Está en la página 1de 49
BM INTRODUGAO A paralisia facial é um problema de sade que afeta nao apenas o aspecto fisico, mas também as relagdes sociais ¢ 0 berr-estar do individuo. Por meio do rosto, da agaréncia e das expressdes facials ocorrem a maioria das interagées interpessoais e comunicagées (verbal e nao verbal) Almitagao das fungées faciais pode representar um grande estigma para o individuo e incapacité- lo gravemente nas atividades de vide diaria, na vide familiar ¢ na comunidade. Mensurar o impacto dessas limitagdes fisicas, psicolégicas e sociais pode signifcar 0 sucesso ou 0 fracasso do tratamento fisioterapéutico. © enfoque fisioterapéutico no tretamento da paralsia facial deve englobar néo apenas a fisiopatologia da doenga, mas também o entendimento das angustias, das limitagdes ¢ das expectativas do paciente. Dessa forma, 0 profissional conseguira auxlié-lo por meio da programagao de um processo de recuperagao realista, vidvel e colaborativo." | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | &% sieewnrsask i | W OBJETIVOS Apés a letura deste artigo, o letor seré capaz de 1& reconhecer os aspectos fisiopatolégicos e clnicofuncionais da paralisia facial, 1& compreender alguns recursos de mensuragdo multidimensionais das disfungbes relacionadas paralisia facial, incluindo os aspectos sociais: 1m sugerir diretrizes para o atendimento fisioterapéutico de individuos com paralisia facial com diferentes deficiencias,lmitagdes das atividedes e restigdes de participagao social I ESQUEMA CONCEITUAL ‘Anaiomiafunconal do nero facial Miscuos da fave Lesdo nervosa perievea: ‘lasticanio e recuperacdo ‘Quatro nice geral Epdemiciogia de parasia facial Principais causas da paraisia acl Prognésice da paralsia fecal aera ‘Evidences disponives sobre o testanento ‘Tratamento da paalsia tec Emiegneliven Enetecos feciais -{ Quiros recursos ‘Selegdo do panerie Esquemes trantuloos alusis (Case ainico 1 ae i (Case ainicos ‘Coredustes i ANATOMIA FUNCIONAL DO NERVO FACIAL © nervo facial ou VII par craniano tem fungao predominantemente motora. Em seu trejeto, porém, lhe agregam fibras sensoriais relacionadas gustagao e fibras parassimpaticas pré- ganglionares, destinadas a inervagdo das glandulas salvares e lacrimais. Saber diferenciar essas fungBes do nervo facial ¢ importante para a adequade caracterizaco do quadro clinica, do quadro cinesiolégico funcional, do diagnéstico topagrético, do prognéstico e da definiggo do tratamento fisioterapéutico em casos de paralisa facial? (O nicleo do nervo facil esté locaizado na ponte. As células se agregam, dentro do nicleo motor, ‘em um grupo dorsal e varios grupos ventrais. O grupo dorsal se destina ao ramo superior do nervo (misculos frontal, orbicular do olho e elevador da sobrancelha), enquanto as células ventrais se encarregam da inervago do miisculo estapédio, platisma e misculos da boca e da bochecha LEMBRAR A inervaco suprenuclear nao ocorre de forma idéntica para os grupos dorsais ventrais. O grupo dorsal recebe inervago concomitant dos tratos corticonucleares ipsilateralmente ¢ contralateralmente, enquanto os grupamentos ventrais recsbem apenas uma inervago contralateral ‘Figura 1 apresenta a anatomia funcional do nervo facial Figura 1 Anetomia funcional ca nerve facial. Fonte: Acopaco bs Given (204) * Os ax6nios saem do nicleo pela superficie dorsal e formam uma alga que, em sua concavidade, abraga 0 nUcleo do nervo abducente (V/I par craniano) e volta para a superficie ventral da ponte, de cuja superficie emerge. O nervo facial emerge da ponte no angulo cerebelopontino proximo aos rnervos trigémeo (V), abducente e vestibulococlear(Vlll nervo craniano) | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | @3 eT O nervo vestibulococleer, a porgéo motora do facial e o nervo intermédio entram no meato actistico intemo, que fica no osso temporal.’ A porgéo intracraniana do nervo facial € composta de duas partes anatomicamente distintas: um grupo de fibras comparativamente largo, que se refere 20 nervo facial propriamente dito (que prové a inervago motora para os misculos faciais) e um componente fisicamente menor, chamado nervo intermedio, composto pelas fibras autondmicas e sensoriais Esse estreito espago intraésseo por onde 0 nervo facial atravessa o crénio, localizado entre o meat actstico intemo e o forame estilomastoide, é chamado de canal do facial (Figura 2). Dentro do canal do facial, 2 porgéo motor do nervo facial cede um ramo para o misculo estapédio, localizado na orelha interna,’ e da origem ao nervo estapédio (Figura 2) Nacleo salvatrio Ganylo geniculado Nenvo . Nucleo do (O \ Géngio saw facial — Nervo pebozo plergopelatino superial maior x Mor rive oe Fibrasaulondmices para inemno léndulas lacrmass Nicleo estapedio ” Génglo ten eee ee Nerv lingual Foame FP timpano temporal satiomastoide /) genie a ae igométco bas aferentes Nervo auricular sid as posterior SS randiovier Qe Ramo para o miscuo, conical y digasttioo We Ramo para o misculo Fibres autonomicas para estlomatoide nghos egndulse submandibulares e sublingual Figura 2~ Fungdes dos principals ramos do nervo feel Fonte: Adapt de Cray (2000) © Células sensoriais, locaizadas no génglio geniculado, continuam, distalmente, formando o nervo da corda do timpano, que apresentam axénios que ‘carregam” informagSes gustativas. Esse é um ponto de referéncia de importanca clinica, ja que alguns autores classificam a paralsia facial em infracordal e supracordal, conforme a lesdo seja proximal ou distal a essa regio e mais ou menos grave, respectivamente. Fibras periféricas do nervo intermédio iniciam a produgo de saliva, lagrima e muco por meio dos nervos petroso superfcial e profundo.* Na saida do forame estilomastoide, o nervo facial divide-se em trés ramos, a saber: 1m nervo auricular posterior (inervag&o motora occipital e sensorial superior e posterior da orelha); im inervagao do misculo digastrico; It inervagao do miscuio estilomastoide. As fibras restantes entrardo na glandula parotid e dividir-se-80 em outros seis ramos: Sao eles:* & temporal; 1 infraorbital; 1 zigomatico: wm bucal mandibular cervical A Figura 3 mostra um esquema com as principais ramificagdes do nervo facial, bem como suas fungdes Nevo petroso maior ‘Autonomico: = Glandula lacrimal = Glandula nasal Nervo corda do timpano Sensorial: Dis tercos da lingua ~ Gldndula salivetoia ! Meato acistico interna (nico da porgao inraéssea) “Sa Forame estilomastoide (saida do nervo facial ~sensitvo mtr) Motor: Musculos da expresso facial, digéstoo €estlo- hiideo Sensorial: elo orelha Nevo facial Figura 3 Esquams 0s prnoipas vas do narvo facil Fnte: Aru de imagens do autor Em resumo, além da motricidade voluntéria dos misculos da face regida por fibras motoras do rrervo facial, um pequeno niimero de neurénios do génglio geniculado é responsével pela sensago geral da pele do meato actstico extemo por meio do nervo auricular posterior. Fibras sensoriais especiais transmitem a sensagao gustativa dos dois tereos anteriores da lingua ¢ de algumas regies da oroferinge. E, finalmente, o componente autonémico parassimpético do nervo facial fornece a inervaggo motora para as glandulas lacrimeis, salivares e da mucosa nasel® | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | =! © ATIVIDADE 1. Oque deve englobar o enfoque fisioterapéutico no tratamento da paralisia facial? eormnarnausk | RE 2, Porqueé importante saber diferenciaras fungSes do nervo facial em caso de paralisia facial? 3, Descreva sucintamente as fungdes dos principais ramos do nervo facial 4, Quais so as principais ramificagdes do nervo facial? IE MUSCULOS DA FACE Os musculos da face ~ ou misculos da expresséo facial - so subcuténeos. Eles movem a pele e mudam a expresso facial fixando-se em ossos ou fascias, produzindo os efeitos 20 puxar a pele. Os misculos da face circundam os orificios da boca, dos olhos e do nariz e atuam como esfincteres e dilatadores que fecham e abrem orfcios.” De acordo com Moore e Dally,’ 0s masculos da face podem ser divididos em. 1 milsculos da fronte; im misculos da boca, labios ¢ bochechas; & misculos do adito da orbita; i misculos em tomo do nariz, © Quadro 1 apresenta os principais misculos da face e suas funcdes Lit a Us at dia tacts adh at) Quadro 1 2 5 = 3B Masculos Fungdes 6 Da fronte Frontal Eleva 2s plipebres, dando face una exressio desupresa,¢ | produz rugas transversais na testa 5 Da boca, labio | Orbicular da boca | Esfincter da boca. Fecha @ boca quando contraido. 