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EDUCAGAO GEOGRAFICA teorias € préticas docentes Organizadora Sonia Cartan (CONHECIMENTOS GEOGRAFICOS ESCOLARES EATRIBUICAO DE SIGNIFICADOS PELOS DIVFRSOS SUJEITOS DO PROCESSO DEENSINO. ENSINO DE GEOGRAFIA EDIVERSIDADE: CONSTRUGAODE, 4 I Lana de Souza Cavaleanti* As idéias que pretendo desenvolver neste texto partiram de algumas inda- agdes, que sf, na verdade, 2s que tenho feito como pesquisadora do ensino de Geografia: 0 que é a Geografia escolar na atualidade? Como ela se realiza? ‘Como o professor a constr6i? Quais os desafios da pratica do ensino da Geo- |_grafia? Quem sio_os alunos Ge GeograliaT Como so esses alunos? Como ~ yay} | praticam a Geografia do dia-a-dia? Como aprenden Geografia na escola? Que Significados tém para os alunos aprender Geogratia? Que aiiculdades cles tém en upiénder Os conteddos tabalhados-nessa-diseiplna?” Oriensido-me por estas dues, desenvolvo aqui algumas-considen- oBeS SOUT o-eisino de Geoarafia e 0 tratament da dversidade por ele possi. bilitada,_O eixo de andlise esta fogado na diversidade dos alunos, para-tanto, 0 3 fexto retoma, em primeiro lugar, idéias jd desenvolvidas em outros momentos he LEBEN, 1998; 2002) sobre uma concepeao Socioconsrutivista do ens haumue OL “de Geografia. Em seguida, sid felts ‘algumas reflexes sobre watversidade : 9 MRMUs Ue SaO-SUIEHIOS do processo de eis GE Geogtala’s, Tialmeiic send meesy la © abordachre questo da importancia dese Considerar ¢ chulg estranuragae ‘eonteidos geograficos:: = Jaane A esanaes Them ie coneepeiio socioconstrutivista do ensino de Geografia, ae bblede Quando © professor defronta-se.com a realidade da Geografia escolar e . refléie sobre ela, pode distinguir dois tipos de praticas, uma que ¢ institulda, _ econ Sa que sto as praics alterlivas que sarin. 2 15 Fas05- De um lado, wi ida por mecanismas-conhecidos de {Mevce~ \ antemso: @ reprodtivtio-de.conteddo"e eousideracio de-contesdos como jor QMigleontve, acibados, STottalinto- a4 seit memaczao. De edo ‘outro,-algumas.experiéncias € alguns encaminhamentos que © afbar consisténcla, fundamentados, em muitos casos, 6 ‘CaSOS, em Vises constmtivistas be deensino. oe nr GCesepal oniy eneinmaa ( peabdesl cla. Geog Gun Geng - mr ecincattubvttey La ino olo Gemeyet Sreskon Dd wei EAD IANO pL OGeTV PA inern? Corie YY typrog action ee ear 4 ‘Por meio da visdo socibconstrutivista, considera-se o ensino a const de woninceimentos pelo aTuno. A a fore a prewmissé inicial que tem mmitido formolar uma série TE UCNIOBrATRENIOE OTeMUCOTES para o ensino. ografia! 6 alno € 0 Sujeito avo de Sei processo dé formacio e de desenvolvimento intel fiyo-€ social; o professor tem o papel de medi- ador do proceso de formaggo do aluno: 2 mediagio propria do trabalho-do~ rofessor € a de favorecer/propiciar a interagio (encontro/confronio) entre-0 objeta de. ssujeito (aluno) € 0 seu ‘SOaecimeato onteIAT escolar). Nessa mediagad, 0 saber do ehino € uma dimenséio importante do seu processo de gonecimmente (prdessso de ensino-aprendizagem)-=— rch she ~""Eiit oulfos txts Ge Minha autoria, tenho procurado explicitar o entendi- ‘mento de socioconstrutivisme que tem orientado meus estudos, consciente de que néo ha uma concepeio sinica dessa proposta, como estase encontra em Cavaleanti (2002:312) A porspect struivst [J concsbe oensing come uma interven, do hiencional 0s procesos infSSTOSS SOCAN T TAUVES WT ata, Bus- cande Sua relagio conscienie & aia jets de conherimento (..