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Professor Orientador
Professor Mestre Ivan Bismara
Professores de Projeto
Professor Mestre Carlos Perrone
Professora Mestra Maria Cecília Consolo
Professor Doutor Miguel de Frias
Professor Paulo Sampaio
cola como os professores de vida, sem eles eu não teria o conhecimento que
tenho atualmente. Também agradeço aos meus amigos por estarem sempre
com o que podiam. À minha mãe, por me ajudar com a minha ida à Recife
Palavras Chave 11
Resumo 13
Abstract 14
Introdução 15
Justificativa 17
Objetivo 18
1. Antecedentes Históricos 9
Da China à Europa 11
O baralho na Europa 17
As Cartas na Europa 25
O Tarot 31
2. Estrutura do Baralho 33
O Baralho no Brasil 35
O Baralho da COPAG 39
3. A arte em cartas de jogar 43
Designers gráficos e o baralho 47
4. A Origem do Tema 53
A Xilogravura 55
A literatura de Cordel 61
O Movimento Armorial 67
A arte recifense 83
5. Conceito 91
Painel Semântico 93
Palavra conceito 99
6. O Baralho Armorial 103
Cores 105
Composição das cartas 113
Formato 133
Caixa 137
Carta Extra 141
Considerações Finais 143
Referências Bibliográficas 145
Referências Não-Bibliográficas 147
Glossário 150
10
palavras chave
Design Gráfico
Baralho
Xilogravura
Movimento Armorial
Cartas de Jogo
11
Online
Escaneie o QR Code com
12
Resumo
13
Abstract
sults of a study of the history of playing cards, why it’s the way
14
Introdução
15
estilo de deck1 de baralho. Foi com o passar do tempo que o baralho de naipes que
Peça gráfica com vários formatos, naipes, desenhos e jogos, o baralho esta pre-
em outros. Acredito que o baralho seja uma peça gráfica possível de ser explorada
de maneiras diferentes, como algumas pessoas já fizeram, mas que também não se
nós o conhecemos, a razão pela qual não continuou com o formato de dominó que
tinha há muitos anos, como os árabes mostraram aos europeus o baralho e como os
forma de expressão dos artistas a xilogravura, expressa uma arte brasileira com in-
vura também tem sua história no passado, junto com a história do baralho, a união
Armorial.
17
Objetivo
história do baralho.
18
“O Sonho que eu tenho para o Movimento
Armorial é que ele continue, mesmo que não
seja sob esse nome, que dizer, continue a haver
artistas e escritores que se preocupem em fazer
de seu trabalho alguma coisa que expresse o
nosso país e o nosso povo” - Ariano Suassuna
19
20
Antecedentes
A
Históricos
s referências mais
antigas de cartas 1
de jogar são chinesas. Assim como mui-
cemos atualemte.
21
Acredita-se que o baralho foi introduzido na Europa na Idade Média, mas como
nesse período da história não eram feitos muitos registros, não se sabe ao certo
como o baralho apareceu na Europa e como foi evoluindo para os tipos de baralho
Europa, assim como o xadrez, na metade do século XIV, e que as cartas evoluíram a
partir do padrão introduzido por eles. Essa teoria é apoiada pela semelhança entre as
22
Da China à Europa
Cartas de Mahjong.
“Todos os Jogos” 1978
23
Em textos da dinastia Tang (século VII),
Cartas chinesas.
“Chinese Origin Of
Playing Cards” 1895
24
era preciso usá-las para jogar. Cartas de papel
moeda; 5 decks com
Outro modelo de cartas de jogar chinesas são as cartas lieh chih, que consistem 30 cartas; costa leste
da China. “The World
of Playing Cards”
em um deck com 36 cartas em quatro naipes diferentes - as cartas também vão de
Ás a 9. Nos jogos jogados neste modelo de baralho, não apenas os valores das cartas
mas também os naipes contavam para se saber qual carta valia mais que a outra.
As cartas chinesas são estreitas, e isso acontece porque na China não se abre
o baralho como um leque, como no Brasil, mas como um punho fechado. Mesmo
assim, as coincidências entre o baralho europeu e o baralho chinês são muitas, como
por exemplo os naipes e as cartas com figuras humanas. Em ambos também exis-
Cartas chinesas.
“Chinese Origin Of
Playing Cards” 1895
25
Cartas chinesas. “The
Devil’s Book A History
of Playing Cards”1890
Acima cartas
chinesas do naipe das
miríades. “Facts and
Speculations on the
Origin and History of
Playing Cards” 1848
À esquerda alguns
exemplos da
diversidades das cartas
de jogar chinesas.
“Todos os Jogos” 1978
26
versas formas e jogabilidades diferentes em cada cultura. Existem referências de
cartas em diversos países como Japão, Índia e Egito. Mesmo existindo em diversos
países, a introdução das cartas na Europa foi mais provavelmente feita pelos árabes.
Essa teoria é apoiada pela grande semelhança das primeiras cartas européias e as
cartas árabes.
nas eram pintadas em marfim, redondas e continham sete naipes que são: Sol, Lua,
Coroas, Almofadas, Harpas, Letras e Espadas. Em cada naipe existem dez numerais
e duas cartas de corte, um soberano e um general. Além dessas cartas, existem tam-
bém mais 12, aparentemente sem nenhum naipe, que são figuras humanas, alguns
As cartas árabes, além do formato muito mais parecido com o que conhecemos,
também eram numeradas de 1 a 10, com mais três cartas de corte por naipe, totali-
zando 52 cartas. Existiam 4 tipos de naipes, muito parecidos com os naipes italianos Cartas indianas. “The
Devil’s Book A History
e espanhóis (foi através destes países que o baralho entrou na Europa), algo seme- of Playing Cards” 1890
lhante à copas, bastões, espadas e moedas. É uma teoria válida que os mouros te-
nham introduzido as
27
lianos evoluíram-nas para cartas mais fáceis de serem identificadas. No entanto a
Espanha também estava sob ocupação moura, e portanto o baralho pode ter sido
De acordo com WINTLE, 1987, nas crônicas de Viterbo, uma região da atual
Itália, em 1379 foi introduzido no local de mesmo nome um jogo de cartas, que na
língua sarracena chamava-se nayb. Na língua árabe, nayb não significa “cartas de
jogar”, mas sim “deputado” ou “vice-rei”. É possível que os italianos não conseguis-
sem pronunciar a palavra árabe para cartas de jogar, que é kanjifah, e acharam a
28
O baralho na Europa
29
ou como um grupo,
trazido um ou vários
Cartas do início para que pudessem continuar jogando em casa (e quando as cartas que haviam
do século XV,
possivelmente alemãs trazido se acabaram, fizeram outras). Mas o mais provável é que algum Sarraceno
e exportadas para a
Espanha. “The World
of Playing Cards” tenha introduzido um jogo árabe e levado as cartas para a Europa. Todas as teorias
ropa presenciou muitas mudanças econômicas e religiosas. Havia uma grande teia
de rotas de comércio, e isso fez com que uma nova forma de economia evoluísse, ba-
dades, livros foram produzidos... A invenção de Gutenberg dos tipos móveis fez com
tipos de impressos
fossem produzi-
mente.
