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Diagnóstico Cultural de Cariacica Final REVISADO PDF
Diagnóstico Cultural de Cariacica Final REVISADO PDF
Belo Horizonte
Novembro de 2016
1
“Percebe-se que a cidade ainda se porta como se tudo o que é bom
viesse de fora. O que não é verdade, pois, se houver condições,
nossos próprios artistas têm capacidade para tocar a arte e o
fomento de nossa cultura com muito esmero e competência”
(entrevistado, Cariacica, 2016).
2
Sumário
INTRODUÇÃO E METODOLOGIA .............................................................................. 5
1. ANÁLISE DO CONTEXTO E CONJUNTURA MUNICIPAL ............................ 12
1.1. Aspectos históricos e inserção regional ............................................................... 12
1.2. Economia municipal ........................................................................................... 16
1.3. Aspectos demográficos e indicadores sociais ...................................................... 19
2. A CULTURA EM CARIACICA ............................................................................ 32
2.1. Sobre o Sistema Nacional de Cultura .................................................................. 33
2.2. O Sistema Municipal de Cultura de Cariacica..................................................... 39
2.3. Espaços e equipamentos culturais ....................................................................... 48
2.4. A diversidade cultural local e suas manifestações............................................... 54
2.4.1. Patrimônio material e imaterial ........................................................................ 61
2.4.2. Sobre a situação dos artistas e grupos culturais no município ......................... 63
3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS ................................ 72
3.1. Pressupostos e concepções fundamentais ............................................................ 73
3.2. Potencialidades e dificuldades do campo cultural no município ......................... 77
3.3. Propostas e sugestões de ações possíveis ............................................................ 86
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 90
EQUIPE .......................................................................................................................... 94
ANEXOS ........................................................................................................................ 95
Anexo 1 – Tabulação dos questionários online .............................................................. 95
Anexo 2 - Relatos Grupos de Discussão ...................................................................... 109
Anexo 3 – Prioridades apontadas na I Conferência Municipal de Cultura .................. 120
3
Índice de quadros
Quadro 1 - Regiões administrativas de Cariacica -2000.............................................................. 23
Quadro 2 - Índice de desenvolvimento humano municipal - IDHM – dimensões e indicadores 25
Quadro 3 - Índice de vulnerabilidade social - IVS – dimensões e indicadores componentes ..... 27
Quadro 4 – Estratégias e projetos culturais para Cariacica – 2013/2016 ................................... 43
Quadro 5 – Projetos aprovados na Lei João Bananeira - 2016 ................................................... 46
Quadro 6 – Calendário de eventos de Cariacica – 2016 ............................................................. 55
Quadro 7 – Potencialidades e dificuldades da cultura em Cariacica .......................................... 83
Quadro 8 – Principais eixos e linhas estratégicas de ação .......................................................... 87
Índice de gráficos
Gráfico 1 – PIB a preços correntes, segundo setor de atividade - 2013 ..................................... 17
Gráfico 2 - Evolução da população residente, segundo localização urbana e rural – 1991/2010
..................................................................................................................................................... 20
Gráfico 3 - População segundo local de residência – 2010 ......................................................... 21
Gráfico 4 - População segundo faixa etária................................................................................. 23
Gráfico 5 – População residente, segundo cor ou raça declarada .............................................. 24
Gráfico 6 – Evolução do IDH-M, segundo dimensões –1991/2010 ............................................ 26
Gráfico 7 – Comparativo territorial do IDH-M, segundo dimensões –2010 ............................... 26
Gráfico 8 – Evolução do IVS, segundo dimensões – Cariacica, 2000/2010 ................................. 28
Gráfico 9 – Comparativo territorial do IVS, segundo dimensões –2010 ..................................... 28
Gráfico 10 – Indicadores de vulnerabilidade selecionados – Cariacica, 2010 ............................ 30
Gráfico 11 – Tipo de cadastro / respondente ............................................................................. 64
Gráfico 12 – Área cultural de atuação principal .......................................................................... 65
Gráfico 13 – Tempo de atividade ................................................................................................ 66
Gráfico 14 – Número de membros.............................................................................................. 66
Gráfico 15 – Sustentabilidade do artista ou grupo cultural ........................................................ 67
Gráfico 16 – Necessidades na área da formação e qualificação ................................................. 69
Índice de figuras
Figura 1 – Temas / Matriz de Análise do Diagnóstico ................................................................... 7
Figura 2 – A vida cotidiana e suas múltiplas relações ................................................................... 8
Figura 3 – Inserção regional de Cariacica .................................................................................... 13
Figura 4 – Evolução da população de Cariacica – 1920/2010 ..................................................... 20
Figura 5 – Uso do solo de Cariacica ............................................................................................. 22
Figura 6 – Regionalização do município de Cariacica, 2006 ........................................................ 22
Figura 7 – Elementos constitutivos dos Sistemas de Cultura...................................................... 39
4
INTRODUÇÃO E METODOLOGIA
“Espero que as opiniões sejam lidas e consideradas, pois nós que
estamos aqui no chão da cultura cariaciquense, sabemos o quanto
penamos e o quanto dependemos de trabalhar nos outros
municípios da Grande Vitória para garantir nosso sustento”
(entrevistado, Cariacica, 2016).
5
É importante destacar ainda que já foi entregue um primeiro volume formado pela
compilação de dados secundários levantados em fontes disponíveis na internet, públicas
e privadas. Tal volume teve o objetivo de traçar um primeiro panorama da situação do
município e embasar as atividades da equipe nas etapas subsequentes do trabalho. Assim,
é importante destacar que não serão repetidos neste trabalho estes dados, evitando a
redundância de informações. Ao contrário, buscar-se-á apresentar a essência da análise
das informações levantadas, especialmente durante as pesquisas de campo.
6
Figura 1 – Temas / Matriz de Análise do Diagnóstico
7
Figura 2 – A vida cotidiana e suas múltiplas relações
8
Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o IDH não
abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da
"felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".
Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos
aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH. O
IDH tem o grande mérito de sintetizar a compreensão do tema e ampliar e
fomentar o debate
(http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH).
A Agenda 21 da Cultura, aprovada em 8/05/2004, em Barcelona, no marco do
primeiro Fórum Universal das Culturas, traz 67 artigos, entre Princípios, Compromissos
e Recomendações. De acordo com tal documento (CGLU, 2006):
a afirmação das culturas, assim como o conjunto das políticas que foram postas
em prática para o seu reconhecimento e viabilidade, constitui um fator essencial
no desenvolvimento sustentável das cidades e territórios no plano humano,
econômico, político e social (...). A qualidade do desenvolvimento local requer
o imbricamento entre as políticas culturais e as outras políticas públicas -
sociais, econômicas, educativas, ambientais e urbanísticas. (p. 5)
Atualmente encontra-se em fase de elaboração a nova Agenda 21 da Cultura, que
contará com oito eixos de trabalho, cada qual com seus princípios, objetivos, metas e
indicadores. Tais eixos, a princípio, são: direitos culturais; cidades inteligentes e cultura;
governança da cultura; planejamento, espaço urbano e cultura; cultura e ecologia;
educação e cultura; cultura, inclusão social e combate à pobreza; sustentabilidade da
cultura e economia social.
Como se vê, tais eixos ampliam o raio de abrangência da ação cultural, entendida
como conteúdo que cruza transversalmente todas as outras políticas públicas nas cidades.
A hipótese que vem sendo adotada é que a cultura contribui para o desenvolvimento local,
em seus aspectos territoriais, sociais, econômicos, entre outros elementos.
9
• Elaboração de um documento síntese com todos os dados obtidos para o
município;
• Elaboração dos questionários e instrumentos de pesquisa de campo;
• Realização de entrevistas qualitativas presenciais com lideranças locais, com
apoio de um roteiro semiestruturado;
• Envio de questionário para preenchimento online para artistas, gestores e
coletivos culturais atuantes no município;
• Realização de quatro grupos de discussão com artistas, gestores e técnicos
atuantes na área cultural do município, sendo o primeiro deles focado nas
comunidades do entorno da Unidade da ArcelorMittal Cariacica;
• Tabulação, processamento e análise de todos os dados obtidos;
• Redação da primeira versão do Diagnóstico;
• Apresentação dos resultados do Diagnóstico para a ArcelorMittal;
• Revisão dos conteúdos, ajustes e formatação do volume final do Diagnóstico;
• Apresentação dos resultados no município e realização de trabalhos em grupos
com os agentes culturais locais para coleta de sugestões e encaminhamento de
propostas de ação.
É fundamental deixar claro que a escolha das pessoas a serem ouvidas na pesquisa
foi feita a partir da identificação dos principais agentes atuantes na cultura em Cariacica,
a partir dos documentos e dados secundários levantados preliminarmente na internet, bem
como a partir de sugestões e indicações da Secretaria Municipal de Cultura. Ademais, foi
contratado um produtor local, de grande inserção na cultura do município, que auxiliou
na identificação de pessoas e instituições que poderiam contribuir nessa fase inicial.
10
Ao final, as atividades de levantamento de dados primários em Cariacica
envolveram um total de 55 participantes, sendo 10 pessoas ouvidas na etapa de entrevistas
qualitativas, 20 pessoas presentes nos grupos de discussão e 25 respondentes dos
questionários online.
Ainda que não tenha sido o propósito metodológico deste trabalho buscar uma
representatividade amostral – estatística, quantitativa - nas pesquisas de campo, é possível
afirmar que foi possível obter uma boa visão da situação local, considerando-se que houve
uma representatividade qualitativa das fontes de dados.
O relatório que se segue está estruturado em três capítulos, além desta Introdução
e seus aspectos metodológicos. O Capítulo 1 traz um breve olhar para o contexto
municipal, apresentando indicadores demográficos, socioeconômicos e de qualidade de
vida da população em Cariacica. O Capítulo 2 busca detalhar a situação da cultura no
município, identificando suas principais manifestações, institucionalidade da política
cultural, problemas e potenciais apontados. Por fim, o Capítulo 3 traz as considerações
finais, apontando os pontos fortes e fracos identificados no processo de diagnóstico, bem
como recomendações estratégicas para a área cultural no município.
11
1. ANÁLISE DO CONTEXTO E CONJUNTURA MUNICIPAL
“Nós sempre caminhamos a reboque de Vitória. Quando você quer
ver alguma coisa, tem que ir para Vitória. Cariacica é considerada
um bairro dormitório. Até hoje os artistas daqui vão para Vitória”
(entrevistado, Cariacica, 2016).
Possui área de 279,85 Km2 e faz limite com Santa Leopoldina, Domingos Martins,
Viana e, a leste, com Vila Velha, Serra e Vitória. Dada sua localização e o fato de ser
cortado pelas rodovias BR-262 e BR-101, o município faz o elo entre o litoral e a região
serrana do Espírito Santo.
1
Para conhecer cada um dos diagnósticos setoriais em profundidade, acessar o link
http://www.cariacica.es.gov.br/prefeitura/secretarias/semgeplan/agenda-cariacica-2010-
2030/diagnosticos-agenda-cariacica/?doing_wp_cron=1474025876.6436679363250732421875
12
Figura 3 – Inserção regional de Cariacica
A colonização da região tem como marco o final do século XVI e início do XVII,
a partir das incursões dos portugueses pelo rio Jucu, partindo de Vila Velha, até o
2
O nome Moxuara aparece em alguns documentos também grafado como Mochuara. Nestes casos foi
mantido conforme o original consultado.
13
território cariaciquense. No local foram estabelecias fazendas e engenhos voltados para a
produção de cana-de-açúcar. Em meados do século XVIII registra-se a chegada dos
Jesuítas à região, que também estabeleceram fazendas e construíram um colégio e um
convento. Além disso, passaram a produzir algodão para tecelagem e consumo próprio.
Junto com o também italiano frei Gregório José Maria de Bene, responsável pela
construção da Igreja de Queimado, na Serra, frei Ubaldo pregava contra a escravidão em
todas as suas formas. Como constante no documento Agenda 2010-2030 área Cultura:
Enquanto isso, em Cariacica, os habitantes não mediam esforços para ajudar frei
Ubaldo na construção da igreja que mais tarde se tornaria marco de formação do
futuro município. Os fiéis faziam procissões nas quais carregavam pedras para a
edificação. O número de escravos nela utilizados era inferior ao empregado no
templo de Queimado, mas eles acreditavam igualmente na liberdade prometida.
Quando se aproximava o dia da liberdade para os escravos de Queimado, frei
Gregório fez uma declaração que causou revolta. Disse que a liberdade
prometida era a de Deus, não a alforria, porque só aos senhores cabia a
emancipação dos cativos. Da frustração para as armas foi um pulo e o prelúdio
de insurreição motivou as autoridades provinciais a enviar tropas para
Queimado, Cariacica e Itaoca. Revolta controlada, escravos presos ou mortos,
ambos os freis foram considerados nocivos à tranquilidade pública e enviados à
Corte. Estes acontecimentos determinaram que a Igreja de Cariacica fosse
concluída apenas em 1851 (p.30).
De acordo com o IBGE, a freguesia foi criada com a denominação São João
Batista de Cariacica, pelo decreto provincial nº 5, de 16-12-1837, subordinada ao
município de Vitória. Através do Decreto Lei Estadual nº 57, de 25 de novembro de 1890,
é elevada à categoria de vila, com o nome de Vila de Cariacica, formada pela sede e pelo
distrito de Itaquari. Logo em seguida, “em 25 de dezembro de 1890, foi conduzida à
categoria de município pelo governador do estado Constante Sodré. Apesar de essa
14
autonomia ter ocorrido nesta data, as comemorações são realizadas em 24 de junho, por
ser o dia de São João Batista, padroeiro da cidade” (p.31). O município foi instalado a 30
de dezembro de 1890.
15
região acabaram por configurar um panorama de intenso - e desordenado - crescimento
urbano no território cariaciquense.
3
Para mais detalhes ver o volume Contexto Econômico e as potencialidades de emprego e renda, dentro
do Programa Agenda 2010-2030, no link http://www.cariacica.es.gov.br/wp-
content/uploads/2014/05/Agenda_ContextoEconomico.pdf
16
Gráfico 1 – PIB a preços correntes, segundo setor de atividade - 2013
0,1 13,6
21,5 Agropecuária
Indústria
Comércio e serviços
17
(bacharelado e licenciatura) e engenharia de produção, além da pós-graduação, com o
mestrado profissional em ensino de física.
