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PPG/PES

UEM

RELATÓRIO FINAL

1. ACADÊMICA PARTICIPANTE: BRUNA PAGANI DE MAYO

2. ORIENTADORA: PROFESSORA TÂNIA NUNES GALVÃO VERRI 3. DEPARTAMENTO: DAU

4. TÍTULO DO PROJETO: A PRESENÇA DAS MULHERES NOS EVENTOS NACIONAIS DE ARQUITETURA, NO


SÉCULO XXI.

5. INÍCIO: 31/08/2020 6. TÉRMINO: 30/07/2021

7. AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O PIC.

O Programa de Iniciação Científica representa o primeiro contato dos acadêmicos a com a pesquisa,
possibilitando o estudo aprofundado da temática estabelecida por um ano. É, portanto, um caminho
seguro e imprescindível, para despertar nos jovens a possibilidade de seguirem o caminho da docência. É
o primeiro passo na direção da formação de pesquisadores e docentes. Esse processo se deu de forma
voluntária, incitado pela aluna, e produziu resultados acima dos esperados. Avalio o PIC como
fundamental para a proposta da universidade pública.

8. AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO DA ACADÊMICA-PARTICIPANTE NO PIC.

O início das discussões dessa iniciação científica se deu por iniciativa da Bruna. Fui procurada por ela,
que chegou com o desejo de trabalhar, entretanto, com dúvidas sobre o tema a ser pesquisado.
Sistematizei, organizei e propuz à ela a discussão apresentada, ao que recebeu com alegria e
comprometimento. Fomos assoladas pela pandemia, que, de um lado dificultou muito o acesso aos dados,
de outro, proporcionou momentos fundamentais do debate, desviando um pouco o foco da solidão
provocada pelo isolamento. Bruna é aluna pro-ativa, determinada, inteligente e completamente
comprometida.
9. AVALIAÇÃO DA ACADÊMICA SOBRE O PIC.

Fazer parte desde Projeto de Iniciação Científica foi, sem dúvidas, um caminho desafiador e de muito
aprendizado. Desde que eu e minha orientadora, Tânia Nunes Verri Galvão, optamos pela escolha da
temática, sabíamos que seria um trabalho provocador e escancararia uma parte da realidade das
arquitetas brasileiras, tornando a disparidade de gênero nos eventos de arquitetura mais real, saindo de
números para ir para nomes. Ainda assim, tornou-se um trabalho satisfatório por acreditarmos que esse
questionamento é imprescindível para a busca de uma melhora neste cenário, com a esperança de que
esse e outros trabalhos dedicados à temas semelhantes sejam apenas o começo de um movimento
argumentador que busca dar visibilidade a todas as arquitetas brasileiras. A partir da Iniciação Científica
se formou um grupo de pesquisa chamado “Mulheres arquitetas”, que, como dito no início do trabalho,
juntou uma equipe de mulheres vinculadas à arquitetura e que busca, desde 2020, fazer questionamentos
sobre a questão do gênero na arquitetura e dar destaque as mulheres arquitetas, sob a coordenação da
professora Tânia. As trocas com o grupo de pesquisa foram fundamentais para o desenvolvimento do PIC,
deixando as referências mais ricas e possibilitando um melhor resultado.

10. ESCANEAR E ANEXAR COMPROVANTE DE APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA EM


EVENTOS CIENTÍFICOS (NO SGP, EM “ANEXAR NOVO ARQUIVO”, ESCOLHA A OPÇÃO: CERTIFICADO DE
PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS) Se houve premiação, informar o evento e classificação e anexar
comprovante.

A acadêmica está inscrita no EAIC 2021 - UEM

11. ESCANEAR E ANEXAR, SE HOUVER, COMPROVANTE DE PUBLICAÇÃO, COM A PARTICIPAÇÃO DA


ACADÊMICA, EM PERIÓDICOS INDEXADOS E/OU COM CORPO EDITORIAL.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ORIENTADORA: Prof.essora Tânia Nunes Galvão Verri
ACADÊMICA: Bruna Pagani de Mayo

A PRESENÇA DAS MULHERES NOS EVENTOS NACIONAIS DE


ARQUITETURA, DO SÉCULO XXI.

Maringá́ , 31 de julho de 2021.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ORIENTADORA: Professora Tânia Nunes Galvão Verri
ACADÊMICA: Bruna Pagani de Mayo

A PRESENÇA DAS MULHERES NOS EVENTOS NACIONAIS DE


ARQUITETURA, DO SÉCULO XXI.

Relatório contendo os resultados


finais do projeto de iniciação
cientifica, vinculado ao Programa
PIC-UEM.

Maringá́ , 30 de julho de 2021.


RESUMO

O PIC levantou e compilou a participação de mulheres em quatro eventos de arquitetura realizados


no Brasil no século XXI. O objetivo da pesquisa foi o de se aproximar dos mais difundidos
episódios da área, quais sejam: as Bienais de Arquitetura, os Congressos Brasileiros de Arquitetura,
os DOCOMOMOs e os Enanparqs, entre outros. A pesquisa levantou numericamente e
percentualmente as participações das mulheres e homens nesses eventos, em diferentes categorias
como: nas exposições de projetos, nas equipes de curadorias, composições dos grupos de jurados,
convidados para o evento, palestrantes destacados e vencedores de prêmios. Os dados foram
extraídos dos sítios eletrônicos dos congressos e fontes bibliográficas específicas. Concluiu-se que,
ainda que as mulheres sejam a maioria dos profissionais da arquitetura e urbanismo no Brasil, elas
têm sido invisibilizadas por fatores que extrapolam os limites da área da arquitetura, assimetria que
está circunscrita na sociedade que ainda carece de caminhos para a equidade. A análise se
desenvolveu sob a óptica feminista e inclusiva.

Palavras chave: Equidade de Gênero em Arquitetura; Eventos de Arquitetura; Bienais; Docomomo

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta os resultados finais da Iniciação Científica desenvolvida no período de


01/08/2020 a 31/07/2021, sob a direção da professora Tânia Nunes Galvão Verri, que coordena uma
pesquisa intitulada “A arquitetura das mulheres brasileiras no século XXI”, sob o protocolo
2604/2020, na qual, contém o PIC: “A presença das mulheres arquitetas nos concursos públicos
nacionais de projeto, no século XXI.”, desenvolvido no Departamento de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Estadual de Maringá (DAU-UEM), no Paraná.
Reuniu-se um grupo de mulheres, vinculadas à arquitetura, de diferentes atuações, como em
escritórios de projeto, ocupantes de cargos públicos e acadêmicas da graduação de vários períodos,
trabalhando no contexto do isolamento causado pela pandemia de Covid-19, a partir de março de
2020.
No cenário brasileiro atual, de acordo com pesquisa realizada pelo CAU BR em 2019, e atualizada
em 2021, temos as mulheres como a maioria dos profissionais atuantes na arquitetura e urbanismo,
e esse dado, não tem correspondido às aparições das mulheres nas publicações especializadas e
premiações. Nesse sentido, instigou-se a analisar suas relações com os eventos de arquitetura.
SOBRE OS EVENTOS

Eventos, genericamente, são acontecimentos organizados por especialistas, com objetivos


institucionais, comunitários ou promocionais. Os eventos de arquitetura são conferências
promovidas com o objetivo de permitir trocas de conhecimento entre os arquitetos, proporcionar um
local onde os projetos (construídos ou não) possam ser apresentados, estudados e/ou premiados, e
possibilitar discussões entre os arquitetos, sendo eles estudiosos, pesquisadores e atuantes,
permitindo o conhecimento de inovações na arquitetura ao redor do mundo e, ao mesmo tempo,
estudo de antigas arquiteturas. Em geral os acontecimentos seguem um eixo temático específico,
que varia de edição para edição de acordo com o contexto temporal, regional, econômico, social,
etc.
O ponto de partida desta Pesquisa de Iniciação Científica no âmbito dos eventos foi o
Seminário Internacional intitulado “Onde Estão as mulheres arquitetas?”, realizado em 2016, no
Centro Cultural São Paulo (CCSP) com três dias de programação extensa e convidadas brilhantes, o
evento questionou o fato de as mulheres arquitetas, apesar de ocuparem maior porcentagem dos
registros profissionais no Brasil, estarem ocupando poucos postos de protagonismo na prática da
arquitetura, seja em grandes empresas, ganhando concursos ou em altos cargos de órgãos públicos.
A partir desse seminário bastante questionador, surgiu a vontade de elencar conferências de
arquitetura ocorridas no Brasil no século XXI que possuíssem certa relevância e quantificar as
aparições de mulheres arquitetas em diferentes categorias como: palestrantes/ conferencistas,
participantes da equipe de júri, composições dos grupos de curadoria, como expositoras de projetos
autorais e vencedoras de prêmios, contrastando com a quantidade de homens arquitetos que
recebem estes destaques e questionando se os eventos estão de fato gerando visibilidade para as
mulheres arquitetas.
Os eventos de arquitetura promovem trocas e debates entre os participantes, permitem uma
ampliação do conhecimento sobre a arquitetura e propiciam um canal para conhecimento de
projetos, executados ou não. Para a análise sobre equidade de gênero em Arquitetura e Urbanismo
foram escolhidos quatro eventos: as Bienais de Arquitetura, que, organizadas pelo Instituto de
Arquitetos do Brasil (IAB) objetivam promover debates, encontros e exposições de projetos,
abordando da quinta à décima segunda edição, ocorridas no período de 2003 à 2019; as
conferências intituladas DOCOMOMO, Documentação do Movimento Moderno, também com
edições de 2003 a 2019, e que têm como principal intenção a de sediar um espaço que contribui
com a pesquisa e debate sobre arquitetura e urbanismo do movimento moderno no Brasil. Além
desses, a última edição do Congresso Brasileiro de Arquitetura, CBA, ocorrido em 2019 em Porto
Alegre, e em duas edições do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo, ENANPARQ, realizadas em 2018 e 2021. De acordo com
Elisabete França (2017), na sociedade contemporânea, as bienais são um importante veículo para a
disseminação de conhecimento sobre a produção de arquitetura, um meio importante de divulgação
da produção internacional de arquitetura e, ao mesmo tempo, espaços de construção e de troca de
significados de determinada produção.
A partir das aproximações dos dezessete episódios destacados, foram quantificadas as
aparições de arquitetas nos eventos, sejam como convidadas, participantes de júri, compondo o
corpo curatorial, como palestrantes e/ou conferencistas, expositoras de projetos autorais, como
autoras de pesquisas e premiações. Os números levantados foram confrontados com as aparições
dos homens arquitetos e, mais uma vez, confirmada a desproporção de gênero. Conforme França
(2020), a busca de melhores condições femininas e representatividade na profissão passa pela
ocupação de posições políticas e de destaques nas organizações do setor.