Cartas do pacote “I
Tarocchi dei Visconti”
por Dal Negro,
Treviso, Italy. 1445.
“The World of Playing
Cards”
30
Os jogos de baralho sempre tiveram dois propósitos: as apostas e jogos que exi-
também permitiu uma nova maneira de se prever o futuro. Nos primeiros jogos, o
como imorais.
31
Mapa da Europa no século XIV. COLBECK,C. “The
Public Schools Historical Atlas” 1905. University
of Texas Libraries
32
para Alemanha e Suíça, e caminhou em direção oeste até França e Reino Unido.
necessário inventar novos e mais rápidos meios de produção: xilogravura, tipos mó-
veis, papel ao invés de pergaminho, múltiplas cópias. A produção foi acelerada por
estes processos alternativos, incluindo até cartas feitas à mão, impressas com matri-
em metal era o tipo de impressão mais caro, e cartas produzidas assim eram presen-
33
ciados por textos e histórias moralizan-
Gravura de Diderot e baralhos tinham evoluído: o padrão latino, incluindo Itália, Espanha e Portugal; o
Alembert’s Dictionnaire
raisonné de 1751-2. padrão germânico, incluindo Alemanha e Suíça; e o padrão francês, que viria a ser
Retirada do livro The
Oxford Guide to Card
Games, 1990 conhecido como o padrão anglo-francês, o mais comum do mundo. Os padrões não
mudaram muito ao longo dos séculos, o que preservou seu estilo medieval. Mas com
refletiu também no design das cartas de baralho. Portanto, não existia apenas
34
existe a Rainha, apenas o Rei, o Cavaleiro e o Valete, além de quatro naipes estabele-
cidos: Eichel (noz do carvalho), Laub (a folha de outono), Herz (copas) e Schellen
(um tipo de sino de igreja). O baralho germânico era colorido, diferente do Francês,
que tinha apenas 2 cores, por isso o padrão francês era mais fácil de identificar, com
dois naipes vermelhos e dois naipes pretos. Esse naipes eram reproduzidos com um
Cartas de baralho
espanhol, fabricado
por Camps é Hijos,
Barcelona, c. 1840.
Retirados do livro O
Design Brasileiro antes
do Design, 2005
35
Abaixo cartas
Acima sequência evolutiva do padrão francês. Da anglo-francesas
esquerda para a direita: Baralhos produzidos por Hall produzidas em Rouen
(Reino Unido, 1820), Samuel Hart & Co. (EUA, dois durante o século XVI.
modelos de 1865) e De La Rue & Co. (Reino Unido “The World of Playing
1870-1880). “O Design Brasileiro antes do Design” 2005 Cards”
36
As Cartas na Europa
de cada país.
Cartas
espanholas
impessas com
xilogravura e
pintadas com
estêncil feitas
por Agostino
Bergallo. “The
World of Playing
Cards”
37
Primeiro vieram os baralhos chamados latinos, que ainda estão em uso na Es-
panha, América do Sul (exceto o Brasil), Itália, Filipinas, algumas partes da França
Pedaço de papel tornou o sistema mais utilizado no mundo. As referências ao Oriente foram des-
com cartas inglesas
não recotadas e cartadas nos baralhos europeus; apenas os baralhos latinos ainda mantêm naipes
não pintadas, aprox.
1650. ”The World of
Playing Cards” parecidos com os dos baralhos árabes. Pode-se dizer que os baralhos latinos são
final do século XIII, e está preservado junto aos documentos de Viterbo. Na Itália,
38
Cultura Naipes
Naipes franceses ♥
(copas)
♦
(ouros)
♣(paus)
♠
(espadas)
Naipes alemães
(Schellen, (Eichel, (Laub, Gras,
(Herz, Rot) Kule) Žaludy) Blau, Grün, Blatt,
Zelený)
Naipes suiços
(Rosen) (Schellen) (Eicheln) (Schilten)
Naipes espanhóis
(Copas) (Oros) (Bastos) (Espadas)
Naipes italo-espanhois
(Coppe / (Denari / (Bastoni / (Spade /
Copas) Oros) Bastos) Espadas)
Naipes italianos
(Coppe) (Denari) (Bastoni) (Spade)
39
Bastoni (bastões), e estas continuaram sendo as marcas mais comuns. Assim como
na Espanha, são utilizados os mesmos naipes desde o aparecimento das cartas até
hoje em dia. O baralho latino preservou alguns itens do baralho árabe, como por
tarô pintados à mão, por exemplo, continham 78 cartas. Atualmente as cartas italia-
utilizadas hoje em dia contém 48 ou 40 cartas com Rei, Cavaleiro e Valete, numerais
baralhos antigos da Alemanha são notáveis não apenas pela beleza, mas também
Cartas alemãs de
um deck produzido
por Peter Flöttner
of Nuremberg,
aprox.1545. “The
World of Playing
Cards”
40
pelo fato curioso de conter 5 naipes, divididos em lebres, papagaios, flores, rosas e Cinco cartas suíças
feitas em Basileia
concubinas, com as cartas nobres normais: Rei, Dama, Cavaleiro e Valete. Os bara- em aprox. 1530,
reimpressas em
1998 em celebração
lhos utilizados na Alemanha atualmente possuem 36 ou 32 cartas, com Rei e dois aos 20 anos da
Cartophilia Helvetica
oficiais (um superior e um inferior). (Associação de
Colecionadores de
As cartas suíças são divididas em naipes de escudos, nozes, sinos e flores. Não Baralhos da Suíça).
