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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA – FAENG


ENGENHARIA QUÍMICA

ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE TROCADOR DE CALOR DE


DUPLO TUBO POR MEIO DA DINÂMICA DE FLUIDOS COMPUTACIONAIS (CFD)

MATHEUS ANTÔNIO FERREIRA KLEIN

Várzea Grande – MT
2023
Matheus Antônio Ferreira Klein

ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DE EFICIENCIA DE TROCADOR DE CALOR DE


DUPLO TUBO POR MEIO DA DINÂMICA DE FLUIDOS COMPUTACIONAIS (CFD)

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à FAENG – Faculdade de
Engenharia, como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Química.
Orientador: Profº. Drº. Janio Alves Ribeiro.

Várzea grande – MT
2023
2
Resumo

Trocadores de calor são dispositivos essenciais em diversos processos


industriais, facilitando a transferência de calor entre fluidos para resfriamento e
aquecimento. Este estudo propõe a modelagem e otimização de um trocador de calor
do tipo duplo tubo por meio de simulações numéricas utilizando o software ANSYS
CFX. A metodologia envolve a análise detalhada dos fenômenos de transferência de
calor e fluidodinâmica, visando aumentar a eficiência térmica. Será realizada uma
revisão bibliográfica abrangente para embasar o desenvolvimento dos modelos,
seguida por simulações numéricas com o método k–ε para calcular os efeitos da
turbulência. A validação do modelo será realizada por métodos analíticos e
experimentais. A obtenção de dados práticos por meio da construção de uma planta
física baseada nos parâmetros otimizados do sistema fará a verificação da
confiabilidade do modelo proposto. Espera-se que este estudo contribua para a
otimização de trocadores de calor, oferecendo uma abordagem metodológica sólida e
para aprimorar a eficiência térmica em processos industriais.

Palavras-Chave: Trocador de calor, duplo tubo, CFD, Ansys, Modelagem.

Abstract

Heat exchangers are essential devices in various industrial processes,


facilitating heat transfer between fluids for cooling and heating purposes. This study
proposes the modeling and optimization of a double-tube heat exchanger through
numerical simulations using the ANSYS CFX software. The methodology involves a
detailed analysis of heat transfer and fluid dynamics phenomena, aiming to enhance
thermal efficiency. A comprehensive literature review will be conducted to underpin the
development of models, followed by numerical simulations using the k-ε method to
compute turbulence effects. Model validation will be performed using analytical and
experimental methods. Obtaining practical data through the construction of a physical
plant based on the optimized system parameters will verify the reliability of the
proposed model. This study is expected to contribute to heat exchanger optimization,
offering a robust methodological approach to enhance thermal efficiency in industrial
processes.

Keywords: Heat exchanger, double pipe, CFD, Ansys, Modeling

3
Sumário
1. Introdução .................................................................................................................................... 5
1.1. Justificativa .......................................................................................................................... 6
1.2. Objetivos............................................................................................................................... 7
1.2.1. Objetivos Gerais ........................................................................................................... 7
1.2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 7
2. Fundamentação Teórica ........................................................................................................... 7
2.1. Fenômenos de troca térmica .......................................................................................... 7
2.2. Trocadores de calor ......................................................................................................... 10
2.2.1. Classificação dos trocadores de calor..................................................................... 11
2.2.1.1. Trocadores de duplo tubo.................................................................................. 12
2.2.1.2. Trocadores de casco e tubo.............................................................................. 13
2.2.1.3. Trocadores de placas......................................................................................... 14
2.2.2. Coeficiente global ....................................................................................................... 15
2.2.3. MLDT ............................................................................................................................ 16
2.2.4. Parâmetros adimensionais........................................................................................ 17
2.2.4.1. Número de Reynolds ......................................................................................... 17
2.2.4.2. Número de Prandtl ............................................................................................. 18
2.2.4.3. Número de Nusselt ............................................................................................. 18
2.3. Metodologia CFD .............................................................................................................. 19
2.3.1. Funcionamento básico de um código comercial CFD .......................................... 19
2.3.1.1. Pré-processador ................................................................................................. 20
2.3.1.2. Solver.................................................................................................................... 20
2.3.1.3. Pós Processador ................................................................................................ 21
2.3.2 Ansys ............................................................................................................................ 21
2.3.3 Equações governantes .............................................................................................. 22
2.3.3.1 Equação da Continuidade ................................................................................. 22
2.3.3.2 Equação da Quantidade de Momento............................................................. 23
2.3.3.3 Equação da Energia ........................................................................................... 23
2.3.4 Modelagem da turbulência ....................................................................................... 24
3. Metodologia ............................................................................................................................... 25
4. Conclusão .................................................................................................................................. 26
5. Referencias ................................................................................................................................ 27

4
1. Introdução
Os trocadores de calor são equipamentos que facilitam a transferência de
energia térmica entre dois fluidos, apresentando um amplo uso nos campos industriais
e domésticos (Coelho, 2016). O entendimento dos fundamentos por trás do
funcionamento desse tipo de dispositivo permite entender quais fatores influenciam
em seu desempenho, assim permitindo ganhos na sua eficiência. Contudo, a
otimização desses dispositivos para maximizar sua eficiência energética e
desempenho ainda é um desafio complexo, exigindo abordagens avançadas. Neste
contexto, o uso de simulações numéricas por meio do método de Dinâmica dos
Fluidos Computacional (CFD) tem se destacado como uma ferramenta eficaz para a
análise e otimização desses equipamentos (Versteeg et al., 2007).

Este trabalho propõe a modelagem e a otimização de um trocador de calor do


tipo duplo tubo por meio de simulações numéricas utilizando o software ANSYS CFX
(ANSYS INC, 2016). A abordagem metodológica adotada busca uma compreensão
aprofundada dos fenômenos de transferência de calor e fluidodinâmica no trocador de
calor, com o objetivo de aprimorar seu desempenho e eficiência energética. A
aplicação de técnicas avançadas de análise e otimização, combinada com a validação
analítica e experimental, visa identificar melhorias significativas no projeto e operação
desse equipamento industrial.

