o l o r , d e b e m o s con-
f o r m a r n o s e injertarnos e n ti. Se ve q u e t ú n o s c r e a s t e
sin n o s o t r o s , p e r o n o q u i e r e s salvarnos sin n o s o t r o s .
C u a n d o nos hallamos injertados e n ti, las r a m a s q u e
has d a d o a n u e s t r o árbol p r o d u c e n sus frutos: la m e m o -
ria se llena del c o n s t a n t e r e c u e r d o d e tus beneficios; el
e n t e n d i m i e n t o se m i r a e n ti p a r a c o n o c e r la v e r d a d , y la
v o l u n t a d q u i e r e a m a r y s e g u i r lo q u e el e n t e n d i m i e n t o
h a visto y c o n o c i d o . Así, u n a r a m a ofrece frutos a la
o t r a . P o r el c o n o c i m i e n t o q u e el h o m b r e t i e n e d e ti, se
c o n o c e m e j o r a sí m i s m o y o d i a a los p r o p i o s sentidos.
¡Oh A m o r , inestimable A m o r ! Son a d m i r a b l e s las
o b r a s q u e h a s realizado e n tu c r i a t u r a r a c i o n a l . Si tú,
Dios e t e r n o , c u a n d o el h o m b r e e r a árbol m o r t í f e r o lo
t r a n s f o r m a s t e e n árbol d e vida i n j e r t á n d o t e c o m o vida
e n el h o m b r e — a u n q u e m u c h o s p o r sus defectos n o
p r o d u c e n sino frutos d e m u e r t e p o r n o estar injertados
e n ti, V i d a e t e r n a — , del m i s m o m o d o p u e d e s p r o v e e r a
la salvación d e t o d o el m u n d o , al q u e veo q u e n o se in-
j e r t a e n ti, p e r o m á s b i e n p e r m a n e c e en la m u e r t e d e
sus p r o p i o s sentidos y n i n g u n o se acerca a la f u e n t e
d o n d e está la s a n g r e p a r a r e g a r su á r b o l .
¡Oh! E n nosotros hay vida e t e r n a n o conocida p o r nos-
otros. ¡Oh miserable, o h ciega alma mía! ¿ D ó n d e está
el clamor, d ó n d e las lágrimas q u e debes d e r r a m a r an-
te tu Dios, q u e d e continuo te llama? ¿ D ó n d e el dolor
d e c o r a z ó n d e los árboles q u e se hallan p l a n t a d o s e n la
m u e r t e ? ¿ D ó n d e los a n h e l a n t e s deseos e n p r e s e n c i a d e
tu p i e d a d ? N o está e n mí, p o r q u e a ú n n o m e h e n e g a d o
a mí m i s m a ; p o r q u e , si m e h u b i e s e n e g a d o y h u b i e s e
b u s c a d o sólo a Dios y la gloria y alabanza d e su n o m b r e ,
el c o r a z ó n m e saldría p o r la boca y mis h u e s o s r e z u m a -
r í a n sus t u é t a n o s . P e r o n o h e p r o d u c i d o sino frutos d e
m u e r t e p o r n o h a l l a r m e injertada e n ti.
¡ Q u é g r a n d e s son la luz y la d i g n i d a d q u e recibe el
a l m a v e r d a d e r a m e n t e i n j e r t a d a e n ti! ¡ O h i n c o n m e n s u -
rable g e n e r o s i d a d ! La m e m o r i a nos e m p u j a a s e n t i r n o s
obligados a a m a r t e y s e g u i r las huellas y d o c t r i n a d e
Cristo. P o r eso, el e n t e n d i m i e n t o se d e t i e n e e n la m i s m a
luz y c o n t e m p l a . Bien p r o n t o la v o l u n t a d a m a lo q u e el
474 Oraciones y Soliloquios

e n t e n d i m i e n t o h a visto y conocido. De este m o d o , u n a


r a m a ofrece su fruto a la o t r a .
¿De d ó n d e sacas, ¡oh árbol!, esos frutos d e vida, sien-
d o p o r ti m i s m o estéril y e s t a n d o m u e r t o ? Del árbol d e
la vida; d e m o d o q u e , si n o estuvieses injertado e n él,
n i n g ú n fruto podrías p r o d u c i r p o r ti mismo, p o r q u e
eres n a d a .
¡Oh V e r d a d e t e r n a , o h A m o r inestimable! C o m o p r o -
dujiste en nosotros frutos d e fuego d e a m o r , d e luz y d e
p r o n t a obediencia, así el alma, injertada en ti, cierta-
m e n t e q u e n o se p r e o c u p a d e o t r a cosa q u e d e tu h o n o r
y d e la salvación d e las almas. P o r obediencia, c o m o
e n a m o r a d o , corriste a la afrentosa m u e r t e d e cruz y nos
diste aquellos frutos en r a z ó n del injerto d e tu divinidad
e n n u e s t r a h u m a n i d a d ; p o r el injerto q u e hiciste d e tu
c u e r p o e n el árbol d e la cruz, la obediencia se hace fiel,
p r u d e n t e y paciente.
A v e r g ü é n z a t e , h o m b r e ; avergüénzate d e q u e p o r tus
pecados te veas privado d e tanto bien y te hagas d i g n o
d e tanto mal. T u bien n o es d e p r o v e c h o p a r a Dios y tu
mal n o le perjudica; p e r o se complace en q u e su c r i a t u r a
d é frutos d e vida, a fin d e q u e reciba el fruto infinito y
llegue al fin p a r a q u e todos h e m o s sido c r e a d o s .
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
Ú n e n o s , V e r d a d e t e r n a , e injerta en ti a los q u e m e
has d a d o p a r a q u e los a m e con a m o r singular, d e m o d o
q u e p r o d u z c a n frutos d e vida. V e o , B o n d a d infinita,
q u e así c o m o envías el rocío d e la luz s o b r e n a t u r a l al
alma u n i d a a ti, d á n d o l e paz y q u i e t u d d e conciencia, así
con el rocío d e tus servidores alejarás la g u e r r a y las ti-
nieblas y d a r á s la paz y la luz a tu esposa. Así te lo pido,
piadoso, b e n i g n o y dulce Dios.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí. A m é n .
EN EL DÍA DE LA ANUNCIACIÓN

11 Historia.—Compuesta en la fiesta de la Anunciación, 25 de


marzo de 1379. Ese día cumplía Catalina treinta y dos años. Vivía
cerca de la iglesia dominicana de Santa María sopra Minerva, dedi-
cada a la Anunciación. Es una de sus oraciones más bellas.
I d e a s . — M a r í a , corredentora de los hombres, nos es presentada
sencilla, humilde, complaciendo al Padre. —En María, como en un
libro, aparece manifiesta la Trinidad. —La misericordia y la justicia
se dan el abrazo en la encarnación del Verbo. —María coopera dando
su consentimiento. —Cristo, desde ese momento, tiene ansias de morir
por el hombre.—Plegaria por la Iglesia y por los discípulos de la
Santa.

¡ O h María, María, t e m p l o d e la T r i n i d a d ! ¡ O h María,


p o r t a d o r a d e l F u e g o ! María, q u e ofreces misericordia,
q u e g e r m i n a s el fruto, q u e r e d i m e s el g é n e r o h u m a n o ,
p o r q u e , s u f r i e n d o la c a r n e tuya e n el V e r b o , f u e n u e v a -
m e n t e r e d i m i d o el m u n d o .
¡Oh María, t i e r r a fértil! E r e s la n u e v a planta d e la q u e
recibimos la f r a g a n t e flor d e l V e r b o , u n i g é n i t o Hijo d e
Dios, p u e s e n ti, t i e r r a fértil, f u e s e m b r a d o ese V e r b o .
Eres la t i e r r a y eres la p l a n t a . ¡Oh María, c a r r o d e fue-
go! T ú llevaste el fuego e s c o n d i d o y velado bajo el polvo
d e tu h u m a n i d a d .
¡Oh María!, vaso d e h u m i l d a d e n el q u e está y a r d e la
luz d e l v e r d a d e r o c o n o c i m i e n t o con q u e te elevaste so-
b r e ti m i s m a , y p o r eso a g r a d a s t e al P a d r e e t e r n o y te
r a p t ó y llevó a sí, a m á n d o t e c o n a m o r singular. C o n la
luz y el fuego d e tu c a r i d a d , y c o n el u n g ü e n t o d e tu
h u m i l d a d atrajiste e inclinaste a la Divinidad a q u e vi-
n i e r a a ti, si bien a n t e s f u e a r r a s t r a d o a venir a n o s o t r o s
p o r el a r d e n t í s i m o f u e g o d e su inestimable c a r i d a d .
¡Oh María! P o r q u e tuviste luz n o fuiste necia, sino
p r u d e n t e , y p o r eso, c o n p r u d e n c i a , quisiste saber del
ángel c ó m o sería posible lo q u e a n u n c i a b a . ¿ N o sabías
q u e esto e r a posible al Dios o m n i p o t e n t e ? C i e r t a m e n t e
1
q u e sí. ¿Por q u é dijiste: «pues n o conozco varón»? N o
p o r q u e te faltase la fe, sino p o r la p r o f u n d a h u m i l d a d
q u e c o n s i d e r a b a tu i n d i g n i d a d ; n o p o r q u e d u d a s e s d e
q u e f u e r a posible a Dios. María: ¿te t u r b a s t e d e las pala-

1
Le 3 4 .
476 Oraciones y Soliloquios

bras del ángel p o r miedo? Si atiendo a la luz d e Dios, n o


parece q u e te turbases p o r m i e d o , a u n q u e mostrases al-
g ú n gesto d e admiración y alguna turbación. Entonces,
¿de q u é te maravillaste? De la g r a n b o n d a d d e D i o s q u e
veías. C o n s i d e r á n d o t e a ti misma y c u a n indigna te re-
conocías a tanta gracia, quedaste estupefacta. Q u e d a s t e
a d m i r a d a y estupefacta p o r la consideración d e la inefa-
ble gracia d e Dios, p o r la consideración d e tu indigni-
d a d y debilidad. P r e g u n t a n d o con prudencia, d e m o s -
traste p r o f u n d a h u m i l d a d , y, c o m o q u e d a dicho, n o tu-
viste temor, sino admiración p o r causa d e la d e s m e d i d a
b o n d a d y caridad d e Dios, d a d a la bajeza y p e q u e n e z d e
tu virtud.
T ú , ¡oh María!, has sido hecha hoy u n libro en q u e se
halla descrito n u e s t r o m o d o d e actuar. En ti se halla
descrita la sabiduría del P a d r e e t e r n o , en ti se manifies-
ta hoy la fortaleza y la libertad del h o m b r e . Digo q u e se
manifiesta la dignidad del h o m b r e p o r q u e , si m i r o a ti,
María, veo q u e la m a n o del Espíritu Santo imprimió en
ti la T r i n i d a d , f o r m a n d o en ti al V e r b o e n c a r n a d o , Hijo
unigénito d e Dios. La sabiduría del P a d r e escribió, es
decir, el mismo Verbo h a dejado escrito su p o d e r , pues
fue p o d e r o s o p a r a realizar este g r a n misterio. La cle-
mencia del Espíritu Santo también h a dejado escrito,
pues sólo p o r benevolencia y clemencia fue o r d e n a d o y
llevado a cabo tan gran misterio.
Si considero tu admirable determinación, T r i n i d a d
eterna, veo q u e en tu luz tuviste en c u e n t a la dignidad y
nobleza del g é n e r o h u m a n o , p o r lo q u e como el a m o r te
obligó a sacar al h o m b r e d e ti, así el mismo a m o r te for-
zó a redimirlo c u a n d o estaba p e r d i d o . Bien mostraste
q u e amabas al h o m b r e antes de q u e existiese al q u e r e r
crearlo sólo p o r a m o r ; p e r o mayor lo mostraste d á n d o t e
a ti mismo, e n c e r r á n d o t e hoy en el envoltorio d e su hu-
m a n i d a d . ¿ Q u é más pudiste d a r n o s q u e a ti mismo? Por
lo cual pudiste con v e r d a d decir: «¿Qué h e podido decir
2
q u e n o haya hecho?»
Así c o m p r e n d o q u e lo q u e d e t e r m i n ó la sabiduría en
aquella g r a n d e y eterna resolución fue salvar al h o m -
b r e . Hoy se ha realizado, cumpliéndose lo q u e tu cle-
2
Rom 11,33.
El día de la Anunciación 477

m e n c i a d e s e a b a y p o d í a , d e m o d o q u e e n n u e s t r a salva-
ción se hallan a u n a d o s , T r i n i d a d e t e r n a , el p o d e r , la sa-
b i d u r í a y la clemencia. C o n esta decisión q u e r í a tu g r a n
m i s e r i c o r d i a h a c e r misericordia a las c r i a t u r a s , y t ú , T r i -
n i d a d e t e r n a , realizar e n ella tu v e r d a d d e d a r l e la vida
e t e r n a , p u e s p a r a esto la habías c r e a d o , a fin d e q u e tu-
viera p a r t e y gozase d e ti. Esto n o c o n t r a d e c í a a tu j u s t i -
cia, q u e , c o m o la misericordia, te es p r o p i a . L a justicia
p e r m a n e c e p a r a s i e m p r e , p o r lo q u e ella n o deja falta al-
g u n a sin castigo, lo m i s m o q u e n a d a b u e n o sin ser p r e -
m i a d o . El h o m b r e n o se p o d í a satisfacer p o r su culpa.
¿Que medio encontraste, Trinidad eterna, para que
se c u m p l i e s e tu v e r d a d d e h a c e r m i s e r i c o r d i a al h o m b r e
y a la vez p u d i e s e satisfacerse tu justicia? ¿ Q u é r e m e d i o
nos has d a d o ? H e aquí el r e m e d i o o p o r t u n o : d e t e r m i -
n a s t e d a r n o s el V e r b o d e tu u n i g é n i t o Hijo y q u e toma-
se la m a s a d e n u e s t r a c a r n e q u e te h a b í a o f e n d i d o , p a r a
q u e , s u f r i e n d o e n esa h u m a n i d a d , se satisficiese tu justi-
cia; n o e n v i r t u d d e la h u m a n i d a d , sino d e la divinidad
unida a ella. Así se hizo, y se cumplió tu verdad, y q u e -
d a r o n c u m p l i d a s la justicia y la misericordia.
¡ O h M a r í a ! V e o q u e este V e r b o , d a d o a ti p a r a q u e e n
ti esté sin ser s e p a r a d o del P a d r e , al m o d o q u e la pala-
b r a q u e el h o m b r e tiene e n la m e n t e , a u n q u e p r o n u n -
ciada e x t e r i o r m e n t e y c o m u n i c a d a a los d e m á s , n o se se-
p a r a d e esa m e n t e ni del c o r a z ó n . E n t o d o esto se m u e s -
tra la d i g n i d a d del h o m b r e , p o r el cual h a h e c h o Dios
tan g r a n d e s cosas.
T a m b i é n se d e m u e s t r a hoy, ¡oh María!, la fortaleza y
libertad del h o m b r e , p o r q u e , d e s p u é s d e t a n maravillosa
d e t e r m i n a c i ó n , te fue e n v i a d o u n á n g e l p a r a a n u n c i á r -
tela e i n d a g a r tu v o l u n t a d . El Hijo d e Dios n o bajaría a
tu v i e n t r e antes d e q u e te c o n f o r m a s e s c o n ella. A g u a r -
d a b a a la p u e r t a d e tu v o l u n t a d a q u e abrieses al q u e d e -
seaba v e n i r a ti, y n u n c a h a b r í a e n t r a d o si n o la hubieses
3
a b i e r t o , d i c i e n d o : « H e aquí la sierva del S e ñ o r » .
M a n i f i e s t a m e n t e , p u e s , a p a r e c e la fortaleza y libertad
d e tu q u e r e r , ya q u e n i n g ú n bien ni mal se p u e d e n ha-
cer sin él y n o hay d e m o n i o ni c r i a t u r a q u e p u e d a obli-
garla a la culpa d e p e c a d o m o r t a l si ella n o q u i e r e , c o m o

> Le 1,38.
478 Oraciones y Soliloquios

tampoco p u e d e forzarla a o b r a r bien a l g u n o más allá d e


lo q u e ella q u i e r a ; d e m o d o q u e la voluntad del h o m b r e
es libre, y n i n g u n o la p u e d e llevar al mal o al bien si ella
n o q u i e r e . ¡Oh María! A la p u e r t a llamaba la e t e r n a Di-
vinidad, p e r o si tú n o hubieras abierto la e n t r a d a d e tu
voluntad, Dios n o se h a b r í a e n c a r n a d o en ti. A v e r g ü é n -
zate, alma mía, viendo q u e Dios se h a e m p a r e n t a d o con-
tigo p o r m e d i o d e María. Hoy te h a q u e d a d o claro q u e ,
a u n q u e hayas sido c r e a d a sin intervención tuya, n o se-
rás salvada sin ella; p o r eso hoy llama Dios a la p u e r t a
d e la voluntad d e María y espera q u e le abra.
¡Oh María, dulcísimo a m o r mío! En ti está escrito el
V e r b o del q u e recibimos la d o c t r i n a d e la vida, tú eres
la tabla [ d o c u m e n t o ] q u e nos la d a s . Veo q u e en c u a n t o
esta V e r d a d h a sido escrita en ti, ésta n o se halla sin la
cruz del santo d e s e o . En c u a n t o fue concebido en ti, le
fue i n f u n d i d o y d a d o el d e s e o d e m o r i r p o r la salvación
del h o m b r e , r a z ó n p o r la q u e había t o m a d o c a r n e . Fue
p a r a El u n a g r a n cruz s o p o r t a r t a n t o tiempo el d e s e o ,
q u e h u b i e r a q u e r i d o realizar i n m e d i a t a m e n t e .
María: a ti a c u d o y te p r e s e n t o m i petición p o r la dul-
ce esposa d e Cristo, tu dulcísimo Hijo, y p o r su vicario
en la tierra p a r a q u e le d é la luz a fin d e q u e con discre-
ción t o m e las m e d i d a s o p o r t u n a s p a r a la r e f o r m a d e la
Iglesia. Q u e el p u e b l o se u n a y q u e su corazón se amol-
d e al del vicario, d e m o d o q u e n u n c a levante la cabeza
c o n t r a él. M e p a r e c e q u e tú, Dios e t e r n o , has h e c h o d e
él u n y u n q u e sobre el q u e t o d o el m u n d o golpea c u a n t o
p u e d e con la l e n g u a y con las o b r a s .
T e r u e g o i g u a l m e n t e p o r los q u e has puesto en mi d e -
seo con singular a m o r . Q u e sus corazones a r d a n c o m o
brasas q u e n o se a p a g a n . Q u e s i e m p r e vivan a n h e l a n d o
la c a r i d a d p a r a contigo y con el prójimo, a fin d e q u e en
tiempo d e necesidad tenga las navecillas bien provistas
p a r a sí y p a r a los d e m á s . T e p i d o p o r los q u e m e has
d a d o , a u n q u e yo n o sea motivo d e bien a l g u n o , sino
siempre d e mal, al n o ser p a r a ellos espejo d e virtud,
sino d e i g n o r a n c i a y negligencia.
P e r o , María, hoy te p i d o con atrevimiento, p o r q u e es
el día d e las gracias, y sé q u e n a d a se te niega. ¡Oh Ma-
ría! La tierra h a g e r m i n a d o p a r a nosotros al Salvador.
P e q u é c o n t r a el Señor t o d o el tiempo d e mi vida; pe-
Valor de la Pasión 479

q u é c o n t r a el S e ñ o r . T e n m i s e r i c o r d i a d e m í , d u l c í s i m o
e inestimable A m o r
¡ O h M a r í a ! B e n d i t a t ú e n t r e las m u j e r e s p o r los siglos
d e los siglos, p u e s h o y n o s h a s d a d o d e tu h a r i n a . H o y
la D i v i n i d a d se u n e y e n t r e m e z c l a t a n e s t r e c h a m e n t e
c o n n u e s t r a h u m a n i d a d , q u e n u n c a se p o d r á s e p a r a r n i
p o r m u e r t e ni p o r i n g r a t i t u d . S i e m p r e h a e s t a d o u n i d a
a la D i v i n i d a d c o n el a l m a , y c o n el c u e r p o e n C r i s t o :
c o n el s e p u l c r o y c o n el a l m a , e n el l i m b o . D e esta m a n e -
r a se h a c o n t r a í d o este p a r e n t e s c o q u e n u n c a h a d e s a p a -
recido y nunca desaparecerá. Amén.

VALOR DE LA PASIÓN

12 Historia.—Esta es la oración más extensa de Catalina. Fue


compuesta en Roma el último domingo de marzo, domingo de Pasión,
que ese año de 1379 cayó el día 27.
Ideas.—Incapacidad de que el hombre conozca a Dios en su esen-
cia por medio de los sentidos. —Dios se manifiesta tomando la natura-
leza humana y por la pasión. —Esta no es debidamente meditada por
los que se dejan llevar de los sentidos.—Por la meditación de ella se
conoce mejor a Dios y la dulzura de su amor. —Los servidores de Dios
son semejantes a Cristo sufriente. —Por ellos, el mundo puede adqui-
rir nueva vida.

¡Oh Dios e t e r n o , alta y e t e r n a G r a n d e z a ! E r e s g r a n -


d e , y yo p e q u e ñ a . Mi bajeza n o p u e d e a l c a n z a r tu a l t u r a
sino e n c u a n t o al afecto y al e n t e n d i m i e n t o . J u n t o c o n la
m e m o r i a , te c o n o c e n y se l e v a n t a n s o b r e la bajeza d e m i
h u m a n i d a d y c o n la luz q u e m e h a s d a d o e n tu l u z . Si
m e d i t o tu alteza, t o d a la elevación q u e el a l m a p u e d e te-
n e r h a c i a ti es c o m o la n o c h e c o m p a r a d a c o n la luz d e l
sol, p o r q u e yo, bajeza m o r t a l , n o p u e d o a l c a n z a r tu
g r a n d e z a i n m o r t a l ; a u n q u e p u e d o g o z a r t e p o r afecto d e
a m o r , n o p u e d o v e r tu esencia.
P o r e s o h a s d i c h o q u e el h o m b r e q u e vive n o te ve,
esto es, q u e el h o m b r e q u e vive e n los p r o p i o s s e n t i d o s y
v o l u n t a d n o p u e d e v e r t e e n afecto d e tu c a r i d a d . Y si,
viviendo c o n f o r m e a la r a z ó n , te p u e d e v e r d e e s e
m o d o , n o p u e d e h a c e r l o e n la esencia m i e n t r a s vive e n
el c u e r p o m o r t a l . E s , p u e s , m u y cierto q u e m i bajeza n o
p u e d e a l c a n z a r tu a l t u r a , s i n o s o l a m e n t e g u s t a r y v e r
480 Oraciones y Soliloquios

como en u n espejo, y esta visión es con perfección d e ca-


ridad, p e r o no la esencia, como se h a dicho.
¿Cuándo he podido llegar al afecto de tu caridad, esa
que no p u e d o conseguir como los bienaventurados mien-
tras viva en su cuerpo mortal? C u a n d o llegó el m o m e n t o y
la plenitud del tiempo sagrado, el tiempo propicio en que
u n alma conoce q u e tu luz h a sido a n u n c i a d a al m u n d o ,
o sea, tu Hijo unigénito; c u a n d o el esposo se ha u n i d o a
la esposa, es decir, a la divinidad con n u e s t r a h u m a n i -
d a d en el V e r b o . De esta u n i ó n fue intermediaria Ma-
ría, la cual te vistió con su h u m a n i d a d , e t e r n o Esposo.
Este a m o r y unión se hallaban tan escondidos q u e
pocos lo conocían, p o r lo cual el alma no c o m p r e n d í a tu
alteza. Pero veo q u e p o r la pasión del Verbo llegó al
alma el conocimiento del afecto d e la caridad, p o r q u e
entonces c o m e n z ó a manifestarse en toda su g r a n d e z a
el fuego escondido en nuestras cenizas, al rasgarse el
cuerpo santísimo en el m a d e r o d e la cruz. Para q u e el
afecto del alma fuera elevado a las cosas altas y los ojos
del e n t e n d i m i e n t o mirasen al interior del fuego, tú,
Verbo e t e r n o , has q u e r i d o ser levantado en lo alto, con
lo q u e nos has manifestado tu a m o r en la sangre. En
ella nos has m o s t r a d o tu misericordia y generosidad; en
ella, también c u á n t o agobia y pesa el pecado del h o m -
b r e ; en ella has limpiado el rostro d e tu esposa, es decir,
el alma, con la cual te has u n i d o p o r la u n i ó n d e la natu-
raleza divina a la nuestra h u m a n a . De este m o d o la ves-
tiste c u a n d o estaba d e s n u d a y con tu m u e r t e la has vuel-
to a la vida.
¡Oh pasión deseada! T u e t e r n a V e r d a d dice q u e ni es
deseada ni a m a d a por quien se a m a a sí mismo, sino p o r
quien se despoja y se viste d e ti, levantándose luminosa
a causa d e tu luz hasta conocer la altura d e la caridad.
¡Oh pasión deleitable y dulcísima, oh riqueza del alma,
refrigerio d e los afligidos, comida d e los q u e tienen
h a m b r e , p u e r t o y paraíso del alma, alegría v e r d a d e r a ,
cielo y bienaventuranza nuestra! El alma que en ti se
gloría consigue su fruto. ¿Y quién se gloría en ti? N o el
q u e ha sometido la luz d e la razón al afecto sensible,
pues éste n o ve sino lo t e r r e n o .
¡Oh pasión q u e quitas toda e n f e r m e d a d , con tal de
q u e el e n f e r m o q u i e r a la curación, pues tu d o n no nos
Valor de la Pasión 481

