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Artigo

Citomegalovírus: Revisão dos Aspectos


Epidemiológicos, Clínicos, Diagnósticos e de
Tratamento
Jader Joel Machado Junqueira1, Talita Marçal Sancho1 e Vera Aparecida dos Santos2
1. Acadêmico(a) do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
2. MD, PhD, Patologista Clínica, Diretora do Serviço de Imunologia da Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas da FMUSP (DLC-HCFMUSP)
Serviço de Imunologia da Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Resumo Summary

O citomegalovírus (CMV) é um herpesvírus humano Cytomegalovirus: Review of epidemiologics,


que ocorre em todas as regiões do mundo, variando com clinics, diagnostics and treatments aspects
as condições socioeconômicas locais. Possui como carac- Cytomegalovirus (CMV) is a human herpesvirus that oc-
terística peculiar sua capacidade de latência, podendo curs in all regions of the world, variating with local socioeco-
ser reativado em diferentes circunstâncias. É considerado nomics conditions. It has as peculiar characteristic its capacity
um dos mais importantes patógenos oportunistas do pa- of latency and can be reactivated in different circumstances.
ciente imunocomprometido It is considerated one of de most importants opportunists
A contaminação ocorre por meio de contato com pathogens of the immunodepressed patient.
secreções corpóreas contaminadas, por transmissão The contamination happens through contact with contami-
horizontal ou vertical, tanto por vias naturais como por nated body secretions, by horizontal or vertical transmission,
via iatrogênica. both in natural and iatrogenic ways.
A doença clínica é rara em indivíduos imunocompe- The clinic disease is rare in immunocompetents indi-
tentes. No entanto, em imunocomprometidos, a infecção viduals. But in immunodepresseds, the infection becomes
se torna sintomática e pode resultar em sérias complica- symptomatic and can result in important disorders, with
ções, com o possível envolvimento de órgãos. No caso possible organs involvement. In individuals with AIDS, the
de indivíduos com AIDS, a imunossupressão aumenta a immunossupression increases the activity of the CMV, leading
atividade do CMV, levando a um efeito deletério. to a deletery effect.
Esta revisão visa a apresentar os principais aspectos This review has as objective to present the main epidemio-
epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e tratamentos de logical, clinics aspects, diagnoses and treatment in infection
infecções por CMV em suas várias formas de transmissão. by CMV in its many forms of transmission. The etiology and
São discutidos também a etiologia e o ciclo viral. cycle of the virus are also discussed.

Palavras-chave: Citomegalovírus, epidemiologia, Keywords: Cytomegalovirus, epidemiology, diagnoses,


diagnóstico, sintomas e sinais clinics aspects

Etiologia genoma é constituído de DNA que te com a formação de um cadafalso


O citomegalovírus (CMV), tam- se encontra na interior de um cap- interno de proteínas, seguido pela
bém conhecido como HHV-5, é um sídeo protéico icosaédrico, o qual é clivagem proteolítica, remoção do
herpesvírus humano (HHV) e per- rodeado por uma camada amorfa cadafalso e empacotamento do ge-
tencente à família Herpesviridae, de proteínas, chamada tegumento e noma viral no núcleo (8).
assim como o vírus varicela-zoster, envolvido por uma bicamada lipídica, Uma característica peculiar desse
o vírus Epstein-Barr o HHV-8 (vírus onde se encontram as glicoproteínas vírus é a sua capacidade de latência.
associado ao Sarcoma de Kaposi), virais (1-7) (Figura 1). Assim, após uma infecção primária,
e subfamília β-Herpesvirida. Seu O capsídeo é montado inicialmen- geralmente assintomática, o vírus