18
ainda mais diversificada a relação dos usuários da CEASA, grande parte
oriundos da região serrana do estado, com o comércio local (p.30-31).
Se por um lado o município apresenta dinâmica economia e potencial de
crescimento, por outro conta com problemas urbanos e sociais que devem ser
considerados em busca de um desenvolvimento sustentável. Conforme constante no
documento mencionado,
Apesar de ter perdido peso relativo no processo de diversificação produtiva
regional em épocas anteriores, Cariacica ainda mantém um variado conjunto de
atividades produtivas nos três setores da economia: agropecuária, indústria e
serviços. O caráter rural de boa parte de seu território e, ao mesmo tempo, a
localização do município nas proximidades dos demais centros urbanos na
Grande Vitória, garantem a Cariacica grandes oportunidades de investimento
nas próximas décadas.
Contudo às vantagens naturais de sua localização, diversidade de relevo e clima,
abrangência territorial etc., precisam se agregar condições infraestruturais
indispensáveis. O município possui um problema crônico de regularização
fundiária, apontado por muitos gestores locais como o principal gargalo para a
realização da maior parte das políticas públicas de urbanização. Também é
visível que Cariacica ainda carece de uma melhor distribuição energética, uma
maior eficiência em sua malha de transportes e em sua rede de
telecomunicações.
Por outro lado, no campo social, o processo de formação intelectual da
juventude no próprio município e as condições de convívio social (transporte
coletivo, iluminação pública, áreas de esporte e lazer, centros de convivência
etc.) precisam de urgente requalificação (p.22 -23).
19
Figura 4 – Evolução da população de Cariacica – 1920/2010
400.000
348.738
350.000 324.285
150.000
100.000
20
Em relação às taxas de crescimento, entre 1991 e 2000 Cariacica manteve sua
tendência histórica de crescimento acima da média nacional (1,88% e 1,63% ao ano,
respectivamente). Na década seguinte, entretanto, tal crescimento se arrefeceu, ficando o
município em taxas abaixo da média brasileira (0,73% a.a. e 1,17% a.a.). A partir dos
anos 2000, inclusive, o município é suplantado por Serra e Vila Velha nas taxas de
crescimento, apontando novas direções do crescimento interno da Região Metropolitana.
3,12
Urbana
Rural
96,78
É importante destacar, contudo, que, ainda nos dias atuais, mais de metade do
território municipal é formado por áreas rurais ou de preservação, o que pode ser visto na
Figura 5.
21
Figura 5 – Uso do solo de Cariacica
22
Quadro 1 - Regiões administrativas de Cariacica -20004
Regiões Homens Mulheres Total Hab./dom 2000 (%)
1- Porto Santana 21.323 21.571 42.894 3,86 13,2
2 - Santana 11.114 11.496 22.610 3,63 7,0
3 - Itacibá 15.488 16.360 31.848 3,60 9,8
4 - Campo Grande 23.998 25.778 49.776 3,40 15,3
5 - Itaquari 8.281 9.117 17.398 3,53 5,4
6 - Jardim América 15.999 17.049 33.048 3,53 10,2
7 - Caçaroca 13.541 13.781 27.322 3,76 8,4
8 - Nova Rosa da Penha 9.394 9.444 18.838 3,91 5,8
9 - Cariacica Sede 11.034 10.981 22.015 3,63 6,8
10 - Operário 11.546 11.589 23.135 3,72 7,1
11 - Padre Gabriel 9.907 10.092 19.999 3,74 6,2
12 - Santa Bárbara 6.154 6.183 12.337 3,68 3,8
13 - Rural 1.652 1.409 3.061 3,77 0,9
Total 159.431 164.850 324.281 3,64 100,0
FONTE: Agenda Cariacica 2010-2030, volume Dinâmica Populacional.
4,7 1,2
15,4
16,8
Menos de 9 anos
10 a 19
17,8
20 a 29
30 a 44
45 a 64
23,9 65 a 79
80 anos ou mais
20,2
4
Nota constante no original: Os nomes das regiões não são oficiais, são denominações da equipe
Agenda Cariacica: Dinâmica populacional. Fontes: PDM (2006); IBGE (2000).
23
Entretanto, vale destacar que tal percentual já foi bem maior, sendo registrado no
município a mesma tendência verificada no Brasil como um todo, de queda das taxas de
fecundidade, envelhecimento da população, aumento na proporção de adultos e idosos e
aumento da população em idade ativa.
Ainda que não haja dados atualizados a respeito do perfil racial da população
cariaciquense, os dados do Censo 2010, apresentados no Gráfico 5, indicam que
predominam no município aqueles que se autodeclaram pardos, inclusive em percentual
maior do que a registrada na média estadual. Também o percentual de negros é maior do
que a média do Espírito Santo, ao passo que os brancos são em menor proporção
comparativa. Segundo informantes-chave, em toda a zona rural de Cariacica há
importante presença de descendentes de escravos, destacando-se a região de Roda
D'Água.
57,0
60,0
48,6
50,0 42,2
40,0 32,6
30,0
20,0
8,3 9,6
10,0
0,6 0,7 0,3 0,2
0,0
Branca Preta Amarela Parda Indígena
24
Além do perfil demográfico do município é também fundamental avaliar as
condições de vida de sua população e seus indicadores sociais. Nesse âmbito, é importante
considerar dois índices sintéticos – o IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal, e o IVS – Índice de Vulnerabilidade Social.
O IDH-M é um dos índices mais completos utilizados para analisar a situação dos
territórios e que foi adaptado para os municípios a partir da metodologia do Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH, inicialmente calculado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento - ONU / PNUD para todos os países do mundo. Este
índice mede o grau de desenvolvimento humano de países, estados e municípios, a partir
de três dimensões principais, que são apresentadas a seguir no Quadro 2.
25
Gráfico 6 – Evolução do IDH-M, segundo dimensões –1991/2010
0,900 0,844
0,800 0,762
0,687 0,718
0,700
0,641 0,699
0,600 0,586 0,613
0,628
0,500 0,498 0,471
0,400 0,395
0,300
0,200
0,100
0,000
Censo 1991 Censo 2000 Censo 2010
0,844
0,835
0,900 0,740 0,743 0,816
0,727 0,718 0,739 0,699
0,800 0,653
0,637 0,628
0,700
0,600
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
IDHM IDHM Renda IDHM IDHM Educação
Longevidade
26
No que é relativo ao Índice de Vulnerabilidade Social – IVS, o Quadro 3 traz suas
principais dimensões de análise e indicadores componentes. Este também é um índice
sintético que reúne indicadores do bloco de vulnerabilidade social do Atlas do
Desenvolvimento Humano (ADH) no Brasil. Permite medir, para além da insuficiência
de renda, indicadores de exclusão social, pobreza multidimensional e vulnerabilidade
social. Foi elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA, sobre
dados do Censo 2010 e é considerado um parâmetro importante e válido para todos os
municípios brasileiros.
27
Gráfico 8 – Evolução do IVS, segundo dimensões – Cariacica, 2000/2010
0,600 0,559
0,550 0,505
0,500 0,441
0,482
0,450
0,475
0,400 0,371
0,350 0,362
0,300
0,250
0,274
0,200
Censo 2000 Censo 2010
0,379
0,400 0,362 0,348
0,326 0,336
0,350 0,295 0,319 0,320
0,272 0,281 0,285
0,300
0,250 0,217
0,200
0,150
0,100
0,050
0,000
IVS IVS Infraestrutura IVS Capital IVS Renda e
Urbana Humano Trabalho
28
se baseia em uma série de índices levantados pelo próprio Atlas da Vulnerabilidade Social
do IPEA, especialmente relacionados à educação e à renda, que podem ser vistos no
Gráfico 10.
29
Gráfico 10 – Indicadores de vulnerabilidade selecionados – Cariacica, 2010
80,0
71,7
70,0 65,0
60,0
50,0
40,0 34,8
31,1
30,0
20,0 13,20
10,4
7,5 8,10
10,0
0,0
Taxa de % de crianças de 0 a % de pessoas de 15 % de pessoas de 18 Mortalidade infantil % de ocupados com % de pobres ou Taxa de
analfabetismo - 25 5 anos fora da a 24 anos que não anos ou mais sem renda inferior a 2 vulneráveis à desocupação - 18
anos ou mais escola estudam, não fundamental S.M. pobreza anos ou mais
trabalham e são completo e em
vulneráveis ocupação informal
30
A taxa de desocupação entre maiores de 18 anos em Cariacica era de 8,10% em
2010. O rendimento médio das pessoas ocupadas no município era de R$ 1.044,62 em
2010, ao passo que a média nacional era de R$ 1.296,19 na mesma época. Já a renda per
capita da população cariaciquense (considerando ocupados e não ocupados) era de R$
620,85, enquanto a média brasileira era de R$ 793,87. Ao se avaliar apenas as famílias
consideradas vulneráveis, a renda per capita era de R$ 172,34 mensais.
Por fim, no que é relativo à renda, os números apontam que quase 72% dos
ocupados no município têm rendimentos mensais abaixo de 2 salários mínimos.
5
Este é um indicador da desigualdade de renda e quanto maior seu valor (entre 0 e 1) pior pode ser
considerada a situação do território.
31
2. A CULTURA EM CARIACICA
“Há muita riqueza em Cariacica. O que falta é oportunidade e
incentivo” (entrevistado, Cariacica, 2016).
É nesse cenário de grande dinamismo econômico e fragilidade em alguns
indicadores sociais que se insere a temática da cultura em Cariacica. As entrevistas
qualitativas, grupos de discussão, dados secundários e questionários preenchidos pelos
agentes culturais locais permitiram ter uma primeira visão sobre as potencialidades e
também as fragilidades da área cultural no município.
32
2.1. Sobre o Sistema Nacional de Cultura6
“Nós precisamos nos encontrar, nos conhecer e somar, para que
essa rede cresça” (entrevistado, Cariacica, 2016).
A política cultural no Brasil vem se institucionalizando cada vez mais nas últimas
décadas, trazendo a gestores, públicos e privados, novos desafios e posturas no exercício
de suas atribuições. De acordo com Botelho (2006), são três os marcos históricos da
política cultural no Brasil, sendo o primeiro a vinda de D. João VI para o Rio de Janeiro,
em 1808, quando foram criadas as primeiras instituições culturais, tais como a Biblioteca
Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu histórico Nacional. O segundo
marco foi durante o Estado Novo (década de 1930), quando foi implantado um sistema
articulado em nível federal, com instauração de instâncias como o Conselho Nacional de
cultura, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Serviço Nacional do
Teatro, o Instituto Nacional do Livro e a Casa Rui Barbosa.
Por fim, a autora cita os anos de 1970, período da ditadura militar, como outro
marco da política cultural brasileira. Em 1975, foi lançada a Política nacional de Cultura,
primeira vez em que a cultura aparece como uma das metas de governo. Também são
criações do período a FUNARTE, a Embrafilme, o Conselho Nacional do Direito Autoral
e o CONCINE, entre outros.
Ademais destes três marcos históricos citados pela autora, pode-se identificar
nova configuração da política cultural, que se delineia a partir da década de 1980 e
continua em transformação até os dias atuais. É fundamental apontar que após as
primeiras eleições diretas para os governos estaduais (anos 80), a política cultural foi
fortalecida, com a criação de secretarias de cultura nos estados e municípios, separando-
as da educação, bem como com a instauração do Ministério da Cultura (1985) e da Lei de
Incentivo à Cultura (Lei Sarney – 1986).
6
Capítulo baseado na introdução do Plano Municipal de Cultura de Uberlândia, elaborado por LIBANIO,
2012.
33
instâncias federais em dois institutos: Instituto Brasileiro de Arte e Cultura – IBAC e
Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, ambos sem força política e orçamento
relevante.
34
• a implantação do Sistema Nacional de cultura e o incentivo à implantação dos
sistemas estaduais e municipais.
Resumindo, então, pode-se dizer que a política cultural no Brasil, com seu atual
formato de institucionalização, teve suas bases lançadas em meados da década de 1980,
com a criação do Ministério da Cultura e da Lei Sarney, em primeiro momento, e
posteriormente da Lei Rouanet, já nos anos de 1990. Após quase 20 anos desse processo,
iniciou-se, a partir de 2003, a reestruturação do papel do Estado e da política cultural no
país, capitaneado pelo Ministério da Cultura, que culminou na implantação do Sistema
Nacional de Cultura.
35
O principal objetivo do SNC é fortalecer institucionalmente as políticas culturais
da União, Estados e Municípios, com a participação da sociedade, considerando que,
ainda hoje, as políticas para a cultura continuam ocupando posição periférica na agenda
da maioria dos governos, além de serem conduzidas de forma pouco profissional. Parte
desse problema está na indefinição a respeito do papel do poder público (Estado) na vida
cultural.
36
• Transparência e compartilhamento das informações, além de democratização dos
processos decisórios com participação e controle social;
• Descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;
• Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a
cultura.
37
mostrado ampliação de sua capilaridade em todo o país. Apesar do esforço no sentido da
institucionalização da cultura no país, vê-se que o processo é ainda incipiente. Nas
palavras de Avelar (2012),
Nosso grau de indigência cultural se revela nos números preocupantes
apontados pelo Perfil dos Municípios Brasileiros, estudo realizado anualmente
pelo IBGE. Em 2009, na maior parte (70,9%) dos municípios havia secretarias
municipais de cultura conjuntas com outras políticas (principalmente educação,
turismo e esportes). Apenas 9,4% dos municípios tinham secretaria exclusiva de
cultura, e 1,9% tinha órgão da administração indireta com esse fim. Segundo a
mesma pesquisa, em 2009, 76,7% das cidades brasileiras não possuíam museus,
91,9% não tinham salas de cinema, 78,9% não possuíam teatros, 70,4% não
tinham centros culturais e 72% não contavam com uma única livraria. (p. 201)
Nos últimos anos, tem havido significativo aumento da adesão dos municípios ao
SNC, o que, ao se realizar gradativamente, vem contribuindo para mudar o panorama
inicialmente apresentado. Segundo Calabre (2012),
O desenho original do Sistema foi sendo aprimorado e a discussão nacional,
ampliada. Em 2010, o projeto de lei que instituiu o SNC começou a transitar no
Congresso Nacional, prevendo a criação de sistemas estaduais de cultura e
sistemas municipais de cultura. No caso dos municípios, o projeto dispõe que os
sistemas municipais de cultura (SMC) possuam, no mínimo, cinco dos
componentes previstos para os SMC, que são: secretaria de cultura (ou órgão
equivalente), conselho municipal de política cultural, conferência municipal de
cultura, plano municipal de cultura e sistema municipal de financiamento da
cultura (com fundo municipal de cultura). (p. 174)
Além desses, há outros componentes fundamentais no Sistema, que entretanto não
figuram como obrigatórios. Nas palavras de Calabre (2012),
Dois outros instrumentos de gestão estão previstos no SNC: o Sistema de
Informações e Indicadores de Cultura e o Programa de Formação na Área da
Cultura. Apesar de não estarem previstos como um dos cinco componentes
mínimos de um sistema municipal de cultura, são fundamentais para a
implementação e o bom funcionamento do restante do conjunto. A produção de
informações sobre a cultura local é fundamental para garantir uma maior
eficácia na gestão. (p. 176)
A Figura 7 traz o desenho do Sistema, com seus elementos componentes.
