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As cidades da cidade.

Desigualdades Sócio-espaciais em São Luís do Maranhão


Emanuel Souza1

Um dos estudos clássicos sobre o fenômeno sociológico relativo à cidade a


identificava como lugar das relações que caracterizam o funcionamento do mercado
como instrumento de coordenação das relações sociais (WEBER, 1973).

Nesta condição a cidade representa um momento do processo de divisão do


trabalho no qual, como pensava Marx, ocorre a submissão do rural ao urbano como
local de produção e acumulação de riqueza.

Como resultado o ambiente urbano representaria o local das relações sociais


impessoais responsáveis por processos e experiências intersubjetivas numa dinâmica
específica, típica do período moderno (SIMMEL, 1973).

Neste cenário as trajetórias individuais estariam permanentemente abertas.


Contudo, esta sociedade moderna está marcada por recortes que delimitam as
possibilidades disponíveis em conformidade com clivagens de classe.

A observação, mesmo banal, da paisagem urbana de uma cidade brasileira


indicará que o funcionamento do sistema urbano, que articula economia de mercado e
divisão do trabalho sofisticada, produz uma sociedade bastante heterogênea que é
fundamentalmente desigual.

A emergência deste cenário consiste num processo de caráter social cujos


fundamentos repousam sobre regras relativas ao funcionamento da organização da
sociedade brasileira.

Naturalmente, esta organização está relacionada a fatores que deitam fundo na


história do país.

Uma das marcas inquestionáveis da experiência histórica do país durante o


século XX está relacionada à capacidade de produzir aceleradas transformações, por
vezes em curtíssimos períodos.
                                                            
1
Sociólogo, Mestre em ciências sociais. Aluno do curso de licenciatura em ciências sociais (UFMA) e do
curso de pós-graduação latu sensu em geoprocessamento (CEDECON/Universidade Gama Filho).
souzaemanuel@yahoo.com.br
Uma das conseqüências deste tipo de avanço experimentado pelo país é um
acúmulo de problemas relativos à profundidade de tais mudanças provocadas por vezes
em períodos de uma única geração.

A experiência da urbanização do país representou um destes fatores.

Com efeito, um país de feições absolutamente rurais ao fim do século XIX


surge rigorosamente urbanizado no início do século XXI.

Cabe, porém, considerar que este processo não representa a experiência de toda
a sociedade brasileira, esta transformação não tem lugar em todo o território.

O Estado do Maranhão, Estado brasileiro localizado no extremo norte da


Região Nordeste, foi o último a realizar a transição para o perfil demográfico
urbanizado.

Isto nos sugere a necessidade de atentar para as conseqüências de caráter


territorial assumidas pelos processos sociais de modo a identificar as particularidades
com que as transformações são efetuadas.

É o caso de observar, por exemplo, que a capital deste Estado, a cidade de São
Luís do Maranhão, experimentou acelerada urbanização no último quarto do século XX.

Este trabalho consiste num estudo sobre esta capital do Estado. Pretendemos
tomar para consideração o comportamento do crescimento desta cidade tentando
compreender como funcionou a urbanização da capital do Estado mais ruralizado do
país e averiguar as expressões territoriais deste processo a partir da análise da
distribuição de determinados indicadores sociais no espaço intra-urbano.

Além desta introdução teremos uma exposição sumária da história da cidade de


São Luís, cotejando estas informações com a consideração da evolução demográfica do
estado contrastada com a praticada pela cidade.

Traçaremos em seguida uma análise descritiva dos fatores relacionados ao


fenômeno do crescimento desta cidade. Em seguida teremos uma análise de indicadores
do censo demográfico escolhidos para tentarmos esboçar as conseqüências territoriais
para a cidade, expressas nos padrões espaciais de desigualdade que se consolidam com
o crescimento da cidade.
São Luís, cidade histórica.

São Luís está localizada em uma ilha. O projeto urbano da cidade nasce como
um empreendimento de caráter militar estratégico para o Estado português durante o
período de ocupação do território das populações indígenas do litoral que seria mais
tarde brasileiro.

Durante o século XVI o imenso território nas Américas não fora ocupado pelas
nações européias, mas a corrida por colônias na América tornou-se um fato.

Em São Luís, os franceses chegaram a implantar um projeto de colonização


para consolidar uma França equinocial a partir desta cidade.

