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642-Texto Del Artículo-642-2-10-20170210 PDF
642-Texto Del Artículo-642-2-10-20170210 PDF
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h a c e m e r c e d " . P e r o a d e m á s d e estos d e s c u b r i m i e n t o s específi-
cos d e s t i n a d o s al rey, h a y otro d e s c u b r i m i e n t o , m á s elusivo, e n
q u e se a p o y a el t e x t o . Es el d e s c u b r i m i e n t o del yo c o n respecto
al o t r o , el p e r m a n e n t e r e p l a n t e o de u n sujeto a n t e u n a a l t e r i d a d
c a m b i a n t e q u e d e t e r m i n a sus distintas instancias. Esta experien-
cia del o t r o y d e lo o t r o s o r p r e n d e en los Naufragios p o r su c o m p i e -
j i d a d . C o m o pocos textos d e la c o n q u i s t a , la relación d e A l v a r
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N ú ñ e z se f u n d a en u n a diferencia y se n u t r e d e ella .
El p r o e m i o d e la relación, m a l conocido y r a r a s veces incluido
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en las ediciones m o d e r n a s del t e x t o , es u n m o d e l o de elocuen-
cia. H á b i l alegato a la vez q u e p e r s u a s i v a invitación a la lectura,
b u s c a c o n d i c i o n a r s u t i l m e n t e la r e s p u e s t a del rey. L o s fracasos,
c o m i e n z a p o r decir en t é r m i n o s generales, n o d e p e n d e n d e la
v o l u n t a d d e los h o m b r e s sino de la v o l u n t a d d i v i n a :
L a n o c i ó n de revés, m a r c a d a a q u í casi al p a s a r p o r A l v a r
N ú ñ e z , servirá m á s a d e l a n t e c o m o f e r m e n t o del texto. D e la cita
se d e s p r e n d e , a d e m á s , la necesidad d e d e s c u b r i r con la p a l a b r a
lo q u e h a p e r m a n e c i d o e n c u b i e r t o : la diligencia d e u n yo servi-
d o r del r e y . E s t a u r g e n t e p a l a b r a r e v e l a d o r a , esta " n e c e s i d a d d e
h a b l a r p a r a ser c o n t a d o " , se percibe e n el p r o e m i o c o m o r u p t u r a :
es u n gesto insólito d e n t r o d e u n a h e r o i c a t r a d i c i ó n familiar en
la cual los hechos ( " l a s o b r a s y servicios... t a n claros y manifies-
t o s " ) e r a n t e s t i m o n i o e n sí, m á s elocuentes q u e las p a l a b r a s q u e
h u b i e r a n i n t e n t a d o describirlos. E n c a m b i o , los hechos d e la expe-
dición d e A l v a r N ú ñ e z n o h a b l a n solos: son c a u s a de su falta d e
elocuencia los m u c h o s reveses q u e q u i s o la p r o v i d e n c i a p e r o t a m -
b i é n — y a q u í el yo afina su singular estrategia a u t o v a l o r a t i v a —
el h e c h o de q u e su diligencia i n d i v i d u a l fue d e s a t e n d i d a p o r sus
c o m p a ñ e r o s . H a b l a r p a r a ser c o n t a d o — y h a b l a r p a r a c o n t a r —
es p u e s el ú n i c o m o d o d e e n d e r e z a r los reveses e n la p á g i n a , valo-
r i z a n d o u n a diligencia q u e n o fue r e c o n o c i d a p a r a q u e , precisa-
m e n t e , se la r e c o n o z c a :
7 Ibid.
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Dos buenos artículos consideran, el uno en detalle, el otro al pasar, este
aspecto del Proemio: la relación como servicio. Véanse ROBERT E. LEWIS,
" L o s Naufragios de Alvar Núñez: historia y ficción", Revlb, 48 (1982), 681-
694; y PEDRO LASTRA, "Espacios de Alvar Núñez: las transformaciones de
una escritura", CuA, 1984, núm. 3, 150-164.