JUSTIFICATIVAS

A pesquisa, através das análises de eventos, buscou dar visibilidade às autoras arquitetas que
são, muitas vezes, silenciadas. Ao se aproximar dos eventos nacionais relacionados à área de
arquitetura e, ao analisar o espaço cedido, o tom de voz e o foco destinados às arquitetas, o trabalho
procurou verificar o quanto os eventos são direcionados aos homens. Há de se alterar esse cenário.
Conhecer, reconhecer e divulgar as produções das mulheres, por meio de seus projetos é ação de
mitigar esse desequilíbrio. O projeto arquitetônico como ofício da arquiteta, é atividade
totalizadora, que sintetiza na forma os requisitos do programa, as sugestões do lugar e a disciplina
da construção. É serviço e produto que exige a convergência entre os campos da arte e técnica. No
recorte pretendido, tratará as arquitetas de forma digna e equânime. Segundo Otondo e Grinover
(2017), compreender o lugar da mulher no campo da arquitetura é uma atividade política que elas
entendem como parte intrínseca ao ato de projetar.
A investigação dos quatro eventos escolhidos possibilitou a análise de dezessete edições das
cerimônias que aconteceram no recorte escolhido: o século XXI no Brasil. Registra-se que a coleta
de dados se iniciou por ordem cronológica, entretanto, deparou-se com grande dificuldade na
localização dos mesmos, dada a condição de pandemia em que nos encontramos que direcionaram a
coleta, exclusivamente, por meio digital. Os sites apresentam informações assimétricas, as vezes
sem tabulações, o que dificultou a sistematização.
OBJETIVOS

A pesquisa teve como objetivo localizar arquitetas brasileiras desses vinte anos do século
XXI, que estiveram nos mais significativos eventos de arquitetura no país, e levantar dados
quantitativos, geográficos e de suas áreas de atuação, para, desta forma, verificar e evidenciar a
desproporção de autoras em locais de destaque, mesmo que elas sejam a maioria profissional: de
acordo com o censo realizado pelo CAU BR, em 2019 e atualizado em 2021, que expõe a crescente
participação feminina na área da arquitetura e urbanismo, tem-se que, atualmente, do total de
profissionais registrados no conselho federal, 64% são mulheres e 36% homens. Dessa forma, a
investigação buscou suscitar a discussão sobre equidade de gênero na arquitetura. Se propôs a
investigar quatro eventos nacionais, sob a óptica das quantidades de espaço destinado às mulheres,
gerando porcentagens para comparação e contraste com o espaço de destaque destinado aos
homens. O PIC também se dispôs a levantar as porcentagens de gênero na categoria pesquisas:
quem estaria pesquisando mais sobre arquitetura, os homens ou as mulheres?

DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento desta pesquisa parte, inicialmente, do estudo de leituras bibliográficas de


suporte ao tema – Arquitetas e Arquitetura na América Latina do século XX, de Ana Gabriela
Godinho Lima.

Na arquitetura, embora as mulheres atinjam cerca de metade do


número de estudantes nas escolas, as vezes superando
grandemente esta proporção, não é difícil notar que, no campo
profissional, atuam em menor número, e, em relação a seus
colegas homens, adquirem menor visibilidade e reconhecimento.
Isso pode ser constatado num exame das obras publicadas em
livros e periódicos, ou nos programas de ensino nas escolas de
arquitetura. (LIMA, 2004).

O trabalho da arquiteta teve como objetivo enfatizar a influência positiva que o trabalho das
mulheres arquitetas latino-americanas teve na evolução da arquitetura. Também foi usado de
suporte bibliográfico a tese “O espaço das mulheres na arquitetura”, de Susete Marisa Fernandes
para aprofundamento do papel da mulher na arquitetura ao longo dos anos, bem como crítica à
invisibilidade das mulheres arquitetas na história. Em seguida, o trabalho se nutre a partir do
levantamento quantitativo e sistematização de dados em eventos de arquitetura no Brasil, fazendo a
seleção das autoras e obras presentes nos mesmos.
EVENTOS DE ARQUITETURA

BIENAIS DE SÃO PAULO – séc XXI

Em Novembro de 1971, a Fundação Bienal de São Paulo (FBSP), o Instituto de Arquitetos


do Brasil (IAB) e o Banco Nacional de Habitação (BNH) firmaram um protocolo a fim específico
de realizar uma bienal de arquitetura com o objetivo de reunir, periodicamente, em São Paulo, os
resultados dos melhores esforços desenvolvidos em todo o mundo para o aproveitamento do meio
ambiente nas cidades e no campo e proporcionar debates e encontros em um espaço aberto e com
visibilidade. A organização da estrutura da exposição seguiu a experiência das Exposições
Internacionais de Arquitetura (EIA’s).

Desde a primeira edição, a Bienal Internacional de Arquitetura


tornou-se um dos eventos mais significativos realizados pelo IAB
SP, buscando abordar, discutir, rever e difundir questões sobre
nossa ocupação do território enquanto sociedade. A arquitetura
brasileira encontra nas Bienais sua principal instância de debate e
desenvolvimento crítico, mostrando-se como importante
manifestação cultural, social e política para enfrentar os desafios
cotidianos do campo. (BIENAL internacional de arquitetura de
São Paulo: edições anteriores. IAB SP. Disponível em:
https://www.iabsp.org.br/bienais_anteriores/)

O evento tem periodicidade bienal, acontecendo sempre na cidade de São Paulo, porém, não
seguiu um programa exato em todas as suas edições, sendo alterado a forma de exposição conforme
os anos se passaram.
Inicialmente, para uma primeira aproximação com as bienais, após escolher-se o recorte das Bienais
realizadas no Brasil no século XXI, foram levantados os nomes responsáveis pela curadoria dos
eventos, isto é, o grupo de pessoas responsável pelo cuidado e montagem do evento, são
incumbidos de escolher quais dos projetos inscritos são selecionados para exposições, de modo que
os trabalhos dialoguem entre si e com o público. A escolha da análise dessa categoria veio com o
objetivo de analisar quem estaria em posição de “poder”, a fim de selecionar quais trabalhos seriam
passíveis de serem expostos ou não, acreditando que a diferença de gênero nesse local de comando,
pode ter consequências nas porcentagens de gênero nos projetos selecionados. Após análise das
equipes de curadoria, foi recolhido o número de mulheres arquitetas convidadas a participar das
equipes de júri dos eventos. O júri é o grupo de pessoas encarregada de avaliar o mérito dos
trabalhos, responsáveis por premiar ou conceber destaque ou menções honrosas a alguns projetos,
mais uma vez, entendendo que a falta de representatividade feminina em espaços de poder pode
alterar o resultado das premiações.
Figura 01: Gráfico de relação de homens e mulheres na curadoria das Bienais.

Fonte: desenvolvido pela autora.

Figura 02: Gráfico de relação de homens e mulheres nas equipes de júri das Bienais.

Fonte: desenvolvido pela autora.

Os quantitativos colhidos entre equipes de júri e de curadoria formaram a categoria de “mulheres


convidadas”, criada para que fosse feito um gráfico de contagem regional, visualizando quais
regiões do Brasil tiveram mais mulheres convidadas, a fim de questionar a desproporção regional de
mulheres em posição em maior destaque (quando comparado a outras mulheres).
Figura 03: Gráfico de contagem de região de mulheres convidadas.

Fonte: desenvolvido pela autora.


Sobre a categoria de mulheres convidadas, foi listado os nomes das arquitetas para que
pudesse ser dado o devido destaque às mesmas:
Tabela 01: lista de nomes das mulheres arquitetas convidadas nas bienais.

2003 ELISABETE FRANÇA SP


2003 FILOMENA RUSSO Internacional Inglaterra
2005 ELISABETE FRANÇA SP
2005 ROSA KLIASS SP
2005 AIDA MATOS MONTENEGRO CE
2007 MONICA JUNQUEIRA DE CAMARGO SP
2007 REGINA HELENA SANTOS SP
2009 ROSANA FERRARI SP
2009 LIANE MAKOWSKI ALMEIDA SP
2009 NÁDIA SOMEKH SP
2009 CLÁUDIA PIRES MG
2009 BÁRBARA IRENE WASINSKI PRADO MA
2011 CONCEIÇÃO TRIGUEIROS Internacional Portugal
2011 NINA BERRE Internacional Noruega
2013 LIGIA NOBRE SP
2013 ANA LUISA NOBRE SP
2019 VANESSA GROSSMAN SP
2019 CHARLOTTE MALTERRE BARTHES Internacional EUA
Fonte: elaborado pela autora.