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madamente 24h e consiste de três
fases:
• 1ª Fase (4h) – Há a produção
de proteínas regulatórias
• 2ª Fase (8h) – Há a produção
da DNA polimerase viral
• 3ª Fase (12h) – Há produção de
proteínas estruturais e montagem de
novos vírus
Em um paciente imunocompeten-
te, a maior parte do vírus é destruída
Figura 1
(por células T citotóxicas específicas
não é eliminado do organismo e, nascidos e a reativação do vírus em para CMV) e a infecção procede de
como os outros herpesvírus, per- pacientes imunocomprometidos po- forma assintomática. A presença desta
manece ali de forma latente, e sua dem levar a severas patologias (14). infecção assintomática é baseada na
viremia se mantém em níveis redu- detecção de CMV nos fluidos corporais.
zidos. Em diferentes circunstâncias, CICLO VIRAL O período de incubação, após a infec-
ele pode ser reativado como, por A aquisição ou infecção primária ção, é de quatro a 12 semanas, quan-
exemplo, em casos de gestação, por CMV é resultado da introdução de do o antígeno já pode ser detectado.
uso de drogas imunossupressoras, vírus em um hospedeiro humano. O Nesse período, há o aparecimento de
AIDS ou qualquer outro fator que DNA do CMV, após atacar a superfície IgM-CMV ou, mais tarde, aumento de
altere o sistema imunitário, causando celular da célula hospedeira, entra no cerca de 400% no nível de IgG-CMV.
diversas doenças como pneumonia, seu núcleo e começa um processo de No entanto, em pacientes imuno-
esofagite, encefalite, hepatite, pan- replicação, tendo como conseqüência comprometidos que não receberam
creatite, gastrite, enterite, colite e a liberação de novos vírus no sangue os tratamentos adequados contra
retinite (1, 4-7, 9-11). e em outros fluidos corporais (Figura CMV, a infecção se torna sintomática
Apesar de possuir replicação in- 2). A infecção por CMV provoca um (CMVD – CMV Disease) e com possível
teiramente intracelular, o que impede impacto dramático na célula, que envolvimento de órgãos (5), como é
a ação de anticorpos neutralizantes, começa imediatamente após a infec- mostrado na Figura 2.
o CMV pode ser facilmente inativado ção e continua mais tardiamente. A
por fatores físico-químicos. Sua vida replicação do CMV depende dos pro-
média a 37ºC é de 45min. O único dutos genéticos da célula hospedeira
reservatório para a transmissão dos trabalhando em conjunto com as
CMV em humanos é o próprio homem. funções virais e leva a uma dramática
Para haver contaminação é necessá- desregulação da expressão do ciclo
rio o contato íntimo já que secreções genético da célula. O ciclo replicatório
biológicas como sêmen, secreções segue uma cascata de eventos que
vaginais, saliva e urina atuam como depende das funções tanto da célula
vetores. Além disso, pode haver con- viral quanto da célula do hospedeiro.
taminação horizontal por transfusão A replicação do DNA viral começa
de órgãos e sangue. Uma última forma entre 14 e 24 h após a infecção. Esse
de contaminação ocorre por trans- processo causa mudanças na forma
missão vertical durante a gestação da célula hospedeira, metabolismo e
(via transplacentária), no momento transcrição genética, componentes
do parto ou no período pós-natal (via essenciais para uma replicação efi-
leite materno) (3-5, 12, 13). ciente (14).
A infecção primária em recém- O ciclo replicatório dura aproxi- Figura 2

