Está en la página 1de 24
2os20%4 (s Senigos Notariais © Ragistais no Brasi | IRIB- Isto de Registro imbiliério do Brasil | O site doregistrador brasileiro 33 Os Servigos Notariais e Registrais no Brasil Eduardo Pacheco Ribeiro de Souza 1, Saudaciio; 2. Introduedo; 3, A Constituigtio Federal de 05/10/1.988; 4, Principais normas aplicaveis; 5. Natureza dos servicos; 6. Fins dos servigos; 7. O ingresso na atividade; 8. Os titulares e seus prepostos; 9. Responsabilidade; 9.a Responsabilidade penal; 9.b Responsabilidade civil; 10. Encerramento da delegacio; 11. Os servigos de registros; 12,Registro de Im6veis; 12.a Brevissimo histérico; 12.b Efeitos do registro; 12. Prineipios do registro imobiliirio; 13, Registro de titulos e documentos e civil das pessoas juridicas; 14, Registro civil das pessoas naturais e de interdigdes e tutelas; 15, Registro de distribui¢do; 16, Os tabelionatos; 17. O tabelionato de protestos; 18. Os tabeliies de notas; 19, Os tabelifes e oficiais de registro de contratos maritimos; 20, Bibliografia. 1. Saudagao, © convite para aqui estarmos, na solene data de encerramento da Pés Graduagdo em Direito Registral e Notarial, representando o Brasil, desperta diversos sentimentos. O sentimento de realizagdo, como prosseguimento das atividades decorrentes do protocolo firmado entre 0 CENoR, Centro de Estudos Notariais e Registais da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e o IRIB, Instituto de Registro Imobiliirio do Brasil, que tiveram inicio em outubro de 2.004 em Macei6, estado de Alagoas, no XXXI Encontro de Oficiais de Registro de Iméveis do Brasil; 0 sentimento de satisfac profissional, coma constatago de que o estudo do Direito Registral e Notarial é uma realidade que ultrapassa fonteiras, em um caminho sem volta; o sentimento de fiaternidade existente entre portugueses e brasileros, que permite que, tanto aqui quanto li, sejamos vistos como filhos de uma mesma nagio. Aliada a todos esses sentimentos, a emogio de integrar, ainda que efemeramente, a vida académica da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, referéncia no estudo do Direito, Antes, nuito antes, dos navegadores portugueses aportarem em nossa costa, aqui jé fincionavam as ficuldades juridicas, de Cénones e de Leis. Satido a todos os senhores, ¢ gostaria de fazé-lo rendendo homenagem a dois ilustres professores desta Casa: o Professor Doutor Manuel Henrique Mesquita, Coordenador do CENoR, que to amavelmente nos recebeu e que permitin que © protocolo se tomasse realidade; e Mestra Ménica Jardim, que abrilhantou 0 jé reféride XXXI Encontro dos Oficiais de Registro de Iméveis do Brasil com magnifica conferéncia e que incansavelmente tem trabalhado no fortalecimento das relagdes entre ns, registradores brasileiros, e todos os senhores. 2. Introdugdo. © escopo deste trabalho é, tio-somente, apresentar as linhas gerais de fimcionamento atual dos servigos notariais & registrais no Brasil, com uma visio panormica indicando as principais normas aplicveis e abordando a natureza ¢ os fins dos servigos, o ingresso na atividade, os titulares e seus prepostos, a responsabilidade civil e criminal, 0 encerramento da delegagdo e as atribuigdes principais de cada um dos servigos. Os servigos notariais ¢ registrais sio também chamados de servigos extrajudiciais, em contraposigio aos servigos judiciais (fangSes tipicas do Poder Judiciario). Longe de esgotar tio ampla matéria, busca o estudo reunir informagdes bdsicas que sdo o esteio para uma incursdo mais aprofirndada no tema. 3. A Constituigiio Federal de 1.988. © constituinte de 1.988 optou pelo exereicio em cariter privado, por delegagio do poder piiblico, das atividades extrajudiciais notarias e de registro, Dispde o art, 236 da Carta Magna: tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 sua 2os20%4 (s Senigos Notariais © Ragistais no Brasi | IRIB- Isto de Registro imbiliério do Brasil | O site doregistrador brasileiro “Os servigos notariais ¢ de registro sdo exercidos em carter privado, por delegagto do Poder Piiblico. § 1° - Lei regularé as atividades, disciplinard a responsabilidade civil e criminal dos notitios, dos oficiais de registro e seus prepostos, ¢ definird a fiscalizagao de seus atos pelo Poder Judivistio, § 2° - Lei federal estabelecerd normas gerais para fixagdo de emolumentos relativos aos atos praticados pelos servigos notariais e de registro, § 3° - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso piblico de provas ¢ ttulos, nfo se permitindo que qualquer serventiafique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remogao, por mais de seis meses”. Como se infére da legislago constitucional, os servigos notarias e de registro so pliblicos, mas exereidos em cariter privado através da delegagao, instituto de direito administrativo pelo qual a administragdo atribui atividade prépria a mente privado ou piblico (no caso uma pessoa fisica), Os delegatirios so particulares que, ao desempenhar fimgdes que caberiam ao Estado, colaboram com a administrago publica, sem se enquadrar na definigio de fimcionério puiblico Contudo, dada a natureza publica dos servigos e exercendo os delegatirios fimo piiblica, estio sujeitos as regras, impostas ao fimcionamento dos servigos pilblicos e so considerados fimcionsrios piiblicos para efeitos penais, nos termws do art, 327 do Cédigo Penal (“considera-se fincionsrio piblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneragiio, exerce cargo, emprego ou fingao publica’). Devem, outrossim, ser considerados autoridades piiblicas para efeito de impetragdo de mandado de seguranga, jé que tém “poder de decisio dentro da esfera de competéncia que lhe é atribuida”” (Hely Lopes Meirelles, que afirma que a pessoa fisca deve estar investida de poder de decisio para ser considerada autoridade coatora, em Mandado de Seguranga, RT, 1.989). Jofio Roberto Parizatto, em Servicos Notariais ¢ de Registro, Brasilia Juridica, 1.995, aborda o tema asseverando que os delegados nio so autoridades publicas, “salvo na hipStese prevista no § 1° da Leint 1,533, de 31 de dezembro de 1.951, onde ‘consideram-se autoridades, para os efeitos desta lei, os representantes ou administradores das entidades autdrquicas e das pessoas naturais ou juridicas com fimgdes delegadas do poder piblico, somente no que entender com essas fumges™ (grifos do original), Prossegue o autor afimando que a Constiuigo Federal, no art. 5°, LXIX, foi ainda mais abrangente ao cuidar do mandado de seguranga, a ser impetrado contra quem estiver “no exereicio de atribuigSes do Poder Piiblico”, no havendo divida que o mandamus pode ser impetrado contra ato de notirio ou registrador. A jurisprudéneia do Supremo Tribunal Federal esti cristalizada no verbete 510 da Simula, de teor seguinte: “Praticado o ato por autoridade, no exercicio de competéncia delegada, contra ela cabe o mandado de seguranga ou a medida judicial” A regulamentago da norma constitucional veio, primeiramente, coma edigdo da Lei 8.935, em 18/11/94 e, posteriormente, coma edigdo da Lei 10.169, em 29/12/00. A Lei 8.935 dispde sobre a natureza ¢ os fins dos servigos notariais e de registro, dos titulares dos servigos e de seus prepostos (escreventes e auiiares), das attibuigGes, do ingresso na atividade, da responsabilidade civil e criminal, das incompatibilidades e impedimentos, dos direitos e deveres, das infiagdes disciplinares e das penalidades, da fiscalizagtio pelo Poder Judiciirio, da extingdo da delegagdo e da seguridade social. Por sua vez, a Lei 10.169, ao regulamentar 0 § 2° do art. 236, estabelece normas gerais para a fixagdo de emolumentos. Considerando a estrutura federativa adotada no Pais e as peculiaridades locais (a diversidade de caracteristicas é marcante dada a grande extensdo territorial brasileira), cada unidade da Federagdo (Estados) define por kei estadual os emolumentos a serem ali praticados, observada a lei federal quanto 4s normas gerais face a0 principio da hierarquia das leis. Estabeleceu a Constituigdo, no § 3° do art. 236, o concurso publico, democratico e que prestigia a dedicagao e a competéncia, como forma de ingresso na atividade. A frente serdo feitas maiores consideragdes sobre o ingresso na atividade e a remogao, tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 204 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro Ainda quanto 4 Constituigdo Federal de 1.988, releva ffisar que o legislador constituinte incluiu dentre as competéncias privativas da Unido legislar sobre registros piblicos (art. 22, XXV). 4, Principais normas aplicaveis. Akim dos dispositivos constitucionais mencionados ¢ das Leis 8.935 ¢ 10.169, podemos incluit dentre as prineipais normas aplicaveis aos servigos notariais e de registro, as seguintes: a) Lei 6.015/73 — dispde sobre os registros piblicos, que nos termos da ki sio o registro civil de pessoas naturais, o registro civil de pessoas juridicas, o registro de titulos € documentos ¢ 0 registro de iméveis; b) Lei 9.492/97 — regulamenta os servigos concementes ao protesto de titulos ¢ outros documentos de divida; c) Lei 7.433/85 e 0 Decreto 93.240/86 — dispem sobre os requisitos para layvratura de escrituras publicas; d) Arts. 108 (a eseritura piblica é requisito de validade dos negécios juridieos que visem constituigdo, transferéncia, modificagao ou reniincia de direitos reais sobre iméveis de valor superior a trnta vezes 0 maior salirio minimo vigente no Pais — anote-se que hd excegdes) ¢ 215 (estabelece que a escritura & documento dotado de f€ piblica, fazendo prova plena, elencando no § 1° requisitos para a sua lavratura) da Lei 10.406/02 (Cédigo Civil); e) Lei 4.59 1/64 — dispde sobre 0 condominio em edificagses e as incorporagdes imobiliirias — devem ser observadas as regras do Cédigo Civil de 2.002 que alteraram a lei em foco; f) Lei 6.766/79 — dispGe sobre 0 parcelamento do solo urbano; g) Lei 10.257/01 — Estatuto da Cidade — regulamenta os arts. 182 € 183 da Constituigdio Federal e estabelece diretrizes gerais da politica urbana; g) Lei 5.709/71 — regula a aquisigao de imével rural por estrangeiro residente no pais ou pessoa juridica estrangeira autorizada a fimcionar no Brasil; h) lis estaduais (que fixam emolumentos nas unidades da Federago); i) normas administrativas das Corregedorias Gerais da Justiga de cada Estado. © rol apresentado, como asseverado, engloba as principais normas aplicaveis aos servigos notariais e de registro, ‘mas nfo as esgota. Ha diversas outras que devem ser observadas pelos delegatirios no exercicio de suas fimedes tipicas (dispositivos do Cédigo Civil referentes aos contratos que so celebrados por instrumento piblico, normas sobre titulos de crédito que so indispensdveis no exame formal dos documentos apresentados aos tabelionatos de protesto, normas de direito ambiental, ete.). A normatizaao pelas Corregedorias Gerais da Justiga, que por respeito ao principio da hierarquia das leis ndo pode malfetr as leis estaduais, federais ou a Constituigdo da Repiblica, decorre de caber ao Poder Judiciitio a fiscalizago dos atos dos servigos notariais ¢ de registro (§ 1° do art, 236 da C.F.). A Lei8.935 atribui ao Poder Judiciétio competéneia pata fixagdo de dias ¢ horiios de fincionamento dos servigos (art. 4°), o incumbe da realizagio dos concursos (art. 15), the contre o exercicio do poder disciplinar (art. 34) e estabelece normas gerais para a fiscalizagdo dos atos (arts, 37 ¢ 38). Os Tribunais de Justga, ento, através de suas Corregedorias, em regra editam normas administrativas para a efetivag3o das competéncias que Ihes so atribuidas quanto aos servigos notariais e de registro, 5. Natureza dos servigos. © Capitulo I do Titulo I da Lei 8.935 trata da “natureza e fins” dos servigos notariais e de registros (ars, 1°, 3° ¢ 4° - oart, 2° foi vetado), ‘Comm bem assinalado por Walter Ceneviva (Lei dos Notdrios e dos Registradores Comentada, Saraiva, 1.996), 0 Capitulo em mira “no trata apenas da natureza juridica dos servigos notarias e de registro, mas também da natureza de suas fimgdes administrativas. A andlise sistemitica dos quatro artigos evideneia que 0 vocdbulo natureza é empregado em sentido amplo, como o conjunto das qualidades atribuidas a tais servigos para que realizem suas atividades. A natureza, assim definida, abarca os servigos, considerados em si mesmos (organizados técnica e administrativamente, 0 eficiente ¢ adequada) ¢ seus responsdveis, enquanto delegados do Poder Piblico, habiliados a plenitude e providos de & péblica, para cumprimento