}. Ese entendimento implica, resuttiidainente, ‘diirmar ga i¢ 0 objetivo maior do. — [easino € 2 consirugio do contiecimento pelo aluto, d= m0do gue todas-es~ ages covem estar voltadas para sus eficacia do ponto de vsia dos resultados. ‘io coahedimento edesenvolvinvent@ We aTGRO: THE sues deve poro aluno, |sujeito do processo, em atividads diante do meio externo, 0 qual deve ser “inserids™ no processo como objeto de conhecimento, ou se, 0 aluno deve ter com esse meio (que sio 0s contesidos escolares) uma relaglo ativa, uma septie de dean qusoleve num deseo decombeobio, An Gy ges > Seguindo esse entendimento, um dos desafios para-bs professores, no papel aT aie Tats poss. € 0d denier telson sande slam: erando a excolr un Tigar de cults, de encontro dé Stars. Trata-se do enten- Cassa fimento deg ord out | dimento ae que WESTOTE TON CORTE CUTTNG, no interior da sala de ala € Hos outros Spagos escoMaTes, De WON chan FOU TTST. Ta Scola Guam. basice- Ab © anne Reaper culturas, 9 cultura escolar, a cultura da escola ¢ a cultura dos ies, Acultura eSoolar, que é urna eps NO A diversidade, em-um,sentido.mais amplo, diz respeita, como ja foi mens ne { cionado, as diferentes esferas da vida, tratando-se, assiin. entre ouiras.da liversidade biol6gica, diversidgde econdmica, diversidade social, diversidade ‘eogrilca, diyersidade Wifsral Nise pode subsumir-um tipo a0 outro, vice pode-se deixar de destacar que a diversidade tem uma relacao dialética ¢contraditéria com a cesigualdade, ¢ que sia manifestagio em sociedades {que buscam garantir espaco e direito universal as diferencas, As manifestagdes dessas diferengas. No fimbito da educagio ¢ do ensino, esse conjunto de experiéncias em Aa 9 acentiado a discusst0 SODTE ipa orientagao do espago escolar consideranclo © * ftereruralisma:’ Trata-se de um grincipio polifico-pedapogico que defende salir de ail €-na escola voltada para a formagao de cidadios entendendo democracia lizada ao exereicio de diveios © 8 vencia Cou as dilerenicas, de respeito a8 identidades cultu- “er ‘onfionto © do confito entre 85. 4. assim, a reafirmagao dos lugares, dos locais, das experiéncias e vivéncias = ‘grupais. Intensificam-se, entéo, movimentos sociais de toda ordem ¢ escala por exemplo, Moreira, 2003). Nessa mesma configuraao da globalizacdo esta, ffi como a brasileira é fortemente mareada por relagSes de poder centralizadas € izaa por uma intensa desigualdade social. Carrasco (2001) desenvolve.umaanélise forme se manifesta: CS Spee |__| sobre essa selacdo enue divers frugal € desigualdade. social-alertando cater! ! core | paReorTisco-te que alitudes inierculturais escondam_os limites-impostos por A intercultraidade orienta processos que ttm por base 0 reconhecimento do Com \ essa desigualdade. Conforme a autora; 7 direito A diferenca e aluta contra todas as formas de discriminagio ¢ desigual- hurl © \ K Ch ea dod? 68 pwc Uicer Caarrd > eo ie P Graacat ex hTbedgy, POG NE A gcpeltiele © Got prsee dite~niclacelee ful tine eatin pammee: a pre Wy dail social. Tenta promover relagoes dielogicas¢ igualitirias entre pessoas ¢ srupos que pertencem a universos cuturais diferentes, rabalhando 0s confl- tos inerentes a esta realidade. Nao ignora as relagies de poder presentes nas ‘lagdes sovais interpessouis, Reconhece ¢ assume os eonflitos procurando as estratégias mais adequadas para eafrenté-los. (dem: 148) ‘Nas propostas de interculturalismo so importantes as reflexes sobre a cl, de allersdav, de tentdade, de aticulaedo comas cls: i.e anticulacio contraditGria com a igualdade social, entre outtos~ io se tem a pretensao de desenvolver aqui todas elas, dada a com- plexidade da questa, mas para argumentar sobre as implicagées desse princf- pio no ensino de Geografia, pode-se marcar algumas posig6es, apoiando-se em pesquisadores conhecidos da temética. Nesse sentido, uma aproximaggo 20 