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Apostila de Impactos Ambientais Versao Final
Apostila de Impactos Ambientais Versao Final
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Georges Kaskantzis
Universidade Federal do Paraná
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VERSÃO 01
07 de setembro de 2010
Criação: Georges Kaskantzis
Avaliação de Impactos na Perícia
Ambiental
CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
1
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos familiares que sempre colaboram para que possa desenvolver o meu
Agradeço ao Rui Juliano e aos colegas do escritório Manual de Perícias pelo incentivo
2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1. Divisão sistemática dos componentes que constituem o meio ambiente. 09
Figura 1.4. Estado de conservação inicial (quadrado) e final (triângulo) da área afetada. 21
Figura 3.1. Índices de impacto dos componentes (PC) Físico-Químicos, (BE) Ecológico-
38
Biológicos, (SC) Socioculturais (EO) Econômico-Operacionais afetados pelo petróleo.
Figura 3.4. Apresentação do resultado da AIA obtido com o método da Matriz de Leopold. 48
Figura 3.5. Imagem aérea da região contaminada pelo óleo derramado no acidente. 50
Figura 3.6. (a) componentes principais; (b) declividade do terreno; (c) aspectos do terreno; (d)
51
identificação das classes; (e) camadas sobrepostas; (f) resultados da classificação.
Figura 3.7. Resultados da classificação das feições na imagem área da área afetada pelo óleo. 52
Figura 3.11. Diagrama do índice de risco da planta de tratamento dos resíduos urbanos. 58
Figura 3.12. Matriz de impacto ambiental utilizada no NAIADE para o estudo de caso. 59
Figura 3.13. Matriz de equidade utilizada no NAIADE para seleção das alternativas. 59
3
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1. Benefícios sociais oriundos dos recursos naturais. 11
Tabela 1.2. Qualidades intrínsecas dos recursos naturais. 11
Tabela 1.3. Categorias associadas ao potencial ecológico dos recursos naturais. 13
Tabela 1.4. Ponderação dos critérios de avaliação do potencial ecológico dos recursos. 16
Tabela 1.5. Qualificação nominal e real do potencial ecológico dos recursos naturais. 17
Tabela 1.6. Ponderação dos critérios de avaliação do estado de conservação. 18
Tabela 1.7. Qualificação dos critérios de avaliação do estado de conservação da região 18
Tabela 1.8. Nível nominal e real do impacto sobre a região atingida pelo acidente. 20
Tabela 2.0. Histórico da evolução do processo de Avaliação de Impactos Ambientais. 22
Tabela 2.1. Principais características e tipologias do impacto ambiental. 25
Tabela 2.2. Parâmetros utilizados para avaliar a importância do impacto ambiental. 27
Tabela 3.1. Escalas de valores numéricos e alfanuméricos de avaliação dos impactos. 36
Tabela 3.2. Critérios de qualificação dos impactos ambientais no método de Pastakia. 36
Tabela 3.3. Índice do impacto (ES) dos componentes ambientais afetados pelo óleo. 37
Tabela 3.4. Valoração dos componentes ambientais atingidos pelo petróleo derramado 39
Tabela 3.5. Matriz de Interação – atividades da exploração de carvão e fatores ambientais. 40
Tabela 3.6. Valores das Unidades de Importância (UIP) definidos pelo perito. 44
Tabela 3.7. Valores máximos e mínimos dos parâmetros de qualidade da água. 45
4
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS 02
LISTA DE FIGURAS 03
LISTA DE TABELAS 04
SUMÁRIO 05
INTRODUÇÃO 07
2.6.2. PROCEDIMENTO 28
2.6.2.3. NATUREZA 29
2.6.2.4. TEMPORALIDADE 29
5
2.7.1. IMPORTÂNCIA 30
2.7.2. SIGNIFICÂNCIA 31
CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES 84
REFERÊNCIAS 85
ANEXOS 89
6
INTRODUÇÃO
A primeira versão da apostila é decorrente das solicitações dos profissionais que participam
dos Cursos de Perícia Ambiental Judicial que realizo em diversas capitais do país. Outro aspecto que
contribuiu para elaboração desse texto foi à necessidade de aprofundar os meus conhecimentos na
área de avaliação de impactos ambientais visando estudar as atuais técnicas disponíveis na literatura.
A identificação, avaliação e valoração econômica dos impactos ambientais são atividades que
fazem parte em qualquer perícia ambiental, bem como em outros estudos dessa natureza, como, por
exemplo, auditorias compulsórias ou de verificação de conformidades, estudos de análise de riscos
ambientais, programas de recuperação de áreas degradadas, etc.
O perito enfrenta várias dificuldades nos trabalhos que executa no campo e escritório, como,
por exemplo, na análise dos impactos adversos provocados por acidentes. Os impactos e seus efeitos
podem acontecer em diferentes ambientes, como, por exemplo, em um posto de serviço localizado
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
na cidade; na fábrica situada na área industrial; em um corpo d´água interior; no estuário ou fundo
do mar, etc. Isso significa que dependendo do lugar onde acontece o evento indesejável, os impactos
e seus efeitos apresentam diferenças significativas, devendo ser analisados de maneira sistemática
para que os resultados a serem obtidos possam de revelar de modo consistente a verdade dos fatos.
As técnicas empregadas na perícia para avaliar os impactos ambientais, em geral, são aquelas
adotadas nos Estudos e Relatórios de Avaliação de Impactos Ambientais (EIA-RIMA) nos processos de
licenciamento de empreendimentos e nas auditorias. Entretanto, no caso do EIA faz-se a estimativa
dos potenciais impactos que poderão decorrer do empreendimento, obra ou das atividades a serem
licenciados, enquanto que na pericia ambiental analisam-se os impactos negativos que efetivamente
ocorreram e afetaram os componentes do sistema ambiental.
7
perito, para que possa vencer os desafios enfrentados. Diante dessas dificuldades, em geral, o perito
limita as amostragens e adota simplificações teóricas, podendo resultar conclusões inadequadas.
Infelizmente, não existe ainda o modelo generalizado que seja capaz de analisar os diferentes
tipos de lesões que acontecem nos inúmeros e complexos componentes presentes nos ecossistemas.
A recomendação é começar sempre pelo mais óbvio e simples, ou seja, identificando e avaliando os
impactos ambientais de maior importância e magnitude que são facilmente identificados, para então
analisá-los visando a sua valoração monetária.
Essa apostila têm cinco capítulos e anexos. No primeiro capítulo se encontram apresentados
as principais características e estrutura genérica do sistema ambienta, assim como as metodologias
de análise do potencial ecológico e do estado de conservação dos recursos naturais.
8
CAPÍTULO 1 – ESTRUTURA DO SISTEMA AMBIENTAL
Visando à realização de análise técnica dos impactos ambientais decorrente de uma obra ou
acidente, inicialmente é necessário identificar os componentes do ecossistema mais afetados. Na
figura 1.1 podem ser observados os componentes dos meios: físico; biológico e antrópico. Os
componentes do meio ambiente realizam funções e serviços beneficiando à sociedade. A grande
maioria dos serviços providos pelos recursos naturais não têm valor estabelecido no mercado
consumidor (preço), o que dificulta a sua valoração econômica.
Solo
Ar
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Flora
Sistema Ambiental
Serviços
Econômico
Meio Antrôpico
Cultural
Natural
Meio Paisagistico
Construído
Figura 1.1 – Divisão sistemática dos componentes que constituem o meio ambiente.
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1.2. CARACTERÍSTICAS DOS RECURSOS NATURAIS
A sociedade se beneficia direta e indiretamente dos recursos que fornecem diversos bens e
serviços ambientais. Os benefícios oriundos dos componentes que formam o capital natural podem
ser agrupados em sete categorias, as quais são: (1) matérias-primas; (2) consumo de bens e serviços
ambientais; (3) seguridade; (4) descanso e lazer; (5) desenvolvimento espiritual; (6) proteção contra
desastres naturais; (7) proteção à saúde.
Para facilitar a aplicação das informações descritas na valoração do dano social é necessário
estabelecer a importância do recurso que é afetado quanto aos bens e aos serviços ambientais que
fornece à sociedade. Essa estimativa pode ser obtida a partir da avaliação do estado de conservação
do recurso natural, bem como, do seu potencial ecológico. A quantidade e a qualidade dos materiais
e fluxos de energia que os recursos naturais fornecem estão diretamente relacionadas ao estado de
conservação e ao seu potencial ecológico. A medida de que melhora o estado de conservação do
recurso natural os fluxos de materiais e energia são maximizados.