428 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV
A la vez g a r a n t í a d e m a r a v i l l a y d e v e r d a d , esa m e m o r i a se
c o m p l e m e n t a c o n la discreción n a r r a t i v a , i g u a l m e n t e v a l o r i z a d a :
" a u n q u e en [la relación] se lean a l g u n a s cosas m u y n u e v a s , y p a r a
a l g u n o s m u y difíciles d e creer, p u e d e n sin d u d a creerlas, y creer
p o r m u y cierto, q u e antes soy e n t o d o m á s corto q u e l a r g o " . P e r o
el m a y o r valor del relato, c o m o señala d r a m á t i c a m e n t e el final
del p r o e m i o , es, m á s allá de los servicios y m é r i t o s m e n c i o n a d o s ,
su e s p e c t a c u l a r u n i c i d a d : " s ó l o es [el relato] q u e u n h o m b r e q u e
salió d e s n u d o p u d o sacar c o n s i g o " .
A la vez q u e aconseja p a u t a s precisas d e lectura al rey, el proe-
m i o a la relación d e A l v a r N ú ñ e z revela el p r i n c i p a l resorte orga-
n i z a d o r del t e x t o : u n y o , n a r r a d o r y actor, se c o n s t r u y e d e n t r o
de su historia p o r u n proceso de diferenciación, d e s p o j a m i e n t o
y traslado.
L a diferenciación se p r o d u c e m u y p r o n t o e n los Naufragios. El
u s o d e los p r o n o m b r e s , de capital i m p o r t a n c i a e n el t e x t o , per-
m i t e o b s e r v a r c a m b i o s n o t a b l e s : el relato se inicia con u n a espe-
rable p r i m e r a p e r s o n a del p l u r a l , u n nosotros q u e a g r u p a suelta-
m e n t e a los españoles ( " l l e g a m o s a la i s l a " , " d e allí p a r t i m o s " ) ,
p e r o q u e p r o n t o c o m i e n z a a a l t e r n a r con u n yo q u e p r o c u r a dis-
tinguirse de los d e m á s . E n pasajes a l t a m e n t e d r a m a t i z a d o s —el
y o e n situación, el y o c o m o espectáculo— el n a r r a d o r se a t r i b u y e
gestos, recalca formas d e su diligencia q u e n o sólo lo a p a r t a n d e
los otros sino q u e , a la luz d e los hechos ulteriores, le d a n la r a z ó n .
E s útil n o t a r q u e esta distinción del y o se p r o d u c e c o n t r a u n
fondo d e n o t a b l e d e s o r g a n i z a c i ó n y desconcierto. L a e m p r e s a d e
N a r v á e z es s i n g u l a r m e n t e caótica, c a r e n t e , e n el sentido m á s lite-
ral, d e dirección. E n S a n t o D o m i n g o , p r i m e r p u e r t o q u e toca la
e x p e d i c i ó n , d e s e r t a n m á s d e ciento c u a r e n t a h o m b r e s . E n C u b a ,
la escala siguiente, N a r v á e z se reabastece d e h o m b r e s , p e r o e n
u n h u r a c á n p i e r d e dos n a v i o s , sesenta p e r s o n a s y veinte caballos.
L a a u t o r i d a d del jefe d e la expedición se desquicia; t a m b i é n la
d e su piloto, s o b r i n o del l e g e n d a r i o D i e g o M i r u e l o , q u i e n " d e c í a
q u e sabía y h a b í a e s t a d o e n el río d e las P a l m a s , y e r a m u y b u e n
piloto de t o d a la costa del n o r t e " ( p . 45). N o b i e n se llega al con-
[...] cuando el sol se puso, todos los que en mi barca venían esta-
ban caídos en ella unos sobre otros, tan cerca de la muerte, que pocos
había que tuviesen sentido, y entre todos ellos a esta hora no había
cinco hombres en pie; y cuando vino la noche no quedamos sino
el maestre y yo que pudiésemos marcar la barca, y a dos horas de
la noche el maestre me dijo que yo tuviese cargo de ella, porque
él estaba tal, que creía aquella noche morir; y así, yo tomé el leme
[...] (p. 69).