conceito de cultura € necesséria Fase conceito pode ser expresso como um conjunto de priticas, de institui- Ges, de caracteristicas, de habjitos, de comportamentos, que compée um Proceso de construgéo ¢ reconstrugdo de sentidos por diferentes grupos e _Pessoas; ndo como algo estético, mas como fendmeno dindmico, como uma teia de significagées em continuo processo de construgdo, e também de des- Convo if chy construcho e de reconstrugao, f No quadro de preocupagées apresentadas, interessa zefletir sobre como toda essa diversidade se manifesta no dia-a-dia de nossas escolas, de nossas } cidades ¢ éreas rurais. A prética de ensino de Geografia que tem a inteng&o de I contemplar a diversidade nas escolas de cidades de Goiis, por exemplo, no pode falar em diversidade de qualquer maneira. Se, por um lado, 0s professo- res precisam considerar seus alunos no conjunta da humanidade, néo perden- do de vista, portanto, tragos universais a serem preservados e/ou construidos/ reconstruidos, por outro, € preciso considerar a diversidade presente no espa~ 0 escolar, contextualizando-a, especificando-a no lugar, afinal, as diversida- ; es niio so todas iguais, os lugares fazem com que as experiéncias dessas diversidades também sejam diferentes. Além disso, estudiosos do tema da globalizagio ¢ de seus dilemas tém procurado entender os efeitos desse pro- cess0 na produgio de uma cultura globalizada, grandemento difundida pela (dia, Mesmo nesse aspecto do problema, preciso estar atento para entender ‘que a tal cultara globalizada nio se realiza completamente nos contextos espe- cificos, verificando-se sempre a articulagao entre 0 que é global e o que é proprio do lugar Entdo, ha de se considerar antes que tudo o diverso no cotidiano das pequenas cidades, das médizs cidades, das grandes cidades. Ou soja, & impor- tante levar em conta as tenses, 08 conflitos, as préticas didrias, os quadtos de referéncia dos grupos sociais dos quais fazem parte os alunos & nio buscar a diversidade, simplesmente, na tcoria e mas forraulagées mais amplas, que em ‘muitos casos analisam experiéneias que nfo podem ser general 70 Trata-se de 0 professor aproveitar a riqueza na diversidade de simbolos, significados, valores, atitudes, sentimentos, expectativas, crengas e saberes que estdo presentes em determinado grupo de alunos, que vive em contexto especifico, que constréi identidades em situagées particulares, esforcando-se para entender como cada grape em particular elabora essa diversidade e para promover o didlogo entre as diversas formas dessa claboragiio, O que eu estou querendo dizer é que a diversidade na cidade de Sao Paulo, de Paris, de Chica- | 0 ou Nova York, por exempla, néo € a mesma que a existente em pequenas || cidades do interior de Goi. Esses so referenciais mais gerais para orientar a prética de ensino que se |) pauta no interculturalismo, Em certa medida, essa orientagio fundamental | para ensinar aos alunos os contetidos de qualquer disciplina, como a Geogra- | fia, por exemplo, jé que cada uma delas busca intervir, na sua especificidade, no processo de altibuigao de significados aos conteidos, 0 que, por sua vez, vincula 4 discussie do intexculturalismo ao curriculo, A diversidade dos sujeitos-alanos como referéncia para a construsfio da Geografia escolar: uma reflexio Feat contetdos sie seograficos significativos —.. wa " eogréficos signi seater foe Cpa » / O conjunto de argumentagdes anteriores fundamenta uma compreen- | | (sto de que a escola é lugar para o encontro da diversidade cultural; de que vg | na sala de aula, no ensino de cada disciplina escolar, esse encontro deve sr). v FE possibilitado ¢ mesmo cstimulado. O espaco