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Este texto foi adotado para fim exclusivo de apoio didático ao Curso de Gestão
Estratégica Pública - Turma 2005 - uma parceria entre a Escola de Extensão da Unicamp
e a Escola de Governo e Desenvolvimento do Servidor (EGDS) da Prefeitura Municipal de
Campinas.
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Começando a governar o município - Antes e depois da Posse
O começo de uma gestão municipal, que para alguns pode parecer um prêmio pela
vitória nas eleições, pode trazer na verdade significados e desafios bem diversos. A
posse é, muito além da festa, um dos primeiros passos para a concretização dos
grandes anseios das comunidades. Assim, o que externamente só deixa
transparecer a imagem das solenidades, dos discursos, das comemorações,
foguetórios, abraços e sorrisos, esconde também as inúmeras atribulações que
cercam aqueles que, muitas vezes, estão estreando no palco das funções públicas
já com responsabilidade de direção.
O presente manual, elaborado por Edmo da Cunha Pereira, busca exatamente
contribuir com este rico momento, no qual o entusiasmo e a dúvida se misturam, em
meio a um turbilhão de informações necessárias (mas nem sempre disponíveis) para
que toda a equipe de governo - Prefeito, Vice, Secretários, Diretores, Técnicos -
tome pé da real situação do município e comece a governar. Pode-se dividir o
começo da gestão em três momentos importantes:
I – Transição de Governo;
II – Posse e Primeiros 100 Dias de Governo,
III – Primeiro Ano de Governo.
É óbvio que o autor não tem a pretensão de esgotar os temas relativos a cada um
dos três momentos citados e nem mesmo tecer um tratado das questões relativas ao
início da gestão municipal. Ele tenta, isto sim, com uma linguagem simples e
acessível, apenas listar e orientar algumas ações próprias da Transição e do
Primeiro Ano de Governo, com incursões pelas áreas do planejamento, do direito,
das finanças e da administração pública.
O interesse do leitor em estender os estudos sobre qualquer um dos itens listados
deve remetê-lo, necessariamente, para outras leituras que tratem com maior
profundidade cada assunto.
O nosso Mandato fica feliz em participar desta publicação, por ter, nos últimos 6
anos, uma positiva parceira com o INAPP – Instituto de Políticas Públicas – e, com o
Edmo no acompanhamento de algumas prefeituras em Minas Gerais.
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Trechos retirados de PEREIRA, Edmo da Cunha. Governar o Município – Antes e depois da Posse.
5a. edição. Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2004.
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A Comissão de Transição
Composição da Comissão
Não há uma regra única que determine quem deve participar desta Comissão. A sua
constituição deve atender a cada uma das realidades políticas e administrativas
locais. É possível, porém, adiantar a conveniência de se levar em conta à presença
de representantes dos seguintes grupos:
• Equipe de coordenação da campanha eleitoral;
• Equipe de coordenação do programa de governo do candidato;
• Dirigentes dos Partidos coligados;
• Prefeito e Vice eleitos;
• Vereadores;
• Profissionais de cada área, comprometidos com o Programa de Governo.
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Atribuições
Transição na reeleição
O exercício do mandato tem início no primeiro dia do ano seguinte ao da eleição (1º
de janeiro), após a sessão solene de posse e de compromisso dos eleitos, tudo
conforme as regras, em geral definidas nas Leis Orgânicas Municipais e nos
Regimentos Internos das Câmaras Municipais.
Na posse, são importantes alguns cuidados, a fim de que se preservem o novo
mandato e os interesses da coletividade. O prefeito eleito deve reunir-se com a
Comissão de Transição e depois com a sua Equipe de Governo, a fim de fazerem o
planejamento cuidadoso da posse e dos primeiros dias de gestão.
Recomendações
• É sempre recomendável que o Prefeito tome posse acompanhado de um
Advogado com conhecimentos em Direito Público e de um especialista em
Finanças e Contabilidade Pública.
