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HISTÓRIA E JULGAMENTO
Do original inglês THE CASE FOR ASTROLOGY
Tradução
Marcio Tavares d'Amaral
Capa
Studio Artenova
Revisão Salvador
Pittaro
A ASTROLOGIA
HISTÓRIA E JULGAMENTO
Tradução de
MARCIO TAVARES D'AMARAL
ÍNDICE
Introdução pág. 8
Relação de Fotos 7
Primeira Parte — História e Técnica pág. 10
1 — Sonhos que os Caldeus nunca sonharam pág. 11
2 — A Puta da Babilônia pág. 28
3 — A Enjeitada Ataca pág. 39
4 — A Bela Adormecida acorda pág. 51
"Quanto mais avançamos na Ciência, mais nos convencemos de que o universo é uma grande
unidade... Temos, portanto, o direito de supor, quando encontramos um certo ritmo em tantos
fenômenos..., que estamos lidando com partes relacionadas a esse todo."
Dewey e Dakin, Cycles, The Science of Prediction, Holt, 1950. (Edward R. Dewey é o
presidente da Foundation for the Study of Cycles, filiada à universidade de Pittsburgh.)
“... certos fenômenos que ocorrem no espaço geofísico, e todos os fenômenos que Em nome da Ciência o Sr. Moore está fazendo mágicas; esperando
ocorrem no espaço solar e astrofísico atuam a distância. Não importa qual a sua natureza, a destruir a astrologia, "desencantando-a" exatamente como os menos
verdade é que sua ação se manifesta por radiações de natureza eletromagnética ou
corpuscular, ou através de variações nos diversos campos: elétrico, magnético, brilhantes dos médicos egípcios antigos "exorcizavam" as doenças dos seus
eletromagnético ou gravitacional. Tudo isso pode hoje em dia ser relacionado como ação a clientes: "Vai-te, doença, vai-te, filha da doença! Vai-te, que tu quebras os
distância. ossos, destrói o tecido... vai-te para a terra, doença maldita, maldita!"
Giorgio Piccardi, The Chemical Basis of Medical Climatology, Charles C. Thomas, A declaração de que a astrologia não tem bases científicas não tem
1962, p. 120. (O professor Piccardi é diretor do Instituto de Química Orgânica, Universidade
de Florença.)
nada a ver com as evidências que porventura venham provar esta
declaração.
"Nos últimos anos, têm surgido laços estranhos e inexplicáveis entre as fases da Lua, a "Que, precisamente, quer-se dizer quando se afirma que um planeta
precipitação pluvial, o choque dos meteoros, as tempestades magnéticas e os distúrbios está "em" uma constelação?" — pergunta Moore.
mentais. E como se estivéssemos-nos movendo através de uma verdadeira ficção científica, Ninguém pretende convencer-nos de que todos os astrólogos são
no sentido de provar a crença antiga na relação entre a Lua e a loucura." sábios, mas todos ouviram falar no telescópio, e é evidente que mesmo os
Sir Bernard Lovell, diretor do Observatório de Jodrell Bank, escrevendo no Sunday mais histéricos não seriam reduzidos à impotência por este enigma. Pelo
Times, 15 de março de 1963.
contrário, tranqüilamente responderia: "Quando, em relação à Terra, o
planeta Marte aparece na porção celeste que os astrônomos chamam de
Por mais absurda que possa parecer a manifestação astrológica dos
Escorpião, diz-se que Marte está "em" Escorpião."
jornais, toda a teoria astrológica está fundamentada no princípio de que os
Agora, os astrólogos realmente declaram que uma criança nascida
fenômenos celestes afetam a vida na Terra; as citações acima — declarações
nesta configuração é afetada por ela. E esta afirmação pode não ter bases,
de cientistas, não de astrólogos — sugerem que tais efeitos existem e são
pode ser um absurdo. Mas se assim é, por que descer ao exorcismo para
cientifica-mente conhecidos.
livrar-se dela? Por que não chamar à cena provas científicas incontestáveis?
E particularmente valiosa a declaração de Sir Bernard Lovell, que "Não existe, é bem verdade, uma única prova imediata e decisiva para
apenas quatro anos antes, no seu Reith Lectures, declara encarar a
provar o erro da astrologia", comenta Paul Courdec, astrônomo francês cuja
astrologia "de maneira bastante divertida."
hostilidade à astrologia leva-o aos extremos de, na mesma frase, falar do
Será possível que os astrólogos, apesar de tudo, vão rir por último? Essa
"erro da astrologia" e da falta de provas para determinar este erro.
pergunta, depois de três séculos de racionalismo, torna-se subitamente
Se a astrologia estivesse morta e enterrada, não haveria necessidade de
válida. Não resta dúvida, porém, de que a atitude da ciência oficial continua
exumá-la. Mas, diante da sua vitalidade, há muito que se faz necessário um
inalterada em relação a essas indagações, como provam as citações abaixo:
estudo de fôlego. Que aconteceu com esse espírito de curiosidade objetiva
"Primeiramente, registra-se ainda uma certa confusão entre a ciência da Astronomia, por de que a Ciência tanto se vangloria? Uma sociedade que está inclinada a
um lado, e essa crendice medieval que é a astrologia... A Astronomia é o estudo do Universo; gastar bilhões para. pôr o homem na Lua evidentemente deveria estar
a astrologia, que se propõe a predizer o futuro e o caráter das pessoas pela observação da disposta a gastar uns poucos milhões para estudar os efeitos da Lua sobre o
posição dos astros, não tem nenhum rigor científico e pode ser tranqüilamente definida pela homem. Principalmente, quando há uma série crescente de evidências de
palavra "irrisão".
que tal influência existe.
Não resisto à tentação de uma pequena dissertação sobre a astrologia, a assim chamada
ciência segundo a qual a posição dos astros influencia a vida e a conduta das pessoas. Nosso duplo objetivo, ao escrevermos este livro, foi recolher e
Suponhamos, por exemplo, que o planeta Marte esteja na constelação de Escorpião... Os relacionar o material disponível e analisar o preconceito contra a astrologia.
astrólogos afirmarão que isto tem uma influência decisiva sobre a criança (nascida sob esta Mas, antes de discutirmos a questão de como a astrologia se coloca hoje em
configuração). No entanto, que é que se quer dizer precisamente quando se afirma que um dia, é importante estabelecer uma distinção.
planeta está "em" uma constelação? Os planetas estão muito próximos a nós em relação às
estrelas... Contrapostos a argumentos de tal natureza, os astrólogos normalmente batem em
retirada, resmungando com seus botões frases ininteligíveis sobre os antigos ensinamentos e
as influências esotéricas. Nada mais precisa ser dito."
Para os crédulos, o absurdo nos jornais é a astrologia. Infelizmente, para
os céticos educados, o absurdo nos jornais também é a astrologia. Portanto,
não é muito difícil entender que a astrologia, que preocupou homens como
Pitágoras, Platão, Plotino, Santo Tomás de Aquino, Kepler e muitos outros
era uma astrologia inteiramente diferente desta. Para esclarecer essa
diferença, vamos ter de entrar a fundo na longa história que esta crendice, ou Primeira Parte
ciência, percorreu.
HISTÓRIA
e
TÉCNICA
1 Sonhos que os caldeus nunca sonharam
As Relações
Isto quer dizer, por exemplo, que Marte em conjunção com Vênus em
touro, em relação aguda com Saturno em Leão, da sétima para a décima
casa, significará, para um astrólogo, coisa bem diferente de Marte em
conjunção com Vênus em Virgem, em relação trinitária com Saturno em
Capricórnio, da primeira para a quinta casa. (Ver fig. 4.)
Tipos Astrológicos
uma criança e uma idéia nascidas na mesma hora compartilham o mesmo No caso, Vênus dificilmente poderia ser mais aflita do que é. A conjunção com Marte, capaz por
horóscopo. si só de misturar o charme de Vênus com a energia de Marte, torna-se negativa e violenta pela relação
Teoricamente, a mesma influência cósmica preside ao nascimento duplamente aguda com Saturno. Essa relação, quando manifestada entre Saturno e Vênus, costuma
trazer à tona os aspectos negativos e egoístas de qualquer temperamento, enquanto que essa mesma
dessas diversas manifestações. Os astrólogos acreditam — com maior ou relação, quando estabelecida entre Saturno e Marte, provoca as maiores demonstrações de violência de
menor certeza — que o "caráter" de um negócio, de uma criança e de uma que o espírito humano é capaz. E claro que nem todas as pessoas nascidas sob esta configuração se
idéia pode ser determinado com base no horóscopo; e — com menor transformam em Hitlers, mas os astrólogos tenderiam a esperar alguma manifestação "hitleriana" por
parte de indivíduos com uma tal relação Vênus-Marte-Saturno.
segurança ainda — que o futuro desse negócio, criança ou idéia pode ser
previsto pelo
Em termos gerais, os astrólogos mais cautelosos de hoje não têm muita
fé em qualquer tipo de predição, embora depositem grande confiança na
capacidade de determinar o "caráter" com base no horóscopo. E como o
grande interesse popular pela astrologia sempre foi, e continua sendo,
referido à capacidade de prever, encontramos uma situação como a atual,
em que a astrologia é largamente subutilizada. Mas, deixando de lado o
problema da utilização e subutilização da astrologia, cabe ressaltar que a
verdadeira astrologia demonstra uma complexidade que nem de longe pode
ser suspeitada pelo leitor da subliteratura astrológica dos jornais.
Não obstante, a complexidade e o absurdo não são de forma alguma
excludentes. E se os princípios que subjazem à divisão do zodíaco em casa
e signo forem falsos; se o princípio que determina a atribuição do sentido
aos planetas e às relações estabelecidas entre eles for puramente arbitrário e
baseado na fantasia, a complexidade passa a não ser mais do que um mero
exercício intelectual.
Vamos, portanto, investigar cada um desses princípios, tendo, porém,
sempre em mente que um tratamento mais adequado ao tema requereria um
espaço muito maior do que o de que podemos dispor neste livro.
A Evolução da Astrologia
Figura 6. Os signos do Zodíaco divididos em relações quaternárias; os Quatro elementos. Mas como esse engano sobre as origens da astrologia persiste entre os
doutos, talvez seja interessante descermos a abordar as origens do engano.
contingências da vida do que a moderna terminologia. A linguagem Esses doutos supõem, sem nenhuma evidência comprobatória, que a
cotidiana continua a refletir a sabedoria das palavras escolhidas pelos astrologia evoluiu pacífica e fortuitamente, exatamente como teria
antigos para designar os elementos. Continua a ter sentido referir-se a ocorrido com a vida orgânica.
determinadas personalidades como "de fogo", "terrenas", "aéreas", Mas por mais importante que possa ser a teoria da evolução quando
"aquáticas". Pode-se imaginar, ao contrário, o que aconteceria se aplicada à vida orgânica, quando transposta para o campo das idéias,
aparecesse um esperanto destinado religiões ou mesmo superstições, torna-se flagrantemente
essas coisas passam a existir — sua perfeição ou imperfeição dependendo
da capacidade do criador e da validade intrínseca da idéia que presidiu a
essa criação. Mas sem essa idéia nada pode acontecer. (Platão tinha uma
grande dose de razão: seu único erro foi o de atribuir mais realidade à idéia
do que à sua manifestação. O termo realidade "superior" talvez tornasse o
conceito mais claro e preciso.)
Na história das instituições humanas nada evoluiu de maneira
darwiniana — incluindo a própria teoria de Darwin. A Origem das
Espécies, na sua forma original, não foi primeiro uma vírgula, depois uma
palavra, a seguir uma frase, um parágrafo, um capítulo, finalmente, uma
teoria. Foi — como todas as demais idéias que o homem já teve — um
estalo, uma espécie de alumbramento. E depois de muito trabalho,
concentração, estudo e o necessário período de gestação, ela nasceu;
inteira; como tudo o mais do universo. Sem dúvida, a verdadeira escrita
progride letra por letra, linha por linha, mas essa é na realidade a parte
menos importante do processo.(*)
Parece, portanto, muito estranho que no campo da Ciência, onde se
insiste tanto que cada teoria só pode ser elaborada a partir da experiência, os
cientistas eximam o universo de seguir as mesmas leis de cuja ação eles
próprios não conseguem escapar. O universo aparece por acaso, por
coincidência, enquanto que o homem — a única e terrível exceção — é
obrigado a pensar antes de fazer.
O próprio desenvolvimento da Ciência poderia ser responsabilizado
pela perpetuação desta idéia. Todo pensamento pré-científico reputa-se
inadequado, e a única maneira de adquirir conhecimentos passa a ser o
acúmulo incessante de fatos e idéias. A partir daí, nasce a convicção de que
Figura 7. O Zodíaco dividido simultaneamente em polaridades, triplicidades e quadraturas. a Ciência tem crescido de maneira ordenada e coerente, muito facilmente
Observe-se que o triângulo que representa a matéria sempre se liga a um dos quatro derrubável pela leitura, de uma só assentada, dos números de Science ou do
elementos. Signos separados por 90 graus são sempre polares.
O triângulo de força (o Espírito) liga-se invariavelmente a elementos de igual natureza. New Scientist correspondentes a seis meses consecutivos. E, muito
convenientemente, esquece-se de que as verdadeiras contribuições ao
inviável; o que é fácil de se provar, não apenas com argumentos filosóficos desenvolvimento científico são o resultado não
ou teóricos, mas com provas científicas, uma vez que essa afirmação é
resultado de uma experiência universal e inalterável.
(*) Muitas escolas esotéricas e tradicionais sustentaram que a vida orgânica "evolveu"
No íntimo do Homem, nada evolui fortuitamente. exatamente desta maneira. Por ex., que o gato é o resultado final da idéia de gato. Temos de
Nenhum corpo de conhecimentos coerente — como a astrologia — admitir que é muito difícil imaginar um gato a meio desse caminho, com uma
simplesmente vai sendo acumulado, tomando forma à medida que evolui. semicorporalidade, mas isso pode ser apenas um defeito nosso. De qualquer maneira, essa
Trabalhos artísticos, religiões, hipóteses científicas, até horários de trem teoria tem o mérito de corresponder à própria experiência humana, e se pode ser perigoso
— tudo isso tem de ser pensado. E só então antropomorfizar o universo, talvez seja ainda mais perigoso não o fazer.
de acumulação, mas de inspiração, ou, para dizê-lo de maneira científica, de desconsiderar toda e qualquer evidência que seja circunstancial e não
formulações de hipóteses.(*) pareça "difícil". A credulidade do ceticismo não leva nenhuma vantagem
Mas, voltando à astrologia... E correto dizer que ela não podia fazer sobre a credulidade da aceitação cega: o cego a quem se descreve de mil
nem fez uma trajetória evolucionista, o que nos leva a achar correto desafiar maneiras diferentes uma árvore e que por isso acaba concebendo que a
a cronologia aceita para a sua origem, também. Porque essa cronologia não árvore é um mero objeto imaginário está tão errado quanto o cego que
só depende de hipóteses contestáveis, como ainda se baseia na teoria da aceita como árvore a primeira descrição que lhe fazem, mesmo que
evolução, como vimos mais atrás. Os doutos e sapientes continuam realmente ela se refira a um cavalo; corresponde a isto a ilustração que o
afirmando que a astrologia nasceu na Babilônia, não antes do sétimo século Corão faz do aprendizado da Ponte de Sirah, que, imaginando encontrar a
A.C., transplantando-se depois para a Grécia orientalizada do terceiro a luz, leva de um lado o anjo da Credulidade e, do outro, o da Lógica.
segundo séculos A.C. Nos círculos acadêmicos, o ceticismo cego está na moda, como aliás
E interessante notar que os repositários mais antigos e tradicionais, vem ocorrendo há alguns séculos. A hipótese transformou-se em dogma; o
legendários mesmo, dispõem de maneira inteiramente diversa, sendo, em pensamento contraditório foi rejeitado a priori como romantismo e
vista da inadequação da teoria atualmente aceita, importante determos nossa heresia; e o processo há muito se vem autoperpetuando, as modernas
atenção mais demoradamente nessas fontes da tradição. autoridades, escoladas na ortodoxia, referindo-se apenas às antigas
autoridades, que pensavam exatamente como elas. Há, no entanto, boas
razões para se supor que a tradição é bastante mais acurada do que os
A Astrologia no Egito doutos pensam, e que — deixando os Atlantes de parte — é bem possível
As tradições, mas não os historiadores, afirmam que a astrologia foi que a astrologia tenha sido conhecida pelos egípcios milhares de anos antes
uma "inspiração divina" dos "sábios da Atlântida". Esse conhecimento, de chegar à Grécia.
afirma-se, é a forma original do que foi passado ao Egito, à China e às É fato incontestado que os egípcios — como de resto todos os povos
civilizações frustradas da América do Sul. Foi sempre transmitida da antiguidade — se interessavam pelos mistérios do céu. Mapas astrais,
oralmente de mestre a discípulo, e, embora se fizessem grandes esforços evidentemente cópias de outros mais antigos, indicavam com precisão a
para manter esse segredo, ele foi gradualmente absorvido pelo mercado, localização das estrelas fixas, sendo que a perfeição desses mapas permitiu
perdendo, não ganhando, força e coerência, uma vez que as guerras e aos estudiosos datá-los de 4240 A.C., aproximadamente. Imhotep,
desastres de ordem natural tenderam a perpetuar a situação miserável da arquiteto responsável pela construção da primeira grande pirâmide — o
humanidade. túmulo do faraó Zoser, da terceira dinastia — foi também reconhecido
Mas, chamados a apresentar qualquer evidência, os defensores dessa como o fundador da Medicina e como grande astrônomo. Um de seus
teoria não têm o que dizer, a não ser citar cegamente .as tradições, não lhes títulos era o de Chefe dos Observadores. Observadores de quê?... No
atribuindo nenhum valor que não decorra, nesse caso, diretamente do fato entanto, muitos dos doutos afirmam que o interesse dos egípcios pelo
de serem tradições. espaço era puramente astronômico, não havendo entre eles astrologia de
Embora seja legítimo exigir provas em relação a lendas e a essa espécie alguma.(6)
astrologia lendária, não se deve cair no erro que seria Se isto fosse verdade, a dos egípcios teria sido a única das antigas
civilizações capaz de fazer essa distinção; coisa bastante peculiar se se
(*) "As certezas da Ciência são uma ilusão. Elas contêm necessariamente limitações tiver em mira a predileção dos egípcios por qualquer outro tipo de magia e
inexploradas. Nosso trato das doutrinas científicas é controlado pelas difusas concepções
metafísicas da nossa época. Mesmo sem isto, somos continua-mente induzidos em erro. E misticismo. É certo, no entanto, que eram astrônomos dos melhores da
sempre que aparece um novo método de pesquisa experimental, todas as certezas antiguidade. O calendário egípcio era tão perfeito que só recentemente foi
desmoronam do alto de suas incongruências," A.N. Whitehead, Adventures of Ideas possível desenvolvê-lo.
(Cambridge University Press, 1933).
E as pirâmides estão construídas de tal maneira que apontam os pontos raramente foi produto de primitivos, e nunca o foi materialista. Mas até
cardeais com uma diferença de segundos apenas.(*) bem pouco tempo atrás o mistério da civilização egípcia permanecia
A mitologia egípcia chegou até nós completamente incompreensível. insolúvel; as autoridades insistindo na história manifestamente impossível
Ao astrólogo, porém, parece certo conter uma infinidade de símbolos dos Caldeus Sonhadores, enquanto que os ocultistas, na falta de evidências,
astrológicos. E é difícil imaginar esses sinais sem uma astrologia que os atribuíam aos egípcios, seja lá qual for a teoria, que tenha nascido de seus
acompanhe. A Esfinge (Tebas), antigo símbolo esotérico significando toda a devaneios pessoais.
ciência passada, é, astrologicamente, o símbolo fixo de Touro, Leão, Águia Nas últimas duas décadas, porém, numa série de livros pouco
(a águia antigamente era usada em lugar de Escorpião) e do Homem. Ao conhecidos fora da França, e apenas entre os círculos especializados, um
mesmo tempo, a Esfinge simboliza os quatro elementos: Touro-terra; Leão- orientalista, R.A. Schwaller de Lubicz, produziu uma obra, que,
fogo; Águia-água; Homem-ar. Será que os egípcios, ignorantes de detalhisticamente documentada, estabelece o quadro de uma civilização da
astrologia, simplesmente combinaram essas figuras porque isso os distraía? qual as maravilhas arquitetônicas do Egito podem ter provindo (9). E nessa
Embora suportando perseguições cientificas vigorosas até civilização, como a lenda sempre insistiu, parece que a astrologia
recentemente e, por defenderem a astrologia, é bem verdade que os desempenhou um papel importante.
astrólogos poderiam ter feito mais, em seu próprio interesse, do que Infelizmente, abstrair a astrologia do resto do Egito seria falsear tanto a
simplesmente manter a velha lenda de que a astrologia existiu no Egito, astrologia quanto esta civilização; enquanto que discutir a obra de Lubicz
sendo oralmente passada de mestre a discípulo. No entanto, embora um suficientemente bem para lhe fazer justiça está além do escopo deste livro e
argumento desse tipo traia suas origens doutorais, é bem verdade que os da capacidade dos seus autores.
doutos têm de reconhecer que a tradição oral existiu num certo momento da Mas o futuro da astrologia depende em grande medida da atitude que os
Antiguidade pelo menos: Hipócrates (quinto século A.C.) declarou: "Mas as estudiosos e os doutos tomarem em relação a seu passado. Por isso, é
coisas santas são mostradas aos homens santos. Os profanos não poderão necessário pelo menos tocar de passagem no Egito trazido à luz por
conhecê-las até serem iniciados nos ritos da Ciência (7) e outras declarações Schwaller de Lubicz, uma vez que difere em cada detalhe daquele da
desse tipo não são dificilmente encontráveis." história dos primitivos materialistas, que o mais elementar bom senso nos
Mas reconhecer a existência de uma tradição oral não é ensina não ter podido existir nas margens do Nilo.
o mesmo que reconhecer a sua validade. Os amadores que tentaram penetrar
no significado implícito da arquitetura egípcia permaneceram sempre A Interpretação Simbólica do Egito
insatisfatórios, pouco convincentes e vulneráveis; enquanto que das O quadro que Schwaller de Lubicz pinta do Egito é o resultado de mais
autoridades não se pode esperar nada além de variações em torno do de 12 anos de pesquisas locais, estudando o templo de Luxor (ver fotografias
dogma: "Por mais primitiva 1-6), construído por Amenhotep III (1500 A.C.) com uma equipe que incluía
e materialista que possa ter sido a concepção dos egípcios a sua mulher, Ischa, um especialista em hieróglifos, Alexandre Varille, um
respeito da vida de além-túmulo, é inegável que essa concepção - arqueólogo filiado à Comissão Francesa de Arqueologia, e Clement
foi responsável por algumas das obras-primas da antiguidade. "(8) Robichon, diretor do Instituto de Arqueologia do Cairo.
Segundo de Lubicz, os sábios do Egito consideravam o universo um
Sem entrar na discussão sobre o que seja uma obra-prima, todo, em que cada parte se relacionava com as demais. Para eles, o universo
convém declarar o seguinte: que, na história das artes, a obra-prima era, na sua inteireza, consciente. Essa consciência se manifestava na
hierarquia de graus que os homens conhecem como diversidade. O que os
(*) L. Borchardt, uma das maiores autoridades em Egiptologia, afirmava que o alinhamento homens encaram
das pirâmides na direção dos pontos cardeais era tão perfeito que não poderia ser superado
na época em que ele próprio escrevia (1922). Daí, tirou a conclusão de que a ciência dos
egípcios estava ainda na infância... E de se notar que Neugebauer (Exact Sciences in
Antiquity, Brown University Press, 1957) recomenda particularmente Borchardt como
modelo de pensamento arqueológico sólido.
como "matéria" é um reflexo dessa consciência, e o que chamamos de Quer dizer: os dados aparentemente mortos da Astronomia podem ser
"espírito" é a consciência no seu mais alto grau.(10) usados por aqueles que sabem que eles podem produzir um efeito
A chave para se entender as leis que regem esse universo está no estudo emocional calculado e desejado. Isso é a astrologia. Mas é uma astrologia
dos números. Eles encaravam o universo como número, na medida em que o radicalmente diferente da que conhecemos hoje em dia.(11)
número expressa a função (as leis da polaridade, triplicidade e quadratura, Infelizmente, não estamos capacitados a falar muito dessa astrologia,
apontadas na pág. 17 e seguintes). A ciência e a matemática egípcias, além de que de Lubicz aduz provas definitivas de que ela existiu e foi
condenadas como incorretas pelos doutos de hoje, só o será se chamada a utilizada pelos egípcios. Preocupado em conseguir dar num único livro
cumprir as tarefas da matemática moderna, para as quais não foi imaginada. uma imagem bem definida da civilização egípcia como um todo, de
Nas mãos dos egípcios — como Schwaller de Lubicz demonstrou — a Lubicz não desce a detalhes. Mostra. no entanto, como os egípcios
Matemática era uma maravilha de fluência e precisão. Os egípcios empregavam tanto o Segmento Áureo(12) quanto os dados astronômicos
acreditavam que as leis do universo estavam inscritas no homem; que se ele para determinar as proporções e formas de sua arte e arquitetura, e em
se conhecesse suficientemente poderia compreender o universo. princípio pode tentar-se extrair as regras gerais de sua astrologia, a partir
Os templos do Egito, e toda a sua arte sagrada, destinavam-se a dessas chaves.
corporificar e transmitir todo esse conhecimento em termos humanos; foram
projetados, até os seus mínimos detalhes, para representarem um A Tradição Oral
conhecimento ao mesmo tempo profundamente espiritualista e rigorosamente
científico. Eram exercícios didáticos, mas numa escala tão colossal que Mas se uma astrologia tão elevada realmente existiu, por que não
dificilmente podemos imaginar o que representavam; talvez devam ser temos dela nenhuma notícia escrita? E admissível que os egípcios fossem
entendidos como um exercício de trabalho coletivo no qual as orientações do capazes de transmitir um conhecimento tão intrincado oralmente?
mestre são cumpridas pelos discípulos, até que, no decorrer do trabalho, os Schwaller de Lubicz resolve este problema, por mais fora do alcance
discípulos vão entendendo os desígnios do mestre, e tornando-se mestres eles que pudesse estar, dentro dos limites de sua pesquisa. Indica que, de tudo
próprios. que chegou até nós, não se encontra uma única indicação escrita sobre os
De Lubicz prova, sem margem para dúvidas, que o plano estranhamente cânones da arquitetura egípcia.(13)
assimétrico do Templo de Luxor não pode ter sido um simples capricho, o Conclui, daí, que esse refinado e complexo conjunto de
resultado da atuação de vários arquitetos, com planos diferentes, produzindo conhecimentos foi transmitido oralmente, e, até que os arqueólogos
uma estrutura desprovida de ritmo, embora possuindo inegável valor apresentem provas contra esta conclusão, não podemos negar sua
artístico. Ao invés, o Templo de Luxor foi criado para representar as leis validade.(*)
contraditórias que presidem ao nascimento e desenvolvimento do homem
(ver fotografias 2-5). E todos os demais templos egípcios foram construídos (*) "O defeito da tradição oral é que ela pode mudar imperceptivelmente de geração a
com intenção semelhante, para representarem as funções cósmicas e leis geração, e não pode ser facilmente transmitida de uma cultura a outra. " John Ziman,
naturais apropriadas a cada tempo e lugar. Public Knowledge: The Social Dimension of Science (C. U. P.), pág. 101. O defeito
Nesse sistema, a astrologia desempenhou um papel unificador. As leis dessa argumentação é que seu autor não entende o que a tradição é, ou o que deve ser, ou
como funciona.
que governam o sistema solar e a revolução planetária não eram, para os A arquitetura egípcia manteve-se fiel a seus princípios durante 4 mil anos, mudando
egípcios, fórmulas mortas, mas correlações vivas como as que regem os apenas quando considerações astrológicas ou de outro tipo a induziam a isso. Uma
homens. Utilizando em sua arquitetura as proporções e razões que se tradição é um corpo de valores, que é menos aberto a interpretações dúbias se for
estabelecem entre os planetas, sabiam poder produzir o desejado efeito oralmente transmitido do que se essa transmissão se fizer por escrito. Por ex.: a Inquisição
instrutivo sobre os que estivessem preparados para recebê-lo. se baseou numa interpretação falsa dos Evangelhos escritos.
Uma tradição viva deve mudar. Se não é capaz de mudar adaptando-se ao tempo, é
sinal de que está decadente. (A Igreja X Galileu.)
Se os sábios do Egito consideraram importante manter em segredo suas deste monumento (a Grande Pirâmide). Essas teorias contradizem
técnicas arquitetônicas, então devem ter tomado um especial cuidado em redondamente tudo o que foi conseguido pela arqueologia e pelas pesquisas
conservarem a astrologia para si próprios. Em mãos erradas, uma astrologia dos egiptólogos..."(14)
altamente desenvolvida poderia ser uma arma destrutiva, singularmente A autoridade citada e reconhecida por ambos os autores é o artigo de
maléfica. N.F. Wheeler na revista arqueológica Antiquity (Vol. IX, 1935), em que os
Portanto, se bem que a prova final e conclusiva da existência de uma Piramidologistas são aniquilados de uma vez por todas.
astrologia desse tipo na Idade Antiga não tenha ainda sido produzida, há
Depois de ler esse artigo, o leitor poderá decidir por si próprio se deve aceitar as fantásticas teorias
boas razões para se acreditar na sua existência. hoje correntes, ou se deve manter-se dentro do mais elementar senso comum da evidência
Primeiro, porque os indícios fornecidos por Schwaller de Lubicz e arqueológica...(pág. 5)
É possível chegar muito perto na compreensão da vida das pessoas da Idade das Pirâmides...(pág.
tantos outros são muito numerosos e demasiado fortes para poderem ser 9)
ignorados ou explicados de outra forma. E segundo — lendas e tradições à Pensadores claros, lógicos...eles (os egípcios) não tinham medo de enfrentar os materiais mais
parte — porque a interpretação acadêmica e aceita da civilização egípcia é trabalhosos em suas construções, e chegavam mesmo a preferi-los aos mais fáceis...(pág. 10)
Pode-se imaginar o arquiteto dessa pirâmide chegando até Khufu (Cheops) e vendo seu projeto
tão vulnerável a críticas multilaterais que deve existir alguma outra imediata e entusiasticamente aprovado...(pág. 176)
explicação. Pode imaginar-se os representantes dos trabalhadores...(pág. 177) Pode imaginar-se os
Embora já tenhamos chegado, pessoalmente, a essa explicação, sentimentos...de Khufu...(pág. 181)
...podemos afirmar que os objetos que hoje se imaginam terem sido usados como símbolos
achamos que é importante ilustrá-la em traços largos, para traçar um quadro esotéricos não têm nenhum valor além do seu óbvio significado operacional. Não há nenhuma prova em
justo do tipo de raciocínio hoje em dia imperante. Vamos examinar as contrário...(pág. 302)
considerações de um técnico altamente considerado, sobre esses
monumentos egípcios que, mais do que quaisquer outros, excitaram a O apelo de Wheeler' ao bom senso pode ser sedutor, mas não leva de
imaginação do público e que a tradição sempre ligou, pelo menos forma alguma à certeza. Que é o bom senso, afinal...? Se pedirem a alguém
indiretamente, à astrologia: as Pirâmides de Gizeh. que costure um sapato, mesmo sem nenhuma experiência prévia, esse
Fora seu objetivo básico de servir de túmulo, as pirâmides foram alguém há de usar uma sovela, não uma colher de chá. Isto é bom senso.
variamente consideradas, na literatura não raro aberrante que existe sobre Mas nenhum acúmulo de bom senso ensinará esse mesmo homem a não
elas, como centros de iniciação esotérica; símbolos gigantescos cujas tocar num fogão, se ele não souber, por uma experiência anterior, que o
próprias medidas continham a chave do futuro da humanidade; repositórios fogão pode estar quente. Esse tipo de bom senso é precisamente o que não
de conhecimentos astronômicos e astrológicos; e muitas outras coisas. Os deveria ser empregado na pesquisa arqueológica. A pedra de Roseta nunca
doutos modernos ficam com a teoria dos túmulos: as pirâmides foram poderia ter sido decifrada à base de bom senso.
construídas exclusivamente como túmulos, e isso é tudo que se tem a dizer Então, depois de ter apelado para o bom senso, o Professor Wheeler
sobre o assunto. pede ao leitor para suspendê-lo, passando a usar a imaginação —
Dois estudiosos contemporâneos, em dois diferentes livros, verdadeira antítese do bom senso; pode alguém realmente imaginar como
ridicularizam todas as teorias não tumulares em termos bastante equívocos. Khufu se sentia?
Um deles declara: "Imagina-se que importantes constantes matemáticas — As pessoas não conseguem nem entender perfeitamente seus filhos ou
por exemplo, um valor extremamente exato de π — poderiam ser expressas seus pais. Os vitorianos viviam numa atmosfera sufocante de positivismo e
nas dimensões e na orientação falsa moralidade. Os elisabetanos parecem-nos mais pessoas estranhas do
que seres reais. Os egípcios, se se acreditar nos egiptólogos, passavam a
Apenas os fatos reais podem ser reduzidos a escrita e transmitidos de uma cultura a outra sem
alterações. Mas esses fatos, bem como sua compilação, não constituem tradição. E quando os modernos
vida inteira pensando na morte, preparando-se para a morte, e no entanto
tísicos começam a questionar fatos como a velocidade da luz, começa a nos parecer que mesmo não eram nem capazes de ter uma idéia clara da vida de além-túmulo
realidades dessa natureza passam a ser consideravelmente animadas... (Edwards, op. cit., pág. 39). Esse comportamento é praticamente
"Físicos Espantados Enfrentando o Colapso das Leis da Natureza" — anuncia a página um do
Observer de 13 de abril de 1969.
sem paralelo na vida e na experiência contemporâneas. Por isso, a duodecimal do Zodíaco é facilmente encontrável pela superposição do
afirmação de que é possível ter-se uma aproximação muito grande do quadrado. (Ver fig. 8.)
modo de vida dessas pessoas deve ser considerada uma das maiores Ao reconhecer a necessidade de explicar as pirâmides a uma igual
ingenuidades de todos os tempos; justificando de nossa parte o mais distância da "Piramidologia e das conclusões baseadas na espécie de senso
extremo ceticismo em relação a qualquer outra afirmação do autor, bem comum" que o Professor Wheeler nos aponta(*), Schwaller de Lubicz
como ao trabalho de quem quer que o recomende. corrobora a teoria que o genuíno senso normalmente escolheria. "A parte as
Continuando: "pensadores claros, lógicos... não tinham medo de significações simbólicas", afirma ele, "foram as pirâmides construídas como
enfrentar os materiais mais trabalhosos em suas construções." Isso é um observatórios astronômicos: os corredores compridos, extremamente bem
exemplo de falta de seqüência. A clareza lógica não é um pressuposto para alinhados, que levam da face externa até o interior, teriam sido visores
se trabalhar deliberadamente com material mais difícil, em vez de utilizar o através dos quais os egípcios podiam fazer observações dotadas de alto grau
mais fácil. Até pelo contrário. O bom senso que vigora hoje em dia ensina- de precisão."
nos a fazer a vida cada vez mais fácil de ser vivida. Mas aí se encerra mais Por exemplo, os egípcios usavam três calendários diferentes: um
do que uma simples ambigüidade verbal. A decisão de tornar a arte mais baseado nas fases da Lua, de 360 dias, outro baseado no Sol, de 365 dias —
difícil, usando um material trabalhoso, não foi tomada acidentalmente ou os cinco dias de excesso em relação ao outro eram feriados —um terceiro, de
num estado de semiconsciência. Os egípcios sabiam que só tomando essa 365,25 dias, extremamente preciso, baseado na trajetória de Sírio. Ao
decisão contrária à "boa" lógica se colocariam em condições de, no contrariar muitas autoridades,(15) de Lubicz demonstra que a astronomia
trabalho, experimentar essa iluminação interior chamada Maestria. egípcia foi desde o início altamente estruturada, e que uma ciência desse tipo
Esse princípio implica reconhecer que os egípcios sabiam exatamente não poderia ter-se desenvolvido sem um plano diretor, sem um sistema
o que estavam fazendo, e por quê. organizado — não casual — de observação. Ele sugere que as pirâmides,
E, finalmente, que dizer da inexistência de provas contra o alegado especialmente a grande Pirâmide de Gizeh, eram os instrumentos que
sentido simbólico dos monumentos? Se, daqui a 5 mil anos, um arqueólogo permitiam aos egípcios esse alto grau de perfeição. Os resultados então
desenterrar uma das nossas igrejas, poderá concluir, pelos túmulos, alcançados não seriam possíveis pelo simples exercício do olho nu. E, num
crucifixos e esculturas, tratar-se também de uma estrutura planejada como certo sentido, de Lubicz justifica o espírito, quando não o método e os
túmulo. Não haveria nenhuma prova em contrário. resultados, dos piramidologistas: as dimensões das pirâmides são realmente
Mesmo sem acreditar que o número de pedras da câmara real da significativas. A Pirâmide de Cheops foi construída para demonstrar a Regra
Grande Pirâmide pode indicar-nos quem será o próximo presidente dos de Ouro de uma certa maneira, a Pirâmide de Chefren para exprimi-la de
EUA, nenhum leitor não especializado é obrigado a aceitar as ponderações outra forma; enquanto que a Pirâmide de Snefru é uma síntese.
opostas, e igualmente ilógicas, que Wheeler apresenta em relação às E de Lubicz mostra que as teorias correntes sobre a astronomia egípcia
Pirâmides ou qualquer outro aspecto da cultura egípcia antiga. alicerça-se em meras hipóteses, não correspondendo a fatos; o que soa como
A par disto, os egiptólogos ignoram o significado esotérico das boa-nova aos ouvidos suficientemente lógicos para perceberem a fragilidade
Pirâmides como sólido geométrico, não como estrutura arquitetônica dos argumentos convencionais, mas insuficientemente especializados para se
específica. contraporem a eles. Afinal, não é preciso ser nenhum gênio para perceber
A base quadrangular representa a Terra — ou o princípio quaternário que, se os arquitetos egípcios quisessem apenas construir belos
da matéria; os lados triangulares representam o princípio trinitário da
criação, ou da relação, ou da força. E é claro que o Zodíaco e a Pirâmide (*) O Dr. Kurt Mendelssohn, arqueologista, discutindo as pirâmides no Science Journal, em
corporificam os mesmos princípios; mais ainda isto se torna óbvio quando março de 1968, afirma: "Foram construídas porque o ,homem tinha chegado ao ponto em que
se observa que a divisão se encontrava capaz de construí-las." E significativo que o artigo do Dr. Mendelssohn se
intitule Science at the Pyramids!
túmulos, teriam encontrado meio de decorá-los de maneira mais corrente e
impressionante do que colocando corredores estranhos e sem sentido
aparente levando ao seu interior.
(*) Segundo de Lubicz, é um erro referir-se aos Neters egípcios como deuses e deusas; antes,
representam princípios cósmicos, e nas artes, suas vestes, posição e gestos fornecem a chave do
conhecimento que o trabalho individual lhes agregou.
Astrologia e Medicina no Egito
cada coisa. Da mesma forma, existem instruções rigorosíssimas quanto à
Tudo que sabemos sobre a Medicina no Egito decorre de apenas nove época de colher as ervas e preparar os remédios.
papiros, a maioria deles fragmentária, parecendo cópias de papiros mais Ao supor-se que essas determinações não sejam um mero capricho, sua
antigos. Os estudiosos não concordam sobre a data dos papiros e sobre a existência deve levar-nos a crer que foram astrologicamente determinadas;
data das informações neles contidas. Mas, recentemente, descobriu-se que, parece que os egípcios pensavam — ou sabiam — que diferentes ervas
quando se fazia uma cópia, seguia-se sempre a língua original. Daí, corporificam diferentes princípios, correspondendo aos princípios
consideram-se mais antigos os dados contidos em línguas mais antigas: e simbolizados pelos planetas e signos do Zodíaco, acontecendo o mesmo
isto revelou o inquietante paradoxo de que os papiros mais antigos com as diversas doenças, e com o próprio corpo humano.
mostravam-se bastante despojados de magia, ao passo que os mais novos se Os curiosos diagramas do homem cósmico, tão freqüentes na Idade
despiam quase que inteiramente do seu substrato médico, guardando, Média, pelos quais se chega a crer que cada órgão e parte do corpo estão
apenas, a superstição. sob a influência de diversos planetas e signos, descendem, de acordo com
A medicina científica produziu sua obra-prima, o papiro de Smith, no de Lubicz, do Antigo Egito (ver fotografia 6). O simbolismo do Templo de
tempo das pirâmides, no alvorecer da civilização egípcia. Luxor é extremamente próximo aos desenhos medievais.
O Dr. Paul Ghalioungui, Professor de Medicina da Universidade do Esse tipo de raciocínio médico analógico pode ser impugnado hoje em
Cairo, está em apuros para provar que a medicina egípcia se desenvolveu à dia pelos rigidamente ortodoxos, mas a verdade é que os princípios
margem da superstição. Mas não se inclina a especular sobre suas origens. aplicados na homeopatia são os mesmos, em outra versão, que prevalecem
Nem demonstra nenhum interesse em explorar o lado astrológico-mágico- na acupuntura, tão em moda nos dias que correm. Há provas
encantatório dessa medicina. contemporâneas no sentido de reconhecer que o potencial elétrico contido
Mas nas pegadas do caminho aberto por de Lubicz, alguns fatos tanto nos planetas quanto no homem variam de acordo com as fases da
tornam-se astrologicamente curiosos. Ghalioungui, porém, parece tomar a Lua, a hora do dia e a estação do ano; e outras propriedades do mundo,
sério a lenda dos segredos. natural e humana, também são alteradas. Há alguma lógica, portanto, em
Deve lamentar-se, no entanto, que esses papiros não contenham toda a sabedoria médica do tempo, que as propriedades da saúde também variem de acordo com isso.
já que é provável que até certa época o ensino tenha sido estritamente oral... A imposição de limites às E, à medida que o tempo passa, algumas das noções mais absurdas e
práticas esotéricas é atestada por Stabo, que afirma que os sacerdotes egípcios foram buscar a maior parte revoltantes dos antigos provam estarem baseadas em conhecimentos
de sua sabedoria em Platão e Eudóxio, mesmo depois de estes terem passado cerca de 30 anos no Egito.
Isso é confirmado pelos historiadores... Está também amplamente demonstrado por anotações nos científicos absolutamente corretos. A tão vilipendiada dreckapotheke
papiros. O livro do coração e dos vasos começa assim: "O princípio do segredo da Física: conhecimento (palavra alemã que poderia ser traduzida como farmacologia de merda),
dos movimentos do coração e conhecimento do coração; e, de fato, esse livro contém noções sobre a
circulação do sangue que escapavam. aos gregos."(*) (16)
que recomenda a aplicação de terra, fezes e urina para a cura de
determinados distúrbios, veio mais tarde a ser substituída pelo emprego de
Nessa medicina fragmentária mas impressionante que chegou até nós, a penicilina natural e antibióticos.
hora de ministrar os remédios é de extrema importância, e nesse sentido Parece, assim, que muitas das coisas que nos repugnam eram bastante
existem instruções bastante precisas. Um tratamento da vista indica seis corretas, ficando sempre uma grande lacuna nessa matéria, uma vez que os
ópticas diferentes para fazer egiptólogos não conseguem descobrir a que se referem as receitas e
recomendações. E um fato inegável que os gregos, bem como os árabes,
deveram muito da sua medicina aos egípcios; e que, dos gregos e árabes, a
Medicina — ou o que restou dela — alcançou a Europa Medieval e a
(*) "A ciência antiga foi produto de pouquíssimos homens; e esses poucos não eram
egípcios." Neugebauer, op. cit., pág. 91.
Cristandade em geral.