de suas tarefas”. No t6pico 3 (a Constituigdio Federal de 05/10/1.988) abordamos a natureza juridica dos servigos notariais e de registro, sio servigos piiblicos. © seu exercicio em cariter privado por delegacdo do Poder Pibblico nao thes retira 0 cariter publico e, para que atinjam suas finalidades, so delegados a profissionais do direito dotados de f& piiblica (art. 3° da Lei 8.935), o que reafirma sua natureza. O's atos emanados dos servigos em questio, assim como os dos tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 24 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro demais servigos piblicos (atividades préprias prestadas diretamente pelo Estado), gozam de presungo relativa de veracidade, atributo dos atos praticados pelo Poder Piiblico. Sao, portanto, servigos piblicos exercidos em caréter privado por um profissional do direito em razo de delegacao, organizados técnica e administrativamente para garantir publicidade, autenticidade, seguranga ¢ eficdcia dos atos juridicos, 6. Fins dos servigos. A regra domiciliada no art, 1° da Lei 8.935/94 define como fins dos servigos notariais e registrais “garantir a publicidade, autentividade, seguranga e eficdcia dos atos juridicos”, A Lei de Registros Pblicos (editada anteriormente -Lei 6.015/73), também no art. 1°, dispBe que os servigos concementes aos registros piiblicos so estabelecidos pela Iegislagdo civil para “autenticidade, seguranga e eficicia dos atos juridicos”, tratando em seus arts. 16 a 21 da publicidade. Editada em 1.997, a lei de protesto de titulos ¢ outros documentos de divida (Lei 9.492), no art. 2°, estabelece que os servigos concementes ao protesto sio garantidores de autenticidade, publicidade, seguranga e eficdcia dos atos juridicos. A publicidade, no dizer de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, RT, 1.998), é a “divulgagao oficial do ato para conhecimento piiblico e inicio de seus efeitos extemos”. J, A. Mouteira Guerreiro, em Nogdes de Dircito Registral (Predial e Comercial), Coimbra Editora, 1.994, relata que “a necessidade de uma publicidade dos direitos sobre imiveis comegou a sentir-se desde a remota antigiidade. Assim, encontramos precedentes de uma publicidade nos povos primitivos, embora sem um tipo de registo organizado, que s6 surgiu numa fase muito posterior. Tal necessidade sentit-se sobretudo no que respeita aos encargos, aos direitos reais de garantia. Lembremo-nos que nos imiveis esses direitos nio so visives, no so aparentes”(grifo do original). A necessidade de publicidade referida pelo Dr. Moutcira Guerreiro ao tratar do direto registral aplica-se a todas as atividades registra, assim como ais notarias. A publicidade visa atribuir seguranga ds relagdes juridicas, permitindo a qualquer interessado que conhega o teor do acervo das serventias notarias e registrais. Gera cognoscbilidade, no dizer de Nicolau Babino Filho (Direito Imobildtio Registral, Saraiva, 2.001), possibiltando o conhecimento dos teores dos registros e dos atos notariais. Para 0 efetivo conhecimento exige-se a atitude do interessado em conhecer o que se da a publicidade (publicidade formal, que se concretiza pela expedigdo de certiddes — ato administrative emmciativo). A publicidade formal ndo é absoluta, e softe restrigSes nos servigos registrais quanto ao registro civil de pessoas naturais (art. 18 da Lei 6.015 — questdes reférentes ao nome). Na atividade notarial, ha restrigdo no tabelionato de protestos, pois certiddes de protestos cancelados s6 podem ser fomecidas ao prdprio devedor ou por ordem judicial; quanto as denis, ndo ha qualquer dbice, mas existe uma formalidade a ser observada: requerimento por escrito do interessado (arts. 27, § 2°, € 31 da Lei 9.492). A autenticidade ¢ qualidade do que & confirmado por ato de autoridade, criando presungdo juris tantum de veracidade. Frise-se que a presungio relativa ndo se estende ao negécio causal ou ao fito que deu origem ao ato praticado, incidindo a autenticidade exclusivamente sobre o ato notarial ou registral, A seguranga decorre da certeza quanto ao ato ¢ sua eficdcia, promovendo a libertagao dos riscos, A consulta aos teores dos registros e dos livros de notas, possivel a qualquer interessado (publicidade formal), associada & presungdo de verdade dos atos que emanam dos servigos notariais e registrais, permite a aferigdo da boa-fé de quem pratica qualquer ato findado nas informagdes recebidas. A gama de normas reltivas aos servigos notariais ¢ de registro salvaguarda interesses das partes e de terceiros, gerando seguranga nas relagdes juridicas. Por fim, quanto a eficécia, significa a garantia de que o ato notarial ou de registro produzird a consequiéneia propria do mesmo, o estar apto a produ os efeitos juridicos que dek: se esperam, Por exemple, o registro nas aquisigdes tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 428 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro entre vivos & constitutivo, transmitindo a propriedade imével e permitindo ao proprietério, ainda, a oponibilidade de sua situagdo a terceiros, jd que produz.o registro efeitos erga omnes, ‘Vé-se que publicidade, autenticidade, seguranga e eficdcia so fins que se entrelagam e se completam, sio interdependentes. A publicidade dos atos ¢ relevante porque a eles se atribui autenticidade; a seguranga dependente ¢ fim da publicidade e da eficdcia; a eficdcia, por seu tumo, s6 se atinge em ra7o da autenticidade da publicidade, Vérias outras relagdes podem ser feitas entre os fins dos servigos notariais e registrais, importando assinalar que, em sintese, o que se almeja ¢ a seguranga juridica, 7.0 iingresso na atividade. Segundo 0 comando constitucional, o ingresso na atividade notarial e de registro se dé através de coneurso piblico de provas ¢ titulos. Os concursos so realizados pelo Poder Judicidrio, com a participagdo da Ordem dos Advogados do Brasil, do Ministério Pablo, de um notirio € um registrador (art. 15 da Lei 8.935). A obtengio da delegagdo depende, além da aprovago em concurso piiblico, do preenchimento dos seguintes requisitos: nacionalidade brasileira, capacidade civil, quitagio com as obrigagdes eleitorais e militares, diploma de bacharel em direito ¢ verificago de conduta condigna para o exercicio da profissio. © § 2° do att.15 da Lei 8.935 abre excego a0 requisito do bacharelado em direito, permitindo que se candidatem rio bachargis “que tenham completado, até a data da primeira publicago do edital do concurso de provas e ttulos, 10 (dez) anos de exercicio em servigo notarial ou de registro”. O legislador, apds defiir os tabeliies e registradores como profissionais do direito (art.3° da Lei 8.935), permite que akem a delegagdo no bacharéis, exigindo apenas a pritica no exercicio das fimedes. Considerando que exercem os delegatarios relevantes fimgSes, responsiveis pela ualificagao registral e notarial, pela instrumentagiio de seguranga juridica e pela prevengiio de ltigios, com evidente liberdade de interpretar, sendo verdadeiros vetores da paz social, melhor seria ndo prescindir do requisito do bacharelado em direito. A regra que o dispensa, em homenagema tantos que se dedicaram por longos anos a0 servigo notarial e registral, mesmo indispenséveis no momento de implantago da forma de ingresso por concurso piiblico, deveria ter sido objeto das disposigSes transitérias, como disposigdo de cariter temporario. A nacionalidade brasileira exigida engloba os brasileiros natos ou naturalizados, Encerrado 0 concurso, os candidatos serdo declarados habilitados na rigorosa ordem de classificago e receberdio a outorga da delegagio. O art, 2° da Lei 8.935 foi vetado pelo Presidente da Republica, mantido o veto pelo Congreso Nacional, Dispunha © texto vetado caber ao Poder Judividrio a delegagdo. Walter Ceneviva, em Lei dos Registros Publicos Comentada, Saraiva, 2.001, sustenta que o Poder Executivo delega e o Judiciério fiscaliza, o que teria restado claro em razio do veto em foco. Contudo, as unidades da Federagdo ndo tém agido de forma homogénea quanto a competéncia para a delegagao. Para exemplificar, no Estado de Minas Gerais a delegagao é oriunda do Poder Executivo, enquanto que nos Estados de Sdo Paulo e do Rio de Janeiro, cabe ao Poder Judiciério. No Rio de Janeiro lei estadual (art. 9° da LeifRI-2.891/98) confere competéncia ao Presidente do Tribunal de Justica para expedir 0 ato de delegacdo, ante a omissio da lei federal Destinam-se ao ingresso na atividade duas tergas partes das vagas, cabendo & remogao por concurso de titulos o preenchimento do tergo restante, © critério de preenchimento define-se pela data da vacdncia da titularidade ou, quando vagas na mesma data, aquela da criagdo do servigo. Admitem-se 4 remogao titulares que exergam a atividade ha mais de 2 (dois) anos, cabendo a kegislagao estadual dispor sobre as normas ¢ os critérios para 0 concurso de remogdo. 8. Os titulares e seus prepostos. Os titulares so notirios ou tabel oficiais de registro ou registradores, como sindnimos. tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 524 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro Profissionais do direito dotados de f& publica, a quem se delega o exercicio da atividade notarial e de registro, gozam de independéncia no exercicio de suas atribuigdes tém direito percepgdo dos emolumentos integrais pelos atos praticados na serventia, Para o exercicio de suas fungdes, deve o titular organizar técnica e administrativamente a serventia, sendo de sua responsabilidade exchisiva o gerenciamento administrativo e financeiro dos servigos “inclusive no que diz respeito is despesas de custeio, investimento e pessoal, cabendo-lhe estabelecer normas, condiges e obrigagdes relativas a atribuigdo de fiangdes e de renmneragdo de seus prepostos de modo a obter a melhor qualidade na prestagtio dos servigos” (art. 21 da Lei 8.935). Numa serventia temos, portanto, um titular que ingressa na atividade por concurso piblico ¢ que, como profissional do diteto gozando de independéncia, é responsével nao s6 por toda a organizago administrativa como, € principalmente, pela interpretago juridica. Tem o titular independéncia jurdica, como delegado de fimgdo piblica que exige a formagdo de juizo e a tomada de decisdes. A execugdo dos servigos exige a participagao de outras pessoas e, para tanto, podem os delegatérios contratar empregados, com remuneragdo livemente ajustada e sob 0 regime da legislagdo do trabalho, Os empregados so escreventes e auxilares, ficando a critério de cada titular determinar 0 nimero a contratar. Denire os escreventes 0 notirio ou registrador escolherd os substitutos para, simultaneamente como titular, praticar todos os atos que lhe sejam préprios. Dentre os substitutos um seré designado pelo titular para responder pelo servigo em suas auséncias ou impedimentos. Havendo necessidade do titular praticar ato de seu inferesse (ou de cénjuge ou parentes na linha reta ou colateral, consangiiineos ou afins, até o terceiro grau) em sua serventia, nao poderé fazé-lo pessoalmente, devendo o ato ser praticado pelo substituto, O art. 5° da Lei 8.935 define quais sao os ttulares de servigos notarias ¢ registras: [- tabeliies de notas (atribuigdes € competéncias detinidas nos arts. 6° e 7° da Lei 8.935 — formalizar juridicamente a vontade das partes, intervir nos atos e negécios juridicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autenticar fatos, lavrar escrituras e procuragdes piblicas, lavrar testamentos piblicos e aprovar os cerrados, lavrar atas notarias, reconhecer firmas ¢ autenticar e6pias); Il tabelies e oficiais de registro de contratos mariimos (competéneia definida no art, 10 da Lei 8.935, devendo ser suas atribuiges especificas buscadas nos principios gerais da legislago comercial, por tratarem de negocios relacionados como comércio maritimo); II- tabelies de protesto de titulos (competéncia definida no art. 11 da Lei 8.935, estando os servigos de protesto de titulos e outros documentos de divida regulamentados pela Lei 9.492); IV- oficiais de registro de iméveis (praticam os atos previstos ma Lei 6.015 — Lei de Registros Piblicos — e em outros diplomas aplicaveis ao registro imobilirio); V- oficais de registro de titulos e documentos ¢ civis das pessoas juridicas (praticam os atos previstos na Lei 6.015); VI- oficias de registro civis das pessoas naturais e de interdi e tutelas (praticam os atos previstos na Lei 6.015); VII- oficiais de registro de distribuisdo (competéneia definida no art, 13 da Lei 8.935 — proceder & distribuigo equitativa pelos servigos da ‘mesma natureza, quando previamente exigida, registrando os atos praticados; em caso contréio, registrar as comunicagdes recebidas dos dryfios e servigos competentes). Os servigos enumerados no art, 5° no so acumulveis, devendo aqueles com atribuiySes acumuladas softer a desacumulagio na primeira vacdncia de titularidade apés a vigéneia da Lei 8.935. Contudo, a lei contém uma excesiio, permitindo a acumulago nos Munieipios que niio comportarem, em razio do volume dos servigos ou da receita, a instalago de mais de um dos servigos (pardigrafo tmico do art, 26 da Lei 8.935). or fim, vale assinalar que fora do ambito das fngSes tipicas, podem ser contratadas pessoas fisicas, que ni sejam escreventes ou auxilares, e mesmo pessoas juridcas (servigos de informuitica, seguranga, limpeza, etc.) 9. Responsabilidade, No exercicio de suas fingdes, na pritica de atos préprios da serventia, podem os titulares infringir normas civis, tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 a2 2os20%4 (s Senigos Notariais © Ragistais no Brasi | IRIB- Isto de Registro imbiliério do Brasil | O site doregistrador brasileiro penais ou administrativas, respondendo pelas fatas praticadas, As inffagdes disciplinares esto previstas no art. 31 da Lei 8.935: inobservancia das prescrigdes legais ou normativas; conduta atentatéria as instituigdes notariais e de registro; cobranga indevida ou excessiva de emolumentos, ainda que sob a alegago de urgéneia; violagdo do sigilo profissional; descumprimento de quaisquer dos deveres descritos no art, 30 (em verdade ja prevista no primeito inciso do art, 31 — inobservancia de prescrigdes legais normativas). Praticada infragdo administrativa, sujeita-se o titular (e somente ele, pois os prepostos so submetides ao poder de comando dos titulares) as penas de repreensdo, mula, suspensdo e perda da delegagdo, impostas pelo Poder Judicitio, Ocorrendo dano a ustirio do servigo, surge o dever de indenizar e, sendo a conduta sancionada pela lei penal, responde criminalmente o delegatirio, Prevé o Cédigo Penal, no art, 92, I, ¢ seu parigraio tmico, como efeito extrapenal da condenagdo, a perda de cargo, fimgao piblica ou mandato eletivo, Assim, o titular que praticar infago penal e for condenado por decisio transitada em julgado, poder perder a delegagdo, como efeito secundario da sentenga penal, que deverd ser expressa e motivadamente declarado pelo magistrado prolator da decisio, Ao contrério da obrigagio de indenizar, que também decorre da sentenga condenatéria transita mas nio precisa ser declarada pelo juz, a perda da delegagao hi de ser expressamente mencionada, Para que suceda a perda da delegago como decorréncia da condenagao criminal deve ser aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano na pritica de crimes com abuso de poder ou viokigdo de dever para com a administragdo péiblica ou superior a quatro anos nos demais casos. Por ser a inffago penal mais grave que a administrativa, j que atinge bens sociais de maior relevaincia, pode a sua pritica repercutr na esfera administrativa, assim como repercute na esfera civil, 9.a Responsabilidade penal A responsabilidade penal deve ser individualizada, Ao tratar dos direitos e garantias findamentais a Constituigio Federal, no art. 5°, XLV, dispSe que “nenhuma pena passaré da pessoa do condenado”, e no inciso XLVI que “a kei regularé a individualizago da pena”, O art, 24 da Lei 8.935 reza que a responsabilidade penal serd individualizada e que se aplica, no que couber, a legislagdo relativa aos crimes contra a administrago piblica Assim, se um preposto pratica uma infragdo penal, sem a participagao do titular, este ndo responderd criminalmente. Responder civilmente (0 que esta expresso no parigrafo tinico do art. 24 da Lei 8.935) e administrativamente, mas ndio podera softer as conseqiiéncias penais da condenagao de seu preposto. Considerado fimeionétio publico para eftitos penais (art, 327 do Cédigo Penal) pode o titular praticar crimes contra a. administragdo publica (arts, 312 a 326) e infiagdes previstas em outras normas penais incriminadoras. O art. 300 do Cédigo Penal sanciona o falso reconhecimento de letra ou de firma com pena de reclusdo de uma cinco anos € muta, se 0 documento for publico, ¢ de uma trés anos ¢ mua se 0 documento for particular. A Lei 6.766/79, que dispde sobre o parcelamento do solo urbano, criou tipos penais que podem ter como agentes titulares de servigos notariais ¢ registrais 9.b Responsabilidade civil Indiscutivel que os delegatirios estdo obrigados a responder por danos que ces e scus prepostos causarem a tereeiros na pritica de atos priprios da serventia (art, 22 da Lei 8.935), Entretanto, tormentosa questio se coloca quanto & aplicagdo na hipétese da responsabilizago objetiva ou subjetiva do titular. A anilise do tema passa pela natureza juriica dos servigos prestados, pela apreciagiio do insttuto da delegagdio e pel: interpretagio de alguns dispositivos legais, destacando-se o mencionado art, 22 da Lei 8.935 (“os notiios e tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 14 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro oficiais de registro responderdo pelos danos que ele e seus prepostos causem a terceiros, na pritica de atos préprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos”) e os seguintes: a) § 6° do art, 37 da Constituigdo Federal - “As pessoas juridicas de direto puiblico e as de direito privado prestadoras de servigos piblicos responderdo pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado 0 diteito de regresso conta o responsdvel nos casos de dolo ou culpa;” b) art, 38 da Lei 9.492 - “Os Tubelides de Protesto de Titulos so civilmente responsaveis por todos os prejuizos que causarem, por culpa ou dolo, pessoaimente, pelos substtutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado 0 direto de regresso” (grifo nosso); ©) art, 14 da Lei 8.078 (Cédigo de Defesa do Consumidor) - “O fomecedor de servigos responde, independentemente da existéncia de culpa, pela reparago dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos & prestago dos servigos...”(grifo nosso). O art, 3° define como fornecedor toda pessoa fisica ou juridica, piblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que, entre outras atividades, prestem servigos. A Constituigdo Federal adotou, quanto a responsabilidade estata, a teoria do risco administrativo, atribuindo responsabilidade decorrente do risco criado pelt atividade administrativa do Estado, A exclusio da responsabitidade depende do rompimento do nexo causal (fito exclusive da vtima ou de terceiro, caso fortuito ou forga maior). Ante © disposto no § 6° do art, 37 da Carta Magna, aplica-se a responsabilidade objetiva, de forma induvidosa, também as pessoas juridicas de direito privado prestadoras de servigos pliblicos Os servigos extrajudicias sfo, indubitavelmente, servigos piblicos. Contudo, sio prestados por pessoas fisicas através da delegagio, o que afasta, ao menos a principio, a incidéncia do mencionado § 6° do art. 37 da C.F, Décio Anténio Erpen, em Revista de Direito Imobilirio, n° 47, RT, argumenta que, quisesse o legislador constituinte que 0s notirios ¢ registradores se aplicasse a norma enfocada, nio teria remetido a lei ordinaria a diseiplina de sua responsabilidade civil (§ 1° do art, 236 da C.F., regulamentado pelo art, 22 da Lei 8.935) Os delegatitios sto colaboradores do Poder Piblico, pessoas fisicas que exercem fimgdes piiblicas. Nao sio fimcionarios pablicos, a eles equiparados apenas para efeitos penais. No entanto, também nio parece correto afirmar que a responsabilidade objetiva seria apenas do Estado, e que caberia entio dircito de regresso em face dos tituares, havendo dolo ou culpa. © art, 22 da Lei 8.935 sinaliza responderem objetivamente os titulares, em razio de danos causados na pratica de atos tipicos da serventia, Com eftito, o constituinte reservou ao legislador infia constitucional a definigio da responsabilidade dos delegatarios, mas a opeiio foi no sentido de manter a mesma disciplina quanto as pessoas juridicas de direito piblico ¢ as de direto privado prestadoras de servigos, do § 6° do art. 37 da C.F. Eo fez0 legislador em harmonia com o sistema, pois o Cédigo de Defesa do Consumidor jé previa a responsabilidade objetiva do prestador de servigos, pessoa fisica ou juridica, publica ou privada. Embora se apresentem argumentos contra a aplicagio do Cédigo de Defésa do Consumidor & atividade notarial e registral (Walter Ceneviva, Sonia Marikda Péres Alves), merecedores de respeito, nio vejo como acolhé-los. A promogao da defesa do consumidor est entre os direitos ¢ garantias fimdamentais no texto constitucional (art, 5°, XXXII), ¢ 0 Cédigo de Defesa do Consumidor, no art. 1°, dispSe que as normas de defesa do consumidor so de ordem piblica e interesse social. As normas do Cédigo do Consumidor so apliciveis em qualquer rea do direito onde haja relagio de consumo, seja direito piblico ou privado, contratual ou extracontratual Quanto a responsabilidade do Estado, ha de ser solidéria. O usuario do servigo pode buscar a reparagio do dano em face do delegatirio c/ou do Estado. O magistério de Gustavo Tepedino, em Temas de Dircito Civil, Renovar, 2.004, se aplica:“... hd de se considerar soliddria a responsabilidad dos entes piiblico e privado, no caso do art. 37, § 6°, da Constiuigio, no prevalecendo, nesta hipstese, a regra geral do art. 265 do Cédigo Civil. Parece, ao revés, haver previsio legislativa expressa aplicével A espécie: 0 Cédigo de Defesa do Consumidor admite, como fomecedor, toda a pessoa fisica ou juridica, piblica ou privada, nacional ou estrangeira (art. 3°, Lein? 8.078/90). A prestago de servigos piibicos constitu, portanto, relagdo de consumo, sendo a vitima dos danos provocados pela tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 24 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro administra¢do piblica o consumidor final ou equiparado (art. 17, Lei n? 8.078/90), 0 que atrai para tais hipdteses a disciplina dos acidentes de consumo, de modo a gerar a solidariedade dos diversos entes piblicos e privados que se apresentem como fomecedores dos respectivos servigos, prestados (direta ou indiretamente) pela atividade estatal”, A legislago avanga em diregdo A protegdo do consumidor, que se amplia com o recorhecimento da solidariedade entre o Estado ¢ 0 prestador de servigos piblicos, no cabendo afastar o primeiro mas, ao contritio, responsabilizs- by, O reconhecimento da responsabilidade objetiva do delegatirio no é motivo de qualquer preocupagiio para os titulares, Nao importa adogdo de risco integral, jé que comporta excludentes. Inexistente nexo causal entre 0 ato € 0 dano, no hii responsabilidade, A responsabilidade decorrerd da fata do servigo ou de sua execuydo defeituosa, Agindo estrtamente dentro da legalidade, no causaré o notério ou registrador dano indenizavel. Carlos Maximiliano, em Hermentutica ¢ Inlerpretagdo do Direito, Forense, 1.998, leciona: “eumpre evitar no $6.0 demasiado apego 4 letra dos dispositivos, como também o excesso contro, o de forgar a exegese ¢, deste modo, cencaixar na regra escrita, gragas & fantasia do hermencuta, as teses pelas quais se apaixonou...”, Salvo melhor juizo, 6 uma interpretagdo forgada leva 4 conclusdo da aplicagdo da responsabilidade subjetiva ao tabelido ¢ a0 registrador. Mas, coma inicialmente afirmado, a questio ¢ tormentosa e controvertida, 1a doutrina ou na jursprudéneia, O debate fbi ainda incrementado pela vigéneia da Lei 9.492, que fixou no art, 38 a responsabilidade subjetiva dos tabeliies de protesto, Contudo, o dispositivo fere o sistema, ja que a lei que regulamentou o art, 236 da Carta Constitucional e diseiplinou a responsabilidade civil de todos os titulares no optou pela responsabilidade subjetiva, assim como ndo o fez 0 Cédigo do Consumidor, aplicvel a todas as atividades. © Supremo Tribunal Federal tem decidido pela responsabitidade objetiva do Estado, com direito de regresso em face dos titulares, se tiverem agido com dolo ou culpa. No Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro hit julgados acolhendo a responsabilidade objetiva do Estado e outros entendendo que a responsabilidade do titular & objetiva, sendo subsidiiria a do Estado. Em julgamento de 08/10/2.003, apelagdo civel 2003.001.10272 (decisio atacada por recursos ainda niio apreciados), relatora Desembargadora Elsabete Filizzola, a Segunda Camara Civel do Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro decidiu: “PROTESTO INDEVIDO DE TITULO. APONTE DO NOME COMO DEVEDOR. INADIMPLENTE. DIVIDA JA PAGA. DANO MORAL. RES ILEGITIMIDADE PASSIVA. Agdio de indenizagdo por danos morais, Protesto de titulo ¢ nome da empresa no cadastro de inadimplentes apés a quitago da divida. Responsabilidade objetiva do oficial de registro e subsidisria do Estado. Iegitimidade passiva do Estado reconhecida, A responsabilidade do Estado é subsidiria e nao solidéria pelos danos causados a terceiros pelos notarios € registradores e s6 deve responder em casos de insolvéncia do delegatério. Assim, tendo a empresa Autora alegado ter softido danos por atos do titular do cartério de notas, somente apds exauridos os recursos da entidade prestadora de servigos publicos, pode buscar do Estado a indenizagao que afirma fazer jus”. O tema é bastante instigante ¢ no estd préximo de ser pacificado na doutrina e na jurisprudéncia. 