A data da derrocada deste projeto e da expulsão dos franceses é assumida como


momento de fundação da cidade, tida como iniciada no ano de 1612.

A consolidação do projeto de ocupação da Ilha de São Luís forneceu a base


para a ocupação do território no continente, na região onde se formaria o atual estado do
Maranhão, e também para o avanço rumo ao norte, região do amazonas.

A revolução industrial na Europa provocou a inserção da colônia brasileira na


economia internacional através da criação de enorme demanda para os produtos
extraídos do projeto colonial. Neste processo o Estado do Maranhão participou de forma
destacada do comércio de algodão no século XIX.

O período algodoeiro representou uma era de prosperidade para a cidade de


São Luís cujo acúmulo de riquezas propiciou um processo de embelezamento da capital
e a formação de uma herança espiritual duradoura derivada do trabalho de uma elite
letrada que representou o melhor da inteligência brasileira em seu tempo (MARTINS,
2008).

Com efeito, “Atenas brasileira” é o “título” dado ao São Luís ao fim do século
XIX por conta do grande número de intelectuais destaque que surgem na cidade e
ganham reconhecimento no requintado cenário da capital federal, então no Rio de
Janeiro.
De modo semelhante, podemos notar que o núcleo histórico da cidade é
caracterizado pela peculiar arquitetura de casarões surgidos com o incremento do
comércio do algodão.

Este comércio permitiu gerar um excedente utilizado na consolidação do


consumo de diversos produtos importados e também na formação de uma arquitetura
suntuosa que representa uma espécie de proto-verticalização urbana.

Com efeito, os casarões de São Luís simbolizam o poderio de uma classe de


comerciantes que tinham nos seus casarões espaço para o comercio, o depósito, a
morada e para o alojamento da criadagem, cada função tendo um pavimento próprio.

O processo de industrialização do algodão em uma indústria têxtil local foi


responsável pelo processo inicial de expansão da ocupação urbana do núcleo histórico
da cidade (CALDEIRA, 1988).

Esta industrialização provocou o assentamento de setores da população nas


proximidades das fábricas consistindo assim num processo pioneiro de expansão do
tecido urbano ludovicense (REINALDO JÚNIOR, 2001) nas margens do hoje chamado
centro antigo do município.

Estes assentamentos resistiram ao fracasso do projeto de industrialização e hoje


são os bairros populares presentes na região central da cidade.

A decadência da economia algodoeira e o fracasso da industrialização esboçada


ao fim do século XIX representam o início de um período de lenta decadência relativa
da cidade de São Luís.

Decadência, aliás, sentida e acusada pela elite local de forma recorrente desde
os fins do século XIX conforme a produção científica e literária da província
(MARTIBS, 2008).

Este processo só é interrompido ao fim do século XX com a emergência do


Projeto Grande Carajás, implantado pelo governo militar que se instala no país com o
golpe de 1964.

Este projeto visava à implantação de uma estrutura econômica para promover a


efetiva ocupação e aproveitamento dos recursos do norte do país.
Os fundamentos econômicos do projeto estavam voltados para o
aproveitamento de grandes jazidas minerais no Estado do Pará.

O escoamento desta produção mineral teria como leito o território do


Maranhão através do aproveitamento do porto do Itaqui, em São Luís.

Durante este período o acalantado projeto de construção e consolidação do


porto é levado a efeito.

Além do porto a cidade receberia ainda plantas industriais da ALUMAR (que


opera no segmento de beneficiamento) e da VALE (que concentra na área de transporte
de minério) e um fornecimento de energia de boa qualidade garantido pelo recém
construída usina hidrelétrica de Tucuruí, também no Pará.

Estas iniciativas, e mais a intervenção do governo federal na agropecuária local


através de uma políticas de subsídios e financiamentos, representam um período de
grandes projetos que provocam significativos impactos para a sociedade local.

Estes empreendimentos representaram para a elite local a esperança de


ressurgimento de uma São Luís rica e industrial. Entretanto a efetividade do Projeto
quanto a estes objetivos é bastante questionável.

No que pese o inquestionável impacto positivo quanto ao fator estritamente


econômico do Grande Carajás, os efeitos sociais mais amplos não se fizeram
acompanhar.

