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1 https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/audiences/2010/documents/hf_benxvi_aud_20100
901.htm l consultado em 23-01-2017
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https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/apost_letters/documents/hf_benxvi_apl_20121007_i
lde garda-bingen.html consultado a 23-01-2017
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a sua obra logram contribuir para as considerações e reptos da Igreja e do mundo
no atual momento e, assim, incorporarmos os frutos desta viagem no nosso
trabalho quotidiano.
De facto, esta religiosa beneditina foi, em pleno século XII, literata, autora,
terapeuta, prelada, mística e sibila, como nos propomos tratar.
Para tanto, empregaremos a pesquisa bibliográfica, aferrando-nos ao pecunioso
material deixado por Hildegarda e igualmente pelo material de bastantes
investigadores que a vêm examinando com enorme proveito. Daremos, contudo,
particular ênfase ao profícuo epistolário mantido com uma multiplicidade
cativante de interlocutores do espaço medieval europeu.
Assim, no primeiro capítulo desejamos construir uma investigação histórica e
social do meio circunjacente de Hildegarda.
Num segundo momento, deter-nos-emos nas movimentações e interesses da
religiosa, mirando-a sob distintos ângulos: vaticínio, comando, artes, ciências, e
os desdobramentos de cada um deles nos muitos ofícios a que se consagrou.
Por fim, focar-nos-emos na influência sobre as grandes personagens do seu
tempo, particularmente, o Papado e os governantes.
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1 AMBIENTE CULTURAL DE HILDEGARDA
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1.2 PAISAGEM RELIGIOSA
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gradativamente. Esses cristãos que se apartavam procurando um jeito de viver
marcado pela solidão, viviam usualmente de uma forma simples, laborando pela
sua sustentação, anunciando o Evangelho e socorrendo os mais miseráveis.
Após um tempo de vida eremítica, bastas vezes os eremitas terminavam
fundando comunidades, constituídas pelos muitos partidários que fascinavam,
com a sua palavra e os seus exemplos inspiradores. Os movimentos espirituais
disseminavam-se de maneira célere, já que, agora, a “massa” podia ser
abrangida pela vida religiosa. Despontaram, abundantemente, os ermitãos que
abandonavam os claustros e caminhavam para os ermos, apontando para o
regresso a uma espiritualidade mais penetrante. Avizinhando-nos do despontar
do ideal franciscano, é imperativo destacar que o século XII passou a valorar o
Novo Testamento. Esse acontecimento liga-se ao ideal de pobreza, cada vez
mais valorizado na vida religiosa, pois o meio citadino volveu mais latente a ideia
de pobreza. Dá-se o advento do devotio moderna (cada pessoa volvia-se
consciente de atuar para sua própria salvação). A vida canónica, com uma
perceção adjacente à franciscana, já não anelava mais a uma espiritualidade
privada, pois a vida comunitária de pobreza torna-se uma forma mais eficaz para
se conseguir a vida celestial.
Uma das particularidades mais insignes destes movimentos religiosos é a da
participação das mulheres, seja nos movimentos ortodoxos, seja nos heréticos.
Se até a época de Hildegarda existiam somente duas escolhas para a vida de
uma mulher, a saber, desposar-se ou tornar-se religiosa, nem lhe cabendo
sequer tomar essa resolução, agora, na passagem do século XI para o século
XII, com os movimentos pauperísticos e eremíticos, não só se descerrava um
percurso novo, mas as próprias mulheres optavam por ele (algo como um género
de ´revolução´ no mundo feminil medievo) 4.
Da submissão passiva e resignada à santidade virginal e abnegada existem
amplos espectros cromáticos de modelos feminis. Da mulher do povo às
4
BRUNELLI, D. Ele se fez caminho e espelho, p. 94.