h a p r i v a d o d e la libertad! T ú , pasión, d a s vida al q u e


está m u e r t o ; si el a l m a se debilita p o r las tentaciones del
d e m o n i o , tú la liberas; si es p e r s e g u i d a p o r el m u n d o o
c o m b a t i d a p o r la p r o p i a fragilidad, tú eres refugio, p o r -
q u e ella h a c o n o c i d o en ti n o sólo las o b r a s del V e r b o e n
la pasión, sino q u e h a e x p e r i m e n t a d o la a l t u r a d e tu di-
vina c a r i d a d . De a q u í q u e p o r ti, pasión, q u i e r a c a m i n a r
hacia la v e r d a d , c o n o c e r l a , e m b r i a g a r s e y a n i q u i l a r s e e n
la c a r i d a d d e Dios p o r m e d i o d e tu e n f e r m e d a d , la q u e
parece e n f e r m e d a d a causa de nuestra h u m a n i d a d
q u e ha sufrido en ti, a pesar d e q u e la elevación es grandí-
sima p o r el misterio q u e procede d e ella e n razón d e la
d i v i n i d a d . P o r ésta se levanta a la a l t u r a d e la m i s m a di-
vinidad y c o n s i g u e su fin, ya q u e d e o t r o m o d o n o p o -
dría.
¡Oh pasión! El a l m a q u e descansa e n ti está m u e r t a a
los sentidos. Por la pasión se d a cuenta ella del afecto d e
tu c a r i d a d . ¡Oh, q u é d u l c e y suave es esta d u l z u r a expe-
r i m e n t a d a p o r el a l m a q u e p e n e t r a bajo esta corteza,
d o n d e h a e n c o n t r a d o la luz y el fuego d e la c a r i d a d al
ver la u n i ó n d e la divinidad realizada con n u e s t r a h u -
m a n i d a d ! Veo q u e la h u m a n i d a d d e s a p a r e c e c o n la
m u e r t e , n o la divinidad. A l m a mía, m i r a y verás al Ver-
b o en n u e s t r a h u m a n i d a d h e c h o c o m o u n a n u b e ; p e r o
la divinidad n o recibe lesión p o r la n u b e o tinieblas d e
n u e s t r a h u m a n i d a d , sino q u e el sol y e s p l e n d o r divino
está o c u l t o en el cielo s e r e n o c o m o a l g u n a s veces se ha-
lla oculto bajo la n u b e . ¿ C ó m o se nos certifica d e esto?
P o r q u e , concluido el s u f r i m i e n t o , p e r m a n e c i ó la divini-
d a d e n el c u e r p o del V e r b o d e s p u é s d e la r e s u r r e c c i ó n ,
y a la h u m a n i d a d , hasta e n t o n c e s oscura, la hizo esplen-
dorosa e inmortal.
Por t a n t o , tú, pasión, e n s e ñ a s la d o c t r i n a q u e d e b e se-
g u i r la c r i a t u r a racional. Por eso y e r r a n los q u e prefie-
r e n seguir los deleites y n o las p e n a s , p u e s n i n g u n o llega
a ti, P a d r e , sino p o r el V e r b o , y a ti, el V e r b o , n o p o d e -
mos s e g u i r t e si n o te g o z a m o s e n el afecto al sufrimien-
to. A u n q u e el a l m a n o q u i e r a s o p o r t a r l o , h a d e t e n e r l o
c o n t r a su v o l u n t a d ; p e r o , si consiente sufrir con el sol
d e la luz, e n t o n c e s n o es h e r i d o el afecto del a l m a p o r
sufrimiento a l g u n o , igual q u e la divinidad del V e r b o e n
n i n g ú n m o d o sufre, p o r q u e ella s o p o r t a los sufrimien-
482 Oraciones y Soliloquios

tos p o r su propia voluntad. Por tanto, d e m o d o patente


muestras q u e , después del tiempo aceptable d e la pasión
del Verbo, el alma p u e d e conocer el afecto d e la caridad
p o r la luz d e la gracia, y con esta luz, en el tiempo finito,
llegamos a conocer tu esencia en el tiempo infinito. Por
esta e n f e r m e d a d d e la pasión p o d e m o s conocer tu alteza;
n o p o r q u e tus misterios sean p e q u e ñ o s —antes bien son
sublimes—, sino a causa d e la pasión d e la h u m a n i d a d ,
q u e es p e q u e ñ a .
¡Oh dulce y e t e r n o Dios, infinitamente sublime!
C o m o nosotros n o podíamos elevar a tu altura el afecto,
q u e era bajísimo, ni tampoco la luz del e n t e n d i m i e n t o ,
p o r causa d e las tinieblas del pecado, p o r eso, tú, g r a n
Médico, nos has d a d o al V e r b o con la comida d e la hu-
m a n i d a d . Cautivaste al h o m b r e y cautivaste al d e m o n i o
no en virtud d e la h u m a n i d a d , sino d e la divinidad. De
esta m a n e r a , haciéndote p e q u e ñ o , has h e c h o g r a n d e al
h o m b r e ; s a t u r a d o d e oprobios, lo has llenado d e biena-
venturanzas; padeciendo h a m b r e , lo has saciado con el
afecto d e tu caridad; despojándote d e la vida, lo has ves-
tido d e la gracia; colmado d e vergüenza, le has devuel-
to el h o n o r ; siendo tú oscurecido en cuanto a la h u m a -
nidad, le has devuelto la luz; al ser e x t e n d i d o en la cruz,
lo has abrazado; le has d a d o en tu costado refugio con-
tra los enemigos. En este refugio p u e d e conocer tu ca-
ridad, p o r q u e con ella d e m u e s t r a s q u e le has q u e r i d o
d a r más q u e lo q u e pudieras con u n a o b r a finita. Allí h a
e n c o n t r a d o el b a ñ o en el q u e h a limpiado el rostro d e
su alma d e la lepra del pecado.
¡Oh A m o r deleitoso, oh Fuego, oh Abismo de cari-
dad! ¡Oh altura incomprensible! C u a n t o más contemplo
tu g r a n d e z a en la pasión del Verbo, tanto más se aver-
güenza mi alma miserable d e n o h a b e r t e conocido, y
esto p o r q u e estuve viva p a r a el afecto d e los sentidos y
m u e r t a a la razón. Q u e plazca hoy a tu inconmensura-
ble caridad iluminar los ojos d e mi e n t e n d i m i e n t o y los
d e aquellos q u e m e has d a d o c o m o hijos y d e todas las
criaturas racionales.
¡Oh Deidad, A m o r mío! T e p r e g u n t o u n a cosa: en el
tiempo en q u e el m u n d o yacía e n f e r m o , tú le m a n d a s t e
como médico a tu unigénito Hijo, lo cual hiciste p o r
a m o r . A h o r a veo yacer al m u n d o en la m u e r t e ; en
Valor de la Pasión 483

m u e r t e tan g r a n d e , q u e m i a l m a desfallece viéndolo.


¿ Q u é m e d i o h a b r á a h o r a p a r a resucitar a este m u e r t o ,
s i e n d o tú u n Dios q u e n o p u e d e sufrir y q u e n o vas a
venir d e n u e v o a r e d i m i r al m u n d o , sino a j u z g a r l o ?
¿ C ó m o se devolverá la vida a este m u e r t o ? N o c r e o ,
B o n d a d infinita, q u e te falten m e d i o s , sino, m á s bien,
r e c o n o z c o q u e ni tu a m o r falta, ni tu p o d e r se halla d e -
bilitado, ni tu s a b i d u r í a d i s m i n u i d a . Puesto q u e q u i e r e s ,
sabes y p u e d e s p r o p o r c i o n a r el r e m e d i o q u e se necesita
p a r a ello, te suplico q u e , si place a tu b o n d a d , m e m u e s -
tres este r e m e d i o , p u e s mi a l m a está dispuesta a aceptar-
lo con valentía.
Respuesta. Es cierto q u e tu Hijo n o va a v e n i r a j u z -
gar, sino en su majestad, c o m o q u e d a d i c h o ; p e r o veo
q u e tú llamas «cristos» a tus s e r v i d o r e s y q u e q u i e r e s su-
p r i m i r la m u e r t e y d a r la vida al m u n d o . ¿De q u é
m o d o ? C a m i n a n d o ellos con decisión p o r el c a m i n o del
V e r b o , con solicitud y a r d o r o s o d e s e o , p r o c u r a n d o tu
h o n o r y la salvación d e las almas, s u f r i e n d o con esa in-
tención p a c i e n t e m e n t e las p e n a s , o p r o b i o s y r e p r o c h e s
q u e c u a l q u i e r a les h a g a . C o n estas p e n a s finitas q u i e r e s
d a r refrigerio a su infinito d e s e o , es decir, escuchar los
r u e g o s y satisfacer su d e s e o . P e r o si sufriesen sólo cor-
p o r a l m e n t e , sin la intención indicada, n o les bastaría ni
a ellos ni a los o t r o s , c o m o t a m p o c o la pasión del V e r b o ,
sin la virtud d e la d i v i n i d a d , h a b r í a sido suficiente p a r a
la salvación del g é n e r o h u m a n o .
¡Oh excelentísimo R e m e d i a d o r ! D a n o s , p u e s , d e estos
«cristos» q u e c o n t i n u a m e n t e viven en vigilias, lágrimas y
oraciones p o r la salvación del m u n d o . Les llamas cristos
p o r q u e se h a n h e c h o s e m e j a n t e s a tu Hijo u n i g é n i t o .
¡Ah, P a d r e e t e r n o ! C o n c é d e n o s q u e n o s e a m o s i g n o r a n -
tes, ciegos, fríos, ni d e vista t a n e n t e n e b r e c i d a , q u e n o
nos v e a m o s a n o s o t r o s m i s m o s sin d a r n o s a c o n o c e r tu
voluntad.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten misericordia d e mí.
T e doy gracias, te d o y gracias, p o r q u e h a s c o n c e d i d o
refrigerio a mi a l m a t a n t o p o r el c o n o c i m i e n t o q u e m e
has d a d o , d e m o d o q u e p u e d a c o n o c e r la g r a n d e z a d e
tu c a r i d a d m i e n t r a s a ú n estoy e n el c u e r p o m o r t a l ,
c o m o p o r el r e m e d i o q u e veo has d i s p u e s t o p a r a librar
al m u n d o d e la m u e r t e .
484 Oraciones y Soliloquios

Por tanto, n o sigas d u r m i e n d o , alma mía miserable,


pues ya has d o r m i d o toda tu vida. ¡Oh A m o r inestima-
ble! La p e n a corporal d e tus servidores valdrá en virtud
del santo deseo d e sus almas; ese deseo t e n d r á valor en
virtud d e tu caridad. ¡Oh miserable alma mía, q u e n o
abrazas la luz, sino las tinieblas! Levántate d e ellas; des-
piértate a ti misma; abre los ojos del entendimiento y
m i r a el abismo en el abismo d e la caridad divina, por-
q u e , si n o miras, n o p u e d e s a m a r . C u a n t o veas, tanto
amarás, y c u a n t o ames, tanto seguirás su voluntad y te
vestirás d e ella.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí. A m é n .

CRISTO, NUESTRA RESURRECCIÓN

13 Historia.—Compuesta el jueves posterior al domingo «¿n al-


bis», en Roma a 14 de abril de 1379. No contiene plegaria.
Ideas.—¿o caridad dio valor a los actos humanos de Cristo. —La
divinidad y la humanidad de Cristo unidas hicieron eficaz el misterio
de la salvación. —La Trinidad es el jardín que produce las flores y
frutos que aparecen en las tres potencias del alma. —El portero di-
vino, Cristo, abre al alma la bienaventuranza con la llave de la divi-
nidad y la mano de la humanidad.

¡Oh Resurrección nuestra, o h Resurrección nuestra,


oh alta y e t e r n a T r i n i d a d ! Libra a mi alma d e su cuer-
p o . ¡Oh R e d e n t o r , o h Resurrección nuestra; o h Trini-
d a d eterna, o h Fuego q u e a r d e s d e continuo sin extin-
guirte, q u e n o fallas ni puedes disminuir a u n q u e todos
tomen d e ese fuego! ¡Oh Luz, q u e das la luz q u e nos
permite ver! Veo en ella, y sin ella n o p u e d o ver, p o r q u e
eres el q u e eres, y yo soy la q u e n o soy.
E n tu luz reconozco mi necesidad, la d e la Iglesia y la
d e todo el m u n d o . P o r q u e conozco esa luz, te suplico
q u e libres a mi alma del cuerpo en favor d e la salvación
del m u n d o . N o es q u e p u e d a yo p r o d u c i r fruto alguno
p o r mí sola, sino en virtud d e tu caridad, q u e consigue
todos los bienes. De este m o d o , p o r el abismo d e tu cari-
d a d , alcanza el alma su propia salvación y el provecho
en su prójimo. C o m o tú, Deidad, alta y eterna T r i n i d a d ,
has actuado en n u e s t r a h u m a n i d a d , o sea, p o r ella como
i n s t r u m e n t o , con obras infinitas, así has o b r a d o e n t r e
Cristo, nuestra resurrección 485

n o s o t r o s p a r a n u e s t r o p r o v e c h o , n o e n v i r t u d d e la h u -
m a n i d a d , s i n o d e t u d i v i n i d a d . P o r ella, T r i n i d a d
e t e r n a , p a r e c e n e s t a r c r e a d a s t o d a s las cosas q u e t i e n e n
ser y d e ti sale t o d a la f u e r z a espiritual y t e m p o r a l exis-
t e n t e e n el h o m b r e . Es c i e r t o q u e q u i e r e s q u e el h o m b r e
se e s f u e r c e e n ellas t r a b a j a n d o l i b r e m e n t e .
¡ O h T r i n i d a d e t e r n a , o h T r i n i d a d e t e r n a ! P o r tu luz
se c o n o c e q u e e r e s el s u m o y e t e r n o j a r d í n q u e t i e n e e n -
c e r r a d a s e n sí t o d a s las flores y t o d o s los f r u t o s , p o r q u e
e r e s la flor d e la gloria q u e d a gloria a ti m i s m o , te das
f r u t o a ti m i s m o , p u e s n o lo p u e d e s r e c i b i r d e n i n g ú n
o t r o . Si lo p u d i e r a s recibir d e o t r o , n o p a r e c e r í a q u e
e r a s e t e r n o y o m n i p o t e n t e Dios, p u e s lo q u e te diese pa-
r e c e r í a n o h a b e r v e n i d o d e ti. P e r o , c o m o q u e d a d i c h o ,
e r e s gloria y f r u t o d e ti m i s m o , y los f r u t o s q u e te d a la
c r i a t u r a p r o c e d e n d e ti y d e ti recibe la facultad d e p o -
d e r ofrecértelos.
E n el j a r d í n d e tu s e n o estaba e n c e r r a d o el h o m b r e ,
¡oh P a d r e e t e r n o ! T ú le sacaste d e tu s a n t o p e n s a m i e n t o
c o m o u n a flor d i v i d i d a e n tres p o t e n c i a s , y e n c a d a p o -
tencia has s e m b r a d o u n a p l a n t a p a r a q u e p u d i e r a fructi-
ficar e n tu j a r d í n , v o l v i e n d o a ti con el f r u t o q u e le dis-
te. T ú volviste al a l m a , l l e n á n d o l a d e tu felicidad, en la
c u a l esa a l m a está c o m o el pez e n el m a r , y el m a r e n el
p e z . Le has d a d o la m e m o r i a p a r a q u e p u e d a r e c o r d a r
tus beneficios, y c o n ello p r o d u z c a la flor d e la gloria a
tu n o m b r e y el f r u t o d e l p r o v e c h o p a r a ella. T a m b i é n le
has o t o r g a d o el e n t e n d i m i e n t o , p a r a q u e c o m p r e n d a tu
v e r d a d , y tu v o l u n t a d , q u e es sólo n u e s t r a santificación,
a fin d e q u e b r o t e la flor d e la gloria, y d e s p u é s el f r u t o
d e la v i r t u d . Le has d a d o la v o l u n t a d p a r a q u e p u e d a
a m a r lo q u e h a visto e n el e n t e n d i m i e n t o y r e t e n i d o e n
la m e m o r i a .
Si c o n s i d e r o la luz e n ti, T r i n i d a d e t e r n a , veo q u e el
h o m b r e h a b í a p e r d i d o esta flor, esto es, la gracia, a cau-
sa d e l p e c a d o c o m e t i d o . P o r ello n o e r a capaz d e d a r t e
la gloria del m o d o e s t a b l e c i d o p o r la V e r d a d . T u j a r d í n
estaba c e r r a d o , p o r lo c u a l ya n o p o d í a recibir tus fru-
tos. P o r eso hiciste p o r t e r o al V e r b o , o sea, a tu U n i g é -
n i t o . L e diste la llave d e la d i v i n i d a d , y la h u m a n i d a d
fue la m a n o . A m b a s las u n i s t e p a r a q u e a b r i e r a n la
p u e r t a d e tu gracia, p u e s la d i v i n i d a d n o p o d í a h a c e r l o
486 Oraciones y Soliloquios

sin la h u m a n i d a d —ésta la había c e r r a d o por el pecado


del p r i m e r h o m b r e — ; tampoco la h u m a n i d a d sola podía
abrir sin la divinidad, p o r q u e sus obras habían sido fini-
tas, y la ofensa había sido cometida contra el bien infini-
to. C o m o inmediata consecuencia, la p e n a debía seguir
a la culpa; por tanto, n i n g ú n otro medio era suficiente.
¡Oh dulce Portero, oh humilde C o r d e r o ! T ú eres el
hortelano q u e , h a b i e n d o abierto las puertas del j a r d í n
celestial, es decir, del paraíso, nos das flores y frutos d e
e t e r n a Deidad. Desde a h o r a conozco q u e dijiste la ver-
dad c u a n d o en forma d e peregrino te apareciste en el
camino a dos discípulos tuyos y dijiste q u e era preciso
que Cristo padeciese d e aquel m o d o y q u e por el camino
d e la cruz entrase en su gloria, demostrándoles q u e así
había sido p r e d i c h o por Moisés, Elias, Isaías, David y los
demás q u e habían profetizado acerca d e ti. Les explicas-
te las Escrituras, p e r o ellos no las c o m p r e n d í a n por te-
ner ofuscado su entendimiento; p e r o tú te comprendías
a ti mismo. ¿Cuál era tu gloria, oh dulce y amoroso Ver-
bo? Eras tú mismo, y p a r a q u e entrases en ella tenías
q u e padecer. A m é n .

EN LA CIRCUNCISIÓN DEL SEÑOR

14 Historia.—Compuesta en Roma el 1." de enero de 1380 a pe-


tición de un cardenal dominico; probablemente, Fr. Nicolás Carac-
ciolo.
I d e a s . — E l autor de la ley observa la ley, dándonos ejemplo.—La
circuncisión es el primer momento en que Cristo se nos presenta pade-
ciendo. —Pide por el papa, para que el Señor le de' acierto, y por sus
enemigos, para que le reconozcan como a su señor y abandonen sus
egoísmos.

¡Oh sumo Dios, oh A m o r inestimable, Fuego eterno,


q u e iluminas la inteligencia d e los h o m b r e s y consumes
lo q u e en el alma hay d e contrario a ti! Inflámala con el
espíritu d e tu a m o r c u a n d o está en ti.
Veo en ti el a m o r q u e te obligó a crearnos p a r a q u e te
conociésemos y p a r a alabanza y gloria d e tu n o m b r e . El
mismo te obligó a vestirte d e nuestra naturaleza mortal
a fin d e volvernos a ti, d e quien nos habíamos apartado.
Por p r i m e r a vez te has mostrado a nosotros padeciendo,
En la Circunásión del Señor 487

¡oh A m a d o r nuestro!, y tú, autor d e la ley, te has hecho


cumplidor d e ella p a r a ejemplo d e n u e s t r a h u m i l d a d .
Avergüéncese, p o r tanto, el h o m b r e , criatura tuya, p o r
el e n d u r e c i m i e n t o d e su corazón al n o observar esa ley,
g u a r d á n d o l a tú, Dios n u e s t r o . Hoy, e n t r e el polvo d e
n u e s t r a mortalidad, te has manifestado p a r a q u e p o r ese
polvo nos veamos en ti. T e has m o s t r a d o pasible, pagan-
d o las primicias y r e n o v á n d o n o s en el a m o r a tu santísi-
m a pasión, para q u e , a ejemplo tuyo, soportemos d e
b u e n g r a d o nuestros sufrimientos. Q u e se d e r r i t a toda
alma en tu amor, ¡oh C r e a d o r mío y v e r d a d e r o Dios!,
p o r q u e sacaste al h o m b r e d e ti a fin d e q u e te conociese
y siguiese a ti solo. Nosotros, ingratos a beneficio tan
g r a n d e , nos atrevemos a a p a r t a r n o s d e ti, ¡oh Majestad
suprema!
T a m b i é n tu clemencia desposa hoy al alma con el ani-
llo d e tu caridad, ya q u e contigo d e b e n desposarse si re-
conocen tus beneficios, es decir, p o r la ley, p o r la q u e
nos haces partícipes d e tu e t e r n i d a d .
Hoy has o t o r g a d o también a mi alma la remisión d e
los pecados por medio d e tu vicario, m a n i f e s t á n d o m e su
p o d e r , el cual es tuyo. T ú , q u e has c r e a d o al h o m b r e sin
contar con él, n o lo salvas sin su intervención. N o me
has salvado hoy sin mí; m e has librado d e los lazos d e
los pecados, m e d i a n d o la gracia d e tu vicario en la tie-
rra, p o r mi perseverancia y p o r mi fe. Yo, indigna sierva
tuya, te doy gracias por ello. Q u e sea yo purificada p o r
tu gracia.
A ti clamo hoy, A m o r mío, Dios e t e r n o , p a r a q u e ten-
gas misericordia d e este m u n d o y p a r a q u e le des la luz
d e conocer a ese tu vicario con la p u r e z a d e la fe, d e la
q u e te suplico q u e lo vistas, Dios mío. Dale luz p a r a q u e
todos lo sigan. O t o r g a d a la luz sobrenatural, concédele
q u e tenga u n corazón varonil sazonado con santa hu-
mildad. No cesaré d e llamar a la p u e r t a d e tu benigni-
d a d , a m o r mío, p a r a q u e lo ensalces. Manifiesta en él tu
p o d e r para q u e su varonil corazón a r d a en tu santo de-
seo, sea i m p r e g n a d o d e la h u m i l d a d y en sus actos pro-
ceda con benignidad, caridad, p u r e z a y sabiduría. Con-
duce d e ese m o d o a todos a él. Dale conocimiento d e tu
verdad p a r a q u e reconozca en q u é estado se h a encon-
t r a d o y por tu gracia te vea a ti en sí mismo.
488 Oraciones y Soliloquios

Ilumina, asimismo, a sus adversarios, los cuales hacen


resistencia al Espíritu Santo con corazón impenitente; a
esos q u e son contrarios a tu omnipotencia. Llama a su
puerta, p o r q u e sin ti no p u e d e n salvarse, para q u e se
vuelvan a ti, Dios mío. Invítalos, muévelos, ¡oh A m o r
inestimable! Q u e tu caridad obligue en este día d e gra-
cia a que en ellos m u e r a la dureza d e su corazón. Sean,
pues, vueltos a ti p a r a que no perezcan.
Y como te h a n ofendido, Dios d e suma clemencia,
castiga sus pecados en mí. Aquí tienes mi cuerpo. T e lo
ofrezco. Q u e se convierta en y u n q u e en vez d e ellos,
para que sus pecados sean machacados en él.
C o m o veo q u e por naturaleza has d o t a d o a tu vicario
d e u n corazón valeroso, te ruego, h u m i l d e y suplicante,
q u e en su entendimiento infundas la luz sobrenatural,
para q u e su corazón, inclinado a la soberbia si no le aña-
des la luz adquirida por medio d e la virtud, también sea
virtuoso. Asimismo, que desaparezca todo amor propio
en esos enemigos tuyos, en tu vicario y en todos noso-
tros, a fin d e q u e podamos perdonarles c u a n d o hayan
doblegado su dureza. Para q u e se humillen y obedezcan
al mismo señor nuestro, te ofrezco mi vida desde este
m o m e n t o y p a r a c u a n d o te plazca y le conserves p a r a tu
gloria. H u m i l d e m e n t e te pido también que, en virtud
d e tu pasión, limpies y barras los inveterados vicios d e
tu esposa, como la limpiaste d e las antiguas e infructuo-
sas plantas; y q u e no te demores.
Bien sé, v e r d a d e r o Dios, q u e golpearás hasta q u e al
fin sea e n d e r e z a d o el árbol d e la d u r e z a de tus enemi-
gos. Pero date prisa, T r i n i d a d eterna, pues a ti no te es
difícil purificar los vicios, p o r q u e no te cuesta hacer u n a
cosa, pues todas las hiciste d e la nada. T e encomiendo
también a tus hijos, y te ofrezco, asimismo, al que hoy te
ha d a d o a mí en la eucaristía; q u e tú te des a él y que
hoy se renueve interior y exteriormente y dirija a ti sus
obras, según tu voluntad. Por eso, p a r a q u e te dignes es-
cucharle, te doy gracias. Seas bendito por los siglos d e
los siglos. A m é n .
EL DON DE LA VERDAD

15 Historia.—Compuesta en Roma en agosto de 1379. No tiene


plegaria, lo que indica su propósito doctrinal.
Ideas. —La verdad suprema se identifica con el mismo Dios.—Esa
verdad la poseen los bienaventurados, que la ven a la luz de la ver-
dad. —Ven en Dios, con mayor o menor perfección, a todas las criatu-
ras.—Las almas, por medio de la fe, tienen una visión semejante.

