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ANÁLISE SEMIÓTICA

ANÁLISE DISTRIBUTIVA
FASES DA ANÁLISE DISTRIBUTIVA

I. Análise Paradigmática
1. Segmentação
2. Quadro de Segmentação

II. Análise Sintagmática


1. Relações Sintagmáticas
a) linearidade
b) função
c) tipo
d) sentido
e) nível
2. Lista Fisionômica
EXEMPLO DE ANÁLISE

Análise Distributiva de
Kimi ga yo
(Hino do Japão)
Kimi ga yo
(Hino do Japão)
I. Análise Paradigmática

1. Segmentação

A segmentação consiste em separar cada um


dos elementos que compõem a melodia do hino
japonês.
O hino está composto com base em uma escala
pentatônica (ré-mi-sol-lá-dó), com apenas uma nota
fora dessa escala (si, no segundo tempo do c. 4).
A melodia inicia e termina com a nota ré (centro de
gravitação tonal).
As notas que finalizam segmentos melódicos são ré
(a) e lá (b), que ocorre na metade da melodia.
A melodia inicia em torno da nota ré, através de
uma bordadura inferior (a) e de um movimento
descendente (b).

A bordadura inferior será chamada de Motivo de


Impulso (MI), indicada por uma elipse; o movimento
descendente será chamado de Motivo Cadencial
(MC), indicado por uma seta.
No c. 3, realiza-se um movimento ascendente
(a), como inversão transposta de MC.

As duas últimas notas do grupo são repetidas


com diminuição rítmica (b).
Em seguida, a melodia dirige-se ao registro agudo,
para alcançar a nota ré, na oitava superior.

Neste trecho, MC é amplamente elaborado:

→ transposição (a)
→ retrógrado da inversão, transposto (b)
→ inversão, transposta (c)
No c. 6, há apenas uma bordadura em torno da
nota ré, como elaboração de MI.
Nos c. 7-8, há sobreposição dos motivos principais:
 MI (a) é transposto à quarta superior e invertido
como bordadura ascendente
 MC (b) aparece nas formas em que já apareceu:
inversão transposta (misollá) e retrógrado da
inversão (lá solmi); o lá funciona como elisão
 A frase finaliza com um Motivo Contrastante (c)
O c. 9 é uma variação do c. 6, pela combinação dos
motivos principais: MI (transposto à oitava) e MC
(inversão e transposição).

Tem-se uma espécie de rima entre o c. 6 e o c. 9,


pois as duas últimas notas (dó-ré) são as mesmas.
A diferença está na nota inicial do movimento (lá).
Aspectos mais importantes da melodia

 Melodia pentatônica (ré-mi-sol-lá-dó)


 Uma nota de exceção (si, segunda nota do c. 4)
 Cadências melódicas sobre ré e lá
 Elaboração dos motivos principais: Motivo de
Impulso (MI) e Motivo Cadencial (MC)
 Introdução de um Motivo Contrastante (c. 8)
 Predomínio de graus conjuntos e alguns saltos
melódicos para gerar contraste
2. Quadro de Segmentação
II. Análise Sintagmática

1. Relações Sintagmáticas

a) linearidade

A linearidade pode ser identificada pela


leitura do exemplo anterior, da esquerda
à direita e de cima para baixo.
b) função

Trata-se da análise da função que cada um dos


elementos cumpre na estrutura geral da peça.
Exemplos de funções estruturais, na música,
são: introdução, exposição, variação,
elaboração, digressão, desenvolvimento,
repetição literal, reexposição, conclusão, etc.
Funções Melódicas, em Kimi ga yo

Função de impulso inicial: Motivo de Impulso


Função de conclusão: Motivo Cadencial
Função de contraste: Motivo Contrastante
Função de elaboração melódica: movimento
escalar ondulante (ascendente/descendente)

A elaboração melódica se realiza através de:


expansão da melodia em toda a extensão da
escala
variação dos elementos básicos
c) tipo
Trata-se da a categoria a que pertence
determinado elemento da estrutura
musical, conforme seus caracteres
distintivos e suas qualidades específicas.
A Bordadura Inferior pertence a diferentes categorias,
pois contém características distintas e qualidades
específicas, em cada vez que aparece.

