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Vol.

ISSN9 No. 2, 2005


1413-3555 Avaliação do Encurtamento de Musculatura Posterior de Coxa 187
Rev. bras. fisioter. Vol. 9, No. 2 (2005), 187-193
©Revista Brasileira de Fisioterapia

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TRÊS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO


ENCURTAMENTO DE MUSCULATURA POSTERIOR DE COXA

Polachini, L. O., Fusazaki, L., Tamaso, M., Tellini, G. G. e Masiero, D.


Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP, Brasil
Correspondência para: Luis Otávio Polachini, Rua Peixoto Gomide, 326/121, CEP 01409-000,
Cerqueira César, São Paulo, SP, e-mail: drpollachini@yahoo.com
Recebido: 31/5/2004 – Aceito: 22/3/2005

RESUMO
Contexto: Apesar de não haver um consenso na literatura, os transtornos de flexibilidade podem ser associados ao desenvolvimento
de lesões musculares e a alterações articulares e/ou posturais, além de comprometerem atividades desportivas ou da vida diária.
A existência de diferentes sistemas e protocolos de avaliação do comprimento e da flexibilidade da musculatura posterior da coxa,
com interferências e facilidades operacionais distintas, justifica uma verificação da concordância entre essas técnicas diagnósticas.
Objetivos: Verificar a concordância das respostas do teste de elevação da perna estendida, do teste de sente-alcance e da medida
do ângulo poplíteo e comparar os resultados obtidos entre os gêneros e dominância de membros inferiores. Método: A flexibilidade
da musculatura posterior da coxa foi avaliada em 60 voluntários (30 homens e 30 mulheres), com idade entre 18 e 30 anos, com
protocolos definidos para os três testes. Resultados: A concordância entre os três testes foi evidenciada por coeficientes de correlação
variando de 0,626 a 0,977 (p < 0,01) e ausência de diferença estatística no teste de McNemmar. A comparação entre os gêneros
mostrou constância de desempenho superior nas mulheres. Apenas no teste de ângulo poplíteo em homens foi obtida diferença
entre a lateralidade de dominância de membros (155º no membro dominante vs. 152º no sem dominância). Conclusão: Esses dados
permitem concluir que há concordância nas respostas dos testes estudados quanto à avaliação da flexibilidade da musculatura posterior
da coxa, com desempenho melhor para as mulheres, que apresentaram maior flexibilidade na faixa etária estudada.
Palavras-chave: flexibilidade, isquiotibiais, ângulo poplíteo, teste de sente-alcance, teste de elevação da perna.

ABSTRACT

Comparative study between three methods for evaluating of hamstring shortening


Background: Despite a lack of consensus in the literature, flexibility disorders may be associated with the development of muscle
injuries and postural or joint alterations, and may compromise sports and day-to-day activities. The existence of different systems
and protocols for evaluating hamstring muscle length and flexibility, with differing interventions and ease of operation, justifies
verification of the agreement between these diagnostic techniques. Objective: To investigate the agreement between popliteal angle
measurement, sit-and-reach test and straight-leg raising test and make gender and dominant leg comparisons between the tests.
Method: Hamstring flexibility was evaluated in 60 volunteers (30 males and 30 females, aged 18 to 30 years) using protocols defined
for the three tests. Results: The agreement between the three tests was showed by correlation coefficients ranging from 0.626 to
0.977 (p < 0.01) and absence of statistical difference in the McNemar test. Comparison between genders showed consistently superior
performance among women. Leg dominance only gave a difference in the popliteal angle measurement among men (155° in the
dominant vs. 152° in the non-dominant leg). Conclusion: The data allow the conclusion that there is agreement between the responses
of the three tests for evaluating the flexibility of the hamstring muscle. Women presented better performance, with greater flexibility
than among men, for the age group studied.
Key words: flexibility, hamstrings, popliteal angle, sit-and-reach test, leg raising test.