10, Encerramento da delegagao. Extingue-se a delegacdo nas hipéteses elencadas no art, 39 da Lei 8.935: morte do titular, aposentadoria facultativa, invalide7, rentincia, perda, e descumprimento da gratuidade conferida pala Lei 9.534/97 (no cobranga de emolumentos pelo registro civil de nascimento e pelo assento de Sbito e pela primeira certidao respectiva). A aposentadoria facultativa ou por invalidez segue as normas da legislagdo prevideneiéria oficial tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 4 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro A perda da delegacdo, como sangdo disciplinar, depende de sentenga judicial transitada em julgado ou deciséo decorrente de processo administrativo instaurado pelo juizo competente, assegurado amplo direito a defesa (art. 5°, LV, da C.F. assegura aos ltigantes, em processo judicial ou administrativo, 0 contraditério e a ampla detesa). A extingdo pelo descumprimento da gratuidade da Lei 9.534 (inciso VI do art. 39 da Lei 8.935, acrescentado pela Lei 9.812/99) nada mais é que a perda da delegagdo, que se dard, no caso vertente, apés a aplicagdio das demas, penalidades (repreenso, muita e suspensdo) ¢ verificando-se novo descumprimento (§ 3°, A ¢ B, do art. 30, da Lei 6.015), Ao nio incluir a aposentadoria compulséria no elenco de causas extintivas da delegagdo, a Lei 8.935 fomentou enorme controvérsia, Durante a votagao do projeto de lei, o Senador Eduardo Suplicy apresentou proposta actescentando um inciso ao art. 39, prevendo o encerramento da delegagdo pela compubsria, que foi rejeitada pelo Congreso Nacional. Prevista no inciso II do § 1° do art. 40 da Constituigdo Federal, a aposentadoria compubs6ria atinge os servidores titulares de cargos efetivos da Unido, dos Estados e dos Municipios, aos setenta anos de idade, A redago atual do dispositivo em tela foi dada pela Emenda Constitucional n? 20, de 15/12/1.998, No texto anterior no havia mengo a “servidores ttulares de cargos efetivos”, mas to somente a “Servidor”. Antes da Emenda 1° 20, predominava 0 entendimento que a aposentadoria compulséria se aplicava aos titulares de servigos notariais ¢ registais, por exercerem fungao publica e portanto se equiparando aos fincionérios piiblicos para fim de aposentagdo, Apesar de predominar tal entendimento nos tribunais, havia na doutrina quem defendesse a inaplicabiidade da compulséria para os ttulares dos servigos notarias e de registro, No Boletim do IRIB n? 250, de argo de 1.998, o ex-magistrado Gilberto Valente da Silva respondia negativamente a questo sobre a aplicabilidade da compuk6ria, in casu, citando a posigdo da jurisprudéneia no momento: “A Lei8.935, de 18.11.94, no contemplou a aposentadoria compulséria para os ttulares dos Registros ¢ dos Tabelionatos, Mas, num primeiro caso decidido pelo Supremo Tribunal Federal, foi assentado que, em sendo publica a atividade, incide a aposentadoria compukéria, Do acérdao foram interpostos embargos de declaragdo, ainda nfo julgados, especialmente considerando que, no caso concreto, a titular, do Rio de Janeiro, completou 70 anos de dade antes da Lei 8.935/94. Nao se tem, portanto, uma definiedo do STF, embora as noticias de varios Tribunais do Pafs serem no sentido de que todos eles entendem que incide a compulséria aos 70 anos”. Os tribunais assim decidiram, reiteradamente, embora houvesse algumas decisdes em sentido contririo ¢ discordancia na propria Corte Suprema, com votos vencidos. Alterada a redagao do art, 40 da Constituigdio Federal, teve inicio proceso de mudanga de posigio nas decisoes judiiais, hoje estando assentado, tanto no Supremo Tribunal Federal quanto no Superior Tribunal de Justga, que a aposentadoria compulséria nfo se aplica a tabeliies e registradores, mas apenas a ocupantes de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munieipios, incluidas suas autarquias e findagdes. Por no ocuparem cargo (“lugar instiuido na organizagaio do servigo piblico, com denominago propria, atrbuigGes especificas e estipéndio conespondente, para ser provido e exercido por um titular” — Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, RT), nfo esto os delegatirios sueitos 4 aposentadoria compulsria © Ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal, relator da ago cautelar 218-4 (decisto publicada em 30/04/2,004), em seu voto historia a posigo do tribunal constitucional, referindo-se ao precedente do plendio: “£ certo que a jurisprudéncia da Casa, no sistema anterior 4 EC 20/98, havia se firmado no sentido de que os tabeliies estavam sujeitos & aposentadoria compulséria por implemento de idade, RE 178.236/RJ, Gallott, Plendrio, ‘DP de 7.3.96; RREE 189.741/SP ¢ 254.065/SP, Velloso, 2* Turma, “DJ de 25.11.97 e 14.12.01; RE 234.935/SP, Ceo de Mello, ‘DI’ de 0.8.99, Ocorre que 0 Supremo Tribunal Federal, pelo seu Plenério, em 03.4.2003, no julgamento da ADI 2,602-MC/MG, Moreira Alves, ‘DI’ de 06.6.2003, decidin que, havendo a EC 20198 inovado no ponto, os oficias registradores e tabelies de notas no mais se sujeitam 4 aposentadoria compubsria” (grifos do original). Decidiu por unanimidade a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiga, na recente data de 19/04/2.005, ao julgar tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 024 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro © agravo regimental no Recurso Especial 686818/RS (2004/0140771-3 — publicacdo em 09/05/2.005 no Distio da Justiga): “CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. NOTARIO OU OFICIAL DE REGISTRO. APOSE COMPULSORIA. NAO-SUJEIGAO, PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. 0 Supremo Tribunal Federal tem afirmado que o art, 40, § 1°, inc I, com a redagdo determinada pela Ei Constitucional 20/98, prevé aposentadoria compulséria nda -somente aos servidores ttulares de cargos efetivos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munieipios, inchidas suas autarquias e fundagdes. Por conseguinte, mencionada norma no se aplica a0 titular de cartério que implementou 70 (setenta) anos de idade apés sua promulgagao, 2, Fsse posicionamento da Suprema Corte foi absorvido pela jurisprudéncia do Superior Tribunal de Justiga ¢ encontra-se em consondneia com o disposto no art, 39 da Lei 8.935/94, que prevé o-somente a possibitidade de aposentadoria facullativa ou por invalidez aos notatios ¢ registradores. 3. Agravo regimental improvido”, Relator Ministro Amaldo Esteves Lima, Extinta a delegagdo o servigo sera dectarado vago pela autoridade competente (do Poder Judieiirio, de acordo com a legislagdo estadual) que designaré o substituto mais antigo para responder pelo expediente ¢ abrir concurso (que seri de ingresso ou de remosiio, de acordo coma ordem de vacincia e observado 0 critério de preenchimento altemado, duas tergas partes por concurso de ingresso ¢ uma tera parte por concurso de remogo). 11. Os servigos de registros. Aos oficiais de registro, ou registradores, de iméveis, de tiulos e documentos ¢ civis das pessoas juridicas, e civis das pessoas naturais e de interdigdes e tutelas, compete a pritica dos atos previstos na Lei 6.015, independentemente de prévia distribuigdo, respeitadas as normas que definem as circunscrigdes geogriticas (art. 12 da Lei 8.935). As atribuigdes dos oficiais de registro de distribuigdo esto elencadas no art, 13 da Lei 8.935, ¢ setdio analisadas & frente. 12.Registro de iméveis. Ao registro de iméveis aplicamse, sem prejuizo de dispositivos de outras leis, 0s arts, 167 a 288 da Lei 6.015 (Titulo V, do Registro de Iméveis), ¢ ainda os arts, 1° 2 28 (Titulo 1, Disposigdes Gerais) ¢ 289 a 299 (Titulo VI, Das Disposigdes Finais ¢ Transiérias), da mesma lei. registro imobiliério tem como fngdo basica constitu 0 repositério fel da propriedade imivel e dos atos € negécios juridicos a ela referentes. Os atos de registro, em sentido amplo, englobama matricula do imivel, os atos de registro em sentido estrto e as averbagées. A matricula foi a principal inovagdo da Lei 6.015 quanto ao registro de iméveis. Ao determinar a matricula, caracterizando e confrontando o imével, passando este a ser 0 micleo do registro, adotou a kegislagdo brasileira 0 sistema cadastral que se aproxima do sistema germiinico. A organizago do sistema registra brasileiro atual & de folio real. Hé no sistema brasileiro presungdo relativa do dominio da pessoa em cujo nome o imével esti registrado, divergindo da presungio absoluta que decorre do registro alemdio. Em nosso sistema, apenas do registro Torrens emerge a presungo absoluta (elativo a iméveis rurais ¢ de pouquissimo uso, pelo custo e sistemtica complexa). A abertura da matricula ¢ obrigatéria por ocasiéo da pritica de ato de registro em sentido estrito na vigéncia da Lei 6.015 e matricula se aplica o principio da unitariedade, pelo qual a cada imével corresponde uma matticula e pelo qual uma mesma matricula ndo pode abranger mais de um imével. E vedada a matricula de parte ideal de imével. No sistema anterior 4 Lei 6.015 um mesmo registro poderia se referir a mais de um imével ao a apenas uma parte ideal tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 sas 2os20%4 (s Senigos Notariais © Ragistais no Brasi | IRIB- Isto de Registro imbiliério do Brasil | O site doregistrador brasileiro de um imével. Os atos de registro em sentido estrito estdo arrolados no art. 167, T, da Lei 6.015, e podem ser definidos como atos principais em relagdo as averbagdes, referemtse, em conceito simplificado, as aquisigdes ¢ oneragdes de iméveis, Debate-se quanto a taxatividade ou ndo do elenco do art. 167, . Parece que a melhor interpretagdo ¢ a que defende a taxatividade dos direitos registriveis, mas nio os restringindo ao inciso T do art. 167, e sim aos dieitos registraveis fixados por lei (pela prépria Lei 6.015 ou outta), ainda que fora do elenco a que nos referimos, Importa que exista previsio legal de registro ¢ que a previsio obedeca ao art. 172 da Lei 6.015, ou seja, que se trate de “titulos ou atos constitutivos, declaratérios, translativos e extintivos de direitos reais sobre iméveis reconhecidos em ke, inter vivos ou causa mortis, quer para sua constiuigdo, transféréncia e extingdio, quer para sua validade em relagdo a terceiros, quer para a sua disponibilidade”. A reniincia é causa de perda da propriedade e seu registro se imp3e por forga do pardgrafo tinico do art. 1.275 do Cédigo Civil, embora ndo figure no inciso I do art. 167 da Lei 6.015 Quanto as averbagdes, nio hi que se falar em numerus clausus. Meramente exemplificativo o inciso TT do art. 167 da Lei 6.015, restando indubitivel a possibilidade de outras averbagdes a redagao do art. 246 da mesma lei, a0 estabelecer que “akim dos casos expressamente indicados no item II do art, 167, sero averbadas na matricula as sub-rogagdes e outtas ocorréncias que, por qualquer modo, alterem o registro”, As averbagdes so atos acessérios com relagdo aos registros em sentido estrito, ndo atingindo sua esséncia, mas os alterando por algum modo. O art, 168 da Lei 6.015 diz que “na designagdo genérica de registro, consideramse englobadas a inscrigdo ¢ a transcrigdo a que se referemas les eivis”. Apesar do dispositivo, a propria Lei 6.015 fere o sistema, utiizando as expressdes “inscrigdo” e “transcrigdo” (arts. 189; 263 a 265; 285, § 2°; ¢ 288), e merece critica dos doutrinadores em direito registral (como Afrénio de Carvalho e Walter Ceneviva). Os registros, em sentido lato, so feitos por extrato ¢ em forma narrativa (arts. 176, § 1°, IIT; ¢ 231, I, da Lei 6.105). A seguir esquema condensado sobre o