da sala de aula deve Set, por A tanto, um espago democrstico, que tejeita O monoculturalismo; ainderque ag, |i FeferEncia institucional desse espago seja a cultura sistematizada, 0 con-' telido curricular institufdo, | “= b —Nessartinia-0s-contetidos curriculares sZo entendidos como um conjunto gt de conhecimentos, saberes, procedimentos, valores, construfdo e reconstruido _ constantemente nesse espago ds sala de aula e da escola em geral. Sua defini- gao nao € tarefa exclusiva de agentes externos & escola, que poder definir “+4 parémetros curriculares, como 9s cvs.’ Essa tarefa deve ser assumida como . parte do projeto politico pedagdgico da escola, discutido e construido por ow) todos os agentes envolvidos e sberto & reconstrugio constante, quando de sua realizagao, contemplando uma orientacdo intercultural. Jo ensino € a de ‘omar os conteddos veiculados objetos de co- entos para o aluno, o que requer Constante dialogo do sujeito do conhe- ime cimento, poriador de ma ciltirs detsrminada, coi Esses outros objetos-eul- 7 inal seni tad furais, no sentido de atribuir-lhes significados préprios, 0 que necessario. - r ‘proceno de aprendizagenn significatives ak n a Angry ~“Aprendizagem_siffnificativa é 0 resultado da construcao propria de co- cfs aeons de um conteddo de ensine pets Sel to. E a apropriacao de um contelido de ensivto pole Sijcito,o.que Vise, imilica umd elaboragio pessoal do objeto de conkecinento, Um primero pas. Mp Ry 7 fb wet Ae Ph Le cyrrber noah “Ayenalepepae m” dN By @ hus 7 lo nm Phothd lo. Comptiv ea) tet eet ‘0 desse processo se dé com a mediaco do professor, como jé foi destacado to inicio do texto, pois € seu papel intervir no proceso de construgio de conhecimento pelo aluno, Pars fazer essa mediagio, ele conta com a cultura J escolar, com 0 conjunto de conhecimentos sistematizados na ciéncia, no caso | a geogréfica, ¢ estruturado pedagogicamente para compor os conhecimentos |_nevestros formas gral dos exdadtos. | |” Os contetdos da Geografia escolar tm como base os resultados da ci@ncia \ ae referéncia ¢ sua composicao é constante. Atualmente, além de contetidos | tadiconais ands considerados vidos, hd ume-imhutdnde de Temas desteccdos {pela Geografia cujo.cstudo € releva formagio basica das pessoas, [conio® 6s processos e as fotifas da natareza é de sua dinmica: 08 impactos ~ Se locals; or thipaictos da globalizagto na producio de Ingares ~ diferentes € desigtais! of conflitos socidespaciaiS nag suas diferentes escalas, coie'S WOIBis Bana de diferentes naturezas © proparyoes, conflitos como-o ‘Ges, AS TEpTESETIAGTES € 08 cdrihecimentos geogrilicos. “Essex sao Temas, SETH vida, relevantes pararse-estudar em Geogratfia, mas a idéia é destacar a necessidade de o professor, como mediador do pro- ‘cesso, ir além da apresentagdo desses fatos. A tarcfa de formagia,propria a0 ensino de Geografia é a de contribuir para o desenvolvimento de um modo de pensar geogrifico, que compe um modo de pensar sobre 0 mundo e @ reali- dade que nos cerca. Para tanto, niio basta apresentar os contetidos geogrifi- cos para que os alunos 0 assimilem, é preciso trabathar com esses contetdos, realizando 0 tratamento didético, para que se transformem em ferramentas simbélicas do pensarnento. No que os contetidos sejam apenas pretextos para © desenvolvimento que se pretende; eles no podem ser assim encarados, pois sto, de fato, informag6es, acontecimentos, fendmenos geogrificos importan- {es em si mesmos, “Todo esse processo requer que a Geografia ensinada seja confrontada com a cultura grogréfica do aluno, com a chamada geografia cotidiana, para {que esse confronto/encontro possa resultar em processos de significagdo ¢ ampliago da cultura do aluno. ara buscar entender um pouco mais esse papel de mediar a relago do sujeito/aluno com o objeto/contetido, no ensino, vale a pena deter-se em al- guns elementos do socioconstrutivismo. Nessa perspectiva de ensino, a rela- ao do sujeito com os objetos de conhecimento (que esto no mundo ou que do “apresentados” pelo professor) faz-se por uma mediagao semidtica, que exerce uma fungio simbélica, responsével pelos processos de representagao & significagao. O conhecimento humano, assim, ocorre quando a imagem repre- sentada adquire a forma de signo. Segundo Pino (2001:43): n alestina ¢ Taal ‘Mavieito dos Sem Terra e propri- > Brasil; as migrecoes-emrovimmentos de poputacko de” iddas as , | ITEZES: BF inpactos do niodd de’ Vide Webano nas diferentes catraturaydes socioespacliiay-as TeUnOTOERR, iif wildias & a producto/divileaqie-de-informa ‘A imagem esté no lugar do objeto (0 real em si), ela conserva ainds a rmaeralidade desse objeto, o que Ibe confere um caréter de singularidade, sendo incapsz. de produzir, por si mesma, 0 conhecimento propriamente hhumano; para tanto, a imagem tem que ser representada pelo signo. (Grifos do autor) ‘Vygostsky (1984), 20 explicar esse proceso, destaca como signo a pala- vra, qe esté, segundo ele, carregado de significagio social e cultural, permi- tindo, com a abstragao e a generalizagio, a formagio de conceitos e de siste- ‘mas conceituais, de complexidade crescente, constitativa do pensamento, Per- cebe-se, assim, a importincia da linguagem, como construgio social e cultu ral, nas priticas dle ensino, entendendo que sua esséncia é a de significar, ou seja, dar significado, atribuir significado as coisas (etimologicamente, ensino é ‘exatamente isso — ensinar, dar signos). Para desenvolver, entio, um modo de pensar geografico, & preciso que os alunos, ao lidar com os signos e representagdes, formem conceitos que instrumentalizem esse pensamento, Esses conceitos permitem aos alunos lo- calizarem-se ¢ darem significado aos lugares e &s suas experiéncias sociais © culturais, na diversidade em que elas se realizam. Em propostas construtivistas do ensino importa, entio, trabathar com ‘contetidos escolares que, tornando-se mediacio simbdlica dos objetos reais, interfiram na atividade do aluno como sujeito de conhecimento. Essa atividade, por sua vez, é impulsionada pela busca de atribuir significados aos contesidos que The so apresentados. ‘A tatefa docente de decidir quanto A estruturagao ¢ selegao de contetidos escolares para 2 realizago de um ensino com base construtivista pressupse ‘um determinado entendimento a respeito de algumas quest6es, como: 0 que significa dar significado aos conteiidos apresentados 20s alunos? © que € pre- ciso fazer para que esse processo de atribuir signifieados ocorra? Que contet- dos favorecem essa atividade de atribntigao de significados? Enfima, o que sig- nifica trabalhar com contetidos significativos no ensino de Geografia? ‘No sentido de encaminhar respostas a essas questdes e de demonstrar sna vineulagio a uma orientacao do ensino que contemple a diversidade dos alu- nos, torna-se importante argumentar sobre o significado dos contetidos geo- graficos escolares, Tenho partido da concepgio de que o trabalho de educagio geografica na.escola deve compor um projeto mais amplo de formar cidados pensantes e erfticos, on seja, cidadios que desenvolvam competéncias ¢ habilidades de um modo de pensar auténomo. No caso especifico da Geografia, trata-se de ajuder alunos a desenvolver modos de pensar geografico: internalizar méto- dos e procedimentos de captar a realidade, ter consciéncia da espacialidade das coisas, Esse modo