Está en la página 1de 25

ALTERIDAD Y R E C O N O C I M I E N T O

EN LOS NAUFRAGIOS D E ALVAR N Ú Ñ E Z


CABEZA DE VACA*

L a relectura d e los Naufragios d e A l v a r N ú ñ e z C a b e z a d e V a c a


revela, u n a vez m á s , su c a r á c t e r insólito, su n o t a b l e c a p a c i d a d
de a s o m b r o . El t e x t o , sin d u d a , logra lo q u e se p r o p o n í a n , según
M a r t í n e z E s t r a d a , todos los cronistas d e I n d i a s — " e n r i q u e c e r la
1
a v e n t u r a n a r r á n d o l a " — , a u n q u e acaso fuera m á s j u s t o modifi-
c a r la frase: m á s q u e e n r i q u e c e r , el texto d e A l v a r N ú ñ e z crea la
a v e n t u r a n a r r á n d o l a ; es, e m i n e n t e m e n t e , u n h e c h o d e letras.
L o s Naufragios n o son la relación e x a l t a d a d e u n a h a z a ñ a vic-
toriosa; son, en c a m b i o , la historia d e u n fracaso cuyo signo nega-
tivo se b u s c a b o r r a r con l a e s c r i t u r a . El p r o p ó s i t o n o c u m p l i d o
2
d e l a expedición — " c o n q u i s t a r y g o b e r n a r " — es r e e m p l a z a d o
p o s i t i v a m e n t e p o r o t r o , q u e es u n a h a z a ñ a retórica: i n f o r m a r y
convencer. E n el plano práctico, este proceso d e revaloración tiene
u n a m e t a i n m e d i a t a : el r e c o n o c i m i e n t o del r e y . P a r a ese lector
real, el t e x t o de A l v a r N ú ñ e z d e s c u b r e lo desconocido y, sobre
t o d o , lo q u e la e m p r e s a m i s m a , fallida, n o h a p o d i d o revelar: el
m é r i t o del p r o p i o d e s c u b r i d o r . H a b l a r — e s decir r e l a t a r s e — es
n e c e s a r i o " p a r a ser c o n t a d o e n t r e los q u e c o n e n t e r a fe y g r a n
c u i d a d o a d m i n i s t r a n y t r a t a n los cargos d e v u e s t r a majestad y les

* Este trabajo recoge y amplía considerablemente un texto previo, ' 'For-


mulación y lugar del yo en los Naufragios de Alvar Núñez Cabeza de V a c a " ,
en CH(7), pp. 761-766.
1 EZEQUIEL MARTÍNEZ ESTRADA, Radiografía de la Pampa, Losada, Bue-
nos Aires, 1942, p. 9. Destaca Martínez Estrada el valor fundador de la escri-
tura colonial —tanto la de los cronistas como la de los notarios y clérigos—
que se adosa a la realidad americana y a menudo la reemplaza (p. 11).
2
A L V A R N Ú Ñ E Z CABEZA DE V A C A , Naufragios y comentarios, ed., introd.
y notas de Roberto Ferrando, Historia 16, Madrid, 1984, p. 41..Cito en ade-
t Q
lante por esta edición, cuyo texto sigue la de Serrano y Sanz, Madrid 06.
426 SILVIA MOLLOY NRFH, X X X V

3
h a c e m e r c e d " . P e r o a d e m á s d e estos d e s c u b r i m i e n t o s específi-
cos d e s t i n a d o s al rey, h a y otro d e s c u b r i m i e n t o , m á s elusivo, e n
q u e se a p o y a el t e x t o . Es el d e s c u b r i m i e n t o del yo c o n respecto
al o t r o , el p e r m a n e n t e r e p l a n t e o de u n sujeto a n t e u n a a l t e r i d a d
c a m b i a n t e q u e d e t e r m i n a sus distintas instancias. Esta experien-
cia del o t r o y d e lo o t r o s o r p r e n d e en los Naufragios p o r su c o m p i e -
j i d a d . C o m o pocos textos d e la c o n q u i s t a , la relación d e A l v a r
4
N ú ñ e z se f u n d a en u n a diferencia y se n u t r e d e ella .
El p r o e m i o d e la relación, m a l conocido y r a r a s veces incluido
5
en las ediciones m o d e r n a s del t e x t o , es u n m o d e l o de elocuen-
cia. H á b i l alegato a la vez q u e p e r s u a s i v a invitación a la lectura,
b u s c a c o n d i c i o n a r s u t i l m e n t e la r e s p u e s t a del rey. L o s fracasos,
c o m i e n z a p o r decir en t é r m i n o s generales, n o d e p e n d e n d e la
v o l u n t a d d e los h o m b r e s sino de la v o l u n t a d d i v i n a :

M a s ya q u e el d e s e o y voluntad d e servir, a todos e n e s t o haga


conformes, allende la ventaja q u e cada u n o p u e d e hacer, hay u n a
muy gran diferencia n o causada p o r culpa de ellos, sino solamente
de la fortuna; o m á s cierto sin culpa d e nadie, m a s por sola volun-
tad y juicio d e D i o s : d o n d e nace q u e u n o salga con m á s señados
servicios q u e pensó y a otro le suceda t o d o tan al revés q u e n o pueda
mostrar d e su propósito m á s testigo q u e a su diligencia. Y aun esta
queda a las v e c e s tan encubierta q u e n o p u e d e volver p o r s í . 6

L a n o c i ó n de revés, m a r c a d a a q u í casi al p a s a r p o r A l v a r
N ú ñ e z , servirá m á s a d e l a n t e c o m o f e r m e n t o del texto. D e la cita
se d e s p r e n d e , a d e m á s , la necesidad d e d e s c u b r i r con la p a l a b r a

3 "Prohemio", en BlLLY T H U R M A N M A R T , A Criticai Edition with a Study


of the Style of "La Relación" by Alvar Núñez Cabeza de Vaca, tesis doctoral, Uni-
versity of Southern California, 1974. La edición de M A R T se apoya en el texto
de la de Valladolid de 1555.
4
Ver el excelente artículo de LUISA PRANZETTI, / 'Il naufragio come
metafora (a proposito delle relazioni di Cabeza de V a c a ) " , Letteratura d'Ame-
rica, 1 (1980), 5-28. Para PRANZETTI la novedad del texto de Alvar Núñez
está en el hecho de sustituir "all'opposizione cultura vs natura, così irrinun-
ciabile in altre cronache, quella ben più problematica di cultura us cultura
«altra»" (p. 28).
5
El Proemio, presente en las ediciones de Zamora (1542) y de Vallado-
lid (1555), desaparece a partir de la de González Barcia (Madrid, 1749). Pro-
pone convincentemente PRANZETTI que la supresión del proemio, más la defi-
nitiva adopción del otro título que se venía dando al texto —Naufragios en lugar
de Relación—, indica una nueva actitud de lectura ante el texto: " u n metter
Taccento[... ]sui motivi che stanno alla base degli scontri e su problemi di identità
legati agli stessi", art. cit., p. 9.
6 "Prohemio", en M A R T , op. cit.
NRFH, XXXV ALTERIDAD Y RECONOCIMIENTO EN LOS NAUFRAGIOS 427

lo q u e h a p e r m a n e c i d o e n c u b i e r t o : la diligencia d e u n yo servi-
d o r del r e y . E s t a u r g e n t e p a l a b r a r e v e l a d o r a , esta " n e c e s i d a d d e
h a b l a r p a r a ser c o n t a d o " , se percibe e n el p r o e m i o c o m o r u p t u r a :
es u n gesto insólito d e n t r o d e u n a h e r o i c a t r a d i c i ó n familiar en
la cual los hechos ( " l a s o b r a s y servicios... t a n claros y manifies-
t o s " ) e r a n t e s t i m o n i o e n sí, m á s elocuentes q u e las p a l a b r a s q u e
h u b i e r a n i n t e n t a d o describirlos. E n c a m b i o , los hechos d e la expe-
dición d e A l v a r N ú ñ e z n o h a b l a n solos: son c a u s a de su falta d e
elocuencia los m u c h o s reveses q u e q u i s o la p r o v i d e n c i a p e r o t a m -
b i é n — y a q u í el yo afina su singular estrategia a u t o v a l o r a t i v a —
el h e c h o de q u e su diligencia i n d i v i d u a l fue d e s a t e n d i d a p o r sus
c o m p a ñ e r o s . H a b l a r p a r a ser c o n t a d o — y h a b l a r p a r a c o n t a r —
es p u e s el ú n i c o m o d o d e e n d e r e z a r los reveses e n la p á g i n a , valo-
r i z a n d o u n a diligencia q u e n o fue r e c o n o c i d a p a r a q u e , precisa-
m e n t e , se la r e c o n o z c a :

M a s como ni mi consejo ni diligencia aprovecharon para que


aquello a que éramos idos fuese ganado conforme al servicio de Vues-
tra Majestad... no me quedó lugar para hacer más servicios de este,
que es traer a Vuestra Majestad relación de lo que en diez años que
ppr muchas y muy extrañas tierras que anduve perdido y en cue-
7
ros, pudiese saber y ver...

L a m a n i o b r a es clara: distinguirse y, desde esa posición de dife-


8
r e n c i a , h a c e r del relato m i s m o su servicio .
Sin e m b a r g o , la declaración d e propósitos —el a n u n c i o del
relato c o m o servicio— n o b a s t a p a r a justificar al y o . Al n o estar
r e s p a l d a d o s p o r la acción gloriosa, m o d o c o n v e n c i o n a l d e valori-
zación, t a n t o el yo c o m o su relato t e n d r á n q u e e n c o n t r a r su glo-
ria, su m é r i t o , d e n t r o de sí m i s m o s . Así el a u t o r recalca, p o r ejem-
plo, la utilidad de lo n a r r a d o , c ó m o i n f o r m a c i ó n geográfica y
etnográfica p a r a futuros colonizadores y t a m b i é n c o m o b a s e d e
u n a posible estrategia evangélica. R e c a l c a , a d e m á s , su p r o p i a efi-
cacia c o m o testigo y relator, a f i r m a h a b e r s e p r e p a r a d o p a r a su
p r á c t i c a de cronista, d e d i c a n d o la diligencia q u e d e s a p r o v e c h a -
r o n sus c o m p a ñ e r o s en la acción p a r a ejercitar l a r g a m e n t e su
m e m o r i a e n vista d e la f u t u r a escritura:

7 Ibid.
8
Dos buenos artículos consideran, el uno en detalle, el otro al pasar, este
aspecto del Proemio: la relación como servicio. Véanse ROBERT E. LEWIS,
" L o s Naufragios de Alvar Núñez: historia y ficción", Revlb, 48 (1982), 681-
694; y PEDRO LASTRA, "Espacios de Alvar Núñez: las transformaciones de
una escritura", CuA, 1984, núm. 3, 150-164.
428 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

...aunque la esperanza que de salir de entre ellos tuve siempre fue


muy poca, el cuidado y la diligencia siempre fue muy grande de
tener particular memoria de todo, para que sí en algún tiempo Dios
Nuestro Señor quisiese traerme adonde ahora estoy, pudiese dar tes-
9
tigo de mi voluntad y servir a Vuestra Majestad .

