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Pablo Pozzi - Fabio Nigra

compiladores

Huellas imperiales
De la crisis de 1929 al presidente negro

Wm ctccus
Capítulo 16
Racismo y raza ¿el motor de la historia de
Estados Unidos?

Valeria Carbone

«La raza -que por otra parte nadie sabe bien en qué
consiste - no explica absolutamente nada».
Milcíades Peña^

«Esta tierra está formada por dos culturas: una blanca y otra
negra; y yo conviví con ambas toda mi vida. Pero ahora me
dicen que los maltratamos y que tenemos que cambiar; y las
cosas están cambiando más rápido de lo que esperaba. Y me
piden que actúe de acuerdo con una nueva forma de ver las
cosas, y eso no es fácil. No es fácil para mí, ni para ningún otro
sureño».^ Episodio «America's Civil Rights Year: Mississippi: Is
This America? (1962-1964)», PBS, 1987.
En 1977, Susie Guillory Phipps solicitó al registro civil de Louisiana una
"pia de su partida de nacimiento para tramitar el pasaporte. Fue cuando
brió, consternada, que para el estado ella era una persona negra.
ndiente de la relación de un plantador y su esclava, se le asignó - más
200 años después - la categoría de «persona de color», de acuerdo a una
de 1970 que estableció que aquel que tuviese al menos 1/32 de sangre
1 («una gota») sería considerado «de color».^ Un genealogista determinó
; Phipps tenía 3 / 3 2 de sangre negra, por lo que debía ser considerada
1. Milcíades Peña. Antes de Mayo. Formas de trasplante español al nuevo mundo.
aos Aires: Ediciones Fichas, 1970, pág. 54.
2. Declaración de un miembro del «Consejo de Ciudadanos Blancos» (White
! Council; Eyes on the Prize).
3. Antes del Movimiento por los Derechos Civiles, las categorías raciales que
-ominaban en Estados Unidos eran dos -blanco y negro- solo con algunas
258 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. 259

c o m o t a l . P h i p p s inició u n a d e m a n d a j u d i c i a l p a r a q u e s e m o d i f i c a r a s u diría e l politólogo b r a s i l e r o Fábio Reís «pensar q u e c u a l q u i e r p e r s o n a c o n


clasificación r a c i a l , " * q u e concluyó e n 1 9 8 2 c u a n d o l a C o r t e convalidó ía u n a gota d esangre negra es negro, esl o m i s m o que considerar a cualquier
l e y y decidió q u e l a clasificación r a c i a l e n b a s e a l a «gota d e color» e r a p e r s o n a c o n u n a g o t a d e s a n g r e b l a n c a , blanco».^
c o n s t i t u c i o n a l . P h i p p s , habiéndose creído b l a n c a d u r a n t e t o d a s u v i d a , ^ s e «Raza», e n t a n t o categoría e x p l i c a t i v a , n o d e f i n e , o p o r sí s o l a e x p l i c a ,
convirtió así e n u n a p e r s o n a d e r a z a n e g r a . d e t e r m i n a d o s p r o c e s o s históricos. R a z a e s u n c o n c e p t o q u e , a l d e c i r d e
Y a f u e s e d e s d e e l ámbito l e g a l , científico o r e l i g i o s o , históricamente s e B a r b a r a J . F i e l d s , d e b e s e r «explicado».^
t r a t a r o n d e e s t a b l e c e r d e f i n i c i o n e s d e «raza» y c a r a c t e r i z a r l a s d e m a n e r a t a l E n t e n d e m o s «raza» c o m o u n a construcción histórica, p r o d u c t o d e u n a
q u e s e p u d i e r a c l a s i f i c a r a l a s p e r s o n a s e n categorías e s t a n c a s . L a h i s t o r i a e s t r u c t u r a d a d a p o r r e l a c i o n e s socioeconómicas y d e p o d e r político, d e d o -
de P h i p p s d e m u e s t r a q u e los seres h u m a n o s n o p e r t e n e c e m o s a u n a r a z a minación y explotación, e s t a b l e c i d a s e n u n m o m e n t o histórico d e t e r m i n a d o ,
d e t e r m i n a d a s i n o q u e s e n o s a s i g n a u n a categoría p r e s c r i t a q u e , e n e l c a s o y s u s t e n t a d a p o r u n a «ideología racial». L a noción d e r a z a s e e n c u e n t r a
e s t a d o u n i d e n s e , está d a d a p o r e l c o l o r d e l a p i e l y l a a s c e n d e n c i a . S o l o e s o intrínsecamente l i g a d a a l a noción d e «clase social», p o r l o q u e l a i d e a d e
podría e x p l i c a r cómo l o s q u e s o n c o n s i d e r a d o s «negros» e n E s t a d o s U n i d o s «lucha d e clases» r e s u l t a e s e n c i a l p a r a e n t e n d e r l a c e n t r a l i d a d d e l r a c i s m o
( t o d o s a q u e l l o s q u e t e n g a n «una gota» d e s a n g r e n e g r a ) , n o l o s e a n e n o t r o s y d e l c o n c e p t o d e r a z a e n e l d e v e n i r histórico e s t a d o u n i d e n s e . Así, «raza»
países c o m o B r a s i l , d o n d e - d a d o e l a l t o índice d e m e s t i z a j e d e l a población es u n a construcción c o n v e r t i d a e n c o n s e n s o hegemónico b a s a d a e n l a i d e a
y l a e x i s t e n c i a d e categorías r a c i a l e s a u t o i d e n t i f i c a t i v a s - l a mayoría d e d e q u e «negro» e s a q u e l c o n algún r a s t r o d e a s c e n d e n c i a n e g r a a f r i c a n a .
l a población e s «blanca» o «morena», y «negros» p u e d e n s e r t o d o s . . . o D e t e r m i n a d a según l a «regla d e u n a gota», s e t r a t a d e u n a categoría s o -
n i n g u n o . ' E n d e f i n i t i v a , s e trataría d e u n a cuestión d e percepción. C o m o cialmente construida que otorga y determina u n estatus definitivo e n l a
sociedad estadounidense.
e x c e p c i o n e s . E n 1 9 7 7 , e l g o b i e r n o f e d e r a l i m p l e m e n t o l a 0 M B Statístical D i r e c t i v e E n e l c a s o e s t a d o u n i d e n s e , h e m o s d e r e m o n t a r n o s a l a época d e l a
15, u n n u e v o m o d e l o para recopilar datos censales que consideraba cuatro razas: c o l o n i a p a r a u b i c a r e l s u r g i m i e n t o d e l a noción d e r a z a c o m o e l e m e n t o
a m e r i n d i a , asiática o d e l a s i s l a s d e l Pacífico, n e g r a y b l a n c a , a l a s q u e s e a g r e g a r o n c e n t r a l e n u n a cosmovisión d e l m u n d o q u e permitió e x p l i c a r p o r qué a l g u n o s
d o s g r u p o s étnicos: h i s p a n o s y n o - h i s p a n o s , l o s c u a l e s podían t e n e r c u a l q u i e r i d e n t i - h o m b r e s e r a n l i b r e s y o t r o s e s c l a v o s . Segiín l o s sociólogos M i c h a e l O m i y
d a d r a c i a l . E s t o s d o s g r u p o s étnicos c u e n t a n c o n u n a característica p a r t i c u l a r . Según
H o w a r d W i n a n t , e n e s t a cosmovisión, «raza» s e p r e s e n t a n o c o m o u n a
G e o r g e F r e d r i c k s o n : «the c u r r e n t c e n s u s c a t e g o r i e s o f " H i s p a n i c s " a n d " n o n - h i s p a n i c "
categoría biológica, s i n o u n a construcción s o c i o c u l t u r a l d a d a p o r r e l a c i o n e s
vyhites suggest t h a t Latinos w i t h o u t o b v i o u s I n d i a n o r Black ancestry are still w h i t e
s o c i a l e s d e p o d e r específicas e n u n c o n t e x t o histórico d a d o , y q u e h a i d o
i n s o m e s e n s e , b u t m a y n e v e r t h e l e s s b e t r e a t e d a s " t h e other"». E n 1 9 9 4 t r e s e s t a d o s
e s t a b l e c i e r o n l a polémica categoría m u l t i r r a c i a l e n f o r m u l a r i o s públicos y e d u c a t i v o s
e v o l u c i o n a n d o e n función d e c a m b i o s históricos d e t e r m i n a d o s . ' L o s p r o c e s o s
para los descendientes d e m a t r i m o n i o s m i x t o s . George Fredrickson. " T h e Historical
C o n s t r u c t i o n o f R a c e a n d c i t i z e n s h i p i n t h e U n i t e d S t a t e s " . E n : Identities, Conflict 4 3 % s e identificó c o m o «moreno», 3 9 % «blanco», 7 % «negro», 1 % «amarillo», 1 %
and Cohesión Program. N u e v a Y o r k : U n i t e d N a t i o n s R e s e a r c h I n s t i t u t e f o r S o c i a l «mulato», 6 % «pardo». S i n e m b a r g o , l a autoclasificación c o n d u j o a q u e «por increíble
D e v e l o p m e n t , o c t u b r e d e 2 0 0 3 , pág. 1 0 . q u e p u e d a p a r e c e r . . . i n t e l e c t u a l e s brasileños s e d e c l a r a n i n c a p a c e s d e d e s c i f r a r
4. Caso Sussie S m i t h versus State o f Louisiana ( 1 9 8 2 ) . quién es n e g r o e n B r a s i l , a p e s a r d e q u e l a policía, e l s i s t e m a j u d i c i a l , l o s e m p l e a d o r e s
5 . «I a m W h i t e , I a m a l l w h i t e . I w a s r a i s e d a s a w h i t e c h i l d . I w e n t t o w h i t e p r i v a d o s y públicos, m e d i o s d e comunicación y o t r o s g r u p o s e i n s t i t u c i o n e s s o c i a l e s
s c h o o l s . I m a r r i e d W h i t e twice». S u s i e G u i l l o r y P h i p p s . " W h a t M a k e s y o u B l a c k ? p u e d e n a l i n s t a n t e i d e n t i f i c a r a l o s n e g r o s c u a n d o l o s a t a c a n física o simbólicamente,
V a g u e deñnition o f r a c e i s t h e b a s i s f o r c o u r t b a t t l e s " . E n : Ebony Magazine, v o l . 3 8 , c u a n d o l e s n i e g a n e m p l e o s p a r a l o s q u e están c a l i f i c a d o s , y c u a n d o l o s c a s t i g a n
n . " 3 : ( e n e r o d e 1 9 8 3 ) , pág. 1 1 6 . c o n m a y o r severidad que a los blancos que c o m e t e n delitos d e igual o equiparable
6. E n u n a Encuesta Nacional de Hogares realizada e n 1 9 7 6 por el IGBE (Instituto gravedad». S a l e s A u g u s t o D o s S a n t o s , S a l e s A u g u s t o y O b i a n u j u A n y a . " W h o I s B l a c k
B r a s i l e r o d e Geografía y Estadística) s e i n t r o d u j o u n a i m p o r t a n t e innovación. E n i n Brazil? A T i m e l y o r a False Q u e s t i o n i n B r a z i l i a n Race R e l a t i o n s i n t h e E r a o f
l u g a r d e l a s 4 categorías r a c i a l e s t r a d i c i o n a l e s : b l a n c o , n e g r o , a m a r i l l o , y pardo Affírmative A c t i o n ? " E n : Latin American Perspectives, v o l . 3 3 , n.° 4 : ( 2 0 0 6 ) , pág. 3 7 ;
( m e s t i z o , n e g r o d e p i e l c l a r a ) , s e dejó a b i e r t a l a opción a l a autoidentificación r a c i a l . p a r a v e r l a s d i f e r e n t e s c l a s i f i c a c i o n e s r e s u l t a n t e s d e l a e n c u e s t a , véase página 4 5 ,
E l r e s u l t a d o f u e r e v e l a d o r : e n B r a s i l parecían e x i s t i r 1 3 5 categorías r a c i a l e s d i f e r e n t e s . n o t a a l p i e n.° 9 .
E l 9 4 % d e l a población s e consideró «blanco», «clarito», l e o n a d o , moreno, p a r d o y 7 . Ibíd., pág. 4 1 .
n e g r o ; m i e n t r a s q u e e l r e s t o s e dividió e n t r e o t r a s 1 2 9 categorías. D e l a s 6 categorías 8 . B a r b a r a F i e l d s . «Slavery R a c e a n d I d e o l o g y i n t h e USA». E n : New Left Review,
p r e d o m i n a n t e s , 4 7 % s e c o n s i d e r a r o n «blancos» y 3 2 % «morenos». E n e n c u e s t a s n . " 1 8 1 : N u e v a Y o r k ( 1 9 9 0 ) , pág. 1 0 0 .
a n t e r i o r e s , d o n d e s o l o figuraban l a s 4 categorías t r a d i c i o n a l e s , 5 5 % se autoidentificó 9 . D e s d e e l c a m p o d e l a sociología, l a definición d e r a z a c o m o u n a «construcción
c o m o b l a n c o , 3 4 % p a r d o , 8 % n e g r o y 3 % a m a r i l l o . Aún e n 1 9 9 5 , d e 6 2 categorías. social» e n c i e r r a l a i d e a d e q u e s e t r a t a d e u n a «etiqueta c u l t u r a l m e n t e d e t e r m i n a d a .
VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA.
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«forman, transforman, destruyen y reforman» las nociones de raza y las raciales'" superaran a la consciencia de clase que podían compartir grupos
categorías raciales que llevan aparejadas.'" raciales diferentes, enmascarando la lucha de clases en Estados Unidos? Fue
Al momento en que empieza a configurarse la noción de «raza» el sistema el racismo lo que permitió una «coalición de intereses» entre la élite blanca y
de producción esclavista se encontraba afianzado y en pleno funcionamiento, los blancos pobres, contribuyendo a suprimir conflictos de clase y desalentar
sin necesitar una justificación que lo sustentara. Para Fields, esto responde a alianzas y acciones de resistencia interraciales. Como ha planteado Eugene
que «raza», más que una mera justificación para un naturalizado sistema de Genovese, «si no se comprende la legitimidad de su ideología, no será posible
producción esclavista, surgió como una invención, una ideología" creada reahzar una estimación de la fuerza de su sistema y sus formas peculiares
social e históricamente por un grupo particular que sustentaba el poder de dominio de clase».
político y económico, y con ello, una visión de la realidad y de las relaciones El historiador Edmund Morgan^^ se remonta a fines del siglo xvii para
sociales.'^ establecer una relación dialéctica entre esclavitud, libertad y racismo.^'' Este
Ahora bien ¿Cómo logró la ideología de supremacía blanca de la clase entiende que el racismo (en tanto justificación del sistema de relaciones de
dominante'^ transferirse y ser adoptada como propia por los blancos po- social de tipo distinto Eugene Genovese. «Interpretaciones de Marx sobre el Sur
bres, no propietarios? ¿Cómo fue posible que determinadas solidaridades esclavista». En: Ensayos inconformistas sobre los Estados Unidos. Barcelona: Península,
Es decir, la clasificación de los individuos según diferenciasfisiológicasexternas 1976, pág. 112.
es puramente un producto social. La "raza", como se usa en el discurso social en 14. La idea de solidaridad racial versus solidaridad de clase que utilizamos en el
Estados Unidos, es un término falso». Shirly Better. Institutional Racism. Rowman presente artículo es tomada de Manning Marable. «La historia y la conciencia de los
y Littlefield Publishers, 2008, pág. 3. negros: la cultura política de la población negra». En: Huellas de los Estados Unidos:
10. Michael Omi y Howard Winant. "Racial Formations". En: Racial Formation in Estudios, Perspectivas y Debates desde América Latina: Buenos Aires (diciembre de
the United States: From the 1960s to the 1990s. Londres: Routledge, 1994, págs. 10- 2012). URL: http://WWW.huellasdeeua.com.ar/ediciones/edicionZ/articuloX
12. 203. pdf (visitado 09-12-2012), pág. 46.
