Está en la página 1de 5

Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 898.830 - RJ (2006/0241349-2)

AGRAVANTE : MARLY AZEVEDO DE ARAÚJO


ADVOGADO : ELIEL SANTOS JACINTHO
AGRAVADO : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : ARMANDO BORGES DE ALMEIDA JUNIOR E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


(Relator):

Cuida-se de agravo regimental contra decisão que negou seguimento a


recurso especial, por incidência da Súmula 83/STJ, possuidora da seguinte
ementa:

RECURSO ESPECIAL. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO.


ALIENAÇÃO PELO MUTUÁRIO. PARTICIPAÇÃO DO AGENTE
FINANCEIRO. NECESSIDADE.
Nas transferências de financiamento, no âmbito do Sistema
Financeiro da Habitação, realizadas após 25 de outubro de 1996, é
obrigatória a intervenção da instituição financeira no negócio
jurídico de cessão de direitos e obrigações decorrentes do contrato de
mútuo hipotecário.
Recurso especial a que se nega seguimento.

Sinalizando as petições de fls. 147, 152 e 160, protocolizadas após a


interposição do presente agravo regimental, a possibilidade de acordo entre as
partes, engendrando uma possível desistência da pretensão recursal, abriu-se
prazo, por meio do despacho de fl. 163, para que a ora agravante
manifestasse-se sobre o interesse no prosseguimento do feito, obtendo-se
resposta positiva por meio da petição de fl. 167.
Isto posto, no agravo regimental, alega a parte recorrente a necessidade
de reforma do decisum em virtude de não estar em consonância com a reiterada
jurisprudência deste Tribunal Superior, que reconheceria a legitimidade ativa
de cessionários para postular, em nome próprio, revisão judicial de contrato, no

Documento: 12722010 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 5


Superior Tribunal de Justiça
âmbito do Sistema Financeiro de Habitação, ainda que não interveniente a
instituição financeira no negócio entabulado entre cedente e cessionário,
independentemente da data em que realizada a transferência de financiamento.
É o relatório.

Documento: 12722010 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 2 de 5


Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 898.830 - RJ (2006/0241349-2)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


(Relator):

Não assiste razão à agravante, devendo-se negar provimento ao presente


recurso.
A decisão atacada encontra-se em perfeita consonância com a
jurisprudência deste Tribunal, como mostram os seguintes julgados:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - SFH. AÇÃO DE


REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. LEGITIMIDADE DO
CESSIONÁRIO. "CONTRATO DE GAVETA".
O Entendimento predominante nesta Corte é no sentido de que o
cessionário, adquirente de imóvel por meio de "contrato de gaveta",
não ostenta legitimidade ativa para demandar em juízo a revisão das
cláusulas pactuadas.
Agravo Regimental improvido.
(AgRg no REsp 1.083.895/SC, Relator Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, DJe 03/06/2009)

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SFH.


LEGITIMIDADE ATIVA. CESSIONÁRIO. CESSÃO DE DIREITOS
REALIZADA APÓS OUTUBRO DE 1996. ANUÊNCIA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. NECESSIDADE. DECISÃO
AGRAVADA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
1. Nos contratos posteriores a 25 de outubro de 1996, a anuência do
agente financeiro mutuante é medida que se impõe à configuração da
legitimidade ativa do cessionário para discussão de direitos e
obrigações oriundos do pacto de mútuo firmado no âmbito do Sistema
Financeiro de Habitação. Precedente.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no Ag 1.006.713/DF, Relator Ministro FERNANDO
GONÇALVES, QUARTA TURMA, DJe 22/02/2010)

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SFH. LEGITIMIDADE


ATIVA DO CESSIONÁRIO DE CONTRATO VINCULADO AO
Documento: 12722010 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 5
Superior Tribunal de Justiça
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. CESSÃO DE DIREITOS
REALIZADA APÓS OUTUBRO DE 1996. ANUÊNCIA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
SÚMULA N. 7/STJ.
1. Tratando-se de cessão de direitos sobre imóvel financiado no
âmbito do Sistema Financeiro da Habitação realizada após 25 de
outubro de 1996, a anuência da instituição financeira mutuante é
indispensável para que o cessionário adquirida legitimidade ativa
para requerer revisão das condições ajustadas.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no Ag 922.684/DF, Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, DJe 28/04/2008)

CIVIL E ADMINISTRATIVO – AGRAVO INTERNO EM RECURSO


ESPECIAL – SFH – FCVS – CESSÃO DE POSIÇÕES
CONTRATUAIS – TERCEIRO SUB-ROGADO – LEGITIMIDADE
AD CAUSAM PARA REVISIONAL – CESSÃO OPERADA EM
DESACORDO À LEI.
1. A validez do ato de cessão de posição contratual de mutuário a
terceiro, no âmbito de um contrato de mútuo subordinado às regras
do Sistema Financeiro de Habitação, sem o placet do agente
financeiro e seus reflexos na legitimidade para ações revisionais, é
matéria resolvida na Corte.
2. O art. 1° da Lei n. 8.004/1990 estabeleceu que a transferência dos
contratos de mútuo (rectius, cessão de posições contratuais), no STF,
somente poderia ocorrer mediante anuência do estabelecimento
bancário. A superveniente vigência da Lei n. 10.150/2000 inaugurou
um período de graça para os mutuários em situação irregular, na
medida em que a falta da manifestação do financiador passaria a ser
tida como invalidade sanável. Ademais, o sub-rogado poderia,
doravante, figurar em relações jurídicas, materiais ou processuais,
como titular dos direitos e ações emergentes do negócio jurídico. Por
esse efeito, a jurisprudência, de há muito, chancelou que, "nessas
condições, tem legitimidade para discutir e demandar em juízo
questões pertinentes às obrigações assumidas e aos direitos
adquiridos." (REsp 705423/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJ 20.2.2006.)
3. Com isso, fixou-se a seguinte diferenciação: "Tratando-se de
cessão de direitos sobre imóvel financiado no âmbito do Sistema
Financeiro da Habitação realizada após 25 de outubro de 1996, a
anuência da instituição financeira mutuante é indispensável para que
o cessionário adquirida legitimidade ativa para requerer a revisão
das condições ajustadas." (REsp 565.445/PR, Rel. Min. João Otávio
Documento: 12722010 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 4 de 5
Superior Tribunal de Justiça
de Noronha, Segunda Turma, julgado em 5.12.2006, DJ 7.2.2007.)
4. Na espécie, as circunstâncias analisadas no Tribunal Federal
afastam a possibilidade de o recorrente ser favorecido pela exceção.
A cessão é posterior ao limite estabelecido na lei, hipótese na qual se
fazia necessária a intervenção da instituição credora (REsp
888.572/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ
26.2.2007.)
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 980.215/RJ, Relator Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 02/06/2008 - sem grifos no
original)

Com efeito, entabulada a cessão de posições contratuais após outubro de


1996, ausente a anuência da instituição financeira, carece de legitimidade ativa
o cessionário para, em nome próprio, postular revisão judicial de contrato
vinculado ao Sistema Financeiro da Habitação.
Não há, pois, que se falar em reforma do decisum atacado, que se mantém
pelos seus próprios fundamentos.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.

Documento: 12722010 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 5 de 5

También podría gustarte