itinerério de um tiulo no registro imobilério, referindo-se os dispositivos & Lei 6.015: © PROCESSO DE REGISTRO (Capitulo IIL, arts. 182 a 216) PRENOTACAO - QUALIFICACAO - REGISTRO DUVIDA - PRAZO P/- ART. 198, III ® MINISTERIO PUBLICO - ART. 200 - DECISAO (SENTENGA/ACORDAO) 12.a Brevissimo histérico, A histéria da propriedade imobilidria do Brasil iniciou-se com o descobrimento, passando todas as terras ao dominio piiblico (0 descobridor adquitiu sobre o tervtério o titulo origindrio da posse). A propriedade privada surgiu com o estimulo 4 ocupagao da terra descoberta, através da instuigdo das sesmarias, reas de dez kiguas doadas aos chamados capitdes (dando origem is Capitanias). As doagdes eram reguladas pelas OrdenagGes do Reino. As sesmarias eram objeto de registro em livro préprio. O referido sistema teve fim coma independéncia do Brasil, em 1,822. tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 a8 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro art. 179, XXII, da Constituigiio de 25/03/1.824 assegurava o direito de propriedade, sem tratar do sistema de seu registro. Surge, entdo, em 1.843, a primeira lei brasileira que cuida de registro de direito real, a Lei Orgamentiria 317, de 21/10/1.843, regulamentada pelo Decreto 482, de 14/11/1.846, criando o registro geral de hipotecas. A hipoteca, direito real de garantia, vincula o bem gravado, que fica sujeito soligdo de débito, Portanto, a lei teve por fim resguardar 0 crédito, ¢ no 0 dominio privado, Foi, contudo, a primeira normatizagao sobre registro de direitos reais, sobre iméveis, constituindo o embrido do sistema brasileiro de registro de propriedade imobilisia, Em 18/09/1.850 foi editada a Lei 601, discriminando os bens do dominio ptiblico dos do particular, instituindo a Repartiedo Geral de Tetras Publicas, ¢ conferindo ao governo a atribuigdo de incumbir "a sua execugdo as autoridades que julgar convenientes". A finedo foi, entio, entregue ao clero, no que ficou conhecido como Registro do Vigirio ou registro paroquial. O referido registro no partia dos elementos constantes dos livros de registros de sesmarias, mas dependia da iniciativa das partes interessadas, bastando-Ihes provar que se achavam ocupadas por posses, Vale dizer: ndo se estabeleceu qualquer continuidade no registro da propriedade imobilisria. © registro paroquia! foi instiuido pelo Decreto 1.318, de 30/01/1.854, que regulamentou a Lei 601, tinha finalidade declaratéria, separando o dominio piblico do particular, ndo operando a transferéneia da propriedade. Fra feito pela situagao do imével, importando dizer que a definigdo da atribuigdo dos registradores utiliza o mesmo crtério desde os primérdios. 0 conselheiro Nabuco de Araijo, entio Ministro da Justiga, apresentou em julho de 1.864 um projeto de lei hipotecdria Camara dos Deputados, projeto convertido na Lei 1.237 em 24/9/1.864, eriando o Registro Geral, considerando a transcrigo como modo de transferéncia do dominio e ordenando a escriturago de todos os direitos reais imbilifrios, A Lei 1.237 foi regulamentada pelos Decretos 3.453 ¢ 3.465, de 1.865, denominando "oficiais do registto geral’ os profissionas incumbidos do registro, O Registro Geral é 0 verdadeiro antecedente do Registro de Imiveis. A Lei 1.237 fide grande importancia ao estabelecer um avango na formalizago do registro sob a tutela estatal, mas operou-se, também, a segunda grande ruptura na continuidade registral, pois os elementos do registro paroquial no serviriam de base para o novo registro piblico. O sistema registririo nfo era, porém, completo, Estavam exciuidas do registro, por exemplo, as transmissdes causa mortis€ 08 atos judicais, Seguiu-se a Lei3.272, de 05/10/1.885, obrigando a inscrigdio de todas as hipotecas legais. Evidencia-se, mais uma vez, uma maior preocupagdo coma detesa do crédito do que com o registro da propriedade de imiveis, Proclamada a Repitblica, foi editado 0 Decreto 169-A, de 19/01/1.890, consagrando a denominagao "oficiais de registro” Segue o Decreto 451-B, de 31/05/1.890, que estabeleceu o Registro Torrens, de pouquissima aceitagdo entre nés, Entra em vigor em 1.917 o Cédigo Civil (Lei 3.071, de 1°/01/1.916), revogando os diplomas anteriores e tornando o registro imobilitio uma instituigao publica coma fingao de operar a transmissio do dominio (arts.530, I, e 533). Dispunha o inciso I do art.530 que se adquite a propriedade imével "pela transcrigao do titulo de transferéncia no registro do imével". A compra de um imivel s6 ingressaré no campo do direito real apés o registro do titulo. © Cédigo Civil incorporou o Registro Geral, mudando seu nome para Registro de Imiveis, ¢ obrigou o registro das transmissdes causa mortis e dos atos judiviais, preenchendo danosa lacuna do registro. Antes do Cédigo Civil de 1.916 o registro nao era obrigatério, sustentando Walter Ceneviva (Lei dos Registros Piblicos Comentada - Saraiva) que os adquirentes de areas havidas antes da vigéneia do Cédigo Civil tm direito adquitido ao "nio-registro" tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 a4 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro © Cédigo Civil de 1.916 foi revogado pela Lei 10.406, de 10/01/2,002, Novo Cédigo Civil, que entrou em vigor em 11/01/2.003, O novo cédigo manteve-se fiel 4 doutrina adotada pelo anterior quanto ao registro imobildro. A evolugdo do atual sistema passou pela Lei 4.827/24 e pelos Decretos 18.532/28 ¢ 4.857/39, até chegar & Lei 6.015/73, vigente desde 1°/01/76, dispondo nao sé sobre o registro de iméveis, mas também sobre o registro civil de pessoas naturais, registro civil de pessoas juridicas e registro de tiulos e documentos, 12.b Efeitos do registro. Sto efeitos do registro imobilirio: a) consttutivos — quando o registro ¢ formalidade essencial, indispensivel & aquisigo do direito, No direito pétrio adquire-se a propriedade imével entre vivos pelo registro (principio da inscrigo- art, 1.245 do Cédigo Civi); b) comprobatérios — 0 registro prova a existéncia ¢ a veracidade do ato a0 qual se reporta;c) publivtirios —o ato é avessivel a todos, Em se tratando de aquisigao de imével causa mortis 0 registro é declaratério, ¢ seus eftitos publiitirios asseguram o conhecimento de todos ¢ a disponibilidade do bem, com observineia do principio da continuidade 12.¢ Prineipios do registro imobilsrio. So principios fimdamentais do registro imobilsrio: a) principio da inscrigo — a consttuigdo, transmissio, modificago ou extingo dos dieitos reais sobre iméveis s6 se operam entte vivos, mediante o registro (arts. 1.227 & 1.245 do Cédigo Civil; b) principio da publicidade — engoba os principios da legitimidade e da f piblica, referindo- se & presungio de que o contetido do registro é exato e verdadeiro, como conseqiiéncia da publicidade por cle gerada; c) prinefpios da presungo e da f piblica — o registro induz a presungao legal da validade do ato registrado, constiuindo meio decisivo de proteger as aquisiges de cardter oneroso realizadas por terceiros de boa-fé, que hhajam confiado nos teores do registro; garantem a seguranga juridica e do comércio; d) principio da especialidade ou determinagio — exige a individuagdo do que se kanga no registro, inerente ao bem objeto do direto real sobre o qual recai o negécio juridico (especialidade objetiva);e ainda quanto aos sujeitos do registro, que devem ser perfeitamente identificados (especialidade subjetiva); e) da legalidade, da legitimidade ou da qualificagao — consiste na atribuigdo outorgada ao registrador para examinar se o documento cujo registro ou averbagio que Ihe foi solictado retne os pressupostos legais ou impreseindiveis para ingressar no registro; trata-se de um juizo de valor; principio da continuidade ou do trato sucessivo~ o registro deve manter uma efetiva conexio entre os diferent negécios modifcativos da situado juridico-real, por meio de assentamentos registrérios; g) principio da instincia ou rogagiio — 0 procedimento registra se inicia a pedido do interessado, nfo se podendo, em principio, proceder de oficio os atos do registro (no art. 167, II, 3, da Lei 6.015 encontramos excegiio — averbagiio dos nomes dos logradouros, decretados pelo Poder Pablico); h) principio da prioridade — determina a prioridade do titulo e esta a preferéneia dos direitos reais, sendo eficaz.o registro desde 0 momento em que se apresentar o titulo ao oficial do registro e este 0 prenotar no protocolo (art. 1.246 do Cédigo Civil) - comporta excegoes. 13, Registro de titulos e documentos ¢ eivil das pessoas juridicas registro de titulos e documentos estd regulado pela Lei 6.015 nos arts. 127 a 166. ‘Tem fangdo suplementar ou residual, praticando os registros ndo atribuidos aos demas servigos (registro de imoveis, registro civil de pessoas juridicas, registro civil de pessoas naturais), Os titulos, documentos e papéis valem para as partes que os subscrevem, induzindo o registro a prioridade da data do documento em concorréncia com os demais da mesma natureza no registrados. Podemos citar, entre os documentos sujeitos a registro no servigo de titulos e documentos, os seguintes: instrumentos particulares para prova das obrigagdes convencionais de qualquer valor, contratos de parceria agricola ou pecuiria, contratos de alienagdo fiduciiria de bens méveis, instrumentos de dago em pagamento de bens miveis, documentos de procedéncia estrangeira (devidamente traduzidos) para produzirem efeitos em repartigdes publicas, cartas de fianga feitas por instrumento particular, ete. tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 wins zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro Sio efeitos do registro em titulos e documentos: a) autenticagio de data — evita o perigo da antedata, fixando a data do documento; b) validade contra terceiros — decorre da publicidade erga omnes em razo do registro (0 art. 221 do digo Civil reza que o instrumento particular s6 opera efeitos a respeito de terceiros apés registro no registro piiblico); c) conservacdo — destina-se a conservar ou perpetuar o documento ~ é denominada transcrigio faculativa (art, 127, VI, da Lei 6.015). registro terd validade erga omnes ex tune a partir da data da assinatura se apresentado no prazo de vinte dias de sua formalizagdo e, se apresentado apés tal pra7o, eficdcia ex mune, operando contra terceiros a partir da protocolizagao. Os documentos de procedéncia estrangeira devem ser traduzidos e registrados em tiulos € documentos para produzirem efeitos legais no pais e para valerem contra terceiros. Para eftito apenas de conservagao ou perpetuidade podem ser registrados no original. Exige o art. 148 que, para registro no original, sejam adotados os caracteres comuns. Contudo, em razio da evoluedo tecnolégica e 0 crescente uso de meios magnéticos de gravacdo, a tendéncia é de vira se admitir o registro para eftito de conservagdo ainda que nfo utiizados os caracteres comuns. servigo de titulos e documentos se presta, ainda, a notificar do registro ou da averbagdo os interessados que figuram no titulo, documento ou papel apresentado, ou a qualquer terceiro que he seja indicado pelo apresentante Por tal processo podem também ser feitos avisos, denincias ¢ notificagdes, quando nao for exigida intervengao judicial, Relevante atribuigdo das serventias de tiulos e documentos, as notificagdes em foco tém efeito premonitério ou cautelar, ¢ 0 documento deve ser registrado na integra, O registrador de iméveis pode se utiizar do servigo quando a lei prevé intimagdes pelo registro imobilirio ¢ facua sejam tetas por tiulos e documentos (ex. art, 49 da Lei 6.766 — lei do pareelamento do solo urbano; § 3° do art, 26 da Lei 9.514 — lei que instituiu a aienagio fidueiiria de coisa imbveD. As certiddes do registro integral de titulos témo mesmo valor probante dos originais, ressalvado o incidente de falsidade destes (art, 161 da Lei 6.015 e art. 217 do Cédigo Civi). registro civil das pessoas juridicas sera feito nos oficios privativos ou nas serventias de registro de titulos e documentos. E 0 que dispie o inciso II do art. 2° da Lei 6.015, cabendo a legislagdo estadual optar pela serventia privativa ou pela serventia com atribuigio para registro de ttulos e documentos e civis das pessoas juridicas Inicialmente, cumpre assinalar que o registro das sociedades empresérias cumpre ao Registro Publico das Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais. Esta atividade niio foi delegada ao particular, sendo exercida diretamente pelo Poder Piblico, ¢ esta regulada pela Lei 8.934/94, que dispde sobre o registro puiblico das empresas mercantis e atividades afins Ao Registro Civil das Pessoas Juridicas cabe o registro das sociedades simples, sendo tal atividade exercida em cardter privado por delegacdo. As sociedades simples, denominacao do Cédigo Civil de 2.002, se contrapdem as empresariais. Assim, ao Registro Civil das Pessoas Juridicas cabe o registro das sociedades simples em geral (exceto a que adotar a forma por ages), das associagdes (sem fins lucrativos — religiosas, pias, morais, cientificas ou literarias ) e das fimdagdes de direito privado (art. 114 da kei 6.015). O registro tem efeito constitutivo, jd que a existéncia legal das pessoas juridicas de direito privado comega como registro dos atos constitutivos, na diego do art. 45 do Cédigo Civil Akim dos registros mencionados, ao R.C.P.J. cabe a matricula de jomais, publicagSes periddieas, oficinas impresoras, empresas de radiofisdo e de agenciamento de noticias (art. 122 da Lei 6.015) e sdo inscritos os atos constitutivos ¢ os estatutos dos partidos politicos (art, 114, Ill, da Lei 6.015). Leva a clandestinidade a falta de matricula dos jomais e outras publicagdes periédicas. 