¡Oh V e r d a d , V e r d a d ! ¿Y q u i é n soy yo p a r a q u e m e
des tu v e r d a d ? Yo soy la q u e n o soy.
P o r lo tanto, tu V e r d a d es la q u e hace, habla y o b r a to-
das las cosas, p u e s n o soy yo. T u V e r d a d es la q u e ofre-
ce la v e r d a d a las c r i a t u r a s d e m o d o s diversos. N o está
s e p a r a d a d e ti, antes bien, tú e r e s la m i s m a V e r d a d . T ú ,
e t e r n a D e i d a d , Hijo d e Dios, viniste d e Dios p a r a c u m -
plir la v e r d a d del P a d r e e t e r n o , y n a d i e p u e d e p o s e e r la
v e r d a d si n o la recibe d e ti, la V e r d a d . Q u i e n d e s e e po-
seerla n o p u e d e estar p r i v a d o d e n a d a d e tu v e r d a d ; d e
o t r o m o d o n o p o d r í a tenerla, p o r q u e la v e r d a d n o p u e -
d e tener ningún defecto.
Así la tienen los b i e n a v e n t u r a d o s , q u e la ven perfecta-
m e n t e , sin defecto a l g u n o , p o r m e d i o d e la e t e r n a visión
d e ti; la q u e tienen al participar d e la visión con q u e tú
m i s m o te ves. Y c o m o tú eres s i e m p r e aquella m i s m a luz
con la q u e ves y eres visto p o r la criatura, e n t r e ti y el q u e
te ve n o hay intermediario alguno para hacerte presente.
P o r eso, m i e n t r a s los b i e n a v e n t u r a d o s t i e n e n p a r t e con-
tigo, es u n a m i s m a cosa la luz y el m e d i o con q u e eres
visto. C o m o tú m i s m o eres s i e m p r e la m i s m a luz, el mis-
m o m e d i o y el m i s m o objeto, del q u e se h a c e n partícipes
p o r la u n i ó n contigo, p o r eso resulta u n a m i s m a cosa tu
visión y la visión d e tu c r i a t u r a en ti, a p e s a r d e q u e u n o
vea m e n o s p e r f e c t a m e n t e q u e o t r o , ya q u e la visión d e -
p e n d e d e la diversidad d e los q u e la reciben y n o d e la
visión m i s m a .
C o m o el alma q u e se halla en esta vida e n e s t a d o d e
gracia, recibe tu verdad p o r medio d e la luz d e la fe. C o n
ésta ve q u e las cosas q u e nos e n s e ñ a tu Iglesia son ver-
d a d e r a s . Las almas reciben d e m o d o distinto esta ver-
d a d , con m a y o r o m e n o r perfección s e g ú n la diversidad
d e su p r e p a r a c i ó n ; con t o d o , n o p o r eso la fe es distinta,
sino igual p a r a todos. De igual m o d o , los b i e n a v e n t u r a -
490 Oraciones y Soliloquios

dos tienen la m i s m a visión, a u n q u e sea recibida más o


m e n o s p e r f e c t a m e n t e , c o m o q u e d a dicho. A m é n .

LA VIDA QUE VENCE A LA MUERTE

16 Historia.—Compuesta en Roma, en fecha incierta; supuesta-


mente, el 16 de agosto de 1379. Es otra oración meramente doctrinal.
Muchos han creído hacer un favor a la Santa atribuyendo a una
adición posterior la parte en que se toca el tema del pecado original en
la Virgen. Nadie tiene por que' escandalizarse de que Catalina si-
guiera la tesis maculista. Era doctrina defendida por muchísimos teó-
logos de talla; por ejemplo, Santo Tomás de Aquino, de cuya orienta-
ción y doctrina encontramos tantos vestigios en Catalina. El tema en
discusión encontró solución teológica siglos después.
Ideas.—La obra de la redención se hace por la unión de las natu-
ralezas divina y humana en Cristo. —La humana la recibe de Ma-
ría. —Esta fue concebida en pecado original y purificada de él inme-
diatamente después de que el alma entrara en el cuerpo de María al
quedar formada la persona.

¡Oh Deidad eterna! Disuelve el vínculo d e mi c u e r p o


p a r a q u e p u e d a ver la v e r d a d , p o r q u e a h o r a la m e m o r i a
n o te p u e d e c o m p r e n d e r , ni el e n t e n d i m i e n t o e n t e n d e r ,
ni el afecto a m a r c o m o se d e b e .
¡Oh n a t u r a l e z a divina, q u e resucitas los m u e r t o s y
ú n i c a m e n t e tú das vida! P a r a d a r vida a la naturaleza
h u m a n a quisiste unirla a ti. ¡Oh V e r b o e t e r n o ! La unis-
te a ti de tal manera, que en m o d o alguno p u e d e separar-
se d e ti. Por eso ella sufría a u n q u e la divina le d i e r a
vida, y p o r eso eras, a la vez, b i e n a v e n t u r a d o y doliente.
Ni siquiera e n el sepulcro se p u d i e r o n separar u n a d e la
o t r a . ¡Oh P a d r e e t e r n o ! T ú dices q u e vestiste a tu V e r b o
d e n u e s t r a n a t u r a l e z a p a r a q u e ella satisficiese en El p o r
nosotros. ¡Oh a d m i r a b l e misericordia! Quisiste castigar
a tu propio y n a t u r a l Hijo a causa del adoptivo; y sufrió
n o sólo la p e n a d e la cruz en el c u e r p o , sino el t o r t u r a n -
te deseo d e la m u e r t e .
¡ O h P a d r e e t e r n o , q u é p r o f u n d a s e inefables son tus
d e t e r m i n a c i o n e s ! El necio n o las c o m p r e n d e , más bien
i n t e r p r e t a tus o b r a s según las apariencias y n o según el
p r o f u n d o abismo d e tu caridad, ni p o r la a b u n d a n c i a
q u e d e ella has infundido en tus siervos. ¡Oh h o m b r e
La imagen divina 491

i g n o r a n t e y bestial! Ya q u e Dios te h a h e c h o h o m b r e ,
¿ p o r q u é te c o n v i e r t e s t ú m i s m o e n bestia? ¿ N o sabes q u e
los h o m b r e s - b e s t i a s o n e n v i a d o s a las p e n a s e t e r n a s d e l
infierno? E n ellas, el h o m b r e se vuelve « n a d a » ; n o e n
c u a n t o al ser, sino e n c u a n t o a la gracia. Está c o m p l e t a
la n a t u r a l e z a ; p e r o las cosas, faltas d e la p e r f e c c i ó n d e
esta gracia, se p u e d e n l l a m a r « n a d a » .
El V e r b o e t e r n o n o s h a sido d a d o p o r m e d i o d e Ma-
ría, y p o r m e d i o d e la c a r n e d e M a r í a se vistió d e n u e s -
t r a n a t u r a l e z a sin m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e su
c o n c e p c i ó n n o fue p o r o b r a d e v a r ó n , sino d e l Espíritu
S a n t o . El p e c a d o o r i g i n a l se d i o e n M a r í a p o r q u e ella
p r o c e d e d e la m a s a d e A d á n ; n o p o r o b r a d e l Espíritu
S a n t o , sino d e l h o m b r e . C o m o t o d a a q u e l l a m a s a estaba
p o d r i d a y c o r r o m p i d a , p o r eso n o p o d í a i n f u n d i r e n
a q u e l a l m a m a t e r i a n o c o r r o m p i d a , ni p r o p i a m e n t e se
p o d í a p u r i f i c a r sino p o r la gracia d e l Espíritu S a n t o . Esa
gracia n o la p u d o recibir el c u e p o , sino el a l m a racional
e intelectual. P o r e s o , M a r í a n o p u d o e s t a r limpia d e la
m a n c h a sino d e s p u é s d e e s t a r el a l m a i n f u n d i d a e n el
c u e r p o . Esto se realizó p o r r e v e r e n c i a al V e r b o d i v i n o
q u e d e b í a e n t r a r e n a q u e l r e c e p t á c u l o . C o m o el h o r n o
c o n s u m e la g o t a d e a g u a e n p o c o t i e m p o , así hizo el Es-
píritu S a n t o c o n la m a n c h a d e p e c a d o o r i g i n a l , p o r q u e
d e s p u é s d e ser c o n c e b i d a fue i n m e d i a t a m e n t e purifica-
d a d e l p e c a d o y se le d i o la gracia.
T ú sabes, S e ñ o r , q u e ésta es la v e r d a d .

LA IMAGEN DIVINA

1 7 Historia.—Compuesta en Roma en 12 de agosto de 1379, día


en que se celebraba la octava de Santo Domingo de Guzmán. Como
dice el manuscrito, se le ha suprimido la plegaria, dejando sólo la
parte doctrinal. Se pedía que sus discípulos se amaran unos a otros.
Ideas.—El hombre que no reconoce su semejanza con Dios es in-
grato. —Esto proviene de la ignorancia, pues de otro modo amaría a
Dios.—No hacerlo va contra la propia naturaleza.

¡ O h h o m b r e i n g r a t o ! ¡ O h alta y e t e r n a D i v i n i d a d , in-
c o m p r e n s i b l e e i n e s t i m a b l e A m o r ! Dices, P a d r e e t e r n o ,
q u e el h o m b r e q u e se m i r a a sí m i s m o te e n c u e n t r a d e n -
t r o d e él, p u e s t o q u e h a sido c r e a d o a tu i m a g e n y s e m e -
492 Oraciones y Soliloquios

j a n z a : tiene m e m o r i a , p a r a a c o r d a r s e d e ti y d e tus be-


neficios, p a r t i c i p a n d o en esto d e tu p o d e r ; tiene e n t e n -
d i m i e n t o , p a r a c o n o c e r t e y conocer tu voluntad, partici-
p a n d o d e la sabiduría d e tu Hijo u n i g é n i t o , n u e s t r o Se-
ñ o r Jesucristo; y tiene la voluntad, p a r a a m a r t e , partici-
p a n d o d e la clemencia del Espíritu Santo. Así, n o sólo
creaste al h o m b r e a tu imagen y semejanza, sino q u e
también hay e n ti semejanza con lo q u e él es, y d e este
m o d o estás e n él y él e n ti.
N o te h e conocido en mí, Dios; ni a mí en ti, Dios
e t e r n o . Esta es la ignorancia d e los necios q u e te ofen-
d e n , p o r q u e , si lo c o m p r e n d i e r a n , n o p o d r í a n m e n o s d e
a m a r a Dios. Esta ignorancia p r o c e d e d e la privación d e
la luz d e la gracia, y la privación p r o v i e n e del a m o r p r o -
pio sensitivo. T a l es la semejanza e n t r e u n o y o t r o , q u e ,
c u a n d o n o se a m a n , se a p a r t a n d e su propia naturaleza.

LUZ Y TINIEBLAS

18 Historia.—Compuesta en Roma, en fecha incierta; probable-


mente, en 1379. Es oración doctrinal, sin petición.
Ideas.—Pide Catalina a Dios que le hable de la Verdad.—Esta se
manifiesta en dos injertos: en la naturaleza humana y en la
cruz.—Fruto de la cruz es la sangre, cuya eficacia llega a nosotros
por los sacramentos, de los que es depositaría la Iglesia y el vicario de
Cristo.—Los rebeldes persiguen los frutos de la sangre.

¡Oh Deidad, o h A m o r divinidad! ¿ Q u é p u e d o decir


d e tu V e r d a d ? T u V e r d a d habla d e tu v e r d a d . Yo n o sé
hablar sino d e las tinieblas; n o h e s e g u i d o tu cruz, sino
el c a m i n o d e las tinieblas. Reconozco p l e n a m e n t e q u e
quien conoce la tinieblas, conoce la luz; p e r o yo n o h e
o b r a d o así, sino q u e h e seguido las tinieblas, y p o r ello
n o h e conocido p e r f e c t a m e n t e la v e r d a d . Habla tú,
p u e s , d e tu v e r d a d , d e tu cruz, y yo escucharé.
Dices q u e algunos son p e r s e g u i d o r e s del fruto d e tu
cruz, T ú , ¡oh V e r b o , u n i g é n i t o Hijo d e Dios!; p o r el in-
conmensurable a m o r q u e nos tuviste, te injertaste a ti mis-
m o c o m o fruto d e dos árboles: p r i m e r a m e n t e , e n la na-
turaleza h u m a n a , p a r a q u e se manifestase en nosotros la
V e r d a d invisible del e t e r n o P a d r e , cuya V e r d a d eres tú
mismo; el s e g u n d o injerto fue el d e tu c u e r p o en el ár-
Luz y tinieblas 493

bol d e la santísima c r u z , e n la q u e n o te sujetaron los


clavos ni cosa a l g u n a , sino el d e s m e d i d o a m o r q u e nos
tuviste. T o d o esto lo hiciste p a r a d e m o s t r a r la r e a l i d a d
d e la v o l u n t a d del P a d r e , q u e n o q u i e r e sino n u e s t r a
salvación. P r o d u c t o d e este injerto fue tu s a n g r e , la
cual, p o r la u n i ó n con la n a t u r a l e z a divina, n o s h a d a d o
vida. P o r la eficacia d e esta s a n g r e s o m o s purificados
del p e c a d o m e d i a n t e tus s a c r a m e n t o s , q u e h a s deposita-
d o e n la b o d e g a d e la s a n t a Iglesia, d a n d o la llave y cus-
todia a tu vicario principal e n la tierra.
T o d o esto n o es c o n o c i d o ni c o m p r e n d i d o p o r los
h o m b r e s a n o ser p o r m e d i o d e la luz c o n q u e ilumi-
nas la p a r t e más noble del alma, es decir, el e n t e n d i -
m i e n t o . Esa luz es la d e la fe y d e tu gracia. La c o n c e d e s
a todos los cristianos c u a n d o p o r el b a u t i s m o i n f u n d e s
e n ellos la luz d e la fe y d e tu gracia, c o n las cuales se
b o r r a el p e c a d o original q u e h a b í a m o s c o n t r a í d o . Se nos
d a luz suficiente p a r a q u e c o n s i g a m o s el fin ú l t i m o , la
b i e n a v e n t u r a n z a , si es q u e p o r la m a l d a d d e n u e s t r o
a m o r p r o p i o sensitivo n o c e r r a m o s los ojos. Esa gracia
h a d a d o luz a n u e s t r o s ojos e n el s a n t o b a u t i s m o .
Nos c e g a m o s c u a n d o s o b r e n u e s t r o s ojos p o n e m o s la
n u b e d e la frialdad y la h u m e d a d del a m o r p r o p i o ,
c o m o q u e d a d i c h o , y e n t o n c e s n o te c o n o c e m o s a ti ni a
n i n g ú n bien v e r d a d e r o , y l l a m a m o s al b i e n , m a l , y al
m a l , bien, y d e este m o d o nos c o n v e r t i m o s e n ignorantí-
simos e i n g r a t o s . Peor es a ú n q u e , h a b i e n d o c o n o c i d o la
v e r d a d , p e r d a m o s la luz ya recibida, p u e s p e o r es u n fal-
so cristiano q u e u n infiel, y p e o r es n o seguirla; sólo q u e
e n este caso es m á s fácil recibir la m e d i c i n a e n su enfer-
m e d a d , p o r q u e acaso q u e d e a l g u n a luz d e la fe.
Estos, S e ñ o r , son p e r s e g u i d o r e s del f r u t o d e la c r u z , o
sea, d e la s a n g r e , p u e s n o siguen a Cristo crucificado,
sino q u e te p e r s i g u e n a ti y a tu s a n g r e . Lo son especial-
m e n t e los r e b e l d e s a tu b o d e g u e r o , al q u e tiene las lla-
ves d e la b o d e g a d o n d e se halla d e p o s i t a d a tu preciosa
s a n g r e y la s a n g r e d e los m á r t i r e s , la cual tiene valor e n
r a z ó n d e la tuya. Esta r e b e l i ó n y t o d o p e c a d o viene p o r
h a b e r p e r d i d o la luz d e tu v e r d a d , q u e se a d q u i e r e p o r
la fe e n ti. P o r eso, los filósofos, a u n q u e supiesen m u c h o
d e la v e r d a d d e tus c r i a t u r a s , n o p u d i e r o n , sin e m b a r g o ,
salvarse, p o r q u e n o tenían fe e n ti.
494 Oraciones y Soliloquios

LOS CAMINOS DE LA MISERICORDIA DIVINA

19 Historia.—Compuesta en Roma el 13 de febrero de 1379, el


domingo de Sexagésima. Es oración doctrinal, sin plegaria.
Ideas.—Invocación de la misericordia.—Esta movió a Dios a la
creación, a la redención y a la santificación por las almas. —La re-
dención se hizo sin escatimar sufrimientos ni sangre, a la manera que
tampoco el hombre ha regateado los modos de pecar.

¡Oh A m o r inestimable, o h dulce A m o r , Fuego eter-


no! Eres el fuego q u e siempre a r d e , ¡oh alta T r i n i d a d !
Eres recto sin curvas, sencillo sin doblez y sincero sin
fingimiento. Dirige los ojos d e la misericordia a tus cria-
turas. Reconozco q u e te es propia la misericordia; es
más, a d o n d e q u i e r a q u e m e vuelvo, m e e n c u e n t r o con
ella. Por eso grito y c o r r o a tu misericordia p a r a q u e la
tengas con el m u n d o .
T ú q u i e r e s , P a d r e e t e r n o , q u e te sirvamos según tu
beneplácito y llevas a tus servidores por diversos m o d o s
y caminos. Así, hoy indicas q u e en n i n g u n a m a n e r a po-
d e m o s ni d e b e m o s j u z g a r el interior d e las criaturas p o r
los actos e x t e r n o s , sino q u e en todas d e b e m o s ver tu vo-
l u n t a d , y especialmente en tus servidores q u e se hallan
unidos y t r a n s f o r m a d o s en ella. De aquí q u e goce el
alma, q u e e n tu luz ve la luz d e los infinitos y variados
m o d o s y c a m i n o s q u e siguen. T o d o s c o r r e n por el cami-
no del fuego, pues d e o t r a m a n e r a n o seguirían real-
m e n t e a tu V e r d a d . Por eso vemos q u e u n o s van p o r el
d e la penitencia, basada en la mortificación d e su cuer-
po; otros, p o r el d e la h u m i l d a d , aniquilando su propia
voluntad; o t r o s , p o r la fe viva; otros, p o r la misericor-
dia, y otros, p o r la dedicación completa a la caridad con
el prójimo, d e s c u i d á n d o s e a sí mismos.
En las obras así ejecutadas se e n r i q u e c e el alma q u e
con solicitud ha u s a d o luz natural, con la cual obten-
d r á la s o b r e n a t u r a l , p o r la q u e ve la inconmensurable
largueza d e tu voluntad. Por eso en todas las obras d e
las criaturas ven tu voluntad y n o la d e las criaturas.
H a n c o m p r e n d i d o bien la doctrina d e tu V e r d a d cuan-
d o dijo: «No juzguéis p o r las apariencias» '.

1
J n 7,24.
Caminos de la misericordia divina 495

¡ O h V e r d a d e t e r n a ! ¿ C u á l es tu e n s e ñ a n z a y c u á l el
c a m i n o p o r el q u e q u i e r e s q u e v a y a m o s al P a d r e ? N o
a c i e r t o a v e r o t r o sino el q u e t ú h a s p a v i m e n t a d o c o n las
v e r d a d e r a s y r e a l e s v i r t u d e s d e l f u e g o d e tu c a r i d a d ,
V e r b o e t e r n o . L o h a s edificado c o n tu s a n g r e . E s t e es,
p u e s , el c a m i n o . N u e s t r o p e c a d o n o consiste sino e n
a m a r lo q u e tú h a s a b o r r e c i d o y e n a b o r r e c e r lo q u e h a s
a m a d o . C o n f i e s o , Dios e t e r n o , q u e yo h e a m a d o siem-
p r e lo q u e tú h a s o d i a d o , y o d i a d o lo q u e t ú a m a s . P e r o
h o y l l a m o a tu m i s e r i c o r d i a p a r a q u e m e c o n c e d a s se-
g u i r a tu V e r d a d c o n sencillo c o r a z ó n . D a m e f u e g o y
abismo d e caridad; d a m e h a m b r e continua d e sufrir pe-
n a s y t o r m e n t o s p o r ti; d a a mis ojos, P a d r e e t e r n o ,
f u e n t e s d e l á g r i m a s c o n las q u e incline t u m i s e r i c o r d i a
h a c i a el m u n d o e n t e r o , y s i n g u l a r m e n t e h a c i a tu esposa.
¡ O h i n e s t i m a b l e y d u l c í s i m a C a r i d a d ! Este es tu j a r -
d í n , f u n d a d o e n tu s a n g r e y r e g a d o c o n la d e los m á r t i -
r e s , q u e v a r o n i l m e n t e h a n c o r r i d o tras el o l o r d e t u s a n -
g r e . Seas t ú , p o r t a n t o , q u i e n lo g u a r d e . ¿Y q u i é n p o d r á
c o n t r a la c i u d a d q u e t ú g u a r d a s ? P o n f u e g o a n u e s t r o s
c o r a z o n e s y s u m é r g e l e s e n esta s a n g r e p a r a q u e m e j o r
p o d a m o s t e n e r h a m b r e d e tu h o n o r y d e la salvación d e
las a l m a s .
P e q u é , p e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r d i a d e m í .
¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¿Y q u é d i r e m o s d e ti? ¿ Q u é j u i c i o
nos f o r m a r e m o s d e ti? D i r e m o s y p e n s a r e m o s q u e e r e s
n u e s t r o d u l c e Dios, q u e n o q u i e r e sino n u e s t r a santifica-
ción. Esto a p a r e c e e v i d e n t e e n la s a n g r e d e tu Hijo. El,
c o m o e n a m o r a d o , c o r r i ó , p o r n u e s t r a salvación, a la
a f r e n t o s a m u e r t e d e c r u z . Q u e se a v e r g ü e n c e el h o m -
b r e d e l e v a n t a r la c a b e z a c o n s o b e r b i a v i é n d o t e , altísimo
Dios, h u m i l l a d o h a s t a el l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d .
¡ O h e t e r n a D e i d a d ! ¡ Q u é p r o p i a te es la m i s e r i c o r d i a !
L o es t a n t o , q u e t u s s e r v i d o r e s a p e l a n a ella c o n t r a la
j u s t i c i a q u e el m u n d o m e r e c e p o r sus p e c a d o s . T u mise-
r i c o r d i a n o s h a c r e a d o ; la m i s m a m i s e r i c o r d i a n o s r e d i -
mió d e la m u e r t e e t e r n a ; ella nos gobierna y ella contiene
a la j u s t i c i a p a r a q u e n o m a n d e a la t i e r r a q u e se a b r a y
n o s t r a g u e y q u e los a n i m a l e s n o s d e v o r e n , s i n o , p o r el
c o n t r a r i o , t o d a s las cosas n o s sirven y la t i e r r a n o s d a
sus f r u t o s . T o d o esto lo h a c e la m i s e r i c o r d i a . Ella n o s
c o n s e r v a y p r o l o n g a la vida, c o n c e d i é n d o n o s t i e m p o
496 Oraciones y Soliloquios

p a r a q u e p o d a m o s volver a ti y reconciliarnos contigo.