2 ebocheches |"Levantadordo | Fixa-se, superiormente, na manila e dividese,inferiomente, 5 ldbio superiore | em dois fasciculos fixados na carlilagem alar do nariz e no labio 5 da asa do nariz ‘superior. Sua funcao é elevar essas estruturas. = Mentual Crigina-se na mandibula e desce para a pele do mento. Eleva a g pele do mento gerando a expressiio de divida. a Bucinador Mésculo retangular, plano e fino, fxado,lateralmente, na 3 mandibula e maxila ena rafe plrigomandibuiar. Quando avo z no sorriso, mantém as bochechas igualmente eslicadas, auxlia g na mastigaco pressionando as bochechas contra os dentes e molares, além de ser usado ao assobiar e sugar. 2 Levantador do. Fixa-se, superiormente, & margem infraorbital e, inferiormente,, = ngulo da boca _| ao angulo da boca, elevando-0 Zigomitico maior | Vai do zigométion ao éngulo da boca, puxando-o superolateral- mente, como ao demonstrar alegria ou sorrir Zigomatico Insere.se no orbicular da boca e ajuda a elevar o l4bio superior ‘menor ‘ao se demonstrar desprezo ou aprofunda o sulco nasolabial ao se demonstartisteza Levantador do | Eleva e everte 0 lébio superior, além de ajudar 0 zigométioo lbio superior | menor ao demonstrar tristeza ‘Abaixador do Lateral ao mentual, fixa-se, infenormente, a mandibula e funde- labio infenior -Se, superiormente, ao mentual € ao masculo orbicular da boca. Puxa o lébio para baixo e ligeiramente para o lado ao demonstrar a expressdo de impaciéncia. Risto rigid platiama e da fécia des masselere puxa o canto da boca lateralmente quando se abre um sorriso largo. Platisma ‘Maiscull largo e fino situado no tecido subcuténeo do pescaco. Pode tanto tencionar a pele da parte inferior da face e do pescogo quanto abaixar a mandibula Do diioda | Orbicular do oito | Fecha o olhoe franze afrontevericalmente orbita Corrugador do | Puxa a extremidade medial da sobranelha para baxxo e enruga supercilio a fronte verticalmente, demonstrando preocupacdo. Emtomodo | Précero. Pequeno fasciculo contiquo ao frontal que vai até o final do nanz dorso do nariz. Puxa a parte medial da sobrancelha para baXxo, produzindo rugas transversas sobre o dorso do nariz Abaixador do Onigina-se na maxila, acima do incisivo central, e se insere na septo. parte mével do septo nasal. Auxilia a alargar a abertura do nariz durante a inspiraco profunda, Moore @ Day (2001) m 3 3 i z 2 i Fs HE LESAO NERVOSA PERIFERICA: CLASSIFICACAO E RECUPERACAO Os nervos periféricos estio sujeitos aos mesmos tipos de traumas que afetam outros tecidos - contusdo, compressao, esmagamento, estiramento, avulsdo ¢ laceragdo. A interrupeZo de continuidade da estrutura do nervo, por qualquer uma dessas causas, resulta na parada de transmisséo dos impulsos nervosos e na desorganizacao de suas atividades funcionais.* Algumas lesdes na fibra nervosa levam & interrupedo do fluxo axoplasmatico e a fagocitose dos residuos de material degenerado pelas células de Schwann. Esse processo progride em sentido distal e € conhecido como degeneragao walleriana. 48 horas apés a lesdo. Pode durar, nas lesdes incompletas, mais de duas semanas. Os musculos sofrem alteracdes a partir da terceira semana e ha atrofia da massa muscular ros primeiros meses apés a paralisia® © Nas seceées do nervo, o processo de degeneracdo walleriana & répido, veriando de 36 a © processo de regeneragao do nervo se dé por reposi¢go axonal por meio de um cone de crescimento, O ax6nio regenerado é de menor calibre, amielinizado em uma primeira fase, sendo gradativamente mielinizado; porém, um erro de dirego de crescimento do exénio pode levar a sincinesias.’ LEMBRAR De acordo com a sua extenséo, as lesdes nervosas podem ser classificadas em neuropraxia, axonotmese ¢ neurotmese (classificago de Seddon") ou, ainda, de acordo com Sunderland, " em cinco classes ou graus. Segundo a Classificago de Seddon, a neuropraxia (‘nervo néo atuante’) ¢ 2 lesdo do nervo ‘com algum grau de paralsia, sem degeneragao periférica. A axoniotmese ~ ou axonotmese ~ & uma leséo grave, com degeneragdo do axénio distalmente a leséo; porém, sem interrupeao da continuidade do endoneuro. Na neurotmese (‘corte do nerve") ocorre rompimento de todas as estruturas essencias, incluindo o axénio. © Quadro 2 lista um paralelo entre as duas classificegdes mencionadas, bem como 0 quadro clinico e o prognéstico de recuperago para cada tipo de leséo."? Quadro 2 PARALELO ENTRE AS CLASSIFICACOES DE LESOES NERVOSAS Seddon | Sunderland | __Lesao Quadro clinico Recuperagio Neuropraxia | Grau! Disfungao com | Bloqueio reversivel da Em geral, 6 espon- ausénciade | condugaonervosa, emgeral | ténea e dé-se em leséo deoorrente de compresséo | aproximadamente focal eve ou moderada tres meses, Resulta em diminuigéo ou perda parcial de forca, Nao ha lesto do nervo propriament dito. Nao ha degeneracao Wallenana Axoniotmese | Grau I Axdnio Deoorre de esmagamento Grail | Axonio + eet eT ‘Aregeneragao, em endonewro | PBtcussHo. O axtnio élesado; | Gora éeftva pporém, o epineuro permanece : ; (bra) seen amtegieteda | 2S2¥eoperazio élenta(veros ctu de Schwann & mantida, meses amas de emibora ocata dagenerarda um ano), j que wallerana dstimente & aoe lesto Ooome perda vandvel | Sitar scare de fungi sensitive, motor one @ autondmica, Pode envolver | Tan orervaa tent bras metic quanto | Gonondondo de amiolnicas. Pode ocomer | eto especticn atrofia muscular e, em gra, Grau | Axénio= | corre arefexia Pode ser tratada endoneuro por reparagao pene cing (fasciul) Newoimese | Grau | Axdnio+ | Les@odetodooneno. Na | Pode ocorereqe- endoneuro | maiona das vezes,resultante | neraco;porém, © penneiro | defenmenios peruranies, | brotamento ooare +epineuo | projéteis de ata velocdade ou | aleatoriamente, (ven) tragdo do nerva com sampo- | resulted em ‘metimento do tecido conectivo | perda funcional do do nervo e segao completa do | membro lesado. tronco nervoso. Degeneragao | Areparagéo é walleiana distalmente @ lesdo._| orurgica As lesées nervosas podem ainda ser classificadas,de acordo com 0 tempo entre o trauma @ 0 atendimento prestado, em recentes (agudas) - até trés semanas ~ ¢ tardias (crénicas) - apés trés semanas. AAs loses nervosas podem também ser classificadas como completa (total), se ha incapacidade para contrair voluntariamente os musculos da face, hiperacusia ou perda de gustago, ou incompleta (parcial). * | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | at WH QUADRO CLINICO GERAL = A queixa principal de um individuo com paralisia facial € @ fraqueza facial, podendo estar © acompanhada de perda da gustaoo unilateral, hiperacusia, face rigida ou puxada para um lado, 2 _conferme ograu de acometimento ea etiloga LEMBRAR A paralisia facial apresenta-se quando o nervo facial esta lesionado em todo o seu trajeto ou em parte dele, desde 0 nécleo até a periferia, Dependendo do ponto em que 0 nervo facial fi lesionado, o quatro clinico assume caracteristices prépras. As alteragdes provocadas pela paralisia facial podem ter origem periférica ou central. Na paralisia facial periferica, ha o acometimento tanto de fbras nervosas provenientes do nicleo facial inferior quanto do superior, comprometendo a fungaio dos misculos de toda alhemiface. Na paralisia facial ccentral, 0 nucleo facial superior esta preservado, com fungo normal ou pouco comprometida da hemiface superior (misculos da fronte e do adito da érbita). As caracteristicas descritas no Quadro 3 distinguem a paralsia facial central da periférica Quadro 3 DeLee alate a zal aegis alas Paralisia facial periferica Paralisia facial central Caracteristica | Alestio ¢ ipsilaieral a ‘Aleséo ¢ contralateral a fraqueza apenas na regio frequeza facial inferior da face Topografia da | Toda a hemiface Metade inferior da face. Isso se explica