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QUESTÃO 1:

DEFINIÇÃO DO NÚMERO DE POISEUILLE EM ESCOAMENTOS


INTERNOS A DUTOS DE DIFERENTES GEOMETRIAS TRANSVERSAIS

Professor: Clovis R. Maliska


Disciplina: Convecção

Hermínio Tasinafo Honório


hermínio.eng@gmail.com

Resumo. Este trabalho apresenta uma forma alternativa de definir o número de


Poiseuille em escoamentos internos a dutos de diferentes seções transversais. A
proposta é calcular numericamente o campo de velocidades na região do escoamento
plenamente desenvolvido através de uma analogia entre as equações da conservação
da quantidade de movimento e da energia, obtendo desta forma a velocidade média do
escoamento.A partir do diâmetro hidráulico definido para diferentes geometrias de
dutos e da velocidade média, calcula-se, então, o produto f.Re, ou número de
Poiseuille.

1. Introdução
Assim como em escoamentos externos, o interesse no estudo de escoamentos
internos é, geralmente, na definição do coeficiente de transferência de calor por
convecção e no fator de atrito entre o fluido e as paredes do duto. Em escoamentos
internos é possível identificar duas regiões com características bem particulares e que
são tratadas de forma distinta: a região de desenvolvimento da camada limite e a região
plenamente desenvolvida.

Frequentemente, a região de desenvolvimento da camada limite é bem menor que a


região plenamente desenvolvida, o que permite considerar apenas esta última nos
cálculos do fator de atrito e do coeficiente de transferência de calor por convecção. E é a
esta região que será dado enfoque neste trabalho, assumindo que o escoamento se dê em
regime laminar.

Considerando-se o escoamento no interior de um duto de seção transversal qualquer,


em regime permanente, incompressível e bi-dimensional, as equações de conservação
da massa e quantidade de movimento em coordenadas cartesianas são:

∂u ∂v ∂w
+ + =0 (eq. 1a)
∂x ∂y ∂z

∂u ∂u ∂u 1 ∂P  ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 
u +v +w = − +ν  2 + 2 + 2  (eq. 1b)
∂x ∂y ∂z ρ ∂x  ∂x ∂y ∂z 

1
∂v ∂v ∂v 1 ∂P  ∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v 
u +v +w = − +ν  2 + 2 + 2  (eq. 1c)
∂x ∂y ∂z ρ ∂y  ∂x ∂y ∂z 

∂w ∂w ∂w 1 ∂P  ∂2 w ∂2w ∂2 w 
u +v +w =− +ν  2 + 2 + 2  (eq. 1d)
∂x ∂y ∂z ρ ∂z  ∂x ∂y ∂z 

Como na região plenamente desenvolvida a espessura da camada limite não se altera


mais, as velocidades nas direções transversais ao escoamento são nulas, ou seja,
v = w = 0 . Assim, as equações 1 a, b, c e d reduzem-se a,

∂u
=0 (eq. 2a)
∂x

∂ 2u ∂ 2u 1 ∂P
+ = (eq. 2b)
∂y 2 ∂z 2 µ ∂x

∂P ∂P
=0 e =0 (eq. 2c)
∂y ∂z

De uma forma geral, a equação 2b pode ser escrita como,

1 ∂P
∇ 2u = (eq. 3)
µ ∂x

lembrando que ∂u ∂x = 0 .

Fator de Atrito
A importância da determinação do fator de atrito vem da necessidade de se
calcular a perda de carga em escoamentos internos. Estas duas grandezas podem ser
relacionadas, segundo Bejan [1], fazendo-se o somatório de forças em uma porção
macroscópica do escoamento no interior de um duto de área transversal A, comprimento
L e submetida a uma diferença de pressão ∆P. Neste caso, as duas forças atuantes nessa
porção do escoamento são a força longitudinal causada pela diferença de pressão e a
força de atrito devido à tensão cisalhante na parede no sentido contrário ao escoamento.
Ou seja,

A.∆P = τ w pL (eq. 4)

Onde p é o perímetro do duto e τ w é a tensão cisalhante na parede.