A la vez g a r a n t í a d e m a r a v i l l a y d e v e r d a d , esa m e m o r i a se
c o m p l e m e n t a c o n la discreción n a r r a t i v a , i g u a l m e n t e v a l o r i z a d a :
" a u n q u e en [la relación] se lean a l g u n a s cosas m u y n u e v a s , y p a r a
a l g u n o s m u y difíciles d e creer, p u e d e n sin d u d a creerlas, y creer
p o r m u y cierto, q u e antes soy e n t o d o m á s corto q u e l a r g o " . P e r o
el m a y o r valor del relato, c o m o señala d r a m á t i c a m e n t e el final
del p r o e m i o , es, m á s allá de los servicios y m é r i t o s m e n c i o n a d o s ,
su e s p e c t a c u l a r u n i c i d a d : " s ó l o es [el relato] q u e u n h o m b r e q u e
salió d e s n u d o p u d o sacar c o n s i g o " .
A la vez q u e aconseja p a u t a s precisas d e lectura al rey, el proe-
m i o a la relación d e A l v a r N ú ñ e z revela el p r i n c i p a l resorte orga-
n i z a d o r del t e x t o : u n y o , n a r r a d o r y actor, se c o n s t r u y e d e n t r o
de su historia p o r u n proceso de diferenciación, d e s p o j a m i e n t o
y traslado.
L a diferenciación se p r o d u c e m u y p r o n t o e n los Naufragios. El
u s o d e los p r o n o m b r e s , de capital i m p o r t a n c i a e n el t e x t o , per-
m i t e o b s e r v a r c a m b i o s n o t a b l e s : el relato se inicia con u n a espe-
rable p r i m e r a p e r s o n a del p l u r a l , u n nosotros q u e a g r u p a suelta-
m e n t e a los españoles ( " l l e g a m o s a la i s l a " , " d e allí p a r t i m o s " ) ,
p e r o q u e p r o n t o c o m i e n z a a a l t e r n a r con u n yo q u e p r o c u r a dis-
tinguirse de los d e m á s . E n pasajes a l t a m e n t e d r a m a t i z a d o s —el
y o e n situación, el y o c o m o espectáculo— el n a r r a d o r se a t r i b u y e
gestos, recalca formas d e su diligencia q u e n o sólo lo a p a r t a n d e
los otros sino q u e , a la luz d e los hechos ulteriores, le d a n la r a z ó n .
E s útil n o t a r q u e esta distinción del y o se p r o d u c e c o n t r a u n
fondo d e n o t a b l e d e s o r g a n i z a c i ó n y desconcierto. L a e m p r e s a d e
N a r v á e z es s i n g u l a r m e n t e caótica, c a r e n t e , e n el sentido m á s lite-
ral, d e dirección. E n S a n t o D o m i n g o , p r i m e r p u e r t o q u e toca la
e x p e d i c i ó n , d e s e r t a n m á s d e ciento c u a r e n t a h o m b r e s . E n C u b a ,
la escala siguiente, N a r v á e z se reabastece d e h o m b r e s , p e r o e n
u n h u r a c á n p i e r d e dos n a v i o s , sesenta p e r s o n a s y veinte caballos.
L a a u t o r i d a d del jefe d e la expedición se desquicia; t a m b i é n la
d e su piloto, s o b r i n o del l e g e n d a r i o D i e g o M i r u e l o , q u i e n " d e c í a
q u e sabía y h a b í a e s t a d o e n el río d e las P a l m a s , y e r a m u y b u e n
piloto de t o d a la costa del n o r t e " ( p . 45). N o b i e n se llega al con-

9 " P r o h e m i o " , e n M A R T , op, cit


NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 429

tinente se c o m p r u e b a la ineficacia d e ese saber, ineficacia q u e Alvar


N ú ñ e z se complace e n reiterar: M i n í e l o " h a b í a e r r a d o , y n o sabía
en q u é p a r t e e s t á b a m o s , ni a d o n d e e r a el p u e r t o " (p. 47), los pilo-
tos e q u i v o c a d o s " d e c í a n y c r e í a n q u e y e n d o la v í a d e las P a l m a s
e s t a b a n m u y cerca d e a l l í " ( p . 48) y q u e " n o estaría sino diez
o q u i n c e leguas d e allí la vía d e P a n u c o " ( p . 49). El e r r o r es fla-
g r a n t e y la desorientación total: el río d e las P a l m a s , es decir el
río G r a n d e , q u e d a a m á s de q u i n i e n t a s leguas d e d o n d e e s t á n ,
10
y t a n t o m á s lejos q u e d a P a n u c o . Significativamente (e involun-
t a r i a m e n t e ) la expedición se h a c e al revés. El m a n d a t o real orde-
i
n a b a ' c o n q u i s t a r y g o b e r n a r las provincias q u e están d e s d e el río
d e las P a l m a s h a s t a el c a b o d e la F l o r i d a " ( p . 41): el itinerario
q u e recogen los Naufragios es c o m o el n e g a t i v o , el reverso de ese
m a n d a t o . N o se c o m i e n z a e n o cerca del río d e las P a l m a s p o r q u e
n o se lo e n c u e n t r a , p o r q u e el río está allá — c a d a vez m á s allá—
y n o aquí. Poco a p o c o , lo q u e h u b o d e ser v a g o p u n t o d e p a r t i d a
se vuelve a n s i a d o p u n t o d e llegada: d e la F l o r i d a a M é x i c o y n o
d e M é x i c o a la Florida. D i c h o d e o t r a m a n e r a : n o se sigue u n a
r u t a d e s d e u n c e n t r o conocido h a c i a u n a periferia p o r conocer,
sino q u e se e m p r e n d e el c a m i n o i n v e r s o , desde el l u g a r descono-
cido, insólito, h a c i a el l u g a r d e blancos y cristianos. Este trastro-
c a m i e n t o i m p r e v i s t o p e r m i t i r á al yo u n a perspectiva invalorable:
d e s p o j a d o d e lo familiar m u y a c o m i e n z o s del viaje, a r r o j a d o a
u n á m b i t o desconocido con el q u e d e b e forzosamente lidiar, se
r e c o n s t r u i r á en t e r r e n o v i r g e n p a r a sobrevivir.
E n las p r i m e r a s p á g i n a s del t e x t o la diferenciación del yo se
establece c o n c r e t a m e n t e con respecto a u n i n d i v i d u o : el jefe de
la e x p e d i c i ó n . M á s de u n a vez se a u t o d e s i g n a el yo c o m o " e l q u e
m á s le i m p o r t u n a b a " ( p . 51), c o m o el disidente q u e n o coincide
con el p a r e c e r indeciso, e t e r n a m e n t e fluctuante, del g o b e r n a d o r .
A b u n d a n ejemplos d e estas disidencias, v e r d a d e r o s desafíos d e
p a l a b r a , y e n a l g ú n caso d e p a l a b r a escrita. C u a n d o Alvar N ú ñ e z
aconseja elocuentemente n o a b a n d o n a r los navios e iniciar el viaje
p o r t i e r r a , Panfilo d e N a r v á e z o p t a p o r lo c o n t r a r i o :

El gobernador siguió su parescer y lo que los otros le aconseja-


ban. Yo, vista su determinación, requeríle de parte de Vuestra
Majestad que no dejase los navios sin que quedasen en puerto y segu-
1 0
El conocimiento de la región es escaso y sólo se tienen dos referencias:
Panuco (hasta donde ha llegado Cortés) y la Florida, descubierta por Ponce
de León. Miníelo, en efecto, ya ha estado en la región (viaje de Alonso de
Pineda, 1519) pero no quedan de ese viaje ni señalamiento de latitud ni derro-
tero. De hecho, Panuco queda a unas setecientas leguas de donde se encuentran.
430 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

ros, y así lo pedí por testimonio al escribano que allí teníamos. Él


respondió que, pues él se conformaba con el parescer de los más
de los otros oficiales y comisario, que yo no era parte para hacerle
estos requerimientos, y pidió al escribano le diese por testimonio
cómo por no haber en aquella tierra mantenimientos para poder
poblar, ni puerto para los navios, levantaba el pueblo que allí había
asentado y iba con él en busca del puerto y de tierra que fuese mejor;
y luego mandó apercibir la gente que había de ir con él; y después
de esto proveído, en presencia de los que allí estaban, me dijo que,
pues yo tanto estorbaba y temía la entrada por la tierra, que me
quedase [...] (p. 50).

Este m e n o s p r e c i o a u t o r i t a r i o , n o sólo d e la o p i n i ó n disidente


sino, c o m o lo implica el final d e la cita, del i n d i v i d u o m i s m o , vol-
v e r á a p r o d u c i r s e . C u a n d o los españoles r e c u r r e n u n a vez m á s
a la vía m a r í t i m a , e n r u d i m e n t a r i a s b a r c a s q u e m a l r e e m p l a z a n
los n a v i o s p e r d i d o s , se d a la m i s m a d i s y u n t i v a — d e s e m b a r c a r o
n o d e s e m b a r c a r — e n la turbulenta d e s e m b o c a d u r a del Mississippi.
N a r v á e z vuelve a c o n s u l t a r a su t e s o r e r o : " m e p r e g u n t ó q u é m e
parescía q u e d e b í a m o s h a c e r ' ' ( p . 68). V u e l v e a d e s a t e n d e r la res-
p u e s t a d e Alvar N ú ñ e z — n o h a c e r t i e r r a , n o s e p a r a r s e , " q u e j u n -
tas todas tres b a r c a s , siguiéramos n u e s t r o c a m i n o d o n d e Dios nos
quisiese l l e v a r " (id.)— y, con la singular fatalidad q u e lo lleva
a elegir m a l , el g o b e r n a d o r d a o r d e n d e dirigirse a la costa. L a
d e s a u t o r i z a c i ó n d e A l v a r N ú ñ e z h a sido, u n a vez m á s , total.
H a y e n este ú l t i m o episodio u n m a r a v i l l o s o despliegue d e
paciencia p o r p a r t e d e A l v a r N ú ñ e z , c o m o si el cronista, al estam-
p a r su r e c u e r d o , necesitara dilatar el episodio q u e lo lleva, final-
m e n t e , a r o m p e r con N a r v á e z . A c a t a la o r d e n : " Y o , vista su
v o l u n t a d , t o m é m i r e m o , y lo m i s m o hicieron t o d o s los q u e e n
m i b a r c a e s t a b a n " (id.). C o m p r u e b a la imposibilidad de c u m -
plir la o r d e n : sus h o m b r e s n o t i e n e n la fuerza d e los d e N a r v á e z ,
" l a m á s s a n a y recia gente q u e e n t r e t o d a h a b í a " (id.). Pide a y u d a
p a r a p o d e r c u m p l i r la o r d e n : " p e d í l e q u e , p a r a poderle seguir,
m e diese u n c a b o d e su b a r c a " (id.), Y p o r fin, a n t e la n e g a t i v a
d e N a r v á e z , concluye r a z o n a b l e m e n t e :

Yo le dije que, pues vía la poca posibilidad que en nosotros había


para poder seguirle y hacer lo que había mandado, que me dijese
qué era lo que mandaba que yo hiciese (id.).