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Os CMV podem permanecer la- periores 60% das gestantes tinham mentos. Para mulheres gestantes,
tentes no interior de vários órgãos anticorpos anti-CMV, em áreas socio- a fonte mais provável de infecção
e ser reativados em decorrência de economicamente inferiores 85% das é o contato com urina ou saliva de
depressão da imunidade celular, em gestantes os tinham (19). crianças jovens, principalmente
situações como a gravidez e doenças A explicação para essa variação seus próprios filhos (20, 22, 23).
como a AIDS, ou quando do uso de de acordo com as áreas pode ser O CMV pode infectar o feto tanto
drogas imunossupressoras (1, 4-6, dada pelo fato de a transmissão durante a infecção primária mater-
9-11, 15). viral depender, em grande parte, na, quanto durante a reativação da
O CMV pode infectar a retina, tra- da higiene, moradia e hábitos da infecção materna presente antes da
to gastrointestinal, fígado, pulmões população, já que, como já foi dito, concepção. As infecções primárias
e sistema nervoso. A manifestação o CMV é encontrado em pratica- ocorrem em 1%-4% das mulheres
mais comum é a retinite, responsável mente todos os líquidos corporais. gestantes soronegativas e levam à
por 85% de todos os casos de sinto- É importante ressaltar ainda que os infecção do feto em 40%-50% des-
mas clínicos do CMV. Doenças gastrin- fatores paridade e idade também sas gestações. A reativação do CMV
testinais são a segunda mais comum influenciam de forma crescente materno ou reinfecção com uma
e incluem esofagite, colite, gastrite e na prevalência da doença. Além linhagem diferente leva à infecção
hepatite. Acometimento do sistema disso, pelo fato de a mulher estar, fetal em cerca de 1% das mulheres
nervoso central ocorre em menos cada vez mais, trabalhando fora de gestantes soropositivas. Portanto,
de 1% dos casos. Infecções recor- casa, um número maior de crianças a infecção primária é muito mais
rentes por CMV podem ser causadas passou a habitar, por mais tempo, danosa ao feto que sua reativação
por reativação do vírus causador da creches e escolas, facilitando a e a presença, no feto, de anticorpos
infecção primária ou por reinfecção. transmissão. Quando um indivíduo maternos não lhe confere proteção
A reinfecção tem sido observada em introduz o vírus em casa, aproxi- contra a infecção congênita. As
casos de exposição a cepas diferentes madamente 50% dos moradores manifestações clínicas são quase
de CMV (1, 3-6, 9-11, 16). apresentarão soroconversão num exclusivas de recém-nascidos de
prazo de seis meses em média (1, mães com infecção primária duran-
EPIDEMIOLOGIA 5, 20, 21). te principalmente a primeira meta-
As infecções por CMV são muito Acima de 20% das crianças nos de da gestação (15, 20, 24).
freqüentes, porém observa-se que Estados Unidos contrairão o CMV Aproximadamente 10% das
a doença clínica é rara em crianças antes da puberdade. Essas crianças crianças infectadas por via con-
e adultos imunocompetentes. Entre podem, por sua vez, ser reinfec- gênita são sintomáticas ao nas-
30% e 90% dos adultos imunocom- tadas por diferentes linhagens do cimento, apresentando a doença
petentes apresentam anticorpos vírus. A infecção é também comum congênita por CMV que inclui as
IgG-CMV presentes no organismo, na adolescência e corresponde seguintes manifestações: retardo
sendo descritos como soropositivos diretamente ao início da atividade do crescimento intra-uterino, pre-
para CMV (5, 15-17). sexual (17). maturidade, icterícia colestática,
Estudos de soroprevalência de A infecção primária pelo CMV hepato-esplenomegalia, púrpura,
anticorpos anti-CMV na população pode ocorrer no período pré-natal, plaquetopenia, pneumonite inters-
mundial demonstraram que o CMV perinatal ou pós-natal, tanto por ticial e as manifestações neuroló-
ocorre em todas as regiões do mundo vias naturais quanto por via iatro- gicas: microcefalia, calcificações
(18), sendo inversamente propor- gênica (3). intracranianas, crises convulsivas
cional ao status socioeconômico do no período neonatal, coriorretinite
local. Isso permite que dentro de Infecção Congênita e deficiência de acuidade visual e
uma mesma região haja grandes va- A prevalência de infecção congê- auditiva. Das 90% assintomáticas,
riações de prevalência. Nos EUA, por nita por CMV é variável em diversas 10%-15% desenvolverão sintomas
exemplo, foi mostrado que, enquanto partes do mundo, atingindo taxas dentro de alguns meses ou mesmo
em áreas socioeconomicamente su- de 0,2% a 2,6% de todos os nasci- anos (15, 25, 26).

