Está en la página 1de 11

L A METÁFORA C O M O TRASLATIO:

DEL CÓDIGO V E R B A L A L V I S U A L
EN L A CRÓNICA I L U S T R A D A
DE G U A M A N P O M A *

La semiótica de la imagen se ha prestigiado como disciplina en


las últimas tres décadas, a medida que ha ido independizándose
de la iconografía tradicional, cuyos aportes empíricos aprovecha.
El antecedente legítimo de esta nueva ciencia es, sin embargo,
relativamente remoto: la Iconología de Cesare Ripa, cuya primera
edición data de 1593. Mientras la iconografía intenta explicar lo
que las imágenes representan ("declararlas"), la semiótica busca
desmontar el mecanismo de la significación. La iconografía se ocu-
pa del significante de la imagen, y la semiótica de la vida de los
signos. En este sentido la contribución de Ripa es revolucionaria:
su diccionario de imágenes simbólicas para artistas y emblema-
tistas de la época constituye el primer intento de trabajar exclusi-
vamente con aquellas imágenes cuyo significado es diferente de
lo que literalmente ofrecen a la vista. Como tal, elaboró los cona-
tos de una lógica de la imagen —ragionamiento d'imagini— que es-
tableció de manera clara la diferencia entre formare (la constitu-
ción de la imagen) y dichiarare (su mera descripción, ligada logocén-
tricamente en la iconografía tradicional a las referencias textuales) . 1

Ya en el siglo xx, los trabajos de Panofsky fundan la dimensión


cultural de la iconografía moderna, al proponer tres etapas en el
análisis de la imagen: el nivel primario, que revela los tópicos na-
turales (representación de entidades y eventos reconocidos por to-
dos); el secundario, que examina los tópicos convencionales (mo- J/ y

ti vos o imágenes determinados culturalmente); y el intrínseco, que z


atiende* al contenido histórico y cultural de los dos primeros n i -
L a versión inglesa de este trabajo aparecerá en American Indian myths:
Perspectives from inside out, en prensa en la Universidad de Indiana-Bloomington.
1
HUBERT DAMISCH, ''Semiotics and iconography", en THOMAS A . SEBEOK
(ed.), The tell-tale sign: A survey of semiotics, P. de R i d d e r , Lisse-Netherlands,
1975, p p . 28-33.

NRFH, X X X V I (1988), núm. 1, 379-389


380 MERCEDES LÓPEZ-BARALT NRFH, XXXVI

v e l e s . Y más r e c i e n t e m e n t e , l a semiótica de l a i m a g e n e m e r g e
2

en los notables esfuerzos de U m b e r t o Eco y R o l a n d B a r t h e s p o r


p r e c i s a r l a p o s i b i l i d a d de l a codificación de los mensajes visuales,
a n t e lo que M e t z llamó el "impasse de l a a n a l o g í a " : l a etapa e n
q u e l a noción de i c o n i c i d a d del signo p r o p u e s t a p o r Peirce detiene
m o m e n t á n e a m e n t e el progreso de l a n u e v a d i s c i p l i n a . B a r t h e s
3

p l a n t e a el p r o b l e m a en términos c o n t u n d e n t e s : ¿ p u e d e l a r e p r e -
sentación analógica p r o d u c i r v e r d a d e r o s sistemas de signos, o só-
lo colecciones de símbolos? ¿Hasta qué p u n t o es c o m p a t i b l e l a a n a -
logía con l a d i s c o n t i n u i d a d q u e parece necesaria p a r a el proceso
de l a significación? T a n t o B a r t h e s c o m o Eco aceptan l a e x i s t e n -
cia de códigos icónicos, pero a d v i e r t e n c o n t r a su d e b i l i d a d en t a n t o
sistemas p a r a c o m u n i c a r s i g n i f i c a d o , y a que n i son universales
n i p u e d e n existir fuera del texto. Barthes v a más lejos c u a n d o a f i r -
m a q u e el c ó d i g o v i s u a l depende e n última i n s t a n c i a de l a e s c r i t u -
r a , y a que el sentido " s ó l o p u e d e ser n o m b r a d o " :