“The World of
Playing Cards”
existe a carta 10; ela é tratada como um painel e tem a função de Às. Por ter inspira-
ção nas cartas germânicas, também possui o Rei com dois oficiais, um superior e um
inferior. Seu deck é composto por 48 ou 32 cartas; de 2 a 9 mais a carta painel, e com
Apenas na França foi criado o sistema de identificação dos naipes por cores,
para facilitar o reconhecimento das cartas. Assim como o padrão de cores, o padrão
dos naipes também foi criado para facilitar às pessoas memorizarem as cartas mais
facilmente. Os métodos de produção dos outros sistemas de cartas era muito demo-
Carta moura do
século XIII. “A
“Moorish” Sheet Of
Playing Cards” 1987
41
das, tornaram-se as mais utilizadas e propagadas. O padrão anglo-francês contém 52
cartas com Rei, Dama, Valete e Ás, e numerais de 2 a 10. É o padrão mais facilmente
naipes franceses, usamos a nomenclatura dos naipes espanhóis. Isso se deve ao fato
no Brasil na época eram do padrão francês. Por isso temos a nomenclatura latina
ao invés da francesa, que seria assim: Coração (copas), Diamantes (ouros), Plantas
42
O Tarot
43
“tarô” pode ser um derivado da palavra árabe turuq, que significa “quatro direções”.
no Maior” e 58 cartas do “Arcano Menor”, que são as cartas mais similares às cartas
Assim como o baralho, antigamente o tarô não tinha um padrão. Alguns tinham 97
Os primeiros tarôs apareceram na Itália, entre 1420 e 1440. Esses decks de cartas
eram obras de arte caríssimas, pintadas à mão e decoradas com folhas de ouro. Eram
utilizados pelas classes mais altas (devido ao custo) para jogar um jogo complexo,
Tarot de Marseille parecido com o Bridge. A estrutura do jogo era parecida com a estrutura moderna da
de N. Conver, 1760.
“The World of maioria dos tarôs. Os tarôs também não tinham nome nem numeração - somente a
Playing Cards.”
partir do século XVI começaram a surgir os nomes das cartas em alguns deles.
Assim como o baralho, com a invenção da prensa por Gutenberg, o tarô pôde ser
produzido de maneira mais rápida e barata, fazendo com que as classes mais baixas
das cartas.
oracular, por Court de Gebelin e Comte de Mellet em “Le Monde Primitif” (O Mundo
Primitivo), publicado na França. Sete anos depois deste artigo, foi feito o primeiro tarô
44
Estrutura do Baralho
U ma carta de jogar é
um pedaço retangular
2
de papel cartão, cartolina ou plástico
♥♠♦♣
45
O baralho, no padrão internacional, também conhecido como modelo francês,
é composto por um grupo de 52 cartas de jogar, divididas entre quatro naipes cha-
mados de Copas, Espadas, Ouros e Paus (♥♠♦♣). Cada naipe contém numerais de
1 a 10, seguidos por três figuras da corte, chamadas de Valete, Dama e Rei. A carta
número 1 é chamada de Ás. A maioria dos pacotes vem com uma ou duas cartas adi-
cionais, chamadas de curinga. Eles não pertencem a nenhum naipe, e são utilizados
fatores. O primeiro é que, por possuir um design mais simples, tornando o custo de
produção mais barato, faz com que novos jogadores assimilem as cartas mais facil-
mente. O segundo fator é cultural: este grupo de cartas ajudou a popularizar jogos co-
importante da internacionalidade deste padrão foram as colônias dos dois países, que
Sete de espadas, Dama se familiarizaram com tal estilo de cartas de jogar por conta de seus colonizadores.
de Ouros e Ás de
espadas do baralho
139 Truco da Copag.
O modelo 139 é o
mais comum no Brasil.
46
O Baralho no Brasil
N o Brasil colonial, a
imprensa era censura-
da por Portugal e era proibido possuir uma
Portugal.
Sequência de
cartas do modelo
1039 lançados
pela Copag em
1925. “O Design
Brasileiro Antes do
Design” 2005
47
Quando a família real
troduziu a “civilização” no
Baralho impresso Janeiro uma gráfica similar à de Portugal, também chamada de “Real Cartas de Jo-
pela Azevedo & Cia.
(Fábrica de Caixas), gar”. Em 1811, esta gráfica foi fundida à Impressão Régia no Rio.
provavelmente da
década de 1920. “O
Design Brasileiro Antes Grandes imigrações na metade do século XIX de pessoas da Alemanha, Japão
do Design” 2005
e Itália para o Brasil também poderiam ter introduzido diferentes cartas de sua cul-
luta. Ambos países não utilizam o padrão latino (português), mas sim o padrão fran-
cês, com o mesmo nome dos naipes, mas sem o significado original.
48
Outra diferença do baralho português, são as cartas “dragão”, uma identidade
serpente desenhados. Tais cartas “dragão” eram produzidas em Portugal até o co-
meço do século XIX, mas como o país tinha muito comércio, as cartas dragão acaba-
ram se internacionalizando.
Santa Catarina.
Cartas de baralho
espanhol produzidas pela
Impressão Régia entre
1811 a 1818. “Breve
História da Xilogravura
Brasileira” 2003
49
O pacote “Trophy Whist #39” foi primeiramente importado e depois manufa-
turado pela COPAG. Ele acabou se tornando um dos designs mais populares dos ba-
ralhos nacionais do último século. As cartas com índices grandes, margens largas e
Cartas espanholas
impressas no
Brasil. “Playing
Cards in Brazil - an
Introduction” 2002
Cartas impressas
pela Azevedo & Cia.
(Fábrica de Caixas),
provavelmente da
década de 1920.
