Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
El Libro Blanco
Primera edición: 1995
ISBN: 968-6767-38-X
El libro blanco
Jean Cocteau
prólogo y traducción de
Arturo Vázquez Barrón
introducción de
Milorad
editorial
PONCIANO
ARRIAGA
Prólogo
La v o c a c i ó n de J e a n C o c t e a u p o r las creaciones q u e s u r g e n
de la i m i t a c i ó n es m u y c o n o c i d a : "Soy u n a m e n t i r a q u e
s i e m p r e dice la verdad", n o s dice al final de u n o d e sus
1
p o e m a s . Tal vez d e b i d o a este r e c o n o c i m i e n t o explícito d e
su g u s t o p o r seguir los pasos creativos d e sus a m i g o s , la
h i s t o r i a literaria a veces ha sido injusta c o n él, al insistir e n
q u e sus i m i t a c i o n e s fueron p r u e b a de u n a profunda
limitación para crear p o r c u e n t a p r o p i a , sobre todo
p o r q u e su o b r a e m p e z ó a d e s p u n t a r en u n a época en q u e
el artista n o debía tener padres espirituales. Al respecto, es
posible q u e el origen de esta t e n d e n c i a imitativa fuese el
rico e n t o r n o creativo en el q u e se desenvolvió C o c t e a u
desde m u y joven: ya para 1908 lo r o d e a b a n artistas y
sensibilidades de los que se n u t r í a en f o r m a n a t u r a l . N o
o b s t a n t e , la fuerza creativa de C o c t e a u n o parece m e r e c e r
n i n g u n a d u d a . El forjó u n m u n d o n a r r a t i v o que, si b i e n
estaba en d e u d a con otras escrituras -¿qué a u t o r h a p o d i d o
n o estarlo?-, n o estaba exento de o r i g i n a l i d a d . Sus pastiches
sucesivos d e E d m o n d R o s t a n d , A n n a de Noailles y A n d r é
G i d e , e n t r e o t r o s , son la mejor evidencia de que la c o p i a
s u m i s a y la i m i t a c i ó n creativa e inteligente n o son en m o d o
a l g u n o lo m i s m o . C o n la m a d u r e z , el poeta llegó a
c o n f o r m a r u n a de las obras más p e r s o n a l e s y sólidas d e la
' E n c u a n t o i D a r g e l o s , p e r s o n a j e r e i n c i d e n t e en la o b r a d e C o c t e a u , p u e d e n
leerse Les Enfants terribles [Los niños terribles] y las reflexiones q u e s o b r e este l i b r o se
h a c e n e n Opium [Opio]. Se vuelve p e r s o n a j e c i n e m a t o g r á f i c o d e s d e 1910, e n Le Sanf
d'unpoete, filme q u e lo c o n s a g r a v i s u a l m e n t e c o m o s í m b o l o y le o t o r g a , v e i n t e a ñ o s
a n t e s d e q u e Melville a d a p t a r a Les Enfants terribles, el v i g o r físico q u e s i n d u d a t u v o
e n la v i d a real.
él. Así q u e explicaré b r e v e m e n t e el r e l a t o t r a d u c i d o q u e
está a p u n t o d e leer. Salvo a l g u n a s a d a p t a c i o n e s m í n i m a s ,
q u e fueron imposiciones técnicas debidas al d i s t a n c i a m i e n t o
l i n g ü í s t i c o - c u l t u r a l e n t r e Francia y M é x i c o , fue posible
q u e el t e x t o c o n s e r v a r a e n e s p a ñ o l el m i s m o tono
d i e c i o c h e s c o , las m i s m a s p e c u l i a r i d a d e s arcaizantes del
o r i g i n a l q u e , p o r ser p a r t e f u n d a m e n t a l de este texto
m o d e r n o , se p r e s e n t a n c o m o su v o l u n t a d estilística pri-
m o r d i a l . La t r a d u c c i ó n c o n t e m p o r á n e a , n o está de más
d e c i r l o , ya h a dejado atrás la idea d e q u e los t r a d u c t o r e s
e s t á n i r r e m e d i a b l e m e n t e c o n d e n a d o s a la infidelidad.
