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: SOC Tun er eR eee) Bes ean an cc eee Pee CCR CRU test id mais do que Karl Marx. Mesmo os seus detratores reconhe- ‘cem-no como um dos maiores pensadores, mas o confinam ao século XIX, como se sua obra, suas ideias, suas teorias Sea eC Ree Cunt ett eg ere OMe CICM tic CCUM Rene tity em sua fase de desenvolvimento concorrencial. Marx é da- tee eee ee om 6 preciso falar dele”. Com a atual crise profunda e terminal Pee SRC une cui Mew RET ee CC eee omen exemplos e mais de cem ilustracdes ¢ fotos, todas legenda- das, procura desvendar o seu pensamento. Pee ROR Re BRC RC eR er Cee ee omen Poe + Cronologiaida:publicacao:de suas-principais-obras, bem Cees iis eres on uC a Cun Ce + Aspectos sociolégicos de Marx. + Os pontos centrais da sua teoria econémica. Perens an merc eck RE ar rae tac os + Lénin: textos principais sobre a vida de Marx, Engels, e PR eek a oe ec P| iM eres Cr ] CI “4 4 3 g | MARX para pri pes tareeCa beget by ASPECTOS DO PENSAMENTO SOCIOLOGICO E POLITICO T0294 oe SCS ge ec Cee a a Cor gee Mec icc iene eee ce caren ee ce ale Me ea Gulearar een ssece Ceule-cemeta (els ls aR neko ey cer eeu) Broce Reese ee terre NC Weenies uot Ee ate: lo eee ce Gua RMN ier eee a ac Re Cre eee eee oe eeaeee teat eet Cee cues Maer i oe uMiaeeet eaena oan eee ne See ere Meee es COC oi ee Re nme ec aoa GCC keer oa eu Te Ud Coen renal) a cucicta opie Marx foi lltimo dos pen- sadores com- pletos de nossa época. Estudou a fundo todos os pen- sadores que o antecede- ram ¢ de alguma forma propunham teorias econd- micas e socials, € foi o que Marx fez a sua vida toda: es- tudou e formulou teorias que nos ajudam, até os dais atuais, a compreender mais e melhor 0 mundo em que vivemos. ®2 Essa luta seria 0 motor que mo- Vimenta a Histéria, dizia ele, “As relagdes socials esto intimamente ligades as forcas produtivas. Ao adquitir novas forcas produtivas, os homens alteram os modos de produca ganhar a vida e todas as a maneira de relagdes sociais.” Essa éa Iégica das pessoas em to- das as sociedades, pois! a0 \(Wista; nossas relagdes sociais, nossa visio de mundo e tantas outras coisas mais. Cisne- Henn de Rouwoy AiioOonde de San-Sumen (1760-162 fiw soo ‘eeoanomits fanaie ‘chad de soisism rion qu nfuenciae pensar de Kal Mane Marx estudou também os filésofos e pensadores que GHAmiGUTSBTUREBIEOSIBSID> ms sosccrigQovioncy _(vidal/e/umayorganiza- | | soanusedlamstinco @gousocialimaisisus> ap mas nfo. sabiam como chegar a isso, Sao exemplos de uté- sete en fovum reformist g Picos: Saint-Simon, § Robert Owen, Charles Fourier, Tomazzo Cam- panella, Thomas Mo- dum dos ivzoe ras populares escritos rus, entre outros. Po- SE ae demos dizerilosiprecursores dalsociologia: \CGoEialismOTCIEAIFIED) que, na verdade, é um sistema e um con- junto de teorias que explicam a cientificidade da substituicao de tum sistema econémico por outro, a partir do desenvolvimento das forgas produtivas, das novas descobertas técnico-cientificas e das contradicées inerentes a cada sistema, a quem chamamos de ma- terialismo histérico. As classes sociais do ponto de vista do marxismo Durante alguns milhares de anos, os seres humanos viveram ‘em comunidades primitivas, num periodo histérico anterior 20 apa- recimento das classes sociais tal qual nés conhecemos hoje. Alguns autores chamam essasicomunidades|oulcomunaside'clas)tribos ou gens. Pode-sedizer que, aocontrariodo que aprendemosdesdeanos- sa infancia, sempre houve pobres ¢ ricos, explorados e exploradiores. d . Isso nao correspon- de a uma verdade histérica Pelo contré- rio, Galihunanidade 3 “passou milhares de "anos sem conhecer peiderdominagiionde Oi tinnis ie cron svi -exploragdo do traba- (hojde'opress2o) Todos viviam em uma relativa harmonia, ainda que de forma primitiva, mas em harmonia suficiente para que cada um. produzisse para si, satisfazendo o consumo de sua famflia e outra parte para a sua comunidade. A caracterfstica principal da comuna e de seu modo de produ- ao era a de que nao havia propriedade privada dos meios de pro- dugao. A propriedade era coletiva, ou seja, de todos, como o nome i diz. Sabemos que 0 mada de pracucao comunal era hastante a Pre Relardes scisiode producio primitivo, rudimentar, em fungo do pouco desenvolvimento das forgas produtivas. Todos trabalhavam, produziam, e © produto do esforco coletivo era repartido entre todos. Nao havia classes sociais. G@omunidadesiprimitivas (estamos falando aqui de um perfodo cha- mado neolitico, idade da pedra polida e posterior, mais ou menos hd 12 mil anos da era atual). No entanto, as diferengas entre essas pessoas davam-se muito mais em relagio as fungdes sociais. Isso significa que cada integrante de uma comuna tinha uma atividade definida, um oficio, que era adquirido na infancia e repassado aos seus descendentes. As principais fungdes sociais que se conhece na comuna eram: Agricultor, Artesao, Guerreiro, Sacerdote, Cacador, Pescador @ Pastor. Com 0 passar dos anos, muitas técnicas produtivas foram sendo desenvolvidas e também novos instrumentos de trabalho foram surgindo, Descobertas, invengdes € técnicas mais importantes € as mudangas técnicas ocorridas na comuna: 1. Invenco do arado; 2. invencao do machado, do arco da flecha; 3. novas técnicas agricolas de plantio ¢ irrigacao: 4. invengao do vasilhame de barro; e 5. domesticacao dos animais. Essas mudancas propiciaram a separacao de oficios na co- muna, em especial dos agricultores e dos pastores, que se desta- caram dos outros membros do cla. Isso tem a sua Idgica prépria, & medida que 0 oficio de pastores e de agricultores era, por assim dizer, mais “cientifico” que o dos cacadores e pescadores, pois es- tes nem sempre conseguiam sucesso nas suas empreitadas. 85 O surgimento das classes Também outro fato importante a mencionar com relacdo as clas- ses sociais foi a existéncia de guerras entre tribos vizinhas. Como con sequéncia disso, passaram a existir prisioneiros de guerra. Estes, por sua vez, ou eram mortos ou deveriam ser soltos, pois era custoso para a tribo vencedora alimenté-los. Até que um dia, um “sdbio de espirito” disse: “Por que eles néo trabalham para nds?” Gegxcedente de produsio. Esse é um dos conceitos econémicos mais importantes para entendermos esse processo de aparecimento das classes sociais. Isso significou que @ producdo dos pastores ¢ dos agricultores no dependia mais do acaso, da sorte, como dizemos popularmente, do qual as fungdes de cacadores e pescadores depen- dia (havia dias em que nao voltavam para sua tribo com algo para alimentarem a todos) 0 trabalho sistemético de plantio e de criagao de animais do- mesticados propiciou a esse conjunto de pessoas moradoras da co- muna um poderio econémico na base da troca, a0 qual as outras no tiveram acesso. Com tudo isso, a nossa conclusio sobre o aparecimento das classes sociais € quelelas SUreiem relacionadas diretamentecomamo> dificagao do modo de produgao comunal. Surge, assim, um novo mode essa forma, sucessivamente, para que um navo modo de pro- ducio surja é preciso que se desenvolvam as técnicas e as forgas pro- dutivas. Com o fim da comuna primitiva, nasce a primeira sociedade dividida em classes que a humanidede conheceu: a Sociedade Escra- vista. A nova classe social que dominard essa nova sociedade (classe dominante) serd a dos senhores proprietérios de escravos. A classe explorada (dominada) seré a dos escravos. 