O crescimento industrial do Maranhão, durante a implantação e consolidação


da estrutura do Grande Carajás, o tornou o Estado de melhor desempenho neste aspecto
no período de 1970 a 1990 (MARTINS e PESSOA, 1998), quando suas taxas de
crescimento anual o posicionava acima de todos os demais estados nordestinos e
também acima das médias regional e nacional.

Entretanto o crescimento industrial não resultou em transformação social na


medida em que suas bases estavam assentes em projetos poupadores de Mao de obra,
mas que cobravam do Estado um esforço fiscal significativo na medida em que estava
fundado em estratégias que envolviam subsídios e financiamentos.
Tomada em conjunto com a transformação da economia agrária que é
concomitante (MESQUITA, 1998; CONCEIÇÃO, 1996) esta industrialização compõe
um quadro complexo de fatores de causação de transformações estruturais que fizeram
da cidade de São Luís um cenário de gravíssimos problemas urbanos.

Na seção seguinte trataremos de avaliar a face mais visível destas


transformações, ou seja, avaliaremos o peso que cabe ao processo migratório na
formação da atual cidade de São Luís.

São Luís, cidade de problemas modernos.

A cidade de São Luís cresceu durante séculos como pólo natural de


escoamento de toda a produção derivada do território do Estado do Maranhão. Para
tanto o uso dos rios forneceu o recurso logístico natural de integração deste modelo de
economia.

Este “monopólio logístico” se deveu a um estado de relativo isolamento


derivado das distâncias entre o Estado e os centros dinâmicos da economia brasileira
(no sul/sudeste do país) ou dos pólos de consumo dos seus produtos (Europa e Estados
Unidos).

O projeto militar de integração da região ao resto do país através do


revigoramento industrializante da economia regional resultou na criação de uma infra
estrutura de estradas que fornecia alternativas logísticas para os municípios do interior
do Estado (REINALDO JÚNIOR, 2001).

Ao mesmo tempo a implantação de estratégias de desenvolvimento da


agricultura lastreada em subsídios governamentais para a promoção de um modelo de
modernização agrícola alicerçado na produção de monoculturas e da consolidação do
latifúndio como agente econômico.

Esta transformação resultou num processo de expulsão de uma camada de


agricultores tradicionais que havia se formado por todo o Estado do Maranhão. Neste
processo o recurso à grilagem foi uma estratégia deveras comum (CONCEIÇÃO, 1995).
Em resultado disto a população rural do Estado experimentou um continuado
processo de migração que rebate na evolução de uma rede urbana que aos poucos foi se
diversificando com o funcionamento dos projetos industriais para a região (o já citado
Grande Carajás).

No entanto, esta migração é particularmente visível na cidade de São Luís.


Podemos perceber isto analisando a Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Evolução absoluta e relativa da População, Maranhão e São Luís.


População

Maranhão (MA) São Luís (SL)


Ano SL/MA
TOTAL Aumento Relativo Total Aumento relativo

1960 2.492.139 - 158.292 - 6,35%

1970 2.992.678 20% 263.595 66,52% 8.81%

1980 3.996.444 34% 460.320 74,63% 11,52%

1990 4.930.253 23% 695.119 51,00% 14,10%

2000 5.651.475 15% 867.690 24,83% 15,35%

Fonte: IBGE, Censos.

Os dados acima revelam o processo de acelerado crescimento demográfico do


Estado e principalmente seu rebatimento na capital.

Com efeito, podemos identificar para a cidade de São Luís taxas de


crescimento espantosas como os 74,63% apresentados no intervalo entre 1970 e 1980,
bem superiores às taxas estaduais que são elas próprias robustas.

Entretanto ainda mais significativo neste processo é o comportamento da


participação relativa da capital no total da população do Estado que durante o período
considerado quase triplicou, saltando de 6,35% em 1960 para 15,35% no ano 2000.

O comportamento demográfico da capital está estreitamente vinculado ao


comportamento geral do Estado, conforme revela o gráfico abaixo:
Fonte: IBGE, Censos.

A elevada correlação estatística sugere o vinculo entre as duas grandezas


demográficas consideradas.

Com efeito, o índice r² acima confirma o laço estreito entre a evolução


demográfica da cidade de São Luís e o comportamento demográfico do Estado com um
todo.

