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EXAME-TIPO

A
Leia o poema seguinte.

Enquanto quis Fortuna que tivesse

Enquanto quis Fortuna que tivesse


Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse


Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho co’o tormento,
Para que seus enganos não dissesse

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos


A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são e não defeitos;


E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.

Luís de Camões

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Indique o tema e o assunto do poema e explicite a estrutura do texto quanto à organização


interna, sintetizando o assunto de cada uma das partes lógicas.

2. Nesta reflexão sobre a sua obra lírica, o poeta expõe dois momentos, marcados por
“enquanto” e “porém”.
2.1. Explicite o conteúdo desses dois momentos.

3. Identifique o destinatário da mensagem poética no soneto e o recurso expressivo utilizado


para se lhe dirigir.

4. Identifique e explicite a expressividade de outros dois recursos expressivos.

5. Indique as razões pelas quais o poeta escreveu “Amor” e “amor”.


B
Leia o texto seguinte.

CENA IV
TELMO (só) — Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo homem. Tinha um
pressentimento do que havia de acontecer… parecia-me que não podia deixar de suceder… e
cuidei que o desejava enquanto não veio. Veio, e fiquei mais aterrado, mais confuso que
ninguém! Meu honrado amo, o filho do meu nobre senhor, está vivo… o filho que eu criei
nestes braços… Vou saber novas certas dele, no fim de vinte anos de o julgarem todos perdido;
e eu, eu que sempre esperei, que sempre suspirei pela sua vinda… — era um milagre que eu
esperava sem o crer! — eu agora tremo… É que o amor destoutra filha, desta última filha, é
maior, e venceu… venceu… apagou o outro… Perdoai-me, Deus, se é pecado. Mas que pecado
há de haver com aquele anjo? Se ela me viverá, se escapará desta crise terrível? Meu Deus,
meu Deus (ajoelha), levai o velho que já não presta para nada, levai-o, por quem sois! (Aparece
o Romeiro à porta da esquerda, e vem lentamente aproximando-se de Telmo, que não dá por
ele). Contentai-vos com este pobre sacrifício da minha vida, Senhor, e não me tomeis dos
braços o inocentinho que eu criei para vós, Senhor, para vós… mas ainda não, não mo leveis
ainda. Já padeceu muito, já traspassaram bastantes dores aquela alma; esperai-lhe com a da
morte algum tempo!

CENA V
ROMEIRO — Que não oiça Deus o teu rogo!
TELMO (sobressaltado) — Que voz! — Ah! é o Romeiro. Que me não oiça Deus! Porquê?
ROMEIRO — Não pedias tu por teu desgraçado amo, pelo filho que criaste?
TELMO (à parte) — Já não sei pedir senão pela outra. (Alto.) E que pedisse por ele! Ou por
outrem, porque não me há de ouvir Deus, se lhe peço a vida de um inocente?
ROMEIRO — E quem te disse que ele o era?
TELMO — Esta voz… esta voz…! Romeiro, quem és tu?
ROMEIRO (tirando o chapéu e alevantando o cabelo dos olhos) — Ninguém, Telmo; ninguém,
se nem já tu me conheces!
TELMO (deitando-se-lhe às mãos para lhas beijar) — Meu amo, meu senhor… sois vós? Sois,
sois. D. João de Portugal, oh, sois vós, senhor?
ROMEIRO — Teu filho já não?
TELMO – Meu filho!… Oh! é o meu filho todo; a voz, o rosto… Só estas barbas, este cabelo
não… Mais branco já que o meu, senhor!
ROMEIRO — São vinte anos de cativeiro e miséria, de saudades, de ânsias que por aqui
passaram. Para a cabeça bastou uma noite como a que veio depois da batalha de Alcácer; a
barba, acabaram de a curar o sol da Palestina e as águas do Jordão.
TELMO — Por tão longe andastes!
ROMEIRO — E por tão longe eu morrera! Mas não quis Deus assim.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Refira os sentimentos que causam o conflito íntimo de Telmo na cena IV, fundamentando a
resposta com citações textuais pertinentes.

2. Aponte os sinais de pontuação que traduzem esses sentimentos e explique o valor de cada
um desses sinais.

3. Explicita as funções das didascálias ao longo da cena V.

4. Telmo reconhece D. João de Portugal através da voz.


4.1. Indica a forma como Telmo reage ao reconhecimento da identidade do Romeiro.
4.2. Menciona as razões que o Romeiro aponta para explicar a sua aparência física.