“Playing Cards
in Brazil - an
Introduction” 2002
50
O Baralho da COPAG
Gonçalves e é a fá-
baralhos ainda em
atividade no Bra-
da, a fabricação de
Catálogo de tipos
impresso em 1914. “O
Design Brasileiro Antes
do Design “ 2005
51
papelaria. A Albino Gonçalves & Cia. na verda-
52
Embalagens para
baralhos produzidas
pela Copag entre 1940
e 1960. “O Design
Brasileiro Antes do
Design “ 2005
na década seguinte. Graças à produção de baralhos feitos sob encomenda para cas-
diferentes nos anos 40. O baralho mais famoso e produzido até hoje é o modelo nº
139, criado em 1923. Não se sabe ao certo porque o baralho 139 tem esse nome.
Existem várias histórias: algumas pessoas dizem que é o número da sorte da Copag,
13, a soma dos números 1+3+9 = 13. Outros dizem que foi na 139ª tentativa que o
Os primeiros baralhos, modelos 13, 113, 213, 215, 220 e o infantil, foram im-
pressos em cinco cores (preto, vermelho, amarelo, azul e rosa), com bordas doura-
das e índices no formato “X” para “10”, e “V”, ”D”, ”R” para Valete, Dama e Rei. As
figuras são obviamente baseadas nos baralhos alemães fabricados por C. L. Wüst.
Na segunda metade de 1920 a Copag lançou mais três modelos: 239, 312 e 260. Os
53
modelos 239 e 260 traziam desenhos bem diferentes daqueles
A cima Curingas
utilizados pela Copag
entre 1920 e 1950 “O
Design Brasileiro Antes
do Design “ 2005
Frente de baralhos
lançados pela Copag
durante a década de
1920: sequência dos
baralhos 1039 (1925) e
139 (1923). “O Design
Brasileiro Antes do
Design “ 2005
54
A arte em cartas
O
de jogar
baralho é uma peça
que traduz muitos as- 3
pectos culturais. Nos primeiros baralhos
Carta do
Hunting Pack, c.1440
de Konrad Wits, pintada
à mão. “The World of
Playing cards.”
55
Como não existia um padrão de como
momento histórico.
56
como as temáticas de natureza e do homem. Es-
pressos de diversas maneiras e técnicas, e isso foi aprimorando e simplificando os Quatro de ouros e
de copas do baralho
baralhos, para a facilidade de impressão e de jogar. Hespanhol da Copag,
lançado entre o final
da década de 1930
As cartas que permitem mais liberdade de criação no padrão Francês, são os e o início da década
de 1940. “O Design
curingas. Os curingas são cartas que são utilizadas apenas em alguns jogos, não Brasileiro Antes do
Design” 2005.
fazem parte do deck. Acredita-se que o curinga foi inventado por volta de 1860, para
um jogo. Outras cartas que permitem mais liberdade, são as cartas de corte e os ás.
Ás de espadas do
modelo 212 da
Copag, ás de espadas
de Charles Goodall
de 1864-68 e ás de
espadas de James
English de 1867. ”O
Design Brasileiro
Antes do Design”
2005 e “The World of
Playing Cards”
57
Assim como a frente da carta, o verso da carta
a marcação de cartas.
Versos de baralhos
da Copag. “O Design
Brasileiro Antes do
Design” 2005
Versos de baralhos
da W. H. Willis & Co.
(Londres) 1870-1880.
“The World Of Playing
Cards”
58
Designers gráficos
e o baralho
59
Um baralho feito no Brasil recente-
Baralho de José
Ribamar Lins.
“Anatomia Do Design”
2009
60
ros diferentes, para cada um fazer uma carta, esse baralho tem belas ilustrações,
porém não é um baralho muito jogável, pois não existe um padrão. Algumas cartas
tem índices, outras não tem, assim como em algumas cartas é fácil de identificar o
naipe, porém em outras cartas não se sabe ao certo o naipe. Esse tipo de baralho é
Imperial Portuguesa no Brasil, foi lançado em 2008. O Baralho Brasileiro foi feito Baralho produzido por
El Cabriton e Copag,
pelos designers Alvaro Guillermo e Meire Vibiano. As cartas desse baralho possuem 2010 com 54 cartas,
sendo cada uma
feita por um artista
um formato diferente, mais estreito que o formato mais comum e com as bordas diferente.
61
Um baralho feito por uma designer chamada
Cartas do
baralho Graphos.
”Michelle Lam”
2010
62
ticas os naipes foram traduzidos para + - x ÷, as
do deck são metade pretas e metade brancas. No baralho das formas geométricas
são utilizados quatro formas para representarem os naipes franceses. Os naipes são
impressos em duas cores, vermelho e preto, e assim como o baralho das funções
amebas.
Um baralho
Unidos chamado
de Sentinels e é
de altíssima qua-
63
lidade, idealizado por Jonathan Bayme, diretor executivo da
Cartas do baralho
Sentinels por
theory11. “Sentinels
- Playing Cards by
theory11” 2011
64
A Origem do Tema
ao baralho.
65
A correlação entre os quatro temas surpreende, pois a xilogravura e o baralho
estão ligados desde a invenção dos baralhos na China, onde também foi inventada
ligada ao baralho, também está ligada aos contos de cordel, que eram impressos em
oficinas tipográficas e cujas capas eram feitas com a técnica da xilogravura. E como
66
A Xilogravura
“As xilogravuras são fei-
tas pela impressão (sobre papel
ou algum outro suporte) de uma
matriz entalhada em madeira.
Por sua simplicidade, a
xilografia é a mais espontânea
das técnicas gráficas. Da sim-
plicidade, porém, ela permite
nascer uma formidável riqueza
em arte, dotada de encantos sem
fim.” (COSTELLA, 2003, p. 9)
Buda pregando no
Jardim de Jetavana da
“Sutra Diamante” por
Wang Chieh na China
no ano de 868. “Breve
História Ilustrada da
Xilogravura” 2003.