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A infecção congênita pode ocor- parto, por transfusão materno- prematuros submetidos a trans-
rer em qualquer época da gestação, fetal; pela ascensão de microor- fusões sangüíneas de doadores
não estando ainda estabelecido, no ganismos na cavidade amniótica infectados por CMV é proporcional
homem, uma relação entre época e acometimento das membranas à quantidade de sangue transfun-
da infecção materna e risco de amnióticas, do cordão umbilical e dido (15).
infecção ou sintomas no recém- da placenta; ou devido à aspiração Está associada à contaminação
nascido, mesmo porque a maioria de líquido amniótico contaminado; do recém-nascido com secreções do
das infecções por CMV durante a ou, ainda, pelo contato da pele cérvix uterino no momento do parto
gestação são subclínicas. Porém, e mucosas gástrica e ocular do e com leite materno contendo CMV,
sabe-se que se a infecção ocorrer recém-nascido com sangue e se- nas primeiras semanas de vida.
no primeiro trimestre o risco de creções genitais ou fezes maternas Assim, o CMV no cérvix uterino não
conseqüências clínicas para o feto que contenham microorganismos é somente uma fonte potencial de
é maior (35 a 45%) do que se a que estejam se replicando. A prin- transmissão por via sexual.
infecção ocorrer nos dois últimos cipal fonte de infecções pós-natais A alta excreção cervical durante
trimestres (0 a 25%). Como pou- do recém-nascido é a mãe. Embora o terceiro semestre de gestação
cos recém-nascidos são rastreados os tratos respiratório e gastrintesti- sugere uma maior probabilidade de
para CMV, o verdadeiro impacto nal maternos sejam os sítios mais infecção no momento do parto (26
da infecção congênita por CMV é comuns a partir dos quais ocorre a a 57%), mas esta forma de conta-
subestimado (1,20). transmissão de microorganismos minação ainda fica aquém daquela
Acredita-se que o vírus seja da mãe para o recém-nascido no que ocorre através do leite materno
transmitido quando leucócitos período pósnatal, o aleitamento (63%) (3).
infectados atravessam a placenta materno também pode ser a fonte Programas de rastreamento so-
(transmissão vertical), via cordão da infecção. A infecção perinatal por rológico ou virológico para detectar
umbilical, instalando-se no epitélio CMV resulta da exposição da crian- CMV em mulheres com potencial
tubular renal, onde ocorre a repli- ça à secreção cervical ou ao leite para engravidar não são práticas
cação (27). materno nas primeiras semanas de ou custo-efetivas. Restrições ao
O CMV congênito é um objetivo vida ou da transmissão iatrogênica aleitamento materno também não
primário de prevenção não só devi- pós-transfusional (3,4). são feitas, pois os benefícios do
do ao substancial fardo de sua doen- Na transmissão que ocorre por leite materno se sobrepõem ao
ça, mas também porque a biologia exposição às secreções maternas, risco da criança adquirir CMV da
e a epidemiologia do CMV sugerem após a ingestão do material conta- mãe (20).
que há caminhos para reduzir a minado, o vírus iniciaria replicação
transmissão viral. Devido ao fato na superfície das mucosas bucal, Infecção Adquirida
de a exposição à saliva ou urina de faríngea, esofágica ou glândulas Esta transmissão se dá de forma
crianças jovens ser a principal causa salivares, tecidos pelos quais o CMV horizontal, no período pós-natal
de infecção por CMV entre mulheres tem tropismo. A infecção perinatal através do contato de secreções
grávidas, é provável que a higiene pode ser resultado de infecção corpóreas contaminadas.
pessoal, especialmente o hábito de primária materna, mas freqüen- Pode ser dividida em dois pe-
lavar as mãos, possa reduzir o risco temente é causada por infecção ríodos:
de aquisição de CMV (20). recorrente. O período de incuba- • Na infância a transmissão
ção varia de quatro a 12 semanas. ocorre basicamente por contato de
Infecção Perinatal Assim, na ausência de virúria ao urina e saliva de outras crianças,
As infecções adquiridas no perí- nascimento, a detecção viral após sendo assim, ambientes com mui-
odo peri-parto e até três semanas a quarta semana de vida define a tas pessoas e creches acabam pre-
pós-natais são denominadas infec- infecção perinatal por CMV. dispondo a uma maior infecção.
ções perinatais (15). A transmissão A gravidade da infecção perina- • Na idade adulta além das duas
pode se dar durante o trabalho de tal que ocorre nos recém-nascidos formas já citadas, há ainda a trans-

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missão por contato sexual via sêmen e secreções do
cérvix. A freqüência de infecção de CMV no cervix
varia com a idade, classe socioeconômica, promis-
cuidade sexual e paridade (3). Aproximadamente
1 a 2% das mulheres que passam por exame mé-
dico de rotina carrega o vírus. Em Seatle/EUA, um
estudo feito em 347 mulheres atendidas em uma
clinica de DST’s constatou-se presença de CMV no
cérvix de 34% destas mulheres (4). O CMV pode ser
encontrado em altos títulos no sêmen de homens
hetero e homosexuais, HIV-positivo ou não. Além
disso, algumas característica como baixa idade (≤
24 anos), promiscuidade sexual e passividade no
sexo anal têm sido correlacionadas com a presença
do vírus.