38
Figura 7 – Elementos constitutivos dos Sistemas de Cultura
39
O órgão gestor no município é a SEMCULT - Secretaria Municipal de Cultura,
que foi desmembrada da antiga Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. Suas atribuições
são: formular e executar a política cultural municipal; elaborar, coordenar e executar o
Plano Municipal de Cultura; e viabilizar mecanismos de financiamento de atividades
culturais, dentre outras competências.
40
o Secretaria Municipal de Educação: Titular: João Batista Vita; Suplente:
Wanderson Campos Souza;
o Secretaria Municipal de Esportes e Lazer: Titular: João Vitor de
Figueiredo Cellin; Suplente: Rogéria Santos;
o Secretaria Municipal de Finanças: Titular: Eluciany Ferreira Melo;
Suplente: João Batista Caetano de Jesus;
o Gabinete do Prefeito: Titular: Emerson Renato da Silva; Suplente: Maria
Marta Morra Tomé;
o Câmara Municipal: Titular: Erildo Denadai; Suplente: Celso Andreon;
• Representantes da Sociedade Civil:
o Câmara de Artesanato: Titular: Jocilene Barbosa Muniz; Suplente: Sirléia
Barbosa de Almeida do Nascimento;
o Câmara de Artes Cênicas: Titular: Hudson Alves Braga; Suplente: Nelson
Ricardo Amaro;
o Câmara de Artes Visuais: Titular: Luiz Rafael Alves Nunes; Suplente:
Hiago Silva Nascimento;
o Câmara de Áudio Visual: Titular: Dener Serrano Rodrigues; Suplente:
Juliana da Gama Souza;
o Câmara de Cultura Popular: Titular: Ana Lúcia da Rocha Conceição;
Suplente: Eleandro da Silva;
o Câmara de Hip Hop: Titular: Miqueias Henrique Matos Cruz;
o Câmara de Humanidades: Titular: Eliane Dutra da Silva Rodrigues;
Suplente: Jocinei Alcântara Chaves;
o Câmara de Literatura: Titular: Bruno Luiz de Mattos Oliveira; Suplente:
Marcos José Bubach;
o Câmara de Música: Titular: Marcelo Carvalho de Oliveira; Suplente:
Uerdson Guisolfi Lopes;
o Câmara de Patrimônio Cultural: Titular: Marcos Prado Rabelo; Suplente:
Cerli Codeco.
41
como Educação; Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente; Desenvolvimento
Social; Esportes e Lazer; Finanças e o próprio Gabinete do Prefeito, além de
representantes da Câmara de Vereadores.
Tal iniciativa é não apenas desejável, mas também louvável e deve ser
reconhecida e, de fato, fortalecida, através de propostas e ações concretas, para que possa
redundar em políticas transversais no âmbito da gestão pública municipal.
Vale destacar ainda que o Plano Municipal de Cultura está em fase de elaboração
e tem como previsão de conclusão o prazo constante no Acordo de Cooperação assinado
com o MINC, que é até março de 2017.
7
O presente diagnóstico foi concluído justamente no mês que antecedeu as eleições municipais 2016 e
devem ser, portanto, consideradas possíveis mudanças na política cultural nos próximos anos,
dependendo das novas propostas para a próxima gestão à frente da administração municipal.
42
As principais ações e estratégias propostas estão apresentadas no Quadro 4,
realçando a questão dos espaços para as práticas culturais, a realização de convênios e
parcerias, a proposição de novos projetos culturais e a própria estruturação do Sistema
Municipal de Cultura.
43
Várias das ações propostas também já foram implementadas, ou encontram-se em
processo de realização. Entre elas, além da já mencionada reestruturação da Secretaria e
das políticas públicas, vale destacar a alteração da Lei João Bananeira e a reforma do
Centro Cultural Frei Civitella de Trento.
8
A lei recebeu o nome de João Bananeira em homenagem ao tradicional personagem do Congo
cariaciquense, da região de Roda D´Água.
44
o limite máximo de 20% por incentivador, o que foi tradicionalmente chamado no
município por “troca de bônus”.
De acordo com entrevistas realizadas no município, tal sistema tinha uma série de
problemas e falhas, entre eles o fato de que havia apenas três meses para a troca de bônus,
além de problemas burocráticos que dificultavam muito a captação de recursos pelos
produtores culturais junto às empresas.
Assim, foi proposta a reformulação do mecanismo, que se deu através da Lei nº.
5.477, de 13 de outubro de 2015. Seus dois primeiros artigos já apontam a principal
mudança:
Art. 1 - O Projeto Cultural “João Bananeira”, criado pela Lei Municipal N°
4.368/2005, deixa de ter caráter de incentivo fiscal e passa a compreender
incentivo financeiro.
Art. 2 - A Lei Municipal de Incentivo Financeiro à Cultura - Lei João
Bananeira, consiste em incentivo financeiro a ser concedido a pessoa física ou
jurídica contribuintes do Município de Cariacica para realização de Projetos
Artísticos e Culturais.
Já o Artigo 5 amplia as áreas culturais contempladas, apesar de manter os projetos
especiais:
Art. 5 - São abrangidas por esta lei as seguintes áreas:
§ 1º - Projetos Especiais, que correspondem aos projetos de interesse direto do
Município, abrangendo seu patrimônio histórico, cultural, artístico e seus
espaços e equipamentos culturais.
§ 2º - Projeto de Incentivo às Artes, que correspondem aos projetos elaborados e
apresentados por produtores culturais relacionados às áreas e as atividades de
artes musicais, artes cênicas (dança, teatro, circo, ópera e afins), audiovisuais
(cinema, vídeo e afins), artes visuais (colagens, gravuras, fotografia, moda,
paisagismo, decoração, charges, quadrinhos e afins) artes literárias, artes
plásticas, cultura popular (carnaval, folclore, capoeira e artesanato e afins), arte
contemporânea (novas mídias, performance, instalação, manipulação digital e
afins).
A SEMCULT acredita que a nova modalidade - de financiamento direto ao
realizador do projeto cultural, através de recursos orçamentários ordinários - vai favorecer
os projetos de menor porte ou com menores chances de captação no mercado. O valor
disponibilizado anualmente continua dentro dos limites de 1% a 5% da arrecadação anual
do ISSQN.
45
empresa tinha muitas dificuldades. Essa mudança que tirou a passagem pela
iniciativa privada foi um grande avanço. A mudança aconteceu de forma
colaborativa e participativa. Isso uniu mais os artistas (entrevistado, Cariacica,
2016).
O Edital I – 2015 da Lei João Bananeira, para realização em 2016, estipulou o teto
máximo de R$ 710 mil, sendo que os Projetos Especiais poderiam absorver até 50% do
valor do edital (R$ 350 mil) e os projetos da categoria Incentivo às artes teriam teto de
até R$ 29.500 cada. O Quadro 5 apresenta os projetos aprovados, segundo Câmara
setorial e valor total.
46
CÂMARA TÍTULO DO PROJETO VALOR
CULTURAL APROVADO
Artes Visuais Memorial fotográfico da Obra Social Cristo Rei R$ 29.340,00
Artes Visuais Registro dos mestres congueiros de Cariacica R$ 25.000,00
Patrimônio Placas sinalizadoras do patrimônio histórico de Cariacica R$ 29.475,00
Sede
Patrimônio Oficinas de conservação do Patrimônio Histórico R$ 29.484,20
Documental de Cariacica - ES
Patrimônio Memórias da cidade: lembranças cariaciquenses R$ 22.751,00
FONTE: Prefeitura de Cariacica. SEMCULT. Edital I – 2015, Resultado Final, 05/06/2016.
47
Entretanto, também reconhecem que falta aos artistas uma ação mais proativa, mais
independente.
De acordo com o que foi apurado nas pesquisas primárias e secundárias, a falta de
espaços para as práticas culturais é um dos principais problemas enfrentados por artistas,
gestores e poder público em Cariacica. Tanto é assim que a reforma e criação de novos
espaços culturais aparece como prioridade da administração, como antes relatado.
48
Também localizado em Campo Grande, o Centro Cultural Frei Civitella di Trento
foi recentemente reformado e teve seu espaço ampliado, com recursos do Fundo de
Cultura, direcionados com aprovação do Conselho Municipal de Cultura. À época da
pesquisa do Diagnóstico, a reforma estava concluída, faltando, entretanto, recursos para
equipar o espaço. Tem teatro com capacidade para 163 lugares, adaptado para cineclube;
no andar de cima há salas para capacitação e oficinas artísticas. Em sua reforma foram
investidos mais de R$ 2 milhões em recursos próprios da Prefeitura.
A classe artística critica a falta de espaços públicos para a cultura e aponta algumas
sugestões. Entre estas, realça a importância de se equipar e disponibilizar com urgência o
“tão sonhado Centro Cultural”, além de garantir que “sua gestão seja compartilhada com
a classe cultural”. Além disso, foi mencionada a necessidade de se implantar um “ponto
de apoio ao turista, com espaço para oferta de artesanato e produtos da agricultura e
pequena indústria familiar, galerias e venda de produtos dos artistas locais”.
Também foi mencionada a falta de outros espaços, como casa de shows, galerias
de arte e cinemas. De acordo com um dos participantes do diagnóstico:
o movimento do audiovisual em Cariacica é muito forte, mas onde exibir os
resultados dos trabalhos? Não há sequer uma sala específica para isso. Portanto
estamos sempre nos adequando aos espaços para que as obras produzidas
possam ser vistas pelo maior número de pessoas possível (entrevistado,
Cariacica, 2016).
Em relação ao cinema, vale destacar que o município contava com o Cine
Colorado, onde hoje está instalada uma igreja evangélica. Atualmente há o projeto
Cineclube Colorado, que acontece uma vez por mês no Bar do Pantera. Além disso, há
quatro salas de cinema no Shopping Moxuara, com perfil comercial.
49
O Shopping Moxuara realiza algumas atividades culturais, tendo sido citadas
apresentações musicais e a disponibilização de uma loja para o artesanato – que não se
viabilizou por falta de recursos para montá-la. Também acontece no espaço a Mostra de
Dança Talentos de Cariacica, evento anual. Em relação às ações culturais no Shopping,
os artistas têm várias críticas, como expressam algumas falas: “na música a gente teve
dificuldades com eles. Tínhamos um projeto por lá que se chamava Quarta Sonora. A
gente levava tudo para o Shopping: atração, sonorização, mídia. Eles não entravam com
nada e ainda assim criavam dificuldades”; e ainda “tínhamos um projeto criado em
parceria do poder público com a iniciativa privada, no Shopping, mas os artistas locais
não recebiam remuneração. Apenas recebiam o espaço para divulgar seu nome”.
Também foi apontado que os poucos espaços que havia estão sendo fechados ou
deixando de realizar atividades artísticas. Um caso citado foi o de uma galeria de artes
“que foi abandonada e acabou virando a Câmara Municipal”. Também parece ser este o
caso do Bar do Pantera, que, segundo entrevistados, “era o nosso centro cultural”, ponto
de encontro dos artistas e onde havia apresentações de música ao vivo, lançamento de
livros e saraus.
O espaço foi multado pela Prefeitura e agora não pode mais fazer eventos
culturais. Nas palavras de um entrevistado:
hoje ele não é mais o mesmo espaço cultural, não é possível fazer um show
nesse que era o único ponto de encontro da cidade. O Bar era o lugar do
encontro. Era lá que a gente conversava sobre política cultural. O Disque
Silêncio ameaça fechar tudo da forma mais truculenta possível. Continuamos a
nos encontrar por lá, na ‘clandestinidade’ (entrevistado, Cariacica, 2016).
Segundo se apurou, em face de tais dificuldades o proprietário pensa inclusive em
fechar o lugar.
50
Hoje os artistas têm se encontrado no Cantinho da Roça, um espaço mais afastado
da cidade. Também foi mencionada a existência de uma casa de show particular, Matrix,
onde há alguns eventos, mas cujo aluguel é muito caro e inviável para os grupos locais.
Há os que afirmam que até existem espaços, mas que são totalmente inadequados:
“nossas praças não têm o mínimo de condição estrutural e física para ações e intervenções
51
artísticas. Então, os grupos e/ou artistas que, porventura, pensem nessa possibilidade nem
se preocupam em levar adiante as suas ideias”.
Foi mencionado que antes havia uma feira, realizada pela Secretaria de Cultura
em Campo Grande toda semana, mas que esta não existe mais. Citou-se que há “várias
feiras de comida típica em partes da cidade, mas nem nesses locais há lugares para nos
encontrarmos e fazer alguma atividade”.
Um dos participantes dos grupos de discussão aponta que a falta de áreas livres
no município, especialmente na região de Campo Grande, está relacionada ao alto preço
do metro quadrado nesta área. Em paralelo, a sede do município é pouco frequentada ou
valorizada pela população e seus bairros e zona rural ficam praticamente esquecidos.
52
“moro num bairro próximo à ArcelorMittal e passo por lá invejando aquele verde todo...
Fico pensando num grande parque ali, com lagos, parquinhos, espaços para caminhar, um
museu, um espaço de experiências para ciências, uma grande horta. Fico só sonhando...”