67
De acordo com COSTELA, 2003, a
Festa de Tanabata ca foi utilizada para a impressão dos primeiros livros. Na Europa, as impressões
por Hiroshigue
Ando. “300 anos de xilográficas foram primeiramente utilizadas para imprimir estampas em tecidos, e
Ukiyo-e” 1987
somente após o século XIV tal técnica passou a ser utilizada para impressão em pa-
péis, como baralhos e regras de jogos. Os livros também foram impressos utilizando
com várias imagens religiosas, ficaram comuns no século XV. Nos livros códice, que
da técnica de xilogravura, o
Menino japonês
pintando um galho
de bamboo, começo
do século XIX. “The
Story of Art” 1995
68
sim como as cartas de baralho. Como os livros continham muitas imagens, eram
ser refeita. Por causa disso, as matrizes de xilogravura evoluíram para a criação
de tipos móveis de madeira: cada letra tinha uma matriz, e as mesmas podiam
evoluíram para os tipos de metal, que eram mais resistentes e precisos. Foi deste Carta de baralho
por Jean Dale,
modo que começou a tipografia na Europa. O primeiro livro impresso em grande aproximadamente
1470, França. “Breve
História Ilustrada da
escala usando os tipos móveis foi a “Bíblia de Gutenberg”, que continha ilustrações Xilogravura” 2003
mesmo modo de impressão de tinta sobre o papel, por isso foram utilizadas juntas
em muitos momentos.
Detalhe da Biblia
Pauperum (Bíblia dos
pobres), Impressor
desconhecido,
aproximadamente
1440, Europa. “Breve
História Ilustrada da
Xilogravura” 2003 69
alemão Albrecht Dürer dá às suas imagens
vezes era necessária a impressão de 20 matrizes para uma única obra. Muitas das
S. Miguel em luta xilogravuras retratavam paisagens do Japão, bem como rotinas do cotidiano.
contra o dragão
do “Apocalipse”, Até então, na Europa, a madeira utilizada para as matrizes eram madeiras de
Albert Dürer, 1498,
Alemanha. “Breve
História Ilustrada da frio, com corte longitudinal, porém no século XIX a técnica de xilogravura de topo é
Xilogravura” 2003
difundida por todo continente. Esta técnica envolve o corte da madeira transversal
70
ao tronco da árvore, uma madeira dura que é gravada com uma ferramenta metálica
de ponta chanfrada chamada buril. A técnica de gravura de topo passou a ser utiliza-
cos, tomaram posse das ilustrações de livros, revistas e jornais, por ser mais rápido
inovação da linotipo, uma máquina que unia os tipos móveis, sem a necessidade de
selecioná-los manualmente, fazendo a impressão de textos muito mais rápida. O Profeta, por Emil
Nolde, 1912. “The
Desse modo, a xilogravura perdeu a função de ilustração direta de livros, re- Story of Art” 1995
nas mãos de artistas vanguardistas, como por exemplo Henri Matisse (1869-1954). A
71
as coisas começaram a mudar. Foram instaladas no Brasil a Impressão Régia e a
tipografia oficial, assim como outras oficinas, como, por exemplo, a do Colégio das
Fábricas, na qual ficava a Fábrica das Cartas de Jogar, um paraíso para os xilógrafos.
pólio continuou no Brasil quando a Real Fábrica de Cartas de Jogar se juntou à Im-
pressão Régia. Assim como na Europa, no Brasil a xilogravura também era utilizada
de de criar matri-
rato se espalhou,
todo o país.
Os jogadores de
baralho por J. Borges.
“A Arte de J. Borges”
2006
72
A literatura de Cordel
“A literatura
de cordel é a poesia
popular, herdei-
ra do romanceiro
tradicional, e, em
linhas gerais, da
literatura oral (em
especial dos contos
populares), desen-
volvida no Nordes-
te e espalhada por
todo o Brasil pelas
muitas diásporas
sertanejas” (HAU-
RÉLIO, 2010, p.16).
lhetos assim pelo fato da comercialização deles ser feita pelo pendu-
Vaqueiro Corajoso por todos com grande carga simbólica. O termo cordel, com a inicial minúscula, é sinô-
Abraão Batista. “A Arte
de J. Borges” 2006 nimo de folheto e livro, portanto é o material impresso. O Cordel é um tipo de poesia
popular, assim como o repente, porem as duas são diferentes, mas ambas inspiradas
Fotografia de A poesia popular é redescoberta no Nordeste do Brasil no século XIX. Esta po-
xilogravura de Davi
Teixeira por Svetlana esia é inspirada no romanceiro tradicional, dos trovadores medievais de Portugal e,
Bianca 2011
assim como os trovadores, os poetas utilizam temáticas do dia-a-dia e fantasiosas.
74
rias eram contadas no boca-a-boca e passaram a ser
das no imaginário popular. Por causa das novas técnicas de impressão, a xilogravura Capa do livreto de
cordel A Chegada da
foi praticamente declarada morta diversas vezes, mas os xilógrafos conseguiram Prostituta no Céu por
J Borges. “A Arte de J.
Borges” 2006
continuar fazendo não apenas capas para livretos de Cordel, mas também rótulos de
Fotografia de selo
de xilogravura por
Svetlana Bianca, 2011
75
escassos. O Movimento Armorial tenta
o Cordel passou
a ser utilizado
Abertura da novela
Cordel Encatado da em escolas e era
Rede Globo por Hans
Donner, Alexandre
chamado de Novo
Pit Ribeiro e Roberto
Stein, 2011
Cordel. O Cordel
também terá um
novo renascimen-
to no ano de 2011,
quando a emisso-
76
O Movimento Armorial
A té a década de 1970,
armorial era apenas
um substantivo: um livro de registros de
ou brasões, quan-
do utilizado como
substantivo signifi-
ca “o livro de regis-
assuna, idealiza-
Gravura de Gilvan
Samico, O Boi
Mandingueiro e o
cavalo Misterioso. “Em
Demanda da Poética
Popular”
77
dor do Movimento Armorial, de-
78
ferros de marcar boi, diferentes festas da cultura brasileira até as bandeiras e cami-
sas de clubes de futebol. Outro motivo que fez Suassuna escolher esta palavra como
designação para o movimento, é que nada é mais popular em uma cultura do que o O Mundo do Sertão
por Ariano Suassuna
conjunto de bandeiras de um povo, a ligação com as raízes populares, as culturas e em “Iluminogravuras”,
2000.
povos de um espaço físico.
