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Teste de Avaliacdo 3 [GRUPO II- EDUCACAO LITERARIA, PARTE A — FARSA DE INES PEREIRA L@ um excerto da Farsa de Inés Pereira, de Gil Vicente. Inés —_Jesus, Jesus, manas minhas! Sois vés aquele que um dia, em casa de minha tia, me mandastes camarinhas’ 5 e quando aprendiaa lavrar mandaveis-me tanta cousinha? Euera ainda Inesinha, no vos queria falar. Erm. _Sefiora, tengo os servido, 10 yvos a mi despreciado; haced que el tiempo pasado no se cuente por perdido. Inés _ Padre, mui bem vos entendo.. ‘Ao demo que vos eu encomendo, 5 que bem sabeis vs pedir! Eudetermino la dir aermida, Deus querendo, Erm. Yquando? Inés I-vos, meu santo, 20 que eu irei um dia destes muito cedo e muito prestes. Erm. _Sefiora, yo me voy en tanto. Inés Emtudoé boaa concrusao. Marido, aquele ermitao 5 € um anjinho de Deus. Pero Corregei” vos esses véus, e ponde-vos em feicao Inés _Sabeis vos o que eu queria? Péro Que quereis, minha mulher? golnés Que houvésseis por prazer de irmos lé em romatia. Pero _Seja logo, sem deter! Notas vocabulares 1 camarinhas: tos a comarohera 2 Conreget Arana 23 Bots: No verdade 4 pols como? E que mals mands? Inés Ora este caminho é comprido, contai uma hist6ria, marido. a5 Paro Bofa® que me praz, mulher. Inés Passemos primeiro 0 rio. Descalcai-vos. Pero ‘Assi hd de ser? E pois como?" 40 Inés E levar-me-eisno ombro, nao me corte a madre® 0 frio. Poe-se ds costas do marido. Inés Assi Péro Ides a vossa vontade? as Inés Como estar no Paraiso. Péro Muito folgo eu com isso. Inés _Esperade ora, esperade! Olhai que lousas aquelas, pera poer as talhas® nelas! 50 Péro Quereis que as leve? Inés Si;umaaquieoutra aqui. Oh, como folgo com elas! Cantemos? Pero Se vos quereis. Inés E vos me respondereis a tudo quanto eu cantar: “Pois assi se fazem as cousas.” Canta Inés Pereira: Inés “Marido cuco’ me levades 60 e mais duas lousas.” Péro “Pois assi se fazem as cousas. ‘VICENTE, Gil (201). Farsa de Inés Pereira. Porto: Porto Editora pp. 3-7 '5 madre: utero 6 tathas: vasos grandes. liguidos 7 euco:taleo, enganado 2 dgua, azcite ov outros Apresenta a tua resposta as questées colocadas, de forma bem estruturada. 1. Insere o excerto na estruturs iterna da obra a que pertence. 8) 2. Compara o comportamento de Inés Pereira com o de Péro Marques, fundamentando a tua resposta com elementos textuais. 20/ 3. Explicita o valor satirico da cantiga entoada por Inés Pereira e Péro Marques. 18/ 202 COTACGES GRUPO III - LEITURA E GRAMATICA so Lé o texto. CRITICA TEATRO Love, exciting and new As figuras desta Tragicomédia da Nau d'Amores, inventada por Gil Vicente ha quase 500 anos, séo uma Princesa, que se transfigura em Cidade de Lisboa e se dirige ao rei e a rainha, presentes na representa¢ao; um Pajem de um principe de Normandia; o mesmo Principe; mais quatro Fidalgos seus, que montam a nau; o proprio deus Amor, capitao da alegorica 5 embarcacao; e, por passageiros, um “Frade doudo’; um “Pastor castelhano”, um “Negro de Beni”; 204 Teste de Avaliagdo 3 uum “Velho’; dois "Fidalgos portugueses’; e um Parvo. $é por esta lista jé se imagina o escopo da fantasia vicentina. Mas a representagao tinha os pés bem assentes na terra. A peca foi criada para 0 regresso a Portugal, em 1527, de D. Jogo III e Catarina de Austria, casados em 1525. O texto é polvilhado de referéncias a figuras da corte joanina, que certamente estariam na 1o assisténcia ou seriam conhecidas de todos. Figuras ficticias e figuras reais, figuras tipicas e figuras alegoricas coexistem no universo criado por Gil Vicente sobre as venturas e desventuras amorosas. Osatores desta producao da Companhia de Teatro de Almada, com encenagao da espanhola ‘Ana Zamora (que deu a sua companhia o nome desta peca de Gil Vicente), dao vida a estas 1s figuras, e tomam o pitblico pela