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Obras de Terra PDF
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Disciplina: OBTE
OBRAS DE TERRA
Julho/2014
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2
SUMÁRIO
ORIGEM. A palavra Geologia vem do grego GE= terra e LOGOS= palavra, pensamento,
ciência. A GEOLOGIA, como ciência, procura decifrar a história geral da Terra, desde o
momento em que se formaram as rochas até o presente momento. Ela estuda o conjunto
dos fenômenos físicos, químicos, e biológicos, que resultaram no complexo histórico
atual de nosso planeta. (LEINZ e AMARAL, 1970).
GEOLOGIA APLICADA À ENGENHARIA. Reúne os conhecimentos geológicos de um
determinado local ou região, utilizando-os nos projetos e obras da engenharia.
Detalhando o conhecimento dos locais de interesse através de investigações
complementares, a geologia aplicada à engenharia se utiliza de diversos métodos de
prospecção para obter conhecimento mais detalhado dos locais de implantação das
obras. Os estudos são tanto mais complexos e detalhados quanto maior for a importância
da obra em questão.
1.2.1 Definições
VANTAGENS: Permite boa observação “in loco” das diferentes camadas do solo
em estudo. Permite também a retirada de amostras indeformadas.
DESVANTAGENS: Possui custo elevado, quando se compara com as
sondagens,exigência de escoramentos para proteger a obra contra
desmoronamentos e esgotamento quando a prospecção precisa descer abaixo do
N.A. Ainda, a própria questão do custo elevado restringe a utilização de poços
para pequenas profundidades, no máximo 5,0 ou 6,0 metros.
São as sondagens de menor custo, pois não utilizam equipamentos sofisticados e são
para poucas profundidades. São executadas até atingirem o N.A. e/ou até profundidade
máxima de 5,0 a 6,0 metros, ou seja, estão na mesma faixa de poços de exploração.
Os furos a trado não são revestidos e o diâmetro é de 4’’.
Há dificuldades na execução em solos coesivos, de consistência rija a dura.
São muito utilizadas para delimitação de jazidas de solos.
11
1.6.1 Sondagens de reconhecimento com medida da resistência à penetração “spt”
Não é possível estabelecer uma regra geral. Cada caso deve ser estudado de acordo
com a natureza do solo e tipo de obra;
Para barragens e outras obras de grande porte recomenda-se o reconhecimento do
subsolo até o “bed-rock”, ou seja, até a ocorrência de rocha matriz;
Norma Brasileira NBR-8036/83 da ABNT: “Sondagens de simples reconhecimento dos
solos para fundações de edificações”.
13
Número mínimo: Duas sondagens para áreas de até 200m² e três para áreas de
até 400m²
14
Uma sondagem, no mínimo para cada 200m² de área de projeção em planta do
edifício, até 1200m²;
Entre 1200m² e 2400m² deve-se fazer uma sondagem para cada 400m² que
excederem os 1200m²;
Acima de 2400m² fixa-se de acordo com o plano particular de cada construção;
Nos estudos de viabilidade (onde ainda não se dispõe da planta do edifício),
observar a distância máxima de 100m entre furos e número mínimo de três
sondagens;
Quando o número de sondagens for maior que três, deve-se evitar localizá-las
segundo um mesmo alinhamento.
A norma fixa como critério aquela profundidade onde o acréscimo de pressão no solo,
devido às cargas estruturais aplicadas for menor que 10% da pressão geostática efetiva.
Ver ábaco apresentado na Figura 2.1.
15
Onde:
q= pressão média sobre o terreno (peso do edifício dividido pela área da planta) ton/m²
γ= peso específico médio estimado para os solos ao longo da profundidade em questão.
ton/m³
H= 0,1 – coeficiente decorrente de critério adotado
B= Menor dimensão do retângulo circunscrito à planta em edificação (m)
L= Maior dimensão do retângulo circunscrito à planta em edificação (m)
D= Profundidade da sondagem (m)
17
Solos são formados através do intemperismo das rochas, por desintegração mecânica ou
decomposição química, resultam materiais aos quais, para efeito de engenharia,
denominam-se solos.
Os solos de partículas grossas (areias e pedregulhos), intermediárias (siltes) e às vezes,
solos de partículas finas (argilas) resultam da desintegração mecânica das rochas
através de agentes como: água, temperatura, vegetação e vento. Da decomposição
química, tendo como principal agente a água e principais mecanismos de ataque a
oxidação, hidratação, carbonatação, bem como os efeitos químicos da vegetação, obtém-
se como resultado as argilas (solos com partículas muito finas).
Normalmente esses processos atuam simultaneamente, em determinados locais e
condições climáticas, sendo que um deles pode ter predominância sobre o outro. O solo
é assim, uma função da “Rocha-mater” e dos diferentes agentes de alteração.
Solos residuais: São os que permanecem no local da rocha de origem, onde se pode
observar uma gradual transição desde o solo até a rocha;
Solos sedimentares: São os que sofrem a ação de agentes transportadores,
podendo ser:
Aluvionares: Quando transportados pela água;
Coluvionares: Quando transportados pela ação da gravidade;
Eólicos: Quando transportados pelo vento;
Glaciares: Quando transportados pela ação de geleiras.
Solos de formação orgânica: São aqueles de origem essencialmente orgânica,
seja de natureza vegetal (plantas, raízes), ou animal (conchas, moluscos).
Uma massa de solo é constituída por um conjunto de partículas sólidas, havendo entre
estas, vazios que poderão estar parcial ou totalmente preenchidos por água ou ar.
18
Diz-se peso específico aparente do solo, pois, para o mesmo solo pode-se ter vários
valores diferentes de γ, dependendo da umidade e do estado de compacidade do
material. Quanto mais úmido e mais compacto o mesmo estiver, maior será o valor de γ.
Se o h estiver em porcentagem.