C o c t e a u m i s m o se p r e g u n t ó a l g u n a vez, en u n ensayo n o
5
m u y c o n o c i d o sobre la t r a d u c c i ó n , a q u é se d e b í a n los
h o n o r e s q u e el p ú b l i c o extranjero o t o r g a a los escritores si
p o r l o general n o q u e d a n a d a de ellos después de tanta
t r a i c i ó n . P e r o el m a r c o c o n c e p t u a l en el q u e se apoya a h o r a
el a c t o de t r a d u c i r reposa en p r o c e d i m i e n t o s m á s c o m p l e -
jos, q u e h a n dejado atrás, e s p e r e m o s q u e para s i e m p r e , a las
Bellas Infieles d e los siglos q u e p r e c e d i e r o n al n u e s t r o . El
ideal m o d e r n o d e t r a d u c c i ó n busca q u e la m i s m a v o l u n t a d
d e estilo q u e se e n c u e n t r a en el o r i g i n a l -sea ésta cual fue-
re—, se manifieste de la mejor m a n e r a y hasta d o n d e sea
p o s i b l e en la t r a d u c c i ó n . D e ahí q u e las t r a d u c c i o n e s
literales, t a n t o c o m o las libres —responsables éstas de aque-
llas Bellas Infieles, q u e i n c l u s o solían c o n s i d e r a r s e "mejo-
res" q u e el original—, estén acabadas c o m o p r o c e d i m i e n t o .
La t r a d i c i ó n m o d e r n a exige, t a n t o en el caso d e C o c t e a u y
su Libro blanco c o m o en t o d o s los d e m á s , generar con las
h e r r a m i e n t a s del e s p a ñ o l la m i s m a " v o l u n t a d de estilo"
q u e c r e ó el a u t o r con las del francés. El o b j e t o es o t o r g a r
a los lectores d e la t r a d u c c i ó n las m i s m a s p o s i b i l i d a d e s de
d i s f r u t e literario q u e t u v i e r o n los lectores del original.
E s t o , q u e p o d r á parecer u n a v a n i d a d excesiva a los ojos de
Jean Cocteau
Publicamos esta obra porque en ella el talento supera con creces
a la indecencia y porque de ella se desprende una especie de
moraleja que impide a un hombre de principios ubicarla entre los
libros libertinos. La recibimos sin nombre y sin dirección.
H asta d o n d e llegan mis recuerdos e incluso a la edad en que
la m e n t e todavía n o tiene influencia sobre los sentidos, en-
c u e n t r o huellas de m i a m o r p o r los muchachos.
S i e m p r e m e g u s t ó el sexo fuerte, q u e m e parece legítimo
l l a m a r el sexo bello. M i s desdichas se h a n d e b i d o a u n a
s o c i e d a d q u e c o n d e n a lo raro c o m o u n c r i m e n y nos obliga
a r e f o r m a r nuestras i n c l i n a c i o n e s .
M i m a d r e había m u e r t o al t r a e r m e al m u n d o y siempre
h a b í a v i v i d o frente a frente con m i p a d r e , h o m b r e triste y
e n c a n t a d o r . Su tristeza era a n t e r i o r a la pérdida de su
mujer. I n c l u s o en la felicidad se h a b í a s e n t i d o triste y ésa
es la r a z ó n p o r la q u e a su tristeza le buscaba yo raíces más
p r o f u n d a s q u e su d u e l o .
El pederasta r e c o n o c e al pederasta c o m o el j u d í o al
j u d í o . Lo adivina bajo la máscara, y yo m e encargo de
d e s c u b r i r l o e n t r e las líneas de los libros más inocentes.
Esta p a s i ó n es m e n o s sencilla d e lo que s u p o n e n los
m o r a l i s t a s . P o r q u e , así c o m o existen mujeres pederastas,
mujeres c o n a s p e c t o de lesbianas, p e r o que buscan a los
h o m b r e s d e la especial m a n e r a en q u e los h o m b r e s las
b u s c a n a ellas, t a m b i é n existen pederastas q u e se i g n o r a n
a sí m i s m o s y viven hasta el fin en u n malestar q u e le
a c h a c a n a u n a salud débil o a u n carácter s o m b r í o .
S i e m p r e pensé q u e m i p a d r e se m e parecía d e m a s i a d o
c o m o para diferir en este p u n t o capital. Es p r o b a b l e que
i g n o r a s e sus i n c l i n a c i o n e s y en lugar d e ir cuesta abajo, iba
p e n o s a m e n t e cuesta arriba sin saber lo q u e le hacía la vida
t a n pesada. D e h a b e r d e s c u b i e r t o los gustos que n u n c a
e n c o n t r ó la o c a s i ó n d e hacer florecer y q u e se m e revelaban
p o r frases, p o r su f o r m a de c a m i n a r , p o r mil detalles de su
p e r s o n a , se h a b r í a i d o d e espaldas. E n su época la gente se
m a t a b a p o r m e n o s . P e r o n o ; él vivia en la ignorancia de sí
m i s m o y aceptaba su fardo.