pelo fato paralisia de as fibras corticonucleares, que vo para 0s ‘eurbnios motores do nicleo do facial que inervam ‘0s misculos da metade superior da face, serem homo e heterolateras, ou seja,terminam no nile do seu préprio lado & no lado oposto. AS fibras que ‘controlam os neurtnios motores da metade inferior a face sao todas heterolaterais, Desse modo, ‘quando hé uma leséio do tralo corticonuclear de um lado (lesdo central), corre paralisia ou paresia ‘apenas da musculatura da metade inferior da face do Jado oposto. Ja os movimentos da metade superior ‘0 mantidos pela fibras homolaterais intactas Fungao Paralisia completa Pde haver contragao involuntaria da musculature da ‘mimica, por exemplo, uma manifestageo emoconal (ao nr ou chorar) © individuo pode contrat a ‘musculature do lado paralisedo ao emocionar-se ‘em condigdes em que os impulsos que chegam 40 nicleo do facial n8o vém do trato corconuclear, mas de vias da motricidade involuntéria. $0 casos raros, ‘oriundos de alteragdes no sistema nervoso central, ‘pouce descnitos na literatura Local da lesdo | Nervo peniférico, ponte Hemistério contralateral Fonte: Adaptaso do Gen (2008) paciente aos pedidos ‘feche os olhos" (para testar a area superior da face) ¢ “mostre eo Na paralisia facial periférica, a fraqueza facial € bem mais demonstrada na resposta do seus dentes’ (para testar a regido inferior), Na denervago do misculo orbicular do olho, © pedido resultara em incapacidade para fechar 0 olho efetivamente, @ a denervacdo do musculo riséro resultara em retraco limitada do angulo da boca.* © Quadro 4 apresenta a relacdo entre o local da leséo @ © quadro clinico. Quadro 4 ered aa Ui Bod neh tta kal ates oach sa iat eur Local da lesao Quadro clinioo Possiveis causas Na emergéncia do ‘Acometimento de toda a musculatura | m Trauma na cabeca forame estiomastoide | da hemiface comprometida: porém, | m Tumor na parétida as fungdes de lacrimagao, salivagao e gustagao estao intactas. = Paralisia idiopdtica Nervo facial distalmente a9 canal do nervo auitivo interno e génglio geniculado ‘Além do aoometimento da muscu- latura, tem-se a corda do timpano afelada e a perda do paladar nos dis tergos anteriores da lingua e da salivago. O paciente pode apre- sentar comprometimento da audigao (hiperacusia),principalmente aos sons agudos, ou perda da audio 1 Parasia iiopdtica 1 Fratura do temporal 1 Infecgao do ouvido médio & Tumores Nervo facial proximal 20 canal do nervo auditwo interno ou envolvendo o ‘Além da musculatura, hé comprome- timento da lacrimago, salivagtio ¢ do paladar nos dois tergos anteriores da 1 Paralisia iiopética i Sindrome de Ramsay Hunt 1m Neuroma do acistco ou do facial intactas. Hemiparesia e espastcidade contralateral ‘ganglio geniculado lingua. O paciente pode apresentar ‘comprometimento da autligao e dor alrés da orelha Angulo cerebelopontino | Frequeza facial ipsilateral, 1B Neuroma do actisiico ou do facial lacrmagao, salivagdo e gustagéo | m Outras doencas do sistema usualmenteinlactas Zumbdo, ataxia, | nervoso central nistagmo, hipoestesia facial Ponte Fraqueza fecal ipsilateral 1 Infaro pontino LLacrimagéo, salivagao e qustacso | m Glioma inlactas. Hemiparesia contralateral, | m Esclerose mitipla perda sensonal, ataxia, paalsia do abducente ipsilateral, ftalmoperesia. Cirtex ou regibes Frequeza facial conralateral I Infarto cortical ou subcortical subcorticais lacnmaca, salivacso e gustacéo and sur (2005) | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | = eormnarnusk ca | BF i EPIDEMIOLOGIA DA PARALISIA FACIAL A paralisia facial, independente da causa, é uma doenga desfgurante e de grande impacto sobre 0 paciente. A paralisia facial pode ser congénita, neoplésica, resultar de infecgdo, trauma, exposigao a toxinas, doengas metabélicas ou iatrogenia, ‘A causa mais comum de paralisia facial unilateral é a paralsia de Bell, também conhecida como patalisia facial idiopatica, responsavel por aproximadaments 51 a 75% dos casos de paralsia facial unilateral aguda © ATIVIDADE 5. O nervo facial € responsavel por outras fungdes que vao além da motricidade voluntaria da face. Sobre todas as fungdes desempenhadas pelo nervo facial, assinale a alternativa INCORRETA. AA) Funcdo autonémica, pois inerva gléndulas lacrimais, salivares e da mucosa nasal 8) Funcéo sensorial especial, pois inerva dois tergos anteriores da lingua, ©) Fungéo sensorial sensitva, pois inerva a pele da regiéo da orelha, D) Funcéo de motricidade voluntaria da face, E sabido que os quadrantes superior e inferior de uma hemiface recebem inervago de ambos os hemistéros. Resposta no fal do arigo 6. Quais so as consequéncias da interrupgao de continuidade da estrutura do nervo? 7. Como Sunderland e Seddon classificam as lesdes nervosas? 8. Sobre 0 local da lesdo e 0 quadro clinico, correlacione as colunas. (1) Naemergéncia do forame ( ) Fraqueza facial ipsilateral, lacrimagao, estilomastoide salivago e gustaeo usualmente intactas. (2) Nervo facial distalmente Zumbido, ataxia, nistagmo, hipoestesia facial 20 canal donervo auditivo ( ) Alémdo acometimento da musculatura, tem- intemo e ganglio geniculado se a corda do timpano afetada e a perda do (3) Nervo facial proximal ao paladar nos dois tergos anteriores da lingua canal do nervo auditivo @ da salivacdo. O paciente pode apresentar intemo ou envolvendo 0 comprometimento da audigéo (hiperacusia), génglio geniculado principalmente aos sons agudos, ou perda de (4) Angulo cerebelo pontino audigao. (5) Ponte () Fraqueza facial ipsilateral. Lacrimacao. (6) Cortex ou regides salivagdo @ gustaco intactas. Hemiparesia subcorticais contralateral, perda sensonal, ataxia, paralisia do abducente ipsilateral, oftalmoparesia (_) Acometimento de toda a musculatura da hemiface comprometida; porém, as fungdes de lacrimagao, salivagao ¢ qustagao estéo intactas. () Fraqueza facial contralateral, lacrimacéo, salivagdo e gustagao intactas. Hemiparesia e espasticidade contralateral (.) Alm da musculatura, tem-se ccomprometimento da lacrimaggo, da salivagdo e do paladar nos dois tergos anteriores da lingua. O paciente pode apresentar comprometimento da audigao e dor atrés da orelha Resposta no final do artigo 9. Analise as afirmativas a seguir. | ~ Aperalisia facial apresenta-se quando o nervo facial esta lesionado em todo 0 seu trajeto ou em parte dele, desde o nucleo até a periferia. ll ~ Aparalsia facial, dependendo da causa, 6 uma doenca desfigurante e de grande impacto sobre o paciente. Ill = A.cause mais comum de paralisia facial unilateral & a paralisia de Bell, também conhecida como paralisia facial idiopatica Quais esto corretas? A) Apenasa le all 8) Apenasa lea li ©) Apenas a Ile all D) Alaliealll Resoosta no fina do ertgn | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | [2 3 3 2 i PRINCIPAIS CAUSAS DA PARALISIA FACIAL Peitersen,"” a0 acompanhar mais de 2.500 casos ao longo de 25 anos, demonstrou que as idades de maior acometimento da paralisia facial so entre 15 e 45 anos. Segundo suas observacées, ‘ocorrem cerca de 25 a 32 casos por ano a cada 100 mil habitantes, Segundo ele, a paralisia facial pote ter cerca de 38 causas, sendo 66,19% de origem idiopatica, e a sua recorréncia é de 6 8%, Schaitkin ¢ colaboradores,"* por sua vez, listaram 111 possiveis causas de paralisia facial em casos revisados entre 1900 1996, bem como a proporcéo de causas em 3.650 individuos tratados entre 1963 e 1996 Na Tabela 1, € possivel observar que entre 51 a 66% dos casos de paralisia facial so de origem idiopatica Tabela t Se ene e eaaniecaer ms ilopatca 1701 | _ 06,18 1802 | 51 Neonatal 109 | 668 195 [ 4 Herpes-2ister 116 | 461 atl 7 Trauma 95 | 370 us| 23 Diabetes metiio 7 | 296 Gravider 46| 179 Polineurite “| ini Tumor de partida 43/167 tor] 6 ‘Vascular (ronco cerebral) ul 192 Espasmo hemifacial ar | 1.06 Sarooidose 2 | 082 Feclerse mitipia 2 | _o78 Sindrome de Melkersson-Rosenthal 1@| 074 Colagenose 18 | _070 Coleosteoma da orelia média 18 | 070 Cirianga com paraisia bilateral 18| 070 Cancer no seio com metéstase 16 | 042 Otte cénica 15| 058 as] 9 laboraores (2000) LEMBRAR E importante diferenciar