6
soberanas emergem múltiplas vozes femininas no amplo universo medieval,
particularmente na vida religiosa. As abadessas mitradas exerciam domínio
quase episcopal, não fosse carecerem do sacramento da Ordem. No entanto, a
sua jurisdição não se encontrava coartada pela ausência do Sacramento. Antes,
pela práxis das suas atuações, podemos considerá-la real. Para além destas
funções religiosas de índole também temporal, encontramos mulheres nas artes,
a escrever peças de teatro ou a compor importantes e variadas peças musicais;
no ensino, principalmente na área médica; no governo, com chancelaria e armas
próprias. Também a mulher plebeia trabalhava a par de seu marido em
atividades tão díspares como a terra, o comércio, algumas atividades piscatórias,
a indústria têxtil. Desta feita, na pesquisa sobre os papéis femininos medievais,
coabitam e ressaltam dois núcleos contrários e um interposto, a mulher
basicamente malévola (Eva), a mulher acabada (Virgem Maria) e a mulher
contrita (Maria Madalena). Papéis justificados pelos trechos bíblicos empregados
pelos eclesiásticos para autenticarem a ordenação das atitudes femininas em
figuras bíblicas inversas. As mulheres, na ótica eclesiástica, eram tidas como
pecadoras e muito próximas das satisfações sensuais, uma vez que todas
provinham de Eva, a responsável pela ruína humana. A maior apreensão em
relação às mulheres era conservá-las puras e apartadas dos sacerdotes, pois,
desta forma, estes não cairiam em tentação. Contudo, a Igreja medieval terminou
modificando a visão da mulher na sociedade, pois era essencial possuir um
modelo idealizado de comportamento feminino. Os devotos revêm em Maria, a
mãe de Jesus Cristo, o paradigma irrepreensível de mãe, mulher, esposa e
virgem.
Nessa onda de renovação e procura de uma existência mais vizinha ao
cristianismo das origens e no rasto dos movimentos pauperísticos e de pregação
itinerante que despontavam, assomam igualmente alguns movimentos heréticos,
como os Cátaros e os Valdenses, contra os quais também Hildegarda pregou.
Despontado no final do século XII, outro movimento merece realce, pela sua
relevância principalmente na espiritualidade medieval feminina, o movimento das
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Beguinas. Sobre ele pesou a suspeita de heresia, dadas as analogias com os
movimentos heréticos, não apenas pelos anelos e volições que os geraram mas
também pela forma que abraçaram para contrapor a estes anelos. As beguinas
eram apenas mulheres piedosas que não detinham uma Regra particular,
criando somente um projeto de vida. A sua ordenação estrutural ocorria segundo
três moldes: na forma de comunidades, onde partilhavam o labor, a prece e as
obras de caridade; na soledade da vida ascética ou em grupos deambulantes
(os mais escandalosos e incomportáveis para a sociedade).
O agente decisivo para o despontar das Beguinas foi o anseio da vivência duma
vida apostólica, acompanhando a Jesus Cristo pobre. Muitas das suas
integrantes eram de classes altas da sociedade que abdicavam da fortuna
familiar e do matrimónio para unir-se a esse jeito de acompanhar a Cristo.
Obviamente, a vida inupta entre as mulheres adquiria vigor também devido a
condições não-religiosas, a saber, o entendimento do conúbio enquanto contrato
entre famílias; a crueldade masculina dentro da vida matrimonial como via de
coação da sujeição às esposas e outrossim, a grande letalidade materna
relacionada ao parto.
Na empresa de se defenderem da imputação de heresia, as Beguinas buscaram
alcançar a aceitação do seu intento de vida junto da Igreja e similarmente a ajuda
espiritual de alguma das novas Ordens masculinas que despontavam na época
ou que sofriam renovação. Assim, ao longo do século XIII, iniciar-se-á o
procedimento de inclusão gradual de toda essa inquietação de movimentos
religiosos femininos na organização usual da Igreja.