Na perícia deve-se analisar a condição das qualidades intrínsecas dos ecossistemas, em geral,
em dois momentos: antes e depois da lesão ambiental. A partir da avaliação crítica dessas qualidades
é possível calcular o nível das alterações sofridas pelos recursos naturais em decorrência de impactos
adversos oriundos de atividades antrópicas e acidentes ambientais.
10
Tabela 1.1. Benefícios sociais oriundos dos recursos naturais (VEGA, 2004).
Matérias primas Transformação de matéria- Madeira, água, ar, solo, rochas, areia, fauna,
prima em bens e serviços peixes, bactérias etc.
Bens e serviços Bens e serviços presentes na Respirar, tomar água, fertilizar, produzir móveis,
ambientais natureza, aproveitados pela papel e celulose, construir, etc.
sociedade.
Desenvolvimento Crescimento da harmonia com a Higiene mental por desfrutar a natureza, o que
espiritual natureza. Fortalecer a contribui para a estabilidade emocional, e criar
criatividade e o emocional para uma sociedade tolerante, produtiva e motivada
o bem-estar social para o bem comum.
Proteção contra os Condições adequadas para A vegetação protege o solo, evita saturação da
desastres naturais evitar e reduzir os desastres terra, inundações e deslizamentos. Manejo
naturais e os riscos da adequado dos bosques resulta em ambientes com
população menor temperatura e mais umidade (melhoria do
microclima)
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Proteção à saúde Melhora da qualidade de vida, Regulação natural das populações dos peixes,
reduzir enfermidades. répteis, mamíferos, aves, insetos e roedores e
outras.
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Fragilidade ecológica (pouca
capacidade de recuperação)
Indica a velocidade ou taxa com que Os pólipos coral falecem ao serem pisoteados
a população do ecossistema retorna indicando a sua fragilidade e baixa capacidade
Elasticidade nos processos, capacidade de recuperação.
Representatividade
Indica indivíduo com características O Parque Nacional do Iguaçu é o representante
singulares no grupo, no sistema ou do bosque úmido. Araucária é representante do
região em determinado momento. bosque do planalto paranaense.
Complexidade
Quantidade de interações em O bosque tropical é um sistema complexo, pois
que participa e as afeta. apresenta mais espécies e interações do que o
bosque temperado. Um bosque natural é mais
Variedade de elementos e as
complexo que a florestal plantada em relação
Componente chave
Indica componentes de sustentação Quando a espécie chave de uma população é
e dependência do ecossistema, em afetada as espécies que dependem da mesma
relação à variedade e outros fatores. desaparecem, como os mariscos em pântanos.
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Naturalmente que para cada situação, os parâmetros ou critérios adotados para a valoração
dos recursos são ponderados de modo único, pois os níveis de importância de cada indicador sobre
integridade dos ecossistemas são diferentes. Em geral, a análise da importância de cada indicador é
realizada por uma equipe de especialista empregando uma escala de valores. Nesse caso, a soma dos
pesos de todos os indicadores é igual a cem unidades da escala.
Além do potencial do recurso natural também se pode valor o estado de conservação. Tal
avaliação é realizada utilizando as características ou qualidade intrínsecas do recurso. A avaliação do
estado de conservação dos recursos também é conduzida por uma equipe de especialistas, os quais
atribuem valores ponderados as características investigadas. Este processo permite avaliar a situação
do estado de conservação do ecossistema em dois momentos, antes e depois do impacto negativo,
ou seja, no estado máximo e mínimo de provisão de bens e serviços ambientais.
Visando à obtenção da estimativa do potencial ecológico dos recursos naturais admite-se que
as qualidades intrínsecas e o potencial ecológico dos recursos estão diretamente relacionados. Esta
hipótese pode ser justificada a partir das funções ecológicas e máxima capacidade de serviços que os
recursos apresentam em determinado momento. Em termos matemáticos pode-se escrever,
∑
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onde:
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1.6. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
O estado de conservação do recurso refere-se ao nível de manutenção dos processos que ele
é capaz de realizar. Esse parâmetro indica a condição do recurso natural em relação à sua capacidade
de manter e garantir seu contínuo funcionamento. Na escala de valores percentual, cem indica que o
recurso natural se encontra no estado máximo de conservação e setenta e cinco, por exemplo, indica
que houve a deterioração de 25% do valor máximo do potencial do recurso, por eventos passados.
Existe uma série de indicadores ou critérios que identificam avaliam o estado de conservação
dos ecossistemas. Visando a aplicação desses indicadores, para cada caso particular, inicialmente faz-
se a seleção dos indicadores e depois sua ponderação. A ponderação dos indicadores deve levar em
consideração a relação e contribuição de cada indicador na valoração global do recurso analisado.
Após o cálculo dos valores médios dos indicadores, os especialistas fazem a ponderação dos
resultados atribuindo um peso (α) para cada um dos valores médios dos indicadores, e determinam o
valor inicial do estado de conservação do recurso com a equação:
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∑
onde:
= estado de conservação inicial do recurso (%);
= ponderação atribuída para o indicador j.
onde:
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EC inicial x
Assim, o estado de conservação final do recurso afetado pelo impacto é determinado a partir
dos valores do estado inicial de conservação e o nível do impacto real,
EC final = EC inicial * (1 - )
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EXEMPLO
Para estabelecer o grau de importância ecológica da região afetada foram escolhidos cinco
indicadores (critérios): elasticidade, componente chave, complexidade, escala e representatividade.
Esses critérios foram ponderados e qualificados por um grupo de especialistas que atribuiu valores,
na escala de zero a dez, para cada critério.
Os resultados obtidos nessa etapa da avaliação estão apresentados nas tabelas 1.4 e 1.5. Os
especialistas avaliaram o grau de importância de cada um dos critérios considerando a sua relação
com o potencial ecológico dos recursos afetados, atribuindo valores de zero a cem. Na sequência,
atribuíram valores de zero a dez para ponderar o estado de conservação dos critérios adotados.
Tabela 1.4. Ponderação dos critérios de avaliação do potencial ecológico dos recursos.
Elasticidade 26,1
Complexidade 18,8
Escala 17,2
Representatividade 15,6
Os resultados da tabela 1.5 indicam o valor nominal médio das qualidades dos recursos,
determinado a partir dos valores individuais atribuídos pelos especialistas, bem como o valor real
(ponderados) médio das qualidades selecionadas para estimar o potencial ecológico dos recursos
ambientais investigados.
16
Tabela 1.5. Qualificação nominal e real do potencial ecológico dos recursos naturais.
Os resultados indicam que o potencial ecológico da região é 75,3%. A partir das categorias de
potencial ecológico da tabela 1.3 pode-se observar que a região afetada apresenta um alto potencial
ecológico. O valor real do potencial pode ser determinado a partir da relação:
=(0,261 x 7,4) + (0,209 x 7,8) + (0,188 x 8,4) + (0,172 x 6,4) + (0,156 x 8,3) = 7,53 (75,3%)
Para avaliar o estado de conservação da área afetada foram adotados os critérios: beleza
cênica; biomassa e abundância; diversidade de espécies; redes tróficas; reservas ecológicas e
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pesqueiras; qualidade da água superficial; estado dos mangues; qualidade dos sedimentos.
A escolha dos critérios foi realizada pelos especialistas a partir de informações técnicas e
entrevistas. Com os dados coletados, os especialistas ponderarão esses critérios considerando a sua
importância para o ecossistema. Em seguida, os especialistas utilizaram uma escala de 1 - 10, onde
dez significa o estado ótimo de conservação. Na tabela 1.6 estão os critérios e pesos. As qualificações
nominal e real do estado de conservação da região estão indicadas na tabela 1.7. Os resultados da
tabela 1.7 foram obtidos a partir da relação:
17
= (0,044 x 8,0) + (0,174 x 7,8) + (0,133 x 8,2) + (0,132 x 8,4) + (0,179 x 7,9) + (0,081 x 8,5) +
(0,083 x 6,8) = 7,83 (78,3%).
Tabela 1.7. Qualificação dos critérios de avaliação do estado de conservação da região afetada.
Critérios Ponderação Qualificação Qualificação real
(%) nominal (1-10) (ponderada)
Beleza cênica (BC) 4,4 8,0 0,35
Biomassa e abundância (BA) 17,4 7,8 1,35
Diversidade de espécies (DE) 13,3 8,2 1,09
Redes tróficas (RT) 13,2 8,4 1,11
Os resultados indicam que o estado de conservação inicial da região era 78,3%. Isto significa
que o estado de conservação não era ótimo, ou seja, antes do dano a região já estava alterada em
torno de 21,7%, em relação ao ponto ótimo. A situação do estado de conservação inicial da região
está ilustrada na figura 1.2.