Faz alguma diferença que o remédio seja dado ao doente em uma hora e 2 A Puta da Babilônia....
não em outra? Será eficaz uma erva colhida e preparada a tal hora, perdendo,
no entanto, essa eficácia se colhida e preparada em hora diferente? E essas
horas têm alguma relação com a posição das estrelas? Quando Júpiter estiver em frente de Marte chegará o trigo, e homens vão ser sacrificados ou um
Descobertas atuais numa série de domínios tornam essas perguntas grande exército vai ser sacrificado.
razoáveis. Venha ou não esse aspecto da medicina egípcia a ser Quando Marte se aproximar de Júpiter haverá grande devastação no país. Quando Marte se
aproximar de Júpiter, o rei de Akkad há de morrer, e as colheitas do país prosperarão.
fundamentado total ou parcialmente pela ciência moderna, essa hipótese não Quando a Lua aparecer em sua carruagem, o domínio do rei de Akkad prosperará.
pode deixar de ser apreciada. Quando a Lua estiver no seu ponto mais baixo, um povo estrangeiro será submetido ao rei.
Mas isso é assunto para egiptólogos-médicos-astrólogos, assim como Quando Mercúrio culminar em Tammuz, virão as colheitas. Quando Leão estiver escuro, o
coração da Terra não será generoso. Vida eterna ao rei!... de Asandu.
desencavar a astrologia egípcia das pedras dos templos é assunto para Quando Júpiter se unir a Vênus, os oráculos do país chegarão aos deuses. Merodach e
egiptólogos-arquitetos-astrólogos. Especialistas dessa qualidade são em Sarapanitum ouvirão as orações do povo e terão pena dele.
Deixem que me mandem um jumento para que possa descansar meus pés... De Nirgatitir.(18)
número muito reduzido hoje em dia, e, pela receptividade que tiveram as
obras de Schwaller de Lubicz (ver apêndice I), não parece que esta situação Assurbanipal (668/626 A.C.), Rei da Assíria, recebia esses textos como
esteja mudando. relatórios diários de seus magos e astrólogos. Estritamente confidenciais, e
Embora a estrutura da astrologia seja tal que ela nunca poderia ter-se endereçados exclusivamente ao Rei, esses relatórios, escritos em
desenvolvido a partir de acuradas observações astronômicas e da linguagem cuneiforme, encontravam-se entre as milhares de tábuas da
interpretação idiota dessas observações; e embora um número suficiente de biblioteca de Nínive. A astrologia egípcia tem de ser desentranhada das
evidências indique que a astrologia de hoje é o que a lenda sempre afirmou suas ruínas, mas os magos e astrólogos assírios legaram-nos textos bastante
— que era parte de uma antiga doutrina que fundia arte, religião, filosofia e familiares aos nossos ouvidos modernos. Anotado como "inconfidencial", e
ciência num todo internamente coerente —, a atitude acadêmica em relação escrito em termos menos obscuros, poderia sair de qualquer jornal
a ela permanece curiosamente imutável. contemporâneo; nenhuma interpretação esotérica, tanto quanto sabemos,
"Comparada com o fundo de religião, misticismo e magia, as doutrinas pôde ser feita desses relatórios.
fundamentais da astrologia são a mais pura ciência", declara Otto Por outro lado, os magos e astrólogos de Nínive e da Babilônia podem
Neugebauer. (17) ...E comparado com a comida, o cozinheiro e as panelas, o não ser tão culpados de superstição e/ou charlatanice quanto parece. Não
fogão também é pura ciência. O Professor Neugebauer se apresenta sabemos como chegavam às conclusões. Existiam dados astronômicos
"extremamente cético sobre as possibilidades de se estabelecer uma síntese muito acurados, aos quais tinham acesso. E apesar de em suas tábuas
— o que quer que essa palavra queira dizer." Mas ele está, ao mesmo tempo, declararem que porque Júpiter se encontrava diante de Marte ia haver
convencido de que "a especialização é a base necessária do conhecimento guerra podiam não ser mais culpados de superstição do que um médico
verdadeiro"....o que quer que isso queira dizer. Pode ser que queira dizer que, que, depois de longas e laboriosas experiências e observações, declara ao
estudando minuciosamente o fogão, a "Ciência" acabará entendendo o paciente que deve ir para a cama por ter pressão alta e tosse forte. O
cozinheiro. método pelo qual o especialista chega ao seu diagnóstico não é da conta do
não-especialista.
O rigor do diagnóstico é outra coisa. Nunca ouvimos ninguém dizer
que os astrólogos de Nínive e da Babilônia poderiam estar certos, ou pelo
menos certos em boa parte das vezes.
E ninguém provou o contrário. Talvez Assurbanipal não fosse tão tolo juntamente com as entranhas dos animais sacrificados, como meio de
quanto parece, e estivesse realmente recebendo bons conselhos. Ou talvez os profecia.
relatórios fossem ritos formais não tomados a sério por ninguém. Ou talvez Os mesopotâmicos eram observadores ávidos e inveterados das estrelas,
haja neles um significado esotérico que nem nós nem ninguém pôde e sua astronomia atingiu um alto grau de precisão desde muito cedo. O
entender. E lamentável que mesmo uma situação como esta, onde se envolve movimento dos planetas estava sendo registrado em escrita cuneiforme pelo
astrologia, que parece ser da mais baixa qualidade, não tenha sido sequer menos por volta de 1700 A.C. Em toda essa astronomia não se menciona a
considerada. astrologia nenhuma vez; e no entanto, quando a astrologia aparece na corte
O profeta Daniel, que viveu um século mais tarde, foi reconhecido de Assurbanipal, fá-lo sem referir-se à precisão astronômica, e de uma forma
como o melhor dos astrólogos, e foi nomeado mestre por eles, como se lê no que se poderia considerar mais decadente do que incipiente. Nenhum
próprio livro de Daniel; no entanto, se o cronista diz a verdade, a sabedoria acúmulo de profecias do tipo da escuridão de Leão e de Mercúrio em
não era traço dos mais salientes da corte de Nebuchadnezzar. Tammuz poderia crescer e se auto-organizar no sistema elegante do Zodíaco,
E, porém, impossível julgar o conhecimento de verdadeiros sábios a com suas polaridades, triplicidades e quadraturas.
partir do seu comportamento na corte. E há pelo menos um indício bíblico de Schwaller de Lubicz procurou a verdadeira tradição por trás da história
que poderia estar-se desenvolvendo uma astrologia mais acurada nos egípcia que conhecemos, e é provável que a tradição subjacente à história
bastidores. dos povos mesopotâmicos não seja de todo diferente daquela — pois por
Em 597, o profeta Ezequiel, juntamente com o Rei Johakin de Judá, foi mais diferentes que sejam, as tradições esotéricas, mesmo por definição,
exilado na Babilônia. Profetizando os sofrimentos de Israel, Ezequiel (4:6) devem assemelhar-se no essencial.
dá testemunho ao Senhor, quando este lhe aparece em visão: "Eu te anunciei E certo que a história das duas culturas difere. No Egito, a tradição
cada dia do ano." nunca pôde estar muito abaixo da pele da vida, uma vez que as
Para um astrólogo isto soa como um sistema ainda em uso, dentro do manifestações externas da política egípcia não parecem tão afastadas das do
qual um dia, numa escala, é ligado a um ano em outra. Quer dizer, a posição Vaticano, com suas portas fechadas, suas rivalidades internas e seus variados
dos planetas no trigésimo dia depois do nascimento de uma criança há de se graus de tirania e corrupção. A Mesopotâmia, por outro lado, lembra mais
repetir em algum dia do trigésimo ano. (Por mais ilógico que possa parecer, Nova Iorque; estuante, polifacetada, uma cidade em que tudo acontece.
os astrólogos insistem em que isso realmente ocorre.) Mas a história da Mesopotâmia — menos que a do Egito — é mais
Agora, a famosa visão de Ezequiel, a roda com a Esfinge, indica que ele notável pelo que não sabemos do que pelo que sabemos. E, onde de Lubicz
de alguma forma viu coisas em termos astrológicos (os místicos geralmente triunfa ao descobrir as bases da tradição oral secreta terá de falhar ao tentar
descrevem suas experiências dentro do contexto de suas crenças particulares) compreender o caráter estranhamente fragmentário com que esse
e a referência não deve ser meramente arbitrária.(19) conhecimento chegou até nós.
A Mesopotâmia, sem as fronteiras e defesas naturais do Egito, apresenta Recentemente, porém, apareceu uma série de livros que podem ajudar-
um panorama histórico ainda mais fragmentado e caótico. nos 'a elucidar o mistério. As lendas de toda parte estão sempre carregadas
A construção dos Zigurats — em três, quatro ou sete andares, e a de relatos de desastres cósmicos de variadas proporções. Entre os doutos
prevalência de figuras geométricas como o setestrelo — indica que desde os sempre existiram poucos partidários do catastrofismo, mas desde Lyell e
tempos mais recuados deve ter existido aí alguma espécie de tradição Darwin essa noção passou a ser impopular até as raias da heresia.
esotérica. Desde a mais remota antiguidade, as pedras de construção dos O padre Xavier Kugler, o estudioso largamente responsável pela
babilônios eram decoradas com desenhos do Sol, da Lua, de Vênus; e dos destruição das teses da Escola Pan-Babilônica de Arqueologia (que
tempos de Sargão (aproximadamente 2800 A.C.), os astros são invocados, acreditava que todas as grandes civilizações saíram da Babilônia), chegou à
conclusão de que as civilizações
mesopotâmicas sofreram violentas comoções naturais que ultrapassavam pensar num nascimento mais recente é praticamente impossível; e não se
largamente os marcos da normalidade, e mesmo da anormalidade.(20) A pode esquecer as figuras da Lua, do Sol e de Vênus pintadas nas mais
descoberta de vastas ruínas submersas na ilha de Thera deu um grande antigas pedras de construção da Babilônia. Já a peça de convicção mais
ímpeto aos adeptos da teoria catastrófica. De acordo com Mavor, o importante que Velikovsky apresenta são as inscrições de Ammizaduga, de
desastre que submergiu Thera e fez desaparecer a civilização cretense teve aproximadamente 1600 A.C.; pois essas inscrições, numa época em que a
proporções cinco vezes maiores do que o que fez explodir o Krakatoa em precisão astronômica era larga e deliberadamente praticada na Babilônia,
1888 (este último matou 30 mil pessoas, provocou maremotos no mundo mostrava Vênus numa rota bastante estranha. Os doutos atribuem essa
inteiro, atingindo quase todos os portos do Pacífico, e cobriu o Sol com inscrição a observações defeituosas. Velikovsky pondera que, se as demais
fumaça vulcânica durante três anos). Se o terremoto que destruiu Thera teve inscrições são precisas ao mais alto grau, por que a observação de Vênus
cinco vezes essas proporções, quer dizer que nada, por volta ou por perto do estaria errada? Cita também a astrologia asteca, onde Vênus é apresentada
Mediterrâneo, poderia sobreviver. como um astro sanguinário e perigoso, que deve ser temido e
Evidências vindas de outra parte mostram que, por mais tremendo que propiciado.(23)
esse desastre possa ter sido, não se localizou em Thera, nem nas Mas seria necessário que isso se refletisse também na mitologia
imediações. Claude P. A. Schaeffer, arqueólogo francês, concluiu que toda oriental. Como já demonstramos, a alteração do caráter dos astros não é
a civilização centro-oriental foi varrida e sacudida pelo menos cinco vezes arbitrária, mas deve-se à ênfase emprestada a um ou outro planeta numa
entre o terceiro e o segundo milênios A.C. A maior dessas catástrofes ele época e num lugar determinados.
datou de, aproximadamente, 1500 A.C., datando daí a época mais provável Velikovsky afirma que, num desses desastres da História recente, a
do desastre de Creta. Terra se inclinou no seu eixo, provocando idades glaciais, alterando
E, finalmente, o mais arrojado e mais desprezado desses estudiosos, permanentemente a flora e a fauna da superfície da Terra, bem como toda a
Immanuel Velikovsky, sustentou numa série de livros(21) que esses sua ecologia. Há um grande acúmulo de provas científicas que confirmam
desastres atingiram o mundo inteiro, e que foram causados por distúrbios a teoria dos cataclismos; a mais convincente, a nosso ver, é a incidência de
planetários, especialmente provocados por Vênus, que, de acordo com mamutes na tundra siberiana. Velikovsky indica que esses imensos
Velikovsky, é um planeta novo, nascido de Júpiter, no passado recente; e animais, pesando cada um várias toneladas, foram congelados de maneira
que, antes de entrar em órbita certa, chocou-se com a Terra (causando a tão fulminante que não tiveram nem mesmo tempo de se decompor.
catástrofe de 1500), continuando, após vagar erraticamente pelos seguintes Quando são desenterrados do chão permanentemente gelado de tundra, até
800 anos, ao cabo dos quais entrou em duelo com Marte, causando a série a córnea de seus olhos está em perfeito estado de conservação, e sua carne
de desastres mencionados. pode ser dada sem susto aos cães. No entanto, o exame de seu estômago
Uma vez que as teorias de Velikovsky contrariam tudo que foi revela uma alimentação subtropical. Velikovsky sustenta que nada, a não
estabelecido pela História, Geologia, Arqueologia, Astronomia, ser uma oscilação muito forte no eixo da Terra, poderia congelar cinco
Antropologia, não é de se estranhar que sejam encaradas sem muito boa toneladas de mamute, e mantê-las congeladas por todos esses anos.
vontade pelos especialistas das áreas afetadas. As descobertas dos últimos Mas Velikovsky afirma que isto aconteceu no período que
20 anos, porém, trataram de dar relevância a algumas dessas estranhas convencionamos chamar de "histórico", e isso é impossível à luz da
conclusões e predições, ao passo que muitos poucos pontos foram História egípcia. As pirâmides, sem dúvida, datam de antes da catástrofe de
categoricamente desmentidos.(22) 1500. Essas construções estão deliberada e acertadamente orientadas na
Os argumentos contra e a favor de Velikovsky são bastante complexos, direção dos pontos cardeais; e os mapas astrais desenhados no teto das
de modo que vamos apenas resumir os pontos mais contraditórios: o papel tumbas mostram o mesmo céu que ainda se pode ver hoje sobre o Egito. A
de Vênus como estrela da manhã e estrela Vésper está tão bem assentado na posição dos astros é dada com tanta precisão que os estudiosos, com
antiga mitologia egípcia que pequenas divergências, conseguiram datar esses mapas do ano
SEDUZIU A GRÉCIA...
de 4240 A.C. Se Velikovsky estivesse certo, um mapa astral do Egito seria
irreconhecível hoje, e as pirâmides apontariam para o vazio. Da mesma Pitágoras (aproximadamente 580/500 A.C.) pode ser considerado como
forma, o clima do Egito teria sofrido alterações análogas à da Sibéria. Mas as a força individual mais poderosa no desenvolvimento do pensamento
pinturas dos primitivos túmulos mostram um tipo de vida que é ocidental. Como tantos dos maiores mestres do mundo, não deixou nada
indubitavelmente o egípcio, e que não mudou em 4 mil anos. escrito, e as passagens da sua vida e de sua obra acabaram sendo a tal ponto
Tenha ou não Velikovsky razão, há provas conclusivas de que o destorcidas que se acabou duvidando até de sua existência histórica. Mas
cataclismo de 1500 A.C. realmente arrasou Creta e boa parte do está já agora definitivamente aceito que ele não foi uma mera criação
Mediterrâneo, e isso, sem dúvida, atinge as doutrinas tradicionais, lendária, mas realmente viveu e ensinou sua filosofia e sua ciência na escola
irreparavelmente. Porque mesmo o Egito nunca mais alcançou sua de Croton, aberta depois da sua volta de longa viagem à Babilônia e ao
temperatura anterior. Egito.
A série de catástrofes que Velikovsky situa por volta de 700 A. C. pode A Pitágoras sempre se creditou a descoberta das Leis da Harmonia e da
ter uma significação ainda maior para a astrologia. Mas não conhecemos Lei Geométrica, que leva seu nome, tendo sido condenado pelos lógicos por
nenhum trabalho científico escrito depois do de Velikovsky, que nesse ponto ter alimentado e desenvolvido a superstição de que os números são
"
o contradiga ou corrobore. significações", o que veio originar uma série de outras superstições
igualmente desprezadas pelos lógicos, entre as quais o conceito de
A verdade incontestável, porém, é que — antes do sétimo século A.C. Harmonia das Esferas, um dos módulos centrais da astrologia.
— tanto a História oriental quanto a ocidental são fragmentárias e E, no entanto, impossível evitar inteiramente o universo pitagórico.
incompletas; enquanto que a partir daí — com alguns intervalos importantes Mesmo os lógicos, no seu descolorido mundo do sim-ou-não, têm de lhe
— passa a ser mais coerente, e isso é de se estranhar, uma vez que os pontos render homenagem. Porque se dois não tivesse um significado diferente de
culminantes da Arte e da Arquitetura no Egito, na América do Sul, e, em um, não haveria a menor distinção entre o verdadeiro e o falso. E, nos
certa medida, na Índia e na China tinham sido alcançados antes desse mundos da Matemática e da Física, o neopitagorismo é um movimento
período. reconhecido e aceito.(24)
Mais ainda, começara a aparecer nos séculos imediatamente posteriores Não se sabe se o próprio Pitágoras ensinava astrologia, ou a praticava.
uma série de mestres, aparentemente independentes, que passaram a ensinar Os doutos vitorianos e clássicos, traçando suas genealogias
e propalar teorias que chegaram até o nosso tempo. E, porém, curioso que intelectuais, e, como industriais novos-ricos, querendo passar a si próprio
todos esses homens se refiram, para conferir-se autoridade, aos sábios do atestado de linhagem nobre, proclamaram, durante vários séculos, e com
passado. Não é estranho que Buda, Lao Tsé, Pitágoras e Zoroastro recorram bastante sucesso, que os gregos sempre foram infensos à astrologia; pelo
ao mesmo estratagema para impressionar o povo ignorante com suas menos até Alexandre trazê-la consigo de suas guerras de conquista; ponto
credenciais? E se — como pensam ainda alguns estudiosos — o homem deu esse em que não havia a menor discordância.
nessa época um grande passo adiante no sentido de uma consciência superior Mas, em 1900 essa visão foi contestada por Franz Cumont.
e outras formas mais elevadas de civilização, menos motivo teriam esses
inovadores para se referir aos sábios antigos. ...outro discípulo de Platão, o astrônomo Eudóxio de Cnidos, declarou: "Não se deve dar crédito
aos caldeus, que predizem o destino de cada homem de acordo com o dia do seu nascimento." Certos
No entanto, toda a astrologia que conhecemos desse período é a de filologistas modernos — que sem dúvida encaram a História grega como se fosse uma experiência em
Babilônia e Nínive, e parece ser de baixa qualidade. A par do que, afirma-se recipiente fechado, que uma providência desejosa de evitar qualquer elemento perturbador conduziu de
acordo com o desejo dos sábios do futuro certos filólogos, repito, duvidaram de que Eudóxio pudesse,
que os princípios da astrologia são de inspiração pitagórica. A lenda insiste no quarto século, conhecer e condenar
— e Schwaller de Lubicz prova — em que esses princípios são muito mais
velhos que Pitágoras.
a genetliologia (predição baseada no dia do nascimento) em seu tratado sobre os Eudóxio e Teofrasto que a astrologia genetlíaca era praticada pelos
Signos Celestiais: ele estranhava a afirmação dos caldeus, de que eram capazes de prever babilônios pelo menos por volta do quarto século A.C. não é absurdo
a vida e a morte de uma pessoa, e não só coisas gerais, como bom e mau tempo.
A curiosidade insaciável dos gregos, portanto, não ignorava a astrologia, mas seu gênio pensar-se que — dispondo de dados astronômicos muito acurados — os
superior rejeitava as doutrinas supersticiosas, e seu agudíssimo senso era capaz de caldeus dispusessem de métodos sistemáticos de calcular e profetizar,
distinguir os dados científicos que os caldeus recolhiam das conclusões errôneas que daí métodos esses bastante antigos - apesar de esta visão ter sido denunciada
tiravam. Deve servir para sua glorificação eterna o fato de — entre dados teóricos precisos por Robert Eisler, entre outros.
e a manipulação que deles faziam os sacerdotes orientais — terem sabido ficar com a
Ciência, desprezando a superstição.
Enquanto os gregos permaneceram gregos, a adoração aos astros não ganhou nenhuma
ascendência sobre seu espírito, e qualquer tentativa de substituir uma teologia estelar à sua Segue-se que a afirmação de que teriam existido sacerdotes "caldeus" e "egípcios"
idolatria imoral mas encantadora foi destinada ao fracasso. O esforço dos filósofos, para escrevendo em grego para um público helenizado ávido de excentricidades, procurando
incutirem em seus concidadãos a noção dos "grandes deuses visíveis", como os chamava basear suas profecias na sabedoria centenária ou mesmo milenar de seus ancestrais, não
Platão, caiu diante do prestígio de uma cultura alicerçada na Arte e na Literatura.(25) passa de uma rematada mentira. Nunca, em tempo algum, um primitivo sumério, assírio,
babilônico, ou, menos ainda, um antigo elamita, hurrita ou hitita escrevendo em escrita
E há de chegar o dia em que o filho do novo-rico há de repudiar as cuneiforme, sobre tijolos de barro, jamais estabeleceu qualquer relação entre as posições
pretensões mais comezinhas do pai, galgando o alto da árvore familiar dos planetas
e os vários signos zodiacais, em função da predição do destino ou do caráter de qualquer
(mas insistindo sempre em que o velho era Robin Hood). criança — real, nobre ou plebéia — nascida ou concebida seja lá em que momento for.(26)
Como podemos conciliar o gênio superior e o agudíssimo espírito
crítico com a idolatria, por mais encantadora e imoral que seja?(*)
Como poderiam esses gregos de uma parte expurgar da superstição as Agora, fora a convicção que essa declaração revela, resta-nos a
observações dos caldeus e de outra parte ceder ante o fascínio de uma arte
certeza de que Eisler leu todas as inscrições sumérias, assírias,
e uma literatura inteiramente calcadas na idolatria?
É claro que uma nação de pessoas tão subsagitarianas (metade gênio, babilônicas, elamitas, hurritas e hititas que já foram e ainda serão
metade débil) nunca existiu. encontradas.
Um gênio superior e uma grande capacidade crítica não têm nada a Parece que essa afirmação é, no mínimo, um tanto prematura.
ver com a crença em ou o repúdio a qualquer espécie de astrologia. Descobertas recentes (1952) trouxeram à luz os horóscopos dos
Sócrates tinha um gênio superior e grande espírito crítico, mas as pessoas babilônios, onde se anotam posições zodiacais e planetárias. Os mais
que o prenderam e condenaram à morte não tinham. Uma paixão antigos desses horóscopos podem ser datados de 29 de abril de 409
nacionalmente espalhada pela profecia indica o declínio de um país, e por A.C.(27)
muitos séculos os cidadãos gregos estavam tão ocupados em guerrear Isso nos mostra que a astrologia pessoal, genetlíaca — oposta à
contra os inimigos — e em se guerrear uns aos outros, que essa paixão não mudança que descreve fatos nacionais e locais, ligados ao futuro do
teve tempo de se instalar. rei, como os que encontramos em Nínive — já existia séculos antes
No tempo de Cumont, não se havia encontrado nenhum horóscopo do que se imaginava que teria começado; e na Babilônia.
pré-cristão. Mas pode deduzir-se do testemunho de Mas isso não nos diz nada sobre o conteúdo dessa astrologia.
Figura 10. Projeção ortogonal. Órbitas de Marte, Terra, Vênus e Mercúrio em torno do Sol.
Figura 9. Segundo Kepler, as órbitas dos planetas circunscrevem os sólidos perfeitos.
A astrologia em desgraça
O golpe de morte que Copérnico aplicou à astrologia foi tão terrível
que seus principais continuadores, Kepler e Galileu, foram astrólogos O declínio da astrologia foi um caso complexo. Mas, se lidarmos com
praticantes! De alguma forma poder-se-ia questionar, sem desrespeito, o ela em três níveis — (1) astrologia espiritual e simbólica, (2) astrologia
alegado "processo geral da pesquisa" senão o da própria Ciência.(*) psicológica e médica (3), predição da sorte — podemos conseguir um
quadro mais claro.
As descobertas astronômicas de Kepler (as órbitas elípticas dos
Desde Ptolomeu, ninguém mais dera importância à questão básica da
planetas e as razões entre suas distâncias) foram parte do trabalho de toda a
astrologia: o como? Na Europa Medieval, isto não tinha importância; a
sua vida, dirigido no sentido de aprovar literalmente a noção pitagórica da ênfase era dada ao aspecto espiritual, não ao aspecto físico das coisas. Para
harmonia das esferas. Seu objetivo era provar que as distâncias entre os o pensamento medieval, o simbolismo astrológico era um instrumento de
planetas podiam ser relacionadas com os sólidos perfeitos (ver figuras 9 e
conhecimento. Era tanto um sistema de conhecimento quanto uma chave
10), que, por sua vez, manteriam relações harmônicas entre si — relações
para penetrar na natureza do universo. Para utilizar esse tipo de astrologia, é
que não deveriam ser meramente casuais, mas verdadeiras chaves para a
necessário raciocinar em termos de níveis.
significação desses planos e formas(45). Usando cálculos matemáticos No tempo de Kepler, essa habilidade tinha-se esgotado. Em princípio,
extremamente complexos, Kepler procurava demonstrar e calcular o som os procedimentos experimentais deveriam andar lado a lado com a
exato que cada planeta provocava em suas circunvoluções, afirmando que
especulação teórica. Na prática, o mundo ocidental tornou esses dois
esses sons podiam ser ouvidos pelo Sol, que permanecia na sua posição de
elementos largamente excludentes. Kepler foi um dos poucos a harmonizar
corporificação do Princípio Divino. E quando pensou ter descoberto a chave
os dois princípios, mas a maré já estava baixando, e ninguém mais seguiria
desse complexo sistema, exultou, acreditando ter redescoberto a sabedoria
o seu exemplo. A religião estava recaindo no Fundamentalismo (a crença no
dos antigos egípcios; detalhe interessante, pois demonstra que Kepler sabia, sentido literal das Escrituras), catolicismo dogmático e vários sistemas
ou pensava, que os egípcios conheciam essas relações. éticos vazios. O princípio espiritual desapareceu; não se tornou exatamente
Ao ser este o seu objetivo, não é de estranhar que Kepler recorresse à subterrâneo, voltando ao tempo das catacumbas, mas contradizia,
elaboração de horóscopos para financiar seu trabalho. Mas, desde que a flagrantemente, a tendência intelectual da época. (Dominação de grupos de
citação da "filha tola"(**) é apresentada como evidência do desprezo que rosa-cruzes, alquimistas, maçons — por pouco que tenham conservado da
Kepler votiva à astrologia, ninguém mais se lembrou de que a Astronomia tradição; Boehme, William Law, Fénelon, Swedenborg, Goethe.) Mas, à
kepleriana era uma astronomia de bases pitagóricas; não se tratava do parte algumas poucas pessoas, ninguém estava interessado ou era capaz de
desejo de alcançar fatos cada vez mais distantes e sem significado, mas o entender o simbolismo astrológico. Passou-se a exigir dos astrólogos uma
esforço de descobrir os princípios que fundamentam esses fatos. E para boa explicação material para a astrologia, coisa que não podiam fornecer,
tanto era preciso, antes de mais nada, descobrir os fatos relevantes. Em não por falta de boas idéias. Uma antiga teoria, por sinal muito respeitada,
resumo, a astronomia de Kepler não era o que um astrônomo moderno afirmava que os astros influenciavam a vida na Terra através do orvalho —
chamaria de astronomia: era astrologia. líquido persuasivo que cairia das estrelas durante a noite, afetando tudo que
tocasse; as diferentes influências — positivas ou negativas, desta ou daquela
natureza — seriam determinadas pela posição dos astros.
(*) Do ponto de vista psicológico, a última parte da frase citada acima é importante, pois seu
Com a descoberta da teoria da condensação, essa explicação foi
autor é um teórico marxista. abandonada.
(**) Na verdade, a palavra que Kepler empregou foi buhlerische que significa prostituída Outra noção, mais séria, que prevaleceu até o século XVI, afirmava
ou rebaixada, e não tola, ignorante. Mas, já que várias gerações de estudiosos de Kepler que os astros exalavam determinados vapores, um vento que a criança, ao
traduziram buhlerische por tola, consideramos que seria uma falta de respeito quebrar a nascer, inalava, como se fosse uma espécie
tradição.
de alma. Uma vez descoberto o fato de que a atmosfera nem chega até os Em pouco mais de um século, a astrologia transformou-se, de trabalho
demais planetas, essa teoria foi igualmente abandonada. sério que era, praticado pelas melhores inteligências da época, em jogo
Os astrólogos da Renascença explicaram a astrologia nos termos da vazio de significado.
ressonância musical: da mesma forma como um copo vibra numa sala em John Dee (1527/1608), astrólogo, mágico, ocultista e precursor das
que se toque um violino num determinado tom, assim também a alma vibra experiências no campo da ESP, foi o respeitado conselheiro e confidente da
com a música das esferas. Isto não é, evidentemente, uma explicação, mas Rainha Elizabeth. No entanto, já em 1638 a astrologia tinha-se tornado tão
uma analogia, e os intelectuais dos séculos XVII e XVIII não lhe dariam a sensaborona, pelo menos na França, que o astrólogo Morin de Villefranche
menor importância. (Vamos ver, porém, que mais tarde esta idéia teve um teve de esconderse atrás das cortinas para registrar o momento exato do
certo ressurgimento.) Mas, os astrólogos não podiam explicar como sua nascimento de Luís XIV. Na geração anterior, a tradição ter-lhe-ia conce-
astrologia funcionava melhor do que os músicos podiam fazer em relação à dido o lugar de honra, acima mesmo do médico... mas os franceses sempre
sua música, e o espírito do tempo era tal que permitia aos músicos seguir foram muito suscetíveis às coisas da razão, como sua história passada e
adiante sem incomodá-los com perguntas, mas de forma alguma estaria dis- recente demonstram. No tempo em que John Aubrey escrevia (1626/97), era
posto a permiti-lo à astrologia. preciso assumir um tom defensivo quando se dava qualquer opinião
Kepler tinha avisado o crescente grupo de céticos de que não jogassem favorável à astrologia: "Ainda não aperfeiçoamos esta ciência ao ponto em
a criança fora, junto com a água suja. Porém, poucos estavam dispostos a que seria desejável. O caminho para essa perfeição deve incluir uma
ouvir, e havia uma quantidade imensa de água suja. A astrologia, no seu coleção de horóscopos baseados no verdadeiro instante do nascimento,
nível psicológico e médico, era essencialmente ptolomaica. Apenas dois como os que trabalhosamente recolhi e ofereço a seguir..."(47)
refinamentos metodológicos — e ambos discutíveis — tinham sido O aporte empírico de Aubrey foi admirável, mas ninguém trabalhou
agregados a essa astrologia. Um foi a contribuição de Regiomontanus sobre sobre ele; e, mesmo que não fosse assim, nada teria resultado daí: a
a divisão em 12 casas, outro era a afirmação kepleriana de que as bases aplicação do método estatístico à astrologia é um assunto muito delicado,
harmônicas das relações astrológicas exigiam uma explicação lógica. Quer bastante além das possibilidades do século XVII.
dizer: se o ângulo de 90 graus (correspondente à quarta relação harmônica) Por outro lado, quando o prestígio da astrologia começou a declinar não
era um símbolo de atividade, então suas frações e múltiplos harmônicos, apareceram mais astrólogos realmente brilhantes. Sem dúvida, para cada
como os ângulos de 45 e 135 graus, deveriam ser também pontos sensíveis, Kepler aparecem mil astrólogos charlatães e sem conteúdo, mas, mesmo
cabendo englobá-los na mesma interpretação. Mas, esses eram assim, o século XVI deu um sem-número de pessoas eruditas e sensíveis,
melhoramentos mínimos, em vista do caráter nebuloso da doutrina que, como praticantes de astrologia, conseguiram grande reputação.
acumulada.(46) Também não se deve esquecer que essa espécie de predição da sorte conta
Incapazes de explicar o funcionamento da astrologia, os astrólogos mais sempre muito com a predisposição favorável do paciente.
honestos e menos entusiásticos tiveram de reconhecer que ela não A mais difundida de todas as profecias astrológicas — a predição de um
funcionava muito bem, e que para fazê-la trabalhar não era requerido a dilúvio de proporções em decorrência da conjunção de todos os planetas em
Ciência (que por definição pode ser ensinada a todos e cada um), mas senso Peixes, em 1524 — não se concretizou. As coroas e toda a Europa passaram
artístico; no fundo, era a interpretação que contava, e nessas bases era um ano de tensão mas nada aconteceu, e permitiu-se que os astrólogos
impossível chegar-se a um resultado conclusivo. Em resumo, embora o continuassem suas profecias. Mil quinhentos e oitenta e oito estava previsto
conselho de não jogar o nenê fora junto com a água suja pudesse ser muito para ser um ano particularmente catastrófico. No entanto, fora a derrota
justo, na prática era impossível distinguir categoricamente o que era bebê e o espetacular da Armada espanhola (que, de resto, foi catastrófica apenas para
que era água suja. a Espanha), nada mais aconteceu. Mas, os astrólogos não foram despedidos
de seu emprego. Porém,
80 anos depois, o último dos grandes astrólogos, William Lilly, predisse, tipo, o que não é verdade. O interesse de Newton pela alquimia nunca
específica e acuradamente, tanto a grande peste quanto o grande incêndio, esmoreceu, e sua vida foi mais dedicada a pesquisar o que hoje seria
que assolaram Londres sucessivamente nos anos de 1665 e 1666. E tudo chamado de "ocultismo" do que o 'que hoje se chamaria "ciência". Quando
que conseguiu foi ser levado à presença da Câmara dos Comuns como jovem, sem a menor dúvida, estudou astrologia. "O último ano de
suspeito de ter provocado os desastres. aprendizado de Newton levou-o ao interesse pela Matemática, uma vez que
Homem culto e sob muitos aspectos notável, Lilly incluiu a passagem reconhecia que seus estudos de astronomia e, como ele próprio admitiu,
que se segue na sua Epistle to the Student of Astrology, que, juntamente astrologia só poderiam desenvolver-se à luz da matemática moderna.(49)
com as investidas incessantes de Kepler, podem traçar para nós um quadro Essa divisão de trabalho pode ter revertido em perda para a Ciência,
realista da astrologia em seu declínio: mas não representou nenhum ganho para o ocultismo. Apesar de todo o seu
Sê humano, cortês, familiar com todos; de trato simples e fácil; não aflijas os miseráveis
brilhantismo matemático, Newton nunca se apercebeu do princípio dos
com o terror de um julgamento severo; anima essas pessoas a confiarem em Deus, a pedirem "níveis"; era devotamente religioso, mas sua religião era uma variação
clemência e justiça em Seu julgamento: sê civil, sóbrio, não procures posições; dá livremente mitigada do fundamentalismo. Nunca é, porém, demais repetir que, se
aos pobres tanto o teu dinheiro quanto os teus conselhos; não permitas que as potências Newton pode não ter professado abertamente a astrologia, o fato é que
terrenas façam de ti um mau juízo, ou um que possa desonrar a Arte. nunca a condenou. A revolução copernicana já estava velha um século e
Daí, podemos concluir, justificadamente, que os astrólogos da época meio, e no entanto Newton, a maior inteligência científica da época, não
faziam normalmente tudo que Lilly aconselhava os estudantes a não afirmava que Copérnico, ou qualquer de seus seguidores, inclusive ele
fazerem. No entanto, o exemplo de Lilly não inspirou nenhuma nova escola próprio, tivesse declarado que a astrologia estava morta.
de astrólogos iluminados e justos. E, sem defensores de estatura intelectual
considerável, o declínio tornou-se inevitável. Os estudiosos modernos Na falsa aurora do Iluminismo, as pessoas acreditavam que pelo
podem atribuir tudo isto "aos progressos da Ciência e da pesquisa", mas simples exercício solitário da razão todos os problemas seriam resolvidos.
nesse caso fica aberto o fato de que, se, por volta de 1685, realmente a A razão não podia atingir o Reino dos Céus (que as Escrituras declaravam
maioria das pessoas das classes educadas era oponente ou altamente cética não estar nem aqui nem além, mas em toda parte), e portanto, dispensou
em relação à astrologia; preocupavam-se bastante com as bruxas... Havia ou esse Reino como ilusão dos primeiros homens. Em vez dele, a Razão
não havia bruxas? O chefe de Polícia, Hale, declarou que, evidentemente, erigiria um reino semelhante, democraticamente, aqui mesmo, na Terra;
havia, uma vez que existiam leis contra elas. Outros não tinham tanta crença que, levada a seus extremos lógicos, culminou com a Iluminação
certeza. Pelo sim pelo não, grande número de bruxas foi condenado e posto mística de Hiroxima.
na fogueira. E foi neste clima de progresso científico que Newton publicou Entre esses primeiros defensores da Razão, nenhum era mais
o seu Principia Mathematica (1687), obra que — afirma-se —destruiu a altissonante que Jonathan Swift, e ninguém revelou maior incapacidade de
astrologia de uma vez por todas.(48) aplicar esse princípio à sua própria existência. No seu nível mais baixo, a
E
curioso, porém, que esse corolário da sua obra não tenha ocorrido ao astrologia é tanto irracional quanto ininteligível. Quando Swift subiu à
próprio Newton, que cita inclusive uma anedota célebre nos círculos cena era esta a astrologia que estava em evidência — e, mesmo que fosse a
astrológicos. Conta-se que certa vez o astrônomo Edmond Halley reprovou de nível superior, deveria ser igualmente incompreensível para ele,
a Newton a sua alegada defesa da astrologia, ao que Newton teria igualmente seria matéria de irrisão e anátema.
respondido, alegremente: "Eu estudei o assunto, Sr. Halley, e o senhor não." Porém, aconteceu que um astrólogo popular, de nome Partridge,
Aparente-mente, não há evidências de que provem a veracidade desta lenda. incorreu nas desgraças da Coroa. E tomando o nome de Isaac Bickerstaff,
No entanto, os historiadores afirmam, com diferentes graus de indignação, Swift publicou um almanaque concorrente, prometendo ir mais longe em
que Newton era imune a interesse desse suas profecias que os profetas pusilânimes da época. Prometeu que evitaria
as generalidades
dos astrólogos correntes, publicando, ao invés, profecias concretas e obrigado a, dois meses mais tarde, desafiar o Duque para um duelo, que
minuciosas. Por essa época, os sentimentos antifranceses andavam certamente o filósofo teria perdido. Mas, na manhã do duelo, foi
exaltados (1708), e Bickerstaff predisse a morte da maioria dos Grandes de providencialmente preso e mandado para a bastilha (por algum panfleto
França. Entre essas profecias, estava a da morte de Partridge, o astrólogo antigo), salvando por pouco a vida, o que lhe permitiu vir mais tarde a
rival, que deveria ocorrer no dia 29 de março de 1708. descompor os pobres astrólogos, por não terem sabido chegar mais perto
Partridge, que não tinha desenvolvido seu espírito de cooperação a da realidade...
níveis tão drásticos, passou muito bem o dia fatal. Mas, Bickerstaff negou- Dois séculos antes; essa história seria contada de um lado da França
se a reconhecer o fato, e publicou uma manchete com o seguinte título: ao outro, como prova de boa profecia astrológica.(50)
Narrativa da Morte do Sr. Partridge, o Escritor de Almanaques, no No século XV, as pessoas teriam acreditado em tudo que dissesse
Vigésimo Nono Instante, Numa Carta de um Oficial Recém-Chegado, respeito à astrologia; nos séculos XVIII e XIX, não acreditavam em mais
a uma Pessoa de Honra. nada. E, embora não venhamos aqui defender a astrologia profética —
Partridge publicou uma réplica furiosa, mas em vão. A história tinha estatisticamente, a porcentagem de acertos deve ser irrisória — ao longo de
ganho vida própria, e as pessoas se recusavam a acreditar no morto sua história registraram-se tantas predições agudas pormenorizadas e
presumido, quando vinha de público alegar sua sobrevivência. Podia passar certas, que, incluí-las todas na categoria das coincidências, é indefensável
a mendigar daí por diante, porque no Stationer Hall a predição de e um tanto absurdo. Por exemplo: na corte austríaca de Maria Teresa, o
Bickerstaff tinha sido tomada a sério, e o nome de Partridge riscado de astrólogo oficial ainda encontrava seu lugar. No nascimento de Maria
todas as listas. Foi literalmente afastado, pelo descrédito público, do Antonieta (no mesmo dia do terremoto de Lisboa, 1740), a leitura do
exercício de sua profissão (embora tenha voltado, alguns anos mais tarde, horóscopo foi tão negra que as festas que normalmente se seguiam ao
sob pseudônimo, com um novo almanaque). E enquanto ninguém nascimento de uma princesa real foram suspensas, e a corte inteira
conseguia entender Newton, Swift era devorado sem problemas, o que mergulhou na desolação. E, de fato, em toda a história encontraremos
levou a astrologia a um absoluto descrédito, impedindo sua entrada nas poucos personagens cuja vida tenha sido tão desgraçada e infeliz quanto a
rodas cultas. de Maria Antonieta. E, no entanto, esta anedota é citada por Hilaire Belloc
Na França, ocorreu um processo semelhante, e o toque final foi dado para ilustrar o atraso intelectual da, corte de Maria Teresa, ainda presa a
pelo parceiro de Swift, Voltaire, outro que se esforçava denodadamente essa superstição superada que é a astrologia — o que é como se se
para manter a propaganda da razão separada da sua prática. condenasse a Medicina como fraude, citando como prova todas as pessoas
Dois astrólogos, o Conde de Boulainvillier e um astrólogo profissional que foram por ela curadas.
chamado Colonne, tinham predito a morte de Voltaire aos 32 anos. E uns
34 anos depois dessa profecia Voltaire, numa carta pública, pede desculpas
a esses senhores por ter frustrado suas melhores esperanças. Como esgrima
literária, faltou a essa tirada o excepcional engenho do ataque de Swift,
mas bastou para pôr toda a França culta a rir, impedindo, daí por diante,
que a astrologia fosse sequer cogitada como coisa séria por lá.