86 Eles eram os préprios instrumentos de trabalho de seus proprie- ‘térios. Isso teria ocorrido entre sete e dez mil anos antes da era atual (ou da Era Corum, como preferem alguns historiadores). As primeiras sociedades que basciam a sua organizacdo nesse modo escravista fo ram as do Egito, da Grécia e posteriormente de Roma, Os senhores eram proprietérios dos seus escravos, dos quais tinham direito inclusi- vve sobre a sua vida. As outras sociedades divididas em classes sociais antagonicas, ra histéria humana, foram: 1. Feudal ~ onde a classe hegeménica era a dos senhores feudais e a classe explorada e dominada a dos servos; 2, Capitalista ~ a classe dominante é a dos burgueses, detentores do capital e dos meios de producao, ea dos explorados, dominados, a do proletariado, ou operarios industriais e a maioria dos trabalhadores. "Nos dias atuais, nosso campo ideolégico de esquerda néo tem (Usado mais /esses termos; nem/usa|burguesia/ nem usa proletariadoy Preferem os termos “elites dominantes” ou simplesmente “elites” €, do ‘outro lado, usam no plural “classes trabalhadoras’, como se todas as pessoas que trabalham pertencessems uma classe social) Marx, em vérias passagens, como veremos mais a frente, rela- ciona termo classe social 20 proletariado (por vezes, ele usa o termo “classe operdria’), Isso sempre que ele se refere aos trabalhadores pro- dutivos, no sentido de produtores de mais-valia Ou mais-Valon OU Séja) (@seilitrabalho enriquece outros No cas0;0s Pavoes Meteors EOD (Ptietérios;cosimeiosiceyprodugaoqlesses conceitos veremos também mais adiante na parte do pensamento econémico de Marx). Para Engels, em um dos seus textos didaticos, no estilo per- gunta-e-responde, ele escreve: “Olquie'é'o pproletariado? Respostao proletariado é a classe da sociedade que obtém seu sustento, intel ‘ale exclusivamente, pela | Venda de seu trabalho” (WHEEN, p. 113). ‘Aqui vé-se de forma clara que 0 conceito marxista de protetariado era de alguém que vende a sua forga de trabalho, que vive exclusi- vamente disso e nao detentor dos meios de produgio (ferramentas | | | a 2 instrumentos com os quais fazemos as coisas de que necessitamos). Mais adiante, Marx menciona “tra- e 4 batho produtivo", re~ : gistrando que, no texto do Manifes- to, Marx ainda nao c diferenciava “tra- balho" de “forga de traba- tho". E ainda mais préximo de publicar O Capital, ele acrescenti is, a, qeeploradayadominads. Nesse sentido, para Marx, haveré sempre uma luta incessante entre essas duas classes sociais principais existentes nas sociedades de classes, de forma que uma vai que- rer sempre continuar a sua dominacao e exploracao da maioria, ¢a outra, a dominada, objetivard sempre a sua liberdade, Aqui faz-se necessdria uma observacdo, em relagio a como as pessoas, nos dias atuais, referem-se as classes sociais, Fala-se muito nna existéncia de uma “classe média". O que seria isso? Absolutamen- te nada, do ponto de vista de entendermos o significado sociolégico de classe social para o pensamento marxista. aye aypesquisaysobre o.consuio, fazem as chamadas pesquisas de mercado (que é bem diferente da pesquisa de opinido) aa Essas empresas desenvolveram estudos sobre como as pes- 08s Se relacionam com 0 consumo de produtos. Criaram, assim, as chamadas "faixas'delconsUmiciores?!eas classificam de acordo com 0s critérios por eles prdprios estabelecidos. Daf surgem 0 concei- “BY, “C’, "D" e “E" (algumas como 1, Be ou At ou B-). Ou “classe mé- to de classes separadas por letras “A” criam até “subclasse: dia alta’, “classe média média" e “classe média baixe”, como se isso tivesse algum significado, NabindS Serve absolutamente para hada SR SS toes eee Por fim, quero deixar registrado 0 que uma conceituada so- cidloga marxista de origem chilena ~ mas que nos viltimos anos de sua vida alternava-se na moradia entre Havana, Cuba e Caracas, Venezuela -, Martha Harnecker (1937-2019)"*, pensa sobre isso. Ela trabalha com um conceito de “classes em transi¢ao’, ou seja, classes intermedidrias que navegam entre as classes dominantes € as dominadas. Essas tals “classes médias” (ou pequen burguesia) encai- xam-se perfeitamente nesse conceito, de tal forma que uma pessoa integrante desse estrato social almeja, por certo, ascender social- mente ¢ vir a ser “classe dominante’. Mas é quase certo que ela viverd um proceso de proletarizagao, tendendo a cair na escala social. Ou ainda o trabalhador rural, que chamamos de camponés, detentor de pequena propriedade de terra, mas, na verdade, a sua vis8o € de proprietério; e um dia poderd ser mesmo um grande la~ tifundiério, integrando as classes dominantes, ou se proletarizar de vez, transformando-se em assalariado de outras pessoas, que & 0 gue ocorre na maioria dos casos". ‘ua cbra principal e mais populr foi Conceitos clementares de matriasmo histérco, euteds ne ErseH pels Cortez. desae 1971. com 317 papines (vanan outras editors também pubblcaram essa mesma cba " Binds que isso seja muito raro de ocorer. ¢ possve, Chamamos iso em Scciclogia de ‘mebiigade socal, Apanas nas secedades divdides em “eastas” essa pessiblidade de asconsio social no evict 89 Quando Marx nos fale do surgimento da sociedade escravis- ta, ele afirma que esta era muito mais avangada do que a comu- na primitiva. Quando ele faz essa afirmagao, nao estd fazendo um sigamento de um ponte de vista moral, mas refere-se ao avango técnico-cientifico ocorrico nesse momento histérico, deixando para trés uma sociedade atrasada, tecnicamente falando, Finalmente, podemos conclu'r que, mesmo ocorrendo suces- sivos avangos nes diversos mocios de produgaio que a humanidade conheceu, todas essas classes médias continuam a manter, em seu interior, duas classes socials antagénicas e basicas: a dos explora- dos € a dos exploradores. Aqui vale a pena tratarmos de um tema bastante atual nos debates da Sociologia marxista: 0 conceito de proletério ou do pro- letariado. Marx se refere, em sua obra, em varias passagens, 3s %0 | = classes sociais, mas ele morreu sem nos ter deixado uma definicso clara e didética sobre o seu significado. Parece que ele se comuni- cava com seus leitores de forma a imaginar que estes soubessem exatamente tal definigo. De fato, temos uma compreensao mais in- tuitiva de classes sociais, mas devemos aprofundar o debate sobre esse assunto. Quando Marx falava em “operério’, ele se referia mais ao ope- rariado industrial, pois em sua época o setor de servicos era bem pequeno. Hoje, porém, o proletariado do setor de servicos cresceu muito nas sociedades, ainda que 0 operariado fabril e industrial pos- sa ter diminufdo numericamente (ainda que nao estrategicamente) Assim, dizemos que um professor de uma escola privada é um pro- letério, ainda que possa ser bem remunerado. Eu mesmo sempre afirmei que minhas maos como professor nunca estavam sujas de graxa, mas estavam sempre sujas de giz (hoje, com 0 avanco das tecnologias digitais, nem giz se usa mais) O trabalho que produzimos como professores do setor priva- do de ensino tem mais-valia embutida © nunca recebemos tudo 0 que produzimos, pois os servigos que pres~ - Os concsitos elementais do materialism histérico tamos aos estudantes ~ que pagam suas mensalidades aos nossos empregadores ~ emvalores por sala de aula, s80 muito maio- Marta Harr res do que recebemos. Como Marx faz em O Capital ~ a0 fornecer muitos exemplos, com dadas e va~ lores -, mostro aqui a exploragao que vivi durante mais de duas décadas na univer- sidade que lecionei, E esse exemplo vale ara qualquer escola de qualquer nivel educacional. Supondo uma sala de aula com 50 alunos (em minha época eram 80 matriculsdos); e supondo que um aluno pague uma mensalidade de um valor estimado de R$ 500,00 ‘apenas (hd escolas de medicina no pais hoje cujas mensalidades che. gam a até RS15.000,00), © rendimento ao dono da escola, por més, é de exatos RS 25.000,00. Pois bem, Vamos supor que o valor da hora-aula do