¡Oh misericordioso y piadoso P a d r e ! ¿Quién frena a
la naturaleza angélica p a r a q u e no tome venganza del
h o m b r e , q u e es e n e m i g o tuyo? La misericordia. Por ella
nos concedes g r a n d e s consuelos p a r a q u e nos veamos
obligados a amarte, p o r q u e el corazón d e la criatura
está inclinado al a m o r . Esa misericordia nos d a y permi-
te las penas y aflicciones p a r a q u e a p r e n d a m o s a cono-
cernos a nosotros mismos y a d q u i r a m o s la modesta vir-
tud d e la v e r d a d e r a h u m i l d a d , y también p a r a q u e ten-
gas motivo d e r e c o m p e n s a r a los q u e varonilmente han
combatido sufriendo con v e r d a d e r a paciencia. Por mise-
ricordia conservaste las cicatrices en el c u e r p o d e tu
Hijo, para q u e con ellas pida misericordia p o r nosotros
ante tu Majestad; p o r misericordia te has d i g n a d o mos-
t r a r m e a mí, miserable, q u e en m o d o alguno d e b e m o s
j u z g a r las intenciones d e las criaturas racionales, pues tú
las conduces p o r variedad infinita d e caminos, como por
mí misma m e das ejemplo. Por lo cual te doy gracias.
T u misericordia n o quiso q u e el C o r d e r o inmaculado
redimiese a la h u m a n i d a d con sólo u n a gota d e sangre,
ni con el sufrimiento d e u n m i e m b r o solo, sino con su-
frimientos y con la sangre d e todo el c u e r p o para satis-
facer por el g é n e r o h u m a n o , q u e te había ofendido.
P o r q u e vemos q u e las criaturas te o f e n d e n : quién con
las manos, quién con los pies, q u i é n con la cabeza o con
todos los m i e m b r o s del c u e r p o , d e m o d o q u e el g é n e r o
h u m a n o te había o f e n d i d o con todos los miembros del
c u e r p o . T e o f e n d e todo el c u e r p o del h o m b r e , p o r q u e
toda culpa se c o m e t e con la voluntad, y ella d o m i n a a
todo el c u e r p o . Por eso quisiste satisfacer con todo el
c u e r p o y toda la sangre d e tu Hijo, p a r a q u e , en virtud
d e la naturaleza divina, infinita, y la h u m a n a , finita, ex-
piase p l e n a m e n t e p o r todos. N u e s t r a h u m a n i d a d sufrió
la p e n a en el V e r b o , y la divinidad aceptó el sacrificio.
¡Oh Verbo e t e r n o , Hijo d e Dios! ¿Por q u é tuviste tan
perfecto dolor d e la culpa, n o hallándose en ti el veneno
del pecado? Veo, A m o r inestimable, q u e quisiste satisfa-
cer corporal y espiritualmente, lo mismo q u e el h o m b r e
corporal y espiritualmente había o f e n d i d o y cometido el
pecado.
Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
POR LA SANTIFICACIÓN DE LA IGLESIA

2 0 Historia.—Compuesta en Roma el 14 de febrero de 1379.


Ideas.—La eucaristía es no sólo comida, sino fortaleza en las con-
tradicciones. —Reforma de la Iglesia. —Quiere Catalina arder más en
el fuego de la caridad. —Pide por el mundo, el papa, los cardenales y
sus discípulos. —Que Dios con su misericordia permita que alcancen
la bienaventuranza.

¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , o h T r i n i d a d e t e r n a ! ¡Oh fuego


y abismo d e c a r i d a d ! ¡Oh loco p o r tu c r i a t u r a ! ¡Oh Ver-
d a d eterna, oh Fuego eterno, oh Sabiduría eterna!
¿Vino, acaso, sólo al m u n d o tu Sabiduría? N o , p o r q u e
n o se dio la sabiduría sin p o d e r , ni el p o d e r sin la cle-
mencia. P o r t a n t o , tú, Sabiduría, n o viniste sola, sino
t o d a la T r i n i d a d . ¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , loco d e a m o r !
¿ Q u é p r o v e c h o obtenías con n u e s t r a r e d e n c i ó n ? N i n g u -
n o , p u e s n o tienes necesidad d e n o s o t r o s , p o r ser n u e s -
t r o Dios. ¿Para q u i é n fue provechosa? Ú n i c a m e n t e p a r a
el h o m b r e .
¡Oh C a r i d a d inestimable! Así c o m o al h o m b r e le diste
al t o d o Dios y t o d o h o m b r e , del m i s m o m o d o te q u e d a s -
te t o d o c o m o manjar, p a r a q u e , m i e n t r a s s o m o s p e r e g r i -
nos en esta vida, n o desfallezcamos d e fatiga, sino q u e
seamos fortalecidos, M a n j a r celestial. ¡Oh h o m b r e avari-
cioso! ¿ Q u é te h a d e j a d o tu Dios? T e dejó a sí m i s m o ,
t o d o Dios y t o d o h o m b r e , oculto bajo la b l a n c u r a del
p a n . ¡Oh fuego d e a m o r ! ¿ N o e r a suficiente h a b e r n o s
c r e a d o a i m a g e n y semejanza tuya y h a b e r n o s vuelto a
c r e a r p o r la gracia e n la s a n g r e d e tu Hijo, sin t e n e r q u e
d a r n o s en c o m i d a a t o d o Dios, esencia divina? ¿ Q u i é n te
h a obligado? Sólo la c a r i d a d , c o m o loco d e a m o r q u e
eres.
Lo m i s m o q u e n o nos enviaste y diste sólo al V e r b o ,
así t a m p o c o nos lo dejaste sólo e n c o m i d a , sino q u e ,
c o m o u n loco d e a m o r p o r la c r i a t u r a , nos diste la esen-
cia divina, c o m o q u e d a d i c h o . Y c o m o n o te h a s q u e d a -
d o p a r a nosotros sólo c o m o c o m i d a , así n o te das tú solo
al a l m a q u e se h a a b a n d o n a d o c o m p l e t a m e n t e p o r a m o r
a ti y q u e ú n i c a m e n t e d e s e a y busca la gloria y alabanza
d e tu n o m b r e . El a l m a n o te busca p o r ella m i s m a , sino
p o r q u e eres s u m a y e t e r n a b o n d a d , d i g n o d e ser a m a d o
498 Oraciones y Soliloquios

y servido p o r las criaturas; ni busca al prójimo p o r su


causa, sino p o r ti, p a r a d a r t e gloria. Por lo cual vemos
q u e n o sólo te entregas a ellos, sino q u e con tu p o d e r los
haces fuertes c o n t r a los ataques d e los d e m o n i o s , c o n t r a
las injurias d e las criaturas, c o n t r a la rebelión d e su p r o -
pia c a r n e y c o n t r a toda angustia y tribulación, venga d e
d o n d e venga. Los iluminas con la sabiduría d e tu Hijo
p a r a q u e se conozcan y conozcan tu verdad y los enga-
ños del d e m o n i o . T ú enciendes sus corazones con el
fuego del Espíritu Santo en el deseo d e a m a r t e y seguir-
te d e veras, en u n o s más y en otros m e n o s , según la me-
d i d a del a m o r con q u e se llegan a ti y según use cada
u n o d e la luz n a t u r a l q u e nos has d a d o .
Gracias, gracias te sean d a d a s , s u m o y e t e r n o P a d r e ,
q u e , como loco p o r tu criatura, nos muestras hoy el
m o d o en q u e se p u e d e r e f o r m a r tu esposa, la santa Igle-
sia. T e suplico q u e c o m o has d e t e r m i n a d o , por u n a par-
te, iluminar el e n t e n d i m i e n t o en esta necesidad, así, p o r
otra, lo proveas con la preparación d e los ministros, y
principalmente d e tu vicario, p a r a q u e sigan la luz q u e
les has infundido y les seguirás i n f u n d i e n d o .
¡Oh T r i n i d a d eterna! H e pecado todo el tiempo d e mi
vida. ¡Oh miserable alma mía! ¿ T e has, acaso, a c o r d a d o
d e tu Dios? Cierto q u e no; p o r q u e , si lo hubieras h e c h o ,
habrías a r d i d o en el h o r n o d e su caridad.
Vuelve, Dios e t e r n o , la salud al e n f e r m o , la vida al
m u e r t o , y d a n o s voz p a r a clamar a ti con la voz d e tu
misericordia p o r el m u n d o y p o r la r e f o r m a d e la Igle-
sia. Escucha la voz con q u e clamamos a ti. Si te pido por
todo el m u n d o , lo h a g o especialmente p o r tu vicario, y
p o r sus c o l u m n a s [cardenales], y p o r todos los q u e has
q u e r i d o q u e a m e yo con a m o r singular. A u n q u e esté
enferma, a u n q u e sea imperfecta, q u i e r o verlos sanos y
perfectos, y, a u n q u e esté m u e r t a , q u i e r o verlos vivos
por la gracia.
¡Oh inestimable fuego y dilección de la caridad! ¿De
d ó n d e tanta h u m i l d a d y misericordia p a r a q u e tú, Dios,
hayas establecido tanta semejanza e n t r e ti y la criatura
racional, d e m o d o q u e por la u n i ó n d e la naturaleza di-
vina con la h u m a n a y p o r la nueva creación nos hayas
hecho a su imagen y semejanza, y p o r la u n i ó n y percep-
ción q u e provienen d e ti en el alma, a fin d e q u e te a m e
Por la santificación de la Iglesia 499

y sirva c o n c o r a z ó n sencillo y g e n e r o s o ? N o es p o r n u e s -
tra b o n d a d , p u e s somos d e m o n i o s h e c h o s c a r n e y e n e -
migos tuyos. P r o v i e n e esto ú n i c a m e n t e d e l f u e g o d e tu
c a r i d a d . A v e r g ü é n c e s e el h o m b r e d e n o vivir c o n t i n u a -
m e n t e e n ti con t o d o el c o r a z ó n , t e n i e n d o tú, T r i n i d a d
e t e r n a , la m o r a d a e n n o s o t r o s d e m o d o s tan diversos.
¡ O h a l m a mía! N u n c a te has a c o r d a d o d e Dios, y p o r
eso n o h a s c o n s o l i d a d o tu c o r a z ó n e n las v e r d a d e r a s vir-
tudes.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí.
E t e r n a D e i d a d : tú e r e s vida, y yo m u e r t e ; tú, sabidu-
ría, y yo n e c e d a d ; tú, luz, y yo tinieblas; tú, r e c t i t u d per-
fecta, y yo t o r t u o s i d a d ; tú, m é d i c o , y yo e n f e r m a .
¿ Q u i é n p o d r á u n i r s e a ti, s u m a Alteza, D e i d a d e t e r n a , y
a g r a d e c e r t e tantos y t a n infinitos beneficios c o m o nos
has o t o r g a d o ? T ú m i s m o te u n i r á s c o n la luz q u e infun-
d i r á s e n q u i e n q u i e r a recibirla y con tus l i g a d u r a s a t a r á s
a q u i e n se deje a t a r sin h a c e r resistencia a tu v o l u n t a d .
N o t a r d e s , P a d r e b e n i g n í s i m o ; vuelve hacia el m u n d o
los ojos d e misericordia. Serás m á s glorificado d á n d o l e s
la luz q u e si p e r m a n e c e n en la c e g u e r a y tinieblas d e l
p e c a d o m o r t a l , a u n q u e recibas d e t o d a s las cosas gloria
y a l a b a n z a p a r a tu n o m b r e . Por lo cual v e m o s q u e tu
gloria r e s p l a n d e c e e n los p e c a d o r e s p o r la misericordia
q u e les haces d e n o d e s e n v a i n a r la e s p a d a d e tu justicia
c o n t r a ellos, sino q u e les d a s t i e m p o p a r a q u e se con-
v i e r t a n . E n el infierno brilla tu gloria p o r la justicia q u e
se h a c e e n los c o n d e n a d o s , y a ú n les haces misericordia,
p u e s n o reciben tantos s u f r i m i e n t o s c o m o h a n mereci-
d o . P o r la misericordia y la justicia vuelve a tu n o m b r e
la gloria y la alabanza. E n t o d a s las c r i a t u r a s q u e h a n se-
g u i d o tu v o l u n t a d p a r a c o n s e g u i r el fin p a r a el q u e las
c r e a s t e , q u i e r o v e r yo la gloria y a l a b a n z a d e tu n o m b r e .
Q u i e r o q u e tu vicario sea «otro tú», p o r q u e necesita d e
luz m á s q u e los o t r o s , ya q u e d e b e a l u m b r a r a los d e -
más.
D a n o s , b e n i g n í s i m o y p i a d o s o P a d r e , tu d u l c e y eter-
na bendición. Amén.
500 Oraciones y Soliloquios

LOS DOS VESTIDOS

21 Historia.—Compuesta en Roma el martes 15 de febrero de


1379.
Ideas.—En la luz divina se distinguen las buenas y malas
obras. —Somos como dos vestidos del alma: luz y tinieblas. —Las tinie-
blas provienen del pecado. —En la luz divina se ve cómo los dones
naturales de los hombres se ajustan a las virtudes. —Por el reajuste de
la voluntad del hombre con la de Dios, el alma se encuentra como en
una circunferencia, en la que, dondequiera que se vaya, se encuentra
a Dios. —De esa circunferencia se sale sólo por la falta de fe. —Pide
luz especial para el papa, la Iglesia y sus discípulos, aunque ella sea
una pecadora.

¡Oh Deidad eterna, oh e t e r n a Deidad, A m o r inesti-


mable! En tu luz h e visto la luz, en tu luz h e conocido la
luz; en tu luz se conoce la razón d e la luz y d e las tinie-
blas, es decir, q u e tú eres fuente d e toda luz, y nosotros
la causa d e las tinieblas en el alma. T r i n i d a d eterna: tus
obras son admirables; se conocen en tu luz, p o r q u e p r o -
ceden d e la misma luz.
Hoy manifiesta tu V e r d a d la causa d e las tinieblas p o r
tu luz admirable, esto es, el maloliente vestido d e la vo-
luntad propia y el vestido d e tu dulce voluntad, instru-
m e n t o p o r el q u e se conoce la luz. Es d e a d m i r a r q u e
mientras estamos en tinieblas conozcamos la luz, q u e
por las cosas finitas conozcamos las infinitas, q u e estan-
d o muertos conozcamos la vida. T u verdad muestra q u e
como el h o m b r e q u e lleva su vestido al revés se lo quita,
así el alma d e b e despojarse d e la propia voluntad total-
m e n t e , si es q u e q u i e r e revestirse d e la suya.
¿Cómo se despoja? C o n la luz q u e se adquiere usan-
d o , con la m a n o del libre albedrío, la luz q u e hemos re-
cibido en el bautismo, p o r q u e e n la luz h a visto la luz.
¿De d ó n d e recibe el alma esta luz? Sólo d e ti, Luz. Nos
la has manifestado bajo el velo d e nuestra h u m a n i d a d .
¿Qué recibe el alma vestida d e esta luz? La privación d e
la tinieblas, del h a m b r e , d e la sed y d e la m u e r t e , puesto
q u e p o r el h a m b r e d e la virtud se quita el h a m b r e d e la
voluntad propia, con la sed se arroja la sed d e su h o n o r
y con la vida d e tu gracia h a echado fuera la m u e r t e del
pecado y d e su perversa voluntad.
¡Oh vestido maloliente d e nuestra voluntad! T ú n o
Los dos vestidos 501

c u b r e s , sino q u e dejas d e s n u d a al a l m a . ¡ O h v o l u n t a d
d e s p o j a d a , o h primicia d e la vida e t e r n a ! E r e s fiel h a s t a
la m u e r t e a tu d u l c í s i m o C r e a d o r y n o al m u n d o . T ú
u n e s al a l m a c o n El, p o r q u e se h a d e s p o j a d o e n t o d o d e
sí m i s m a .
¿En q u é c o n o c e el a l m a q u e se halla c o m p l e t a m e n t e
l i b e r a d a d e sí m i s m a ? E n q u e n o elige t i e m p o , ni l u g a r ,
ni m o d o , sino q u e acepta el tuyo. Este es u n vestido re-
fulgente. P u e d e v e r d a d e r a m e n t e decirse q u e es u n sol,
p u e s c o m o el sol i l u m i n a , calienta y h a c e q u e g e r m i n e la
tierra, así esta v e r d a d e r a luz calienta a q u i e n la p o s e e
c o n el f u e g o d e la c a r i d a d ; la i l u m i n a , p o r q u e la luz le
h a c e c o n o c e r la v e r d a d y la luz d e tu s a b i d u r í a ; la h a c e
g e r m i n a r el f r u t o d e las v e r d a d e r a s y reales v i r t u d e s
m i e n t r a s está e n esta t i e r r a m o r t a l .
¿ Q u é es lo q u e h a c e q u e n o se despoje d e sí m i s m a ?
L a p r i v a c i ó n d e la luz, p o r q u e n o h a c o n o c i d o ni utiliza-
d o la luz principal q u e has d a d o a t o d a c r i a t u r a racional.
¿ P o r q u é n o la h a c o n o c i d o ? P o r q u e h a e n t e n e b r e c i d o el
e n t e n d i m i e n t o c o n el p e c a d o , p o r lo q u e la v o l u n t a d
q u e d ó p r i s i o n e r a . Ella es la q u e c o m e t e el p e c a d o .
¡ O h i g n o r a n t e a l m a mía! ¿ C ó m o n o p e r c i b e s la pesti-
lencia d e l p e c a d o ? ¿ C ó m o n o sientes el p e r f u m e d e la
v i r t u d y d e la gracia? P o r estar p r i v a d a d e la luz. P e q u é
c o n t r a el S e ñ o r ; t e n m i s e r i c o r i d a d e mí.
¡Oh Dios e t e r n o ! E n tu luz h e visto c u a n s e m e j a n t e te
has h e c h o a tu c r i a t u r a . P o r eso veo q u e la h a s e n c e r r a -
d o e n u n círculo en el q u e , a c u a l q u i e r p a r t e q u e vaya,
la h e d e e n c o n t r a r . Si m e vuelvo a c o n o c e r el ser q u e
nos h a s d a d o , veo q u e n o s h a s h e c h o a tu i m a g e n y se-
mejanza, p a r t i c i p a n d o d e tu T r i n i d a d e n las tres p o t e n -
cias del a l m a ; si m i r o al V e r b o , p o r el q u e h e m o s recibi-
d o tu gracia, te veo s e m e j a n t e a n o s o t r o s , y n o s o t r o s se-
m e j a n t e s a ti p o r la u n i ó n q u e t ú , Dios e t e r n o , h a s h e -
c h o c o n el h o m b r e ; y si m e vuelvo al a l m a i l u m i n a d a
p o r ti, v e r d a d e r a Luz, veo q u e ella vive e n ti s i g u i e n d o
la d o c t r i n a d e tu v e r d a d e n g e n e r a l y e n p a r t i c u l a r , o
sea, en las v i r t u d e s p a r t i c u l a r e s , q u e son p r o b a d a s p o r el
a m o r q u e el a l m a h a a d q u i r i d o e n tu luz. T ú eres el
m i s m í s i m o a m o r . Ella, d e s p o j a d a d e su v o l u n t a d , se h a
vestido d e la tuya, d e m o d o q u e n o busca ni d e s e a sino
lo q u e t ú pides y q u i e r e s q u e esté e n el alma.
502 Oraciones y Soliloquios

T e has e n a m o r a d o d e esta alma, y el alma d e ti; p e r o


tú la amas graciosamente, p o r q u e la amaste antes d e
que existiese, y ella lo hace p o r d e b e r . Ella ha conocido
q u e no te p u e d e a m a r graciosamente, p o r q u e está obli-
gada a a m a r t e , y no tú a ella. H a visto q u e el a m o r que
no te p u e d e d a r es preciso q u e lo dé a su prójimo,
a m á n d o l o graciosamente y por d e b e r a la vez; graciosa-
m e n t e , p o r q u e n o busca ser r e t r i b u i d o por ella, ni p r o -
piamente p o r utilidad recibida d e él, sino sólo por amor;
por d e b e r , en c u a n t o q u e tú lo m a n d a s , y ella está obli-
gada a obedecerte.
Si considero cuan g r a n d e es la semejanza contigo
c u a n d o se levanta el alma con la luz recibida de ti, veo
q u e tú, Dios inmortal, le das a conocer los bienes inmor-
tales y le haces e x p e r i m e n t a r tu caridad con el afecto.
T ú , q u e eres luz, haces q u e participe contigo d e la luz;
eres fuego, y le das p a r t e del fuego, y p o r él unes tu vo-
luntad con la suya, y la suya con la tuya; tú, Sabiduría,
le das sabiduría p a r a discernir y conocer la v e r d a d ; tú,
Fortaleza, le das fortaleza, y se hace tan robusta, q u e ni
él ni criatura alguna se la p u e d e quitar nunca si no
quiere, mientras lleve el vestido de tu voluntad, porque
sólo la voluntad suya la hace débil; tú, Infinito, la haces
infinita p o r la c o n f o r m i d a d q u e has h e c h o graciosamen-
te con ella en esta vida mientras es peregrina, y en la
vida p e r d u r a b l e , en tu e t e r n a visión. Se e n c u e n t r a tan
perfectamente c o n f o r m a d a contigo, q u e el libre albe-
d r í o se ve i m p e d i d o p a r a separarse d e esa semejanza.
Confieso, pues, q u e tu V e r d a d dice la v e r d a d : q u e la
criatura se e n c u e n t r a semejante a ti p o r gracia, y tú se-
mejante a ella. N o le das u n a parte d e la gracia, sino la
gracia entera. ¿Por q u é digo«toda»? P o r q u e n a d a le fal-
ta p a r a su salvación. Es más o m e n o s perfecta según ella
quiera usar, e n tu luz, la luz n a t u r a l q u e le has d a d o .
¿ Q u é más diré? N a d a , sino q u e te has h e c h o h o m b r e ,
y éste se h a h e c h o Dios. ¿Cuál fue la razón d e tanta se-
mejanza? La luz, p o r la q u e conoció tu voluntad. C o n o -
ciéndola, se despojó d e la suya, q u e le causaba las tinie-
blas, d e s n u d e z y m u e r t e , y vistió tu voluntad. Vestida d e
ella, se vistió d e ti graciosamente p o r m e d i o d e la luz a
causa del fuego, p o r m e d i o d e la u n i ó n q u e tú, Dios, hi-
ciste con n u e s t r a h u m a n i d a d . Por eso eres la causa d e
Los dos vestidos 503

t o d o bien, y su p e r v e r s a voluntad podía, vestida del


a m o r propio, ser la causa d e todo mal. Esta voluntad cau-
sa t a n t o m a l , q u e con las tinieblas la h a c e salirse del
círculo d e luz d e la santísima fe, del círculo en q u e te
e n c o n t r a b a d e c u a l q u i e r l a d o q u e quisiera. ¿ Q u é seme-
j a n z a hay y e n q u é se e n c u e n t r a u n i d a d e s p u é s d e aban-
d o n a r la luz d e la fe? V e r d a d e r a m e n t e se ve s e m e j a n t e
a las bestias, q u e n o p o s e e n la r a z ó n . Sigue la inclinación
p e r v e r s a y la d o c t r i n a d e los d e m o n i o s visibles e invisi-
bles.
Confieso, Dios e t e r n o , alta y e t e r n a D e i d a d , y n o nie-
go q u e yo soy la miserable causa d e t o d o mal p o r n o
h a b e r u s a d o la luz en tu luz p a r a c o n o c e r lo q u e te desa-
g r a d a y a mí m e h a c e d a ñ o , el m a l i g n o y fétido vestido
d e la p e r v e r s a voluntad p r o p i a , y q u e n o h e r e c o n o c i d o
tu d u l c e v o l u n t a d , d e la q u e p o r d e b e r d e b o r e v e s t i r m e .
T ú , e t e r n o Dios, alta y e t e r n a D e i d a d , haces ver la luz
e n tu luz. Por lo cual h u m i l d e m e n t e te suplico q u e in-
f u n d a s esa luz en t o d a c r i a t u r a racional, p e r o singular-
m e n t e en n u e s t r o d u l c e p a d r e , tu vicario: t a n t a c o m o le
sea necesaria, a la vez q u e haces d e él «otro tú». Da la
luz a los entenebrecidos p a r a q u e con tu luz conozcan y
a m e n la v e r d a d . T e p i d o t a m b i é n p o r los q u e m e has
c o n c e d i d o a m a r con s i n g u l a r a m o r y s i n g u l a r solicitud;
q u e sean i l u m i n a d o s con tu luz y se les q u i t e t o d a im-
perfección a fin d e q u e trabajen d e veras e n el j a r d í n e n
q u e les has colocado p a r a ello. Castiga y v e n g a sus cul-
pas e imperfecciones e n mí, p u e s yo soy la causa. P e q u é
c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí.
Gracias, gracias te sean d a d a s , alta y e t e r n a T r i n i d a d ,
p o r q u e con tu luz diste c o n s u e l o a mi a l m a p o r m e d i o
d e n u e s t r a semejanza, d e tus c r i a t u r a s c o n t i g o . Yo soy la
q u e n o soy, y tú el q u e e r e s ; p o r t a n t o , e m p r e n d e la ac-
ción d e gracias a ti m i s m o c o n c e d i é n d o m e q u e p u e d a
alabarte. Q u e tu v o l u n t a d te obligue a h a c e r misericor-
dia al m u n d o . S o c o r r e a tu vicario y a tu d u l c e esposa
con tu a y u d a .
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten misericordia d e m í .
Alta e t e r n a D e i d a d : d a n o s tu d u l c e b e n d i c i ó n . A m é n .
504 Oraciones y Soliloquios

EL FUEGO DIVINO EN EL ALMA HUMANA

2 2 Historia.—Compuesta en Roma el miércoles 16 de febrero de


1379.
Ideas.—El fuego de la caridad divina se manifiesta en la reden-
ción. —Contemplarse a sí mismo en Dios. —Pureza necesaria para re-
cibir la doctrina de Dios en el sacramento. —Si contemplamos a Dios,
reconoceremos su amor y sus obras. —Petición por el mundo, el papa y
los consejeros de éste. —El alma no se encuentra sola, sino acompa-
ñada del amor a Dios y al prójimo.