algumas caracterstices clinices tipicas de peralisias faciais de diferentes origens No Quadro 5, foi feito um paralelo entre as caracteristices bésicas da paralisa idiopatica e da paralisia de origem tumoral para guiar 0 raciocinio durante o inicio da avaliagéo, e, se nevessério, ficer atento, ou mesmo, realizar os devidos encaminhementos Quadro 5 | Tumoral Idiopatica Frequéncia 5% Deis targas dos oasns Frequeza facial | 1.a3:semanas 24.2 48 horas Prédromo = Infeogdo vial | Perda auditiva Pode haver Nao ha Ouitos sinais Parasia progressiva, verfigem, Disgeusia, hiperacusia,disfuncao desequilbrio, zumbido, gustativa parcial da lingua, Prognéstico Ruim ou sem recuperaggo completa | 86% favordvel Fonte: colaboraores (2000) Quadro 6 Bee Sa Neuropata facial peiféica agua associada com eritemna vesicular da pele do canal auricular (herpes-2éster oticus) e muoosa da orofaringe, cabega, pesoog0e face em 80% dos casos (zoster sine herpete). A causa alnbulde 2 infeogao do génglio geniculado pelo virus do herpes 3 (virus varicela-zoster) (©.curs0 cinioo inicia com dor paroxistica no fundo do ouvido, em geral,iradiada para o pavilhao auricular, ‘que precede a erupedo por vanas horas e até dias. Pode haver vertigem e perda auditiva ipsilateral (50% dos casos) diagnstico diferencial principal &a paralsia de Bel (dioptica), mas pode ser confundida com dor facial persistente idiopatica, neuralgia pés-herpética, neuralgia do trigémeo e disfungdo temporomandibular. Outros problemas a serem considerados: 1 carcinoma adenocistico 1§ carcinoma da nasoferinge; 1 ote (externa, média) 1 infeogéo dental ou absoesso, 1 labinnite Fonte: ivavale (2072) * | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | asa sca) 3 Quadro7 PARALISIA FACIAL IDIOPATICA Em geral, o aparecimento da paralisia de Bell é aqudo, com a progresséo da fraqueza em algumas horas eno avangar da notte A causa da paralisia de Bell ainda nao est clara, motivo de ainda ser denominada patalisia facial idiopética Algumas causas tém sido alrbuldas,tais como isquemia secundéia, diabetes ou arteriosclerose, 0 que lalvez explique @ maior incidéncia em idosos. Entretanto,o virus do herpes simples (HSV tipo 1) &, provavelmente, a causa da maioria dos casos de paralisia de Bell Desconfia.se de que a doenca seja reflexo da reativaao do virus latente no génglio geniculado, em vez de uma infecoao priména. A teoria de que tenha relagdo com o clima ou temperatura néo tem encontrado provas em estudos observacionais. A incidéncia & de 20 a 30 casos por 100 mil habitantes‘ano. Os sexos 820 afetados de forma equivalente. Pode ovorrer em qualquer idade, mas € rara abaixo de 10 anos & bastante frequente acima de 70 anos (a idade média é de 40 anos). A maioria dos pacientes melhora completamente, sem sequelas Foote 004 Quadro 8 (Os neuromas s80 0s tumores mais comuns dos nervos periférioos.Incluem os sohwanomas, que surgem a parlir de células de Schwann, que suportam o endoneuro, bem como os perineuromass, que surgem a partir de células que revestem o perineuro. Metade dos neuromas & na regiéo da cabeca e do pescoco & ‘© schvvanoma vestibular (neuroma do actistico) é o tipo mais frequente (Os neuromas faciais sto extremamente raros Os sinfomas resultam da compress do nervo, secundio 2ocrescimento do tumor Um tumor relativament= ‘Pequeno pode se tomar sintomatico se ccorrernoestreito canal 6sseo (por exemplo, no segmento latino), tenguanto um tumor mais proximal (no dngulo pontocerebelar) pode se tomar bastante grande antes de ccausar sintomas. Hemangiomas (lumores vasoulares benignos) podem ocorrer em qualquer ponto 20 longo do ourso do nnervo facial, mas so mais comuns no génglio geniculado. Sao de origem extraneural, cresoem muito lentamente e sao mais comumente encontrados em adultos de meia-idade. Os hemangiomas, no entanto, podem produzirsintomas mesmo quando muito pequencs (milimetros de diémetro) por provaveis derivagdes {shunts) do fuxo de sangue para fora do segmento do nervo facial, causando iequemia local e paralisa, Os sinais e sintomas dos neuromas s40 1 fraqueza facial (51 a 86%), lenta, progressiva (meis de tés semanas, precedida por espasmos; perda auditiva; zumbido; desequilibrio; vertigem ou dor. ‘Apenas 5% das paralisias faciais so causadas por tumores, mas episddios recorrentes de paralisia alertam para tumor do facial. Por isso, para a maioria dos clinioos a paralisa facial imediatamente evoca © tipo idiopatico (ver Quadro 5). (Continua) (Continua) ‘Aavaliagdo por imagens se dé por tomografia computadorizada (TC), afim de visualizarestruturas dsseas, Iocalzagéo do tumor é margens de envolvimento. A ressonéncia magnética (RM) & entério padréo para a ‘avaliagdo dos tecides moles. O exame determina o tamanho do tumor, mas podem escapar os tumores ‘quando muito pequenes. ‘A distingao entre tumor do nervo facial e schwanomas vestibulares &, muitas vezes, impossivel Frequentemente, esse diagnéstico € feito no intraoperatério, HH indicagdo cirirgica se a defciéncia facial for moderada a grave. Em tumor do ngulo pontocerebelar ‘grande, ha risco de hidrocefalia por compresséo do tronoo cerebral. Os procedimentos de tratamento do neuroma do acistico compreendem: 1m remogdo cirirgica; 1m radioierepia estereotéxica, '§ observagdio ouidadosa, A deciso sabre os prnoerimentns de tratamentn denen ce miifinins fatores — dada, elnica, tamanho @ localizacio do tumor, status da audicao e preferéncia do paciente. Com mais idade e tumores pequenos, ‘deye-se adotarobservacio cuidadosa (RM), Paraidosos com tumor em crescimento, utiliza sea radiaterapia. -Jovens com tumores grandes (+2,5 a Sem) ou tumores pequenos e boa audi¢o requerem cirurgia Deve haver seguimento com RM conform a clinica, critérios de idade e remago completa ou nao. Pode haver complicagses pés-operatérias, como lesdo arterial, lesdo oerebelar,lesdo do nervo facial, alteragses 4 fluro liqusnco fistula iquénica, convulstes,hidrooefaia, meningite, perda de fungtes neuroldgicas, perda ‘da auigdo, zumbido, vertgem. O melhor resultado funcional esperado com reparo do nervo reramente cexcede 2 funcionalidade moderada. Fonte: S2utk olaboradors (2012) HI PROGNOSTICO DA PARALISIA FACIAL O prognéstico da paralisia facial varia conforme a etiologia do problema, Enquanto.o prognéstice da paralisia iatrogénica causada por trauma cirlirgico ou traumatica por ferimentos com neurotmese tam prognésticos limitados, a paralisiaidiopética costuma ter um bom prognéstico, mesmo sem tratamento.” Em madia, 71% dos casos idiopaticas melhoram apos 3 a 5 meses. Cerca de 94% dos individuos com paralisia incompleta melhoram sem sequelas (61% com paralisia completa). Contudo, a hipétese de que esses valores possam ser diferentes se alguma intervenc&o fisioterapéutica for utllzada, permanece ainda néo confirmada. Co © prognéstico da paralisia facial depende, em grande parte, do tempo em que a melhora omega, | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 4 | Volume 1 | £3 Baal 3 3 i z 2 i Fs LEMBRAR Arecuperagéo esponténea precoce esta relacionada 20 bom prognéstico da paralisia facial, 20 passo que a recuperacdo tardia esté relacionada ao mau prognéstico. Se a melhora tiver inicio na primeira semana, 88% dos pacientes obtém recuperaco total Se a melhora iniciar entre 1 ou 2 semanas, 83%, e entre 2 e 3 semanas, 61%. A melhora & menos satisfatoria em paralisias completas do que em paralisias incompletas, pacientes com dor retroauricular,”” pacientes idosos," hipertensos e diabéticos.*"” Individuos com auséncia de melhora apés as trés semanas e paralisia facial secundéria também possuem um diagnéstico desfavoravel.’ ‘Adour, em 1982. preconizou que a ferramenta mais valiosa para a determinago do prognéstico de paralisia facial é a abservacdo cuidadosa da progressdo (ou da fata dela) da paralisia e 0 uso de testes eletrodiagnésticos para determinar o nivel @ 0 grau da degeneragdo nervosa, comumente designada denenvacao ME AVALIAGAO CINESIOLOGICA FUNCIONAL DA FACE Em virlude da organizago anatémica do nervo facial, espera-se que lesdes em pontos diferentes 20 longo do seu percurso produzam diferentes sinais e sintomnas, relacionados as fibras nervosas envolvidas. Assim, a atengao aos sintomas relatados pelo paciente, junto com a habilidade do clinico de avaliar cada componente funcional do nervo, permite, na maioria dos casos, determinar precisamente o local da lesao e ter ideia do prognéstico. Os sinals e 0s sintomas da paralisia facial resitam do fato dornervo facial néo ser composto apenas de fbras motoras, mas inclir também fibras para o miscul estanédio, inrvago autondmica para as gléndulas lacrimal e submandibular, de sensagao de parte do ouvido externo e do paladar de dois tergos anteriores da lingua, por meio do nervo corda do timpano'® (ver Quadro 4) Na anamnese, é importante caracterizar a paralsia como aguda ou crénica, de evolugdo gradual ou stbita, sinais e sintomas adjuntos, tais como? dor facial hiperacusia; alterago da lacrimacéo: sintomas vestibulares (vertigem ou zumbidos); alteragao do paladar recorréncia da paralisia; antecedentes pessoais (alteracdes vasculares, autoimunes, infecciosas agudas ou crénicas, etc, e familieres. O exame fisico pode revelar paresia ou paralisia unilateral dos musculos da expresso facial, que cenvolvem tanto a parte superior quanto a inferior da face do lado afetado * Na inspegdo estatica, percebe-se assimetria facial, desvio da rima bucal para o lado normal e apagamento dos sulcos faciais do lado comprometido Nainspecao dindmica, piscamento é mais lento e incomplete no lado paralisado. A sobrancelha se apresenta mais fécida, osulco nasogeniano mais apagado e a narina mais estreita.°Ao solcter a0 paciente que mostre os dentes, nota-se desvio da boca para o lado so, e ao pedir para que enrugue o nari, notam-se saligncias mais vincadas no lado bom ? Ao soliciter a0 paciente para franzir a testa, observa-se o néo enrugamento do lado paralisado, ou uma evidente assimetria. Ao pedir para o paciente fechar os olhos, percebe-se desvio do globo cular para cima e para fora, enquanto a palpebra no recobre completamente o olho (lagoftalmia), fenémeno chamado de sinal de Bell.*° Oreflexo gustatorio-lacrimal esta relacionado com um trajeto aberrante de fiamentos nervosos em vias de regenerago, os queis deveriam destinar-se as gléndulas saliveres, mas tomam o caminho des gléndules lacrimeis. Ocorre tardiemente apés lesdes graves do nervo facil e ceracteriza-se por lacrimacdo exagerada, que pode ser estimulada por alimentos fortemente condimentados colocados sobre a lingua, também chamado de sindrome das lagrimas de crocodilo. Na evolugéo das paralisias faciais peritrices, podem surgir movimentos involuntarios de grupos musculares inervados pelo facial, quando o doente contrai voluntariamente outro méisculo subordinado & inervagéo do mesmo nervo. O evento mais encontrado € 0 repuxamento da comissura labial para o lado afetado quando o individue fecha o olho ipsilateral ou ambos. Classicamente, mas incorretamente denominados de espasmos faciais,® esses movimentos so formas de sincinesias ou movimentos associados. Nesses casos, 0 paciente perde a capacidade de contririsoladamente um Unico musculo facial, pois toda @ musculatura da mimica tende a ser inervada em massa. Em outros pacientes com evolucdo desfavoravel, pode surgir a contratura dos musculos da mimica, que repuxam para o lado afetado os tragos fsionémicos.* Além dos sina clinicos cléssicos, alguns autores, nos iitimos anos, tém sugerido que é necessério um sistema internacionalmente acsito para’ 1 definir a distungdo facial apés lesdo do nervo facial seguir sua evolugdo e registrar a melhora da funcéo; & comparar resultados de intervengées. Com essa inteng&o, em 1985, foi proposta uma padronizagéo universal de graduag&o da fungo facial baseada no trabalho de House ¢ Brackmann Desde entéo, a escala de House Brackmann torou-se o instrumento mais popular para avaliac&o da fungdo facial. Entretanto, ela tem sido pouco recomendada nos ultimos anos por autores fisioterapeutas por se mostrar pouco sensivel a mudangas em resposta ao tratamento fisioterapéutico. CO sistema de graduacao facial de Ross,* designado Sistema de Graduagao Facial Sunnybrook, ter demonstrado superioridade. Esse sistema gera um resultado final que varia de 0 a 100, sendo 100 pontos para a fungao facial completa ¢ normal, enquanto valores menores significam maior deficiancia facial. Essa escala é composta por subescalas, que avaliam trés dominios da fun¢o motora da face: 1 simetria a0 repouso; i simetria & movimentagdo ativa m_presenga de sincinesia. | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | &% A Tabela 2 apresenta o Sistema de Graduagao Facial Sunnybrook. Tabela2 TPyoVoRseRAUCG = — elsoujoUIs ep opSermUCY (soUBLI)-—osnodel ep oBSeRjUoy (SOUR ‘LGU OX OPM OP OBFENRIOg estos & Rjol oBbenucd PXIBOL SxreioL COUeRUNJoA OyUAWIWOU op oBs_EMuOG osnodeio#eyis ep ogtenqucy 1994 | reo), yeusou eke] epesepcur exlass0.8 , opexndey eyes eYjawWIssy eUjaWissy eLgawssy \ epieoojueg S + é a 1 8019180 4eIIED ¢ \euioy e zo 5 a e 2 i oneiq ep exe booq & z 4 0 nea $ ’ e z 1 Boge Uioo4IHOS, | spetounueld sly s zZ ob oO equawjgueB percunuod sou 9 7 c z ‘ soyjo so seyooy Z aquasry e @ ob o eaunenas |0 |euION e aon & o e a z ? se sEUeAO] teigejoseu epuoy b efbnio yduoo 980 WaVveoned ojewROW cyuewoU b aneiva send WOdO|USL) oojueuaR eli sp _—jesoey ovssaidxy | 0 Jewson ane eperepoy eney eunuuen| UUM cuewncy mow oeiouj -ejeiony _zedeou) outa [esey opsseidxe epeo € eperoosse ‘ghd Buin 1eyjp083 euejunjonu opgesino ep opsenpe: |eUuou ope} 0 woo operediioo ojnasnu op opsinaKe ep opéenpes | ejuewlelejeequo0e SoLmUN|OA SoqUEWUAOW Sop eLyeUS osnedes oe eournuis, STON Meek MET Eley De forma a se obter uma avaliagdo mais completa e quantificar as incapacidades associadas com a disfungdo neuromuscular facial na vida do individuo, VanSwearingen ¢ Brach elaboraram um questionério autoaplicavel, chamado Indicador de Incapacidade Facial.” Ele composto por dues segSes: indicador de incapacidade fisica e indicador de incapacidade social. O paciente deve escolher a resposta considerando sua fungdo facial no iltimo més. © Indicador de Incapacidade Facial abrange questées sobre a funcionalidade e inclui a alimentagdo, os atos de beber e falar, @ ocorréncia de lacrimago excessiva ou a sue falta @ ainda questées sobre situagies sociais, autoestima, trenquilidade e irritabiidade. As duas segdes so pontuadas de forma independente e vo de 0 a 100 - assim como o Sistema de Graduagdo Facial de Sunnybrook, os valores menores correspondem & maior incapacidade, Para a boa prética fisioterapéutica e avaliagdo multidimensional da pessoa com paralisia facial, € recomendada a utiizaggo de, pelo menos, o Sistema de Graduagdo Facial Sunnybrook ¢ do Indicador de Incapacidade Facial Os testes eletrofisiolégicos indicam, de certa forma, o prognéstico da paralsia facial, Os principais testes séo:* 1» eletroneuromiogratia (ENMG) it teste de estimulago maxima e minima, eletromiografia (EMG). LEMBRAR Ha possibilidade do fisioterapeuta realizer também o eletrodiagnéstico, que permitria um acompanhamento frequente, fidedigno e viavel da evoluggo do problema. AEMG & a captagio de potenciais de ago das células musculares com eletrodos de superficie ou inseridos por aguihas diretamente nos misculos. As alteragdes nos potenciais musculares aparecem de 10 a 20 dias apés a lesdo do nervo, periodo em que o teste se toma confiavel ‘Alam de evidenciar o grau de degeneracdo axonal, o exame pode demonstrar a presenga de reinervagéo.