Es p o s i b l e q u e y o deba m i presencia en este m u n d o a
s e m e j a n t e ceguera. Lo d e p l o r o , pues a cada q u i e n le habría
i d o m e j o r si m i p a d r e hubiese c o n o c i d o las alegrías q u e m e
h u b i e s e n evitado a l g u n a s desdichas.
E n t r é al liceo C o n d o r c e t en tercero de s e c u n d a r i a . A h í ,
los s e n t i d o s se d e s p e r t a b a n sin c o n t r o l y crecían c o m o
m a l a hierba. N o h a b í a o t r a cosa q u e bolsillos agujereados
y p a ñ u e l o s sucios. Lo q u e más e n v a l e n t o n a b a a los
a l u m n o s era la clase d e d i b u j o , o c u l t o s p o r las m u r a l l a s d e
c a r t ó n . A veces, en la clase general, algún profesor i r ó n i c o
i n t e r r o g a b a de p r o n t o a u n a l u m n o al b o r d e del e s p a s m o .
El a l u m n o se levantaba, c o n las mejillas e n c e n d i d a s , y,
farfullando c u a l q u i e r cosa, trataba de t r a n s f o r m a r u n dic-
c i o n a r i o en hoja d e parra. N u e s t r a s risas a u m e n t a b a n su
perturbación.
La clase olía a gas, a gis, a esperma. Esa mezcla m e daba
asco. D e b o decir que lo que era u n vicio a los ojos de todos
los a l u m n o s , y que al n o serlo para mí o, para ser más exacto,
al parodiar sin g u s t o u n a forma de a m o r que mi i n s t i n t o
respetaba, yo era el ú n i c o que parecía reprobar aquellas cosas.
El resultado de esto eran eternos sarcasmos y atentados en
contra de lo que mis c o m p a ñ e r o s t o m a b a n p o r p u d o r .
Pero C o n d o r c e t era u n liceo de externos. Estas prácticas
n o llegaban a ser a m o r í o s ; n o i b a n m u c h o más allá de los
límites de u n juego c l a n d e s t i n o .
U n o d e j o s a l u m n o s , l l a m a d o Dargelos, gozaba de gran
prestigio d e b i d o a u n a virilidad m u y p o r e n c i m a d e su
edad. Se exhibía c o n c i n i s m o y c o m e r c i a b a c o n u n espec-
t á c u l o q u e d a b a i n c l u s o a los a l u m n o s de otras clases a
c a m b i o de estampillas raras o t a b a c o . Los lugares q u e
r o d e a b a n su p u p i t r e eran lugares privilegiados. Vuelvo a
ver su piel m o r e n a . P o r sus p a n t a l o n e s m u y c o r t o s y p o r
sus calcetines q u e caían hasta los tobillos, se a d i v i n a b a el
o r g u l l o q u e sentía p o r sus p i e r n a s . T o d o s llevábamos
p a n t a l o n e s c o r t o s , p e r o a causa d e sus piernas d e h o m b r e ,
Dargelos era el ú n i c o que tenía las p i e r n a s desnudas. Su
camisa abierta liberaba u n cuello a n c h o . U n p o d e r o s o rizo
se le torcía en la frente. Su cara de labios u n p o c o gruesos,
de ojos u n p o c o rasgados, de n a r i z u n p o c o chata,
presentaba las m e n o r e s características del t i p o q u e debía
llegar a serme nefasto. Astucia de la fatalidad q u e se
disfraza, que nos p r o d u c e la ilusión de ser libres y que, al
fin de cuentas, s i e m p r e nos hace caer en la m i s m a t r a m p a .
La presencia de Dargelos m e ponía e n f e r m o . Lo rehuía.
Lo espiaba. S o ñ a b a c o n u n m i l a g r o que lo hiciera fijarse en
m í , lo despojara de su altivez, le revelara el s e n t i d o de m i
actitud, que él debía d e t o m a r p o r u n a g a z m o ñ e r í a ridicula
y q u e n o era s i n o u n deseo loco de agradarle.
Mi sentimiento era vago. N o lograba precisarlo. Sólo
sentía i n c o m o d i d a d o delicia. De lo único q u e estaba seguro
era de que n o se parecía en forma alguna al de mis
compañeros.
U n día, sin p o d e r s o p o r t a r más, me abrí c o n u n a l u m n o
cuya familia c o n o c í a a mi p a d r e y al q u e yo frecuentaba
fuera del liceo. " C ó m o eres t o n t o —me dijo— es m u y fácil.