corte, monarcas incluidos na forma de espectadores anénimos, demonstrando a continuidade dos nossos tempos com o século XVI e a continuidade de umas nagdes com as outras, no espaco cultural ibérico. Para isso, sublinham o que ha de comum e universal nas agdes humanas, O tema, claro, ajuda. Quem nunca se sentiu naufragar numa barca dos amantes? O rigor historiografico no sacrifica a realizagéo cénica, antes pelo 20 contrério: éno prazer de executar com brio os versos e os jogos vicentinos que se encontra boa parte da teatralidade deste espetaculo. A misica e as brincadeiras com os instrumentistas, a desconstrugao e construgao do cenério, eas interpelacées diretas a plateia fazem o resto. Quem quiser saber mais sobre o texto original, pode consultar a Internet, que 14 vai encontrar tudo. Aqui, no palco, encontrara as loucuras de amor encarnadas pelos quatro 2s atores e pelos trés misicos. Ana Zamora nao faz por menos: pde em cena espirito chocarreiro dos carnavais ibéricos e das festas dos rapazes, do Norte da peninsula, que vao dos caretos transmontanos aos mascarados de Castela e Ledo, para dar cor a festa. Afinal, 0 casal que patrocinava a atuagdo original representava a uniao ibérica. Nas trocas e nos desenganos amorosos, a anarquia do desejo é o traco peninsular mais recorrente. Isso, pelo menos, da boa 30 cara tanto a espanhéis como a portugueses. Se esta nau aportar num terminal de cruzeiros perto de si, ndo deixe de embarcar nela. FIGUEIRA. Jorge Loura¢o, in fpsilon, 07/07/2016, https://www publico pt (consult. 09/04/2018]. 1. Seleciona a opgao correta. 4.1. Este texto pertence ao género textual (A) sintese. (C) exposigdo sobre um tema, (B) relato de viagem. (0) apreciagao critica. 4.2. No primeiro pardgrafo, as aspas sao utilizadas para delimitar (A) alcunhas de personagens (C) titulos de obras, (B) citacdes dos textos vicentinos. (0) expressdes metaféricas. 4.3. De acordo com Jorge Figueira, as personagens que intervém na peca vicentina Nau dAmores indiciam (A) a critica social subjacente a obra. (8) 0 universo ficcional tipico das pecas vicentinas. (C) a preponderancia dada as personagens alegéricas. {D) a coexisténcia de figuras humanas, alegoricas e mitolégicas. 5/ 8/ 5/ 205 Teste de Avaliagao 3 1.4, A metéfora presente na expresso “O texto é polvilhado de referéncias a figuras da corte joanina” [i. 8-9] (A) marca a objetividade do autor. (8) confere um tom apreciativo & enunciaco. (C) denuncia 0 sarcasmo de Jorge Figueira. (D) censura o carécter pitoresco e popular da obra. 1.5. No segundo pardgrafo focam-se aspetos relativos (A) a0 rigor historiografico do texto vicentino (B) ao enredo, encarado como desinteressante e pouco inovador. (C) a representacao teatral. (D) as diferencas existentes entre a época vicentina e a atualidade. 1.6. A peca Tragicomédia da Nau d’Amores, (A) tem como protagonista a atriz Ana Zamora. (B) recria sem anacronismos a época de Gil Vicente. (C) desvirtua 0 espirito da pega vicentina, pois integra na encenacao referéncias aos carnavais ibéricos. (D) foi levada & cena pela companhia de teatro Nau dAmores. 1.7. Em “Se esta nau aportar num terminal de cruzeiros perto de si, no deixe de embarcar nela.” [ll. 30-31] esté presente um ato de fala (A) assertivo, {C) expressivo. (8) declarativo. {D) diretivo. 2. Considera 0 seguinte excerto: | O texto 6 polvilhado de referéncias a figuras da corte joanina, que certamente estariam na | assist@ncia ou seriam conhecidas de todos. [ll. 8-10]. —_—_] 2.4. Transcreve e classifica a ora¢éo subordinada nela presente. 2.2.Identifica a funco sintatica desempenhada pelos constituintes sublinhados. 