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INTRODUÇÃO Apesar dos vários trabalhos sobre o assunto, a literatura


não apresenta consenso em relação ao teste mais indicado
Entende-se como flexibilidade a capacidade da unidade ou de melhor performance na avaliação dos transtornos da
musculotendínea alongar-se enquanto um segmento corporal musculatura posterior da coxa. A existência de diferentes
ou articulação se move através da amplitude de movimento sistemas e protocolos de avaliação do comprimento e da
livre de dor e restrições. O encurtamento ou retração refere- flexibilidade da musculatura posterior da coxa, com
se à redução leve do comprimento de uma unidade interferências e facilidades operacionais distintas, justifica
musculotendínea que permanece saudável, resultando em uma verificação da concordância dessas técnicas diagnósticas.
limitação na mobilidade articular. Um músculo retraído pode Os objetivos deste estudo foram (1) verificar a concordância
ser quase completamente alongado, exceto nos limites das respostas de três testes de avaliação da flexibilidade da
extremos de sua amplitude, o que comumente ocorre em musculatura posterior da coxa e (2) comparar os resultados
músculos biarticulares.1 obtidos entre os gêneros e a dominância de membros
Uma variedade de técnicas foi desenvolvida para a inferiores.
avaliação dos problemas de flexibilidade muscular com base
nas articulações e nos movimentos participantes. Os métodos
METODOLOGIA
de avaliação dependem da cooperação dos indivíduos em
realizar os procedimentos e da habilidade e do conhecimento Um total de 60 indivíduos sadios, divididos por gênero
dos examinadores em executá-los. A combinação desses dois (30 homens e 30 mulheres) e com idade variando entre 18
aspectos determina a utilidade clínica e a aplicação prática e 30 anos, foi avaliado segundo um protocolo experimental
dos exames da flexibilidade. de diagnóstico com cada sujeito sendo o controle de si mesmo
A musculatura posterior da coxa corresponde a um para os diferentes métodos de avaliação. O estudo foi
grupo muscular conhecido como isquiotibiais. Composto realizado no Setor de Fisioterapia da Disciplina de Fisiatria
pelos músculos bíceps femoral, semimembranoso e do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da
semitendinoso,2 a ação muscular desse grupo é complexa, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de
em decorrência do fato de serem estruturas biarticulares Medicina durante o mês de fevereiro de 2004.
atuando na extensão do quadril e na flexão do joelho.2,3 O plano de pesquisa foi elaborado em concordância
Como há uma interdependência das ações desempe- com as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres
nhadas por esse grupo muscular, a efetividade dos isquiotibiais humanos, conforme a Resolução 196, de 10 de outubro de
como extensores do quadril está relacionada ao posicio- 1996, do Conselho Nacional de Saúde, e aprovado pelo
namento da articulação do joelho. Com essa articulação Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
estendida, esses músculos são alongados otimamente para São Paulo. Antes da realização de qualquer procedimento
agir no quadril. A flexão da coxa ocorre livremente com os todos os participantes receberam esclarecimentos porme-
joelhos flexionados, sendo limitada pelos isquiotibiais quando norizados sobre justificativas, objetivos, hipóteses,
ocorre a extensão do joelho.4 procedimentos e intervenções propostas e, então, assinaram
A retração nos isquiotibiais pode resultar em problemas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
posturais significativos e produzir inclinação posterior Foram considerados critérios de exclusão (1) a presença
contínua da pelve que irá afetar a marcha, ocasionando dores de dor aguda lombar, muscular ou articular de membros
musculares ou articulares nos membros inferiores com seu inferiores pela possibilidade de comprometimento do
conseqüente desalinhamento.4,5 movimento do grupo muscular avaliado; (2) diagnóstico de
As doenças que cursam com dor no joelho podem estar hérnia de disco lombar, lesão medular ou cirurgia anterior
associadas a alterações da musculatura posterior da coxa, em coluna, joelho, quadril ou tornozelo; (3) doença ortopédica
com reflexo direto no movimento de extensão do joelho. ou neuromuscular de membros inferiores; (4) prática de
A dor anterior do joelho está, na maioria das vezes, associada atividade física ou desportiva em caráter profissional, em
a encurtamentos musculares das extremidades inferiores.6,7 razão da freqüência de alteração da musculatura em atletas;
As provas de aferição do comprimento muscular (5) uso regular de medicamentos analgésicos, relaxantes
consistem em movimentos que alongam os músculos na musculares ou antiinflamatórios esteróides ou não; e (6) falta
direção contrária às ações que normalmente são executadas do cooperação ou capacidade cognitiva para a realização
por eles. Assim, os testes para medida de tensão da dos procedimentos clínicos.
musculatura posterior da coxa incluem o teste de elevação Todos os participantes foram submetidos aos três
da perna (EP) e suas variantes,8 os testes de flexibilidade protocolos de avaliação no mesmo dia, com intervalo de
muscular conhecidos como sente-alcance (TSA)9, 10 e a repouso de cinco minutos entre cada teste. Os exames foram
medida do ângulo poplíteo (AP) apresentado por Gajdosik realizados com os sujeitos usando roupas flexíveis que não
& Lusin.8 comprometessem o movimento ou a leitura goniométrica