Voltaire se esqueceu, porém, de dizer que, com a idade de 32 anos,
exatamente a prevista por ambos os astrólogos, foi insultado pelo Duque de
Rohan, replicando com sua tradicional ironia, o que lhe valeu um par de
bastonadas, aplicadas por um valete daquele nobre, sob seus olhos
complacentes e participantes. Não tendo quem tomasse seu partido,
Voltaire viu-se
4. A Bela Adormecida Acorda
descendente de Swedenborg, da alquimia e de fragmentos do ensinamento
tradicional). nunca excluíram a astrologia de suas cogitações. O famoso e
acatado psicólogo Fechner (1801/1887) afirmava que os planetas tinham
Durante dois séculos, as teorias de Newton foram tão eficazes em dar
"alma", não se reduzindo à soma de seus elementos materiais — ponto de
solução aos problemas mecânicos, que se passou a pensar que todos os vista que não foi recebido com muita simpatia. Um cientista chamado
problemas admitiriam, em última análise, uma explicação mecânica. E, Schleider, numa réplica intitulada Fantasias Lunáticas de um Filósofo da
embora essa noção fosse acalorada e eficazmente combatida por uma série Natureza (1857), refutou violentamente:
de pensadores — especialmente por Goethe (1749/1832), cujos trabalhos
científicos normalmente não são conhecidos porque se familiarizou Exceto as forças da gravidade, da luz e do calor, não temos conhecimento de
especialmente por sua reputação literária (51) — prevaleceu até o século nenhuma outra que chegue à Terra proveniente de qualquer corpo celeste. Todas as nossas
XX, quando os físicos demonstraram seu erro mesmo do ponto de vista da investigações científicas, a Astronomia e a Física com suas extraordinárias capacidades de
observação e experimentação, não nos permitem vislumbrar o menor traço de semelhante
Física.
influência. Portanto, hoje em dia nenhuma opinião contrária a esses princípios científicos
No entanto, apesar de firmemente enraizada nessa Cosmologia pode ser aceita por seres razoáveis. Os sonhadores, no entanto, e os tolos podem conspirar
newtoniana errada (os cientistas cometeram erros; as outras pessoas são com os lunáticos contra a integridade da inteligência humana.(52)
supersticiosas), a astrologia já tinha sido afastada da consideração dos
doutos muito antes da descoberta científica que realmente abalou sua teoria E hoje, num mundo de raios cósmicos, de raios X, de raios gama,
e sua prática: a descoberta de Urano por Herschel em 1787. alimentado por baterias de prótons, vivificadas pelos raios solares,
De todas as provas que a natureza oferecia de estar alicerçada sobre explorando os campos sempre verdes das pradarias eletromagnéticas
uma base sétima, nenhuma tinha sido tão convincente para a mentalidade interplanetárias, também não há outra alternativa para o homem de boa
medieval quanto a existência de sete planetas. Embora a revolução razão: a de reconhecer que os homens bem informados do século passado
copernicana tenha provado que a disposição dos sete era arbitrária, e servia deveriam ter sido mais cuidadosos ao exprimirem a sua única alternativa
apenas aos interesses do geocentrismo, sempre continuavam existindo possível.
sete, sem contar a Terra, o que satisfez aos astrólogos, sem exigir nenhuma Porém, os homens bem informados prevaleceram um século atrás, e o
revisão da astrologia. A descoberta de Urano, seguida da de Netuno e interesse pela astrologia refugiu-se a um mínimo; mas não deixou de
Plutão, certamente não invalida o princípio da influência, mas abre a existir, uma vez que a coletânea de mil páginas de E. Sibly, intitulada
discussão em todos os níveis possíveis, e os problemas levantados por essa Astrology, foi publicada no fim do século XVIII, republicada em 1812 e
discussão permanecem em aberto até hoje. mais uma vez impressa em 1826; grupos de cavalheiros interessavam-se de
Durante todo o século XIX, a astrologia foi considerada morta. Mas, maneira sumária, mas nem sempre superficial pela astrologia e demais
apenas se encontrava num estado de suspensão animada. Enquanto a ciências ocultas, e é bem possível, embora não possamos oferecer nenhuma
astrologia popular e psicológica praticamente desapareceu. com exceção evidência disto, que grupos ou mesmo indivíduos isolados, em alguma
dos poucos escritores de almanaque e ciganas — manteve-se um interesse parte da Europa, estivessem manuseando a sabedoria proveniente do tempo
localizado, mas intenso, pelo nível pitagórico da astrologia. O próprio das catedrais. O máximo que se pode dizer neste sentido é que dificilmente
Goethe deu-se ao trabalho de pesquisar o momento exato de seu se arquitetariam exposições tão completas e documentadas sobre aquela
nascimento; estabeleceu horóscopos, parece que os considerou de alguma época, como as de Schwaller de Lubicz e René Guenon, assim, do ar.
valia, e mostrou satisfação por constatar a coincidência entre sua casa solar Embora seja científico explicar um mistério atribuindo suas causas à
(a quinta de Virgem) e a casa lunar de Christiane Vulpius, sem dúvida a "coincidência", seria romantismo pueril defender tese de. que uma tradição
mais importante de suas amantes. E os seguidores do trabalho científico de esotérica espere para vir à tona apenas qando o tempo estiver maduro para
Goethe (ele próprio ela — mas isto sempre será uma possibilidade(53).
O renascer da astrologia, entretanto, se deve a causas mais palpáveis. de pais poderosos e ricos na Rússia, revelou, ainda criança, grandes dotes
O filósofo positivista Augusto Comte observa, em alguma parte de sua psíquicos. Com 17 anos, casou-se com o General Septuagenário Nikifor
obra: "A qualidade não tem importância; o único critério válido é o da Blavatsky, que lhe conferiu seu honrado nome, lhe deu condições legais de
quantidade (ou outras palavras que quisessem dizer a mesma coisa)." Essa abandonar o lar paterno, e depois, ao que tudo indica, se evaporou.
afirmação é em si mesma um julgamento de valor, qualitativa, portanto, Dessa época em diante (1848), Madame Blavatsky percorreu o mundo
logo, nos termos comtianos, sem importância; mas, à essa não-importância, procurando conhecimentos esotéricos. Permaneceu algum tempo no Egito,
deve ser analisada com atenção, pois é o verdadeiro moto da moderna onde os desconhecidos Irmãos de Luxor iniciaram-na em seus mistérios.
sociedade industrial, a sociedade dos nossos dias. Em 1855, foi ao Tibete, até então virtualmente interditado aos estrangeiros
Essa filosofia e a maneira de viver que ela engendrou geraram a revolta (essa viagem parece ter sido autenticada por fontes externas), estudando
literária e artística conhecida como romantismo, que não passava de parte durante sete anos com os Lamas. Do Tibete seguiu para a Índia, onde
de um processo global embora pouco coordenado de progresso que veio também estudou.
trazer um despertar de interesse por coisas consideradas "sobrenaturais". Sua aparição na América causou grande sensação e uma propaganda
Manifestação específica deste fato era o grupo de pessoas que se desenfreada, que, apesar de excessiva, permitiu que se reunissem em torno
reuniam, por volta de 1850, na casa de um certo Senhor Fox, para estudar dela os esforços disseminados e mal orientados do espiritismo.
fenômenos espíritas. Tratava-se de uma aproximação assistemática de Em 1875, com seu discípulo Coronel Olcott, fundou a Sociedade
fenômenos cujo estudo é hoje em dia mui respeitosamente chamado Teosófica, que rapidamente se espalhou por todo o mundo. Enquanto isso,
"
parapsicologia". Mas, no tempo de Fox o baralho de Zener ainda não tinha Madame Blavatsky jogava todas as suas energias na divulgação de sua
sido imaginado, e as sessões familiares daquela casa se desenrolavam entre doutrina, combatendo feroz e sistematicamente a hoste de seus detratores, e
guias espirituais, ectoplasmas, ataques misteriosos e todo o resto. ainda encontrando tempo para publicar suas volumosas obras Isis Unveiled
Quanto dessas experiências eram verdadeiras é difícil de se dizer. (1877), The Secret Doctrine (1888) e uma série de trabalhos menores, com
Porém, nem tudo era falso, e o espiritismo atraiu um sem número de os quais conseguiu um público fixo.
pessoas educadas e instruídas. Pessoalmente, achamos o discurso interminável de Blavatsky sobre
Por volta de 1873, o interesse por esses assuntos tinha atingido o auge "iniciados" e "adeptos" repelente, e não confiamos em suas fontes. Embora
na América e na Europa. Mas o espiritismo não era um movimento, nem concedendo, com muito boa vontade, que ao longo da história ensinamentos
uma filosofia ou religião; era mais uma reação emocional contra a qual o especiais tenham sido reservados para possibilitar a seres especiais o
materialismo pretendia ter todas as respostas(*), apesar de propiciar tão cumprimento de tarefas especiais, não acreditamos que Madame Blavatsky
pouca satisfação. tenha sido uma dessas pessoas. Ao tentar forjar uma síntese das grandes
E nesse ambiente emocional e criativo, com toques de fanfarras tradições do mundo, Blavatsky conseguiu elaborar uma terrível miscelânea.
apareceu Madame Blavatsky — declarando que tudo que se tentava fazer por Não obstante, era uma mulher de grande capacidade de estudo e poder
esse caminho estava errado, mas que ela possuía todas as respostas, pessoal, e alguns dos ingredientes da sua mistura são autênticos.(*)
encontradas duramente na tradição egípcia, tibetana e indiana.
Helena P. Blavatsky (nascida Hahn) (1831/91) tinha nessa época 40
anos e uma história, que, conhecida apenas nos detalhes que ela
escolhidamente revelava, era bastante exótica. Nascida (*) Quando já se acreditava que os maiores problemas estivessem resolvidos, o Professor
Philip Spiller contrariou a concepção quase unânime sobre a estrutura da matéria: "Nenhum
dos materiais constituintes de um corpo, nenhum átomo são originariamente dotados de
(*) O químico Berthelot afirmou, em 1888, que a Ciência já havia descoberto tudo que se força, mas cada átomo é absolutamente morto, sem nenhuma capacidade intrínseca de agir a
devia descobrir; restavam apenas alguns detalhes. Lord Kelvin expressou uma opinião distância."
semelhante.
É a Madame Blavatsky e ao Movimento Teosófico que ela fundou que distância entre essas partículas em vibração são — falando num outro nível — tão grandes
quanto as que existem entre flocos de neve ou pingos de chuva. Mas, para a Ciência será um
se deve o renascimento da astrologia. "Sim, o nosso destino está escrito nos absurdo. (55)
astros!... Isso não é superstição, muito menos fatalismo... Está
definitivamente provado que os horóscopos e as profecias não são Esse esquema conceitual era particularmente valioso, pois parecia
arbitrários, e que, conseqüentemente, as estrelas e as constelações têm responder às questões mais embaraçantes; e, de qualquer forma, a atração
influência sobre a relação com os indivíduos. E se isso é verdade, por que que o teosofismo exercia devia-se exatamente ao seu profundo desdém à
essas relações não se estabelecem também com as nações, as raças, com experiência e à observação. Uma nova onda de astrólogos, liderada pelo
toda a humanidade?" Como peça da prosa blavatskyana, esse trecho é sem teosofista inglês Alan Leo (1860/1920), estava reunindo forças — que,
dúvida pouco representativo, tanto pela sua relativa clareza quanto por seu apesar de ser considerado um fato consumado entre os próprios astrólogos,
absoluto fechamento; mas é típico de como as conclusões são sacadas de não transparecera, ainda, no campo da Ciência: "A astrologia continua
premissas puramente assertivas. Não está de forma alguma "definitivamente morta, morreu há tanto tempo que nem cheira mais" — anunciou o Dr.
provado" que os horóscopos não se baseiam em ficções, e para sustentar Arthur Mercier nas Fitzpatrick Lectures diante da Academia Real de
essa afirmação basta inverter essa outra, igualmente precipitada, de que a Física, em 1913.
astrologia está definitivamente desaprovada. Como essa declaração atingiu Alan Leo não se sabe, mas seus
Mas, mesmo que Madame Blavatsky tivesse sido um modelo de trabalhos astrológicos estavam tendo, por essa época, um considerável
coerência e espírito científico, os céticos teriam-se mantido inalteráveis — sucesso financeiro. Leo combinava um interesse sincero e agudo pela
como ficaram diante de uma série de trabalhos cuidados e coerentes que astrologia com um notável tino comercial e um excepcional espírito de
cobriram o mesmo campo de observações — enquanto que a diminuição cruzado. Sob sua égide fundou-se a Seção Astrológica da Sociedade
das conotações apocalípticas do movimento teria reduzido o seu apelo... De Teosófica, dedicada a estudos e pesquisas sérias no setor.
qualquer forma, o teosofismo levou, de uma só vez, de um sopro, a A concepção astrológica de Leo tinha um certo ar de velhinha bem
consciência da existência de tradições esotéricas orientais a um grande comportada, simpática e antisséptica próprio da teosofia: ler um "bom livro"
público, inspirando um interesse renovado a sério pela astrologia, primeiro era remédio eficaz para evitar "más influências planetárias"; a praia e
na Inglaterra, pouco depois na Alemanha, França e América. passeios pelo campo também eram itens muito cotados da lista de antídotos
(um bom conselho científico, hoje em dia acompanhado pela revolução
Com a introdução das idéias que prevaleciam na astrologia hindu, na tecnológica, que substituiu a praia e o campo por uma dose conveniente de
filosofia hindu (idéias talvez devidas à própria Blavatsky — é muito difícil, íons negativos). E os assessores de Leo na elaboração do magazine
sem entrar num estudo muito detalhado, distinguir o que é tradição e o que é costumavam tomar para si nomes verdadeiramente pomposos: Sepharial,
Blavatsky), a questão extremamente embaraçosa da descoberta dos novos Charubel, Aphorel.
planetas, Urano e Netuno, foi posta de lado, e a rígida numerologia De qualquer maneira, Leo e seus sócios despertaram algum interesse. E
medieval ruiu definitivamente. sua astrologia caracterológica — entremeada de profecias — atraiu as
Os astrólogos indianos sempre sustentaram que o homem apresentava pessoas suficientemente espertas para perceberem que o que queriam
12 níveis de consciência, correspondentes aos 12 signos do zodíaco, e impingir-lhes como psicologia moderna não passava de um logro, e não
também aos 12 planetas, que existiam quer os víssemos quer não. (54) levava a parte alguma.
Fundaram-se sociedades na França e na Alemanha; e apareceram
Blavatsky, porém, afirmou: "...A matéria esta tanto mais ativa quanto mais inerte
pequenos almanaques, da mais diversa qualidade, levantando as
parecer. Um bloco de madeira ou pedra é impenetrável a qualquer propósito. No entanto, e inumeráveis divergências de opinião sobre as mais diferentes questões
de facto, suas partículas estão em vibração incessante, tão rápida que ao olho nu o corpo astrológicas.
parece não ter nenhum movimento; e a Enquanto isso, nas principais universidades os estudiosos resumiam os
seus ataques a dimensões procustulares: desde que não havia nada a
aprender com a própria astrologia, toda essa
série de volumes sobre a matéria reduzia-se a absoluta inutilidade. Sua
natureza erudita preservou-se do público. Outros estudiosos estavam Nenhum elemento do sistema canônico da astrologia foi mantido de
convencidos não só de que a astrologia era uma superstição, mas também de parte; sobre cada um deles abriu-se a mais ampla discussão'. Os
que continuava morta. E a grande questão que deveria ser investigada foi almanaques eruditos e altamente especializados começavam a ter tiragens
deixada em aberto (como em Cumont, ver página 66), ou simplesmente não assombrosas; e as discussões entre escolas e teóricos rivais tornaram-se
foi colocada: como podem homens, que em nada se distinguiam de nós, ter tão amargas e hostis, e a insistência em relação a precedências e
acreditado em semelhantes absurdos durante milênios? protocolos chegou a um nível tal de paranóia, que observadores menos
Ironicamente, os beneficiários dessa erudição foram exata-mente os avisados poderiam tomar a velha crença esotérica pela mais insípida das
novos astrólogos, que se sentiam em liberdade para rejeitar a opinião erudita, ciências exatas.
utilizando, porém, fatos dessas pesquisas para justificar, no que coubesse, Mas não é essa a realidade. À parte a extraordinária demonstração
seus próprios princípios. de energia e vitalidade, pouca coisa sobrou que dê frutos hoje em dia. A
maior lição que aí se aprendeu foi que a velha crendice, seja lá qual for o
Depois da Primeira Grande Guerra, o interesse pela astrologia seu valor intrínseco, não se presta com tanta facilidade à quantificação
aumentou consideravelmente, em especial na Alemanha. A densa atmosfera das ciências modernas. A idéia de Aubrey, de construir um sistema
de inflação, derrota militar e derrocada moral e psicológica, parece ter altamente quantificado, não passava de uma generalização ingênua.
invadido mesmo as universidades e num tal clima era possível mesmo a um Sem dúvida, na Alemanha, como em qualquer outro lugar, floresceu,
professor-doutor não só se interessar pela astrologia, mas inclusive ao lado da astrologia séria, o gosto pelo seu aspecto caracterológico,
dedicarse. a ela, ou ao seu estudo, sem perder em nada sua posição ou alheatório. (Muitos astrólogos sérios ganharam a vida com essa atividade,
prestígio, situação que levou Jung a predizer que a' aceitação da astrologia como Kepler fizera na antiguidade — afinal, os astrólogos também
como matéria séria e acadêmica estaria por pouco. precisam comer.) A frenética situação política da década dos 20
Isso era certamente uma opinião prematura (e talvez mesmo errada) . A assegurava um bom mercado para a astrologia mundana, e havia um
nova equipe teosófica da astrologia estava ainda muito voltada sobre si público ávido de saber os horóscopos dos principais líderes políticos,
mesma para pretender um assalto ao reduto da ortodoxia (56). No entanto, sendo alguns deles inclusive do conhecimento público.
tornara-se moda entre os astrólogos chamar a astrologia "ciência". Mas, Uma astróloga, a senhora Elsbeth Ebertin, registrou influências de
apesar dos esforços feitos no sentido de expurgar a terminologia medieval, e Touro no horóscopo de Hitler, embora só dispusesse da data do seu
tendente a incorporar os novos planetas, era basicamente a astrologia nascimento sem a hora correta. No seu livro de predições para 1923,
herdada de Ptolomeu, e os céticos não caíram no logro. adiantou que este homem traria complicações para a Baviera (senso
Na verdade, a prática da astrologia é um pouco de ciência, um pouco de comum, provavelmente, como tanta coisa na astrologia), mas que
arte; bastante próxima da prática da Medicina, mas mais complicada e mais qualquer esforço que fizesse para chegar ao poder resultaria em fracasso.
genérica; a clínica médica foi durante muito tempo não posta em dúvida, e Foi o ano do famoso putsch que terminou com a prisão de Hitler. A
por séculos e séculos não apareceram verdadeiros pesquisadores neste setor, senhora Ebertin e muitos outros astrólogos sempre afirmaram que o
existindo apenas práticos com conhecimentos mais ou menos gerais. horóscopo de Hitler não permitia fazer predições de coisas boas, de modo
Só na Alemanha, na década de 20, enfrentou-se o problema desse que, quando este °chegou finalmente ao poder, os astrólogos passaram a
estado precário da prática médico-astrológica. E fizeram-se muitas ser considerados persona non grata, e muitos líderes nazistas se
tentativas, algumas bastante bizarras, para conseguir alguns melhoramentos. opunham à astrologia por motivos ideológicos. Nos anos imediatamente
Proliferaram muitas teorias, sendo as mais famosas as da Escola de anteriores à guerra, os pequenos almanaques desapareceram, e os
Hamburgo, de Alfred Witte, que defendia nada mais nada menos do que a astrólogos que tivessem um mínimo de
existência de oito planetas além da órbita de Netuno. Efemérides precisas
(tábuas astronômicas determinando a longitude e latitude diárias dos
planetas) foram calculadas para esses planetas hipotéticos, e daí tiveram-se
predições, alcançando resultados impressionantes.
senso de preservação evitavam declarar em público seja lá o que fosse em ângulo. É possível ler Carter sem imaginar que os delegados da Inquisição
relação ao horóscopo de Hitler. estão logo ali, além da esquina, ou que um trânsito desfavorável (a
E, no entanto, foi só na Alemanha que se realizaram esforços passagem de um planeta, em seu curso normal, pelo ponto de nascimento de
concentrados para botar a astrologia em bases mais decentes. Na França, outro planeta) significa iminente visita — e essa batida na porta pode ser o
uns poucos cidadãos estavam tentando justificar a astrologia em bases homem da televisão, ou uma intimação para comparecer a juízo., mas
estatísticas, atingindo resultados às vezes impressionantes, mas sem a nenhuma ligação deve ser estabelecida, sem risco de heresia...
menor platéia. Na mesma França, um grupo de psicólogos heterodoxos e Carter, porém, era bastante cético, senão inteiramente descrente, da
brilhantes começava a se preocupar com a astrologia, não do ponto de vista possibilidade de tornar a astrologia uma matéria científica, e, depois de
de suas profecias, nem como subsídio para a análise do caráter a partir da umas poucas incursões amadorísticas no terreno da estatística, preferiu
data do nascimento, mas como elemento de descrição e compreensão da inclinar-se por uma visão mais tradicional. Carter acreditava no poder da
natureza humana, de forma mais profunda e eficiente do que a fornecida intuição pessoal ou coletiva, mesmo contrária à experiência, opondo-se,
pelo método superado da tipologia, coerente ainda entre os psicólogos, e deste modo, à escola inglesa, que advogava a mais restrita segurança na
que, por mais útil que possa ser até certo ponto, pára sempre no momento prática, ainda que isso custasse o necessário espírito de indagação e
exato de fazer as descobertas mais relevantes. Por exemplo, de que me aventura.
adianta saber que Tennyson e o homenzarrão do circo são mesomorfos? Ou Mas, com aquela capacidade que os ingleses têm de se manter sérios até
que Kafka e o açougueiro ali da esquina são ambos introvertidos? o ridículo — um homem de chapéu gelot e guarda-chuva anunciando,
Psicólogos como René Allendy e Adolphe Ferrière viram, com razão, que o sorrateiramente, as últimas novidades do contrabando e dos livros
caráter ganhava muito mais consistência sob o enfoque astrológico. underground — foi exatamente na Inglaterra que apareceu a moda da
E, num plano mais elevado ainda, um reduzido número de estudiosos astrologia de jornal.
franceses (entre os quais se contavam Schwaller de Lubicz e René Guenon) Em 1930, quase como brincadeira, o Sunday Express publicou um
dedicava-se a pesquisar o sentido profundo das diversas tradições esotéricas artigo sobre o horóscopo da recém-nascida Princesa Margareth, que
de maneira coerente, indubitável, sem sensacionalismos (57), tornando suscitou uma tal avalancha de correspondência que o astrólogo responsável
possível, entre outras coisas, encarar-se a astrologia como parte integrada de pelo artigo, R. H. Naylor, foi contratado para escrever uma série. A acolhida
uma civilização. do público foi desmedida e inesperada; as tiragens aumentaram, e os jornais
Na Inglaterra, Alan Leo morrera, legando sua astrologia a Charles E. rivais apressaram-se a informar e esclarecer seus leitores, usando as mesmas
C. Carter, talvez o melhor dos praticantes modernos da astrologia. armas, o que fez com que, primeiro, na própria Inglaterra, depois na
Articulado, prático e pessoalmente impressionante, Carter ¡ratou de Alemanha e na França, as colunas de astrologia passassem a ser obrigatórias
vazar a astrologia numa terminologia moderna e aceitável; coisa que os nos bons jornais.
demais astrólogos do nosso tempo nem haviam cogitado. Lendo Alan Leo e Essa astrologia popular pioneira não era ainda a mixórdia como a que se
outros da mesma época e convicções, o moderno estudante de astrologia lê hoje em dia (em que todas as pessoas nascidas em Leão terão perdas
continuaria achando que, mediante conjunções desfavoráveis, determinadas financeiras, enquanto que as de Escorpião deverão encontrar um estranho
pessoas poderiam morrer em praça pública, atacadas por animais selvagens. atraente), mas astrologia mundana, da mesma espécie contra a qual Isaías
Nos manuais de Carter não há exortações para levar-se uma vida investiu.
zodiacalmente limpa, nenhum mandamento bíblico, nada sobre corpos Naylor, o astrólogo que inaugurou este sucesso, era o mais colorido,
etéreos e planos astrais, tão queridos aos teosofistas, mas tão avessos a sem dúvida o mais corajoso, e, no final das contas, talvez menos
equivocado de todos. Ao contrário da maioria de seus colegas, cuidava de
pessoas que vejam a coisa por outro
fazer predições precisas e verificáveis. Quando acertava, ninguém se gabava
mais do que ele; quando errava, ninguém se apressava a racionalizar com
tanta segurança: "Desde 1919 eu tenho repetidamente predito que a paz
seria mantida entre as nações da Terra. Minhas pesquisas
astrológicas agora me convencem que esta situação não perdurará por muito alguns fatos, cientificamente comprovados, que cheiravam suspeitamente a
tempo: as sombras da guerra escureceram o firmamento'." astrologia.
Abril de 1936: Naylor prediz que o Rei Eduardo VIII casaria dentro de Mas, já por essa época era praticamente impossível afirmarse que a
três anos, e que nenhum rei teria sido endeusado mais do que ele. (Note-se, astrologia estava morta. E, embora a maioria da comunidade acadêmica
porém, que o famoso ledor de mão, Cheiro, predissera a abdicação do ridicularizasse o assunto, seu ressurgimento não podia mais ser negado.
mesmo rei.) Pelo menos, como fenômeno psicológico e sociológico, não podia mais ser
Agosto de 1936: Naylor anunciava que Roosevelt ganharia as eleições, ignorado.
mas que dificilmente terminaria seu segundo mandato. Em outubro de 1938,
porém, anunciava um terceiro período para Roosevelt. A Segunda Guerra Mundial interrompeu a atividade astrológica, mas
"Dez Anos de Paz: que o Mundo se Desarme:" era a redundante enriqueceu sua história com uma nota muito curiosa, a de Hitler e de seus
profecia que se encontrava na capa da Prediction (58), de junho de 1939. pretensos astrólogos.
Setembro de 1944: "Os dias de Franco estão contados." Desde a ascensão de Hitler ao poder, os astrólogos passaram a ser
Por outro lado, em 1944 Naylor discordou de uma profecia americana, olhados desfavoravelmente; no entanto, foi divulgado na Inglaterra, por um
baseada em estatísticas, que prediziam uma guerra na Europa, entre astrólogo refugiado, chamado Louis de Wohl, o boato de que o próprio
1966/1970, enquanto que Naylor sustentava que nessa época; os Estados Hitler consultava astrólogos, e seguia seus conselhos — o que não é de todo
Unidos estariam em crise interna e em guerra na Ásia. impossível, uma vez que se sabe que as mais altas personalidades do III
Junho de 1951: Naylor prevê um confronto e cisma entre a Rússia e a Reich mantinham um interesse mais do que declarado por magia e "ocultis-
China. mo", incluindo-se aí o esquema grotesco que afirmava que vivíamos no
Essa febre de interesse popular representou muito pouco para o interior do planeta, e não em sua superfície, olhando o céu através de sua
desenvolvimento de qualquer dos níveis significativos da astrologia. Mas crosta. De acordo com de Wohl, o astrólogo de Hitler era K. E. Krafft,
provocou respostas curiosas de racionalistas de todos os tipos, de homem excêntrico mas, a sua moda, brilhante, que desde a década de 20
pseudocientistas, e, mais curioso, de grandes cientistas, nenhum dos quais tinha-se engajado numa campanha solitária pela colocação da astrologia em
pode dizer-se que se tenha comportado muito bem (ver pp. 117 e seguintes). bases decisivamente estatísticas.(59)
Os astrólogos não conseguiram responder a esses ataques sem uma nota Depois da guerra, ficou suficientemente bem estabelecido que Hitler
de histeria, mas uma vez afastada a argumentação emocional, a tese é nunca teve nenhum conselheiro dessa espécie, nunca tendo dado crédito à
simples: os cientistas pediam provas aceitáveis do ponto de vista científico, astrologia. Parece que Krafft jogou, no início, com algumas idéias nazistas,
sobre a validade da astrologia. Os astrólogos admitiam que não havia tendo-lhe sido dado algum trabalho no Ministério da Propaganda de
"provas", mas isso não era culpa da astrologia — se os cientistas querem Goebbels. Mas, quando descobriu, com surpresa, que os líderes políticos
provas, que estudem o assunto, ponham-no em discussão entre eles, o que não partilhavam do seu interesse pela astrologia, recusou-se a cooperar. A
nunca foi feito, e, até encontrarem provas contra, reservem, recompensa por esse gesto de defesa da sua integridade foi a prisão,
cientificamente, sua opinião. acabando por morrer a caminho de Buchenwald, em 1945.
Mas de nada adiantou essa controvérsia. Por volta da década de 30, do Na Inglaterra, porém, de Wohl teve sucesso na tarefa de convencer o
ponto de vista científico, a astrologia passou a ser pelo menos colocável, alto comando de que Krafft estava a soldo dos nazistas, prestando-lhes
tendo a teoria da relatividade e dos quanta derrubado o universo auxílio astrológico; em resposta, o alto comando britânico estabeleceu um
simplificado de Newton e Laplace, mas não havia nenhum cientista que serviço "contra-astrológico", do qual só de Wohl fazia parte, com o posto de
quisesse dedicar-se ao assunto diretamente, mesmo quando nessa mesma capitão e o dever de percorrer os locais de luta interpretando os próximos de
década apareceram Hitler, de acordo com dados históricos (60).
A par seu aspecto de curiosidade histórica, existe um detalhe nessa
transação, que tem importância para a astrologia. Nas
jornadas de Hitler para consolidar seu poder, o grande golpe de Munique
em 1938, suas rápidas campanhas na Polônia e na Escandinávia, houve um
momento de glória insuperável, um momento em que foi realmente um
mestre; sua fulminante invasão da Holanda e dos Países-Baixos, e a
humilhação que impôs aos franceses.
Esse momento pode ser circunscrito ao dia 10 de maio de 1940, e, por
estranho que pareça, está tão bem definido no horóscopo de Hitler que
qualquer pessoa teria de admitir que ele agia sob conselho de algum
astrólogo; ou, se isso for de todo impossível historicamente, é-se mesmo
assim tentado a citar este exemplo como a da fatal compulsão que os astros
exercem sobre uma pessoa.
Neste livro, o que nos interessa é mais o estudo dos princípios da
astrologia, as evidências existentes contra ela e a seu favor, do que seus
aspectos técnicos; mas já que a astrologia é mais familiar sob o seu aspecto
(dúbio) de profecia, aproveitaremos este exemplo para descrever
brevemente o método usado pelos astrólogos para elaborarem suas
predições.
O método mais elementar, simples e lógico é o que diz respeito aos
"trânsitos". A posição dos planetas no seu nascimento é conhecida como a
sua rota, ou "radix". No seu trajeto espacial, os planetas cruzam, ou
melhor, estabelecem relações com essas rotas ou radix, e essas relações
determinam pontos celestes considerados vitais. E claro que as diversas Figura 11. O horóscopo de Hitler com seus trânsitos (ver fig. 1). Alguns fatos relevantes e
sua interpretação: Saturno alto no Signo de Leão, na décima casa, tradicionalmente simboliza
rotas dos planetas em órbita indicam que relações desse tipo, previsíveis o homem •que chega até em cima, mercê de sua ambição, mas corre o risco constante de
mas variáveis, estão sempre em progresso, e das diversas combinações os perder as posições. Saturno numa dupla relação aguda com Vênus e Marte: o perigo tornando-se
realidade. Mercúrio em oposição (180 graus de distância) a Urano: indicação de idéias estranhas
astrólogos tentam tirar os seus horóscopos. (às vezes brilhantes) e de violenta histeria. Saturno numa relação sexta não muito forte (60
Ao analisar o horóscopo de Hitler, verificamos que na noite de 10 de graus) com Urano permite a utilização dessas características desagradáveis para atingir o
sucesso. Urano numa relação menos que sexta com o Ascendente, mas na décima segunda
maio de 1940 seus trânsitos não poderiam ser mais favoráveis. casa, leva ao emprego da violência. Netuno e Plutão estão próximos um do outro na oitava
Como a fig. 11 demonstra, Saturno formava uma relação trinitária casa de Gêmeos; morte e destruição causadas voluntariamente, e talvez uma certa inclinação ao
suicídio. Aspectos positivos: o Sol em Touro, numa relação trinitária (120 graus) com a Lua e,
primeiro com a Lua (que se relacionava muito bem com Hitler), depois com menos forte, com Júpiter, estando estes dois numa conjunção favorável. Isto representa não só o
o radix de Júpiter no signo de Hitler. O trânsito de Marte — planeta da amante apaixonadíssimo, quase animal, mas representa uma poderosa personalidade, e, como Sol
na sétima casa, um forte apelo público. Este homem casou-se com o seu público, apresentando
guerra — formava uma relação trinitária com o Ascendente, e uma relação grandes ideais, em seguida traiu-o (Marte e Vênus desfavoráveis na sétima) em favor de suas
sexta com o radix, de Mercúrio. Júpiter — planeta do sucesso — próprias ambições (Saturno), e, no fim, foi incapaz de frutificar esse matrimônio traído. (E
interessante notar que a conjunção de vários planetas na sétima casa é uma constante nos
encaminhava-se para uma conjunção com o radix do Sol, posição sobre horóscopos de alguns ditadores, entre os quais Mussolini e Stalin.
todas favorável, na astrologia tradicional, ao sucesso em qualquer Os símbolos externos no desenho representam as reais posições dos planetas no dia 10 de
maio de 1940, a 1:15 da manhã, hora de Greenwich. As linhas pontilhadas marcam as
empreendimento. Enquanto que a Lua, que gira tão devagar que leva um principais relações.
mês para esgotar todos os seus ciclos, estava numa relação trinitária perfeita
com Urano, planeta da revolução, da
surpresa, da blitz, do inesperado. E isso se deu na hora exata em que o tradições se esboroam, novos conceitos surgem; dentro desse ambiente, é
ataque foi deflagrado. realmente muito difícil predizer o que ocorrerá, ou entender o que está
Não obstante isto, um astrólogo que assessorasse Hitler não se limitaria acontecendo.
a predizer baseado nos trânsitos. Olharia também as chamadas "direções Seria um truísmo afirmar que nós nos encontramos num período com
secundárias". E nisso que os astrólogos acham que Ezequiel estava filmando tais características. Mas, é claro, ninguém precisa acreditar que isto tenha
quando mencionou a história do "um dia por um ano". Entre todos os alguma coisa que ver com a astrologia. Talvez, como a Regra de Ouro da
aspectos ilógicos da astrologia, não haverá nenhum mais ilógico do que Natureza, como o aparecimento e desenvolvimento da vida orgânica sobre a
este, e, no entanto, nenhum praticante passará sem ele, embora não possa Terra, como a harmonia entre os diversos elementos e a forma espiralada das
explicar o próprio princípio deste procedimento; Basicamente, este galáxias, assim também o caos atual e sua previsão astrológica podem ser
princípio afirma que o que ocorre no céu num deter-minado dia há de se explicados como "coincidência" — aquilo que entre os princípios de
repetir, de alguma forma simbólica, dentro de um ano, no plano da vida; Shertock Holmes, acostumado a decifrar todos os mistérios, era considerado
assim como a Terra, girando em torno do seu eixo num dia, se expõe às "elementar".
mesmas influências que sofre durante o ano, a análise das estrelas no No entanto, é interessante, e talvez não tanto uma coincidência, que a
qüinquagésimo primeiro dia de Hitler pode ajudar-nos a prever o que mesma guerra que enterrou o passado tenha aberto campos insuspeitados
acontecerá no seu qüinquagésimo primeiro ano. Essas indicações eram para o desenvolvimento da Ciência, cuja arrancada nos últimos 15 anos
muito menos favoráveis que os trânsitos, e foi incorporando a elas os seus tornou possível, dentro de certos limites, rediscutir o caso da astrologia, que
desejos pessoais que tantos astrólogos continuaram a predizer a paz às a Ciência em seu estágio anterior se vangloriava de ignorar.
vésperas da Segunda Guerra. Os astrólogos procuravam convencer-se de
que os astros não permitiriam a Hitler agir contra seus próprios interesses.
No entanto, tendo a História girado sua roda, resta o fato de que o momento
mais brilhante de Hitler era facilmente detectável, do ponto de vista
astrológico, e coincidia perfeitamente com o seu momento de maior triunfo
político e militar.
Mas não nos propomos a defender o aspecto profético da astrologia
com nenhuma dose pessoal de entusiasmo. Trazemos à tona Hitler e suas
estrelas em parte para justificar esta breve incursão pelo terreno das técnicas
de predição e para trazer a nossa exaustiva análise astrológica do passado
para os dias de hoje.
Se houver história no futuro, ela registrará a Segunda Guerra Mundial
como a grande virada da civilização, e dependendo do estado de
desenvolvimento da nova civilização, como a grande virada da astrologia.
E um fato astronômico incontestável que, devido à precessão dos
equinócios, breve o Sol aparecerá no equinócio da primavera, no signo de
Aquário. E o que os astrólogos chamam de "Idade de Aquário". Agora, os
astrólogos sempre sustentaram que essa mudança tem uma significação de
grande alcance, e que o período de transição entre uma era e a outra é
invariavelmente marcado pelo caos, pelo conflito e pela indecisão; as
Segunda Parte
OBJEÇÕES
1 A Rainha da Superstição
(1) The Queen of Humbug, pelo Dr. Harold Spencer Jones, astrônomo de
Sua Majestade no Observatório Real de Greenwich.
A astrologia afirma que os corpos celestes — o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas —
exercem influência sobre os negócios humanos. Tem-se como certo que a disposição desses
corpos no momento em que a pessoa nasce representa uma influência decisiva sobre a sua
personalidade, e, que estudando essas posições a qualquer momento depois do nascimento,
pode obter-se um guia seguro para o futuro.
Essas afirmações, por si sós, abrangem um campo bastante amplo. Mas não se esgotam
aí as possibilidades da astrologia. Ela pode diagnosticar doenças, pode prever o rumo dos
acontecimentos mundiais. Consegue predizer o tempo. Algumas pessoas acreditam mesmo
que as sementes se desenvolvem melhor quando plantadas de acordo com determinadas
características, celestiais.
Essas afirmações são inteiramente infundadas. Nenhum astrônomo poderia dizer mais
do que isso. Mas, embora absurdas, atendem ao desejo das pessoas de investigarem o futuro.
Respondem à crença primitiva de que nosso destino é guiado por alguma força externa e
sobrenatural.
O astrólogo poderá estabelecer um bom horóscopo, predizendo o futuro — mediante
pagamento, é claro. E significativo o fato de que não conheço nenhum astrólogo que seja um
observador do espaço, muito menos conheço bons observadores que sejam astrólogos.
E
trabalho do astrônomo pesquisar e estudar as estrelas, aprendendo, pela observação
lenta e paciente, alguma coisa sobre elas. Baseando-se no que aprendeu, é seu dever vir a
público declarar alto e bom som que a astrologia é um contra-senso, uma simples coleção de
regras empíricas que chegaram a nós como herança de um passado longínquo e em certa
medida duvidoso...
Qualquer estudante de Ciências não poderia deixar de se divertir lendo um desses livros
de astrologia. Não vi, até agora, nenhum argumento a seu favor que tenha a mais leve base
científica. Não descobri nenhuma declaração que traga, mesmo que de longe, alguma
pesquisa científica.
uma morte precoce e violenta. Um dia determinado seria ou não favorável a uma pessoa de
Tentei encontrar nos livros de astrologia um único princípio que justificasse a quem se conhecesse a data do nascimento, em decorrência de uma série de regras
onipresença ativa dos astros na vida das pessoas. Encontrei declarações como as de que complicadas.
existe uma coincidência entre os acontecimentos terrenos e os que se passam em algum As regras — diz-se — corporificam a sabedoria dos antigos caldeus. A astrologia
lugar do céu estrelado (a única confirmação dada a isso é a de que o tempo na Terra tinha grande influência sobre o pensamento e a linguagem das pessoas. Palavras comuns
depende, ou esta ligado, das manchas e explosões solares) e que todos os homens estão como consideração, desastre, influenza e conjunção derivam diretamente do vocabulário
submetidos às leis que regem o planeta. astrológico.
Não encontrei nada mais substancial. Como astrônomo, devo declarar que essas são A astrologia recebeu golpes terríveis quando apareceram dois novos planetas, Urano e
bases muito frágeis para alicerçar afirmações ousadas como as que a astrologia faz. Netuno, sem mencionar a descoberta de outro menor, Plutão, e uma infinidade de
Infelizmente, existem muitas pessoas que acreditam arraigadamente na astrologia. planetóides anteriormente desconhecidos. Os sábios do Oriente não os haviam descoberto,
Tenho em meu poder cartas trágicas que mostram como a astrologia destruiu lares que, até e colocá-los dentro do esquema astrológico foi tão difícil e artificial quanto pôr um
um dos cônjuges ter adotado essa crença estúpida, eram felizes. Assim pode dizer-se que a automóvel numa cota darmas.
astronomia é a rainha das Ciências, pode dizer-se que a astrologia é a Rainha da Porque a astrologia, como a heráldica, tem suas regras, e é uma ocupação muito
Superstição...(1) divertida, embora bastante inútil. Se eu fosse um verdadeiro astrólogo, seguidor das
(2) A astrologia... ainda tem milhões de seguidores, mas está tão afastada de qualquer tradições da Ciência, estaria mais zangado com os jornais de domingo do que com os
semelhança com a Ciência que parece perda de tempo discuti-la. A teoria de que as céticos.
manchas solares causam depressão... é a derradeira manifestação do antigo ponto de vista de Essas damas e cavalheiros predizem seu futuro, sua sorte ou azar, baseados no mês do
que a vida humana está ligada a fenômenos astronômicos.(2) seu nascimento.
(3) A crença na astrologia é desculpável; é a filosofia do homem indolente. A vantagem de Eu nasci quando o Sol estava na constelação chamada Escorpião. De acordo com as
se acreditar nos absurdos astrológicos é que os atos das pessoas são predeterminados pelos antigas tradições, isto não quer dizer grande coisa. Mas se os planetas da sorte, Vênus e
movimentos e posições do Sol, da Lua e dos demais planetas... E evidente que, se Júpiter, também estivessem na mesma constelação, então eu poderia preparar-me para, de
conseguirmos convencer-nos de que não somos responsáveis pelos nossos atos, nossa moral alguma forma, ter boa sorte na vida.
se deteriora, e deixamos de nos preocupar. A astrologia é uma filosofia consoladora, Mas, se a astrologia está certa, não se pode predizer o futuro de uma pessoa pela
adaptada às necessidades das pessoas timoratas e idiotas.(3) simples constatação da posição do Sol. Seria o mesmo que diagnosticar uma doença
(4) Astrologia: Uma pseudociência que trata da influência dos astros sobre o destino das apenas olhando a língua do paciente, sem tomar em consideração a temperatura ou o pulso,
pessoas, e da predição dos acontecimentos futuros... A partir da metade do século XVII sem proceder a nenhum outro exame. Outra dessas ciências da superstição é a leitura da
(Europa) o interesse por essa pseudociência decresceu. Continua, porém, a florescer na Ásia mão...
e na África, constituindo-se em meio de vida de vários charlatães que se aproveitam do Se os astrólogos e adivinhos leitores de mão quiserem convencer os cientistas da
estado de ignorância das classes mais baixas.(4) veracidade de suas ciências, têm de fato uma tarefa das mais simples. Devem ter, sem
(5) Superstições Sintéticas e Ciência da Crendice, por J. B. S. Haldane.(5) dúvida (se suas afirmações e pressupostos são corretos), descoberto que milhões de jovens
Uma das definições da superstição é "a religião das outras pessoas". Eu certamente morreriam entre 1914 e 1918. Devem estar, portanto, capacitados a descobrir as datas de
discordo de opiniões das religiões de outras pessoas, mas não vou atacá-las aqui. As futuras guerras. Se acertar algumas datas, talvez eu passe a considerá-los com alguma
religiões, mesmo quando não são verdadeiras, fazem parte de um sistema em que as pessoas seriedade. Mas não me deixarei impressionar por uns poucos golpes de sorte.
honestas e inteligentes acreditam. Seja lá como for, os astrólogos e leitores de mão são muito úteis à causa do
Prefiro discutir as superstições sintéticas, que são elaboradas como "ópio para o povo", capitalismo. Ajudam a convencer as pessoas de que seu destino escapa ao seu controle. E,
particularmente a astrologia. Muitos dos jornais de domingo têm astrólogos contratados, e é claro, isto será verdade enquanto muitas pessoas continuarem pensando assim. Mas, se
às vezes dou uma olhada em suas colunas. um número suficientemente grande de pessoas começar a descobrir que nosso destino pode
Não quero atacar a verdadeira astrologia, que começou há muitos séculos como ser alterado por nós próprios, começarão a acontecer coisas que levarão ao fim do
tentativa de ligar os acontecimentos terrenos aos fatos celestes. Essa astrologia levou a que capitalismo e da própria astrologia.
se conservassem na Babilônia e em outras cidades do que é hoje o Iraque registros de
eclipses e outros fatos que são da maior utilidade para a astronomia moderna. Por tudo que se disse, parece claro que todos os críticos desconhecem
Na Idade Média, isso evoluiu até o estagio de arte, com regras bem determinadas. Para inteiramente as teses pitagóricas que fundamentam a astrologia. Para eles,
estabelecer um horóscopo era preciso saber a posição de todos os planetas na hora do a astrologia popular é a única que existe. Mas mesmo sob esse
nascimento da pessoa. E para predições é preciso saber até o minuto em que isso ocorreu.