Um entrevistado aponta:
na minha opinião, certamente poderiam ser reformados ou construídos mais
espaços como parques e praças, porém com o que tem já é possível gerar muitas
demandas, só precisa planejamento, investimento e divulgação que o sucesso é
garantido. Inclusive tem dois estádios de futebol, que podem ser palcos para
grandes eventos artístico/culturais (entrevistado, Cariacica, 2016).
Também foram mencionados entraves legais e burocráticos, muitas restrições para
o uso dos espaços públicos e mesmo proibições por parte da Prefeitura, o que acaba por
inviabilizar propostas de grupos e produtores do município ou mesmo que vem de fora.
53
ambientes de usos coletivo de igrejas, clubes, galpões) (entrevistado, Cariacica,
2016).
Uma fala é emblemática, por apontar uma proposta, para além de uma
constatação:
a cidade possui espaços, inclusive setorizados, diversificados e regionalizados
(mesmo que alternativos). O que falta é gestão e integração dos setores para
ocupação e uso destes equipamentos. Feito o plano de ocupação, desenvolver
um projeto de adaptação e reestruturação destes locais e disponibilizando para a
cidade, com uso compartilhado (entrevistado, Cariacica, 2016).
Outras opiniões e falas relativas a este tema – e a outros do diagnóstico – podem
ser lidas na íntegra nos anexos a este volume.
54
Quadro 6 – Calendário de eventos de Cariacica – 2016
55
grupos são formados por homens, mulheres que cantam, dançam, tocam
tambores, caixa, cuíca, chocalhos, ferrinho, pandeiros, apitos e casacas.
Normalmente um dos membros do grupo carrega um estandarte que caracteriza
o grupo e o santo do qual são devotos. Vale ressaltar que apesar do congo
pertencer ao folclore capixaba e ser encontrado em todo Estado o Carnaval de
Congo de Máscara é uma manifestação singular, realizado apenas na região de
Roda D’Água em Cariacica. (ver
http://www.cariacica.es.gov.br/turismo/conheca-cariacica/cultura-e-
tradicao/?doing_wp_cron=1474203513.2747020721435546875000)
Atualmente são seis as Bandas de Congo em atividade, cada uma com uma média
de 25 a 30 componentes, quais sejam: São Sebastião do Taquaruçu; Santa Isabel; Mestre
Tagibe; Unidos de Boa Vista: São Benedito de Boa Vista e São Benedito de Piranema.
Além disso há uma Banda mirim (Mestre Tagibe) na ativa. Antes quase todas as bandas
adultas tinham grupos mirins, mas estes foram enfraquecendo.
Os grupos são apoiados por duas associações, que também realizam ações em
conjunto: a Associação de Bandas de Congo de Cariacica, fundada em 2003; e a
Associação Artística e Folclórica Afrobrasileira. As máscaras são produzidas pelos
próprios grupos e artesãos locais, como Mestre Itagibe, de Roda D’Água; seu filho
Alcemi Ferreira Cardoso, presidente da Associação das Bandas de Congo de Cariacica; e
Mestre José Farmal, da comunidade rural de Boa Vista.
56
Além das festas constantes no calendário 2016, antes apresentado, foram
mencionadas várias outras pelos entrevistados, algumas das quais, entretanto, parecem
estar paralisadas. Entre estas foram citadas: Cavalgada de São Sebastião; Cavalgada Pela
Paz; Corrida da Igualdade Racial; Encontro de Corais Cariacica; Festa da Paróquia Santa
Maria Goretti; Festa de São João Batista; Festa de São Sebastião; Festa do Laço; Festa do
Sagrado Coração; Festival de Danças Folclóricas de Cariacica; Festival do Caranguejo;
Grito Pela Paz; Festa da Cultura Alemã Pilgerfest, e Festa dos Imigrantes Italianos. Foi
mencionado ainda que a Folia de Reis, importante tradição local e considerada patrimônio
cultural do Espírito Santo, também está paralisada.
Ligados a tais grupos aconteciam na cidade alguns importantes eventos, tais como
o Encontro dos descendentes de italianos de Cariacica (que teve 17 edições entre 1994 e
2012 e chegou a receber 20 mil pessoas por edição); o Jantar beneficente Polentino &
Minestrina da ACIC (realizado intercalado com o Encontro estadual de grupos de danças
folclóricas e de corais) e a Mostra cultural italiana. Também havia os grupos de coral e
dança italiana – atualmente sem atividade: Coral Joaquim Lovatti; Coral Gingin D’amore
e Grupo de danças italianas Di Ballo Satarello.
57
italianos e suas famílias se mudaram de Campo Grande para outras localidades – Praia da
Costa em Vila Velha, por exemplo –, enfraquecendo a cultura tradicional.
Quanto à música, foram citados vários nomes, tais como Emerson Renato (viola
e luthier); Zanderson (projeto Kazoo Azul, para crianças); Banda AP; Banda Union;
Roberto Rigo (solo); Erick e Marcela (sertanejo); e Armani.
58
O principal representante do setor mencionado foi o grupo Moxuara, que navega
pela cultura regional, MPB e ritmos afrobrasileiros. Fundado em 1991, já lançou cinco
CDs e um DVD e é considerado um exemplo de grupo que conseguiu por muito tempo
viver da própria arte, circular por várias cidades do país e captar recursos junto a editais
públicos e a iniciativa privada. Nos últimos anos, também realizou muitos trabalhos em
escolas, com projeto de educação ambiental apoiado pela ArcelorMittal Tubarão:
oficinas, gravação de CD com os alunos e caderno pedagógico do Projeto Musiculturarte.
Na área das artes plásticas e visuais foram citados vários nomes, entre eles Zuílton
Ferreira, Irineu Ribeiro, Sancler Rosseti, César Viola, Hipólito Alves, Yago Silva e Hid
Saib.
59
colares retratando a manifestação cultural local (ver
http://www.cariacica.es.gov.br/turismo/conheca-cariacica/artesanato-e-
culinaria/?doing_wp_cron=1474201228.0768539905548095703125).
As principais associações de artesãos no município são a Associação de
Produtores de Artesanato de Cariacica – APROAC; e a Associação Costumes Artes / Casa
Sol.
Entretanto, entrevistados consideram que não está bem localizada, pois é uma
avenida de grande movimento e muito estreita, sem trânsito de pedestres, só veículos, o
que torna a venda muito pequena e “o movimento fraquíssimo”. Para eles, o ideal seria
uma loja em Campo Grande. A APROAC já tentou isso anteriormente, mas teve
problemas burocráticos e até hoje enfrenta problemas e dívidas com a Prefeitura.
60
2.4.1. Patrimônio material e imaterial
“A gente perdeu muita coisa em Cariacica. Muitas festas deixaram
de existir e ficaram no esquecimento” (entrevistado, Cariacica,
2016).
Como antes relatado, o município tem em sua origem matrizes culturais oriundas
de sucessivos processos migratórios, que acabaram por gerar significativa diversidade
cultural local, bem como a existência de sítios históricos e patrimônio edificado 9. Tais
bens, simbólicos, materiais e imateriais, representam a identidade local e devem, portanto,
ser objeto de políticas específicas de preservação, recuperação e valorização da história.
Antes disso já haviam sido tombados, ainda que “de maneira inadequada e sem os
devidos estudos”:
9
Ver lista de bens considerados de interesse para preservação – Volume Cultura da Agenda 2010-2030,
pgs. 61 a 64 e detalhamentos subsequentes.
61
• Igreja Matriz de São João Batista - situada na praça central da sede do município.
Sua construção foi iniciada em 1839 e concluída em 1851. Tombada em esfera
municipal.
62
vezes têm vergonha da origem) e mesmo por pressão dos fazendeiros do entorno, que são
contrários ao reconhecimento.
Outros testemunhos históricos que merecem atenção, mas não têm sido objeto de
ações específicas são as reduções jesuíticas para catequização dos índios (Itapoca, Roças
Velhas, Caçaroca, Maricará e Ibiapaba); e os sambaquis indígenas na região de Porto das
Pedras, em terreno particular.
Por fim, vale destacar que a zona rural de Cariacica, que corresponde a mais da
metade de seu território, tem uma série de locais listados nos documentos como atrativos
turísticos, mas que se configuram como elementos importantes a serem inventariados e
registrados para posterior avaliação de seu potencial de tombamento em esfera municipal,
entre os quais foi citada a Represa Velha - primeira represa construída para captação de
água para Vitória, em 1918. Na zona urbana foi mencionado ainda o casario de Cariacica-
sede; a Igreja Santa Maria Goreti e o Casarão de Ibiapaba10.
10
O volume Cultura, da Agenda 2010-2030 traz uma análise de cada um dos setores do município e suas
características relevantes para fins de avaliação do patrimônio cultural. Para detalhes, ver pgs. 55 a 58
do referido documento.
11
Disponível na plataforma http://mapas.cultura.gov.br/.
63
num percentual muito reduzido e que não pode ser considerado representativo da cultura
local.
2
Artista individual
2
Grupos, coletivos ou
3 11 movimentos
Entidades ou instituições do
terceiro setor
Poder público
Pesquisadores
4
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
64
Ao se avaliar a área de atuação dos respondentes (Gráfico 12), é possível perceber
que se dividem em várias áreas culturais, de maneira quase equitativa. A única área que
mostrou maior quantitativo foi a música, que, como já mencionado, parece ser um setor
de destaque no município.
Música
2
2 Literatura
7
Artes cênicas
Folclore, religiosidade e
5 cultura popular
Produção e gestão
3
Artes Plásticas e visuais
3
3 Outros
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
65
Gráfico 13 – Tempo de atividade
5
8
Menos de 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
Acima de 21 anos
8
4
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
9
Um
Entre 2 e 5
3
Entre 6 e 10
11 ou mais
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
66
Buscou-se avaliar ainda se o artista (ou membros do grupo) vive de sua atividade
artística / cultural ou se lança mão de outras fontes de renda para se sustentar. O Gráfico
15 mostra que menos de 1/3 deles (nove) informaram não ter nenhum tipo de renda com
a atividade artístico-cultural. Os demais se dividem entre os que têm alguma renda com
a atividade (10) e os que vivem exclusivamente da atividade artística (apenas quatro
casos).
Outra
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
Além de não ter renda com a atividade cultural, os artistas precisam investir
recursos próprios em suas atividades. De acordo com um entrevistado: “a gente se vira,
67
às vezes tirando do próprio bolso. A gente mantém a atividade cultural fazendo outros
trabalhos. A cultura não é sustento”. E ainda, nas palavras de outro: “já fizemos bons
eventos, mas acabamos tirando do bolso para fechar as contas. Isso é cruel”.
Entretanto, foi apontado que muitas delas têm as decisões centralizadas em outras
praças e não têm interesse em projetos locais. Também que não há apoio com recursos
próprios, somente por meio de abatimentos fiscais.
Foi informado ainda que a captação via Lei Rouanet no município é muito difícil.
Somente projetos vindos de fora, de cidades como Belo Horizonte e São Paulo, por
exemplo, conseguem captar recursos. Além disso, ainda não há tradição em Cariacica de
se realizar modalidades de financiamento coletivo ou colaborativo.
68
Foram citadas ainda como dificuldades: ausência de ações integradas; pequena
parceria com os poderes públicos, municipal e estadual; preconceito religioso contra as
manifestações populares; burocracia; falta de infraestrutura e equipamentos em geral;
desvalorização da música autoral; falta de qualificação profissional dos agentes culturais;
precariedade da divulgação; inexistência de agendas culturais comuns e difundidas e falta
de união entre os artistas. Um entrevistado também realçou como dificuldade a
“morosidade na condução das políticas públicas já alcançadas no município”.
Por fim, perguntou-se aos artistas quais eram, em sua opinião, as principais
necessidades do município no campo da formação na arte e na cultura. As respostas
obtidas estão no Gráfico 16.
Outras 5
0 5 10 15 20
FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
BASE: Total de respondentes.
69
ou aperfeiçoamento artístico. Nesse sentido, foi apontado que “há um problema de
formação, as pessoas não sabem fazer projetos”; “é preciso que haja pessoas capazes de
lidar com a burocracia, esta parte é muito complicada para mim”.
Também foram citados casos de artistas, grupos ou coletivos que têm excelentes
trabalhos ou produtos culturais, mas que não estão preparados para acessar os recursos
existentes. Isso porque muitos não têm “conhecimentos sobre como abordar as empresas,
não têm nem um projeto”; o que também impacta sua dificuldade de obter recursos via
Lei João Bananeira, agora com aporte direto da Prefeitura.
70
um problema nosso é o da formação de novos produtores. Já fiz alguns cursos
no SEBRAE e participei de um congresso em Belo Horizonte, mas não é todo
mundo que pode sair para investir em sua formação fora do Estado. Precisamos
trazer esse tipo de formação para cá (entrevistado, Cariacica, 2016).
A formação artística em processo foi apontada como uma possibilidade
interessante, através da realização de intercâmbios com artistas e grupos de outras cidades
e estados. Os entrevistados consideram que falta no município “oferta de aperfeiçoamento
para quem já está em atuação, não apenas cursos e oficinas de iniciação. Cursos como
didática, teoria, prática artística, etc.” são fundamentais.
Por outro lado, falta formação artística em artes cênicas, dança e teatro nas
comunidades e para iniciantes, não de maneira pontual, mas com continuidade. Tal
situação também foi apontada para a renovação dos quadros nas manifestações da cultura
popular, como o congo, por exemplo: “é fundamental para capacitar e dar continuidade à
cultura popular de Cariacica”.
71
3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS
“Para mim o posto forte desta nossa conversa é que nós precisamos
nos encontrar. Tenho me sentido um peixe sozinho no oceano. É
importante ‘trocar figurinhas’ com as pessoas da sua área”
(entrevistado, Cariacica, 2016).
O presente capítulo busca fazer uma síntese do que foi discutido nas últimas
páginas, sem a pretensão, entretanto, de ser exaustivo ou definitivo em suas colocações.
Ao contrário, entende-se que há várias visões sobre um mesmo tema, situação, lugar ou
dificuldade, da mesma forma que há inúmeras maneiras e propostas para alteração da
situação observada.
Antes de passar a tal síntese, entretanto, é importante deixar claro quais são os
pressupostos que orientam a análise que aqui se fará. Isso porque concepções diferentes
obviamente levarão a conclusões e a propostas completamente diferentes e é preciso
explicitar as posições que norteiam a equipe de elaboração deste trabalho.