GRUPO II
Leia o texto seguinte.
A IGNORÂNCIA DOS NOSSOS UNIVERSITÁRIOS
1 Enquanto Portugal se ri da auxiliar de ação médica concorrente da Casa dos
Segredos, que julga que África é um país da América do Sul, a SÁBADO fez um teste
básico a 100 alunos da universidades de Lisboa. […]
Ana Amaro, de 18 anos, que frequenta a licenciatura com o mestrado integrado em
5 Psicologia do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), está a fumar à porta da
faculdade, em Alfama. Aceita participar no teste de cultura geral da SÁBADO (20
perguntas, divididas por dois questionários de 10, ambos com um grau de dificuldade
mínimo), mas está mais preocupada em acabar o cigarro. À quinta questão (qual é a
capital dos Estados Unidos?), começa a atrapalhar-se. “Estados Unidos...? A esta hora é
10 muita mau”, queixa-se. Não são 7h, são 13h30, e os colegas começam a sair para o
almoço. Mas Ana parece ter acordado há 10 minutos, suspeita que a própria confirma.
A partir daí, é sempre a cair.
Não sabe quem escreveu O Evangelho Segundo Jesus Cristo, quem fundou a
Microsoft, quem é Maria João Pires nem que instrumento toca. E não parece
15 preocupada. Afinal, acabou de acordar.
“Não dei isso no 12.º ano”, “Cinema não é comigo”, “Não me dou bem com a
literatura” – na arte de justificar a ignorância, os estudantes universitários inquiridos pela
SÁBADO têm nota máxima. “Se perguntasse alguma coisa de psicologia, agora cultura
geral...”, diz Janine Pinto, optando pela desculpa número um.
20 – Quem pintou o teto da Capela Sistina?
– Ai, agora... Tudo o que tem a ver com capelas e igrejas não sei (desculpa número
dois dos universitários).
– E quem escreveu O Evangelho Segundo Jesus Cristo?
– Eh pá! Coisas com Jesus Cristo?! Sou fraca em religião... (desculpa número três).
25 E se é que isto serve de desculpa, aqui vai a número quatro: Janine, tal como
muitos outros inquiridos, não está num curso de Teologia, nem de Artes.
Mas Bruno Marques, 18 anos, no 1.º ano de Ciências da Cultura na Faculdade de
Letras, escorrega num tema que deveria dominar.
– Quem é Manoel de Oliveira?
30 – Já ouvi falar, mas não sei quem é.
– Estás em Ciências da Cultura. Dás Cinema?
– Sim, algumas coisinhas, mas não sei... […]
18-11-2011, por André Barbosa e Tânia Pereirinha e imagem de Joana Mouta e Bruno Vaz In Site
da revista Sábado (cons. dia 13/05/2013)

1.1. O artigo versa sobre


a) as diferenças culturais entre jovens universitários.
b) o nível deficitário de cultura geral entre os inquiridos.
c) a cultura em várias camadas da sociedade.
d) a necessidade de se mudarem os programas escolares para melhorar os
conhecimentos dos alunos.

1.2. A primeira oração do texto é uma oração


a) subordinada adverbial final.
b) subordinada adjetiva relativa restritiva.
c) subordinada substantiva completiva.
d) subordinada adverbial temporal.

1.3. Com o uso da conjunção “mas” (l. 7) assegura-se a coesão


a) interfrásica.
b) frásica.
c) referencial.
d) lexical.

1.4. No complexo verbal “começa a atrapalhar-se” (l. 8) deparamo-nos com um


verbo auxiliar
a) aspetual.
b) temporal.
c) modal.
d) da voz passiva.
1.5. Com a resposta “A esta hora é muita mau” (l. 9), a inquirida desrespeita a
coesão
a) referencial.
b) frásica.
c) lexical.
d) interfrásica.

1.6. A omissão do sujeito de formas verbais como “queixa-se” (l. 9) não torna a
frase agramatical devido à coesão referencial com o recurso à
a) anáfora.
b) catáfora.
c) correferência não anafórica.
d) elipse.

1.7. No que concerne ao constituinte “escorrega num tema que deveria dominar”
(l. 28), assinala a única opção incorreta:
a) A palavra “que” é um pronome relativo.
b) A oração “que deveria dominar” é uma oração subordinada adjetiva relativa
restritiva.
c) O verbo “escorregar” é transitivo direto.
d) A palavra “num” resulta da contração da preposição “em” com o artigo indefinido
“um”.

2. Responde às questões:

2.1. Classifica a oração destacada no enunciado “que julga que África é um país da
América do Sul” (ll. 1-2).

2.2. Indica a função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado em


“Enquanto Portugal se ri da auxiliar de ação médica” (l. 1).