° Evidéncia de denervacéo apés 10 dias indica degeneraggo axonal e sugere atraso na recuperagdo elou possivel regeneragao incompleta.” | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | & sieewnarvash i | AFigura 4 apresenta o Indicador de Incapacidade Facial. Indicador de incepacidade facial ‘Seu nome: Data ox favor, escoha 6 opgl de resposta mals apropriada para as quesiGes relacionadas com os problemas associat ‘com a fungao dos seus masculs facia Para cade questéo, considere sua funcio durante oiltimo més Fungio fisica 1. Quanta dificuldade vocé tem em manter a comida na boca, mové.ls na boca ou manté.le na bochechs en- quanto come? 5 Sem diicudade Usualmente eu no como por 4 Um pouos de dfeuldade 1 Motives de saude 3 Alguma difeuidade 0 Outras razdes 2 Muta diioudade 2. Quant dificuldade vocé tem para tomar liquido em um copo? 5 Sem diiculdade Usualmente eu no bebo por 4 Umpouca de ditculdade 1 Motives de sabe 3 Alguma difculdads 0 Outras razbas 2 Mula dficudade 3. Quanta dficuldade voeé tem para falar sons especticos enquanto fala? 5 Sem dficuldade Usualmente eu ndo fato por 4 Um poucs de dficuldade 1 Motives de saude 3 Alguma difeuldade 0 Outras razbes 2 Mua diiculdade 4 Quanta dificuldade vocé tem tido com seus olhos, com o excesso de lagrima ou com olho seco? 5 Sem diiculdade LUsualmente eu nBo ten lagrimas por 4 Um pouco de diiculdade 1 Motives de saude 3 Alguma difculdade 0 Outres razdes 2 Muta dficulade 5. Quanta dificuldade vocé tem para escovar os dentes ou para enxaguar a boca? 5 Sem diicudade ‘Usuelmente eu ndo fentio escovado 08 dentes ou enxa 4 Um pouco de diiculdade quedo a boca por 3 Alguma difeuldade 4 Motives de sauce 2 Multa dfculdade 0 Outs razBes Fungi Social / Bem estar 6. Quanto tempo vocé se sente calmo ou em paz? 5 Todo o tempo 5 Malor parte do tempo 4 Uma boa pate do tempo 3 De vez em quando 2 Raramente| 1 Nunca . Quanto tempo voc8 ge Isola das pessoas 20 seu redor? 1 Todo 0 tempo 2 Maior parte do tempo 3 Uma bos parte do tempo 4 De vez em quando 5 Raramente 8 Nunca 8. Quanto tempo vocé se sente iritado com as pessoas em sua volte? 1 Todo 0 tempo 2 Maior parte do tempo 3 Uma bos parte do tempo 4 De vez em quando 5 Raramente 6 Nunca 9, Com que trequéncia voc8 acorda precocemente ou varias vezes durante a noite? 1 Toda note 2 Quase todas as noes 3 Amaionia das notes 4 De vez em quando 2 Raramente 1 Nunca 410. Com que frequéncia sua funcdo facial Ihe impede de sair para comer fora, ir as compras ou participar de atividades socials ou em familia? 1 Todo o tempo 2 Mice parte do tempo 3 Uma bos parte do tempo 4 De vez em quando 5 Raramente 6 Nunca Fangio fsica “Toll pontos « Formulas para os resultados ‘Namoto de questdes respondides = ‘otal de panios - Namero de quesides respondidas x 100 Resultado 4 Funpio social /Bemestar Total pontos Formulas para os resultados Numero de quests respondides = “oll de pantos - Numero do quosiées respondidas x 100 Resultado N 5 Font: Adatado oe VanSwearhgen e Brach 1996)" A despeito de sua utiidade, tanto a EMG (biofeedback) quanto o eletrodiagnéstico necessitam de equipamento © capacitagdo especies, ©, curiosamente, ndo so recursos comuns na realidade atual dos servigos de saude brasileros. ATIVIDADE 10. A maioria dos casos de paralisia facial séo de origem: A) idiopatica 8) neonatal C) viral (herpes-zoster), D) traumatica, Re sta na fina do artigo 11. Analise as afirmativas a seguir | = Nasindrome de Ramsay Hunt, o curso clinicoinicia com dor paroxistica no fundo do ouvido, iradiada, em geral, para o pavilhao auricular, que precede a erupego por varias horas e até dias Il = Aparalisia facial idiopatica pode ocorrer em qualquer idade, mas & rara abaixo dos 10 anos e bastante frequente acima dos 70 enos (idade média é de 40 anos). Ill ~ No caso de neuromas, ha indicacao cirirgica se a defciéncia facial for moderada ou grave Quais estéo corretas? A) Apenasale all B) Apenas a lea li C) Apenas a Il ea il D) Alaliealll Resposta no final do artigo 12. Qual 6 a diferenga de prognéstico entre as paralisias facies idiopatica e tumoral? | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | oorevenmranuss cs |B 13. Qual é a ferramenta mais veliosa para a determinacao do prognéstico de paralisia facial? 14, De que resultam os sinais sintomas da paralisia facial? 15. 0 que & recomendado para a boa pratica fisioterapéutica @ para a avaliagao multidimensional da pessoa com paralisia facial? 16. Quais s20 os principais testes eletrofisiolagicos na indicag&o do prognéstico da paralisia facial? IE TRATAMENTO DA PARALISIA FACIAL EVIDENCIAS DISPONIVEIS SOBRE O TRATAMENTO Os principios do tratamento da parelsia facial na fase aguda pritizam proteger a cémea do ressecamento, em razéo da perda da capacidade de piscar e de produzir lagrimas adequadamente Colirios so recomendados durante o dia e pomadas oftélmicas a noite ** LEMBRAR Na paralisia idiopatica, o foco atual do tratamento agudo volta-se para a diminuigo da inflamagéo presumida do nervo facial, prevenindo potenciais complicagées com uso de corticoides e antivrais ? Ha oito revisées Cochrane que avaliaram resultados do tratamento da paralisia facial, sendo seis sobre a paralisia idiopatica e outras duas revisdes sobre o tipo Ramsay Hunt (Quadro 9). Quadro 9 Ae Sia eases Ur Ce PO aa Sa Od a ica ig siesta Og a Uae Etiologia Recurso Evidéncias Idiopatica Corticoide#* Beneficio significative, Sete estudos alinicos com 1.507 individuos demonstraram melhora completa apés seis meses {RR=0,71; IC 95% entre 0,81 € 0,89) ¢ és estudos com 901 Individuos demonstraram menos sincinesia (RR = 0,86; IC 95% enire 0,44 e 0,81). PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | Idiopatica Antiviral Evidéncia de alto impacto nao demonstrou beneficio significalvo ‘pds seis meses (seis esludos com 1.886 individuos com RR = 0,88, IC 96% entre 0,85 e 1,18). Evidéncia de quelidade mode- ‘ada demonstrou melhores resuilados apenes com oorcoide {ts esludos, RR = 2,82, IC entre 1,09 7,32) Idiopatica ‘Acupuntura ‘Seis pequenos estudos clnicos sugeriram algum beneficio, mas no permitram mensurar a efetividade da acupuntura, Idiopatica ‘Apenas um estudo de baixa qualidade sugeriu que a oxigenole- rapia em cémera hiperbérica pode ser efetva no tratamento da paralisia de Bell moderada ou grave. Iiiopatica Ciurgiat® DDois estudos de baixa qualidade (com 69 individuos) ndo foram suficientes para concluir enlre 0 isco € o beneficio da cirurgia em individuos com paraisia de Bell Idiopatica Fisioterapia™ Evidéncias de baixa qualidade dao suporte & utilizag3o de exercicios faciais,principelmente para casos cttnicos e com Peralsias moderadas, para reduzir sequelas em cas0s agudos. Nao ha evidéncias de risco ou beneficio dos demais recursos fisioterapéuticos, inclusive da estimulacao elétrica Ramsay Hunt Antivral® Observou-se ausfncia de beneficio, baseada em um estudo de baixa qualidade, o que deve ser ponderado tendo em vista 0 isco de possivets reacties adversas | Ramsay Hunt Corticoide** ‘Nao ha estudos a respeito, RR = isco ralative; [C= intarvalo de confanca. 2 Z 3 i z 2 f Fs Adespeito da felta de evidéncias, & preconizado.o seguinte esquema terepéutico pera otratemento da sindrome de Ramsay Hunt: 1 cortcoide oral para a inflamagdo, dor e sintomas neurol6gicos, por duas semanas, reduzido gradativamente; 1 aciclovr oral, cinco vezes por dia, por7 a 10 dias: 1& supressores vestibulares (anti-histeminicos ou anticolinérgicos), @, em ceso de neuralgia, carbamazegina (anticonvulsivo) (infectologista, neurocirurgiéo, otorrinolaringologista ou oftalmologista) podem ser necessérias. Outros cuidedos incluem os mesmos tomados com relacéo & paralisia de Bell, como evitar airtagao da cmea e a fsioterapia. © Adescompresso crirgica do nervo facial no & indicada, Aavaliago com especialistas Para a paralisia facial do tino idiopética, so recomendados cortcoides e antivirais na fase aquda E usual o encaminhamento para a fisioterapia na fase aguda, e o caso é considerado por muitos uma urgancia fisioterapéutica. LEMBRAR Convém reforgar que ainda nao ha evidéncias de beneficio da fisiterapia na fase aguda para todos 0s casos, pois é alto 0 indice de melhora espontanea em individuos com lesdo parcial. Hé autores que preconizem a intervengéo apenas em casos graves (leso completa) ou apés, pelo menos, trés meses da lesdo, sem melhora,”” Ha duvidas sobre os recursos fisioterapéuticos mais efetivos em relagSo ao tratamento da paralsia. facial, principalmente quanto utilizagéo da estimulagdo elétrica e exercicios faciais. A seguir, sera visto o que dizem as evidéncias a esse respeito, bem como as propostas classices e mais recentes acerca dessas abordagens.” ESTIMULAGAO ELETRICA Aestimulagao eletrica @ muito debatida na literatura nao apenas pelos modestos resultados dos estudos clinicos, mas por haver muitos argumentos contra o seu uso. O receio de predispor a contraturas, de interferir no processo de reinervacao ou de aumentar 0 custo do tratamento foi ponderado por varios autores. Mesmo asim, tal recurso & preconizado por outros com o objetivo de preservar o volume (trofismo) muscular em paralisias completas.