Está en la página 1de 27
— © SUPRAORGANICO NA GEOGRAFIA CULTURAL AMERICANA* — MJAMESS, DUNCAN, RESUMO ‘0 MODO SUPRAORGANICO DE EXPLICACKO NA GEOGRAFIA CULTURAL REIFICA A NOCAO DE CULTURA, ATRIBUINDO-LHE STATUS ONTOLOGICO E PODER CAUSATIVO. ESTA TEORIA DA CULTURA FOI ESBOCADA PELOS ANTROPOLOGOS ALFRED KROEBER E ROBERT LOWIE DURANTE 0S PRIMEIROS 25 ANOS DO SECULO XX, POSTERIORMENTE ELABORADA POR LESLIE \WHITE € TRANSMITIDA PARA CARL SAUER E ALGUNS DE SEUS ALUNOS EM BERKELEY. SEGUNDO ESTA TEORIA, A CULTURA E VISTA COMO UNA ENTIDADE ACINA DO HOMEM, NAO REDUTIVEL AS ACOES DOS INDIVIDUOS E MISTERIOSAMENTE RESPONDENDO A LEIS PROPRIAS. ARGUMENTA-SE QUE A EXPLICACKO DEVE SER DESCRITA EM TERMOS DE NIVEL ‘CULTURAL E NAO EM TERMOS DE INDIVIDUOS. APOS DEMONSTRAR QUE INUMEROS IMPORTANTES GEOGRAFOS CULTURAIS [APOIAM ESTA TEORIA, AS SUPOSICOES CENTRAIS DESTA TEORIA SAO SUJEITAS A UMA ANALISE CRITICA. TAIS SUPOSICOES INCLUEM A SEPARACAO DO INDIVIDUAL DA CULTURA, A REIFICACAO DA CULTURA, A SUPOSICAO DE HOMOGENEIDADE INTERNA DENTRO DA CULTURA, A CARACTERIZACAO DA CULTURA COMO UMA CONFIGURACAO DE TIPOS DE PERSONALIDADE MODAIS E VALORES IDEALIZADOS, E DO USO IMPLICITO DA TEORIA PAVLOVIANA DO CONDICIONAMENTO. PALAVRAS CHAVE. ESPAGO, GEOGRAFIA CULTURAL, SUPERORGANICO E CULTURA Intmopucao Em 1963, Harold Brookfield apontou que os ‘gedgrafos culturais “raramente procuravam expli ‘cages em assuntos como comportamento huma: no, atitudes © crengas, organizagao social ¢ carac- teristicas € inter-relagdes de grupos humanos."" Extraordinariamente, a situagao pouco mudou nos Gilimos quinze anos. Este artigo examina o modo de explicacio na geografia cultural que reifica 0 conceito de cultura, atribuindo-Ihe status ontolé- gico ¢ poder causative. No processo, 0 status on- toldgico elimina os problemas relativos as ques tes da psicologia social e organizagio social aci ma relacionadas. Deve-se acrescentar que a reifi ESPACO E CULTURA, UERI, RJ, N. 13, P73, JANJJUN. DE 2002 cagio € uma falacia através da qual construtos men: tais ou abstragies sio entendidos como tendo subs. tancia, isto é, existéncia independente ¢ eficécia causal? Trata-se de um problema difundido em toda a geografia e na ciéncia social em geral.’ Por: tanto, os argumentos apresentados tém implica. des para além do assunto imediato deste ensaio Quase todas as mais importantes teorias sobre ‘© homem ¢ a sociedade podem ser classificadas como hi icas ou individualistas, dependendo da natureza de suas solugdes para os "problemas de cordem’ na sociedade. A explicagio holistica ver- sus individualista permanece como ponto de im: portante controvérsia na ciéncia social. Embora freqiientemente no explicite a questa em seus trabalhos, a maioria dos cientistas sociais esta mut to engajada nesta controvérsia, Na geografia cul tural © na antropologia, a forma de holismo em torno da qual a controvérsia est4 centralizada é conhecida como supraorganica A teoria da cultura enquanto entidade supraor Banica foi esbogada pelos antropélogos Alfred Kroeber ¢ Robert Lowie durante os primeiros 25 anos do século XX sendo, posteriormente, elabo: rada por Leslie White. A cultura era vista como tuma entidade acima do homem, nao redutivel as agdes dos individuos © misteriosamente respon- dendo a leis préprias. Além disso, foi essa visio de cultura que passou a dominar a geografia cultural Esta perspectiva foi adotada especificamente por Carl Sauer ao se associar a Krocber ¢ Lowie em Berkeley nas décadas de 1920 © 1930, sendo pos- teriormente transmitida para seus alunos Embora muitos alunos da "Escola de Berkeley” de Sauer freqiientemente citem a definigao de cultura de Kroeber ¢ nao a tenham nem rejeitado ou substituido, ndo se pode ter absoluta certeza sobre até que ponto adotam tal definicao, Wilbur Zclinsky, entretanto, € excepcionalmente expli- ito no seu uso da teoria. Se outros gedgrafos cul- turais nao apéiam esta tese, eles podem, contudo, ser acusados por citarem e aparentarem apoid-la sem qualificagio. De fato, a ambigitidade com a qual muitos ge6grafos culturais abordam a questo da natureza supraorgdnica da cultura revela um fra- ‘caso no entendimento das implicagées desta po sigio. Isto pode ter sido exacerbado na importan- te introdugio de Wagner e Mikesell a geografia cultural, na qual descreveram que “o geégrafo cul tural nao esté (isto é, ndo deve estar) preocupado MMIGE Espace currura, ure), m), 8.13, P 7-39, JaN JUN, DE em explicar as dinamicas internas da cultura.”* Wagner, desde entio, retraiu-se desta posicio, bem como Mikesell, que recentemente escreveu:*"A maior parte dos geégrafos tem adotado uma atitu- de de laissez-faire’ frente aos significados da cul- tura, talvez, devido a crenga errénea de que uma concordancia a respeito desta questo jd tenha sido alcangada pelos antropélogos." Os geégrafos nao tém sé freqiientemente ig norado a variedade de definicées alternativas de cultura que podem ser obtidas da antropologia, mas a0 accitarem 0 conceito supraorgénico de cultura escolheram inadvertidamente uma teoria que vem sendo amplamente contestada ¢, hé mui to tempo, rejeitada pela grande maioria dos an- tropélogos. Enquanto esta por si sé nfo é uma ra- 240 para que os gedgrafos, a exemplo dos antro- Pélogos, também rejeitem a teoria, é surpreenden- te constatar que ndo se tenha tentado defender a Posicdo diante de tais criticas. A falta de interesse em relagao a debates teéricos fora da geografia pode ser o resultado de “se considerar a disciplina como uma iniciativa auténoma alheia as ciéncias sociais € naturais.” De qualquer forma, Mikesell exigiu, recentemente, que os gedgrafos retificas- sem a situago, dando "maior atengio para o modo pelo qual cles desejam empregar 0 conceito de cultura."' Este artigo tenta oferecer uma modesta contribuigao para este esforgo, a0 examinar 0 conceito de cultura empregado por vérios geé- srafos culturais importantes, & luz de debates em andamento sobre a nogio fora da geograia A SepaRACAO ENTRE INDIViDUO & SocEDADE Atualmente, no pensamento popular ¢ nao-aca- démico, a distingao entre o individuo e a socieda- 2002 de € virtualmente aceita como dada. Isto nao foi sempre assim.’ Conforme Erich Fromm, entre ot tros, sugeriu na Europa medieval “uma pessoa cra idéntica ao seu papel na sociedade: era um cam ponés, um artesio, um cavaleiro; € néo um indivi duo que viesse a ter esta ou aquela ocupagio."" Raymond Williams comenta que a distingao feita entre individuo e sociedade (ou cultura) esté as- sentada na lingua inglesa, Esta distingio, ele argu- ‘menta, ganhou popularidade em um momento his- t6rico especifico e agora estabeleceu-se em nos- sas mentes como absoluta."” A maioria das teorias nas ciéncias socials, hoje em dia, apéia-se na suposigao de que os individu 08 so atomisticos €, portanto, independentes uns dos outros. Isto nao resolve o problema acerca da ‘ordem que se encontra na sociedade, a nao ser que esta ordem seja imposta por uma forga exter- na incognoscivel. Conforme mencionado acima, hé duas solugdes mais importantes para este pro- blema, uma individualista € outra holistica. A dis- cordincia entre seguidores das duas posicies € a seguinte: devemos considera os eventos socials de larga escala como mera agregagao das agoes, ati tudes © circunstincias dos individuos que partici pam destes eventos ou sio sensiveis a seus resulta- dos, como deve ser 0 caso, ou os eventos devem ser explicados em termos de “seu préprio nivel de anilise auténomo © macroseépico?” Seriam, ci- tando Dray, “conjuntos sociais... nao os seus ele mentos humanos [que] si0 os verdadeiros indivi duos histéricos?"? Individualistas como J.W.N Watkins alegam que os individuos € que sao as for «a8 ativas, enquanto holistas como Maurice Man- delbaum alegam que conjuntos sociais € que de- vem ser estudados." Ambas as posigdes aceitam ESPAGO E CULTURA, UER), RJ, N13, P 7.33, JANJJUN. OE 2002 EID que € razoavel argumentar que as explicagdes de- vem ser fundamentalmente organizadas em termos de conjuntos sociais ¢ nao de agentes humanos individuais ou, por outro lado, que as explicagdes “profundas’ devem ser tragadas em termos de indi viduos € nunca de conjuntos sociais. A suposigio € a de que ou os individuos logicamente antece- dem conjuntos sociais maiores ou vice-versa." ‘Aquelas forgas externas que foram invocadas para mediacdo entre os individuos atomisticos in- cluem Deus, a cultura, as leis, 05 contratos sociais, ‘0s monarcas absolutos, as normas, os valores © a mao invisivel do mercado. Individualistas como Hobbes considcravam os individuos como porta- dores de interesses, predatérios, incapazes de co- operar sem transferir suas forgas individuais para um soberano absoluto, A solugao de Locke & se melhante, porém mais atenuada, Suas forcas exter: nas sio as instituigdes, leis prinefpios. Os holistas acreditam que eventos de larga es ala, como o declinio de nagées, so auténomos ¢ amplamente independentes dos individuos que deles participam. A ordem, portanto, € alcangada na medida que essas configuragoes de larga escala “resolvem-se por si préprias’ ou "procuram seu cequilibrio”. Uma das mais importantes afirmagées modernas da posigio holistica foi feita por Hegel Seu conccito de Geist (espitito) € talvez 0 objeto transcendental essencial do qual sao derivadas sub- seqitentes "solugdes” holisticas tal como a "consci- éncia coletiva’ de Durkheim, a “sociedade” de Parsons ou 0 “supraorgénico” de Kroeber."" A so: ciologia de Durkheim & um exemplo classico de holismo transcendental. Ele via a sociedade sui generis como irredutfvel aos individuos. Ele esta belece um elo légico critico entre 0 idealismo hegeliano © a antropologia cultural, porque seu trabalho representa uma transmutagio indireta das nogdes hegelianas para a ciéncia social."* Sempre que cu utilizar 0 termo holismo estarei conside rando a perspectiva filoséfica relativamente forte do holismo "transcendental", no qual 0 todo, e nao as partes individuais, € a forca ativa determinan te."” Os individuos sio agentes passivos desta for- ‘Ga: sua aparente atividade é atribuida aos seus pa péis como a causa “eficiente” em oposigio & causa “formal”. Esta distingdo aristotélica € crucial para o entendimento de qualquer forma de holismo trans cendental porque, por detris de toda descrigéo das agies de individuos, esti a suposigao de que estes individuos so meros agentes que cumprem tarefas determinadas por uma causa formal trans- cendental, isto é, a sociedade, a cultura e Deus Leitores nao-atentos, bem como autores de traba- thos relevantes, nem sempre podem lembrar-se das implicagdes légicas de tal ponto de vista, especi- almente quando inseridas no contexto da descr ao empirica O SuPrioRcanico Na ANTROFOLOGIA AMERICANA: Kroesta e Wire Alfred Kroeber desenvolveu a sua tese da au- tonomia da cultura em um artigo seminal intitula- do ‘The Superorganic’. Este trabalho marcou 0 inicio do determinismo cultural na antropologia americana, uma perspectiva que s6 comecou a per- der o seu vigor nos anos 50."" Para Kroeber, a mudanga do individual para o social ¢ cultural nao constitui um “elo numa corrente, nem um paso fem um caminho, mas um salto para um outro pla no’." Ele concebeu a realidade como sendo com- Posta por alguns niveis, comegando com o inor. @anico na basc, seguido pelo orginico que, por sua vez, € coberto por um nivel psicolégico ou biofisico c, finalmente, coroado pelo nivel social ow cultural” Embora cada um destes niveis esteja conectado com os niveis imediatamente acima € abaixo, ‘constituiu-se numa area de investigagio distinta © separada, com os seus proprios fatos es. peciais ¢ explicagdo causal." Nao se poderia trans ferir a explicagio em um dado nivel para outro, Kroeber ¢ Lowie preocuparam-se muito com a relagao do indi iduo no meio social supraorgini- co. Isto foi, em parte, uma tentativa para dis- tinguir a antropologia da psicologia ¢, mais tarde, da sociologia, focalizando a cultura como sendo um nivel independente da realidade. Ao elevar a cultura a um nivel supra-humano, 0 antropélogo nao tinha mais necessidade dos individuos ¢, por- tanto, nao precisava dos processos psicolégicos A visio de cultura de Kroeber como uma coisa sui generis foi compartilhada por Lowie”, para quem 4 cultura € algo sui generis que s6 pode ser explicada em seus préprios termos(...) O etné- logo(...) ind explicar um dado fato cultural tunindo-0 a um outro grupo de fatos culturais ou demonstrando algum outro fato cultural a partir do qual aquele fato foi desenvoloide Em ‘The Superorganic’, Krocber primeiro vol- ta-se para a questo da relagio do individual com © nivel sociocultural. "Mil individuos nao fazem tuma sociedade. Eles sao uma base potencial de uma sociedade: mas nao slo, eles mesmos, que a cau sam’ Na verdade, é 0 nivel sociocultural que faz ‘com que os homens comportem-se da mancira que se comportam.