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e com os pés descalços. Todos os testes foram realizados possibilitando a aplicação de testes paramétricos. A
por um examinador sem protocolo de exercícios de concordância entre os valores numéricos das respostas
aquecimento ou alongamento prévios à avaliação. angulares e lineares foi avaliada pela correlação entre as
O teste de elevação da perna estendida foi realizado variáveis distribuídas em grupos de duplas (sente-alcance –
de acordo com a descrição de Kendall.11 O teste do ângulo ângulo poplíteo; elevação da perna – sente-alcance; ângulo
poplíteo foi realizado segundo o protocolo apresentado por poplíteo – elevação da perna e outras) pelo coeficiente de
Affonso Filho.12 O teste de sente-alcance foi realizado de correlação de Pearson.
acordo com descrições de Polock & Wilmore13 e Baltaci et Além do estudo estatístico paramétrico, as respostas
al.14 Para a realização desse procedimento foi utilizado um foram classificadas em variáveis nominais dicotômicas
instrumento denominado de Bloco de Wells (marca (reposta normal/resposta alterada) e foi aplicado teste não
Cardiomed) e composto por uma caixa quadrada de madeira paramétrico de comparação da proporção de concordância
(40 × 35 × 35 cm) com uma régua superior graduada em das respostas (teste de McNemmar). Em todos os testes
centímetros e com um espaço morto (diferencial entre o início estatísticos aplicados, o nível de significância para rejeição
da caixa e o da régua) de 23 centímetros. da hipótese de nulidade foi fixado em um valor igual ou
Como o critério de resposta normal é muito variável na inferior a 5% (p < 0,05) e os testes foram considerados sempre
literatura, optou-se por classificar os indivíduos de acordo com como bicaudais.
a posição em relação à média das medidas obtidas no grupo.
Foram classificados como normais (N) os resultados iguais RESULTADOS
ou superiores à média do grupo e como anormais (A) os valores
encontrados abaixo da média da amostra, para efeito de A correspondência dos três testes está representada pelos
comparação e correspondência com os outros testes aplicados. coeficientes de correlação de Pearson descritos na Tabela
A cooperação durante o procedimento foi estimulada com a 1. Não foram apresentadas as correlações entre o mesmo teste
solicitação de que os indivíduos informassem o aparecimento e as relações invertidas entre os testes.
de dor ou um grau de desconforto não tolerável. Quando os indivíduos avaliados foram divididos de
A comparação das médias foi realizada pelo teste t acordo com a média dos valores obtidos dentro do grupo,
de Student nas amostras pareadas (membros). Na ocorrência observou-se que a análise estatística, pelo teste de McNemmar,
de mais de dois grupos comparativos, a verificação do teste não mostrou diferenças na classificação dos indivíduos,
de hipóteses implicou aplicação de Análise de Variância independentemente da dupla de comparação dos testes,
(one way ANOVA), visto que as variáveis de resposta aos evidenciando uma similaridade de classificação entre todos
testes apresentaram categorias numéricas contínuas, eles nos dois membros avaliados (Tabelas 2 e 3).

Tabela 1. Distribuição dos valores do coeficiente de correlação de Pearson nas avaliações dos três testes de flexibilidade dos isquiotibiais
em membros inferiores direito e esquerdo.

Ângulo poplíteo Sente-alcance Elevação da perna


Direito Esquerdo Direito Esquerdo Direito Esquerdo
Ângulo poplíteo
Direito 0,939* 0,754* 0,773* 0,790* 0,783*
Esquerdo 0,744* 0,766* 0,817* 0,802*
Sente-alcance
Direito 0,977* 0,775* 0,793*
Esquerdo 0,787* 0,805*
Elevação da perna
Direito 0,959*
Esquerdo
*p < 0,01.