Transmissão Iatrogênica
Este tipo de transmissão ocorre através de
transfusões sanguíneas e transplantes de órgãos
e só é possível devido à capacidade do vírus de
permanecer latente, podendo ser reativado poste-
riormente (28).
Sugere-se que a transmissão por transfusão
sanguínea seja proporcional ao número de unidades
transfundidas e é estimado como 5 a 12% por uni-
dade. Pelo fato do CMV estar associado a leucócitos,
e ainda, pelo fato de sendo o doador soropositivo
a chance de haver infecção no receptor aumentar
muito, na década de 1970 recomendou-se a usar
sangue destituído de leucócitos como forma de
prevenção (29).
Existem casos de pacientes soropositivos que,
após uma transfusão múltipla, tiveram aumento do
título de anticorpos anti-CMV, o que indica reinfec-
ção com cepas distintas do CMV ou ainda reativação
do vírus latente no receptor. Assim, o melhor meio
de se evitar infecções deste tipo seria através da
utilização de doadores soronegativos (30).
A infecção por CMV é, certamente, a mais
comum infecção em órgãos transplantados. No
Serviço de Imunologia da Divisão de Laboratório
Central do HC FMUSP, a análise sorológica dos 110
doadores de órgão, no período de outubro de 2005
a junho de 2006, revelou a incidência de 78,2%
de positividade na pesquisa de IgG-CMV (D+).
Dados do Banco de Tecidos do HC FMUSP mostram
que, entre o período de maio de 2001 a maio de

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2006, dos 112 doadores recebidos
que possuíam sorologia para CMV,
91,1% eram positivos na pesquisa
de IgG-CMV (D+).
O risco de desenvolvimento de
CMVD em pacientes transplanta- Figura 3
dos varia de acordo com inúmeros sugerem que a imunossupressão prematuridade, icterícia (70% dos
fatores: pós-queimadura (36), a transfusão casos), hepatoesplenomegalia (60%
• O tipo de órgão transplantado: de sangue (28) e o transplante de dos casos), petéquias, púrpuras e
Pulmão e coração-pulmão têm alta pele de doadores sorologicamente alterações neurológicas (desabilidade
freqüência de infecção, seguido de positivos para CMV (37) podem ser motora, calcificação cerebral, micro-
fígado, pâncreas e rim. considerados fatores de risco para cefalia, convulsões e diminuição do
• A sorologia do doador (D) o desenvolvimento de infecção por reflexo de sucção) (3, 39).
e receptor (R). Assim há quatro CMV (38). Cerca de 30% das crianças sin-
combinações, como é mostrado na Embora em indivíduos imuno- tomáticas ao nascimento poderão
Figura 3. competentes a infecção pelo CMV evoluir para óbito no período neonatal
Na combinação D+/R-, que cor- não seja capaz de expressar ne- e 95% das que sobrevivem terão
responde a 20% de todos os órgãos nhum efeito patogênico, proceden- seqüelas neurológicas como micro-
transplantados, há um grande risco do-se de forma assintomática, em cefalia, retardo do desenvolvimento
(50 a 70%) de desenvolvimento de indivíduos imunocomprometidos neuromotor, coriorretinite e calcifica-
CMVD. Já as combinações D+/R+ pode resultar em sérias complica- ções cerebrais. Das crianças assinto-
e D-/R+, juntas somam aproxima- ções, devido à sua disseminação máticas, 10% a 15% terão alterações
damente 70% de todos os rins e pelo organismo, com possível tardias, como a surdez, graus variá-
fígados transplantados, tendo 10 a envolvimento de órgãos, gerando veis de lesões neurológicas; porém,
20% de chance de desenvolvimento distúrbios do trato gastrointestinal, crianças assintomáticas com evolução
de CMVD (5). do sistema nervoso central, corio- neurológica normal até um ano de
Inúmeros estudos epidemiológi- retinites, pneumonites, adrenalite, vida não apresentam maior risco de
cos têm sugerido uma relação entre além de tornar o paciente mais desenvolver anormalidades tardias
o risco de infecção pelo citomegalo- suscetível a outras infecções, como quando comparadas às crianças não
vírus (CMV) em pacientes queima- aspergilose, criptococose, candidía- infectadas (1, 9, 15).
dos e a utilização de aloenxertos se e pneumocistose (5). Além disso, A avaliação do recém-nascido visa
com sorologia positiva para CMV, pacientes com sorologia positiva determinar a extensão da doença,
além de que esta infecção contri- para infecção por CMV apresentam principalmente no sistema nervoso
bui para o aumento da morbidade um maior tempo de estadia hospi- central. É importante a investigação
e mortalidade destes pacientes. talar, quando comparados aqueles por meio de ultra-sonografia e tomo-
Estes estudos mostram uma taxa sem evidência sorológica (31), o grafia computadorizada de crânio,
de soroconversão de pacientes que acaba por aumentar os gastos mesmo em crianças aparentemente
anteriormente soronegativos que com o tratamento e, principalmen- assintomáticas, pois o exame radio-
receberam aloenxertos de pele de te, gerar uma maior exposição des- lógico simples de crânio tem baixa
cadáver soropositivos variando en- tes pacientes a outras infecções. sensibilidade para visualização de
tre 17 e 22,7% (30-32). Esta inci- calcificações intracranianas e outras
dência é similar à de soroconversão QUADROS CLÍNICOSaros Clíni- alterações. Deve-se realizar exame
em pacientes submetidos a trans- cos oftalmológico e audiológico, incluin-
plante de órgãos sólidos, em que a Infecção Congênita do-se fundoscopia ocular, quando do
importância da análise sorológica De 10 a 25% dos recém-nascidos diagnóstico e periodicamente para
dos doadores já é bem aceita atu- infectados congenitamente apresen- detecção de anormalidades tardias.
almente (33-35). Alguns estudos tam inúmeros sintomas, tais como, Outros exames complementares