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2 AS MÚLTIPLAS FACETAS DA “PROFETISA DO RENO”
Pelo conhecimento que temos, desde os três anos de idade Hildegarda indica ter
tido visões5. No entanto, só aos quarenta e três anos de idade se iniciariam as
suas visões mais relevantes, nas quais escuta uma voz ordenando que redija e
comunique as coisas que observou e escutou. A sua notoriedade principia, pois,
nessa já tardia idade (para o século), quando abalada pela doença e pela fadiga,
determina não mais relutar e enumerar as suas vivências sensoriais que
ultrapassavam as fronteiras corpóreas. Importa fazer aqui um inciso: a ordem
beneditina, a que Hildegarda pertencia, obsequiava conjunturas para que tais
descrições fossem tornadas conhecidas. A seu tempo, Hildegarda revela a
Bernardo de Claraval que lhe foi conferida uma incumbência profética, sendo
constantemente assistida por visões. As missivas que Hildegarda de Bingen
permutou com o abade de Claraval destapam rasgos da condição mística
feminina legadas às gerações subsequentes. A cenobita admite, num primeiro
ensejo, a premência de ajuda masculina. A feminilidade define-se, nestas cartas,
de forma algo negativa, repetindo a exposição presente no Antigo Testamento,
já apresentada anteriormente. Assim, Hildegarda principia a descobrir as suas
experiências através de ampla correspondência epistolar, na expectativa que a
Igreja determine o que fazer com as suas visões. Em 1147, o Papa Eugénio III,
consultado o abade de Claraval, assenta outorgar a Hildegarda o desempenho
da descrição das suas experiências místicas. Segundo o abade Trithème,
biógrafo de Hildegarda mencionado por Pernoud, ao receber a parte já redigida
do Scivias, o próprio Papa leu-o em voz alta e comentou-o no Concílio de Reims,
elucidando os excertos mais relevantes. Após esse evento, expede-lhe uma
5 https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/apost_letters/documents/hf_benxvi_apl_20121007
_ilde garda-bingen.html consultado em 24-01-2017
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carta, na qual confirma os escritos da monja e apadrinha o seu propósito de
edificar um novo cenóbio para ela e suas irmãs num outro lugar, circunjacente
ao antigo, apontado pelo Espírito Santo numa das visões. A partir daí, Hildegarda
desloca-se com as suas irmãs para Rupertsberg, uma colina próxima aos rios
Reno e Nahe, continuando a escritura do teor das suas visões. Finalmente, a
incumbência ofertada por Deus é confirmada pela Igreja. Com a coadjuvação do
monge Volmar, Hildegarda labora na espinhosa empresa de verter em vocábulos
o seu trato com Deus. A assistência do monge Volmar impõe-se indispensável
porque a beneditina declarava não deter muita desenvoltura na escrita. Desta
forma, a habilidade de Hildegarda comportava rebaixar-se para alcançar o que
ambicionava, a saber, o direito à palavra. Uma vez alcançado o seu desiderato,
a monja descobre a liberdade para debater algumas aceções instituídas, já que
os seus escritos não eram tão vigiados.
Segundo Pernoud6, estas visões detêm enorme singularidade, riqueza de
minúcias e sagacidade. Ainda de acordo Pernoud, a relevância de Hildegarda
está igualmente na singularidade da sua visão do mundo e do universo, pois na
obra de Hildegarda o universo é ativo, está sempre em deslocação, e ações e
reações se contrabalançam harmoniosamente (perspetiva holística de
Hildegarda). Para a santa alemã existe como que uma sorte de coerência
universal que governa e afeta o homem e o mundo ao mesmo tempo.
O mesmo veremos nalguns dos seus pontos teológicos. Segundo a análise de
Newman6, pegamos como exemplo o enfraquecimento que Hildegarda busca
intentar no que concerne à culpa de Eva. A resolução descoberta é redirigir a
culpa para o Diabo. Assim, Eva é muito mais mártir do que réu, pois recebe em
si um aversão e cobiça particularmente enérgicos do Diabo, dada a sua aptidão
para conceber novos seres humanos. Para a religiosa, a queda de Adão e Eva
seria somente o princípio dos sintomas de uma doença derradeira contraída pela
6
NEWMANN, B. Sister of Wisdom, p. 112.
10
deglutição do fruto vedado. Ao nutrir-se do fruto, a doença por ele soltada atuaria
destruindo e revoltando todos os fluidos e humores corporais.