L a serena docilidad d e estas palabras apenas disimula el desafiante


r e c l a m o : p u e s t o q u e N a r v á e z es jefe, q u e m a n d e . L a r e s p u e s t a
del g o b e r n a d o r , c u y a r e s p o n s a b i l i d a d p a r a con sus h o m b r e s dista
NkFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 431

d e ser e j e m p l a r , m a r c a el final d e su a u t o r i d a d vacilante y cierra


la p r i m e r a e t a p a d e los Naufragios. Al d e p o n e r el m a n d o con u n
poco n o b l e sálvese q u i e n p u e d a , libera la a u t o r i d a d :

El me respondió que ya no era tiempo de mandar unos a otros:


que cada uno hiciese lo que mejor le paresciese que era para salvar
la vida; que él así lo entendía de hacer, y diciendo esto, se alargó
11
con su barca [...] (pp. 68-69) .

U n episodio concreto, en q u e la terminología m a r í t i m a , u s a d a


p o r ú l t i m a vez, c o b r a r e s o n a n c i a simbólica, cifra eficazmente ese
relevo del m a n d o , a s u m i d o m e n o s c o m o a u t o r i d a d q u e c o m o res-
ponsabilidad:

[...] cuando el sol se puso, todos los que en mi barca venían esta-
ban caídos en ella unos sobre otros, tan cerca de la muerte, que pocos
había que tuviesen sentido, y entre todos ellos a esta hora no había
cinco hombres en pie; y cuando vino la noche no quedamos sino
el maestre y yo que pudiésemos marcar la barca, y a dos horas de
la noche el maestre me dijo que yo tuviese cargo de ella, porque
él estaba tal, que creía aquella noche morir; y así, yo tomé el leme
[...] (p. 69).

Toma de leme crucial, h a b r á d e leerse e n m á s d e u n registro:


A l v a r N ú ñ e z n o sólo se h a c e cargo d e la expedición o d e lo q u e
q u e d a d e ella en el nivel d e los h e c h o s sino q u e , en el nivel de
la e s c r i t u r a y a a ñ o s d e distancia, se h a c e c a r g o de su relación
con n u e v o i m p u l s o . A la liberación del s u b a l t e r n o d e s a u t o r i z a d o
p o r N a r v á e z corresponde la liberación del n a r r a d o r : t o m a r el leme
es hacerse c a r g o d e la e m p r e s a y t a m b i é n a u t o r i z a r el texto.
El y o q u e c e n t r a el relato de los Naufragios se t r a n s f o r m a : se
despoja, l i t e r a l m e n t e — e n el nivel d e la a n é c d o t a — se desviste.
E n u n último intento de c o n t i n u a r la expedición por m a r , en busca
del c a d a vez m á s r e m o t o río d e las P a l m a s , se i n t e n t a desencallar
u n a b a r c a y " f u e m e n e s t e r q u e nos d e s n u d á s e m o s t o d o s " ( p . 71).
Este d e s n u d a m i e n t o j u s t o d e s p u é s de h a b e r t o m a d o el l e m e es sig-
nificativo: distinguirá a u n a n u e v a persona, u n yo q u e , perdida toda

1 1
El texto recoge más tarde el relato de la muerte de Narváez, en un
pasaje no exento de dimensiones trágicas: "el gobernador se quedó en su barca,
y no quiso aquella noche salir a tierra, y quedaron con él un maestre y un
paje que estaba malo, y en la barca no tenían agua ni cosa ninguna que comer;
y que a media noche el norte vino tan recio, que sacó la barca a la mar, sin
que ninguno la viese, porque no tenía por resón sino una piedra, y que nunca
más supieron de él" (p. 86).
432 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

e m b a r c a c i ó n , q u e d a con sus c o m p a ñ e r o s ' ' d e s n u d o s c o m o nasci-


m o s y p e r d i d o t o d o lo q u e t r a í a m o s , y a u n q u e t o d o valía p o c o ,
p a r a e n t o n c e s valía m u c h o " ( p . 72). A s í d e s n u d o , el yo sería u n a
suerte d e espacio despojado ( E s p a ñ a h a q u e d a d o atrás) q u e se irá
l l e n a n d o con lo desconocido — A m é r i c a — h a s t a lograr n u e v o ser,
n u e v a i d e n t i d a d . E n función, p o r sobre t o d o , de este yo h a b r á n
d e verse las descripciones d e n u e v o s parajes y n u e v o s seres y n o
sólo c o m o m e r a (y a m e n u d o insatisfactoria) información geográ-
fica y etnológica: son prolongaciones vitales d e u n a n u e v a per-
sona d i n á m i c a . D e p a r t i c u l a r interés son las frecuentes descrip-
ciones de los distintos indios: ni hiperbólicas ni interesadas, c o m o
las d e m u c h o s cronistas q u e i n f o r m a n sobre el otro a distancia,
son éstas descripciones de u n otro cotidiano cuyo contacto d a forma
al y o . E s t e c o n t a c t o , culturad y a la vez específicamente p e r s o n a l ,
se registra a m e n u d o en el texto. Describe A l v a r N ú ñ e z , p o r ejem-
plo, c ó m o se efectúa el pasaje d e los españoles d e u n a c o m u n i d a d
d e indios a otra. C a d a español es t o m a d o de la m a n o p o r u n indio
d e la n u e v a c o m u n i d a d q u e lo a l b e r g a r á e n su choza: " y c a d a
u n o d e ellos t o m ó el suyo p o r la m a n o y nos llevaron a sus c a s a s "
( p . 101).
L a d e s n u d e z y el aprendizaje del o t r o q u e configuran al n u e v o
yo n o se viven fácilmente: " c o m o n o e s t á b a m o s a c o s t u m b r a d o s
a [ a n d a r d e s n u d o s ] , a m a n e r a de serpientes m u d á b a m o s los cue-
ros dos veces en el a ñ o , y con el sol y el aire hacíanse en los pechos
y en las espaldas u n o s e m p e i n e s m u y g r a n d e s " ( p . 101). E s t a des-
n u d e z física — p r i m e r alejamiento de lo p r o p i o , p r i m e r a t r a n s g r e -
sión d e u n código q u e se v a d e s e c h a n d o — s o r p r e n d e f u e r t e m e n t e
al e s p e c t a d o r , sea indio o cristiano, c o n t r a r i a n d o sus previsiones.
Así, los indios q u e los h a n visto con r o p a el d í a a n t e r i o r " n o s vol-
v i e r o n a b u s c a r y a t r a e r n o s de c o m e r ; m a s c u a n d o ellos nos vie-
r o n ansí e n t a n diferente h á b i t o del p r i m e r o y en m a n e r a t a n
e x t r a ñ a , espantáronse tanto q u e se volvieron a t r á s " ( p . 72). M i e n -
t r a s t a n t o u n o s españoles, a n t i g u o s c o m p a ñ e r o s d e expedición,
con q u i e n e s se e n c u e n t r a n A l v a r N ú ñ e z y los suyos a los pocos
d í a s , a c u s a n idéntico c h o q u e : " s e e s p a n t a r o n m u c h o d e v e r n o s
d e la m a n e r a q u e e s t á b a m o s , y rescibieron m u y g r a n p e n a p o r
n o t e n e r q u é d a r n o s ; q u e n i n g u n a o t r a r o p a t r a í a n sino la q u e
t e n í a n v e s t i d a " ( p . 74). P o r u n m o m e n t o , antes d e c o m e n z a r el
p r o g r e s i v o a d e c u a m i e n t o a códigos d o n d e la d e s n u d e z n o es dife-
r e n c i a , sólo está el h o m b r e d e s n u d o : irreconocible t a n t o p a r a el
otro como p a r a él m i s m o , suspendido en u n espacio de nadie, incla-
sificable a n t e m i r a d a s a t ó n i t a s .
A esta p r i m e r a — y m u y básica— separación cultural segui-
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 433

r á n o t r a s . L o s actos q u e v a n m a r c a n d o el a b a n d o n o del p a s a d o
afectan aquellas c o n v e n c i o n e s q u e f u n d a m e n t a n la i d e n t i d a d cul-
t u r a l , n o t a b l e m e n t e e n el caso d e las c o s t u m b r e s alimenticias. Al
comienzo d e la n a r r a c i ó n , el yo se m a n t i e n e enérgicamente al m a r -
gen d e estas t r a n s g r e s i o n e s . O t r o s c o m e n caballos, n o él:

De mí sé decir que desde el mes de mayo pasado yo no había


comido otra cosa que maíz tostado, y algunas veces me vi en nece-
sidad de comerlo crudo; porque aunque se mataron los caballos entre-
tanto que las barcas se hacían, yo nunca pude comer de ellos (p. 72).

O t r o s c o m e n carne h u m a n a , n o él. C u e n t a Alvar N ú ñ e z c ó m o


E s q u i v e l , el ú n i c o sobreviviente del g r u p o q u e q u e d ó con N a r -
v á e z , al " ú l t i m o q u e m u r i ó [...] lo hizo tasajos, y c o m i e n d o d e
él se m a n t u v o h a s t a 1 d e m a r z o " ( p . 8 7 ) . M á s cerca d e él, cinco
de sus h o m b r e s " s e c o m i e r o n los u n o s a los otros, hasta q u e q u e d ó
u n o solo, q u e p o r ser solo n o h u b o q u i e n lo c o m i e s e " ( p . 75). Al
n a r r a r este ú l t i m o i n c i d e n t e , y c o m o p a r a recalcar su c a r á c t e r
n e f a n d o , registra la violenta r e p r o b a c i ó n de los m i s m o s indios:

De este caso se alteraron tanto los indios, y hobo entre ellos tan
gran escándalo, que sin duda si al principio ellos lo vieran, los mata-
ran, y todos nos viéramos en grande trabajo (id.).

L a m e n c i ó n d e estas t r a n s g r e s i o n e s , d e las q u e A l v a r N ú ñ e z
t a n d e l i b e r a d a m e n t e se a p a r t a , o c u r r e a c o m i e n z o s del viaje p o r
t i e r r a y al m u y poco t i e m p o d e h a b e r s e s e p a r a d o d e N a r v á e z . E n
c a m b i o el capítulo X X I I I , t i t u l a d o sin a m b a g e s " C ó m o n o s p a r -
timos d e s p u é s de h a b e r c o m i d o los p e r r o s " , c o m i e n z a con la n a t u -
ralidad q u e d a el hábito: " D e s p u é s q u e c o m i m o s los p e r r o s , pares-
c i é n d o n o s q u e t e n í a m o s a l g ú n e s f u e r z o p a r a p o d e r ir
a d e l a n t e [...] nos d e s p e d i m o s d e aquellos i n d i o s " ( p . 102). N o se
t r a t a d e caballos n i de h o m b r e s sino d e perros, y m á s precisamente
de p e r r o s q u e los indios utilizan en su alimentación. P e r o el hecho
d e q u e el t e x t o , d e s t i n a d o a u n lector e u r o p e o p a r a q u i e n el p e r r o
es a n i m a l d o m é s t i c o n o comestible, descarte la necesidad d e cual-
q u i e r explicación, m u e s t r a cuan familiarizado está A l v a r N ú ñ e z
con u n código q u e n o es el suyo d e o r i g e n . L a a p a r e n t e insignifi-
c a n c i a d e la frase t e m p o r a l " d e s p u é s q u e c o m i m o s los p e r r o s "
permite m e d i r la distancia recorrida en el proceso de despojamiento
y r e o r g a n i z a c i ó n c u l t u r a l . H a y otros ejemplos d e este c a m b i o d e
código. E n el capítulo X X I I p o r ejemplo, relata Alvar N ú ñ e z cómo
a veces los indios les d a b a n , a él y a sus escasos c o m p a ñ e r o s , u n
p e d a z o d e c a r n e . Ellos n o se d a b a n el t i e m p o d e asarlo p o r t e m o r
434 SILVIA M O L L O Y NRFH, X X X V

a q u e a l g ú n indio se lo r o b a s e , p e r o sobre t o d o p o r q u e los hábitos


alimenticios, s e g ú n indica el t e x t o , y a se h a n a l t e r a d o . Si el ali-
m e n t o e r a a s a d o — y nótese q u e se t r a t a d e c a r n e — " n o lo p o d í a -
m o s t a n b i e n p a s a r c o m o c r u d o " ( p . 102).
El reajuste c u l t u r a l dista d e ser simple y u n í v o c o . L o s avata-
res del sistema alimentario, los sutiles vaivenes d e u n n u e v o código
inestable y , lo m á s i m p o r t a n t e , la actitud del yo al h a b l a r d e sus
c o m i d a s (ya p a r t i c i p a n d o e n las n u e v a s c o s t u m b r e s , y a distancián-
dose d e ellas) m e r e c e n e x a m e n . Q u e el yo c o m p a r t e estas n u e v a s
" m a n e r a s d e m e s a " es i n d u d a b l e . L o c o n f i r m a n la n a t u r a l i d a d
de ciertos comentarios — c o m o la y a citada mención d e los perros—
y h a s t a la a p r o b a c i ó n con la cual se h a b l a d e ciertas c o m i d a s incor-
p o r a d a s sin d i s c r i m i n a c i ó n :