Após, foram angariados todos os projetos expostos em todas as edições das Bienais do
século XXI, com exceção da décima e décima primeira edição, que não possuíam os eventos
digitalizados. Foram recolhidas as porcentagens de arquitetos homens, arquitetas mulheres e/ou
equipes mistas responsáveis pelos trabalhos apresentados, e, dentre as arquitetas presentes, foram
listados seus nomes para a criação de um gráfico regional, permitindo visualizar de quais regiões do
Brasil estão sendo expostos a maior parte dos projetos.

5ª BIENAL

A quinta Bienal de São Paulo aconteceu em 2003 e teve como tema norteador “Metrópole”.
Através da apresentação de projetos marcantes de sete cidades mundiais, visou apresentar soluções
e problemas urbanos enfrentados por metrópoles como Pequim, Johanesburgo, Berlim, Londres,
Nova York e São Paulo.
É necessário pontuar que, dentre as Bienais do século XXI, a quinta BIA foi a única que teve
na equipe um “Conselho Consultivo”, no qual 28% dos participantes eram mulheres, sendo elas a
arquiteta Elizabete França e a arquiteta Monica Junqueira de Camargo, ambas de São Paulo.
Sobre os participantes do evento, dos trezentos e vinte trabalhos inscritos para a conferência, foram
expostos duzentos e oitenta e quatro projetos, dos quais setenta e sete eram projetos desenvolvidos
por equipes mistas (homens e mulheres), e trinta e três projetos de responsabilidade inteiramente
feminina.
Figura 04: gráfico comparativo de projetos na quinta Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.

Do total de projetos em exposição, foram selecionados pela equipe de curadoria quatorze


trabalhos a serem expostos em “salas especiais”, porém, todos os escolhidos foram executados por
escritórios inteiramente masculinos. Sobre as premiações, coordenadas pela equipe de júri, três
projetos foram condecorados, sendo apenas um deles coordenado por uma mulher, em conjunto
com uma equipe mista. O projeto em questão é de autoria da arquiteta uruguaia Márcia Kohen, em
conjunto com sua equipe, e se trata do Memorial aos Detidos Desaparecidos, em Montevidéu. Além
das equipes premiadas, o júri também conferiu quatorze menções honrosas a alguns projetos, sendo
desses quatorze, quatro projetos de equipes mistas e dois executados somente por mulheres: o
Espaço Criança Esperança, das arquitetas Alessandra Pires, Danielle Klintowitz e Stefânia
Dimitrov; o Tratamento paisagístico dos espaços abertos do projeto Feliz Lusitânia, de autoria da
arquiteta paisagista Rosa Kliass; o Ecoresort Leebambou, que teve a arquiteta Tânia Regina Parma
como uma das arquitetas responsáveis, em conjunto com um arquiteto homem; o projeto da
Agência de Publicidade, que contou com Claudia Nucci na composição da equipe mista; o Centro
Universitário Maria Antonia, produzido, dentre outros participantes homens, pelas arquitetas
Cristiane Muniz e Fernanda Bárbara; e a Urbanização no Brooklin e a urbanização com casas pátio,
executado por uma equipe mista na qual participam as arquitetas Leda Brandão de Oliveira, Ruth
Verde Zein e Vera Lopes de Oliveira.
Em relação às arquitetas convidadas a participar do júri do evento, dentre os cinco
participantes selecionados, uma das juradas é mulher, a arquiteta inglesa Filomena Russo.
Foi desenvolvida uma tabela que lista todos os nomes das arquitetas responsáveis pelos projetos
expostos na Bienal, bem como de quais regiões elas pertencem, com o objetivo de dar nome aos
números aqui listados, sempre procurando dar maior visibilidade às arquitetas.
Tabela 02: lista de nomes das mulheres arquitetas responsáveis por exposição de projeto na 5ª Bienal.

ARQUITETAS COM EQUIPE ARQUITETAS COM EQUIPE


REGIÃO REGIÃO
PROJETOS EXPOSTOS MISTA PROJETOS EXPOSTOS MISTA

Isa Tibúrcio MG sim Anne Marie Sumner SP não


Karina Castaldi Aguera e Cassia
Calastri Nobre SP sim Cristiane Xavier SP não
Mariane Garcia Unanue MG sim Alessandra Pires SP não
Liane Makowski de O e Almeida SP sim Silvana Sousa SP sim
Marília Penteado Sant'Anna de
Almeida SP sim Marcia Domene SP não
Lua Nitsche SP sim Monica Drucker SP não
Maria Cristina R Maciel, Maria Isabel Duprat SP não
Patricia Ruivo e Camila Amatuzzi
Tosi SP sim Lindamar Elias SP não
Simone Alves SP sim Núria Roso SP não
Izabel Amaral RN sim Miriam Escobar SP não
Christiane Ammon RJ sim Ana Maria Tagliari Flório SP sim
Katy Anastassakis RJ sim Lêda Brandão de Oliviera SP sim
Daíse Gois RJ sim Vera Lopes de Oliveira SP sim
Márcia Maria de Vasconcelos
Gouveia RJ sim Ruth Verde Zein SP sim
Cláudia Mello RJ sim Brunete Fraccaroli SP não
Claudia Amorim Brasília sim Cristina Francisco SP sim
Marcela Amorim SP sim Regina Gomes Pereira de Vilhena SP sim
Patrícia Anastassiadis SP não Maria Josefina Vasconcellos MG sim
Carolina Vinchon Nogueira de
Andrade RJ sim Beatriz Barberis Giorgi SP não
Camila Simbalista Antunes Olivei RJ sim Elizabeth Goldfarb SP sim
Alejandra Devecchi SP sim Maria Cecília Gorski SP não
Eliane Guedes SP sim Luciana Thomas Guersi SP não
Suyene Riether Arakaki Brasília sim Valéria Hazan RJ sim
Laura Assaf SP sim Vera Hazan RJ sim
Ana Carolina Penna SP sim Flavia Zelenovsky SP sim
Elizabete Martinho SP não Rosa Figueroa Raimundo SP sim
Adriana Prado Belleza SP não Rosa Kliass SP não
Patrícia Azevedo MG sim Martha Kohen Inglaterra sim
Maria Beatriz Camargo Cappello MG sim Michele Lage MG sim
Elza Cristina Santos MG sim Renata Lobato MG sim
Fernanda Bárbara SP sim Adriana B. Levisky SP sim
Cristiane Muniz SP sim Luciana dos Reis S ROsa SP sim
Patrícia Martins SP sim Simone Mantovani SP não
Fabiana U Barillari Franchi SP sim Rosana Martinez SP sim
Zulema Fuentes Cadima Bolívia sim Christina de Castro Mello SP sim
Rosangela Martinelli BIasoliteta SP sim Cassia Alves Vaz SP sim
Janaína Paes de Camargo SP sim Ester Meyer RS não
Emerita Emilto SP sim Claudia Miranda RJ sim
Monica Brooke SP sim Adriana Sansão RJ sim
Andrea Junqueira Barbosa de
Campos SP sim Marina Mermelstein SP sim
Heloisa Lima Herkenhoff SP sim Aparecida Kazue Ogino SP sim
Nadir Bonaccorso Itália não Celia da Rocha Paes SP sim
Sonia Silva Portugal não Tania Regina Parma SP sim
Renata Furlanetto SP sim Graça Gondim dos Santos BA sim
Isabela Janson SP sim Lenise de Carvalho Vaz Porto BA sim
Desiree Ariane Felix Caldeira SP sim Mariana Fontes Pérez Rial SP não
Claudia Correia Neves SP sim Rosana Rivelles Pierri SP sim
Claudia Nucci SP sim Katia Pestana SP sim
Teresa Debrassi SP sim Lilian Dal Pian SP não
Melissa Balloni Carpino SP não Cibele Correard Piccolo SP sim
Joana Mello de Carvalho e Silva SP não Ana Carolina Luchessi Poli SP não
Eva Castro SP sim Juliana Barros Rezende MG não
Silvia Henriques SP sim Maria Olinda de Souza Sampaio RJ não
Paula Versalovic Chile sim Ana Lucia Oliveira SP sim
Valéria Santos SP sim Ana Vidal SP sim
Viviane Cunha RJ não Adriana Santini SP sim
Marcia David SP sim Hebe Olga de Souza SP nao
Stefania Dimitrov SP não
Danielle Klintowitz SP não
Fonte: elaborado pela autora.
Figura 05: gráfico de contagem de região das arquitetas participantes da exposição na 5ª Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.


6ª BIENAL

A sexta Bienal de Arquitetura aconteceu em 2005 e teve como tema orientador “Viver na cidade:
Realidade, Arquitetura e Utopia”. O evento se propôs a ser o espaço para debater e refletir sobre os
conflitos e a difícil arte de morar nas cidades contemporâneas, principalmente nas grandes
metrópoles, como um complemento da quinta BIA. Discutiu-se o Viver na Cidade e sua realidade e
em prospecções para o futuro. Ainda em 2005, a Bienal contava com exposições de arquitetos
convidados nas salas especiais, e neste ano foram selecionados dezessete escritórios/arquitetos a
expor. Dentre eles, quinze formados por equipes masculinas, um escritório formado por equipe
mista, que conta com a participação de Aida Matos Montenegro e outro que tem Rosa Kliass como
arquiteta responsável. Dos participantes das exposições gerais, foram selecionados cento e oitenta e
cinco projetos, sendo apenas quarenta e sete trabalhos executados por mulheres.
Figura 06: gráfico comparativo de projetos na sexta Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.

Quanto à premiação, a equipe de júri responsável teve uma formação somente de homens, e
dentre os três projetos premiados pelo júri, um contava com uma mulher na equipe, sendo ele o
projeto de Escola FDE em Campinas, da arquiteta paulista Marta Moreira em conjunto com seu
escritório, MMBB. Após as premiações, no ano de 2005 foram conferidas três menções honrosas,
sendo uma delas para o projeto do Anexo Superior em Brasília, da arquiteta Gabriela Izar dos
Santos, também de Brasília.
Tabela 03: lista de nomes das mulheres arquitetas responsáveis por exposição de projeto na 6ª Bienal.