18
Figura 1.2 – Representação do estado de conservação da área afetada antes do dano.
Para avaliar a alteração causada pelo acidente no estado de conservação da região e a perda
de serviços, foram utilizados os mesmos critérios das etapas anteriores. Os especialistas qualificaram
o nível do impacto para cada critério com a escala de 0 a 10, onde dez representa o impacto máximo
e a perda da capacidade de fornecer serviços. Com os critérios ponderados e os valores dos níveis do
impacto obteve-se o índice global do dano ambiental do acidente. Na tabela 1.8 estão os resultados
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= (0,044 x 4,7) + (0,174 x 9,0) + (0,133 x 8,5) + (0,132 x 9,0) + (0,179 x 9,0) + (0,175 x 9,2) + (0,081 x
3,5) + (0,083 x 6,3) = 8,1 (81,0%).
A partir dos resultados da tabela 1.8, pode-se notar que o nível do impacto negativo causado
pelo acidente foi de 81%. Isto significa que o impacto do evento causou uma redução quase total dos
benefícios. O índice global do impacto pode ser utilizado para avaliar o dano ambiental total. Na
figura 1.3, pode-se observar a situação e os valores dos critérios de avaliação do impacto negativo do
evento. O gráfico mostra que o nível de impacto máximo é 10.
19
Os resultados indicam que os impactos do acidente afetaram menos os Mangues (ES), a
Beleza Cênica (BC) e a Qualidade dos Sedimentos (QS) e, com mais intensidade, a Qualidade da Água
(QA), Biomassa (BA), Reservas (RS) e Diversidade de espécies (DE).
Tabela 1.8. Nível nominal e real do impacto ambiental sobre a região atingida pelo acidente.
Critérios Ponderação Qualificação nominal Qualificação real do impacto
(%) do impacto (1-10) (Ponderada)
Beleza cênica (BC) 4,4 4,7 0,20 = (0,044 x 4,7)
Biomassa e abundância (BA) 17,4 9,0 1,57
Diversidade de espécies (DE) 13,3 8,5 1,13
Redes tróficas (RT) 13,2 9,0 1,19
Reservas pesqueiras (RS) 17,9 9,0 1,62
Qual. da água superficial (QA) 17,5 9,2 1,60
Estado dos mangues (EM) 8,1 3,5 0,28
Qualidade do sedimento (QS) 8,3 6,3 0,52
Índice global do impacto (j) (NAj) 8,1
Considerando que o estado de conservação inicial não era ótimo, o nível de impacto negativo
real deve ser determinado com em função do nível nominal do impacto e do estado de conservação
do recurso antes do acidente, aplicando a relação:
20
Índice de Impacto Real = 78,3% x 81,0% = 63,42%
Assim, o índice de impacto real é 63,42%. Considerando que o dano ambiental causado é
igual à diferença do estado de conservação inicial e final da região afetada, deve-se estimar o valor
do estado de conservação final do ambiente, a partir da relação:
EC final = EC inicial x (1 - )
Figura 1.4 - Estado de conservação inicial (quadrado) e final (triângulo) da área afetada.
21
CAPÍTULO 2 – CONCEITOS DE IMPACTO AMBIENTAL
Nesse capítulo se encontra descrito o conceito teórico do impacto ambiental. Apresentam-se
também o histórico da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) no país e a legislação pertinente.
1970 Análises custo – benefício; ênfase na sistemática de avaliação de ganhos e perdas e da sua
distribuição; especial atenção era dada à análise do planejamento, programação e
1970 – 75 O foco da AIA era, inicialmente, voltado para a descrição e “predição” das mudanças /
alterações ecológicas e do uso do solo; foram estabelecidas as primeiras regras formais para
discussão e análise pública; ênfase na contabilidade / correlação e controle do projeto e
ações mitigadoras.
1980 – 90 Maior atenção aos aspectos de se estabelecerem melhores ligações entre a avaliação do
impacto e as fases política – planejamento e implantação – gestão.
22
2.2. ESTUDOS E RELATÓRIOS DE IMPACTO AMBIENTAL
Além disso, no Anexo 01 da Resolução CONAMA n.º 237 de 1.997, a qual disciplina o
licenciamento ambiental no território nacional, se encontra a lista das obras e atividades que são
necessariamente passiveis de licenciamento ambiental no âmbito federal, estadual ou municipal.
Assim, dependendo do porte, localização ou natureza da atividade, o órgão ambiental decidirá pela
exigência ou não do EIA – RIMA, ou de outro qualquer estudo ambiental, aplicado a cada situação
justificando no âmbito legal e tecnicamente a solicitação requerida.
De acordo com a Resolução CONAMA n.º 001 de 23 de janeiro de 1.986, o EIA deve ainda:
II. Identificar e avaliar sistematicamente todos os impactos ambientais produzidos nas etapas
de implantação e operação da atividade;
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta e indiretamente afetada pelos impactos,
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VI. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através da identificação e
previsão da magnitude e da importância dos prováveis impactos indicando: os positivos e
negativos (benéficos e adversos); os diretos e indiretos; os imediatos e de médio e longo
prazo; os temporários e permanentes; reversíveis e irreversíveis, acumulativos; sinérgicos; e a
distribuição dos ônus e benefícios sociais;
VII. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas;
23
VIII. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Quando não for possível minimizar os impactos negativos decorrentes das obras devem- se
estabelecer Medidas de Compensação Ambiental visando atendimento aos dispositivos legais
previstos na Resolução CONAMA no 371 de 2006 que estabelece diretrizes aos órgãos ambientais
para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de
compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC e dá outras providências - Data da
legislação: 05/04/2006 - Publicação D.O.U nº 067, de 06/04/2006, pág. 045. Essa possibilidade é
relevante quando é possível agregar valor a uma área protegida já existente, como equipa-la ou
então “criar” uma área protegida quando já está em adiantada situação de degradação.
24
2.4. TIPOLOGIA DO IMPACTO AMBIENTAL
25
Dependendo da metodologia empregada na avaliação dos impactos o número dos níveis
pode variar. Em geral, os subsistemas são o físico-natural; socioeconômico e de infraestruturas. O
subsistema físico-natural inclui os meios inerte, biológico; perceptual e do uso do solo. O subsistema
socioeconômico inclui a população, e no subsistema de infraestrutura são considerados os serviços e
as infraestruturas.
No meio inerte estão incluídos os fatores ar, solo, água e os processos do meio inerte; no
meio biótico consideram-se os fatores flora, fauna e processos do meio biótico; o meio perceptual
inclui os fatores paisagísticos e singulares. No componente da população são incluídos os fatores
culturais, nível de renda, atividades econômicas da comunidade. No componente infraestrutura são
consideradas as atividades e os elementos urbanos.
26
Tabela 2.2. Parâmetros utilizados para avaliar a importância do impacto ambiental.
A sistemática recomendada para fazer a identificação dos aspectos e avaliação dos impactos
ambientais é o procedimento que atende ao requisito 4.3.1 - “Aspectos Ambientais” da Norma NBR
ISO 14001:2004. Essa sistemática pode ser utilizada em auditorias ambientais, avaliação de impactos
de eventos acidentais e nos Estudos de Avaliação de Impactos visando o licenciamento de atividades.
27
2.6.1. DEFINIÇÕES E SIGLAS
Aspecto ambiental: elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que
pode interagir com o meio ambiente.
Impacto ambiental: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que
resultem, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.
Parte Interessada: indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental
de uma organização.
Gravidade: deve ser considerado se o impacto ambiental é de baixa, média ou alta gravidade
para com o meio ambiente.
Frequência/Probabilidade: considerar se o impacto é de baixa, média ou alta frequência.
Ações Preventivas: São medidas usadas para eliminar, neutralizar, minimizar ou transferir os
riscos, de modo a reduzir os impactos.
Situação de Emergência: ocasião na qual uma fonte potencial, isto é, um Aspecto ou Impacto
Ambiental tenha condições para causar danos a saúde ou integridade física do ser humano,
ao patrimônio ou ao meio ambiente.
Meio Ambiente – circunvizinhança onde opera uma organização, incluindo-se ar, água, solo,
2.6.2. PROCEDIMENTO
A = Anormal: situação atípica de operação, mas prevista que não se caracteriza como uma
emergência. Exemplo: partida de equipamento e fábrica; parada de manutenção preventiva
ou corretiva, pequenos derrames de óleo lubrificante de veículos.