H a y muchas maneras de tunas, y entre ellas hay algunas muy


buenas, aunque a mí todas me parescían así, y nunca la hambre
me dio espacio para escogerlas ni parar mientes en Cuáles eran mejo-
res (p. 93). '

El a l i m e n t o i n e s p e r a d o se m e n c i o n a c o n deleite: el m e z q u i -
q u e z , p o r e j e m p l o , " e s u n a fruta q u e c u a n d o está e n el árbol es
m u y a m a r g a , y es d e la m a n e r a d e a l g a r r o b a s , y cómese c o n tie-
r r a , y c o n ella está dulce y b u e n o d e c o m e r " ( p . 109). Sigue a
la m e n c i ó n d e este d u d o s o m a n j a r u n a v e r d a d e r a receta c u l i n a r i a
q u e describe p r o c e d i m i e n t o s , utensilios y h a s t a el p a p e l del coci-
n e r o : " e l q u e la h a m o l i d o [la fruta] p r u é b a l a , y si le p a r e c e q u e
n o está d u l c e , p i d e t i e r r a y revuélvela c o n ella, y esto h a c e h a s t a
q u e la halla d u l c e , y asiéntanse t o d o s a l r e d e d o r y c a d a u n o m e t e
la m a n o y saca lo q u e p u e d e " (id.).
E n otras ocasiones, sin e m b a r g o , la detallada información des-
t i n a d a al r e y e s c a m o t e a la participación del y o , c o m o si éste se
alejara d e la a l i m e n t a c i ó n q u e fue suya:

Su mantenimiento principalmente es raíces de dos o tres mane-


ras, y búscanlas por toda la tierra; son muy malas, y hinchan los
hombres que las comen. T a r d a n dos días en asarse, y muchas de
ellas son m u y amargas, y con todo esto se sacan con mucho tra-
bajo. Es tanta la hambre que aquellas gentes tienen, que no se pue-
den pasar sin ellas, y andan dos o tres leguas buscándolas. Algunas
veces matan algunos venados, y a tiempos toman algún pescado;
mas esto es tan poco, y su hambre tan grande, que comen arañas
y huevos de hormigas, y gusanos y lagartijas y salamanquesas y cule-
bras y víboras, que matan los hombres que muerden, y comen tie-
rra y madera y todo lo que pueden haber, y estiércol de venados,
NRFH,XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 435

y otras cosas que dejo de contar; y creo averiguadamente que si en


aquella tierra hubiese piedras las comerían (p. 89).

L a p a r t i c i p a c i ó n del y o , u n a vez m á s , es e v i d e n t e : a d e m á s d e
los efectos d e las raíces conoce, p o r ejemplo, su s a b o r . P e r o n o
m e n o s e v i d e n t e , e n este caso, es la d i s t a n c i a q u e establece la des-
cripción e n el m o m e n t o d e la e s c r i t u r a . El yo necesita s e p a r a r s e
del ellos — d e " a q u e l l a g e n t e " — , incluso señalar su diferencia
m e d i a n t e la litote d e r e p u d i o : " y otras cosas q u e dejo d e c o n t a r " .
El yo p a r t í c i p e se esfuma t r a s el yo testigo. Este vaivén — u n yo
a veces d e n t r o del g r u p o , a veces fuera de él— es sintomático n o
sólo del reajuste alimenticio sino de t o d o el p r o c e s o q u e consti-
t u y e el a p r e n d i z a j e del o t r o .
Si n o se h a h a b l a d o del m a í z e n esta d i e t a ajena q u e se vuelve
propia, es p o r q u e a d e m á s d e su evidente valor alimenticio se carga,
d e n t r o del t e x t o , d e funciones q u e m e r e c e n m e n c i ó n especial. El
m a í z e n c u a d r a el relato, a p a r e c e al c o m i e n z o , antes del d e s n u d a -
m i e n t o , y al final, en vísperas del reingreso e n la c o m u n i d a d espa-
ñola. P a r a apreciar su importancia, conviene retroceder en el texto,
c o n s i d e r a r la m e t a c a m b i a n t e del viaje u n a vez q u e se vuelve evi-
d e n t e la i m p o s i b i l i d a d d e " c o n q u i s t a r y g o b e r n a r " .
L o s relatos, e n p a r t e fabulados, de otros viajeros y la codicia
p r o p i a h a c e n q u e la expedición c o m i e n c e bajo el signo del o r o ,
los m e t a l e s . " U n a sonaja de o r o e n t r e las r e d e s " ( p . 46), encon-
t r a d a e n u n b o h í o a b a n d o n a d o poco d e s p u é s del d e s e m b a r c o e n
la F l o r i d a , se vuelve objeto m á g i c o , cifra de e s p e r a n z a s y obsesio-
nes. Los indios, acaso de m a l a fe, acaso p o r q u e los españoles inter-
p r e t a n sus señas según les c o n v i e n e , a l i m e n t a n la ilusión:

Por señas preguntamos a los indios de adonde habían habido


aquellas cosas, señaláronnos que muy lejos de allí había una pro-
vincia que se decía Apalache, en la cual había mucho oro, y hacían
seña de haber muy gran cantidad de todo lo que nosotros estimamos en
algo (p. 48; subrayado por mí).

S o b r e esta n o t a d e o p t i m i s m o se inicia el viaje h a c i a u n a ilu-


soria r i q u e z a : el apetito del o r o se vuelve s u s t e n t o del viaje. Sin
e m b a r g o , casi desde las p r i m e r a s páginas de la crónica, y a m e d i d a
q u e surge de m o d o m á s acuciante el h a m b r e , se va perfilando para-
lelamente otro tesoro q u e se busca con avidez igual o m a y o r . C o m o
m o n ó t o n o estribillo q u e p u n t ú a esta e t a p a del viaje, la p a l a b r a
maíz r e c u r r e o b s e s i v a m e n t e e n la relación: " m o s t r á r n o s l e s m a í z
p a r a ver si le c o n o c í a n " ( p . 48); " h a l l a m o s g r a n c a n t i d a d d e m a í z
436 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

q u e e s t a b a y a p a r a cogerse, y d i m o s infinitas gracias a n u e s t r o


S e ñ o r " ( p . 51); " a u n q u e a l g u n a s veces h a l l á b a m o s m a í z , las m á s
a n d á b a m o s siete y ocho leguas sin t o p a r l o " ( p . 54). El m a í z real
r e e m p l a z a el o r o inexistente h a s t a q u e se vuelve, él t a m b i é n , ine-
xistente: n u e v o objeto d e deseo, n u e v a cifra d e ' e s p e r a n z a s y obse-
siones.
L a m e n c i ó n del m a í z cesa c u a n d o c o m i e n z a el largo itinerario
individual p o r tierra y u n a vez q u e q u e d a n atrás las culturas seden-
t a r i a s . M e t a l y m a í z , dos objetos q u e significan e n sí y a la vez
a p u n t a n a o t r a cosa ( r i q u e z a , civilización: lo i n a l c a n z a b l e ) , son
r e e m p l a z a d o s p o r el m á s básico e indiferenciado a l i m e n t o , m e t a
i n m e d i a t a , utilitaria, q u e e s c a p a a la idealización. C u a n d o rea-
p a r e c e n , h a c i a el final del texto, s i e m p r e e n l u g a r privilegiado,
es i n t e r e s a n t e o b s e r v a r c ó m o se h a e n r i q u e c i d o su significado. El
m a í z y a n o es sólo a l i m e n t o codiciado sino v í a , salida, r u t a reco-
n o c i b l e : " D e c ó m o s e g u i m o s el c a m i n o del m a í z " , se titula u n o
d e los capítulos q u e p r e l u d i a el reingreso d e los viajeros, p r i m e r o
e n las culturas sedentarias indígenas, luego en la española. L a des-
cripción, a las claras l a u d a t o r i a y p o s i b l e m e n t e idealizada, d e la
c o m u n i d a d i n d í g e n a d o n d e p o r fin e n c u e n t r a n m a í z —lujo, lim-
pieza, a b u n d a n c i a , cosas " m e j o r e s q u e las d e la N u e v a E s p a ñ a "
( p . 124)— a p o y a este e n r i q u e c i m i e n t o del signo.
T a m b i é n el m e t a l vuelve a a p a r e c e r al final, r e v a l o r i z a d o d e
o t r a m a n e r a . Si b i e n sigue r e p r e s e n t a n d o " t o d o lo q u e nosotros
e s t i m a m o s e n a l g o " , el objetivo d e la e s t i m a h a v a r i a d o ; el m e t a l
y a n o es indicio d e ilusorias riquezas, c o m o el o r o del p r i n c i p i o ,
sino signo d e la m u y d e s e a d a presencia d e semejantes:

[...jentre otras cosas que nos dieron, hobo Andrés Dorantes un cas-
cabel gordo, grande, de cobre, y en él figurado u n rostro[...] y pre-
guntándoles que dónde habían habido aquello, dijéronlo que lo
habían traído de hacia el Norte[...] y entendimos que do quiera que
aquello había venido, había fundición y se labraba de vaciado, y
con esto nos partimos otro día (p. 115).

El cascabel significa m e t a l u r g i a , metal trabajado p o r h o m b r e s ,


p o r lo t a n t o p r e s e n c i a d e esos h o m b r e s , acaso c o m o ellos. D e n t r o
d e la m i s m a p e r s p e c t i v a m e t o n í m i c a , u n clavo d e h e r r a r significa
esto y m á s : la i n d u d a b l e p r e s e n c i a e s p a ñ o l a , m á s valiosa en ese
m o m e n t o q u e c u a l q u i e r p r o m e s a d e tesoro:

En este tiempo, Castillo vio al cuello de un indio una hebilleta


de talabarte de espada, y en ella cosido u n clavo de herrar; tomó-
sela y preguntárnosle qué cosa era aquella, y dijéronnos que habían
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 437

venido del cielo. Preguntárnosle más, que quién la había traído de


allá, y respondieron que unos hombres que traían barbas como noso-
tros, que habían venido del cielo y llegado a aquel río[...]. Noso-
tros dimos muchas gracias a Dios nuestro Señor porque estábamos
desconfiados de saber nuevas de cristianos (p. 126).

