Está en la página 1de 16

Capítulo 2

La realidad personal del ser humano

Y nosotros p o r qué estamos?


¿ Y q u ié n e s somos?
¿ Tendrá el universo un alma
Y somos noso
Con todo el cosm os p o r cuerpo,
aun los gases más distantes, nuestro cuerpo?
A sí el cosmos se conoce a sí mism o p o r nosotros.
‘Conócete a ti m ism o’.
Conciencia de uno mismo, uno también lo es del todo
(Ernesto Cardenal)

E n te n d e re m o s p o r h u m a n is m o a q u e l p e n s a m ie n to q u e c o lo c a la
re a lid a d d e la e x p e rie n c ia h u m a n a c o m o c e n tro de su in te ré s re ­
fle x iv o . D e s d e e sta p e rs p e c tiv a , n o s p a re c e q u e el le n g u a je de
las n e u ro c ie n c ia s re s u lta in s u fic ie n te p a ra d a r c u e n ta d e la s e x ­
p e rie n c ia s p ro fu n d a m e n te h u m a n a s : c o n c ie n c ia , c o m u n ic a c ió n ,
e x p e rie n c ia e s té tic a o m ís tic a , s e n tid o m o ra l, c re a tiv id a d , a m o r,
son irre d u c tib le s a u na s im p lific a c ió n q u e s u p o n e d e s c rib irla s en
té rm in o s d e a c c ió n d e n e u ro tra n s m is o re s y re a c c io n e s b io q u ím i­
cas. Si c o n c e d e m o s q u e la m a ra v illa d e l c e re b ro h u m a n o e s lo
q ue h a c e p o s ib le ta le s v iv e n c ia s , d e s c rib irla s en e s o s té rm in o s
no no s a y u d a ría a p ro fu n d iz a r en su s ig n ific a d o ; p o r e llo , e s p re ­
ciso a d o p ta r un le n g u a je filo s ó fic o c u y a s c a te g o ría s n o s p e rm i­
ta n c o m p re n d e r y d e s e n tra ñ a r a lg u n a s de su s im p lic a c io n e s .

De a h í q u e u n a v e z c o n s id e ra d a la d im e n s ió n b io ló g ic a del s e r
h u m a n o , a b o rd e m o s e n e s te c a p ítu lo s u d im e n s ió n p e rs o n a l.
P a rtim o s de la c o n c e p c ió n de p e rs o n a q u e , en c u a n to u n id a d
b io p s ic o s o c ia l y e s p iritu a l, e s tá d e s tin a d a al a u to d e s a rro llo y
c o n s tru c c ió n d e sí m is m a a lo la rg o d e su e x is te n c ia , s ie m p re en
in te ra c c ió n co n su re a lid a d c irc u n d a n te , e s p e c ia lm e n te co n sus
s e m e ja n te s .
2.1 La dimensión de la corporalidad

En el c a p ítu lo a n te rio r to m a m o s c o m o b a se lo s a p o rte s de la b io ­


lo g ía y las n e u ro c ie n c ia s para la c o m p re n s ió n del s e r h u m a n o y,
p o r ta n to , no d u d a m o s , c o m o D e s c a rte s , d e la e x is te n c ia de
n u e s tro p ro p io c u e rp o . Al co n tra rio , s o s tu v im o s q u e la p rim e ra
e v id e n c ia de n u e s tra p ropia re a lid a d h u m a n a es n u e s tra e x is ­
te n c ia fís ic a . M e d ia n te el cu e rp o , el s e r h u m a n o se re a liz a en el
m u n d o y con los d e m á s, de tal m a n e ra q u e el v e rd a d e ro h o m o
es el h o m o c o rp ó re o . Pero, ¿ qué e s el c u e rp o ? , ¿ a c a s o es s o ­
la m e n te el c o n ju n to de fu n c io n e s fis io ló g ic a s q u e c o n s titu y e n la
b a se m a te ria l de n u e stra vid a y q u e a c tú a n de m a n e ra c o o rd in a ­
da para m a n te n e rla ? Jo se p h G e v a e rt1 se ñ a la q u e la a n tro p o lo g ía
he b re a utiliza v a rio s té rm in o s p a ra re fe rirs e al s e r h u m a n o , ta le s
co m o basar, n e fe s y ru a h ; é stos indican la vive n cia del sujeto com o
u n id a d , sin u n a d is tin c ió n ta ja n te e n tre el e s p íritu y la re a lid a d
m a te ria l. P or e je m p lo , b a s a r s ig n ific a c a rn e o c u e rp o , no co m o
algo o p u e sto al alm a e spiritual sin o in clu id o d e n tro de lo in m a te ­
rial. N efes, qu e se ha tra d u c id o p o r p s iq u e (g rie g o ) o a n im a (latín),
significa a liento vital o vida, p ero no co m o n o ción a b stra cta , sino
com o el se r vivie n te c o n cre to en q u ie n flu y e la sa n g re , el a lie n to
de la vida; p o r eso el ho m b re es ne fe s, es un s e r vivie n te . R uah,
que se tra duce al griego por p n e u m a y al latín p o r spiritus, significa
en hebreo respira ció n o vie n to , e in d ica “a q u e llo q u e en el h o m b re
lo hace ca p a z de e s c u c h a r a D io s” ;2 p o r ta n to , R u a h indica cierta
ca pacidad h u m a n a para e s ta b le c e r u na re la ció n e s p e c ia l con D ios
en la m ed id a en que se le m a n ifie ste ; es la e sfe ra en la qu e la d i­
vinidad es c a p a z de in flu ir en el su je to y no ta n to una fu n c ió n in ­
herente al propio sujeto.

P ara la a n tro p o lo g ía se m ita c ie rta s fu n c io n e s , q u e p o r lo g e n e ra l


se a trib u y e n al cu e rp o , so n c o n c e b id a s c o m o fu n c io n e s de la
p s iq u e (n e fe s), po r e je m p lo , el d e s e o de b e b e r, d e c o m e r, etc.
P or o tro lado, el p e n s a r o el a m a r tie n e n s ie m p re un e le m e n to
co rp o ra l; p a ra la tra d ic ió n h e b re a el c u e rp o m is m o c o n s titu y e la
p re se n cia de la p e rso n a . La s e x u a lid a d no es s ó lo la u n ió n de
los c u e rp o s, ta m b ié n es el e n c u e n tro de las p e rs o n a s , y p o r e n ­

1 Joseph Gevaert, El problema del hombre. Introducción a la antropología fi­


losófica, Trad. de Alfonso Ortiz, Salamanca, Sígueme, 10a. ed., 1995.
2 Ibidem, p. 73.
de no es n e g a tiv a ni p e c a m in o s a , s in o b u e n a , ya q u e h a c e p o s i­
ble la fe c u n d id a d , la a p a ric ió n d e m á s p e rs o n a s . El c u e rp o no e s
e n to n ce s el centro del pecado; p o r el contrario, el p e ca d o es c o m e ­
tido p o r el s e r h u m a n o to ta l, y el p e rm a n e c e r en el p e c a d o s ig n i­
fic a v iv ir (b io ló g ic a y p s íq u ic a m e n te ) a p a rta d o d e D ios.