28
2.6.2.2. RESPONSABILIDADE PELA GERAÇÃO DO ASPECTO
2.6.2.3. NATUREZA
2.6.2.4. TEMPORALIDADE
FREQUÊNCIA (F) / PROBABILIDADE (P): Os critérios para pontuação da frequência (F) estão
associados com os aspectos, podendo variar entre normal e anormal e a probabilidade (P)
em situação emergencial. No caso, a pontuação para frequência ou probabilidade considera
29
os critérios descritos no quadro 2.2. A frequência e a gravidade podem variar em função da
localidade, sendo importante analisar as circunstâncias por parte dos envolvidos.
01 Baixa Decorrente de impacto que não altere de forma perceptível o meio ambiente
(pouco significativo) e que seja restrito ao local de execução da atividade e
reversível por ação imediata e simples
2.7.1. IMPORTÂNCIA
A pontuação da importância é definida pela soma dos pesos registrados nas colunas
gravidade e frequência/probabilidade. Assim temos:
I = G + F/P
30
2.7.2. SIGNIFICÂNCIA
Legislação: o aspecto é considerado significativo quando incidir sobre ele ou sobre o impacto
associado, algum regulamento federal, estadual ou municipal, se o mesmo estiver relacionado
a alguma condicionante de licença ambiental, ou termo de compromisso com
autoridades/órgãos ambientais. Para este filtro indicar na coluna legislação a letra S caso tenha
requisito legal aplicável, e caso não tenha indicar a letra N.
Partes Interessadas: esse aspecto será considerado significativo quando houver uma demanda
das partes interessadas (comunidade, clientes, acionistas ou poder público). Por exemplo:
reclamações da comunidade sobre ruído ou odor; bem como acordos assumidos pela empresa
perante a comunidade, associações, órgãos ambientais, ONG’s, órgãos públicos, organismos
internacionais. Para este filtro indicar na coluna partes interessadas a letra S caso exista
demanda de partes interessadas e a letra N caso não exista.
Serão considerados significativos (S) os aspectos com impactos adversos for igual ou
superior a 05 (cinco). Conforme já definido, a importância é a soma dos pesos
atribuídos à gravidade e a frequência/probabilidade variando de 2 a 6.
31
Quadro 2.3. Valores do filtro de significância da importância
SEVERIDADE (1) (2) (3)
FREQUÊNCIA / PROBABILIDADE BAIXA MÉDIA ALTA
(1)
02 03 04
BAIXA/POUCO PROVÁVEL DE OCORRER
(2)
03 04 05
MÉDIA/PROVÁVEL DE OCORRER
(3)
04 05 06
ALTA/ESPERADO QUE OCORRA
Situações de Emergência
32
“controle operacional”.
Após a realização das medidas, os processos em questão devem ser novamente submetidos
à avaliação de aspectos e impactos ambientais.
Se a situação puder ser controlada com recursos da própria área, podem ser previstas ações /
medidas mitigadoras em procedimentos específicos ou no plano de emergência.
Se a situação não puder ser controlada com recursos da própria área, incluir ações / medidas
mitigadoras e no plano de emergência.
revisão e pela data da aprovação. As planilhas aprovadas devem ter a identificação dos
responsáveis pela verificação e aprovação.
33
Abordagem Quadro 2.5. Exemplos de aspectos e impactos ambientais e sua correlação
34
CAPÍTULO 3 – TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO
Esse método emprega cinco critérios, divididos em dois grupos, para calcular o índice de
impacto (ES) associado a cada um dos componentes ambientais. Através do índice ES é possível
qualificar e quantificar impactos benéficos e prejudiciais decorrentes de um evento acidental ou
atividade que modifica o sistema ambiental.
Para avaliar os impactos adotam-se duas escalas de valores, uma alfa numérica para
qualificar os danos ou benefícios e outra numérica para calcular o valor do índice de impacto ES. As
escalas estão vinculadas podendo ser apresentadas em gráfico de barras. A escala numérica e as
respectivas classes dos impactos ambientais estão apresentadas na tabela 3.1.
onde a1, a2, b1, b2 e b3 são os valores atribuídos aos critérios de avaliação do impacto que
se encontram descritos na tabela 3.2.
35
Tabela 3.1. Escalas de valores numéricos e alfanuméricos de avaliação dos impactos.
Faixa do Escala alfabética Escala numérica Classe do impacto ambiental
(ES) (ES) (ES)
108 a 72 E 05 Extremamente positivo
71 a 36 D 04 Significativamente positivo
35 a 19 C 03 Moderadamente positivo
10 a 18 B 02 Pouco positivo
01 a 09 A 01 Muito pouco positivo
Zero N 0 Inalterado
-01 a -09 -A -01 Muito pouco negativo
-10 a -18 -B -02 Pouco negativo
-19 a -35 -C -03 Moderadamente negativo
-36 a -71 -D -04 Significativamente negativo
-72 a -108 -E -05 Extremamente negativo
36
EXEMPLO
Os dados da tabela 3.3 indicam que o derrame do óleo originou impactos em todos os
componentes dos grupos ambientais. Na tabela 3.4 estão indicados os índices de impacto ambiental
ES dos componentes ambientais afetados pelo óleo.
Tabela 3.3. Índice do impacto (ES) dos componentes ambientais afetados pelo óleo.
Faixa do (ES) Classe PC BE SC EO Total
-108 -72 -E 00 00 00 00 00
-71 -36 -D 01 00 00 01 02
-35 -19 -C 02 01 00 04 07
-18 -10 -B 02 06 01 04 13
-09 -01 -A 05 01 04 02 12
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
00 00 N 00 00 00 00 00
01 09 A 00 00 00 00 00
10 18 B 00 00 01 00 01
19 35 C 00 00 00 00 00
36 71 D 00 00 02 00 02
72 108 E 00 00 00 00 00
Soma 10 08 08 11 37
Os resultados indicam que vazamento acidental de óleo no solo causou 37 impactos nos
componentes do sistema ambiental, mas apenas dois foram significativamente negativos (-D).
Apesar do acidente, a experiência adquirida pelos técnicos da empresa e pelas autoridades com essa
ocorrência e informações geradas a partir de trabalhos realizados pela empresa para recuperar o
solo foram significativamente positivos (+D).
37
Os componentes ambientais mais afetados pela contaminação do solo com óleo, em ordem
decrescente, foram os Econômico-Operacionais (-230); Físico-Químicos (-174), Ecológico-Biológicos (-
109) e os Socioculturais (-43). No grupo de componentes Físico-Químico a contaminação do banhado
foi o mais negativo e relevante, mas pode ser recuperado. No grupo Ecológico-Biológico o impacto
mais relevante foi eliminação da vegetação, classificado como moderadamente negativo (–C). No
grupo dos componentes Sociais e Culturais não foi constatada a ocorrência de impacto negativo de
relevância. Os resultados indicam que houve apenas alteração da paisagem devido à instalação das
máquinas, sendo o impacto classificado como pouco negativo (-B).
A partir dos resultados obtidos podemos concluir que os componentes do grupo Físico-
Químicos foram os mais afetados e causaram as maiores alterações dos componentes. Os dados da
tabela 3.4 indicam que a contaminação do riacho e do banhado foram os mais relevantes. Os dados
da figura 3.1 indicam que os impactos negativos da contaminação do solo estão no centro da escala
de valores do ES, podendo ser adotados como impactos de muito pouco a modernamente negativos.
Com a aplicação do método os impactos ambientais do derrame óleo foram identificados e valorados
através dos índices de impacto, possibilitando determinar os danos relevantes do evento.
SOLO
12
10
-E -D -C -B -A N A B C D E
PC BE
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
-E -D -C -B -A N A B C D E -E -D -C -B -A N A B C D E
SC EO
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
-E -D -C -B -A N A B C D E -E -D -C -B -A N A B C D E
Figura 3.1. Índices de impacto dos componentes (PC) Físico-Químicos, (BE) Ecológico-Biológicos,
(SC) Socioculturais (EO) Econômico-Operacionais afetados pelo petróleo.
38
Tabela 3.4. Valoração dos componentes ambientais atingidos pelo petróleo derramado no acidente.
