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Pesquisa qualitativa em educagao Fundamentos e tradigdes Maria Paz Sandin Esteban Professora do Departamento de Métodas de Pesquisa e Diagndstico em Educacao da Faculdade de Pedagogia da Universidade de Barcelona ‘Traducéo Miguel Cabrera Revise Técnica Belmira Oliveira Bueno Mestre e Doutora em Educacao nela USP Professora Titular da Faculdade de Educagao da USP. Carmen Sylvia Vidigal Moraes Mestre em Educacao ~ FEUSP Doutora em Socialogia- FFLCH-USP Professora Livre-docente da Faculdade de Educagao da USP AMGH Editora Ltda 2010 Perspectivas tedrico- -epistemoldgicas I | Na pesquisa | | | educacional i 8 | i | B | 3. Perspectivas teérico-epistemolégicas na pesquisa g | educacional 5 | i | 21. intredugao E necessitio esclarecer e fundamentar a terminolpgia que na atualidade impregna os discursos tesricos, conceituais € metadoldicos a respelta da pesquisa social e educacional, entre outros motivos, porque € frequente enconirar 0 uso de determinadas termos de forma diferente ¢ inclusive, as veres, contraditéria, para relerirsse em algumas ocasivies a enfo~ ques epistemoligicos, a perspectivas teéricas ¢ inclusive a mélodos concrelos de pesquisa Por exemplo, como alirnta Crotty (1998), é comum identificar “interacionismo simbélico”, “einogralia” ¢ “construcionismo", em um mesmo nivel, como “metodologias”, "enfoque” ou “perspectivas” A cagrafia € un mid ( methodology’, no original). Bunn dos muitos projelos de pesquisa te yuiam & pesguisador na selegan de estratésas ¢ proeklimenios “methane original & série de mérouos, ineluinde alysimas formas de etnagrafia, Como perspectiva tevriea, constita uma aproximacio & compreensio © explicagso da sociedae © do mivutdo © handamenta uma Série de premissas ure os pesiuisnlores assent c inc param ai metode selecionado, O i ‘onstrucionisme 6 uma epistemolagia inserida em miilas perspeetivas teoricas, incluiade o intera) cionismo snblicu. Uma epistemolegia & uma forma de epmprcender ¢ explicar com cone ceanos 0 que sabemias” (Crotty. 1998: 3) . Nao voktamos a insistir aqui no que j4 toi dito ng capitulo anteriar a respeite da im portdncia da fundamentagao epistemologico-tedrica da pesquisa social ¢ educacional ¢, por- tanto, de que os pesquisadores ¢ tambéui os alunos possuam certo nivel de conhecimento sobre essas dimensdes. Bastam as palavras de Dendaluce ¢ de De Miguel 48 Pesquisa qualitativa em educagao metloligien-técnicas pesteriores” (Denulatuee, 1999. 345). Drecisamos laniliarizar-nos cara o& novos caminhes a husc com ea, Mais do que nunca, nis pesquisadores neeesitann Sentida do que fazemos, os peacedimentos que uiizamek e 9 utili, Miguel, 1988: 76), rade conhiecimenta e ‘gia € crm dimension que eich pesquisadores nem mesmo abontam ou que desatendem, quando na realidaue esté na base de ‘muitos comportamentos e decisies cocrentes tov de uma rellexaa maior sobre 0 le que nos oferecem” (De Peau para frente, ¢ baseando-nos fundamentalmente no trabalho ite M Crotty (1998) The Foundations of Saciad Research, apresentamos “binemologias e perspectivas tesiricas que informam e subjazem (Tabela 3.1) Paderiamos nos perguntar se as perspeetivas epigte molyy seguindo com essa argumentagéo, se as iesricas levanh instrumentais © analiticos. tsso nos condurr Fenles autores: se Tebela 3.1 Principais perspo: (1968: 5) Perspectives epistemolégices _-PerSPectivastodrices erprotativisme: Inieractonismo simbatiee, Fenomenoiogia Hermendutica, Subjetivisme (e 0 Teoria critica (Cricat inquy Pos-Nlodornismo ete > persnectiva tedrica> méiado> estratéas) on se, uma das quiestées m; ‘iste uma relagao direia © wnivoca ¢ntre Métodos Pesquisa experimen. Estudo 9 campo, Etnogreti. Pesquisa ‘tenomondlagies, fundomentada. Pesquise-a Andlise d discurse ete as diveysas (eori cas inclucm as ted ias do conhecimento, isto & 08 processos de pesquisa 2 cerios mélodus ¢ procedimentos ais debatidas entre os dite- bs niveis indicados (epistemo. pelo contririo, so independentes, 9s, tebricas © motodolégicas, a pesquisa social. Adaptado de Crotty ‘Téonicas © Procedimemtos de coleta eandlise de dados Amostregem, uostionario Observagae, ntrvist, scales Grupos de dis Histdrias de vida, Narrative, Estratgias etnogratic Fedugao de dados. Identicarzo de temas, Anilise comparative, Analise documental Andlise do conti, Anilise estaistica, Capitulo 3. Perspectivas tedrico-epfstemologicas na pesquisa educacionat 49 Essa questao, tipicamente relacionada com ps aypectos de “incomensurabilidade” e “complementaridade” paradigmatica, foi abordada no capitulo anterior. Nel versas posturas defendidas ¢ nossa gpiniao. Basicamente, reconhecemos que quais sio as tam ndlos mais puramente qualitatives, como, por exemplo, a “etnogratia edu- cadonal", podem desenvolver-se a partir de enfoques positivistas fundamentados em wma mtologia objetivisia (4 foram vistos outros exeniplos no final do item 2.4), € que, como mais um exemplo, a “quantificagdo” nao leva exclusivamente a uma abordagem positivista Entreianto, admitidas essas ¢ ouitras casuisticds, cabe reconhecer que o positivismo, tal como é hoje entendido, nao setia positivismo sem feleréncia a uma epistemologia objetivis- ta, eo mesmo acontece com as perspectivas epistemolbgicas que sobrevive n as abordagens inverpretativas ¢ criticas, como veremos ao longo deste capitulo. Com relagéo 4 possibilidade de euglobar detefminadas posturas epistemoligicas ¢ te6- sicas sob a denominagao de “paradigma”, queremos fazer alguns comentarios. Atualme! otermo “paradigma’, tradicionalmente izado pata a wir & articulagao entre det mi nadas per spectivas cpistemoligicas ¢ tesricas, tem caido em certo desuso, porque, com fre quéncia, significa ceria intolerancia, visio estatica ¢ reducionista da diversidade de tipos de pesquisa existemtes (Atkinson et al,, 1988) nie se trata de preseinglr totalmente da ideia le phradig mas de salvar as preecupaciies ‘gue se relletem mos distintes paradigmas” (Denulaluge, 1998 13), Atualmente, sncontramos um maior uso dos termos perspectives oui tradigaes em relacdo a “paradigma” para referir-se a sistemas 0 10 130 Jechadas em si mesmos © mais faciimen- tc utilizaveis pelos pesquisadores, qualquer que seja seu “paradigma” de adesdo (Cerque, 1997). ¢ ao longo desses anos a se questionarem ¢ emoldijrarem seus trabalhos dentro de tradigbes mo afirma esse autor, as diversas oriemtagies te6ricas levaram os pesquisadores tedricas que trouxeram wma grande variedade de perspectivas (eorico-metadoligicas (ver Capitulo 7). E como alirmam Taylor ¢ Bogdan (1987) com relagdo a pesquisa qualitativa: da perspeetiva tedrica depende-o quca metoxlologid qualitativa estuela, como estila, em que Ginterpretade aquilo que € escautad” tp. 25) aciseducacional