* Sobre o uso da eletroestimulagdo para o tratamento da paralisia facial, é fundamental terem mente que 0 tipo de corrente a ser aplicada no misculo dependera da patologia nervosa existente.®° Se no houver sinais eletrofisiolégicos de denervacdo, ou seja, se houver uma lesdo incompleta do nervo ou neuropraxia, a estimulagdo com corrente faradica deve ser escolhida (0,1 a 1 milissegundos [ms] de duracgo de pulso, frequéncia de 1 a 2Hz, 50 @ 200 contragdes por sesso, trés vezes por semana) Se howver evidéncia eletrofisiolagica de degeneracdo completa do nervo facial, a estimulagdo fardica ou com correntes com menos de 1ms de duraoio de pulso nao induzirgo contrago, a menos que uma atta intensidede de corrente seja usadla, o que podera ser intlerével para o paciente. Nesse caso, utiize-se a corrente galvanica interrompida com pulsos retangulares de 100 milssegundos (frequencia de 1Hz, com 30 a 100 contracdes por sesséo, trés vezes por semana) A eletrosstimulaggo deve ser suspensa em caso de cessar a resposta muscular ou se ccorrerfadiga E sugerido o limite de quatro meses de tratamanto cu o abandono desse recurso, caso ocorram contraturas ou sincinesias, Segundo Shafshek, a estimulagdo elética nfo é recomendada aps 0 inicio dos movimentos voluntarios. Ele reforca que apds a recuperagao dos movimentos, mesmo ue parcielmente, exercicios ativos devem ser praticados para acelerar a melhora funcional.* Em uma revisdo sistematica a esse respeito,* foi constatado que quase todos os destechos falharam ao tentar evidenciar qualquer diferenga estatistica entre grupos tratados com @ sem eletroterapia. Ja em 1958, Mosforth e Taverner concluiram, por meio de um estudo clinico, que n&o seria possivel recomendar o uso da estimulagdo elétrica para o tratamento de pacientes com paralisia facial Meis recentements, Manikendan‘® demonstrou que 0 grupo submetido a eletroestimulagéo obteve piores resultados da recuperagdo motora e qualidade dos movimentos apés trés meses de tratamento, Estudos clinicos mais recentes tém confirmado a falta de beneficio da eletroestimulacdo.** Além das fracas evidéncias do efeito benéfico da estimulagdo elétrica em individuos com paralisia facial, ha riscos potenciais, com piores resultados em curto e médio prazo. Como se nao bastasse, 08 estudos que utilizaram correntes elétricas para estimular misculos faciais denervados ou com inervago incompleta o fizeram com correntes diretas. Nao ha estudos com correntes altemadas — como a neuroestimulagdo elétrica transcuténea (TENS), a estimulagdo elétrica funcional (FES) ‘ua corrente russa, por exemplo. LEMBRAR Para que ocorra contragao efetiva da musculatura estimulada com correntes alterades, & necessério haver integridade da inervago muscular. Havendo inervagdo, mesmo que incompleta, 6 questionavel que estimulos elétricos substituam estimulos neuromusculares obtides por exercicios facials. EXERCICIOS FACIAIS Vatias revisdes sistematicas recentes tém constetado beneficio dos exerciciosfacieis na melhora da simetria, da mobilidade facial e da diminuigao de sincinesia, mesmo que discreta. Alguns estudos demonstram uma tendénoia de que o tempo de recuperacdo apos a pratica de exercicios facials seja menor se comparado com a evolucao natural da doenca Além do mais, estimulos pare 0 retomo da motrcidade voluntaria de misculos parcielmente denervados ou mesmo estimulos neuromusculares de misculos denervades parecem ser estratégias aceitéveis fisiologicamente, com pouca chance de efeitos adversos e com custos ciscretos *** | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | <3. LEMBRAR Mesmo que as evidéncias da efetividade dos exercicios para a paralsia facial sejam bastante limitadas, eles so amplamente utiizados na pratca clinica, e varias propostas foram feites e continuam sendo replicadas com poucas diferengas nos Uimos anos, tanto para casos agudos, quanto para casos erénicos. ithe 3 3 i z 2 i Fs OUTROS RECURSOS Shafshak® enfatizou o papel dos exercicios para @ recuperagéo funcional, controle da sincinesia ¢ estimulo @ plasticidade do sisterna nervoso central em casos crénicos, assim como sugeriu, também, na presenga de contratura facial, calor supericial, massagem e alongamentos da mueculatura facial, Diatermia com uitrassom e ondas-curtas foram sugeridas para tratar as contraturas, com ressalva para a aplcaggo de ondas-curtas continuas na fase inflamatéria aguda, recursos pouco vistos na prética atual. Outros recursos no passam de especulacéo, pois ndo dispdem de nenhum estudo ue [hes deem suport © ATIVIDADE 17. Quais s&0 os principios do tratamento da paralsia facial na fase aguda? 18. Analise as afrmativas a seguir | ~ Para o tratamento da Sindrome de Ramsay Hunt, a descomeresséo cirurgica do nervo facial é indicada. Il Para paralisia facial do tipo idiopatico, s80 recomendados corticoides e antivirals na fase aguda, Ill - Ha duvidas sobre os recursos fisioterepéuticos mais efetivos em relagao paraisia facial, principalmente quanto @utlizagao da estimulagao elétrica e exercicos faciais. Quais esto corretas? A) Apenas ae ll 8) Apenasal ea il C) Apenas a lea lll D) Alallealll Rasposta no final do artigo 49. Sobre a eletroestimulagdo em caso de paralisa facial, o que é fundamental ter em mente? 20. Quais s&o os riscos potenciais da estimulagdo elétrica em individuos com paralisia facial? 21. Quais s80 os possiveis beneficios dos exercicios faciais no tratamento da paralisia facial? WH SELECAO DO PACIENTE Conforme Henkslmann ¢ May. é importante escolher adequadamente o candidato a realizar fisioterapia, bem como o tempo adequado para iniciar os exercicios faciais. Segundo eles, por exemplo, um paciente com paralisa idiopética na fase flacida nao ir responder as solicitagdes, © que se contrapde as propostas de outros autores, vistos mais adiante. Longe de serem critérios absolutos, as propostas do Quadro 10 apenas ilustram o fato de que, nna auséncia de evidéncias claras, hé espago para sugestées até mesmo discordantes entre 0s autores, como, inclusive, a contraindicagso de fisioterapia na fase aguda da paralisia facial idiopatica, o que nao significa que haja consenso sobre isso. | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | $3 98 z i z 2 f Fs Quadro 10 CE ee eee eee ee ea eee eS sia aed Condicao Iniciar exercicios? Raciocinio Idiopatica aguda, completa, lécida | Nao Pode ter melhora esponténea total, € muito com <3 a4 semanas ccedo para fer Iciopatica aguda, completa, flacida | Sim Uma consulta para avalagao no inicio do com> 3.a4 semanas problema e para orientagdes ao paciente Reavaliagdo quando a melhora comegar Idiopética eguda com paralisia | Nao Nao necessitaré de fisioterapia, provavel- incompleta mente terd melhora esponténea. idiopatica sem melhora apés és | Nao Pode no ser idiopatica, deve ser encemi- meses nado para um especialista IGiopatica com crvohimento do | Nao Pode ntio sor idiopdtioa; deve ser cnoamt ‘outro nervo craniano nhado para um especialista, Com evidéncia de sincinesia Sim Pode indicar regeneragdo aberrante do nero facial, 0 que melhora com fsiterapia. Pés-cirungia de anastomose nervosa | Nao muito cedo. Esperar até a melhora do ténus. sem evidéncia de reinervacao 4 surgimento de tragos de movimentos Poscransferéncia muscular ou | Sim Exercicios faciais podem ser niciados assim semelhante ue 0 pés-imediato methorar. ‘Com ENMG indicando provével | Sim Uma consita no inicio do processo e melhora pobre ou incompleta reavaliagses quando a melhora iniciar Congénita com evidénicia de sim [Manter 0 paciente consceente do problema, inervagdo parcial ou pos-cirirgico cooperativo e motivado, de reanimacao Etiologia do sistema nervoso sim CConwém referenoaro pacenle-a un especialita central para deterrinara