1 1
El texto recoge más tarde el relato de la muerte de Narváez, en un
pasaje no exento de dimensiones trágicas: "el gobernador se quedó en su barca,
y no quiso aquella noche salir a tierra, y quedaron con él un maestre y un
paje que estaba malo, y en la barca no tenían agua ni cosa ninguna que comer;
y que a media noche el norte vino tan recio, que sacó la barca a la mar, sin
que ninguno la viese, porque no tenía por resón sino una piedra, y que nunca
más supieron de él" (p. 86).
432 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV
r á n o t r a s . L o s actos q u e v a n m a r c a n d o el a b a n d o n o del p a s a d o
afectan aquellas c o n v e n c i o n e s q u e f u n d a m e n t a n la i d e n t i d a d cul-
t u r a l , n o t a b l e m e n t e e n el caso d e las c o s t u m b r e s alimenticias. Al
comienzo d e la n a r r a c i ó n , el yo se m a n t i e n e enérgicamente al m a r -
gen d e estas t r a n s g r e s i o n e s . O t r o s c o m e n caballos, n o él:
De este caso se alteraron tanto los indios, y hobo entre ellos tan
gran escándalo, que sin duda si al principio ellos lo vieran, los mata-
ran, y todos nos viéramos en grande trabajo (id.).
L a m e n c i ó n d e estas t r a n s g r e s i o n e s , d e las q u e A l v a r N ú ñ e z
t a n d e l i b e r a d a m e n t e se a p a r t a , o c u r r e a c o m i e n z o s del viaje p o r
t i e r r a y al m u y poco t i e m p o d e h a b e r s e s e p a r a d o d e N a r v á e z . E n
c a m b i o el capítulo X X I I I , t i t u l a d o sin a m b a g e s " C ó m o n o s p a r -
timos d e s p u é s de h a b e r c o m i d o los p e r r o s " , c o m i e n z a con la n a t u -
ralidad q u e d a el hábito: " D e s p u é s q u e c o m i m o s los p e r r o s , pares-
c i é n d o n o s q u e t e n í a m o s a l g ú n e s f u e r z o p a r a p o d e r ir
a d e l a n t e [...] nos d e s p e d i m o s d e aquellos i n d i o s " ( p . 102). N o se
t r a t a d e caballos n i de h o m b r e s sino d e perros, y m á s precisamente
de p e r r o s q u e los indios utilizan en su alimentación. P e r o el hecho
d e q u e el t e x t o , d e s t i n a d o a u n lector e u r o p e o p a r a q u i e n el p e r r o
es a n i m a l d o m é s t i c o n o comestible, descarte la necesidad d e cual-
q u i e r explicación, m u e s t r a cuan familiarizado está A l v a r N ú ñ e z
con u n código q u e n o es el suyo d e o r i g e n . L a a p a r e n t e insignifi-
c a n c i a d e la frase t e m p o r a l " d e s p u é s q u e c o m i m o s los p e r r o s "
permite m e d i r la distancia recorrida en el proceso de despojamiento
y r e o r g a n i z a c i ó n c u l t u r a l . H a y otros ejemplos d e este c a m b i o d e
código. E n el capítulo X X I I p o r ejemplo, relata Alvar N ú ñ e z cómo
a veces los indios les d a b a n , a él y a sus escasos c o m p a ñ e r o s , u n
p e d a z o d e c a r n e . Ellos n o se d a b a n el t i e m p o d e asarlo p o r t e m o r
434 SILVIA M O L L O Y NRFH, X X X V
El a l i m e n t o i n e s p e r a d o se m e n c i o n a c o n deleite: el m e z q u i -
q u e z , p o r e j e m p l o , " e s u n a fruta q u e c u a n d o está e n el árbol es
m u y a m a r g a , y es d e la m a n e r a d e a l g a r r o b a s , y cómese c o n tie-
r r a , y c o n ella está dulce y b u e n o d e c o m e r " ( p . 109). Sigue a
la m e n c i ó n d e este d u d o s o m a n j a r u n a v e r d a d e r a receta c u l i n a r i a
q u e describe p r o c e d i m i e n t o s , utensilios y h a s t a el p a p e l del coci-
n e r o : " e l q u e la h a m o l i d o [la fruta] p r u é b a l a , y si le p a r e c e q u e
n o está d u l c e , p i d e t i e r r a y revuélvela c o n ella, y esto h a c e h a s t a
q u e la halla d u l c e , y asiéntanse t o d o s a l r e d e d o r y c a d a u n o m e t e
la m a n o y saca lo q u e p u e d e " (id.).