Do ponto de vista etimoldgicn, 0 terme greg) epistemologia ¢ formade pelos vocabulos piven (conhecimento, saber...) & fages (tenia), Eo estudo do conhecimento cen Acpiseemotogia, ow teoria do combecimento, & aquele conjunto ile saberes que € objeto de esnido da ciéneia (stia natureza, sua ¢strutura, seus métodos). AS questbes centrais dessa disciplina floss ica fazem releréncia a quais sao A natureza, a estrutura € os limites do co- nhecimento huimano, 0 4 is so os critérios de de narcagio para aleangar 50___Pesauisa qualtativa em educacao Uma perspectiva epistemotigica & wma forma di mos o que sabemos: Que tipo de conhecimento ol visticas terd esse conhecimento? Que valor podem} ‘outras, sd0 questdes epistemoligicas. Cada postura epistemoldgica & uma tentativ. nado conhecimento da realidade ¢ de determinar es que realizamos ¢ as compreensbes que alean pectivas epistemoldgicas fundament © objetivi 1. Objetivisme © objetivismo episiemoligico sustenta que tox xl ta que apreende, Esso perspeciva epistemoligih da realidade existem Assim, a verdade & 0 sig ndependentemente da ope} jcado esto nos objet (cia, Essa ideia 1eve suas origens na antiga fil) compreender ¢ explicar como conhece- bteremos n uma pesquisa? Que caracte- os dar aus resultados obtidos? Essas, entre f de explicar como obtemos um determi- » status que se deve ateibuir as imterpreta- \camos. Crotty (1998) identifica trés pers mo, 0 construcionisino € o subjetivismo, © apreendido & independente do sujei- defende que a realidade e © significado cia sobre elas. agdo de qualquer consci s independentemente de qualquer cons- )sofia grega © foi incorporada ao realismo esculdstico ao longo da Idade Média, alcancande seu auge na época do Tuminismo. A ideia de que existe uma verdade objetiva que podem métodos de pesquisa e obter determinade conhe epistemoldgico predominante da eiéncia ocident Algumas vezes houve a tendéncia de identi sivamente com as premissas que subjazem ao pi forma geral podemos denominar metadologias d ps conhe através do uso adequado de ~imemio dessa verdade foi 0 fundamento i ar essa perspectiva epistemoliigica exclu sitivismo e, por extensao, aquilo que de pesquisa quantitativas ou empitico-ana- liticas. Entretanto, embora sendo certo que delerminadas perspectivas tedricas estiverat tradicionalmente vinculadas a cerias epistemolo: ser desenvolvide de un enfoque posi palavras de Bentz e Shapiro (1998: 28): ia entatiza a recente Mlosetia ¢ sociologla da ei inseride em uma histiria © em um contesto eu cenfogne dla conhecimente, scja ebjetivista ou subje contsideragie # contexte histrico amplo emt que o Por exemplo, Hammersley (1992) nos lemb} ctnograticos se desenvolveu sob este espirito, de cel objet icio do século XX, os pesquisadores 4 aginda de maneira adequada, seria possi assim, no. vam que construiam leis. A origems do iermo eonstracionisne & partic grande parte dos trabalhos de Kati Manheim (18% wias, qualquer méiodo de pesquisa pode io positivisia (lomamos de nove aqui as Iw o grow em que 0 conhecer estd sempre Jal © social. Dusse ponto de vista, qualquer Jivista, pode ser positivisia se nae levar em lonhecimento & gerade’ fa de que a maivria dos primeiras estudos tuma visdo objetiva, que, considerava que 1es das pessoas; ie realizayam estudos de casos asseguira~ Jar os valores € as concep tlarmente construcionismo social deriva em Capitulo 3 _Perspectivas teor The Social Construction of Reality (Berger ¢ Lud encontradas j4 em Hegel ¢ Marx A epistemologia construcionista vejeita a ideia ser descaberta, A verdade, 0 significado, emerge Nao existe o significado sem uma mente. 116i, Desa perspectiva, assume-se que dileren cados em relagdo a um mesmo fendmeno, © conhecimento € contingente a pratica enite 0s seres humanos ¢ o mundo, e se desen} mente sociais. O conhecimento se constrdi pa mundo que interpretam. Nessa perspectiva, 0 a filosofia escoldstica é fundamental: o ser hut distingdo de Descartes enire corpo ¢ mente, e: mete a uma ativa relagdo entre a consciéncia dl (Wright, 1993). A consciéncia se dirige a um Nessa forma de pensamento que nos introdu: objetivo ndo pode se manter. Sujeito e objeto, pre unidos. Desde 0 consirucionismo, o signiti plesmente como “objetivo”, mas tampouce con} subjetividade so mutuamente constitutivas ‘Tanto Crotty (1998) como Schwandt (19% nism” e “construtivista”, este iltimo bastante lativa para referis-se ao “paradigma consirutivis exclusivamemte na ‘atividade da mente individu nia quande queremos enlatizar a 1998: 58), seragio eal 0 construcionismo dirige sua atengao pay iilhada, ¢ a construgdo social do significado e significado, tal como se perfila pelas convenci etivisn A epistemologia subjetivista aparece nas for turalistas € pis-modernas. © subjetivismo sust imcragio entre 0 sujeito € 6 objeto, mas é impo: objeto nao realiza nenhuma contribuiggo a ye e} da linguagem ¢ outros processos sociais. jo-’pistemologicas na pesquisa educscional mann, 1967), embora suas bases possam ser le que existe uma verdade objetiva esperando a partir de nossa interacio com a realidade. O significado nao se deseabre, mas se cons- eS pessoas podem construir diversos signiti- humanas, constrdi-se a partir da interagio volve e & sransmitido em contextos essencial- F seres humanos quando interagem com 0 funceito de int ncionalidady que sustentava nano & 1 sersto-nnundo, Nao cabe a famosa tre Corpo € mundo, A intencionalidade ri » sujeito eo objeto da consciéncia do sujeito rbjeta: 0 objeto se perfila pela consciéncia. a intencia ialidade, a dicotomia subjetivo! embora possam ser distinguidos, esta sem- ado, a verdade, n3o pode ser descrito sim 0 simplesmente “subjetive", Objetividade e 4) distinguem entre os termos “construcio lundido na literatura sobre pesquisa quali- ta” de Guba e Lineoln (1990a; 1990) {clas consideragbes epistemoligicay cewtradas } para erar signilieadlo” e utilizar eonstracies tiva (€ Lransmissan) de significade™ (Crotty ja © mundo da intersubjetividade compar- conhecimento, para a geragao coletiva do is de pensamento estruturalistas, pos-estru- mia que o significado ndo emerge de uma 1a. por aquele sobre este. Nessa perspectiva, agao de significado. Pesquisa qualitativa em educagéo as tericas na pesquisa socio ucaciona A complexidade das relagies que sf estabelecem entre principios filoséficos © onto- logicas ¢ suas derivagées cpistemold i se rele nas diversas tradigées ow perspectivas bito das Ciéncigs Humanas e Sociais. Crotty utiliza o conceito de perspective fe6rica pata representar a postjra filosdfica subjacente a uma metodologia € que proporciona um contexto € uma fundamentagio para o desenvolvimento do pracesso de pesquisa © uma base para sua logica ¢ sets critérios de validagio. teGricas existentes no a Tradicionalmente, foram identificadas és perspectivas tebricas ou uadigoes (posit!