2.3.Identifica o valor modal veiculado em “que certamente estariam na assisténcia ou seriam conhecidas de todos”. GRUPO IV - ESCRITA Redige uma apreciacao critica (que contenha entre 200 e 300 palavras) de uma re- presentacio teatral & tua escolha. ‘Nota: Caso nao tenhas assistido a nenhuma pega. a tua apreciagao pode incidir sobre um texto dramatico de Gil Vicente, 5/ 5/ 5/ 5/ 5/ 5/ 5/ coragoes paginas 234-236 4.2.(0% 13: (A). 4.0” - vie rior OIF. 2. do Literdria | - Educagao Grup? te AW Farsa de Inés Pereira Pal ‘este excerto localiza-se no desfecho da Farsa de Inés Pereira, correspondendo ao momento final da intriga, em que Inés, ja cqsada com Péro Marques, marca a encontro amoroso com o ermit3o € é levada até ao local combinado pelo marido enganado. 2. Inés Pereira revela-se leviana e dissimulada: marca um encontro com um ermitao que a galanteia (“Eu determino Id d’ir/ aermida, Deus querendo.”, w. 16-17) e, dissimuladamente, pede a péro Marques que a acompanhe, em romaria (w. 30-31), ao local combinado. Péro Marques age com bondade e ingenuidade, satisfazendo inocentemente todos os caprichos da mulher (acompanha-a, conta-Ihe uma historia, atravessa 0 rio com ela as costas e ainda carrega duas pedras — w.. 43-61), ndo se apercebendo da malicia da esposa. 3.A cantiga entoada por Inés Pereira e Péro Marques tem uma func&o simultaneamente ludica (provoca 0 riso) e critica (acentua © contraste entre o comportamento aduiltero, malicioso e hipdcrita de Inés ea ingenuidade de Péro Marques, que nado se apercebe de que vai ser traido/“cuco’). Parte A - Auto da Feira 1, i i Este excerto localiza-se na primeira parte do Auto da Feira, ce °rrespondendo ao momento em que o Diabo apresenta as raz6 hers A eS que justificam a sua presenca na feira e em que Roma entra em cena, oe - a ae ontar Sousa ROI _ histé- eee deu-o ao seieee ee Sua, tev; a Nseguia acres enta que tem n Ono (wv. 1142, 16-1 © um castelo em p pinciexs 5.0 alvo de ert Nedo de morrer aed © sujeito postico ideoldgica entregasse os ie SO alto clero, que omen F S castel : exe a, Pioneiros OS a0 conde de Bolonha. meets pers nacio. —-TUPOM—Lei , , eitura e Gramatic 4. (D)4.2 8 ; + 1.2. (B); 1.3. blitz. . (B); 1.3. (By; 4.4. (By; ae 2.1, “que certam B45: (C 16. (y.-47, supressdes} ae ‘ente estariam na assisténciar es oo a adjetiva relativa eae — oracdo 2. “a figuras . icativa, assisténcia” — Sree ee ote complemento d icati aa eo 5 agente da passiva tivo do sujeito; “de todos” — ahs na ca . lemento lor modal epistémico (certeza). Grupo IV - Escrita . Exempl Inés Pereira, id e Inés, ja Uma apreci rosé preciacao criti 5 - como Go critica do espetdculo Agravados Se podemos afi Sal ee ane cae com alguma legitimidade, que “Os aan See 5 ja alma”, nao seré menos verdade to- os a dramaturgia de Gil Vi Se hier Ded : icente como um espelho que eee ¢ S Ie aalma da sociedade do século XVI. ee ' ie lea e nesta justa medida que se integra 0 espetaculo Agrava- : re local dos, a partir da Comédia de Rubena; Auto de Mofina Mendes, ONE le, Auto da Feira; Quem tem Farelos? e Romagem de Agravados, julher é ji do dramaturgo portugues, com dramaturgia € encenacgao de 0 com ela as Gisela Cafiamero € assistencia & encenacdo de Fernanda se Gama. [...] Os Agravados estiveram bem redivivos em palco, desde 0 “pelado” por fidalgos presuncosos € vaos a clérigos de es tem uma povo itica (acentue vida folgada, vivendo, uns outros, do confisco do trabalho oso © alheio, sustentados por homens de leis € funcionarios especie- _que ndo s° lizados no fabrico de alvards em beneficio de afilhados. venda de indulgéncias, depravagao dos Amores proibidos, mo surgiram, como de cOS- mundanis costumes, misticismo © , da Feira: tume na obra vicentina, de maos dadas, NO habitual duelo entre bem e mal, invaridvel e inevitavelmente, perdido pelo primeito. CR of Mais uma vez tivemos 4 incontorndvel figura do Diabo que setae nao force ninguém a0 pecado, ja que as personagenstP 235

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