etcloga defniva Se for central a fisiclerapia deve ser niseda imediata- menle. Se perérica, aguerdar a haver snais de meter painter o talento Fonte: Adapt mann © May 2000) ESQUEMAS TERAPEUTICOS ATUAIS Por mais que alguns estudos tenham confirmado a baixa efetividade de fisioterapia em casos leves de paralisia facial, em razéo do alto indice de melhora espontanea,“ convém ponderar a sua aplicabilidade e indicagéo, pois ela pode néo apenas reduzir o tempo para a melhora, mas garantir um suporte adequado e informagdes iteis em um periodo que pode ser delicado e angustiante para o individuo AA Figura 5 ilustra um possivel ponto de periide para o tratamento fisioterepéutico, pare o qual Ferreira e colaboradores'* propdem diferentes condutas iniciadas em quadros agudos, que se dividem conforme a cisfungéo neuromuscular (se completa ou parcial). Em quadros agudos de disfungao completa, os autores sugerem, alm de exercicios e orientapdes, medicagéo letroestimulagdo, conforme a experiéncia do profissional Na distungdo parcial, apenas orientagGes e exercicios so propostes como opgées terapéuticas. Parasia facial Disfungio. Distungao ‘neuromuscular ‘Neuromuscular >>) Medicara0? completa paral SUS Fase doa Estimulagéo eli? + Fase de melhora ou ¥ Exerciios ‘isfuncéo neuromuscular -——! | Melhora faciais parcial incompleta y Melhora Reconstrugdo cirirgica con Exercicios faciass >) “Toxina botiinica Figura § - Fluxogreme de eoomoannamento fsiotereneuico da veralisl fecial. Fante: Adaoiad oe Frere colorado (2011) * Na fase crénica, apenas exercicios faciais foram propostos, dispensando o importante papel das orientagSes. Vele destacer que se trata epenes de uma proposta fundamentada na opiniéo € experiancia dos autores e citade epenas pera ilustrar uma possibildade de gestio de casos. Ja a proposta de Robinson © colaboradores,* que deve ser creditada para Brach e VanSweeringen,'” parece ser mais ampla, pois ¢ personalizada conforme as caracteristices clinicas de cada individuo com paralisia facial e se baseia na avaliagdo cinesiolégica funcional (diagnéstico funcional) e nas expectativas do paciente (centrada no paciente). Para mais detalhes sobre a intervenco personalizada, recomende-se a letura na integra dos trabalhos de Brach e VanSwearingen*” e de VanSwearingen.’ Na Figura 6 foi estruturado um passo a passo desde o diagnbstic fisico funcional até a aplicago de diferentes procedimentos fisiterapéuticos, passando pela caracterizagao de subgrupos @ com énfase nas orientagdes 20 paciente. Diferentes recursos fsioterepéuticos foram sugeridos conforme o diagnéstico, bem como a meta final ¢ a reconduco do tratamento em caso de falha da proposta, sempre de acordo com a expectativa do individuo tratado. Um resumo do raciocinio proposto sera descrito a seguir e um maior aprofundamento pode ser obtido nos textos originais, sempre fundamentado nas propostas de Brach e VanSweeringen, '“” descritas também por Robinson ¢ colaboradores. ® | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | & rievewnsaish ci | -Avaliago multidimensional/multiprofissional do individu com paralisia facial Disfungdo neuromuscular corey “ Terenas a <_—— ‘Mowimentagéo atwa Movimentagao ative peter ‘sem sincinesia com sincinesia t ae ok trico |») Faxittgao >} CONE La 6! Relaamento Orientagdes ao paciente 7 ¥ 7 ¥ 7 * Mobilizacao de cee | | tecidos moles + Mobiizapto de ‘sMobiizagaode | | Treinamento Butea) oS oe oceea Trae -Feedbackcom | | neuromuscular + Exerccos atvos | | -Feedback com Gan are autoassistidos espelho fe rae +Enlarmowiments|_|-Feedbacccom EMG | pear oer \aiideeied een da sincinesia + Relaxamento e/ou Lad + Relaxamento elou | | meditagdo meditacao ‘Objetivo do paciente atingido Cra = fe} Neo sim= ate ‘Figura 6 - Esqusma torap6utco proposto por Robinson Font: Radinso claberades (2012) * Naavaliacao cinesiologica funcional do paciente com paralsia facial, além da coleta da historia, dos sinais e sintomas e da avaliago funcional por meio das escelas propostes enteriormente, Robinson e colaboradores*incluem a andlise da marcha e do equilbriopara garantiruma avaliag3o global, Essa etapa serve no apenas para classifica o individuo no subgrupo de tratamento, mas também para iniciar 0 processo de orientagSes ao paciente. Nessa estapa, as orientagbes dadas aos pacientes s80:"*” 1& nogGes sobre a anatomia e a fungo do nervo facial e dos misculos da face; 1 explicagao acerca do fenémeno de sincinesia; 1§ esclarecimentos quanto a importéncia de sua partcipego ativa no tratamento.. A fase inicial serve para individuos com assimetria facial moderada ou severa ao repouso, incapazes de iniciar movimentos ativos ¢ que no tenham sincinesia, Nessa fase, os individuos so instruidos a realizar suaves mobilizagdes dos tecidos moles (automassagem), exercicios de mmimica facial com movimentos assistidos ou autoassistidos de forma muito suave, sempre se observando em um espelho. © paciente deve estimular 0 fechamento palpebral com auxllio do dedo © evitar sempre movimentos em massa e © uso do lado oposto da face, o que pode ser conseguide inibindo o ‘movimento contralateral ao se tentar contrairo miisculo paralisado. Mesmo que de forma empirica, 2 cricestimulagéo pode ser utiizada, fazendo-se estimulos rapidos e curtos com gelo na pele do rosto no sentido des fibras musculares.* Afacilltagao ¢ indicada para individuos com assimettia facial moderada ou leve, cujos movimentos estejam reiniciando ¢ sem sincinesia. Sd ensinados, nessa fase, mobilizagéo dos tecidos moles (alongamentos), exercicios ativos assistidos por meio de movimentos pequenos, lentos e controlados, com énfase na simettia facial, enquanto se monitora o autodesempenho no espelho. © feeaback sensorial (visual e/ou sonoro) pode ser dado por meio de EMG de superficie, tanto se for desejada a ativacdo dos mUsculos da face com lesao como na face contralateral, s¢ 0 objetivo for inibigdo, ou ainda selegdo, se colocados os eletrodos na regia inferior da face, por exemplo, e forem solicitados exercicios localizados da regido superior da face. Instrugdes sobre o risco de sincinesia s40 importantes nessa fase.'<” © controle do movimento é indicado para individuos com assimetria leve ou moderada 20 repouso, que ja iniciaram movimentos e esto desenvolvendo sincinesia. S40 ensinados “alongammentos faciais mais intensos, exercicios de controle motor com espelho e/ou EMG e estratégias de relaxamento e meditagao, Os exereicios devem focar no controle da sincinesia através de movimentos pequenos. O controle da sincinesia pode ser descrito para o paciente come alivio da tensdo, o que requer muita atengao, controle, treinamento e repetigao.'“" © Quadro 11 mostra a programacdo do tratamento conforme a fase da paralisa facial. Quadro 11 Lid ica dl caste te emia a aio hoa Li chad a ak ya caliente lial Lea Categoria Tratamento Repeti¢des | Frequéncia Inicio WADMatno-essistida | Baixa (<0) Alia + Assimetna ao repouso 18 Movimenios siméticos (Ba dxidia) + Movimentosiniciais ou 1 Orientagdes sobre o Iminimos pprocesso de melhora + Comprometimento funcional grave 1m Facilitagio 1 ADMativa ‘Ata (10a20%) | Moderada «+ Assimettia minima a0 it Exercicios resistdos (1a 2edia) repouso + Fraqueza leve ou moderada = Controle do movimento ‘Movimentos isolados | Alta (309%) Alta + Olho estreito, suloo 1§ Movimentos simétrioos | - énfase na (Badia) rnasogeniano profundo 8 Controle da sincinesia | qualidade, néo «+ Fraqueza leve ou moderada uantidade, «+ Sincinesia controle, néoforca 1m Relaxamento '§ Massagem, Baxaamoderada | Como + Tenséo facial ao repouso alongamento indicado + Espasmo facial 1# Relaxamento (Jacobson pelos. + Limitagdes psicossociais e meditagao) sintomas acentuadas 18 Movimentos ritmicos | PROFISIO FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL | Ciclo 1 | Volume 1 | ‘8 100 Z 3 i z 2 f Fs © relaxamento ¢ indicedo para individuos com contratura facial dolorosa relacionada com sincinesia, que ocasiona perda de movimento pelo espasmo ¢ ndo por fraqueza. O relaxamento pode ser feito por meio de meditacdo, utiizando-se pistas verbais, como ‘

También podría gustarte