Componentes Físicos e Químicos (PC) = - 174 ES RB A1 A2 B1 B2 B3
SOLO01 Contaminação do solo -24 -C 2 -2 2 2 2
SOLO02 Contaminação das margens do riacho -32 -C 2 -2 3 3 2
SOLO03 Impermeabilização do solo -8 -A 1 -1 3 3 2
SOLO04 Contaminação das margens dos rios -14 -B 2 -1 2 3 2
SOLO05 Alteração da drenagem hídrica do solo -3 -A 1 -1 1 1 1
SOLO06 Alteração da infiltração de água -3 -A 1 -1 1 1 1
SOLO07 Aumento do processo de erosão -3 -A 1 -1 1 1 1
SOLO08 Contaminação da água subterrânea -12 -B 2 -1 2 2 2
SOLO09 Contaminação dos banhados -54 -D 3 -3 2 3 1
SOLO10 Redução da retenção de água do solo -3 -A 1 -1 1 1 1
Componentes Ecológicos e Biológicos (BE) = - 109 ES RB A1 A2 B1 B2 B3
SBIO01 Perda de habitats naturais -14 -B 2 -1 2 2 3
SBIO02 Eliminação de vegetação -32 -C 2 -2 3 3 2
SBIO03 Impacto sobre a fauna terrestre -10 -B 2 -1 2 2 1
SBIO04 Distúrbio da fauna silvestre -10 -B 2 -1 2 2 1
SBIO05 Perda de sítios, abrigo, alimentação, reprodução -14 -B 2 -1 2 2 3
SBIO06 Impacto sobre local dessedentação animal -10 -B 1 -2 1 2 2
SBIO07 Interrupção de corredores ecológicos -12 -B 2 -1 2 2 2
SBIO08 Impacto sobre a cadeia trófica -7 -A 1 -1 2 2 3
Componentes Sociais e Culturais (SC) = - 43 ES RB A1 A2 B1 B2 B3
SSC01 Alteração da paisagem -10 -B 2 -1 1 3 1
SSC02 Impacto sobre uso da água -6 -A 2 -1 1 1 1
SSC03 Impacto sobre uso do solo -3 -A 1 -1 1 1 1
SSC04 Geração de conhecimentos 63 D 3 3 3 1 3
SSC05 Perda de terras agrícolas -6 -A 1 -1 3 1 2
SSC06 Geração de emprego temporário 10 B 2 1 2 1 2
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
39
3.2. MATRIZ DE INTERAÇÃO
Trata-se de uma lista de controle bidimensional que associa componentes ambientais com os
eventos acidentais ou atividades do projeto, utilizando uma estrutura matricial. Cada célula de
interseção representa a relação de causa e efeito que origina o impacto.
O método da Matriz de Interação é uma técnica simples e direta que associa as ações ou
eventos acidentais ocorridos com os componentes do sistema ambiental, utilizando uma matriz.
Nessa técnica, faz-se a avaliação qualitativa do nível de importância e da magnitude do impacto
oriundo de cada ação sobre todos os fatores ambientais considerados na análise.
Em geral, adota-se a faixa de valores [0;5] para valorar a magnitude e a importância, onde
zero e cinco representa, respectivamente a situação de menor e de maior intensidade. Para cada
linha e coluna da matriz de interação das ações e componentes ambientais faz-se o somatório dos
valores de importância e magnitude atribuídos, visando à identificação dos componentes mais
afetados e as respectivas ações responsáveis pelos eventos ocorridos. Os resultados de aplicação da
Tabela 3.5. Matriz de Interação das atividades de exploração de carvão com os fatores ambientais.
Fator Explosão Escavação Extração Pesca Caça Soma
Poços Dragas
ambiental furos terreno madeira comercial comercial (I\M)
Superficial 2\4 2\4 2\2 2\3 1\2 1\4 2\2 12\21
Oceânica 1\2 1\1 1\2 1\2 0\0 5\4 0\0 09\11
Freático 2\1 2\2 5\4 0\0 0\0 0\0 0\0 09 \7
Qualidade 2\1 4\4 1\3 1\2 1\2 5\3 5\3 19\18
Temperatura 0\0 0\0 0\0 0\0 1\3 0\0 0\0 01\3
Reposição 0\0 2\3 3\3 2\3 2\2 0\0 0\0 09\11
Geada 1\1 1\1 0\0 0\0 1\2 0\0 0\0 03\4
Total (I\M) 08\09 12\15 12\14 06\10 06 \ 11 11 \ 11 07 \05 62\65
40
3.3. MÉTODO DE BATELLE COLUMBUS
Este sistema foi desenvolvido no Laboratório Batelle-Columbus nos EUA para a avaliação de
impactos relacionados a projetos de recursos hídricos, inicialmente, usados de forma direta ou
modificados em vários projetos de recursos hídricos. A abordagem geral pode ser aplicada a outros
tipos de projetos como, por exemplo, autoestradas, usinas nucleares, navegação, transporte por
oleoduto, melhoria de canais e estações de tratamento de água. O conceito básico do Battelle é que
um índice expresso nas unidades de impacto ambiental (EIUs) pode ser desenvolvido para cada
alternativa como base da condição ambiental. A formulação matemática deste índice é a seguinte:
∑ ( ) ( )
onde:
UIA = unidade de impacto ambiental para a alternativa j;
QAi,j = valor da escala de qualidade ambiental para o fator i e alternativa j;
UIP = unidade de importância do parâmetro para o fator i.
41
(UIA) (com o projeto) – (UIA) (sem o projeto) = (UIA) por projeto.
Essa metodologia inclui também um sistema de alerta para identificar os impactos mais
significativos que deverão ser submetidos a uma análise qualitativa mais detalhada. A UIP é fixada a
priori, perfazendo o total de 1000 unidades distribuídas por categorias, componentes e parâmetros
através de consulta prévia de especialistas pelo Método Delphi, sendo modificadas para cada
projeto.
42
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
43
A instalação de um aterro sanitário em uma área de cultivo de viníferas contaminou as águas
superficiais, tendo acarretado em aumento do custo de produção. Durante as diligências o perito
efetuou a coleta de amostras de água na área do aterro sanitário e na propriedade afetada. A
avaliação do impacto na produção foi realizada pelo método Batelle, conforme se encontra descrito
a seguir.
Solução
Tabela 3.6. Valores das Unidades de Importância (UIP) definidos pelo perito.
Parâmetro Analisado Fim da Pilha (UPI) Córrego na Propriedade (UPI)
pH 10,0 4,0
DBO5 2,0 4,0
Matéria Orgânica 2,0 4,0
Nitrogênio Amoniacal 2,0 4,0
Nitrito + Nitrato 2,0 4,0
Arsênio 20,0 10,0
Chumbo 15,0 10,0
Cromo Total 10,0 5,0
Cádmio 3,0 5,0
Mercúrio 20,0 20,0
44
Tabela 3.7. Valores máximos e mínimos dos parâmetros de qualidade da água definidos na perícia.
Parâmetro Analisado I Q A = 0% Referência I Q A =100% Referência
pH 10<pH<4 VPM 7,0 Neutra
DBO5 10 VPM 3,0 mg/l Classe 1
Matéria Orgânica Ausente VPM Ausente
Nitrogênio Amoniacal 0,08 mg/l VPM 0,02 mg/l GWQ
Nitrito + Nitrato 10,5 mg/l VPM 10,0 mg/l Classe 1
Arsênio 0,10 mg/l VPM 0,05 mg/l Classe 1
Chumbo 0,10 mg/l VPM 0,03 mg/l Classe 1
Cromo Total 0,05 mg/l VPM 0,04 mg/l GWQ
Cádmio 0,10 mg/l VPM 0,01 mg/l Classe 1
Mercúrio 0,002 mg/l VPM 0,0002 mg/l Classe 1
Níquel 0,05 mg/l VPM 0,025 mg/l Classe 1
Vanádio 0,10 mg/l GWQ 0,1 mg/l Classe 1
Coliformes Totais 1000 CONAMA Ausente
Coliformes Fecais 200 CONAMA Ausente
Tabela 3.8. Resultados analíticos das amostras de água contaminada e valores padrões.
Parâmetro Analisado I Q A = 0% I Q A =100% Existente
pH 10< pH <4 7,0 8,6
DBO5 10 mg/l 3,0 mg/l 4,0
Nitrogênio Amoniacal 0,08 mg/l 0,02 mg/l 1,1
Nitrito + Nitrato( N2 Total) 10,5 mg/l 10,0 mg/l 1,1
Arsênio 0,10 mg/l 0,05 mg/l ND*
Chumbo 0,10 mg/l 0,03 mg/l ND
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
4º Passo: Usando os dados das tabelas o perito determinou os Índices de Impacto Individual
e Global, os quais estão apresentados na tabela 3.9.
45
Tabela 3.9. Valores individual e global do Índice de Impacto sobre as águas superficiais.