Para atingir esses objetivos, este estudo realizará uma revisão bibliográfica
abrangente para embasar o desenvolvimento dos modelos, compreendendo os
principais conceitos, equações e parâmetros envolvidos no projeto e operação de
trocadores de calor de duplo tubo. A modelagem detalhada e as simulações numéricas
utilizarão o método de Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) com o software
ANSYS CFX, permitindo uma análise aprofundada do desempenho do trocador de
calor e a identificação de possíveis melhorias. A validação do modelo proposto será
realizada por meio de métodos analíticos e experimentais, garantindo a precisão e
confiabilidade das previsões e conclusões obtidas a partir das simulações.

Com isso, o presente trabalho apresenta uma metodologia que visa melhorar a
eficiência das trocas térmicas em processos industriais essenciais. A análise
detalhada dos fenômenos de transferência de calor e fluidodinâmica, aliada à

5
aplicação de ferramentas de simulação e análise computacional, posicionam este
estudo como uma referência útil tanto na indústria quanto no meio acadêmico.

1.1. Justificativa
Os trocadores de calor desempenham um papel crucial em uma variedade de
processos industriais, facilitando a transferência de calor entre dois fluidos para
sistemas de resfriamento e aquecimento. No entanto, maximizar sua eficiência é
desafiador devido à complexidade dos fenômenos de transferência de calor e
fluidodinâmica envolvidos. Nesse sentido, o uso de simulações numéricas por meio
do método de Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) se destaca como uma
abordagem eficaz para analisar e otimizar o desempenho dos trocadores de calor. O
software ANSYS, conhecido por sua precisão e confiabilidade, é uma ferramenta
poderosa estabelecida no campo da simulação e análise de trocadores de calor.

Neste contexto, o presente trabalho propõe a modelagem e a otimização de um


trocador de calor do tipo duplo tubo por meio de simulações numéricas com o software
ANSYS CFD. A modelagem detalhada e a análise abrangente dos fenômenos de
transferência de calor e fluidodinâmica são essenciais para compreender e aprimorar
o desempenho desse equipamento. A aplicação de técnicas avançadas de otimização
e análise dos resultados obtidos nas simulações permitirá identificar melhorias
significativas no projeto do trocador de calor, contribuindo assim para a eficiência e
economia de energia nos processos industriais.

Para garantir a eficácia do modelo proposto, uma validação inicial será


realizada por meio do método analítico, proporcionando um entendimento
aprofundado dos fenômenos que ocorrem no trocador. A obtenção de dados práticos,
por outro lado, será necessária para a validação final do modelo.

Dessa forma, este estudo é relevante devido à sua contribuição para o campo
da otimização de trocadores de calor, apresentando uma metodologia aplicável não
apenas na indústria, mas também como referência no meio acadêmico. A análise
abrangente dos fenômenos em um trocador de calor do tipo duplo tubo é enriquecida
pela capacidade de visualização proporcionada pela sua geometria relativamente
simples, destacando-se como uma importante contribuição para o avanço do
conhecimento nesse campo específico.

6
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivos Gerais

Desenvolver um modelo matemático por meio de uma análise CFD no software


Ansys, com o objetivo de otimizar um trocador de calor duplo mediante a variação de
parâmetros como vazões dos fluidos, diâmetro e material do tubo interno. O modelo
deve ser validado por meio de um método analítico e posteriormente, com a obtenção
de dados práticos obtidos através da construção de uma planta prática.

1.2.2. Objetivos específicos

1. Modelar o trocador de calor de forma detalhada, considerando os


fenômenos de transferência de calor e fluidodinâmica.
2. Realizar simulações numéricas usando o software ANSYS CFD para
analisar o desempenho de um trocador de calor do tipo duplo tubo.
3. Aplicar técnicas avançadas de otimização com base nos resultados das
simulações para identificar possíveis melhorias no projeto do trocador de
calor.
4. Validar o modelo inicial por meio de métodos analíticos, obtendo um
entendimento mais aprofundado dos fenômenos que ocorrem no trocador.
5. Realizar a validação final do modelo por meio de dados práticos, garantindo
a precisão e confiabilidade das previsões e conclusões obtidas a partir das
simulações.

2. Fundamentação Teórica
2.1. Fenômenos de troca térmica
A transferência de calor é um fenômeno fundamental na física e engenharia
que descreve o fluxo da energia térmica de uma região de maior temperatura para
uma região de menor temperatura. Ela desempenha um papel crucial em uma
variedade de contextos, possibilitando o dimensionamento de equipamentos de
engenharia, como trocadores de calor. Os principais mecanismos de transferência de
calor são a condução, convecção e radiação, com seus mecanismos sendo exibidos
na Figura 1 (Coelho, 2016).

7
Figura 1: Ilustração dos fenômenos de transferência de calor. (a) Condução. (b) Convecção. (c)
Radiação.

Fonte: Adaptado de Incropera (2017)

Coelho (2016) define a condução como sendo a transferência de calor que


ocorre em um objeto estático unicamente devido a um gradiente de temperatura
existente nele. O fenômeno é descrito pela Lei de Fourier, estabelecida como:

−𝑘(𝑇1 −𝑇2 )
𝑞′′𝑥 = (1)
𝐿

Nessa equação, 𝑞′′𝑥 é o fluxo de transferência de calor, em watts (W/m²). Essa


transferência ocorre na direção de x, dada em metros, e é proporcional à
condutividade térmica do material k, cuja unidade no S.I. é W/(m.K).

Quando a transferência de energia ocorre entre a superfície de um sólido e um


fluido em movimento, essa é chamada de convecção (ÇENGEL et al, 2014). Esse
fenômeno é interpretado de duas formas diferentes, de acordo com a origem do
movimento do fluido. A primeira é a convecção natural, que ocorre quando o
movimento é causado pela mudança de sua densidade devido à alteração da
temperatura do fluido. A convecção forçada, por sua vez, é resultado do movimento
induzido do fluido pelo uso de equipamentos como bombas e ventiladores. A Lei de
resfriamento de Newton pode ser usada para descrever a transferência de calor por
condução entre uma superfície e um fluido em diferentes temperaturas.