72
3.1. Pressupostos e concepções fundamentais
73
de patrocínios e financiamento à cultura; e a população como um todo, principal
agente e beneficiária das práticas culturais em uma localidade;
• O Estado não é produtor de cultura. Seu princípio constitucional é garantir direitos
culturais, preparar e constituir espaços, reconhecer e valorizar processos que
sustentem a diversidade e promover condições favoráveis para que os sujeitos
inventem seus fins ou para que as ações artísticas e manifestações aconteçam;
• Não é papel do Estado sustentar com verbas públicas as expressões, eventos ou
manifestações que tenham condições financeiras e valor venal no mercado, visto
que tais agentes podem, às próprias expensas, realizar projetos, ações e atividades
voltadas para o público consumidor deste tipo de expressão artística;
• A política cultural deve ser capaz, ao mesmo tempo, de valorizar, promover e
proteger as expressões e as matrizes culturais da comunidade e, por outro lado, de
reconhecer os novos significados da cultura urbana, que conferem inovação e
novas possibilidades de interpretar a realidade;
• Os programas e ações institucionais devem ser implantados na perspectiva de
articulação entre criação, fruição, difusão, participação, veiculação, formação e
descentralização da produção cultural;
• A política cultural deve amparar o artista ou ser-lhe parceira, no sentido de
valorizar sua expressão, garantir meios de realização de seu trabalho e promover
a cooperação necessária para os processos criativos em ambientes propícios à
recepção/reflexão/crítica e diálogo;
• A institucionalidade da cultura precisa dialogar com os agentes culturais,
importantes para a consolidação de sua política. Estes estão na administração
pública, nas instituições não governamentais, nas instituições privadas, na
sociedade e devem ser universos em interseção;
• Os equipamentos e espaços culturais devem ser entendidos e gestados como
centros de irradiação cultural, nos quais esteja garantida a participação efetiva dos
sujeitos culturais, quer como criador, quer como receptor/observador das obras e
manifestações, garantindo-se as estruturas necessárias e o funcionamento em
horários apropriados que facilitem suas participações;
74
• O gestor cultural deve ser capaz de distinguir as diversas dimensões do cultural e
do artístico e colocar-se como potencializador e mediador no trato das
necessidades dos sujeitos culturais, produtores das obras e processos artísticos;
• A institucionalidade da cultura necessita caminhar para que ela mesma se supere
na busca de soluções para minimizar o peso hierárquico, rígido e imperioso da
burocracia que impele para um sistema de trabalho muitas vezes contrário e
bloqueador da própria cultura e das ações, visando à democratização dos
investimentos nos processos culturais e criativos, que requerem liberdade de
expressão como dimensão necessária à sua realização;
• A qualificação profissional dos gestores públicos e dos agentes culturais é
condição primordial para a garantia da democratização da cultura, da participação
de todos nas oportunidades existentes, da preservação da memória e da tradição
cultural, da melhoria dos serviços prestados à comunidade e do aumento de sua
capacidade de organização, mobilização e participação;
• A parceria entre poder público e organizações sociais é uma forma possível e
extremamente profícua de viabilizar ações descentralizadas nas comunidades e de
incentivo a propostas demandadas por esses territórios;
• O diálogo permanente para definição de prioridades e corresponsabilidades
coletivas em prol das artes e da cultura é condição essencial para a mobilização
da sociedade em torno de objetivos comuns e de reconhecimento do protagonismo
social de segmentos específicos, conferindo-lhes legitimidade nas demandas e
reivindicações. E ainda como garantia democrática na formulação, e avaliação das
políticas culturais;
• A política de preservação do patrimônio cultural (material e imaterial) deve
procurar implementar os usos e funções dos bens de modo que a sociedade deles
se aproprie para garantir o respeito e interesse pela sua conservação;
• O acesso à informação, aos meios de expressão diversificados, tecnológicos,
digitais e de comunicação é necessário para a transformação do conhecimento e
para o fortalecimento da cultura local;
• É necessária a discussão da pauta da cultura entre os órgãos do governo municipal
e a interdisciplinaridade/transversalidade do tema como estratégia para a mudança
de mentalidade nas questões que envolvem as necessidades dos artistas e sujeitos
75
culturais e para a execução de políticas mais compatíveis à complexidade do
mundo contemporâneo. Ademais, o município deve manter acordos entre os
órgãos públicos que realizam programas e ações com temática ou impacto
culturais para evitar duplicidade de investimentos e dispersão de esforços para
atividades com objetivos semelhantes;
• A concessão de apoio financeiro público aos artistas, criadores e portadores das
manifestações culturais é fundamental para a emancipação desses sujeitos e da
garantia da diversidade de linguagens e concepções;
• É papel do poder público promover o acesso aos acervos, obras e bens disponíveis
e principalmente aos que estão indisponíveis à maioria da população;
• A descentralização da ação cultural no território - incluindo zonas urbanas e rurais,
distritos, bairros periféricos e áreas centrais - é condição sine qua non para a
democratização do acesso à cultura e para a superação das desigualdades no
município;
• A divulgação dos serviços públicos da cultura deve contemplar e atingir o maior
número de pessoas, visando à democratização da informação e de dados relativos
à área;
• A realização de ações afirmativas, a criação de editais próprios e a viabilização de
apoio financeiro e institucional em prol das manifestações tradicionais, de origem
popular ou ligadas às matrizes culturais são postulados inarredáveis, primordiais
não apenas para o reconhecimento e valorização da memória, da tradição e da
formação cultural e histórica da sociedade brasileira, mas também como garantia
de sua permanência no tempo e fortalecimento dos segmentos que estejam à
margem dos investimentos de mercado ou da agenda convencional da política
cultural.
Por fim, vale lembrar que grande parte das ações culturais, públicas ou privadas
no Brasil é hoje viabilizada através de impostos e recursos advindos da contribuição
compulsória dos cidadãos, das empresas e da sociedade como um todo, recursos públicos,
portanto. Assim, é imperativo que as ações culturais sejam destinadas à população em
geral, considerada em toda sua diversidade, buscando uma distribuição equilibrada e
democrática de recursos, ofertas e oportunidades em determinado território.
76
3.2. Potencialidades e dificuldades do campo cultural no município
“A cultura de Cariacica está engatinhando” (entrevistado,
Cariacica, 2016).
Em primeiro lugar, vale destacar que a sensação que se tem, a partir da fala dos
artistas e grupos cariaciquenses, é que eles se sentem extremamente desvalorizados.
Apesar de considerarem que “há público” com interesse, disposição e desejo de participar
das ações culturais, sentem que seu trabalho não é visto com seriedade e que não têm
apoio do poder público e das empresas locais, que poderiam ser patrocinadoras.
Um deles aponta a “ausência de tudo” no que é relativo à cultura local. Tal fala
merece ser aqui transcrita, por ser emblemática de uma completa descrença que parece
tomar conta de parte dos artistas e produtores cariaciquenses:
ausência de divulgação/ publicidade/ valorização das manifestações e
equipamentos culturais locais; ausência de equipamentos públicos de lazer,
cultura e entretenimento; ausência de incentivo e fomento da participação
cidadã da sociedade nas políticas públicas culturais; ausência de um plano
efetivo, integrado e de longo prazo para o desenvolvimento cultural do
município; ausência de formação técnica para gerar novos produtores e atores
para a cena local; ausência de recursos materiais, financeiros e humanos para
conduzir e fazer fruir e dar continuidade a grandes projetos que articulem
educação, cultura, cidadania, lazer e entretenimento; ausência de política que
fortaleça seus atores, artistas, produtores e o próprio mercado / indústria cultural
local; ausência de investimento em mobilidade e acesso (com transporte
gratuito, por exemplo); ausência de visão dos dirigentes públicos sobre a
importância estratégica da cultura para o desenvolvimento sustentável e mais
humano (entrevistado, Cariacica, 2016).
Por outro lado, há os que destacam que os artistas vêm tentando se unir, propor
novas políticas, participar do Conselho, e que há mesmo uma “cena independente”, de
resistência e criativa, “realizada em espaços privados, com cinema, música, poesia, artes
plástica, organizados pelos artistas, de forma independente”. Entretanto, estas iniciativas
77
não têm visibilidade e mesmo apoio dos poderes públicos. A consequência tem sido a
evasão de artistas para outras cidades e estados.
Ainda que possa haver problemas, é fundamental objetar que não há apenas pontos
negativos a realçar no município. Ao contrário, há que reconhecer os avanços e identificar
as potencialidades e oportunidades a serem aproveitadas.
O primeiro tema que merece destaque diz respeito à política cultural local. Como
se viu, o município já aderiu ao Sistema Nacional de Cultura e já tem seu Sistema
Municipal implantado e em funcionamento. Praticamente todos os elementos do sistema
estão presentes, incluindo a existência de órgão gestor, de Conselho de Cultura
deliberativo, implantado e atuante, de mecanismo de financiamento à cultura e legislação
cultural e de proteção ao patrimônio atualizadas.
Viu-se ainda que os espaços públicos para a cultura vêm sendo reformados e
reestruturados para melhor atender à demanda local. Além disso, há a tentativa de se
realizar ações intersetoriais, especialmente com a área da educação, notadamente através
do Programa SEMEARTE.
78
todas as dificuldades, mas não cria alternativas. E não é só ausência de recursos,
é falta de projeto, de política cultural. Fecha um bar que era um único que tinha
cultura. Não resolve o problema de uma associação que tem uma certidão
emperrada dentro da própria prefeitura. Tem um problema sério de gestão, de
entendimento de seu papel de articulação. Não só não ajuda, mas dificulta o
caminho dos artistas (entrevistado, Cariacica, 2016).
O fato de 2016 ser um ano eleitoral também deixa apreensivos artistas e grupos
culturais, que não têm certeza do cenário que virá: “será que se avançará nas políticas
públicas de cultura? Será que terão continuidade na próxima gestão? Serão valorizadas e
melhoradas? É uma insegurança para os artistas a situação do futuro”.
Por outro lado, viu-se que são incipientes ou pouco efetivas as ações do poder
público dedicadas à proteção do patrimônio cariaciquense. Tal fator – somado à própria
dinâmica do mercado imobiliário e do crescimento econômico – leva à perda acelerada,
à destruição e à descaracterização de imóveis por falta de tombamento. Quanto ao
patrimônio imaterial, também vem sendo descaracterizado ou perdido, o que foi citado
em relação à folia de reis, por exemplo, e mesmo ao registro e difusão da cultura do Congo
de Máscaras. Também foram identificados como pontos negativos: a extinção da gerência
de patrimônio no final de 2014, a ausência de ações de educação patrimonial, registro e
publicação da memória local.
79
Em relação às outras fontes de financiamento, vê-se que há grande potencial para
os artistas locais acessarem editais e fundos em esfera estadual e federal. Este potencial é
ampliado pelo próprio perfil da economia cariaciquense, que é diversificada e dinâmica,
apresentando, portanto, boas perspectivas para a captação junto ao setor privado.
Entretanto, este potencial fica reduzido em virtude da própria desinformação e
desinteresse do setor privado, que se mostra pouco envolvido e participante no
financiamento à cultura local. Ademais, a própria incapacidade de artistas e grupos para
a elaboração de projetos e a captação de recursos acaba por ser um fator dificultador para
sua sustentabilidade, como se falará mais adiante.
Como pontos positivos pode-se realçar a existência de três espaços públicos para
as práticas culturais, que têm passado por processos de remodelação ou mesmo reforma,
como foi o caso do Centro Cultural Frei Civitella di Trento. Este tem potencial para ser
um espaço para que os artistas locais possam se apresentar e mesmo um ponto de encontro
para artistas e comunidade, a depender do modelo de gestão a ser adotado.
Além disso, há espaços com potencial para utilização, como os pontos de cultura,
as associações e centros comunitários e as sedes das bandas de congo, por exemplo. Há
ainda o potencial para realização de eventos em praças e espaços abertos nas comunidades
e para aproveitamento de eventos já existentes - como o Festival de Foodtrucks, da
Secretaria de turismo e as feiras de rua em Campo Grande – para inclusão de programação
cultural em suas agendas.
Por outro lado, viu-se que o número de espaços públicos é ínfimo em comparação
ao tamanho da população. Em praticamente todos os espaços, públicos ou privados, falta
acessibilidade e transporte para os locais, além de ser pequena ou ineficiente a divulgação
da programação.
Também faltam cinemas, casas de show e espaços para eventos de grande porte.
A Prefeitura tem multado estabelecimentos com música ao vivo, reduzindo ainda mais as
oportunidades disponíveis para artistas locais. Falta uma feira ou outro local adequado
para a comercialização do artesanato.
80
A pequena utilização dos espaços públicos ao ar livre também foi mencionada,
fator este que é um grave impeditivo para ações de descentralização e democratização da
cultura, uma vez que nos bairros periféricos e comunidades dificilmente há outros espaços
para as práticas culturais que não sejam ruas e praças.
Por outro lado, o Diagnóstico apontou que poucos artistas e grupos estão
organizados e/ou formalizados. Além disso, falta pessoal capacitado para as funções de
gestão, produção, captação, etc. A elaboração de projetos foi citada como uma grande
dificuldade, bem como as áreas de administração, prestação de contas e gestão em geral.
Enfim, viu-se que há pequena profissionalização dos grupos, que não conseguem
sobreviver de seu trabalho artístico e muitas vezes são “voluntários”, trabalhando por
“amor à arte”.
81
O último tema, mas também de grande importância na cidade, é relativo à
mobilização, participação e ação coletiva em Cariacica. Neste item, pode-se afirmar que
um ponto positivo é a existência de um Conselho de Cultura deliberativo, implantado e
atuante, como antes mencionado.
Por outro lado, verificou-se que inexiste ou é pouco comum a prática de ação
conjunta entre os diversos agentes culturais no município. Em algumas discussões e
entrevistas apareceu a avaliação que há uma dificuldade de articulação dos próprios
artistas e grupos. Citou-se, por exemplo, a desmobilização das pessoas, o desânimo dos
grupos e artistas, a desunião e mesmo o desconhecimento, por parte de artistas e grupos,
dos demais projetos em realização na cidade.
O Quadro 7 traz um resumo deste cenário, segundo tema, apontando seus pontos
fortes e pontos fracos, que serão convertidos em propostas na próxima seção.