professor dessa escola seja de R$ 50,00 (sei que muitas pagam bem menos que isso, mas outras pagam muito mais que isso, por certo). Fique- ‘mos apenas com esses valores ficticios para efeitos de entendimento da exploragao do trabalho dacente. Os acordos coletivos dos sindi- catos de professores garantem que o calculo do salério mensal seré feito por meio da multiplicagao do valor da hora-aula pelo nimero de horas-aulas total que um professor ministra todas as semanas e, en seguida, a multiplicagao pelo fator 5,25 (cinco semanas e mais des- canso semanal remunerado). Como em uma semana uma sala de aula, especialmente no pe- rfodo noturno, tem apenas quatro aulas por noite (das 19h 8s 23h), ento ela recebe semanalmente um total de 20 aulas dos seus vérios professores, Aplicando-se a formula dos sindicatos, as despesas to- tais, por semana, dos patrées com salérios dos professores, nessa nossa sala de aula ficticia, serdo de R$ 5.250,00 (20x 50x 5,25). Va- mos supor que tais encargos sobre a folha cheque a 100% do total pago (uma mentira, mas vamos dar como verdadeira). Isso faria com que os gastos com pessoal se elevem a R$ 10.500,00. Mas vimos que a arrecadagao foi de RS 25.000,00! Isso significa um lucro bruto de RS 14,500.00. E evidente que desse valor & preciso subtrair os gastos com materiais de apoio (limpeze, impostos, equipamentos}, e eventual- mente com alugueis. A ciéncia da contabilidade tem formulas pre- cisas de quanto devemos acrescer as despesas para se calcular, a0 final, 0 chamado lucro Ifquido (nao confundir lucro com mais-valia, que mede a taxa de exploragio do trabalho). Nesse nosso exemplo, fica claro que a taxa de exploragio é 2 | | que ndo se compra simplesmente para o servico privado de quem 0 adquire, mas com fins de valorizagio do capital desembolsado (..). Nao obstante, entre ele e os operdrios explorados diretamente pelo elevadissima (sem entrar no mérito de que, nos dias atuais, um pro- fessor que grava uma video-aula pode lecionar para centenas e até assistem e milhares de alunos, que suas casas, € 0 professor ganha apenas uma $6 vez). Voltemas agora para nosso genial Marx na sus época, Sobre ‘esse assunto, de professores do setor privado, vejam 0 que Marx diz. Na Inglaterra do século XIX, jé havia muitas escolas privadas. Mencio- amos esse capitulo pois nele ele mais se aprofunda sobre o conceito de proletariado e é um dos poucos em que hd exemplos de trabalha- dores do setor de servigos, muito pequeno em sua época: “Nos esta- belecimentos de ensino (..) 0s professores, para o empresério do esta~ belecimento, podem ser meros assalariados; hé grande nuimero de tais ((ebricasidelensind ina lglatetrallEmbora eles nao sejam trabalhadores produtivos em relagdio aas alunos, assumem essa qualidade perante o empresariado” (O Capital, Volume IV, Teorias da Mais~Valia, p. 382- 406, Bertrand/Civilizacao/Ditel) \Vejamos 0 que Marx afirma sobre duas categorias importen- tes de trabalhadores brasileiros. Nestes casos, temos de estudar ‘em maior profundidade se sao produtores de mais-valia, como isso ocorre € qual seria esse mecanismo(SObres\bancsrioss"O\trabaltio _ no pago desses empregados, embora nao crie mais-valia, permite- “cine apropriar-se da mais-vala,o que para. capital a mesma coisa (o. € produtivo, para o capitalists, ndo por criar mais-valiadlreta- ees gconuppeaimiguigecustondersstzacsads “ mais-valia, efetuando trabalho em parte nao pago” (O Capital, Livro 3, vol. 5, Bertrand). Sobre os comercidrios: “este ¢ um operdrio assalariado como qualquer outro (...) porque seu trabalho é comprado pela varidvel do comerciante e néo pelo dinheiro gasto como renda, o que quer dizer 2 capital industrial tem que mediar, neces. sariamente, a mesma diferenca que entre © capitalista industrial e © comerciantéliQ? |..) razdo pela qual tampouco os operérios mercantis dedicados por ele 8s mesmas fungées podem criar diretamente mais- -valia para ele” (IBIDEM, vol. 3}. apa doit 18 de se Luis Bonaparte eserta por aren 882 “entre outras profissées} “Ainda sobre classe social. devemos entendé-la em duas di “mensbessobjetivale’subjetivayMar< a distinguiu em “classe em si" “classe para si”. Had uma clara distingdo entre elas que se relaciona com 0 graudeiconsciénciaideiclasse (consciéncia superior & cons- ciéncia poltica entre os operérios e proletérios em geral). Vejamos © que Marx afirma sobre esse assunto: “O dominio do capital criou para essa massa uma situagdo comum, interesses comuns. Assim, pois, essa massa jd é uma classe em relacao ao capital (classe em si], mas ainda nao é uma classe para si, Na luta (...) essa massa se tune, constituindo numa classe pata si, Os interesses que defende convertem-se em interesses de classe. A luta de classe contra clas- se é uma luta politica” (A Miséria da Filosofia, 1847). Em um dos seus livros mais importantes, O 18 de Brumario de Louis Bonaparte, Marx sobre esse tema (classe em si e classe para si) afirma: “Na medida em que milhées de familias camponesas vivem em condigdes econémicas que as separam uma des outras © opéem ao seu modo de vide os seus interesses aos das outras on | . r lasses da Sociedade, estas constituem uma classe. Mas, na medida ‘em que existe entre elas apenas uma ligago local e em que a simi- Jude de seus interesses nao cria entre elas comunidade alguma, figagdo nacional alguma, nem organizagéo politica, nessa medida go constituem uma classe!” Fagamos aqui um paréntese importante para voltarmos aos dias atuais. Vemos liderangas e dirigentes de centrais sindicais e do Partido do Proletariado no Brasil'* usarem o termo “classe trabalha- dora”. No momento em que publico este livro sobre a vida e 0 pen- samento de Karl Marx, redijo outro — e jd hd certo tempo ~, cujo titulo seré Concepcao marxista de proletariado. E assunto polémico. Ar- risco-me em dizer que quadros importantes oriundos do movimento operdrio, por convivéncia ostensiva com correntes socialdemocratas do movimento sindical, acabam assimilando o linguajar socialdemo- crata vigente © amplamente majoritério no sindicalismo brasileiro. “As correntes socialdemocratas ndo querem a ruptura do sis- “tema capitalist! Querem a melhoria do capitalismo, talvez no modo chamado “bem-estar social”. Nao querem liquidar com o sistema Mas pelo erro maior que cometem, ao se referirem a uma abstrata “classe trabalhadora” ~ endo proletariado -, acabam no acertando 0 foco 2 quem devem, de fato, se dirigir Nesse sentido, erram os dirigentes sindicais que abracam 0 marxismo € os dirigentes do Partido do proletariado, ao usarem esse termo “classe trabalhadora’, adotado pela socialdemocracia. Nao existe uma classe dos “que trabalnam” «@inaoybastaltrabalhan (@arapertencersa/classeldo[proletariadoylErra o dirigente da central quando usa esse termo, porque ele deve se dirigir a “todos/as os/as trabalhadores/as" e nao somente & “classe” que seria o proletariado. rtiriac que exstemne pat, £8 3 concepgae marssta de pro ‘Com tao respite 20 conjunta de orga lor ex : Sociedade no mo de revolugaa so Comunists Go Bras, PCAAB, do qual sou memo desde 1975, Erram também os dirigentes do Partido do proletariado, ag usarem esse mesmo termo “classe trabalhadora’, quando se diri- gem a todos, quando deveriam dirigir-se e priorizar o proletariado, Vejam que, se retirarmos ou seja, se usarmos “trabalhadores em geral" (ou “trabalhadores do “classe” quando discursdssemos, Brasil" como dizia Getilio Vargas), ambos nao cometeriam erro con- ceitual algum e estariam se dirigindo, de forma muito mais amplia- da, a todos os trabalhadores. Desenvolvo estudos e pes- quisas, tedricas e préticas, sobre 0 significado marxista do termo pro- letdrio, bern como entrevisto traba- Ihadores desses setores em nossa sociedade pelo menos desde 2007, Meu objetivo é publicar em breve um livro, mencionado anteriormen- te, jd em estado bem avancado de sua redagio. Para efeitos de entendimento, para visualizarmos como o proleta- riado do setor de servicos urbanos expandiui-se, segue abaixo a lista de todas as categorias de trabalhadores, classificadas como proletérias e suas subdivisées, Tals categorias, em meu futuro livro, serdo estudadas € detalhadas em cada capitulo, nos quais procurarei informar inclusive @ quantidade de trabalhadores empregados em cada uma delas. 