Cada planeta deve ter uma influência boa, má ou neutra. pressuposto, os ataques que nesse nível são feitos não correspondem aos
E o céu foi dividido em casas relacionadas com vários aspectos da vida humana. Assim, fatos, além de falharem também no plano exclusivamente teórico.
se na hora do seu nascimento Saturno e Marte estivessem em conjunção na casa da Morte, O astrônomo real (1) não consegue encontrar nenhuma afirmação que
era bem provável que você fosse encontrar denuncie um mínimo de pesquisa científica. Quer dizer, não houve
investigação científica. Por outro lado, acusa
A objeção é, no entanto, apresentada como se no longo decurso da
as relações baseadas nas manchas solares de serem "uma base muito frágil História ninguém, antes de Haldane, tivesse jamais pensado no assunto.
para alicerçar afirmações como as que a astrologia faz". Sem dúvida, assim Acontece que Ptolomeu perdeu bastante tempo indagando-se
é. Mas isso é uma base, indubitavelmente originada de trabalho científico. exatamente a respeito desse assunto. Afirmava e a maioria dos astrólogos
Existe, hoje, como antigamente, um bom número de astrólogos que são modernos concordaria com isto — que o destino das pessoas está submetido
também astrônomos. E de tempos em tempos os jornais de domingo ao destino mais amplo de nações raças, tribos, áreas geográficas (por
publicam cartas de astrônomos que declaram acreditar na astrologia, exemplo, vítimas de terremotos). Definir acertadamente o horóscopo de um
preferindo, porém, o anonimato, por medo de repercussões negativas na sua povo, uma raça ou uma tribo já é outro problema. Mas a dificuldade ou
vida profissional. De resto, a não ser que tenha estudado pessoalmente a impossibilidade de sequer estabelecer as linhas-mestras de semelhante
matéria, um astrônomo não sabe mais a respeito de astrologia do que um horóscopo não invalida o princípio astrológico da ligação entre os fatos
mecânico de rádio sobre música. Pedir a opinião abalizada de um terrestres e os fatos zodiacais. Quer apenas dizer que a profecia astrológica é
astrônomo sobre este assunto é pura perda de tempo. E, no entanto, no falha, e nenhum astrólogo decente pensaria de outra forma.
decorrer das nossas extensas pesquisas, nunca encontramos a declaração de Agora, a condenação que Haldane faz da astrologia por motivos
um astrônomo que sustentasse seu desconhecimento da matéria por não tê- políticos deve ser encarada como uma obra-prima da estupidez científica.
la estudado. Embora durante mais de 4 mil anos os astrólogos tenham trabalhado em
Os demais críticos apresentam a mesma presteza na crítica, e a mesma estreita ligação com o capitalismo imperialista para mistificar a classe
timidez de fato, que se nota no astrônomo real. O Sr. Gardner (2) apresenta operária, esse laço permaneceu secreto até que o professor Haldane viesse
as manchas solares como "a última manifestação do antigo ponto de vista de desmascará-lo.
que a vida humana está ligada a fenômenos astronômicos", como se os Daí, um grande esforço tem sido feito para evitar que a massa descubra
antigos normalmente se preocupassem muito com manchas solares (na o quanto é fácil alterar seu destino, e é graças a esse esforço bem sucedido
realidade, os chineses se preocupavam). Além do mais, ao tempo em que que tanto o capitalismo quanto a astrologia ainda não desapareceram do
Gardner escrevia (1957), já se haviam estabelecido e provado firmemente mundo.
algumas relações dessa natureza, muito mais impressionantes do que as No entanto, um grupo de humanitaristas, baseados no enfoque
manchas solares. Mas não há, em seu ataque, nenhuma referência a isso. psicológico de Haldane, está disposto a pôr fim a essa guerra. Uma vez que
Alfred Still (3) considera a astrologia uma filosofia apropriada a as pessoas compreendam que a guerra não é boa para elas, automaticamente
"pessoas timoratas e idiotas", fazendo-nos ficar intrigados sobre a deixarão de desejá-la. E uma vez acabadas as guerras, sobrará tempo para as
excelência das crendices deste cavalheiro, que com tanta facilidade inclui pessoas se concentrarem na abolição do capitalismo e da astrologia.
nessa categoria Platão, Plotino e Kepler. Sem dúvida continuarão a existir pessoas que duvidem de que a teoria
À parte sua verborragia, é o geneticista J. B. S. Haldane quem, apesar se converta tão facilmente em prática, mas uma página da própria biografia
de erros flagrantes, apresenta algumas objeções válidas. do professor Haldane calaria para sempre esses céticos.
A descoberta dos novos planetas foi e continua sendo um problema, Comunista ferrenho, Haldane tolerou o regime de Stalin através de
embora não se constitua no "golpe de morte" a que Haldane se referiu. todas as atrocidades e barbarismos da década de 30, mas descobrindo que na
Em segundo lugar, Haldane aponta um problema realmente sério, o da Rússia seguiam-se os princípios genéticos de Lysenko, deduziu que os
relação entre o destino individual e os acontecimentos históricos numa comunistas não estavam interessados na verdade, e retirou-lhes seu apoio.
escala mais ampla. Cita o exemplo dos milhões mortos na guerra, que, a ser O material citado-acima vem de cientistas e escritores científicos, e
valida a astrologia, deveriam ter a morte inscrita em seus horóscopos. pode ser encarado como uma amostra justa do tipo
de crítica que se faz à astrologia por esse lado. Mas pode-se argumentar
que à parte o tom às vezes apaixonado dessas críticas nenhum de seus Tanto quanto sabemos, nenhum crítico da astrologia tentou pô-la a
autores declara ter estudado o assunto. prova no terreno da sua própria experiência, o que, aliás, também não seria
Na parte histórica mencionamos o interesse acadêmico que se concludente — o menino que sem nenhum ouvido musical, ganhando de
manifestou no século passado em relação à astrologia, e referimos de presente um violino, prova sem demora que não se pode tirar música de um
passagem os nomes de Franz Cumont e Otto Neugebauer. A seguir, instrumento desse tipo — mas seria pelo menos útil aos estudiosos
citamos extensas passagens do livro The Royal Art of Astrology, de cientistas, na busca da verdade objetiva:
Robert Eisler(6), conhecido, estudioso da Babilônia. Uma vez que este é
um dos poucos livros inteiramente dedicados a destruir as premissas da Assim como os metais foram associados aos planetas por uma generalização indevida
astrologia, as criticas nele suscitadas devem apresentar algum interesse. da origem do ferro, devida a meteoros, assim também, com base na mesma origem meteórica
de algumas pedras, deduziu-se que todas as pedras preciosas teriam origem celeste, e o céu
passou a ser imaginado como uma imensa safira ou bandeja de lápis-lazúli, pontilhada pelos
Por esses dias os devotos da astrologia não se cansam de repetir a queixa amarga de
diamantes das estrelas brancas, pelos rubis das vermelhas, pelas esmeraldas das esverdeadas
Alfred John Pearce, que escreveu no Textbook of Astrology (1911): "Por que será que a
etc.
maioria dos homens cultos do século XIX e deste nosso século se negam a entender que há
A conexão entre os astros e os planetas, a astrobotânica responsável por nomes como
uma grande dose de verdade na astrologia? A resposta é: Porque nunca investigamos o
flor do sol, helianthus, flor Jovis, é, evidentemente, derivada de uma série de fatos
assunto, contando com muitos preconceitos contra ele, que os impedem dessa pesquisa."
astrológicos. Assim como o camponês imaginaria que o sentido dos horóscopos está ligado
Essa extraordinária acusação contra a pesquisa moderna é prova suficiente tanto de
à semeadura, crescimento e florescimento do trigo, centeio, cevada, uva, sésamo, o
má-fé absoluta quanto do mais completo desconhecimento dos trabalhos eruditos sobre o
jardineiro encarregado das plantas medicinais ligaria também esses mesmos astros ao seu
assunto, desde os tempos do grande mestre francês Saumaise (Salmasius, 1648),
mister. Uma série de coincidências empíricas seria explicada pelos astrólogos por jogos de
correspondente de Milton, até os nossos dias, que viram a decifração, compilação e edição
idéias ou palavras, tão caros aos místicos que acreditem num universo regido pelos sagrados
dos textos mais importantes da tradição egípcia e mesopotâmica, a publicação em mais de
princípios da simpatia universal e da sacra analogia.
12 volumes dos textos da astrologia grega, sob a direção da Sphaera Barbarica por Franz
A interpretação antropomórfica do céu como rosto e do Sol e da Lua como o olho
Boll (1904), dos textos astrológicos de Hermes Trismegisto por Wilhelm Gundel (1936) e
esquerdo e o direito levariam necessariamente a correlacionar todos os sete instrumentos
a pesquisa de todo o material disponível por homens como A. Bouché-Leclercq (1899),
sensitivos do rosto — dois olhos, dois ouvidos, duas narinas e uma boca — aos sete
Caril von Bezold (1914) , Reginald Campbell Thompson (1900) , Charles Virolleaud (por
planetas, como encontramos no livro da tradição neopitagórica hebraica Sepher Yezirah
volta de 1905), Aby Warbung e uma série de jovens inspirados pelo seu exemplo. Nenhum
(Livro da Criação, literalmente, da Formação ou do Desígnio). A igualmente
dos tópicos de seus livros é jamais citado por qualquer dos defensores da astrologia. Não
antropomórfica idéia de um deus e uma deusa celestes, arqueados sobre a Terra, tão familiar
conseguem convencer-se de que suas práticas tolas foram investigadas por pesquisadores
à pintura egípcia, poderia sugerir uma coordenação das sete partes da divindade — uma
de grande renome dos principais países ocidentais, com profundidade e imparcialidade, ao
cabeça, um tronco, um órgão procriador, dois braços, duas pernas — com os mesmos sete
longo dos últimos três séculos, e que nenhum deles deixou de condená-la como
planetas. Nos túmulos egípcios encontramos os astros de cada um dos decanatos meticulo-
superstição, resíduo de que um dia foi uma grande religião panteísta, um esforço
samente distribuídos sobre o corpo da deusa celeste Nut. No tratado pseudohipocrático On
portentoso e racional de compreensão do universo...(7)
Heptades (Peri hebdomadon), escrito por um médico do V l século a.C., na Jônia, um
mapa do mundo então habitado e conhecido é comparado ao corpo humano, sendo o
Tão grande era a imparcialidade e cuidado com que esses cavalheiros Peloponeso a cabeça, o Istmo de Corinto o pescoço ou espinha, a Jônia os órgãos de
abordaram o estudo da astrologia, que no prefácio de seu livro, Bouché- respiração e alento (phrenes), o Helesponto as pernas, o Bósforo da Trácia e Ciméria os
Leclercq escusa-se de realmente dedicar alguma atenção ao assunto, pés, o Egito e o Mar Negro o reto. A divisão do corpo celestial do Grande Homem, ou
afirmando: "Não vamos perder o nosso tempo pesquisando o que outros já Makranthropos em 12 partes resultaria na correlação com a divisão astrológica das 12
estudaram, perdendo o seu." Atitude fortemente recomendada por seções do Zodíaco, como encontramos, em representações diagramadas, nas instruções de
médicos e barbeiros, que recorriam a esses princípios para saber o momento certo de
Eisler(8). Franz Boll, desafiado por um leitor que afirmava nunca ter ele sangrar, cauterizar etc. O conhecimento dos signos zodiacais ou dos astros que regem os
elaborado um único horóscopo, respondeu, imparcialmente: "Não somos diversos decanatos e estendam sua influência sobre os membros do corpo humano,
suficientemente doidos para perdermos nosso tempo num assunto dessa afetando-o com todas as doenças e tribulações que são reservadas ao homem, possibilitaria
natureza." O imparcial e cuidadoso Franz Cumont já foi discutido. ao médico praticante dessa ciência — que por isso mesmo se auto-intitulava "astro-
matemático" — "calcular" a poção que preservaria cada um de seus clientes das más
"
influências", ou curaria o membro ainda tocado pelo efeito maléfico de determinado astro,
assim como os médicos húngaros, que deram a Erasmo uma "poção astrológica"
para expulsar os efeitos de Leão. Depois de ter tomado a beberagem durante algum tempo,
Erasmo sentiu-se melhor, duvidando, porém, se o efeito benéfico teria provindo da mágica o mesmo método para explicar os efeitos da Lua sobre distúrbios mentais.
ou não.
Todas essas correlações — inteiramente desprovidas de qualquer apoio científico Qualquer pessoa que tenha tido a infelicidade de viver nas proximidades de um
empírico — derivam pretensamente de revelações divinas, relatadas pelo egípcio Hermes hospício sabe como seus internos ficam muito mais agitados e barulhentos em noites de
Trismegisto a seu divino filho Asclépio... luar, pela simples razão de que essas noites são claras, não densas como as demais,
conduzindo, desta forma, mais dificilmente ao sono profundo e reparador. Mas este
Le Style Est l'Homme Même. (Madame Blavatsky e John Hazelrigg) simples fato deve muito naturalmente ter levado os primeiros médicos e feiticeiros a
(ver n.° 56, p. 265) são os modelos de precisão e clareza quando imaginar que os neuróticos e psicóticos eram pessoas "aluadas" ou "lunáticas"...(10)
comparados com Eisler. E o leitor,, pisado nos calos por esse banho de
erudição, deve perguntar-se sobre o que está sendo dito. Mas uma vez É estranho e difícil de entender que esse fato nunca tenha ocorrido às
decodificada essa escrita cuneiforme, descobre-se que o que se diz é muito pessoas encarregadas dos hospícios, que, em vez de recrutarem turnos
pouco. Eisler oferece à guisa de fatos, suas próprias idéias sobre a relação especiais nessas ocasiões, teriam apenas que abaixar as cortinas; uma vez
dos metais com os planetas, além da relação dos mesmos com pedras que, segundo Eisler, "qualquer tecido, por mais fino que seja, serve para
preciosas e plantas, para finalmente afirmar que não há provas empíricas proteger o indivíduo".
em apoio a essas teses, o que é sem dúvida correto. Mas, também não há Em 1946, foi observada uma série de fenômenos, com o objetivo de se
evidências empíricas que as refutem. demonstrar uma periodicidade correspondente às fases da Lua. Tudo isso
é tranqüilamente atribuído por Eisler à simples claridade da Lua,
esquecendo-se o sábio de que neste caso não haveria absolutamente
Finalmente, qualquer parede, cortina ou tecido, por mais finos que sejam, servem para
proteger o corpo do recém-nascido das influências planetárias, sem falar no embrião
nenhuma periodicidade, dependendo as variações verificadas
protegido pelo corpo materno, que é absolutamente impenetrável por qualquer emanação simplesmente do fato gratuito de haver noites claras e noites escuras
de calor ou luz provinda dos astros. Pelo contrário, as descobertas mais recentes, sobre nubladas.
raios cósmicos que realmente nos atingem a todo momento, vindos das profundezas do "O selenotropismo de certas plantas que voltam suas flores para a Lua
espaço, nunca foram tomados em consideração pelos astrólogos...(9) Se os astrólogos,
como nossos antigos estudiosos, quisessem comparar as influências planetárias com 'a
de noite tem sido observado. E bastante análogo ao heliotropismo de
atração da palha pelo âmbar' — isto é, eletricidade — ou com a atração do ferro pelo ímã certas plantas que se voltam para o Sol durante o dia, presumindo-se que
— isto é, magnetismo — a resposta mais simples a essa pretensão seria a de que os físicos possa ser explicado por um mecanismo semelhante. "(11)
modernos dispõem de instrumentos muito preciosos para detectar e medir os distúrbios Mas ninguém sabe que mecanismo similar é esse, e por que certas
eletromagnéticos na nossa atmosfera; e que sabe que esses distúrbios provêm do Sol, mas plantas se voltam para o Sol, outras para a Lua, e outras para parte
não dos planetas, que simplesmente refletem a luz solar, não sendo responsáveis por
nenhum tipo de radiação autogerada. alguma.
Menos afortunado que o homem de boa razão de 1857, foi preciso ...De qualquer forma, esses fenômenos absolutamente naturais bastam para explicar a
menos de 10 anos para fazer essa afirmação científica parecer inteiramente crença tão difundida entre camponeses e jardineiros de que é conveniente plantar as
sementes e realizar as colheitas em tempo de mudança de Lua.(12)
infundada. Está hoje definitivamente estabelecido que Júpiter, com As teses de Madame Kolisko, apresentadas em seu livro The Moon and Plant
certeza, e outros planetas, provavelmente, emitem ondas de rádio, tendo Growth, publicado pela Sociedade Antroposófica — de que, de acordo com experiências
todos os planetas uma carga magnética própria, não se sabendo o que de laboratório, o crescimento de todas as plantas, sem distinções, é mais rápido e eficiente
ainda esperar das próximas descobertas. quando se faz o plantio dois dias antes da Lua Cheia, gerando-se o efeito contrário quanto
o plantio é feito dois dias antes da Lua Nova — com exceções inexplicáveis na altura do
A tirada transcrita acima foi especificamente dirigida contra quarto crescente — foram testadas pelos Srs. J. Maby, BSC, ARCS, FRAS, e T. Bedford
Ptolomeu, pela sua tentativa de explicar os fenômenos físicos por causas Franklin, MA, FRSE, co-autores de um livro notável, The Physics of the Divining Rod
astrológicas. Por mais divertido que pareça, Eisler, depois de muitas voltas (1939), sendo a conclusão geral no período de fevereiro a julho de 1938 que "não se pôde
em torno do assunto, usa exatamente fazer nenhuma distinção clara entre a Lua Cheia e a Lua Nova no período considerado".
Esse resultado é tanto mais significativo quando se confirma a imparcialidade e o espírito
aberto dos investigadores, que afirmam
seu propósito de repetir a experiência eliminando determinados fatores que podem ter É estranho que Eisler não consiga ver nessa terminologia pitagórica de
conduzido a essa resposta negativa, uma vez que eles esperavam, animadamente, um Amor e Luta a noção contemporânea de atração e repulsão, de positivo e
resultado positivo.(13) negativo. Estranho, também, que desde a sua recusa de aceitar a idéia de
estrelas guerreiras a radioastronomia já nos trouxe notícias de galáxias em
Escrita provavelmente na Lua Nova, ou quando o autor estivesse colisão (ou em guerra). Será que os antigos conheciam esses fatos? E
protegido por algum tecido fino das influências benéficas da Lua Cheia, provável que não, mas talvez Velikovsky tenha razão, e fenômenos como
esta passagem é, à primeira vista, não-eisleriana, e, à parte sua sintaxe esses tenham ocorrido no nosso sistema solar em tempos imemoriais. Por
tortuosa, quase racional. que não? Não há nenhuma prova de que isto seja impossível, nem ao menos
Dois estudiosos, com várias letras depois do nome, submeteram a teste uma teoria destinada a levantar essa impossibilidade.
de laboratório as afirmações duvidosas de outra estudiosa, sem letras depois Num certo sentido, não é justo chamar Eisler à arena nessa discussão
do nome, concluindo, depois de vários meses de teste, que os resultados sobre os astros. The Royal Art of Astrology não é nem um trabalho erudito;
alegados não se confirmaram. A declarada pretensão de repetir o teste na verdade, não passa de uma paródia do que está ou sempre esteve errado
confirma a sua objetividade. entre os eruditos. Mas há algo de magnífico, no fim das contas: é que Eisler
No entanto, entre essa disposição e o momento em que Eisler escreve não deixou de levar a extremos nenhum simplismo ou excesso acadêmico; é
transcorreram oito anos. Terão os referidos cavalheiros deixado de repetir como se tivessem contratado Goya para ilustrar uma Enciclopédia de
seu teste por causa da guerra? A intenção de refazer um teste, Pedantismo.
evidentemente, não significa que fatalmente ele será refeito. E basta uma Swift e Voltaire, apesar do tipo de vida que levavam, tentavam trazer o
olhada superficial pelas bibliotecas para se constatar o erro de muitos ideal do racionalismo para seu estilo de escrever. Mas, Eisler faz o seu apelo
estudiosos. à razão ao longo de 2% páginas perfeitamente apopléticas. E, no entanto,
Eisler se esquece de afirmar que as teses de Madame Kolisko resultam apesar de sua extensão e seu caráter violento, The Royal Art of Astrology
de uma série de experiências de laboratório aparente-mente rígidas e sérias, não adianta nenhuma prova além das contidas nos parágrafos inteiramente
abrangendo um período de 12 anos, publicadas em livro fartamente alheios aos fatos mais elementares escritos por outros oponentes.
ilustrado, mostrando a influência da Lua sobre o crescimento das plantas. Temos até aqui citado uma série de fontes que se opõem à astrologia,
Não pode haver engano quanto a isto. Ou bem Madame Kolisko está demonstrando a mesma incapacidade de apresentar provas ou sequer
certa, e neste caso a Lua realmente afeta o crescimento das plantas, ou bem levantar alguma ponderação teórica que venha em apoio às suas pretensões.
ela é uma charlatã que falsificou um número considerável de fotografias Mas, existe por trás de cada um desses depoimentos algo que lhes é comum,
para demonstrar uma tese errada.(14) E bem possível que as conclusões dos uma certa coisa que os unifica a todos, embora não seja muito fácil de
senhores Maby e Bedford se alterassem, se submetidas ao novo teste identificar, nem de, à primeira vista, entender. E temos de pelo menos essa
prometido e não realizado. vez ser gratos a Eisler, que, com seu amor ao excesso, parodia esse princípio
comum de maneira perfeita.
De acordo com a cosmologia animista e antropomórfica de Empédocles — projetando Ele explica a experiência religiosa, as visões dos místicos.
nossas características puramente humanas ou animais no universo remoto, em seus silêncios
profundos — o mundo é regido pelo Amor, e pela Luta. Assim, o astrólogo deve tentar Mas, algumas pessoas estão tão acostumadas a verem as coisas por um ângulo
descobrir, curiosamente através da Geometria, as simpatias e antipatias celestes, dividindo o destorcido e irracional, perdem tanto tempo a se fascinarem com a visão de uma bola de
Zodíaco em grupos rivais de aliados e adversários. 'Utque sibi coelum, sie tellus dissidet cristal, que se acabam submetendo a um fluxo de imagens como se sonhassem acordadas. A
ipsa' ("Assim como o céu é uma casa dividida, assim a Terra se divide contra si própria.") é ruptura se torna ainda mais efetiva quando a escuridão das tendas de adivinhos é
o que afirma Manilius — a verdade sendo aquela loucura humana que acredita serem os estranhamente quebrada pelo reflexo luminoso de algum diamante ou cristal. De fato, -o
astros que atiçam as guerras, que até os nossos dias ainda se fazem... o que Firmicus indivíduo contemplativo pode cair no que se chama de "transe", um estado de "bebedeira
Matternus transcreve do Livro de Abraão (!) que se afirma ter trazido essa sabedoria sóbria",
pessimista da Ur dos Caldeus, e é o quanto basta para tocar todos os demais dogmas
astrológicos com a mão do absurdo (15).
como os místicos antigos definiam o estado da alma induzida a um estado semelhante através apenas seus aspectos principais. E apesar de termos referido alguns deles no
da contemplação de miríades de pontos luminosos contra o veludo azul ou negro do espaço curso da investigação histórica que abriu o livro, por amor à inteireza do
constelado.(16)
trabalho, permitir-nos-emos indicar todas as objeções que se fazem, para
E assim o mistério finalmente se resolve. Por não entender que o Reino depois distinguir entre elas.
dos Céus era um ilusão de ótica, Cristo morreu na cruz. Por não terem tido a
lembrança de recordar a seus seguidores o uso de bolas de cristal, Buda, Lao
Tsé, Zoroastro, os místicos hindus e os sufis islâmicos perderam um tempo
precioso em concentração, contemplação e relaxamento para imporem a
vontade sobre o caos, para subtraírem os homens do domínio dos sentidos,
que é a sua condição. O Mestre Zen leva anos dominando seu espírito para
que, num único momento privilegiado, a mão, o pincel e a montanha se
façam um sobre o papel. Tudo em vão: bastava-lhe dar uma olhada numa
bola de cristal. Desde que a História se desdobra, os sábios têm meditado, os
monges não cessaram de rezar, os derviches trabalharam e jejuaram;
construíram-se templos, catedrais, mesquitas e pagodes; desenvolveu-se uma
grande tradição de arte, música e poesia sagradas; tudo isso sem a menor
necessidade; tudo porque nossos ancestrais, mal informados, insistiam em
imaginar que, entre o êxtase lúcido dos santos e o estado de auto-hipnose dos
pesquisadores modernos, deveria existir uma diferença qualitativa.
Graças a Eisler podemos agora entender por que ele e seus colegas
eruditos e cientistas têm tal opinião sobre a astrologia, e, na verdade, sobre
tudo que nos chegou do passado.
Esses homens, que nunca construíram uma catedral, jamais dançaram a
dança do derviche, não conhecem o poder da meditação, seja por meia hora
apenas, negam a possibilidade de tal diferença qualitativa. Acreditam que
essas atividades não passaram da forma mais antiga e ingênua de suas
próprias disciplinas. Sua atitude em relação à arte antiga é de
sentimentalismo e/ou condescendência, enquanto que sua postura diante da
ciência antiga é (na melhor das hipóteses) a que se deve aos antepassados .(
17)
No que respeita à astrologia, julgada a priori como uma falácia, seus
críticos acreditam que qualquer argumento contra ela é válido; a astrologia
não pode funcionar; portanto, não funciona.
Não obstante, há objeções que são válidas, e outras que não o são. Os
astrólogos sabem a diferença, e as objeções fundamentadas são matéria de
intensa discussão. Uma vez que algumas delas são extremamente intrincadas
e técnicas, vamos abordar
a influência dos planetas nas suas relações com a Terra. E de presumir-se
2 O Conselho da Rainha que os astrólogos tenham ficado tão chocados com à revelação de que a
Terra gira em torno do Sol quanto os próprios filósofos e escolásticos, mas
isto não afetou em nada a sua astrologia. Como já ressaltamos, nem
Copérnico, nem Kepler, nem mesmo Newton admitiram, sequer, a hipótese
1. A teoria heliocêntrica de Copérnico explodiu a astrologia, que se de que a descoberta de Copérnico tivesse destruído a astrologia. Por outro
baseava num esquema geocêntrico. lado, parece inegável que essa teoria não era desconhecida entre os egípcios
2. A descoberta dos novos planetas não pode ser incorporada à astrologia e os pitagóricos, como entre os chineses e hindus, e no entanto, a astrologia
tradicional, destruindo, assim, o velho sistema baseado no número dos floresceu em todos esses lugares.
planetas antigos, que era sete.
3. Para que a astrologia tenha alguma validade, é preciso haver ação à 2. Os novos planetas. Este é indubitavelmente um problema, dos que
distância, e isso foi negado pela física moderna. não podem ser resolvidos pela astrologia no seu estado atual de
4. O Sol não passa de uma massa incandescente. Os planetas não passam degenerescência. Seria necessária uma pesquisa de larga escala para
de globos de material mais ou menos solidificado, constituídos de minerais, determinar o que os novos planetas significam para incorporá-los ao cânon.
gases e metais, não podendo, desta forma, influenciar a vida na Terra. Tradicionalmente, a lei dos sete era um princípio sagrado, e a existência
5. A astrologia deixa de tomar em consideração a precessão dos de um sistema de cinco planetas, mais o Sol e a Lua, constituía uma prova
equinócios, baseando-se, portanto, num zodíaco imaginário. física altamente conveniente da natureza sagrada da lei, especialmente
6. De acordo com a Genética, toda a nossa herança nos é transmitida na quando eram encarados como um círculo sereno a girar em torno da Terra,
concepção, quando o esperma e o óvulo se unem. Compreende-se, portanto, que podia, então, ser excluída do sete sagrado.
que os caracteres físicos e, em grande medida, psíquicos são fixos. Se A descoberta dos novos planetas não altera em nada a lei dos sete.
portanto a astrologia pretendesse ter algum valor, teria de basear os Apenas essa lei não se' manifesta como os astrólogos medievais achavam
horóscopos no momento da concepção, o que é extremamente difícil de que se manifestava. E na falta de facilidades para desenvolverem uma
descobrir, uma vez que a fertilização pode realizar-se 24 horas depois do ato pesquisa mais ampla, os astrólogos ficam incapazes de comprovar com fatos
sexual. indiscutíveis as diversas teorias que surgiram para justificar o aparecimento
6a. Gêmeos e gêmeos no tempo: crianças nascidas no mesmo minuto e dos planetas novos e o papel desempenhado por Urano, Netuno e Plutão.
no mesmo lugar teriam de ser, de acordo com a astrologia, perfeitamente Chegou-se, em termos gerais, a uma concordância quanto à natureza
iguais. dos planetas. Urano é o planeta da revolução, das mudanças violentas, da
6b. Parto antecipado; se a astrologia está certa, deveria admitir que o democracia e da Tecnologia. Netuno é um planeta da água, um tanto
parto antecipado altera completamente o caráter do nenê que dele nasça. misterioso, Maneta de coisas - ocultas, de drogas, de romantismo, de sutis
7. Como pode a astrologia explicar o genocídio? Teriam todos os judeus estados de espírito. Plutão é o planeta responsável pelo aproveitamento e
mortos por Hitler a morte violenta inscrita nos seus horóscopos? governo dos poderes subterrâneos, planeta de totalitarismos e cataclismos —
8. O próprio Zodíaco não passa de um círculo imaginário, como seu próprio nome indica. Não importa que os nomes tenham sido
e todos os demais conceitos astrológicos, como casas, relações criados para homenagear os astrônomos Percevai Lowell e C. W.
e os sentidos atribuídos aos planetas, não passam de fantasias arbitrárias, Tombaugh. Os astrólogos não costumam atribuir nada a coincidências,
sem nenhuma base empírica. assim como os cientistas estão sempre dispostos a responsabilizá-las por
tudo.
1. Teoria Copernicana. A redescoberta dos princípios de
heliocentrismo destruiu a cosmologia medieval, e foi um golpe de morte
para toda a Idade Média. Mas, a astrologia estuda
Como foi que os astrólogos chegaram a essas conclusões? Segundo essa linha especulativa, os astrólogos apresentam também a
Colecionando casos; por analogia; por terem sentido os novos planetas; opinião de que os novos planetas não se manifestam na consciência
por simbolismo da astrologia hindu, que sempre afirmou a existência de 12 individual em toda a extensão do gênero humano, preferindo, pelo contrário,
planetas correspondendo aos 12 signos e a funções determinadas mas escolher determinados indivíduos excepcionalmente dotados — sendo que
mutáveis, em resumo: chegaram a essas definições pelo processo que na esta concepção é particularmente imune à investigação científica.
Ciência se chama "formação de hipóteses"? Pode-se atribuir validade a Na tentativa de enquadrar os novos planetas no velho conceito de
essas conclusões? Ninguém pode saber, antes de submetê-las a testes harmonia das esferas, tem-se afirmado que esses planetas determinam o
controlados cientificamente. início de uma nova série (conservando-se, assim, a lei dos sete), uma nova
Por outro lado, ao tentarem colocar os novos planetas dentro do seu oitava, como se diria em linguagem musical. Urano, Netuno e Plutão
esquema anterior, os astrólogos caem num problema indisfarçável. representariam, assim, uma oitava superior, ou mais espiritual, de Mercúrio,
Geralmente, considera-se que o aparecimento dos novos planetas não Vênus e Marte, respectivamente.
representa um corolário do nascimento da Ciência, mas que, pelo contrário, Não é necessário dizer que nada disso pode ser chamado "ciência";
que esse desenvolvimento científico representa uma nova fase da História trata-se tão-somente de especulações baseadas em conceitos astrológicos que
humana, um espalhado acesso às faculdades e descobertas do intelecto podem estar muito na moda, mas que permanecem improvados, e são mesmo
(representando a revolução industrial um primeiro momento desse muito difíceis de provar. Não obstante, uma vez que se acumulam provas
desenvolvimento), desempenhando os novos planetas o papel de símbolos sobre a relação céu/terra, as formulações hipotéticas dos astrólogos podem
dessas novas oportunidades. revelar-se tão inspiradas quanto as formulações de hipóteses dos cientistas.
O argumento da astrologia é desavergonhadamente analógico a esse, O que sem dúvida não nos faz esquecer que a descoberta dos novos planetas
mas isso talvez ainda não seja o pior.(18) representa um problema difícil e delicado para os astrólogos.
Os astros nascem, desenvolvem-se, morrem. (A Ciência põe aspas
nessas afirmações.) Os seres humanos nascem, crescem, morrem. 3. A ação a distância é impossível. Esta teoria era muito empregada
Analogicamente, a vida orgânica e a raça humana, como manifestação para sustentar um universo mecânico, onde se imaginava que entre um
dessa vida, teriam de submeter-se ao mesmo processo, que, em relação aos planeta e outro mediasse um espaço vazio. Esse argumento foi usado por
seres humanos (não podemos adiantar nada em relação às estrelas), se Eisler em 1946. Mas, os conhecidíssimos ciclos solares e uma série
manifesta de maneira abrupta mas discreta. Quando uma criança chega à infindável de outros fenômenos já hoje invalidam essa tese. (Ver Terceira
puberdade, influências que há poucos meses seriam ignoradas manifestam- Parte.)
se de forma particularmente aguda. E algo semelhante a isto pode estar
agora mesmo acontecendo a toda a humanidade, sustentam os astrólogos.
Por causa do movimento extremamente lento dos novos planetas, as 4. A influência solar e planetária é impossível. O Sol não passa de
massa incandescente etc. Essa objeção, muito comum, não é na realidade
relações entre eles podem durar anos, podendo-se, então, apresentar a
uma objeção, mas uma afirmação de caráter negativo. Declara, com efeito,
objeção de que todas as crianças nascidas nessa época partilhariam dessas
que o Universo é desprovido de sentido. Mas não é mais fácil ou possível
influências, apesar de individualmente terem nascido em momentos
demonstrar esta afirmação do que a afirmação contrária.
diversos. Os astrólogos acham mesmo que talvez um fato dessa natureza
E se é difícil imaginar o Sol e os planetas dotados de consciência e
explique o famoso "Fosso geracional". As explicações históricas que nor-
vontade, conhecendo, como conhecemos, seus constituintes químicos,
malmente se dão a fatos dessa natureza têm sido sempre posteriores aos
podemos, como analogia, tomar o exemplo de uma célula sangüínea no
fatos, e seria interessante se os astrólogos pudessem prever as diferenças
nosso próprio corpo. Possuída de algum tipo de consciência, será a célula
caracterológicas, digamos, de uma geração nascida com Netuno em Libra,
sangüínea capaz de
e outra com Netuno em Escorpião.
imaginar que a razão de sua acelerada velocidade é o nosso medo repentino? errada. Os Sideralistas afirmam que só o zodíaco móvel, sideral, é
Os astrólogos, sejam lá quais forem as divergências internas que os verdadeiro, afirmação que têm tentado provar com uma série de pesquisas
dividem, aderem todos ao antigo princípio do "assim na Terra como no céu". estatísticas.
O sistema solar é considerado um "organismo", os planetas são expressões Seus oponentes (a maioria dos astrólogos convencionais) replicam que
das funções desse organismo, da mesma forma como os vários membros do essas estatísticas podem ser interpretadas de diversas maneiras, e
corpo são expressões e instrumentos de suas funções. E claro que demonstrar reafirmam que suas próprias experiências coletivas confirmam a validade
as funções dos planetas é um problema de outra ordem. Mas, sem dúvida, a do Zodíaco Tropical.
objeção de que a astrologia está errada porque os planetas não passam de um Mas, seguindo uma pista que nos chega desde os antigos egípcios,
acúmulo de rochas e gás tem que ser descartada; é o mesmo que afirmar que talvez possa afirmar-se que os dois Zodíacos não são inimigos, nem
o homem não passa da soma de seus compostos químicos (teoria defendida mutuamente excludentes. E evidente que as leis que regem a vida sobre a
por alguns psicólogos do comportamento, mas desaprovada mesmo por seus Terra não evoluíram de acordo com o Zodíaco Sideral. O equinócio da
colegas cientistas, que; por algum motivo, consideram essa premissa lógica primavera continua ocorrendo no dia 22 de março, e o primeiro dia da
repelente). primavera ainda é Zero graus de Áries. E se há alguma verdade na
astrologia, então essas leis deveriam valer identicamente para o homem e
5. A astrologia deixa de tomar em consideração a precessão dos para a vida orgânica.
equinócios. O assim chamado zodíaco "Tropical", usado pela maioria dos Por outro lado, não se pode negar importância astrológica à precessão
astrólogos, é fixo. Cada ano começa a Zero graus de Áries. Não obstante, por dos equinócios. Foi essa precessão que iniciou as Idades de Touro, Áries e
causa da precessão dos equinócios (ver pág. 47 e segs.), no dia do equinócio Peixes, e vai iniciar breve a Era de Aquário.
da primavera — quando o dia se divide igualmente entre dia e noite — o Sol Talvez o recurso a uma analogia ajude a resolver o problema.
não nasce a Zero graus de Áries, mas, recuando, gradualmente, levanta-se a Imagine-se uma cidade auto-suficiente no interior de um grande império.
7 graus de Peixes. Isto significa, em termos de prática astrológica, que uma A cidade tem suas próprias tradições, feriados, santos e heróis locais, seu
pessoa nascida em 24 de março é considerada ariana, mas na verdade o Sol, - próprio ritmo de vida. A um observador não avisado parecerá autônoma e
nesse dia, está nascendo em Peixes. Será essa pessoa, portanto, ariana, ou imutável. Mas, na verdade, essa cidade está ligada ao complexo de regra e
cairá ela sob a influência de Peixes? leis que governam o império. De tempos em tempos chegam instruções e
Os críticos apresentam essa objeção sem nem ao menos se darem ao mensagens; introduzem-se alterações mínimas, mas seguras, nos ritmos e
trabalho de investigar como o problema é colocado nos círculos astrológicos. procedimentos. Para os próprios habitantes, não se revelam essas
Essa questão tem sido reconhecida há séculos. Ptolomeu deve ter sabido alterações como minimamente significantes; e só pela pesquisa de
dela. E se Schwaller de Lubicz tem razão, os egípcios tinham plena depoimentos e marcos deixados pelos antepassados é que se poderá
consciência dele e de sua complexidade, sendo seus três calendários, que avaliar a sua extensão. A cidade corresponde, evidentemente, ao Zodíaco
operavam conjuntamente, um reflexo desse conhecimento. Tropical, diário, seguido pela maioria dos astrólogos; o império pode ser
Hoje em dia, existe um pequeno mas ruidoso grupo de astrólogos na relacionado ao Zodíaco Sideral, cujas determinações e regras imperativas
Inglaterra e nos Estados Unidos, sustentando que o Zodíaco Astral, aquele são quase completamente inapreensíveis.
que se move de Áries para Peixes, é o único verdadeiro, e a astrologia (em Do ponto de vista prático, portanto, parece que os astrólogos estão
grande parte devida a Ptolomeu, em cuja época o calendário Sideral grandemente justificados (ao menos teoricamente) por se manterem
coincidia com o Tropical), que não reconhece isto, tem-se tornado firmemente agarrados ao Zodíaco Tropical. Utilizar de maneira consciente
crescentemente o Zodíaco Sideral pode ter sido muito fácil para os egípcios, mas é
praticamente impossível para nós. Se fosse, nós provavelmente estaríamos
empenhados agora em elaborar sistemas para a Era de Aquário,
objetivando adequar
o homem ao seu tempo. Em vez disso, estamos voando para a Lua. Não há nenhum argumento genético para informar a experiência milenar
de incontáveis gerações de astrólogos; nem ninguém se preocupa em
6. Tudo que recebemos como herança nos é legado no momento da explicar o que os livros esotéricos egípcios afirmam sobre a entrada da alma
concepção. Se a astrologia pretendesse ter algum tipo de validade, no corpo; os cientistas modernos negam essas fontes.(19)
deveria basear os horóscopos no momento da concepção. Já nos O argumento central da Genética contra a astrologia vale tanto quanto a
referimos aos livros de Hermes Trismegisto, cujas ligações com a tradição própria Genética. E na Genética, como em qualquer outro ramo da Ciência,
egípcia é reconhecida por todos os estudiosos. Esses livros fragmentários as novas descobertas tendem mais a abrir do que a fechar o horizonte dos
incluem métodos precisos de determinar o momento da concepção. conhecimentos. Excertos do relatório de uma recente experiência poderão
Recentes pesquisas do psicólogo tcheco Eugen Jonas parecem pôr em servir para provar a nossa afirmação:
dúvida nossas velhas certezas (ver pág. 174 e segs.)
Até poucos anos atrás, a ciência da hereditariedade — considerada como um sistema
Mas isso não responde à objeção. Porém, basta para confirmar que os altamente complexo — estava bastante seguramente definida. Dizia respeito à Genética, o
antigos tinham consciência da importância astrológica da concepção, e estudo dos genes no interior das células. A recente descoberta de que a substância genética —
lidavam de alguma forma com o problema. Mas o que dizer da noção DNA — também pode existir fora desses núcleos, por exemplo, nas subcélulas conhecidas
astrológica de que é o instante do nascimento o decisivo para a como mitocôndrias, turbou as águas tranqüilas da corrente mendeliana. Agora, essas águas se
determinação da personalidade e do destino da pessoa? Isso não contraria tornaram ainda mais barrentas: um trabalho recém-publicado levanta a hipótese de que os
genes talvez não sejam o único fator envolvido na hereditariedade.
todas as pesquisas mais recentes no campo da Genética? Roger Williams, bioquímico da Universidade do Texas... descobriu que em relação a
Não inteiramente. Mas o argumento dos geneticistas pelo menos é ratos que tinham sido gerados durante 101 gerações, de modo que seus genes não poderiam
coerente, e merece ser tratado com seriedade. ser idênticos, revelaram-se grandes diferenças na análise da sua urina, apesar de todos os ratos
A teoria genética considera que "não somos nada mais" do que o estarem submetidos à mesma dieta. Desde então tem demonstrado que variações enormes —
próximas a 60 por cento — podem ser registradas em animais desta forma preparados, e
produto de nossos genes. De acordo com o Penguin Dictionary of Science, abrangendo áreas de comportamento tão diversas quanto a disposição ao consumo do álcool,
um gene é uma "partícula hipotética, constituindo parte de um escolha de alimentos e tendências a exercícios. Quais as causas dessas variações, se as razões
cromossomo... O gene é encarado como sendo uma configuração molecular normalmente apontadas para explicar as origens da individualidade — condicionamento
específica dos ácidos nucleicos... num ponto particular do cromossomo... genético e meio ambiente, e as relações entre ambos — eram idênticas? Williams tem uma
ver Código Genético." Vejamos: Código Genético. O código segundo o teoria sobre a matéria. Forjou a teoria de que existem outros fatores — além dos genes e do
meio — envolvidos no controle do complexo processo de diferenciação, no qual um
qual determinadas características hereditárias são transmitidas de geração a organismo, contendo centenas de milhões de células diferentes, desenvolve-se de um único
geração. O código é expresso pela configuração dos cromossomos. óvulo originário.
A hereditariedade, portanto, depende da configuração dessas unidades Com Eleanor Shorrs, Williams desenvolveu uma série de experiências com pequenos
hipotéticas no interior dos cromossomos. Mas, que determina a quadrúpedes (Anais da Academia Nacional de Ciências, vol. 60, pág. 910). Estudaram 20
parâmetros, inclusive o peso dos órgãos e bases bioquímicas, confirmando-se que todos
configuração? A resposta científica é coincidência. Mas, os astrólogos variavam extremamente de 140 por cento. A hipótese de Williams aparentemente se confirma.
respondem "as estrelas." E embora não possam ainda provar nada nesse As implicações desses experimentos são profundas. Podem ser resumidas pela afirmação
sentido, a hipótese do determinismo astral vem sendo crescentemente de que os genes não precisam necessariamente ter muita importância no processo da
desenvolvida e apoiada. O gene hipotético nunca foi observado, e se existe, hereditariedade (grifo nosso) — uma afirmação bastante revolucionária. Algumas das
há num nível molecular, abrindo-se, portanto, a influências extremamente características mais profundamente assentadas de determina-
delicadas. Evidências cada vez mais fortes atestam a sensibilidade das
reações químicas às influências eletromagnéticas existentes, e essas
influências, por sua vez, estão ligadas 'a condições extraterrenas. Os
astrólogos podem defender, pelo menos teoricamente, a possível validade
do horóscopo elaborado sobre o momento da concepção. Mas isso, por si
só, não justifica a validade do horóscopo baseado na hora do nascimento.
