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Jaime Pinsky/Hector Bruit/Enrique Peregalli Terezinha Fiorentino/Carla Bassonezi selegdo, organizacio e introdugio Andrea Helena Altino/Jordano Quaglia Ir. Maria Helena Carvalho/Paulo Borges/Sérgio Crés colaboragio Historia DA AMERICA ATRAVES DE TEXTOS Textos e Documentos 4 a : » @ editoracontexto 10 JAIME PINSKY/HECTOR BRUIT ‘mos ter chegado @ um compromisso razodvel. A manutengo de Buns textos “dificeis” deveu-se & impossbilidade de substi oe, textos isolados podem dar isto mui a Ses uma visto muito unilateral da probleméti- © livro tem um compromisso com a idéia da “latinidad”, Foi o melhor que pudemos fi ic c lao einer taan : fazer. Criticas, sugestées ¢ (se ‘So Paulo, marco de 1989, Lp. AS CIVILIZACOES INDIGENAS ‘Quando as embarcagées de Colombo aportaram na América, de fato no a “descobriram”, pois muita gente jé vivia em nosso continente. O que de fato ocorreu foi a integragio da América ao continente europeu, ou, mais exatamente, & sociedade mercantil. Hi quem pense que essa integraco foi um favor que os eu- ropeus “civilizados” prestaram aos ind{genas “birbaros”. Isto néo é verdade. As sociedades nativas cram socialmente muito complexas ¢ desenvolvidas, como os textos deste capitulo iréo mostrar ¢ sua in- comporagio teve custos humanos imensos, gracas a massacres cruéis perpetrados pelos cristiios “‘civilizados" da Buropa. © texto I levanta a questéo da superioridade/inferioridade de algumas culturas com relacéo a outras, especialmente no caso das chamadas “altas culturas pré-colombianas”. O texto 2 mostra 0 elevado gran de sofisticacio agricola al- texto 3 narra a relagio de poder rio inca, Ao contrério de vendedores de ilusio, ° pulagéo de poder f€ita pelo Inca ¢ sua burocracia, em oposi¢io ao camponés, texto 4 descreve aspectos da civilizagio maia, falando de coisas do cotidiano, como habitacio, vestimenta, omamentos, etc. Gente como a gente, enfim. O texto 5 fala de Tenochtitlén, a capital do império asteca, aque se levantava onde & hoje 2 Cidade do México e tinha, quando da chegada de Cortez, cerca de duzentos mil habitantes, uma metrépole para aqueles tempos. 2 JAIME PINSKY/HECTOR BRUIT 1. A UNIDADE DAS ALTAS CULTURAS PRE-COLOMBIANAS ‘ages dmeticanas localizadas no México atval, na repo none da a ntral © na faixa que se estende desde a Colémbia até o 1¢, acompanhando a aria marftima do oceano Pactfico, Um observador atento poderé imedi __ Um obser Perceber de imediat reeiGes acima assinaladas como Alias Cultaas, compreendendo ree, Empenatente a Confederacéo Asteca, as Cidades-Estado maias ¢ 0 Inve rats Sto zonas onde hoje impera o “subdesenvolvimento’” ‘guanto a América de lingua inglesa, localizada fora desse mapa, parece fer-se “desenvolvido”. Por que o norte se desenvolveu eo avila — epee oe Como 08 colonos ingleses cons- a 26 forte uma sociedade “A imagem - $2” da européia, seu desenvolvimento foi muito male viene Nosso, reafirmam tais teorias, oe Essa explicagio leva a um raciocinio formal assustador: so Mas a ciéncia modema tem sido incapaz de provar efetiva- [AS CIVILIZAGOES INDIGENAS B sociedades capitalistas avancadas). Esse dualismo é artificioso ¢ no explica a realidade. A histéria tem demonstrado que o desenvolvimento de uns ‘esté. condicionado 20 subdesenvolvimento de outros. Comprovou que © capitalismo destréi os antigos modos de produgio onde for necessério para seu crescimento, mas mantém estruturas pré-capita- listas quando as considera necessérias. Esté claro para a hist6ria que todos os povos so potencial- mente iguais, mas ndo basta dizer simplesmente isso. Para abandonar explicagdes metafisicas, devemos inserir os povos nas estruturas so- cio-econémicas, no terreno das particularidades regionais, nas dife- rentes formas de desenvolvimento, nas formagGes sociais. Peregalli, Enrique. A América que os europeus encontraram. Cam pinas/S&o Paulo; Editora da UNICAMP/Atual, 1986, pp. 7-9. 