96 2. Quimico, Ferma-quimico e ico; 3. inctistria do correlatos). IV ~ Prole' do Setor de Servigos: 10. Transportes (terrestres; maritimos ¢ aéreos; 11. Comunicacao; 12. Satide Privada: 13. Hospitalidade, Asseio Manutencao; 14, Telecomunicagao ¢ Informética: 15. Educacao Privada; 16. Cultura, Esportes e Lazer. V ~ Proletariada do Setor do Comércio: 17. Comerciérios. Até onde conclu min pesquis: so essas as 17 arandes Areas ecor proletariado moderne, A seguir, apresentamos uma série de definigbes de classes sociais de vérios autores, Na sua maioria, ndo so marxistas, Eles podem ser divididos em dois tipos: os funcionalistas e os marxistas. Nos primeiros, funcionalistas, os autores apresentam o seu conceito de classes, levando em consideracao aspectos como renda, status, educacao, funcao social etc, Para os segundos, os marxistas, o mais importante € a fonte das rendas que as pessoas possuem, ou seja, de onde vem os valores com os quais essas pessoas sobrevivem, socidlogo Max Weber (1864-1920), profundo conhecedor da obra de Marx ~ sem nunc ter sido marxista ou mesmo socialista fefere-se as classes sociais como uma probabilidade de individuos ou grupos de pessoas na obtencao de oportunidades de vida, cujas 7 = condigdes so determinadas pelo mercado. Cada grupo social pos. sui seus interesses de classes ¢ exibe o mesmo padrao de vide. "A as categorias basicas propriedade e a auséncia de propriedade de todas as situagdes de classe. O fator que dé origem as es & inquestionavelmente o interesse econémico”. Weber reconhece que a classe dos proprietérios goza de vantagens particulares no acesso 20s bens. Observemas que ele nao relaciona classe social com pro- priedade dos meios de produgao, 46 0 socidlogo Emile Durkheim (1858-1917) assim define clas- se social: “classes sto um arranjo de coisas que se percebem como re- lacionadas e semelhantes entre si, formando grupos separados por li- has demarcatérias nitidas. Esses grupos acham-se coordenados ou subordinados uns aos outros, formando hierarquias oy ‘oposigées. As relagdes que mantém en- tre si permite considerar alguns como dominantes € outros como dominados e, ainda, outros como independentes", Da mesma forma, ndo hé nenhuma relagao ‘com propriedadle dos meios de produgio e com a renda com que uma pessoa so- ober Me brevive (Marx mencionard salétio, lucro empresarial e dinheiro advindo da espe- culacao financeira ou locatéria) Huma série de socidlogos nao marxistas, de correntes a que chamamos funcionalistas, cuja definigio de classes sociais se relacio- na com ocupacio, desigualdades de renda e nivel educacional. Ou- tros falar em grupos de pessoas, cujas posses em comum levam-nas a compartilhar as mesmas ocupacées, ¢ a interacao que daf resulta conduz & criago de valores comuns e & consciéncia de classe. Exem- plos de funcionalistas: Thomas Humphrey Marshall (1893-1981) € Joseph Alan Kah! (1923-2010) oe | | | | © mais funcionalista de todes, que passa ao longe da marxismo, 0 socidiogo Bruce J. Cohen que define q 2 Social como “segmento da po~ pulagdo que se diferencia dos outros 5 é ‘segmentos da mesma populacdo em termos de valores comuns, prestigio, atividades de associacdo, riquezas e outras posses acumuladas e etique- ta social, Na sociedade americana os trés indicadores de classe so- ial s80: Renda, Ocupacao e Educagao. Existem outros fatores ainda, como: raga, religido, nacionalidade, sexo, lugar de residéncia e origem familiar”. Sob meu ponto de vista, todas as caracterfsticas listadas por esse socislogo nao nos permitem, de forma légica, enquadrar pessoas em uma das duas classes sociais antagénicas em que sio divididas as sociedades modernas: a burguesia e o proletariado. Um dos autores também bastante funcionalista, é 0 socislogo escocés Robert Morrison Maciver (1882-1970). que definiu classe como “qualquer porgdo de uma comunidade separada do resto no por limitagdes de correntes de idioma, localidade, fungdo ou especializacao, mas primordialmente Por um sentido de distncia social. Embora é fatores como nivel de renda e distinc ocu- pacional estejam usualmente implicados, € oreconhecimento geral de superioridade einferioridade de status que separa uma dasse de outra e dé, a cada uma, coeséo", Vejamos agora © maior economista inglés do século XVIII, o fisiocrata Adam Smith, do qual Marx bebeu muito dos es- tudos e conhecimentos, aproveitando boa" arte deles e desprezando os equivocades. " Prestem ateng3o a esta sus definicao de classe social e vejam como é semelhante 8 que Marx apresenta: “todo o produto anual da terra e do trabalho de cada pais divide-se em trés partes: a renda da terra, 08 saldrios dos trabalhadores € os fucros do dinheiro: € consti. tuem uma renda para trés ortiens diferentes de pessoas; para aque- les que vive de rendas, para aqueles que vivem de salérios e para aqueles que vivem do lucro. Estas sé as trés grandes ordens origi- nais € componentes de toda a sociedade civilizada". Vejam que ele Usa a expressao “ordens diferentes de pessoas” e nao classe social Mas o essencial € como esses trés tipos de pessoas vivem na socie- dade, como fazem e com que renda se mantém. Por fim, veios como Marx define classe social. E, como disse- mos anteriormente, ele acabou morrendo sem nos dar uma definigo mais aprofundada de classe social. No entanto, 0 que ele nos deixou foi suficiente para que estudiosos e autores que se apresentam como marxistas desenvolvessem seu pensamento para compreender o sig- nificado de classe social. Marx também, como Smith, relaciona classe com renda e fontes de renda \Vejamos a seguir como ele nos apresenta a sua curta definicdo de classe social: “Os proprietdrios da simples forca de trabalho, os proprietérios do capital e os proprietérios de terras, cujas respectivas fontes de renda so 0s salérios, 0 lucro e a renda imobiligria, em ou- tras palavras, os trabalhadores assalariados, os capitalistas e os do- nos de terras formam as trés grandes classes da sociedacle moderna, baseada no sistema capitalista de produgao. O todo da histéria ante- rior é uma histéria de luta de classes, que em todas as lutas politicas simples e complicadas a questo tinica em pauta foi o dominio social € politico das classes sociais. O que é uma classe? A resposta a essa pergunta decorre da que dermos a esta outra: O que é que transfor- ma os operstios, os capitalistas ¢ os proprietérios de terras em fato- res das trés grandes classes sociais? €, 8 primeira vista, a identidade de suas rendas e fontes de rendas. Sao trés grandes grupos socials, 100 r | | | | | | | | | | | cxjos componentes, os individuos que os constituem, vivem respec- tivamente de seldrio, do luero e da renda fundidria, isto é, da explo- ‘ado da sua forga de trabalho, de seu capital ou de sua propriedade fundidria” (O Capital, voi. lil, Vejam que o central é a fonte de renda que as pessoas possuem, Marx, em 1852, diz, em uma carta a Joseph Weydemeyer (1818-1866): “Nao me cabe o mérito de ter descoberto a existén- cia das classes na sociedade moderna ou mesmo a luta entre elas. Muito antes