Pode alguém adquirir, com a primeira respiração, características anteriores
inexistentes?
da raça — forma, inteligência, disposição, fertilidade, força etc. — variam de maneira Do ponto de vista da escala harmônica, isto corresponde ao segundo,
excessivamente contínua para serem explicadas por simples mudanças de genes. terceiro, quarto e duodécimo graus. Mas, se esses graus têm alguma
Normalmente, aceitando que os genes sejam os transmissores da inteligência, os geneticistas significação, seus múltiplos devem também exprimir alguma coisa. E,
admitem que essa espécie de característica envolve uma multiplicidade de genes. Mas se,
como William pensa, existem fatores externos aos genes, e que podem controlar os genes
realmente, desde os tempos mais remotos os astrólogos têm tentado utilizar
(o grifo é nosso), fatores presentes numa série de células, dependendo apenas da distribuição um sem-número de divisões diferentes. Os signos de 30 graus são divididos
que esses fatores vierem a ter nessas células, então a explicação dessas infinitas variações em três seções iguais, cada uma delas representando um decanato (o
torna-se muito mais fácil. E existem evidências reveladas pelo estudo que os biólogos têm trigésimo sexto grau harmônico), os astrólogos hindus trabalham com áreas
realizado sobre moléculas, de que esses fatores citoplasmáticos, controladores dos genes — de três graus (o centésimo vigésimo grau harmônico), e multiplicam-se
indutores e repressores — existem...(20)
sistemas — novos e antigos — que tentam atribuir significações específicas
Assim, a responsabilidade foi desviada dos genes para os também — mas via de regra simbólicas — aos diversos graus individuais. Isto está
hipotéticos fatores de indução e repressão, mantendo-se dessa forma um inteiramente de acordo com a teoria astrológica. Os gêmeos nascidos com
decente e decoroso materialismo. As experiências de Williams também não poucos minutos de diferença realmente se distinguiriam no plano desses
confirmam, evidentemente, nenhuma tese astrológica. Mas, objetivamente, altos graus harmônicos. Mas abordar o problema de maneira prática é outro
destrói o argumento antiastrológico de origem genética: as descobertas da caso, e os astrólogos mais bem dotados para esse tipo de investigações estão
moderna Genética não invalidamos princípios da astrologia. Os astrólogos concentrados em problemas mais imediatos.
discutiram, durante muito tempo, se a origem das características hereditárias 6a. Gêmeos de tempo. Crianças nascidas no mesmo minuto e lugar
estaria ligada ao momento da concepção (o que, teoricamente, deveria ser deveriam ser idênticas, não importando que tivessem mães diferentes.
detectável, no horóscopo dos pais, se a astrologia fosse suficientemente Tem-se recolhido um bom material sobre isso, de maneira sem dúvida
refinada), enquanto que a personalidade estaria ligada ao momento do muito desorganizada, mas já se pode dizer que as crianças nascidas no
nascimento. mesmo momento e lugar efetivamente partilham algumas características
Não obstante, dentro dos limites da argumentação genética, podem-se comuns. Com grande freqüência descobriremos que têm o mesmo nome,
apresentar algumas objeções interessantes, como as que se apresentam em casam-se com mulheres ou homens de nomes idênticos, trabalham m ocupa-
relação aos gêmeos. ções semelhantes, têm sucesso ou insucesso pelas mesmas razões e morrem
A eterna questão de gêmeos idênticos tem preocupado constantemente de causas idênticas ou semelhantes. (Ver gráficos 10-13 para alguns
os astrólogos, bem como os geneticistas. Na teoria astrológica, cada minuto exemplos visuais. E o apêndice 2 para um exemplo extraído de vários casos
é relevante. Uma diferença de 10 minutos no nascimento pode significar idênticos ilustrativo do fato.) Pode tudo isto ser atribuído ao Bom Deus, à
que o ascendente de um dos gêmeos se encontra num signo diferente do do Coincidência, sem problemas?
outro, o que acarreta a mudança simultânea de todas as casas. Por outro Os astrólogos acham pouco provável que se possa fazê-lo, a sério.
lado, uma diferença de 10 ou mesmo 20 minutos pode não fazer nenhuma Mas, por outro lado, admitem que os fatos relatados são aqueles que de uma
diferença para o horóscopo, quando o ascendente estiver "colocado no meio forma ou de outra ganharam uma certa notoriedade, destacaram-se dos
do signo (rodando uma vez em cada 24 horas a Terra permanece em cada demais. Porque sem dúvida existe uma série de gêmeos desse tipo que não
signo durante duas horas). Porém na prática, baseando-se apenas nos apresenta tantas e tão importantes características em comum. Mas, como
horóscopos, os astrólogos são incapazes de distinguir os gêmeos idênticos sempre acontece com a astrologia, os detratores criticam com a mais
dos que apresentam amplas diferenças. E, para complicar ainda mais a absoluta ignorância dos fatos, e os defensores encontram-se num
questão, o problema da divisão de casas é inteiramente deslocado.
Se o problema admitir qualquer tipo de resposta, esta deverá ser uma
interpretação refinada do problema das áreas de graus individuais. Como já
vimos, o Zodíaco está dividido em polaridades, triplicidades, quadraturas,
tudo obedecendo a um princípio duodecimal, de acordo com Pitágoras.
estado de desorganização que lhes torna difícil mostrar alguma coisa de Que é que, hoje em dia, causa as diferenças entre raças, nações,
concreto por trás dos casos, já de si muito sugestivos, mas incapazes de, regiões, até entre cidades vizinhas? Qualquer pessoa poderá reconhecer,
isolados, justificar qualquer tentativa de mostrar que as semelhanças ainda que vagamente, que o caráter de uma região difere do de outra; que a
psicológicas e fisiológicas dos gêmeos de tempo ocorrem com uma atmosfera num ponto do rio é bastante diferente da que se surpreende
freqüência excessivamente alta para poderem ser atribuídas à simples poucos quilômetros mais abaixo; que uma cidade parece hostil, ao passo
coincidência. que, meia hora mais adiante, outra nos parecerá agradável. Os estereótipos
nacionais e raciais são investigados pelos racionalistas bem-pensantes, mas
6b. Parto produzido. Sustentariam os astrólogos que uma criança sobrevivem, porque qualquer coisa neles parece verdadeira, não importa
que tenha nascido de um parto produzido tem características muito que seja uma simples exageração ou extrapolação de traços desagradáveis.
diferentes das que teria se nascida de parto normal? Por mais difícil que Não há nenhuma forma de medi-lo, mas o fato é que os alemães nascem
seja sustentar essa tese, os astrólogos não tiveram outra alternativa senão previsivelmente alemães e os franceses ferrenhamente franceses.
fazê-lo. Mas, à semelhança da questão dos gêmeos, os astrólogos tendem a Os astrólogos sabem que o tipo genético e o meio não são explicações,
achar este problema tão complicado e pouco promissor que preferem mas, sim, descrições: medidas aplicadas ao mistério. Os astrólogos
reconhecer sua ignorância e passar a outros aspectos mais palpáveis do seu formulam horóscopos para os grandes acontecimentos históricos, os
trabalho. tratados importantes, as constituições, as dinastias reais, os líderes e
ministros, as datas de importantes fenômenos climáticos e geológicos
7. Tragédias de massa: Teriam todos os judeus assassinados por (tremores de terra, enchentes, pragas etc.) procurando freqüências
Hitler a morte inscrita em seus horóscopos? Essa objeção comum e significativas entre os signos, analisando as posições relativas de um planeta
válida que se faz à astrologia foi levantada por J.B.S. Haldane, sendo ou grupo de planetas, pesquisando os graus específicos a que sejam sensí-
discutida de maneira muito superficial, embora se trate de uma das objeções veis nações, cidades ou raças. Os resultados nem sempre são satisfatórios,
mais sérias e repetidas. Os astrólogos afirmam que o destino individual está mas não, poucas vezes tem-se chegado a fatos que podem ser considerados
submetido ao destino mais amplo de sua cidade, estado, nação ou raça. Mas altamente animadores.
os astrólogos não se revelam capazes de distinguir o individual do geral, e
8. O Zodíaco é um círculo imaginário, e as demais noções
talvez mesmo nunca tenham sido capazes disso — os egípcios, tanto quanto
astrológicas — casas, relações etc. — são igualmente arbitrárias, e não
sabemos, usavam a astrologia pessoal para fins medicinais, não para
correspondem a nenhuma verdade objetiva. Esta é, evidente-mente, a
profecia; e sua astrologia profética servia aos vastos propósitos do Estado e objeção principal. Mas, afirmá-la apenas porque parece razoável não diz
da época, consagrando cidades, templos, territórios inteiros ao sentido dos absolutamente nada da sua validade. E preciso apresentar provas. Da
símbolos cósmicos, ou signos que regulavam aquela nação, templo ou
mesma forma, é preciso que essas provas. sejam fornecidas pelos
território. Não sabemos como os egípcios chegavam a suas conclusões.
astrólogos, em defesa da astrologia. Sem evidências não pode haver
Nem conhecemos até que ponto essas conclusões tinham sucesso, ou sequer
discussão científica.
eram relevantes — exceto pelo fato de que os 4 mil anos de civilização Não obstante, existe pelo menos uma boa razão teórica para não
egípcia não podem ser renegados; numa civilização que durou quatro menosprezá-la, pelo menos até se descobrir alguma prova. Em 1954, o
milênios, alguma coisa devia andar certa!
eminente físico e matemático P.A.M. Dirac escreveu: "Entre todas as
Os astrólogos persistem na prática da astrologia mundana. Seus
violentas mudanças a que tem sido submetida a teoria física nos tempos
resultados não são de molde a impressionar o cientista ou estatístico, muito
modernos, subsiste pelo menos uma rocha, que resiste a todos os temporais,
menos seus métodos aparentemente arbitrários convencerão os céticos; mas
e à qual sempre nos podemos agarrar com segurança — a certeza de que as
os problemas com os quais eles lidam deveriam interessar os sociólogos e leis da natureza correspondem a uma bela teoria matemática. Isto significa
cientistas sociais. uma teoria baseada em princípios matemáticos,
e que se ligam de maneira tão elegante que é um prazer trabalhar com
elas."(21)
Desse ponto de vista, a astrologia fazendo apelo ao senso estético do
homem como árbitro final da verdade é sumamente interessante. Porque Terceira Parte
pode dizer-se que, em falta de evidência clara, foi a atração estética exercida
pela astrologia que garantiu a sua sobrevivência por tantos séculos (cf.
Franz Cumont, pág. 66).
Os antigos egípcios, de acordo com Schwaller de Lubicz, não A EVIDÊNCIA
acreditavam no conhecimento advindo exclusivamente do cérebro; para
chegar à verdade insistiam em pensar com o coração. Quando Dirac afirma
que "as leis da natureza correspondem a uma bela teoria matemática", está,
na verdade, falando egípcio antigo.
Esse apelo à estética não é sentimental. Nos últimos tempos, mesmo o
materialismo mais empedernido tem-se baseado em valores, ou seja, em
afirmações de aprovação ou desaprovação — por exemplo, a afirmação de
que a vida na Terra é um acidente não é nem mais lógica nem mais ilógica
do que a afirmação contrária. Seguindo esses mesmos princípios, e
mantidos os demais fatores, seria muito mais lógico acreditar-se numa
teoria esteticamente satisfatória do que numa que não o fosse.
Foto 9:
A Astrologia está morta. E morreu há tanto tempo que já nem se lhe sente o
cheiro. Dr. C. A. Mercier em Fitzpatrick Lectures, 1913
Foto 10:
Jean Henderson e Joyce Ritter e suas famílias. Jean e Joyce nasceram com
cinco minutos de diferença, na mesma maternidade, em 20 de fevereiro de
1947. Veja apêndice II
ser derrubadas, e o espectro da astrologia sumiria atrás do anátema, abrindo
o dia para a Ciência.
Ao imaginar que, se, os planetas desempenhassem algum papel
regulador na hereditariedade, essas regras orientariam toda a população e
não apenas os homens eminentes em cada profissão, Gauquelin recolheu um
grupo de teste de 15 mil casais e comparou as posições planetárias no seu
nascimento com as posições de suas crianças, tomando ao todo mais de 300
mil posições planetárias. Para o espanto de um não-astrólogo, Gauquelin
encontrou uma correlação estatisticamente importante entre os mapas
paternos e os filiais, novamente operando com Marte, Júpiter, Saturno e a
Lua, e incluindo desta vez o planeta Vênus. A proporção entre os achados
Foto 11: de Gauquelin e os resultados ocasionais foi de 500 mil para 1. E como
Vencedores do Prêmio Nobel Albert Einstein e Otto Hahn, ambos
nascidos em 14 de março de 187- contraprova, em um grupo de controle feito com horóscopos cujo dia de
nascimento foi falseado, a correlação com os horóscopos dos pais limitou-se
ao nível do acaso.(10)
Daí, Gauquelin concluiu que suas estatísticas não faziam nada mais do
que descobrir um novo aspecto da hereditariedade. E, tendo colocado seus
dados atrás da égide dessa palavra mágica, imaginou que estava dando uma
contribuição à Ciência. De fato, suas estatísticas indicavam apenas que o
moderno conceito de hereditariedade é inadequado. Supostamente, nós
somos o produto fortuito de uma conjunção de genes imaginários. Agora,
pareceria que os genes são de alguma forma determinados pelas posições
dos planetas no momento da concepção. E, ao contrário, o momento do
nascimento estará relacionado com os horóscopos de nossos pais — até o
infinito.
Foto 12: "Porque a ciência moderna ainda nos tem muito a nos ensinar sobre a
James Stephens e James Joyce, escritores irlandeses, ambos nascidos relação entre o homem e o cosmos, vamos continuar a seguir a nova estrada
às 18 horas do dia 2 de fevereiro de 1882. Para os astrólogos o
ascendente Capricórnio é bastante óbvio oposta à astrologia, na qual começamos, mas dessa vez acompanhados de
especialistas qualificados
— savants chevronés —" (11) sugere Gauquelin. Ora, os savants
chevronés parecem pouco inclinados a acompanhá-lo nessa estrada
psicologicamente perigosa. No entanto, fica um fato estabelecido: a posição
de planetas específicos ao nascimento está relacionada com a profissão
seguida mais tarde. Também parece simples predizer que, se e quando os
savants chevronés decidirem investigar o trabalho de Gauquelin, vão ter
que aprender a praticar não uma ciência materialista, mas um certo tipo de
astrologia
— chamada cosmobiologia, ou a astropsicologia, ou qualquer outra coisa.
Porque, provando que planetas específicos estão relacionados com
profissões específicas com um alto grau de
Foto 13:
Beniamino Gigli e Lauritz Melchior, tenores, ambos nascidos a 20 de
março de 1890. Apêndice II
significação estatística, Gauquelin deu uma expressão quantitativa a uma em 10° de Áries, diz-se que esta relação está "aproximando"; o Sol está-se
antiga crença qualitativa: a de que os planetas, e suas posições relativas no fechando sobre Saturno. Se as posições são inversas, então a relação seria
espaço, são significativas. O estudo e a interpretação desse significado é a "de separação." Analogicamente, a astrologia compararia o processo ao
astrologia; e Gauquelin parece destinado a ficar nos livros como efeito de Doppler: quando aproxima, a relação indica tensão, excitação,
L'Astrologue Malgré Lui. ação; quando separa, indica relaxamento, extensão, dilatação, passividade.
Addey descobriu uma preponderância-impressionantemente significativa de
relações de separação nos mapas de seus 970 nonagenários. E, imaginar que
JOHN M. ADDEY ninguém tinha pensado nisso antes, que a preponderância de relações de
separação tem um significado astrológico; pode-se, portanto, esperar que os
Das várias pesquisas estatísticas, nenhuma foi mais dramática que a de
nonagenários demonstrem grande habilidade e propensão a conservar
Gauquelin. Mas de um ponto de vista puramente astrológico, há várias que energia, não desperdiçando, ou maltratando suas fontes físicas, e assim por
são mais informativas, e, no seu próprio caminho, conclusivas. diante, sendo esses notadamente os efeitos tradicionalmente conferidos pelas
Reconhecendo a necessidade de um ponto de partida científico para a
noções de separação.
astrologia, John Addey (ver pág. 147) decidiu investigar os mapas de 970
Portanto, procurando por um tipo de correlação, Addey encontrou
nonagenários, tomados inclusive do Quem é Quem?
outro. Mas isso, por sua vez, leva a uma experiência ainda mais interessante
Addey primeiro verificou desvios importantes nos signos do Sol. (Os (e sumamente importante).
capricornianos são reputadamente pessoas de vida longa. Serão mesmo? Os Ainda era possível, a despeito do alto nível de significação obtido, que
de Peixes, de acordo com os manuais, são de vida curta. Há alguma verdade
suas estatísticas estivessem erradas, e reuniu-se, para testá-las, um grupo de
nisso?) As cifras de Addey corroboraram com o que se está tornando um
pessoas de quem o oposto — a preponderância de relações de aproximação
lugar-comum estatístico: o Sol, nos vários signos, parece não desempenhar
— podia ser esperado.
quase nenhum papel detectável pela análise estatística. Addey encontrou Como professor num hospital de pólio, Addey tinha formado um grupo
tantos Peixes quantos Capricórnios, e assim por diante por toda a volta do de teste de particular interesse do seu ponto de vista de astrólogo. E um fato
Zodíaco, da mesma maneira que Gauquelin encontrou tantos soldados
médico que as vítimas de pólio pertencem cerradamente a um tipo
nascidos sob o alegadamente pacífico signo da Libra quantos sob os signos
reconhecível — brilhante, nervoso, ativo. Ao contrário, pessoas moles
marciais, Áries e Escorpião.(12)
raramente contraem pólio.
Também não pôde Addey encontrar nenhuma evidência estatística de
Para o astrólogo, isso conota Marte/Mercúrio (nervoso, estimulação
nenhum dos outros pontos de longevidade tradicionais na estatística. E, intelectual, excitação) de alguma maneira relacionados com Saturno (levado
enquanto uns podem racionalizar e dizer que os nonagenários não têm nada a dirigir o cérebro, conforme os cientistas saturninos de Gauquelin).
em comum, a não ser sua longevidade, pareceu a Addey que apenas isso já
Addey raciocinou que se os nonagenários mostravam uma
era bastante para fazer algum tipo de conexão. E é nesse ponto,
preponderância de relações de separação, então as vítimas de pólio,
incidentalmente, que uma importante diferença pode ser notada entre duas
caracterologicamente opostas, deviam mostrar uma preponderância de
experiências científicas igualmente importantes. Os oponentes da astrologia, aspectos "de aproximação".
procurando refutá-la, desistiram depois das mais óbvias descobertas Essa hipótese revestiu-se de grande significado. Um grupo foi
estatísticas, enquanto que um astrólogo, sabendo por experiência que alguma
analisado, encontrando-se relações "de aproximação" que ocorriam
correlação deve existir, continuará a procurar. E, por fim, Addey encontrou
significativamente com mais freqüência que as relações opostas; em
ao menos um fator significativo.(13)
gratificante contradição com os nonagenários (ver fig. 14).
Os astrólogos reconheceram há muito tempo uma diferença qualitativa
Estudando as ondas desses mapas, Addey foi atraído pela sua natureza
entre uma relação que está aproximando e outra que está separando. Por
recorrente. Imaginou que essas formas eram suscetíveis
exemplo: se num horóscopo o Sol estiver
e sem sacrificar ou destorcer os princípios pitagóricos da astrologia.
Se bem que "a música das esferas" tenha feito parte da linguagem
astrológica desde o próprio Pitágoras, e que muitos dos grandes astrólogos
tenham dedicado seu tempo a tentar correlacionar as teorias musical e
astrológica, nenhum, até o presente, logrou estudar os dados astrológicos
em termos de ondas, e isso, para nós, pode provar, finalmente, ser de grande
importância.
Imediatamente, um sem-número de abafantes problemas astrológicos
tornam-se compreensíveis. As vítimas de pólio de Addey estavam
claramente ligadas por fatores astrológicos — as estatísticas não podiam
evidentemente estar todas erradas. Mas esses fatores não eram comuns a
nenhuma tradição astrológica privada. Nenhuma interpretação em termos do
usual zodíaco de 12 signos, ou qualquer outro zodíaco de signos fazia
sentido. A própria recorrência é que era significante. Ela criava uma onda.
Essa onda correspondia a uma escala harmônica — neste caso de um ano,
que por sua vez correspondia à escala fundamental.
Reinterpretando os dados em termos de signos-do-Sol descobriu ele
que, enquanto as tradicionais divisões em Áries, Touro, Gêmeos etc. não
diziam nada se abandonassem essas divisões preconceituosas, atendo-se a
investigação das ondas, padrões distintos emergiriam. As vítimas de pólio
tendiam a nascer de acordo com a décima segunda escala harmônica, mais
forte que todas, diretamente relacionada com a centésima segunda escala
harmônica. Tomada fora da linguagem estatística, o mapa de Addey
indicava que uma criança nascida em cada terceiro grau (irrespectivo com a
divisão zodiacal) é trinta e sete por cento mais propensa a contrair pólio que
uma criança nascida nos dois graus intermediários. A margem de
Figura 14. Aspectos aplicantes nos mapas das vítimas de pólio. Notar a similaridade dentre as
casualidade nos números de Addey era de 1 para 1000. E um grupo de
curvas dos dois hospitais separados. controle de crianças sem pólio, selecionadas ao acaso, apresentou os
resultados do acaso.
de uma técnica estatística chamada análise de ondas, pela qual os dados são Que significam as estatísticas de Addey? Ninguém ainda está seguro.
trocados pelos seus componentes harmônicos. Esse método está sendo Significará que um astrólogo, contando apenas com a data do nascimento,
correntemente explorado para estudar ciclos naturais, "horas biológicas", e pode predizer que criança vai, que criança não vai contrair pólio? Claro que
uma variedade de outros fenômenos diretamente correlacionados com os não. Mas significa que Addey isolou ao menos dois fatores astrológicos de
ciclos planetário e celestial. Através da análise de ondas, Addey acreditava suscetibilidade ao pólio — as relações "de aproximação" e a 120.a escala
que a confusa astrologia genética tradicional podia ser trazida à luz e harmônica; e abriu um campo de pesquisa astrológica que, se explorado
interpretada — ao menos em parte — de maneira concorde com a rigorosa com alguma força, pode apresentar resultados importantes.
demanda quantitativa das disciplinas modernas,
Também na nossa opinião, resolveu o mistério apresentado por uma
importante amostragem estatística feita nos Estados Unidos no início da
década de 50, por Donald O. Bradley, astrólogo que é também estatístico.
Bradley reuniu as datas de nascimento de 2 593 padres do Quem é
Quem na América, procurando correlações astrológicas, mas com a idéia
fixa da divisão de 12 signos. Em tal divisão, se mais padres nascem sob
Leão e menos sob Escorpião, do que o acaso antecipara, então os altos-e-
baixos deviam cair no meio dos respectivos signos. Trabalhando os dados,
Bradley descobriu que esses altos-e-baixos realmente ocorriam, signifi-
cando que fatores astrológicos de alguma espécie estavam atuando. Mas
esses altos-e-baixos não ocorriam no meio dos signos aos quais, de acordo
com a teoria estatística, pertenciam. Foi sugerido a Bradley, no entanto, que
se ele usasse o Zodíaco Sideral, e não o Tropical, os altos-e-baixos ficariam
em seus lugares próprios, o que o convenceu, a ponto de se tornar defensor
do Zodíaco Sideral, desde então.
Mas para a maioria dos astrólogos, isso fazia pouco sentido. Parecia
que Bradley e os sideralistas estavam solapando toda a tradição astrológica
apenas para uma pesquisa estatística dar certo, dentro de um esquema
preconcebido. E apareceu nos jornais astrológicos uma discussão
infrutífera, argüindo a validade de mais padres nascerem sob Peixes no
Zodíaco Sideral, ou sob Áries, de acordo com o Zodíaco Tropical. Figura 15. Datas de nascimento de padres tomadas no Quem é Quem. O mapa acima foi
A visão de Addey sobre a natureza harmônica dos seus dados compilado da Associação Astrológica Britânica e mostra as datas de nascimento de padres
estatísticos — seus e de Bradley — evitou esse problema de zodíacos. Esses ingleses. O gráfico do meio foi compilado por Donald O. Bradley do Quem é Quem
americano. O mais interessante é que quaisquer que sejam os fatores não ocasionais
dados, parece, estão fora do visor generalizado pelo conceito de signo do operativos os gráficos obviamente corroboram um ao outro. As curvas inegavelmente
Zodíaco. Não é que mais vítimas de pólio nasçam em Leão (ou, usando o seguem um padrão semelhante.
Zodíaco Sideral, em Câncer), trata-se, antes, de crianças que, nascidas em
dias correspondentes à 120.a escala harmônica, são mais suscetíveis. Da muitos de um tipo que pode ser isolado astrologicamente, mesmo que nesse
mesma forma, os padres, por alguma razão, parece que nascem mais em momento ninguém possa dizer precisamente de que tipo se trata.
dias correspondentes à 7.a escala harmônica (numa proporção de 100 para 1, Essa experiência particular, se bem que de maior interesse do ponto de
fruto do acaso). E, o que é muito interessante, uma repetição da experiência vista astrológico, envolve um grande saber especializado sobre astrologia.
de Bradley, feita por Addey, mas usando os dados de padres britânicos, Nessa mostra de ruivos Addey está especialmente preocupado com o
confirmou fortemente os resultados do primeiro (ver fig. 15). desenvolvimento e exploração das técnicas para estudar conceitos
Um outro estudo estatístico de Addey nos mapas de nascimento de 100 tradicionais com métodos modernos.(14) Diferentemente de Gauquelin ele
ruivos britânicos provou novamente que fatores astrológicos não está preocupado em tornar a astrologia científica, mas, antes, está
desempenhavam um papel significativo — não que a posição dos planetas antecipando o dia em que a Ciência, em seu próprio interesse, começará a
no dia do nascimento causasse o cabelo vermelho, mas o cabelo ruivo tornar-se astrológica. O trabalho de Addey demonstra que quase todos os
parece ser um elemento entre fatores principais da astrologia tradicional — as relações, as casas, a
significação dos diversos graus, a posição
dos planetas em relação as casas — são baseados em realidade, e que essas
realidades, numa certa extensão, aceitam um trata-mento estatístico.(15) cores dos caranguejos (Mudança de Cor dos Caranguejos) e os padrões
de sono das moscas (Emergência das Moscas). Brown descobriu que todos
seguiam um ciclo definido, reconhecível
Influência Celestial sobre Organismos Vivos e similar, se bem que o ápice da curva diferisse de uma espécie para outra.
Esses testes foram realizados sob condições estritamente controladas, e
ficou claro que os ritmos deviam ser devidos não a mudanças climáticas
FRANK A. BROWN externas, mas a influências de natureza persuasiva e cósmica. Os principais
Virtualmente, todos os organismos vivos atuam de acordo com ritmos e mais óbvios. fatores cósmicos envolvidos eram o Sol e a Lua.
marcados, predeterminados. Por muito tempo, a natureza do mecanismo Organismos tão dessemelhantes quanto a batata e o caranguejo
d
responsável pela regulagem foi discutida. Uma escola de pensamento emonstravam inequivocamente uma periodicidade mensal (lunar) e anual
acreditava que o organismo respondia a mudanças na ionização do ar. (solar) sem possibilidade de erro. (16) Esses ritmos eram
Outra escola postulava um "relógio biológico" interno. Mas era impossível caracteristicamente mais depressivos na Lua Nova
explicar como ou por que a ionização do ar causava a aparentemente e mais ativos na Lua Cheia; eram indiferentes à temperatura
proposital è inteligente — se bem que inconsciente — felicidade dos e mesmo a drogas. Um rato, sob condições de controle, numa gaiola
organismos sob consideração, enquanto era igualmente impossível loca- escura, era duas vezes mais ativo quando a Lua estava sobre o horizonte
lizar qualquer organismo físico capaz de servir como "relógio" — se bem que quando estava abaixo dele; confirmando também o insistente
que cada célula seja responsável pelo ritmo; o "relógio" falado estava ao testemunho de todos esses anos de velhas e jardineiros.
mesmo tempo em toda parte e em lugar nenhum. Mas talvez o mais impressionante de todos seja a experiência de
Ultimamente foi declarada uma trégua entre as duas facções oponentes. Brown com as ostras.
Demonstrou-se que a ionização do ar e os relógios biológicos não eram As ostras abrem e fecham suas conchas num ritmo distinto, sem
mutuamente excludentes. A dificuldade no entanto permaneceu. Mesmo relação com as marés. E supunha-se que a ação física das marés, e não os
oferecendo-se apoio mútuo, as duas teorias combinadas não podiam dar efeitos da Lua, eram responsáveis por isso. Brown, no entanto, pôs as ostras
conta do fenômeno. em recipientes à prova de luz de New Haven, Connecticut, e partiu para
Frank A. Brown, professor de Biologia, discordou das duas hipóteses Evanston, em Illinois, e colocou-as em água salgada especialmente
dominantes, e com uma equipe de trabalhadores, depois de dez anos de preparada numa câmara escura.
experiência, ofereceu um impressionante suporte de evidência sustentando Nem bem haviam passado duas semanas, já as ostras tinham ajustado
uma teoria alternativa, atribuindo o "relógio biológico" a ritmos celestiais, seu ritmo de abrir e fechar as fases lunares de Evanston; quer dizer, para o
eliminando a necessidade de um mecanismo físico interno. que devia ser o ritmo da maré de Evanston, se houvesse maré lá, provando
Num famoso artigo em Science (4 de dezembro de 1959) Brown que é a Lua, e não ação real da água, que provoca a periodicidade.
descreveu essas experiências. E essa descoberta conduziu a um estudo maciço de uma vasta
Brown e seus colaboradores realizaram uma longa série de testes sobre variedade de organismos vivos, de algas às plantas com flores, de animais
os movimentos noturnos do feijão (Movimento de Sono dos Feijões), invertebrados e vertebrados. Achou-se que os índices metabólicos eram
juntamente com a análise de corridas feitas por ratos durante o dia bastante independentes das condições externas imediatas. "Agora ficou
(Corrida de Ratos) (*); as variações das bastante claro que sob tais condições externas constantes todas as coisas
vivas sofrem a influência imposta sobre elas pelo meio-ambiente, alterando-
se os ritmos metabólicos exatamente às freqüências geofísicas naturais",
(*) Não confundir com a Corrida dos Ratos, um fenômeno sociológico e a manifestação Brown escreveu. Um astrólogo, no entanto, teria discordado do uso de
bastante longa de ritmos astrológicos mais delicados.
"imposta", e afirmaria simplesmente que as
freqüências geofísicas naturais eram meras instâncias do que Pitágoras trinta — ou dezoito — horas, o organismo não ficaria mais atento a ele e
chamou a Harmonia das Esferas. "iria embora", revertendo a seu ritmo natural, não importando qual o
Como cientista, Brown mantinha-se naturalmente afastado da sistema que estivesse agindo sobre ele. Visto teologicamente, isto pareceria
metafísica. No entanto, em sua tentativa de explicar os ritmos solar e lunar, implicar que a esperança está construída nas muitas moléculas do
revelado em suas experiências, inadvertidamente procurou uma explicação caranguejo. E nesse caso, por que devia ser diferente com o homem?
que atinge o simbólico. Tendo dispensado a necessidade do "relógio"
hipotético, Brown tinha que dar conta da maneira pela qual diferenças de
minuto no nível de energia podem trazer mudanças tão dramáticas a todo o LEONARD J. RAVITZ
organismo. Ele postulou um "mecanismo de acionamento", onde a aplicação Dr. Leonard J. Ravitz, da Duke University, explorando mudanças no
de um minuto de energia sobre um "dispositivo" (que é, incidentalmente, tão potencial elétrico emitido pelo corpo de pessoas normais e doentes,
fisicamente hipotético quanto o "relógio") provoca uma reação em cadeia, encontrou mudanças marcantes coincidindo com as fases da Lua e com as
culminando num vasto acúmulo de energia despendida pelo organismo„ estações. Os doentes apresentavam maiores distúrbios.
Como analogia, Brown cita um esquema de estrada de ferro, no qual o Baseado no que encontrou, Ravitz era capaz de prever com sucesso o
complicado processo da estrada de ferro é posto em movimento pelo estado emocional de seus pacientes, e ratificou a antiga crença de que havia
esquema, que é o seu dispositivo de acionamento. mais inquietação entre os doentes, quando a Lua estava cheia. (Embora
Mas, esta analogia é talvez melhor do que Brown pensava. Pois um Eisler fosse, sem dúvida, concluir que os pacientes com maiores distúrbios
esquema de estrada de ferro não "acontece" apenas; o verdadeiro esquema eram justamente os que ficavam, por causa da doença, mais perto da janela,
físico atual (energia) é a manifestação da decisão de operar trens de tal em e portanto os únicos a serem afetados pelo luar.)
tal tempo. Essa decisão é um fato mental. É invisível. E indemonstrável. Não Ravitz afirmou: "Seja o que for que sejamos além disso, somos todos
podemos provar que uma decisão foi tomada. Mas, desde que tenha sido máquinas elétricas. Portanto, as reservas de energia podem ser mobilizadas
tomada por homens, nós sabemos de nossa própria experiência que um por fatores periódicos universais (tais como as forças da Lua) que tendem a
esquema de trem não podia ter sido feito sem essa idéia, ou decisão, original. agravar os desajustamentos e conflitos já presentes." (17)
Ratos e batatas operam um esquema muito mais sutil do que nossas
estradas de ferro. Porém, é bastante ilógico, e mesmo anticientífico (porque Outras experiências
contrário à experiência) imaginar que nossos esquemas da natureza
precisaram ser pensados e que os da natureza apenas aconteceram. Porque não há nenhuma organização reconhecida trabalhando na
Embora o professor Brown não tenha tirado essas conclusões de sua pesquisa das implicações das experiências desse tipo desde Brown e Ravitz,
analogia, elas estão aí implícitas, são legítimas e difíceis de evitar. é no momento impossível dizer em que sentido preciso essas descobertas
Brown também descobriu que, se mantivesse vários organismos no vão corroborar ou contradizer as crenças astrológicas tradicionais.
escuro, eles manteriam seus ritmos dia-noite normais apesar da ausência de Mas mesmo sabendo que isto não vai levar-nos mais fundo na
luz. No entanto, se um ritmo artificial de dia e noite fosse imposto a eles, os astrologia, parece valer a pena descrever brevemente ao menos algumas das
organismos podiam ser forçados a obedecer. Podiam ser levados a responder experiências que engrossam as fileiras da evidência quantitativa. Parece
a um dia, que era mais ou menos o usual de vinte e quatro horas. Mas, e isso também de valor mencionar que em seu último livro, L'Astrologie Devant
é muito interessante, sem interferência, eles seriam tolerados apenas até um Ia Science, Michel Gauquelin põe como referências em sua bibliografia
certo ponto. Além desse ponto. mais ou menos quarenta e dois artigos e livros científicos que tratam das relações celestes-
terrestres.
Em 1938, no Japão, Yamahaki estudou a freqüência de 33 mil de maneira particularmente dramática e diretamente astrológica no trabalho
nascimentos e encontrou uma freqüência significativa ocorrendo nas Luas do Dr. Eugen Jonas, psiquiatra tcheco e diretor do Departamento de
Cheia e Nova; a menor freqüência ocorrendo um ou dois dias antes do Psiquiatria da Clínica do Estado de Nagysurana. (20)
primeiro e último quartos. (18) Meneker, um ginecologista norte-americano,
confirmou isso com um estudo de meio milhão de nascimentos.(19) Ao lidar com pacientes femininos, Jonas notou que muitas delas
Gutman e Oswald, estudando 10 mil casos de menstruação, por um manifestavam ciclos de vitalidade e sexualidade acentuada,
período de quatorze anos, encontrou um máximo definido nas Luas Cheia e independentemente de seus ciclos menstruais, e começou a procurar uma
Nova. Arrhenius, no começo do século, tinha chegado a uma conclusão explicação. Ao mesmo tempo, interessou-se por crianças deformadas,
similar de um estudo de 11 mil casos. Mas outras pesquisas não foram deficientes e retardadas, que sua clínica muitas vezes recebia.
capazes de identificar tal ritmo. Seus interesses conduziram-no aos escritos biológicos dos antigos
Depois de ler as experiências levadas a efeito pelo químico italiano egípcios, gregos e hindus, onde notou que algumas das crenças desses
Giorgio Piccardi (ver p. 182 e segs.), o Doutor Abram Hoffer, diretor de escritores antigos estavam começando a ser sustentadas pelas descobertas
pesquisa psiquiátrica no Hospital da Universidade de Saskatchewan, no modernas.
Canadá, decidiu ver se os pacientes mentais sob seu cuidado estavam Isso, por sua vez, conduziu-o à pesquisa, de onde tirou três conclusões
sujeitos às mesmas influências externas que regiam os precipitados originais:
químicos de Piccardi.
Ele descobriu que os depressivos reagiam fortemente, seus piores 1. Que a capacidade de uma mulher madura conceber tende a ocorrer
períodos caindo sem erros em março. Neuróticos, ao contrário, mostravam exatamente sob a fase da Lua (relacionamento Lua-Sol) que prevalecia
quando ela nasceu.
periodicidades, mas periodicidades de uma maneira inteiramente diversa,
2. Que o sexo da criança depende do fato de a Lua ter estado, ao
com um auge de neurose em janeiro e julho, enquanto que os
mesmo tempo, no campo positivo ou no campo negativo do eclipse (signo
esquizofrênicos mostravam-se notavelmente insensíveis a qualquer forma
de influência externa. Hoffer fez a interessante observação de que, sendo os do Zodíaco).
neuróticos na maior parte quase normais, podia ter sentido encarar janeiro e 3. Que a viabilidade do embrião é influenciada numa grande medida
pelas posições dos corpos celestes no tempo da concepção.
julho como psicologicamente significativos em face da população em geral.
O Doutor Edson Andrews, médico americano, foi informado por sua Jonas declarou: "Primeiro, encarei estas coisas como fantásticas e não
enfermeira de que os pacientes estavam tendo significativamente mais consegui acreditar em sua verdade. No entanto, minhas observações e meus
hemorragias em certas épocas que em outras. Andrews primeiro riu da exames através de milhares de casos na clínica ginecológica em Pozsony
idéia, mas um teste superficial pareceu confirmá-la. Um inquérito mais (Bratislava) mostraram-me que quantos mais casos obstétricos eu estudava
organizado e elaborado revelou que em 100 casos de operação das amídalas mais os resultados mostravam a existência de uma lei da natureza até então
oitenta e dois por cento das crises de hemorragia ocorriam entre o primeiro desconhecida.
e o terceiro quartos da Lua. A desproporção era mesmo maior do que tinha O trabalho de Jonas atraiu uma atenção considerável em sua nativa
parecido, Andrews afirmou, desde que menos pacientes eram admitidos Tcheco-Eslováquia, assim como na Alemanha e na Áustria. No mundo de
pela Lua-Cheia. Uma reverificação feita por um outro médico produziu língua inglesa, tanto quanto sabemos, foi ignorado, exceto pelos astrólogos
resultados semelhantes. — e é preciso admitir que mesmo os astrólogos acharam algumas das
teorias de Jonas difíceis de aceitar.
EUGEN JONAS Não é necessário dizer, portanto, que a oposição de profissionais foi,
em muitos casos, intensa. Mas a nossa única fonte de informação deixa
O impressionante papel desempenhado pela Lua em tantas entrever que todas as vezes que suas idéias, foram levadas a exame foram
experiências envolvendo organismos vivos parece ser corroborado rigorosamente confirmadas.
Testando sua própria teoria de determinação de sexo dos filhos num O movimento antroposófico incorpora um número de reconhecidas
grupo de 250 mapas de nascimento, Jonas encontrou 87% de correção em características de todas as tradições, mas com seu aspecto distintamente
sua teoria. Uma investigação húngara, usando o método de Jonas, encontrou germânico, e seguindo a liderança de Steiner — com sua influência própria
resultado semelhante, e investigações separadas na Tcheco-Eslováquia, uma dos estudos de Goethe — o movimento colocou considerada ênfase na
delas oficial, patrocinada pelo Governo, deram 94% e 83%, de acertos, ciência moderna e incluiu, entre seus membros, um grupo de cientistas
respectivamente. (O índice de acaso nestes testes é de 50%.) qualificados. Muitos anos de pesquisa organizada, direta, produziram
Predizer o sexo dos filhos pode ser interessante como jogo astrológico resultados interessantes em muitos setores referentes à astrologia. Mas- esse
de salão, mas não tem nenhum valor particular. No entanto, a capacidade que trabalho parece encontrar apenas raramente um caminho na imprensa
Jonas afirma possuir, de prevenir as mulheres de que a concepção em certas popular, para não falar das publicações científicas.
épocas astrologicamente determinadas corre o risco de produzir crianças
defeituosas, pode ser realmente de grande valia; como poderia ser sua O trabalho científico dos antroposofistas parece ser levado a efeito sob
capacidade de predizer às mulheres seus dias férteis, processo que atuaria condições de controle tão estritas quanto as que prevalecem em qualquer
sobre, ou paralelamente, o cientificamente aceito ciclo Ogino-Knaus, não o outra parte. As publicações antroposóficas convidam a inspeção de
invalidando, mas o desenvolvendo. estranhos. E, se bem que seja verdade que a pesquisa antroposofista é
Fomos informados de que um professor americano de psicologia, da baseada na presunção de um universo coerente e significante, isso não é de
Universidade de Stanford, está em pleno estudo para testar as teorias de maneira nenhuma menos científico que a pesquisa ortodoxa, que é baseada a
Jonas. Será do maior interesse ver, primeiro, se elas são novamente presunção contraria.
confirmadas, e, se assim for, quais as reações da comunidade acadêmica Mencionamos a longa série de experiências feitas por Madame Kolisko,
ocidental.(*) culminando em seu livro A Lua e o Crescimento das Plantas (Companhia
Publicadora Antroposófica,- 1938). A despeito da leviana exclusão feita por
Experiências dos Antroposofistas — Seguidores de Rudolf Steiner Eisler, baseado em conclusões tiradas de uma única experiência feita por
Maby e Bedford, "autores conjuntos de um livro notável, Os físicos da
Rudolf Steiner (1861/1925), filósofo e grande autoridade em Goethe, Varinha de Condão", as descobertas de Frank Brown e muitas outras
era líder da seção alemã do movimento teosofista. Mas, tendo altercado com acrescentam a possibilidade de que os vinte anos de pesquisa de Madame
Annie Besant, sucessora de Madame Blavatsky, Steiner rompeu com o Kolisko não tenham sido um golpe de sorte, e que seus dados não foram
movimento e fundou uma escola própria, pregando Antroposofia ou Saber da preparados tendo em vista um plano preconcebido.