𝑞′′ = ℎ. (𝑇𝑞 − 𝑇𝑓 ) (2)

Onde Tq e Tf são a maior e a menor temperatura do sistema, respectivamente.


O termo h representa o coeficiente local de transferência de calor por convecção,
parâmetro de difícil quantificação, visto que depende de fatores como: tipo do fluxo,

8
geometria do corpo, propriedades do fluido, temperatura média e posição. Para
geometrias simples, existem faixas determinadas onde esse parâmetro pode ser
determinado analiticamente, enquanto para casos mais complexos, a determinação
precisa ser realizada de forma computacional ou experimental (COSTA, 2016).

A radiação térmica é o terceiro fenômeno de transferência de calor. Esse


fenômeno ocorre quando a matéria, com temperatura não nula, emite energia na
forma de radiação. A transferência de calor por esse mecanismo é fundamentalmente
decorrente da emissão energia na forma de fótons ou, no contexto deste trabalho, de
ondas eletromagnéticas. Essas ondas eletromagnéticas são irradiadas pela superfície
de um corpo e posteriormente absorvidas pela sua vizinhança. Uma característica
distintiva da transferência de calor por radiação é que ela não requer a presença de
um meio material para se propagar, permitindo, portanto, que ocorra no vácuo
(COELHO, 2016). A transferência de calor por radiação é matematicamente
representada por:

4 )
𝑄𝑟𝑎𝑑 = 𝜀𝜎𝐴𝑠 (𝑇𝑠4 − 𝑇𝑎𝑚𝑏 (3)

Nessa expressão, Qrad é a transferência de calor por radiação (W) em uma


determinada área As emitida por uma superfície com emissividade ɛ, a uma
temperatura Ts. Ainda, σ é a constante de Boltzmann, cujo valor é 5,67x10-8 W/m2 k 4
e Tamb é a temperatura do corpo que recebe essa emissão.

Os mecanismos de troca térmica descritos anteriormente foram analisados


separadamente, contudo, na prática costumam acontecer simultaneamente. Desta
forma, é comum a abordagem combinada dos fenômenos por meio do conceito de
resistências térmicas.

Segundo Costa (2016), ao considerar uma parede exposta à convecção em


ambos os lados, a equação de transferência de calor revela a interdependência entre
as resistências de convecção, condução e sua influência no fluxo de calor, conforme
mostra a Figura 2. De acordo com a equação 4 o fluxo de calor é expresso como:

(𝑇 −𝑇 )
𝑄̇ = ℎ1 𝐴(𝑇∞ − 𝑇1 ) = 𝑘𝐴 1 𝐿 2 = ℎ1 𝐴(𝑇2 − 𝑇∞2 ) (4)

9
Figura 2: Resistências térmicas em uma parede plana.

Fonte: Adaptado de (COSTA , 2016).

Após ajustes, a equação 4 mostra que as resistências de convecção na


superfície quente e fria, juntamente com a resistência de condução na parede, são
somadas da seguinte forma:

(𝑇 −𝑇 ) (𝑇 −𝑇 ) (𝑇 −𝑇 )
𝑄̇ = 𝑅∞ 1 = 𝑅 1 2 = 𝑅2 ∞2 (5)
𝑐𝑜𝑛𝑣,1 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑣,2

Além disso, a relação para a resistência térmica total (RTOTAL) é expressa como
uma combinação das resistências individuais, conforme definido em (6).

1 𝐿 1
𝑅𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣,1 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣,2 = ℎ + 𝑘𝐴 + ℎ (6)
1𝐴 1𝐴

É importante ressaltar que, a cada etapa adicionada, como materiais isolantes


ou outros mecanismos de transferência de calor, é necessário adicionar novos termos
de resistência ao sistema.

2.2. Trocadores de calor


Podemos visualizar a aplicação direta dos fenômenos de troca térmica por meio
dos trocadores de calor. Segundo Çengel et al. (2009), os trocadores de calor são
equipamentos que facilitam a transferência de calor entre dois fluidos em diferentes
temperaturas através de uma parede sólida, evitando que ambos se misturem. Eles
são encontrados em diversos equipamentos, como caldeiras, condensadores,
10
evaporadores, torres de refrigeração, recuperadores de calor, pasteurizadores etc.
(Incropera et al., 2011). Devido à essa versatilidade, existem diversos tipos de
trocadores, com configurações e faixas de operação abrangentes.

2.2.1. Classificação dos trocadores de calor

As classificações mais comuns de trocadores de calor dizem respeito à


configuração do escoamento e ao tipo de construção. Com relação à configuração do
escoamento, podem ser classificados de três formas: paralelo, contracorrente e
cruzado.

O escoamento paralelo é o mais simples deles, onde o fluido quente e o fluido


frio se movem na mesma direção e sentido, conforme mostra a figura 3(a) O
escoamento contracorrente, por outro lado, é caracterizado pelo escoamento dos
fluidos em sentido oposto, como mostra a figura 3(b). Quando os fluidos escoam em
perpendicularmente entre si, o escoamento é dito cruzado, e pode ser visto na figura
4.

Figura 3: Classificação de trocadores quanto ao escoamento. (a) Paralelo. (b) Contracorrente.

Fonte: Adaptado de (Incropera, 2017).

Figura 4: Exemplo de trocador de calor em escoamento cruzado.

Fonte: Adaptado de (Incropera, 2017).

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Os trocadores de calor podem ainda ser classificados de acordo com sua
construção mecânica, sendo duplo tubo, casco e tubo e placas planas os tipos mais
comuns.

2.2.1.1. Trocadores de duplo tubo

A geometria desse tipo de permutador é a mais simples, sendo constituído por


um tubo posicionado concentricamente em outro tubo de diâmetro superior, também
chamado de casco. Segundo Kakaç et al. (2012), essa geometria apresenta uma
baixa área de troca térmica se comparado a outras, comprometendo o seu custo por
unidade de transferência. Por outro lado, Colaço (2019) ressalta que essa geometria
apresenta fácil manutenção, maior resistência à corrosão e flexibilidade operacional
se comparada a outras geometrias. Trocadores desse tipo costumam ser usados em
casos em que haja uma baixa demanda por área de troca térmica e quando ao menos
um dos fluidos apresenta altas pressões e temperaturas. Para aumentar a eficiência
desse tipo de trocador, é comum o uso de defletores, que aumentam a turbulência do
fluido externo, além da incorporação de haletas e passes no trocador, com o objetivo
de melhorar a área de troca térmica.