82
Quadro 7 – Potencialidades e dificuldades da cultura em Cariacica
SMC implantado, incluindo Conselho de Plano ainda em fase de elaboração; pequeno orçamento para a cultura;
Cultura deliberativo; Existência de órgão inexistência de mapeamento/ banco de dados culturais; poucos espaços
gestor; e mecanismo de fomento; Existência de públicos; pequeno número de projetos e ações próprias; intersetorialidade
Política cultural espaços públicos em funcionamento, em pequena ou inexistente: pequena integração com ações de turismo,
processo de reforma e remodelação; Existência assistência social, esporte e lazer, meio ambiente e demais setores da
de ações ligadas à educação – projeto administração municipal e da vida cotidiana do cidadão.
SEMEARTE.
Diversidade e riqueza das manifestações Inexistência de ações efetivas de proteção do patrimônio em esfera
tradicionais e populares; existência de municipal; extinção da gerência de patrimônio; ausência de ações de
Memória e patrimônio material e imaterial ainda em educação patrimonial e de registro e publicação da memória local; perda de
patrimônio condições de recuperação ou preservação; manifestações tradicionais; ausência de ação federal – IPHAN no município;
recente criação das leis municipais de perda acelerada, destruição e descaracterização de imóveis por falta de
tombamento de bens culturais. tombamento.
Existência da Lei Municipal João Bananeira, Fundo municipal de cultura ainda sem editais; dificuldades de captação junto
Financiamento à
recentemente reformulada; possibilidade de às empresas locais, para todas as instâncias de impostos; setor privado pouco
cultura
acesso a editais e fundos em esfera estadual e
83
Tema Potencialidades / pontos positivos Dificuldades / pontos negativos
federal; economia diversificada e dinâmica, informado, envolvido e participante no financiamento à cultura; dificuldade
com potencial de captação junto ao setor na elaboração de projetos e captação pelos produtores locais.
privado.
Existência de espaços públicos para as práticas Pequeno número de espaços públicos e privados; pouca utilização dos
culturais recentemente reformados ou espaços ao ar livre; falta de acessibilidade e falta de transporte para os locais
remodelados; pontos de cultura instalados; existentes; pequena divulgação da programação; inexistência de
Espaços e
potencial para realização de eventos em praças programação cultural nas feiras de rua / alimentação e outros eventos; falta
equipamentos
e espaços abertos nas comunidades; potencial de feira ou outro local adequado para a comercialização do artesanato; multa
culturais
para aproveitamento de eventos da Secretaria e fechamento de espaços para música ao vivo.
de turismo e das feiras de rua em Campo
Grande.
Existência de programas de formação artística Inexiste oferta de formação em gestão e produção cultural; falta oferta de
Formação e
– musical - junto às escolas. formação e iniciação artística continuada; falta aperfeiçoamento artístico em
capacitação
todas as áreas.
Existência de entidades registradas e alguns Poucos grupos formalizados; dificuldades na elaboração de projetos;
Profissionalizaçã
grupos com experiência, currículo e tempo no dificuldades na captação de recursos; grupos da cultura popular sem
o, organização e
mercado; existência de grupos com documentação necessária para aceder a editais e outras oportunidades;
84
Tema Potencialidades / pontos positivos Dificuldades / pontos negativos
formalização dos experiência em captação de recursos em editais pequeno número de artistas e grupos sobrevivendo da atividade cultural; falta
artistas e grupos e leis de incentivo; proximidade com Vitória e de sustentabilidade; atividade cultural não profissional.
acesso às oportunidades e ao mercado cultural
regional.
Conselho de Cultura implantado; primeira Pequena prática de ação coletiva / conjunta entre artistas locais; participação
Conferência realizada. restrita aos membros do Conselho; dificuldades de articulação dos artistas e
Mobilização,
grupos; desconhecimento, por parte dos artistas e grupos, dos demais projetos
participação e
em realização na cidade; pequena experiência com produção colaborativa;
ação coletiva
postura passiva e dependente do poder público por parte de muitos artistas e
grupos; necessidade de se realizar a segunda Conferência;
FONTE: Elaboração própria. Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
85
3.3. Propostas e sugestões de ações possíveis
“Seria uma boa ideia realizarmos uma tarde de conversa entre nós.
Seria uma ideia interessante para a Prefeitura. Há muita gente que
está batalhando em seu bairro sozinha. Podemos juntar forças”
(entrevistado, Cariacica, 2016).
Nesse sentido, não se pretende, por ora, apresentar um capítulo conclusivo com
propostas e sugestões de ação, o que será feito após esse encontro com os agentes locais.
Entretanto, serão delineadas a seguir os principais eixos e linhas estratégicas que, na
opinião da equipe, devem nortear não apenas a atuação da ArcelorMittal, mas que podem
ser indicativos úteis para a ação de artistas e grupos culturais locais, bem como os
gestores, públicos e privados, do município.
86
Quadro 8 – Principais eixos e linhas estratégicas de ação
87
Eixo Linha estratégica
- Realização de campanhas de educação patrimonial nas escolas e
na mídia;
- Publicação de estudos, pesquisas e registros sobre o patrimônio
cultural do município.
88
FONTE: Elaboração própria. Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.
89
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http://www.secult.es.gov.br/busca/?q=cariacica&m=patrimonios
93
EQUIPE
94
ANEXOS
Anexo 1 – Tabulação dos questionários online
(Apresenta-se a seguir a transcrição literal das questões abertas recebidas via
questionários online.).
16. Dificuldades
• Como pesquisador, não há canais de publicação das pesquisas realizadas. Da
mesma forma, não há, em Cariacica, espaços para debates e para pesquisas. Não
há uma biblioteca pública que atenda à demanda de pesquisadores e não há um
arquivo público.
• Financeira, estrutural e suporte de mídia
• Ainda uma pouca valorização da literatura, ações integradas.
• PATROCINIO CULTURAL
• PARCERIA COM O PODER PÚBLICO MUNICIPAL E ESTADUAL
• PARCERIA COM A INICIATIVA PRIVADA
• falta de apoio do poder publico, preconceito religioso, burocracia
• sustentabilidade, espaços para apresentações e aceitação popular
• Recurso Financeiro - Equipamento de Edição - Câmera Fotográfica
• infra-estrutura em geral, equipamentos de som, transporte de equipamentos,
alimentação etc...
• Falta de valorização, da música autoral.
• Mão de obra especializada, patrocínios e parcerias
• informação, tempo, capacitação
• valorização por parte das casas de shows em relação ao cachê/couvert; público
nem sempre comparece; falta de estabilidade financeira.
• Financiamento, qualificação profissional dos agentes envolvidos e falta de
espaços culturais
• Trabalho Voluntário e Escassez de Recursos
• falta de apoio - falta de divulgação - falta de união entre os artistas
• Falta de Incentivo da Iniciativa Privada.
• Morosidade na Condução das políticas públicas já alcançadas no Município.
• Falta de Espaços Físicos adequados para o Desenvolvimento, a Divulgação e
Conscientização da importância das Artes Cênicas no processo de crescimento
cultural/educacional/social da Cidade.
• Ponto de vendas
• Apoio da prefeitura (Politicas que ajudem na divulgação)
• Falta de iniciativas literárias na cidade
• Conseguir Viver exclusivamente da fotografia de Cultura, Expor meu trabalho
no meu município,
• Espaços culturais para realização de apresentações musicais/ artísticas na cidade
de Cariacica; Espaço teatral para a cidade de Cariacica; Agendas culturais
organizadas pelo município.
• Lugares que recebem artistas que reproduzem canções autorais; remuneração da
atividade; oportunidade na área.
• Local apropriado para produção, comercialização e exposição dos produtos.
95
• O gênero musical defendido por mim passa por um momento de desprestigio
pelas grandes mídias, e isso desencadeia uma série de dificuldades, tais como:
redução da aceitação pelo público, menos espaços para tocar ao vivo, redução
de programas de rádio para veicular tais músicas, entre outras...
• Patrocício, sustentabilidade e continuidade nas propostas culturais realizadas
• Falta de espaço próprio , recursos finaceiros e material didático.
• Falta de verba; falta de mão de obra especializada; falta de conscientização das
Instituições sobre a importância do Patrimônio Histórico Documental do
Município.
96
internet, busca de casas de shows para tocar ao vivo em várias localidades que
abram espaço para o pop rock. Os benefícios culturais do setor público são
importantíssimos para a manutenção da atividade artística, pois não devem
considerar os modismos das grandes mídias e avaliar todos os projetos pela sua
relevância, e pelos seus méritos, independentemente do gênero musical.
• Recursos para manutenção de atividades, ações, projetos que assegure
continuidade
• Recurso próprio, apoio de padrinhos e comerciantes locais
• Lei Cultural João Bananeira; Fundo de Cultura do Estado do ES;
97
• Secretaria de Cultura em alguns aspectos trabalha muito bem; Cariacica possui
artistas muito talentosos, ou seja, diversidade cultural é um ponto positivo.
• A riqueza cultural, folclórica e histórica de nosso município e um grupo de
artistas super engajados em melhorar ainda mais isto.
• Natureza linda! Espaço rural extremamente convidativo! Espaço de mar/
manguezal extremamente convidativo, porém sem estrutura para visitação;
existência de produtores culturais e manifestações culturais importantes e
relevantes.
• O público. As pessoas de Cariacica são simpáticas e reconhecem a arte alheia.
• Existência de grupos e artistas individuais engajados, existência da Lei de
Incentivo João Bananeira e Fundo de Cultura, Conselho Municipal de Cultura
• O público. O povo de Cariacica, a despeito das grandes mídias, em geral
mantém a opção de definir suas escolhas. Assim, encontra-se público para os
mais variados estilos: rock, samba, MPB, congo, sertanejo entre outros. Outro
ponto positivo que destaco é a preocupação dessa atual gestão da cultura de
Cariacica em fomentar a atividade cultural, o que certamente fará com que a
população se orgulhe de quem produz a cultura no município. Um belo exemplo,
é a realização desse diagnóstico, parabéns!!!
• Sua singularidade e expressividade, a proximidade de cultura de zonas rurais, a
potencialidade de seus artistas e produtos que alimentam a cena mesmo sem
recursos e a diversidade.
• Criatividade, diversidade e pessoas com força de vontade de levar arte a onde
não se tem contato ( bairros carentes).
• Conselho de Cultura atuante; Secretaria de Cultura exclusiva (isto é,
antigamente era compartilhada com a Secretaria de Esportes); Existe uma Lei de
Incentivo a Cultura no município (João Bananeira); Existência Fundo Municipal
de Cultura; Criação de uma Comissão para desenvolvimento do Plano Municipal
de Cultura; Festa do Congo, realizada anualmente no município, sendo
considerada uma das maiores manifestações culturais do estado do ES; etc...
98
• a falta de oportunidade e a desvalorização do artista faz com que ele se desloque
para outro município para apresentar seu trabalho aonde ainda existe mais
aceitação.
• Penso que seria um local grande e apropriado para a realização das mais diversas
manifestações culturais.
• falta de oportunidades aos artistas locais
• Falta de um bom espaço para os artistas se apresentarem.
• Pouco DIAGNÓSTICO, ANÁLISE E FORMULAÇÃO de políticas públicas
para o setor
• incapacidade de micro e macro articulação por segmento, falta capacitação
específica e contextual, ausência de gestão pública estruturante e potencialização
de "FESTFIRULA" (acabamos de identificar este conceito rsrsrsr)
• investimento nos artistas locais, fomento do mercado cultural interno,
valorização dos profissionais em termos de cachê.
• Corporativismo
• Espaço Cultural adequado e falta de trabalho voluntário
• falta de apoio, falta de uma politica cultura constante, falta verba, falta
divulgação dos produtos aqui produzidos e os que estão sendo lançados...
• Falta de Espaços Físicos adequados para apresentações e falta de investimento
em Divulgação de nossas potencialidades Artísticas. Além disso, não há uma
sequência de atividades culturais e, às vezes, nenhuma iniciativa em promover
intercâmbios e Oficinas ou Cursos de Formação Cultural. Percebe-se que a
Cidade ainda se porta como se, "tudo o que é bom, vem de fora". O que não é
verdade, pois, se houver condições, nossos próprios artistas têm capacidade para
"tocar" a arte e o fomento de nossa cultura com muito esmero e competência.
Também é notório que, muitos artistas, pelo fato de não subsistir de sua arte, se
vêem na necessidade de ter "outras atividades profissionais" e, assim, não
poderem se desenvolver cada vez mais, o que, automaticamente, impede o
aprimoramento do seu fazer artístico.
• Apoio privado, as empresas estão nem ai para cultura da cidade; Politicas
publicas estão bem devagar; Cidade muito pobre, o que dificulta criar um
mercado consumidor da cultura local.
• Falta de um espaço para mostrar nossos trabalhos e até mesmo para intercambio
da classe cultural. Falta também um dialogo direto entre empresas e artistas, para
que dessa forma não fiquemos dependendo somente do poder publico.
• Falta de espaços culturais oficiais para realização de agendas culturais; Cariacica
precisa valorizar sua área de manguezal e incluí-la para visitação/ passeios, etc.
• Nenhum incentivo cultural.
• Inexistência de pontos culturais ativos e permanentes
• Poucos espaços para os artistas se apresentarem ao público. A iniciativa privada
tem importante papel em promover parcerias com a prefeitura na geração de
demandas para o setor artístico-cultural. Todo mundo sai ganhando!!!
• ausência de divulgação/publicidade/ valorização das manifestações e
equipamentos culturais locais; ausência de equipamentos públicos de lazer,
cultura e entretenimento; ausência de incentivo e fomento da participação cidadã
da sociedade nas políticas públicas culturais, ausência de um plano efetivo,
integrado e de longo prazo para o desenvolvimento cultural do município,
99
ausência de formação técnica para gerar novos produtores e atores para a cena
local, ausência de recursos materiais, financeiros e humanos para conduzir e
fazer fruir e dar continuidade a grandes projetos que articule educação, cultura,
cidadania, lazer e entretenimento, ausência de política que fortaleça seus atores,
artistas, produtores e o próprio mercado / industria cultural local, investimento
em mobilidade e acesso (com transporte gratuito por exemplo); ausência de
visão dos dirigentes públicos sobre a importância estratégica da cultura para o
desenvolvimento limpo/sustentável/ + humano.
• Desinteresse público, a falta de instrução aos artistas para participar de editais.
