Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Johannes Kepler o Inicio Da Ciencia Mode
Johannes Kepler o Inicio Da Ciencia Mode
“Apenas
uma
descrição
baseada
nas
causas
físicas
poderá
explicar
os
movimentos
celestes”,
Kepler
escreveu
profeticamente.
Mesmo
que
seu
sonho
pitagórico
de
uma
solução
geométrica
para
o
cosmo
não
passasse
de
uma
fantasia
que
combinava
cristianismo
e
misticismo
matemático,
foi
tentando
concretizar
a
sua
visão
de
mundo
que
Kepler
descobriu
as
leis
matemáticas
das
órbitas
celestes.
É
irônico,
e
de
extrema
importância
para
nosso
argumento,
que
justamente
o
homem
que
tanto
amava
a
simetria
acabasse
provando
que
o
círculo
–
a
mais
perfeita
das
formas
–
não
tinha
um
papel
central
na
astronomia.
Cada
planeta
tinha
sua
própria
órbita
elíptica,
com
uma
elongação
maior
ou
menor:
a
estrutura
do
cosmo
deixou
de
ser
um
sonho
humano
e
passou
a
ser
uma
realidade
científica,
imperfeita
e
assimétrica.
Kepler
nos
proporcionou
um
cosmo
menos
belo,
mas
uma
ciência
mais
preciosa.
A
lição
que
aprendemos
e
tão
simples
quanto
essencial:
para
nos
aproximar
da
verdade,
muitas
vezes
temos
que
abandonar
nossos
sonhos
de
perfeição.
(332)
Kepler é mais conhecido por estas três leis do movimento celeste, tão
exatas hoje como há quatrocentos anos quando foram criadas. A Lei das Órbitas e
a Lei das Áreas, as duas primeiras, foram publicadas em 1609, no livro
Astronomia Nova, e a terceira lei ou Lei Harmônica, deduzida dez anos mais tarde,
foi divulgada no ano seguinte a sua descoberta, em 1620, em seu livro Epitome
Astronomiae Copernicane. Porém, Kepler fez bem mais que isso, superando as
enormes dificuldades e dissabores que precisaria enfrentar ao longo de
praticamente toda sua vida.
“Numa
reunião
de
triste
lembrança,
realizada
em
1684,
três
membros
da
Royal
Society,
Robert
Hooke,
Edmond
Halley
e
Chistopher
Wren,
o
famoso
arquiteto
da
Catedral
de
St.
Paul,
envolveram-‐se
em
exaltada
discussão
sobre
a
relação
do
inverso
do
quadrado
que
rege
o
movimento
dos
planetas.
Em
princípios
da
década
de
1670,
a
conversa
dominante
nos
cafés
e
em
outros
pontos
de
encontro
dos
intelectuais
de
Londres
era
a
de
que
a
gravidade
emanava
do
Sol
em
todas
as
direções
e
se
precipitava
com
intensidade
inversa
ao
quadrado
da
distância,
tornando-‐se
assim,
cada
vez
mais
difusa
sobre
a
superfície
da
esfera,
à
medida
que
se
expandia
sua
área.
A
reunião
de
1684
marcou,
com
efeito,
o
nascimento
de
Principia.
Hooke
declarou
que
deduzira
da
lei
das
elipses,
de
Kepler,
a
prova
de
que
a
gravidade
era
uma
força
emanante,
mas
que
não
a
revelaria
a
Halley
e
Wren,
até
que
estivesse
pronto
para
torná-‐la
pública.
Furioso,
Halley
foi
a
Cambridge,
descreveu
para
Newton
as
alegações
de
Hooke
e
propôs
o
seguinte
problema:
“Qual
seria
a
forma
da
órbita
de
um
planeta
ao
redor
do
Sol
se
ela
fosse
atraída
em
direção
ao
Sol
por
uma
força
que
variasse
inversamente
com
o
quadrado
da
distância?
”A
resposta
de
Newton
foi
surpreendente.
“Seria
uma
elipse”,
respondeu
imediatamente,
e
disse
a
Halley
que
ele
havia
resolvido
o
problema
quatro
anos
antes,
mas
que
não
sabia
onde
guardara
a
demonstração
em
sua
sala.
A
pedido
de
Halley,
Newton
passou
três
meses
reconstituindo
e
melhorando
a
demonstração.