14, Registro civil das pessoas naturais ¢ de interdigSes ¢ tutelas, htpihwuriborg brirlbiiotecabiblctace-dtahe php 140 1524 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro Ao registro civil das pessoas naturais atribui a lei o registro dos nascimentos, dos casamentos, dos dbitos, das emancipagdes, das interdigdes, das sentengas declaratérias de auséncia e de adogdo e das opgdes de nacionalidade. As ocorréncias que venham a alterar os registros (ex. divéreio) so averbadas, Assegura a Lei 8.935 que “em cada sede municipal haverd no minimo um registrador civil das pessoas naturais” e que “nos municipios de signficativa extensdo territorial, a juizo de cada Estado, cada sede distrital dispora no minimo de uum registrador civil das pessoas naturais” (§§ 2° e 3° do art. 44). Os distrtos sdo divisdes administrativas dos municipios, estes pessoas juriicas de direito piblico integrantes da federagdo, Reconheceu o legislador a relevineia do registro eivi, sendo inconcebjvel um municipio sem o titular com atribuig para os assentamentos sobre o estado dos individuos. direito a0 nome integra os direitos da personalidade, e 0 estado civil das pessoas ¢ regulado por normas de ordem piblica. © art. 30 da Lei 6.015/73 dispunha que nio se cobravam emohimentos pelo registro civil e respectiva certidio das pessoas comprovadamente pobres, “A vista de atestado da autoridade competente”. Diante da magnitude de tais direitos, o constituinte de 1.988 inclu entre os direitos e garantias findamentais, no inciso LXXVI do art, 5°, a gratuidade para os reconhecidamente pobres do registro civil de nascimento e da certidio de dbito. A Lei8.935/94, no art. 45, assegurou aos reconhecidamente pobres a gratuidade dos assentos do registro eivil de naseimento ¢ o de dbito, bem como as respectivas certiddes. Posteriormente, foi editada a Lei9.534/97, acrescentando 0 ineiso VI a0 art, 1° da Lei 9.265/96 (o art. 1° assegura gratuidade para os atos necessirios a0 exereicio da cidadania, inchuindo o referido inciso VI dentre eles o registro de nascimento eo de ébito ¢ a primeira certidio respectiva) ¢ alterando a redagdo do art, 30 da Lei 6.015 e do art, 45 da Lei 8.935, para isentar de emolumentos o registro civil de nascimento e de dbito, bem como a primeira certidio respectiva, para todo & qualquer cidadao ¢ ndo apenas para os hipossuficientes, Sendo a atividade de registro civil exercida em cariter privado, cabendo ao registrador responder pelas despesas do servigo, os Estados vém eriando mecanismos de reemboko dos emolumentos isentados aos usuérios dos servigos, coma finalidade de nio inviabiizar o exercicio da atividade, © banco de dados do registro civil é orientador das politcas estatais, O nimero de nascimentos e a regio em que ocorreram, quantos dbitos e sua causa, o percentual de unides formais, dentre outros dados, sio informagdes estatisticas importantes para a definido de politicas de govemno. Clovis Bevikiqua, em Theoria Geral do Direito Civil, Livraria Francisco Alves, 1.929, assevera que “as vantagens do registro civil sio considerdveis, quer para o Estado, quer para o individuo. O Estado tem nos registros civis 0 movimento de sua populagdo, no qual pode se basear para medidas administrativas, de poticia ou de polcia judiciiria, O individuo tem um meio seguro de provar o seu estado, a sua situagdo juridica, ¢ essa mesma fiilidade de prova é uma seguranga para os que comele contratarem”. O idustre jurista faz referencia & historia do registro civil das pessoas naturais no Brasil, que foi insttuido em 9 de setembro de 1.870, pela Lei 1.829. Neste tdpico sobre o registro civil vale pontuar que © Cédigo Civil inovou quanto a requisito formal da adogao, promovendo conseqiigncias na atividade notarial e registral civil. Antes admitida entre maiores por ato extrajudicial, apés a vigéneia do Cédigo Civil de 2.002 a adogao s6 se permite por processo judicial, coma prokagdo de sentenga constitutva (art. 1.623). Ao registrador civil, portanto, caberd o registro das adogdes por escritura piblica apenas se formalizadas na vigéncia do diploma anterior. 15. Registro de distribuigao. Previstas no art. 13 da Lei 8.935, sto atribuigdes privativas dos oficais de registro de distribuigdo: proceder 4 distribuigio equitativa pels servigos da mesma natureza, quando previamente exigida, registrando os atos praticados; rio sendo exigida prévia distribuigdo, registrar as comumicagdes recebidas dos drgios e servigos competentes. Aim do registro, praticam averbagées e expedem certides. A prévia distribuigdo sé é obrigatéria no tabelionato de protestos, e quando houver mais de um tabeliio na mesma localidade (pardgrafo tinico do art. 11 da Lei 8.935 e art. 7° da Lei 9.492). Aos registradores no se aplica a prévia tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 628 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro distribuigdo (art. 12 da Lei 8.935), estando os registradores de iméveis e os civis das pessoas naturais cingidos a atuar apenas na base de suas circunscripdes geogrificas, Quanto ao tabelido de notas, é de livre escolha independentemente do domicitio das partes ou do local de situagaio dos bens objeto do ato (art. 8°), j4 que 0 tabeliio deve gozar da confianga das partes, no havendo prévia distribuigdo, igualmente, no tabelionato de notas. parigrafo tinico do art. 7° da Lei 9.492 estabelece que a distribuigdo aos tabelionatos de protesto seré feita por “um Servigo instalado ¢ mantido pelos préprios tabelionatos”, ressalvada a existéncia de Officio Distribuidor organizado antes da promulgagdo da lei Ha emalgumas unidades da federagao (Estados) registros de distribuigao criados para registrar comunicagoes quando no hé distribuigo prévia, criando um banco de dados ao qual a populago tem acesso em razio da publicidade. Na cidade do Rio de Janeiro ha nove registros de distibuigdo, prestando-se & prévia distribuigdo apenas © T° Distribuidor (de protestos). Os demais nao s6 registram comunicagdes recebidas de servigos notariais € registrais como de servigos judiciais (registro de distribuigo de ages civeis e criminais — 1° a 4° ¢ 9° Registros de Distribuigdo —este relativo as execugdes fiscais). Ao 3° e 4° Registros de Distribuigo cabe ainda registrar as habilitagdes de casamento, Os atos notarias, tiulos judiciais, contratos particulates translativos de direitos reais sobre iméveis e as procuragSes em causa propria relativas a esses direitos so objeto de registro no 5° e 6° Registros de Distribuigdo. As conmnicagdes remetidas pelas serventias de titulos e documentos sio registradas pelo 8° Registro de Distribuigdo. Aquele que necessitar de informacdo sobre a lavratura de uma eseritura de compra e venda na capital do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a obterd nos servigos de Registro de Distribuigao (in casu, 5° e 6°), sem ter que se ditigir a todos os tabelionatos de notas, jd que livre ¢ a escolha do tabeliio, Permitem os registros de distribuigdo, dessa forma, a concentragdo de informagdes e sua disponibilizagdo aos interessados. Cada uma das demais comarcas do Estado do Rio de Janeiro dispde de seu registro de distribuigdo. 16. Os tabelionatos. Sao tabeliics, nos termos da Lei 8.935, os titulares de servigos de notas, de protestos ¢ de contratos maritimos, Os tabeliies de contratos martimos so também registradores, pois lavram os instrumentos relativos a embarcagdes © 0s registram, Os tabelies de protestos de ttulos ¢ outros documentos de divida lavram os protestos ¢ os registram em livro proprio. Ao atribuira kia tas tulares a fimgdo de lavrar e registrar os protestos, surgiram discusses sobre a correta incluso destes profissionais, se entre os tabelies ou entre os registradores, nio obstante o legislador ter optado por designi-los “tabeliies”. Tradicionalmente, o insttuto € notarial, mas como a Lei 9.492 confere a atribuigo de registrar 0 protesto, hi quem defina a natureza do protesto como mista, notarial e registral (Vicente de Abreu Amadei, Introdusdo ao Direito Notarial e Registral, Safe Editora, 2.004), Miriam Comassetto Wolfienbitel, em 0 Protesto Cambiirio como Atividade Notarial, Labor Juris, 2.001, defende ser atividade notarial jé que 0 ato de registrar o protesto “tem indo decorréncia do protesto com intuito de conferir publicidade e conservagio ao mesmo, Defende a autora que o protesto existe, tem validade e produ efeitos ainda que no registrado ¢ que, por preexistirao registro, nfo ¢ ato de natureza registral. Com efeito, no reflete na pritica a discussGo, quer porque tabelides e registradores so profissionais sujetos ao mesmo regime juridico, quer porque rio hii como separar o ato da lavratura do ato do registro do protesto, ocorrem efetivamente no mesmo momento, Ao ser lavrado o protesto, ja esti formado o livro de registro, seja por meio eletronico ou fisico, Emrazio da tradigdo, por lavrar os protestos, por serem mais robustos os argumentos que incluem o titular de protestos entre os tabeliies e por assim definr lei, deve o titular da serventia com atribuigdo de protesto de titulos ou outros documentos de divida ser incluido entre os tabeliles, titulares dos tabetionatos de protestos Os tabelies de notas exercem relevantes fungSes. Frederico Henrique Viegas de Lima, em Direto Imobilério Registral na Perspectiva Civit Constitucional, Safe Editora, 2,004, afirma com propriedade que “a fimo notarial deve estar dotada de mecanismos que permitam a prevengaio da a juridica privada, Esta atuagdo ocorre de duas formas: uma através da atuago extradocumental da atividade notarial e outta, propriamente documental. Assim, dentro do enorme feixe de deveres e finalidades da fimgo notarial, a tabelido cabe, na atividade extradocumental, a fimgo de conselheiro, de promotor do equitbrio contratual, controlador da legalidade pré-documental e da htpihwuriborg brrmlbiiotecabiblctace-dtahe php 140 sas zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro identidade subjetiva. J4 na esfera da atividade documental propriamente dita, a fimo notarial cria uma forma notarial piiblica, com efeitos legais, publicisticos e probatérios”. Atua o tabelido de notas preventivamente, evitando litigios coma sua orientagdo e lavratura dos adequados instrumentos, e também participa da solugao de contfltos ja instaurados e que admitem composigdo na via extrajudicial. Apesar da relevncia das fungdes do tabelido de notas, carece a kegislagdo brasileira de uma lei que disponha especificamente sobre as suas fungSes, assim como hi a Lei 6.015, que dispde sobre os registros puiblicos, e a Lei 9.492, que regulamenta os servigos concementes ao protesto de titulos. As normas que se aplicam exclusivamente ao tabelionato de notas esto esparsas (dentre outras, as da Lei 7.433 e 0 art. 215 do Cédigo Civil— requisitos para a lavratura de escrituras piblicas — correspondents ao art. 46° do Cédigo do Notariado Portugués). 17. 