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Indulto Humanitario
Indulto Humanitario
UNINASSAU
Curso de Bacharelado em Direito
Recife
2014
José Jorge Ibrayn de Lima Pereia
Recife
2014
Sumário
2 Justificativa ............................................................................................................... 4
3 O Problema ............................................................................................................... 5
4 Objetivos .................................................................................................................... 6
4.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 6
4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 6
5 Hipóteses .................................................................................................................... 7
6 Referencial Teórico................................................................................................... 8
7 Metodologia ............................................................................................................. 11
8 Cronograma ............................................................................................................ 12
9 Referências .............................................................................................................. 13
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O instituto do Indulto está previsto nos nossos diplomas legais em dois tomos
diferentes, primeiramente no nosso Código Penal, em seu artigo 107, II que o trata como
uma causa extintiva da punibilidade, em seguida sendo visto na nossa Carta Magna de
1988, em seu artigo 84, XII que diz que é de competência exclusiva do Presidente da
República a concessão de indulto e comutação e penas, respeitando, se necessário o critério
de audiência dos órgãos instituídos em lei. Tal nos faz ver que o supra citado instituto é
uma modalidade de clemência concedida, de forma discricionária, pelo Presidente da
República a um dado individuo, ou a um grupo destes que preenchem certos pré-requisitos,
comumente dando-se sua ocorrência na data de 25 de dezembro de cada ano através de
decreto presidencial.
Porém, é conveniente lembrar que no nosso Diploma Legal Magno a previsão é de
que os crimes hediondos são, a priori, insuscetíveis de anistia e graça, como podemos
extrair da leitura do Art. 5º, XLIII da CF/88 que diz:
2 Justificativa
3 O Problema
4 Objetivos
4.1 Objetivo Geral
5 Hipóteses
6 Referencial Teórico
Ao nos debruçarmos diante da nossa Carta Magna, vemos que em seu artigo 5º,
inciso XLIII existe uma expressa vedação a concessão de anistia ou graça aos que
praticaram crimes hediondos ou os a estes equiparados, é o que nos mostra Leal:
A CF, em seu art. 5º, inc. XLIII, estatui que os crimes hediondos são insuscetíveis
de anistia e de graça stricto sensu. Este dispositivo representa uma grave
impropriedade em relação à matéria disciplinada no próprio Capítulo V, que trata
dos direitos e garantias individuais. Em consequência, não se pode criticar o
legislador ordinário por ter reproduzido tal restrição no texto do art. 2º, inc. I, da
Lei n.º 8.072/90. A crítica, a nosso ver, é pertinente diante da inclusão, também,
do indulto, que não está previsto na norma constitucional, no âmbito da norma
proibitiva ordinária. (2004)
Vemos então que quando em se tratando dos crimes hediondos até mesmo a
CF/88 tem severidade no seu tratamento. Porém é mais notório ainda a existência de uma
imensa dicotomia entre o diploma legal máximo e aquilo que está previsto na lei 8.072/90
em seu artigo 2º, inciso primeiro estende o previsto na carta maior e de forma exorbitante
prevê a vedação até mesmo a concessão do indulto nos casos de crimes hediondos e
equiparados. Justamente diante dessa problemática por bastante tempo o que se verificou é
que aqueles indivíduos que estavam enquadrados na pratica de crimes hediondos e
equiparados não eram beneficiados pelo instituo do indulto humanitário, sendo tal
justificado por uma imensa cautela na concessão do mesmo.
Porém, partindo da premissa logica de que uma norma não é válida quando em
confronto com a constituição federal, extraímos que no mesmo rumo se direciona a que
exorbita o que aquela, e tão logo é eivada de inconstitucionalidade. Conforme podemos
extrair de valoroso artigo de Azevêdo, que nos demonstra:
que tais choques são plausíveis traria diversas consequências práticas, tendo em
vista que todo o sistema haveria de se adaptar, em face do conflito. ( 2004)
Posto isto vemos que o prescrito no artigo 2º, inciso I da lei nº 8.072/90 deve
ser desconsiderado, e que o instituto do indulto humanitário pode, assim como já o foi, ser
concedido em relação aos crimes hediondos e a estes equiparados.
O que fundamenta o indulto humanitário é sua característica de promover um
último alento aqueles que, além de não serem mais capazes de oferecer risco a sociedade,
estão em tal estado de sofrimento que o perdão é um ato máximo da bondade e
solidariedade humana. É o que nos demonstra o indulto humanitário concedido através do
decreto presidencial nº 5.295 de 2 de dezembro de 2004, que em seu artigo 8º, parágrafo
único fala “As restrições deste artigo e do inciso I do art. 1o não se aplicam às hipóteses
previstas no inciso VI desse mesmo artigo.”, nos remetendo ao dito inciso VI que diz:
Ao condenado:
a) paraplégico, tetraplégico ou portador de cegueira total, desde que tais
condições não sejam anteriores à prática do ato e comprovadas por laudo médico
oficial ou, na falta deste, por dois médicos, designados pelo Juízo da Execução;
ou
b) acometido, cumulativamente, de doença grave, permanente, apresentando
incapacidade severa, com grave limitação de atividade e restrição de participação,
exigindo cuidados contínuos, comprovada por laudo médico oficial ou, na falta
deste, por dois médicos designados pelo Juízo da Execução, constando o histórico
da doença, desde que não haja oposição do beneficiado, mantido o direito de
assistência nos termos do art. 196 da Constituição.
Mesmo que de forma tímida, e ainda que marcado de limitações, vemos que neste
caso houve a concessão do indulto àqueles que condenados pela prática de crimes
hediondos e equiparados, justificando tal ato no imenso sofrimento suportado por aqueles
que se encontravam no cárcere e que cumulativamente já eram molestados pelas
intempéries da vida e de suas moléstias. Indo mais adiante temos de tomar uma outra
reflexão, que seja a natureza do cárcere, sendo notório que o mesmo, nas condições
lastimáveis que se encontra nosso sistema carcerário brasileiro, não pode ser considerado
ressocializante e humanizador e é justamente o que Leal nos fala ao dizer que:
Juntando-se todas as peças anteriores nós tomamos pôr fim uma última
reflexão, que seja o porquê dessa timidez e de como encarar afinal e de forma mais
conclusiva a questão do indulto humanitário em relação aos crimes hediondos e
equiparados. O que vemos é que este instituto foge à regra absoluta imposta pelo previsto
na lei 8.072/90 em seu artigo 2º, inciso I , porém quando diante do decreto presidencial nº
5.295/04 vê-se que sua aplicabilidade é plausível ainda que não uníssona, conforme
pudemos verificar recentemente na apreciação feita pelo STF no julgamento do Habeas
Corpus 118213 em que se era pleiteada a concessão do indulto humanitário a uma
condenada por tráfico de drogas acometida de cegueira total enquanto submetida ao
cárcere.
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7 Metodologia
8 Cronograma
9 Referências
BRASIL. Lei Federal nº 8.072 de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos,
nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras
providências. Lex: Lei Federal. 8.072. Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8072.htm>. Acesso em: 16 de nov. de 2014
LEAL, João José. Indulto humanitário para condenado por crime hediondo e a
inconstitucionalidade do Art. 2º, inciso I, da Lei 8.072/90 – LCH. Âmbito Jurídico.
2004?. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=855>. Acesso em:
16 de nov. de 2014