γg= Peso específico dos grãos do solo ≈ 2,65 tf/m³ ou 26,0 kN/m³
Exemplo de classificação:
55% areia, 20% silte, 25% argila, portanto, solo areno-argiloso;
40% areia, 30% silte, 30% argila, portanto, solo argiloso.
Peneiras ASTM
Porcentagem Retida
Este ensaio é feito com o auxílio do aparelho de Casagrande (Fig. 08). O ensaio baseia-
se em fazer fechar uma ranhura aberta no solo moldado na concha do aparelho,
contando-se o número de golpes (giros de uma manivela), para fazer fechar a ranhura.
Com amostras do mesmo solo e com teores de umidade distintos, fazem-se os ensaios.
Elabora-se um gráfico: teor de umidade “h” X logaritmo do número de golpes,
obtendo-se uma reta (fig. 09). Convencionou-se, que no ensaio de Casagrande, a
umidade correspondente a 25 golpes, necessários para fechar a ranhura, é o limite de
liquidez.
25
Figura 08. Aparelho de Casagrande Figura 09. Reta de fluxo (ensaio de L.L)
26
Num terreno homogêneo, não saturado, de peso específico “γ”, a pressão vertical “σZ” a
uma profundidade” Z”, é dada por:
Figura 10. Pressões verticais de terra num solo homogêneo, não saturado
Figura 11. Pressões verticais de terra num solo heterogêneo, não saturado
27
3.1.3 Em terrenos totalmente saturados ou submersos: pressões totais, neutras e
efetivas
Nos terrenos situados abaixo do lençol freático (poros totalmente preenchidos com água),
representados abaixo pela fig. 12 pode-se definir três tipos de pressões no ponto “ P “.
Fig. 12. Pressões verticais de terra num solo saturado (ou submerso)
a) Pressão total “σ p” no ponto “P”:
ou
30
Figura 14. Gráficos para cálculo de pressão, método de Boussinesq e método de Love
31
3.2.3 Cargas em superfície retangular (NEWMARK)
Onde: σz= Acréscimo de pressão, transmitido a um ponto “A”, situado sob uma
extremidade “O”, da área uniformemente carregada com carga “q”
IN= É o fator de influência de Newmark.
b) O ponto “O” é um ponto qualquer pertencente à área carregada. Também, neste caso,
divide-se em 4 áreas e soma-se as influência de cada uma delas, conforme figura abaixo.
Figura 17. Ponto “O” situado em um ponto qualquer dentro da área carregada.
a) O ponto “O” está situado fora da área carregada. Neste caso, insere-se o ponto
“O” na extremidade de uma área hipotética. O fator de influência IN, será a soma
algébrica dessas áreas, conforme figura abaixo.
Figura 18. Ponto “O” situado num ponto qualquer fora da área carregada
33
4.1 Introdução
Onde:
σ= tensão total normal (kgf/m²)
μ= pressão neutra (kgf/m²)
Analogia física:
Para fins elucidativos pode ser feita uma analogia física entre o fenômeno descrito
anteriormente e o equilíbrio de um corpo sobre uma superfície inclinada.
Figura 21. Analogia física entre escorregamento de solo e objeto em plano inclinado
Estudar a estabilidade de um talude consiste na determinação do ângulo que ele faz com
a horizontal, sob o qual, nas condições particulares de cada solo e, levando-se em conta
a influência de pressões neutras provenientes da submersão, da percolação d’água, do
adensamento ou de deformações de cisalhamento, o talude mantém-se em equilíbrio
limite (vizinhança da ruptura). Assim, para taludes com ângulo de inclinação “i” com a
horizontal menor do que o do talude limite ter-se-á condições estáveis, com certo fator de
segurança F. S. > 1,0. Caso contrário, certamente haverá ruptura e, nesse caso F.S <
1,0. Já os taludes com ângulo de inclinação nas condições de equilíbrio limite
(vizinhanças da ruptura), o F.S. ≈1,0.
38
5.2.2 Tipos de rupturas
No caso de areias puras as superfícies de ruptura serão planas. Esse tipo de talude é
considerado estável quando φ> i
Neste caso, as superfícies de ruptura não são planas. Portanto, somente para esse tipo
de solo tem sentido estudar a estabilidade dos taludes pelos métodos a serem citados
adiante.
Nos maciços em solo coesivo, nos quais o ângulo de inclinação “ i “ é inferior a “φ“
a superfície de ruptura aprofunda-se indefinidamente, sendo tangentes à rocha ou
substrato firme.
O ponto “O” (centro do provável círculo crítico de ruptura), para materiais puramente
coesivos (argilas), pode ser locado a partir dos dados da tabela e figura a seguir:
Tabela 02. Locação do ponto “O” para solos puramente coesivos (Fellenius)
Figura 27. Locação do ponto “O” para solos puramente coesivos (Fellenius)
Esse método foi desenvolvido na Suécia por Petterson e posteriormente por Fellenius.
Adota uma superfície de deslizamento de forma cilíndrica.
41
Figura 29. Esquema para cálculo de estabilidade geral; Esquema para cálculo de
estabilidade (lamela).
Onde: P = γ. a . h . 1 ( tf )
γ= peso específico do solo (tf/m³)
a . h . 1 = volume da lamela de solo (m³)
N = P . cos α ( tf )
T = P . sen α( tf )
U = μ . ∆l . 1 ( tf )
C = coesão ( tf/m2 )
Forças resistentes:
É a somatória da ação das duas parcelas “C” e “φ“ de resistência ao cisalhamento do
solo. A parcela de atrito (N - U). tg φ , cujas forças “ N ” (normal) e “ U “ (resultante da
pressão neutra), agem perpendicularmente ao sentido de deslizamento e a parcela de
coesão “C . ∆l “ que age na direção do deslizamento, mas com sentido contrário.