ARQUITETAS REGIÃO ARQUITETAS REGIÃO

Alessandra Alves RS Leda Brandão de Oliveira SP


Alessandra Gisela da Silva SP Leticia Peret Antunes PR
Alessandra Lima Lilian Dal Pian SP
Ana Carolina Damasceno Pena SP Lucia Noemi Hamburguer SP
Ana Paula Polizzo RJ Luciana de Carvalho Pinto SP
Ana Rita Clivati PR Magui Gonzalez Internacional
Ana Vidal RJ Marcela Costa Amorim SP
Anna Helena Vilela SP Mareny de Campos EUA
Ann e Save de Beaurecueil SP Mariana Fontes Rial SP
Arlis Buhl Peres SC Mia Lehrer EUA
Betina Endtner RS Monica Drucker SP
Cristina de Castro Mello SP Nannete Jackowski Internacional
Claudia Maria de Souza Gomes SP Natalia Botelli MG
Claudia Maria Gomes de Oliveira SP Nathalia Fagundes de Oliveira RS
Claudia Nucci SP Paula Zaniscoff Cardoso SP
Cristiane Fraga Vasquez SP Rita Vaz SP
Cristiane Muniz SP Rosangela Martinelli Biasoli Sp
Eliane Maria Soares Gomes Sandra Piccioto SP
Fernanda Marques SP Simone Mantovani SP
Gabriela Izar dos Santos Brasília Thaise Schultlz SC
Helena Aparecida Ayoub Silva SP Ubyrajara Giglioli SP
Isis Roverso SP Valéria Magiano Hazan RJ
Keila Costa SP Vera Cecília de Moura Leme SP
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 07: gráfico de contagem de região das arquitetas participantes da exposição na 6ª Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.


7ª BIENAL

A sétima Bienal de São Paulo aconteceu em 2007 e teve como temática de exposição
Arquitetura: o público e o privado. Tinha como propósito debater o relacionamento da arquitetura
dos edifícios com a das cidades e os espaços situados na transição entre as áreas de domínio
coletivo e individual, destacando a importância da relação com a cidade. É necessário pontuar que
no ano de 2006, um ano antes da Bienal acontecer, sob orientação do IAB, foi formado o Conselho
Internacional de Arquitetura, o COBIA, que passou a ser a denominação das equipes responsáveis
pelas curadorias das Bienais seguintes. A formação do COBIA em 2006 teve doze participantes,
sendo apenas duas mulheres: a arquiteta Monica Junqueira de Camargo e a arquiteta Regina Helena
Santos, ambas de São Paulo. Já com a equipe do júri da edição do evento, a discrepância de gênero
é ainda mais expressiva: uma equipe totalmente masculina foi a responsável por definir as
premiações da sétima BIA.
Com relação às exposições do ano de 2007, foram apresentados cento e vinte e sete projetos
divididos em três categorias: obras construídas nos últimos cinco anos (de 2002 à 2007), projetos
não executados e projetos conceituais sobre o tema da Bienal. Dos cento e vinte sete projetos em
exibição, trinta trabalhos foram realizados por equipes mistas e quatorze de autoria exclusivamente
feminina. Novamente, a Pesquisa de Iniciação Científica se propôs a levantar os nomes das
arquitetas em exposição e de

Figura 08: gráfico comparativo de projetos na sexta Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.


Tabela 04: lista de nomes das mulheres arquitetas que expuseram na 7ª Bienal.

EQUIPE
ARQUITETA REGIÃO
MISTA
Adriana Levisky e Anna Julia Dietzsch SP não
Adriana Correa Pinto Sordi SP não
Claudia Miranda (equipe mista) RJ sim
Alessandra Gisella da Silva, Apoena Amaral +1homem. SP sim
Ariel Bergemann e Marisa Bergemann Brasília sim
Carolina Bueno, Greg Bousquet, Guillaume SIbaud, Olivier Rafaelli SP sim
Carolina Rezende e Daniel Wagner RJ sim
Catherine Otondo SP não
Sheila Basílio e Ciro Pirondi ES sim
Cristina Garcia Ortega SP não
Cristina Wayne Britto e Gustavo Barcellos K RS sim
Karla Albuquerque e Décio Tozzi SP sim
Cibele Correard Piccolo e Douglas Piccolo SP sim
Sandra Landi Romanhole,
SP sim
Sumaia Rodrigues e Ernesto Ferreira
Fernanda Barbara, Cristiane Muniz (+) equipe mista SP sim
Marcia Forte e Fernando J dos Santos PA sim
Cèline de Vick (+) equipe mista Internacional sim
Heloisa Herkenhoff e Luiz Bloch SP sim
Odiléa Helena Setti Toscano(+) equipe mista SP sim
Juliana Corradini e José Eduardo S Alves SP sim
Juliana Fiorini SP não
Keila Costa e Isabel Imbronito SP não
Leda Brandão de Oliveira SP não
Leiko Hama Motomura SP não
Tatiana Castro de Paula e Leon R Benkler RJ sim
Lucinei Caroso BA não
Maria do Carmo Vilariño (+) equipe mista SP sim
Marcela Costa Amorim SP não
Ana Leticia Prado, Denise Martins Correa (+) equipe mista MG sim
Maria Candida Amaral Lolato Tabet SP não
Melissa Paro GO não
Marta Moreira (+) equipe mista SP sim
Tânia Regina Parma e Newton Massafumi SP sim
Nicole Evelyne Reiss e Rodrigo Mindlin Loeb SP sim
Nina Nedelykov e Pedro Moreira Internacional sim
Lilian dal Pian e Renato dal Pian SP sim
Jaqueline Komin Bonjour (+) equipe mista MG sim
Rosângela Martinelli Biasoli SP não
Ana Vidal e Silvio Stefanini SP sim
Simone Mantovani SP não
Tatiana Pretto (+) equipe mista SC sim
Cláudia Nucci (+) equipe mista SP sim
Renata Calfat, Vanessa Quirico (+) eq mista SP sim
Adriana Sansão (+) equipe mista RJ sim
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 09: gráfico de contagem de região das arquitetas participantes da exposição na 7ª Bienal.

Fonte: elaborado pela autora.

Dentre os projetos premiados, foram selecionados os seguintes trabalhos: o “Novo Elevado”,


da arquiteta paulista Juliana Corradini, em conjunto com outro arquiteto homem; o projeto da
Reurbanização Mooca, das arquitetas Fernanda Bárbara e Cristiane Muniz, também em conjunto
com equipe masculina; e o projeto do Programa Praça Escola, que teve como uma das responsáveis
na equipe mista a arquiteta Adriana Sansão, do Rio de Janeiro. Além dos projetos premiados, alguns
foram aclamados com as menções honrosas, sendo um deles a Residência na Vila Romana, de
autoria da arquiteta paulista Marta Moreira, em conjunto com sua equipe mista e a Residência
Pouso Alto, que teve autoria da arquiteta Tânia Regina Parma, de São Paulo, também em parceria
com outro arquiteto homem.

8ª BIENAL

A oitava Bienal de São Paulo, realizada no ano de 2009 teve como tema norteador “Ecos Urbanos”.
O maior destaque da exposição foi a área destinada a mostrar os projetos de estádios da Copa de
2014, que viria a acontecer no Brasil. Foi uma Bienal experimental, que questionava a necessidade
de uma maior democratização do evento: eliminar as salas especiais e abranger profissionais de
todo o Brasil, partindo de uma grande mudança em toda a organização do evento. Para isso partiram
de quatro principais eixos no desenvolvimento da exposição: Espacialidade, Conectividade,
Originalidade e Sustentabilidade.
Na formação da COBIA de 2009, houveram algumas divisões de cargos dentre os dezessete
escolhidos: a presidência ficou sob responsabilidade da arquiteta Rosana Ferrari, de São Paulo, a
curadoria geral e executiva a cargo de dois homens e os quatorze membros restantes contando com
quatro mulheres: Liane Makowski Almeida e Nádia Somekh, de São Paulo, Cláudia Pires, de Minas
Gerais, e a arquiteta Bárbara Irene Wasinski Prado, do Maranhão, representando uma das poucas
arquitetas em posição de destaque vinda do nordeste do país.
A exposição Cidades e Arenas da Copa Brasil 2014 reuniu o trabalho dos autores de projetos
dos estádios das doze cidades-sede dos jogos da Copa de 2014, podendo ser construções do zero ou
reformas, e tem como enfoque, também, as propostas de melhorias urbanas nas capitais. A
discrepância é muito expressiva quando se trata da representatividade de mulheres arquitetas nas
construções ou reformas de estádios que viriam a sediar a Copa: dos doze projetos, apenas um tem o
nome de uma mulher na equipe responsável, porém, denominada como coautora, seguindo uma
hierarquia seguinte à autoria: o Estádio da cidade de Cuiabá, que teve o projeto de reforma de
coautoria da arquiteta Adriana Oliveira, do MS.

Figura 10: gráfico comparativo de projetos na oitava Bienal.


Fonte: elaborado pela autora.

