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mpl – ssa
manual de formaÇÃo de comitÊs locais

este manual sobre como formar comitês foi elaborado por que um dos objetivos do mpl é descentralizar o
movimento, e ser conduzido pelo povo. feito com a ajuda de companheiros com experiências de luta, pode
funcionar como um guia, orientador e sugerir ações que foram positivas em outras experiências.

o mpl – ssa

o movimento passe livre surge a partir de uma série de necessidades objetivas e subjetivas do meio
estudantil. as revoltas estudantis contra o aumento das tarifas de ônibus, que balançaram salvador em 2003 e em
2005, demonstram o quanto a questão do transporte afeta os estudantes. por outro lado, ambas movimentações
escancararam os vícios de aparelhamento, burocratização e autoritarismo nas entidades estudantis. daí a
necessidade de auto-organização estudantil com novas metodologias envolvendo novos princípios e com
enfrentamento direto.
em algumas cidades já vinham se desenvolvendo campanhas e estudos sobre a possibilidade de se instituir
o passe livre para estudantes. em florianópolis chegou-se a conseguir assinaturas suficientes para uma lei de
iniciativa popular, mas esta foi arquivada na câmara. faltava a estes grupos uma fórmula de luta que realmente
chamasse a atenção da sociedade e do poder público municipal para as reivindicações dos estudantes. e foi daqui
de salvador, com a revolta do buzu de 2003, que saiu o método a ser utilizado para as lutas estudantis contra
eventuais aumentos e pelo passe livre.
assim, pipocaram em várias cidades revoltas puxadas pelos estudantes. em quase todas elas, aparecia a
discussão sobre o passe livre e se questionava o aparelhamento das entidades estudantis pelos partidos políticos.
a partir destas experiências, algumas delegações de cidades onde ocorreram manifestações reuniram-se
em 2004 em florianópolis, onde criaram o movimento passe livre – mpl.
em salvador, o movimento só surgiu em outubro de 2005, quando as manifestações estudantis não tiveram
êxito, pois os estudantes tinham sido anestesiados pelas entidades representativas e toda a sociedade foi
ludibriada pelos falsos argumentos do setps fundamentando o aumento. nessa situação, um grupo de pessoas de
alguns colégios, faculdades e independentes que estavam puxando manifestações resolveram articular o mpl –
ssa, na tentativa de enraizar a luta pelo passe livre e ter maior força social para que possamos barrar qualquer
aumento anunciado.

princípios do movimento

o mpl é diferente dos demais movimentos estudantis. queremos construir mudanças sociais tendo todos,
estudantes e trabalhadores, como responsáveis pelo processo, e não meras marionetes nas mãos de
minilideranças partidárias, aspirantes a cargos burocráticos. a missão histórica do movimento é atuar na elevação
da consciência histórica dos estudantes em particular, e da sociedade em geral, demonstrando que é possível,
sim, organizar-se e pautar a luta, sem hierarquias internas.

os princípios do mpl-ssa são:

• autônomo – É o próprio movimento, em suas reuniões, que toma suas decisões e que utiliza os meios
de que dispõe para colocá-las em prática. isso não quer dizer que queremos ser isolados. abaixo, no
princípio da frente Única, falaremos mais sobre isso.

• independência – É uma das conseqüências da autonomia. entretanto, para reafirmá-la, colocamos em


separado. ser independente, para o mpl-ssa, é não ter rabo preso com nenhuma outra organização,
seja ela de qual tipo for.

• frente Única, mas com as pessoas dispostas à luta pelo passe livre – significa que o movimento não
tem critérios para entrada. entretanto, a permanência nele deve ser medida pela disposição das
pessoas em construir ou não a luta pelo passe livre. tais definições são tomadas no coletivo, sempre
respeitando os princípios anteriores.

• apartidário, mas não antipartidário – partido político, enquanto organização, não participa do
movimento. entretanto, militantes de partidos, enquanto indivíduos e não como militantes partidários,
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podem participar desde que aceitem os princípios e objetivos do movimento e se identifique, durante a
luta, apenas como militante do mpl-ssa.
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• decisão por consenso – em todas as decisões do mpl tenta-se conseguir o consenso. todos os
argumentos devem ser expostos e a construção da decisão deve ir, aos poucos, tomando uma cara
consensual para exprimir um acordo possível para o movimento. entretanto, quando todos os
argumentos forem utilizados e o dissenso fundamentado se apresentar, deve-se recorrer à votação,
onde o grupo segue a opinião da maioria e a posição da minoria deve ser anotada. depois de posta
em prática, a decisão deve ser avaliada. ressaltamos o “fundamentado” porque as tentativas de
aparelhamento do mpl têm surgido justamente deste princípio do movimento. indivíduos não dispostos
a construir o movimento tentam ao máximo impedir consenso e frear as atividades do mpl, até que
todas as resoluções de seus partidos sejam aprovadas. numa situação assim, o movimento deve ter
maturidade suficiente para expulsar tal militante e seguir com a luta.

• horizontalidade – significa que todos os militantes devem ter acesso a todas as informações, devem
tomar parte nas discussões e decisões do grupo. todas as pessoas estão no mesmo plano em termos
de direitos. tenta-se evitar a cristalização de lideranças, para impedir relações de autoridade. além
disso, busca-se equilibrar o grau de formação de todos os militantes, capacitando cada um naquilo
que tem carência de formação. para que tudo isso seja possível, deve-se buscar criar um clima interno
estimulante à participação de todas as pessoas.

objetivos do movimento

o movimento possui objetivos de curto, médio e longo prazo, cuja força que colocamos nele varia de acordo
com a avaliação da situação e o momento histórico que se passa.

• contra qualquer aumento da tarifa do transporte coletivo – É um objetivo de curto prazo do movimento.
entendemos que os trabalhadores de salvador não suportam qualquer aumento na tarifa do
transporte. o desemprego em alta, a renda do trabalhador sempre caindo, além de diversos outros
argumentos (ver abaixo na seção argumentos que você deve conhecer) demonstram claramente que
a tarifa atual já é absurdamente alta e que nenhum aumento será aceito.

• passe livre para estudantes e desempregados – nesse contexto de encarecimento do transporte, essas
duas categorias saem extremamente prejudicadas. sendo que o passe livre para os estudantes já existe
na constituição (art. 208, vii), e está na lei de diretrizes e bases da educação nacional (lei 9.394/1996),
mas não vigora em salvador. nesta situação, o mpl tem como objetivo a criação de um projeto de lei, de
iniciativa popular, para que a câmara de vereadores insira este direito aos estudantes de salvador,
sabendo, estes, se utilizar de intervenções de rua para melhor andamento do projeto. e os
desempregados, que não têm dinheiro por causa do desemprego, e, sem grana, não têm como pegar
transporte para tentar arranjar trabalho, num círculo vicioso desesperador. por essas e outros argumentos
é que defendemos o passe livre para essas duas categorias sociais. (mais argumentos!).

