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estamos falando, a que tipo de criança estamos nos referindo? Sempre e, em primeira
instância, àquela criança com a qual estamos mais familiarizados, com a qual convivemos
vários contextos e situações nas quais as crianças vivem: Temos que falar da criança
Para garantir que abordemos a criança situada em seu mundo temos que levar em
linguagem.
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1 - A dimensão social, fala da sociedade, da cultura e dos sistemas que suportam
organizadora de sentido.
Em geral observamos o mundo pelos sistemas sociais, pois são eles que mais
entrelaçadas contribuem para determinado fim” ou de outra maneira: “um todo coerente
interpretações acerca de uma pessoa, fenômeno ou relação estão inscritas nesse conjunto
Esse tipo de organização do mundo requer que se leve algo mais em conta: a
relação entre os diferentes sistemas e a sua necessária interdependência, já que não nos é
dado criar uma situação onde apenas ela – como se vigisse num vazio social – fosse
capaz de produzir um resultado qualquer. Toda vez que a interação e integração dos
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mais parciais ainda, já que os resultados que podem ser derivados da dinâmica de um
circunstâncias.
cumprindo portanto, não a soberana decisão dos executores das tarefas/papéis, mas
submentendo a ação das pessoas envolvidas à seus próprios fins. As pessoas, nessa
amplia sobre os problemas criados pela inter-relação dos diferentes sistemas. No sistema
familiar há o papel da mãe, do pai, do filho/a que devem ser cumpridos para a
desempenho. Assim, temos aquela criança que vem da sua casa como filho/a chega à
escola como aluno/a. Mas, na verdade não nos defrontamos com a criança, o adulto ou
Mas o nosso tema é a criança e não os seus diferentes papéis sociais, mesmo
considerando que esses papéis sejam parte das atividades de todos os membros de uma
sociedade, eles, quando definem, definem apenas a criança genérica e abstrata e não uma
avaliados de acordo apenas com os papéis definidos por cada sistema para cada
sujeito/situação, são eles que organizam os padrões à sua adequação uma vez que não
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destacam a trajetória individual e sim a trajetória institucional.
Quando deixamos de usar o conceito dos sistemas e passamos a nos orientar pelo
conceito de rede fica mais difícil organizar um padrão, uma vez que a conexão entre os
diferentes setores sociais se dá pelo percurso que desenha o encontro das pessoas com
pessoas, instituições e coisas do seu mundo. E é claro que esse percurso começa na
infância de cada um. Mas se não podemos nos pautar em padrões antes organizados pelos
sistemas então temos que levar em conta realidades individuais e resultados também
Mas o que são as redes? As redes são percursos sociais que se entrecruzam com
entre pessoas, estruturas, símbolos ou regras que não organizam a si, mas sim as
trajetórias individuais.
fracasso individual, pois nos força olhar trajetórias de vida que caminham cotidianamente
alguma forma. Somos obrigados olhar para as pessoas para descobrir o como são e o quê
são. Já não basta o critério do “dever ser” imposto pelo sistema, mas as diferentes as
contaminações e as conjugações são tantas que não temos respostas prontas: temos, isto
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sim, percursos múltiplos que se nutrem durante o seu desenrolar dos encontros ou
As diferenças para cada uma das pessoas são tantas que o número de resultados
não permite mais um referencial padrão. Dessa forma já aceitamos, por exemplo, que a
família hoje não tem mais aquela forma padrão que organizava os papéis de cada um.
Hoje temos casais não casados formalmente, temos mães que ocupam o papel de pai,
temos crianças criadas pelos avós, temos pais e mães que não estão mais em convívio
direto com seus filhos, temos filhos de proveta, temos filhos que tem dois pais ou duas
definimos a família? Simplesmente não há mais uma definição de família e sim formas
circunscrevem o contexto daquela criança particular. Mesmo que essa expressão de ser
individual sempre esteja também enraizada num contexto mais vasto ou numa cultura que
movimenta no seu espaço vital. É nos lugares que os humanos se expressam em sua
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passado, há histórias com passados, mas há lugares sem passado e sem história. SOUZA
(1995), discípula do nosso saudoso Milton Santos nos diz que: “O lugar do pobre, não
tem passado. A fome, ficou em outro lugar, no passado. A esperança de algo melhor é o
que move o presente. Os pobres e famintos, são seres moventes, mutantes, mas solidários.
Essa é a razão pela qual a expressão social deve estar sempre integrada à
dimensão política. Nesse campo as questões sociais devem ser olhadas da ótica dos
não nas leis que regulam as relações sociais? Essas práticas e leis são produto de uma
relações entre as pessoas e suas instituições estão pautas em princípios justos ou não?