El i m p u l s o del viaje coincide con su c l a u s u r a : m e t a l y m a í z ,


los m i s m o s y a la vez o t r o s , e n c u a d r a n el r e c o r r i d o , p r o v e e n hitos
reconocibles e n t r e los cuales se d a el espacio b l a n c o d e u n itinera-
rio f u n d a m e n t a d o e n el y o .
El traslado físico q u e constituye la a n é c d o t a m i s m a d e los Nau-
fragios r e p e r c u t e a través del texto c o m o e n u n a galería de ecos:
traslado d e u n a m e t a a o t r a , t r a s l a d o de u n a c u l t u r a a o t r a , tras-
12
lado p o r fin d e u n yo a o t r o y o . El yo e n c a r n a esos t r a s l a d o s ,
n o sólo p l e g á n d o s e a los c a m b i o s sino h a c i e n d o del t r a s l a d o su
n a t u r a l e z a : será u n y o t r a s l a d a n t e , u n y o m e d i a d o r . L a facilidad
con q u e se a s u m e c o m o tal es p a t e n t e al c o m i e n z o , j u s t o d e s p u é s
de la r u p t u r a con N a r v á e z . C u a n d o los indios se e s p a n t a n d e la
d e s n u d e z d e los españoles y h u y e n , es A l v a r N ú ñ e z q u i e n se
e n c a r g a d e tranquilizarlos ( p . 72); c u a n d o los españoles t e m e n q u e
esos m i s m o s indios los sacrifiquen, es n u e v a m e n t e A l v a r N ú ñ e z
q u i e n se e n c a r g a d e a p a c i g u a r l o s : el yo es lazo d e u n i ó n , m e d i a -
d o r q u e se m u e v e entre c u l t u r a s , p e r s u a s i v o , r a r a s veces a u t o r i t a -
rio. E s a m e d i a c i ó n q u e d a r á e m b l e m a t i z a d a e n las dos ocupacio-
nes q u e d e s e m p e ñ a A l v a r N ú ñ e z d u r a n t e su viaje: v e n d e d o r
a m b u l a n t e y m é d i c o viajero.
L a s d o s o c u p a c i o n e s n o son casuales. D e s d e el p u n t o d e vista
del i n d i o , c o n s t i t u y e n u n i n t e n t o d e i n t e g r a r al español e n su sis-
t e m a , adjudicándole u n a función útil d e n t r o de su economía: "ellos
c u r a n las e n f e r m e d a d e s s o p l a n d o al e n f e r m o . . . y m a n d á r o n n o s
97
q u e hiciésemos lo m i s m o y sirviésemos en algo ( p . 78; s u b r a y a d o
p o r m í ) . A la vez, las dos o c u p a c i o n e s p e r m i t e n q u e esa integra-
ción incluya la evidente diferencia del español: se lo incorpora como
distinto, adjudicándole funciones privilegiadas. D e s d e el p u n t o de
vista del e s p a ñ o l , son las o c u p a c i o n e s q u e le p e r m i t e n l a m a y o r

1 2
Esta evidente transformación ha sido comentada por PRANZETTI, art.
cit. También por DAVID LAGMANOVICH, "Los Naufragios de Alvar Núñez
como construcción narrativa", KRQ, 25 (1978), 27-37, que señala: " A lo largo
de ese viaje[...] se producen una serie de inversiones de la realidad común-
mente aceptada según la óptica del lector convencional, bajo el signo general
de una progresiva identificación del autor con el mundo indígena que había
partido para sojuzgar. Entre otras cosas, los Naufragios son el relato de una
conversión" (p. 32).
438 SILVIA MOLLOY NRFH, XXXV

flexibilidad y la m a y o r inciativa, en u n a p a l a b r a , la m a y o r liber-


t a d . A n o t a el cronista q u e " l o s físicos son los h o m b r e s m á s liber-
13
t a d o s " ( p . 7 7 ) y q u e el oficio d e m e r c a d e r " m e e s t a b a a m í
b i e n , p o r q u e a n d a n d o en él t e n í a libertad p a r a ir d o n d e q u e r í a
y n o e r a obligado a cosa a l g u n a " ( p . 81). P a r a A l v a r N ú ñ e z , a d e -
m á s , son ocupaciones q u e favorecen la construcción de u n n u e v o
yo, privilegiándolo c o m o espectáculo y permitiéndole distinguirse.
D e su t e m p r a n a función d e m e r c a d e r d i r á q u e " e n t r e ellos e r a
m u y conoscido; h o l g a b a n m u c h o c u a n d o m e v í a n y les t r a í a lo
q u e h a b í a n m e n e s t e r , y los q u e n o m e conoscían m e p r o c u r a b a n
y d e s e a b a n ver p o r m i f a m a " ( p . 82). E n c u a n t o a su función de
m é d i c o , baste r e c o r d a r la amplificación q u e recibe e n el texto
—casi la m i t a d d e la relación p a r a evocarla— p a r a c o m p r e n d e r
la i m p o r t a n c i a q u e le adjudica el y o .
C o m o en los vaivenes o b s e r v a d o s e n la a d a p t a c i ó n alimenti-
cia, las relaciones del yo al o t r o — y del otro al y o — e n lo q u e
a t a ñ e a la o r g a n i z a c i ó n social distan de ser u n í v o c a s y consisten-
tes. E n la isla de M a l H a d o se p a s a , sin a p a r e n t e t r a n s i c i ó n , d e
servir c o m o físico — p u e s t o privilegiado— a p r e s t a r los servicios
m á s a r d u o s del esclavo:

[...] yo no podía sufrir la vida que con estos otros tenía; porque,
entre otros trabajos muchos, había de sacar las raíces para comer
debajo del agua y entre las cañas donde estaban metidas en la tie-
rra; y de esto traía yo los dedos tan gastados, que una paja que me
tocase me hacía sangre de ellos[...] (p. 81).

Al c a m b i a r de c o m u n i d a d , el esclavo p a s a a ser m e r c a d e r d e
fama. Esto d u r a n t e seis a ñ o s ; p e r o el d í a q u e vuelve a c a m b i a r
d e g r u p o , r e t o r n a n la esclavitud y los m a l o s t r a t o s : " e n ese tiem-
plo yo p a s é m u y m a l a vida, ansí p o r la m u c h a h a m b r e c o m o p o r
el m a l t r a t a m i e n t o q u e de los indios r e s c e b í a " ( p . 92). C u a n d o
p o r fin l o g r a n h u i r de estos indios p a s a n n u e v a m e n t e al o t r o
e x t r e m o : " L u e g o el p u e b l o n o s ofreció m u c h a s t u n a s , p o r q u e y a
ellos t e n í a n noticia d e nosotros y c ó m o c u r á b a m o s " ( p . 94).
S u p o n e r q u e este t r a t a m i e n t o v a r i a d o se d e b e a las funciones
diversas q u e cada grupo sucesivo de indios quiere adjudicar al espa-
ñol c o n v e n c e sólo m e d i a n a m e n t e . N o se t r a t a , d e s p u é s d e t o d o ,

1 3 ;
Comó ejemplo dé ésa liberación, señala Alvar Núñez la poligamia: los
físicos pueden tener dos y tres [mujeres] y entre éstas hay muy gran amistad
y conformidad" (p. 77). Declaración reveladora que invita a la conjetura, en
un texto donde se evita cuidadosamente toda referencia sexual que implique
al yo.
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 439

d e g r u p o s aislados, sin c o n t a c t o e n t r e ellos. El texto señala m á s


d e u n a vez q u e las c o m u n i d a d e s i n d í g e n a s c o n t r a t a n e n t r e ellas
y q u e la f a m a del español, y a c o m o m e r c a d e r , y a c o m o c u r a n -
d e r o , a n t i c i p a su presencia. M á s satisfactorio es c o n j e t u r a r q u e
el e s p a ñ o l , p e r c i b i d o p o r el indio c o m o b á s i c a m e n t e diferente, es
u b i c a d o i n d i s t i n t a m e n t e en el e x t r e m o — d e l privilegio o del
s o m e t i m i e n t o — d o n d e resulte m á s útil. S e r á a la vez c u r a n -
d e r o / m e r c a d e r y esclavo, así c o m o p a r a A l v a r N ú ñ e z , v í c t i m a d e
u n a m i s m a p e n u r i a clasificatoria, el indio será a la vez " b r u t o "
( p . 73) y " g e n t e " ( p . 76). Se está, s i m u l t á n e a m e n t e , a d e n t r o y
afuera, se es, s i m u l t á n e a m e n t e , yo y el o t r o .
Este vaivén j e r á r q u i c o disminuye y de hecho cesa en la segunda
m i t a d del t e x t o , p r o d u c i e n d o u n a i m p o r t a n t e r e o r g a n i z a c i ó n del
r e l a t o . Se h a señalado r e p e t i d a s veces el desequilibrio t e m p o r a l
d e los Naufragios, el h e c h o d e q u e los p r i m e r o s diecinueve capítu-
los se refieren a seis a ñ o s d e viaje y los diecinueve restantes t a n
sólo a dos. Es innegable q u e esta relativización c o r r e s p o n d e , c o m o
14
se h a d i c h o con a c i e r t o , a u n i m p u l s o n a r r a t i v o q u e m a r c a
e x p a n s i o n e s y contracciones p a r a valorizar aspectos del relato y
d i n a m i z a r l o . L o q u e q u e d a p o r v e r en detalle, sin e m b a r g o , es
cuál es ese aspecto del viaje q u e m e r e c e e x p a n s i ó n t a n n o t a b l e y
q u é relación g u a r d a con la estrategia a u t o v a l o r a d v a q u e practi-
can los Naufragios.
H a s t a el capítulo diecinueve el texto h a oscilado, p a r a realzar
al y o , e n t r e la retórica del d e s a m p a r o (el esclavo) y la d e la distin-
ción (el q u e " t o m a el l e m e " , el c u r a n d e r o , el m e r c a d e r ) . A p a r t i r
d e este c a p í t u l o o p t a r á p o r la ú l t i m a , p r a c t i c a n d o , a d e m á s d e la
expansión cronológica m e n c i o n a d a , u n a v e r d a d e r a magnificación
p e r s o n a l . El relato se r e o r g a n i z a sistemáticamente en u n solo sen-
tido —el d e las c u r a s sucesivas— y e n t o r n o a u n a sola función:
la d e físico.
E s i n t e r e s a n t e o b s e r v a r los orígenes de tal función, eje d e la
s e g u n d a p a r t e del r e l a t o . Al a s u m i r l a p o r vez p r i m e r a los e s p a ñ o -
les, e n la isla d e ' M a l H a d o , se invierte — o t r a v a r i a n t e fecunda
del r e v é s — el o r d e n d e los factores q u e h a b i t u a l m e n t e a s e g u r a n
la eficacia d e las prácticas curativas. Señala en efecto Lévi-Strauss
q u e p a r a q u e la c u r a sea exitosa son n e c e s a r i a s , s u c e s i v a m e n t e ,
la c r e e n c i a del c u r a n d e r o e n sus técnicas; la creencia del e n f e r m o
en el p o d e r del c u r a n d e r o ; y la confianza y las exigencias de la
o p i n i ó n colectiva, q u e constituyen u n c a m p o de gravitación d e n -
tro del cual se definen las relaciones e n t r e el c u r a n d e r o y el