• desmercantilização do transporte: que ele seja público, gratuito e de qualidade – em nossa análise, não é
apenas o passe livre que vai resolver o problema do transporte. a todo momento, pelas razões de
mercado, as empresas de ônibus vão querer aumentar o preço da tarifa. mas para o trabalhador, que
ganha um salário de miséria, o valor da passagem já chegou a um preço abusivo. a queda no número de
passageiros é uma mostra, pois a necessidade do transporte daqueles que deixaram de usar o coletivo
ainda existe. só que agora, ou eles vão de um jeito que não gaste ou simplesmente ficam em casa,
gerando uma exclusão social. É o mesmo raciocínio que se usa para hospitais, escolas e outros serviços
públicos. o transporte deve ser subsidiado pelo estado, e sua tarifa ser gratuita para todos, cobrando
impostos das empresas (que utilizam a mão-de-obra do trabalhador que pega o transporte) e aqueles que
optaram pela via egoísta (carro) para o transporte. vale lembrar que o brasil tem uma alta carga tributária,
mas ninguém vê onde está sendo aplicado o dinheiro (nosso dinheiro é usado para pagar dívida lá fora).
além disso, quando o transporte estiver na mão do estado, a preocupação principal deve ser a sua
qualidade. para tanto, sua gestão deve ficar por conta de conselho que envolva trabalhadores e usuários
dos coletivos.

• desenvolver experiências para a superação do capitalismo e a construção de uma sociedade justa e com
democracia direta – o mpl acredita ser necessário superar o capitalismo. o atual estágio de caos social,
pela violência do luxo de uns e miséria de outros, mostra que este sistema social não nos serve. para
modificá-lo, precisamos tomar a história em nossas mãos, em movimentações massivas e conscientes de
seu papel. chegar a esse estágio requer a superação da consciência submissa atual. o mpl-ssa coloca-se,
então, como uma ferramenta da classe trabalhadora para buscar problematizar um setor econômico
dominado pelo capitalismo (os transportes) e realizar lutas que busquem uma sociedade justa, e valendo-
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se do método de democracia direta, única fórmula organizativa que cremos ser capaz de derrubar o
capitalismo e não derivar para outro sistema social tão autoritário e repressor como o atual.
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argumentos que você deve conhecer e buscar se aprofundar

o que É o passe livre?

o passe livre é a gratuidade nos transportes concedida pelo poder público como benefício a todos
os estudantes de ensino fundamental, médio, superior, técnico, pré-vestibulares, quilombos educacionais
e outros estabelecimentos de ensino, independentemente de sua faixa de renda ou local de residência. o
poder público (seja a prefeitura, seja o governo do estado, seja o governo federal) passará a dedicar uma
parte de seu orçamento ao pagamento integral das passagens dos estudantes. este projeto de lei que
apresentamos aplica-se apenas à prefeitura, para que ela, por ser responsável pela organização e prestação do
serviço público de transportes (constituição federal, art. 30, v), dê início à concessão do benefício.

por quÊ o passe livre?

porque o transporte está cada vez mais caro, e é uma das principais dificuldades encontradas
pelos estudantes na sua formação. sem passe livre, a educação pública não é verdadeiramente gratuita,
pois da forma como as coisas estão hoje só pode ir à escola quem tem dinheiro para o transporte.
segundo a pesquisa de orçamentos familiares (pof) ibge 2003, as despesas com transporte
representam 16,01% do orçamento familiar no nordeste, 15,70% do orçamento familiar no norte, 18,44% no
sudeste, 20,65% no sul e 20,77% no centro-oeste. no brasil como um todo, as despesas com transporte
representam 18,44% do orçamento familiar, ficando atrás apenas das despesas com habitação (35,60%) e
alimentação (20,75%). para se ter uma idéia do quanto se gasta com estas três coisas, a quarta despesa
registrada pela pof é com assistência à saúde, que representa 6,49% do orçamento familiar no brasil como um
todo.
o estudo “evolução das tarifas de Ônibus urbanos 1994 a 2003”, do ministério das cidades, demonstra
que todas as tarifas de ônibus de todas as capitais brasileiras subiram mais que o Índice nacional de
preços ao consumidor (inpc-ibge), índice geralmente utilizado como parâmetro inflacionário nas
negociações salariais. enquanto o inpc subiu 150,4% entre 1994 e 2003, a passagem de ônibus em brasília (a
que menos subiu) aumentou 196,3%; a de são paulo aumentou 240%; a de fortaleza, 275%; as de salvador e do
rio de janeiro aumentaram 328,6%; e a passagem de ônibus em cidades como rio branco e porto velho
aumentaram 400%. dentre as 26 capitais e o distrito federal, salvador foi a cidade com o oitavo maior acúmulo de
aumento de passagens no período.
o estudo “motivações que regem o novo perfil de deslocamento da população urbana brasileira:
pesquisa de imagem e opinião sobre os transportes urbanos”, feito em 2002 pela secretaria especial de
desenvolvimento urbano da presidência da república (sedu/pr) em dez cidades brasileiras, incluindo salvador,
demonstra que 6,5% dos usuários de ônibus é da classe a, 27,5% da classe b, 38,5% da classe c e 27,5%
das classes d e e juntas. a classe c compreendia famílias com renda entre r$ 497,00 e r$ 1.064, segundo o
critério da associação nacional das empresas de pesquisa de mercado – anep (dados de dezembro de 2002). este
mesmo estudo demonstra que as classes d e e são as maiores usuárias de trens urbanos (69,6%) onde este
meio de transporte está disponível. cruzando estes dados com os da pesquisa nacional por amostra de
domicílios (pnad) ibge 2001, é possível dizer que cerca de 61% da população compreendida nas classes d e e
está excluída do sistema de ônibus, muito provavelmente pelo alto preço da passagem.
o próprio mecanismo de cobertura dos gastos do sistema de ônibus com base apenas na tarifa
gera exclusão social. para se ter uma idéia, imagine que todos os custos do sistema (peças, salários,
manutenção, garagem, impostos, ônibus novos, etc.) e todos os custos dos passageiros (aluguel, alimentação,
roupas, material escolar, etc.) estão congelados. agora pegue esse sistema, tudo congelado do jeito que está, e
aumente algum dos custos do sistema - os combustíveis, por exemplo. os empresários de ônibus vão pressionar a
prefeitura para aumentar a passagem, e a prefeitura dificilmente tem como negar. a passagem aumenta, e isso
bate no bolso dos passageiros; muitos deles já vivem no limite, e terão que cortar gastos em outras áreas
para continuar andando de ônibus, ou então simplesmente deixar de andar de ônibus - e cada vez mais
pessoas deixam de andar de ônibus em salvador. se pessoas deixam de andar de ônibus, isso significa
que restam menos pessoas para dividir os custos do sistema. quanto menos pessoas restarem para
dividir os custos, tanto maior é o “pedaço” que fica para cada uma - ou seja, a passagem vai ter que
aumentar. se a passagem aumenta, tem muita gente que já vive no limite, e tem que cortar gastos ou então deixar
de andar de ônibus - e cada vez mais pessoas deixam de andar de ônibus. quanto menos pessoas restarem para
dividir os custos, tanto maior é o “pedaço” que fica para cada uma - ou seja, a passagem vai ter que aumentar de
novo. e começa tudo outra vez, num círculo vicioso.
no mundo real, em que os preços não estão congelados, todos os preços variam em direções diferentes e
com intensidades diferentes, mas o resultado continua sendo parecido com esse: a cada dia mais pessoas
deixam de andar de ônibus. dados do anuário de transportes públicos de salvador 2004 demonstram que o
número de passageiros transportados em salvador entre 1995 e 2004 caiu 16,34%, enquanto a população
de nossa cidade cresceu 16,31% (dados do ibge) e não houve redução significativa da frota de ônibus. no
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mesmo período, o número de passageiros transportados por trem na linha calçada-paripe, que atende
apenas ao subúrbio, cresceu 204,4%, enquanto a frota não sai de seis trens desde 1992. de 2000 a 2004, o
número de passageiros transportados por ônibus em salvador estava em queda, com leve reversão da tendência
em 2002.
tudo indica que a atual forma de organização e gestão do transporte público, tanto em nossa cidade
quanto no país inteiro, é uma máquina de exclusão social. quem não tem dinheiro para usar transporte não
pode nem ir trabalhar, nem sair para procurar emprego – o que, numa cidade com cerca de 23% da população
desempregada (dieese), é muito grave. ainda mais grave é a situação da juventude, faixa etária onde o
desemprego é mais concentrado e que ainda está em idade de estudos; ainda não há números sobre a situação,
mas a evasão escolar causada por falta de dinheiro para transporte certamente acompanha a tendência de queda
no número de passageiros transportados na cidade.
o passe livre é uma política pública de educação e transporte que visa melhorar as condições de
vida de toda a população afetada pela atual crise no sistema de transportes e garantir o acesso do
estudante tanto à escola quanto a outros lugares essenciais para sua formação enquanto pessoa e
cidadão. a redução com as despesas de transporte dos filhos certamente melhorará a situação financeira de
muitas famílias, pois, segundo o mesmo estudo da sedu/pr, quanto menor a renda, maior o impacto com gastos de
transporte no orçamento familiar, e quanto maior a renda, menor o uso de transporte público.