2. ATIVIDADES AGRICOLAS NA AMERICA INDIGENA A agricultura intensiva desenvolveu-se nas regides monta- thosas do México e nos Andes centrais a0 longo dos 3 mil anos an- teriores & conquista espanhola. Tudo indica que essa atividade agri- cola conheceu 0 seu apogeu no perfodo compreendido entre 1200 € 1500, através da formagéo do “Estado” asteca (centralizado no Vale do México) e do “‘Império” inca, no Pent. A tecnologia e produtivi- dade desenvolvidas por essas duas civilizagées culminaram com 0 estabelecimento de uma sofisticada agricultura intensiva de mo-de- obra responsavel pela producéo do milho como principal género alimenticio (nas regides mais elevadas do Peru e Bolivia, a batata) ¢ de colheitas auxiliares, favas, abSbora, tomate ¢ piments-malagueta, Os hfbeis agricultores do Vale do México superavam as desvanta- gens decorrentes de precipitagées pluviométricas insuficientes ¢ instéveis utilizando a Agua proveniente do degelo das neves nas montanhas e maximizando as amplas bacias naturais formadas pela interligago dos lagos; no Peru, os agricultores utilizavam 0s rios dos vales montanhosos os cursos de gua que percorrem os vales 0 longo da érida costa do Pacifico, Empregou-se a agua para fins agricolas por meio de canais de inrigaco que, em tumos, demanda- 4 JAIME PINSKY/HECTOR BRUIT vam elevados insumos de mfo-de-obra na constricéo de eirados, freqientemente em vales de declives fortemente marcados, e na construgio e manutencéo de canais. Observadores espanhéis do sé- culo XVI ficaram profurdamente impressionados pela habilidade em engenharia demonstrada pelos povos dos Andres centrais, da mesma forma que agrénomos do sculo XX impressionaram-se com a evi- déncia anqueolégica de técnicas de mudangas de cursos de gua, de vale a vale, postas em prética na era anterior & conquista. No Vale do México, observadores espanhéis maravilharam-se com o sistema de diques criados e mantidos de modo a néo permitir que a 4gua sa- lobrapenetrsse nas éeas de fun doce de agriculture china economia agricola assim estabelecida certamente favo- .5es de habitantes, por volta de 1525, Para o México cen- ‘lise demogrifica recente sugere um contingente popula- sm tomo de 25 milhées de habitantes (1519). No milénio an- A sofisticagéo agricola refletia-se na crescente estratifica- ‘¢do, isto 6, na formago de hierarquias: nobreza, soldados ¢ elite re- ligiosa, um grupo de comerciantes e habeis artesos voltados para a produgéo de bens orientados pela demanda da elite, e a grande mas- sa de agricultores. A expansio de uma comunidade as expensas das vizinhas, o estabelecimento da hegemonia sob a forma de pagamento de um tributo anual ou de incorporagio a um império integrado ex- plicitavam 0 exercicio de pressdes sobre 0s agricultores situados na base da economia ¢ da sociedade, pressGes essas responsiveis pela AS CIVILIZAGOES INDIGENAS 1s tes econdmicos de seus povos (e de outros, submetidos) levam-nos a crer que, no momento em que se inicia a conquista da América Cen- tal e do Sul, a tecnologia agricola atingira o seu limite méximo e, como ocorrera no passado, amplos aglomerados de comunidades achavam-se a ponto de se desintegrarem e se reunirem em novas comunidades, decorréncia I6gica da expansdo demogréfica e de uma produgdo agricola ineléstic Stanley, J. S., Stein, B. A heranca colonial da América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976, pp. 34-35. 3. INCAS: QUEM MANDA, QUEM OBEDECE © caréter despético da dominacéo esté bastante claro nas seguintes palavras que o inca Atahualpa dirigiu ao conquistador Pi- zarro: “No meu reino, nenhum péssaro ‘yoo nem fotha alguma se regando um peso nas costas. Os direitos de vida e morte sobre seus siiditos so absolutos, qualquer que seja o nivel social deles. 