1 4
LEWIS, art. cit., pp. 687-688.
440 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

15
p a c i e n t e . E n los Naufragios, e n c a m b i o , se trastroca sistemática-
m e n t e la serie. L a s exigencias colectivas — h a c e r q u e estos h o m -
bres sirvan, t e n i e n d o en c u e n t a su diferencia— dictan la confianza
del g r u p o i n d í g e n a ; ésta, a su vez, d e t e r m i n a la confianza d e los
i n d i v i d u o s e n f e r m o s ; y es esta v o l u n t a r i o s a creencia, reforzada
p o r la coerción — " n o s q u i t a b a n la c o m i d a h a s t a q u e hiciésemos
lo q u e n o s d e c í a n " ( p . 7 8 ) — , la q u e p o r fin d e t e r m i n a la convic-
ción de los flamantes físicos. U n a práctica q u e al c o m i e n z o resulta
ridiculamente ajena — " n o s o t r o s nos reíamos d e ello, diciendo q u e
e r a b u r l a y q u e n o s a b í a m o s c u r a r " (id.)— es i m i t a d a p o r n e c e -
sidad, h a s t a q u e se a s u m e c o m o p r o p i a y eficaz: " y o lo h e experi-
m e n t a d o y m e suscedió b i e n d e e l l o " ( p . 79). L a i m p o s t u r a se
h a vuelto función.
L a d i l a t a d a s e g u n d a p a r t e del viaje n o sólo realza esta fun-
ción d e físico sino q u e la sistematiza. Sin e m b a r g o , a n t e s d e esa
sistematización, e n el espacio q u e m e d i a e n t r e el a s u m i r la fun-
ción y el p o n e r l a e n p r á c t i c a , se sitúa u n curioso episodio, rico
e n p r o l o n g a c i o n e s simbólicas. L o s españoles, e n vísperas d e
e m p r e n d e r la larga m a r c h a curativa, se detienen a b u s c a r comida:

[.. .]y como por toda esta tierra no hay caminos, yo me detuve más
en buscarla; la gente se volvió, y yo quedé solo, y viniendo a bus-
carlos aquella noche me perdí, y plugo a Dios que hallé un árbol
ardiendo, y al fuego de él pasé aquel frío aquella noche, y a la mañana
yo me cargué de leña y tomé dos tiones, y volví a buscarlos, y anduve
de esta manera cinco días siempre con mi lumbre y mi carga de leña,
porque si el fuego se me matase en parte donde no tuviese leña, como
en muchas partes no la había, tuviese de qué hacer otros tiones y
no me quedase sin lumbre, porque para el frío yo no tenía otro reme-
dio, por andar desnudo como nascí; y para las noches yo tenía este
remedio, que me iba a las matas del monte, que estaba cerca de
los ríos, y paraba en ellas antes que el sol se pusiese, y en la tierra
hacía un hoyo y en él echaba mucha leña, que se cría en muchos
árbolesf.. .]y al derredor de aquel hoyo hacía cuatro fuegos en cruz,
y yo tenía cargo y cuidado de rehacer el fuego de rato en rato, y
hacía unas gavillas de paja larga que por allí hay, con que me cubría
en aquel hoyo, y de esta manera me amparaba del frío de las noches;
y una de ellas el fuego cayó en la paja con que yo estaba cubierto,
y estando yo durmiendo en el hoyo, comenzó a arder muy recio,
y por mucha priesa que yo me di a salir, todavía saqué señal en
los cabellos del peligro en que había estado (pp. 95-96).

!5 CLAUDE LÉVI-STRAUSS, Anthropologie structurale, Pion, Paris, 1958, p.


184.
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 441

P o r v a r i a s r a z o n e s el texto resulta n o t a b l e . N o sólo recoge,


c o n c e n t r á n d o l a s e n el y o , las privaciones q u e se h a n v e n i d o deta-
l l a n d o — h a m b r e , frío, d e s n u d e z , soledad, p e l i g r o — sino q u e les
d a n u e v o s e n t i d o , es decir, r e o r i e n t a su l e c t u r a h a c i a u n a n u e v a
m e t a . H a s t a este p u n t o e n el texto, la privación h a sido adversi-
d a d personal, infortunio cuya superación atestigua el valor del indi-
v i d u o , su m e r i t o r i a diligencia, sus recursos: o b e d e c e a u n a estra-
tegia d e autojustificación. A la luz d e este n u e v o episodio, cuyas
c o n n o t a c i o n e s religiosas son obvias —el y o e r r a n t e e n el desierto,
la zarza a r d i e n t e , la l u m b r e q u e se h a d e m a n t e n e r siempre encen-
d i d a , los fuegos e n c r u z , la p r o v i d e n c i a l salvación y la señal q u e
se saca d e la e x p e r i e n c i a — , el yo n o sólo se justifica sino q u e se
a ñ a d e o t r a d i m e n s i ó n : su privación h a b r á d e leerse m á s allá del
sufrimiento personal, como p r u e b a divina y c o m o preparación p a r a
la l a r g a m a r c h a mesiánica q u e o c u p a la s e g u n d a p a r t e d e los Nau-
fragios.
L a c u r a c i ó n i n t r o d u c e u n n u e v o m o d o d e t o m a r c o n t a c t o con
el o t r o , b a s a d o e n el beneficio m u t u o : la salud a c a m b i o del ali-
m e n t o . E l yo vuelve a o p e r a r d e n t r o d e u n g r u p o español —el
u s o del n o s o t r o s se vuelve m á s f r e c u e n t e — , n o t a n t o con m i r a s
a diferenciarse d e él ( c o m o al c o m i e n z o d e la e x p e d i c i ó n ) , c o m o
p a r a reforzar su m i s i ó n y a s e n t a r s e e n su prestigio. Si la discordia
a m e n a z a b a al nosotros e n t i e m p o s d e N a r v á e z , el espíritu colec-
tivo, la i d e n t i d a d d e propósitos y la función c o m p a r t i d a lo vuel-
v e n n o r m a l m e n t e necesario e n esta e t a p a del viaje: el nosotros es
la m a r c a del c u e r p o colegiado —el d e físicos— e n q u e el y o , p o r
cierto, descuella ( " e n atrevimiento y osar a c o m e t e r cualquier c u r a
e r a y o m á s s e ñ a l a d o e n t r e e l l o s " , p . 99), p e r o q u e a la vez lo j u s -
tifica.
P r e s e n t a d o al comienzo c o m o mezcla de curas casuales y desor-
d e n a d o entusiasmo — " p o r llegar m á s prestos los u n o s q u e los otros
a t o c a r n o s , nos a p r e t a r o n t a n t o q u e p o r poco nos h o b i e r a n d e
m a t a r ; y sin d e j a r n o s p o n e r los pies e n el suelo n o s llevaron a sus
c a s a s " ( p . 1 1 0 ) — , el viaje c u r a t i v o p r o n t o se sistematiza en u n
proceso q u e se c o m p l i c a n o t a b l e m e n t e a m e d i d a q u e a v a n z a el
g r u p o . T o d o s sus aspectos, m a t e r i a l e s y espirituales, sufren u n a
progresiva ritualización —las " c o s t u m b r e s " q u e señada el texto—
y, c o n c o m i t a n t e m e n t e , se j e r a r q u i z a n los viajeros, vueltos ofician-
tes. L a curación p a s a a ser c e r e m o n i a , cuyas transformaciones vale
la p e n a detallar;
1) L a s c u r a s r á p i d a m e n t e a d q u i e r e n valor s a g r a d o . L o s indí-
g e n a s m a r c a n la llegada d e los c u r a n d e r o s h a c i e n d o s o n a r cala-
b a z a s h o r a d a d a s q u e " t i e n e n v i r t u d y q u e v i e n e n del c i e l o " ( p .
442 SILVIA MOLLOY NRFH, XXXV

110). Los p r o p i o s físicos indios confieren a los españoles, a través


de esas c a l a b a z a s , su autorización profesional:

.. .dos físicos de ellos nos dieron dos calabazas, y de aquí comenza-


mos a llevar calabazas con nosotros, y añadimos a nuestra autori-
dad esta cerimonia, que para ellos es muy grande (p. 114).

2) Se a m p l í a el alcance de las c u r a s , a u m e n t a n d o sus hipoté-


ticos efectos. L a m e r a presencia de los físicos se i n t e r p r e t a c o m o
c
benéfica: 'creían q u e en t a n t o q u e allí nosotros estuviésemos nin-
g u n o de ellos h a b í a d e m o r i r " ( p . 99). L a imposición d e m a n o s
c u r a t i v a c o m i e n z a a percibirse t a m b i é n c o m o p r e v e n t i v a : " n o s
trajeron a t o d a la gente de a q u e l p u e b l o [y n o sólo a los enfermos]
p a r a q u e los tocásemos y s a n t i g u á s e m o s " ( p . 110).
3) Al afinarse la o r g a n i z a c i ó n del viaje c u r a t i v o , se a l t e r a n las
relaciones e n t r e los distintos g r u p o s i n d í g e n a s . El viaje n o sólo
se vuelve rito sino e m p r e s a . U n a n u e v a e c o n o m í a p r o d u c e inter-
m e d i a r i o s , suerte d e gerentes q u e " c o b r a n " las c u r a s :

[...]y entre estos vimos una nueva costumbre, y es que los que venían
a curarse, los que con nosotros estaban les tomaban el arco y las
flechas; y zapatos y cuentas, si las traían, y después de haberlas
tomado nos las traían delante de nosotros para que los curásemos;
y curados, se iban muy contentos, diciendo que estaban sanos (p.
ni).
4) El c o b r o previo — c o n d i c i ó n d e la c u r a — se complica con
el deseo d e lucro, a d q u i e r e proporciones violentas. El tributo invo-
l u n t a r i o p e r o circunscrito (arco, flechas, cuentas) se vuelve saqueo
total, q u e se r e p r o d u c e en c a d e n a :

[.. *]desde aquí comenzó otra nueva costumbre, y es que, resabién-


donos muy bien, que los que iban con nosotros los comenzaron a
hacer tanto mal, que les tomaban las haciendas y les saqueaban las
casas, sin que otra cosa ninguna les dejasen; de esto nos pesó mucho,
por ver el mal tratamiento que a aquellos que tan bien nos resce-
bían se hacía [mas] los indios mismos que perdían la hacienda,
conosciendo nuestra tristeza, nos consolaron, diciendo que de aquello
no rescibiésemos pena; que ellos estaban tan contentos de habernos
visto, que daban por bien empleadas sus haciendas, y que adelante
serían pagados de otros que estaban muy ricos (id.).

A m e d i d a q u e a v a n z a el viaje volverá a c a m b i a r la f o r m a d e
p a g o ; el t r i b u t o p o r coerción será r e e m p l a z a d o p o r la institución
de la d á d i v a v o l u n t a r i a : " d e s p u é s d e e n t r a d o s en sus casas, ellos
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 443

m i s m o s nos ofrescían c u a n t o tenían, y las casas con ellos" (p. 118).