O índice r² de 0,997 indica que 99,7% do comportamento de crescimento


demográfico da cidade de São Luís está relacionado com as transformações globais do
crescimento do Estado, o que sugere o papel dos processos migratórios no impulso dado
ao crescimento da capital.

Entretanto estas informações ainda significam abordagens aproximadas desta


relação. Dados mais recentes podem nos fornecer com maior precisão a existência deste
vínculo.
Conforme o gráfico 2, com dados da mais recente contagem populacional
realizada no ano de 2007, aproximadamente metade da população da cidade de São Luís
nasceu em outro município.

O gráfico 3, por outro lado, nos confirma que os migrantes2 que acorreram para
a cidade de São Luís tem origem nos municípios do interior do Estado.

Naturalmente o afluxo de tamanho contingente populacional refletiu nos


padrões de aproveitamento do solo e na composição do tecido urbano.

O estudo de Ferreira (2002:28) indica que entre 1951 e 1970 a cidade de São
Luís teve crescimento horizontal (aumento do uso do solo) de 137,66%.

Para o intervalo entre 1971 a 1996, o estudo aponta um índice de 2.382,28%


para o mesmo indicador.

Estes dados, expressos no gráfico 4, são logicamente convergentes com o


crescimento demográfico registrado nos dados constantes da tabela 1.

                                                            
2
 A categoria “migrante” utilizada nos gráficos 2 e 3 é composta pelo contingente de indivíduos
que moram na capital mas nasceram em outro município. 
Podemos concluir, com todos os dados acima, que o impulso dado à
intensidade de ocupação e uso do solo da cidade de São Luís a partir da década de
setenta está relacionado ao processo migratório.

Este processo se deve a iniciativa do Estado brasileiro no sentido de


industrializar a região. No maranhão, no entanto, os postos de trabalho gerados no
cenário urbano demonstraram-se insuficientes face ao afluxo de migrantes de origem
rural que se dirigiam à capital (MARTINS e PESSOA, 1998).

Entretanto devemos registrar que esta expansão urbana do município tem como
facilitador uma série de obras que introduziram na cidade a infra-estrutura viária que
permite a consolidação de eixos de expansão do tecido urbano a partir do núcleo
histórico (REINALDO JÚNIOR, 2001).

Esta infra-estrutura dinamizou o processo de ocupação e uso do solo pelo


contingente migrante que chegava à cidade e delineou os eixos de expansão que
caracterizam a atual formatação da cidade.

Sem dúvida o traçado de avenidas e de certas obras de infra-estrutura, como as


pontes que permitiram a superação dos marcos naturais determinados pelos rios que
cortam a cidade a partir do centro histórico, consolida a atual distribuição da população
e delimita as fronteiras sociais da cidade.

Assim temos neste período a abertura da ponte do São Francisco que permite o
acesso à região balneária das praias do norte da cidade, local onde se assenta as classes
mais ricas e que consolidam a concentração dos melhores indicadores sociais do
município.

Da mesma forma, a política de habitação promovida durante os governos


militares promove uma série de empreendimentos ao longo do tradicional caminho
grande, no qual se fixaram setores das classes médias.

A margem direita do Rio Bacanga, ao oeste, recebe além do distrito industrial


um significativo volume de trabalhadores de baixa qualificação notadamente de origem
rural, muitos dos quais desalojados da própria área rural do município para a
implantação das indústrias vinculadas ao Projeto Grande Carajás.

Ao longo do Caminho Grande, em direção aos limites leste da cidade surge


uma grande área popular formada a partir de projetos de habitação popular mas também
a partir de usos espontâneos do solo através das chamadas “invasões”.

As áreas consolidadas com esta distribuição da população refletem as


diferentes e assimétricas capacidades destes grupos em manipular os recursos do poder
público para o beneficiamento de seu espaço.

Esta forma de distribuição da população naturalmente implica na formação de


determinadas topografias sociais derivadas das diversas capacidades dos grupos sociais.

Os mapas a seguir, formados a partir de indicadores sociais escolhidos,


revelam a topografia social que se consolidou na cidade.
O mapa acima é revelador de um traço típico da sociedade brasileira, a permanência
do trabalho doméstico.

De um modo geral, a formação da sociedade brasileira consolidou um conjunto de


valores negativos associados ao trabalho, (DA MATTA, 2003).