de pensar geogréfico € importante para a realizagao de priticas sociais variadas, j4 que elas sao sempre priticas socioespaciais. B O entendimento é de que hé um movimento dialético entre as pessoas-e os £22805, formando espacialidades- Esse Ta forma o conluecimenio peograt importante para a vida cotidiana. A vida cotidiana hoje 6 composta de arranjos espacisis, dE Telagdes espaciais complexas, E a compreensio da complexidade do espago geozréfico global pelo cidadio toma-se cada vez Inais dificil se ele ndo disp6e de referéncias conceituas sistematizadas, para além das referéncias cotidianas. A.relagio dos alunos com o espago, com sua espacialidadle, com sbrangéncia © profundidede, requer instrumentos conceituais bisicos. Esses instrumentos permnitem uma leitura de mundo, de espago.* ‘Trata-se, entio, de tomar como objeto de estudo geogrifico na escola o espaco geogrifico, entendido como um espago social, conereto, em movi. mento, que requer uma andlise intexdepencente e abrangente de elementos da Sociedade e da natureza e das relagdes entre ambas. Essas reflexdes levam a afirmar que os professores precisam ter cons- ciéncia da contribuigio da Geogratia, dos contetidos geograticos na formacao seral das pessoas. Mas, isso no basta. B preciso que os alunos tarabéin te, ham essa conseiéacia. A experiéneia tem mostrado que as reflexées sobre os objetivos da Geo- grafia na escola basica no sto realizadas com freqtiéncia, ou com profundida- de, ou tem sido ineficazes para formar convieotes, representacdes s6bte a relevdncia da Geografia escolar. Para‘lustrar, pode-se analisar as espostas de uim alano Ws perguntas sobre para que serve a Geografia: "pra aprender”, ¢ “pra que aprender?”: “pra nada” (Cavalcanti, 1998). As respostas permitem constatar que 0 aluno entende a importincia da Geografia como conteddo escolar, ou sejt, como contetdo formalmente requerido para a conquista de uma escolaridade, Mas, o “aprender pra nada” pode significar duas a canvigedo do aluno de que 0s contetidos que se “a 1" na escola nfo-tém . ~utilidade para ele € para Sia vida cotidiana mais imediata e @ néio-compreensio, Pe esCGla, Oi Sa, ele nfo Comipreende + ch. TOE Ga GoogRaia para a idee 6 pA : ye > ecéssidade de inserit, como contetido escolar do /NiNsbisceensino d= Geosttia attlerie sobre essa area do conhecimento, seus propé- sitos no que tange # um campo cicntifico, sux hist6ria, seus postulados; a do Gqeq— seflexdo sobre a prética geograticn o sons relages com 0 cotidiano das pes- Soas. Essas reflexes parecem-me fundamentais para mediar o processo de he sn aribuir significados aos conteddos geogriticos apresealados pars os alunos Outro aspecto a ser considerado na escolha de contetidos significativos para o aluno é a relevancia social destes, pois, se é importante pensar na rele. vancia que o contetido pode ter para o aluno, em sua vida e realidade imediates, em sua diversidade, € também necessécio néo perder de vista a importéncia Sociopolitica desse contetido, contextualizando-o, analisanda seu potencial para Compor uma anélise erftica da realidade social e natural mais ampla, da con 4 templando a diversidade da experiéneia dos homens na produgio do espago global e dos espagos locais. Na Geografia, pode-se. inserir esse debate da relevancia de conteddos na orientagio de se srtbalhar con® Tocal€ 0 global 20 mesmo tempo. onforme (jd foi destacado'eiif outra parte UO Texto, a Tealidade social hoje é marcada pelo Proceso de globalizago, ¢ nesse processo encontra-se um elemento contra- ditsrio interdependente, que é a reafirmagao de culturas, de espacialidades, de experiéncias locais. A Geografia ¢ uma citncia que estuda 0 espago, na