Então,
num
acesso
de
energia
que
durou
dezoito
meses,
período
em
que
se
envolveu
de
tal
maneira
com
o
trabalho
que
muitas
vezes
se
esquecia
de
comer,
desenvolveu
essas
idéias,
até
que
sua
exposição
recheou
três
volumes.
Newton
escolheu
como
título
do
trabalho
Philosophiae
Principia
Mathematica,
deliberadamente
em
contraste
com
Principia
Philosophiae,
de
Descartes.
Os
três
livros
do
Principia,
de
Newton,
forneceram
o
elo
entre
as
leis
de
Kepler
e
o
mundo
físico.”
(421)
*
O ano de 2009 foi instituído pela ONU como o Ano Internacional da Astronomia, celebrando os 400 anos das
primeiras observações telescópicas de Galileu Galilei e a publicação do livro Astronomia Nova por Johannes
Kepler, que alterariam os paradigmas da ciência. Para mais informações, consultar
http://kepler.nasa.gov/education/iya/. (Nota do Autor)
a
caça
às
bruxas,
as
pestilências
e
a
morte
eram
coisas
comuns
do
dia-‐
a-‐dia.
[...]
Ele
viveu
à
beira
da
miséria.
Seu
salário
estava
quase
sempre
atrasado.
Seus
únicos
recursos
eram
papel,
pena
e
um
tesouro
de
observações
de
um
único
homem.”
(405)
Utilizando os dados astronômicos diligentemente coletados durante trinta e
oito anos consecutivos pelo astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546 – 1601),
Kepler conseguiu comprovar de forma irrefutável o modelo heliocêntrico proposto
pelo astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543). Após uma longa
sequência de tentativas e erros, procurando e testando modelos que
reproduzissem com precisão os movimentos planetários de acordo com as
observações de Tycho, Kepler, experenciando um dos saltos mentais descritos por
Einstein, deduziu matematicamente que a Terra e os demais planetas se movem
em torno do Sol em órbitas elípticas, com o Sol ocupando um dos focos da elipse.
Anunciada em 1605, esta descoberta, que ficaria conhecida como a Lei das
Órbitas, ou Lei das Elipses, também assegurava que a Terra fica mais próxima do
Sol no mês de janeiro e mais distante em julho.
Em sua terceira lei, ou Lei Harmônica, Kepler descobriu que quanto mais
distante do Sol maior será o tempo necessário para um planeta percorrer toda a
sua órbita, estabelecendo a relação matemática entre a distância ao Sol e o tempo
para um planeta completar uma revolução:
T2 / D3 = k
*
A palavra Universo é derivada da concepção equivocada de que a Terra estava fixa, no centro de toda a criação,
e que os demais objetos celestes giravam todos em uníssono ao seu redor. Deste modo, o conjunto dos objetos
celestes passou a ser chamado de "aquilo que gira como algo único", ou unus verterem, em latim. (Nota do Autor)
†
A maioria dos historiadores da ciência creditam a pensadores islâmicos, destacando-se o persa multidisciplinar
al-Hasan ibn al-Haytham (965 - ≅ 1040), o pioneirismo no uso de métodos rigorosos de experimentação, de
quantificação e de testes controlados, para a verificação de hipóteses teóricas, fundamentando o raciocínio lógico
e indutivo. Inspirados por estes predecessores islâmicos, os filósofos britânicos Roger Bacon (1214 – 1294) e
Francis Bacon (1561 – 1626) ao lado de René Descartes (1596 - 1650), filósofo e matemático francês,
completariam a definição do método científico, orientando a forma de trabalho da ciência atual. (Nota do Autor)
“O
raciocínio
lógico
puro
não
é
capaz
de
nos
munir
de
conhecimentos
sobre
o
mundo
empírico,
todo
o
conhecimento
da
realidade
parte
da
experiência
e
nela
termina.
Conclusões
alcançadas
puramente
a
partir
dos
meios
lógicos
são
totalmente
vazias
do
ponto
de
vista
da
realidade.”