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O fator de atrito é um número adimensional definido como:

τw
f = (eq. 5)
1
ρu 2
2

Lembrando que o fator de atrito difere do coeficiente de atrito, C f , x , por não


depender do eixo x. Portanto, o primeiro se refere à região plenamente desenvolvida e o
segundo, à região de desenvolvimento da camada limite (mais comum em escoamentos
externos).

Assim, substituindo a equação 5 na equação 4, tem-se que,

∆P A
L p 1 A
f = ou ∆P = f ρu 2 L (eq. 6)
1 2 p
ρu 2
2

Sabendo que o diâmetro hidráulico de uma seção qualquer é dado por,

4A
Dh =
p

e que,

∆P P −P dP
lim = lim saída entrada = −
L→0 L L → 0 L dx

O fator de atrito é dado por:

dP Dh

f = dx 4 (eq. 7)
1
ρu 2
2

No entanto, apesar de ser uma grandeza fundamental para o cálculo da perda de


carga (eq. 6), o fator de atrito apresenta a inconveniência de depender do gradiente de
pressão, da velocidade média do escoamento, das propriedades do fluido e da geometria
do duto, além da temperatura, que influencia sensivelmente a viscosidade. A fim de
generalização, seria interessante um valor que se relacionasse somente com a geometria
do duto e que não dependesse nem das condições de escoamento nem das propriedades
do fluido. Isto é possível sabendo que o número de Reynolds baseado no diâmetro
hidráulico é dado por,

ρ Dhu
Re Dh = (eq. 8)
µ

Multiplicando-se os dois lados da eq. 7 pela eq. 8, tem-se,

3
1 dP Dh 2
Re Dh f = − (eq. 9)
µ dx 2u

Intuitivamente, sabe-se que a velocidade média do escoamento é proporcional ao


gradiente de pressão e proporcional ao inverso da viscosidade, ou seja,

1 dP
u∝
µ dx

Portanto,

Re Dh f ∝ Dh 2

Isto não significa que o produto Re Dh f , também conhecido como número de


Poiseuille, seja proporcional ao quadrado do diâmetro hidráulico, pois se sabe que a
velocidade média também é proporcional ao diâmetro hidráulico. Mas o fato é que
realmente o produto Re Dh f depende somente da geometria do duto, representada pelo
diâmetro hidráulico.

2. Metodologia

A definição do produto Re Dh f é possível conhecendo-se o valor da velocidade


média do escoamento na seção transversal ao duto ao longo da região plenamente
desenvolvida. Para isto, deve-se conhecer o campo de velocidades, u ( y , z ) , e integrá-lo
na área da seção, ou seja,

1
A ∫A
u= u ( y, z )dA

O campo de velocidades será determinado pela solução numérica da equação 3.


Devido ao fato de esta equação representar uma difusão de quantidade de movimento
nas direções transversais ao escoamento, pode ser feita uma analogia com o problema
de difusão térmica com geração interna de calor como é mostrado na tabela 1.
Tabela 1 - Analogias entre a difusão térmica e a difusão de quantidade de movimento.

Problema Equação Equivalências


q ''' u ≡T
Difusão Térmica ∇ 2T + =0 e
k
1 dP 1 dP q '''
Difusão de Quantidade de ∇ 2u − =0 − ≡
Movimento µ dx µ dx k

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Portanto, a solução numérica da equação 3 pode ser obtida através de qualquer
software que resolva o problema de difusão térmica com geração interna de calor.
Assim, o campo de temperatura obtido corresponderá exatamente ao campo de
velocidades desejado.

dP
Para evitar a necessidade de calcular previamente os valores de µ e para
dx
q '''
então informar ao software a relação , é conveniente realizar a seguinte
k
adimensionalização da equação 3:

u y z
u* = − , y* = e z* = (eq. 10)
dP Dh 2 Dh Dh
dx µ

Logo, a equação 3 se torna,

∇ 2 u * = −1 (eq. 11)

1 dP q '''
de onde vem que a relação − = = 1 , ou seja, q ''' = k .
µ dx k

Assim, a equação 9 fica somente em função do diâmetro hidráulico e da


velocidade média, obtida a partir do campo de velocidades calculado pelo software, ou
seja,

Dh 2
Re Dh f = (eq. 12)
2u

Como a solução numérica apresenta resultados discretos no domínio de cálculo,


a velocidade média é calculada da seguinte forma:

1 n
u= ∑ Aui i
A i =1
(eq. 13)

onde n é o número de volumes que contém a malha e Ai e ui são, respectivamente, a


área e a velocidade em um determinado volume i .