Parâmetro Analisado UPI IQA UIA
pH 4,0 0,716 2,863
DBO5 4,0 0,998 3,994
Matéria Orgânica 4,0 0,000 0,000
Nitrogênio Amoniacal 4,0 1,000 0,000
Nitrito + Nitrato (N2 Total) 4,0 1,000 4,000
Arsênio 10,0 1,000 10,000
Chumbo 10,0 1,000 10,000
Cromo Total 5,0 1,000 5,000
Cádmio 5,0 1,000 5,000
Mercúrio 20,0 1,000 20,000
Níquel 2,0 1,000 2,000
Vanádio 3,0 1,000 3,000
Coliformes Fecais 25,0 0,000 0,000
Total 100,0 65,856
Análise do Resultado
Os resultados descritos na tabela 3.9 indicam que a qualidade da água afetada pelo aterro é
65,86%, significando que houve uma redução de 34,14% no nível de qualidade. Como os índices de
Nitrogênio amoniacal e Coliformes Fecais foram maiores que os valores máximos permitidos, a água
é considerada não potável, embora o seu índice de qualidade tenha sido de 65,86%. Portanto, o dano
neste caso é total, pois a propriedade não dispõe de sistema de tratamento da água contaminada.
46
Para usar a matriz de Leopold, o primeiro passo consiste na identificação das interações
existentes, portanto é necessário considerar todas as atividades realizadas ou eventos ocorridos no
projeto ou cenário analisado. É recomendado trabalha com uma matriz reduzida, eliminando as
linhas e colunas que não tem relação com o caso investigado. Posteriormente, faz-se a análise de
cada uma das ações considerando todos os fatores ambientais que poderão ser afetados.
Em seguida, em cada célula marcada com uma linha diagonal atribuem-se os valores:
As principais vantagens desse método são: valores os potenciais impactos de uma ação sobre
diferentes fatores ambientais; levar em consideração na avaliação do impacto à magnitude e
importância; fornecer um resumo das informações e uma visão geral dos impactos ambientais. Por
outro lado, as desvantagens desse método são: dificuldade de reproduzir os resultados, pois é de
carácter subjetivo; não contempla método ou critérios específicos para atribuir valores para a
47
magnitude e importância; não considera as interações entre os diferentes fatores ambientais; não
considera as alterações do sistema no tempo; os efeitos são exclusivos e finais. Nas tabelas 3.10 e
3.11 se encontram descritos, respectivamente os fatores e as ações que podem afetar o ambiente.
Na figura 3.4 pode-se observar um exemplo da matriz de Leopold.
CONSTRUCCIÓN
RECOLECCIÓN Y TRANSPORTACIÓN
Alta
Media C
Baja
INFRAESTRUCTURA AUXILIAR
ADQUISICION DEL TERRENO
CANAL DE LIXIVIADOS
CANAL DE GASES
CANAL PLUVIAL
VIA DE ACCESO
ACTIVIDADES
CERCA VIVA
ELEMENTOS AMBIENTALES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
TEXTURA Y ESTRUCTURA A - - - - +
- - - - +
COMPACTACION C + +
AGUA CALIDAD D - - - - +
CAUDALES Y CAUCES E - - - +
FLORA COBERTURA VEGETAL F - - +
VEGETACION CIRCUNDANTE G +
AIRE CALIDAD H - + -
PEDOFAUNA I - - +
FAUNA AVIFAUNA J +
ANIMALES DOMESTICOS K -
SOCIO - COMUNIDAD ALEDAÑA L - - - + + -
HUMANO
- -
MEDIO
Figura 3.4. Apresentação do resultado da AIA obtido com o método da Matriz de Leopold.
48
3.5. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS
Além disso, fornecem informações sobre a variação das áreas de solo exposto e da cobertura
vegetal, determinam coeficientes de similaridade dos elementos naturais e outras características
importantes dos ecossistemas. Em geral, utilizam dois tipos de arquivos, contendo os dados vetoriais
e matriciais que estão respectivamente relacionadas às feições e imagens de alta resolução da área
investigada. O aspecto que merece comentário é a grande capacidade de processamento requerida
para a execução das tarefas, uma vez que, os arquivos manipulados, como, por exemplo, as imagens
de satélite, ultrapassam duas ou três centenas de megabytes.
Para conhecer o potencial dessa técnica, apresenta-se a seguir um caso de aplicação do SIG
na área de identificação e análise dos impactos ambientais causados por um vazamento de petróleo
sobre o solo, que também afetou a cobertura vegetal. Usando o Sistema de Informações Geográficas
ARCINFO v. 9.2 da ESRI foi possível, após o tratamento das imagens, identificar as áreas afetadas pelo
óleo derramado e determinar a extensão do dano ambiental.
O vazamento de petróleo atingiu o solo e a flora de uma região industrial. Para determinar o
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
tamanho da área contaminada foi utilizada uma imagem aérea de alta resolução da região registrada
no dia do acidente. Com o SIG, inicialmente a imagem foi georeferenciada e a área atingida pelo óleo
foi identificam em seguida foi realizada a classificação supervisionada das feições: solo exposto, área
contaminada com as técnicas da Máxima Verossimilhança e Segmentação Orientada de Objetos.
Na figura 3.5 está ilustrada a área atingida pelo óleo. A classificação dessa imagem pela
técnica da Máxima Verossimilhança foi realizada em várias etapas. Inicialmente, foram determinados
os componentes principais e as classes de interesse. Em seguida, foi realizada a classificação não
supervisionada, obtendo-se as classes de treinamento. A partir desses resultados foi desenvolvida
a classificação refinada das feições da imagem. Para melhorar os resultados, foram incluídos
os dados da declividade e da orientação geográfica do terreno. Nas figuras 3.6 (a) - (f) estão
os componentes principais; a declividade; os aspectos do terreno; as classes de feições, e os
dados integrados da classificação. Os resultados indicam que a soma das áreas de todas as
49
classes é 129.339 m2 (13 ha). Do total, 3,5 ha correspondem à flora; 2,2 ha ao solo exposto,
1,1 ha às estradas; 2,9 ha à sombra; 3,3 ha à área coberta pelo petróleo, o que representa
25,4% da área total.
Figura 3.5. Imagem aérea da região contaminada pelo óleo derramado no acidente.
50
3.6 (a) - componentes principais 3.6 (d) - identificação das classes
51
Os resultados indicam que a soma das áreas dos objetos classificados é igual a 38,5
ha. Desta área total, 8,4 ha são do solo; 16,8 ha da flora; 9,5 ha da região com óleo, 2,4 ha de
estradas e 1,4 ha da superfície de sombra. Nesse caso, a área coberta com óleo representa
24,68% da área total. As áreas percentuais de cada objeto são: solo 21,28%; flora 43,64%;
óleo 24,68%, estradas 6,23% e sombra 3,64%. Isso indica que nessa etapa a flora apresentou
uma área maior que no primeiro caso, mas para as outras classes as áreas são semelhantes
às áreas determinadas na primeira etapa do trabalho.
Figura 3.7. Resultados da classificação das feições na imagem área da área afetada pelo óleo.
52
Figura 3.9. Identificação da mancha de petróleo derramado no solo.
As técnicas de decisão multicritério têm sido cada vez mais utilizadas na área ambiental. Na
esfera acadêmica, essa área está se desenvolvendo basicamente através de duas vertentes:
No âmbito das empresas, a análise multicritério tem sido aplicada da seguinte forma:
53
A teoria da decisão multicritério é uma ferramenta poderosa que engloba metodologia e
algoritmos matemáticos, que podem ser aplicados na análise de impactos ambientais, seleção de
estratégias e políticas ambientais, programas e planejamento regional, etc.
A maioria dos métodos de decisão multicritério adota funções objetivo e apresenta sólida
fundamentação teórica; entretanto o processo de busca da melhor alternativa ou ponto de ótimo
apresenta debilidade que provoca desvios em relação á realidade da tomada de decisão.
54
transformar as informações qualitativas em valores numéricos, possibilitando dessa forma as
operações matemáticas requeridas para determinar a melhor alternativa do caso investigado.
Mediante a transformação das variáveis pela aplicação de funções específicas podem ser
determinados os valores da importância e magnitude em unidades homogêneas, possibilitando a
análise global dos impactos ambientais. O cálculo do impacto total do problema em análise pode ser
determinado através da soma ponderada dos valores dos impactos observados em cada um dos
fatores ambientais afetados. Além das técnicas multicritério existem os métodos que operam
variáveis linguísticas, como, por exemplo, redes neurais ou nuvem difusa. Esses modelos foram
desenvolvidos nos anos noventa e vem sendo cada vez mais aplicados na área de meio ambiente.
O “software” NAIADE elaborado pelo professor Giuseppe Munda em 1995, por exemplo,
emprega um método de decisão multicritério para avaliação de impactos ambientais envolvendo
variáveis linguísticas e numéricas, e devido a sua versatilidade é uma das rotinas mais utilizadas na
atualidade. Esse software será utilizado no exemplo a ser realizado no final desse capítulo. Os
endereços eletrônicos e referências dos demais programas se encontram no final da apostila.
