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Notas sobre Meméria e Desejo' distoreida pela influéncia de forgas inconscientes, Desejos inter- ferem na operagao do julgar, pela auséncia de mente no momento tem que a observacio é essencial. Desejos distorcem o julgamento por selecionarem e suprimirem o material a ser julgado, Meméria e Desejo exercitam ¢ intensificam aqueles aspectos da ‘mente que derivam ds experiéneia sensorial. Promovem desse modo a capacidade derivada de impressdes sensoriais e destinada a servir a impresses dos sentidos. Memoria e Desejo lidam, respectivamente, com impressies sensoriais daquilo que se supe ter ocorrido e com impres- s sensoriais daquile que ainda no ocorreu. A “observagdo” psicanalitica no diz respeito ao que ocorreu e tampouco ao que vai ovorrer, mas sim a0 que esté ocorrendo. Além disso, a “observaed0" psicaralitica no diz respeito as impresses sensoriais ‘ou aos objetos dos sentidos. Qualquer psicanalista conhece depressio, ansiedade, medo e outros aspectos da realdade psiquica, independentemente de esses aspectos terem ou nao sido bem nomeados. Esses aspectos constituem 0 mundo real do psicanalista. Dessa reatidade ele nao duvida. No entanto, para exemplificar, a ansiedade nao tem forma, odor ou gosto: estar cdnscio do que acompanha sensorialmente a experiéncia emocional um obstiewlo para o enalista intuira r C= registro ce fatos, a meméria é sempre enganadora, pois ¢ lidade coma qual ele deve estar de acordo. E necessirio que toda e qualquer sessio psicanalitica nao tenha histéria nem futuro, Aquilo que ” sobre o paciente nao tem a menor conse- aiiéncia: ou ¢falso ou ¢ irrelevante. Caso seja “conhecido” pelo paciente pelo analista fica otsoleto, Se um deles ‘conrecid sonhece” algo mas 0 outro 1 Publicado pol pine verem 1967 em The Pscomnale Form, vo ‘au com a bonds ators de Jo A Lindon, MCD. ior 302 COGITACOES 393 nil, esti operando uma defesa, ou um elemento da categoria 2 da Grade (1, 2) (ver Grade, p. 304), O iinico ponto de importincia, em qualquer sesso, é 0 desconhecido, O analista nfo deve permitir que nada o disraia de intuir 0 desconhecido, Em qualquer sesso ocorre evoluglo, Algo evolve a partir da escu- ridio ¢ da auséncia de forma. Essa evolugio pode ter uma semelhanca superficial com meméria, mas assim que tenha sido experimeniada, jamais poderd ser confundida com meméria, Compartilha com os soahos ‘a qualidade de estar totalmente presente ou ser inenarravele subitanente ausente, E essa evolugdo que o psicanalista precisa estar pronto para interpretar Para tanto, ele precisa disciplinar seus pensamentos. Primeiro, acima de tudo, como todo psicanalista sabe, ele precisa ter tido uma analise, a mais completa possivel; nada do que se disse aqui deve ser tomado como algo que ponha em diivida esse fato. Segundo, ele deve cultivar cuidadosamente oato de evitarmeméria. As anotagdes deveriam se restringir Aquilo que possa ser registrado — um exemplo dbvio é a agenda de horarios. Obedecer as seguintes regras: 1, Meméria: niio lembrar sessBes anteriores. Quanto maior for 0 impulso para lembrar aquilo que foi dito ou feito, maior a necessi dade de resistira ele. Esse impulso pode se apresentar como um desejo de lembrar algo que ocorreu porque isso parece ter precipi- tado alguma crise emocional: ni se deveria permitir que nenhuma crise quebre essa regra. E necessirio no ocupar a mente com suposigdes. Caso contririo, a evalugla da sessio nfo sera abserva «da no dinico momento em que pode ser observada — enquant esta ‘ocorrendo, 2. Desejos: 0 psicanalista pode comecar evitando qualquer desejo de cchegar ao fim da sesso (ou semana, ou ano). Nao se deve permitir ue proliferem desejos de resultados, de “cura” ou até mesmo de ‘compreensio. E necessatio obedecer a essas regras durante o tempo todo, ¢ niio somente durante as sessdes, Com o tempo, o psicanalista vai se tornar mais consciente das pressées exercidas