Figura 5: Exemplo de trocador de calor duplo tubo com dois passes.

Fonte: Araújo (2002).

Além disso, estudos detalhados, como o realizado por Shahril et al. (2016),
destacam a importância de considerar a taxa de fluxo de massa para otimizar o
desempenho térmico e hidráulico desses trocadores de calor. Eles observaram que
trocadores com duplo tubo concêntrico apresentam um aumento significativo na taxa
de transferência de calor em comparação com os modelos convencionais,
sublinhando a importância da geometria e da configuração na eficiência térmica.

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2.2.1.2. Trocadores de casco e tubo

Os trocadores de calor do tipo casco e tubo são peças fundamentais em muitos


setores industriais devido à sua capacidade de transferir calor entre dois fluidos em
diferentes temperaturas e pressões. O funcionamento desses trocadores é baseado
na troca de calor entre os fluidos que passam pelo casco externo e pelos tubos
internos (Incropera et al., 2023). O fluido quente normalmente flui através dos tubos
internos, enquanto o fluido frio circula no espaço entre os tubos, conhecido como
casco.

Figura 6: Exemplo de trocador de calor de casco e tubo.

Fonte: Adaptado de Araújo (2002)

A transferência de calor ocorre através das paredes dos tubos, onde a diferença
de temperatura entre os fluidos resulta em uma transferência de energia térmica. Essa
troca de calor pode ocorrer por meio de processos de convecção e condução, sendo
a área expandida dos tubos e a presença de chicanas fatores importantes que
influenciam a eficiência da transferência de calor (COSTA ,2023).

A norma TEMA desempenha um papel crucial na padronização e classificação


dos trocadores de calor casco e tubo, ajudando a orientar o projeto e a fabricação
desses equipamentos complexos. O design padrão desse tipo de trocador geralmente
inclui chicanas, buchas e feixes de tubos ajustados no casco para maximizar a área
de troca de calor e aumentar a turbulência, o que resulta em uma transferência de
calor mais eficiente.

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2.2.1.3. Trocadores de placas

Os trocadores de placas consistem em uma série de placas finas de metal,


geralmente feitas de aço inoxidável, dispostas alternadamente com pequenos
espaços para a passagem dos fluidos quente e frio, facilitando a transferência eficiente
de calor entre os dois meios (ARAÚJO, 2002).

Figura 7: Exemplo de trocador de calor de placas.

Fonte: Coelho (2016).

Segundo Kakaç et al. (2002), embora amplamente utilizados, esses trocadores


têm limitações quanto à pressão e temperatura de operação, devido à geometria das
placas. Porém, sua eficiência na transferência de calor é notável em operações com
temperaturas e pressões moderadas.

Conforme destacado por Çengel et al. (2012), os trocadores de calor de placas


operam com um arranjo em que os fluidos quentes e frios fluem em passagens
alternadas, aumentando significativamente a eficiência na transferência de calor. Além
disso, a capacidade de expandir ou reduzir a área de transferência de calor por meio
da adição ou remoção de placas os torna altamente adaptáveis a diferentes requisitos
de processo. Isso resulta em sua ampla aplicação na indústria alimentícia, onde são
frequentemente empregados para processos de pasteurização.

A figura 7 ilustra a estrutura básica desse tipo de trocador de calor,


demonstrando a disposição das placas para facilitar a transferência de calor entre os
fluidos.

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2.2.2. Coeficiente global

O coeficiente global de transferência de calor (U) é um parâmetro crucial em


estudos e projetos de trocadores de calor de casco e tubo. Ele desempenha um papel
fundamental na determinação da eficiência térmica do equipamento, influenciando o
desempenho da transferência de calor entre dois fluidos distintos. O coeficiente U é
expresso em termos de calor transferido por unidade de área e por unidade de
diferença de temperatura entre os dois fluidos e é frequentemente quantificado em
unidades de W/(m².K) (Çengel et al., 2014).

A transferência de calor em um trocador de calor geralmente envolve várias


etapas, incluindo convecção dos fluidos, condução através das paredes do trocador
e, novamente, convecção entre a parede e um segundo fluido. Cada uma dessas
etapas contribui para a resistência total à transferência de calor, formando uma rede
de resistências térmicas no sistema, conforme mostrado anteriormente.

O coeficiente global de transferência de calor pode ser determinado por meio


de equações específicas, levando em consideração vários parâmetros relevantes. A
determinação do valor de U depende dos coeficientes convectivos dos fluidos nos
lados do casco e do tubo, das espessuras das paredes e dos fatores de incrustação
nos dois lados e da geometria do trocador (Kakaç et. Al. 2012). Esses parâmetros são
representados pela seguinte equação:

1 1
𝑈=𝑅 = 𝑟
𝑟𝑒ln ( 𝑒⁄𝑟 )
(7)
𝑒 𝐴𝑒 1 𝑟 𝑟 𝑖 +𝐹 +( 1 )
( )( 𝑒 )+𝐹𝑖 𝑒 + 𝑒
ℎ 𝑖 𝑟𝑖 𝑟𝑖 𝑘 ℎ𝑒

Onde Re é a resistência equivalente, Ae é a área equivalente, re e ri são os


raios interno e externo, respectivamente, Fi é o fator de incrustação interno, Fe é o
fator de incrustação externo, hi é o coeficiente convectivo interno e he, o externo. Essa
equação permite uma avaliação precisa do coeficiente global de transferência de
calor, levando em consideração os efeitos de diversas resistências térmicas e fatores
específicos relacionados à geometria e às propriedades dos fluidos. O entendimento
e a manipulação adequados do coeficiente U são essenciais para a otimização do
desempenho térmico e da eficiência dos trocadores de calor de casco e tubo em
diversas aplicações industriais e comerciais (Coelho, 2016).