Invita u n d o m i n g o a Dargelos, llévalo atrás de los macizos
y a s u n t o a r r e g l a d o . " ¿ Q u é asunto? N o había n i n g ú n
a s u n t o . Farfullé q u e n o se trataba de u n placer fácil d e
t o m a r en clases y traté i n ú t i l m e n t e de u s a r palabras para
d a r l e forma a m i s u e ñ o . M i c o m p a ñ e r o se encogió de
h o m b r o s . "¿Para q u é —dijo— le buscas tres pies al gato?
Dargelos es m á s fuerte q u e n o s o t r o s (eran o t r o s sus
t é r m i n o s ) . En c u a n t o lo halagas, dice q u e sí. Si te gusta, n o
tienes más q u e e c h á r t e l o . "
La crudeza de este apostrofe me t r j s t o r n ó . M e di cuenta
d e q u e era i m p o s i b l e h a c e r m e e n t e n d e r . A d m i t i e n d o ,
pensaba, que Dargelos aceptase una cita c o n m i g o , ¿qué le
diría, q u é haría? M i g u s t o n o seria d i v e r t i r m e c i n c o
m i n u t o s , s i n o vivir s i e m p r e con él. En pocas palabras, lo
a d o r a b a , y me resigné a sufrir en s ü e n c i o , pues, sin d a r l e
a m i mal el n o m b r e d e a m o r , sentia yo m u y bien que era
lo c o n t r a r i o de los ejercicios en clase y q u e n o e n c o n t r a r í a
respuesta alguna.
Esta aventura, q u e n o habia tenido u n inicio, tuvo u n
final.
A l e n t a d o p o r el a l u m n o c o n el q u e m e h a b í a a b i e r t o ,
le pedí a D a r g e l o s u n a cita en u n salón vacío después de la
sesión d e e s t u d i o de las c i n c o . Llegó. H a b í a c o n t a d o c o n
q u e u n p r o d i g i o m e dictase c ó m o debía c o m p o r t a r m e . E n
su presencia perdí la cabeza. Ya n o veía m á s q u e sus piernas
r o b u s t a s y sus rodillas heridas, b l a s o n a d a s de costras y d e
tinta.-
—¿Qué quieres? —me p r e g u n t ó , c o n u n a sonrisa cruel.
A d i v i n é lo q u e estaba s u p o n i e n d o y q u e m i p e t i c i ó n n o
tenía n i n g ú n o t r o significado a sus ojos. I n v e n t é c u a l q u i e r
cosa.
—Quería decirte—farfullé— q u e el prefecto te está vigi-
lando.
Era u n a m e n t i r a a b s u r d a , pues el e n c a n t o de Dargelos
había embrujado a nuestros maestros.
S o n i n m e n s o s los privilegios de la belleza. Actúa inclu-
so s o b r e a q u e l l o s a los q u e parece n o i m p o r t a r l e s n a d a .
D a r g e l o s l a d e ó la cabeza c o n u n a m u e c a :
—¿El prefecto?
—Sí —proseguí, s a c a n d o fuerzas del terror—, el prefecto.
O í q u e le decía al director: " T e n g o vigilado a Dargelos. Está
e x a g e r a n d o . ¡ N o le q u i t o los ojos d e e n c i m a ! "
—¡Ah! c o n q u e estoy e x a g e r a n d o —dijo—, pues bien,
a m i g o , se la voy a enseñar, al prefecto. Se la voy a enseñar
en la sala d e a r m a s ; y en c u a n t o a ti, si m e molestas sólo para
c o n t a r m e semejantes pendejadas, te a d v i e r t o que a la
p r i m e r a q u e lo vuelvas a hacer te voy a patear las nalgas.
Desapareció.
D u r a n t e u n a semana pretexté q u e tenía calambres para
n o ir a clases y n o e n c o n t r a r la m i r a d a d e Dargelos. A mi
regreso m e enteré de que estaba e n f e r m o y g u a r d a b a c a m a .
N o m e atrevía a pedir noticias suyas. H a b í a r u m o r e s . El era
boy scout. Se decía q u e i m p r u d e n t e m e n t e se había baña-
d o en el Sena h e l a d o , que tenía a n g i n a de p e c h o . U n a tarde,
en clase d e geografía, nos e n t e r a m o s d e su m u e r t e . Las
lágrimas m e o b l i g a r o n a salir del s a l ó n . La j u v e n t u d n o es
tierna. Para m u c h o s a l u m n o s , aquella n o t i c i a , q u e el
d i r e c t o r nos d i o de pie, n o fue s i n o la a u t o r i z a c i ó n tácita
d e n o hacer n a d a . Y al día siguiente, las c o s t u m b r e s se
s o b r e p u s i e r o n al d u e l o .