11. Barbara Fields define ideología como «el vocabulario de la vida cotidiana, a 15. Eugene Genovese. «El Sur esclavista: una interpretación». En: La economía
través del cual las personas comprenden medianamente la realidad social en la que política de la esclavitud. Barcelona; Península, 1970, pág. 28.
viven y que construyen día a día. Es el lenguaje de la consciencia adecuado al modo 16. Edmund Morgan. Esclavitud y Libertad en los Estados Unidos: de la colonia a
la independencia. Buenos Aires: Siglo XXI, 2009.
particular en el que los seres humanos se relacionan con otros seres humanos. Es la 17. Mientras que Morgan rastrea los orígenes del racismo estadounidense en
interpretación de las relaciones sociales a través de las cuales esos seres humanos las colonias inglesas de América del Norte del siglo xvii, otro clásico de la literatura,
crean y recrean su ser colectivo en todas las variantes que pueda asumir; familia, Reginald Horsman, afirmó que «aunque el concepto de una raza anglosajona distinta
clan, tribu, nación, clase, partido, empresa comercial, iglesia, ejército, club, y otras. y superior, con una dotación innata que la capacitaba a alcanzar la perfección en sus
Como tales, las ideologías no son ilusorias sino reales, tan reales como las relaciones instituciones gubernamentales y el predominio mundial, fue producto de la primera
sociales que sostienen. Las ideologías son reales pero eso no significa que sean parte del siglo xix [período de la expansión hacia el oeste], las raíces de esta idea se
científicamente acertadas, ni que proporcionen un análisis de las relaciones sociales remontan al menos a los siglos xvi y xvii». Si bien el autor no analiza, a diferencia del
que pudiera parecer lógico a cualquiera aunque no tenga una participación ritual en enfoque aquí planteado, cómo esta ideología fue utilizada internamente para prote-
esas relaciones». Fields, «Slavery, Race and Ideology in the USA», pág. 110. ger los intereses de una clase o grupo dentro de la sociedad estadounidense sino que
12. «Raza, por otro lado, es una noción puramente ideológica. Una vez que nos se enfoca específicamente en «cómo afectó el curso de la expansión estadounidense»,
despojamos de la ideología no queda nada más que una abstracción (...). Hay una resulta relevante exponer su argumento para comprender los orígenes del anglosajo-
sola especie humana y las diferencias más dramáticas pueden ser eliminados en un nismo racial estadounidense y cómo afectó el desarrollo de una ideología racial de
acto de mestizaje (...). Eso no quiere decir que la raza sea irreal: todas las ideologías supremacía blanca. Según Horsman, entre 1530 y 1730 se creó una «visión mítica
son reales en el sentido de que son la personificación de reales relaciones sociales». del buen gobierno y del pasado inglés» absorbida, naturalizada y reproducida por los
Barbara Fields. "Ideology and Race in American History". En: Región, Race and colonos ingleses. Esta visión mítica era un «consenso general en que la Inglaterra de
Reconstruction: Essays in Honor of C. Vann Woodward. Oxford, 1982, págs. 150-151. los anglosajones había sido un país cuyos ciudadanos estaban protegidos por buenas
13. Eugene Genovese hace referencia a una clase dominante de propietarios de leyes y en que habían florecido las instituciones representativas y el juicio por jura-
esclavos compuesta por una minoría blanca aristocrática que impuso el tono social a! Aos». Se constituyó como una visión de una heroica Inglaterra sajona, democrática,
resto de la sociedad blanca (pequeños propietarios, campesinos, obreros agrícolas y ,«nante de la libertad y donde prevalecían los derechos naturales del hombre. Según
blancos pobres, al igual que a la burguesía financiera, ligada principalmente a los *1 autor, esta idea se vio reconfígurada en la segunda mitad del siglo xviii según un
plantadores). Para el autor, los propietarios de esclavos eran portadores de valores Juevo mito racial: la noción de que características raciales superiores eran el origen
y de actitudes sociales propias y distintas a las de la burguesía del Norte, que les instituciones poderosas, y que - por ende - características raciales inferiores eran
daba un nivel de autoconsciencia que los convirtió en partidarios de un sistema
RACISMO Y RAZA.
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dominación que la esclavitud como sistema de explotación implicaba) fue el negros por igual, y eran los derechos de propiedad los que otorgaban poder
que permitió nivelar y equiparar las relaciones sociopolíticas entre «libres» y acceso al sistema político. En un principio, siervos, esclavos y libertos
de distintas clases sociales - léase pequeños agricultores blancos pobres y gozaban de derechos que luego les serían negados a todos los negros. Según
grandes plantadores blancos ricos- y evitar la lucha de clases entre ellos. Morgan, las relaciones se nivelaron a posteriori recurriendo al racismo como
instrumento ideológico que permitiera hacer desaparecer las diferencias de
A partir del estudio de las relaciones sociales, de dominación política clase.^"
y explotación económica en la colonia de Virginia, Morgan afirma que,
entre 1580 y 1680 siervos escriturados blancos (primigenia y principal Durante el siglo xvii, la posibilidad de que blancos pobres y descontentos
mano de obra en la colonia) y esclavos (quienes constituyeron una pequeña se unieran a los negros para derrocar el orden establecido fue más temida
proporción de la fuerza laboral hasta 1680)'^ trabajaban codo a codo e que la de una posible rebelión esclava. Ese temor a la lucha de clases
interactuaban en situación de igualdad sociopolítica y económica." El poder pareció fundado cuando se sucedió una rebelión liderada por Nathaniel
se ejercía a través de relaciones de dominación de dase sobre blancos y Bacon en 1676. Bacon, un freeholder (propietario) de la frontera indígena
y consejero del gobernador real de Virginia, William Berkeley, que lideró
un levantamiento de colonos de clase baja (blancos pobres y negros libres)
la razón de instituciones débiles. Reginald Horsman. La raza y el destino manifiesto. en contra del gobierno colonial, y su política comercial y diplomática hacia
México, DF: FCE, 1985, pág. 21,17 y 28-44. los indios.^' En este contexto, el «racismo», dirigido en un principio hacia
18. La siguiente cita pone en evidencia el debate historiográfico relacionado los indios, permitió luego separar a los blancos libres de los negros (libres
con la sustitución masiva de mano de obra servil por mano de obra esclava. Según y esclavos). Gracias a un «muro de desprecio racial» compuesto de «la
Richard Dunn, «Morgan argumenta que para los plantadores de Virginia el trabajo arrogancia y autoimpuesta superioridad racial de los ingleses», emergió una
servil resultó más ventajoso [que el trabajo esclavo] hasta la rebelión de Bacon ideología unificadora de la élite y los blancos pobres que permitió garantizar
(1676). Yo diría, por el contrario, que los plantadores virginianos se vieron excluidos la paz social y superar la lucha de clases.
del comercio de esclavos hasta 1680 porque, siendo menos acaudalados que los de
Barbados, no podían permitirse el lujo de comprar grandes remesas de esclavos; El racismo permitió fortalecer un orden social que alivió las cargas sobre
y porque los traficantes de esclavos africanos preferían mantenerse alejados del un grupo de trabajadores (los blancos pobres) y exponencialmente aumentó
continente, siempre y cuando pudieran vender sus esclavos en forma expeditiva las de otros (los esclavos negros). Para ello, la clase dirigente de Virginia
en las islas. (...) fue la dramática expansión del comercio de esclavos después proclamó que todos los hombres blancos eran superiores a los negros y ofre-
de 1689 la que dio a los virginianos su oportunidad». Richard Dunn. "American ció a sus «inferiores sociales» blancos ciertos beneficios que antes les habían
Slavery-American Freedom: The Ordeal of Colonial Virginia by Edmund S. Morgan negado. La élite englobó a indios, mulatos y negros en una única clase paria,
Review". En: The William and Mary Quarterly, vol. 33, n.° 4: (octubre de 1976), y en una única clase dominante a grandes y pequeños plantadores blancos^^
pág. 671. para generar un sentimiento de identificación y «solidaridad racial».
19. En la época de la colonia existieron dos formas de subordinación y do-
minación de la mano de obra: servidumbre por contrato y esclavitud. Los siervos
escriturados estaban atados por contratos de una determinada cantidad de años (que 20. «La pequeña proporción de propiedad humana [esclavos] del pequeño
podían prolongarse si el siervo cometía, a criterio de su empleador, algún «delito»), agricultor lo colocaba del mismo lado de la cerca que el gran plantador, a quien
que implicaban que, durante la duración del mismo, estos últimos se quedaban con regularmente elegía como protector de sus intereses (...) percibían cierta identidad
todo lo que los siervos producían y solo debían proveerles comida, ropa y techo. común con los grandes plantadores porque la tenían. Ninguno era esclavo. Y ambos
Según Morgan, en esta época era difícil distinguir entre siervos y esclavos no solo eran iguales en no serlo». En ibíd., págs. 369-370.
por el tipo de trabajo que realizaban, sino en relación al trato que recibían. Mientras 21. Según la «Declaración del Pueblo de Virginia», los rebeldes («blancos pobres
perdurase su contrato, el siervo «se transformaba por unos años en una cosa: una y negros libres y descontentos») exigían la expulsión de los indígenas de la frontera,
mercancía que tenía precio», de la que abusaban «con intolerable opresión y duro así como el fin del «corrupto» y «tirano» gobierno de Berkeley: un gobierno que se
uso». En un comienzo, las condiciones en las que vivían los siervos fueron extendidas , negaba a adoptar medidas para proteger a los colonos de los ataques nativos, tenía
a los negros, para luego convertirse en más represivas para estos últimos. La gradual capitales e intereses invertidos en el comercio de pieles indígenas, y cobraba impues-
y posteriormente masiva sustitución de siervos por esclavos hacia fines del siglo xvii y tos coloniales excesivos e injustificados. Nathaniel Bacon. "Declaration of Nathaniel
comienzos del xviii fue aliviando la amenaza que representaban los libertos (pobres,
sin propiedades o capital), y eventualmente, le puso fin. Sin embargo, hay indicios jBacon in the Ñame of the People of Virginia, July 30, 1676". En: Massachusetts
de que los dos grupos en un principio consideraron que compartían los mismos 'Historical Society Collections, vol. 9: (1871), págs. 184-187.
problemas y pertenecían al mismo estrato social. Morgan, Esclavitud y Libertad en los 22. Morgan, Esclavitud y Libertad en los Estados Unidos: de la colonia a la
Estados Unidos: de la colonia a la independencia, págs. 312-318. kpendencia, pág. 375.
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264 265
Fue a través del sistema legal que el racismo se racionalizó en una justificación es una visión muy moderna, porque la esclavitud
ideología racial.^^ Una ley de 1682 convirtió en esclavos a todos los sirvientes ha sido una forma característica de organización social durante
no cristianos importados. Dado que solo indios y africanos encajaban en gran parte de la historia de la humanidad. Solo en tiempos rela-
esta descripción, y que en 1667 se había decidido ya que la conversión tivamente modernos los seres humanos vieron la necesidad de
al cristianismo no modificaba la condición de esclavo,^'' esta ley permitió encontrarle una justificación. En cambio, durante mucho tiempo
el desarrollo de la esclavitud sobre un fundamento racial. En 1691, se la dieron por sentada ( . . . ) . A mi juicio, fueron circunstancias
estipuló que la liberación de esclavos africanos era ilegal, y en 1705 se excepcionales las que condujeron a que se creyera necesario
determinó que los esclavos eran «propiedad heredable» que podía legarse justificar la esclavitud más allá del sentido común. Así fue como
conjuntamente con otras pertenencias muebles e inmuebles. A los negros la preeminencia de la libertad, y no la esclavitud, fue lo que creó
libres se les prohibió el ejercicio del poder político, de adquirir propiedades la extraordinaria situación que demandó la increíble invención
o de servir en la milicia. que representa la ideología racial estadounidense ( . . . ) . Los por-
Barbara Fields, por su parte, rastrea el surgimiento de la noción de tadores naturales de esa libertad inalienable, al mismo tiempo
ideología racial y de raza en una época posterior, y bajo premisas diferentes que mantenían negros como esclavos, vieron a la "raza" como
a las postuladas por Morgan. Para la autora, el racismo no surge como una verdad evidente en sí misma».^^
consecuencia de un rechazo o «desprecio racial» de un grupo étnico (blancos)
hacia otro/s (indígenas o negros), sino como una justificación necesaria Fields refiere a una paradoja histórica: la condición necesaria para el
de la idea de que los colonos ingleses blancos gozaban de una «libertad surgimiento del racismo que dio origen a la noción de raza, fue la idea de
natural e inalienable» que era negada a esclavos de ascendencia africana. «igualdad de todos los hombres». En las sociedades basadas en la presunción
Esta ideología racial «propiamente estadounidense» surge en un momento de desigualdad se genera una estructura jerárquica aceptada como «natural»,
fundacional para la nación: la Revolución de Independencia. Según Fields, que ni siquiera los miembros de los estratos inferiores ponen en entredicho.^^
Así, no se plantea la necesidad de justificar la posición de los subordinados en
«la "libertad" no llegó a ser posible para los estadounidenses de función de alguna característica específica que los haga menos meritorios que
ascendencia europea hasta que se instituyó la esclavitud para los el resto. Sin embargo, al asumir la sociedad una aceptación de los principios
estadounidenses afrodescendientes, se definió a estos últimos de libertad e igualdad, fue «necesario» atribuir a determinados grupos - a
como una "raza" y se identificó su inferioridad innata como aquellos a los que sistemáticamente se les negó esos «derechos inalienables
justificación o racionalización de su esclavitud. Fue durante la de todos los hombres»- diferencias que los hacían «inferiores». Es decir,
Revolución estadounidense que esta ideología surgió en el de- el racismo surgió como resultado de la contradicción entre los principios
bate entre opositores y defensores de la esclavitud, por lo que igualitarios y el trato excluyente de determinados grupos étnicos, y de la
fue en aquella época en la que nacieron lo que denomino los necesidad de justificar el somerimiento de ciertos grupos a condiciones de
"gemelos siameses": la democracia y el racismo estadounidense. servidumbre, separación forzada o margínación.
No digo que la ideología racial se desarrolló como justificación En el «contexto» al que Fields refiere, además de debatirse cuestiones
de la esclavitud. La idea de que la esclavitud es un sistema apremiantes como la forma de gobierno de la naciente república,^'' se planteó
moralmente erróneo y que practicarla requiere una elaborada la espinosa cuesdón de la abolición de la esclavitud, qué hacer con los negros
23. «La raza no explica la ley Más bien, la ley muestra a una sociedad en el acto libres, cómo integrarios (de hacerio) a la vida socioeconómica y cívica, qué
de inventar la raza». Fields, «Slavery Race and Ideology in the USA», pág. 107. derechos otorgarles, cómo considerarlos jurídicamente, y cómo regular las
24. Usualmente, los esclavos traficados por comerciantes españoles y portugue- 25. Barbara Fields. Presentation given by historian Barbara J. Fields at a "School"
ses eran bautizados y convertidos al cristianismo, como parte del proceso evangeliza- for the Producers of RACE. March2001. 2003. URL: http://www.pbs.org/race/
dor. Algunos de los esclavos llegados a Virginia eran cristianos y otros se convirtieron 000_About/002_04-background-02-02 . htm (visitado 24-09-2012), si bien la
como estrategia para escapar de su condición. Sin embargo, una ley de 1670 que cita es extensa, la reproducimos porque nos parece que expresa exactamente la
había definido como «esclavos de por vida» a todos aquellos «sirvientes no-cristianos conceptualización de la autora sobre el tema.
traídos por barco», también prohibió la libertad de los «siervos» a través de la con- 26. «No hay necesidad de justificar la esclavitud en una sociedad en la que todo
versión al cristianismo. Estos «sirvientes no cristíanos» convertidos en «esclavos de el mundo se encuentra en alguna relación de subordinación heredada: siervos y
por vida» eran, casi sin excepción, africanos o indígenas. Así, la religión fue uno de amos, vasallos y Señores, Señores y Reyes, Reyes y Reyes de Reyes», ibíd.
los primeros elementos de identificación racial en las colonias británicas. 27. Alexander Hamilton, ed. El Federalista. Buenos Aires: FCE, 2001.
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266
relaciones entre las razas. En este contexto, «los principios democráticos que los negros no podían ser asimilados a la sociedad blanca,^^ y apoyó
colapsaron y la supremacía blanca se hizo presente».^^ Incluso, aquellos que proyectos de emigración de negros libres a otros territorios.^^ Cuando asu-
se manifestaban a favor de la emancipación, o referían a la conveniencia de mió como presidente en 1861 declaró, en su discurso inaugural, no tener
una gradual liberación de los esclavos, lejos estaban de pensar en integrarlos intención alguna de interferir con la institución de la esclavitud y se com-
a la vida sociopolítica de la república independiente. prometió a apoyar y hacer cumplir la legislación referente a la captura y
Lafilosofíamás expandida hablaba de emanciparlos y «devolverlos a su restitución de esclavos fugitivos.^'' Aún después de firmar la Proclama de
tierra». Thomas Jefferson y sus escritos sobre la raza constituyen en este Emancipación (1863) - u n a estrategia política pensada más en términos
sentido un ejemplo perfecto de dicha racionalización de una ideología racial
a fines del siglo xviii. Jefferson, poseedor de más de 600 esclavos y padre am not, ñor ever have been, in favor of making voters or jurors of negrees, ñor of
biológico de algunos de ellos, estaba convencido tanto de los beneficios qualifying them to hold office, ñor to intermarry with white people; and I will say, in
addition to this, that there is a physical difference between the white and black races
económicos de la esclavitud como sistema de producción,^' como de su which I believe will forever forbid the two races living together on terms of social
conveniencia moral dada la inferioridad innata de los afrodescendientes. and politícal equality. And inasmuch as they cannot so live, while they do remain
Jefferson no creía en la posibilidad de una sociedad racialmente integrada together there must be the position of superior and inferior and I as much as any
en la que los negros fuesen hombres libres de pleno derecho, sino que other man am in favor of having the superior position assigned to the white race».
consideraba que - d e liberarlos- debían vivir en una sociedad separada.^" Abraham Lincoln. "Fourth Joint Debate at Charleston (sept. 18, 1858)". En: Political
La opinión de Jefferson no era más que el reflejo de la visión de la élite Speeches and Debates of Abraham Lincoln and Stephen Douglass, 1854-1861. Chicago:
de la época. Hacia 1790, se popularizó la idea de que el Congreso debía Scott Foresman & Company, 1900, pág. 283.
adquirir una colonia en África y disponer el traslado de los negros que qui- 32. «There is a natural disgust in the minds of nearly aU white people to the
sieran adquirir su libertad, demostrando que el sentimiento anti-esclavista idea of indiscriminate amalgamation of the white and black races (...) A separation
era una cosa y la integración racial otra. Hasta el gran emancipador de los of the races is the only perfect preventive of amalgamation, but as an immediate
separation is impossible, the next best thing is to keep them apart where they are
esclavos, Abraham Lincoln, fue un ferviente creyente en la ideología de la not already together». Abraham Lincoln. "Speech at Springfíeld, Illinois (junio 26,
supremacía de la raza blanca, rechazó la idea de la igualdad social de las 1857)". En: Political Speeches and Debates of Abraham Lincoln and Stephen Douglass,
razas,^^ compartía la convicción de la mayoría de sus contemporáneos de 1854-1861. Chicago: Scott Foresman & Company, 1900, págs. 47-50.
33. «I have said that the separation of the races is the only perfect preventive
28. Manning Marable. "The Racial Contours of the Constítution". En: Black of amalgamation (...). Such separation, if ever effected at all, must be effected
Leadership, four great American leaders and the struggle for Civil Rights. Londres: by colonization; and no political party, as such, is now doing anything directíy
Penguin Books, 1999, pág. 7. for colonization. Party operations, at present, only favor or retard colonization
incidentally. The enterprise is a difficult one; but "where there is a will there is a
29. Henry Wiencek. "The Dark Side of Thomas Jefferson". En: Smithsonian Mag- way"; and what colonization needs most is a hearty will. Will springs from the two
azine: (octubre de 2012). URL: www.smithsonianmag.com/history-archaeology/ elements of moral sense and self-interest. Let us be brought to believe it is morally
The-Little-Known-Dark-Side-of-Thomas-Jefferson-169780996.html (visitado right, and, at the same time, favorable to, or, at least, not against, our interest, to
19-11-2012). transfer the African to his native clime, and we shall find a way to do it, however
30. En su «Notes on the State of Virginia. Query XIV» (1787) Jefferson menciona great the task may be». En ibíd., pág. 51.
numerosas razones (políticas, físicas y morales) por las que los negros no podían 34. «I have no purpose, directly or indirectly, to interfere with the institution of
ser incorporados al estado como ciudadanos de pleno (o limitado) derecho. Para él, slavery in the States where it exists. I believe I have no lawful right to do so; and I
las diferencias naturales entre ambas razas y los recelos generados por 400 años de have no inclination to do so (...). There is much controversy about the delivering
desigual relación conducirían a divisiones y conflicto social que solo conduciría al up of fugitives fi-om service or labor The clause I now read is as plainly written in
exterminio de una u otra raza: «los negros, ya de por sí una raza distinta, son - e n the Constitution as any other of its provisions: "No person held to service or labor
cuerpo y mente- inferiores a los blancos (...). Esta desafortunada diferencia en el in one State under the laws thereof, escaping into another, shall, in consequence of
color de la piel, y tal vez en las facultades mentales, es un poderoso obstáculo para any law or regulation therein, be discharged from such service or labor, but shall
su emancipación (...). Cuando sean libres, deberán ser removidos y alejados de la be delivered up on claim of the party to whom such service or labor may be due".
posibilidad de mestizaje o integración». Jan Lewis y Peter Onuf, eds. Salfy Hemings It is scarcely questioned that this provisión was intended by those who made it for
and Thomas Jefferson: History, Memory, and Civic Culture. Virginia: University Press the reclaiming of what we cali fugitive slaves; and the intention of the lawgiver is
of Virginia, 1999, págs. 264-268. the law. All members of Congress swear their support to the whole Constitution».
31. «I will say, then, that I am not, ñor ever have been, in favor of bringing Abraham Lincoln. "Lincoln's First Inaugural Address (marzo , 1861)". En: Political
about in any way the social and political equality of the white and black races; that I
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militares que raciales-^^ para Lincoln seguía siendo inconcebible pensar Manning Marable, para los aft-oestadounidenses, la raza pasó a ser también
un lugar de resistencia.^^
a los negros como política y socialmente iguales a los blancos. Los negros Nos interesa particularmente la idea de «raza como lugar de resistencia»,
nunca estarían en condiciones de igualdad ante sus superiores raciales, por ya que a partir de ella podemos entender la historia afroestadounidense
lo que una vez liberados debían ser «enviados a su tierra natal» para evitar como una historia de lucha por los espacios de poder político y económico,
toda posibilidad de integración o amalgama social. Como diría Theodore una lucha contra la subordinación y subyugación de un grupo sobre otro.
Draper, «de Jefferson a Lincoln, la "colonización" fue la solución favorita del La historia de los negros en Estados Unidos es una historia de resistencia
hombre blanco para el problema negro».^^ (cultural, de acción directa, de rebeliones y violentos levantamientos arma-
A partir de lo precedente, podemos ver cómo el concepto de raza repre- dos) contra las formas retóricas, estructurales e institucionales del racismo
senta una racionalización de un sistema de opresión, explotación y domina- blanco.
ción, elaborado en un contexto histórico particular, fuertemente enraizado
en las estructuras de poder de la clase dominante blanca y determinado por
el color de la piel y la ascendencia. Ser «negro» en Estados Unidos está dado Racismo, ideología racial y raza
por un conjunto de estructuras sociales y económicas de subordinación, ra- Como venimos vislumbrando, «raza» no es lo mismo que «racismo», y la
cionalizadas y justificadas por una ideología de supremacía de la raza blanca. distinción entre ambos conceptos no es menor. A pesar de ser prácticamente
Históricamente, el significado y la realidad concreta de la raza fueron un utilizados como sinónimos, ambos conceptos no refieren ni pretenden ex-
producto de la dominación de clase: al mismo tiempo que se inventa la «raza plicar lo mismo. Fields entiende «racismo» (en tanto sistema de creencias y
blanca» dominante, se inventa la «raza negra» dominada. Una no puede actitudes que otorgan especial importancia a las diferencias raciales) como
existir sin la otra. Pero al mismo tiempo, como ha destacado el historiador la asignación de personas a una categoría racial inferior, y la determinación
de su condición social, económica, cívica y humana sobre la base de que
Speeches and Debates of Abraham Lincoln and Stephen Douglass, 1854-1861. Chicago: una «raza» es superior a otra y debe dominarla. En este marco, el racismo
Scott Foresman & Company, 1900, págs. 530-531. adquiere poder en cuanto adopta la forma de disposiciones instituciona-
35. «My paramount object in this struggle is to save the Union, and is not either les y sociales que perpetúan la subordinación y explotación de un grupo
to save or destroy slavery. If I could save the Union without freeing any slave, I would determinado.
do it, and if I could save it by freeing all the slaves, I would do it; and if I could save Para la autora, (poniendo en juego los mismos conceptos que Morgan)
it by freeing some and leaving others alone, I would also do that. What I do about es en la necesidad de resolver la contradicción entre esclavitud y libertad
slavery and the colored race, I do because I believe it helps to save the Union». Robert (como derecho natural e inalienable del hombre blanco) que el racismo de los
Morgan. "The 'Great Emancipator' and the Issue of Race: Abraham Lincoln's Program colonos ingleses creó la noción de «raza»: la esclavitud de la población negra
of Black Resetdement". Facsímile of text of Lincoln's letter of August 22, 1862 to
Horace Greeley, editor of the New York Tribuna. En: The Journal of Historical Review, fue interpretada como consecuencia de su inferioridad innata. Si hubiese
vol. 13, n.° 5: (1993). URL: http://www.ihr.org/jhr/vl3/v13n5p-4_Morgan.html sido a la inversa, y la raza se hubiese entendido como racismo, la esclavitud,
(visitado 25-12-2012). en lugar de algo que los esclavos eran, se hubiese evidenciado como algo
que los esclavistas hadan. En el imaginario de los colonos, la población
36. Theodore Draper. El nacionalismo negro en Estados Unidos. México, DF: negra era esclava porque era naturalmente inferior, y son percibidos como
Siglo XXI, 1970, pág. 13; esto dio lugar a importantes movimientos de «Retorno a inferiores aquellos que de por sí son vistos como oprimidos.
Africa», como el encabezado por la American Society for Colonizing the Free People
of Color in the United Sates; la Free American Society, la empresa «repatriadora» En pocas palabras, el racismo de la élite colonial, dio lugar a una «ideolo-
de Paul Cuffe, las African Instítutions de Baltímore, Filadelfia y New York, e incluso gía racial» que creó una categoría (raza) para explicar la situación política y
el nacionalismo emigracionista de Martin Delany, el de la Asociación Africana de socioeconómica de un determinado grupo que en la sociedad experimentaba
Emigración y la Sociedad Internacional de Emigración. En 1831 se celebró en una opresión y explotación sistémica (los negros).
Filadelfia la primera Convención Nacional Negra que resolvió apoyar los intentos de
emigración a Haití o Canadá, pero condenó la emigración a Liberia como perjudicial
para el negro estadounidense. En 1833, la Tercera Convención Nacional Negra se 37. Manning Marable. "Race and Revolution in Cuba: African American Perspec-
pronunció en contra de la emigración, salvo como recurso desesperado para escapar tives". En: Soub: (1998), pág. 7.
de la esclavitud. Esto respondió a que, hasta para los más fervientes emigracionistas, 38. Barbara Fields. "Of Rogues and Geldings". En: The American Historical
la emigración no se presentaba como una solución práctica para la totalidad de la Review, vol. 108, n.° 5: Nueva York (diciembre de 2003).
población negra residente en territorio estadounidense.
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La ideología racial y la noción de raza pasaron a ocupar un lugar central mantener a los grupos «racialmente inferiores» en situación de opresión,
en la legitimación del poder de la clase dominante blanca. Gracias a su manteniendo y preservando la dominación, privilegio y acceso a los recursos
funcionalidad para racionalizar intereses colectivos de clase, el racismo, la de los sectores dominantes (de raza blanca).'*' Cuando la ideología racial se
ideología racial y la raza otorgaron la justificación necesaria en las coali- convierte en parte integral de las estructuras económicas, políticas y sociales
ciones de clase que gobernaron Estados Unidos, permitiendo fragmentar a del estado, y domina las prácticas sistemáticas de instituciones públicas y
los sectores dominados segiin cuestiones raciales.^' Así, las «solidaridades privadas, empresas e incluso el mercado de trabajo, hablamos de racismo
raciales» atentaron históricamente contra las «solidaridades de clase». institucional.'*^
«Raza» y «racismo» se configuraron como construcciones ideológicas Manning Marable afirma que Estados Unidos evolucionó históricamente
de los sectores dominantes que justificaron y legitimaron la dominación hasta devenir en un estado racista-capitalista: un estado cuya estructura
de un grupo sobre otro; demarcando esa famosa «línea de color»"*" que socioeconómica y política se caracteriza por ser eminentemente racista, ca-
históricamente separó a los blancos de ascendencia europea, anglosajona pitalista y comprometida con una forma de democracia burguesa limitada."*^
y protestante de otras razas socialmente «inferiores». Y, como lo demostró En este tipo particular de estado, el racismo - u n a construcción con lógica
el caso Phipps, aun a fines del siglo xx, basta una gota de sangre «negra»
para quedar en el bando contrario. En este punto, y antes de seguir adelante, 43. Para esta definición, nos basamos en los sociólogos Francis Fox Piven y
creemos necesario aclarar que no pretendemos ignorar las experiencias y Richard Cloward, y en Thomas Sugrue. Los dos primeros afirman que «en cada
trayectorias históricas de otras minorías étnicas en Estados Unidos (comu- período, las élites que ascienden al poder emplean los poderes del gobierno nacional
nidades nativas, latinos, japoneses, chinos, etc.), pero nos centramos en la y local para subyugar a los negros. Todo el aparato de gobierno -sus legislaturas, su
sistema judicial y ejecutívo- es utilizado para perpetuar el sistema de castas en el Sur,
comunidad negra porque entendemos que la experiencia de los afroestadou- y la segregación y discriminación en el Norte». Francis Fox Piven y Richard Cloward.
nidenses contimía definiendo los contornos fundamentales de la raza y el Poor People's Movements: Why they succeed, how they fail. Nueva York: Vintage Books,
racismo en dicha sociedad.''' 1979, págs. 184-185; por su parte, el historiador Thomas Sugrue entiende la noción
de raza como una construcción política que permitió asignar a un segmento de la
Institucionalización y evolución del racismo en Estados Unidos población (y privar a otro) el poder político, los recursos económicos y los derechos
ciudadanos, y «cuyas perniciosas consecuencias solo pueden deshacerse a través de la
En esta instancia, nos parece importante clarificar lo que entendemos acción política». Thomas Sugrue. Sweet Land of Liberty: The forgotten struggle for civil
por «racismo institucional» y cómo se convirtió en parte inherente del rights in the north. Nueva York: Random House Trade Paperback, 2009, pág. XXIII.
estado estadounidense. Stockeley Carmichael y Charles Hamilton, líderes del 44. Autores como el sociólogo Aldon D. Morris hablan de racismo institucional
Student non-violent Coordinatting Committe y militantes del Black Power, como sinónimo de «estructura (política, económica y social) del poder blanco», pero
fueron quienes en 1967 acuñaron este término para referir a «los actos de nos parece que sin hacer referencia a los factores ideológicos (superestructurales),
toda la comunidad blanca contra la comunidad negra», que se originan en no podemos entender como ese poder se conforma y ejerce a la hora de mantener
el predominio y activa pervivencia de actitudes, prácticas y políticas que el status quo racial. Aldon Morris. The origins of the Civil Rights Movement: Black
Communities organizing for change. Nueva York: The Free Press, 1986; de la misma
perpetúan la subordinación de los negros."*^ manera, nos parece insuficiente la definición de la antropóloga Faye Harrison quien
Nos referimos a la capacidad de las clases dominantes de, en distintos afirmó que debemos entender el racismo como un nexo de relaciones materiales en
momentos históricos, utilizar todas las herramientas del poder local y nacio- las que prácticas sociales y discursivas perpetúan relaciones de poder opresivas entre
nal para llevar a la práctica y perpetuar una ideología racial que les permita poblaciones presuntamente diferentes. Faye Harrison. "The Persistent Power of 'Race'
39. Alexander Saxton. The Rise and Fall of the White Republic. Class Politics and in the Cultural and Politícal Economy of Racism". En: Annual Review ofAnthropology,
vol. 24: Nueva York (1995), pág. 65.
Mass Culture in Nineteenth Century America. Londres: Verso Books, 1990, págs. 1-6. 45. Marable, «Race and Revolution in Cuba: African American Perspectives»,
40. «El problema del siglo xx es el problema de la línea de color, la relación pág. 4. Michael Omi desarrolla una noción similar cuando refiere a la institucionali-
entre los hombres de razas más oscuras y más claras en Asia y África, en América zación del poder en Estados Unidos como un «poder racializado» y a la importancia
y las islas del mar». William Edward Burghardt Du Bois. The Souls of Black Folk. de «discernir entre la relación entre la raza y el racismo y estar atento a las trans-
Pennsylvania: Pennsylvania State University, 2006, pág. 16. formaciones en la naturaleza del "poder de la raza". La distribución del poder - y
41. Michael Omi. "The changing meaning of Race". En: America Becoming: Mcial su expresión en las estructuras, ideologías y prácticas en los distintos niveles insti-
Trends and Their Consequences. Vol. 1. Natíonal Research Council, 2001, pág. 251. tucionales e individuales- es significativamente "racializado" en nuestra sociedad.
42. Stockely Carmichael y Charles Hamilton. Black Power: The Politics of Libera- Los cambios en lo que a "raza" implica son indicativos de las reconfíguraciones en
tion in America. Nueva York: Vintage Books, 1967, págs. 2-6.
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propia- se «institucionaliza» con el objeto de preservar y perpetuar el privi- La institucionalización del racismo estadounidense se produjo rápida-
legio y poder de la raza blanca dominante/^ El racismo se presenta como mente. En la Convención Constituyente de 1787 se determinó, en lo que
una construcción con lógica propia y sistémica que forma parte inherente fue el «compromiso de los 3/5», que por cuestiones impositivas y de repre-
y se encuentra profundamente enraizada en la estructura política, social y sentación política, un esclavo sería considerado como 3/5 de un hombre
económica de Estados Unidos. libre.''^ La Constitución se encargó luego de proteger los derechos de la
Marable, en lo que se nos presenta como una interesante conjunción clase esclavista, condonando y legalizando tanto la esclavitud como el co-
entre las premisas de Morgan y Fields, afirma que antes de la Revolución mercio de esclavos.'" Seguidamente, en 1790, una ley limitó el derecho de
de Independencia, las leyes en las colonias buscaron perpetuar la suprema- naturalización solo a «personas blancas libres» de «buen carácter moral»
cía de la clase de comerciantes y plantadores. El propósito ulterior de tal (excluyendo a libertos, esclavos, y más adelante, inmigrantes de origen
legislación era la de suprimir a la clase baja de trabajadores y pequeños asiático),^" y en 1792 se sancionaron las primeras leyes segregacionistas
agricultores, tanto blancos como negros, y mantener el poder de la élite
local de plantadores y comerciantes. Dado que la mayoría blanca también revolución americana vista desde el fondo». En: Ensayos inconformistas sobre Estados
se encontraba privada de sus derechos políticos por requisitos de propiedad, Unidos. Barcelona: Ediciones Península, 1976, págs. 15-56.
«blancos y negros pobres a veces cooperaron entre sí para desafiar al status 48. Es importante aclarar que el artículo 1, sección 2 de la Constitución hacía
quo político conservador. La Revolución dividió profundamente a la élite referencia a «hombres libres» (ya fuesen afrodescendientes o de ascendencia europea)
y a «otros hombres» (sinónimo de esclavos). Más allá de que la referencia es implícita,
colonial blanca y desató un movimiento popular y democrático entre las el documento no refiere a «blancos» o «negros», siquiera a esclavos. Los delegados
clases bajas»."*^ que se oponían a la esclavitud habían propuesto que solo contaran (para el pago
de impuestos y proporcionalidad en términos electorales) los habitantes libres de
cada estado. Los delegados esclavistas, por su parte, abogaron por considerar a
el carácter de "poder racializado" y hacen hincapié en la necesidad de cuestionar «otros hombres» en su totalidad, dándoles la ventaja de una mayor representación
conceptos específicos del racismo». Omi, «The changing meaning of Race», pág. 244. (establecida en base a la cantidad de habitantes) en la Cámara y el Colegio Electoral.
46. Manning Marable. "Structural Racism: a short History". En: The Great Wells El «compromiso de los 3/5» finalmente redujo el poder de los estados esclavistas en
ofDemocracy. Nueva York: Perseus Book Group, 2002, pág. 29. relación a su propuesta original, pero los aumentó en relación a la propuesta por los
47. Marable, «The Racial Contours of the Constítution», págs. 4-4; otros autores estados del Norte.
desafían la lectura de la historiografía tradicional y comparten el enfoque de Marable 49. El artículo 1, sección 9 de la Constitución estipuló que «la migración o impor-
de la Revolución estadounidense como un fenómeno protagonizado por los sectores tación de personas que cada estado considere apropiado admitir no será prohibida
populares. Peter Linebaugh y Marcus Rediker hacen referencia a la revolución como antes del año 1808, aunque se podrá imponer un impuesto a esta importación, que
una «experiencia proletaria», conducida por una «cuadrilla variopinta» (multiétnica), no excederá los USD 10 por persona». El artículo 4 allanó el camino para la sanción
cuyos intereses de clase se vieron desplazados por la élite política y económica que de las leyes de esclavos fugitivos de 1783, al exigir la devolución a su dueño de todo
llevó adelante una «contrarrevolución». Peter Linebaugh y Markus Rediker. La hidra esclavo recapturado, y prometió ayuda federal a los estados en los que se sucedieran
de la revolución. Marineros, esclavos y campesinos en la historia oculta del Atlántico. rebeliones de esclavos. De esta manera, lá Constitución estadounidense no solo
Barcelona: Crítica, 2005, pág. 271; Howard Zinn y Jesse Lemisch concuerdan con legalizó la esclavitud sino que la reforzó, al fomentar el incremento del comercio de
este planteo. Zinn hace referencia a las numerosas revueltas populares para derrocar esclavos antes de 1808, cuando se abría la puena a su posible prohibición.
a los «abusivos» gobiernos coloniales, las rebeliones de negros en las plantaciones, 50. En este punto creemos importante aclarar que en Estados Unidos, el racismo
los levantamientos contra la recaudación de impuestos y el reclutamiento forzoso se dirigió también contra otros grupos «no-blancos», que fueron objeto de discrimina-
para la milicia, Howard Zinn. «La tiranía es la tiranía». En: La otra historia de Estados ción y racismo institucional. Se sancionaron leyes que limitaron y luego prohibieron
Unidos. México, DF: Siglo XXI, 2005, págs. 50-62; Jesse Lemisch, en su intención la inmigración de trabajadores chinos y japoneses; se cuestionó por motivos de
por denunciar la historia tradicional («nuestra primera historia se ha visto como un raza la conveniencia de la inmigración obrera del sur y este de Europa, se sancionó
período de uniformidad y desclasación»), plantea una historia «desde abajo». Cita la primera ley antimestízaje (1905) que prohibió las uniones entre «caucásicos» y
la existencia de revueltas de esclavos de 1776, las huelgas de jornaleros blancos, «mongólicos» (un término lo suficientemente vago y amplio como para englobar
y en partícular, la oposición de la muchedumbre a la ley del Timbre de 1765. Si genéricamente a grupos étnicos de origen asiático), y en la década del veinte se
bien la élite colonial se sumó a los tumultos con la estrategia del boicot (cerraron aprobaron leyes de inmigración que establecieron un sistema de cuotas basado, en
los negocios u oficinas que se verían afectados por la nueva ley) considera que los parte, en creencias acerca de las características innatas de diversas poblaciones. En
sectores populares no fueron manipulada por esta, como interpretaron no solo los el fondo, lo que el racismo instítucional encubrió fueron los efectos que la crisis
ingleses de la época, sino la historiografía tradicional. La revolución «de los de abajo» estructural de la economía venía produciendo en los sectores populares desde fines
fue un acto de oposición tanto al poder real como al colonial. Jesse Lemisch. «La de la Guerra Civil. Muchos trabajadores comenzaron a perder terreno económico y
274 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. 275
dirigidas específicamente contra negros libres. Entre 1820 y 1830 la mayoría Dred Scott, un esclavo que había tratado infructuosamente de comprar
de los estados prohibieron o limitaron el derecho al voto a los negros libres su libertad, inició una demanda judicial para obtenerla. Cuando el caso
que gozaban aún de esa prerrogativa, e incluso se les prohibió ejercer ciertas llegó a instancias de la Corte Suprema, la misma resolvió negarle la libertad
actividades económicas, oficios y profesiones.^' aduciendo una simple premisa: Scott era negro, condición que por sí misma
Si bien la tendencia no podía ser más clara, se reforzó con un fallo de le negaba la libertad.^'' La Corte catalogó jurídicamente a los esclavos como
la Corte Suprema de Justicia que sentó precedente e implicó un verdadero «bienes muebles heredables», a los negros -libres o n o - como «seres de un
punto de inflexión en la racionalización y legitimación de la teoría de orden inferior, y en conjunto, no aptos para asociarse con la raza blanca, ya
lainferioridad de la raza negra. En 1857, se resolvió en el caso Dred Scott sea en las relaciones sociales o políticas, y en tanto inferiores, sin derechos
versus Sandford, negarle el derecho de ciudadanía a los negros, fueran o que deban ser cumplidos o respetados por el hombre blanco»,** e ineptos
no esclavos. Este caso es históricamente emblemático porque proporcionó para la ciudadanía.
una definición de ciudadanía," determinó la condición cívica de los negros A pesar de esto, los negros se resistieron y lucharon contra todo este
libres, y - e n consonancia con ello- clarificó y legalizó las premisas básicas sistema de dominación, opresión y racismo institucionalizado. Lo hicieron
de la ideología racial estadounidense y con ello, la inferioridad racial del cotidianamente en sus lugares de trabajo y residencia (recurriendo al sabota-
negro.*' je y al boicot de tareas, disminuyendo los ritmos de producción, aduciendo
enfermedades, inclusive apelando a la automutilación y al suicido), huyendo
sintíeron el impacto que la perspectiva de competencia laboral de los «no-blancos» y convirtiéndose en fugitivos, refugiándose en comunidades cimarronas
implicaba para sus condiciones de vida. Así, los trabajadores blancos se volvieron (maroon communities o runaway slave communities), protagonizando im-
contra otros grupos raciales y étnicos, en lugar de movilizarse con ellos en contra de
los grandes propietarios de tierras, comerciantes, financistas y empresas corporativas
que explotaban a las clases proletarias no propietarias de ambas razas.
51. Se les negó el derecho a adquirir tierras, se les prohibió hospedarse en hoteles
y comer en restaurantes. Se impusieron requisitos de propiedad y alfabetización
para dificultar la prerrogativa de los negros a ejercer sus derechos electorales. En
estados como Pensilvania e Indiana directamente se les prohibió votar. En 1805,
Maryland prohibió a los negros libres vender trigo, maíz o tabaco sin una licencia
estadual, atentando contra su progreso económico. En 1807, Ohio aprobó una
ley solicitando «el registro y vinculación personal de cada negro, con la suma de
USD 500» del estado. Luego, se determinó que solo podrían contraer matrimonio outside the politícal community: "The questíon before us is, whether the class of
con la autorización de sus «amos», se les prohibió demandar a, o testificar contra, persons described in the plea in abatement compose a portion of this people, and
personas blancas; se determinó legalmente que las mujeres esclavas «no podían are constituent members of this sovereignty? We think they are not, and that they
ser violadas» por su propietarios (avalando situaciones de violencia de género y are not included, and were not intended to be included, under the word «citizens» in
criminalizando posibles denuncias o acciones legales). Alabama, aprobó una ley the Constitution, and can therefore claim none of the rights and privileges which
que ordenaba dar 100 latigazos a cualquier esclavo que supiera leer o escribir, y that instrument provides for and secures to citizens of the United States"». Jack
en estados del norte se impusieron todo tipo der restricciones para imposibilitar el Balkin y Sandford Levinson. "13 ways of looking at Dred Scott". En: Yale Law School.
ejercicio del derecho al voto y la afiliación sindical. Manning Marable. Race, Reform Faculty Scholarship Series, 2007. URL: http://digitalcoiimions.law.yale.edu/
and Rebellion: The Second Reconstruction in Black America (1945-1990). Londres: fss_papers/229?utm_source=_digitalcomnions . law. yale . edu/fss_papers/
University Press of Mississippi & Jackson, 1991, pág. 10. 229&utm_medium=_PDF&utiii_campaign=_PDFCoverPages (visitado 15-03-2013),
52. Sam Erman. "An unintended consequence: Dred Scott reinterpreted". En: págs. 53-54.
Michigan Law Review, vol. 106: (abril de 2008), págs. 1160-1161. 54. John Vishneski. "What the court decided in Dred Scott vs. Sandford". En:
53. «Dred Scott connected four ideas: race, status, citizenship, and community American Journal of Legal History, n.° 32: (octubre de 1988), págs. 373-390.
It connected race to status by arguing that blacks v^ere necessarily and properly of 55. US Supreme Court. Scott vs Sandford, 60 US 19 How. 393 393 (1856).
lower status-and that whites should enjoy higher status because of their respective 2013. URL: http://supreme.justia.com/cases/federal/us/60/393/case.html,
races; indeed, it assumed that blacks could be enslaved because of their race. It pág. 407.
connected race to citizenship by arguing that by virtue of their race blacks could 56. Dado que los negros no podían ser considerados ciudadanos, no tenían
never be citizens. It connected race to community by associating the people of tbe «ninguno de los derechos y privilegios que [la Constitución] otorga y asegura a los
United States with its citizens, so that those who could not be citizens were forever ciudadanos de Estados Unidos». En ibíd., pág. 404.
VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. 277
276
portantes rebeliones y levantamientos armados,^^ además de recurrir a Los trabajadores del siglo xix valoraron la «blancura» hasta tal punto que en
incontables formas de resistencia cultural, social, religiosa e institucional. lugar de unirse a los negros, con los que compartían intereses de clase, pero
a los que veían como una amenaza a sus prerrogativas raciales, adscribieron
Elfinde la esclavitud y la reconfiguración del racismo a la ideología de supremacía de la raza blanca que sustentaba el sistema
capitalista, un sistema basado en el reconocimiento y preservación de las
institucional distinciones raciales.^" Hacia 1937, Du Bois había llegado a la conclusión de
La Guerra Civil (1861-1865) fue uno de esos momentos dé crisis para las que «mientras los trabajadores estadounidenses sean más conscientes del
relaciones raciales que no solo condujeron a transformaciones en las formas color y la raza que de las necesidades económicas de la clase trabajadora en
y prácticas de la ideología racial, sino que dieron lugar a una reconfígura- su conjunto, será imposible el desarrollo de la solidaridad obrera».^^
ción de esas relaciones, conducentes a la preservación del statu quo y a la Retomando la hnea argumental de Du Bois, David Roediger analizó
preeminencia de la ideología de supremacía blanca. cómo el racismo y la creencia en la superioridad de la raza blanca influyó
Es en el contexto de la Guerra Civil en el que Lincolnfirmóla Proclama en la formación y consciencia de la clase obrera estadounidense de fines
de Emancipación (Enmienda XIII, 1863), dando lugar a numerosas contro- del siglo xix.^^ En una crítica a los análisis marxistas, el autor se refirió a
versias y debates sobre la situación política y socioeconómica de los ahora la centralidad del racismo en la consciencia de clase de los trabajadores,
ex esclavos. La abolición de la esclavitud no derivó en la desaparición o destacando que «al tratar de mostrar la dimensión clasista del racismo, [los
matización de la ideología racial, sino que esta se reconfiguró y reforzó marxistas] tendieron a concentrarse en el papel de la clase dominante en
a modo de reacción y supervivencia. Lo que produjo fue una importante tanto perpetuadores de la opresión racial, y caracterizaron a los trabajadores
transformación en su carácter, evidenciando la relación dialéctica que existía blancos como ingenuos, hasta virtuosos. (...) han vacilado en tratar el
entre las nociones de raza y clase. "blanqueamiento" de los trabajadores y su ideología de supremacía blanca
Fue Du Bois uno de los primeros en introducir el debate sobre esta como creaciones, en parte también, de la clase obrera blanca misma».^^ Y
relación. En su obra Black Reconstruction (1935) planteó que la ausencia de esto no es menor en una sociedad en la que - si bien la clase obrera está
una alianza de clases entre trabajadores blancos y negros luego de la Guerra principalmente compuesta por trabajadores de «minorías raciales» (negros,
Civil significó tanto el triunfo de la ideología de la supremacía blanca como latinos, asiáticos) y mujeres - popularmente «obrero» presupuso una com-
el fracaso del período de la Reconstrucción.** Comprendió que para la clase posición masculina y de raza blanca. Al convertirse en trabajadores blancos
trabajadora, el ser «blanco» otorgaba cierta compensación «psicológica» para que identificaban su libertad y dignidad como cualidades de aquellos que
la alienación y explotación que las relaciones capitalistas representaban.^' eran blancos, el «ser negro» se equiparó con la figura del antitrabajador y
del anticiudadano. Así, el movimiento obrero atravesó un proceso de «blan-
57. Herbert Aptheker, en su clásica e innovadora obra American Negro Slave queamiento», en el que el «ser blanco» era una «compensación psicológica»
Revolts (1943), ya hizo referencia a los aproximadamente 250 actos de resistencia
y revueltas protagonizadas por esclavos entre 1526 y 1860, entre ellas la de Cato 60. William Edward Burghardt Du Bois. Dusk of Daví'n: An Essay Toward An
en 1739, la de Gabriel Prosser en 1800, la de Denmark Vessey en 1822 y la de Nat Autobiography ofa Race Concept. Nueva York, 1968, pág. 103; citado en Dan Green
Tlirner en 1831. Según el autor, su investigación intentó «to meet the need, which y Eari Smith. "William Edward Burghardt Du Bois and the Concepts of Race and
has become increasingly evident in recent years, of depicting in realistic terms the Class". En: Phylon, voL 44, n.° 4: Nueva York (1983). URL: http://www.jstor.org/
response of the American Negro to his bondage. The data herein presented make stable/274576 (visitado 28-12-2012), págs. 262-272.
necessary the revisión of the generally accepted notion that his response was one 61. William Edward Burghardt Du Bois. "The Nucleus of Class Consciousness".
of passivity and docility The evidence, on the contrary, points to the conclusión En: The Pittsburgh Courier: (5 de junio de 1937), pág. 23; citado en Green y Smith,
that discontent and rebelliousness were not only exceedingly common, but indeed «William Edward Burghardt Du Bois and the Concepts of Race and Class».
characteristic of American Negro Slaves». Herbert Aptheker. American Negro Slave 62. «Roediger develops his analysis of the popular commitment to white su-
Revolts. 6.= ed. International Publishers, 1993, pág. 374. premacy to show that even such a fundamental transformation of society as the
58. Charles Lemert. The Race of Time: Du Bois and Reconstruction. Paper 78. emancipation of four million enslaved Black people did not diminish the engrained
División II Faculty Publications. 2000. URL: http://wesscholar.wesleyan.edu/ perceptíon of their inferiority But Roediger explains "emancipation made for much
div2facpubs/78 (visitado 10-12-2012). more consistent and dramatic changes in how... workers conceived for themselves"».
59. «The white worker, powerless before these forces, nonetheless was the one Kathleen Cleaver. "Introduction". En: The Wages of Whiteness. Race and the Making
who promoted almost unwittingly, Reconstruction's failure and the second civil war of the American Working Class. Londres: Verso, 2007, pág. XXIV.
of race-based hatred that ensued». En ibíd., pág. 233. 63. Ibíd., pág. 9.
VALERIA CARBONE
278 RACISMO Y RAZA. 279
suficiente como para dividir a la clase obrera según solidaridades raciales los puestos de trabajo permitió encubrir el racismo de la clase trabajadora
que enmascararon y diluyeron la lucha de clases en Estados Unidos. Solo eso blanca.^*
podría explicar, por citar un ejemplo, cómo inmigrantes católicos irlandeses, La Guerra Civil (1860-1865) y el período de la Reconstrucción (1863-
un grupo étnico oprimido y discriminado tanto en Irlanda como en Estados 1877)*'' significaron un nuevo punto de inflexión para la ideología racial.
Unidos de la época,se «convirtieron en blancos» y lograron asegurarse Fue el comienzo de un extenso período en el cual Estados Unidos debió
un estatus superior al de los negros en la escala social y en el competitivo reajustarse ante la abolición de la esclavitud como sistema de producción
mercado laboral.** económica y organización sociopolítica: descifrar qué lugar ocuparían y qué
El racismo y la solidaridad racial obstaculizaron las alianzas de clase, significaba la adquirida libertad de los antiguos esclavos y sus descendientes
y los trabajadores blancos se unieron a la élite en una lucha por preservar en una sociedad organizada y pensada en términos raciales.
la esclavitud, defender la supremacía blanca y preservar sus puestos de Durante este período, la posibilidad de que los negros ocuparan un nuevo
trabajo ante la posible competencia de trabajadores negros. Según el autor, lugar en la sociedad como ciudadanos, trabajadores y «hombres libres e
los capitalistas no lo fomentaron tanto como se aprovecharon de esto, y iguales», implicó profundos cambios en las relaciones sociales y raciales,
respondieron a las medidas de fuerza y resistencia de la clase trabajadora en el mercado de trabajo y en el desarrollo político. Para Eric Foner fue el
amenazando con reemplazarlos con esquiroles o mano de obra negra más racismo lo que llevó al fracaso de este proyecto de construir una nación
barata, enfrentando y fomentando la competencia laboral en términos racia- «racialmente integrada». David Brion Davis agrega que este fracaso demostró
les, evitando así acciones de resistencia y solidaridad de clase. El problema que fue el Sur el que salió ideológicamente victorioso de la Guerra Civil,
era y continuaría siendo el problema de la «línea de color». siendo los estados confederados los que dieron forma a cómo la nación
De esta manera, un aspecto clave del argumento de Roediguer es el pensó el lugar de la esclavitud en la historia, la concepción del período de
hincapié en la centralidad del racismo de los trabajadores blancos. Sin em-
bargo, advierte que reducir la solidaridad racial a cuestiones de competencia
laboral, es de un determinismo económico que ignora importantes cuestio- 66. «El tema de la competencia laboral entre las razas se convirtió en una
nes históricas. Los principales competidores de los trabajadores blancos no cuestión mucho más urgente en los años de la guerra. Los demócratas predecían
eran los negros emancipados, sino otros trabajadores blancos (inmigrantes que masas de ex esclavos inundarían el Norte, como fugitivos de guerra o como
europeos) que competían por trabajos para los que los negros ni siquiera consecuencia de una posible decisión republicana a favor de la emancipación. La
calificaban. Siendo así, la noción de competencia laboral y preservación de idea de una conspiración "abolicionista-capitalista" republicana para liberar "hordas
de hombres libres" que competirían por los "empleos de los blancos" en el Norte se
expandió como nunca antes (...). Sin embargo, incluso en este período, sería un
error centrarse exclusivamente en la competencia laboral y hacer caso omiso de las
64. «Low-browed and savage, groveling and bestial, lazy and wild, simian and implicancias de reconocerse como "trabajador blanco". Los niveles de competencia
sensual, such were the adjectives used by many native-born Americans to describe laboral no eran elevados, como Willinston H. Lofton demostró hace mucho tiempo;
the Catholic Irish "race" in the years before the civil war. The striking similarity of y las necesidades del ejército como consecuencia del elevado número de muertos
this litany of insults to the list of traits ascribed to antebellum Blacks hardly requires y el agotamiento de la inmigración europea durante la guerra, se vieron más que
comment. Sometimes Black/Irish connections were made explicitly. In Antebellum compensados incluso por el pequeño número de ex esclavos que migraron hacia el
Philadelphia, according to one account, "to be called an Irishman has come to be Norte». En ibíd., págs. 171-172.
nearly as great an insult as to be called a «nigger» (...). Recently peasants (in Ireland) 67. La historiografía más reciente toma como válida la periodización propuesta
now overwhelmingly laborers and servants, they setded in slums and shantytowns in por el historiador Eric Foner. Su historia de la Reconstrucción no comienza en
cities in the US, where large nativist political movements resented they religión, their 1865 con el fin de la Guerra Civil, sino con la Proclama de Emancipación de 1863,
poverty and their presence"». David Roediger. The Wages of Whiteness. Race and the enfatizando su importancia «a la hora de unir dos aspectos importantes -el activismo
Making ofthe American Working Class. 3." ed. Londres: Verso, 2007, págs. 133-139. de base de los negros y el nuevo poder del estado nacional- para indicar que la
65. Esta idea es desarrollada por Noel Ignatiev, quien analiza cómo los católicos Reconstrucción no fue solo un período de tiempo determinado, sino el comienzo de
irlandeses, se transformaron en miembros de la raza «blanca» y cómo la cuestión un extenso proceso histórico: el de la adaptación de la sociedad estadounidense al fin
racial ha sido central en la formación de la clase obrera estadounidense. Ignatiev de la esclavitud». El autor toma como hitos la Proclama de Emancipación (1863) y el
hace hincapié en cómo - a pesar de que el color de su piel los hacía miembros Compromiso de 1877, que estableció el retiro de las tropas unionistas de los estados
posibles de la raza «blanca»- los iriandeses fueron primero considerados «negros», sureños, encargadas de imponer y hacer cumplir las medidas del gobierno federal en
para luego ser admitidos y aceptados como parte de la «raza blanca dominante». el período de la posguerra civil. Eric Foner. A Short History of Reconstruction. Nueva
Noel Ignatiev. How the Irish Became white. Nueva York: Routledge, 1996. York: Perennial Library, Harper y Row Publishers, 1990, pág. XVI.
280 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. . 281
la Reconstrucción como un «fracaso», las relaciones raciales, e incluso las contra la protección igualitaria de las leyes,'" constituyéndose en la base
causas y consecuencias de la Guerra Civil.*^ jurídica sobre la que se edificó todo el sistema de Jim Crow.
Mientras la ideología racial adoptó la forma del «racismo científico», su Jim Crow pasó a ser sinónimo de ciudadanía de segunda clase, separación
práctica institucional, jurídica y legal pasó a ser, por un lado, el disenfranchi- racial, servicios públicos educativos, recreativos y de salud «separados y
sement - l a privación total o parcial de derechos políticos-*' y por otro, el desiguales» o inexistentes para los negros; privación de derechos políticos
sistema de Jim Crow. y electorales, empleos de baja remuneración, ausencia de movilidad social.
Jim Crow fue un régimen de prácticas segregacionistas (legales y consue- Sin embargo, para mantener este sistema fue necesario -además de leyes y
tudinarias) contra los negros que afectó todos los ámbitos de la vida pública. letreros que indicaran la separación racial de blancos y negros - recurrir a
Este orden social estaba destinado a mantener las jerarquías raciales y el ra- todo tipo de estrategias para afirmar y reiterar la inferioridad innata de los
cismo institucional a través de la opresión de clase: bloqueando el progreso negros: actos de violencia racial (física, verbal, simbólica), linchamientos,^^
socioeconómico de los negros, confinándolos al trabajo rural, no calificado y desalojos, despidos laborales.
de baja remuneración; segregarlos en escuelas, viviendas y servicios públicos La esclavitud era legalmente una cosa del pasado, pero no la coerción y
de menor calidad; limitando e impidiendo su acceso a créditos o beneficios opresión económica, política y social que los negros sufrían, manteniendo
de programas sociales, sindicalización o puestos de trabajo. la correlación entre raza y clase que subyacía a la ideología racial. La
Y una vez más, la ley permitió su rápida institucionalización. En 1883, segregación racial pasó a ser - literal y metafóricamente - el sistema que
la Corte Suprema determinó que la ley de Derechos Civiles de 1875^° era tuvo como objetivo enseñar a una nueva generación de negros, que no tenía
inconstitucional. Seguidamente, en 1896 instituyó las bases legales de la experiencia propia con la esclavitud, el significado de la raza.
famosa doctrina «separados pero iguales»: según lo resuelto en el caso Plessy
versus Ferguson, la segregación racial en los espacios públicos no atentaba

71. En 1890, el estado de Luisiana había aprobado la ley 111, que establecía
la legalidad de la segregación racial en el transporte ferroviario sobre la base de
que si los servicios e instalaciones eran «iguales» podían mantenerse «separados».
68. «Aunque el Sur perdió las batallas, durante más de un siglo, logró su objetivo: A pesar de la oposición que la ley generó en personas de color, y las apelaciones
que el papel de la esclavitud en la historia estadounidense quedara profundamente que se introdujeron desde el Committee to Test the Sepárate Car Act, la ley entró
disminuido, que incluso desaparezca como causa de la guerra. La conciliación del en vigencia. Homer Plessy, se convirtió en un «caso testigo» para desafiar esta ley
Norte y del Sur requirió un repudio nacional de la Reconstrucción como "un error en las Cortes de Justicia. En 1892, Plessy, un octoroon (1/8 de sangre negra o bien
desastroso", una amplia aceptación de la comunidad blanca de la "inferioridad del 7/8 de sangre blanca), abordó el vagón «para blancos» de primera clase de un
negro" y de la supremacía de la raza blanca en el Sur, y una visión distorsionada ferrocarril. Si bien sus rasgosfísicosno delataban su condición racial, la misma
de la esclavitud como institución desafortunada pero benigna que era perjudicial era conocida por trabajadores del ferrocarril, exigiéndosele el traslado al vagón
para los blancos, pero que moralmente ayudó a civilizar y cristianizar a los salvajes que le correspondía a la «gente de color». Plessy improcedentemente, inició una
africanos». David Brion Davis. "Free at Last. The Enduring Legacy of the South's Civil demanda judicial, que llegó a instancias de la Corte Suprema. El Tribunal determinó,
War Victory". En: The New York Times: Nueva York (26 de agosto de 2001). en su famosa sentencia «separados pero iguales», que la separación racial era legal,
69. La Enmienda XIV a la Constitución (9 de julio de 1868) proclamó que todas constitucional y compatible con la Enmienda XIV
las personas nacidas o naturalizadas en el país, y sometidas a su jurisdicción, son 72. Entre 1882 y 1946 más de 4.700 afroestadounidenses fueron linchados por
ciudadanos de Estados Unidos y de los estados en que residen. Determinó además desafiar el sistema racial. Las causas de los linchamientos han ido desde «sospecha
que ningún estado podría dictar ni dar efecto a ley alguna que limite los derechos de asesinato», hasta insultar a una persona blanca, intento de ejercer derechos
de los ciudadanos, o negarles la protección igualitaria de las leyes. La Enmienda XV electorales, violar las leyes de segregación racial en espacios públicos, o simplemente,
(3 de febrero de 1870) estableció que ningún estado o el gobierno federal podría exigir el pago por un servicio. Según Greta de Jong, «el sistema de Jim Crow no
desconocer ni menoscabar el derecho de sufragio de los ciudadanos de Estados fue el resultado inevitable de los prejuicios blancos producto de la esclavitud. Fue
Unidos por motivo de raza, color o previa condición de esclavitud. diseñado para eliminar las alternativas que en las primeras décadas después de la
70. La ley de Derechos Civiles de 1875 garantizaba, independientemente de Guerra Civil existían para los afroestadounidenses, cuando estos últimos disfrutaron
la condición de raza, color o condición previa de esclavitud, el derecho al trato de ciertas oportunidades, y el racismo podrían haber sido mitigado o eliminado».
igualitario en los servicios públicos, tales como hoteles, medios de transporte, y Greta De Jong. InvisibkxEnemy: The African American Freedom Struggle after 1965.
lugares de esparcimiento y recreación. Nueva York: Wiley y Blackwell, 2010, pág. 20.
282 VALERIA CARBONE RACISMO y RAZA.. 283
Formas de resistencia y organización afroestadounidense Southern Farmer's Alliance, que desde 1880 buscó organizar a aparceros y
durante la era de Jim Crow arrendatarios rurales (blancos y negros) para luchar contra la explotación
económica de plantadores blancos, fue una de las grandes organizaciones
Esto exigió un mayor compromiso y organización por parte de los negros, «transformacionistas» de la época.''* La perspectiva de una alianza de clase
que replicaron con todo tipo de actos de resistencia: boicots, campañas entre granjeros blancos y negros en organizaciones de este tipo condujo
contra la discriminación laboral, y atentados contra locales de propietarios a que la élite sureña apuntalara la idea de solidaridad racial como fase
blancos, campañas de registro de votantes y de alfabetización, abiertos y superadora de la soUdaridad de clase. Sobre todo, teniendo en cuenta que
subliminales actos de desobediencia civil. a causa de los estatutos de disenfranchisement no solo los negros, sino
La lucha de los negros pareció adoptar distintas vertientes a lo largo muchos blancos pobres estaban perdiendo sus derechos electorales al no
del siglo XX. Tomando la caracterización de Manning Marable, identifica- poder ejercerlos. La raza pasó a ser la forma de evitar toda posibilidad de
mos (a grandes rasgos) dos tendencias principales (no autoexcluyentes): la organización clasista interracial.''
«inclusionista» y la «transformacionista».'' El advenimiento de la Primera Guerra Mundial, había ocasionado una
La «inclusionista» representó la tendencia conservadora, moderada e importante escasez de mano de obra, consecuencia directa de la partida
integracionista. Lejos de apuntar a reformas radicales o revolucionarias, de miles de hombres al frente y de la interrupción del flujo de inmigrantes
pusieron sus intereses y objetivos en consonancia con lo que era aceptable europeos. El sector Defensa requirió cubrir ese déficit e incorporar hombres
para el establishment blanco, las corporaciones y el Partido Demócrata a las fuerzas armadas. Esta demanda, sumada al empeoramiento de las
nacional. No querían destruir el sistema, sino formar parte de él. Apuntaron condiciones económicas en el sur desde 1890, y la esperanza de un mayor
al ascenso y progreso de un grupo selecto de negros educados, profesionales grado de libertad en el norte, impulsaron a la población negra sureña a
e influyentes a posiciones de autoridad para ayudar a desmantelar las migrar hacia las ciudades industriales norteñas en donde la proporción
prácticas y estructuras del racismo institucional, no así el sistema económico de habitantes «de color» era ínfima o prácticamente nula. Este fenómeno
o la estructura de clases. Funcionarios electos, ejecutivos, la clase media y (conocido como la Gran Migración),'^ sumado al retorno de las tropas del
profesional negra, fueron partidarios de esta estrategia, con la que buscaron fi-ente, ocasionó un incremento de las tensiones raciales en ámbitos laborales
trascender la raza para mejorar sus condiciones de clase, a través de canales urbanos. Si bien los afroestadounidenses siguieron ocupando el escalón más
institucionales e integrados al sistema del que querían formar parte. bajo del proletariado urbano y rural, y realizando los trabajos que los blancos
Dado que el «inclusionismo» no se perfiló como una estrategia viable para no desempeñaban, la clase obrera blanca - temerosa ante las perspectivas
la totalidad de la comunidad negra, los «transformacionistas», ofrecieron una de igualdad racial y competencia laboral- experimentaron un fuerte sen-
alternativa de lucha. Partidarios de la destrucción del sistema de Jim Crow, timiento de rechazo ante la presencia de los nuevos migrantes sureños.
fueron fuertemente críticos del sistema socioeconómico e institucional que
perpetuaba la desigualdad racial.'"' Intentaron reestructurar las relaciones de protagonistas de las rebeliones de esclavos, Marcus Garvey y Malcom X. Los «trans-
poder, de propiedad y autoridad entre grupos y clases de tal manera que la formacionistas» se vieron representados por personajes como Du Bois, Paul Robeson
raza fuera intrascendente como fuerza social. Apuntó a la democratización y Fannie Lou Hamer. En ibíd.
del poder del estado y a la redistribución de la riqueza y los recursos.'* La 76. Esta organización promovió la creación de cooperativas agrícolas que traba-
jaron para poner fin al sistema de retención de cultivos que obligaba a los pequeños
73. Manning Marable. Let Nobody Turn Us Around. Nueva York: Rowman & agricultores a hipotecar sus cosechas, endeudándose con comerciantes rurales (ge-
Litdefield Publishers, 2009, pág. 345. neralmente grandes terratenientes) que les imponían sumas exorbitantes a cambio
74. Ibíd., pág. 346. de suministros agrícolas y artículos para el hogar. La Alianza también impulsó la
75. Es importante destacar que Marable considera que estas tendencias (o «vi- creación de almacenes agrícolas confínanciamientofederal, donde los agricultores
siones estratégicas», cómo él las llama) han sido adoptadas por diferentes grupos pudiesen almacenar sus cosechas hasta que el precio de mercado les fuese benefi-
en diferentes momentos históricos a lo largo de la lucha de los negros por lograr cioso, y -entre tanto- utilizarla como garantía para recibir préstamos del gobierno
autonomía. Por ejemplo, remonta el origen de los «inclusionistas» a los grupos de federal.
esclavos que se asimilaron, durante la época colonial, a las sociedades mayoritaria- 77. William Chafe, Raymond Gavins y Robert Korstad. Remembering Jim Crow.
mente blancas, olvidaron sus lenguas y tradiciones africanas y trataron de participar Nueva York: The New Press, 2001, pág. xxvi.
en las instituciones sociales blancas (cuyo principal exponente en el siglo xix fue 78. Entre 1910 y 1920, aproximadamente 500.000 negros migraron a centros
Frederick Douglass). El «nacionalismo negro» comenzó con los esclavos fugitivos urbanos del norte y oeste del país. Fox Piven y Cloward, Poor People's Movements:
que establecieron comunidades cimarronas y enclaves fronterizos, siguió con los Why they succeed, how they fail, pág. 190.
284 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. . 285
Stanley Coben atribuye este fenómeno a la intensificación de patrones de Esta institución le permitió además a la comunidad afroestadounidense un
pensamiento nativista que pretendían hacer frente a la «ofensiva de razas manejo autónomo del «poder blanco», al constituirse en un excelente canal
inferiores y oscuras», llevando a cabo a una «cruzada por un americanismo de información, tejiendo verdaderas redes sociales de iglesia a iglesia, y de
puro»." pulpito a fieles, necesaria para la organización de cualquier movimiento de
En esta «cruzada», los blancos pobres continuaron identificando sus masas.
intereses con la clase dominante, en función de solidaridades raciales par- La NAACP había sido fundada en 1909 por un grupo de intelectuales
ticulares. Tanto en el norte como en el sur comenzaron a verse turbas de - tanto blancos como negros - que se oponían a la segregación y violencia
linchadores que, buscando preservar la pureza de la raza blanca, atentaron racial. Apeló a la investigación, educación, acciones legales, debates y publi-
contra la vida, bienes materiales e instituciones de los negros. cidad como recursos para impulsar la acción federal contra los linchamientos
La combinación de estos factores (el empeoramiento de las condiciones y a favor de los derechos civiles de minorías raciales. Sus tácticas de lucha
económicas hasta el crash de 1929, la segregación socioeconómica y la por excelencia pasaron por la publicación de la revista The Crisis (A record
exacerbación de las tensiones raciales) llevó a que la comunidad negra ofthe Darker Racesy^ y la apelación al sistema legal. En 1915, la NAACP
desarrollara «mecanismos de resistencia a la subordinación».®" Protestaron logró que la Corte Suprema invalidara la Cláusula del Abuelo, que prohibía
contra la opresión (económica, política y social) de la que siempre habían votar a la mayoría de los negros sureños;** y en 1921 - a pesar de que
sido objeto: lucharon en defensa de su derecho a trabajar y combatieron una táctica dilatoria impidió su promulgación en el Senado- consiguió la
la discriminación en las agencias federales, en la industria y en las fuerzas sanción de la primera ley antilinchamientos jamás aprobada por la Cámara
armadas. de Representantes.**
Fueron dos las instituciones que -más que otras en este contexto- Las primerasfíhalessureñas de la NAACP se crearon en 1918, y pronto
pretendieron canalizar estos sentimientos de descontento y opresión, superó al Norte en cantidad de afiliados. Por necesidad, en el Sur esta orga-
darle forma a los reclamos y organización a la lucha de la comunidad
afroestadounidense: las Iglesias negras y la National Association for the 84. The Crisis hizo su aparición en 1910 como publicación mensual dedicada, tal
Advancement of Colored People (NAACP). y como se menciona en el primer editorial, a exponer «los hechos y argumentos que
Las iglesias permitieron el acceso a los recursos necesarios para llevar a demuestran el peligro del prejuicio racial». Su principal autor y editor fue uno de
cabo formas de resistencia colectiva. Como institución de referencia, se trans- los más importantes intelectuales afroestadounidenses del siglo xx: W. E. B. Du Bois.
formaron en el núcleo movilizador de las acciones de lucha:®^ le otorgaron al The Crisis se convirtió en una de las publicaciones más importantes, de referencia
obligada, un foro desde el que se trataban asuntos candentes de la sociedad y la
movimiento de resistencia de los negros una base de masas organizada, un política estadounidense, marcando los temas de la agenda afroestadounidense. Amy
grupo de líderes económicamente independientes y con la autoridad moral Helene Kirschke. "Du Bois and 'The Crisis' Magazine: imaging women and family".
y habilidad para manejar gran cantidad de recursos humanos y financieros y Special Issue on African-American Art. En: Notes in the History of Art, vol. 24, n.° 4:
centros de reunión donde planear tácticas y estrategias de acción colectiva.*' (2005), págs. 35-45.
85. Las Cláusulas del Abuelo fueron una de las formas en las que los estados
79. Stanley Coben. «El fracaso del crisol de razas». En: Un pasado imperfecto: el sureños impidieron el ejercicio del derecho al voto a los afrodescendientes. Estas
conflicto en la historia de Estados Unidos. Buenos Aires: Manuel Suárez Editor, 1992. cláusulas autorizaban la inscripción electoral únicamente a aquellos cuyos ante-
80. Fox Piven y Cloward, Poor People's Movements: Why they succeed, how they pasados hubieran ejercido ese derecho y pudieran así demostrarlo. En el período
fail, pág. 203. inmediatamente posterior a la Guerra Civil, e incluso hasta mediados del siglo xx, un
81. Otras organizaciones que se formaron en este período fueron: la National porcentaje ínfimo de negros (o nulo en algunos distritos) podían cumplir con esta
Urban League, dedicada desde 1911 especialmente a la problemática laboral y social cláusula.
en el sector industrial; la Universal Negro Improvement Association (1914); la Comi- 86. «During the period 1900 to 1946 there were nearly 3.000 lynchings, and in
sión de Cooperación Interracial (1919); la prolífíca American Civil Liberties Union this period 135 persons were convicted of being members of lynching mobs. Of these,
(1917), En la década del treinta se formaron el Comité Conjunto de Reivindicación the conviction of seven was reversed later, whi}e 17 others escaped with fines. Others
Nacional (1933), que denunció y luchó contra la discriminación en las dependencias were convicted as follows: 10 received prison terms of less than one year; 16 got one
del estado; y la Interracial Negro National Congress (1936), entre otras. to two years; 21 received terms of three to five years; 47 were sentenced to serve
82. Fox Piven y Cloward, Poor People's Movements: Why they succeed, how they 10 or more years; the sentences of 11 were indeterminate, and in the case of six
fail, pág. 20. the term was unknown». William Edward Burghardt Du Bois. "Race Relations in the
83. Morris, The origins ofthe Civil Rights Movement: Black Communities organi- United States 1917-1947". En: JSTOR, vol. 9, n.° 3: (1948). (Visitado 28-12-2012),
zing for change. págs. 234-237.
286 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA. . 287
nización estuvo íntimamente conectada con las iglesias negras. Como lugar La mecanización del agro y el nuevo proceso migratorio del Sur al Norte
de reunión, fuente defínanciamientoy aprovisionamiento de figuras caris- al que dio lugar,'" y la expansión económica y situación de pleno empleo
máticas y espirituales, capaces de movilizar y guiar a grandes cantidades de que se produjo en el contexto de la Segunda Guerra Mundial," dieron lugar
fieles, las iglesias proveyeron a muchos de los líderes de las filiales sureñas.*' a importantes transformaciones socioeconómicas y políticas. Pero la década
Según Du Bois, uno de sus fundadores y principales colaboradores, a pesar experimentó también la resistencia de la comunidad blanca y la consecuente
de ser la NAACP una organización biracial, los militantes y trabajadores intensificación de tumultos y focos de violencia contra los negros, quienes,
siempre surgieron de las filas de la comunidad negra. Los activistas blancos lenta pero irrefrenablemente, continuaban logrando progresos en el plano
y de la élite nunca aportaron en gran medida, y sus recursos financieros jurídico-legal.
provinieron en un 90% de ingresos de trabajadores negros.^^ Durante la administración Truman (1944-1952) se ordenó poner fin a la
Hacia la década del treinta, se evidenció la complejidad de los cambios segregación en las fuerzas armadas, se designó a numerosos afroestadouni-
significatívos que (como consecuencia de las transformaciones socioeconómi- denses para desempeñar importantes cargos públicos, se intervino en casos
cas y demográficas referidas, la labor de los líderes y organizaciones negras, planteados ante tribunales federales a favor de litigantes negros, y se reforzó
y el impacto de algunas de las políticas del New Deal) se produjeron en las la sección de derechos civiles del Departamento de Justicia. Luego de años
relaciones interraciales. En ellos tuvieron una gran influencia la creación del de gestiones de la NAAC^ la Corte Suprema confirmó los derechos de los
sector de Derechos Civiles dentro del Departamento de Justicia, la imposi- negros de comer en vagones-restaurante integrados de medios de transporte
ción por parte del Ministerio del Interior de cuotas raciales en los contratos interestatales, les permitió registrarse y votar en las hasta entonces «exclusi-
de la dirección del trabajo, el aumento del reclutamiento de negros para vas para blancos» elecciones primarias de los estados del Sur y autorizó su
la Civilian Conservation Corps y el empleo de 100 de los mejores y más inscripción y admisión en instituciones de educación superior que recibieran
brillantes graduados universitarios añroestadounidenses en la burocracia del fínanciamiento federal. Pero a pesar de todo ello, a mediados del siglo xx,
gobierno. A pesar de que agencias y departamentos federales continuaron los negros seguían siendo objeto de segregación obligatoria en el Sur, y en
con prácticas laborales segregacionistas,^' y que las políticas y programas toda la nación se encontraban muy retrasados con respecto a los blancos
sociales del New Deal que alcanzaron a los negros lo hicieron más por su con- en materia de empleo, educación, vivienda, ingresos y salud. Esto puso de
dición de pobres que por su raza, estos logros influenciaron positivamente manifiesto que el progreso socioeconómico logrado por la comunidad afro-
para reforzar las bases de una consciencia política en los ciudadanos negros, estadounidense era resultado pura y exclusivamente del activismo judicial y
especialmente en el sur del país. la iniciativa negros, más que de la labor del gobierno federal.