(418)
*
Em 1936, Einstein teria dito que "A ciência, como um todo, não é nada mais do que um refinamento do pensar
diário", criando um paradoxo com suas próprias afirmações posteriores sobre a metodologia científica. Certamente
o comentário mais antigo de Einstein deve ser aplicado apenas às mentes privilegiadas como a dele. (Nota do
Autor)
Em 1616, sete anos após a publicação das duas primeiras leis de Kepler,
ainda tentando bloquear o avanço da ciência e a preservação de dogmas que lhe
eram tão caros, a Igreja Católica publicaria um édito proibindo a propagação da
doutrina de Copérnico. Comprovando serem fundamentados os temores do
astrônomo polonês, noventa anos após sua morte, em 1633, o matemático e
astrônomo italiano Galileu Galilei (1564 – 1642) seria levado a julgamento em
Roma, perante a Inquisição, sob a acusação de heresia. Seu crime teria sido a
publicação do livro Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo:
copernicano e ptolomaico, onde deixava claro sua preferência pelo sistema
*
Diferentemente das informações comumente ensinadas nas escolas de ensino fundamental e ensino médio, o
Sol não é uma estrela relativamente insignificante. Atualmente presume-se que o Sol seja mais brilhante que 85%
das estrelas da Via Láctea e que, entre as 50 estrelas mais próximas do sistema solar, no raio de até 17 anos-luz
de distância (a estrela mais próxima de nós é a anã vermelha Proxima Centauri, que dista aproximadamente 4,2
anos-luz de nós), o Sol seja a quarta estrela no quesito massa, com um diâmetro equatorial de 1,392 milhões de
30
quilômetros, ou 109 vezes o diâmetro da Terra e peso de cerca de 2 x 10 Kg, ou 330.000 vezes o peso da Terra,
(349)
correspondendo a 99,86% da massa total do Sistema Solar.
Outra estimativa interessante, realizada em outubro de 2010 por cientistas norte-americanos e baseada na análise
de 166 estrelas parecidas com o Sol localizadas a uma distância de até 80 anos-luz, considera que planetas
semelhantes à Terra, com até duas vezes a sua massa, seriam os mais comuns, podendo ser encontrados em um
(384)
quarto destas estrelas. (Nota do Autor)
Então, quando Tycho Brahe, residindo na cidade de Praga, para onde havia
se mudado em junho de 1599 ao aceitar o posto de matemático imperial,
convidou Kepler para trabalhar com ele, alguns meses após assumir o novo cargo,
certamente tinha em mente utilizar as habilidades matemáticas de Kepler na
análise de suas observações astronômicas para ajudá-lo a alcançar o seu intento
de construir um novo modelo cosmológico. Tycho estava então com quase 54
anos de idade e já devia sentir o peso da corrida contra o tempo. Entretanto, o
início deste relacionamento foi bastante conflituoso e, talvez por perceber as
convicções de Kepler, frontalmente opostas às suas, Tycho Brahe liberava a
Kepler apenas uma pequena parte de suas anotações, conforme comenta o
escritor e professor de inglês James A. Connor, em seu livro A Bruxa de Kepler:
“Não
havia
dois
homens
mais
diferentes
do
que
eles.
Tycho
era
nobre,
acostumado
com
riquezas
e
privilégios,
com
freqüência
desconfiando
dos
outros
e
temeroso
de
que
alguém
lhe
roubasse
as
descobertas,
lhe
mascateasse
a
fama
no
meio
da
noite.
[...]
Kepler,
por
outro
lado,
era
franco,
a
ponto
de
ser
ingênuo.
Ele
podia
ser
desconfiado,
sovina
e
irascível,
mas
não
imaginava
ficar
remoendo
suas
idéias
como
Tycho
havia
feito.
[...]
Tycho
era
um
consumado
extrovertido,
sempre
rodeado
pela
família,
pelos
amigos
e
criados.
Vivia
numa
grande
mansão
em
estilo
dinamarquês,
barulhenta,
e
apreciava
refeições
intermináveis
temperadas
com
conversas
sobre
ciência,
filosofia,
religião
e
as
notícias
do
dia.
Kepler,
por
outro
lado,
preferia
a
sua
No entanto, paz não era algo que estava previsto existir na vida de Kepler.
Pouco tempo depois de apresentá-lo ao imperador, Tycho contrairia a doença que
*
o levaria à morte em poucos dias, falecendo em 24 de outubro de 1601. Dois
dias após a morte prematura do astrônomo dinamarquês, o imperador Rudolf II
(1552 - 1612) nomeou Kepler como seu matemático imperial e confiou aos seus
cuidados todos os instrumentos e anotações de Tycho. Assim, Kepler,
antecipando-se aos familiares e legítimos herdeiros, com quem passaria a ter
problemas a partir de então, tomou posse dos preciosos dados que lhe permitiram
conquistar um lugar na história.