A pesar de t o d o , el e r o t i s m o acababa d e recibir el t i r o
de gracia. M u c h í s i m o s p e q u e ñ o s placeres se p e r t u r b a r o n
p o r el fantasma del h e r m o s o a n i m a l a n t e cuyas delicias la
m u e r t e m i s m a n o había p e r m a n e c i d o insensible.
E n p r i m e r o de p r e p a r a t o r i a , d e s p u é s de las v a c a c i o n e s ,
u n c a m b i o radical se había p r o d u c i d o en mis c o m p a ñ e r o s .
Les c a m b i a b a la voz; f u m a b a n . Se r a s u r a b a n una
s o m b r a de barba, efectuaban salidas c o n la cabeza descu-
bierta, llevaban p a n t a l o n e s ingleses o p a n t a l o n e s largos. El
o n a n i s m o cedía su lugar a la f a n f a r r o n e r í a . Circulaban
tarjetas postales. T o d a aquella j u v e n t u d se volvía hacia la
mujer c o m o las plantas hacia el sol. Fue e n t o n c e s c u a n d o ,
para seguir a los demás, c o m e n c é a falsear mi n a t u r a l e z a .
Al precipitarse hacia su verdad, m e a r r a s t r a b a n hacia la
m e n t i r a . Mi repulsión se la a c h a c a b a a mi i g n o r a n c i a .
A d m i r a b a yo su desenvoltura. M e esforzaba en seguir su
ejemplo y en c o m p a r t i r sus e n t u s i a s m o s . C o n t i n u a m e n t e
tenía que vencer mis vergüenzas. Esa disciplina t e r m i n ó
p o r h a c e r m e bastante fácil el trabajo. C u a n d o m u c h o , m e
repetía que el d e s e n t r e n o n o era d i v e r t i d o para n a d i e , p e r o
que la b u e n a v o l u n t a d de los d e m á s era m a y o r q u e la mía.
El d o m i n g o , si h a c ú b u e n t i e m p o , nos í b a m o s en
g r u p o con t o d o y raquetas, c o n el p r e t e x t o de jugar al tenis
en A u t c u i l . Dejábamos las raquetas en ci c a m i n o , en casa
del p o r t e r o de un c o n d i s c í p u l o cuya familia vivía en
Marsella, y n o s a p r e s u r á b a m o s hacia las casas de citas de
la calle de Provencc. Frente a la p u e r t a de c u e r o , la t i m i d e z
de nuestra edad recuperaba sus d e r e c h o s . í b a m o s y venía-
m o s , d u d a n d o ante aquella p u e r t a c o m o b a ñ i s t a s a n t e el
agua fria. E c h á b a m o s u n v o l a d o para ver quién entraría
p r i m e r o . Yo m e m o r í a d e m i e d o d e q u e la suerte m e
designara a m í . F i n a l m e n t e la víctima c a m i n a b a a lo largo
de los m u r o s , se h u n d í a en ellos y n o s arrastraba tras de sí.
N a d a i n t i m i d a m á s q u e ' l o s n i ñ o s y las m u c h a c h a s .
Demasiadas cosas nos separan d e ellos y de ellas. N o se sabe
c ó m o r o m p e r el silencio y p o n e r s e a su altura. En la calle
de Provence, el ú n i c o t e r r e n o de e n t e n d i m i e n t o eran la
cama, en d o n d e yo m e tendía c e r c a n o a la m u c h a c h a , y el
acto q u e a m b o s realizábamos sin q u e de él o b t u v i é s e m o s
el m e n o r placer.
E n v a l e n t o n a d o s p o r aquellas visitas, e m p e z a m o s a
a b o r d a r a las mujeres de la farándula, y así llegamos a c o n o -
cer a u n a p e r s o n i t a q u e se hacía l l a m a r Alice de Pibrac.
Vivía en la calle La Bruyère, en u n m o d e s t o d e p a r t a m e n t o
que olía a café. Si mal n o r e c u e r d o , Alice de Pibrac nos
recibía, p e r o s ó l o nos p e r m i t í a a d m i r a r l a en su s ó r d i d a
bata y c o n sus pobres cabellos s o b r e la espalda. Semejante
régimen exasperaba a mis c o m p a ñ e r o s y a mí m e gustaba
m u c h o . A la larga, se c a n s a r o n d e esperar y siguieron u n a
nueva pista. Se trataba de r e u n i r el d i n e r o que llevábamos,
de alquilar u n palco en El D o r a d o d u r a n t e la m a t i n é e d e
los d o m i n g o s , de arrojar r a m o s de violetas a las c a n t a n t e s
y de ir a esperarlas a la puerta trasera, en m e d i o d e u n frió
mortal.