A antiga Exposição Geral dos Arquitetos foi substituída pela “EXPO profissionais”, que teve como
curadoria uma parte da equipe da COBIA 2009: dos cinco escolhidos, a arquiteta Liane Makowski
Almeida representa as mulheres. A equipe de júri teve doze escolhidos em sua equipe, sendo apenas
uma mulher: a arquiteta Bárbara Irene Wasinski Prado, já presente na formação do COBIA 2009.
A EXPO profissionais foi subdivida em eixos: habitacional, educacional, profissional, institucional,
interiores, urbanismo, comercial e objetos. Dos vinte e cinco projetos habitacionais em exposição,
quatro projetos tiveram equipe mista como equipe responsável e três projetos de autoria feminina.
Nos projetos educacionais, foram expostos nove, dentre eles apenas duas equipes mistas e nenhum
projeto de autoria 100% feminina. Já no eixo profissional, foram exibidos dez projetos, sendo um
formado por equipe mista e três de equipe feminina responsável. O núcleo de interiores contou com
três exposições, sendo duas de autoria feminina. Dos vinte e sete projetos institucionais
apresentados, oito são de autoria de equipes mistas e dois executados por arquitetas mulheres. A
exposição de objetos teve quatro trabalhos apresentados, sendo dois de autoria feminina. Já nos
projetos de urbanismo, foram dezenove expostos no total, e dentre eles, seis projetos de
responsabilidade de equipes mistas e dois de arquitetas mulheres responsáveis. Foram expostos
quatro trabalhos comerciais, sendo um deles formado por equipe mista. Por fim, foram exibidos
quatro projetos conceituais, sendo um deles de responsabilidade de uma equipe mista.

Figura 11: gráfico comparativo de projetos na oitava Bienal.


Fonte: elaborado pela autora.

Acerca das premiações, na categoria “obras concluídas”, dos três colocados, o projeto que ganhou
primeiro lugar foi o Edifício Harmonia 57, do escritório Tryptique (equipe mista que contava com a
arquiteta Carol Bueno como uma das responsáveis), sendo o único de equipe mista. Na categoria
“projetos não concluídos” os três projetos premiados são de autoria masculina. Também foram
concedidas nove menções honrosas aos projetos, sendo três destes executados por equipes mistas: o
Parque Memorial Madeira Mamorê, em Porto Velho, das arquitetas Rosa Kliass, Maria Cecília
Gorski e outro arquiteto homem; o Projeto de Sistema de Adensamento sustentável na UNICAMP,
de equipe mista juntamente com as arquitetas Gabriela Celani e Julia Spineli; e o StepHouse,
também de autoria de equipe mista, que conta com as arquitetas Maria da Gloria de Sousa Brandão
e Ligia Tammela de Faria.
9ª BIENAL

A nona edição da Bienal ocorreu no ano de 2011, e teve como tema “Arquitetura para todos:
construindo cidadania”. É preciso pontuar que, no contexto internacional, a 12ª Bienal de
Arquitetura de Veneza estreava, pela primeira vez em sua história, uma curadoria feminina: a
arquiteta japonesa Kazuyo Sejima foi a primeira escolhida para a posição. As participações
brasileiras nos pavilhões centrais da Bienal de Veneza se resumiram à obra de Lina Bo Bardi.
Apesar de notar esse avanço na curadoria do evento no contexto internacional, enquanto o exterior
já parecia se preocupar (ou pelo menos atentar para) a representatividade feminina na arquitetura, o
Pavilhão Brasileiro na Bienal de Veneza selecionou cinco escritórios compostos apenas por homens
arquitetos para a exposição, sinalizando que no Brasil ainda não havia esse tipo de preocupação.
Outro fato importante de ser pontuado é do contexto nacional: em 2011 ocorreu a criação do CAU-
BR, que teve como primeiro presidente o arquiteto Haroldo Pinheiro Villar Queiros. Na Bienal, os
interesses continuavam voltados para as transformações urbanísticas que o Brasil estava sofrendo
para receber a Copa de 2014.
A curadoria do evento, neste ano, foi de responsabilidade de um único arquiteto homem, já a
seleção dos trabalhos foi de responsabilidade da Comissão Internacional de Seleção: formada por
vinte arquitetos de sete países diferentes para a seleção de cento e quarenta trabalhos dentre os
duzentos e cinquenta e um trabalhos inscritos. Dos vinte arquitetos selecionados, somente uma
mulher fez parte da comissão: a arquiteta Conceição Trigueiros, de Portugal.

Figura 12: gráfico comparativo na nona Bienal.


Fonte: elaborado pela autora.
A comissão de júri deste ano teve participação de seis arquitetos, sendo apenas uma mulher de
nacionalidade norueguesa, a arquiteta Nina Berre. Sobre a Exposição Geral de Projetos, os cento e
quarenta trabalhos selecionados tiveram trinta e sete equipes mistas como responsáveis e dez
projetos de autoria de mulheres.

Figura 13: gráfico comparativo na nona Bienal.


Fonte: elaborado pela autora.

Quanto às premiações, na categoria suporte físico, cinco projetos foram premiados, sendo apenas
um projeto de escritório com participação feminina: o Centro Educativo Burle Marx, de autoria da
arquiteta Paula Zaniscoff em conjunto com outro arquiteto. Na categoria suporte digital, três
projetos foram premiados, dentre eles, dois de responsabilidade de equipe mista: a Urbanização do
Cantinho do Céu, da arquiteta Melissa Matsunaga e parceiro, e o Museu Aberto Cratera de Colônia,
da parceria dos escritórios Levisky Arquitetos e Estratégia Urbana. Também foram concedidas duas
menções honrosas e sete projetos destaque (levantados pelo júri): dentre as menções honrosas, um
projeto de responsabilidade de equipe mista, o Makena Resort, atribuído também à arquiteta
Monika Drucker. Dentre os sete projetos de destaque, quatro incumbidos a equipes mistas: o Centro
Administrativo de Chapecó, que tem a arquiteta Silvana Calevaro na equipe; A escola Senai, com a
arquiteta Claudia Nucci; a Residência NB, de Paula Zaniscoff e a Casa 2x30, dos escritórios CR2
arquitetura e FGMF.

EQUIPE EQUIPE
ARQUITETAS REGIÃO MISTA ARQUITETAS REGIÃO MISTA
Marina Acayaba SP sim Paula Zaniscoff MG sim
Olivia de Oliveira Internacional sim Elvira Puchades Gimeno Internacional sim
Olivia de Oliveira Internacional sim Eneida Kuchpil PR não
Renata Semin SP sim Mirna Luiza Cortopassi Lobo PR não
Silvana Calevaro SC sim Andrezza Pimentel dos Santos PR não
Carolina de Hollanda RJ sim Magdalena Ostornol Internacional sim
Paula Zaniscoff MG sim Fernanda Kionka RS sim
Paula Zaniscoff MG sim Natasha Mendes Gabriel SP sim
Fernanda Kionka RS sim Thais Polydoro Ribeiro SP sim
Delugan Meissl Internacional não Paula Andrade SP sim
Maria Cristina Motta SP sim Angela Seixas Pilotto SP sim
Claudia Nucci SP sim Marina Barrio Pereira SP sim
Paula Montoya Internacional sim Julia Paccola Nogueira SP sim
Kayoko Uchiyama Internacional sim Thelma Luiza Cardoso SP sim
SIlvana Calevaro SC sim Paula Sertório Internacional sim
Isabel Maria Gonçalves Ana Carolina Marques Damasco
Soares de Carvalho Internacional sim Penna SP não
Tânia Regina Parma SP sim Lucia T M Porto SP não
Paula Zaniscoff MG sim Manuela Casado de Prada internacional não
Pryscilla dos Santos Martins MG sim Vera Leitão Pinto internacional não
Claudia Garcia Brasília sim Clara Reynaldo SP não
Ana Carolina Vaz Brasília sim Claudia Meixner internacional sim
Rosângela Martinelli Biasoli SP não Renata Semin SP sim
Melissa Matsunaga SP sim Juliana Castro Souza SC não
Carol Bueno SP sim Ursula Troncoso SP sim
Flavia Cancian SP não Ursula Troncoso SP sim
Monica Drucker SP sim Tânia Regina Parma SP sim
Juliana Fiorini SP não
Consuelo Gallego SP sim
Thais Fróes SP sim

Tabela 05: lista de nomes das mulheres arquitetas responsáveis por exposição de projeto na 9ª Bienal.
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 14: contagem de região das arquitetas participantes da exposição na 9ª Bienal.


Fonte: elaborado pela autora.
10ª BIENAL

Em 2013 foi realizada a décima Bienal de São Paulo. Devido à problemas, inicialmente de ordem
financeira, mas que acabaram refletindo na qualidade das mostras das duas últimas edições (oitava e
nona Bienais), foi feita uma revisão no modelo das exposições. Na nova estrutura, as tradicionais
representações regionais/internacionais, a exposição geral dos arquitetos e o concurso internacional
de estudantes deixaram de existir e foram substituídos por uma chamada aberta para projetos
construídos ou não.
A Bienal teve como temática “Cidade: modos de fazer, modos de usar”. Seria um espaço para
reflexões sobre as dinâmicas que constroem e reconstroem a cidade cotidianamente, articulando o
campo do planejamento e de projeto, tradicionalmente situado ao lado do fazer, ao domínio do uso,
que implica a participação crítica e criativa do cidadão.
A curadoria do evento foi de responsabilidade de um homem e de duas curadoras adjuntas: as
arquitetas Ana Luisa Nobre e Ligia Nobre. A programação do evento, projetos expostos e
premiados e equipes de júri da conferência não foram divulgados na internet, mas publicados em
forma de uma edição especial da revista Monolito, o que impossibilitou a análise. A Pesquisa de
Iniciação Científica foi iniciada e finalizada durante a pandemia da Covid-19, portanto, todas as
análises de dados usados aqui foram feitas exclusivamente através da internet. A décima primeira
Bienal, que aconteceu quatro anos após a Bienal de 201, também não pôde ser acessada
digitalmente para análise quantitativa do evento, por isso não entrou na pesquisa.