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A comparação das medidas obtidas nos testes, em DISCUSSÃO


relação ao gênero dos participantes, evidenciou uma diferença
no teste de elevação da perna de MID (8º em média) e MIE A avaliação da flexibilidade e do comprimento dos
(11º em média), no ângulo poplíteo em ambos os lados (12º músculos é de grande importância no estudo das limitações
nos dois membros) e na avaliação do ângulo dos testes de da amplitude de movimento das articulações, acompanhando
sente-alcance (9º em média). a prática da Fisioterapia em todos os seus aspectos e propor-
As mulheres apresentaram amplitudes de movimentos cionando critérios para a investigação dos encurtamentos
maiores para todas as variáveis estudadas, como demonstra musculares e das contraturas.15
a Tabela 4. No teste de sente-alcance com medida linear do Os métodos de avaliação da flexibilidade muscular
alcance máximo não houve diferença entre o sexo masculino consistem em movimentos de alongamento dos músculos
e feminino, mas observa-se que as mulheres permanecem no sentido oposto às ações que normalmente são executadas
apresentando melhor desempenho. por eles.11 Dessa forma, os testes para medida do comprimento
A Tabela 5 apresenta os resultados das médias e os da musculatura posterior da coxa podem incluir movimentos
desvios-padrão das medidas dos testes segundo a dominância de flexão do quadril (teste de elevação da perna retificada),
do membro inferior. Apenas no teste do ângulo poplíteo foi extensão do joelho (medida do ângulo poplíteo) e flexão do
obtida uma diferença com o membro dominante apresentando tronco sobre a articulação do quadril (teste de sente-alcance),
melhor desempenho, tanto para o gênero masculino como não havendo um consenso sobre o teste mais apropriado para
para o feminino. a avaliação.

Tabela 2. Concordância entre as classificações dos testes de flexibilidade dos isquiotibiais, em membro inferior direito, sem diferenciação
de gênero.

Ângulo poplíteo Elevação da perna


Normal Alterado Normal Alterado
Normal 25 4 24 5
Sente-alcance
Alterado 6 25 5 26
Normal – – 24 7
Ângulo poplíteo
Alterado – – 5 24
Teste de McNemmar: ângulo poplíteo x sente-alcance p = 0,75 NS
elevação da perna x sente-alcance p = 1,00 NS
elevação da perna x ângulo poplíteo p = 0,77 NS

Tabela 3. Concordância entre as classificações dos testes de flexibilidade dos isquiotibiais, em membro inferior esquerdo, sem diferenciação
de gênero.

Ângulo poplíteo Elevação da perna


Normal Alterado Normal Alterado
Normal 25 3 24 4
Sente-alcance
Alterado 8 24 6 26
Normal – – 25 8
Ângulo poplíteo
Alterado – – 5 22
Teste de McNemmar: ângulo poplíteo x sente-alcance p = 0,23 NS
elevação da perna x sente-alcance p = 0,75 NS
elevação da perna x ângulo poplíteo p = 0,58 NS