No c. 1, está escrita na oitava mais grave da melodia;


no c. 6, é transposta à oitava superior; no c. 3 e no
c. 7, aparece como bordadura superior no interior
de segmentos melódicos mais amplos, sendo
transposta à quarta superior (sollásol); no c. 3 e
nos c. 10-11, aparece como bordadura inferior no
interior de segmentos melódicos mais amplos,
sendo transposta à quinta superior (lásollá).
As transformações da bordadura, suas transposições,
sua posição em contextos distintos e as diversas
funções que cumpre no decorrer da melodia (impulso,
expansão, variação) fazem com que ela pertença a
diferentes tipos sintagmáticos. Por isso, a bordadura é
o elemento melódico mais importante do hino.

Por outro lado, o motivo contrastante aparece apenas


uma vez, de uma forma específica e com uma única
função, ou seja, não sofre transformações nem
cumpre diferentes funções. Por isso, apresenta-se
como somente um tipo sintagmático.
d) sentido
É a significação que determinada proposição pode
assumir, isto é, o conteúdo semântico ou aquilo que
comunica; o que se pode entender de determinado
trecho musical.

Este campo da análise está mais ligado aos estudos


semânticos da música vocal (óperas, cantatas,
canções, etc.) do que da música instrumental. Mesmo
assim, há várias peças instrumentais em que se pode
perceber claramente a intenção de comunicar um
sentido extramusical.
Em geral, há dois tipos de análise,
quanto ao sentido musical:

 sentido designativo

 sentido incorporado
Autores que se dedicam ao estudo de sentido
designativo preferem analisar peças compostas
com base em algum tipo de texto (ópera, canção,
música programática, etc.), pois o entendimento do
sentido musical se dá através das correspondências
que podem ser percebidas na interação entre música
e literatura. Também é possível buscar
correspondências entre música e outras artes, como
artes visuais, cinema, teatro ou dança. Em todos
esses casos, é necessário buscar referências sobre
as intenções denotativas do compositor ou analisar
correspondências diretas ou explícitas entre as
diferentes artes.
A análise do sentido incorporado faz coincidir o
significado musical com seus elementos
constitutivos, isto é, neste campo da análise,
entende-se que o significado musical está nas inter-
relações entre os sons e suas qualidades
psicoacústicas. Um exemplo simples disso seria a
conotação que geralmente se faz ao considerar o
acorde de tônica como um ponto de repouso, a
subdominante como afastamento desse estado de
inação e a dominante como um acúmulo de tensão
que exige resolução. Essas metáforas fazem
coincidir elementos psicoacústicos com significações
emocionais e seu uso corrente tem criado sentido
musical.
Sentido designativo, em Kimi ga yo

O primeiro verso, que diz “Possa o reinado de nosso


senhor” já contém os elementos básicos da melodia:
a bordadura inferior (rédóré) e o movimento
descendente (solmiré).

Cada um desses elementos cumpre uma função


específica na melodia, respectivamente: impulso
inicial e conclusão. Podem-se identificar esses dois
gestos melódicos com o reinado do Imperador do
Japão, que irá durar por milhares de anos. Assim
como a poesia apresenta, já no primeiro verso, sua
temática (a durabilidade do império japonês),
também isso ocorre na música.
Os dois versos seguintes (“Continuar por mil anos, por
muitas gerações”) completam o desejo de que o
reinado do imperador do Japão e estenda por
milhares de anos, desde seu início no Período
Heian, o Período da Paz, até sua continuidade por
muitas gerações. A melodia, neste ponto, percorre a
totalidade da escala pentatônica (ré-mi-sol-lá-dó) e
ainda acrescenta a única nota (si) fora dessa escala.
Assim, a melodia se estende em sua totalidade,
como o reinado do Imperador.
Os versos 4 e 5 (“Até que os seixos tornem-se
penhascos”) acrescentam uma nova imagem,
fazendo uma analogia entre o reinado japonês e o
mundo mineral, pelo crescimento de pequenas
pedras que se tornarão grandes rochedos
escarpados.

O processo de crescimento da melodia, neste trecho,


dá-se pela elaboração de elementos já apresentados
anteriormente, com uma finalização (c. 8) sobre um
gesto melódico inusual (motivo contrastante) e um
elemento rítmico único, nesta melodia: a figuração
pontuada.
Este trecho parece ser uma metáfora sobre o processo
de transformação, já que os elementos rítmicos e
melódicos do compasso 8 aparecem somente ali.