E n otras ocasiones, sin e m b a r g o , la detallada información des-
t i n a d a al r e y e s c a m o t e a la participación del y o , c o m o si éste se
alejara d e la a l i m e n t a c i ó n q u e fue suya:
L a p a r t i c i p a c i ó n del y o , u n a vez m á s , es e v i d e n t e : a d e m á s d e
los efectos d e las raíces conoce, p o r ejemplo, su s a b o r . P e r o n o
m e n o s e v i d e n t e , e n este caso, es la d i s t a n c i a q u e establece la des-
cripción e n el m o m e n t o d e la e s c r i t u r a . El yo necesita s e p a r a r s e
del ellos — d e " a q u e l l a g e n t e " — , incluso señalar su diferencia
m e d i a n t e la litote d e r e p u d i o : " y otras cosas q u e dejo d e c o n t a r " .
El yo p a r t í c i p e se esfuma t r a s el yo testigo. Este vaivén — u n yo
a veces d e n t r o del g r u p o , a veces fuera de él— es sintomático n o
sólo del reajuste alimenticio sino de t o d o el p r o c e s o q u e consti-
t u y e el a p r e n d i z a j e del o t r o .
Si n o se h a h a b l a d o del m a í z e n esta d i e t a ajena q u e se vuelve
propia, es p o r q u e a d e m á s d e su evidente valor alimenticio se carga,
d e n t r o del t e x t o , d e funciones q u e m e r e c e n m e n c i ó n especial. El
m a í z e n c u a d r a el relato, a p a r e c e al c o m i e n z o , antes del d e s n u d a -
m i e n t o , y al final, en vísperas del reingreso e n la c o m u n i d a d espa-
ñola. P a r a apreciar su importancia, conviene retroceder en el texto,
c o n s i d e r a r la m e t a c a m b i a n t e del viaje u n a vez q u e se vuelve evi-
d e n t e la i m p o s i b i l i d a d d e " c o n q u i s t a r y g o b e r n a r " .
L o s relatos, e n p a r t e fabulados, de otros viajeros y la codicia
p r o p i a h a c e n q u e la expedición c o m i e n c e bajo el signo del o r o ,
los m e t a l e s . " U n a sonaja de o r o e n t r e las r e d e s " ( p . 46), encon-
t r a d a e n u n b o h í o a b a n d o n a d o poco d e s p u é s del d e s e m b a r c o e n
la F l o r i d a , se vuelve objeto m á g i c o , cifra de e s p e r a n z a s y obsesio-
nes. Los indios, acaso de m a l a fe, acaso p o r q u e los españoles inter-
p r e t a n sus señas según les c o n v i e n e , a l i m e n t a n la ilusión:
[...jentre otras cosas que nos dieron, hobo Andrés Dorantes un cas-
cabel gordo, grande, de cobre, y en él figurado u n rostro[...] y pre-
guntándoles que dónde habían habido aquello, dijéronlo que lo
habían traído de hacia el Norte[...] y entendimos que do quiera que
aquello había venido, había fundición y se labraba de vaciado, y
con esto nos partimos otro día (p. 115).
1 2
Esta evidente transformación ha sido comentada por PRANZETTI, art.
cit. También por DAVID LAGMANOVICH, "Los Naufragios de Alvar Núñez
como construcción narrativa", KRQ, 25 (1978), 27-37, que señala: " A lo largo
de ese viaje[...] se producen una serie de inversiones de la realidad común-
mente aceptada según la óptica del lector convencional, bajo el signo general
de una progresiva identificación del autor con el mundo indígena que había
partido para sojuzgar. Entre otras cosas, los Naufragios son el relato de una
conversión" (p. 32).