Forças atuantes:
É a somatória algébrica das forças “T” (tangentes à superfície de deslizamento). Essa
somatória é algébrica pois as forças “ T “ situadas à esquerda da vertical que passa pelo
ponto “ O “ (centro do círculo de ruptura), correspondentes às lamelas 1, 2 e 3 são
42
contrárias ao deslizamento da massa de solo e devem ser computadas na somatória com
sinal negativo ( - ).
Sequência de procedimentos para o cálculo do f. S.
- Divide-se o prisma a, b, c, d, a (fig.29), em fatias verticais (lamelas), de mesma
Largura “a” (geralmente em nº de 10 a 15 lamelas)
- Calcula-se o peso “p” de cada lamela;
- Decompõe-se o peso “p” nas suas componentes: normal “n” e tangencial “t”
(fig.29);
- Calcula-se o fator de segurança “f.s”, conforme fórmula apresentada anteriormente;
- Para melhor operacionalização e facilidade de cálculo, sugere-se a seguinte tabela:
Essa escolha é feita com base não só no fator técnico, mas também principalmente em
fatores econômicos.
- Fator técnico: depende basicamente da confiabilidade dos parâmetros de resistência
ao cisalhamento do solo, a ser adotado pelo projetista;
- Fator econômico: depende naturalmente da importância da obra e das consequências
de uma possível ruptura. O exemplo extremo é uma barragem de terra situada a
montante de uma cidade, cuja ruptura pode vir a ser catastrófica. Neste caso, adota-se
sempre um fator de segurança mais alto.
43
5.2.5 Sugestão para determinação do ângulo “α” de cada lamela
O método de cálculo através da medida gráfica da corda, a seguir exposto, é muito mais
preciso do que a simples medida gráfica do ângulo. Este último pode conduzir a erros
grosseiros. Para isso deve-se seguir os seguintes procedimentos:
- Medir graficamente a corda “C” (ver fig. 30). A corda deve ser sempre medida partindo-
se do ponto onde a vertical que passa pelo centro do círculo de ruptura intercepta o
círculo e até o ponto onde a vertical que passa pelo centro de cada lamela intercepta o
círculo de ruptura.
6.1 Definição
Empuxo de terra: é a resultante da tensão lateral “σh” produzida por um maciço terroso
sobre as obras em contato com ele.
Obs. Enquanto não ocorrer o deslocamento “dA“ estará agindo o empuxo em repouso.
Após a ocorrência de “dA“ o empuxo de terra diminui de valor até o limite mínimo, que é o
empuxo ativo. Para solos não coesivos (arenosos) e considerando-se ruptura plana,
passando pelo pé da estrutura de contenção, pode-se escrever:
Tabela 4. Valores dos coeficientes: “Ka”, “K0” e “Kp” (solos não coesivos)
48
a) Empuxo ativo:
Se a superfície livre do terrapleno apresenta uma inclinação “β“ com a horizontal (Fig.39),
segundo Rankine, os valores dos empuxos (para solos não coesivos), serão:
a) Terrapleno plano:
No caso de terrapleno inclinado de um ângulo “β”, como o da figura a seguir, tem-se que:
k.sub.Z2
Figura 41. Efeito do lençol freático sobre os empuxos de terra (solos não coesivos)
No caso de solos permeáveis, pode-se considerar que a pressão total “ptotal” é igual à
soma da pressão neutra (γágua x Z2) mais a do solo com um peso específico submerso
Figura 42. Esquema para empuxo ativo segundo Coulomb (solos não coesivos)
Essa teoria considera, para o empuxo ativo (fig. 42), uma possível superfície de ruptura
A-B-C, equilibrando o sistema as seguintes forças:
P = peso da cunha ABC, conhecido em grandeza e direção, a partir do conhecimento do
“γ“ do solo;
R = reação do terreno. Forma ângulo “φ“ com a normal à linha de ruptura BC;
Ea = empuxo ativo, resistido pela parede do muro, formando ângulo de atrito “δ“ com a
normal à superfície AB.
δ= ângulo de atrito solo-muro. Segundo Terzaghi: φ / 2 ≤ δ ≤ 2/3 φ. É comum adotar-se,
a favor da segurança: δ=2/3φ
A teoria de Coulomb, para cálculo do empuxo passivo, aplica-se tão somente aos
solos não coesivos (areias), quando δ ≤ φ/3.
Da mesma forma que, para empuxo ativo, traçam-se diversas possíveis
superfícies de ruptura, porém adota-se aquela que produz o prisma de empuxo
mínimo.
Figura 43. Esquema para empuxo passivo, segundo Coulomb (solos não coesivos).
Obs. Nota-se que as equações acima representadas: para α= 90°; β= δ= 0, resultam nas
conhecidas expressões de Rankine:
54
7.2 Processo gráfico de Culmann (1866)
Existem diversos processos gráficos para cálculo de empuxo ativo, que admitem a
hipótese de Coulomb. O processo de Culmann é de fácil aplicação e apresenta algumas
vantagens:
É utilizado para qualquer que seja a superfície superior do terreno e eventual
sobrecarga nele aplicada;
Admite qualquer formato do paramento interno da parede de contenção;
Figura 44. Processo de Culmann para empuxo ativo (solos não coesivos)
Figura 45. Processo de Culmann para empuxo passivo (solos não coesivos)
OBS.: Rankine admite que não existe atrito entre o terrapleno e a parede de contenção, o
que leva, em caso de empuxo ativo, a valores a favor da segurança, mas muitas vezes
antieconômicos.
Aplicando-se a teoria de Coulomb aos solos coesivos, deve-se considerar, além das
forças “R“ (atrito), e “P“ (peso da cunha), as forças de coesão “S“, (ao longo da superfície
de deslizamento) e de adesão “T“ entre o terrapleno e a parede de contenção.
Deve-se então desenhar e obter o máximo valor da força “Ea” que, juntamente com as
demais forças citadas, possa fechar o polígono de forças, conhecidas em grandeza e
direção: P, S e T e apenas em direção: R e Ea.