** “Quando uma maré permanece HEDGE sraco e curtura, urn), a), N. 13,» 7-33, JAN/JUN. DE 2002 de uma mesma forma por cingiienta anos, os ho- mens flutuam nela, ou nadam com dificuldade atra vés da correnteza, aqueles que enfrentam 0 vasto curso d'égua condenam a si mesmos a priori & futi- lidade da proeza.”* E vai além: "O efeito concre- to de cada pessoa sobre a civilizacio é determina- do pela propria civilizagio"” Krocber argumenta ‘que nao precisamos nos preocupar com o indivi- duo, porque ele € um mero agente das forgas cul- turais, um mensageiro levando informagao atra vvés das geragoes e de lugar para lugar. cédigo de valores foi central para a nogio de supraorgénico de Kroeber ¢, similarmente, para Durkheim ¢ Talcott Parsons na sociologia. Os va- lores permitiram a0 supraorganico atuar, tomar 0 controle das mentes humanas e forgé-las a confor mar-se com sua vontade. O cédigo de valores € considerado como o equivalente supraorganico do cédigo genético, Enquanto os organismos inferi ores sio controlados internamente, o homem € controlado externamente por valores. Kroeber ¢ White em geral concordavam sobre © conceit de supraorginico, embora eles discor- dassem sobre outras questdes como a concepgio materialista do mundo de White, na qual a tecno- logia era uma forga determinante.” White acredi- tava que o homem deve ser levado em considera- 420 quando examinamos a origem da cultura, Isto feito, a cultura deve ser explicada sem referéncia ho- a0 homem, individual ou coletivamente. " mem & necessério para a existéncia € 0 funciona- mento do proceso cultural, mas ele ndo & neces sirio para uma explicagio de suas variagoes.""" Segundo White, a cultura originou-se € esté pas sando por um processo continuo de melhoria de- vido a “habilidade neurolégica do homem para criar ESPAGO E CULTURA, UER), RI, N. 13, 8.7.23, JANWJUN. DE 2002 FEM simbolos.” partir do momento em que a cultura se desenvolveu, ela tornou-se extra-somitica, obe decendo as leis de seu novo desenvolvimento, completamente independente das leis que regem seus mensageiros humanos, A cultura gera suas pré. prias formas, independente dos homens, ¢ aque: les que nao forem titeis para seus propésitos si0 descartados."' Esta evolugio gradual da cultura € baseada nos fluxos de energia que so capturados € postos em agio pela sociedade através da tecno- logia. O conceito de simbolo tem um papel impor tante na teoria da cultura de White.” Os termos simbolo ou simbélico, ele acredita, podem ser usa- dos para se referir a0 comportamento humano © a0s processos psicoldgicos: entretanto, isto & es: fera da psicologia. Os simbolos também podem ser considerados em um contexto extra-somatico em relacdo direta com outros simbolos ,sem a mediacio dos individuos, 0 que ele alega ser_um processo cultural, Intimeros geégrafos, conforme veremos, referem-se a esta dltima utilizagio do termo simbolo. White talvez seja ainda mais assertivo que Kro- eber ao afirmar a natureza supraorganica da cultura:*"’Se 0 comportamento das pessoas € de: terminado pela cultura, o que determina a cultura? A resposta € que ela prépria se determina, A cul tura pode ser considerada como um processo sui generis." White afirma que a cultura torna-se vidvel atra- vés de mensageiros humanos, mas "devemos con- sideré-la separadamente de seus mensageiros hu- manos quando estudamos a sua estrutura € 0s scus processos’."* Assim como Durkheim, Kroeber, Lowie ¢ outros holistas transcendentais, ele acre- dita que a cultura néo pode ser reduzida ao indivi duo. Através destes autores, este ponto de vista vem exercendo uma grande, apesar de decrescen- te, influéncia na antropologia cultural americana €; Por extensio, na geografia cultural americana, (O Surrsorcanico Na Grocraria CucTura, AMERICANA. Muitos gedgrafos culturais famosos referem-se a0 conceito de cultura de Kroeber ¢ White. Des de que ambos os antropélogos tornaram-se conhe- cidos como expoentes méximos de uma teoria su- praorginica da cultura, pode-se supor que os ge6. grafos em questio concordam com esta teoria. Nem todos estes gedgrafos podem ter consciéncia de todas as implicagdes da posicio extremada de Kroeber. Contudo, seus trabalhos incorporam a forma do argumento supraorganico, que elimina muitas variéveis criticas de natureza sécio-psicolé- sicas © sécio-organizacionais, devido a proprieda des causais ativas atribufdas & cultura pela teoria.* Carl Sauer foi a figura hegeménica na geogra- fia cultural americana. Os principais temas deste campo, a saber, a ecologia cultural, a difusio de artefatos ¢ idéias ¢ a percepgio cultural da paisa ‘gem, estiveram presentes em scu trabalho. Sauer reconheceu sua “divida intelectual” para com os ge6grafos culturais alemaes do final do século XIX € inicio do século XX, especialmente Ratzel, Schliiter ¢ Hann." Sauer considerava Ratzel, aci ma de todos os outros, como o pai da geografia cultural.” Ratzel, por sua vez, foi profundamente influenciado por Hebert Spencer, um expoente da teoria supraorginica ¢ quem, na verdade, criou © termo “supraorganico”.* Sauer foi também igual- mente influenciado pelas idéias correntes da an tropologia americana. Durante seus primeitos anos em Berkeley, estabeleceu fortes vinculos com 0 Departamento de Antropologia ¢, em particular, com AL. Kroeber ¢ RH. Lowie.” Na verdade, foi Lowie quem 0 apresentou ao trabalho de Rat- zel A partir disso, Sauer assimilou a teoria da cultura que viria a permear todo o seu ensino Pesquisa posteriores.*! Sauer menciona a impor tancia para cle dos antropélogos de Berkeley em seu ‘The Morphology of Landscape’, onde apro va a obra Anthropology de Kroeber. Outras evi- déncias da influéncia da antropologia Kroeberia- na em Sauer residem no fato de que os temas da reconstrugio histérica, érea cultural ¢ difusio, que ‘Sauer introduziu na geografia americana dos anos 20, foram os mesmos que Boas e seus discipulos, Krocber, Wissler, Lowie, Goldnweiser, Hersoko- vits ¢ Spier, vinham trabalhando desde o primeiro momento que Boas tornou-se interessado em tais t6picos no final da década de 1890 © Embora a influéncia dominante da concep. ‘sao de cultura em Sauer foi indubitavelmente a de Kroeber, ¢ interessante notar que ele também se refere favoravelmente a Spengler, outro supraor: ganicista, em "The Morphology of Landscape’."* E dificil precisar até que ponto Sauer comuni- cou sua nogio de cultura aos seus alunos. Spencer sugere que, nos anos 30, Sauer estimulou seus alu- nos a se familiarizarem com o conceito de cultura Parsons afirma que “todo mundo fez cursos com Kroeber © Robert Lowie’, ¢ Kniffen relata: "eu recebi muito de Kroeber. Fiz mais cursos em an. tropologia do que em geogratia."* Entretanto, Sopher sugeriu que, durante o final dos anos 40 inicio dos 50, os alunos de pés-graduacao de gco- grafia em Berkeley nao eram obrigados a ler Kro- MEER &sraco e CULTURA, UFR), RI, N15, P-7.33, JANJJUN. DE 2002 cber ou outros tedricos culturais, pois suponha-se que eles simplesmente ’sabiam o que era cultura’ “© Talvez isso indique que Sauer tenha utilizado o conceito de cultura dos antropélogos durante os primeiros anos em Berkeley , incitando seus alu- nos a fazerem 0 mesmo, mas que posteriormente, uma definigao aceitavel de cultura ja havia sido estabelecida e, portanto, maiores explorages em torno do conccito nao se tornaram mais necessi- rias.” Embora nem todos os geégrafos culturais se refiram diretamente ao trabalho de antropélogos, alguns o fazem. Zelinsky, por exemplo, faz refe- réncia ao The Nature of Culture de Kroeber; The Science of Culture de White e The Evolution of Civilization de Quigley. Zelinsky diz que ele supde: ® seguindo 0s passos de Alfred Krocber ¢ com aalgumas reservas mentais, e aquelas de Leslie White..que a cultura ¢ em grande parte wm sistema auténomo, virtualmente “supraorgani- co” que funciona e se expande a partir de sua prépria légica interna e um suposto conjunto de leis ..e assim 0 faz com um grande grau de liberdade do. controle comunitario ou do indi- viduo. Wagner ¢ Mikesell sugerem, na introdugio & Geografia Cultural, que os leitores interessados em dedicar-se aos conceitos de cultura devem procu: rar ler The Science of Culture de White; Culture A Critical Review of Concepts and Definitions de Kroeber ¢ Kluckhohn, ¢ The Nature of Cultu: re de Kroeber. Wagner ¢ Mikesell citam tam- bem The Science of Culture de White em razio da nogio de simbolo que, como mencionado aci- ESPACO F CULTURA, UER), RJ, N13, 7:32, JANJUN, DE 2002 ERE ma, exerceu um papel crucial no seu determinis- mo cultural." Demais autores, como Brock Webb, indicam a seus leitores Anthropology de Kroeber ¢ The Science of Culture de White.® Carter refere-se a Kroeber assim como Spencer que, nio s6 se refere a Kroeber ¢ a White, como também a Culture and History: Prolegomena to the Comparative Study of Civilizations de Ba- agby.53 Deve-se ressaltar que Bagby € um supraor- ganicista que recorre constantemente a Kroeber, ‘a quem dedica seu livro. £ importante acrescentar que tais. gedgrafos nao discutem outras teorias da cultura [As PREMISSAS DO SUPRAORGANICO ‘A Cultura como Externa aos Individuos Kroe- ber ¢ White apresentaram distingdes entre a bio- logia, da qual a psicologia era considerada parte, © 0 supraorganico, que se baseia em fatos sociais ‘ou culturais que transcendem 0 individuo , a0 mesmo tempo, moldam suas agdes. Inimeros ge6- grafos culturais fizeram semelhantes afirmagies, De acordo com Sauer, a geografia humana esté somen- tc voltada ao nivel supraorginico de investigagio: "A geogeafia humana, entio, diferentemente da psicologia ¢ da histéria, é uma ciéncia que nao tem nada a ver com os individuos, somente com as instituigdes humanas ou culturas”* De modo similar, Zelinsky afirma:* estamos descrevendo a cultura ¢ ndo os indivi duos que nela participam. Obviamente a cultu- 1a nao pode existir sem os corpos eas mentes que Ihe dio vida; mas cultura € também algo desses participante e para além dees. A sua totalida- de é distintamente maior que a soma de suas partes, uma vez que ela & de natureza supraor- anica ¢ supra-individual, uma entidade com uma estrutura, um conjunto de processos ¢ m- eto préprio, embora claramente suscetivel aos eventos bistéricos ¢ condigdes socioeconémicas Apesar da visto de Zelinsky de que a cultura é algo separado dos individuos, ela precisa dos in: dividuos para se realizar.* Conforme foi_menci onado acima, isto segue 0 uso feito por Kroeber e White da distingdo aristotélica entre causas for- mais ¢ eficientes de um evento. Os homens, atu ando como causas eficientes, sio descritos como ‘meros’, “agentes, "portadores” out ‘mensageir da cultura.” A causa formal — a cultura - torna-se, portanto, reificada, Ela tem o poder de fazer as coisas.* Zelinsky afirma que:*” © processo cultural é uma das poucas grandes causas primrias que da forma aquelas diferen- gas de lugar para lugar, de fenémenos sob ou perto da superficie da Terra que nbs gedarafos éstudamos, e.. esta poderosa, quase soberana ro estrelato em nossa ‘forga primordial deve div pesquisa ¢ pedagogia, junto com os agentes ge- omorfolégicos, processos climéticos e biol6gi- 0s ¢ a operagdo das leis econdmicas. Em The Cultural Geography of the United States, Zelinsky escreve que "o poder exercido sobre as mentes de seus participantes por um sistema cultural é diffcil de se exagerar’.“ Ele enfatiza a autonomia da cultura, alegando que cla evolui a partir da “reacdo entre elementos culturais recentemente justapostos".*’ Ele tam: bém afirma que 2% JSorgas culturas que nao podemos ainda identi- Sicar tim estado atioas, selecionando membros da comunidade com potencial em termos de ca- racterstcassociaise econdmicas epreferéncias para dreas espcificas € ambiente. Sauer também faz alusio ao poder da cultura de fazer as coisas, apontando em The Morphology of Landscape" que “a cultura € 0 agente, a drea natural € 0 meio, ¢ a paisagem cultural o resultado. Zclinsky afirma que hé seis principios em gco: grafia cultural que “sdo, no minimo, implicitamen. te aceitos por nossos companheiros" (outros ges- grafos culturais)." O primeiro destes seis princi pios é o de que “a cultura é um fator genético primordial, junto com o fisico ¢ 0 biolégico, na determinagao do cardter dos lugares’. Evidente mente, Zelinsky acredita que seus companheiros gedgrafos culturais accitam implicitamente, senio cexplicitamente, que a cultura € uma entidade st Praorganica. Spencer ¢ Thomas acrescentam um aspecto evolutivo para este argumento ao declararem que 2 cultura tem se fortalecido ao longo dos milénios tornando-se, agora, uma forca controladora. O peso progressivo individual da cultura aumentou... com forga total. Na medida em que nos aproximamos da era moderna, pode- mos notar que a cultura tem uma forca eimpor- tancia quase que a parte das pessoas da soci- edade que possuem uma determinada cultu- ra... As vezes, parece que a dindmica cultural americana controla os americanos, como na tendéncia direcionada a uma automasao mai- or, ostemos ou ndo disso METRE spaco & CULTURA, UER), RI, N13, P 7.55, JAN JUN. DE 2002 George Carter parece adotar uma postura cul- tural determinista quando escreve que temas estudado muitos exemplos de culturas em atividade. Assim sendo, na Califérnia, os in- dios, 0s mexicanos, os espanbéis € 0s america- nos, nesta ordem, atuaram no mesmo ambiente, cada um deles escolbendo 0 seu modo de vida, dentre uma variedade de possbilidades que exis- tiam, com base em suas percebgdes culturalmen- te determinadas. Entretanto, Carter deixa um fio de esperanga para o individuo. Ao falar de um poderoso e efi caz inspetor real na Colombia, no século XVIII ele declara: “aqui nés encontramos o papel do in: dividuo incomum © vemos que, dentro de uma cultura, ainda ha espago para 0 exercicio da von- tade individual." Evidentemente, na opinio de Carter, somente 0 individuo mais poderoso € "in- ‘comum" tem a capacidade de exercer sta vontade individual. O resto de nds €, supostamente, nas palavras de Kroeber, arrastado pela maré cultural Mikesell, em seu recente discurso presidencial na Association of American Geographers decla- rou que a anélise critica de Brookfield sobre a ge- ografia cultural deve ser levada em consideragio € que 0s geégrafos culturais devem tentar lidar nao somente com a ‘cultura material e modo de vida’, mas também com “as engrenagens da sociedade € as razBes para 0 comportamento humano."* Con: tudo, Brookfield, neste caso em particular, ado- tando um posicionamento individualistico, argu: menta que se os gedgrafos tém que estudar pro- ‘cessos ¢ nao simplesmente descrever padrées, cles devem estudar o comportamento de pequenos ESPACO E CULTURA, ER), RN. 13, P7233, JANJJUN, DE 2002 EI grupos de individuos em uma micro-escala. A vi sio de que a explicagio fundamental deve ser em termos de individuos nao é compativel com a abor- dagem supraorganica para a explicagao. Deste modo, a sugestio de Mikesell pode ser ainda mais radical do que aparenta & primeira vista, uma vez que pode implicar o abandono da visio supraor- ganica.”” CRITICAS As PREMISSAS SUPRAORGANICAS A nogio de que hé niveis distintos de realida- de, 0 orginico (ou psicolégico) ¢ 0 supraorgani- co (ou cultural), tem sido criticada por apresentar dificuldades metodolégicas. Em 1917, no mesmo ano em que Kroeber propés sua nogio de supra- organico, Edward Sapir escreveu uma resposta denominada “Do we need a superorganic’? Ele contestou a nogio de niveis, argumentando que 0 método através do qual os niveis culturais e psico ogicos sao identificados € “essencialmente arbi- tririo.” Nao esta claro como se decide que com- portamentos s30 explicados em nivel individual ¢ outros em nivel supraorganico.”" Outro problema relacionado reside na seguinte questo: uma vez ‘que se tenha dividido a realidade em entificos estanques, completos ¢ auténomos em si préprios’, como se pode junté-los novamente.” Outros tém atacado a nogio de niveis auténomos, argumentando que nao ha individuo alheio & cul tura € que, portanto, todo 0 conceito de niveis € invalido.” Opler resume esta objegdo afirmando que ‘a verdade € que nenhum ser humano € um mero organismo, a nao ser que ele seja um em- brido ou um imbecil.’ Em suma, a visio de que a realidade € dividida em niveis auténomos nao sé parece ser metodologicamente nao-demonstravel, como implica, desnecessariamente, um modelo des favordvel do homem. Neste sentido, portanto, mui tos antropélogos tém abandonado esta concepgao.”* A reificagao da cultura tem sido criticada como mistica, um resquicio do romantismo idealista ale mao do século XIX." Franz Boas, 0 préprio pro- fessor de Kroeber, que acreditava firmemente no empirismo, criticou 0 supraorganico, dizendo que “parece-me desnecessério considerar a cultura ‘como uma entidade mistica que existe fora da so- ciedade, alheia a seus mensageiros individuais © movendo-se por sua prépria forga."” Edward Sa. pir concordou com a critica de Boas, argumentan do que "no € 0 conceito de cultura que € sutil mente equivocado, mas sim o Iécus metafisico para © qual ela é designada.™ Bidney © outros autores também apresentam criticas a esta visio de cultura como sendo “meta- fisica’ © como sendo “um tipo de Sina que, em nome da Ciéncia Social, tem sobrepujado a Pro- vidéncia metafisica.” Criticos mais atuais referem- se 20 conceito como “animismo”, “mitologia’, como algo que " agora pode ser sustentado pela ideolo- gia c pela {é, mas ndo por uma ciéneia séria.” Ge- ertz diz que “a imagem favorita dos etndgrafos romanticos (é] uma unidade supraorganica desor. denada onde, dentro de sua abrangéncia coletiva, © individuo simplesmente desaparece em uma nu vem de harmonia mistic: % Dado que a existén- cia do supraorganico nao pode ser nem provada nem refutada, entéo se torna, simplesmente, uma questo de {é. Além do mais, isso envolve a rejei- 0 da crenga do senso comum na importincia das ages de individuos reais, de carne ¢ osso, Talvez, hoje, & luz do fracasso assumido pelos filésofos positivistas da ciéncia em sustentar seu objetivo de livrar a ciéncia de toda a "metafisica’, definida por eles um tanto imprecisamente como aquilo que nao é observavel ou testavel, nao se deva descartar_ tao impensadamente a afirmagio de que a cultura possa ser uma “entidade teérica" legitima, cuja existéncia deve ser inferida, uma vez que nao pode ser observada."" Embora os antro Pélogos acima citados possam nao ter sido caute: losos o suficiente na formulagio de suas criticas, eles estdo essencialmente corretos, Hé muitas te. orias cientificas cujas relagoes com dados empiri cos sio tao superficialmente especificadas que de- vem ser abandonadas. Na ciéncia fisica, 0 éter lw minjfero é um exemplo, na sociologia, a ‘consci- éncia coletiva’ de Durkheim, "padrdes varidveis" de Talcott Parsons ¢ a “cultura” de Kroeber sio exemplos de conceitos impossiveis de serem liga- dos direta ou indiretamente a dados empiricos,com vista a demonstrar sua existéncia enquanto agen- tes causais autonémos.”” Com base no principio da parciménia, ou Ockham’s razor, uma distingio que acrescente bagagem supérflua a0 nosso conjunto de concei tos deve ser eliminada. O conceito de nfveis att tnomos parece ser um exemplo de um tipo de conceito desnecessério. A reificagio da cultura pode ser criticada, portanto, com base no argu- mento que hé pouca evidéncia empirica para apoiar até mesmo a inferéncia de um nivel auténomo, transcendente, Pressupor tal nivel, enquanto nio prové-lo de nenhum ganho em forca analitica, gera problemas metodolégicos sérios. A tentativa de Kroeber de substanciar a sua teoria com uma série de estudos empiricos falhou." Apesar de ter observado tendéncias recorrentes na moda feminina durante o perfodo de 300 anos, HEGRE sraco e curTura, uewy, RN. 13,» 7.33, JANJIUN. DE 2002 nao fot capaz de demonstrar que este padrao po- deria ser explicado pelo supraorganico.™ Em seu estudo, The Configurations of Culture Growth, ele juntou dados de sociedades tao variadas como da Mesopotamia, {ndia, Japao, China, Grécia, Roma e Europa, demonstrando que tais socie- dades tinham “caracteristicas comuns de cresci mento” de elementos culturais como a escultu ra, pintura, teatro, literatura, filosofia © cién cia Ele tentou demonstrar que as sociedades desenvolvem configuragdes culturais irregular- mente € que tais coisas como os talentos con: centram-se durante certos periodos de cresci- mento da cultura, Entretanto, Kroeber nao con- seguiu demonstrar uma uniformidade nos pa- drdes que poderia ter conferido maior peso & sua nogio de supraorganico. Ele foi obrigado a admitir que:*'Ao rever o terreno percorrido, eu gostaria de dizer, de inicio, que nao vejo ne- nhuma evidéncia de nenhuma lei verdadeira nos fenémenos tratados: nada ciclico, regularmente repetitive ou necessério...” Leslie White, uma outra figura importante do supraorganico, também nao foi capaz de aplicar sua teoria em seus trabalhos empfricos. Conforme aponta Wolf, ele usou a sua nogdo de cultura como supraorganica somente em suas afirmagdes progra matics. Sua pesquisa substantiva consistia em descrigies detalhadas das tribos indigenas do Su- doeste.* Sua tcoria nunca veio dar suporte a0 sew trabalho empirico, uma vez que sua nogio de cultura nio operacional. Esta grave limitagio poderia ter sido ignorada, caso 0 conceito de cultura demonstrasse ter poder analitico suficien- te para justificar as, até entao ndo-comprovadas suposigdes contidas na teoria, ESPAGO E CULTURA, UER), RJ, N13, 7.7.33, JANJJUN. DE 2002 EFAS O supraorganico implica uma visio de homem ‘como relativamente passivo ¢ impotente. Se 0 in- dividuo é considerado atomistico € isolado, entio as forgas aglutinadoras entre os homens devem ser cexternas a eles, Os supraorganicistas ndo enten- dem que ‘a cultura € trabalho da humanidade; temos a impressio que ela € auténoma s6 porque & E possivel encontrarmos freqiientemente cfei- tos imprevisiveis de ages, conseqiéncias que, por vezes, estio em oposigao direta as intengdes de um individuo que, por sua vez, pode ter sido ins- trumento dessas ages. Entretanto, como Joachim Israel j4 disse: a existéncia de tas efeitos auténomos nao impli- ca a existencia de um “objetivo”, no sentido de fatores ndo-bumanos, que se assemelham a coi- sas, operando independentemente da aco bu- ‘mana. Eles implicam to somente falta de visto, inteligencia € motivagao bumanas. Na medida em que os gedgrafos culturais con- sideram que a cultura seja uma forga determinan- te, outros tipos de explicag3o ndo parece ser necessirios. Por isto, muitas questées importantes sio excluidas. Existe pouca ou nenhuma tentativa de acharmos evidéncia empitica de processos atra- vés dos quais os padrdes culturais sto gerados. De acordo com Freilich, “ao abordar a cultura como uum processo supraorganico, nio é necessério lidar com as complexidades das decisdes humanas. O animal humano recebeu uma cultura, enxerga a realidade através dos ‘olhos' de sua cultura © age de acordo com a mesma. Os individuos que fa- zem escolhas, interagem, negociam, impéem res- trigées uns aos outros sdo, desta forma, ignorados em grande parte. Quando as instituig6es sio vistas como produtos da cultura, muitas vezes esquece se 0 fato de que clas sio 0 resultado da interacao social ¢, freqiientemente, representam os interes. ses de alguns grupos em oposicio a outros A conseqiiéncia mais séria de se atribuir um poder causal 8 cultura é 0 fato de que cla torna ‘obscuros muitas questées importantes relativas & origem, transmissio ¢ diferenciagio de virias “ca- racterfsticas culturais” dentro de uma populagao. Hé uma falta surpreendente de muitas espécies de variaveis explanatérias, empregadas em outros sub. campos da gcografia ¢ em outras ciéncias sociais Por exemplo, hé pouca ow nenhuma discussao a espeito da estratificagao social, de interesses po- liticos de grupos especificos ¢ dos conflitos que surgem de scus interesses opostos. Da mesma for- ma, ha pouca discussio sobre as politicas do go: verno ¢ de outras instituigées, ou sobre os efeitos das organizacdes empresariais € das instituigoes financeiras sobre a paisagem. Muitos desses itens sio vistos como "dados’, como caracteristicas cul- turais de um povo, nio analisadas sob qualquer prisma ou usadas como explicagdes. Diz-se que a cultura, que presumivelmente inclui os fatores aci- ‘ma, produz tais efeitos sobre a paisagem. Desta forma, freqiientemente, ndo se dé a devida aten. fo 3s interagdes dos homens ou das instituicoes Deve-se observar, entretanto, que Wagner apon- ‘a para esta lacuna € sugere que, no futuro, os ‘gc6grafos culturais dirijam seus estudos para as ins- tituigdes nas quais um dado comportamento ocor- re." Em suma, 0 mundo descrito pelos gedgrafos culturais € um mundo no qual o individuo esté em grande parte ausente, onde © consenso prevale- ce, onde os desvios sao ignorados, E um mundo intocado pelos conflitos interculturais, Assim, a nio-intencional conseqiiéncia da teoria supraor- ganica tem sido desencorajar a investigagio de importantes questdes relativas & interagio social, atribuindo explicagdes a uma entidade transcen- dental A INTERNALIZAGAO Da CuxTuRA Sob a égide do supraorganico, valores ou nor ‘mas tipicas so postulados como o mecanismo atra- vés do qual um objeto transcendental se traduz fem uma forma que pode ser internalizada por in. dividuos. Estes valores revelam o que Kroeber ¢ Benedict rotularam de "padrdes de uma determi nada cultura’, Para Kroeber, a cultura esté funda- mentada em padries inconscientes. ” Alguns ge- Sgrafos adotaram esta suposigao baseada nos pa. drdes. Spencer diz que “os padrdes da cultura ccriam normas, estilos ou configuragoes de grupo." ‘Thomas usa uma variedade de termos para tais pa. drdes, tais como “configurago’, “forgas dominan- tes", 'percepgio de destino’, “genio de uma cultu- ra! © “tema cultural’. “ O termo “configuragdo" € © preferido por Zelinsky,segundo 0 qual:”* “A ‘maioria das normas, limites ou possibilidades de agio humana, desta forma, sio._estabelecidos tan- to pela configuragao da cultura, quanto pelos da- dos bioldgicos ou pela natureza do habitat fisico." Apesar de alguns geégrafos culturais terem enfatizado 0 papel dos valores ou configuragdes culturais na determinagio do comportamento, 0 gedgrafo que dedicou mais atengio a estes aspec- tos foi Zelinsky. A configuragéo americana, na qual Zelinksy esté interessado, consiste de quatro “temas” ou “valores” principais, identificados por ele HEGRE srco F currura, ueR), 8), N. 13, P7-33, JAN/IUN. DE 2002 Estes valores so: “(1) um individualismo intenso, quase anérquico, (2) alta valorizagao da mobilidade ¢ da mudanga, (3) uma visio mecanicista do mundo € (4) um perfeccionismo messianico.”” Seguindo, as idéias de Kroeber, Kluckhohn e Talcott Parsons, Zelinksy argumenta que estes valores se internali- zam ¢ fazem com que as pessoas comportem-se de uma certa maneira especifica. E dessa maneira que a cultura produz © comportamento. Como exemplo, Zelinsky nos diz que o tema da mobilidade ¢ mu- danca produziu a musica do jazz. ® Zelinsky alega que a internalizagio dos valo- res cria um tipo modal de personalidade, que pode também ser chamado de “cardter nacional”. © au- tor acredita que a visio de mundo mecanicista explica 0 fato de que os americanos preferem a “cficiéncia," a "limpeza,’ € 'aquilo que € grande’ além de explicar seu “padrio de personalidade for temente extrovertido” Zelinsky vai além quando alega que este padrio de valor transforma as pessoas em entida des quasi-méquinas, que necessitam ser mantidas como verdadeiras méquinas: As presses dentro do ambiente cultural tendem 4a moldar as pessoas em unidades flexioes, ajus- tdocis, alegres, conformdveis para operarem tanto na esfera social quanto na esfera econmi- ca. Seépara uma maquina trabalhar bem, suas partes deoem ser lavadas, estar sem pocira,cui- dadosamente limpas ¢ polidas, ¢, por esta ra- tio, entre otras, obseroamos um interesse ob- sessivo na limpeza pessoal. O livro de Zelinsky The Cultural Geography of the United States contém muitas referéncias & ESPACO E CULTURA, UER), RJ, N.13, P. 7-33, JANJJUN. DE 2002 EEE ‘personalidade © a0 comportamento cultural do homem americano’, 8 "psique cultural americana’, 8 "alma cultural americana’. "*! De forma seme Thante, Sauer se utiliza de tipos regionals de card ter em "The Personality of Mexico’. Ele identifica dois tipos de cariter modais no México, alegando que no. norte os homens “nascem para se arrisca rem", enquanto que no sul, 0 cardter os predis- dem para “o trabalho paciente ¢ perseverante."" A utilizagao de tais tipos ideais de normas, valo- res ou de tipos de personalidade modais pode ser questionada, j4 que hé dois pontos em jogo. Um tem a ver com a utilidade de generalizagoes extre- mamente abrangentes, tais como a “psique cultural americana” ou a personalidade do México setentri- ‘onal, para serem usadas como objetivos descritivos Este ponto nio & totalmente claro, jé que envolve questoes de escala depende dos propésitos de ‘quem usa tais generalizagies descritivas © uso que Sauer faz do tipo de personalidade modal deveria ser questionado somente em razio de sua extrema generalidade, Pode-se, com ra- 20, perguntar se ha algum valor nas tentativas de reduzir 0 caréter de milhées de pessoas a alguns poucos tragos. Além disso, Sauer no mostra evi- déncias para sua alegagio de que uma proporgio significativa da populagio do norte do México “nasceu para se arriscar’, Alguns antropélogos le. vantaram questées acerca da “precisdo cientifica de caracterizagdes espectficas e dos métodos de obtengao das mesmas’ Tal abordagem tem sido acusada de se caracte rizar por seletividade desnecessiria e de negligén cia de dados, considerados inconsistentes, nos ‘casos em que esses slo pertinentes ao problema enfocado." © ambiente de aprendizagem dos individuos freqiientemente difere um do outro, em todas as. sociedades, exceto as menores ¢ mais primitivas." Qual a proporgao de americanos representada pelos quatro valores de Zelinsky? Eles se aplicam igualmente aos membros de todos os grupos étni- cos € niveis de renda? Como € que aqueles que nao estio representados conseguiram escapar & Pressao cultural? Talvez de maior importincia seja a questio de como os valores surgem ¢ sio manti- dos, Esta questio. nao € considerada problemstica por este método determinista de explicagio. Ge- ertz 0 caracteriza como “um modo, um arquétipo, uma idéia platdnica ou uma forma aristotélica, de acordo com a qual homens verdadeiros... sio re- flexos, distorgdes, aproximagées". " Geertz ale- ga que tal _abordagem leva a transformacao dos detalhes vivos em estereétipos mortos ¢ que, a0 fim de tudo, obscurece mais do que revela." © segundo ponto tem a ver com o papel de tipos ideais na explicagao. Apesar de controver- So, este € um ponto mais claro. Os tipos ideais podem ser usados em explicagdes como modelos ‘ou esquemas heuristicos, ou seja, como instrumen- tos na explicagéo. Ha uma tendéncia, entretanto, € trabalho de Zelinsky ilustra isto de forma cla- ra, de se esquecer que estes sio construtos men- tais do cientista social, que sio abstragdes da rea lidade ¢ como tal nao deveriam ser interpretados realisticamente, isto &, como coisas reais que exis- tem no mundo € causam eventos, ou que podem ser sujeitos a leis empiricas."” Um tipo ideal é um modelo ¢ como tal, pode sugerir hipéteses ou pode auxiliar na explicagao por analogia. Pode ser jul- gado, entretanto, por sua utilidade como numa abordagem instrumentalista € nao por sua veraci dade na explicagao, como seria 0 caso num argu: mento realista, O uso que Zelinsky faz de tipos ideais ¢ confi guragoes da cultura em explicagdes causais é obvi amente inaceitével porque implica tratar um con- ceito instrumental de modo realista, Zelinsky ale- £88 que os tacos tipicos ideais, tais como a visio de mundo mecanicista, levam as pessoas a serem cficientes, limpas e extrovertidas, O cariter de verdade atribuido aos tipos ideais e seu papel na tradugao do supraorganico em comportamento por parte de pessoas que sao essencialmente agentes passivos da cultura € muito mais questionével do que © mero uso de algumas poucas caracteristicas de tipo ideal para descrever uma nag3o inteira. Este Ulimo uso 56 pode ser criticado por ter utilidade questiondvel, enquanto que a interpretagio dos padrdes tipicos ideais como coisas auténomas ¢ transcendentes, que fazem as pessoas comporta- rem-se de modo especifico, caracteriza uma ma utilizagao do conceito. Zelinsky compartilha com a escola da perso- nalidade cultural da antropologia 0 erro de consi- derar valores € normas tipicos ideais, presumivel mente derivados da observagio casual do compor- tamento de certos grupos dentro da cultura ¢ usé los para explicar 0 comportamento, Ao. criar um tipo ideal a partir de observagdes empiticas ¢ de- pois usé-los para explicar observacies semelhantes, produz-se uma tautologia. Isto é a0 mesmo tempo uma forma circular € grosscira de reificagao ¢ certa- mente uma utilizagio errénea de tipos ideais. A Paesussa b& HOMOGENEIDADE Por tras de grande parte do trabalho desenvol- vido pelos gedgrafos culturais esté pressuposta a MEER sco e currura, uw), mi, 8.13, 9.7.33, J8NJUN. DE 2002 idéia de homogeneidade dentro de uma cultura Os gedgrafos culturais tém optado por fazer pes 4quisa em dreas rurais relativamente primitivas, para distinguir uma maior homogencidade. A maior parte do trabalho de Sauer foi realizada nas regi Ges rurais do México, ou nos “confins mais lon- ginquos da temporalidade humana’, para que uma suposigo de homogeneidade fosse feita, ou tives- se que ser feita devido & escassez de dados, De forma semelhante, o estudo de Wagner sobre Ni- coya ¢ 0 de Mikesell, North Morroco, foram sobre reas rurais.\% Aschmann sugere que, para se ensi- nar geografia cultural em campo, é melhor direcio- nar o estudo para_uma érea primitiva e isolada."" Alguns gedgrafos culturais que estudaram socie- dades complexas, como as dos Estados Unidos, tam bém assumem a homogeneidade. Zelinsky alega que existe uma "cultura nacional unificada’ e que "existe tum grau surpreendente de uniformidade relativa en tte as varias regides ¢ segmentos sociais do pais!" No passado, muitos antropélogos culturais tam- bém assumiram a homogeneidade ¢ foram critica- dos por isto. Os criticos desta posigao alegam que até mesmo nas sociedades primitivas existe menos homogeneidade do que se acredita.""> Wallace diz que na idéia de comportamento uniforme esté implicito 0 conceito de cultura.’ Bennet acredi ta que esta visio surgiu porque a cultura se identi- ficava com uma “unidade tribal, holistica que, en. to, pressupunha-se estar presente em todos os ‘grupos humanos".'"