¡Deidad eterna, oh alta y e t e r n a Deidad, o h s u m o y


e t e r n o P a d r e , oh Fuego q u e ardes sin cesar! T ú , Padre
eterno, alta T r i n i d a d , eres fuego inextinguible d e cari-
dad. ¡Oh Deidad, Deidad! ¿Cómo se manifiestan tu
grandeza y b o n d a d ? Por el d o n q u e has o t o r g a d o al
h o m b r e . ¿Y q u é d o n le has otorgado? A ti mismo, T r i -
nidad e t e r n a . ¿En q u é lugar se lo has dado? En el esta-
blo d e nuestra h u m a n i d a d , q u e ciertamente fue hecha
establo p a r a cobijar animales, es decir, los pecados mor-
tales, p a r a m o s t r a r q u e había venido a los h o m b r e s por
causa d e la culpa. De m o d o q u e te has d a d o a ti mismo,
todo Dios, haciéndote semejante a nuestra h u m a n i d a d .
¡Oh Dios e t e r n o , oh Dios e t e r n o ! Me m a n d a s q u e
contemple d e n t r o d e ti, alta y e t e r n a Deidad, y p o r esa
contemplación quieres q u e m e conozca a mí misma p a r a
que conozca mejor mi bajeza. Pero veo q u e , si antes n o
m e despojo d e mí misma, d e mi perversa voluntad pro-
pia, no te p u e d o ver, y p o r eso p r i m e r a m e n t e m e has
d a d o la enseñanza d e q u e m e despoje d e mi voluntad
conociéndome. En ese conocimiento te e n c u e n t r o y te
conozco, y p o r eso el alma se despoja más fácilmente de
sí y se viste d e tu voluntad. Quieres q u e así se levante
luminosa p a r a q u e se conozca a sí misma d e n t r o d e ti.
¡Oh fuego q u e siempre ardes! El alma q u e se conoce
en ti, a d o n d e q u i e r a q u e se vuelva, en la más mínima
cosa, e n c u e n t r a tu grandeza, o sea, en las criaturas y en
todas las cosas creadas, p o r q u e en todas ve tu poder, tu
sabiduría y tu clemencia. Porque, si n o hubieras podido,
sabido y q u e r i d o , no las habrías creado; p e r o pudiste,
supiste y quisiste, y p o r eso las creaste. ¡Miserable y cie-
ga alma mía! N u n c a te conociste en El por n o h a b e r t e
Fuego divino en el alma humana 505

d e s p o j a d o d e tu p e r v e r s a v o l u n t a d ni h a b e r t e vestido d e
la suya.
¿Y c ó m o q u i e r e s , A m o r d u l c í s i m o , q u e m e m i r e e n ti?
Q u i e r e s q u e c o n t e m p l e m i c r e a c i ó n , h e c h a p o r ti a tu
i m a g e n y s e m e j a n z a . C o n ella, t ú , s u m a y e t e r n a P u r e z a ,
te has u n i d o al l o d o d e n u e s t r a h u m a n i d a d o b l i g a d o
p o r el f u e g o d e tu c a r i d a d , f u e g o c o n el q u e t a m b i é n
quisiste q u e d a r t e p a r a n o s o t r o s c o m o c o m i d a . ¿ Q u é co-
m i d a es ésta? M a n j a r d e á n g e l e s , s u m a y e t e r n a p u r e z a .
P o r eso exiges y q u i e r e s tal p u r e z a en el a l m a q u e te r e -
cibe e n el dulcísimo s a c r a m e n t o , q u e , si fuese posible a
la n a t u r a l e z a angélica p u r i f i c a r s e , sería p r e c i s o q u e lo
hiciera p a r a tan g r a n m i s t e r i o . ¿ C ó m o se purifica el
alma? E n el f u e g o d e tu c a r i d a d y l a v a n d o su r o s t r o c o n
la s a n g r e d e tu Hijo u n i g é n i t o . ¡Oh m i s e r a b l e a l m a mía!
A v e r g ü é n z a t e . Eres d i g n a d e h a b i t a r c o n las bestias y
c o n los d e m o n i o s , p o r q u e s i e m p r e has h e c h o o b r a s d e
bestias y s e g u i d o la v o l u n t a d d e l d e m o n i o .
B o n d a d e t e r n a : q u i e r e s q u e te c o n t e m p l e y vea q u e
m e a m a s y q u e lo haces g r a c i o s a m e n t e , p a r a q u e c o n
a m o r igual a m e yo a t o d a c r i a t u r a r a c i o n a l . P o r eso
q u i e r e s q u e a m e y sirva a m i p r ó j i m o sin i n t e r é s , es d e -
cir, s o c o r r i é n d o l e espiritual y c o r p o r a l m e n t e c u a n t o m e
sea posible, sin e s p e r a n z a a l g u n a d e p r o p i o p r o v e c h o o
d e placer. N o q u i e r e s q u e m e r e t r a i g a d e ello p o r su in-
g r a t i t u d , p e r s e c u c i ó n o p o r infamias q u e reciba d e él.
¿ Q u é h a r é , p u e s , p a r a c o m p r e n d e r esto? M e d e s p o j a r é
d e m i m a l o l i e n t e vestido y c o n la luz d e la santísima fe
m e veré a mí en ti y m e vestiré d e tu e t e r n a v o l u n t a d , y
c o n ello c o n o c e r é q u e tú, T r i n i d a d e t e r n a , eres p a r a n o -
sotros m e s a , c o m i d a y s e r v i d o r . T ú , P a d r e e t e r n o , eres
la m e s a q u e n o s d a s el m a n j a r d e l C o r d e r o d e tu Hijo
u n i g é n i t o . El es p a r a n o s o t r o s m a n j a r suavísimo, t a n t o
p o r la d o c t r i n a q u e nos sostiene en tu v o l u n t a d c o m o
p o r el s a c r a m e n t o q u e r e c i b i m o s en la s a n t a c o m u n i ó n ;
c o m i d a q u e a l i m e n t a y fortalece m i e n t r a s s o m o s p e r e -
g r i n o s y v i a n d a n t e s e n esta vida. C i e r t a m e n t e , el Espíri-
tu S a n t o es en n o s o t r o s n u e s t r o s e r v i d o r , p o r q u e n o s r e -
p a r t e esta d o c t r i n a , i l u m i n a n d o n u e s t r o e n t e n d i m i e n t o
e i n d u c i é n d o n o s a q u e le sigamos. I g u a l m e n t e , nos a d -
m i n i s t r a la c a r i d a d del p r ó j i m o y el h a m b r e d e l m a n j a r
d e las almas y d e la salvación d e t o d o el m u n d o p o r h o -
506 Oraáones y Soliloquios

ñ o r a ti, P a d r e . Por lo cual vemos q u e las almas ilumina-


das en ti, Luz v e r d a d e r a , n o dejan pasar u n m o m e n t o
sin c o m e r este manjar en h o n o r tuyo.
¡Oh A m o r inestimable! T ú muestras en ti mismo las
necesidades d e l m u n d o , y principalmente d e la santa
Iglesia, y el a m o r q u e le tienes, p o r estar f u n d a d a en la
s a n g r e d e tu Hijo, la cual has depositado e n ella. Mani-
fiestas también el a m o r q u e tienes a tu vicario haciéndo-
lo a d m i n i s t r a d o r d e esta sangre. P e r o yo m e m i r a r é en
ti p a r a purificarme, y ya purificada, clamaré a tu miseri-
cordia p a r a q u e tu piedad vuelva sus ojos a la necesidad
d e tu esposa e ilumine y fortalezca a tu vicario. I l u m i n a
también d e m o d o perfecto a tus servidores, p a r a q u e le
aconsejen recta y sencillamente, y p r e p á r a l e a seguir la
luz q u e p o r ellos le infundirás.
T ú , alta y e t e r n a Sabiduría, no has puesto al alma sola,
sino q u e le has d a d o p o r c o m p a ñ e r a s a las tres p o t e n -
cias, esto es, m e m o r i a , e n t e n d i m i e n t o y voluntad. Estas
se encuentran tan unidas, que lo que quiere una lo siguen
las otras. Por eso, si la m e m o r i a se d a a contemplar tus
beneficios y d e s m e d i d a b o n d a d , i n m e d i a t a m e n t e el en-
t e n d i m i e n t o q u i e r e c o m p r e n d e r , y la voluntad a m a r y
seguir la tuya. C o m o no la has puesto sola, no quieres
q u e se e n c u e n t r e sola, sin el a m o r a ti y la dilección a su
prójimo. Está a c o m p a ñ a d a c u a n d o se e n c u e n t r a perfec-
tamente u n i d a del m o d o siguiente: hecha u n a cosa con-
tigo y con el prójimo por u n i ó n d e a m o r y afecto d e ca-
ridad. Así se p u e d e repetir la frase d e San Pablo: «Mu-
chos c o r r e n a la b a n d e r a , p e r o u n o solo la consigue» ',
es decir, la c a r i d a d . C u a n d o , p o r el contrario, el alma
tiene al p e c a d o p o r c o m p a ñ e r o , entonces p e r m a n e c e
sola, p o r q u e se ha a p a r t a d o d e ti, q u e eres todo bien.
H a b i é n d o s e a p a r t a d o d e ti, q u e d a separada d e la cari-
d a d con el prójimo y a c o m p a ñ a d a del pecado, q u e es la
n a d a , y p o r eso dices tú, V e r d a d e t e r n a , q u e p e r m a n e c e
sola. Pequé c o n t r a el Señor; ten misericordia d e mí,
p o r q u e n u n c a supe e n c o n t r a r m e a mí misma en ti; p e r o
tu luz es la q u e p e r m i t e ver lo q u e se conoce del bien.
En tu naturaleza, Deidad e t e r n a , conoceré la mía. ¿Y
cuál es mi naturaleza, A m o r inestimable? Es fuego, por-

' 1 Cor 9,24.


La Conversión de San Pablo 507

q u e tú n o eres o t r a cosa q u e fuego d e a m o r . A t o d a s las


cosas y todas las c r i a t u r a s las hiciste, asimismo, p o r
a m o r . ¡Oh h o m b r e i n g r a t o ! ¿ Q u é n a t u r a l e z a te h a
d a d o tu Dios? La suya. ¿Y n o te a v e r g ü e n z a a r r o j a r d e
ti cosa tan noble p o r c a u s a del p e c a d o m o r t a l ?
¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , d u l c e A m o r mío! T ú , Luz, nos
das la luz; tú, Sabiduría, nos das sabiduría; tú, Fortaleza,
r o b u s t é c e n o s . Dios e t e r n o : q u e se disipe hoy n u e s t r a
n u b e p a r a q u e te c o n o z c a m o s p e r f e c t a m e n t e y r e a l m e n -
te sigamos a tu V e r d a d con c o r a z ó n sencillo y libre.
Dios: ven e n s o c o r r o n u e s t r o . Señor, a p r e s ú r a t e a
ayudarnos. Amén.

EN LA CONVERSIÓN DE SAN PABLO

2 3 Historia.—Compuesta en Belcaro el día de la Conversión de


San Pablo, 25 de enero de 1377. Se hallaba allí Catalina fundando
un monasterio, o en Siena, distante unos kilómetros de Belcaro. Fue
recogida esta oración por su confesor, el Beato Raimundo de Capua.
Es oración doctrinal, sin plegaria.
Ideas.—Símil de la Trinidad con tres sarmientos que proceden de
la misma vid. —Las tres personas tienen semejanza con las tres poten-
cias del alma, que se atribuyen a las tres personas. —Pablo, después de
ver la esencia divina, Jija su pensamiento en Cristo crucificado.

¡Oh T r i n i d a d e t e r n a , u n a Divinidad! T ú , D e i d a d ,
u n a e n esencia, t r i n a e n p e r s o n a s , eres u n a vid q u e tie-
n e tres s a r m i e n t o s ; valga esta c o m p a r a c i ó n . H a s h e c h o
al h o m b r e a i m a g e n y semejanza tuya p a r a q u e , p o r m e -
dio d e las tres potencias q u e tiene el alma, se p a r e z c a a
tu T r i n i d a d y a tu U n i d a d . C o m o t a m b i é n se asemeja si
se a ñ a d i e s e q u e p o r la m e m o r i a se p a r e c e al P a d r e , a
q u i e n se atribuye el p o d e r ; p o r el e n t e n d i m i e n t o se ase-
meja al Hijo, a q u i e n se a t r i b u y e la s a b i d u r í a , y p o r la
v o l u n t a d se asemeja al Espíritu Santo, a q u i e n se atri-
b u y e la clemencia, y q u e es a m o r del P a d r e y del Hijo.
T ú , ¡oh magnífico Pablo!; has m e d i t a d o bien e n esto
y has c o n o c i d o bien d e d ó n d e venías y a d ó n d e ibas; y
n o sólo a d ó n d e ibas, sino q u é c a m i n o llevabas, p o r q u e
has c o n o c i d o tu principio y tu Fin y p o r q u é c a m i n o lo
conseguirías. Así, has u n i d o las tres potencias d e tu
508 Oraciones y Soliloquios

alma a las tres divinas p e r s o n a s , p o r q u e has u n i d o la


m e m o r i a al P a d r e , r e c o r d a n d o p e r f e c t a m e n t e q u e El es
el principio del q u e todo p r o c e d e ; n o sólo d e las cosas
creadas, sino d e las tres p e r s o n a s divinas en su m o d o , y
p o r eso d e n i n g u n a m a n e r a has d u d a d o q u e El es tu
principio. H a s u n i d o el p o d e r del e n t e n d i m i e n t o al
Hijo, al V e r b o , sabiendo r e d u c i r p e r f e c t a m e n t e t o d o el
o r d e n d e las cosas c r e a d a s a u n a finalidad, la cual es el
mismo principio o r d e n a d o p o r la sabiduría del V e r b o .
Para q u e esto apareciese más claro, el mismo V e r b o se
hizo c a r n e y habitó e n t r e nosotros, a fin d e q u e , s i e n d o
la V e r d a d , p o r sus o b r a s se hiciese c a m i n o p a r a q u e lle-
g a r a n a la vida, p a r a la q u e h a b í a m o s sido creados y d e
la q u e nos hallábamos privados. H a s u n i d o la v o l u n t a d
del Espíritu Santo, a m a n d o p e r f e c t a m e n t e aquel a m o r ,
aquella clemencia q u e reconoció ser la causa d e tu crea-
ción y d e c a d a gracia d a d a p o r ti sin m é r i t o p r e c e d e n t e ,
y supiste q u e esto lo h a ejecutado la divina clemencia
ú n i c a m e n t e p a r a h a c e r t e feliz y d a r t e la bienaventu-
ranza.
P o r lo cual, tú, en este día, e n q u e fuiste convertido
p o r el V e r b o del e r r o r a la v e r d a d , y después d e h a b e r
recibido el d o n d e ser a r r e b a t a d o a d o n d e viste la Esen-
cia, desaparecida aquella visión, volviendo al c u e r p o y a
los sentidos, p e r m a n e c i s t e vestido sólo d e la visión del
Verbo e n c a r n a d o . En ella consideraste con atención q u e
el mismo V e r b o e n c a r n a d o , s u f r i e n d o continuas p e n a s ,
h a actuado el h o n o r del P a d r e y n u e s t r a salvación. Por
eso tú te has convertido e n tan sediento y deseoso d e su-
frir trabajos, p a r a q u e , olvidado t o d o lo d e m á s , declara-
ses n o conocer más q u e a Cristo, y a éste crucificado.
C o m o en el P a d r e y en el Espiritu Santo n o cabe sufri-
miento, casi p a r e c e q u e te has olvidado d e aquellas per-
sonas, y dices q u e sólo conoces al Hijo, q u e sufre acerbí-
s i m a m e n t e , c u a n d o añadiste: «y a éste crucificado» '.

1
1 Cor 2 , 1 - 3 .
INVOCACIÓN A LA TRINIDAD
2 4 Historia.—Compuesta en la Rocca de Tentennano el 28 de
octubre de 1378.
Ideas.—Invocación del poder de Dios Padre, de la sabiduría del
Hijo y de la clemencia del Espíritu Santo.--Pide a las tres personas
misericordia para el mundo y para la Iglesia.

P o d e r del Padre e t e r n o , a y ú d a m e . Sabiduría del Hijo,


i l u m i n a mi e n t e n d i m i e n t o . C l e m e n c i a del Espíritu San-
to, inflama y u n e mi c o r a z ó n a ti. Confieso, Dios e t e r n o ,
q u e tu p o d e r es g r a n d e y f u e r t e p a r a librar a la Iglesia y
p a r a sacar al p u e b l o d e las m a n o s del d e m o n i o y h a c e r
q u e t e r m i n e la p e r s e c u c i ó n d e la santa Iglesia y d a r m e a
mí victoria y fortaleza c o n t r a mis e n e m i g o s . Confieso
q u e la s a b i d u r í a d e tu Hijo, q u e es u n a cosa c o n t i g o ,
p u e d e i l u m i n a r mi e n t e n d i m i e n t o y el d e tu p u e b l o y sa-
car d e las tinieblas a tu d u l c e esposa. T a m b i é n confieso,
d u l c e y e t e r n a B o n d a d d e Dios, q u e la clemencia d e l Es-
píritu S a n t o y tu a r d i e n t e c a r i d a d q u i e r e inflamar y u n i r
m i c o r a z ó n y los d e las c r i a t u r a s racionales.
P o r q u e sabes, q u i e r e s y p u e d e s , apelo a tu p o d e r , Pa-
d r e e t e r n o ; a la s a b i d u r í a d e tu Hijo u n i g é n i t o , p o r su
preciosa s a n g r e , y a la clemencia del Espíritu S a n t o , fue-
g o y abismo d e c a r i d a d , q u e tuvo a tu Hijo cosido y cla-
v a d o e n la cruz, p a r a q u e h a g a s misericordia al m u n d o
y le d e s el calor d e la c a r i d a d con paz y u n i ó n en la san-
ta Iglesia. N o q u i e r o q u e t a r d e s m á s . T e r u e g o q u e tu
infinita b o n d a d te o b l i g u e a n o c e r r a r los ojos d e tu mi-
sericordia.
Jesús dulce, Jesús amor.

Santo D o m i n g o promete a Ca­


t a l i n a el h á b i t o d e T e r c i a r i a .
510 Oraciones y Soliloquios

AL ESPÍRITU SANTO

25 H i s t o r i a . —Compuesta en Val d'Orcia; probablemente, en


otoño de 1377. Hay quienes dudan de la atribución autentica a Cata-
lina, pues con ser tan breve, contiene algunas imprecisiones en los
atributos de cada una de las divinas personas, siendo ella siempre tan
cuidadosa en este punto, siguiendo la teología. De la oración hay dos
fórmulas, pareciendo que la más breve es la primitiva, y la más larga,
una explanación de la anterior hecha por el discípulo de la Santa, Fr.
Tomás Antonio de Siena, llamado Caffarini. Este la introdujo en el
P r o c e s o c a s t e l l a n o y en el L i b e l l u s d e S u p l e m e n t o . En este S u -
p l e m e n t o a la vida de Catalina, la escrita por el Beato Raimundo,
cuenta que, habiendo la Santa visto un tintero con cinabrio, o tinta
bermellón, de las utilizadas para iluminar, tomó ella la pluma y escribió
esta oración, aunque nunca hubiera sabido escribir antes. Esto ocurrió,
según la carta 272 ( T o m m a s e o ) , en Val d'Orcia. En realidad es una
oración no al Espíritu Santo, sino a la Santísima Trinidad.

A ¡Oh Espíritu Santo!, ven a mi corazón y con tu


p o d e r llévalo a ti, y d a m e caridad con t e m o r . Cristo, lí-
b r a m e d e todo mal p e n s a m i e n t o y caliéntame con tu
santísimo a m o r . P a d r e y dulce S e ñ o r mío, a y ú d a m e en
todos mis d e b e r e s .

(Segunda Versión)

B ¡Oh Espíritu Santo!, ven a mi corazón. Con tu


p o d e r llévalo a Dios y c o n c é d e m e la caridad con t e m o r .
¡Cristo!, g u á r d a m e d e todo mal p e n s a m i e n t o ; caliénta-
m e e inflámame con tu dulcísimo a m o r , d e m o d o q u e
todo sufrimiento m e parezca ligero. ¡Santo P a d r e y dul-
ce Señor mío!, a y ú d a m e a h o r a en mi ministerio. Cristo,
amor; Cristo, a m o r . A m é n .
EL ALFARERO Y LA ARCILLA
2 6 Historia.—Compuesta en Roma el 30 de enero de 1380, lunes
después del domingo de Sexagésima, cuando volvió en sí después de un
ataque en el que se la tuvo por muerta. En el estuvo fuera de sí, como
si fuera otra persona. Recuperada el habla y dicha la oración, los
secretarios la pusieron por escrito. La mención de sus discípulos es
verdaderamente conmovedora.
Ideas.—El alfarero modela, deshace y recompone su vaso.—Eso
hace el Señor con ella. —Se ofrece por la Iglesia y por sus discípu-
los. —Pide perdón por sus negligencias, confiando en la bondad de
Dios, en la vida y en la muerte.
¡ O h Dios e t e r n o , o h M a e s t r o b u e n o q u e has c r e a d o y
f o r m a d o el vaso del c u e r p o d e la c r i a t u r a del limo d e la
tierra! ¡ O h A m o r dulcísimo! T ú lo has f o r m a d o d e u n a
cosa vil y has c o l o c a d o e n él tan g r a n t e s o r o c o m o es el
alma, q u e lleva tu i m a g e n , Dios e t e r n o . T ú , M a e s t r o
b u e n o , d u l c e A m o r m í o , e r e s el m a e s t r o q u e d e s h a c e y
vuelve a h a c e r , r o m p e s y consolidas este vaso, s e g ú n pla-
ce a tu b o n d a d .
A ti, P a d r e e t e r n o , yo, miserable, ofrezco d e n u e v o
m i vida p o r tu d u l c e esposa. C u a n t a s veces plazca a tu
b o n d a d , s á c a m e del c u e r p o y v u é l v e m e a él c o n m a y o r
s u f r i m i e n t o q u e a n t e r i o r m e n t e p a r a q u e v e a la r e f o r m a
d e esta d u l c e esposa. T e e n c o m i e n d o t a m b i é n a mis
q u e r i d í s i m o s hijos. T e r u e g o , s u m o y e t e r n o P a d r e , q u e ,
si a tu b o n d a d place s a c a r m e d e este c u e r p o y n o m e ha-
ces volver m á s a él, n o los dejes h u é r f a n o s , sino q u e los
visites c o n tu gracia. Hazles vivir m u e r t o s c o n v e r d a d e r a
y p e r f e c u s i m a luz. Ú n e l o s c o n el vínculo d e la c a r i d a d
p a r a q u e m u e r a n a r r e b a t a d o s del a m o r a tu d u l c e espo-
sa. T e r u e g o , P a d r e e t e r n o , q u e n i n g u n o m e sea quita-
d o d e las m a n o s y q u e n o s p e r d o n e s n u e s t r a s m a l d a d e s .
A mí p e r d ó n a m e la g r a n i g n o r a n c i a y la negligencia q u e
h e t e n i d o e n tu Iglesia p o r n o h a b e r r e a l i z a d o lo q u e
habría podido y debido.
P e q u é c o n t r a el S e ñ o r ; ten m i s e r i c o r d i a d e mí.
T e ofrezco y e n c o m i e n d o a mis q u e r i d í s i m o s hijos,
pues son m i alma. Y si a g r a d a a tu b o n d a d q u e yo p e r -
m a n e z c a e n este vaso, tú, Médico excelso, c ú r a l o y dis-
pon d e él, p u e s se halla t o t a l m e n t e q u e b r a n t a d o .
P a d r e e t e r n o , d a n o s a todos tu d u l c e b e n d i c i ó n .
Amén.
AL HACER EL VOTO DE VIRGINIDAD

27 Historia.—Aparece esta oración en la V i d a de la Santa es-


crita por su confesor, el Beato Raimundo de Capua. Pronunciada por
ella en su casa a la edad de anco años. No hay que pensar sea de ella
textualmente, puesto que entonces Raimundo de Capua no la conocía
a
(Vidaparte 1. 3).

¡Oh beatísima y santísima Virgen María, q u e fuiste la


p r i m e r a e n t r e las mujeres e n consagrar con voto p e r p e -
t u o tu virginidad a Dios, y p o r eso te concedió El ser
m a d r e d e su unigénito Hijo! Pido a tu inefable piedad
que, n o t e n i e n d o e n cuenta mis pecados y defectos, te
dignes c o n c e d e r m e gracia t a n g r a n d e y m e d e s p o r es-
poso al q u e deseo con toda mi alma: al santísimo Hijo
único d e Dios y tuyo, mi S e ñ o r Jesucristo.