0 tabelionato de protestos. A Lei 9.492/97 regulamenta os servigos concementes ao protesto de titulos ¢ outros documentos de divida, Os servigos de protesto sdo prestados no interesse péblico, garantindo seguranga 4s relagGes juridicas que envolvem débito e crédito O magistrado e professor no Estado de Sio Paulo, Vicente de Abreu Amadei, em artigo publicado na obra Registros Piblicos e Seguranga Juridica, Safe Editora, apresenta relevantes dados que demonstram a importineia do servigo de protestos na satisfigdo do crédito, mencionando informagSes do Instituto de Protesto de Titulos de $40 Paulo de que os servigos de protestos da capital do Estado de So Paulo "respondem pelo recebimento de cerca de 80% dos titulos colocados a protesto no prazo medio de trés dias” e que, ndo existissem esses servigos, s6 restaria aos eredores recorrer ao Poder Judiciério para receber seus créditos, "sufocando a Justiga com mais de 200 mil Servigo de interesse piblico, a desafogar o Judiciério, cxigia o protesto legislago especifica, que surgiu no contexto dda evolugdo legislativa que vem criando, sistematicamente, novos mecanismos para simplificar e tornar mais solugdo de contfitos de interesses (Leis 7.24/84 - que disciplinou o Juizado Especial de Pequenas Causas -, 9,099/95 - que dispie sobre os Juizados Especiais Civeis e Criminais - e 9.307/96 - que dispe sobre a arbitragem), Antes objeto de normas esparsas, os servigos de protestos de ttulos e outros documentos de divida foram regulamentados pela Lei 9.492, de 10/09/97. Exerce o protesto fimgio probatéria quanto ao inadimplemento do devedor. Contudo, e & evidéncia, ao se utiizarem dos servigos de protesto nio objetivam os credores a lavratura e o registro do protesto, a provar o descumprimento de obrigagao originada em tituls e outros documentos de divida. O escopo dos credores & a soluso do contito de interesses, como recebimento do que hes é devido. Na Lei 9.492 os arts. 3°; 9°, § 2°; 11; 17, § 1°; 19; € 35, VI, € § 1°, Ie III, cuidam do pagamento no tabelionato de protestos, tratando 0 Capitulo VIII exclusivamente do pagamento, Como se vé, os servigos de protesto, prestados no interesse piblico, podem e devem ser utiizados como meio para solugio extrajudicial dos confitos de interesses decorrentes das relagSes juridicas que envolvem débito e crédito. A lavratura ¢ 0 registro do protesto representam um dos desféchos possiveis para um titulo ou documento de divida apresentado ao tabelionato, e certamente aquele que no atende aos interesses das pessoas envolvidas na relacdo, porque significa a no solugdo do confito (as demais hipsteses sio: pagamento, aceite, devolugdo, desisténcia & sustagdo definitiva do protesto). Nao hi, pois, que se confindir o ato do protesto como servigo de protesto: este ¢ servigo pablico extrajudicial a permitira solugdo célere e simples de confltos de interesses, ¢ aquele desfecho indesejado do procedimento previsto na Lei 9.492/97, Importa analisar, outrossim, quais os titulos e documentos sujeitos a protesto, art, 1° da Lei 9.492 dispde que “protesto ¢ 0 ato formal solene pelo qual se prova a inadimpléncia ¢ 0 tpihwuriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 a28 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro descumprimento de obrigagdo originada em titulos ¢ outros documentos de divida’’(grifo nosso). A lei em foco trouxe diversas inovagdes, mas sem diivida a maior delas esté no dispositive em questo: alargou o campo de atuagdo dos servigos de protesto, admitindo a apresentagdo de outros documentos alm dos titulos de crédito. © que setiam os documentos de divida? Ha que se determinar 0 que se encaixa na definigdo. Considerando que a lei foi editada em momento que a busca por meios mais simples, répidos e menos onerosos para 6s interessados solucionarem confltos de interesses & evidente, considerando que a realidade das relagGes juridicas envolvendo débito ¢ crédito exige seguranga ¢ solugdo célere para os confltos, ¢ considerando que no ha palavras initeis na lei, que refere-se em diversos dispositivos aos documentos de divida, no se pode emprestar & expresso interpretagdo restritiva sem amparo na ki. Dicionirio Eletrnico Aurélio 2.0, da Editora Nova Fronteira, traz os seguintes significados para divida e documento: a) divida: do latim debita (devida), aquilo que se deve; obrigagao, dever; ) documento: do latim documentu, 1. qualquer base de conhecimento, fixada materialmente e disposta de maneira ue se possa utiizar para consulta, estudo, prova, ete.;2. escritura destinada a comprovar um fato; declaragio escrita, revestida de forma padronizada, sobre fito (s) ou acontecimentos (s) de natureza juridica, Numa interpretagdo gramatical, pode-se entender o documento de divida como o escrito que se pode utilizar como prova daquilo que se deve. Qualquer meio de prova escrita que comprove a existéncia de uma relagdo crediticia, liquida e certa, ha de ser admitido como documento de divida, sujeito as normas da Lei 9.492. Nao se pode limitar o que a lei ndo limita ‘Nao procede a afirmagdo de alguns de que apenas os titulos executives devem ser considerados documentos de divida, pois ndo ha qualquer disposi¢ao, inserta na Lei 9.492 ou em outra lei, que prescreva limite ao conceito de documento de divida. Exemplo claro de documento de divida, & margem dos titulos executivos, & o débito de condominio. As despesas do condominio sao devidas por forga da lei (art. 1.334, I, ¢ art. 1.336, I, do C.C.), rateadas entre os cond6minos, que as pagam no prazo previsto na convenedo através da cota condominial aprovada por assemblia realizada nos termos da lei A condigdo de condémino e a aprovagao do valor da cota em assembltia ndo deixam divida sobre a existéncia do débito, liquido e certo, sujeito a protesto. Os débitos decorrentes de utilizago dos servigos prestados por concessionérias, de telecomunicagdes, digua ¢ esgoto, luze gis, podem ser objeto de apontamento, mediante o encaminhamento das faturas de servigos, indubitavelmente documentos de divida. © vinculo contratual entre as empresas ¢ os usuarios dos servigos decorre da propria utilzago dos servigos concedidos, prescindindo-se de qualquer outra prova de vinculagdo contratual, valendo gizar que nas hipste: cexame os contratos sdo de adesdo, idénticos para todos os usuitios sem As faturas de servigos contém a discriminagdo dos servigos prestados ¢ 0 exato valor a pagar, sendo débitos liquidos e certos. Deve ser admitido a apontamento, também, o documento particular de reconhecimento de divida liquida e certa assinada pelo devedor, nio assinado por duas testenumhas (se 0 fosse seria tiulo executivo extrajudicial -art.585, I, do C.P.C). E hipétese clara de documento de divida. Apresentado o documento de divida para protesto, ter o devedor nova oportunidade para quitar seu débito, de forma muito menos onerosa que na via judicial, que importard em pagamento de custas, taxa judicidria e honorarios de advogado. Ocorrendo o pagamento no tabelionato, niio serd lavrado o protesto e niio constard o apontamento de tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 9724 zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro qualquer relagdo que venha a ser solicitada por entidades vinculadas a protego do crédito (art.29 da Lei 9.492, com a redagdo dada pela Lei 9.841), ou seja, nenhum prejuizo adviré para o devedor. Ao contrétio, o ajuizamento da ago de cobranga, antes mesmo de qualquer despacho, jd terd registrada sua distribuigdio, que constara das certidées, que vierem a ser expedidas. Sema intengo de esgotar 0 rol de titulos ¢ documentos de divida sujeitos a protesto, podem ser citados os seguintes: cheque, nota promisséria, duplicatas mercantis e de prestagdo de servigos, letra de cAmbio, cédulas de crédito (pignoraticia, hipotecéria, pignoraticia e hipotecéria, industrial, comercia), contrato de cambio, notas de crédito (comercial, & exportagdo, industrial, rural), warrant, cédula de crédito bancério, contissio de divida, contrato de locagio, débito de condominio, sentenga judicial, débitos de servigos prestados por concessionéias, ete. A.utiizagao do tabelionato de protestos como forma de solugdo extrajudicial das relagdes envolvendo crédito © débito representa celeridade, menores custos e seguranga juridica para os interessados, que se valem de servigo pblico prestado por profissional do direito atuando com imparcialidade. A ampliagdo do elenco de documentos que podem ser objeto de protesto oferece 4 populagdo outro meio para solugdo de conflitos de interesses, retirando da apreciagdo do Judiciério, notoriamente sobrecarregado, uma série de ages. O reconhecimento por parte do legslador quanto a relevancia do servigo de protesto e seu alcance social no se restringiu a Lei 9.492 — © Novo Cédigo Civil, no inciso IIT do art, 202, dispde que o protesto extrajudicial interrompe a prescrigéo, tomando sem efeito a Simula 153 do Supremo Tribunal Federal, que havia cristalizado a jurisprudéncia do Pretério Excelso em sentido contrat. A Lei 9.492 regula todo 0 caminho a ser percorrido por documento que aporta no tabelionato de protestos. O art. 3° estabelece que “compete privativamente ao Tabelido de Protesto de Titulos, na tutela dos interesses piiblicos e privados, a protocolizago, a intimagao, o acolhimento da devolugao ou do aceite, o recebimento do pagamento, do titulo e de outros documentos de divida, bem como lavrar ¢ registrar o protesto ou acatar a desisténcia do credor em telagdo ao mesmo...”. Assim, em apertada sintese, 0 documento recebido pelo tabeliio de protesto seri protocolzado; o devedor seré intimado; ocorrerd o pagamento, a devolugdo, o accite a retirada (desisténcia), a sustagdo judicial, ou a lavratura do protesto (no incidindo qualquer das hipdteses anteriores). Apés a lavratura do protesto, poderd haver 0 cancelamento do registro do protesto. A seguir pequeno esquema do itineririo de um thulo no tabelionato de protestos, referindo-se os dispositivos apontados & Lei 9.492: 18. Os tabeliies de notas. notariado brasileiro ¢ do tipo latino, exercendo o tabelido fimgio publica em caréter privado, com remuneragao, direta pelos interessados, através do pagamento dos emokimentos. Constata-se haver uma incindibilidade entre as naturezas puiblica e privada da fimgao notarial, Aos atos do tabeliio ¢ conferida f8 piblica extrajudicial, produzindo seu atuar documentos que fazem prova plena, em atividade de aconselhamento a particulares. De livre escolha das partes, independentemente de seu domiciio ou do lugar de situagdo dos bens objeto do ato ou negécio juridico, deve o tabeliio praticar atos somente dentro da base geogrifica para a qual recebeu delegagio {arts. 8° © 9° da Lei 8.935), © tabelifo de notas lavra escrituras, procuragdes, atas notariais, testamentos piblicos, aprova testamentos cerrados, autentica eépias ¢ reconhece firmas, O reconhecimento de firmas pode ser por semelhanga (confronto da assinatura apresentada com o padrdo arquivado na serventia) ou por autenticidade (assinatura langada na presenca do tabelido ou de seus prepostos). Os escreventes poderdo praticar os atos que 0 tabelido autorizar,¢ os substitutos poderdo praticar todos os atos tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 2028 2os20%4 (s Senigos Notariais © Ragistais no Brasi | IRIB- Isto de Registro imbiliério do Brasil | O site doregistrador brasileiro préprios da serventia. As escrituras lavradas pelos escreventes devem ser por eles assinadas e encerradas pelo tabelido ou seu substituto, © § 4° do art, 20 da Lei 8.935 reza que o substituto pode praticar todos os atos proprios do tabeliio “exceto. lavrar testamentos”. Contudo, o Cédigo Civil de 2.002 revogou a disposigtio em aprego, ao estabelecer no inciso T do art, 1.864, como requisito essencial do testamento publico, ser escrito por tabelido ou por seu substituto legal A escritura publica, nfo dispondo a kei em contritio, & essencial & validade dos negécios juridicos que visem & constituigdo, transferéncia, modificagdo ou rentincia de direitos reais sobre iméveis (art. 108 do Cédigo Civil). A primeira exceedo a regra esté no proprio art. 108, que exige a escritura piiblica quando os direitos tiverem “valor superior a trinta vezes o maior salitio minimo vigente no Pais”; portanto, sendo o valor igual ou inferior ao apontado, prescinde-se da exigéncia do instrumento piblico. Podemos citar outras excegSes: as disposigdes especiais constantes do Decreto-lei $8/37 (art. 11 — compromissos de compra e venda de imével loteado), das Leis 4.380 (§ 5° do art, 61 — iméveis adquiridos pelo sistema financeiro da habitagdo), 6.766 (art. 26 — compromissos de compra e venda, cessdes e promessas de cessio de imbveis loteados) e 9.514 (art. 38 — aquisigo de iméveis com financiamento e alienagao fidueisria), Exige a leia escritura piblica em outras hipéteses, Alguns casos: a) pacto antenupeial-— art, 1.653 do Cédigo Civil— sob pena de