de mim, alguns historiadores burgueses tinham exposto 0 seu desenvolvimento histérico € alguns eco- nomistas a dessas cebam a modéstia de anatomia classes", Per- Marx e 0 reconhecimen- to de que outros tratam desse tema E Marx vai pros- aeerooucto seguir na_ mesma cor- “O que Lenin discuss fiz de novo foi mostrar: respondéncia 1°) Que a existéncia das classes estd ligada apenas a determinadas fases histéricas do desenvolvimento da produgo: 2°) Que a lute de classes conduz necessariamente & ditadura do proletariado; 3°) Que a ditadura do proletariado constitui tfo-somente a transi¢éo para 2aboligao de todas as classes e para uma sociedade sem classes” \Vejam a clareza de raciacinio e de pensamento, de forma bem resu- mmida, € © quanto Marx era um revolucionério. Sobre esse tema, Engels escreve, acrescentando: "Marx foi pre- csamente o primeiro que descobriu a grande lei que rege a marcha da Histéria, lei segundo a qual todas as lutas histdricas, quer se de- senvolvam no terreno politico, no religiosa, no filoséfico ou em outro 10 r terreno ideolégico qualquer, néo sao, em realidade mais que 2 ex. pressdo, mais ou menos clara, de lutas entre as classes (..). Essa lei tem para a histéria a mesma importéncia que a lei da transformagag io 20 18 de Brumério de da energia para as ciéncias naturais” Louis Bonaparte, 1885). Marx, em uma Carta a Friedrich Bolte (1814-1877), datada de 23 de novembro de 1871, afirma: “A tentativa de obrigar, por meia das greves, os capitalistas isolados & reducdo da jornada de traba- tho, em determinada fabrica ou ramo da industria, é um movimento puramente econémico; ao contrério, 0 movimento visando @ obrigar que se decrete @ lei da jornade de oito horas etc. é um movimen. to politico. Assim, pois, dos movimentos por motivos econémicos dos operérios separados nasce, em todas as partes, um movimento politico, ou seja, um movimento de classe, cujo alvo é que se dé sa- tisfagdo a seus interesses de forma geral, isto é, de forma que seja computséria para toda sociedade”. Vejam que compreensio elevada sobre a participacao em lutas de caréter econdmico e como ela pode ser transformada em luta de cardter politico entre os trabelhadores. Em seu texto As tarefas imediatas do poder sovidtico, de 26 de abril de 1918, dizia Lénin: “A luta dos operétios se converte em luta de classe s6 quando os representantes avancados da classe ope- réria de um pais adquirem consciéncia de que formam uma classe nica e empreendem a luta ndo contra patrées isolados, mas contra toda a classe capitalista e contra 0 governo que apoia esta classe. Sé ‘quando cada operério se considera membro de tada classe operéria, quando vé em sua pequena luta quotidiana contra um patrao ou fun- cionério uma luta contra toda a burguesia e contra todo 0 governo sé entao sus luta se transforma em luta de classes” Aqui, apresento outra passagem na qual Marx ensaia tam- bém uma definicao de classe social: "Os operdrios assalariados, Esse documento pode esr fro ne endetego Brasileira, 1980. 6° edie, Rio de Janeiro, 21 me tio pouco estimada @RMgeaseD esta santicagao: ais etevads gue. ademas, mprimi 0 selo do feconhecimento geral da soci dade novas formas de adquir a propriedade, que se desenvol- viam umas depois das outras e, portato, a acumulagio cada vez Nicola Maquiavel mais acelerada das riquezas; em pee ae: uma palavra, (@ltaaGniainz=> nal. com as qdagk essa instituigao nasceu. Inventou-se © Estado”. Aqui também uma das me- lhores definigies sobre o surgimento e 0 conceito marxista de Estado. no decorrer los séculos d historia humar Em uma répida pincelada histér ‘shootin monday a, podemos notar que a discussdo so- bre o Estado é muito antiga. OMfilésofolgredolProtagorasi4862404 9 usted lp etorioenpsrrid acl severe pacer omemicy m3 politica da sociedade e ter direi tos de decidir sobre os assuntos do Estado. J4 seu contemporaneo foi tratado em detalhes em sua obra A Republica. ToREECEAGUD no (1226-1274), filésofo e tedlogo Thema Hebe isto Olena 0 filésofo érabe, medievalista e magrebino, quase igno- rado no Ocidente, (BRIKRaIGURABUIAIRaMiah (1332-1406), em sua obra monumental intitulada Os prolegémenos (em drabe El Mukha- dima} aborda a questo do Estado com maestria, estabelecendo inclu- sive aigumas leis gerais da ciéncia politica sobre 3 organizacao dos impérios islamicos, sua ascensao, apogeu e queda”. GRUMMAATVED (1.469. 1527}, quase 130 anos depois de Khaldun, também tratou desse as- sunto, em sua obra-prima O Princi- pe, quando langa os fundamentos da PAUNCECUIITH DFU UR Weenies ques Rousseeu (17.178 social Morreu lanes Os Prolegdmenos, vaclugSo de José ¢ Angelina rreRevohieieburgierans Khoury S20 P 1988-196 li iets aah flee STHIOTBNKE Ae tINGINIEXETEERIENEONSENEHOIpEGer. Durante o seu desterro politico, quando refletia sobre questdes politicas em geral esobre a Itélia, Maquiavel redigiu suas principais obras: O Principe ¢ Discursos sobre a primeira década de Tito Livio, em que apare- cem as suas posi¢ées bastante claras sobre o Estado”. Para Maquiavel, o Principe deve se preocupar em conservar 0 poder e pre- servar o Estado. Para ele, deve-se levar ‘em conta, na politica, apenas 0 seu re- sultado, sendo todo o resto secundd- rio. Registre-se aqui que a frase por todos nds usada “os fins justificam os meios” jamais foi dita por Maquiavel. Na verdade, essa frase é uma interpreta- go do seu pensamento. Nao é uma frase literal “i fot peiien flan No final do feudalismo, um dos principais teéricos do Estado nacional » absolutista foi Armand Jean du Ples- sis, 0 cardeal Richelieu (1585-1642), primeira-ministro do rei Luts Xill da Franca. Este se opée a alta nobreza e procura garantir os privilégios dos huguenotes (designagao pejorativa dos protestantes. franceses), ¢ criaré um exército permanente que submete duramen- te as administragGes provinciais a Coroa” Seré com 0 inglés Thomas Hobbes (1588-1679) que apare- cerdo as primeiras ideias e concepcées modernas sobre a questo Paul: Saraiva, ORO, Raymunca, no yelonsedia Exton us da soberania do Estado moderno. Para Hobbes, 0 homem em seu estado natural, isolado, em esta- do puro, “desfruta em todas as coisas um direito geral e absoluto. No entanto, o homem nao esté sozinho. Cada homem, igual ao outro, encontra como limite e obstéculo ao seu direito absoluto 0 direito absoluto e 0 poder de cada um. Cada ho- mem 6 0 inimigo do outro, estd em guerra pelo menos virtual com o préximo’ Como grande teérico do absolutismo, Hobbes conclui que ¢@iRsUtGHds@eTaGrEStaae deve ser absoluta. a fim de proteger os cida- «305 contra a Violéncia eo caos da sociedad primitiva, motivo pela qual 0s homens se unem polticamente, organizando-se num Esta- do absoluto e vivendo felizes tanto quanto permite a condigéo hu- mana”, Ele ressaltava a “necessidade de outros integrantes de uma sociedade politica concederem poderes absolutos ao governante ou 8 classe drigente” ue Hobbes trata ainda da questéo do (GHOBONOMCSrSSaInIS!