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É diplomado em
Pintura pela Escola de Música e Belas Artes. Mas seu encontro com a
arte deu-se antes disso, ainda adolescente, quando passou a freqüentar
o ateliê de Guido Viaro, seu primeiro mestre. Em 1958 foi para França
tendo permanecido em Paris por três anos, onde além das pesquisas e
estudos teóricos que efetuou, manteve proveitoso contato com mais
expressivos grupos de vanguarda. Data daí o início de suas serigrafias,
técnica em que foi um dos precursores em nosso estado. Paralelamente
à suas atividades artísticas, realizou diversas pesquisas sobre os meios
de comunicação de massa, participando de equipes de realização de
televisão e Cinema educativo e outros meios audiovisuais. “Obteve
diploma com mérito (3º lugar), maior classificação obtida até aquela data
por outro aluno estrangeiro, no CENTRE AUDIO-VISUEL DE SANT
CLOUD”, diploma esse cuja validade internacional é homologada pela
UNESCO. Voltando ao Brasil, em 1982, foi um dos integrantes do
movimento de renovação artística local. Foi o criador do Salão de
Exposições do Banco de Desenvolvimento do PR – BADEP e durante
dez anos o curador da programação cultural ali desenvolvida (1973/83).
Assessorou o planejamento de sistema análogo para o Banco de
Desenvolvimento do Estado da Bahia, em Salvador (1982). Foi de 1981
até 1990 coordenador da Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, para
a Região Sul do País. Atualmente dedica-se exclusivamente à pintura.
A obra de Domício se caracteriza pela grande pesquisa que ele
realiza na produção de grafismo e cor. Sua poética se baseia na
construção do espaço com uma meticulosidade engenhosa, talvez
devido ao fato de haver percorrido, temporariamente, os caminhos da
engenharia, e, porque não dizer, arquitetada através da utilização de
fragmentos das paisagens que visualizou, em certa fase de sua vida,
e que ficaram gravadas em sua memória.
Seus estudos, incessantes, culminaram num artista completo que
trilha seu caminho com segurança, pois seus trabalhos, já na fase
inicial da carreira, não deixam dúvidas de seu empenho em estudar e
desenvolver sua obra, e, com a generosidade que todo gênio possui
para dividir o seu saber pois, está sempre disposto a falar sobre seu
trabalho e mostrar seu ateliê.
O artista começou a produzir com pintura a óleo e depois passou
para pintura acrílica. Após retornar para o Brasil, em 1982, passou a
trabalhar com serigrafia e, em todos os processos consegue chegar a
resultados similares, que, anteriormente, são amplamente estudados
e planejados. Segundo Domício, suas serigrafias podem parecer
iguais, mas não existem duas com o mesmo resultado gráfico porque
ele não repete nunca a mesma seqüência na aplicação das cores e, é
isso mesmo que as deixa apenas similares e o expectador encantado
com a magia da sobreposição de cores. Hoje Domício usa tinta
acrílica de parede e consegue efeitos plásticos semelhantes às
linguagens utilizadas anteriormente.
Apesar de o artista ser conhecido como “o pintor de favelas” pode-
se, até, entender sua pintura como uma invenção para o mundo
pobre, cinzento e poluído que nos rodeia. Domício se utiliza da forma
de uma paisagem vista, a favela, para falar de algo belo e poético,
sua arte, sua poesia e, porque não dizer de um sonho, que talvez
pudesse ser realizado, transformando a vida do povo sofrido das
cidades, comprimido nos morros, em uma vivência digna de apreciar
a arte, ao abrir sua janela.
Domício reuniu, em sua trajetória, todo o conhecimento necessário
para que sua obra tenha caráter de ter sido executada por artista
engenhoso, pois seu processo de trabalho se dá com a cautela e a
diligência da engenharia, e pensada por filósofo/arquiteto/poeta que
sonha com a construção e a existência do belo de modo que esta
beleza suceda a paisagem que foi vista e memorizada.