Esta variável de classificação sofre do mesmo problema que sofrem todas as variáveis de
classificação de conceitos vagos; supondo que os índices da importância do impacto sejam iguais a 50
55
e 51, e, que os valores estejam associados às classes moderado e severo; é possível afirmar que a
diferença entre os valores é significativa o suficiente para que possa justificar a mudança da classe
moderado para severo?
Por outro lado, se a importância do impacto for definida por uma variável linguística com as
mesmas classes (Irrelevante, Moderada, Severa, Crítica) representadas por conjuntos difusos, que se
encontram apresentados na Figura 3.10, pode-se eliminar as mudanças abruptas. Além da variável
importância do impacto existem outras variáveis utilizadas nos estudos ambientais que também são
definidas com conceitos vagos, como, por exemplo, a intensidade, a sinergia, etc.
Entretanto, existem outras variáveis cuja representação com números naturais (crisp) é
adequada, como a magnitude do impacto que é valorada utilizando indicadores associados aos
fatores afetados, como, por exemplo, a concentração de óxidos de enxofre.
Permite definir de maneira mais adequada conceitos vagos tais como: impacto leve
ou impacto moderado;
56
Prevê um marco conceitual na manipulação simultânea de variáveis linguísticas e
numéricas, permitindo a combinação de informações qualitativas e quantitativas;
Exemplo
O valor global do modelo de risco do sítio foi determinado a partir dos valores individuais dos
riscos potenciais cenários acidentais, como, por exemplo, explosões, incêndios, etc. O escopo do
modelo de avaliação do impacto ambiental é determinar o índice do impacto dos componentes que
podem ser afetados pelas atividades de tratamento dos resíduos.
57
Índice de Risco da
Planta
Índice de
Índice de risco
vulnerabilidade do
intrinseco da planta
sítio
Figura 3.11. Diagrama do índice de risco da planta de tratamento dos resíduos urbanos.
Nas figuras 3.12 e 3.13 estão as matrizes de impacto e de equidade usadas no NAIADE.
58
Figura 3.12. Matriz de impacto ambiental utilizada no NAIADE para o estudo de caso.
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
Figura 3.13. Matriz de equidade utilizada no NAIADE para seleção das alternativas em questão
RESULTADOS
Nas figuras 3.14 e 3.15 estão indicados respectivamente os resultados da matriz de impacto e
equidade fornecidos pelo programa de computador NAIADE.
59
Figura 3.14. Resultado da matriz de impacto determinado pelo programa NAIADE.
Ranking
Os resultados indicados na figura 3.14 referem-se à análise multicritério das alternativas com
base na matriz de impacto apresentada na figura 3.12. Na terceira coluna da figura 3.14 está indicada
60
a ordem das alternativas (da pior para melhor) determinada a partir dos resultados das duas colunas
à esquerda.
A primeira coluna ( +) indica a ordem da melhor para muito melhor opção, e a segunda
coluna ( -) indica a ordem da pior para muito pior alternativa no intervalo [0;1]. A partir dos
resultados da coluna intersecção pode-se concluir que melhor alternativa é D > A > E > C > B.
61
CAPÍTULO 4 – COMPENSAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL
A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, a qual
“tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida”...
(Art. 2o). Para consecução do seu objetivo previu, em seu Art. 9o, entre outros instrumentos, a
avaliação de impactos ambientais (inciso III), o licenciamento ambiental e a revisão de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras (inciso IV) e a criação de espaços territoriais especialmente
protegidos (inciso VI).
62
No processo de consolidação do instrumento de avaliação dos impactos ambientais e da
consequente definição e implementação das medidas mitigadoras, ficou demonstrado que alguns
impactos não são mitigáveis e, consequentemente, que a adoção apenas, de medidas mitigadoras
seria insuficiente para se perquirir o objetivo da Política Nacional de Meio Ambiente.
Entre os impactos não mitigáveis e grande relevância, está a perda da biodiversidade. Assim,
à medida que aumentou a preocupação com a diversidade biológica, utilizando-se dos instrumentos
previstos para a implementação da Política Nacional de Meio Ambiente desenvolveu-se o instituto
denominado compensação ambiental.
“Art. 1o Para fazer face à reparação dos danos ambientais causados pela destruição de
florestas e outros ecossistemas, o licenciamento de obras de grande porte, assim considerado pelo
órgão licenciador com fundamento no RIMA, terá como um dos seus pré-requisitos a implantação
de uma estação ecológica pela entidade ou empresa responsável pelo empreendimento,
preferencialmente junto à área”.
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Essa Resolução foi alterada pela Resolução CONAMA No 2, de 18 de abril de 1996. Entre as
principais modificações, destaca-se o fato de que a unidade a ser implantada deverá ser de domínio
público e de uso indireto, preferencialmente – não mais exclusivamente – uma Estação Ecológica
(Art. 1º). O Artigo 2º estabeleceu que “o montante dos recursos a serem empregados na área a ser
utilizada, será proporcional à alteração e ao dano ambiental a ressarcir e não poderá ser inferior a
0,5% dos custos totais previstos para implantação do empreendimento”.
Com o advento da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, a compensação ambiental tornou-se obrigatória para
empreendimentos que causam impacto ambiental relevante, obrigando o empreendedor a apoiar a
implantação e a manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, conforme
disposto no seu artigo 36 e parágrafos.
63
O Decreto No 4.340, de 22 de agosto de 2002, regulamentou vários artigos da Lei 9.985, entre
eles o artigo 36. O decreto determina no Capítulo VIII os principais fundamentos da compensação
ambiental, os quais estão sintetizados a seguir.
64
Além disso, os modelos de compensação são regulamentados por legislação, significando que
podem ser utilizados como referência para a seleção do método mais adequado para a valoração
econômica do dano, para determinado caso, pela análise e a comparação dos resultados fornecidos
pelas metodologias empregadas.
Modelo de valoração
onde:
Avaliação de Impactos na Perícia Ambiental | 11/08/2010
( )
Para os empreendimentos lineares o valor do ICB é obtido a partir da média ponderada dos
valores dos ICBs, determinados para cada compartimento homogêneo, para que o indicador seja
65
mensurado adequadamente. Para os empreendimentos dessa natureza poderá ocorrer interferência
em ecossistemas diferenciados, com diferentes graus de comprometimento.
O percentual máximo para a compensação ambiental será de 1,1%. Nos casos em que o
percentual calculado for inferior a 0,5% (zero vírgula cinco por cento), será considerado o percentual
de 0,5% (zero vírgula cinco por cento). Nos casos em que o percentual calculado for superior a 1,1%
será considerado o percentual de 1,1%.
( ) ( )
onde:
GI = Grau de Impacto (0,03 a 1,0);
MAGNITUDE (IM): Indicador da relevância dos impactos significativos, negativos e não
mitigáveis, em relação ao comprometimento dos recursos (1,0 – 3,0);
IBIODIVERSIDADE (IB): Índice indicador de avaliação da incidência dos impactos significativos,
negativos e não mitigáveis, sobre a biodiversidade (1,0 – 3,0);
ICOMPROMETIMENTO DE BIOMA (ICB): Índice indicador do comprometimento sobre
regeneração/recuperação do bioma afetado pelo empreendimento (1,0 – 3,0);
66
deve se considerar ainda a possibilidade de efeito sinérgico dos impactos significativos apurados. A
aplicação de cada indicador não se dá de forma cumulativa, aplicando-se sempre a situação de maior
severidade para o cálculo de cada termo componente do GI. Isto é, para o cálculo devemos
considerar o impacto ou fator sinérgico que resulte em maior valor.
a) IMAGNITUDE (IM)
Valor Atributo
b) IBIODIVERSIDADE (IB)
Atributo
Valor
Inexistência de impactos sobre a biodiversidade.
(1)
67
c) ICOMPROMETIMENTO DE BIOMA (ICB)
Valor Atributo
d) TEMPORALIDADE (IT)
Valor Atributo
Valor Atributo
68
do valor da Compensação Ambiental (CA) e do Custo Total de Implantação do Empreendimento (CT).
A equação utilizada para calcular VCA tem a forma:
( )
69
As perguntas a serem respondidas são:
Indicador Peso
Proximidade de Unidades de Conservação
Interior de APA
Bacias Hidrográficas
ARESUR - faxinais
Peso Zero 05
70
Ocorrência Não Sim
4) Bacias Hidrográficas – Classificação das águas doces, salobras e salinas conforme as Portarias
SUREHMA (05/89: 03 a 13 de 1991; 16 e 17 de 1991; 19 e 20 de 1992) que enquadram cursos
de água das Bacias Hidrográficas do Paraná.
c) Peso para esse indicador será a média aritmética dos pesos relativos aos parâmetros
Importância Biológica e Prioridade para Ação;
71
d) Para análise desse indicador devem ser considerados o mapa do MMA e a listagem
específica do Estado do Paraná.