quem vai pagar pelo passe livre?

atualmente, metade da passagem dos estudantes é jogada no cálculo da passagem inteira, para
que eles paguem apenas a meia passagem. quem paga essa “metade de passagem” que o estudante não
paga? as pessoas que pagam inteira. são elas também que pagam a gratuidade dos carteiros, dos oficiais
de justiça, etc.
com certeza você deve estar pensando que não existe almoço grátis, e que esse benefício aos estudantes
só vai fazer aumentar a passagem. o movimento passe livre não propõe que a gratuidade concedida aos
estudantes seja paga por quem paga inteira. isso apenas aumentaria a passagem e colocaria a população
contra os estudantes que lutam pelo passe livre. o movimento passe livre propõe que a gratuidade para os
estudantes seja paga pelo poder público, com dinheiro do orçamento público e controle popular tanto
sobre o pagamento quanto sobre todo o sistema de transportes.

e a prefeitura É obrigada a isso?

sim, pela constituição federal, pela lei orgânica do município e pela lei de diretrizes e bases da
educação nacional. e não é só a prefeitura, mas ela, o estado e o governo federal.
o transporte até a escola é uma das condições de acesso ao ensino público e gratuito; se o poder
público (prefeitura, estado, governo federal) garante gratuidade no transporte para os estudantes, isso
quer dizer que está colocando obstáculos à educação. da mesma forma, a educação não se restringe à
freqüência à escola: é preciso ir a bibliotecas, freqüentar teatros, cinemas, espaços de eventos, estádios,
quadras de esporte e outros lugares onde só se chega de ônibus, trem ou qualquer outro meio de
transporte que não sejam as pernas dos estudantes.
a constituição federal diz que “a educação, direito de todos e dever do estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205), e que “o dever do estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada,
inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; progressiva
universalização do ensino médio gratuito; atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde” (art. 208,
caput e incisos i, ii e vii). com isso, o poder público (prefeitura, estado, governo federal) é obrigado a manter
programas suplementares de transporte para os estudantes do ensino fundamental, que já é universal e
gratuito, e para os estudantes do ensino médio gratuito, que pretende universalizar – o passe livre é um
passo no sentido da universalização da gratuidade do ensino.
a lei orgânica de salvador diz que “o transporte coletivo é um serviço público essencial a que todo
cidadão tem direito, sendo de responsabilidade do poder público municipal o planejamento, o gerenciamento, e a
operação do mesmo” (art. 239), que “os ônus dos custos dos serviços de transportes coletivos deverá ser
assumido por todos que usufruem do benefício mesmo que de forma indireta como o comércio, a indústria, os
governos federal, estadual e municipal, na forma que a legislação complementar determinar” (art. 242). o
município, então, tem obrigação a bancar parte dos custos do sistema de transporte, assim como o estado
e o governo federal, a quem a prefeitura do município deve recorrer para cobrir os gastos que não
consegue cobrir.
a lei de diretrizes e bases da educação nacional (lei 9.394/95 – ldb) diz que “os estados incumbir-se-ão
de assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual” (art. 10, inciso vii) e “os municípios incumbir-se-ão
de assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal” (art. 11, inciso vi). isto significa que tanto o estado
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quanto o município têm obrigação de garantir o transporte de seus estudantes; por questão de isonomia,
entretanto, (“todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” – constituição federal,
art. 5.º), este projeto de lei pede passe livre para todos os estudantes, das redes pública e particular de
ensino.

a passagem vai ficar mais cara com o passe livre?

não. o dinheiro que virá da prefeitura, num primeiro momento, e da prefeitura, estado e governo federal,
quando os estudantes já houverem conquistado o passe livre nas três instâncias, pagará tanto a meia passagem
que sai do bolso do estudante quanto a outra metade que era incluída no cálculo da passagem. isso significa que,
com o passe livre garantido pela verba da prefeitura, num primeiro momento, e da prefeitura, estado e
governo federal somados, num segundo momento, a passagem tende a ficar mais barata, e não o
contrário.

por que passe livre para o pessoal de escolas particulares?