• - A Cultura ainda é muito centralizada, isto é, não atende a região periférica do
município;
- Apesar da existência do Fundo Municipal de Cultura desde o ano de 2010, o
mesmo nunca fora utilizado em Editais de Cultura;
- Outro ponto negativo está relacionado ao comprometimento do Governo
Municipal com o seu Patrimônio Cultural, pois apesar da criação no inicio do
ano de 2014 da Gerência de Patrimônio Cultural Material e Imaterial do
município de Cariacica a qual atendeu as diretrizes do Sistema Nacional de
Cultura, a mesma foi extinta no final deste mesmo ano, paralisando diversos
trabalhos de registros e tombamentos municipais que estavam em fase de
pesquisa.
Outras sugestões
• A necessidade do município hoje, na minha opinião, é ter à frente da área
cultural alguém que seja artista de fato.
• apoio direto convenio para manutençao dos grupos de cultura popular
• Curso de captação de recursos para diversas áreas culturais;
• Oficinas de Educação Patrimonial;
• Todos os anteriores e a inclusão de formação em patrimônio cultural, artístico,
natural e arquitetônico
100
• casas de shows, e ocupação de espaços públicos que encontram-se ociosos.
• Temos uma defasagem sim em espaços culturais. Temos 1 cinema, 1 teatro que
ainda não está funcionando, nenhum museu, não se sabe de arquivo público,
biblioteca pública. Por isso escrevi anteriormente da possibilidade de existir um
local único para essas atividades todas.
• casas de shows
• Teatro
• uma rede física que sirva para a circulação de produtos culturais
• A cidade possui estes equipamentos convencionais o que falta é potencializar e
otimizar o uso dos equipamentos públicos (centro cultural, sedes de matrizes
culturais, praças de equipamentos esportivos, entre outros) incentivar e fomentar
espaços privados e coletivos (bares, associações de moradores, ambientes de
usos coletivo de igrejas, clubes, galpões)
• Teatro, museu, casas de show para eventos de médio/grande porte,
• Galeria de arte, mais bibliotecas e centro culturais (espaço conjunto de teatro e
formação)
• Falta um Centro de Convenções
• não temos teatro, museu, casa de shows, espaços culturais
• Como já explicitei em respostas anteriores, esse é um dos principais entraves
para que a nossa Cultura possa deslanchar de vez, pois, sem espaços físicos
adequados torna-se quase impossível dar continuidade ou longevidade a
qualquer trabalho que necessite do mínimo de infraestrutura para o seu
desenvolvimento. Temos um Centro Cultural (finalizando as reformas), que
também não comporta Espetáculos de médio e grande portes. O movimento do
áudio visual em Cariacica é muito forte, mas, "onde" exibir os resultados dos
trabalhos desenvolvidos? Não há, sequer, Uma sala específica para isso.
Portanto estamos sempre nos "adequando" aos espaços para que as obras não
fiquem apenas na elaboração e, sim, possam ser executadas para serem vistas
pelo maior número de pessoas possível.
• Tatros e Museus
• Falta a entrega do tão sonhado Centro Cultural e que sua gestão seja
compartilhada com a classe cultural
• Teatro; valorização da área de manguezal em Porto de Santana, por exemplo;
mais valorização da área rural, como a região do Mochuara.
• Teatro, museu, biblioteca.
• Ponto de apoio ao turista com espaço para oferta de artesanato e produtos da
agricultura e micro indústria familiar, galerias
• Faltam teatros, casas de shows.
• Um teatro/espaço multiuso com capacidade acima de 300; espaços equipados
com toda a infraestrutura e especificidades para cinema, circo, dança, teatro,
multimídia; ausência de museus/gabinetes de curiosidade/memória e bibliotecas;
• Teatro
• Teatros, Museus, Galerias de Arte e principalmente espaços artísticos para
apresentações diversas de artistas locais;
101
• Acredito que a pergunta já pressupõe própria resposta. Nossos poucos
equipamentos públicos nas comunidades ainda não atendem aos anseios das
comunidades.
• Divulgação e conhecimento de espaços públicos bem como a criação de parques
municipais.
• PRAÇAS HUMANIZADAS
• qualquer espaço de livre acesso onde possa ser levado a cultura.
• Principalmente praças. Exemplo: moro num bairro próximo a Arcelor Mittal e
passo por lá invejando aquele verde todo. Fico pensando num grande parque ali,
com lagos, parquinhos, espaços para caminhar, um museu, um espaço de
experiências para ciências, uma grande horta. Fico só sonhando...
• praça e parques publicos
• Um lugar onde os artistas pudessem se encontrar, ex. Uma feira cultural.
• Há praças excelentes para práticas culturais ao ar livre
• A cidade possui espaços, inclusive setorizados, diversificados e regionalizados
(mesmo que alternativos), o que falta é gestão e integração dos setores para
ocupação e uso destes equipamentos. Feito o plano de ocupação, desenvolver
um projeto de adaptação e restruturação destes locais e disponibilizando para a
cidade, com uso compartilhado.
• Parque de exposições ou área para realização de grandes eventos
• Vontade dos atores locais
• Até temos algumas praças, porém podemos ampliar
• falta organização, faltam pessoas para tomar a frente e desenvolver tal evento. E,
para que isso aconteça, precisamos de dinheiro para viabilizar.
• O Que Falta? OS ESPAÇOS, PROPRIAMENTE DITOS. Nossas Praças não
têm o mínimo de condição estrutural e física para determinadas ações e
intervenções artísticas. Então, os Grupos e/ou Artistas que, porventura, pensem
nessa possibilidade nem se preocupam em levar adiante as suas ideias. Acredito
que o Poder Público poderia sim, pensar na possibilidade de melhoria desses
espaços para que o interesse dos artistas possam aflorar e essas atividades se
tornarem frequentes.
• Espaço tem de sobra, falta é iniciativas para promover e apoiar essas práticas.
• Não temos nenhum praça ou área para eventos ao ar livre.
• Importante para Cariacica: construção de área de eventos na região de Porto de
Santana/ área de manguezal; construção de arena para eventos ao ar livre,
possivelmente em Roda D'Água, Cariacica Sede ou em Porto de Santana/ Flexal.
• Incentivo da prefeitura e dos centros comunitários.
• Praça, pavilhão de exposição
• Na minha opinião, certamente poderiam ser reformados ou construídos mais
espaços como parques e praças, porém com o que tem já é possível gerar muitas
demandas, só precisa planejamento, investimento e divulgação que o sucesso é
garantido. Inclusive tem dois estádios de futebol, que podem ser palcos para
grandes eventos artístico/culturais.
• ausência de divulgação/publicidade/valorização do patrimônio existente; falta de
estrutura/mobilidade para usufruir a cidade; pouca ou pouquíssima oferta de
todos os tipos de espaços públicos disponíveis qualificados, com boa mobilidade
102
e facilidade de chegar/sair para os diversos públicos (em especial crianças e
idosos)
• Locais de encontro para os proprios artistas. Eventos de trica de conhecimentos.
• Principalmente espaços artísticos para apresentações diversas de artistas.
103
Escola de Artes e de Pedagogia da UFES; IFES, Museu Vale; SESC / SENAC;
MINC; ANCINE; ABPITV;
• Projeto arte na comunidade- PANC no qual estou tentando registrar
• Não tenho muito contato com essas Instituições;
104
• *Seminários permanentes como foco no desenvolvimento cultural; *Cursos e
Oficinas constantes de Capacitação para elaboração de projetos e captação de
recursos); *Cursos e Oficinas para inicialização ao Teatro, à Dança, ao
Artesanato, Artes Plásticas, Literatura e outros; *Maior dinamização do Poder
Público na condução das Políticas Públicas já conquistadas no Município (Lei de
Incentivo João bananeira e Fundo de Cultura); *Investimento em Divulgação e
Propagação, por parte do Poder Público, da nossa Arte; *Parcerias entre
Secretarias Afins para que haja maior volume de obras e atividades culturais
(Educação, Turismo e Desenvolvimento, Assistência Social, etc.)
• Integrar mais as escolas; Criar um calendário cultural e mais envolvimento da
secretaria de cultura para criar eventos onde os artistas possam divulgar seus
trabalhos.
• Cursos de capacitação, Promoção de encontros e eventos para um maior
intercambio entre a classe.
• Espaço cultural do Congo; Museu do Congo; Museu do Canranguejo;
Valorização das origens indígenas de Cariacica (quais grupos indígenas viviam
em Cariacica? Goitacazes? Temiminós? Quem eram, onde e como viviam?;
Maquete da Cidade/ Moxuara para visualização ampla da região.
• Oficinas itinerantes pelos bairros do município.
• Feiras, Festivais, apresentações culturais em áreas abertas
• Como citei, eventos nos estádios, parques e praças, com entradas a preços
populares, com ampla divulgação, fomentando a cultura local e fazendo as
escolhas dos projetos por meio de editais, conforme os méritos.
• Valorizar a população seus saberes e fazer promovendo a dignidade e a
participação cidadã com divisão de riquezas e investimentos na qualificação do
que já existe; aumento do volume de recursos empregados no orçamento público
municipal e estadual; aumento de programas privados de patrocínio cultural;
investimento em um programa ampliado de formação com foco em transformar
Cariacica em uma cidade criativa com o objetivo de promover o
desenvolvimento econômico social e educacional através da economia da
cultura, valorizando os talentos e arranjos produtivos locais genuínos.
• Feiras culturais e o desenvolvimento de uma escola de arte
• Ações de formação e capacitação conforme pergunta 21;
26. Sugestões
• Plano Municipal, Calendário, Fundo de cultura e Teatro.
• Nossas comunidades possuem realidades e demandas distintas. Esse diagnóstico
deve ser feito in loco.
• Ação que integre vários setores culturais.
• CARAVANA CULTURAL E CIDADANIA
• convenio apoio direto para manutenção das bandas de congo
• Projetos voltados a adolescentes e Jovens de nossa cidade.
• O "Morro da Companhia" em Itaquari é um espaço grande e abandonado. Seria
um excelente local para uma área cultural.
• projetos e ações voltadas a cultura Hip Hop
• Curso de gestão e produção.
• Projetos inovadores de circulação cultural
105
• Ações espontâneas dos produtores e agentes culturais para integrar os detentores
e os consumidores de cultura, de forma a garantir força de pressão tanto sobre a
gestão dos recursos públicos, como de interlocução juto aos setores privados.
• incentivo à criação de uma cadeia cultural sustentável que valorize os artistas
locais e incentive a participação popular.
• Formação e capacitação
• organização, mais verba, pessoal capacitado a frente, envolvimento da
comunidade (e escolas)
• Além do que já foi discriminado na resposta anterior: Investir na Capacitação e
dar condições para que o Artista Local possa subsistir do seu trabalho, buscando
sempre se aprimorar cada vez mais.
• Eventos integradores, como por exemplo, feiras, festivais e demais ocasiões
multiculturais.
• Construção de teatro e valorização da área de manguezal.
• Oficinas de dança, música, artes cênicas, pintura.
• Divulgação das potencialidades artísticas através de atividades apropriadas a
cada seguimento
• Acredito que deva ser priorizado o que é típico (cultural, raiz) do município,
como o congo. Apesar de não ser o meu estilo de trabalho, eu admiro e penso
que por ser originário capixaba deve ser prioridade, inclusive tendo edital
próprio para escolha dos projetos, não concorrendo com projetos de outros
gêneros culturais.
• Criação de um grande centro de referencia em cultura com bibliotecas e
cinemas; criação de escola permanente em formação profissional em linguagens
artísticas (dança, música, teatro, cinema, circo); formação de tecnólogos para
técnicas/maquinaria/engenharia de espetáculos; criação de um laboratório
associado a incubadoras para produção de multimídias / conteúdos em
audiovisual e games, programação e aplicativos
• Escola de artes em geral
• Captação de recursos para todas as áreas culturais;
106
• *Cursos de elaboração de projetos culturais; *Projeto Raízes; *Projeto social de
entrega de óculos e aparelhos auditivos para as comunidades carentes;
*Campanhas de prevenção de acidentes do trabalhos; *Entre outros.
• Na minha cidade, nenhuma
• Mobilização (atividade da área de educação)
• O projeto de distribuição de óculos a alunos carentes
• Não me lembro
• Participei do curso Provocação e Resposta - Seminário de política públicas onde
conheci o mestre Márcio Barros, em 2008. Acompanhei a versão antiga do
Diversão em cena. Este projeto traz a sensibilização que uma criança
experimenta numa vivência cultural - algo que ela leva consigo para o resto da
vida. Vi muitos olhinhos brindo nos espetáculos que pude acompanhar, em
bairros tão desprovidos de tudo. Essa é uma das melhores formas de uma
empresa se relacionar com a comunidade de seu entorno - respeito, escuta atenta,
valorização, oportunidades/experiências de viver o extraordinário, o lúdico; o
conhecer das coisas para se inspirar e saber que existe beleza no mundo.
• Em Cariacica somente Projetos Culturais da Lei João Bananeira;
• Infelizmente a Arcelor Mittal de Cariacica não é atuante junto a Lei Cultural do
Municipio. Talvez seja atuante em projeto culturais independentes, mas eu
particularmente desconheço. Esta empresa sempre foi muito atuante nas Leis
Culturais dos municipios da Serra e de Vitória mas em Cariacica não esteve
presente.
108
Anexo 2 - Relatos Grupos de Discussão
(transcrição literal das falas mais representativas dos grupos de discussão, segundo
temas)
110
• A Associação das Bandas de Congo inexiste como entidade. Ela não tem força
pra isso. O tempo urge para essas famílias congueiras. Não podemos exigir deles
a responsabilidade por isso tudo.
• Historicamente nunca houve interesse da elite por potencializar a cultura. Se ela
fizer isso, vai potencializar o negro.
• Na Bahia, o poder público participa, mas a sociedade civil também. As coisas
por lá acontecem independentemente do poder público. Eu chego no Pelourinho
e vejo crianças tocando percussão na rua. Aí eu sento no meio-fio e choro,
porque nós não temos isto em Cariacica.
• Às vezes você tem uma sobrecarga em uma única pessoa. Ela vai se cansando de
remar contra a maré. As coisas vão se perdendo. Na Associação da Cultura
Italiana as pessoas são todas voluntárias e isso sobrecarrega uma ou duas delas.