¿Es constante el mensaje lingüístico? ¿Hay u n texto en una imagen


o debajo o alrededor de ella? Para encontrar imágenes sin palabras,
es necesario, sin duda, remontarse a sociedades parcialmente anal-
fabetas, es decir, a una suerte de estado pictográfico de la imagen.
De hecho, a partir de la aparición del l i b r o , la relación entre el tex-
to y la imagen es frecuente; esta relación parece haber sido poco
estudiada desde el punto de vista estructural. ¿Cuál es la estructura
significativa de la ilustración? ¿Duplica la imagen ciertas informa-
ciones del texto, por u n fenómeno de redundancia, o bien es el tex-
to el que agrega una información inédita? El problema podría plan-
tearse históricamente con relación a la época clásica, que tuvo una
verdadera pasión por los libros ilustrados [. . . ] . Actualmente, a n i -
vel de las comunicaciones de masas, parece evidente que el mensa-
je lingüístico está presente en todas las imágenes: como título, co-
m o leyenda, como artículo de prensa, como diálogo de película, co-
m o fumetto. Vemos entonces que no es m u y apropiado hablar de
una civilización de la imagen: somos todavía, y más que nunca, una
civilización de la escritura.. . 4

2
E R W I N PANOFSKY, Studies in iconology: Humanistic theory in the art of Renais-
sance, O x f o r d U n i v e r s i t y Press, N e w Y o r k , 1 9 3 9 .
3
L a revista parisina Communications ha publicado buena parte de este de-
bate. Véanse, entre otros, los estudios de CHRISTIAN M E T Z , " A u - d e l à de l ' a n a -
logie, l ' i m a g e " ( 1 9 7 0 ) ; UMBERTO E C O , "Sémiologie des messages v i s u e l s "
( 1 9 7 0 ) y ROLAND BARTHES, " R h é t o r i q u e de l ' i m a g e " ( 1 9 6 4 ) .
4
BARTHES, " R e t ó r i c a de la i m a g e n " , en Comunicaciones. La semiología,
T i e m p o Contemporáneo, Buenos Aires, 1 9 7 0 , p p . 1 2 7 - 1 4 0 ( t r a d . española del
n ú m . de Communications de 1 9 6 4 ) .
NRFH, XXXVI DEL CÓDIGO V E R B A L A L V I S U A L EN G U A M A N P O M A 381

P a r a d a r u n e j e m p l o típico, Barthes e x a m i n a l a articulación


de los códigos e n el a n u n c i o p u b l i c i t a r i o a c t u a l , a p u n t a n d o h a c i a
las dos funciones de l a p a l a b r a escrita d e n t r o de (o c o n t i g u a a)
l a i m a g e n : el anclaje "(que p r e t e n d e fijar el s e n t i d o , o b l i g a n d o al
espectador a leer u n mensaje p r e v i a m e n t e elegido p o r el a u t o r d e l
a n u n c i o , e n t r e otros posibles) y el relevo ( q u e c o m p l e t a el mensaje
v i s u a l a l p r o v e e r u n sentido q u e n o está c o n t e n i d o e n l a i m a g e n ) .
E l anclaje es l a función u s u a l del texto v e r b a l q u e c o m p l e m e n t a
l a fotografía c o m e r c i a l o periodística; el relevo es l a función d e l
t e x t o v e r b a l e n películas y c a r i c a t u r a s . M i e n t r a s q u e el anclaje
v i n c u l a los c ó d i g o s v e r b a l y v i s u a l p o r analogía o e q u i v a l e n c i a ,
el relevo los v i n c u l a p o r contigüidad: en otras p a l a b r a s , el p r i m e -
r o puede s u s t i t u i r a l signo i c ó n i c o , y el segundo le añade i n f o r -
mación.
E n este c o n t e x t o teórico, el l i b r o de B e r n a d e t t e B u c h e r , La sau-
vage aux seins pendants , constituye u n a aportación s e m i n a l a l a n a -
5