nem sempre a família dos estudantes de escolas particulares tem dinheiro para pagar tudo o que gasta
com educação. a inadimplência nas escolas particulares chega a ser tão grande que há escolas onde, de
cada 100 estudantes, 35 não têm como pagar as mensalidades (dados da confederação nacional de
estabelecimentos de ensino). o passe livre para eles pode não resolver a questão da mensalidade, mas ajuda
no orçamento familiar e ajuda a recompor a renda da família, que fica livre tanto para pagar a mensalidade quanto
para direcionar para habitação, saúde, etc., o dinheiro que antes gastava no transporte dos estudantes. sem
contar os estudantes de faculdades particulares, trabalhadores em sua maioria, para quem o passe livre
seria uma ajuda importante na recuperação da renda.

o passe livre nÃo devia ser dado sÓ para quem É pobre?

passe livre é direito, e não programa assistencial; por isso deve ser dado a todos os estudantes.
nem a constituição nem a lei de diretizes e bases estabeleceram distinções entre “estudantes pobres”, “estudantes
de classe média” e “estudantes ricos”; garantiram o direito ao passe livre para todos os estudantes, que é direito
adquirido de todos eles (constituição federal, art. 5.º, inciso xxxvi) e não pode ser restrito por critérios de
renda nem por qualquer outro. se já existe o “mais” (passe livre para todos), o poder público não pode dar
o “menos” (passe livre para estudantes pobres, ou para estudantes que moram longe da escola, etc.).
o passe livre não deve ser dado apenas para quem é pobre, mas para todos os estudantes. quanto
mais alta a renda familiar, mais difícil encontrar usuários de ônibus desta faixa de renda, porque a tendência a ter
carro é maior; quanto mais baixa a renda familiar, mais difícil encontrar usuários de ônibus dessa faixa de renda,
porque a passagem é cara e não há dinheiro suficiente na família para andar de ônibus o mês inteiro. quando o
passe livre for dado a todos os estudantes, o que vai acontecer é o seguinte: o estudante pobre que não andava
de ônibus vai passar a andar; o estudante remediado que salteava os dias de ir para a escola de ônibus vai
poder ir todos os dias sem revezar; o estudante de classe média que ia para a escola de ônibus todos os
dias vai continuar indo, mas vai ter um pouco mais de dinheiro sobrando para o ingresso do cinema, por
exemplo; o estudante de classe alta não andava de ônibus, e vai continuar sem andar, porque prefere ir
para a escola de carro.
sem contar que se o passe livre fosse dado como um programa assistencial com certeza seriam criados
critérios burocráticos para dizer quem é e quem não é pobre na visão do poder público; e quem são eles para
saber da miséria dos outros, com a qual eles mesmos contribuem? dá para imaginar o tamanho das filas para
preencher documentos, ver se os processos de “análise de pobreza” estão andando, corrupção para incluir no
passe livre quem “não tem direito”... melhor conceder o passe livre logo a todos!

o passe livre nÃo É sÓ para quem mora longe da escola?

vale a pena repetir: passe livre é direito, e não programa assistencial; por isso deve ser dado a
todos os estudantes. nem a constituição nem a lei de diretizes e bases estabeleceram distinções entre
“estudantes pobres”, “estudantes de classe média” e “estudantes ricos”; garantiram o direito ao passe livre para
todos os estudantes, que é direito adquirido de todos eles (constituição federal, art. 5.º, inciso xxxvi) e não
pode ser restrito por critérios de renda nem por qualquer outro. se já existe o “mais” (passe livre para
todos), o poder público não pode dar o “menos” (passe livre para estudantes que moram longe da escola,
etc.).
o passe livre não pode cobrir apenas o deslocamento de casa para a escola e vice-versa. como já foi dito,
a escola não é o único lugar onde o estudante se educa; isso seria confundir educação com a simples
freqüência à escola há também bibliotecas, teatros, cinemas, quadras de esporte, estádios e todos os espaços
que garantem a formação educacional plena, e para os quais também é preciso ir de ônibus. o fato do estudante
morar perto da escola não quer dizer que more perto de teatros, bibliotecas, cinemas, teatros e outros
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espaços culturais e educacionais; o passe livre deve cobrir também as despesas com esta parte da
formação educacional dos estudantes.

construindo o comitê local

o que é o comitê?

para podermos cumprir com os objetivos do movimento precisamos de muita gente militando ou nos
apoiando. o mpl-ssa quer ser um movimento grande, de massas; massa no sentido de muitas pessoas
conscientes de seu papel transformador, sem a necessidade de uma direção com autoridade para ditar os rumos
do processo.

para chegar a esse resultado, é preciso convencer o máximo de pessoas possíveis de que nossa luta é justa e
que elas podem e devem se integrar a ela. daí a necessidade de se criar comitês locais, que tratem do problema
do transporte em cada bairro, escola, local de trabalho, etc., a partir dos problemas de cada lugar.

cada comitê tem autonomia para realizar os atos e ações que ache necessários para fazer o movimento
avançar; entretanto, por ser parte de algo maior, o comitê precisa respeitar os princípios e objetivos do mpl-ssa e
estar em contato direto com outros comitês, formando realmente um movimento.

ações propostas para se fundar um comitê:

algumas ações, como as que propomos abaixo, são úteis ou necessárias para se criar um comitê. isso
não quer dizer que você deva segui-las à risca. estas propostas foram formuladas por militantes que têm um
pouco mais de experiência e servem principalmente para aqueles que não têm a menor idéia de como fazer para
montar um comitê. cada ação destas depende de uma série de fatores que precisam ser observados: o lugar onde
está se criando um comitê, quantas pessoas estão envolvidas em sua criação, a maior ou menor liberdade que as
pessoas têm de discutir certos temas no lugar onde o comitê está sendo criado, a dificuldade ou facilidade de
chamar as pessoas para o comitê, a disposição e disponibilidade de tempo das pessoas em participar do mpl e do
comitê, dentre outras condições que serão sentidas e avaliadas na própria criação do comitê.

ações para criação e organização:

1) número de pessoas: identifique quem você conhece que possa ter interesse na luta pelo passe livre. chame pra
uma reunião para debater a construção de um comitê, apoiada na leitura deste material, dos textos básicos que
colocamos em anexo ou do material na internet indicados mais adiante. quanto mais gente melhor, mas não é
preciso esperar encher: com 3 pessoas já é possível começar, sempre trabalhando para que muito mais gente
participe.
2) identidade do comitê: de início, é importante que as pessoas que querem formar o comitê se sintam parte de
algo maior, que é o mpl-ssa. assim, é preciso que o comitê seja criado com os mesmos princípios e objetivos do
mpl-ssa. além disso, é interessante que as pessoas usem camisas, adesivos, paninhos, faixas e outros símbolos
do movimento, para que sejam reconhecidos por outras pessoas e para divulgar o mpl-ssa.
3) estudar sobre os objetivos: para que o movimento tenha sucesso, é necessário que a gente saiba o que está
fazendo. nas atividades para a conquista do passe livre, cada um de nós vai encontrar estudantes que continuam
enganados pelos argumentos das empresas de transporte; podemos ter embates com pessoas que queiram
desqualificar o movimento, e ainda teremos que enfrentar todos os argumentos técnicos das empresas de
transporte. por tudo isto, é importante que todo militante tenha materiais de estudo, aprofundando ainda mais os
argumentos a favor do passe livre e rebatendo os argumentos das empresas. em anexo colocamos alguns textos
interessantes e também sites da internet com mais informações.
4) divisão de tarefas básicas: a principal função dos comitês é incentivar o debate local, pois as discussões que
vêm sendo feitas no centro da cidade, pela própria dificuldade de transporte, não alcançam todas as pessoas que
queremos. o comitê também deve realizar ações locais e ajudar a construir atos pela cidade inteira. À medida que
o comitê cresce, é preciso que os trabalhos internos regulares sejam divididos entre as pessoas que participam
dele com maior regularidade; isso evita que alguns fiquem sobrecarregados e outros com poucas tarefas,
distribuindo melhor a participação das pessoas no comitê. se for possível que cada pessoa faça aquilo que gosta,
ótimo, mas há tarefas chatas, burocráticas, que não podem ser deixadas de lado: controlar o caixa do comitê,
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escrever materiais de divulgação, fazer ofícios de solicitação de espaço para eventos, etc.
5) reunião regular: é fundamental que o comitê tenha reuniões regulares, pois é a única forma do grupo debater e
planejar suas ações coletivamente. pode ser semanal ou quinzenal, de preferência em local fixo, onde o grupo
esteja tranqüilo e sem interferências de fora (barulho, pessoas entrando e saindo, televisão, rádio, computadores,
etc.).
6) participar das reuniões gerais do mpl-ssa: a intenção é criar o maior número possível de comitês, para atingir
salvador inteira. entretanto, várias ações acontecerão em pontos centrais da cidade ou simultaneamente,
coordenadas entre si. para isto é que existe a reunião geral do mpl-ssa, onde todas as pessoas se reúnem para
avaliar as formas e meios de intervenção, além de decidir outras questões do movimento. aos comitês, portanto, é
fundamental que participem o maior número possível de pessoas dessas reuniões; se não for possível que muitas
pessoas do comitê participem da reunião geral, é preciso pensar em algum jeito de fazer com que pelo menos
uma pessoa do comitê participe da reunião geral, tanto para comunicar o que está acontecendo no comitê quanto
para levar ao comitê informações sobre o que o mpl anda fazendo em outras partes da cidade.
7) o método decisório: como já foi dito no começo do manual, o mpl decide suas questões internas, suas ações,
etc., pelo consenso, sem distinção de raça, idade, profissão, cargo, religião, etc. quando não for possível chegar
ao consenso e a questão exigir decisão urgente, vota-se o ponto e o grupo todo acata o que foi decidido. a
posição minoritária e sua argumentação deverão constar em ata para avaliação posterior. lembrando que a
discordância deve ser fundamentada com argumentos, para se evitar birras e tentativas de aparelhamento da luta.
8) registro das deliberações: é de extrema importância manter registros das deliberações do comitê local num
caderno, livro de atas ou qualquer forma de anotação, pois, do contrário, se depois aparecer alguma dúvida
quanto ao que foi decido pelo comitê, não vai ter jeito de fazer as pessoas confiarem na memória de quem quer
que seja – e, além do mais, se a discussão esquentar, essa confiança na memória dos outros vai embora
rapidinho. lembre-se de guardar os registros num lugar seguro, pois se a coisa começar a apertar pode ser preciso
sumir com esses registros para evitar maiores problemas.

ações de intervenção e divulgação:

1) mostra de vídeo: nesse primeiro momento de divulgação, sugerimos que seja feita uma mostra de vídeo com
as lutas contra os aumentos das passagens e pelo passe livre que ocorreram em várias cidades do brasil. os
vídeos atraem a atenção de muita gente e abre um espaço muito bom para propaganda. o mpl-ssa tem cds com
esses vídeos, podendo ser repassados quando algum militante quiser criar um comitê. após essa mostra,
apresente o movimento e puxe um debate sobre a questão do aumento das tarifas, do passe livre, da
municipalização do transporte e de outros temas que possam tocar mais cada área (regularidade do transporte
para aquela área, ônibus velhos que fazem a linha da área, etc.) e daí proponha a criação ou participação no
comitê local do mpl-ssa.
2) passagem em colégios: o mpl é um movimento social composto principalmente por estudantes. para que o
movimento cresça, é preciso buscar convencer os estudantes da importância da luta. por isto, cada comitê deve
fazer o levantamento das unidades de educação - escolas públicas e particulares, cursinhos pré-vestibulares,
preparatórios, quilombos educacionais, universidades públicas e privadas, etc – na sua área de atuação, e montar
estratégias para entrar nesses colégios, seja através da mostra de vídeos, de seminários, de conversas com o
grêmio – quando existir e não for cooptado – ou chamando alguém do colégio para reunião do comitê. tente entrar
em contato com professores mais progressistas e conscientes para difundir o movimento a partir deles.
3) seminários: procure grupos organizados próximos ao comitê local que possam apoiar nossa luta e sirvam
também como espaço para divulgação das idéias do mpl-ssa. associações e conselhos de moradores, ocupações
de terrenos, movimentos sem-teto, movimento de trabalhadores desempregados, pastorais da igreja, ongs,
sindicatos e outras organizações que sejam realmente de luta e que topem a discussão do passe livre. promova
seminários, palestras, oficinas e outras discussões nestes espaços para falar de transporte público e passe livre.
mas não esqueça: os princípios mais importantes do mpl são a autonomia e independência. essas entidades são
nossas aliadas até o limite em que a autonomia e independência do movimento sejam respeitadas. quando sentir
que a relação com essas entidades está passando dos limites – por exemplo, quando um partido qualquer (de
esquerda ou de direita) tenta dominar o comitê local; quando o presidente de uma associação de bairro tenta exigir
favores do movimento para usar o espaço da associação; quando uma ong qualquer tenta subordinar o
movimento a ela oferecendo dinheiro e recursos; dentre outros casos – é o momento de terminar relações e voltar
cada um para seu lado.
4) passagem pelos ônibus: com os materiais elaborados pelas comissões, sejam elas do próprio comitê ou do mpl-
ssa como um todo, o comitê pode passar nos ônibus, com os símbolos do movimento (camisas, adesivos...) para
apresentar a luta pelo passe livre e as pautas do movimento, para distribuir informativos, para mostrar a verdade
sobre os argumentos das empresas de ônibus e convencer as pessoas de que nossa reivindicação é justa. passe,
de preferência, nos ônibus que fazem linha para o bairro onde está o comitê, pois a possibilidade de haver alguém
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no ônibus que te conheça pessoalmente é maior, e assim aumenta a aceitação do que você fala.
5) confecção de camisas, adesivos, cds com vídeos, bandeiras, faixas, pintura de muros etc: todos os comitês têm
que ajudar na quantidade de material que o movimento possui. deve-se buscar ter uma tela de camisa para cada
comitê, e o coletivo deve buscar meios para pintar faixas, bandeiras, fazer adesivos e pintar os muros para que o
movimento se torne conhecido pela população. isso será importantíssimo para nossa luta. em relação às camisas,
basta usar uma radiografia velha para fazer um molde vazado com a logomarca do mpl-ssa, pintar em camisas
velhas e distribuir para massificar a luta. além disto, as camisas feitas com tela, adesivos e os cds podem ser
vendidos como forma de arrecadar dinheiro.
6) panfletagem: com os materiais elaborados pelas comissões, sejam elas do próprio comitê ou do mpl-ssa como
um todo, o comitê pode panfletar na sua área de atuação, fazendo uma intervenção “corpo-a-corpo”. o importante
não é somente entregar panfleto, mas fazer a pessoa parar e explicar por alto o que é o movimento, nossa pauta,
etc.; o resto o próprio panfleto deve fazer. de preferência, escolha locais em que as pessoas estão paradas e a
opção por ler o material é uma forma de matar o tempo. ex: pontos de ônibus, filas, etc.
7) exposição de faixas no trânsito: utilizando lençol velho e tinta, o comitê pode fazer faixas com os argumentos
pelo passe livre e ficar na frente dos carros durante o sinal vermelho. pode estender a faixa em viadutos,
passarelas, postes próximos da área de atuação dos comitês. pode-se andar pela calçada com as faixas para
chamar a atenção, enquanto outras pessoas vão panfletar.
8) jornal do mpl: auxiliar a elaboração e venda dos jornais do movimento, sejam eles do mpl-ssa ou do mpl
nacional, o que ajuda a massificar a luta e arrecadar dinheiro. o preço do jornal deve ser definido por todo o
movimento.
9) feijoadas, festas, brechó, feira do cacareco, etc: o comitê e o movimento vão precisar de grana para poder se
manter na luta. assim, o comitê pode organizar eventos locais ou auxiliar nos eventos mais amplos do movimento
que servem para conseguir grana e ainda divulgar a luta. entretanto, temos que ter em mente que não visamos
lucro para o movimento ou para quem quer que seja; a idéia é conseguir arrecadar fundos para o movimento, e
isso não pode ser feito à custa da superexploração das pessoas. assim, os preços que praticarmos não podem ser
abusivos para as pessoas que estarão nos ajudando.
10) atos, manifestações e ações diretas: estas são a especialidade deste movimento. para que a luta não caia no
esquecimento e esfrie, é preciso fazer atos e manifestações por toda a cidade. entretanto, não basta reunir meia
dúzia de pessoas e parar o trânsito. nosso objetivo com atos, manifestações e ações diretas é causar um impacto
na cidade toda, influenciar a opinião pública e mostrar força para nossos adversários; os atos públicos do mpl não
podem servir, de maneira alguma, para alimentar nosso próprio ego ao vermos os carros parados. antes de
realizar qualquer ato, é preciso analisar a situação, ver o impacto do ato sobre o que quer que esteja acontecendo
no bairro ou na cidade (festas, reuniões com autoridades, outros protestos, aulas, trabalho, etc.), quem é que o ato
vai atingir diretamente, e tudo que possa influir para escolhermos o melhor momento e a melhor forma para o ato.
a quantidade de comitês também vai ser determinante nesse momento, principalmente quando forem
manifestações contra o aumento da tarifa. além disto, temos que construir atos tendo em vista as pautas do passe
livre e da desmercantilização do transporte, pois elas não podem aparecer como pauta apenas quando a
passagem aumentar. são pautas centrais do mpl, e para consegui-las temos que ter força para puxar atos, tirar os
estudantes da sala e levar pra rua. para isso é que temos que ter muita organização.
outra coisa. pode ser que um comitê tenha a necessidade de puxar atos ou manifestações por uma pauta
local imediata, como ônibus irregular, violência no trânsito, más condições do transporte para o bairro, etc. daí o
comitê vai ter que estar organizado e bem difundido para que o ato tenha efeito.
11) coleta de assinaturas para a lei do passe livre: a única forma de se conseguir o passe livre hoje, quando a
câmara de vereadores é a única autoridade com poder para dizer o que pode e o que não pode acontecer no
sistema de transporte público, é enviar um projeto de lei de iniciativa popular, com xxxxx assinaturas e pressionar
a câmara de salvador, que é extremamente conservadora, a aprovar a lei. para isso, temos que recolher por toda a
cidade as assinaturas necessárias, explicando os objetivos e a luta do movimento para ganharmos apoio popular
quando tivermos que fazer a pressão. todos os comitês tem que se engajar nessa ação. para isso, o movimento
deve elaborar um modelo de abaixo assinado e repassar para os comitês irem atrás das assinaturas.

comunicação interna

um dos requisitos essenciais para que haja horizontalidade no grupo é que todas as pessoas tenham
acesso às diversas informações acerca do movimento. o objetivo desta seção é apresentar os meios de
comunicação que já existem e levantar sugestões para que sejam mais bem aproveitados.
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ferramentas sem internet:

- reunião

função: espaço de decisão por excelência; informes; discussões; formação coletiva; elaboração de
materiais....
a reunião é o espaço fundamental para qualquer movimento, principalmente para aqueles que têm em
seu método constitutivo a horizontalidade e a decisão por consenso. entretanto, e justamente por isso, é preciso
que a reunião seja coletivamente conduzida a enfrentar os pontos levantados como importantes. isso porque é
comum, principalmente em movimentos que estão nascendo, a reunião ser longa, estafante, sem organização e
no final, as decisões serem atropeladas por falta de tempo. assim, apontaremos algumas ferramentas e
metodologias de reunião:

• pauta prévia: coletivamente, utilizando as ferramentas disponíveis ou, de preferência, na reunião


anterior, deve ser fixada qual a pauta e em que ordem de prioridade serão discutidos os pontos.
sugere-se que sempre se comece com os informes gerais e informes das comissões para que a
reunião não seja interrompida a todo instante com informes não ligados ao ponto.
• tempo de reunião: É essencial que se fixe o tempo limite para a reunião, se houver. e mais, se
possível, o tempo para cada ponto de pauta. entretanto, isto não deve engessar o movimento e forçar
decisões. como definimos a deliberação pelo consenso, isto exige tempo de maturação.
• coordenação e marcação do tempo: estando num movimento que se pretende horizontal, a
coordenação e a marcação de tempo, em tese, seriam desnecessárias. como não temos “aquele-que-
manda”, cada pessoa deve ter a máxima autodisciplina e consciência crítica para limitar sua própria
fala e observar quem pediu a palavra antes dele e tentar não ser repetitivo. entretanto, nem todas as
pessoas compreendem isso. assim, se a reunião não estiver andando, é preciso que se escolha uma
pessoa para coordená-la (anotar escritos, avisar se a pessoa está fugindo do ponto de pauta,
encaminhar o processo de consenso ou de votação) e que se fixe um tempo de fala por pessoa,
escolhendo alguém para marcá-lo.
• foco no ponto de pauta: como muitas pessoas ainda não têm experiência de reunião, é comum a
fala de uma pessoa ir pulando de ponto em ponto de pauta. isso atrapalha bastante a reunião, pois
outras pessoas vão querer fazer o mesmo e ainda pode acontecer de uma pessoa querer responder à
primeira acerca do ponto a, outra acerca do ponto b e aí a reunião torna-se um mangue. para isso, é
bom ter autodisciplina e se focar apenas no ponto que esteja sendo discutido. se não for possível,
pode-se escolher uma pessoa para coordenar a reunião.
• relatoria: É extremamente necessário que no início da reunião seja escolhido alguém para relatar a
reunião. a relatoria se divide em questões fáticas (o que rolou) e em deliberações (onde devem ser
anotados os encaminhamentos, os responsáveis por ele, o prazo, as datas etc, bem como qualificá-los
se foi por consenso ou por votação, nesse último caso, explanando a(s) proposta(s) não aprovada(s)).
esse relatório é que vai garantir o repasse para quem não estava presente e como memória para os
que esquecerem os encaminhamentos que se comprometeram a fazer. portanto, a relatoria deve estar
bastante atenta e parar a reunião se não conseguir entender ou pegar algum detalhe do decidido.
terminada a reunião, deve jogar o relatório na internet, ou digitar no computador e imprimir e/ou copiar
para todas as pessoas do comitê.
• encaminhamentos: todos os pontos que proponham ações devem ser encerrados com
encaminhamentos. estes são as ações que devem ser feitas e deve-se tirar os responsáveis por
colocar estas ações em prática e o prazo para cumpri-las. o relator deve estar atento a isso.
obs.: É importante perceber que sempre chegará novas pessoas ao grupo. É fundamental que no início ou
antes do fim das reuniões, que seja feita atividades de sociabilidade do visitante. uma boa alternativa além de
mantê-lo informado sobre um breve histórico das atividades do movimento, é lhe atribuir uma certa tarefa ou
missão que o fará sentir que faz parte do movimento, mas não deve ser nada muito pesado ou complicado pra não
assustar.

- telefone

função: avisos e informes de atos, reuniões; discussões mais restritas e minidecisões que afetem apenas
os falantes.

provavelmente todos do movimento têm acesso a um telefone fixo. portanto, ele torna-se uma ferramenta
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importante para o repasse de avisos e informes do movimento.
sugestão: 1) fazer o levantamento do telefone fixo de todas as pessoas do comitê/movimento (a depender da
abrangência da informação e da rede) 2) fazer uma rede de ligações. ex: a liga para b, que liga para c, que liga
para d... assim, todas as pessoas participam do repasse da informação e socializa-se o gasto com o telefone.
lembrando que o importante é que a informação circule. no exemplo acima, se a não conseguir falar com b, deve
ligar para c e daí a cadeia segue. depois a tenta falar novamente com b. outros modelos de rede podem ser
usados, para dar maior segurança que as pessoas receberam a ligação, por ex: a liga para b e c. b liga para c e d.
c liga para d e e....

- pasta arquivo dos comitês ou dos grupos de afinidade.

função: arquivo para os comitês ou grupos de afinidade das diversas informações do movimento
(relatórios, textos de formação, deliberações, manuais etc).
todos no comitê devem ter acesso às informações. mas nem todos têm internet. a pasta é uma forma para
socializar as informações que circulam na rede. ela funcionaria assim:
1) escolhe-se uma ou mais pessoas, de preferência quem tem maior possibilidade de acesso à internet,
para receber os arquivos da lista (relatórios, textos, discussões etc) e abrir os endereços sugeridos que tenham
textos sobre a questão do transporte e imprimir esses documentos ou repassar para outra pessoa imprimir. essa
pessoa deve ficar atenta e estar alimentando a pasta a todo momento, pois ela vai ser a fonte de repasse de
informação para todo o comitê.
2) compra-se uma pasta-arquivo para colocar esses documentos, tentando organizá-los por tópico e
sempre colocando as datas de impressão ou de criação do documento.
3) se o comitê ou grupo de afinidade tiver espaço próprio, definir um local onde ficará a pasta para todas
as pessoas terem acesso. caso não tenham, escolher alguém que fique com a pasta e quando se precisar dos
documentos, ela traz e disponibiliza para copiar. essa função de informante do grupo deve ser rotativa, para evitar
cristalizações.
4) reafirmar a questão da autodisciplina, para que os documentos que sejam retirados da pasta (para
estudo, para cópia, etc) sejam colocados de volta assim que acabar o uso, para que não sejam perdidos e outras
pessoas tenham acesso.
5) sugere-se que as funções acima sejam rotativas para evitar cristalizações no movimento.

- outra forma de comunicação sem o uso da internet.

correio: antigamente, era a principal fórmula de comunicação não presencial. entretanto, com a internet,
perde importância e seu aspecto perigoso fica ressaltado. se alguém for pego com a lista de endereços e/ou ela
vazar, a repressão e o terror psicológico podem acontecer mais facilmente. além disto, há o caso do cmi de são
paulo em que as pessoas responderam processo, pois a polícia federal foi em busca do nome que estava
registrado como proprietário da caixa postal do cmi. e como o movimento tem âmbito local (as comunicações
nacionais acontecem via internet), é um risco desnecessário. entretanto, se for do interesse do movimento, é
possível fazer uma lista dos endereços e utilizar para envio de materiais informativos, relatórios, textos para
formação etc, bastando conseguir um local para as cópias, grana para o envio das cartas e alguém responsável
por isto.

ferramentas de comunicação pela internet

a internet proporciona um grande número de ferramentas de comunicação, cada um adaptando-se a


necessidades específicas do movimento: circulação de material, reunião virtual, arquivamento etc.
no entanto, nem todas as pessoas têm internet em casa. e o número dos que tem internet 24 horas é
menor ainda. portanto, seu uso deve ser explorado ao máximo, mas não pode se perder de vista as suas
limitações.

- listas de e-mails

função: circulação de relatórios, textos, informativos, links com dados importantes (vídeos, músicas,
textos etc); exposição das dúvidas; discussões e minidecisões (sendo estas mais complexas e precisando
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de mais tempo, devido à disponibilidade para as pessoas responderem).
o mpl-ssa possui duas listas de e-mail. a primeira, mpl-ssa@lists.riseup.net é aberta e serve para todas
as pessoas interessadas em discutir as questões relativas ao passe livre. a segunda, fechada, foi criada para ser o
meio de comunicação entre as pessoas que estão construindo o movimento. por esta última circulam informações
estratégicas, atos e ações do movimento, sendo necessário que ela inclua pessoas que realmente estão
construindo, de forma que as informações não vazem, prejudicando o movimento.

