Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Poemas em Prosa de Poetas Do Estado Esp PDF
Poemas em Prosa de Poetas Do Estado Esp PDF
Jenaro Talens
MATARRATOS
***
***
¡Gargantas ardientes!
***
Fue la primera vez que hablé con el Hombre Amarillo. Pronunció algunos
nombres, lo recuerdo confusamente. Pero no habló del sol, ni aludió a
ninguna persona conocida. Tampoco habló de sí mismo.
¿Y cómo podría hacerlo? ¿Quién era el Hombre Amarillo? ¿Cuándo había
llegado a la ciudad? En ontra ocasión, él mismo me confesó que no sabía
nada al respecto. El Hombre Amarillo no era como los demás, de eso no
cabía duda. Pero tampoco era un superhombre, como Supermán, o
Mandrake, o Batman, puesto que no ayudaba a resolver casos a la policía.
Hubo quien se atrevió a afirmar que hasta era amigo de los delincuentes. Sin
embargo, no se encontraron pruebas. El Hombre Amarillo estaba en libertad.
Era cuanto se podía decir de él.
***
MATARRATOS1
***
***
Gargantas ardentes!
***
Foi a primeira vez que falei com o Homem Amarelo. Pronunciou alguns
nomes, recordo-o confusamente. Mas não falou do sol, nem aludiu a
nenhuma pessoa conhecida. Tão-pouco falou de si próprio.
E como poderia fazê-lo? Quem era o Homem Amarelo? Quando tinha
chegado à cidade? Noutra ocasião, ele próprio me confessou que não sabia
nada a respeito. O Homem Amarelo não era como os demais, disso não
restavam dúvidas. Mas tão-pouco era um super-homem, como o Super Man,
o Mandrake, o Batman, já que não ajudava a resolver casos à polícia. Houve
quem se atreveu a afirmar que até era amigo dos delinquentes. Todavia, não
se encontraram provas. O Homem Amarelo estava em liberdade. Era quanto
se podia dizer dele.
***
Inédito
Jorge Riechmann
ANTROPÓFUGOS
Não podem suportar a dor de estar no mundo sem sentir-se nunca em casa, e
não lhes foi dada a arte — conseguida ou maldita — de construir um frágil
refúgio com palavras, imagens, cheiros, os restos dispersos nos altos sótãos
da memória. Não os ajuda a intuição do reino da iminência, esse talismã
infinito dentro das charnecas da finitude. Assim, renegam do seu próprio
nome e entregam-se a uma agitação febril, um arremeter, um esburacar que
não pode encontrar saída. O leite nocturno não os alcança, os dedos da
mulher não encontram acesso à sua turva alcanzia. O seu rosto delata tanta
cobiça e ferocidade quando pronunciam as palavras “qualidade de vida”, que
uma pessoa desata a tremer. Em tais condições, apenas atinam a imaginar o
desmaio sobre as dunas de um deserto abrasador, e no fim só uma obsessão
se magnifica diante da desmesura desse horizonte vermelho: desejo de ser
devorado pelo Anjo, desejo de ser possuído pela Máquina.
APARICIONES
APARIÇÕES
TEOLOGÍA POLÍTICA
DEL RESTO IRREPRESABLE
TEOLOGIA POLÍTICA
DO RESTO IRREDUTÍVEL
Soubemos ontem que compartimos com o irmão rato noventa e nove de cada
cem genes, e lançamos um suspiro de alívio: se desaparecemos da face da
Terra, bastará com deixar trabalhar a natureza um pouco, apenas cem ou
duzentos milhões de anos, para que voltem a ser possíveis o genocídio e a
poesia.
II.
III.
IV.
V.
Se mira desde aquí el laberinto, la soledad poblada de presagios, de
fríos amuletos que enmascaran la agonía: un minotauro azul en zapatillas,
una virgen negra que le cambia el agua a las flores del mal, un animal ebrio
que lame las ingles de una muchacha alada en un columpio, los círculos
blancos de los caballos del miedo, la muerte en Puerto Hurraco, el cielo
sobre Berlín…
VI.
VII.
Por eso hoy, sin su presencia, acude el llanto, el ojo frío del llanto o
el de la muerte impregnándolo todo: los papeles resecos, el hueso sin su
carne, los pinceles, dos botes de cristal llenos de tierra, tapados con un
corcho...
II.
III.
IV.
V.
VII.
Por isso hoje, sem a sua presença, acode o pranto, o olho frio do
pranto ou da morte impregnando tudo: os papéis ressequidos, o osso sem a
sua carne, os pincéis, dois boiões de vidro cheios de terra, tapados com uma
rolha...