sua manifestagao global e nas singulares. Sendo assim, os contetidos geogréficos precisam ser “apresentados” para serem trabalhados pelos alunos nessa dupla insergio: a global e @ local. Com 0 objetivo de estabelecer orientagdes para o ensino de Geografia na perspectiva da construcio de conhecimentos, Callai destaca a importéncia de se trabalhar as escalas do lugar e do mundo na abordagem dos contetidos. Conforme suas palavras: Os fendmenos que a Ceoprata esata tn que ser considecadas come resultados de um proesso hse stad num deterinado fed, mat considerado também na perspective internaconalgobel.Afora ter sido semore ums carci da Geografiaestudar as qestes numa perspec. tivadoescala de adlise qu conta dos diversos niet terri hoje nts clocamos fordamentalmente come eateorias de ands local cot. diana global acrescdo do repens. Que diz, onives eal regional ave sio" mundo as fisement ats prSnimo do slo, scesido Jo nacional, se pem sempre ma pespetva ds mundiatizago, dor aspetos intracinais, Num mando om qo globalize fz sentrem todos 08 aspects afetando a vidi de odoe os homens em odes os ages 80 faz sentido estudar fendmenos ou ugtres olds, mas inseridos na comple. dade global, (99:82) ‘Ums outra referéncia, que.tenho destacado pela sua relevancia-na cons- trugad Wa Geogratia escolar, € a dg-cidadg. A cidade, considerada eontetido EE HOE conch Pm te TO en ma cone asians de modos de vida, como um espago simbélico, formador de sentidos de pertinéncia e de identidade, fundamentais para a formagio da cidadania, Sendo assim, seu estudo volta-se para desenvolver no aluno a compreenstio do modo de vida da sociedade contemporinea ¢ de seu cotidiano em particular. Além disso, contribui para 0 desenvolvimento de habilidades necessérias para 0s deslocamentos do aluno, seja nas espagos mais imediatos de seu cotidiano, seja em espagos mais complexos, que podem envolver uma rede de cidade. Seguindo a orientagao pedagégicazdidética defendida neste texto, de me- iar 0 process GE cotthecimento, dos alunos abordands conteuidos geogréfi- cs Significativos, um bom caminho para o tra do tema € considerar a 5 0s logicos ¢ psicol6gicos da atividade mental dos individues — no caso magio de conceitos. As articulagées existentes e possfveis entre esses spectos podem se transformar em instrumentos pedagégicos a servigo fentamen(o dos problemas concetnentes ao ensino de Geografia. io vamos tratar, aqui, dos problemas do ensino de Geografia, mas apre- uma abordagem afirmativa sobre o significado e a importancia dos con- geogtificas. ara a expesico do tema, nos valemos do conteiido de uma Oficina Pe- ica que organizamos com 0 objetivo de explorar os dois aspectos smolégico e psicolégico) do problema, anteriormente indicados, contetido deste texto divide-se em trés momentos. Partimos da exposi- ) contetido da oficina, conclufda com uma reflexio sobre a Geografia © onceitos basicos. Em seguida, expomos os fundamentos tedricos da ologia da formacéo dos conceitos ¢, por fim, trazemos as idéias gerais gotsky a respeito do significado dos conceitos. ‘tos da leitura geogréfica do mundo atividude abaixo descrita, e que serve de base para os problemas tebri~ n seguida apresentados, foi realizada em outubro de 2004 no Colégio 1al Trasilbo Filgueiras’ — no tv Semiinério de Educagao: século 204 ~ De- na Formagéo do Professor -, com alunas do cnsino médig do curso al de formacao de professores para atuagao no ensino fundamental de 1* éties. O Colégio se localiza no bairro Jardim Catarina, do municipio de jongalo, na Regio Metropolitana do Rio de Janeiro, situado a leste da le Guanabara, fa montagem da oficina (objetivos, materiais, contetidos), partimos