Si c u e n t o estas aventuras insignificantes, es para m o s -
trar la fatiga y el vacío que nos dejaba nuestra salida d e los
d o m i n g o s , y la sorpresa de oír a mis c o m p a ñ e r o s m a c h a c a r
los detalles t o d a la s e m a n a .
H u b o u n m e s d e tregua. T r e g u a l á n g u i d a y dulce
d e s p u é s d e la t o r m e n t a . N o s p a r e c í a m o s a esas dalias que,
e m b e b i d a s d e agua, se ladean. H . n o tenía b u e n a cara.
Estaba p á l i d o y se q u e d a b a a m e n u d o en Versalles.
M i e n t r a s q u e n a d a m e r u b o r i z a si se trata de hablar d e
relaciones sexuales, cierto p u d o r m e d e t i e n e en el m o m e n -
t o d e p i n t a r las t o r t u r a s d e las q u e soy capaz. Así q u e les
d e d i c a r é u n a s c u a n t a s líneas y ya n o volveré a o c u p a r m e d e
ellas. El a m o r m e causa estragos. I n c l u s o c a l m o , t i e m b l o al
p e n s a r q u e esta calma desaparezca y esta p r e o c u p a c i ó n m e
i m p i d e d i s f r u t a r cualquiera de sus d u l z u r a s . El m e n o r
d e s g a r r ó n se lleva toda la p r e n d a . I m p o s i b l e n o llevar las
cosas al p e o r e x t r e m o . N a d a m e i m p i d e perder pie m i e n -
tras q u e n o se trataba s i n o d e u n p a s o en falso. Esperar es
u n s u p l i c i o ; poseer es o t r o , p o r t e m o r a perder lo q u e
tengo.
La d u d a m e hacía pasar- n o c h e s en vela y e n d o y
v i n i e n d o , a c o s t á n d o m e en el suelo, d e s e a n d o q u e el piso se
h u n d i e r a , se h u n d i e r a para s i e m p r e . M e p r o m e t í a n o abrir
la boca c o n m i s temores. E n c u a n t o m e e n c o n t r a b a en
presencia d e H . , lo hostigaba con pullas y p r e g u n t a s . El se
q u e d a b a c a l l a d o . Aquel silencio m e p o n í a fúrico o m e
hacía estallar en lágrimas. Lo acusaba de o d i a r m e , de desear
m i m u e r t e . Sabía d e m a s i a d o bien q u e r e s p o n d e r m e era
i n ú t i l y q u e y o volvería a e m p e z a r al día siguiente.
E s t á b a m o s en s e p t i e m b r e . El d o c e de n o v i e m b r e es u n a
fecha q u e n o olvidaré en t o d a mi vida. Tenía cita a las seis
en el h o t e l . Abajo, el d u e ñ o m e d e t u v o y m e c o n t ó , en el
c o l m o d e la t u r b a c i ó n , q u e la policía había h e c h o u n a
razzia en n u e s t r a h a b i t a c i ó n y q u e se h a b í a n llevado a H .
a la J e f a t u r a , c o n u n a e n o r m e maleta, en u n a u t o m ó v i l q u e
c o n t e n i a al c o m a n d a n t e de la brigada a n t i d r o g a s , y a u n o s
agentes vestidos d e civil. "La policía —exclamé—, ¿pero p o r
qué?" H a b l é p o r teléfono con algunas personas influyen-
tes. Ellas se i n f o r m a r o n y supe la verdad, q u e a l r e d e d o r de
las o c h o m e c o n f i r m ó H., a g o b i a d o , p u e s t o en libertad
d e s p u é s del i n t e r r o g a t o r i o .