O compasso 6 também traz algo interessante, pois


sobre a palavra “ishino” é realizada a bordadura que
deu início à melodia, agora na oitava superior, como
que fazendo uma referência à ascensão da nação
japonesa.
O último verso (“Cobertos de musgo verde-claro”)
acrescenta ainda uma nova imagem, agora uma
referência ao reino vegetal.

Há uma certa progressividade no poema: seixos


tornam-se penhascos que, depois, são cobertos de
musgo.

Musicalmente, a melodia retorna ao registro agudo,


fazendo uma rima entre o c. 6 e o c. 9, para se
completar em um movimento descendente que
percorre toda a escala, nos dois últimos compassos,
e repousa sobre o centro de gravitação tonal (ré).
Todos os elementos trabalhados nesta última frase já
foram apresentados anteriormente.

Essas características parecem fazer referência à


noção de retorno, em um processo de eterna
circularidade (que também é uma das características
de escalas pentatônicas do Extremo Oriente).

Característica que também se faz presente no


pensamento e na mitologia do Japão e de outros
países orientais.
Citação do filósofo Sakoshi Tanaka

“Estado transitório significa, para o japonês, perfeição.


[...]
O palácio do Imperador do Japão, construído pela
primeira vez há mais de dois mil anos e
periodicamente reconstituído, desde sempre foi
considerado como construção provisória. O palácio
do Tenno deve representar eternamente o mais belo
e o mais perfeito, por isso mesmo deve expressar,
eternamente, um estado de transição, um
provisório”.
e) nível

É a camada da estrutura a que cada elemento


pertence.

Na música tradicional, podemos dividir as camadas


da estrutura musical em: inciso, semifrase, frase,
período simples, período composto, seção, parte,
movimento (em certas peças, alguns desses
elementos podem ser coincidentes).
Níveis dos elementos de Kimi ga yo

1. Elementos principais
• Motivo de Impulso (c. 1 e c. 6: rédóré; c. 3, c. 10-
11: lásollá; c. 3, c. 7: sollásol)
• Motivo Cadencial (c. 2 e c. 11: solmiré)
• Motivo Contrastante (c. 8: misolré + figura
pontuada)

2. Elementos secundários
• movimento ascendente (c. 3-4: misolláré)
• movimento descendente (c. 4-5: résilásolmi)

3. Material derivado
• movimento ondulante (c. 1-2; c.4-5; c. 7-8; c. 10-11)
Níveis da construção frasal de Kimi ga yo
(relação texto -música)

I. 1. Kimi ga yo wa – Possa o reinado de nosso


senhor
2. Chiyo ni – Continuar por mil anos
3. Yachiyo ni – Por mil gerações

II. 1. (a) Sazare (b) ishino – Até que os seixos


2. Iwao to narite – Tornem-se penhascos

III. 1. (a) Koke no (b) musu made – Cobertos de


musgo verde-claro
LEGENDA PARA A LEITURA DO QUADRO

Elementos de elaboração melódica


• Motivo de Impulso – indicado com elipses
• Motivo Cadencial – indicado com seta descendente
• Motivo Contrastante – indicado no interior de um
retângulo

Partes da construção frasal


• Segmentos (1º nível): I, II, III
• Grupos (2º nível): 1, 2
• Elementos (3º nível): (a), (b), (c)
Níveis e Tipos, em Kimi ga yo
2. Lista Fisionômica

É uma espécie de catalogação das características


essenciais de cada um dos elementos básicos
constitutivos de determinada obra musical,
conforme as propriedades da composição (ritmo,
melodia, harmonia, contraponto, etc.). Em geral,
são criados símbolos específicos para designar
cada uma dessas propriedades.
LEGENDA PARA A LISTA FISIONÔMICA
• E = elemento
• Im = impulso
• Cd = candencial • M = intervalo maior
• Ct = contrastante • m = intervalo
• El = Elaboração menor
• Mt = movimento • J = intervalo justo
melódico • B = bordadura
• A = ascendente • I = inferior
• D = descendente • S = superior
• GC = graus conjuntos
• St = salto

• Numerais arábicos (2, 3, etc.) = intervalos de 2ª, 3ª,


etc.

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