- vista, interpretativa e socioctitica) que constituem parie de nosso legado filoséfiey € que adotam posturas divergentes ao responder as seguir 's questéies essenciais, entre outras, em relagdo 4 construgao do conhecimento cientifico: Qual € a natureza do conhecimento? que sc entende por um conhecimente racional? Que critérios de racionalidade se usam, para elabord-lo ¢ legitimd-lo? Que enfoque ¢ procedimentos so os mais adequados para indagar sobre os fendmenos socioeducacippnais? Qual deve ser a finalidade desses processos? Essas respostas variarao em fungao do enfoque epistemologico adotado, da nogao de cléncia que se delenda ¢ da concepgia de conhecimento que se tenha. E necessario, por- tanto, observar os aspectos mais relevantls das diversas perspectivas tesricas utilizadas para fundamentar a cientificidade da pesquisa socioeducativa: positivismo, interpretativismo (in. icracionismo simbilico, Fenomenologia, hermenéutica) e teoria ximaremos de alguns enfoques mais recdntes, como @ feminismo € 0 po fica, Também nos apro- madernismo. Po: itivismo e pés-posi A filosofia positivista © sua temativa de unificagao cientifica influenciou de maneira absoluta a epistemologia contemporanea, propiciando formas de indagagio que prevalece- ram no ambito das ciéncias sociais e hunianas até poucas décadas atras ¢ orientando formas particulares de construgdo ¢ validago di} conhecimento cientitico, (0 positivismo defende tres teses: una tese de fegalismo, segundo a qual conhecimen: to que merece chamar-se cigncia deve descobrir as normas ou leis do Funcionamento dos bjetos reais; uma tese de enrpirismo, segundo a qual o conhecimento objetivo € clentitico encontra stia garantia de verdade na observagao empirica dos objetos particulares, ¢ final- mente uma tese de pragmatisme ou tecnolggisa, segundo a qual a ciéneia deve fazer possivel a precisio ¢ ¢ controle racionais dos eventos da realidade natural ¢ social Dessas teses se derivam algumas atijudes relevantes no pesitivismo: uma atitude favo- uma atitude em extreme favo ravel diante da ciéncia c desfavoravel dipnte da metalisica ravel ao denominado metodo cientifico & A suposta unidade das ciéncias em vietude desse método; uma atitude favordvel a teenologia e alguma consequente tecnocracia, assim coma grande conlianga no progress Vejamos a seguir uma breve exposigio da evolugao histérica dessa tradigao, e depois uma apresentagao de suas caracteristicas mais importantes. Capitulo 3 Perspectives tedrico-epistemologices ne pesquisa educacional 10; breve histor © que hoje conhecemos como “*positivisnto”, também denominade racionalidade tee herdeiro de toda uma tradigdo intelectual que remonta a nica on razao instrumental, fume ea filosofia do Huminismo, Os trabalhos (le David Hume no século XVUE tiveram grande influéncia na configuragéo do positivism, ao estahelecer uma distingdo entce o pode ser extraido sobre a relagao entre proposigoes ligicas € 0 conhecl- conhecimento que estabelecendo as bases dos limites da indugio mento sobre as relagdes entre fatos empiricns, © terme “positivismo” foi emhado por Auguste Comte (1798-1857) no século XIX pata designar 0 conhechnento cientific, ponte culminante do saber humano, tercetra € tikima etapa do desenvolvimento do conbecimente human alcangado depois do perio- emetalisico”. © termo se populdrizou através da Sociéte Positiviste, que ele mos como *ciéncia positiva’ & do *teokigico” ¢ fundou em 1848, ¢ logo substituiu a utilizagin de outros filosofia positiva’ Nas primeiras décadas do século XX, os continuadores do empirismo de Hume cone figuraram o denominade “Circulo de Viena”. En) seus primérdios, encontramos 0 filisote social O1to Neurath, o matemdtico Hans Hahn ¢ @ fisico Philip Frank. A segunda década fot tina época de auge para oy pensadores do grape, lderado dele 1920 pelo lisieo Moritz Sclick. Embora no inicio dos anos 1930 o Circuld de Viena tenha sido afetado pela chi do navismo ¢ se dissolvido definitivamente em 1938, a dispersdo de seus membros ajudow somo Rudoll Camap, Catl G. Hempel, Hans a disseminar 0 impacto de suas ideias. Autores ¢ Reichenbach ¢ © primeiro Wittgenstein conformam um novo movimento denominado in- distintamente “positivismo logico”, “neopositivismo” ou “empirismo l6gico”, O atributo de “I6gico” foi actescentado para indicar @ apoio que o renevado positiv} volvimentos cm logica formal, © foco de jnteresse do Cireulo de Viena foi introdw ismo obteve dos novos desen' vir os métodos ¢ a exatido da matematica ao estudo da filosofia, assentando as bases que maneira que nap podia existir outro genuine conhecimen- uniam verdade ¢ significado, to além do que o da ciéneia, Foram excluidas a metatisica, a woria e a ética do dominio de um verdadeiro conhecimento human 6 positivismo, a adogao de uma nogio Timitada do métade cientifien ndo $6 como uma prescricao para desenyolver pesquisa ¢ produrir conhecimento, mas tamb sio compreensiva, uma ideologia social e uma definigie do significado da vida, é uma forca m como uma vir importante na hist6ria da cultura moderna ¢, eh particular, na historia da vida intelectual da pesquisa. Por isso, 0 positivismo fol n a principal versio da moderna filosofia da historia, Uniu determinadas ideias da natureza jo apenas uma filosofia da ciéncia, mas iambem a diéncia e do conhecimento com uma nogio da modernidade como progresso cientifico {Bentz ¢ Shapiro, 1998} Conclusmos esse percurse histérico com wha sintese das premissas essenciais que so- m ao positivismo (Tabela 3,2), que serdq desenvolvidas mais amplamente na proxi ma segio, 2. Caracteristicas do posi Como se deduz da breve cronologia apresentada, esta teoria esta [undamentada em ois principios basicos que estruturam ¢ limtiam o discurso positivista, ¢ que poder caracterizar como verdadeitas concepgdes onfoldgicas a respeito da natureza do mundo. Trata-se do principio empifisia-fenomenista ¢ do formalista-nomitalista (Angulo Rasco, 1993} © principio empirista-fenomenista. ste principio delende que s6 & possivel co- bhecer aqucles fendmenos que percebemos através dos sentidos e se manifestan’ na expe- Fiéneia. A realidade existente pode ser conhetida como &, sempre que formos capazes de capté-la de mancira adequada. O conhecimento esté contide nos fatas ¢, portanto, © pesqut m proceso de abstragao sador deve limitar-se a comprova-los, reuni-los ¢ sintetizé-los por que 0s faga suscetivels de um manuscio elica7| Jabela 32 Premissas do positvismo. Com base em (Usher (1996: 12-13} 0 tmundo @ objetivo e indeapentiente das pessoas que o conhecem. Esté consttuido por Fendmenos que ‘soquem ume oi @ uma ordem, que porlem ser descolrtos por meio da observacio