*
Oficialmente, Tycho Brahe teria sido vitimado por uma infecção urinária. Entretanto, testes realizados com
amostras de seu cabelo e bigode, por ocasião de uma exumação realizada em 1901, teriam detectado elevados
níveis de mercúrio, levantando suspeitas de envenenamento. Em novembro de 2010, sua tumba tornou a ser
aberta e um novo estudo poderá esclarecer as causas de sua morte. (Nota do Autor)
discórdia familiar. Apesar de ter deposto o irmão mais velho, Matthias permitiu
que ele mantivesse o título de imperador e continuasse vivendo em seu palácio
imperial, próximo aos seus tesouros e brinquedos com que havia equipado parte
do palácio em Praga, transformada em espécie de museu. Entretanto, abatido
pela perda efetiva do poder e com a saúde fragilizada, Rudolf II sobreviveria
apenas um ano após sua deposição. Com a morte de seu protetor e o
recrudescimento das ações contra os luteranos, após Matthias assumir
oficialmente o império, Kepler sentiu-se forçado a deixar Praga.
Sete anos após Kepler ter partido de Praga, agora sob o império de
Ferdinand II (1578 – 1637), sucessor de Matthias, falecido três anos antes, um
incidente entre católicos e protestantes, ocorrido no palácio imperial tantas vezes
frequentado pelo matemático imperial de Rudolf II, daria início a Guerra dos
Trinta Anos que dizimaria a Alemanha e a Áustria. Este conflito tornaria Kepler um
virtual exilado, forçando-o a abandonar várias cidades e empregos, e o
perseguiria até o túmulo.
“(...)
Foi
durante
uma
aula
para
um
grupo
de
alunos
sonolentos
que
Kepler
teve
a
visão
que
mudaria
a
sua
vida.
Quando
explicava
os
movimentos
dos
planetas
Júpiter
e
Saturno,
percebeu
algo
que
antes
não
dera
o
significado
devido:
o
fato
de
Saturno
ser
duas
vezes
mais
distante
do
Sol
que
Júpiter
não
podia
ser
uma
coincidência.
Dentro
da
ideologia
pitagórico-‐cristã,
se
Deus
era
o
arquiteto
cósmico,
o
arranjo
dos
céus
não
podia
ser
ao
acaso.
Deveria,
por
exemplo,
haver
alguma
explicação
para
o
número
de
planetas
ser
seis,
e
não
três
ou
vinte
e
cinco.
E
o
que
determinava
as
suas
distâncias
em
relação
ao
Sol?
Kepler
sabia
que,
de
alguma
forma,
a
resposta
tinha
que
envolver
a
geometria.
Passou
semanas
trabalhando,
procurando
por
um
modelo
geométrico
do
cosmo.
Tentou
diversas
possibilidades,
mas
nada
parecia
funcionar.
Sua
frustração
aumentava
a
cada
dia.
De
repente,
num
momento
de
grande
intuição,
entendeu.
Como
suspeitara,
era
mesmo
a
geometria
que
determinava
a
estrutura
do
cosmo,
isto
é,
o
número
de
planetas
e
as
distâncias
entre
eles
e
o
Sol.
Kepler
sabia
que,
em
três
dimensões
espaciais,
existiam
apenas
cinco
sólidos
perfeitos,
os
chamados
sólidos
platônicos:
nenhum
outro
sólido
tridimensional
fechado
pode
ser
construído
a
partir
de
apenas
um
objeto
bidimensional
(triângulos,
quadrados
e
pentágonos).
Os
dois
mais
familiares
são
o
cubo
(feito
de
seis
quadrados)
e
a
pirâmide
(feita
de
quatro
triângulos
equiláteros).
Os
outros
três
são
o
octaedro
(oito
triângulos
equiláteros),
o
dodecaedro
(doze
pentágonos)
e
o
icosaedro
(vinte
triângulos
equiláteros).
[...]
Kepler
imaginou
que
os
cinco
sólidos
deveriam
se
encaixar
um
dentro
do
outro,
como
num
quebra-‐cabeça
(as
bonecas
russas).