12ª BIENAL

Em 2019 aconteceu a décima segunda Bienal de Arquitetura em São Paulo. Com o tema “Todo
dia”, a Bienal propunha aos profissionais e ao público uma reflexão sobre o cotidiano – na
dimensão mais trivial da realidade – na arquitetura e no ambiente construído do século XXI.
Apresentou práticas e projetos da construção ao design, planejamento, fotografia e etc.,
transpassando disciplinas, escalas e fronteiras. Nesta edição da conferência, pela primeira vez na
história das Bienais de Arquitetura de São Paulo, o IAB-SP organizou um concurso oficial para a
curadoria do evento, já mostrando a diferença de porcentagem de mulheres na curadoria do que
quando eram convidadas: a equipe vencedora do concurso foi composta de um homem e as duas
arquitetas Vanessa Grossman e Charlotte Malterre Barthes. A respeito dos projetos expostos, foram
selecionados cinquenta e dois, dentre eles vinte e três projetos executados por equipes mistas e dez
projetos de responsabilidade de mulheres arquitetas.
Figura 15: gráfico comparativo da 12ª Bienal.
Fonte: elaborado pela autora.

equipe
arquiteta região mista
Isabel Abascal Internacional sim
Martina Buzzi Internacional sim
coletivo arquitetura na periferia: Carina Guedes, Mariana Borel, Rafaela Dias,
Cenir da Silva, Cheyenne Miguel, Lívia Cristina Gonçalves, Luciana da Cruz, Aline
Costa BH não
Rina Rolli Internacional sim
Anna Marijke Weber, Jasmin Schiele Internacional sim
Joaquina Echaide, Carolina Cui Xiao, Lucia Legarreta Internacional sim
Isabelle Blancke Internacional sim
Romina Grillo Internacional sim
Noelia Monteiro SP não
Tatiana Ozzetti SP sim
Susan Ritschel Internacional sim
Marina Acayaba SP sim
Claudia Calvet Internacional sim
Camilla Bevilaqua SP sim
Milena Abreu BA sim
Fumi Kashimura Internacional sim
Ana Miljacki Internacional não
Jocelyn Froimovich e Johanna Muszbek Internacional não
Meredith Carruthers Susannah Wesley Internacional não
Merve Bedir Internacional não
Patrícia Ventura RJ sim
Mariana Vilela SP sim
Kathrin Dörfler, Romana Rust Internacional sim
Katherine Clarke e Liza Fior Internacional não
Ester Carro Bashalidis SP não
Nathália Cariatti SP sim
Manuella Leboreiro, Sofia Villela SP não
Carolina Passos SP não
Katia Ageeva Internacional sim
Martina Salvaneschi Internacional sim
Isadora Marchi SP sim
SP e
Laura Almeida, Sophie Piticco Internacional sim
Carol Tonetti, Ligia Nobre SP sim

Tabela 06: lista de nomes das mulheres arquitetas responsáveis por exposição de projeto na 12ª Bienal.
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 16: contagem de região das arquitetas participantes da exposição na 12ª Bienal.
Fonte: elaborado pela autora.

DOCOMOMOS BRASIL

Os Seminários do.co,mo.mo Brasil, realizados a cada dois anos desde 1995, Documentação do
Movimento Moderno, são um espaço reconhecido nacional e internacionalmente pela contribuição à
pesquisa e ao debate sobre arquitetura e urbanismo do movimento moderno no Brasil. A Pesquisa
de Iniciação Científica se propôs a levantar, inicialmente, as porcentagens de gênero entre os
participantes convidados a manifestações nos eventos do DOCOMOMO, realizados durante o
século XXI: seja como palestrantes ou como conferencistas. Há uma breve diferença entre
palestrantes e conferencistas, encontradas no dicionário de língua portuguesa: ambos se tratam de
pessoas que proferem uma palestra/conferência, com o intuito de apresentar e informar sobre um
tema, porém, os palestrantes seriam menos formais do que os conferencistas, possibilitando uma
maior conversa com o público, que poderia interromper os palestrantes para realizar perguntas.

Figura 17: gráfico comparativo de palestrantes/conferencistas convidados aos Docomomos.


Fonte: elaborado pela autora.
Após a coleta quantitativa de mulheres convidadas à debates e palestras nos eventos, foi listado os
nomes dessas arquitetas e desenvolvido um gráfico de contagem de região, buscando encontrar um
parâmetro de quais regiões estavam as mulheres arquitetas mais convidadas à posições de
“destaque”.
ARQUITETAS CONVIDADAS ANO REGIÃO
Louise Noelle Gras 2019 Internacional
Anahi Ballent 2019 Internacional
Ana Esteban Maluenda 2017 Internacional
Anna Beatriz Ayrosa Galvão 2017 BA
Flavia Brito do Nascimento 2017 SP
Maria Lucia Bressan Pinheiro 2017 SP
Michele Abreu Arroyo 2017 MG
Ana Tostões 2011 Internacional
Ana Tostões 2005 Internacional
Silvia Arango 2005 Internacional
Mariângela Castro 2005 RJ
Lilia Maure Rubio 2001 Internacional

Tabela 07: lista de nomes das mulheres arquitetas convidadas nos DOCOMOMOS.
Fonte: elaborado pela autora.
Figura 18: gráfico de contagem de região das mulheres convidadas DOCOMOMOS.
Fonte: elaborado pela autora.

Então, estabeleceram-se as pesquisas por edições dos Docomomos, a fim de coletar dados
sobre as porcentagens de pesquisadores por gêneros e também levantar se as pesquisas
relacionavam-se a alguma arquiteta específica ou a questões relacionadas ao gênero feminino. É
necessário dizer que o primeiro Docomomo do século XXI aconteceu em 2001, em Viçosa, porém,
os seminários expostos nesta edição não estavam digitalizados para análise das pesquisas, por isso
não entraram na contagem.

5º DOCOMOMO BRASIL

A quinta edição do Docomomo Brasil aconteceu em 2003, na cidade de São Carlos. Teve como
tema geral “Arquitetura e Urbanismo modernos: projeto e preservação”, tendo como ponto de
partida e referência o tema proposto para a então próxima reunião do DOCOMOMO Internacional
em Nova York: “International Postwar Modernism and the Conjunction of Preservation and
Design”, que não só focalizava a preservação da arquitetura moderna como também explicava e
acentuava o significado de preservação do movimento moderno para os arquitetos contemporâneos.
A ideia do quinto seminário aqui no Brasil era de propor um ambiente para debate sobre as
realizações brasileiras frente ao panorama internacional.
Figura 19: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2003.
Fonte: elaborado pela autora.
Dos sessenta e um trabalhos expostos no evento, apenas três tinham o tema voltado para a
obra de uma mulher arquiteta específica ou relacionado ao gênero feminino. Foram eles “Os
Restauros de Lina Bo Bardi: Inspirações para a preservação da arquitetura do movimento
moderno.”, da pesquisadora Ana Carolina de Souza Bierrenbach; “Tensão Moderno/Popular em
Lina Bo Bardi: Nexos de Arquitetura”, realizado por um pesquisador homem, e “A Didática dos
Museus de Lina Bo Bardi na Bahia e os conteúdos da Modernidade e da identidade local”, de outro
pesquisador homem.

Figura 20: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2003.


Fonte: elaborado pela autora.
6º DOCOMOMO BRASIL

A sexta edição do evento realizou-se em Niterói, em 2005, tendo como tema “Moderno e Nacional:
Arquitetura e Urbanismo”. O objetivo do temário proposto é o de aprofundar o debate sobre
possíveis especificidades das realizações brasileiras no campo da arquitetura e urbanismo nos
últimos 70 anos e repercussões regionais, nacionais e internacionais destas.

Figura 21: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2005.


Fonte: elaborado pela autora.

Do total de sessenta e quatro pesquisas que envolviam projetos de arquitetos homens ou questões
gerais de arquitetura, não houve nenhuma pesquisa destinada a estudar a obra de alguma arquiteta
mulher específica.

7º DOCOMOMO

Em 2007, a sétima edição do Docomomo, o seminário foi realizado em Porto Alegre, partindo da
temática “Reciclagem, requalificação, rearquitetura”. A situação reflete o interesse cultural e
econômico na conservação de testemunhos do passado, mesmo quando de um passado recente. O
interesse abrange a edificação ordinária e a monumental, qualquer que fosse o seu compromisso
original com a durabilidade. Favorece a coexistência no espaço de formas de épocas distintas, alia-
se à valorização multifacetada da diversidade. Afinal, o espírito do presente não é exclusivista nem
utópico. Estranha a ideia da construção sobre terra arrasada dum admirável mundo novo
formalmente unificado. Parece-lhe anacrônica, culturalmente absurda e economicamente míope.
De outro lado, reciclagem, requalificação, rearquitetura se generalizam porque pressões culturais e
econômicas conspiram contra a conservação de testemunhos do passado na feição e função
original. Em raros casos, a conversão da obra em museu de si própria é saída razoável, mas mesmo
então alguma intervenção adaptativa se impõe. Daí que a conservação é, em maior ou menor grau,
fragmentária e híbrida, fruto de um projeto singular e novo. Reciclagem, requalificação,
rearquitetura constituem um projeto ambivalente, cuja matéria prima é pedaço de forma do
passado, mas é moderno na acepção comum de empreendimento de hoje, ainda que o pedaço seja
moderno no sentido particular de forma de ontem. Os paradoxos que propõem merecem
exploração ampla e profunda. Os trabalhos aqui registrados aceitaram esse desafio e comprovam,
uma vez mais, a importância do DOCOMOMO como foro de discussão de arquitetura no Brasil.

Figura 22: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2007.


Fonte: elaborado pela autora.