PARA VENCER UNA TENTACIÓN

28 Historia.—Esta oración, según la V i d a escrita por el Beato


Raimundo de Capua, fue pronunciada antes de hacerse «mantellata»,
o terciaria secular dominica. Se le presentó el demonio con un vestido
de seda, incitándola a que se adornara y no pensara en el hábito de
a
terciaria ( V i d a p.3. c.6).

¡Mi dulcísimo esposo! Sabes q u e j a m á s quise o t r o es-


poso sino a ti. T e r u e g o q u e m e socorras, q u e venza
estas tentaciones e n tu santo n o m b r e . N o te pido q u e
m e las quites, sino q u e p u e d a vencerlas.

DESPUÉS DE UNA TENTACIÓN


i
2 9 Historia.—Oración pronunciada cuando ya era terciaria se-
glar y era acosada por las tentaciones. Después de vencer una, se
a
dirige a Jesús, que se le aparece ( V i d a p. 1. c.llj.

Dulcísimo Señor mío: ¿ d ó n d e estabas c u a n d o mi co-


razón se veía lleno d e tanta deshonestidad?
Jesús le respondió: «Estaba en tu corazón».
SUFRIR Y MORIR POR JESUS

3 0 Historia.—Es recogida esta oración por Caffarini, que se la


oyó junto con Fr. Nicolás di Bindo da Caseína cuando la visitaron en
su casa. Aparece en el S u p l e m e n t o a la V i d a del Beato Raimundo,
escrito por el mismo Caffarini ( S u p l e m e n t o V).

¡Oh c a r i d a d inestimable, o h p r i m e r a V e r d a d ! Sólo m e


sentiré p l e n a m e n t e satisfecha c u a n d o reciba la gracia d e
sufrir g r a n d e s t o r m e n t o s p o r ti y p o r tu gloria.
S e ñ o r : si e n mi deseo d e sufrir e n c u e n t r a s algo q u e
p u e d a decirse mío, p o r a n d a r mezclado c o n c u a l q u i e r
s o m b r a d e v a n i d a d y d e a m o r propio, te suplico viva-
m e n t e q u e lo aniquiles; yo estoy dispuesta a d e s t r u i r l o y
d e s a r r a i g a r l o con t o d a p r o n t i t u d d e mi c o r a z ó n .

DESEOS DE MUERTE

3 1 Historia.—Pronunciada, según Caffarini, en una casa que no


era la suya, donde encontró a Catalina su confesor. Allí «cayó desfalle-
cida delante de todos» y ellos la oyeron ( S u p l e m e n t o V ) .
Señor, a m o r mío, esposo m í o y esposo d e mi alma:
¿ p o r q u é n o m e liberas d e la s e r v i d u m b r e d e este
c u e r p o miserable? ¿Por q u é la m u e r t e n o m e a r r a n c a
del m u n d o a h o r a q u e tú e n c i e n d e s en m i c o r a z ó n el
deseo d e verte p r o n t o y c o n t e m p l a r t e cara a cara p o r
t o d a la e t e r n i d a d ? ¡Cuan i n m e n s a es la g r a n d e z a d e tu
d u l z u r a y d e tu misericordia! ¿Por q u é en este m o m e n t o
n o m e invitas con las suaves palabras con q u e invitaste a
tu r e i n o a tu santísima M a d r e ?

LA PUREZA

32 Historia.—Caffarini nos dice en su S u p l e m e n t o que al atar-


decer sentía de modo especial sus ansias de Dios. «Durante estos éxta-
sis, que duraban largo tiempo, se le oía hablar e n e l t o n o d e e s t a
o r a c i ó n con Dios nuestro Señor» ( S u p l e m e n t o V).

Señor: n o m e maravillo d e los pecados d e los h o m -


bres... T ú h a s h e r i d o m i c o r a z ó n con perfectísima cari-
d a d y lo has g u a r d a d o c o n la custodia d e la p u r e z a . ¡Oh,
514 Oraciones y Soliloquios

si los ciegos sensuales y lascivos pudiesen saborear la


dulzura y suavidad d e tu santo amor! Estoy segura d e
q u e detestarían inmediatamente y experimentarían
náuseas h o r r e n d a s y hastío d e los abominables placeres
carnales y correrían ansiosos y sedientos a la fuente d e
tu suavidad.
Mas ¿por q u é n o corren detrás d e tus perfumes?
(Esperada en silencio la respuesta del Señor, continuaba:)
T e entiendo, V e r d a d eterna. Si consideraran atenta-
m e n t e y tuvieran presentes en su m e m o r i a los inmensos
beneficios q u e todos los días les haces, se dejarían arras-
trar fácilmente p o r la dulzura inefable d e tu a m o r y se
les vería c o r r e r con ansiedad d e deseo a deleitarse en la
fragancia d e tantas dulzuras tuyas.

(Más tarde:)
¡Oh miserable alma mía! ¿ T e atreverás a levantar con
soberbia tu frente c o n t r a Dios? Deseo y mil veces desea-
ría e n t r a r a h o r a mismo en el infierno, y no creo sufi-
ciente u n infierno solo p a r a castigar mi infinita miseria.
Señor: no llego a c o m p r e n d e r lo q u e digo. P e r m a n e -
ceré p e n d i e n t e con el pensamiento d e la delicada pro-
mesa q u e m e hiciste al a s e g u r a r m e q u e m e querías toda
conforme y c o n f o r m a d a contigo, y q u e p a r a esto ibas a
imprimir en mi cuerpo tus dulcísimas llagas.

POR LOS PECADORES Y POR SUS DISCÍPULOS

3 3 Historia.—Según Caffarini, su confesor y otras muchas perso-


nas oyeron estas oraciones en uno de sus éxtasis ( S u p l e m e n t o V).

¡Oh P a d r e e t e r n o ! N o p u e d e s ignorar q u e estos mise-


rables pecadores son criaturas tuyas y q u e te pertenecen
p o r el s u p r e m o título d e la creación.
¡Oh Hijo, o h Rey bendito! N o p u e d e s n e g a r q u e sean
tuyos estos desgraciados, puesto q u e p o r ti mismo los
conquistaste p o r el título irrefutable d e la redención. Es-
cúchame, ¡oh Hijo benditísimo!; escúchame y m u é s t r a t e
propicio a mis plegarias. P r e s e n t á n d o m e al eterno P a d r e
con la p r e n d a d e tu sangre y d e tu pasión en mis manos,
no p o d r á alejarme d e sí sin antes a t e n d e r mis ruegos.
Por los pecadores y sus discípulos 515

A y ú d a m e , ¡oh eterno Espíritu Santo! Por abomina-


bles q u e sean, p o r m u c h a q u e sea la e n o r m i d a d d e sus
pecados, también te pertenecen, p o r q u e los hiciste tuyos
al admitirlos a la participación d e tu b o n d a d .

(A estas instancias de Catalina respondía el Señor: "¿Por


que' levantas hasta el trono de mi adorable Trinidad estos cla-
mores?». Replicaba Catalina:)
Señor: T ú sabes que clamo a ti con audaz confianza.
T ú eres el q u e , inspirándome compasión y amor, m e
obligas a levantar mi clamor hasta tu trono. En lo mismo
q u e tú m e dices, veo indicio cierto d e q u e estás resuelto
y dispuesto ya a escucharme. C u a n d o vuelves a mí tus
benignos ojos, descubro, revestidos d e esta luz, a mis hi-
jos e hijas espirituales, a mis h e r m a n o s y h e r m a n a s y a
todos aquellos q u e d e día en día te conquisto con el de-
seo desplegado ante ti en la oración, d e verlos fieles a ti
en todo tiempo.
Vuelvo la m i r a d a a o t r a parte, y veo perdidas las al-
mas d e innumerables pecadores, y al verlo se m e parte
o, más bien, se m e dilata el corazón con la fuerza d e este
a m a r g o pesar. Vencida d e este m o d o p o r la compasión,
n o p u e d o m e n o s d e llorar su miseria c o m o si yo misma
m e encontrase h u n d i d a en el fango d e sus culpas.
Señor: m e brindas u n a bebida d e leche q u e en el mo-
m e n t o d e probarla era desagradable y a m a r g a , inspirán-
d o m e compasión p o r la desgracia d e los pecadores, p e r o
c o n f o r t á n d o m e al mismo tiempo con la dulce y sabrosa
leche d e tus consolaciones. En el curso d e tu vida mortal
llevaste el peso d e dos cruces, c a r g a n d o sobre tus espal-
das la pesada cruz d e nuestros pecados. Del mismo
m o d o , p a r a q u e yo me conformase completamente con-
tigo, m e cargaste con el peso d e dos cruces: u n a m e aba-
te el c u e r p o con la e n f e r m e d a d y otras angustias, la otra
m e traspasa el alma, dolorida p o r la perdición y ceguera
d e tantos miserables pecadores obstinados.
516 Oraciones y Soliloquios

«ME HACES ENLOQUECER»

34 H i s t o r i a . — N o s da Caffarini esta oración en su S u p l e m e n t o ,


diciendo que fue oída de sus labios por el confesor de Catalina y por
otras personas que presenciaron uno de sus arrobamientos (Suple-
m e n t o V).

¡Oh ojo e t e r n o ! T ú eres el q u e ilumina a todas las


almas que vienen a este m u n d o , el q u e ilumina a todos
tus santos, y éstos se asemejan a los q u e no tienen en la
frente más q u e u n solo ojo. T ú , Señor, me haces enlo-
quecer. Ayer me mostraste, c o m o si yo lo tuviera pró-
ximo y ya p r e p a r a d o y casi puesto encima de mí, el ves-
tido d e la gloria, d e m o d o q u e creía estar ya admitida
en el n ú m e r o d e los q u e gustan de ti; p e r o en contra d e
lo que esperaba, lo retiraste d e mí. ¡Oh infeliz de mí!
¿Quién me librará d e la servidumbre de la ley del pe-
cado?
T e ruego, Señor, con toda insistencia q u e te dignes
finalmente s e p a r a r m e y d e s p r e n d e r m e de cualquier
criatura. ¡Cuántas veces y con c u á n t a confianza he repe-
tido esta súplica! Sin e m b a r g o , n o te plugo hasta a h o r a
hacer lo q u e tan a r d i e n t e m e n t e deseabas al decirme que
j a m á s me negarás las gracias q u e te pida y q u e espero
obtener. P o r q u e tú sabes bien q u e nada te pediré sino
aquello que p o r interna inspiración tuya me des a cono-
cer ser tu voluntad que te pida, ya q u e es firme y cons-
tante mi propósito de no pedirte n a d a en la oración si
antes, cerciorada p o r los medios q u e te son propios, n o
h e conocido q u e mi voluntad es grata y acepta a tu
beneplácito.
A h o r a c o m p r e n d o bien, Señor mío, q u e lo q u e quie-
res es refrenar mi deseo, demasiado ardiente e inquieto,
d e ver mi alma separada c u a n t o antes d e la cárcel d e
esta m u e r t e continua. Hágase tu voluntad.
Haz q u e viva siempre acongojada y cargada con males
continuos y tribulaciones, de m o d o q u e experimente y
sienta en mi cuerpo la acerbidad d e toda suerte posible
d e penas.
Siento u n vivo dolor en mis costados, pero no me
quejo d e este sufrimiento. Mi anhelo más ardiente es
sufrir penas y dolores m u c h o mayores y quisiera q u e d e
día en día a u m e n t a r a n en mi c u e r p o .
COMO RESPONDER A LA GRACIA

3 5 Historia.—Caffarini nos presenta esta oración como oída por


el confesor de Catalina, que con otro religioso la visitó «hacia la
tarde, y la halló, como de ordinario, en éxtasis, y, poniéndose a escu-
char, oyeron pronunciar estas palabras» (Suplemento V).

¡Oh P a d r e , o h e t e r n a V e r d a d ! T ú haces o í r y levantas


tu voz s o b r e m i cabeza con el t r u e n o d i l a t a d o d e la
amabilísima s e g u r i d a d c o n q u e c o n f i r m a b a s la confian-
za d e tu q u e r i d o Pablo, s o b r e c o g i d o d e t e m o r , d i c i é n d o -
le: «Suficientísima y s o b r e a b u n d a n t e a tu n e c e s i d a d te es
m i gracia». ¡Oh P a d r e ! ¿ P o r q u é n o cambias d e lenguaje
y dices m á s bien: « T ú , vaso d e miseria y d e i n i q u i d a d ,
seas a r r o j a d a a h o r a e n el abismo p r o f u n d o d e l infier-
no»? ¡Oh P a d r e e t e r n o , o h A m o r e t e r n o ! ¿Por q u é n o
levantas s o b r e m i cabeza la voz y la p a l a b r a d e tal c o n d e -
nación, h a b i e n d o t r a n s g r e d i d o c o n e n o r m e s d e s o b e -
diencias tus santos m a n d a m i e n t o s ? M e m a n d a s t e q u e n o
m e alimentase m á s q u e e n la m e s a q u e tú m e p r e p a r a s t e
e n la cruz, y, sin e m b a r g o , n i n g ú n c u i d a d o h e t e n i d o d e
c u m p l i r tu m a n d a m i e n t o , p o r mí t o r p e m e n t e q u e b r a n -
t a d o . N o m e maravilla q u e consolases a Pablo, l l a m a d o
p o r ti vaso d e elección, con aquella p r o m e s a d e tu gracia
suficientísima p a r a d a r l e f u e r z a p a r a s u p e r a r las moles-
tias q u e le afligían. L o q u e m e maravilla es q u e repitas
e n alta voz estas m i s m a s p a l a b r a s y p r o m e s a s s o b r e mí,
q u e m e reconozco d e s p r e c i a d o r a d e tus m a n d a m i e n t o s
y r e b e l d e d e s c a r a d a c o n t r a t o d a tu ley. Mas ya q u e con
misericordia liberalísima n o s d a s tu gracia a los trans-
g r e s o r e s y r e b e l d e s , e n s é ñ a m e , ¡oh P a d r e e t e r n o ! , q u é
deseas q u e h a g a m o s p a r a c o n s e r v a r inviolable tu gracia
y tu benevolencia y j a m á s d e j e m o s d e c o r r e s p o n d e r a
ellas.

(Después de una pausa continúa:)


M e d a s a e n t e n d e r tu v o l u n t a d d e q u e j a m á s olvide-
m o s q u e tu p e n e t r a n t e m i r a d a ve y percibe todos n u e s -
tros actos. Q u e j a m á s n o s t o m e m o s la libertad d e j u z g a r
mal de cualquier criatura por maligna y perversa que
p u e d a p a r e c e m o s . N u e s t r o j u i c i o d e b e p a r a r s e a consi-
d e r a r q u e t o d o n o s s u c e d e p o r disposición y p e r m i s i ó n
d e tu v o l u n t a d , c u y a e q u i d a d n o es fácil d e c o m p r e n -
518 Oraciones y Soliloquios

d e r . O b r a n d o d e tal m a n e r a , n o nos i n d i g n a r e m o s con


criatura a l g u n a q u e fuere ingrata con nosotros.
Pero si el mal, las persecuciones y las calumnias, p o r
los designios d e tu Voluntad, ¡oh P a d r e eterno!, nos
a b r u m a n , y nos p r o h i b e s , p o r o t r a p a r t e , enjuiciar torci-
d a m e n t e a cualquiera q u e injustamente nos o f e n d a ,
m u c h o s p o d r á n c r e e r q u e tú eres el a u t o r del p e c a d o y
q u e a ti d e b e i m p u t a r s e el p e c a d o mismo. Pero yo sé
m u y bien q u e tú n o eres el a u t o r d e la intención malig-
n a del p e c a d o r , a u n q u e seas causa última d e su o b r a r ,
p o r q u e aquella operación n o es perversa y perniciosa
en sí misma, en c u a n t o viene d e ti, sino q u e la infección
d e aquel acto e x t e r n o deriva d e la m e n t e d e p r a v a d a d e
quien n o piensa en ti ni o b r a s e g ú n tus rectísimos fines.
C o n esto m e enseñas, d á n d o m e estos sapientísimos con-
sejos, q u e , si q u i e r o c o n f o r m a r m e con tu voluntad, no
d e b o escandalizarme p o r cosa a l g u n a d e s a g r a d a b l e o
penosa q u e m e suceda, p o r q u e , si permites la malicia
h u m a n a , es p a r a exaltar tu omnipotencia, q u e sabe y
p u e d e sacar grandísimos bienes d e n u e s t r o mal. La in-
tención d e éstos es solamente a ti conocida. T ú m a n d a s
q u e n o j u z g u e m o s , sino q u e c o m p a d e z c a m o s su fragili-
d a d y, si es posible, se i n t e r p r e t e en b u e n sentido la in-
tención del q u e peca. N o eres tú, c i e r t a m e n t e , la causa
ni el a u t o r d e la p e r v e r s i d a d y malicia e n c e r r a d a en la
intención, p e r o tú solo p u e d e s ser su J u e z c o m p e t e n t e .

A LA BELLEZA ETERNA

3 6 Historia.—Caffarini es también quien recoge esta hermosa


oración ( S u p l e m e n t o V).

¡Oh amadísimo J o v e n , o h V e r b o e n c a r n a d o ! ¿Qué has


hecho? Señor: así lo q u i e r o yo. Señor: c u a n d o vuelves a
mí tu m i r a d a d e b e n i g n i d a d , d e s c u b r o tu imagen im-
presa y copiada en mí. Me m a n d a s q u e en esto h a g a
c o m o los h o m b r e s del m u n d o , q u e , al llegar la n o c h e o
al ir a descansar, se quitan los vestidos pomposos, lleva-
dos con fastuosidad d u r a n t e t o d o el día. Pero n o quie-
res q u e e n lo restante m e a d a p t e a sus c o s t u m b r e s , por-
q u e ellos p o r la m a ñ a n a los t o m a n d e nuevo y con ellos
A la Belleza eterna 519

se a d o r n a n con el mismo aire d e v a n i d a d . T o d o lo con-


trario m e m a n d a s hacer a mí, es decir, q u e ya no bus-
q u e más los vestidos q u e p o r la n o c h e m e quito p a r a vol-
vérmelos a p o n e r a la m a ñ a n a siguiente. Señor: n o m e
pides cosas p e q u e ñ a s ; c o m p r e n d o ser tu voluntad q u e
sufra yo todos los trabajos q u e d e b e r í a n sufrir mis hijos
espirituales, d e la m i s m a m a n e r a q u e tú sufriste las pe-
nas y fatigas q u e nosotros m e r e c i m o s .
Señor: e n s é ñ a m e u n motivo tan eficaz y p o d e r o s o q u e
m u e v a y obligue casi a mi alma a estar siempre u n i d a a
ti, sin q u e j a m á s p u e d a separarse. Señor: te h e p r o m e t i -
d o m u c h a s veces a m a r t e sin cesar, p e r o no es posible
q u e te a m e si n o p r o v i e n e d e tu a m o r , q u e tan g e n e r o s o
se manifiesta p a r a c o n m i g o . Sin e m b a r g o , m e esforzaré
y p o n d r é todos los medios q u e mi espíritu y mi ingenio
m e p r o p o r c i o n e n p a r a hacer lo poco d e q u e sea capaz.
Señor: te doy gracias infinitas p o r q u e h e recibido d e tu
b o n d a d t o d o lo q u e h e d e s e a d o y p e d i d o . ¿Quién te h a
inducido y p e r s u a d i d o a m o s t r a r t e tan b e n i g n o conmi-
go, d á n d o m e tantas gracias, c o m o si no advirtieses y co-
nocieses lo q u e estabas h a c i e n d o y a q u i é n dispensabas
estos bienes? P o r q u e ¿quién soy yo? El q u e me favorez-
cas y m e p r e v e n g a s con la a b u n d a n c i a d e tus gracias no
se d e b e a mí, sino sólo a tu misericordia infinita. Lo re-
conozco p l e n a m e n t e , p o r q u e t o d o lo q u e d e ti recibo es
p u r o y gratuito d o n tuyo; n a d a b u e n o e n c u e n t r o en mí,
ni posibilidad d e h a c e r algo b u e n o o d i g n o d e alabanza
si tú antes no me infundes la luz y n o m e enciendes con
el a r d o r d e la santa c a r i d a d .

(Después de una pausa:)


Señor: no permitas q u e vuelvan a sus casas vacíos y en
ayunas; antes de que se vayan d e r r a m a tus gracias en sus
almas. Señor: yo no sosegaré n u n c a ; n o c h e y día, sin des-
cansar, levantaré la voz, diciendo: Señor, d a n o s las vir-
tudes v e r d a d e r a s . Y, a u n q u e m e sean p a r t i c u l a r m e n t e
q u e r i d o s , n o m e p r e o c u p a si n o e n t r a en tus designios
difundir en sus corazones, mientras vivan en este m u n -
d o , las d u l z u r a s q u e m e has c o m u n i c a d o en su trato fa-
miliar contigo. Me basta q u e tú te des y te c o m u n i q u e s
con ellos. N o h e olvidado, sin e m b a r g o , lo q u e en o t r a
520 Oraáones y Soliloquios

ocasión m e dijiste: q u e nadie podía conseguirte y po-


seerte si antes no se perdía y se negaba a sí mismo.

(Luego con grande alegría:)


¡Oh Amor!, tú eres lo más dulce q u e existe; tú nos
haces gustar u n a p a r t e de los bienes y d e los goces q u e
esperamos disfrutar, con saciedad j a m á s harta, en la
vida e t e r n a .
(Después de una breve pausa, conmovida de nuevo por la
plenitud de su gozo:)
¡Oh e t e r n a Belleza! ¡Por cuántos siglos permaneciste
desconocida y escondida para el m u n d o ! ¡Oh e t e r n a Ca-
ridad, oh A m o r ! Yo te quiero a m a r con todas las fuer-
zas d e mi corazón, con afecto veraz y constante; p e r o
d a m e todavía el consuelo d e q u e vea despedazados los
corazones d e todos los aquí presentes con la fuerza d e
tu santo amor. Señor: confieso q u e soy mala, y, p o r
esto, indigna d e impetrar d e ti gracias d e tanto valor;
p e r o lloro confundida de mi miseria y m e e n c u e n t r o
dispuesta a hacer lo que hizo la h u m a n i d a d d e Cristo,
t o m a d a también ella d e la masa d e A d á n y amasada con
ella. Q u i e r o q u e ilumines a estos mis queridos hijos. Se-
ñor: abate el m u r o q u e se interpone e n t r e ti y ellos, p a r a
q u e te a m e n sin estorbo d e n i n g ú n género.

"NO SOLO DE PAN...»

3 7 Historia.—Oración recogida por el confesor de la Santa, el


Beato Raimundo de Capua, en la Vida que escribió de Catalina de
Siena. El Señor, estando ella en oración, le avisó que era hora de
a
comer y que fuera con todos (Vida p.2. c.l).

¡Oh superdulcísimo esposo mío! ¿Por q u é m e alejas


d e ti? Si h e ofendido a tu Majestad, aquí está este mise-
rable c u e r p o mío p a r a q u e a tus pies sea castigado, en lo
q u e yo te a y u d a r é gustosamente; p e r o n o permitas q u e
m e vea afligida con p e n a tan d u r a d e verme separada
d e ti, amanü'simo esposo mío, p o r cualquier motivo,
a u n q u e sea p o r poco tiempo.
¿Qué tengo yo q u e ver con aquella comida? Yo tengo
q u e c o m e r lo q u e n o saben estos cuya compañía m e im-
Por «íuor Palmerina* 521

p o n e s a h o r a . ¿Es q u e de sólo p a n vive el h o m b r e ? O ¿no


vive todo viador d e la palabra q u e sale d e tu boca?
C o m o tú sabes mejor que yo, h e h u i d o d e toda conver-
sación h u m a n a p a r a p o d e r e n c o n t r a r t e a ti, Dios
mío y Señor mío. Ahora, pues, q u e p o r misericordia te
h e e n c o n t r a d o y por tu dignación y gracia especialísima
te poseo, ¿deberé dejar este tesoro incomparable y mez-
clarme d e n u e v o con las angustias y vacilaciones h u m a -
nas, y q u e d e nuevo crezca mi ignorancia y q u e , desli-
z á n d o m e poco a poco, termine r e p r o b a en tu presencia?
Lejos, Señor, d e la inmensa perfección d e tu b o n d a d in-
finita el o r d e n a r m e a mí o cualquier o t r o q u e el alma se
separe d e ti.

POR SU PADRE MORIBUNDO

3 8 Historia.—En agosto de 1368 comprendió Catalina que su


padre estaba al fin de la vida. En esta oración, recogida por el
Beato Raimundo en la V i d a , pide la hija que su padre se vea libre
a
de las penas del purgatorio ( V i d a p.2. c.7).