• Ultimamente tornou-se exigência, na transferência formal do governo, a
entrega de um inventário dos bens e valores que o prefeito passa a seu
sucessor. Esta é uma prática saudável, tranqüilizadora para os que saem e
bem recebida pelos que tomam posse.
• É recomendável que todas as posses dos novos auxiliares que assumam
cargos de chefia (secretários, diretores, etc) sejam acompanhadas de um
relatório de transmissão assinado pelo chefe anterior, onde constem a
situação geral do órgão, os bens, valores e documentos deixados por ele.
• Nem o prefeito nem a equipe de governo deve se impressionar com a
arrecadação dos primeiros meses de governo. Normalmente ela é maior do
que a dos meses seguintes do ano, em razão da arrecadação de IPTU, IPVA,
taxas e outros tributos. Os gastos precisam ser contidos, já que depois vem o
período das “vacas magras”. Os valores arrecadados precisam ser
devidamente administrados e controlados por uma gestão competente das
áreas financeira, contábil e orçamentária.
• Não se deve pensar em pagar logo as dívidas deixadas pela gestão anterior.
Deve-se fazer antes um rigoroso planejamento da receita e da despesa, para
só depois se fazer uma escala de pagamentos e, se preciso, uma negociação
com os credores.
• Se a estrutura administrativa não tiver uma área de planejamento,
recomenda-se que o prefeito delegue a algum auxiliar direto a tarefa de
coordenar o planejamento geral do governo (governo sem plano é como uma
nau sem rumo). É importante que se estimule e se cobre de todos os
auxiliares a elaboração de um plano para cada um dos setores da prefeitura.
• Nos primeiros 10 dias, é recomendável que o Prefeito promova reuniões
diárias com a sua equipe de governo (ou pelo menos com os responsáveis
pelos setores jurídico, financeiro e administrativo).
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Recomendações
- Se nos “Primeiros 100 Dias de Governo”, não foi possível elaborar o PAIG (Plano
de Ação Imediata de Governo) e todo o trabalho de organização pretendidos,
aproveite o restante do “Primeiro Ano” para faze-lo.
- Se no primeiro ano as demandas e urgências determinaram o ritmo do trabalho e
não foi possível atuar de forma planejada, não há motivo para desânimo. Planejar e
organizar são atividades permanentes, que permitem identificar e coordenar ações
visando atingir objetivos. Assim, sendo sempre é tempo para começar; mesmo que
seja no início do segundo ano de governo.
Uma Administração Municipal sem Plano é como uma nau sem rumo, que não sabe
onde está, nem para onde vai. É o que se costuma chamar de “administração por
sustos” ou “administração pronto-socorro”. Só quando o “susto” ou a “emergência”
ocorrem é que a equipe sai correndo atrás das soluções. Ou seja, não há uma
preparação para o enfrentamento das situações. Nas sociedades atuais, não se
admite mais que o governo de uma municipalidade – do qual dependem milhares ou
milhões de pessoas – possa ser conduzido sem um Plano de Governo, composto do
plano global e de planos setoriais, concebidos com metodologias de planejamento
minimamente eficazes.
Através da análise deste ponto crucial para a saúde do município e da gestão
pública já se pode avaliar o futuro e a qualidade do administrador e da administração
que se inicia. Já se pode vislumbrar até onde chegará o governo. Se ele se
candidata ao sucesso ou se poderá inscrever-se entre as muitas gestões que têm se
arrastado pelo país, apenas cumprindo rotinas, atendendo emergências, executando
orçamentos, acumulando desgastes e frustrando expectativas.
Por outro lado, o plano apresentado pelos candidatos, no período eleitoral, se trata
geralmente de “Diretrizes” para um Programa de Governo” e não de um “Plano de
Governo” propriamente. Um verdadeiro Plano de Governo pressupõe a presença no
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Bibliografia: