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Políticas anticíclicas As imagens de pátios lotados nas montadoras e as informações

adicionais de que mais ramos da indústria estão mergulhados em estoques expõem outro
equívoco do governo Dilma: o de que se pode sempre colocar em marcha políticas
anticíclicas, basta querer.
Celso Ming
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,politicas-anticiclicas-imp-,1153971

15 Abril 2014 | 02h08

Política anticíclica é aquela que se dispõe a criar condições para que a economia
produza efeitos compensatórios diante de desequilíbrios macroeconômicos. Se estiver
crescendo demais, acionam-se mecanismos para reduzir a atividade, como retração do
crédito, aumento de impostos e dos juros. Se ocorrer o oposto, como agora, é só dar um
cavalo de pau: emissões de moeda, redução de impostos, expansão do crédito,
desvalorização cambial para empurrar exportações...
Nada de errado no uso de políticas anticíclicas. Não valem apenas para políticas
econômicas keynesianas típicas. (Foi Keynes que recomendou políticas pró ou
anticíclicas). Elas também são adotadas em países de orientação neoliberal. Para
combater os efeitos da atual crise, os Estados Unidos aumentaram fortemente as
despesas públicas e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos)
instituiu a política de afrouxamento quantitativo, de emissões de moeda para a compra
de títulos.
Elas são, portanto, necessárias e esperadas. O equívoco do governo Dilma está em
entender que basta vontade política para que aconteçam.
As políticas anticíclicas exigem precondições. Acionar as exportações, por exemplo,
quando o resto do mundo está prostrado pela recessão, tende a ser providência de baixa
eficácia. Incentivar a tomada de crédito externo sem que haja abundância de recursos
em moeda estrangeira, também não funciona.
No período de 2012 a 2013, por exemplo, o governo Dilma entendeu que a atividade
econômica deveria ser ativada com forte derrubada dos juros, desvalorização cambial
(alta do dólar), redução de impostos e expansão das despesas públicas. Foi um fracasso,
porque a disparada do consumo não teve como contrapartida a expansão do
investimento e da produção, o crescimento do PIB foi medíocre, a inflação disparou, a
economia ficou desarrumada. Agora, quando mais precisa de incentivar a atividade
econômica, está de mãos atadas. Não há folga fiscal para a redução de impostos, os
juros tiveram de subir para conter a inflação, a alta do dólar deve ser contida também
para evitar o repasse aos preços e, quando pretende puxar pelos investimentos, o
governo esbarra no baixíssimo índice de poupança. Na área do euro, também, não há
como relançar a atividade econômica, porque a maioria dos países está excessivamente
endividada.
Os desenvolvimentistas a qualquer preço não pensam exatamente assim. Preferem falar
que o desempenho da política econômica precisa respeitar os limites nem sempre na
mesma direção impostos pelos objetivos (trade-offs). Em geral, quem só pensa nisso
não tem visão integrada da economia. Acha que o câmbio só deve ser usado para
acionar a indústria, não acredita em eficácia da política de metas e insiste em que a
administração da economia é, mais que tudo, exercício de vontade política.
Enfim, política anticíclica não é para quem quer; é para quem pode. Hoje, quase não há
espaço para reduzir os estoques da indústria brasileira, porque o governo queimou seus
recursos de política econômica nos anos anteriores.

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