79
Desse modo o Movimento Armorial nasceu, em 18 de ou-
seguintes termos:
Ariano Suassuna.
“Ariano Suassuna O
Cabreiro Tremalhado”
2000.
80
Do modo como é explicado, o autor do movimento exemplifica como unir a li-
que o folheto de cordel tem em seus contos - que constituem em “cantares”, o canto
de seus versos e estrofes. Mas Suassuna não esperava unir todas as artes em vão. Insígnia astrológica
de Dom Pedro
Ele esperava que, com a união das artes, a arte popular nordestina se valorizasse e Dinis Quaderna, o
decifrador. Fotografia
de xilogravura de
ficasse mais conhecida. A arte armorial deveria se transformar em uma arte brasi- Ariano Suassuna em
Armorial Gravuras - A
leira, fazendo com que as raízes populares do Nordeste se ampliassem para o Brasil Pedra do Reino, O Rei
Degolado
e para o mundo.
81
Por ser um movimento que nasceu no Nordeste brasileiro, a maioria da temáti-
los encantados, touros endiabrados, loucos, reis, bispos, diabos, juízes, dançarinas,
Tapete de Ariano
Suassuna. “Ariano negros, mestiços, reis magos e pastores. Mesmo tendo como grande inspiração os
Suassuna O Cabreiro
Tremalhado” 2000.
romanceiros, que vêm de um conjunto amplo e diversificado de práticas culturais,
82
A Arte Recifense
Detalhe de A Acauhan
- A Malhada da Onça
por Ariano Suassuna
em “Iluminogravuras”,
2000.
83
Arte Moderna é o nascimento da arte no Brasil, uma arte mais brasileira, com influ-
ências dos padrões europeus mas não completamente copiada da Europa. Era uma
ros, uma nacionalização da arte modernista, que passa por fases como Pau-Brasil,
1926 e Tropicalismo.
o Brasil, fazer uma arte mais brasileira. Em 1948 é fundada a Sociedade de Arte
Moderna do Recife (SAMR) por Adelardo da Hora, que reuniu jovens artistas como
dor do movimento falava que era um movimento artístico unificado, assim como
logo de Recife.
A Viagem da Paloma
gravura de Gilvan
Samico. “Movimento
Armorial Regional e
Universal” ANO
84
“Era minha intenção fundar no Recife um
amplo movimento cultural que resultasse numa
expressao cultural brasileira, corrigindo as falhas
do Movimento Modernista que ficara só na elite.
Deflagrar um amplo movimento de Educação e
Cultura com raízes na grande massa brasileira e
em todos os setores como Artes Plásticas, Teatro,
Música, Canto e Dança, congregando artistas, in-
telectuais, Governo e povo, independentemente de
cor política ou religiosa, interessados e animados
na elevação do nível cultural do povo e na educa-
ção do povo para a vida e para o trabalho.” (DA
HORA em CLAUDIO 1978, pp. 32-3).
nho, além de passistas de frevo. Mas não devia seguir o caminho do erotismo, nem o
O Atelier Coletivo queria mostrar o povo como realmente era, de várias formas,
dividualismo e esteticismo. Formava-se uma arte social, que visava educar a popu-
85
lação. Alguns anos
em Olinda, com
um novo centro de
Piso da Oficina formará boa parte dos jovens pernambucanos nas décadas de 1960 e 1970. Assim,
Brennand fotografia de
Svetlana Bianca. é possível perceber que a vida cultural pernambucana é baseada na unificação do
movimento artístico, a união dos artistas por um mesmo ideal, criando uma unidade
de pensamento.
vimentos desde o começo do século XX. Em 1974, João Câmera, pintor brasileiro,
são eles:
Grafite em Recife
fotografia por Svetlana
Bianca demonstra
influência da
xilogravura na arte das
ruas. 2011
86
Em Pernambuco existe uma afi-
mente, a maior referência do Movimento Armorial. E cada artista interpretou a arte Vitral da Universidade
Federal de
popular de sua maneira. Samico é inspirado pela xilogravura popular, que ilus- Pernambuco fotografia
por Svetlana Bianca
2011
tra o folheto, já Francisco Brennand se inspira na cerâmica popular. Pernambuco
diferentes tons de cores naturais, por causa dos diferentes teores de componentes
87
químicos. Brennand vai além do
Obra no jardim da que expressava um universo cotidiano e cultural, com figuras populares como o boi,
Oficina Brennand
fotografia de Svetlana o padre, os violeiros ou as bandinhas de carnaval. O artista desenvolve pesquisas
Bianca, 2011
sobre as argilas, como cores e técnicas de cozimentos, e pesquisas sobre o sentido
Francisco Brennand critica os artistas que não sabiam olhar para a natureza
e vê-la como ela realmente era viva, muito viva. E isso transparece em sua arte: a
natureza que ele interpreta é muito viva, chega até a ser violenta, forte e colorida.
A zona da mata é uma grande influência para o artista, que povoa suas obras com
flores, frutos e folhas desta região do Nordeste brasileiro. O artista se baseia muito
na tapeçaria medieval para realizar seus murais, que não têm muita perspectiva ou
fundo, mas não significa que não contem uma história, cheia de elementos e vida.
Gilvan Samico foi aluno de dois grandes mestres da xilogravura, Osvald Goeldi
e Lívio Abramo. De cada mestre, aprendeu uma técnica. Goeldi ensinou a Samico
88
vura com detalhes. Considerado um dos
89
mento principal de cada obra. Inspirado na literatura de cordel, assim como todos os
Mesmo depois de ler o texto, o leitor continua observando a imagem para ver o que
também pode contá-lo. A cor é outro elemento característico de Gilvan Samico, pois
utiliza as cores de maneira sutil, mas ao mesmo tempo forte, com tons de laranja,
A Estrada por
Ariano Suassuna em
“Iluminogravuras”,
2000.
90
Conceituação
5
Um jogo de cartas bra-
sileiro feito com infuências
da arte popular nordestina
que co-relaciona a xilogra-
vura, a história das cartas
de jogar e o Movimento
Armorial.