2.3. Destaca a oração subordinante do enunciado “Enquanto Portugal se ri da


auxiliar de ação médica concorrente da Casa dos Segredos, que julga que
África é um país da América do Sul, a SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos
de universidades de Lisboa.” (ll.1 -3)

GRUPO III
Apesar de “Frei Luís de Sousa” ser uma obra do século XIX, algumas das suas temáticas
são contemporâneas. Num texto bem estruturado com cerca de 200 palavras, evoca a
temática do adultério na sociedade atual.
CORREÇÃO:
GRUPO I
A
1. Tema: Desengano / Contradições do amor
Assunto: Enquanto o destino (Fortuna) permitiu que alimentasse a esperança de alguma
felicidade, o poeta dedicou-se a escrever os efeitos da mesma, naturalmente em versos
amorosos. Porém, o Amor, temendo que seus enganos fossem divulgados, secou-lhe a
inspiração. Assim, aqueles a quem o Amor sujeita às suas inconstâncias, mesmo que, em tais
versos, leiam casos tão diferentes (quiçá contraditórios), deverão considerá-los verdades
puras, e não o contrário, sendo que as compreenderão tanto melhor, quanto mais larga for a
sua experiência amorosa.
Divisão do poema:
1ª parte, constituída pelas quadras.
Esta 1.ª parte está, igualmente, subdividida: na primeira quadra, observamos o papel
coadjuvante do destino (Fortuna) e, na segunda, confrontamo-nos com o carácter oponente
do Amor (nome também atribuído a Cupido, filho de Vénus). Note-se que a transição da
primeira para a segunda quadra é feita através do conector (conjunção) adversativo "porém",
o que, desde logo, antecipa a adversidade nela contida.
2ª parte, constituída pelos tercetos, em que o poeta, apostrofando os que se sujeitam aos
caprichos do Amor, adverte para a autenticidade de seus versos, cujo entendimento será tanto
melhor quanto maior a experiência (porventura dolorosa) do mesmo amor.

2.1. 1º momento: Enquanto teve esperanças de ser feliz, sentiu necessidade de escrever, de
revelar os efeitos do sentimento amoroso.
2º momento: É atribuído ao Amor o poder de, através do sofrimento, lhe diminuir, ou mesmo
tirar, a capacidade poética. O poeta dirige-se a todos os leitores que estejam envolvidos pelo
Amor.

3. O poeta dirige-se a todos os leitores que estejam envolvidos pelo Amor, através da
apóstrofe.
4. - Anástrofe: (vv. 1, 4, 5, 8, 11, 12); - Hipérbato (vv. 5/6): evidenciam os sentimentos
contraditórios que lhe toldam o pensamento;
- Antítese: (estabelecida entre a atitude adjuvante da Fortuna, na primeira quadra, e a de
oponente, por parte do Amor, na segunda);
- Metonímia (v. 5) (Amor, o Cupido, tomado pelo próprio sentimento do amor).

5. Nos versos 5 e 9, o poeta refere-se ao Amor como um conceito, um valor intemporal,


universal, abstrato e absoluto. Por isso valeu-se da inicial maiúscula, da chamada maiúscula
alegorizante. No verso 13, amor está grafado com minúscula por se referir à experiência
humana, à relação interpessoal, concreta, à relação amorosa vivida, não idealizada.

B
1. Os sentimentos que causam conflito íntimo em Telmo são:
- “Virou-se-me a alma toda…” – tumulto/tormento/tortura/suplício/angústia.
- “Pressentimento do que havia de acontecer” – presságios/agouros.
- “…cuidei que o desejava enquanto não veio” – dilema / conflito/ contradição/dúvida.
- “Vou saber novas deles” – ansiedade/anseio/inquietação.
- “…em agora tremo” – temor/ medo7apreensão
- “É que o amor destrouta filha…” – dúvida/hesitação/incerteza/indecisão.
- “…vence…apagou o outro…” – derrota/ resignação/conformação /renúncia.

2- Trata-se de um monólogo carregado de grande emotividade. O elevado número de


reticências presentes nesta cena, são importantes para a expressão de todo o conflito interior
vivido por Telmo (pensamento fica incompleto, em suspensão), os travessões (discurso direto),
os pontos de exclamação (sentimentos) e as interrogações (dúvida). Todos estes elementos de
pontuação estão ao serviço da densidade dramática desta cena e do discurso direto.

3. As didascálias ou indicações cénicas presentes na cena IV têm as seguintes funções:


(sobressalto) – modo de intervenção na fala seguinte
(à parte) – fala para o público pois não pretende que a outra personagem em palco ouça o que
diz.
(alto) – tom em que é pronunciada esta fala
(tirando … os olhos) – comportamento da personagem em palco, gestos, acessórios
(deitando-se-lhe…lhas beijar) – gesto da personagem antes da fala.
4.1. Telmo reage com espanto/admiração e de seguida interroga o Romeiro sobre
o porquê de Deus não o poder ouvir, visto que Telmo naquele momento temia
pela vida de Maria.

4.2. As razões que o Romeiro aposta para explicar a sua aparência são:
- “Vinte anos de cativeiro e miséria, saudades, ânsias”.
- “Para a cabeça bastou uma noite como a que veio depois da Batalha de Alcácer”.
- “A barba…o Sol da Palestina e as águas do Jordão”.

GRUPO II
1.1. b

1.2. d

1.3. a

1.4. a

1.5. b

1.6. d

1.7. c

2.1. oração subordinada substantiva completiva


2.2. complemento oblíquo
2.3. “a SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos de universidades de Lisboa”

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