M e e n g a ñ a b a con una rusa q u e lo d o g r a b a . Prevenida
de q u e h a b r í a u n a razzia, le había p e d i d o que llevara al
hotel su m a t e r i a l para fumar y sus p o l v o s . U n a p a c h e q u e
había l e v a n t a d o y con el que se había c o n f i a d o n o se t a r d ó
ni u n m i n u t o en venderlo. Era u n s o p l ó n de la policía. Así,
de u n s o l o golpe, m e enteraba d e d o s traiciones d e baja
ralea. Su r u i n a m e desarmó. H a b í a f a n f a r r o n e a d o en la
Jefatura, y c o n el pretexto de q u e estaba a c o s t u m b r a d o a
hacerlo, f u m ó en el suelo d u r a n t e el i n t e r r o g a t o r i o frente
al p e r s o n a l a t ó n i t o . Ahora ya n o q u e d a b a más q u e u n a
piltrafa. N o p o d í a hacerle ni u n r e p r o c h e . Le s u p l i q u é q u e
r e n u n c i a r a a las drogas. Me c o n t e s t ó q u e deseaba hacerlo,
p e r o q u e la i n t o x i c a c i ó n estaba d e m a s i a d o avanzada c o m o
para d a r m a r c h a atrás.
Al día siguiente me telefonearon de Versalles para
d e c i r m e q u e después de una h e m o p t i s i s lo h a b í a n trans-
p o r t a d o d e urgencia a la casa de salud d e la calle B.
O c u p a b a la h a b i t a c i ó n 55, en el tercer piso. C u a n d o
entré, a p e n a s t u v o fuerzas para volver la cabeza hacia m í .
La n a r i z se le había e n c o r v a d o u n p o c o . C o n ojos m o r t e -
cinos m i r a b a fijamente sus m a n o s t r a n s p a r e n t e s . "Voy a
confesarte mi secreto —me dijo, c u a n d o e s t u v i m o s solos—.
Había en mí u n a mujer y un h o m b r e . La mujer se te sometía;
el h o m b r e se rebelaba contra esta s u m i s i ó n . Las mujeres n o
me gustan, las buscaba para e n g a ñ a r m e y p r o b a r m e que era
libre. El h o m b r e fatuo, estúpido, era en mí el e n e m i g o de
n u e s t r o a m o r . Lo lamento. Sólo te q u i e r o a ti. Después de mi
convalecencia seré u n h o m b r e n u e v o . Te obedeceré sin
rebelarme y m e consagraré a reparar el d a ñ o que h e h e c h o . "
Esa n o c h e n o p u d e d o r m i r . Casi de m a ñ a n a m e q u e d é
d o r m i d o u n o s m i n u t o s y tuve u n s u e ñ o .
Estaba en el circo c o n H . El circo se c o n v i r t i ó en u n
restaurante c o m p u e s t o p o r d o s p e q u e ñ a s h a b i t a c i o n e s . En
u n a , al p i a n o , u n c a n t a n t e a n u n c i ó q u e iba a c a n t a r u n a
nueva c a n c i ó n . El t í t u l o era el n o m b r e d e u n a mujer q u e
en 1900 reinaba s o b r e la m o d a . Ese t í t u l o , después del
p r e á m b u l o , era u n a insolencia en 1926. Esta es la c a n c i ó n :
Ya n o p o d í a vivir en este m u n d o , en d o n d e me
a c e c h a b a n la desgracia y el d u e l o . M e era imposible
r e c u r r i r al s u i c i d i o a causa de m i fe. Esa fe y la t u r b a c i ó n
en la q u e p e r m a n e c í a desde que h a b í a a b a n d o n a d o los
ejercicios religiosos m e c o n d u j e r o n a la idea del m o n a s t e -
rio.
El abate X., a q u i e n pedí consejo, m e dijo q u e n o se
p o d í a n t o m a r esas decisiones a p r e s u r a d a m e n t e , q u e la
regla era m u y r u d a y que debería p r o b a r mis fuerzas c o n
u n retiro en la abadía de M . M e confiaría una carta p a r a
el S u p e r i o r y le explicaría los m o t i v o s q u e hacían d e aquel
retiro algo m á s q u e u n c a p r i c h o de diletante.
C u a n d o llegué a la abadía, estaba h e l a n d o . La nieve
d e r r e t i d a se t r a n s f o r m a b a en lluvia fría y en l o d o . El
p o r t e r o m e h i z o c o n d u c i r p o r u n m o n j e al lado del cual
c a m i n a b a yo en silencio bajo los a r c o s . Al i n t e r r o g a r l o
sobre la h o r a de los oficios y al r e s p o n d e r m e , m e estremecí.
Acababa d e oír u n a d e esas voces q u e , m á s q u e s o b r e la cara
o el c u e r p o , m e i n f o r m a n sobre la e d a d y la belleza d e u n
muchacho.
Se q u i t ó la c a p u c h a . Su perfil se r e c o r t a b a sobre el
m u r o . Era el de Alfred, el d e H., el d e Rose, el d e J e a n n e ,
el d e Dargelos, el d e Mala suerte, el d e G u s t a v e y el del
granjero.