Essa valorização negativa do trabalho deriva da formação escravocrata do Brasil.

Certamente, a formação da nacional brasileira permitiu a retirada absoluta das classes


dirigentes das atividades produtivas. Ao mesmo tempo, as classes envolvidas nestas atividades
eram relegadas a extrema situação de penúria, dada a absoluta concentração de riqueza entre as
classes dirigentes.

Nesta sociedade, o trabalho doméstico era uma forma paradoxal de sensação de


proteção, pois nesta situação fugia-se ao trabalho dilacerador da existência física do indivíduo,
mas ao mesmo tempo estava-se mais exposto aos caprichos sádicos dos senhores (SOUZA,
2003).

A persistência do trabalho doméstico na sociedade brasileira é revelador da


incapacidade de promover a superação de determinados problemas estruturais.

Sabe-se que o trabalho doméstico no Brasil é predominantemente trabalho feminino.


Esta força de trabalho está concentrada entre pessoas de cor negra/parda. Dadas as condições de
remuneração destes serviços, o próprio trabalho doméstico é um instrumento que bloqueia o
acesso aos benefícios da sociedade.

Assim, a leitura do mapa acima nos revela que a capacidade (econômica) de dispor de
mão-de-obra para a realização do trabalho doméstico é espacialmente concentrada no norte da
cidade.

Estes dados permitem a formulação de determinadas considerações para um


aprofundamento posterior. Esta capacidade de dispor de, de forma permanente, de trabalho
alheio para a realização das tarefas domésticas permitiu, nesta família burguesa, a superação das
desigualdades de gênero? E quais seriam as conseqüências do trabalho doméstico para as
famílias das próprias domésticas?
A concentração de renda no Brasil está fortemente relacionada com o acesso à
educação. Credenciais escolares determinam as posições acessíveis no processo produtivo
(SOUZA, 2008).

O mapa acima reforça a leitura do mapa anterior. Temos mais uma vez a concentração
de um indicador social positivo na região norte do município.

Esta concentração de indivíduos com maior acesso à escolarização revela um efeito


interessante de processo de longa duração iniciado com as transformações estruturais citadas
anteriormente e que resultaram no alargamento do tecido urbano e de separação das classes
sociais.

Finalmente, temos um mapa que mais uma vez expressa a concentração


espacial na cidade de São Luís dos melhores indicadores sociais.
A renda do responsável pela família consegue ser ainda mais concentrada que
os outros indicadores sociais.

Renda é uma variável que revela a diferenciada capacidade dos moradores


desta área da cidade em ocupar os mais valorizados postos de trabalho.

Esta capacidade, como dissemos, é resultado de melhor acesso à educação e é


ela quem permite a aquisição extra familiar de força de trabalho para a execução das
tarefas domésticas.

A leitura dos mapas indica claramente a alta concentração dos bônus do


sistema urbano na região norte do município

Esta concentração representa um desafio para a concretização da


democratização da cidade.

O que resta desta leitura é a expressão inequívoca de uma segregação espacial


da cidade cujos fundamentos explicativos são profundos e aqui nós apenas esboçam, os
uma aproximação.

Para a superação deste tipo de espacialização, cindida claramente por classes, é


necessário uma intervenção incisiva e duradoura nos aspectos que determinam a
manutenção desta desigualdade.

Políticas de educação voltadas para o atendimento da população das regiões mais


depreciadas (que aqui foram exploradas apenas indiretamente) e a aplicação de instrumentos
urbanísticos disponíveis na legislação federal (Estatuto da Cidade) e municipal (Plano Diretor,
entre outros) são elementos para uma ação inicial no sentido de promover uma espacialização
mais equilibrada e justa dos indicadores sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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exportador maranhense 1875-1895. São Paulo, Universidade de São Paulo, Tese de
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CONCEIÇÃO, Francisco Gonçalves (org). Carajás: Desenvolvimento ou destruição?


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DA MATTA, Roberto. Profissões industriais na vida brasileira: ontem, hoje e


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FERREIRA, Antônio José Araújo. Dinâmica de ocupação espacial/uso do solo em
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MARTINS, Manoel Barros. Operários da saudade: os novos atenienses e a invenção do
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SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, Gilberto (org). O


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