P o r el c o n tra rio , en la a n tro p o lo g ía g rie g a , e s p e c ia lm e n te con


P la tó n , se a ce n tú a un d u a lis m o q u e o p o n e al a lm a con el cue rp o ,
y s u b ra y a q u e e s te ú ltim o no es s in o un o b s tá c u lo , u n a c á rc e l
q u e tie n e p ris io n e ra al a lm a , y d e la cual el s e r h u m a n o se v e rá
lib re en el m o m e n to de su m u e rte . S ó lo c u a n d o el a lm a se s e p a ­
re del cu e rp o , p u rifica d a a tra v é s de una se rie de re e n c a rn a c io n e s
(m e te m p s ic o s is ), se rá c a p a z de lle g a r a la p le n itu d de la c o n ­
te m p la c ió n de la v e rd a d .

El d u a lis m o a n tro p o ló g ic o de P latón tie n e sus ra íce s en la re ligión


ó rfic a , la cu a l a firm a la n e c e s id a d de la re e n c a rn a c ió n — é s ta es
un p ro c e s o de p u rific a c ió n del a lm a cu yo o b je tiv o ú ltim o e s lib e ­
ra rse del c u e rp o — . P o r o tro lado, ta m b ié n es v e rd a d q u e , a c o rd e
con su c o n te x to c u ltu ra l, P la tó n s u b ra y a la im p o rta n c ia de la d i­
m e n s ió n c o rp o ra l de l s e r h u m a n o en su s re fle x io n e s s o b re la
e d u c a c ió n , a s e n ta d a s en d iá lo g o s co m o La R e p ú b lic a (o b ra de
m a d u re z ) y L a s L e y e s (o b ra de su v e je z). En e lla s le da un p a p e l
p re p o n d e ra n te a a q u e lla s a c tiv id a d e s , c o m o la g im n a s ia y las a r­
tes m a rc ia le s , q u e c o n trib u y e n a m a n te n e r el c u e rp o á g il, s a n o y
be llo . S in e m b a rg o , la in te rp re ta c ió n d u a lis ta q u e d e s p re c ia al
cu e rp o es la q u e se tra n s m ite al p e n s a m ie n to c ris tia n o de los
p rim e ro s sig lo s, en e s p e c ia l c u a n d o san A g u s tín de H ip o n a le da
fo rm u la c io n e s te o ló g ic a s q u e le o to rg a c a rta de c iu d a d a n ía en la
fe cris tia n a , y q u e h a b ría de s e r el d is c u rs o d o m in a n te en la c u l­
tu ra o c c id e n ta l. D u ra n te m u c h o s sig lo s, y h a sta la fe c h a , el c ris ­
tia n is m o ha e n fre n ta d o u na lu ch a en su in te rio r c o n tra el in flu jo
n e g a tiv o de e ste d u a lis m o .

El d u a lis m o a n tro p o ló g ic o de la c u ltu ra o c c id e n ta l se v e fo r ta le ­


cid o co n la filo s o fía de R e n é D e s c a rte s (1 5 9 8 -1 6 5 0 ), c o n s id e ­
rado c o m o el fu n d a d o r d e l p e n s a m ie n to filo s ó fic o m o d e rn o ,
e s p e c ia lm e n te con su o b ra E l d is c u rs o d e l m é to d o . En e s te lib ro
p la n te a la n e c e s id a d de lle g a r a una v e rd a d in c u e s tio n a b le , p a ra
lo cual se p ro p o n e d u d a r m e to d o ló g ic a m e n te de to d o a q u e llo
que no se p re s e n te a su e n te n d im ie n to co m o e v id e n te . A sí, tra s
h a b e r d u d a d o de la in fo rm a c ió n d e los s e n tid o s y, p o r e n d e , de la
existe n cia del m u n d o m a te ria l, D e s c a rte s q u e d a “a tra p a d o ” en el
so lip sism o del cogito, p o r lo q u e se v e ló g ic a m e n te o rilla d o a a fir­
m a r q ue la única v e rd a d e v id e n te es q u e p ie n s a : “P ie n so , lu e g o
e x is to ” . D e sp u é s de fo rm u la r e s ta fa m o s a c o n c lu s ió n , el filó s o fo
fra n cé s se ve en s e rio s p ro b le m a s p a ra d e m o s tra r la e x is te n c ia de
su propio c u e rp o 3 y d e l m u n d o real. P a ra D e s c a rte s , el c u e rp o es
ra d ica lm e n te d is tin to del a lm a , y a q u e e x is te y fu n c io n a so b re la
base del m o v im ie n to m e c á n ic o d e la re a lid a d m a te ria l. El a lm a
identificada con la c o n c ie n c ia , “c u y a e s e n c ia y n a tu ra le z a to d a es
p e n sa r” ,4 no d e p e n d e d e n in g u n a c o s a m a te ria l.

El d u a lis m o c a rte s ia n o c o n tin u ó s ie n d o d e fe n d id o p o r el ra c io n a ­


lism o d e p e n s a d o r e s p o s te r io r e s c o m o L e ib n iz (1 6 4 6 - 1 7 1 6 )
y M alebranche (1 6 3 8 -17 1 5 ). Sin e m b a rg o , a c tu a lm e n te no e n c u e n ­
tra un fu n d a m e n to s u fic ie n te en la e x p e rie n c ia p e rs o n a l ni en la
ciencia, q u e c a d a d ía tie n e m a y o re s c e rte z a s s o b re la in te rd e ­
pendencia en tre los fe n ó m e n o s p síq u ic o s y los fe n ó m e n o s fis io ló g i­
cos del cu e rp o , ta l c o m o lo s e ñ a la m o s en el p rim e r c a p ítu lo . A
p a rtir de n u e stra e x p e rie n c ia p e rs o n a l n o s v iv im o s c o m o s u je to s
cu ya s a c c io n e s e s p iritu a le s y c o rp o ra le s e s tá n p ro fu n d a m e n te
im b rica d a s; no s o m o s d o s s e re s s in o un s o lo se r, un o rg a n is m o
vivie n te qu e cre c e , d u e rm e , s u e ñ a , a m a co n su m e n te y con su
cue rp o de m a n e ra s im u ltá n e a .

3 Descartes divide tajantemente la realidad en res cogitans y res extensa, es


decir, en pensamiento y materia; él tiene como verdad evidente sólo la realidad de
pensamiento. Para demostrar la existencia de la res extensa, a la que per­
tenece el cuerpo, y de cuya existencia había dudado al invalidar el conoci­
miento sensorial, tuvo que recurrir a la demostración de la existencia de
Dios, y para ello retomó el argumento de San Anselmo sobre la idea de per­
fección. Dios, como ser bueno y perfecto, no quiere engañarnos y, por lo
tanto, la realidad material (extensa) existe. René Descartes, Discurso del
método, Trad. de Jorge Carrier Vélez, Barcelona, Educomunicación, 1998.
4 Ibidem, p. 71. La cita completa de Descartes es la siguiente: “conocí con
eso, que yo era una sustancia cuya esencia y naturaleza toda es pensar, y
que no necesita, para ser, de ningún lugar ni depende de ninguna cosa ma­
terial; de manera que este yo, es decir, el alma por la cual yo soy lo que soy,
es enteramente distinto del cuerpo e incluso más fácil de conocer que éste,
y, que, aun cuando éste no fuese, aunque el cuerpo no fuese, el alma no
dejaría de ser todo aquello que es”.
N o s e x p e rim e n ta m o s en u n id a d co n n u e s tro p ro p io c u e rp o , y no
c o m o un e s p íritu q u e “ h a b ita ” en un s e r e x tra ñ o a n o s o tro s m is ­
m o s, p o r lo q u e no p u e d e d e c irs e q u e “te n e m o s ” un c u e rp o , sin o
m á s bien q u e “s o m o s ” n u e s tro c u e rp o . E s v e rd a d q u e n u e s tro
cu e rp o , c u a n d o se c o n v ie rte en o b je to d e e s tu d io d e la s c ie n ­
cias, ta le s c o m o la q u ím ic a , la a n a to m ía o la fis io lo g ía , se a n a li­
za d e s d e un p u n to d e v is ta o b je tiv o : el c u e rp o s e c o n v ie rte en
o b je to de co n o cim ie n to científico, pero e n to n ce s ya no es m i c u e r­
po, ta l c o m o lo v iv o y lo e x p e rim e n to d e s d e d e n tro d e m í. E dith
S te in , en su te s is d o c to ra l, a b o rd a d e m a n e ra b rilla n te la s re la ­
c io n e s e n tre el y o y el c u e rp o v iv o , en e s ta e x p e rie n c ia de a lte ri-
d ad y d e u n id a d .5 D ic h a v iv e n c ia in te rn a d e l p ro p io c u e rp o lo
e le v a a la c a te g o ría d e “ h u m a n o ” , co n lo cu a l s e q u ie re in d ic a r la
p o s ib ilid a d c o n c re ta q u e te n g o d e e x is tir y c o m u n ic a rm e co n los
d e m á s : “ El c u e rp o e s lo q u e p e rm ite s e r co n lo s d e m á s y re a li­
z a rs e en el m u n d o . E s el p u n to de in s e rc ió n en el m u n d o ”

P or o tro lado, lo q u e p u e d e d a r p ie a la s p o s tu ra s d u a lis ta s es


q u e a la e x p e rie n c ia d e id e n tific a c ió n co n m i p ro p io c u e rp o ta m ­
bién de b e n a ñ a d irse e x p e rie n c ia s de no id entificación; é sta s tienen
lu g a r c u a n d o el sí m is m o p e rc ib e q u e en él e x is te u n a d im e n s ió n
q u e no se d e ja o b je tiv a r d e n in g u n a m a n e ra . U n a d e e s ta s e x p e ­
rie n c ia s e s la v iv e n c ia d e l sí m is m o c o m o c e n tro d e d e c is io n e s
lib re s, es d e cir, c o m o c o n c ie n c ia . J e a n P a u l S a rtre c a p ta con
a g u d e z a e s ta e x p e rie n c ia d e s d e u n a v ía n e g a tiv a c u a n d o a d ­
v ie rte q u e e x is te n m ira d a s q u e in te n ta n c o s ific a rn o s , a p re s a rn o s
c o m o o b je to s d e d e s e o o c o m o in s tru m e n to s m a n ip u la b le s . La
m ira d a de l o tro q u e o b je tiv a al c u e rp o s e c o n v ie rte en un in fie r­
no; d e s d e ahí e s e xp lic a b le la c o n o cid a fra s e sa rtria n a “el infierno
so n los o tro s ” .7 P e ro la re a lid a d p e rs o n a l, en c u a n to fu e n te d e
las p ro p ia s a c c io n e s y c a p a c id a d d e re fle x ió n , e s a q u e llo q u e
h a ce p o s ib le lo q u e H a n n a h A re n d t lla m a la “to m a d e in ic ia tiv a ” ,
el p o d e r d e in a u g u ra r,8 q u e s ó lo s e e x p lic a si a firm a m o s la lib e r­
tad c o m o c e n tro c la v e p a ra la c a p ta c ió n d e l s ig n ific a d o d e s e r

5 Edith Stein, Sobre el problema de la empatia, Madrid, Trotta, 2004.


6 Joseph Gevaert, El problema del..., op. cit., p. 86.
7 Véase la conocida obra de teatro de Jean Paul Sartre, A puerta cerrada,
Trad. de Aurora Bernárdez, Buenos Aires, Losada, 8a. ed., 1997.
8 Hannah Arendt (1958), La condición humana, Trad. de Ramón Gil Novales,
Barcelona, Paidós, 1998. En el capítulo 5 del presente trabajo se abordará
con mayor detalle este tema.
p e rso n a . A u n en c o n d ic io n e s de s u p re s ió n de la lib e rta d física o
corporal persiste la ca p a cida d de m a n te n e r la “libertad interior” ; ex­
perien cia s com o las relatadas por V íc to r Frankl9 en los c a m p o s de
c o n c e n tra c ió n dan c u e n ta de e s te fe n ó m e n o .

E x is te a d e m á s o tra s itu a c ió n en la q u e el c u e rp o se c o n v ie rte en


el v e h íc u lo que nos tra n s p o rta a un a d im e n s ió n no m a te ria l; se
tra ta de la e x p e rie n c ia h u m a n a de la c o m u n ic a c ió n de un yo
fre n te a un tú, la cu a l re v e la u n a c o n e x ió n de c a lid a d in m a te ria l,
qu e no c o in c id e con el c u e rp o y q u e n o s lle va a v iv e n c ia r n u e s ­
tra p ro p ia u n icid a d fre n te al o tro q u e se re v e la ta m b ié n c o m o
ú n ico y con una d ig n id a d d is tin ta d e la q u e p u e d e n te n e r las c o ­
sas, las p la n ta s o los a n im a le s . U n a te rc e ra e x p e rie n c ia de n o -
c o in c id e n c ia del y o co n su c u e rp o e s la v iv e n c ia del a m o r, el a c ­
to de q u e re r el bien d e l o tro y d e s e n tirs e u n id o (re lig a d o ) a
o tro (s ) a p e s a r de la d is ta n c ia g e o g rá fic a o te m p o ra l.

S in e m b a rg o , e s ta s v iv e n c ia s de lib e rta d in te rio r, q u e tra s c ie n ­


d e n las c o o rd e n a d a s e s p a c io -te m p o ra le s en la s q u e se h a ya in ­
s e rto el c u e rp o , no s e ría n p o s ib le s si no se p a rtie ra de la
v iv e n c ia p rim o rd ia l d e l p ro p io c u e rp o . La p e rs o n a h u m a n a v iv e
en y a tra v é s de su c u e rp o , el c u a l tie n e v a rio s s ig n ific a d o s : es
e x p re s ió n , le n g u a je , p re s e n c ia e in s tru m e n to , y ta m b ié n lím ite .
En c u a n to p re s e n c ia , 0 el c u e rp o e s tá o rie n ta d o h a cia lo s d e m á s
y es p e rc ib id o p o r e llo s c o m o h u m a n o ; e s tá d e d ic a d o a la c o m u ­
n ic a c ió n y m e re c e re c o n o c im ie n to c o m o in te rlo c u to r p o s ib le de
to d o s los d e m á s : “tie n e d e re c h o a s e r tra ta d o c o m o s e r h u m a n o
y no c o m o c o s a ” .11

C o b ra m o s c o n c ie n c ia d e l s ig n ific a d o d e la p re s e n c ia h u m a n a ,
c o m o d ife re n te de l s im p le “e s ta r a h í” d e la s c o s a s , e x a c ta m e n te
c u a n d o s e n tim o s la a u s e n c ia d e u n a p e rs o n a . La m u e rte del s e r

9 Víctor Frankl, El hombre en busca de sentido, Trad. de Diorki, Barcelona,


Herder, 6a. ed., 1985.
10 El cuerpo como presencia ha sido objeto de reflexión para Gabriel Marcel,
quien en su obra Homo viator sostiene que la presencia es algo más que sim­
plemente el “estar ahí” propio de las cosas. La presencia se refiere al hecho de
que el sujeto humano es reconocido por los demás como humano. Gabriel Mar­
cel, Homo viator. prolégoménes a une metaphysique de íespérance, París, Au-
bier Montaigne, 1944.
11 Joseph Gevaert, El problema del..., op. cit., p. 95.
a m a d o es la e x p e rie n c ia m á s ra d ic a l de e s te fe n ó m e n o , c u a n d o
el c a d á v e r no es ya u na p re s e n c ia , sin o u na a u s e n c ia ; a lg o q u e
e stá fís ic a m e n te , p e ro d a d o q u e su c a p a c id a d d e in te rlo c u c ió n
ha sid o c a n c e la d a , ha p e rd id o su c a lid a d h u m a n a y se e n c u e n tra
“fu e ra ” d el m u n d o .

El c u e rp o e s p re s e n c ia p o rq u e es el c a m p o d e e x p re s ió n de la
p e rs o n a . C o n tra rio a lo s p rin c ip io s del d u a lis m o , h o y en d ía no
p o d e m o s h a b la r de un s u je to h u m a n o re a liz a d o c o m p le ta m e n te
en la in te rio rid a d de su c o n c ie n c ia d e b id o a q u e é s ta no se da
n u n c a d e un a fo rm a p u ra , a is la d a d e l m u n d o , sin o q u e s ie m p re
a p a re c e y e v o lu c io n a g ra c ia s al c o n ta c to c o n c re to y real co n las
p e rs o n a s y las c o s a s . En re a lid a d , el p e n s a m ie n to no p u e d e
fo rm a rs e sin la p a rtic ip a c ió n del c u e rp o , e s d e c ir, sin el fu n c io ­
n a m ie n to de to d o el o rg a n is m o , de la s a n g re q u e a lim e n ta los
c irc u ito s n e u ro n a le s y de to d o s los p ro c e s o s fís ic o s y m e ta b ó li-
c o s q u e h a ce n p o s ib le la a c tiv id a d c e re b ra l. N o e x is te , c o m o c re ­
ía D e s c a rte s , un p e n s a m ie n to s e p a ra d o del c u e rp o .

En c u a n to al le n g u a je , el c u e rp o es en sí m is m o u n a fo rm a de
le n g u a je ; su s d iv e rs a s p a rte s p a rtic ip a n en el ju e g o d e la c o m u ­
n ic a c ió n : las m a n o s, la e x p re s ió n del ro s tro , la p o s tu ra de la c o ­
lu m n a v e rte b ra l, el m o v im ie n to de la c a b e z a , son un le n g u a je :
“en el fo n d o to d o s los le n g u a je s no h a ce n m á s q u e d e s a rro lla r y
e s p e c ific a r el le n g u a je fu n d a m e n ta l q u e es el p ro p io c u e rp o ” .12
T a m b ié n la m a n e ra de v e s tir del c u e rp o in d ic a su fu n c ió n s o c ia l,
c o m o la necesidad de pertenencia, de protesta, de reivindicación,
etc. El s ig n ific a d o c o n c re to del le n g u a je del v e s tid o , a sí c o m o del
le n g u a je de la e x p re s ió n c o rp o ra l, e s tá n s ie m p re in flu id o s p ro ­
fu n d a m e n te p o r el c o n te x to c u ltu ra l e h is tó ric o en el q u e se vive.
El c u e rp o ta m b ié n es le n g u a je en el tra b a jo : la a c tiv id a d fís ic a es
la m a n e ra en la q u e los s e re s h u m a n o s tra n s fo rm a n la n a tu ra le ­
za y c re a n la c u ltu ra . P o r el tra b a jo e x p re s a m o s la n e c e s id a d de
m a n te n e r un co m p ro m iso co m ú n en el d o m in io de las fu e rza s de la
n a tu r a le z a ; d e a h í q u e el c u e rp o s e a ta m b ié n un in s tru m e n to
del p ro p io h o m b re . M ich e l F o u c a u lt ha e la b o ra d o un in te re s a n te
a n á lis is del c u e rp o c o m o in s tru m e n to y de lo s m e d io s q u e h is tó ­
ric a m e n te se ha n e m p le a d o p a ra d is c ip lin a rlo . El d o m in io in s ­
tru m e n ta l d el m u n d o re q u ie re un c u e rp o a d ie s tra d o ; e je m p lo de
e llo lo te n e m o s en el e jé rc ito o en el d e p o rte , en a m b o s c a s o s el
c u e rp o se a d ie s tra p a ra a d q u irir d e s tre z a s q u e p e rm ita n la in s e r­
ció n de la p e rso n a en la s o c ie d a d c o n c re ta d o n d e e s ta s d e s tre z a s
so n d e m a n d a d a s , d e m o d o q u e la in s tru m e n ta lid a d del c u e rp o
en sí m is m a e stá o rie n ta d a s o c ia lm e n te : el c u e rp o no es s ó lo un
in s tru m e n to p a ra d o m in a r al m u n d o , s in o ta m b ié n p a ra s e r re c o ­
n o c id o p o r los d e m á s e n e s te m u n d o .

A s im is m o , el c u e rp o s e e x p e rim e n ta c o m o un lím ite d e las p ro ­


p ia s c a p a c id a d e s d e e x p re s ió n y d e re a liz a c ió n . En E l m a le s ta r
d e la cu ltu ra , F re u d s e ñ a la q u e el s u frim ie n to n o s a c e c h a en el
p ro p io c u e rp o , en el m u n d o e x te rio r y e n la s re la c io n e s in te rp e r­
s o n a le s , así:

desde el propio cu e rp o que, co n d e n a d o a la deca d e n cia o


a la aniquilación, ni s iq u ie ra puede p re scin d ir de los signos
de alarma que representan el dolor y la angustia del mundo
exterior, capaz de e n ca rn iza rse en n osotros con fu e rza s
destructoras o m n ip o te n te s e im placables; p o r fin, de las
relaciones con otros se re s h u m a n o s .14

De hech o , los a s p e c to s p o s itiv o s d e n u e s tro p ro p io c u e rp o (su


p re se n cia , su le n g u a je , su in s tru m e n ta lid a d ) va n s ie m p re a c o m ­
p a ñ a d o s por la c o n c ie n c ia d e l lím ite q u e la m is m a d im e n s ió n
co rp o ra l nos im p o n e . En el n ive l d e la e x p re s ió n , a m e n u d o e x ­
p e rim e n ta m o s n u e s tra in c a p a c id a d p a ra c o m u n ic a r y re a liz a r,
m e d ia n te nu e stro c u e rp o , lo q u e q u e re m o s v e rd a d e ra m e n te e x ­
presa r. D esde el a s p e c to b io ló g ic o , n u e s tro c u e rp o se e n c u e n tra
sie m p re a m e n a z a d o p o r la e n fe rm e d a d , y en ú ltim o té rm in o s a ­
bem os que estam os c o n d e n a d o s a la e xtin ció n. P o r su inserción en
el tie m p o y en el e s p a c io , e s d e c ir, p o r su s o m e tim ie n to a las le ­
yes de la n a tu ra le z a fís ic a , el c u e rp o s e p re s e n ta c o m o u na lim i­
ta n te entre el q ue re r y el p o d e r hacer. El cue rpo , d e s d e su sentido
bio ló g ico anim al, se c o n v ie rte en un o b s tá c u lo p a ra la e x p re s ió n

13 Michel Foucault (1975), Vigilar y castigar. El nacimiento de la prisión, Trad. de


Aurelio Garzón del Camino, México, Siglo XXI Editores, 27a. ed., 1998.
14 Sigmund Freud, El malestar de la cultura, Trad. de Luis López Ballesteros,
México, Editorial Iztacíhuatl, 1985, p. 24.
de n u e s tra in te rio rid a d , d e n u e s tra c o n c ie n c ia : la s p u ls io n e s in s ­
tin tiv a s a m e n u d o re q u ie re n s e r c o n tro la d a s y e d u c a d a s , p u e s
de o tro m o d o no tra s c e n d e ría m o s el e s ta d o a n im a l. D e a h í q u e
d e s d e el p u n to d e v is ta de la e d u c a c ió n e x is ta u n a c la ra n e c e s i­
dad d e d is c ip lin a r al c u e rp o de tal m o d o q u e p u e d a c o n v e rtirs e
en u na e x p re s ió n d e la c o n c ie n c ia h u m a n a . A s í, u n a de las p rio ­
rid a d e s d e la e d u c a c ió n en la e d a d te m p ra n a e s la a d q u is ic ió n
de h á b ito s , m e d ia n te los c u a le s s e a d ie s tra al c u e rp o y se d o m i­
nan c ie rta s te n d e n c ia s c o rp o ra le s n e g a tiv a s c o m o la p e re z a , la
gula , la la s c iv ia y, en g e n e ra l, las p a s io n e s q u e p ro v ie n e n de
n u e s tra c o n d ic ió n c o rp o ra l.

En s u m a , en c u a n to e x p e rie n c ia d e s e r p e rs o n a s en el m u n d o ,
n u e s tro c u e rp o es v iv id o ta m b ié n c o m o u n a e x p e rie n c ia de fra g i­
lid a d , lo q u e no s e v id e n c ia la n e c e s id a d q u e te n e m o s d e u n a v i­
da en c o m ú n , d o n d e lo s o tro s s o n el a p o rte p a ra s u b s a n a r y
a p o y a r n u e s tra s p ro p ia s lim ita c io n e s en u n a c o n tin u a re la c ió n de
in te rd e p e n d e n c ia .

El s ig u ie n te e s q u e m a re s u m e las id e a s s e ñ a la d a s en e s te a p a r­
ta d o :
Expresión

Lenguaje

/ El cuerpo como realización

[Experiencia del bien


Presencia

"Instrumento"

Nuestro cuerpo

\ Dolor físico
j Experiencia del mal

Discapacidad
El cuerpo como límite
Vejez

Enfermedad

Muerte

2.2 La dimensión de la conciencia

Si bien p u e d e a c u s a rs e a D e s c a rte s d e h a b e r c o n s tru id o filo s ó fi­


c a m e n te un d u a lis m o in a c e p ta b le q u e re b a ja al c u e rp o a la c a ­
te g o ría de una s im p le m á q u in a , p o r o tro la d o , le d e b e m o s el
é n fa s is q u e p o n e en la re a lid a d d e la c o n c ie n c ia , p u e s d e s d e
é s ta nos e x p e rim e n ta m o s c o m o s u je to s p e n s a n te s . La c o n c ie n ­
cia es la a c tiv id a d m e d ia n te la c u a l el s u je to s e da c u e n ta ta n to
de la re a lid a d “e x te rio r” c o m o d e su p ro p ia p re s e n c ia “ in te rio r” : al
m is m o tie m p o q u e tie n e c o n c ie n c ia de lo o tro q u e no es él, s e da
c u e n ta de q u e él e s q u ie n c o n o c e , e s d e c ir, q u ie n p e rc ib e , e n ­
tie n d e , ju z g a , v a lo ra , e tc. B re n ta n o y lu e g o H u s s e rl (su d is c íp u lo )
a firm a b a n q u e la c o n c ie n c ia no es a lg o v a c ío , m á s bie n es
s ie m p re un a c o n c ie n c ia d e a lg o ; e s in te n c io n a l, en el s e n tid o de
q u e e stá d irig id a , q u e a p u n ta a un o b je to :
N uestro se r hum ano se despliega prop ia m e n te en el ca m ­
po de la inten cion a lid a d que es lo que llam am os nuestra
s u b je tiv id a d : N u e s tra s e x p e rie n c ia s , d e s e o s , im á g e n e s ,
conceptos, creencias, juicios de valor, sentimientos. Las acti­
vidades intencionales tienen dos características: son co n s­
cientes y siem p re se refieren a un o b je to .15

E s ta r c o n s c ie n te e s d a rs e c u e n ta de q u e s o m o s n o s o tro s q u ie ­
n e s p e n s a m o s , sin im p o rta r el c o n te n id o d e n u e s tro s p e n s a ­
m ie n to s . En la a c tiv id a d c o g n o s c itiv a , re fe rid a a los o b je to s del
p e n s a m ie n to , a p a re c e de m a n e ra c o n c o m ita n te el s u je to c o m o
fu e n te d e esa a c tiv id a d ; tá c ita m e n te , el yo e s tá p re s e n te a sí
m ism o : e s to e s lo q u e se lla m a a u to c o n c ie n c ia .