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incluem hemograma completo com ticial, com alta taxa de mortalidade. e, freqüentemente, leva à cegueira
contagem de plaquetas e avaliação Em receptores de fígado, a hepatite (42). Pacientes com HIV podem
da função hepática (9). pode ser problemática e difícil de ser apresentar diversas variedades de
diferenciada de uma rejeição do ór- complicações visuais secundárias à
Infecção Perinatal gão. Ao contrário do que se observa retinite, incluindo visão embaçada,
Pelo fato do período de incubação nos pacientes com AIDS, nos recep- flashes de luz, escotoma, ou perda
do CMV ser de quatro a 12 semanas, tores de transplantes a renitine tem da visão central, dependendo da
a grande maioria dos recém-nascidos baixa incidência. A apresentação da localização e extensão da lesão na
é assintomática. Porém, podem estar “síndrome do CMV”, que consiste em retina. A retinitie causada por CMV
associadas a quadros de pneumonia febre, leucopenia, linfócitos atípicos, é um tipo focal necrotizante, com ou
intersticial de gravidade variável e hepatomegalia, mialgia e artralgia, é sem hemorragias. A destruição da
hepatoesplenomegalia (2). a manifestação mais comum da infec- retina, que causa cegueira irreversí-
ção primária por CMV em pacientes vel, pode ser detida e suprimida por
Infecção Adquirida que receberam transplante de rim. agentes anti-CMV. Esses medicamen-
A infecção freqüentemente assin- CMV pode ser responsabilizado por tos interrompem a replicação de CMV,
tomática, porém, quando sintomática 30% dos episódios de febre, 35% mas não eliminam o vírus. O curso
proporciona grande risco a adultos e de toda leucopenia e 20% de toda natural da retinite não tratada resulta
crianças que se submetem a gran- chance de falha do transplante do na progressão da doença dentro de
des transfusões após acidentes ou órgão (3, 40, 17). aproximadamente duas semanas.
cirurgias invasivas. Isso ocorre após Pacientes que possuem infecção por
transfusão de granulócitos, assim CMV EM PACIENTES COM AIDS HIV deveriam ser questionados por
o risco seria menor se fosse usado O CMV é considerado um dos mais seus médicos sobre seus sintomas
sangue com poucos leucócitos, crio- importantes patógenos oportunistas visuais a cada visita (17).
preservação do sangue ou doador do paciente imunocomprometido. O Há ainda a possibilidade de sur-
soronegativo (30). impacto causado pelo CMV em cada gimento de esofagites e colite (cerca
A febre, que aparece no decor- um dos tipos de imunosupressão va- de 20%), pneumonite, hepatite,
rer da doença, normalmente é a ria de acordo com as características adrenalite, entre outras (15). As ma-
manifestação mais proeminente. É de cada uma delas. No caso da AIDS, nifestações neurológicas são menos
prolongada e geralmente com mais o CMV tem um efeito deletério em freqüentes, mas podem se apresentar
de 10 dias de duração. Além disso, sua progressão, pois há uma grande como uma encefalite micronodular
aumento de linfonodos, fígado, pân- relação entre o CMV e o HIV (41). difusa, ou como ventrículo-encefalite,
creas e amídalas não são comuns, A progressiva imunosupressão clinicamente indistinguíveis (3).
mas podem ocorrer, principalmente resultante da infecção do HIV au-
em crianças. Podem ocorrer ainda menta a atividade do CMV. A retinite DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
raras complicações tais como: pneu- responde por aproximadamente 85% O diagnóstico, que antigamente
monia intersticial, hepatite, síndrome das manifestações da doença no era apenas baseado em dados clíni-
de Guillain-Barre, meningoencefalite, paciente, tanto que entre o período cos, atualmente, devido à sofisticação
miocardite, trombocitopenia e anemia de 1981 e 1989 a retinite era usada das técnicas laboratoriais, baseia-se
hemolítica (3, 4). como diagnostico definidor de AIDS, em resultados clínicos e imunológicos.
e é provável que essa tendência con- Há vários métodos para a detecção do
Infecção Iatrogênica tinue conforme os pacientes infecta- CMV. O isolamento viral em cultura
Os processos da doença relaciona- dos pelo HIV vivam mais tempo com de fibroblastos humanos é o método
da ao CMV manifestam-se de maneira imunodeficiência profunda (2). convencional. O vírus geralmente
diferente, dependendo de qual é o A retinite por CMV (CMV–R) está presente na urina com elevados
órgão transplantado. Em receptores desenvolve-se em cerca de 28-35% títulos, principalmente na infecção
de medula óssea, a infecção por CMV de todos os pacientes com AIDS congênita sintomática por CMV, e as
ocorre como uma pneumonia inters- em estádios avançados da doença culturas são comumente positivas