Entre
cada
dois
sólidos,
uma
esfera
imaginária
localizava
a
órbita
planetária...
O
surpreendente
era
que
cinco
sólidos
permitem
apenas
seis
esferas
entre
eles,
isto
é,
apenas
seis
planetas...
Ademais,
as
distâncias
entre
as
esferas
eram
determinadas
precisamente
pelas
leis
da
geometria.
Após
experimentar
com
alguns
arranjos
para
os
cinco
sólidos,
Kepler
encontrou
um
que
coincidia,
com
uma
precisão
surpreendente,
com
as
distâncias
entre
os
planetas
medidas
pelos
astrônomos.
*
Em suas pesquisas para o romance A harmonia do mundo, publicado em 2006, Marcelo Gleiser esteve em Praga
e visitou a casa em que viveu Kepler, atualmente um museu, onde há uma réplica em bronze do modelo cósmico
de Kepler para o sistema solar. (Nota do Autor)
Mas afinal, que força moveu Kepler a realizar sua obra lutando contra
tantos obstáculos? Possivelmente o sentimento que o guiou em sua jornada tenha
sido sua profunda religiosidade, termo empregado aqui com o mesmo significado
da religiosidade professada e descrita pelo físico Albert Einstein, trezentos anos
mais tarde, em alguns de seus pensamentos, transcritos a seguir:
“A
condição
dos
homens
seria
lastimável
se
tivessem
de
ser
domados
pelo
medo
do
castigo
ou
pela
esperança
de
uma
recompensa
depois
da
morte.“
“A
característica
do
homem
religioso
consiste
no
fato
de
ter
se
libertado
das
algemas
do
seu
egoísmo,
construindo,
por
seu
modo
de
pensar,
sentir
e
agir,
um
mundo
de
valores
suprapersonais,
aprofundando
e
ampliando
cada
vez
mais
o
seu
impacto
sobre
a
vida.”
“A
percepção
do
desconhecido
é
a
mais
fascinante
das
experiências.
O
homem
que
não
tem
os
olhos
abertos
para
o
mistério
passará
pela
vida
sem
ver
nada.”
“O
mecanismo
do
descobrimento
não
é
lógico
e
intelectual,
é
uma
ilusão
subcutânea,
quase
um
êxtase.”
“A
mente
avança
até
o
ponto
onde
pode
chegar;
mas
depois
passa
para
uma
dimensão
superior,
sem
saber
como
lá
chegou.
Todas
as
grandes
descobertas
realizaram
esse
salto.”
“Sem
a
convicção
de
uma
harmonia
íntima
do
Universo,
não
poderia
haver
ciência.”
“Eu
quero
saber
como
Deus
criou
este
mundo.
Não
estou
interessado
neste
ou
naquele
fenômeno,
no
espectro
deste
ou
daquele
elemento.
Eu
quero
conhecer
os
pensamentos
Dele,
o
resto
são
detalhes.”
“O
mistério
da
vida
me
causa
a
mais
forte
emoção.
É
o
sentimento
que
suscita
a
beleza
e
a
verdade,
cria
a
arte
e
a
ciência.
O
homem
que
desconhece
esse
encanto,
incapaz
de
sentir
admiração
e
estupefação,
esse
já
está,
por
assim
dizer,
morto
e
seus
olhos
se
cegaram.
Aureolada
de
temor,
é
a
realidade
secreta
do
mistério
da
religião.
Homens
reconhecem
então
algo
de
impenetrável
a
suas
inteligências,
conhecem
porém
as
manifestações
desta
ordem
suprema
e
da
Beleza
inalterável.
Homens
se
confessam
limitados
e
seu
espírito
não
pode
apreender
esta
perfeição.
E
este
conhecimento
e
esta
confissão
tomam
o
nome
de
religião.
Deste
modo,
mas
somente
deste
modo,
sou
profundamente
religioso,
bem
como
estes
homens.”
Apesar de todos os problemas enfrentados por Kepler, ele manteve-se
produtivo, pesquisando e escrevendo prolificamente por quase toda a sua vida
adulta. Complementando os pensamentos de Einstein, James A. Connor ressalta o
exemplo de grande força moral que foi a vida deste matemático e astrônomo
alemão: