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CapPiTuLo 7 O CONHECIMENTO HUMANO. A SENSIBILIDADE INTERNA 1. Sentidos externos e sentidos inter- nos; 2. O senso comum; 3. A imagi- nagdo; 4. A cogitativa; 5. A memoria. 1. Sentidos externos e sentidos internos A experiéncia sensivel nao se exaure no conhecimento externo descrito no capitulo anterior, mas é elaborada em um nivel mais profundo, o dos chamados “sentidas internos””’. Essa elabora- cao é indispensdvel aos seres cognoscitivos porque, como explica Tomas de Aquino, «é preciso considerar que vida de um animal perfeito requer nao somente que ele apreenda a coisa quando ela esta presente aos sentidos, mas ainda quando esta ausente. 125 A terminologia classica de “sentidos externos” e “sentidos internos” nao Se referem a afirmacao de que os orgaos dos sentidos externos se encontram na parte externa do corpo enquanto os orgiios dos sentidos internos se encon- {ram no interior; essa terminologia se refere, sobretudo, ao fato de que os sentidos externos sio ativados imediatamente diante de um estimulo do tipo fisico, quimico ou mecanico, enquanto os internos sio ativados em sucessio A {cePsao sensorial externa: ef, C, Valverde, Antropologia fluséfica, Edicep C.B., ‘aléncia 20003, p, 149, 103 Filter De outra sorte, [), ele [o animal] nao se poria em mov para buscar alyo que est ivesse ausente, Ora, é 9 cont to ge observa sobretudo nos animals perfeitos que se Move © due movimento progressivo» ey, M co Com efeito, na sensibilidade externa ha muitos limite devem ser superados para se poder agir a partir do conhecim, Me nenhum sentido pereebe 0 objeto dos outros sentidos e ene nfo pode unificar nem distinguir os fendmenos; nenhumn = tido conserva as sensagdes e, portanto, nao permite ag ser ve agir na auséncia da realidade conhecida; nenhum sentidg tide avaliar a realidade percebida e, portanto, no oferece Conhegj. mento suficiente para a ado. Em sentido contrario, a observa. cdo mostra que os seres vivos dotados de conhecimento superam esses limites. £ necessdrio compreender, portanto, quais sig as faculdades que organizam a experiéncia sensivel e permitem ao ser vivo agir. Em primeiro lugar, o ser vivo precisa receber os d: dos sentidos externos de modo unitario e diferenciado: isso acontece por meio do senso comum, Em segundo lugar, é necessario que esse conhecimento seja conservado, para usa-lo em diversas cit- cunstancias: esse é o papel da imaginacdo. E, em terceiro lugar, 0 ser vivo deve poder apreender a adequago ou nocividade da_ realidade sensivel, para agir com base nesse conhecimento: a isso estao orientados a estimativa no animal, e a cogitativano set humano. Por fim, o ser vivo necessita conservar a avaliagao pala : Pm acs . ~ oat agir em circun: s diversas: essa é a funcdo da memoria _- 126 Tomas de Aquino, Summa Theologiae, I, q. 78, a. 4, c. Tradugao da vers? da Loyla, Sao Paulo 2005, pp. 431 do volume Il. : 127 Esse 6 0 elenco elaborado por Aristételes (De Anima, Ill, 1-3) ¢ Ge volvido por Tomas de Aquino (cf, Summa Theologiae, I, 4. 78 2 4 o). Lae estudiosos empregam uma terminologia variada: por exemplos, alguns f p de "percepges” para se referir ao sentido comum, ou incluem a cogs estudo da apreensao; outros diversificam esses sentidos ou 05 considera ay teticamente na sua atividade conjunta (cf. J.L. PINILLOS, Principios 4°. be rel sia, Alianza, Madrid 1988, pp. 217-404), A andlise desenvolvida por A* O CONHECIMENTO HUMANO. A SENSIBILIDADE INTERNA Conforme ja foi explicado no capitulo anterior, as faculda- des sensiveis distinguem-se de acordo com o grau de imanéncia da forma conhecida. Apés termos visto os niveis de imateria- lidade e imanéncia na sensibilidade interna, agora devemos fazé-lo com relacdo aos sentidos internos; para isso, podemos estabelecer uma divisao em dois grupos. De uma parte, alguns sentidos recebem ou conservam as formas sensiveis e sio_cha- mados sentidos formais: esses sao 0 senso comum ea imaginagao. Outros sentidos, ao contrario, recebem ou conservacio os valo- res sensiveis de adequagao e sao chamados de sentidos intencio- nais: so a estimativa (no homem, a cogitativa) ea memoria". Em cada um desses dois grupos ha uma hierarquia relativa ao grau de imanéncia: a imaginacao é mais imanente que o senso comum, e a memoria é mais imanente que a estimativa (no ser humano, que a cogitativa). Enfim, no tocante aos érgios dos sentidos internos ~ nao se deve esquecer de que se tratam de faculdades organicas -, estes so muito menos delimitadas do que os érgdos dos senti- - dos externos: os érgios daqueles estdo localizados em diversas : partes do sistema nervoso central, principalmente nas chama- das areas cerebrais”. E necessario, contudo, deixar claras duas permanece, contudo, de grande valor para o estudo da sensibilidade interna e ajuda a compreender a unidade do homem no seu agir. 128 Cf. Tomds de Aquino, Summa Theologiae, I, q. 78, a. 4, c. Os aspectos apteendidos por esses dois sentidos sio chamados por S. Tomas “intencdes” (intentiones): cf. Tomas de Aquino, Summa contra Gentiles, lI, ¢. 60, n. 13 por isso a cogitativa e a meméria sao chamadas de sentidos intencionais, enquanto © sentido comum e a imaginagao sao ditos sentidos formais, visto que se refe- rem diretamente as formas sensiveis; cf. C. Fabro, Percezione e pensiero, Mor- Celliana, Brescia 1962, pp. 193-195. 129 Chega-se a essa questdo mediante a experimentagio em animais ¢ estu- os médicos sobre o homem. Observa-se que uma lesio em uma determinada Stea do cérebro representa perda de meméria, de imaginacio, de avaliagio ou spagbitidade de dar unidade ds sensagdes ou de as distinguir. Todavia, nio é tints tina dea singular que esta envolvida nese processo; hoje, a neurofic #ia tende a compreender o cérebro como uma “rede”, mais do que como 105 FRANCESCO Russo Lomso ! & ANGEL Jose sohd correspondéncia univoca ent, iro, nae . ym mesmo sentido pode a uucessivo — de areas q; C05, gira a oo G.a. ifetenteg alimenta a operacio no éum extn, * ‘0 bo. ir, en. jmulo que F areata acao dos sentidos externos, que é ela pro m diversos niveis. Considerar-se-A, = Segundo, externo, mas a rada pelo cérebroe i erto. os sentidos internos mais de p' 2.0 senso comum Cada um dos sentidos externos, confor ae expostos, apreende o proprio objeto, mas enquanto tal, nado ha nem a Capacidade de advertir as proprias operagdes, nem a de distinguir os préprios objetos dos objetos dos outros sentidos. Por exemplo, a vista apreendea cor vermelha de uma maga e, em condig6es normais, o distingue do verde da folha; ndo percebe a agdo mesma de ver, nem distingue o vermelho da casca, do doce da polpa. Essas ope- TagOes, que nao sdo realizadas pelos sentidos externos, sdo, toda- via, fundamentais para o ser vivo, pois ele dever ser capaz de apreender os aspectos sensiveis de modo unitario e ordenado: a oe conhecido nao é uma mistura de fendmenos que resentam aos nossos sentid. ‘ is hd : Os, mas e} i veis h uma articu! acd ntre os dados sensi car a propria experiéncia, Portanto, é preciso existir uma fe TacOes € os objetos dos sent: cule £ le retina as ope- mada de “senso comum; dit objeto Ssa faculdade é cha- “iferente dos objetor dos sent **8Culdade no é, portant, eXxte: 2 ; s; ele & constituido uum conjunto de “regides" ou “reage entre sie como sistema nervose ¢ quase (yo? & Base total We a ing - . “srasao das suas partes 106 é Ne Ce Re LE en ee SST Jos MESMBOS objctos, em conjunto com as operagde ae : jdidos de modo unificado™. Por eee a mt eomum foi chamado de “sintese perceptiva” e de “consciéneia censivel} pode ser considerado o primeiro nivel de autoconhe- camento do ser vivo". O seu ato é, portanto, uma unificacio di sensagoes Ou“ UM conjunto de sensagGes unificadas, e recebe o Podemos dizer, portanto, que o senso comum éo sentido for- mal da unidade da sensibilidade, ou ainda, a faculdade que uni- fica, na percepcao, a pluralidade de sensagdes externas. Disso resulta que o senso comum é 0 responsavel pela percepgio daque- les objetos que chamamos de sensiveis por acidente. Com efeito, como mencionamos no capitulo anterior, a substancia e a cau- salidade (ainda que nao em sentido proprio, isto é, nado a natu- reza da realidade conhecida, nem o nexo causal em si mesmo) sio apreendidos, em primeira aproxima: ‘do, pr gos. apree? recisamente na unificacao sensorial da percepgio™. No conhecer uma maga, por exemplo, 0 senso comum atribui A mesma realidade a sen- sagdio do vermelho e a da dogura, juntando ambos na nutrigio. E preciso advertir, contudo, que © senso comum unifica, mas nao conserva as formas apreendidas pelos sentidos externos: conforme sera tratado adiante, essa é a tarefa da imaginagao. £ 130 Cf. Tomas de Aquino, Sententia De anima, lib. 2, L 13, n. 8: nesse trecho, © Aquinate atribui ao sentido comum também o papel de “perceber que Yivemos", Sanguineti, ao invés de falar em “sentido comum”, adota ja 4 ter- minologia de percepcao integral, que parecer set, hoje, menos ambigua: of. JJ- Sanguineti, Introduzione alla gnoseologia, Le Monnier, Firenot 2003,P-57. 131 Nio se trate, eontudo, de uma verdadeira e propria reflexio, Po” seni Comum nao conhece a sua operacao, mas as de outras faculdades inferiores. — 182 Usilza-se o termo "primeira aproximacao” para sublinhar Q°* asubstin Cia ea causalidade sto apreendidas de modo ainda vago € imPre™ Pee empsicologia, essa operacdo é também chamada de “organiza0%™ pa dos sensoriais”, para distingui-la do conhecimento 72 pete Tas Pela cogitativa; este conhecimento recebe 0 nome de “o! 0 ia : ada percepgio": cf. C. Fabro, Percezione e pensierd, ite PP- 1 FRANC! CO Russ. Jost ANGEL LomMbo 880 disso que o senso comum ¢ ativado somente ng Pre. or causa diss a realidade. ; “ senga a 4 base organica deste sentido, a neur Quanto ae izada: r-se-ia difundid; e é pouco localizada: encontra z a defende que bral™, Em resumo, é possivel afirmar que as ortex cere! ' todo 0 cones < comum siio: a) apreender os objetos de todos s do sens . xternos; b) distinguir esses objetos; ¢) unific-ls idos © d) apreender os atos dos sentidos externos, na a; fungoe! os senti na percep¢ao; : a eee medida de uma correta “consciéncia sensive. 3, Aimaginacgao Aunificagao das sensagées externas, feita pelo senso comum, nao é algo momentaneo ou transitério, mas se conserva no nivel sensivel. Se assim nio fosse, o conhecimento seria interrompido na auséncia da realidade que lhe originara, e haveria uma des- continuidade entre as diferentes percepc¢ées; isso tornariaa vida sensivel impossivel. Ora, neces- ari iversa do senso comum; essa é a imagi- nacao. Ela se encontra em um Brau de imanéncia maior que 0 se percepcio.p fe 5 aa arg i ‘onhecido “permanece” no conhecente, ginago nao esta ligada A pr Em consequéncia, a ima- independente eneat Presenga fisica do real, ela se exercita Como € evident Ser Vivo, visto que Hinuidade a Juntament , aimaginaca A a enasinacio tem grande importancia para o nserva ~ ‘ Sua experi “Var as percepcdes permite-lhe dar con “encia e unificé-la de modo mais perfeito. "Com essa un, ; ‘4 Unific: “« © urna intepy, se uma “gener, BTaCAO @ @, “gener Eraciio ¢ ¢ Xlensiig das formas on ‘Jo”, isto "Essa capa- 33 ( wi, " Ho, P Brown, «% Ae h Ceretig y ¢ ‘Hortantiento, Paraninto, M $4 “48 formas 45 chamadas s” M5 “ing Los ou em terminok |, cidade de “conservar unificando” torna essa faculdade particu- Jarmente afim 4 inteligéncia, e se pode dizer que prepara a sua atividade: como se sera tratado adiante, é sobre a base das imagens que pode haver abstracio intelectual. Com efeito, sem imagina- cao nao ha pensamento, uma vez que nao se pode compreender coisa alguma sem que previamente nao haja uma fepresentagio imaginati “8, E, entretanto, importante nado confundir a ima- ginaciio com o pensamento, ja que é possivel imaginar com coi- sas falsas, enquanto a compreensio de algo nao pode ser falsa™, Também nao se pode confundir a imaginac&o com a percepcio dosenso comum: podemos, por exemplo, exercitar a imaginacaio durante 0 sono, mas nao podemos fazer o mesmo coma percep- ao. Ao mesmo tempo, uma realidade pode provocar em nds uma sensacao e ser percebida sem que seja representada imaginativa- mente’, Entretanto, é verdade que a atividade desta faculdade segue o ato do senso comum, a percepgao: nao se pode imagi- nar sem antes ter sentido ou percebido algo". Baseando-se em alguns estudos, Jolivet observa que as pessoas conseguem criar as imagens somente a partir dos sentidos de que dispdem: por exemplo, os cegos-surdos-mudos de nascimento podem servir- ~se com grande preciso de imagens tateis, olfativas e gustati- vas, mas nao de imagens de outros géneros™; por outro lado, a ——_____ “fantasma”, Mais adiante, veremos que a unificagao realizada pela inteligéncia é de um nivel superior: ndo simplesmente uma generalizacdo, mas uma “uni- Yersalizacao”, isto é, um conhecimento superior ndo quanto 4 amplitude do ue se conhece, mas quanto a sua “compreensio” em profundidade. 135 Cf. Aristételes, De Anima, III, 3, 427 b 14-16. 136 No sentido de que ou se compreende ou nao se compreende, mas aquilo {ue foi compreendido nao pode ser falso, Nao se pode confundir a compreen- S20 de algo com 0 juizo ou a avaliagiio sobre 0 que se compreendeu: mais adiante veremos a distingio entre essas duas operagdes da inteligéneia, 137 CE, Aristoteles, De Anima, III, 3, 428 a 6-10, 138. Cf. Aristoteles, De Anima, III, 3, 429 a1. 139 CER Jolivet, Trattato di ‘filosofia, Vol. Il: Psicologia, Morcelliana, Bres- cia 1958, p. 213, funcao sensivel, em razao de dano ag respec perda de uma 4o implica o desaparecimento das ima breao periférico, nao imp: a eng orgao per jetos proprios desse sentido, zelt Ce Soar ealiza a primeira integracg&o do €Spaco ¢ 1 a « a A sa ees , nto". Com efeito, essa faculdade Conse. hecime : ; carne iveis comuns, previamente apreendidos Pelos igar as sensive v ‘esp gue ols sternos e parcialmente unificados na percepeag em sentidos ex! i lexa. Gnica forma comp! ie ap Svamente comentamos sobre uma continuidade os a re , 08 SOD ‘ a imaginacdo humana ea inteligéncia. Na realidade, essa it ‘inui: dode : tra-se em todas as faculdades sensiveis do homem, dade encontra- meer i imais. A perfeicdo i i itas daquelas dos ani e isso as faz mais perfei a ~ i Ss externos € no sel manifesta-se em menor medida nos sentido i ee comum, mas se faz mais patente na imaginacao. Com e! - é i f ivo” erce| , animal, essa faculdade é um simples “arquivo” de percep¢ ev iwéncia o “mate- enquanto na pessoa humana ela fornece a inteligéncia o m rial” a partir do qual abstrai os conceitos universais. Em outras palavras, a imaginacdo humana é a faculdade que estabelece a a © entre a vida sensitiva e a vida intelectiva. Precisamente Porque a ima- continuidade entre a sensibi- Wau 0g ibidem, 2 an Pe 234, em que & citag HOU a Comper mig ve Md oy wm Wea mes, EME Anrep 6 ba tnstidad Wialp i it daz Kecordemos que “ PrubidY cory, # tuteta da in, M3 Por iisy GE, as veg faculdade tu t Man erga fer “fantasia ; © exemplo de MO depois dy S¢ tornar Surd, WOsofia del hoy Beethove lo, bre, Una 8, que conti- me hoza, I sted O94, bays Meompletade dy #8 seUnacoes, a, MHinacay 5 antropologia * Unificagag f devidte ao fiutg de 1Vi ay Pereepcdes: 48 Hag © Ose) a esta é 0 fala de >; ginagage 9 Para a taculdae mn ilo "0S animes’ ferir “O84 dos aninas IS se u. 110 lidade e as faculdades superiores, ela se encontra a disposicao destas, isto 6, da inteligéncia e da vontade"™*, Uma particular importancia reveste a imaginagao com res- peito ainvengao S a criacdo artistica. E claro que ha descobertas estritamente racionais e nao meramente sensiveis ~ um teo- rema matematico o uma formula quimica, por exemplo -, mas se fala de “invenc4o” para se referir propriamente as elaboracées imaginativas, as quais podem dizer respeito ao campo da arte, da ciéncia ou da técnica. Com efeito, qualquer obra, técnica ou artistica, requer um desenho ou uma projecao, e, para esse fim, a imaginagaéo tem um pa] el importante™’. Mais a frente, sera exposto que a capacidade criativa nao serviria a muita coisa se nao fosse guiada pela inteligéncia. Por isso, quando se fala de “imaginacdo criativa”, faz-se referéncia, na realidade, 4 imagi- nacaio enquanto enderecada pela inteligéncia pratica, que € a faculdade, nao sensivel, capaz de ordenar os meios em diregéo aum fim", Do que fica dito, deduz-se a importancia de edu- car a imaginacio para contribuir 4 formagao da personalidade. Determinar o érgio da imaginagao é uma questao complexa, mais ainda do que o era para a percep¢do. Vimos que, diferente- mente dos sentidos externos, a base organica dos sentidos inter- nos nio é claramente delimitada. No caso da imaginagao, no 144. E possivel defender que boa parte dos disturbios psiquicos so devidos a uma falta de harmonizagdo da imaginagao com a vontade ea inteligéncia, arte, ‘Sto é,a uma espécie de funcionamento “independente iss explica, em pi Porque, por motivos clinicos, os desenhos e as descrigoes dos sonhos sio usa- dos: cf. J. Vicente Arregui - J. Choza, Filosofia del hombre. Una antropologia de la intimidad, cit., p. 187. Mais adiante veremos que a relagdo entre a imagi- hagio sensivel e a esfera volitiva-racional nao é de dependéncia ou dominio absoluto, mas de controle relativo. 1450 quanto um desenho ou esbogo € necessario Pode ser visto no fato de que muitas vezes € necessirio da obra a ser criada, Atualmente, por exemplo, a ciéncia Muito a simulagio computacional. 146 CF. J. Jolivet, Trattato di filosofia, Vol. Il: Psicologia, cit. pp- para a técnica ou a arte produzir um modelo ¢ a tecnologia usam 261-262. 111 entanto, tampouco ela é fixa e determinada, embor, localizada. Pode-se defender que a base organics 4° 5 aan mica ai 5 constituida de determinados circuitos neura; 08 quai es eo sistema nervoso configuram-se progressivamente io the com a atividade imaginativa”’”. Essa observacao ¢ mitp = tante, porque somente um 6érgao nao rigidamente detemi diferentemente daqueles dos sentidos externos, é capaz de con, var as formas sem a presen¢a fisica da realidade da qual provén, ha gg | Em resumo, podemos dizer que a imaginacio é a faculdeg que conserva e faz novamente presente as percep¢6es; pode ser definida, portanto, como 0 sentido formal da continuidade & sensibilidade. Se, como ja observamos, a percep¢do é uma uni icacaio de sensacoes, podemos afirmar agora que a imagem é um arquivo de percepgdes™*. (As funcées da imaginacao podem resumir-se, portanto, deste modo: a) conservar as percepcoes do senso comum; b) completar-lhe, acrescentando outras per" cepcdes jA conservadas; c) combinar diversas percepgoes pare obter imagens mais gerais; d) fornecer a inteligéncia imagens gerais para que possa abstrair conceitos universais. ) 4. A cogitativa ; «a0 interno Passemos agora a considerar um outro tipo de sentido in’ erva aquele a que chamamos “intenci = ”: ele apreende € CO! —_ 147 Es: 7 ; as ies ps z coerente com um dado da neurofisiologia: ails a ‘5 ss a poe ~ 8 neurdnios ~ niio aumentem de ad cert Pet Progressiva) a mae eseimeNto (cerea de 100 milhdes, com WH CE a Isso & devido a0 a ‘ncefiilica se multiplica por quatro até & 18 as partes pa cimento dos dendritos ¢ dos axdnivs, que 3° dos neuron i aie i agoes (3 & 0 material bisleane dal Pela recepgao ¢ transmissio das informago ‘ © cui ; 1B A ideia de "o.0 298 “iteuitos neurais), eat’ relevante ém. iv” i i dic =, ‘mas, tambéma cn see implica no apenas a unificago das for @ cons Ps 6 i a é =: "FVagdo, que é a fungiio especifica da imaginag4- os. aspectos particulares e sensiveis de adequacdo ou de nocivi- tiones, isto é, intengées) Provocam no ser vivo um movimento tendencial: acontece, com efeito, que as realidades conhecidas nao atraem nem afastam se nao sdo consideradas adequadas ou nocivas™. Conforme observa Aristételes, podemos imaginar coi- sas terriveis e, mesmo assim, ficarmos tranquilos, como quem contempla cenas assustadoras em um quadro; ao contrario, nio acontece 0 mesmo se consideremos as mesmas realidades como perigosas ou nocivas’®. Uma ovelha, por exemplo, nao foge do lobo porque é feio e preto, mas porque reconhece nele algo que pode provocar-lhe dano. A faculdade que apreende a adequacao ou a nocividade pela propria natureza da realidade sensivel é chamada nos homens de cogitativa, enquanto nos animais, de estimativa. No ato da cogitativa e da estimativa, da-se uma espécie de antecipacao do futuro, uma vez que é implicitamente apreendido o fim ao qual o individuo esta orientado. Sobre a base de diversas percepcdes valorativas, essa faculdade pode orientar a aco e permite adqui- rir experiéncia. Por isso a cogitativa e a estimativa podem ser chamadas também de “sentido intencional do futuro”. As fungées da cogitativa e da estimativa podem ser sinteti- zadas assim: a) fazer uma avaliacdo dos aspectos singulares da tealidade sensivel; b) dirigir a agdo, tendo essa percep¢ao valo- Tativa em consideracao; c) adquirir experiéncia, tanto sobre seus aspectos singulares quanto sobre a mesma agao pratica relacio- nada a eles: sobre isso se baseia a capacidade de aprendizado ou de adestramento. feet ine Cf. C. Fabro, Percezione e pensiero, cit., pp. 196-201. tay Atistételes, De Anima, III, 3, 427 b 21-25. : 51 Cf.J. Vicente Arregui - J, Choza, Filosofia del hombre. Una antropologia de Iq intimidad, cit., p. 189. ito, compr' eende-se que a estimativa e g CORI, Do que fica dit , ao com 0 instinto natural, sobre 9 tiva tem grande re a no capitulo nono. Aqui nos limitamy : falar em mais deta stinto implica um aspecto intenciona), i observar que cia ense-se, por exemplo, eMcomoaroling, aspect cognoscitve to a construir 0 seu ninho. No entant, reconhece 0 mater! P 6 orientada pelos(instintos nat A & por oe inca ou nocividade da realidade. Ao con. a ce humana ¢ orientada/pela razaoje, portanto, Bee i Sia os diversos motivos de conveniéncia oy Ease das coisas, para aplicar o juizo de taze) a realidade concreta. Por esse motivo, ela é chamada de pozee particular (ratio particularis)'™, j que, de alguma forma, participa no conhe- cimento intelectual e age reaprendendo os diversos elementos da consciéncia sensivel. 5. A memoria Amemiéria tema tarefa d * € conservar e representar as percep- SOEs Valor valorativas da poténcia Cogitativa, ido que pode set chamada “sentido intencio: | nal do tiva ou a estimativa o édo a fut do”, enquanto a cogita- : a UrO, ¢1 esses dois sentidos intencionaj z io idito. A relagdo entre : e Nais é ang e tidos formais, 0U seja, o Senso a ae ee mente as formas) e ali < ——as formas) inagiog 4m (que apreende unitaria- co! _ po da meméria g Porta Ne. a8 conserva e representa): m a dit erenc; ] ; nto, simi a i i = via Precisament de se Voltar § ay, es a da imaginacao, ” Precisamente por se 7. )840, nao a : rene diferent = *lacionada Gao, nao a forma. Toda capta o tempo, mas ail Portante; evaliagao, ha entre elas Maginacs Lem Biagio nay eT de um certo modo, : Valoragées sao fruto uma Theolog, Sine. 114 ~. Oo , — 152 Cf. Tomas de Aquino, GO CONES EB EOANADE INTERNA nao apenas pelas qualidades da realidade externa que sio objeto dos NOSSOS sentidos, mas também das nossas disposigdes sub- jetivas. Por isso, 0 que é conservado pela meméria - que antes é apreendido pela cogitativa ou pela estimativa - é atividade interna do proprio ser vivo, isto é, o seu “vivenciado”"™, A partir dessa descri¢ao notamos aimportncia da meméria para conso- Le ee ee essa experiéncia torna-se pos- sivel imediatamente pela estimativa ou pela cogitativa, mas é conservada e consolidada pela memoria. Amemoria é uma faculdade sensivel e, portanto, organica™™; em consequéncia, lesdes cerebrais podem causar perda na per- cepcao da identidade do sujeito. Isso nao permite falar, contudo, de uma “localizacao cerebral do eu”, como fizeram alguns auto- res'®®, O eu humano nio é redutivel a experiéncia de si, nem a alma ou ao corpo, separadamente, mas implica a totalidade da substancia espiritual e corporea’®*. Entretanto, a memoria sensi- vel - mediante a conservacio da propria experiéncia - implica uma espécie de “consciéncia da propria identidade”, ainda que muito limitada. Essa consciéncia no é exclusiva do sentido interno da memoria, do momento que o eu humano nao émera- mente corpéreo e, portanto, nao pode ser plenamente captado pelos sentidos. A area cerebral responsavel pela memoria pode ser chamada, impropriamente, de “localizagao da consciéncia de si”. Como veremos, essa consciéncia da-se propriamente ape- nas no plano intelectual, porque a inteligéncia pode apreender 153 Voltaremos a esse argumento no Capitulo 19, quando falaremos da tem- Poralidade humana. ‘ F 154 Ha varios tipos de meméria, que, por sua ve? envolvem diversas ne cetebrais e o sistema limbico: pode-se distinguir uma meméria sensor’ © trago de pequena duracao do estimulo sensorial, por exemplo, de ree nee tivo ou visual), uma memoria de pequena duragdo ¢ uma de longa corn” cf. . Gray, Psicologia, trad. di D. Conti, Zanichelli, Bologna 1997, pp. 399 406. 155 Cf. K. Popper ~ J. Eccles, L'io ¢ il suo cervello, Armando, Roma 1981, capitulos P4 e E7. 156 Tornaremos a esse argumento no Capitulo 13. José ANGEL Lomno | FRANCESCO RUSSO e conservar tanto os aspectos materiais quanto os espizituais da experiéncia. : Podemos resumir as fungées da meméria nestas trés: a) conservar as percepgées valorativas; b) articular as sensagoes segundo os seus tempos; c) conferir continuidade 4 experién- cia interna. Também nesta faculdade, nota-se a difereng¢a entre o ser humano e os animais: enquanto nos animais a recordac§o advém de modo instintivo, no ser humano a recorda¢4o pode ser controlada ou ordenada’”’, gracas ao fato de que também a memoria participa do nivel intelectual e volitivo. Acogitativa e a meméria tém as suas bases organicas em areas cerebrais bem localizadas; uma lesao delas pode fazer perder, completa ou parcialmente, a capac recorda: 157 Para destacar essa distin¢ao, o Aquinate se refere a meméria nos ani- mais e de reminiscéncia nos homens: cf. Tomas de Aquino, Summa Theolo- giae, I, q, 78, a. 4, ¢.

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