Humanidade, com quartel-general na Suíça. Em teoria, naturalmente, essas experiências devem ser realizadas por
alguém desinteressado por tais fenômenos. Mas a experiência dos
(*) Desde que isto foi escrito, ao menos uma referência apareceu na imprensa ocidental. O antroposofistas indica que, neste caso, a "teoria" tem a faculdade de ser
Doutor Miriam Moore-Robinson (in New Scientist, 11 de novembro de 1969) discutiu a forte incooperativa. Algumas das pesquisas mais interessantes e sem dúvida mais
possibilidade de se poder prever o sexo dos filhos antes dos próximos cinco anos, e menciona
as afirmações de Jonas, mas conclui bastante depreciativamente: "Tal é a inventividade dos convincentes parecem depender de quem as realiza! Isso talvez queira dizer
inventores que não será provavelmente necessário basear-se no empirismo do Doutor Jonas que, embora pareça " incientífíco ", a proverbial sabedoria do jardineiro
nem, para citar Plínio, esperar um frio vento do Norte para fazer um filho." E é difícil não provavelmente não é mito. E talvez essa idéia não seja tão anticientífica
concordar com o autor neste ponto. Os pesquisadores mencionados pelo Doutor Moore- quanto parece. Os iogas sabem há pelo menos 3 mil anos, e a ciência há pelo
Robinson estão atarefadamente separando esperma masculino de esperma feminino por meio
de sedimentação e centrifugação, passando uma tênue corrente elétrica através do sêmen, e
menos três séculos (21), que o espírito pode influenciar a matéria. A ciência
tornando a secreção ácida ou alcalina; e as vantagens de tais métodos de encantamento sobre ortodoxa não tem nenhuma teoria satisfatória que diga o que é espírito, e
meramente confiar na Lua é mais que evidente para qualquer leitor de espírito científico. Mas nenhuma que diga o
o que é talvez mais interessante no artigo é a boa vontade do autor de citar as afirmações de
Jonas sem a priori pô-las de lado.
que é matéria. Portanto, esse novo fato é muito mais misterioso do que sua A Influência Celeste no Mundo Físico
divulgação faz supor. Todas as tradições esotéricas, no entanto, insistem em
que tanto matéria quanto espírito são apenas manifestações da mesma Alta OS FENÔMENOS CELESTIAIS AFETAM A INTERFERÊNCIA DE
RADIO NA ATMOSFERA
Consciência. Para essa maneira de pensar, o domínio da matéria pelo
espírito é apenas uma expressão da hierarquia natural; certamente um John H. Nelson, engenheiro elétrico, estava empregado na RCA para
mistério, mas de maneira nenhuma um problema filosófico ou um investigar as possíveis conexões entre flutuações na interferência do rádio e
paradoxo. fenômenos celestes. (24) Verificando registros de perturbações datadas de
De qualquer maneira, as experiências de Madame Kolisko aparecem 1932, Nelson descobriu que a maior parte das tempestades magnéticas —
para dar uma prova dramática da influência da Lua sobre o crescimento das que causam as interferências no rádio — ocorriam quando um ou dois
plantas, e, à parte a experiência, única, breve e sem conclusões dos senhores planetas estão em conjunção, ou em 180° ou 90° em relação ao Sol. Baseado
Maby e Bedford, não conhecemos nada que contradiga seu trabalho. em seus dados originais, Nelson era capaz de predizer distúrbios na
Resultados igualmente interessantes foram obtidos por uma outra atmosfera com a certeza de 80%. (25) E uma pesquisa subseqüente permitiu
experiência antroposófica descrita em Lua e Planta por Agnes Fyfe (22). que refinasse seus métodos, incluindo mesmo todos os planetas, até Plutão.
Rudolf Steiner afirmava que era possível preparar um remédio contra o No momento, ele é capaz de prever distúrbios no rádio até noventa e três por
câncer de visco, mas o efeito desse remédio dependia de quando a planta cento de certeza e continua a trabalhar pretendendo refinar seu sistema ainda
fosse colhida. mais.
Assim, quando foi fundado um laboratório de pesquisa do câncer em De um ponto de vista astrológico, as descobertas de Nelson são do mais
1949, os antroposofistas decidiram testar o visco para ver se estas supostas alto interesse. Desde que a astrologia existe, tem sido considerada neutra em
variações em suas propriedades podiam ser medidas. Seu efeito tóxico sobre si mesma, embora seus efeitos dependam de outros fatores, enquanto o 90°
ratos brancos foi testado regularmente, o seu valor pH (grau de acidez) de relação — o reto — e o 180° de relação — a oposição — têm sido
medido. considerados "desarmônicos" (ou "maléficos" ou "maus" ou "difíceis",
A seiva do visco foi também trabalhada num processo chamado dependendo do tempo, da função e das preferências psicológicas e
dinamólise capilar no qual faz-se a seiva aparecer num pedaço de filtro de emocionais dos astrólogos).
papel. Isso deixa uma marca que, quando fixa, pode ser fotografada. E as A pesquisa de Nelson no campo altamente frio das perturbações do
fotografias tiradas mostram as variações nas marcas. rádio provou inequivocamente essa velha teoria astrológica — que, durante a
Depois de 70 mil dessas experiências, foram estabelecidas e definidas longa e escura idade da mecânica newtoniana, esteve sujeita a ridículo maior
complexas ondas harmônicas, tanto de longa duração quanto de curta do que qualquer outra faceta da astrologia.
duração. As marcas eram quase insensíveis às condições imediatas do Além disso, Nelson descobriu que esses campos predizivelmente bons,
tempo, mas afetadas violentamente por fatores extraterrestres, em particular campos sem perturbações, eram formados quando um grupo de planetas se
os eclipses. Sem aventurar nenhuma conclusão sobre a efetividade da seiva alinhavam nos ângulos de 60° e 120° em relação ao sol — o "sextil" e o
de visco no tratamento do câncer, é no entanto bastante razoável supor que "trino" da astrologia tradicional, desde os tempos imemoriais considerados
a mudança de marcas formadas por esta seiva podem muito bem representar "bons", "benéficos" e "harmônicos". Nelson também encontrou que quanto
uma mudança nas suas propriedades medicinais — quaisquer que possam mais planetas estivessem envolvidos nas várias relações, mais pronunciada
ser. era a perturbação. E ainda refinamentos adicionais indicavam que se podia
Dados estes resultados, a insistência dos egípcios quanto ao tempo em também contar com as escalas harmônicas das relações principais para torná-
que os remédios são tanto preparados quanto administrados parece bastante las sensíveis — justificando a teoria de Kepler, de que tais relações enrola-
razoável, ao menos em teoria. (23) língua como o
"quincúncio" e o "sesquiquadratura" – 150ºe 125º — deviam ser tomadas em
consideração. Nelson descobriu que todas as escalas harmônicas diretas e de lugar desses terremotos era superior ao acaso, num grau estatisticamente
oposição (as relações "duros") produziam relações detectáveis: um aspecto significativo. Em particular Urano, Plutão e Júpiter tendem a estar
de 45º, um aspecto de 22,5º todos os múltiplos de 15° e mesmo um aspecto envolvidos nas configurações, enquanto o Sol e a Lua aparentemente não
de 7,5º. desempenham nenhum papel. Essas configurações são comumente da
Isso tanto corrobora quanto amplia a visão normal das relações variedade dura (90° e escalas harmônicas deste); e, maior a magnitude do
astrológicas. Dá ainda mais crédito à teoria de Addey de que, através do evento, mais probabilidade havia de que os planetas estivessem configurados
estudo das ondas harmônicas, a astrologia pode ser levada muito além do no horóscopo do terremoto.
ponto em que se encontra atualmente. E indica que o complexo trabalho hoje Embora de maneira nenhuma conclusivos, os dados de Tomaschek dão
levado a efeito pelo Instituto Astrológico em Aalen, sob a direção de R. suporte aos pressentimentos coletivos dos astrólogos modernos que
Ebertin, está no caminho certo: esta escota dá particular atenção às relações atribuíram caráter "revolucionário" e "explosivo" a Urano e Plutão, enquanto
"duros" e suas escalas harmônicas. (26) que o envolvimento de Júpiter pode significar que os raios lançados pelo seu
Se bem que as descobertas de Nelson tenham sido largamente normalmente bom deus podem não ser inteiramente um fruto da imaginação
divulgadas na imprensa popular e nos jornais científicos, sua óbvia conexão grega. (27)
com a astrologia foi ou ignorada ou habilmente posta de lado: "A evidência Ao tentar explicar a correlação entre os acontecimentos terrestres e
de uma estranha e inexplicada correlação entre as posições de Júpiter, celestes, Tomaschek ingenuamente fugiu da hipótese física, geralmente
Saturno e Marte em suas órbitas em torno do Sol e a presença de violentos ingênua, proposta por Gauquelin e outros cientistas ortodoxos, cujo trabalho
distúrbios elétricos na atmosfera superior da Terra parece indicar que os inadvertidamente se relaciona com a astrologia. Tomaschek sustentava um
planetas e o Sol participam de um mecanismo cósmico de equilíbrio elétrico, ponto de vista simbólico consoante com a tradição, e, como era ao mesmo
estendendo-se por um bilhão de milhas do centro do Sistema Solar. Tal tempo astrológico e físico, suas opiniões a esse respeito são particularmente
balança elétrica não é levada em conta nas teorias astrofísicas correntes", interessantes. Vamos voltar a elas em nosso capítulo final.
dizia a reportagem do The New York Times. O fato de que essa balança era Um trabalho considerável foi feito com sucesso ligando a atividade das
levada extrema-mente em conta pela antiga teoria astrológica era, sem manchas solares com uma grande variedade de fenômenos terrestres. E esse
dúvida, considerado pelo The New York Times como notícia que não valia que segue é apenas um dos muitos relatórios com descobertas positivas:
a pena imprimir. Numa recente sessão da Sociedade Popov de Engenharia de Rádio e Comunicação
Embora Nelson prefira não meter-se em questões diretamente Elétrica, o Doutor A. K. Podshibyakin relatou que a pesquisa levada a efeito há vários anos na
astrológicas, seu trabalho propõe uma pergunta diretíssima e quase Faculdade Médica de Tomsk encontrou uma relação entre acidentes rodoviários e a atividade
solar. Suas estatísticas mostram que, no dia seguinte a uma erupção de chama solar, os
automaticamente: essas tempestades magnéticas celestialmente
acidentes rodoviários aumentavam, algumas vezes quatro vezes acima da média (grifo
correlacionadas têm algum efeito na vida da Terra, além de perturbar a nosso). Podshibyakin mencionou que descobertas similares foram também obtidas por
recepção de rádio em ondas curtas? pesquisadores em Hamburgo e Munique. Afirmava também que a resposta humana ao
Que nós saibamos, ninguém fez experiências com o propósito expresso estímulo é geralmente mais baixa durante uma erupção solar que nas outras horas.
de testar os efeitos das tempestades magnéticas preditas nos ritmos de vida, O interesse na relação entre os fenômenos solares e terrestres tem existido por muitos
anos. Quando ocorre uma erupção solar, uma imensa quantidade de radiação ultravioleta é
ou nos dados médicos. Mas parece provável que os estudos de terremotos do produzida. Isso aumenta a ionização da atmosfera terrestre de tal maneira que durante esse
finado Doutor Rudolf Tomaschek tenham ligação com as descobertas de período a transmissão na Terra através de ondas curtas é provavelmente interrompida. O
Nelson. poder das erupções solares sobre o metabolismo humano é também uma idéia interessante.
Tomaschek, que era presidente da Sociedade Geofísica Internacional, (28)
físico famoso e astrólogo (a mais rara das combinações), levou a cabo uma
De fato é. Particularmente, desde que Nelson mostrou que as
análise estatística de 134 grandes terremotos. Descobriu que a posição dos
perturbações no rádio podem ser preditas com uma precisão
planetas no tempo e no
de 93% a partir das posições dos planetas. Refletindo um pouco sobre a quer que fosse responsável pelas flutuações. (29) Durante sete anos, mais
extrema delicadeza e a minuciosa escala das ações e reações do corpo, de 200 mil experiências separadas foram realizadas.
pareceria bastante mais razoável reverter a questão: seria surpreendente se Piccardi descobriu que as taxas de precipitação seguiam um definido e
esse fenômeno elétrico e magnético mundial não afetasse o metabolismo predizível padrão cíclico durante o ano, com um mínimo em março.
humano. Também encontrou variações de acordo com a latitude — interessante em
vista da pesquisa de ciclos que indica que os ciclos biológico e mesmo
INFLUÊNCIAS EXTRATERRESTRES NA econômico seguem padrões similares; correspondendo não apenas à
QUÍMICA INORGÂNICA latitude, mas também ao campo magnético da Terra. O padrão cíclico era
quebrado violentamente quando havia perturbações magnéticas agudas na
De todos os campos da ciência, nenhum parece tão desprovido de atmosfera. E o ciclo anual era envolvido no familiar ciclo de mancha solar
mistério quanto a química inorgânica, onde — ensinaram-nos na escola — X de 11-1. Tudo isto corrobora os dados cíclicos de um número de campos,
vai sempre combinar com Y numa medida dada e numa dada proporção para com exceção da aguda flutuação anual em março. Não se podia dar conta
formar XY. dessa flutuação em termos de fenômeno terrestre, nem em termos de
Mas, realmente o assunto não é assim tão simples. Há esqueletos no fenômeno conhecido dentro dos limites do sistema solar, e Piccardi
armário do químico. Colóides e precipitados em particular recusam-se a ousada-mente levantou a hipótese de que as flutuações de março eram
conformar-se com os padrões de comportamento químicos, e a água, o mais devidas a fatores originalmente galáctico.
comum dos líquidos, é também o mais misterioso, exibindo um número de A Terra revoluciona em torno do Sol, que por sua vez se move
embaraçantes aberrações. Se bem que há muito tempo conhecido dos rapidamente em direção à constelação de Hércules, significando que a
cientistas, esse comportamento desobediente tem sido geralmente Terra não descreve no espaço uma órbita chata, mas uma espiral complexa
desdenhado, atribuído a equipamentos defeituosos ou erros de laboratório, cuja ação em março é única.
ou francamente atribuído a "caprichos da natureza", e conseqüentemente
ignorados. A velha idéia de "espaço vazio" foi evidentemente descartada e, em
No entanto, um químico italiano, professor Giorgio Piccardi, da seu lugar, a ciência fala agora em "campos de força". Embora negando a
Universidade de Florença, ficou interessado por esses assuntos na década de astrologia, Piccardi teoriza que o deslocamento da Terra dentro do campo
30, e depois de uma longa e persistente experimentação mostrou que essas de força durante o mês de março resulta na curiosa flutuação de velocidade
anomalias químicas eram causadas por fatores extraterrestres. das reações químicas durante esse mês.
A mais impressionante das experiências de Piccardi é uma que começou Essas experiências químicas de Piccardi foram por muitos anos
em 1951 e se estendeu por todo o ano de 1958, realizada como uma acompanhadas por pesquisa nas anomalias da água. Foi mostrado que a
contribuição ao Ano Geofísico Internacional. água é particularmente sensível a influências exteriores entre temperaturas
Usando métodos específicos, pré-organizados, seguindo um plano de 30° e 40° C., e que os colóides participam dessa estranha sensibilidade.
predeterminado, Piccardi e outros cientistas em laboratórios no mundo "Não é preciso sublinhar a natureza necessária desse fato", afirma Piccardi,
inteiro prepararam um precipitado de oxicloreto de bismuto em água, sob "é bem sabido que a vida faz parte de um sistema aquoso e coloidal." (pág.
condições de laboratório estritamente controladas. 15)
Foi descoberto que a taxa de precipitação variou de dia a dia. A A água é sensível a influências extremamente delicadas e é capaz de
possibilidade de' erros no equipamento foi eliminada, assim como o foi a adaptar-se nas mais variadas circunstâncias em um grau que não é atingido
possibilidade de falta de cuidado na preparação da experiência. Quando uma por nenhum outro líquido. Pode ser que essa infinidade de possibilidades
placa de cobre era colocada em recipientes experimentais, o precipitado se seja o que torna possível a existência de vida. (pág. 33)
formava numa taxa constante, significando que o cobre anulava os efeitos
do que
"... campos eletromagnéticos de baixa freqüência e portanto de muito "Tudo isso pode sugerir astrologia... A relação desse livro com a
pouca energia são capazes de atuar sobre a água (grifos nossos)" (pág. 33) astrologia, no entanto, é como a da moderna química com a alquimia....No
Piccardi descobriu que os mais surpreendentes resultados eram os em entanto, a realidade de milhões de nascimentos não deixa dúvidas de que,
comprimento de onda FMB (Freqüência Muito Baixa). Experiência em na média, as pessoas nascidas em fevereiro e março diferem decididamente
outros campos também encontraram que as ondas FMB causavam das nascidas em junho e julho." (30)
marcantes mudanças biológicas. E realidade maior era a de que nada conhecido pela ciência ortodoxa
"
Radiações eletromagnéticas e variações de campo atingem a massa podia explicar essa discrepância, nem nenhum outro fenômeno cíclico que
total de um corpo, logo, de um organismo, e provocam oscilações, Huntington e sua equipe estavam descobrindo. Depois de décadas de
excitações, ou, de qualquer forma, a ressonância, por assim dizer, de todos trabalho, no entanto, sem realmente mencionar a palavra proibida, como
os elementos estruturais capazes de responder aos seus estímulos, onde quer que se deixava a porta aberta: "A evidência é suficiente para garantir a
que sejam encontrados. A ação deles é... total" (pág. 135) hipótese de trabalho de que a eletricidade da atmosfera, devida
"... esses elementos que, dependendo de suas formas geométricas e de presumivelmente ao Sol, mas talvez também a todo o Sistema Solar, é um
suas relações energéticas internas, são capazes de se ajustar a radiações de fator cíclico a que se associam de perto os ritmos psicológicos." (31)
freqüências aproximadas, são os elementos estruturais... não pode haver Foram encontrados ciclos operando nas esferas biológica, econômica,
ressonância sem estrutura (pág. 125). meteorológica, geofísica, humana, animal, e virtualmente qualquer outra
Essa última citação soaria familiar aos ouvidos de um astrólogo esfera.
medieval; assim como aos dos arquitetos das catedrais e dos templos do Podia mostrar-se como elas são altamente não ocasionais. Certas
Egito. Pois as estruturas que eles construíam eram projetadas periodicidades definidas aparecem aqui e ali, enquanto que outras nunca
conscientemente para provocar essa ressonância desejada dentro dos aparecem. Por exemplo, um ciclo com base de 9-6 anos manifesta-se numa
corações e cabeças dos observadores. Portanto, é estranho que Piccardi, no variedade de fenômenos que vão do tamanho que o salmão alcança no
meio de todas essas experiências, deva renegar publicamente a astrologia Canadá à largura do cerne da árvore, e aos preços de algodão nos Estados
tradicional. Unidos, mas nada foi encontrado que seguisse um ciclo de base 10-6 anos.
Que a distribuição não era fortuita e que era devida a outros fatores além da
sorte foi demonstrado quando os ciclos novamente ficaram fora do
CICLOS E MANCHAS SOLARES programa.(32)
E, como demonstração suplementar, os ciclos invariavelmente se
A conexão entre o ciclo de manchas solares e fenômenos terrestres foi
manifestavam harmônicos, isto é, em progressão dupla e tripla, mas nunca
noticiada pela primeira vez em 1801 por Herschel, o descobridor de Urano.
em quíntupla ou sêxtupla. Assim, há três ciclos distintos de 15 anos,
Os preços do trigo pareciam seguir inexplicavelmente o ciclo de 11-1 ano,
envolvidos num ciclo maior de quarenta e cinco anos etc.
frente à freqüência das manchas solares. E através do século XIX esforços Os ciclos eram um fato. Nada na Terra podia explicá-los. O lugar
intermitentes foram feitos para isolar ciclos e utilizá-los — principalmente lógico a olhar era o céu, mas isto os pesquisadores de ciclos recusaram-se a
quando se relacionavam a negócios. Mas até 1920 não tinha ainda
fazer. E, no entanto, os astrólogos, embora satisfeitos com os novos dados
começado a pesquisa sistemática.
sobre ciclos, não podiam explicá-lo nos termos da astrologia tradicional.
Em Harvard, um grupo de pesquisadores sob a direção do professor
Os ciclos de Huntington caíam em marcas de tempo desajeitadas — 41
Ellsworth Huntington descobriu dados cíclicos inexplicáveis seja sob que
meses, 9-6 anos, 11-2 anos, 18 anos — nenhum dos quais
ângulo fosse. Seguiu-se um sem-número de livros que provocaram um
geocentricamente. Os astrólogos gostariam de ver claros
coçar de cabeça científico considerável, gritos de alegria dos astrólogos e
uma negação irada do próprio Huntington.
das conjunções entre os cinco planetas exteriores. Os resultados são
ciclos de 12 anos correspondendo a Júpiter, ciclos de 28 anos mostrados no quadro que se segue.
correspondendo a Saturno, e assim por diante. O próximo passo de Dewey será examinar as relações entre as
Em 1950, na América, a Fundação do Estudo de Ciclos era inaugurada, harmônicas das manchas solares e as conjunções dos planetas interiores.
filiada à Universidade de Pittsburgo. Mas agora apareceria confirmado que as conjunções dos planetas (com a
Essa fundação, que agora cresceu a 10 mil membros subscritos, embora estranha exceção de Netuno) coincidem com a atividade das manchas
observando as devidas precauções em discutir abertamente astrologia, nunca solares.
foi hostil a ela. No entanto, na diretoria está o famoso astrólogo e autor de Desde que ficou estabelecido que a atividade das manchas solares
numerosos artigos em revistas astrológicas, que evidentemente não faz coincide com uma série de fenômenos terrestres, parece lógico concluir
nenhum esforço para esconder seus interesses astrológicos. E em anos que esses fenômenos estão de alguma forma conectados com as conjunções
recentes, como se empilhassem evidências em favor da astrologia, a dos planetas, e aqui estamos nova-mente no domínio da astrologia.
Fundação cada vez mais tende a se inclinar para um interesse aberto pelo
assunto.
Edward R. Dewey, presidente da Fundação, declarou em 1967: Conjunção Período Sinó- Período da Harmô- Diferença
Planetária dico Médio nica das Manchas Percentual
O aspecto realmente importante do estudo de ciclo comparativo é a possibilidade de que
ele vá conduzir à descoberta de forcas ambientais até agora desconhecidas (o grifo é nosso) Saturno+Urano 44-36 anos 45-47 anos 0-2
que afetam a vida, o tempo, e muitos outros fenômenos terrestres... Que poderiam ser essas Júpiter+Urano 13-81 anos 13-78 anos 0-2
forças externas? Inafortunadamente, ainda não sabemos, mas parece claro que existe alguma Júpiter+Saturno 19-86 anos 19-78 anos 0-4
coisa estranha... Se tais forças forem reais, como dissemos no começo, trata-se de assunto da
maior importância para a humanidade. A prova da existência de tais forças vai empurrar as Júpiter+Plutão 12-46 anos 12-40 anos 0-5
fronteiras do saber tanto quanto qualquer invenção de que eu me lembre. (33) Urano+Plutão 126-95 anos 123-72 anos 2-6
Saturno+Plutão 33-42 anos 32-05 anos 4-3
Em setembro de 1968, em Ciclos, o professor Dewey publicou um Saturno+Netuno 35-85 anos 37-73 anos 5-2
artigo intitulado Uma Chave para as Relações das Manchas Solares com Júpiter+Netuno 12-78 anos Nenhum
os Planetas. Dewey escreveu que muitos dos pesquisadores de ciclos tinham Urano+Netuno 171-40 anos Nenhum
descoberto que os planetas estavam de alguma forma relacionados com as Plutão+Netuno 492-00 anos Nenhum
manchas solares, e, portanto, com todo o complexo de fenômenos cíclicos,
mas ninguém tinha sido capaz de descobrir qual era essa relação. Mas foi Devia ficar claro agora que, embora seja impossível colocar todas as
notado que, embora a freqüência das manchas solares seguissem o familiar experiências que descrevemos em uma caixa conceitual nítida, têm todos
ciclo de 11-1 ano, isso não era um ciclo verdadeiro. As manchas solares são em comum o denominador de uma influência extraterrestre sobre assuntos
magnetizadas e normalmente ocorrem aos pares. Num ciclo de 11-1 anos, as terrestres. E, embora seja injusto para com os cientistas responsáveis
manchas norte lideram e as manchas sul seguem, e, no próximo ciclo, as chamar seu trabalho de "astrologia", é igualmente injusto da parte dos
manchas sul lideram e as norte seguem. Em conseqüência, raciocina Dewey, cientistas imaginar que astrologia só diz respeito à predição sobre a
um ciclo verdadeiro seria de 22-22 anos. compra de cães-dágua.
O ciclo 22-22 anos foi então removido dos dados originais sobre as Entretanto, se a evidência não se apresenta com absoluta nitidez, em
manchas solares. Os dados remanescentes foram sujeitos a uma espécie de compensação cobre um vasto campo de interesses, muitos dos quais tocam
análise harmônica, e os mais importantes números isolados. Em outras diretamente vários preceitos da astrologia tradicional. O trabalho de
palavras, ficaram apenas os dados que não estavam relacionados com o ciclo Gauquelin é a corroboração direta da influência dos planetas sobre a
de 22-22 anos. E esses números foram então comparados com os tempos personalidade; o de Nelson confirma a validade da teoria das relações; o
médios estudo dos ciclos
parece implicar a afirmação de que a psicologia humana e animal é afetada em termos visuais. Quando se falava dentro, obtinham-se fotografias das
em uma enorme escala por fatores cíclicos, que por sua vez dependem do figuras do som, e descobriu-se, por exemplo, que a letra "O" falada
sistema solar, e assim por diante. produzia uma fotografia perfeitamente esférica.
Ao apresentar a evidência, no entanto, não demos em nenhuma parte De todas as crenças antigas e primitivas, poucas foram mais
uma indicação de como opera a influência celeste. Num certo sentido, isso universalmente ridicularizadas pelos críticos modernos que a noção de que
não é essencial. Os cientistas e engenheiros estiveram usando a eletricidade palavras e nomes estavam imbuídos de propriedades mágicas e outras —
durante um século antes de compreender como ela trabalhava. Nós pensamos para além do ato arbitrário de inventar uma palavra ou um nome para
que neste ponto já é suficiente afirmar que a influência celeste em muitas representar uma coisa ou pessoa.
áreas é um fato. Mas satisfaz muito mais se uma explicação razoável do
fenômeno puder ser fornecida, e pensamos que isso pode ser feito, não por No antigo Egito, tomavam-se precauções. para impedir a extinção do oitavo ou alma-
do-Nome... Nos textos das pirâmides encontramos mencionados um Deus chamado Khern,
evidência direta, é verdade, mas pelo que em nossa opinião parece ser uma i.e. palavra: a palavra tendo uma personalidade como a de um ser humano. A Criação do
analogia singularmente poderosa. Mundo foi devida à interpretação em palavras, por Thoth, do desejo da divindade...
As crianças estão muitas vezes, similarmente, ansiosas para esconder seus nomes; e da
Cimática: O Estudo das Ondas mesma forma como as crianças sempre perguntam qual é o nome de uma coisa e encaram o
nome como uma aquisição valiosa, nós sabemos que todas as estrelas têm nomes...
Em alguns sentidos, o século XX sofre mais aflitivamente que qualquer outra idade
Cimática é o nome dado pelo seu fundador, Hans Jenny, ao estudo das anterior dessas superstições verbais...
ondas e da maneira como as ondas influenciam a matéria. (34) A persistência da primitiva perspectiva lingüística não apenas em todo o mundo
Essencialmente, o trabalho de Jenny é apenas um vasto refinamento de religioso, de uma ponta a outra, mas no trabalho dos pensadores mais profundos, é de fato
um fenômeno examinado pelo físico alemão do século XVIII, Ernst Chladni, uma das mais curiosas características do pensamento moderno. (36)
que descobriu que quando se espalhava areia sobre uma placa presa num O espírito racional é imune a tais disparates; e o racionalismo sabe que
violino, e eram tocadas diferentes notas nesse instrumento, a areia se se — digamos — Vladimir Nabokov tivesse escolhido chamar sua famosa
distribuía em vários e lindos padrões, que mudavam de acordo com a nota ninfeta de Hepzibah não teria feito a menor diferença.
emitida. Na ciência essas figuras são conhecidas como "figuras de Chladni". Entretanto a fotografia de Jenny permanece lá, o tempo todo torcendo o
Mas, o método de Chladni permitia poucos refinamentos, os materiais nariz para a razão. Por que a menos que Ogden e Richards estejam
eram limitados e as freqüências difíceis de controlar ou de alterar durante a preparados para dispensar toda a arte, a literatura, a poesia, a música e a
experiência. Mas a forma era de certa maneira uma função da freqüência de literatura, como resíduos pura-mente emotivos da superstição, acabaríamos
vibração; isso era bastante claro. tendo que admitir que nisto, como em muitas outras coisas, os egípcios
Jenny decidiu investigar o fenômeno, e para isso inventou um estavam tratando com realidades. A arte nos afeta pela sua estrutura, pelas
equipamento que lhe permitisse sujeitar um grande número de materiais a vibrações sensórias que levanta, e que são mais tarde interpretadas pelas
um grande número de freqüências, tudo sobre um sistema de controle nossas faculdades estéticas — quaisquer que possam ser.
flexível. Areias, pós e líquidos eram espalhados em placas de metal, e então O tonoscópio de Jenny é feito para que vibrações sonoras atuem sobre
vibrados em diferentes freqüências de som, produzindo uma espetacular material inerte cuja ação pode ser fotografada. "O" não soa apenas como
disposição de formas e padrões (35) e uma série de experiências talvez "O", ele tem a aparência de um "O". (37) Bastando apenas pronunciar a
mereça uma atenção particular do nosso ponto de vista. vogal, pode-se fazer um material inerte conformar-se com o que se pode
Entre as invenções de Jenny está o tonoscópio, uma máquina planejada chamar a Lei do O. "Pode-se dizer que os sons da voz humana têm efeitos
para converter a voz humana, e os sons em geral, específicos
sobre os vários materiais de diversas maneiras, produzindo o que se pode O Sistema Solar é um todo concreto, vibrante. Para os nossos sentidos,
chamar de figuras vocais correspondentes." (38) Os egípcios e os primitivos os planetas movem-se vagamente em órbita. Mas, para um ser que considere
parecem sempre menos supersticiosos e primitivos: a Ciência já admitiu que uma centena do milhar de anos como um segundo, o sistema solar seria
ondas sonoras podiam influir no crescimento das plantas; é apenas um invisível, mas audível, (desde que os sentidos de tal ser estejam afinados
pequeno e lógico trânsito até a admissão de que a repetição de fórmulas e para perturbações magnéticas e eletromagnéticas e não apenas atmosférica).
cantos sagrados (ondas sonoras) podem objetivamente curar doenças. Se a Como todos os outros sistemas vibratórios, o Sistema Solar está obrigado a
música pode afetar as plantas, por que seriam os vírus e as bactérias imunes? produzir uma multidão de sons harmônicos interatuantes, sendo que os
Já discutimos a Lei do Três, a Lei da Relação — tradicional-mente efeitos daí provenientes constituem o que foi pesquisado no que
simbolizando o Espírito — que insiste em que, para alguma coisa acontecer descrevemos.
no universo, três forças, e não duas, são necessárias, mas que essa terceira é As experiências de Jenny demonstram que a forma depende não apenas
inefável. A Cimática de Jenny é essencialmente o estudo dessa ilusória da freqüência da vibração, mas também da natureza do material que está
terceira força que tão constantemente permanece imune à nossa razão: é a sendo vibrado. Materiais diferentes vibrados à mesma velocidade produzem
idéia entre o escultor e o bloco de madeira; é o desejo que medeia entre o marcas diferentes. Essa é uma demonstração visual da diferença qualitativa.
homem e a mulher; o Espírito Santo da Santíssima Trindade. E para conseguir explicar isso em termos que não sejam da estrutura atômica
A importância do trabalho de Jenny repousa na capacidade de expor dos materiais é simplesmente perder a saída; a aparentemente simples adição
essa terceira força, de permitir aos cientistas estudar suas manifestações aritmética dos elétrons também resulta em diferenças qualitativas entre os
quantitativamente. Mas é preciso frisar que isso não significa que, a elementos básicos. E em música, a mesma nota tocada num violino e num
terceira força tenha sido explicada; ela continua tão misteriosa quanto oboé nos afeta de maneira diferente. Não está certo afirmar que não há
sempre: nesse caso, a força é aplicada à matéria através da ação mediata da diferença real nas notas atrás do total da soma das respectivas escalas
vibração; mas essa vibração, como o esquema do trem do professor Brown, harmônicas; com efeito, a diferença é tão real quanto os cálculos.
é a manifestação de uma decisão consciente; não é nem matéria nem A situação do sistema solar é análoga a uma orquestra. Os planetas
energia, recusa-se a ser apanhada lingüisticamente; entretanto, sem ela Jenny (instrumentos) são compostos de materiais grande-mente diversos, variando
não teria padrões, o professor Brown não teria nenhum esquema de trem. enormemente quanto à massa e à densidade, que gravitam (vibram) numa
Repetindo: forma é impossível sem freqüência, e freqüência é variedade de velocidades, e essas velocidades estão mudando sem cessar em
inexplicável. Pode esse fato estar atrás de: "No começo era o Verbo"? Isso relação a cada outra, e também nas distâncias e ângulos com os quais
era o que os egípcios queriam dizer quando creditavam a Thoth a criação do interagem. Agora se aceita que os planetas são carregados elétrica e
mundo por sua interpretação, em palavras, do desejo divino? magneticamente; sabe-se que Júpiter e a Terra, pelo menos, emitem ondas de
Parece-nos que o trabalho de Jenny traz uma importante contribuição rádio, e é óbvio que estamos apenas começando a conhecer a verdadeira
ao aspecto físico da astrologia, e o aspecto físico da astrologia é natureza física dos planetas. Mas devia agora ser incontrastável que as
naturalmente o único aspecto ao qual pode ser aplicado o método científico. influências dos planetas variam enormemente; não há erro quanto ao
A cimática torna claro que o antigo conceito da Harmonia das Esferas aparecimento de Saturno, nem de Vênus, nos mapas dos cientistas, nas
deve ser tomado literalmente. A analogia medieval da ressonância, estatísticas de Gauquelin etc... E o trabalho de Nelson, Piccardi, Dewey,
longamente deixada de lado no universo mecânico newtoniano, no qual os Jonas e outros tornou igualmente incontestável que cada átomo de cada
planetas giravam num espaço vazio, volta agora como fato demonstrável. molécula da Terra tem como única escolha responder ao seu tom cósmico.
(39)
O esperma se une ao óvulo; o tantas vezes citado "código genético"
determina a infinidade de possibilidades em que o feto pode relacionar-se
com seus pais. Mas, que é o código
genético? Qual é a natureza precisa da mensagem que o mensageiro RNA Mas, a despeito dessa severidade, permanece o fato de que um
leva ao DNA antes que o último possa operar? Não são apenas os genes, astrólogo que abandona a astrologia desgostoso ou desesperado é uma
mas o seu arranjo: em outras palavras, não é uma coisa, é o resultado de raridade. Portanto, haverá validade, mesmo na astrologia do momento, para
um ato, o qual em si próprio não é nem matéria nem energia. Nas justificar o tempo gasto com ela por homens aparentemente sãos? Ou que
experiências de Jenny, o arranjo (forma) é contingente sobre a freqüência. eles estarão se iludindo? E possível, como afirma Gauquelin, que a
Não é possível que o código genético seja a resposta do esperma e óvulo influência cósmica seja um fato incontestável, mas que todo o edifício
unidos ao complexo de freqüências cósmicas que prevalecem no momento? astrológico não passe de superstição, que os astrólogos, mesmo os mais
Embora apoiados em diferente terminologia, os astrólogos têm sérios, sejam charlatães ou loucos?
afirmado que é exatamente este o caso, desde tempos imemoriais. E, Gauquelin, campeão dos fatos e números, não sustenta sua afirmação
naturalmente, têm afirmado, ainda mais, que, no que se refere ao caráter, é com fatos — apenas vagas alusões a provocações feitas a astrólogos e
o momento do nascimento, e não o da concepção, o fator determinante. nunca respondidas. Como vimos, outros oponentes da astrologia, de
Que isso é. fato, e não suposição, está amplamente provado pelo trabalho Voltaire e Swift até Eisler, Haldano, Courdec e Patrick Moore, têm
estatístico de Gauquelin e de Addey. Mas julgar esse fato em termos físicos levantado condenações com convicção, mas com idêntica ausência de fatos
é provavelmente impossível, e esse livro não é o lugar para uma ou números. No entanto, os astrólogos — até muito recentemente uma
dissertação sobre a natureza da alma, ou mesmo um resumo das doutrinas minoria desdenhada e sem influência — têm feito réplicas amargas em
tradicionais sobre o assunto. (Ver a bibliografia para leituras adicionais seus jornais não lidos — não com fatos para sustentar sua causa, mas ao
sobre este aspecto esotérico da astrologia.) menos com a justiça do seu lado. Em vista da sua falta de evidência, os
Vamo-nos restringir à observação de que a soma das freqüências, críticos pareceriam ter a obrigação moral de suspender seus ataques até que
tonalidades, ritmos e escalas harmônicas de uma peça musical não se pudesse trazer uma testemunha razoável para defendê-los.
constituem o significado da música, nem esse significado pode ser A verdade é que é difícil demais inventar métodos para colocar a
derivado de uma tal avaliação quantitativa. De maneira similar, podemos astrologia, e, em particular, os astrólogos, em testes satisfatórios quanto às
medir todo o alfa e outros ritmos do cérebro do homem calculando um exigências científicas, sem ao mesmo tempo forçar os astrólogos a
esquema de trem; mas isso não nos diz nada do significado de seus destorcerem seus próprios métodos no desejo de se adaptarem ao teste.
esforços. No entanto, nos anos recentes, dois esforços coordenados foram feitos
A harmonia das esferas, então, não é uma fantasiosa figura de discurso, para vencer essas dificuldades. Um pelo professor Hans Bender, cujos
mas uma realidade. No entanto, precisamo-nos guardar de uma conclusão resultados atuais, infelizmente, não conseguimos obter, só nos sendo
fácil demais, a de que seríamos influenciados pela música das esferas; possível relatar o que soubemos de segunda-mão: que os astrólogos em
porque, de uma forma sutil mas inelutável, nós somos essa música. E a geral acertavam muito na análise de caráter, mas muito pouco nas
astrologia é, ou devia ser, a disciplina, metade arte, metade ciência, previsões, o que não é surpresa.
dedicada à interpretação de seu sentido. Mas, os resultados do segundo teste são avaliáveis em detalhe.
Essa elaborada série de experiências foi imaginada pelo finado
A Prova do Pudim: Os Astrólogos enfrentam o Teste Vernon Clark, psicólogo americano interessado pela astrologia — antes de
mais nada porque, para uma superstição suposta-mente extinta, ela parecia
Ao apresentar nossa evidência, nós evitamos discutir o estado atual da dar mostras de extraordinária vitalidade. E, sem ter contatos com os
astrologia e as qualificações dos astrólogos que a praticam, além de citar astrólogos, anotou, no começo dos anos 50, um bom número de resultados
um número de fontes astrológicas, todas admitindo que esse estado era puramente científicos que pareciam sustentar a premissa astrológica.
insatisfatório e precisavam drasticamente de uma revisão.
Atiçado seu interesse, Clark então deu o raro passo de realmente estudar Isso exclui insinuações implícitas, como se se tivesse incluído um
o assunto por si próprio. Isto é, em vez de gastar trinta anos estudando senador na seleção e vários horóscopos pertencessem a nativos com seus
minuciosamente, examinando as palavras das autoridades em astrologia, vinte anos, o que obviamente tornaria as coisas mais fáceis.
todas convencidas, a priori, de sua fraude, Clark começou a examinar 4. O nascimento nos Estados Unidos foi colocado como uma confissão
horóscopos. Cedo convenceu-se de que em alguma parte, de alguma forma, para eliminar a possibilidade de ligações geográficas: um garçom que
havia coisas que mereciam atenção; daí, decidiu fazer um teste para tentar satisfazia a todas as outras condições foi eliminado porque nasceu na
ver se a sua convicção recente podia ser colocada em uma aceitável base França.
científica, ou, ao menos, em base estatística. (40) 5. A hora do nascimento era tão averiguada quanto fosse possível.
Clark primeiro decidiu testar a afirmação dos astrólogos de que, dos Encontrar nativos que preenchessem todas essas condições era, achou
dados obtidos do momento do nascimento, podia-se prever talentos e Clark, bastante mais difícil do que imaginara. Mas, concluída a tarefa,
capacidades futuras. foram estabelecidos os horóscopos, e a seguir remetidos aos astrólogos
Entrou em contato com vários dos mais bem vistos astrólogos na participantes.
Inglaterra e nos Estados Unidos, dos quais vinte e três concordaram em A única informação que receberam dizia respeito à natureza das
cooperar, embora um tenha desistido no meio do caminho; no fim, decidiu profissões. O teste deles era fazer coincidirem as profissões com os
tomar como resultados dos testes apenas as respostas dos primeiros vinte. horóscopos, de acordo com a sua ordem de semelhança, i.é. o astrólogo
Selecionou então horóscopos de dez pessoas na base de participação em devia selecionar o horóscopo mais parecido com o crítico de arte, o segundo
algumas profissões bem definidas, cinco homens e cinco mulheres. O grupo mais parecido, e assim por diante, até o quinto mais parecido.
incluía um herpetologista, um músico, um guarda-livros, um veterinário, um Como contra-experiência, Clark deu exatamente o mesmo teste para
professor de arte, um crítico de arte, um consertador de bonecas, um um grupo de controle de não-astrólogos — psicólogos profissionais e
bibliotecário, uma prostituta e um pediatra. trabalhadores sociais — que deviam fazer seleções cegas. Esse grupo deu
Esses horóscopos foram selecionados entre os primeiros que um resultado no nível do acaso.
apareceram, não foram especialmente escolhidos. Não se tentou selecionar Os astrólogos tiveram respostas consideravelmente melhores,
horóscopos-norma — que cooperativamente obedecem a todas as regras — devolvendo os testes com um nível de significação de 0,01 acima da sorte.
ou horóscopos-problemas — que não obedecem a nenhuma. Mas fez-se as Isto é: a proporção era de 100 para 1 entre respostas do acaso e respostas
seguintes estipulações: significativas.
1. O Nativo (*) deve ter seguido a sua profissão por um tempo considerável E indo ainda mais longe nos dados (desde que as estatísticas são
— as pessoas que mudavam muito de emprego eram deixadas de lado. abertas a um grande número de refinamentos e sutilezas), descobriu-se que
2. As profissões deviam ser claramente definidas, embora não se tenha os resultados poderiam ter sido ainda melhores se se tivesse usado os
feito nada para evitar duplas funções, como veterinário e herpetologista, ou métodos estatísticos mais novos e avançados. Mas esses permanecem
como o crítico de arte e a prostituta. inoficiais, não por causa dos astrólogos, mas porque os estatísticos
3. Os nativos deviam ter entre quarenta e cinco e sessenta e cinco anos. ortodoxos tendem a desconfiar desses métodos.
Clark achou que, usando sua técnica de contagem original, dezesseis
dos vinte astrólogos acertaram acima do nível da sorte. Mas usando a
(*) O termo nativo, para o assunto do horóscopo, tem um sabor extravagante e medieval, mas técnica de contagem tradicional, dezessete dos vinte tinham acertado acima
data apenas de 1508. Os astrólogos o retêm apesar de suas conotações incientíficas, talvez do acaso. E adicionando os resultados dos dois astrólogos que tinham sido
porque nenhuma palavra, melhor, brota facilmente no espírito. Horoscopistas obviamente não os últimos a responder — e que por isso tinham sido omitidos do teste — os
serviria, e "astrologistas" seria ainda pior.
resultados teriam aumentado mais ainda.
Desse teste, portanto, é possível concluir tentativamente que o caráter
do homem é influenciado ou determinado pela
e os mapas foram preparados por um astrólogo de fora, que não foi
posição dos planetas no momento do nascimento, e que, usando apenas a informado para que teste serviria efetivamente e excluindo a possibilidade
data do nascimento, os astrólogos podiam distinguir e delinear o caráter. de ESP entre Clark e os astrólogos participantes.