16 JAIME PINSKY/HECTOR BRUIT O mito dessa divindade foi habilmente construfdo ¢ melhor ainda difandido entre 0 povo. Historiadores oficiais, escolhidos pelo hierarquia, outra para 0 povo. Esta titima, cuidadosamente elabora~ da, exclufa tudo o que pudesse diminuir 0 respeito ¢ a fidelidade 20 soberano. Contadores de histéria ¢ cantores populares (hoje seam sna categoria de meios de comunicagéo de massa) eram Se ies © sobre o tratamento que devia ser dado a elas. A derrota do in- ca Urco frente aos chancas foi totalmente ignorada pela histéria ofi- cial. Assim, religiéo, mitos, lendas ¢ hist6ria foram deliberadamente fabricados por especialistas, visando a divinizar o Inca, fazendo que sua vontade — e seus excessos — aparecessem como a vontade de um ° sivo da verséo oficial da histéria, tal qual havia sido eserita para es- ses nobres. Dado 0 caréter guerreiro dos incas, o preparo fisico para a milfcia era privilegiado; era o que hoje chamarfamos de ciéncia militar: a arte da defesa e do ataque, das fortificagdes e cercos, @ es- pionagem e a diplomacia, a correts disposigéo e utilizagio dos sol- dados, etc. (Os escolhidos para mandar adoravam deuses que nao cram proprio Sol. ‘A faustosa corte do Inca, com seus milhares de servidores, € a hierarquia civil e religiosa viviam dos tributos que milhées de se- res humanos de todo o império entregavam ao Inca, Este recompen- sioner AS CIVILIZACOES INDIGENAS wv sava seus. dignatirios de acordo com méritos militares, religiosos ¢ administrativos, Sendo que as recompensas consistiam em terras, re- banhos de thamas, objetos de arte, mulheres, roupas de luxo € 0 di- reito de yiajar em liteiras conduzidas por carregadores, exibir certos ‘omamentos ¢ ocupar lugares privilegiados nas grandes ceriménias. ranga nfo a herdeiros determinados pelo proprietério antes de sua morte, mas a todo o conjunto de seus descendentes. Considerava-se, assim, que os méritos acumulados antes da morte deveriam ser so- cializados. Dessa maneira, todos os parentes interessavani-se para que, enguanto 0 dignatétio fosse vivo, servisse ao Inca da melhor forma possivel, porque dele dependiam a riqueza e as honras de to- dos. © clero, da mesma maneira que a burocracia civil, estava di- retamente subordinado ao Inca. Mais ainda, era costume que 0 su- premo sacerdote fosse um irméo ou primo do préprio soberano, de- signado em assembléia de notéveis. Essa espécie de papa era cha- mada Villac Umu e, logo abaixo, na hierarquia, havia dez. prelados ‘que poderfamos comparar a0 que se tem hoje por bispos. O Villac (OS DOMINADOS © camponés comum, aquele que no império era chamado Lacta Runa, tina obrigagées, poucos direitos © muitos deveres. Abaixo dele, existia uma categoria social chamada de Yanaconas, formada por membros de uma sublevacio da cidade de Yanacu, ‘quando foram derrotados pelas tropas do Inca ¢ condenados & servi- do ou a escravidio que se tomava extensiva a seus descendentes, De certa maneira, poderfamos dizer que viviam fora dos quadros so- ciais, que néo dependiam, como os Llacta Runa, dos funcionsrios ou clérigos © que eram simplesmente propriedade de determinadas 18 JAIME PINSK Y/HECTOR BRUIT pessoas. Néo cram escravos ou servidores para a produgo, mas ser- vvidores domésticos. Nao durou muito tempo e muitos deixaram essa condigdo, passando a fazer parte das familias 2s quais serviam, Ex- cepcionalmente, alguns alcancavam méritos ou mostravam condicdes que os elevaram a altas posiges. Nao faziam parte dos censos, tal- vez. por serem considerados menos humanos; no entanto, ao que tu- do indica, seu destino foi menos Arciuo que 0 dos escravos nos impé- rios espanhol e portugués. Adaptado de Pomer, Léon. “Os Incas”, In Historia da América Hispano-Indtgena. Sao Paulo, Global, 1983, pp. 32-34. 4. A CULTURA ENTRE OS MAIAS INSTALACAO E HABITAGAO ‘A maior parte da penfnsula de Iucati compreende terrenos baixos e planos, cujas elevacdes nfo ultrapassam 0s 500 metros aci- ma do nfvel do mar. Sua base rochosa € calcéria e de origem relati- vamente recente. Pode-se dizer que a regio carece de rios, posto que 0 Usumacinta, que é a tnica via fluvial que merece este nome, encontra-se muito ao sul, na base mesmo da peninsula, 14, em con- trapartida, numerosas correntes subterréneas que afloram em muitas partes, formando 0 que regionalmente se chamam cenotes ou pocos. ‘Tampouco faltam alguns lagos permanentes ou um niimero maior de temporérios, que se formam na época das chuvas. Como € natural, a instalacéo humana