72
b) O Porte do Empreendimento será avaliado como o indicador com o maior valor.
Indicador Peso
Fragmentação de Habitats
Flora
Fauna
Solo e subsolo
Recursos Hídricos
Clima e Qualidade do Ar
Paisagem
1) Fragmentação de Habitats: média aritmética dos pesos atribuídos aos parâmetros redução
de área e redução da conectividade.
Recomenda-se mapas temáticos visando à estimativa dos habitats com a implantação do projeto.
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73
Pesos Áreas
Endemismo Perigo Vulnerável Rara
Ocorrência Antropizadas
1,0 N N N N S
2,0 N N N N N
3,0 N N N S N
3,5 N N S N N
3,5 N N S S N
4,5 N S N N N
4,5 N S N S N
4,5 N S S N N
4,5 N S S S N
5,0 S N N N N
5,0 S N N S N
5,0 S N S N N
5,0 S N S S N
5,0 S S N N N
5,0 S S N S N
5,0 S S S N N
5,0 S S S S N
Perigo – maior ameaça; Vulnerável – imediatamente ameaçada; Rara – menor ameaça.
4) Solo e subsolo.
74
5) Recursos Hídricos.
Caso sejam necessárias operações de drenagem, existe algum fator que possa
restringir ou impedir que o trabalho seja executado?
75
6) Clima e Qualidade do Ar.
Perguntas Orientadoras ou Listagem para Simples Verificação Sim Não
Há algum fator climático que possa restringir o empreendimento?
Há algum fator climático que possa influenciar a dispersão de poluentes?
Haverá emissão e dispersão de odores que causarão incômodos à população?
Haverá emissão de material particulado?
Acarretará em poluição sonora que possa afetar em torno do empreendimento?
Haverá emissão de gases?
Haverá emissão e concentração de vapores?
Soma das ocorrências positivas
Peso = das ocorrências positivas x 5,0 (peso máximo) / número total de
ocorrências = (ocorrências positivas) x 0,714
7) Paisagem:
Peso 5,0: a) Pouco Comprometida – Paisagem quase que totalmente integra; grandes blocos
intactos com mínima influência do entorno; Conexão que garanta a dispersão de todas as
espécies locais; Populações persistentes e pouco afetadas por pressões antrópicas; Processos
funcionais íntegros e pouco alterados/afetados por atividades antrópicas; Estrutura trófica
íntegra com presença de espécies de “topo de cadeia trófica”, e de “grande herbívoros”.
76
IV. ANÁLISE DO COMPONENTE SOCIOCULTURAL E ECONÔMICO
Indicador Peso
Perguntas Orientadoras
Remanejamento/Assentamento
Patrimônio Cultural
A população explora recursos naturais (flora, fauna, águas minerais) assim como
matéria prima, na forma extrativista, para sua subsistência ou comercialização?
2) Remanejamento/Assentamento. Não ocorrente: atribuir valor zero para não ser prejudicado
o cálculo da média. Por exemplo, se o empreendimento não exigiu o Remanejamento da
População, os indicadores Remanejamento e Assentamento são desconsiderados.
77
Ocorrência Não ocorrente Ocorrente
(Peso) (0) (4) (5)
Remanejamento N S S
Assentamento N S N
Bens materiais
Matéria Prima
Fórmula para cálculo do indicador Patrimônio Cultural (PC): PC = (5,0 x P + 3,5 x R + 2,0 x A) / 5,0,
onde P, R e A representam o número de ocorrências de cada indicador.
a) Este componente indica impactos negativos não mitigáveis da Matriz de Impacto do EIA;
b) A cada impacto se aplicará a tabela abaixo, obtendo-se um peso médio dos atributos.
Média dos
pesos de
Ambientes Impactados
Parâmetro de ocorrências em
Indicador cada indicador
avaliação
Social
Físico Biótico (pesos)
econômica
Área do
empreendimento
Abrangência Territorial
Área externa ao
empreendimento
78
Fase inicial do
Manifestação no tempo empreendimento
Fase de operação
Magnitude/Importância/Relevância Intensidade
Direta ou Primária
Relação Causa-Efeito, Formas de Indireta ou
manifestação do impacto. Secundária
Acumulativa
Os valores da matriz de avaliação dos impactos são: não ocorrente = 0; mínimo = 1; médio-
inferior = 2; médio = 3; médio-superior = 4; máximo = 5.
CA = VR x GI
onde:
GI = valor do grau do impacto nos ecossistema, podendo atingir valores de [0, 0,5%];
VR = somatório dos investimentos requeridos para implantação do empreendimento.
onde:
ISB = impacto sobre a biodiversidade;
79
CAP = comprometimento de área prioritária;
IUC = influência em Unidades de Conservação.
( )
onde:
IM = Índice Magnitude;
IB = Índice Biodiversidade;
IA = Índice Abrangência;
IT = Índice Temporalidade.
onde:
O valor do parâmetro CAP varia na faixa de zero a 0,25%. O objetivo do parâmetro é levar em
conta os efeitos do empreendimento sobre a área prioritária em que está inserido. Isto é observado
com a relação da significância dos impactos frente às áreas prioritárias afetadas. Empreendimentos
que tenham impactos insignificantes para biodiversidade local podem através de suas intervenções,
influenciar a dinâmica de processos ecológicos, afetando ou comprometendo as áreas prioritárias.
O valor do parâmetro IUC varia de zero a 0,15%, e ter por finalidade avaliar a influência do
empreendimento sobre as unidades de conservação ou as zonas de amortecimento, sendo que os
80
valores podem ser considerados cumulativamente até o valor máximo de 0,15%. O valor de IUC será
diferente de zero quando constatada a incidência de impactos em unidades de conservação ou zonas
de amortecimento, de acordo com os valores abaixo:
G1: parques (nacional, estadual, municipal); reserva biológica; estação ecológica; refúgio
de vida silvestre e monumento natural = 0,15%;
2. ÍNDICES
O valor do índice magnitude varia na faixa de zero a três, avaliando a existência e a relevância
dos impactos concomitantemente significativos negativos sobre aspectos ambientais associados aos
empreendimentos analisados de forma integrada. Os valores do IM encontram-se na tabela abaixo.
Valor Atributo
(0) Ausência de impacto ambiental negativo significativo
(1) Pequena magnitude do impacto ambiental negativo em relação ao
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Valor Atributo
(0) Biodiversidade se encontra muito comprometida
(1) Biodiversidade se encontra mediamente comprometida
(2) Biodiversidade se encontra pouco comprometida
(3) Área de transito ou reprodução de espécies consideradas endêmicas ou
ameaçadas de extinção
81
2.3. Índice Abrangência (IA)
Valor Atributo
(2) Curta: superior a cinco anos e até quinze anos após instalação do
empreendimento
82
O resultado do ICAP será considerado de forma proporcional ao tamanho compartimento
em relação ao total de compartimentos. Os impactos ambientais em Unidades de Conservação
serão computados exclusivamente no IUC.
Valor Atributo
(0) Inexistência de impactos sobre áreas prioritárias ou impactos em
áreas prioritárias sobrepostas a Unidades de Conservação
(1) Impactos que afetem áreas de importância biológica alta
(2) Impactos que afetem áreas de importância biológica muito alta
(3) Impactos que afetem áreas de importância extremamente alta ou
áreas classificadas como insuficientemente conhecidas.
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CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES
Além disso, constatou-se que os impactos negativos causados por atividades antrópicas e
acidente atingem uma variedade de componentes ambientais que têm características singulares,
devendo ser investigados de maneira sistemática com as técnicas descritas nesse documento. As
técnicas qualitativas de avaliação de impactos, como, por exemplo, matrizes Leopold, permitem
fazer a análise preliminar da importância, magnitude e significância dos impactos negativos, mas,
estas técnicas são incapazes de avaliar o comportamento dos impactos em função do tempo.
Para vencer esta dificuldade foram descritos os atuais métodos de avaliação de impactos
ambientais utilizados nos países desenvolvidos, tais como: métodos acoplados a SIG; métodos de
decisão hierárquica e técnicas nuvem difusa. Essas metodologias manipulam variáveis numéricas
e palavras simultaneamente para avaliar o comportamento de impactos em função do espaço e
do tempo e, desse modo, melhorar os resultados a serem obtidos.
84
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