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AS COMISSÕES DA VERDADE

E A RECONCILIAÇÃO COMO
MEDIAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
DO
LUTO
Memória e Verdade
• Direito das vítimas, familiares e de toda a sociedade

• Guatemala: Apesar do choque que possa sofrer a nação ao


olhar-se no espelho do passado, é necessário tornar pública a
verdade. É um caminho indispensável para a reconciliação.
• “No lo conozco” (campesina, sobre o informe da CEH)

• África do Sul: A verdade pode ser desagregadora, mas é só com


ela que se pode chegar à reconciliação.
• “Um dos aspectos mais importantes foi dar a conhecer a
verdade através dos testemunhos. (...) Foi uma ação educativa
para toda a sociedade (Membro da TRC)
“[...] Esta é a função da memória:
Libertação – não menos amor, mas
expansão do amor para além do
desejo, como também libertação do
passado e do futuro”
(T. S. Eliot)
Justiça

• Guatemala: A reconciliação que queremos não é possível sem


justiça (CEH).

• “Na reparação entre a parte da justiça e isso é o que encontra


mais obstáculos na Guatemala” (entrevistado)

• África do Sul: “Uma de minhas decepções com o processo de


anistia é que não houve uma atitude amistosa em relação às
vítimas” (membro da Comissão TRC)
Reparação e Reconciliação
• Guatemala (CEH): “a verdade, a justiça, a reparação e o perdão
são os pilares de consolidação da paz e da reconciliação
nacional”.
• As condições para reconciliação estão na verdade, caminho
indispensável para conseguir este objetivo e na justiça.
• África do Sul (TRC): “sem a reparação não pode existir da
reabilitação ou a reconciliação. A reparação é essencial para
contrabalançar a anistia. Ao conceder a anistia se nega às
vítimas o direito de iniciar processos civis contra os
responsáveis. Portanto, os governos devem assumir a
responsabilidade da reparação.
• “Só com a verdade a reconciliação pode ser levada a cabo.”
“Tudo, aliás, é a ponta de um
mistério. Inclusive, os fatos. Ou
a ausência deles. Duvida?”

(João Guimarães Rosa)


É possível a reconciliação?

• O resgate ou a restituição de uma memória veraz deve


ser o requisito fundamental para o cumprimento das
recomendações da CVR. Para a CVR tais meios
constituem componente de um horizonte mais amplo
de alcance histórico, o horizonte da reconciliação.
É possível a reconciliação?

• O conceito e a proposta de reconciliação apresentados pela


CVR aparecem como tarefas essencialmente morais, orientados
à compreensão do passado e do presente, orientando os
sujeitos a descobrir e sobremodo, a construir os meios para o
“nunca mais”. Isso implica a criação de um acordo social
superior inspirado na prática da justiça e solidariedade, capaz
de proclamar o valor e a dignidade absolutos da pessoa
humana.
É possível a reconciliação?

• O primeiro ingrediente da reconciliação


será a verdade ligada ao exercício de uma
“memória coletiva”. É mediante o
desvelamento do passado comum e o
exercício de uma memória plena de
significados compartilhados de uma
memória que tem como sujeito o “nós”,
será possível a reconciliação.
“O que ganhamos por viajar até
a lua se não formos capazes de
cruzar o abismo que nos separa
de nós mesmos?”

(Thomas Merton)
Como alcançar uma memória dialógica,
criativa e libertadora?

• No caso da CVR peruana, essa memória foi procurada


mediante uma abertura às vivências de quem sofreu a
violência na própria carne. A palavra das vítimas, quem
geralmente não tem voz pública, abriu caminho a um
encontro intersubjetivo, a um ato de integração
voluntário e livre, entre todos os que quiseram
rememorar.
Como alcançar uma memória dialógica,
criativa e libertadora?

• Essa memória é concebida como um patrimônio intransferível:


nossa memória não pode ser imposta a partir de fora, mas
cresce dentro de nós ou entre nós. Nesta radical
intersubjetividade da memória, encontra-se sua natureza
essencialmente ética: o passado é recuperado, não como um
exercício de poder – controle e domínio – mas como um ato
fundante da comunidade.
Reconciliação, justiça e perdão

• A verdade torna-se caminho da reconciliação, quando abre


caminho para a justiça. Esta, não somente se torna condição,
mas também consequência da reconciliação. Justiça deve ser
entendida num sentido amplo. Em sua natureza judicial, implica
a ação da lei sobre os culpados pelos crimes. Isto significa
colocar um fim às arbitrariedades. Por outro lado, no social e
político, a justiça demanda o ressarcimento material e moral das
vítimas. Mas não pode ser confundida com a vingança.
Reconciliação, justiça e perdão

• Tendo em mente tais considerações, a história imediata da


violência e a larga história nacional, a CVR propôs uma noção
de reconciliação consistente na restauração dos laços entre
Estado e sociedade.
• Tal restauração implica uma transformação da comunidade
política para convertê-la numa sociedade de cidadãos. Uma
ética cívica, um diálogo da política com a moral como o que está
implícito nessa proposta reconciliadora pode parecer impossível
hodiernamente, tempos de cinismo e utilitarismo superficial.
• Contudo, não se pode olvidar que verdade, memória e
reconciliação têm sido muito poderosas ao longo da história
humana e gravitam como aliadas eficazes da justiça e da
afirmação de uma democracia.
Reconciliação, justiça e perdão

• Contudo, não se pode olvidar que verdade, memória e


reconciliação têm sido muito poderosas ao longo da história
humana e gravitam como aliadas eficazes da justiça e da
afirmação de uma democracia.

• No processo dos trabalhos de investigação surgiu um conceito


crucial necessário à afirmação da democracia e da
governabilidade futura no Peru: a responsabilidade.
A reconciliação é um lugar teológico?
Qual contribuição cabe à teologia para às vítimas do sofrimento e da
violência?
Escutar a voz das vítimas, onde nasce uma necessidade de “fazer”
justiça e, reparar os danos para alcançar a reconciliação?
Os conflitos político-sociais são dados primários a serviço da reflexão
teológica. Os conflitos étnicos, sociais são difíceis de serem sanados.
Como a teologia pode iluminar tais experiências?
Atrás de cada estatística sobre o número de vítimas dos conflitos, há
um rosto, uma história pessoal e comunitária que anseia continuar a
viver.
A teologia tem a vocação de acompanhar os seres humanos em suas
vidas cotidianas para juntos buscar a esperança num mundo melhor,
onde Deus se manifesta acompanhando a história humana.
As vítimas experimentam uma angústia sem limite, bem a recorda
Raquel quando chora por seus filhos (Jr 31,15; Mt 2,18), ou a poetisa
sul-africana Helen Kortza: “Meu coração grita dentro de mim, meus
olhos, porém estão tão secos”.
“À noite, quando o dia cai atrás de nós, costumo
caminhar ao longo do arame farpado, e do meu
coração levanta-se sempre uma voz que diz: ‘A vida
é uma coisa esplêndida e grande. A cada novo crime
ou horror, devemos opor um novo pequeno
suplemento de amor e de bondade, conquistados em
nós mesmos’. Podemos sofrer mas não devemos
sucumbir”
(Etty Hillesum. Diário 1941-1943, 3 de julho de 1943)

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