s6 péde acontecer em lugares onde havia 4gua em abundancia, fosse ao redor dos cenotes ou nas cercanias das muitas aguadas, cisternas naturais, ou artfi- ciais, ou ambas as vezes. Ademais, quando necessitavam, os maias costumavam aumentar seu caudal de Agua, mediante a escavacio de chultunes. ‘Se pretendemos medir as cidades maias pelo que se passa ‘nas nossas, apenas algumas mereceriam tal nome. As do Velho Im- pério foram simples centros cerimoniais ao redor dos quais se con- centravam, em um raio mais ou menos grande, os povoadores. Um AS CIVILIZAGOES INDIGENAS 1 pouco mais apinhada estava a populago nas cidades do Novo Impé- rio. Mas nem em umas nem em outras os grandes edificios, os palé- ios, os templos, os jogos de bola estavam dispostos a0 | Tuas, como sucede entre nés, mas ao redor de patios ¢ pragas. E qua- se certo que, 20 menos no norte de Iucatd, safam de cada um desses centros urbanos quatro avenidas pavimentadas em direcdo dos qua- to pontos cardeais, As construgées residenciais achavem-se mais ou menos dispersas nos espagos livres entre uma e outra avenida. Em ccertos lugares, 0 centro do povoado constitufa um mercado e & sua margem estavam situados os edificios piblicos. Algumas cidades do ‘Novo Império, como Mayap, tinha todo 0 conjunto urbano defendi- do por uma muralha. ‘Nem todas as casas apresentavam 0 mesmo tipo, j4 que o desenvolvimento histérico e a situagdo social ¢ econémica de seus habitantes influfam na sua qualidade, Em sua maioria, tinham planta regular, ainda que tampouco faltassem as ovaladas, no que temos de ver a persisténcia de uma situagao anterior. As moradias antigas e as mais modemas se nos apresentam freqiientemente construfdas sobre uma plataforma de alvenaria. Apesar de haver muitas construgies de cal ¢ pedra, em sua maioria tinham paredes de material inconsisten- © mobiliézio ora simples. Dormia-se em leitos de paus, ta- pados com mantas de algodio, ¢ em redes, para descansar e, sobre~ tudo, quando se viajava, Nas fontes antigas hi algumas referencias a cadeiras, mas sem maiores detalhes. E provavel que, igualmente a0 ‘que se fazia no norte de Iucaté, se cozinhasse em uma pequena construgdo anexa & principal. VESTIMENTA E ADORNO A parte mais importante da indumentéria dos homens era © taparrabo, chamado ex ou mdstil, em idioma maia, Consistia em uma tira de algodio tingida de vérias cores, da largura da mio, Essa tira era passada entre as pernas e atada a cintura, de tal modo-que tum extremo era pendurado na frente e outro atrés. Além dessa pec indispensével, todos os vardes, inclusive os escravos, usavam uma ‘manta quadrada que hes cobria a parte superior do corpo. Costuma- 20 JAIME PINSKY/HECTOR BRUIT ‘vam passé-la por baixo de uin brago € até-la sobre 0 outro ombro, A manta podia ser branca ou de cor, lisa ou adornada com penas, ‘Os nobres usavam outra pega cuja origem parece ser mexi- cana. Era uma espécie de blusa sem mangas chamada xicul, que adomavam com cores vivas ¢ com bordados e plumas, Da mesma maneira, os mdstles, usados pela gente “bem”, levavam belos ador- nos de plumas. ‘As mulheres vestiam andguas ou fraldelins cingidos na cin- ura, que iam até 2 metade das pernas. O busto costumava ficar des- pido mas decorado com tatuagens. Certas mulheres agregavam um ppano de algodao que, pasando por uma axila, e pendurado a0 outro ombro, cobria-thes os peitos. Também vestiam uma manta grande, que de noite thes servia de cobertor. Homens e mulheres deixavam crescer os cabelos. Os ho- mens cortavam uma espécie de tonsura na parte superior da cabeca © com o resto do cabelo formavam uma tranga que dispunham ao redor da cabeca formando uma espécie de grinalda. As mulheres conse- guiam com os seus cabelos duas largas trangas. Iam descalgos ou usavam sandélias feitas de pele de veado e com ataduras de henequén. Colares de contas de jade, de concha, de dentes de animais eram os adomos mais comuns. Usavam, também, braceletes, pulsei- ras ¢ joelheiras de plumas. No Novo Império conheceram-se também os adornos de ouro e de cobre. Adornavam nariz ¢ orelha. Coloca- vam um pedaco de mbar em um orificio que era feito no septo nasal contas de jade nas aletas, Esse era um costume tipicamente maia, j4 no Velho império. Os adomos de orelha eram importagéo mexicana. Fraud, Salvador C., ‘Los mayas”, in Las civilizaciones pré-hispani- cas de América.’ 