ciente d i s c i p l i n a de l a semiótica de la i m a g e n . D e s c r i b e c u i d a d o -
samente el proceso de l a codificación v i s u a l , pese a las a d v e r t e n -
cias de B a r t h e s y Eco e n c u a n t o a su d i f i c u l t a d . P a r a ello t r a z a
las a v e n t u r a s d e l signo icónico / m o t i v o de r e f e r e n c i a d e l título
— l a salvaje de senos c a í d o s — en su d o b l e j u e g o de oposiciones
paradigmáticas y sintagmáticas a través de los 400 grabados de
los trece volúmenes de l a colección de los Grandes viajes (1590-1634)
d e l e d i t o r b e l g a T h e o d o r e de B r y , corpus l o s u f i c i e n t e m e n t e a m -
p l i o c o m o p a r a r e v e l a r , detrás de múltiples t r a n s f o r m a c i o n e s , l a
r e c u r r e n c i a de elementos q u e c o n s t i t u y e n e s t r u c t u r a s s i g n i f i c a t i -
vas c o n mensajes c i f r a d o s . E l m o d e l o lingüístico, o p e r a n t e en es-
t a incursión de B u c h e r e n l a semiótica de l a i m a g e n , n o le i m p i d e
p e r c i b i r l a especificidad de los mensajes visuales. P o r q u e los tex-
tos verbales y los textos pictóricos se leen de m a n e r a d i f e r e n t e .
L a s d i s t i n t a s i m p l i c a c i o n e s de cada sistema de signos se p e r c i b e n
m e j o r c u a n d o c o n s i d e r a m o s l a traslación de c ó d i g o s que caracte-
r i z a a l a l i t e r a t u r a i l u s t r a d a . Y n o h a y q u e p e r d e r de v i s t a u n h e -
cho s i n g u l a r : los que e s t u v i e r o n a cargo de l a representación v i -
sual de a l g u n a s de las escenas descritas p o r el t e x t o v e r b a l de c r ó -
nicas y l i b r o s de v i a j e sobre el N u e v o M u n d o f u e r o n artesanos
europeos q u e n u n c a p u s i e r o n p i e e n A m é r i c a . D e ahí que el r e -

5
H e r m a n n , Paris, 1977. L a University of Chicago Press ha publicado re-
cientemente la traducción de este l i b r o bajo el título Icón and conquest: A structu-
ral analysis of the illustration of de Bry's Great Voyages (1981). Recojo algunas de
sus ideas en m i ensayo " L a iconografía política de América: el m i t o fundacio-
nal en las imágenes católica, protestante y n a t i v a " , NRFH, 32 (1983), 448-461.
382 MERCEDES LÓPEZ-BARALT NRFH, XXXVI

sultado de semejante empresa fuera, más que una etnografía del


aborigen, una etnografía de la mentalidad occidental en el mo-
mento del surgimiento de un etnocentrismo imperialista.
El estudio del material gráfico de De Bry lleva a Bucher a im-
portantes conclusiones sobre los efectos de la traslación del códi-
go verbal al visual. El primero que pudo observar fue el de la re-
ducción de atributos sensoriales en el léxico de las ilustraciones. *
La técnica del grabado —limitada al blanco y el negro— elimina
el elemento del color, que con relación a las gentes del Nuevo Mun-
do tiene dos dimensiones esenciales: una natural (el color de la
piel) y la otra cultural (la pintura cutánea y el color de los orna-
mentos). El resultado de la supresión del color es doble: por un
lado empobrece la descripción etnográfica, pero por el otro — a l
eliminar el criterio físico más importante para la diferenciación
racial— hace del indio desnudo un hombre igual, y relega la dis-
criminación al ámbito de la cultura. Si bien este efecto es intrín-
seco sólo al medio del grabado en blanco y negro, los otros efec-
tos que señala Bucher son el resultado obligado de la traslación
del código verbal al visual. U n segundo efecto está en la pérdida
de la negación como recurso retórico. La manera más fácil de des-
cribir una entidad desconocida es señalar aquello que no es (los
indios carecen de casi todo lo que tienen los españoles); pero el
dibujo figurativo no puede expresar la negación. Por ejemplo, la
carencia de ropa occidental sólo se puede mostrar en un dibujo
por medio de un cuerpo desnudo o semi-desnudo. Pero este cuer-
po —la afirmación de otro tipo de realidad en sí mismo— necesi-
ta manifestarse según las convenciones gráficas de la época. En
los siglos xvi y xvn no existía en Europa otra manera de repre-
sentar la anatomía que la de reproducir, o bien formas desnudas
de proporciones clásicas, o monstruos medievales. En ambos ca-
sos, el mensaje resultante no es precisamente el de la falta de ves-
timenta, sino la afirmación de un tipo de humanidad . El tercer 6