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Os resultados desta pesquisa não mostraram diferenças independentemente se a elevação da perna ocorre passiva
entre a avaliação da flexibilidade dos isquiotibiais, tanto em ou ativamente.
valores absolutos quanto em classificação de acordo com Em relação à medida do ângulo poplíteo, os nossos
a resposta média do grupo, quando realizada pelos testes de achados foram semelhantes aos valores publicados por outros
elevação da perna estendida, medida do ângulo poplíteo e autores.12, 21 As pequenas variações observadas podem ser
teste de alcance máximo. decorrentes da avaliação da posição terminal do movimento
Os resultados obtidos no presente estudo no teste de na leitura goniométrica, visto que a medida do arco de
elevação da perna são comparáveis aos descritos por Kendall movimento atingida pela extensão do joelho depende da
et al.11 e Halbertsma et al.,16 mas são significativamente mais flexibilidade dos isquiotibiais, mas pode ser avaliada de
elevados do que os apresentados por Halbertsma et al.17 As diferentes formas. Em nosso estudo, a posição terminal da
razões para essas diferenças podem estar relacionadas aos extensão do joelho foi definida como o ponto onde os indiví-
interferentes de movimento pélvico18, 19 e de articulação de duos referiam um desconforto decorrente do alongamento
tornozelo.20 Os movimentos da cintura pélvica apresentam da musculatura posterior da coxa ou a ocorrência de resistência
sinergismo evidenciando uma concomitância dos movimentos ao movimento.22
da pelve, das vértebras lombares e dos membros. Embora Quando o teste é aplicado com realização de movimento
os movimentos da coxa possam ocorrer sem movimento ativo da extensão do joelho, alguns autores utilizam apenas
pélvico, a pelve e a coxa, geralmente, movem-se juntas a a resistência à mobilidade como posição terminal, visto que
menos que haja uma restrição da atividade pelo tronco.4 esta resistência é determinada pela contratura dos isquio-
A posição do tornozelo durante a realização do teste tibiais.8 Numa extensa revisão da literatura não foram
pode ocasionar diferenças relacionadas à tensão passiva encontrados estudos da verificação de diferenças na avaliação
determinada pela contração do tríceps sural ou tensão de do teste do ângulo poplíteo determinadas pela realização do
estruturas nervosas. Gajdosik et al.20 encontraram menor movimento ativa ou passivamente. Os trabalhos publicados
amplitude de movimento alcançada, ao final do teste, quando não diferenciam as respostas provenientes de protocolos com
o procedimento é realizado com flexão dorsal do pé, movimento ativo e passivo.

Tabela 4. Distribuição das médias e desvios-padrão das avaliações dos três testes de flexibilidade de isquiotibiais, em relação ao gênero e
lateralidade de membros.

Ângulo poplíteo Sente-alcance Elevação da perna


Direito* Esquerdo* DireitoNS EsquerdoNS Direito* Esquerdo*
(graus) (graus) (cm) (cm) (graus) (graus)
Feminino 164 ± 12 162 ± 13 28 ± 10 29 ± 10 87 ± 13 86 ± 14
Masculino 156 ± 11 151 ± 12 25 ± 9 25 ± 9 75 ± 12 74 ± 13
*p < 0,01. NS = não significativo.

Tabela 5. Distribuição das médias ± desvios-padrão das avaliações dos três testes de flexibilidade de isquiostibiais em relação ao gênero e
dominância de membros.

Ângulo poplíteo Sente-alcance Elevação da perna


Gênero MD MND MD MND MD MND
(graus) (graus) (cm) (cm) (graus) (graus)
Feminino 164 ± 12NS 162 ± 13NS 28 ± 10 NS 29 ± 10 NS 86 ± 13 NS 87 ± 14 NS
Masculino 155 ± 10* 152 ± 12* 25 ± 9 NS 25 ± 9 NS 75 ± 12 NS 74 ± 13 NS
*p < 0,05. NS = diferença não significativa entre os membros.
MD = membro dominante. MND = membro não dominante.