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2.2.3. MLDT

O método da Média Logarítmica das Diferenças de Temperatura (MLDT) é uma


abordagem que desempenha um papel fundamental na determinação da eficiência de
transferência de calor entre dois fluidos. Segundo a teoria apresentada por Çengel et
al. (2014), a MLDT é utilizada para estimar a temperatura média ao longo do trocador,
levando em consideração as variações das temperaturas de entrada e saída dos
fluidos.

Figura 8: Fluxos em um trocador. a) Paralelo. b) Contracorrente.

Fonte: Adaptado de Coelho (2013)

Quando consideramos o fluxo paralelo, a MLDT é determinada pela equação:

(𝑇𝑞,2 −𝑇𝑓,2 )−(𝑇𝑞,1 −𝑇𝑓,1 )


∆𝑇𝑙𝑚 = (𝑇𝑞,2 −𝑇𝑓,2 )
(8)
𝑙𝑛( )
(𝑇𝑞,1 −𝑇𝑓,1 )

Por outro lado, para o fluxo paralelo, a MLDT é calculada como:

(𝑇𝑞,2 −1)−(𝑇𝑞,1 −𝑇𝑓,2 )


∆𝑇𝑙𝑚 = (𝑇𝑞,2 −1)
(9)
𝑙𝑛( )
(𝑇𝑞,1 −𝑇𝑓,2 )

Esse método permite uma aproximação prática da temperatura média ao longo


do trocador, facilitando o cálculo da transferência de calor entre os fluidos em
diferentes configurações de trocadores de calor, como os de fluxo contracorrente e
paralelo (Kakaç et al. 2012).

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2.2.4. Parâmetros adimensionais

Na análise da transferência de calor por convecção, os parâmetros


adimensionais de Reynolds, Prandtl e Nusselt desempenham um papel essencial.
Eles são frequentemente empregados para estabelecer relações entre dados
experimentais e simplificar equações pertinentes ao estudo dos fenômenos de troca
térmica (Incropera, 2017).

2.2.4.1. Número de Reynolds

O número de Reynolds (Re) é um parâmetro adimensional essencial na análise


de escoamentos de fluidos e exerce uma influência significativa no cálculo dos
coeficientes convectivos e da turbulência do escoamento. De acordo com Kakaç et al.
(2018), o número de Reynolds é calculado como a razão entre as forças inerciais e as
forças viscosas, representado pela equação

𝜌𝑢𝐿
𝑅𝑒 = (10)
𝜇

Onde ρ é a densidade do fluido, 𝑢 é a velocidade do fluido, L é o comprimento


característico e μ é a viscosidade dinâmica.

Conforme mencionado por Çengel et al. (2014), o número de Reynolds


desempenha um papel crucial na determinação do tipo de fluxo, seja laminar ou
turbulento. Em situações de baixo número de Reynolds (Re < 2100), onde as forças
viscosas são dominantes, o fluxo é predominantemente laminar, com um padrão de
fluxo regular e ordenado. Por outro lado, para altos números de Reynolds, as forças
inerciais predominam e resultam em um fluxo turbulento (Re > 4000), caracterizado
por vórtices complexos e movimentos caóticos tridimensionais do fluido.

No contexto da transferência de calor, o número de Reynolds exerce uma


influência direta no coeficiente convectivo. De acordo com Incropera et al. (2002), o
coeficiente convectivo de transferência de calor é diretamente proporcional a uma
potência fracionária do número de Re. Isso implica que o coeficiente convectivo de
transferência de calor aumenta com o aumento do número de Reynolds, indicando
uma transferência de calor mais eficiente, especialmente em situações de turbulência.

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2.2.4.2. Número de Prandtl

O número de Prandtl (Pr) é uma medida adimensional usada na análise de


problemas de transferência de calor em fluidos. Introduzido em homenagem físico
alemão Ludwig Prandtl, esse parâmetro é definido como a razão entre a difusividade
de momento (μ) e a difusividade térmica (α) de um fluido. De acordo com a definição
estabelecida por Incropera et al. (2007), o número de Prandtl é expresso pela equação
(11), onde μ denota a viscosidade dinâmica do fluido, e α representa a condutividade
térmica.

𝜈 𝜇𝑐𝑝
𝑃𝑟 = 𝛼 = (11)
𝑘

O Prandtl é frequentemente interpretado como uma medida da eficácia relativa


dos transportes de momento e de calor por difusão dentro das camadas limite de
velocidade e térmica. Isso implica que o número de Prandtl reflete a relação entre o
transporte de momento e o transporte de calor em um fluido específico. Em essência,
ele quantifica a capacidade do fluido de transferir momento em comparação com sua
capacidade de transferir calor.

2.2.4.3. Número de Nusselt

Introduzido na equação (12), o número de Nusselt representa o gradiente de


temperatura adimensional na superfície e fornece uma medida da transferência de
calor por convecção. Essencialmente, o número de Nusselt expressa a relação entre
a transferência de calor convectiva e a transferência de calor por condução em um
sistema.

ℎ𝐿
𝑁𝑢 = (12)
𝑘

Onde h é o coeficiente convectivo, L é o comprimento característico e k é a


condutividade térmica do fluido. Para o cálculo dos coeficientes convectivos, é comum
fazer o uso dos números de Reynolds e Prandtl para calcular Nusselt em faixas
específicas, e, a partir dele, encontrar o coeficiente convectivo h. Contudo, muitas
vezes a determinação analítica é complexa ou impossível. Assim, métodos
computacionais mostram-se ferramentas importantes no dimensionamento e
otimização de trocadores de calor (Incropera et al., 2017).

18
2.3. Metodologia CFD
A Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) é uma ferramenta interdisciplinar
que se baseia em modelos matemáticos e métodos numéricos para a análise de
sistemas que envolvem o fluxo de fluidos e transferência de calor. É uma ferramenta
valiosa para o estudo de fenômenos complexos e a previsão de comportamentos
fluidodinâmicos em diversas aplicações industriais e científicas (COLAÇO, 2019).