sistematica eda uitlizaga dos métodos cientificas adequadas e assih explicar,predizer e controlar os eventos. = Existe uma separagao clara entre sueitos e abjetos. Tambem entre fatos e valores 0 pesquisadar se interessa por fatos, eo subjetve (as proprias premissase valoras} ndo deve itereric no descobrimento da verdade. {0 mundo social é similar ao mundo naturel, Poranto,existem orem erazae no mundo soci, explicitados fem rolagaes de tipo cause-cleito; os acontecimento$ nao vem de forma aleatria arbitria, ‘© O objetivo da pesquisa, comum as ciéncias naturasp socials, & desonvolver leis univorsais @ gevais que cexpliquem o mundo. Todas as cidncias estéo fundamentadas na mesmo ;hdtodo de conhecer 9 mundo. As ciéncias naturals @ sociais compartiham uma ligica eomum ¢ uma metodologia de pesquise. A linguagem clemtilica ott teGrica nao fontribui em nada para os dados empiricus, isto & os Latos nao estao determinados pelas conceitos que utilizamos para deserevé-los |) ia ¢ 6 dada mais C explicé-los, Nesta colocagio, os fatos esto) infradeterminados pela te » coho determinant do conhecimento (Sokal ej} Imporiancia av objeto de que ae sujei Bricmont, 1999) © principio formalista-nominalista. Dado jd 0 passu de reduzit todo enunciado cientifico a linguagem fisicalista, o el) scguinte consiste na construgao de uma tine F guagem lgico-formal que expresse adequadamente a estrurura da realidade, Esta} mediante uma série de enunciados que envolvem deti- | lormalizagao se desenvolv vagies ligicas e contiastagies empiritas que devem possuir coeréncia interna € se concordantes com as faios. oe a age ee bi ia Capitulo 3 Perspectivas teorico-epistemologicas na pesquisa educacional BB. As ciéncias empiricas devem satistazer a determinados requisitos Iigicos e, em par- ticular, devem adaptar-se 3s formalizagies derivadas da logica matematica. Aqui. 0 valor sintatico da linguagem ¢ assegurado pela constituigao I6gica, ¢ 0 valor seman- ‘Ao accilar que as Géncias so ico, por sua ancoragem com os dados empiricas. reduziveis a cileulos Igicos axiomatizados, o critério de significatividade empirica completado com a légica matemética passa a ser 0 fundamento principal da teria da ciéncia” (Echeverria, 1999: 26). A metatisica ¢ considerada, portanto, estéril do ponto de vista centilico, porque esta construida sobre enuinciados sem correlato empirico ¢ deficientemente estruturados do ponto de vista lbgico. Desses dois principios se deduzem uma série de premisas epistenoligicas sobre os cri térios de demarcagao e as caracteristicas do conhecimento cientilieo que fimdameniam as modalidades distintas de sia producio, lela-se métodos de pesquisa, que vinham sendo predominantemente utilizados na educagae até poucos gnos atras (Tabela 3.3). Essas pre missas s8o: monismo metodol6gico, explicagio causal, objetividade & Independencia sujet ca, universalidade da tcoria ¢ distingao entre contexto de lo-objeto, neutralidade axial descobrimento ¢ contexto de justificativa Tehela 33 Principios e premissas do positivismo Principios basicos ‘Principio ompirista-tonomenista Principio formalists-nominaista Premissas fundamentals Monisma metodologico. Explicagho causal Objatividade e indepandénciasujeto-objeto. Neutralijade axolégica Universalidade da toore, Coniexig de dascobrimonta versus eantexte de justticagao, Ghodo das eléncias naturais (0 cen: Monismo metodolégico. Delende-se que on tifico) & 0 ideal para a compreenséo racional da) realidade © por isso deve ser es tendido as cigncias socials ¢ da educagdo (Wright, 1980). A ciéncia, ¢ somente ela, proporciona uma atitude neutza, porque sé cla oferece métados"que gs saber nao contaminado por inelinagoes pessoais. ) metodo a ser usaddo pela pesqui sa cientifica sera 0 bipotético-dedutive, método de proposig&es gerais, hipotéticas, que devem ser contrasiadas por meio da ebservagio edo experimento. Essa mo- dalidade de validar hipéteses (que assume o lalgilicacionisme Papperiano) sera @ Pesquisa qualitatva em e ctitério de demarcagao entre o conhecimento ciemtificn ¢ 0 resto de conhecimentos que se consideram nao ciemtilicas. Essa tentativa de unificaga fundamentada, além do mais, em uma ideia amplamente defendida pelo positivis- 10 metodolégica esid mo € que serd objeto de sérias criticas da Loncepgdo Interpreiativa: a unidade meto: dolégica ¢ linguistica das ciéncias. Explicagao causal. Omodelo de explicagio usado nas ieorias cienificas deve ser 0 da explicacdo causal, que sustenta as construgis tedrieas produzidas pelo método. cientilica, A explicagéo causal entende thdo fendmeno como “um estado sucessivo de coisas” coberto (explicado} por uma Jei cientitica, isto &, todo evento deve ser deduzido logicamente a partir de uma conexao invariavel entre eventos empiricos (lei) (Wright, 1980) plicacdo causal pode adotar dois submodctos: o nomo- logico-dedutivo o indutivo probabilistigo (Hempel, 1969) 80 © Objetividade e independéncia sujeito-objeto. Defende que © mundo natural fem uma existéncia pripria, que é Indepgndente da pessoa que o estuda, O mundo social, 0 do ensino, existe como um sistema de varidveis. O conhecimento cienti fico € uma *e6pia” do funcionamento dy mundo, As proposighes que nao podem ser confirmadas por dados empiricos, além de nao serem cientificas, carecem de falta de sentido (Carnap et al., 1938}, O gonhecimento cientifico € objetivo porque descreve a reatidade tal como 6. Essa descrigdo ndo implica inferéncia alguma nem, pressupostos filosdficos de nenhum tipo, Essa ncutralidade ontoligica defende que 8 fatos sao independentes de interpretagdes e teorias (Schlick, 1936) Auséncia de valores. Além da neutraljdade ontoligica, 0 positivismo exi e uma neutralidade axioligica. Os enunciados Gientificos sao independentes dos fins € va~ éncia esté livre de| valores e se dedica exchusivamente a de lores das pessoas, A C cobrir relagdes entre os fatos (Echeverria, 1999) A ciéncia é uma atividade que ndo tem fautro interesse além do *conhecer” em si mesmo. Os pressupostos cientilicos sao allieios aos fins e/ou valores dos individuos ou da sociedade, A teoria cientifica tem de explicar como funcionam as coisas, sem ocupar-se de como deveriam ser, que & im assunto da ética Universalidade da teoria. A woria ¢ universal, Nao esta vinculada a nenhum contexto especilico nem as circunstancias em que se formutlam as gencralizagies. Distincao entre contexto de descobiimento, contexto de validagao e con- texto de aplicagao. 