AS FOTOS DO SEXO
AS FOTOS DO SEXO
(No menos planas, por cierto, las artes voluminosas, ya que sólo les
importa el lustre de su cara vista, y su meollo es borra o paja que impide que
lo hueco resuene, o es dispendio de material y peso muerto si la obra es
maciza, o en otro caso es vacío y viento. No hay debajo la médula que
debiera: ni mucosas húmedas y tibias ni tripas voraces ni corazón bullente en
las estatuas, ni Dios ni dioses en los templos. Sólo, tal vez, el sepulcro, la
arquitectura funeraria, hace frente a la planicie unánime del arte y se toma en
serio lo que aprisiona en su volumen. Pero ved qué atesora: primero palor y
podredumbre, y luego polvo, nada.)
Cosa estupenda aquélla del ver lo que no hay, no lo niego, con la que
pasamos muy buenos ratos, y es medicina excelente contra el tedio y
bálsamo del alma herida —pero a veces su daga—, siempre y cuando, no
obstante, las tales miradas, madre e hija, no se suban a la parra y no
pretendan para sí el rango de vía de conocimiento, y encima via regia o Gran
Vehículo, ni usurpen la peana de maestras de la vida, que a tanto extremo
hemos llegado en el decir que sí es de lo que no lo es ni por el forro. Y, por
lo demás, empeño bobo ése de dibujar el bosque del mundo desde su centro,
desde donde no se aprecia ni siquiera que es bosque ni su pánico, sino, a lo
más, miedos locales, aptos para menores: este lobo, esa bruja, aquel
salteador de caminos, cuyo peligro cesa tras unos buenos estacazos, y no así
el pánico, al que no sabes dónde darle porque nunca se te encara.
Uno al que le mando un croquis del mundo que saqué con gran
esfuerzo —y generoso, puesto que yo tal mapa lo guardo en la cabeza, y
ninguna necesidad tenía de trasladarlo al papel, donde se desluce—, va éste
susodicho y me responde, no que yo acierte o desatine en lo intentado, sino
que no le agrada porque, según dice, me olvidé de dibujar aquella miniatura
vecina del ojo. Y añade que él prefiere “las distancias cortas”, como si no
fuera ésa la preferencia por defecto, lo que va de suyo y, por tanto, no hace
falta preferir. O sea, y por resumen de su reparo (que encima era prolijo): yo
someto a su consideración mi mapamundi y él me objeta que es un plano
muy malo de mi casa.
(Não menos planas, aliás, as artes voluminosas, uma vez que só lhes
importa o lustre da sua cara vista, e o seu miolo é borra ou palha que impede
que o que é oco ressoe, ou é dispêndio de material e peso morto se a obra é
maciça, ou noutros casos é vazio e vento. Não há por baixo a medula devida:
nem mucosas húmidas e tíbias nem tripas vorazes nem coração alvoroçado
nas estátuas, nem Deus nem deuses nos templos. Só, talvez, o sepulcro, a
arquitectura funerária, se enfrenta à planície unânime da arte e leva a sério o
que aprisiona no seu volume. Mas vêde o que entesoura: primeiro palor e
podridão, e depois pó, nada.)
Coisa estupenda essa de ver o que não há, não o nego, com a qual
passamos muito bons momentos, e é medicamento excelente contra o tédio e
bálsamo da alma ferida — mas por vezes a sua adaga —, sempre e quando,
não obstante, os tais olhares, mãe e filha, não tenham manias de grandeza e
não pretendam para si a patente de via de conhecimento, e ainda por cima
via regia ou Grande Veículo, nem usurpem a peanha de mestras da vida, que
a tanto extremo chegámos no dizer que sim é o que não é, nem pelo forro. E,
em tudo o mais, empenho bobo esse o de desenhar o bosque do mundo desde
o seu centro, de onde não se aprecia nem sequer que é bosque nem o seu
pânico, apenas, no máximo, medos locais, aptos para menores: um lobo, uma
bruxa ou um salteador de caminhos, cujo perigo cessa depois de umas boas
pancadas, e não assim o pânico, a que não sabes onde bater porque nunca se
te enfrenta cara-a-cara.
Como resultado de tudo aquilo, Sevilleja foi para a rua, mas não por
incúria nem pelo dolo do seu encobrimento. Não: isso ter-lhe-ia custado,
quando muito, a sua repartição de quarta e cargo do grupo C, e,
seguramente, um traslado forçado para as Canárias. Despediram-no porque
Benigno Cuesta lhe moveu um processo universal, e, como cão sabujo,
acabou por descobrir o impensável, pelo menos para mim: que Sevilleja
participava nos benefícios por vías ínvias e à margem do convénio, ou seja,
que depositava na sua conta dia após dia uma fracção do que cobrava aos
clientes por câmbio de divisas, ainda que seja verdade que a parte maior a
depositava no devido lugar e no item correspondente da contabilidade. Não
chamou a atenção aquele gotejo quotidiano de pequenos proventos porque o
infeliz do Sevilleja dirigia também uma muito modesta agência de seguros
— em nome da mulher, para burlar o veto que lhe impunha o regulamento
do regimento interior —. O tráfico mercantil desse negócio gerava um sem-
fim de apontamentos de pouca monta na sua conta, entre os quais se
mascaravam e diluiam os da sua fraude.