A conclusão ainda era precária. Ainda havia uma chance de tudo ser
por acaso. E a experiência de Clark foi criticada por inúmeros motivos, Novamente o teste foi organizado em pares. Desta vez um de cada par
entre eles a possibilidade de os astrólogos terem conseguido seus era de paralisia cerebral, enquanto que o outro era alguém com um mapa
resultados através de ESP. muito semelhante, que tivesse uma inteligência acima da média ou de
Essa possibilidade tinha que ser testada. E arranjou-se um teste ainda alguma forma fosse excepcionalmente dotado.
mais difícil. O teste I mostrava apenas que os astrólogos podiam distinguir. Os astrólogos não tinham nenhuma história de casos para combinar,
Fez-se o teste dois para ver se eles podiam também predizer. nenhuma data de acontecimentos importantes, nenhuma informação
Davam-se aos astrólogos 10 pares de horóscopos. Cada par trazia junto pessoal, nada além do fato de que um dos mapas pertencia a uma vítima
uma história, com as datas de acontecimentos importantes na vida (honras de paralisia cerebral. Sua tarefa consistia em determinar qual.
concedidas, dias cruciais, mortes etc.). Dizia-se aos astrólogos que um dos Outra vez os astrólogos acertaram acima do grau de significação de
horóscopos pertencia aquela história, enquanto que o outro pertencia a 0,01.
alguém da mesma idade e sexo, nascido na mesma vizinhança, mas cuja Como todo apostador de turfe sabe, três acertos de cem para um numa
história era diferente. (Realmente, o falso horóscopo era espúrio, única série faz um bom dia nas corridas. E, embora os astrólogos de Clark
cozinhado ao acaso para um tempo e lugar próximos ao mapa verdadeiro: não estejam retornando a resultados da ordem de 1 milhão para um,
os astrólogos evidentemente não sabiam disso.) conseguidos por Gauquelin, é preciso lembrar que os astrólogos estavam
Desde que era, para Clark, impossível ter qualquer informação sobre as sendo testados na totalidade do seu saber, e de maneira muito mais
pessoas (hipotéticas) correspondentes aos mapas preparados, a exigente do que aparece-ria na sua posição profissional.
possibilidade de ESP era mínima, embora não obviada (é praticamente Clark, no entanto, treinado para a ciência, e tentando conseguir a
impossível excluir todas as possibilidades): e isso testaria a capacidade de aprovação para a astrologia, minimizou a importância dos testes. Mostrou
predizer, ao menos retrospectivamente; e se um astrólogo podia dizer, minuciosamente como os testes não "provavam" a astrologia, mas também
baseado apenas na data do nascimento, que um acidente ou um casamento não "conseguiam refutá-la".
ou qualquer outra coisa pertenciam antes ao horóscopo A que ao B, isso "Com anos de experiência atrás deles, trabalhando com essa hipótese,
significava que, ao menos teoricamente, poderia também ter predito um eles (os astrólogos) mal precisam de provas de que a humanidade de fato
acontecimento dessa natureza antes de o fato se dar. seja reativa ao seu ambiente planetário. (42) Mas nossos amigos cientistas
Nesse teste, os astrólogos novamente marcaram acima do nível de ainda precisam, por certo tempo, ser-tratados com a cerimônia devida aos
significação de 0,01. Desta vez usaram-se respostas dos 23 astrólogos que convidados de honra; precisamos ser cuidadosos, como anfitriões, só nos
cooperaram. Três tinham ligado todos os dez horóscopos com as histórias, dirigirmos a eles em sua própria língua, e oferecer entretenimento que já
18 tinham acertado acima do nível do acaso, e dois não ultrapassaram esse faz tempo sabemos que será de seu gosto", Clark sugeria. (43)
nível. A experiência de Clark foi submetida à apreciação de estatísticos, e
Duas marcas de 100 para 1 na mesma série é uma raridade. Mas Clark não pode estar errada. Durante a experiência, foram tomadas precauções de
decidiu testar ainda mais. Foi demonstrado que os astrólogos, na base fraude.
apenas da data do nascimento, podiam distinguir e predizer. Agora, "Nunca mais", insistia Clark, "será possível rejeitar a técnica
decidiu-se ver se eles podiam categorizar. E a possibilidade de ESP ainda astrológica como um negócio vago, misterioso e místico — como o
permanecia um dado possível. brinquedo de físicos indisciplinados — ou meramente como maquinações
Nesse novo teste, Clark apenas organizou. A tarefa de selecionar os que aproveitam apenas a embusteiros inescrupulosos.
nativos foi feita por um grupo de físicos e psicólogos,
Aqueles que, sem prejuízo, querem fazer assim terão que permanecer em
silêncio, ou então repetir essas experiências para si próprios. "(44)
Porém, nenhum dos amigos cientistas de Clark estava interessado.
Certamente nenhum deles repetiu essas experiências para si próprio. Tanto
quanto sabemos, resultados de Clark, como os de Gauquelin (*), não foram
transcritos em nenhum jornal científico. Apenas Cosmopolitan, revista com Quarta Parte
limitados seguidores científicos, achou adequado dar ao trabalho de Clark
um arejamento público.
Um pequeno sonhador. Será que Clark imaginou seriamente que por O FUTURO E A SIGNIFICAÇÃO
uma cobertura constante de açúcar verbal, sua pílula podia ser engolida? DA ASTROLOGIA
Parece uma estranha ingenuidade da parte de um homem formado como
psicólogo.
Embora menos duros que as experiências de Nelson, Piccardi ou
Gauquelin (envolvendo mais variáveis humanas e ainda mais sujeitas a leis
mais misteriosas, mais caprichosas), as experiências de Clark eram
preparadas para testar os astrólogos em seu próprio terreno, e os astrólogos
passaram nesse teste.
Isso, juntado ao total das evidências a serem acrescentadas, torna-se
cada vez mais difícil evitar a impressão (bastante aguda nesse estágio do
jogo, para usar uma fraseologia mais política) de que, em matéria de
astrologia, Pitágoras, Platão, Plotino, Ptolomeu, Santo Tomás de Aquino,
Alberto Magno e João Kepler estavam certos — ao menos em princípio —
e toda a moderna ciência, errado.
(*) Gauquelin, alimentando a noção de que ele e outros savants chevronés estavam nas
vésperas de inventar uma nova ciência que não tivesse nenhuma relação com a antiga ou
atual astrologia, também achou conveniente não mencionar o trabalho de Clark em nenhum
de seus livros.
O Futuro e a Significação da Astrologia
Livre Arbítrio e Nível Falar de tempo como uma quarta dimensão tornou-se um lugar-comum
desde o desenvolvimento da Teoria da Relatividade. O tempo, olhado como
Os homens homenageiam o princípio do nível de várias maneiras. Um quarta dimensão — junto das três dimensões costumeiras de comprimento,
dos mais comuns e óbvio é nosso reconhecimento das excelências e dos largura e altura é empregado por matemáticos e físicos em seus cálculos,
graus de excelência. mas normalmente com a cláusula de que essa quarta dimensão não deve ser
Não diríamos que há diferença entre uma pedra e outra ou entre duas olhada em nenhum sentido como real mas, antes, como a raiz quadrada de
couves, ou mesmo entre dois cachorros. Mas quem diria que o trabalho de uma letra, como ajuda imaginária, cuja existência
um açougueiro tem lugar no mesmo
facilita a solução dos cálculos. Os matemáticos afirmam que pode-se dimensão, a dimensão da eternidade, parece ser uma realidade muito viva
montar equações que requerem dezenas ou centenas de dimensões para esses povos; entretanto, um sábio tão astuto quanto Santo Agostinho era
similares para sua solução. forçado a admitir que, embora pare-cesse, para si próprio, compreender o
Mas essas garantias não resolvem o problema do tempo. Não há nada tempo, logo que alguém lhe perguntava sobre ele, deixava imediatamente de
na nossa experiência que corresponda a dezenas de dimensões. Mas nós o compreender. J .G. Bennett cunhou a expressão extremamente útil, "cegos
certamente parecemos experimentar o tempo. E se não é uma dimensão, de eternidade", para descrever nossa condição normal.
então o que é? Não tentaremos de maneira nenhuma tratar do assunto com os aspectos
A filosofia moderna é de pouca ajuda. A. J. Ayer, por exemplo, rejeita matemáticos da dimensão do tempo (26). Mas se nossa análise de livre
categoricamente a noção de tempo multidimensional (25). O curso do arbítrio e do nível for sólida, seremos capazes de tratá-la por um prisma
tempo é uma ilusão, afirma Ayer. O tempo não passa, nós passamos. Mas psicológico e não técnico, o que, embora mero esboço, pode ter alguma
esse argumento é pouco convincente. Se nós passamos, passamos para utilidade.
onde? Vimos de onde? Numa armação de quê? Colocado em movimento O livre arbítrio é uma realidade. Os níveis são realidades. Isso indica
por que acidente? Como aconteceu esse acidente? Se o curso do tempo é que existe a contingência. Mas o que é contingência? No tempo, como
uma ilusão, então é uma ilusão partilhada por todos. Que valor de sabemos, todos os fenômenos estão sujeitos a causa e efeito. Se esse curso
sobrevivência tem essa ilusão? (Porque num universo materialista nada sem fim fosse toda a história, então os genótipos interagiriam como
pode sobreviver, a menos que possua um valor de sobrevivência.) ambiente até o infinito, e a contingência seria apenas o nome que nós
Há alguns físicos eminentes (Louis de Broglie, Henry Margenan e daríamos a nossa ignorância, de qual das numerosas alternativas era
Herbert Dingle, entre outros) que parecem não ter lido o professor Ayer, predeterminada para sair de acordo com os planos numa dada situação.
que parecem estar querendo tomar as dimensões múltiplas do tempo a Mas como já vimos, o espírito influencia a matéria e isso pode ser
sério, uma vez que há certos problemas puramente físicos que requerem o provado. Existe a contingência. Mas o que é a contingência, se ela fica fora
tempo como quarta dimensão real, tendo-se que somar a ela uma quinta e das leis de causa e efeito? E onde está a contingência, se está fora do curso
ainda uma sexta dimensões. do tempo?
O principal desses problemas é o da energia potencial. Nenhuma O problema se complica, uma vez que nossa experiência do tempo, sem
explicação de causa e efeito parece ser capaz de explicar a existência de nem falar em eternidade, é incompleta. O menino esperto pergunta: Onde
energia potencial — causa e efeito sendo uma dimensão da dimensão do está o passado?, e dizem-lhe para não fazer perguntas tão tolas. Mas o físico
tempo. E do ponto de vista psicológico, a mesma dificuldade é apresentada e o matemático não podem responder, a menos que o tempo, como quarta
por fenômenos bem atestados, tais como os sonhos precognitivos, nos dimensão, seja real.
quais o futuro parece tanto existir quanto ser suscetível de mudar. Os nossos sentidos percebem o mundo como um vir-a-ser perpétuo,
O problema do livre arbítrio é tão mal compreendido porque não é miraculosamente criando-se a partir do vazio do futuro e deixando uma
lisonjeiro nem confortante encará-lo. Mas o problema do tempo parece ser esteira atrás de nós no igual vazio do passado. Entretanto, não podemos
mal compreendido porque o intelecto humano, sem a ajuda da compreensão acreditar que seja esse realmente o caso. Por outro lado, pensar tanto no
emocional, não está equipado para alcançá-lo; e uma vez que estamos futuro quanto no passado como realidade idêntica ao presente é realmente
acostumados a aplicar nossos intelectos puros a todo e qualquer problema, a difícil para a nossa imaginação.
compreensão nos escapa. Os povos ditos primitivos parecem ter menos Sem dúvida, muitas das dificuldades vêm da linguagem construída para
problemas como tempo do que nós. Os aborígines australianos falam do explicar a ilusão de passado e futuro que os sentidos nos dão, e que, por
tempo ilusório no qual vivem e morrem incorporados dentro do Tempo do outro lado, torna-nos impossível pensar no tempo em outros termos — desde
Grande Sonho, quer dizer, não sujeitos a fluxo e curso. E esse Grande que não podemos pensar sem linguagem. Entretanto, se nós empregamos
Sonho, que corresponde à quinta uma analogia, e imaginamos o tempo como um filme sem fim, no qual o
presente
é um único quadro iluminado, então a realidade do pedaço de filme já um curso diferente; e pouco a pouco o açougueiro realmente começa a
mostrado é o passado, o que será ainda mostrado é o futuro, e ambos são tão modificar sua vida, a vida dos que lhe estão próximos, e, dentro de suas
reais quanto o pedaço iluminado em qualquer momento dado. O filme é o reduzidas possibilidades, a própria sociedade.
todo, é a totalidade. Mesmo que fosse sem fim — sem começo e sem fim — Nosso açougueiro hipotético está operando num nível mais alto do
ainda seria uma totalidade, um todo. O fato de só podermos ver um quadro que aquele em que nasceu: Pelo menos nos momentos em que é capaz de
de cada vez é devido ao projetor, que corresponde ao nosso aparato exercer seu livre arbítrio duramente conquistado ele transcende as leis de
sensório. Mas se nós não percebêssemos o filme em termos de curso, mas causa e efeito, próprias da natureza e submetidas ao tempo. E naqueles
todo de uma vez, percebê-lo-íamos como um ponto no tempo, como um momentos nos quais é capaz de exercer um pouco de livre arbítrio, ele vai
acontecimento. Isso seria um relance de eternidade — que parece ser o que experimentar uma consciência mais alta, adequada ao seu novo nível, que
os afogados e outros perto da morte experimentam. por sua vez vai-lhe assegurar que eternidade não é apenas um vago termo
Mas nada é mais possível de acontecer num filme acabado; suas metafísico, sem sentido real, mas uma realidade; sem embargo, a realidade
contingências se exauriram em sua criação. O sistema está fechado. mais profunda.
Prevalece a causa e efeito.
Portanto, quando aplicamos a nossa analogia à vida como é vivida no Tempo e Destino
tempo, precisamos ter cuidado. Nossas vidas são como filmes no momento Mas isso não significa que um açougueiro possa de repente se
de serem feitos. O sistema ainda não está fechado, pelo menos em teoria transformar num cirurgião, e menos ainda que um grão de papoula possa se
(*). transformar num carvalho.
Vamos supor que nosso açougueiro e nosso neurocirurgião são gêmeos A questão do destino — favorita dos astrólogos e dos dramaturgos —
no tempo, nascidos com minutos de diferença de um para o outro, e ambos parece quase independente da questão de livre arbítrio. O astrólogo francês
agraciados com temperamentos inflamados por uma relação Sol-Urânio de do século XVII, Morin de Villefranche, escreveu: "As datas de nascimento
um signo de Fogo para um signo da Água. e os acontecimentos na vida dos homens são encadeados pela providência
Como muitos homens de temperamento quente, o neurocirurgião em vista do concurso necessário na realização comunal do destino, de tal
considera-se um modelo de razão, virtuosamente indignado contra as maneira que aquele que, por exemplo, desde sempre está destinado a
loucuras e as tentações do mundo. Acredita no livre arbítrio; tem morrer assassinado não deixará de encontrar o seu assassino, e aquele que
consciência social, e atribui a relutância do mundo em se modificar como deve ser um marido infeliz irá invariavelmente procurar descobrir a mulher
uma prova da irracionalidade do mundo, justificando assim sua indignação. que providenciará para que ele o seja." (27)
O açougueiro, por outro lado, embora talvez não esteja menos É interessante testar essa afirmação com exemplos concretos. John
preocupado com as loucuras e tentações do mundo, de alguma forma Kennedy, por exemplo, tinha sido prevenido por uma dúzia de astrólogos e
tornou-se consciente do fato de que desgastando-se eternamente ele não videntes contra os perigos do assassinato, e, por alguns, sobre o período
apenas não modifica o mundo, mas torna-se, pessoalmente, cada vez mais exato do perigo. Mas é claro que, mesmo que tivesse ficado impressionado
profundamente escravizado por ele. Reconhecendo sua verdadeira posição com o número dessas predições, sua posição era tal que ele não podia
em face do livre arbítrio, consegue adquiri-lo. O açougueiro começa a fazer acautelar-se, pois sua personalidade nunca lhe permitiria tomar as precau-
uso de suas possibilidades. Situações que de outra maneira terminariam ções costumeiras. Quanto aos casais infelizes, há um sem-número deles, e
quase que seguramente em catástrofe começam agora a tomar o próprio leitor pode fazer uma seleção, dentro da própria experiência,
testando os resultados com o pronuncia-mento de Villefranche, eloqüente
mas assustador.
(*) Se essa analogia é válida, ela traz interessantes perguntas éticas, filosóficas, Mas, e os que levaram toda a vida lutando para adquirir o livre
psicológicas e astrológicas sobre a natureza e os efeitos dos nascimentos induzidos.
arbítrio? E o ioga, o santo, o mestre Zen? Estarão esses
presos a seus destinos quanto os cidadãos livres escravizados? Pegando ciclo sem fim de nascimentos nas religiões orientais e a idéia de porvir da
exemplos históricos — Cristo, Buda, Sócrates, etc. — pode parecer que cristandade). Ambos são erros cometidos ao se tentar agarrar a eternidade
estes homens estão, ainda mais que os outros, submetidos às leis do destino. com a linguagem de causa e efeito; essa é uma armadilha quase inevitável,
Entretanto, é por vezes difícil evitar a conclusão de que, por horríveis e desde que a linguagem do tempo é a única que nós podemos falar, ou
ignominiosas que tenham sido as mortes desses homens, elas foram podemos sempre falar, enquanto que a eternidade precisa ser surpreendida
escolhidas deliberadamente, talvez como último teste de estado de sua por faculdades que no homem comum são inteiramente amordaçadas.
libe-ração da cruz da carne, da espiral do tempo. Voltando ao açougueiro' ao neurocirurgião: o açougueiro, na teoria de
Nós não pretendemos ter a certeza. Além disso, é impossível julgar os Ouspensky, em virtude de seus próprios esforços para subjugar sua
motivos dos homens de nível mais alto do que o nosso próprio. E ninguém personalidade e adquirir livre arbítrio, não volta, depois da morte,
sabe se os detalhes dessas histórias são a história dos fatos, ou simbolismo, reencarnado como neurocirurgião. Nem o cirurgião, em virtude de sua
ou ambas as coisas. ignorância proposital, terá o que merece, reaparecendo numa vida futura
Talvez se possa dizer que o destino "está escrito" mas que os vários como açougueiro. Antes, o açougueiro vive perpetuamente na eternidade, e
campos em que cada qual joga o seu destino não está. Dentro dos limites repetidamente no tempo, seguindo o caminho (a escada de Jacob?) para o
das leis causais, um homem que conseguiu um alto grau de livre arbítrio é estado chamado variadamente de "liberação" ou "salvação" — portanto,
livre para se mover, enquanto que o resto de nós permanece completamente confirmando a tese de Agostinho de que o homem tem livre arbítrio, apenas
desamparado. para escolher ou recusar a salvação.
E se se levanta a objeção: e as crianças que morrem, e os jovens Nosso açougueiro iluminado atinge o estado no qual, liberto do tempo,
mortos nas guerras antes de terem podido pensar em livre arbítrio ou na sua vive na eternidade, enquanto que o irreduto neurocirurgião vive no tempo, e
falta? Confessamos a nossa ignorância. Mas, se forçados a escolher entre sua vida existe perpetuamente na eternidade no nível literalmente inumano
crenças que não correspondem a nada dentro da nossa experiência pessoal, que ele escolheu; eternamente perdendo o seu tempo com aqueles cujos
tenderíamos a aceitar a palavra dos responsáveis pela catedral, em vez da espíritos se recusam a serem mudados pela discussão racional.
dos responsáveis pela bomba H ou pela escova de dentes elétrica, e
responderíamos que num sentido cósmico inacessível ao nosso nível normal Nível indetectável pela Astrologia
de consciência, nas dimensões da eternidade, a inocência permanece sem
condenação, ao passo que a ignorância na filosofia hindu, avidya, Embora longa, essa digressão em torno de livre arbítrio, nível e tempo
ignorância proposital, é o único pecado, e é interessante que a palavra foi necessária. Pois qualquer astrologia que almeje algo mais que prever
pecado derive de uma outra que significa errar o alvo. futuras quedas financeiras e a provável perda de esposas precisa encarar
esses assuntos seriamente.
A astrologia estuda o significado do momento cósmico, como ele é
Tempo, Reencarnação e Volta
revelado nas conjunções e configurações dos planetas contra o fundo
Uma pesquisa levada a efeito nos Estados Unidos revelou que 75 por simbólico do zodíaco. Nisso, a astrologia é uma inquirição da Terceira Força
cento dos astrólogos profissionais que responderam ao questionário da Trindade. Da mesma forma que as freqüências de som aplicadas por Hans
acreditavam em reencarnação — uma mostra de opinião pouco propícia a Jenny representavam o arbítrio do experimentador, as freqüências elétricas
atrair os amigos cientistas de Vernon Clark, embora possamos imaginar e eletromagnéticas produzidas pelos planetas representam o arbítrio do
que a mesma pesquisa na Inglaterra ou na Alemanha, produziria uma sistema solar.
percentagem bastante mais baixa. O horóscopo é um mapa da potencialidade. Tanto o mapa de
De acordo com Ouspensky, foi em grande parte a dificuldade que o nascimento quanto o de concepção representam um momento
homem experimenta em atingir o conceito de dimensões múltiplas do
tempo que conduziu à crença na reencarnação (o
cósmico existindo na eternidade sobre cada nível, com inúmeras com vocação para um impressionante número de casos amorosos, sem tocar
possibilidades para cada um desses níveis. no que faz Goethe merecedor de estudos atuais, como gênio. Similarmente,
Embora os astrólogos falem costumeiramente como se as estrelas do horóscopo de Hitler nenhum astrólogo prediria a apoteose da
outorgassem essa ou aquela personalidade ao indivíduo, talvez fosse mais mediocridade que Hitler era chamado a representar.
correto e mais proveitoso que os mesmos dados fossem olhados como o Na prática real, no entanto, o Goethe potencial pode ser distinguido do
que as estrelas pedem do indivíduo. Hitler potencial numa época mais livre, numa sociedade capaz de
Mas apenas pelo mapa de nascimento, o astrólogo não pode dizer desenvolver e utilizar a astrologia mesmo nos seus níveis práticos, onde os
nada sobre o nível do indivíduo. Ele pode, com alguma fineza, distinguir talentos poderiam ser incentivados e as psicoses curadas ou desviadas.
o futuro açougueiro do futuro cabeleireiro de senhoras. Mas não pode, com Mas se o nosso argumento é firme, a concepção ilusória do homem
nenhum grau de exatidão, distinguir o açougueiro do neurocirurgião. O moderno sobre livre arbítrio, nível e tempo torna-lhe largamente impossível
astrólogo não pode dizer, apenas com o mapa de nascimento, quais das avaliar a validade potencial da astrologia a despeito da evidência que se
possibilidades abertas ao indivíduo vão ser utilizadas, ou a que nível (*). acumula. As chances de desenvolver a astrologia até seu potencial máximo
Dito de outra maneira, o astrólogo pode falar sobre a natureza da são portanto remotas, e levam a um futuro remoto; e nós não pretendemos
semente, mas não pode adiantar se a semente caiu num solo fértil ou ser favorecidos com o dom da profecia.
pedregoso, ou à beira do caminho. Nem pode dizer se na dimensão da No entanto, parece adequado fechar um livro sobre a astrologia com um
eternidade a semente já se enraizou. olhar sobre o futuro. Portanto, tomando em conta uma multiplicidade de
Isto não é uma insuficiência da astrologia, mas está previsto em suas fatores psicológicos, políticos, sociais, econômicos, estéticos, tanto quanto
regras. Pensar de outra maneira seria violar todas as tradições mantidas formos capazes, tendo em mente o que a tradição nos ensina quanto ao clima
sagradas. Se o nível pudesse ser predito apenas a partir da data de astrológico propício para a morte de uma época e o nascimento de outra, e
nascimento, isso significaria que o livre arbítrio era na verdade uma ilusão, aplicando o que nos parece ser a faculdade de senso comum, aguardamos o
ou, pior ainda, que era contingente e distribuído preferencialmente, fazendo futuro' para justificar as reflexões seguintes.
uma gozação permanente da Justiça Divina — noção bastante difícil para
animar esses dias, e que destruiria também a consciência de que o estado
da sociedade é o resultado dos erros do próprio homem. E Agora?
A falta de habilidade do astrólogo em distinguir os níveis pode ser O revigoramento da astrologia dependerá do restabelecimento da
chamada literalmente de providencial, mas há muitos astrólogos que não civilização genuína; quer dizer, uma aristocracia no sentido verdadeiro da
reconhecem isso, e pela aplicação de pesquisa metódica conseguem explicar palavra; o que é dirigido pelos melhores. (Quem é melhor? "Aquele que está
caracteres historicamente significativos esquadrinhando e isolando cada mais distante na estrada para obter livre arbítrio" pode ser uma definição.
assunto da imensa teia astrológica. Não é muito mais difícil, na prática, determinar quem é melhor neste sentido
Por enquanto, nada pode ser feito. Dado o horóscopo de Goethe, o do que naquele em que se determina quem é melhor cozinheiro ou melhor
astrólogo prediria um homem inteligente e imaginativo tenista.)
(*) Mais atrás mencionamos a sexta dimensão, postulada por certos matemáticos e físicos nos aconteceu seguir através do tempo, e para o qual demos o nome de "realidade."
como uma necessidade. Ela é, de acordo com Ouspensky, a dimensão na qual todas as A luz desse conceito quebra-cabeça, a explicação da criação dada por um africano parece
possibilidades são realizadas. Da mesma forma como é possível perceber a dimensão da inspirada por algo mais do que a primitiva poesia. O africano afirma que "estamos sendo
eternidade perguntando para onde foi o passado, é possível perceber a sexta dimensão
perguntando o que aconteceu a todas as possibilidades não realizadas. Se as possibilidades são sonhados por um sonho"; um conceito ecoado pelo físico eminente, Sir Arthur Eddington, que
reais, elas não podem existir num estado de perpétuo vir a ser, como não pode o mundo físico observou que a Física moderna faz o universo parecer muito mais com um pensamento gigante
interpretado por nossos sentidos. Na consciência do universo hexadimensional, portanto, todos do que com uma máquina gigante.
os outros mundos possíveis são tão reais quanto o caminho cego que
Para ressuscitar e aplicar a astrologia, precisa haver uma hierarquia Entretanto, a despeito do otimismo de longo alcance de pensadores,
legítima, em cujo pináculo estejam homens capazes de compreender o tais como Norman Vincent Peale e o doutor Henry Miller, é claro que cada
simbolismo cósmico da astrologia, e as necessidades mundanas na vez mais pessoas têm fome e estão ficando com mais fome, não importando
sociedade na qual a astrologia vai ser usada. Estes homens precisam estar que Deus tenha dado a elas um grande abraço de urso, e a ciência deseja vê-
numa posição de dirigir as pesquisas organizadas de legiões de indivíduos las bem. Com toda a conversa sobre a poluição, a poluição continua; a
cujos valores se aproximam dos superiores: isto é, seu objetivo precisa ser "dominação do ambiente", que é apenas violação do ambiente, procede
alguma coisa menos desprezível do que posições de êxito e respeito. Não rapidamente, e os piores ultrajes — dada a natureza dos valores
há Prêmios Nobel espirituais. materialistas, são irreversíveis e inalteráveis. Em termos humanos, a
Para surgir uma tal civilização, dois requisitos precisam ser violação é um crime. Por que não o ser, em termos cósmicos?
cumpridos. Primeiro, a massa dos homens precisa tornar-se E no entanto inconcebível que o século deva ser seguido por um
completamente desiludida não apenas do materialismo como tal, mas vigésimo primeiro que não passe de uma grotesca extensão do anterior. E
também dessas tolas palavras de ordem: reforma e revolução. parece-nos que apenas duas possibilidades permanecem abertas: a
Segundo, um indivíduo ou um grupo de indivíduos precisa aparecer humanidade encara o holocausto sem a redenção conferida pela revigoração
conduzindo a autoridade interna que compele os homens a livremente e restauração do saber tradicional — resultando num barbarismo irrefreado;
pagar vassalagem a uma doutrina que requer a aceitação da ou nós encaramos o mesmo holocausto, mas somos guiados através dele por
responsabilidade pessoal por seus atos e pensa-mentos e mesmo por suas líderes espirituais capazes de fundar uma civilização sobre as ruínas.
emoções. Em outras palavras, indivíduos como Buda ou Cristo. No entanto, a verdadeira natureza física do holocausto permanece uma
conjectura. Talvez não haja a Bomba, ou o Inseto, ou a Morte Negra, mas as
Se essa última condição soa pouco provável, podemos apenas dizer maldades menores da guerra convencional, o colapso moral total e as
que em tempos passados, sob condições de tamanha bancarrota espiritual desordens civis de larga extensão (28) .
quanto a de hoje — embora menos ajuizada fisicamente — apareceram Qualquer que seja o caso, é auto-indulgência insistir demais no caso.
esses líderes, e de certa forma, representaram a queda do barbarismo. A Nós não podemos fazer nada. Tudo que podemos fazer é reconhecer nossa
possibilidade não deve ser afastada. própria posição.
Mas prever-se um Messias é um risco, o futuro do materialismo não é E bastante claro que as coisas precisam piorar muito antes de
risco menor. Homens são homens, os valores são eternos, e qualquer melhorarem. E igualmente claro que para a imensa maioria não há
sistema de pensamento ou de governo que não for baseado num esperança. Empoleirados defronte de seus aparelhos de televisão,
reconhecimento de nível e da necessidade do homem de transcender a si acreditando em tudo que lêem nos jornais, eles são arrastados pela corrente.
mesmo está destinado a produzir o descontentamento das massas. Mas conforme o passo se aperta, e a situação fica mais tola e mais sinistra,
A universalidade das taxas crescentes de divórcio, suicídio e parece igualmente que uma minoria crescente compreenderá que, não muito
insanidade, a insatisfação universal e o fastio para com o trabalho longe, as serpentes esperam, e que a atividade própria da humanidade é uma
insensato e o descanso igualmente insensato engendrados pela tecnologia, luta contra a corrente em direção das nascentes.
a assim chamada "revolução sexual" (que não tem quase nada a ver com o Essa minoria pode muito bem levantar as relações provadas entre os
sexo, mas é simplesmente um caminho para sair da apatia engolfaste e fenômenos terrestres e os celestes — e a inabilidade total do materialismo
sem sentido da vida moderna), as qualidades indiretas mas intensas das para explicar esses fenômenos — como ao menos uma oportunidade de
revoltas estudantis por sobre todo o mundo, tudo atesta a falência total do repudiar o materialismo e tudo o que ele afirma. Tendo repudiado o
materialismo. Mesmo paliativos antigamente seguros, como a guerra, materialismo, torna-se então menos difícil encarar as implicações atrás
dessas relações e correlações
patriotismo e educação perderam seu sabor.
físicas, que por sua vez podem conduzir a uma visão dos problemas APÊNDICE I
cruciais de livre arbítrio, nível e tempo. Neste ponto, se não nadando
contra a corrente, ao menos olhando na direção certa, esses indivíduos, de
acordo com suas capacidades e inclinações, facilitarão o estudo, A Querela dos Egiptólogos
divulgação e aceitação
da astrologia, como parte de um redespertado interesse geral pelos valores Em 1949, o aparecimento do primeiro livro de R.A. Schwaller de
e ensinamentos tradicionais. Lubicz, Le Temple dans l'Homme, causou uma espécie de tumulto dentro
Quanto mais provas são acumuladas, mais atenção se dá à astrologia, e dos altamente especializados círculos de egiptologia.
mais estudantes ela atrai. Daí, maior será a frustração do materialismo, Embora normalmente uma disputa tão sábia não fosse de molde a
mais garantida a sua necessária queda, e mais esperançosamente perto & encontrar caminho entre o público, essa provou ser uma exceção.
perspectiva de uma nova e Durante anos, enquanto trabalhavam em Luxor e Karnak colecionando
genuína civilização na qual o homem compreenda que não foi criado para provas para sua nova interpretação simbolista da tradição egípcia, de Lubicz
comer maçãs. e sua equipe tiveram oportunidade de exibir sua evidência e explicar seu
Se uma tal civilização surgisse, não pode haver dúvida de que uma ponto de vista em primeira mão aos visitantes.
astrologia ressuscitada e refinada desempenharia um papel de um valor Entre esses estava André Rousseaux, eminente crítico literário francês.
incalculável dentro dela; num nível puramente utilitário e benthamita na Rousseaux tinha-se tornado um firme advogado da interpretação simbolista e
medicina, na lei, na economia, na educação e na psicologia, e num nível tinha acompanhado a disputa dos sábios bem de perto. Finalmente,
refinado e simbólico na religião, na ciência, na arte e na filosofia. enraivecido com o tratamento que recebiam a nova doutrina e seus porta-
Olhados propriamente, esses são os pilares da sabedoria que tratam, vozes por parte do establishment egiptológico, ele colocou seu ponto de
respectivamente, da alma, do corpo, das emoções e do intelecto do homem, vista diante do público não especializado da revista literária Le Mercure de
na forma de sua relação com a terra e com a hierarquia do céu e numa France (julho de 1951).
civilização em que a religião, a ciência, a arte e a filosofia não fossem as Como filósofo e orientalista, o próprio de Lubicz não tinha acesso nos
charadas mutuamente excludentes que são hoje em dia, podia bem ser a jornais especializados em egiptologia, mas por vários anos o caso simbolista
astrologia o laço ou mediador entre elas, ao mesmo tempo arte científica e tinha sido defendido profissionalmente por Alexandre Varille, arqueólogo e
filosofia sagrada; um abelhudo legítimo nas conversas dos deuses. egiptólogo muito qualificado que, como muitos outros, tinha-se convencido
da validade da nova interpretação — mas que, ao contrário dos outros,
arriscara sua carreira para apoiá-las abertamente.
Então, concentrando-se na contínua batalha entre Varille e o campo
ortodoxo, Rousseaux explicou brevemente a visão simbolista e sua
importância potencial para o futuro do pensa-mento ocidental, e, sustentando
suas afirmações com excertos de numerosas cartas e documentos, afirmou
que:
1. Embora Varille aderisse rigorosamente a cada convenção escolástica;
apesar de apresentar as provas a favor da interpretação simbólica; embora a
evidência por ele apresentada fosse de fato inatacável, ele era, não obstante,
refutado pelos egiptólogos
ortodoxos como "fantasista". Finalmente, a justificação para a sua Os dois eruditos insistiam principalmente que não havia querela real (o
refutação era a de que todos os outros egiptólogos concordavam que ele era artigo de Rousseaux chamava-se A Querela dos Egiptólogos) desde que
um fantasista, enquanto que ele era apenas um — argumento usado por todos os egiptólogos reconheciam que Varille estava errado. E Drioton
espíritos científicos semelhantes séculos mais cedo para condenar Galileu. notou aprovativamente a "frente comum de silêncio" erigida pelos
2. Varille insistia que de Lubicz e os simbolistas tinham descoberto egiptólogos para responder ao ataque simbolista, novamente apelando para
provas que demonstravam que a egiptologia, como era correntemente a unanimidade de opinião como uma evidência da falta de solidez do
praticada, precisava de uma revisão total. Não é que os egiptólogos argumento contrário.
estivessem especificamente errados, mas é que eles estavam apenas Além disso, levantava um bom número de objeções egiptológicas ao
arranhando a superfície. recente artigo de Varille, e concluía recusando o convite de Rousseaux para
Textos que, quando decifrados, pareciam ilógicos e inconsistentes — o encontro em Luxor, afirmando que os egiptólogos tinham muitas coisas
sendo esse caráter de incoerência atribuído aos autores do texto — importantes a fazer além de perder seu tempo viajando ao Egito para
subitamente, quando interpretados do ponto de vista simbólico, faziam um desacreditar um punhado de mentiras. Entretanto, sugeria que se os
sentido perfeito dentro de uma consistente visão do mundo, que tinha laços simbolistas tomassem cuidado ao apresentar seu caso, seriam bem-vindos a
óbvios com as tradições hindu, cristã e outras. Istambul ou a Amsterdã, cenário de próximas convenções arqueológicas,
Logo, Varille afirmou que os textos egípcios não podiam ser nas quais poderiam discutir o assunto.
meramente decifrados e examinados do ponto de vista da escolástica Foi então dado a Varille espaço — negado nos jornais eruditos — para
moderna; antes, tinham de ser interpretados e compreendidos no espírito responder às objeções ortodoxas ponto por ponto. E, finalmente, ele
em que foram imaginados. Era necessário pensar egípcio. declinou o contra-convite para ir a Istambul ou a Amsterdã, declarando que
Isso, diziam os especialistas, era absurdo, desde que textos desse tipo nem as ruínas egípcias holandesas nem as ruínas egípcias turcas eram
eram corretamente decifrados pelos sábios, e não revelavam nenhuma lugares próprios para a confrontação ao vivo que os simbolistas tinham
necessidade de interpretação. tentado realizar.
3. Finalmente, Rousseaux afirmava que os jornais arqueológicos Desafortunadamente, quando esse segundo artigo apareceu na
repetidamente se recusavam a publicar as dissertações de Varille, e que imprensa, Varille tinha sido morto num acidente de automóvel, perdendo os
estas eram submetidas a um processo padrão, pelo qual Varille era acusado simbolistas seu principal porta-voz oficial.
de falhar ao tentar produzir evidências na sustentação de sua causa.
Tanto quanto sabemos, nenhuma atenção maior foi prestada às idéias
Rousseaux citava certas críticas específicas que suprimiam as respostas de de Lubicz até que o maciço Temple de l'Homme, em três volumes,
de Varille — o que, para alguém de fora, parecia muito convincente. E apareceu em 1958 (a edição quase inteira do Temple de l'Homme foi
Rousseaux concluía sugerindo que, em vista da importância potencial do destruída num terremoto).
estudo da egiptologia, fosse arranjada uma confrontação em Luxor, onde se Novamente, André Rousseaux trouxe o assunto à atenção do público
encontrassem especialistas em vários campos do estudo egiptológico — no trimestral literário e filosófico Les Cahiers du Sud (n.° 358), novamente
arquitetura, hieróglifos, arte — revendo a evidência em primeira mão, e se sumarizando a interpretação simbolista, mas dando desta vez a descrição
possível, desacreditando-a. seguinte — de particular interesse para a astrologia:
Esse artigo provocou furiosas contestações de dois eminentes
egiptólogos, o senhor Étienne Drioton, diretor-geral do Serviço Francês de Os monumentos egípcios, quando eram a emanação viva da humanidade faraônica,
manifestavam um completo jogo de correspondência com os ritmos da natureza, e
Antiguidades Egípcias (e o alvo de muitas das críticas de Rousseaux), e o especialmente com o ritmo soberano e ordenado escrito nos corpos celestes. Assim, a
senhor Jean Sainte-Fare Garnot, diretor de estudos da Escola Prática de primeira coisa que deve ser dita de um templo egípcio, com a intenção de atingi-lo
Altos Estudos. completamente, é que se trata de um monumento à imagem do céu: não por vagas alusões,
mas por laços precisos com os períodos astronômicos, e em rigorosa harmonia com as
revoluções astrais.
Entre as pessoas que contribuíram para esse artigo estava Arpag
Mekhitarian, secretário da Fundação Egiptológica Rainha Elizabeth (de ... Aqui novamente, encontramos a referência a uma famosa concepção egípcia, a da
Bruxelas), o único egiptólogo ortodoxo a violar a "frente comum de Divindade Hermopolita, composta de quatro pares de divindades representando as diversas
silêncio", de tal maneira que a opinião de Mekhitarian pode ser de bom formas que o caos assume entre a tomada de consciência e começo da diferenciação, de onde
emerge o Criador Sol, na forma de um infante saído do lótus (1).
grado olhada como possuidora de um peso particular.
... cada um de nós (egiptólogos ortodoxos), dentro da pequena esfera de sua
Que os mitos egípcios representam a gênese consciente do universo, e
especialidade, precisa ter a coragem de verificar, em campo se necessário, as afirmações feitas que os mitos, deliberadamente e em pleno conhecimento, descrevem a
pelo senhor M. de Lubicz, e ele precisa pedir a ajuda de colegas e técnicos capazes de lhe prevalência da unidade na multiplicidade, são pontos centrais da
darem alguma luz em domínios que lhe estão formalmente fechados; acima de tudo, ele interpretação simbolista do Egito, e bastante estranhos à concepção
precisa não rejeitar a priori como inconcebível o que excede a sua compreensão. ortodoxa, que olharia isto tudo como contos de fadas fabricados por
... o simbolismo do senhor Schwaller de Lubicz não é uma simples e pessoal
interpretação dos fatos, mas conclusões levantadas de evidência precisa e objetiva, que até sonhadores em torres de marfim.
agora escapou da perspicácia dos egiptólogos. De Lubicz escreve:
Isso parece bastante claro. Mas seguindo a publicação de Le Temple de Admitindo uma causa-origem de todo o universo, isso é de necessidade única...
A Criação se realiza portanto completamente através dos números Um e Dois; e a
I'Homme, nenhum outro egiptólogo esposou abertamente o ponto de vista dualidade será a característica fundamental do Universo criado... A unidade cria por "olhar a
simbolista, ou (aparentemente) deu ouvidos ao conselho do senhor si própria"...
Mekhitarian. Entretanto, a morte de Schwaller de Lubicz, de sua esposa e de Nós podemos chamar essa unidade Deus, ou energia despolarizada... a unidade é
Clement Robichon (arqueólogo e arquiteto que, juntamente com Varille, indivisível, o Deus Criador... a unidade é consciente de si própria.
tinha status universitário) afetou o trabalho mais concentrado em campo. A O universo é, dessa maneira, apenas consciência, e o presente, em todas as suas
aparências, apenas uma evolução de consciência, de sua origem ao seu fim, que é o retorno à
pesquisa é conduzida pela senhorita Lucie Lamy, enteada de de Lubicz, e origem. O alvo de toda religião iniciática é ensinar o caminho que conduz a essa última
por uns poucos indivíduos espalhados. fusão (2).
Aparentemente, pode parecer que a "frente comum de silêncio" foi Um outro egiptologista declara:
efetiva, e que, protegidos atrás dela, os egiptólogos ortodoxos sentiam-se
livres para citar as construções vacilantes de Wheeler, Borchardt, et al. como Através desse longo exame tentei enfatizar que há razão e sistematização em toda a
decoração egípcia.
"autoridades", continuando as pesquisas nesse Egito de materialistas Parece-me cada vez mais claro que, para os egípcios, todos os elementos de um desenho
primitivos que produziram todas essas obras-primas sem ter uma idéia clara têm um valor e um sentido implícito. Obviamente, precisamos tomar cuidado com uma
de vida no além. Mas há uma indicação de que os labores dos simbolistas supersutilização, botando em nossas interpretações mais ingenuidade que os egípcios tiveram
não passaram completamente despercebidos. E que, ao menos na França, em mente. Mas seu desejo de dar a um desenho um significado e uma eficácia tão grande
quanto possível é tão freqüentemente aparente que me parece necessário olhar nos menores
sem mencionar de Lubicz ou reconhecer um débito ao ponto de vista detalhes para chegar a uma compreensão de suas intenções (3).
simbolista, mascaradas com a ortodoxia de linha dura, noções com cores
simbolistas estão começando a aparecer em jornais e livros de egiptólogos, Esse é, precisamente, o ponto que foi enfatizado a vida toda por de
onde são coletados pela senhorita Lamy, e comparados com as passagens Lubicz, Varille e os simbolistas e tão freqüente quanto ardentemente negado
relevantes do trabalho de Schwaller de Lubicz, onde tiveram a sua inspiração pelos egiptólogos ortodoxos. E portanto de particular interesse que o senhor
consciente ou inconsciente. Lacau, autor do parágrafo acima, estivesse entre os mais veementes
Embora freqüentemente técnicas e complicadas e, tiradas do contexto, inimigos da interpretação
difíceis de entender, é no entanto claro que, trabalhando com pontos de vista
ortodoxos, passagens como a seguinte seriam impossíveis. (Citamos apenas
dois dos 15 de tais empréstimos que nos foram fornecidos pela senhorita
Lamy, que por sua vez os selecionou de uma coleção muito maior.):
APÊNDICE II
simbolista, quando dela se falou pela primeira vez, há 20 anos.