0 contexto de desepbrimento (ou seja, mado como os cien tisias realizam conjeturas ¢ hipsteses) & hegado ou negligenciado pelo positivism. Argumenta-se que, por ser um context em que cabe a “op dicionada por latores psicoligicas & sodioldgicos, ndo deve centrar a atengio da Cigncia. Esta deve preocupar-se sobretugio com a reconstrugaio racional do conhe- Cimento, centrando-se nos pressupostos ligicos ¢ metodolégicos da pesquisa, isto 6 aqueles que possam ser avaliados intdrsubjetivamente mediante procedimentos logicos reconhecidos (Reichenbach, 1954) nido subjetiva’, con reformuladas e, em cerias ocasid Capitulo 3. Perspectivas teorico-epistemaldaicas na pesquisa educacional 57 Fadas essas abordagens ontoldgicas ¢ epistemologi¢as foram qualilicadas, respondidas, s, rejeitadas, tanto nd dmbito da epistemologia das cién- as naturals quanto no de outras tradigbes, Dedicamas a segio seguinte & exposigio dos aspectos mais importantes dessas criticas. Critica 20 monismo metodolégico. Habermas (1982) critica convincentemen- te © monismo metodoligico positivisia, negando a unidade metodoldgica entre as ncia positivista realizow um in Ciéncias Naturais ¢ as Socials. Para Habermas, a ci yestimente na rclagao Epistemologia-Ciéncia.| Defender, como lax 0 positivismo, que s6 existe um Gnico método cenuitica que fleve ser 0 juiz para legitimar os de entos & 0 mesmo que justificar tpda Epistemologia a pactir dos para- A Ciéncia & uma stipula mais conheci as, quando, na realidade, deveria ser 0 contrarie, etros posit a mais entre as diversas formas de conheeimento, Nao pode ser ela que as regras com as quais qualquer outro tipo de saber seré julgado: se queremos seguir «proceso de dssolugdo dat hacia pela icuria da Ciencia, Lemay de Femoniar-nos a fasgs abanulonadas da reflesso. Voltar 3 > partir de un Horizonte qule apsfita para seat ponte ke partida pocte sjuularstosa cecuperara experiénea perdida da rellexdo, Horque 0 positivisnie ¢ isto: 0 remenar x30" (Habermas, 1982: 9) jartiney (1982) afirma que a idolptria do metodo vem clos grandes re Por sua vez, sultados que seu uso proporcionow no campo dps CiGneias Naturais; mas esses ben’ tribuidos av método en Mi, mas a seu alto nivel de adequagai ao objete de estudio das Ciencias Naturais, que f, na verdade, estiticw e passive. Esse ma em relagde ao objeto dd estado das Ciéncias Humanas, entre de caplar a totalidade adequagie seria elas a Bducagdo. Certamente, 6 positivism se mostra ine lobalidade da natureza das lendmenos educagonais, porque nem a realidade sucial as preestabelecilos, rem a educativa podem enauadrar-se en esque! c Critica & explicacdo causal, Frente ao posttilado positivisia, que defende 4 social (a da educacdio) & unicamentg abjetivavel por refertncia aes mente esiabelecides, por sua vex, a [radigio interpretative afirma que ¢ crligtio basico de validade sd os signilicadas ih ns ages, condarm se definem a partir do ponto de vista dos atorgs socials (Erickson, 1989), Deiende- se que tada agSo est determinada em firing instancia pelos signiticados do ator a8 agiies humanas sé podem ser interpreiaday (compreendidas) motives do aior, Essa é a dilerenga que Yon Wright (1993) estabelece ent io € compreensio, wxplie Critica & objetividade. A partir das posigdes tla epistemologia contemporanea nd0 se aceila que 6 conhecimento centifico rellita © descreva a realidade do objeto tal qual & ¢ que isso se deva av fato de que este séja livre de valores (Chalmers, 1982) 58 Pesquisa qualitativa em educacéo Atualmente, se accita que é um erro|delender que as enunciados observaclonais sdo em sua origem totalmente independentes das interpreiagdes tcéricas aplicadas. A observaga , coma qualquer outra {rma de agao social, s4 pode ser entendida se a relacionarmos ao contexte em que georre. A cultura (em sentido antropolégico) nos iraz, de modo implicito, as conexies ignoradas ou ocultas entre nossas percep- Ses € 8 conceitos disnoniveis & contpartilhades socialmente por meio dos gui clas 1ém sentida (Codd, 1989). Atualmente, é amplamente aecito gud nao conhecemos “tatos pores’, mas que es ses fatos, ao faverem parte de nosso fonhecimento, jiassam a ser vistos de outro odo. © que wim observador ve depende em parte do objeto de observagae, mas também do que sua experiencia perce) ual anierlor o obriga a ver (Hanson, 1938). Quando tenta captar um sistema implicito nos fatos da natureza, todo observador sid influenciado pelos instrumentos que utiliza, as weorias que conhece ou seus preconceitos epistemolégicos, entre outros fatores que 0 “obrigam” a ver as coisas de uma determinada maneira, sendo'the impossivel livrar-se desses esquemas de * Critica & auséncia de valores. Em) seu trabalho Citneia e téonica como ideologia, Habermas (1984) demonstra a impossjbilidade de a Ciéncia ser uma atividade livre de valores. A Ciéneia con p atividade social esta impregnada dos valores de quer a desenvolve: valores ¢ interesses frequgntemente confrontados. Em seu intento por scparar os latos dos valores que se perecbem como desvios para 0 conhecimente que na realidade © ponto de vista posifivista faz € ocullar sua concepgav do mundo € seus valores sociais e educativos. Portanto, co, como pretende, 0 que consegue é lima espécie de doutrinagao de seus proprios valores e de sua ideologia. n lugar de resultar neutro © assépti- “0 enloque cientifica da educagio nav elimina gs contedidos normativos ¢ tilosdticos. Simple | mente ns evita, mediante sua adlesio na critica gus pressupostoslilosoticos entrincheirados em sua pripria perspectiva, cuja aceliag’ lica” (Carr ¢ Kemmis, 1988: 91). tos asicos ¢ abjecdes ao inte A perspectiva interpretativa surg Ciéneia Natural ideia de au c-se qute as cigncias mentals (Goistswistenschafien) ou culturais (Ruaarwissenschafien) iu como reago a tentativa de desenvolver uma jos fendmenos sociais. J4 dissemos que a partir dessa postura rejeitou-se a cos métodos das Ci ncias Sociais devem ser id ncias Naturais. das naturais em um objetivo fundamental: as primeiras procuram a compreensio (Versichen) do significado dos fendmenos socials, enquanto as se plicagao cientifica (£rklitren) (Schwandt, 1994). undas pretendem stia ex Capitulo 3 Perspectivas tebried-epistemolagicas na pesquisa educacional Alguns autores identificam essa diferenga|apel: do para as linhas nomottia v idiggrd 1 da ciéncia, respectivamente. No ambito fislco-natural, a ciéncia pro: qularidades, vai em busca de leis (“nomos”),| focalizando fendmenos mais abstratos, que ikem regularidades mensuraiveis ¢ empiricas, Quando nos relerimos a questées humanas, a consisténcias, F exemplo, estudos histéricos ou de interaglo social, preocupamo-nos com o individiwo dios” erative desenvolve interpretagoes da vida socjal ¢ do mundo sob uma perspectiva cultural ristérica hos concentrando em aspectos tinicos, individuais € qualitativos. O enfoque inter- Weber & considerado © precursor des que yieram ica 9 de os métod)s das queles das Ciéncias Naturais jé se encontra chn outros autores, como Dilthey. O que hoje anhecemos