5) L o s beneficios a t r i b u i d o s a la imposición d e m a n o s se m u l -
tiplican: a la c u r a y la p r e v e n c i ó n se a ñ a d e la c o n s a g r a c i ó n . C o n -
s a g r a c i ó n d e recién n a c i d o s , a m a n e r a d e b a u t i s m o : " A c o n t e s c í a
m u c h a s veces q u e d e las m u j e r e s q u e con n o s o t r o s i b a n p a r í a n
a l g u n a s , y luego en n a s c i e n d o nos t r a í a n la c r i a t u r a a q u e la san-
t i g u á s e m o s y t o c á s e m o s " ( p . 124). C o n s a g r a c i ó n t a m b i é n d e ali-
m e n t o s , e n pasajes d e i n d u d a b l e s r e s o n a n c i a s evangélicas:

[...Jmandábamos que asasen aquellos venados y liebres, y todo lo


que habían tomado; y esto también se hacía muy presto en unos
hornos que para esto ellos hacían; y de todo ello nosotros tomába-
mos u n poco, y lo dábamos al principal de la gente que con noso-
tros venía, mandándole que lo repartiese entre todos. Cada uno con
la parte que le cabía venían a nosotros para que la soplásemos y
santiguásemos, que de otra manera no osaran comer de ella; y
muchas veces traíamos con nosotros tres o cuatro mil personas (p.
117).

P o r los dos lados, t a n t o p a r a el indio c o m o p a r a el español,


la c e r e m o n i a se h a c o m p l i c a d o y se h a v a l o r i z a d o . Su precio
— c o m o lo i n d i c a n las diversas " n u e v a s c o s t u m b r e s " q u e confi-
g u r a n su administración— a u m e n t a ; proporcionalmente a u m e n t a ,
se e n r i q u e c e , el ritual d e la c e r e m o n i a y su alcance. El soplo c u r a -
tivo inicial, fruto d e u n a m í m i c a y d e u n a necesidad descreídas,
t e r m i n a siendo gesto d e c o n s a g r a c i ó n , de c o m u n i ó n . D e a q u í a
la evangelización n o h a y sino u n p a s o , c o m o b i e n lo percibe el
cronista:

Por todas estas tierras, los que tenían guerras con los otros se
hacían luego amigos para venirnos a recebir y traernos todo cuanto
tenían, y de esta manera dejamos toda la tierra en paz, y dijímos-
les, por las señas porque nos entendían, que en el cielo había un
hombre que llamábamos Dios, el cual había criado el Cielo y la Tie-
rra, y que Este adorábamos nosotros y teníamos también por Señor,
y que hacíamos lo que nos mandaba, y que de su mano venían todas
las cosas buenas, y que si ansí ellos lo hiciesen, les iría muy bien
de ello; y tan grande aparejo hallamos en ellos, que si lengua hobiera
con que perfectamente nos entendiéramos, todos los dejáramos cris-
tianos (p. 125).

El viaje c u r a t i v o , con su p r o g r e s i v a complicación y valoriza-


ción r i t u a l , altera las relaciones e n t r e el yo y el o t r o . L a s estructu-
r a s d e p o d e r se r e d i s t r i b u y e n . El yo q u e h a p a s a d o p o r distintas
p o s t u r a s d e a u t o r i d a d o de falta d e ella — d e la a u t o r i d a d militar
444 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

d e q u i e n " t o m a el l e m e " , a la influencia p e r s u a s i v a del m e d i a -


d o r e n t r e c u l t u r a s , al espacio a m b i g u o d o n d e coexiste c o m o p r i -
vilegiado y esclavo— r e c u p e r a p o r fin d o m i n i o . L a p a l a b r a auto-
ridad c o m i e n z a a s u r g i r con frecuencia e n el t e x t o : " a ñ a d i m o s a
n u e s t r a a u t o r i d a d " ( p . 114), " h a s t a q u e m á s a u t o r i d a d e n t r e ellos
t u v i é s e m o s " (p. 111). Se t r a t a de u n a autoridad q u e y a n o es inma-
n e n t e al g r u p o , y a n o p r o d u c t o d e u n c a m p o d e gravitación c o m -
p a r t i d o d o n d e se definían m u t u a m e n t e las funciones d e c u r a n d e r o
y p a c i e n t e . L a d i m e n s i ó n evangélica, c a d a vez m á s p a t e n t e , p r o -
vee u n n u e v o r e s p a l d o p a r a esta a u t o r i d a d , u n respaldo ajeno al
código q u e regía h a s t a a h o r a las relaciones e n t r e el e s p a ñ o l y el
i n d i o . Si a n t e s h a b í a referencias al D i o s de los cristianos — y las
h a y c o n t i n u a m e n t e a lo l a r g o d e todo el texto d e A l v a r N ú ñ e z —
éstas eran de orden privado: ruegos, invocaciones, agradecimientos
— " e s t u v i m o s p i d i e n d o a N u e s t r o S e ñ o r m i s e r i c o r d i a " ( p . 72),
" n o s encomendamos a Dios nuestro S e ñ o r " (p. 94)—, comuni-
cación privilegiada e n t r e el español y su Dios q u e n o toca al o t r o .
Sólo a h o r a el cristianismo se h a c e d e v e r a s p ú b l i c o : e n las c u r a s ,
e n el r i t u a l , p o r fin e n la p r é d i c a , A m e d i d a q u e se h a c e n p ú b l i -
cos y se institucionalizan d e este m o d o los beneficios del viaje, se
institucionaliza t a m b i é n el relato: t a r d í a m e n t e c o m i e n z a a inte-
g r a r u n a d e las posibles categorías d e la crónica gloriosa, la d e
la c o n q u i s t a espiritual. E n n o m b r e d e u n a a u t o r i d a d , si se q u i e r e
d i v i n a , el y o , d e s p o j a d o e n la p r i m e r a m i t a d del viaje, se repose-
siona. P e r o t a m b i é n se reposesiona del otro: m a r c a u n a n u e v a dis-
t a n c i a c o n respecto al i n d i o , cultiva su a s c e n d i e n t e sobre él y p r e -
p a r a , m á s o m e n o s c o n s c i e n t e m e n t e , su p r o p i a reintegración en
la c o m u n i d a d e s p a ñ o l a .
D e m a n e r a algo i n q u i e t a n t e p a r a el lector m o d e r n o , a c o s t u m -
1 6
b r a d o a u n a i m a g e n idealizada d e A l v a r N ú ñ e z — l a q u e él
m i s m o sugiere y lectores sucesivos e l a b o r a n — se c o m p r u e b a n e n
el texto los efectos i n t i m i d a n t e s d e esta reestructuración d e p o d e r :
" e r a t a n g r a n d e e n t r e ellos n u e s t r a a u t o r i d a d , q u e n i n g u n o o s a b a
b e b e r sin n u e s t r a l i c e n c i a " ( p . 113). Q u e la p o s t u r a d e A l v a r
N ú ñ e z es a m b i g u a — l a m e n t a la i n t i m i d a c i ó n a la vez q u e a l a b a
la o b e d i e n c i a q u e d e ella resulta— lo d e m u e s t r a n pasajes c o m o
el siguiente:

[...]y más de quince días que con aquéllos estuvimos, a ninguno


vimos hablar uno con otro, ni los vimos reír ni llorar a ninguna cria-
tura; antes, porque uno lloró, la llevaron muy lejos de allí, y con

16 Véase LEWIS, art. cit., p. 689.


NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 445

unos dientes de ratón agudos la sajaron desde los hombros hasta


casi todas las piernas. E yo, viendo esta crueldad y enojado de ello,
les pregunté que por qué lo hacían, y respondiéronme que para cas-
tigarla porque había llorado delante de mí. Todos estos temores que
ellos tenían ponían a todos los otros que nuevamente venían a conos-
cernos, a fin que nos diesen todo cuanto tenían, porque sabían que
nosotros no tomábamos nada, y lo habíamos de dar todo a ellos.
Esta fue la más obediente gente que hallamos por esta tierra, y de mejor
condición; y comúnmente son muy dispuestos (p. 120, los subraya-
dos son míos).

L a expresión física de los sentimientos del indio — t a n elocuen-


17
t e m e n t e señalada y celebrada al comienzo del v i a j e — se somete
a u n a a u t o c e n s u r a ; el enojo q u e p r o v o c a esta práctica e n A l v a r
N ú ñ e z n o i m p i d e , sin e m b a r g o , q u e aprecie sus resultados: el
t e m o r c o n d u c e a la obediencia.
D e esta p o s t u r a a m b i v a l e n t e — r e p u d i o y a la vez aprecio d e
la s u b o r d i n a c i ó n a la a u t o r i d a d — al a p r o v e c h a m i e n t o consciente
d e esa a u t o r i d a d , y m á s a ú n a su m a n i p u l a c i ó n activa, n o h a y
m á s q u e u n p a s o . Se usa la a u t o r i d a d , se i n t i m i d a j u s t a m e n t e con
aquello q u e el s o m e t i d o c e n s u r a d e n t r o d e sí, es decir, la e x p r e -
sión d e los s e n t i m i e n t o s :

Dijímosles que nos llevasen hacia el Norte; respondieron de la


misma manera, diciendo que por allí no había gente sino muy lejos,
y que no había qué comer ni se hallaba agua; y con todo esto, noso-
tros porfiamos y dijimos que por allí queríamos ir, y ellos todavía
se excusaban de la mejor manera que podían, y por esto nos enoja-
mos, y yo me salí una noche a dormir en el campo, apartado de ellos;
mas luego fueron donde yo estaba, y toda la noche estuvieron sin
dormir y con mucho miedo y hablándome y diciéndome cuan atemoriza-
dos estaban, rogándonos que no estuviésemos más enojados, y que aunque

1 7
Cuando Alvar Núñez y sus compañeros pierden simultáneamente ropa
y embarcación, el texto registra en detalle la compasión de los indios: "Los
indios, de ver el desastre que nos había venido y el desastre en que estábamos,
con tanta desventura y miseria, se sentaron entre nosotros, y con el gran dolor
y lástima que hobieron de vernos en tanta fortuna, comenzaron todos a llorar
recio, y tan de verdad, que lejos de allí se podía oír, y esto les duró más de
media hora; y cierto ver que estos hombres tan sin razón y tan crudos, a manera
de brutos, se dolían tanto de nosotros, hizo en mí y en otros de la compañía
9
cresciese más la pasión y la consideración de nuestra desdicha ' (p. 73). Hay
otras menciones de esta compasión que evidentemente impresiona al cronista:
"Es la gente del mundo que más aman a sus hijos y mejor tratamiento les
hacen; y cuando acaesce que a alguno se le muere el hijo, llóranle los padres
y los parientes, y todo el pueblo, y el llanto dura un año cumplido" (p. 76).
446 SILVIA M O L L O Y NRFH, XXXV

ellos s u p i e s e n morir e n el c a m i n o , n o s llevarían p o r d o n d e nosotros


q u i s i é s e m o s ir; y como nosotros todavía fingíamos estar enojados y porque
su miedo no se quitase, suscedió u n a c o s a e x t r a ñ a , y fue q u e este d í a
m e s m o adolescieron m u c h o s d e ellos, y otro d í a siguiente m u r i e r o n
ocho hombres (p. 119; los subrayados son míos).