91
Este conceito foi concluído através da pesquisa. Reflete a união dos temas,
92
Painel Semântico
Imagens que serviram
de inpiração para o proje-
to, além das obras dos ar-
tistas armoriais.
93
1. Wilco’s Duluth
(detalhe) por Scotty
Reifsnyder, 2010.
1 2
3. The New Girl
(detalhe) por Helen
Dardik, 2010
4. Woodland Friends
(detalhe) por Jolby See,
2010
3 4
5. Portland Love
(detalhe) por Jolby See,
2010
6. a different kind
of pea (detalhe) por
moonywol, 2009
5 6
94
7 8 7. OOOFF with her
RED! (detalhe) por
roorz’s, 2010
8. Conjunto de cartões
por Morris & Essex ,
2011
9. Marshak - Lebedev
- Circus (detalhe) por
Iliazd, 2009
9 10
12 11. Fragmento de
matriz II (detalhe) por
Samuel Casal, 2011
11
95
15. Alexandrino e o
pássaro de fogo por
Gilvan Samico 1962.
“Samico do desenho à
15 gravura”2004
16. Caderno de
iluminogravuras
“Ariano Suassuna 80”
96
18 18. A Chave de ouro
do reino do vai-não-
volta por Gilvan
Samico, 1969. “Gilvan
Samico: do desenho à
gravura” 2004.
Próxima página
19. O senhor do dia
(detalhe) por Gilvan
Samico, 1986. “Gilvan
Samico: do desenho à
gravura” 2004.
97
98
Palavra Conceito
99
100
101
102
O Baralho Armorial
9
O baralho armorial será
um conjunto de cartas
de jogar que, assim como as gravuras
armoriais, será feito com a técnica da xi-
logravura. O movimento armorial busca
uma arte popular e brasileira, agrupan-
do vários tipos de arte. Este movimento
foi explorado em uma época específica,
na década de 1970.
103
Foi resgatado o Movimento Armorial por se
tratar de um manifesto com profundas raízes po-
pulares, que agrega imagens folclóricas impor-
tantes e um valor da cultura popular brasileira do
Nordeste que é identificada no país inteiro, como
por exemplo, o bumba-meu-boi ou a literatura de
cordel. Resgatando as ideologias armoriais, o baralho expressará
a cultura popular brasileira para um público maior e mais am-
O Retorno gravura plo: será um baralho tipicamente brasileiro.
de Gilvan Samico.
Retirada do CD O baralho transmitirá uma brasilidade e originalidade folclórica que até então
Movimento Armorial
não existe, expressas em cartas de jogar. O processo de criação dos elementos do
Regional e Universal.
baralho é manual, com a técnica da xilogravura. Após o processo manual será feita
a digitalização dos elementos, e as cartas serão diagramadas de maneira digital para
serem impressas. Assim todas as cartas serão iguais, por serem impressas de um
arquivo digital.
O Sagrado gravura
de Gilvan Samico.
Retirada do CD
Movimento Armorial
Regional e Universal.
104
Cores
105
Para facilitar a utilização e facilida-
PRETO
PANTONE® de de entendimento dos naipes, as cores
Black C
dos baralhos mais comuns foram man-
foram utilizadas quatro cores, distribuídas pelas 12 cartas de maneira que, se outro
jogador olhar a cor da sua carta, não terá certeza qual carta você está segurando.
São quatro naipes e três cartas por naipe, totalizando 12 cartas. Também são quatro
cores, e cada uma é utilizada para uma das três figuras de corte, que são Rei, Dama
e Valete. Entretanto, não será utilizada a mesma cor em um mesmo naipe nem em
As cores foram criadas no proces- Rei (K) Dama (Q) Valete (J)
106
Rossa
Azul PANTONE® 178 C
PANTONE® 2727 C
Laranja
Turquesa PANTONE® 144 C
PANTONE® 3268 C
107
Tinta utilizada na
produção de naipes
vermelhos
Matriz e impressões do
naipe de copas
Rolo de impressão
com tinta preta para os
naipes pretos.
tinta preta
Tinta branca
108
Espátulas utilizadas
para a mistura das
tintas
Tinta turquesa
Tinta turquesa
Tinta turquesa
Criaçã da tinta
turquesa
11
109
Tinta utilizada na
produção das cores
laranja, amarelo e rosa
Mistura de tintas
Mistura de tintas
Tinta laranja
Mistura de tintas
110
Mistura de tintas
Tinta laranja
11
111
112
Elementos das Cartas
Naipes
nhecido mundialmente.
Segunda gravura
feita por Taparica.
Fotografia de
xilogravura de Ariano
Suassuna em Armorial
Gravuras - A Pedra
do Reino, O Rei
Degolado
113
O processo de criação dos naipes foi primeiramente feito no papel, com dese-
nhos dos naipes, porém foi percebido que fazer os desenhos dos naipes diretamente
na madeira para entalhar depois era mais fácil para ver seu efeito. Assim, foi feito
apenas um pequeno estudo dos naipes no papel e o processo passou para a madeira.
114
naipe de paus
desenho do naipe de
copas
naipe de copas
naipe de ouros
naipe de ouros
115
entalhando a madeira
entalhando a madeira
impressões do naipe
de ouros e copas
impressoes do naipe
de paus e espadas
matriz do naipe de
paus
matriz e impressão do
naipe de copas
116
Alfabeto Sertanejo
“Ariano Suassuna
ferros do Cariri”1974
Tipografia
A tipografia selecionada
para compor este projeto
foi a Tipografia Armorial, tipografia
Ariano Suassuna.
117
A tipografia não continha números, que foram criados para a utilização. Ape-
a 9, e também o 0.
118
Cartas da Corte
119
te. Para cada figura da corte foi escolhido um animal, que são bodes e cabras para
representar o valete, dragão para representar a dama, onças e leões para represen-
tar o rei e o bumba-meu-boi para representar o curinga. Cada carta tem seu desenho
O dragão foi escolhido para representar a dama por ser um animal mitológico,
armoriais. Inicialmente a ideia era representar a rainha com a cobra, porém poderia
desenhos para as cartas Para a representação do rei, foi escolhido a onça. O leão, o rei da selva, mas
da corte
como no Nordeste não existe leões de verdade, foi escolhido outro grande felino, a
onça pintada.