— ‘(CRUBAVIGIENEISTINSHIEUEIONSNIZIUS Sobre isso, afirma o professor Ni- cola Matteucci: “seus sucessores confundiram este monopslio legal da san dessa forma, a soberania & mera efetividade, isto 6, & forca com a mera capacidade de se fezer obedecer, reduzindo, ‘Aqui se iniciam as teorias contratualistas de formagéo de so- ciedade, e consequentemente de Estados, que vo alimentar teéricos burgueses que o sucederam, em especial Jean Jacques Rousseau, que morreu em 1778 sem ter visto as suas ideias burguesas postas em i prética com @ revolu- ca francesa de 1789 Charles Louis de Secondat, mais co- shecido historicamente como Bardo de Mon- tesquieu (1689-1755), te6rico burgués, tam- bém — contemporéneo de Rousseau, defende aise | GBENRCUBED, para que . evitar 2 centralizagéo dos podleres nas mos de uma sé pessoa. E 0 inicio da luta tedrico-pratica contra 0 absolutismo mondrquico. Parallejlenileadalestade nantes: Finalmente, hd que se comentar sobre a questo do contetide e do caréter do Estado nacional moderno. Toda e qualquer organizacao de Estado representa, necessariamente, uma classe social. S@{SifOritia)) 7 Basicamente, com a evolugdo da humanidade, desde o apa. recimento das classes sociais, presenciou-se a existéncia de trés tipos de Estados, que se relacionavam com as classes sociais de suas respectivas €pocas: GlESeravistallOifeldallelelbUrGUeSIEap; (@STASTALUSIAAGE) Nessas organizacées estatais, quem dava cardter de classe desses Estados foram, respectivamente, os se- nhores proprietérios de escravos, os senhores feudais e finalmente os burgueses e capitalistas. 0 historiador professor da USP, Carlos Guilherme Motta, ‘em um dos seus livros, afirma que “olkstaotmadernoisurasicom a rise do sistema feudal. Na Idade Média, néo havia Estados na- > \GiofisistMias, a partir do século XVI, pode-se notar que a unificacio territorial passa a se contrapor 8 imensa quantidade de feudos sub- missos ao Imperador do Sacro Império e do Papa’. Os burgueses europeus, ainda sem 0 poder politico, mas jé com 0 poder do capital, passam a financiar os reis © monarcas, de forma que estes também dependem dos burgueses, em uma relacao intrinseca que nao seria desfeita até a tomada do poder politico pela prépria burguesia, através de suas monumentais re- volugdes francesas (1789) e americana (1776). Na revolucio in- glesa, ocorrida bem antes (1630-1648), os nobres ficam de forma decorativa no pader do Estado, mas quem detém o poder politico real, através do parlamento, é a burguesia, que se transformaria em classe dominante® 0 importante teérico alemao e socidlogo Max Weber relacio- na o Estado com 0 monopélio da violéncia, Assim ele 0 define: “por Fora mares capiulos VIA ven o Ree vil Homer Peo. da te He fe Huberman, 15° ed, Pode Janene: Zahar,p, 72-106, em especiina p20 loi eobreobanusire aco ore quem fieafia corn aceoa do Sagrada inpéra Romar, quand sae V da Esnonha ares (GipOUEMABSOIUOTEIPEIPELUOINO Estado tem, portanto, desde o seu surgimento, um papel: 0 de ser, segundo Marx, um organismo de do- minago e de opressao de classes. E, Estado, de acordo com Friedrich Engels, “é o Estado da clas- se mais poderosa, daquela que domina economicamente e também politicamente". Os fldsofos, politicos e socidlogos apresentam o Es- tado de diversas formas, Menciona-se Estado democratico, aristocré- tico, mondrquico, teocrético, republicano etc., pouco se fala sobre © caréter e 0 contetido de classe do Estado. @ltambémfalaramimulte (05 tedricos sobre o Estado que teria a tarefa de assegurar 0 "bem ‘comum’, que agiria no “interesse de todos", A questo central que se coloca, e 8 qual devemos responder, No interesse de quem e contra quem 0 poder do Estado é exerci- do? A resposta a essa questo dard o contetido e o caréter de classe de um determinado Estado. Aqui esté a chave de um mistério de sé- culos, © qual, ou nao foi respondido pelos pensadores, ou — pior que isso ~ foi ocultado das pessoas que procuraram sempre apresentar 2 méquina estatal como sendo “neutra”, Sé a Sociologia marxista conseguird, a partir de sua andlise materialista da hist dar uma resposta cientifica a essa questo, 0 Estado moderno, burgués, tal qual nés © conhecemos, se ca~ racteriza basicamente pela existéncia: 1. da burocracia e do funcionalismo; e 2. do sistema repu- Portanto, todo Estado, quaisquer que sejam a sua forma e o seu contetido, exer- ce uma ditadura de classe sobre 0 conjunto das pessoas de uma sociedade, ng = (CUGMIASPSCIRTEISSESTISU A PEPIOAUGSD, E “O poder politico organi. zado de uma classe para a opresso de outra, um comité para gerir ‘os negécios comuns de toda a classe burguesa’ (MARX; ENGELS, O Manifesto do Partido Co- munista)™, ‘Segundo Marx, "O Estado ndo é apenas € exclusivamente um érgao da classe domi- nante; responde também aos movimentos do =) ., Conjunto da sociedade e das outras classes 99% sociais, segundo, € ébvio, as determinagées yy das relacées capitalistas. Conforme 0 grau de desenvolvimento das forcas produtivas, do tiveo a questa alate das relacdes de producio e das forcas po- emia Iticas da sociedade, 0 Estado pode adauirir contornos mais ou menos nitidos, revelar-se mais ou menos diretamente vinculado aos interesses exclusives da burguesia, Porém hi ocasides em que ele pode ser totalmente captu- rado por uma faccdo da burguesia, da mesma maneira que, em outras ocasides, pode ser politicarnente (no economicamente) capturado por setores da classe média ou por militares, o que nao significa que ocorra uma perda de sua identidade de classe” Algumas definigdes e conceituacdes de Estado Friedrich Hegel foi o fildsofo aleméo que mais influenciou os jovens intelectuais alemaes. Em 1821, ele escreveu Principios de Referer dla Univer 20 teabale ica de Golds Jo scidlono e professor vie Coste flosofia do direito, no qual apresenta a sua teoria do Estado. Algu- mas linhas gerais podem ser extraidas desse livro: O Estado era a realizagao da Razao ou do Espirito absoluto. O Estado prussiano era a forma acabada (e superior) do Estadio moderna. © Estado era dirigido por uma classe universal. A burecracia tinha a incumbéncia de defen- der 0 “interesse geral’ contra os “interesses particulares e egoista: Iecalizados na sociedade civil (apud Silvio Costa}. Em seu livro de juventude, Critica a filosofia do direito de Hegel, de 1843, Marx afirma: "Hegel nao deve ser censurado por deserever a esséncia do Estado moderno tal como ele & € sim por apresentar 0 que existe como esséncia do Estado moderno". Para ele, a esséncia do Estado prussiano era apontada como esséncia do Estado em geral, que se buscava preservar. Para o jovem Marx, 0 Estado e a burocracia nao representariam, de fato, 0 interesse geral. A burocracia estatal nao seria uma classe universal, ela tenderia a ocultar os seus interes- ses particulares de corporacao. Embora tenha sido uma criagao dos seres humanos em deter- minado estéaio do desenvolvimento da histéria da humanidade, o Fs- tado colocava-se como algo separado e acima dos seres humanos e acabava por oprimi-los. 0 Estado, que parecia ser o elemento fundante da sociedade Civil, nao passaria de seu produto. O sujeite hegeliano passava a ser © predicado para Marx, que afirma: "Assim como a religidio nao criow ‘ohomem, o homem criou a religido, também a constituigao nao criow © povo, mas 0 povo criow a constituicao. Se Hegel tivesse partido dos sujeitos reais como base do Estado, nao teria a necessidade de deixar © Estado transformar-se em sujeito de uma maneira mistica (apud COSTA, Apresentagao, janeiro de 2013). Em seu livro A Questéo Judaica, Marx afirma: "Os ‘direitos ci- vis' das constituicbes burguesas podem ser reduzidos ao direito & Propriedade privada. Em uma sociedade marcada pela existéncia de profundas diferenciagées econémicas e sociais, qualquer declaracao ra = r que propugne por uma ‘igualdade juridice em geral’, esquecendo-se de colocar igualmente o problema da abolicao das desigualdades so. Ciais, no passaria de um engodo” (COSTA, Em seu livro escrito em 1859, Prefécio & Contribuicéo & critica da economia politica, Marx afirma que, em seus estudos de 1844 ¢ 1845, chegou & conclusao de que “tanto as relagSes juridicas como as formas de Estado nao poderiam ser compreendidas por si mesmas, nem pela evolugdo geral do espirito humano, mas se baseavam nas condicées materiais da vide, cujo conjunto Hegel resumiu sob o nome de sociedade civil