4* ed. Buenos Aires, Sulamericana, 1976, Pp. 469-95, 5. TENOCHTITLAN: A CIDADE ASTECA O centro do império asteca era Tenochtitlin, uma cidade de ccanais, pragas e mercados, pirdmides, templos, palécios, lojas e resi- déncias, que comecou numa ilha no lago Texcoco e estendeu-se para as praias mais préximas com as quais se comunicava por estradas, AS CIVILIZAGOES INDIGENAS a Na época da conguista espanhola, ela era uma orgulhosa metrépole de duzentos mil habitants, to soberba que o conguistador Bernal Diaz del Castillo registrou que mesmo “aqueles que estiveram em Roma ou Constantinopla dizem que em termos de conforto, regulari- dade e populagéo nunca viram algo semelhante” (1927, p. 178). 0 mesmo autor fomece uma descricSo vivida na cidade tal como ela era em 1519. Nesta grande cidade... as casas se, erguiam separadas lumas das outras, comunicando-se somente por pequenas Pontes levadigas e por canoas, ¢ eram construfdas com te- tos terraceados. Observamos, ademais, os templos ¢ ado- ral6rios das cidades adjacentes, construfdos na forma de torres ¢ fortalezas e outros nas estradas, todos caiados de branco ¢ magnificamente brithantes. O burburinho e o ruf- do do mercado... podia ser ouvido até quase uma légua de distancia... Quando 14 chegamos, ficamos at6nitos com & assim como espécie ti- nnha seu lugar particular, que era distinguido por um sinal. Os artigos consistiam em ouro, prata, j6ias, plumas, man- tas, chocolate, peles curtidas ou nio, sandélias ¢ outras ‘manufaturas de ra(zes e fibras de juta, grande ntimero de escravos homens ¢ mulheres, muitos dos quais estavam atados pelo pescogo, com gargalheiras, a longos paus. O mercado de came vendia aves domésticas, caga e cachor- Tos. Vegetais, frulas, comida preparada, sal, pio, mel ¢ instrumentos de trabalho e vasilhame de madeira profusa- mente pintado, Muitas mulheres vendianr peixe ¢ pequenos “plies” feitos de uma determinada argila especial que eles achavam no lago € que se assemelham 20 queijo, Os fabri- ccantes de laminas de pedra ocupavam-se em talhar seu du- ro material © os mercadores que negociavam em ouro pos- sufam o metal em grios, tal como vinha das minas, em ti bos transparentes, de forma que ele podia ser calculado, e 6 ouro valia tantas mantas, ou tantos xiguipils de cacau, de acordo com o tamanho dos tubos. Toda a praca estava cer- cada por “piazzas” sob as quais grandes quantidades de gros eram estocadas e onde estavam, também, as lojas pa 8 espécies de bens (1927, pp. 176-8). Os cronistas espanhéis registraram a ciedade asteca com o monarea semi guerra. © mundo sobrenatural Moggers, Betty J. América préshistérica, Rio de Janeiro, Paz e Tet- 3, 1972, pp. 96-97, SUGESTGES DE ATIVIDADES I. Os conquistadores sempre se empenharam em afirmar que os nativos eran barbaros, inferiores, selvagens e preguicosos. Discuta essas afirmacces apés ler os textos acima e refletir sobre eles. DESCOBRIMENTO E CONQUISTA A descoberta da América por Cristévlo Colombo faz parte do processo de expansio do capitalismo europeu. O comércio, re- nascido em fins da Idade Média e desenvolvido no interior da Europa entre as cidades italianas ¢ flamengas, foi deslocado, no século XIV, ara o litoral atlintico. A escassez de metais preciosos provocava a falta de moeda em circulagSo, agravando os problemas jé existentes, As nagées da costa atlantica (Portugal, Espanha, Franca, Inglaterra e Holanda), detentoras do comércio sobrevivente, eram as que mais sofriam com a crise ©, para superé-la, precisavam encontrar metais preciosos para valorizar suas moedas. Por outro lado, dependiam das cidades italianas para 0 fornecimento das mercadorias orientais tra- 2idas pelos arabes, que dominavam 0 comércio no Mediterraneo.

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