• para se associar à lista do gd (grupo de discussão), acesse:


https://lists.riseup.net/www/subrequest/mpl-ssa, e cadastre seu e-mail no campo disponível. você
receberá um e-mail de sympa pra confirmar sua entrada no grupo, apenas responda esse e-mail em
branco.
• em reunião do movimento, ficou decidido que os critérios para entrar na lista fechada é a participação nas
reuniões e nas comissões do mpl-ssa (mínimo de três participações em reuniões).
já o mpl nacional possui uma lista de e-mail aberta, em que todas as pessoas interessadas em discutir o passe
livre em nível nacional, e conhecer o movimento em outras cidades, podem entrar.
• para se associar à lista nacional do mpl, basta enviar um e-mail para: assinar-
passelivreja@grupos.com.br
• obs.: algumas pessoas cadastram-se nas listas, mas não conseguem receber os e-mails da lista, neste
caso, verifique na pasta de lixo eletrônico e de e-mails em massa se eles não estão inda pra lá, muitos
servidores de e-mail (especialmente o hotmail) interpretam os e-mails das listas como spam. a maioria dos
servidores, inclusive o hotmail, permite que, a partir de um e-mail que por engano foi pro lixo eletrônico,
possamos indicar que o mesmo é proveniente de uma lista de discussão evitando que aconteça o mesmo
com outros. caso seu servidor não lhe dê esta opção, verifique as opções de "proteção contra lixo
eletrônico".

- msn

função: discussões; minidecisões; repasse de relatórios, textos, informativos; de links com dados
importantes (vídeos, músicas, textos etc).
por ser uma ferramenta de comunicação direta, o msn permite que conversas ou mesmo reuniões virtuais
possam ocorrer. e nessas conversas e reuniões virtuais, os diversos materiais do mpl-ssa podem ser repassados
e minidecisões podem ser tomadas.
sugestão: a criação de uma lista com o msn de todas as pessoas do movimento, e que incluamos uns aos outros,
facilitando o contato entre as pessoas (já existe uma lista de contatos de msn das pessoas do movimento na
comunidade do movimento no orkut).

- icq

a função do icq é basicamente a mesma do msn. então, todas as questões acima colocadas sobre msn
valem para o icq, principalmente a criação de uma lista com o icq de todos que o possuem e a inclusão de uns aos
outros. vale observar o nível de desuso dessa ferramenta que progressivamente perdeu espaço pro msn, portanto
esta ferramenta só será útil se for avaliado que um número considerável de pessoas presentes no movimento
ainda fazem uso dessa ferramenta.

- orkut

função: divulgação do movimento; avisos e informes de atos, reuniões; colocação de tópicos mais gerais
para discussão.
como virou uma febre, o orkut pode ser utilizado como ferramenta de comunicação. existe uma
comunidade do movimento, a mpl - ssa, que é aberta: http://www.orkut.com/community.aspx?cmm=5311118.
além disto, cada pessoa tem seu orkut pessoal, onde podemos deixar mensagens avisando sobre atos e reuniões
e outras questões do movimento. possuímos ainda, um perfil do mpl-ssa que pode ser adicionado como amigo
facilitando envio de scraps automáticos.
sugestões: 1) todos entrarem na comunidade do movimento, funcionando também como ferramenta de divulgação
para os amigos próximos, mesmo que seja divulgação silenciosa, pois as pessoas que entrarem no orkut de cada
um de nós irão ver a comunidade. 2) criação de uma lista com todos os orkuts de todas as pessoas do mpl-ssa
que o possuam. 3) adicionar como amigo o perfil do mpl-ssa:
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http://www.orkut.com/profile.aspx?uid=18348340797535026582

- sítio (site)

função: arquivo de documentos para a formação, resoluções do movimento, links para vídeos, fotos;
informações dos acontecimentos do mpl nacional, agenda do mpl-ssa, prestação de contas do movimento.

o sitio do mpl-ssa é: www.mpl.org.br/salvador

- mensagem para celular (sms)

função: avisos e informes de atos, reuniões.

a oi (celulares que começam com 88) www.oi.com.br, a claro (celulares que começam com 81)
www.claro.com.br e a vivo (celulares que começam com 99) www.vivo.com.br possuem torpedo virtual gratuito.
assim, a marcação de uma reunião pode ser repassada para as outras pessoas via mensagem de celular (sms).
como o recebimento é imediato, é uma ferramenta muito eficaz para pequenas informações. somente os celulares
tim (91) não têm esse serviço. aí o jeito é mandar as mensagens do celular de alguém do movimento.
uma boa opção pra mandar mensagem sms é utilizar o programa coolsms, este programa é muito
eficiente, pois permite mandar mensagem pra qualquer operadora, com exceção da tim, sem se preocupar em
entrar no site da operadora certa, alem disso, podemos organizar uma agenda no próprio programa dos contatos
das pessoas do movimento, pode-se também mandar uma mesma mensagem pra várias pessoas avisando sobre
algo importante. baixe o programa em: http://download1.floripasoft.com/instalar_coolsms.exe.
sugestões: 1) o comitê ou grupo de afinidade, ou mesmo o mpl como um todo pode escolher uma pessoa que
tenha acesso à internet 24h para repassar os informes de atos e reuniões para os celulares de todas as pessoas
envolvidas com o movimento. 2) fazer uma lista com todos os celulares das pessoas.
- outras ferramentas da internet:

irc (mirc): apesar de ter entrado em desuso, ainda é utilizado por muitos. inclusive pelo fato de ser mais
rápido, seguro e eficiente que o msn em reuniões com mais de cinco pessoas, é o meio utilizado pra realizar as
reuniões do gt nacional. para entrar no canal das reuniões do gt, nem é preciso ser um cliente de irc (tipo o mirc).
com o próprio navegador (internet explorer, mozila firefox, konqueror, etc), acesse o servidor da indymedia pelo
endereço: chat.indymedia.org, e escolha o canal: #mpl.
sugestão: registrar o canal #mpl para que este seja permanente e seja usado alem das reuniões do gt. daí que
usando o irc pode se encontrar com outras pessoas do movimento nacionalmente e travar relações.

skype: ferramenta de comunicação por voz. ainda não é tão utilizado, mas a tendência é que venha a
substituir o telefone. É preciso ter um microfone e caixa de som funcionando para que a comunicação role. no sítio
http://download.skype.com/skypesetup.exe pode-se baixar o programa. sugestão: que façamos uma lista com
a id das pessoas que tem skype e que incluamos uma às outras (a inclusão funciona parecido com o msn).

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