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após três a cinco dias. Essa técnica
requer assepsia rigorosa na coleta de
urina e processamento até 12 horas
da amostra a 4oC (15).
Para saber se a infecção é congê-
nita ou perinatal, faz-se um isolamen-
to do vírus de um tecido de biópsia ou
fluido corporal, principalmente urina.
Se este isolamento somente puder Figura 4
ser feito em quatro a oito semanas
após o nascimento tem-se uma in- congeladas e armazenadas. É muito separação das frações de IgM e IgG
fecção perinatal. Caso o isolamento utilizada apesar do seu alto custo e de do soro do paciente para diminuir a
for feito antes, tem-se uma infecção sua difícil execução. Pode ser utilizada possibilidade de resultados falsos-
congênita. Após o isolamento, o CMV tanto qualitativamente (diagnóstico negativos, já que há competição
pode ser replicado in vitro, incubado por PCR), quanto quantitativamen- entre IgG maternos e IgM dos recém-
com fibroblastos a 36ºC por um a te na medição da carga viral, que nascido (46). Apenas 30% a 89%
três semanas, e posteriormente, é proporcional ao nível de DNA do das crianças sabidamente infectadas
analisado com o objetivo de se iden- CMV (44). intra-útero apresentarão anticorpos
tificar possíveis inclusões do CMV no As detecções de IgM e IgG através IgM anti-CMV ao nascimento. Os an-
tecido analisado. Este é considerado dos diversos métodos sorológicos ticorpos IgG anti-CMV são geralmente
o padrão-ouro para o diagnóstico de (imunofluorescência indireta, ELISA, adquiridos da mãe e a sorologia se-
CMVD. Essa técnica, não e tão viável, raioimunoensaio), são rotineiramen- riada para avaliar elevação dos títulos
pois a necessidade de um longo pe- te solicitadas para o diagnóstico da não permite diferenciar a infecção
ríodo de incubação dificulta o rápido infecção congênita por CMV, porém congênita da perinatal (15).
diagnóstico (3, 5). têm papel limitado, não permitindo Para o diagnóstico da infecção
Já na técnica do shell-vial, muito afastar ou confirmar esta infecção na materna ainda pode ser utilizado
parecida com a de cima, o tempo de ausência de detecção viral (4). o Western Blotting que permite a
revelação (feito por imunofluorescên- O método de ELISA (Enzime- mensuração da afinidade ou avidez
cia indireta - IFI) cai para 24, 48 ou Linked Immunosorbent Assay), que do anticorpo IgG-CMV pelo antígeno
72h, pois utilizam-se anticorpos mo- apresenta sensibilidade de 100% e viral e a detecção da reatividade de
noclonais contra diferentes antígenos especificidade de 86%, detecta anti- anticorpos IgM-CMV para diferentes
do CMV e uma centrífuga que facilita corpos no sangue. Existe a possibi- proteínas do antígeno viral (47).
o processo de penetração do vírus no lidade de resultados falsos-positivos Este método, apesar de detectar a
fibroblasto (3, 43). devido a reações cruzadas com al- primoinfecção materna mais preco-
A PCR (Polymerase Chain Reac- guns vírus da família Herpesviridae, cemente que o método ELISA, ainda
tion) é uma técnica rápida (~6h) fatores reumatóides e anticorpos apresenta uma viabilidade comercial-
e de alta sensibilidade baseada na antinucleares (45). mente questionável.
amplificação seletiva de seqüências O esquema de interações que Histologicamente, a detecção
específicas de acido nucléico. Permi- ocorre numa placa de ELISA é de- de corpos de inclusão “owl’s eye”
te a detecção do DNA viral e é um monstrado na Figura 4. na amostra de tecido pode ser um
método alternativo para urina ou Pelo fato dos anticorpos IgG, método altamente específico para
outra amostra clínica, apresentando diferentemente dos IgM, consegui- determinar o envolvimento do CMV
sensibilidade e especificidade seme- rem passar passivamente através no órgão (17).
lhante ao isolamento viral e possuindo da placenta, sua pesquisa se torna
vantagens sobre o isolamento, tais sem aplicação para o diagnóstico de TRATAMENTO
como a rapidez do resultado e a infecção congênita. Assim, no método O tratamento é baseado na ad-
possibilidade de as amostras serem de ELISA, deve-se haver uma prévia ministração de drogas antivirais.