* Durante os anos 30, foi esta visio de comportamento homogéneo dentro de uma cultura integrada que levou os antropélogos a pensarem na mudanga como algo infreatiente, con- sistindo de forgas externas a cultura, Durante esta época, portanto, a difusdo gozava de grande popu: ESPACO E CULTURA, UER), RI, N13, P-7-33, JANJJUN. DE 2002 EM laridade, como uma explicagao para a mudanga, € 0s conflitos de interesse no eram_enfatizados."" Recentemente, Wagner enfocou 0 assunto em relagio a0 trabalho dos ge6grafos culturais:"® Se imprecisao ¢ obscuridade sao falhas na bis- Aria da cultura, afirmo que essas duas carac- terfsticas podem também permear os estudos culturais. Nossos objetos so, via de regra, ou indiotduos que, acredita-se, pensam ou se com- portam virtwalmente da mesma forma, como na abengoada comunidade pequena, ou sao povos ¢ nagaes, que, de forma semelbante, sdo conside- rados bomogéneos. Na melhor das bipsteses, devioamos nossa personalidade e cardter, atra~ 6 de regides como o ‘Sul’ (...) Fazendo-se grandes agregasées, pode-se falar de culturas nacionais. O maior atributo de um conceito tao amplo ¢ 4 sua inutildade ‘Wagner prossegue sugerindo que os geégrafos culturais abandonem a suposigao de homogenei dade € concentrem sua atengio sobre a escala da instituigao que, segundo cle, € 0 nivel critico nas complexas sociedades modernas, O autor termina seu artigo declarando que ‘passou a era em que se faziam agregacées cruas de dados’. Sugere ainda ‘que os gedgrafos tém que se distanciar dessa “po- siglo mecanicista ¢ agregativa de menor sofistica- a0." Quando & cultura, € definida como a forga ativa € 0 individuo, como recipiente passive, a homogencidade sera assumida, porque os indivi duos serdo paginas em branco sobre as quais 0 pa- drao cultural sera impresso. Portanto, um ataque & suposigao da existéncia de homogencidade atin- ge 0 cere da teoria supraorgénica da cultura, Hinrro: O MECANISMO PARA A INTERNALIZAGKO DA Currura, A Gltima grande suposigio associada a0 con- ceito supraorganico de cultura € 0 condiciona. ‘mento pavloviano, Os antropélogos do inicio do século XX sugeriram esta idéia como 0 mecanis. mo através do qual os valores culturais tornam-se internalizados pelos individuos. Esta posigao foi adotada de forma consciente, ou, mais provavel mente, nao consciente, pelos geégrafos cultu- rais, que se referem ao conceito como compor- tamento habitual De acordo com Wax, “a falha trégica na abor- dagem (de Boas) & antropologia cultural reside no fato de que cle adotava uma psicologia mecinica simplista.""" No capitulo intitulado “Stability and Culture" de sua Anthropology and Modern Life, Boas enfatiza que as agdes humanas poderiam ser explicadas através do habito que deriva de condi- cionamento nas primeiras fases da vida." © au- tor adotou a posigdo behaviorista que advoga que © habito deve ser construido nio por meio do pensamento, mas da atividade, © pensamento re- lativo & atividade habitual era normalmente visto como racionalizagio pés- factual. A visio de Boas foi passada a seus alunos Lowie e Krocber, de modo que, como destaca Voget Os novos deterministas bistrico-culturas ba- seavam-se no behaviorismo para prover oesteio psicol6gico dos processos de insergao do bomem nna cultura. As evidéncias de condicionamento apresentadas por Pavlov foram accitas casual mente como sendo bastante congruentes com 0 processo cultural, enquanto as interpretacdes Jreudianas que enfocavam as reagies do indivi duo diante dos processos culturais, de uma for- ma geral, foram severamente rechagadas ou ignoradas Assim sendo, durante a primeira metade do sé culo XX, foi disseminada uma visio de cultura ba: seada na ctiagio inconsciente de padroes que moldavam as motivagées dos individuos."" Enfa- tizou-se a importincia dos hébitos motores em detrimento dos processos intelectuais ¢ reafirmou. se a existéncia do vinculo emocional do indivi- duo com a tradiggo." O homem era visto néo ‘como um agente com atuacao deliberada, mas sim ‘como sc fosse impulsionado por "estados afeti- vos’." O discurso de Sauer na Association of American Geographers, em 1941, foi um pronun- ciamento de sua posigio sobre a geografia cultu. ral, Ele se referiu a0 habito como um sinénimo de cultura, afirmando que " podemos rescrever a anti a definigéo da relagdo humana com 0 meio ambi- ente como a relagao do habito para com o habi- fat" Muitos outros também adotaram a nocd de cultura como comportamento habitual, enfati- zando 0 fato de que este comportamento habitual € aprendido, Sauer afirma que “cultura é a ativida- de aprendida convencional de um grupo que ‘ocupa uma determinada drea’."* Afora Sauer, Wag- ner © Mikesell, Wagner, ¢ Zelinsky definem cul- tura como um comportamento habitual aprendi- do ¢ claboram suas definigdes em termos muito semelhantes. Enquanto a nogao de condicionamento cultu- ral esté implicita na obra desses gedgrafos cultu rais que aceitam a nocdo da primazia da agio habi- tual, alguns gedgrafos so bem explicitos ao opta. rem pela adogio da teoria do condicionamento, MEER sraco & CULTURA, UER), RJ, N. 13, P-7-33, JANJJUN. DE 2002 Zclinsky, por exemplo, nos remete & definigao de cultura, proposta por Kroeber ¢ Kluckhohn, como, "elementos condicionantes’ da agio."” Ele acres- centa que “cada grupo cultural tem em comum um conjunto de tragos... que € adquirido, geral: mente de forma inconsciente, durante os primei ros meses ¢ anos da infancia."* Ele completa afir mando que 0s americanos esto “condicionados @ aceitar o individualismo’, que sio caracterizados pela “conformidade do cordeiro”, que tém “idéias, geralmente inconscientes, em relagio a um modo apropriado de se construir uma morada’, que “re- fletem as nogdes primordiais da morfologia do: méstica."*” Além disso, Zelisky nos informa que os habitantes da Nova Inglaterra tém uma * posigéo cultural contra a violéncia pessoal" e, fi nalmente, de que a formacao da cultura é em sua grande parte." negociada nos obscuros wives subterrineos da conscitncia, como uma strie de alteragaes extre~ mamente graduais e sutis no modo de pensar € sentir, € no impulso em resposta a alteracées basicas na estrutura socioecondmica € nos pa- draes ecolégicos Como ja vimos, a utilizagao do condicionamen: to cultural por Zelinsky € paralela aquela dos su- praorganicistas na antropologia, nao s6 pela énfa- se dada & acdo habitual aprendida, como também a0 inconsciente. Tendo em vista que alguns geégrafos cultu- rais voltaram sua atencao a paises como os Estados Unidos, a suposigao de que hé padrdes comporta- mentais habituais uniformes para todos os habitan- tes se tornou claramente insustentével. A partir dat, ESPAGO F CULTURA, UER), RJ, N.13, P 7-23, JANJJUN. DE 2002 BEE a atengao voltou-se para os papéis desempenhados pelos individuos. Em suas anotagdes de um seminé rio oferecido por Sauer em 1963, Newcomb cita Sauer quando este diz que “numa supercultura com plexa, observamos diferentes papéis € status." A nogio de papéis permite que se conceba a idéia de ago em termos de comportamento habitual numa sociedade altamente segmentada, Por esse méto do, pode-se transferir as pressuposigdes de acto habitual ¢ de homogeneidade de uma sociedade simples para uma sociedade complexa Na teoria dos papéis, a nogdo de que as pesso: as agem de acordo com os ditames de sua cultura € de tal modo refinada que seus comportamentos, a0 invés de serem prescritos por uma cultura como um todo, so prescritos por seus papéis dentro dela, Ha pequena diferenga entre essas perspecti vas, j que ambas se apéiam na cultura como 0 objeto transcendental preponderante € na teoria do condicionamento, Elas est3o préximas, pelo menos neste aspecto, & sociologia estrutural-funci- onalista de Talcott Parsons. Para o supraorganicis- ta, 0 homem é, geralmente, uma criatura nao-in- ventiva, Normalmente, sua criatividade € vista como se confinada & criagio inicial da cultura, e, a partir disso, seu comportamento pode ser amplamente explicado pelo condicionamento a habitos. A imagem do homem como um objeto influe- ciado ¢ condicionado por uma forga externa baseada no que Wrong denomina “concepgio su- persocializada do homem.""*Sem duvida, a acto habitual ¢ inconsciente € apenas um aspecto do comportamento humano, outros aspectos sio a cescolha individual e a criatividade. Entretanto, esta escolha nao € totalmente irrestrita, Ela é restrin gida nao por misteriosas forgas sobre-humanas, mas or condigdes econdmicas e sociais especificéveis. Essas condiges no so auténomas, mas analisé. veis no ambito da atividade individual ou de gru- Po. Tais limitagoes devem ser encaradas como pro: bleméticas, isto é, devem ser investigadas. Antro- pélogos © gedgrafos culturais tendem a superesti mar 0 comportamento condicionado, produzin. do assim, 0 que foi criticado como sendo uma vi- so empobrecida do homem. A teoria supraorga: nica de Kroeber foi rotulada por Bidney como anti-humanista, enquanto Freilich sugere o mes- mo ao afirmar que Kroeber considera a cultura como se 0 homem nao existisse."* R.Wagner ar gumenta que modelos antropolégicos reificados ‘como esses tornam efetiva "a metamorfizagao da vida em cultura’ e, de tal forma, geram um curto- Circuito na potencialidade criativa do significado © empobrecem a experiéncia social." Jacques Ellul condena o anti-humanismo em tais modelos es- truturais que “decididamente consideram.... [0 homem] ao mesmo tempo em que o reduz a um sistema e a uma interagio de forgas Para um CONCEITO NAO-REIFICADO De CULTURA _ Apés 1940, aproximadamente, desenvolveu-se um consenso crescente na antropologia cultural americana de que os individuos néo eram mera. mente aut6matos condicionados."™ Na verdade, como destaca Keesing, a atengdo voltou-se para a questo de como os individuos, interagindo com outros através de instituigdes, criam, mantém e, Por sua vez, siio modificados por seu ambiente.'” Enfatizou-se progressivamente a maneira como os individuos exercem a escolha, como sio estrate- gistas que manipulam os contextos nos quais se acham inseridos."™ Esse € um conceito bem dife- rente de homem, que enfatiza a consciéncia, 0 interesse pessoal, valores ¢ expectativas diferen- ciados © 0 papel dos individuos no processo de mudanca."® Diversos antropélogos recentemente percebe ram a necessidade de uma abordagem que possibi- lite 0 entendimento da relagio entre a cultura © 0 individuo, na qual a cultura constitui um contexto para, eno um determinante de, escolhas. Focali- 2a-se nfo s6 a liberdade como também a restrigio, © comportamento consciente ¢ inconsciente © a manipulagio consciente das crengas incontesté- veis de alguns individuos por outros." Poderia- mos dizer que as pessoas permitem que as prescri- des culturais ditem seu comportamento porque eles as véem como abstragies, nio por serem real mente auténomas."*' Por exemplo, no caso de um dos “quatro valores" de Zelinsky, o individualism pode ter um impacto no comportamento dos ame. Ficanos ndo por ser parte de qualquer mecanismo. pelo qual uma cultura supraorganica determina 0 comportamento, mas porque muitos americanos acreditam que 0 individualismo € uma caracteris- tica americana €, portanto, agem de acordo com ssa erenga,"® © que se denominou “cultura pode ser redu- zido 3 interagao entre as pessoas. As interagdes de um individuo com outros modela a natureza do seu ser. Portanto, esse individuo é, em parte, um produto desse contexto, bem como um produtor © um sustentador desse contexto. Tudo isso vem a propésito para simplesmente dizer que enquanto 4s criancas, por exemplo, sio socializadas por scus ais, professores ¢ amigos, no sentido de aceitar um conjunto de valores, que por sua vez pode ser pasado para seus filhos, muitas criangas & medida MBER sco F CULTURA, UERI, RI, N. 13, P 7-33, JANJIUN. DE 2002 aque crescem ¢ sio expostas a outras idéias, podem rejeitar-e freqlientemente o fazer- as idéias que Ihes foram passadas na infancia, Em outras palavras, os indi luos s80 mais auténomos do que o indivi duo completamente socializado, postulado pelos gedgrafos culturais. Dentro dos limites das obri- gages sociais ¢ institucionais, o individuo procu- ra € escolhe em meio a uma profusio de opgées oferecidas pelos varios mundos sociais com os quais cle esté familiarizado. O termo cultura poderia ser poupado se nao fosse tratado por si préprio como uma variével explanatéria ¢ sim usado para expressar contextos para agio ou conjuntos de acordos entre pessoas em varios niveis de agregagao. Tais contextos po- dem, na verdade, parecer como coisas em si pré- prias, proporcionando assim a natureza do mun- do. Em qualquer sociedade nao hé um nico con- texto c, sim, uma série de contextos em uma vari- edade de escalas. Individuos ¢ grupos distintos, dependendo de seu acesso a0 poder € a outros recursos que eles tenham, sdo diferencialmente capazes de organizar © modificar esses diferentes contextos. Alguns provocam um impacto sobre contexto imediato de sua vizinhanga, enquanto (05 ricos € poderosos podem deixar sua marca em nivel nacional."