438 SILVIA MOLLOY NRFH, XXXV
[...] yo no podía sufrir la vida que con estos otros tenía; porque,
entre otros trabajos muchos, había de sacar las raíces para comer
debajo del agua y entre las cañas donde estaban metidas en la tie-
rra; y de esto traía yo los dedos tan gastados, que una paja que me
tocase me hacía sangre de ellos[...] (p. 81).
Al c a m b i a r de c o m u n i d a d , el esclavo p a s a a ser m e r c a d e r d e
fama. Esto d u r a n t e seis a ñ o s ; p e r o el d í a q u e vuelve a c a m b i a r
d e g r u p o , r e t o r n a n la esclavitud y los m a l o s t r a t o s : " e n ese tiem-
plo yo p a s é m u y m a l a vida, ansí p o r la m u c h a h a m b r e c o m o p o r
el m a l t r a t a m i e n t o q u e de los indios r e s c e b í a " ( p . 92). C u a n d o
p o r fin l o g r a n h u i r de estos indios p a s a n n u e v a m e n t e al o t r o
e x t r e m o : " L u e g o el p u e b l o n o s ofreció m u c h a s t u n a s , p o r q u e y a
ellos t e n í a n noticia d e nosotros y c ó m o c u r á b a m o s " ( p . 94).
S u p o n e r q u e este t r a t a m i e n t o v a r i a d o se d e b e a las funciones
diversas q u e cada grupo sucesivo de indios quiere adjudicar al espa-
ñol c o n v e n c e sólo m e d i a n a m e n t e . N o se t r a t a , d e s p u é s d e t o d o ,
1 3 ;
Comó ejemplo dé ésa liberación, señala Alvar Núñez la poligamia: los
físicos pueden tener dos y tres [mujeres] y entre éstas hay muy gran amistad
y conformidad" (p. 77). Declaración reveladora que invita a la conjetura, en
un texto donde se evita cuidadosamente toda referencia sexual que implique
al yo.
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 439
1 4
LEWIS, art. cit., pp. 687-688.
440 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV
15
p a c i e n t e . E n los Naufragios, e n c a m b i o , se trastroca sistemática-
m e n t e la serie. L a s exigencias colectivas — h a c e r q u e estos h o m -
bres sirvan, t e n i e n d o en c u e n t a su diferencia— dictan la confianza
del g r u p o i n d í g e n a ; ésta, a su vez, d e t e r m i n a la confianza d e los
i n d i v i d u o s e n f e r m o s ; y es esta v o l u n t a r i o s a creencia, reforzada
p o r la coerción — " n o s q u i t a b a n la c o m i d a h a s t a q u e hiciésemos
lo q u e n o s d e c í a n " ( p . 7 8 ) — , la q u e p o r fin d e t e r m i n a la convic-
ción de los flamantes físicos. U n a práctica q u e al c o m i e n z o resulta
ridiculamente ajena — " n o s o t r o s nos reíamos d e ello, diciendo q u e
e r a b u r l a y q u e n o s a b í a m o s c u r a r " (id.)— es i m i t a d a p o r n e c e -
sidad, h a s t a q u e se a s u m e c o m o p r o p i a y eficaz: " y o lo h e experi-
m e n t a d o y m e suscedió b i e n d e e l l o " ( p . 79). L a i m p o s t u r a se
h a vuelto función.
L a d i l a t a d a s e g u n d a p a r t e del viaje n o sólo realza esta fun-
ción d e físico sino q u e la sistematiza. Sin e m b a r g o , a n t e s d e esa
sistematización, e n el espacio q u e m e d i a e n t r e el a s u m i r la fun-
ción y el p o n e r l a e n p r á c t i c a , se sitúa u n curioso episodio, rico
e n p r o l o n g a c i o n e s simbólicas. L o s españoles, e n vísperas d e
e m p r e n d e r la larga m a r c h a curativa, se detienen a b u s c a r comida:
[.. .]y como por toda esta tierra no hay caminos, yo me detuve más
en buscarla; la gente se volvió, y yo quedé solo, y viniendo a bus-
carlos aquella noche me perdí, y plugo a Dios que hallé un árbol
ardiendo, y al fuego de él pasé aquel frío aquella noche, y a la mañana
yo me cargué de leña y tomé dos tiones, y volví a buscarlos, y anduve
de esta manera cinco días siempre con mi lumbre y mi carga de leña,
porque si el fuego se me matase en parte donde no tuviese leña, como
en muchas partes no la había, tuviese de qué hacer otros tiones y
no me quedase sin lumbre, porque para el frío yo no tenía otro reme-
dio, por andar desnudo como nascí; y para las noches yo tenía este
remedio, que me iba a las matas del monte, que estaba cerca de
los ríos, y paraba en ellas antes que el sol se pusiese, y en la tierra
hacía un hoyo y en él echaba mucha leña, que se cría en muchos
árbolesf.. .]y al derredor de aquel hoyo hacía cuatro fuegos en cruz,
y yo tenía cargo y cuidado de rehacer el fuego de rato en rato, y
hacía unas gavillas de paja larga que por allí hay, con que me cubría
en aquel hoyo, y de esta manera me amparaba del frío de las noches;
y una de ellas el fuego cayó en la paja con que yo estaba cubierto,
y estando yo durmiendo en el hoyo, comenzó a arder muy recio,
y por mucha priesa que yo me di a salir, todavía saqué señal en
los cabellos del peligro en que había estado (pp. 95-96).
[...]y entre estos vimos una nueva costumbre, y es que los que venían
a curarse, los que con nosotros estaban les tomaban el arco y las
flechas; y zapatos y cuentas, si las traían, y después de haberlas
tomado nos las traían delante de nosotros para que los curásemos;
y curados, se iban muy contentos, diciendo que estaban sanos (p.
ni).
4) El c o b r o previo — c o n d i c i ó n d e la c u r a — se complica con
el deseo d e lucro, a d q u i e r e proporciones violentas. El tributo invo-
l u n t a r i o p e r o circunscrito (arco, flechas, cuentas) se vuelve saqueo
total, q u e se r e p r o d u c e en c a d e n a :
A m e d i d a q u e a v a n z a el viaje volverá a c a m b i a r la f o r m a d e
p a g o ; el t r i b u t o p o r coerción será r e e m p l a z a d o p o r la institución
de la d á d i v a v o l u n t a r i a : " d e s p u é s d e e n t r a d o s en sus casas, ellos
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 443
Por todas estas tierras, los que tenían guerras con los otros se
hacían luego amigos para venirnos a recebir y traernos todo cuanto
tenían, y de esta manera dejamos toda la tierra en paz, y dijímos-
les, por las señas porque nos entendían, que en el cielo había un
hombre que llamábamos Dios, el cual había criado el Cielo y la Tie-
rra, y que Este adorábamos nosotros y teníamos también por Señor,
y que hacíamos lo que nos mandaba, y que de su mano venían todas
las cosas buenas, y que si ansí ellos lo hiciesen, les iría muy bien
de ello; y tan grande aparejo hallamos en ellos, que si lengua hobiera
con que perfectamente nos entendiéramos, todos los dejáramos cris-
tianos (p. 125).
1 7
Cuando Alvar Núñez y sus compañeros pierden simultáneamente ropa
y embarcación, el texto registra en detalle la compasión de los indios: "Los
indios, de ver el desastre que nos había venido y el desastre en que estábamos,
con tanta desventura y miseria, se sentaron entre nosotros, y con el gran dolor
y lástima que hobieron de vernos en tanta fortuna, comenzaron todos a llorar
recio, y tan de verdad, que lejos de allí se podía oír, y esto les duró más de
media hora; y cierto ver que estos hombres tan sin razón y tan crudos, a manera
de brutos, se dolían tanto de nosotros, hizo en mí y en otros de la compañía
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cresciese más la pasión y la consideración de nuestra desdicha ' (p. 73). Hay
otras menciones de esta compasión que evidentemente impresiona al cronista:
"Es la gente del mundo que más aman a sus hijos y mejor tratamiento les
hacen; y cuando acaesce que a alguno se le muere el hijo, llóranle los padres
y los parientes, y todo el pueblo, y el llanto dura un año cumplido" (p. 76).