como versiehen, ou enloque interpretativo, foi aparec 1b diversos aspectos. defender a compreensio versus a & mas a discussao a respel ncias Humanas e Sociais diferirem ndo ao longo da Hist6ria Crotty (1998) considera trés perspectivas fundamentais que deram lugar a seu nasci- rento: a hermenéutica, a fenomenologia e 0 intergcionisme simbdlico. A airentes ¢ escolas que se englobam na tradigao interpreiativa nao impede que todas clas ompartilhem uma série de aspectos comuns a) respeito da natureza da realidade a que se proximam. Vamos expor os pressupostos basitos do interpretativismo para mais a frente ande diversidade de 68 aproximarmos de forma particular as correptes iliferenciadas (Tabela 3.4). abela 34 as fo intorpretativisme Naturezs interoretativa, holistica, indmica e simbélies de todos os processes socials, incluindo os de pesquisa (Giddons, 178), © contexte come um fatarconstitutivo dos signticadas seciais (Erikson, 1989, O objeto da pesquisa é a agdo humana (por opesigao a|conduta humana), © 28 ceusas dessas acdes Fesidem no seu significado, inter pretado polas possoas que as ealizam, em vez de resiirem na semelhanga ‘de condutas observadas (Van Maanen, 1983) O objeto da construgao tebrica& a comproensda telealbsica, em vez de exslicagdo causal (Wright, 196) ‘A objatividade se alcanea a0 So acessar o significado subjetivo que a agi tem para seu protagonista (Glaser e Strauss, 1967 Todas esas caracteristicas comuns podem lintegrar-se em dois conjuntos de conside- raghes que Wilson (1977) define como dimensdo qualitativo-lenomenoldgica ¢ eco! naturalista. Sgicu- © Na primeira delas, se afirma que as préticas humanas 6 podem farer-se inteligivets s¢ for acessado 0 ponto simbélicu em que as pessoas interpretam seus pensamentos € suas agdes. Compreender as ages huhanas & 0 mesmo que colocar nossa atengao Pasquisa qualtativa em educacao a vida interior ¢ subjetiva dos atores sociais. Vida subjetiva que é dinamica, e nao a dq estrutura social na qual se insere (Apple, 1986). Os seres humans sao construtores de sti sua vez. os determina, estatica, ¢ mutuamente constitutiv a realidade social objetiva. que, por Sob essa perspectiva, as agdes educativas sao significativas ¢ ndo podem ser conside radas como tracos objetivos de populagiies suscetiveis de serem generalizadas nem comroladas, porque nao cabe conteol: lar'os signilicados. Reconhece-se a singularida !agio|de ensino-aprendizagem. O conheeimento derivado da pesquisa & utilizado sempte com carat tico © contextual, em as do grupo (sala de aula, esco= 's que nele desenvolvem seu trabalho, de ¢ imprevisibilidade de toda situ: virtude das caracteristicas peculiares atilais ¢ historic la ete.) ¢ das experiéneias dos docentes A segunda dimensdo que Wilson propde ¢ a naturalista-ecolégica, que afirma que a8 acdes humanas esiao parcialmente determinadas pelo contexio ¢ ambiente em due acontecem, A premissa que emerge dessa hipstese & que os fendmenos edu- cacionais 86 podem ser estudados na vida real onde se produzem. perspeciiva, afirma-se que a nature: A partir dessa Klos processos de ensino-aprendizagem s6 pode ser cntendida mediante seu examd direto, de maneira que o ambiente em que ‘esse processos se matcrializam é a fonty de onde devem set obtides dados para seu estudo (Geertz, 1987). $6 0 ‘oniato dittto com essa realidade nos poderd garantie nto do papel que o comtex1o social © cultural tem na construgao de significados ¢ na compreensdo que as passoas 1ém deles, Os tracos epistemol Leses positiv gicos mais destacados|dessa teoria, claramente diferenciados das 8, podem sintetizar-se nos pontog seguintes. Emi primeira ly 2 partir dessa perspectiva, defende-se que existem notaveis diferent os nanurats ¢ priticas husmfanas.' Essas diferengas se encaniram expli- aclas nos trabathos de segundo Witigenstein (1988) que represe da filosofla moderna, Esses trabathos i tam a virada mn revelado que uma das distingé Processos naturais ¢ préticas humanas est no lato de que os primeiros so relativamente Indenendentes d finguagem wsada para descrevé-los, diferentemente das prsticas humanas, que nfo sdo. Em outras palaveas, os seres humaios dilerem dos objets inanimados em sua pacidade de consiruir e compartithar signilicados por meio da linguagem, Por exemple embora as seres humanos descrevam processog como o comportamento dos gases ou 0 btovimento orbital dos planetas, essas descrigde} ndo tm nenhum efeito sobre esses fens menos. G fato de que ao movimento dos planetas seja atribuidla uma causa gravitacional ou evide ao flogisto ndo tem nenhuma iniluencia no movimento deles, que se mantém inalterdvel. Entretanio, nao ocorre ssim com as praticak humanas. Pelo contrario, elas sao parcial | mente constituidas pela linguagem usada para desere So ea petensio posiixnia de dae ot Capitulo 3 Perspectivas tedrico-epistemplogicas na pesquisa educacional Assim, a caracteristica definidora da “agao humana” & seu significado subjetive, & men janto sua consequéncia comportamemtal ou de condura. Para Carr ¢ Kemmis (1988), a no~ io de signiticado subjetivo esté imimamente vinculada a diferenga entre “agao humana” e“conduta humana”, O comportamento humano é principalmente constitu lo por ac sendo caracteristica detinidora destas passtir um sentido para quem as realiza e em tor se inicligiveis 56 na medida em que se conhece o sentilo que The alribui o ator individual E por esse mative que as agies sociais nao podem ser pbservadas dy mesmo modo que os processos natuais, As agfcs sociais s6 poem lornar-se compreensiveis de acordo com as imiengBes das pessoas que as executam © com caniesto em que acontecem (Erickson, 1989). Os significados sao criados, questionados e modilicades durante 0 desenvolvimento das prticas sociais realizadas pelas pessoas. Se aceitarmos como validdas essas argumentagdes, estaremos em condighes de afirmar que as praticas de ensino, sendo pra jcas humanas, nd fodem ser abarcadas por explicaghes causais come as utilizadas para interpretar ox fendmerjos naturals, may apenas podem ser entendidas 3 luz dos fins ¢ das razies que as impulsiona das pessoas, As praticas humanas sdo entendidas por yeferGncia avs signilicados que thes , que, neste caso, & 0 bem-esiar ontorgam as pessoas que as realizam e nde por xplicaqbes causais, adequadas, no entano, para interpreiar fendmenos estavels, regulares e permanentes, como os bioligicos. Como vimos, em relagio ao interesse positivista tela descrigao ¢ explicago do mun- do, a tradigio interpreiativa defende a necessidade de compreendé-lo interpretativamente, De fato, Gadamer (1975) ensinou-nos que a hermendiitica, mais do que um método para acessar a realidade, € essencialmente 6 meio para compreendé mpreensao € interprelag caracteristicas especiais