* Esses contextos freqiientemen- te se originam no passado distante, fazendo com {que paregam remotos para as pessoas que agora os aceitam, muitas vezes sem contesté-los, como re- ‘gras para a ago, No entanto, isso nao € evidéncia para a autonomia de processos de larga escala; sim- plesmente reflete a opacidade de interacdes com- plicadas ¢ a alienagéo do homem em relagao as suas criagdes coletivas. De acordo com Clifford Geertz, talvez o melhor porta-voz desta nova vi ESPACO E CULTURA, UER), RJ, N. 13, P.7.33, JANJJUN. DE 2002 EES sao de cultura, a cultura nao é" “um poder, algo que se pode, de maneira causal, ser atribuido a eventos sociais, comportamentos, instituigdes ou processos: € um contexto, algo dentre o qual eles podem ser inteligentemente ... descritos.” Poder-se-ia sugerir que a cultura, em vez de ser vista como uma poderosa forga autonoma, deves se ser considerada como um conjunto de tradi gies e crengas que podem orientar a ago, especi- almente quando definidas pelos préprios agentes como modos de comportamento “naturais" ou “cor- retos’. Devem-se focalizar as interagées comple- xas, que possam ser mais ou menos organizadas ou formalizadas, entre individuos © grupos que pro: duzem_ essas regras visando ao comportamento dentro de um certo contexto cultural. Coxctusto Em resumo, pode-se caracterizar 05 varios er- ros associados ao uso da teoria supraorgnica da cultura como sendo de natureza ontolégica ou empirica. Minha posicao é de que a separacio do individuo da cultura € um erro ontolégico, E um caso de antropomorfismo, de reificar um constru- to mental ¢ atribuir-the auto-direcdo € poder so- bre os homens que é puramente fieticio. Ademais, isto envolve a rejeigao de modos de pensar do senso comum, sem ganhar poder analitico. A su- posigao de homogencidade dentro de uma cultu- ra € uma generalizag3o empitica que nao parece ser justificdvel em termos de expansio do progresso teérico. O uso do homem genérico € tipos de personalidades modais como mecanismos causais 4 mais um caso de reificagio. Um problema ainda maior esta no fato de que eles impossibilitam a pesquisa de importantes questées. Além disso, a teoria pavloviana de condicionamento mostrou se inadequada para explicar dados de pesquisa ‘empiricos. Talvez, mais esclarceedor do que essas ceriticas especificas seja 0 fato de que na perspecti- va eral sobre a cultura nao vem sendo adotado nenhum questionamento, quer dizer , com raras excegdes, 05 gedgrafos culturais parecem estar indiferentes as controvérsias na antropologia so. bre esta teoria, Poderiamos acrescentar que esse fracasso na defesa do uso de uma teoria obsoleta é gcral © nio esté restrito & geografia cultural Uma questao importante persiste: que valor, se algum, tem a nogdo de cultura para a geografia? A presente critica nao nega que haja valor no uso do termo cultura, no entanto, ela de fato rejeita a atr- buigio de status ontolégico auténomo ao concei- to, Ela sugere que a cultura definida como uma centidade supraorginica nao € apenas inconvincen- ‘mas também te como uma variével explanatéria, torna-se um obstéculo para a explicagao por ocul tar diversas relagées sociais, econémicas ¢ politi- cas problematicas As criticas ao supraorganico se aplicam aos tra- balhos empiricos na geografia cultural, bem como as afirmagdes programaticas. Grande parte da pes quisa empirica de Sauer deve merecer a atengio € 0 clogios que recebeu; entretanto, como uma escola "Saueriana’ ou geografia cultural de Berke ley € desnecessariamente limitada nas questies que pode abordar ¢, mais importante, no ambito das varidveis explanatérias com as quais ela pode lidar. Por eliminar de forma explicita a discussio a respeito do individuo © por lidar apenas com 0 efeito material do homem em geral, o homem ge- nérico, ou 0 conjunto de todos os homens de uma Fegido, depara-se com duas opgdes apenas, Pode- se negar a explicagao como meta e se decidir pela “descrigio", que é, de certa maneira, diferente da explicagio, ou deve-se depender de um conjunto maior como a cultura, como uma varidvel explana téria, No entanto, a distingio entre explicagao € descrigio nao é de forma alguma clara. Por um lado, como Sauer corretamente postulou, a descrigao histérica pode ser explicagao. Por outro lado, uma mera seqiiéncia de eventos nio € necessariamente explicacdo, especialmente quando os fatores mais importantes s4o omitidos. Ao negar-se a conside- rar a agio do individuo como uma preocupacao legitima dos gedgrafos, deve-se ou reificar 0 ho- mem, transformando-o num ideal (i.¢., homem genérico), reificar a cultura, ou rejeitar a explica do como uma meta Poderi © conceito de cultura ser preservado? Nem todos os gedgrafos culturais tratam consis tentemente a cultura como uma entidade supraor- Binica, Ela é freqdentemente usada como um ter- ‘mo abrangente para expressar 0 modo de vida das pessoas. Este fato em si pode no causar nenhum problema, Qualquer tentativa de se preservar a cultura como um conceito explanatério, por defi. nila desta forma, ainda que despojada de um sta- tus ontolégico independente, fracassa. E tautolé. ico explicar qualquer coisa sobre um grupo de pessoas por meio de referéncia a uma nogdo que supostamente cobre todas as caracteristicas do grupo, incluindo-se, por definicao, aquilo que deve ser explicado. Tal definigio de cultura pode ser Gti apenas para caracterizar o comportamento ‘numa ampla escala comparativa através das “cultu ras mundiais’. Isso, no entanto, pode envolver os problemas mencionados acima, como aqueles com tipos ideais nacionais, HEGRE tsraco e curTura, eR), J, N13, #733, JANJIUN. DE 2002 A rejeigao de uma nogao reificada de cultura pode implicar uma certa convergéncia entre a geografia cultural ea geografia social. Se a cultura nio for mais vista como um objeto auténomo, que requer um nivel de investigagao auto-suficiente, € sim como 0 contexto para interagio social, entio a distingio entre geografia social ¢ geografia cul isa tural cai por terra, Em vez de estudar uma chamada cultura, a pesquisa estaria focalizada em individuos e grupos & medida que eles interagem com seu ambiente fisico em varios contextos soci- ais e institucionais em uma variedade de escalas. A énfase na explicagio social, psicolégica e ocasio- nalmente politica, encontrada na geografia social valorizaria a paisagem, seja como artefato ou como estética, enfatizada pela geografia cultural A tradiggo homem-terra, embora forte na geo- grafia cultural, € atualmente fraca na geografia so- cial devido & preocupacao central com aspectos espaciais de problemas urbanos, Uma fusdo dessas duas sub-dreas da geografia seria mutuamente be- néfica se a definigdo tradicional dos gedgrafos culturais de geografia como 0 estudo da relacio entre 0 "homem” € 0 meio ambiente fosse mais enfatizada na geografia social. O “homem’, € cla- 10, nesse caso no é 0 homem genérico desincor- porado da geografia cultural ortodoxa, ¢ sim indi- viduos € grupos de individuos em relagao a espe- cificas paisagens socio-histéricas. ee Sou grato a Warren Bourgeois (Departamento de Filoso- Jia, Universidade de British Columbia), Clifford Geertz, Inti- tuto de Estudos Avangados, Princeton, Elibu Gerson, Pragma- tica Systems, San Francisco, Jobn Robertson, Departamento de Filosofia, Universidade de Syracuse, Ansebm Strauss, De- ESPAGO E CULTURA, UER), RJ. N13, 7.7.33, JANJUN. DE 2002 BAI partamento de Sociologia, Universidade da California, San Francisco, eos equines gedgrafos:Jobn Agnew, Nancy Dun- can, Cole Haris, David Ley, Donald Meinig, Milton Newton, David Robinson, Marwyn Samuels, David Sopher, Philip Wagner por seus tes comentarios das verses iniciais deste art- 40. Agradego também a0 Canada Council por me fomecer uma bolsa de estudo que me permit completar est estudo a Traduzido por Beatriz Juacaba ¢ Maria Faco - “The ‘Superorganic in American Cultural Geography", An- nals of the Association of American Geographers, 70 (2), 1980, pp.181-198. Os editores agradecem a Association of American Geographers pela autoriza- ‘20 para traduzir para a lingua portuguesa e publicar este artigo, 1 H.C. Brookfield," Questions on the Human Front crs of Geography", Economic Geography, Vol.40 (1964), pp. 283-303, referéncia na pig 283, 2 P Berger. Pulberg,Reification and the Sociolo. sical Critique of Consciousness’ History and The ory, Vol.d (1968-65), pp.196-211 3 Para uma discussa0 do problema na geografia cult ral, ver MB. Newton, Jr, eL. Pulliam-Di Napoli Log Houses as Public Occasions: A Historical The ory. Annals, Association of American Geographers, Vol.67 (1977), pp.360-83, Para uma discussio do problema em outra reas da geosraia,ver RD. Sack, "Geography, Geometry and Explanation’, Annals, Association of American Geographers, Vol.62 (1972), p.61-78, RD. Sack," A Concept of Physi «al Space in Geography” Geographical Analysis, Vol 5 (1973), pp.16-34, eR.D. Sack, “The Spatial Separatist Theme in Geography’, Economic Geo: raphy. Vol-50 (1974), pp.1-19. Sobre areificagao na cigneia socal, ver D.C. Phillips, Holistic Thought in Social Science ( Stanford: Stanford University Press, 1976) 4. Paraum discussio geral sobre holismo ¢ individuals: ‘mo, ver]. 0. Neil, ed, Modes of Individualism and Collectivism ( London: Heinemann, 1973). Ua das ‘mais conhecidas citicas sobre holismo € a de Kart Popper. The Poverty of Historicism (London: Rou tledge, 1946). Para uma discussio mais recente acer " 2 cado holismo na geografia, ver) S. Duncan, “Holis: ‘ic Explanation in Human Geography: The Case of the Culture Concept” Manuscrito ainda ndo publi cado, 1979, PL. Wagner e M.W. Mikesell, eds. Readings in Cul- tural Geography ( Chicago: University of Chicago Press, 1962), p.5 MW. Mikesel, "Tradition and Innovation in Cultural Geography’, Annals, Association of American Geogra- phers, Vol 68 (1978), pp.1-16,referéneia na pig. 12. Mikesell, op.cit, nota6, p.10 Mikesell, op cit, nota 6, p.13, C. Morris, The Discovery of the Individual 1050. 