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Atualmente, apenas o ganciclovir e dos sintomas iniciais podem ocorrer pacientes com HIV, de tal modo a
o foscarnet são aprovados pelo FDA. neste caso, o que sugere um rigoroso permitir que a infecção por CMV seja
Ambas as drogas possuem pouca controle da medicação. controlada. Assim, a HAART tem feito
biodisponibilidade oral e elevada to- Sabendo das lesões irreversíveis muito no sentido de reduzir a taxa
xicidade. Agem de forma virustática, às quais os fetos estão sujeitos de mortalidade associada com CMV
ou seja, inibindo a replicação viral antes do nascimento, um grupo em tais pacientes. Apesar disso, a
enquanto são administradas. Além de vacinas começou a ser desen- resposta ao tratamento nesses pa-
de sua ação anti-CMV, o foscarnet volvida - dois a quatro meses após cientes ainda permanece abaixo do
tem atividade in vitro anti-HIV. Como a inoculação do vírus atenuado nível ideal e muitos não têm acesso
efeito da toxicidade pode-se citar tem-se quantidades máximas de a tal terapia. Então, os esforços para
a mielossupressão (neutropenia, anticorpos anti-CMV (12). melhorar o tratamento do CMV tem
trombocitopenia), insuficiência renal, A introdução da terapia com sido uma prioridade (16).
hepática, coma, convulsão, além de antiretrovirais altamente ativos
distúrbios eletrolíticos (hipocalcemia, (HAART - highly active antiretroviral
hipomagnesemia, hipofosfatemia e therapy), uma combinação de três
hipocalemia) (3, 48). ou mais drogas antiretrovirais de Correspondências para:

A importância dada no sentido de pelo menos duas classes diferen- Jader Joel Machado Junqueira
não interromper o tratamento é fre- tes, tem conseguido resultados na jader_junqueira@yahoo.com.br
qüente. Sabe-se que intensificações reconstituição do sistema imune de

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