B e rn a rd L o n e rg a n ha a h o n d a d o en el s ig n ific a d o de la c o n c ie n ­
cia y ha d is tin g u id o v a rio s n iv e le s de c o n c ie n c ia q u e re v is a re ­
m o s m á s a d e la n te . P a ra e s te a u to r, el s u je to es “ u n a s u b s ta n c ia
q u e e stá p re s e n te a sí m is m a , q u e e s tá c o n s c ie n te ” .16 La p re ­
s e n c ia del s u je to a sí m is m o es c o n s ta n te a lo la rg o d e lo s p e n ­
s a m ie n to s q u e flu y e n en la c o n c ie n c ia , q u e no es u na re a lid a d
e s tá tic a , sin o d in á m ic a ; e s c o m o un río p o r el c u a l c o rre n m u ­
c h o s o b je to s d e p e n s a m ie n to : re c u e rd o s , p ro y e c to s , p re o c u p a ­
c io n e s , en fin, in te re s e s . E ste flu jo , a p a re n te m e n te c a ó tic o de la
co n c ie n c ia , en re a lid a d e s tá o rie n ta d o p o r el in te ré s del su je to ,
p o r a q u e lla s c o s a s q u e le o c u p a n o p re o c u p a n y q u e c o n s titu y e n
su m u y p a rtic u la r u n iv e rs o d e s e n tid o . Es c ie rto q u e la c o n c ie n ­
cia no es to ta lm e n te a u tó n o m a , y a q u e los e v e n to s d e l “ m u n d o
e x te rio r” p u e d e n a c a e c e r s o b re e lla de m a n e ra in e s p e ra d a , y
o b lig a r al p e n s a m ie n to a a te n d e r las d e m a n d a s q u e le h a c e la
re a lid a d ; a s im is m o , las e n fe rm e d a d e s p s íq u ic a s , c o m o la d e p re ­
sió n, la n e u ro s is y, en el e x tre m o , la s d iv e rs a s fo rm a s de p s ic o ­
sis, im p o n e n c la ro s lím ite s a la a u to n o m ía del s u je to c o n s c ie n te .
A p e s a r de e sto , b a jo c o n d ic io n e s n o rm a le s , en la c o n c ie n c ia los
p e n s a m ie n to s flu y e n en u n a e s p e c ie d e “u n id a d e s tru c tu ra d a ” ,
en el s e n tid o de q u e la s c o s a s q u e se p ie n s a n no so n a rb itra ria s ,

15 Francisco Galán, “Humanismo y educación: una propuesta para las Uni­


versidades en el umbral del siglo xxi”, en Revista de Filosofía, núm. 100,
Uia, México, 2001, p. 12.
16 Bernard Lonergan, Filosofía de la educación. Las conferencias de Cincin-
nati en 1959 sobre aspectos de la educación, Trad. de Armando Bravo,
México, Uia, 1998, p. 131.
p u e s el s u je to c o n tro la im p e rc e p tib le m e n te el flu jo d e su c o n ­
c ie n c ia , e s d e c ir, s e le c c io n a a q u e llo s d a to s q u e re s u lta n im p o r­
ta n te s p a ra él d e a c u e rd o c o n su in te ré s . A q u í “ in te ré s ” tie n e el
s ig n ific a d o a trib u id o p o r H e id e g g e r a S o rg e , e s d e c ir, “c u id a d o ” :

H ay toda clase de im p re sio n e s que afectan n uestros a pa­


ratos sensitivos, n uestros ó rg a n o s de los sentidos, pero no
todos ellos pe netran en n uestra co n cie ncia . Lo que pen e ­
tra en nuestra co n cie ncia es a q u e llo en lo que están inte­
resados. La con cie ncia s e le ccio n a ; flota por encim a de
todas las series de d e m a n d a s de ate n ció n . En el flujo de la
conciencia no sólo está el a sp e cto subjetivo, el interés, lo
que “m e” im porta, sino que está su co rre la tivo , el m undo
— no “el” mundo— , sino el propio mundo [...] Y ese mundo que
uno vive co rre sp o nd e al interés propio. 7

L onerga n to m a los a p o rte s d e la fe n o m e n o lo g ía de H usserl para


a b o rd a r la noción de m u n d o en cu a n to “h o rizo n te de h o rizo n te s” . Si
un ho rizonte es una o rg a n iz a c ió n de s e le c c io n e s q u e hace la co n ­
ciencia de a c u e rd o con c ie rto s c a m p o s de in te ré s (digam os, por
ejem p lo, la fam ilia, el tra b a jo , los a m ig o s, el arte, etc.), el co n ju nto
de ho rizo n te s co n stitu y e el “ m u n d o ” de c a d a p e rsona. De m a nera
se m e ja n te , E m erich C o re th ta m b ié n s ig u e la idea h u sse rlia n a del
m und o, a la q u e califica de “fe n o m e n o ló g ic a -a n tro p o ló g ic a ” , y s e ñ a ­
la con K a n t que: ‘“ el m u n d o en g e n e ra l’ no es un o b je to de e x p e ­
riencia p osible para el h o m b re , sino só lo en la m e d id a en que se
co n stitu ye c o m o m u n d o p a ra el h o m b re , es decir, co m o c a m p o de
intelección en el qu e e n tra el ju e g o el in te ré s ” .18

P ara C o re th el m u n d o e s “ n u e s tro e s p a c io v ita l y n u e s tro h o ri­


z o n te in te le c tiv o c o n c re to ” .19 En e s te s e n tid o , en un n ive l fe n o -
m e n o ló g ic o , c a d a s u je to h u m a n o tie n e su p ro p io m u n d o , el cual
en p a rte c o in c id e y en p a rte d ifie re d e l m u n d o d e los d e m á s . La
c o in c id e n c ia se d e b e a “ la s c o n s ta n te s a n tro p o ló g ic a s ”20 q u e

17 Ibidem, pp. 132-133.


18 Emerich Coreth, ¿Qué es el hombre? Esquema de una antropología fi­
losófica, Trad. de Claudio Gancho, Barcelona, Herder, 1976, p. 88.
19 Ibidem, pp. 88-89.
20 Coreth sigue a Plessner y señala tres leyes como constantes antropológi­
cas: a) la inmediatez mediada, b) la artificialidad natural y c) el puesto utópi­
p e rm ite n , en un n ive l b á s ico , la c o m u n ic a c ió n y la ig u a ld a d de
lo s s e re s h u m a n o s e n tre sí. U na d e e s a s c o n s ta n te s a n tro p o ló ­
g ic a s e s el h e ch o d e la e x p e rie n c ia c o m o el e le m e n to fu n d a m e n ­
tal q u e c o n fig u ra n u e s tro m u n d o . El p rim e r d a to q u e n o s a p o rta
la e x p e rie n c ia e s q u e n o s e n c o n tra m o s co n o tro s s e re s en m e ­
d io de un a re a lid a d q u e n o s c o n tie n e y q u e n o s s u p e ra ; d e ahí
q u e “e x p e rie n cia ” no q u e d e re ducida a la m era ca p ta ció n sensible,
s in o q u e “e s s ie m p re su p e n e tra c ió n e s p iritu a l co n el p e n s a m ie n ­
to y la in te lig e n c ia ” ,21 p o r lo ta n to , re su lta im p o s ib le d a r cu e n ta del
m u n d o u tiliza n d o só lo los d a to s s e n s o ria le s . En n u e s tra p e rc e p ­
ción s ie m p re se e n cu e n tra im p lic a d a la “tra d u c c ió n ” q u e h a c e m o s
de la re a lid a d en las c a te g o ría s in te le c tu a le s re c ib id a s so cia l y cu l­
tu ra lm e n te . La p ru e b a m á s o b via de e ste p ro c e s o e s el le n g u a je ,
el cual m e d ia tiza la re a lid a d . En el c o n ta c to a c tiv o q u e g u a rd a m o s
con los d e m á s y con las c o s a s de m a n e ra so cia l y cu ltu ra l, el le n ­
g u a je e s el q u e nos p o sib ilita c o m p re n d e r re la c io n e s de s e n tid o y
fin a lid a d , lo q u e im p lica la c a p ta c ió n de s ig n ific a d o s y v a lo re s :
“T o d o e sto e ntra en n u e stro m u n d o e x p e rim e n ta l y c o n s titu y e el
h o riz o n te para una c o m p re n s ió n u lte rio r” .22