1200 ( New York: Harper & Row, 1972), p.2 R. Willians. The Long Revolution (New York: Har perk Row, 1966), p.75. Willians, op cit, nota 10, pp.72-100 W. Dray, “Holism and Individualism in History and. Social Science” in PEdwards, ed., Encyclopedia of Philosophy ( New York: Macmillan, 1967). Vols. 3- 4, pp.53-58, referencia na pag. 53 13 J, W.N. Watkins, “Ideal Types and Historical Expla: nations "in H. Feigl and M, Brodbeck, eds, Readin- ss in the Philosophy of Science ( New York: Apple- ton Century Crofts, 1953),pp. 723-743, eM. Man delbaum, * Societal Facts’ British Journal of Sociolo: ay, Vol. 6 (1955), pp.305-317. E.M. Gerson, “On Quality of Life’, American Soci- ological Review, Vol. 41 ( 1976), pp.793-806 ‘Transcendentalismo € utilizado aqui no sentido he- 2cliano,,referindo-se auma entidade tal como Geist, ‘a qual transcende (no sentido de ser maior que © determinante de) as partes individuais que se apre- sentam como uma mera manifestagio do Geist. Eu nao quero sugerir que Durkheim conscientemen. te tentou aplicar as idéias de Hegel para o estudo da sociedade, somente que sua nogio de sociedade ‘como uma coisa sui generis continha teores Hegeli anos e teve oefeito de modelar grande parte da cién: cia social americana a0 modelo Hegelian Para uma discussio a respeito dos conceitos do ho- mem ativo versus passivo, ver M. Hollis, Models of ‘Man ( Cambrigde University Press, 1977) AL Kroeber. The Superorganic’, in The Nature of Culture ( Chicago: University of Chicago Press, 1952), pp.22-51. Kroeber fez uso do terma "supra ‘orginico” que vem do determinista social do século XIX, Herbert Spencer Ver H. Spencer, The Princi- 19 20 2 22 23 4 25 26 27 28 29 HMEGHE sraco e curTura, UER), RJ, N. 13, 8.7.33, JANJUN. DE 2002 ples of Sociology ( Chicago: University of Chicago Press, 1967) eF W. Voget, A History of Ethnology ( New York: Holt. Rinehart e Winston, 1975), p.365 Kroeber, op.cit,, nota 18, p.49 Mats tarde, Kroeber realmente fez uma distingio entre © nivel cultural e social, embora considere ambos supraorganicos, ver A.L. KroebereT: Parsons, “The Concepts of Culture and of Social System,” Amer ‘can Sociological Review Vol, 23 ( 1958), pp.582. 583 Voget, op. cit, nota 18, p. 364 EW. Voger. * Man and Culture; An Essay in Chan ging Anthropological Interpretation,” in R. Darnell Ed,, Readings in the History of Anthropology ( New York, Harper and Row, 1974), pp.343-363, referén. cia na pig. 350; A.L. Kroeber, "The Eighteen Profes: sions,” in P. Bohannan eM. Glazer, eds., High Points in Anthropology ( New York: Knopf, 1973), p. 102 106, Kroeber, op cit. nota 18,¢ RH. Lowie. Culture and Ethnology (New York: Boni and Liveright, 1917) Lowie, op. cit,, nota 22, pp.17, 66 Kroeber, op.cit,, nota 18, p.41 ALL. Kroeber, “On the Principle of Order in Civiliza- ‘ions as Exemplified by Changes in Fashion” Ameri- can Anthropologist, Vol. 21 (1919), pp. 235-263 Kroeber, op. cit, nota 25, p.261 Kroeber, op.cit,,nota 18, p.48, E.R. Wolf, Anthropology ( Englewood Cliffs, NJ-Prentice Hall, 1968), p43 Eu devo a Clifford Geertz ( comunicagdes pessoais) por ter ressaltado que Krocber , diferentemente de White , tinha consciéncia das dificuldades que en- volviam a posicdo supraorganica. Em alguns de seus escritos, ele demonstra incerteza quanto a forga do determinism cultural. Deve-se dizer que mesmo no, final da sua earreira Kroeber manteve a opiniio de que a cultura era sui generis. Ver: Kroeber e Parsons, op.cit., nota 20, A. L. Kroeber, "The Personality of Anthropology in E. A. Hammel e W. S. Simmons, ceds., Man Makes Sense ( Boston: Little Brown, 1970), pp.41-45, Para as ligagdes entre Kroeber © White, ver: .H, Steward, Alfred Kroeber (New York: Co- lumbia University Press, 1973, p.48, A.l. Kroebere C.Kluckhohn, Culture: A Critical Review of Con- cepts and Definitions ( Cambrigde, Mass.: Peabody ‘Museum, 1952). Vol.47, p.28; LA. White, The Sei cence of Culture; A Study of Man and Civilization ( New York: Grove Press, 1944), p.90, D. Hymes, Reinventing Anthropology ( New York: Random House, 1969), pp. 186, 189, RL, Bee. Patterns and. Processes: An Introduction to Anthropological Stra tegies for the Study of Socio: Cultural Change (New York: Free Press, 1974), p.122, and M, Harris, The Rise of Anthropological Theory (New York: Crowe- 11,1968), p.332. 30 LA. White, “Culturology’ in D.L. Sills ed, Interna tional Encyclopedia of the Social Sciences ( New York: Macmillan, 1968). Vol.3, pp. 547-551; refe- réncia na pag, 549. 31 L.A White, ‘The Concept of Culture,” American An thropologist, Vol. 61 (1959), pp.227-251 32 L.A. White, The Concept of Cultural System (New York: Columbia Press, 1975), pp 3-4,¢ White, op.cit, nota 30, p.548 33. White, op.cit, nota 30, p48 34 White, op.cit, nota 32, p5 35 Alguns gedgrafos humanos parecem ter um concei to holistico da cultura, que pode nao ter suas origens na teoria supraorgiinica de Kroeber. Alguns realmen. te distinguem Kroeber e White, referindo-se as suas teoriasem particular. Aqui é dada atengio somente & estes iltimos gedgrafos. 36 CO. Sauer. ‘Recent Developments in Cultural Geo- graphy" in E.C, Hayes, ed., Recent Developments in the Social Sciences ( Philadelphia: Lippincott, 1927), pp. 154-212: C.O, Sauer. "Friedrich Ratzel( 1844-1904),” Encyclopedia of the Social Sciences, Vol.13( 1931), pp. 120-121, C. O. Sauer, "Cultural Geography." Encyclopedia of the Social Sciences, Vol.6( 1931), pp. 621-624, C.O, Sauer, “The Fourth Dimension of Geography” Annals. Association of American Geographers, Vol. 64 ( 1974), pp. 182: 192; eC.O. Sauer, Sixteenth Century North Ameri ca: The Land and the People as Seen by the Europe ans (Berkeley: University of California Press, 1971), 37. Sauer, op. cit, nota 36, ‘Ratze!", C.O. Sauer, “The Formative Years of Ratzel in The United States,” Annals, Association of American Geographers, Vol61 (1971), pp. 245-254, referéncia na pay, 253) ¢ Sau- 1 op cit,, nota 36, “Fourth Dimension’, p. 190, 38 PLE. James, All Possible Worlds: A History of Geo- graphical Ideas ( Indianapolis: Odyssey Press, 1972), p.223 39. LE Spencer, “The Evalution of the Discipline of Ge: ‘ography in the Twentieth Century," in Geographical Perspectives, Vol. 33 ( 1974), pp. 20-36, referéncia ESPAGO E CULTURA, UFR), RJ, N.13, P. 7-38, JANJJUN, DE 2002 EI 40. a 2 a 44 45 46 47 48 49 nna pag 26, J. E. Spencer, “What's in a Name? ~The Berkeley School," Historical Geography Newsletter, Vol. 5 ( 1976), pp. 7-11: referencia na pag. 9; | Leighly, “Carl Orwin Sauer, 1889-1975" Annals, Association of American Geographers, Vol. 66 ( 1976), pp. 337-348: referéncia na pig. 341. J, Par sons, "Carl Ortwin Sauer,” The Geographical Revi ew, Vol. 66 (1976), pp. 83-89, e J. Parsons. ‘The Later Sauer Years," Annals, Association of American Geographers, Vol. 69 (1979), pp. 9-15; referéncias nas pigs. 11, 13. Sauer, op. cit,,nota 36, "Fourth Dimension,” p.192. Leighly, op. cit, nota 39, pp. 339-340. Sauer, op. cit,, nota 36, “Fourth Dimension,” p.192., C.O. Sauer, “The Morphology of Landscape."In J Leighly, ed. Land and Life: A Selection from the Writings of Carl Onwin Sauer ( Berkeley: University of California Press, 1963), pp. 315-350, referencia nna pag. 349. Bee,op.cit., nota 29, pp. 67-93, Sauer, op. cit,, nota 42, pp. 327-328 J.E. Spencer, Carl Sauer: Memories about a Teacher’ ‘The California Geographer. Vol. 15 ( 1975), pp. 83 86, referéncia na pig. 85, Parsons, op. cit, nota 39 “Later Years," p. 13, FB. Kniffen, "The Geographers Craft—l: Why Folk Housing’ Annals, Association of American Geographers, Vol. 69 (1979), pp. 59-63, referéncia na pig. 62, Trindell escreve que “a segun dda geragio de gedgrafos culturais americanos foi tei nada nas escolas de Sauer € Kroeber, em Berkeley.” RT. Trindell, * Franz Boas and American Geogra phy’ The Professional Geographer, Vol. 21 (1969), pp. 328-332, referéncia na pig. 331 D. Sopher, por comunicagdes pessoais. Esta atitude desprovida de critica frente ao conceito de cultura fo! apontada por Mikesell, op. cit., nota 6, pp. 12-13, M, Mikesell, "Cultural Geography", in Pro- ‘gress in Human Geography, Vol. (1977), pp.460- 464, referencia na pig. 460, ¢ por P. Wagner, através de comunicagdes pessoas W. Zelinsky, The Cultural Geography of the United States Englewood Cliffs, NJ.: Prentice Hall, 1973), pp-3, 68, White, op.cit, nota 29, C. Quigley. The Evolution of Civilizations (New York: MacMillan, 1961), € AL, Kroeber, The Nature of Culture (Chica: 120; University of Chicago Press, 1952). W. Zelinsky, The Use of Cultural Concepts in Geo: graphical Teaching: Some Conspiratorial Notes for Quiet Insurrection’, em Introductory Geography: Viewpoints and Themes. Commission on College Geography, Publicagao No. 5 (Washington: Associ ation of American Geographers, 1967),pp. 75.96. teferéncia nas pigs.75-76. 50 Wagnere Mikesell, op.cit,, nota 5, p.2, White, op.ct. nota 29; Kroeber ¢ Kluckhohn, op.cit, nota 29, ¢ Kroeber, op.cit,, nota 48, pp.118-135. 51 Wagnere Mikesell, op cit, nota 5, p. 2; ¢ White, op. cit, nota 29. 52 .O.M.Brock ¢.W. Webb, A Geography of Mankind (Nova York: McGraw-Hill, 1973), p.48: A.L, Kroe. ber, Anthropology (New York: Harcourt, Brace and World, 1948), e White, op.cit,, nota29 53. G. Carter, Man and the Land, 2a ed., (Nova York Holt, Rinchartand Winston, 1968), p. 562, .E. Spen: cer, Shifting Cultivation in South East Asia (Berke- ley: University of California Publications in Geogra- phy), Vol. 19 (1966), p. 54; Kroeber, op. cit, nota 52, White, op. cit,, nota 29, ¢ P. Bagby, Culture and History: Prologomena to the Comparative Study of Civilizations (Berkeley: University of California Press, 1959) 54 C.O. Sauer, Foreword to Historical Geography’, em J. Leighly, ed., Land and Life: A Selection from the Writings of Carl Ortwin Sauer ( Berkely: University of California Press, 1963), pp.351-379, referéncia nna pag, 358, 55. Zelinsky, op cit., nota 48, pp.40-41 56 Zelinsky, op cit., nota 48, p.71 57. J.E. Spencer e W.L. Thomas, Cultural Geography (New York: Wiley, 1969), p.3 58. Price discutea nogio de causa formal eeficienteem ET Price , "Aspects of Cause in Human Geogra: phy", Yearbook, Association of Pacific Coast Geo. ‘graphers, Vol.25 (1963), pp. 7-19. Ele parece aceitar anogio de Kroeber de que a cultura €a causa formal, tenquanto o homem &a causa eficiente (p.17), embo- ra, diferente de Kroeber, ele parece querer conceder 20 homema habilidade de modificar a causa formal Esta distingao € desacreditada pela maioria dos fil6- sofos atuais, mas mantida por muitos cientistas soci ais que preferem formas holisticas de explicagio. Ver R. Taylor, * Causation” em P. Edwards, ed., The En. ‘cyclopedia of Philosophy, Vol. 1 (New York: MMi Ilan, 1967), pp, 56-66, referéncia nas pigs. 56-57. 59. Zelinsky, op cit., nota 49, p.75, 60 Zelinsky, op cit., nota 48, p.70 61 63 64 65 66 or 68 6 70 71 n 73 74 75 76 MEDI 'sraco e currura, urR), RJ, N13, #733, JANJJUN. DE 2002 Zelinsky, op.cit., nota 48, p.78 Zelinsky, op cit., nota 48, p.99, Sauer, op.cit, nota 42, p.343. Anos mais tarde Sauer sentiu desconfianga frente a este artigo, Suas des cconfiancas estavam relacionadas, contudo, & possi bilidade de reconstrucao da paisagem natural e cul tural © nao a énfase supraorginica da sua teoria da cculura Zelinsky, op.cit,, nota 49, p.78, Zelinsky, *p. cit, nota 49, p.91 Spencere Thomas, op. cit,, nota 57, pp. 559-560. Carter, op. cit, nota 53, p. 532. Carter, op. eit, nota 53, p. 458, Mikesell, op. cit, nota6, pp. 10-11 Brookfield, op.cit. nota 1, p. 300. Para outra discus: ‘io a respeito da relagio entre escala e explicacao, ver L. Grossman, 'Man-Environment Relationships in Anthropology and Geography,” Annals, Associa: tion of American Geographers, Vol. 67 (1977), pp. 126-44, referéncia na p,129. Para um exemplo de ‘gcografia cultural que aparente ter abandonado 0 cconceito supraorganico de cultura e que tenha este: dado o comportamento humano na micro-escala, ver Newton ¢ Pulliam-Di Napoli, op. cit., nota 3, E. Sapir," Sapir’s Views of the Superorganic” in M. Freilich, Ed.. The Meaning of Culture ( Lexington ‘Mass. Xerox, 1972) referéncia na pig, 82 C. Geertz, ‘The Impact of the Concept of Culture on the Concept of Man" in E.