Elas vão desistindo, as coisas vão deixando de existir. Os novos não se
apropriam.
• A nossa cultura é deficiente em vários aspectos, mas por culpa da própria classe
cultural.
111
• Cultura e educação: circulei pelas escolas e percebi desinteresse na criação de
uma lei que aproxime as duas áreas. Mas quando os artistas chegam às escolas,
são muito bem recebidos. Pouca gente nas escolas tem noção do que existe na
cultura de Cariacica. A Secretaria (de Educação) é uma ilha. Não há disposição
para dialogar, chamar todos os diretores para conversar sobre isso.
• Havia um projeto que dava aulas de arte nas escolas. Não havia a intenção de
formar artistas, mas alguns foram em frente e hoje temos artistas que saíram
dali. Acho que temos que levar arte para as escolas. A escola é o espaço mais
democrático do mundo. Ali é um espaço privilegiado para trabalhar a música, a
dança, o teatro, a capoeira, a educação patrimonial, as bandas de congo.
• CRIAR: Centro de Referência Integrado em Arte-Educação. Existe um espaço
físico. Um espaço da educação, para atender os alunos. Mas é um projeto caro.
• É sempre um problema onde levar os alunos. Existiu um projeto interessante
aqui: o Turismo Pedagógico os alunos iam à Igreja Matriz, ao Moxuara... Este
foi o projeto mais importante. Hoje as escolas hoje saem muito para Vitória,
levam ao cinema. Em Vitória há espaços mais organizados e prontos para
atender as crianças.
• No congo falta organização. Não há pessoas disponíveis para receber as escolas.
É uma manifestação forte no município, mas eles nem sempre estão disponíveis
e prontos para receber. Os espaços existem, mas não há uma política que
organize esses espaços. E isso não é só uma questão da Prefeitura. Por exemplo,
das seis bandas de congo de Cariacica, cinco têm sede, mas são espaços
fechados e subutilizados.
• O cineclube Cine Colorado acontece no Bar do Pantera. Ainda não conseguimos
trabalhar com as escolas.
• A base do público do Moxuara está na educação. Trabalhamos doze anos com
educação. Percorremos muitas escolas, gravamos um CD com crianças. Já vendi
970 CDs em um único congresso de professores do qual participamos.
• Há também o Mais Cultura nas Escolas, que é um projeto que está aí, abrindo
possibilidades para os artistas entrarem no cotidiano escolar. O acordo para eles
entrarem é de que os projetos sejam construídos em conjunto com a equipe
pedagógica da escola.
• Na Secretaria de Educação há uma ação chamada Semearte: cultura dentro das
escolas. Eu não vejo a educação sem este projeto. Ele não pode parar.
• Temos muitas ações no âmbito das escolas.
112
• Fiz um projeto para a Lei João Bananeira que se chamava Conexão Cariacica.
Busquei juntar artistas com trabalho inicial e produzir um CD. Fui descobrindo
artistas: “Caramba, cara, você mora aqui?”
• Há muita gente que trabalha como artista e a gente não conhece.
• Não sei quantos grupos existem por aqui para participar disso.
• Eu não sabia que era o Grupo de Teatro Revelação que fazia a Paixão de Cristo.
• Na área de dança, ninguém nunca me convidou para nenhum encontro.
• O problema da cultura de Cariacica é histórico. Entra gestão, sai gestão, a coisa
fica sempre nisso. Mas isso também é culpa nossa. Mas acho que, atualmente, os
artistas estão mais unidos. Nós temos tido uma participação mais numerosa no
Conselho Municipal de Cultura.
• Estou me policiando há muito tempo para não reclamar mais. Tenho visto o
Conselho como única ferramenta de mudança. Se a gente quer mudar, tem que
participar.
• Tivemos uma mudança importante depois da nossa primeira e única Conferência
Municipal de Cultura. Algumas coisas aconteceram depois disso. Não devemos
culpar somente a Secretaria de Cultura. Também somos culpados. Quem é
cidadão tem que participar. É através deste trabalho que podemos dar o grito.
Quem faz a hora somos nós.
113
desse jeito. Eu nunca pensava na questão financeira. Isso era uma grande falha.
Hoje em dia eu estou começando a enxergar de uma maneira mais técnica e
espero aprender mais.
• É preciso saber fazer a administração financeira. A capacitação também passa
por aí.
• O gargalo maior é a formação. Falta qualificação, não só da sociedade civil, mas
também do poder público.
• Muitas vezes temos ações engessadas e não podemos correr delas (fala de
representante do poder público). A formação não é custeio, mas investimento.
Mas algumas áreas da Prefeitura pensam como custeio.
115
• A gente como gestor público se comunica muito mal com a cidade. Precisamos
constantemente fazer a mea-culpa.
• Falta vontade aos nossos gestores. Eu não estou aqui para criticá-los, mas tudo
que é promovido em Cariacica é iniciativa dos artistas, das pessoas, e não da
Municipalidade.
• As ações são muito tímidas, mas não acho que a municipalidade deveria fazer as
coisas. Acho que nós mesmos devemos fazer e para isso temos que ter recursos.
O Estado não tem que ser produtor.
• Todos reconhecem os problemas que a Secretaria enfrenta, mas reconhecemos
que temos que nos articular. A Prefeitura não vai ser catalizadora de todas as
ações, mas, se existe um poder constituído, temos que cobrar. O Estado não
pode ser tutor. Cabe a nós realizar.
• O Carnaval de Congo é antigo, mas a partir de 2005, a Associação passou a
realizar a festa com apoio da Prefeitura. Eu acho isso ruim. A Associação tem
que tomar conta do Carnaval, tem que ter autonomia. A Prefeitura tem que
apoiar com recursos, infraestrutura, logística, segurança, mas quem deve fazer é
a Associação. O mesmo vale para as feiras de artesanato, de artes.
• As pessoas precisam começar a fazer projetos, aprender... A Secretaria deveria
ter pessoal para assessorar os Mestres, para dar autonomia a eles. Se os
produtores fizerem para eles, eles nunca terão essa autonomia.
• Quando eu penso em políticas públicas estruturantes, eu não consigo pensar de
outra forma que não nas matrizes culturais. Falamos de cem ou cento e
cinquenta anos que fazem a história de uma cidade. Por que as bandas de congo
morrem à mingua dia a dia? Somente por conta da ausência do poder público?
Claro que não. Há também a desestruturação das próprias bandas, tem os mais
jovens que não querem saber de compromisso com o legado de seus pais. Os
gestores públicos não estão conseguindo sensibilizar seus chefes imediatos para
essa questão.
• A área de patrimônio cultural é muito carente, mas cresceu de 2013 pra cá,
porque foram criadas leis de patrimônio material e imaterial em nível municipal.
Essas leis possibilitaram os primeiros tombamentos e registros, mas, em 2014, a
Secretaria extinguiu a Gerência de Patrimônio, por falta de verba. Alguns
trabalhos de mapeamento foram descontinuados.
• Vamos para o quarto evento de foodtrucks, e a Secretaria está trabalhando nisso.
É uma promoção da Secretaria de Turismo. Por que a Prefeitura não cria um
espaço para os artistas se apresentarem?
• Quando o shopping foi construído, houve uma negociação para destinar uma
loja para o artesanato. Mas o shopping cedeu uma loja pelada. Precisávamos de
cinco projetos e a Prefeitura não tinha dinheiro para bancar nenhum deles, muito
menos a gente. A proposta deles é que várias associações se juntassem para
montar a loja. Não aceitei, pois já tínhamos uma dívida. Foi um presente de
grego da Prefeitura.
• A Prefeitura não auxilia nas questões burocráticas. A Secretaria de Cultura não
apoia na intermediação desses assuntos.
• A APROAC (Associação de Artesanato) abriu uma loja e acumulamos uma
dívida com a Prefeitura, por conta da burocracia. Sabemos fazer artesanato, mas
lidar com a burocracia não.
116
• Para nos apresentarmos na Pracinha, há uma série de encaminhamentos. É muita
burocracia. Há muitas restrições para o uso do espaço público.
• Tentei usar um espaço público, mas fui bloqueado.
• O Bar do Pantera era o nosso centro cultural e o poder público inviabilizou. O
Pantera foi multado pela Prefeitura por causa da música. Ele é muito cuidadoso,
odeia música alta e não gosta de bagunça. Ele tinha inclusive autorização no dia
da multa. Era o espaço que usávamos para fazer shows. A partir daí acabou tudo.
Um absurdo. O poder público inviabilizou isto.
• Estamos sentindo muito o fato de o Pantera estar abandonando a ideia dos
eventos culturais no bar. A multa da Prefeitura causou um desconforto muito
grande e ele está pensando em fechar o espaço, pois se ele tiver que pagar esta
multa o bar vai ser inviabilizado.
• Estamos perdendo espaços de raiz que havíamos conquistado, como o Bar do
Pantera. Hoje ele não é mais o mesmo espaço cultural. Não é possível fazer um
show nesse que era o único espaço de encontro da cidade. O Bar era o lugar do
encontro. Era lá que a gente conversava sobre política cultural. O Disque
Silêncio ameaça fechar da forma mais truculenta possível. Continuamos a nos
encontrar por lá, na “clandestinidade”, e temos que criar movimentos que
ocupem os espaços como o Centro Cultural.
117
Sugestões dos participantes do Diagnóstico
• Por que a Secretaria de Cultura não elabora um calendário físico e digital com
belas imagens? Temos grandes artistas e fotógrafos para isso. Fiz esta pergunta
ao Secretário em 2005. Mas falta vontade política e falta organização da
Associação de Congo.
• Estou pensando em realizar o I Seminário sobre Bandas de Congo de Cariacica.
• Não temos livros que falam sobre a cultura de Cariacica. Temos estudos, mas
temos que transformá-los em publicações, para que eles cheguem às escolas.
• Temos que reunir informações sobre a Igreja de São João Batista, que é um
espaço maravilhoso, e sobre o casario do entorno. Não temos um registro
publicado sobre isto. Precisamos de um espaço de memória.
• A musicalização nas escolas é um sonho nosso. Venho de outra cidade e sempre
participei de fanfarras e festivais. Aqui nós não temos isso.
• Precisamos de um teatro de Cariacica. Um centro cultural em Bela Aurora, que
oferecesse formação técnica em várias áreas. Atores, atrizes, bastidores, cursos
para ritmistas e sambistas nas comunidades. Bela Aurora tem grande
efervescência cultural.
• Acho que teríamos que ter um teatro menor, ocupado pelos artistas locais. Se for
algo muito grande, vai abrigar apenas grandes artistas. Os artistas locais não
teriam chance. Acho importante, em primeiro lugar, arrumar a nossa casa. Não
adianta termos um espaço grandioso se não tivermos grupos de teatro a bandas
atuando.
• Precisamos de um centro de referência cultural. Com oficinas.
• Eu acho que cultura tem que ser levada à escola. A formação de público é por aí.
• É preciso criar o hábito. As pessoas vão valorizar o teatro ou a música autoral
quando vivenciarem isso. Por isso as empresas e o poder público devem oferecer
oportunidades para que isso aconteça.
• Devíamos fechar a avenida num sábado ou domingo e colocar as pessoas para se
apresentarem.
• Precisamos investir nos artistas locais.
• Não poderíamos pensar num Fórum Municipal de Cultura? Começa ficar clara
para todos a necessidade do encontro. Precisamos nos reconhecer. Hoje a gente
não se reconhece.
• Eu acho que a gente poderia usar as informações do Diagnóstico Cultural para
realizar um Seminário Cultural em Cariacica. Essas informações poderiam nos
ajudar a pensar juntos a cultura da cidade. Temos que nos reunir.
• Estamos articulando dentro do Conselho para que o cidadão participe. O
Conselho deve funcionar a partir de fóruns. Fóruns específicos de cada área,
com reuniões mensais e regimentos internos. É preciso que desses fóruns saiam
as representações para participação no Conselho.
• Seria uma boa ideia realizarmos uma tarde de conversa entre nós. Seria uma
ideia interessante para a Prefeitura. Há muita gente que está batalhando em seu
bairro sozinha. Podemos juntar forças.
• Também acho que poderia ser interessante criarmos um fórum cultural em
Cariacica. Temos o Conselho, mas nem todo mundo participa.
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• Seria talvez uma tarefa do Conselho convidar mais pessoas para alguns
encontros, ampliar as discussões. Uma possível pauta seria promover o encontro
entre os artistas.
• Para mim o posto forte desta nossa conversa é que nós precisamos nos
encontrar. Tenho me sentido um peixe sozinho no oceano. É importante “trocar
figurinhas” com as pessoas da sua área.
• Nós precisamos nos encontrar, nos conhecer e somar, para que essa rede cresça.
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Anexo 3 – Prioridades apontadas na I Conferência Municipal de
Cultura
Eixo I – Implementação do Sistema Nacional de Cultura
Foco: Impactos da Emenda Constitucional do SNC na organização da gestão cultural e
na participação social nos três níveis de governo (União/Estados/Distrito Federal e
Municípios).
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Sub-eixo IV: Fortalecimento e Operacionalização dos Sistemas de Financiamento
Público da Cultura: Orçamentos Públicos, Fundos de Cultura e Incentivos Fiscais.
Propostas:
I - Identificar, mapear, catalogar e divulgar as manifestações, artistas, produtores e
entidades culturais do município, com o intuito de promover salvaguarda e
fortalecimento;
II - Criação de um sistema público de bancos de dados para divulgar a cultura e o
patrimônio do município;
III - Criar edital para fomentar a política de inventário cultural.
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Sub-eixo III: Democratização da Comunicação e Cultura Digital.
Propostas:
I - Criar um portal da secretaria municipal de cultura e contratar um assessor de
comunicação para a divulgação da produção cultural e artística do município;
II - Fomentar iniciativas de produção para suporte virtual;
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Sub-eixo III: Valorização e Fomento das Iniciativas Culturais Locais e Articulação em
Rede.
Propostas:
I - Ampliar a participação de artistas locais dos diversos segmentos nos eventos
municipais;
II - Criação de mecanismos/projetos culturais nos bairros que possam pulverizar as
ações culturais dentro do município com grupos distintos se apresentando nestes;
III - Garantir as manifestações culturais nas Unidades de Saúde e demais equipamentos
públicos.
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II - Apoio técnico em formação, produção e comercialização de produtos culturais.
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