¡Oh amantísimo Señor! ¿Cómo p o d r é sufrir q u e el


alma del q u e p o r tu designio m e e n g e n d r ó y m e n u t r i ó
con tanta diligencia, que tantos consuelos m e ha d a d o
en toda su vida, sea a t o r m e n t a d a en fuego tan vivo y tan
cruel? T e suplico y te ruego por todas tus b o n d a d e s que
no dejes salir de su cuerpo a aquella alma hasta q u e d e
u n a u otra m a n e r a haya q u e d a d o limpia, y q u e d e con
ello totalmente libre del fuego del p u r g a t o r i o .

POR «SUOR PALMERINA», ENEMIGA SUYA

3 9 Historia.—Esta «mantellata», o terciaria, tenía profunda an-


tipatía a Catalina. Cuando la terciaria se hallaba en peligro de
muerte, se dirigió Catalina al Señor con la siguiente oración, reco-
a
gida por el Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.6).

Señor mío: ¿acaso he nacido yo, miserable, p a r a ser


ocasión d e q u e las almas creadas a tu imagen vayan al
fuego eterno? O ¿quieres, en v e r d a d , q u e sea ocasión d e
522 Oraciones y Soliloquios

condenación e t e r n a p a r a esta h e r m a n a mía, p a r a la q u e


debería ser yo i n s t r u m e n t o d e salvación? Lejos, Señor
mío, d e la g r a n d e z a d e tus misericordias cosa tan horri-
ble; lejos d e tus eternas b o n d a d e s permitir algo tan do-
loroso. Mejor habría sido, quizá, el q u e yo n o hubiera
nacido q u e n o el q u e p o r culpa mía, en cualquier forma,
se c o n d e n e n las almas conquistadas con tu sangre.
¡Miserable d e mí! ¿Son éstas las promesas q u e por tu
generosidad m e hiciste c u a n d o m e dijiste q u e sería fe-
c u n d a , según mi deseo, p a r a la salvación d e las almas d e
mi prójimo? ¿Son éstos, acaso, los frutos d e salvación
q u e deben producirse p o r mí, c o m o i n s t r u m e n t o tuyo:
el q u e por mí mi h e r m a n a perezca eternamente? Por-
q u e son, i n d u d a b l e m e n t e , mis pecados la causa d e todo,
y no merezco p o r mis obras o t r o fruto más q u e éste.
Pero n o p o r esto dejaré d e implorar tus misericordias y
n o cesaré d e r o g a r a tu infinita b o n d a d hasta q u e los
males q u e yo h e merecido se conviertan en bien y mi
h e r m a n a se libre d e la m u e r t e eterna.
Señor mío: n o m e levantaré ni m e iré d e aquí, como
no sea m u e r t a , hasta q u e no tengas misericordia d e mi
h e r m a n a , c o m o te he pedido. Castiga en mí su pecado,
sea el q u e sea. Ya q u e yo soy la razón del mal, yo debo
ser castigada y no ella.

(Y añadía:)
Misericordiosísimo Señor: p o r toda tu b o n d a d y p o r
toda tu misericordia, te r u e g o q u e no permitas q u e el
alma d e mi h e r m a n a salga del c u e r p o hasta q u e reciba
tu gracia y tu misericordia. ¿Qué más debo decir?

CON OCASIÓN DE UNA GRAVE CALUMNIA

4 0 Historia.—Una «mantellata» o terciaria, de "lengua suelta y


pestilencial», leprosa a la que atendía y curaba Catalina, le levantó
una calumnia contra su honestidad. Con todo, no cesó su caridad y la
siguió atendiendo. La oración siguiente muestra el sufrimiento inte-
a
rior de Catalina. La recogió el Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.4)

¡Omnipotentísimo Señor y amadísimo esposo mío! T ú


sabes cuan delicada es la fama d e toda virgen y q u é fácil
es m a n c h a r la honestidad d e tu esposa. (Por esto quisis-
'No he venido a discutir.. 523

te q u e tu gloriosísima M a d r e tuviese esposo legal.) Sabes


también q u e todo esto lo h a inventado el p a d r e d e la
m e n t i r a para r e t r a e r m e del servicio c o m e n z a d o p o r tu
amor. A y ú d a m e , p u e s , Señor Dios mío, q u e conoces mi
inocencia, y no permitas q u e la serpiente antigua, abati-
d a y vencida por tu pasión, p u e d a n a d a c o n t r a mí.

(El Señor se le apareció teniendo una corona de oro adorna-


da de piedras preciosas en la mano derecha, y en la izquierda,
una corona de espinas, y le habló así:)
Sepas, carísima hija, q u e es necesario q u e en ocasio-
nes o tiempos distintos seas c o r o n a d a con estas dos co-
ronas. Elige, pues, la q u e prefieras; es decir, ser corona-
d a con esta d e espinas en el curso d e la vida, y te reser-
varé la o t r a preciosa p a r a la vida p e r d u r a b l e , o, si pre-
fieres, t o m a esta preciosa ahora y te g u a r d a r é esta d e es-
pinas p a r a después d e la m u e r t e .

(Entonces respondió:)
Señor mío: hace ya m u c h o tiempo q u e r e n u n c i é a mi
voluntad y decidí seguir la tuya, p o r lo cual n o m e co-
r r e s p o n d e elegir cosa alguna. Pero ya q u e deseas q u e
responda, te digo q u e elijo c o n f o r m a r m e siempre en
esta vida a tu beatísima pasión y, p a r a mi alivio, abrazar-
m e siempre al sufrimiento p o r a m o r tuyo.

(Después que Jesucristo le hizo besar su costado:)


¡Oh Señor d e inefable misericordia! ¡Cuan dulce eres
p a r a los q u e te a m a n , c u a n suave p a r a los q u e te gustan,
p e r o m u c h o más suave p a r a los q u e viven d e él!

«NO HE VENIDO A DISCUTIR...»


4 1 H i s t o r i a . —Andrés di Naddino había vivido en todos los vicios,
como blasfemo; llegó hasta pisotear un crucifijo. Ni los sacerdotes ni
sus familiares lograban su arrepentimiento. Por mediación del confe-
sor de Catalina acudieron a ésta para encomendarle la conversión,
que la logró. A este caso se refiere la siguiente oración, recogida por el
a
Beato Raimundo ( V i d a p.2. c.7).

¡Señor mío amantísimo! N o sé quién p o d r á evitar la


c o n d e n a c i ó n e t e r n a si tienes en c u e n t a nuestras iniqui-
d a d e s . ¡Oh Señor mío! C r e o firmemente q u e bajaste al
524 Oraciones y Soliloquios

vientre d e la p u r í s i m a V i r g e n M a r í a y q u e sufriste p o r
nosotros m u e r t e c r u e l n o p a r a castigar n u e s t r a s iniqui-
d a d e s , sino p a r a p e r d o n a r l a s . M e manifiestas, S e ñ o r , los
pecados d e u n h o m b r e y s o b r e ti, D u e ñ o m í o , has lleva-
d o todos los p e c a d o s . N o h e v e n i d o p a r a d i s p u t a r conti-
go s o b r e la justicia d e esto, sino a p e d i r tu misericordia,
¡oh S e ñ o r mío!, y tu misericordia es infinita. Si te acuer-
das, ¡oh mi Señor!, m e dijiste q u e querías fuese motivo
d e salvación p a r a m u c h a s almas. N o m e q u e d a en este
m u n d o m á s c o n s u e l o q u e el d e s a b e r q u e mis prójimos
se c o n v i e r t e n a ti. Sólo p o r este motivo p u e d o s o p o r t a r y
sufro c o n paciencia n o estar del t o d o u n i d a a ti. Si n o
m e c o n c e d e s , p u e s , esta alegría, ¿ p a r a q u é es necesaria
m i vida en este m u n d o ? N o m e a p a r t e s d e ti, d u l c e Se-
ñ o r ; d e v u é l v e m e a m i h e r m a n o caído en la obstinación
y en la c e g u e r a d e su espíritu.

POR DOS CONDENADOS A MUERTE

4 2 Historia.—Dos condenados a muerte, llevados de la desespera-


ción, se rebelaban contra Dios, que permitía aquella sentencia. Blas-
femaban horrorosamente. Pide por ellos Catalina, y se reconcilian con
a
Dios antes de morir. Recogida por el Beato Raimundo (Vida p.2.
c.7).
¡Oh S e ñ o r santísimo! ¿Por q u é dejas y p e r m i t e s q u e
tus c r i a t u r a s , h e c h a s a tu i m a g e n y semejanza y r e d i m i -
das con tu preciosa s a n g r e , sean vejadas t a n c r u e l m e n t e
p o r los d e m o n i o s con tantos desprecios y t o r m e n t o s cor-
porales?
T ú iluminaste, S e ñ o r , al l a d r ó n crucificado j u n t o a ti,
y él, a u n s u f r i e n d o j u s t o castigo p o r sus p e c a d o s , se con-
fesó c u a n d o tus apóstoles d u d a b a n , y p u d o oír aquella
dulcísima voz: « H o y estarás c o n m i g o en el paraíso» '.
Esto hiciste p a r a q u e todos los d e m á s t u v i e r a n e s p e r a n -
za en el p e r d ó n .
T ú n o despreciaste ni a b a n d o n a s t e a San P e d r o , q u e
te h a b í a n e g a d o , sino q u e lo m i r a s t e c o n clemencia des-
p u é s d e su n e g a c i ó n . T ú n o rechazaste a María la peca-
d o r a , sino q u e , p e r d o n á n d o l a , l á trajiste a ti.

1
Le 2 3 , 4 3 .
El milagro del vino 525

N o rechazaste a Mateo, publicarlo; ni a la c a n a n e a , ni


al príncipe d e los publícanos llamado Zaqueo, sino q u e
los llamaste a ti con m u c h a clemencia. Por esto confia-
d a m e n t e r e c u r r o a ti p a r a q u e con diligente solicitud so-
corras a estas almas.

POR SU MADRE, EN PELIGRO DE PERDICIÓN

4 3 Historia.—La madre de Catalina, Lapa, no se resignaba a


morir. Rehusaba recibir los sacramentos. Recogida esta oración por el
a
Beato Raimundo ("Vida p.2. c.8).

¡Oh Señor mío! ¿ D ó n d e están las promesas q u e m e


hiciste al decirme q u e n i n g u n o d e mi casa se c o n d e n a -
ría?
T ú sabes también q u e m e prometiste n o llevar a mi
m a d r e de este m u n d o al otro hasta q u e n o estuviera
conforme con tu voluntad. Y a h o r a sé q u e ha fallecido
sin los sacramentos d e la Iglesia.
T e r u e g o por tu misericordia q u e no permitas q u e d e
d e f r a u d a d a e n mis deseos. N o m e alejaré j a m á s d e aquí
si no m e devuelves viva a mi m a d r e .

PARA HACER CESAR EL MILAGRO DEL VINO

4 4 Historia.—Se realizaba el milagro de multiplicarse el vino


durante unos días, y tan famoso se hizo, que, cuando pasaba por la
calle, la señalaban como la autora del milagro, lo que ofendía su
humildad. Recogido el caso y la oración por el Beato Raimundo
a
( V i d a p.2. c.ll).

¡Oh Señor mío! ¿Por q u é castigas así a tu sierva? H e


sido h e c h a oprobio a n t e t o d o el m u n d o . T o d o s tus sier-
vos p u e d e n vivir e n t r e la g e n t e m e n o s yo.
Yo n o te pedí j a m á s este vino n u e v o , sino q u e , c o m o
tú sabes, hace m u c h o tiempo q u e m e h e privado d e be-
berlo, y ahora, p o r causa d e este vino, m e h e convertido
en motivo d e escándalo p a r a el pueblo.
T e r u e g o , Señor mío, q u e lo hagas cesar, a fin d e q u e
también t e r m i n e y n o siga p r o p a g á n d o s e esta fama di-
vulgada p o r el pueblo e n t o r n o mío.
526 Oraciones y Soliloquios

«QUIERO VILIPENDIOS Y OPROBIOS»

4 5 Historia.—En una visión, asombrada de ver que un pecador


tuviera tan gran gloria en el cielo, hizo a Dios esta plegaria ( S u p l e ­
mento V).

¿Cómo, Señor, me presentáis este q u e r i d o pecador


c o r o n a d o d e corona d e resplandores, la cual m e p o n e él
en mi cabeza?

(Y añadía:)
No, Dios mío; si h e d e volver a mi cuerpo, n o quiero
para mí esa corona: quiero sólo vilipendios y oprobios
tales como los que sufrió vuestro dulcísimo Hijo. Me res-
pondéis, Señor, que n o podéis p o r ahora acceder a mis
súplicas y satisfacer mis deseos y suspiros, acaso inopor-
tunos; pero sabed que Vos mismo sois quien tan ar-
dientes deseos m e inspiráis con interiores estímulos d e
vuestra gracia y me forzáis a levantar mi voz, p r o m e -
tiéndome conceder a mi alma lo q u e tanto anhela. Cada
día, pues, clamaré a Vos, m e escuchéis o no. J a m á s os
dejaré ni m e apartaré d e Vos, ni cesaré d e cumplir vues-
tra santa voluntad.

«¡OH AMOR! ¡TE HE VENCIDO...!»

4 6 Historia.—Un día, el confesor de Catalina le encomendó el


alma de una persona religiosa que había incurrido en un enorme
pecado. Sin preocuparse de que junto a ella se hallara una compañera,
que después lo contó, hizo la plegaria siguiente ( S u p l e m e n t o V).

Afligid, Señor, mi cuerpo. Sometedlo a todos los tor-


mentos q u e en esta vida se p u e d e n sufrir. Estoy p r o n t a
a sacrificar mi cuerpo a vuestra justicia para satisfacer
por las culpas d e esa miserable alma. Pero yo quiero q u e
la perdonéis y. con los estímulos d e vuestra gracia la
atraigáis y volváis al b u e n camino d e d o n d e se h a sepa-
rado.

(Cuando volvió en sí de aquella abstracción, se tornó blanca


su cara como la nieve, y en señal de su alegría prorrumpió en
risa dulcísima, y así, gozosa, exclamó:)
'Me tratas como vacilante e incrédula» 527

¡Oh A m o r , o h A m o r ! ¡Te h e vencido c o n tu m i s m o


a m o r ! Es tu voluntad q u e te p i d a con a r d i e n t e s r u e g o s
lo q u e tú solo p o r ti m i s m o p u e d e s h a c e r p o r tu libre b e -
nignidad.

«ME TRATAS COMO VACILANTE E INCRÉDULA»

4 7 Historia.—Humillada por las gracias y visiones de Dios, dice


al Señor que no es merecedora de ellas ni las desea ( S u p l e m e n t o VI).

¿Acaso, Señor, d u d á i s d e la firmeza d e mi fe? Sin la


m e n o r perplejidad, c r e o c u a n t o d e incomprensible y
maravilloso os habéis d i g n a d o revelar a vuestra Iglesia,
y, p o r m e d i o d e ella, a vuestros fieles. ¿Por q u é , p u e s ,
tratáis c o m o vacilante e i n c r é d u l a , c o m o q u e r i e n d o afir-
m a r m e e n vuestro juicio? ¿Por q u é d a r m e , casi a d i a r i o ,
tantas p r u e b a s y a r g u m e n t o s d e vuestra v e r d a d m a n i -
fiesta?

(Jesús le respondió para consolarla:)


N o p o r ti, hija mía y esposa mía, manifiesto con estas
visiones la v e r d a d d e este misterio, sino p o r aquellos
q u e h a n d e c r e c e r y c o n f i r m a r s e en la fe p o r t u , m e d i o ;
p u e s te a s e g u r o q u e , e n atención a ti, m u c h o s q u e yo
a m o y tú amas, v e r á n m u c h o s prodigios semejantes a los
q u e tú ves.

(Replicó Catalina.)
¡Si con esas visiones misteriosas n o a u m e n t á i s en mí la
fe, inflamáis c a d a vez m á s en m i corazón vuestro a m o r y
m e siento desfallecer y m o r i r con tal violencia!

Catalina cura a una Terciaria.


528 Oraciones y Soliloquios

ULTIMA ORACIÓN DE CATALINA

48 H i s t o r i a . En carta de BartoloméBarduccio a sor María Petri-


moni, del convento de San Pedro de Monticelli, junto a Florencia, le
refiere los últimos momentos de Catalina. Esta oración la pone él en
labios de la Santa poco antes de morir, mientras miraba al crucifijo que
le habían colocado delante. Según este testimonio, fue ésta la última
oración de alguna extensión que pronunció, pues las demás son sólo
frases breves y jaculatorias.

Mi culpa confieso, T r i n i d a d e t e r n a , d e h a b e r t e mise-


r a b l e m e n t e o f e n d i d o con t a n t a negligencia mía, igno-
rancia, i n g r a t i t u d , d e s o b e d i e n c i a y otros m u c h o s defec-
tos. Miserable d e mí, q u e n o h e g u a r d a d o tus m a n d a -
mientos, ni los c o m u n e s a las almas, ni aquellos q u e
p a r t i c u l a r m e n t e m e habías d a d o p o r tu b o n d a d . ¡Oh
malvada!

(Y, diciendo esto, se golpeaba el pecho y añadía:)


N o h e o b s e r v a d o el p r e c e p t o q u e m e diste d e b u s c a r
s i e m p r e tu gloria y n o p e r d o n a r fatiga p o r el bien del
prójimo, sino, m á s bien, h e h u i d o d e los trabajos, y a h o -
r a más, c u a n d o e r a n más necesarios. ¿ N o m e o r d e n a s t e
tú, Dios m í o , q u e n o p e n s a r a n a d a en mí, sino en tu
h o n r a , en alabanza d e tu n o m b r e y e n la salvación d e las
almas, y q u e n o t o m a r a o t r o a l i m e n t o q u e este q u e se
recoge en la m e s a d e la santísima cruz? Así es; y, n o obs-
tante, yo h e p r o c u r a d o la p r o p i a conveniencia. M e has
invitado a u n i r m e a ti sólo c o n dulces, a m o r o s o s y fer-
vientes deseos, con lágrimas y humildes y continuas ora-
ciones p o r la salvación del m u n d o e n t e r o y p o r la refor-
m a d e la santa m a d r e Iglesia, p r o m e t i é n d o m e q u e p o r
este m e d i o usarías d e misericordia con el m u n d o y da-
rías n u e v a h e r m o s u r a a tu esposa ; y yo, miserable, n o
h e c o r r e s p o n d i d o a tu d e s e o , sino q u e m e he a d o r m e -
cido en el lecho d e la negligencia.
¡Oh infeliz d e mí! T ú m e habías e n c o m e n d a d o el go-
b i e r n o d e las almas d á n d o m e m u c h o s hijos q u e r i d o s a
los q u e amase c o n a m o r s i n g u l a r y los dirigiese a ti p o r
el c a m i n o d e la vida. P e r o yo n o h e sido p a r a ellos sino
u n espejo d e h u m a n a flaqueza, ni h e t e n i d o d e ellos so-
lícito c u i d a d o , ni los h e s o c o r r i d o c o n h u m i l d e y conti-
n u a oración en tu a c a t a m i e n t o , ni les h e d a d o los debi-
Ultima oración de Catalina 529

dos ejemplos d e u n a b u e n a vida, ni los avisos de u n a sa-


ludable doctrina.
¡Oh ruin de mí! ¡Con cuan poca reverencia he recibi-
d o los innumerables dones y las gracias d e tantos dulces
tormentos y trabajos cuantos a ti plugo acumular en este
frágil cuerpo; ni los he sufrido con tan encendido deseo
como era el q u e tú tenías al m a n d á r m e l o s ! ¡Oh A m o r
mío! Por tu excesiva b o n d a d m e elegiste p a r a esposa
d e s d e mi tierna infancia, y yo no he sido fiel, sino muy
infiel, pues no he puesto toda mi m e m o r i a en ti solo y
en tus altísimos beneficios, ni he empleado el pensa-
m i e n t o únicamente en reconocerlos, ni he ocupado la
voluntad en a m a r t e con todas las fuerzas.
(De esta manera y con otras palabras semejantes, se acusaba
aquella purísima paloma, más bien creo por nuestro ejemplo
que por la propia necesidad, y, vuelta luego al sacerdote, le
dijo:)
Por a m o r d e Cristo crucificado, absolvedme d e todos
estos pecados q u e en la divina presencia h e confesado y
d e todos los demás q u e n o r e c u e r d o .

C a t a l i n a , M a e s t r a d e la vida
c o n s a g r a d a a Dios.
INDICE LITERARIO

Adulterio espiritual 114. Cristo: escalera 142; yunque 142.


Agua: en el horno 220; podrida 128 Cuchillo 74 96 128 137 140 189.
130. Cuño sobre cera 264.
Aldabonazos 252.
Alimento del amor 145.
Alma: ebria 108; empobrecida por las Chisporroteo 260 261.
riquezas 380.
Amargura y dulzura 227.
Amor loco 389. «Demonias- hechas carne 296.
Anillo de esposa 486. Descripción apasionada 287 296 298.
Anzuelo 130 178 455. Dios: cerca al alma 390; enamorado
Árbol 73 110 111 130 131 220-222 83; labrador 96 97; trabajador 98.
472 473; sus frutos 111 112 222
484.
Arras 108 139. •Embriaguez 89 182 189 194 198 253
472.
Empapados en la sangre 194.
Belleza 518. Enamoramiento 239 502.
Beso 186. Engendrar y parir 78.
Boca y su oficio 153 185 186. Engordar como los animales 297.
Bodega con sangre de Cristo 268. Escalera y Cristo 182.
Bondad de la creación 381. Escalones 100 142 144.
Bordados sobre paño 126. Escorpión de oro 137 142.
Brasa en el horno 193. Esclavo cruel, tirano cruel 118.
Breviario, esposa adúltera 317. Espejo 80 81.
Espinas 98 131 132.
Establo era la humanidad 504.
Caballero en batalla 189 190 239. Estómago envenenado y purgado
Cal de la sangre de Cristo 102. 226.
Camarero divino 192. Eucaristía-Sol 267.
Camino de agua 104.
Campo de batalla 190.
Cara de la esposa 207. Faldas propias 189.
Cardos de las tribulaciones 349. Figura de ojo 133.
Celda del conocimiento de sí 162. Flechas lanzadaas 192.
Cicatriz del pecado 85 86. Flores: de gloria 79; perfumadas 74
Ciego palpando 136. 79 80; de muerte 221.
Cien 413.
Círculo: de la fe 503; divino que nos
rodea 73 390 501. Gusano: en el alma 111 117 350.
Ciudad y el alma 360 362. Gustar lo espiritual 91-93 100 110
Clarores sensibles 146. 229.
Comida: y servidor 191; de odio 145;
de tierra 140.
Convertido en tierra 140. Harina de la Virgen para la encarna-
Corazón 115; vasija de lágrimas 217 ción 479.
220. Hartura que produce hambre 122.
Cosido y clavado, passim. Hijo del demonio 104.
532 índice literario

Hortelano del jardín 349. Piedras de un muro 103.