por memérias ¢ desejos mais, habilidoso em deixi-las de lado. 394 BION Seo psicanalista mantiver essa disciplina, haverd, em um primeiro ‘momento, um aumento de sua ansiedade, mas isso niio deve interferir na preservacio das regras. O procedimento precisaria comegar imediata- mente e no ser abandonado sob nenhum pretexto, padrio da anilise iri mudar. Genericamente falando, vai parecer que durante certo periodo 0 paciente ndo esti se desenvolvendo; mas cada sessio sera completa em si mesma. O “progresso” vai ser medido pela quantidade e vatiedade crescentes de estados de humor, idéias e atitudes observveis em 2ada sesso. As sessbes ficartio menos atulhadas pela repeticio de material que deveria ter desaparecido, ¢, conseqiiente- ‘mente, em toda c qualqter sesso o ritmo sera mais rapido. O psicanalista deveria buscar adquirir um estado de mente tal que, a ceada sesso, ele sinta que nunca viu o paciente antes. Se sentir que j viu, ele esta tratando do paciente errado. Esse procedimento ¢ extremamente penetrante. Portanto, énecess rio que o psicanalista busque excluir, de modo persistente, meméria € desejo, e que nao fique muito perturbado se o resultado inical Ihe parecer alarmante, Ele vai se acostumar com isso e teri o consolo de estar construindo a sua técnica psicanalitica sobre uma base firme, de intuit evolugdo, ¢ NAO sobre a areia movedica da recordagao imperfeita da experigncia ténue; essa tltima leva ripida e certamente decadéncia neurologica da faculdade mental, ¢ no experiéncia. A sesso em evolugio € inequivoca, e 0 intuir disso no se deteriora. A intuigao ‘comega logo e decai tarce, caso Ihe seja dada uma oportunidade. © que foi dito é um relato breve, extraido da colocagdo em pritica desses preceitos. Cada analista pode elaborar por si mesmo as implica bes tebricas. Suas interoretagdes ganhariam forga e conviegaio — por erivar da experiéncia emocional com um individuo que & tiico, e nao de teorias generalizadas “lembradas” de modo imperfeito, Debatedores Alguns debatedores comentaram este estudo; Thomas French, médico (Chicago, Illinois, E.U.A); John A. Lindon, médico (Los Angeles, California, E.U.A.); Avelino Gonzalez, médico, (México, D.F., México): Marjorie Brieley, bacharel em cigneias (Keswick, Cumberland, Inglater~ ra); Herbert H. Herskovitz, médico (Bala-Cynwyd, Pensilvénia, E.U.A.), COGITAGOES 595 Resposta do Autor (0s debatedores de minhes “Notas sobre Meméria e Desejo” ajudam a ‘esclarecer que parte da confusio se origina da ambigiidade dos termos ‘memria”€ “desejo”, Percebo que seria itil se eu pudesse distinguir dois fendmenos diferentes, ambos chamados usual ¢indistintamente de ‘meméria”. Tentei fazer a distingio referindo-me a um deles como ‘evalugio”, termo pelo qual designo a experigncia em que alguma iééia cou impressio pictorica aparece como tm todo na mente, sem ser convi- dada. Gostaria de distinguir essa experiéncia das idéias que se apresen- tam respondendo a uma tentativa deliberada e consciente de recordé-ta para essa iltimas eu reservo o termo “meméria”. Reservo “Memoria! pera a experiéncia relacionada predominantemente com as impresses sensoriais; considero “evolugo” como baseada em experiéncia que no tem nenhum fundamento sensorial, mas que se expressa em termos derivados da linguagem da experiéncia sensorial. Por exemplo, eu “vejo”,significando que intuo por intermédio de uma impressio visual. 