O CFD é amplamente utilizado em áreas como aerodinâmica, engenharia de


energia, processos químicos, engenharia biomédica, entre outras. Permite simulações
computacionais detalhadas de escoamentos complexos, contribuindo para a
compreensão do comportamento de fluidos e a identificação de possíveis melhorias
em sistemas e dispositivos de engenharia (Versteeg et al., 2007).

Com o advento de computadores mais poderosos, o CFD passou a ser


amplamente adotado por sua capacidade de realizar simulações complexas e
realistas. A metodologia de solução baseia-se principalmente no método de volumes
finitos, permitindo a discretização do domínio e a resolução de equações diferenciais
que governam o comportamento dos fluidos.

A integração de ferramentas de CFD em software comercial, como o ANSYS


Fluid, Ansys CFX, COMSOL Multiphysics e AutoDesk, entre outros, oferece aos
engenheiros a capacidade de simular e analisar de forma eficiente sistemas
complexos de fluidos, contribuindo para o desenvolvimento de projetos inovadores e
eficientes (Anderson, 1995).

2.3.1. Funcionamento básico de um código comercial CFD

Os códigos comerciais de Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD)


desempenham um papel fundamental na análise de sistemas envolvendo o fluxo de
fluidos e transferência de calor, por meio de simulação numérica baseada em
computador (Versteeg et al., 2007). Esses códigos CFD geralmente consistem em três
elementos principais: o pré-processador, o solucionador (solver) e o pós-processador,
como mostra a figura 8.

19
Figura 8 – Procedimento de resolução de problemas através de CFD.

Fonte: Costa (2016).

2.3.1.1. Pré-processador

O pré-processamento envolve a inserção dos parâmetros do problema e a


definição do problema físico por meio de uma interface gráfica. As atividades no pré-
processamento incluem:

• Definição da geometria do domínio computacional;


• Discretização do domínio ou geração da malha de elementos;
• Seleção do fenômeno físico a ser modelado;
• Definição das propriedades dos fluidos;
• Especificação das condições de contorno nas células coincidentes com a
fronteira do domínio.

Definição do critério de convergência e dos métodos de discretização (Costa,


2016).

2.3.1.2. Solver

O solucionador é responsável por transformar as informações fornecidas no


pré-processamento em uma linguagem computacional que possa ser usada para
resolver as equações relevantes do problema. O método de solução numérica mais
comum em códigos CFD é o Método dos Volumes Finitos (FVM). O processo de
solução inclui: a integração das equações governantes do escoamento do fluido sobre
todos os volumes de controle finitos do domínio, a discretização das equações

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integrais resultantes em um sistema de equações algébricas, e por fim, a solução das
equações algébricas por meio de métodos iterativos (Versteeg et al., 2007).

2.3.1.3. Pós Processador

O pós-processamento envolve a interpretação dos resultados obtidos com a


ajuda de uma interface gráfica. As ferramentas de pós-processamento incluem a
visualização da malha e geometria, plotagem de vetores de fluxo, linhas de contorno,
superfícies 2D e 3D, entre outras. O pós-processamento é crucial para a análise e
interpretação dos resultados da simulação (Versteeg et al., 2007).

A qualidade da solução de CFD é influenciada pelo número de elementos da


malha, sendo que malhas mais finas normalmente resultam em soluções mais
precisas. No entanto, a quantidade de elementos da malha afeta o tempo de
processamento e os recursos computacionais necessários. Portanto, é necessário
encontrar um equilíbrio entre a precisão da solução e o tempo de cálculo.

A validação dos resultados de CFD muitas vezes envolve a comparação com


dados experimentais ou modelos teóricos sempre que possível (Versteeg et al., 2007).

2.3.2 Ansys

O ANSYS é um software de simulação de engenharia amplamente utilizado em


diversas indústrias para análise de problemas complexos. Com uma interface
amigável e recursos poderosos, o ANSYS oferece uma ampla gama de
funcionalidades que abrangem várias disciplinas, como mecânica estrutural, dinâmica
de fluidos computacional (CFD) e transferência de calor (ANSYS, 2015).

Especificamente, o ANSYS CFX, um módulo do ANSYS, é projetado para lidar


com problemas de dinâmica de fluidos computacional. Ele permite simulações de fluxo
em diferentes regimes, desde o laminar até o turbulento, incluindo cenários com
escoamentos compressíveis e não-newtonianos. Além disso, o ANSYS CFX
possibilita a análise de transferência de calor, radiação térmica e interações
multifásicas, tornando-o uma ferramenta fundamental para o estudo de problemas de
transferência de calor e fluidodinâmica (ANSYS, 2015).

21
Ao aplicar o ANSYS CFX na modelagem e otimização de trocadores de calor,
os engenheiros podem analisar com precisão os padrões de fluxo e transferência de
calor, permitindo a otimização do projeto e o aprimoramento da eficiência energética.
A utilização desse software possibilita a exploração de diversas configurações e
condições operacionais, contribuindo para o desenvolvimento de trocadores de calor
mais eficientes e robustos.

2.3.3 Equações governantes

A Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) é baseada nas equações de


conservação de massa, momento e energia, que descrevem o comportamento dos
fluidos em sistemas complexos. Um conjunto importante de equações utilizadas em
CFD são as equações de Navier-Stokes, que descrevem o movimento de fluidos
viscosos e incompressíveis. Essas equações governam o escoamento de fluidos e
são representações matemáticas da Lei da Conservação, fundamentais para a
compreensão do comportamento de fluidos em diversos contextos de estudo
(Versteeg et al., 2007).