120
matriz de carta da
corte
lascas de madeira
matrizes de cartas da
corte
matriz de cartas da
corte
impressão de carta da
corte
121
122
matrizes de carta da matriz de carta da
corte corte com tinta
123
124
Curinga
ao verso da carta.
125
126
Ícones
fácil de identificá-las.
da cor do naipe.
127
128
Verso das cartas
129
Por segurança, o verso é impresso em apenas uma cor,
linhas sejam muito finas por ser uma técnica mais rústica. O
geométrica quadrada.
verso do baralho armorial é laranja e azul, o laranja foi escolhido por ser uma cor
Acima detalhe de
textura de Juvenal e
o Dragão. No meio
detalhe de A Chave de
ouro do reino do vai-
não-volta. “Samico:
do desenho à gravura”
2004. Duas imagens
ao lado são testes de
textura
130
textura desenhada na entalhe na madeira
madeira
131
132
Formato
133
As cartas com esse tamanho podem ser impressas na folha gráfica, que tem 66
cm por 96 cm. Um baralho inteiro pode ser impresso em uma única folha, reduzindo
a possibilidade de erros nas cartas. É possível imprimir 110 cartas por folha gráfica,
ou seja, duas vezes a totalidade das 54 cartas do baralho, junto com os dois curingas
e também uma folha extra por baralho, utilizada pela Copag como uma carta de
garantia. Esta carta extra pode ser qualquer uma: para compor o projeto, será uma
de visitas mais utilizada. Descobriu-se depois não ser possível imprimir 54 cartas
muito maior.
Brasil, também por causa da familiaridade das pessoas com as cartas deste tipo. Um
deck com cartas de formatos diferentes poderiam ser mal aceitas pelo público, assim
134
7 8 estudos de tamanhos
de carta
135
boneco com tamanho
9 cm x 5,9 cm
136
Caixa
O conjunto de cartas virá em uma
137
77mm
26mm 100mm 26mm 100mm 13mm
138
12mm
73mm
25mm
25mm
25mm
15mm
95mm
95mm
12mm 73mm 25mm 25mm 73mm 25mm 25mm
25mm
25mm
15mm
25mm
12mm
139
140
Carta extra
Pelo aproveitamento de papel é
141
um pequeno texto sobre o movimento, para que mais pessoas tenham conhecimento
142
Considerações Finais
143
achados, e os que existem na maioria são em outras línguas e antigos. Achei livros
e referências com ajuda de pessoas, mandei e-mails e pedi informações para muita
pude começar a procura de um tema, que ainda não estava definido, e demorou a
ser definido, porém quando foi definido foi o tema perfeito. Com a pesquisa do tema
percebi que o tema e a história do baralho tinham muito em comum como é expli-
cado na monografia. O resultado final foi um resultado adquirido acima das minhas
expectativas, foi um projeto muito legal de ser elaborado e o baralho ficou com toda
144
Referências
Bibliográficas
Ariano Suassuna 80, memória: catálogo e guia de fontes. Organização
Carlos Newton Júnior. Rio de Janeiro: Sarau, 2008.
ARTE no Brasil. São Paulo: Ed. Abril, 1979 (Coleção Arte no Brasil) v.42.
ARTE no Brasil. São Paulo: Ed. Abril, 1979 (Coleção Arte no Brasil) v.44.
145
HAURÉLIO, M. Breve História da Literatura de Cordel. São Paulo: Claridade, 2010.
MORAES, M. Emblemas da sagração armorial: Ariano Suassuna e o Movimento Armorial. Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 2000.
Museu de Belas Artes MOA (Japão) . 300 anos de Ukiyo-e : retrospectiva de costumes do Japão através
da arte da xilogravura. São Paulo : Parma, 1987
NOGUEIRA, M. Ariano Suassuna: O Cabreiro Tresmalhado. São Paulo: Palas Athena, 2002.
PARLETT, D. The Oxford guide to card games. Oxford: Oxford University Press, 1990
PARLETT, D. The Penguim book of Card Games. 3. Ed. Inglaterra: Penguim Books, 2008.
RENSSELAER, J. The Devil’s Book A History of Playing Cards. Nova Iorque: Dood, Mead and
Company, 1890
ROBALINHO, P. O Devorador de Estrelas: Uma análise sintática da obra de Gilvan Samico. 2006.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Pernambuco. Recife. 2006.
SAMICO: Do desenho à gravura. Exposição agosto/setembro 2004, São Paulo, SP. Catálogo... São
Paulo: Pinacoteca do Estado, 2004.
SEABRA, M. Todos os Jogos. São Paulo: Editora Abril, 1978. (Coleção Todos os Jogos)
SEABRA, M. Jogos de Cartas. São Paulo: Editora Abril, 1978. (Coleção Todos os Jogos)
SINGER, S. Researches Into The History Of Playing Cards And Printing. Londes: T. Bensley And Son, 1816
TRIPHOOK, R. Researches into the history of playing cards. With illustrations of the origin of printing
and engraving on wood. Londres: T. Bensley and Son, 1816
146
Referências
Não-Bibliográficas
147
MAIS GRUPO. Disponível em < http://maisgrupo.com.br/blog/?p=181> Acesso
em: 20.11.2010
148
PORTLAND LOVE. Disponível em <http://www.etsy.com/listing/53683203/
portland-love-individual-card?ref=pr_shop > Acesso em: 07.05.2011
149
Glossário
Afrescos – pintura com a técnica de pintar sobre argamassa ainda fresca
Estêncil – técnica usada para pintar um desenho através do corte do papel, onde o papel for
recortado será pintado
Linotipo - máquina que compõe e funde linhas de texto em um bloco, que são reunidas
com a utilização de um teclado
150
Litografia – tipo de gravura envolvendo a técnica de marcas sobre uma matriz de pedra
Offset – tipo de impressão indireta, pela qual a tinta passa de um cilindro para atingir a
superfície
Renascentismo – período da historia da europa entre o fim do século XIII e o século XVII
Xilogravura – tipo de gravura envolvendo a técnica de marcas sobre uma matriz de madeira
151
152