e que a anatomia da sociedade civil precisava ser procurada na economia politica’ Da mesma forma, em A ideologia alema (1845), Marx e En- gels afirmam: “Todas as lutas no interior do Estado sao apenas as formas ilusérias nas quais se desenvolveriam as lutas reais entre diferentes classes. O Estado nao € nada mais do que @ forma de organizacgo que os burgueses necessariamente adotam para ga- rantir @ sua propriedade e seus interesses, O Estado é a forma pela qual os individuas de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns Todos sabemos a importéncia que O Manifesto (1848) tern na nossa histéria. Embora os historiadores e marxistas em geral o cha mem de “obras de juventude" de Karl Mane e Friedrich Engels, nele jé se encontram pistas sobre suas concepgées de varios aspectos im- Portantes de seu pensamento, em especial sobre o Estado, que eles definem como um “comité pare gerir os negécios comuns de toda a classe burguesa’, € 0 objetivo dos comunistas deveria ser “a derru- bada da supremacia burguesa e a conquista do poder politico pelo proletariado”. Nessa obra, ha também a definicao da primeira fase da revo- luco comunista, a qual eles viam como *o advento do proletariado como classe dominante, a conquista de democracia”. O proletariado deverd utilizar a sua supremacia “para arrancar pouco a pouco todoo 122 capital & burguesie, para centralizar todos os instrumentos de produ- go nas maos do Estado, isto &, nas maos do proletariado organizade em classe dominante’ Quando Marx publica a segunda edigo de O Manifesto, em 1872, no ano seguinte & eclosdo da Comuna de Paris, ele escreveu “A Comuna demonstrou que nao basta @ classe operéria se apoderer da méquina do Estado para adaptd-le aos seus préprios fins. € preciso quebrd-lo € construir uma nova institucionalidade, um novo tipo de es- tado, com contevido proletério, socialista’ Em uma carta @ Joseph Weidemeyer (1818-1866), escrita em 1852, Marx afirma: “O que fiz de novo consiste na demons- tracao de que: 1°) a existéncia das classes s6 se prende a certas batalhas histéricas relacionadas com o desenvolvimento da pro- ducdo; 2") a luta de classes conduz necessariamente 8 ditadura do proletariado: 3°) essa propria ditadura é apenas a transicao para a supressao de todas as classes para formacao de uma socieda- de sem classes’.*° ‘Vamos agora passar a outros autores nao marxistas, que nao tiveram a importéncia e a dimensdo que teve Karl Marx. WEBER ~ O Estado ¢ uma forma de associagao que se distingue de todas as outras associagdes humanas, 8 medida que reclama para si © monopélio da coergio. Isto ¢, a possibilidade exclusiva do emprega legitimo dos meios da violéncia Fisica MAQUIAVEL ~ Referia-se a uma nova condicao ou situacdo de uma sociedade humana, aquela em que ela se acha dotada de uma organi- zacao politica centralizadia ¢ uniforme, Referia-se a um objetivo: que os stiditos estivessem em relacao direta com uma e somente uma autori- dade valida para todo o tertitério. aumento na internet neste lik: (gitalimcialzessas pesso- as abriram, nos burgos, Paraben raareaat Burguesia enquantoclese soci vl i varias revolueses to pet ona do feudal floresciam préximo e ao redor de um castelo do senhor feudal. (Girentoyas| teenies preAULIAEMo artesanato familiar logo virara Esses servos mais présperos chegaram a um ponto em que moedas ~ ouro-dinhei- ro. Com isso, 488 pos) sibilidades) se_abrira uma parte (minoria) op- ‘transformar em um de- les (tomaram a decisao uma aianufatlr, €uja produg3o em escala jd é bem maior. Aqui, 0 processo de acumulagao de riquezas esté em um crescendo, bem como 0 actimulo de reservas em dinheiro/capital, sendo necesséria 2 contratacéo de pessoas nio integrantes do niicleo familiar desse nosso ficticio ex-servo; que nos serve aqui de forma generslizada como exemplo apenas (é claro que nem todas viveram processos semelhantes a este aqui descrito). E 0 inicio do processo de ex- Ploracio entre os seres humanos, sob o sistema socioeconémico emergente, que estava jd em franco desenvalvimento: o capitalismo. O salto das pequenas oficinas artesanais para @ manufa- tura também nao serd igual para todos. Uma parte fecharé suas atividades. Apenas uma minoria terd sucesso. Por fim, em 1777, us ur a como EIVEBR, le ndo tinha ideta de que, com esse aprimoramento, es- taria coroando e consolidando um processo de construgao de um novo sistema, um novo modo de producdo que emergiria, mais avangado que o anterior. Com isso, novas classes sociais surgi- ram e.88 antigas foram desaperecendo ¢ se desagregando come passer do tempo Os proprietérios de manufaturas que foram mais bem-su- cedidos conseguem comprar imediatamente as novas méquinas a vapor e abrem as primeiras induistrias movidas por essas novas | _méquinas que, certamente, procluziam muito mas pecas € produ- tos que as manufsturas anteriores, manus, movidas por esforgo humane, Os pequenos produtores artesdos acabaram indo & faléncia, pois nao tinham coma competir, em termes de pregos de produ: tos finais, com essa nascente indstria movida & maquina a vapor. Nada thes restaria a nao ser vender sua forca de trabalho a esses novos industri vs . transformando-se em trabalhadores assalariados ou proletérios ~ como dizia Marx -, allenando=selaosicapitslistas gegustrinisz0s burguesessnove;classararniascensioy Nessa época (enlre os séculos XVI e XIX), alburguesialen? ‘quanto classe social vai se consclidendo e angariands grande po- der econémico, embora nao tivesse ainda 0 poder politico. Esse ‘foderspoliticosficaria;nasimaosidaimonarquiay os reis ¢ rainhes. Na verdade, muitas das investidas das monarquias europeias eram feitas com financiamento por parte da nova classe social emergen- te:08 burgueses. Foi assim nas cruzadas, nas grandes navegacbes, nas descobertas de novas terras e novas rotas comerciais ete Essa é uma época em que a monarquia e os nobres, os se~ nhores feudais, reis e rainhas tinham o poder politico em suas maos. Eles eram, por assim dizer, a classe dominante. No entanto, sitas/@OS|Estados, que se tornavam cada vez mais absolutistas; ou seja, 0 poder se concentrava nas maos dos reis e dos nobres que tinham privilégios, ganhavam do tesouro puiblico e oprimiam a maior parte dos povos das suas regides. Isso haveria de gerar descontentamento nao sé entre os po- bres e 0s miserdveis da populagao ~ a grande maioria -, como tam- bém na classe dos burgueses. Esses reis e imperadores passaram a ficar cada vez mais dependentes do poder econémico da nova bur- § quesia ascendente en- é quanto classe social i A partir do século 5 pomeranian ‘quer ei chamada de Ger 3 medida que destru‘a Al © velho sistema feudal que agonizava e construfa um novo, maig avancado, moderno. DESabavarnnelmundey alpartie@alaslmonar. quias absolu urgindo repil icas ou monarquias constitucig. ‘ial parlameAtatistas (os reis reinam, mas ndo governam) Pode-se dar como exemplo dessas grandes revolugées a In- glesa, em 1648; a Americana, em 1776 (que se consolida, come dizia Marx, com a chamada Guerra da Secessao, ou ainda Guerra Civil, na década de 1860, sob o governo de Abraham Lincoln); ¢ a Francesa, ocorrida em 1789. Todas elas lideradas por burgueses (no caso dos EUA, na revolugdo de 1776 que expulsou os ingleses i i i das 13 coldnias, alguns dos seus Iideres eram membros da nobre- za) ou pessoas de origem nobre que discordavam dos rumos que a eociedade estava tomando, Tais tider ideias e uma nov 5 tinham 0 apoio integral do povo e pregavam ideologia completamente diferentes da monar- quia, do feudalismo, Segundo comentérios de Marx, tais revolu- ges foram as mais importantes de toda a histéria da humanidade: em especial a francesa, pelo papel que jogou, pelas ideias de igual- dade, liberdade e fraternidade que espalhou pelo mundo. S6 para que se tenha uma ideia de como eram revolucio- nérios, para essa época, oS/bUGUESES) foram eles quelsepararam totalmente o Estado da Igréja, e criaram 0 ensino piiblico e laico (dado fora das Igrejas}, Gratuite, de forma que 6s filhios dos prole= térios passassem a frequentar as escolas custeadas pelo Estado. Muitos, ou a grande maioria, desses ideais do século XVIII estéo hoje completamente abanconados, pois a burguesia atual nada mais tem de revoluciondria, mas é sim uma classe social em decadéncie, é cont Para Marx, nesse cendrio histérico a tinica classe social, junto com seus aliados, em condigdes de desenvolver e liderar as grandes e necessérias transformacées de que o sistema capitalista necessita, é a classe operdria, ou os praletarios como eram chama dos (0 termo vem de prole, muitos filhos}. 