de s pressupostos. Muitos programas escolares de 1° & 4* séries ~ e também ros didaticos —, dedicados aos estudos sociais ou A propria Geografia, ltrapassam o caréter de um amontoado confuso e fragmentério de con: s (objetos) geogriticos, em que nio estao explicitados coerentemente, ss0 ponto de vista, sua serventia, seus propésitos, a importfincia social is contetidos, suas categorias gerais. Porém, avaliamos que a experiéncia unas com a Geografia jé tivesse colocado-as em contato com os concei- colhidos. Assim, pressuptnhamos a existéncia da zona de desenvolvi- , proximal (Vygotsky, 1989, 19892), situagao do pensamento em que os itos de espago, territério ¢ paisagem esto, ainda que em estado embrio- (como brotos ou flores), dispostos a transformar-se em frutos do desen- mento intelectual daguelas futuras professoras. Do panto de vista da formagio dos alunos, 0 objetivo da oficina foi, entio, jebater a importincia social da Geografia ¢ dos seus conceitos-chave de io da realidade (0 espaco, o territ6rio ¢ a paisagem). Além disso, do de vista de nossa investigagdo, buseamos testar a metodologia da dupla estimulagio na formagdo de conceitos proposta por Vygotsky (1989). Ambos objetivos enquadram-se na perspectiva do desenvolvimento ps{quico ¢ intelec- tual dos alunos, proporcionado e/ou incentivado pelos processos de generali- ~agilo, abstrago e conceituaczo. ‘Os conceitos-chave escothidos partiram de nossa leituéa do liveo A natu reza do espaco, de Milton Santos (2004), e do texto “Categorias, conceitos & prinefpi pensada’, de Ruy Moreira (2002), Para a organizagio da oficina e a montagem {os matetiais, nos valemos, sobretudo, das sugestOes oriundas do método da 6gicos para (o ensino e o método de) uma geografia dialeticamente dupla estimalacao (materiais e palavras) proposta por Vygotsky (1989, 1989a) em seu estudo da formagao de conceitos. "Apés a apresentagao do grupo ¢ da sondagem de interesses (por que esta- vam ali?), escrevemos, no quadro negro, © problema proposto: qual a impor- tincia social da Geografia? Ao final das atividades, do exame dos trés materi- ais, cada grupo teria de formular uma resposta para © problema proposte, “Antes da entrega e da explicago dos trés materials que os conduziram a ‘problematizagio do tema, indagamos o sentido da palavra geografia, o que se entendia por geografia. As cinco alunas presentes responderam: Da importincia de conhecer @ geagrafia, acho que é assim, pode a pessoa ccomesar a conhecer of baiztos, as cidades, as ruas, conhever 0 que esti em volta de vac8, os nomes.” (Liliane) “A focalizagio, do que & geograficamente, dos estados, acho que & assim, pando tudo, regido, 0 mapas, o Brasil.” (Bianca) “Para as eriangas aprender mais sobre regites.” (Terezinte) “A geogratia tem um significado ~ geo ¢ grafia~, 6 que no momento eu me esiueci: geografia pra mim, claro, a pessoa tem que conhecer, quer dizer. 0 {que estéem volta tom que ter conhecimento do que est em volta da pessoas ‘6 que tem vérios tipos de geografia, entao, tem a geografia fisicn... nto, devido 0 meu pouco conhecimento, eu nko sei explicar tanto o que € geoget- fia.” (Veralina) “Localizagio.” (Roseli) Essa sondagem inicial j4 permite identificar algumas palavras-chave que ‘conformam um certo imagindrio escolar e social da Geografia e de sua fun- ‘Glo social. Em nossa atividade, essas palavras-chave (baitro, cidade, locali- Zagao, mapa, regio, entorno, geogtafia fisica) foram retomadas, no final e na medida em que fomos explicitando a fungdo social da Geografia ¢ suas categorias bésicas, que era 0 objetivo estabelecido. Em nossa avaliagio, € 81

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