de um trabalho disciplinat, ném uma metodologia especifica que ea mancira pela qual nos conhecemos exisiencialmente como seres humanos, possa ser aplicada para descnvalver 6 conhecimento. Ear um sentido nitidamente existen: cial, compreender e interpretar pertencem av individluw & formam nele sua estrutura de sere existir Essas abordagens epistemoldgicas, no entanto, tampauco estiveram isentas de eriticas fe matizacaes. De wm lado, partindo de posighes empirico-analiticas, assegurou-se que essa aborda neapaz de claborar explicagdes yetais da reatidade suficientemente objetivas para serem consideradas verdadeiramente cientificas, Outra linha de eriticas é a formulada pela tradigad sociocritica, Carr © Kemmis (1988) afirmam que a Ciéncia social interpretativa se preocupa, de maneira reducionista, exchusi- vamente em esclarecer as intengivs © os signilicados dos atos sociais. De outte lado, afir mam que © enlogue interpretativo, ao separar os Ambitos das Ciéncias Naturais (explicagso) 8 Sociais (compreensao), exclul a possibilidade de pesquisar sobre certos aspectos da re alidade social que o enfoque sociocritico considera de rhaxima importancia; aspectos como, por exemplo, a origem da interpretagdo que os individuos fazem da vida social, 0 contlito, a mudanga social 2 quis qualitative © Esse aspecio ¢ considerado © principal deleito da tradicao 1984). Isto € jexpretativa (Habermas, ‘alidade social se consteéi a partir as pessoas, nao pode eliminar as questOes que determinam ent certo grau tais signiticados — por exemplo, a estiutura social se 0 enfogue interpretative admitjr que a dos significados subjetives Para Carr ¢ Kemmis (1988), a realidade sogjal no nasce a partir das interp: $, mas cla mesma de tagbes das Hming quais devem|ser essas interpretaggics. A estrutura social, além de ser 0 produto dos significados ¢ atos inilividuais, produz. por sua ver, significados particulares, aranite sua continuidade e, portanto, limita a gama de atos que os individuos podem real Outia critica a essa abordagem concentra-se na sua insisténcia de que a tiniea valida, Gav as explicagdes da vida social deve ser a de compatibilicade com o autocntendimento fos sujeitos, A objegdo afirma que muitos dos fignificados do individuo estio distorcidos Mvologicamente devide a certos me onsciéncia equivoca é por delinigav inacessivel| ao sujeito. Assim, a partir de um enfoque spretative, & impossiy ismos siciais, Mas qualquer explicagae sobre essa analisar os autoentendimentos distorcidas ¢ os propésitos a que estes servem. O enfoque sueioeritice nao ai cita que a explicagdo interpretativa finalize com a descrigéo dos significadas dos atores sociais, ppis ndo & capaz de explicar a relagao entre 2s interpretagies que as pessoas fazem da realidade ¢ as condigies sociais sob as quais sav produzidas (Carr ¢ Kemmis, 1988) Sub ouiro ponto de vista, acusa-se a 1eoria jntetpretativa de conservadiora em relagao a ordem social, incorporando premissas conservakioras sobre o conflito ¢ a mudanea. pois se conclu que essa teoria pereebe o con! iw como diserepa cia tias interpretaghes das pessoas sobre a realidade, ¢ ndo como contradigies dessa realidade (Popkewitz, 1988), A critica do satus guo social nao € uma prioridade na teoria interpretativa 1 Fesuimo, podemos afirmar que as abjegdes A abordagem interpretativa insistem nos seguiintes aspectos: 0 cardter instivel e dependenfe de contexto da linguiagem, a deper s observagi la interpretagan ¢ a teoria, e © cardter politico e ideoligic fundamen O que je conhecemes como Versiehet, ou enfaque interpreiativo, foi aparecendo ao longo da Hist6ria sob diversos modos. Crotty (198) considera trés correntes, entendidas como perspectivas icdricas que deram lugar a seu nascimento: a herinencutica, a fe nologia ¢ 0 interacionismo simbélico, ome Etmologicamente, fermenéutica vem da palayra grega frernrenewein, que signilica i pretar ou compreender. A ori em de con ceito alual dese iermo pode ser encontrada no século XVH, em relagdo 4 interpretagao biblica (exegese) e necessidade de estabelecer um conjunto de regras apropria as para essa interpretagao (hermenéutica). Esse enfogue da Capitulo 2 Perspectivas teorico-epistamolégicas na pesquisa educacional 63 interpretagdo biblica inchufa ndo s6 uma anélise) gramatical, mas também uma anélise d contexto histrico de qualquer aconiccimento b um pequeno passo para elevar o conceito de heripenéutica a um nivel de metodologia geral para a interpretacdo de tatlos 1s textos eseritos (Smith, 1993) blico, Dessa forma, loi neeessario apenas No sécuilo. XIX, meneutica evoluit do jiais de metodologia lilosétien filosolia do significado de todas as expressdes hnimanas. Podemos citar autores como Frie drich Ast (2778-1841) ¢ Friedrich Schleiermachet (1768-1834). Este diltimo exerceu grande influéneia em Dilthey, quet ntou estabelecer a hermentutica como a metodologia das Cién clodolog’ clas Culturais ou Morais, desafiande a assergde positivisia de que 9 métado ea ai as Cigncias Naturais deveriam fundameniar o esiudo dos fendmenos humanos gue diversos autores comegaram a refletir sobre 4 propria natureza do ato de compreender de maneira que a hermenéutica se reconceitualizow no s6 como uma ferramenta para resolver os problemas da interpretagio textial (hermenéutica lilologica), mas camo uma lonte de reflexde sobre a natureza ¢ © problema {la compreensdo interpretativa em si mes- mo (hermenéutica geraly A hem dologia das ciéncias culturais, caracteriza-se por) dois aspecios undamentais: 0 referente utica, como foi tratada por Diltl}ey av tenlar estabelecd-la come a mete. para julgar se uma interpretagao correta ou incarfeta reside fina possivel menie 0 outro; conses aut de certeza no conb ir @ mesmo cimento do esiudo das expressies humanas assim: coma nas Ciencias Naturais, pois aquelas sap» dadas e podem ser capuuradas ¢ compre= endidas por meio da anélise hermenéutica, Para rvatizar esse desejo de objetividade, Dilthey afirma que 6 pesquisador & capaz de manter-se fjra de sua propria hisiGria para interpretat os significados dos outros. Entretanto, essa postura se contradiz. com a premissa sobre a natureza contexttalmente histérica da inte pretakao. Existe assim’ uma contradigao interna ‘que Dilthey nae foi capaz de resalver, um desalio fi hermeneutica que se mantém eomo pre= ocupagio central dos pensadores hermenéuticos atuais (Smith, 1993). Eo que conhecemes como 0 “cireulo hermengutico “a interpretagiu do signilicade s6 pate ser acompajthacl com unt canstante movimento para lrente © pasa tras entre a expressin particular e a fee de significnds em que esa express olcia inserida, Fase processo nde tem ponte inicial | inal nde arbitsarda, Alan disso, esse pro- ces circular nes leva a ain