efecto producido por la traslación de los códigos es la transforma-


ción de la comparación en metáfora. La imagen gráfica no posee
el equivalente del medio sintáctico para conectar los dos términos
de una comparación verbal; no le queda otro remedio que redu-
cir la comparación a la sustitución o metáfora (la asimilación com-

6
Para más sobre la propuesta de que la imagen no sabe sino afirmar, véa-
se R . MAYENOWA, " A n analysis of some visual signs: Suggestions for discus-
s i o n " , J A N V A N DER E N G AND M O J M I R GRYGAR (eds.), Structure of texts and se-
miotics of culture, M o u t o n , T h e Hague-Paris, 1973, p. 208.
NRFH, XXXVI DEL CÓDIGO VERBAL AL VISUAL EN GUAMAN POMA 383

pleta del término comparado al comparable: en consecuencia, sólo


éste es visible). La traslación de las negaciones y las comparacio-
nes verbales a imágenes resulta —como señala Bucher— en una
transformación tan radical del sentido que se aproxima a las me-
táforas de la poesía surrealista.
Siguiendo a Bucher, y ya que ella no provee un ejemplo de \
este tercer efecto, quisiera examinar una instancia de la metáfora /
como traslatio del código verbal al visual en la crónica ilustrada |
7

del indio peruano Guarnan Poma de Ayala (1615). De la traslatio


resulta en este caso nada menos que la retórica de la denuncia
del régimen colonial.
El texto del autor andino es comparable a los Grandes viajes de
De Bry en tanto que incluye 398 dibujos y propone una tipología
cultural del Nuevo Mundo, aunque aquí la perspectiva es nati-
vista. Trasciende, y con mucho, a la mera literatura ilustrada:
todos los dibujos a tinta son del mismo Guarnan Poma, y no sólo
complementan, sino que guían y preceden al texto escrito. Más
aún: constituyen casi la mitad de la obra, y cada uno es contiguo
a su contexto verbal inmediato.
Para mi análisis he seleccionado dos ilustraciones de la Nueva
coránica y buen gobierno con sus respectivos textos verbales, que re-
produzco de la edición crítica a cargo de Murra y Adorno (1980) . 8

La comparación de ambos —estructuralmente simétricos— reve-


lará la emergencia de la metáfora como traslatio en el segundo.
La primera ilustración (de la primera parte del manuscrito,
la Nueva coránica, una etnografía de la prehistoria andina) perte-
nece a la sección que versa sobre las instituciones incaicas. Mues-
tra a un prisionero rodeado de animales salvajes en la cárcel des-
tinada a los traidores.
La identidad de Guarnan Poma es problemática. No es un mes-
tizo, como Garcilaso Inca, sino que proclama descender de las
dos dinastías reales del Perú prehispánico: los incas y los yarovil-
cas. A la vez que recomienda la justicia incaica de cara al régi-
men español, como yarovilca —descendiente de uno de los prin-
cipales grupos étnicos sojuzgados por los incas— también la de-
nuncia cuando habla de la 'inquisición" o zancay: "con este miedo
4

no se alsaua la tierra, pues que abía señores desendientes de los

7
L a traducción latina del término metáfora, de origen griego.
8
FELIPE G U A M A N POMA de A Y A L A , El primer nueva coránica y buen gobierno,
eds. J o h n V . M u r r a y Rolena A d o r n o , t r a d . y comentario de los textos que-
chuas p o r Jorge L . U r i o s t e , Siglo X X I , M é x i c o , 1980, 3 ts.
384 MERCEDES LÓPEZ-BARALT NRFH, XXXVI

r r e y s antigos que e r a n más que el i n g a ' . E l t e x t o v i s u a l es a m b i -


5

g u o e n t a n t o p e r m i t e l a l e c t u r a de dos mensajes c o n t r a d i c t o r i o s :
l a s e v e r i d a d de l a j u s t i c i a i n c a i c a 1) se presenta c o m o e j e m p l a r ,
2) se d e n u n c i a p o r i n h u m a n a . Es interesante el hecho de que G u a -
rnan P o m a n o usa aquí u n anclaje que p u e d a a c l a r a r el mensaje
v i s u a l (aquí el anclaje es p u r a n o m i n a c i ó n : u n título bilingüe, y
u n subtítulo que repite l a m i s m a i n f o r m a c i ó n ) , sino u n relevo que
r e i t e r a l a a m b i g ü e d a d de l a i m a g e n . 9

N o t a m o s q u e , p o r u n a p a r t e , el p r i s i o n e r o , h a b l a n d o en q u e -
c h u a , reconoce su c u l p a y la j u s t i c i a de u n castigo merecido: "zan-
cay suclla micuuay huchazapa soncoyta' ( C á r c e l , d e v o r a de u n a vez
éste m i corazón p e c a d o r ) ; p o r l a o t r a , el p a t e t i s m o de la q u e j a
d e j a al lector c o n la sospecha de q u e el castigo h a sido excesivo:
caypacchoyayayumauarcanqui, mama uachauarcanqui" ( ¿ Y p a r a es-
t o , p a d r e , m e engendraste, m a d r e , m e pariste?). A u n c u a n d o a
los ojos de los incas el p r i s i o n e r o resulta u n t r a i d o r , l a ilustración
lo presenta c o m o u n creyente pre-cristiano: ' 'yaya pachacamac uanazac
yaya" ( P a d r e C r e a d o r d e l m u n d o , m e e n m e n d a r é ) , "maypim can-
qui huchazapac camachic quispichihuay runacamac d i o s " ( ¿ D ó n d e es-
tás, C r e a d o r d e l pecador? C r e a d o r del h o m b r e , D i o s , líbrame).
Y éste es p r e c i s a m e n t e el a r g u m e n t o subyacente e n l a j u s t i f i c a -
c i ó n teleológica que hace G u a r n a n P o m a de l a c o n q u i s t a : el i n d i o
a n d i n o prehispánico era c r i s t i a n o :

... porque los rreys daquel tienpo fueron cri[s]tianos, temieron a


Dios y a su justicia [ . . . ] .
De cómo en aquel tienpo no se matauan n i se rrobauan n i se
echaban maldiciones n i auía adúlteras n i ofensa en seruicio de Dios
n i auía l u x u r i a , enbidia, auaricia, gula, soberbia, y r a , acidia, pere-
za. Y no auía deudas n i mentiras, ciño todo uerdad, y con ello una
sombrilla del conocimiento de Dios. Y abía mandamiento de Dios
y la buena obra de Dios y caridad y temor de Dios y limosna se
hazían entre ellos. Y tenían buena justicia y graue, temeroso de
Dios...

A l a n d i n o prehispánico, n a t u r a l m e n t e monoteísta, lo g u i a b a ,
según G u a r n a n P o m a , ' ' u n a s o m b r i l l a del c o n o c i m i e n t o de D i o s "
p o r el c a m i n o de las siete v i r t u d e s , lejos de los siete vicios. L a v i -

9
Para más sobre el empleo del anclaje y el relevo en los dibujos del autor
a n d i n o , véase m i trabajo sobre " L a crónica de Indias como texto cultural: ar-
ticulación de los códigos icónico y lingüístico en los dibujos de la Nueva coránica
de G u a r n a n P o m a " , Revlb, 48 (1982), 461-531.
NRFH, XXXVI DEL CÓDIGO VERBAL AL VISUAL EN GUAMAN POMA 385

sita t e m p r a n a del apóstol San Bartolomé c o n f i r m ó su fe i n t u i t i v a .


P a r a ennoblecer sus credenciales ante el d e s t i n a t a r i o de su c a r t a -
crónica, Felipe I I I , G u a r n a n P o m a asegura descender directamente
de esta edad de oro de l a v i r t u d , l a c u a r t a era de i n d i o s , aucaruna,
de l a que p r o v i e n e n los y a r o v i l c a s .
P e r o la idolatría i n c a i c a — c o n t i n ú a el c r o n i s t a — h i z o que los
p r i m e r o s a n d i n o s a b a n d o n a r a n el m o n o t e í s m o p o r el c u l t o de las *
huacas (deidades telúricas). L a versión de G u a r n a n P o m a del m i -
t o de o r i g e n p a r a el C u z c o d i f i e r e de l a de otros cronistas c o m o
G a r c i l a s o , en el sentido de que p r o p o n e q u e M a n c o Gapac, p r i -
m e r I n c a y f u n d a d o r del T a w a n t i n s u y o , fue h i j o d e l sol y u n a h e -
c h i c e r a , en vez de l a l u n a . M a m a U a c o difundió l a superstición
p o r los A n d e s , echando abajo l a l a b o r de San Bartolomé. E n t o n -
ces l a c o n q u i s t a se h i z o necesaria p a r a l a restauración de l a fe cris-
t i a n a e n el Perú.
L a colonización, sin e m b a r g o , fue o t r a cosa. L o s abusos y l a
explotación del n a t i v o , que c u l m i n a r o n tras l a decapitación de T u -
pac A m a r u , el líder de l a resistencia n e o - i n c a i c a en 1572, o r d e n a -
d a p o r el v i r r e y T o l e d o , v o l v i e r o n el m u n d o al revés. Y es p r e c i -
s a m e n t e este pachakuti o t e r r e m o t o c ó s m i c o lo que p r e t e n d e e x o r -
c i z a r l a carta-crónica de G u a r n a n P o m a , también d o c u m e n t o
m e s i á n i c o q u e a n u n c i a el a d v e n i m i e n t o de u n a n u e v a e r a . 1 0

L a segunda ilustración es p a r t e d e l Buen gobierno, que e x a m i -


n a los excesos del régimen c o l o n i a l y p r o p o n e u n a utopía política
a u t ó c t o n a . C o n s e r v a íntegra l a e s t r u c t u r a de l a p r i m e r a i m a g e n ,
p e r o t r a n s f o r m a el mensaje. L a víctima sigue siendo el i n d i o , pe-
r o el m a r c o t e m p o r a l h a c a m b i a d o : de l a e r a prehispánica a l v i -
rreinato peruano.
E l p r i m e r d i b u j o incluía textos verbales e n función de relevo
y f o r m a de m o n ó l o g o ; aquí t e n e m o s u n r e l e v o b r e v e : "ama llapa-
llayque llatanauaycho p o r a m o r de diosrayco" ( N o m e lo quites t o d o ;
te daré más) y anclaje a b u n d a n t e e n l a n o m i n a c i ó n bilingüe de
los a n i m a l e s y los c o m e n t a r i o s s e r m o n a r i o s del a u t o r c o m o v o z
" e n off' cinematográfica: presencia incorpórea que amonesta. C a s i
o í m o s el eco de las " B i e n a v e n t u r a n z a s " e n el título y el subtítulo
d e l d i b u j o : " P o b r e de los i n d i o s de seis a n i m a l e s q u e c o m e q u e
le t e m e n los pobres de los i n d i o s e n este r r e y n o " , "estos dichos

1 0
Sobre la intención mesiánica de la Nueva coránica véase J U A N M . OSSIO
A . , " G u a r n a n Poma: Nueva coránica o carta al rey. U n intento de a p r o x i m a -
ción a las categorías del pensamiento del m u n d o a n d i n o " , en Ideología mesiáni-
ca del mundo andino, ed. J . M . Ossio, Ignacio Prado Pastor, L i m a , 1973, p p .
155-213.
386 MERCEDES LÓPEZ-BARALT NRFH, XXXVI

a n i m a l e s que n o t e m e n a dios desuella a los pobres de los i n d i o s


e n este r r e y n o y n o ay r e m e d i o / p o b r e de J e s u c r i s t o " .
A l c o n t r a r i o de l a p r i m e r a ilustración, en este caso los a n i m a -
les q u e acosan al i n d i o n o son representaciones miméticas q u e de-
b a n ser entendidas l i t e r a l m e n t e . E l anclaje (las etiquetas verbales
q u e n o m b r a n a cada a n i m a l ) r e v e l a l a serie de e q u i v a l e n c i a s : ser-
piente/corregidor, león/encomendero, rata/cacique principal, tigre/español del
tambo, zorra/padre de la doctrina, gato/escribano. D e m a n e r a s i m i l a r ,
el t e x t o v e r b a l que sigue a l d i b u j o e x p l i c i t a a m b o s términos de
cada c o m p a r a c i ó n . T e n e m o s entonces, p l e n a m e n t e visibles, n o
sólo al p l a n o real y el p l a n o i m a g i n a r i o de cada u n a , sino t a m -
bién l a p a l a b r a o frase c o n e c t i v a q u e los v i n c u l a : son los peores que,
es, son, sauen más que, es, son, son, s u b r a y a n d o l a relación de e q u i -
v a l e n c i a e n t r e los términos. L o q u e f u n c i o n a c o m o símil en el c ó -
d i g o lingüístico deviene necesariamente metáfora en el c ó d i g o v i -
s u a l . E l término c o m p a r a d o desaparece y q u e d a en su l u g a r su
sustitución i m a g i n a r i a . A s í , en l a i m a g e n n o vemos al c o r r e g i d o r ,
n i a l e n c o m e n d e r o , n i a l cacique, n i al español d e l t a m b o , n i al
e s c r i b a n o , n i al p a d r e de l a d o c t r i n a , sino a l a serpiente, a l león,
a l a r a t a , a l t i g r e , a l gato y a l a z o r r a . E l mensaje de d e n u n c i a
g a n a t a l f u e r z a que r e s u l t a avasallador. L a c o n q u i s t a sólo h a s u -
puesto u n c a m b i o de cárcel p a r a el h o m b r e a n d i n o : d e l régimen
i n c a i c o al c o l o n i a l . P e r o el i n s t r u m e n t o represivo q u e u s a b a n los
incas en t i e m p o s prehispánicos p a r a sofocar l a rebeldía de los g r u -
pos étnicos a s i m i l a d o s a l i m p e r i o , se h a c o n v e r t i d o a h o r a e n u n
sistema carcelario de v i d a .

MERCEDES L Ó P E Z - B A R A L T
U n i v e r s i d a d de Puerto R i c o , R í o Piedras

APÉNDICE

/303 [305]/PRIMER CASTIGO DESTE REINO/

Castigos y preciones y cárzeles de los Yugas* para la justicia que tenían en este
rreyno para el castigo de los malos:
Zancay, cárzeles de los traydores y de grandes delitos como de la y n q u i c i -
ción. Zancay deuajo de la t i e r r a hecho bóbeda m u y escura, dentro criado ser-
pientes, colebras ponsoñosas, animales de leones y ticre, oso, sorra, perros,
gatos de monte, b u y t r e , águila, lichusas, sapo, lagartos.

* Las cursivas son mías.