N u e stro m u n d o se po d ría d e fin ir c o m o el h o riz o n te de los h o riz o n ­


tes, si e n te n d e m o s p o r él lo q u e s e ñ a la m o s a n te rio rm e n te : a q u e llo
qu e d e lim ita un ca m p o de in te ré s del su je to . D e a h í que, p a ra lo ­
g ra r la e x p a n s ió n del m u n d o del su je to , se a in d is p e n s a b le a lc a n ­
z a r el “d e s c e n tra m ie n to del in te ré s ” , e sto es, tra s c e n d e r el nivel de
s e n tid o co m ú n y la o rie n ta c ió n fu n c io n a lis ta p a ra lle g a r a lo q ue
Lo n e rg a n lla m a “p atró n in te le c tu a l” d e la e x p e rie n c ia . T al c o s a no
resu lta fá cil de lograr, pues, c o m o bien se ñ a la R ic h a rd P e te rs ,23 el

co. Las tres se basan en el “distanciamiento originario” del hombre respecto


de la realidad que lo circunda, Ibidem, pp. 109-112.
21 Ibidem, p. 90.
22 Ibidem, p. 91. Aparentemente, tal afirmación sería opuesta a la afirmación
de Lonergan de un primer nivel “experiencial" separado del intelectual. Sin
embargo, no es así; lo que en realidad hace Lonergan es tratar de distinguir
los niveles de conciencia para explicar mejor el proceso de conocer, pero
de hecho estos niveles aparecen implicados unos con otros en un solo acto de
conocimiento.
23 Richard Peters, “La razón y la pasión”, en Dearden, Hirst y Peters (eds.),
Educación y desarrollo de la razón. Formación del sentido crítico, Trad. de
Guillermo Solana y Víctor Peña, revisión de la versión en español de José
Manuel Esteve Zarazaga, Madrid, Editorial Narcea, 1982. Las ideas de Pe­
ters se discutirán con mayor detalle en el capítulo 3 del presente trabajo.
p e n sa m ie n to ra cio n a l no es a lg o q u e a p a re z c a e s p o n tá n e a y fre ­
cu e n te m e n te ; de he ch o , la d e te rm in a c ió n d e d e s c u b rir la ve rd a d
tie n d e a d e s a rro lla rs e c u a n d o los s u je to s se e n c u e n tra n e d u c a d o s
para ello. E so sig n ific a que, en té rm in o s de h o riz o n te de c o n c ie n ­
cia, lo prim e ro y m á s c o m ú n es q u e el in te ré s p o r la re a lid a d sea
a u to rre fe re n cia l: con el yo c o m o c e n tro , las c o s a s se va lo ra n
según su utilidad o fu n c io n a lid a d p a ra e s e yo; é s te e s el nivel del
se n tid o com ú n. La b ú s q u e d a de la v e rd a d p o r la v e rd a d m ism a , y
so b re to d o a co sta de s a c rific a r los p ro p io s in te re s e s , im p lica una
am pliación del horizo n te de la co n cie n cia ; en le n g ua je de Lonergan,
un a “c o n v e rs ió n ” . E s ta s a firm a c io n e s e n c u e n tra n s u s te n to en la
p sico lo g ía g e n é tica de P iaget, q u ie n a p a rtir de su s in v e s tig a c io ­
nes so b re el d e s a rro llo de la in te lig e n c ia en los n iñ o s e sta b le c e
las fa s e s e vo lu tiv a s de la in te lig e n c ia h u m a n a , así c o m o el s u rg i­
m ie n to de las n o rm a s m o ra le s. La te o ría p ia g e tia n a s o s tie n e que
d u ra n te el p ro c e s o d e m a d u ra c ió n in te le c tu a l, lo s n iñ o s p a s a n
p o r d ife re n te s e ta p a s e n la s q u e s e v a a m p lia n d o su c a p a c id a d
d e a b s tra c c ió n , a s a b e r: la p re o p e ra c io n a l, la d e re a liz a c ió n de
“operaciones concre ta s” y, finalm ente, la realización de las operacio­
nes fo rm a le s. E sta ú ltim a o c u rre a lre d e d o r de los d o ce años, que
e s c u a n d o la in te lig e n c ia a lc a n z a la c a p a c id a d d e a b s tra c c ió n
q u e caracterizará en adelante la vida ad u lta .24 A esta e tapa la a co m ­
paña, en el á m b ito de la “m a d u ra c ió n m o ra l” , la h a b ilid a d de “s i­
tu a rse en los z a p a to s del o tro ” , o se a , la c o n d ic ió n d e p o s ib ilid a d
de a p re h e n sió n de la “ R e g la de O ro ” ,25 q u e a su v e z c o n s titu y e el
re q uisito fu n d a m e n ta l p a ra la a c tu a c ió n m o ra l de u na p e rso n a . A

24 Piaget desarrolló esta teoría en varias obras, entre ellas, El nacimiento de la


inteligencia en el niño, Trad. de Pablo Bordonaba, Barcelona, Editorial Crítica,
2a. ed., 1990. Para una explicación más sintética se recomienda el ensayo de
Rafael García Ross, Esteban Pérez Delgado y Rafael García Martínez, “La
psicología sociocognitiva del desarrollo moral: de Jean Piaget a Lawrence
Kohlberg”, en Esteban Pérez Delgado y Rafael García Ross (comps.), La psi­
cología del desarrollo moral, Madrid, Siglo XXI Editores, 1991, pp. 51-70.
25 La Regla de Oro es tan antigua como la civilización occidental. Su formulación
negativa es “No hagas a los demás lo que no quieras que te hagan a ti”, mien­
tras que la positiva reza “Trata a los otros como quieres ser tratado”. Es la tra­
ducción de la “Golden Rule”, como es conocida en la lengua inglesa desde
mediados del siglo XVI, y aparece de distintas maneras en los evangelios de
Mateo 7 y Lucas 6, 31. Sin embargo, no es exclusiva del cristianismo, pues apa­
rece también en el Antiguo Testamento: Deuteronomio y Tobías, así como en
pensadores como Platón, Aristóteles, Isócrates y Séneca. Enciclopedia Británi­
ca, Estados Unidos, William Benton Publisher, vol. 10,1968, p. 542.
fin de qu e la in te lig e n c ia se a c a p a z de re a liz a r o p e ra c io n e s fo rm a ­
les, el in te ré s del su je to d e b e “d e s c e n tra rs e ” , es decir, d e b e se r
ca p a z de e n c o n tra r m o tiv a c ió n e in te ré s en algo, p o r e je m p lo , en
la s o lu ció n de p ro b le m a s m a te m á tic o s o de c u a lq u ie r índole
sie m p re y c u a n d o no le sig n ifiq u e n la s a tis fa c c ió n de a lg u n a ne ­
ce sid a d in m e d ia ta , sin o a q u e lla del “g o ce in te le c tu a l” de e n c o n tra r
la v e rd a d .

