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O Vendedor de Doces
O Vendedor de Doces
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“Há pessoas que choram por saber que as rosas têm
espinho. Há outras que sorriem por saber que os
espinhos têm rosas!”
Machado de Assis
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O Vendedor de Doces
Autor
Joel Duarte
Capa
Ronaldo César
Diagramação
Henrique Gomes
Revisão
Mara Fernandes
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Joel Duarte
O Vendedor de Doces
Um conto sobre Machado de Assis
1ª edição
Rio de janeiro
2018
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Prefácio
“O Vendedor de Doces” é um passeio ficcional e
dramático na infância de Machado de Assis, o mais
fantástico autor da literatura brasileira, um artista que
superou todas as dificuldades e obstáculos que sua
origem, etnia e condição social lhe impuseram, na
verdade, tentaram lhe impor.
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Até porque o seu tabuleiro transformou-se em
papéis, seus doces, lindos e inspirados textos, os mais
belos da nossa antologia: poemas, crônicas, artigos,
contos, romances, peças de teatro e críticas literárias...
Boa leitura.
Joel Duarte
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O Vendedor de doces
Um conto sobre Machado de Assis
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Naquela manhã invernosa de 1848 no Rio de
Janeiro, 26 anos depois de uma independência que não
podia ser comparada à revolução francesa. Naquela
manhã quatro estudantes ricos, que faziam parte da
tradicional e garbosa aristocracia, pararam em frente a
um menino de cor que trabalhava próximo ao colégio.
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Joaquim, originário do Morro do Livramento,
acabara de chegar, para mais um dia de labuta, à rua
do imponente prédio, cópia perfeita da estética
arquitetônica francesa, onde funcionava uma escola
famosa frequentada apenas pelos filhos das famílias da
elite carioca.
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a vida dos negros nas fazendas dos seus proprietários,
pois, registra a História, quando eles não eram
utilizados para movimentar a economia da nação, eram
destinados a executar todo tipo de atividade na vida
cotidiana dos senhores e nobres.
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Logo, Joaquim Maria, que havia interrompido
sua tarefa, disposto a atendê-los, percebeu o que os
quatros colegiais queriam era mais do que comprar
doces... A expressão hostil na face de um deles, desde
o começo, demonstrava isso de forma indubitável. E se
existisse alguém que achava que ainda havia remédio
para a aristocracia imperial, quase republicana, a fala
do menino desfazia essa esperança.
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— Seu senhor não permite que frequentes uma
escola ou achas que os estudos não são importantes na
vida de uma pessoa?
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menino. Depois de atendida, começou a comer o doce,
sem se importar em compartilhá-lo com os demais que
se mostraram interessados na divisão. Desejo
imediatamente rechaçado por ela, ao redargui que
todos ali tinham dinheiro.
— Você é mudo?
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com voz empostada, já que tinha ares de orador — Se
você falar o nome do doce e o preço, então eu
comprarei três unidades.
— Feito, feito!
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A cor amarronzada da sua pele ia adquirindo
tons vermelhos por causa do desafio em andamento,
quando finalmente ele olhou as crianças a sua frente,
elas pareceu-lhe verdadeiros visigodos, bárbaros,
cruéis, prontos para saquear e destruir Roma, a cidade
eterna. Mas mesmo assim, ele não experimentou
esmorecimento, juntando forças para poder concluir o
negócio, lutar a peleja e iniciar o discurso.
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E como sempre acontece com a natureza
humana, o contrito constrangimento de um era a
efusiva alegria dos outros.
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Joaquim Maria Machado de Assis, ainda pôde
ouvir de um deles, ao se afastarem, rumo ao colégio,
que os convocava para mais um dia de aula, sentenciar
em tom que seria profético, se houvesse, de fato,
algum profeta no meio dos insensíveis baderneiros,
dizendo:
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Posfácio
Embora tenha passado por muitas adversidades
na infância, décadas mais tarde, o pequeno vendedor
de doces, Machado de Assis, tornou-se o maior escritor
do Brasil com reconhecimento internacional, sendo até
hoje nossa mais brilhante estrela literária.
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Círculo vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
"Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
Machado de Assis
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Sobre o autor
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