Dos setenta seminários apresentados nesta edição do DOCOMOMO, dois foram voltados à obra de
uma arquiteta específica: mais uma vez contemplando o trabalho de Lina Bo Bardi. As pesquisas
foram “O trapiche à beira da baía: a restauração do Unhão por Lina Bo Bardi”, da pesquisadora
Carla Brandão Zollinger, e “Lucio Costa e Lina Bo Bardi: patrimônio e projeto moderno”,
pesquisado por um homem.
Figura 23: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2007.
Fonte: elaborado pela autora.

8º DOCOMOMO BRASIL

Com sede no Rio de Janeiro, a oitava edição do seminário ocorreu em 2009. Tomou como partido a
comemoração dos 50 anos do Congresso Internacional Extraordinário de Críticos de Arte (de
setembro de 1959). O evento apresenta-se como uma ocasião única para a reflexão sobre temas
fundamentais como foram os daquele Congresso Internacional Extraordinário: novas cidades;
arquitetura monumental; técnica e expressividade; colocação de monumentos públicos; tradição e
materiais antigos na arquitetura moderna; crítica de arte e arquitetura; artes plásticas e a síntese das
artes; as artes industriais e o design; arte e educação e, finalmente, a situação das artes na cidade.
As publicações para o seminário totalizaram cento e noventa e quatro, dentre elas, duas voltadas
para a obra de arquitetas específicas: “A visão da cidade em Carmen Portinho”, das pesquisadoras
Thays Santos Hamad e Ana Gabriela Godinho Lima, e “Musas do Patrimônio moderno: Lina,
Gisela e Janete”, das investigadoras Cêça Guimaraens e Sylvia Couto.

Figura 24: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2009.


Fonte: elaborado pela autora.
Figura 25: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2009.
Fonte: elaborado pela autora.

9º DOCOMOMO

Em 2011 foi realizado o nono Docomomo Brasil, na cidade de Brasília. Teve como tema
Interdisciplinaridade e experiências de documentação e preservação do patrimônio recente,
reunindo diversos pesquisadores envolvidos com a área de documentação e conservação de
arquitetura e urbanismo. Foram cento e setenta e dois artigos digitalizados para exposição no evento
e, dentre eles, dois voltado para estudo de obra de uma mulher arquiteta: o seminário da
pesquisadora Marina Grinover, “A forma a partir do espaço em uso, construções de Lina Bo Bardi”
e o artigo da pesquisadora Suely de O F Puppi, “Lina Bo Bardi e o Museu imaginário de Andre
Malraux”.

Figura 26: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2011.


Fonte: elaborado pela autora.
Figura 27: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2011.
Fonte: elaborado pela autora.

10º DOCOMOMO BRASIL

Em 2013 acontecia o décimo Docomomo Brasil, em Curitiba, optando por um foco mais focado no
Brutalismo, levando em conta que muito do cenário profissional arquitetônico e urbano
contemporâneos da época tinham suas raízes e fundamentos no patrimônio e legado dos anos 1955-
75. As pesquisas publicadas totalizaram cento e dezoito, dentre as quais quatro voltadas para estudo
de trabalhos de mulheres arquitetas. O artigo “Arquitetura do povo, com o povo, para o povo teoria
e crítica – J B Vilanova Artigas, Sérgio Ferro e Lina Bo Bardi” de um pesquisador homem;
“Sensibilidade brutalista: o polido e o rústico em Lina Bo Bardi”, de Suely de Oliveira Figueiredo
Puppi; “A casa de Lina e Francisco: idealização da casa de cultura de Pernambuco”, da arquiteta
Andrea Gáti; e “As Arquiteturas de Lina Bo Bardi: brutalistas “ma non tropo”, realizada pela
pesquisadora Ana Carolina de Souza Bierrenbach.
Figura 28: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2013.
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 29: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2013.


Fonte: elaborado pela autora.

11º DOCOMOMO BRASIL

A décima primeira edição do evento ocorreu em 2016, em Recife, respaldada na temática da


expansão do interesse de outros campos disciplinares pelo Movimento Moderno para além da
arquitetura e do urbanismo, de modo a ampliar a compreensão do tema. O seminário visou reunir
práticas e promover debater inter, multi e transdisciplinares. Foram sessenta e sete artigos
digitalizados para o evento, dentre eles, dois voltados para o gênero feminino ou arquiteta
específica. “Lina Bo Bardi, Celso Furtado e a escola de desenho industrial e artesanato do MAM –
BA”, realizado por arquitetos homens e “Mary Vieira e o espaço público: arte design, arquitetura e
urbanismo”, também desempenhado por um arquiteto.

Figura 30: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2016.


Fonte: elaborado pela autora.

Figura 31: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2013.


Fonte: elaborado pela autora.

12º DOCOMOMO

Em 2017 aconteceu a décima segunda edição do Docomomo Brasil, em Uberlândia. O tema


pretendia contribuir para o debate sobre a preservação e difusão do acervo arquitetônico e
urbanístico do Movimento Moderno brasileiro. Desse modo, o objetivo deste Seminário é avançar
no estudo destas práticas e pensar as diferentes formas de ampliar o diálogo e a ação do
DOCOMOMO Brasil com as comunidades envolvidas e com os diferentes órgãos preservacionistas,
entendendo-se que ambos atores são responsáveis pela tutela desse patrimônio cultural.
Neste ano, dos oitenta e sete seminários expostos no evento, um deles contemplou a obra da
arquiteta capixaba Maria do Carmo Schwab: “A obra de Maria do Carmo Schwab na arquitetura
modernista capixaba”, das pesquisadoras Rafaela Lima Nunes Freitas e Tatiana Caniçali Casado,
em conjunto com um pesquisador homem.

Figura 32: gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2017.


Fonte: elaborado pela autora.

Figura 33: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2013.


Fonte: elaborado pela autora.

13º DOCOMOMO

A realização do 13º Seminário Docomomo Brasil, entre os dias 7 a 10 de outubro de 2019, possui
uma dupla significação. Primeiro porque, com ele, iniciam-se as comemorações dos 25 anos da
realização do primeiro seminário, em junho de 1995; segundo porque, nesta comemoração, o evento
retorna para o mesmo local onde foi realizado 25 anos antes: a Faculdade de Arquitetura da UFBA,
em Salvador. Trata-se, portanto, não apenas de retornar os seminários à sua “origem”, mas, de
repensar e refletir sobre os mesmos, com um olhar simultaneamente retrospectivo e, em especial,
prospectivo, olhando para o futuro e apontando para os não poucos desafios que virão.
Seguindo essa lógica, o tema do 13º Seminário Docomomo_Brasil “Arquitetura Moderna Brasileira.
25 anos do Docomomo Brasil. Todos os mundos. Um só mundo” é resultado do panorama acima
mencionado e com este interessa não só fomentar a revisão e a ampliação da historiografia da
arquitetura e do urbanismo brasileiros nas diversas escalas, como também entendê-la a partir de
eventuais redes e articulações nacionais e internacionais, com ênfase aos casos Sul-Sul e, em
especial, ao latino-americano. Foram apresentadas cento e oitenta e uma pesquisas e, dentre elas,
seis voltadas para o gênero feminino ou uma arquiteta específica. “As “outras” do outro: pioneiras
arquitetas no nordeste brasileiro: migrações, gênero e regionalismo”, das pesquisadoras Guilah
Naslavsky, e Maria Luiza Rocha Mariz Valença; “As (arquitetas) mulheres que fizeram a capital:
seus projetos, suas vidas”, investigada por Maribel del Carmen Aliaga Fuentes, Carolina Pescatori
C da Silva e Luiza Dias Coelho; “Lygia Fernandes: uma arquiteta modernista”, de autoria de Clara
Vasconcelos em parceria com um homem; “Preenchendo lacunas: trajetória das mulheres no curso
de arquitetura em Salvador – 1920 – 1960”, das pesquisadoras Shirlei Pimenta e Telmi Adame; e
“A linguagem moderna na arquitetura capixaba: documentação da obra de Maria do Carmo
Schwab”, das pesquisadoras Julia Pela Meneghel e Renata Hernanny de Almeida.

Figura 34: Gráfico comparativo de pesquisadores DOCOMOMO 2019.


Fonte: elaborado pela autora.
Figura 35: gráfico de temas dos artigos publicados DOCOMOMO 2019.
Fonte: elaborado pela autora.

CBA – CONGRESSO BRASILEIRO DE ARQUITETOS

O PIC também coletou dados de uma edição do evento CBA, o Congresso Brasileiro de Arquitetos,
promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) desde 1945. Devido à dificuldade de
encontrar informações digitalizadas sobre o congresso, do século XXI foi analisado apenas o
vigésimo primeiro CBA, que ocorreu em Porto Alegre no ano de 2019. O tema do evento foi
“espaço e democracia”, partindo da ideia de discutir as relações entre estes dois conceitos. O
acontecimento teve como homenageada uma mulher: a arquiteta e urbanista gaúcha Briane Panitz
Bicca, lembrada como um dos principais nomes na luta pela preservação do Patrimônio Histórico
Cultural Brasileiro. Sobre os convidados do congresso, foram listados noventa e dois participantes,
e dentre eles, trinta e duas mulheres, que tiveram seus nomes analisados para a contagem de região.

Figura 36: Gráfico de comparação de participantes convidados ao CBA 2019.