11 O MATERIALISMO HISTORICO E DIALETICO DE KARL MARX O Materialismo Hist6rico ¢ Dialético é um método de andlise que fundamenta-se na observacde da realidad a partir da andtise das estruturas e superestraturas de um determinado modo de produgiie , quer dizer, de um sistema econdmico-social, Procura evidenciar seus elementos constitutives , suas origens (genes). suas dindmicas ¢ transformacées ¢ da sucessio de um modo de producto por outto: ‘Outros aspectos do méiodo materialista histerico: 1 trata-se de um método para cstudar a Sociedade que busca demonstrar que & na exploragio de trabalho loumano que se enconira a forma essenciai de se explicar as reiagies entre os individuos, Ex: no feudalismo, as contradigdes ¢ lutas entre senthores ¢ servos; no capitalismo, 0 antagonismo entre ‘urgueses ¢ proletirios b- B uma abordagem metodoidgica a0 estudo da sociedade, da economia ¢ da hist6ria, Procura as causas do desenvolvimento ¢ mudancas da sociedade humana através dos meics pelos quais os seres humanos produzem coletivamente para suprir 28 suas necessidades: c= Preocupa-se com as relagdes entre as classes socials, as estruturas politicas ¢ as formas de pensar dominantes como produto da organizagdio econdmica das socicdades. Tem suas bases fineadas no mundo ‘material, organizado por aqueles que compdem a sociedade, A imensa esirutura econdmica nada mais é do que o préprio mundo material, o mundo real, = Para © materialismo histérico, a determinaco ou a base fundamental da histéria humana & @ modo de rodugao, A Iuta de classes ¢. de fato, 0 motor da histéria, uma forea poderosa capaz de dinamizar 0 ‘movimento social, & Ao interpretar a sociedade, © materialismo de Marx revela que 4 ideologia daminante (cristalizada na superestrutura que é 0 lugar da politica, das ideologias. da educagdo etc) age mascarando a realidade. Trata-se , pois, de um instrumento de dominagao atuando por meio do convencimento: 'g procura explicar as diferentes formas de desenvolvimento da sociedade humana. Compreende que 2 svolugdo histérica da humanidade se dé, até os dias atunis, através da exploragdo do homem pelo homem. Isto implica estudar os homens enquanto produores de suas condigées cancretas de vida, hn sustenta que as idéas esto ligadas & pritica (Pris) e, por iso, pela dura experiencia do trabalho. os operitios aprendem que © mundo s6 pode ser_iransformado através da prética. Dai por em evidéncia a participagao de amplas mnassas populares nas aches histéricas: i+ Para este método , o individuo nao deve ser concebido fora do quadro de suas relagbes. com os outros individuos, isto é, fora do quadro da vida social. E a vida social ¢ eminentemente pratica, pois 0s homens existem em constamte atividade “As circumstincias fazem o homem na mesma medida em que este faz as circunstdncias” J+ conhecimento ¢ um instrumento necessério da transformacto do mundo, pelo homem, e da ‘wansformacéo do homem por ele mesmo, A taref de interpretar o mundo faz parte da tarefa. maior de modifici-lo. Assim, 9 teoria nfo pode ficar separada da atividade pritica, nlo ¢ independente da vida pritica, sob pena de mistifics-la Explica que a dominagto econdmica da classe social que detém o poder , passibilita a dominacdo politica ¢ idecldgiea. Neste caso. as idéias dominanies seriam aquelas reflexo das imagens construidas pela classe social dominante. Elas constroem dentro das mentes de seus dominados uma concepcio que corresponde a sua préptia visto de mundo, Assim, para o materialisimo de Marx, as sociedades ominadas pelas classes ricas_ no poder ,utlizam-se de diversas instituicdes que fomenam as suas idSias imteresses, como é 0 caso das relizides, do Dicito e até mesmo de certos tipos de escola Ex: os EUA. 0 mais poderoso pais capitalista do mundo, controlam poderosa midia que , geralmente, forma uma opinigo publica que, no fundo, representam os interesses da alta elite daquele pais banqueitos, industiais do petrdteo, do armamento bélico etc.) EX: A invasio amencana do Vietnd, na cada de 60 e a invasio do Iraque, em passado recente, sto uma importante prova conereta disso, DISCIPLINA: Sociologia do Trabalho Nome do (a) aluno (a): Data: EXERCICIO ESCRITO INDIVIDUAL OBRIGATORIO PREPARATORIO PARA ESTAGIO DE AVALIACAO TEXTO INDICADO: LEJEUNE MIRHAN, MARX PARA PRINCIPIANTES. Capitulos 4 e 5, Paginas 82 a 151 om 1 ‘Observacdes importantes: = Este exercicio € obrigatirio, INDIVIDUAL, pois faz parle importante do processo de | Aprendizado da dissitina e preparatorio para Prova (Estigio de Avaliago) , que inelui outros | textos serem estudados; | = Nio sera avalads 0s trabathos de redago identi entre alunos ou como mera copia de estos | | Setudados. O aluno (a) devera fazé-to evitando a mera cdpia do texto estudado, ou material similar. | elaborando-o com a sua propria redagao; | see alta de entrega do conjunto de exercicios para compor a avaliaglo de Estigio (Prova) programada, implicara na Prova de Reposicio do Estagio perdido. Lembrando que o egimento da UFPB 36 permite o direito do aluno de realizar um Unico estégio de reposigto ao longo da cisciplina em que esta matriculado 1- Dos classicos da literatura econémico-sociologica existente ¢ que estudam profundamente a atividade humana do TRABALHO NAS SOCIEDADES, destacarse, 0 pensador alemao Karl Marx. No inicio do capitulo 4 da obra aqui indicada, 0 autor explica ‘a importincia das CLASSES SOCIAIS. Pergunta-se: Como Karl Marx explica 0 surgimento das CLASSES SOCIAIS ? 2- Karl Marx entendeu que classes sociais tm duas dimensdes: CLASSE EM SIF CLASSE PARA SI, sendo uma objetiva e a outra subjetiva. Como explicou essa divisdo ? 3+ Descrever 0 conteido do item relativo 4 ORIGEM E A EVOLUICAO DO ESTADO, encontrado nas paginas 105. 112 do texto em estudo; 4- Na pequena discussdo a respeito das diferentes DEFINICOES DE ESTADO NO DECORRER DOS SECULOS DA HISTORIA DA HUMANIDADE, encontrados nas paginas 113 120, descrever os aspectos essenciais dessas definigoes: 5- No inicio do capitulo 5 da obra aqui indicada, denominado ASPECTOS DO PENSAMENTO ECONOMICO DE MARX, 0 Autor, a partir da pagina 128 em diante, aponta Karl Marx como 0 primeiro pensador que... “ conseguir ver a FORCA DE TRABALHO. como uma MERCADORIA PECULIAR “, onde *... “a questio do VALOR ‘tem um papel fundamental”. Descrever esse tipo de interpretacao marxista detalhadamente. 6- Explicar a categoria econdmico-socioldzica MAIS VALIA? Que significa ? 7- Que sio OS MODOS DE PRODUGAO e que diferengas podem ser levantadas entre os modos de produgo escravista, feudal e capitalista ? 8+ Explicar 0 processo de transigio HISTORICA DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO, deserito pelo Autor nas paginas 145 a 151

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