nulidade; b) cessdo de direitos hereditirios — art, 1.793 do Cédigo Civic) aquisigdo de imvel rural por estrangeiro — art, 8° da Lei $.709/71 —sob pena de nulidade ~ art. 15 da mesma lei; d) atos de interesse de analfabeto — arts, 215, § 2°; 221 e 654 do Cédigo Civil— s6 pode contratar por instrumento particular aquele que assina;€) testamento, para 0 cego — art, 1.867 do Cédigo Civil Se algum dos contratantes for se fazer representar por mandatério, deve © mandato se sujeitar & forma exigida por lei para 0 ato a ser praticado, ou seja, exigida escritura publica para 0 ato, a outorga do mandato deve ser por instrumento pablico, © Novo Cédigo Civil adotou no art, 657 o prinejpio da atragdo da form, pondo termo & discussdo que grassava na vigéneia do e6digo anterior. A cescritura & dotada de f& piiblica ¢ faz prova plena, nos termos do art. 215 do Cédigo Civil A presungo que decorre do instrument é relativa, juris tantum, 19. Os tabelies e oficiais de registro dos contratos maritinos. Os titulares dos servigos de contratos maritimos sto tabeliies e registradores, posto que lavram os atos, contratos € instrumentos relativos a transagdes de embarcagdes a que as partes queiram ou devam dar forma legal de escritura piblica e registram tais documentos (atribuigdo constante do art. 10 da Lei 8.935). © Cédigo Comercial (Lei 556, de 25/06/1.850) contém disposigdes aplicaveis ao tabeliio e registrador de contratos maritimos, em especial os arts. 468, 472 ¢ 474 (registro de hipotecas, contratos de seguro maritimo), que devem ser analisadas em confronto com os diplomas legais posteriores, em razio da alteragdo de algumas normas. © Decreto 15.809, de 11/11/1.922, aprovou o regulamento especial para a execugdo de hipotecas de navios, dividindo 0 territério nacional em trés distritos para o registro da hipoteca maritima e criando, na sede de cada distrito, “um cartério privativo destinado ao registro”, O Decreto 15.809 regulamentou toda a atividade do registro, tratando no Capitulo I “Dos Cartérios ¢ serventudrios”, no Capitulo II “Dos livros do cartério” (1 - protocolo; 2- insctipao; 3- indicador real; 4- indicador pessoal), no Capitulo IIT “Da ordem de servigo e processo em cartério”, no Capitulo TV “Da publicidade do registro”, no Capitulo V “Da inscrigo, averbagdo e cancelamento”, e no Capitulo VI das “Disposigdes gerais”. Em 10/12/1.927, pelo Decreto 5.372-B, foram criados os oficios privativos de notas e registros de contratos maritimos. Os oficios privativos de hipotecas maritimas passaram-se a denominar “oficios privativos de notas € registros de contratos maritimos”, com atribuigo ampliada para a lavratura e registro de “todos os contratos de direito maritimo quando a escritura publica for substancialmente exigida para a validade dos mesmos contratos” (art. 1°). 0 Decreto criou previsio de registro de instrumentos particulates de contratos de direito maritime previstos no tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 van zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro Cédigo Comercial e de instalagdo de oficios privativos de notas e registro de contratos maritimos “onde ainda ndo houver” e “de acordo com as conveniéneias do servigo”. © regulamento para os oficios privativos de notas e registro de contratos maritimos foi aprovado pelo Decreto 18,399, de 24/09/1,928. O Decreto regulamentou toda a atividade prevendo, quanto aos livros, a adogdo dos {julgados indispensaveis pelo Decreto 15.809 e “mais os que forem exigidos pelas leis e regulamentos em vigor para 0 registro de iméveis”, além dos necessérios para a pritica de atos de notariado. As disposig6es do Decreto 18.399 foram revigoradas pelo Decreto 22.826, de 14/06/1.933, Foi editada, em de 03/02/1.988, a Lei7.652, dispondo sobre o registro da propriedade maritima ¢ outras providéncias. Em seu primeiro artigo define a finalidade da kei, “regular o registro da propriedade maritima, dos Gireitos reais e demais Gnus sobre embarcagdes e o registro de armador”, estabelecendo no artigo seguinte que “o registro da propriedade tem por objeto estabelecer a nacionalidade, validade, seguranga e publicidade da propriedade de embarcagies”. A Lei7.652/88, no art, 3°, parigrafo tinico, e no art, 12, atribui competéncia ao Tribunal Maritimo para o registro da propricdade de embarcagSes (obrigatério quando a arqueago bruta for superior a cem toncladas), ¢ para o registro de direitos reais e outros Snus que gravem embarcagGes brasikeras, ¢ em seu art. 33 dispde que as promessas, cessdes, compra ¢ venda ¢ qualquer outra modalidade de transferéneia de propriedade de embarcagGes sujcitas a registro se figam por escritura piblica, lavrada por qualquer tabelido de notas (disposigdo com a redagdo da Lei 9.74/98). Na redago anterior, permitia o art. 33 a lavratura por qualquer tabeliZo de notas, se na comarca no exists tabelizo privativo de contratos maritimos. O art. 4° da Lei 7.652 estabelece, quanto as embarcagGes sujeitas a registro, que a transmissdo de sua propriedade “s6 se consolida pelo registro no Tribunal Maritimo”, e o art, 12 que para valer contra terceiros os direitos reais ¢ outros Snus devem estar registrados no mesmo Tribunal, As regras da Lei 7.652, comas alteragdes da Lei 9.774, ¢ seu possivel confito coma Lei 8.935, foram questionadas administrativa ¢ judicialmente pelo titular do Cartério de Notas ¢ Registro de Contratos Maritimos do Rio de Janeiro, Aloir Mechiades de Sowa. Administrativamente, obteve acolhimento de sua pretensio, expedindo a Comegedoria Geral da Justiga do Rio de Janeiro 0 Aviso 013/2000, pelo qual so atribuigdes do servigo notarial e registral de contratos maritimos “as cenunciadas no artigo 7°, incisos Ta V, em qualquer documento, e, com exchisividade na Comarea da Capital, as previstas no artigo 10, incisos I a IV, ambos da Lei 8.935/94” (grit do original: art. 10, Ia IV, da Lei 8.935: - lavrar os atos, contratos ¢ instrumentos relativos a transagdes de embarcagdes a que as partes devam ou queiram dar forma legal de escritura piblica; II- registrar os documentos da mesma natureza; III- reconhecer firms em documentos destinados a fins de direito mariimo; IV- expedir traslados ¢ certid®es). O Aviso expedido decorreu de decisdo do Conselho da Magistratura, érgdo revisor de decis6es administrativas do Desembargador Corregedor, que entendeu que a Lei 8.935/94 eriou no art. 10, I, “akim do registro da propriedade maritima, a cargo do Tribunal Maritimo, o dos contratos maritimos, ou seja, de todos eles, como, por exemplo, o de compra e venda, hipoteca e affetamento de embarcagdes, independentemente de sua forma piiblica ou particular, conferindo-o, privativamente, aos tabelies ¢ oficiais de registro de contratos maritimos...”. Em sede administrativa, no Estado do Rio de Janeiro, acabou por prevalecer o entendimento de que as disposig6es da Lei 7.652 nao contfitam com as da Lei 8.935, cabendo ao Tribunal Maritimo o registro da propriedade maritima (obrigatério se a embarcagdo possuir arqueagdo bruta superior a cem toneladas) ¢ ao servigo de registro de contratos maritimos 0 registro fora do alcance do art. 3° da Lei 7.652; e que, na Comarca da Capital os atos notariais previstos no art. 10, I e III, da Lei 8,935, sao ptivativos do tabelionato maritimo (onde ndo houver o tabelido privativo, qualquer tabelido de notas praticard os atos). O texto do aviso foi incorporado 4 Consolidagiio Normativa da Corregedoria Geral da Justiga do Rio de Janeiro (art. 407). Na seara judicial a questdo nio esti, ainda, definitivamente julgada. Ajuizada ago em fice da Unido Federal (1* Vara Federal— Rio de Janeiro — proc. 98,0030260-3) foi o pedido julgado procedente “para declarar que a competéncia para efetuar registros relatives a transagdes de embarcagdes & privativa dos Tabeliies e Ofivais de Registro de Contratos Maritimos, nos termos da Lei 8.935/94”, Na fundamentagdo 0 magistrado Mauro Souza tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 zai08 2052014 (0s Senigos Notariis #Regisvas ro Brasil | IRIS Inte de Regio Inctiliroo Brasil | O sit co registrador brasileiro Marques da Costa Braga, tal qual o Conselho da Magistratura da Justiga Estadual, entendeu que nao hi entre 0 servigo extrajudicial de registro de contratos mariimos e 0 Tribunal Maritimo “competéncia concorrente, mas sim divisdo de competéncia de atividades diversas, devendo os tabelides e oficiais de registro de contratos maritimos efetuar o registro dos documentos e lavratura dos atos, contratos ¢ instrumentos relativos a transagdes de embarcagGes, nos termos da Lei 8.935/94, e o Tribunal Maritimo realizar o registro da propriedade maritima, de conformidade com a Lei 7.652/88", Submetido ao Tribunal Regional Federal da 2* Regio (apelacdo civel 2000.02.01.037956-0) recurso da Unido Federal, ao mesmo foi negado provimento por decisio publicada em 23/11/04, O Desembargador Relator Femando Marques, em seu voto, afirmou que “no que respeita & atividade dos Oficios de Notas, os documentos lavrados sdo langados em livro préprio, com o que se os tém por registrados, para usar o termo constante da lei De outro lado, no que conceme ao Tribunal Maritimo, o que se langa, o que se registra, 0 que se consigna nio é a simples existéncia do instrumento notarial, per se, posto que o interesse ai se volta 4 sua prépria esséncia, ao seu conteiido, expressivo da transferéncia de dominio ou de criago ou extingo de 6mus reais, objetivando propiciar a fixagio da nacionalidade, validade, seguranca e publicidade da propriedade de embarcagdes...”. Concluiu 0 Desembargador que “é imrespondivel conchusio de que somente o Tribunal Maritimo se encontra revestido do atributo de érgio legalmente apto a proceder ao registro, no apenas da propriedade maritima, mas também dos direitos reais e outros énus que possam incidir sobre embarcagOes, sempre que estas se apresentarem qualificadas pelo predicado de tonelagem minima exigido por lei”. Foram interpostos embargos de declaragdo, ainda nio julgados. Unge que se defina, com clareza, quais as atribuigdes do tabeliio e registrador de contratos maritimos e quais as atribuigdes do Tribunal Maritimo, em prol da seguranga juridica, Coimbra, 4 de junho de 2.005. * Eduardo Pacheco Ribeiro de Souza, Titular do 2° Oficio de Teresépolis — RJ. 20. Bibliografia, ALVES, Sonia Marilda Péres. Revista de Direito Imobiliirio, n° 53. So Paulo: RT, 2.002 AMADEI, Vicente de Abreu. Introdugdo ao Direito Notarial e Registral, Porto Alegre: Safe, 2.004. — Artigo publicado na obra Registros Piblicos e Seguranca Juridica. Porto Alegre: Safe, 1.998. BALBINO FILHO, Nicolau. Direito Imobilidrio Registral, Sdo Paulo: Saraiva, 2.001 BEVILAQUA, Clivis. Theoria Geral do Direito Civi, Livraria Francisco Alves, 1.929. CARVALHO, Affanio de, Registro de Iméveis. Rio de Janciro: Forense, 1.998, CENEVIVA, Watter. Lei dos Notitios e dos Registradores Comentada, Sao Paulo: Saraiva, 1.996. — Lei dos Registros Piiblicos Comentada. Sao Paulo: Saraiva, 2.001. EN, Décio Anténio. Revista de Direito Imobiliirio, n° 47. Sdo Paulo: RT. FILHO, Nicolau Balbino. Direito Imobiliério Registral. S40 Paulo: Saraiva, 2.001 GUERREIRO, J.A. Mouteira. Nogdes de Direito Registral (Predial e Comercial). Coimbra Editora, 1.994. LIMA, Frederico Henrique Viegas de. Direito Imobiliirio Registral na Perspectiva Civik Constitucional, Porto Alegre Safe, 2.004. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenéutica ¢ Interpret 0 do Direito, Rio de Janeiro: Forense, 1.998, MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. So Paulo: RT, 1.998. tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 zaiaa zoss0te (0s Seng Notariss e Registras no Brasi| IRIS nstiso de Regio Inebilidrio do Brasil | O site do registrar brasliro —Mandado de Seguranga. Sao Paulo: RT, 1.989. PARIZATTO, Jodo Roberto. Servigos Notariais ¢ de Registros. Brasilia: Brasilia Juridica, 1.995. SILVA, Gilberto Valente da, Boletim do IRIB, n° 250, margo de 2.004. TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil, Rio de Janeiro: Renovar, 2.004, WOLFFENBUTIEL, Miriam Comassetto. O Protesto Cambiario como Atividade Notarial. So Paulo: Labor Juris, 2.001 Obras Relacionadas 14/05/2014 - Os terrenos de marinha e 0 direito de superficie 14/05/2014 - IR sobre Ganhos de Capital na Alienacdo de Bens e Direitos Hipéteses de Isencdo - Parte I 08/05/2014 - IR sobre Ganhos de Capital na Alienaco de Bens e Direitos Hipsteses de Isenedo - Parte 1 tpihwuiriborg brrmlbidictecabiblctace-dtahe php 140 2408

También podría gustarte