2.3.3.1 Equação da Continuidade

A equação da continuidade é uma das equações fundamentais na Dinâmica


dos Fluidos Computacional (CFD) e é baseada no princípio de conservação da massa,
que afirma que a massa de um fluido não pode ser criada nem destruída, apenas se
deslocando dentro de um sistema. Esta equação descreve o comportamento da
massa de fluido em um sistema complexo. De acordo com Versteeg et al. (2007), a
equação da continuidade é expressa da seguinte forma:

𝜕𝜌
⃗ (𝜌𝑈
+∇ ⃗ ) = 0 (12)
𝜕𝑡

Nesta equação, ρ representa a densidade do fluido, t é o tempo, ∇ é o vetor


⃗.
divergente da densidade multiplicada pela velocidade do fluido 𝑈

Para o escoamento permanente, a equação da continuidade pode ser reduzida


para:

⃗ (𝜌𝑈
∇ ⃗ ) = 0 (13)

22
Esta forma da equação da continuidade enfatiza que, em escoamentos
permanentes, o fluxo de massa dentro de uma região de controle é constante.

2.3.3.2 Equação da Quantidade de Momento

A equação da quantidade de momento desempenha um papel fundamental na


descrição do comportamento dos fluidos, seguindo a Segunda Lei de Newton, que
afirma que a taxa de mudança do momento é igual à soma das forças atuando em
uma partícula de fluido. As forças relevantes incluem aquelas de natureza volumétrica
e superficial, como a pressão e as forças viscosas (ANSYS, 2015). No contexto de
uma referência inercial, essa equação pode ser expressa como:

⃗⃗ )
𝝏(𝝆𝑼
+ ⃗𝛁
⃗ (𝝆𝑼
⃗⃗ ⊗ ⃗𝑼
⃗ ) = −𝛁
⃗ 𝒑 + ⃗𝛁𝛕
⃗ + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑺𝑴 (14)
𝝏𝒕

Onde ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑆𝑀 é uma fonte de momento externa, p é a pressão estática e 𝛕
⃗ é o tensor
de tensões viscosas, dado pela equação 15.

𝑇
⃗𝑈
⃗ = 𝜇 (∇
𝛕 ⃗ + (∇
⃗𝑈⃗ ) − 2 𝛿∇
⃗ .𝑈
⃗ ) (15)
3

Onde µ é a viscosidade dinâmica do fluido e δ é o tensor unitário.

2.3.3.3 Equação da Energia

A equação da energia em CFD é fundamental para descrever o comportamento


energético dos fluidos em sistemas complexos. Ela se baseia na primeira lei da
termodinâmica, que estabelece que a taxa de mudança de energia é igual à soma das
taxas de calor e do trabalho realizadas por partículas do fluido. Essa equação
considera diferentes formas de energia no escoamento, incluindo energia cinética,
térmica e química (ANSYS INC, 2016). A equação da energia, em sua forma geral,
pode ser representada como:

𝜕(𝜌ℎ)
+ ⃗∇(𝜌𝑈
⃗ h) = −∇
⃗ . (λ∇
⃗ 𝑻) − 𝒑∇
⃗ .𝑈
⃗ + ⃗Φ
⃗⃗ + ⃗⃗⃗⃗
𝑆𝐸 (16)
𝜕𝑡

Nesta equação, h representa a entalpia estática, T é a temperatura, λ é a


condutividade térmica do fluido, p é a pressão, Φ é o termo de dissipação viscosa,
que modela o aquecimento interno por viscosidade e é insignificante na maioria dos

23
casos, enquanto ⃗⃗⃗⃗
𝑆𝐸 é uma fonte de fluxo de calor, como uma reação química (ANSYS
INC, 2016).

Sob condições de regime permanente, sem fluxo de calor e com condutividade


térmica constante para o intervalo de temperatura em estudo, a equação se reduz a:

∇2 T = 0 (17)

2.3.4 Modelagem da turbulência

A turbulência é um fenômeno complexo que ocorre em muitos escoamentos de


fluidos e é caracterizada por flutuações aleatórias nas propriedades do fluido, tanto no
tempo como no espaço. Ela representa uma mudança profunda no comportamento
do fluido, em que o escoamento deixa de ser suave e laminar para se tornar caótico e
agitado (ANSYS INC., 2016).

Essa transição de um escoamento laminar para um escoamento turbulento


ocorre devido a vários fatores, como a rugosidade das paredes e transferência de
energia no fluxo. O número de Reynolds, já abordado anteriormente, desempenha um
papel fundamental na determinação da transição para a turbulência. Quando as forças
inerciais são significativamente maiores que as forças viscosas, o escoamento se
torna turbulento (Hartel, 1996).

A modelagem da turbulência é essencial em muitos campos da engenharia,


como em trocadores de calor, onde a turbulência é usada para melhorar a mistura do
fluido e, consequentemente, aumentar o coeficiente de transferência de calor (Alves,
2018). Existem várias abordagens numéricas para modelar a turbulência, mas as mais
comuns são a Simulação Numérica Direta (DNS), a Simulação de Grandes Escalas
(LES) e o Método de Reynolds Average Navier-Stokes (RANS) ( Versteeg et al., 2007).

A abordagem DNS resolve diretamente as equações de Navier-Stokes sem a


necessidade de um modelo de turbulência específico, permitindo um entendimento
detalhado dos fenômenos físicos envolvidos, mas é computacionalmente intensiva e
adequada apenas para situações de baixo número de Reynolds.

A técnica LES é aplicada para simular as grandes escalas da turbulência,


enquanto as pequenas escalas são modeladas com base na viscosidade turbulenta.

24
Isso a torna adequada para simulações em escalas intermediárias, mas ainda requer
uma malha refinada e recursos computacionais significativos.

Por outro lado, o método RANS, baseado na decomposição de Reynolds, é


amplamente utilizado na engenharia, pois permite uma análise eficiente dos efeitos
da turbulência no escoamento médio, mantendo um custo computacional razoável
(Versteeg et al., 2007). No contexto do estudo em questão, o modelo RANS é adotado
devido à sua adequação para avaliações de dinâmica de fluidos computacional,
apresentando requisito computacional menor com relação aos outros métodos
supracitados.