Llegué sin fuerzas ante la puerta de la oficina d e D o n Z.
El r e c i b i m i e n t o de D o n Z. fue c a l u r o s o . Ya tenía sobre
la mesa u n a carta del abate X. P i d i ó al joven m o n j e q u e se
retirara. "¿Sabe usted —me dijo— q u e a n u e s t r a casa le fal-
tan c o m o d i d a d e s y que la regla es m u y d u r a ? "
— Padre —respondí—, tengo r a z o n e s p a r a creer q u e esta
regla es todavía d e m a s i a d o suave p a r a m í . Limitaré m i
petición a esta visita y conservaré s i e m p r e el r e c u e r d o de
su r e c i b i m i e n t o .
Sí, el m o n a s t e r i o m e rechazaba c o m o t o d o lo d e m á s .
H a b í a e n t o n c e s q u e partir, i m i t a r a esos Padres b l a n c o s que
se c o n s u m e n en el desierto y c u y o a m o r es u n p i a d o s o
s u i c i d i o . Pero, ¿acaso D i o s p e r m i t e i n c l u s o q u e lo q u i e r a n
d e ese m o d o ?
Da lo m i s m o , partiré y dejaré este libro. Si lo encuentran,
que lo editen. Quizás ayude a c o m p r e n d e r que al exiliarme
n o estoy exiliando a u n m o n s t r u o , s i n o a u n h o m b r e al que
la sociedad n o permite vivir, pues considera c o m o u n error
u n o de los misteriosos engranajes d e la o b r a maestra divina.
En vez de a d o p t a r el evangelio d e R i m b a u d : Éste es el
tiempo de los asesinos, la j u v e n t u d m e j o r h u b i e r a r e t e n i d o la
frase: Hay que reinventar el amor. Las experiencias peligro-
sas el m u n d o las acepta en el c a m p o del arte, p o r q u e n o
t o m a el arte en serio, p e r o las c o n d e n a en la vida.
C o m p r e n d o m u y b i e n q u e u n ideal d e t e r m i t a s c o m o
el ideal r u s o , q u e a s p i r a a lo plural, c o n d e n e lo singular
bajo u n a d e sus f o r m a s m á s elevadas. P e r o n o p o d r á
i m p e d i r s e q u e ciertas flores y ciertos frutos sean respirados
y c o m i d o s sólo p o r los ricos.
U n vicio de la sociedad hace u n vicio d e m i rectitud. M e
r e t i r o . En Francia, este vicio n o c o n d u c e al p r e s i d i o d e b i d o
a las c o s t u m b r e s d e C a m b a c é r é s y a la longevidad del
C ó d i g o N a p o l e ó n i c o . Pero n o acepto q u e m e toleren. Eso
h i e r e m i a m o r p o r el a m o r y p o r la libertad.
Se h a d i c h o q u e El libro blanco era u n a o b r a m í a . S u p o n g o q u e ése es el m o t i v o p o r
el c u a l m e p i d e u s t e d q u e lo ilustre y p o r el cual a c e p t o .
Parece ser, en efecto, q u e el a u t o r c o n o c e "Le G r a n d E c a r t " y q u e n o m e n o s p r e c i a
mi trabajo.
P e r o sin i m p o r t a r la b u e n a o p i n i ó n q u e p u e d a y o t e n e r d e este l i b r o — a u n q u e
fuese mío—, n o q u i s i e r a f i r m a r l o p o r q u e t o m a r í a la f o r m a d e u n a a u t o b i o g r a f í a y
p o r q u e m e r e s e r v o el d e r e c h o a escribir la m í a , m u c h o m á s s i n g u l a r a ú n .
M e c o n t e n t o p u e s c o n a p r o b a r p o r m e d i o d e la i m a g e n este esfuerzo a n ó n i m o
h a c i a el d e s b r o z a m i e n t o d e u n t e r r e n o q u e h a p e r m a n e c i d o d e m a s i a d o i n c u l t o .
mayo de 1930
Jean Cocteau
El libro blanco de Jean Cocteau en
t r a d u c c i ó n de A r t u r o Vázquez
Barrón se terminó de i m p r i m i r en
noviembre de 1995 en los talleres
de Arte Final, Manuel Payno 119,
Col. Obrera, México, D.F. Tel. 740-
2814. La edición consta de 1,000
ejemplares y estuvo al c u i d a d o de
Leticia García U r r i z a , Alfredo
Herrera Patiño, José Carlos Partida
y Arturo Vázquez Barrón.