Novy, 2002 considera que, “no sentido tradicional do termo, o poder pessoal é
às outras pessoas na sua área de influência a sua vontade…”. Mas ao mesmo tempo o
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de Hobbes o Panopticon de Jerimy Bentham como imagem orientadora “… o poder atua
por meio de campos e estruturas que normatizam a vida cotidiana” (p.27). Com esse
social vamos apresentar a Tabela abaixo estraída do próprio texto do acima citado autor:
Atores Estrutura/prática
Metódica Quantitativa Pluralismo de métodos
Fonte: Sistema desenvolvido por Andréas Novy (2002, p.28), apoiado na esteira de
Além disso, como já vimos, o mundo social (onde habita o homem) também é
construção histórica, ou seja, é a organização social feita pelas pessoas ao longo dos
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social. Essa dinâmica que conjuga a forma social com os espaços para a expressão da
ação é mantida pelos discursos ordenadores de poder que suportam essas práticas.
(com mãe, pai, irmãos) são a referência mais geral. Nesse tipo de colocação não há
espaço para a observância da realidade social, nem essa conclusão de deve ao fato de
referenciar-se à maioria das crianças ou jovens, expressa apenas aquilo que é veiculado
por aquele sentido do conceito criança adotado por um grupo de pessoas que, não só
tem a força de impor, apenas pela referência simbólica, o conceito de criança ou jovem
ideal.
famílias com mãe solteira, pais separados ou crianças adotadas não pertencem ao
e miseráveis.
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5- Por coeficiente intelectual – a cima da média, média, inferior a média ou
útil quando vista na rede que configura seu estar no mundo. É importante distinguir a
criança de acordo com a sua situação de realidade para que o discurso que temos sobre a
criança genérica não se torne uma camisa de força para a criança de fato referida.
ressaltado o paradoxo da infância: nunca existiu uma época onde tantos direitos expressos
com tantas crianças sem a garantia mínima de seus direitos. SARMENTO (2001), em
outro estudo, ressalta ainda que “a consciência pública já sabe que a criança é sujeito de
execução das políticas públicas pertinentes que, deveriam estar à mão para que a família
o campo e a expressão da vida social real. Mas isso só pode funcionar em sintonia com os
recursos e a condição social de cada País. Ou seja, não só a inserção de cada um deve ser
resgatada e resguardada como também a ordem política do País exige de cada um de seus
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membros um tipo de atitude condizente com as suas leis. Nas sociedades atuais a
estabelecer não só as formas, mas também as práticas que os membros de uma sociedade
estrutura social. O olhar e a prática que se exige é, a partir dessa observância, modificada
radicalmente. Não se pode mais falar o agir com a criança como se ela fosse uma
e práticas possíveis devem ser ajuizadas apenas pelos direitos individuais e sociais.
uma pessoa natural e uma sociedade política, conhecida como Estado, pelo qual a pessoa
deve a esta obediência e a sociedade lhe deve proteção” (Dicionário de Ciências Sociais,
totalmente co-responsável pelo tipo de vida das comunidades humanas. Todos os outros
lugares e formas onde a cidadania não pode ser expressa devem ser declarados lugares e
Muitos dos conflitos de hoje não residem nos lugares que cada sociedade adota
para desenvolver e manter a pertença de seus membros a uma cultura especifica e sim
nas formas que são utilizadas nesse propósito. Toda vez que no espaço público ou no
espaço privado como, por exemplo, dentro da família, dentro da escola, dentro de
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qualquer instituição que abriga, por algum tipo de vínculo, uma pessoa, as formas
expressas na relação humana violarem os direitos das pessoas, estamos diante de uma
cidadania.
Para evitar que os sistemas organizem a vida humana apenas de acordo com os
papéis-fins que cada um está desempenhando dentro daquela rotina particular, o conceito
de rede é útil. Não só porque a rede representa os pontos de contato entre os diferentes
serviços que os sistemas oferecem, mas porque o conceito de rede amplia o espaço social
fases da vida de cada pessoa e, portanto, não devem ser indicativos de mais ou menos
Estatuto do Idoso são apenas sub-catálogos específicos e determinados à certa idade dá,
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participação é só retórica. Muitas vezes é o inverso que é feito: a criança é
inserida em projetos sem que se ouça o seu ponto de vista, o atendimento de suas
necessidades são resolvidos por terceiros. Essa forma de intervenção causa um
efeito negativo, pois não desenvolve a capacidade de decisão sobre o seu próprio
destino, retardando a compreensão real dessa criança. E, mais ainda, não contribui
para o desenvolvimento de sua autonomia: o “empoderamento” que diz respeito à
liberação da força, do poder, que todos os seres humanos têm”.
Referências:
GRAMSCI, A. Cartas do cárcere, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1978.
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MARQUES DA SILVA, Z. assessora jornal “Terre des Hommes” (TDH), 2005
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