desalig importante pata a hermensutiea, » grav em que a pessoa que realiza a imerpreiagia & parte do crctlo om dantext eu que se realiza” (Smith, 1993: 156-187). Diferentemente da fenomenologia, a hermenéutica nao se preocupa tanto com a in tengao do ator, mas toma a agio como uma via para interprelar 0 contexte social de sig ficada mais amplo em que esta inserida, No ambito da pesquisa educacional, o term filosotia hermenéutica vein sendo usado. cada vez com maior profusao a partir dos anos 1970, Antes dessa data, scu uso sua discus- sdo estavam relegados ao ambito das humanidades, aparecendo primordialmente na liloso- 64 _Pesquisa ousitativa em ecucacao {ia continemal, na teologia ena erica litera, Mas, 9 parti da década de 1970, houve um sobre aikemento das referCncias a respeiio da hermenéustica na titeratay Sobre a pesquisa educacional. Nesses tr filose a metodoligica ‘abalhos, a hermenéutica se apresenta como wma tia que permite redetinir © reconccitualizar » objeto, 9 metodo ea Auisa nas Ciencias Saciais em geral ¢ subre fdndmenos educaciun, como Polkhingorne (1983f out Ricoeur (1981 €4a filosofia mais adequada para lundamentaf 9 pesquie sobre Jendmen lesa eduicacio. A soctologia interpretativa alta antropolo disciplinares que viram na hermend alternative © mais adeguiado jalureza da pes ais em particular, Autores ) deienderam que o empirisme positivista nao social foram dois dos campos tica wind filosolia alternativa que f ‘necia um cnfoque ; 20 positivisme thinante, com rclagdo & natureza ¢ d estrutira dos fendmenos saciais, Gomesourse a reconhecer a hermenéutfea como uma filosotia que permitia funda menlar ¢ legitimar aproximagies interpreiativas por meio de mevodos a. Pesquisa que se Fol an Be compreensio & no significado em comextos especilices. Esse teconhechnems nda metade do século XX tes do programa proposto pele positivisme lig Mentos filoss fo} consequéncia da polémica suscitada na sex a respeito dos limi 9 ¢ da consequente necessidade de funda icos epistemoldgicus ahernatives 2 tendéncia que profissiena ahi parle da longa ctise que tem questionado seria mente a autoridade do positivisme como fund. para a pesquisa educacional. Desse modo, is ¢ pesquisadores do campo da educagée proiagonizaram pata Menéutica pode ser entendida come Lament filusstico ¢ metodoligico para a acie a pesquisa educacional O discurse contempordingo da hermenéutica € um campo complexe ¢ plural que aco the em seu seio diversas concepgies, feequenteme ile oposias, da interpretagio. A maioria dessas teorias pode ser agrupada em tre grandts enfoques ou campos da teoria hermencu 10 tedtica possui iMplicagoes metodoligicas de tica. Observe que cada pos Hermenéutica de validagao (ou objetivista). & possivel capturar por mein da indagasio os significadas dos textos (ibservagées, entrevistas, jornais, cartas..) ¢ ae uma pessoa atribui_a/suas expressiies. Existem signifieados imu. laveis ou inalterdveis que $0.0 objetivo de tod pretativa delende a validade ou a interesses, preconceitos, ia interpretagao. Essa posigao inter objelividade da imterpretagao acima © contra os marcos de interpretacdo ou desejos do pesquisador ermenéutica critica. Para us her chEUtiCos criticos, a representagio do signifi cado de uma expressio ¢ relativamente|nao problemética. O imporiante 6a valorie acho dos significados de tal expressio 4 lu dle condigécs historicas. A pesquisa se Scupa de esclarecer as condigdes sab as {uiais uma compreensio distorcida pode ter ecottide, um esclarecimento que deve conduzir a uma agio pratie daque! emancipadora e las pessoas eujas compreensdes foram distorcidas. Pademos citar os trabalhos de J. Habermas como representantes dessa postira. Hermenéutica filoséfica. © enconiro dom um texto historico out as expressies de ‘outros ¢ 0 interpretador & um enconiro dialégico, uma fusdo de horizontes em ter mos de Gadamer (1975). Assi @ hermendutica tem uma imporidncia ontoligica Capitulo 3 Perspectivas tedrico-epistemologicas na pesquisa educacional 65 profunda, porque trata a compreensio como nossa “forma primitiva de ser no mune do" (Gadamer, 1975, citado em Smith, 1993: 130), O pesquisador se envolv em um didtogo com o outro na tentativa de ghegar a unia miitua compreensio do | significado c das imtengdes que esta por iris as expressiies de cada um. Meso sendo um movimento que se espalhou em miiltiplas orientagies, a fenomeno- logia constitu possivelmente a corrente filoséifica que mais influenciou o pensamento do século XX. A Fenomenologia é acima de do uma fildsofia, ou também, diversos enfoques filoséticos, embora relacionados. Mas também se preoctipa com quesides relacionadas com oméiodo. Phreromenolagy deriva do terme grego phengntenen, que signitica “to show itsell” (Ray, 1994). ‘4 Fenmmenstogia € uma corrente de pensamenti props. da pesqubs interpretative que con (eibu, cama base do conhecimenta, cama exper percebvidas” (Former e Latorre, 1996: 73), ncia subjetivaimediata dos fates tal camo s3o. uma ientativa de retornar aos conieiidos primitives da conscigncia, isto & aos objeti- Yes que se nos apresentans em nossa propria experiéngia antes que thes atribuamos algum setts m0 de hossa cultura nos proporciana uma cumprcenssi elabarda destes, Porte, preci xar de lado esta eumpreensio na medkla do possivel. On os termos de Heidegy levers ‘nos liberar de nossa tendgncia a intempretar imediatanent¢” (Croity, 1994s 96) Valiae 3s coisas mesmas ("to the things themselves") & 6 Jemia que representa a essen. da do movimento fenomenoldgico; valtar 4 experiencia pré-racional, a experiencia vivida, nio se eelere a scnsagies sensitivas passivas, mas a petcepgdies que, junto a interpreiagao, orientain abjetivos, valores ¢ significadas; uma interpreiagao & qual Husserl denominou “intencionalidade movimento fenumenoligico emergiu no final del século XIX ¢ inicio du século XX. O Precusser fai Franz Brentano, Ednumnd Huser], o fundalior, ¢ Martin Heiddeger, um de seus Inais eminentes expuenies. Huss Bremano (1838-1916 H aariter & 1 (1859-1938), grande figura da filosolia alema, toma de 0 lilésofo que pretenden yoltat/a Aristiteles & que sempre foi para venerado professor, a ideia de *imencionalidade” ou releréncia a um abjeio como. atos psiquicos (Yepes, 1989) - Huser! considerava a fenomenologia uma filosolia, um enfoque & un me ; jodo (Ray 1994), Bo estudto das estruturas da consciéncia que postibilitam sua relagie com os abjetos Esse esiudo requer a rellexao sobre 0 contetide d la mente, excluindo todo o resto, Hussetl se Telerit a esse tipo de reflex como “redugao lenomenoligica’ Plar 0 contetide de sua mente foram atos como recordat; © que deseobriv av contem- desejar © perceber, & 9 contetide

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