P ara L o n e rg a n , p o r su p a rte , el d e s a rro llo de la c o n c ie n c ia , q ue


a fin d e c u e n ta s es la e x p a n s ió n del h o riz o n te d e in te ré s de la
co n c ie n c ia , no se m id e p o r los o b je to s e x te rn o s , a p a rtir de los
cu a le s el s u je to e la b o ra c o n s id e ra c io n e s , s in o p o r la o rg a n iz a ­
c ió n d e s u s p ro p ia s o p e ra c io n e s . S e tra ta d e u na “ in te g ra c ió n
s u p e rio r” q u e se a lc a n z a en la m e d id a en q u e h a ya un d e s c e n -
tra m ie n to del in te ré s , de la S o rg e . En o tra s p a la b ra s , c o m o
a p u n ta F ra n c is c o G a lá n : “ N o se tra ta s ó lo de e n c o n tra r m á s y
m e jo r, se tra ta de c a m b ia r el c rite rio de lo q u e es e n c o n tra r a lg o
y de c ó m o se e n c u e n tra e s e a lg o ” .26 El d e s a rro llo d e l s u je to s ig ­
n ifica d e s p la z a r el in te ré s h a s ta “el p u ro d e s e o de c o n o c e r, el
cu a l fu n d a m e n ta el p a tró n in te le c tu a l de e x p e rie n c ia y e s ta b le c e
los e s tá n d a re s p a ra la m o ra lid a d p ro p ia ” .27

P o r la c o n c ie n c ia a c c e d e m o s al m u n d o del s ig n ific a d o , q u e es el
c o n c e p to fu n d a m e n ta l de la p s ic o lo g ía h u m a n a :28 p a ra c o m ­
p re n d e r al s e r h u m a n o es n e c e s a rio e n te n d e r la m a n e ra en q ue
sus e xp e rie n cia s y su s a ccio n es se encu e n tra n m o ld e a d a s p o r sus
e s ta d o s d e c o n c ie n c ia , lo s c u a le s , a su v e z , e s tá n m o ld e a d o s
p o r lo s s is te m a s s im b ó lic o s d e la c u ltu r a e n la q u e e s te s e r
h u m a n o p a rtic ip a . L o s s ig n ific a d o s so n c u ltu ra le s , es d e c ir, tie ­
nen un a fo rm a q u e es p ú b lic a y c o m u n ita ria , y no in d iv id u a l o
p riv a d a e x c lu s iv a m e n te ; e s to se d e b e a q u e la fu n c ió n s u s ta n c ia l
d e l s ig n ific a d o e s la c o m u n ic a c ió n e n tre los s e re s h u m a n o s : sin
s ig n ific a d o s c o m p a rtid o s no h a y c o m u n ic a c ió n p o s ib le .

26 Francisco Galán, “Humanismo y educación...”, art. cit., p. 11.


27 Bernard Lonergan, Filosofía de la educación..., op. cit., pp. 143-144.
28 Ésta es la convicción que sostiene, entre otros, Jerome Bruner, psicólogo
que pertenece a la corriente de la llamada “psicología cultural”, derivada del
cognitivismo piagetiano y que ha tenido una gran influencia en la teoría de la
educación. Jerome Bruner, Actos de significado, Trad. de Juan Carlos
Gómez Crespo y José Luis Linaza, Madrid, Editorial Alianza, 1990, p. 47.
P e ro así c o m o la c o n c ie n c ia es luz, ta m b ié n p u e d e s e r s o m b ra ,
y de h e ch o a m e n u d o lo es. En el n ive l de la c o n c ie n c ia c o g n o s -
c e n te , e n c o n tra m o s p ro b le m a s p a ra d is tin g u ir la v e rd a d del
e rro r, y con fre c u e n c ia n o s e n c o n tra m o s co n e rro re s de p e rc e p ­
ción; en el n ive l d e la c o n c ie n c ia m o ra l, e n c o n tra m o s ta m b ié n
s e ria s p e rtu rb a c io n e s , c o m o la m e n tira y el a u to e n g a ñ o ; la c o n ­
cie n c ia e s c ru p u lo s a , a to rm e n ta d a p o r la id e a de p e ca d o , y la
c o n c ie n c ia laxa, q u e no a lc a n z a a d is tin g u ir el m al. En el a s p e c to
p s ic o ló g ic o te n e m o s u n a frá g il e s ta b ilid a d y lo s p e lig ro s de la
n e u ro s is y la p s ic o s is n o s a c e c h a n c o n s ta n te m e n te ; de he ch o ,
to d o s s u frim o s e n c ie rta m e d id a d e a lg ú n tip o d e n e u ro s is . La
n e g a c ió n , la s fa ls a s p ro y e c c io n e s , la c o n d u c ta h is té ric a , son
só lo a lg u n o s e je m p lo s de los a s p e c to s n e g a tiv o s d e la c o n c ie n ­
cia, q u e p o n e n de m a n ifie s to la fra g ilid a d d e la re a lid a d h u m a n a .
E sta d e b ilid a d es la q u e d e b e e n fre n ta r la e d u c a c ió n .

2.3 El ser humano como persona

E l s er humano es tanto más persona cuanto más fuerte es


el yo de la palabra básica yo-tú en la dualidad humana
(Martin Buber)

El s e r h u m a n o , c o m o c u e rp o y c o m o c o n c ie n c ia , e s u na re a lid a d
p e rs o n a l. La p e rs o n a se d e fin e p o r d o s c a ra c te rís tic a s a p a re n ­
te m e n te c o n tra d ic to ria s : su in s u s titu ib le u n ic id a d y su a p e rtu ra
ra d ica l a lo o tro q u e no e s e lla m is m a . A m b a s c o n s titu y e n el m is ­
te rio de la re a lid a d p e rs o n a l, c a te g o ría q u e ha m a n e ja d o G a b rie l
M a rce l p a ra p la n te a r la in c a p a c id a d q u e te n e m o s p a ra c a p ta r la
c o n s titu c ió n p a ra d ó jic a d e l s e r p e rs o n a l. A c o n tin u a c ió n re v is a ­
re m o s c a d a un a de e s ta s c a ra c te rís tic a s .

También podría gustarte