56
Para solos arenosos com δ ≥ φ/3 e nos solos argilosos (coesivos), a superfície de
deslizamento nas proximidades da parede de contenção têm diretriz curva, constituída
por um arco de espiral logarítmica (método de Ohde), ou um arco de circunferência
(método de Krey), tangente a uma reta inclinada de 45° - φ/2 com a horizontal. (vide por
exemplo CAPUTO, cap. 4 - vol. 2 . Pag. 104).
57
Após uma série de medidas para diversos tipos de solos, PECK propôs os seguintes
diagramas simplificados:
a) Areias
A precaução que devem ser tomadas, neste caso, é com relação ao fenômeno da Areia
movediça, que se verificam quando existe um fluxo d’água ascendente com pressão de
percolação com valor tal que anule o peso de terra efetivo (ver Fig. 52).
60
10 MUROS DE ARRIMO
EXEMPLOS
SEÇÃO TÍPICA
VISTA FRONTAL
SEÇÃO TÍPICA
Figura 66. Corte de uma cortina atirantada típica. Detalhe da cabeça do tirante.
68
Figura 67. Sequência executiva de uma cortina atirantada.
69
Figura 67. Vista frontal de uma cortina atirantada para contenção de uma via férrea.
Figura 68. Vista de uma cortina atirantada a partir de uma berma. Observam-se os blocos
de acabamento e os drenos da cortina.
70
10.1.4 Terra armada (processo patenteado pelos franceses)
VISTA FRONTAL
EXEMPLOS
Figura 72. Vista geral da entrada de um túnel com a contenção feita em terra armada.
72
Figura 73. Vista geral um talude com contenção feita em terra armada. Detalhes da
drenagem no “pé” do muro.
SEÇÃO TÍPICA
VISTA FRONTAL
EXEMPLOS
E
EV
P
EH
A s B
s = C. AB + Forças verticais x tg
- nesse caso, utiliza-se o ângulo de atrito solo-muro “ “ , cujo valor comumente adotado
é = 2/3
s = C. AB + Forças verticais x tg
s
F. S.ESCORR = ----------- 1,5
EH
E
P
d
A
l
Figura 81. Esforços atuantes em muros de arrimos ( quanto ao tombamento)
77
a) Momento atuante em relação ao ponto “A”
MAT. = Ex d
MRES. = P . l
P . l
F. S.TOMB. = ----------- 1,5
Ex d
Material filtrante
11 PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO
11.1 Definição
N.A
h
pA/AG.
pB/AG.
A B
S
ZA ZB
Nível de referência
p V2
aplicando-se Bernoulli: ------- + ------- + Z = constante e a partir da Fig.6.1, onde:
AG 2g
Pode-se então afirmar que a velocidade intersticial, no caso de um fluxo pelo solo, é
muito pequena e pode ser desprezada. Por outro lado, o resultado do fluxo através dos
poros resulta numa perda de carga “h “ e a equação de Bernoulli pode ser reescrita:
pA pB pA pB
--------- + ZA = --------- + ZB + h para ZA = ZB h = -------- - -------
h dh
i = - --------- ou - ---------
S dS
V = velocidade de percolação
K = coeficiente de permeabilidade
Q* = A . K . i . t
Para uma primeira aproximação, num solo arenoso e tendo em mãos a curva
granulométrica desse solo, pode-se calcular o coeficiente de permeabilidade “ K ” pela
fórmula empírica proposta por Allen-Hazen (1892).
81
K = C . De2 onde: 50 C 150
NA-2
H
NA-1
solo
L
ÁREA
“A” da
amostra mede-se:
de solo Q* e t
Q* H Q . L
Q = --------- e Q = K . i . A onde: i = --------- K = ------------ ou
t L A.H
Q* x L
K = -----------------------
AxHxt
H0
H1
NA-1
solo
L
ÁREA
“A” da
amostra
de solo
a x L H0
K = 2,3 ------------- x log -------
Axt H1
2r poços testemunhas
poço de Nível do terreno
bombeament
o
N.A.
Q CAMADA
Y2 PERMEÁVE H
Y1 L
h
X1 CAMADA
X2
83
Fig. 6.5 - Determinação de “K” através do ensaio de bombeamento
Q . ln X2 /X1
K = ------------------
(Y22 - Y12 )
Q
N.T.
H
TU
L
2r N.A
TU > 3 L e L/r 10
Q 1
K = ------ . --------
H CU . r
Q
N.T.
H
N.A
2r
Q 1
K = ------ . --------
H CS . r
11.4.1 Definição
= pressão neutra
H = ---------- + Z onde: ÁGUA = peso específico da água
ÁGUA Z = altura do ponto considerado até o Plano Referen-
cial
N.A.1
h1 Canais
B de fluxo A C N.A.2 D
Linhas de fluxo
linhas equipotenciais
solo permeável
X
ZX
Z= 0
F G
Materialbidimensional
Fig. 6.7 - Fluxo impermeável - Redes de fluxo
O que ocorre é que, havendo o fluxo de água na direção NA-1 NA-2, a totalidade da
carga disponível “ h1 “ é sempre dissipada no percurso total através do solo, pois “Z” é
escolhido (arbitrário) e a pressão neutra na saída da água é = 0.
O trajeto que uma partícula segue através de um meio saturado é designado por “ linha
de fluxo “ . Assim, pelo fato do regime ser laminar, as linhas de fluxo não podem se
cruzar. Essa afirmação pode ser constatada através da injeção de tintas em modelos de
areia.