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A comparação dos resultados obtidos neste estudo, nos A concordância entre os métodos de avaliação
testes de sente-alcance, com a literatura evidenciou uma proporciona, dentro das condições avaliadas e na faixa de idade
similaridade entre os resultados. Os valores de proposta, uma escolha por parte do profissional, dependendo
aproximadamente 25 cm, em média, para as avaliações da experiência ou das condições das instituições envolvidas.
bilaterais e unilaterais no gênero masculino e 28 cm no
feminino foram inferiores aos publicados por Baltaci et al.,13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que encontraram 39 cm para mulheres. Draper et al.,23
estudando a influência do calor e do alongamento na 1. Kisner C, Colby LA. Alongamento. In: Exercícios terapêuticos –
flexibilidade dos isquiotibiais, publicaram valores de 28,9 fundamentos e técnicas. São Paulo: Manole; 1998. p. 141-179.
cm para o teste de sente-alcance, sem diferenciação de gênero. 2. Hall SJ. Biomecânica básica. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Cornbleet & Woolseyp24 avaliaram o comprimento dos Koogan; 1999.
músculos posteriores da coxa em jovens na idade escolar, 3. Noyes FR, Sonstegard DA. Biomechanical function of the pes
encontrando valores de 22 cm para os rapazes e 26 cm para anserinus at the knee and the effect of its transplantation. J Bone
Joint Surg Am 1973; 35[A]: 1225-1240.
as moças.
Encontramos apenas um estudo descrito com a avaliação 4. HamilL J, Knutzen K. Anatomia funcional dos membros
do ângulo formado pela pelve e a superfície rígida24 com inferiores. In: ___ Bases biomecânicas do movimento humano.
São Paulo: Manole; 1999. p. 205-244.
resultados similares aos encontrados no presente trabalho.
A vantagem da avaliação do teste por meio do arco de 5. Cailliet R. Exame do paciente com dor lombar. In: ___ Síndrome
da dor lombar. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 97-137.
movimento poderia estar relacionada à exclusão da
interferência determinada pela abdução escapular, que pode 6. Fulkerson JP. Patologia da articulação patelofemural. 3a ed. Rio
ser observada durante a realização da avaliação com medida de Janeiro: Revinter; 2000.
de alcance máximo e que pode contribuir com valores de 7. Shrier I, Ehrmann-Feldman D, Rossingnol M, Abenhaim L.
3 a 5 cm de diferença, no resultado final.24 Risk factors for development of lower limb pain in adolescents.
J Reumathol 2001; 28(3): 604-609.
Quando comparamos os resultados entre os gêneros
observou-se uma constância de desempenho superior nas 8. Gajdosik R, Lusin G. Hamstring muscle tightness, reliability of
an active-knee-extension test. Phys Ther 1983; 63(7): 1085-1090.
mulheres, em conformidade com dados previamente
publicados.12, 12, 13, 24 Embora não haja evidências conclusivas, 9. Hennessy L, Watson AWS. Flexibility and posture assessment in
os fatores determinantes da diferença entre os gêneros podem relation to hamstring injury. Br J Sp Med 1993; 27(4): 243-246.
incluir modificações anatômicas ou fisiológicas. Entre os 10. Hui SS, Yuen PY. Validity of the modified back-saver sit-and-
fatores anatômicos pode-se citar as diferenças entre as regiões reach test: a comparison with other protocols. Med Sci Sports
Exerc 2000; 32(9): 1655-1659.
pélvicas masculinas e femininas. Como as mulheres têm
quadris mais largos e mais rasos do que os homens há 11. Kendall FP, McCreary EK, Provance PG. Provas de comprimento
muscular e exercícios de alongamento. In: Músculos: provas e
tendência à maior amplitude de movimento em conseqüência
funções. São Paulo: Manole; 1995. p. 30-56.
do maior grau de jogo articular. Dentre os fatores fisiológicos
podemos destacar o aumento da flexibilidade durante a 12. Affonso Filho A. Avaliação do ângulo poplíteo no adolescente
com joelhos normais [dissertação]. São Paulo: Universidade
gravidez, decorrente da lassidão articular, das mudanças Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina; 2001.
biomecânicas das forças atuantes da pelve em razão do
13. Pollock ML, Wilmore JH. Selecionamento clínico e
crescimento uterino e fatores hormonais como o aumento
metodologia de avaliação, prescrição de programas de
da produção de relaxina e estrógeno.25 prevenção e reabilitação. In: ___ Exercícios na saúde e na
Não foram evidenciadas diferenças entre a lateralidade doença. Rio de Janeiro: MEDSi; 1993. p. 340-362.
de dominância de membros inferiores, à exceção do teste 14. Baltaci G, Un N, Besler A, Gerçeker S. Comparison of three
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mais significativa de flexibilidade no membro dominante. ibility in female university students. Br J Sports Med 2003; 37:
Apesar de a expectativa apontar para melhor desempenho 59-61.
do membro dominante, os estudos sobre a amplitude de 15. McDowell BC, Hewitt V, Nurse A, Weston T, Baker R. The vari-
movimentos e dominância de lateralidades não são definitivos. ability of goniometric measurements in ambulatory children with
A maioria das pesquisas é realizada em indivíduos da área spastic cerebral palsy. Gait Posture 2000; 12: 114-121.
de esportes, com tendência à maior amplitude nos movimentos 16. Halbertsma JPK, Göenken LNH, Hof L, Groothoff JW, Eisma
do membro dominante como conseqüência de aprimoramento WH. Extensibility and stiffness of the hamstrings in patients
na força, na coordenação, nos mecanismos proprioceptivos with nonspecific low back pain. Arch Phys Med Rehabil 2001;
82: 232-238.
e no desempenho muscular, determinados pelo uso mais
intenso do local.25

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