O modelo k-ε é uma abordagem clássica e amplamente utilizada na simulação


de turbulência em escoamentos. Ele é um modelo de duas equações que se baseia
na modelagem da energia cinética turbulenta (k) e sua taxa de dissipação (ε). Este
modelo pressupõe uma relação entre a viscosidade turbulenta e a energia cinética
turbulenta, e sua taxa de dissipação é determinada por constantes específicas. Esse
modelo é conhecido por sua simplicidade e eficiência computacional, tornando-o uma
escolha frequente em diversas aplicações de engenharia. No entanto, suas
simplificações podem limitar sua precisão em certos cenários de fluxo complexos e
altamente turbulentos, o que pode exigir a consideração de modelos mais avançados,
como os baseados em RANS (Ansys Inc, 2016). Por outro lado, o modelo k-ε é
considerado apropriado para simulações de fluxo em diversos tipos de geometrias e
é frequentemente selecionado devido à sua facilidade de implementação e economia
computacional, fatores que o levaram a ser escolhido para a modelagem inicial do
presente trabalho.

3. Metodologia
A presente pesquisa tem como foco a implementação de uma metodologia que
visa construir um modelo computacional utilizando o software Ansys CFX. A
abordagem central consiste na simulação detalhada do comportamento de um
trocador de calor do tipo duplo tubo. Inicialmente, será realizado o desenvolvimento
da geometria precisa do trocador, seguido pela geração de uma malha computacional
bem definida. A delimitação das entradas e saídas dos fluidos, assim como a
segmentação dos domínios, também estarão incluídas nessa etapa.

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Durante a fase de configuração, o método k–ε será adotado para calcular os
efeitos da turbulência no sistema. Diversos parâmetros relevantes serão definidos,
incluindo a velocidade dos fluidos, temperatura e condições de contorno, entre outros.
Posteriormente, o processo avançará para a etapa de solução e simulação usando o
método k–ε para fazer o cálculo computacional. Serão conduzidos vários testes e
iterações, com o intuito de otimizar o sistema de trocador de calor. O principal objetivo
será alcançar o maior coeficiente convectivo global permitido, considerando as
restrições físicas do equipamento.

A fase de otimização envolverá a realização de experimentos sistemáticos,


variando parâmetros-chave, como os diâmetros do tubo interno, as temperaturas dos
fluidos, as vazões mássicas e o número de Defletores. A análise dos conjuntos de
soluções obtidos ajudará a determinar as configurações mais eficazes para o sistema.

Após a fase de simulação, será executada uma validação analítica do modelo


proposto. Isso incluirá o cálculo do coeficiente global (U), das taxas de transferência
de calor (Q) e da eficiência do equipamento. Caso o modelo computacional não seja
validado, será necessária uma revisão aprofundada para identificar e corrigir
quaisquer discrepâncias.

Uma vez que o modelo computacional seja validado, a pesquisa prosseguirá


para a fase de coleta de dados práticos, que serão obtidos por meio da construção de
uma planta física baseada nos parâmetros otimizados do sistema. Essa planta será
construída com o uso dos recursos do projeto de extensão “HCLO – Trocadores de
calor”, sendo também disponibilizado ao projeto. A comparação entre os resultados
das simulações e os dados práticos coletados será essencial para garantir a precisão
e a confiabilidade do modelo.

4. Conclusão
Em resumo, este estudo delineou uma metodologia para a modelagem e
otimização de um trocador de calor do tipo duplo tubo. A próxima etapa envolverá a
aplicação da metodologia proposta, utilizando o software ANSYS para conduzir
simulações detalhadas do trocador de calor. A variação controlada de parâmetros,
como os diâmetros do tubo interno, as temperaturas dos fluidos, as vazões mássicas
e o número de defletores, será fundamental para identificar as configurações mais
eficientes.
26
A validação analítica e experimental será fundamental para garantir a precisão
do modelo proposto. É esperado que os resultados obtidos durante o processo de
validação estejam alinhados com os fenômenos físicos apresentados de forma
prática, garantindo a acurácia do modelo.

A bem-sucedida aplicação dessa metodologia fornecerá informações úteis para


a otimização de trocadores de calor, contribuindo para o avanço do conhecimento na
transferência de calor e fluidodinâmica.

5. Referencias
ALVES, Bruna Almeida. Simulação de um trocador de calor casco e tubos com
fluido turbulento utilizando código CFD. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, 2018.
ANSYS INC. ANSYS CFX-Solver Theory Guide: Release 17.2. Canonsburg, 2016.
ARAÚJO, E. C. da C. Trocador de Calor. 1. ed. São Carlos: Editora da
Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar), 2002.
CENGEL, Y.; GHAJAR, A. Heat and mass transfer: fundamentals and
applications, McGraw-Hill. New York, 2014. CENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J.
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CENGEL, Yunus A.; GHAJAR, Afshin J. Numerical methods in heat conduction. ,
Çev: Vedat Tanyıldızı, v. 3, 2014.
COELHO, João Carlos Martins. Energia e fluidos: transferência de calor. 1. ed. São
Paulo: Blucher, 2016.
COLAÇO, Andrey Barbosa. Otimização Do Desempenho Térmico e Hidráulico de
um Trocador de Calor Tubo Duplo com Defletores Perfurados. Pontifícia
Universidade Católica do Paraná,2019.
COSTA, Mayse Cíntia Vieira da. Simulação e análise do efeito da variação de
parâmetros sobre a perda de carga e transferência de calor em trocadores de
calor casco e tubo. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de
Pernambuco, 2016.
HÄRTEL, Carlos. Turbulent flows: direct numerical simulation and large-eddy
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INCROPERA, F.; BERGMAN, T.; LAVINE, A.; DEWITT, D.; Introduction to heat
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KAKAC, Sadik; LIU, Hongtan; PRAMUANJAROENKIJ, Anchasa. Heat exchangers:
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TEMA, Standards of Tubular Exchanger Manufacturers Association, 9th edn., Tubular
Exchanger Manufacturers Association, Tarrytown, NY, 2007.Shahril et al. (2016)

27
Versteeg, H. K., & Malalasekera, W. An introduction to computational fluid
dynamics: the finite volume method. Pearson Education, 2016.
VERSTEEG, Henk Kaarle; MALALASEKERA, Weeratunge. An introduction to
computational fluid dynamics: the finite volume method. Pearson education,
2007.

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