3. Resultados
A solução da equação 3 foi obtida pelo o software TRANSCAL v1.1, que é um
software que resolve a parte difusiva da equação da energia bidimensional com ou sem
geração interna de calor. A implementação da equação da energia em coordenadas

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cartesianas e polares neste software permite a solução dos quatro tipos de geometrias
nas quais são objetos de estudo neste trabalho:

• Quadrado;
• Retângulo 4 x 1;
• Círculo;
• Setor Circular 60º.

Os resultados obtidos para as três primeiras geometrias são apresentados na


tabela 2.

Tabela 2 - Produto f.Re para quadrado, retângulo e círculo.

Malha f.Re
Geometria Dh (metros) f.Re (exp.) Desvio
Utilizada (teórico)
Quadrado 20 x 20 1 14,0917 14,2 0,76%
Retângulo
40 x 20 1,6 18,1009 18,3 1,09%
(4x1)
Círculo 50 x 50 2 16,0634 16 0,40%

As condições de contorno utilizadas foram de T = 0 nas faces externas das três


dT
geometrias e = 0 na face correspondente ao raio interno e nas faces norte e sul do
dn
círculo, onde n é a direção normal à face. O raio interno e externo utilizado no círculo
foi de 1 mm e 1 m, respectivamente.

Além disso, foi feita uma análise do comportamento do produto Re Dh f para um


setor circular de 60º e raio externo 10 metros. Variou-se o raio interno de 8 a 0,001
metro. Os resultados são apresentados na figura 1, onde plotou-se o produto Re Dh f no
eixo da ordenada e a diferença entre o raio externo, R, e o raio interno, ro, no eixo da
abscissa.

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Figura 1 - Comportamento de f.Re em relação ao raio interno.

Nas faces laterais e na face correspondente ao raio interno utilizou-se


utilizou a condição
dT
de contorno externo T = 0 .
= 0 e na face do raio externo,
dn

4. Conclusão

O produto Re Dh f , ou número de Poiseuille, é um importante parâmetro na


engenharia pois reúne em um só valor informações a respeito tanto da geometria do
duto como das condições de escoamento. A determinação analítica deste parâmetro, no
entanto, não é uma tarefa fácil quando se trata de geometrias
geometrias irregulares. Baseado na
tabela 1, foi possível mostrar que a solução numérica da equação de conservação da
quantidade de movimento é uma alternativa bastante viável, pois apresentou soluções
muito próximas das soluções analíticas apresentadas.

Portanto, o número de Poiseuille pode ser determinado numericamente para


qualquer tipo de seção transversal, apresentando uma boa confiabilidade de resultados.
Um fator limitante é quanto à capacidade do sistema de coordenadas utilizado no
software em se adaptar
daptar às geometrias. O uso de sistemas de coordenadas generalizadas
ou malhas não-estruturadas
estruturadas seria uma alternativa nestes casos, entretanto, o cálculo das
da
áreas de cada volume nestes tipos de discretização não seria uma tarefa tão trivial como
no caso doo sistema de coordenadas polar, por exemplo.

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A Figura 1 mostra que, conforme o setor circular se aproxima de uma “fatia”
circular, o produto Re Dh f se aproxima do valor 16, correspondente ao ao valor obtido
para o círculo, apresentado na tabela 2. O que é importante neste fenômeno é que
sempre se pode tirar proveito de planos de simetria em problemas nos quais eles
dT
existem, através da condição de contorno = 0 , a fim de reduzir o domínio de
dn
cálculo. No caso do círculo, existem infinitos planos de simetria na direção radial. O
retângulo e o quadrado possuem dois planos de simetria cada um, mas que não foram
explorados neste trabalho.

Referências Bibliográficas
[1] BEJAN, A. 1995. “CONVECTION HEAT TRANSFER”. 2ª ED., JOHN WILEY & SONS
INC.

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