'Nio se deveria distinguir “desejo” de “memétia”s prefiro tomar os ois termos como representantes de um mestno fenmeno que é uma fusio de ambos. Tentei expressar isto dizendo que “memoria” é0 tempo passado de “desejo”, sendo “antecipagao” seu tempo futuro, sas hipOteses definitérias tém um valor limitado, e sugiro que odo psicanalista deveria decidir porsi mesmo, através de simples experimen- tagdo, o que esses termos representam, Por exemplo, ele poderia treinar- sea evitar pensar no fim da sesso, da semana, do periodo (preparando-se previamente, para fins de organizagio, para terminar a sesso na hora certa); depois de ter feito isso por um periodo suficiente, sem pressa, poderia decidir o que ele chamaria de “Meméria’ ¢ “Desej0”. Depois de ter feito isso, pode ir para o estigio seguinte, estendendo as suas supres- ses & experiéneia que ele descobriu desse modo. Preciso alertar os psicanalistas ue no penso que eles deveriam estender esse procedimen- to de modo apressado ou sem discussio com outros psicanalistas, com vistas a consolidar cada passo antes de dar outro. Esse procedimento parece-me aproximar-se de um estado descrito jor Freud em uma carta a Lou Andreas-Salomé em 25 de maio de 1916: “Sei que tenho me cegado artificialmente em meu trabalho, de medo cconcentrar toda a uz em um ponto obscuro”. Em minha experiéncia esse procedimento torna possivel intuir uma “evolugdo” presente e assentar 396 BION as bases para “evolugdes”futuras. Quanto mais firmemente isso for feito, ‘menor sera a preocupacio do psicanalista com o lembrar. Espero que isso esclarega alguns dos pontos sobre os quais o Dr French levanta objegdes; mas tenho dividas se deveria usar esse método se ele realmente sente ser “completamente incapaz” de compreendé-o. Realmente, nfo “desejaria” que ninguém empregasse essa abordagem, a ‘menos que, como o Dr. Lindon, sinta que ela tem algum significado, Parece-me que a experiéncia descrita pelo Dr, Lindon propicia a base Para explorar toda a questdo da observagiio psicanalitica. Concordo com seu sentimento de que “meméria” e “deseja” constituem obsticulos que se interpdem entre os ps canalistas ¢ a experiéncia emocional da sessio. Quando se considera como é pequena a aportunidade que o analista tem Para observar, até mesmo com cinco sessdes por semana, qualquer obsticulo fica serio. © Dr. Gonzalez chama a atengdo para um defeito do qual estou bastante consciente. Meu sentimento é que meus pontos de vista “evol- veram”, e embora isso ceva significar que eles mudaram, penso que @ ““mudanga” é menos sigrificativa do que a “evolugio” Penso que as expressies de Elements of Psycho-Analysis que ele cita ccortetamente esto em contexto errado, mas embora atualmente essas formulagdes me paregam erradas, foram suficientemente boas para me evar as minhas atuais formulagdes, as quais penso serem melhores Especificamente, penso que o uso de linguagem baseada na experiéncia dos sentidos levou-me a nio reconhecer que, de fato, no se “v8” (sente, toca, cheira, etc.) ansiedade. Espero que minha experiencia seja repetida Por outros que tentaram ler aquelas formulagSes mais antigas. Vou sentir menos remorso, se assim for. Espero que minhas citagdes de Freud convencam a Mra, Brieley que éstou tentando elaborara mportineia do contato, Nao me sinto a vontade quando se sugere que estou me afastando da técnica psicanalitica; no Porque eu faca alguma odjegdo a inovagdes, se isso parece necessirio, ’mas porque ¢ improvavel que se possa rejeitar to facilmente as intuigBes de psicanalistas experientes, No entanto, espero que os pontos que levanto possam ajudar os psicanalistas a pensar que estio em contato ‘mais intimo com a experiéncia psicanalitica Darwin expressou o ponto de vista de que o julgamento é inimigo da observasaio, Mas, come a Dra, Briley assinala,o psicanalista tem que ormular julgamentos simultaneamente as observagdes que fiz. Espero ue a distingio que tentei fazer entre “evolugdo” e “meméria” possa coarracol ajudar a satisfazer suas objegdes. Acredito que de alguma maneira essa distingdo responde em parte as objegdes do Dr. Herskovitz a respeito de De qualquer maneira, sinto dividas sobre o valor de uma es" da psicanalise. Penso que as “ilogicidades” da experién- * resolva a desarmoria, sara representar as “real se deveria permitir que a teoria “logic cia psicanalitica coexistam até que a “evolugai cobservada. COO ee

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