Inédito
Andrés Sánchez Robayna
SISTEMA
A Severo Sarduy
El hilo de la tarde descansa sobre la hoja roja. Ved el otoño. Ved. Sobre la hoja
ved el otoño. La hoja roja en que descansa el otoño, vedla. El hilo de la tarde
descansa. Vedlo rojo.
Diríase que la hoja roja descansa sobre una hora indecisa. La hora
indecisa como el lecho en que la hoja descansa. Digo: Diríase que la hoja roja
descansa sobre una hora indecisa; lo escribo y lo leo. Y lo desleo: preveo que
hoja y hora pueden asociarse de otra forma, establecer una corriente: ved la
hora como una hoja, en su descanso de otoño.
Vedla. Ved el hilo que va de hoja a hora. Vedlo en su otoño. Sobre la
hoja ved el otoño. Ved. Hora roja en que descansa otoño, vedlo. El hilo de la
tarde descansa.
Ved la hora roja.
SISTEMA
A Severo Sarduy
O fio da tarde repousa sobre a folha vermelha. Vejam o outono. Vejam. Sobre a
folha vejam o outono. A folha vermelha em que repousa o outono, vejam-na. O
fio da tarde repousa. Vejam-no vermelho.
Dir-se-ía que a folha vermelha repousa sobre uma hora indecisa. A
hora indecisa como o leito em que a folha repousa. Digo: Dir-se-ía que a folha
vermelha repousa sobre uma hora indecisa; escrevo-o e leio-o. E desleio-o:
prevejo que folha e hora podem associar-se de outra forma, estabelecer uma
corrente: vejam a hora como uma folha, no seu repouso de outono.
Vejam-na. Vejam o fio que vai de folha a hora. Vejam-no no seu
outono. Sobre a folha vejam o outono. Vejam. Hora vermelha em que repousa
o outono, vejam-no. O fio da tarde repousa.
Vejam a hora vermelha.
EL RESPLANDOR
El cielo, herido.
Los nudos de la tormenta corrían sobre los charcos de la llanura.
Oscuro, el cielo herido. Oscuro de oscuridad remota, allá arriba,
celebrado en las pizarras celestes, tumultuosas sombras sopladas en un cielo sin
luz.
II
Allá estaban las torres sombrías, las escalinatas que llegaban hasta la
cúspide truncada en cuyo interior dormían los siglos de los dibujos y de las
inscripciones, los plumajes alzados en la celebración terrestre.
Sobre la piedra henchida dormía el dios.
Estaba allí la luz quebrada en sordos centelleos, en la felicidad del
color y en el color del polvo sobre la piedra bullente.
De pie, ante las paredes interiores sobre las que caía una leve luz de
mármol, inmóviles, permanecíamos en un silencio sólo roto por el canto de un
pájaro invisible.
III
IV
V
Bajábamos. Manos de antigua adoración, manos de antigua
convocación levantaron la pirámide bajo el silencio de los cielos, la hollaron
luego con minuciosas figuras de la humana indefensión y de la sed terrestre
bajo la lengua de interminable aspereza como imposible imagen de lo humano.
Esculpieron con figuras geométricas la piedra destinada a la permanencia.
Sonreían al ver agolparse las nubes que anunciaban las trombas, levantaban la
vista hacia lo alto y allí la suspendían, expectantes.
El orden de las aguas, las arquitecturas de cuanto fluye, los canales, los
hombres en la oscura sumersión.
Tierra lacustre, tierra escrita por la infinita puntuación de la lluvia.
VI
VII
O ESPLENDOR
O céu, ferido.
Os nós da tempestade corriam sobre os charcos da planície.
Escuro, o céu ferido. Escuro de escuridão remota, lá em cima,
celebrado nas ardósias celestes, tumultuosas sombras sopradas num céu sem
luz.
II
III
IV
VI
VII
FUEGO BLANCO
Ardió durante todo el día, y aún pude ver las brasas sobre los círculos
nocturnos. Las piedras hirvieron. Humearon los árboles resecos, los animales
se retiraron hasta sus bordes de sigilo. Enrojeció la breve nube única como
mancha celeste. Jadearon los muros de desprendida cal. Aún pude ver la luz
abrevar en lo oscuro, por los invernaderos destrozados.
FOGO BRANCO
Ardeu durante todo o dia, e ainda pude ver as brasas sobre os círculos
nocturnos. As pedras ferveram. Fumegaram as árvores ressequidas, os
animais retiraram-se até aos seus bordos de sigilo. Avermelhou-se a breve
nuvem única como mancha celeste. Ofegaram os muros de desprendida cal.
Ainda pude ver a luz abrevar na escuridão, pelas estufas destruídas.
David Ferrer
III
III
Inédito