446 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV
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Añade el texto: "El negro les hablaba siempre; se informaba de los
caminos que queríamos ir y los pueblos que había y de las cosas que quería-
mos saber. Pasamos por gran número y diversidades de lenguas; con todas
ellas Dios nuestro Señor nos favoreció, porque siempre nos entendieron y les
entendimos''. La cita señala otro aspecto, fecundo, de la noción del traslado:
la traducción. En un nivel práctico, es el único modo de hablar con el indio;
de modo más general, puede verse todo el texto de Alvar Núñez como un ejer-
cicio de traducción. Por otra parte, "el negro les hablaba siempre" muestra
cómo la jerarquización afecta al grupo mismo de los físicos, marcando desni-
veles (véase PRANZETTI, art. cit., p. 25).
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 447
[los cristianos] hacían que su lengua les dijese que nosotros éramos
de ellos mismos, y nos habíamos perdido muchos tiempos había,
y que éramos gente de poca suerte y valor, y que ellos eran los señores
de aquella tierra, a quien habían de obedecer y servir. Mas todo
esto los indios tenían en muy poco o en nada de lo que les decían;
antes, unos con otros entre sí platicaban, diciendo que los cristia-
nos mentían, porque nosotros veníamos de donde salía el sol, y ellos
donde se pone; y que nosotros sanábamos los enfermos, y ellos mata-
ban los que estaban sanos; y que nosotros veníamos desnudos y des-
calzos, y ellos vestidos y en caballos y con lanzas; y que nosotros
no teníamos cobdicia de ninguna cosa, antes todo cuanto nos daban
tornábamos luego a dar, y con nada nos quedábamos-, y los otros
no tenían otro fin sino robar todo cuanto hallaban, y nunca daban
nada a nadie; y de esta manera relataban todas nuestras cosas y las
encarescían, por el contrario, de los otros[...]. Finalmente, nunca
pudo acabar con los indios creer que éramos de los otros cristianos
(pp. 131-132).
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Al final del capítulo 35 se dan de manera notable dos discursos distin-
tos de evangelización. U n o , el oficial y utilitariamente propagandista, se hace
por interpósita persona: "el Melchior Díaz dijo a la lengua que de nuestra
parte les hablase a aquellos indios, y les dijese cómo venía de parte de Dios
que está en el cielof...]" (p. 134). Sigue una exposición de tipo catequístico
en la que abunda la amenaza ("pena perpetua de fuego a los malos"; "si esto
no quisiesen hacer los cristianos los tratarían muy mal"), exposición dictada
por Melchor Díaz al lengua. Los indios a su vez responden al lengua "que
ellos serían muy buenos cristianos, y servirían a D i o s " (p. 135). El texto parece
recalcar que la comunicación, si bien se aprovecha del nosotros ("de nuestra
parte"), es asunto entre Díaz y los indios a través del lengua. En cambio el
otro discurso, sí asumido por el nosotros, se presenta como notablemente más
sencillo y sin duda más sincero: "Nosotros les dijimos que Aquel que ellos decían
nosotros lo llamábamos Dios, y que ansí lo llamasen ellos, y lo sirviesen y ado-
rasen como mandábamos, y ellos se hallarían m u y bien de ello[...]y mandá-
rnosles que bajasen de las sierras, y vinieran seguros y en paz, y poblasen toda
la tierra" (p. 135). Nótese que no hay en este segundo discurso ni amenaza
ni intimidación como en el de Melchor Díaz. A propósito de este último, vale
NRFH, X X X V A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 449
SYLVIA M O L L O Y
Yale University