Humanidad es jardín 485 486. Pies descalzos 133.
Humo de vanagloria 113. Poda 97.
Portero y hortelano del jardín 486.
Pregonero, San Pablo 116.
Iglesia esposa de Cristo y de su Vica- Primicias del infierno 132.
rio, passim. Puente y Cristo 92 94 100.
Ingratitud humana 111 112. Puerco que se revuelca 112.
Injerto 96 97 472. Puerta de la mentira y la verdad 127.
Punta de una aguja 134.
Pupila del ojo 133.
J a r d í n es el alma y la Iglesia 103 172
289 349 404.
Raíz y ramas 113 222.
Río 91-94 111.
L a d r ó n 146 221. Rocío: de luz 474; los servidores de
Lágrimas y el corazón 210. Dios lo son 474.
Lavar la cara a la esposa 207. Rosa de entre espinas 358.
Lazo 88.
Leche para el cutis 177.
Lecho y mesa 191. Sangre de Cristo es vino 98.
Lengua y su oficio 222. Sarmiento y vid 94.
Lepra del pecado 82 84 229. Secretos del corazón y del costado
Loco 109 248 457 472 497. 182.
Lonas-vela de una nave 418. Sed espiritual 147-150.
Luz 59 117 465-468. Servidores de Dios son rocío 474.
Sol: esperando a que se abra la ven-
Una 163; eucarístico 258 264; ilu-
L l a v e 102 392 395. mina y calienta 501.
Lluvia de justicia 102 103. Soledad del que confía en sí 281.
Solidaridad entre los hombres 374
M a d e r a verde 82 120 219. 375.
Mano de Dios 90 9 1 . Sudor por amor 9 1 .
Mártires del demonio 141 225.
Médico es Cristo 85. X i e n d a o comercio 103 167.
Mesa, comida y servidor 191 192 503. Tierra que trague al pecador 113.
Ministros de la Igl.: y hortelano 277; Tizón hecho brasa 193.
como el sol 274 275. Topo y la codicia 112.
Moscas y olla hirviendo 216. Trato con ángeles o con demonios
Muerte y sufragios por difuntos 111. 119.
Música y armonía 372 373. Trigal sin grano 131.
Trinidad, jardín y vid 485 507.
N a d a , la 111 115 136.
Navecilla 107 227; y órdenes religio- Vacío 131 151 358: y espina y rosa
sas 297 400 414. 358.
Niño reposando en la madre 228 229. Vasija 77 78 149 150 164.
Nodriza 72 85 86. Vendedor de hombres 66.
Veneno de la envidia 101 115.
O j o : e n f e r m o 1 2 1 ; del e n t e n d i - Venganza 140.
miento, passim; da gusto al corazón Verdugo de Dios 128.
211 223; de la fe 157. Vestido 500 518 519.
Olla hirviendo 216. Viandante y peregrino 103.
Vicios 119 130 189 273 409.
Vientos (los cuatro) 117 223.
Pabilo de candela 259 260.
Vino que embriaga 97.
Palidez por desangrado 454.
Viña 81 95-97 165.
Parturienta 77 135.
Perro de la conciencia 6 1 .
Pez en el agua y fuera de ella 57 263 Y u n q u e : fue Cristo 101 114 478 488;
296 485. quiere ser Catalina 488.
INDICE DE MATERIAS *

A b a n d o n o del mundo 234. 164 392 445 446 456 457 472 475
Aborrecimiento de culpas 72. 482 486 506; y dolor 60 220; y sus
Absolución general 487. efectos 59 60 68 77 78 103 144; y
Absolución y sangre de Cristo 115 existencia 73; de hijos 158 161; im-
349. perfecto 153 157 165 167 173 179
Abuso: en la consagración 307 310' 180 196 206 360 361; imprescindi-
de la misericordia 143; del prójimo ble 220; infinito 58; y su juego 193;
66. y justicia divina 358; y lágrimas
Acción: de Dios 153; de gracias 432. 218: loco 389; y misericordia 99; y
Adán y desobediencia 93. obediencia 420; ordenado 217; y
Adulterio espiritual 114. paciencia 64; y perfección 77 179-
Adversidad 142 223 224 350 448 457 182 190; y perseverancia 148; al
496. prójimo 56 64 67 68 76-78 90 135
Afectos sensibles 112. 137 149 152 164 213 214 363 394
Aflicción de los malos 140. 502 505 506; propio 60 65-67 81 89
Agradecimiento 87. 97 111 114 115 117 119 130 135
Agua: muerta del demonio 128 130; 141 143 145 150 152 154 157 165
viva de Dios 147. 176 211 220-222 229 236 251 289
Agustín, San 202 276. 295 299 307 309 311 312 314 352
391 393 398 408 454 488 493 503
Alegría procedente de Dios o del de-
513; propio y consecuencias 91 144
monio 251.
178 344; santo 139 165; y satisfac-
Alimento del alma 148 186 191. ción 63; y seguir a Cristo 55 153;
Alma: su amargura 81; y amor 73 145 sensitivo 210 307; a sí mismo 179
260; y el bien 130 131 145; ciudad 210 447 450 480; y sufrimiento 63
cercada 362 390; y cuerpo 124; y 64; y temor 154; y unión con Dios
sus cuidados 95 96 98 350; ebria 55; y virtud 67 137-139 150 154
91; empobrecida 380; esclava 289; 157 162 392.
sus estados 100; y gozo 104 141; y
gracia 371; de los justos 357; libe- Anzuelo de Dios 130 178 455.
rada por Dios 146; ante la muerte Apetitos y sentidos 135.
128; su perdición 102 314; y pró- Apostolado 342 369 370 372 373 403
jimo 56; y Trinidad 54 145 201 515.
337; su valor 55 302 353. Armonía: de las potencias 372; de los
Amargura del alma 81 227. sentidos 372 373.
Amigo de Dios 161. Arras del infierno 108 139.
Amor: a las almas 109 153; de amigo Arrepentimiento 117 120.
158 161 172 174 180; y cielo 123; Ausencias de Dios 162-164 176 193.
sus c o n d i c i o n e s 157; y conoci- Autobiográficas (noticias) 55-57 77
miento 59 171; y correspondencia 100 119 131 181 255 262 264 268
101; y creación 145; deleite 152; 271 292 310 315 345 352 354 356
desinteresado 131 153 164 239 251; 357 377 378 382 388 402 447 448
desordenado 104 111 137 210 217; 450 464 487 496 511-516 519-528.
a Dios 135 137 150-153 157 159 Avaricia 100 112 113 140 285 286.
164 175 213 214 445-447 450 502 Ayuda: de Dios 338; al sacerdote 266
505; divino 54 60 82 90 91 97 156 (véase Providencia).

* R e c o m e n d a m o s q u e p a r a c u a l q u i e r e s t u d i o se c o n s i d e r e n los si-
n ó n i m o s y los a n t ó n i m o s d e los c o n c e p t o s a q u í e x p r e s a d o s .
534 índice de materias

Bautismo 85 86 95-97 107 111 117 Condenados 110 119 121 122 125
135 153 182-185 235 259 260 470 126 129.
493 500. Confesión 139 163 184 260 324 395
Belleza de Cristo 518. 462 487.
Benignidad en la corrección 244. Confianza en Dios 338 339 344 346
Benito, San 402. 352 354 524. .
Beso de paz 186. Conocimiento: y amor 55 59 170 171
Bien como pretexto 130. 205; de Dios 55 60 72 81 92 98 128
Bienaventurados 105 116 122-124 129 163 180 191 206 211 345 429
129 132 198 199 386. 504 505; de sí mismo 60 62 67 72
Bienes de ministros de la Iglesia 266 75 77 81 92 98 119 128 129 162
286 290. 163 179 180 191 205 206 211 345
Boca y su oficio 153 185 186. 429 504 505; del pecado 59 327; de
Bodega con la sangre 268. la verdad 60 202-205; y visión 205.
Bondad: de Dios 67; de lo creado Consagración eucarística y abusos 307
381. 310.
Breviario 317. Consejos: 304 399; y mandamientos
Brujerías y eucaristía 299. 137 138 148 154 372 391 399.
Constantino, emperador 280.
Consuelos 78 172 250; engañosos 153
Caballero y guerrero 189 239. 177; espirituales 156 163 173 176
Camarero: el E. Santo 192. 179 190 211.
Camino: de agua 104; del cielo 61 Continencia 112 297 404 407.
128 153 494-496; de la mentira 127 Contradicciones 58 59 62 142 155 184
128. 260 349 395.
Campo de batalla 190. Conversión 143 522; en tierra 140.
Capellanes de monjas 296. Corazón: duro 62; y lágrimas 217;
Capítulo conventual 417. podrido 115.
Cara: de Dios 125; de la Iglesia 88 Coro 298 417.
207. Corrección 244 245 248 267 274 278
Cardenales 458 459 461 498. 289 295 298.
Caridad 59 60 67 71 73 93 99 122 123 Cosas y el hombre 102 104 139 152
144 162 187 257 260 365 375 393 223 381.
413 506; común 62 129 135 139 Costado de Cristo 100.
144 148 151 234 244; divina 61 196 Creación 257 335 342 546; nueva 87
389; y perfección 148 153 364; y 109 257.
prójimo 66 67 76 78 151 175 365 Criatura y creador 55 81 83 152.
374. Cristiano malo 88 493.
Carne y espíritu 93 112 471. Cristo: y cuerpo místico 95 98 114
Castigo 87 88 113 123 127 311 315. 124 129 214 307 364; y su doctrina
Ceguera humana 110 144. 105 142; y gracia, y perseverancia
Celda: del conocimiento 162; del reli- 144; hombre 85 86 462; hoy 105
gioso 296 410 417. 106 115; para la humanidad 86 87
Celo por las almas 370. 93-95 99 103 120 121 142 308 486
Ceremonias y sus centinelas 418. 508; modelo 59 83-86 101 103 105
Cicatriz del pecado 86. 148 181 238 301 308 365 371 373
Cielo para su padre 521. 381 383 393 446 453 487; doliente
Círculo de Dios 73 503. 79 81 83-86 96 239 336 390 446
Clarores sensibles 146. 449 452; y voluntad del Padre 160
Clérigos 171 268 304. 238 390 393.
Codicia 66 111 112 139 142 266 304 Cruz del demonio 139 140.
379. Cuchillo: del amor 75 95 96 128 137;
Comida espiritual 520. del odio 140 189.
Compasión por el pecador 242. Cuerpo: atadura 200 201; en el in-
Comunidad cristiana 207. fierno 126; glorificado 124 125;
Comunión 57 123 167 257-265 375 místico de la Iglesia 67 79 95 167
488; espiritual 167 170. 187 225 254 256 257 265 268 289
Conciencia 61 111 117 119 140 131 374 429 455 459; universal de la
153 223 224 31 1-313 316 320 324. Iglesia 95 268 455; y obras del
Concubina del sacerdote 317. hombre 126; y visión de Dios 132.
Indice de materias 535

Culpa y expiación 58 59. Embriaguez: de amor 89 182 253


457 472 02; de sangre 189 194 199.
Deleites 146 152. Encarnación del Verbo 53 100 239
• Demonias» hechas carne 296. 339 466 479.
Demonios 63 65 104 112 118 119 Engaños del alma 128 153 172 173.
128-130 177 197 215 272 292. Entendimiento 62 63 83 135.
Dependencia entre los hombres 374. Envidia 113-115 140.
Desalíenlo espiritual 142 143 149 157. Escalones para ir a Dios 100 142 144.
Descanso en Dios 153. Escándalo 291.
Desconfianza de Dios 287 345-347 Esclavitud a riquezas 118 380.
349. Escorpión 137 142.
Deseos de los condenados 121. Escritura Sagrada 202 203 205.
Desesperación 61 118 130 323-325 Esperanza 70 235 338-340.
327. Espinas 98 131 132.
Espíritu combatido 143 146.
Desilusión del pecador 358.
Espíritu Santo 106 162 174 181 192
Desobediencia 87 93 115 295 336 338
297 348 349 352 353 356 375 400-
391 393 397-399 407 414 452. 402 406 505 510.
Desprecio: al prójimo 66 242, a los Estados: del alma 100 153 209 213;
sentidos 145; a las riquezas 382. unitivos 202 214; de la vida 128.
Deuda: de amor 87 88; de honor a Eucaristía 83 103 109 110 166 191
Cristo 114; con el prójimo 72. 257-262 264 267 269 275 299 335
«Diablas»: concubinas de malos minis- 337 353 354 369 497 505.
tros de la Iglesia 290 291. Excusas del pecador 110 117 130 152
Dificultades 104 216. 269.
Dignidad: de los ángeles 257; del Exigencias del amor 144.
hombre 81 110 145 257; de los m. Existencia y amor 73.
de la Iglesia 257 264 274 31 1. Expiación 57-59 68 78 79.
Dios: y alma 153; y amor 58 83 457; Éxtasis 194 195.
ayuda 338; y el bien 157 3 3 1 ; y
bondad 331; caridad suprema 330;
cerca al alma 390 501; y creación 55 F e 33 35 70 107 117 133 135 136 166
81 90 335; y el fuego 330 331; glo- 243 262 377 392 493 503 (véase
rificado 196 197; su gozo 138 234; Luz).
y humanidad 83 87 94; inmutable Fealdad del demonio 119.
121; juez único 244 246; labrador Felicidad 123 124 129 130 133 192
96 97; es luz 300; y el alma 342 193 243.
3 4 3 ; m i s e r i c o r d i o s o 8 2 ; e n el Fidelidad y obediencia 394.
mundo 234; no necesita de noso- Flores: de muerte 221; perfumadas
tros 57 99 101; y el prójimo 375; y 74 79 80.
providencia 137; y las riquezas 380; Fortaleza 95 96 187 188 190 227 264
y servicio a El 153; trabajador 98; y 471 498.
su unión con los perfectos 143 144; Fragilidad humana 139 470.
y la virtud 236; visita al alma 170. Francisco de Asís. Si'n 403 403 406.
Dirección espiritual 232 247 249. Frutos de muerte 110-112 222.
Discípulos: de Catalina 254 256 444 Fuego del infierno 120.
451 454 464 469 478 503 506 511
519 520 528; de Cristo 116.
Generosidad de Dios 87.
Discreción 71-73 76 237 424 425. Gloria 122 123 240.
Doctrina: de Cristo 105-107 127 471; Glorificación de Dios 196 197.
del demonio 127. Gozo de Dios 94 234.
Dolor: aflictivo 193; y amor 65 220; Gracia 60 61 68 77 84 87 88 140 151
aumentativo 193; infinito 58; cómo 161-163 202 229 230 275 290 485
llevarlo 62; por ofensas 63. 500 502 (véase Luz divina).
Domingo de Guzmán, Santo 377 403 Grados de perfección 153.
405 406. Gratos a Dios 138.
Dominicos y San Pablo 405. Gratuidad de los dones de Dios 90.
Dominio de Dios 81 90 466. Gregorio, San 180 276.
Dones divinos 68 69 90 108. Gusto espiritual 91-93 100 110 229.
536 índice de materias

Hartura insaciada 122. Lengua y su oficio 222.


Herejías y orden dominicana 403. Lepra de la Iglesia 82 84.
Hijo: de Dios 92-94 (véase Cristo); del Ley: civil y clérigos 268; divina 487.
demonio 104; de los sacerdotes 287 Liberalidad 257.
291 302 318; no nacido 77. Libertad 62 86 95 128 144 146 147
Hombre: y Dios 87 90 91 139; embru­ 224 225 360 395 465 467 477 478
tecido 87; y su finalidad 373; ima­ 502.
gen de Dios 491 492 498 501 502; y Loco de amor 109 472 497.
su responsabilidad 81; y solidaridad Lorenzo, San 386.
374 375. Lujuria 110 299 300 302.
Humanidad de Cristo 126 161 257 Luz: divina 163 202-204 234-238 244
336 373 471 481. 465-468 471 484 492 493 500-502
Humildad 60 67 70-73 98 146 162 (véase Fe y Gracia); de la razón 234
191 204 220 236 237 247 307 366 235.
367 393 397 402 406 475 476.
Humillación de Dios 85 87.
Llagas de San Francisco 402.
Llave del cielo 102 392.
Iglesia 56 67 78 81 82 84 98 110 268 Lluvia de la justicia 102 103.
272 289 304 311 447 450 462 468
469 478 495 497 503 406 509.
Ignorancia de sacerdotes 312. Madre suya resucitada 529.
Iluminación del entendimiento 153 Mal y amor propio 145.
230 235. Mandamientos 149 399; y consejos
Impaciencia 111 142 224. 137 138 148 153 154 372 391.
Imperfección 157 152 155 172 363. Mando e injusticias 114.
Impureza 285 291. Manifestación de Dios al alma 159.
Inclinación al pecado 200 235 236. Mano de Dios 90 91.
Indiscreción 111. María, la Virgen 57 350 383 403 475
Inés de Montepulciano, Santa 377 476 480 491.
378. Mártires 228 494 495; del demonio
Infidelidad de las criaturas 346. 141 225.
Infierno 119 121 122 127. Mateo, San 383 524.
Ingratitud 87 90 111 112. Mauro, San 426.
Injerto en Cristo 97 472-474. Mediación de Cristo 92 (véase Cristo).
Injurias 60 69. Mentira y verdad 104.
Injusticias 110 114-118 285 288. Mérito 76 122 125 135 379 420 423
Interpretación: benigna 241 242; 424.
falsa 115 221 238 240 244 342 351; Miedo del alma 162.
del prójimo 222 342; de Sagrada Miembros separados 225.
Escritura 204 305; de sucesos 221 Ministros de la Iglesia: 79 80 83 97
222 343 346. 207 255 257 274 275 277 284 288
448 451 483 498; su corrección 268

J
279-283 289 290 328; sus defectos
erónimo, San 202 276. 266 267 274 284 287-290 307 314;
uan Evangelista, San 230. indignos 269 284-318 323; y su mi­
Juego de amor 193. sión 256-258 265 266 268 268 271
Juez de los hombres 116 125 240 246 274 277 286 290 306; ofensas a
351. ellos 268-274; orar por ellos 293
Juicio: falso 114-117 244 494 517 294 311; santos 275 319; y virtud
518; final 120 125 126. 305 307; reverencia a ellos 27 257
Justicia 71 83 85 274 311 460 477 264 276 283 299.
499. Misericordia divina 78 81-83 85 88 89
Justos: y sana felicidad 311 359; y pe­ 98 99 108-113 118 126 130 143 145
cadores 141. 168 196 207 293 S i l 335 465 468
469 477 494-496 498 509 524 525.
Monjas y capellanes 296.
Ladrones 112 146 221. Mortificación 74 235-237 240 247.
Lágrimas 84 90 207-211 218-224 228. Muerte: 63 66 101 111 117 118 122
Lecho y mesa 191. 125 128 129 222 311 316 319 329;
índice de materias 537

de Cristo 85; y su deseo 194 195 Pecadores 112 116 117 141 311 342
200 201 513. 358 359 373 524 525.
Mundanidad 139 285 303. Pedro, San 157 162 167 267 275
Mundo: y misericordia divina 8 1 ; y 369-371 386 412 461 524.
sus persecuciones 79. Pedro de Verona, San 405.
Murmuración sobre Dios 72. Penas por el pecado 58 125 153 311
414 414.
Penitencias 71 74-76 138 232 233 247
N a t u r a l e z a : divina 85 94 106 184 248.
490; humana 85-87 94 106 126 184 Perfección: 58 76 130 131 146 153
490. 155 170 189 194 196 198 202 219
Negligencia 96 142. 215 237 243 342 371 372; su creci-
Nodriza 72 86. miento 137 138 153 155 170 367
368 391 392; y tentaciones 129 363
364.
O b e d i e n c i a 115 189 336 338 372 Permisiones de Dios 137 518.
389-400 406 408-427. Persecución: y desaliento 77 149; a la
Obras: 59 74-76 99 101 104 106 128 Iglesia 257 268 270 272 273; del
135 136 171 221; de Dios 115. mundo 141; a los observantes 141
Observancia 297 298 401 418. 298.
Odio al pecado 137 142. Perseverancia 142 143 144 147 148
Ofensa a Dios 58 269. 152 168 187 189.
Oficio divino 170 290 417. Peticiones a Dios 252 253.
Oración: 54 55 63 68 87 89 149 153 Placer engañoso 128.
162 166-168 170 171 191 252 253 Pobreza 297 298 305 376 379-388
256 407 408; por la Iglesia 207 311 402-404 408.
330 333 334 432; mental 166 168 Potencias del alma 62 63 101 102 111
169 171; por el prójimo 61 63-65 90 144 145 147 149-151 153 155 206
176 206 207 252 284 293 294 311 209 230 372 445 449 467 473 485
329 330 333 334 417 429 432 462 492 501 506 507.
468 526; y unión con Cristo 55; vo- Predicación defectuosa 295 296.
cal 166 169. Prelado 296 312 313 326 327 421
Orden: benedictina 402; dominicana 423.
403-406; franciscana 402; en gene- Premio 136 221 281 311 413 424 427
ral 297 400-404 408. 428.
Oscuridad del alma 363. Presencia de Dios 190 193 496.
Otro yo 55 56. Presunción 244.
Primicias: del cielo 132 133 242 243;
del infierno 132 140 (véase Arras).
Pablo, San 59 75 165 171 188 190 Prójimo 58 64-70 77 79 97 126 153
195 199-201 218 221 231 255 367 176 242 374 375 498 522.
386 390 466 506 507 517. Prosperidad 223 224.
Paciencia 60 69 74 92 146 187 188 Providencia 89 103 335 341 342 347
227 366 391-393 406. 357 360 363 364 372 374 376 381
P a d r e : espiritual 56 91 92; mori- 387 453
bundo 521. Pruebas 97 128 141 165 166 216 365.
Palabras: groseras y ministros de la Pueblo cristiano 84 95.
Iglesia 222 300; y obras 74-76. Puente, Cristo lo es 81 94 100.
Pasión de Cristo 479 480 (véase San- Puerta: de la mentira 127; de la ver-
gre). dad 127.
Pecado: 55 58-65 69-71 79 83 87-94 Pureza 234 238 257 264 265 407 513
98 101 105 110-112 115 118 129 514; de intención 242.
132 134 136 139 149 155 168 188 Purgatorio 63 376.
200 219-224 235 245 246 260 268
271 274 289 295 313 335 336 347
348 361 362 379 380 424 446 467 Razón 144 146.
470 472 477 485 487 491 493 495 Rebelión: en el hombre 93; en la Igle-
496 501 506 518: de ministros de la sia 98; y malos ministros 306.
I. 268 270 271 285 286 291 292 317 Refectorio 417.
323-329. Redención 60 84 88 115 184 185 302
538 índice de materias

335-337 347 349 384 468 472 474 Sufrimiento 58 60 61 63 64 78 79 91


478 482 490. 93 128 130-133 140 142 153 197
Reforma de la Iglesia 79 80 88 89 207 198 201 229 366 367 513 515 519
255 278 311 454 459 460 478 498. 523 526.
Relajación en la Iglesia 297 401-405 Superior 278-280 298.
414-417.
Religioso 130 285 295-298 407 408
411-419. T e m o r 130 132 150 153 154 223-
Remordimiento de conciencia 140 226; servil 128 141 142 154-156
261 357. 158 206 223 225.
Reproche al mundo 116. Tentaciones 128-130 134 150 211 215
Reputación propia 113. 217 362-364 512.
Responsabilidad del hombre 81. Tibieza 142 156 172 216 418-420.
Resurrección 100 484 525. Tiempo para el alma 104 112 136 155
Retroceso en la virtud 143. 499.
Reverencia a ministros de la Iglesia Tomás de Aquino, Santo 202 230 276
268 269 274 283. 405.
Riqueza y sus peligros 138 139 342 Tormentos 110 119 126.
379-382 386-388. Trabajadores 81.
Rocío sobrenatural 474. Tribulación 92 131 134 141 142 172
187 192 202 211 224 238-240 340-
342 349 350 358 365 377 409 410.
Trinidad 83 106 107 146 148 159 160
192 199 237 337 433 434 445 449
S a c e r d o t e 264-268 283-286 308 455 476 477 485 497 499 501 504-
311-329 (véase Ministros de la /.). 509 514 515.
Sacramentos 269 276 314 335 353 Turbación de espíritu 245 246.
354.
Sacrificios 78.
Salvación 144 198 240 465.
Sangre 60 62 84 85 87 96-98 102 167 U n i ó n con Dios 55 73 91 153 193
168 189 266 293 427 455 456 460 194 201 206 214 215 228 230 231.
461 470 472 473 480 493-497 506 Usura 112 295 302 303.
(véase Pasión de Cristo).
Santificación 97 98.
Santos 79 373 (véase Bienaventurados). Vacío 131 151 358.
Satisfacción 58-63 85. Vanagloria 113 119.
Sed espiritual 147-150. Vanidad 113 513.
Seglares y clérigos 130 267 288 290 Vendedor de hombres 66.
329. Verdad 55 81 93 104 489.
Seguimiento de Cristo 130. Vestido 500 518 519.
Sensualidad 8 465. Vicio 119 130 189 273 409.
Sentidos 69 63 67 75 131 132 135 136 Vicario de Cristo 167 249 267 268
139-147 186 223 235 239 261 344 392 394 447 450 452 453 454 459
360 361 372 465-468 479; y pecado 461 468 478 487 488 498 499 503
289 360-362. 506.
Señor hecho esclavo 115. Vida: y sus estados 128 132; espiritual
Sequedad espiritual 163 218 246 363. y riquezas 381; eterna 104 154; re-
Servicio de Dios 60-63 97 133 141 153 ligiosa 410.
351 369 376 474 483 495 506. Viña 81 95 96 165.
Silvestre, San 267 276 280. Virginidad 512.
Simonía 266 285 286 302. Virtud 64-76 102 103 128 131 135
Soberbia 66 70 72 90 111-115 117 136 141-143 146 162 164 189 226-
119 204 221-223 237 265 270 285 229 247 319-323 391 392 409-412
286 299 307 308 309 311 312 314 467 501.
316 391 398 399 406 407 495. Visión: del demonio 119 120; de Dios
Subditos 274 278 279 295 312 313. 119 132 197 202 250 251 263 479
Sudor por amor 91. 480 508.
Sufragio por almas del purgatorio Visita: del demonio 178; de Dios 170
376. 178 233.
índice de materias 539

Vocación religiosa 401 406 407. 518 523; humana 477 494 496 503;
Voluntad: 62 63 83 137 139 202 227 propia 71 74 75 78 117 131 132 133
237; divina 56 75 78 82 123 132 139 141 165 185-187 192 205 214
133 137 140 141 188 201 202 218 218 227 236-240 247 248 360 372
237 238 247 341 421 448 451 453 400 407 422 447 448 451 479 500
454 477 494 501 502 504 505 516 501 504; santa 138 217.

ACABÓSE DE IMPRIMIR ESTA TERCERA EDICIÓN DEL


VOLUMEN DE «OBRAS DE SANTA CATALINA DE
SIENA», DE LA BIBLIOTECA DE AUTORES
CRISTIANOS, EL DÍA 28 DE AGOSTO DE
1996, FESTIVIDAD DE SAN AGUSTÍN,
OBISPO Y DOCTOR DE LA IGLESIA,
EN IMPRENTA ALDECOA,
CA CONDADO DE
TREVIÑO, S/N.
BURGOS

LAUS DEO VIRGINIQUE MATRI

También podría gustarte