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Fernando Correia Pina O Morgado de D. Filipa de Matos Noronha O Morgado de D. Filipa de Matos Noronha As jdias de uma aristocrata portuguesa do Séc. XVII 1. Notas instituidora genealégicas da Aos 21 dias do més de Abril de 1707 falecia em Lisboa, na sua residéncia da Travessa de D.Luis Coutinho, da banda de dentro das Portas de Santa Catarina, D. Filipa de Matos Noronha’. Viéva de D. Luis Coutinho Corte- Real, senhor de Almourol, filho de D. Alvaro Coutinho e de D. Joana da Silvo?, D. Filipa era filha de Anténio de Matos Noronha, por alcunha o Sancho Ponca e de D. Catarina da Silva’. Se a ascendéncia paterna dos Noronhas, linhagem nascida do enlace matrimonial de D. Afonso, conde de Gijon e Noronha, filho bastardo de Henrique Il de Castela, com D. Isabel, Fernando Correia Pina* fruto da funesta paixdo de D. Fernando | de Portugal e D. Leonor Teles* ligava D. Filipa a algumas das grandes casas senhoriais da Peninsula, outro tanto lhe coubera em sorte pelo costado materno dos Silvas, posto que um dos irméos de sua bisavé, Ruy Gomes da Silva, privara nas cortes de Carlos V e Filipe Il onde fora agraciado com os titulos de Principe de Eboli e Duque de Pastrana. A sua Unica filha, D. Ana da Silva, viria a ser Duquesa de Medina Sidénia pelo seu casamento com o 6° duque daquele titulo, D. Alvaro Pérez de Gusman. Esta estreita ligagado 4 casa de Medina Sidénia 6, alias, referida por diversas vezes — e certamente ndo por acaso ~ na Certidéo do Testamento e * Cerfidéo do testamento com que faleceu D. Filipa de Matos e Noronha em que insttuiu 0 Morgado que chama por primeiro administrador delle a Ayres de Saldanha e seus herdeiros e na falta delles a Jodo Pedro Soares, € na de ambos ficando sem sucessores aos Relligiosos de S, Paulo da Serra d’ Oca [em futuras referéncios designado por Certidéo do Testamento], Arquivo Distrital de Portalegre, Convento de S. Paulo de Elvas, caixa 3, Tombo 29. ? GAYO, Manuel José da Costa Felgueiras, Nobiliério das Familias de Portugal, Brage, Carvalhos de Basto, 1989/90, volume 4, p. 18. 3 Idem, volume 6, p. 594. * Nobreza de Portugal, direcgéio, coordenagée e compilagée do Doutor Afonso Eduardo Ziquete, Lisboo, Editorial Enciclopédia, 1960, vol. 1, p. 234, *Licenciado em Histéria Callipole - N°7/8 - 1999/2000 125 ‘© MORGADO DE D. FILIPA DE MATOS NORONHA Fernando Correia Pina em outros documentos que chegaram até nds como € 0 caso de uma ldpide epigrafada proveniente da capela-mor do convento de S. Paulo de Elvas que hoje se encontra no patio da Biblioteca Municipal daquela cidade cujo teor é 0 seguinte: Esta capela mor e 0 padroado deste convento é de D. Filipa de Matos e Noronha [herdeira?] de Antonio de Matos de Noronha e de D. Catarina da Silva prima 32% da Serenissima Rainha de Portugal D. Luisa por serem ambas descendentes em 42 grau de Francisco da Silva Senhor da Chamusca bisneta de D. Pedro de Noronha Senhor de Vila Verde e sucessora dos morgados de seu irmo o Conde de Armamar. Nestas preclarissimas linhagens entroncaram outras prosdpias de menos esclarecida nobreza como a dos Matos, de Sebastido de Matos, Desembargador do Paco no reinado de D. Jogo IIl e progenitor do ramo dos Matos Noronha pelo seu casamento com D. Guiomar de Noronha* ou ainda a dos Saldanhas, de Afonso de Saldanha, sobre quem o genealogista néo se coibiu de lancar o infamante labéu de cristéo-novo*. De entre toda esta gente d’algo reservou especial lugar a histéria pétria, néo pelas mais nobres razées, aos Matos Noronha, geragéo que o sangue e a fé alcaram 4s mais altas dignidades e que as paixées politicas fizeram despenhar na infémia, afundar no cércere ou tombar no cadafalso. Foi, com efeito, um dos seus mais ilustres membros, D. Sebastido de Matos Noronha, deputado da Inquisigéo e inquisidor em Coimbra, Bispo de Elvas, Arcebispo Primaz de Braga e presidente do Desembargo do Pago ao tempo da Restauragéo’, o principal motor da conspiragéo de 1641 visando a destituigao de D. Jodo \V ea reposigéo da soberania filipina que Ihe havia sido altamente fovorével’. Descoberta a conjura foi o arcebispo preso no forte do Paco de onde viria a ser transferido para a Torre de Belém, transitando, finalmente para a Torre de Séo Juliéo onde viria a falecer com pedido de ser enterrado sob campa rasa, no adro de qualquer igreja, para que dele nao ficasse meméria, Na sua perdigéo arrastaria o prelado algumas das figuras mais gradas da nobreza como 0 marqués de Vila Real, 0 duque de Caminha, seu filho, e 0 conde de Armamar, Ruy de Matos Noronha, sobrinho de D. Sebastido, todos trés condenados & morte e degolados em Lisboa a 29 de Agosto e também outros membros da hierarquia catélica como D. Francisco de Faria, bispo de Mortiria que viria a falecer no mosteiro de S. Vicente apés longos anos de cativeiro na Torre de ° Goyo, op. cit., volume 4, p.594 * id, ibid, ” ALMEIDA, Fortunato de, Histéria da Igreja em Portugal, Porto, Civilizagéo, 1967, vol. 2, p. 603 * MATOSO, José | dir.], Histéria de Portugal, Lisboa, Estampo, 1993/94, vol. 4, p. 384 Callipole - N°7/8 ~ 1999/2000 126

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