Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
Contributos da sismologia
• Para os primeiros estudos da estrutura interna da
Terra contribuíram os grandes sismos, que permitiram
estabelecer, entre 1906 e 1936, um modelo em
camadas concêntricas - crusta, manto e núcleo.
• Mais tarde, as ondas sísmicas geradas por ensaios
nucleares, pelas bombas atómicas e por microssismos
criados artificialmente precisaram a estrutura deste
modelo, dado permitirem conhecer, com rigor, o foco
e a quantidade de energia libertada.
Estudos de 1906 - Oldham
• Descontinuidade de Moho
• A constatação de alterações na trajectória e na
velocidade de propagação das ondas sísmicas P e S
permitiu inferir a existência de outras camadas no
interior da Terra, para além do núcleo.
• Em 1909, Andrija Mohorovicic constatou, ao analisar os
registos sismográficos do sismo que em Outubro desse
ano ocorreu a sul de Zagreb, na actual Croácia, que as
estações sismográficas mais próximas do epicentro
registavam a chegada de dois conjuntos de ondas P e S.
• Para explicar as suas observações, Mohorovicic propôs a existência
de uma descontinuidade a separar um meio superficial, no qual as
ondas se deslocam com menor velocidade - a crusta -, de um meio
mais profundo, onde a velocidade das ondas é maior - o manto. O
registo dos dois grupos distintos de ondas P e S era, assim,
consequência, da refracção das ondas nesta descontinuidade - o
primeiro grupo de ondas P e S correspondia a ondas refractadas e o
segundo a ondas directas.
• A esta separação, crusta-manto, dá-se o nome de descontinuidade de
Mohorovicic
ou, Abreviada
mente, Moho.
• A espessura da crusta não é constante, variando entre os 5 km e os 10 km
sob os oceanos, e entre os 20 km até aos 70 km sob os continentes, sendo
os valores mais elevados atingidos nas grandes cadeias montanhosas
continentais. Em média, atribui-se à crusta uma espessura de 19 km.
• Para o conhecimento da composição da crusta
contribuíram, para além dos dados sísmicos
indirectos, a observação de rochas da superfície
terrestre, os estudos realizados em explorações
mineiras, bem como a realização de sondagens com
recolha de amostras de rochas.
• A constatação de que existe uma
diferença entre a velocidade de
propagação das ondas P nos
oceanos (em média, 7 km/s) e nos
continentes (em média, 6 km/s)
permite considerar a crusta
subdividida em dois tipos - crusta
continental e crusta oceânica. Esta
variação da velocidade ao longo da
crusta deve-se à variação da sua
composição - a crusta continental é
constituída, essencialmente, por
rochas graníticas (ricas em silício e
alumínio), enquanto que a
oceânica é constituída,
essencialmente, por rochas
basálticas (ricas em silício e em
magnésio).
• Os dados vulcanológicos, contribuem
para a dedução do tipo de rochas que
constituem o manto. No entanto, a
velocidade das ondas P abaixo da
Moho, da ordem dos 8 km/s, sugere
uma composição diferente da da crusta.
• Assim, com base num critério
composicional, inferido pela análise de
dados da sismologia, surgiu um modelo
para a estrutura interna da geosfera,
que a subdivide em:
• crusta (oceânica e continental);
• manto;
• núcleo externo;
• núcleo interno.
Os dados da sismologia e a estrutura do manto
• O gráfico da velocidade das ondas
internas permite verificar que, no
interior do manto, a uma
profundidade, sensivelmente, de 660
km, a velocidade de propagação das
ondas P e S sofre um ligeiro aumento,
sugerindo um aumento de rigidez,
facto que justifica a sua divisão em
manto superior e manto inferior.
Contrariamente, verifica-se que,
sensivelmente, entre os 220 km e os
410 km de profundidade, ao nível,
portanto, do manto superior, a
velocidade de propagação destas
ondas diminui, sugerindo que o
material rochoso se encontra num
estado de menor rigidez, admitindo-
se mesmo que se encontre num
estado próximo da fusão e,
pontualmente, em fusão parcial.
• À semelhança do ferrador
que, para fazer uma
ferradura, precisa de
submeter uma barra de
ferro ao rubro, também
no interior da Terra,
devido à combinação
pressão-temperatura, as
rochas podem ser
moldadas e deformadas
no estado sólido, devido
a uma diminuição da sua
rigidez e, eventualmente,
a uma incipiente fusão.
• Esta faixa de baixa velocidade das ondas
sísmicas internas designa-se astenosfera e
corresponde a uma variação das propriedades
das rochas que constituem esta zona e não a
uma variação da sua composição; as rochas da
astenosfera têm menor rigidez do que as
rochas que se situam por cima e abaixo dela.
• A existência da astenosfera, dotada de alguma
mobilidade devido à sua fluidez parcial,
permite considerar o conjunto de rochas
suprajacentes, isto é, as rochas da crusta e de
parte do manto superior, como uma unidade
rígida a que se dá o nome de litosfera.
• Assim, e complementarmente ao modelo que subdivide a
geosfera em crusta, manto e núcleo, existe um modelo físico
que subdivide a geosfera em quatro camadas, com base na
rigidez dos seus materiais:
• a litosfera, rígida e de comportamento frágil, isto é,
quebradiço;
• a astenosfera, de baixa rigidez e de comportamento plástico,
isto é, moldável/deformável;
• a mesosfera, rígida;
• a endosfera, externamente fluida e de elevada rigidez no
seu interior.
• As alterações na trajectória e na velocidade de propagação
das ondas P e S sugerem urna heterogeneidade na
composição do interior da geosfera, com variações ao nível
da rigidez, da incompressibilidade e da densidade dos
materiais que a constituem.
• Por sua vez, variações bruscas na velocidade das ondas P e S
permitem inferir a existência de descontinuidades, isto é, de
mudança nas propriedades e na composição dos materiais
que constituem o interior da geosfera.