85
Por outro lado, como há perda de carga no percurso entre as superfícies delineadas por
AB e CD, haverá pontos em que uma determinada fração de carga total já terá sido
dissipada. Assim, o lugar geométrico dos pontos com igual carga total é uma
equipotencial ou “linha equipotencial”.
neq h
fluxo nf
nf equipotenciais
l1 neq h
i = --------
l1
linhas de fluxo
a) Vazão “Q”
nf
onde: Q = vazão percolada
Q = K . H . ---------
K = coeficiente de permeabilidade do solo
neq
H = carga total a ser dissipada
86
nf = número de canais de fluxo
neq = número de linhas equipotenciais
Por exemplo: Na figura 6.7 tem-se nf = 4 e neq = 9
b) Pressão neutra “ “
Num ponto qualquer “ A “ situado no interior da rede, a pressão neutra “A”, será dada
por:
A
H = ZA + ------ + h
AG
A = AG (H - ZA - h)
NA1
h NA2
h1
G A / AG
h2
F
H
ZG
A
ZA
Z=0
camada impermeável
c) Força de percolação “ FP “
O traçado das redes de fluxo, representadas nas Figuras 6.10a a 6.10f pelas linhas
contínuas (linhas de fluxo), e pelas linhas tracejadas (linhas equipotenciais), segue as
regras em que se fundamenta o método gráfico de Forccheimeier:
87
4ª REGRA: freqüentemente, há porções de uma rede em que linhas de fluxo devem ser
aproximadamente, retas e paralelas. Os canais de fluxo são, então, da
mesma largura e os quadrados são, portanto, uniformes em tamanho.
Começando-se o traçado das redes de fluxo em tais áreas, facilita-se a
solução;
7ª REGRA: em geral, no primeiro traçado, a rede resultante não será constituida intei-
ramente de quadrados. A perda de carga entre equipotenciais vizinhas,
corresponde a nº arbitrário de canais de fluxo, também não será um
submúltiplo da perda de carga total. Assim, poderá sobrar uma fileira de
retângulos, na zona onde o traçado terminou. Para finalidades práticas, essa
ocorrência não terá grande importância, sendo que a última fileira de
retângulos deve ser levada em consideração, nos cálculos, estimando-se a
relação entre os lados dos retângulos. Assim, no traçado das redes de fluxo
não se deve tentar forçar a transformação de retângulos em quadrados por
ajustamento restrito a pequenas áreas.
Dar-se-á atenção especial ao sistema de ponteiras filtrantes, um dos mais utilizados para
rebaixamento de lençol. Para o seu dimensionamento, o princípio básico é o traçado da
rede de fluxo. Posteriormente deve-se determinar o número, diâmetro, espaçamento,
profundidade de penetração e vazão dos pontos de captação do fluxo. Uma vez que as
89
redes de fluxo nem sempre são fáceis de se traçar, existem alguns métodos simplificados
para cálculo da vazão e da linha freática, a seguir descritos:
NA1
NA1
NA2 camada impermeável
NA2
camada impermeável
camada
permeável
camada permeável camada permeável
Q Q
Q
Q
e portanto: h = ------------- . Y + he 4 e quando Y = L h = H
K.D.x
K.D.x
Q
Q = ------------------- ( H - he )
e portanto: H = -------------- . L + he ou L 5
K . D. x
Q ( L y) L
( H h) .( L y ) .( H he ) h H .( H he ) 6
K .D.x L L y
b) Escoamento por gravidade
Q = vazão de percolação
linha piezométrica K = coef. de permeabilidade da
camada permeável na
H direção do fluxo
dh
- i = dh/dy e A = h . x 2
substituindo-se 2 em 1 :
permeável
Q h Q = K . h . x . dh/dy ou
he
x Q
h dh = --------------- dy 3
Y dY K. x
L
h2 Q 2.Q
Integrando-se a expressão 3 : ------- = ------------- . Y + C h2 = ---------- . Y + C ’
2 K.x K.x
91
Y 2.Q L-Y
2 2 2
h = -------- ( H - he* ) + he* 6 ou H - h = --------- ( L - Y ) = -------- (H - he*2 )
2 2
L K.x L
quando L/H e/ou he/H são pequenos as equações 5 e 6 podem ser usadas
satisfatoriamente. Caso contrário, h deve ser calculada da expressão:
L-Y
h2 = H2 - { [ --------] . [ H2 - ( h0 + hS )2 ] }
L
O termo “hS” pode ser estimado através da Fig. 6.14b , apresentada por Chapman. No
fluxo gravitacional ocorre drenagem vertical pela parede do sorvedouro. A curva de
depressão da linha d’água, com valores de h calculados pelas equações anteriormente
expostas e novamente abaixo explicitadas, resultará numa cota inferior à cota real.
2 . Q. Y Y
2 2
h = ----------- + he h = -------- ( H2 - he2 ) + he2
2
7
K.x L
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
hS/H
0,5 0,3
0,4 0,2
0,1
hS 0,3 h0/H=0,0
h H
Q 0,2
0,4
h0 0,1
0,0
Y 0 1 2 3 4 L/H 5
K. x ( 2 DH - D2 - he2 )
Q = ---------------------------------
2.L 3
Y
para Y LG h2 = ----- (D2 - he2) + he 4
L
H -D
para Y > LG h = --------- ( Y - LG ) + D 5
L - LG
93
Como a equação 4 não considera a drenagem vertical que ocorre no sorvedouro,
durante o fluxo gravitacional, a expressão 6 abaixo pode ser utilizada para o cálculo
da linha d’água, sendo que o fator “ hS ” pode ser obtido da mesma Figura 6.14b
tomando-se o cuidado de substituir o termo L por LG e H por D.