Fonte: elaborado pela autora.
MULHERES
REGIÃO
CONVIDADAS
Ana Lúcia Goelzer Meira RS
Alessandra Vieira SP
Luiza Dias Brasília
Gabriela de Matos MG
Betânia Alfonsin RS
Bete França SP
Carina Guedes MG
Cêça Guimaraens RJ
Cláudia Fávaro RS
Claudia Pires MG
Daniela Sarmento SC
Danielle Hoppe RS
Denise Pinheiro Machado RJ
Dóris de Oliveira RS
Ermínia Maricato SP
Francieli Schallenberger RS
Gisela Méndez Internacional México
Cristina Vieira Beck RS
ILLA arquitetura SC
Paula Santoro SP
Lúcia Veras PE
Luciana Schenk SP
Marcia de Figueiredo Lucena Lira PB
Maria Paula van Biene RJ
Mariana Estevão SP
Bia Kern RS
Rita Velloso MG
Sami Meira PR
Simone Scifoni SP
Tainá de Paula RJ
Juliana Simionato SP
Viviana Tobón Internacional Colômbia

Tabela 08: lista de nomes das mulheres arquitetas convidadas no CBA 2019.
Fonte: elaborado pela autora.
Figura 37: gráfico de contagem de região convidadas CBA 2019.
Fonte: elaborado pela autora.

ENANPARQ

Por fim, o último evento escolhido a ser analisado pela pesquisa foi o ENANPARQ: trata-se do
Encontro Nacional da ANPARQ, a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo. É um evento bianual realizado por professores, pesquisadores e discentes
de pós-graduação e graduação que atuam na área de Arquitetura e Urbanismo. Objetiva contribuir
no incentivo a atividades inerentes à formação, à pesquisa, à extensão, à cultura e ao
desenvolvimento cultural e tecnológico dessa área, assim como busca revelar a produção
acadêmico-científica e profissional gerada nesse interstício temporal. Foram esmiuçados os
encontros que aconteceram em 2018 e em 2021, devido à indisponibilidade de acesso das outras
edições digitalmente.

V ENANPARQ

Com sede em Salvador, em 2018 aconteceu o V ENANPARQ, que teve como temática a
discussão de modo transversal, interdisciplinar e inovador do contexto atual relacionado ao campo
de atuação da arquitetura e urbanismo, promovendo o debate sobre a produção científica recente nas
universidades brasileiras, em diálogo com as práticas e com a produção internacional, fomentando
assim a reflexão crítica sobre as permanências e perspectivas num contexto de crises, impasses e
desafios.
O evento traz para o debate no tema proposto, os resultados recentes das atividades da pós-
graduação na área, no âmbito do Ensino, Pesquisa, Extensão, da Prática Profissional e do Comum,
com reflexões sobre a formação, produção e lacunas, fundadas no compromisso social da Área de
Arquitetura e Urbanismo.
Foram levantadas as aparições das arquitetas como convidadas a participação do evento: seja
nas mesas de abertura, conferências temáticas ou sessões especiais a fim de se confrontar com os
números de arquitetos convidados. O evento totalizou dez convidados, sendo quatro mulheres
arquitetas: as arquitetas Angela Gordilho de Souza, representando a UFBA, Liza M S de Andrade,
pelas universidades UNB e UFBA, Naia Suarez Alban, também pela UFBA e Ermínia Maricato, de
São Paulo,

Figura 38: gráfico de comparação de convidados ao ENANPARQ 2018.


Fonte: elaborado pela autora.

VI ENANPARQ

O tema escolhido para o VI ENANPAR “Limiaridade: processos e práticas em Arquitetura e


Urbanismo”. Limiar é um começo, uma circunstância de limites ou fronteiras. Limiaridade é
transição, deslocamento, movimento. Limiaridade é uma demarcação – real, imaginária ou
provisória – que possibilita pensar sobre cada um dos lados e, também, o que está entre eles.
Limiaridade é um termo oportuno para instigar reflexões sobre processos e práticas em Arquitetura
e Urbanismo nas circunstâncias contemporâneas, quando objetos, valores e categorias estão postos
em xeque. Quando é cada vez mais difícil encontrar certezas, quando nada mais se parece com o
que era antes.
O VI ENANPARQ e Diálogos Internacionais almejam perpassar as abrangentes escalas da
Arquitetura e do Urbanismo para instigar reflexões, a partir de limiares, travessias, transições,
deslocamentos e permutas, de um campo disciplinar autônomo e consolidado, tendo contextos
nacionais e estrangeiros como suporte, especialmente os latino-americanos. O edifício, o urbano, o
rural, o território ou a paisagem podem ser tomados como objetos e/ou suportes para interlocuções
de saberes, meios, usos, práticas e técnicas nos intercâmbios com Engenharia, Arte, História,
Sociologia, Antropologia, Psicologia, Filosofia, Geografia, Economia, Direito, Comunicação. O
evento aconteceu virtualmente devido à pandemia da Covid-19, não fosse isso, teria sido realizado
em 2020 em Brasília.
Do total de 37 participantes convidados, foram selecionadas 21 mulheres arquitetas a
participarem do evento. Seus nomes e regiões foram sistematizados a fim de contribuir com a
pesquisa.

Figura 39: gráfico de comparação de convidados ao ENANPARQ 2021.


Fonte: elaborado pela autora.

ARQUITETAS CONVIDADAS REGIÃO

Paula Valesco Internacional


Rebecca Lemos Igreja Brasília
Vanessa G da Silva SP
Marianne de Klerk Internacional
Adalene M Silva Brasília
Luciana Saboia Brasília
Angela Gordilho BA
Sylvia Ficher Brasília
Maribel Aliaga Brasília
Ana Maria Durán Internacional
Cristiane Guinancio Brasília
Ermínia Maricato Brasília
Isabela Soares Santos RJ
Liza Andrade Brasília
Margareth Pereira RJ
Fabiana Dultra BA
Claudia Amorim Brasília
Carolina Pescatori Brasília
Angelica Alvrim SP
Flaviana Lira Brasília

Tabela 09: lista de nomes das mulheres arquitetas convidadas no ENANPARQ 2021.
Fonte: elaborado pela autora.

Figura 40: gráfico de contagem de região.


Fonte: elaborado pela autora.

CONCLUSÃO

Tendo esse trabalho a intenção inicial de se aproximar dos quatro eventos de arquitetura escolhidos,
levantando e sistematizando a presença e visibilidade das mulheres arquitetas, em contraste com a
aparição dos homens arquitetos nas conferências nas diferentes categorias estudadas, é possível
afirmar a efetividade da Pesquisa de Iniciação Científica, uma vez que cumpriu seus objetivos
relacionados ao método de analisar a falta de equidade de gênero em Arquitetura e Urbanismo nos
eventos nacionais e de relevância na área.
Os dezessete eventos analisados revelaram que, quando se trata de arquitetos convidados à
participação nas conferências (como palestrantes, conferencistas, corpo de curadoria, equipes de
júri, etc.), a quantidade de homens é significativamente maior do que a das mulheres. Quanto aos
projetos selecionados para as exposições nos eventos, em sua maioria, são projetos de autoria dos
homens e, em número um pouco menor, de equipes mistas, e a menor quantidade são os projetos de
autoria de mulheres, sendo visível pelos gráficos gerados a grande discrepância de gênero. Também
é possível de se ver a assimetria nas premiações de projetos, que em sua maioria conferem prêmios
e menções honrosas aos projetos de responsabilidade masculina. Uma inversão numérica e de
representatividade se dá nas proporções dos desenvolvimentos das pesquisas, onde as arquitetas são
as autoras da maioria delas, conforme os números apresentados nos seminários DOCOMOMOs,
deixando claro que as mulheres arquitetas pesquisam mais do que os homens arquitetos. Por fim,
também conclui-se que, através das contagens de regiões das arquitetas participantes e convidadas
às conferências, a maior parte das integrantes vêm das regiões de, principalmente, São Paulo,
seguido por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que em algumas edições são
ultrapassados pelas participantes internacionais. Portanto, é visível que mesmo dentro das minorias
há algumas disparidades, regiões do Brasil como Norte e Nordeste são pouco vistas nos eventos.

É preciso estimular a participação e a liderança política feminina,


especialmente nas mais jovens. As mulheres precisam ocupar
postos de liderança na Arquitetura”. (FRANÇA, 2020).

Dada a importância dos eventos de arquitetura e às assimetrias de visibilidade apresentadas


nos mesmos, gostaríamos de ter um universo melhor representado pelas minorias (projetos feitos
por mulheres) e concluímos que ainda há uma discrepância muito grande entre a visibilidade dada
às mulheres arquitetas e aos homens arquitetos. Há muito caminho a ser percorrido e se pretende
dar luz às produções das arquitetas a fim de construir um referencial de autoras e obras que as
instale no local de visibilidade.
REFERÊNCIAS

FRANÇA, E. Arquitetura em Retrospectiva: 10 Bienais de São Paulo. São Paulo: KPMO


Cultura e Arte, 2017.

CAU BR. Inédito: visão completa sobre a presença da mulher na Arquitetura e Urbanismo.
Publicado em 2019. Disponível em: https://www.caubr.gov.br/inedito-visao-completa-sobre-a-
presenca-da-mulher-na-arquitetura-e-urbanismo/. Acesso em: 26 ago. de 2021.

LIMA, Ana Gabriela Godinho. Arquitetas e Arquiteturas na América Latina do século XX. São
Paulo: Altamira Editorial, 2013.

MACHADO, Susete Marisa Fernandes. O espaço das mulheres na arquitectura.

SEMINÁRIOS DOCOMOMOS. Disponível em https://docomomo.org.br/courses/seminarios/


Acesso em: 26 ago. de 2021.

BIENAIS ANTERIORES. Disponível em https://www.iabsp.org.br/bienais_anteriores// Acesso


em: 26 ago. de 2021.

CBA 2021. Disponível em https://www.21cba.com.br/Site/CbaOnline/Anais Acesso em: 29 ago.


2021.

ENANPARQ 2021. Disponível em http://enanparq2020.com.br/seminario-virtual/. Acesso em: 29


ago. 2021.

ENANPARQ 2018. Disponível em https://www.anparq.org.br/enanparq-v.php . Acesso em: dez.


2020.

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