* Hammel e WS. Sim- mons, eds., Man Makes Sense ( Boston: Little Bro: wn, 1970), pp, 46-65, referéncia na pig.54 Geertz, op cit. , nota 72, p.51, ME. Opler, * The Human Being in Culture Theory” American Anthro. pologist, Vol. 66 (1964), pp. 507-528, referéncia nas pags. 512,521, RM. Keesing, “Theories of Culture’, Annual Review of Anthropology, Vol. 3 (1974), pp. 73-97, referéncia na pig. 74; J.D Freeman, “Human Natureand Culture’ em RG. Slatyeretal,, eds., Man and the New Biology ( Contena: Australian National University Press, 1970), pp. 50-75, Opler, op cit,, nota 73, p.521 Geertz, op.cit, nota 72, pp. 56-57, Voget, op. cit. nota 22, p, 362: Keesing, op. cit.. nota 73, p.74, € Voget, op cit., nota 18, pp. 545, 557, 797-800, 803 FW. Voget, “The History of Cultural Anthropology” em J.J, Honigmann, ed., Handbook of Social and Cultural Anthropology (Chicago: Rand McNally, 1973), pp. 1-88, referéncia na pig. 3 80 a1 82 83 a4 85 86 87 88 89 90 1 Boas, Anthropology and Modern Life (Nova York. Norton, 1928), p. 235. E, Sapir, Cultural Anthropology and Psychiatry ( 1932), citado em F Eggan, “Among the Anthropolo- gists” Annual Review of Anthropology, Vol 3 (1974), pp. 1-19, referéncia na pig. 4 D. Bidney, “On the Concept of Culture and Some Cultural Fallacies," American Anthropologist, Vol. 46, (1944), pp.30-44, referéncia na pag. 41, D.Bidney. “Human Nature and Cultural Process” , American Anthropologist, Vol.49 (1947), pp. 375-399, refe réncia na pig. 384, Opler, op.cit.. nota 73, p. 524, GPMurdock, "Anthropology’s Mythology’, The Huxley Memorial Lecture, 1971, Proceedings of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland For 1971, pp.17-24, Keesing, op-cit,, nota 73, p74, C.Geertz, The Social History of an Indonesian Town. (Cambridge, Mass. M.LT. Press, 1965), p.145. C Maxwell, ‘The Ontological Status of Theoretical Entities" in Minnesota Studies in the Philosophy of Science, Vol.3 (Minneapolis: University of Minne. sota Press, 1956), pp.3-27, M. Hesse, “Laws and “Theories” , em P. Edwards. Ed., The Encyclopedia of Philosophy, Vol.3 ( New York: MacMillan Publishing, Co., 1967), pp. 404-410. ARyan, The Philosophy of the Social Sciences (Lon: don: MacMillan Press, 1970), p. 87. R. Bohannan e M. Glazer, eds., Highpoints in An. thropology (New York: Knopf, 1973), p. 106 Kroeber, op.cit.. nota 25, pp. 262-263, A. L. Kroe. ber e J, Richardson, “Three Centuries of Women’s Dress Fashions: A Quantitative Analysis," Universi ty of California Anthropological Records, Berkeley, Vol 5 (1940), pp. 111-154,¢ Opler, op.cit,, nota 73, pp. 513-516. AL. Kroeber, The Configurations of Culture Growth (Berkeley: University of California Press, 1944), Kroeber, op cit,, nota 85, p.761 Wolf, op cit,, nota 28, pp.61-62 Opler, op. cit., nota 73, p. 525. J. Israel, Alienation from Marx to Modern Sociolo- gy: A Macto-Soctological Analysis (Boston: Allyn and Bacon, 1971), p. 331 M, Freilich, The Meaning of Culture (Lexington, ‘Mass: Xerox College Publishing, 1972), pp. 81-82 P.L. Wagner. “The Themes of Cultural Geography Rethought,” Yearbook of the Association of Pacific ESPAGO E CULTURA, UERI, RI, N13, F733, JANJUN. DE 2002 EFM 92 93 94 95 96 o7 98 99 100 101 102 Coast Geographers, Vol. 37 (1975), pp. 7-14; rfe réncia nas pags. 12-13 Voget, op. cit, nota 76, p32. Spencer, op. cit,, nota 53, p. 32 WL. Thomas, Land, Man and Culture in Mainland South East Asia ( Glen Rock, New Jersey: publicagio particular, 1957), p56. Zelinsky, op. cit, nota 48, p.71 HH. Aschmann, ‘Can Cultural Geography be Tau- ght’, in Introductory Geography: Viewpoints and Themes. Commission on College Geography, Publ. cation no. 5 (Washington D.C.: Association of Ame rican Geographers, 1967), pp. 65-74, referencia na pig. 73:E.T Price, ‘Cultural Geography,"in D.L. Si: Ils, ed. Intemational Encyclopedia of Social Scien ‘ces, Vol. 6 (New York : MacMillan, 1968) pp. 129. 34, referéncia nap.133;€ Thomas, op. cit,, nota 94, pp. 147, 151 Zelinsky, op. cit, nota 48, p.40. Em artigo escrito ‘em 1974, Zelinsky ecoao determinista cultural Du rkheim, manifestando preocupacio sobre a hipstese de o tema do individualismo anarquista comegar @ dominar 0 comportamento nos Estados Unidos da América, Ele sugere, portanto, que acrescentemos 0 “fator personalidade’ as leis do comportamento eco: nOmico,” “restrigbes de [o] ambiente fsico," "leis do comportamento sociocultural "Ele mantém as trutura de seu argumento supraorginico a0 enfocar este fator da personalidade como “forcas séciopsi ccoldgicas recém-emergentes” (pp. 144-45) ¢ ao di 2zer que um “teritério multidimensional do fenéme- no geogréfico, até entio nio mapeado, pode ser detectado sobre a superficie dos Estados Unidos: 0 mundo do impulso pessoal virtualmente sem restr ‘Ges! (p. 175). Ver Zelinsky, “Selfward Bound? Per: sonal Preference Patterns and the Changing Map of ‘American Society," Economic Geography, Vol. 50 (1974), pp. 144-179, Zelinsky, op.cit., nota 48, p. 53. Zelinsky, op.cit, nota 48, p. 59. Zelinsky, op.cit., nota 48, p. 59. Zelinsky, op.cit., nota 48, pp. 5, 53, 63 C.O. Sauer, “The Personality of Mexico’, in J. Le: ahly,org., Landand Life: A Selection From the Wr tings of Carl Sauer (Berkeley: Liniversity of Califor. nia Press, 1963), pp 104-177; referéncia nap. 117. nogio de tipo de personalidade modal é também defendida por Andrew Clark que escreve: “As coisas ue se pode dizer sobre a identidade cultural ou o 116 Wagner, op.cit., nota 91, p. 11 caréter nacional de um pafs foram discutidas por 117 Wagner, op. cit,, nota 91, p. 14 ‘muitos estudiosos, ¢ de forma brilhante, para os Es- 118 M, Wax, "The Anthropology of Boas”, em M. Frei: tados Unidos, por Wilbur Zelinsky em "The Cultural ch, org. The Meaning of Culture (Lexington, Mass. Geography of the United States’, A. Clatk, em ‘The Xerox College Publishing, 1972), pp. 22-31, refe ‘Whole is Greater than the Sum ofits Parts: A Huma: réncia na pag. 28. nistic Element in Human Geography", em D.R. 119 Boas, op.cit. nota 77 Deskins, G. Kish, J.D. Nystuen, G Olsson, orgs., 120 Voget, op. cit. nota 22, p. 351 Geographic Humanism, Analysisand Social Action, 121 Voget, op. cit. nota 76, pp. 32, 38-39 Proceedings of Symposia Celebrating a Half Cen- 122 Wax, op. cit. nota 118, p. 32. tury of Geography at Michigan (Ann Arbor: Michi- 123 Voget, op.cit,, nota 22, p. 354. gan Geographical Publications, No 17, 1977), pp 3-124 Sauer, op.cit,, nota 54, p. 359, 26, referéncia na pagina 25. 125 Sauer, op. cit,, nota 54, p. 359. 103 A.R.Lindesmith eA. L, Strauss, “ACritiqueofCultu- 126 Wagner eMikesell, op. cit, nota 5, p.2; CO. Saver re-Personality Writing’, in M. Fried, org,, Readings Agricultural Origins and Dispersals (Berkeley: Uni in Cultural Anthropology ( New York: Crowell, 959), versity of California Press, 1952); Zelinsky, op. cit., pp 528-545, referéncia na pig. 531 nota 49, p. 75, eP.L. Wagner, Environment and Pe- 104 ALEC. Wallace, “Individual Differences and Cultural oples (Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall Uniformities’, American Sociological Review, Vol 1972), p.5, 17 (1952), pp. 747-750, referéncia nas pigs. 748- 127 Zelinsky, op. cit., nota 48, p. 70. 749. 128 Zelinsky, op. cit, nota 48, p. 72. 105 Geertz, op. cit,, nota 72, p.62. 129 Zelinsky, op. cit, nota 48, pp. 42, 44, 89 106 Geertz, op. cit,, nota 72, pp. 62-63 130 Zelinsky, op. cit., nota 48, pp. 103, 68. 107 Dennis Wrong, Max Weber (Englewood Cliffs,N.J.. 131 R.M, Newcomb, "Carl O. Sauer, Teacher," Historical Prentice Hall, 1970), p. 154 Geography Newsletter, Vol. 6 (1976), pp. 21-30, 108 John Agnew, comunicag3o pessoal. Para a distingao referéncia na pig. 25, enire instrumentalismo erealismo, verR. KeateJ.Uny, 132 D. H. Wrong. "The Oversocialized Conception of Social Theory as Science (London; Routledge and Man in Modern Sociology,’ American Sociological Kegan Paul, 1975), and M. Hesse, op.cit, nota 81 Review, Vol. 26 (1961), pp. 183-93. A eritica de 109 P. L. Wagner, Nicoya: A Cultural Geography (Berke: ‘Wrong estava direcionada a0 modelo de homem ley: University of California Publications in Geogra usado por Talcott Parsons, mas também se aplica a phy), Vol. 12 (1958), pp 195.250, eM. W. Mikesell, Krocber, pois como os préprios Parsons e Kroeber Northern Moroceo: A Cultural Geography (Berke Indicam em artigo que escreveram em parceria, 0 ley: University of California Publications in Geogra modelo de homem de ambos €idéntico, op. cit, nota phy), Vol. 14 (1961). 20. Bidney faz as mesmas acusagdes com referencia 110 Aschmann, op. cit,, nota 96, p. 70 a Kroeber. Ver Bidney, op. cit, nota 79, “Cultural 111 Zelinsky, op. cit, nota 48, pp. 7,40. Fallacies," p. 35, 112 JW. Bennett, “Interdisciplinary Research and the 133 Bidney, op. cit, nota 79, “Cultural Fallacies", p. 31,€ Concept of Culture’, in M. Freilich, org. The Mea: Freilich, op. cit,, nota 90. ning of Culture (Lexington, Mass.: Xerox College 134 R. Wagner, The Invention of Culture (Englewood Publishing, 1972), pp 226-38, referencia na p.229, Cliffs, New Jersey: Prentice Hall, 1975), p. 28, D. Mandetbaum, “Cultural Anthropology’, in DL. 135 J. Ellul, “Problems of Sociological Method”, Social Sills, ed,, The International Encyclopedia of the So- Research, Vol. 43 (1976), pp. 6-24, referéncia na cial Sciences, Vol. 1 (New York: Macmillan, 1968), Pig. 9. pp 313-19: referéncia na p.316. 136 Voget, op. cit, nota 22, p. 356. 113 Wallace, op. cit,, nota 104, p. 747. 137 Keesing, op. cit, nota 73, p. 91 114 Bennett, op cit, nota 112, p. 229. 138 Wallace, op. cit, nota 104, p. 748, e Voget, op. cit. 115 Bennett, op.cit,, nota 112, p. 229 nota 18, p. 546, 799. MEER '57Aco & CULTURA, UER), RI, N13, ». 7-53, JANVIUN. DE 2002 139 Voget, op. cit,, nota 18, p. 561, Voget, op. cit, nota tanto, ele acrescenta que a reificagio é importante 22, p. 357; C. Erasmus, Man Takes Conerol: Cultural do ponto de vista subjetivo dos agentes individuais, Development and American Aid (Minneapolis: Uni pois ela tem um importante papel “causal” no com versity of Minnesota Press, 1961), p. 309, ¢ S. Dia. portamento social. Ver A. Giddens, Capitalism and mond, “What History is’, em R.A. Manners, ed. Modern Social Theory (Cambridge: Cambridge Process and Pattern in Culture (Chicago: Aldine, University Press, 1971), p. 150-51, ¢ Berger and Pull 1964), pp. 29-46, referencia na pig. 33 berg, op. cit,, nota? 140 Voget, op. cit,, nota 22, p. 356-57, Voget, op. cit,, 142 Esta éuma visio realista de reificagao, Ver Reificati nota 18, p. 562, 800, 802-04, Geertz, op. cit., nota con and Realism’, em Keat e Urry, op. cit,, nota 108, 72, p.57, 63; Keesing, op. cit.,nota73, p.91, Opler, p. 176-95. op. cit,, nota73, p. 524-25, eF Barth, “On the Study 143 M. Samuels, “The Biography of Landscape", em D. of Culture Change’, American Anthropologist, Vol. W. Meinig, ed., The Interpretation of Ordinary Lan 69 (1967), p, 661-69, referéncia nas pigs, 661-63, scapes (New York: Oxford University Press, 1979) 141 Weber, advertindo contra os perigos da reificagao, 144 C. Geertz, "Thick Description: Toward an Interpreti Insistia que no se pode esquecer que coletividades ve Theory of Culture,’ em The Interpretation of Cul slo "somente os resultantes e modos de organizagio, tures (New York: Basic Books, 1973), pp. 3-30, refe de atos especificos de homens individuais.” Entre réncia na pig. 14 ABSTRACT: THE SUPERORGANIC MODE OF EXPLANATION IN CULTURAL GEOGRAPHY REIFIES THE NOTION OF CULTURE ASSIGNING IT ONTOLOGICAL STATUS AND CAUSATIVE POWER. THIS THEORY OF CULTURE WAS OUTLINEDBY ANTHROPOLOGISTS ALFRED KROEBER AND ROBERT LOWIE DURING THE FIRST QUARTER OF THE TWENTIETH CENTURY, LATER ELABORETED BY LESLIE WHITE, AND PASSED ON TO CARL SAUER AND A NUMBER OF THIS STUDENTS AT BERKELEY. IN THIS THEORY CULTURE IS VIWED AS AN ENTITY ABOVE MAN, NOT REDUCIBLE TO THE ACTION OF INDIVIDUALS, MISTERIOUSLY RESPONDING TO LAWS OF ITS OWN. ESPLANATION, IT IS CLAIMED MUST BE PHRASED IN TERMS OF DE CULTURAL LEVEL NOT IN TERMS OF INDIVIDUALS. AFTER DEMONTRATING THAT A NUMBER OF INFLUENTIAL CULTURAL GEOGRAPHERS SUPPORT THIS THEORY THE CENTRAL ASSUMPTIONS OF THE THEORYS ARE SUBJECTED TO A CRITICAL ANALYSIS. THESE ASSUMPITIONS INCLUDE THE SEPARATION OF THE INDIVIDUAL FROM CULTURE, THE REIFICATION OF CULTURE, THE ASSUMPITION OF INTERNAL HOMOGENEITY WITHIN A CULTURE, THE CHARACTERIZATION OF CULTURE AS A CONFIGURATIN OF MODAL PERSONALITY TYPES AND IDEALIZED VALUES, AND THE IMPLICIT OF PAVLOVIAN CONDITIONING THEORY. KEYWORD: SPACE, CULTURAL GEOGRAPHY, SUPERORGANIC & CULTURE ESPACO E CULTURA, UER), RIN. 13, P7233, JAN/JUN, DE 2002 EE

También podría gustarte