LG - Y
h = D - { [ ---------- ] . [ D2 - (h0 - hS )2 ] }
2 2
6
L
a) Escoamento artesiano
E L 1,00
0,90
b 0,80
0,70
0,60
largura do poço L/D =
W/D
0,50
b assumida = 0
impermeável 0,40
0,30
H L/D =0,5
0,20
hD he 0,10
D 0,00
0,00 0,01 0,10 1,00
permeável
EA/D
impermeável
E L
X 1,00
NA
0,90
b
0,80
0,70
0,60
largura do poço L/D =
W/D
0,50 b assumida = 0
impermeável
0,40
H 0,30 L/D =0,5
hD he W 0,20
D 0,10
0,00
permeável 0,00 0,01 0,10 1,00
EA/D
impermeável
K . D . x ( H - he )
Q = ---------------------------
L + EA
onde: EA = fator extra de comprimento, que depende da relação de penetração do
sorvedouro “ W “ com a espessura da camada permeável “ D “ (experiência com
barragens)
EA ( H - he )
hD = ---------------------- + he
L + EA
95
b) Escoamento por gravidade ( com uma linha de fonte )
X L
NA
b NOTA:
largura do poço b
admitida = 0
hS
Q
hD H
h0
permeável
impermeável
H - h0 K.x 1,48
Q = [ 0,73 + ( 0,27 . ---------- ) ] ---------- ( H2 - h02 ) e hD = h0 [ --------- ( H - h0 ) + 1 ]
H 2.L L
OBS.: Para sorvedouros drenantes com penetração total, idem considerações anteriores
do caso de uma linha de fonte. Ver-se-á adiante o caso de penetração parcial.
he W 0,5
D 0,4
0,3
0,2
0,1
Y
0,0
L L 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
2 . K . D . x ( H - he )
Q = ------------------------------ onde: = fator que depende da relação W/D
L + .D L = distância do poço para ambas as linhas de fonte
OBSERVAÇÕES:
X
NA b NA
H - h0 K.x
2 2
Q = [ 0,73 + ( 0,27 ----------) ] ------- (H - h0 )
hS H L
H H
permeável h0
imperm
.
L L
A altura hD no centro entre os dois sorvedouros, pode ser estimada pela expressão:
EA ( H - he )
hD = ------------------- + he
L + EA
A altura calculada pela fórmula anterior será razoavelmente aceitável exceto onde os
sorvedouros estiverem muito próximos um do outro. Neste caso, uma estimativa
ligeiramente conservativa poderá ser obtida da equação acima, que supõe estarem os
sorvedouros suficientemente distantes de modo que a linha d’água de um não afete a
linha d’água do outro.
98
Q CL Q
NA NA
hS H
permeável
hD
b b h0
imperm.
L l l L
A altura da linha d’água “ hD “ que permanece entre os dois sorvedouros pode ser
estimada pela expressão abaixo, onde os valores de C1 e C2 podem ser obtidos dos
ábacos das Figuras 5.21a e 5.21b, abaixo:
C1 . C2
hD = h0 [ ----------- ( H - h0 ) + 1 ]
L
99
1,6
1,2 1,4
1,2
1,0
1,0
0,8
C2
0,8
C1
0,6 0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0,0
0,0 0,00 0,05 0,10 0,15
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 b/H
l/ / h0
Q d Y
Pela Lei de Darcy: Q = K . i . A ou V = ------- = K . i ou V = K . ------
A d X
A velocidade V acima definida é válida para qualquer ponto da curva de rebaixamento.
Assim, a descarga através de uma superfície cilíndrica de raio X e altura Y será:
Y dY
d Q dX
Q = V . A = K ------ . A = K ----- . 2 . . X . Y Y . d Y = ------------- . ------
dX dX 2.K. X
H Q R
Y2 H Q R H2 - h2 Q
------ = ------------- ln X = ----------- = ------------- ( ln R - ln r )
2 h 2.K. r 2 2.K.
K.
Q = ----------- . ( H2 - h2 )
ln R/r
Q
2 2
Y - h = ------- . ln X/r
K.
Para a determinação de “R” (distância a partir do eixo, para a qual se pode admitir que
o nível d’água não é mais influenciado), pode-se utilizar a expressão de Sichardt
R = 3000 ( H - h ) . K
No caso do poço não atingir a camada impermeável inferior, uma simplificação de cálculo
é adotar-se “ H “ e “ h “ , a partir do fundo do poço até o nível d’água correspondente:
Q H
h
camada permeável
camada impermeável
A = a x b e A = . rm 2
rm
b
rm = A /
K.
calcula-se a vazão total, através da fórmula: Q = ----------- . ( H2 - h2 )
ln R/r
a máxima vazão de cada ponteira pode ser obtida pela regra de Sichardt:
2 . . rp . hP
qmax = ------------------ . K onde: rp = raio da ponteira (em m )
15 hP = altura d’água na ponteira (em m)
1,25 . Q
np = -------------
qmax
PA
dp = ------ onde PA = perímetro da área a ser esgotada.
np
102
Esse tipo de recalque ocorre no instante da aplicação da carga, através do rearranjo das
partículas do solo. É produzido sem variação de volume e ocorre nas camadas de solos
arenosos.
12.2.1 Definição
Esse tipo de fenômeno ocorre nos solos saturados e de baixa permeabilidade (argilosos),
tratando-se da variação do índice de vazios do material. Ao se acrescentar uma carga
adicional sobre esse tipo de solo, haverá um recalque não instantâneo, que poderá ser
estimado pela variação do índice de vazios e se dá através da fuga de água. Portanto,
neste caso, o recalque se dá com variação de volume e num tempo bem mais longo do
que no caso das areias. Nas Figuras 7.1a e 7.1b apresenta-se um esquema genérico do
fenômeno do adensamento.
i
f
1 1
1 + i
Recalque por adensamento: --------- = ---------- onde:
R H
103
A teoria do adensamento é válida quando a dissipação das pressões neutras, por efeito
de drenagem da água presente, é lenta. Esse fenômeno ocorre normalmente nas argilas
saturadas.
8
9
1 - corpo de prova cilíndrico
2 - anel metálico
6
3 - discos porosos rígidos
4 - recipiente com água
5 - placa rígida para aplica-ção
5
4 NA de cargas
2 7 6 - vigas
7 - tirantes
3 1 8 - defletômetro
9 - suporte do defletômetro fixo
10 - sentido das cargas axiais
10
Plotando-se os valores da pressão aplicada versus índice de vazios final (em papel
monolog, obtemos a curva de adensamento (fig 7.3).
105
i
1 - reta de recompressão
log P
2 - reta de compressão virgem
log P
P log P
i
horizontal passando por “P”
X
bissetriz de
tangente a “P“
Pa log P
Fig. 7.4 - Determinação da Pressão de Pré- adensamento
106
Exemplo:
1 Z1 NA
Z
Z2
SUB
Neste caso, a camada de solo analisada atingiu o equilíbrio para a pressão de peso de
terra a que está submetida. Para qualquer acréscimo de pressão pode se esperar um
recalque proporcional ao coeficiente “ CC “ obtido da reta de compressão virgem.
b) solos pré-adensados: Pa > Pe
Neste caso, a camada de solo em questão já esteve submetida a uma pressão maior do
que a atual (é provável que tenha havido erosão do solo ou algum carregamento que foi
posteriormente retirado). Para um acréscimo de pressão “ P “, que somado à pressão
de peso de terra “ Pe “ resulte menor ou igual a “Pa”, teremos o recalque proporcional
ao coeficiente “ CR “ obtido da reta de recompressão. Os valores que excederem a esse
limite de “ P “, terão recalque proporcional a “ CC “ obtido da reta de compressão
virgem.
Isso quer dizer que o adensamento da camada de solo em questão, devido ao peso
próprio de terra que existe sobre ela, ainda não se processou inteiramente. Deve-se
esperar, neste caso, para qualquer acréscimo de pressão, recalques maiores do que os
calculados utilizando-se do coeficiente “CC”.
O recalque total “R” pode ser calculado de duas maneiras, a seguir descritas:
a) trabalhando-se graficamente e diretamente sobre a curva de adensamento, utilizando-se
a fórmula descrita no ítem 2.1, lançando-se as pressões “ Pe ” e “ P “
correspondentes ao centro da camada de argila mole e medindo-se diretamente a
variação de índice de vazios correspondentes. Neste caso, o recalque total é dado por:
R = ----------- . H
1 + i
108
b) através dos coeficientes “ CC “ e “ CR “ , obedecendo-se os critérios de classificação da
argila mole (fixados no ítem 2.5), e utilizando-se da fórmula:
H Pe + P
R = ----------- . CC( *) . log -------------- ( )
* CC ou CR conforme o caso (ítem 2.5), onde:
1 + i Pe
Além da estimativa do recalque total, é muito importante conhecer o tempo que esse
recalque levará para se processar. Dependendo das características da argila
(permeabilidade e espessura, presença ou não de lentes de areia no meio da massa
argilosa, existência de camadas mais permeáveis acima e abaixo desta) e também da
carga excedente aplicada, pode-se ter desde alguns anos até séculos para a ocorrência
do recalque total.
A seguir é fornecido um roteiro para estimativa dos tempos correspondentes às diversas
percentagens do recalque total, salientando que o coeficiente de permeabilidade da
camada de argila mole é o parâmetro mais importante nesse processo e deve ser
estimado com bastante critério.
(*)
CC ou CR (conforme exposto no ítem 2.5)
109
K . ( 1 + i )
CV = ------------------------------------- [m2/mês] onde:
AV . AG.
2
Hi
t = ------------- . T [mês] onde:
CV
nível do terreno
nível do terreno
AREIA
Hi
centro da camada de argila H camada de argila H = Hi
Hi
AREIA AREIA
O fator tempo “ T “ pode ser calculado pelas fórmulas abaixo (ou pela Figura 7.6)
T = /4 . (U / 100)2 para U < 55%
U (%) T
10,000
10 0,0079
20 0,0314 1,000
30 0,0707
fator tempo T
40 0,1257
0,100
50 0,1964
60 0,2863
70 0,4028 0,010
80 0,5671
90 0,8480
0,001
95 1,1289
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
U (%)
99,42 2,0000
13.1 Conceito
Sempre que possível, essa solução é a mais segura. Pode porém, ser de difícil execução
e de custo bastante elevado, dependendo da profundidade e espessura de ocorrência da
camada. A remoção costuma ser feita com drag-lines para espessuras até 3,00m. Para
espessuras maiores pode também ser utilizada a técnica de dinamitar a camada mole,
com a finalidade de expulsar a lama, ao mesmo tempo que um aterro previamente
executado sobre a camada mole ocupa os espaços deixados pela expulsão da lama. Isso
é feito progressivamente até se conseguir a completa troca de solo. Essa técnica foi
utilizada na construção de alguns trechos da Rodovia Piaçagüera - Guarujá.
Para a instalação dos drenos verticais de areia são feitas perfurações, através de
equipamentos específicos, que atravessam a camada de argila mole e vão sendo
revestidas com uma tubulação de aço. Posteriormente o revestimento do furo é aos
poucos removido, ao mesmo tempo que o furo vai sendo preenchido com areia. A areia
vai sendo colocada por dentro do revestimento.
Os drenos verticais de areia têm por objetivo acelerar o processo de adensamento
(expulsão da água da camada de argila). Com a saída da água ocorre uma melhoria do
parâmetro de resistência da camada mole (coesão), melhorando, conseqüentemente, a
estabilidade do talude construído sobre ela. Com essa técnica consegue-se acelerar a
ocorrência dos recalques. Pode-se, por exemplo, em caso de estradas de rodagem,
executar mais rapidamente a pavimentação.
A técnica dos drenos de areia é porém ainda bastante onerosa e discutível em termos de
método construtivo. Uma das razões é que pode-se provocar o amolgamento (quebra da
estrutura interna da camada de argila), o que vai provocar uma diminuição de sua
resistência. Outro problema construtivo é o seccionamento do dreno que às vezes ocorre,
112
o que provoca uma diminuição da eficiência. No caso de camadas de grandes espessuras
as dificuldades construtivas vão ficando cada vez maiores.
Uma variante dessa técnica e que já vem sendo empregada pelas empreiteiras a algum
tempo trata-se da cravação de fitas semi-flexíveis drenantes. Essa cravação é feita por
um equipamento especial e tem a mesma finalidade do dreno de areia, ou seja, a
expulsão mais rápida da água presente na camada mole.
As duas técnicas citadas necessitam de uma praça de trabalho suficientemente resistente
para permitir a entrada dos equipamentos.
Será a seguir apresentado um método baseado na utilização de ábacos (Fig. 7.8 a, b,c),
para determinação do comprimento “ b2” e da altura “ h2” das bermas de equilíbrio,
sendo conhecidos:
Fig. 7.7 - Desenho esquemático de um aterro sobre solo mole com bermas
de equilíbrio
C
ADM. = ----- onde: S = 1,3 a 1,5
S
b) P2 = P1 - 5,5 . ADM. onde: P2 < 5,5 ADM. pois esse é o limite de altura da berma
para que não ocorra ruptura através desta.
c) h2 = P2 / at.
ADM./ P1 e P1 / P2 e obtendo-se b2 / H.
115
14 CONSOLIDAÇÃO DE SOLOS
14.1 Conceito
Quando se fala em consolidação de um solo geralmente implica que tenha havido alguma
alteração das condições naturais desse solo. Assim, consolidar um solo é torná-lo
resistente aos esforços atuantes. Pode-se, de certa forma, considerar como
consolidação, a aplicação de qualquer técnica que venha a aumentar a resistência inicial
do material considerado.
Para efeito deste capítulo, considerar-se-á, com o nome genérico de solos, os materiais
classificados como:
- solos residuais ou de alteração;
- solos transportados;
- rochas alteradas e rochas sãs
A consolidação de solos pode ser realizada das mais variadas formas, dependendo da
finalidade, do tipo de material e do tipo de obra. Serão citados a seguir as principais
situações e tipos de consolidação.
CRISTA
NA taludes de jusante
h altura da borda livre
taludes de berma
eventual cut-off
- pedras com 0,20m < < 0,40m, lançadas ou arrumadas sobre o talude “rip-rap”;
Nos locais onde existem pedras em quantidades suficientes, o “rip-rap” é a solução mais
utilizada para a proteção dos taludes de montante. É econômico pois geralmente utiliza-se
as sobras das escavações em rocha (normalmente feitas para acomodar as fundações da
barragem de concreto). Tecnicamente o “rip-rap” atende aos três tipos de problemas
citados, com bastante eficiência.
pedras “rip-rap”
cascalho
areia
talude (solo)
NA MAX
h
H
V faixa de proteção
com solo-cimento
b
B
Os estudos publicados por Ralph Proctor (em 1933), pela primeira vez enunciaram um
dos mais importantes princípios da Mecânica dos Solos, isto é, “a densidade com que
um solo é compactado, sob determinada energia de compactação, depende da umidade
do solo no momento da compactação”.
O ensaio proposto por Proctor e adotado universalmente, consiste basicamento no
seguinte:
- em um cilindro metálico, com volume de 1 litro, compacta-se a amostra de solo, em
três camadas, cada uma delas por meio de 25 golpes de soquete pesando 2,5 Kg,
caindo de uma altura de 30 cm.
- uma vez compactado o solo, com uma certa umidade conhecida, no cilindro de
Proctor, determina-se:
P
= -------- ( em Kgf/cm3 ) onde P = peso e V = volume, da amostra
V
b) a umidade h de uma pequena porção de solo, retirada do material compactado:
Pa
h = -------- x 100 (em %) onde Pa = peso da água e Ps = peso do solo seco
Ps
S = --------------
1 + h/100
S (Kgf/cm3)
S MAX
hOT h (%)
h “free-board”
NAma
h = 0,75 H + V2 / 2g
H = altura das ondas (em m.)
V = velocidade das ondas (em m/s)
A altura das ondas H (em metros) pode ser obtida pela fórmula empírica de Stevenson
LAGO OU RESERVATÓRIO
(formado pela barragem)
FETCH
Geralmente, no Brasil, por falta de dados sobre os ventos, toma-se a maior distância em
linha reta sobre a superfície do lago e uma velocidade U = 80 km/h para o vento. A
velocidade das ondas V pode ser obtida pela expressão de Gaillard:
Segundo Saville, no artigo “ Free-board - alowances for waves in Inland reservoir” (1962),
tem-se que a velocidade do vento sobre as água de um reservatório é maior que a
velocidade do mesmo vento sobre a terra, em função do maior comprimento na direção
predominante dos ventos “FETCH”, conforme Figura 8.6.
1,40
1,30
Uág ua / Uterra (km/h)
1,20
1,10
1,00
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
comprimento " FETCH " (km)
- plantio de grama;
- impermeabilização com material betuminoso (massa asfáltica, piche, etc). Esse tipo de
proteção exige que se faça manutenção periódica;
- aplicação de concreto projetado sobre tela de alta resistência. Esse tipo de proteção
é bastante eficiente mas é ainda muito cara, sendo restrita a pequenas áreas;
- empilhamento de sacos de solo-cimento, etc
125
c) Obras de contenção: A consolidação em regiões de relevo acidentado exige, quase
sempre, a construção de obras de contenção. As mais comumente utilizadas são:
- cortinas atirantadas;
- maciços em terra armada;
- muros de arrimo (a flexão, por gravidade, solo pregado, etc);
REFERÊNCIAS
- LEONARDS, G.A. Foundation Engineering. New York. Mc Graw Hill Book, Co, 1962.
1136p.
-MASSAD, Faiçal. Obras da Terra: Curso Básico de Geotecnia. São Paulo: Oficina de
textos, 2003.
- MELLO, V.F.B; TEIXEIRA,A. Mecânica dos solos, fundações e obras da terra. USP-
São Carlos, EESC, 1971, 2v.
-VARGAS, Milton. Introdução à Mecânica dos Solos. São Paulo, Mc Graw Hill. 1977.
509p.