N o sólo se tiene a u t o r i d a d sino q u e , c o n s c i e n t e m e n t e , se la


representa; y , p a r a recalcarla, se mide el discurso m i s m o q u e a c o m -
p a ñ a esa r e p r e s e n t a c i ó n : " T e n í a m o s c o n ellos m u c h a a u t o r i d a d
y g r a v e d a d , y p a r a c o n s e r v a r esto, les h a b l á b a m o s pocas v e c e s "
18
( p . 125) .-
L a extensión del t r a s l a d o d e A l v a r N ú ñ e z p u e d e m e d i r s e sin
d u d a físicamente, e n t é r m i n o s d e leguas y d e a ñ o s , p e r o m á s efi-
caz r e s u l t a la o t r a m e d i d a , l a q u e p e r m i t e a p r e c i a r la distancia
e n t r e el y o y su o t r o , e v a l u a r el espacio variable d e la alteridad.
A m e d i d a q u e el itinerario se v a c e r r a n d o , el texto repite insisten-
t e m e n t e ( c o m o p o c o antes h a b í a r e p e t i d o la p a l a b r a maíz) la pala-
b r a cristianos. E s la m e t a del viaje, el i n m i n e n t e reingreso e n la
cultura de origen, y a preludiado p o r la reestructuración d e las rela-
ciones con el indio según códigos e u r o p e o s . L o q u e es necesario
señalar, sin e m b a r g o , es la c l a r a (y creciente) i n c o m o d i d a d d e ese
r e i n g r e s o : la c u l t u r a p r o p i a , al volverse c e r c a n a , se p e r c i b e m á s
y m á s c o m o ajena. C o n vértigo d e p r o n o m b r e s , el texto busca des-
l i n d a r el o t r o del y o , el ellos del nosotros y — a u n a d i s t a n c i a d e
los h e c h o s , c o n la p e r s p e c t i v a d e u n a e s c r i t u r a p r o d u c i d a d e n t r o
d e E s p a ñ a — e m p i e z a a postular su alteridad e n lo q u e antes h a b í a
sido espacio del y o : los otros y a n o son los indios, son los cristia-
n o s , percibidos c o m o diferencia y, lo q u e es m á s , c o m o a m e n a z a .
E n t r e dos alteridades posibles —el indio q u e lo a c o m p a ñ a , el espa-
ñol q u e lo e s p e r a — , el viajero r e o r g a n i z a d r a m á t i c a m e n t e n u e -
vas alianzas y n u e v a s distancias p a r a reconocerse y ser r e c o n o -
cido. L a c o m p a s i ó n p r i v a sobre la a u t o r i d a d ; r e a g r u p a u n a vez
m á s al y o con el indio y lo escinde d e los españoles:

1 8
Añade el texto: "El negro les hablaba siempre; se informaba de los
caminos que queríamos ir y los pueblos que había y de las cosas que quería-
mos saber. Pasamos por gran número y diversidades de lenguas; con todas
ellas Dios nuestro Señor nos favoreció, porque siempre nos entendieron y les
entendimos''. La cita señala otro aspecto, fecundo, de la noción del traslado:
la traducción. En un nivel práctico, es el único modo de hablar con el indio;
de modo más general, puede verse todo el texto de Alvar Núñez como un ejer-
cicio de traducción. Por otra parte, "el negro les hablaba siempre" muestra
cómo la jerarquización afecta al grupo mismo de los físicos, marcando desni-
veles (véase PRANZETTI, art. cit., p. 25).
NRFH, XXXV A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 447

Anduvimos mucha tierra, y toda la hallamos despoblada, por-


que los moradores de ella andaban huyendo por las sierras, sin osar
tener casas ni labrar, por miedo de los cristianos. Fue cosa de que
tuvimos muy gran lástima[...]Trujéronnos mantas de las que habían
escondido por los cristianos, y diéronnoslas, y aun contáronnos cómo
otras veces habían entrado los cristianos por la tierra, y habían des-
truido y quemado los pueblos, y llevado la mitad de los hombres
y todas las mujeres y muchachos, y que los que de sus manos se
habían podido escapar andaban huyendo[...]y mostraban grandí-
simo placer con nosotros, aunque temimos que, llegados a los que
tenían la frontera con los cristianos y guerra con ellos, nos habían
de maltratar y hacer que pagásemos lo que los cristianos contra ellos
hacían (pp. 127-128).

L a alteración de los espacios fundamentales del reconocimiento,


las n u e v a s líneas q u e configuran al yo e n t r e otros vueltos seme-
j a n t e s o e n t r e semejantes vueltos diferentes, se perciben claramente
en dos m o m e n t o s del texto. El p r i m e r o , q u e a g r u p a al yo y al indio,
cifra el r e c o n o c i m i e n t o en la s e m e j a n z a . Se a p r e n d e —se
a p r e h e n d e — el c u e r p o del o t r o :

y aquella noche llegamos adonde había cincuenta casas, y se espan-


taban de vernos y mostraban mucho temor; y después que estuvie-
ron algo sosegados de nosotros, allegábannos con las manos al ros-
tro y al cuerpo, y después traían ellos sus mismas manos por sus
caras y sus cuerpos, y así estuvimos aquella noche (p. 103).

El s e g u n d o m o m e n t o , q u e escinde al yo del español, cifra el


r e c o n o c i m i e n t o e n u n a i m p e n s a b l e diferencia. C u a n d o p o r fin se
(<
p r o d u c e el a n s i a d o e n c u e n t r o d e A l v a r N ú ñ e z con c u a t r o cris-
tianos d e c a b a l l o " , los españoles

recebieron gran alteración de verme tan extrañamente vestido y en


compañía de indios. Estuviéronme mirando mucho espacio de
tiempo, tan atónitos, que ni me hablaban ni acertaban a pregun-
tarme nada (p. 130).

H a y pocos silencios, a n o t a d o s e n u n t e x t o , m á s elocuentes y


m á s vertiginosos q u e éste. L a d e s n u d e z h a i n t e g r a d o al yo d e n t r o
d e u n sistema; lo h a desclasificado de o t r o , volviéndolo u n híbrido
incongruente —aindiado pero no indio; hispanohablante pero no
e s p a ñ o l — q u e desconcierta p o r su p e c u l i a r i d a d .
El i n t e n t o p o r p a r t e d e la c o m u n i d a d e s p a ñ o l a de r e d u c i r esa
d i s t a n c i a es e v i d e n t e . Se p r o c u r a reclasificar al h í b r i d o intolera-
ble, integrándolo totalmente a la perspectiva de la conquista y apro-
448 SILVIA MOLLOY NRFH, XXXV

v e c h a n d o su experiencia: así se lo s e p a r a d e los indios — " n o s lle-


v a r o n p o r los m o n t e s y d e s p o b l a d o s , p o r a p a r t a r n o s d e la
conversación d e los i n d i o s " ( p . 132)— y se saca p a r t i d o del viaje
19
" curativo volviéndolo u t i l i t a r i a m e n t e e v a n g é l i c o . P e r o n o m e n o s
n o t a b l e es el i n t e n t o , p o r p a r t e d e A l v a r N ú ñ e z , d e m a n t e n e r la
d i s t a n c i a . M á s allá d e los eficaces detalles patéticos —las c a m a s
q u e r e s u l t a n i n c ó m o d a s p o r b l a n d a s , la r o p a q u e i n c o m o d a ( p .
1 3 7 ) — , el yo a c u d e e l o c u e n t e m e n t e a la perspectiva del indio (el
q u e antes fuera otro) p a r a distinguirse y separarse del ellos español:

[los cristianos] hacían que su lengua les dijese que nosotros éramos
de ellos mismos, y nos habíamos perdido muchos tiempos había,
y que éramos gente de poca suerte y valor, y que ellos eran los señores
de aquella tierra, a quien habían de obedecer y servir. Mas todo
esto los indios tenían en muy poco o en nada de lo que les decían;
antes, unos con otros entre sí platicaban, diciendo que los cristia-
nos mentían, porque nosotros veníamos de donde salía el sol, y ellos
donde se pone; y que nosotros sanábamos los enfermos, y ellos mata-
ban los que estaban sanos; y que nosotros veníamos desnudos y des-
calzos, y ellos vestidos y en caballos y con lanzas; y que nosotros
no teníamos cobdicia de ninguna cosa, antes todo cuanto nos daban
tornábamos luego a dar, y con nada nos quedábamos-, y los otros
no tenían otro fin sino robar todo cuanto hallaban, y nunca daban
nada a nadie; y de esta manera relataban todas nuestras cosas y las
encarescían, por el contrario, de los otros[...]. Finalmente, nunca
pudo acabar con los indios creer que éramos de los otros cristianos
(pp. 131-132).

1 9
Al final del capítulo 35 se dan de manera notable dos discursos distin-
tos de evangelización. U n o , el oficial y utilitariamente propagandista, se hace
por interpósita persona: "el Melchior Díaz dijo a la lengua que de nuestra
parte les hablase a aquellos indios, y les dijese cómo venía de parte de Dios
que está en el cielof...]" (p. 134). Sigue una exposición de tipo catequístico
en la que abunda la amenaza ("pena perpetua de fuego a los malos"; "si esto
no quisiesen hacer los cristianos los tratarían muy mal"), exposición dictada
por Melchor Díaz al lengua. Los indios a su vez responden al lengua "que
ellos serían muy buenos cristianos, y servirían a D i o s " (p. 135). El texto parece
recalcar que la comunicación, si bien se aprovecha del nosotros ("de nuestra
parte"), es asunto entre Díaz y los indios a través del lengua. En cambio el
otro discurso, sí asumido por el nosotros, se presenta como notablemente más
sencillo y sin duda más sincero: "Nosotros les dijimos que Aquel que ellos decían
nosotros lo llamábamos Dios, y que ansí lo llamasen ellos, y lo sirviesen y ado-
rasen como mandábamos, y ellos se hallarían m u y bien de ello[...]y mandá-
rnosles que bajasen de las sierras, y vinieran seguros y en paz, y poblasen toda
la tierra" (p. 135). Nótese que no hay en este segundo discurso ni amenaza
ni intimidación como en el de Melchor Díaz. A propósito de este último, vale
NRFH, X X X V A L T E R I D A D Y R E C O N O C I M I E N T O E N L O S NAUFRAGIOS 449

C u i d a el texto d e insistir e n esta distinción, q u e sin d u d a obe-


20
dece en p a r t e a fines ideológicos , p e r o q u e sobre t o d o revela
u n a i n n e g a b l e t r a n s f o r m a c i ó n p e r s o n a l . N o s a b e m o s si esa t r a n s -
formación p e r s o n a l , a s u m i d a p o r A l v a r N ú ñ e z e n su t e x t o , fue
j u s t a m e n t e a p r e c i a d a p o r el R e y lector c o m o servicio e q u i v a l e n t e
al " c o n q u i s t a r y g o b e r n a r " . Sí s a b e m o s q u e , p a r a el lector
m o d e r n o , constituye su m a y o r h a z a ñ a , su p r u e b a de g r a n d e z a .

SYLVIA M O L L O Y

Yale University

la pena recordar que es capitán de Ñ u ñ o de Guzmán, con quien se enfrentan


Zumárraga y los franciscanos por la forma en que trata a los pueblos indígenas.
2 0
Comenta Lastra la defensa de Alvar Núñez del "buen tratamiento" del
indio y extiende su análisis a los Comentarios dentro del contexto de las Leyes
Nuevas (LASTRA, art. cit., pp. 156, 160-161, en esp. nota 13).

También podría gustarte