NRFH, XXXVI DEL CÓDIGO VERBAL AL VISUAL EN G U A M A N POMA 387

€44 WgO CAtUjOS

Destos animales tenía m u y mucho para castigar a los uellacos y malhe-


chores dilengüentes auca [enemigo], yscay songo [ t r a i d o r ] , suua [ladrón], uachoc
[adúltero], hanpioc [brujo],ynca cipcicac [murmuradores del I n k a ] , apuscachac [so-
b e r b i o ] . A estos dichos le metían hatun huchayoc [grandes delincuentes] para que
la comiesen bibo y algunos no las comía por m i l a g r o de Dios y lo tenía dos
388 M E R C E D E S LÓPEZ-BARALT NRFH, XXXVI

días enserrado. Dizen que se sustentaua con tierra y se saluaua destos a n i m a -


les. Luego mandaua sacar el Ynga y le daua por libre cin culpa y ací lo perdo-
naua y lo bolbía la honrra. Y ancí dizen quescapaua desta cárzel llamado zancay,
Estos dichos cárzeles auía en las ciudades y no podía auer en otra parte,
porque no se podía sustentallo. N i lo podía tener otros señores deste r r e y n o .
Por lo p r i m e r o , que sólo las grandes ciudades rrequería tenella y lo segundo,
la magestad del Yuga era j u s t i c i a m a y o r . L o tersero, con este miedo no se a l -
saua la tierra, pues que abía señores desendientes de los rreys antigos que eran
más que el Y n g a . C o n este miedo callauan.

/695 [709] /IGLECIA/

Q u e los dichos yndios temen del corregidor porque son peores que cierpes, come
gente porque le come la b i d a y las entrañas y le quita hazienda como brabo
a n i m a l . Puede más que todos y a todos le uense y lo q u i t a en este rreyno y
no ay rremedio.
E l encomendero lo temen porque es león; cogiendo, no le perdona con a q u i -
llas uñas y ser más brabo a n i m a l , no le perdona al pobre y no le agrádese co-
m o feros animales en este rreyno y no ay rremedio.
D e l padre de la dotrina, le temen los yndios porque son mañosos y sorras y
licinciados que sauen más que la sorra de cogille y ciguille y rroballe sus hazien-
das y mugeres y hijas como mañoso y letrado licinciados, bachilleres. Por eso
se l l a m a n letrados; el buen sorra es dotor y letrado. Y ancí destrúe en este
r r e y n o a los pobres de los yndios y no ay rremedio.
Del escriuano le temen los yndios porque es gato cazador, azecha y trauaja
y lo coge y no le haze mene[a]r hasta cogello; en cogiendo, no le haze menear
y da priesa de cogérsela y no ay rremedio del pobre de los yndios.
D e los españoles del tanbo [mesón], pasageros que no temen a Dios n i a la
j u s t i c i a , lo temen los yndios porque son tigre, brabo a n i m a l . E n llegando al tan-
bo, taca mitaya, toma mitayo, taca rrecaudo y serbicios y le t o m a ualor de dies
pesos y se lo gasta y no le paga y no m i r a ci es alcalde o cacique prencipal
o pobre y n d i o . Le da de muchos palos y le quita quanto tiene y se los lleua,
acimismo en los pueblos y en las estancias y es peor que los demás animales
y no ay rremedio de los pobres yndios.
D e los caciques prencipales que se hazen de y n d i o bajo, cacique y m a n d o n c i -
llos de dies yndios los cinco se hazen curaca, prencipal. Déstos temen los yndios
pobres porque son rraiones. L o h u r t a n de día y de noche sus haziendas; cin que
nadie lo cienta h u r t a y lo r r o b a . Pide demás de la taza y ricachicos, ysangas [ees-
t i l l o ] , fruta, plata y otras comidas y le gasta de las comunidades y de sapci quanto
puede, que cinifica m a y o r que todos los animales porque de día y de noche
n u n c a para y no ay rremedio de los pobres yndios deste rreyno.
Y ancí de la cierpe, león, tiegre, sorra, gato, rratón, destos seys animales
que le come al pobre del y n d i o , no le dexa menearse y le desuella en el medio
y no ay menear. Y entre estos ladrones unos y otros entre ellos se ayudan y
se faboresen. Y ci le defiende a este pobre y n d i o el cacique prencipal, le comen
todos ellos y le mata. Y ací el cacique prencipal no le conosca de causas ciuiles,
criminales porque son enemigos mortales en este rreyno.
NRFH, XXXVI DEL CÓDIGO VERBAL A L V I S U A L EN G U A M A N POMA 389

. POBREDElöSJMS^

También podría gustarte