Deixemos falar a teóloga:
E mais uma vez ouvi a voz do céu dizendo-me: ‘’Fala, portanto, destas
maravilhas e, sendo assim instruído, escreve-as e fala’’7
Pese embora a pouca saúde, Hildegarda realizou quatro viagens com o intento
de pregar. Conquanto no século XII a clausura das monjas fosse bem menos
rigorosa do que chegaria a ser no vindoiro, ainda assim as jornadas da profetisa
não constituíam algo usual para uma monja da quadra. Pelo que se conhece do
teor dos seus sermões, frequentemente a mística insta os seus auditores à
conversão e à penitência, censurando particularmente o clero, e vaticina uma
punição divina sobranceira caso não se retratem dos seus enganos.
7HILDEGARD OF BINGEN. Scivias (Classics of western spirituality). Jane Bishop and Columba
Hart (trans.) New York: Paulist Press, 1990 (tradução do autor)
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Similarmente, sentencia os cátaros, numa sorte de antevidência das heresias
que iriam erguer-se e robustecer-se. A perspicácia de sua locução é tomada
como um chamamento à conversão encaminhado para todos, e em particular
para os que foram eleitos para transmitir a Palavra de Deus.
Bento XVI resumirá esta faceta ao dizer:
‘’Com a autoridade espiritual da qual era dotada, nos últimos anos da sua
vida Hildegarda pôs-se em viagem, não obstante a idade avançada e as
condições difíceis dos deslocamentos, para falar de Deus às populações. Todos
a escutavam de bom grado, inclusive quando recorria a um tom severo:
consideravam-na uma mensageira enviada por Deus. Exortava sobretudo as
comunidades monásticas e o clero a uma vida em conformidade com a própria
vocação. De modo particular, Hildegarda contrastou o movimento dos cátaros
alemães. Eles — cátaros, à letra, significam «puros» — propugnavam uma
reforma radical da Igreja, sobretudo para combater os abusos do clero. Ela
repreendeu-os severamente por desejarem subverter a própria natureza da
Igreja, recordando-lhes que uma verdadeira renovação da comunidade eclesial
não se obtém tanto com a mudança das estruturas, quanto com um sincero
espírito de penitência e um caminho concreto de conversão’’8.
8https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/audiences/2010/documents/hf_benxvi_aud_201009
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http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/43521/conheca+a+monja+medieval+que+foi+pionei
ra+ao+descrever+orgasmo+do+ponto+de+vista+de+uma+mulher.html consultado em 10-02-2017
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o puxa e retém consigo, e imediatamente o órgão sexual da mulher se contrai e
se fecham todos os membros que durante a menstruação estão prontos para
abrir-se, do mesmo modo como um homem forte agarra uma coisa dentro da sua
mão’’10.
13
PERNOUD, R. Hildegard de Bingen, p. 23.
15
‘’Todavia é numa carta dirigida ao Papa Anastácio IV que se confirma a
posição vigilante de Hildegarda a respeito da Igreja e a sua palavra ganha arrojo.
É muito forte o contraste entre a afirmação de autoridade por parte duma mulher
em relação à figura suprema da hierarquia eclesial e a falta de autoridade do
Papa que consente a crítica duma mulher. O acolhimento da palavra de
Hildegarda sugere que a sua palavra era escutada como uma voz do teatro
grego, vinda do ator oculto e projetada pela máscara. Uma voz dessexuada e
perpassada pela dramática da profecia, da revelação do sentido e da advertência
intimidadora. Uma voz sibilina que fazia calar. E Hildegarda apresentou-se na
carta como a sibila renana e acusou Anastácio IV, perto dos oitenta anos, de ser
fraco e enfraquecer a Igreja. Hildegarda, inspirada ou não pela sua experiência
mística, discerniu as consequências fraturantes da Igreja e acusou o Papa. Ao
aliar o discernimento na leitura da situação com o discernimento
consequencialista Hildegarda ganha o estatuto vitalício de vigilante ou cuidadora
da Igreja’’14.
A sibila renana surge, pois, como a intérprete abalizada da voz divina que procura
reerguer a Igreja, esposa de Cristo e, por conseguinte, não dependente de
esposos humanos, finitos e, por isso, inferiores. A justificação do poder divino do
Pontífice numa época de grandes pelejas nesse domínio, traz para o teatro
político-religioso a garantia do próprio Céu, que fala pela voz desta mulher, ou
melhor, que lhe ordena falar, fazendo-a recuperar das suas enfermidades com
esse intuito.
Quiçá por fé autêntica, quiçá por pragmaticismo, Hildegarda atestou a opinião de
que as suas visões provinham da vontade divina, o que auxiliou a sua elevação
como pensadora e a afastou de prováveis alusões de heresia. Muito do
ascendimento social e intelectual de Hildegarda foi favorecido pelo seu singelo
elóquio, apoiado na noção de que ela era somente uma ferramenta da vontade
14
http://books.openedition.org/cidehus/2136?lang=es consultado em 31-01-2017
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divina. Esse elóquio, entretanto, contrariava com a feição autónoma e afirmativa
com que governava os conventos que orientava e a sua própria ação religiosa.
De acordo com o exame executado por Schipperges 15, Hildegarda via-se como
um desses utensílios eleitos e infundidos por Deus com um novo e profético vigor
e com a veemência adequada para trabalhar com as carências e as conjunturas
do seu tempo. Nesse sentido, o estudioso estabelece uma aliciante ligação,
através da qual procura aclarar as prováveis razões para a admirável
fecundidade de Hildegarda. De acordo com o autor tedesco, para a santa
germana Deus tinha concedido a faculdade racional ao Homem, para que ele
laborasse criativamente de muitos e distintos estilos. Veja-se a citação que
Schipperges faz da abadessa “Se os seres humanos não fazem nenhuma
pergunta, o Espírito Santo não dá nenhuma resposta’’.
Em suma, Hildegarda sabia perguntar, logo recebia a resposta, por
consequência tinha a responsabilidade divina de a expor, tanto ao Imperador,
como ao Pontífice. Vemo-la, pois, adquirir várias posições no tabuleiro político-
social da Europa do século XII, raramente o de peão, frequentemente o de
Rainha, alicerçada na Torre no Bispo para produzir o seu xeque-mate certeiro e
reconduzir as peças ao Deus cognoscente por si próprio que infundiu essa
cognição também na feminilidade e de forma sobreabundante.
15
SCHIPPERGES, H. The world of Hildegard of Bingen, p. 32. (tradução do autor)
17
CONCLUSÃO
16
https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/apost_letters/documents/hf_benxvi_apl_20121007_ild
egarda-bingen.html
17
PERNOUD, Régine. Hildegard de Bingen: a consciência inspirada do século XII. Rio de Janeiro: Rocco,
1996. 134 p.
18
respeitar.” Noutro excerto, a Carta Apostólica cita a “sua sensibilidade pela
natureza, cujas leis devem ser tuteladas e não violadas.”
Pelo referido, admitimos que Hildegarda de Bingen se constitui como uma
atraente representação feminina, não só pela sua timbrada pluralidade mas
outrossim pela sua impulsionadora atividade na conjuntura religiosa em que
viveu, sendo, por isso, uma inspiração e modelo ímpar para a atuação das
mulheres na Igreja de hoje.
O oficioso diário L’Osservattore Romano ilustra sumariamente uma das muitas
peculiaridades de Hildegarda:
18
http://www.osservatoreromano.va/pt/news/o-ovo-de-hildegarda consultado em 16-02-2017
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BIBLIOGRAFIA
FONTES
HILDEGARD OF BINGEN, Book of divine works: with letters and songs, Mathew
Fox (ed.), Santa Fe, Bear & Company, 1987
ESTUDOS
FIERRO, Nancy. Hildegard of Bingen and her vision of the feminine. Rowman &
Littlefield, 1994
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FLANAGAN, Sabina. Hildegard of Bingen: a visionary life. New York: Routledge,
1998.
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