Nossos outros exemplos são igual e obviamente derivados de um
conhecimento da interpretação simbolista. Mas o que é interessante não é
que as idéias de de Lubicz estejam sendo utilizadas sem que ele seja Gêmeos de Tempo
reconhecido como fonte, mas que essas idéias estejam sendo infiltradas em
jornais oficiais com aparente boa fé, como ortodoxia. O mais famoso gêmeo de tempo era Samuel Hemming, que nasceu na
Daqui será mais intrigante seguir o futuro do trabalho de de Lubicz. Sem mesma hora do mesmo dia em que nasceu o Rei George III, da Inglaterra (4
nenhuma ilusão quanto à sua importância potencial, ele estava, naturalmente, de junho de 1738).
relacionado não com o reforço da egiptologia como tal, nem com o Hemming e George III pareciam-se muito e suas vidas corriam
polimento da imagem dos construtores desaparecidos dos templos e paralelamente, embora nos níveis respectivos. Hemming estabeleceu-se no
pirâmides, mas antes com o oferecimento da chave para uma tremenda, negócio de ferragens no dia em que George sucedeu no trono. Ambos
coerente e válida doutrina, cujo estudo poderia permitir que pelo menos os tinham-se casado no dia oito de setembro de 1761, ambos geraram o mesmo
engajados nela se libertassem da esterilidade, estupidez e falácia do número de crianças do mesmo sexo, ambos ficaram doentes e tiveram
materialismo que hoje em dia torna este país inabitável. acidentes ao mesmo tempo, e ambos morreram no dia 29 de janeiro de 1820
"A egiptologia pode ser uma profissão para escavadores e saqueadores por motivos semelhantes.
de túmulos, ou pode-se tornar a mais maravilhosa fonte de conhecimento A vida do dissoluto George IV também se espelhou na vida de um
para um mundo a vir", declarou de Lubicz. plebeu gêmeo de tempo, nascido na mesma hora. Esse homem, embora
"Dependerá da coragem da juventude (4) ... e — nós somos compelidos tivesse se tornado um humilde limpador de chaminés, era — a seu nível e
a ajuntar — da convicção de que uma tal egiptologia é de fato possível, o dentro do seu próprio círculo — igualmente renomado como jogador,
que, sob as condições presentes, pareceria requerer tanta sorte quanto namorador e gastador, e ambos eram adeptos das corridas. O príncipe corria
coragem." com puro-sangues e o outro com velozes burros de raça. No dia em que o
príncipe foi escoiceado por um cavalo, seu gêmeo foi escoiceado por um
burro, e ambos ficaram incapacitados pelo mesmo .espaço de tempo.
Quando um foi à bancarrota, seu gêmeo também faliu.
Duas mulheres sem relações, ambas chamadas Edna, encontraram-se
pela primeira vez em um hospital de Hackensack, em Nova Jérsei. Ambas
tinham nascido no mesmo dia e estavam no hospital para o primeiro parto.
Suas crianças nasceram com uma diferença de uma hora, e ambas tinham,
previamente, recebido o nome de Patricia Edna. Ambas estavam casadas
com homens chamados Haroldo, que tinham ambos nascido no mesmo dia.
Ambos estavam no mesmo negócio, tinham a mesma marca, modelo e cor
de automóvel. Ambos os casais tinham-se casado no mesmo dia. Ambas as
mulheres tinham o mesmo número de irmãos e irmãs e praticavam a mesma
religião. Ambas as famílias tinham um cachorrinho chamado Spot.
Um homem chamado Patrick O'Connor tinha sido preso e detido numa a outra. Não apenas elas eram notavelmente parecidas fisicamente, mas
prisão do exército, acusado de deserção. Levou quatro ou cinco dias para que partilhavam os mesmos gostos e idiossincrasias. Ambas vinham de família
as autoridades descobrissem que embora tivesse nascido no mesmo dia, de cinco crianças. Ambas tinham pais com tarefas parecidas no mesmo
tivesse o mesmo Número de Seguro Nacional, as mesmas obturações e a aeroporto.
mesma cicatriz de operação que servia para identificar o desertor, ele não era
de fato este homem — que naturalmente também se chamava Patrick O Rei Umberto da Itália foi apresentado a um proprietário, notando sua
O'Connor. semelhança com ele. Depois de investigar, soube-se que o Rei e o
proprietário tinham nascido no mesmo dia, na mesma hora e tinham-se
Depois da morte de Rodolfo Valentino, os produtores de cinema casado com mulheres do mesmo nome, e ambos tinham um filho chamado
começaram a procurar alguém que se parecesse bastante com ele para poder Vittorio. O proprietário tinha entrado nos seus negócios no mesmo dia em
tomar seu lugar. Encontraram três; e um deles era um italiano, Giordano que o Rei assumira o trono.
Venturini, nascido na mesma região que Rodolfo e no mesmo dia que ele. O Rei então soube que o proprietário tomaria parte num torneio de tiro
no qual ele daria os prêmios; e expressou seu desejo de novamente
Em Nova Iorque, um fabricante de móveis chamado Richardson encontrar-se com seu sósia.
encontrou um homem que se parecia muito com ele. Esse homem nascera na Mas quando chegou a hora, o Rei soube que o sósia morrera ao limpar a
Itália, e era do mesmo dia que Richardson. Quatro anos depois de se terem arma. E antes de poder ser levado à cena do desastre o próprio Rei foi
encontrado, Richardson foi atropelado por um carro, e dois dias mais tarde assassinado por um anarquista.
morreu. Em outra parte da cidade, Negrelli também tinha sido atropelado por
um carro, e embora isso tivesse sido duas semanas mais cedo, tanto Seria possível documentar várias centenas de casos desse tipo. Mas
Richardson quanto Negrelli morreram no mesmo dia em conseqüência dos continuar ouvindo-os seria cansativo, e não provaria nada do ponto de vista
ferimentos. científico. Os astrólogos, no entanto, insistem em que a documentação é
agora suficientemente forte para provocar o interesse dos espíritos
As chapas 11 e 12 falam por si próprias. Hahn e Einstein, ambos científicos. Os astrólogos confiam que uma pesquisa de larga escala provaria
nascidos no dia 14 de março de 1879, foram grandes físicos. James Stephens sem margem de dúvidas que os casos de gêmeos de tempo não são
e James Joyce, ambos nascidos às seis horas da manhã do dia dois de atribuíveis à coincidência e que portanto pode-se prever a repetição de
fevereiro de 1882 (para um astrólogo, o ascendente de Capricórnio é semelhanças físicas e psicológicas. Isso seria particularmente interessante
particularmente óbvio), foram, ambos, famosos por atenção quase obsessiva para os estudos do problema dos níveis.
para com a linguagem.
Joyce Ritter e Jean Henderson (chapa 10) vieram ambas viver em Nova
Iorque com a idade de seis anos. Desde esse tempo, não apenas seus
professores, mas também seus pais tinham dificuldade em reconhecê-las.
Ambas tinham nascido na mesma enfermaria com cinco minutos de
diferença de uma para
NOTAS
Nenhum desses últimos foi traduzido para o inglês. Os três volumes do
Introdução
Temple de I'Homme, chave para o resto, são devidos a seu tamanho e
1. Paul Ghalioungui, Magic and Medical Science in Ancient mercado restrito, de um preço proibitivo para um leitor médio e só se
Egypt, Hodder and Stoughton, 1963, pág. 36. encontram os livros nas grandes bibliotecas públicas.
2. Paul Couderc, L'Astrologie, Que Sais-je?, 1952 Há, no entanto, dois livros da falecida senhora Ischa Schwaller de
Lubicz, Herbak-Chick Pea, Hodder and Stoughton, 1953, e Her-bak,
Primeira Parte: História e Técnica Disciple, Hodder and Stoughton, 1961, em que se tenta explicar a sabedoria
1. Chamber's Encyclopaedia, 1966 egípcia dentro da narrativa de uma novela. Mas esses livros podem ser
2. Arthur Koestler, The Sleepwalkers, Hutchinson, 1968, págs. 19- considerados apenas como sucessos parciais; os ensinamentos egípcios
20 falavam em transmigração, mas os egípcios atuais, que supostamente
3. Em lugares diferentes, em tempos diferentes, o zodíaco foi herdaram a tradição, não o fazem. Talvez seja impossível chegar bastante
dividido de outras maneiras: às vezes em 8, 16 e 20 setores. A divisão em perto dos antigos egípcios para retratá-los como caracteres vivos em terceira
12 signos foi a que prevaleceu no Ocidente, mas isso não significa dimensão; entretanto, a senhora Lubicz teve o grande mérito de tornar
necessariamente que os outros meios de divisão estejam errados, ou que acessíveis idéias difíceis e obscuras, torná-las mesmo divertidas.
todos estejam errados. Antes, isso depende dos significados dados às 10. Certos físicos, p. ex. Eddington, Schroedinger, de Broglie,
divisões. parecem estar inclinados a uma visão deste tipo; está implícito no trabalho
4. Nós devemos a J. G. Bennett essa ilustração. Ver The Dramatic do neurologista J.C. Eccles etc.
Universe, Hodder and Stoughton, 1956 (especialmente volumes I e II),
para uma discussão dos significados dos sistemas, e as relações entre eles. 11. As catedrais góticas e os templos do Oriente são construídos sobre
5. Rudolf Hauschka, The Nature of Substance, Stuart and Watkins, princípios semelhantes, mas parece que sob condições que não permitem
1966. uma comparação direta com os egípcios. Os egípcios não construíram para
produzir monumentos. Sua arquitetura era a realização de um sacramento
6. Robert Eisler, The Royal Art of Astrology, Herbert Joseph, perpétuo; um rito consciente e deliberadamente assumido, empreendido
1946. sobre a compreensão de que isso era tão essencial para o bem-estar do
7. Citado por Paul Ghalioungui, op.cit., pág. 47. espírito quanto o processo análogo de comer o era para o corpo.
8. I. E. S. Edwards, The Pyramids of Egypt, Penguin Books, pág.
52. Os autores também foram informados de que a música sagrada no
9. Le Temple dans l'Homme, Le Caire, Cairo, 1948. Essa edição, Oriente foi composta sobre princípios astrológicos, para produzir um
que tencionava ser a primeira de um trabalho maior, foi quase toda calculado efeito artístico, mas não conseguimos encontrar nada de positivo
destruída por um terremoto. sobre o assunto.
12. A Regra do Ouro, normalmente representada por Φ , é expressa
Le Temple de l'Homme, Caracteres, Paris, 1958, 3 Vols. Essa é a pela fórmula Φ = 0,6103398 e preocupou por muito tempo o espírito dos
obra-prima na qual de Lubicz apresenta o saber matemático, artístico, artistas, arquitetos, naturalistas e muitos outros, uma vez que é normalmente
arquitetônico, astronômico e esotérico do antigo Egito. As implicações considerada como reguladora das proporções da maior parte das artes e da
sociais e filosóficas desse saber foram discutidas em: Le Roi de la natureza. Plantas e conchas marinhas crescem de acordo com padrões
Théocratie Pharaonique, Flammarion, 1961; e em Le Miracle descritíveis por Φ ; a arquitetura gótica, egípcia e hindu são também
Égyptien, Flammarion, 1963 (publicado postumamente). Schwaller de apresentadas por Φ , assim como sua arte. De acordo com de Lubicz,
Lubicz apresentou um resumo mais ou menos acessível da tradição Φ representa a cisão primordial da unidade dentro da multiplicidade. De
egípcia. acordo com outros sábios contemporâneos, sua aparência
ubíqua é uma "coincidência" (R. Harré, The Anticipation of Nature,
Hutchinson, 1965, pág. 80). Ver a bibliografia. 24. Ver E. T. Bell, The Magic of Numbers, McGraw-Hill, 1946, para
13. R.A. Schwaller de Lubicz, op.cit., vol. I, pág. 637. uma interessante, embora emocionalmente inconsistente, explicação do
14. I.E.S. Edwards, The Pyramids of Egypt, Penguin Books, edição neopitagorismo na ciência.
revista, 1961. Otto Neugebauer, The Exact Sciences in Antiquity, Brown 25. Franz Cumont, Astrology and Religion among the Greeks and
University Press, 1957. Romans, 1912, Dover Edition, págs. 30-31.
15. Principalmente, Antoniadi, L'Astronomie Égyptienne. 26. Robert Eisler, The Royal Art of Astrology, Herbert Joseph, 1946,
16. P. Ghalioungui, op.cit., pág. 47. pág. 166.
17. Otto Neugebauer, op.cit., pág. 171. 27. Neugebauer and Van Hoesen, Greek Horoscopes, American
18. The Reports of the Magicians and Astrologers of Nineveh and Philosophical Society, vol 48, 1959.
Babylon, ed. R. C. Thompson, Luzac, 1900. 28. Neugebauer and Van Hoesen, op. cit., pág. 177.
19. W. A. Irwin, The Problem of Ezekiel, Chicago, 1943. 29. E, no entanto, astrologicamente difícil acreditar que o tremendo
20. Kugler, Sybillinischer Sternkampf und Phaethon in natur- ímpeto de energia exigido para a construção das catedrais, e a ênfase súbita
geschichtlicher Beleuchtung, Münster, 1927. no elemento da Cristandade simbolizado pela Virgem Maria apenas
21. Immanuel Velikovsky, Worlds in Collision, Doubleday, 1950; aconteceram. O mesmo surto de energia foi igualmente avaliável para os
Ages in Chaos, 1953; e Earth in Upheaval, 1956. bárbaros que partiram em suas cruzadas.
22. The Velikovsky Affair, ed. Alfred de Grazia, Sidgwick e 30. Continuamos supondo que é de fato possível extrair informações
Jackson, 1966. Essa coleção de ensaios do The American Behavioural psicológicas e outras a partir exclusivamente da hora do nascimento.
Scientist discute a reação às teorias de Velikovsky, e a subseqüente 31. Mais tarde, veremos Robert Eisler ridicularizar a explicação
justificação de pelo menos algumas das suas idéias. ptolomaica sobre o funcionamento da astrologia, tentando, através de
explicação idêntica, provar o seu não-funcionamento. E, como interessante
Um pouco repetitivo como livro, e por fim conseguindo explicar a dado marginal, vale a pena mencionar que a Encyclopaedia Britannica, 14.a
inquisição acadêmica em termos da ciência de comportamento — em vez da edição, é tão solícita para com os sentimentos dos modernos leitores que
psicologia do pedantismo — The Velikovsky Affair é, no entanto, um evita citar Ptolomeu como astrólogo — embora, tanto quando se saiba, em
documento social da maior importância. relação ao Ocidente, ele seja o maior astrólogo que já viveu. E como
23. Se é possível refutar a teoria de Velikovsky sobre Vênus, sua escrever um livro sobre Édipo, e, por razões de delicadeza, evitar falar das
maior afirmação, de que acontecimentos de natureza extraterrestre estreitas relações familiares que ele mantinha.
causavam catástrofes na Terra, permanece forte. Várias teorias bastante 32. Ptolemy's Tetrabiblos, traduzido da paráfrase grega de Proclus
plausíveis começam a surgir. Nenhuma conseguiu explicar por J. M. Ashmand. Reimpresso por Foulsham, 1917, págs. 198-200.
satisfatoriamente o cinturão de asteróides que circula entre Marte e Júpiter. 33. "As pessoas adaptavam suas vidas às predições astrológicas...
Pensa-se que são os restos de um antigo planeta que explodiu. Não há nada Submeter-se à astrologia intelectualmente significava uma absoluta
que diga que esse planeta tenha explodido há muito tempo. E uma submissão ao destino. Os adeptos discutiam se havia ou não algum livre
expedição oceanográfica conduzida pelo professor M. W. Ewing, da arbítrio." C.A. Burland, The Magicai Arts, Arthur Barker, 1966, pág. 70.
Universidade de Colúmbia, encontrou uma camada de cinza vulcânica no 34. Isso é apenas um abuso do princípio no qual se baseia o I Ching.
leito do mar, tão compacta, que não pode ser explicada em termos de Esse livro chinês de oráculos incorpora muitos dos princípios da astrologia
atividade vulcânica terrestre. Ewing pensou que isso só podia ser explicado na interação de dualidades e triplicidades dentro do Hexad. O I Ching atraiu
por um cometa que tivesse passado muito perto da terra, deixando uma no passado muitos dos grandes pensadores da China, entre eles Confúcio,
grande chuva de lava atrás de si. Velikovsky afirma que esse cometa era que é principalmente responsável pela versão hoje conhecida por nós. Jung,
Vênus. Não é necessário que tenha sido, mas cinza vulcânica é sempre recentemente,
cinza vulcânica, e se a Terra não a pode ter produzido, ela deve ter tido
alguma outra origem
esteve muito preocupado com ela e escreveu uma introdução para a famosa 40. Colin Ronan, Changing Views of the Universe, Eyre and
tradução de Richard Wilhelm. E nós nos lembramos de ter lido há alguns Spottiswoode, 1966, pág. 97.
anos no New Yorker sobre dois físicos chineses, ganhadores do Prêmio 41. Johann Kepler, On the New Star in the Foot of the Serpen-
Nobel, que admitiram com bastante despreocupação que consultavam o I tarium, Chapter VIII, pág. 33.
Ching, e não apenas como jogo de salão. 42. Johann Kepler, De Stella Nova, cap. 28.
35. Há, no entanto, um ponto astrológico nos Escritos Herméticos, 43. Mark Graubard, Astrology's Demise and Its Bearing on the
que é de grande interesse. Uma objeção comum aos astrólogos é a de que, Decline and Death of Beliefs, Osiris, 1958, pág. 230.
mesmo garantindo a possibilidade de influência astral, o momento 44. Benjamim Farrington, Encyclopaedia Britannica, 1967.
importante devia ser o da concepção, e não o do nascimento. Os 45. Parte do Mysterium Cosmographicum de Kepler (no qual ele
compiladores dos Escritos Herméticos estavam bem atentos ao problema, explorou pela primeira vez essas relações) está traduzido para o francês em
e há fórmulas atribuídas ao legendário autor dos textos, Hermes Trismegisto Le Miracle Égyptien, de R.A. Schwaller de Lubicz. Neste livro, e em Le
(Hermes ferido três vezes), às quais se atribuía a determinação, baseada no Temple de I'Homme, ele discutiu prolongadamente o complexo assunto do
horóscopo do nascimento, do verdadeiro momento da concepção. Através significado das várias relações harmônicas. De Lubicz chega a resultados
da longa história da astrologia, a importância desse horóscopo do momento semelhantes aos de Kepler em muitos aspectos, mas usando apenas as
da concepção foi muito discutida. Todos os astrólogos concordavam que matemáticas faraônicas.
esse momento devia significar alguma coisa. Alguns insistiram mesmo 46. Uma escola de astrólogos alemães contemporâneos alijou
sobre a exclusividade do horóscopo da concepção. Outros afirmavam (essa completamente a teoria das casas, mas dá grande ênfase às escalas
é a opinião da maioria) que o momento da concepção determina o que um harmônicas e aos ângulos duros, que está de acordo com as idéias de
homem herda de seus pais (concordando com a moderna teoria genética) Kepler.
mas que o momento do nascimento determina o caráter (muito discordante 47. Aubrey's Brief Lives, ed. Oliver Lawson Dick, Penguin Books
da moderna teoria genética). 1962, pág. 52.
36. A esfericidade da Terra e o heliocentrismo do sistema eram 48. "Até a publicação da teoria de Newton mostrando a falácia das
certamente conhecidos pelos egípcios, e quase certamente conhecidos pelos crenças sobre as quais estavam baseados os esquemas ou horóscopos
antigos chineses e hindus. Quando os jesuítas chegaram pela primeira vez à celestes, a astrologia foi uma das mais sérias tentativas de explicar o mundo
Índia (1595), a teoria de Copérnico não havia sido aceita pela Igreja, e os cientificamente." Oliver Lawson Dick, prefácio a Aubrey's Brief Lives.
jesuítas ridicularizavam as noções astrológicas e cosmológicas do pagão 49. Sir Harold Hartley, FRS, New Scientist, 11 de maio de 1967,
chinês — que afirmava que a Terra estava suspensa nos ares, não numa revendo The Mathematical Papers of Isaac Newton, vol. I, 1664-6.
esfera de cristal, e que circulava em torno do Sol. 50. Prever mortes e desastres para inimigos foi uma prática normal
dos astrólogos, que raramente viveram de acordo com os padrões de Lilly.
37. Os planetas e seus metais: Sol-ouro, Lua-prata, Mercúrio- Jerome Cardan (1501-76), médico, matemático e astrólogo, detestava
mercúrio, Vênus-cobre, Marte-ferro, Júpiter-estanho e Saturno-chumbo. Lutero e preparou sua hora de nascimento de maneira a lhe fazer predições
38. K. von Weizsäcker, History of Nature, Routledge, 1951, pág. 24. desfavoráveis — no caso de Cardan, uma ação psicologicamente valiosa,
39. Os instrumentos astronômicos de Brahe foram a primeira coisa desde que era famoso por um bom número de profecias notoriamente exatas.
que o recomendou à atenção do Imperador Rudolph II. Homem rixento e Uma lenda diz que no dia que tinha predito a própria morte, sentindo-se
beligerante, a certo ponto Brahe teve seu nariz cortado num duelo e usou. forte e bem disposto, cometeu suicídio para não falhar na predição... Mais
seu engenho técnico fazendo um nariz falso para si próprio. como uma questão de interesse, o grande sábio do Renascimento, Pico della
Mirandola, chamado o "flagelo da astrologia", morreu com a idade de 31
anos, como três astrólogos diferentes tinham predito. Mas, dadas as atitudes
de Pico para com a astrologia, era bem provável que os astrólogos da época e grandeza. Racialmente, mais uma vez a humanidade está tocando o ponto
se apressassem a predizer sua morte, e tão rápido quanto possível. Não máximo de seu círculo de movimento, daí o renascimento do tema das
sabemos quantos outros astrólogos além desses três tocaram no assunto. estrelas, em tudo que concerne à felicidade espiritual da política do corpo."
51. Ver Erich Heller, The Disinherited Mind, Meridian, 1959, para John Hazelrigg, Astrosophic Principies, Hermetic Publishing Co., Nova
uma excelente explicação desse aspecto da obra de Goethe. Iorque, 1917, págs. 11-12.
52. Citado por L. Kolisko, The Moon and Plant Growth, Infelizmente, esse é o tipo de prosa astrológica do começo do século. E
Anthroposophical Publishing Company, 1938. mais deprimente é que debaixo da ênfase cômica, Hazelrigg está
53. Enquanto a história do barbarismo é um livro aberto — reis e apresentando vários pontos cálidos (renascimento do interesse pela
conquistadores tomam medidas para perpetuar suas memórias — a história astrologia, etc... Se a astrologia pode sobreviver, os cientistas de um lado e
da civilização é bastante misteriosa. Ninguém sabe de onde vêm os os Hazelriggs do outro podem ser tomados como sinais do seu inesgotável
Evangelhos; ninguém sabe quem era professor de Plotino, Ammonius apelo emocional, se não de sua validade.
Saccas; o Islão não tinha nenhum místico até que de repente apareceram os 57. Ver a bibliografia.
sufis; as catedrais subiam no azul, construídas em proporções que não eram 58. Prediction, revista devotada à astrologia, quiromancia, ESP,
usadas desde o Egito, e assim por diante. espiritualismo, mágica e outros aspectos ocultos num nível popular, mas
54. Se o número eventual de planetas for além de 12, não é preciso apresentando às vezes aspectos interessantes, de um modelo mensal pelo
dizer, este esquema vai ter os mesmos problemas do modelo de sete qual Naylor pôde trabalhar durante algum tempo.
planetas. 59. As pesquisas de Krafft, mas não suas conclusões, interessaram
55. P. Spiller, Der Weltaether ais Kosmische Kraft, pág. 4; citado vários psicólogos proeminentes.
por H.P. Blavatsky, The Secret Doctrine, vol. II, pág. 232. 60. As ramificações dessa história são tais que é impossível condensá-
56. "Por causa do silêncio da astrologia por muitos anos, tornou-se la sem destruir sua qualidade fantástica. Os detalhes são expostos com
crença profunda dos mentalmente tímidos e dos convencionalmente perfeição elogiável, mas com pouco élan, por Ellic Howe, em Urania's
inteligentes, aqueles enamorados do dogma e da artificialidade, que ela Children, William Kimber, 1967.
tinha caído num desuso quase eterno. Alguns se gabavam de que a ciência a
esmagara completamente. Mas porque uma nuvem tinha momentaneamente Segunda Parte: Objeções
encoberto o sol, não é razão para se supor que tivesse apagado para sempre
a principal fonte de luz. Ninguém pode ser realmente acusado de esconder 1. News Review, 3 de agosto de 1939.
um raio de seu fulgor da glória do mundo. Basta uma olhada casual para os 2. Martin Gardner, Fads and Fallacies in the Name of Science,
corredores do tempo para notar como esse holofote espiritual ilumina Dover, 1957.
periodicamente a jornada humana. A astrologia é a mesma, embora a 3. Alfred Still, Borderlands of Science, Rider, 1964.
humanidade, impelida por uma lei recessional por sob o arco de sua 4. Encyplopedia Americana, 1957.
evolução, possa por algum tempo perder a consciência de sua divindade — 5. Daily Herald, 29 de setembro de 1938.
embora o sinal esteja ainda brilhando do zênite oposto — e assim acredite 6. Robert Eisler, The Royal Art of Astrology, Herbert Joseph, 1946.
ter totalmente banido do alcance da vista tudo que não for contingente. Mas 7. ibid., pág. 27.
imediatamente voltamos ao horizonte, e vejam!, lá no céu ainda brilha a 8. ibid., pág. 261.
estrela da Interpretação, sem dúvida um pouco estranha devido à nossa 9. ibid., pág. 187.
separação forçada, mas de maneira nenhuma menos brilhante em sua 10. ibid., pág. 144.
majestade 11. ibid., pág. 142.
12. ibid., pág. 142.
13. ibid., pág. 143.
14. Uma terceira conclusão é mais misteriosa: que reconhecidamente a
senhora Kolisko possa obter resultados, enquanto que outros, sob as cobriu, acertadamente, que não eram apenas o ascendente e o descendente
mesmas condições, não possam; o lendário polegar verde. Um artigo em que apareciam de maneira significativa, mas também o Meio-Céu e o Nadir;
em outras palavras, os quatro ângulos da astrologia tradicional.
McCall's, março de 1970, descreve uma experiência feita na Universidade
6. Les Hommes et les Astres, Denoël, 1960, pág. 16.
de McGill, na qual os cientistas aparecem em vias de comprovar o polegar
7. Astrologicamente, esta é uma das descobertas mais inte-
verde.
ressantes de Gauquelin. No final das contas os dois eram atletas, também;
15. Robert Eisler, op. cit., pág. 125.
sargentos são tão profissionais quanto generais; e um assistente de
16. ibid., pág. 54.
laboratório pode estar tão ligado à Ciência quanto um vencedor do Prêmio
17. "Há agora uma outra corrente parafísica de vanguarda: a corrente
Nobel. Que é que, astrologicamente, determina a diferença? Será possível
de pensamentos e idéias representadas pela palavra falada, escrita e
detectar a diferença em horóscopos individuais?
impressa — e pelas obras de arte... Isto natural-mente (grifos nossos)
8. De Michel Gauquelin, L'Astrologie Devant la Science,
cresce, envolve e brota novos ramos, como a corrente orgânica com a qual
Planète, 1966, pág. 166.
está relacionada..." Sir Alister Hardy, The Living Stream, Collins, 1965,
9. L'Astrologie Devant la Science, pág. 168.
pág. 40. A aplicação do princípio da evolução à história da arte, com vistas
10. De Michel Gauquelin, op. cit. pág. 172. Conforme Die
a explicar a arte moderna, é uma aplicação singularmente infeliz desse
Planetare Heredität (Zeitschrift für Parapsychologie und Grenzgebiete der
princípio.
Psychologie, parte V, n.° 2/3, 1962, págs. 168/93).
"Uma pessoa pode ler os velhos filósofos e desfrutar de um
11. ibid.
pensamento penetrante aqui e ali, sem muito estudo colateral." Vannevar
12. Esses resultados não constituem refutação bastante dos
Bush, Science Is Not Enough, William Morrow, 1967, pág. 164.
atributos tradicionais do signo solar. Um astrólogo esperaria ainda que um
18. Samuel Butler declarou: "Embora a analogia seja freqüentemente
nonagenário nascido em Leão, com um ascendente de Leão em conjunção
desencaminhadora, é o recurso menos perigoso de que dispomos."
com Júpiter, fosse uma expansiva personalidade leonina, enquanto que um
Notebooks; Música, Quadros e Livros, Pensamentos e Palavra.
nonagenário nascido em Capricórnio com um ascendente Capricórnio
19. Uma exceção era o falecido Prêmio Nobel de Física, Erwin
relacionado com Saturno deveria ser um duro Capricórnio. Mas esse
Schrödinger, What is Life, Cambridge, 1948.
princípio astro-lógico do signo solar parece quase impossível de ser isolado
20. New Scientist, 5 de setembro de 1968, pág. 478.
quantitativamente.
21. P.A.M. Dirac, Quantum Mechanics and the Aether, Scientific
13. Como a hora do nascimento não é dada na Inglaterra, nem
Monthly, LVIII, 1954, pág. 142.
no Quem É Quem, Addey não podia verificar as posições dos planetas m
Terceira Parte: A Evidência
relação aos ângulos, que justamente davam a Gauquelin os seus resultados.
1. Em La Tour St.-Jacques, n.° 4. Possivelmente, um estudo europeu de longevidade confirmaria mais os
2. Prediction, janeiro de 1955. resultados de acordo com a tradição.
3. Les Hommes et les Astres, pág. 16. (Mas encontrar 14. John M. Addey, Astrology and Genetics: Red Hair,
idiossincrasias nacionais seria apenas muito interessante, mas Astrological Journal, vol. X, n.° 3. Para o trabalho de Addey sobre os
nonagenários e as vítimas de pólio, ver "Research of a Scientific Starting
não sadia-mente astrológico.) Point", Astrology, vol. 32, n.° 3, e "The Discovery of the Scientific Starting
4. L'Astrologie Devant la Science, Planète, 1966, pág. 160. Point", Astrological Journal, vol. III, n.° 2.
15. Uma confirmação maior do trabalho de Addey só agora nos
5. O método de Gauquelin não é inteiramente satisfatório, de chegou, através de uma reinterpretação, em termos harmônicos,
um ponto de vista astrológico, e obscurece resultados que
podem aparecer quando os mesmos dados são estudados por
estatísticos com espírito científico. No entanto, Gauquelin
des
Pelo contrário, um astrônomo inglês — que permanece incógnito —
do material recolhido pelos sideralistas numa tentativa de mostrar a maior
validez do zodíaco Sideral sobre o Tropical. ridicularizou as estatísticas sem as ter visto, e logo em seguida os astrólogos
Addey mostra interessantes ondas nos mapas de 302 médicos tirados do americanos citaram esse inglês como uma autoridade.
Medicai Register of Great Britain. Addey considera um assunto de não 25. J. H. Nelson, Shortwave Radio Propagation Correlation with
pouca importância que nestes testes de grupos maciços — os médicos e os Planetary Positions, RCA Review, (EUA) março de 1951, vol. 12, págs.
padres— que são tradicionalmente aliados — ambos tentam tratar do homem 26/34; Planetary Position Effect on Short Wave Signal Quality,
—, as escalas harmônicas significativas são a 5.a, a 25.a a 125.a, ou 5, 52 e 53. Electrical Engineering, maio de 1952, vol. 71, n.° 5, págs. 421/4.
Esotericamente, 5 teve sempre um significado especial na Medicina e
sempre foi um número que simbolizava o homem microcósmico. O antigo 26. O espaço e a natureza genérica desse livro torna impossível discutir
símbolo egípcio para a alma humana era uma estrela de cinco pontas. o trabalho, objetivos e teorias da escola de Aalen; e porque a maior parte
Astrological Journal, outono de 1969. dos papéis permanece sem tradução, eles são apenas parcialmente
16. Aparentemente, Brown não fez nenhuma tentativa para conhecidos, mesmo dos astrólogos de países de língua inglesa. A escola de
correlacionar a atividade com ritmos planetários. Aalen é, no entanto, a única organização astrológica que conseguiu para si
17. Psychiatry and Journal of Social Therapy, julho de 1966. própria um pouco de respeitabilidade acadêmica.
18. John M. Addey, The Basis of Astrology II; Astrological Journal,
vol. IV, n.° 3. 27. R. Tomaschek, Kosmische Kraftfelder und Astrale Einflusse,
19. New Scientist, 7 de setembro de 1967. Tradition und Fortschritt der Klassischen Astrologic, Ebertin Verlag.
20. Nosso conhecimento do trabalho de Jonas é dado através de um 28. New Scientist, 25 de abril de 1968, pág. 160.
panfleto, The Moon Conception and The Sex of Offspring, publicado como 29. Em outras experiências, Piccardi descobriu que lâminas de
suplemento do Astrological Journal, vol. IX, n.° 4, por F. Rubin, MA, que diferentes metais colocadas sobre os vasilhames alteravam curso das
viajou até a Tcheco-Eslováquia para entrevistar o doutor Jonas. De acordo experiências químicas de diferentes maneiras. Não é preciso muita
com Rubin, que cita o doutor Jonas, seus estudos foram analisados por
lentes universitários, astrônomos e matemáticos da Universidade de Viena e imaginação para relacionar isso com as propriedades mágicas atribuídas a
declarados publicamente válidos; foram testados extensivamente pelas amuletos e pedras da sorte e outras crenças de pessoas primitivas e
autoridades tchecas, e, embora o Max Planck Institute de Heidelberg tenha supersticiosas.
requerido e recebido dados da clínica Pozsony, não sabemos quais foram 30. Ellsworth Huntington, Season of Birth, 1923.
suas conclusões. 31. Ellsworth Huntington, Mainsprings of Civilization, 1945.
21. Escritos em 8 de março de 1969. Ver o New Scientist, 13 de 32. Uma vez que o estudo dos ciclos é muito recente, não foi possível
fevereiro de 1969, pág. 343.
22. Agnes Fyfe, Moon and Plant, Society for Cancer Research, estudar as presumíveis conseqüências de ciclos a longo prazo, e ninguém
1968. conhecerá a resposta antes que eles ocorram, ou deixem de ocorrer.
23. René Schwaller de Lubicz dá um testemunho pessoal sobre um 33. Cycles, julho de 1967, p. 191. Eis alguns fenômenos que se supõe
ungüento que, quando preparado de acordo com um rito tradicional, serem cíclicos:
operava quase miraculosamente, mas, quando preparado de outra maneira,
era verdadeiro veneno. Um ciclo anual de base 9.6/9.667, encontrável entre os coiotes, os
24. De acordo com o astrólogo americano, Carl Payne Tobey (em seu peixes, os linces, as martas, os ratos almiscarados, os coelhos e os animais
prefácio a Grant Lewi, Heavens Knows What) Nélson só foi contratado selvagens em geral (Canadá e Estados Unidos).
depois que astrônomos profissionais recusaram fazer o estudo, tendo A pesca do salmão (Canadá), a abundância de salmão (Inglaterra).
considerado a priori a hipótese como absurda. Tobey afirma que uma vez Os galos silvestres, falcões, os mochos, as perdizes (Canadá e Estados
que haviam sido estabelecidas as descobertas de Nélson, nenhum jornal Unidos).
astronômico as publicaria.
As lagartas, as chinchilas, os percevejos (Canadá e Estados Unidos). 38. Hans Jenny, Cymatics, pág. 82.
Os anéis dos troncos das árvores. 39. Ao se ler o livro de Jenny, belamente ilustrado mas — por isso
A colheita do trigo (Estados Unidos). mesmo — proibitivamente caro, é interessante observar alguns padrões
O ozônio na atmosfera, as cifras de precipitação pluviométrica em orgânicos emergindo sem erros de certas areias e outras substâncias
escala mundial. inorgânicas — como as riscas das zebras, os favos de mel, as conchas das
A precipitação de trovoadas, a freqüência de ondas magnéticas. tartarugas. Coincidência?
Enchentes e transbordamentos de rios da Índia. Incidentes de 40. O sine qua non do astrólogo potencial é o desejo de tentar ao
saúde (coração — Nova Inglaterra). Incidentes de saúde (rins menos uns horóscopos por iniciativa própria. Nossa experiência pessoal
— Canadá). leva-nos a pensar que, à parte o contingente inegável de velhas excêntricas,
Guerra (batalhas internacionais). uma boa porcentagem de astrólogos começou a vida com ceticismo, mas
Preços do algodão (Estados Unidos). com o espírito suficiente-mente aberto para aceitar a oportunidade de
Crises Financeiras (Grã-Bretanha). elaborar alguns horóscopos próprios. Nosso próprio interesse pelo assunto
Foi observado um ciclo de 18.2, tendo-se realizado alguns testes. Ciclos foi provocado por uma experiência desse tipo.
que ocorreram em 1943 tornaram a se dar em 1962 nas seguintes áreas: 41. A maior parte dos astrólogos prefere que os clientes os consultem
casamentos em St.-Louis; enchentes do Nilo; vendas de uma Companhia pessoalmente. Trabalhar "às cegas" como na experiência de Clark é tão
Industrial; preços dos estoques industriais; construções em Hamburgo; difícil quanto diagnosticar uma morte sem a presença do paciente.
atividade relativa a bens reais; vendas de uma companhia de Utilidade 42. A hipótese: "Os astrólogos, trabalhando com material que só pode
Pública, produção de ferro; abatimentos e descontos; construção de casas ser derivado da data do nascimento, podem, com sucesso, distinguir entre os
para moradia; acidentes; o crescimento dos anéis da árvore de Java. indivíduos, e essa sua habilidade pode ser julgada através dos métodos de
Nota: Muitos fenômenos demonstram a concorrência de vários ciclos estatística normalmente empregados para estabelecer a validade e a
ao mesmo tempo. responsabilidade de qualquer investigação psicológica."
A. L. Tchijevsky, cientista russo, mostrou um ciclo nas epidemias 43. In Search, Winter, 1959-60.
humanas que correspondia ao ciclo das manchas solares; e um ciclo de 11-1 44. ibid.
ano em relação a todo tipo de excitação humana — guerras etc., utilizando Quarta Parte: O Futuro da Astrologia
dados de 72 países, num retrospecto até 600 A.C. (Action de l'Ionization de 1. Science Journal, outubro de 1967.
I'Atmosphère sur les Organismes Sains et les Organismes Malades, 2. Fate's Astrology Forecast, inverno de 1966.
Traité de Climatologie, de Piery, 1935, vol. 1, pág. 576/86 e vol. 2, págs. 3. A maior parte dos bons astrólogos aconselha realisticamente, ou,
1042/5.) mais freqüentemente, não dá conselhos; a maior parte prefere ou mesmo
34. Cf. Science Journal, maio de 1968. insiste em encontrar os clientes pessoalmente. Isso porque é virtualmente
35. Cf. Hans Jenny, Cymatics, Basilius Press, Basel, 1966. impossível distinguir níveis de sensibilidade apenas pela data do
36. Ogden e Richards, The Meaning of Meaning, Routledge e Kegan nascimento. Um açougueiro e um neurocirurgião podem ser
Paul, 1956, págs. 27/29. caracterologicamente irmãos de sangue, mesmo em níveis bastante
37. Embora o "O" falado se pareça com o "O" escrito, isto não ocorre diferentes.
exatamente da mesma forma com outras vogais, p.ex.: o "A" não se parece 4. Um questionário enviado pelos doutores Bender e Timm, da
com "A". Mas vogais faladas diferem significativamente, e sem erros, e pode Freiburg University, revelou que dos 213 astrólogos que responderam, 77
ser interessante ver se essas formas correspondem de alguma maneira com as por cento eram a favor de requerer legalmente dos astrólogos que
antigas versões escritas de sons. prestassem exames antes de se estabelecerem; 82 por cento, que pensavam
ser possível lutar contra o charlatanismo
42 por cento que pensavam dever-se proibir a astrologia de jornal. Disso, os 10. R. Collin, The Theory of Celestial Influence, Stuart and Watkins,
professores Bender e Timm tiraram uma conclusão curiosa: "Quando 174 1955.
astrólogos querem acabar com o charlatanismo, mas apenas 104 são contra 11. New York Times Magazine, 15 de dezembro de 1968.
os jornais astrológicos, conclui-se que nem todos os astrólogos consideram a 12. Ver pág. 165 (da tradução) e seguintes.
astrologia de jornal charlatanismo, mas, daí, é apenas possível concluir que a 13. Keeping People Alive reimpresso no Listener, 27 de fevereiro de
faculdade crítica, especialmente autocrítica, de alguns astrólogos deixa algo 1969. O doutor Miller não deve ser de maneira nenhuma confundido com
a desejar." Disso, por sua vez, é apenas possível concluir que a faculdade Henry Miller, o escritor americano, ardente antimaterialista e astrólogo
amador.
lógica de alguns professores deixa algo a desejar, se eles são incapazes de 14. Cf. o trabalho dos antropólogos Wilhelm Schmidt, Evans Pritchard e
distinguir entre oposição, e proibição por lei; particularmente na Alemanha R. Marrett.
aonde as palavras Verbot e Untersagung trazem desagradáveis memórias. 15. Citado por John Laffin, The Hunger to Come, Abelard Schumann,
1966, pág. 17.
5. A brochura de um grupo americano, chamada Astrological Dating
16. Jacques Barzun, Science: The Glorious Entertainment.
acaba de nos chegar. Naturalmente, sua efetividade dependerá de seu 17. Bertrand Russell, Why I Am Not a Christian, Allen and Unwin,
programador, e nós não temos maneira de saber como o Astrological Dating 1956.
trabalha na prática. Mas, em teoria, essa é uma das funções úteis que os 18. Time, 6 de dezembro de 1968.
computadores podem realizar. Não há nenhuma razão teórica pela qual um 19. Cf. Autobiography de Bertrand Russell, vol. I.
computador não seja capaz de estabelecer tipos com exatidão considerável 20. Prediction, abril de 1968.
— a tradição considera que esse era um dos usos que os egípcios davam à 21. Reimpresso no Listener, 7 de agosto de 1969.
astrologia. Há, no entanto, uma dificuldade que pode tornar esse processo 22. Philip Barford, Astrological Journal, vol. IV, n.° 3, pág. 10.
pouco efetivo em ação, e, ao mesmo tempo, impossível de testar fora dessa 23. C.D. Darlington, Genetics and Man, Allen and Unwin, 1964.
ação. Essa dificuldade é a imagem ilusória que a maior parte de nós faz de si 24. Tragédia é derivado do grego -rp&yoç (bode) e 4)8.í) (canção), e quer
próprio. dizer "canção do bode". Os sábios não informam como isso veio a ser
aplicado ao que nós conhecemos como tragédia, mas sugerem que foi por
Embora seja possível ao computador escolher consortes adequados para
coincidência um primitivo dia de festival que com o passar dos tempos
nós, é igualmente possível que o imaginário auto-retrato que guardamos em
evoluiu para uma oportunidade em que produções dramáticas, ou tragédias,
nossa cabeça não corresponda à realidade, e acabaremos acusando o
eram apresentadas. Na literatura esotérica, no entanto, o bode é um símbolo
computador de ser um casamenteiro ineficiente. No entanto, se o
para tudo que é teimoso, insensível e irregenerável no homem, tudo o que é
computador faz bem seu trabalho, alguma coisa em nós deve responder.
imune ao princípio de Nível. Nós nos perguntamos se a canção do bode não
6. Cf. Nels Anderson, Work and Leisure, Routledge and Kegan Paul,
deveria ser aplicada a essas qualidades. Pois é indiscutível que todos os
1961.
heróis trágicos, modernos e antigos, se conformam com esta descrição.
7. A relutância do corpo em aceitar órgãos estranhos ou tecidos 25. A. J. Ayer, The Problem of Knowledge, McMillan, 1956.
estranhos é uma bela corroboração biológica da uniqüicidade. 26. Isso foi dado fundamentalmente por P.D. Ouspensky, e
8. Traduzido e reproduzido do Astrological Journal, junho de 1962, de sistematizado por J. G. Bennett. Ver a Bibliografia.
R. Tomaschek, Tradition und Fortschritt der Klassischen Astrologie. 27. La Théorie de Determination Astrologique de Morin de
Villefranche, trad. de H. Selva, Lucien Bodin, 1902.
9. R. Hauschka, The Nature of Substance, Stuart and Watkins, 1955. 28. A predição do Nostradamus sobre os chineses em Paris no ano
2000?
Apêndice I BIBLIOGRAFIA
1. P. Derchain, Chronique d'Êgypte, vol. XXXVIII, n.° 76, pág. 225. Em vez de dar uma bibliografia que, embora completa, fosse também
2. Temple datis l'Homme, págs. 11/12; Temple de I'Homme, págs. 60/61. desinformativa, nós preferimos oferecer uma solução de livros específicos que o
3. Pierre Lacau, Une Chapelle de Sesostris Ier à Karnak, pág. 251. leitor pode achar úteis de uma maneira ou de outra.
4. Le Myracle Égyptien, pág. 17. Os livros marcados com um asterisco são os que foram referidos no texto.
História da Astrologia