En este contexto surgieron coaliciones de raza-clase como estrategia de
resistencia de la población negra. Un ejemplo de ello fue la aparición de un
87. A pesar de su gran cantidad de afiliados y simpatizantes, la NAACP nunca «sindicalismo de derechos civiles», acompañado por un liderazgo laborista
logró organizar un verdadero movimiento de masas. Solo contó con aproximada-
mente un 2 % de afiliados de la población negra. Esto respondió tanto al miedo a
posibles represalias, como a la estructura burocratizada que la institución tenía, y la
complejidad y lentitud de los procedimientos legales, que terminaban por desalentar
una mayor participación afroestadounidense. 90. Hacia 1940, aproximadamente el 23 % de la población negra vivía en estados
88. Du Bois, «Race Relations in the United States 1917-1947», pág. 234. fuera del Sur
89. «Youths who worked in the Civilian Conservation Corps camps where se- 91. En el contexto de la Segunda Guerra Mundial, y con la intervención de
gregated by race; provisions in the Public Works Administration which mandated Estados Unidos en el conflicto, más de 14 millones de hombres y mujeres sirvieron en
certain percentages of black workers in the construction buildings were blatantly las fuerzas armadas, alrededor de 10 millones se sumaron a puestos de trabajo civiles,
ignored; benefits from the Agricultural Adjustment Administration were often denied 3,8 millones de aíroestadounidenses fueron empleados en puestos o accedieron a po-
to black rural farmers through fraud and outright corruption. Roosevelt resisted siciones antes vedados por cuestiones raciales; 3 millones de mujeres se incorporaron
blacks' demands that the Federal Govemment should pressure defense contractors por primera vez al mercado laboral pasando a desempeñar tareas tradicionalmente
to hire greater numbers of minoritíes. It was only under the direct threat of a black reservadas para hombres (en talleres, siderurgias, fábricas de aviones y astilleros).
workers march on Washington DC, co-ordinated by black labor leader A. Philip Los niveles de desempleo descendieron notablemente. Mientras que en 1942 la cifira
Randolph in 1941, that Roosevelt signed Executive order 8802 which met the blacks' de parados ascendía aún a 3,5 millones, en 1945 se había alcanzado la cifra de pleno
concems in a limited respect». Marable, Race, Reform and Rebellion: The Second empleo de 65 millones. Willi Paul Adams. Los Estados Unidos de América. 28.= ed.
Reconstruction in Black America (1945-1990), pág. 14. México, DF: Siglo XXI, 1982.
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288
radical negro que, para Jacqueline Dowd Hall,'^ representó la «decisiva se destacaría hasta la década del setenta: el Congress of Racial Equality
primera fase» del moderno Movimiento Afroestadounidense por los Derechos (Congreso de la Igualdad Racial). Formado en 1942, se caracterizó por sus
Civiles. El Partido Comunista estadounidense (ACP) jugó un decisivo rol en estrategias de acción directa no violenta para integrar espacios piíblicos,
este proceso. En las décadas del treinta y cuarenta impulsó la sindicalización escuelas y medios de transporte inter-estatal. Fue esta organización la que
de trabajadores negros, organizó a aparceros en el estado de Alabama inició los Journeys of Reconciliation, antecesores de los Freedom Rides de la
y a obreros en Carolina del Norte, y propulsó la creación de sindicatos década del sesenta.'*
en actividades dominadas por trabajadores de color. Otras organizaciones A pesar del incremento del 2 % (1940) al 12% (1947) de ciudadanos
relevantes en este contexto fueron la African Blood Brotherhood con su negros inscriptos en el registro electoral,'* los últimos años de la década del
campaña «no compres donde no puedes trabajar» dirigida a la clase obrera cuarenta y principios del cincuenta fueron un período de letargo para los
durante la Gran Depresión, y la Brotherhood of Sleeping Car Porters la que, temas vinculados con la lucha contra el racismo, sobre todo en el contexto
bajo el liderazgo de A. Philip Randolph,'' adquirió una influencia central de la Guerra Fría, el macartismo y la lucha contra el comunismo. Cualquier
tanto en el Movimiento por los Derechos Civiles como en el sindicalismo intento de cambio sociopolítico fue calificado de radical, subversivo o comu-
negro y el movimiento obrero estadounidense. nista, incluyendo el accionar de las principales organizaciones de derechos
Esto permitió que, durante la década del cuarenta, medio millón de civiles. En este contexto, las pocas decisiones que el gobierno federal adop-
trabajadores negros sindicalizados su sumaron al esfuerzo de guerra. La tó, si bien de carácter nominal, contribuyeron a legitimar la lucha de los
«Doble V» de la victoria (sobre el fascismo en el exterior y el racismo en afroestadounidenses.
el país), las políticas prolaborales de la administración Roosevelt, el auge La más relevante fue la decisión de la Corte Suprema en el caso Brown
económico que aumentó la demanda de mano de obra y permitió el mayor contra la Junta de Educación de Topeka (1954)." La NAACI? como parte
aumento en los ingresos de los negros desde la emancipación, la militancia de su campaña legal contra la segregación, había introducido una serie de
de los sindicatos, el regreso de los veteranos de guerra negros; todos estos demandas colectivas desafiando la constitucionalidad de la segregación en
factores en conjunto dieron lugar a una justificación moral a la militancia las escuelas públicas de Kansas, Carolina del Sur, Virginia, Delaware y el
negro.''' En este período surgió asimismo otra organización cuyo accionar
Semitism. In so doing, they used revulsión against the Holocaust to undermine
racism at home and to "turn world opinión against Jim Crow"». Hall, «The Long Civil
92. Jacqueline Dowd Hall. "The Long Civil Rights Movement and the political Rights Movement and the political uses of the past».
uses of the past". En: The Journal of American History, vol. 91, n.° 4: Nueva York 95. Los «viajes de la reconciliación» fueron una de las primeras estrategias
(marzo de 2005). puestas en práctica para poner fin a la segregación en los medios de transporte en el
93. El socialista y sindicalista A. Philip Randolph, alguna vez considerado «el sur de Estados Unidos. Se trató de un viaje de dos semanas llevado a cabo en 1947 a
Negro más peligroso de Estados Unidos» por la CIA, fue el fundador y presidente través de los estados de Virginia, Carolina del Norte, Tennessee y Kentucky, en el que
de la Brotherhood of Sleeping Car Porters desde 1925 hasta fines de la década del 16 activistas pretendieron desafiaron abiertamente leyes estaduales que establecían
sesenta. Encabezó importantes campañas para poner fin a la segregación racial en la segregación en los autobuses interestatales. La iniciativa tuvo lugar luego de
el sector industrial y de la Defensa, y en las fuerzas armadas antes y durante la la decisión de la Corte Suprema en el caso Irene Morgan contra el Commonwealth
Segunda Guerra Mundial. En 1942, conjuntamente con Bayard Rustin y A. J. Muste, de Virginia (1946) determinara que la segregación en los medios de transporte
comenzaron a organizar una masiva «Marcha sobre Washington», que trasladaría a interestatal era inconstitucional. Varios de los viajeros (blancos y negros) fueron
100.000 afroestadounidenses a la capital. En respuesta, la administración Roosevelt arrestados, y se iniciaron largos procesos legales en su contra.
sancionó la orden ejecutiva 8.802, mejor conocida como ley de Igualdad Laboral. 96. Marable, Race, Reform and Rebellion: The Second Reconstruction in Black
En 1947 formó el Comité contra el Sistema de Jim Crow en el Servicio Militar, cuya America (1945-1990), pág. 16.
lucha conduciría - u n año después- a la abolición, por parte de la administración 97. Hacia fines de 1940, al menos 32 casos relacionados con segregación edu-
Truman, de la segregación racial en las fuerzas armadas (orden ejecutiva 9.981). En cativa habían sido tratados ya en juzgados estatales. En 1935 se había ordenado
1950, conjuntamente con Roy Wilkins (NAACP) y Arnold Aronson (National Jewish legalmente el ingreso del primer estudiante negro en la Escuela de Posgrado de
Community), fundó la Conferencia de Liderazgo sobre Derechos Civiles, un grupo de Derecho de la Universidad de Maryland (caso Murray), y en 1938, la Corte Supre-
presión y negociación política dedicado a hacer lobby en favor de la sanción de leyes ma había determinado que el estado de Missouri no podía negarle el ingreso a un
de derechos civiles para los afroestadounidenses. estudiante por cuestiones de color o raza (caso Gaines). Si bien las universidades
94. «International events deepened and broadened that consciousness. African continuaron restringiendo el acceso a estudiantes negros, muchas comenzaron a
Americans and their allies were among thefírstto grasp the enormity of the Nazi incorporar dependencias «para negros», y admitiendo estudiantes de color sobre la
persecution of the Jews and to drive home the paralleis between racism and anti- base de los principios de segregación racial.
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Distrito de Columbia. En 1954, en su fallo final, la Corte declaró que la y la ideología racial que lo sustentaba,^"" estableciendo bases más sólidas
segregación racial tenía un efecto perjudicial sobre los niños negros, porque para un movimiento que apuntó a desestructurarlo (el movimiento afroesta-
los establecimientos educativos «para negros» se encontraban - en materia dounidense por los derechos civiles) y otro de resistencia para preservarlo
de recursos económicos y calidad educativa- en absoluta desigualdad e (el movimiento de los supremacistas blancos) que condujo a los años de
inferioridad con respecto a las instituciones «para blancos». Incumpliendo mayor violencia racial que Estados Unidos conoció.
con la doctrina «separados, pero iguales», las escuelas segregadas no ofrecían A partir de entonces la marcha del movimiento de lucha afroestadou-
igual educación y no podían hacerlo porque la segregación implicaba la nidense se aceleró. En 1955 la comunidad negra tomó las calles y pasó a
negación per se de la igualdad ante la ley. El Tribunal Supremo determinó la acción colectiva en forma masiva, al promover exitosamente un boicot
segregación en las escuelas públicas era inconstitucional.'* de más de un año de duración a la segregación racial en los autobuses. El
La junta escolar de Topeka procedió a integrar sus escuelas primarias, boicot de Montgomery, Alabama (1955-1956), se constituyó en un episodio
pero en gran parte del país (sobre todo en el Sur) la resolución no fue «fundacional» no solo por los resultados obtenidos, sino por la enorme difu-
puesta en práctica. Fue así que, un año después, se emitió una «regla de sión que alcanzó, tanto a nivel nacional como internacional.^"* Sus formas
ejecución» que ordenaba un «comienzo pronto y razonable en dirección al de organización, su alto grado de coordinación, acatamiento y efectividad, y
pleno cumplimiento» de la sentencia y llevarla a cabo «con toda deliberada la fe de sus adherentes en la justicia que encerraba su reclamo, atrajeron
rapidez». Sin embargo, la Corte, reivindicando un derecho constitucional la atención, el apoyo y rechazo de una nación polarizada por los cambios
y luego dilatando su ejercicio, se negó a fijar una fecha límite y autorizó que esto significó en el status quo racial. ^"^ A partir de entonces, el movi-
demoras en la implementación cuando lo creyó necesario. miento adquirió fuerza: cada vez en mayor medida, los negros se unieron
Inmediatamente estalló un movimiento de resistencia y oposición de la
comunidad blanca que -por medios legales pero particularmente no tanto- Hacia 1960, menos del 1 % de los estudiantes negros del Sur asistían a escuelas
intentaron evitar o dilatar la medida." A pesar de ello, la relevancia del caso racialmente integradas, y aun hacia 1965 más del 75% de los establecimientos
Brown radica en que puso en tela de juicio todo el sistema de segregación educativos sureños permanecían segregados. Howard Zinn. A People's History ofthe
United States. Nueva York: Harpers Perennial, 1979.
98. «La segregación de niños en las escuelas públicas solo con fundamentos 100. Así lo entendió Thomas Waring, editor del periódico Charleston News and
en la raza, aunque los servicios físicos y demás factores "tangibles" puedan ser Curier, quien, luego de que se diera a conocer el dictamen, declaró: «fue un shock
iguales, ¿priva a los niños del grupo minoritario de iguales oportunidades educativas? para los sureños que se les dijera que la forma en que se habían manejado durante
Creemos que en efecto, así sucede (...). Separarlos de otros niños de la misma edad años, lo que conocían y por lo que habían librado una guerra, ya no era aceptable
y condición solo en virtud de su raza, da origen a un sentímiento de inferioridad para el país en su conjunto». Testimonio en Eyes on the Prize, America's Civil Rights
respecto a su estatus en la comunidad que puede afectar sus corazones y sus mentes Years. Episodio 1: «Awakenings, 1954-1956», PBS (1987).
de un modo que probablemente nunca pueda repararse (...). Concluimos que, en 101. Es importante aclarar que, en principio, la comunidad negra no pretendió
el ámbito de la educación pública, la doctrina "separados pero iguales" no tiene poner fin a la segregación racial. Inicialmente, el objetivo era mejorar las condiciones
lugar. Los servicios educativos separados son esencialmente desiguales (...). Tal de traslado para los pasajeros negros y recibir un trato digno por parte de sus
segregación es negación de la protección igualitaria de las leyes (Enmienda 14)». La «superiores sociales». Tal y como afirmara Martin Luther King Jr al Alabama Journal,
Suprema Corte de Estados Unidos, «Brown contra la Junta de Educación de Topeka, «no estamos pidiendo el fin de la segregación. Ese es un asunto de la legislatura y los
1954». Daniel Boorstin, comp. Compendio histórico dé Estados Unidos. México, DF: tribunales. Sentimos que tenemos un plan dentro del marco de la ley (...) no nos
FCE, 1997, págs. 728-729. gusta que los negros tengan que permanecer de pie cuando hay asientos disponibles.
99. La resistencia que la sentencia provocó fue generalizada y en algunos casos Estamos exigiendo justicia en ese aspecto». A/abama Journal, 7 diciembre 1955. Esta
fue necesario que funcionarios federales la impusieran. En 1956, 101 representan- declaración fue confirmada en un memo al comisionado de la ciudad de Montgomery,
tes sureños del Congreso firmaron la «Declaración de Principios Constitucionales» en el que se aclaró que «lo que solicitamos no es la abolición de la segregación en
(también conocida como «Manifiesto Sureño»), en la que solicitaban desobedecer la los autobuses, sino por un acuerdo justo y razonable en las condiciones de traslado,
orden de poner fin a la segregación escolar. Según el Manifiesto, la Corte Suprema con el fin de asegurar igualdad en el trato a todos los pasajeros». Martin Luther King.
no tenía poder para imponer tal medida ya que solo los estados podían adoptar Memo to the Commissioners ofthe City of Montgomery. 9 de enero de 1956. URL: http:
tales decisiones e implementarles a nivel estadual. Legisladores sureños pasaron a //inlk-kppOl . stanford. edu/kingweb/publications/papers/vol3/560109.004-
aprobar más de 450 leyes concebidas para eludir el dictamen de la Corte. El caso Meiiio_to_the_Commissioners_of_the_City_of .Montgomery. htm.
más paradigmático se dio en 1957, cuando el presidente Eisenhower debió enviar 102. Sobre las formas de organización de base, estrategias de acción directa no
a la Guardia Nacional a Little Rock (Arkansas), luego de que el gobernador Orville violenta, estrategias legales, ideología de resistencia pasiva y consecuencias a corto y
Faubus se negara a admitir a 9 estudiantes negros en la Escuela Secundaria Central. largo plazo del boicot, véase Valeria Carbone. «El Boicot de Montgomery, cincuenta
VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA.
292 293
a organizaciones que luchaban por los derechos civiles, se sindicalizaban y movilización se intensificó: sit-ins,^°'* freedom ridés,^°^ boicots,'"* piqu
empadronaban para votar. La consciencia del nuevo negro'"^ iba in crescendo campañas masivas de inscripción de votantes, huelgas de inquilinos, arrestos
al igual que sus expectativas sociopoliticas como ciudadanos. La lucha y masivos y marchas - cuyo epítome fue la multitudinaria Marcha sobre Wa-
shington de 1 9 6 3 - que desafiaron la segregación y discriminación racial de
una manera decisiva, y que forzaron la legislación sancionada a mediados
de 1960 por el gobierno federal.
Si bien la lucha contra el racismo institucional pareció concentrarse en el
Sur, el Norte también vivía bajo el mismo sistema de segregación y relaciones
de poder que le negaba a los negros iguales condiciones de acceso al sistema
educativo, mercado laboral, servicios de salud, y al sistema político y de
justicia.'"'

104. Los sit-ins, fueron un movimiento de acción directa no violenta que se


años después». En: De Sur a Norte. Perspectivas sudamericanas sobre Estados Unidos, propagó por todo el país: estudiantes negros intentaban hacer un pedido en la
barra de los restaurantes, espacios reservados exclusivamente a clientes blancos,
vol. 7, n.° 14: Buenos Aires (2006). y permanecían allí hasta ser atendidos. Al negárseles el servicio, se quedaban por
103. El concepto de «protesta social no violenta» guiada por valores morales horas, regresaban al día siguiente, eran violentamente desalojados o detenidos por
y espirituales cristianos que sirvió para apuntalar al movimiento, se configuró rá- violar leyes segregacionistas. Hacia 1960, 50.000 estudiantes blancos y negros se
pidamente en la práctica hasta adoptar una forma ideológica propia y singular: el habían unido al movimiento y se «sentaban» para exigir el fin de la segregación en
new negro. Este nuevo negro era el resultado de una reevaluación de los negros de espacios públicos de Alabama, Carolina del Norte, Carolina del Sur, Georgia, Florida,
sí mismos, de su dignidad y destino, de su lugar en la historia y de su rol activo Maryland, Tennessee y Louisiana. Marable, Race, Reform and Rebellion: The Second
en la lucha por sus derechos. En la misma, valores como «respeto» y «dignidad» Reconstruction in Black America (1945-1990), pág. 62.
adquirieron mucha relevancia. «Dignidad» implicaba la capacidad de encarar una 105. La segregación en estaciones de autobuses y trenes (en espacios comunes,
lucha en la que los métodos utilizados estuvieran lejos de cualquier semejanza o simi- áreas de espera, patios de comidas, baños) era una práctica común y legal a lo
litud con los de grupos blancos radicalizados, dispuestos a todo por evitar cualquier largo de todo el Sun Estos espacios estaban bajo la jurisdicción de la Comisión
cambio social emergente. Fue la relación pacifismo-dignidad la que se constituyó en Federal de Comercio Interestatal, por lo que se convirtieron en el escenario perfecto
el eje arüculador que caracterizó a la nueva etapa que se abrió en la lucha de los para continuar la lucha contra la segregación. En 1961, CORE decidió resucitar los
afroestadounidenses. Esta idea fue muy bien expresada por Martín Luther King, Jn, Journeys of Reconciliation y emprender los Freedom Rides (viajes de la libertad) a
en abril de 1956, cuando en la revista Liberation explicó el cómo y porqué de la lucha, través de varios estados, que condujeron a algunos de los más sangrientos episodios
como se relacionaba con la evolución interna de la comunidad negra en relación de violencia contra activistas y militantes.
a su situación dentro del estatus quo racial, y de una nueva actitud y disposición 106. «Boycots brought widespread economic and social disruption (...) the
a cambiar la historia de manera digna, orgullosa; «Hubo épocas en que los negros revenues of the bus companies plummeted, and the entire white business community
perdieron la fe en sí mismos y se convencieron que eran aquello que les habían hecho was adversely affected. Once the mass boycotts were under way, they engendered
creer que eran... algo inferior a los hombres. La "paz racial" podía mantenerse violence, or the threat of violence, toward blacks by segments of the white commu-
siempre y cuando estuvieran dispuestos a aceptar esa realidad. No se trataba de una nity». Morris, The origins ofthe Civil Rights Movement: Black Communities organizing
paz fácil de mantener, porque los negros debíamos pacientemente aceptar todo tipo for change, págs. 48-49.
de injusticias, insultos, maltratos y explotación. Pero lentamente las masas negras del 107. «Northern segregation operated somewhat differently than Southern. Pu-
Sur comenzaron a reevaluarse a sí mismas -un proceso que cambió la naturaleza blic spaces -bathrooms, trains, movie theatres and lunch counters- were not legally
de la comunidad negra y socavó los patrones sociales sureños - . La "paz" sureña separated for blacks and whites in the North. But school, housing and jobs operated
se vio rápidamente alterada por la nueva y valerosa forma de pensar de los negros on strict racial hierarchy with whites at the top and blacks at the bottom. And many
y de su cada vez mayor rapidez para organizarse y actuar.. La extrema tensión public spaces, while not explicitly marked "for whites only", practiced that just the
racial que se vive en el Sur hoy se explica en parte por el cambio revolucionario que same. By shielding Northern segregation and the economic and social disfranchi-
los negros han hecho de sí mismos, de su desuno y de su determinación por luchar sement of people of color from full examination, these formulations naturalized
por la justicia. Nosotros, los negros, hemos reemplazado la compasión y desprecio, the northern racial order as not a racial system like the South's but one operating
por respeto y dignidad». En Carbone, «El Boicot de Montgomery, cincuenta años on class and culture with racial discrimination as a byproduct». Jeanne Theoharis
después», pág. 71.
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En este contexto, y como respuesta a la escalada de violencia y radi- teras Negras, o la Liga de Trabajadores Negros Revolucionarios (League of
calización de los supremacistas blancos, que se oponían a ver el fín de la Revolutionary Black Workers).
segregación,"'* la lucha de los afroestadounidenses adoptó distintas vertien- Ante la generalización y radicalización de un movimiento que contaba
tes. Desde posiciones claramente «inclusionistas», como la de la NAAC5 la con creciente difusión y apoyo de la opinión pública en general y de los
National Urban League y el Caucus Negro del Congreso; hasta el accionar de medios de comunicación en particular, el Congreso tuvo que responder,
organizaciones con posturas más «de centro», como la Southern Christian sancionando las leyes de Derechos Civiles de 1957,1960 y 1964, las primeras
Leadership Conference (SCLC) o CORE. Si bien el objetivo ulterior de estas desde finales del siglo xix. Todas se prefiguraron como grandes «promesas
últimas era la integración al sistema, su estrategia se alejó de la lucha a legales» en relación a la integración educativa, el derecho al voto y la
través de canales institucionales, y apuntó a la protesta social y moviliza- igualdad laboral, pero fueron ignoradas o pobremente puestas en práctica.
ción masiva de los sectores cuyos intereses representaban (mayormente de Fue en 1965 que se aprobó una ley más explícita en relación a los derechos
clase media, profesionales y estudiantes). Por último, las nuevas vertientes políticos de los negros: la Voting Rights Act. Y el efecto fue fulminante: entre
«transformacionistas», encarnadas en el nacionalismo negro,"" el Student 1965 y 1969, el porcentaje de negros adultos inscriptos para votar se disparó
Non-Violent Coordinating Committe (SNCC), y las diferentes tendencias y algunos estados del sur experimentaron un incremento que en muchos
dentro del Poder Negro"" como la Nación del Islam, el Partido de las Pan- casos igualó o superó los índices de electores blancos existentes."'
Después de la sanción de estas leyes, muchos esperaron que los reclamos
y Komozi Woodard, eds. Freedom North: Black Freedom Struggles Outside The South, de los afroestadounidenses hubieran encontrado su techo. Sin embargo,
1940-1960. Nueva York: Palgrave MacMillan, 2003, pág. 3. ¿qué confianza podían mantener en un sistema político que (aun conside-
108. Se formaron «Consejos de Ciudadanos Blancos» en prácticamente todas las rando las elecciones como mecanismo idóneo para producir cambios) había
ciudades del Sur. Compuestos por blancos de clase media, media-alta y del clero, se históricamente encontrado incontables formas de mantenerlos excluidos y
oponían vigorosamente a ver la desaparición de Jim Crow. Incluso, propulsaron la considerado esas prácticas no solo legales sino constitucionales?
aprobación de leyes y medidas que reforzaron políticas segregacionistas; y fueron Luego de la sanción de estas leyes la violencia contra los negros no hizo
los responsables del recrudecimiento de la violencia en todo el país. más que recrudecer. A pesar de ello, la creencia general de los políticos
109. El nacionalismo negro apuntó al desarrollo autónomo de la comunidad liberales y conservadores de que estas leyes mágicamente transformarían a
negra a través de la construcción de instituciones que fueran solo para negros, Estados Unidos en una nación color-blind implicó que la continuidad de la
estuvieran controladas por ellos y proporcionasen recursos y servicios exclusivamente lucha de los negros fuese cuestionada y puesta en tela de juicio. La pregunta
a esa comunidad. que nos hacemos es ¿cómo se encauzó el movimiento de protesta cuando se
110. Marable identifica cinco subtendencias que reflejaron, a su entender, las hizo evidente que la vía electoral no era ni sería suficiente para canalizar las
contradicciones al interior del Poder Negro: demandas insatisfechas de los afroestadounidenses?
a) El nacionalismo negro conservador: adoptado por empresarios y ejecutivos negros
relacionados con el establishment económico y el Partido Republicano en la década
del sesenta. Pregonaron que los negros debían establecer sus propios negocios, Epílogo: el movimiento en el período pos 1965
contratar mano de obra exclusivamente negra, y comerciar con miembros de su
propia comunidad para desarrollar un «verdadero capitalismo negro». Desde el establishment político, el objetivo principal pasó a ser el de
b) El nacionalismo cultural: se enfocó en la «identidad y raíces africanas» de los «institucionalizar» al Movimiento, integrarlo al sistema, canalizar las ener-
negros estadounidenses. Buscó transformar nombres, costumbres y prácticas, gías e insatisfacción de los que protestaban en las calles hacia formas de
estilos de peinado, rituales culturales y estructuras familiares para ajustarse al comportamiento político más «legítimas» y menos perturbadoras, esfuerzo
imaginario de la «realidad de África». Dio lugar al influyente Black Arts Move- que se tradujo, en ofrecer incentivos a los líderes, en otras palabras, coop-
ment. tarlos."^ Considerando que, como hemos visto, la raza es una construcción
c) El nacionalismo religioso negro: encabezado por el teólogo James Cone, el
Reverendo Albert Cleage y su Church of the Black Madonna, y Louis Farrakhan, 111. Alabama pasó de 19,3% a 61,3%; Georgia de 27,4% a 60,4%; Louisiana
líder de la Nación del Islam en la década del setenta. de 31,6% a 60,8%, Mississippi de 6,7% a 66,5%. Al respecto, véase Marable, Race,
d) Los nacionalistas revolucionarios: el Partido de las Panteras Negras, los activistas Reform and Rebellion: The Second Reconstruction in Black America (1945-1990)
negros del Partido Comunista y la League of Revolutionary Black Workers. pág. 82.
e) Los funcionarios y políticos negros electos. 112. «En la década del sesenta los líderes del Movimiento por los Derechos
Civiles dejaron las calles y aceptaron puestos en los programas de la Gran Sociedad,
Marable, Let Nobody Turn Us Around, págs. 349-351.
296 VALERIA CARBONE RACISMO Y RAZA.
297
producto de un momento histórico determinado, originado por causas histó- económico, el movimiento no puso fin al racismo institucional característico
ricas específicas, y consecuentemente sujeto a cambios y transformaciones; del estado y la sociedad. Lejos de ello. Lo que permitió fue, por un lado,
y que el racismo adoptó formas institucionales particulares (esclavitud, có- comenzar a reconfigurar algunas de las prácticas en las que ese racismo y
digos de negros, todo el sistema de Jim Crow), nos encontramos con que la ideología de supremacía blanca se expresaba a nivel estructural y super-
el movimiento afroestadounidense por los derechos civiles (al igual que estructural. Por otro, y dado que el movimiento no luchó contra el racismo
la Revolución de Independencia y la Guerra Civil) atentó contra un arrai- en sí mismo, sino para modificar las prácticas y estructuras institucionales
gado sistema ideológico de creencias y prácticas en cuyo mantenimiento que mantenían el sistema de opresión del que los afroestadounidenses eran
el gobierno federal se encontraba profundamente implicado."^ Una vez objeto, la ideología racial encontró espacios y prácticas que permitieron
más, el racismo estadounidense sufrió transformaciones en sus prácticas reconfigurar y readaptarse a los cambios históricos, adquiriendo nuevas
institucionales, reconfigurándose, y adoptando formas y prácticas racistas formas en un intento de mantener intacto el status quo racial. En palabras
que permitieran la pervivencia de esas barreras estructurales a través del de Manning Marable:
persistente privilegio del poder blanco."'' En esta instancia nos planteamos,
¿qué desafíos implicó el movimiento afroestadounidense por los derechos «La integración dentro de la estructura económica del capitalis-
civiles y sus conquistas para el racismo institucional y el statu quo racial mo creó símbolos de progreso racial e interacción cultural, sin
estadounidense? transferir poder a los afroestadounidenses como grupo racial
Considerando que implicó un cambio revolucionario para la destruc- o dar lugar a la deconstrucción de vulgares manifestaciones
ción del sistema de Jim Crow y sacudió los fundamentos ideológicos que racistas ideológicas y discursivas. El sistema de Jim Crow ya no
históricamente lo habían sustentado, aunque creemos que estas victorias le- existía pero en su lugar apareció un sistema formidable de domi-
gislativas y la progresiva cooptación de algunos sectores del movimiento,"^ nación racial, arraigado en la economía política y empleando un
no significaron el fin de la lucha y el activismo, en tanto no implicaron el fin lenguaje de justicia e igualdad al mismo tiempo que erosionaba
del racismo y sus formas institucionales más arraigadas. Si bien el fin legal los logros alcanzados por los negros»."^
de la segregación y las políticas de integración racial permitieron mayores
oportunidades para los afroestadounidenses en el ámbito político, social y

y a medida que los disturbios se extendían por las ciudades del Norte, se alentaba a
los líderes callejeros de los guetos a "dialogar" con los funcionarios municipales, al
punto que a algunos se les ofrecieron puestos en organismos oficiales». En Fox Piven
y Cloward, Poor People's Movements: Why they succeed, how they fail, pág. 30.
113. Gracias a Herbert Aptheker, podemos reconfirmar la hipótesis planteada. A
partir del Informe de la Comisión de Derechos Civiles de 1961, el autor analizó los
niveles de segregación y discriminación racial en Estados Unidos en áreas claves como
ejercicio del derecho al voto, educación, empleo, acceso a la vivienda, administración
de justicia; para alertar sobre la pervivencia del sistema de Jim Crow (de sus prácticas
de exclusión y patrones de discriminación racial), altamente permitido, mantenido y
financiado por el gobierno federal; «El gobierno de Estados Unidos es en sí mismo un
baluarte activo y fundamental de la estructura de segregación racial de la nación».
Herbert Aptheker. Soul of the Republic. The Negro Today. Nueva York: Marzani &
Munsell Inc., 1964, pág. 96.
114. Marable, «Structural Racism: a short History», pág. 56.
115. «Cuando los negros adquirieron el derecho al voto en el Sur, e influencia
en las municipalidades en el Norte en respuesta a los tumultos de la década del
sesenta, los líderes negros fueron incorporados a la política electoral y burocrática y
se convirtieron en los defensores ideológicos de! desplazamiento de la protesta a la
política». En Fox Piven y Cloward, Poor People's Movements: Why they succeed, how 116. Marable, Race, Reform and Rebellion: The Second Reconstruction in Black
they fail, págs. 32-33. America (1945-1990), págs. 190-191.

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